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Taxonomia de Adjetivos Descritores da Personalidade Taxonomy of Personality Descriptors Cristina Coutinho Marques de Pinho Centro Universitário Hermínio Ometto – Araras-SP Raquel Souza Lobo Guzzo Pontifícia Universidade Católica de Campinas Resumo Esta pesquisa refere-se aos adjetivos descritores da personalidade da língua portuguesa, a partir do léxico. Os objetivos são identificar os descritores e comparar as avaliações dos juízes. Foram sujeitos-juízes seis professores universitários, seis membros da Academia Paulista de Psicologia e a primeira autora, como juiz constante, para avaliar uma lista de adjetivos segundo critérios estabelecidos pelo modelo alemão. Os resultados foram analisados atribuindo uma valoração aos critérios, sendo selecionados os adjetivos que obtiveram uma média maior ou igual a três. Do total de adjetivos (5641), 938 (16,63%) obtiveram a média exigida. Houve uma concordância significativa entre os juízes. Considerando que a organização dos adjetivos descritores da personalidade dá origem a uma base de dados científica, que poderá servir para o aprimoramento de técnicas e instrumentos para a avaliação psicológica e de ferramenta para estudos da personalidade, sugere-se a continuidade deste trabalho, e o desenvolvimento de pesquisas derivadas deste. Palavras-chave: Taxonomia – Personalidade – Avaliação Psicológica Abstract This study is based on a German model of taxonomy and it refers to personality descriptors adjectives of the Portuguese language, based on the lexicon. The goals are to identify the personality descriptors and compare the evaluations made by the judges. Six university professors, six members of the São Paulo Academy of Psychology and the first author were the judges. The results were analyzed attributing a valuation to the criteria and those that had an average identical or greater than three have been selected. Of a total of 5641 adjectives, 938 (16.63%) achieved the required average. Agreement between the judges was high. Considering that the organization of the description of adjectives of the personality results in a database that will be functional for the improvement of techniques and instruments for psychological assessment and as a tool for personality studies in Brazil, further studies are suggested in continuity of this work. Keywords: Taxonomy; Personality; Psychological Assessment. Nota dos Autores: Dissertação de Mestrado, defendida em fevereiro de 2001, com o apoio da CAPES, na área de Psicologia Escolar pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sob a orientação da segunda autora Endereço para Correspondência: Rua Conchal, 95 apto 61 Jardim Rollo Araras-SP 13600-390 tel.: (19) 3544-6535 [email protected] Avaliação Psicológica, 2003, (2)2, pp. 81-97 81

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Taxonomia de Adjetivos Descritores da PersonalidadeTaxonomy of Personality Descriptors

Cristina Coutinho Marques de PinhoCentro Universitário Hermínio Ometto – Araras-SP

Raquel Souza Lobo GuzzoPontifícia Universidade Católica de Campinas

ResumoEsta pesquisa refere-se aos adjetivos descritores da personalidade da língua portuguesa, a partir do léxico. Osobjetivos são identificar os descritores e comparar as avaliações dos juízes. Foram sujeitos-juízes seis professoresuniversitários, seis membros da Academia Paulista de Psicologia e a primeira autora, como juiz constante, paraavaliar uma lista de adjetivos segundo critérios estabelecidos pelo modelo alemão. Os resultados foram analisadosatribuindo uma valoração aos critérios, sendo selecionados os adjetivos que obtiveram uma média maior ou igual atrês. Do total de adjetivos (5641), 938 (16,63%) obtiveram a média exigida. Houve uma concordância significativaentre os juízes. Considerando que a organização dos adjetivos descritores da personalidade dá origem a uma base dedados científica, que poderá servir para o aprimoramento de técnicas e instrumentos para a avaliação psicológica ede ferramenta para estudos da personalidade, sugere-se a continuidade deste trabalho, e o desenvolvimento depesquisas derivadas deste.Palavras-chave: Taxonomia – Personalidade – Avaliação Psicológica

AbstractThis study is based on a German model of taxonomy and it refers to personality descriptors adjectives of thePortuguese language, based on the lexicon. The goals are to identify the personality descriptors and compare theevaluations made by the judges. Six university professors, six members of the São Paulo Academy of Psychologyand the first author were the judges. The results were analyzed attributing a valuation to the criteria and those thathad an average identical or greater than three have been selected. Of a total of 5641 adjectives, 938 (16.63%)achieved the required average. Agreement between the judges was high. Considering that the organization of thedescription of adjectives of the personality results in a database that will be functional for the improvement oftechniques and instruments for psychological assessment and as a tool for personality studies in Brazil, furtherstudies are suggested in continuity of this work.Keywords: Taxonomy; Personality; Psychological Assessment.

Nota dos Autores:

Dissertação de Mestrado, defendida em fevereiro de 2001, com o apoio da CAPES, na área de Psicologia Escolar pela PontifíciaUniversidade Católica de Campinas, sob a orientação da segunda autora

Endereço para Correspondência:Rua Conchal, 95 apto 61 Jardim Rollo Araras-SP 13600-390tel.: (19) 3544-6535 [email protected]

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O presente trabalho foi uma pesquisa de base,que pretendeu fornecer subsídios para a construçãode instrumentos de avaliação psicológica, especial-mente de avaliação da personalidade. Tratou-se doestudo de descritores da personalidade da língua por-tuguesa baseado na abordagem psicoléxica, que estáfundamentada na necessidade de descrever, organi-zar e classificar características e diferenças indivi-duais usando a linguagem cotidiana como referên-cia. A busca pelas palavras descritoras da persona-lidade pode ser feita por meio do léxico da língua, etem sido estudo constante de pesquisadores da área(Angleitner, Ostendorf e John, 1990).

A taxonomia, ou taxionomia, permite aos pes-quisadores estudar a personalidade como um todo,já que oferece todas as características (ou traços)individuais presentes na língua. Uma outra contribui-ção importante de uma taxonomia é o suporte quegera para a construção de instrumentos de avalia-ção psicológica, da personalidade, do temperamen-to, da criatividade e de tantos outros constructos(Engler, 1991; Bates, 1989).

Este trabalho, que vem sendo desenvolvido pelaequipe do Laboratório de Avaliação e Medidas Psi-cológicas - LAMP, da qual a Autora faz parte háoito anos, serviu para o acúmulo de conclusõesempíricas, por oferecer uma nomenclatura padrão.Nas palavras de Bloom, Engelhart, Furst, Hill eKrathwohl (1983) “a principal finalidade de umataxionomia (...) é facilitar a comunicação” (p.9). Porse tratar de um estudo transcultural, a comunicaçãoé um cuidado a ser tomado, em especial em estudosem que o constructo é a personalidade humana, umavez que existem diferentes pontos de vista teóricos.

O LAMP desenvolveu duas das quatro fasespara a construção da taxonomia brasileira dedescritores da personalidade, fazendo comparaçõescom estudos de outros países (Guzzo, Pinho e Car-valho, 2002). A proposta da presente pesquisa foidar continuidade a este estudo, desenvolvendo a ter-ceira fase.

Esta pesquisa poderá servir para qualquer áreada Psicologia. Foi desenvolvida no curso de Mestradoem Psicologia Escolar, na linha Fundamentos e Me-didas da Avaliação Psicológica, por ser este um cam-po de interesse da Autora, que tem percebido, emsua prática, a necessidade de melhorar a qualidadeda avaliação de crianças e adolescentes em idadeescolar e instrumentalizar o professor a (re)conheceras diferenças individuais dos seus alunos.

