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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS UFAMCentro de Cincias do Ambiente - CCA
Programa de Ps-Graduao em Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia - PPG/CASA
JSSICA CANCELLI FARIA GONTIJO
Manaus, 2008
Uso e caractersticas dos fragmentos florestais urbanos da cidade de Manaus/AM.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS UFAMCentro de Cincias do Ambiente - CCA
Programa de Ps-Graduao em Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia - PPG/CASA
JSSICA CANCELLI FARIA GONTIJO
Orientador: Dr. George Henrique Reblo
Manaus, Amazonas Agosto, 2008
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Dissertao apresentada Coordenao do Programa de Ps-graduao em Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia
PPG-CASA/UFAM, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de mestre
em Cincias do Ambiente.
Uso e caractersticas dos fragmentos florestais urbanos da cidade de Manaus/AM.
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FICHA CATALOGRFICA
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SINOPSE: Foram estudados os fragmentos florestais urbanos da cidade de Manaus, verificando a distribuio e abundncia, relacionando caractersticas da expanso da cidade com a presena e sobrevivncia destas reas. Foram estudados as populaes humanas de quatro fragmentos da cidade, o uso de recursos naturais e conhecimento sobre as reas florestais da cidade, e relacionando os diferentes usos com o tamanho das reas e o tipo de matriz inter-habitat.
Palavras-chave: Fragmentao, Populaes humanas, uso de recursos naturais, urbanizao na Amaznia.
Cancelli, Jssica Usos e caractersticas dos fragmentos florestais urbanos da cidade de Manaus, AM. / Jssica Cancelli--- Manaus : [s.n.], 2008. 91 f.Dissertao --- UFAM, Manaus, 2008. Orientador: Dr. George Henrique Reblo. Cincias do Ambiente1. Fragmentos urbanos Manaus Processos histricos. 2. Populaes humanas Recursos naturais- Conservao.
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AGRADECIMENTOS
Agradecer apenas um pequeno gesto diante da ajuda e disposio dos parceiros que direta
ou indiretamente contriburam e possibilitaram este estudo.
Ao meu orientador Dr. George H. Reblo que sempre esteve disposto a me ajudar, com
crticas positivas, aceitando minhas escolhas, incentivando a leitura e dando aulas sobre os
mais diversos assuntos a cada bate-papo no laboratrio;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) pela bolsa de
mestrado, UFAM e ao INPA pela logstica de trabalho;
Ao meu financiador Rgis que comprou computador, gps, gasolina, e arcou com as
despesas de uma correia dentada quebrada. Obrigada!
coordenao do PPG/CASA, em especial prof. Dra. Sandra Noda, que sem saber me
fortaleceu e me fez perceber que preciso emanar muita energia para as pessoas.
secretaria do PPG/CASA, aqui representada pela Rai que de maneira sempre tranqila
me ajudou com todas as papeladas burocrticas;
turma do laboratrio de manejo de fauna: Franci, Net, Adri, Jackson, Tony, Butch e em
especial Duka, menina to querida e meiga que esteve sempre disposta a me ouvir e
incentivar nos momentos mais delicados deste estudo;
Aos guias que me orientaram nas trilhas dos fragmentos: Agenorzinho, Seu Tobias,
Wellington, e todos os demais, e que sem essa ajuda este estudo seria invivel;
A todos os meus professores de graduao que me ensinaram sobre a Amaznia e suas
riquezas;
Aos participantes das reunies e usurios entrevistados que deram verdadeira aula sobre os
fragmentos florestais urbanos;
turma do curso de pos-graduao: Larissa, Nilza, Ana Cludia, Ana Torres, Yeda,
Mariana, Jozi, Augusto, Eduardo, Patrcia, Glaubcia, Jemima, Wanderley, Tarcsio, e em
especial os amigos: Andr, Serginho e Esner, companheiros sempre;
Ao meu grande amigo e orientador eterno, Renato Cintra, pessoa maravilhosa que sempre
me ajudou em tudo.
A todos os amigos, de todos os lugares, de todos os tempos, que me ajudaram a crescer e
me tornar uma pessoa melhor;
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minha me, a melhor de todas, a pessoa que mais admiro na vida, e que faz eu me sentir
a criatura mais especial do mundo;
Ao meu pai in memoriam que sempre nos incentivou a estudar e que faz uma falta
enorme na minha vida, todos os dias;
minha irm Nbia, que mesmo distante, est sempre perto;
minha irm Natalie, que me apoiou, e est sempre ao meu lado. Conseguimos nos tornar
melhores amigas;
Aos meus irmos Pamella e Jnior. O tempo nos aproximar novamente.
minha sobrinha Rebeca que mais parece minha filha;
s minhas filhas, Giovanna e Marcella, as quais eu amo mais do que tudo nesta vida, e a
quem dedico este estudo. Vocs s me fazem bem, me permitem ser criana novamente, e
ver o mundo de uma forma mais simples.
Ao Rgis, companheiro sempre, que me deixa seguir os meus sonhos, e est sempre ao meu
lado. Agradeo por agentar meus dias de mau humor, e por ser carinhoso comigo.
s musicas de Bob Marley, que me acompanharam durante todo o estudo, campo e
laboratrio, e sempre trouxe energias positivas para a minha vida.
minha famlia: me, irms, filhas, sobrinha e marido, que a melhor do mundo. Amo
vocs.
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How many rivers do we have to cross? (Bob Marley)
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RESUMO
O estudo investigou a variao nos atributos de fragmentos florestais urbanos (FFU)
(representando 48% da rea total da cidade) em relao ao seu grau de isolamento dentro da
rea urbana. Foram estudados 56 FFUs entre trs e 578 ha (0.578 km) distribudos em seis
zonas administrativas (norte, sul, leste, oeste, centro-sul, centro-oeste), sendo 26 FFU de
propriedade privada e 30 pblicos, entre 10 e 90 anos de idade. A distncia dos fragmentos
em relao ao centro da cidade variou de 2,25 a 14,88 km. Resultados de regresso logstica
sugerem que quanto maior a distncia do centro significativamente menos fragmentos so
de propriedade privada. A matriz do entorno dos fragmentos apresentou seis categorias
sendo que em fragmentos menores do que 90 ha a categoria habitao foi mais abundante
(48,9%) e em fragmentos maiores do que 90 ha foi a categoria instituio (42,8%).
A relao entre os recursos naturais existentes nos FFU e as populaes humanas foi
estudada em quatro fragmentos: UFAM (578ha), SUMAMA (51ha), SESI (52ha) e
MIND (40ha). Foram listados 32 recursos utilizados sendo divididos em usos de
subsistncia e usos sociais. A curva de acumulao de uso de recursos baseada na coleta de
informao atravs de mapeamento participativo, entrevistas individuais com usurios e
visitas de campo ainda no se estabilizou, sugerindo haver mais usos no relatados,
considerando que devem incluir perto de 40 usos e recursos diferentes. A maior diversidade
de usos de recursos foi no fragmento do SESI, assim como riqueza e dominncia, e sugere
que no haja relao entre a rea do fragmento e a diversidade de usos, pois o fragmento da
UFAM era o maior dentre os quatro fragmentos (578ha), mas apresentou a segunda maior
diversidade. Os fragmentos do SUMAMA e SESI tiveram maior similaridade de usos,
sendo 14 usos em comum, enquanto o MIND se destacou dos demais na anlise de
agrupamento.
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ABSTRACT
The main goal of this study is to relate FFUs spatial distribution and area with the
characteristics as of avocation from the city. 56 FFU were identified ranging in size
between three and 578.6 hectares. Regarding the property regime 26 FFU were private and
30 were public land. Preliminary results on the status of property (private = 1; public = 0)
showed significant relationship between the status and FFU areas. Six categories of FFU
occupation were identified in the urban areas surroundings the fragments. The FFU varied
17 to 90 years in agreement to the history of the city expansion and producing FFU from
2.25 to 14.88 km from city downtown and the distance of these fragments as far as the city
centre variation 2.25 the one 14.88 Km.
The relation between human population and natural resources listed 32 uses in four
fragments: UFAM, SUMAMA, SESI an MIND, separated in customs and socials uses.
The use curve of accumulation based in participatory diagnostic, interviews did not
establishment and suggest there are another uses did not related, whereas that must add in
around 40 customs. The most diversity were in SESI, as well as richness and dominance,
and suggests that did not relation between area and uses in fragments.
key words: Forest fragment, Manaus , expansion city planning. SUMAUMA and SESI had
greater similarity, being 14 uses in common, while MIND were the most different.
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SUMRIO
Resumo............................................................................................................................VII
Abstract...........................................................................................................................VIII
Lista de Figuras.............................................................................................................XI
Lista de Tabelas.............................................................................................................XIV
Introduo geral.................................................................................................................15
Captulo I: A distribuio e abundncia de fragmentos florestais em relao a fatores
histricos e crescimento da cidade de Manaus/AM.
Resumo....................................................................................................................17
Introduo................................................................................................................18
Objetivo geral..........................................................................................................22
Objetivos especficos...............................................................................................22
Material e mtodos..................................................................................................23
rea de estudo............................................................................................23
A caracterizao dos fragmentos florestais urbanos..................................27
Delimitao das reas dos fragmentos.......................................................29
Resultados..............................................................................................................30
Discusso...............................................................................................................38
Captulo II: Uso de recursos naturais em fragmentos florestais na rea urbana de
Manaus, AM.
