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LITERÁRIO, SEM FRESCURAS! Escritores brasileiros na Suíça e no Brasil. ANO 2 - EDIÇÃO NO. 3

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Varal do Brasil. Literária, sem frescuras! A revista que você recebe por e-mail em PDF.

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LITERÁRIO, SEM FRESCURAS!

Escritores brasileiros na Suíça e no Brasil.

ANO 2 - EDIÇÃO NO. 3

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VARAL DO BRASIL Literário, sem frescuras

Genebra, primavera /verão de 2010

Ano 2—No. 3

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EXPEDIENTE Revista Literária VARAL DO BRASIL

No. 3 — Genebra — CH

Copyright © Vários autores

O Varal do Brasil é promovido, organizado e divulgado pelo site: www.coracional.com

Site do Varal: www.varadobrasil.ch

Textos: Vários Autores

Ilustrações: Vários Autores

Revisão parcial de cada autor.

Revisão Geral: Varal do Brasil

Composição e diagramação: Jacqueline Aisenman

A distribuição ecológica, por email, é gratuita.

Se você deseja participar do Varal do Brasil no. 04, envie seus textos até 05 de julho de 2010 para [email protected]

A participação é gratuita. Participe!

Desde novembro do ano passado, quando iniciamos o projeto de realizar o VARAL, ficou claro que esta não seria uma revista literária como as outras. Por que?

Porque fica difícil falar de literatura, apre-sentar novos e consagrados escritores, sem falar de outros assuntos, sem trazer os aspectos culturais dos dois países en-volvidos neste projeto.

Literária, sem frescuras. Assim definiu-se a revista e assim está crescendo. Neste número são 40 escritores selecionados e mais diversos artigos. Um grande passo diante do tímido número zero de novem-bro.

E o caminho que estamos trilhando de for-ma vitoriosa tem nele plantadas as flores dos poetas, as sementes dos cronistas e contistas que aqui conosco vem fazendo a caminhada.

Verso e prosa, prosa e verso, somos todos escritores. Escrevemos a vida a cada dia, cada um da sua forma. E é o que faz a ri-queza do VARAL DO BRASIL: o encontro nas diferenças.

Obrigada escritores, obrigada leitores. Com vocês e por vocês aqui estamos com mais um número e com certeza futuramen-te com muitos outros!

Até!

Jacqueline Aisenman

Genebra

Jacqueline A

isenman

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Alessa B. - Versos Perturbados

Amarilis Pazini Aires - Amar como a primeira vez

Angela Costa - Poema Etílico

Ana Anaissi - As velhinhas caroneiras

Andre Luis Aquino - Os amantes do círculo polar

Antonio Vendramini Neto - Os sapatos do Valdemar

Carlos Eduardo Marcos Bonfá - Silêncio

Chajafreidafelkstein - Passarinhos

Clarice Villac - Calendário

Cristiane Stankovick - Rotina

Dimmytrius - Meu Brasil Brasileiro

Eurico de Andrade. Bembem padece de amor

Fabrício Couto Martins - Alma escura

Gilberto Nogueira de Oliveira - Esperança

Gustavo H. Bella - Aceito a noite longa

Infeto - Simples assim

Jaci Santana - Signos

Jacqueline Aisenman - Gosto

Jania de Souza - Falando de Amor

José Carlos P. Bruno - Contubérnio

José Genário Machado - A fuga do caranguejo

Ju Virginiana - E o amor acontece

Lariel Frota - Rosas azuis

Maíra Cortez Galhardo - Chão

Marcelo de Oliveira Souza - Escrito nas estrelas

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Márcio José Rodrigues - Os companheiros

Marília Kosby - A terra prometida

Matheus Paz - Greve sustentável

Oswaldo Begiato - Mundo da lua

Renata Iacovino - Poesia falada

Renata Gomes de Farias - Metrópole

Rosane Magaly Martins - Risco Iminente

Sonia Alcalde - As mães sem nome

Suziley Silva- O pai das telecomunicações

Thiago Maerki - Desafogue a si mesmo

Valdeck Almeida de Jesus - Sou louco

Valquíria Gesqui Malagoli - Regresso

Varenka de Fátima - Dulce Schwabacher

Vicência Jaguaribe - A lua sobre as árvores

Vó Fia - Desejos

Walnélia Corrêa Pederneiras - Paulo Freire

LEIA TAMBÉM NESTE NÙMERO:

O Sistema educacional suíço

Culinária suíça e brasiliera

Festas juninas

A língua portuguesa e o regionalismo

Cantões suíços

Vocabulário gaúcho e

… mais ainda!

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PARTICIPAÇÃO NO VARAL NO. 4

Envie seus textos para o e-mail [email protected] em formato Word (não serão aceitos textos colados aos emails) .

Envie uma biografia breve acompanhada de uma ou duas fotos e dados para conta-to (email, blog, site, etc.). Se usar pseudô-nimo e não desejar que seu nome verda-deiro seja colocado no Varal ou no site, envie uma biografia do seu pseudônimo. Não serão aceitas biografias e fotos Incor-poradas aos emails, apenas em anexo.

Será escolhido apenas um texto de cada autor sendo:

- poemas de no máximo duas páginas contendo 20 linhas;

- contos e crônicas com um máximo de três páginas de 25 linhas;

- os envios deverão ser feitos até o dia 05 de JULHO (todo texto que chegar após esta data será observado automaticamen-te para o Varal no. 5).

- será dada a prioridade aos que envia-rem com maior antecedência.

NOSSOS CONVIDADOS ESPECIAIS:

Cora Coralina

Francisca Júlia

Manuel Bandeira

Nélida Piñon

Oswald de Andrade

Vinícius de Moraes

“Como poucos, eu conheci as lutas e as tempestades. Como poucos, eu amei a

palavra liberdade e por ela briguei.”

Oswald de Andrade

"O que importa na vida não é o ponto de partida, mas a

caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher!"

Cora Coralina

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HOSPITAL DE LAGUNA

Faça do Hospital de Laguna a sua causa, colabore! www.hospitallaguna.com

PROJETO LUZ

Ilumine esta idéia! Como você deseja que o Hospital de Laguna seja? Bom? Muito bom? Ótimo? Qual o seu desejo? Com quanto você pode contribuir, na sua conta de luz, para o Hospital ser assim, do jeito que você quer? Você pode!

O prêmio maior é a vida. Com certeza o seu maior desejo!

CARTÃO DE BENEFÍCIOS

O Cartão de Benefícios proporciona a usu-ários e dependentes descontos nos servi-ços de internação e de urgência/emergência oferecidos pelo Hospital de Laguna e pela rede de estabelecimentos e profissionais credenciados (visite no site o link do Cartão de Benefícios). Os descon-tos variam de 10 a 50%, podendo chegar a 90% nas farmácias. procure o representan-te do hospital no horário comercial.

TORNE-SE UM ASSOCIADO

Para tornar-se um associado do hospital, basta preencher o formulário que se en-contra no site e encaminhá-lo à direção do hospital. O valor da mensalidade e de ape-nas R$ 10,00.

Todo associado poderá usufruir das vanta-gens do cartão de benefícios sem paga-mento adicional.

POEMINHA AMOROSO

Cora Coralina

Este é um poema de amor tão meigo, tão terno, tão teu...

É uma oferenda aos teus momentos de luta e de brisa e de céu...

E eu, quero te servir a poesia

numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo. Talvez tu possas entender o meu a-

mor. Mas se isso não acontecer,

não importa. Já está declarado e estampado

nas linhas e entrelinhas deste pequeno poema,

o verso; o tão famoso e inesperado verso que

te deixará pasmo, surpreso, perplexo... eu te amo, perdoa-me, eu te amo...

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PAULO FREIRE

Por Walnélia Corrêa Pederneiras

Lá fora,algumas lindas pessoas plantam árvores em terrenos

até então, sujos e abandonados... Nas Escolas resgatam mensagens transmitidas por sábios educadores

Nas livraria, jornais,revistas e TV alerta e orientação,louvor à Educação

Toda palavra conscientizada

Paz profunda elaborada tem eco,tem sonoridade.

Paulo Freire agora,

abecedário em rosário...

W alnélia Corrêa Pederneiras – catarinense, reside em Florianópolis/SC. Formada em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pro-

fessora de Yoga e Meditação. Escreve desde menina. Participou das Antologias: "Poesia do Brasil" Bento Gonçalves RS (volumes 4,6,7,8,9,10), "Poeta mostra a tua cara" (volume 5), Poetas do Café (volume 3), Poe-mas à Flor da Pele (volumes 1 e 2), Poetas del Mundo em Poesia (volume 1), Anto-logia Escritores Brasileiros...e autores em Língua Portuguesa -Vitória da Conquista-Bahia (volumes 6 e 7), Poetas En/Cena -Belô Poético (volumes 1, 2 e 3). É Cônsul de "Poetas del Mundo" em Florianópolis-SC. Membro da Academia Poçoense de Letras,ocupante da Cadeira número 43-Poções-Bahia-Brasil Escreve nos sites: Recanto das Letras:http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=28134 Usina de Letras:http://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.php?user=walnelia Apolo – Academia Poçoense de Letras: http://www.apoloacademiadeletras.com.br/ Varal do Brasil – Literário, sem frescuras – http://www.varaldobrasil.ch

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A ESTRELA Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia. Era uma estrela tão alta! Era uma estrela tão fria! Era uma estrela sozinha Luzindo no fim do dia. Por que da sua distância Para a minha companhia Não baixava aquela estrela? Por que tão alta luzia? E ouvi-a na sombra funda Responder que assim fazia Para dar uma esperança Mais triste ao fim do meu dia.

O IMPOSSÍVEL CARINHO Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo Quero apenas contar-te a minha ternura Ah se em troca de tanta felicidade que me dás Eu te pudesse repor - Eu soubesse repor - No coração despedaçado As mais puras alegrias de tua infância!

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DESEJOS Por Vó Fia Antigamente acreditava-se que as mulheres grávidas tinham que serem atendidas em todos os seus desejos, por mais estranhos que pudessem parecer e as senhoras usavam e abusavam desse suposto direito, os coitados dos maridos se viravam em dois para atender a todos os pedi-dos indiferentes ao horário ou ao estado do tempo; era uma loucura, e ninguém se queixava por medo das línguas das fofoqueiras de plantão e as exigências cresciam na mesma medida das barrigas. Era um horror. Todas as mulheres daquele tempo ao engravidar, passavam a infernizar a vida de seus maridos com seus pedidos absurdos. Algumas se conten-tavam com comidas, doces e frutas diferentes, mas outras descontentes com as agruras da gravidez abusavam e exageravam ao extremo com seus pedidos, era uma forma de vingança disfarçada contra os maridos que levavam sempre a melhor parte da procriação. E para agravar o pro-blema, ainda havia as sogras, sempre prontas a dar mão forte as filhas se os genros se negassem a atendê-las. E as historias mais absurdas aconteciam por causa dessa crendice, mas dona Hermínia era a campeã desses desejos difíceis e estranhos e seu marido, o pacifico e bem intencionado seu Lucas, jamais se queixava e atendia prontamente a todos eles; certa vez caiu uma chuva violenta em toda a região, e a enchente tomou conta dos cursos de água daqueles lados, mas dona Hermínia resolveu se desesperar de desejo de comer uma goiaba que estava no alto de uma goiabeira, mas estar no alto era o menor dos problemas. O pior era que a casa estava de um lado e a goiabeira do outro de um ribeirão, que no momento se transformara em caudaloso rio por causa da enchente, mas ela não podia esperar que as águas baixassem e seu Luas foi obrigado a se arriscar nadando até a tal goiabeira. Quando vol-tou, exausto e triunfante com a cobiçada goiaba nas mãos, ela estava se sentindo mal e se recusou a comê-la. Mas pior foram alguns dias depois quando a dona teve um novo desejo e disse ao paciente marido: Lucas eu estou com um desejo enorme de comer um pedaço da barriga de sua perna, só um pedacinho, bem. Pela primeira vez seu Lucas se zangou e gritou: essa historia de desejo já foi longe demais, você não vai comer pedacinho nenhum de minha perna sua canibal, e de hoje em diante vou dormir no quarto de hóspe-des para não ser mordido durante a noite. E por minha conta você nunca mais fica grávida, contente-se com os filhos que já tem sua maluca. Os meses se passaram, a esperada criança nasceu e seu Luas continuava ocupando o quarto de hóspedes. Mas o tempo é um santo remédio para tudo, ele voltou para o quarto de casal e ainda tiveram mais quatro filhos. Dizem as más línguas que na perna dele faltam quatro pedacinhos.

