Usos Locais de Espécies Vegetais Nativas Em Uma Comunidade Rural 03-09-2012 _essa

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184 ______________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume Especial – 2012 1 Aluno de Graduação do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Laboratório de Etnoecologia. Areia, Paraíba, Brasil.([email protected]). 2 Aluno de Graduação do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias pela Universidade Federal da Paraíba. Campus III. Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias. Laboratório de Etnoecologia. Bananeiras, Paraíba, Brasil.([email protected]). 3 Aluna de Graduação do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Laboratório de Etnoecologia. Areia, Paraíba, Brasil. ([email protected]). 4 Professor da Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Ciências Biológicas. Areia, Paraíba, Brasil.([email protected]). 5 Professor da Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais. Setor de Ecologia e Biodiversidade. Laboratório de Etnoecologia. Areia, Paraíba, Brasil. ([email protected]) Recebido para publicação em 21 de maio de 2012 Aceito para publicação em 06 de setembro de 2012 USOS LOCAIS DE ESPÉCIES VEGETAIS NATIVAS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO NORDESTINO (SÃO MAMEDE, PARAÍBA, BRASIL). Natan Medeiros Guerra 1 , João Everthon da Silva Ribeiro 2 , Thamires Kelly Nunes Carvalho 3 , Kamila Marques Pedrosa 3 , Leonardo Pessoa Felix 4 , Reinaldo Farias Paiva de Lucena 5 RESUMO -A etnobotânica estuda a forma como diferentes grupos humanos viventes interagem com a vegetação de sua região. Seguindo essa linha de pesquisa, realizou-se um estudo na comunidade rural Várzea Alegre, município de São Mamede (Paraíba, Brasil), com a finalidade de registrar e analisar o conhecimento e uso que os moradores atribuem aos recursos vegetais. Realizaram-se entrevistas com 36 informantes(17H/19M). As plantas foram organizadas em nove categorias utilitárias. Foi calculado o valor de uso por meio de três cálculos (VU atual /VU potencial /VU geral ) para cada espécie, família e categoria. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPB (CEP/HULW nº 297/11). Foram registradas 40 espécies, as quais receberam 1858 citações de uso (1058 madeireiros e 800 não madeireiros). As citações de usos atuais (59%) foram superiores as de uso potencial (41%). As espécies em destaque no estudo fitossociológico foram Bauhinia Pentandra (Bong.) Vogel ex Steud. na área conservada (463 indivíduos), e Croton blanchetianus Baill. (1454 indivíduo) na área degradada. Mimosa tenuiflora (Wild) Poir obteve os maiores VU atual e VU geral , e Tabebuia aurea (Silva Massa) Benth & Hook f exs. Moore o maior VU potencial . O destaque de M. tenuiflorase deu em virtude do seu grande uso em atividades madeireiras, como construção, combustível e tecnologia. A família que se destacou, em relação aos VUs foi Bignoniaceae. Os resultados do presente estudo mostram a necessidade da distinção do VU em geral, atual e potencial, como também estudos que avaliem a extração dos recursos vegetais da comunidade, assim com a pressão exercida sobre os mesmos. Unitermos: Etnobotânica, Semiárido, População Tradicional. LOCAL USES OF NATIVE VEGETAL SPECIES IN A RURAL COMMUNITY AT NORTHEASTERN SEMI-ARID (SÃO MAMEDE, PARAÍBA, BRAZIL). ABSTRACT -The Ethnobotany studies the way how different living human groups interact with the vegetation in from their region. Following this search line, a study was carried out at the rural community Várzea Alegre, São Mamede city (Paraíba, Brazil), aiming to analyze and to record the knowledge and use that the residents attribute to the vegetal resources. Interviews were carried out with 36 informants (17H/19M). The plants were organized into nine useful categories. It was calculated the use value through three calculus (VU current /VU potential /VU general ) for each species,

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1Aluno de Graduação do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Laboratório de Etnoecologia. Areia, Paraíba, Brasil.([email protected]). 2Aluno de Graduação do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias pela Universidade Federal da Paraíba. Campus III. Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias. Laboratório de Etnoecologia. Bananeiras, Paraíba, Brasil.([email protected]). 3Aluna de Graduação do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Laboratório de Etnoecologia. Areia, Paraíba, Brasil. ([email protected]). 4Professor da Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Ciências Biológicas. Areia, Paraíba, Brasil.([email protected]).5Professor da Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais. Setor de Ecologia e Biodiversidade. Laboratório de Etnoecologia. Areia, Paraíba, Brasil. ([email protected])

Recebido para publicação em 21 de maio de 2012 Aceito para publicação em 06 de setembro de 2012

USOS LOCAIS DE ESPÉCIES VEGETAIS NATIVAS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO NORDESTINO (SÃO MAMEDE, PARAÍBA, BRASIL).

Natan Medeiros Guerra1, João Everthon da Silva Ribeiro2, Thamires Kelly Nunes Carvalho3,

Kamila Marques Pedrosa3, Leonardo Pessoa Felix4, Reinaldo Farias Paiva de Lucena5 RESUMO -A etnobotânica estuda a forma como diferentes grupos humanos viventes interagem com a vegetação de sua região. Seguindo essa linha de pesquisa, realizou-se um estudo na comunidade rural Várzea Alegre, município de São Mamede (Paraíba, Brasil), com a finalidade de registrar e analisar o conhecimento e uso que os moradores atribuem aos recursos vegetais. Realizaram-se entrevistas com 36 informantes(17H/19M). As plantas foram organizadas em nove categorias utilitárias. Foi calculado o valor de uso por meio de três cálculos (VUatual/VUpotencial/VUgeral) para cada espécie, família e categoria. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPB (CEP/HULW nº 297/11). Foram registradas 40 espécies, as quais receberam 1858 citações de uso (1058 madeireiros e 800 não madeireiros). As citações de usos atuais (59%) foram superiores as de uso potencial (41%). As espécies em destaque no estudo fitossociológico foram Bauhinia Pentandra (Bong.) Vogel ex Steud. na área conservada (463 indivíduos), e Croton blanchetianus Baill. (1454 indivíduo) na área degradada. Mimosa tenuiflora (Wild) Poir obteve os maiores VUatuale VUgeral, e Tabebuia aurea (Silva Massa) Benth & Hook f exs. Moore o maior VUpotencial. O destaque de M. tenuiflorase deu em virtude do seu grande uso em atividades madeireiras, como construção, combustível e tecnologia. A família que se destacou, em relação aos VUs foi Bignoniaceae. Os resultados do presente estudo mostram a necessidade da distinção do VU em geral, atual e potencial, como também estudos que avaliem a extração dos recursos vegetais da comunidade, assim com a pressão exercida sobre os mesmos. Unitermos: Etnobotânica, Semiárido, População Tradicional.

LOCAL USES OF NATIVE VEGETAL SPECIES IN A RURAL COMMUNITY AT NORTHEASTERN SEMI-ARID (SÃO MAMEDE, PARAÍBA, BRAZIL).

ABSTRACT -The Ethnobotany studies the way how different living human groups interact with the vegetation in from their region. Following this search line, a study was carried out at the rural community Várzea Alegre, São Mamede city (Paraíba, Brazil), aiming to analyze and to record the knowledge and use that the residents attribute to the vegetal resources. Interviews were carried out with 36 informants (17H/19M). The plants were organized into nine useful categories. It was calculated the use value through three calculus (VUcurrent/VUpotential/VUgeneral) for each species,

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family and category. The present study was approved by the Ethics and Research Committee of UFPB (CEP/HULW nº 297/11). It was recorded 40 species which received 1858 use citations (1058 timber and 800 not timber). The current use citations (59%) were higher than those of potential use (41%). The species which stand out in the phytossociological study were Bauhinia Pentandra (Bong.)Vogel ex Steud.In the conserved area (463 individuals), and Croton blanchetianus Baill.(1454 individuals) in the degraded area.Mimosa tenuiflora (Wild) Poir got the highest Ucurrent and VUgeneral, and Tabebuia aurea (Silva Massa) Benth & Hook f exs. Moore the highest VUpotential.M. tenuiflora stands out due the its great use in timber activities, like building, fuel and technology. The family which stood out regarding the VUs was Bignoniaceae. The results of the present study show the need of distinction of the VU in general, current and potential, as well as the pressure made upon themselves. Uniterms: Ethnobotany, Local knowledge, Semiarid. INTRODUÇÃO

A etnobiologia é o estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade humana a respeito da biologia (Posey, 1986). A etnobotânica, por sua vez,busca analisar, estudar e interpretar a história e a relação entre as sociedades antigas e atuais com as plantas, investigando as diferentes formas de ocorrência desta interação (Prance, 1987; Albuquerque, 2005; Medeiros, 2009). Os estudos direcionados a essa temática vêm se intensificando, e nos últimos anostêm assumido uma postura qualiquantitativa, que busca não só registrar o conhecimento e as estratégias no manejo das populações humanas para com os recursos naturais, como também aplicar índices a exemplo do valor de uso que indica as famílias e/ou espécies mais importantes para uma dada comunidade, se baseando no uso atribuído e na quantidade de informantes, podendo ser também instrumento para testes de hipóteses(Phillips e Gentry, 1993a,b; Dhar, et al., 2000; Galeano, 2000; Luoga et al., 2000; Lykke, 2000; Albuquerque e Andrade, 2002a,b; Begossi et al., 2002; Kristensen e Lykke, 2003; La Torre-Cuadros e Islebe, 2003; Shanley and Rosa, 2004; Gavin e Anderson, 2005; Albuquerque, 2006; Altrichter, 2006; Hanazaki et al., 2006; Monteiro et al., 2006; Reyes García et al., 2006; Albuquerque e Oliveira, 2007; Florentino et al., 2007; Lucena et al., 2007a,b;Albuquerque et al., 2008; Lucena et al., 2008; Ramos et al., 2008a,b; Sá e Silva et al., 2009; Almeida et al., 2010; Ayantude et al., 2009; Sodati and Albuquerque, 2010;Lucena et al, 2011; Medeiros et al al. 2011; Sousa et al. 2011; Lucena et al., 2012a,b; Sousa et al. 2012).

