URBANISMO CULTURALISTA

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 Cristine Campos Stédile Morgana Alves de J. Fernandes URBANISMO CULTURALISTA: Camillo Sitte, Ebenezer Howard e Raymond Unwin Universidade do Estado de Mato Grosso Barra do Bugres  2011

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Cristine Campos Stdile Morgana Alves de J. Fernandes

URBANISMO CULTURALISTA: Camillo Sitte, Ebenezer Howard e Raymond Unwin

Universidade do Estado de Mato Grosso Barra do Bugres 2011

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Cristine Campos Stdile 09.1.89.10 Morgana Alves de J. Fernandes 09.1.89.23

URBANISMO CULTURALISTA: Camillo Sitte, Ebenezer Howard e Raymond Unwin

Trabalho apresentado disciplina Introduo ao Urbanismo como pr-requisito avaliativo para a concluso da mesma, no mbito do Curso de Bacharelato ou Licenciatura em Arquitetura e Urbanismo. Disciplina ministrada pelo Prof. Ary Biancardini Filho.

Universidade do Estado de Mato Grosso Barra do Bugres - 2011

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SUMRIO 1. O URBANISMO CULTURALISTA ....................................................................................... 4 1.2 CAMILLO SITTE ........................................................................................................................... 5 1.2.1 1.2.2 Urbanizaes da expanso da Ringstrasse (Viena) ............................................. 6 A Arte e o Urbano ................................................................................................... 8

1.3 EBENEZER HOWARD ................................................................................................................. 9 1.3.1 1.3.2 1.3.3 1.3.4 1.3.5 A Cidade-Jardim ................................................................................................. 10 O desenho da Cidade-Jardim ......................................................................... 11 Esquema da Cidade-Jardim ............................................................................ .13 As receitas da Cidade-Jardim .......................................................................... 13 A Cidade-Jardim e o Ecourbanismo ................................................................ 14

1.4 RAYMOND UNWIN .................................................................................................................... 15 1.4.1 Letchworth ....................................................................................................... 16

REFERNCIAS BILIOGRAFICAS ................................................................................................... 18

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1. O URBANISMO CULTURALISTA Preocupando-se mais com as questes morais, especialmente ligadas s relaes sociais, os urbanistas culturalistas fizeram propostas de cidades de menor escala e mais humanas. Para eles, a cidade no deveria se sobrepor aos seus moradores, assim como aspectos relacionados ao trnsito ou indstria, defendendo a integrao com a natureza e o sentido de comunidade. Segundo Choay (1992), o ponto de partida do urbanismo culturalista no o indivduo, mas o agrupamento urbano da cidade, o individuo no uma unidade intermutvel, cada membro da comunidade constitui um elemento insubstituvel nela. Para realizar a totalidade cultural, concebida como um organismo onde cada um mantm seu papel original, a cidade do modelo culturalista deve apresentar certo nmero de determinaes espaciais e de caractersticas materiais. A cidade antes de tudo bem circunscrita no interior de limites precisos, ela ope-se cidade do modelo progressista por seu clima propriamente urbano. Sua viso inicialmente crtica e politizada, mas torna-se, com o tempo, exclusivamente esttica. O culturalismo caracteriza a cidade a partir da noo de cultura, onde a arte o principal elemento de integrao social. Seu modelo de cidade destaca os atributos a seguir: 1 - Em funo de seu papel cultural, a cidade deve satisfazer necessidades espirituais como interao social, beleza e felicidade, e seu espao possibilitar que as funes de lazer e cultura se integrem no cotidiano dos indivduos pela fcil acessibilidade dos lugares destinados s mesmas; 2 - Em funo da busca de um clima caracteristicamente urbano, a cidade deve ser confortvel e favorvel intensificao e multiplicao das relaes interpessoais, o que origina um espao contnuo pela predominncia de espaos fechados sobre os abertos, pelas caractersticas fechadas e ntimas das reas livres pblicas, tratadas como espaos internos; 3 - Em funo do coletivismo e democracia que embasa a lgica progressista, a cidade deve ser um processo dinmico, assim como seu espao por meio da flexibilidade de organizao morfolgica, onde as formas sugerem movimento e organicidade, por meio da relevncia das reas livres pblicas, especialmente de ruas e praas, que so simultaneamente lugares de circulao e permanncia, por uma gerao do projeto urbanstico a partir de anlises morfolgicas de cidades medievais, onde se busca entender o relacionamento dos elementos formadores das totalidades; 4 - Em funo da relevncia da esttica, a cidade deve ser bela no cotidiano de seus cidados, expressando-se em um espao organizado por diversidade e originalidade, por meio de relaes variadas entre elementos e relaes compositivas, organizado por predominncia de figura sobre o fundo, com a conseqente aproximao entre volumes, as pequenas distncias e as perspectivas curtas; 5 - Em funo da opo pela produo artesanal do espao, no o rendimento da cidade que conta, mas o desenvolvimento harmnico dos indivduos e, para tal, seu espao deve ter construo particularizada, sem prottipos nem padronizaes, para que cada edifcio expresse sua individualidade, destacar os edifcios comunitrios e culturais, que assumem papel de temas destaque, ser estimulante, caloroso e original, pois cada cidade ocupa o espao de maneira particular e diferenciada.