“A personalidade é freqüentemente considera-da um obstáculo em programas educacionais,

embora muito dependa da perspectiva con-ceitual que o psicólogo educacional está dispostoa assumir. Quando pais preferem tratar suascrianças igualmente e professores preferem tra-tar seus estudantes igualmente, diferenças en-tre aprendizes são consideradas problemas noensino e educação, ao invés de recursos a se-rem desenvolvidos mais adiante” (De Raad eSchouwenburg, 1996: 328).As diferenças individuais devem, portanto, ser

respeitadas e compreendidas, tanto por pais comopor professores. Essas diferenças podem ser me-lhor identificadas com instrumentos de avaliação psi-cológica adequados.

No Brasil, as pesquisas sobre avaliação psico-lógica e todo o seu processo ainda são escassas.Dentre as dificuldades mais apontadas pelos estudi-osos estão o reduzido número de pesquisadores nes-ta área; a ausência de cursos de pós-graduação emPsicologia ou Educação que possuam linhas de pes-quisa envolvendo testes psicológicos; e a carênciaque os profissionais de Psicologia têm de ferramen-tas de avaliação adequadas para a realidade em queatuam, ou seja, a qualidade e quantidade de instru-mentos de avaliação disponíveis são insuficientes einsatisfatórios – os principais testes objetivos usadosno diagnóstico e avaliação da personalidade, inteli-gência, memória, assim como baterias neuropsico-lógicas, não estão adaptados e normatizados para ouso na nossa realidade, podendo, por essa razão,entrar em choque com os compromissos éticos eprofissionais do psicólogo em sua prática (Pasquali,1992; Hutz e Bandeira, 1993; Kupfer, 1994; Crystal,1995; Andaló, 1996; Andriola, 1996; Novaes, 1996;Pfromm Netto, 1996; Wechsler, 1996; Mendonça,1997).

Embora várias medidas venham sendo toma-das na direção de um aprofundamento da pesquisarelativa à avaliação em geral, e dos instrumentospsicológicos em especial, a situação ainda padeceda falta de esforços concentrados para minimizar seusproblemas (Hutz e Bandeira, 1993; Pasquali, 1999).

A escolha do instrumento de avaliação, assimcomo a informação que este fornece são um cuida-do especial que o psicólogo deve ter para, de fato,compreender o sujeito em suas dimensões, já que osresultados destes testes podem exercer influênciassobre a vida dessas pessoas, seja numa avaliaçãodurante a vida escolar e profissional ou na vida pes-soal (Arias, 1995).

Se a Psicologia brasileira não dispõe de instru-mentos para avaliação, de uma forma geral, as difi-

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culdades se acentuam na área da avaliação da per-sonalidade. A personalidade parece tão ligada à cultu-ra e ao senso comum que teóricos, cientistas e pesso-as leigas referem-se a ela de forma muito parecida.Por este motivo o estudo formal da personalidade énecessário, talvez mais do que qualquer outro.

No âmbito internacional, a avaliação da perso-nalidade também apresenta alguns limitadores quevêm sendo estudados por aqueles que buscam res-postas e critérios para este tipo de atividade. Umdos limites é a pouca instrumentalização existentepara a avaliação da personalidade, preocupação estaque vem mobilizando diferentes países e inúmerospesquisadores para torná-la mais adequada aos cri-térios de medida em Psicologia (Church & Lonner,1998; Hutz, Nunes, Silveira, Serra, Anton e Wieczorek,1998; Pasquali, 1999).

O estudo da personalidade deve proporcionar oconhecimento do funcionamento e comportamentohumano a partir das diferenças individuais, e o ins-trumento de avaliação da personalidade deve, por-tanto, ser capaz de avaliar e descrever tais caracte-rísticas (Church & Lonner, 1998).

Apesar da personalidade ser um constructo daPsicologia bastante descrito na literatura, destaca-se pela dificuldade de ser definido e estudado. Osdiferentes teóricos da personalidade, muitas vezes,ao apresentar suas idéias, rejeitam ou excluem ou-tras visões deste constructo, dificultando ainda maiso estudo do mesmo (Eysenck, 1974; Allen, 1997).Se diversos pesquisadores concordassem com umconjunto de constructos, poderiam coordenar melhora pesquisa de problemas comuns da área.

Todas as teorias da personalidade contêm trêsaspectos fundamentais: descrição (das diferençasindividuais), dinâmica (mecanismos pelos quais apersonalidade se expressa) e desenvolvimento dapersonalidade (formação e mudança da personali-dade). Estes aspectos respondem às perguntas maisimportantes sobre a personalidade: como as pessoasse diferem umas das outras? Como se desenvolvem?Como se pode entender a dinâmica que as motiva aagir de uma forma e não de outra?

As diferenças entre as diversas teorias são evi-denciadas na forma como respondem a estas pergun-tas. Não importa o valor dado a cada aspecto, o im-portante é que todas as teorias respeitem essas trêscaracterísticas, que são temas inter-relacionados.

Apesar das divergências entre as teorias, exis-tem alguns aspectos da personalidade com os quaisos estudiosos concordam, tais como: as diferençasindividuais são relativamente estáveis (o indivíduo

apresenta algumas características consistentes emdiferentes situações); a personalidade pressupõe umaadaptação do indivíduo ao mundo; boa parte da per-sonalidade é genética; a personalidade inclui dimen-sões comportamentais e traços (Allen, 1997; Church& Lonner, 1998, Cloninger, 1999, Lykken, 1999).

Muitos pesquisadores preferem não considerara perspectiva do traço como uma abordagem teóri-ca, com o preceito de que o traço de personalidade éum aspecto duradouro que influencia o comporta-mento, mas desenvolvem pesquisas para o refina-mento e revisão do conceito do traço, destacandoque ele serve mais como descritor das diferençasindividuais do que como determinantes do compor-tamento. Como principais autores que contribuírampara o desenvolvimento desta perspectiva estãoGordon Allport e Raymond Cattell.

O conceito do traço tem ocupado um lugar dedestaque no domínio da avaliação da personalidade(Wiggins e Pincus, 1992; McCrae e Costa, 1995; Riello,1999). O desenvolvimento e avanço de estudos detraços têm gerado modelos teóricos considerando fa-tores gerais da personalidade (Wiggins, 1980).

Chegou-se a afirmar que uma abordagem detraços fornece a base para um paradigma coerenteda teoria da personalidade na tradição da ciêncianatural, uma vez que “em todas as ciências ataxonomia precede a análise causal” (Cloninger,1999: 213).

Gordon Allport foi o mais proeminente defen-sor do conceito do traço, estudando-o sistematica-mente de 1931 até sua morte, em 1967. Este autorusou o conceito de traço de duas maneiras: comodescritores das diferenças individuais e comodeterminantes do comportamento (John, Angleitnere Ostendorf, 1988; Cloninger, 1996, 1999).

Allport propôs que a unidade básica da perso-nalidade é o traço. Para ele, traços são causas docomportamento que são, em princípio,

“únicas para cada pessoa (sistema idiográfico).Mesmo que as adaptações sejam únicas paracada pessoa, há semelhanças suficientes entreuma pessoa e outra capaz de permitir pesqui-sas com grupos de pessoas (sistema nomo-tético)” (Cloninger, 1996: 75).Mais tarde, Allport expandiu essa definição com

muitas afirmações teóricas: o traço tem mais do queuma existência nominal; é mais generalizado do queum hábito; é dinâmico, ou pelo menos determinante,no comportamento; pode ser estabelecido empi-ricamente; é apenas relativamente independente dosoutros traços; não é sinônimo de julgamento moral

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ou social; pode ser visto ou à luz da personalidadeque o contém, ou à luz de sua distribuição na popula-ção; ações e hábitos que são inconsistentes com otraço não provam a não existência do traço.