Estudos etnobotânicos realizados nas regiões semiáridasdo Nordeste do Brasil tem registrado grande diversidade de espécies reconhecidas por seu potencial utilitário, indo desde usos madeireiros a usos não madeireiros (Albuquerque e Andrade, 2002a, b; Albuquerque et al., 2005a, b; Florentino et al., 2007; Lucena et al., 2007a, b, 2008; Albuquerque et al., 2008; Monteiro et al, 2008; Ramos et al., 2008a, b; Sá e Silva et al., 2008; Lucena et al., 2011; Lucena et al., 2012; Sousa et al., 2012). Contudo, ainda são poucos os trabalhos direcionados nestas áreas, partindo do pressuposto de que devido a sua abrangência territorial, abrigam diversas culturas com particulares aspectos sociais, culturais e econômicos. Segundo Albuquerque (2010), esses ambientes atualmente encontram-se bastante alterados, devido a substituição de vegetação nativa por áreas de cultivo, pastagens, desmatamento e queimadas para fins agropecuários, alterando esses ambientes e tendo como consequência a diminuição da diversidade local. Maia (2004), alerta para outras modificações, consequentes da constante degradação, tais como árvores baixas, de caule fino, às vezes apenas de tamanho e forma arbustivos, e com poucas espécies em relação ao estado primário.

A partir desta realidade, se faz necessárioo direcionamento de trabalhos em regiões ainda não estudadas, documentando os diversos usos contextualizados nas diferentesregiões deste ecossistema, assim como estimar de que forma está sendo realizada a extração da vegetação nativa, indo desde análises sobre a frequência de coleta, a quantidade coletada, disponibilidade dessas plantas nas áreas de vegetação, testando hipóteses como, por exemplo, a da aparência ecológica (Rhoades e Cates 1976; Feeny 1976; Philips e Gentry, 1993ab; Lucena et al. 2007; Lucena et al.

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2012), e redundância utilitáriauso/conhecimento que segundo a literatura Albuquerque, 2006; Lucena et al., 2007; Ayantude et al.,2009; Almeida et al., 2010 Lucena et al., 2012a,b), apresenta uma dinâmica de cotidiadamente, o que se denomina apenas em momentos de necessidadesAlbuquerque 2004; Stagegaard et al. 2002;

O presente estudo buscou comunidade rural no semiárido da Paraíbaetnobotânico, como também contribuir com os estudos nas regiões semiáridas MATERIAIS E MÉTODOS Área de Estudo

O presente estudo foi realizado no município de São Mamede, localizado no semiárido, na microrregião do Seridó Ocidental, estado da Paraíba (Nordeste do Brasil)263m, coordenadas geográficas 06°55’37”S e habitantes (1819 na zona rural e 5729 na zona urbana), uma área de un530,725Km² (IBGE, 2010).

O município dista, aproximadamenteacesso pela rodovia BR-230 no sentido Lestenorte), com Várzea-PB e Santa LuziaQuixaba-PB (ao sul), e Patos-PB Tropical Semi-Árido, com chuvas de verão. O períodochuvoso se inicia emnovembro com término em abril.( MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2005).

Figura 1: Localização geográfica do município de São Mamede, eBrasil (Fonte: Sousa, 2011). Comunidade estudada

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utilitária (Albuquerque e Oliveira, 2007), considerando a relação uso/conhecimento que segundo a literatura (La Torre-Cuadros and Islebe, 2003; Cunha and Albuquerque, 2006; Lucena et al., 2007; Ayantude et al.,2009; Almeida et al., 2010 Lucena et al.,

ta uma dinâmica de recrutamento de espécies úteis, sendo algumasdamente, o que se denomina de uso atual, e outras cujo uso é conhecido, porém efetivado

momentos de necessidades emergenciais, este é denominado de uso potencial (Stagegaard et al. 2002; Lucena et al 2007; Lucena et al., 2012).

buscou registrar e analisar o conhecimentoda comunidade rural no semiárido da Paraíbasobre as plantas lenhosas úteis a partir de um inventário

como também contribuir com os estudos nas regiões semiáridas

O presente estudo foi realizado no município de São Mamede, localizado no semiárido, na Ocidental, estado da Paraíba (Nordeste do Brasil) (Figura 1)

nadas geográficas 06°55’37”S e 37°05'45" O. Apresenta uma população total de 7748 habitantes (1819 na zona rural e 5729 na zona urbana), uma área de un

aproximadamente, 278 km da capital do Estado, João Pessoa, com o 230 no sentido Leste-Oeste. Limita-se com Ipueirae Santa Luzia-PB (ao leste), Areia de Baraúnas

e São José de Espinharas-PB (ao oeste). O clima regional é do tipo , com chuvas de verão. O períodochuvoso se inicia emnovembro com término

TÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2005).

a do município de São Mamede, estado da Paraíba,

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), considerando a relação Cuadros and Islebe, 2003; Cunha and

Albuquerque, 2006; Lucena et al., 2007; Ayantude et al.,2009; Almeida et al., 2010 Lucena et al., recrutamento de espécies úteis, sendo algumas utilizadas

cujo uso é conhecido, porém efetivado de uso potencial (Silva e

Lucena et al., 2012). da população de uma

a partir de um inventário como também contribuir com os estudos nas regiões semiáridas.

O presente estudo foi realizado no município de São Mamede, localizado no semiárido, na (Figura 1), altitude de

37°05'45" O. Apresenta uma população total de 7748 habitantes (1819 na zona rural e 5729 na zona urbana), uma área de unidade territorial de

278 km da capital do Estado, João Pessoa, com o se com Ipueira-RN e Várzea-PB (ao

(ao leste), Areia de Baraúnas-PB, Passagem-PB e O clima regional é do tipo

, com chuvas de verão. O períodochuvoso se inicia emnovembro com término

stado da Paraíba, Nordeste do

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O presente estudo foi desenvolvido na comunidade rural Várzea Alegre, localizada aproximadamente a seis quilômetros do centro urbano. A economia tem como base a agropecuária, e na pecuária, destaca-se a bovinocultura leiteira e caprinocultura extensiva. A criação avícola encontra-se de forma secundária no setor econômico da comunidade (Sousa, 2011; Lucena et al, 2012). Na agricultura, o milho e o feijão predominam, sendo produzidos apenas na agricultura de “sequeiro” (agricultura onde a produção ocorre apenas no período chuvoso), e em sua grande maioria para a agricultura de subsistência. Antigamente, a produção de algodão se destacava entre as demais com enfoque comercial, mas as pragas e as mudanças climáticas, principalmente, na dinâmica das chuvas, prejudicou a continuidade da produção dessa cultura na região.

Uma vez por mês os moradores dessa comunidade também podem se deslocar para a comunidade vizinha de Gatos, na qual existe o Programa de Saúde da Família (PSF). As crianças assistem aulas no ensino fundamental em no Grupo Escolar Municipal Elizeu Evangelista de Medeiros, na comunidade de Gatos. No ensino médio, todos têm que se deslocar para o centro urbano do município (Sousa, 2011).

Inventário Fitossociológico

Para se levantar informações sobre a disponibilidade local das espécies úteis foi realizado um estudo fitossociológico em duas áreas de vegetação, sendo uma área distante do centro da comunidade ficando, aproximadamente, a 3 km (A1), localizada na encosta da Serra da Mandioca, e a outra próxima as residências, distando 1km (A2). Em cada área foram plotadas 50 parcelas contínuas, medindo 10 x 10m, totalizando 100 parcelas, correspondendo a um hectare de amostra.

Em cada área foram registradas todas as espécies lenhosas que apresentaram um diâmetro do caule em nível do solo (DNS) igual ou superior a três centímetros, excluindo-se cactos, bromélias, trepadeiras, lianas e pequenas herbáceas (Araújo & Ferraz, 2010). A fim de comparar o extrativismo exercido pelas populações locais nas áreas de vegetação as áreas foram escolhidas segundo indicações dos informantes, uma que apresentasse um estado melhor de conservação, estado este também determinado pelos pesquisadores do presente estudo, com base em sinais evidentes de extrativismo, e outra área sendo reconhecida pelos informantes como local constante de extração de recursos.

