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7/21/2019 ValoraoEconmicadoMeioAmbienteTextocomplementar_20150925092456 http://slidepdf.com/reader/full/valoraoeconmicadomeioambientetextocomplementar20150925092456 1/19 Valoração Econômica do Meio Ambiente Este texto tem como objetivo difundir o conhecimento da valoração econômica ambiental para contribuir com sua melhor compreensão para que seja adequadamente utilizada na tomada de decisão, na pesquisa e na gestão ambiental. O que é a Valoração Econômica dos Recursos Ambientais (VERA)? É determinar o valor monetário dos recursos ambientais em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia. Governos, organizações não governamentais, empresas e famílias sempre têm que equacionar o problema de alocar um orçamento limitado frente a inúmeras opções de gastos e de investimentos ou de consumo. Embora o uso de muitos recursos ambientais não tenha seu preço reconhecido no mercado, seu valor econômico existe na medida em que seu uso altera o nível de produção e consumo (bem-estar) da sociedade. Não havendo mercados e com isso a inexistência de preços, as técnicas de valoração ambiental podem ser aplicadas para conferir valores monetários aos benefícios decorrentes dos recursos ambientais, de forma a impedir a supressão desses bens e serviços quando os mesmos são tratados como sem preço e por isso sem custo, contribuindo para uma ação mais eficiente dos gestores. Ao estimar o preço destes recursos, devemos verificar que o valor econômico destes recursos deriva de seus atributos que podem estar associados ao uso presente ou futuro, direto ou indireto e ao não uso através do estabelecimento de valores de existência. A determinação do preço desses bens e serviços ambientais auxilia na determinação de seu custo de oportunidade. Externalidade: As externalidades são definidas como efeitos colaterais não intencionais de produção e consumo que afetam positivamente ou negativamente terceiros. A externalidade surge a partir das falhas de mercado ou como resultado da falta de um mercado para alocar estes efeitos colaterais. Ela ocorre pela definição indevida ou indefinição de direitos de propriedade e responsabilidade, custos de transação ou característica de uso comum dos recursos (i.e. o ar), entre outras razões. Diante da presença destas externalidades ambientais, nós temos uma situação oportuna para a intervenção governamental, que pode incluir diversos instrumentos, tais como: a determinação dos direitos de propriedade, o uso de normas ou padrões (i.e. leis e regulamentações), os instrumentos de mercado (i.e. Bolsa Verde), as compensações monetárias por danos, entre outros.

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Descreve sobre o meio ambiente e os cuidados que devemos tomar para a sustentabilidade do mesmo.

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Valoração Econômica do Meio Ambiente

Este texto tem como objetivo difundir o conhecimento da valoração econômica ambiental para

contribuir com sua melhor compreensão para que seja adequadamente utilizada na tomada de decisão, napesquisa e na gestão ambiental.

O que é a Valoração Econômica dos Recursos Ambientais (VERA)?

É determinar o valor monetário dos recursos ambientais em relação aos outros bens e serviços

disponíveis na economia. Governos, organizações não governamentais, empresas e famílias sempre têm

que equacionar o problema de alocar um orçamento limitado frente a inúmeras opções de gastos e de

investimentos ou de consumo.

Embora o uso de muitos recursos ambientais não tenha seu preço reconhecido no mercado, seu

valor econômico existe na medida em que seu uso altera o nível de produção e consumo (bem-estar) da

sociedade.

Não havendo mercados e com isso a inexistência de preços, as técnicas de valoração ambiental

podem ser aplicadas para conferir valores monetários aos benefícios decorrentes dos recursos

ambientais, de forma a impedir a supressão desses bens e serviços quando os mesmos são tratados

como sem preço e por isso sem custo, contribuindo para uma ação mais eficiente dos gestores. Ao

estimar o preço destes recursos, devemos verificar que o valor econômico destes recursos deriva de seus

atributos que podem estar associados ao uso presente ou futuro, direto ou indireto e ao não uso através

do estabelecimento de valores de existência. A determinação do preço desses bens e serviços ambientais

auxilia na determinação de seu custo de oportunidade.

Externalidade: 

As externalidades são definidas como efeitos colaterais não intencionais de produção e consumo

que afetam positivamente ou negativamente terceiros. A externalidade surge a partir das falhas demercado ou como resultado da falta de um mercado para alocar estes efeitos colaterais. Ela ocorre pela

definição indevida ou indefinição de direitos de propriedade e responsabilidade, custos de transação ou

característica de uso comum dos recursos (i.e. o ar), entre outras razões.

Diante da presença destas externalidades ambientais, nós temos uma situação oportuna para a

intervenção governamental, que pode incluir diversos instrumentos, tais como: a determinação dos direitos

de propriedade, o uso de normas ou padrões (i.e. leis e regulamentações), os instrumentos de mercado

(i.e. Bolsa Verde), as compensações monetárias por danos, entre outros.

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Ativos Ambientais 

Recursos naturais como florestas e peixes comercialmente exploráveis, e atributos ambientais

como qualidade do ar, são ativos valoráveis na medida em que “prestam serviços” para as pessoas. 

Bens Ambientais: água, madeira, solo, peixes, minério, etc

Serviços Ambientais: regulação hídrica, formação de solo, ciclagem de nutrientes, polinização,

especiação, regulação climática, decomposição, limpeza do ar, seqüestro de carbono, etc.