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A LUA SOBRE AS ÀRVORES

Por Vicência Jaguaribe

A lua pairando

Sobre as árvores.

A lua pairando

Sobre os prédios.

A lua mais alta do que

Meu amor e meus desejos

Meus medos e minhas frustrações

Minha ansiedade e minha angústia

Minha solidão e minhas decepções.

A lua em sua distância, bela e inacessível.

E eu a chamá-la, a esperá-la.

- Ela virá?

- Não.

A distância é grande

E o único ônibus da linha

Acaba de sofrer uma avaria.

E pensar que, um dia,

Eu já a tive quase à mão

E perdi-a,

Num cochilo fora de hora!

Foto de Vicência Jaguarribe

Vicência (Maria Freitas) Jaguari-

be é cearense. Nasceu em Jaguarua-na, em 07/08/1948. Formada em Le-tras, com Mestrado em Literatura Bra-sileira, é professora da Universidade Estadual do Ceará, onde, por muitos anos, ensinou Literatura Infanto-Juvenil. Escreve para criança e adultos – crônicas, contos e poemas. Publica seus textos nos seguintes endereços eletrônicos: http://palavraengenhosa.blogspot.com (Blog por ela administrado.) www.republicadosautores.com.br http://singrandohorizontes.blogspot.co http://www.conexaomaringa.com www.varaldobrasil.ch

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DULCE SCHWABACHER

Por Varenka de Fátima

A escola de teatro em tempos idos,gloriosa! Continua com a mesma fama, não mu-dara quase nada,a escola está situada no bairro do Canela no centro de Salvador. Apenas uma modificação na estrutura dentro do teatro e aumentaram com a cons-trução do pavilhão de aulas ao lado do teatro.

A tarde estava agradável e morna. Eu sentei num banco do pátio da escola,olhei para as árvores e comecei a meditar no rumo inesperado que minha vida tinha to-mado.

Depois de dezoito anos afastada, trabalhei em belas artes e na escola de dança e agora estava na minha escola de teatro,onde estudei, lembrei dos colegas e profes-sores e das aulas de improvisações. Mas,jamais esquecerei das aulas da professo-ra Dulce Schwbacher. Uma mulher de pequeníssima estatura, respeitada e reco-nhecida pelo seu talento na sua convicção de que tudo é possível e viável. Quando estava passando seus ensinamentos, todos alunos atentos para aprendermos,pois suas técnicas eram transmitidas artesanalmente.Como professora de maquia-gem,sabia fazer as tintas para transformar os alunos em vários personagens.

Fiquei de imediato encantada pelas aulas e sentava na frente do espelho e desaba-fei.

- Professora Dulce, tenho pavor de ficar velha.

A professora lentamente aproximou e perguntou.

- Quantos anos você tem?

- Tenho 25 anos.

A professora não conteve o sorriso.

- Então vou fazer uma maquiagem e vai ficar com 80 anos.

- Primeiro franzir a sua testa, para que eu possa pas-sar o lápis preto nas rugas feita na testa e no canto dos olhos.

- Agora dê um leve sorriso, para passar o lápis preto nas rugas do canto da boca,em seguida passou uma base mais clara do que a mi-nha pele e esfumaçou.

A professora Dulce ordenou em seguida:

- Olhe para baixo,vou passar uma tinta branca nos cílios e no seus cabelos, ok.

Vamos levante os olhos

- Oh! Estou com 80 anos.

Foto S

.A.

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Depois das aulas conversávamos e ficamos amigas.

Quando a adorável Dulce se aposentou disse:

- Estou passando minhas ferramentas para a minha aluna predileta.

- Mas, professora, fico feliz, obrigada.

Durante anos, fomos aos domingos para a missa na igreja da Vitória,foram tardes inesquecíveis.Os anos passaram com o tempo as marcas irreversíveis.

De súbito, Dulce foi acometida de um infarto e silenciou eternamente.

Para acalentar o meu coração, passo os ensinamentos que minha doce Dulce me ensinou, como forma de gratidão. Na certeza que vivemos na fronteira e que pode-mos partir a qualquer momento.

V arenka de Fátima Araújo reside em Salvador-Bahia. Formada em Direção teatral pela Universidade Federal da Bahia, cursou licenciatura em Desenho na Es-cola de Belas Artes da UFBA É figurinista da Escola de Teatro da UFBA. Professora de teatro aqui e em 1984 no Panamá. Atriz, maquiadora e figurinista de varias pe-ças de teatro. Participou do livro Ecos Machadianos, coletânea verso e prosa, teve participação com a poesia Salvador no Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus. Teve duas poesias na Antologia Delicatta IV prosa e verso, Poeta, Mostra Tua Cara e Coletânea Eldorado é colaboradora da revista Artpoesia e Minirevista Contando e Poetizando de Marcos Toledo é membro do grupo Poetas Del Mundo e Luso Poe-mas. Na antologia Mãos que falam, ficou na nona colocação com a poesia Tempo de Espera. Teve três poemas no livro GACBA.

Celeiro dos Escritores:

http://galerialiteraria.celeirodeescritores.org/perfil.asp?at=varenka

Poetas Del Mundo:

http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_america.asp?ID=6036

Luso Poemas: http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/index.php?uid=9120

Contato: [email protected]

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REGRESSO

Por Valquíria Gesqui Malagoli

Perguntaste a mim,

que meus pés molhava

neste mar sem fim,

para o que eu olhava...

Eu, ah, olhava ao longe

sem pensar em nada,

imitando um monge

de vista ilibada.

(– Que descanso imenso

mora onde eu não penso!)

Só fui retornar

porque me chamaste,

e ao que perguntaste,

respondi: “pro mar!”

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V alquíria Gesqui Malagoli , Jundiaiense, Presidente da Academia Femi-nina de Letras e Artes de Jundiaí (2010-2012) e membro de diversas en-tidades culturais.

Articulista do Jornal de Jundiaí Regional, colabora também com outros veículos.

Autora de: Versos versus Versos (2005) e Testamento (2008) – poesias; O presen-te de grego (2009) – romance infanto-juvenil.

Em coautoria com Renata Iacovino, lançou Missivas (2006 – parceria poética), e OLHAR DIverso – haicaimagético (2009), além dos infantis uniVerso enCantado (2007 – livro/CD) e De grão em grão (2008 – CD).

Juntas, realizam oficinas, saraus e atividades afins; desenvolveram e mantêm des-de 2009 a CircuitoTeca, biblioteca itinerante sem fins lucrativos. Com Josyanne Rita de Arruda Franco, criaram o jornal literário de distribuição gratuita CAJU.

www.valquiriamalagoli.com.br

vmalagoli.blog.uol.com.br

reval.nafoto.net

[email protected]

caju.valquiriamalagoli.com.br

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SOU LOUCO

Por Valdeck de Almeida Jesus

Quero transformar:

A mentira e a traição em confiança;

Louco para fazer da fome, mesa farta;

Da indiferença, atenção;

Sou louco para fazer da roubalheira,

Divisão igualitária de riquezas;

Da corrupção, compaixão;

Sou louco para fazer da violência,

Equilíbrio social;

Sonho em fazer do frio, abrigo;

Do aborto, um abraço afetivo;

Sou louco para fazer do desamor,

Carícia;

E da ganância, solidariedade.

Só assim teremos paz!

V aldeck Almeida de Jesus, 43, jornalista, funcionário público, edi-tor de livros e palestrante. Membro correspondente da Academia de Le-tras de Jequié e efetivo da União Bra-sileira de Escritores. Embaixador Uni-versal da Paz.. Publicou os livros Memorial do Inferno: a saga da família Almeida no Jardim do Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Val-deck é Prosa e Vanise é Poesia, 30 Anos de Poesia, Heartache Poems, dentre outros, e participa de mais de 60 antologias. Organiza e patrocina o Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, desde 2005, o qual já lançou mais de 600 poetas.

Site: www.galinhapulando.com E-mail: [email protected]

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DESAFOGUE A SI MESMO Por Thiago Maerki

Marquei um encontro Em um café qualquer Sentei a frente de mim mesmo E comecei a questionar-me Tentei disfarçar Mas o outro eu Sabia tudo sobre mim Coisas que nem mesmo eu conhecia Ou conhecia E não estava claro Percebi então que muitas vezes não somos nós E nos escondemos de nós mesmos É sempre bom encontrar-se Consigo mesmo E perguntar: Quem sou eu? A resposta virá de você mesmo Não procure externamente Respostas para suas questões interiores Cave seu ser Achegue-se às águas profundas Sinta o manancial E desafogue a si mesmo

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CRÔNICA, CONTO, ROMANCE, NOVELA... Um artigo de Airo Zamoner Transcrito do site http://www.protexto.com.br/ Todos nós, autores novos e não tão novos, vez por outra, sentimos imensas dúvidas para enquadrar em um desses gêneros e sub-gêneros, nossa criação literária. É bom não esquecer o interminável debate que remonta à República de Platão e que deságua hoje num certo consenso sobre a existência de dois gêneros, poesia e prosa, seguido de subdivisões, como poesia lírica, épica por um lado, e conto, nove-la e romance por outro. Os especialistas no assunto, e é bom esclarecer que não sou um deles, tentam ex-plicar tudo isso. A gente lê, relê e acaba ficando com as mesmas interrogações. Nesse artigo posso perturbar o academicismo dos especialistas, mas pretendo dar minha visão como escritor, de forma objetiva, prática e principalmente didática, arris-cando sofrer a crítica que me mostrará as imensas teses, tratados, ensaios sobre cada um desses gêneros. Provavelmente dirão: "Que pretensioso esse escritorzinho, hein?". Assim mesmo, revolvi correr o risco e me antecipar à crítica. Meu endereço está disponível e prometo responder educadamente a todos. Se consultarmos algum dicionário de termos literários, teremos algo assim: Crônica, vem do Grego, krónos, que significa "tempo" e do Latim, annum, ano, ou ânua, significando, "anais". Poesia também do Grego, poíesis, que quer dizer, "ação de criar alguma coisa". Conto, do Latim computum, ou seja, "cálculo, conta", ou do Grego kóntos, "extremidade da lança", ou commentum, "invenção, ficção". Romance, do Latim romanice, que quer dizer, "em língua românica". Poema, do Grego, poiema, significando "o que se faz". Novela, do Latim, novellam, ou seja:, "nova É... por aí, não vamos poder ter grandes esclarecimentos... Vamos aglutinar alguns termos para simplificar a variedade em três: 1. Poesia, poema 2. Crônica 3. Conto, novela, romance, poesia, poema Poesia, poema Se consultarmos Octavio Paz, El Arco y la Lira, 1956 p.14, encontramos sobre Poe-ma: a afirmação, "um organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia" Massaud Moises em seu fabuloso Dicionário de Termos Literários, afirma: "Assumida ortodoxalmente, a conexão entre poema e poesia implicaria um juízo de valor, ainda que de primeiro grau: todo poema encerraria poesia, e vice-versa." E mais adiante: "...existem poemas sem poesia, e a poesia pode surgir no âmbito de um romance ou de um conto". Acho mais esclarecedor o que Jean Cohen em sua Structure du language poétique, 1966, p.207, afirma: "...precisamente uma técnica linguística de produção dum tipo de consciência que o espetáculo do mundo não produz ordinariamente". Claro que essas citações ajudam muito pouco. Vamos tentar mais praticidade e ser menos acadêmicos.

