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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM Glauber Henrique Firme Santos Marcella Batista Mourão Noelle Elvira Bezerra Costa ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO DO PACIENTE COM LESÃO RAQUIMEDULAR: Uma Revisão Bibliográfica Governador Valadares 2009

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Page 1: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

AacuteREA DE CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS E DA SAUacuteDE

CURSO DE ENFERMAGEM

Glauber Henrique Firme Santos

Marcella Batista Mouratildeo

Noelle Elvira Bezerra Costa

ATUACcedilAtildeO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO DO PACIENTE

COM LESAtildeO RAQUIMEDULAR Uma Revisatildeo Bibliograacutefica

Governador Valadares

2009

GLAUBER HENRIQUE FIRME SANTOS

MARCELLA BATISTA MOURAtildeO

NOELLE ELVIRA BEZERRA COSTA

ATUACcedilAtildeO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO DO PACIENTE

COM LESAtildeO RAQUIMEDULAR Uma Revisatildeo Bibliograacutefica

Governador Valadares

2009

Monografia para obtenccedilatildeo do grau de bacharel em Enfermagem apresentada agrave Faculdade de Ciecircncia da Sauacutede da Universidade Vale do Rio Doce Orientadora Deacutebora Moraes Coelho

GLAUBER HENRIQUE FIRME SANTOS

MARCELLA BATISTA MOURAtildeO

NOELLE ELVIRA BEZERRA COSTA

ATUACcedilAtildeO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO DO PACIENTE

COM LESAtildeO RAQUIMEDULAR Uma Revisatildeo Bibliograacutefica

Governador Valadares 26 de novembro de 2009

Banca Examinadora

Profordf Enfordf Deacutebora Moraes Coelho - Orientadora Universidade Vale do Rio Doce

Profordf Enfordf Clarisse Viana Alves Coelho Universidade Vale do Rio Doce

Profordf Enfordf Sandra Maria da Silva Universidade Vale do Rio Doce

Enfordf Aline Valeria de Souza Hospital Satildeo Lucas

Monografia para obtenccedilatildeo do grau de bacharel em Enfermagem apresentada agrave Faculdade de Ciecircncia da Sauacutede da Universidade Vale do Rio Doce

Dedicamos agravequelas pessoas que acreditaram

em noacutes em especial a nossa famiacutelia que em

tudo nos apoiou aos amigos da faculdade pela

oportunidade de sonharmos juntos aos

professores por compartilhar o conhecimento e

acima de tudo a Deus que eacute tudo nas nossas

vidas

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus o nosso Deus que foi eacute e seraacute o nosso abrigo seguro a

todos os nossos familiares pais matildees irmatildeos e irmatildes avoacutes tios primos amigos

acima de tudo pela confianccedila e incentivo que nos deram e por serem o nosso

refuacutegio

Aos colegas de faculdade pela receptividade pela amizade e acima de tudo por

compartilharem conosco a experiecircncia do aprender

Aos professores verdadeiros mestres que tatildeo bem nos prepararam para comeccedilar

essa etapa de nossas vidas por ministrarem tatildeo bem o saber proporcionando-nos o

conhecimento

A nossa orientadora Deacutebora M Coelho que natildeo hesitou em nos ajudar a construir o

nosso tatildeo difiacutecil e empolgante trabalho

E a todos que direta ou indiretamente ou mesmo no anonimato deixaram sua

parcela de contribuiccedilatildeo para a conclusatildeo desse trabalho

ldquoQuem decidir se colocar como juiz da

verdade e do conhecimento eacute naufragado

pela gargalhada dos deusesrdquo

Albert Einstein

RESUMO

O trauma raquimedular eacute um problema de sauacutede puacuteblica que afeta inteiramente o meio familiar Vem crescendo de forma assustadora no Brasil e no mundo gerando diversas complicaccedilotildees principalmente sociais e econocircmicas O estudo de natureza descritiva visou detectar quais os principais agravos de sauacutede que a lesatildeo medular causa no paciente portador desse trauma descrever as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem segundo diagnoacutestico de NANDA Tanto os problemas de sauacutede quanto agraves intervenccedilotildees e prescriccedilotildees de enfermagem foram obtidos de uma ampla lista de artigos teses de mestrado perioacutedicos e livros associados que foram analisados e descritos no presente trabalho O trauma raquimedular independe de idade gecircnero raccedila entre outras variaacuteveis o que facilita o seu acometimento Dados revelam que a prevalecircncia eacute de quatro homens para uma mulher com idade entre 18 a 35 anos As principais causas satildeo acidentes automobiliacutesticos perfuraccedilatildeo com arma de fogo mergulho em aacuteguas rasas quedas em geral entre outros Muitos estudos tecircm sido realizados para o avanccedilo no tratamento desses pacientes A enfermagem tem um papel fundamental na orientaccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e na aplicaccedilatildeo de accedilotildees que geram maior qualidade de vida para esses pacientes e seus familiares Palavras-Chaves Lesatildeo medular Reabilitaccedilatildeo Atuaccedilatildeo da enfermagem

ABSTRACT

The spinal cord injury is a public health problem that affects entirely the family It has

been growing at an alarming rate in Brazil and the world with several complications

mainly social and economic The descriptive study aimed to detect the main

grievances of the health issue in spinal cord injury patient with this trauma describe

the activities undertaken by nurses on the rehabilitation of these patients and identify

the nursing diagnoses of NANDA diagnosis seconds Both the health problems of

interventions and nursing prescriptions were obtained from a comprehensive list of

articles masters theses periodicals and books related which were analyzed and

reported here The spinal cord injury depend on age gender race and other

variables which facilitates their involvement Data show that the prevalence is four

men to one woman aged between 18 and 35 years The major causes are accidents

perforation with firearms diving in shallow waters decreases in general and others

Many studies have been done to advance in the treatment of these patients Nursing

has a key role in guidance rehabilitation and implementation of actions that generate

higher quality of life for these patients and their families Keywords Spinal cord injury Rehabilitation Nursing activities

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 TRAUMA 12

3 LESAtildeO MEDULAR 14

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL 15

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR 16

33 EPIDEMIOLOGIA 20

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO 22

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM 26

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO 26

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL 29

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA 31

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA 34

55 TROMBOSE 36

56 EMBOLIA PULMONAR 37

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR 38

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA 40

7 METODOLOGIA 44

8 CONCLUSAtildeO 45

REFERENCIAS 47

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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50

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52

ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 2: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

GLAUBER HENRIQUE FIRME SANTOS

MARCELLA BATISTA MOURAtildeO

NOELLE ELVIRA BEZERRA COSTA

ATUACcedilAtildeO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO DO PACIENTE

COM LESAtildeO RAQUIMEDULAR Uma Revisatildeo Bibliograacutefica

Governador Valadares

2009

Monografia para obtenccedilatildeo do grau de bacharel em Enfermagem apresentada agrave Faculdade de Ciecircncia da Sauacutede da Universidade Vale do Rio Doce Orientadora Deacutebora Moraes Coelho

GLAUBER HENRIQUE FIRME SANTOS

MARCELLA BATISTA MOURAtildeO

NOELLE ELVIRA BEZERRA COSTA

ATUACcedilAtildeO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO DO PACIENTE

COM LESAtildeO RAQUIMEDULAR Uma Revisatildeo Bibliograacutefica

Governador Valadares 26 de novembro de 2009

Banca Examinadora

Profordf Enfordf Deacutebora Moraes Coelho - Orientadora Universidade Vale do Rio Doce

Profordf Enfordf Clarisse Viana Alves Coelho Universidade Vale do Rio Doce

Profordf Enfordf Sandra Maria da Silva Universidade Vale do Rio Doce

Enfordf Aline Valeria de Souza Hospital Satildeo Lucas

Monografia para obtenccedilatildeo do grau de bacharel em Enfermagem apresentada agrave Faculdade de Ciecircncia da Sauacutede da Universidade Vale do Rio Doce

Dedicamos agravequelas pessoas que acreditaram

em noacutes em especial a nossa famiacutelia que em

tudo nos apoiou aos amigos da faculdade pela

oportunidade de sonharmos juntos aos

professores por compartilhar o conhecimento e

acima de tudo a Deus que eacute tudo nas nossas

vidas

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus o nosso Deus que foi eacute e seraacute o nosso abrigo seguro a

todos os nossos familiares pais matildees irmatildeos e irmatildes avoacutes tios primos amigos

acima de tudo pela confianccedila e incentivo que nos deram e por serem o nosso

refuacutegio

Aos colegas de faculdade pela receptividade pela amizade e acima de tudo por

compartilharem conosco a experiecircncia do aprender

Aos professores verdadeiros mestres que tatildeo bem nos prepararam para comeccedilar

essa etapa de nossas vidas por ministrarem tatildeo bem o saber proporcionando-nos o

conhecimento

A nossa orientadora Deacutebora M Coelho que natildeo hesitou em nos ajudar a construir o

nosso tatildeo difiacutecil e empolgante trabalho

E a todos que direta ou indiretamente ou mesmo no anonimato deixaram sua

parcela de contribuiccedilatildeo para a conclusatildeo desse trabalho

ldquoQuem decidir se colocar como juiz da

verdade e do conhecimento eacute naufragado

pela gargalhada dos deusesrdquo

Albert Einstein

RESUMO

O trauma raquimedular eacute um problema de sauacutede puacuteblica que afeta inteiramente o meio familiar Vem crescendo de forma assustadora no Brasil e no mundo gerando diversas complicaccedilotildees principalmente sociais e econocircmicas O estudo de natureza descritiva visou detectar quais os principais agravos de sauacutede que a lesatildeo medular causa no paciente portador desse trauma descrever as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem segundo diagnoacutestico de NANDA Tanto os problemas de sauacutede quanto agraves intervenccedilotildees e prescriccedilotildees de enfermagem foram obtidos de uma ampla lista de artigos teses de mestrado perioacutedicos e livros associados que foram analisados e descritos no presente trabalho O trauma raquimedular independe de idade gecircnero raccedila entre outras variaacuteveis o que facilita o seu acometimento Dados revelam que a prevalecircncia eacute de quatro homens para uma mulher com idade entre 18 a 35 anos As principais causas satildeo acidentes automobiliacutesticos perfuraccedilatildeo com arma de fogo mergulho em aacuteguas rasas quedas em geral entre outros Muitos estudos tecircm sido realizados para o avanccedilo no tratamento desses pacientes A enfermagem tem um papel fundamental na orientaccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e na aplicaccedilatildeo de accedilotildees que geram maior qualidade de vida para esses pacientes e seus familiares Palavras-Chaves Lesatildeo medular Reabilitaccedilatildeo Atuaccedilatildeo da enfermagem

ABSTRACT

The spinal cord injury is a public health problem that affects entirely the family It has

been growing at an alarming rate in Brazil and the world with several complications

mainly social and economic The descriptive study aimed to detect the main

grievances of the health issue in spinal cord injury patient with this trauma describe

the activities undertaken by nurses on the rehabilitation of these patients and identify

the nursing diagnoses of NANDA diagnosis seconds Both the health problems of

interventions and nursing prescriptions were obtained from a comprehensive list of

articles masters theses periodicals and books related which were analyzed and

reported here The spinal cord injury depend on age gender race and other

variables which facilitates their involvement Data show that the prevalence is four

men to one woman aged between 18 and 35 years The major causes are accidents

perforation with firearms diving in shallow waters decreases in general and others

Many studies have been done to advance in the treatment of these patients Nursing

has a key role in guidance rehabilitation and implementation of actions that generate

higher quality of life for these patients and their families Keywords Spinal cord injury Rehabilitation Nursing activities

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 TRAUMA 12

3 LESAtildeO MEDULAR 14

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL 15

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR 16

33 EPIDEMIOLOGIA 20

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO 22

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM 26

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO 26

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL 29

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA 31

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA 34

55 TROMBOSE 36

56 EMBOLIA PULMONAR 37

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR 38

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA 40

7 METODOLOGIA 44

8 CONCLUSAtildeO 45

REFERENCIAS 47

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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GLAUBER HENRIQUE FIRME SANTOS

MARCELLA BATISTA MOURAtildeO

NOELLE ELVIRA BEZERRA COSTA

ATUACcedilAtildeO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO DO PACIENTE

COM LESAtildeO RAQUIMEDULAR Uma Revisatildeo Bibliograacutefica

Governador Valadares 26 de novembro de 2009

Banca Examinadora

Profordf Enfordf Deacutebora Moraes Coelho - Orientadora Universidade Vale do Rio Doce

Profordf Enfordf Clarisse Viana Alves Coelho Universidade Vale do Rio Doce

Profordf Enfordf Sandra Maria da Silva Universidade Vale do Rio Doce

Enfordf Aline Valeria de Souza Hospital Satildeo Lucas

Monografia para obtenccedilatildeo do grau de bacharel em Enfermagem apresentada agrave Faculdade de Ciecircncia da Sauacutede da Universidade Vale do Rio Doce

Dedicamos agravequelas pessoas que acreditaram

em noacutes em especial a nossa famiacutelia que em

tudo nos apoiou aos amigos da faculdade pela

oportunidade de sonharmos juntos aos

professores por compartilhar o conhecimento e

acima de tudo a Deus que eacute tudo nas nossas

vidas

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus o nosso Deus que foi eacute e seraacute o nosso abrigo seguro a

todos os nossos familiares pais matildees irmatildeos e irmatildes avoacutes tios primos amigos

acima de tudo pela confianccedila e incentivo que nos deram e por serem o nosso

refuacutegio

Aos colegas de faculdade pela receptividade pela amizade e acima de tudo por

compartilharem conosco a experiecircncia do aprender

Aos professores verdadeiros mestres que tatildeo bem nos prepararam para comeccedilar

essa etapa de nossas vidas por ministrarem tatildeo bem o saber proporcionando-nos o

conhecimento

A nossa orientadora Deacutebora M Coelho que natildeo hesitou em nos ajudar a construir o

nosso tatildeo difiacutecil e empolgante trabalho

E a todos que direta ou indiretamente ou mesmo no anonimato deixaram sua

parcela de contribuiccedilatildeo para a conclusatildeo desse trabalho

ldquoQuem decidir se colocar como juiz da

verdade e do conhecimento eacute naufragado

pela gargalhada dos deusesrdquo

Albert Einstein

RESUMO

O trauma raquimedular eacute um problema de sauacutede puacuteblica que afeta inteiramente o meio familiar Vem crescendo de forma assustadora no Brasil e no mundo gerando diversas complicaccedilotildees principalmente sociais e econocircmicas O estudo de natureza descritiva visou detectar quais os principais agravos de sauacutede que a lesatildeo medular causa no paciente portador desse trauma descrever as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem segundo diagnoacutestico de NANDA Tanto os problemas de sauacutede quanto agraves intervenccedilotildees e prescriccedilotildees de enfermagem foram obtidos de uma ampla lista de artigos teses de mestrado perioacutedicos e livros associados que foram analisados e descritos no presente trabalho O trauma raquimedular independe de idade gecircnero raccedila entre outras variaacuteveis o que facilita o seu acometimento Dados revelam que a prevalecircncia eacute de quatro homens para uma mulher com idade entre 18 a 35 anos As principais causas satildeo acidentes automobiliacutesticos perfuraccedilatildeo com arma de fogo mergulho em aacuteguas rasas quedas em geral entre outros Muitos estudos tecircm sido realizados para o avanccedilo no tratamento desses pacientes A enfermagem tem um papel fundamental na orientaccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e na aplicaccedilatildeo de accedilotildees que geram maior qualidade de vida para esses pacientes e seus familiares Palavras-Chaves Lesatildeo medular Reabilitaccedilatildeo Atuaccedilatildeo da enfermagem

ABSTRACT

The spinal cord injury is a public health problem that affects entirely the family It has

been growing at an alarming rate in Brazil and the world with several complications

mainly social and economic The descriptive study aimed to detect the main

grievances of the health issue in spinal cord injury patient with this trauma describe

the activities undertaken by nurses on the rehabilitation of these patients and identify

the nursing diagnoses of NANDA diagnosis seconds Both the health problems of

interventions and nursing prescriptions were obtained from a comprehensive list of

articles masters theses periodicals and books related which were analyzed and

reported here The spinal cord injury depend on age gender race and other

variables which facilitates their involvement Data show that the prevalence is four

men to one woman aged between 18 and 35 years The major causes are accidents

perforation with firearms diving in shallow waters decreases in general and others

Many studies have been done to advance in the treatment of these patients Nursing

has a key role in guidance rehabilitation and implementation of actions that generate

higher quality of life for these patients and their families Keywords Spinal cord injury Rehabilitation Nursing activities

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 TRAUMA 12

3 LESAtildeO MEDULAR 14

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL 15

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR 16

33 EPIDEMIOLOGIA 20

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO 22

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM 26

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO 26

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL 29

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA 31

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA 34

55 TROMBOSE 36

56 EMBOLIA PULMONAR 37

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR 38

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA 40

7 METODOLOGIA 44

8 CONCLUSAtildeO 45

REFERENCIAS 47

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 4: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

Dedicamos agravequelas pessoas que acreditaram

em noacutes em especial a nossa famiacutelia que em

tudo nos apoiou aos amigos da faculdade pela

oportunidade de sonharmos juntos aos

professores por compartilhar o conhecimento e

acima de tudo a Deus que eacute tudo nas nossas

vidas

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus o nosso Deus que foi eacute e seraacute o nosso abrigo seguro a

todos os nossos familiares pais matildees irmatildeos e irmatildes avoacutes tios primos amigos

acima de tudo pela confianccedila e incentivo que nos deram e por serem o nosso

refuacutegio

Aos colegas de faculdade pela receptividade pela amizade e acima de tudo por

compartilharem conosco a experiecircncia do aprender

Aos professores verdadeiros mestres que tatildeo bem nos prepararam para comeccedilar

essa etapa de nossas vidas por ministrarem tatildeo bem o saber proporcionando-nos o

conhecimento

A nossa orientadora Deacutebora M Coelho que natildeo hesitou em nos ajudar a construir o

nosso tatildeo difiacutecil e empolgante trabalho

E a todos que direta ou indiretamente ou mesmo no anonimato deixaram sua

parcela de contribuiccedilatildeo para a conclusatildeo desse trabalho

ldquoQuem decidir se colocar como juiz da

verdade e do conhecimento eacute naufragado

pela gargalhada dos deusesrdquo

Albert Einstein

RESUMO

O trauma raquimedular eacute um problema de sauacutede puacuteblica que afeta inteiramente o meio familiar Vem crescendo de forma assustadora no Brasil e no mundo gerando diversas complicaccedilotildees principalmente sociais e econocircmicas O estudo de natureza descritiva visou detectar quais os principais agravos de sauacutede que a lesatildeo medular causa no paciente portador desse trauma descrever as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem segundo diagnoacutestico de NANDA Tanto os problemas de sauacutede quanto agraves intervenccedilotildees e prescriccedilotildees de enfermagem foram obtidos de uma ampla lista de artigos teses de mestrado perioacutedicos e livros associados que foram analisados e descritos no presente trabalho O trauma raquimedular independe de idade gecircnero raccedila entre outras variaacuteveis o que facilita o seu acometimento Dados revelam que a prevalecircncia eacute de quatro homens para uma mulher com idade entre 18 a 35 anos As principais causas satildeo acidentes automobiliacutesticos perfuraccedilatildeo com arma de fogo mergulho em aacuteguas rasas quedas em geral entre outros Muitos estudos tecircm sido realizados para o avanccedilo no tratamento desses pacientes A enfermagem tem um papel fundamental na orientaccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e na aplicaccedilatildeo de accedilotildees que geram maior qualidade de vida para esses pacientes e seus familiares Palavras-Chaves Lesatildeo medular Reabilitaccedilatildeo Atuaccedilatildeo da enfermagem