Passivos Ambientais: Solo degradado, poluição hídrica, contaminação do solo, etc.

Motivação para adoção de práticas de valoração de recursos ambientais. 

Tanto os investidores quanto as empresas estão cada vez mais conscientes de que é necessário

acessar todas as implicações do nosso capital natural - clima, água, floresta, solo, biodiversidade - porque

suas cadeias de valor são influenciadas pelas limitações de recursos naturais.

A opção de uma análise de custo-benefício pode ser o caminho mais fácil em situações como

esta. Nesta análise, o gestor fará a comparação entre o custo e o benefício oriundo de cada opção e

assim decidir qual a melhor opção. Porém a identificação de todos os custos e benefícios e a definição dos

critérios para que as alternativas sejam comparáveis nem sempre é simples, principalmente quando a

análise não é subsidiada por preços identificáveis em algum mercado.

Conforme tem sido amplamente debatido, a proteção do meio ambiente é basicamente umaquestão de equidade inter e intra-temporal. Quando os custos da degradação ecológica não são pagos por

aqueles que a geram, estes custos são externalidades para o sistema econômico, ou seja, custos que

afetam terceiros sem a devida compensação. Atividades econômicas são desse modo planejadas sem

levar em conta essas externalidades ambientais e, conseqüentemente, os padrões de consumo das

pessoas são forjados sem nenhuma internalização dos custos ambientais.

O resultado é um padrão de apropriação do capital natural onde os benefícios são providos para

alguns usuários dos recursos ambientais sem que estes compensem os custos incorridos por usuáriosexcluídos. Além disso, as gerações futuras serão deixadas com um estoque de capital natural resultante

das decisões das gerações atuais, arcando os custos que estas decisões podem implicar.

A novidade e a complexidade do tema, entretanto, induz os gestores a duas situações distintas aonde (i) o

ceticismo rejeita qualquer abordagem econômica devido a uma percepção quase sempre insuficiente da

teoria econômica que fundamenta estas abordagens, (ii) e a outra na qual se adotam inadequadamente

técnicas de valoração com base em procedimentos estimativos intuitivos que, quando não apropriados,

aumentam ainda mais o ceticismo e a rejeição aos métodos adotados.

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A adoção de um método é específica a cada caso em estudo. Entretanto, conhecendo alguns

princípios econômicos e a fundamentação teórica dos métodos, o analista estará em melhor posição para

selecionar procedimentos estimativos

Assim, é comum na literatura desagregar o valor econômico do recurso ambiental (VERA) em valor de uso

(VU) e valor de não-uso (VNU).

VERA = (VUD + VUI + VO) + VE

Valores de uso podem ser desagregados em:

Valor de Uso Direto (VUD)  - quando o indivíduo se utiliza atualmente de um recurso, por exemplo, na

forma de extração, visitação ou outra atividade de produção ou consumo direto.

Valor de Uso Indireto (VUI) - quando o benefício atual do recurso deriva-se das funções ecossistêmicas,

como, por exemplo, a proteção do solo e a estabilidade climática decorrente da preservação das florestas.

Valor de Opção (VO) - quando o indivíduo atribui valor em usos direto e indireto que poderão ser optados

em futuro próximo e cuja preservação pode ser ameaçada. Por exemplo, o benefício advindo de fármacos

desenvolvidos com base em propriedades medicinais ainda não descobertas de plantas em florestas

tropicais.

Valor de Existência (VE) - que está dissociado do uso (embora represente consumo ambiental) e deriva-

se de uma posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de existência de espécies

não-humanas ou preservação de outras riquezas naturais, mesmo que estas não representem uso atual

ou futuro para o indivíduo. Uma expressão simples deste valor é a grande atração da opinião pública para

salvamento de baleias ou sua preservação em regiões remotas do planeta, onde a maioria das pessoas

nunca visitarão ou terão qualquer benefício de uso.

MÉTODOS DE VALORAÇÂO ECONOMICADOS RECURSOS AMBIENTAIS 

1) Métodos da Função de Produção 

Esta metodologia atribui valor ao recurso ambiental por sua contribuição como insumo ou fator de

produção na produção de determinado produto negociável no mercado.

Assim, a empresa sabendo a margem de contribuição do recurso ambiental em seu produto ou serviço

pode estabelecer um valor de referência para melhor gerenciar sua utilização.

1.1  - Método da Produtividade Marginal

O método de produtividade é usado para estimar o valor econômico dos produtos ou serviços

ambientais que contribuem para a produção de produtos e serviços comercializados no mercado. É

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aplicado nos casos em que são usados os produtos ou serviços de um ecossistema, junto com outros

insumos para produzir um bem comercializado.

Por exemplo, a qualidade da água afeta a produtividade das culturas agrícolas irrigadas, ou os custos

de purificação da água potável. Assim, os benefícios econômicos da melhoria da qualidade da água

podem ser medidos pelo aumento das receitas através de uma maior produtividade agrícola, ou a redução

dos custos do fornecimento de água potável.

Situação hipotética 

Um reservatório que fornece água para o sistema de água potável da cidade está sendo poluído

pelo escoamento agrícola. O órgão ambiental quer determinar os benefícios econômicos das medidas

para eliminar o dano do escoamento.

Por que usar o método de produtividade? 

