UTI Morte 07-31-49

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PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA I NTENSIVA BRASILEIRA, FILIADA À WFSICCM E À FEPIMCTI Editorial Editorial Editorial Editorial Editorial Morrer em Medicina Intensiva Nº 25 Jul/Ago/Set 2002 epois de ler o Editorial do último número de nos- sa RBTI feito pelo Pinus –SOBRE A MORTE E O MORRER (NA UTI)–, não pude deixar de pen- sar nesse título. Na verdade numa variante dele, sobre a qual, possivelmente, ainda não temos divaga- do o suficiente: a morte e o morrer do intensivista. Eu sei, não é um tema do qual gostemos de falar. De pensar. De sentir. Contudo, queiramos ou não, faz e fará parte de nossas vidas como intensivistas. E cada vez mais. Entendo também que, essa realidade que agora nos alcança, faz parte do ama- durecimento de nossa especialida- de. De nossa vida associativa. Depois de 22 anos muitos de nós permanecemos na Medicina Intensiva. E, talvez, muito além do imaginado! Como plantonistas. Como diaristas. Como coordenadores. Como pesquisadores. Como diri- gentes. Como... Colegas, esposas, filhos, maridos, amantes, amados e como amigos. Ainda não acostumamos, nós mes- mos, com isso. Com o seu significado, que vai além do cotidiano. Com seu significado que nos toca mais fundo. É bem possível que essas dimensões, entre outras, tenham composto a surpresa, o dissabor, o sofrimento e a inconformidade que as mortes do Ratton e do Totonho nos trouxeram. Acredito, ao mesmo tempo, que trazem em sua du- reza mais do que alguma melancolia para ser vivida: há um aprendizado a ser tomado por cada um de nós. Ficam as lembranças. Fica a combatividade. Ficam os abraços, a disputa, o riso, o tom mais áspero, o grito e a identidade. Homens, como nós! Intensivistas como nós! Perdas irreparáveis! Como nós, um dia! Mas cada dia tem seu próprio rio, que corre e nos desafia. E assim têm sido para a AMIB os dias desse 2002. Esse ano tem sido especialmente desafiador. Co- meçamos pela disputa do reconhecimento da especia- lidade, enfim alcançado. Mal respirávamos e o Con- gresso no Rio de Janeiro se impunha como disputa a ser superada –hoje se pode dizer, com sucesso em números, qualidade e retorno de investimento –enfim um passado de gratas lembranças e uma inquietude que se foi! Ainda no Rio, em 30 de abril soubemos que a AMIB fora roubada! Havia sumido de nossa conta do Ban- co Real em torno de R$ 205.000,00! Na épo- ca perto de 70 mil US$! Como? Pela internet alguém reti- rou, durante quatro dias seguidos, justamente os dias que estávamos no congresso, através de DOC ou transferência interbancária, em perto de 52 mil reais a cada dia, enviando para empresas e pes- soas as quais desconhecemos, não temos relações comerciais! E como ficamos?! Quem resol- ve? Que devolve? Como resolver? Na verdade esse texto eu mesmo já escrevi várias vezes, com diferentes versões, contando a vocês tudo em seus detalhes. Mas, com a expectativa de algum resultado, na espera das negociações, pressões e en- tendimentos que buscamos, esperei, esperei até quan- do às vezes parecia não haver mais o que esperar. Foram importantes nessa busca nossas relações com a APM (Associação Paulista de Medicina) na pessoa do colega José Luiz Gomes do Amaral, nosso repre- sentante junto a AMB, e o apoio da AMB, de seu presi- dente, o colega Eleuses Paiva. A eles o meu agradeci- mento público. Depois de denúncia na Polícia, ao PROCON/SP, de consulta com advogados, detetives e carta à presidên- cia do Banco Real, conseguimos contato com a presi- dência do Banco Real, que designou duas diretorias para o caso. Ficam as lembranças. Fica a combatividade. Ficam os abraços, a disputa, o riso, o tom mais áspero, o grito e a identidade. Homens, como nós! Intensivistas como nós! Perdas irreparáveis! Como nós, um dia!

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PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA, FILIADA À WFSICCM E À FEPIMCTI

EditorialEditorialEditorialEditorialEditorial

Morrer em Medicina Intensiva

Nº 25Jul/Ago/Set 2002

epois de ler o Editorial do último número de nos-sa RBTI feito pelo Pinus –SOBRE A MORTE E OMORRER (NA UTI)–, não pude deixar de pen-sar nesse título. Na verdade numa variante dele,

sobre a qual, possivelmente, ainda não temos divaga-do o suficiente: a morte e o morrer do intensivista.

Eu sei, não é um tema do qual gostemos de falar. Depensar. De sentir. Contudo, queiramos ou não, faz efará parte de nossas vidas como intensivistas. E cadavez mais.

Entendo também que, essa realidade queagora nos alcança, faz parte do ama-durecimento de nossa especialida-de. De nossa vida associativa.Depois de 22 anos muitos de nóspermanecemos na MedicinaIntensiva. E, talvez, muito alémdo imaginado!

Como plantonistas. Comodiaristas. Como coordenadores.Como pesquisadores. Como diri-gentes. Como... Colegas, esposas,filhos, maridos, amantes, amadose como amigos.

Ainda não acostumamos, nós mes-mos, com isso. Com o seu significado, quevai além do cotidiano. Com seu significado quenos toca mais fundo.

É bem possível que essas dimensões, entre outras,tenham composto a surpresa, o dissabor, o sofrimento ea inconformidade que as mortes do Ratton e do Totonhonos trouxeram.

Acredito, ao mesmo tempo, que trazem em sua du-reza mais do que alguma melancolia para ser vivida:há um aprendizado a ser tomado por cada um de nós.

Ficam as lembranças. Fica a combatividade. Ficamos abraços, a disputa, o riso, o tom mais áspero, o gritoe a identidade. Homens, como nós! Intensivistas comonós! Perdas irreparáveis! Como nós, um dia!

Mas cada dia tem seu próprio rio, que corre e nosdesafia. E assim têm sido para a AMIB os dias desse 2002.

Esse ano tem sido especialmente desafiador. Co-meçamos pela disputa do reconhecimento da especia-lidade, enfim alcançado. Mal respirávamos e o Con-gresso no Rio de Janeiro se impunha como disputa aser superada –hoje se pode dizer, com sucesso emnúmeros, qualidade e retorno de investimento –enfimum passado de gratas lembranças e uma inquietudeque se foi!

Ainda no Rio, em 30 de abril soubemos que a AMIBfora roubada! Havia sumido de nossa conta do Ban-

co Real em torno de R$ 205.000,00! Na épo-ca perto de 70 mil US$!

Como? Pela internet alguém reti-rou, durante quatro dias seguidos,

justamente os dias que estávamosno congresso, através de DOC outransferência interbancária, emperto de 52 mil reais a cada dia,enviando para empresas e pes-soas as quais desconhecemos,não temos relações comerciais!

E como ficamos?! Quem resol-ve? Que devolve? Como resolver?

Na verdade esse texto eu mesmojá escrevi várias vezes, com diferentes

versões, contando a vocês tudo em seusdetalhes. Mas, com a expectativa de algum

resultado, na espera das negociações, pressões e en-tendimentos que buscamos, esperei, esperei até quan-do às vezes parecia não haver mais o que esperar.

Foram importantes nessa busca nossas relações coma APM (Associação Paulista de Medicina) na pessoado colega José Luiz Gomes do Amaral, nosso repre-sentante junto a AMB, e o apoio da AMB, de seu presi-dente, o colega Eleuses Paiva. A eles o meu agradeci-mento público.

Depois de denúncia na Polícia, ao PROCON/SP, deconsulta com advogados, detetives e carta à presidên-cia do Banco Real, conseguimos contato com a presi-dência do Banco Real, que designou duas diretoriaspara o caso.

Ficam aslembranças. Fica a

combatividade. Ficam osabraços, a disputa, o riso,o tom mais áspero, o grito

e a identidade. Homens,como nós! Intensivistas

como nós! Perdasirreparáveis! Como

nós, um dia!

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ATUALIDADES AMIB é uma publicaçãotrimestral da Associação de Medicina

Intensiva Brasileira

Rua Domingos de Morais, 814, bl. 2,2º andar, cj. 23, São Paulo, S.P., CEP

04010-100, Fone/Fax: (11) 5575-3832

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente:Dr. Jairo C. Bitencourt OtheroVice-Presidente:Dr. Jefferson Pedro Piva1º Secretário:Dr. Luiz Alexandre A. Borges2º Secretário:Dr. José Maria da Costa Orlando1º TesoureiroDr. Marcelo Moock2º TesoureiroDr. Odin Barbosa da Silva

COMISSÕES E DEPARTAMENTOSDefesa do Exercício Profissional:Dr. Roberto Lucio VerçozaTítulo de EspecialistaDra. Rosa Goldstein Alheira RochaFormação do Intensivista:Dra. Mirella Cristine de OliveiraÉtica:Dr. Eduardo Juan TrosterCursos e Eventos:Dr. Cid Marcos DavidPublicações:Dr. José Oliva ProençaHumanização:Dra. Raquel Pusch de S. OliveiraPediatria:Dr. Norberto FreddiQualidade:Dr. Marcos Freitas KníbelInformáticaDr. Odin BarbosaEmergência:Dr. Paulo André JesuínoReanimação:Dr. André GuanaesEditora do BoletimDra. Rosane GoldwasserEditor do Clínicas de Terapia IntensivaDr. Renato TerziEditor da RevistaDr. Cleovaldo Tadeu dos S. Pinheiro.Terapia Nutricional:Dr. Sérgio Henrique LossPesquisa:Dr. Maurício Rocha e Silva;Fisioterapia:Dra. Marta Cristina P. Damaceno;Editor Associado:Dr. Werther Brunow de Carvalho.Infecção:Dr. Nilton Brandão;Enfermagem:Denis Faria Moura Jr., Suely SuekoV. Zanei, Andréa Medeiros CanutoEditoração GráficaMWS Design, fone: (11) 3399-3028Jornalista Responsável:Marcelo Sassine - Mtb 22.869

Os artigos aqui publicados são deresponsabilidade de seus autores e ascartas devem ser enviadas à AMIB.

Depois de idas e vinda consegui-mos assinar um acordo no qual oBanco Real devolveu em torno deR$ 180.000, já que em nossas inici-ativas conseguíramos reaver pertode R$ 26.000,00.

Pelo acordo autorizamos o Ban-co Real a conduzir investigaçõescomplementares, policiais inclusi-ve, que permitam definir a autoriados fatos, com nossa anuência emtodos os níveis que se façam neces-sários. As investigações do BancoReais até o presente momento nãoapontaram responsáveis.

Caso não se comprove responsa-bilidade da AMIB, o Banco Real as-sume a responsabilidade definitivasobre o ocorrido e nós a posse defini-tiva desse valor. Caso se comprovas-se responsabilidade da AMIB, perde-ríamos direito ao dinheiro restituído.

Talvez alguém considere essa umasolução não ideal. Nossa leitura, con-tudo, é de que o Banco Real foi muitocorreto com a AMIB, conosco, devol-vendo perto de US$ 50,000. Torna-se assim, novamente, um parceirocomercial em que podemos confiar.Um parceiro comercial que pode-mos recomendar. E assim tem sido:continuamos com nossa conta noBanco Real e nos sentimos alivia-dos pelo resultado alcançado, espe-cialmente em tempos como essesque vivemos.

