UTILIZAÇÃO DE UREIA PROTEGIDA SOBRE O...

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i UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA OSLI BARRETO CAMILO JÚNIOR UTILIZAÇÃO DE UREIA PROTEGIDA SOBRE O DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE BOVINOS CONFINADOS Brasília-DF Julho/2014

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

OSLI BARRETO CAMILO JÚNIOR

UTILIZAÇÃO DE UREIA PROTEGIDA SOBRE O DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA

DE BOVINOS CONFINADOS

Brasília-DF

Julho/2014

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

OSLI BARRETO CAMILO JÚNIOR

UTILIZAÇÃO DE UREIA PROTEGIDA SOBRE O

DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE BOVINOS CONFINADOS

Monografia apresentada à Banca Examinadora da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília, para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. Dr. Clayton Q. Mendes

Brasília-DF

Julho/2014

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

UTILIZAÇÃO DE UREIA PROTEGIDA SOBRE O DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE BOVINOS CONFINADOS

OSLI BARRETO CAMILO JÚNIOR

BANCA EXAMINADORA

...............................................................................................

Prof. Dr. Clayton Quirino Mendes

Universidade de Brasília – UnB

Orientador

............................................................................................

Prof. Dr. Sérgio Lúcio Salomon Cabral Filho

Universidade de Brasília – UnB

Examinador interno

..................................................................................................

João Artemio Marin Beltrame

MsC, Médico Veterinário

Examinador externo

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FICHA CATALOGRÁFICA

CAMILO JÚNIOR, Osli Barreto.

“UTILIZAÇÃO DE UREIA PROTEGIDA SOBRE O DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE BOVINOS CONFINADOS” Osli Barreto Camilo Júnior. Orientação: Clayton Quirino Mendes, Brasília, 2014.

Monografia - Universidade de Brasília / Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 2014.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CAMILO JÚNIOR, O.B. UTILIZAÇÃO DE UREIA PROTEGIDA SOBRE O DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE BOVINOS CONFINADOS Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2014, 17 f. Monografia.

CESSÃO DE DIREITOS

Nome do Autor: OSLI BARRETO CAMILO JÚNIOR Título da Monografia de Conclusão de Curso: UTILIZAÇÃO DE UREIA PROTEGIDA SOBRE O DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE BOVINOS CONFINADOS Grau: 3o Ano: 2014.

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta monografia de graduação e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva-se a outros direitos de publicação e nenhuma parte desta monografia de graduação pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.

_______________________________________________

OSLI BARRETO CAMILO JÚNIOR

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SUMÁRIO

1. RESUMO......................................................................................................1

2. INTRODUÇÃO .............................................................................................2

3. OBJETIVO......................................................................................................4

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................4

4.1. Confinamentos de Bovinos no Brasil......................................................4

4.2. Utilização da ureia na dieta de bovinos................................................5

4.3. Utilização da ureia protegida.................................................................8

4. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................9

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................11

6. CONCLUSÃO.............................................................................................13

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................14

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1. RESUMO

A ureia destaca-se como fonte de nitrogênio não protéico, sendo

largamente utilizada na alimentação de ruminantes, sendo que a ureia

protegida, por promover liberação mais lenta no rúmen, pode melhorar o

desempenho animal e substituir parcialmente fontes de proteína verdadeira.

Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a utilização de fontes de

ureia protegida sobre o desempenho e as características de carcaça de

bovinos confinados. Sessenta bovinos Nelores machos castrados com peso

médio inicial de 357,5 kg e idade média de 20 meses foram distribuídos em

delineamento de blocos ao acaso. Os tratamentos consistiram de três dietas

contendo diferentes fontes de nitrogênio não proteico, sendo uma fonte de

ureia não protegida (Reforce N sem revestimento) e duas fontes de ureia

protegida (Reforce N revestido ou OptigenII®) e uma dieta controle contendo

farelo de soja como fonte de proteína verdadeira. O consumo de matéria seca

foi de 11,7; 11,2; 11,3 e 10,8 kg/dia e o ganho de peso médio diário foi de 1,69;

