Uso Da Microcorrente Em Fisioterapia Reviso de Literatura

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 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM OSTEOPATIA E TERAPIAS MANUAIS VALÉRIA AIKO MIYASHITA USO DA MICROCORRENTE EM FISIOTERAPIA:  REVISÃO DE LITERATURA GOIÂNIA 2012  

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Microcorrente

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 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁSCENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM FORMAÇÃO INTEGRADA

ESPECIALIZAÇÃO EM OSTEOPATIA E TERAPIAS MANUAIS

VALÉRIA AIKO MIYASHITA

USO DA MICROCORRENTE EM FISIOTERAPIA: REVISÃO DE LITERATURA

GOIÂNIA2012

 

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VALÉRIA AIKO MIYASHITA

USO DA MICROCORRENTE EM FISIOTERAPIA:

REVISÃO DE LITERATURA 

Artigo apresentado ao curso de Especializaçãoem Osteopatia e Terapias Manuais do Centrode Estudos Avançados e Formação Integrada.Chancelada pela PUC Goiás.

Orientador: Prof. Ms. Adroaldo José Casa Jr.

GOIÂNIA2012

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RESUMO

Uso da Microcorrente em Fisioterapia Introdução:  A eletroterapia pode contribuir muito no controle da dor, na atividade física

dirigida e na melhora do padrão postural, e tem mostrado eficaz na redução dos sintomas e

na melhora significativa da qualidade de vida dos pacientes. A aplicação de pulsos elétricos

com fins terapêuticos, ou Eletroterapia, é uma técnica consolidada no tratamento de

 pacientes em reabilitação e cicatrização de feridas. Dentre os recursos utilizados pela

eletroterapia, as microcorrentes vêm sendo o que tem mais apresentado resultados como

aliado no tratamento da dor e da cicatrização. As chamadas MENS (Microcurrent Electrical

 Neuromuscular Stimulators) produzem correntes continuas ou pulsadas com amplitudes

máximas de l.000 mA. Os resultados desse tipo de estimulação são satisfatórios no controle

da dor, na cicatrização de feridas e no controle de edemas. Embora a maior ênfase destetrabalho tenha sido dada aos efeitos da microcorrente na cicatrização das feridas ocorrentes

na pele, existem várias outras áreas nas quais a microcorrente tem sido aplicada. Através

deste estudo podemos esperar, dentro dos limites razoáveis, que a interferência elétrica com

correntes externamente aplicadas por várias formas diferentes interaja de alguma forma com

os eventos elétricos de ocorrência natural aparentemente associados à pele.

Palavras-chave:  Microcorrente, Cicatrização, Dor. 

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INTRODUÇÃO

Nos últimos 15 anos, a eletroterapia tem passado por uma verdadeira revolução

cientifica, acompanhada, felizmente, pelo avanço tecnológico. Os profissionais que vematuando nesta área mudaram seu modo de pensar no sentido de que “quanto mais intensa a

estimulação, maior o resultado” não tem sido cientificamente demonstrado e clinicamente

comprovado e sim passaram a adotar níveis mais baixos de corrente; seguindo o princípio de

Arndt e Schultz (1)  que afirmam que correntes de baixa intensidade estimulam a atividade

fisiológica, enquanto estímulos mais altos podem inibir ou mesmo abolir esta atividade,

Carlucci (2).

A microcorrente é uma corrente galvânica, pulsátil (bifásica), finamente sintonizada

com os níveis elétricos das trocas iônicas que ocorrem constantemente em nível celular Guirro  

(3).

Carlucci (2)  descreve que todos os princípios e achados foram demonstrados, em um

estudo profundo e meticuloso, realizado por Cheng, M.D. na Universidade de Louvain –

Bélgica, aplicando o princípio Arndt e Schutlz (1) e trabalhando com animais em laboratório.