Resumo..................................................................................................................44
Introduo..............................................................................................................45
Objetivo geral........................................................................................................48
Objetivos especficos............................................................................................ 48
Material e mtodos................................................................................................49
rea de estudo...........................................................................................49
Procedimentos metodolgicos...................................................................53
Anlise de dados........................................................................................57
Resultados..............................................................................................................59
Discusso...............................................................................................................73
Concluses e recomendaes............................................................................................78
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Consideraes finais.........................................................................................................81
Referncia bibliogrfica..................................................................................................83
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1. Imagem da cidade de Manaus, 2005, RGB 543 Landsat 5 (composio falsa
cor) do sensor TM (thematic mapper plus).......................................................................22
Figura 1.2. Manaus: crescimento populacional entre 1800-2007 (Fonte: IBGE, 2007)....23
Figura 1.3. Distribuio das reas estudadas das zonas administrativas no total de 219,49
Km. Linha vermelha - raio de 15Km de distncia do centro da cidade. rea azul anil- zona
oeste (27.87 Km); rea roxa- zona centro-oeste (18 Km); rea vermelha- zona centro-sul
(36.88 Km ); rea marrom- zona norte (49.17 Km); rea verde- zona leste (52.9 Km);
rea azul clara- zona sul (34.67 Km )...........................................................27
Figura 1.4. Distribuio dos 56 fragmentos na rea urbana de Manaus 2005. O raio de
15Km est especificado na cor vermelha, reas de floresta que no fizeram parte da anlise
esto em preto. Os fragmentos verdes esto na zona norte; fragmentos em laranja- zona
leste; fragmentos em rosa zona sul; fragmentos em amarelo- zona centro-sul; fragmentos
em vermelho- zona centro-oeste; fragmentos em creme- zona oeste................................30
Figura.1.5. Classes de tamanho menores do que 30 ha - vermelho; Classe de tamanho entre
30 e 60 ha - amarelo.; Classe de tamanho entre 60.1 e 90 hectares - verde claro.; Classe de
tamanho maior do que 90ha - verde...................................................................................31
Figura 1.6. Distribuio dos fragmentos florestais urbanos nas classes de tamanho.........32
Figura 1.7. As seis unidades de conservao na rea de estudo, sendo: 1-RPPN Philips, 2-
Parque Estadual Sumama, 3-RPPN Buritis, 4-Parque Municipal do Mind, 5-Reserva
Sauim- Castanheira e 6-RPPN Soka Gakai........................................................................33
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Figura 1.8. reas que no foram estudadas devido sua conectividade com a rea rural de
Manaus, no representando fragmentos isolados................................................................33
Figura 1.9. Distribuio do tamanho dos FFU em relao ao tempo de fragmentao......34
Figura 1.10. Distncia dos FFU em relao ao centro da cidade dos FFUs menores do que
90 ha e maiores do que 90 ha..............................................................................................35
Figura 2.1. Crescimento populacional nas cidades de Belm, Macap, So Luiz, Manaus,
Rio Branco, Porto Velho e Cuiab, entre os anos de 1872-2007 (Fonte: IBGE, Anurios
estatsticos)........................................................................................................................45
Figura 2.2. Distribuio dos quatro fragmentos onde foram realizados mapeamento
participativo e entrevista com usurios destas reas. O fragmento azul o campus da
UFAM, em vermelho a rea do SESI, em verde o MIND e em rosa SUMAMA.......49
Figura 2.3. Participantes das Reunies de DUP em quatro fragmentos florestais urbanos de
Manaus. A. Na Sede do Parque Sumama (11/08/07); B. Sobre o Parque do Mind, no
conj. Barra Bella (27/10/7); C. Reunio sobre a UFAM, no conj. Iurit (02/12/07); D.
Reunio sobre o Sesi, no campinho (09/12/07)................................................................54
Figura 2.4. Mapas cognitivos dos usos de subsistncia nos quatro fragmentos: UFAM,
SUMAMA, SESI e MIND, respectivamente..............................................................60
Figura 2.5. Mapas cognitivos dos usos sociais nos quatro fragmentos: UFAM,
SUMAMA, SESI e MIND, respectivamente..............................................................62
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Figura 2.6. Curva de acumulao tipo espcie-rea de usos em fragmentos florestais
urbanos de Manaus em 2007-2008. Species corresponde a usos e subplots aos
fragmentos: 1.0 Sumama; 2.0 Ufam; 3.0 Mind; 4.0 SESI.............................................65
Figura 2.7. Anlise de Classificao entre quatro fragmentos florestais urbanos de Manaus
em 2007-2008, baseado na riqueza de usos, usando medida de distncia de Sorensen (Bray-
Curtis) e mtodo de agrupamento Centride..........................................................65
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1. Distribuio da populao manauara por zona urbana....................24
Tabela 1.2. Distribuio dos bairros dentro da cidade de Manaus.....................24
Tabela 1.3. Relao entre taxa de crescimento anual da populao e o nmero de fragmentos urbanos............................................................................................36
Tabela 2.1. Levantamento dos atores sociais dos quatro FFUs.........................55
Tabela 2.2. Classificao mica do uso dos recursos naturais em quatro fragmentos de
Manaus atravs de mapeamento (m), entrevistas (e) e visita de campo (c).
.....................................................................................................................64
Tabela 2.3. ndices de diversidade (Shannon e Simpson) e riqueza de uso de recursos em
quatro fragmentos florestais urbanos de Manaus em 2007-2008......................65
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INTRODUO GERAL
As florestas tropicais sofrem anualmente a destruio de milhares de hectares
devido ao desmatamento de grandes reas, resultando na perda de heterogeneidade de
habitat e conseqentemente biodiversidade, e fragmentao das florestas (LAURANCE &
GASCON, 1997; LAURANCE, 2005). A fragmentao um fenmeno amplamente
distribudo e associado expanso de fronteiras de desenvolvimento humano (VIANA et
al., 1997). Paisagens fragmentadas, conseqncia do desmatamento para a agricultura,
pecuria, desenvolvimento urbano e outros propsitos, criam remanescentes da vegetao
natural circundado por habitats de matriz de vegetao alterada ou urbanizados.
(PRIMACK, 2001).
Essas reas de floresta urbana funcionam, numa escala ampla, como recurso natural
dentro do contexto da cidade proporcionando diferentes servios ambientais, tais como
reduo da poluio do ar e sonora, amenizando a temperatura, protegendo nascentes,
alterando a qualidade de vida dos moradores, afetando a esttica da paisagem, afetando
indireta e diretamente na sade da populao, devido ao ar menos poludo e reduo do
estresse (DWYER et al, 1992), e numa escala menor, apresenta diversos recursos naturais
da flora e fauna e que so utilizados pela populao como frutos, gua, e outros. A
avaliao de fatores relevantes como a importncia biolgica dos fragmentos florestais, os
tipos de perturbaes e sua insero na paisagem podem favorecer estratgias de
conservao destas reas (DITT, 2002).
A populao da cidade de Manaus cresceu exponencialmente nas ltimas dcadas, e
atualmente 1.646.602 habitantes residem na capital do Amazonas (IBGE, 2007). O PIB da
cidade de Manaus o 4 do Brasil, e o mercado imobilirio tem avanado nos ltimos anos.
O m da terra valorizou, sendo o custo da construo civil, em mdia R$704,11 (IBGE,
2008) e as reas com florestas esto sendo vendidas transformando-se em reas comerciais
e prdios residenciais. Em contrapartida, o IDH da cidade apresenta disparidades que
variam de 0,660 na UDH no bairro So Jos, comunidade Grande Vitria, zona leste e
0,941, nas UDHs de Nossa Senhora das Graas, comunidade Vieiralves/ Adrianpolis e de
Flores- Parque das Laranjeiras, zona centro-sul (DE OLIVEIRA et al, 2006).
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Como conseqncia deste crescimento, a expanso demogrfica avana sobre o
espao urbano de maneira desordenada reduzindo a presena de florestas urbanas. As
polticas pblicas tambm interferem no papel da conservao e manuteno destas reas.
Os fragmentos florestais constituem uma parte da vegetao urbana, juntamente com as
reas verdes. O cdigo ambiental da cidade define rea verde como:
Espaos definidos pelo Poder Pblico Municipal constitudo por florestas ou
demais formas de vegetaes primrias, secundrias ou plantadas, de natureza jurdica
inalienvel e destinadas manuteno da qualidade ambiental.
E os fragmentos florestais urbanos como:
reas remanescentes de vegetao nativa situadas dentro do permetro urbano do
Municpio, em propriedade pblica ou privada, que desempenham um papel na
manuteno da qualidade do meio ambiente urbano.
Apesar do cdigo ambiental (art.38) destinar ateno para os fragmentos florestais
urbanos, no h nenhuma definio para proteo destas reas.
O modelo de crescimento das cidades brasileiras incentivou durante um longo
perodo a retirada de floresta e a modernizao das cidades, com a construo de prdios
e asfalto, e a permanncia de florestas em reas urbanas envolve a preocupao e
disposio das populaes humanas locais na manuteno destas reas e qual a
representatividade destes locais para a comunidade em si. A falta de interferncia do Poder
Pblico e de proprietrios particulares nestas reas tem permitido que os recursos destas
florestas sejam utilizados e declinem em diversas cidades (DWYER et al,1992).
O primeiro captulo deste estudo abordou a distribuio dos fragmentos florestais
urbanos na cidade de Manaus e a sua relao com caractersticas de ocupao da cidade,
como zonas administrativas, tipo de propriedade destes fragmentos, distncia do centro,
tipo de matriz inter-habitat, verificando se os fragmentos esto se distanciando do centro da
cidade, ou se h uma espacializao mais homognea. O segundo captulo abordou o uso de
recursos naturais por populaes humanas de Manaus, e relacionou a diversidade de usos
com a rea dos fragmentos e a matriz do entorno.
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CAPTULO I. A distribuio e abundncia de fragmentos florestais em
relao a fatores histricos e crescimento da cidade de Manaus/ AM1.
Resumo - A cidade de Manaus a maior metrpole da Amaznia Central sendo ocupada
por 1.646.602 habitantes. A expanso da cidade tem reduzido e isolado reas de floresta
resultando nos fragmentos florestais urbanos (FFU) e este estudo teve como objetivo
relacionar a distribuio dos FFUs com as caractersticas de ocupao da cidade. Em uma
rea de 219,49 Km (48% do stio urbano) foram identificados 56 FFU com tamanho
variando entre trs e 578,6 hectares. Em relao ao regime de propriedade 26 FFU so
privados e 30 so pblicos. Os resultados da anlise de regresso mltipla logstica (status
de propriedade privada=1; pblica=0) mostraram relao significativa inversa entre o status
propriedade privada e a distncia do centro (N=56; T=-2.005; p=0.003), indicando que
fragmentos privados esto mais prximos do centro. A matriz do entorno dos fragmentos
apresentou seis categorias sendo que em fragmentos menores do que 90 ha a categoria
habitao foi mais abundante (48,9%) e em fragmentos maiores do que 90 ha foi a
categoria instituio (42,8%). A idade dos fragmentos variou de mais de 90 a 17 anos, de
acordo com a histria de expanso da cidade, e a distncia destes fragmentos at o centro
da cidade variaram entre 2,25 a 14,88 Km.
Palavras-chaves: Fragmentos florestais, Manaus, expanso urbana.