ABSTRACT

The spinal cord injury is a public health problem that affects entirely the family It has

been growing at an alarming rate in Brazil and the world with several complications

mainly social and economic The descriptive study aimed to detect the main

grievances of the health issue in spinal cord injury patient with this trauma describe

the activities undertaken by nurses on the rehabilitation of these patients and identify

the nursing diagnoses of NANDA diagnosis seconds Both the health problems of

interventions and nursing prescriptions were obtained from a comprehensive list of

articles masters theses periodicals and books related which were analyzed and

reported here The spinal cord injury depend on age gender race and other

variables which facilitates their involvement Data show that the prevalence is four

men to one woman aged between 18 and 35 years The major causes are accidents

perforation with firearms diving in shallow waters decreases in general and others

Many studies have been done to advance in the treatment of these patients Nursing

has a key role in guidance rehabilitation and implementation of actions that generate

higher quality of life for these patients and their families Keywords Spinal cord injury Rehabilitation Nursing activities

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 TRAUMA 12

3 LESAtildeO MEDULAR 14

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL 15

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR 16

33 EPIDEMIOLOGIA 20

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO 22

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM 26

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO 26

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL 29

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA 31

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA 34

55 TROMBOSE 36

56 EMBOLIA PULMONAR 37

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR 38

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA 40

7 METODOLOGIA 44

8 CONCLUSAtildeO 45

REFERENCIAS 47

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 5: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus o nosso Deus que foi eacute e seraacute o nosso abrigo seguro a

todos os nossos familiares pais matildees irmatildeos e irmatildes avoacutes tios primos amigos

acima de tudo pela confianccedila e incentivo que nos deram e por serem o nosso

refuacutegio

Aos colegas de faculdade pela receptividade pela amizade e acima de tudo por

compartilharem conosco a experiecircncia do aprender

Aos professores verdadeiros mestres que tatildeo bem nos prepararam para comeccedilar

essa etapa de nossas vidas por ministrarem tatildeo bem o saber proporcionando-nos o

conhecimento

A nossa orientadora Deacutebora M Coelho que natildeo hesitou em nos ajudar a construir o

nosso tatildeo difiacutecil e empolgante trabalho

E a todos que direta ou indiretamente ou mesmo no anonimato deixaram sua

parcela de contribuiccedilatildeo para a conclusatildeo desse trabalho

ldquoQuem decidir se colocar como juiz da

verdade e do conhecimento eacute naufragado

pela gargalhada dos deusesrdquo

Albert Einstein

RESUMO

O trauma raquimedular eacute um problema de sauacutede puacuteblica que afeta inteiramente o meio familiar Vem crescendo de forma assustadora no Brasil e no mundo gerando diversas complicaccedilotildees principalmente sociais e econocircmicas O estudo de natureza descritiva visou detectar quais os principais agravos de sauacutede que a lesatildeo medular causa no paciente portador desse trauma descrever as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem segundo diagnoacutestico de NANDA Tanto os problemas de sauacutede quanto agraves intervenccedilotildees e prescriccedilotildees de enfermagem foram obtidos de uma ampla lista de artigos teses de mestrado perioacutedicos e livros associados que foram analisados e descritos no presente trabalho O trauma raquimedular independe de idade gecircnero raccedila entre outras variaacuteveis o que facilita o seu acometimento Dados revelam que a prevalecircncia eacute de quatro homens para uma mulher com idade entre 18 a 35 anos As principais causas satildeo acidentes automobiliacutesticos perfuraccedilatildeo com arma de fogo mergulho em aacuteguas rasas quedas em geral entre outros Muitos estudos tecircm sido realizados para o avanccedilo no tratamento desses pacientes A enfermagem tem um papel fundamental na orientaccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e na aplicaccedilatildeo de accedilotildees que geram maior qualidade de vida para esses pacientes e seus familiares Palavras-Chaves Lesatildeo medular Reabilitaccedilatildeo Atuaccedilatildeo da enfermagem

ABSTRACT

The spinal cord injury is a public health problem that affects entirely the family It has

been growing at an alarming rate in Brazil and the world with several complications

mainly social and economic The descriptive study aimed to detect the main

grievances of the health issue in spinal cord injury patient with this trauma describe

the activities undertaken by nurses on the rehabilitation of these patients and identify

the nursing diagnoses of NANDA diagnosis seconds Both the health problems of

interventions and nursing prescriptions were obtained from a comprehensive list of

articles masters theses periodicals and books related which were analyzed and

reported here The spinal cord injury depend on age gender race and other

variables which facilitates their involvement Data show that the prevalence is four

men to one woman aged between 18 and 35 years The major causes are accidents

perforation with firearms diving in shallow waters decreases in general and others

Many studies have been done to advance in the treatment of these patients Nursing

has a key role in guidance rehabilitation and implementation of actions that generate

higher quality of life for these patients and their families Keywords Spinal cord injury Rehabilitation Nursing activities

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 TRAUMA 12

3 LESAtildeO MEDULAR 14

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL 15

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR 16

33 EPIDEMIOLOGIA 20

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO 22

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM 26

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO 26

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL 29

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA 31

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA 34

55 TROMBOSE 36

56 EMBOLIA PULMONAR 37

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR 38

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA 40

7 METODOLOGIA 44

8 CONCLUSAtildeO 45

REFERENCIAS 47

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

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responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 6: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

ldquoQuem decidir se colocar como juiz da

verdade e do conhecimento eacute naufragado

pela gargalhada dos deusesrdquo

Albert Einstein

RESUMO

O trauma raquimedular eacute um problema de sauacutede puacuteblica que afeta inteiramente o meio familiar Vem crescendo de forma assustadora no Brasil e no mundo gerando diversas complicaccedilotildees principalmente sociais e econocircmicas O estudo de natureza descritiva visou detectar quais os principais agravos de sauacutede que a lesatildeo medular causa no paciente portador desse trauma descrever as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem segundo diagnoacutestico de NANDA Tanto os problemas de sauacutede quanto agraves intervenccedilotildees e prescriccedilotildees de enfermagem foram obtidos de uma ampla lista de artigos teses de mestrado perioacutedicos e livros associados que foram analisados e descritos no presente trabalho O trauma raquimedular independe de idade gecircnero raccedila entre outras variaacuteveis o que facilita o seu acometimento Dados revelam que a prevalecircncia eacute de quatro homens para uma mulher com idade entre 18 a 35 anos As principais causas satildeo acidentes automobiliacutesticos perfuraccedilatildeo com arma de fogo mergulho em aacuteguas rasas quedas em geral entre outros Muitos estudos tecircm sido realizados para o avanccedilo no tratamento desses pacientes A enfermagem tem um papel fundamental na orientaccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e na aplicaccedilatildeo de accedilotildees que geram maior qualidade de vida para esses pacientes e seus familiares Palavras-Chaves Lesatildeo medular Reabilitaccedilatildeo Atuaccedilatildeo da enfermagem

ABSTRACT

The spinal cord injury is a public health problem that affects entirely the family It has

been growing at an alarming rate in Brazil and the world with several complications

mainly social and economic The descriptive study aimed to detect the main

grievances of the health issue in spinal cord injury patient with this trauma describe

the activities undertaken by nurses on the rehabilitation of these patients and identify

the nursing diagnoses of NANDA diagnosis seconds Both the health problems of

interventions and nursing prescriptions were obtained from a comprehensive list of

articles masters theses periodicals and books related which were analyzed and

reported here The spinal cord injury depend on age gender race and other

variables which facilitates their involvement Data show that the prevalence is four

men to one woman aged between 18 and 35 years The major causes are accidents

perforation with firearms diving in shallow waters decreases in general and others

Many studies have been done to advance in the treatment of these patients Nursing

has a key role in guidance rehabilitation and implementation of actions that generate

higher quality of life for these patients and their families Keywords Spinal cord injury Rehabilitation Nursing activities

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 TRAUMA 12

3 LESAtildeO MEDULAR 14

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL 15

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR 16

33 EPIDEMIOLOGIA 20

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO 22

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM 26

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO 26

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL 29

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA 31

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA 34

55 TROMBOSE 36

56 EMBOLIA PULMONAR 37

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR 38

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA 40

7 METODOLOGIA 44

8 CONCLUSAtildeO 45

REFERENCIAS 47

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 7: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

RESUMO

O trauma raquimedular eacute um problema de sauacutede puacuteblica que afeta inteiramente o meio familiar Vem crescendo de forma assustadora no Brasil e no mundo gerando diversas complicaccedilotildees principalmente sociais e econocircmicas O estudo de natureza descritiva visou detectar quais os principais agravos de sauacutede que a lesatildeo medular causa no paciente portador desse trauma descrever as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem segundo diagnoacutestico de NANDA Tanto os problemas de sauacutede quanto agraves intervenccedilotildees e prescriccedilotildees de enfermagem foram obtidos de uma ampla lista de artigos teses de mestrado perioacutedicos e livros associados que foram analisados e descritos no presente trabalho O trauma raquimedular independe de idade gecircnero raccedila entre outras variaacuteveis o que facilita o seu acometimento Dados revelam que a prevalecircncia eacute de quatro homens para uma mulher com idade entre 18 a 35 anos As principais causas satildeo acidentes automobiliacutesticos perfuraccedilatildeo com arma de fogo mergulho em aacuteguas rasas quedas em geral entre outros Muitos estudos tecircm sido realizados para o avanccedilo no tratamento desses pacientes A enfermagem tem um papel fundamental na orientaccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e na aplicaccedilatildeo de accedilotildees que geram maior qualidade de vida para esses pacientes e seus familiares Palavras-Chaves Lesatildeo medular Reabilitaccedilatildeo Atuaccedilatildeo da enfermagem

ABSTRACT

The spinal cord injury is a public health problem that affects entirely the family It has

been growing at an alarming rate in Brazil and the world with several complications

mainly social and economic The descriptive study aimed to detect the main

grievances of the health issue in spinal cord injury patient with this trauma describe

the activities undertaken by nurses on the rehabilitation of these patients and identify

the nursing diagnoses of NANDA diagnosis seconds Both the health problems of

interventions and nursing prescriptions were obtained from a comprehensive list of

articles masters theses periodicals and books related which were analyzed and

reported here The spinal cord injury depend on age gender race and other

variables which facilitates their involvement Data show that the prevalence is four

men to one woman aged between 18 and 35 years The major causes are accidents

perforation with firearms diving in shallow waters decreases in general and others

Many studies have been done to advance in the treatment of these patients Nursing

has a key role in guidance rehabilitation and implementation of actions that generate

higher quality of life for these patients and their families Keywords Spinal cord injury Rehabilitation Nursing activities

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 TRAUMA 12

3 LESAtildeO MEDULAR 14

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL 15

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR 16

33 EPIDEMIOLOGIA 20

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO 22

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM 26

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO 26

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL 29

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA 31

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA 34

55 TROMBOSE 36

56 EMBOLIA PULMONAR 37

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR 38

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA 40

7 METODOLOGIA 44

8 CONCLUSAtildeO 45

REFERENCIAS 47

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 8: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

ABSTRACT

The spinal cord injury is a public health problem that affects entirely the family It has

been growing at an alarming rate in Brazil and the world with several complications

mainly social and economic The descriptive study aimed to detect the main

grievances of the health issue in spinal cord injury patient with this trauma describe

the activities undertaken by nurses on the rehabilitation of these patients and identify

the nursing diagnoses of NANDA diagnosis seconds Both the health problems of

interventions and nursing prescriptions were obtained from a comprehensive list of

articles masters theses periodicals and books related which were analyzed and

reported here The spinal cord injury depend on age gender race and other

variables which facilitates their involvement Data show that the prevalence is four

men to one woman aged between 18 and 35 years The major causes are accidents

perforation with firearms diving in shallow waters decreases in general and others

Many studies have been done to advance in the treatment of these patients Nursing

has a key role in guidance rehabilitation and implementation of actions that generate

higher quality of life for these patients and their families Keywords Spinal cord injury Rehabilitation Nursing activities

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 TRAUMA 12

3 LESAtildeO MEDULAR 14

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL 15

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR 16

33 EPIDEMIOLOGIA 20

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO 22

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM 26

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO 26

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL 29

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA 31

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA 34

55 TROMBOSE 36

56 EMBOLIA PULMONAR 37

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR 38

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA 40

7 METODOLOGIA 44

8 CONCLUSAtildeO 45

REFERENCIAS 47

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 9: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 TRAUMA 12

3 LESAtildeO MEDULAR 14

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL 15

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR 16

33 EPIDEMIOLOGIA 20

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO 22

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM 26

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO 26

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL 29

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA 31

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA 34

55 TROMBOSE 36

56 EMBOLIA PULMONAR 37

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR 38

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA 40

7 METODOLOGIA 44

8 CONCLUSAtildeO 45

REFERENCIAS 47

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 10: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

9

1 INTRODUCcedilAtildeO

O termo lesatildeo medular eacute utilizado para se referir a qualquer tipo de lesatildeo

que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos localizados dentro do

canal da espinha dorsal o canal medular A maior parte das lesotildees medulares

acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral Os traumas podem causar

uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressatildeo medular ou uma ruptura

dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinccedilamento da

coluna O traumatismo tambeacutem pode causar uma contusatildeo da medula

acompanhada de edema com hemorragia ou natildeo podendo provocar o rompimento

da medula e suas raiacutezes nervosas (RIBAS FILHO 2002)

A lesatildeo pode ser completa ou incompleta A lesatildeo eacute completa quando natildeo

existe movimento voluntaacuterio abaixo do niacutevel da lesatildeo e eacute incompleta quando haacute

algum movimento voluntaacuterio ou sensaccedilatildeo abaixo do niacutevel da lesatildeo A medula pode

tambeacutem ser lesada por doenccedilas como por exemplo hemorragias tumores e

infecccedilotildees por viacuterus afirma Brunner (2002)

O aumento do contingente de deficientes fiacutesicos especialmente o dos

portadores de lesatildeo raquimedular eacute um fato alarmante no mundo atual Na maioria

dos casos essas lesotildees tecircm origem traumaacutetica como a perfuraccedilatildeo por arma de fogo

(PAF) acidente automobiliacutestico e queda sendo as causas externas mais frequentes

no Brasil (SPOSITO et al 1986 SANTOS 1989 FARO 1991)

Brunner (2002) mostra que a proporccedilatildeo mundial eacute de 9 a 50 casos por 1

milhatildeo de pessoas acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35

anos

Segundo estudos jaacute realizados observa-se a predominacircncia masculina em

relaccedilatildeo ao sexo feminino na proporccedilatildeo de quatro homens lesionados para cada

mulher (OLIVEIRA et al 1996 DEFINO 1999 MELLO et al 2004)

Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as

complicaccedilotildees mais comuns encontradas em pacientes com lesatildeo medular satildeo as

uacutelceras por pressatildeo disfunccedilatildeo urinaacuteria disfunccedilatildeo intestinal disreflexia autonocircmica

trombose embolia pulmonar distuacuterbios do humor e autoestima

Santos (1989) estudou os aspectos epidemioloacutegicos do trauma

raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais especiacutefico do enfermeiro

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 11: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

10

para assistir esse tipo de populaccedilatildeo jaacute que o paciente pode apresentar sequelas

associadas agrave essa lesatildeo

Esse trauma eacute um evento grave requerendo um planejamento cuidadoso

de reabilitaccedilatildeo pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente

dependentes dos cuidados para executar as atividades diaacuterias de vida (RIBAS

FILHO 2002)

A reabilitaccedilatildeo eacute um processo dinacircmico orientado para a sauacutede que

auxilia um indiviacuteduo que estaacute enfermo ou incapacitado para atingir seu maior niacutevel

possiacutevel de funcionamento fiacutesico mental espiritual social e econocircmico De acordo

com Brunner (2002) o processo de reabilitaccedilatildeo ajuda a pessoa a atingir uma

aceitaacutevel qualidade de vida com dignidade autoestima e independecircncia

De acordo com Faro (1996) a reabilitaccedilatildeo faz parte dos cuidados de

enfermagem enquanto um modelo assistencial bem como uma especialidade

Conforme Demenech (1989) os esforccedilos da reabilitaccedilatildeo devem comeccedilar

na fase inicial da lesatildeo medular A prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees eacute de

responsabilidade da enfermagem sobretudo do enfermeiro cujo cuidado fiacutesico

assume grande importacircncia Foram considerados pelos enfermeiros higiene e o

conforto fiacutesico mudanccedila de decuacutebito e a reeducaccedilatildeo vesical como cuidados

imprescindiacuteveis na prevenccedilatildeo de sequelas fiacutesicas no paciente com lesatildeo medular

Segundo Sposito et al (1986) os recursos modernos da medicina e o

desenvolvimento de novas teacutecnicas na assistecircncia de enfermagem e fisioterapia

para esta clientela tecircm permitido que um nuacutemero cada vez maior desses pacientes

consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular

Considerando a gravidade desses casos e a grande dependecircncia dos

cuidados de enfermagem exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

enfermeiro no processo de reabilitaccedilatildeo do paciente com lesatildeo medular tornando-se

relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as accedilotildees de

enfermagem com a finalidade de prestar uma assistecircncia especializada ao paciente

lesado medular promovendo a recuperaccedilatildeo da sua sauacutede auxiliando na reabilitaccedilatildeo

e prevenindo complicaccedilotildees possibilitando assim que o mesmo reassuma sua

autonomia com retorno ao seu ambiente social

O objetivo deste estudo eacute refletir a atuaccedilatildeo da equipe de enfermagem

frente aos problemas causados em pacientes com lesatildeo raquimedular assim como

as consequecircncias dessa lesatildeo na vida da viacutetima com intuito de destacar e

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 12: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

11

descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo

de reabilitaccedilatildeo desses pacientes e ainda identificar os diagnoacutesticos de enfermagem

dos pacientes com lesatildeo traumaacutetica segundo diagnoacutestico de American Nursing

Diagnosis Association - NANDA (2008)

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 13: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

12

2 TRAUMA

Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por

alteraccedilotildees estruturais ou desequiliacutebrio fisioloacutegico do organismo induzido pela troca

de energia entre os tecidos e o meio Eacute uma lesatildeo de extensatildeo intensidade e

gravidade variaacuteveis que pode ser produzida por agentes diversos (fiacutesicos quiacutemicos

psiacutequicos etc) e de forma acidental ou intencional instantacircnea ou prolongada em

que o poder do agente agressor supera a resistecircncia encontrada (FERREIRA

1986)

Atualmente o trauma estaacute sendo visto como o mal do seacuteculo

representando um grande problema de ordem soacutecioeconocircmica que acompanha o

homem desde suas origens Eacute um reflexo da evoluccedilatildeo da humanidade e o problema

de sauacutede mais antigo do qual o homem tem sido viacutetima Constitui uma doenccedila

multissistecircmica de caraacuteter endecircmico na sociedade moderna (FARO 1996)

Aproximadamente 60 milhotildees de pessoas sofrem algum tipo de

traumatismo ao ano contribuindo com uma em cada seis internaccedilotildees hospitalares

Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de sauacutede

puacuteblica em todos os paiacuteses independente do desenvolvimento soacutecioeconocircmico e

corresponde agrave terceira causa de mortalidade no mundo superado apenas pelas

neoplasias e doenccedilas cardiovasculares (HOYT et al 2003)

Os dados do Brasil (2006) corrobora com os de Hoyt et al (2003)ao

dizer que nos paiacuteses desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira

causa de morte depois das doenccedilas cardiovasculares e neoplasias onde em 2005

58969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrecircncia de trauma

Aleacutem dos milhares de indiviacuteduos que morrem devido ao traumatismo

existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam

parapleacutegicos tetrapleacutegicos cegos amputados entre outros (BRUNNER 2002)