Os resultados deste estudo mostram que a eletroestimulação dos tecidos resultam num

considerável aumento das concentrações de ATP. Com correntes 50 a 1000 µA, os níveis de

ATP aumentaram de 300 a 500%. Com correntes de 100 a 500 µA os efeitos estimulantes

foram similares. Com correntes que excediam 1000 µA, a concentração de ATP estabilizou-se

na quantidade normal e, com 5000 µA, os níveis eram reduzidos significativamente em

comparação com o grupo controle não estimulado afirma Carlucci (2).

Becker (4) também constatou um fato interessante em seus estudos experimentais com

animais, descrevendo um sistema de controle de correntes diretas. Constatou um sinal de

corrente elétrica quando um organismo sofre um trauma, sinal este que emana do sistema

elétrico, chamado de corrente de lesão. Esta corrente de lesão seria responsável por disparar o

inicio de um verdadeiro mecanismo de cura no local.

A cicatrização, crescimento e regeneração em todos os organismos vivos são mediados

por um fluxo endógeno de corrente elétrica afirma Charman (5).

Kahn (6)  conta que nos tecidos lesados, entretanto, uma “interrupção elétrica” toma

lugar, ocorrendo um aumento na resistência ao fluxo elétrico (bioimpedância elétrica), o que

impede a resolução de problemas crônicos e da dor.

A terapia com estimulação por microcorrente pode, então, ser vista como umacatalisadora nos processos iniciais e de sustentação em numerosas reações químicas e

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elétricas que ocorrem no processo cicatricial. A microcorrente acelera em até 500% a

produção do trifosfato de adenosina (ATP), sendo essa molécula a grande responsável pela

síntese protéica e regeneração tecidual devido a sua participação em todos os processos

energéticos da célula relata Guirro (3).

De acordo com Carlucci (2), o tecido saudável é o resultado do fluxo direto de

correntes elétricas pelo nosso corpo. O balanço elétrico é alterado quando o corpo é lesado em

um determinado local, fazendo com que a corrente elétrica mude seu curso. O uso de

microcorrentes sobre a lesão tem o objetivo de normalizar esse fluxo, objetivando o reparo do

tecido. Dados demonstram que o ATP nas células ajuda a promover a síntese protéica e

cicatrização. A necessidade de ATP durante o trauma nos tecidos resulta num decréscimo da

produção de sódio e um aumento no lixo metabólico (H+), que é sentido como dor. O uso demicrocorrente na área lesada ajuda na normalização da corrente elétrica biológica,

aumentando a produção de ATP, resultando numa maior cicatrização e recuperação bem

como minimizando a percepção de dor.

Embora a maior ênfase deste trabalho tenha sido dada aos efeitos da microcorrente na

cicatrização das feridas ocorrentes na pele, existem várias outras áreas nas quais a

microcorrente tem sido aplicada, tais como dor aguda e crônica; inflamação – edema;

sinovite; disfunções músculo-esqueléticas; síndrome pré-menstrual; lesões esportivas:luxações, estiramentos e contusões; condições artríticas; osteoartríte (OA); lombociatalgia;

disfunções têmporo-mandibulares (DTMs); fibromialgia (FMS); fascite plantar; cotovelo de

tenista; síndrome do túnel do carpo (STC); fraturas e calcificação óssea; cicatrização de

feridas e úlceras isquêmicas relata Carlucci (2).

Suas contra-indicações são em síndromes dolorosas onde a etiologia não está

estabelecida; gravidez; usuários de marca-passo; diretamente sobre feridas infectadas; sobre

tumores malignos ou benignos; sobre o globo ocular; sobre o sino carotídeo; osteomielite esobre a musculatura laríngea sugeriu Jeran (7).

No tratamento de feridas a eletricidade foi usada pela primeira vez há 300 anos para

quando chapas de ouro carregadas foram usadas para prevenir escaras da varíola relata

Robinson (8).

Devido às inúmeras publicações nesta área, resolvemos fazer uma revisão

bibliográfica sobre as aplicações da microcorrente na fisioterapia.

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MÉTODOS

Optou-se pela pesquisa exploratória descritiva. Os instrumentos utilizados para a

coleta de dados foi a pesquisa bibliográfica.

A pesquisa bibliográfica utilizada teve como base de pesquisa, artigos encontrados na

Bireme, Scielo e Lilacs, destes foram utilizados os materiais encontrados em português e

inglês publicados até 2004.