Os traços variam na extensão de sua influênciae são parte de um continuum de conceitos para des-crever a personalidade. Às vezes um traço dominatanto a personalidade de um indivíduo que ele influ-encia tudo o que a pessoa faz – este traço é denomi-nado, por Allport, de traço central. Enquanto que tra-ços secundários são aqueles que descrevem o im-pacto da personalidade em determinadas situações– são os hábitos e atitudes. Traços cardinais são aque-les referentes ao senso de si e à filosofia de vida(Cloninger, 1996).

A abordagem do traço precisava ser ligada auma estrutura teórica se quisesse avançar na ciên-cia da personalidade. Controvérsias sobre traços têmestimulado um refinamento do conceito e, portanto,a linguagem psicológica dos traços tem se tornadomais precisa (Cloninger, 1996).

Dentre as perspectivas contemporâneas do es-tudo da personalidade, tem-se atualmente uma ten-dência a buscar uma abordagem compreensiva devários traços, por meio de um modelo amplo de or-ganização, ou uma descrição sistemática das rela-ções, ao invés de examinar um traço de cada vez, jáque permite “uma linguagem comum para os pesqui-sadores de diferentes abordagens teóricas, uma basepara a comparação e a avaliação das teorias da per-sonalidade, uma estrutura para a validação de esca-las de personalidade e um guia para a avaliação com-preensiva do indivíduo” (McCrae, Costa & Busch,apud Cloninger, 1996: 87).

Os teóricos que reformularam a teoria de Allportpropuseram medir os traços, dando assim um valormais fidedigno a esta abordagem. Sugerem, ainda,que os traços podem ser agrupados em fatores querepresentam amplas dimensões de diferenças indi-viduais.

Eysenck, por exemplo, propôs três fatores:Extroversão, Neuroticismo e Psicoticismo, desenvol-vendo, com isso, uma das mais influentes epesquisadas teorias da personalidade (Schultz eSchultz, 2002). Estes três fatores são medidos peloEysenck Personality Questionnaire (EPQ).

Cattell desenvolveu diversos modelos sistemáti-cos de medida de personalidade e ligados à teoria dotraço. Seu extenso trabalho permitiu que chegasse aconclusão de que existem dezesseis dimensões bási-cas da personalidade normal (Extroversão, Ansieda-de, Teimosia, Independência, Controle, Ajustamento,

Liderança e Criatividade – fatores bipolares). E cons-truiu um instrumento capaz de medi-las: o 16PF.

Wiggins propôs um modelo de personalidadepara descrever aspectos que influenciam compor-tamentos interpessoais, distinguindo seis categori-as de traços: interpessoais, materiais, tempera-mentais, papéis sociais, caráter e característicasmentais. Sua proposta deu origem a um modelo cir-cunflexo (Riello, 1999).

Outros estudos sobre traço e personalidade têmcomprovado a existência permanente de cinco fato-res da personalidade em diversas culturas. Ou seja,constatou-se que em diferentes culturas, os cinco fa-tores estão representados na linguagem. Este fenô-meno tem sido denominado, pelos autores, de “BigFive” ou Cinco Grandes Fatores (Goldberg, 1981; John,Angleitner & Ostendorf, 1988; Wiggins & Pincus,1992; Church & Lonner, 1998;. Hutz et alli, 1998).

As raízes destes fatores estão no estudo léxico,em que foram analisados para determinar que di-mensões as pessoas usam quando descrevem a simesmas e aos outros. Essa pesquisa indica que pes-soas comuns descrevem a personalidade em cincofatores (Goldberg, 1981), embora alguns pesquisa-dores discordem desta proposição.

Defensores deste modelo afirmam que estecompreende as dimensões da personalidade maisimportantes e pode fornecer uma estrutura de orga-nização para a pesquisa da personalidade. A estru-tura do “Big Five” capta, a um nível grande de abs-tração, a simplicidade da maioria dos sistemas exis-tentes de descrição de personalidade e provê ummodelo descritivo integrativo para a pesquisa de per-sonalidade (John, 1990).

Costa & McCrae (1985) desenvolveram umquestionário de auto-relato, chamado NEO-PI(Neuroticism, Extroversion and Openness toExperience-Personality Inventory), especialmen-te para medir esses cinco fatores. Este instrumentodeve ser destacado, pois obteve resultados seme-lhantes na aplicação em diversas culturas/línguas: ho-landesa, alemã, italiana, estoniana, finlandesa, espa-nhola, hebraica, portuguesa, russa, coreana, japone-sa, francesa e filipina (Church & Lonner, 1998). Oestudo sobre o NEO-PI já está sendo desenvolvidotambém no Brasil (Hutz et alli, 1998).

Discute-se se os fatores de personalidade doBig Five realmente têm potencial universal. Se istofosse verdade, poderia se pensar que “chegou aofim a busca por fatores de traços básicos para a cons-trução de questionários da personalidade” (De Raad,Perugini, Hrebícková & Szarota, 1998: 212), idéia

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esta não aprovada pelos estudiosos. Portanto, oModelo dos Cinco Grandes Fatores é uma estruturageral de compreensão da personalidade e um guiade pesquisas, mas não deve excluir ou substituir ou-tras teorias e propostas sobre o estudo dos fatoresda personalidade (Briggs, 1992; Caprara, 1992).

O número de maneiras que uma pessoa podese diferenciar de outra – ou diferenciar-se de si mes-mo – é quase infinita. Dadas essas dificuldades par-ticulares, “pode parecer surpreendente que psicólo-gos da personalidade continuem a se esforçar paracatalogar, ordenar e nomear de forma padrão o do-mínio das diferenças individuais” (John, Angleitner eOstendorf, 1988: 172). Mas o que a literatura nosmostra é que cada vez mais os estudiosos estão bus-cando este processo de organização, que é denomi-nado taxonomia ou taxionomia. “Taxônomos e pes-soas leigas avaliam similarmente os traços estáveiscomo o mais fundamental conceito de personalida-de” (John, Angleitner e Ostendorf, 1988: 171).

É importante ressaltar que a taxonomia dedescritores não admite o conceito do traço comodeterminante do comportamento, mas como carac-terísticas que descrevem a personalidade. Por serum modelo de organização das características dapersonalidade, a taxonomia não se encaixa em ne-nhuma das teorias da personalidade e ao mesmo tem-po em todas. Por um lado, trata-se de um estudoateórico das características individuais; por outro,refere-se a todas as características presentes nosmodelos teóricos.

Os procedimentos para a construção de umataxonomia de descritores da personalidade passarama ser uma importante base de dados para a criaçãode instrumentos de avaliação da personalidade e tem-peramento, pois se constatou que estudos emtaxonomia podem permitir a identificação dos princi-pais termos utilizados para esta descrição, o desen-volvimento de estudos teóricos, o aprimoramento detécnicas de avaliação psicológica, a comparação dedescritores entre diferentes países, proporcionando,assim, um estudo transcultural (Angleitner Ostendorfe John, 1990; Eysenck, 1994; Smirmák, 1994;Schimitz, 1994).

Recentemente, o desenvolvimento de taxo-nomias de traços de personalidade tem conduzido auma crescente pesquisa buscando uma forma cadavez mais segura e importante de descrever a perso-nalidade (Ostendorf e Angleitner, 1992).