Esqueci de dizer que durante es-ses meses sem dinheiro fomos obri-

gados a conter despesas. É claro quecompartilhamos com alguns presi-dentes de regionais, com nossos con-selheiros, e apenas não divulgamosantes pela expectativa de uma boasolução, o que enfim aconteceu!

Faz poucas semanas que esse di-nheirinho voltou! E de certa formaparece que só agora o ano vai co-meçar! Que podemos ousar em pen-sar o futuro, em planejar, em fazermais e melhores coisas como con-tinuidade ao que muitos que nos an-tecederam já fizeram!

Mas, isso é só uma impressão,porque o dia de amanhã está aí.Não espera sequer que sequem aslágrimas de um choro amargo e dis-creto de quem perdeu amigos comoTotonho e Ratton.

Isto é tão verdade que em 07 denovembro de 2002 estaremos emBrasília para a discussão do mode-lo de Residência Médica para a Me-dicina Intensiva brasileira. É mole?!

Meu pensamento volta então, eme surpreendo a imaginar onde an-darão esses dois que nos deixaram.Se olham por nós por aí, mantendode certa forma essa parceria que nosfoi tão próxima e importante e nosnegamos a perder.

Pode não passar de uma imagina-ção minha, mas ela me conforta e,assim eu a abraço e deixa estar!

Jairo B. OtheroPresidente da AMIB

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demanda pelos serviçosde saúde é crescente. Aexpectativa de vida au-

menta acompanhando a evoluçãoda medicina, da tecnologia e dacomunicação. O usuário do siste-ma de saúde, antes denominadosomente paciente, procura possibi-lidades não só de tratamento masde qualidade de vida. Hoje se sabeque a unidade de terapia intensivafavorecem um paciente no acom-panhamento de um pós-operatóriode grande cirurgia, atendem aotraumatizado, mantém pacientesem suporte avançado de vida pormeio de uma sofisticada tecnologiae reúnem recursos humanos capa-zes de monitorizar pacientes gra-vemente enfermos.

No entanto, a oferta de servi-ços não acompanha a demandana mesma velocidade. A disponi-bilidade de recursos para a saúdeé baseada em consideraçõesmacroeconômicas e políticas quedeterminam as necessidades so-ciais de uma população. Existeuma carência de leitos de UTI,principalmente na instituição pú-blica, para atender a população.Ao mesmo tempo impõe-se ao mé-dico a necessidade de estabelecerprioridades quando “deve” sele-cionar o paciente que é mais “me-recedor” da única vaga disponí-vel na UTI . Os critérios básicospara estabelecer prioridades paraoferta de serviços de saúde são ne-cessidade, efetividade ou probabi-lidade de sucesso. Essa questão tem

A necessidade deestabelecer prioridades

uma dimensão muito maior que essasimples formatação. Existe um as-pecto ético e legal que comprome-te o ato médico. Esse aspecto éapresentado de uma forma elegan-te e crítica pelo Dr. Paulo R. Anto-nacci Carvalho, pediatra e intensi-vista, membro do departamento deBioética da AMIB (ver o artigo “Aescolha de Sofia” na página 14).

As discussões referentes ao atomédico, seus aspectos éticos e le-gais, são inúmeras. Considerando acarência de recursos para a saúde,de uma maneira geral, as decisõesquanto à suspensão de um tratamen-to (fútil) para um paciente comdoença terminal, ou a recusa àadmissão na UTI de um pacientefora de possibilidades terapêuticas,são dilemas diários que nós, médi-cos intensivistas, freqüentementevivenciamos.

Foram inclusive, muito bem re-visados em uma análise do compor-tamento de médicos intensivistas noBrasil, diante de pacientes comprognóstico reservado. (Por MoritzRD, Dantas A, Matos JD, MachadoFO. “O comportamento do médicointensivista brasileiro diante da de-cisão de recusar ou suspender o tra-tamento.” RBTI vol. 13 nº1 :21-28,2001). Recomendo como tambémum texto de Gabriel Garcia Mar-quez, que está lúcido e vive um di-lema, vítima de uma doença termi-nal, foi reproduzido na internet.Aproveitem e, como disse o colu-nista que reproduziu, enriqueçamsuas mentes e almas:

VIII CONGRESSO PAULISTA DETERAPIA INTENSIVA

VII FÓRUM LATINO AMERICANODE EMERGÊNCIA

9 A 12 DE ABRIL DE 2003

LOCAL: GRAND HYATTSÃO PAULO - SP

INFORMAÇÕES:ASCON (17) 224-0507

FAX: 224-4681e-mail: [email protected]

San Antonio, TX, USA

32ND CRITICAL CARE CONGRESSThe Society of Critical Care Medicine

(SCCM)

JANUARY 28 - FEBRUARY 2, 2003

THEME:CUTTING EDGE THERAPEUTICS

www.sccm.orgFor more information , visit:

VISITE O SITE DA AMIBVISITE O SITE DA AMIBVISITE O SITE DA AMIBVISITE O SITE DA AMIBVISITE O SITE DA AMIB

wwwwwwwwwwwwwww.amib.amib.amib.amib.amib.com.br.com.br.com.br.com.br.com.br

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Nota de falecimentoNota de falecimentoNota de falecimentoNota de falecimentoNota de falecimento

”Se, por um instante, Deus se es-quecesse de que sou uma marione-te de trapo e me presenteasse comum pedaço de vida, possivelmentenão diria tudo o que penso, mas, cer-tamente, pensaria tudo o que digo.Daria valor às coisas, não pelo quevalem, mas pelo que significam.Dormiria pouco, sonharia mais, poissei que a cada minuto que fecha-mos os olhos, perdemos sessenta se-gundos de luz. Andaria quando osdemais parassem, acordaria quan-do os outros dormem. Escutariaquando os outros falassem e goza-ria um bom sorvete de chocolate.

Se Deus me presenteasse comum pedaço de vida, vestiria sim-plesmente, me jogaria de bruços nosolo, deixando a descoberto nãoapenas meu corpo, como minhaalma. Deus meu, se eu tivesse umcoração, escreveria meu ódio sobreo gelo e esperaria que o sol saísse.

Pintaria com um sonho de VanGogh sobre estrelas um poema deMário Benedetti e uma canção deSerrat seria a serenata que ofere-ceria à Lua. Regaria as rosas comminhas lágrimas para sentir a dordos espinhos e o encarnado beijode suas pétalas.

Deus meu, se eu tivesse umpedaço de vida... Não deixariapassar um só dia sem dizer àsgentes - te amo, te amo. Conven-ceria cada mulher e cada ho-mem que são os meus favoritose viveria enamorado do amor.Aos homens, lhes provaria comoestão enganados a o pensar quedeixam de se apaixonar quandoenvelhecem, sem saber que en-velhecem quando deixam de seapaixonar. A uma criança, lhedaria asas, mas deixaria queaprendesse a voar sozinha. Aosvelhos ensinaria que a morte não

chega com a velhice, mas como esquecimento.

Tantas coisas aprendi comvocês, os homens... Aprendi quetodo mundo quer viver no cimo damontanha, sem saber que a ver-dadeira felicidade está na formade subir a escarpa. Aprendi quequando um recém-nascido apertacom sua pequena mão pela pri-meira vez o dedo de seu pai, o temprisioneiro para sempre. Aprendique um homem só tem o direito deolhar um outro de cima para bai-xo para ajudá-lo a levantar-se.São tantas as coisas que pudeaprender com vocês, mas, final-mente, não poderão servir muitoporque quando me olharem den-tro dessa maleta, infelizmente es-tarei morrendo.”

Rosane GoldwasserEditora do Boletim da AMIB

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into-me na dura missão de dar-lhes uma mánotícia.

Comunico à todos o brusco falecimento denosso colega e saudoso amigo Dr. LUIZ AN-

TÔNIO PAOLIELO FACTORE, ocorrido em 11 de ou-tubro de 2002. Nosso queridíssimo colega, a quemcarinhosamente chamávamos de Totonho, deixou umenorme exemplo a seus alunos e colegas: simplici-dade, vontade e prazer em ensinar, paciência, com-preensão, determinação e uma irresistível simpatia.Era sempre bom estar ao lado de Factore. Seja porseu exigente bom gosto por charutos, seja pelo bomhumor inesgotável traduzido pelas suas gostosas gar-galhadas, seja pela competência e expressivo conhe-cimento técnico.

Aqui nesta longínqua cidade de Belém, e certa-mente em várias e diversas outras longínquas cida-des que ele conheceu durante as cansativas jorna-das de FCCS, ACLS, etc, a notícia de seu falecimen-to provocou consternação entre os intensivistas. Atémesmo comoção.

Ele era assim mesmo. Alegre, conversador, cheiode energia para enfrentar horas seguidas de aulas,viagens aos fins-de-semana e ainda assim reservarum espaço a sua família e sua profícua atividade pro-fissional, que certamente sempre será lembrada pe-los intensivistas do Brasil. E ele era assim mesmo: umcidadão do Brasil!

Um brasileiro que se foi e deixou uma enorme le-gião de órfãos. Um brasileiro daqueles ímpares quesurgem a cada 50 anos ou séculos. Insubstituível.

Em nome da AMIPA (Associação de Medicina In-tensiva do Pará), e porque não dizer, em nome dosintensivistas brasileiros, manifesto à SOPATI, aospaulistas e à família enlutada de nosso saudosoTotonho, nossos mais sinceros pêsames pelo seu brus-co falecimento, na certeza de que sua memória serápara sempre lembrada com carinho e admiração.

Saudades

Carlos BarrettoModerador AMIB-Lista

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Brasil teve uma participaçãoefetiva nas decisões e suges-tões durante o Congresso Mun-dial de Afogamento na Ho-

landa, que reuniu os melhores conhe-cedores do assunto versando sobre quaisas melhores condutas na prevenção, nosalvamento e no tratamento dos casosde afogamento. Com o apoio do Comi-tê Nacional de Ressuscitação, do Cor-po de Bombeiros do Rio de Janeiro -CBMERJ - GSE - GMAR e da SociedadeBrasileira de Salvamento Aquático –SOBRASA. Deste consenso mundial seráeditado um livro em 2003. O Dr. DavidSzpilman, médico, carioca, intensivista,é fundador da Sociedade Brasileira deSalvamento Aquático e nos brinda comalguns trabalhos apresentados nesta áreano exterior.

Rosane Goldwasser

• Abaixo algumas das mais impor-tantes decisões e consensos:

1.O termo NEAR-DROWNING foidefinitivamente abandonado, passandoo incidente a ser conhecido somentecomo DROWNING (afogamento). Oevento “drowning” pode resultar emmorte ou sobrevida, seguindo então todaterminologia própria do trauma.

2.A definição de afogamento ficouestabelecida como “evento que resultaem desconforto respiratório provocadopor submersão ou imersão em líquido”.Obs: exceto líquidos corporais.

3.Termos como “dry-drowning”,“secondary drowning”, “drowning withaspiration” ou “drowning withoutaspiration” foram excluídos de uso,pois somente acrescentavam confusãoao tema.