1,70; 1,60 e 1,58 kg/dia para os tratamentos contendo farelo de soja, Reforce N

sem revestimento, Reforce N revestido e OptigenII®, respectivamente, não

sendo observada diferença (P>0,05) entre os tratamentos. Não houve

diferença (P>0,05) para os parâmetros de carcaça entre as fontes de nitrogênio

avaliadas, sendo obtidos valores de rendimento de carcaça de 56,2; 55,5; 55,8

e 55,5%; área de olho de lombo de 90,2; 81,8; 88,8 e 92,0 cm2 e 3,83; 3,33;

3,16 e 3,83 mm de espessura de gordura para os tratamentos farelo de soja,

Reforce N sem revestimento, Reforce N revestido e OptigenII®,

respectivamente. As fontes de nitrogênio não proteico, independente de serem

protegidas ou não, podem ser utilizadas em dietas para bovinos Nelores

confinados sem alterar o desempenho e as características de carcaça.

Palavras-chave: nitrogênio não proteico, OptigenII®, ReforceN, ureia protegia

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2. INTRODUÇÃO

O agronegócio brasileiro está em ritmo de expansão. A cada dia que

passa novas fronteiras agrícolas vão sendo incorporadas no sistema produtivo.

Nos últimos anos, o Brasil tem dado provas de um crescimento expressivo no

comércio internacional do agronegócio. Atualmente o país ocupa destaque na

produção e exportação de vários produtos agropecuários, como café, açúcar,

álcool e suco de frutas. Lidera, igualmente, o ranking das exportações de soja,

carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e calçados de couro.

Paralelamente a este crescimento também cresce a demanda por produtos de

qualidade, com certificação e que atendam as normas ambientais. Nesse

cenário de grandes mudanças, tanto na produção quanto no consumo de

alimentos, a carne bovina está em destaque e deverá ter suas exportações

ampliadas. Para tanto, é necessário que os produtores sejam cada dia mais

profissionais e competitivos para fazer face à concorrência internacional.

(OLIVEIRA, 2007).

No entanto, apesar de o País ser o único país entre os produtores

mundiais que tem nitidamente potencial para crescimento do rebanho bovino e

condições de aumentar a quantidade de cabeças abatidas e seu índice de

desfrute médio, os índices de produtividade ainda são baixos. De acordo com

Valadares Filho (2004) essa situação tem sido atribuída, principalmente, ao fato

de os animais por serem criados - em sua grande maioria - em sistemas

extensivos e, devido à estacionalidade das plantas forrageiras, alternam

períodos de ganho e perda de peso. O autor salienta que o manejo nutricional

é um dos principais fatores a ser considerado na produção de bovinos de corte,

pois a alimentação é responsável pela maior parcela dos custos da atividade, o

que leva produtores e pesquisadores a utilizarem alimentos que tenham mais

baixo custo e que proporcionem desempenhos satisfatórios e que a fração

proteica das rações deve merecer atenção especial em razão de o seu custo

relativo ser um dos mais elevados. Dessa forma, a substituição parcial ou total

de fontes de proteína verdadeira pelo nitrogênio não-protéico (NNP) tem sido

foco de várias pesquisas.

Santos et al. (2001) explicam que o nitrogênio é reconhecido como um

elemento essencial para os animais há muitos anos e que o uso do NNP na

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nutrição dos ruminantes teve sua origem em 1879, na Alemanha. O uso de

NNP reduz os custos de suplementação protéica, já que seu valor é menor que

o de uma fonte de proteína verdadeira, suprindo a mesma quantidade de

nitrogênio. Além disso, essa prática aumenta a velocidade de fermentação do

amido no rúmen, compatibilizando os dois fatores na síntese de proteína

microbiana (Silva et al., 1994).

