USSERTU_Resumodeu_no_jornal

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Para assegurar seu espaço, caberá ao jornal do presente investir naquilo que o leitor espera encontrar nele: •originalidade, •texto interpretativo e •analítico, com suas implicações e possíveis repercussões na vida de cada um. O fato situado dentro de um contexto mais amplo, ao lado de pesquisa e opinião. Já na internet o que se busca são •informações rápidas e específicas, em poucas linhas. Um bom texto deve ser •simples e •direto, uma síntese entre a linguagem falada e a literária. •Clareza, •objetividade e •elegância ao contar uma história é o mínimo que se pede a um repórter. Que deve procurar a palavra certa para cada situação, cortar os adjetivos, não cansar o leitor com ordem inversa e orações intercaladas. É da natureza da fonte tentar manipular o jornalista para publicar o que lhe convém. É da essência do repórter •manter sua independência profissional, •seu comportamento ético com o leitor, que não pode ser ludibriado. A • ética é inerente ao jornalismo, quando exercido com seriedade, em busca da verdade e do melhor para o leitor e para a sociedade. Portanto, o candidato a repórter também precisa fazer uma reflexão sincera sobre as suas reais intenções. Será que não está simplesmente fascinado pelo mundo do poder, dos famosos, das pretensas vantagens que se pode obter com o jornalismo, quando o espírito da “transcendência” não se faz presente? Pede-se também dos repórteres que sejam •céticos, que não acreditem nos políticos, nas autoridades, nos empresários, nos cartolas, nos policiais, nem na primeira versão de nenhuma história que lhes seja contada. •Que desconfiem sempre, procurando confrontá-las com outras. Ter uma postura • interessada, •indagadora, • reflexiva, •inquieta, etc. Estar • “antenado” com o mundo, gostar de saber das novidades, ler, se interessar, debater. O repórter tem como meta •alcançar o máximo de veracidade, precisão e profundidade em seu relato, e é nisto que consiste o mistério do mito da •objetividade. Não trair, não deturpar os fatos, forçando a barra para colocar no lide o que não é lide, ou então brigar com a notícia, escondendo-a. Jornalismo Abril 2011

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Para assegurar seu espaço, caberá ao jornal do presente investir naquilo que o leitor espera encontrar nele: •originalidade, •texto interpretativo e •analítico, com suas implicações e possíveis repercussões na vida de cada um. O fato situado dentro de um contexto mais amplo, ao lado de pesquisa e opinião. Já na internet o que se busca são •informações rápidas e específicas, em poucas linhas.

Um bom texto deve ser •simples e •direto, uma síntese entre a linguagem falada e a literária. •Clareza, •objetividade e •elegância ao contar uma história é o mínimo que se pede a um repórter. Que deve procurar a palavra certa para cada situação, cortar os adjetivos, não cansar o leitor com ordem inversa e orações intercaladas.

É da natureza da fonte tentar manipular o jornalista para publicar o que lhe convém. É da essência do repórter •manter sua independência profissional, •seu comportamento ético com o leitor, que não pode ser ludibriado. A • ética é inerente ao jornalismo, quando exercido com seriedade, em busca da verdade e do melhor para o leitor e para a sociedade. Portanto, o candidato a repórter também precisa fazer uma reflexão sincera sobre as suas reais intenções. Será que não está simplesmente fascinado pelo mundo do poder, dos famosos, das pretensas vantagens que se pode obter com o jornalismo, quando o espírito da “transcendência” não se faz presente?

Pede-se também dos repórteres que sejam •céticos, que não acreditem nos políticos, nas autoridades, nos empresários, nos cartolas, nos policiais, nem na primeira versão de nenhuma história que lhes seja contada. •Que desconfiem sempre, procurando confrontá-las com outras. Ter uma postura • interessada, •indagadora, • reflexiva, •inquieta, etc. Estar • “antenado” com o mundo, gostar de saber das novidades, ler, se interessar, debater.