Em uma revisão histórica (John, Angleitner eOstendorf, 1988; Briggs, 1992; Cloninger, 1996, 1999;Hutz et cols, 1998), descobriu-se que a idéia de usar

o vocabulário usual como ponto de partida para es-tudos científicos da personalidade data de mais decem anos atrás: o escritor e cientista inglês FrancisGalton, em 1884, foi provavelmente o primeiro a exa-minar o dicionário procurando quantificar osdescritores da personalidade, encontrando cerca de1000 termos. Na busca de identificar no dicionáriopalavras descritoras da personalidade, diversos au-tores podem ser citados, pelos seus estudos e esfor-ços: Klages, em 1926, articulou a teoria racional paraa abordagem léxica, argumentando que o estudo dalinguagem beneficiaria a compreensão da personali-dade. Baumgarten, partindo do estudo de Klages, fezum estudo sistemático sobre a abordagem léxica, em1933, examinando termos para descrever traços depersonalidade. Allport e Odbert, em 1936, trabalha-ram com todas as palavras relacionadas com traçosna edição de 1925 do New International DictionaryWebster, identificando 17.953 traços (4,5% do totalde palavras do dicionário) e os classificaram em qua-tro categorias: a) termos neutros que designam tra-ços pessoais, b) termos descritivos de humores tem-porários ou atividades, c) termos carregados de jul-gamento social, d) miscelânea (condições físicas,desenvolvimentais ou de capacidades, termos meta-fóricos ou duvidosos). A lista de traços que Allport eOdbert desenvolveram é clássica para os estudiososda personalidade e tem servido de base empírica paraos pesquisadores mais recentes. Cattell usou a listade Allport e Odbert como ponto de partida para odesenvolvimento de um extensivo modelo multi-dimensional de estrutura da personalidade. Alémdestes, como foi descrito anteriormente, outros estu-diosos têm buscado descrever a personalidade a partirdos traços, ou características, encontrados na lingua-gem do cotidiano das pessoas.

Em 1990, Angleitner, Ostendorf e John siste-matizaram um modelo de taxonomia de descritoresda personalidade. A partir deste modelo, foram fei-tas taxonomias em diferentes culturas, tais como:a italiana (Forzi, Arcuri, Fontana, Di Blas e Tortul,1990; Di Blas e Forzi, s/d), a tcheca (Hrebícková,Ostendorf e Angleitner, s/d), a holandesa (Brokenapud Hofstee, 1990), a americana (Norman apudJohn, Goldberg e Angleitner, 1984) e a brasileira(Guzzo, Carvalho, Messias, Pereira, Pinho, Riello eSerrano, 1998; Guzzo, Carvalho, Valli, Pinho, Koelle,Silva e Messias, 1998; Guzzo, Pinho e Carvalho,2002; Pinho, 2001). A taxonomia brasileira só serácompletada, de fato, quando a quarta etapa for con-cluída, que é o objetivo do trabalho de Doutoradoda Autora.

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A identificação de palavras descritoras da per-sonalidade na linguagem tem levado a estudos quebuscam listar quais são as dimensões que as pessoasusam para descrever a si mesmas e aos outros, pormeio de uma taxonomia própria da personalidade.

As palavras do dicionário não esgotam as pala-vras que são utilizadas para a comunicação corrente,no entanto podem ser representativas do conjunto depalavras utilizadas pelas pessoas para classificar even-tos, comportamentos e objetos (De Raad, 1995;Wiggins e Pincus, 1992). O léxico reflete, ainda queindiretamente, os elementos da cultura do momento.

De Raad, Perugini, Hrebícková & Szarota (1998)apontam também algumas vantagens do uso do dicio-nário: é completo no que diz respeito ao uso atual e ésistematicamente supervisionado por lexicógrafos.

Com base no estudo de De Raad (1995), op-tou-se por trabalhar apenas com os adjetivos encon-trados, excluindo, portanto, outras categorias grama-ticais que deveriam descrever a personalidade. Aexclusão de substantivos e verbos empobrece o tra-balho, mas a opção de não inclui-los justifica-se, prin-cipalmente, por se tratar do primeiro estudo taxo-nômico brasileiro.

Outra razão pela escolha de só se incluir adjeti-vos neste estudo está baseada em Skinner (1957),que aponta que uma das vantagens da Psicologia emrelação às outras Ciências, é que a linguagem é amelhor representação do comportamento. Compor-tamento é ação e expressa-se por verbos. O indiví-duo é o ser e expressa-se por substantivos. As ca-racterísticas do indivíduo são suas qualidades, por-tanto, os adjetivos. Como o objetivo do trabalho, quetem como base o estudo da personalidade, é qualifi-car o “ser”, a categoria gramatical que “caracterizaos seres..., indicando-lhes uma qualidade, caráter,modo de ser ou estado” (Ferreira, 1986) é o adjetivo.O que referencia as personalidades é a adjetivação.

A partir deste pressuposto, a abordagem léxica,ou psicoléxica, foi desenvolvida para abranger todos ostermos que descrevessem a personalidade de um indi-víduo ou grupo, identificando, agrupando e classifican-do as palavras que são mais representativas na lingua-gem diária (Goldberg, 1982; John, Goldberg e Angleitner,1984; John, Angleitner e Ostendorf, 1988; Angleitner,Ostendorf e John, 1990; Fujita, s/d; De Raad, 1995).

O principal objetivo da abordagem psicoléxicaé “chegar a uma especificação do domínio do traçoque virtualmente explore o universo dos traços epermita uma seleção representativa de traços parauso prático e teórico” (De Raad, Perugini, Hrebícková& Szarota, 1998: 213).

A abordagem léxica converge para o domíniodo traço, uma vez que as pessoas, na sua comunica-ção diária, tratam das diferenças individuais por meioda linguagem. Ou seja, a descrição de diferençasindividuais depende da linguagem. Aquelas diferen-ças individuais que são mais evidentes e socialmenterelevantes na vida das pessoas serão eventualmentecodificadas na sua linguagem (Goldberg, 1981, 1982;John, Goldberg and Angleitner, 1984; John, Angleitnere Ostendorf, 1988; De Raad, 1995; Fujita, s/d). Por-tanto, a pesquisa psicoléxica tem como objetivo iden-tificar as palavras que são mais representativas nasrelações diárias (De Raad, 1995).

O léxico da personalidade seria o conjunto dedescritores de diferenças individuais de uma deter-minada cultura, agrupados e organizados para facili-tar o estudo da personalidade.

O Brasil, por meio da construção da taxonomiapara descritores da personalidade, pode apresentarseus resultados e juntar suas informações com osdiversos países envolvidos nesta linha de pesquisa,contribuindo para um estudo transcultural importan-te (Guzzo, Carvalho, Valli, Pinho, Koelle, Silva eMessias, 1998; Guzzo, Pinho e Carvalho, 2002).

A literatura nacional mostra que esta é a pri-meira pesquisa sobre taxonomia de descritores dapersonalidade, que serve de suporte aos estudos so-bre a avaliação de personalidade e que se utiliza comoreferência o léxico da Língua Portuguesa (Guzzo,Pinho e Carvalho, 2002).

O modelo alemão – no qual este trabalho estábaseado – consta de quatro fases para a construçãoda taxonomia de descritores da personalidade(Angleitner, Ostendorf e John, 1990). Completadasessas quatro fases, espera-se contribuir, com dadosbrasileiros, para os estudos internacionais sobre osfatores de personalidade mais importantes e signifi-cativos encontrados na Língua Portuguesa e para aatuação dos psicólogos e pesquisadores em Psicolo-gia, oferecendo instrumentalização apropriada paraa avaliação da personalidade no contexto brasileiro.