A fonte de NNP mais utilizada é a ureia (Ferreira et al., 2007) que

apresenta rápida liberação de amônia no rúmen que, dependendo da

quantidade usada, pode exceder a capacidade de utilização dos

microrganismos. Conseqüentemente, a amônia em excesso é absorvida pela

parede ruminal e pode tornar-se tóxica ao animal, devido à incapacidade do

fígado em metabolizá-la. Além disso, a metabolização de amônia em ureia

envolve gasto de energia. A ureia circulante poderá ser reciclada, voltando ao

rúmen, via parede ruminal e saliva ou ser excretada via urina (Owens e Zinn,

1988).

A utilização de fonte de NNP de liberação lenta de amônia teria as

vantagens de aumentar a disponibilidade de nitrogênio (N) para a síntese

microbiana e reduzir os riscos com intoxicação (Bartley e Deyoe, 1975). Neste

contexto, a indústria iniciou a comercialização da ureia protegida, que devido a

uma película que recobre os grãos do produto promove liberação mais lenta no

rúmen o que asseguraria uma absorção mais efetiva e sem intoxicações

(Tedeschi et al., 2002), melhorando o desempenho animal em suplementos

proteicos quando substituindo parcialmente a ureia convencional (Marchesin et

al., 2006).

Para Pinos-Rodríguez et al. (2010) ureia de absorção lenta surgiu como

alternativa de modo a minimizar a alta conversão de ureia em amônia no

rúmen, com o objetivo de disponibilizar a ureia de forma mais lenta, fazendo

com que a conversão em amônia fosse modulada, assim, convergindo de

modo mais estreito e paralelo com a conversão de carboidratos.

Adicionalmente, Souza et al. (2010) aponta que a utilização do nitrogênio não

proteico de liberação gradativa no rúmen pode ser uma estratégia para diminuir

a utilização das fontes de proteína verdadeira e da ureia pecuária em dietas

para ruminantes, aumentar o espaço para inclusão de ingredientes na dieta,

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substituir fontes de proteína verdadeira de alto custo e/ou disponibilidade

limitada, podendo ainda melhorar o sincronismo de nutrientes no rúmen.

3. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a substituição parcial do farelo de

soja ou substituição total da uréia convencional por fontes de ureia protegida

sobre o desempenho e as características de carcaça de bovinos confinados.

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Prática do confinamento no Brasil

De acordo com Cardoso (1996) é chamado de confinamento o sistema

de criação de bovinos em que lotes de animais são encerrados em piquetes ou

currais com área restrita, e onde os alimentos e água necessários são

fornecidos em cochos, sendo mais propriamente utilizado para a terminação de

bovinos, que é a fase da produção que imediatamente antecede o abate do

animal, ou seja, envolve o acabamento da carcaça que será comercializada. A

qualidade do bovino produzido no confinamento é assim dependente das

outras fases da produção. Bons produtos de confinamento são animais sadios,

fortes, com ossatura robusta, bom desenvolvimento muscular (quantidade de

carne) e gordura suficiente para dar sabor à carne e proporcionar boa

cobertura da carcaça. Este autor afirma que o confinamento de bovinos

apresenta as seguintes vantagens: aumento da eficiência produtiva do

rebanho, por meio da redução na idade de abate e melhor aproveitamento do

animal produzido e capital investido nas fases anteriores (cria-recria); uso do

gado como mercado para alimentos e subprodutos da propriedade; uso da

forragem excedente de verão e liberação de áreas de pastagens para outras

categorias durante o período de confinamento; uso mais eficiente de mão-de-

obra, maquinários e insumos; e flexibilidade de produção (se os preços não

forem compensadores, pode optar por não confinar).

Com relação ao confinamento no Brasil, Millen et al. (2009) aponta que o

número de bovinos terminados em confinamento tem crescido, e este tipo de

categoria representou 8,7% de todos os bovinos abatidos no país no ano de

2008 .Já para o ano de 2014, levantamento realizado pela Empresa de

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Consultoria Agrícola AgroConsult, o volume de animais confinados no Brasil

deve atingir 4,66 milhões de cabeças, total que representa uma alta de 6,3%

ante os 4,38 milhões de animais confinados em 2013. Segundo a AgroConsult

o aumento do número de animais a ser confinado é reflexo de uma mudança

na visão que o pecuarista tem do confinamento, sendo a sua adoção uma

decisão estratégica para o aumento da produtividade.