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INTRODUO
O surgimento da cidade de Manaus
Manaus teve sua origem com a construo de um forte portugus, em 1669
denominado Forte de So Jos da Barra do Rio Negro, porm nesta poca apenas
aproximadamente 200 famlias viviam no local (MOURA et al, 1993; MONTEIRO, 1994;
ABSBER, 1996). As principais motivaes para o surgimento da cidade foram de ordem
econmica com implicaes nas relaes internacionais. Ainda em 1850, o oficial
americano Mr.Clayton condenava o impedimento pela comunidade local de subir o rio
Amazonas e seu desagrado quanto ao abandono deste rio e protestava que:
(...) Sob o argumento de que a humanidade cresce desmesuradamente e no possvel tratar com
negligencia objcetos que podem ajuda a sua alimentao e bem-estar.
Para que houvesse o livre trnsito pelo rio Amazonas nascia em 1856 a Provncia do
Amazonas, instalada na cidade de Nossa Senhora da Conceio da Barra do Rio Negro, a
Manaus de hoje (GARCIA, 2004). Desde esta poca, os interesses estavam voltados para a
explorao da floresta e de seus recursos naturais primrios tais como, pirarucu seco,
tabaco, salsaparrilha, caf, leo de copaba, castanha, manteiga de cacau (MONTEIRO,
1994; GARCIA, 2004).
Dentro deste contexto, inicia-se no final do sculo XIX e primeiras dcadas do
sculo XX a explorao da borracha, com a migrao de muitos nordestinos e de outros
Estados da regio do nordeste, os quais fugiam da grande seca que assolava aquela
regio, e que compuseram a mo-de-obra nos seringais amaznicos (MONTEIRO, 1998;
GARCIA, 2004; DIAS, 2007).
At o apogeu da borracha, na rea urbana de Manaus, conviviam ricos e pobres,
brancos, ndios, mamelucos e mestios, mas o cenrio se reinventa a partir da
transformao da cidade para a Paris dos trpicos. A partir de ento, h o planejamento
para expanso da cidade, sua modernizao e limpeza. Acrescenta-se a a arborizao que
mostrava a cidade formosa e que contribua para as condies de salubridade da urbe. Nesta
poca, o stio urbano compreendia apenas cinco bairros (bairros da zona sul e zona centro-
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sul, atualmente) e o ciclo da borracha propiciou a Manaus o alargamento de seu espao e a
redefinio de sua organizao (MONTEIRO, 1994; DIAS, 2007).
Esta elegncia dos tempos da borracha escondia a marginalizao de seus habitantes
mais humildes, que foram se estabelecendo nas reas marginais da cidade. Com a
decadncia da borracha (1920), a cidade enfrenta problemas econmico-sociais, e os
produtos primrios, incluindo a madeira, passaram a ser a nica alternativa para enfrentar a
crise. O stio urbano recebeu a outra parte da mo-de-obra que antes se concentrava nos
seringais, e devido falta de planejamento e estrutura permitiu a ocupao desordenada da
populao (BERETTA, 1975; MONTEIRO, 1998). medida que a cidade se expande, os
espaos verdes vo sendo reduzidos e os recursos naturais explorados intensivamente.
Em 1967, aps uma extensa crise de 40 anos, implantado na cidade a Zona Franca
a partir do Decreto-Lei n. 288, a qual foi definido como sendo:
uma rea de livre comrcio de importao e exportao e de incentivos fiscais
especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amaznia, um centro
industrial, comercial e agropecurio dotado de condies econmicos que permitam o
seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distncia a que se
encontram os centros consumidores dos seus produtos.
A Zona Franca de Manaus (ZFM), atualmente Plo Industrial (PIM) permitiu o
crescimento econmico e urbanstico da cidade. A instalao de indstrias foi realizada no
Distrito Industrial, cuja rea de 1.700 hectares localiza-se na zona sul da cidade. Com o
intuito de criar alternativas para atender demanda futura de investidores, criou-se o
Distrito Industrial II, com 5.757 hectares e localizado na zona leste da cidade (BRASIL,
1989), conectado com o Distrito I.
Este modelo foi bastante funcional at 1992, quando o quadro de trabalhadores foi
reduzido drasticamente, porm o plo industrial (PIM) ainda funciona e representa uma
importante ferramenta econmica para a cidade.
As reas destinadas para o PIM (Distrito Industrial I e II), apresentaram
inicialmente um plano de ocupao, mantendo reas verdes e at a criao de uma Reserva
(Reserva Sauim-Castanheiras, com 109,2 ha na poca). Em contrapartida, o espao
perifrico foi sendo ocupado por invases de trabalhadores do Distrito que necessitavam se
localizar nas proximidades das indstrias (BRASIL, 1989).
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A cidade cresce ento com a falta de padres de arquitetura e urbanismo que
contrastam com as condies ambientais da regio, em especial o clima mido e quente.
O desmatamento eleva casos de doenas como a Leishmaniose, e a ausncia de
saneamento bsico resulta em depredao ambiental, com a poluio de rios e igaraps
(MOURA et al 1993).
A manuteno dos fragmentos florestais
Estudos sobre fragmentao florestal foram iniciados tendo a Teoria de
Biogeografia de Ilhas, de MacArthur e Wilson (1967) como base na tentativa de explicar o
funcionamento destes fragmentos, os quais seriam ilhas de floresta no meio de paisagens
rurais e urbanas alteradas (GASCON et al, 1997; MESQUITA, 2000). A biogeografia de
ilhas se baseia na relao entre diversidade de espcie-rea da ilha e sugere que ilhas
grandes possam abrigar mais espcies do que ilhas menores. Alm disso, o clculo ou
medio da distncia entre ilhas e continentes, permite descobrir o princpio de colonizao
e extino, segundo o qual ilhas prximas ao continente seriam colonizadas mais
rapidamente aumentando a populao e diminuindo a probabilidade de extino, enquanto
em ilhas mais afastadas o processo ocorreria de forma mais lenta.
Atualmente, outros aspectos dos fragmentos florestais so considerados alm de sua
rea, como a complexidade do mosaico de habitats (BIERREGAARD JR. & STOUFFER,
1997), a forma dos fragmentos, a sua conectividade (LAURANCE et al, 1997; DITT,
2002), o efeito de borda (KAPOS, 1989; MURCIA, 1995) e o tipo de matriz de habitat
(GASCON et al, 1997). Nos fragmentos, o isolamento no resulta necessariamente em
extines locais imediatas. O aumento inicial na taxa de captura de aves em fragmentos foi
percebido logo aps isolamento da floresta provavelmente como resultado das aves terem
se refugiado nestas reas (BIERREGAARD et al, 1992; GASCON et al, 1999). Em muitos
casos, populaes podem persistir em baixa densidade tornando-se mais vulnerveis
(GILPIN & SOUL, 1986). Para outros organismos pode aumentar a riqueza de espcies,
como observado nos estudos realizados com anfbios (TOCHER et al, 1997), bem como
borboletas e pequenos mamferos, devido ampliao da diversidade de nichos
(MALCOLM, 1997; GASCON et al, 1999).
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Os princpios da relao rea nmero de espcies propiciou um amplo debate em
relao seleo de reservas naturais, cujo principal ponto estava na escolha entre
preservar uma grande floresta ou vrios fragmentos pequenos (SLOSS) (DIAMOND, 1976;
WILSON & WILLIS, 1975; SIMBERLOFF & ABELE, 1976; HIGGS & USHER, 1980).
Nos centros urbanos, os fragmentos florestais parecem estar relacionados com outras
caractersticas que vo alm das teorias de biogeografia e os demais aspectos. A matriz de
entorno de fragmentos florestais urbanos, em geral, constituda por concreto, variando de
casario habitacional at planta industrial, todavia podemos ter matriz de igaraps com zonas
mortas, e vias urbanas. Em um estudo com plantas da famlia Rubiaceae, Mesquita (2003)
observou que a composio de espcies varia entre os fragmentos urbanos de Manaus, e a
riqueza de espcies no apresenta relao significativa com o tamanho dos fragmentos,
sugerindo que fragmentos de qualquer tamanho tm valor para a conservao.
Estas reas de floresta inseridas na cidade so pressionadas pelo crescimento urbano
e resulta em conseqncias tanto para o fragmento em si, quanto para a cidade. Para o
fragmento, diferentes organismos podem ficar isolados impedindo o fluxo gnico entre as
espcies e em algumas situaes o isolamento total do fragmento e seus organismos. Dessa
maneira, a rea que aparentemente pode abrigar espcies est sujeita ao declnio ao longo
dos anos. Para a cidade, o fragmento, independente do seu tamanho pode afetar a qualidade
de vida dos habitantes citadinos. Em Curitiba, por exemplo, o Bosque do Alemo, de
apenas quatro hectares, tem infra-estrutura para visitao, sendo de grande importncia para
os moradores e turistas (HILDEBRAND et al, 2002). Os servios ambientais
desempenhados por estas reas tambm afetam direta e indiretamente a populao humana,
pois estas reas podem minimizar os impactos do clima, conservar energia, reduzir a
emisso de carbono, facilitar o escoamento das guas da chuva, reduzir em at 50% a
poluio sonora, proteger a fauna silvestre, alm de ser uma atrao para a cidade.
Na cidade de Manaus, o histrico da expanso urbana pode revelar a importncia
dos fragmentos para as populaes humanas, no contexto de desenvolvimento da cidade,
partindo da sua origem, o centro, conhecendo a distribuio destes fragmentos, que tipo de
matriz inter-habitat o circunda, sugerindo qual a presso que a rea est sujeita, e que tipo
de propriedade representa, permitindo supor se as reas poderiam ser transformadas em
Parques e/ou reas protegidas.
21
-
OBJETIVO GERAL
Determinar a distribuio e abundncia dos fragmentos florestais urbanos (FFU)
na rea urbana de Manaus;
OBJETIVOS ESPECFICOS
Classificar a distribuio dos fragmentos florestais urbanos (FFU) por zona
administrativa;
Classificar os FFU por tipo de propriedade;
Relacionar a presena de fragmentos e os bairros de Manaus;
22
-
MATERIAL E MTODOS
rea de estudo
Manaus (entre 527 e -3374 S e -7400 e -3479 L) a maior metrpole da
Amaznia Central e no apresenta conurbao com nenhum municpio vizinho. O stio
urbano delimitado ao sul pela bacia do Rio Negro e Rio Solimes, a oeste pela bacia do
Tarum, a leste pela bacia do Puraquequara, e ao norte por uma extensa floresta. Trs
estradas interligam Manaus a outros municpios, a nordeste, a AM-010 com Itacoatiara, a
BR-174 a norte, que interliga Manaus a Presidente Figueiredo e os Estados do Amazonas e
Roraima e a BR-319 ao sul, que interliga os Estados do Amazonas e Rondnia (Figura 1.1).