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Em primeiro lugar devemos compreender que a questão formal não caracteriza a poesia. Fazer versos não é fazer poesia. Aristóteles já alertava que o uso do verso não torna ninguém um poeta. Em segundo lugar, poemas e poesias se-rão reconhecidos pelos seguintes fatores: 1. Um poema ou poesia é carente de lógi-ca, pois seu conteúdo tem que ser intrin-secamente, as emoções do "eu" 2. Não existe relação passado, presente, futuro. Existe unicamente um presente eterno. Daí ser possível reconhecer um poema, poesia pelo turbilhão de metáfo-ras. Metáforas intercaladas num círculo vicioso, onde a palavra do final volta para a palavra inicial. 3. Não existe narração num poema ou po-esia. Numa poesia não há fatos, e sim es-tados. Não há enredo. Deve conter as si-tuações que povoam o "eu" do poeta, um ser solitário e conflituoso. Resumindo: vamos reconhecer uma poe-sia, ou um poema, não pela presença de versificação mas sim se: 1. Não obedecer à lógica formal 2. Contiver as emoções do "eu" do autor 3. Não for cronológico 4. Não contiver narrativa Conto, novela, romance Acho que a primeira coisa que devemos tirar da cabeça é aquela história de que a diferença entre esses três gêneros é a quantidade, ou seja, o conto é curto, a no-vela, mais ou menos, e o romance é lon-go. Nada disso é verdadeiro. Existem no-velas maiores que romances e contos maiores que novelas. Onde está a diferença? Gosto muito do conceito de unidade dra-mática, ensinado pelo eminente doutor em literatura, Professor Vicente Ataíde, que denominamos de "Célula Dramáti-ca" e que passo a utilizar para uma boa compreensão do assunto.

O Conto contém apenas um único dra-ma, um só conflito. Esse drama único pode ser chamado de "célula dramáti-ca". Uma célula dramática contém uma só ação, uma só história. Um conto é um relâmpago na vida dos persona-gens. Não importa muito seu passado, nem seu futuro, pois isso é irrelevante para o contexto do drama, objeto do conto. O espaço da ação é restrito. A ação não muda de lugar e quando e-ventualmente muda, perde dramatici-dade. O objetivo do conto é proporcio-nar uma impressão única no leitor. Podemos, pois, resumir em quatro os ingredientes que caracterizam o conto: Uma ação Um lugar Um tempo Um tom. Em outras palavras, um conto contém uma única Célula Dramática. Cabe aqui ressaltar alguns tipos espe-cíficos de contos como a fábula, o apó-logo e a parábola. Fábula - Protagonizada geralmente por animais, pretende encerrar em sua estrutura dramática alguma "moral" im-plícita ou explícita. Apólogo - Protagonizado geralmente por objetos que falam, também como a fábula, pretende conter uma "moral", implícita ou explícita. Parábola - Narrativa curta, pretenden-do conter alguma lição ética, moral, implícita ou explícita, diferenciando-se da fábula e do apólogo, por ser prota-gonizada por pessoas. Voltando, contudo, ao Conto em geral, e entendido esse conceito de Célula Dramática, podemos mais facilmente compreender o que é uma novela. U-ma novela nada mais é que uma su-cessão de Células Dramáticas, como se fossem arrumadas em uma linha reta infinita. Face a essa estrutura é sempre possível, acrescentar mais u-ma Célula Dramática, mesmo depois de terminada a novela.

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« Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe

menos do que eu... »

« ...Por céus e mares eu andei, Vi um poeta e vi um rei Na esperança de saber

O que é o amor. »

Vinícius de Moraes

Genebra

Com esse conceito de "arrumação", po-demos compreender a diferença entre uma novela e um romance. Essa diferen-ça está na forma como as células estão dispostas. Num romance, elas estão con-catenadas, formando um círculo. Uma estrutura fechada. Uma sucessão lógica com um encerramento definitivo. Seria impossível acrescentar mais uma Célula Dramática, depois de terminado um ro-mance.

Consolidando as idéias: Um Conto é uma narrativa ficcional con-tendo uma única Célula Dramática. Uma Novela é uma narrativa ficcional con-tendo uma sucessão linear de Células Dramáticas. Um Romance é uma narrativa ficcional contendo uma sucessão circular fechada de Células Dramáticas. Espero ter contribuído para trazer mais objetividade e lógica no enquadramento de nossas criações, nas diversas famílias dos gêneros literários .

(Artigo de Airo Zamoner, transcrito do site http://www.protexto.com.br/t)

Jacqueline A

isenman

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Procura-se um amigo Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter cora-ção. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consi-go. Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preci-so que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer. Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando cha-mado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlou-quecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

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A VIDA DE VINÍCIUS DE MORAES

Nasceu no Rio de Janeiro em uma família amante das letras e da música, e seguiu as duas vocações. Ainda no colégio, começou a compor com os amigos Paulo e Haroldo Tapajós, e juntos tocavam em festinhas. Nos anos 30 formou-se em Direito e fez letra para dez músi-cas que foram gravadas, nove delas parcerias com os irmãos Tapajós. Em 1933 publicou seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância". Amigo de Oswald de Andra-de, Manuel Bandeira e Mário de Andrade, publicou outros livros de poemas nessa década. Passou algum tempo estudando inglês na Universidade de Oxford e, de volta ao Brasil em 1941, foi crítico cinematográfico do jornal "A Manhã". Dois anos depois foi aprovado para o Itamaraty e seguiu a carreira diplomática. Como diplomata morou nos Estados Unidos, França, Uruguai. Em 1954 inicia-se como teatrólogo, escrevendo a peça "Orfeu da Concei-ção", que mais tarde virou o filme "Orfeu do Carnaval", dirigido pelo francês Marcel Camus. Sua carreira como músico é impulsionada a partir das décadas de 50 e 60, quando conhe-ce alguns de seus parceiros, como Tom Jobim, Antônio Maria, Edu Lobo, Carlos Lyra, Ba-den Powell. Em 1958 Elizeth Cardoso lança "Canção do Amor Demais", com diversas par-cerias Tom/ Vinicius: "Luciana", "Estrada Branca", "Chega de Saudade". O primeiro grande show em que se apresenta, na boate Au Bon Gourmet, em 1962, ao lado Tom Jobim e Jo-ão Gilberto, o liga permanentemente ao mundo da música popular e aos palcos. Seu elo com a bossa nova é muito importante. Fez letras para algumas das músicas mais importan-tes do movimento, como "Garota de Ipanema", "Chega de Saudade", "Eu Sei que Vou Te Amar", "Amor em Paz", "Insensatez", "Se Todos Fosse Iguais a Você" (todas com Tom Jo-bim), "Minha Namorada", "Coisa Mais Linda", "Você e Eu" (com Carlos Lyra). É também em 1962 que conhece Baden Powell, com quem comporia músicas de temática afastada da bossa nova, como os afro-sambas ("Canto de Ossanha", "Canto de Xangô", "Samba de Oxóssi") e outros sambas ("Samba em Prelúdio", "Samba da Bênção", "Formosa", "Apelo", "Berimbau"). Em 1965, num show na boate Zum Zum, lançou o Quarteto em Cy, de quem se tornou padrinho. No mesmo ano, "Arrastão", sua parceria com Edu Lobo, defendida por Elis Regina, é a vencedora do Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior, em São Paulo. O segundo lugar também é de Vinicius: ""Valsa do Amor que Não Vem", parce-ria com Baden interpretada por Elizeth. Após a promulgação do AI-5, em 1968, Vinicius é aposentado compulsoriamente da carreira diplomática. A partir de então passa a se dedicar à vida artística. Faz shows em Portugal, Argentina, Uruguai, acompanhado de Nara Leão, Maria Creuza, Toquinho, Oscar Castro Neves, Quarteto em Cy, Baden Powell, Chico Buar-que. Nos anos 70 incrementa a parceria com Toquinho: "Tarde em Itapuã", "Regra Três", "Maria Vai com as Outras", "A Tonga da Mironga do Kabuletê" são algumas músicas da dupla. Muitos discos foram lançados na década de 70 com composições ou interpretações suas. Um dos mais importantes é "Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha", gravado ao vivo no Canecão (Rio), em um espetáculo que ficou quase um ano em cartaz no Rio e seguiu para outras cidades da América do Sul e Europa. Apesar do sucesso com a música popular, Vi-nicius não abandonou a poesia, tendo inclusive gravado discos em que recita suas obras. Depois de sua morte, em 1980, diversos shows-tributo foram a-presentados, ao longo dos anos, assim como coletâneas e biografias.

Fonte: http://cliquemusic.uol.com.br/

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O PAI DAS TELECOMUNICAÇÕES

Por Suziley Silva

É este o título e a homenagem que deve merecer o ilustre padre inventor e cientista nascido na segunda metade do século XIX aos 21 de janeiro de 1861 nesta cidade de Porto Alegre. No ano de 2011 completará 150 anos do nascimento daquele sa-cerdote que foi o quarto filho de uma família de quatorze irmãos cujos pais, Inácio José Ferreira de Moura e Sara Mariana Landell de Moura, possuiam ascendência inglesa. Pe. Roberto Landell de Moura era antes de mais nada um livre pensador; um profícuo inventor; um cientista nato. E as provas estão, aí, para que todos ve-jam e constatem. Foram inúmeras contribuições e inovações. Basta citar algumas apenas: foi o pioneiro na radioemissão e telefonia por rádio (por isso é o patrono dos radioamadores do Brasil); precussor na transmissão de imagens (a televisão) teletipo à distância e tantos outros trabalhos, pesquisas e estudos.

Aliás, o padre em questão era detentor de um balizado arcabouço teórico aliado a um espantoso lado pragmático que o orientava na constru-ção e na operacionalização de suas úteis invenções. Lan-dell fazia acontecer a necessá- ria união entre teoria e práti-ca. Pois o sacerdote gaúcho “teorizava a vida e vivencia-va a teoria”. Além disso, por vo- cação ministerial e mística era um ardoroso pastor que a- mava os seus fiéis com esti-mada e paternal atenção. Toda- via, os grandes homens, geralmente, não são compreen- didos por seus pares. Não são compreendidos nem apoia- dos pelas autoridades que pouco caso dispensam aqueles que pelo espírito, pela men-te, pelas idéias inovadoras, en- contram-se muito à frente do seu tempo e lugar. E com o Pe. Landell de Moura não foi diferente.

O peregrino das ciências físicas e metafísicas não recebeu nenhum suporte e aos 67 anos, em 30 de junho de 1928, faleceu, anonimamente, no Hospital da Benefici-ência Portuguesa de Porto Alegre, acometido por uma tuberculose. Pelo pouco que li a respeito da figura carismática do Pe. Landell, ainda que houvessem os que o consideravam um “louco e desvairado”, (julgamento próprio das mentes pequenas que não enxergam um palmo à frente do próprio nariz, que dirá erguerem as cabe-ças enterradas na areia do próprio chão das suas ignorâncias para longe avistarem o horizonte da genuína sabedoria...), ele foi um homem, um sacerdote, um pastor, um ser humano, também, muito querido pelas pessoas que com ele conviveram ou de alguma forma se encontraram com aquele “apóstolo do Cristo”.

E é por estas razões, por sua inteligência inventiva provada e comprovada em su-as descobertas e invenções de muita utilidade para a humanidade, pela personali-dade carismática e caridosa, por todo seu esforço, estudo, pesquisa e ciências, é que com muita alegria anunciamos o início desde, ontem, do acontecimento de e-ventos alusivos a comemoração no ano que vem do sesquicentenário do seu nasci-mento. Convocamos, ainda, a população de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, de todos os Estados do Brasil, a aderirem a um abaixo-assinado elaborado pelo

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BRISA

Vamos viver no Nordeste, Anarina.

Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.

Deixaras aqui tua filha, tua avó teu marido, teu amante.

Aqui faz muito calor.

No Nordeste faz calor tambem.

Mas lá tem brisa:

Vamos viver de brisa, Anarina.

Visite o site ANJOS CAÍDOS e, entre muitos poetas talentosos, conheça Aníbal Beça poeta que partiu no ano passado deixando saudades. Conheça mais dele : http://www.anjoscaidos.jor.br/a_beca/a_beca.html

Abro o armário e vejo nos

sapatos meus caminhos.

Qual virá comigo ?