A categoria preferida pelos confinadores brasileiros é a de machos

inteiros, a qual está presente em quase 70% dos confinamentos do país. No

entanto, essa categoria tem iniciado o confinamento com peso vivo inicial

médio em torno de 370 kg, o que acarreta em maior tempo de cocho, 84 dias

em média e maiores exigências de proteína pelo menos no período inicial do

confinamento. A raça a ser alimentada e o tipo morfológico que os animais

apresentam também vão influenciar as exigências protéicas durante o

confinamento (Millen et al., 2009)

4.2. Utilização da ureia na dieta de bovinos

A ureia começou a ser fabricada industrialmente em 1870, quando

Bassarow promoveu sua síntese a partir do gás carbônico e da amônia. Mas foi

no período de 1914 a 1918, devido à escassez de alimentos, ocasionada pela

primeira guerra mundial, que a Alemanha intensificou a utilização de ureia

como fonte proteica na alimentação de ruminantes, visando uma produção

intensiva e de baixo custo de carne como também de leite. Apesar de existir

uma variedade de compostos nitrogenados não-proteicos como biureto, ácido

úrico, sais de amônio e nitratos, a ureia tem sido mais empregada em função

do seu baixo custo por unidade de nitrogênio, facilidade de utilização e

disponibilidade no mercado. No mesmo sentido, Huber (1984) menciona que a

redução no custo da alimentação vem sendo o principal objetivo da

incorporação da ureia nas rações de ruminantes. Geralmente, nos últimos 20

anos, tem sido lucrativo incluir a maior quantidade possível de ureia, sem

decréscimo na produtividade ou aparecimento de problemas de saúde nos

animais.

Segundo Eustáquio Filho (2008) os microrganismos do rúmen têm

capacidade de transformar o nitrogênio da dieta em proteína de boa qualidade,

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por meio de microrganismos presentes no rúmen. O nitrogênio tanto pode vir

de proteínas verdadeiras (Ex.: farelo de soja, farelo de algodão, forragens,

outros) quanto de alguns compostos inorgânicos (compostos nitrogenados não-

protéicos), como uréia, biureto e ácido úrico. A substituição das fontes

convencionais de proteína pela ureia se torna possível em virtude da

capacidade dos microrganismos ruminais de converter NNP em proteína de

alto valor biológico. A capacidade das bactérias para utilizarem o nitrogênio não

protéico (NNP) vai depender, primariamente, da quantidade e do nível de

degradação da energia fornecida ao animal (carboidratos) e da capacidade de

crescimento da população de microrganismos, mas existe um limite para o

crescimento microbiano, o qual, teoricamente, depende da ingestão de energia.

Na mesma linha de raciocínio, Eustáquio Filho (2008) ainda mostra

como se dá o processo de absorção da ureia, afirmando que quando esta

alcança o rúmen, ela é rapidamente desdobrada em amônia e CO₂ pela enzima

urease, produzida pelos microrganismos ruminais. Então, a amônia presente

no rúmen, resultante da ureia ou de outra fonte protéica, é utilizada pelos

microrganismos para a síntese de sua própria proteína até satisfazer seus

requerimentos, determinados pela disponibilidade de carboidratos

fermentáveis. A amônia em excesso é absorvida pela parede do rúmen e, no

fígado, é convertida a ureia. Esta conversão custa ao animal 12 kcal/g de

nitrogênio (VAN SOEST, 1994). A excreção de ureia representa elevado custo

biológico e desvio de energia para a manutenção das concentrações corporais

de nitrogênio em níveis não tóxicos (PAIXÃO et al., 2006).