O repórter tem como meta •alcançar o máximo de veracidade, precisão e profundidade em seu relato, e é nisto que consiste o mistério do mito da •objetividade. Não trair, não deturpar os fatos, forçando a barra para colocar no lide o que não é lide, ou então brigar com a notícia, escondendo-a.

As frases devem ser •naturais, •claras e • objetivas. Não se deveria empregar duas palavras onde era preciso apenas uma. A linguagem deveria ser descritiva. As expressões de gíria deveriam ser frescas e não terem se convertido em lugares comuns. E se deveria dar prioridade aos verbos e não aos adjetivos, pois é preciso oferecer ação. Saber •manejar bem a língua portuguesa e pelo menos uma estrangeira, ter uma • boa noção de História do país e o • interesse por aumentar cada vez mais sua cultura geral são requisitos importantes, mas complementares. É importante que uma boa reportagem seja bem • apurada e • adequada. Trazer a informação mais fidedigna possível, sem estar entremeada por qualquer espécie de juízo de valor sobre os fatos noticiados.

A rigor tudo começa pela pauta, que é o esqueleto de uma boa reportagem, dá origem a

uma matéria, que, normalmente, precisa de personagens, isto é, pessoas dispostas a falar, para que o leitor possa ler histórias de pessoas reais, como ele.

JornalismoAbril 2011

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A influência do editor-chefe, que podia quase tudo, até atrasar o jornal para esperar uma boa notícia, passou a ser dividida com executivos, engenheiros e técnicos que comandam a Circulação, o Comercial, o Industrial, desde que o que importa é a eficiência e a rapidez, a antecipação do horário de fechamento, a produção simultânea para mídias diversas.

Hard news, cromossomo Y: notícias mais quentes, sobre os fatos que estão mudando a vida do país e do mundo. O cromossomo Y do DNA de uma revista semanal de informação, que também é encontrado em outros veículos. Uma linha editorial especializada em notícias e

coberturas mais • complexas e • densas, como as de fatos econômicos e políticos, bem como sua contextualização, análise e projeções.

Cromossomo X, suplementos de jornal, cadernos de cultura e algumas revistas: o lado mais bonito, charmoso, elegante e perfumado do jornalismo. Somente as revistas que tratam de assuntos específicos, como fofocas, TV, moda, decoração, carro, etc.

Revista semanal: notícias mais sérias, pesadas e assuntos mais leves, o que há de melhor na junção de Y e H. Hard news passa a poder ser apresentada de forma X, charmosa e bem

cuidada; e o tema mais fru-fru, com seriedade. Em formato revista, bem ilustrada, assuntos gerais, como comportamento e serviços gerais, aprofundamento,

furos e análises sobre o tema que os jornais vêm abordando diariamente.

OFF: Sob condição de o seu nome não ser publicado, o repórter deve cumprir o que prometeu. Outras vezes, a fonte fornece dados valiosos só para situar o repórter em determinado contexto. Nesses casos, a revelação não deve ser publicada, mesmo em off. O ideal, no entanto, é que o repórter consiga publicar o máximo de informação possível em on (com a fonte aparecendo), o que lhe confere maior credibilidade.

Pool: quando jornalistas pegam material de outro sobre uma coletiva de imprensa, por exemplo, e a partir dele fazem os textos. Não é legal!

Aquário: como é chamada a cabine envidraçada destinada ao editor-chefe.

Estar na cozinha do jornal: ser o responsável por fechar o jornal.

Sentados na Redação

Com freqüência na rua, os repórteres e os fotógrafos

Integrantes da chamada cozinha do jornal => retaguarda => planejar o jornal, ter boas pautas, estruturar grandes coberturas, pautar correspondentes e sucursais, articular fatos e prever seus desdobramentos, pensar o jornal em seu conjunto e no impacto que cada um dos componentes do produto poderá causar ao leitor, reelaborar, cortar e compactar textos, titular, escolher fotos, legendar, dotados simultaneamente de conhecimento jornalístico e de uma visão espacial e artística da composição da página.

Trabalha em pé

VS.