(Editora do site: Clarice Villac)

Movimento Landell de Moura (MLM), composta por radioamadores, preenchendo o formulário na http://www.mlm.landelldemoura.qsl.br/abaixo_assinado.html e claman-do bem alto SIM façamos justiça à memória daquele brilhante brasileiro com o reco-nhecimento pelas autoridades nacionais e internacionais da mais que merecida, ain-da que póstuma, atribuição da nota que de fato ele, magistralmente, o foi, a saber: o Pai das Telecomunicações!! Façamos a nossa parte. Sintonizemos as ondas do nos-so “rádio” interior e lhe prestemos esta justa homenagem.

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O SISTEMA EDUCACIONAL NA SUÍÇA

Uma característica marcante do ensino suíço é a diversidade. A diversidade linguística do país é apenas uma das muitas particularidades de seus Cantões, diferenças que se estendem também ao sistema educacional. Estruturalmente, o Cantão assume a responsabilidade pelas escolas, enquanto a Comuna (município) cuida da administração destas. Isso ocasiona diferenças curriculares e administrativas entre as escolas de todo o país. Todas essas diferenças são, entretanto, regidas com muita maestria pelo governo geral, o que proporciona ao estudante boa aceitação e possibilidade de intercâmbio dentro e fora do país. Veja a seguir como funciona o famoso sistema de educação suíço. Educação Infantil e Ensino Fundamental (obrigatório) A maioria dos alunos suíços (cerca de 95% ) freqüenta uma instituição pública na comuna onde reside e somente 5% da população paga uma escola privada. A escola pública cumpre um importante papel na integração social: crianças com diversas origens sociais, culturais e linguísticas frequentam a mesma escola, promovendo o convívio com as diferenças e a integração já desde o início de sua formação. Todos os Cantões oferecem uma Educação Infantil que é gratuita e dura em média, de um a dois anos (Jardim de Infância). Uma exceção é o Cantão Ticino, onde a Educação Infantil dura três anos.

O Ensino obrigatório, assim como no Brasil, inicia-se aos seis anos de idade e dura nove anos, entre Ensino Fundamental I (seis anos de duração, em média) e II (três anos de duração). Uma particularidade do ensino suíço em alguns Cantões, é a divisão das turmas por rendimento. Há também a possibilidade de, já nesse estágio inicial, focar os estudos numa área do conhecimento que mais interesse ao aluno, como por exemplo línguas, matemática, ciências biológicas.

Um outro ponto forte das escolas suíças é o ensino de idiomas. Com a diversidade linguística que abrange o alemão, o francês, o italiano e o romanche como línguas maternas, o idioma em que são ministradas as aulas, difere conforme a região linguística do país. Ainda durante o ensino Fundamental, os alunos aprendem no mínimo dois outros idiomas além da língua materna: normalmente uma segunda língua nacional e o inglês.

Foto Tribune de Genève

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A organização descentralizada e federativa na área da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, possibilita o respeito às diferenças culturais e regionais. Existem, entretanto, diretrizes superiores da Confederação para as regras mais importantes, como a idade de ingresso na escola obrigatória ou a duração da mesma. Formação pós-obrigatória A formação pós-obrigatória (Ensino Médio e Faculdade) normalmente é baseada em decretos federais ou inter-cantonais. Os Cantões são responsáveis pela execução e direção das escolas. A única exceção é a ETH (Instituto Federal Suíço de Tecnologia) em Zurique, que é dirigida pela Confederação. Cerca de 90% dos adolescentes da Suíça terminam a escola no nível do Ensino Médio com 18/19 anos. Isto lhes permite o acesso direto à uma formação técnica profissional, uma escola superior ou universidade. O sistema educacional da Suíça se destaca nos seguintes pontos: Flexibilidade: existem várias possibilidades de se iniciar ou retomar uma formação ou os estudos normais. Grande variedade de opções de formação: quem tem as qualificações necessárias, pode, em princípio, realizar a formação desejada, no lugar desejado, sem a necessidade de exames admissionais. Somente o curso de medicina apresenta vagas limitadas. Para esse curso os candidatos devem passar por um processo seletivo (Numerus Clausus), sendo que apenas os melhores colocados obtém a vaga.

Escola de Engenheiros em Genebra

Bolsas de estudos para estrangeiros na Suíça As bolsas do governo Suíço são destinadas a estudos de pós-graduação. É importante lembrar que alguns cursos não são contemplados pelo programa de bolsas. Esses são: artes, hotelaria e cursos de idiomas (estudo não científico de um idioma). Caso tenha interesse em candidatar-se à uma bolsa de estudos oferecida pelo governo suíço, pedimos que leia atentamente as informações no site da Embaixada da Suíça Queira observar que o processo seletivo para o ano letivo 2009/2010 já foi encerrado. Para mais informações, contate os reponsáveis no Consulado de sua jurisdição. Bolsas de estudos para jovens Suíços no exterior O Cantão de origem tem a responsabilidade por uma possível ajuda financeira aos jovens Suíços no exterior (portadores de passaporte suíço, de idade entre 15 e 25 anos, cujos pais estão domiciliados no exterior). Os regulamentos diferem de Cantão para Cantão.

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Para ter o direito à candidatura a uma bolsa de estudos é imprescindível estar regularmente matriculado numa instituição de ensino superior ou técnico. Geralmente candidatos com diplomas e títulos reconhecidos pela Confederação e provenientes de instituições públicas, têm maior chance de serem subsidiados. A AJAS (Associação para o encorajamento à formação de jovens Suíços no exterior) também pode ajudar financieramente os jovens Suíços no exterior. Geralmente, por dispor de recursos financeiros muito limitados, a AJAS só concede complementos de bolsas para a primeira formação na Suíça. Mais informações podem ser obtidas no site (veja no final do artigo).

Reconhecimento de diplomas estrangeiros na Suíça O Centro de Informação sobre questões de reconhecimento/SWISS ENIC é responsável pelo reconhecimento de diplomas universitários extrangeiros na Suíça. As pessoas interessadas no reconhecimento do seu diploma devem, preferencialmente, fazer um contato por telefone com esse serviço, para verificar se há algum outro Ofício Federal em Berna com competência para tratar do dossiê em questão. Mais informações sobre o reconhecimento de diplomas e as autoridades competentes no site dos Diretores das universidades suíças CRUS. Contato por telefone com: Swiss ENIC, Rektorenkonferenz der Sch-weizer Universitäten / Conférence des Recteurs des Universités Suisses CRUS / Rectors' Conference of the Swiss Univer-sities, Postfach 607, CH-3000 Bern 9 Tel. +41 (0)31 306 60 32 Fax +41 (0)31 302 68 11

Site: www.crus.ch

Reconhecimento de diplomas suíços no Brasil O órgão responsável pelo reconhecimento de diplomas no Brasil é o MEC ou a Assessoria Internacional do Ministério da Educação do Governo Federal.

Este texto sobre o sistema educacional suíço e maiores informações você encontra em

http://www.eda.admin.ch/eda/fr/home.html

Jacqueline Aisenman

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As quatro gares

infância

O camisolão O jarro

O passarinho O oceano

A visita na casa que a gente sentava no sofá

adolescência

Aquele amor nem me fale

maturidade

O Sr. e a Sr. Amadeu Participam a V. Exa. O feliz nascimento

De sua filha Gilberta

velhice

O menino jogou os óculos

Na latrina

PRONOMINAIS

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom

branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

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Às mães sem nome

Por Sonia Alcalde

Mãe, três vezes santa: na dor, na renúncia e no sacrifício. Frase ressaltada numa escultura em Rio Grande. Não sei se ainda existe por lá, mas ficou eterniza-da em minha memória.

Era o ano de 1970. A visão dessa escultura instigou-me rever a responsabi-lidade de ter filhos. Quanto de mim daria para que eles crescessem protegidos, nutridos em amor e normas que os tornassem independentes? Não tinha noção, a referência era a dedicação de minha mãe, com a figura do pai sempre presente, do seu jeito: provedor, parceiro nos trabalhos domésticos, de jogar dama, dominó e banco imobiliário. Contador de histórias, de causos da família, com inserções da mãe. Adorávamos ouvi-los, enquanto ela servia a sopa. À noite, só de legumes, mais apropriada, dizia. Vez por outra, quando corria um ar frio a la carioca, era so-pa “levanta defunto”, de feijão-manteiga, com risos e prosas. Hoje, ela se refere a esta sopa como “levanta forças”, para não apressar sua hora.

Mãe que fazia meus vestidos, colocava-me sobre a mesa para acertar a barra da saia godê. Mãe que tomava tabuada na mesa da cozinha, ensinava a fa-zer bolo português, rabanada, carne assada, bolo de batata... Mãe que nas férias aceitava encomenda de viandas para ter mais dinheiro e confeccionar fantasia de nega maluca, borboleta, escrava, colombina, bate-bola... Mãe que cuidava de tias doentes, sobrinhos, vizinho dementado... Mãe que lutava por crianças carentes, abrigando-as, dando-lhes o melhor de si. Mãe que se revelou compositora cantan-do a dor da saudade quando o amor partiu. Minha mãe.

O tempo passou, meus filhos nasceram, cresceram, já se multiplicaram. A-cho que alguma coisa acertei, não com tanta dor e sacrifício. Certa renúncia, sim, a começar pelo sono interrompido. Foi o que me chamou mais atenção, ainda que amenizado pelo cuidado paterno. Quando casaram, parecia ter encerrado esse capítulo até minha mãe vir morar conosco. O ciclo está fechando. Num desses di-as, de madrugada, levantou-se e caiu. O estrondo ecoou pela casa, corremos para socorrê-la... Ainda bem que foi mais o susto. Emocionada, envolvi-a em meus bra-ços, beijei seus cabelos brancos. Lembrei de outras mães, desprotegidas.

Vejo-me no espelho/ lembro aquelas que me antecederam/ a que surgiu de mim/ as que me ajudam com amizade./ Ouso ir mais longe/ sinto gemidos/ daque-las que não conseguem/ ver seus filhos crescer./ Queria meu peito estender-lhes/ um pouco de seiva/ aos pequenos brotos/ para não secarem ao nascer...

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S onia Alcalde é carioca, mora em Bagé/ RS desde 1975. Re-cebeu o título de Cidadã Bageense em 1990. Membro do www.culturasulbage.com.br . Cronista do CooJornal, edita-

do por www.riototal.com.br. Patrona da 12ª Feira do Livro de Bagé/ 2009.

Entre as obras publicadas: Papos e Pontos, 1995, Poa (c/ Sarita Barros); Coleção Conte Mais- 4 vol., 2003, Poa (Org. c/ Eloína Lopes); Estações do Eu, 2007, Poa [email protected]

POEMA x POESIA

É bom ressaltar a diferença entre poema e poesia. Apesar de serem tratadas por muitos como sinônimos, o uso dos dois termos entre os estudiosos apresenta diferenças: Poesia: Caráter do que emociona, toca a sensibilidade. Sugerir emoções por meio de uma linguagem.1 Poema: obra em verso em que há poesia "Se o poema é um objeto empírico e se a poesia é uma substância imaterial, é que o primeiro tem uma existência concreta e a segun-da não. Ou seja: o poema, depois de criado, existe per si, em si mesmo, ao alcance de qualquer leitor, mas a poesia só existe em outro ser: primariamente, naqueles onde ela se encrava e se mani-festa de modo originário, oferecendo-se à percepção objetiva de qualquer indivíduo; secundariamente, no espírito do indivíduo que a capta desses seres e tenta (ou não) objetivá-la num poema; ter-ciariamente, no próprio poema resultante desse trabalho objetiva-dor do indivíduo-poeta." 2 O poema destaca-se imediatamente pelo modo como se dis-põe na página. Cada verso tem um ritmo específico e ocupa uma linha. O conjunto de versos forma uma estrofe e a rima pode surgir no interior dessa estrofe. A organização do poema em ver-sos pode ser considerada o traço distintivo mais claro en-tre o poema e a prosa (que é escrita em linhas contínuas, ininterruptas).