Os parâmetros fitossociológicos adotados foram valor de importância e os valores relativos de densidade, dominância e frequência, que foram analisados de acordo com Araújo e Ferraz (2010), em que a Densidade Relativa (DRt, %), é estimada pelo número de indivíduos de um determinado táxon com relação ao total de indivíduos amostrados. Frequência Relativa (FRt, %), estimada com base na FAt (Frequência total da espécie em questão), em relação à Frequência Total (FT, %), que representa o somatório de todas as frequências absolutas. A Dominância Relativa (DoRt,%) representa a porcentagem de DoA (dominância absoluta da espécie em questão), com relação à dominância total (DoT) (Araújo &Ferraz, 2010).

Inventário Etnobotânico Na comunidade foram visitadas 100% das residências (25 casas). A pesquisa foi desenvolvida com 36 informantes (chefes de família), sendo 17 homens e 19 mulheres.Houve recusa por parte de um casal na participação da pesquisa.

Para cada informante foi explicado o objetivo do estudo, e em seguida estes foram convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que é solicitado pelo Conselho Nacional de Saúde por meio do Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução 196/96). O estudo foi desenvolvido com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) do Hospital Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba com registro de protocolo a aprovação CEP/HULW nº 297/11, Folha de Rosto nº 420134.

Os informantes da pesquisa foram os chefes domiciliares, considerando-se tanto o homem como a mulher, sendo os responsáveis pela residência. Os primeiros contatos com a comunidade

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foram mediados pelo agente comunitário de saúde da localidade, o qual foi informado sobre a finalidade e a importância do trabalho.

O formulário semiestruturado utilizado nas entrevistas apresentou perguntas específicas sobre as espécies conhecidas e os usos a elas atribuídos pelos moradores da comunidade. As plantas citadas foram enquadradas em categorias de uso seguindo as recomendações da literatura (Albuquerque e Andrade 2002a, b; Ferraz et al. 2006; Lucena et al. 2007; Lucena et al. 2012), sendo elas: alimentação, combustível, construção, forragem, medicinal, tecnologia, veneno/abortiva, veterinária, mágico religioso, ornamentação e outros usos. Na categoria outros usos foram inclusas as citações para higiene pessoal (lavar cabelos, escovar dente, etc.), bioindicadores (plantas que indicam a chegada da chuva) e sombra.

Foi utilizada a técnica da turnê guiada (Albuquerque et al. 2010), que consiste em uma caminhada pelas residências e áreas de vegetação da comunidade, acompanhado por informantes que se dispuseram para acompanhar os pesquisadores nesta parte do estudo, que objetivou coletar material vegetal fértil para a classificação botânica das espécies citadas nas entrevistas. Realizadas as coletas, estas foram processadas em campo, herborizadas e encaminhadasao Herbário Jaime Coelho de Moraes (EAN) doCentro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (Areia, Paraíba).

Análises de dados

Foi calculado o Valor de Uso (VU) para espécies, famílias e categorias utilizando as fórmulas VU = ∑Ui/n, VUf = ∑VU/nf, e VUc = ∑VU/nc, de acordo com Rossato et al. (1999), em que Ui = número de usos mencionados por cada informante, n = número total de informantes, VUf = valor de uso de cada espécie na família, nf = número de espécies na família, VUc = valor de uso de cada espécie na categoria e nc = número de espécies na categoria.

Para a distinção entre valor de uso atual e potencial foram consideradas as citações de usos efetivos e usos cognitivos, sendoa primeira relacionada aos usos cotidianos e a segunda aquelesusos que são apenas conhecidos e que não são efetivados. Esta distinção foi realizada durante as entrevistas de acordo com Lucena et al., (2012a), quando solicitado aos informantes que indicassem quais plantas e usos que estavam presentes ou não no seu dia-a-dia.

RESULTADOS Inventário Fitossociológico

Dezenove especies pertencentes a 16 gêneros e sete famílias foram registradas na área mais distante da comunidade (A1), sendo que 14 destas foram consideradas úteis. Um total de 14 espécies pertencentes a 12 gêneros e sete famílias foram registradas na área adjacente (A2), dez destas foram consideradas úteis. (Tabela 1).

A riqueza de famílias botânicas na Área 1 (7 famílias, tendo duas plantas não indentificadasé semelhante a Área 2 (7 familias), com destaque para Fabaceae, Euphorbiaceae e Combretaceae, explicado pelo registro de um grande número de indivíduos das espécies Bauhinia pentandra (Bong.) Vogel ex Steud. com 463 indivíduos, seguidos de Croton blanchetianus Baill. com 358, e Combretum fruticosum (Coefl) Stuntz com 170. Já a área mais próxima da comunidade (A2), houve o predomínio de Euphorbiaceae e Fabaceae, explicado também pelo grande número de indivíduos das espécies C. blanchetianus(1.454 indivíduos), Mimosa tenuiflora Willd.) Poir.(274) e Poincianella gardneriana (Benth.) L. P. Queiroz (170).

Entre as espécies citadas como úteis pelos informantes, destacaram-se em A1, com relação ao valor de importância (VI) e dominância relativa (DoR): B. pentandra (mororó) (VI=77,04; DoR=26,06), C. blanchetianus (marmeleiro)(VI=56,62; DoR=16,31), C. fruticosum (mufumbo)(VI=37,56; DoR=13,81), Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan(angico) (VI=36,18; DoR=22,65) e Manihot cf. dichotoma Ule(Maniçoba)(VI=31,57; DoR=10,64).

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Em relação à densidade relativa (DeR) e frequência relativa (FR) destacaram-se na A1: B. pentandra (mororó) (DeR=35,32; FR=15,67), C. blanchetianus (marmeleiro)(DeR=27,31; FR=13,0), C. fruticosum (mufumbo) (DeR=11,75; FR=11,67), M. dichotoma (Maniçoba) (DeR=7,93; FR=13,0),A. colubrina (angico) (DeR=4,20; FR=9,33).

As espécies citadas que se destacaram na A2, com relação ao valor de importância (VI) e dominância relativa (DoR): C. blanchetianus (marmeleiro) (VI=117,71; DoR=38,02), M. tenuiflora (jurema preta)(VI=56,05; DoR=28,04), P. gardneriana (catingueira)(VI=31,51; DoR=11,70), Aspidosperma pyrifolium Mart.(pereiro) (VI=28,59; DoR=7,73) e C. fruticosum (mufumbo)(VI=23,93; DoR=6,86).

Em relação à densidade relativa (DeR) e frequência relativa (FR) destacaram-se na A2: C. blanchetianus (marmeleiro)(DeR=62,86; FR=16,84), M. tenuiflora (jurema preta)(DeR=11,85; FR=16,16),P. gardneriana (catingueira) (DeR=7,35; FR=12,46), A. pyrifolium (pereiro) (DeR=6,01; FR=15,15),C. fruticosum (mufumbo) (DeR=4,28; FR=12,79). (Tabela 2).

Tabela 1. Espécies lenhosas, com DNS ≥ 3cm, usadas na comunidade rural de Várzea Alegre, município de São Mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil). Resultados dos parâmetros fitossociológicos, onde NºInd= número de indivíduos; DeR= densidade relativa; FrR= frequência relativa; DoR= dominância relativa; VI= valor de importância.

ESPÉCIES A1 A2

NºInd DeR FrR DoR VI NºInd DeR FrR DoR VI

Anacardeaceae

Myracrodruon urundeuva Allemão

15 1.14 2.00 0.73 3.87 01 0.04 0.34 0.01 0.39

Apocynaceae

Aspidosperma pyrifolium Mart.

12 0.92 3.33 0.97 5.22 139 6.01 15.15 7.73 28.89

Burseraceae

Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet

17 1.30 4.67 2.01 7.97 _ _ _ _ _

Capparaceae

Cynophalla flexuosa (L.) J. Prese

_ _ _ _ _ 03 0.13 1.01 0.20 1.34

Combretaceae

Combretum fruticosum (Coefl) Stuntz

154 11.75 11.67 13.81 37.23 99 4.28 12.79 6.86 23.93

Euphorbiaceae

Croton blanchetianus Baill. 358 27.31 13.00 16.31 56.62 1454 62.86 16.84 38.02 117.71

Manihot cf. dichotoma Ule 104 7.93 13.00 10.64 31.57 _ _ _ _ _

Jatropha mollissima (Pohl) Baill.

13 0.99 3.00 0.40 4.39 38 1.64 7.74 0.97 10.36

Croton rhamnifolius Kunth. 01 0.08 0.33 0.00 0.41 54 2.33 4.38 1.80 8.51

Cnidoscolus quercifolius Pohl

_ _ _ _ _ 10 0.43 2.36 3.40 6.19

Page 7: Usos Locais de Espécies Vegetais Nativas Em Uma Comunidade Rural 03-09-2012 _essa

______________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume Especial – 2012

Fabaceae

Bauhinia Pentandra (Bong.) Vogel ex Steud.

463 35.32 15.67 26.06 77.04 _ _ _ _ _

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan

55 4.20 9.33 22.65 36.18 _ _ _ _ _

Piptadenia stipulaceae (Benth.) Ducke

27 2.06 6.00 1.60 9.65 59 2.55 6.73 1.07 10.35

Luetzeburgiasp. 20 1.53 4.33 0.41 6.26 _ _ _ _ _

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.