Em razatildeo da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos

traumaacuteticos este merece uma atenccedilatildeo especial em todos os niacuteveis de assistecircncia agrave

sauacutede principalmente na reabilitaccedilatildeo sendo tambeacutem de fundamental importacircncia a

pesquisa em trauma para o avanccedilo do conhecimento e obtenccedilatildeo de melhores

resultados no tratamento dessa devastadora doenccedila afirma Tonello (1999)

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 14: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

13

A prevenccedilatildeo eacute a melhor conduta para essa realidade poreacutem quando ela

ainda natildeo eacute suficiente ou ainda natildeo houve sensibilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos

diversos segmentos da sociedade algumas medidas mostram-se eficazes como a

criaccedilatildeo dos serviccedilos de atendimento preacute-hospitalar e o treinamento dos profissionais

da sauacutede para atuar no processo de reabilitaccedilatildeo dos pacientes que adquiriram

algum tipo de sequela (FARO 1996)

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 15: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

14

3 LESAtildeO MEDULAR

A lesatildeo medular espinhal (LME) estaacute entre as lesotildees mais graves que

uma pessoa pode ter como experiecircncia Os efeitos pessoais e sociais satildeo

profundamente significantes pois conferem incapacidade permanente a essas

pessoas que satildeo em sua maioria adultos e jovens (BRUNNER 2002)

O trauma raquimedular eacute uma agressatildeo recebida na medula espinhal e

pode ter uma variedade de etiologia sendo traumaacutetica infecciosa tumoral vascular

entre outras (BRUNNER 2002)

A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos

relacionados a uma vascularizaccedilatildeo deficiente levando agrave isquemia hipoacutexia edema

causando danos agrave mielina e aos axocircnios conclui Smeltzer amp Bare (1994) Os

mesmos autores afirmam que frequentemente as veacutertebras mais envolvidas satildeo a

5ordf e a 7ordf cervicais a 12ordf toraacutecica e a 1ordf lombar Tais veacutertebras satildeo as mais

suscetiacuteveis pois haacute uma grande faixa de mobilidade nessas aacutereas da coluna

Segundo Staas et al (1992) e Machado (1993) a agressatildeo traumaacutetica na

medula espinhal pode resultar em alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora sensitiva e

autonocircmica aleacutem das psicossomaacuteticas

A lesatildeo raquimedular apesar de natildeo se constituir uma doenccedila

propriamente dita agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou

mesmo anula o uso e o controle das funccedilotildees orgacircnicas As perdas da condiccedilatildeo

saudaacutevel de papeacuteis e responsabilidades provocam mudanccedilas nos haacutebitos e no

estilo de vida do indiviacuteduo e exige que o mesmo atribua novos significados agrave sua

existecircncia adaptando-se agraves limitaccedilotildees fiacutesicas e agraves novas condiccedilotildees geradas afirma

Scramin (2006)

Aleacutem de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade a lesatildeo medular

exige um programa de reabilitaccedilatildeo longo e oneroso que na maioria dos casos natildeo

leva agrave cura mas agrave adaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave sua nova condiccedilatildeo (SANTOS1989)

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 16: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

15

31 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL

Figura 1 ndash Foto demonstrativa da coluna vertebral FonteRede Sarah 2009

Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal Machado (1993)

cita que medula significa miolo e indica o que estaacute dentro A medula espinhal fica

dentro do canal vertebral e apresenta caracteriacutesticas macroscoacutepicas e

microscoacutepicas

A observaccedilatildeo macroscoacutepica da medula espinhal permite identificar que

ela eacute ciliacutendrica ligeiramente achatada acircntero posteriormente tem duas dilataccedilotildees na

sua extensatildeo (intumescecircncia cervical e lombar) mede aproximadamente 45 cm no

homem adulto O limite cervical eacute com o bulbo e termina geralmente no niacutevel da 2ordf

veacutertebra lombar (L2) (MOORE 2001)

16

Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

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Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 17: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

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Ateacute o 4deg mecircs de gestaccedilatildeo a medula ocupa todo o canal vertebral e a

partir daiacute a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral

exigindo que as raiacutezes nervosas se prolonguem ateacute encontrar os respectivos

foramens intervertebrais formando a calda equina abaixo de L2 define Valenccedila

(2009)

Esta diferenccedila causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna

vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das veacutertebras

correspondentes como exemplo se houver lesatildeo da veacutertebra toraacutecica 12 (T12) o

seguimento da medula espinhal atingido seraacute a lombar e se houver lesatildeo de uma

veacutertebra lombar somente seraacute afetada a calda equumlina (MOORE 2001)

A medula espinhal eacute revestida pelas meninges Dura - mater aracnoacuteide e

pia ndash mater (MOORE 2001)

De acordo com Moore (2001) em um corte transversal da medula

espinhal pode se observar a substacircncia branca envolvendo a substacircncia cinzenta

Esta uacuteltima tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante

os neurocircnios A sustacircncia branca eacute repleta de fibras que agrupadas formam os

tactos e fasciacuteculos formando as vias por onde passam os impulsos nervosos

Portanto as vias satildeo formadas pelos prolongamentos dos neurocircnios e podem ser

ascendentes ou descendentes

A importacircncia do conhecimento das caracteriacutesticas macroscoacutepicas

adicionado as microscoacutepicas eacute determinar as consequecircncias que podem resultar de

uma LME em diferentes niacuteveis da Medula espinhal e da coluna vertebral bem como

direcionar o planejamento da assistecircncia ao paciente (SOUZA 2001)

Machado (1993) corrobora com Souza (2001) quando enfatiza que o

conhecimento dos aspectos microscoacutepicos eacute fundamental para a compreensatildeo de

que existe correlaccedilatildeo entre a localidade anatocircmica de uma lesatildeo e o sintoma cliacutenico

observado

32 TIPOS DE LESAtildeO MEDULAR

Segundo Souza (2001) na avaliaccedilatildeo de um paciente com LME eacute

importante determinar o niacutevel da lesatildeo oacutessea (coluna vertebral) o niacutevel da lesatildeo

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 18: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

17

neuroloacutegica (medula espinhal) o grau de comprometimento da medula espinhal

(completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante)

O niacutevel da lesatildeo oacutessea afetada eacute determinada de acordo com a altura do

comprometimento da coluna vertebral que eacute formada em meacutedia por 33 veacutertebras

sendo 7 cervicais 12 toraacutecicas 5 lombares 5 sacrais e 4 ou 5 cocciacutegeas onde as

lesotildees cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros nas

lesotildees cervicais baixas observa-se paralisia dos membros inferiores e das matildeos

nas toraacutecicas a paralisia eacute de membros inferiores como demonstra a figura 2

(REDE SARAH 2009)

Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996) para avaliar o

niacutevel da lesatildeo oacutessea o exame habitualmente utilizado eacute o RX da coluna espinhal

Figura 2 ndash Segmentos nervosos Fonte Rede Sarah 2009

O niacutevel neuroloacutegico eacute determinado atraveacutes do exame neuroloacutegico que

permite aos meacutedicos classificar a lesatildeo medular de uma pessoa dentro de uma

extensiva variedade de tipos Isso ajuda a determinar o prognoacutestico e estado atual

do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a LME (ASIA 1996)

O exame neuroloacutegico possui tanto os exames obrigatoacuterios quanto as

medidas opcionais Os elementos obrigatoacuterios satildeo usados para determinar o niacutevel

18

neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 19: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

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neuroloacutegico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos e caracterizando o

funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesatildeo eacute completa ou

incompleta As medidas opcionais ainda que natildeo sejam utilizadas na contagem

podem adicionar dados a uma descriccedilatildeo cliacutenica do paciente (MACHADO 1993)

O exame tem dois componentes (sensitivo e motor) que satildeo descritos

separadamente A porccedilatildeo requerida do exame sensitivo eacute completado utilizando-se

o teste da chave dos 28 dermaacutetomos no lado direito e esquerdo do corpo Em cada

um dos pontos da chave dois aspectos da percepccedilatildeo satildeo examinados sensibilidade

ao toque leve e a agulhada O teste para a sensibilidade eacute realizado com uma

agulha descartaacutevel e o toque leve eacute testado com um algodatildeo (ASIA 1996)

Aleacutem do teste bilateral da chave de 28 pontos o esfiacutencter anal externo

tambeacutem eacute testado para ajudar a determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo

Opcional mas extremamente recomendado eacute o exame com os elementos opcionais

que incluem a percepccedilatildeo profunda da posiccedilatildeo pressatildeo e dor (MACHADO 1993)

A porccedilatildeo requerida do exame motor eacute completada atraveacutes do teste da

chave muscular dos 10 mioacutetomos (em ambos os lados do corpo) Como no exame

sensitivo a musculatura externa do esfiacutencter anal tambeacutem eacute testada para ajudar a

determinar se uma lesatildeo eacute completa ou natildeo Outros muacutesculos satildeo frequentemente

testados mas natildeo alteram a contagem de pontos que determinam o niacutevel motor da

lesatildeo ou o grau de lesatildeo Como garantia sugere-se que os seguintes muacutesculos

sejam testados (1) diafragma (2) deltoacuteide e o (3) tendatildeo do biacuteceps femoral (ASIA

1996)

De acordo com Lianza et al (2001) uma lesatildeo completa no plano

transverso eacute definida como ausecircncia de funccedilatildeo motora e sensitiva nos mioacutetomos e

dermaacutetomos inervados pelos segmentos sacrais da medula Na lesatildeo incompleta haacute

preservaccedilatildeo da funccedilatildeo motora eou sensitiva abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo

os segmentos sacrais

A American Spiral Injury Association (ASIA 1996) descreveu uma escala

de deficiecircncia para definiccedilatildeo da extensatildeo das lesotildees medulares

ASIA A - Completa nenhuma funccedilatildeo sensorial ou motora nos segmentos sacrais

S4-S5

ASIA B - Incompleta nenhuma funccedilatildeo motora poreacutem alguma funccedilatildeo sensorial eacute

preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico incluindo os segmentos sacraisS4-S5

ASIA C - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e mais

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 20: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

19

da metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular abaixo de 3

ASIA D - Incompleta funccedilatildeo motora preservada abaixo do niacutevel neuroloacutegico e pelo

menos metade dos muacutesculos chave abaixo do niacutevel neuroloacutegico tecircm grau de forccedila

muscular maior ou igual a 3

ASIA E - Normal funccedilotildees motora e sensitiva normais

Para a determinaccedilatildeo dos niacuteveis neuroloacutegicos e do grau de

comprometimento o paciente deveraacute ser submetido ao exame fiacutesico com avaliaccedilatildeo

detalhada dos mioacutetomos e dermaacutetomos ASIA (1996) define mioacutetomo por coleccedilatildeo de

fibras musculares inervadas pelo axocircnio motor dentro de cada raiz dermaacutetomo

refere-se a aacuterea da pele inervada pelo axocircnio sensoacuterio dentro de cada raiz Satildeo 10

mioacutetomos e 28 dermaacutetomos de cada lado do corpo Em geral este exame eacute realizado

na primeira avaliaccedilatildeo do paciente e repetido frequentemente para comprovaccedilatildeo da

estabilidade do niacutevel da lesatildeo

Souza (2001) afirma que o meacutedico eacute o responsaacutevel por esta avaliaccedilatildeo na

maioria das vezes poreacutem o enfermeiro eacute capaz de realizaacute-la apoacutes receber

treinamento

Os termos paraplegia e tetraplegia satildeo utilizados para definir e expressar

a extensatildeo da lesatildeo medular Onde paraplegia se refere agrave diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos toraacutecicos lombares ou sacrais (poreacutem

natildeo cervicais) secundaacuterios dos elementos neurais dentro do canal vertebral O

termo eacute corretamente usado para descrever lesotildees da cauda equina e do cone

medular poreacutem natildeo se usa para lesotildees do plexo lombosacral ou lesotildees dos nervos

perifeacutericos fora do canal neural E tetraplegia se refere a diminuiccedilatildeo ou perda da

funccedilatildeo motora eou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesatildeo dos elementos

neurais dentro do canal espinhal A tetraplegia resulta em diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo dos

braccedilos bem como no tronco pernas e oacutergatildeos peacutelvicos natildeo incluem lesotildees do plexo

braquial ou dos nervos perifeacutericos fora do canal neural (ASIA 1996)

O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo Este pode

ser contuso ou penetrante no qual a transferecircncia de energia e a lesatildeo produzida

satildeo semelhantes em ambos os tipos de trauma A uacutenica diferenccedila eacute a perfuraccedilatildeo da

pele (SOUZA 2001)

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 21: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

20

O trauma contuso ocorre quando haacute transferecircncia de energia em uma

superfiacutecie corporal extensa natildeo penetrando a pele Existem dois tipos de forccedilas

envolvidas no trauma contuso cisalhamento e compressatildeo O cisalhamento

acontece quando haacute uma mudanccedila brusca de velocidade deslocando uma estrutura

ou parte dela provocando sua laceraccedilatildeo Eacute mais encontrado na desaceleraccedilatildeo

brusca do que na aceleraccedilatildeo brusca A compressatildeo eacute quando o impacto comprime

uma estrutura ou parte dela sobre outra regiatildeo provocando a lesatildeo Esta eacute

frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporaacuteria

(BRUNNER 2002)

O trauma penetrante tem como caracteriacutestica a transferecircncia de energia

em uma aacuterea concentrada com isso haacute pouca dispersatildeo de energia provocando

laceraccedilatildeo da pele Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante as

lesotildees natildeo incluem apenas os tecidos na trajetoacuteria do objeto deve-se suspeitar de

movimentos circulares do objeto penetrante As lesotildees provocadas por transferecircncia

de alta energia por exemplo arma de fogo natildeo se resumem apenas na trajetoacuteria do

PAF (projeacutetil de arma de fogo) mas tambeacutem nas estruturas adjacentes que sofreram

um deslocamento temporaacuterio (BRUNNER 2002)

33 EPIDEMIOLOGIA

Em um estudo epidemioloacutegico da LME Faro et al (1996) mostraram que

o nuacutemero de portadores de lesatildeo medular eacute um fato alarmante no mundo atual

No iniacutecio do seacuteculo XX cerca de 95 das pessoas com lesatildeo medular

ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecccedilotildees do trato

urinaacuterio e uacutelceras de decuacutebito Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais

baixa do que a da populaccedilatildeo geral a taxa de mortalidade decresceu drasticamente

apoacutes a II Grande Guerra de 30 nos anos 60 para 15 e 6 nas deacutecadas de 1970

e 1980 (HARTKOPP et al 1997)

No Brasil haacute 130 mil indiviacuteduos portadores de lesatildeo medular e cada ano

esta incidecircncia vem aumentando devido aos acidentes automobiliacutesticos e

principalmente agrave violecircncia (LIANZA 1997)

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 22: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

21

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas (IBGE 2000)

revelaram pelo censo do ano 2000 um nuacutemero crescente de indiviacuteduos com

deficiecircncia fiacutesica cerca de 245 milhotildees de pessoas representando 145 da

populaccedilatildeo brasileira Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito

mil casos de lesatildeo medular por ano no paiacutes

Na maioria dos casos tais lesotildees tecircm origem traumaacutetica sendo

ocasionado por perfuraccedilatildeo por armas de fogo (PAF) acidente automobiliacutestico e

quedas como causas externas mais frequumlentes As viacutetimas desses traumatismos

satildeo predominantemente adultos jovens com idade variando entre 18 e 35 anos e na

proporccedilatildeo de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al 1986 SANTOS

1989 FARO 1991)

Muitos estudos epidemioloacutegicos tecircm sido feitos em todo o Brasil Esses

estudos revelam que as causas do trauma satildeo diferentes em determinadas regiotildees

do paiacutes Na regiatildeo centro-oeste observa-se uma maior prevalecircncia nos traumas

raquimedulares causados por acidentes de tracircnsito em meacutedia 36 a 38 cerca de

30 a 32 ocorreram por perfuraccedilatildeo de arma de fogo (PAF) de 12 a 14 por

quedas e origens natildeo traumaacuteticas e 8 por mergulho em aacuteguas rasas O estudo

mostrou que 58 dos pacientes tiveram lesatildeo ao niacutevel toraacutecico 32 ao niacutevel

cervical e apenas 10 ao niacutevel lombar (NOGUEIRA et al 2002)

Em Satildeo Paulo observa-se uma maior predominacircncia em traumas

raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 ) 17 a 22 por quedas

em geral e 8 a 13 ocorre por acidentes de tracircnsito (FARO et al 1996)

A epidemiologia do trauma em Minas Gerais eacute diferente em media 57

das lesotildees ocorrem por queda de altura 25 ocorrem por acidentes de transito

10 por projeacutetil de arma de fogo menos de 10 por outros fatores (OLIVEIRA et

al 1996)

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 23: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

22

4 ATUACcedilAtildeO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITACcedilAtildeO

Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de

reabilitaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel que estejam clinicamente estaacuteveis o que possibilita a

internaccedilatildeo na unidade de reabilitaccedilatildeo pois o objetivo eacute a adaptaccedilatildeo destes agrave nova

situaccedilatildeo de vida imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funccedilotildees

motoras (SARAH 2009)

O paciente eacute o elemento chave da equipe de reabilitaccedilatildeo Ele eacute o foco do

esforccedilo da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo

(BRUNNER 1993)

A famiacutelia eacute incorporada agrave equipe e eacute reconhecida como um sistema

dinacircmico que participa como um apoio contiacutenuo na soluccedilatildeo de problemas e aprende

a realizar cuidados contiacutenuos necessaacuterios (CAFER 2009)

O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais

reabilitadores da equipe compreendendo uma assistecircncia holiacutestica e compartilhada

na qual binocircmio paciente-famiacutelia tem o seu papel preservado junto agrave equipe de

especialistas papel este definido em sua expressatildeo cliacutenica e acadecircmica o

significado de somar esforccedilos compartilhar responsabilidades conhecimento

reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al 1992)

Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como

compromisso garantir agraves pessoas com deficiecircncias e incapacidades assistecircncia nos

vaacuterios niacuteveis de complexidade utilizando meacutetodos e terapecircuticas especiacuteficos

Ainda cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantaccedilatildeo de serviccedilos

especializados de enfermagem em reabilitaccedilatildeo na busca por melhores condiccedilotildees de

vida de integraccedilatildeo social e na independecircncia para as atividades baacutesicas da vida

diaacuteria das pessoas com deficiecircncias bem como a implementaccedilatildeo de assistecircncia

especializada pautada no binocircmio indiviacuteduo-famiacutelia frente agraves incapacidades

impostas e para tanto na qualidade de um educador (CAFER 2009)

Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem

competecircncia teacutecnica e atitudinal oriundas da sua praacutetica assistencial e acadecircmica

para implementar assistecircncia de qualidade agraves pessoas com deficiecircncia fiacutesica seja

em unidades de internaccedilatildeo ambulatoacuterios domiciacutelio Estatildeo capacitados para atender

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 24: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

23

aos pacientes com grandes e muacuteltiplas incapacidades decorrentes de lesotildees

medulares

O enfermeiro de reabilitaccedilatildeo eacute especialista no cuidado direto agrave pessoa

com deficiecircncia fiacutesica e com incapacidade Esse profissional avalia a condiccedilatildeo de

sauacutede do paciente e ajuda a determinar metas a curto meacutedio e longo prazo

(DELISA 1993)

As necessidades dos pacientes satildeo observadas por toda a equipe de

reabilitaccedilatildeo para que as accedilotildees sejam direcionadas a cada um e tambeacutem para se ter

paracircmetro para o dimensionamento de pessoal considerando o tempo gasto para

sua manutenccedilatildeo baacutesica o que conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas

diaacuterias de Enfermagem a quantidade e a qualidade de assistecircncia exigida

(GUERRA 2000)