Reserva Ducke
Aeroporto Eduardo Gomes Bacia do Puraquequara
Bacia do Tarum
UFAM
Rio Negro
Rio Solimes
Figura 1.1. Imagem da cidade de Manaus, 2005, RGB 543 Landsat 5 (composio falsa
cor) do sensor TM (thematic mapper plus).
A populao humana do municpio concentra-se na zona urbana da cidade (99,1%,
em 2000) (DE OLIVEIRA et al, 2006) e teve nas ltimas dcadas um crescimento
exponencial atingindo 1.646.602 habitantes, em 2007 (IBGE, 2007) (Figura 1.2). A
23
-
expanso da cidade vem ocorrendo pelo avano da mancha urbana sobre uma matriz
florestal que se estende at o estado de Roraima ao norte do Brasil.
1750 1800 1850 1900 1950 2000 2050Ano
0
300000
600000
900000
1200000
1500000
1800000
N
me
ro d
e in
div
duo
s
Figura 1.2. Manaus: crescimento populacional entre 1800-2007 (Fonte: Anais
IBGE, 2007).
Na cidade, a pluviosidade mdia de 2200 mm ao ano, com duas estaes
definidas, a estao seca de junho a novembro e a estao chuvosa de dezembro a maio, e
temperatura mdia entre 23 C e 28 C (MME, 1978).
A Floresta Densa Tropical com baixos plats. A formao geolgica da era
Cretceo-cenozico do grupo barreiras de intercalaes de arenitos argilosos vermelhos,
com latossolo amarelo lico, e a variao altitudinal entre os plats originais e as partes
mais baixas de aproximadamente 60 m (MME, 1978).
A cidade possui uma rea total de 11.401,110 km2 (onze mil quatrocentos e um e
cento e dez quilmetros quadrados) sendo que a rea urbana compreende 457,9 km2
(quatrocentos e cinqenta e sete e noventa quilmetros quadrados) representando apenas
4% de toda cidade.
A cidade dividida em seis zonas administrativas: norte, sul, leste, oeste, centro-sul
e centro-oeste (DE OLIVEIRA et al, 2006) (Tabela 1.1) compreendendo 57 bairros (Tabela
1.2).
24
-
Tabela 1. Distribuio da populao manauara por zona urbana Zona Populao em 2000 % por zona rea (Km2) % rea urbana Nmero de bairros
zona norte 282,083 20,23 66.7 14.57 6 zona sul 292,873 21,0 34.6 7.56 18 zona leste 340,452 24,41 170.4 37.21 10 zona oeste 214,075 15,36 131.2 28.65 11 zona centro oeste 141,022 10,11 18.1 3.95 5 zona centro sul 123,987 8,89 36.9 8.06 7 Populao total 1,394,492 Total de bairros 57
A zona mais antiga a zona sul, que foi ocupada em 1669, com a instalao do
Forte de So Jos do Rio Negro. Este forte foi construdo aproximadamente no local onde
se encontra hoje o edifcio da Fazenda Pblica (centro da cidade) (MONTEIRO, 1969;
ABSABER, 1996). A partir de 1804, quando a Capitania de So Jos do Rio Negro j era
o Lugar da Barra, a vila instalada na poca era apenas uma aldeia rural imprensada entre o
igarap de So Raimundo e o Largo dos Remdios (Educandos e Cachoeirinha atualmente).Tabela 2. Distribuio dos bairros dentro da cidade de Manaus
Zona Sul Zona Norte Zona centro-oeste Zona Leste Zona Oeste Zona Centro-Sul
Betnia Cidade Nova Alvorada Armando Mendes Compensa Adrianpolis Cachoeirinha Col.Santo Antonio Da Paz Col. Antonio Aleixo Glria Aleixo Centro Col. Terra Nova Dom Pedro I Coroado Lrio do Vale Chapada Colonia Oliveira Machado Monte das Oliveiras Planalto Distrito Industrial II N. Esperana Flores Crespo Novo Israel Redeno Jorge Teixeira Ponta Negra Nossa Sra.das Graas
Distrito Industrial I Santa Etelvina Mauazinho Santo Agostinho Parque 10 de Novembro
Educandos Puraquequara Santo Antonio So Geraldo Japiim So Jos Operrio So Jorge
Morro da Liberdade Tancredo Neves So Raimundo
Nossa Sra. Aparecida Zumbi dos Palmares Tarum Petrpolis Vila da Prata Praa 14 de Janeiro Presidente Vargas Raiz Santa Luzia So Francisco So Lzaro Vila Buriti
Em 1850, com a elevao do Amazonas Categoria de Provncia, a zona sul apresentava
uma praa, 16 ruas, 243 casas e cerca de trs mil habitantes
(www.manaus.am.gov.br/prefeituradeManaus, acessado em: 11/03 de 2008).
25
http://www.manaus.am.gov.br/prefeituradeManaus
-
A zona centro-sul que ocupa 36,9 km2 (8% da rea total) possui sete bairros sendo o
Nossa Senhora das Graas e o Adrianpolis (conhecido tambm como Vila Municipal) os
mais importantes, por terem sido ocupados pela classe mdia alta com a construo de
chcaras e reas bastante arborizadas (www.portalamazonia.com; acessado em:
11/03/2008). Esta zona teve planejamento urbano, gua encanada, luz eltrica e esgoto, e a
ocupao do espao pelo ncleo urbano era atravs dos inmeros igaraps que cortavam a
cidade (MOURA et al, 1993; DIAS, 2007). A zona centro-oeste com 18,1km2 (4% da rea
total) e apenas cinco bairros, surgiu oficialmente a partir de 1960 com o bairro Alvorada, e
o bairro D. Pedro I o qual foi ocupado a partir de 1970, mas que j servia de rea de lazer
(banho nos igaraps) para a populao desde 1900 (MONTEIRO, 1994;
www.portalamazonia.com; acessado em: 11/03/2008).
A zona sul com 34,6 km2 (8% de rea do total) que j tinha a ocupao de alguns de
seus bairros, continuou a sua ocupao entre o declnio do ciclo da borracha e o incio da
Zona Franca de Manaus com a construo do Distrito Industrial I, durante o perodo da
estagnao econmica, pela populao vinda do interior e do nordeste do Brasil e que
contriburam para a formao das cidades flutuantes, agredindo e modificando as
caractersticas dos igaraps da cidade (MOURA et al, 1993; DIAS, 2007). Por outro lado
havia a demanda de especulao imobiliria com a ocupao de reas nobres da cidade,
dificultando o acesso a moradias para classes baixa e mdia, causando conflito de terras,
grilagem e invases, como na criao dos bairros da Alvorada, Compensa e Aleixo
(MOURA et al, 1993). A refinaria de Manaus (COPAM) comeou a funcionar em 1955 e
j existiam antes de 1968 (construo do Distrito Industrial I) os terminais de petrleo
Sabb, Esso, Shell e Texaco, a Brasiljuta e o seu porto, a olaria e o terminal de asfalto do
Governo Estadual, uma serraria, e um grupo de usinas de beneficiamento de borracha, pau-
rosa, castanha e outros produtos primrios (de 1939) e o Aeroporto Ponta Pelada (MOURA
et al, 1993).
A zona leste com 170,4 km2 (37% da rea) a zona mais extensa e apresentou
crescimento na dcada de 80, com a expanso do Distrito Industrial II e o surgimento de
bairros como So Jos, Zumbi, Tancredo Neves e Armando Mendes realizado atravs de
invases de moradores que trabalhavam no setor industrial (GARCIA, 2004; DIAS, 2007).
26
http://www.portalamazonia.com/http://www.portalamazonia.com/
-
A zona norte com 66,7 km2 (15% da a rea), foi intensivamente ocupada, na dcada
de 90, por aes do governo Estadual, como o bairro Cidade Nova. Esta zona tem a maior
densidade demogrfica da cidade (41 habitantes por km2 segundo IBGE, 2000).
A zona Oeste abrangendo 131,2 km2 (28,65% do total da rea), vem sendo ocupada
ainda mais recentemente, principalmente a partir de 2000, com algumas ocupaes
irregulares (invases), e apresenta reas no desmatadas constituindo a APA do Tarum
(PLANO DIRETOR, 2002). Apesar de apresentar ocupao recente, o bairro do Tarum
era habitado por ndios Aruaque e Alfila, e recebeu, por volta de 1657 o primeiro ncleo
cristo na cidade (MONTEIRO, 1969).
A caracterizao dos fragmentos florestais urbanos
Para classificar os fragmentos florestais urbanos (FFU) de Manaus foi utilizada a
imagem de satlite Quickbird 2005, resoluo 60 cm, georeferenciada por zona
administrativa da cidade de Manaus, fornecidas pelo SIPAM (Sistema de Proteo da
Amaznia), onde foram identificados fragmentos de mais de um hectare com forma regular,
cujos efeitos de borda poderiam ser reduzidos (BIERREGAARD et al, 1989). FFUs com
proprietrios diferentes foram classificados como um nico fragmento quando interligados.
A classificao dos 56 FFU identificados na matriz urbana utilizou os seguintes
critrios: 1) estar dentro do raio de 15 Km de distncia do centro de Manaus, tendo a praa
So Sebastio (na zona sul) como ponto de referncia (30749.19S e 600120.93W);
2) isolamento por ruas de mo nica ou dupla. No caso de via dupla a rea foi considerada
isolada. Isto porque ruas com mo dupla, com duas faixas em cada sentido apresentam um
trfego maior do que ruas simples de mo dupla. Segundo Goosem (1997), a presena de
estreitas clareiras lineares abertas no interior de uma floresta para servirem de estradas
podem ser uma barreira para muitas espcies de aves, todavia, para outras espcies, a
presena de pistas poderia no significar um obstculo. Os efeitos da fragmentao
florestal causados pelo isolamento do fragmento dependem do organismo tratado (aves,
mamferos de pequeno, mdio e grande porte, etc...), e assumiu-se que o fluxo de espcies
menor em estradas mais largas do que nas mais estreitas; 4) a forma do fragmento.
Fragmentos extensos, mas estreitos (menor que 50m) foram descartados, considerando o
27
-
efeito de borda capaz de afetar sua estrutura e biodiversidade; 5) no ser exclusivo de
corredor ecolgico, ou seja, a vegetao incluir remanescentes de florestas de terra firme e
no apenas floresta riparia (como floresta de baixio ou igap) conectando fragmentos; 6) ter
remanescente da floresta de terra firme independente do estgio sucessional.