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Nesta vertente, o urbanista faz a arte de construir cidades, mas oferecendo modelos fechados, desconsidera a imprevisibilidade das sociedades. A nfase nos estudos histricos no consegue resgatar a originalidade do tempo presente e, por isso, o mtodo culturalista no cientfico, mas foge de uma atualidade no aceitvel. Criado sob o testemunho da histria, o culturalismo fecha-se historicidade. Por outro lado, ope a seu discurso democrtico a represso para mudar as regras da sociedade industrial e malthusiano no controle demogrfico. De acordo com Camillo Sitte, somente estudando as obras de nossos predecessores poderemos reformar a organizao banal de nossas grandes cidades (CAMILLO SITTE, APUD. CHOAY, 1992). Sendo assim, abordaremos a seguir alguns cones do Urbanismo Culturalista, como Camillo Sitte, Ebenezer Howard e Raymond Unwin.

1.2 CAMILLO SITTE Camillo Sitte (1843-1903), arquiteto, pintor, terico urbano, filho de Franz Sitte, tambm arquiteto de renome, nasceu e morreu em Viena. Pioneiro do urbanismo culturalista (visa qualidade de vida no desenho da cidade), considerado o primeiro pensador a olhar para a cidade do passado sob o ponto de vista esttico. Fascinado pela cidade medieval, pela relao cidade x pessoas, ele prprio adicionou a seu currculo desenhos e construes de um espao segundo seus princpios. Na viso de Sitte, esta relao foi perdida na cidade industrial (o tamanho da cidade no comporta os hbitos de convivncia), crtica s intervenes de Haussmann (que no se preocupava com a preservao do antigo, o chamado urbanismo tcnico).

Figura 01: Camillo Sitte. Fonte: http://arquitetandoblog.wordpress.com/2010/01/10/camillo-sitte/>.

Foi o autor do estudo urbanstico: Construo das Cidades Segundo seus Princpios Artsticos. Onde, atravs de uma anlise das cidades na histria, Sitte prope reavaliar a cidade atravs de seus espaos existentes, principalmente suas praas. Segundo Choay (1992) seu objetivo foi o de polemizar contra as transformaes de Viena, quando na urbanizao da expanso da Ringstrasse (rea alm da muralha de Viena), o governo implantou intervenes nos moldes de Haussmann (Paris), ento Sitte escreve livro como protesto, j que ele procura qualidade de vida.

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contra demolio dos antigos ncleos, dos espaos simblicos, dos espaos diferenciados e repulsa o industrialismo. O pensamento sitteano foi esquecido por certo momento, mas hoje se encontra entre as referncias mais importantes para quem trabalha e prioriza dados, tanto de beleza quanto de fruio e apropriao do espao pelo homem. 1.2.1 Urbanizaes da expanso da Ringstrasse (Viena)

Figura02: Livro A construo das cidades segundo seus princpios artsticos. Fonte: http://arquitetandoblog.wordpress.com/2010/01/10/camillo-sitte/.

