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1 USO DE CONCRETO PERMEÁVEL EM PAVIMENTOS DRENANTES Ana Caroline de Oliveira Belussi¹ - UNITOLEDO Priscila Pazetto Máximo² - UNITOLEDO Pedro Sérgio Hortolani Rodrigues³ - UNITOLEDO RESUMO Atualmente os problemas associados às ocorrências de inundações são frequentes nos centros urbanos brasileiros. Uma das alternativas para esses problemas consiste no uso de pavimentos permeáveis, pois estes reduzem o escoamento superficial e retardam a chegada de água no subleito, reduzindo a erosão. Neste artigo será apresentado um estudo experimental de modo a desenvolver um concreto permeável com boa trabalhabilidade, permeabilidade e em que se consiga uma resistência considerável. .Palavras-chave: Concreto Permeável, Resistência, Permeabilidade. ________________________________________________________________________ ¹Graduanda em Engenharia Civil UNITOLEDO (2016) ²Graduanda em Engenharia Civil UNITOLEDO (2016). ³Mestre em Engenharia Civil UNESP (2007).

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USO DE CONCRETO PERMEÁVEL EM PAVIMENTOS DRENANTES

Ana Caroline de Oliveira Belussi¹ - UNITOLEDO

Priscila Pazetto Máximo² - UNITOLEDO

Pedro Sérgio Hortolani Rodrigues³ - UNITOLEDO

RESUMO

Atualmente os problemas associados às ocorrências de inundações são frequentes nos

centros urbanos brasileiros. Uma das alternativas para esses problemas consiste no uso de

pavimentos permeáveis, pois estes reduzem o escoamento superficial e retardam a chegada de

água no subleito, reduzindo a erosão. Neste artigo será apresentado um estudo experimental

de modo a desenvolver um concreto permeável com boa trabalhabilidade, permeabilidade e

em que se consiga uma resistência considerável.

.Palavras-chave: Concreto Permeável, Resistência, Permeabilidade.

________________________________________________________________________

¹Graduanda em Engenharia Civil – UNITOLEDO (2016)

²Graduanda em Engenharia Civil – UNITOLEDO (2016).

³Mestre em Engenharia Civil – UNESP (2007).

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USE OF PERMEABLE CONCRETE IN DRAINING FLOORS

ABSTRACT

Currently the problems associated with flood occurrences are frequent in Brazil's

urban centers. An alternative to these problems is the use of draining floors, because it

reduces the runoff and retard the water arriving at the subgrade reducing erosion. Here we

conducted an experimental study in order to develop a permeable concrete having good

workability permeability and which achieves a considerable resistance.

Key-works: Permeable Concrete, Resistance, Permeability.

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1. INTRODUÇÃO

As enchentes são fenômenos cada vez mais frequentes nas cidades, prejudicando os

seus habitantes e trazendo grandes prejuízos. Isso ocorre devido ao grande aumento da taxa de

impermeabilização do solo que é evidenciado hoje em dia nas áreas urbanas. A exemplo dos

telhados, calçadas, ruas, estacionamentos, construção de grandes edificações e pavimentação

de zonas publicas (diminuindo áreas de superfícies de absorção).

As ações públicas para as soluções desses problemas no Brasil estão voltadas, em

grande parte das vezes, somente para as medidas estruturais. As soluções geralmente

deparadas por parte do poder público têm sido as redes de drenagem, que facilmente deslocam

a inundação de um ponto para outro, sem que se avaliem os reais privilégios da obra

(ARAÚJO; TUCCI; GOLDEFUM, 2000).

A fim de minimizar esses efeitos de enchentes/alagamentos, sistemas de drenagem

mais eficazes são necessários. O problema geralmente é por conta de obras muito complexas,

demoradas e de um alto custo. O concreto permeável vem sendo inserido no comércio,

trazendo para os utilitários uma solução viável, respondendo significativamente no quesito

infiltração e permeabilidade, além de ser simples, ter baixo custo e por sua rápida aplicação.