A escolha do raio de 15 km entorno do centro foi por presumir que uma rea
delimitada por raio menor excluiria muitos fragmentos ntidos, mas tendo raio maior que 15
km, algumas reas verdes (reas de floresta contnua) poderiam ser classificadas
erroneamente como fragmentos.
A rea delimitada pelo raio de 15 km de 219,49 km2, e administrativamente
distribuda em zonas de tamanho desigual, sendo 22,4% da zona norte, 15,8% da zona sul,
24,1% da zona leste, 12,7% da zona oeste, 16,8% da zona centro-sul e 8,2% da zona centro-
oeste (Figura 1.3). A distribuio dos fragmentos foi estudada por zonas, pois a cidade
dividida por zonas administrativas, as quais apresentam diferentes histricos de ocupao
da rea (com caractersticas nicas de populao, rea, e renda).
Figura 1.3. Distribuio das reas estudadas das zonas administrativas no total de 219,49
Km. Linha vermelha - raio de 15Km de distncia do centro da cidade. rea azul anil- zona
oeste (27.87 Km ); rea roxa- zona centro-oeste (18 Km); rea vermelha- zona centro-sul
(36.88 Km ); rea marrom- zona norte (49.17 Km); rea verde- zona leste (52.9 Km);
rea azul clara- zona sul (34.67 Km ).
28
-
Foi construda uma matriz de dados numricos com as informaes de cada FFU
contendo: a) tamanho do FFU (em hectares); b) zona administrativa (norte= 1; sul= 2;
leste= 3; oeste= 4; centro-sul= 5 e centro-oeste= 6); c) regime de propriedade (privado= 1;
pblico= 2; d) tempo de isolamento (estimado pela expanso urbana em anos, atravs do
histrico de ocupao dos bairros da cidade); e) matriz de entorno, qual a caracterstica
predominante que circunda o fragmento (habitaes= 1, indstria= 2, comrcio= 3, outra
vegetao (plantaes, rea de capim, etc)= 4; da prpria instituio= 5 (neste caso, so
construes que envolvam desmatamento da rea, realizada pela prpria instituio de
domnio); f) distncia do centro da cidade (em Km); g) se o FFU representa uma unidade de
conservao (sim/ no).
Neste estudo, os FFU se originaram por processos histricos aparentemente
aleatrios, gerando FFU de vrios tamanhos, que foram agrupados para serem analisados
em classes de tamanho com intervalos de 30 hectares, devido ao intervalo de seis classes
obtidas atravs da frmula:
K= 1+ 3,222. log n,
onde n o nmero de dados (VIEIRA, 1991).
Delimitao das reas dos fragmentos
A estimativa da rea de cada fragmento foi feita em uma imagem Quickbird,
manuseada no programa Arcview 3.2a (ESRI, 1996), onde foram traados polgonos como
shapes das reas de FFU reconhecidos nas imagens, e no os dados de escrituras ou
outras delimitaes oficiais de cada rea. Os polgonos resultantes representam os FFU
identificados. As reas ou tamanho em hectares dos FFU foram estimados utilizando a
funo clculo de hectare.
29
-
RESULTADOS
A rea delimitada pelo raio de 15 km (DPR15) - 219,49 km2 - correspondeu a 48%
do stio urbano de Manaus em 2005 e a rea dos FFU somada nesta rea representou 17%
(37,49 km2). As zonas leste e oeste apresentaram a maior rea com fragmentos florestais
sendo 12,77 km2 e 11,16 km2 respectivamente.
Foram identificados 56 FFU na rea delimitada pelo raio de 15 km de distncia do
centro da cidade de Manaus ocorrendo em todas as zonas administrativas, sendo 14 na zona
norte, 13 na zona sul, oito na zona leste, 11 na zona oeste, seis na zona centro-sul e quatro
na zona centro-oeste (Figura 1.4) e no foram identificados fragmentos de um hectare. O
FFU de menor rea foi uma rea privada de trs hectares na zona centro-oeste (chamado
por ns de Fragmento do Alvorada) e o maior, foi a rea de 578,6 hectares ocupados
pelo campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), localizada entre as zonas sul
e leste.
Os fragmentos com tamanho menor do que 30 hectares foram 29, aqueles
fragmentos intermedirios, com tamanho entre 30 60 hectares foram 11, fragmentos entre
60-90 hectares foram nove e sete fragmentos acima de 90 hectares. Os FFUs acima de 90
hectares (variando at 578 hectares) foram agrupados em uma nica classe por
apresentarem potencial para serem efetivos como UCS capazes de preservar
biodiversidade (Figura 1.5 e 1.6).
30
-
Figura 1.4. Distribuio dos 56 fragmentos na rea urbana de Manaus 2005. O raio de
15Km est especificado na cor vermelha, reas de floresta que no fizeram parte da anlise
esto em rajado.
31
-
32
-
Figura 1.5. Classes de tamanho menores do que 30 h - vermelho.; Classe de tamanho
entre 30 e 60 h - amarelo.; Classe de tamanho entre 60.1 e 90 hectares - preto.; Classe de
tamanho maior do que 90ha - verde.
33
-
1 |
30
120 |
15
0
150 |
18
0
30 |
60
300 |
6 00
60 |
90
90 |
120
Classe de tamanho dos fragmentos (hectares)
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
Fre
qu
n
cia
do
s F
FU
Figura 1.6. Distribuio dos fragmentos florestais urbanos nas classes de tamanho.
Os Fragmentos florestais urbanos e o regime de propriedade
Em relao ao regime de propriedade, dos 49 FFU menores do que 90 hectares,
26 eram privados, sendo que 11 destes fragmentos esto na rea do Distrito Industrial de
Manaus (DIM), podendo ser de domnio da Suframa no caso de empresas que no esto
com os documentos de escritura regulares, mas na sua maioria tambm se caracterizam
por serem reas privadas. Os outros 23 fragmentos so pblicos, divididos em: duas reas
municipais (Parque do Mind, Fragmento Renato Souza Pinto e Refgio de Vida
Silvestre Sauim Castanheiras), duas reas Estaduais (Reserva Estadual Sumama e
Fragmento do Hospital da Cidade Nova), 13 reas indefinidas, as quais assumiu-se
serem pblicas nas anlises estatsticas e seis reas federais. Os sete FFU maiores do que
90 hectares tiveram seis reas de domnio federal (Fragmento da vila da Aeronutica,
CIGS/1.BIS, INFRAERO 1, INFRAERO 2, campus da UFAM e Aeroporto Ponta
Pelada) e uma rea municipal (Fragmento do Mauazinho).
Destes 56 fragmentos seis so unidades de conservao, sendo trs pblicas:
Parque Municipal do Mind - MIND (55,0 hectares), Refgio de Vida Silvestre Sauim-
Castanheiras RVS-SC (82,1 hectares), Parque Estadual Sumama - PES (56,2 hectares)
e trs privadas: RPPN Buritis (7,3 hectares), RPPN Soka Gakai (80,9 hectares) e RPPN
Philips (34,0 hectares) (Figura 1.7). A rea da RPPN Philips oficialmente 4,5 hectares,
mas foi considerada a rea verde total visualizada na imagem (Quickbird, 2005), assim
como as outras reas que apresentaram rea relativa.
34
-
Figura 1.7. As seis unidades de conservao na rea de estudo, sendo: 1-RPPN Philips, 2-
Parque Estadual Sumama, 3-RPPN Buritis, 4-Parque Municipal do Mind, 5-Reserva
Sauim- Castanheira e 6-RPPN Soka Gakai.
No raio de 15 Km algumas reas de floresta nas zonas leste e oeste no foram
consideradas fragmentos florestais isolados, por apresentarem alguma conectividade com
outras reas, se estendendo para a zona rural da cidade. Na zona leste, 11 reas com
tamanho total de 644,26 ha e que fazem parte do Distrito Industrial II, e na zona oeste,
quatro reas com tamanho total de 1825.87 ha, e que j esto sendo loteadas para a
construo de condomnios (Fig 1.8).
Figura 1.8. reas que no foram estudadas devido sua conectividade com a rea rural
de Manaus, no representando fragmentos isolados.
35
-
Matrizes de entorno dos FFUs
A matriz do entorno dos fragmentos apresentou seis categorias: residncia,
indstria, rea verde, rea da prpria instituio, estrada e comrcio, sendo que nos
fragmentos menores do que 90 ha a matriz habitao foi a mais abundante com
freqncia de 48,9 %, e nos fragmentos maiores do que 90 ha, a matriz instituio foi a
mais abundante com freqncia de 42,8 %.
Idade dos FFUs
Os fragmentos menores do que 90 ha apresentaram idade variando de mais de 100
a 17 anos de acordo com a histria de expanso da cidade e os fragmentos maiores do
que 90 ha variaram entre 54 e 18 anos (Figura 1.9). De maneira geral, os fragmentos
surgiram h aproximadamente 40 anos (dcada de 60), sendo 15 fragmentos desta idade,
com tamanhos variados, incluindo o FFU do campus da UFAM (Anexo 1).
12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 84 90 96 102
108
114
120
126
132
138
144
150
156
162
Tempo de fragmentao (anos)
050
100150200250300350400450500550600650700750
re
a do
Fra
gm
en
to (
hec
tare
s)
Figura 1.9. Distribuio do tamanho dos FFU em relao ao tempo de fragmentao.
36
-
Distncia dos FFUs at o centro da cidade
A distncia dos fragmentos at o centro (Teatro Amazonas como ponto de
referncia), variou de 2,25 a 14,88 km no fragmentos menores e de 2,91 a 10,97 Km nos
fragmentos maiores (Figura 1.10).
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Distncia do centro da cidade (Km)
100
200
300
400
500
600
rea
dos
frag
men
tos
> 90
hec
tare
s
Figura 1.10. Distncia dos FFU em relao ao centro da cidade dos FFUs menores do que
90 ha e maiores do que 90 ha.
Os fragmentos com reas menores do que 90 ha estavam distribudos em 34,8%
dos bairros da cidade sendo: Aleixo, Alvorada, Armando Mendes, Cidade Nova, Colnia
Antnio Aleixo, Colnia Terra Nova, Distrito I, Distrito II, Flores, Mauazinho, Monte
das Oliveiras, P.10 de Novembro, Planalto, Ponta Negra, Redeno, So Jos, So
Raimundo, Tarum e Zumbi, sendo que um fragmento estava dividido entre os bairros
Armando Mendes e Zumbi, e dois fragmentos entre os bairros Distrito II e Vila Buriti.