Em 1889, Sitte escreve o livro A construo das cidades segundo seus princpios artsticos, onde analisa os espaos das cidades medievais e antigas, na qual um elemento sempre se repete a praa. Estuda os padres do espao urbano, contra as cidades modernas por sua falta de princpios estticos, alm de serem desprovidas de espaos. Estuda praas da antiguidade e destaca elementos que se repetem analisando assim estes ambientes. Observa o cenrio urbano, componente teatral dos espaos simblicos. As pessoas deixam de usar o espao da praa por causa do seu tamanho, falta de conforto e de aconchego. Busca padres j existentes e se baseia no conceito de simetria de Vitrvio, onde o mais importante nas cidades a simetria no sentido de harmonia, qualidade esttica dos espaos e a relao adequada entre as construes. Observou os espaos: centro livre, efeito cncavo, coeso das praas, dimensionamento e forma, irregularidade e o conjunto das praas. Sitte avalia o planejamento urbano do seu tempo, questiona critrios tcnicos e higienistas. Apoiado em anlises de fragmentos das praas das antigas cidades, destaca o carter urbano e artstico destas cidades, que se formavam "in natura" (ao acaso, na soma aleatria de intervenes). Suas idias de desenho urbano consistem em ordenar os espaos em atrativos padres e seqncia e no numa articulao de edifcios isolados sobre uma malha viria. O desenho urbano de Sitte tridimensional, movido pelo gosto e sensibilidade. A Ringstrasse iniciou por volta de 1850, com o objetivo de substituir as antigas muralhas da poca da ocupao turca. Tais muralhas se tornaram obsoletas com o passar do tempo, e se transformaram em um gigante anel povoado por construes importantes para a cidade de Viena, como o Parlamento, a Prefeitura, a pera de Viena, museus, entre outros.

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Para cada edificao construda um estilo clssico era escolhido, com base na funo da construo. Assim a discrepncia visual entre a funo e o estilo da Ringstrasse marcante aos olhos e promove vrias discusses a respeito de sua criao e mtodo de definio assim como o planejamento do espao reto e moderno que contrasta com o centro histrico sinuoso derivado da poca medieval. Apesar de criticar a essncia e funo desse planejamento, no se ops a forma de estilo dos edifcios escolhidos, pois lhe agradava as tendncias ao classicismo usado nas construes, e no critica a escolha do estilo histrico de acordo com a funo do edifcio, tudo para que o local como um todo tivesse uma linguagem, no apenas as obras arquitetnicas, para que elas no ficassem deslocadas em um espao que no transmitia uma relao, uma beleza de todo o local de uso. Critica toda a Ringstrasse, pela ausncia das construes humanizadas, j que a produzida no era convidativa ao passante, e sim agorafbico, com fachadas intimidantes e desconectadas com o que a circunda. As ruas largas separavam a construo do usurio, um defeito grave na sua viso. Assim ele prope vrias medidas para modificar a Ringstrasse, cria praas, ilhas de comunidade e em frente aos grandes edifcios espaos para emoldurar a obra sempre visando interiorizao da obra.

Figura 03 e 04: Vista de satlite da Ringstrasse atual e antiga. Fonte: http://www.planet-vienna.com/spots/ringstrasse/ringstrasse.htm

Figura 05: Residncias na Ringstrasse Fonte:http://thaa2.wordpress.com/2009/07/24/camillo-sitte-e-a-construcao-urbana-critica-a-ringstrasse-e-arte-na-cidade/

Figura 06: Seo da Ringstrasse em 1888 Fonte: http://www.macalester.edu/courses/geog61/aaron/baroque.html

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Usando uma rea menor e mais aconchegante que a usada no projeto da Ringstrasse, dando a praa uma funo voltada para o passante assim como a rua para o veculo, Sitte buscava uma comunicao das pessoas e a rea utilizada, no seguindo a usual impessoalidade da poca, apesar da monumentalidade estar presente em seus projetos, projetando espaos como um quadro que daria destaque a construo. 1.2.2 A Arte e o Urbano

Aristteles resumiu todos os princpios da construo das cidades nesta sentena: "Uma cidade deve ser construda de modo a proporcionar a seus habitantes segurana e felicidade", indicando todo o ideal urbanista, sendo seguido por Camillo Sitte. Neste conceito ele agrega o valor do artista como ser importante para a construo da cidade, pois o conforto deriva tambm da beleza, ento no o matemtico ou engenheiro o responsvel pela boa construo urbana, dando assim valor ao histrico e artstico do projeto. Para Sitte, o esprito artstico e a sociedade moderna eram conceitos opostos, sendo que isso aumentava com o ideal de lucro e a ordem material das coisas sendo necessrios para o estilo de vida moderna. O reto e plano era moderno e desprezado por Sitte, assim como as formas livres da poca medieval eram enaltecidas e apreciadas, desse modo ele passa a fazer um planejamento espacial livre e pitoresco na tentativa de humanizar o urbano. A praa surge como uma forma de restituir a qualidade de vida nas cidades modernas dando ao cidado uma rea livre, mas que permitisse o aproveitamento real do espao. E foi na praa que ele enxerga uma forma de redimir a cidade, de sair do ideal rgido. O centro das praas deveria ser livre e os monumentos localizados prximos s paredes que os rodeiam. Sua grande paixo era a massa de edificaes circundando o espao e formando um todo continuo. Sitte ressalta pois sim! conceber tudo sistematicamente, e nunca se desviar nem por um fio de cabelo da frmula estabelecida, at torturar todo o esprito at a morte, sufocar todo o sentido prazeroso da vida, esta a marca do nosso tempo (CAMILLO SITTE, APUD. CHOAY, 1992)