As duas etapas iniciais do desenvolvimento dataxonomia de descritores da personalidade estãodetalhadamente descritas em Guzzo, Pinho e Carva-lho (2002). Porém, faz-se necessário uma pequenadescrição do que consistem essas etapas.

Pesquisas Anteriores: fases 1 e 2A primeira consistiu da identificação e da extra-

ção de todos os adjetivos do Dicionário da Língua Por-tuguesa versão 2.0 em CD-ROM (Barroso, 1996) quepossam descrever atributos ou características individu-

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ais, resultando num total de 35.834 adjetivos. O proce-dimento para a realização da fase 1 foi selecionar todosos verbetes nos quais apareciam a sigla “ADJ”, copiá-los e alocá-los em uma tabela de arquivo do WORD6.0, fazendo um arquivo para cada letra. Foram encon-trados 35.834 adjetivos, o que corresponde a aproxi-madamente 30% dos verbetes totais encontrados nodicionário (Guzzo, Carvalho, Pinho, 2002).

A segunda fase foi a seleção dos adjetivosdescritores da personalidade, segundo os critérios deexclusão preestabelecidos pelo modelo alemão: ver-betes não discriminativos; origem geográfica; nacio-nalidade; profissão ou atividade; referente a uma parteda pessoa; metáforas; aspectos técnicos e científi-cos; idéias políticas, religiosas ou filosóficas; chulos;constituição física; relativo a animais e relativo ànatureza (John, Angleitner e Ostendorf, 1988).

O material utilizado foram os adjetivos da faseanterior, organizados em tabelas. O procedimento daorganização foi a exclusão de todos os adjetivos quecorrespondessem a qualquer um dos critérios cita-dos acima. Neste estágio, 5641 adjetivos permane-ceram para a etapa seguinte, representando 4,70%do total de verbetes do dicionário e 15,74% do totalde adjetivos (Guzzo, Carvalho, Valli, Pinho, Koelle,Silva e Messias, 1998).

A finalização da construção da taxonomia bra-sileira exige a realização das fases três e quatro, aproposta de estudo da presente pesquisa é o desen-volvimento da terceira etapa.

Método – Pesquisa Atual: fase 3Sujeitos-juízes

Foram sujeitos desta pesquisa seis membros daAcademia Paulista de Psicologia, seis professoresuniversitários e um juiz constante, responsáveis poravaliar um total de 5641 adjetivos, quanto à sua cla-reza de significado, à sua utilidade como descritor dapersonalidade e à freqüência de uso do adjetivo naprática profissional.

A seleção dos juízes membros da AcademiaPaulista de Psicologia foi feita aleatoriamente, a partirda lista total de membros. Foram selecionados 18membros, mas apenas um terço respondeu ao con-vite para participar da pesquisa. A idade destes juízesvariou de 50 a 76 anos (média = 65,8 anos) – houveuma resposta em branco –, sendo 50% do sexo mas-culino e 50% do sexo feminino.

Os juízes-professores foram selecionados den-tre um rol de Professores de Psicologia em uma Ins-tituição de Ensino Superior, pelo contato que têm coma Autora e pela disponibilidade para responder à pes-

quisa. São todos do sexo feminino, com a idade vari-ando entre 34 e 51 anos (média = 45,17).

A maioria dos juízes-professores é formada emPsicologia (83,33%), sendo os membros da Acade-mia Paulista de Psicologia além de formados emPsicologia, o são também em mais de uma área (Pe-dagogia e Administração)

A concentração da área da experiência profis-sional dos juízes está na “docência” para ambos ostipos de juízes. Enquanto os juízes-acadêmicos des-tacam-se na área da pesquisa, os juízes-professoreso fazem na Psicologia Escolar.

Quanto ao domínio de língua estrangeira, nota-se que o inglês é a língua de domínio predominante,entre os juízes. Os juízes-acadêmicos destacam-se peloconhecimento de diferentes línguas, enquanto os pro-fessores dominam mais a língua inglesa e espanhola.

MaterialO material entregue aos juízes consistiu de uma

Carta de Apresentação, uma Ficha de Instrução, umaFicha de Identificação, a tabela com os adjetivos euma Carta de Agradecimento.

Na Carta de Apresentação consta uma peque-na introdução sobre o trabalho e a responsabilidadedo juiz. Na Ficha de Instrução estão descritos a for-ma de preenchimento do material e o prazo de en-trega. Como Dados de Identificação, constavam in-formações sobre a idade, sexo, formação profissi-onal, tempo de experiência e se o sujeito-juiz temdomínio de alguma língua estrangeira. Estes dadosservem para compor as principais características dossujeitos da pesquisa.

Os adjetivos foram dispostos em uma tabela,organizados em ordem alfabética. O agrupamentodas letras foi aleatório, assim como a sua distribui-ção entre os juízes, formando seis grupos: AVXZ (985adjetivos), BCJL (926), DEF (1076), GHI (876),MSTU (823), NOPQR (955).

Optou-se por agrupar as letras pela quantidadede adjetivos, resultando em uma média de 940 adje-tivos e quatro letras por juiz. A decisão por este pro-cedimento se deve ao grande volume de adjetivos,que poderia comprometer a análise dos juízes, preju-dicando a sua validade. Devido à experiência na áreae, em particular neste estudo, a Autora avaliou o to-tal de adjetivos, referente a todas as letras.

Os juízes deveriam assinalar, com um X, nascolunas 1, 2 e 3 quando o adjetivo fosse claro em seusignificado e/ou útil na descrição da personalidade e/ou quando fosse usado freqüentemente na práticaprofissional. Quando o adjetivo não correspondesse

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a nenhuma das alternativas acima, deveriam deixaras colunas em branco.

A Carta de Agradecimento foi entregue pesso-almente ou via correio, com o compromisso da Au-tora em disponibilizar o resumo da dissertação a to-dos os juízes e, caso houvesse interesse, uma cópiacompleta do trabalho.

ProcedimentoA entrega do material para os juízes foi feita

pessoalmente ou via correio. Foram entregues, nototal, 36 conjuntos de letras (18 para Acadêmicos e18 para Professores). Até o prazo marcado para adevolutiva, foram devolvidas 12 listas, representan-

não do adjetivo, optou-se por mantê-lo; esta decisãoestá descrita na proposta alemã, na qual o presenteestudo está baseado.

Quando comparada às taxonomias de outrospaíses, o Brasil apresenta o maior número de adjeti-vos (35.834), seguido pelas línguas italiana (21.800),tcheca (13.606) e alemã (11.600), como pode-seobservar na Tabela 1. Porém, na conclusão da se-gunda fase, os resultados da Alemanha incluem, pro-porcionalmente, mais adjetivos descritores da perso-nalidade para a construção da taxonomia (41,6%).Em relação ao total de verbetes alemães (96.666),comparando com o Brasil (120.000), a proporção éa mesma: 5%, ou seja, cinco porcento das palavras

Tabela 1 – Comparação do Total de Adjetivos em Diferentes Países

Total deVerbetes

96.666127.00064.800

120.000

Países

AlemanhaItáliaTchecoslováquiaBrasil

%

12172130

Total de Adjetivos Descritoresda Personalidade

4.8274.4374.1455.641

Total deAdjetivos

11.60021.80013.60635.834

%

42143016

do um terço do total enviado.Todos completaram as tabelas, assinalando com

um X quando o adjetivo era claro em seu significadoe/ou útil descritor e/ou freqüente no uso, na práticaprofissional.

Resultados e Discussão

Primeiramente, é necessário fazer uma retros-pectiva dos resultados obtidos nas fases anteriores(1 e 2), que estão descritas em Guzzo, Pinho e Car-valho (2002).

