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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E
ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE NANOPARTÍCULAS DE
OURO NÃO MODIFICADA (AuNP) PARA DETECÇÃO DO
AGENTE DA PLEUROPNEUMONIA SUÍNA (Actinobaccilus
pleuropneumoniae)
Laila Natasha Santos Brandão
CUIABÁ-MT
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E
ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE NANOPARTÍCULAS DE
OURO NÃO MODIFICADA (AuNP) PARA DETECÇÃO DO
AGENTE DA PLEUROPNEUMONIA SUÍNA (Actinobaccilus
pleuropneumoniae)
Autor: Laila Natasha Santos Brandão
Orientadora: Prof.ª Drª Valéria Dutra
Co-Orientador: Prof. Dr. Luciano Nakazato
Dissertação apresentada ao programa de pós-
graduação em Ciências Veterinárias, área de
concentração: Sanidade de animais Domésticos e
Selvagens, da Faculdade de Agronomia, Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato
Grosso para obtenção do título de Mestre em Ciências
Veterinárias.
CUIABÁ-MT
2014
Aos que acreditaram
em mim quando eu não acreditava.
AGRADECIMENTOS
De maneira clichê, porém com o mesmo sentimento, agradeço primeiro a
Deus, pois sem ele eu não seria nem mesmo essência.
Agradeço a meus pais... com a mesma importância a ambos, mesmo em seus
papeis distintos. A minha mãe por sua força inabalável, pelas horas de lamentos ao
telefone e por saber como me conduzir a não desistir, por mais que eu quisesse!!!
Ao meu querido pai, atencioso em todos os momentos, carinhoso e que da mesma
forma ouvia sem reclamar meus lamentos. A ambos por em conjunto nunca terem
exigido mais do que eu podia suportar, sempre souberam meus limites melhor que
eu.
Agradeço a minha irmã pelos momentos em silêncio absoluto que
passávamos na sala, quando eu chegava em casa a ” beira da loucura”, parecia de
alguma maneira entender que eu só precisava me perder dentro de mim. E que
mesmo me irritando, me fazia lembrar que existiam outros problemas fora do
laboratório que precisavam de minha igual atenção.
Agradeço a Kércia Laís que nesses quase dois anos, teve paciência extrema
ao meu mau humor, soube me resgatar das garras de mim mesma e não cansou de
me ameaçar todas as veze que eu disse a palavra: DESISTIR. Obrigado por estar
comigo sempre e cuidar com tanto amor!!! Obrigado por cuidar do Bobbie “bobo”
sempre que necessário, tendo paciência com as mordidas e seu mau humor, que
nego veementemente ser semelhante a mim!!! P.S. Vou tentar melhorar meu
humor!
Agradeço Leticia Camara “Pitinininha”, pela sua força áspera. Obrigado por
ser forte e de uma maneira particular doce, obrigado por nunca passar a mão na
minha cabeça, se tivesse passado talvez a muito eu já tivesse desistido. Obrigado
por partilhar das minhas ideias e cair de cabeça nelas, mesmo sem muita certeza se
eram boas, obrigado por “brincar de partícula”, sem você não seria a mesma coisa e
mais uma coisa....desiste, eu sempre vou bagunçar a bancada!
Agradeço a Professora Doutora Valéria Dutra, o maior coração que eu
conheço, por não ter o compromisso de me levar por tantos anos, mas mesmo assim
o fazer, por te exigido até o limite de mim e às vezes um pouco mais, mas isso as
orelhas da minha mãe ao telefone e minhas companhias que sofreram. Agradeço,
pois mesmo em meio as broncas eu via em seus olhos que esperava o melhor, por
ter confiado a mim projetos. Por ter confiado em uma aluna de graduação do terceiro
semestre que nem era uma boa aluna, mas juro que me esforcei para melhorar,
espero ter conseguido. De alguma maneira me perdoe por ter querido do fundo do
coração desistir, mesmo que não seja do seu conhecimento....acho que todos tem o
direito de pensar sobre isso uma vez!!!
Ao Professor Doutor Luciano Nakazato, uma mente difícil de acompanhar, por
ter me explicado centenas de vezes a mesma coisa que eu insistia em não entender
e nem mesmo uma vez ter perdido a paciência. Obrigado por me ensinar a usar o
“bendito” Sambrook....obrigado por ter tornado coisas complexas em simples.
Sempre que achávamos que alguma coisa era um “bicho de sete cabeças” você
dizia... Fácil né!!!
Obrigado a Dona Edneia, por em dia de tristeza que ela nem sabia...me dizer
sabias palavra:” Não adianta sofrer, as coisas não vão mudar mesmo, é melhor viver
cada dia o mais feliz!” Obrigado por dizer isso no tempo certo, talvez tenha evitado
uma catástrofe, obrigado pelos bons dias dispensados a mim.
Aos meus colegas de laboratório, a esses obrigado por me mostrarem que um
dia pode ser desagradável ou não... vai depender de mim.
Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela concessão da bolsa de mestrado e a Fundação de Àmparo a
Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) e ao Programa de pós-graduação
em Ciências Veterinárias (PPGVET).
RESUMO
UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE NANOPARTÍCULAS DE OURO NÃO
MODIFICADA (AuNP) PARA DETECÇÃO DO AGENTE DA PLEUROPNEUMONIA
SUÍNA (Actinobaccilus pleuropneumoniae)
A possibilidade de detecção de agentes patogênicos representou um grande passo
para a ciência. O desenvolvimento e melhorias nas técnicas de diagnóstico como a
técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), ao longo dos anos ainda requer
infraestrutura laboratorial, apesar de sua sensibilidade e custo decrescente,
investimentos em equipamentos e cuidados com fontes de contaminação externa.
Técnicas que possam ser executas com facilidade e pouca mão de obra ou
exigência de pessoas capacitadas, têm grande possibilidades de aplicabilidade.
Neste estudo desenvolveu-se uma técnica de rápida execução e baixo custo, para
detecção de um dos principais agentes causadores de pneumonias em granjas de
suínos o Actinobaccilus pleuropneumoniae, com sensibilidade 93,8% e
especificidade de 84,6% em amostras de pulmões com e sem lesão. O teste Kappa
entre a PCR e nanopartícula de ouro foi 0,684 representando boa concordância. A
técnica pode ser utilizada como alternativa aos testes convencionais, já que é de
fácil e rápida execução e não exige infraestrututra e mão de obra especializada.
Palavras-chave: Pneumonia suína, nanopartícula de ouro (AuNP), Actinobacillus
pleuropneumoniae.
ABSTRACT
STANDARDIZATION OF UNMODIFIED GOLD NANOPARTICLE (AuNPs) FOR
DETECTION OF Actinobacillus pleuropneumoniae IN SWINE LUNGS
The possibility of detection of pathogens was a major step for science as a whole,
developing and improving these techniques over the years to increase visibly. The
development of the technique of Polymerase Chain Reaction ( PCR ) , although its
sensitivity and decreasing cost over the years, it's still a handy little technique that
requires laboratory infrastructure, high investments in equipment and care with
sources of external contamination. Techniques that can be performed through the
ease and little manpower or requirement of skilled people, always have great scope
of applicability. This study develops a technique for quick and low- cost detection of a
major causative agent of pneumonia in swine herds the Actinobaccilus
pleuropneumoniae , with 93.8 % sensitivity and 84.6% specificity in samples of lungs
with and without injury, the Kappa test between PCR and gold nanoparticle was
0,684 representing good agreement . The technique can be used as an alternative to
conventional tests, since it is easy and quick to implement and does not require
infrastructure and skilled labor.