O método de produtividade foi escolhido porque este é um caso simples, onde a qualidade

ambiental afeta diretamente o custo de produção e comercialização da água potável. Este exemplo é um

dos casos mais simples, onde a água limpa é um substituto direto para outros insumos de produção, tais

como produtos químicos para purificação da água, filtração e outras formas de tratamento.

Assim, os benefícios da melhoria da qualidade da água podem ser facilmente relacionados com a redução

de custos de purificação de água.

Aplicação do método de produtividade 

Etapa 1: 

A primeira etapa é especificar a função de produção de água potável purificada. Esta é a relação

funcional entre a entrada de uma quantidade de água numa certa qualidade a partir do reservatório, os

produtos químicos e equipamentos de tratamento, e a saída de água potável.

Etapa 2: 

A próxima etapa é calcular como o custo da purificação da água muda de acordo com a mudança

na qualidade da água do reservatório, através da função de produção estimada na etapa anterior. O

pesquisador vai calcular a variação dos níveis de tratamento necessário para os diversos níveis de

qualidade da água do reservatório, ligando diferentes níveis de qualidade da água na sua função de

produção. Identificando da variação unitária no custo da qualidade, dado cada nível de qualidade

identificado, para a quantidade de água a ser tratada.

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Etapa 3: 

O último passo é estimar os benefícios econômicos da proteção do reservatório do escoamento,

em termos de redução dos custos de purificação. Por exemplo, se todo escoamento é eliminado, a água

do reservatório necessitará de pouco tratamento e os custos de purificação de água potável serão

mínimos. Isto pode ser comparado com o custo de purificação da água, onde o escoamento não é

controlado. A diferença nos custos de purificação é uma estimativa dos benefícios da eliminação de

escoamento. Da mesma forma, podemos estimar os benefícios para os diferentes níveis de redução do

escoamento. Esta etapa requer informações sobre o sucesso previsto de ações para reduzir o

escoamento, em termos de diminuição do escoamento superficial e as mudanças decorrentes da

qualidade da água do reservatório.

Como os resultados podem ser usados? 

Os resultados da análise podem ser usados para comparar os benefícios de atingir diferentes

níveis de qualidade da água no reservatório, com o custo de programas para reduzir ou eliminar o

escoamento de poluentes, e assim melhorar a qualidade da água.

Aplicando o método de Produtividade 

Para aplicar o método de produtividade, os dados devem ser coletados a respeito de como as

mudanças na quantidade e qualidade dos recursos naturais afetam:

  custos de produção para o bem final

  oferta e demanda para o bem final

  oferta e demanda de outros fatores de produção

Estas informações são usadas para ligar os efeitos das mudanças na quantidade ou qualidade do

recurso às mudanças no excedente do consumidor e / ou excedente do produtor e, assim, estimar os

benefícios econômicos.

O método é mais facilmente aplicado em dois casos específicos: 

Casos em que o recurso em questão é um substituto perfeito para as outras entradas. Por

exemplo, o aumento da qualidade da água num reservatório significa que é necessário menos de cloro

para o tratamento da água. Neste caso, um aumento na quantidade ou qualidade do recurso resultará na

diminuição dos custos para as outras entradas. Assim, neste exemplo, os benefícios de aumento de

qualidade da água podem ser medidos diretamente pela diminuição dos custos de cloração.

Casos em que apenas os produtores se beneficiam das alterações na quantidade ou qualidade do

recurso. Os consumidores não são afetados. Por exemplo, a melhoria da qualidade da água de irrigação

pode levar a uma maior produtividade das culturas agrícolas, mais produtos são produzidos na mesma

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quantidade de terra. Se o preço das colheitas para os consumidores do mercado não muda, os benefícios

podem ser estimados a partir de mudanças no excedente do produtor resultantes do aumento da renda

das outras entradas. Assim, neste exemplo, os lucros por área irá aumentar e este aumento pode ser

utilizado para estimar as vantagens de uma melhor qualidade da água de irrigação.

1.2 - Métodos de Mercado de Bens Substitutos

a) Métodos de Custos Defensivos ou Evitados, Custos de Reposição e Custo de Substituição 

Os Métodos de Custos Evitados, Custos de Reposição e Custo de Substituição são métodos

relacionados que ajudam a estimar os valores dos serviços dos ecossistemas com base, respectivamente,

na identificação dos custos para evitar danos ambientais devido aos serviços perdidos, os custos de

substituição dos serviços ambientais ou os custos da prestação de serviços substitutos.

Estes métodos assumem que os custos para evitar danos ou substituir ou repor os serviçosambientais fornecem estimativas úteis do valor desses ecossistemas ou serviços. Esta abordagem está

baseada no pressuposto de que, se as pessoas incorrem em custos para evitar os danos causados pela

perda de serviços ambientais, ou para substituir estes serviços, esses serviços devem valer pelo menos o

que as pessoas pagam para substituí-los. Assim, estes métodos são mais apropriadamente aplicados em

casos em que os danos ou os gastos de substituição ocorreram ou acontecerão.

Alguns exemplos de casos em que estes métodos podem ser aplicados incluem:

 

Valorar a melhoria na qualidade da água através da medição do custo de controle de emissões de

efluentes.

  Valorar os serviços de uma floresta para proteção contra erosão, medindo o custo de remoção de

sedimentos erodidos de áreas a jusante.

  Valorar os serviços de floresta tropical para purificação de água, medindo o custo de filtragem e

tratamento químico da água.