O uso do mesmo pode eliminar a necessidade de medidas relativamente caras para o controle

do escoamento das águas pluviais, tais como bacias de retenção, valas e lagoas. Pode ser

utilizado em locais como pavimentos de baixo volume de trânsito, a exemplo de calçadas,

decks de piscinas, praças e estacionamentos.

Isso porque o concreto permeável traz consigo benefícios importantes ao meio ambiente,

permite que a água das chuvas passe através dele e seja armazenada nas camadas inferiores, base

e sub-base, até ser conduzida ao lençol freático por meio do subleito ou então levada ao sistema

de drenagem da cidade. Sem perder espaço de pavimentação, tem-se uma área apta para absorver

precipitações, evitando enchentes e recarregando o aquífero subterrâneo.

A principal diferença entre o concreto convencional e o poroso é o índice de vazios, isto é,

o concreto permeável possui em sua estrutura grande índice de vazios (poros) no qual

permitem ser altamente permeável, facilitando o escoamento da água. Sua composição

basicamente é formada de aglomerante (Cimento Portland), agregado graúdo (pedrisco),

pouco ou nenhum agregado miúdo (areia).

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Para contribuir ao concreto permeável um melhor desempenho, durabilidade,

resistência e trabalhabilidade pode-se utilizar diferentes tipos de adições e aditivos que

possuem as finalidades desejadas em ultimo caso (BATEZINI, 2013).

2.0 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Drenagem Urbana

O grande desenvolvimento urbano no Brasil ocorreu no final dos anos 1960 até o final

dos anos 1990, quando o país passou de 55 % de população urbana para 76 %. Esta

concentração de população ocorreu principalmente em grandes metrópoles com crescimento

da poluição e da frequência das inundações em função da impermeabilização e da

canalização. Nos últimos anos, o aumento da população urbana acontece principalmente na

periferia das metrópoles, envolvendo áreas de mananciais com risco de inundação e de

escorregamento. Este processo demasiado atua propriamente sobre as inundações pela

ausência de infra-estrutura e da capacidade que o poder público possui para cobrar a

legislação (TUCCI, 2003).

O Brasil está totalmente vinculado ao aquecimento global, sujeito à variabilidade

natural das estações colocando importantes fatores adicionais para seu agravamento, sujeitos a

seca em áreas da região Norte, e a enchentes, como consequência deslizamentos de terra, na

região Sul e Sudeste. Isto é, o país passa por uma situação precária onde não há escoamento

suficiente, causando impactos a toda população, mas esses distúrbios são devido ao aumento

populacional e decorrente da grande impermeabilização dos centros urbanos, atualmente o

mais viável é a drenagem urbana que é um conjunto de soluções que visa diminuir danos à

população, proporcionando menos prejuízos e possibilitando um desenvolvimento urbano

mais sustentável (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

A drenagem urbana tem-se desenvolvido com a intenção de drenar a água das

precipitações o mais ligeiro possível para jusante, produzindo crescimento da frequência e

magnitude das enchentes. Este aumento traz consigo o acréscimo da produção de lixo e a

deterioração da qualidade de água (ARAÚJO; TUCCI; GOLDEFUM, 2000).

Portanto, deve-se considerar medidas para atenuar ou até eliminar o escoamento

superficial. O uso de pavimentos permeáveis é uma solução viável e totalmente positiva

(LAMB, Gisele Santoro, 2014).

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2.2 Pavimentos Permeáveis

Atualmente áreas urbanas estão densamente ocupadas, as superfícies destinadas ao

sistema viário e às áreas de estacionamento ocupam espaços consideráveis, ou seja, tudo isso

contribui significativamente para possíveis inundações futuras. Portanto, é necessário ter mais

atenção ao uso de pavimentos permeáveis, pois visam minimizar o escoamento superficial e

para problemas de inundações urbanas (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

A estrutura de um pavimento permeável deve ser dimensionada considerando-se a

chuva da região, um determinado período de retorno, e de acordo com as características de

permeabilidade e suporte do solo e ainda o considerando-se o nível do lençol freático (LAMB,

Gisele Santoro, 2014).