1 - Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. RJ: Nova Fron-teira, 1993. 2 - LYRA, Pedro. Conceito de Poesia. São Paulo: Ática, 1986. Informações recolhidas no site: http://www.sitedeliteratura.com/

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RISCO IMINENTE

Por Rosane Magaly Martins

Há cada vez mais dentro, introspecta Há alguns espaços inocupados

Cantos escuros com imagens riscadas

Embaixo de tudo há tapetes úmidos No centro da sala sombra do espectro de piano

E os silêncios que circundam o passado

Esferas descem as escadas imóveis O pó encobre o olhar pela janela

A chuva é mais longa que o tempo de sol

Enquanto as palavras não ditas espreitam-na seus chinelos gastos ficam por ali

ao lado do gato embalsamado

Há um risco em viver dentro de si com tempo de higienizar as vísceras

como se pérolas fossem traumas doces

Ar rarefeito, narinas ferozes anseiam ventos pele seca, rugosa e fria aguarda trancafiadas carícias

sob olhares do escuro que oculta o corpo inerte

Busca o pulso, o relógio quebrado e queda-se Nuances restritas e confinadas do que não fora

E a certeza da nenhuma possibilidade de reproduzir-se.

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Consulados da Suíça no Brasil Se você precisa ir a um Consulado da Suíça no Brasil entre neste site e verifique os endereços:

http://www.consulados.com.br/suica/

R osane Magaly Martins, escritora, advogada com abordagem holística e psico-

terapeuta somática, especializada em Gerontologia (Furb-Blumenau) e em Gerenci-

a de Saúde para Idosos (OPAS-México), é mestranda em Serviço Social na UFSC.

Fundadora do movimento Poetas Independentes na década de 80, presidiu o Con-

selho Municipal de Cultura de Blumenau por duas gestões (2006/07). É autora de

diversas obras, entre elas “Martins ao Cubo: altura, largura e profundidade da exis-

tência” (Odorizzi, 2008); “Diário de uma aborrecente” (Estudio Criação, 2007) e “Clio

no Cio: escritos livres sobre o corpo” (Casa Aberta, 2010). Ocupa a cadeira 19 da

Academia Catarinense de Letras e Artes. É idealizadora e presidente do INSTITU-

TO AME SUAS RUGAS que atua com projetos sociais em prol do envelhecimento

ativo, qualidade de vida e longevidade. Organiza e é co-autora dos livros “Ame suas

rugas: viver e envelhecer com qualidade” (2006) e “Ame suas rugas: aproveite o di-

a” (2007) e “Ame suas rugas: pois há muito por viver” (2008), os dois últimos lança-

dos e editados também em Portugal.

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METRÓPOLE

Por Renata Gomes de Farias

Em algum lugar que não esta em destaque no mapa e mesmo que estivesse quem iria se preocupar em saber do nome de todas as pessoas que ali residem. Inúmeros rostos e passos deixados nas ruas lamacentas nos dias de chuva ou fazendo poeira nos dias de sol forte. Em cada janela uma sombra um vulto nas noites escuras com gatos boêmios a cantar nos muros. Cada veneziana um segredo, cada cortina uma sedução e em cada janela suada um choro. Nas ruas entre uma e outra esquina passava alguém e seus passos ecoavam em um silêncio sepulcral, um cheiro de medo vinha trazido com vento e nele olor de perfume barato. Ao amanhecer tudo ia criando volume e movimento, crianças a caminho da escola, homens e mulheres a-pressados como se estivessem sempre atrasados, carros parados e o salseiro esta-belecido, buzinas, motos, fumaça, desordem, caos...

Este lugar morre e renasce todo o dia a cada amanhecer, transborda vida a cidade, a metrópole, e tudo vai depois para os jornais, onde muitas vezes as noticias não são boas, quase nunca. Trancar-se e ignorar o que se chama realidade nem sempre é inteligente, mesmo que sua realidade seja outra, seu lugar é também o de outros.

Entre tantas coisas sempre existe uma praça e nela crianças que chegaram para es-palhar sorrisos para quem os quer ver, pássaros a construir ninhos, mães dando a luz, o mar quebrando na areia e alguém caminhando sobre a espuma da praia. Pa-rado no sinal vermelho ergue os olhos e vê uma pipa lá ao alto, colorida dançando ao bel-prazer do seu dono o vento, na calçada uma mãe de mãos dadas conversa animada com sua pequenina filha que leva na guia um lindo cachorrinho. São estes os verdadeiros nomes de cada um seu estado de espírito e como ele encaminha seu dia, escondido atrás de uma janela ou caminhando despretensiosamente no lugar que mais gosta ir e sem se importar o que irá enfrentar para chegar lá.

Renata Gomes de Farias

Nascida em três de agosto de 1965, mineira, artista plástica. Descobriu aos 15 anos paixão por contar histórias. Atualmente exerce esta atividade no Blog Por Toda Minha Vida – Alegria Joei Joy.

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POESIA FALADA

Por Renata Iacovino

Lendo uma entrevista de Tavinho Paes, letrista e poeta, ele comenta sobre algo que tem sido a prática em saraus da atualidade: a poesia falada.

Sim, poesia falada, pois muito pouco se diz, hoje em dia, nestas rodas lite-rárias, que determinada poesia será declamada. É falada ou dita.

A declamação caiu em desuso? Creio que não, no entanto, novas formas de manifestar a oralidade poética nasceram naturalmente. Parece-me que o va-lor da transmissão da mensagem está vinculado à interpretação e não à capaci-dade de decorar aliada à interpretação. Aquele que optar por falar o poema e não declamá-lo, poderá fazê-lo até melhor, caso se utilize do papel à sua frente. Mesmo que este papel funcione apenas como um instrumento que compõe a cena.

O que dará vida ao texto é a respiração, entonação e pontuação do apre-sentador. Se a poesia escolhida for de sua própria autoria, os ouvintes poderão se deleitar com a intenção fiel de quem a concebeu; ao contrário, se a obra se-lecionada é de outro escritor, provavelmente a interpretação dará um novo en-tendimento àquilo proposto por seu primeiro autor – sim, pois sempre que nos apossamos de algum texto para lê-lo em público, tornamo-nos de certa forma co-autores. Processo semelhante ao que se dá com uma música, em que o in-térprete emprestará sua leitura àquilo que o compositor tencionou dizer.

Os saraus nos trazem momentos lúdicos, interativos e, portanto, a naturalidade, o im-proviso e o imprevisto recheiam o clima que deve buscar o não engessamento do script.

Outra modalidade que vem sendo bas-tante praticada nos meios culturais são os chamados recitais. A pessoa fala ou lê de-terminados poemas a partir de algum tema escolhido para aquele evento e é acompa-nhada por uma música de fundo executada ao vivo.

O sarau e o recital nos chamam atenção pa-ra um elemento importante: a poesia lida em voz alta. É um exercício que podemos prati-car mesmo não estando em público, mas conosco. Desta forma, é possível descobrir uma outra poesia que se escondia por de-trás daquela que estava no papel. É, é uma outra poesia. Ao fazermos a leitura em voz alta, deparamo-nos com uma nova mensa-gem, aquela que só conseguimos captar quando nossos ouvidos tiveram acesso

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àquilo que, até então, somente nossos olhos podiam tocar.

E as palavras, desta outra forma, nos tocam de maneira diversa, soando tal qual uma música, com seus meandros intercalados entre a melodia, a harmonia e o ritmo.

E como poesia e música caminham – na minha cabeça – como duas linguagens irmãs, ilustro o assunto aqui escolhido com um fato curioso ocorrido em 2003, no Rio de Janeiro, quando de um encontro cultural. A filha da cantora Beth Carvalho subiu ao palco, que abrigara até aquele momento tão somente pessoas que escreviam po-emas – o que não era seu caso. A moça de 17 anos iniciou sua récita com um poe-ma longo, estruturado, produzindo um efeito desconcertante na platéia. Na seqüên-cia, outros dois poemas de impacto. No terceiro, desconfiou-se que eram letras de sambas, pois os versos de Nelson Cavaquinho repercutiam na memória dos ouvin-tes, arrepiando a todos. Os anteriores, descobriu-se, eram pérolas desconhecidas, colhidas na discoteca da mãe, assinadas por Luís Carlos da Vila e Candeia, dois grandes sambistas.

Sem pretensão alguma, ela deu à chamada “letra de música” qualidades típicas de nobres poemas, recitando os versos daqueles sambas com outra respiração, ou-tro ritmo e outra harmonia.

E como dizer, por exemplo, que Shakespeare, quando escreveu suas peças te-atrais, não foi um poeta?

Para os amantes da poesia, da palavra, do ritmo e das possibilidades de signifi-cado, fica então uma dica: pratiquem a leitura em voz alta e um mágico e novo uni-verso descortinar-se-á diante de seus ouvidos.

O QUE SÃO SARAUS?

Sarau: é toda aquela reunião festiva entre amigos. Ouve-se música, assis-te-se filme, filosofa, lê-se trechos de livros, faz-se poesia! Sarau é onde a gente reúne os amigos ligados a arte e cultura. Onde a gente soma conhe-cimentos e delícias, onde a gente descobre junto e vivencia! Sarau é, segundo os dicionários consultados, reunião festiva, dentro de casa, de clube ou de teatro, em que se passa a noite a dançar, a jogar, a tocar, etc. Também pode ser concerto musical de noite, assim como reunião de pes-soas para recitação e audição de tra-balhos em prosa ou verso.

(Definição do Sarau Benedito)

http://saraubenedito.wordpress.com/

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R enata Iacovino. Natural de Jundiaí/SP, escritora, poetisa e cantora. Cinco livros de poesias editados: Ilusões Amanhecidas (Literarte Editora), 1996; Poemas

de Entressafra, 2003; e Missivas (Editora In House), 2006, com Valquíria Gesqui Mala-goli, com quem também lançou em 2007 o livro/CD infantil uniVerso enCantado; e Ouvin-do o silêncio, 2009; ainda em 2009, com Valquíria, lançou o CD infantil De grão em grão e o livrObjeto OLHAR DIverso (haicais e fotos). Participa de Antologias e é jurada de concursos literários. Integra: Academia Jundiaiense de Letras, Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí (é atual Primeira Secretária), Academia Infantil de Letras e Ar-tes de Jundiaí, Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística, Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro e Grupo Arte em Ação. Autora do Hino da Academia Jundiaiense de Letras. Or-ganizou o livro 1ª Olimpíada de Redação – Ano 2005/Os 35 anos da Biblioteca Pública Municipal Prof. Nelson Foot Jundiaí-SP (Editora In House). Em 2009 organizou a Antolo-gia – Encontros de Defesa do Consumidor do Estado de São Paulo – 25 anos, lançado pela Fundação Procon/SP. Articulista do Jornal de Jundiaí Regional. Ministra oficinas lí-tero-musicais e realiza Saraus para públicos diversos. Premiada em concursos literários.

reiacovino.blog.uol.com.br

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Consulat Général du Brésil 54, rue de Lausanne 1202 Genève

Horário de atendimento ao público: de segunda a sexta-feira das 09:00 às 14:00 Telefones Tel. : 022 906 9420 Fax : 022 906 94 35

Horário de atendimento telefônico: de segunda a sexta-feira das 13:00 às 16:00

Consulado-Geral do Brasil em Zurique Stampfenbachstrasse, 138 8006 Zürich Telefone: 044 206-9020 Fax:01 206-9021 geral @ consuladobrasil . ch

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MUNDO DA LUA

Por Oswaldo Begiato

Eu vivo no mundo da lua;

Sou amigo particular do dragão

E tomo cerveja com São Jorge

Nas noites em que, cheia,

A lua imita o uivar dos lobos.

Sou noivo da estrela cadente.

Ouço todos os pedidos secretos

Dos jovens com sonhos em rebuliço

E quando brincamos na Via Láctea

Peço a ela que uma os corações sensatos

Com a dobradiça das paixões dementes.

- Ela me obedece e eu amo ainda mais.

E quando estou absorto no mundo da lua

Morro de paixão por ela,

Minha pequenina estrela menina,

Que achei cadente no meio do meu olhar,

No meio do meu olhar triste e solitário.

OSW@LDO BEGI@TO

“SEM SOMBRAS

Ao meio dia De um domingo Prenhe de sol

E enamorado de outubro Rompi espontâneo

Como um botão de rosa fêmea Que nasce sem ser esperado.”