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Hoje, com a eliminação de etapas, a fusão de atribuições e a antecipação do fechamento, graças, sobretudo, à tecnologia incorporada pelo computador, do repórter exige-se texto final, ou seja, pronto para ser editado e colocado na página.

Extinto copidesk: espécie de redator que tinha entre suas atribuições, além de titular e fazer as chamadas, ler, “pentear” o texto e muitas vezes reescrever as matérias vindas da reportagem.

Lead: são as principais informações [o quê, quem, como, quando, onde e por quê – WWWWWW: wer, wie, was, wann, wo e warum] que ficam no primeiro parágrafo de uma

notícia. Sua paternidade é atribuída a Pompeu de Sousa, que, assim como Danton Jobim, esteve nos EUA no início dos anos 50 e trouxe a técnica para o Brasil.

Nariz de cera: aquela introdução, banida pelo lead, que criava suspense sobre o fato e fazia a essência da notícia só ser apreendida ao final da leitura. Também tem sido ensaiada, mas não desapareceu a ideia central de que o leitor tem pressa em saber exatamente o que aconteceu. E esta é a essência da revolução do lead.

Textos opinativos: os artigos – aí incluindo o artigo editorial –, as críticas e as crônicas.

Editorial é artigo não assinado que transmite a opinião da empresa jornalística como um todo e não de algum redator ou colaborador em particular. Nos tempos anteriores à empresa jornalística, isto é, até os fins do século XIX, o editorial refletia o pensamento do

dono do jornal, que quase sempre era quem redigia. Tem estrutura retórica, isto é, argumentativa. Normalmente, no primeiro parágrafo expõe o assunto sobre o qual vai falar. Depois, apresenta uma opinião contrária, para em seguida desmontá-la completamente. Ao final, volta ao parágrafo inicial, mas já com uma opinião forte, ou um conselho, ou um vaticínio. Quase sempre com um tom bem autoritário. O redator do editorial tem que acreditar na imprensa ainda como “o quarto poder”. Abusa de palavras pomposas, de expressões como “outrossim”, de referências culturais eruditas e de frases em ordem indireta. Ele quer convencer, advertir, mostrar o caminho.

Cronista: Hoje fala quase exclusivamente de si, lembranças pessoais, doenças. Os repórteres freqüentam as colunas sociais e os cronistas foram transformados em astros, como os cantores e os atores.

Colunistas: no jornalismo passado, havia colunas sociais, que tiveram seu auge nos anos 40/50.

Com as mudanças políticas, as colunas também mudaram. Os colunistas, a partir de Ibrahin Sued, que viveu o auge de seu prestígio durante a ditadura militar, passaram a dar notas de política e cultura, misturadas a notícias, boatos e fofocas sobre a granfinagem. As colunas mais dedicadas às festas e às descrições de modas ficaram confinadas no segundo caderno. As

notas de coluna sempre criaram bordões e expressões que as distinguem umas das outras. Mas todas usam e abusam de trocadilhos e pitadas de humor, mantendo o estilo bem

coloquial. Ancelo Gois, por exemplo, em “Eike Sempre Ele Batista”, “Pois é”, etc.

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“O que se quer do jornalista é que se escreva corretamente, com clareza, que saiba onde botar vírgulas”, resumiu o jornalista Sergio Cabral.

Colunista: grande repórter bem-sucedido e com invejável caderno de telefones importantes, dá informação, explicita suas opiniões e, em muitos casos, ataca ou defende personagens da cena política sem a menor preocupação com os adjetivos e a subjetividade. Procuração do leitor para dizer a que pensa sem maiores explicações ou provas, ainda que esteja completamente equivocado no que escreve.

Repórter político: tem de trabalhar com muito mais informação e a contextualização dos fatos políticos.