4.O espasmo de glote ainda não foicomprovado cientificamente duranteo afogamento, e necessita de maiorespesquisas na área. O afogamento co-nhecido como “seco” definitivamen-te não existe.

Afogamento: A participação doBrasil no Congresso Mundial

5.A importância de se diferenciar otipo de água em ocorreu o afogamento,tem aspecto somente epidemiológicorelacionado ao tipo de campanha pre-ventiva que deve ser realizada.

6.Iniciou-se a elaboração de um“UTSTEIN STYLE” em ressuscitação (da-dos considerados fundamentais de co-leta de dados), exclusivo para os casosde afogamento, já que foi demonstradaa necessidade de uma abordagem es-pecífica para este tipo de evento.

7.Foram propostas pequenas mudan-ças nos “Guidelines” da AHA e ILCORpara inserção na próxima revisão de2005.

• Medidas de prevenção e técni-cas básicas de como ajudar uma pes-soa em afogamento sem se tornar asegunda vítima.

• A ênfase no atendimento de supor-te básico de vida ainda dentro da águacomo possível redutor de mortalidadeem 4 vezes.

• A posição da vítima paralela aágua em praias inclinadas ao invés deem tredelenburg.

• O uso da classificação de afoga-mento orienta o tratamento e classificaa severidade dos casos.

8.Foi consenso de que a ressus-citação de casos de afogamento é umasituação diferente de todas as outraspatologias e deve ter uma abordagemexclusiva e que o tempo de submer-são de até 1 hora ainda sim pode re-sultar em ressuscitação com sucessosem seqüelas.

9.Os cursos de suporte básico devida deverão conter informações bási-cas sobre prevenção em afogamento.Um curso especial a pessoas que este-jam submetidas a um maior risco de afo-gamento como esportistas e técnicos deesportes aquáticos, pais que tenham pis-cina em casa, e profissionais que traba-lham perto ou sobre um espelho de água,deverá ser elaborado.

10.Foi consenso de que o trabalhovoluntário de guarda-vidas é tão impor-tante quanto o trabalho pago, não ha-vendo outras diferenças profissionais.

11.A orientação em relação às ban-deiras e sinalizações em praias para re-duzir os casos de afogamento devem serincentivadas, embora o consenso pare-ce ser de que quanto menor o númerode diferentes tipos de sinalizações, me-lhor o público as conhecerá resultandoem maior prevenção.

12.Foi consenso de que este eventodeveria ser repetido a cada quatro anos,e que a proposta de apoio deveria seroferecido a UNICEF, já que o afogamen-to é a segunda causa geral de mortes nomundo em crianças de 1 a 14 anos deidade e a primeira na África e China.

InterInterInterInterInternacionalnacionalnacionalnacionalnacional

1.Epidemiological Profile ofDrowning in Brazil - 144,207Deaths in 20 Years Study;Szpilman D & Cruz-Filho FES

2.Drowning Classification: ARevalidation Study Based onthe Analysis of 930 Cases Over10 Years; Szpilman D, Elmann J& Cruz-Filho FES; - Apresenta-ção oral

3.Drowning ResuscitationCenter - Ten-years Of MedicalBeach Attendance In Rio de Ja-neiro-Brazil; Szpilman D,Elmann J Cruz-FilhoFES;

ALGUMAS PARTICIPAÇÕESDO GRUPO BRASILEIRO

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Hospital Sírio Libanês(HSL) é pioneiro na forma-ção de médicos intensi-vistas, realizando ativida-

des de ensino desde 1971.Nossa instituição oferece duas

vagas por ano para especializandosem Medicina Intensiva, tendo comopré-requisito dois anos de residêncianas áreas de Clínica Médica,Anestesiologia ou Cirurgia Geral. Oprocesso seletivo é realizado atra-vés de uma prova escrita, análisecurricular e entrevista. A duração docurso é de dois anos e osespecializandos recebem bolsa paraajuda de custos fornecida pelo HSL.

A UTI do HSL possui ao todo 22leitos, divididos em dois espaços fí-sicos distintos, com 10 e 12 leitoscada. Trata-se de uma UTI geralequipada com aparelhos de últimageração, com monitoração oxi-hemodinâmica não-invasiva einvasiva e ventiladores micropro-cessados para todos os leitos, alémda disponibilidade de monitoraçãoda pressão intracraniana, tono-metria gástrica, balão intra-aórtico(BIA), hemodiálise, hemofiltração àbeira do leito, etc. Existe ainda umaunidade pediátrica anexa a UTI deadultos, à qual os especializandostambém têm acesso.

O serviço tem seis enfermeirosassistenciais por turno e duas enfer-meiras encarregadas. Contamostambém com uma enfermeira assis-tente da gerência de enfermagempara as áreas críticas e semicríticas.O serviço de fisioterapia é realizadopor quatro fisioterapeutas por turno,o que perfaz a média de um fisiote-rapeuta a cada cinco leitos diutur-namente. Dispomos ainda de uma

Um hospital de excelência em São Paulo, foi um dos primeiros centros formadores credenciados

pela AMIB. Seguindo a proposta da divulgação da rede de ofertas de centros formadores,

os médicos especializandos apresentam sua rotina de treinamento em serviço

equipe de nutrição composta pornutricionistas e médicos, que incluia avaliação diária de todas as pres-crições de dietas enterais e paren-terais. A UTI conta com quatro mé-dicos assistentes no plantão diurnoe dois médicos assistentes no plan-tão noturno.

As atividades práticas do servi-ço iniciam-se às 8:00h com a pas-sagem de plantão, atividade multi-disciplinar com a presença de mé-dicos, enfermeiras e fisioterapeutas.Em seguida fazemos as evoluções,as prescrições e os procedimentosinvasivos necessários, com a super-visão de um médico assistente, como qual discutimos todos os casos eas condutas a serem tomadas. Comose trata de uma UTI aberta temos apossibilidade de discutir os casoscom médicos de diferentes espe-cialidades como oncologia, endo-crinologia, pneumologia, cardio-logia, cirurgia plástica, etc. Viven-ciamos também todos os procedi-mentos a beira do leito como endos-copia digestiva alta, ultrassom,ecocardiograma, diálises, pequenascirurgias etc, sempre orientados porespecialistas. A formação do espe-cializando cumpre o programa pro-posto pela AMIB, através de aulas

FFFFFororororormação do Intensivistamação do Intensivistamação do Intensivistamação do Intensivistamação do Intensivista

interativas e reuniões semanais,com a equipe de intensivistas.

O Hospital Sírio Libanês possuiuma biblioteca completa, moderna,informatizada e serviço de docu-mentação médica acessível aosespecializandos.

Devido a peculiaridades do HSL,um hospital privado e eminente-mente cirúrgico, temos como par-te do programa de Especializaçãoum estágio de quatro meses na UTIde clínica médica da Disciplina deEmergências Clínicas do Hospitaldas Clínicas da Faculdade de Me-dicina da USP. Para aqueles quetêm interesse, o Centro de Estudosdo HSL oferece a possibilidade derealizar outro estágio de livre es-colha com duração de um mês noBrasil ou no exterior.

Este processo de Especializaçãonos permite uma formação sólida eabrangente o que nos capacita nãosó no exercício do trabalho em UTIem hospitais de diferentes caracte-rísticas, assim como nos dá subsídi-os para a obtenção do título de es-pecialista em medicina intensiva.

Dra. Ivonne Patrícia Ypma,Dr. José Guilherme de Oliveira Costa

Dr. Ciro Pariotto NetoEspecializandos do CEPE

CEPECENTRO DE

ESTUDOS E PESQUISASHospital Sírio Libanês

Rua Dona Adma Jafet, 91CEP 01308-050 – São Paulo – SPFone: (11) 3155-0783Fax: (11) 3155-0494Email: [email protected]

Ambiente interno da UTI, comespecializandos de 1º ano

Hospital Sírio Libanês

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FFFFFororororormação do Intensivistamação do Intensivistamação do Intensivistamação do Intensivistamação do Intensivista

CEPETI, Centro de Estudos e Pesquisa emTerapia Intensiva, tem por objetivo proverum espaço para formação e treinamento de

recursos humanos nas áreas de medicina, enferma-gem, psicologia e fisioterapia para unidades de te-rapia intensiva e estimular pesquisa clínica nestasáreas. O Cepeti iniciou suas atividades no início de1999 numa sede própriae hoje congrega as UTIsadulto de 4 Hospitais deCuritiba: Hospital de Clí-nicas da UFPR, Hospitaldo Trabalhador, Hospitaldas Nações e HospitalVita Curitiba. Os dois pri-meiros hospitais são vin-culados à UniversidadeFederal do Paraná e osoutros dois hospitais sãoprivados. No total são 51leitos de UTI. Todas asUTIs são clínico-cirúrgicas, sendo a UTI do Hospi-tal do Trabalhador especializada em trauma.

A f inal idade precípua do Cepeti é formarespecialistas bem treinados em UTI e que exerçamsuas atividades como profissionais científica, éticae humanamente orientados, provendo serviços dealta qualidade.

A estrutura oferecida pelo Cepeti consta de umauditório para 35 pessoas, multimídia, uma biblio-teca com mais de 50 livros relacionados à MedicinaIntensiva, assinatura de oito revistas médicas, qua-tro computadores interligados em rede e acesso avários sites de Medicina Intensiva.

O Cepeti realiza reuniões diárias nas diversasáreas envolvidas no atendimento do paciente críti-co. A Medicina Intensiva possui dois programas de

Curitiba apresenta seu Centro

de Formação em Medicina Intensivaresidência médica, a fisioterapia tem um programade especialização em fisioterapia respiratória e apsicologia oferece um programa de psicologia hos-pitalar com ênfase em UTI. Vários trabalhos clíni-cos foram produzidos nos últimos anos, tendo sidoapresentados 34 trabalhos no Congresso Brasileirode Terapia Intensiva em Belo Horizonte e 23 traba-

lhos no último congressono Rio de Janeiro.

Para o próximo ano, oCepeti está oferecendoquatro vagas para residen-tes em Medicina Intensi-va para atuar nas diversasUTIs acima relacionadas.As inscrições estarãoabertas a partir do dia 01de novembro até dia 20de dezembro. O processode seleção envolveráuma prova de múltipla es-

colha, análise do currículo e entrevista. A prova e aentrevista serão realizadas no Cepeti durante o dia11 de janeiro de 2003. As atividades terão iníciodia 01 de fevereiro de 2003, com término previstopara 31 de janeiro de 2004. Este será o último anoque nosso programa de residência será de um ano.

Dr. Álvaro Réa NetoDiretor do CEPETI

CEPETICENTRO DE ESTUDOS E

PESQUISA EM TERAPIA INTENSIVARua Monte Castelo, 366CEP 82530-200 Curitiba – PRFone: (41) 362-6633 • Fax: (41) 362-9921Email: [email protected]

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Diretoria da AMIB elabora umModelo para a Residência Mé-dica em Medicina Intensiva eencaminha para a Comissão

Nacional de Residência MédicaA residência médica caracteriza-se por

treinamento em serviço, sob orientação esupervisão constante. A Comissão Nacio-nal de Residência Médica estará conver-sando com as “novas especialidades” re-conhecidas pelo CFM, AMB e CNRM emNovembro, para definirem algumas ques-tões: pré-requisitos, duração total do pro-grama e distribuição das atividades e se-tores durante o programa. Uma propostapreliminar foi elaborada pela diretoria daAMIB e suas comissões, tendo sido enca-minhada para a CNRM. Enquanto isso, oshospitais que já são credenciados para aresidência médica em Medicina Intensi-va poderão manter seus programas atu-ais. A AMIB procurou não diferenciar aproposta de treinamento dosespecializandos dos centros formadorescom aquela apresentada à CNRM.