Nasci, sob o signo de escorpião,

em 26 de outubro do ano de 1.953, na cidade de Mombuca,

um pequeno encanto no canto interior

do Estado de São Paulo. Menor que a cidade só eu mesmo. Ainda pequeno vim para Jundiaí, também São Paulo, Terra da Uva,

da qual experimentei o sabor do fruto e jamais a deixei.

Nela me fiz advogado sem banca, aposentado sem queixas

e onde perambulo até hoje, buscando, perdidas nas sarjetas,

as palavras que me usam para escrever poesias.

EMAIL

[email protected]

BLOG http://oabegiato-poesias.blogspot.com

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M atheus Paz. Entre contos e poemas, um homem comum, ao mesmo tempo raro, na singularidade do que faz, a cada dia: expressão do trabalho, do amor, enfim, da vida... Professor de Geografia, casado com Marcilei, atualmente reside em Taquara-RS, Brasil. Colabora no Caderno Literário Pragmatha (Porto Alegre-RS) e tem poemas no Jornal de Poesia de Soares Feitosa. Email: [email protected]

GREVE SUSTENTÁVEL

Por Matheus Paz

Quando ele se virou, o papel não estava

mais lá.

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Carlos M

agno de Alm

eida

Origem da Festa Junina Existem duas explicações para o termo festa junina. A primeira explica que surgiu em função das festividades que ocorrem durante o mês de junho. Outra versão diz que está festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seriam em home-nagem a São João. No princípio, a festa era chamada de Joanina.

De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugue-ses, ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e gover-nado por Portugal).

Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chi-neses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tra-dição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a mani-pulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha.

Todos estes elementos culturais foram com o passar do tempo, misturando-se aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma de-las.

Comidas típicas

Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, são feitas deste alimento. Pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuscuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos.

Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bombocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente, batata doce e muito mais.

Tradições

As tradições fazem parte das comemorações. O mês de junho é marcado pelas fogueiras, que servem co-mo centro para a famosa dança de quadrilhas. Os ba-lões também compõem este cenário, embora cada vez mais raros em função das leis que proíbem esta prática, em função dos riscos de incêndio que repre-sentam.

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No Nordeste, ainda é muito comum a formação dos grupos festeiros. Estes grupos ficam andando e cantando pelas ruas das cidades. Vão passando pelas casas, onde os moradores deixam nas janelas e portas uma grande quantidade de comidas e be-bidas para serem degustadas pelos festeiros.

Já na região Sudeste são tradicionais a realização de quermesses. Estas festas po-pulares são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barra-quinhas com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha, geralmente ocorre durante toda a quermesse.

Como Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro, é comum as simpatias pa-ra mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas distribuem o "pãozinho de Santo Antônio". Diz à tradição que o pão bento deve ser colocado junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.

Simpatias na Festa Junina

Proteção e Alegria: Encha uma bacia com água e adicione cravo, alecrim e manjeri-cão. Deixe descansar. No dia de São João jogue a mistura do pescoço para baixo e peça proteção e alegria. Enxugue levemente.

Conhecer seu amor: No dia de São Pedro, junte um pouco da comida servida no al-moço e no jantar. Antes de dormir, prepare a mesa com uma toalha branca, o prato com a comida e os talheres e vá dormir. Em sonhos você conhecerá seu amor.

Arranjar namorado: Pegue uma fita branca e uma vermelha e amarre em Santo An-tônio. Enquanto dá os nós faça o pedido. Reze um pai nosso e coloque o santo de cabeça para baixo pendurado sob a cama. Só retire o santo quando alcançar a graça.

Decidir com quem namorar: Na noite de São João, escreva o nome dos pretenden-tes em pequenos pedaços de papel e enrole. Jogue dentro de uma bacia com água. O que primeiro desenrolar será seu futuro namorado.

http://www.portalvaledesconto.com.br/

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ARROZ DOCE

Ingredientes 1 litro e meio de leite 2 xícaras de arroz (já lavado) 3 xícaras de açúcar Canela (quantidade a gosto) 1 lata de leite condensado Uma panela bem grande para que o leite ferva e não derrame

Modo de Fazer:

Cozinhar o arroz no leite, juntamente com a canela 20 minutos depois, mexer de tempos em tempos, acrescentar o açúcar, deixar mais 20 minutos e logo em seguida acrescente o leite condensado e deixar mais 20 minutos Colocar em uma linda travessa Essa receita é de família Uma delícia, esse é o verdadeiro arroz doce

QUENTÃO

1 1/2 xícaras de açúcar refinado 1 1/2 xícara de água 50 g de gengibre cortado em fatias finas (1/4 de xícara) 3 limões cortados em rodelas 4 xícaras de pinga (aguardente de cana) 3 cravos da índia 2 pedaços pequenos de canela em pau Modo de Fazer:

Aqueça o açúcar refinado em fogo alto, mexendo de vez em quando até cara-melizar. Junte todos os ingredientes menos a pinga e ferva mexendo até dissolver o açúcar. Junte a pinga, com cuidado, de preferência fora do fogo para não incendiar, misture e deixe ferver em fogo baixo por 3 minutos. Sirva em caneca de barro ou louça, pois as de metal tiram um pouco o sabor do quentão.

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A TERRA PROMETIDA

Por Marília Kosby

Salvem a pátria dessas estrelas Pois minha terra natal acabou de ruir

Sem cortejo ou cerimônia Meus mortos trouxeram-me

Os panos sujos de limpar memórias

Vieram até minha casa Não comeram Nem sorriram

Verde Como sorriem as serpentes

De tristeza

Os mortos rastejaram até a janela Viram que o céu não cabia mais no mundo

E cantaram seu choro cósmico de notas repetidas

Esquecer é da vida o único milagre

M arília Floôr Kosby nasceu em 1984, na cidade de Arroio Grande, sul do Rio Grande do Sul. Há cerca de dez anos mora em Pelotas /

RS, onde realiza a maior parte de seus trabalhos como antropóloga, poeta e letrista. Além dos escritos etnográficos sobre a presença africana e afro-descendente no continente americano - publicados em diferentes revistas cien-tíficas, veicula nos blogs Salamancas Supersônicas e A Sanga das Patavinas, bem como em outros sites da internet e publicações impressas no sul do sul pa-ís, sua produção literária de poemas, contos e letras musicais, iniciada em 2008.

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OS COMPANHEIROS

Por Márcio José Rodrigues

O tempo passou em minha porta. Não cumprimentou nem sorriu, nem tampouco deixou transparecer qualquer tipo de expressão na face petrificada. Sem sequer pedir permissão, arrastou-me, agarrando-me tão fortemente pe-lo punho, que nem pude reagir. Implorei que me deixasse. Ele respondeu com a voz mais fria que eu já ouvira, sem nenhuma modula-ção de qualquer sentimento: - Não podes permanecer nos lugares por onde passas! - Como não? - respondi incrédulo. Estamos agora mesmo em minha casa! - A casa de que falas ficou no passado. O vento que entrou pelas janelas mu-dou a posição das cortinas, o pó se deposita sobre os móveis, as pessoas estão mais velhas; algumas já se foram para sempre, assim como teu canário e teu ca-chorro. - Mas, este rio em que sempre me banhei, está bem aqui. Ainda o conheço. Ainda é o mesmo... - Não te enganes. Um rio é sempre outro rio a cada instante. As águas em que te banhaste já foram para o mar. Estas que vês, são novas águas de um novo rio. - Misericórdia! - roguei. Dá-me uma oportunidade de abraçar meu irmão, dizer algo que tenho travado aqui dentro do peito para aquele amigo que magoei, ter de novo um só beijo de minha mãe... - Não tenho esta permissão! - Mas, isso é muito cruel! - Não há crueldade! - apenas cumpro minha destinação. Posso, porém revelar-te um segredo: - Será permitido que olhes para trás e assim possas ver o que fizeste e o que deixaste. Também terás dois companheiros de jornada. Eles estarão sempre ao teu lado e te acompanharão como a tua sombra. Aparecerão quando menos esperares, mesmo que não os tenhas invocado. - Posso saber quem são? - Eles são o remorso e a saudade!

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O VARAL DO BRASIL é uma revista digital gratuita proposta por e-mail

e através de download no site www.varaldobrasil.ch

M árcio José Rodrigues é um escritor ocasional de contos, crônicas e poesias.

Nascido em Gravatal, SC, em 1941, viveu uma grande parte do seu tempo em Laguna, uma bela e mágica cida-de no Atlântico Sul do Brasil, repleta de sol e sortilégios, onde as pessoas são incrivelmente pitorescas, simpáticas e nobres.

Inundada de maresia, luz, ventanias, história e peripécias, a cidade incita, desafia e abastece a fantasia, com repleto material para se escrever, pintar, compor e can-tar.

O autor publicou, "A CONFRARIA"( história local), "ANTÔNIO DOS BO-TOS" (contos) , "RECORTE" ( contos e crônicas, com outros autores), artigos para imprensa, conferências e palestras. Considera o fato de ter sido professor por mais de 30 anos, um dos maiores orgulhos de sua vida profissional.

Marcio autografa o livro no dia do lançamento.

Foto: http://www.farolimagem.com.br

Capa do livro Antônio dos Botos

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A UM ARTISTA

Mergulha o teu olhar de fino colarista No azul: medita um pouco, e escreve; um nada quase:

Um trecho só de prosa, uma estrofe, uma frase Que patenteie a mão de um requintado artista.

Escreve! Molha a pena, o leve estilo enrista! Pinta um canto do céu, uma nuvem de gaze

Solta, brilhante ao sol; e que a alma se te vaze Na cópia dessa luz que nos deslumbra a vista.

Escreve!... Um céu ostenta o matiz da celagem

Onde erra o sol, moroso, entre vapores brancos, Irisando, ao de leve, o verde da paisagem...

Uma ave banha ao sol o esplêndido plumacho... Num recanto de bosque, a lamber os barrancos,

Espumeja em cachões uma cachoeira embaixo...

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ESCRITO NAS ESTRELAS

Por Marcelo de Oliveira Souza

Todos sabemos como é difícil educar um filho, principalmente nos tempos de ho-je, com a televisão, o advento da internet, redes de relacionamentos, comunicado-res e tudo que possa vir para deseducar e afastar os membros da família de uma boa conduta.

Muitos pais se perdem em meio à obrigação de cuidar dos seus rebentos contem-porizando com uma vida social e produtiva.

Nessa difícil relação ainda tempos que abordar a briga entre casais que poderá até culminar em uma separação; alcoolismo e outros vícios piores; traumas e ou-tros tantos fatores que são abordados rotineiramente em alguns programas de tv.

Da mesma forma que a televisão deseduca, tem muitas outras programações que podemos utilizar em nosso crescimento próprio e até como forma de nortear os nossos entes queridos, absorvendo o que há de melhor na grade televisiva.

Um grande exemplo é “A grande Família”, todos têm problemas de relacionamen-to, contudo percebemos uma interação muito bonita, o filho “Tuco” com todas as suas imperfeições de um desempregado, vida mansa, ainda clama atenção ao pai, querendo que o seu genitor ainda se orgulhe de todos os seus defeitos, uma relação difícil mas que é suplantada com muita confusão e amor.

A nova novela das seis horas na Rede Globo, “Escrito na Estrelas” é mais um grande exemplo de relacionamento entre pai e filho, onde um promissor médico tinha um relacionamento muito difícil com o seu viúvo pai, eles possuíam idéias díspares e diante disso o filho resolveu sair de casa a fim de que possa seguir o que achava correto.

Independente de quem está certo ou não, o importante é que percebamos que o relacionamento entre as pessoas está cada vez mais difícil, principalmente entre pais e filhos, muitos deles pensam que irão morrer primeiro que os seus antigos pimpolhos, seguindo a lei da natureza, contudo não é bem assim, Deus têm mui-tos planos e muitas lições a nos ensinar, não é à toa que estamos aqui e que não escolhemos os nossos parentes, há muita coisa além disso e a maior lição é a do amor incondicional, entre pais e filhos, a relação mais singela.