Utilizando-se como palavra chave microcorrentes, foram encontrados trinta e dois

artigos, destes, vinte e seis em inglês e seis em português.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Guirro e Guirro (3)  relatam ser o elétron a unidade fundamental da energia. Faraday

denominou anodo o pólo positivo, dando o nome catodo ao negativo. Foi o primeiro apostular que os elétrons movimentavam-se do anodo para o catodo, quando que hoje em dia

se sabe que o movimento é exatamente o oposto, os elétrons deslocam-se do catodo para o

anodo, ou seja, do negativo para o positivo.

Os meios condutores destes elétrons são os sistemas biológicos fluidos, tais como,

sangue, linfa e água, nos quais estão contidos os íons sódio, cálcio, cloretos, que conduzem a

corrente elétrica. Quando a corrente é conduzida por estes íons, ocorre secundariamente o

fenômeno da eletrólise, no qual a eletricidade “quebra” a substância condutora em seus

componentes, como por exemplo, no caso da água, sua molécula é partida em dois átomos de

hidrogênio e um de oxigênio. Este processo ocorre em todos os tecidos orgânicos, tais como,

músculos, ossos e nervos. Este processo de condução é altamente complexo e não totalmente

explicado até o momento. Muitos neurotransmissores têm sua ação particularmente alterada

pela estimulação elétrica. Muitos respondem de forma bem conhecida através de uma

freqüência conhecida de onda, mas ainda há muito que se pesquisar para podermos especificar

o efeito individual de cada forma de onda afirma Guirro e Guirro (3). 

Guirro e Guirro (3)  ainda relata que o controle da corrente é a intensidade, que

determina a quantidade máxima de corrente elétrica que deve ser selecionada para uso. Baixos

níveis de corrente (20 a 40 µA) são os mais indicados para resposta de processos

regenerativos. Enquanto se programa a um nível alto, a ponto de o paciente referir incômodo,

abaixa-se novamente o nível até que não mais refira sensações, é este o nível ideal para o

controle da dor (100 a 600 µA).

Segundo Guirro e Guirro (2004) a neuroestimulação elétrica transcutânea, mais

conhecida como TENS (Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation), é uma técnica que

ocupa lugar de destaque no tratamento da dor (tanto aguda quanto crônica) pela

microcorrente. A explicação dos resultados obtidos com a TENS foi em princípio baseada na

“teoria da comporta”. Esta teoria explica em partes, certos efeitos analgésicos de algumas

técnicas eletroterápicas. Segundo a “teoria da comporta”, estímulos aplicados com

determinada freqüência e características, neste caso através da pele, seriam capazes de

bloquear a passagem de estímulos nociceptivos que se dirigem para os centros superiores do

SNC via medula espinhal. Desta maneira, se tentaria saturar os canais aferentes (que vão doSNP para o SNC) de “informação”. Isto levaria em conta as pesquisas que mostram que as

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terminações nervosas livres (e outras), captam estímulos externos, que produzem a

despolarização das membranas e são conduzidos ao SNC.

Desta forma, o efeito analgésico seria alcançado por estímulos dos nervos aferentes

sensitivos, que com a ajuda de outras estruturas de nosso corpo, produzem e liberam

endomorfinas, responsáveis pela hipoalgesia (diminuição da dor) obtida, concluem em seus

trabalhos Amestoy (10), Low e Reed (11), Robinson e Snyder-Mackler (12).

A força elétrica que estimula os supressores de dor das fibras (A-beta) nervosas

aferente, os quais competem contra os transportadores da dor (fibras A-delta e C) das mesmas

fibras nervosas. Desta forma, as fibras C e A-delta seriam incapazes de transportar os

impulsos de dor do SNP ao SNC relatam em seus estudos De Domenico (13), Bowsher (14),

Kahn (6).Quanto à cicatrização de feridas Kahn (6) relata que ocorre inicialmente com resposta

inflamatória, caracterizada pelo aumento de fluxo sangüíneo, permeabilidade capilar e

migração de leucócitos para a região lesada.