Vamos aguardar as novidades...Rosane Goldwasser

Editora

PROPOSTA ENCAMINHADA À CNRM

Introdução“A Medicina Intensiva é uma espe-

cialidade surgida nos anos 50, quandose iniciaram os conceitos em ressusci-tação cardiopulmonar e cerebral. É umaespecialidade na qual, aos conhecimen-tos da Clínica Médica, Clínica Cirúrgi-ca e Pediatria, somam-se os mais recen-tes conhecimentos médicos para a assis-tência ao paciente gravemente enfermo,próprio da adição de avanços na enge-nharia biomédica, informatização, far-macologia, ética e humanização.

Em 1980 foi criada a Associação deMedicina Intensiva Brasileira (AMIB),tendo sido a Medicina Intensiva reconhe-cida como especialidade pela Associa-ção Médica Brasileira (AMB) em 1981,e pelo Conselho Federal de Medicina(CFM) em 1992. A partir desta época ini-ciou-se um grande desenvolvimento daMedicina Intensiva no Brasil, sendo hojemais de 2000 Unidades de Terapia In-

tensiva –UTI’s –, com necessidade cres-cente de médicos especializados paraatender a esta demanda. Recentementea portaria governamental 3432/98 reco-nheceu sua importância, passando a exi-gir a presença do especialista titulado emMedicina Intensiva nas atividades diári-as das UTI’s brasileiras.

No Brasil a formação do médicointensivista vem sendo realizadaatravés de serviços credenciados pelaComissão de Formação do Intensivista(CFI) da AMIB. Poucos hospitais têm Re-sidência Médica em Medicina Intensi-va credenciada pela Comissão Nacio-nal de Residência Médica (CNRM/MEC), fato esse que, de certo modo, temdificultado o desenvolvimento da espe-cialidade. Reconhecendo a ResidênciaMédica como a única forma em exce-lência para a formação do especialista,a AMIB não tem poupado esforços paradesenvolvê-la o mais completa e am-plamente possível.

Objetivos1. Desenvolver os conhecimentos te-

óricos e habilidades práticas em Medi-cina Intensiva, que capacitem ao médi-co a identificar e solucionar os proble-mas do paciente gravemente enfermo.

2. Desenvolver no médico, em seusaspectos conceituais e práticos, a lide-rança necessária para o trabalho emequipe, próprios da multiprofissio-nalidade e transdisciplinaridadeassistencial do paciente grave.

3. Fomentar o conhecimento e a prá-tica dos preceitos éticos e humanitáriosda Medicina Intensiva.

4. Desenvolver um espírito profissi-onal observador e crítico capaz de de-senvolver estudos de realidade, pesqui-sa e educação continuada em Medici-na Intensiva, bem como formar novosintensivistas.

5. Formar profissionais capazes deliderar projetos associativos identifica-dos com as necessidades sociais da co-munidade onde se insere.

MISSÃOA missão das Residências em Medi-

cina Intensiva (RMI) é formar médicos

especialistas em Medicina Intensiva deelevado conhecimento técnico-científi-co, adequado comportamento ético-pro-fissional, de maneira a realizar a assis-tência integral do paciente gravementeenfermo, de seus familiares e ao con-junto de demandas profissionais e sociaisque o cercam.

MEDICINA INTENSIVA ADULTOPrograma Teórico-Prático

São consideradas áreas de apren-dizado e treinamento essenciais:

• Avaliação clínica do paciente gra-vemente enfermo e Escores deGravidade

• Clínica Cirúrgica e não cirúrgicaem geral

• Neurológicos e neurocirúrgicos• Cardíacos e coronarianos• Pós-operatório de grande porte e

cirurgia cardíaca;• Pneumologia intensiva• Doenças renais e métodos diá-

liticos• Trauma e Queimados• Sepse e infecções graves

São consideradas áreas aprendizadoe treinamento opcionais:

• Emergências• Endoscopia digestiva e respiratória• Recuperação cirúrgica e anestésica• Diagnóstico por imagem• Cirurgia experimental• Comissão de infecção hospitalar• Comissão de Suporte Nutricional

Todos os temas do conteúdo progra-mático ao serem abordados em seusaspectos teóricos devem levar em con-ta os seguintes elementos mínimos:

• Aspectos Semiológicos• Aspectos Fisiopatológicos• Diagnóstico clínico• Monitorização• Tratamento e Prevenção• Prognóstico• Aspectos da Medicina baseada em

Evidência• Aspectos Éticos & Legais• Referências

Modelo para a ResidênciaMédica em Medicina Intensiva

Residência MédicaResidência MédicaResidência MédicaResidência MédicaResidência Médica

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1- CARDIO - CIRCULATÓRIOArritmias cardíacas; Insuficiência

coronariana aguda; Infarto agudo domiocárdio; Tamponamento Cardíaco;Trombólise; Dissecção aórtica; Emer-gências hipertensivas; Choquecardiogênico; Edema pulmonar cardio-gênico; ICC; Reposição volêmica;Disfunção Diastólica; Monitorizaçãohemodinâmica invasiva e não inva-siva; Transporte de Oxigênio; Metabo-lismo do oxigênio em condições nor-mais e patológicas; Reanimação cére-bro-cárdio-respiratória.

2-RESPIRATÓRIOOxigênioterapia; Insuficiência respi-

ratória aguda; Trocas gasosas pulmona-res; Estado de mal asmático; Embolismopulmonar; DPOC agudizado; Síndromeda Angústia Respiratória Aguda; Bronco-aspiração; Suporte ventilatório mecâni-co invasivo e não invasivo; Hipo-ventilação controlada e hipercapnia per-missiva; Ventilação mecânica na Asma;SARA e DPOC; Ventilação líquida;Monitorização da ventilação mecânica;Capnografia; Barotrauma & Volutrauma;Pneumonia Associada á Ventilação; Des-mame do suporte ventilatório; Oxigenio-terapia Hiperbárica; Gasometria; arte-rial; Óxido Nítrico; Edema alveolar nãocardiogênico.

3- INFECÇÃO E SEPSEInfecções comunitárias graves; In-

fecções nosocomiais; Infecções relaci-onadas a cateteres; Sepse em todo seuespectro; Choque Séptico; Síndrome daresposta inflamatória sistêmica;Disfunção de múltiplos órgãos e siste-mas; Antibioticoterapia em MedicinaIntensiva; Endocardite Bacteriana; Me-ningites; Infecção em pacientes imuno-deprimidos/Inclusive AIDS; Tétano,malária e leptospirose; Colite Pseudo-membranosa; Translocação Bacteriana;Descontaminação seletiva do TGI.

4- NEUROLÓGICOEstados alterados da consciência;

Acidentes vasculares encefálicos;Trombolíticos em eventos encefálicos;Hipertensão endocraniana; Polirradiculo-neurites; Estado de mal epiléptico; Mor-te cerebral; Miastenia Gravis; Pós-ope-ratório em neurocirurgia; Tétano.

5- GASTRO-INTESTINALHemorragia digestiva alta e baixa;

Insuficiência hepática; Abdômen agu-do; Pancreatite aguda; Colecistite agu-da; Compartimento abdominal.

6- ENDÓCRINO & METABÓLICOComa hiperosmolar, hipoglicêmico

e Cetoacidose; Crise tireotóxica; Comamixedematoso; Insuficiência supra-renalaguda; Rabdomiólise; Calorimetria; Di-abetes insipidus; Síndrome de secreçãoinapropriada de ADH.

7- RENALInsuficiência renal aguda; Métodos

dialíticos. Distúrbios Hidro-eletrolíticose ácido-básicos.

8- PRÉ E PÓS-OPERATÓRIOAvaliação do Risco Pré-Operatório;

Indicações de cuidados intensivos; Cir-culação Extracorpórea; Cirurgia no pa-ciente oncológico; Pós-operatório emtransplantes; Abdome agudo clínico ecirúrgico; Sepse abdominal e aslaparotomias programadas.

9-COAGULAÇÃOCoagulação intravascular dissemi-

nada e fibrinólise; Coagulopatia de con-sumo; Trombólise e anticoagulação;Uso de hemoderivados e substitutos doplasma.

10-POLITRAUMATISMOPolitrauma; TCE; Trauma raqui-

medular; Trauma de face / cervical;Trauma de tórax; Trauma de abdome;Trauma de extremidades; Embolia gor-durosa; Lesões Complexas de extre-midades; Síndrome Compartimentalabdominal; Síndrome Compartimentalde extremidades.

11- GRANDE QUEIMADOAspectos cirúrgicos; Reposição

volêmica e suporte nutricional; Diagnós-tico e tratamento das infecções;

12- INTOXICAÇÕES EXÓGENAS E ACIDENTESPOR ANIMAIS PEÇONHENTOS, AGENTES FÍ-SICOS E QUÍMICOS

13-TRANSPLANTE HEPÁTICO, CARDÍACO,RENAL E MEDULA ÓSSEA.

14- SUPORTE NUTRICIONALNa sepse; No grande Queimado; No

Trauma grave; Na Insuficiência Hepáti-ca e Renal; Imunomoduladores; Nutri-ção parenteral e enteral.

15- PROCEDIMENTOS INVASIVOS DE DIAG-NÓSTICO E TRATAMENTO: INDICAÇÕES ECOMPLICAÇÕES

Intubação traqueal; Traqueostomia Ci-rúrgica / percutânea; Cateterização arteri-al; Dissecção venosa / Acessos venosos porpunção; Marcapasso; Cateterização da ar-téria pulmonar; Pericardiocentese; Drena-gem pleural; Punção liquórica.

16- IATROGENIA EM TERAPIA INTENSIVA

17- MÉTODOS DE IMAGEM EM MEDICINAINTENSIVA

18- ASPECTOS ÉTICOS E BIOÉTICOS DA ME-DICINA INTENSIVA

Princípios Bioéticos Pertinentes à prá-tica da Medicina Intensiva; Direitos e de-veres do paciente em tratamento inten-sivo; Não oferecer, dar e retirar em Me-dicina Intensiva; Distanásia, eutanásia,Não reanimar em tratamento intensivo;O paciente incompetente; A termina-lidade; A Humanização em ambientesintensivos; A ética das relações nogerenciamento de conflitos em UTI; Fu-tilidade e Obstinação terapêutica; Doa-ção de Órgãos e Transplantação; Códigode Ética Médica e Resoluções dos Con-selhos e AMIB; Trabalho Interdisciplinar;O luto, a morte e o morrer – Tanatologia;Normas de Ética em Pesquisa.

19- SEDAÇÃO, ANALGESIA e BLOQUEIONEUROMUSCULAR EM UTI

Protocolos; Os direitos do paciente;Drogas, vias, esquemas posológicos; Si-tuações especiais para infusão contínua.