Esse aprendizado é muito difícil, a cada dia temos uma nova lição, contudo a mai-or dela é não nos esquecermos de amar os “nossos”, valorizando-os, auxiliando-os, independentemente de tudo, pois as convenções muitas vezes servem para afastar e um afago não utilizado na hora certa, pode gerar muito arrependimento no futuro e não haverá inseminação artificial, espiritismo nem nada nesse mundo que possa dirimir o sentimento de perda e de culpa que poderemos carregar.

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CHÃO

Por Maíra Cortez Galhardo

O pão da vida Temperado com o sal da terra O que será do nosso amanhã?

Se já não conseguimos mais colher nossos frutos

Nao há mais raízes, princípios, vontades, virtudes... Estamos sem chão

Para que a vida cresça em nós Para que vejamos Deus em tudo e todos

Nos nossos pensamentos, palavras e atitudes

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ROSAS AZUIS

Por Lariel Frota

Elas existem, é preciso acreditar

Por mais estranho que pareça

Elas estão lá, no fundo do mar....

São azuis da cor do infinito

Suaves qual noites de primaveras

Embora frágeis, indestrutíveis

Embora submersas, são belas....

Elas existem, embaladas docemente

Pelo eterno bailar do oceano.

Se um dia as encontrar por acaso,

Não pense que é um engano.

Elas existem esplendorosas.

Você tem que aceitar

Azuis da cor do infinito

Há rosas no fundo do mar!!!!!

M eu nome é Marli Ribeiro de Freitas e nas minhas criações utilizo o pseudôni-mo de LARIEL FROTA. Sou professora, educadora na área de Educação para o Trânsito, palestrante, escritora e poeta. Fui responsável por duas colunas numa revista voltada ao público dos motociclis-tas, a REVISTA MOTOBOY, daí nasceu a necessidade do pseudônimo. Como assinava uma coluna sobre Legislação de Trânsito e Primeiros Socorros, o edi-tor julgou que a outra coluna com con-tos e crônicas sobre o quotidiano desse profissional sobre duas rodas, deveria ser assinada por outra pessoa, daí, pari Lariel.

E-mail: [email protected]

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E O AMOR ACONTECE

Por Ju Virginiana

Quando respiro teu ar Não sei o que acontece

Minh’alma passa a cantar E de tudo se esquece

Meus olhos encontram teu olhar

Mais bela a vida parece Sinto meu corpo arrepiar

Meu chão quase desaparece

A tua voz a soar Em mim como uma prece

Ecoa linda a cantar Num maleável sobe e desce

Nosso olhar ao se cruzar

Meu corpo todo estremece Palavras ficando no ar Minha face enrubesce

Pensamentos a rodar

Ilusão que floresce Silêncios a sufocar Alma que padece

Se pudesse te falar

Mas meu ser todo emudece Como é bom te amar

Melhor se tu soubesse

J u Virginiana. Professora, licenciada em Letras Português e Espanhol, especialista em Leitura e Produção

Textual.

É associada à AGES - Associação Gaú-cha de Escritores, filiada à UBT - União Brasileira de Trovadores de Caxias do Sul, Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores - AVSPE, Cônsul do Movimento Poetas del Mundo de Caxi-as do Sul Participa em inúmeros sites, blogs, jor-nais. Já integrou várias comissões julga-doras em concursos literários Participa em mais de cinquenta Antologi-as Poéticas. Conta com várias classifica-ções e premiações em Concursos Literá-rios

E-MAIL: [email protected]

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60% de sua doação será destinada ao atendimento emergencial aos animais de rua em situação de emergência, no pagamento de despesas médico-veterinárias e de medicamen-tos, os 40% restantes serão utilizados para outras despesas, como para a confecção de material educativo, despesas administrativas, bancárias (inclusive as tarifas de emissão dos boletos) etc. Caso você queira contribuir com valores menores, sua ajuda será bem vinda, mas devido ao valor da tarifa de emissão de boletos cobrada pelo banco, pedimos que faça isso através de depósito direto em nossa conta.

Instituto É O BICHO! Banco Itaú (Nº 341)

Agência - 0289 Conta Corrente - 61018-0

CNPJ do Instituto: 06.006.434/0001-85 (solicitado no caso de transferências entre contas)

Obrigado por colaborar financeiramente com o trabalho do Instituto É O BICHO!

Projeto “Balaio da Saúde Literária” é lança-do em Bento Gonçalves

O projeto “Balaio da Saúde Literária (para com-bater o óbito mental)”, realizado pela Biblioteca Pública Castro Alves em parceria com a Secre-taria Municipal de Saúde, foi recebido com mui-to carinho por representantes das 22 Unidades Básicas de Saúde (UBS), além de outros cinco Centros de Referência da cidade, no Salão No-bre da prefeitura, na sexta-feira, dia 23, Dia do Livro. A iniciativa tem como objetivo criar um espaço de acesso ao livro, e despertar o gosto e o hábito pela leitura na população que fre-quenta os postos de saúde do município. Ini-cialmente, os balaios foram entregues a 27 centros, porém a iniciativa visa contemplar 40 postos, em diversos bairros.

As antologias “Poesia do Brasil”, “Poeta, Mos-tra a Tua Cara” e “Poemas á Flor da Pele”, doadas pelo Congresso Brasileiro de Poesia fazem parte dos balaios.

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A FUGA DO CARANGUEJO

Por J. Machado

Ajoelhou-se e rezou! Rezava com fé, enquanto chorava. Não havia mais lágrimas, apenas o soluço que lhe cortava as palavras. Só as palavras, não a intenção. Sabia o que queria!

- Julieta não pode ficar sozinha! O senhor pode ajudar! Não pode?

Julieta sabe que pode. - E assim prosseguia com seus clamores em terceira pessoa, acreditando estar sendo ouvida. E continuou: - Julieta não quer ficar sem o caranguejo!

- Era assim que chamava seu companheiro, o qual amea-çava em deixá-la. Não era a primeira vez, mas Edgar ago-ra estava decidido e ela sabia que não era como das ou-tras vezes.

Sentindo que sua fé estava um tanto desgastada e com o vai e vem do caranguejo, enquanto arrumava as coisas dele, Julieta entrou em desespero. Alguém tinha que impedir este abandono!

Então passou a rogar a Buda, mas ele nada lhe fa-lava, pediu a Che Guevara, que passava em sua frente por várias vezes, estampado na camisa de Edgar. Que nada! Nem Buda, Nem Che Guevara, nem Iemanjá que há anos habitava aquele cantinho. Nem mesmo Santo Antonio que já estava de cabeça pra baixo há dias.

Por fim numa tentativa ainda desesperada, passou a rogar pelos ídolos mais próximos, Barak Obama, Silvio Santos, Agnaldo Timóteo, Galvão Bueno, Ana Maria Braga, o próprio Loro José...

Nada! Ninguém fez nada para impedir e Edgar se foi.

J .Machado, 50 anos. Já viajou pelo mundo todo. Foi à Londres da Rainha mãe, em Jerusalém sentiu a presença do Cristo, aquele, o filho do homem. Conheceu Manoel Bandeira, no Jardim da Luz, claro, de volta ao Brasil, aqui mesmo em São Paulo. Encantou-se com Clarice Lispector, numa biblioteca, bem pertinho de casa, aqui em Laguna. De onde faz suas viagens através da leitura.

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A LÍNGUA PORTUGUESA

Luciano Maia

É comum aceitar-se que ao final do século VIII a língua portuguesa (ou ga-lego-portuguesa) já estava constituída, diferente do latim vulgar, que a engen-drou e dos demais romances peninsu-lares ibéricos. Esse é o protoportuguês, que se pode observar nas documenta-ções em latim bárbaro, ou seja, após a queda do Império Romano do Ociden-te.

Num documento em latim bárbaro, datado de 1161, o escrivão introduziu uma frase inteira cujos componentes são já galego-portugueses: deslo rivoll até no rego que vai porla vila.

As invasões germânicas (século V) e a invasão moura (século VIII) marca-ram profundamente a futura feição da língua galego-portuguesa.

A língua portuguesa teve seu berço na Galiza, território ao norte de Portu-gal, a partir da Reconquista, ou seja, com a emancipação das terras que se encontravam em poder dos árabes, que invadiram a península no ano de 711 e dali só foram definitivamente expulsos em 1492, com a queda do califado de Granada, na Andaluzia.

É comum, portanto, o emprego de galego-português para designar esta língua, mesmo porque, tratando-se de textos antigos, não há como separar os dois idiomas. Na realidade, foi em gale-go-português que se redigiram os pri-meiros documentos e os primeiros tex-tos literários no oeste da península ibé-rica, inclusive na corte de Madrid, o que atesta o enorme prestígio de que des-frutava a nossa língua na Idade Média.

Dom Afonso X, o Sábio, rei de Caste-la, usou a língua galego-portuguesa pa-ra os seus escritos, poemas líricos, pro-fanos e religiosos de grande beleza. Ademais, foi em galego português que poetaram muitos outros escritores me-dievais da Espanha e mesmo de outras nações, como a Itália!

Com a independência de Portu-gal, por Dom Afonso Henriques, em 1147, o português se propagou a partir do norte e se mesclou com os falares neolatinos do sul da Lusitâ-nia, os chamados romanços moça-rábicos, passando, aos poucos, a formar o idioma português propria-mente dito (cerca de 1350), que di-fere algo do galego original, que, por assim dizer, fossilizou velhas formas arcaicas e regionalismos da língua, ainda hoje em uso pelos es-critores galegos.

A Língua Portuguesa, no auge das conquistas marítimas, se pro-pagou pelos cinco continentes. Até mesmo na longínqua Oceania, na Ilha de Timor, até recentemente sob domínio da Indonésia, a língua de Camões é escrita e falada. (...)

Atualmente o idioma português desfruta de grande prestígio inter-nacional, tendo sido recentemente adotado pela Organização das Na-ções Unidas como língua de traba-lho, a par do chinês, inglês, russo, francês, árabe e espanhol.

O Brasil é o maior país de língua portuguesa, responsável por mais de 3/4 dos falantes da nossa língua. Some-se a isso o fato de não con-tarmos com dialetos em nosso vas-to território, sendo perfeitamente inteligível a fala de um cearense do Vale do Jaguaribe a um gaúcho de Bajé ou a um carioca de Ipanema, e vice-versa.

O português do Brasil é, isto sim, um idioma extremamente enriqueci-do com os aportes indígenas e afri-canos, que modelaram, deram um retoque final à nossa língua, en-chendo-a de graça e suavidade.

Vários dialetos subsistem, porém, no português continental, ou seja, europeu. Em Portugal, cumpre citar os dialetos do Minho, de Trás-os-Montes, da Beira, da Extremadura, do Alentejo e do Algarve.

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A língua portuguesa é ainda utilizada por núcleos de imigrantes, principal-mente nos Estados Unidos, onde pos-suem um jornal (há também jornais diri-gidos a brasileiros), no Canadá, na Ve-nezuela, além de aproximadamente 1 milhão de portugueses hoje residentes na França, principalmente em Paris.

Por fim, lembremos que o papiamento (do português papear), provavelmente uma das mais novas línguas literárias do mundo, tem um fundo lexical portu-guês-espanhol, com cerca de 45%, con-tra cerca de 25% holandês e o restante de línguas africanas, do francês e do inglês. Sua estrutura gramatical é, en-tretanto, predominantemente africana.

Até hoje, nas Antilhas Holandesas (Curaçao, Bonaire e Aruba)um movi-mento visando à normatização do papi-amento, por intermédio do Instituto Ling-wistiko Antiano, com sede em Willems-tad, capital das Antilhas Holandesas.

Ressalte-se ainda que, ao contrário do que ocorre com outros falares criou-los do Caribe, o papiamento conta com uma expressiva literatura já desde o século XIX.

A figura canônica da literatura em lín-gua portuguesa é Luís Vaz de Camões e a obra "Os Lusíadas", mas os nomes que dignificam uma e outra (a língua e a literatura) são incontáveis. Citemos um nome apenas: José Saramago, Prê-mio Nobel de Literatura de 1998.