01 0.08 0.33 0.15 0.56 274 11.85 16.16 28.04 56.05

Poincianella gardneriana (Benth.) L. P. Queiroz

_ _ _ _ _ 170 7.35 12.46 11.70 31.51

Rhamnaceae

Ziziphus joazeiro Mart. 01 0.08 0.33 0.17 0.58 03 0.13 1.01 0.07 1.21

Inventário Etnobotânico

Nas entrevistas foram registradas 36 espécies de plantas lenhosas, 32 gêneros e 19 famílias, distribuídas em um total de 1851(699 – Mulher/ 1157 – Homem) citações de uso, sendo uma média de 33 citações por informante(Tabela 2). Deste total de citações 1085 (59%) são de usos atuais e 766 (41%)de usos potenciais.

Tabela 2. Plantas lenhosas com diâmetro ao nível do solo ≥ 3 centímetros, consideradas úteis pelos moradores dacomunidade rural de Várzea Alegre, no município de São Mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil). Categorias de uso: Ct = construção; Al= alimentos; Cb = combustível; Fr = forragem; Me = medicina; Ot = outro; Tc = tecnologia; Vt = veterinária; Mr = mágico/religioso; Or = ornamental; Va = veneno/abortivo. Partes usadas: Pc = planta completa; Ca = casca; Fl = flor; Fr = fruto; Ec = entrecasca; La = látex; Fo = folha; Ra = raiz; Se = semente; Ma = madeira; Ce = cera; Ba = batata FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME

VERNACULAR USOS PARTES DA

PLANTA Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Allemão

Aroeira Cb, Ct, Fr, Tc, Me, Mr, Or

Ca, Ec, Fl, Fo, Ma, Ra

Schinopsis brasiliensi Engl. Braúna/ Baraúna Ct, Ct, Ma Spondias mombin L. Cajarana Al, Fr Fr Spondias tuberosa Arruda Umbuzeiro Al, Cb, Fr, Me, Or, Ot Ba, Ca, Fl, Fo, Fr,

Ma, Ra, Pc Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro Preto Cb, Ct, Fr, Me, Or, Ot,

Tc, Va, Vt Ca, Ec, Fo, Ma, Pc

Arecaceae Copernicia prunifera (Miller) It.E.Moore

Carnaúba Al, Ct, Fo, Ma, Or, Ot, Tc

Ce, Fl, Fo, Fr, Ma, Pc

Bignoniaceae

Handroanthus impetiginous (Mart. ex DC.) Mattos

Pau D'arco Roxo Cb, Ct, Fr, Mr, Me, Ot, Tc

Ca, Fl, Fo, Fr, Ma, Pc

Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore

Caibeira Cb, Ct, Fr, Or, Ot, Tc Fl, Fo, Fr, Ma, Pc, Se

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______________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume Especial – 2012

Bixaceae Cochlospermum regium (Mart. ex Schrank) Pilg.

Algodão Brabo Ot Fl

Burseraceae Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet

Umburana de cambão/Umburana

Ct, Me, Ot, Tc, Va Ca, Ec, Fo, Fr, Ma, Pc

Capparaceae Crateva tapia L. Trapiá Tc, Al, Fr Ma, Fr Cynophallaflexuosa (L.) J. Prese

Feijão Brabo Fr, Tc, Vt Ca, Ec, Fo, Fr, Ma

Chrysobalanaceae Licania rigida Benth Oiticica Cb, Ct, Fr, Me, Ot, Tc Fo, Fr, Ma, Pc Combretaceae Combretum fruticosum (Loefl.) Stuntz

Mufumbo Cb, Ct, Fr, Me, Or, Tc, Vt

Ca, Ec, Fl, Fo, Ma, Pc

Euphorbiaceae Cnidoscolus quercifolius Pohl Favela; Favela branca Al, Cb, Fr, Me, Ot, Tc,

Va, Vt, Ca, Ec, Fo, Fr, La, Ma, Pc, Ra, Se, Ca

Croton blanchetianus Baill Marmeleiro Cb, Ct, Fr, Me, Or, Tc Ca, Ma, Fo, Ec, Pc Croton rhaminifolius Kunth. Velame Fr, Me, Ot, Tc Ma, Fl, La, Se Jatropha mollissima (Pohl) Baill.

Pinhão Brabo Fr, Mr, Me, Ot, Tc, Va, Vt

Fo, Fr, La, Ma, Se, Pc

Manihot cf. dichotoma Ule Maniçoba Fr, Va Fo Fabaceae Pithecellobiun diversifolium Benth.

Espinheiro Me Ec

Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm.

Cumarú Ct, Me, Tc Ca, Ec, Ma

Anadenanthera colubrina (Vell) Brenam

Angico Cb, Ct, Fr, Me, Ot, Tc, Va, Vt

Ca,Fo, Fr, Ma

Bauhinia pentandra (Bong.) Vogel ex Steud.

Mororó Cb, Ct, Fr, Me, Tc, Vt Ca, Ec, Fo, Fr, Ra

Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz

Pau Ferro/ Jucá Al, Cb, Ct, Fr, Me, Ot, Tc, Va, Vt

Ca, Ec, Fo, Fr, Ma, Pc

Luetzeburgiasp. Pau Pedra Cb, Ct, Ot, Tc Ma, Pc Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.

Jurema Preta Cb, Ct, Fr, Mr, Me, Or, Ot, Tc, Vt

Ca, Ec, Fl, Fo, Fr, Ma, Se, Pc

Piptadenia stipulaceae (Benth.) Ducke

Jurema Branca/Amorosa

Cb, Ct, Fr, Me, Tc, Vt, Ca, Fo, Fr, Ma, Se

Poincianella gardneriana (Benth.) L. P. Queiroz

Catingueira Cb, Ct, Fr, Me, Tc, Vt Ba, Ca, Ec, Fl, Fo, Fr, Ma, Ra

Malvaceae Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil.) A. Robyns

Imbiratã Me Ca

Meliaceae Cedrela odorata L. Cedro Tc Ma Olacaceae Ximenia americana L. Ameixa Al, Cb, Fr, Me, Vt Ca, Fr, Ma Passifloraceae Passiflora faetida Canapu Va Fo Plumbaginaceae Plumbago scandens L. Louro Ct, Tc Ma Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Mart. Juazeiro Al, Cb, Fr, Mr, Me, Or,

Ot, Vt Ca, Ec, Fl, Fo, Fr, Ma,

Pc

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__________________________

Rubiaceae Coutarea hexandra (Jack.) K. Schum. Sapotaceae Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) T. D. Penn.

Foram identificadas 1056 corespondem a utilização da madeira para diversos fins como construções rurais e domésticas também usos energéticos para abastecimento de fogões domésticosmasculinas e 335 femininas. Para ocaseiros, por exemplo), foram registradas 795 citações, destas 429 foram citadas por homens e 360 por mulheres.

As citações de uso atual se sobressaíram com relação asmadeireiros, com exceção dos citados por mulheres, como para não madeireiros. Isto pode estar relacionado ao fato, já abordado na literatura, de as mulheres deterem maior domínio do conhecimento de categorias não madeireiras. Figura 2. Valor de Uso atual e potencial para citações madeireiras, (homens e mulheres) e não madeireiras (homens e mulheres), (Paraíba, Nordeste do Brasil).

Tratando-se das categorias de usoconstrução (382 citações) e medicinalusos potenciais com 234 citações a primeira, 160 a segunda e 106 a atual, tecnologia (264 citações) e construção (222 citações) também se sobressaíram, desta vez seguidas por forragem (155 citações). mágico/religioso e ornamental foram as respectivamente. Já com relação tecnologia ambas com 25 espécies3).As categorias mágico/religiosodiversidade, variando de seis a nove espéciesTabela 3.Número de espécies e citações de uso nas categorias utcomunidade Várzea Alegre município, de São Mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil).

Categoria de Uso Número de Espécie

Alimento

1085

553

766

503

0

200

400

600

800

1000

1200

______________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume

Quina-Quina Vt

Quixabeira Al, Cb, Fr, Me, Ot

1056 citaçõesde usos madeireiros (553 atuais e 503 potenciais), que corespondem a utilização da madeira para diversos fins como construções rurais e domésticas

para abastecimento de fogões domésticos, onde 721 são citações masculinas e 335 femininas. Para os usos não madeireiros (alimentícios e produção de remédios

, por exemplo), foram registradas 795 citações, destas 429 foram citadas por homens e 360

As citações de uso atual se sobressaíram com relação as potenciais, tanto para usos madeireiros, com exceção dos citados por mulheres, como para não madeireiros. Isto pode estar relacionado ao fato, já abordado na literatura, de as mulheres deterem maior domínio do conhecimento de categorias não madeireiras.

Valor de Uso atual e potencial para citações madeireiras, (homens e mulheres) e não madeireiras (homens e mulheres), na comunidade "Várzea Alegre", município de São Mamede

se das categorias de uso,as mais citadas foram tecnologia (citações) e medicinal (286 citações), que também se destacaram para as citações de

usos potenciais com 234 citações a primeira, 160 a segunda e 106 a terceira. Para as citações de uso atual, tecnologia (264 citações) e construção (222 citações) também se sobressaíram, desta vez seguidas por forragem (155 citações). Para as citações de uso potencial, mágico/religioso e ornamental foram as menos citadas com apenas seis e

com relação a diversidade de espécies enquadradas, se destacaramespécies, seguidas por medicinal (23 sp.), e combustível (21 sp.)