20- OBSTETRICIAEclampsia; Doença Hipertensiva na

gravidez; Hellp Síndrome; Infecçãopós-parto; sepse puerperal; Endomio-metrites sépticas.

21- GERENCIAMENTO E ADMINISTRAÇÃOLegislação sanitária; Pagamentos e

convênios; Qualidade em MI; Indicado-res hospitalares e de gestão; Comissõeshospitalares de apoios; gerenciamento decustos em UTI; Controladoria hospitalar.

22- TRANSPORTE DO PACIENTE GRAVE:INTRA E EXTRA-HOSPITALAR

23- INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

24- ANÁLISE CRÍTICA DA METODOLOGIACIENTÍFICA

Residência MédicaResidência MédicaResidência MédicaResidência MédicaResidência Médica

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25- INDICADORES DE QUALIDADE E NORMASMÍNIMAS DE FUNCIONAMENTO DE UTI’S

MEDICINA INTENSIVA PEDIÁTRICAPrograma Teórico-Prático

1-AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE GRAVEEscores de Gravidade e Prognóstico.

Profilaxias

2- REANIMAÇÃO CÉREBRO-CÁRDIO-RESPIRATÓRIA

3- APARELHO CARDIO - CIRCULATÓRIOArritmias cardíacas; emergências

hipertensivas; choque cardiogênico,hipovolêmico, distributivo e obstrutivo;ICC e Edema Pulmonar; Monitorizaçãohemodinâmica invasiva e não invasiva;Cardiopatias Congênitas; Pré e pós-ope-ratório de cirurgia cardíaca;

4- APARELHO RESPIRATÓRIOInsuficiência respiratória aguda e crô-

nica; Asma aguda grave, síndrome do Des-conforto Respiratório Agudo; Doenças res-piratórias obstrutivas altas; Oxigenioterapiae Suporte ventilatório mecânico (invasivoe não invasivo); Monitorização da venti-lação mecânica; uso de gases especiais:Óxido Nítrico e Heliox; Doenças respira-tórias neonatais: doença da MembranaHialina, Síndrome da aspiração de mecônioe Displasia broncopulmonar.

5- INFECÇÃO E SEPSESepse; Síndrome da resposta inflama-

tória sistêmica; Disfunção de múltiplosórgãos e sistemas;

Infecções relacionadas aos métodosinvasivos; antibioticoterapia em Medi-cina Intensiva; Meningoencefalites;endocardite Bacteriana; Infecção empacientes imunodeprimidos; infecçõesneonatais: tétano, infeções congênitas;dengue, leptospirose, e outras doençasinfecciosas endêmicas;

6- NEUROLÓGICOComas em geral; Hipertensão

endocraniana; Polirradiculoneurites; Es-tado epiléptico; Miastenia Gravis; Infec-ções do sistema nervoso central; Noçõesde neuroimagem; asfixia e hemorragianeonatal; pré e pós operatório deneurocirurgias; trauma craniano

7- GASTRIINTESTINALHemorragia digestiva alta e baixa;

Insuficiência hepática e medidas de su-porte; pré e pós-operatório de grandescirurgias abdominais; Abdômen agudoclínico e cirúrgico;

8- SISTEMA ENDÓCRINO METABÓLICOComa hiperosmolar e cetoacidose di-

abética; hipoglicemia; Crise tireotóxica;Insuficiência supra renal aguda;Rabdomiólise; Diabete insípido; Síndromede secreção inapropriada de ADH

9- RENALInsuficiência renal aguda; Métodos

dialíticos; Distúrbios hidro-eletrolíticose ácido-básicos; pré e pós operatóriode grandes cirurgias urológicas e trans-plante renal;

10- PRÉ E PÓS-OPERATÓRIOAvaliação do Risco pré-operatório; Pós

operatório de grandes cirurgias (abdominais,neurológicas, renais, cardíaca ou torácicas);noções de Circulação Extracorpórea.

11-COAGULAÇÃOCoagulação intravascular dissemina-

da, fibrinólise, Coagulopatia de consu-mo; Anticoagulação; Uso de hemoderi-vados e substitutos do plasma.

12-POLITRAUMATISMOTCE. Trauma raqui-medular. Síndromes

compartimentais. Embolia gordurosa

13- GRANDE QUEIMADO

14- INTOXICAÇÕES EXÓGENAS E ACIDENTESPOR ANIMAIS PEÇONHENTOS, ACIDENTESPOR AGENTES FÍSICOS E QUÍMICOS. QUASEAFOGAMENTO

15-TRANSPLANTE HEPÁTICO, CARDÍACO,RENAL E MEDULA ÓSSEA. MANUTENÇÃO DODOADOR E MANUSEIO DO PACIENTE TRANS-PLANTADO. MORTE ENCEFÁLICA.

16- SUPORTE NUTRICIONALNutrição parenteral e enteral: ava-

liação e acompanhamento nutricional,vias de acesso, indicações, composiçãodas formulações (em Insuficiência Res-piratória; Queimado; Trauma; Insuficiên-cia Hepática e Renal; Sepse)

17- PACIENTE ONCOLÓGICO EM UTI

18- PROCEDIMENTOS INVASIVOS DE DIAG-NÓSTICO E TRATAMENTO . INDICAÇÕES ECOMPLICAÇÕES .

Intubação traqueal / traqueostomia/cricotireotomia; Cateterização arterial;Dissecção venosa; Cateterização veno-sa central e de artéria pulmonar; inser-ção de Marca-passo; Pericardiocentesee drenagem pleural. Raquicentese; Cate-terização da veia umbelical; Punçãointra-óssea.

19- MÉTODOS DE IMAGEM EM MEDICINAINTENSIVA

20- ASPECTOS ÉTICOS DA MEDICINAINTENSIVA

21- SEDAÇÃO, ANALGESIA e BLOQUEIONEUROMUSCULAR EM UTI

22- TRANSPORTE DO PACIENTE GRAVE:INTRA E EXTRA-HOSPITALAR

23- INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

24- ANÁLISE CRÍTICA DA METODOLOGIACIENTÍFICA

25- INDICADORES DE QUALIDADE E NORMASMÍNIMAS DE FUNCIONAMENTO DE UTI’S

Jairo C. Bitencourt OtheroPresidente da AMIB

Jefferson Pedro PivaVice-Presidente da AMIB

Residência MédicaResidência MédicaResidência MédicaResidência MédicaResidência Médica

A Reunião da Comissão Nacionalde Residência Médica (CNRM) foirealizada no dia 17 de julho de 2002,no auditório do Hospital Santa Rita,na cidade de São Paulo.

Estiveram presentes:Fernando Osni;Jairo Othero;José Luiz Gomes do Amaral;José Oliva Proença;Luiz Antônio Factore;Marcelo Moock;Maria Fernanda B. de Almeida;Mauro Kaufmann;Mirella Cristine Oliveira;Norberto Antônio Freddi;Renato Terzi;Renato Viscardi;Rosa Goldstein;Cid Marcos N. David;Ricardo Amorim Garcia.

Reunião da CNRM

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m 24 de setembro, durante o Congresso Bra-sileiro de Cardiologia realizado em São Pau-lo, foi lançado o livro CARDIOLOGIA INTEN-SIVA editado por José

Carlos Nicolau e Edson Stefanini.Na ocasião fizeram uso da palavra,Renato G. G. Terzi, Editor Geral daSérie, os Editores José CarlosNicolau e Edson Stefanini, PauloRzezinski diretor Presidente da Edi-tora Atheneu e o Diretor de Publica-ções da AMIB, José Oliva Proença re-presentando o Presidente da AMIB,Jairo B. Othero. Na ocasião, foi men-cionada a parceria AMIB/Atheneu/AstraZeneca na publicação de livrosde qualidade a preço de custo. Foienfatizada a filosofia deste projeto quepermite um programa de educaçãocontinuada em Medicina Intensiva. Oacesso à informação, a atualização doconhecimento e a orientação para con-dutas clínicas, são a essência no aten-dimento médico de qualidade.

Hoje, grandes mudanças na prática cardiológicaocorrem celeremente, porque rapidamente se alastra

Série ClínicasSérie ClínicasSérie ClínicasSérie ClínicasSérie Clínicas

Série Clínicas Brasileiras de MedicinaIntensiva lança seu décimo terceiro volume

o conhecimento médico baseado em evidências. Porisso, livros de atualização são importantes para esta-belecer marcos de passagem. Este livro é um destes

marcos. Editado por dois cardiologistasque representam duas tradicionais Uni-versidades de São Paulo, ele traz o quehá de mais novo e avançado emCardiologia Intensiva.

Dele se beneficiarão, não só médi-cos que atuam em UnidadesCoronarianas, mas, principalmente,médicos intensivistas e outros profis-sionais, como enfermeiros e fisiotera-peutas que atuam em Unidades de Te-rapia Intensiva Gerais, Brasil afora.

Outras novidade, seguramente,deverão surgir em Cardiologia Inten-siva. Não há dúvida, entretanto, queeste livro representa o estado atualda arte, leitura obrigatória de quemlida com a emergência cardiológicae o cardiopata grave.

Foi muito grande a procura do livro durante o Con-gresso. Ao todo, foram vendidos mais de quinhentosvolumes da Série, demonstração inequívoca de suces-so editorial.

m 23 de setembro do corrente faleceu, em BeloHorizonte, o colega intensivista José Luiz doAmorim Ratton.

Ratton, como era conhecido na vidaassociativa, foi um dos fundadores da AMIB e grandeincentivador da especialidade, tanto em seu estadonatal, como em todo Brasil.

Participou, como diretor da AMIB, em diferentesgestões e, até recentemente, presidiu a Comissão deFormação do Intensivista.

Mineiro de nascimento e de coração, Ratton erafilho de juiz de direito e dono de singular cultura.Era grande admirador de seu conterrâneo, Guima-rães Rosa, que, como ele, tinha uma visão críticada natureza humana. Esta particularidade, que con-feria ao Ratton uma personalidade forte e, às ve-zes, intransigente, foi fundamental em cimentar os

Nota de falecimentoNota de falecimentoNota de falecimentoNota de falecimentoNota de falecimento

alicerces de nossa Sociedade.Grande companheiro, sempre presente em

eventos nacionais e internacionais, tinha sempreum caso para ser contado com mineiríssima graçae fala mansa.

Ratton foi homenageado na abertura do Congres-so Brasileiro do Rio de Janeiro ao qual não compare-ceu, por já estar enfermo. Em Assembléia Geral daAMIB foi proposta e aprovada a criação do PrêmioJosé Luiz do Amorim Ratton para o melhor trabalhocientífico a ser selecionado em todos os futuros con-gressos nacionais de nossa Sociedade. Uma justahomenagem a um grande homem, cuja lição de vidadeve servir de exemplo às futuras gerações deintensivistas.

Renato G. G. Terzi

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ma especialidade é mais forte na razão direta dosespecialistas que possui. A cada ano que passa ga-nhamos reconhecimento concretizado no especia-listas que conseguimos titular.

O último Concurso para Obtenção de Título observou os novoscritérios definidos pela AMIB em Assembléia de Representantese pudemos constatar um ganho sensível de avaliação.