Segundo o Novo Dicionário Aurélio (Ferreira,1986), existem cento e vinte mil verbetes na LínguaPortuguesa. A primeira fase da taxonomia dedescritores da personalidade constatou que, destetotal, 35.834 vocábulos são adjetivos, representando29,86% do total de verbetes existentes no léxico.

A segunda etapa consistiu em uma avaliaçãode dois juízes para determinar quais dos adjetivospoderiam ser úteis para a descrição da personalida-de. Cada juiz trabalhou independentemente, na deci-são de excluir os adjetivos pelos diferentes critérios,estabelecidos por Angleitner, Ostendorf e John(1990). A exclusão de um adjetivo foi determinadaquando os dois juízes concordaram com a retirada.Quando houve dúvida em relação à permanência ou

presentes nos dicionários alemão e brasileiro sãoadjetivos descritores da personalidade.

É importante notar que a Língua Portuguesaapresenta uma variabilidade incontestável de adjeti-vos passíveis da descrição de diferenças individuais, eque dificuldades na avaliação psicológica aparecempelo fato de não se poder assegurar a análise destascaracterísticas pelas dificuldades no uso da linguagem.

A seguir serão apresentados os resultados ob-tidos com a coleta de dados da terceira fase. Estãodivididos em partes, destacando-se os diferentes con-juntos de adjetivos descritores da personalidade.

A lista de todos os adjetivos da Língua Portu-guesa que podem descrever a personalidade de umindivíduo ou de grupos conta com 5.641 adjetivos, re-presentando 15,74% do total de adjetivos, que foramconsiderados possíveis descritores da personalidade.

A Tabela 2 mostra como estes adjetivos estãodivididos pelas letras do alfabeto. Na coluna “Totalde Adjetivos”, está descrita a quantidade de adjeti-vos existentes por letra e a sua porcentagem em re-lação ao total de adjetivos da Língua (35.834). Em“Adjetivos Descritores” está o total de adjetivos quepossivelmente podem descrever a personalidade, comsua respectiva porcentagem em relação ao total(5.641). A última coluna desta Tabela descreve aporcentagem da quantidade de adjetivos descritoresreferente à quantidade de adjetivos da letra.

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Pode-se perceber que a letra “A” é a letra quemais contém adjetivos e adjetivos descritores, na Lín-gua Portuguesa, entretanto é a letra “I” que contém amaior proporção de adjetivos descritores em relaçãodo total da letra. Ou seja, 27,87% dos adjetivos da letra“I” são potencialmente descritores da personalidade. Éimportante assinalar que na estrutura da Língua Portu-guesa, as adjetivações que expressam negação são maisrepresentativamente freqüentes nas letras A e I (porexemplo, “anormal” e “inadequado”).

Sabe-se que as letras “K”, “W” e “Y” não fa-zem parte do alfabeto do Brasil e que são utilizadasapenas para palavras estrangeiras. Contudo, destas,a única letra que não contém adjetivos é a “Y”. Asletras “K” e “W” apresentam um baixo número deadjetivos, 11 e 10, respectivamente, e nenhum delessão descritores da personalidade.

A terceira fase da construção da taxonomia dedescritores da personalidade tem por objetivo for-mar uma lista dos adjetivos a partir dos critérios: cla-reza de significado, utilidade como descritor e fre-qüência de uso.

Para a análise dos resultados da presente pes-quisa, considerou-se o julgamento da Autora e dosjuízes, da lista total de adjetivos (5.641). Pode-se di-zer que este conjunto de adjetivos representa as ca-racterísticas descritoras da personalidade, na LínguaPortuguesa, na concepção dos sujeitos da Amostrada presente pesquisa. São 938 adjetivos (16,63%),apresentados na lista descrita no Anexo 1. Das le-tras do alfabeto, apenas a letra “X” não apresentounenhum adjetivo nesta categoria.

Como era esperado teoricamente (Angleitner,Ostendorf e John, 1990), o número de adjetivos que

Tabela 2 – Adjetivos Freqüentes por Letra

A 826 194 10,17 23,49B 235 74 3,88 31,49C 528 243 12,74 46,02D 518 116 6,08 22,39E 284 77 4,04 27,11F 274 60 3,14 21,90G 111 39 2,04 35,14H 122 30 1,57 24,59I 643 178 9,33 27,68J 40 9 0,47 22,50K 0 0 0 0,00L 123 42 2,20 34,15M 285 94 4,93 32,98N 122 34 1,78 27,87O 116 57 2,99 49,14P 405 221 11,58 54,57Q 51 11 0,58 21,57R 261 137 7,18 52,49S 320 152 7,97 47,50T 196 93 4,87 47,45U 22 10 0,52 45,45V 122 34 1,78 27,87X 18 1 0,05 5,56Y 0 0 0 0,00W 0 0 0 0,00Z 19 2 0,10 10,53

TOTAL 5641 1908 33,82

%Letras Adj. DescritoresAdj. Freqüentes

%f

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permaneceram para a etapa seguinte da construçãoda taxonomia brasileira dos descritores da personali-dade diminuiu bastante. No referido estudo, consta-tou-se que cerca de 72% dos adjetivos, quando ava-liados quanto à clareza, utilidade e freqüência, nãovão para a fase posterior. No presente estudo, o nú-mero de adjetivos excluídos foi ainda maior, repre-sentando 83,37% (4.703 adjetivos que não obtive-ram a média maior ou igual a três).

Dentre os 5.641 adjetivos, 333 (5,90%) foramconsiderados, por pelo menos dois juízes, como cla-ros, úteis e freqüentes. Pode-se conceber que estalista representa as características da personalidademais claras, úteis e freqüentes da Língua Portuguesa,para psicólogos da região do Estado de São Paulo.

Houve uma concordância na avaliação entreos juízes no que se refere à clareza, utilidade e fre-qüência dos adjetivos. Isto indica que os juízes avali-aram significativamente de forma semelhante o con-junto dos 5.641 adjetivos, o que indica um aspectopositivo da pesquisa, relativo à compreensão e reali-zação das análises dos juízes (Tabelas 3 e 4).

Foram considerados claros para ambos os juízes990 adjetivos, 243 úteis para a descrição da perso-nalidade e 285, freqüentes no uso profissional. Estesnúmeros podem ser “pequenos” comparando aos2466 e 2168 (para clareza), 1177 e 574 (para utilida-de) e 1192 e 802 (para freqüência) atribuídos porcada juiz. Cabe lembrar, entretanto, que a concor-dância entre eles é significativa, ou seja, 990 adjeti-vos incluídos pelos dois tipos de juízes é uma quanti-dade estatisticamente considerada satisfatória.

Esta análise remete sugere indicar que os juízesresponderam ao material desta pesquisa de formasemelhante, colaborando para a identificação dosadjetivos da Língua Portuguesa mais claros, mais úteise mais freqüentes.

Foi também possível fazer a identificação dosadjetivos que foram considerados “freqüentes” pelomenos por um juiz: 1.908, representando (33,82%).

Nota-se que a letra “A” continha mais adjeti-vos descritores (826), mas foi a letra “C” que conte-ve o maior número de adjetivos freqüentemente uti-lizados na descrição da personalidade (243).