De acordo com Faro (1991) conforme o percurso histoacuterico do enfermeiro

de reabilitaccedilatildeo e investigaccedilotildees jaacute realizadas cabe a ele dentro da sua formaccedilatildeo

avaliar clinicamente intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas

com deficiecircncias fiacutesicas e incapacidades desde a fase aguda com as seguintes

necessidades eou demanda por cuidados

- no uso de medidas especiacuteficas para a promoccedilatildeo da independecircncia

- no uso de medicamentos

- no uso de equipamentos e adaptaccedilotildees necessaacuterias agrave comunicaccedilatildeo

locomoccedilatildeo alimentaccedilatildeo eliminaccedilotildees vestuaacuterio e higiene corporal cuidados

dermatoloacutegicos todos eles voltados agrave reabilitaccedilatildeo holiacutestica do indiviacuteduo

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo referem-se agrave manutenccedilatildeo

da integridade fiacutesica e motora (GREVE et al 1992)

Assim o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo

de mudanccedila de decuacutebito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas com

ecircnfase para evitar deformidades eou uacutelceras por pressatildeo sobretudo em membros

inferiores e nas regiotildees mais comuns como a occiptal sacra cotovelos joelhos e

calcacircneos A periodicidade para a mudanccedila de decuacutebito varia entre 2 a 4 horas bem

como os posicionamentos adequados agraves condiccedilotildees do paciente (MADUREIRA

2000)

Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem durante

a internaccedilatildeo sobre a importacircncia do autocuidado sobretudo quanto agrave higiene

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 25: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

24

corporal alimentaccedilatildeo e hidrataccedilatildeo estabelecendo conjuntamente metas dentro das

possibilidades do momento (GUERRA 2000)

Destacam-se tambeacutem o autocuidado voltado agrave reeducaccedilatildeo das

eliminaccedilotildees vesicais e intestinais segundo condiccedilotildees funcionais fiacutesico-motoras

sociais e familiares (MADUREIRA 2000)

Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binocircmio

paciente-famiacutelia (cuidador familiar) Outras orientaccedilotildees pertinentes agrave esfera biopsico-

espiritual satildeo direcionadas agrave famiacutelia e ao paciente estimulando a participaccedilatildeo nos

cuidados reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um

A cada nova internaccedilatildeo o enfermeiro executa o Processo de

Enfermagem que eacute constituiacutedo de exame fiacutesico e entrevista sendo que a partir daiacute eacute

realizado o levantamento de dados especiacuteficos relacionados agrave deficiecircncia fiacutesica e

incapacidades que nortearatildeo as accedilotildees da Enfermagem especializada para a

assistecircncia agrave pessoa com deficiecircncia fiacutesica (GEORGE1993)

Durante a entrevista devem ser verificados os haacutebitos de vida

relacionados agrave alimentaccedilatildeo hidrataccedilatildeo eliminaccedilatildeo urinaacuteria e intestinal bem como o

padratildeo atual dessas uacuteltimas (MADUREIRA 2000)

Greve et al (1992) ressalta que outros dados especiacuteficos devem ser

identificados os quais satildeo relacionados agrave avaliaccedilatildeo uro-dinacircmica conhecimento e

realizaccedilatildeo de manobras de esvaziamento vesical intestinal cateterismo vesical

intermitente ndash teacutecnica limpa medicamentos utilizados no momento e habilidades

fiacutesico-motoras voltadas agrave manutenccedilatildeo desses haacutebitos e atreladas agraves atividades de

vida diaacuterias (AVDs) vestuaacuterio transferecircncias posicionamentos no leito e em cadeira

de rodas aleacutem do uso de oacuterteses e verificaccedilatildeo da adequaccedilatildeo das mesmas

Por meio do exame fiacutesico observa-se tambeacutem as condiccedilotildees gerais de

pele e anexos presenccedila ou natildeo de deformidades A avaliaccedilatildeo de enfermagem

necessita de uma abordagem holiacutestica O estado fiacutesico mental emocional

espiritual social e econocircmico devem ser considerados no ato da internaccedilatildeo

(GEORGE 1993)

A partir do histoacuterico de enfermagem se estabelecem os problemas

levantados e realiza-se a prescriccedilatildeo de enfermagem para nortear as accedilotildees da

equipe de enfermagem Atraveacutes das anotaccedilotildees que se acompanha o

desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al1992)

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 26: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

25

De acordo com Zago (1992) eacute importante que sejam criadas condiccedilotildees

favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo de independecircncia ao paciente Deve haver percepccedilatildeo pelo

enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condiccedilotildees de realizar

sozinho mesmo que com dificuldade e aquilo que haacute necessidade de auxiacutelio

Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em

reabilitaccedilatildeo como todo profissional enfermeiro supervisionar e orientar toda equipe

de Enfermagem em Reabilitaccedilatildeo realizar escala de folgas e dimensionamento de

pessoal supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e Primary Nurse

para que se cumpra adequadamente conforme princiacutepios da instituiccedilatildeo realizar

avaliaccedilatildeo holiacutestica do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na

reabilitaccedilatildeo realizar relacionamento terapecircutico integraccedilatildeo dos funcionaacuterios entre si

e com os pacientes intermediador da enfermagem com os demais componentes da

Equipe de reabilitaccedilatildeo (fisioterapeuta fono-audioacutelogo terapeuta ocupacional e

outros)

Por fim compete ao enfermeiro planejar reuniotildees de treinamento e

aprimoramento dos funcionaacuterios que atuam com reabilitaccedilatildeo atuar em conjunto com

a Educaccedilatildeo Continuada para melhoria da assistecircncia prestada treinar e avaliar

funcionaacuterio admitido na equipe de reabilitaccedilatildeo realizar do processo de enfermagem

avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito agrave sua evoluccedilatildeo na reabilitaccedilatildeo

orientar quanto aos cuidados com alimentaccedilatildeo higiene eliminaccedilotildees auto-cuidado agrave

famiacutelia e acompanhantes realizar curativos especiacuteficos que requerem atenccedilatildeo

especial (MACHADO 2003)

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 27: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

26

5 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Os pacientes que sofreram lesatildeo na medula espinhal na maioria das

vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido agraves inuacutemeras

manifestaccedilotildees cliacutenicas e consequecircncias da lesatildeo e essas manifestaccedilotildees ocorrem

de acordo com o niacutevel e classe da lesatildeo (BRUNNER 2002)

A lesatildeo medular espinhal com as consequentes perdas de motricidade e

sensibilidade causa uma seacuterie de perdas funcionais e incapacidades que precisam

ser abordadas de forma adequada para prevenccedilatildeo de complicaccedilotildees e

incapacidades secundaacuterias dentre as quais se destacam as uacutelceras de pressatildeo

disfunccedilatildeo urinaacuteria doenccedilas gastrointestinais e cardiocirculatoacuterias (NOGUEIRA et al

2002)

51 UacuteLCERA POR PRESSAtildeO

Uacutelceras por Pressatildeo ou Escaras de Decuacutebito satildeo aacutereas de necrose

localizadas na pele e tecidos subcutacircneos decorrentes da falta de oxigenaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo desses tecidos provocada pela compressatildeo ao niacutevel das proeminecircncias

oacutesseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imoacuteveis numa mesma

posiccedilatildeo por longos periacuteodos (FARO 1996)

Nos pacientes com lesatildeo medular ocorre agraves uacutelceras por pressatildeo por estes

permanecerem deitados por longos periacuteodos sem poderem se movimentar

espontaneamente com isso o peso do corpo exerce pressatildeo sobre as

proeminecircncias oacutesseas e consequentemente a pele adquire coloraccedilatildeo

esbranquiccedilada decorrente da isquemia na aacuterea da compressatildeo Caso essa pressatildeo

natildeo seja periodicamente aliviada atraveacutes das mudanccedilas de decuacutebitos desses

pacientes a aacuterea de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada evolui para um estaacutegio de sofrimento

tecidual adquirindo um aspecto cianoacutetico seguido de formaccedilatildeo de bolhas que se

rompem facilmente e necrosam produzindo escaras ou uacutelceras por pressatildeo

(NOGUEIRA et al 2002)

27

De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

28

enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 28: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

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De acordo com Faro (2006) tais uacutelceras tendem a aumentar de tamanho

se a regiatildeo natildeo for protegida adequadamente sobretudo se natildeo for eliminada a

pressatildeo sobre a aacuterea por meio da mudanccedila de posiccedilatildeo do paciente Se essa

compressatildeo for eliminada pela mudanccedila de decuacutebito do paciente essa aacuterea de

coloraccedilatildeo esbranquiccedilada daraacute lugar a uma aacuterea de coloraccedilatildeo avermelhada devido a

hiperemia reativa que ocorre como resposta ao suacutebito aumento do fluxo de sangue

na regiatildeo antes comprimida

Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formaccedilatildeo da escara

satildeo aacuterea cutacircnea de coloraccedilatildeo paacutelida ou avermelhada manchas escuras de cor

roxa e bolhas Quando apalpadas pela primeira vez essas manchas se apresentam

mornas se comparadas com a pele ao redor sendo que mais tarde elas tendem a

tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalizaccedilatildeo dos tecidos (SCRAMIN 2006)

Os primeiros sinais geralmente aparecem nas aacutereas ao niacutevel de

proeminecircncias oacutesseas tais como regiatildeo sacra iacutesquios calcacircneos cotovelos

joelhos escaacutepulas regiatildeo occipital entre outras Por esse motivo nas mudanccedilas de

decuacutebitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao niacutevel dessas aacutereas

de proeminecircncias oacutesseas (REDE SARAH 2009)

Satildeo quatro as opccedilotildees mais comuns para as mudanccedilas de decuacutebitos

como ventral dorsal lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN 2006)

Eacute importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos

dias e progredir rapidamente se natildeo forem tratadas adequadamente Quando o

tratamento natildeo eacute adequado frequentemente as escaras infeccionam crescem em

extensatildeo e profundidade podendo o processo infeccioso estender-se ateacute ao plano

oacutesseo tornando a cura muito demorada e extremamente difiacutecil (LESAO MEDULAR

2009)

A uacutelcera por pressatildeo pode levar a osteomielite septicemia e oacutebito

Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar bem como

transtornos fiacutesicos e psicoloacutegicos que impedem a participaccedilatildeo dos indiviacuteduos nos

programas de reabilitaccedilatildeo e atividades sociais A prevenccedilatildeo e o tratamento das

uacutelceras por pressatildeo satildeo mandatoacuterias em qualquer programa de reabilitaccedilatildeo Os

fatores de risco para desenvolvimento da uacutelcera satildeo espasticidade deformidades

anemia e falta de cuidados e orientaccedilatildeo (NOGUEIRA et al 2002)

A manutenccedilatildeo da integridade da pele e de tecidos subjacentes eacute

fundamental para uma boa reabilitaccedilatildeo Essa eacute uma responsabilidade da equipe de

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enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

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esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

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controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

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Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

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SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 29: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

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enfermagem no entanto se tratando de lesatildeo da medula espinhal todos os

profissionais da equipe de reabilitaccedilatildeo devem estar atentos As uacutelceras por pressatildeo

satildeo indicadores da qualidade da assistecircncia dos serviccedilos de sauacutede pois a maior

parte delas pode ser prevenida com adoccedilatildeo de medidas adequadas e educaccedilatildeo dos

profissionais pacientes e familiares (NOGUEIRA et al 2002)

Faro (1996) comentam que a prevenccedilatildeo da uacutelcera de pressatildeo eacute feita com

mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito que podem ser auxiliadas por camas giratoacuterias

colchotildees e assentos especiais para cadeiras de rodas que natildeo substituem poreacutem

as mudanccedilas perioacutedicas de decuacutebito

A ausecircncia de sensibilidade nos indiviacuteduos acometidos requer cuidados

especiais boa nutriccedilatildeo higiene rigorosa hidrataccedilatildeo cutacircnea e uso apropriado de

oacuterteses Na vigecircncia de uma uacutelcera por pressatildeo satildeo necessaacuterios curativos diaacuterios

liberaccedilatildeo de pressatildeo na aacuterea acometida debridamento perioacutedico dos tecidos

necrosados uso de cremes antibioacuteticos e cirurgias plaacutesticas (NOGUEIRA et al

2002)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possiacuteveis aacutereas

comprometidas

b) realizar massagem com creme hidratante em regiatildeo gluacutetea face posterior

das coxas peacutes e artelhos Evitar massagens nas aacutereas com manchas

roxas ou bolhas pois isto indica o iniacutecio da escara e a massagem nestas

circunstacircncias vai causar mais danos que benefiacutecios

c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas aacutereas de maior risco

(proeminecircncias oacutesseas)

d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto

um com o outro

e) utilizar sempre o colchatildeo de ar do tipo caixa de ovo inflaacutevel ou o colchatildeo

daacutegua que apoacuteiam o corpo de forma suave e uniforme ajustando-o com

perfeiccedilatildeo em toda a sua extensatildeo sem causar pressatildeo excessiva nas

aacutereas mais vulneraacuteveis

f) realizar mudanccedila de decuacutebito no paciente a cada 2 horas sendo

conveniente um horaacuterio por escrito para se evitar esquecimentos

g) manter o paciente fora do leito sempre que possiacutevel

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

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suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

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esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

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responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 30: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

29

h) usar teacutecnicas adequadas para transferecircncia do paciente da cama para

cadeira e vice-versa

i) usar aparelhos como o trapeacutezio ou o lenccedilol do forro da cama para

movimentar

j) evitar cruzar os membros do paciente para natildeo obstruir o fluxo sanguiacuteneo

desse segmento corporal

k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulaccedilotildees das

matildeos braccedilos peacutes e pernas Solicitar orientaccedilatildeo e acompanhamento de

fisioterapeuta especializado em lesatildeo medular

l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteiacutenas carnes frangos

peixes leite e seus derivados vitaminas e sais minerais Os cardaacutepios

devem alternar carnes vermelhas frangos e peixes durante a semana

Solicitar orientaccedilatildeo dieteacutetica de nutricionista

m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de

liacutequidos por dia

n) manter sempre uma higiene adequada do paciente a pele deveraacute ser

limpa no momento que sujar Evitar aacutegua quente e usar um sabonete

suave hidratante para natildeo causar irritaccedilatildeo ou ressecamento da pele

o) manter a cama sempre limpa seca e os lenccediloacuteis bem esticados e livres de

resiacuteduos de alimentos

p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos periacuteodos (30 a 40

minutos) preferencialmente no periacuteodo das 7 agraves 10 horas da manhatilde

nunca em horas de maior intensidade

q) fornecer muito carinho e amor ao paciente Natildeo deixaacute-lo deitado ou

sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenccedilatildeo

mencionadas estatildeo sendo efetivamente colocadas em praacutetica

52 DISFUNCcedilAtildeO INTESTINAL

A lesatildeo medular determina alteraccedilotildees no controle intestinal onde na

lesatildeo medular de niacutevel mais alto o distuacuterbio estaacute principalmente relacionado com

tendecircncia a constipaccedilatildeo intestinal crocircnica (prisatildeo de ventre) e na lesatildeo medular

30

mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 31: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

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mais baixa o distuacuterbio estaacute relacionado com tendecircncia agrave incontinecircncia fecal

(eliminaccedilatildeo acidental de fezes) Embora na maioria das lesotildees medulares natildeo seja

possiacutevel a recuperaccedilatildeo do controle intestinal um programa de reeducaccedilatildeo pode

fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horaacuterio tornando mais

faacuteceis as atividades fora de casa (REDE SARAH 2009)

Essa alteraccedilatildeo intestinal ocorre devido agrave interrupccedilatildeo dos nervos da

medula espinhal As mensagens advindas da porccedilatildeo retal para o ceacuterebro natildeo

conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesatildeo o que pode resultar em

movimentaccedilatildeo intestinal insuficiente e acarretar constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo fecal Os

efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do niacutevel e da

extensatildeo da lesatildeo O mecanismo de esvaziamento intestinal eacute coordenado pelo

niacutevel medular S2 a S4 e a lesatildeo a este niacutevel deve incapacitar o desenvolvimento da

defecaccedilatildeo automaacutetica afirma (FARO et al 1996)

Tonello (1999) recomenda uma alimentaccedilatildeo balanceada e uma

hidrataccedilatildeo adequada Trecircs refeiccedilotildees por dia (cafeacute da manhatildealmoccedilojantar) satildeo

recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa A ingesta

hiacutedrica (aproximadamente de 25 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal

facilitando sua eliminaccedilatildeo Quando ocorre constipaccedilatildeo deve-se ingerir mais

liacutequidos o que natildeo se restringe somente agrave aacutegua mas tambeacutem sucos de frutas

vitaminas leite e iogurtes Devem-se evitar chaacutes e refrigerantes porque satildeo

constipantes e provocam flatulecircncia

Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitaccedilatildeo envolve a utilizaccedilatildeo de

teacutecnicas e accedilotildees interdisciplinares como o esforccedilo conjunto de todos os

profissionais e familiares dentro e fora das instituiccedilotildees e que deve ter como objetivo

comum a melhora eou a reabilitaccedilatildeo das funccedilotildees diminuiacutedas ou perdidas para

preservar a capacidade de viver de cada indiviacuteduo envolvido na accedilatildeo de cuidar Na

disfunccedilatildeo intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que eacute a massagem feita

vaacuterias vezes no abdocircmen no sentido da direita para a esquerda e de baixo para

cima com leve compressatildeo durante 20 a 30 minutos apoacutes as refeiccedilotildees

Durante as manobras o paciente eacute orientado a adotar a posiccedilatildeo sentada

e caso o equiliacutebrio permita deve ficar inclinado para a frente Para a prevenccedilatildeo de

lesotildees cutacircneas pode se adaptar espumas no assento sanitaacuterio e por isso eacute

aconselhaacutevel evitar comadres e urinol Caso as manobras natildeo funcionem estaacute

indicada a estimulaccedilatildeo retal introduz-se o dedo se possiacutevel enluvado e lubrificado

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suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

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esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

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controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

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e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

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estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

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55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

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b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

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responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 32: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

31

suavemente no acircnus com movimentos de vaiveacutem durante 5 minutos Caso natildeo

haja ecircxito com a praacutetica recomenda-se o supositoacuterio de glicerina de acordo com a

prescriccedilatildeo meacutedica (FIGUEIREDO 2004)

Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre

observar e registrar o aspecto (cor e odor) o volume aproximado das fezes

considerando-se tambeacutem o aspecto do abdocircmen (TONELLO 1999)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) orientar o paciente quanto a uma reeducaccedilatildeo alimentar

b) orientar quanto a ingestatildeo de alimentos ricos em fibras para facilitar o

tracircnsito intestinal

c) ofertar de 25 a 3 litros de liacutequido diariamente para melhora do tracircnsito

intestinal e para a hidrataccedilatildeo do paciente

d) fornecer as refeiccedilotildees ao paciente sempre no mesmo horaacuterio para que o

mesmo habitue o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horaacuterio para

habituar o intestino quanto agraves evacuaccedilotildees

f) realizar estiacutemulo retal ou supositoacuterio de glicerina caso natildeo haja episoacutedios

de evacuaccedilatildeo por mais de trecircs dias

g) realizar a manobra de Rosing apoacutes as refeiccedilotildees para estimular a descida

do bolo fecal

h) anotar aspecto cor odor volume e caracteriacutesticas das fezes

i) realizar higiene da regiatildeo anal apoacutes as evacuaccedilotildees

43 DISFUNCcedilAtildeO URINAacuteRIA

O sistema urinaacuterio formado pelos rins ureteres bexiga e uretra eacute o

responsaacutevel pela produccedilatildeo armazenamento e eliminaccedilatildeo da urina A urina eacute

produzida pelos rins sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga que

eacute uma bolsa muscular coletora Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de

urina esse muacutesculo por um mecanismo reflexo se contrai e a urina eacute eliminada

atraveacutes da uretra (micccedilatildeo) No momento em que o muacutesculo da bexiga se contrai o