Figura 07: Bergamo- Itlia - exemplo de praa fechada Fonte: http://thaa2.wordpress.com/2009/07/24/camillo-sitte-e-a-construcao-urbana-critica-a-ringstrasse-e-arte-nacidade/

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Entre esses princpios, o mais importante e sempre presente nos espaos analisados por Sitte, foi o de "enclausuramento. Reconhecendo que por necessidades socioeconmicas, a praa enclausurada da antiguidade e do perodo medieval tinha de ser substituda pelos mercados fechados mais confortveis do sculo XIX, ele denunciava enfaticamente que, no exterior, os espaos eram basicamente utilizados para o trfego sendo este o principal conflito que ele no pde resolver:

"Esses sistemas (radial, retangular) cumprem apenas a estandardizao da rea urbana, so puramente mecnicos em concepo. Reduzem a malha urbana em mera utilidade para o trfego, nunca servindo aos propsitos de arte. Eles no transmitem nenhum apelo ao sentido da percepo e suas caractersticas s so visualizadas atravs do desenho" (SITTE, 1945, pp 59).

Seu desejo por espaos enclausurados contnuos num todo espacial impedia precisamente o trfego motorizado, uma realidade contempornea inegvel da cidade moderna. Outra crtica constante de Sitte a monotonia das cidades projetadas em tabuleiro de xadrez, onde o observador diante de espaos que se revelam sem segredos, no mantm o dilogo rico de contedos com o ambiente urbano, contrariamente ao traado irregular, preenche de estmulos visuais."Uma via rural que, sem nenhuma curva se estende por milhas, aborrece o viajante, por mais interessante que seja o seu entorno. Sua inteligvel direo, em contraste com a natureza, corta rigidamente os contornos da paisagem. Sua monotonia impele-nos a atravess-la to rpido quanto possvel. A rua linear e longa, na rea urbana, tem o mesmo efeito. Se, porm, uma rua pouco extensa nos aborrece, ns devemos procurar outras explicaes para esse defeito" (SITTE, 1945).

1.3 EBENEZER HOWARD Ebenezer Howard (29 de janeiro de 1850, Londres - 1 de maio de 1928, Hertfordshire) foi um pr-urbanista da Inglaterra, terico da Cidade Jardim. Em 1898 escreve Cidades-Jardins de amanh. Um ano depois, funda a Associao Garden-City, onde em 1903 se estabeleceu Letchworth e 1919 inicia Welwin.

Figura 08: Ebenezer Howard Fonte: http://urbanidades.arq.br/2008/10/ebenezer-howard-e-a-cidade-jardim/

Para Howard (1996) o lixo da cidade ser utilizado nas parcelas agrcolas da propriedade, possudas por vrios indivduos na forma de grandes fazendas, stios, lotes, pastagens, etc... Seu pensamento se torna atual na medida em que suas preocupaes de integrao entre cidade-campo

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(os trs ims) eram uma estratgia de planejamento regional para evitar o fluxo migratrio em direo s grandes cidades: cidades auto-organizadas interligadas por um sistema de transporte pblico eficiente seriam formadas juntamente com o estabelecimento de indstrias e cintures agrcolas, que absorveriam os resduos slidos urbanos. 1.3.1 A Cidade-Jardim