  Valorar serviços do mangues para proteção de tempestade medindo o custo de construção dos

muros de arrimo.

  Valorar os habitats dos peixes e dos serviços de berçário, medindo o custo de criação de peixes.

Situação hipotética 

O órgão ambiental está planejando restaurar algumas áreas de mangue degradadas, a fim de

melhorar a sua capacidade de proteger a área do entorno de inundações. A agência quer valorizar os

benefícios de uma melhor proteção contra inundações.

Por que usar este método?

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A escolha deste método teve influência nos objetivos pretendidos que era de proteger a área do

entorno de inundações e na limitação do orçamento disponível que não permite um estudo amplo de

avaliação, sendo assim, este método baseado nos custos pode ser o método mais fácil e menos

dispendioso de aplicar neste caso.

Aplicação dos métodos baseados nos custos. 

Etapa 1: 

Primeiramente devemos realizar uma avaliação ecológica dos serviços de proteção contra

inundações prestadas pelas áreas de mangue. Essa avaliação vai determinar o nível atual de proteção

contra enchentes e o nível esperado de proteção, no caso das áreas de mangue serem totalmente

restauradas.

Etapa 2: 

Esta etapa depende do método específico escolhido. O método de custo evitado danos pode ser

aplicado usando duas abordagens diferentes.

Uma abordagem é usar a informação sobre a proteção contra cheias obtido na primeira etapa para estimar

os danos ao patrimônio se ocorressem inundações. Neste caso, o pesquisador deve estimar, através de

valores monetários, os danos prováveis de propriedade, caso a área de mangue não esteja restaurada.

A segunda abordagem seria determinar se os proprietários da área do entorno do mangue

gastaram dinheiro para proteger suas propriedades da possibilidade de danos causados pelas

inundações, por exemplo, a compra de seguro adicional ou reforçando a estrutura dos imóveis. Estes

gastos de proteção seriam somados ao longo de todas as propriedades afetadas para fornecer uma

estimativa dos benefícios do aumento da proteção contra inundações. No entanto, não é de se esperar

que as duas estimativas produzam o mesmo resultado. Seria de esperar que, se os custos de prevenção

fossem menores que os possíveis danos, as pessoas iriam pagar para evitar esses danos.

O método do custo de reposição é aplicado para estimar os custos de substituição dos serviços

ambientais afetados. Neste caso, os serviços de proteção contra as enchentes podem não serem

totalmente substituídos, sendo assim este método não seria útil nesse caso. O método do custo de

substituição é aplicado para estimar os custos da prestação de um substituto para os serviços afetados.

Por exemplo, neste caso, um dique de contenção pode ser construído para proteger as propriedades

próximas das áreas de inundações. O pesquisador poderia assim estimar o custo de construção e

manutenção do dique. O pesquisador deveria também identificar se as pessoas estariam dispostas a

aceitar o dique no lugar de um mangue restaurado.

Como os resultados podem ser usados? 

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Os valores dos danos materiais evitados, ou da substituição da prestação de serviços de proteção

contra inundações fornecem estimativas dos benefícios da restauração das áreas de mangues para

proteção contra inundações, e podem ser comparados com os custos de restauração para determinar se

vale a pena restaurar os serviços de proteção contra as cheias.

b) Método de Custos de Controle

c) Método do Custo de Oportunidade

2) Métodos da Função da Demanda 

Os métodos de função de demanda admitem que a variação da disponibilidade do recurso

ambiental altera o nível de bem-estar das pessoas e, portanto, é possível identificar as medidas de

disposição a pagar (ou aceitar) das pessoas em relação a estas variações. Identificada a função de

demanda para o recurso ambiental, o valor econômico de uma variação de recurso ambiental é dado pelavariação do excedente do consumidor.

2.1 - Métodos de Bens Complementares

a) Método dos Preços Hedônicos (Preço Implícito)

O Método de Precificação Hedônica é usada para estimar valores econômicos por serviços

ecossistêmicos ou ambientais que afetam diretamente os preços de mercado. É mais comumente aplicado

a variação dos preços de habitação que refletem o valor dos atributos ambientais locais.

Ele pode ser usado para estimar os benefícios económicos ou os custos associados com:

  qualidade ambiental, incluindo a poluição do ar, da água, ou sonora

  amenidades ambientais, como visões estéticas ou proximidade a locais de lazer

A premissa básica do método de preços hedônicos é que o preço de um bem comercializado está

relacionado com as suas características, ou os serviços que presta. Por exemplo, o preço de um carro

reflete suas características: quantos passageiros transporta, conforto, estilo, luxo, economia de

combustível, etc Portanto, podemos valorizar determinadas características de um carro ou outro bem,

verificando a disposição das pessoas a pagar pelo carro quando determinada característica em análise

muda.

Situação hipotética: 

O interesse de verificar os benefícios da preservação de determinada área em uma região aonde

o desenvolvimento econômico vem ocupando cada vez mais o solo.

Por que usar o método de preços hedônicos? 

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Os preços das habitações na área indicam uma correlação entre a proximidade com a área

preservada e a valorização dos imóveis. Existem dados sobre as transações imobiliárias da região,

tornando essa abordagem menos dispendiosa.

Abordagens alternativas: 

Se a área aberta em questão é utilizada principalmente para o lazer, o método do custo de viagem

pode ser usado. Alternativamente, os métodos baseados em pesquisas, como a valoração contingente,

pode ser usado. No entanto, estes métodos geralmente seriam mais difíceis e despendiosos de aplicar.