ágico/religioso, veneno/abortivo, ornamental e alimentodiversidade, variando de seis a nove espécies. Tabela 3.Número de espécies e citações de uso nas categorias utilitárias, conforme registrado

unicípio, de São Mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil).Número de Espécie Número de Citações (%)

Gerais Atuais

9 87 (4,73) 25 (1,36)

532

375

157

317215

503

263 226178 112 145

Volume Especial – 2012

Ca

Ca, Fr, Ma, Pc

(553 atuais e 503 potenciais), que corespondem a utilização da madeira para diversos fins como construções rurais e domésticas e

onde 721 são citações produção de remédios

, por exemplo), foram registradas 795 citações, destas 429 foram citadas por homens e 360

potenciais, tanto para usos madeireiros, com exceção dos citados por mulheres, como para não madeireiros. Isto pode estar relacionado ao fato, já abordado na literatura, de as mulheres deterem maior domínio do

Valor de Uso atual e potencial para citações madeireiras, (homens e mulheres) e não na comunidade "Várzea Alegre", município de São Mamede

,as mais citadas foram tecnologia (498 citações), , que também se destacaram para as citações de

Para as citações de uso atual, tecnologia (264 citações) e construção (222 citações) também se sobressaíram, desta vez

Para as citações de uso potencial, As categorias menos citadas com apenas seis e nove citações,

se destacaram forragem e e combustível (21 sp.) (Figura

, veneno/abortivo, ornamental e alimentoapresentaram menor

ilitárias, conforme registrado na unicípio, de São Mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil).

Número de Citações (%)

Potenciais

62 (3,37)

Atual

Potencial

Page 10: Usos Locais de Espécies Vegetais Nativas Em Uma Comunidade Rural 03-09-2012 _essa

______________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume Especial – 2012

Combustível 21 193 (10,49) 101 (5,49) 92 (5,00)

Construção 19 382 (20,76) 222 (12,07) 160 (8,70)

Forragem 25 183 (9,95) 155 (8,42) 28 (1,52)

Mágico-religioso 6 9 (0,49) 9 (0,49) -

Medicinal 23 286 (15,54) 180 (9,78) 106 (5,76)

Ornamental 9 10 (0,54) 6 (0,33) 4 (0,22)

Outros 17 103 (5,6) 52 (2,83) 51 (2,77)

Tecnologia 25 498 (27,07) 264 (14,35) 234 (12,72)

Veneno-abortivo 8 48 (2,61) 15 (0,82) 33 (1,79)

Veterinário 14 41 (2,23) 31 (1,68) 10 (0,54) As famílias botânicas com maior representatividade em número de espécies foram Fabaceae

(9 sp.), Euphorbiaceae (5 sp.) e Anacardiaceae (4 sp.). M. tenuiflora (191 citações), A. pyrifolium (159 citações) eTabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore (161 citações) se destacaram por serem mais citadas.Handroanthus impetiginous (Mart. Ex DC) Mattos(151 citações).A. pyrifolium, M. tenuiflora e Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz se mostraram mais versáteis quanto ao número de categorias em que se enquadraram, estando todas presentes em nove categorias de uso. A parte mais utilizada foi a madeira com 1056 citações (60,38%), seguida pela casca com 225 citações (12,86%) e folhacom 196 citações (11,09%). As partes menos citadas foram acera, com apenas uma citação, o tubérculo com seis citações e a raiz com oito citações. De forma geral, homem e mulher demonstraram deter conhecimento semelhante sobre o potencial utilitário de cada parte das plantas(Tabela 4). As plantas consideradas mais versáteis por possuírem mais partes utilizáveis foramCnidoscolus quercifolius Pohl, Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir., Spondias tuberosa Arruda (Benth.) L. P. P. gardneriana , todas com oito partes. Dez espécies apresentaram apenas uma parte utilizável a exemplo de Schinopsis brasiliensi Engl. ePseudobombax marginatum (A.St.-Hil.) A. Robyns.

Tabela 4: Partes utilizáveis das espécies registradas na comunidade Várzea Alegre, São Mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil), distribuição de citações entre gêneros e número de espécies. Partes usadas Citações Informantes Nºde

espécies Total Homem Mulher Casca 225 34 15 19 21 Cera 1 1 1 - 1

Entrecasca 63 24 12 12 14 Flor 34 16 8 8 16

Folha 196 33 17 16 21 Fruto 180 27 13 15 19 Látex 28 16 10 6 16

Madeira 1056 36 17 19 29 Planta

completa 52 18 12 6 16

Raiz 8 6 3 3 5 Semente 19 11 6 5 6

Tubérculo 6 2 1 1 1 Com relação a quantidade de usos atribuídos,18 espécies apresentaram acima de dez usos e

apenas 18 abaixo de dez usos, estes foramorganizadosem classes com amplitude igual a cinco, totalizando oito classes com até 40 usos.A primeira classe que vai de 1 a 5 deteve o maior número de espécies (13), a exemplo de Crateva tapia L. (cinco), P. marginatum (quatro usos), S.brasiliensis(três usos), Plumbago scandens L. (dois usos) e Cedrela odorata L. (um uso). Seis espéciesobtiveram 31-35 (classe sete) usos indicados comoAnadenanthera colubrina (Vell) Brenam

Page 11: Usos Locais de Espécies Vegetais Nativas Em Uma Comunidade Rural 03-09-2012 _essa

__________________________

(35 usos) e Cnidoscolus quercifoliusmenos espécies, a exemplo da oitava classe que vai de (36urundeuva Allemãose enquadrou

Figura 5.Número de usos atribuídos a cada espécie na comunidade "Varzea Alegre" município, de São Mmede (Paraíba, Nordeste do Brasil). Análise do valor de uso A média e o desvio padrão calculados para os três VU (VUapresentaram uma diferença entre os maiores e os menores valores1,43 e devio padrão de ± 1,51, para o VU

As famílias Bignoniaceaevalores tanto paraVUgeralcomo para VUsegunda VUgeral = 3,39 e VUatual

doVUpotencialBignoniceae (VUpotencial

destaque precedenco a famíla Burseraceae (VUvalores para VUatual, e VUgeral (VU& Hook. f. ex S. Moorecom 2,5 para o

Calculado o valor de uso das espécies dentro das categorias, construção destacou em construção (19 espécies; VU = 0,56), combustível (19 espécies; VU = 0,25) e mágico/religioso (6 espécies; VU = 0,05), com o Valor de Uso 1,61, 1,56 e 0,06 respectivamente. Nas categorias forragem (25 espécies; VU 0,20) e medicinal (23 espécies; VU 0,35) teve destaque a espécie C. quercifolius, com VU = 0,64 e 1,33, respectivamente. A categoria ornamespécies; VU 0,03) e veterinário (14 espécies; VU 0,08) tem a espécie Mart. como espécie mais importante tendo os respectivos valor de uso 0,06 e 0,25. A categoria outros (17 espécies 0,17), possui a espécie categoria com valor de uso 1,22. A espécie categoria tecnologia, com valor de uso 2,83. A categoria alimento (espécies; VU 0,27) tem a espécie Spondias tuberosa Arruda a importância na categoria, com o Valor de Uso 1,44. E a espécie Anadenanthera colubrina (Vell) Brenam, registrouVeneno/abortivo (8 espécies; 0,33), com o Valor de Uso 1,67.(Tabela 5)

13

0

2

4

6

8

10

12

14N

úm

ero

de

Esp

éci

es

______________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume

Cnidoscolus quercifolius Pohl (33 usos). Nas classes restantes se enquadraram cimenos espécies, a exemplo da oitava classe que vai de (36-40 usos) em que apenas

se enquadrou(Figura 5).

.Número de usos atribuídos a cada espécie na comunidade "Varzea Alegre" município, de Mmede (Paraíba, Nordeste do Brasil).

A média e o desvio padrão calculados para os três VU (VUgeral, VUentre os maiores e os menores valores, sendo para o VU

± 1,51, para o VUatual 0,84 e ± 0,98 e para o VUpotencial

Bignoniaceae, Rhamnaceae e Apocynaceae se destacaram por obter maiores como para VUatual, sendo para a primeira VUgeral = 4,33

atual = 1,89 e para a terceira VUgeral = 3,16 e VUpotencial = 2,1) e Rhamnaceae (VUpotencial = 1,50) continuam em

destaque precedenco a famíla Burseraceae (VUpotencial = 1,03). M. tenuiflora(VUgeral = 5,31 e VUatual = 4,3) eTabebuia aurea

com 2,5 para oVUpotencial. Calculado o valor de uso das espécies dentro das categorias, construção

em construção (19 espécies; VU = 0,56), combustível (19 espécies; VU = 0,25) e espécies; VU = 0,05), com o Valor de Uso 1,61, 1,56 e 0,06 respectivamente.