Na concepo da Cidade-Jardim, Howard (1996) destaca que cidade e campo devem estar casados, e dessa feliz unio nascer uma nova esperana, uma nova vida, uma nova civilizao.Baseando-se em grande parte na observao das pssimas condies de vida da cidade liberal, Ebenezer Howard, props uma alternativa aos problemas urbanos e rurais que ento se apresentavam. O livro To-morrow apresentou um breve diagnstico sobre a superpopulao das cidades e suas consequncias. Segundo ele, essa superpopulao era causada, sobretudo pela migrao proveniente do campo. Era, portanto, necessrio equacionar a relao entre a cidade e o campo. Howard fez uma sntese das vantagens e dos problemas tanto de um ambiente como de outro. Ambos atuariam como ms, atraindo as pessoas para si. Ele apostava nesse casamento cidade-campo como forma de assegurar uma combinao perfeita com todas as vantagens de uma vida urbana cheia de oportunidades e entretenimento juntamente com a beleza e os prazeres do campo. CARACTERSTICAS DO CAMPO: Falta de vida social; Beleza da natureza; Desemprego; Terra ociosa; Matas; Bosques, campinas, florestas; Jornada longa/salrios baixos; Ar fresco aluguis baixos; Falta de drenagem; Abundncia de gua; Falta de entretenimento; Sol brilhante; Falta de esprito pblico; Carncia de reformas; Casas superlotadas; Aldeias desertas. CARACTERSTICAS DA CIDADE: Afastamento da Natureza; Oportunidades Sociais; Isolamento das multides; Locais de entretenimento; Distncia do trabalho; Altos salrios monetrios; Aluguis e preos altos; Oportunidades de emprego; Jornada excessiva de trabalho; Exrcito de desempregados; Nevoeiros e seca; Drenagem custosa; Ar pestilento e cu sombrio; Ruas bem iluminadas; Cortios e bares; Edifcios palacianos.

Em sntese, a cidade era o espao da socializao, da cooperao e das oportunidades, mas padecia de graves problemas relacionados ao excesso de populao e insalubridade do seu

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espao. Por outro lado, o campo era o espao da natureza, bem como da produo de alimentos, mas tambm sofria de problemas como a falta de empregos e de infra-estrutura, alm de uma carncia de oportunidades sociais. A chave para a soluo dos problemas da cidade, segundo Howard, era reconduzir o homem ao campo, atravs da criao de atrativos ou ms que pudessem contrabalanar as foras atratoras representadas pela cidade e pelo campo. Ele argumentou que havia uma terceira alternativa, alm da vida urbana e rural, que seria o que ele chamou de Cidade-Campo. Nessa alternativa, os dois ims tornar-se-iam um s, para uma cidade prxima da natureza que ele considerava ser fonte de vida, riqueza e felicidade. Alm disso, a indstria se deslocaria para o campo como estratgia de desenvolvimento econmico simultaneamente a produo agrcola que teria mercados prontos da cidade prxima ao ncleo rural.

Figura 09: Diagrama de Howard. Os trs ims. Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04. 042/637

1.3.2

O desenho da Cidade-Jardim

Sua inteno no era criar um subrbio jardim, mas uma entidade cidade-campo em combinao permanente com dimenses controladas de 2.400 hectares para 32.000 pessoas, sendo 2.000 hectares para a rea rural de 2000 habitantes e 400 hectares destinados cidade propriamente dita e o restante s reas agrcolas para 30000 habitantes dividas em seis partes ou bairros com 5.000 habitantes. A zona agrcola agiria como um amortecedor contra o crescimento incontrolvel do centro populacional. Para Howard, quando uma cidade atingisse a sua capacidade de suporte, novas cidades deveriam ser formadas em torno de uma cidade central de 58.000 habitantes, um ncleo cultural, formando uma constelao de cidades interligadas por meio de ferrovias e rodovias. O esquema feito para a cidade assume uma estrutura radial, sendo composto por seis bulevares de 36 metros de largura que cruzam desde o centro at a periferia, dividindo-a em seis partes iguais. No centro, seria prevista uma rea de aproximadamente 2,2 ha, com um belo jardim, sendo que na sua regio perifrica estariam dispostos os edifcios pblicos e culturais (teatro, biblioteca, museu, galeria

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de arte) e o hospital. O restante desse espao central destinar-se-ia a um parque pblico de 56 ha com grande rea de recreao e fcil acesso.

Figuras 10 e 11: Mecanismo de crescimento e Planejamento (a cidade no podia ser desenhada at ser selecionado o local). Fonte: http://urbanidades.arq.br/2008/10/ebenezer-howard-e-a-cidade-jardim/