Aplicação do Método de preços hedônicos: 

Etapa 1: 

A primeira etapa é coletar dados sobre as vendas dos imóveis residenciais na região por um

período de tempo específico (geralmente um ano). Os dados necessários são:

Preços e locais de venda dos imóveis residenciais;

  Características da propriedade que afetam os preços de venda, tais como tamanho do lote,

número e tamanho dos quartos, e número de banheiros;

  Características da vizinhança que afetam os preços de venda, tais como impostos sobre a

propriedade, taxas de criminalidade e disponibilidade e qualidade dos equipamentos públicos;

  Características de acessibilidade, tais como distâncias para trabalhar e centros comerciais, e

disponibilidade de transporte público;

  aracterísticas ambientais que afetam os preços.

Neste caso, a característica de preocupação ambiental é a proximidade para a área aberta. O

pesquisador pode coletar dados sobre a quantidade e o tipo de área aberta dentro de um determinado raio

de cada propriedade, e também pode observar se uma propriedade é diretamente adjacente a área

aberta. Muitas vezes, estes tipos de dados podem ser obtidos a partir de GIS baseado em computador

(sistemas de informação geográfica) mapas. Os dados sobre os preços das habitações e ascaracterísticas estão disponíveis em órgãos públicos locais entre outras fontes.

Etapa 2: 

Uma vez que os dados são recolhidos e compilados, o próximo passo é avaliar estatisticamente

uma função que relaciona os valores das propriedades com as características de cada propriedades,

incluindo a distância da área de interesse. A função resultante mede a parcela do preço da propriedade

que é atribuída a cada característica. Assim, o pesquisador pode estimar o valor de preservar a referida

área, olhando para a forma como varia o valor médio das propriedades de acordo com a mudança nas

características da área de interesse.

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Como é que podemos usar os resultados? 

Os resultados podem ser usados para avaliar os investimentos para preservação de determinada

amenidade ambiental. Por exemplo, as parcelas específicas podem estar sob consideração para a

proteção. A função de valor hedônica pode ser usada para determinar os benefícios de preservar cada

parcela, a qual pode então ser comparado com o custo.

b) Método do Custo de Viagem

O método do custo de viagem é usado para estimar valores de uso econômicos associados a

ecossistemas ou localidades que são utilizados para recreação.

O método pode ser usado para estimar os benefícios ou custos econômicos resultantes de:

  mudanças nos custos de acesso em um local de lazer

 

eliminação de um local de lazer existente

  criação de um novo local de lazer

  alterações na qualidade ambiental de um local de lazer

A premissa básica do método do custo de viagem é que o tempo e as despesas do custo de viagem

que as pessoas incorrem para visitar um local representa o "preço" de acesso ao local. Assim, a

disposição das pessoas em pagar para visitar o local pode ser estimado com base no número de viagens

que eles fazem em relação a variação dos custos de viagem. Isso é análogo a estimar a disposição das

pessoas para pagar por um bem comercializado com base na quantidade demandada a preços diferentes.

Situação hipotética: 

Uma área usada principalmente para a pesca recreativa está ameaçada pelo desenvolvimento na

área circundante. Poluição e outros impactos desse desenvolvimento podem destruir o habitat dos peixes

no local, resultando em um sério declínio, ou perda total, da capacidade da área para fornecer serviços de

pesca recreativa. Os órgãos ambientais desejam estimar o valor dos programas ou ações para proteger o

habitat dos peixes.Por que usar o método do custo de viagem? 

O método do custo de viagem foi selecionado neste caso por duas razões principais:

1. A área é importante para as pessoas como um local de lazer. Não existem espécies ameaçadas de

extinção ou endêmicas que afetariam os valores de não-uso para o local de maneira significativa.

2. Os gastos com projetos para proteger o local são relativamente baixos. Assim, usando um método

relativamente barato por sua fácil aplicação, como custo de viagem faz mais sentido.Abordagens alternativas:

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O Método da Valoração Contingente (MVC) poderia também ser utilizado neste caso. Embora

possam produzir estimativas mais precisas de valores para as características específicas do local e

também capturar os valores de não-uso, seria consideravelmente mais complicado e caro sua aplicação.

Opções de aplicação do Método do Custo de Viagem:

Existem várias maneiras de abordar o problema, usando variações do Método do Custo de Viagem.

Estes incluem:

  Uma abordagem simpes dos custos das viagens, usando principalmente dados secundários, com

alguns dados coletados dos visitantes.

  Uma abordagem dos custos das viagens individuais, usando um levantamento mais detalhado dos

visitantes.

 

Uma abordagem de utilidade aleatória usando pesquisa e outros dados, além de técnicasestatísticas.

Aplicação da abordagem do Custo de Viagem: 

O Método do Custo de Viagem é a abordagem mais simples e por isso mais barata de ser

aplicada. Através dele podemos estimar um valor para os serviços de lazer da área como um todo. Este

método não traduz facilmente o valor da área para uma mudança na qualidade do lazer no local, e pode

não considerar alguns dos fatores que podem ser importantes determinantes de valor.