Velloso (1984) descreve sobre a utilização da ureia em rações de

engorda para bovinos afirmando que esta é usada há mais de 45 anos, em

substituição parcial das proteínas naturais, visando ganhos em peso mais

econômicos. Diz ainda que a ureia comercial contém cerca de 46,7% de

nitrogênio e a ureia para a alimentação animal pode variar de 42 a 46,7% de

nitrogênio, equivalendo a 262 até 292% de proteína bruta. Em todo mundo, são

usadas centenas de milhares de toneladas de ureia anualmente, na

alimentação de ruminantes, os quais têm a capacidade de transformar o

nitrogênio não protéico em proteína microbiana. Esta peculiaridade dos

ruminantes permite que maior quantidade dos farelos protéicos seja destinada

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à alimentação das espécies de não ruminantes como aves, suínos, eqüinos,

etc.

Ainda, segundo Velloso (1984), o nível de substituição adotada pela

maioria dos pesquisadores é a de que o NNP pode substituir até 33% do

nitrogênio protéico da dieta dos ruminantes. O autor também afirma que é

necessário algumas importantes recomendações quando se pretende fornecer

ureia nas rações: limitar em até 1% de urea, na dieta total do animal

(ruminante), com base na matéria seca; limitar em até 3% de ureia no

concentrado, quando este for oferecido separadamente do volumoso; limitar

em 33% de nitrogênio da ureia em relação ao nitrogênio total da dieta; fornecer,

juntamente com a ureia, fontes de carboidratos (açúcares) de fácil

fermentação, para facilitar a síntese de proteína microbiana.

Entretanto, Paixão et al. (2006) citando o trabalho de Valadares et al.

(2004), afirma que maiores níveis de inclusão de ureia têm sido utilizados sem

que haja comprometimento do desempenho dos animais. Dessa forma, o nível

máximo de inclusão de ureia nas rações e seus efeitos sobre a síntese

microbiana, o consumo, a degradabilidade da dieta, o ganho de peso e as

características de carcaça ainda não estão totalmente definidos.

Berchielli (2006) destaca que a utilização eficiente da ureia pelos

ruminantes exige alguns cuidados: dose correta e mistura uniforme do material

concentrado, no volumoso ou na ração completa, para evitar intoxicação do

animal; disponibilidade de energia para que as bactérias ruminais consigam

utilizá-la para a síntese de proteína microbiana e; adequação mineral da ração,

especialmente quanto ao enxofre, para que a síntese de AA (aminoácidos)

sulfurados não seja limitada.

A adequação de PDR (proteína digerível no rúmen) da ração deve ser o

critério determinante da dose ótima da ureia e que se deve levar em conta

também se a mesma é fornecida via concentrado, misturada ao volumoso ou à

ração completa (Berchielli, 2006). Neste contexto, Millen (2010) afirma que

quando se pretende formular rações para bovinos de corte, é preciso levar em

consideração o suprimento adequado de PDR (proteína digerível no rúmen)

para maximizar a produção de proteína microbiana e se necessário

complementar com PNDR (proteína não digerível no rúmen) de alta qualidade

para suprir a exigência do bovino em proteína metabolizável. No entanto, de

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forma geral, os nutricionistas podem optar por não adicionar ingredientes

proteicos para suprimento de PNDR em rações de bovinos em terminação e

sim substituir essa proteína verdadeira por ureia, sem nenhum prejuízo ao

desempenho dos animais.

4.3. Utilização da ureia protegida

Gonçalves (2005) faz um histórico sobre a utilização de ureia de lenta

absorção na dieta de bovinos dizendo que nos últimos 30 anos, inúmeras

tecnologias foram desenvolvidas para sincronizar a liberação de NNP

(nitrogênio não proteico) com a degradação de carboidratos no rúmen, para

maximizar a eficiência microbiana. Segundo a autora muitas destas tecnologias

visaram o controle da liberação de NNP a partir da ureia, que incluem: amireia,

ureias tratadas com formaldeído, proteção com gordura, proteção com biureto,

ureia liquida e cloreto de cálcio e ureia encapsulada por polímero. Sobre este

último item a autora ainda descreve, citando Akay et al. (2004), que a ureia

encapsulada com polímero confere tempo de degradação da ureia de até 16

horas, sendo a sua solubilização lenta e constante. Os autores constataram,

em experimento, que o padrão de degradação da ureia encapsulada é mais

próximo da soja em grãos do que o da ureia convencional.