Apesar de pertencerem a modelos diferentes de desenho urbano na fase pr-urbanista classificados por Choay, o movimento das Cidades-Jardins teve como fonte inspiradora as experincias de implantao de comunidades planejadas para serem auto-organizadas no sculo XIX, como os empreendimentos de industriais preocupados com a qualidade de vida de seus empregados. Alm de proporcionarem melhores condies de trabalho, acreditavam que os conjuntos habitacionais junto s fbricas e implantados no campo poderiam ter um efeito saudvel sobre os trabalhadores e consequentemente retornaria em benefcios para a indstria. A primeira Cidade-Jardim, Letchworth, foi projetada em 1903 com traado simples, claro e informal, diferentemente de configuraes geomtricas rigorosas de tradio clssica renascentista, com um centro urbano elevado composto de rvores de porte e edifcios municipais prximo estao. Essa cidade foi dividida em regies de 5.000 habitantes com suas prprias infra-estruturas. O desenho da cidade proposto pelos arquitetos Unwin e Parker segue o pensamento de Camillo Sitte que propunha o traado orgnico prprio escala humana com referncia as Welwyn, a segunda Cidade-Jardim projetada por Louis de Soissons em 1920. Foi uma ousadia de Howard de planejamento regional visto que havia uma impossibilidade de se desenvolver uma poltica urbana abrangente e de mbito nacional. Uma das caractersticas mais felizes de Soissons para Welwyn foi o cuidado com a preservao das condies ambientais, projetando amplos espaos verdes para recreao, principalmente na periferia da cidade central, ao longo dos limites dos cintures agrcolas.

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1.3.3

Esquema da Cidade-Jardim

Ao redor de todo o Parque Central estaria localizado o Palcio de Cristal, uma grande arcada envidraada que se destinaria a abrigar as atividades de comrcio e a se constituir num jardim de inverno, estando distante no mximo 558m de qualquer morador. Nesse local, poderiam ser comercializadas as mercadorias que requerem o prazer de escolher e decidir. Funcionaria tambm como um jardim de inverno, onde os habitantes poderiam passear ao abrigo da chuva e contemplar a paisagem.

Figura 12: Diagrama de Howard. Distrito e Centro (a cidade dividida em 6 setores) Fonte:http://urbanidades.arq.br/2008/10/ebenezer-howard-e-a-cidade-jardim

Defronte Quinta Avenida e ao Palcio de Cristal, existiria um conjunto de casas ocupando lotes amplos e independentes. Mais adiante, estariam os lotes comuns, cerca de 6 x 40m, em nmero de 5.500. A populao estaria prxima de 30.000 habitantes na cidade e 2.000 no setor agrcola. Com isso, a densidade mdia seria de 200 a 220 pessoas por hectare. A Grande Avenida dividiria a cidade em duas partes e possuiria 128m de largura. Ela constituiria, na verdade mais um parque, com 46,5 ha, e nela estariam dispostas em seis grandes lotes as escolas pblicas. Tambm nessa avenida estariam localizadas as igrejas necessrias para atender diversidade de crenas existentes na cidade. No anel externo estariam os armazns, mercados, carvoarias, serrarias, etc., todos defronte via frrea que circunda a cidade. Dessa forma, o escoamento da produo e a recepo de mercadorias e matria-prima seria facilitado, evitando tambm a circulao do trfego pesado pelas ruas da cidade diminuindo a necessidade de manuteno. 1.3.4 As receitas da Cidade-Jardim

A Cidade-Jardim tentava converter os lucros em ganhos coletivos. Howard concebeu um mecanismo engenhoso para viabilizar a criao e a manuteno de uma Cidade-Jardim. Inicialmente, um terreno localizado em rea rural deveria ser comprado por um grupo de pessoas, para abrigar a futura cidade. Esse terreno seria comprado por um preo baixo, compatvel com o preo de terras rurais, a partir de um financiamento. O aumento do nmero de habitantes nessas terras seria capaz

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de diluir os juros do financiamento e de constituir um fundo para ir quitando aos poucos o principal. Assim, a partir de pagamentos relativamente pequenos, os habitantes da Cidade-Jardim poderiam quitar a dvida assumida e ainda obter recursos para as aes coletivas necessrias. Na rea rural, a competio natural entre os produtores, as culturas e os modos de produo, deveria indicar quais produtos seriam cultivados. Aqueles que conseguissem gerar mais renda se estabeleceriam nos arredores da Cidade-Jardim. A renda, entretanto, no seria apropriada por um nico indivduo, j que a terra teria sido adquirida coletivamente. Os benefcios obtidos em termos financeiros pelo aumento do valor da terra e, como consequncia, pelo incremento da renda fundiria, seriam convertidos em menores impostos e mais investimentos coletivos. 1.3.5 A Cidade-Jardim e o Ecourbanismo