Editorias

Editoria de Cidade: a antiga “Geral”, a grande escola de jornalismo, a seção mais identificada com o cidadão comum, independente de classe social, grau de instrução ou endereço residencial. Falar sobre o espaço público compartilhado e a respeito de assuntos que, de alguma forma, interessam a todos. Só sendo repórter 24 horas para ser capaz de identificar tendências, comportamentos, personagens, modismos, gírias, problemas que se agravam e promessas não cumpridas. Não depende muito de off, mas da capacidade do

repórter de observar, perceber e escrever bem o que mexe com a comunidade. Os anunciantes não gostam de fazer publicidade nas páginas policiais. Respeitar o estômago do leitor médio do jornal para o qual se escrever (= lembrar caso primeira página Extra e O

Globo no massacre em Realengo). Cobertura local, o que inclui desde o tiroteio na favela ao nascimento de um filhote de zebra no Zoológico, passando pela polícia, trânsito, saúde e educação.

Como no caso do ataque ao WTC, no dia seguinte, as páginas dos jornais trouxeram fotos, manchetes alarmantes, primeiros acordes de uma longa discussão sobre as origens do atentado, a secular a história do islamismo, etc, abrindo um debate de ideias como só a imprensa escrita pode proporcionar. É a História servindo ao Jornalismo, contraface de um mesmo e permanente fenômeno, de que o Jornalismo faz História em seu dia-a-dia.

Editoria de Política: a antiga “Nacional”, ou atual “País”, exige conhecimentos em História

Contemporânea, Política, Sociologia e Economia. Editoria em que a informação off the record é mais importante, fazendo com que o repórter tenha de garantir a confiança de

suas fontes para garimpar informações exclusivas sem se deixar enganar pelo estilo pessoal envolvente da grande maioria dos políticos. Ter paciência e disposição, por causa de muita conversa inútil, na fronteira entre a intimidade e a promiscuidade e resistir à tentação de fazer

política em vez de jornalismo. Busca pelo furo, jogo-de-cintura.

Editoria de Internacional: a editoria dos redatores é a mais livre, pluralista e democrática, pela raridade de conflitos ou repercussões direta no cotidiano dos leitores. Seu texto de

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reportagem é um dos que exigem material de apoio, retrancas [“capítulos” agrupados por tema em que um texto é subdividido] enciclopédicas e até glossários que situem o leitor corretamente no tema. Editoria de prestígio, produção cara, salário menos baixo e exigência do domínio do inglês.

Editoria de Esportes: com a sofisticação dos sistemas de captação e transmissão de imagens, a reportagem de Esporte está se tornando cada vez mais crônica do esporte, ou seja, o olhar humano que nenhuma câmera especial vai substituir. Lida com informações e opiniões; alimenta paixões e ódios. É preciso disposição para viajar e conhecimento da história, das regras e do folclore do esporte. Permite voos literários e estilísticos dos repórteres, sem maiores conseqüências (positivas ou negativas). Juntamente com a editoria de Artes e Espetáculos, o Esporte foi pioneiro nesta parceira da Redação com os departamentos de Marketing e Promoções para que as competições, seus eventos e seus personagens se tornassem alavancas de venda ou publicidade indireta. Houve publicações de posters de times campeões até o patrocínio de coberturas de automobilismo, tênis, etc (= faz bem à saúde financeira das empresas jornalísticas).

Editoria de Economia: maior pródigo em jargões e termos especializados. Off the record é bem usado e clara fronteira entre o colunista e o repórter, assim como na Política. Editoria mais especializada em relação ao conteúdo e ao leitor, maior concentração de mulheres, começou a ganhar autonomia e relevância durante os anos da ditadura militar, sob os

estímulos do então chamado Milagre Econômico, quando a mão da censura era mais pesada sobre a Política e a Geral. Conhecimento em História Contemporânea, Política, Economia, Estatística e Matemática.

História

JornalEnquanto em outras partes do mundo o veículo impresso veio para fortalecer a classe mercantil que se impunha no cenário histórico, para nós a imprensa chegou no início do século

XIX (1808), com roupagem política.