Idex terms: Swine pneumonia, gold nanoparticle (AuNP), Actinobacillus
pleuropneumoniae.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Limite de detecção de DNA de App pelo teste de AuNP’s.........................24
Figura 2: Especificidade do teste de AuNP’s............................................................ 24
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1: Primers e genes alvos utilizados na PCR e tamanhos de
amplicons.........................................................................................................22
Tabela 1: Relação do total de amostras, positivas e negativas, para cada agente
testado na PCR...............................................................................................25
Tabela 2: Número de amostras positivas e negativas nas AuNP’s........................... 25
Tabela 3: Diluições seriadas de DNA de App........................................................... 26
Tabela 4: Testes de Sensibilidade e Especificidade das amostras...........................26
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
% ------------------------------------------------------------------------------------------- porcentagem
°C--------------------------------------------------------------------------------------------graus celsius
µl--------------------------------------------------------------------------------------------------microlitro
µM--------------------------------------------------------------------------------------------- micromolar
App---------------------------------------------------------------Actinobaccilus pleuropneumoniae
ATCC--------------------------------------------------------------American type culture collection
AuNP--------------------------------------------------------------------------- nanopartícula de ouro
Cm -------------------------------------------------------------------------------------------- centímetro
CO2--------------------------------------------------------------------------------- dióxido de carbono
DNA------------------------------------------------------------------------ ácido desoxirribonucleico
DNTP------------------------------------------------------- desoxirribonucleosídeo(s) trifosfato(s)
EDTA------------------------------------------------------------ ácido etileno-diamino-tetra-acético
ELISA------------------------------------------------------------------------- Teste imunoenzimatico
g ------------------------------------------------------------------------------------- força gravitacional
HAuCL4 ----------------------------------------------------------------------------- Ácido cloroáurico IBGE-----------------------------------------------Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Kg---------------------------------------------------------------------------------------------quilogramas
LPS-----------------------------------------------------------------------------------lipopolissacarídeo
M ----------------------------------------------------------------------------------------------------- molar
MgCl2------------------------------------------------------------------------------ cloreto de magnésio
Min------------------------------------------------------------------------------------------------- minutos
ml----------------------------------------------------------------------------------------------------mililitro
mm--------------------------------------------------------------------------------------------- milímetros
mM------------------------------------------------------------------------------------------------ milimolar
NaCl ------------------------------------------------------------------------------------Cloreto de sódio
NAD------------------------------------------------------Dinucleótido de nicotinamida e adenina
Ng--------------------------------------------------------------------------------------------- nanograma
nM-----------------------------------------------------------------------------------------------nanomolar
nm---------------------------------------------------------------------------------------------nanometros
O.D.-----------------------------------------------------------------------------------Densidade ópitica
Pb ---------------------------------------------------------------------------------------- pares de base
PCR------------------------------------------------------------ Reação em Cadeia da Polimerase
pg------------------------------------------------------------------------------------------------picograma
pMol------------------------------------------------------------------------------------------------ picomol
PPS-------------------------------------------------------------------------- Pleuropneumonia suína
qPCR—----------------------------------------------------------------- Real time PCR quantitativo
SDS---------------------------------------------------------------------------- dodecilsulfato de sódio
Tris ------------------------------------------------------- 2-amino-2-hidroximetilpropano-1,3-diol
U-------------------------------------------------------------------------------------------------- unidades
V --------------------------------------------------------------------------------------------------------- volt
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 14
2.1 Doenças respiratórias ...................................................................................... 14
2.2 Actinobaccilus pleuropneumoniae .................................................................... 14
2.3 Patogenia ......................................................................................................... 15
2.3 Sinais Clínicos.................................................................................................. 16
2.5 Métodos Diagnósticos ...................................................................................... 16
2.6 Nanopartícula de ouro não modificada ............................................................ 18
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 20
3.1 Geral ................................................................................................................ 20
3.2 Específicos ....................................................................................................... 20
4 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 21
AMOSTRAS ........................................................................................................... 21
EXTRAÇÃO DE DNA e PCR .............................................................................. 21
PREPARAÇÃO DA AuNPs ................................................................................. 23
TESTE DE AuNP ................................................................................................ 23
ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................... 23
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 24
6 DISCUSSÃO e CONCLUSÃO ................................................................................ 27
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 30
APÊNDICE A – TABELA PULMÕES SEM LESÃO ................................................... 35
APÊNDICE B – TABELA PULMÕES COM LESÃO .................................................. 36
APÊNDICE C – ARTIGO SUBMETIDO .................................................................... 38
ANEXO A – PÁGINA DE SUBMISSÃO DO ARTIGO ................................................ 42
ANEXO B – PÁGINA WEBQUALIS QUE ATESTA A CLASSIFICAÇÃO DO
PERIÓDICO. ............................................................................................................. 43
12
1 INTRODUÇÃO
A produção de carne suína no Brasil é altamente tecnificada e com
certificação sanitária. Propriedades pequenas, médias e integradas a grandes
empresas são as formas mais comuns de criação. O rebanho brasileiro de suínos é
o quarto rebanho mundial, atingindo 38,9 milhões de cabeças em 2011. A produção
de carne suína está próxima a 3,4 milhões de toneladas/ano. O consumo per capita
em 2011 chegou á 14,88Kg, um aumento de 11,42% em relação ao ano de 2010 e o
número de animais abatidos nos primeiros dois trimestres de 2013 foi de 17.911
cabeças segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013).
Dentre os complexos patológicos que afetam os suínos, as doenças
respiratórias apresentam destaque, devido à frequência e intensidade com que
atingem rebanhos (Rossi et al. 2013). Estas são consideradas doenças
multifatoriais, provocando significativas perdas econômicas, geralmente associadas
à produção intensiva, a fatores ambientais e de manejo (Hansen et al. 2010,
Opriessnig, Gimenez-Lirola, e Halbur 2011). O diagnóstico baseia-se no isolamento
do agente à partir de lesões suspeitas e principalmente em testes sorológicos para
estabelecimento de medidas de controle (Coelho et al. 2004, Xie et al. 2013).
A pleuropneumonia suína (PPS) causada pela bactéria Actinobacillus
pleuropneumoniae (App), provoca doença clínica caracterizada por pneumonia com
pleurisia fibrinosa, lesões pulmonares necrohemorrágicas, adesões pleurais
fibrinóticas e em casos severos a morte (Bosse et al. 2002). O contágio geralmente
ocorre após inalação de aerossóis ou contato direto, o microrganismo inalado
coloniza o tecido pulmonar aderindo-se ao muco, proteínas e a células hospedeiras
com posterior multiplicação no local (Chiers et al. 2010). O monitoramento do status
da doença em rebanhos, o controle e a erradicação são de fundamental importância
devido a características de contagio rápido, para impedir que animais portadores
sejam introduzidos em rebanhos saudáveis (Tremblay et al. 2013).
O cultivo das amostras de lesões típicas de pulmões e secreções nasais
podem ser definitivos do diagnóstico (Coelho et al. 2004). Apesar da alta
especificidade das técnicas de isolamento podem ocorrer falsos negativos devido a
fatores como carga bacteriana e tipo de transporte da amostra.
13
Testes indiretos são muito utilizados (Machado et al. 2001, Shin et al. 2011,
Eamens et al. 2012a, b, Gimenez-Lirola et al. 2014), como detecção simultânea de
anticorpos para toxinas com sensibilidade de 82,7% e especificidade de 100%
(Gimenez-Lirola et al. 2014) para monitoramento dos rebanhos.
As técnicas moleculares também têm sido utilizadas e apesar de
proporcionarem resultados rápidos, necessitam de investimentos em equipamentos
e infraestrutura laboratorial, sendo inviável a realização das mesmas a campo, o que
representa dificuldades como o envio de material em condições ideais.
Recentemente, métodos diagnósticos baseados em AuNPs tem sido
utilizados para uma rápida e sensível detecção direta de microrganismos, entre eles,
Mycobacterium sp. (Baptista et al. 2006, Liandris et al. 2009, Hussain, Samir, e
Azzazy 2013), Escherichia coli (Padmavathy, Vinoth Kumar, e Jaffar Ali 2012) e RNA
de vírus da dengue (Andreadou et al. 2014).
O presente trabalho objetivou a padronização da técnica de AuNPs para
detecção de App, em amostras clinicas de suínos com pneumonia.
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Doenças respiratórias
Dentre os complexos patológicos que afetam os suínos, as doenças
respiratórias apresentam destaque, devido à frequência e intensidade com que
atingem rebanhos (Rossi et al. 2013). São consideradas doenças multifatoriais,
provocando significativas perdas econômicas, geralmente associadas à produção
intensiva, a fatores ambientais e de manejo (Hansen et al. 2010, Opriessnig,
Gimenez-Lirola, e Halbur 2011).
Os principais membros da família Pasteurelaceae são isolados de animais de
sangue quente, particularmente de animais de rebanhos, sendo obrigatórios ou
comensais de vertebrados. Esses agentes colonizam em sua maioria o trato
respiratório superior, orofaringe, trato reprodutivo e possivelmente parte do trato
digestório, todavia pneumonia é a patogenia mais frequentemente associada a esta
família (Kuhnert e Christensen et al. 2008). Esta família possui três gêneros, de
importância clínica em suínos, Haemophillus, Pasteurella e Actinobacillus.