Lembrando que todos os juízes são do Estadode São Paulo, estes dados podem ter um viés regi-onal. Segundo Flores (2000) existem, no Brasil, di-ferenças regionais na língua, por isso, seria interes-sante que um outro estudo pudesse conferir se emoutras regiões brasileiras os adjetivos selecionadostambém são claros, ou ainda, se são apenas claros.Cada região ou estado brasileiro recebeu diferen-tes influências, formando um vocabulário a parte.Nos últimos anos, têm sido lançados vários dicioná-rios com a intenção de apresentar e se fazer enten-der a linguagem de um determinado lugar. Porém,as nossas diferenças lingüísticas são bem menosacentuadas do que qualquer língua européia. Cagliari(1996) reforça Flores ao ressaltar a importância dese ter mais estudos brasileiros que destaquem asdiferenças regionais da linguagem. Cabe aqui, re-forçar a necessidade de se refazer este estudo emoutras regiões do Brasil para averiguar se os resul-tados são semelhantes.

Tabela 3 – Índice de Concordância

Medida de concordância

Nº de casos válidos

freqüênciaclareza utilidade

valor sig valor sig valor sig

.031 .020 .175 .100 .140 .000

5641 5641 5641

Tabela 4 – Concordância entre clareza, utilidade e freqüência

freqüênciaclareza utilidade

Juiz Acadêmico

Juiz Professor

concord. total concord. total concord. total

990 2466 243 1177 285 1192

2168 5641 574 5641 802 5641

concord.

total

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Considerações Finais e Conclusão

O tipo de pesquisa, aqui realizado, não é co-mum na psicologia brasileira. Por isso, ao longo doseu processo foram encontradas algumas dificulda-des importantes a serem destacadas. Dentre elas, adensidade e complexidade da Língua Portuguesareferente à quantidade de adjetivos existentes. Aorganização destes, para culminar nesta pesquisa,percorreu quatro anos, já que todo o seu processo seiniciou no ano de 1996.

Outra dificuldade encontrada foi identificaraqueles adjetivos como descritores da personali-dade. A primeira autora, por ter avaliado toda alista de adjetivos pôde perceber como é cansativoe árduo o trabalho de pensar sobre cada um dos5.641 adjetivos quanto à sua clareza de significa-do, utilidade como descritor e freqüência de uso.Pode-se supor que o mesmo sentimento ocorreupara os doze juízes, mesmo que avaliando umamédia de 940 termos. Vale dizer, ainda, que al-guns destes avaliadores comentaram sobre a “sur-presa” e curiosidade a respeito de alguns adjeti-vos, recorrendo ao dicionário, depois de comple-tadas as respostas, para descobrir seu significadoe perceber porque estão na lista dos possíveisdescritores da personalidade.

Seria interessante se esta “busca” dos juízesao dicionário fosse registrada, para verificar se de-pois da consulta, o sujeito avaliaria o adjetivo comoútil para a descrição da personalidade. A não iden-tificação de alguns adjetivos pela utilidade poderiatanto significar que eles realmente não são úteis,como poderia demonstrar que o reconhecimento ouentendimento não é claro, para aquela determinadaamostra, o que remete a estudos com diferentestipos de amostra.

Foi possível perceber também que existemdescritores da personalidade que não se encaixamem nenhuma especialidade psicológica, já que aAmostra encontrava-se, aleatoriamente, dispersa emvárias áreas da Psicologia (lembrando que foram1.323 os adjetivos considerados não claros, não úteispara descrever a personalidade e não freqüentes naexperiência profissional dos psicólogos).

Com a identificação, pelos psicólogos da regiãodo Estado de São Paulo, dos adjetivos mais claros,mais úteis e mais freqüentes na Língua Portuguesacomo descritores da personalidade, pode-se dizer queos objetivos propostos foram atingidos e que a ter-ceira etapa da construção da taxonomia foi desen-volvida plenamente.

A construção da taxonomia dos descritores dapersonalidade ainda não está terminada, segundo omodelo internacional, porém já se pode afirmar quea lista de adjetivos, apresentada neste estudo, per-mite uma série de pesquisas relacionadas, princi-palmente, à avaliação da personalidade.

É importante lembrar que a taxonomia éateórica, ou seja, pode ser utilizada por qualquerabordagem da Psicologia que tenha como objetode estudo a personalidade humana. Vale tambémlembrar que quase todos os aspectos da Psicolo-gia precisam dos testes como recursos para a ob-tenção de dados. A personalidade é um construtopsicológico que ganhará forças a partir de melho-res mensurações. O instrumento de avaliação é omeio pelo qual o profissional consegue comprovara existência de traços estáveis, por exemplo. Es-tudos sobre a estabilidade tendem a comprovar aconstituição, principalmente, biológica da perso-nalidade.

É preciso ainda dar continuidade ao projetopara chegar a conclusões mais concretas, que defato sejam úteis para a área da avaliação psicológi-ca nacional.

Entretanto é preciso ressaltar que essa fase dataxonomia já poderia estar auxiliando os pesqui-sadores a melhorarem a qualidade e a quantidade deinstrumentos de avaliação psicológica sobre, porexemplo, os estudos a respeito da natureza e exten-são das diferenças individuais, a identificação de tra-ços psicológicos, a mensuração de diferenças entregrupos, a investigação de fatores biológicos e cultu-rais ligados às diferenças no comportamento, mu-danças no indivíduo provocadas pela idade, influ-ências da educação, resultados da psicoterapia,entre outros.

Sugere-se, para pesquisas futuras, a conti-nuação deste projeto transcultural, a replicagemdeste estudo em outras regiões do Brasil, a utili-zação da lista dos adjetivos descritores para aconstrução de instrumentos de avaliação psico-lógica – da personalidade, do temperamento, dacriatividade, e de tantos outros construtos dascaracterísticas humanas que ainda intrigam ospesquisadores.

Fujita (s/d), defensor constante deste tipo depesquisa, afirma que “uma boa taxonomia guiará ospesquisadores a frutíferas direções em suas pesqui-sas e permitirá um vocabulário padrão para que osresultados destas possam ser comunicados e relaci-onados entre si. Mesmo uma taxonomia pobre émelhor que do que nenhuma”.

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Anexo 1 – Lista de Adjetivos

abalado alvoroçado arrogante bárbaro calorentoabandonado amabilíssimo arrojado barulhento calorosoabatido amado arteiro batalhador canhotoaberto amadurecido articuloso bem-apanhado cansadoabestalhado amante artificial bem-apessoado capciosoabilolado amargo artista bem-avisado caprichosoaborrecido amargurado assertivo bem-comportado cara-de-pauabrupto amável assíduo bem-criado caraduraacanhadão ambicioso assustado bem-dotado carenteacanhado ambíguo astucioso bem-educado caricaturadoaceso ambivalente astuto bem-encarado caridosoacessível ameaçador atabalhoado bem-humorado carinhosoacintoso amedrontador atarantado bem-intensionado carismáticoacolhedor amicíssimo atarefado bem-mandado carrancudoacomodado amigável atencioso bem-sucedido caseiroaconselhador amigo atento bem-visto castigadoracrítico amistoso ativo benevolente castoacuado amoral atlético benévolo castradoradaptado amoroso atônito benfeitor categóricoadequado analisador atordoado benquisto cativanteadmirável anárquico atormentado birrento católicoadolescente angustiado atraente bissexual cautelosoadorado animado atrapalhado bitolado cavalheiroadorador animador atrevido bizarro caxiasadorável anoréxico atuante bloqueado censuradoradulador anormal audacioso boa-pinta cépticoafável ansioso ausente boboca cerimoniosoafeminado antipático austero boçal certoafetivo antiquado autêntico boêmio céticoafetuoso anti-social autônomo bom chantagistaaflito apaixonado autoritário bondoso charmosoafobado apaixonante auto-suficiente brabo chatoafoito apaixonável auto-sugestionável bravo chauvinistaágil apalermado avaliador brigão cheirosoagitadiço apavorado avarento brigona chiqueagitado apaziguador ávaro briguento choramingueiroagitador apaziguante aventureiro brilhante chorãoagoniado aperreado averiguador brincador choronaagradável apreensivo ávido cabeçudo chorosoagressivo apressado avoado cabeludo chuloagressor aproveitador azarado cabisbaixo cienteajuizado apto babaca cadavérico cínicoajustado ardiloso bacana caído cismadoalegre argumentador bagunçado caladão ciumentoalerta arguto bagunceiro calado coercitivoalheio arisco bairrista caladona coerentealienado arrasado baixo calculista coesoaliviado arredio baixo-astral calejado coitadoaltivo arrependido bajulador calhorda coléricoaltruísta arretado baratinado calmo combativo