No início do jornalismo brasileiro, os jornais eram propriedade de políticos que os usavam para fazer propaganda de suas ideias. O primeiro a ser produzido por um brasileiro, sobre

problemas brasileiros e para ser lido por brasileiros, foi o Correio Braziliense, em junho

de 1808. Clandestino e mensário lançado em Londres, pelo exilado Hipólito José da Costa, tinha uma linguagem didática e argumentativa, assemelhava-se com as atuais revistas, com linguagem de revista acadêmica, escrita por um erudito.

Três meses depois, em 10 de setembro de 1808, surgia o primeiro veículo impresso no Brasil,

A Gazeta do Rio de Janeiro, que publicava documentos oficiais e notícias de interesse da Corte, com linguagem semelhante à dos atuais diários oficiais. Teve importância,

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além por documentar aspectos, mas por acabar com a interdição que o governo português impunha aos brasileiros de reproduzir mecanicamente a palavra escrita.

Jornais que surgiram a seguir tinham linguagem de oradores de comícios, agitadores. Eram

pregadores revolucionários, como Cipriano Barata [editor da Sentinela da Liberdade] e Frei Caneca [dono do jornal Typhis Pernambuco], que podem servir como exemplo de estilo jornalístico-panfletário que predominou na imprensa da primeira metade do século XIX, época das lutas pela Independência e por um governo constitucional.

Pouco depois, surgiram muitos jornais de políticos, como o panfleto O Carijó, que usavam os jornais para trocar os maiores desaforos com os adversários.

Havia poucos jornais de empresas, como o Jornal do Commercio (1827), que praticamente não emitia opinião alguma, mas dava informações de interesse dos comerciantes. Em 1877, o Jornal do Commercio publicou os primeiros telegramas com notícias enviadas de Londres pela agência Havas-Reuters. A notícia passando a predominar, a linguagem vai se distanciando da literatura. E para mudar ainda mais, a intelectualidade abandona a vida de imitação de cortes europeias em que havia mergulhado, despertando com

a intensificação das campanhas republicanas e abolicionistas. Surge então o artigo editorial – mais tarde denominado apenas editorial – apontando para uma separação entre informação e opinião. A reportagem só foi surgir como rotina no início do século XX, porém, só depois da II Guerra Mundial ouvirá falar em técnicas de redação jornalística.

Na segunda metade do século XIX, os jornais abandonaram os embates políticos, adotando

linguagem mais literária. O fim do tráfico negreiro (1850), havia liberando recursos para um incipiente início de revolução industrial, dotando os jornais de máquinas de maior porte, movidas a vapor, que possibilitavam formatos maiores e maiores tiragens.

A própria atividade política ficara um tanto literária. Sonetos eram publicados na primeira página, assim como os romances em capítulos, os folhetins, que eram a principal atração das folhas, mesmo quando estava em curso a Guerra do Paraguai (1864-70), noticiada sem nenhum destaque. Os brasileiros sabiam o que se passava no front, através de discursos parlamentares que comentavam os feitos militares ou com a publicação de relatos de passageiros de navios que chegavam da proximidade dos campos de batalha com meses de atraso.

Com o golpe militar de 1964, começa um processo de fechamento que se agrava com o AI-5

quatro anos depois. A reportagem política desaparece com suas qualidades, defeitos, vícios, estrelas e colunas, dando lugar a uma tímida, comportada e cuidadosa cobertura cujo símbolo (de qualidade) foi a coluna de Carlos Castelo Branco no Jornal do Brasil. Quase todo o resto era material censurado ou lixo governista.

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A repressão política da ditadura acabou formando, involuntariamente, uma geração de jornalistas combativos e claramente identificados com a esquerda e com a luta pela

democracia. Boa parte deles foi empurrada para a imprensa “alternativa” ou “nanica” (Pasquim, Opinião e Movimento), enquanto as editorias de política dos grandes jornais tentavam sobreviver com cuidadosas entrelinhas, receitas de bolo no lugar de textos censurados, alguns dribles heroicos nos censores e eufemismos com “distensão” e “abertura lenta e gradual”.