Nas categorias forragem (25 espécies; VU 0,20) e medicinal (23 espécies; VU 0,35) teve destaque a , com VU = 0,64 e 1,33, respectivamente. A categoria ornam

espécies; VU 0,03) e veterinário (14 espécies; VU 0,08) tem a espécie Aspidosperma pyrifoliumMart. como espécie mais importante tendo os respectivos valor de uso 0,06 e 0,25. A categoria outros (17 espécies 0,17), possui a espécie Ziziphus joazeiro Mart., apresentando maior destaque na categoria com valor de uso 1,22. A espécie H.impetiginous,(25 espécies; VU 0,55) destacoucategoria tecnologia, com valor de uso 2,83. A categoria alimento (espécies; VU 0,27) tem a

Arruda a importância na categoria, com o Valor de Uso 1,44. E a espécie (Vell) Brenam, registrou-se como mais importante na categoria

Veneno/abortivo (8 espécies; 0,33), com o Valor de Uso 1,67.(Tabela 5)

5

3

4

2 2

6

Número de Usos por Espécies

Volume Especial – 2012

. Nas classes restantes se enquadraram cinco ou 40 usos) em que apenas Myracrodruon

.Número de usos atribuídos a cada espécie na comunidade "Varzea Alegre" município, de

, VUatual e VUpotencial) para o VUgeral a média de

potencial 0,59 e ± 0,62. , Rhamnaceae e Apocynaceae se destacaram por obter maiores

4,33 e VUatual = 2,24, a VUatual =1,22.No caso

= 1,50) continuam em M. tenuifloraobteve os maiores

Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth.

Calculado o valor de uso das espécies dentro das categorias, construção M. tenuiflora se em construção (19 espécies; VU = 0,56), combustível (19 espécies; VU = 0,25) e

espécies; VU = 0,05), com o Valor de Uso 1,61, 1,56 e 0,06 respectivamente. Nas categorias forragem (25 espécies; VU 0,20) e medicinal (23 espécies; VU 0,35) teve destaque a

, com VU = 0,64 e 1,33, respectivamente. A categoria ornamental (9 Aspidosperma pyrifolium

Mart. como espécie mais importante tendo os respectivos valor de uso 0,06 e 0,25. A categoria Mart., apresentando maior destaque na

,(25 espécies; VU 0,55) destacou-se na categoria tecnologia, com valor de uso 2,83. A categoria alimento (espécies; VU 0,27) tem a

Arruda a importância na categoria, com o Valor de Uso 1,44. E a espécie se como mais importante na categoria

1

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195

______________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume Especial – 2012

Tabela 4. Valor de uso geral, atual e potencial, divididos por gênero, atribuído às famílias e espécies vegetais na comunidade "Várzea Alegre" município de São Mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil).

Família/Espécie

Valor de Uso Valor de Uso por Gênero Homem Mulher

VUgeral VUatual VUpotencial VUgeral VUatual VUpotencial VUgeral VUatual VUpotencial

Anacardiaceae 1,66 0,97 0,70 1,32 0,75 0,58 0,77 0,50 0,26

Myracrodruon urundeuva Allemão 1,92 1,08 0,83 2,82 1,29 1,53 1,11 0,89 0,21

Schinopsis brasiliensi Engl. 0,14 0,03 0,11 0,29 0,06 0,24 - - -

Spondias mombin L. 0,17 0,14 0,03 0,12 0,12 - 0,21 0,16 0,05

Spondias tuberosa Arruda 4,42 2,61 1,81 2,06 1,53 0,53 1,74 0,95 0,79

Apocynaceae 1,89 1,22 0,67 4,82 2,76 2,06 4,05 2,47 1,58

Aspidosperma pyrifolium Mart. 1,89 1,22 0,67 4,82 2,76 2,06 4,05 2,47 1,58

Arecaceae 1,67 1,00 0,67 2,00 1,24 0,76 1,37 0,79 0,58

Copernicia prunifera (Miller) It.E.Moore

1,67 1,00 0,67 2,00 1,24 0,76 1,37 0,79 0,58

Bignoniaceae 4,33 2,24 2,1 6,77 4, 00 2,77 2,16 0,66 1,50

Handroanthus impetiginous (Mart. Ex DC)

4,19 2,50 1,69 6,88 4,41 2,47 1,79 0,79 1,00

Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore

4,47 1,97 2,50 6,65 3,59 3,06 2,53 0,53 2,00

Bixaceae 0,03 0,03 - 0,06 0,06 - - - -

Cochlospermum regium (Mart. ex Schrank) Pilg.

0,03 0,03 - 0,06 0,06 - - - -

Burseraceae 1,50 0,47 1,03 2,41 0,82 1,59 0,68 0,16 0,53

Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet

1,50 0,47 1,03 2,41 0,82 1,59 0,68 0,16 0,53

Capparaceae 0,20 0,10 0,10 0,41 0,21 0,21 - - -

Crateva tapia L. 0,17 0,06 0,11 0,35 0,12 0,24 - - -

Page 13: Usos Locais de Espécies Vegetais Nativas Em Uma Comunidade Rural 03-09-2012 _essa

______________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume Especial – 2012

Cynophallaflexuosa (L.) J. Prese 0,22 0,14 0,08 0,47 0,29 0,18 - - -

Chrysobalanaceae 0,42 0,17 0,25 0,59 0,29 0,29 0,26 0,05 0,21

Licania rigida Benth 0,42 0,17 0,25 0,59 0,29 0,29 0,26 0,05 0,21

Combretaceae 1,33 0,69 0,64 2,18 1,24 0,94 0,58 0,21 0,37

Combretum fruticosum (Loefl.) Stuntz 1,33 0,69 0,64 2,18 1,24 0,94 0,58 0,21 0,37

Euphorbiaceae 1,45 0,9 0,56 1,85 1,17 0,67 1,1 0,64 0,45

Cnidoscolus quercifolius Pohl 3,17 2,14 1,03 3,00 2,29 0,71 3,32 2 1,32

Croton blanchetianus Baill 2,33 1,5 0,83 3,47 2,29 1,18 1,32 0,79 0,53

Croton rhaminifolius Kunth. 0,28 0,14 0,14 0,47 0,18 0,29 0,11 0,11 -

Jatropha mollissima (Pohl) Baill. 1,14 0,53 0,61 1,65 0,76 0,88 0,68 0,32 0,37

Manihot cf. dichotoma Ule 0,33 0,17 0,17 0,65 0,35 0,29 0,05 - 0,05

Fabaceae 1,83 1,18 0,65 2,37 1,51 0,86 1,34 0,89 0,45

Pithecellobiun diversifolium Benth. 0,03 0,03 - - - - 0,05 0,05 -

Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm.

0,64 0,42 0,22 0,59 0,35 0,24 0,68 0,47 0,21

Anadenanthera colubrina (Vell) Brenam

3,39 1,75 1,64 5,00 2,65 2,35 2,00 0,95 1,05

Bauhinia pentandra (Bong.) Vogel ex Steud.

1,03 0,53 0,5 1,53 0,94 0,59 0,58 0,16 0,42

Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz

2,17 1,53 0,64 2,24 1,82 0,41 2,11 1,26 0,84

Luetzeburgiasp. 0,31 0,03 0,28 0,59 0,06 0,53 0,05 - 0,05

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 5,31 4,25 1,06 6,06 5,00 1,06 4,53 3,58 0,95

Piptadenia stipulaceae (Benth.) Ducke 1,61 0,69 0,92 3,18 1,24 1,94 0,21 0,21 -

Poincianella gardneriana (Benth.) L. P. Queiroz

1,97 1,42 0,56 2,12 1,53 0,59 1,84 1,32 0,53

Malvaceae 0,14 0,11 0,03 0,12 0,06 0,06 0,16 0,16 -

Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil.) A. Robyns

0,14 0,11 0,03 0,12 0,06 0,06 0,16 0,16 -

Meliaceae 0,03 - 0,03 - - - 0,05 - 0,05

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Cedrela odorata L. 0,03 - 0,03 - - - 0,05 - 0,05

Olacaceae 0,33 0,19 0,14 0,41 0,18 0,24 0,26 0,21 0,05

Ximenia americana L. 0,33 0,19 0,14 0,41 0,18 0,24 0,26 0,21 0,05

Passifloraceae 0,11 0,03 0,08 0,18 0,06 0,12 0,05 - 0,05

Passiflora faetida 0,11 0,03 0,08 0,18 0,06 0,12 0,05 - 0,05

Plumbaginaceae 0,53 0,47 0,06 0,71 0,59 0,12 0,37 0,37 -

Plumbago scandens L. 0,53 0,47 0,06 0,71 0,59 0,12 0,37 0,37 -

Rhamnaceae 3,39 1,89 1,50 3,41 2,12 1,29 3,37 1,68 1,68

Ziziphus joazeiro Mart. 3,39 1,89 1,50 3,41 2,12 1,29 3,37 1,68 1,68

Rubiaceae 0,03 - 0,03 0,06 - 0,06 - - -

Coutarea hexandra (Jack.) K. Schum. 0,03 - 0,03 0,06 - 0,06 - - -

Sapotaceae 0,67 0,19 0,47 0,71 0,35 0,35 0,63 0,05 0,58

Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) T. D. Penn.