A permeabilidade capilar promove extravasamento de plasma e seus componentes

com formação de exsudato inflamatório. Inicialmente, a ferida é preenchida por coágulo,

fibrina e exsudato formam uma crosta que a isola do meio ambiente quase que imediatamente.

O tecido de granulação ao se contrair, retrai as bordas da ferida para o centro da lesão,permitindo que a área a ser reepitelizada se torne menor. Quando o tecido de granulação é

excessivo, pode ocorrer retardamento da cicatrização relata Kirsch e Lerner (15).

Em teoria, o tecido saudável é o resultado do fluxo direto de correntes elétricas pelo

organismo afirma Wing (16).

Quando o tecido é lesionado, esse fluxo é alterado no local, sendo assim a corrente

elétrica pode estimular a reparação tecidual relata Cheng et al. (17).

O uso da terapia com microcorrentes, sobre lesões cutâneas, tem o objetivo denormalizar o fluxo de correntes, acelerando o reparo e minimizando a dor. Em pesquisa

realizada por médico do comitê olímpico Canadense, ele utilizou elétrodos empregando de 10

a 20µA de corrente, e acelerou a recuperação de atletas feridos com rupturas de tendões relata

Becker (18). Usando micro estimulação, acelerou o período de recuperação de 18 meses para

apenas seis meses relataram também Delitto, Strube e Shulman, (32). Existem dois modos

gerais de tratamentos com microcorrentes para produzir bons efeitos. O módulo analgésico é

usado para reduzir a dor do paciente, este modo consiste em uma forma de onda trapezoidal, a

uma freqüência de 30 HZ, e uma corrente de 80-100 µA. O modo analgésico é sempre

seguido por uma reparação tecidual (ETR), ou o modo curativo ( Enhancement of Tissue

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 Repair ). O modo ETR consiste de uma forma de onda quadrada, bipolar simétrica a uma

freqüência de 0.3 HZ e uma corrente de 20-40 µA. O tratamento comum inclui 10 minutos no

módulo analgésico seguido por 20 minutos no módulo ETP relata Bauer (19). 

Weiss (20)  afirma que há razões para acreditar que a epiderme humana contém uma

bateria cutânea capaz de impulsionar correntes substanciais até as feridas. Se a cicatrização de

uma ferida é medida, pelo menos em parte, por sinais elétricos, então se pode esperar que a

exposição artificial de feridas à estimulação elétrica altere o processo de cicatrização / reparo.

Os tecidos vivos possuem eletropotenciais de corrente direta que aparentemente

regulam, pelo menos em parte, o processo de cicatrização / reparo. Em seguida à lesão do

tecido, é gerada uma corrente de lesão, que, conforme-se pensa, dispara o reparo biológico.

Foi demonstrado que estímulos elétricos exógeno incrementam a cicatrização de feridas tantoem seres humanos como em modelos de animais, demonstrado por Weiss (20).

Jaffe e Vanable (21) mostram que a bateria cutânea dos mamíferos é bastante poderosa

(pelo menos em seres humanos e cobaias) e pode manter voltagens de potenciais transcutâneo

de 80mV (positiva internamente), e tem uma capacidade de impulsão da corrente da ordem de

1 µA/mm de comprimento da ferida.

A pesquisa sobre as baterias cutâneas em mamíferos atingiu um avanço importante em

seguida à publicação do artigo de Barker et al.(22)

, que descreve a bateria cutânea da cobaia.Estes autores demonstraram, na pele, um potencial transcutâneo de 40-80 mV, com a

superfície externa eletricamente negativa, em comparação com os tecidos subdérmicos.

Em seguida, foi estudado o comportamento do potencial cutâneo, após ter sido

praticada uma incisão, foi estabelecido que maior parte da resistência da pele ocorre através

do estrato córneo, mas também foi determinado que o potencial é gerado através das camadas

epidérmicas vivas (estrato granuloso e camada basal). O potencial transcutâneo numa ferida

que foi praticada diretamente através da epiderme é igual à zero, enquanto que, a algunsmilímetros de distância, ocorre uma voltagem transcutânea normal de 40-80 mV. Portanto, há

um gradiente de voltagem lateral entre a ferida e a epiderme adjacente. Este gradiente de

voltagem é abrupto, com um valor médio de 140–20 mV/mm. Junto à ferida, a superfície

externa da camada viva é eletricamente positiva, com relação à camada externa da camada

viva afastada da ferida, concluem Jaffe e Vanable (21).