2.2 Actinobaccilus pleuropneumoniae
Os primeiros isolamentos do agente causador da PPS suína datam do ano
de 1957, nos Estados Unidos da América, realizado por Pattisson e em 1964 por
Shop na Argentina, sendo o nome proposto Haemophilus pleuropneumoniae ou
Haemophilus parahaemolyticus. Com os avanços dos estudos genéticos, à partir de
1983, propuseram a mudança de gênero para Actinobacillus (Coelho et al. 2004).
O Actinobaccilus pleuropneumoniae é considerado comensal do trato
respiratório suíno, comumente isolado de tonsilas, cavidade nasal e pulmões
infectados (Dom et al. 1994). São conhecidos 12 sorotipos do biovar 1 e 6 sorotipos
do biovar 2 (Schaller et al. 2001). Todos os sorotipos são hemolíticos e ureia
15
positivos (Bosse et al. 2002). São cocobacilos pequenos gram-negativos, imóveis, e
facultativamente anaeróbios.
O crescimento ótimo do microrganismo se dá aos 37°C, preferencialmente na
presença de CO2 (5%). As colônias cultivadas em ágar chocolate são arredondadas,
opacas acinzentadas, com diâmetro entre 1-2mm em 48 horas e sua capacidade
hemolítica está relacionada a ação sinérgica da ß-toxina de Staphylococcus aureus.
2.3 Patogenia
Há três etapas fundamentais na patogenia da doença: colonização,
mecanismos compensatórios do organismo e danos aos tecidos do hospedeiro.
(Bossé et al. 2012)
O App pode ser isolado a partir de tonsilas e cavidades nasais de suínos,
todavia as bactérias se ligam preferencialmente as células do trato respiratório
inferior. As partículas de aerossóis produzidas por espirros são suficientemente
pequenas para penetrar no trato respiratório inferior, evitando a necessidade de
colonização do trato respiratório superior. Fimbrias estão associadas à adesão de
bactérias no trato respiratório e o lipolissacarídio (LPS) também desempenha papel
na adesão. O estabelecimento da infecção depende da capacidade da bactéria em
adquirir todos os nutrientes essenciais para o crescimento. Diversos fatores como,
alta umidade do ar, ventilação insuficiente, transporte e quedas bruscas de
temperatura podem predispor o surgimento da doença. O ar é a principal forma de
dispersão do agente, que pode ocorrer por contato direto ou aerossóis a curta
distância.
A transmissão ocorre primariamente a partir de exsudatos, sendo que a
criação intensiva está intrinsicamente relacionada ao surgimento desta enfermidade.
16
2.3 Sinais Clínicos
A PPS se caracteriza como uma doença infectocontagiosa, que afeta, em sua
maioria, suínos nas fases de crescimento e terminação, se apresentando na forma
superaguda, aguda, subaguda e crônica. Ocorre uma pleurisia fibrinosa com lesões
pulmonares necrohemorrágicas e adesões pleurais fibrinóticas. Animais que
resistem à infecção se tornam cronicamente infectados e portadores do agente
(Bosse et al. 2002).
Animais com PPS superaguda apresentam temperatura corporal em torno de
41°C, dispneia, letargia, cianose e presença de exsudato espumoso e hemorrágico
nas narinas e boca culminando em morte súbita. Os sinais clínicos cursam com
insuficiência cardíaca e declínio da condição do animal após 24h do inicio da doença
(Vaz e Silva, 2004).
2.5 Métodos Diagnósticos
O diagnóstico deste tipo de pneumonia é feito à partir de anamnese e lesões
macro e microscópicas, sendo que a confirmação se faz através do isolamento do
agente. O diagnóstico diferencial deve ser feito para quadros clínicos de pneumonia
causados por outros agentes como Pasteurella multocida (P. multocida) e
Haemophilus parasuis (H. Parasuis), entre outros agentes (Coelho et al. 2004).
O cultivo das amostras de lesões típicas de pulmões e secreções nasais
podem ser definitivos do diagnóstico (Coelho et al. 2004). Apesar da alta
especificidade das técnicas de isolamento podem ocorrer falsos negativos devido a
fatores como carga bacteriana baixa e tipo de transporte da amostra.
Testes indiretos são muito utilizados (Machado et al. 2001, Shin et al. 2011, ,
Eamens et al. 2012a, b, Gimenez-Lirola et al. 2014), como detecção simultânea de
anticorpos para toxinas com sensibilidade de 82,7% e especificidade de 100%
(Gimenez-Lirola et al. 2014). São descritos testes de ELISA monovalentes e
polivalentes para sorotipos, com sensibilidade e especificidade variando de 88,3% a
17
96,6% (Machado et al. 2001). A importância de alta sensibilidade e especificidade
em testes diagnósticos é fundamental para monitoramento dos rebanhos.
Vários testes sorológicos baseados em ELISA são descritos na literatura
(Machado et al. 2001; Shin et al. 2011; Eamens et al. 2012a; b). Mais recentemente
com o uso das técnicas moleculares que exibem altos valores de sensibilidade e
especificidade testes mais precisos (Schaller et al. 2001; Souza et al. 2008;
Hricinova et al. 2010; Tobias et al. 2012; Rossi et al. 2013), baseados na detecção
direta do agente tem sido amplamente difundidos.
Várias técnicas moleculares têm sido empregadas nos últimos anos para a
detecção de App, como a PCR convencional e multiplex PCR (Schaller et al. 2001,
Souza et al. 2008, Hricinova et al. 2010, Rossi et al. 2013) assim como a qPCR
(Marois-Crehan et al. 2014) . Métodos que detectam o Ácido Desoxirribonucleico
(DNA), como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) são altamente sensíveis e
de importância para diagnóstico, principalmente para microrganismos de cultivo
fastidioso.
No PCR para App os genes alvos geralmente selecionados para a técnica
apresentam intrínseca relação com outras espécie, como Actinobacillus sp, A.
equuli, A. lignieresii, e A. suis (Xiao et al. 2006). O gene especifico omlA em
diferentes grupos de App se assemelha ao gene Apx, ambos utilizados para a
identificação da espécie de App (Klein et al. 2003). O gene ApxIVA é especifico para
App, não sendo compartilhado nas demais espécies da família Pasteurellaceae
(Schaller et al. 2001). Apesar das técnicas moleculares proporcionarem resultados
rápidos, necessita de investimentos em equipamentos e infraestrutura laboratorial,
sendo inviável a realização das mesmas a campo, que representa dificuldades como
o envio de material em condições ideais, muitas vezes inviabilizando o cultivo do
agente, principalmente no caso das doenças respiratórias suínas.
Recentemente, métodos diagnósticos baseados em AuNPs tem sido
utilizados para uma rápida e sensível detecção direta de microrganismos.
(Andreadou et al. 2014; Hussain, Samir, and Azzazy 2013; Padmavathy, Vinoth
Kumar, and Jaffar Ali 2012; Liandris et al. 2009; Baptista et al. 2006; Rosa et al.
2013; Carter et al. 2013)
18
2.6 Nanopartícula de ouro não modificada
A nanociência possui inúmeras aplicações, como construção de sensores,
microeletrônica, catálise e ação bactericida. Soluções coloidais de metais podem ser
facilmente preparadas e modificadas quimicamente, uma diversidade de cores pode
ser observada relacionada às oscilações dos elétrons de condução em ressonância
a luz incidente, desde que haja elétrons livres de condução (Melo Jr et al. 2012). A
técnica de AuNPs tem sido utilizada para diagnóstico de Mycobaterium tuberculosis
(Hussain, Samir e Azzazy, 2013), câncer de bexiga (Nossier et al. 2014),
Leishmania sp.(Andreadou et al. 2014), vírus da dengue (Carter et al. 2013), entre
outros. A detecção do DNA é baseada na adsorção das bases nitrogenadas aos
oligonucleotídeos e a superfície das AuNps. A agregação ocorre devido a presença
de sal durante a hibridização, ocorrendo a atração e a agregação das AuNps devido
as carga negativas que interagem com os cátions do sal. A concentração e tamanho
dos iniciadores utilizados, concentração de sal, concentração de nanopartículas e
temperatura de anelamento dos iniciadores são fatores que podem interferir nos
resultados desta técnica (Hussain, Samir, and Azzazy 2013)
As aplicações da nanociência, particularmente em relação as nanopartícula
de ouro, são várias, desde identificação da presença de agentes infecciosos a
utilização como terapias de câncer (Baptista et al. 2006; Liandris et al. 2009;
Hussain, Samir, e Azzazy 2013; Carter et al. 2013; Nossier et al. 2014). O ouro
possui boa biocompatibilidade quando administrado em organismos vivos, síntese
simples e facilidade de modificação química de sua superfície. Propriedades
químicas e físicas estão relacionadas ao tamanho, composição, forma e natureza da
AuNP’s . A redução no tamanho da partícula está diretamente associada a variação
colorimétrica. Em escalas manométricas soluções de AuNP apresentam intensa
coloração vermelha, vinho ou arroxeada diferente do ouro metálico amarelo. (Melo Jr
et al. 2012)
O método de redução de citrato, em relação a outros métodos de preparação
das nanopartículas, apresenta-se mais vantajoso, já que é uma técnica pouco
onerosa e sem toxicidade. Os íons de citrato atuam na redução de AuNP, evitando
agregação devido a alta densidade de carga negativa proporcionado pelos grupos
19
carboxilatos ancorados na superfície. Soluções deste tipo são utilizadas quando se
desejam partículas com diâmetro entre 12-50nm (Grabar et al. 1995).