Um tipo de dispositivo capaz de restringir volumes de escoamento superficial e vazões

de pico a níveis iguais ou até inferiores aos analisados antes da urbanização, diminuição do

impacto da qualidade da água e dos sedimentos é o pavimento permeável (ARAÚJO; TUCCI;

GOLDEFUM, 2000).

O pavimento permeável é um mecanismo de infiltração da água, onde o escoamento

superficial é desviado através de uma superfície permeável para dentro de um reservatório de

pedras, por onde infiltra através do solo, podendo sofrer evaporação ou mesmo alcançar o

lençol freático (ACIOLI, 2005 apud URBONAS; STAHRE, 1993).

Em um contexto geral, utilização dos pavimentos permeáveis, pode indicar uma perda

dos volumes escoados e do tempo de resposta da bacia para condições similares ou até

mesmo, dependendo das características do subsolo, melhores condições que as de pré-

desenvolvimento, utilizando-o corretamente, obedecendo seus limites físicos, desde que seja

mantido periodicamente com uma manutenção preventiva, evitando assim a colmatação do

pavimento permeável (entupimento do pavimento) (ARAÚJO; TUCCI; GOLDEFUM, 2000).

2.3 Características

Normalmente o concreto permeável possui uma resistência inferior aos demais

concretos, devido sua alta porosidade. Em função disto, seu uso é limitado, em áreas de

tráfego leve e pouco intenso (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

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Os concretos permeáveis são caraterizados por sua estrutura, sendo ela rugosa e

ríspida, isso por conta dos índices de vazios presentes. Isso se dá por ausência ou pouca

presença do agregado miúdo, elevando seu coeficiente de atrito (LAMB, Gisele Santoro,

2014).

A massa específica e os índices de vazios do concreto permeável variam em relação da

proporção relativa de cada material presente na mistura, bem como o método de compactação

utilizado. A massa específica aparente do concreto permeável, no estado fresco, varia em

torno de 1.300 à 2.000 kg/m³ (TENNIS et al., 2004).

O valor ressaltado dos índices de vazios influencia diretamente as características de

resistência mecânica do material endurecido. Quando o material possuir índices menores do

que 15%, denomina-se de baixa porosidade, e quando possuir índices acima de 30%,

denomina-se intensamente poroso. É indicado que utilizem índices de vazios na ordem de

20% para garantir coincidentemente as boas características de resistência e permeabilidade

desse tipo de concreto. (TENNIS et al., 2004).

A relação entre rigidez e quantidade de água no concreto permeável não é clara quanto

em um concreto convencional, já que a existência de vazios altera-se a resistência geral da

peça. A quantia correta de água pode ser identificada quando a massa atinge certo brilho de

umidade, sem ficar liquefeita (ACI, 2006).

A resistência que se busca para este concreto vai variar de acordo com a quantidade de

agregados graúdos, areia , cimento e água. Nesse caso permeabilidade e resistência são fatores

inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior a resistência, menor será a permeabilidade.

O principal ligante hidráulico utilizado como aglomerante em concretos permeáveis é o

cimento Portland (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

2.4 Aplicações

O concreto permeável pode ser aplicado em variadas situações. Segue alguns

exemplos que se destacam: calçadas, estacionamentos, decks de piscinas, ruas de baixo

tráfego, parques, praças, pátios residenciais, campos de golfe, quadra de tênis, estabilização

de encostas, forros, estruturas hidráulicas, estufas de plantas, como barreiras acústicas, em

isolamento térmico de paredes e em muros de arrimo (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

Na Europa tem sido utilizado por muitos anos como material de vedação, já nos

Estados Unidos, empregado para a pavimentação (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

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O ponto essencial, quanto a utilização do concreto permeável, é a grande ampliação

para os impactos analisados durante as enxurradas urbanas, possibilitando a infiltração direta

para o subsolo. Por outro lado uma vez que saturado em excessivos volumes de precipitação,

este pavimento poderá apresentar uma diminuição de sua eficiência do que a considerada

perante as análises (ARAÚJO; TUCCI; GOLDEFUM, 2000).