Aqueles com reas maiores de 90 ha estavam distribudos em cinco bairros: Vila Buriti,
Mauazinho (ambos fazendo mediao com o Distrito Industrial), So Jorge, Tarum e
Coroado.
A distribuio dos fragmentos dentro do stio urbano est relacionada tambm
com a taxa de crescimento populacional (IBGE, 2000) a qual foi mais elevado na zona
norte da cidade e menor na zona sul, rea que comporta o distrito industrial I e oeste, que
apresenta ocupao recente de sua rea (Tabela 1.4).Tab ela 2. Re lao en tre taxa de cresc imento a nual da populao e o n mero de fragmen tos urba nos. Zon a Popu lao Tota l, 1991 Populao Total, 2000 Taxa de cres cimento anual da po pulao tota l Nm ero de Fragm entos Zon a Centro O este 125,910 14 1,022 1.28 4 Zon a Centro S ul 91,957 12 3,987 3.41 7 Zon a Leste 175,495 34 0,453 7.71 8 Zon a Norte 113,675 28 2,083 10.73 14 Zon a Oeste 194,918 21 4,075 1.06 11 Zon a Sul 303,434 29 2,873 -0.40 14 MAN AUS 1, 005,389 1,39 4,493 2.64 58
0 5 10 15Distncia do centro da cidade (Km)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
re
a d
os
fra
gm
en
tos
< 9
0 h
ect
are
s
37
-
Tabela 4. Relao entre taxa de crescimento anual da populao e o nmero de fragmentos urbanos
Zona Populao Total, 1991 Populao Total, 2000
Taxa de crescimento anual da populao
total Nmero de Fragmentos
Zona Centro Oeste 125,910 141,022 1.28 4 Zona Centro Sul 91,957 123,987 3.41 6 Zona Leste 175,495 340,453 7.71 8 Zona Norte 113,675 282,083 10.73 14 Zona Oeste 194,918 214,075 1.06 11 Zona Sul 303,434 292,873 -0.40 13 MANAUS 1,005,389 1,394,493 2.64 56
Na anlise de regresso mltipla linear, o tamanho dos fragmentos no apresentou
relao significativa com as variveis: distncia do centro (N=56; R=0,068; p=0,102) e
riqueza da matriz no entorno dos FFUs (N=56; R=0,068; p=0,195). Na matriz de
correlao de Pearson houve correlao significativa entre as variveis idade e distncia
do centro, e por isso a varivel idade no entrou na anlise.
Os resultados da regresso mltipla logstica (status da propriedade: privada=1;
pblica=0) mostraram que a propriedade privada apresentou relao significativa inversa
com a distncia do centro da cidade (N=56; T= -2.990; p= 0.003). No houve relao
significativa entre a rea do fragmento (N=56; T= -2.005; p=0.045) e a propriedade
privada. Na matriz de correlao de Pearson foram includas as variveis: rea do
fragmento, distncia do centro da cidade e riqueza da matriz e houve correlao
significativa entre a rea do fragmento e a riqueza da matriz no entorno dos FFUs, logo a
matriz foi testada apenas com as duas primeiras variveis e no houve correlao
significativa.
O tamanho dos fragmentos no estava relacionado com a distncia do centro da
cidade, embora a concentrao dos fragmentos estivesse entre cinco e 12Km e a zona
oeste concentrasse mais fragmentos de tamanhos diferentes.
38
-
DISCUSSO
A cidade de Manaus ocupa apenas 4% da rea do municpio, mas 99,1% da
populao est concentrada neste stio urbano, no lugar onde se desenrola grande parte
das aes e eventos humanos, e a que identificamos os FFU deste estudo, reas verdes
e florestas que esto inseridas no espao urbano, aquele que conduzido pela prpria
sociedade (SANTOS, 1993; HARVEY 2004). Em 20 anos a cidade se expandiu e o
desmatamento cresceu aceleradamente. A Paris dos trpicos, j na poca da borracha
exclua sua populao dos benefcios da indstria extrativa, pois os trabalhadores locais
no tinham acesso aos palcios e construes suntuosos (DIAS, 2007), que hoje,
envelhecidos, convivem na zona centro-sul com edifcios e casas mais modernas. A
excluso social estruturou a populao e estabeleceu divises de classes entre os
indivduos. O crescimento da populao coincidiu com o crescimento da massa de
excludos, conseqentemente, reas de florestas foram sendo ocupadas desordenadamente
e algumas reas foram ficando isoladas originando os atuais FFUs .
A presena dos fragmentos parece estar relacionada com a expanso da cidade e a
zona a qual pertence, mas ainda no esto relacionados diretamente com a distncia do
centro da cidade, mesmo os fragmentos se concentrando a uma distncia cada vez maior
deste centro. Em So Paulo, a cidade tambm se iniciou no centro, conhecido atualmente
como Centro Velho, e se deslocou para reas cada vez mais afastadas, num processo de
apenas 30 anos devido a interesses econmicos (PHILIPPI JUNIOR & RODRIGUES,
2005).
O tamanho dos FFUs no teve relao significativa com a distncia do centro e
riqueza da matriz, sugerindo que estes fragmentos esto inseridos na cidade no como
reas para conservao da biodiversidade ou melhoria da qualidade de vida, mas reas
secundrias da cidade, que no esto inseridas no cotidiano dos cidados, e que tem
utilidade apenas para construo de prdios e comrcio que colaborem para o
crescimento local, seguindo o modelo de crescimento de outras cidades brasileiras. Alem
disso, os fragmentos prximos do centro so mais de propriedade privada, mostrando que
estas reas so mais comerciais, apresentando proprietrios que podem vend-las de
acordo com o mercado, provavelmente devido ao desinteresse destes proprietrios em
manterem estas reas com florestas, e que a probabilidade de criao de Parques
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florestais e de lazer prximos ao centro so cada vez menores, uma vez que as reas
existentes so privadas e no pblicas, afetando conseqentemente a qualidade do ar, e
outros fatores ambientais.
A cidade de So Paulo, por exemplo, foi to intensivamente colonizada aps 1867
com a industrializao, que o solo urbano portou-se como mercadoria, sujeita
valorizao e especulao crescente em torno da escassez de espaos, e as reas verdes
com seus outros valores, no podem ser mensuradas em moeda corrente (PHILIPPI
JUNIOR & RODRIGUES, 2005). A Mata Atlntica foi to desmatada que restam
atualmente apenas 7% da sua cobertura original, as quais esto distribudas em 456
manchas verdes e que ainda sofrem presso do desmatamento em locais distantes poucos
quilmetros de cidades como Belo Horizonte e Rio de Janeiro (DREYER, 2001).
Os 56 FFU representaram 17,8% da rea estudada (DPR15), maior que a
proporo ocupada por reas verdes, fragmentos, arborizao urbana, parques, praas,
canteiros e jardins de So Paulo, onde as reas verdes na zona urbana correspondem a
10,24 % da rea, (944,5 km2) (SILVA, 1993). Na cidade chinesa Maashan mais de 40%
dos habitantes vivem em ambientes artificiais, e apesar de considerarem importantes as
construes realizadas na cidade tm incentivado as mudanas no ambiente urbano, o
qual em apenas duas dcadas transformou o antigo centro com prdios em um ambiente
com melhores condies, alterando a paisagem e manejando os recursos naturais e
protegendo a biodiversidade restante (ZEMIN, 2006).
H neste caso um contra-senso entre uma cidade tipicamente industrial que abriga
uma populao de aproximadamente 530 mil habitantes na rea urbana de 301 Km, e
que busca ambientes verdes artificiais devido escassez deste tipo de ambiente
(www.apps.ah.gov.cn, acessado em: 29/04/08), e uma cidade como Manaus com quase 2
milhes de habitantes, com rea urbana de 457,9 Km, que apresenta diversas reas
verdes naturais, mas que ainda no so valorizadas pela sociedade. Nem mesmo o plano
diretor (Art.66) e o cdigo ambiental da cidade (Art.38) definem o destino, importncia e
proteo dos FFU.
Em Manaus, o stio urbano foi crescendo com o crescimento econmico, e aps o
ciclo da borracha (1888-1920), veio a Zona Franca de Manaus (ZFM) (1967-2001), atual
Plo Industrial de Manaus -PIM (desde 2002). A cidade cresceu horizontalmente e desde
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http://www.apps.ah.gov.cn/
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os anos 90 passou a crescer tambm verticalmente com a expanso dos arranha-cus ou
espiges. Este processo de crescimento resultou em vrios fragmentos pequenos
(1.529,261 hectares somados) e poucos grandes (2.207,407 hectares somados) e com a
reduo dessas reas verdes, os maiores FFUs com florestas remanescentes podem
contribuir com a conservao da biodiversidade e a qualidade de vida da populao local,
enquanto os menores podem contribuir com a paisagem da cidade.
Dos sete fragmentos maiores do que 90 hectares seis foram de propriedade
federal, e quatro destes fragmentos j foram retratados em um estudo de Da Costa et al
(1991), que considerava estas reas como especiais e que representavam, juntamente com
outras duas reas (rea Recreativa do Sesc e rea do Sesi) 71% das reas verdes
pblicas remanescentes da cidade, que incluam praas, cemitrios, horto, conjuntos
residenciais e canteiros. Estas reas j sofriam presso de invaso e o Poder Pblico
praticamente no ajudava as instituies proprietrias na sua proteo e conservao.
Nenhum destes fragmentos unidade de conservao. O fragmento da rea do campus da
UFAM, por exemplo, no apresenta oficialmente um plano de conservao, apenas um
conselho ambiental. Estas reas so isoladas da populao e apenas a rea do campus da
UFAM pode ser visitada por se tratar de uma universidade e apresentar trilhas, todavia
no h guias para orientao, as demais reas so gerenciadas pela INFRAERO e
COMAER (Comando da Aeronutica), sendo proibida a sua visitao, e mesmo estudos
cientficos so difceis de serem realizados.