0,67 0,19 0,47 0,71 0,35 0,35 0,63 0,05 0,58

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Registraram-se 11 classes de valor de uso, com intervalos de0,5. A primeira classe compreendeu os valores de uso entre 0-0,5, a segunda de 0,6-1,0, aterceira de 1,1-1,5, a quarta de 1,6-2; a quinta de2,1-2,5, a sexta de 2,6-3,0,a sétima de 3,1-3,5,a oitava de 3,6-4,0,a nona de 4,1-4,5,a décima de 4,6-5,0 e a décima primeira de 5,1-5,5. A maioria das espécies obtiveram menores valores de uso e se enquadraram na primeira classe, que por este motivo, recebeu destaque tanto para o valor de uso geral, como atual e potencial. A segunda classe se observou 11 espécies com valor de uso potencial entre 0,6 e 1,1. O mesmo é observado na sexta classe para o vaor de uso atual em que 11 espécies aoresentaram valores entre 2,6 e 3,0. As classes restantes detiveram mens de dez espécies. Nenhuma espécie se enquadrou na oitava e na décima classe (Figura 5). Valor de uso parahomens e mulheres

ATabela4evidencia osvaloresdeuso (VUgeral, VUatual e VUpotencial)elencando as espécies importantes e analisando separadamente entre gêneros estes valores. Para os homens, se mostraram mais importantes,H.impetiginous(VUgeral=6,88;VUatual=4,41; VUpotencial= 2,47),seguida porTabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore(VUgeral=6,65;VUatual= 3,59; VUpotencial = 3,06) e Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. (VUgeral=6,06;VUatual= 5,00; VUpotencial = 1,06). Já as plantas que tiveram maior destaque para as mulheres foram, Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. (VUgeral=4,53;VU atual= 3,58; VU potencial = 0,95), Aspidosperma pyrifolium Mart. (VUgeral=4,05;VU atual= 2,47; VU potencial = 1,58) e Ziziphus joazeiro Mart. (VUgeral=3,37;VU atual= 1,68; VU potencial = 1,68) (Tabela 4).

As espécies H.impetiginouse T. aurea, foram altamente valorizadas pelos homens, devido ao seu potencial para fins madeireiros. Este fato pode estar relacionado à presença destas espécies nas categorias construção e combustível, geralmente dominadas pelo homem. Portanto, essas duas espécies apresentaram baixos valores por parte das mulheres. Em média, os homens (média do valor de uso = 1,89) atribuíram maiores valores de uso para as espécies do que as mulheres (média do valor de uso = 1,02).

Tabela 5. Valores de usos e categorias de usos encontradas na comunidade Vázea Alegre, município de São Mamede, (Paraíba, Brasil), onde VUg = Valor de Uso Geral; VUa = Valor de Uso Atual e VUp = Valor de Uso

Potencial. Categorias de Usos VUg±Média VUa±Média VUp±Média Espécies importantes

Alimento 0,27±0,43 0,08±0,09 0,19±0,42 Spondias tuberosa Arruda

Combustível 0,25±0,34 0,15±0,30 0,11±0,13 Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.

Construção 0,56±0,51 0,32±0,35 0,23±0,22 Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.

Forragem 0,20±0,19 0,17±0,17 0,03±0,06 Cnidoscolus quercifolius Pohl

Mágico-religioso 0,04±0,01 0,04±0,01 - Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.

Medicinal 0,35±0,33 0,22±0,22 0,13±0,13 Cnidoscolus quercifolius Pohl

Ornamental 0,03±0,01 0,02±0,02 0,01±0,01 Aspidosperma pyrifolium Mart.

Outros 0,17±0,27 0,08±0,12 0,08±0,16 Ziziphus joazeiro Mart.

Tecnologia 0,55±0,73 0,29±0,45 0,28±0,33 Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.)Standl.,

Veneno-abortivo 0,17±0,11 0,05±0,04 0,11±0,08 Anadenanthera colubrina (Vell) Brenam

Veterinário 0,08±0,07 0,06±0,07 0,02±0,02 Aspidosperma pyrifolium Mart.

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Figura 5.Numero de espécies em cada uma das classes valor de uso (Geral, Atual e Potencial) na comunidade "Várzea Alegre", município de São Mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil). DISCUSSÃO Inventário da vegetação A quantidade de espécies registradas no inventário fitossociológico no presente estudo mostrou-se abaixo dos resultados obtidos emoutras áreas do semiárido, os quais registraram um número acima de 21 espécies (Lucena et al., 2007a,b; 2008; 2012a,b). Em contrapartida é semelhante ao encontrado por Trovão et al. (2010) que registrou em uma análise dos estratos caducifólios ciliares ao riacho bodocongó 17 espécies, 16 gêneros e sete famílias. Tanto na área A1 como na A2, a diversidade encontrada dentro dos táxons moutrou-se baixa, corroborando com Araújo et al. (1995) e Sampaio (1996) que concluiram em seus inventários que, em regiões de Caatinga, a representatividade dos gêneros nas espécies é baixa, sempre havendo poucas espécies representadas por mais de um gênero. Entretanto a família Fabaceae se mostrou grande detentora de diversidade de espécies da mesma forma que em outros inventários realizados em diferentes regiões de Caatinga no Nordeste (Araújo et al., 1995; Sampaio et al., 1996; Pereira et al., 2001; Trovão et al, 2010). Da mesma forma que Lucena et al. (2008) C. blanchetianus se destacou por obter parâmetros relativos e valor de importância representativos, também A. pyrifolium obteve VI semelhante ao registrado pelo autor em seu estudo no semiárido pernambucano. Inventario etnobotanico

Os resutados obtidos apontam que as pessoas da comunidade estudada detém considerável conhecimento sobre o potencial das espécies disponíveis localmente, revelando uma forte tendência para as utilizações madeireiras. Outros estudos realizados no semiárido nordestino, dentro desta perspectiva registraram as mesmas tendências(Albuquerque & Andrade, 2002a, b; Albuquerque & Lucena, 2005; Ferraz et al., 2005; Ferraz et al., 2006; Florentino et al., 2007; Lucena et al. 2007a,b.; Albuquerque et al., 2008; Lucena et al., 2008; Monteiro et al., 2008; Ramos et al., 2008a, b; Sá e Silva et al., 2008; Albuquerque et al., 2009; Lucena et al., 2011; Sousa, 2011; Lucena et al.,

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3 3

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Nu

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Classes de Valor de Uso (VU)

VU Geral

VU Atual

VU Potencial

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2012a,b; Sousa et al., 2012), como tambémo número de espécies inventariadas foi semelhante a outros estudos realizados na Paraíba e Pernambuco, tal como, Ferraz et al. (2006), Lucena et al. (2008) e Lucena et al. (2012b).

Alguns autores ressaltam (Mutchnick e MacCarthy 1997; Galeano 2000; Tacher et al. 2002; Cunha e Albuquerque, 2006; Lucena et al. 2007b; Sousa, 2011; Lucena et al. 2012a; Sousa et al., 2012) a predominância da utilização da madeira para construções (rurais e domésticas) por populações tradicionais, tais produtos são sem dúvida,essenciais na manutenção cultural do saber adquirido com pais e avós.Com o passar dos anos essa prática não deixa de ser reconhecida, porém cada vez menos praticada.Entretanto, unido a literatura supracitada este fato pode explicar também a importância das categorias construção e tecnologia na comunidade de Várzea Alegre.

As utilizações não madeireiras das espécies também são evidenciadas em outras partes do mundo por Shakleton et al. (2002), Ladio & Lozada (2004) e Mati & Boer (2011). No caso da categoria medicinal nas regiões semiáridas, em diversos estudos nota-se a sua importância principalmente na produção caseira de chás, garrafadas e lambedores a partir da casca dos indivíduos lenhosos (Almeida & Albuquerque 2002; Albuquerque et al. 2007; Oliveira et al. 2007; Lucena et al., 2012b; Sousa et al. 2012). Da mesma foram, ocorre em Várzea Alegre, onde há a preferência de utilização da casca de Cnidoscolus quercifolius Pohl.para o tratamento de inflamações, ferimentos e até câncer.

Outro exemplo de uso não madeireiro é a categoria forragem, anteriormente abordada por Diegues & Arruda(2001), Sampaio & Gamarra-Rojas(2002) e Ferraz et al., (2006)como um integrante cultural nas populações sertanejas, que preservam as pequenas criações baseadas na técnica de pastoreio,sendo um dos responsáveis pelo manuseio tradicional dos recursos vegetais da Caatinga. Para este estudo, tal categoria se mostrou evidente no cotidiano dos moradores da comunidade Várzea Alegre, sendo a quarta categoria mais citada para os usos atuais.