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comedido construtivo decidido dominante garotocomilão contagiante dedicado educado gaycomodista contemplador deficiente eficaz generosocômodo contente delicado eficiente genialcompanheiro contestador delinqüente egocêntrico geniosocompassivo contido delirante egoísta gentilcompetente contraditório demente emotivo gentilíssimocompetitivo contrariado dependente encabulado genuínocomplexado controlado depressivo entusiasmado giracomplexo controlador deprimido entusiasta glutãocomplicado conturbador desafiador equilibrado glutonacomportado convencido desajeitado escandaloso gostosocompreensivo conveniente desajustado escrupuloso governadocompromissado conversador desamparado esforçado gozadocompulsivo convicto desanimado esperto gozadorcomunicador cooperador desapegado espontâneo graciosocomunicativo cooperante desatento esquizofrênico grosseirãoconceituado cooperativo desconfiado esquizóide grosseiroconciliador coordenado descontente eufórico grosseironaconciso corajoso descontraído exagerado grossocondenado cordial descontrolado exaltado grotescocondenador correto descuidado excêntrico guerreirocondicionado corriqueiro desembaraçado excepcional gulosocondoído corrompido desenvolto expansivo hábilconfiado corrupto desequilibrado experiente habilidosoconfiante cortejador desiludido expressivo harmoniosoconfiável cortês desinibido extra-sensível harmonizadorconfidente coruja desinteressado extrovertido hesitanteconflitante cotado desleal falador heterossexualconflituoso covarde desligado falante higiênicoconformado credibilíssimo desmoralizado falso hilarianteconformista crédulo desmotivado fantasioso hilárioconfortado crente desobediente farsante hipercríticoconfundido crescido desonesto fechado hiperexcitávelconfuso cretino desorganizado feliz hipersensívelconhecido criador desorientado fiel hipocondríacoconivente criativo despreocupado firme hipócritaconquistador cricri destemido flexível histéricoconsciencioso criminoso destrutivo fóbico homicidaconsciente criterioso detalhista forte homossexualcônscio crítico determinado fraco honestoconselheiro cruel dinâmico frágil hospitaleiroconseqüente cuidadoso dispersivo franco hostilconservado culpado disperso frígido humildeconsiderado culposo displicente frustrado idealizadorconsistente cultivador disposto gaiato idiotaconsolado culto dissimulado galante idôneoconspirador curioso dócil galanteador ignoranteconstrangedor debochado doentio ganancioso iluminadoconstrito decente dominador garganta imaginativo

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imaturo indecente intelectualizado maluco onipotenteimbecil indecidido inteligente malvado oportunistaimitador indefeso interessado manhoso opositorimoderado indelicado interessante maníaco opressivoimodesto independente interesseiro maníaco-depressivo opressorimoral indigno invejável masoquista oprimidoimpaciente indisciplinado invejoso mau optimistaimparcial indiscreto inventivo medíocre ordeiroimpassível individualista irônico medroso ordenadoimpenetrável indócil irredutível meigo ordinárioimperativo indolente irrequieto melancólico organizadoimperturbável indulgente irresistível meloso orgulhosoimpetuoso ineficaz irreverente mentiroso oscilanteimpiedoso ineficiente irritadiço mesquinho ostensivoimplicante inescrupuloso irritado meticuloso ostentadorimponente inexperiente irritante metódico otimistaimpopular inexpressivo jóia minucioso ousadoimpressionável infame jovem misterioso pacatoimprestável infanticida jovial moderado pacienciosoimprodutivo infantil jururu modesto pacienteimpróprio infeliz justo mórbido pacificadorimprovisador infiel ladino motivado pacíficoimprudente inflexível lambão negligente palermaimpulsivo influenciável lamentoso nervoso palpiteiroinábil influente lamuriento neuropata pamonhainabilidoso ingênuo lastimável neuropsiquiátrico panacainaccessível ingrato leal neurótico pão-duroinapto inibido legal neurotizado paradãoincapaz inibidor lépido neurotizante paradoincentivador injusto libertador neutro paradonaincisivo inocente libertino nobre paranóicoincitador inovador licencioso nojento parcialincivilizado inquieto ligado nômade pasmoincoerente insano limitado normal paspalhãoincompetente insatisfeito limítrofe nostálgico paspalhonaincompreendido inseguro livre notável passivoincompreensível insensato lógico obcecado paternalincompreensivo insensível louco obcecador patetainconformado insinuador lúcido obediente patéticoinconsciente insolente lunático obsceno patifeinconseqüente inspirado machão observador patológicoinconstante instável maduro obsessivo patriarcalincontrolado instigador malcomportado obstinado pecadorincontrolável instintivo maldoso ocioso peçonhentoinconveniente insubordinado maleável odioso pedanteincorrigível insubornável mal-educado ofensivo pegajosoincorruptível insultador maléfico oferecido peitudoincorrupto insuportável mal-humorado oligofrênico penetranteincrédulo íntegro mal-intencionado omisso penitenteindagador intelectual malsucedido omissor pensador

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pensativo problemático retrospectivo sério trapaceadorperfeccionista produtivo revoltado severo trapaceiroperguntador produtor rígido sexy traquinaperigoso proibidor rigoroso silencioso traquinaspermissivo promissor risonho simpático travessoperseverante protetor ríspido simplista tristepersistente provocador romântico simulado tristonhopersonalista prudente rude sincero turrãoperspicaz puritano ruim sistemático turronapersuasivo puro sabedor sociável unha-de-fomeperturbado puxa-saco sabido sofredor vacilanteperturbador qualificado sábio solícito vadioperverso qualificado sádico solidário vagabundopervertido quieto sádico-anal sonhador vagarosopessimista rabujento sadio sórdido vaidosopiedoso ranzinza sadista sorridente valentãopiegas realista sadomasoquista sossegado valentepilantra rebelde sagaz subconsciente velozpirracento recalcado sangüinário subjetivo vencedorpolido recatado são submisso vencidopolítico receoso sapeca subordinado venenosopolitizado receptivo sarcástico suicida verdadeiroponderado recriminador satisfeito sujeito vergonhosoponderador reflexivo saudável sutil versátilpontual reivindicador saudoso tagarela vexadoporcalhão repetitivo saudoso talentoso viciadoporcalhona reprimido sedutor teimoso vigilantepossessivo repugnante seguro temperamental vigorosopragmático repulsivo semiconsciente tempestuoso violentoprático reservado sem-vergonha tenso virtuosoprecoce resmungão sensato tímido vivazprecursor resmungona sensível tirano vívidopredominante respeitável sensual tola vivopreguiçoso respeitoso sentido tolerante voluntariosoprepotente respondão sentimental tolo vulgarprestativo responsável sentimentalista traiçoeiro zangadopresunçoso ressabiado serelepe tranqüilo zelosopretensioso retraído sereno transtornado

Recebido em 11/07/2003Aceito em 08/10/2003