32

esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

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SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

52

ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 33: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

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esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a saiacuteda da urina Este eacute um processo

fisioloacutegico normal controlado pelo sistema nervoso autocircnomo que coordena o

funcionamento sineacutergico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER 2002)

Figura 3 ndash Sistema Urinaacuterio Fonte Rede Sarah 2009

Durante o enchimento da bexiga a musculatura permanece relaxada

para receber e armazenar a urina proveniente dos rins enquanto o muacutesculo do

esfiacutencter da uretra permanece contraiacutedo para evitar a saiacuteda da urina coletada na

bexiga Por outro lado quando o muacutesculo da bexiga se contrai para eliminar o seu

conteuacutedo o esfiacutencter da uretra se relaxa para permitir a eliminaccedilatildeo da urina Para

que esse mecanismo automaacutetico aconteccedila normalmente eacute preciso haver

coordenaccedilatildeo nervosa entre o muacutesculo da bexiga e do esfiacutencter da uretra Quando

esse mecanismo natildeo ocorre de maneira integrada acontece o que se chama

dissinergismo veacutesico-esfincteriano (SPENCER 1991)

Se os muacutesculos da bexiga e o do esfiacutencter da uretra se contraiacuterem ao

mesmo tempo haveraacute um esforccedilo maior da musculatura da bexiga para tentar

vencer a resistecircncia do esfiacutencter da uretra Esse esforccedilo leva com o tempo a um

enfraquecimento da parede da bexiga bem como a formaccedilatildeo de divertiacuteculos na

parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins colocando em

risco a funccedilatildeo renal que eacute uma grave complicaccedilatildeo (BRUNNER 2002)

O ceacuterebro e os nervos provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis

pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 34: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

33

controle eficaz da urina atraveacutes do sistema urinaacuterio Um traumatismo de coluna com

lesatildeo medular pode comprometer essa comunicaccedilatildeo entre o ceacuterebro e o sistema

urinaacuterio e a eliminaccedilatildeo da urina armazenada na bexiga deixaraacute de ser automaacutetica o

que representa um seacuterio problema para o paciente pois o ceacuterebro e os nervos

provenientes da medula espinhal satildeo responsaacuteveis pelo mecanismo coordenado

entre a bexiga e o esfiacutencter uretral o que possibilita um controle eficaz da urina

atraveacutes do sistema urinaacuterio (BRUNNER 2002)

A bexiga neurogecircnica varia de acordo com o tipo e o niacutevel da lesatildeo

causando incontinecircncia urinaacuteria havendo a necessidade de orientaccedilotildees meacutedicas e

cuidados para o esvaziamento adequado As complicaccedilotildees mais comuns satildeo

infecccedilotildees urinaacuterias caacutelculos renais e vesicais e fiacutestulas uretro-escrotais O cuidado

uroloacutegico apropriado diminui complicaccedilotildees e permite que o paciente tenha melhor

controle do esvaziamento vesical facilitando sua reintegraccedilatildeo social (GREVE et al

1992)

Dependendo do niacutevel da lesatildeo medular a bexiga pode passar a

apresentar dois tipos de problemas bexiga espaacutestica e bexiga flaacutecida A primeira

ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que

antes da lesatildeo medular e o muacutesculo da bexiga passa a ter contraccedilotildees involuntaacuterias

com perdas frequentes de urina sendo mais comum nas lesotildees medulares acima do

niacutevel sacral (BRUNNER 2002)

A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade

maior de urina do que antes da lesatildeo medular porque o muacutesculo da bexiga natildeo se

contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida ocorrendo

em maior frequecircncia nas lesotildees medulares ao niacutevel sacral (abaixo de T12) O

diagnoacutestico do tipo de bexiga eacute importante para a definiccedilatildeo do tipo de tratamento a

ser instituiacutedo em regime de internaccedilatildeo hospitalar para reabilitaccedilatildeo (LESAtildeO

MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga

b) limpar ao redor da aacuterea onde o cateter penetra no meato uretral (junccedilatildeo-

cateter) com aacutegua e sabatildeo durante o banho diaacuterio para retirar os resiacuteduos

c) evitar o uso de talco e sprays na aacuterea perineal

d) evitar a traccedilatildeo sobre o cateter durante a limpeza

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 35: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

34

e) trocar sondas a cada 7 dias

f) avaliar sinais de retenccedilatildeo urinaacuteria e comunicar ao meacutedico responsaacutevel

g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de aliacutevio de acordo

com a prescriccedilatildeo meacutedica

h) fornecer variedades de liacutequidos de preferecircncia os que promovem a

diurese espontacircnea

i) ofertar de 2 a 3 litros de liacutequidos diariamente

j) ensinar a famiacutelia teacutecnicas de estimulaccedilatildeo suprapubica Crede e Valsalva

k) lavar as matildeos antes de manipular a sonda

l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia com aacutegua e sabatildeo ou aacutegua e cloro

(cacircndida) quando desconectar a bolsa da sonda bloquear a sonda com

uma gaze esteacuteril para que a urina natildeo vaze

m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do niacutevel da cama e natildeo deixar

que ela fique muito cheia para evitar que a urina retorne para dentro da

bexiga

n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda porque estaraacute

ocluida e a urina natildeo sairaacute da bexiga

o) observar sempre que natildeo houver urina na bolsa coletora verificando se

natildeo haacute dobras ou obstruccedilotildees no sistema

54 DISREFLEXIA AUTONOcircMICA

Eacute uma emergecircncia aguda que ocorre em pacientes com lesatildeo medular

como resultado de respostas autocircnomas acentuadas aos estiacutemulos que satildeo inoacutecuos

em indiviacuteduos normais (BULECHEK 1985)

Segundo Rede Sarah (2009) disreflexia autonocircmica eacute uma complicaccedilatildeo

frequumlente nas lesotildees cervicais e pode ocorrer tambeacutem nas lesotildees medulares acima

de T6 Qualquer estiacutemulo que normalmente causaria dor e desconforto na pessoa

sem lesatildeo na pessoa que natildeo sente dor e desconforto por causa de uma lesatildeo

medular pode causar uma crise de disreflexia

Smeltzer amp Bare (1994) afirmam que inuacutemeros estiacutemulos podem

desencadear esse reflexo como a distensatildeo vesical sendo a causa mais comum

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 36: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

35

estimulaccedilatildeo da pele (taacutetil dolorosa teacutermica) distensatildeo de oacutergatildeos viscerais

especialmente intestino devido a constipaccedilatildeo e impactaccedilatildeo e unhas encravadas

Isso pode ocorrer vaacuterios meses depois do trauma tendo maior incidecircncia em

tetrapleacutegicos

Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de

atendimento meacutedico de pacientes com lesatildeo raquimedular pois causa desconforto

ao paciente e aacute famiacutelia (SOUZA 2001)

De acordo com Demenech (1994) os sinais e sintomas mais frequentes

de disreflexia autonocircmica satildeo cefaleacuteia pontos brilhantes visuais visatildeo borrada

obstruccedilatildeo nasal frequecircncia cardiacuteaca baixa Pode ocorrer tambeacutem manifestaccedilotildees

acima do niacutevel da lesatildeo como arrepios sudorese e manchas vermelhas na pele O

tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevaccedilatildeo e descontrole da

pressatildeo arterial sendo o sinal cliacutenico de maior perigo (LESAtildeO MEDULAR 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) colocar imediatamente o paciente sentado

b) registrar pulso e pressatildeo arterial para avaliar a eficaacutecia das intervenccedilotildees

c) esvaziar imediatamente a bexiga atraveacutes de sondagem de aliacutevio

d) promover lavagem intestinal ou fleetenema considerando uma possiacutevel

constipaccedilatildeo como causa do evento

e) eliminar qualquer outro estiacutemulo que possa se constituir num evento

desencadeador como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio

bem como roupas e calccedilados apertados

f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e

miorrelaxante) conforme prescriccedilatildeo meacutedica

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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Page 37: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

36

55 TROMBOSE

Uma complicaccedilatildeo comum do LME eacute a trombose venosa profunda

relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores O diagnoacutestico muitas

vezes eacute cliacutenico pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade

(GREVE et al 1992)

Quando o corpo natildeo eacute movimentado regularmente existe a possibilidade

de ocorrer o aparecimento de um coaacutegulo de sangue chamado trombo O trombo

formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo Se isso

ocorrer ele passa a ser chamado de ecircmbolo e um dos lugares mais comuns para

um ecircmbolo se hospedar eacute o pulmatildeo - embolia pulmonar (REDE SARAH 2009)

De acordo com Bulechek (1985) a presenccedila de Trombose Venosa

Profunda (TVP) eacute avaliada atraveacutes da mensuraccedilatildeo da panturrilha e constatada caso

haja aumento significativo na circunferecircncia desse segmento

Segundo Rede SARAH (2009) os sinais mais frequentes de trombose

satildeo panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que

a outra Na presenccedila dessas alteraccedilotildees avaliaccedilatildeo meacutedica e tratamento adequado

se fazem necessaacuterios

Conforme Smeltzer amp Bare (1994) a terapia com doses baixas de

anticoagulantes eacute iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar Eacute indicado o uso

de meias elaacutesticas a execuccedilatildeo de exerciacutecios fisioteraacutepicos que promovam amplitude

de movimento uma hidrataccedilatildeo adequada e a anulaccedilatildeo de estiacutemulos baacutericos

externos nos membros inferiores decorrentes da flexatildeo dos joelhos enquanto o

paciente estaacute acamado

Diante dessa grave complicaccedilatildeo impotildee-se um diagnoacutestico e tratamento

precoces aleacutem de uma vigilacircncia cuidadosa e contiacutenua do paciente ainda na fase de

trombose a fim de ser instituiacuteda a terapecircutica mais adequada para salvar o paciente

(GREVE et al 1992)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevaccedilatildeo

dos membros inferiores

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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49

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50

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52

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Page 38: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

37

b) realizar movimentaccedilatildeo passiva dos membros do paciente e aacuterea afetadas

bem como a panturrilha e aacutereas edemaciadas

c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a

circulaccedilatildeo

d) orientar ao paciente quanto aacute importacircncia da utilizaccedilatildeo de meias elaacutesticas

e) solicitar exerciacutecios fisioteraacutepicos

f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidrataccedilatildeo para melhora da

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

g) mensurar e anotar a circunferecircncia da panturrilha diariamente

h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente

56 EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coaacutegulo (trombo) que estaacute fixo

numa veia do corpo se desprende e vai pela circulaccedilatildeo ateacute o pulmatildeo onde fica

obstruindo a passagem de sangue por uma arteacuteria A aacuterea do pulmatildeo suprida por

essa arteacuteria poderaacute sofrer alteraccedilotildees com repercussotildees no organismo da pessoa

podendo causar sintomas Agraves vezes mais de um trombo pode se deslocar

acometendo mais de uma arteacuteria (BRUNNER 2002)

De acordo com Lanza (2001) os principais sintomas de embolia pulmonar

satildeo encurtamento da respiraccedilatildeo ou falta de ar dor toraacutecica tosse de aparecimento

suacutebito seca ou com sangue ansiedade febre baixa e batimentos cardiacuteacos

acelerados

Existem algumas situaccedilotildees que facilitam o aparecimento de tromboses

venosas que causam as embolias pulmonares A trombose eacute o surgimento de um

trombo nas veias Normalmente ocorre nas pernas coxas ou quadris Quando este

trombo se desprende vai para a circulaccedilatildeo e acaba-se trancando numa arteacuteria do

pulmatildeo podendo ou natildeo causar problemas Se for pequeno poderaacute ateacute natildeo causar

sintomas mas se for de tamanho razoaacutevel poderaacute causar dano pulmonar ou ateacute

mesmo a morte imediata (LANZA 2001)

As principais fontes de embolizaccedilatildeo satildeo as veias profundas da coxa e da

peacutelvis acometidas por trombose (GOLDHABER 2001) Os mecanismos

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

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48

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49

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50

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51

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52

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Page 39: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

38

responsaacuteveis pela trombose natildeo estatildeo totalmente esclarecidos e a claacutessica Triacuteade

de Virchow (estase venosa lesatildeo endotelial e hipercoagulobilidade) natildeo justificam

todos os mecanismos (KNOBEL 1999)

A incidecircncia de trombose venosa profunda (TVP) eacute de 10 a 20 e

tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10 em casos de traumatismo raquimedular

e politraum (LANZA 2001)

A prevenccedilatildeo ocorre atraveacutes do uso de medicaccedilotildees como anticoagulantes

em doses preventivas em pacientes que ficaratildeo acamados por um longo periacuteodo Jaacute

os pacientes com menor comprometimento dos membros deveratildeo exercitar as

pernas atraveacutes de exerciacutecios fisioteraacutepicos Os indiviacuteduos que quase natildeo se

movimentam tecircm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA

2001)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

a) avaliar os sinais vitais do paciente de 66 horas

b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados

c) orientar quanto aacute importacircncia do uso da meia elaacutestica

d) administrar medicaccedilatildeo anticoagulante de acordo com a prescriccedilatildeo meacutedica

e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar

57 DISTUacuteRBIOS DO HUMOR

Muitos indiviacuteduos que sofrem lesatildeo medular e que como consequecircncia

do trauma adquirem algum tipo de sequela como a paralisia seja ela total ou

parcial apresentam distuacuterbio de humor Devido aacute mudanccedila repentina em sua vida

muitos natildeo aceitam as novas limitaccedilotildees (MADUREIRA 2000)

O distuacuterbios do humor particularmente a ansiedade e a depressatildeo satildeo

frequentes em pacientes com lesatildeo medular A integraccedilatildeo precoce em programas

de reabilitaccedilatildeo e socializaccedilatildeo incluindo atividades esportivas diminui

consideravelmente a incidecircncia desses problemas (REDE SARAH 2009)

De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante o processo de

reabilitaccedilatildeo deve

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

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6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

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Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

AMERICAN SPINAL INJURY ASSOCIATION - ASIA International Standards for Neurological and Functional Classification of Spinal Cord Injury Chicago 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Informaccedilotildees em sauacutede assistencia em sauacutede (2006) Disponiacutevel em lt httpwwwdatasusgovbr gt Acesso em 18 mai 2009 BRUNNER LS SUDDARTH DS Princiacutepios e praacuteticas de reabilitaccedilatildeo In SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddart tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1993 p 181- 207 BRUNNER L S et al Tratado de Enfermagem Meacutedico-Ciruacutergico 9 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2002 BULECHEK GM Nursing interventions treatments nursing diagnoses Philadelphia Saunders 1985 CAFERC R BARROS A L B L Diagnoacutestico de enfermagem e proposta de intervenccedilotildees para pacientes com lesatildeo medular Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 17 fev 2009 CARPENITTO L J Diagnoacutesticos de enfermagem aplicaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica 8ed Porto Alegre Artes Meacutedicas 2002 Coenen AC Ryan P Sutton J Mapping nursing interventions from a hospital information system to the Nursing Interventions Classification (NIC) Nurs Diagn 1997 8(4)145-51 CRUZ I C F da Diagnoacutestico de enfermagem Estrateacutegia para sua formulaccedilatildeo e validaccedilatildeo Satildeo Paulo 1993 157p Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo Disponiacutevel em lt httpbrgeocitescomenfermagem webavaliacaohtm gt Acesso em 12 set 2009 DEFINO H L A Trauma raquimedular Medicina Ribeiratildeo Preto v32n4 p388-400out-dez1999

48

DELISA J A BRUCE MG Rehabilitation medicine principles and practice Philadelphia Lippincott 1993 DEMENECH AA Lesado medular - uma ajuda Enfoque v17 n1 p 19-25 1989 DEMENECH A A FREIRES L M Disreflexia autonomica uma emergecircncia ou naumlo Rev bras enferm v 37 n frac34 p247-250 juldez 1994 FARO ACM Estudo das alteraccedilotildees da funccedilatildeo sexual em homens parapleacutegicos Satildeo Paulo 1991 98 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo FARO ACM et al Assistecircncia de enfermagem ao paciente com traumatismo raquimedular In VENTURA M de F et al Enfermagem ortopeacutedica Satildeo Paulo Iacutecone 1996 p175-89 FARO A C M Autonomia dependecircncia e incapacidades aplicabilidade dos conceitos na sauacutede do adulto e do idoso In BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto para o Desenvolvimento da Sauacutede Universidade de Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Telefocircnica Manual de enfermagem Satildeo Paulo Ministeacuterio da Sauacutede 2006 p 137-140 FERREIRA ABH Trauma In Novo Dicionaacuterio da liacutengua portuguesa 2ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986 FIGUEIREDO NMA MACHADO W O que eacute reabilitaccedilatildeo In FIGUEIREDO NMA MACHADO WCA TONINI T Cuidando de clientes com necessidades especiais motora e social Satildeo Paulo Difusatildeo Enfermagem 2004 p 1-2 GEORGE JB Teorias de enfermagem fundamentos para a praacutetica profissional Porto Alegre Artes Meacutedicas 1993 GOLDHABER ZS Pulmonary Embolism In BRAUNWALD E ZIPES DP LIBBY P [eds] Heart Disease a Textbook of Cardiovascular Medicine 6 ed Philadelphia WBSaunders Company 2001 p52 GREVE JMDA et al Clinical fundaments for rehabilitation treatment in a spinal cord injury Rev Paul Med n 110 p 78-81 1992

49

GREVE JMDA Fundamentos cliacutenicos do tratamento de reabilitaccedilatildeo na lesatildeo medular Acircmb Hosp v67 n6 p55-741994 GUERRA CICO Fatores de risco para o desgaste do cuidador familiar de paciente na fila do transplante cardiacuteaco [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 HARTKOPP A et al Survival and cause of death after traumatic spinal cord injury A long-term epidemiological survey from Denmark Spinal Cord n 35 p 76-85 1997 HOYT DB COIMBRA R WINCHELL RJ Tratamento de trauma agudo In Townsend Jr CM editores Sabinston tratado de cirurgia as bases bioloacutegicas da praacutetica ciruacutergica moderna 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2003 p 339-340 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Caracteriacutesticas gerais da populaccedilatildeo Disponiacutevel em lt httpwwwibgegovbr gt Acesso em 09 abr 2009 KNOBEL E BARUZZI AC Condutas no Paciente Grave 2 ed Rio de Janeiro Atheneu 1999 p197-210 LANZA A M EMBOLIA PULMONAR Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 12 set 2009 LESAtildeO MEDULAR Disponiacutevel em lt httpwwwlesatildeomedularcombr gt Acesso em 14 mai 2009 LIANZA S CASALIS M E GREVE J M D EICHBERG R A lesatildeo medular In LIANZA S (Org) Medicina de Reabilitaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 p 299-322 LIANZA S Oacutertese de propulsatildeo reciacuteproca modelo Argo - meacutetodo de avaliaccedilatildeo tratamento e anaacutelise de resultados na reeducaccedilatildeo da locomoccedilatildeo em pacientes com lesatildeo medular [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas 1997 Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 25 fev 2009 MACHADO A B M Neuroanatomia funcional 2ed Belo Horizonte Atheneu 1993 cap 15 p151-162