Esta pesquisa foi estendida por Foulds e Barker (23), quando estes autores tiveram a

oportunidade de medir os potenciais transcutâneo em 17 voluntários humanos não lesionados.

O potencial de superfície foi medido em 121 pontos predeterminados em cada indivíduos,

com relação a um ponto de referência comum que era subepidérmico. O potencial médio para

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todos os pontos em todos os indivíduos foi de 9 a 23 mV, com superfície sempre negativa,

com relação ao ponto de referência. Foi demonstrada uma consistente variação anatômica, e

os maiores potenciais foram medidos nas mãos e nos pés. Não foram detectadas correlações

significativas entre o potencial cutâneo, a idade e o sexo.

O potencial cutâneo parece ser capaz de impulsionar correntes substanciais até as

feridas, sendo de se esperar os gradientes de voltagem lateral demonstrados na cobaia também

existam na pele humana. Foi sugerido por Foulds e Barker (23) e Jaffe e Vanable (21)  que os

gradientes de voltagem lateral podem ser responsáveis pela migração das células epidérmicas

através de uma ferida em processo de cicatrização.

Jaffe e Vanable (21)  observam que, caso se permita que a ferida seque, a corrente é

“desligada”, e o gradiente de voltagem lateral é eliminado. O dessecamento da ferida faz comque ocorra uma elevação na resistência da mesma, e elimina a queda de potencial nas suas

margens.

Foi sugerido por Matolsty et. al (24) que a cascata de eventos ocorrente durante e após o

processo inflamatório / proliferativo da cicatrização pode ter sofrido interrupção, nos casos de

feridas crônicas. Foi também sugerido que a estimulação elétrica destas feridas produz efeitos

que podem “reiniciar” ou “dar partida” para a fase de cicatrização.

Os gradientes de voltagem lateral associados à lesão da pele encontram-se dentro doslimites das potências de campo que, segundo foi verificado em vários experimentos in vitro,

influenciam diversos tipos de células. Além das baterias cutâneas, os potenciais piezoelétricos

(potenciais gerados pela pressão), potencial piroelétrico (potenciais relacionados ao calor) e

potenciais de corrente (entre fluidos carregados) também podem ser considerados como

capazes de exercer influencia no tecido em processo de cicatrização, afirmam Dayton (25)  e

Charmam (5). 

Os distúrbios bioelétricos que ocorrem na lesão persistem por períodos variados,dependendo do tecido envolvido e da extensão da lesão afirma Goldin (26). 

Chang et al. (27) encontram-se entre os que monitoraram a atividade elétrica dos tecidos

lesionados, em seu progresso através de seus processos proliferativo e cicatrizante. Cada um

destes grupos descreveu alterações progressivas associadas ao processo de cicatrização, tendo

obtido resultados com base em estudos de tecidos de mamíferos.

A superfície de uma ferida cutânea recente é eletricamente positiva, em relação à pele

circunjacente, concluem Junqueira e Carneiro (28)  e, em geral, foi demonstrado que esta

magnitude potencial diminui com a progressão do processo de cicatrização.

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Borgens (29) estabeleceu padrões nítidos de comportamento em anfíbios em seguida à

amputação de membros e subseqüente regeneração.

Becker (30)  demonstrou haver diferença em termos do comportamento elétrico, em

espécies que regeneram e em espécies sem esta capacidade.

Nos sistemas regenerativos, em que o tecido perdido é realmente substituído por

tecido similar, a polaridade positiva inicial reverte para uma alta polaridade negativa,

retornando progressivamente ao normal quando o processo de regeneração se completa. Nos

sistemas não regenerativos, a polaridade inicialmente positiva retorna lentamente ao normal,

sem uma fase de polaridade negativa, concluiu Becker (30).