Os fragmentos menores de 90 hectares apresentam seis das 49 reas protegidas,
mas apenas uma, o MIND recebe visitantes. Os demais fragmentos espalhados nos
diversos bairros da cidade acabam no fazendo parte da comunidade em que esto
inseridos e talvez por isso, acabem sendo desvalorizados. Os 25 fragmentos de
propriedade privada podem desaparecer de acordo com o interesse de seus proprietrios,
e os demais sofrem presso de invases e sofrem os efeitos dos processos da
fragmentao, como o efeito de borda, falta de conectividade, isolamento das espcies
presentes, reduo dos habitats, dentre outros. Em regies do sul e sudeste a preocupao
em conservar parques com reas pequenas crescente, devido escassez de florestas na
regio (KRONKA et al, 2005, PORTO et al, 2005).
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As diferentes matrizes entorno dos fragmentos pode ser mais um fator que
dificulte a manuteno destes a longo prazo. As ocupaes residenciais pressionam os
fragmentos da cidade de Manaus e criam uma relao estreita entre a conservao da
diversidade e a perda total destas reas, e tambm podem diminuir a rea dos fragmentos
com o aumento de quintais destas residncias, ou invaso por moradores. O comrcio e
indstrias podem despejar seu lixo nestes fragmentos contribuindo para a poluio destas
reas.
As reas protegidas dentro da cidade
As reas legalmente conservadas na rea de estudo foram apenas seis, todavia
segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMA), a rea urbana da cidade
apresenta 12 unidades de conservao1, sendo 2 parques2 (Parque Municipal do Mind e
Parque Estadual Sumama), um refgio de Vida Silvestre3 (Refgio de Vida Silvestre
Sauim Castanheira), uma APA4 (APA Tarum/Ponta Negra), uma APP5 (rea de
Proteo Permanente do Mind), um Jardim Botnico6 ( Jardim Botnico Adolpho
Ducke), uma Reserva7 (Reserva Floresta Adolpho Ducke) e 4 RPPNs8 ( Reserva
Particular de Patrimnio Natural Honda, Philips, Buritis e Soka Gakai).
Apesar destas reas da existncia destas reas, apenas o Parque Municipal do
Mind, o jardim Botnico e a RPPN da Philips apresentam estrutura fsica com presena
de vigias para a visitao pblica.
As conseqncias para os fragmentos florestais
Os fragmentos florestais urbanos da cidade de Manaus representam uma reduzida
parcela da vegetao presente na Amaznia, e segundo levantamento realizado em
algumas reas, as florestas so, em geral, de capoeira com resqucios de floresta
secundria e alguns pontos de floresta primria (SUBIR, 1998, DOS ANJOS, 2007).
Dessa maneira, estes fragmentos podem no abranger a diversidade de fauna e
flora presente na regio, porm, estas reas apresentam grande relevncia para a
populao humana local e tambm para a conservao da espcie endmica Saguinus
bicolor (famlia Callitrichidae) que tem seu habitat reduzido com a perda e/ou diminuio
destes fragmentos (EGLER, 1992; SUBIR, 1999, VIDAL & CINTRA, 2006).
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Desde a dcada de 80, diversos movimentos conservacionistas voltados
preservao de reas mostram que reservas maiores podem ser mais efetivas, pois o
excesso de espcies na rea seria menor e assim a velocidade de perda seria mais baixa
(NOSS, 1980). O valor dos fragmentos, principalmente aqueles menores do que 90ha
pode estar direcionado para os servios ambientais que so prestados para a cidade, na
sua insero na paisagem e no prprio modelo de crescimento ou desenvolvimento da
cidade incentivado pelas polticas pblicas atual, e pelo anseio crescente de mudana da
populao.
A substituio dos fragmentos por construes pode resultar na
impermeabilizao excessiva do solo e enchentes e Manaus apresenta uma caracterstica
peculiar de apresentar grande volume de chuvas (2200mm) sobre sua regio, sendo
sempre chuvas torrenciais que duram em regra de meia a duas horas e a umidade relativa
do ar sendo muito elevada (SIOLI, 1991). Um estudo da Secretaria Municipal de Defesa
Civil (Semdec) identificou 360 reas de risco de desabamento em 25 bairros diferentes da
cidade, e em apenas sete deles havia presena de algum fragmento florestal (MANH,
2008). Alm disto, foi verificado a presena de igaraps dentro das reas dos fragmentos,
incluindo nascentes, que so importantes para a qualidade dos mananciais de
abastecimento e tambm para o escoamento das guas das chuvas (FILHO, 2003; MELO
et al, 2005; DOS SANTOS, 2005).
A conservao de reas de fragmentos florestais envolve o conhecimento sobre
algumas causas da extino nestes locais, que se iniciou na teoria de biogeografia de
ilhas, j citada anteriormente. Os FFUs da cidade de Manaus apresentaram idade variadas
em relao ao tempo de isolamento, sendo alguns fragmentos existindo h mais de 90
anos. A riqueza biolgica destes fragmentos s pode ser avaliada atravs de estudos nas
reas, porm a sobrevivncia destes fragmentos mesmo com as adversidades: efeitos de
borda, invaso de espcies exticas, matriz do entorno, presso do crescimento da cidade
sobre estas reas, e tantas outras, mostra indcios de que essas reas se manejadas
corretamente podem ser teis para a populao humana, para a cidade na qual est
inserida e podem abrigar diversidade de fauna e flora da regio.
Forman et al (1976) e Galli et al (1976) observaram na cidade de New Jersey, que
o aumento do nmero de aves num fragmento era devido ao aumento da rea do
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fragmento estudado e que apenas fragmentos acima de 40 hectares suportavam uma
completa comunidade de aves regionais. Sendo assim os fragmentos menores do que 90
hectares no devem ser visualizados individualmente, mas inseridos no contexto da
paisagem local. Apesar de no poderem suportar muitas espcies, podem abrigar
pequenas populaes da fauna e da flora importantes no contexto global de diversidade e
podem melhorar a qualidade de vida das populaes humanas prximas a estas reas.
Alm disso, as reas menores poderiam servir de Parques jardins e/ou ecolgicos
(MONTOVANI, 2003) para a populao em geral.
O interesse das polticas pblicas adotadas nas cidades o que primordialmente
poder direcionar o seu prprio avano. As mudanas de larga escala no podem ser
realizadas individualmente, mas o interesse individual pode ser o ponto de partida para
conservao de reas verdes, da reestruturao das cidades, e colocada em prtica
atravs do coletivo. Dessa maneira, fragmentos florestais urbanos podem contribuir em
escala regional, mas tambm em escala global, talvez no influenciando no clima global,
mas afetando o modo de vida das populaes locais, permitindo intercmbio de culturas,
conscientizao sobre floresta e o meio no qual nos inserimos atualmente e no qual
podemos viver.
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CAPTULO II. Uso de recursos naturais em fragmentos florestais na
rea urbana de Manaus, AM.
Resumo. Atravs da aplicao de ferramentas participativas: mapeamento participativo,
entrevistas individuais e visitas de campo, foram verificados 32 usos de recursos naturais
em quatro fragmentos da cidade de Manaus: UFAM, SUMAMA, SESI e MIND. A
rea total destes fragmentos representou 3.27% em relao aos 219km estudados num
raio de 15km do centro. A curva de acumulao de recursos ainda no se estabilizou
sugerindo que existam mais usos no relatados no estudo (estimador Jackknife= 38.9
usos). O maior fragmento (UFAM- 578 ha ou 0.578km) teve a segunda maior
diversidade o que sugere no haver relao entre a rea do fragmento e a diversidade de
usos. O SESI teve a maior diversidade (H= 3.045), riqueza (S=21) e dominncia (D=
0.945). Os fragmentos do SUMAMA e SESI tiveram maior similaridade, enquanto o
MIND se destacou dos demais na anlise de agrupamento. Os recursos de maior
diversidade foram: caa de cutia, extrao de aa e patau, a pesquisa cientfica, a prtica
do sexo ao ar livre e o despejo de lixo (H= 1.386, D=0.750).
Palavras chave: populao humana, usos, recursos naturais, conservao.
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INTRODUO
Populaes humanas exploram recursos naturais alm dos limites dos
mecanismos ecolgicos de restrio e regenerao, utilizando habilidades tecnolgicas na
busca por mais recursos. O crescimento de suas populaes dependente da densidade,
sendo limitado pela disponibilidade destes recursos, alm de doenas existentes
(RICKLEFS, 1996; ODUM, 1998). Recursos naturais podem ser conceituados
ecologicamente como os elementos biticos e abiticos que integram o ambiente e que
podem ser consumidos favorecendo a taxa de crescimento populacional de acordo com a
sua disponibilidade (TILMAN, 1982; COSTA, 2003). Recursos podem ser renovveis ou
no, acessveis, abundantes ou escassos, e dessas qualidades deriva seu valor (RIBEIRO,
2000). O valor monetrio dos recursos no-renovveis e a reduo de seus estoques
geraram preocupao ecolgica em pases da Europa e Amrica j nos anos de 1900, e no
Brasil nos anos de 1980 diversas Unidades de Conservaao (UC) foram criadas com o
objetivo de proteger os recursos naturais (DIEGUES, 2000).
A capacidade humana em utilizar fontes de energia no-renovveis tem permitido
o uso de recursos antes inacessveis, como carvo, combustveis e depsitos de gs, alm
da localizao de novas fontes e importao de recursos de outros ecossistemas,
possibilitando o aumento da sustentao das populaes de forma ilimitada (TILMAN,
1982). Na Amaznia, nos ltimos 150 anos processos histricos levaram a migrao das
zonas rurais e concentrao populacional em centros urbanos. Houve crescimento
exponencial nas principais cidades da Amaznia: Belm, Manaus, Rio Branco, Amap,
Porto Velho e Cuiab (Figura 2.1).
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0200400600800
10001200140016001800
1872 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1996 2007
Anos
Popu
la
o (x
100
0)
Figura 2.1. Crescimento populacional nas cidades de Belm, Macap, So Luiz, Manaus,
Rio Branco, Porto Velho e Cuiab, entre os anos de 1872-2007 (Fonte: IBGE, Anurios
estatsticos).
Enquanto a populao se concentrou nas reas urbanas, na zona rural aes de
desmatamento, corte de rvores, queimada, introduo de pastagens, crescimento
comercial e necessidade de matria-prima resultaram na fragmentao das florestas,
perda da biodiversidade (FEARNSIDE 1999; TABARELLI et al, 2004;
BIERREGAARD & LOVEJOY, 1989; LAIDLAW, 2000; CULLEN, et al, 2000), e
declnio de populaes de rvores (MESQUITA, et al, 2000; TABARELLI et al, 2004).