A utilização do mesmo se torna econômica, visto que, diminui a necessidade de

retentores de enxurradas, como piscinões, bombas, tubulação de drenagem e entre outros

sistemas de drenagem, reduzindo assim custos, além priorizar o solo de acordo com sua área

útil (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

2.5 Manutenção

O concreto permeável não precisa de muitas manutenções, em alguns casos funciona

com pouca ou até nenhuma. Em sua região é interessante o uso de um paisagismo circundante

para evitar certos fluxos em sua superfície (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

Caso haja entupimento será necessário a aspiração do local, a fim de remover os

detritos ali alojados. Também pode ser utilizado a lavagem sobre pressão (LAMB, Gisele

Santoro, 2014).

Segundo Kuang et al. (2007), a permeabilidade em pavimentos de concreto permeável

desse tipo tende a reduzir com o passar do tempo, sendo que processo de manutenção e de

restauração da eficiência permeável devem ser executados com frequência máxima de seis

meses. Ao se aplicar o sistema de limpeza de pavimentos a vácuo, por exemplo, consegue-se

readquirir em torno de 80% a 90% da capacidade inicial de condutividade hidráulica do

mesmo.

2.6 Atenuar Inundações pelo aumento de Superfícies Permeáveis

Atualmente, na percepção moderna é notório que drenagem urbana não deve ser

apenas considerada como um conjunto de ações isoladas, voltadas para as grandes obras das

empresas de engenharia, com a intenção de resolver problemas já existentes. Em um âmbito

geral, as águas decorrentes pela chuva são introduzidas por meio de bocas de lobos em vias

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públicas, e descarregadas em condutos subterrâneos, e após, lançadas em cursos d´água

naturais (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

Novos modelos, já empregados em muitos países desenvolvidos, englobam algumas

técnicas inovadoras da engenharia com a construção de estacionamentos permeáveis e de

canais abertos com vegetação a fim de atenuar as vazões de pico e diminuir a concentração de

poluentes das águas de chuva nas áreas urbanas. Princípios modernos da drenagem urbana

pluvial direcionam que novos desenvolvimentos não podem amplificar a vazão de pico das

condições naturais (controle da vazão de saída), que o planejamento da bacia deve inserir o

controle do volume e que deve impedir a transferência dos impactos para jusante. O controle

da drenagem na fonte pode ser efetuado através de áreas de infiltração e de trincheiras, de

pavimentos permeáveis ou de detenção. O principio é acondicionar a vazão preexistente, não

transferindo impacto do novo desenvolvimento para o sistema de drenagem (TUCCI, 2007).

O interessante quando o assunto é pavimento permeável, é que além da função em

pavimentos, pode possuir a capacidade de armazenamento, favorecendo a infiltração e o

retardo no escoamento. Mas o que realmente vislumbrou os olhos de estudiosos, foi o uso do

mesmo na fabricação de elementos em sistemas de drenagem. Sendo assim, o uso concreto

poroso se estende para impedir o bloqueio dos sistemas, e ingresso de detritos nas

canalizações e tubulações (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

2.7 Sistemas de Drenagem Pluvial

Têm-se notado uma grande inutilidade das redes pluviais, visto que a grande maioria

dos sistemas atuais encontra-se ultrapassado, não atendendo mais as precisões dos grandes

centros urbanos, que, facilmente, cresceram-se e estenderam para além de seus limites,

envolvendo todo fluxo na água na bacia (ACIOLI, 2005).