Sem dúvida estamos longe do ideal nesse sentido, mas acada ano tentamos aprimorar não só os caminhos de acessocomo os métodos de titulação.

Especialistas bem formados e atualizados são com certezaprofissionais reconhecidos em seu ambiente de trabalho e nasociedade.

No próximo ano a prova de obtenção de título já está marcada,será em outubro, durante a X JORNADA SULBRASILEIRA e emtodas as regionais . Procure se informar na sua regional.Temos certeza que seu nome fará parte de uma lista como essa!

Dra. Rosa Goldstein Alheira RochaTítulo de Especialista

CÓDIGO NOME UF REGIONAL16304 ADAILTON CARVALHO DE RESENDE SP SOPATI16540 ADRIANO MARTINS DE OLIVEIRA BA SOTIBA17354 ALEX SANDRO ALMEIDA BA SOTIBA15909 ALMERINDO LOURENÇO DE SOUZA JÚNIOR SP SOPATI17582 ANA BEATRIZ ALBUQUERQUE MOREIRA BERTECCI MG SOMITI17092 ANA CRISTINA TEIXEIRA VEIGA BA SOTIBA17272 ANA HELENIR BENAGLIA SP SOPATI10850 ANALETE ZAGO SCOPEL SC SOCATI16973 ANDRÉ CARLOS KAJDACSY BALLA AMARAL SP SOPATI10863 ANDRÉA FONSECA DE AGUIAR MARTINS RJ SOTIERJ15009 ANDREA MONTEIRO ALVES MICHELLI RJ SOTIERJ17121 ANDRÉA NASCIMENTO GUARALDO CUNHA MG SOMITI16837 ANDRÉS MARTINS DE LA FLOR LENTI MG SOMITI15760 ANTÔNIO CÉSAR MARSON PR SOTIPA10508 AÚREO FERNANDO BANWART E SILVA SP SOPATI15281 CARLA JEAN KACZOR SP SOPATI14357 CARLA SOARES FORTES PI SOTIPI17630 CARLOS ADRIANO PLA BENTO SP SOPATI17616 CARLOS ALBERTO DE CASTRO SP SOPATI17686 CARLOS BARBUTO SP SOPATI16102 CARLOS DARWIN GOMES DA SILVEIRA DF SOBRAMI15846 CARLOS EDUARDO MOTTA DE SIQUEIRA SP SOPATI15068 CARLOS MARTIN O´HARA SOLIS SP SOPATI17218 CARLOS ROGÉRIO DA SILVA SP SOPATI15295 CAROLINA COIMBRA MARINHO MG SOMITI

1803 CELSO RICARDO EMERICH DE ABREU ES SOESTI17040 CÉSAR GARCIA MACHADO BA SOTIBA15008 CHRISTIANE CORRÊA RODRIGUES CIMINI MG SOMITI17151 CLÁUDIA RAMOS DO NASCIMENTO RJ SOTIERJ

9234 CLAUDIO ANTÔNIO DE SOUZA MG SOMITI15317 CLAUDIO REZENDE MENDONÇA MG SOMITI17215 CLAYTON MARCELO PRADO DE CAMPOS DF SOBRAMI15004 CRISTINE FASOLO PILATI SP SOPATI10585 DANIELLE RODRIGUES BULOTO DE SOUZA ES SOESTI14896 DAVID JOSÉ OLIVEIRA TOZETTO SP SOPATI15353 EDNA FERREIRA SP SOPATI17853 EDSON TEIXEIRA FABRINI MG SOMITI17235 EDUARDO DA COSTA PINTO RJ SOTIERJ16359 EMERSON LOPES FROEDE MG SOMITI15374 EMMANUEL ORTIZ AFONSO SP SOPATI17171 ERIC PERECMANIS RJ SOTIERJ17533 ERICO RIBEIRO NETTO MG SOMITI

9235 ERIKA CORREA VRANDECIC MG SOMITI6626 EUCIDES BATISTA DA SILVA AM SATI

17430 EVELYN DUARTE DA COSTA MS SOSMATI14118 EVERSON DADALTO ES SOESTI

CÓDIGO NOME UF REGIONAL16210 FABIANA APARECIDA PENACHI BOSCO GO SOTIEGO15808 FABIANA MARQUES SP SOPATI16535 FÁBIO GOMES DE SOUSA RJ SOTIERJ15397 FERNANDO CÉSAR CARDOZO MIRANDA SP SOPATI15129 FLÁVIO ALBERTO BONFIM SP SOPATI17477 FLÁVIO CARNEIRO L. CAVALCANTI DE ARAÚJO SP SOPATI15408 FLÁVIO LUIZ DE AGUIAR MARTINS MG SOMITI17968 FRANCISCO SALISMAR LOPES CORREIA RN AMIB_AP14165 GERALDO SÉRGIO GONÇALVES MEIRA MG SOMITI

5822 GERVASIO BATISTA CAMPOS BA SOTIBA15975 GISLAINE FLORICENA FERREIRA ALMEIDA SP SOPATI14444 GRACIELA QUEVEDO DA COSTA RJ SOTIERJ17370 GUILHERME CERRUTI OEHLING SP SOPATI17837 HELAINE BRANDÃO DAMASCENO GOES MG SOMITI13030 HENRI HORSTMANN AM SATI

1814 HUMBERTO FURTADO DA FONSECA ES SOESTI16187 IDAL BEER SP SOPATI17353 JOAMAR NUNES DE MELO BA SOTIBA

1553 JOÃO GERALDO SIMÕES HOULY SP SOPATI4757 JOAO PEREIRA CASTRO MA SOTIMA

16290 JOSÉ CARLOS BONJORNO JÚNIOR SP SOPATI14785 JOSÉ EDUARDO MIGUEL ASSAD ES SOESTI17478 JOSÉ GUILHERME CHRISTIANO NETO SP SOPATI15853 JOSÉ TADEU DOS SANTOS TO SONORTI17414 JULIANA ASCENÇAO DE SOUZA SP SOPATI11558 KARINA BERNARDI PIMENTA RJ SOTIERJ14788 KATIUSCA BISSOLI GOUVEIA ES SOESTI14566 KELSON NOBRE VERAS PI SOTIPI17820 KLAUS AFIF YACOUB KLEUSER RJ SOTIERJ16278 LEANDRO BRAZ DE CARVALHO MG SOMITI15503 LEONARDO BRAUER SP SOPATI13746 LILIANE QUEIROZ GUEDES MG SOMITI11612 LÍVIA RIBEIRO FERNANDES PI SOTIPI13742 LUCIANA ROCHA FRANÇA DE ARAÚJO SP SOPATI17619 LUIS FELIPE CICERO MIRANDA RJ SOTIERJ17342 LUIZ CARLOS LEITE MG SOMATI15538 MARCELO AUGUSTO FREITAS ARECO SP SOPATI17638 MARCELO MACIEL DA COSTA SP SOPATI17343 MÁRCIA REGINA MUDENUTI SP SOPATI17476 MARCIO MUSSOLINO QUEIROZ SP SOPATI17933 MARCO ANTONIO DE MATTOS RJ SOTIERJ16940 MARCOS ADRIANO DA ROCHA LESSA RJ SOTIERJ12424 MARIA DE FÁTIMA VIGGIANO ROCHA MG SOMITI17275 MARIANA DE MEDEIROS MATSUSHITA SP SOPATI15893 MAURO SÉRGIO FARIA TEIXEIRA SP SOPATI17146 MAXIMILIANO FREIRE DUTRA RJ SOTIERJ17611 MERY ELEIZI COSTA MARTINS SP SOPATI10411 MIRIAM CADE VIEIRA ES SOMITI

Relação dos novos Especialistas (2002)

Título de EspecialidadeTítulo de EspecialidadeTítulo de EspecialidadeTítulo de EspecialidadeTítulo de Especialidade

LISTAGEM DE CERTIFICAÇÃO DE PROVA ADULTO

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CÓDIGO NOME UF REGIONAL17499 MONICA LIGEIRO GONÇALVES RJ SOTIERJ11961 MURILO CHIAMOLERA SP SOPATI15869 NAIRO JOSÉ DE SOUZA JR. TO SONORTI12878 NIVALDO CORTELA MT SOMATI15184 PABLO MARTIN LLOMPART SACCHI SP SOPATI17475 PATRÍCIA SERRANO SP SOPATI17627 PAULA TESCH SABAINI SP SOPATI17703 PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA SP SOPATI10600 PAULO ROBERTO PEDRINI ES SOESTI17300 PEDRO LUIZ NAGLIS TIBÚRCIO RJ SOTIERJ17737 RAFAEL AUGUSTO SOUZA RANGEL RJ SOTIERJ16269 RAFAEL OLIVE LEITE RS SOTIRGS17428 RAQUEL DUTRA MIRANDA MG SOMITI14458 RICARDO ALKIMIM TEIXEIRA SP SOMITI16195 RICARDO REIS SANGA SP SOPATI

5912 ROBERTO MACHADO KLUCK RS SOTIRGS17817 ROGERIO DOS REIS VISCONTI RJ SOTIERJ13819 ROSANA DUCATTI SOUZA ALMEIDA SP SOPATI10110 ROSSANA DALL ORTO ELIAS MG SOMITI13584 RUTH GUIMARÃES DE ALMEIDA SUSIN RS SOTIRGS13382 SAULO MAIA DAVILLA MELO SE SOTISE17317 SEBASTIÃO DOS SANTOS SOUSA JUNIOR MA SOTIMA17224 SEBASTIÃO SIQUEIRA DE CARVALHO JÚNIOR RJ SOTIERJ

8508 SERAFIM GOMES DE SÁ JR. RJ SOTIERJ17226 SÉRGIO DE AZEVEDO NAVES MG SOMITI15694 SÉRGIO LAGES MURTA MG SOMITI17321 SERGIO MAURICIO BUENO URBINI JUNIOR SP SOPATI10603 SÉRGIO WERNER BAUMEL ES SOESTI

6090 SILVANA LUIZA REZENDE BRANDÃO ES SOESTI16211 SILVIA ANGÉLICA OVANDO DURAN SP SOPATI17822 SILVIA PRADO MINHOTO TEIXEIRA SP SOTIPA16924 SIMONE TASQUETO BOLZAN RS SOTIRGS12299 SUELAINE ASSUMPÇÃO CÔRTES RJ SOTIERJ15879 TALEL SALLE SP SOPATI

9187 TÂNIA REGINA FONSECA PAIXÃO BA SOTIBA17446 TATIANA HELENA RECH RS SOTIRGS16305 THALES DELMONDES GALVÃO BA SOTIBA13311 VALÉRIA LIMA DA CRUZ SP SOPATI17131 VALÉRIA MACHADO DE OLIVEIRA MG SOMITI15976 VILTO MICHELS JUNIOR SP SOPATI16543 VIVIANE BORGES PASSOS MINEIRO BA SOTIBA12904 WILSON JOSÉ LOVATO SP SOPATI15079 WILSON PAULO DOS SANTOS PR SOTIPA16423 WLADIMIR FIGUEIRÓ CUNHA RJ SOTIERJ16551 YONARA RIVELLE NEVES DAVID SP SOPATI