Gonçalves (2009) citando Ferreira et al (2005) afirmam que a ureia

encapsulada pode trazer eficiência ao metabolismo animal, com

economicidade e aumento da produtividade. No mesmo sentido, Goulart et al.

(2013) descreve que se a hidrólise da ureia ocorrer numa velocidade maior que

a disponibilidade de energia para capacitar a conversão do nitrogênio

amoniacal em microbiota ruminal, haverá acúmulo e escape de amônia no

rúmen. Por esse motivo, a ureia será melhor utilizada como fonte de nitrogênio

para síntese proteica, quando houver sincronismo entre liberação de energia e

nitrogênio, que é o objetivo fundamental da utilização da ureia encapsulado por

polímero (degradação lenta).

Pinos-Rodríguez et al. (2010) descreve que a ureia de absorção lenta surgiu

como alternativa de modo a minimizar a alta conversão de ureia em amônia no

rúmen, com o objetivo de disponibilizar a ureia de forma mais lenta, fazendo

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com que a conversão em amônia fosse modulada, assim, convergindo de

modo mais estreito e paralelo com a conversão de carboidratos.

5. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Unidade de Confinamento da Fazenda

Água Limpa, pertencente à Universidade de Brasília, localizada no Núcleo

Rural Vargem Bonita, Distrito Federal. A estação experimental está localizada

na latitude 15°56’S, longitude 47°56’W e altitude média de 1.080m.

Sessenta bovinos Nelores machos castrados com peso médio inicial de

357,5 kg e idade média de 20 meses foram distribuídos em delineamento de

blocos ao acaso. Os animais foram confinados em baias com

aproximadamente 60 m², contendo, cada uma, cochos para fornecimento de

alimentos e bebedouro com água à vontade regulada por bóia automática. Com

cinco animais por baia, cada um desfrutava de um espaço de 12 m², espaço

suficiente para que estes pudessem descansar e comer a vontade. A Unidade

de Confinamento ainda possui uma estrutura de cobertura que possibilita um

maior conforto aos animais.

Os tratamentos consistiram de três dietas contendo diferentes fontes de

nitrogênio não proteico, sendo uma fonte de ureia não protegida (Reforce N

sem revestimento) e duas fontes de ureia protegida (Reforce N revestido ou

OptigenII®) e uma dieta controle contendo farelo de soja como fonte de

proteína verdadeira. As dietas foram formuladas para serem isoenergéticas e

isoproteicas e calculadas segundo o NRC (1996), conforme apresentado na

Tabela 1.

Tabela 1 – Composição das dietas experimentais em % da matéria seca

Ingredientes

Dietas experimentais

Farelo

de Soja

ReforceN

Sem Revestimento

ReforceN

Revestido OptigenII®

Silagem de Milho 35,00 35,00 35,00 35,00

Fubá de milho 54,54 54,50 54,50 54,50

Farelo de Soja 9,66 8,00 8,00 8,00

ReforceN Sem Revestimento - 1,66 - -

ReforceN Revestido - - 1,66 -

OptigenII® - - - 1,66

Mineral 0,80 0,83 0,83 0,83

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Os animais foram submetidos a 15 dias de adaptação e posteriormente,

após jejum de 16 horas, foram pesados. A pesagem foi repetida em intervalos

de 28 dias sem jejum prévio até o final do experimento, segundo protocolo

experimental. O período experimental teve duração de 84 dias que somados ao

período de adaptação totalizaram 99 dias.