Aps a primeira guerra mundial, o movimento de Cidades-Jardins gradualmente se tornou um movimento de planejamento de novas cidades para a reconstruo na Inglaterra. Entretanto, a poltica habitacional aprovada era de cunho imediatista e visava construo de um maior nmero de casas, sem qualquer viso abrangente. Somente aps a segunda guerra aprova-se um programa com grandes similaridades ao planejamento de Howard, o New Towns Act de 1946. Embora o sucesso de Lethworth tenha sido concreto, a idia de Cidade-Jardim tornou-se amplamente incompreendida e era comum confundi-la com subrbios-jardins que se espalharam pelos arredores de Londres, o que Howard tinha tentado eliminar com suas propostas. Em 1928, Clarence Stein, em sintonia com as idias de Howard, projetou Radburn, com as moradias e jardins individuais, ruas em cul de sac (ruas sem sada) com separao de pedestres e veculos atravs dos superblocks. Os acessos ao centro comunitrio, escola, aos playgrounds podem ser feitos por pedestres e so compostos por um sistema de caminhos interceptados pelos parques, repercutindo bem a idia de unidades de vizinhana. Embora tenham sido projetados, no tm indstrias e nem cinturo agrcola. Por isso, a partir dessa poca, os subrbios jardins expandem-se nos EUA de maneira unilateral sem contedo social. O efeito da suburbanizao nos EUA com subdivises residenciais, zoneamento com faixas comerciais e parques industriais e comerciais, isolados fisicamente, causam vrios impactos ambientais, dentre eles: a dependncia do automvel, o aumento da poluio, devastao de florestas e terras agrcolas, a concentrao de pobreza nas reas centrais e altos custos de urbanizao. Alm disso, causam tambm o enfraquecimento do esprito comunitrio. Apesar desse efeito e da memria de Ebenezer Howard e seu conceito de Cidade-Jardim estar enfraquecidos, comeam a surgir alguns empreendimentos com preocupaes ecolgicas, motivados pelo movimento ambientalista.

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1.4 RAYMOND UNWIN

Figura 13: Raymond Unwin Fonte: http://www.whistonweb.co.uk/history/unwin.htm

Raymond Unwin (1863-1940), engenheiro, arquiteto e urbanista, era o filho mais novo de William e Elizabeth Unwin. Em 1881 assumiu um estgio de engenharia com o carvo Staveley e Companhia Ferro em Chesterfield. Recebeu muitas honras: foi condecorado em 1932 e as universidades de Praga, Toronto, Manchester, Trondhjem e Harvard conferiram diplomas honorrios em cima dele. Seus trabalhos sobre urbanismo na Prtica (1909) um clssico em seu tema. Unwin resumiu suas idias em dois livros: - Nothing gained by Overcrowding (1918) -Town Planning in Practice (1909) Formou uma parceria com seu cunhado, Barry Parker onde projetaram o Andrew's Church St, Barrow Hill, Derbyshire (1893), e vrias casas do Artesanato Arte-e-estilo antes estabelecer a sua reputao atravs planejamento Nova Earswick Village perto de York para a Joseph Rowntree (18361925) Village Trust (de 1901). O Bairro foi um exemplo bem sucedido dos ideais de baixa densidade habitacional. Unwin publicou Urbanismo na Prtica: Uma Introduo arte de projetar cidades e subrbios em 1909, um texto importante, que teve um efeito considervel no planejamento da cidade para as prximas trs dcadas. Ele informou sobre o planejamento do desenvolvimento de satlites de Manchester Wythenshawe, para o qual Parker foi o principal consultor (1927-1941): foi uma mais ambiciosas autoridades local de habitao regimes da poca, e antecipou a gerao de novos primeiro Cidades aps a guerra 1939-1945, ele acreditava que estava planejando nas reas periurbanas por estar crescendo constantemente, isto envolveu a criao de reas verdes para contrabalanar os efeitos da superlotao dos bairros mais novos. Dentre os arquitetos citados por Choay (1992) no urbanismo culturalista, os quais possuem princpios semelhantes de originalidade e variabilidade como importantes dados na modelao dos espaos urbanos apenas Unwin se preocupa com a contradio entre histria e originalidade histrica do presente, tentando conciliar o modelo culturalista com as exigncias de sua poca. O