50

MACHADO WCA O papel do enfermeiro no cuidar de clientes portadores de deficiecircncia [online] Satildeo Paulo Entre Amigos ndash Rede de Informaccedilotildees sobre Deficiecircncia [sd] Disponiacutevel em lt httpwwwentreamigoscombrtextosreabili opapelhtml gt Acesso 19 jun 2009 MADUREIRA NCM O saber-fazer do cuidador familiar da pessoa com deficiecircncia fiacutesica um estudo no preacute e trans-reabilitaccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 MCCLOSKEY J BULECHEK GM Classificaccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem - NIC 3 ed Porto Alegre Artmed 2004 MELLO M T et al Consideraccedilotildees sobre aspectos psicoloacutegicos em indiviacuteduos lesados medulares In FREITAS P S CIDADE R E Educaccedilatildeo Fiacutesica e Esportes para Deficientes ndash coletacircnea Brasiacutelia INDESP 2004 MOORE Keith L DALLEY Arthur F Anatomia orientada para a Cliacutenica 4 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 NOGUEIRA PC CALIRI MHL SANTOS C Fatores de Risco e Medidas Preventivas para uacutelcera de pressatildeo no Lesado Medular Experiecircncia da Equipe d Enfermagem do HCFMRP ndash USP Medicina (Ribeiratildeo Preto) n 35 p14-23 2002 North American Nursing Diagnosis Association - NANDA Diagnoacutesticos de enfermagem da NANDA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008 OLIVEIRA PAS et al Traumatismos da coluna toraacutecica e lombar Avaliaccedilatildeo epidemioloacutegica Rev Bras Ortop v 31 n 9 p 771-776 Set 1996 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 ago 2002 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 mar 2009 RIBAS FILHO JM MALAFAIA O CAMPOS ACL et al Estudo da prevalecircncia dos oacutebitos por trauma nos principais pronto-socorros de Curitiba no periacuteodo de abril de 2001 a abril de 2002 Rev Meacuted Paranaacute v2 n60 p45-48 2002

51

SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

52

ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 40: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

39

a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos para atenuar a

ansiedade

b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se

encontrarem com os componentes da equipe terapecircutica

c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades

esclarecendo suas duacutevidas

40

6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

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REFERENCIAS

AMERICAN SPINAL INJURY ASSOCIATION - ASIA International Standards for Neurological and Functional Classification of Spinal Cord Injury Chicago 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Informaccedilotildees em sauacutede assistencia em sauacutede (2006) Disponiacutevel em lt httpwwwdatasusgovbr gt Acesso em 18 mai 2009 BRUNNER LS SUDDARTH DS Princiacutepios e praacuteticas de reabilitaccedilatildeo In SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddart tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1993 p 181- 207 BRUNNER L S et al Tratado de Enfermagem Meacutedico-Ciruacutergico 9 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2002 BULECHEK GM Nursing interventions treatments nursing diagnoses Philadelphia Saunders 1985 CAFERC R BARROS A L B L Diagnoacutestico de enfermagem e proposta de intervenccedilotildees para pacientes com lesatildeo medular Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 17 fev 2009 CARPENITTO L J Diagnoacutesticos de enfermagem aplicaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica 8ed Porto Alegre Artes Meacutedicas 2002 Coenen AC Ryan P Sutton J Mapping nursing interventions from a hospital information system to the Nursing Interventions Classification (NIC) Nurs Diagn 1997 8(4)145-51 CRUZ I C F da Diagnoacutestico de enfermagem Estrateacutegia para sua formulaccedilatildeo e validaccedilatildeo Satildeo Paulo 1993 157p Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo Disponiacutevel em lt httpbrgeocitescomenfermagem webavaliacaohtm gt Acesso em 12 set 2009 DEFINO H L A Trauma raquimedular Medicina Ribeiratildeo Preto v32n4 p388-400out-dez1999

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DELISA J A BRUCE MG Rehabilitation medicine principles and practice Philadelphia Lippincott 1993 DEMENECH AA Lesado medular - uma ajuda Enfoque v17 n1 p 19-25 1989 DEMENECH A A FREIRES L M Disreflexia autonomica uma emergecircncia ou naumlo Rev bras enferm v 37 n frac34 p247-250 juldez 1994 FARO ACM Estudo das alteraccedilotildees da funccedilatildeo sexual em homens parapleacutegicos Satildeo Paulo 1991 98 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo FARO ACM et al Assistecircncia de enfermagem ao paciente com traumatismo raquimedular In VENTURA M de F et al Enfermagem ortopeacutedica Satildeo Paulo Iacutecone 1996 p175-89 FARO A C M Autonomia dependecircncia e incapacidades aplicabilidade dos conceitos na sauacutede do adulto e do idoso In BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto para o Desenvolvimento da Sauacutede Universidade de Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Telefocircnica Manual de enfermagem Satildeo Paulo Ministeacuterio da Sauacutede 2006 p 137-140 FERREIRA ABH Trauma In Novo Dicionaacuterio da liacutengua portuguesa 2ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986 FIGUEIREDO NMA MACHADO W O que eacute reabilitaccedilatildeo In FIGUEIREDO NMA MACHADO WCA TONINI T Cuidando de clientes com necessidades especiais motora e social Satildeo Paulo Difusatildeo Enfermagem 2004 p 1-2 GEORGE JB Teorias de enfermagem fundamentos para a praacutetica profissional Porto Alegre Artes Meacutedicas 1993 GOLDHABER ZS Pulmonary Embolism In BRAUNWALD E ZIPES DP LIBBY P [eds] Heart Disease a Textbook of Cardiovascular Medicine 6 ed Philadelphia WBSaunders Company 2001 p52 GREVE JMDA et al Clinical fundaments for rehabilitation treatment in a spinal cord injury Rev Paul Med n 110 p 78-81 1992

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GREVE JMDA Fundamentos cliacutenicos do tratamento de reabilitaccedilatildeo na lesatildeo medular Acircmb Hosp v67 n6 p55-741994 GUERRA CICO Fatores de risco para o desgaste do cuidador familiar de paciente na fila do transplante cardiacuteaco [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 HARTKOPP A et al Survival and cause of death after traumatic spinal cord injury A long-term epidemiological survey from Denmark Spinal Cord n 35 p 76-85 1997 HOYT DB COIMBRA R WINCHELL RJ Tratamento de trauma agudo In Townsend Jr CM editores Sabinston tratado de cirurgia as bases bioloacutegicas da praacutetica ciruacutergica moderna 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2003 p 339-340 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Caracteriacutesticas gerais da populaccedilatildeo Disponiacutevel em lt httpwwwibgegovbr gt Acesso em 09 abr 2009 KNOBEL E BARUZZI AC Condutas no Paciente Grave 2 ed Rio de Janeiro Atheneu 1999 p197-210 LANZA A M EMBOLIA PULMONAR Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 12 set 2009 LESAtildeO MEDULAR Disponiacutevel em lt httpwwwlesatildeomedularcombr gt Acesso em 14 mai 2009 LIANZA S CASALIS M E GREVE J M D EICHBERG R A lesatildeo medular In LIANZA S (Org) Medicina de Reabilitaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 p 299-322 LIANZA S Oacutertese de propulsatildeo reciacuteproca modelo Argo - meacutetodo de avaliaccedilatildeo tratamento e anaacutelise de resultados na reeducaccedilatildeo da locomoccedilatildeo em pacientes com lesatildeo medular [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas 1997 Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 25 fev 2009 MACHADO A B M Neuroanatomia funcional 2ed Belo Horizonte Atheneu 1993 cap 15 p151-162

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SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 41: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

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6 DIAGNOacuteSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA

O diagnoacutestico de enfermagem eacute o momento de anaacutelise e interpretaccedilatildeo

criteriosa de dados para julgar necessidades problemas preocupaccedilotildees e respostas

humanas do cliente Em todas as profissotildees o diagnoacutestico precede a accedilatildeo Eacute dessa

forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisotildees

em relaccedilatildeo a determinada situaccedilatildeo ( CARPENITTO 2002)

Agrave enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas

humanas relacionadas agrave sauacutede ou a atividades cotidianas A partir dos problemas

levantados e jaacute conhecidos o enfermeiro pode prever complicaccedilotildees e agir na

prevenccedilatildeo das mesmas ou no controle se natildeo for possiacutevel evitaacute-las O diagnoacutestico

de enfermagem eacute domiacutenio da enfermagem ou seja trata-se de uma atividade que

os enfermeiros tecircm qualificaccedilatildeo legal para tratar e responsabilizar-se Eacute base para

planejamento de intervenccedilotildees e acompanhamento da evoluccedilatildeo do estado de sauacutede

do cliente (CRUZ 1993)

A Associaccedilatildeo Norte Americana dos Diagnoacutesticos de Enfermagem

(NANDA) desenvolveu um sistema de classificaccedilatildeo dos diagnoacutesticos que propotildee a

universalizaccedilatildeo dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e

diante das vaacuterias definiccedilotildees surgidas na literatura afirmando que o diagnoacutestico de

enfermagem eacute um julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo da famiacutelia ou

da comunidade aos problemas de sauacutedeprocessos vitais reais ou potenciais O

diagnoacutestico de enfermagem proporciona seleccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem

visando ao alcanccedile dos resultados pelos quais a enfermeira eacute responsaacutevel

(CARPENITTO 2002)

O diagnoacutestico de enfermagem quando usado corretamente torna-se um

facilitador das accedilotildees de enfermagem pois indica quais as intervenccedilotildees devem ser

realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ 1993)

De acordo com Cafer et al (2005) McCloskey (2004) e North American

Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008) os diagnoacutesticos de enfermagem

para pacientes com lesatildeo raquimedular satildeo

a) mobilidade fiacutesica prejudicada

b) deacuteficit no autocuidado para banho e higiene

c) deacuteficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se

41

d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

42

Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

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GREVE JMDA Fundamentos cliacutenicos do tratamento de reabilitaccedilatildeo na lesatildeo medular Acircmb Hosp v67 n6 p55-741994 GUERRA CICO Fatores de risco para o desgaste do cuidador familiar de paciente na fila do transplante cardiacuteaco [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 HARTKOPP A et al Survival and cause of death after traumatic spinal cord injury A long-term epidemiological survey from Denmark Spinal Cord n 35 p 76-85 1997 HOYT DB COIMBRA R WINCHELL RJ Tratamento de trauma agudo In Townsend Jr CM editores Sabinston tratado de cirurgia as bases bioloacutegicas da praacutetica ciruacutergica moderna 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2003 p 339-340 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Caracteriacutesticas gerais da populaccedilatildeo Disponiacutevel em lt httpwwwibgegovbr gt Acesso em 09 abr 2009 KNOBEL E BARUZZI AC Condutas no Paciente Grave 2 ed Rio de Janeiro Atheneu 1999 p197-210 LANZA A M EMBOLIA PULMONAR Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 12 set 2009 LESAtildeO MEDULAR Disponiacutevel em lt httpwwwlesatildeomedularcombr gt Acesso em 14 mai 2009 LIANZA S CASALIS M E GREVE J M D EICHBERG R A lesatildeo medular In LIANZA S (Org) Medicina de Reabilitaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 p 299-322 LIANZA S Oacutertese de propulsatildeo reciacuteproca modelo Argo - meacutetodo de avaliaccedilatildeo tratamento e anaacutelise de resultados na reeducaccedilatildeo da locomoccedilatildeo em pacientes com lesatildeo medular [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas 1997 Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 25 fev 2009 MACHADO A B M Neuroanatomia funcional 2ed Belo Horizonte Atheneu 1993 cap 15 p151-162

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MACHADO WCA O papel do enfermeiro no cuidar de clientes portadores de deficiecircncia [online] Satildeo Paulo Entre Amigos ndash Rede de Informaccedilotildees sobre Deficiecircncia [sd] Disponiacutevel em lt httpwwwentreamigoscombrtextosreabili opapelhtml gt Acesso 19 jun 2009 MADUREIRA NCM O saber-fazer do cuidador familiar da pessoa com deficiecircncia fiacutesica um estudo no preacute e trans-reabilitaccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 MCCLOSKEY J BULECHEK GM Classificaccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem - NIC 3 ed Porto Alegre Artmed 2004 MELLO M T et al Consideraccedilotildees sobre aspectos psicoloacutegicos em indiviacuteduos lesados medulares In FREITAS P S CIDADE R E Educaccedilatildeo Fiacutesica e Esportes para Deficientes ndash coletacircnea Brasiacutelia INDESP 2004 MOORE Keith L DALLEY Arthur F Anatomia orientada para a Cliacutenica 4 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 NOGUEIRA PC CALIRI MHL SANTOS C Fatores de Risco e Medidas Preventivas para uacutelcera de pressatildeo no Lesado Medular Experiecircncia da Equipe d Enfermagem do HCFMRP ndash USP Medicina (Ribeiratildeo Preto) n 35 p14-23 2002 North American Nursing Diagnosis Association - NANDA Diagnoacutesticos de enfermagem da NANDA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008 OLIVEIRA PAS et al Traumatismos da coluna toraacutecica e lombar Avaliaccedilatildeo epidemioloacutegica Rev Bras Ortop v 31 n 9 p 771-776 Set 1996 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 ago 2002 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 mar 2009 RIBAS FILHO JM MALAFAIA O CAMPOS ACL et al Estudo da prevalecircncia dos oacutebitos por trauma nos principais pronto-socorros de Curitiba no periacuteodo de abril de 2001 a abril de 2002 Rev Meacuted Paranaacute v2 n60 p45-48 2002

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SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

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d) disfunccedilatildeo sexual

e) risco para infecccedilatildeo

f) risco para integridade da pele prejudicada

g) incontinecircncia urinaacuteria

h) constipaccedilatildeo

i) ansiedade

j) integridade da pele prejudicada

k) risco pra disreflexia autonocircmica

l) deacuteficit no auto-cuidado pra alimentar-se

m) deacuteficit de conhecimento

n) retenccedilatildeo urinaacuteria

o) dor

Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association ndash

NANDA (2008)

a) prejuiacutezos sensorioperceptivos

b) prejuiacutezos neuromusculares

c) forccedila e resistecircncia diminuiacuteda

d) forccedila controle e massa muscular diminuiacutedos

e) dor

f) prejuiacutezo musculoesqueleacutetico

g) prejuiacutezo perceptivo ou cognitivo

h) ansiedade grave

Caracteriacutesticas definidoras segundo American Nursing Diagnosis

Association ndash NANDA (2008)

a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e

finas

b) incapacidade de chegar agrave fonte de aacutegua

c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo

d) incapacidade de pegar artigos para banho

e) capacidade prejudicada de por tirar fechar obter roupas

f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo

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Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

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7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

AMERICAN SPINAL INJURY ASSOCIATION - ASIA International Standards for Neurological and Functional Classification of Spinal Cord Injury Chicago 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Informaccedilotildees em sauacutede assistencia em sauacutede (2006) Disponiacutevel em lt httpwwwdatasusgovbr gt Acesso em 18 mai 2009 BRUNNER LS SUDDARTH DS Princiacutepios e praacuteticas de reabilitaccedilatildeo In SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddart tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1993 p 181- 207 BRUNNER L S et al Tratado de Enfermagem Meacutedico-Ciruacutergico 9 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2002 BULECHEK GM Nursing interventions treatments nursing diagnoses Philadelphia Saunders 1985 CAFERC R BARROS A L B L Diagnoacutestico de enfermagem e proposta de intervenccedilotildees para pacientes com lesatildeo medular Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 17 fev 2009 CARPENITTO L J Diagnoacutesticos de enfermagem aplicaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica 8ed Porto Alegre Artes Meacutedicas 2002 Coenen AC Ryan P Sutton J Mapping nursing interventions from a hospital information system to the Nursing Interventions Classification (NIC) Nurs Diagn 1997 8(4)145-51 CRUZ I C F da Diagnoacutestico de enfermagem Estrateacutegia para sua formulaccedilatildeo e validaccedilatildeo Satildeo Paulo 1993 157p Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo Disponiacutevel em lt httpbrgeocitescomenfermagem webavaliacaohtm gt Acesso em 12 set 2009 DEFINO H L A Trauma raquimedular Medicina Ribeiratildeo Preto v32n4 p388-400out-dez1999

48

DELISA J A BRUCE MG Rehabilitation medicine principles and practice Philadelphia Lippincott 1993 DEMENECH AA Lesado medular - uma ajuda Enfoque v17 n1 p 19-25 1989 DEMENECH A A FREIRES L M Disreflexia autonomica uma emergecircncia ou naumlo Rev bras enferm v 37 n frac34 p247-250 juldez 1994 FARO ACM Estudo das alteraccedilotildees da funccedilatildeo sexual em homens parapleacutegicos Satildeo Paulo 1991 98 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo FARO ACM et al Assistecircncia de enfermagem ao paciente com traumatismo raquimedular In VENTURA M de F et al Enfermagem ortopeacutedica Satildeo Paulo Iacutecone 1996 p175-89 FARO A C M Autonomia dependecircncia e incapacidades aplicabilidade dos conceitos na sauacutede do adulto e do idoso In BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto para o Desenvolvimento da Sauacutede Universidade de Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Telefocircnica Manual de enfermagem Satildeo Paulo Ministeacuterio da Sauacutede 2006 p 137-140 FERREIRA ABH Trauma In Novo Dicionaacuterio da liacutengua portuguesa 2ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986 FIGUEIREDO NMA MACHADO W O que eacute reabilitaccedilatildeo In FIGUEIREDO NMA MACHADO WCA TONINI T Cuidando de clientes com necessidades especiais motora e social Satildeo Paulo Difusatildeo Enfermagem 2004 p 1-2 GEORGE JB Teorias de enfermagem fundamentos para a praacutetica profissional Porto Alegre Artes Meacutedicas 1993 GOLDHABER ZS Pulmonary Embolism In BRAUNWALD E ZIPES DP LIBBY P [eds] Heart Disease a Textbook of Cardiovascular Medicine 6 ed Philadelphia WBSaunders Company 2001 p52 GREVE JMDA et al Clinical fundaments for rehabilitation treatment in a spinal cord injury Rev Paul Med n 110 p 78-81 1992

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GREVE JMDA Fundamentos cliacutenicos do tratamento de reabilitaccedilatildeo na lesatildeo medular Acircmb Hosp v67 n6 p55-741994 GUERRA CICO Fatores de risco para o desgaste do cuidador familiar de paciente na fila do transplante cardiacuteaco [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 HARTKOPP A et al Survival and cause of death after traumatic spinal cord injury A long-term epidemiological survey from Denmark Spinal Cord n 35 p 76-85 1997 HOYT DB COIMBRA R WINCHELL RJ Tratamento de trauma agudo In Townsend Jr CM editores Sabinston tratado de cirurgia as bases bioloacutegicas da praacutetica ciruacutergica moderna 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2003 p 339-340 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Caracteriacutesticas gerais da populaccedilatildeo Disponiacutevel em lt httpwwwibgegovbr gt Acesso em 09 abr 2009 KNOBEL E BARUZZI AC Condutas no Paciente Grave 2 ed Rio de Janeiro Atheneu 1999 p197-210 LANZA A M EMBOLIA PULMONAR Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 12 set 2009 LESAtildeO MEDULAR Disponiacutevel em lt httpwwwlesatildeomedularcombr gt Acesso em 14 mai 2009 LIANZA S CASALIS M E GREVE J M D EICHBERG R A lesatildeo medular In LIANZA S (Org) Medicina de Reabilitaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 p 299-322 LIANZA S Oacutertese de propulsatildeo reciacuteproca modelo Argo - meacutetodo de avaliaccedilatildeo tratamento e anaacutelise de resultados na reeducaccedilatildeo da locomoccedilatildeo em pacientes com lesatildeo medular [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas 1997 Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 25 fev 2009 MACHADO A B M Neuroanatomia funcional 2ed Belo Horizonte Atheneu 1993 cap 15 p151-162