CÓDIGO NOME UF REGIONAL13147 CARLA MARQUES RONDON CAMPOS MT SOMATI

6847 CARLOS ROBERTO N. DE DEUS NUNES PI SOTIPI17352 CAROLINA ESPOSITO VIEIRA RS SOTIRGS15302 CINTIA PEREIRA FERREIRA MG SOMITI17230 CINTIA VRANJAC FUNCIA DE AZEREDO SP SOPATI16634 CLÁUDIA AGUIAR DE BARROS RJ SOTIERJ12522 CLEDINARA RODRIGUES SALAZAR RS SOTIRGS17659 DANIELA AKASHI SP AMIB_AP17543 DANIELE DA SILVA JORDAN VOLPE SP SOPATI17787 ERASMO EUSTAQUIO COZAC GO SOTIEGO17937 FABIO JOLY CAMPOS SP SOPATI17835 FABIO ZATTAR GUERIOS BA SOTIBA17736 FERNANDA MORAES DANIEL RJ SOTIERJ17177 FERNANDA ROSTIROLA GUEDES RS SOTIRGS10179 GUSTAVO ALBERTO ARAÚJO DE PAIVA SP SOPATI17536 JANDRA CORREA DE LACERDA RJ SOTIERJ

1728 JOSÉ BONIFACIO CARREIRA ALVIM DF SOBRAMI17690 JOSE CARLOS FERNANDES SP SOPATI

7375 JUAN ALBERTO HAQUIN AGUILAR SP SOPATI1114 JUAN CARLOS USTARIZ GOMES SP SOPATI

17669 JULIANA DUARTE DINIZ SP SOPATI17936 KARYNA SANTOS FERREIRA LEITE sp SOPATI17388 LARISSA DEMJANCZUK PEREIRA RS SOTIRGS17363 LEANDRO TURRA OLIVEIRA RS SOTIRGS17456 LELMA CRISTINA DE CASTRO SP SOPATI17739 LISIANE DALLE MULLE RS SOTIRGS17382 MALBA INAJÁ ZANELLA RS SOTIRGS17639 MALENA TEREZA GIORGETTA REGIS SP SOPATI17186 MARCIA XAVIER OLIVEIRA CASTRO ALVARENGA MG SOMITI16673 MARCIONEI RANK SC SOCATI10101 MARIA APARECIDA OLIVEIRA E SILVA MG SOMITI17544 MARIA HELENA DITTRICH PR AMIPA17596 MARIA LIEGE BAZANELLA DE OLIVEIRA RS SOTIRGS13788 MARIA REGINA PINTO KOMKA TO SONORTI10139 MARINA WEY SP SOPATI

3959 MARTA MARIA OSORIO ALVES RS SOTIRGS17403 MICHELINE SOUILLJEE RS SOTIRGS17695 MIRIAM RIKA TAGUCHI SP SOPATI13059 MIRIAN YUKIKO CHIGUTTI SP SOPATI14236 NEYDE MARIA BRITO DE MEDEIROS AM SONORTI12000 ORLEI RIBEIRO DE ARAUJO SP SOPATI17650 PATRICIA DE OLIVEIRA COSTA RJ SOTIERJ

4032 PLINIO LEONEL JAKIMIV SC SOTIPA13888 RONALDO ARKADER SP SOPATI14210 SANDRA MARA EVANGELISTI FARAH SP SOPATI17791 SANDRA QUINTELA DE ALMEIDA DF SOBRAMI17316 SANDRO LUIS ULIANO DA SILVA SC AMIB_AP10362 SÉRGIO LUCIANO PINTO SP SOPATI17415 SIDNEY CUNHA DA SILVA DF SOBRAMI16762 SILVANA PIAZZA FURLAN RS SOTIRGS12278 SILVIA REGINA DE OLIVEIRA MACHADO SP SOPATI17663 SUELI MARQUES PAIVA BULLE OLIVEIRA SP SOPATI12315 TÂNIA HELENA GARRIDO DE ESPINOZA SP SOPATI17932 TATIANA DA SILVA SCHEID RS SOTIRGS

Título de EspecialidadeTítulo de EspecialidadeTítulo de EspecialidadeTítulo de EspecialidadeTítulo de Especialidade

CÓDIGO NOME UF REGIONAL12918 EDVALDO FAHEL BA SOTIBA14060 AYLTON CHEROTO ES SOESTI

8711 JOSÉ MARIA CORREIA LIMA E SILVA PI SOTIPI17277 JOSE RIGOBERTO MENDES VIRGINIO SP SOPATI

CÓDIGO NOME UF REGIONAL14102 ADRIANA BECKER RS SOTIRGS17228 ADRIANA LEMES RESENDE MG SOMITI17633 ADRIANA TEIXEIRA RODRIGUES MG AMIB_AP17700 ALEXANDRE FUNCIA DE AZEREDO SILVA SP SOPATI17319 ALINE MALLMANN COUTO RS SOTIRGS16632 ANA LUCIA GRANADO JABALI SP SOPATI17623 ANA PAULA SCARDOVELLI SP SOPATI17834 ANDREA DE OLIVEIRA ENDLER PR AMIB_AP15248 ANDREIA WATANABE SP SOPATI15866 ANTÔNIA CARLOS MAGALHÃES MT SOMATI17586 ANTONIO RODRIGUES DE SOUZA MG SOMITI17320 ARISTÓTELES DE ALMEIDA PIRES RS SOTIRGS17651 ARNO NORBERTO WARTH SP SOPATI16690 BEATRIZ CORRÊA SAMPAIO LEGER SP SOPATI

LISTAGEM DE CERTIFICAÇÃO DE PROVA PEDIATRIA

LISTAGEM DE CERTIFICAÇÃO DE PROVA PROFICIÊNCIA

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lantão tranqüilo, apenasuma vaga na UTI. Às 02:15h,o plantonista da internaçãopediátrica vem à UTI com

pedido de vaga para lactente cominsuficiência respiratória, possivel-mente por bronquiolite viral aguda,que está deteriorando rapidamente.No mesmo instante, toca o telefoneda UTI com solicitação de leito paracriança aidética em choque, e quenão respondeu à terapia de reposi-ção volumétrica no setor de emer-gência do hospital”...

# Qual dos dois pacientes tem maisdireito à única vaga da UTI?

# Quem toma a decisão?

# A decisão deve ser baseada emquais critérios?

Ainda que provocada uma situ-ação de simultaneidade no exem-plo acima, infelizmente, esse cená-rio não é incomum nas UTIs do nos-so país. Frequentemente, estamosfrente a esse tipo de impasse ou deescolha em nossa prática diária nasUTIs. Um leito apenas, dois pacien-tes com critérios indiscutíveis deadmissão em UTI, e o médico plan-tonista tendo que decidir a quematender, sabendo que um deles es-tará sendo sacrificado. É o típicoconflito entre a microalocação e amacroalocação de recursos escas-sos, especialmente nas instituiçõespúblicas de assistência à saúde.Embora esse tipo de dilema nãodevesse ser resolvido ou decididopelo médico de plantão na UTI, poisse trata de um problema do gestorou do provedor de serviços de saú-

A escolha de Sofia

ArtigoArtigoArtigoArtigoArtigo

Por Paulo R. Antonacci Carvalho (*)

de, na maioria das vezes acaba sur-preendendo o intensivista de plan-tão. Para ele, todos os pacientes sãoiguais, têm os mesmos direitos, e,portanto, devem receber igualmen-te o tratamento intensivo necessário.Para o gestor ou provedor dos servi-ços de saúde, ainda que o acesso àsaúde seja universal, os recursos sãolimitados e não estão disponíveis demodo igualitário para todos os paci-entes que procuram o sistema. É a“síndrome do cobertor curto” ...

Entra nessa discussão a questãoética aplicada à alocação de recur-sos escassos. E a Ética, considera-da o estudo da justificativa dasações, busca identificar o que é cor-reto ou incorreto, adequado ou ina-dequado, justo ou injusto, analisan-do cada situação em particular. Aabrangência das decisões pode serpor macroalocação, quando não serefere a uma pessoa em particular,mas a todo um grupo de indivíduos,ou por microalocação, quando serefere a um paciente ou uma situa-ção específica, como no cenáriodescrito acima. E os critérios maiscomumente utilizados tanto para amacroalocação quanto para amicroalocação de recursos são anecessidade, o merecimento, aefetividade ou o sucesso provável,ou mesmo a ordem de chegada(1).

Pela necessidade, os recursosdeveriam ser priorizados aos queestão em estado de saúde mais gra-ve, mesmo sabendo que os custosserão altos e os efeitos da interven-ção médica terão pouca repercus-são (1). Na situação descrita, am-bos os pacientes estão em situaçãode igual gravidade, ambos necessi-tam dos cuidados de UTI, e em am-

bos os efeitos da intervenção médi-ca terão repercussão positiva.

Pelo merecimento, os recursosescassos deveriam ser alocadospara aqueles pacientes que mere-çam recebê-los, com base emações, registros e eventos que jáocorreram (1). Na situação descri-ta, o paciente aidético em choquejá tem um passado mórbido, estan-do, portanto, mais suscetível a com-plicações ou a um desfecho desfa-vorável, se não atendido conveni-entemente.

Pela efetividade, os recursos es-cassos deveriam ser alocados paraaqueles pacientes que possam fa-zer o melhor uso para si ou para osoutros, o que se expressa pela re-dução de custos sociais, retorno àprodutividade ou melhor qualidadede vida (1). Na situação descrita,em tese, o paciente com bronquio-lite viral aguda e insuficiência res-piratória, uma vez atendido na UTI,demandaria um menor custo sociale teria uma melhor qualidade devida à médio ou longo prazo, com-parado ao paciente aidético.

Pelo sucesso provável, a priori-zação dos recursos é estabelecida,preferencialmente com base emdados estatísticos oriundos da expe-riência da própria equipe de saúde,ou da literatura científica, na pro-babilidade que cada indivíduo emparticular (microalocação) ou umgrupo de indivíduos (macroalo-cação) tem em se beneficiar do re-curso que está sendo disputado (1).Na situação descrita, aplicar-se-iaa mesma justificativa descrita noitem anterior.

Ainda que não se aplique aoexemplo citado, nos casos em que

(*) Pediatra Intensivista da UTI Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Integrante da Comissãode Bioética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Membro do Departamento de Bioética da AMIB. Mem-bro do Departamento de Terapia Intensiva da Sociedade Brasileira de Pediatria.

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a tomada de decisão pressupõe al-gum tempo para discussão, deveriaser chamada uma terceira partepara mediar o conflito (por exem-plo, um Comitê de Bioética), queobviamente o faria no melhor inte-resse dos pacientes, mas, de novo,colocando o médico em condiçãode impotência frente à situaçãoapresentada.

E. Cahn, professor de Filosofiado Direito na New York University(EUA), propõe que se nem todas aspessoas que necessitam de trata-mento podem ter acesso a ele, anenhuma delas deveria ser possi-bilitado o mesmo. Utiliza o argu-mento de que ninguém pode sal-var-se à custa da vida dos outros.Este critério é denominado comoigualdade de acesso real (2). Emnossa prática, seria impensável oumoralmente inaceitável agir dessaforma, ainda que hipoteticamentefosse a tomada de decisão “maisjusta”, negando aos dois pacienteso recurso da UTI.