Nova evidencia em apoio à teoria da ação iniciadora / de controle foi derivada de

estudos (em modelos animais), em que a atividade elétrica natural associada ao reparo dostecidos fica inibida ou sujeita à inversão de polaridade. O efeito deste tipo de manipulação é

um retardo significativo, ou, mais comumente, a completa inibição do processo normal de

reparo, afirma Borgens (29).

O uso de potenciais elétricos, campos, e correntes exógenas com vista à facilitação do

processo de cicatrização e reparo dos tecidos estão se tornando uma técnica clinicamente

aceita. Foram identificados mais de 40 artigos publicados tratando desta área de pesquisa. Os

resultados variam com o tipo de tecido, indivíduo estudado, e estimulo aplicado, mas umagrande percentagem destes resultados afirma ter obtido uma melhora significativa da

cicatrização dos tecidos, concluiu Kitchen e Bazin (31).

O estudioso é levado a concluir que os tecidos são eletricamente ativos, e que em

seguida a alguma lesão o comportamento desta atividade elétrica fica modificado, e que, à

medida que tem prosseguimento o processo de reparo, ocorre um progressivo retorno ao

padrão normal de comportamento bioelétrico. Sem necessariamente considerar as mais

amplas implicações do conceito da ação iniciadora / de controle, a evidência fisiológica éforte, e vem ganhando ampla aceitação.

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CONSIDERAÇÕES

Os estudos sobre a aplicação da eletroestimulação para acelerar o processo de

cicatrização ainda têm um longo caminho a percorrer.

Os estudos demonstraram que as aplicações de eletroestimulação por microcorrentes

produz um efeito positivo no processo de cicatrização e reparo e diminuição da dor.

Baseando-se nos estudos realizados, podemos concluir que o uso da estimulação por

microcorrentes nos processos de cicatrização e reparo são de grande valia para os protocolos

de tratamentos pré e principalmente pós-cirúrgicos.

Nos tratamentos pós-cirúrgicos há diminuição da dor, do edema e da inflamação,

assim, mostrando-se muito eficiente no controle da inflamação, tendo como conseqüência

imediata a supressão das dores agudas, e ainda a aceleração das cicatrizações.

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7/16/2019 Uso Da Microcorrente Em Fisioterapia Reviso de Literatura

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ABSTRACT

The objective of this work was to carry through a bibliographical revision on the use of theelectrotherapy in the physiotherapy. The electrotherapy can contribute very in the control of

pain, the directed physical activity and the improvement of the postural standard, and hasshown efficient in the reduction of the symptoms and the significant improvement of thequality of life of the patients. The application of electric pulses with therapeutical ends, orElectrotherapy, is one technique consolidated in the treatment of patients in whitewashing andcicatrization of wounds. Amongst the resources used for the electrotherapy, the microchainscome being what more it has presented resulted as ally in the treatment of pain, thecicatrization and, still, in aesthetic to the being used as supporting in the treatment of thecellulitis and the rifling. Calls MENS (Microcurrent Electrical NeuromuscleStimulators) arethe classroom most recent if to become commercially available, and such classroom produceschains continues or beaten with maximum amplitude of l.000 mA. The results of this type ofstimulation are entertainers in the control of pain, the cicatrization of wounds and the control

of swelling. Although the biggest emphasis of this work has been given to the effect of themicrochain in the cicatrization of the currents wounds in the skin, other areas in which existseveral the microchain have been applied. The questions related to the lack of criteria in theadjustment of the stimulation parameters intervene with the quality of the therapy that in thepractical clinic is the position of the experience of the physiotherapist. Through this study wecan wait, inside of the reasonable limits that the electric interference with chains externalapplied by some different forms apparently interacts of some form with the electric events ofnatural occurrence associates to the skin.

Key-words: Microcurrent, Cicatrization, Pain.

Valéria Aiko MiyashitaFisioterapeuta, Especialista em Acupuntura IBRAHO/ABA e Especialista em Dermato-Funcional UFMS.