Os oligonucleotídeos tiol modificados vêm sendo utilizados em abordagens de
detecção de agentes infecciosos. Quando em ambiente ácido o DNA alvo estabiliza
a nanopartícula de ouro e permanece rosa, quando não há a presença do DNA alvo
perde-se esta estabilidade ocorrendo a agregação e tornando a solução roxa
(Padmavathy, Vinoth Kumar e Jaffar Ali, 2012).
Entretanto, modificações nos oligonucleotídeos representam aumento no
custo de síntese dos mesmos, em 2013 Hussain, propos a utilização de
oligonucleotídeos sem alteração para detecção de Mycobacterium sp. A detecção se
baseia na adsorção eletrostática das bases azotadas. Cada iniciador se hibridiza
com a sua cadeia complementar no DNA genômico, após a adição do preparado de
nanopartícula ocorre à agregação devido à presença de sal, que interage com os
íons negativos, levando a mudança visual de cor do rosa para o roxo. Quando não
há presença do DNA alvo as partículas permanecem dispersas na solução (Hussain,
Samir e Azzazy, 2013). Interferências comuns na técnica estão relacionadas
principalmente a diferenças iônicas geradas por fatores externos, como a
concentração de sal na reação, desenho dos oligonucleotídeos, nível de pureza e
temperatura de anelamento dos mesmos. A funcionalização da AuNPs com
oligonucleotídeos tiol modificados conduziu a primeira aplicação de AuNPs na
detecção de ácido nucléico. Técnicas para a detecção de outros agentes com o uso
de nanopartículas já foi previamente descrito como Mycobacterium sp. (Hussain,
Samir, e Azzazy 2013, Liandris et al. 2009, Baptista et al. 2006), Escherichia coli,
com detecção de 54 nanogramas (ng) de DNA não amplificado e com 100% de
sensibilidade (Padmavathy, Vinoth Kumar, e Jaffar Ali 2012), RNA de vírus da
dengue com detecção de 1 × 101 TCID50 unidade (Carter et al. 2013) e Leishmania
sp. com valores de detecção de 11,5ng à de 50 ng DNA e sensibilidade de 56% à
92% (Rosa et al. 2013 ,Andreadou et al. 2014), porém sintetizadas e funcionalizadas
com oligonucleotídeos de DNA modificados com um grupo tiol (nanossondas de
ouro), permitindo assim reconhecer uma sequência alvo de interesse.
20
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Desenvolver um teste diagnóstico para Actinobacillus pleuropneumoniae através da
técnica de nanopartículas de ouro não modificada (AuNP).
3.2 Específicos
Desenvolver e padronizar a técnica de AuNP para detecção de App em
amostras de pulmão de suínos
Comparar resultados obtidos à partir da detecção pela AuNP com
resultados obtidos por meio da PCR baseado na amplificação do gene
ApxIV de App
21
4 MATERIAL E MÉTODOS
AMOSTRAS
As amostras testadas são provenientes do Laboratório de Microbiologia e
Biologia Molecular Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Mato Grosso e foram coletadas entre os anos de 2010 a 2013 originárias de
diferentes regiões do Estado do Mato Grosso. Foram testadas 70 amostras de
pulmões de suínos, sendo 53 com lesões macroscópicas características de
pneumonia (consolidação pulmonar, deposição de fibrina na pleura, pleurite ou
aderência) e 17 sem lesões macroscópicas de animais em fase de terminação e
abate.
Os controles positivos para a padronização do teste foram DNAs extraídos de
cultivos de App sorotipos 3 e 5 e H. parasuis, cedidos pelo Centro Nacional de
Suínos e Aves-Embrapa e Pasteurella multocida (P. multocida) proveniente de
cultura no Laboratório de Microbiologia Veterinária da Universidade Federal de Mato
Grosso confirmada por PCR e sequenciamento para o gene kmt1. Como controle
negativo utilizou-se o DNA de cepa ATCC de Escherichia coli e água ultra-pura.
EXTRAÇÃO DE DNA e PCR
A extração de DNA das amostras foi realizada segundo Sambrook e Russel
(2004) utilizando-se fenol e clorofórmio, com mínimas modificações. A realização
dos testes de PCR para os microrganismos foram realizadas de acordo com Xiao et
al. (2006) para App, Townsend et al. (2001) para P. multocida e Angen et al. (2007)
para H. parasuis. Os primers e tamanho dos amplicons encontram-se no quadro 1 .
A qualidade e integridade do DNA e os produtos de amplificação foram analisados
em eletroforese em gel agarose 1,0%, corados com Gel Red™ (Biotium®), a 100
Volts por centímetro e observados em
22
ChemiDoc™ XRS utilizando o software Image Lab™ Software . Como marcador de
massa molecular utilizou-se o padrão 100 pares de base (pb) de DNA Ladder™
(Fermentas ®).
Quadro 1 – Primers e genes alvos utilizados na PCR e tamanhos de amplicons
Agente Primer Sequência Gene alvo *(pb) Autores
App
apxIV F ATACGGTTAATGGCGGTAATGG
ApxIVA 346 (Xiao et al. 2006)
apxIV R ACCTGAGTGCTCACCAACG
H. parasuis
HP1F3 TATCGRGAGATGAAAGAC
16s rDNA
1090
(Angen et al.
2007)
HP2F2 GTAATGTCTAAGGACTAG
Revx CCTGGCTTCGTC
P. multocida
KMT1T7 ATCCGCTATTTACCCAGTGG
kmt1 460 (Townsend et al,
2001) KMT1SP6 GCTGTAAACGAACTCGCCAC
*pb: pares de bases
23
PREPARAÇÃO DA AuNPs
Seguiu-se o método de redução de citrato segundo descrito por Grabar et al.
(1995) que torna as partículas negativamente carregadas. Um volume de 250 ml de
cloreto de ouro (HAuCl4) a 1Mm foi levado à fervura sob agitação e posteriormente
foi acrescido nitrato de sódio na concentração de 38,8mM e mantido por agitação
continua durante 15 minutos (min). A solução estoque foi mantida a 4°C e a solução
em uso se manteve estável (sem precipitação) por três meses a temperatura
ambiente (~25°C).
TESTE DE AuNP
A hibridização foi realizada conforme descrito por Padmavathy, Vinoth Kumar,
e Jaffar Ali (2012), a desnaturação do DNA ocorreu a 95°C por 3min em solução
contendo 1,25 M de NaCl, 20 mM de Tris, 70pMol do oligonucleotídeo apxIV R, que
posteriormente foi resfriada a 50°C por 2 min para permitir a hibridização com o
iniciador. Imediatamente submeteu-se a reação ao resfriamento até que se atingisse
4°C e adicionou-se 50µl do preparado de AuNPs.
As leituras das amostras foram realizadas de acordo com Hussain, Samir, e
Azzazy (2013) sendo as amostras classificadas colorimetricamente (visualmente)
positivas como roxas e negativas como rosa. Leituras de densidade ótica (OD) com
o valores à partir de 0,5 na relação entre as leituras de ondas de 600/520nm foram
consideradas positivas, amostras com valores inferiores negativas. A visualização
macroscópica dos resultados foi possível 1 min após o acréscimo da AuNPs. Os
limites de detecção foram obtidos à partir de diluições seriadas dos DNAs de App
sorotipos 3 e 5 e o controle negativo consistiu em H2O ultra pura.