Os animais foram alimentados à vontade duas vezes ao dia, uma pela

manhã (8h) e outra pela tarde (14h). O volumoso (silagem de milho) era

distribuído no comedouro e sobre o mesmo colocava-se o concentrado,

realizando a mistura em seguida. O consumo voluntário da dieta foi registrado

diariamente, após a pesagem da quantidade de alimento oferecido e das

sobras de alimento do dia anterior.

Ao final do período experimental, os animais foram submetidos a um

jejum de sólidos de 14 horas anteriormente à pesagem, para obtenção do peso

de abate. Em seguida, foram transportados a um frigorífico comercial e

abatidos seguindo o protocolo de abate da empresa. Foram obtidos os pesos

de carcaça quente e o rendimento de carcaça pela relação entre o peso de

carcaça quente e o peso de abate, expresso em porcentagem. Em seguida, foi

realizado um corte transversal na meia carcaça, na região entre a 12ª e 13ª

vértebra torácica, de maneira a expor o músculo Longissimus dorsi para

mensuração da espessura de gordura subcutânea (EG) com o auxílio de um

paquímetro e a área de olho de lombo (AOL) por meio de régua de quadrantes

de pontos, segundo metodologia descrita pelo USDA Quality Grade (1997).

A análise estatística foi feita com uso do pacote ASSISTAT Versão 7.7 e

comparação das médias utilizando o teste de Tukey, considerando 5% de

probabilidade para o erro tipo I.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados de desempenho dos animais são apresentados na Tabela 2,

não tendo sido observada diferença para nenhuma das variáveis avaliadas.

Resultados semelhantes foram obtidos por outros autores ao avaliarem o

desempenho de bovinos alimentados com ureia protegida (Wahrmund and

Hersom, 2007; Tedeschi et al., 2002; Pínos-Rodriguez et al., 2010; Bourg et al.,

2012).

Tabela 2. Desempenho dos animais em confinamento.

Tratamento

Variável Farelo de

soja

ReforceN Sem

Revestimento

ReforceN

Revestido

OptigenII® Média CV, % P value

Peso Inicial, kg 361,2 359,8 357,3 351,8 357,52 6,81 p<0,05

Peso final, kg 497,2 493,1 498,0 483,2 492,88 6,65 p<0,05

Ganho de peso, kg/d 1,68 1,60 1,70 1,58 1,64 14,3 p<0,05

CMS, kg/d 11,68 11,35 11,22 10,79 11,26 6,12 p<0,05

CA kgMS/kg ganho 6,95 7,09 6,60 6,83 6,88 15,3 p<0,05

Os valores obtidos para consumo de matéria seca e ganho diário de peso

estão acima dos valores de 9,0 kg/d e 1,40 kg/d apontados pelo NRC (2000)

para animais zebuínos em terminação. Tais resultados podem ser atribuídos a

boas condições de confinamento (com espaço apropriado e estrutura de

cobertura, gerando um maior conforto animal) e um manejo nutricional

adequado, evidenciando que não ocorreu limitação nutricional para

crescimento.

No presente ensaio, considerando o peso corporal médio de 425,2 kg

consumo médio de 11,26 kg de MS/d, os animais apresentaram consumo de

2,65% do peso corporal. O valor observado neste experimento foi superior ao

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descrito por Valadares Filho (2006) e Miotto et al. (2009), que observaram

consumo em torno de 2,20% e por Ribeiro et al. (2012), que observaram valor

de 2,05% para bovinos Nelore com idade média de 13 meses recebendo dieta

contendo 30% de volumoso e 70% de concentrado.

O ganho de peso médio obtido de 1,64 kg/d está de acordo com o

pretendido na formulação da ração e com dados encontrados na literatura.

Oliveira et al. (2009) observaram valor médio de 1,44 kg de ganho diário para

machos inteiros Nelore em confinamento alimentados com 60% de

concentrado na dieta e Machado Neto et al. (2011) encontraram valor de ganho

de 1,43 kg/d para animais recebendo dieta contendo 50% de volumoso e 50%

de concentrado.