Algumas técnicas poderiam solucionar esse problema, são elas: utilização de bacias ou

reservatórios de detenção (podendo ser de diversas escalas), uso de estruturas que facilitam a

percolação e infiltração (trincheiras, poços, valas, valetas e outras), utilização de pavimentos

porosos (destinados ao armazenamento temporário e infiltração, em áreas de estacionamentos

e em sistema viário), canalizações no curso d’água com técnicas que favoreçam o escoamento

lento ou a detenção de temporárias de águas (LAMB, Gisele Santoro, 2014).

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Anteriormente foram citados alguns exemplos de novos métodos para solucionar o

problema relacionado a drenagens urbanas, todos eles têm o intuito de facilitar a infiltração

das águas, além de reduzir os volumes de escoamento superficial, e também desempenham

um papel na compensação de perdas de recarga de reservas d’água subterrâneas (LAMB,

Gisele Santoro, 2014).

3. OBJETIVO

Originar um traço de concreto permeável que possa fornecer boas condições de

trabalhabilidade e permeabilidade além de uma resistência adequada, para apontar possíveis

aplicações práticas.

4. METODOLOGIA

Visto isso, junto ao Centro Universitário Toledo Araçatuba/SP em seu Laboratório de

Engenharia Civil - LEC, busca-se neste artigo conduzir um primeiro estudo sobre o concreto

permeável com função estrutural que apresente boas condições de infiltração.

Foram realizados dois tipos de métodos, para análise de permeabilidade, resistência e

trabalhabilidade. Inicialmente foram desenvolvidos quatro tipos de traço para as placas e

posteriormente, dois tipos de traços para corpos-de-prova em formato de paver.

Observa-se inicialmente a obtenção de um material com boa trabalhabilidade de forma

a atingir boas amostras para ensaio, o procedimento experimental foi verificar o

comportamento de quatro traços diferentes, ensaiando suas resistências à compressão axial e

condições de permeabilidade.

Nos traços utilizou-se Cimento Portland CPII E32, pedrisco, areia grossa e água nas

proporções apresentadas na Tabela 1.

Previamente todo pedrisco foi posto em uma betoneira com parte da água, na

sequência, foi inserido todo o cimento e a areia (nos traços que utilizaram à areia) concluindo

com o restante da água (Figura 1). Posteriormente aferiu a conformidade da mistura, foi

efetuado o ensaio de slump test obedecendo a Associação Brasileira de Normas Técnicas -

ABNT (1998), pela sua NBR NM 67.

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Tabela 1 - Traços experimentais do concreto permeável em formato de placas

Traço Cimento (Kg) Pedrisco (Kg) Areia (Kg) Água (L)

Traço 1 (T1) 1 2,5 0 0,37

Traço 2 (T2) 1 3 0 0,37

Traço 3 (T3) 1 3 0,1 0,37

Traço 4 (T4) 1 3 0,2 0,37

Fonte:

Foi moldada uma placa com dimensões de 56x20x07cm para cada traço, que foi

utilizada tanto para conferir as propriedades de permeabilidade, como nos ensaios de

resistência a compressão axial aos vinte e oito dias de cura.

Para as placas, primeiramente foi feito um ensaio de permeabilidade. Este ensaio

consistiu em simular uma chuva utilizando um regador de jardim, onde foi colocada a

quantidade de 2 litros de água e depois despejada nas placas observando a permeabilidade das

mesmas. As placas foram pesadas antes e depois dos ensaios, a fim de saber a quantidade de

água absorvida. Após a realização de cada ensaio a bandeja (pesada inicialmente) que estava

como suporte de armazenamento da água excedente das placas, foi novamente pesada para

saber a quantidade de água que infiltrou pelas placas. Para o controle da quantidade de água,

utilizou-se uma bandeja (Figura 2).