As imagens foram obtidas com câmera digital.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
24
A análise estatística foi realizada através do software R (R, 2011) para
determinação da sensibilidade e especificidade da técnica e o teste Kappa para
análise de concordância entre a técnica de PCR e as AuNPs.
5 RESULTADOS
O limite de detecção de DNA de amostras de App sorotipos 3 e 5 estão
descritos no tabela 1. O menor nível de detecção foi de 129ng de DNA pelas
avaliações macroscópica e relação OD520/600nm (0,55) (Figura 1). Não ocorreram
alterações de coloração macroscopicamente e na leitura de OD para DNA de outras
bactérias como P. multocida, H. parasuis e E. coli (Figura 2).
Fig. 1. Limite de detecção de DNA de App pelo teste de AuNP’s.
1)Água 2)649ng 3)129,8ng 4)25,6ng 5)5,19ng. Fig. 2. Especificidade do teste de AuNP com DNA
1)App 2)H.parasuis 3)Escherichia coli 4)P. multocida
Em relação a detecção dos patógenos bacterianos respiratórios das amostras
de pulmões pelo PCR, o resultado está descrito no tabela 2. A presença de App foi
detectada em 16 (22,85%) das 70 amostras testadas. Destas, 8 (50%) foram de
pulmões com lesão e 8 (50%) de pulmões sadios.
1 2 3 4 5
1 2 3 4
25
Tabela 1 - Diluições seriadas de DNA de App
*ng: nanogramas Tabela 2 – Relação do total de amostras, positivas e negativas, para cada agente testado na PCR.
Microrganismo Amostras PCR
**Negativo *(%) **Positivo *(%)
A. pleuropneumoniae
Com lesão
45
84,91
8
15,09
Sem lesão 9 52,95 8 47,05
TOTAL
54 77,15 16 22,85
H. parasuis
Com lesão 45 84,91 8 15,09
Sem lesão 9 52,95 8 47,05
TOTAL
54 77,15 16 22,85
P. multocida
Com lesão 40 75,47 13 24,52
Sem lesão 17 100 0 0
TOTAL 57 81,42 13 18,57
*porcentagem **valores absolutos
Na detecção de App pela técnica de AuNPs em pulmões, 23 amostras
(32,8%) foram positivas no teste, sendo 13 (24,5%) com lesões e 11(64,7%) sem
Diluições Concentração do DNA Macroscopia Relação da O.D.
1. Sorotipo 3 649 ng* Positivo 0,605
2. Sorotipo 3 129,8ng* Positivo 0,558
3. Sorotipo 3 25,6ng* Negativo 0,447
4. Sorotipo 3 5,192ng* Negativo 0,415
5. H2O - Negativo 0,415
26
lesões (Tabela 3). Utilizando-se a técnica de PCR como padrão ouro obteve-se uma
sensibilidade de 93,8% e uma especificidade de 84,6% para AuNPs. A concordância
entre PCR e AuNPs foi boa com índice Kappa de 0,684 (Tabela 4).
Tabela 3 – Número de amostras positivas e negativas nas AuNP’s
Macroscopia O.D. PCR App
Positivas Negativas Positivas Negativas Positiva Negativa
*N° **(%) *N° **(%) *N° **(%) *N° **(%) *N° **(%) *N° **(%)
Com
lesão
13
24,5
40
75,5
13
24,5
40
75,5
8
15,1
45
84,9
Sem
lesão
10 58,8 7 41,2 11 64,7 6 35,3 8 47,1 9 52,9
TOTAL 23 32,8 47 67,2 24 34,3 46 65,7 16 22,9 54 77,1
*N°: Valores absolutos **(%) : Porcentagem
Tabela 4 - Testes de Sensibilidade e Especificidade para todas as amostras.
Amostras Sensibilidade Especificidade Kappa
Com lesão 87,5% 86,7% 0,590 Sem lesão 100% 77,80% 0,767 TOTAL 93,8% 84,6% 0,684
27
6 DISCUSSÃO e CONCLUSÃO
A nanociência possui inúmeras aplicações, como construção de sensores,
microeletrônica, catálise e ação bactericida. Soluções coloidais de metais podem ser
facilmente preparadas e modificadas quimicamente, uma diversidade de cores pode
ser observada relacionada às oscilações dos elétrons de condução em ressonância
a luz incidente, desde que haja elétrons livres de condução (Melo Jr et al. 2012). A
técnica de AuNPs tem sido utilizada para diagnóstico de Mycobaterium tuberculosis
(Hussain, Samir, e Azzazy 2013), câncer de bexiga (Nossier et al. 2014), Leishmania
sp.(Andreadou et al. 2014) e vírus da dengue (Carter et al. 2013). A detecção do
DNA é baseada na adsorção das bases nitrogenadas aos oligonucleotídeos e a
superfície das AuNPs. A agregação ocorre devido a presença de sal durante a
hibridização, ocorrendo a atração e a agregação das AuNPs devido as carga
negativas que interagem com os cátions do sal. A coloração visual muda do
vermelho para o azul, na ausência do DNA alvo porque não ocorre a agregação
(Hussain, Samir, e Azzazy 2013). A concentração e tamanho dos iniciadores
utilizados, concentração de sal, concentração de nanopartículas e temperatura de
anelamento dos iniciadores são fatores que podem interferir nos resultados desta
técnica.
O limite mínimo de detecção das AuNPS foi de 129,8ng de DNA de App não
amplificado, sendo o limite mínimo de detecção na PCR com os mesmos
oligonucleotídeos de acordo com Xiao et al. (2006) de 0,01 ng para DNA
amplificado. Chan et al. (2014) obtiveram em amostras de PCR amplificado para
genes de resistência á meticilina em Staphylococcus aureus um valor para limite de
detecção das AuNPs de 500ng e Hussain, Samir, e Azzazy (2013) valores de DNA
não amplificado de 40 ng, utilizando a técnica de nanopartículas de ouro sem adição
do grupo tiol, um pequena modificação nos oligonucleotídeos. A maior concentração
de agentes no tecido estudado pode ser o motivo da maior sensibilidade encontrada
neste estudo e em trabalhos, como o de Andreadou et al. (2014) que descrevem
como valores mínimos de detecção de DNA de Leishmania sp. 11,5ng e
Padmavathy, Vinoth Kumar, e Jaffar Ali (2012) que encontraram valor mínimo de
detecção de 54 ng de DNA de E. coli,. A funcionalização da AuNPs com
oligonucleotídeos tiol modificados conduziu a primeira aplicação de AuNPs na
28
detecção de ácido nucleico. O uso de técnicas utilizando ouro para detecção de App
foi primeiramente descrito no ano de 2009, porém, o diagnóstico se baseava em
detecção por fluorescência de anticorpo especifico para a toxina ApxIV, com
sensibilidade de 87,5% e especificidade de 92,9% (Sheng et al. 2009).
Usando-se a detecção do DNA genômico não amplificado, extraído
diretamente do pulmão de suínos com e sem sinais clínicos o teste apresentou
sensibilidade de 93,8% e especificidade 84,6%, com valor kappa 0,684
demonstrando boa concordância. No grupo dos animais sem lesão macroscópica de
pneumonia, alcançou-se a sensibilidade de 100%, entretanto a especificidade foi
inferior a 80% e o teste kappa 0,767 indicando ótima concordância entre os testes
de PCR e AuNP. A concordância entre os testes nos animais com lesão foi de 0,590,
sendo considerada boa. Os valores de sensibilidade e especificidade foram de
87,5% e 86,7%, respectivamente. A utilização de DNA não amplificado pode gerar
interferências nos testes moleculares, porém as reações cruzadas são menos
frequentes do que nos testes sorológicos. Diante das semelhanças genéticas entre
os microrganismos que causam as doenças do complexo respiratório, pertencentes
à família Pasteurelacea, entre eles: App, H. parasuis e P. multocida (Fablet et al.
2012, Hansen et al. 2010) ainda os microrganismos Mycoplasma hyopneumoniae
(M. hyopneumoniae) e Streptococcus suis (S. suis), a escolha dos oligonucleotídeos
e dos genes alvos para os testes pode diminuir essas reações cruzadas.