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MACHADO WCA O papel do enfermeiro no cuidar de clientes portadores de deficiecircncia [online] Satildeo Paulo Entre Amigos ndash Rede de Informaccedilotildees sobre Deficiecircncia [sd] Disponiacutevel em lt httpwwwentreamigoscombrtextosreabili opapelhtml gt Acesso 19 jun 2009 MADUREIRA NCM O saber-fazer do cuidador familiar da pessoa com deficiecircncia fiacutesica um estudo no preacute e trans-reabilitaccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 MCCLOSKEY J BULECHEK GM Classificaccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem - NIC 3 ed Porto Alegre Artmed 2004 MELLO M T et al Consideraccedilotildees sobre aspectos psicoloacutegicos em indiviacuteduos lesados medulares In FREITAS P S CIDADE R E Educaccedilatildeo Fiacutesica e Esportes para Deficientes ndash coletacircnea Brasiacutelia INDESP 2004 MOORE Keith L DALLEY Arthur F Anatomia orientada para a Cliacutenica 4 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 NOGUEIRA PC CALIRI MHL SANTOS C Fatores de Risco e Medidas Preventivas para uacutelcera de pressatildeo no Lesado Medular Experiecircncia da Equipe d Enfermagem do HCFMRP ndash USP Medicina (Ribeiratildeo Preto) n 35 p14-23 2002 North American Nursing Diagnosis Association - NANDA Diagnoacutesticos de enfermagem da NANDA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008 OLIVEIRA PAS et al Traumatismos da coluna toraacutecica e lombar Avaliaccedilatildeo epidemioloacutegica Rev Bras Ortop v 31 n 9 p 771-776 Set 1996 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 ago 2002 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 mar 2009 RIBAS FILHO JM MALAFAIA O CAMPOS ACL et al Estudo da prevalecircncia dos oacutebitos por trauma nos principais pronto-socorros de Curitiba no periacuteodo de abril de 2001 a abril de 2002 Rev Meacuted Paranaacute v2 n60 p45-48 2002

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SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

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Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association ndash NANDA (2008)

a) exposiccedilatildeo a patoacutegenos aumentada

b) procedimentos invasivos

c) destruiccedilatildeo de tecidos e exposiccedilatildeo ambiental aumentada

d) defesas primaacuterias inadequadas

e) imibilizaccedilatildeo fiacutesica

f) proeminecircncias esqueleacuteticas

g) sensibilidade alterada

Assim as 26 intervenccedilotildees da Nursing Interventions Classification (NIC)

apontadas para os diagnoacutesticos de enfermagem mais frequentemente indicados

para o paciente com lesatildeo medular satildeo as seguintes

a) terapia com exerciacutecios deambulaccedilatildeo

b) terapia com exerciacutecios mobilidade articular

c) posicionamento

d) banho

e) assistecircncia no auto-cuidado banho e higiene

f) vestir

g) cuidados com os cabelos

h) assistecircncia no auto-cuidado vestir-searrumar-se

i) aconselhamento sexual

j) controle de infecccedilatildeo

k) proteccedilatildeo contra infecccedilatildeo

l) controle de pressatildeo sobre aacutereas do corpo

m) prevenccedilatildeo de uacutelcera de pressatildeo

n) cuidados na incontinecircncia urinaacuteria

o) controle da constipaccedilatildeoimpactaccedilatildeo

p) reduccedilatildeo da ansiedade

q) cuidados com local de incisatildeo

r) supervisatildeo da pele

s) cuidados com lesotildees

t) controle da disreflexia

u) alimentaccedilatildeo

v) assistecircncia no auto-cuidado alimentaccedilatildeo

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w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

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7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

47

REFERENCIAS

AMERICAN SPINAL INJURY ASSOCIATION - ASIA International Standards for Neurological and Functional Classification of Spinal Cord Injury Chicago 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Informaccedilotildees em sauacutede assistencia em sauacutede (2006) Disponiacutevel em lt httpwwwdatasusgovbr gt Acesso em 18 mai 2009 BRUNNER LS SUDDARTH DS Princiacutepios e praacuteticas de reabilitaccedilatildeo In SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddart tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1993 p 181- 207 BRUNNER L S et al Tratado de Enfermagem Meacutedico-Ciruacutergico 9 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2002 BULECHEK GM Nursing interventions treatments nursing diagnoses Philadelphia Saunders 1985 CAFERC R BARROS A L B L Diagnoacutestico de enfermagem e proposta de intervenccedilotildees para pacientes com lesatildeo medular Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 17 fev 2009 CARPENITTO L J Diagnoacutesticos de enfermagem aplicaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica 8ed Porto Alegre Artes Meacutedicas 2002 Coenen AC Ryan P Sutton J Mapping nursing interventions from a hospital information system to the Nursing Interventions Classification (NIC) Nurs Diagn 1997 8(4)145-51 CRUZ I C F da Diagnoacutestico de enfermagem Estrateacutegia para sua formulaccedilatildeo e validaccedilatildeo Satildeo Paulo 1993 157p Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo Disponiacutevel em lt httpbrgeocitescomenfermagem webavaliacaohtm gt Acesso em 12 set 2009 DEFINO H L A Trauma raquimedular Medicina Ribeiratildeo Preto v32n4 p388-400out-dez1999

48

DELISA J A BRUCE MG Rehabilitation medicine principles and practice Philadelphia Lippincott 1993 DEMENECH AA Lesado medular - uma ajuda Enfoque v17 n1 p 19-25 1989 DEMENECH A A FREIRES L M Disreflexia autonomica uma emergecircncia ou naumlo Rev bras enferm v 37 n frac34 p247-250 juldez 1994 FARO ACM Estudo das alteraccedilotildees da funccedilatildeo sexual em homens parapleacutegicos Satildeo Paulo 1991 98 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo FARO ACM et al Assistecircncia de enfermagem ao paciente com traumatismo raquimedular In VENTURA M de F et al Enfermagem ortopeacutedica Satildeo Paulo Iacutecone 1996 p175-89 FARO A C M Autonomia dependecircncia e incapacidades aplicabilidade dos conceitos na sauacutede do adulto e do idoso In BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto para o Desenvolvimento da Sauacutede Universidade de Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Telefocircnica Manual de enfermagem Satildeo Paulo Ministeacuterio da Sauacutede 2006 p 137-140 FERREIRA ABH Trauma In Novo Dicionaacuterio da liacutengua portuguesa 2ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986 FIGUEIREDO NMA MACHADO W O que eacute reabilitaccedilatildeo In FIGUEIREDO NMA MACHADO WCA TONINI T Cuidando de clientes com necessidades especiais motora e social Satildeo Paulo Difusatildeo Enfermagem 2004 p 1-2 GEORGE JB Teorias de enfermagem fundamentos para a praacutetica profissional Porto Alegre Artes Meacutedicas 1993 GOLDHABER ZS Pulmonary Embolism In BRAUNWALD E ZIPES DP LIBBY P [eds] Heart Disease a Textbook of Cardiovascular Medicine 6 ed Philadelphia WBSaunders Company 2001 p52 GREVE JMDA et al Clinical fundaments for rehabilitation treatment in a spinal cord injury Rev Paul Med n 110 p 78-81 1992

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GREVE JMDA Fundamentos cliacutenicos do tratamento de reabilitaccedilatildeo na lesatildeo medular Acircmb Hosp v67 n6 p55-741994 GUERRA CICO Fatores de risco para o desgaste do cuidador familiar de paciente na fila do transplante cardiacuteaco [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 HARTKOPP A et al Survival and cause of death after traumatic spinal cord injury A long-term epidemiological survey from Denmark Spinal Cord n 35 p 76-85 1997 HOYT DB COIMBRA R WINCHELL RJ Tratamento de trauma agudo In Townsend Jr CM editores Sabinston tratado de cirurgia as bases bioloacutegicas da praacutetica ciruacutergica moderna 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2003 p 339-340 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Caracteriacutesticas gerais da populaccedilatildeo Disponiacutevel em lt httpwwwibgegovbr gt Acesso em 09 abr 2009 KNOBEL E BARUZZI AC Condutas no Paciente Grave 2 ed Rio de Janeiro Atheneu 1999 p197-210 LANZA A M EMBOLIA PULMONAR Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 12 set 2009 LESAtildeO MEDULAR Disponiacutevel em lt httpwwwlesatildeomedularcombr gt Acesso em 14 mai 2009 LIANZA S CASALIS M E GREVE J M D EICHBERG R A lesatildeo medular In LIANZA S (Org) Medicina de Reabilitaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 p 299-322 LIANZA S Oacutertese de propulsatildeo reciacuteproca modelo Argo - meacutetodo de avaliaccedilatildeo tratamento e anaacutelise de resultados na reeducaccedilatildeo da locomoccedilatildeo em pacientes com lesatildeo medular [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas 1997 Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 25 fev 2009 MACHADO A B M Neuroanatomia funcional 2ed Belo Horizonte Atheneu 1993 cap 15 p151-162

50

MACHADO WCA O papel do enfermeiro no cuidar de clientes portadores de deficiecircncia [online] Satildeo Paulo Entre Amigos ndash Rede de Informaccedilotildees sobre Deficiecircncia [sd] Disponiacutevel em lt httpwwwentreamigoscombrtextosreabili opapelhtml gt Acesso 19 jun 2009 MADUREIRA NCM O saber-fazer do cuidador familiar da pessoa com deficiecircncia fiacutesica um estudo no preacute e trans-reabilitaccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 MCCLOSKEY J BULECHEK GM Classificaccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem - NIC 3 ed Porto Alegre Artmed 2004 MELLO M T et al Consideraccedilotildees sobre aspectos psicoloacutegicos em indiviacuteduos lesados medulares In FREITAS P S CIDADE R E Educaccedilatildeo Fiacutesica e Esportes para Deficientes ndash coletacircnea Brasiacutelia INDESP 2004 MOORE Keith L DALLEY Arthur F Anatomia orientada para a Cliacutenica 4 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 NOGUEIRA PC CALIRI MHL SANTOS C Fatores de Risco e Medidas Preventivas para uacutelcera de pressatildeo no Lesado Medular Experiecircncia da Equipe d Enfermagem do HCFMRP ndash USP Medicina (Ribeiratildeo Preto) n 35 p14-23 2002 North American Nursing Diagnosis Association - NANDA Diagnoacutesticos de enfermagem da NANDA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008 OLIVEIRA PAS et al Traumatismos da coluna toraacutecica e lombar Avaliaccedilatildeo epidemioloacutegica Rev Bras Ortop v 31 n 9 p 771-776 Set 1996 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 ago 2002 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 mar 2009 RIBAS FILHO JM MALAFAIA O CAMPOS ACL et al Estudo da prevalecircncia dos oacutebitos por trauma nos principais pronto-socorros de Curitiba no periacuteodo de abril de 2001 a abril de 2002 Rev Meacuted Paranaacute v2 n60 p45-48 2002

51

SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

52

ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 44: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

43

w) ensino processo da doenccedila

x) cateterizaccedilatildeo vesical

y) cuidados na retenccedilatildeo urinaacuteria

z) controle da dor

44

7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

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8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

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uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

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REFERENCIAS

AMERICAN SPINAL INJURY ASSOCIATION - ASIA International Standards for Neurological and Functional Classification of Spinal Cord Injury Chicago 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Informaccedilotildees em sauacutede assistencia em sauacutede (2006) Disponiacutevel em lt httpwwwdatasusgovbr gt Acesso em 18 mai 2009 BRUNNER LS SUDDARTH DS Princiacutepios e praacuteticas de reabilitaccedilatildeo In SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddart tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1993 p 181- 207 BRUNNER L S et al Tratado de Enfermagem Meacutedico-Ciruacutergico 9 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2002 BULECHEK GM Nursing interventions treatments nursing diagnoses Philadelphia Saunders 1985 CAFERC R BARROS A L B L Diagnoacutestico de enfermagem e proposta de intervenccedilotildees para pacientes com lesatildeo medular Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 17 fev 2009 CARPENITTO L J Diagnoacutesticos de enfermagem aplicaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica 8ed Porto Alegre Artes Meacutedicas 2002 Coenen AC Ryan P Sutton J Mapping nursing interventions from a hospital information system to the Nursing Interventions Classification (NIC) Nurs Diagn 1997 8(4)145-51 CRUZ I C F da Diagnoacutestico de enfermagem Estrateacutegia para sua formulaccedilatildeo e validaccedilatildeo Satildeo Paulo 1993 157p Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo Disponiacutevel em lt httpbrgeocitescomenfermagem webavaliacaohtm gt Acesso em 12 set 2009 DEFINO H L A Trauma raquimedular Medicina Ribeiratildeo Preto v32n4 p388-400out-dez1999

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DELISA J A BRUCE MG Rehabilitation medicine principles and practice Philadelphia Lippincott 1993 DEMENECH AA Lesado medular - uma ajuda Enfoque v17 n1 p 19-25 1989 DEMENECH A A FREIRES L M Disreflexia autonomica uma emergecircncia ou naumlo Rev bras enferm v 37 n frac34 p247-250 juldez 1994 FARO ACM Estudo das alteraccedilotildees da funccedilatildeo sexual em homens parapleacutegicos Satildeo Paulo 1991 98 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo FARO ACM et al Assistecircncia de enfermagem ao paciente com traumatismo raquimedular In VENTURA M de F et al Enfermagem ortopeacutedica Satildeo Paulo Iacutecone 1996 p175-89 FARO A C M Autonomia dependecircncia e incapacidades aplicabilidade dos conceitos na sauacutede do adulto e do idoso In BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto para o Desenvolvimento da Sauacutede Universidade de Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Telefocircnica Manual de enfermagem Satildeo Paulo Ministeacuterio da Sauacutede 2006 p 137-140 FERREIRA ABH Trauma In Novo Dicionaacuterio da liacutengua portuguesa 2ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986 FIGUEIREDO NMA MACHADO W O que eacute reabilitaccedilatildeo In FIGUEIREDO NMA MACHADO WCA TONINI T Cuidando de clientes com necessidades especiais motora e social Satildeo Paulo Difusatildeo Enfermagem 2004 p 1-2 GEORGE JB Teorias de enfermagem fundamentos para a praacutetica profissional Porto Alegre Artes Meacutedicas 1993 GOLDHABER ZS Pulmonary Embolism In BRAUNWALD E ZIPES DP LIBBY P [eds] Heart Disease a Textbook of Cardiovascular Medicine 6 ed Philadelphia WBSaunders Company 2001 p52 GREVE JMDA et al Clinical fundaments for rehabilitation treatment in a spinal cord injury Rev Paul Med n 110 p 78-81 1992

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GREVE JMDA Fundamentos cliacutenicos do tratamento de reabilitaccedilatildeo na lesatildeo medular Acircmb Hosp v67 n6 p55-741994 GUERRA CICO Fatores de risco para o desgaste do cuidador familiar de paciente na fila do transplante cardiacuteaco [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 HARTKOPP A et al Survival and cause of death after traumatic spinal cord injury A long-term epidemiological survey from Denmark Spinal Cord n 35 p 76-85 1997 HOYT DB COIMBRA R WINCHELL RJ Tratamento de trauma agudo In Townsend Jr CM editores Sabinston tratado de cirurgia as bases bioloacutegicas da praacutetica ciruacutergica moderna 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2003 p 339-340 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Caracteriacutesticas gerais da populaccedilatildeo Disponiacutevel em lt httpwwwibgegovbr gt Acesso em 09 abr 2009 KNOBEL E BARUZZI AC Condutas no Paciente Grave 2 ed Rio de Janeiro Atheneu 1999 p197-210 LANZA A M EMBOLIA PULMONAR Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 12 set 2009 LESAtildeO MEDULAR Disponiacutevel em lt httpwwwlesatildeomedularcombr gt Acesso em 14 mai 2009 LIANZA S CASALIS M E GREVE J M D EICHBERG R A lesatildeo medular In LIANZA S (Org) Medicina de Reabilitaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 p 299-322 LIANZA S Oacutertese de propulsatildeo reciacuteproca modelo Argo - meacutetodo de avaliaccedilatildeo tratamento e anaacutelise de resultados na reeducaccedilatildeo da locomoccedilatildeo em pacientes com lesatildeo medular [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas 1997 Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 25 fev 2009 MACHADO A B M Neuroanatomia funcional 2ed Belo Horizonte Atheneu 1993 cap 15 p151-162

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MACHADO WCA O papel do enfermeiro no cuidar de clientes portadores de deficiecircncia [online] Satildeo Paulo Entre Amigos ndash Rede de Informaccedilotildees sobre Deficiecircncia [sd] Disponiacutevel em lt httpwwwentreamigoscombrtextosreabili opapelhtml gt Acesso 19 jun 2009 MADUREIRA NCM O saber-fazer do cuidador familiar da pessoa com deficiecircncia fiacutesica um estudo no preacute e trans-reabilitaccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 MCCLOSKEY J BULECHEK GM Classificaccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem - NIC 3 ed Porto Alegre Artmed 2004 MELLO M T et al Consideraccedilotildees sobre aspectos psicoloacutegicos em indiviacuteduos lesados medulares In FREITAS P S CIDADE R E Educaccedilatildeo Fiacutesica e Esportes para Deficientes ndash coletacircnea Brasiacutelia INDESP 2004 MOORE Keith L DALLEY Arthur F Anatomia orientada para a Cliacutenica 4 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 NOGUEIRA PC CALIRI MHL SANTOS C Fatores de Risco e Medidas Preventivas para uacutelcera de pressatildeo no Lesado Medular Experiecircncia da Equipe d Enfermagem do HCFMRP ndash USP Medicina (Ribeiratildeo Preto) n 35 p14-23 2002 North American Nursing Diagnosis Association - NANDA Diagnoacutesticos de enfermagem da NANDA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008 OLIVEIRA PAS et al Traumatismos da coluna toraacutecica e lombar Avaliaccedilatildeo epidemioloacutegica Rev Bras Ortop v 31 n 9 p 771-776 Set 1996 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 ago 2002 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 mar 2009 RIBAS FILHO JM MALAFAIA O CAMPOS ACL et al Estudo da prevalecircncia dos oacutebitos por trauma nos principais pronto-socorros de Curitiba no periacuteodo de abril de 2001 a abril de 2002 Rev Meacuted Paranaacute v2 n60 p45-48 2002

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SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 45: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

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7 METODOLOGIA

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliograacutefica e este tipo de

investigaccedilatildeo segundo SIQUEIRA (2002) precede todo o estudo mais aprofundando

de uma questatildeo cientiacutefica Seu principal objetivo eacute identificar e sistematizar o que jaacute

foi publicado sobre o tema estudado

Consistem na seleccedilatildeo leitura e sistematizaccedilatildeo do material da pesquisa

em pauta

Do ponto de vista da abordagem do problema a pesquisa foi realizada

de forma qualitativa pois natildeo apresentou rigidez em sua conduccedilatildeo O processo e

seu significado satildeo os focos principais de abordagem (SIQUEIRA 2002)