O Método do Custo de Viagem é aplicado através da obenção de informações sobre o número de

visitas ao local oriundas de diferentes localidades e com isso provenientes de diferentes distâncias. O

custo de viagem e o tempo aumentam com a distância, esta informação permite ao pesquisador calcular o

número de visitas "comprados" em diferentes "preços." Esta informação é usada para construir a função

de demanda para o local, e estimar o excedente do consumidor, ou benefícios econômicos, para os

serviços de lazer do local.

Etapa 1: A primeira etapa é o de definir um conjunto de zonas circundantes ao local. Estes podem ser

definidos por círculos concêntricos em torno do local, ou por divisões geográficas com algum critério como,

por exemplo, as áreas metropolitanas ou municípios que cercam o local em diferentes distâncias.

Etapa 2: 

A segunda etapa é coletar informações sobre o número de visitantes de cada local, bem como o

número de visitas feitas no período passado. Para este exemplo, suponha que o pessoal no local mantém

registros do número de visitantes e seu código postal, que pode ser usado para calcular o total de visitas

por local ao longo do último ano.

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Etapa 3: 

A terceira etapa é calcular as taxas de visitação por 1000 habitantes em cada local. Isto é

simplesmente o total de visitas por ano a partir do local, dividido pela população do local em milhares. Um

exemplo é mostrado na tabela:

Etapa 4: 

A quarta etapa é calcular a distância média de viagem de ida e volta e o tempo de viagem entre o

local estudado e o local de origem do visitante de acordo com os círculos concêntricos previamente

definidos. Assuma que as pessoas do local 0 não tem distância e o tempo de viagem é nulo. Cada outro

local terá um aumento do tempo de viagem e de distância. Em seguida, utilizando o custo médio de

hora/km e tempo de viagem, o pesquisador pode calcular o custo de viagem de cada localidade. Um custo

padrão por quilômetro para conduzir um automóvel está prontamente disponível a partir de fontes.

Suponha que este custo por quilômetro é R$ 0,30. O custo do tempo é mais complicado, a abordagem

mais simples é usar o salário médio por hora. Suponha que ele é de R$ 9/hora, ou R$ 0,15/minuto, para

todas as localidades, embora, na prática, é provável que estes custos sejam diferentes por localidade. Os

cálculos são mostrados na tabela:

Etapa 5: 

A quinta etapa é calcular, utilizando análise de regressão, a equação que relaciona visitas per

capita a custos de viagem e outras variáveis importantes. A partir disso, o pesquisador pode estimar a

função de demanda para o visitante. Neste modelo simples, a análise pode incluir variáveis demográficas,

tais como idade, renda, sexo e níveis de ensino, utilizando-se os valores médios para cada localidade.

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Para manter o modelo mais simples possível, o cálculo da equação com apenas o custo de viagem e

visitas/1000 habitantes.

Visitas/1000hab. = 330-7,755 * C.

C = Custo de viagem

Etapa 6: 

A sexta etapa é a elaboração da função demanda por visitas ao local, utilizando os resultados da

análise de regressão. O primeiro ponto da curva de demanda é o total de visitantes do local de acordo

com os custos atuais de acesso (assumindo que não há taxa de ingresso para a localidade), que neste

exemplo é de 1600 visitas por ano. Os outros pontos são encontrados estimando o número de visitantes,

com diferentes taxas de entrada hipotéticas (assumindo que uma taxa de entrada é visto da mesma forma

como os custos de viagem).

Para efeitos do nosso exemplo, começamos assumindo uma taxa de entrada R$ 10 em nossa curva de

demanda, sendo assim o custo de viagem fica acrescido em R$10.

O número de visitantes 954 dado uma taxa de ingresso de R$10 nos dá um segundo ponto na curva de

demanda. Os demais pontos são dados a seguir:

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Passo 7: 

O passo final estimar o benefício económico total do local para os visitantes, calculando o

excedente do consumidor, ou seja, a área sob a curva de demanda. Isso resulta em uma estimativa total

de benefícios econômicos a partir de usos recreativos do local de cerca de R$ 23.000 por ano, ou cerca de

R$14,38 por visita (R$ 23 mil / 1600).

Como podemos usar os resultados? 

Lembre-se que o objetivo do órgão ambiental foi para decidir se vale a pena gastar dinheiro em

programas e ações para proteger o local de pesca recreativa. Se as ações custarem menos de R$ 23.000por ano, o custo será menor do que os benefícios oferecidos pelo local. Se os custos forem maiores, o

órgão ambiental terá que decidir se existem outros fatores que podem valer a pena manter o local para

pesca recrativa ou se outra atividade no local trará maior benefício social.

Aplicação da abordagem de custo de viagem individual: 

A abordagem do custo de viagem individual é semelhante à abordagem por localidade, mas usa

dados de pesquisa de visitantes individuais na análise estatística, ao invés de dados de cada local de

origem dos visitantes. Este método requer, portanto, mais a coleta de dados e uma análise um pouco mais

complicado, entretanto os resultados serão mais precisos.