A maior parte das técnicas moleculares e sorológicas exige algum grau de
tecnificação por parte do local de realização e mão de obra capacitada, entretanto a
técnica descrita neste trabalho pode ser aplicável em locais com menor
infraestrutura, onde o uso de termociclador pode ser substituído por equipamentos
mais simples e mais baratos, capazes de oscilar a temperatura como o banho-
maria. A preparação das nanopartículas deve ser realizada em laboratório,
entretanto apenas um agitador magnético com aquecimento se faz necessário. A
solução estoque se mantém estável, a 4°C em geladeiras convencionais, por tempo
indeterminado e a solução de uso pode ser mantida em temperatura ambiente em
torno de três meses, observando-se nesse tempo apenas a precipitação do soluto
que inviabiliza seu uso. O uso de kits comerciais de extração de DNA são facilmente
obtidos, com custos variados, e de fácil manuseio. A campo, a utilização desta
técnica representaria a possibilidade de detectar animais doentes com mais
agilidade, já que a disseminação do agente ocorre de forma rápida por aerossóis.
29
Agradecimentos - À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela concessão da bolsa de mestrado e a Fundação de Àmparo a
Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat)
30
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35
APÊNDICE A – TABELA PULMÕES SEM LESÃO
Tabela 1 – Amostras de pulmões sem lesão e seus respectivos resultados na PCR para H.
parasuis, P. multocida e App , análise macroscópica e valores de leitura ótica.
AMOSTRA PCR H. parasuis
PCR P. multocida
PCR App
MACRO* 520** 600** 600/520*** O.D.
10A 1 0 1 1 0,334 0,23 0,67 1
11A 1 0 1 1 0,30 0,22 0,74 1
12A 1 0 1 1 0,38 0,24 0,62 1
15A 1 0 1 1 0,34 0,18 0,52 1
16A 1 0 0 0 0,36 0,14 0,39 0
17A 0 0 0 0 0,35 0,13 0,37 0
26A 0 0 1 1 0,38 0,19 0,51 1
34A 0 0 0 1 0,26 0,23 0,86 1
35A 0 0 0 0 0,36 0,14 0,39 0
37A 0 0 0 0 0,37 0,18 0,48 0
39A 0 0 0 0 0,37 0,16 0,43 0
40A 0 0 0 0 0,36 0,15 0,42 0
45A 0 0 0 1 0,35 0,22 0,62 1
47A 1 0 1 1 0,38 0,21 0,56 1
51A 1 0 1 1 0,33 0,20 0,62 1
52A 1 0 1 1 0,39 0,22 0,56 1
54A 0 0 0 0 0,38 0,21 0,55 1
°TOTAL 8 0 8 10 11 11
MACRO* :análise visual da alteração de coloração, 1 para roxo e 0 para rosa **: comprimento de onda utilizado para leitura de densidade ótica ***:Relação entre os comprimentos de onda ° : Total de amostras positivas para cada análise. Demais colunas: 1 para positivo e 0 para negativo
36
APÊNDICE B – TABELA PULMÕES COM LESÃO
Tabela 2 – Amostras de pulmões com lesão e seus respectivos resultados na PCR para H.
parasuis, P. multocida e App , análise macroscópica e valores de leitura ótica.
AMOSTRA PCR
H. parasuis PCR
P. multocida PCR App
MACRO* 520** 600** 600/520*** O.D.
M106/12 A1 0 0 1 1 0,43 0,23 0,53 1
M106/12 A2 0 0 0 0 0,44 0,18 0,42 0
M106/12 A3 0 0 0 0 0,39 0,16 0,42 0
M1210/13 0 0 0 0 0,44 0,19 0,45 0
M131/12 A 0 0 0 0 0,38 0,17 0,45 0
M131/12 H 0 0 0 0 0,38 0,17 0,44 0
M167/13 A2 0 0 1 1 0,43 0,23 0,53 1
M167/13 A3 0 0 0 0 0,44 0,19 0,45 0
M23/10 2 0 0 0 0 0,43 0,18 0,42 0
M24/10 1 0 0 0 0 0,44 0,19 0,44 0
M24/10 2 0 0 0 0 0,44 0,18 0,42 0
M25/10 1 0 0 0 0 0,43 0,18 0,41 0
M25/10 2 0 0 0 0 0,43 0,18 0,42 0
M429/10 0 0 0 0 0,45 0,18 0,41 0
M430/10 0 0 0 0 0,43 0,19 0,43 0
M431/10 0 0 0 0 0,44 0,18 0,42 0
M432/10 0 0 0 0 0,44 0,18 0,41 0
M433/10 0 0 0 0 0,41 0,18 0,44 0
M434/10 0 0 0 0 0,43 0,19 0,44 0
M435/10 0 0 0 0 0,43 0,19 0,44 0
M436/10 0 0 0 0 0,43 0,19 0,43 0
M437/10 0 0 0 0 0,42 0,18 0,42 0
M438/10 0 0 0 0 0,43 0,19 0,45 0
M439/10 0 0 0 0 0,43 0,19 0,43 0
M440/10 0 0 0 0 0,42 0,17 0,41 0
M441/10 0 0 0 0 0,43 0,18 0,42 0
M442/10 0 0 0 0 0,44 0,18 0,42 0
M443/10 0 0 0 0 0,45 0,19 0,42 0
M444/10 0 0 0 0 0,41 0,18 0,43 0
M460/11 Pulm3
0 0 0 0 0,44 0,19 0,43 0
M495/12 1 0 0 0 0,43 0,18 0,43 0
M503/12 2 0 0 0 1 0,42 0,293 0,69 1
3B 1 0 1 0 0,43 0,18 0,41 0
6B 0 0 0 1 0,37 0,25 0,68 1
10B 1 0 0 0 0,41 0,18 0,44 0
11B 1 1 1 1 0,38 0,27 0,72 1
12B 1 1 1 1 0,38 0,27 0,70 1
13B 1 1 1 1 0,39 0,34 0,87 1
14B 0 0 0 1 0,30 0,19 0,65 1
37
15B 1 1 1 1 0,36 0,33 0,93 1
16B 1 1 1 1 0,36 0,32 0,89 1
21B 0 0 0 1 0,37 0,25 0,68 1
26B 0 0 0 0 0,43 0,18 0,42 0
27B 0 0 0 0 0,41 0,17 0,42 0
28B 0 0 0 0 0,39 0,17 0,43 0
30B 0 0 0 0 0,41 0,18 0,45 0
31B 0 0 0 0 0,40 0,18 0,45 0
32B 0 0 0 1 0,38 0,26 0,67 1
33B 0 0 0 1 0,42 0,26 0,61 1
35B 0 0 0 0 0,40 0,18 0,44 0
46B 0 1 0 0 0,41 0,17 0,41 0
47B 0 1 0 0 0,43 0,18 0,41 0
48B 0 1 0 0 0,43 0,16 0,37 0
° TOTAL 8 8 8 13
13 13
MACRO* :análise visual da alteração de coloração, 1 para roxo e 0 para rosa **: comprimento de onda utilizado para leitura de densidade ótica ***:Relação entre os comprimentos de onda ° : Total de amostras positivas para cada análise. Demais colunas: 1 para positivo e 0 para negativo
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APÊNDICE C – ARTIGO SUBMETIDO
Padronização da técnica de nanopartícula de ouro não modificada (AuNPs) para detecção de Actinobacillus pleuropneumoniae em Pulmões de Suínos1.
Laila Natasha S. Brandão2, Letícia C. Pitchenin2, Fernanda H. Maruyama2, Cristiane S. Chitarra2, Givago F. R. da Silva2, Cátia Klein3, Luciano Nakazato2 e Valéria Dutra2*
ABSTRACT- Brandão L.N.S, Pitchenin L.C. , Maruyama F.H, Chitarra C.S, Silva G. F. R., Klein C., Nakazato L., Dutra V. [Standardization of unmodified gold nanoparticle (AuNPs) for detection of Actinobacillus pleuropneumoniae in Swine Lungs.] Padronização da técnica de nanopartícula de ouro não modificada (AuNPs) para detecção de Actinobacillus pleuropneumoniae em Pulmões de Suínos. Pesquisa Veterinária Brasileira 00(0):00-00. Laboratório de Microbiologia e Biologia Molecular, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT - 78060-900 *Autor para correspondência: [email protected]
Based diagnostic tests for the detection of nucleic acids without amplification through the use of gold nanoparticles (AuNPs) have been described for various diseases. This work aimed to develop a technique of unmodified gold nanoparticle (AuNPs) to detect Actinobacillus pleuropneumoniae. We used 70 lung samples from pigs, 17 with and 53 without lesions characteristic lesions of pneumonia, aiming at the detection of Actinobacillus pleuropneumoniae (App). The primer used was based on ApxIV gene. The AuNPs test had a sensitivity of 93.8% and specificity of 84.6% when compared with PCR detection. The results showed good agreement between the AuNPs and PCR testing, and the technique can be used as an alternative to conventional tests, since it is quick and easy and does not require implementation infrastructure and skilled labor.