Figura 1 – Agregados a serem inseridos na betoneira. Figura 2 – Ensaio de permeabilidade.

Fonte: Próprio autor. Fonte: Próprio autor.

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Na sequência as amostras foram capeadas com gesso (Figura 3) e realizado o ensaio de

resistência axial (Figura 4) orientado pela ABNT (2013), pela sua NBR 12118.

Figura 3 – Placas capeadas com gesso.

Fonte: Próprio autor.

Figura 4 – Ensaio de resistência à compressão axial.

Fonte: Próprio autor.

Foi desenvolvido o segundo método com corpos-de-prova em formatos de pavers,

conforme especificado anteriormente. Os materiais utilizados para os traços foram Cimento

Portlland CPII E32, pedrisco, areia grossa e água nas proporções apresentadas na Tabela 2.

Em seguida foi necessário o uso de uma masseira para homogeneizar os agregados.

Tabela 2 - Traços experimentais do concreto permeável em formato de paver.

Traço Cimento (Kg) Pedrisco (Kg) Areia (Kg) Água(L) Quantidade de

Amostras

Traço 1 (T1) 1 3 0,05 0,37 10

Traço 2 (T2) 1 3 0,10 0,37 10

Fonte: Próprio autor.

Primeiramente foi inserido todo o pedrisco, na sequência foi adicionado o cimento,

areia (nos traços que utilizaram areia) e água. Após obter homogeneidade da mistura, foram

moldados corpos de prova em formato de pavers com dimensões 20x10x06cm, respeitando a

NBR 9781, sendo dez corpos de prova separados para ensaio de 28 dias.

Após 24 horas foram desmoldados e armazenados em solução de água saturada com

cal.

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Figura 5 – Corpos de prova capeados com enxofre. Figura 6 – Ensaio de resistência de compressão axial.

Fonte: Próprio autor.

Fonte: Próprio autor.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ensaio do slump test, devido ao alto índice de vazios da mistura e a pouca

quantidade de água adicionada, obteve-se um valor próximo a zero (Figura 7).

De qualquer forma, com essa consistência conseguiu-se uma trabalhabilidade

considerável para a moldagem das amostras.

Figura 7 - Execução do Slump test para as placas.

Fonte: Próprio autor.

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Os resultados dos ensaios de compressão axial das placas aos vinte e oito dias estão

dispostos na Tabela 3. E os resultados dos ensaios de compressão axial dos corpos-de-prova

em formato de pavers para vinte e oito dias pode ser visualizado através da Tabela 4 e as

médias dos ensaios através do Gráfico 1 e 2.

Tabela 3 - Resultados dos Ensaios de Compressão Axial das Placas.

TRAÇO T1 T2 T3 T4

IDADE 28 dias 28 dias 28 dias 28 dias

Resistência (MPa) Resistência (MPa) Resistência (MPa) Resistência (MPa)

Resultado 15,45 15,28 15,41 15,49

Fonte: Próprio autor.

Gráfico 1 - Resultados dos Ensaios de Compressão Axial das Placas.

Fonte: Próprio autor.

15,15

15,2

15,25

15,3

15,35

15,4

15,45

15,5

15,55

1º Traço 2º Traço 3º Traço 4º Traço

Resistência (MPa)

1º Traço

2º Traço

3º Traço

4º Traço

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Tabela 4 - Resultados dos Ensaios de Compressão Axial dos Pavers.

TRAÇO T1 T2

IDADE 28

dias

28

dias

Resistência (MPa) Resistência (MPa)

CP1 27,24 22,32

CP2 24,37 11,92

CP3 17,48 23,15

CP4 17,63 30,02

CP5 22,32 40,98

CP6 20,52 25,28

CP7 17,79 26,93

CP8 19,89 30,77

CP9 22,70 26,91

CP10 18,86 26,70

MÉDIA 20,88 26,50

Fonte: Próprio autor.