Diário Carioca (1928), em 1950, foi o primeiro a adotar um manual de redação na imprensa brasileira, sendo o primeiro a usar o lead e a criar o copidesk. Grande opositor do regime militar, assim como Correio da Manhã, e não aguentou.

A paternidade do lead foi atribuída a Pompeu de Sousa, que, assim como Danton Jobim, esteve nos EUA no início dos anos 50 e trouxe a técnica para o Brasil.

Correio da Manhã, oposição (1901-1974), era o bam-bam-bam e morreu. JB ascendeu e morreu. O Globo ascendeu.

Tribuna da Imprensa: jornal diário (não matutino, mas vespertino) de oposição ao governo de GV, trabalhistas. Carlos Lacerda.

O Globo: era vespertino e não circulava aos domingos, e a edição de segunda era matutina.

Revista

A revista semanal hoje, em primeiro lugar, deve enveredar mais pelo caminho da análise, da avaliação. E, por outro lado, fornecer informações exclusivas, aquilo que você não acha em outro lugar. Segundo Paulo Moreira Leite, a revista deve dar o resumo da semana, mas os fatos principais da semana devem estar na edição, com tratamento diferenciado. Não deve falar o que aconteceu, e sim explicar o que está acontecendo. No jornal, a notícia é descritiva; na revista, interpretativa.

A primeira revista no Brasil foi , em janeiro de 1812, As Variedades ou Ensaios de Literatura, criada pelo tipógrafo e livreiro Manoel Antônio da Silva Serva, em Salvador, na época apresentado como “folheto”. O termo “revista” começou a ser usado a partir de 1928, no Rio, quando surgiu a Revista Semanária dos Trabalhadores Legislativos da Câmara dos Senhores Deputados. As primeiras publicações que se aproximavam da ideia de revista ao Brasil eram manifestos de erudição.

Time: lançada em 1923 por dois jovens. Foi a primeira revista a organizar e resumir os assuntos da semana por editoria e deu um estilo mais opinativo ao apresentar as notícias. Tem a tradição desde 1927 de escolher a Personalidade do Ano.

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The Economist: desde 1843, é uma revista semanal inglesa que reúne notícias semanais e assuntos internacionais, sendo muito comercializada nos EUA.

A Revista da Semana: lançada em 1900, pouca preocupação com notícia. Fotografava simulações de crimes em estúdio. Avó do extinto programa Linha Direta.

O Cruzeiro: chegou às bancas em 1928 como aposta do grupo dos Associados de Assis Chateaubriand. Revolucionou as revistas semanais brasileiras e formou uma escola de reportagem no país. Grandes reportagens de interesse com

abrangência nacional e também no exterior, e importância às fotos. Dupla repórter-fotógrafo: David Nasser e Jean Manzon. 1963 – nova fase da revista em que houve mudanças gráficas e na equipe. Millôr Fernandes, desenhista Péricles, Graça Aranha, Manuel Bandeira e outros trabalharam. Perdeu espaço para Manchete e Realidade, e seu último exemplar foi de 1975.

Papai: filme “Chatô, rei do Brasil”, sobre grande empresário, dono do grupo dos Associados de Assis Chateaubriand e indústrias, ao qual foi arrecadado dinheiro, e Guilherme Fontes sumiu. Concorrência direta do Grupo Bloch, que tinha Manchete. Má administração, grande briga após a morte do dono. TV Tupi era do Diários Associados.

Realidade: publicada mensalmente pela Editora Abril até 1976. Capacidade de estampar matérias de jornalismo investigativo e assuntos que estavam em ebulição na sociedade. Ousadia e polêmica.

Papai: Manchete e O Cruzeiro eram muito mais Caras, com pouco destaque a crimes e política. Realidade estava mais para Veja e Época.

Manchete: de 1952, do judeu Adolfo Bloch, da Editora Bloch – que tinha o maior parque

gráfico da América Latina -, tinha ênfase na cobertura fotográfica e qualidade de impressão gráfica superior. Formato mais ilustrado e colorido. Bloch ainda adquiriu TV e rádio, em 1983.