IDEX TERMS: Swine pneumonia, gold nanoparticle (AuNP), Actinobacillus pleuropneumoniae.
RESUMO
Testes diagnósticos baseados na detecção de ácidos nucleicos sem amplificação prévia através da utilização de nanopartículas de ouro (AuNPs) tem sido descrito para várias enfermidades. Este trabalho teve como objetivo desenvolver uma técnica de nanopartícula de ouro não modificada (AuNPs) para detecção Actinobacillus pleuropneumoniae (App), utilizando o oligonucleotídeo baseado no gene ApxIV. Utilizou-se 70 amostras de pulmão de suínos, 17 sem lesão e 53 com lesões características de pneumonia. O teste de AuNPs apresentou sensibilidade de 93,8% e especificidade de 84,6% quando comparados a detecção pela PCR. Os resultados mostraram boa concordância entre os testes de AuNPs e a PCR, sendo que a técnica de AuNP’s pode ser utilizada como alternativa aos testes convencionais, já que é de fácil e rápida execução e não exige infraestrututra e mão de obra especializada.
TERMOS DE INDEXAÇÃO: Pneumonia suína, nanopartícula de ouro (AuNP), Actinobacillus pleuropneumoniae.
INTRODUÇÃO
A produção de carne suína no Brasil é altamente tecnificada e com certificação sanitária. Propriedades pequenas, médias e integradas a grandes empresas são as formas mais comuns de criação. O rebanho brasileiro de suínos é o quarto rebanho mundial, atingindo 38,9 milhões de cabeças em 2011. A produção de carne suína está próxima a 3,4 milhões de toneladas/ano. O consumo per capita em 2011 chegou á 14,88Kg, um aumento de 11,42% em relação ao ano de 2010 e o número de animais abatidos nos primeiros dois trimestres de 2013 foi de 17.911 cabeças segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2013).
Dentre os complexos patológicos que afetam os suínos, as doenças respiratórias apresentam destaque, devido à frequência e intensidade com que atingem rebanhos (Rossi et al. 2013). São
39
consideradas doenças multifatoriais, provocando significativas perdas econômicas, geralmente associadas à produção intensiva, a fatores ambientais e de manejo (Hansen et al. 2010, Opriessnig, Gimenez-Lirola, and Halbur 2011). O diagnóstico baseia-se no isolamento do agente à partir de lesões suspeitas, e principalmente em testes sorológicos para estabelecimento de medidas de controle (Xie et al. 2013, Coelho et al. 2004).
A pleuropneumonia suína (PPS) causada pela bactéria Actinobacillus pleuropneumoniae (App), provoca doença clínica caracterizada por pneumonia com pleurisia fibrinosa, lesões pulmonares necrohemorrágicas, adesões pleurais fibrinóticas, e em casos severos a morte (Bosse et al. 2002). O contágio geralmente ocorre após inalação de aerossóis ou contato direto, o microrganismo inalado coloniza o tecido pulmonar aderindo-se ao muco, proteínas e a células hospedeiras com posterior multiplicação no local (Chiers et al. 2010). O monitoramento do status da doença em rebanhos, o controle e a erradicação são de fundamental importância devido a características de contagio rápido deste agente, para impedir que animais portadores sejam introduzidos em rebanhos saudáveis (Tremblay et al. 2013).
Testes indiretos são muito utilizados (Shin et al. 2011, Machado et al. 2001, Eamens et al. 2012a, b, Gimenez-Lirola et al. 2014), como detecção simultânea de anticorpos para toxinas com sensibilidade de 82,7% e especificidade de 100% (Gimenez-Lirola et al. 2014). São descritos testes de ELISA monovalentes e polivalentes para sorotipos, com sensibilidade e especificidade variando de 88,3% a 96,6% (Machado et al. 2001). A importância de alta sensibilidade e especificidade em testes diagnósticos é fundamental para monitoramento dos rebanhos.
Várias técnicas moleculares têm sido empregadas nos últimos anos para a detecção de App (Schaller et al. 2001, Souza et al. 2008, Hricinova et al. 2010, Rossi et al. 2013). Métodos que detectam o Ácido Desoxirribonucleico (DNA), como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) são altamente sensíveis e de importância para diagnóstico, principalmente para microrganismos de cultivo fastidioso.
No PCR para App os genes alvos geralmente selecionados para a técnica apresentam intrínseca relação com outras espécie, como Actinobacillus sp, A. equuli, A. lignieresii, e A. suis (Xiao et al. 2006). O gene especifico omlA em diferentes grupos de App se assemelha ao gene Apx, ambos utilizados para a identificação da espécie de App (Klein et al. 2003). O gene ApxIVA é especifico para App, não sendo compartilhado nas demais espécies da família Pasteurellaceae (Schaller et al. 2001). Apesar das técnicas moleculares proporcionarem resultados rápidos, necessitam de investimentos em equipamentos e infraestrutura laboratorial, sendo inviável a realização das mesmas a campo, que representa dificuldades como o envio de material em condições ideais, muitas vezes inviabilizando o cultivo do agente, principalmente no caso das doenças respiratórias suínas.
Recentemente, métodos diagnósticos baseados em AuNPs tem sido utilizados para uma rápida e sensível detecção direta de microrganismos, entre eles, Mycobacterium sp. (Hussain, Samir, and Azzazy 2013, Liandris et al. 2009, Baptista et al. 2006), Escherichia coli, com detecção de 54 nanogramas (ng) de DNA não amplificado e com 100% de sensibilidade (Padmavathy, Vinoth Kumar, and Jaffar Ali 2012), RNA de vírus da dengue com detecção de 1 × 101 TCID50 unidade (Carter et al. 2013) e Leishmania sp com valores de detecção de 11,5ng de DNA e sensibilidade de 92% (Andreadou et al. 2014).
O presente trabalho objetivou a padronização da técnica de AuNPs para detecção de App, em amostras clinicas de suínos com pneumonia.
MATERIAL E MÉTODOS AMOSTRAS
As amostras testadas são provenientes do Laboratório de Microbiologia e Biologia Molecular Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso e foram coletadas entre os anos de 2010 a 2013 originárias de diferentes regiões do Estado do MT. Foram testadas 70 amostras de pulmões de suínos, sendo 53 com lesões macroscópicas características de pneumonia (consolidação pulmonar, deposição de fibrina na pleura, pleurite ou aderência) e 17 sem lesões macroscópicas de animais em fase de terminação e abate.
Os controles positivos para a padronização do teste foram DNAs extraídos de cultivos de App sorotipos 3 e 5 e H. parasuis, cedidos pelo Centro Nacional de Suínos e Aves-Embrapa e Pasteurella multocida (P. multocida) proveniente de cultura no Laboratório de Microbiologia Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso confirmada por PCR e sequenciamento para o gene kmt1. Como controle negativo utilizou-se o DNA de cepa ATCC de Escherichia coli e água ultra-pura.
EXTRAÇÃO DE DNA e PCR
40
A extração de DNA das amostras foi realizada segundo Sambrook and Russel (2004) utilizando-se fenol e clorofórmio, com mínimas modificações. A realização dos testes de PCR para os microrganismos foram realizadas de acordo com Xiao et al. (2006) para App, Townsend et al. (2001) para P. multocida e Angen et al. (2007) para H. parasuis. Os primers e tamanho dos amplicons encontram-se no quadro 1 . A qualidade e integridade do DNA e os produtos de amplificação foram analisados em eletroforese em gel agarose 1,0%, corados com Gel Red™ (Biotium®), a 100 Volts por centímetro e observados em ChemiDoc™ XRS utilizando o software Image Lab™ Software . Como marcador de massa molecular utilizou-se o padrão 100 pares de base (pb) de DNA Ladder™ (Fermentas ®).
PREPARAÇÃO DA AuNPs
Seguiu-se o método de redução de citrato segundo descrito por Grabar et al. (1995) que torna as partículas negativamente carregadas. Um volume de 250 ml de cloreto de ouro (HAuCl4) a 1Mm foi levado à fervura sob agitação e posteriormente foi acrescido nitrato de sódio na concentração de 38,8mM e mantido por agitação continua durante 15 minutos (min). A solução estoque foi mantida a 4°C e a solução em uso se manteve estável por três meses a temperatura ambiente.