Apesar disso, a populao humana da Amaznia ainda utiliza os recursos em sistemas
agro-florestais tradicionais (SILVA-FORSBERG & FEARNSIDE, 1993; RIBEIRO et al,
2004; BORGES et al, 2005), caa de subsistncia (REBLO & PEZZUTI, 2000;
PEZZUTI et al, 2004; CHIARELLO, 2000), e pesca comercial e de subsistncia
(PARENTE & BATISTA, 2005; BRAGA, 2006).
Dentre os componentes dos ecossistemas, nem todos so comercializados, sendo,
por isso, desconsiderados nas decises polticas. Valores no comerciais dos recursos
incluem os valores ticos, culturais e cientficos para as populaes humanas
(FEARNSIDE, 1999). Alm disso, as populaes humanas apresentam diferentes
opinies, vises e conhecimentos sobre os ecossistemas. Neste sentido, inserem-se aqui
dois diferentes princpios no estudo destas populaes humanas. Primeiro o princpio
tico que tem relao com a descrio e generalizao sem se preocupar com o contexto,
como grades classificatrias e descries tcnicas. Em seguida, o princpio mico que
referente a regras, conceitos, crenas (VAN LIER, 1989), ou seja, a percepo da
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populao humana em si estudada, o modo como interagem com o ambiente. Estes dois
princpios visualizados atravs de uma viso holstica permitem que conflitos advindos
das diferenas entre as categorias sejam amenizados e possam ser complementares.
Os recursos florestais urbanos tendem a ser reconhecido internacionalmente como
uma via efetiva para maximizar os benefcios potenciais para geraes atuais e futuras, e
seus benefcios so diretos e indiretos, tais como manuteno das guas, reduo no
consumo de energia, reduo da poluio, alm de representarem atrativos tursticos
(DWYER et al, 1992; BEZERRA & MUNHOZ, 2000). Algumas cidades brasileiras tm
investido na conservao de florestas urbanas e permitido o acesso de moradores. Em
Curitiba, a poltica de preservao de reas verdes vem desde os anos 1970, com a
conscientizao da populao, implantao de reas verdes, e adoo de mecanismos
legais (HILDEBRAND et al, 2002). So Paulo tem poucas reas verdes que so
utilizadas intensivamente pela populao para atividades de lazer como exerccios,
caminhadas e shows (MONTOVANI, 2003). Em Manaus, somente na poca da borracha,
as polticas urbanas tinham a preocupao em arborizar a cidade, e conservar espaos
florestais (DIAS, 2007).
O processo histrico de ocupao da cidade de Manaus pode ser balizado por trs
momentos histricos: (1) a construo do forte portugus So Jos do Rio Negro (1669),
(2) o ciclo da borracha (entre o final do sculo XIX e o incio do sculo XX) e (3) a
implementao da Zona Franca de Manaus, atualmente Plo Industrial de Manaus - PIM
em 1967 (MOURA et al, 1993; DIAS, 2007). A implementao da Zona Franca de
Manaus resultou no crescimento populacional e expanso do stio urbano que
pressionaram a matriz florestal e deram origem a fragmentos florestais ou florestas
urbanas, reas remanescentes de floresta que ficaram cercadas por indstrias, casas,
comrcio, ruas e estradas e at mantm alguma conexo com outros fragmentos, e que
podem ser utilizadas por pessoas que moram no entorno para diferentes finalidades,
dependendo das condies de acesso. Este estudo procurou saber se a diversidade de
recursos naturais dos fragmentos urbanos utilizados est diretamente relacionada com
tamanho das reas e com a matriz de entorno.
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OBJETIVO GERAL
Conhecer as relaes entre a populao humana e os recursos naturais existentes
nos fragmentos florestais urbanos de Manaus.
OBJETIVOS ESPECFICOS
Determinar quais os recursos naturais utilizados pela populao humana nos
fragmentos florestais urbanos;
Verificar as relaes entre a diversidade de recursos utilizados em fragmentos
florestais urbanos e suas reas e matrizes de entorno;
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MATERIAL E MTODOS
rea de estudo
O stio urbano de Manaus ocupa aproximadamente 458 Km e este estudo cobriu
48% desta rea, onde foram identificados 56 fragmentos florestais urbanos (FFU)
excludas reas minsculas, com menos de trs hectares reas reduzidas e isoladas
devido expanso da cidade. H fragmentos em reas de propriedade pblica e privada e
os componentes da matriz de entorno foram classificados em cinco categorias:
habitaes, indstrias, outra vegetao (reas verdes genricas), avenidas e ruas, e
comrcio, H fragmentos de mais de 90 anos e fragmentos de 10 anos que esto
distribudos prximos ao centro da cidade (mnimo 2,25 km) e bem distantes (mximo
14,88 km), os menores fragmentos tem trs hectares e o maior tem 578,6 hectares (0,578
Km), estando distribudos em todas as zonas administrativas e tem caractersticas
distintas de vegetao, estado de conservao, localizao e tempo de fragmentao.
Do total de fragmentos, foram selecionados oito para o estudo dos padres de uso
de recursos, com base nos seguintes critrios: 1) contemplar as seis zonas administrativas
da cidade; 2) incluir reas de tamanhos diferentes; e 3) ter boas condies de acesso. Os
FFU selecionados foram: o campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM),
Aeroporto Ponta Pelada (PONTA PELADA), Mauazinho (localizado na zona sul da
cidade), Centro de Instrues de Guerra na Selva (CIGS), Refgio de Vida Silvestre
Sauim-Castanheiras (CASTANHEIRAS), o Parque Estadual Sumama (SUMAMA), o
Parque Municipal do Mind (MIND) e rea verde do clube do Trabalhador - SESI, dos
quais, apenas quatro fragmentos foram efetivamente estudados quanto aos usos pela
populao do entorno: UFAM, SUMAMA, SESI e MIND (Figura 2.2). No foi
concludo o levantamento de atores sociais, nem reunidos os moradores e usurios dos
fragmentos do Mauazinho, CIGS e Ponta Pelada. Nas reas militares CIGS (exrcito) e
PONTA PELADA (aeronutica) - mesmo com autorizao formal para estudo, o acesso
de pesquisadores s reas sofreu restries - s poderiam ser percorridas entre 7:00 s
8:00h e apenas com o responsvel pelo setor, alguns pontos no poderiam ser percorridos
e a entrada em alguns conjuntos militares seria restrita, em vista destas restries
desistimos de fazer o estudo nestes fragmentos, pois gastaria muito tempo, e talvez atores
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sociais chaves no fossem localizados, afetando os resultados. No CASTANHEIRAS no
houve interesse dos usurios em participar da pesquisa apesar de duas tentativas.
Figura 2.2. Distribuio dos quatro fragmentos onde foram realizados mapeamento
participativo e entrevista com usurios destas reas. O fragmento azul o campus da
UFAM, em vermelho a rea do SESI, em verde o MIND e em rosa SUMAMA.
1. Campus da UFAM
O campus da Universidade do Amazonas (UFAM) foi criado em 1965 e
administrado pela prpria universidade desde 1968 (SILVA-FORSBERG, 1999), sendo
rea do Governo Federal. A rea delimitada por diferentes conjuntos residenciais,
comrcio e indstrias. Est inserido em seis bairros: Coroado, So Jos, Zumbi dos
Palmares, Distrito Industrial I, Japiim e Petrpolis, sendo o Coroado o vizinho mais
antigo do campus, que subdividido em Coroado I e II e Ouro Verde (tambm
denominado Coroado III). O Coroado I resultante de um processo de invaso ocorrida
na dcada de 1970, na parte nordeste do campus universitrio, no qual houve perda
estimada de 119 hectares de floresta (SILVA-FORSBERG, 1999), sua populao atual
estimada em mais de 30 mil habitantes (IBGE, 2000). O Ouro Verde ou Coroado III
inclui os conjuntos Iurit e Ouro Negro que fazem limite com a rea. No bairro So Jos,
o conjunto Acariquara, faz limite com o campus. Este conjunto de classe mdia foi criado
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em 1980 pela iniciativa privada para abrigar os funcionrios da prpria instituio
(SILVA-FORSBERG, 1999). No Distrito Industrial h empresas que fazem limite com a
rea do campus e est em construo o condomnio Eliza Miranda, destinado classe
mdia. No bairro Japiim, o conjunto Atlio Andreazza faz limite com o campus e tem
casas que estendem seu quintal para dentro da rea da UFAM. No bairro Petrpolis, a
avenida Rodrigo Otvio impede o contato direto com casas e construes. No bairro
Zumbi dos Palmares, o conjunto Nova Repblica tem casas com os quintais voltados para
o campus, e apesar de ter sido construdo na dcada de 1980, os moradores s fixaram
residncia em 1991 (SILVA-FORSBERG, 1999). O campus da UFAM tem 578 hectares,
vegetao de Floresta Ombrfila Densa (ou mata primria de terra firme), Floresta
Ombrfila Aberta com predomnio de mata secundria (capoeira) em diferentes estgios
de sucesso, vegetao de campina e rea antrpica (COUTINHO, 1994).
2. Parque Estadual Sumama
O Parque Estadual Sumama uma UC Estadual, administrada pelo IPAAM
(Instituto de Proteo Ambiental da Amaznia), criada em 05 de setembro de 2003 pelo
Decreto 23.721, e resultou da mobilizao desde 1998 de moradores do bairro Cidade
Nova e da ao de agncias ambientais (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - IBAMA,
Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SEMMA, Instituto de Proteo Ambiental da
Amaznia - IPAAM).
O Parque fica no bairro Cidade Nova, e foi planejado para abrigar a populao
migrante do interior que vivia em palafitas nos igaraps (www.portalamazonia.com.br,
ltimo acesso em 03/06/2008), porm a ocupao foi to grande que resultou na diviso
do bairro em 20 ncleos mesclando populao de baixa renda e classe mdia e alta
(www.portalamazonia.com.br, ltimo acesso em 03/06/2008). Os ncleos trs e cinco -
subdivises do bairro - fazem limite com a rea do fragmento. A construo de conjuntos
no entorno do Parque teve incio na dcada de 1980, que hoje se encontra completamente
isolada. As casas do ncleo cinco, Rua 47 tem quintais fazendo limite com o Parque. A
matriz de entorno constituda por casas residenciais e comrcio. O Parque tem 51
hectares, vegetao do tipo Floresta Ombrfila Aberta, predomnio de floresta secundria
(capoeira) em diferentes estgios sucessionais. Em alguns pontos, reas de terreno
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http://www.portala