Gráfico 2 - Resultados dos Ensaios de Compressão Axial dos Pavers.

Fonte: Próprio autor.

0

5

10

15

20

25

30

1º Traço 2º Traço

Resistência (MPa)

1º Traço

2º Traço

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Na condução do ensaio de permeabilidade referente às placas, os dados referentes à

absorção de água estão dispostos na Tabela 5 e o resultado da água de infiltração na Tabela 6.

Tabela 5 - Valores de água absorvida pela placa de concreto permeável (em massa).

Traço 1 Traço 2 Traço 3 Traço 4

Tara da Placa Seca (Kg) 15,12 13,61 15,37 15,67

Tara da Placa Úmida (Kg) 15,41 13,91 15,69 15,87

Água Absorvida (Kg) 0,29 0,30 0,32 0,20

Fonte: Próprio autor.

Tabela 6 - Resultado da água retida na bandeja.

Traço 1 Traço 2 Traço 3 Traço 4

Tara da Bandeja (Kg) 2,02 2,02 2,02 2,02

Tara da Bandeja Úmida (Kg) 3,72 3,65 3,65 3,74

Água Retida (Kg) 1,70 1,63 1,63 1,72

Fonte: Próprio autor.

Para o Traço 1, tivemos 99,50% de permeabilidade e em sequência Traço 2 (96,50%),

Traço 3 (97,50%) e Traço 4 (96,00%).

Com esses resultados, observa-se que nos traços que apresentam agregados miúdos na

sua composição teve-se maior resultado de absorção de água, consequentemente menor

permeabilidade, perante a um melhor comportamento estrutural. No Traço 4 não obteve-se

bons resultados de permeabilidade, tendo a água que escorrer para as extremidades da placa

também não produzindo dados confiáveis, devido ao elevado índice de areia. Para os fins que

desejamos a este material, mixando boa resistência com boa permeabilidade, este traço não

atende.

Conforme os gráficos acima, pode- se notar que em relação à compressão axial as

placas obtiveram resultados superiores à 15MPa, sendo assim os pavers retribuem de uma

forma mais satisfatória obtendo média de 34,13MPa, no quesito resistência e trabalhabilidade.

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6. CONCLUSÕES

Verificando os resultados para as amostras ensaiadas em formato de placas,

caracterizam-se valores significativos em relação à permeabilidade e resistência. Ainda

referente às placas, a resistência a compressão aos 28 dias em qualquer um dos traços

analisados ter sido superior a 15MPa, também viabiliza a aplicação inicial do material em

calçadas, ciclovias e estacionamentos com tráfego leve. Apesar das amostras consideradas

terem apresentado boas condições de permeabilidade, estudos mais precisos sobre essa

propriedade também devem ser conduzidos.

Com um mesmo comportamento, os traços desenvolvidos em formato de pavers,

também obtiveram resultados satisfatórios, levando em consideração a resistência e

trabalhabilidade. O que caracteriza o primeiro traço é a permeabilidade, com resistência

média de 20,88MPa e em relação ao segundo traço é a resistência e trabalhabilidade, com

média de 26,50MPa.

É notável a introdução do uso de areia nos diferentes traços em relação á resistência e

permeabilidade. Ela possui um papel fundamental quando há quantidade maior inserida,

porém sua permeabilidade será menor. Já com menor uso de areia, como consequência, sua

resistência reduz, porém o índice de escoamento sobre o concreto se sobressai.

A utilização do concreto permeável em pavimentos compõe um conjunto soluções

para atenuar os problemas de enchentes, devido à melhoria das condições de escoamento

superficial. Apesar de se apresentar como uma alternativa viável, ainda há a necessidade de

maiores estudos sobre suas características e comportamento.

Page 17: USO DE CONCRETO PERMEÁVEL EM PAVIMENTOS DRENANTES · denomina-se intensamente poroso. É indicado que utilizem índices de vazios na ordem de 20% para garantir coincidentemente as

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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