TESTE DE AuNP
A hibridização foi realizada conforme descrito por Padmavathy, Vinoth Kumar, and Jaffar Ali (2012), a desnaturação do DNA ocorreu a 95°C por 3min em solução contendo 1,25 M de NaCl, 20 mM de Tris, 70pMol do oligonucleotídeo apxIV R, que posteriormente foi resfriada a 50°C por 2 min para permitir a hibridização com o iniciador. Imediatamente submeteu-se a reação ao resfriamento até que se atingisse 4°C e adicionou-se 50µl do preparado de AuNPs.
As leituras das amostras foram realizadas de acordo com Hussain, Samir, and Azzazy (2013) sendo as amostras classificadas colorimetricamente (visualmente) positivas como roxas e negativas como rosa. Leituras de densidade ótica (OD) com o valores à partir de 0,5 na relação entre as leituras de ondas de 600/520nm foram consideradas positivas, amostras com valores inferiores negativas. A visualização macroscópica dos resultados foi possível 1 min após o acréscimo da AuNPs. Os limites de detecção foram obtidos à partir de diluições seriadas dos DNAs de App sorotipos 3 e 5 e o controle negativo consistiu em H2O ultra pura.
As imagens foram obtidas com câmera digital.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
A análise estatística foi realizada através do software R (R, 2011) para determinação da sensibilidade e especificidade da técnica e o teste Kappa para análise de concordância entre a técnica de PCR e as AuNPs.
RESULTADOS
O limite de detecção de DNA de amostras de App sorotipos 3 e 5 estão descritos no quadro 4. O menor nível de detecção foi de 129ng de DNA pelas avaliações macroscópica e relação OD520/600nm (0,55) (Figura 1). Não ocorreram alterações de coloração macroscopicamente e na leitura de OD para DNA de outras bactérias como P. multocida, H. parasuis e E. coli (Figura 2).
Em relação a detecção dos patógenos bacterianos respiratórios das amostras de pulmões pelo PCR, o resultado está descrito no quadro 2. A presença de App foi detectada em 16 (22,85%) das 70 amostras testadas. Destas, 8 (50%) foram de pulmões com lesão e 8 (50%) de pulmões sadios.
Na detecção de App pela técnica de AuNPs em pulmões, 23 amostras (32,8%) foram positivas no teste, sendo 13 (24,5%) com lesões e 11(64,7%) sem lesões (Quadro 3). Utilizando-se a técnica de PCR como padrão ouro obteve-se uma sensibilidade de 93,8% e uma especificidade de 84,6% para AuNPs. A concordância entre PCR e AuNPs foi boa com índice Kappa de 0,684 (Quadro 5).
DISCUSSÃO e CONCLUSÃO
41
A nanociência possui inúmeras aplicações, como construção de sensores, microeletrônica, catálise e ação bactericida. Soluções coloidais de metais podem ser facilmente preparadas e modificadas quimicamente, uma diversidade de cores pode ser observada relacionada às oscilações dos elétrons de condução em ressonância a luz incidente, desde que haja elétrons livres de condução (Melo Jr et al. 2012). A técnica de AuNPs tem sido utilizada para diagnóstico de Mycobaterium tuberculosis (Hussain, Samir, and Azzazy 2013), câncer de bexiga (Nossier et al. 2014), Leishmania sp.(Andreadou et al. 2014) e vírus da dengue (Carter et al. 2013) A detecção do DNA é baseada na adsorção das bases nitrogenadas aos oligonucleotídeos e a superfície das AuNPs. A agregação ocorre devido a presença de sal durante a hibridização, ocorrendo a atração e a agregação das AuNPs devido as carga negativas que interagem com os cátions do sal. A coloração visual muda do vermelho para o azul, na ausência do DNA alvo porque não ocorre a agregação (Hussain, Samir, and Azzazy 2013). A concentração e tamanho dos iniciadores utilizados, concentração de sal, concentração de nanopartículas e temperatura de anelamento dos iniciadores são fatores que podem interferir nos resultados desta técnica.
O limite mínimo de detecção das AuNPS foi de 129,8ng de DNA de App não amplificado, sendo o limite mínimo de detecção na PCR com os mesmos oligonucleotídeos de acordo com Xiao et al. (2006) de 10 picogramas (pg) para DNA amplificado. Chan et al. (2014) obtiveram em amostras de PCR amplificado para genes de resistência á meticilina em Staphylococcus aureus um valor para limite de detecção das AuNPs de 500ng e Hussain, Samir, and Azzazy (2013) valores de DNA não amplificado de 40 ng, utilizando a técnica de nanopartículas de ouro sem adição do grupo tiol, um pequena modificação nos oligonucleotídeos. A maior concentração de agentes no tecido estudado pode ser o motivo da maior sensibilidade encontrada neste estudo e em trabalhos, como o de Andreadou et al. (2014) que descrevem como valores mínimos de detecção de DNA de Leishmania sp. 11,5ng e Padmavathy, Vinoth Kumar, and Jaffar Ali (2012) que encontraram valor mínimo de detecção de 54 ng de DNA de E. coli,. A funcionalização da AuNPs com oligonucleotídeos tiol modificados conduziu a primeira aplicação de AuNPs na detecção de ácido nucleico. O uso de técnicas utilizando ouro para detecção de App foi primeiramente descrito no ano de 2009, porém, o diagnóstico se baseava em detecção por fluorescência de anticorpo especifico para a toxina ApxIV, com sensibilidade de 87,5% e especificidade de 92,9% (Sheng et al. 2009).
Usando-se a detecção do DNA genômico não amplificado, extraído diretamente do pulmão de suínos com e sem sinais clínicos o teste apresentou sensibilidade de 93,8% e especificidade 84,6%, com valor kappa 0,684 demonstrando boa concordância. No grupo dos animais sem lesão macroscópica de pneumonia, alcançou-se a sensibilidade de 100%, entretanto a especificidade foi inferior a 80% e o teste kappa 0,767 indicando ótima concordância entre os testes de PCR e AuNP. A concordância entre os testes nos animais com lesão foi de 0,590, sendo considerada boa. Os valores de sensibilidade e especificidade foram de 87,5% e 86,7%, respectivamente. A utilização de DNA não amplificado pode gerar interferências nos testes moleculares, porém as reações cruzadas são menos frequentes do que nos testes sorológicos. Apesar das semelhanças genéticas entre os microrganismos que causam as doenças do complexo respiratório, pertencentes à família Pasteurelacea, entre eles: App, , H. parasuis e P. multocida (Fablet et al. 2012, Hansen et al. 2010) e ainda os microrganismos Mycoplasma hyopneumoniae (M. hyopneumoniae) e Streptococcus suis (S. suis), a escolha dos oligonucleotídeos e dos genes alvos para os testes pode diminuir essas reações cruzadas.
A maior parte das técnicas moleculares e sorológicas exige algum grau de tecnificação por parte do local de realização e mão de obra capacitada, entretanto a técnica descrita neste trabalho pode ser aplicável em locais com menor infraestrutura, onde o uso de termociclador pode ser substituído por equipamentos mais simples e mais baratos, capazes de oscilar a temperatura como o banho- maria. A preparação das nanopartículas deve ser realizada em laboratório, entretanto apenas um agitador magnético com aquecimento se faz necessário. A solução estoque se mantém estável, a 4°C em geladeiras convencionais, por tempo indeterminado e a solução de uso pode ser mantida em temperatura ambiente em torno de três meses, observando-se nesse tempo apenas a precipitação do soluto que inviabiliza seu uso. O uso de kits comerciais de extração de DNA são facilmente obtidos, com custos variados, e de fácil manuseio. A campo, a utilização desta técnica representaria a possibilidade de detectar animais doentes com mais agilidade, já que a disseminação do agente ocorre de forma rápida por aerossóis.
Agradecimentos - À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
concessão da bolsa de mestrado e a Fundação de Àmparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat)
42
ANEXO A – PÁGINA DE SUBMISSÃO DO ARTIGO
43
ANEXO B – PÁGINA WEBQUALIS QUE ATESTA A CLASSIFICAÇÃO
DO PERIÓDICO.
http://qualis.capes.gov.br/webqualis/publico/pesquisaPublicaClassificacao.seam;jses
sionid=A838FF467DD11B70FE2E9FA63F2D6EED.qualismodcluster-node-66.
Acessado: 19 de Fevereiro de 2014