Assim realizou-se agrave a partir da leitura e anaacutelise das literaturas cientificas

obras de divulgaccedilatildeo em enfermagem publicaccedilotildees perioacutedicas indexadas nas bases

de dados Scientific eletronic library online ndash Fapesp SCIELO alem de sites oficiais

como wwwbiremebr wwwpucminasbr do ano de 1996 a 2009

Os descritores utilizados no momento da busca foram enfermagem

reabilitaccedilatildeo lesatildeo medular processo Este procedimento possibilitou a explicaccedilatildeo

do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relaccedilotildees entre as informaccedilotildees cientificas e

o objetivo da pesquisa bem como a verificaccedilatildeo e sua consistecircncia em relaccedilatildeo ao

que eacute apresentado pelos principais teoacutericos sobre o tema e a delimitaccedilatildeo das

contribuiccedilotildees culturais e cientificas desta pesquisa

O avanccedilo do processo da pesquisa bibliograacutefica deve ser clara a partir da

leitura

1 exploratoacuteria sobre o tema verificando a bibliografia editada a seu

interesse agrave pesquisa

2 seletiva determinando o material de fato interessante agrave pesquisa em

funccedilatildeo dos objetivos de investigaccedilatildeo delineado

3 analiacutetico ordenando e sumariando as informaccedilotildees contidas nas fontes

afim de obter respostas em relaccedilatildeo ao tema de pesquisa proposto

Apoacutes a anaacutelise iniciou-se a dissertaccedilatildeo da pesquisa

45

8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

46

uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

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REFERENCIAS

AMERICAN SPINAL INJURY ASSOCIATION - ASIA International Standards for Neurological and Functional Classification of Spinal Cord Injury Chicago 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Informaccedilotildees em sauacutede assistencia em sauacutede (2006) Disponiacutevel em lt httpwwwdatasusgovbr gt Acesso em 18 mai 2009 BRUNNER LS SUDDARTH DS Princiacutepios e praacuteticas de reabilitaccedilatildeo In SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddart tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1993 p 181- 207 BRUNNER L S et al Tratado de Enfermagem Meacutedico-Ciruacutergico 9 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2002 BULECHEK GM Nursing interventions treatments nursing diagnoses Philadelphia Saunders 1985 CAFERC R BARROS A L B L Diagnoacutestico de enfermagem e proposta de intervenccedilotildees para pacientes com lesatildeo medular Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 17 fev 2009 CARPENITTO L J Diagnoacutesticos de enfermagem aplicaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica 8ed Porto Alegre Artes Meacutedicas 2002 Coenen AC Ryan P Sutton J Mapping nursing interventions from a hospital information system to the Nursing Interventions Classification (NIC) Nurs Diagn 1997 8(4)145-51 CRUZ I C F da Diagnoacutestico de enfermagem Estrateacutegia para sua formulaccedilatildeo e validaccedilatildeo Satildeo Paulo 1993 157p Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo Disponiacutevel em lt httpbrgeocitescomenfermagem webavaliacaohtm gt Acesso em 12 set 2009 DEFINO H L A Trauma raquimedular Medicina Ribeiratildeo Preto v32n4 p388-400out-dez1999

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DELISA J A BRUCE MG Rehabilitation medicine principles and practice Philadelphia Lippincott 1993 DEMENECH AA Lesado medular - uma ajuda Enfoque v17 n1 p 19-25 1989 DEMENECH A A FREIRES L M Disreflexia autonomica uma emergecircncia ou naumlo Rev bras enferm v 37 n frac34 p247-250 juldez 1994 FARO ACM Estudo das alteraccedilotildees da funccedilatildeo sexual em homens parapleacutegicos Satildeo Paulo 1991 98 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo FARO ACM et al Assistecircncia de enfermagem ao paciente com traumatismo raquimedular In VENTURA M de F et al Enfermagem ortopeacutedica Satildeo Paulo Iacutecone 1996 p175-89 FARO A C M Autonomia dependecircncia e incapacidades aplicabilidade dos conceitos na sauacutede do adulto e do idoso In BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto para o Desenvolvimento da Sauacutede Universidade de Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Telefocircnica Manual de enfermagem Satildeo Paulo Ministeacuterio da Sauacutede 2006 p 137-140 FERREIRA ABH Trauma In Novo Dicionaacuterio da liacutengua portuguesa 2ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986 FIGUEIREDO NMA MACHADO W O que eacute reabilitaccedilatildeo In FIGUEIREDO NMA MACHADO WCA TONINI T Cuidando de clientes com necessidades especiais motora e social Satildeo Paulo Difusatildeo Enfermagem 2004 p 1-2 GEORGE JB Teorias de enfermagem fundamentos para a praacutetica profissional Porto Alegre Artes Meacutedicas 1993 GOLDHABER ZS Pulmonary Embolism In BRAUNWALD E ZIPES DP LIBBY P [eds] Heart Disease a Textbook of Cardiovascular Medicine 6 ed Philadelphia WBSaunders Company 2001 p52 GREVE JMDA et al Clinical fundaments for rehabilitation treatment in a spinal cord injury Rev Paul Med n 110 p 78-81 1992

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GREVE JMDA Fundamentos cliacutenicos do tratamento de reabilitaccedilatildeo na lesatildeo medular Acircmb Hosp v67 n6 p55-741994 GUERRA CICO Fatores de risco para o desgaste do cuidador familiar de paciente na fila do transplante cardiacuteaco [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 HARTKOPP A et al Survival and cause of death after traumatic spinal cord injury A long-term epidemiological survey from Denmark Spinal Cord n 35 p 76-85 1997 HOYT DB COIMBRA R WINCHELL RJ Tratamento de trauma agudo In Townsend Jr CM editores Sabinston tratado de cirurgia as bases bioloacutegicas da praacutetica ciruacutergica moderna 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2003 p 339-340 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Caracteriacutesticas gerais da populaccedilatildeo Disponiacutevel em lt httpwwwibgegovbr gt Acesso em 09 abr 2009 KNOBEL E BARUZZI AC Condutas no Paciente Grave 2 ed Rio de Janeiro Atheneu 1999 p197-210 LANZA A M EMBOLIA PULMONAR Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 12 set 2009 LESAtildeO MEDULAR Disponiacutevel em lt httpwwwlesatildeomedularcombr gt Acesso em 14 mai 2009 LIANZA S CASALIS M E GREVE J M D EICHBERG R A lesatildeo medular In LIANZA S (Org) Medicina de Reabilitaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 p 299-322 LIANZA S Oacutertese de propulsatildeo reciacuteproca modelo Argo - meacutetodo de avaliaccedilatildeo tratamento e anaacutelise de resultados na reeducaccedilatildeo da locomoccedilatildeo em pacientes com lesatildeo medular [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas 1997 Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 25 fev 2009 MACHADO A B M Neuroanatomia funcional 2ed Belo Horizonte Atheneu 1993 cap 15 p151-162

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MACHADO WCA O papel do enfermeiro no cuidar de clientes portadores de deficiecircncia [online] Satildeo Paulo Entre Amigos ndash Rede de Informaccedilotildees sobre Deficiecircncia [sd] Disponiacutevel em lt httpwwwentreamigoscombrtextosreabili opapelhtml gt Acesso 19 jun 2009 MADUREIRA NCM O saber-fazer do cuidador familiar da pessoa com deficiecircncia fiacutesica um estudo no preacute e trans-reabilitaccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 MCCLOSKEY J BULECHEK GM Classificaccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem - NIC 3 ed Porto Alegre Artmed 2004 MELLO M T et al Consideraccedilotildees sobre aspectos psicoloacutegicos em indiviacuteduos lesados medulares In FREITAS P S CIDADE R E Educaccedilatildeo Fiacutesica e Esportes para Deficientes ndash coletacircnea Brasiacutelia INDESP 2004 MOORE Keith L DALLEY Arthur F Anatomia orientada para a Cliacutenica 4 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 NOGUEIRA PC CALIRI MHL SANTOS C Fatores de Risco e Medidas Preventivas para uacutelcera de pressatildeo no Lesado Medular Experiecircncia da Equipe d Enfermagem do HCFMRP ndash USP Medicina (Ribeiratildeo Preto) n 35 p14-23 2002 North American Nursing Diagnosis Association - NANDA Diagnoacutesticos de enfermagem da NANDA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008 OLIVEIRA PAS et al Traumatismos da coluna toraacutecica e lombar Avaliaccedilatildeo epidemioloacutegica Rev Bras Ortop v 31 n 9 p 771-776 Set 1996 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 ago 2002 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 mar 2009 RIBAS FILHO JM MALAFAIA O CAMPOS ACL et al Estudo da prevalecircncia dos oacutebitos por trauma nos principais pronto-socorros de Curitiba no periacuteodo de abril de 2001 a abril de 2002 Rev Meacuted Paranaacute v2 n60 p45-48 2002

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SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

Page 46: UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCEsrvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirono... · 2011-08-09 · automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas,

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8 CONCLUSAtildeO

Partindo do princiacutepio de que o cuidar do corpo humano exige

necessariamente um olhar para a dimensatildeo total do ser inclusive de sua essecircncia

existencial torna-se imprescindiacutevel para os profissionais da enfermagem uma

maior conscientizaccedilatildeo acerca do importante papel que desempenha ao interferir no

espaccedilo de privacidade das pessoas dependentes de intervenccedilotildees como aqueles

que apresentam deficiecircncia fiacutesica

E de acordo com a literatura estudada o nuacutemero de casos de indiviacuteduos

que adquirem como sequela a lesatildeo medular vem crescendo Os enfermeiros devem

se atualizar diante do tratamento de reabilitaccedilatildeo desses pacientes onde a

reabilitaccedilatildeo fiacutesico-motora natildeo pode ser entendida como uma complementaccedilatildeo ao

tratamento do deficiente fiacutesico Trata-se de um processo de cuidar precoce

abrangente holiacutestico enquanto um modelo assistencial essencialmente educativo

Por meio da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia o enfermeiro reabilitador

desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitaccedilatildeo restaurar e

manter niacuteveis saudaacuteveis de vida e evitar complicaccedilotildees

Atraveacutes desse estudo conclui-se que o enfermeiro ao assistir o paciente

com trauma raquemedular desenvolve um papel fundamental de educador bem

como de implementador de cuidados conselheiro e consultor muitas vezes o

responsaacutevel pelo planejamento geral de reabilitaccedilatildeo

O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforccedilado durante a internaccedilatildeo

devido a complexidade das alteraccedilotildees oriundas da lesatildeo medular pelo qual se sabe

que a reabilitaccedilatildeo natildeo visa a cura total do paciente mas sim uma forma de tornaacute-lo

mais independente para realizar as atividades de vida diaacuteria permitindo a

convivecircncia com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida

Conclui-se tambeacutem que em casos de TRM deve-se considerar que a

reabilitaccedilatildeo tenha iniacutecio no momento do acidente pois envolve a aprendizagem do

paciente e da famiacutelia diante de uma vida completamente diferente A partir daiacute o

maior desafio eacute a prevenccedilatildeo das complicaccedilotildees ou de incapacidades secundaacuterias

que se contornadas melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes

Por isso se faz necessaacuterio um planejamento dos cuidados a serem

prestados ressaltando que as maiores complicaccedilotildees em pacientes lesionados satildeo

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uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

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REFERENCIAS

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DELISA J A BRUCE MG Rehabilitation medicine principles and practice Philadelphia Lippincott 1993 DEMENECH AA Lesado medular - uma ajuda Enfoque v17 n1 p 19-25 1989 DEMENECH A A FREIRES L M Disreflexia autonomica uma emergecircncia ou naumlo Rev bras enferm v 37 n frac34 p247-250 juldez 1994 FARO ACM Estudo das alteraccedilotildees da funccedilatildeo sexual em homens parapleacutegicos Satildeo Paulo 1991 98 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo FARO ACM et al Assistecircncia de enfermagem ao paciente com traumatismo raquimedular In VENTURA M de F et al Enfermagem ortopeacutedica Satildeo Paulo Iacutecone 1996 p175-89 FARO A C M Autonomia dependecircncia e incapacidades aplicabilidade dos conceitos na sauacutede do adulto e do idoso In BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto para o Desenvolvimento da Sauacutede Universidade de Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Telefocircnica Manual de enfermagem Satildeo Paulo Ministeacuterio da Sauacutede 2006 p 137-140 FERREIRA ABH Trauma In Novo Dicionaacuterio da liacutengua portuguesa 2ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986 FIGUEIREDO NMA MACHADO W O que eacute reabilitaccedilatildeo In FIGUEIREDO NMA MACHADO WCA TONINI T Cuidando de clientes com necessidades especiais motora e social Satildeo Paulo Difusatildeo Enfermagem 2004 p 1-2 GEORGE JB Teorias de enfermagem fundamentos para a praacutetica profissional Porto Alegre Artes Meacutedicas 1993 GOLDHABER ZS Pulmonary Embolism In BRAUNWALD E ZIPES DP LIBBY P [eds] Heart Disease a Textbook of Cardiovascular Medicine 6 ed Philadelphia WBSaunders Company 2001 p52 GREVE JMDA et al Clinical fundaments for rehabilitation treatment in a spinal cord injury Rev Paul Med n 110 p 78-81 1992

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GREVE JMDA Fundamentos cliacutenicos do tratamento de reabilitaccedilatildeo na lesatildeo medular Acircmb Hosp v67 n6 p55-741994 GUERRA CICO Fatores de risco para o desgaste do cuidador familiar de paciente na fila do transplante cardiacuteaco [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 HARTKOPP A et al Survival and cause of death after traumatic spinal cord injury A long-term epidemiological survey from Denmark Spinal Cord n 35 p 76-85 1997 HOYT DB COIMBRA R WINCHELL RJ Tratamento de trauma agudo In Townsend Jr CM editores Sabinston tratado de cirurgia as bases bioloacutegicas da praacutetica ciruacutergica moderna 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2003 p 339-340 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Caracteriacutesticas gerais da populaccedilatildeo Disponiacutevel em lt httpwwwibgegovbr gt Acesso em 09 abr 2009 KNOBEL E BARUZZI AC Condutas no Paciente Grave 2 ed Rio de Janeiro Atheneu 1999 p197-210 LANZA A M EMBOLIA PULMONAR Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 12 set 2009 LESAtildeO MEDULAR Disponiacutevel em lt httpwwwlesatildeomedularcombr gt Acesso em 14 mai 2009 LIANZA S CASALIS M E GREVE J M D EICHBERG R A lesatildeo medular In LIANZA S (Org) Medicina de Reabilitaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 p 299-322 LIANZA S Oacutertese de propulsatildeo reciacuteproca modelo Argo - meacutetodo de avaliaccedilatildeo tratamento e anaacutelise de resultados na reeducaccedilatildeo da locomoccedilatildeo em pacientes com lesatildeo medular [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas 1997 Disponiacutevel emlt htpwwwscieloorgbr gt Acesso em 25 fev 2009 MACHADO A B M Neuroanatomia funcional 2ed Belo Horizonte Atheneu 1993 cap 15 p151-162

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MACHADO WCA O papel do enfermeiro no cuidar de clientes portadores de deficiecircncia [online] Satildeo Paulo Entre Amigos ndash Rede de Informaccedilotildees sobre Deficiecircncia [sd] Disponiacutevel em lt httpwwwentreamigoscombrtextosreabili opapelhtml gt Acesso 19 jun 2009 MADUREIRA NCM O saber-fazer do cuidador familiar da pessoa com deficiecircncia fiacutesica um estudo no preacute e trans-reabilitaccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da USP 2000 MCCLOSKEY J BULECHEK GM Classificaccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem - NIC 3 ed Porto Alegre Artmed 2004 MELLO M T et al Consideraccedilotildees sobre aspectos psicoloacutegicos em indiviacuteduos lesados medulares In FREITAS P S CIDADE R E Educaccedilatildeo Fiacutesica e Esportes para Deficientes ndash coletacircnea Brasiacutelia INDESP 2004 MOORE Keith L DALLEY Arthur F Anatomia orientada para a Cliacutenica 4 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2001 NOGUEIRA PC CALIRI MHL SANTOS C Fatores de Risco e Medidas Preventivas para uacutelcera de pressatildeo no Lesado Medular Experiecircncia da Equipe d Enfermagem do HCFMRP ndash USP Medicina (Ribeiratildeo Preto) n 35 p14-23 2002 North American Nursing Diagnosis Association - NANDA Diagnoacutesticos de enfermagem da NANDA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008 OLIVEIRA PAS et al Traumatismos da coluna toraacutecica e lombar Avaliaccedilatildeo epidemioloacutegica Rev Bras Ortop v 31 n 9 p 771-776 Set 1996 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 ago 2002 REDE SARAH de Hospitais de Reabilitaccedilatildeo Mapa da morbidade por causas externas Disponiacutevel em lt httpwwwsarahbr gt Acesso em 18 mar 2009 RIBAS FILHO JM MALAFAIA O CAMPOS ACL et al Estudo da prevalecircncia dos oacutebitos por trauma nos principais pronto-socorros de Curitiba no periacuteodo de abril de 2001 a abril de 2002 Rev Meacuted Paranaacute v2 n60 p45-48 2002

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SANTOS LCR dos Lesatildeo traumaacutetica da medula espinhal estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo entre 1982-1987 Satildeo Paulo 1989 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola de Enfermagem Universidade de Satildeo Paulo SCRAMIN AP Convivendo com a tetraplegia da necessidade de cuidados agrave integralidade no cotidiano de homens com lesatildeo medular cervical [dissertaccedilatildeo] Maringaacute Universidade Estadual de Maringaacute 2006 SIQUEIRA Sueli O trabalho e a pesquisa cientiacutefica na construccedilatildeo do conhecimento Governador Valadares UNIVALE 2002 SMELTZER SC BARE BG Brunner amp Suddarth Tratado de enfermagem meacutedico-ciruacutergica 7 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1994 4v SOUZA RC DIAS A SCATENA MCM Reabilitaccedilatildeo uma anaacutelise do conceito Nursing v34 n4 p 26-30 2001 SPENCER AP Anatomia humana baacutesica 2 ed Satildeo Paulo Manole 1991 SPOacuteSITO MMde M et al Paraplegia por lesatildeo medular estudo epidemioloacutegico em pacientes atendidos para reabilitaccedilatildeo Rev Paul Med v 104 n 4 p 196-202 1986 STAAS JUNIOR N E et alReabilitaccedilatildeo do paciente com traumatismo raquimedular In DELISA JA Medicina de reabilitaccedilatildeo Satildeo Paulo Manole 1992 cap 32 p735-762 THOMAS J FLANNERY J Education for rehabilitation nursing Rehabil Nurs v15 n2 p83-85 1990 TONELLO A S Aspectos da reeducaccedilatildeo intestinal em lesados medulares [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo (SP) Escola Paulista de Medicina da UNIFESP 1999 VALENCcedilA Tatiane Dias Casimiro Valenccedila Coluna Vertebral Disponiacutevel em lt httpwwwwgatecombrconteudomedicinaesaudefisioterapiatraumatocoluna_vertebral2htm gt Acesso em 20 ago 2009

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ZAGO M M F O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente Rev Esc Enferm USP v 26 n3 p359-394 1992

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uacutelcera de pressatildeo e infecccedilatildeo do trato urinaacuterio que satildeo evitadas a partir do momento

que este paciente seja assistido devidamente tanto pela equipe de enfermagem

quanto por um parente cuidador

Os principais problemas e intervenccedilotildees de Enfermagem no acircmbito da

reabilitaccedilatildeo de deficientes fiacutesicos durante a internaccedilatildeo se referem agrave manutenccedilatildeo da

integridade fiacutesica e motora Consequentemente agrave diminuiccedilatildeo ou ausecircncia da

mobilidade e sensibilidade cuidados especiacuteficos e de caraacuteter preventivo satildeo

relevantes ao bem estar do paciente

A assistecircncia de Enfermagem na reabilitaccedilatildeo tem como principais

objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o maacuteximo que puder dentro de

suas condiccedilotildees promover e incentivar o auto-cuidado atraveacutes de orientaccedilotildees e

treinamento de situaccedilotildees preparar o deficiente fiacutesico para uma vida social e familiar

da melhor maneira possiacutevel e com qualidade

Com o enfoque na realizaccedilatildeo das atividades da vida diaacuteria (AVD) da

maneira mais independente possiacutevel torna-se necessaacuterio que o enfermeiro

reabilitador conheccedila os haacutebitos e o estilo de vida do paciente no contexto da famiacutelia

e da sociedade Esta atuaccedilatildeo compreende o auto-cuidado para a capacidade de

vestirdespir alimentar-se fazer higiene pessoal e iacutentima prevenir deformidades de

articulaccedilatildeo complicaccedilotildees respiratoacuterias e vasculares

Por fim conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante

todo o processo de reabilitaccedilatildeo uma vez que pacientes bem acompanhados por

toda a equipe desde a fase aguda com um programa de reabilitaccedilatildeo integral

instaurado de forma precoce tem maiores chances de natildeo ter complicaccedilotildees e uma

vida de maior qualidade

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REFERENCIAS

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