J. Childress, professor de Bio-ética da Virginia University e doKennedy Institute of Ethics /Geogetown University (EUA), afir-ma que a melhor forma de atingir-se a igualdade é através daaleatorização das escolhas, sejaatravés de sorteios, seja através defilas de espera. Este tipo de solu-ção, segundo o autor, preserva arelação médico-paciente, pois ocritério de seleção é estabelecidofora deste contexto. Esta posiçãocaracteriza a igualdade de acessoprovável(3).

Voltando ao cenário apresenta-do no início da discussão, emboraa maioria de nós quisesse ter umasolução pronta e justa para todasas partes envolvidas, não temosuma receita para todos os casos se-melhantes a esse. Sempre haveráum dilema, sempre haverá uma“escolha de sofia”. A verdade éque, ainda que a decisão tenha queser tomada rapidamente, o médi-co de plantão sempre deverá levar

em consideração todas as refle-xões apresentadas. Na medida dopossível, terá que dividir com os co-legas de plantão a tomada de de-cisão, com base em critérios éticose morais claramente expressos, e,acima de tudo, levando em consi-deração o respeito à dignidade decada paciente.

Referências bibliográficas(1)Goldim JR. Ética aplicada à

alocação de recursos escassos. Nú-cleo Interinstitucional de Bioética.Hospital de Clínicas de Porto Alegre/ Universidade Federal do Rio Gran-de do Sul, Porto Alegre, Brasil, 1998.Disponível em: http://www.ufrgs.br/HCPA/gppg.aloca.htm

(2)Childress JF. Who shall livewhen not all can live ? In: EdwardsRB, Graber GC. Bioethics. Chicago:Harcourt, 1988.

(3)Childress JH. Priorities in theallocations of health care resources.In: Edwards Rb, Graber GC.Bioethics. Chicago: Harcourt, 1988.

ArtigoArtigoArtigoArtigoArtigo

SOTIERJA Sociedade de Terapia Intensiva do Rio de Janeiro,

através de sua Câmara Técnica no CRM, realizou noúltimo dia 14/9/2002, no auditório do CREMERJ, umencontro sobre Úlceras de Pressão: É possível Preve-nir? Este tema foi motivado pelos freqüentes processosmédicos encaminhados para análise na Câmara Téc-nica de familiares de pacientes que adquirem lesõesdurante a hospitalização e na UTI. O Fórum reuniuaproximadamente 200 profissionais da saúde (médicose enfermeiros). Foram feitas apresentações científicas(fisiopatologia, complicações, manuseio, novos produ-tos) e amplamente discutidas as questões éticas, res-ponsabilidades legais e aspectos relacionados ao me-lhor esclarecimento da população sobre os riscos dese adquirir as lesões. A partir desta reunião deverá sairuma Recomendação da sociedade ao CRM, que esta-remos disponibilizando no site da AMIB e da SOTIERJ.

Rosane GoldwasserMembro da Diretoria da SOTIERJ

RegionaisRegionaisRegionaisRegionaisRegionaisIX JORNADA PARANAENSEDE MEDICINA INTENSIVA

II JORNADA PARANAENSE DE MEDICINADE EMERGÊNCIA ́ SOBRAMEDE - PR

IV JORNADA PARANAENSE DEMEDICINA INTENSIVA PEDIÁTRICA

IV JORNADA PARANAENSE DE FISIOTERAPIA EM UTI

II JORNADA PARANAENSE DE PSICOLOGIA EM UTI

LOCAL: ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ

INFORMAÇÕES: SOTIPA ( 41 ) 343-8842

www.sotipa.com.br • e-mail: [email protected]

CURITBA, 07 A 09 DE NOVEMBRO DE 2002

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Editorial do Jornal do CREMERJde agosto, onde foi enfatizadoe valorizado o ATO MÉDICO,e o FÓRUM DE RESPONSABI-

LIDADES CIVIL e PENAL DO MÉDICOde 12 e 13 de setembro de 2002, aborda-ram na sua amplitude o aspecto do direi-to do paciente à boa assistência em todasas circunstâncias pelo médico e a estru-tura de saúde, enfocando os direitos edeveres e também as suas responsabili-dades éticas e penais. Estes fatos indicama necessidade cada vez maior do treina-mento e da educação continuada.

Na Terapia Intensiva o aspecto é ain-da mais amplo porque várias atividadessão TRANSDISCIPLINARES, obrigandoque as equipes assistenciais se imbriquemnas diversas atividades num todo e te-nham elevado nível técnico, teórico eprático, e com alto valor humano.

A AMIB está plenamente envolvidaneste contexto e vem procurando desen-volver os profissionais que trabalham na

Terapia Intensiva através de vários cursosde imersão como o FCCS – básico para oinício do tratamento do paciente grave ecom aspectos multidisciplinares, OTENUTI – sobre aspectos da terapianutricional do paciente grave com con-centração em profissionais médicos, en-fermeiros, nutricionistas e farmacêuticos,o HUMANIZAÇÃO – que tem por objeti-vo valorizar os aspectos tão importantesdo relacionamento e tratamento do paci-ente, da família e da equipe de saúde, eque são muitas vezes esquecidos ou ina-dequadamente considerados e o CITIN –onde é abordado o neurointensivismo. AAMIB está criando o Curso de Monitoriza-ção Hemodinâmica que deverá estar pron-to para sua aplicação já no início de 2003,e o Curso de Ventilação Mecânica, nasversões Adulto e Pediátrico, para o próxi-mo semestre. Os cursos FCCS e TENUTIserão obrigatórios para os especializandos-AMIB a partir de 2004 (inclusive).

De janeiro de 2000 a julho de 2002

a AMIB realizou 101 cursos FCCS emvários estados do Brasil e treinou 2431profissionais médicos, enfermeiros e fi-sioterapeutas com aprovação de 76,6%e realizou, de janeiro de 2001 a julhode 2002, 15 cursos TENUTI em 15 cida-des, treinando 380 profissionais médi-cos, nutricionistas, enfermeiros e farma-cêuticos, com 83,7% de aprovação.

Para desenvolver este programa detreinamento a AMIB conta com o apoiodas Sociedades Regionais filiadas e re-presentativas, dos hospitais e diretores deserviços, que também têm responsabili-dades na qualificação e na educação con-tinuada da equipe transdisciplinar que as-siste ao paciente grave.

Estamos melhorando as Terapias In-tensivas e a assistência ao paciente gra-ve no Brasil.

Cid Marcos DavidCoordenador de Cursos

e Eventos da AMIB

Comissão de Cursos e EventosComissão de Cursos e EventosComissão de Cursos e EventosComissão de Cursos e EventosComissão de Cursos e Eventos

Educando, Prevenindo e Humanizando

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Calendário Calendário Calendário Calendário Calendário FCCSFCCSFCCSFCCSFCCS

Calendário Calendário Calendário Calendário Calendário TENUTITENUTITENUTITENUTITENUTI

DATA: SÁB. e DOM. ORGANIZADOR ESTADO TELEFONES / CONTATO

09 e 10 novembro Nut. Lucia Leite Natal/RN (84) 212-2333 ou (84) [email protected]

23 e 24 novembro Dr. Eduardo Juan Troster São Paulo/SP (11) [email protected]

30 de nov. e 1º dez Dr. Helio Anjos Ortiz Curitibanos/PR (49) 241-1033 c/ Silvia

07 e 08 dezembro Dra. Liborina (Unimed) Campo Grande/MS (67) 389-2400 c/ Cleusa

14 e 15 dezembro Dra. Yuzeth Nóbrega João Pessoa/PB (83) 9332-9311 ou (83) 241-4141 ramal:[email protected]

DATA: SÁB. e DOM. ORGANIZADOR ESTADO TELEFONES / CONTATO

12 e 13 outubro Fis. Lorena Goiânia/GO (62) 9611-1675

12 e 13 outubro Dr. George Castro São Luis/MA (98) 3082-8335 ou (98) 231-3088 c/ Graça

19 e 20 outubro Dr. Edwin Koterba Taubaté/SP (11) 9221-7099 ou (11) 3675-1307 [email protected] e [email protected]

19 e 20 outubro Dra. Cíntia Londrina/PR (43) 371-2359 c/ Rosi [email protected]

26 e 27 outubro Dr. Liborina Unimed Campo Grande/MT (67) 389-2400 c/Cleusa

26 e 27 outubro Dr. Juang/Dr. Jose R. Fioretto Botucatu/SP (14) 6802-6274 ou (14) 9775-2872 c/ [email protected]

02 e 03 novembro Dr. Tânia Saldanha Manaus/AM (92) 657-0350 ou (92)657-0360 c/ Nívea

02 e 03 novembro Dr. Alberto Barros Recife/PE (81) 3426-2230/[email protected]

09 e 10 novembro Dr. Paulo Antoniazzi Ribeirão Preto/SP (16) [email protected]

09 e 10 novembro Dr. Edwin Koterba São Paulo/SP (11) 9221-7099 ou (11) 3675-1307 [email protected] e [email protected]

23 e 24 novembro Dr. Luiz Antônio Factore São Paulo/SP (11) 3069-7197 c/ Kelly Cristina T. Gouvêa

23 e 24 novembro Dra. Mirella C. Oliveira Curitiba/PR (41) 362-6633 c/ Mary

30 de nov. e 1º dez. Dr. José Tasca Poços de Caldas/MG (35) 3722-1802 ou (35) 9987-1260

30 de nov. e 1º dez. Dra. Angelisi Vintin Sarandi/PR (44) 264-4466/288-2105 ou (44) 9973-8702

06 e 07 dezembro Dr. Juang Horng Jyh Santo André/SP (11) 9988-4360

07 e 08 dezembro Dr. André Guanaes Salvador/BA (71) 380-86621

14 e 15 dezembro Dr. Juarez Barbisan Porto Alegre/RS (51) 3217-3842

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23 a 25 de outubro de 2003

TEMA CENTRAL

Bioética - Ventilação MecânicaLocal: Centro de Eventos do Hotel Serrano

Gramado/Rs

PROMOÇÃO REALIZAÇÃO

TEMAS PRELIMINARES• Novos Recursos no Choque Séptico• Ventilação Mecânica• Infecções Nosocomiais: Como enfrentar

Organismos Multirresistentes• Recrutamento Alveolar e Proteção na SARA• Novas Tecnologias: adoção ou estudo?• Transplante de Órgãos• Controle da Dor, Sedando e Cuidando• Limites das Equipes Frente a Perda da

Autonomia• Trauma Craniano: Hipotermia, Craniectomia e

Monitoração Regional

CURSOS PRÉ-CONGRESSOHumanização

FCCSGerenciamento de UTIsVentilação Mecânica

MonitorizaçãoHemodinâmica

NeurointensivismoTENUTI

CONVIDADOS

Charles Sprung – Israel

Jan Bakker – Holanda

John Marini – EUA

Jordi Rello – Espanha

Robert Tasker – Inglaterra

Marcelo Amato – Brasil

PROVA DE TÍTULO DE ESPECIALISTA26 DE OUTUBRO DE 2003

Fone: (51) 3338-4344e-mail: [email protected]

ANDRÉIA BRUM EVENTOS

ORGANIZAÇÃO / INFORMAÇÕES