Albuquerque et al. (2006), ao propor a hipótese da sazonalidade climática explica o fato de as espécies da Caatingaapresentarem múltiplos usos, isto devido a redução dos recursos disponíveis em períodos de estiagem. Neste estudo,Myracrodruon urundeuva Allemão apresentougrande versatilidade com 38 tipos de usos, indo desde a retirada de casca para utilização em banhos de assento, chás e lavagem de ferimentos, até a madeira para confecção de peças usadas nas construções de casas, como linhas, e confecção de cercas, como mourão. Este fato também foi observado por vários autores (Monteiro et al., 2006; Lucena et al., 2007a,b; Almeida et al., 2010; Lucena et al., 2012a,b).Levando em consideração que M. urundeuvaencontra-se na lista de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, informações como estas deveriam ser observadas com cautela. Todavia, estes usos acima citados, estão vinculados a utilizações que, hoje em dia, raramente são praticadas, o que caracteriza o uso potencial. Alves & Rosa (2006, 2007) levam em consideração estes aspectos ao afirmar que quanto maior o número usos uma espécies tiver mais utilizada ela será e, portanto, será enquadrada com maior facilidade em um grupo de risco. Entretanto, Albuquerque & Oliveira (2007), consideram que quanto maior o número de utilizações uma espécie tiver, mais facilmente receberá cuidados por parte das pessoas que dependem dos seus recursos, implicando assim para a sua conservação. Análise do Valor de Uso Obervando as abordagens sobre o índice do valor de uso na literatura (Stagegaard et al., 2002; La Torre-Cuadro & Islebe, 2003; Albuquerque & Lucena, 2005; Lucena, 2007a,b; Lucena et al., 2012 a,b), e considerando resultados semelhantes ao do presente estudoencontrado em outras pesquisas (Lucena et al. 2007a,b; Lucena et al., 2012a,b), nota-se que a aplicação do valor de uso a partir dos três cálculos diferenciados, resulta em diagnósticos mais coesos e aprofundados no que diz respeito a importância cultural das espécies vegetais para com uma dada comunidade. Reflexo disto é, por exemplo, o fato de M.tenuifloraser considerada mais importante para os valores de uso geral e atual, e T. aurea para o potencial. A utilização destas espécies já havia sido documentada em

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outras regiões da Caatinga (Albuquerque et al., 2002a,b; Albuquerque et al., 2006; Ferraz et al., 2006; Albuquerque e Oliveira, 2007; Lucena et al., 2007a,b.; Lucena et al., 2012a,b). Diante de tal perspectiva, Lucena et al. (2012a) testou o valor de uso a partir de diferentes formas de coleta e análise de dados, distinguindo os usos atuais de usos potenciais, e reafirma a necessidade da aplicação deste índice em estudos futuros. Ao comparar os resultados, percebe-se apesar de haver variação no elenco das espécies mais importantes de Várzea Alegre, não foi tão evidente quando ao do autor supracitado. No caso das categorias de uso, ocorreu um reordenamento das mais importantes de acordo com a consideração das citações, seja atual ou potencial. Como já esperado, as categorias construção e tecnologia assumem posições em todas as três formas de cálculo. A importância de tais categorias já é vista em outros estudos (Phillips & Gentry, 1993; Galeano, 2000; Marín-Corba et al., 2005; Ferraz et al., 2006; Lucena et al., 2007ab, Oliveira et al., 2007; Albuquerque & Oliveira, 2007; Lucena et al., 2012b). Um fato interessante é o surgimento da categoria medicinal como terceira mais importante para o valor de uso geral e atual, como também a categoria alimento para o valor de uso potencial. Isto implica que a comunidade estudada, dedica atenção não somente aos usos madeireiros. Corrobora também com alguns estudos realizados na Caatinga e que reafirmam a importância cultural dos tratamentos tradicionais nessa região (Johnston & Colquhoun, 1996; Silva & Albuquerque, 2004; Almeida et al., 2006; Lucena et al., 2008; Byg et al., 2010; Oliveira et al., 2010; Lopes et al., 2012). Marín-Corba et al. (2005) em sua análise de valor de uso em duas comunidades da Amazônia colombiana relatam de que obtiveram maiores valores de uso as categorias combustível, construção e tecnologia em uma comunidade, ena outra, alimento e medicinal.Da mesma forma Trujillo-C & Correa-Múnera (2010), em análise e local de estudos semelhantes, registraram as categorias medicinal, construção e alimento como sendo mais importantes, revelando que a tendência acima observadatambém pode ser observada em um ambiente totalmente divergente. Ao contrário do exposto por Trujillo-C & Correa-Múnera (2010), neste estudo as espécies mais citadas como as consideradas mais importantes, por meio do cálculo do valor de uso não foram encontradas em abundância nas áreas de amostragem fitossociológica. Conhecimento e valor de uso de homens e mulheres Alguns autores (Figueiredo et al., 1993, Voekes et al., 1996, Matavele & Habib, 2000, Lucena et al., 2011; Lucena et al., 2012c) enfatizam em seus estudos a semelhança encontrada entre homens e mulheres seja ao reconhecer as potencialidades de utilização dos recursos vegetais, seja na prática do conhecimento adquirido. Um ponto divergente entre este estudo e a literatura citada é no que diz repeito aos homens apresentarem maior quantidade de citações do que as mulheres da comunidade de Várzea Alegre, isto tanto para usos madeireiros como para não madeireiros, porém não obstante a realidade apresentada, as análises entre gêneros para o presente estudo demonstraram o mesmo direcionamento supracitado. Apesar de apresentarem semelhanças no reconhecimento de espécies e suas partes úteis, percebe-se uma divergência entre os gêneros no que diz respeito ao elenco das espécies mais importantes, a exemplo, para os homens este elenco ser composto por H.impetiginous, T. aurea e M. tenuiflora e para as mulheres este ordenamento muda e M. tenuiflora assume o primeiro lugar, seguida por A. pyrifolium e Z. joazeiro. Este fato pode estar correlacionado com as observações feitas por outros autores (Luoga et al., 2000; Taita, 2003; Lacuna-Richman, 2004; Lawrence et al., 2005; Lucena et al., 2007a,b) no que diz respeito a homens e mulheres deterem maior conhecimento sobre espécies que estão mais próximas das suas atividades cotidianas, sendo para os homens as espécies que estão ligadas ao trabalho e cuidados com a “roça” e as mulheres aquelas que estão presentes na manutenção das cozinhas e da família como um todo. Outro ponto a ser observado é que quando analisado o valor separadamente para homens e mulheres não há uma modificação no elenco das plantas úteis, ou seja, as mesmas espécies assumem maiores valores tanto quando consideradas citações de uso atual quanto potencial.

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Esperava-se que houvesse uma mudança neste ordenamento da mesma forma que nas análises com os dois gêneros em comum. CONCLUSÃO Diante do exposto, se faz cada vez mais necessária a aplicação de índices que quantifiquem os dados obtidos a fim de uma análise mais coesa e transparente sobre não só o conhecimento e o uso de espécies vegetais, bem como as implicações destes para as condições ecológicas de tais espécies. Espera-se que em outros trabalhos seja realizada a abordagem diferenciada do valor de uso, considerando citações de uso atual e potencial, a fim de diagnosticar, sem lacunas, quais espéciesnecessitam de olhares conservacionistas. Estas observações tornam-se cada vez mais necessárias para que estudos assim se tornem subsídio direto para a preservação da diversidade biológica, não só da Caatinga bem como de outros ecossistemas. Não obstante, visando também a diversidade cultural, a abordagem do conhecimento entre os gêneros de forma separada permitiu aumentar o leque de observações a serem feitas, bem como expos de forma mais clara asdivergências e convergências culturais entre homens e mulheres na comunidade estudada. AGRADECIMENTOS A todos os moradores da comunidade Várzea Alegre, São Mamede (Nordeste do Brasil), por terem colaborado com a pesquisa. Ao senhor João de Neiva Guerra Filho e sua família, por ter nos acolhido em sua residência para que pudéssemos realizar os trabalhos. A todos que fazem parte do Laboratório de Etnoecologia (LET/CCA/UFPB), pelo companheirismo e apoio dedicado.Agradecemos ao CNPq pela concessão de bolsas de iniciação cientifica aos alunos envolvidos no estudo, e a Direção do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, na pessoa do Prof. Dr. Djail Santos, pelo apoio logístico. REFERÊNCIAS Agra MF, França PF, Câmara CA, Silva TS, Almeida RN, Amaral FMM, Almeida MZ, Medeiros IA, Moraes MO, Barbosa-Filho JM, Nurit K, Oliveira FS, Freire KRL, Morais LCSL, Rêgo TJASR, Barros RFM (2005) Plantas medicinais e produtoras de princípios ativos. In: Sampaio EVSB (Ed) Espécies da Flora Nordestina de Importância Econômica Potencial, Associação de Plantas do Nordeste, Recife, pp 135-198 AlbuquerqueU.P.eAndradeL.H.C. ( 2002b).UsoderecursosvegetaisdaCaatinga:o casodoagrestedoestadodePernambuco(NordestedoBrasil).Interciência27: 336-345. Albuquerque U.P. e Andrade L.H.C.( 2002a). Conhecimento botânico tradicional e conservação em uma área de Caatinga no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica 16: 273-285. Albuquerque U.P.; Oliveira, R.F. 2007. Is the use-impact on native Caatinga species in Brazil reduced by high species richness of medicinal plants? Ethnophaarmac 113:156-170. Albuquerque U.P.; Silva A.C.O.; Andrade L.H.C. (2005). Use of plant resources in a seasonal dry forest (northeastern Brazil).Acta Bot. Brasílica 19: 27-38. AlbuquerqueUP(2006)Re-examininghypothesesconcerning theuseknowledgeofmedicinalplants:a studyintheCaatingavegetationofNEBrazil.JEthnobiolEthnomed2:1–10.

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