Para o exemplo hipotético do local pesca recreativa, ao invés de simplesmente coletar informações

sobre o número de visitantes e seus códigos postais, o pesquisador realiza um levantamento dos

visitantes. A pesquisa pode pedir as seguintes informações:

  localização da casa do visitante - o quão longe eles viajaram para o local

 

quantas vezes eles visitaram o local durante o ano  a distância da viagem

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  a quantidade de tempo gasto no local

  despesas de viagem

  renda da pessoa ou outras informações sobre o valor do seu tempo

  outras características socioeconômicas do visitante

 

outros locais visitados durante a mesma viagem, e o tempo gasto em cada visita  outras razões para a viagem (é a viagem apenas para visitar o local, ou para diversas finalidades)

  sucesso de pesca no local (quantos peixes capturados em cada viagem)

  percepções da qualidade do meio ambiente ou a qualidade da pesca no local

Utilizando os dados da pesquisa, o pesquisador pode prosseguir de forma semelhante ao modelo de

localidade, por cálculo, utilizando a análise de regressão, a relação entre o número de deslocamentos e as

despesas de viagem e outras variáveis relevantes. Desta vez, o pesquisador usaria dados individuais, ao

invés de dados de cada local de origem. A equação de regressão nos dá a função de demanda para o

visitante "médio" para o local, e a área abaixo dessa curva de demanda dá o excedente do consumidor

médio. Este é multiplicado pelo total de população relevante (a população da região de origem dos

visitantes) para estimar o excedente do consumo total para o local.

Porque foram coletados dados adicionais sobre os visitantes, locais alternativos, e qualidade do local,

as estimativas de valor pode ser melhor ajustadas, adicionando esses outros fatores para o modelo

estatístico. Incluindo informações sobre a qualidade do local permite ao pesquisador estimar a mudança

no valor do local, no caso de mudanças na qualidade. Para fazer isso, duas curvas de demanda diferentes

seriam estimadas, uma para cada nível de qualidade. A área entre as duas curvas é a estimativa da

mudança no excedente do consumidor quando dado as mudanças na qualidade.

Aplicação da abordagem de utilidade aleatória: 

A abordagem de utilidade aleatória é a mais complicada e cara das abordagens de custos de

viagens. É também o "estado da arte" das abordagem, pois permite muito mais flexibilidade no cálculo dos

benefícios. É a melhor abordagem a ser usada para estimar os benefícios para características específicas,ao invés de adotar a localidade recreacional como um todo. Também é a abordagem mais apropriada

quando existem muitas áreas recreacionais substitutas.

No exemplo, a agência pode querer valorizar as perdas econômicas da diminuição das

populações de peixes, em vez da perda de todo o estoque de peixes. A abordagem de utilidade aleatória

seria a melhor maneira de fazer isso, porque se concentra em escolhas entre os locais alternativos, que

têm características diferentes de qualidade.

A abordagem de utilidade aleatória assume que as pessoas vão escolher o local que eles

preferem, de todos os locais de pesca possíveis. Indivíduos fazem compensações entre a qualidade do

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local e o preço das viagens para cada local. Assim, este modelo requer informações sobre todos os

possíveis locais que o visitante pode selecionar, as suas características de qualidade e os custos de

viagens para cada um.

Para o exemplo, o pesquisador pode realizar uma pesquisa por telefone com moradores

selecionados aleatoriamente do estado. A pesquisa seria perguntar-lhes se eles vão pescar ou não. Se

eles fizerem isso, seria então fazer uma série de perguntas sobre quantas viagens de pesca que fez no

ano passado (ou época), para onde eles foram, a distância para cada local, e outras informações

semelhantes às informações coletadas em nossa pesquisa com a abordagem do custo de viagem

individual. A pesquisa também pode fazer perguntas sobre as espécies de peixes de interesse em cada

viagem, e quantos peixes foram capturados.

Usando essas informações, o pesquisador pode estimar um modelo estatístico que pode prever

tanto a escolha de ir pescar ou não, e os fatores que determinam qual o local está selecionado. Se as

características do local referentes a qualidade estão incluídos, o modelo pode facilmente estimar valores

para alterações na qualidade do local, por exemplo, as perdas econômicas causadas por uma diminuição

nas taxas de captura no local.

2.2 - Método da Valoração Contingente

Método de valoração contingente ( MVC ) é usado para estimar valores econômicos para todos os

tipos de recursos ambientais. Ele pode ser utilizado para estimar os valores tanto para uso e não uso, e é

o método mais utilizado para estimar os valores de não uso.

O MVC envolve perguntar diretamente as pessoas, em uma pesquisa, o quanto eles estariam

dispostos a pagar ou receber por serviços ambientais específicos. Ele é chamado de valoração

contingente, porque as pessoas são convidadas a indicar a sua disponibilidade para pagar ou receber,

dependendo de um cenário hipotético específico com descrição do serviço ambiental.

O MVC é um método de preferência declarada, porque ele pede às pessoas para indicar

diretamente seus valores, ao invés de inferir valores de opções reais, como os métodos de preferênciarevelada fazem. O fato de o MVC ser baseado no que as pessoas dizem que fazem, ao contrário do que

as pessoas são observadas fazendo é a principal característica a favor e contra.

A valoração contingente é uma das únicas maneiras de atribuir valores para valores de não- uso

dos recursos ambientais. Os valores de não-uso não envolvem compras no mercado ou participação

direta. Estes valores são por vezes referido como valor de uso passivo. Eles incluem tudo, desde as

funções de suporte básico da vida associados com a saúde do ecossistema e da biodiversidade, até a

amênidade de uma vista panorâmica ou uma experiência de deserto, para apreciar a observação de

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pássaros no futuro, ou o direito de herança as opções para as futuras gerações. Ele também inclui o valor

que as pessoas atribuem em simplesmente saber que determinadas espécies existem.