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planejamento racional pode no ser o ideal, mas surgiu como contramedida necessria pela velocidade e inerncia das economias de escala ao capitalismo avanado. Unwin tinha um profundo apreo pela beleza da cidade medieval, a criao artificial de irregularidades o oposto das adaptaes que os indivduos tinham feito para suas condies de vida prpria. E por isso Unwin faz um planejamento racional, no porque ele produz um resultado mais bonito e prtico, mas porque a medida preventiva s est disponvel para o ritmo acelerado e em grande escala da sociedade industrial moderna. A diversidade de edifcios individuais, em ltima anlise leva homogeneizao das cidades e regies. Em vez disso, Unwin v a cidade moderna como um plano de edifcios individuais que visam ateno, Unwin ressalta A partir deste fato no resultou em uma grande harmonia de cor e estilo em cada aldeia ou cidade e, por outro, uma grande variedade de cor e de estilo entre as diferentes cidades e distritos." (RAYMOND UNWIN, APUD. CHOAY, 1992)

1.4.1

Letchworth

Uma vez que Howard foi capaz de obter o financiamento suficiente para comear a implementar a sua idia, Unwin e seu scio Barry Parker foram encarregados de elaborar os planos reais para Letchworth. Nem Unwin nem Parker foram arquitetos urbanistas, mas eles aprenderam suas habilidades por meio da observao das formas tradicionais, praticando em seus prprios projetos, concretizando assim a cidade de Letchworth considerada a primeira cidade-jardim da histria, e no subrbio londrino de Hampstead. A proposta de cidade-jardim de Ebenezer Howard no se referia a um modelo espacial: constitua um esquema terico de uma cidade autnoma com gesto comunitria, de dimenso limitada por uma faixa agrcola circundante, com uma grande taxa de rea verde, bem diferente das cidades de at ento. Para Howard, as cidades-jardim constituam uma alternativa cidade industrial, no apenas do ponto de vista formal, como tambm no de proporcionar habitaes de qualidade ao operariado, que seriam alugadas atravs de cooperativas. Alm de a cidade oferecer recursos industriais e agrcolas, os jardins, junto s casas, deveriam constituir hortas, e os cintures verdes tratariam de limitar o crescimento das cidades, mantendo a escala humana.

Figuras 14 e 15: Letchworth atual e antes (respectivamente) Fonte: http://www.tomorrowsgardencity.com/aboutthecompetition

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No entanto, a denominao cidade-jardim e os aspectos formais, como o de fornecer habitaes de qualidade e ambiente saudvel para seus moradores, acabaram sendo utilizados em vrias experincias urbanas. Esta aceitao das paisagens, criadas a partir das experincias britnicas, e a conseqente adoo como modelo, acabou induzindo ao uso indiscriminado do termo Garden-City, tanto para conjuntos habitacionais populares e de classe mdia ou alta, como para cidades planejadas. A paisagem urbana de Letchworth influenciou nas formas de ocupao dos subrbios do sculo XX, que integram arquitetura e paisagem e as tipologias arquitetnicas. Suscitou tambm pesquisas de habitao social na Europa do entre - guerras, resultando na busca por habitaes dignas, mas com baixo custo para o operariado. Os subrbios ou bairros-jardim proliferaram mundialmente, ligados a cidades existentes, ao contrrio dos conceitos de Howard, avesso a grandes distncias e concentraes urbanas. Este modelo foi amplamente aplicado no contexto norteamericano. O sucesso deste padro urbano est fundamentado em referncias formais como: ruas sinuosas e arborizadas, integrao entre edificaes e jardins, acomodao s condies naturais e variedade de modelos de casas desenvolvidos, o que levou a ser aplicado em diversos contextos urbanos por todo o mundo. Nos subrbios-jardim britnicos, por exemplo, a construo isolada era um objetivo, como forma de contraposio s residncias geminadas e enfileiradas dos centros urbanos. Nos projetos habitacionais econmicos, ainda que no fossem residncias unifamiliares, as unidades eram agrupadas duas a duas ou quatro a quatro em um ou dois pavimentos, mas buscavase sempre a aparncia de casa isolada. De acordo com Unwin, a cidade e o campo devem ser claramente delineados para que cada tenha uma identidade funcional. Isso aconteceu naturalmente com as cidades antigas e medievais que precisava de uma parede ou um corpo de gua para se defender, mas as cidades modernas precisam encontrar outras maneiras de criar uma definio agradvel e evitar a monotonia ininterrupta de casas jardim. Nessa frase Unwin curiosamente parece quase anti-Howard: "No uma questo fcil de combinar o charme da cidade e pas, a tentativa tem levado um pouco para a destruio da beleza de ambos."

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