Segundo Cervieri (2001), o peso ideal de abate para as condições

brasileiras, considerando-se aspectos econômicos e de rendimento de cortes

cárneos, situa-se entre 14 e 16 arrobas. Portanto, verifica-se que os pesos de

abate dos animais avaliados neste estudo, encontram-se na faixa considerada

adequada para comercialização.

Pínos-Rodriguez et al., (2010) concluíram que ureia na forma protegida

(Optigen®) pode substituir o farelo de soja em dietas para bovinos sem efeito

negativo sobre o desempenho produtivo. Da mesma forma, os dados obtidos

Bourg et al. (2012) confirmaram que fontes de ureia de liberação lenta pode

substituir a ureia em diferentes níveis de ingestão de nitrogênio.

Os dados de rendimento de carcaça quente, rendimento de carcaça fria,

área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura são apresentados na

Tabela 3, não sendo foi verificada diferença para as variáveis avaliadas.

Tabela 3. Valores médios de rendimento de carcaça, área de olho de lombo e

espessura de gordura

Tratamento

Variável Farelo de Soja

ReforceN Sem Revestimento

ReforceN

Revestido OptigenII®

Média CV, %

P value

Rend. carcaça quente, % 56,2 55,5 55,7 55,5 55,7 2,57 p<0,05

Área de Olho de Lombo, cm2 90,2 81,8 88,8 92,0 88,2 6,85 p<0,05

Espessura gordura, mm 3,83 3,33 3,16 3,83 3,54 32,3 p<0,05

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O rendimento de carcaça, juntamente com o peso de abate, tem grande

importância econômica, por ser usado como principal forma de comercialização

no Brasil (Oliveira et al., 2009). Neste estudo os valores médios de rendimento

de carcaça quente (55,7%) se enquadram na amplitude de valores citados na

literatura, conforme relatado por Machado Neto et al. (2011), que obtiveram

valor médio de 57% para rendimento de carcaça de bovinos abatidos com

cerca de 23 meses de idade.

Pínos-Rodriguez et al., (2010) não obtiveram diferença no rendimento da

cracaça de bovinos recebendo ureia de liberação lenta na dieta.

Adicionalmente, Bourg et al. (2012) avaliaram a utilização de ureia de liberação

lenta na alimentação de bovinos confinados e não observaram diferença nos

mesmo parâmetros de carcaça avaliados no presente estudo.

Neste estudo foi obtido valor médio de 88,2 cm² para área de olho de

lombo. Valores semelhantes foram obtidos por Lopes et al. (2012), que

observaram valor de 80,97 cm2 para bovinos Nelore confinados com idade

média de 26 meses e alimentados com dieta contendo 50% de volumoso.

Os valores de espessura de gordura encontrados variaram de 3,16 a

3,83; sendo considerados satisfatórios, pois de acordo com Luchiari Filho

(2000), o valor desejável para adequada conservação da carcaça é de pelo

menos 3 mm, e dentro dos valores observados na literatura. Sartor Neto et al.

(2011) observou valor médio de 3,38 mm gordura na carcaça de animais da

raça Nelore não castrado. Estes autores destacam que a espessura de

gordura, ou o grau de acabamento, dependem de fatores genéticos associados

ao manejo alimentar e às exigências nutricionais. Lopes et al. (2012)

encontraram valor de 4,04 mm para animais da raça Nelore.

7. CONCLUSÃO

As fontes de ureia protegida podem substituir parcialmente o farelo de

soja e totalmente a ureia convencional em dietas para bovinos da raça Nelore

confinados, pois não promove alteração no desempenho e nas características

de rendimento, área de olho de lombo e espessura de gordura na carcaça. A

utilização de ureia protegida foi eficiente em manter os níveis produtivos de

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ganho de peso diário (GMD), consumo de Matéria Seca (CMS) e promoveu

ganhos semelhantes no rendimento e nas características de carcaça quando

substitui parcialmente o farelo de soja e totalmente a ureia convencional.

8. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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