É claro que as pessoas estão dispostas a pagar pelo o não-uso dos benefícios ambientais. No

entanto, esses benefícios são susceptíveis de ser implicitamente tratado como custo (preço) zero a menos

que seu valor seja de alguma forma estimado. Então, quanto será que eles valem? Como as pessoas não

revelam a sua vontade de pagar por eles através das suas compras ou pelo seu comportamento, a única

opção para estimar um valor é perguntando.

No entanto, o fato de que o MVC é baseado em perguntar às pessoas, ao invés de observar seu

comportamento real, é fonte de grande controvérsia. Os problemas conceituais, empíricas e práticas

associadas ao desenvolvimento de estimativas de valor econômico, com base em como as pessoas

respondem a perguntas hipotéticas sobre situações hipotéticas de mercado são debatidos constantemente

na literatura econômica.

Cenário hipotético: 

Uma área em terras públicas fornece um ecossistema importante para várias espécies da fauna e

da flora. Um agente econômico deve decidir sobre a emissão de um contrato de arrendamento para a

mineração no local . Assim, deve pesar o valor do arrendamento de mineração em relação aos benefícios

habitat da fauna e flora nativa que podem ser perdidos se o a área sofrer os impactos da mineração.

Como a área é remota, poucas pessoas visitam, ou conhecem os seres vivos que dependem deste

habitat. Portanto, os valores de não-uso são o maior componente do valor para a preservação do local.

Por que usar o Método de Valoração Contingente?

O método de valoração contingente foi selecionado neste caso por causa da importância dos

valores de não-uso, e os seus níveis potencialmente significativos.

Aplicação do Método de Valoração Contingente:

Etapa 1: 

A primeira etapa consiste em definir o problema de avaliação. Isso inclui determinar exatamente

quais os serviços que estão sendo avaliados, e quem é a população relevante. Neste caso, o recurso a ser

valorizado é uma área específica e os serviços que presta - principalmente habitat da fauna e flora nativa.

Sendo esta área propriedade do Estado, a população relevante seria todos os cidadãos do país.

Etapa 2: 

O segunda etapa é tomar decisões preliminares sobre a própria pesquisa, inclusive como ela será

conduzida por e-mail, telefone ou pessoalmente, o tamanho da amostra necessária, perfil do público alvo e

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outras questões relacionadas a pesquisa. As respostas dependerão, entre outras coisas, da importância

da questão de avaliação, a complexidade das pergunta, e o tamanho do orçamento de pesquisa.

Entrevistas pessoais são geralmente os meios mais eficazes para questões complexas, porque

muitas vezes é mais fácil explicar as informações básicas necessárias para os entrevistados

pessoalmente, e as pessoas estão mais propensas a completar uma pesquisa extensa quando são

entrevistados pessoalmente. Em alguns casos, podem ser apresentados recursos visuais, como vídeos ou

fotografias para ajudar os participantes entender as condições do cenário que estão valorando.

Neste caso hipotético, os pesquisadores decidiram realizar um levantamento de correio, porque

querem examinar uma grande amostra, dispersa ao longo do país, e estão fazendo perguntas sobre uma

área específica e os seus benefícios, que devem ser relativamente fáceis de descrever em um pequeno

texto.

Etapa 3: 

A próxima etapa é o projeto de pesquisa. Esta é a parte mais importante e difícil do processo.O

processo de design de pesquisa geralmente começa com entrevistas iniciais para poder calibrar a

pesquisa de acordo com as especificidades locais. No início da pesquisa, os pesquisadores fazem

perguntas gerais para um pequeno grupo, incluindo questões sobre a compreensão das questões

relacionadas com a área, procurando saber se a população local está familiarizada com sua área e sua

biodiversidade e como eles valorizam estas características e os serviços que o ecossistema proporciona.

Com a calibragem os pesquisadores chegaram a um ponto onde eles têm uma idéia de como

fornecer informações básicas, descrever o cenário hipotético, e fazer a pergunta sobre a valoração. Assim,

os pesquisadores continuam este processo até que eles desenvolvam uma pesquisa na qual as pessoas

parecem compreender e responder de uma maneira que faz sentido e revela seus valores para os

serviços da localidade.

Etapa 4: 

A etapa seguinte é a aplicação da pesquisa completa. A primeira tarefa é selecionar a amostra da

pesquisa, esta deve ser uma amostra aleatória da população relevante, usando métodos de amostragem

estatística.

Etapa 5: 

Finalmente, a última etapa é compilar , analisar e relatar os resultados. Os dados devem ser

digitados e analisados utilizando técnicas estatísticas adequadas para cada tipo de questão. Na análise

dos dados , os pesquisadores também tentam identificar quaisquer respostas que não expressem o valordo entrevistado para os serviços do ecossistema.

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Como é que podemos usar os resultados? 

A partir da análise, os pesquisadores podem estimar o valor médio para um indivíduo ou para uso

doméstico na amostra, e assim extrapolar para população relevante, a fim de calcular os benefícios totais

a partir do local. Por exemplo, se eles acham que a disposição média a pagar é R$ 0,10 per capita, os

benefícios totais para todos os cidadãos, seria de R$ 20 milhões.

REFERÊNCIA

Valoração Econômica do Meio Ambiente. Disponível em:http://www.economiadomeioambiente.com.br/servi%C3%A7os/valora%C3%A7%C3%A3o-economica-do-meio-ambiente. Acesso: 24.09.2015