Papai: morte do judeu Adolfo Bloch, em 1995, ajudou Manchete cair, que tentou concorrer com a TV Globo, mas não deu certo.

Diretrizes: Samuel Wainer, 1938 a 1944, pouca repercussão.

Veja: setembro de 1968, poucos meses antes do AI-5, em 13 de dezembro do mesmo ano. Teve várias edições apreendidas até 1970. Primeira fase: em seus primeiros anos, foi um fracasso comercial, quase afundando o Grupo Abril, mesmo apesar de reportagens sobre assuntos antes não tratados, opinião, furos, etc. Segunda fase: passou a cobrir assuntos com mais cuidado, conquistando leitores do JB, separado em editorias, Texto impessoal, que dá a impressão de que a revista foi escrita pela mesma pessoa de ponta a ponta. Ex-Mino Carta. Atualmente: J.R. Guzzo, Lia Luft.

Afinal: 1984 a 1989, Veja era grande concorrente.

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ISTOÉ: cujo atual principal patrocinador é o Banco do Brasil. Mino Carta. Procurava seguir o mesmo caminho da Veja em relação à escrita, série de reportagens, etc. No início dos anos

1980, a Editora Três perdeu o título, passando a publicar a revista Senhor – com informações políticas e econômicas. Só em 1988, a revista retorna à casa origem, passando a ser chamada de IstoÉ Senhor, e voltando o título original em 1992. Mino Carta esteve à frente do projeto até 1993, quando foi substituído por Tão Gomes Pinto. Junto com Veja, IstoÉ foi extremamente ativa no processo de impeachment do presidente Fernando Collor.

Papai: agressivas com fama de se venderem. Domingo Alzugaray foi o fundador da editora, e é o que se vende.

Carta Capital: da Editora Confiança, 1994, superesquerdista. Mino Carta e Bob Fernandes (atual Terra).

Época: Inicialmente, o modelo seguido era o da alemã Focus, que tinha uma diagramação diferente – com páginas cheias de pequenas fotos e quadros. Agressivas estratégias de marketing para igualá-la a Veja. Época foi se aproximando do formato Veja e IstoÉ. Paulo Moreira Leite, Diego Escosteguy, Ruth de Aquino, Guilherme Fiuza.

Piauí: João Moreira Salles, 2006, mensal, jornalismo literário. Editada pela Editora Alvinegra, impressa pela Editora Abril e distribuída pela Dinap, do Grupo Abril.

Poderosos

Grupo Abril >> Família Civita: TVA, Tupi, MTV Brasil, Editora Abril (Claudia, Elle, Playboy, Placar, Viagem, Vip), HBO Brasil, ESPM Brasil, Sistema Anglo de Ensino, Colégio e Curso pH do Rio.

Papai: Quatro Rodas (1960), eu saiu na de 1966, Playboy (1975), VIP (1981)

Organizações Globo >> Família Marinho: NET, SKY, Editora Globo (Marie Claire, Quem, Criativa, Crescer, Casa e Jardim, Auto Esporte, Galileu), Globosat, Telecines, Playboy TV, CBN, Infoglobo (Extra, Expresso, , Globo.com, SomLivre, Globomarcas.

VídeosJB (primeiro a ter um CPDoc)

Morte Allende, ex-presidente chileno ligado a comunistas > proibidos de publicar foto > primeira capa só de texto;

Kennedy morreu > edição extra;

Dias após o AI-5 > Indireta pelo clima e pelo “hoje é dia de” > fazer o povo notar que havia censura.

Empréstimo JB por causa de prédio e material novo > impagável > inflação

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Última fase > informação é commoditie, jornal amesquinhado.

2006 > Berliner

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Linotipo (máquina em que você põe as letras e constrói o texto), que ficava na Oficina tipográfica, foi substituído pela fotocomposição (filme sensível à luz, placas que vão à prensa)

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Apuração mal feita e fontes inconfiáveis > caso Escola de Base, 1994 > acusação de abuso sexual > série de reportagens, prisão dos donos > órgãos da imprensa condenados e processo arquivado.