FONTE: Maia, Luciano. ALMANA-

QUE NEOLATINO. Fortaleza: UFC / Casa de José de Alencar, 2002, p. 33-35.

http://www.viegasdacosta.hpg.ig.com.br/amigos/lucianomaia.htm

Regionalismos

São registros de língua próprios da população de diferentes povoações ou regiões. Distinguem-se pela pro-núncia, pelos diferentes significados e diferente construção de palavras e frases.

TANGERINA fruto da tangerineira; bergamota, laranja-cravo, laranja-mimosa, mandarina, mexerica, mimosa, tangerina-cravo, tangerina-do-rio, vergamota.

MOUSSE DE TANGERINA

250 ml de suco de tangerina concen-trado natural 1 lata de leite condensado 1 lata de creme de leite

Modo de fazer:

No liquidificar coloque o suco, o leite condensado e o creme de leite Bata por cinco minutos Disponha em taças e leve à geladei-ra por 2 horas

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PENSANDO COM NÉLIDA PIÑON

A alma murcha é como uma passa de Corinto.

A vida de um homem termina nele. Só alguns ar-tistas prorrogam a existência.

O ser humano é um peregrino. É só na aparência que ele tem uma ge-ografia

"Se a memória simula esquecer os mortos, o amor, albergado no cora-ção e sempre à espreita, a qualquer sinal açoita quem sobrevive às lembranças."

Se ao ler você não entende o que alguém está dizendo e se não exer-ce a crítica diante do que lhe está sendo dado, não apreende e passa a ser apenas um escravo da informação

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CONTUBÉRNIO

Por José Carlos Paiva Bruno

Perfeita acoplagem: homem e mulher. Presente do Criador; este acoplar, espiritual, carnal, anatômico, convoluto... Entrópico! Êxtase que revela vida...

Completam-se em sedução, franqueza, sexo, nostalgia; solidariedade, simbiose, ca-minhar, completar... Benção e necessidade mútua, que espanta qualquer melancoli-a: sacripanta, desânimo, tristeza, fracasso e covardia...

Revelação da verdade, surpresa em afinidade...

Gancho na espírita poesia:

Alma gêmea da minha alma,

Flor de Luz da minha vida...

Sublime estrela caída,

Das belezas da amplidão...

Sazão primavera, sempre candura eterna, residente poesia... Alma que contagia!

Energia vital, aura que tudo faz valer à pena. Especiaria do Divino...

Mulher, alquimia da felicidade, sagrado manto da verdade. Caprichosa em existir, valente em dar a luz, acompanhante que conduz; felicidade manifesta do encontro do Gênesis.

Diana ou Afrodite, Eva ou Brigite, universo hálito, recomendado pelo Paráclito...

Cândida luz que guia; expoente da ternura, revelação da bravura...

Mulher lanterna do Homem, candelabro de magia, farol estrela-guia...

Bendita Virgem Maria!

J osé carlos Paiva Bruno é a quarta geração originada de Domenico Bruno, quando de

sua imigração da Itália para o Brasil... Iniciou-se co-mo menor-aprendiz no Banco do Brasil em 1979, técnico em eletrônica, advogado, integrador INTEL 602597, especialista MBA pela FGV em Direito da Tecnologia e especialista pela FOA em Docência Superior, sempre aprendiz-escritor e poeta…

http://cid-bab27cce4ad326da.spaces.live.com/blog/

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FALANDO DE AMOR

Por Jania Souza

És sensível ao sentimento, Amor!

És o próprio vôo de pétalas na carne

Confetes de felicidade no céu de boca nua salivada.

És beijo doce de mãe

Mão estendida ao desamparado

Água fresca na fervura da ira

Lençol branco da paz.

És meu suspiro de esperança

Meu abraço de caridade

Meu clamor por liberdade

Meu mar sensual no espaço.

És meu norte e meu ocidente

Bússola permanente em meu coração

Guia de minhas sensações perenes.

És paradigma no caos da violência

Consciência necessária à preservação humana.

És o Jardim da Bonança, Amor!

Pronto a ofertar teus saborosos frutos

A cada filho do homem.

És as delícias conjugais dos novos amantes

Em colchões de sonhos e plumas de avestruzes

Pássaros no nirvana da procriação.

Em todas as horas és meu incansável companheiro.

Sempre alerta, relembras-me os prazeres da vida.

Jamais permites que eu abdique do teu corpo puro.

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J ania Souza, potiguar de Natal/RN, Brasil, artista plástica, poeta, escritora, sócia fundadora da SPVA/RN - Sociedade

dos Poetas Vivos e Afins do RN. Pertence a AJEB/RN e a UBE/RN. APPERJ. Clube dos Escritores de Piracicaba. Participação em coletâneas nacionais e internacionais. Publicou em 2007, Rua Descalça (poemas) pelas Edições Bagaço/PE; em 2009, Fórum Íntimo (poemas) e Magnólia, a besourinha perfumada (infantil) pela Editora Alcance/RS. Contato: www.janiasouzaspvarncultural.blogspot.com; [email protected]

COMO VOCÊ VÊ @ VID@?

Todos as pessoas possuem uma maneira diferente de ver a vida e de expressar es-

ta visão.

Algumas escrevem, outras pintam, fotografam, desenham, cantam, tocam um instru-

mento, esculpem, fazem artesanato… Dentro de cada um de nós existe um artista.

Algumas vezes escondemos tanto que nem mesmo os familiares sabem que temos

aquele jeitinho especial!

Que tal mostrar pra gente? Que tal enviar para o site do VARAL DO BRASIL o que

você faz e dar uma chance para que possamos conhecer melhor você?

Leia as instruções nas seções « ELES » no www.varaldobrasil.ch

E-mail: [email protected]

E mãos à obra: a vida é agora!

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Antologia Literária Cidade Volume V

A Antologia Literária Cidade foi criada com a finalidade de cen-tralizar autores numa publicação fora do eixo, de oportunizar es-paço para novos autores, que ainda não tiveram seus textos publi-cados em livros, e oferecer um diferencial em relação a outras pu-blicações do tipo. Lançamos os três primeiros volumes com a par-ticipação de mais de 100 autores: de alunos de Ensino Médio a professores com doutorado, de autores nunca publicados a auto-res com mais de uma dúzia de publicações, com a participação de autores de várias cidades do Brasil e também com três autores residentes em outros países (Áustria, Austrália e Suíça).Dando continuidade ao nosso trabalho estamos fechando o Volume V da publicação com a perspectiva de levar o livro para a gráfica ainda em dezembro, posto que até o momento metade das páginas já estão fechadas. Além disso, contamos com a sua participação co-mo mais um habitante/morador desta nossa Cidade Literária. Contatos: [email protected]

Se você deseja ajudar os animais que todos os dias são abandonados, atrope-lados, maltratados e não sabe como, vai aqui uma dica:

Procure uma associação de proteção aos animais, um refúgio, uma organiza-ção ou mesmo uma pessoa responsá-vel em sua cidade ou estado. As cola-borações podem ser feitas através de tempo, dedicação, ajudas financeiras, divulgação.

Há pessoas por todos os cantos ajudan-do aqueles que não sabem como ajudar a si mesmos. Seja mais um, faça destes bichinhos a sua causa!!

AJUDE A AJUDAR, SEJA HUMANO!

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GOSTO

Por Jacqueline Aisenman

Alguns sabores são indeléveis

como certos sinais que trazemos

de nascimento...

O sabor do primeiro amor.

O sabor das boas lembranças.

O sabor de uma torta de chocolate.

O sabor de uma vitória dita intangível.

O bom dos sabores assim

é que eles não causam enjôo,

não fogem da memória

e não percutem os sentimentos.

São sublimes

e somam-se aos prazeres eternos

e às alegrias etéreas.

J acqueline é quem edita o VA-RAL. E quem tem o coração povoado de letras que vivem saindo pela caneta ou pelas teclas do computador. Pala-vras escritas, muitas vezes nem ditas.

Tem em seu site Coracional e em seu Blog Certas Linhas um meio de expres-são constante.

E-mail: [email protected]

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SIGNOS

Por Jaci Santana

Este homem, cujo rosto e corpo, Esculpi em pensamento.

Que vi nascer em minhas fantasias mais inocentes.

Tem a beleza de Narciso, Revelando-se, brandamente,

A caminhar sobre os meandros de minha consciência.

Neste sonho delirante, Delineei este rosto, este corpo,

Que tanto admiro e amo, Deixando-lhe minha marca, meu brasão de

múltiplos signos. Enquanto vou inserindo-me nestes traçados, Uma indescritível onda de prazer brotou-me,

subitamente. Tamanho o regozijo de vê-lo materializando-se Em formosura Osiriana... Altivo! Imponente!...

Um mito a acorrentar-me os pensamentos. Ah! Que sabor de glória tem o amor que sinto,

Por este ser mitológico, Que se veste de anjo, e aborda-me na cama, Arrastando-me em suas armadilhas de doces

encantos.

J aci Santana- Nasceu em Aracaju. Mora no Rio de

Janeiro. Cursou Direito e,atualmente, dedica-se a poesia. Participa de Concursos Literários. Recebeu vários convites para par-ticipar de Antologias. Recebeu Menção Honrosa no I Concurso de Poemas Delfos com o 5º lugar, e a divulgação do mesmo no Jornal Le Ville com a poesia “Oásis Tropi-cal”. Em 2007 teve seu primeiro Livro de Poesia “Amor, Sexo e Po-esia” editado pela Litteris Editora e participação no Diário do Escritor de 2006 a 2010, também pela Lit-teris Editora.

Nome: Jaci Leal Santana

E-mail:

[email protected]

[email protected]

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B@RRE@DO

Receita original: Pesquisa realizada por Mara Salles referente a autêntica receita do

Barreado Morretes -PR. Data do registro: 1997 Rendimento: 20 pessoas Precisa: 1 caldeirão grande de barro Ingredientes: 3k de coxão duro cortados em cubos de 6cm, 200g de bacon em tiras finas, 3 cebolas médias, 1 copo americano de vinagre de vinho tinto, 1 copo ameri-cano de óleo de soja, 8 dentes de alho cortados ao meio, 8 tomates sem sementes, 1 maço de cebolinha e um maço de salsinha picadas, cominho em pó, 2 colheres de sopa rasa de sal, 4 copos americanos de água, 3 folhas de louro. Atenção: Copo americano: 160ml. Faz Assim: Forre o fundo do caldeirão de barro com o bacon. Coloque uma camada da carne em cubos, um punhado de cebola, um de salsinha e um de cebolinha. Pol-vilhe o cominho e um pouco de alho. Vá fazendo as camadas, carne, cebola, cebo-linha, salsinha, cominho e alho. Dá umas 3 a 4 camadas de cada dependendo do diâmetro da panela. Bata no liquidificador o tomate com a água e coe. Misture o vi-nagre, o óleo e o sal e jogue por cima das camadas no caldeirão. coloque por cima as folhas de louro e tampe a panela. Faça uma pasta grossa com farinha de mandi-oca e água e vá vedando a tampa com cuidado. Vá alisando bem com a mão úmida para que fique bem vedada a tampa para garantir que não saia vapor. Cozinhe em cima de uma chapa ou em fogão a lenha (nunca na chama direta), por, no mínimo, 12 horas em fogo baixo. Após cozido, use uma faca de ponta fina para ir abrindo a massa que veda a tampa e tente não destruir a crosta de farinha. Se durante o co-zimento houver escape de ar, vá vedando os buraquinhos com a pasta de farinha que sobrou. Montagem do prato: Coloque num prato fundo farinha de mandioca de boa qualida-de, o barreado por cima e uma fatia de banana da terra grelhada em manteiga de garrafa por cima de tudo. É MARAVILHOSO!!! Vale a pena!! http://pt.petitchef.com/

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Perguntas e respostas sobre o Barreado?

O que é Barreado? Onde posso comer?

Um prato típico da culinária brasileira de sabor indescritível e altamente revigorante. Foi criado há mais de 200 anos por cabo-clos do litoral paranaense. Começou a ser servido por ocasião da festa do "entrudo", que hoje em dia conhecemos pelo nome de "Carnaval". Depois, foi incorporado às festas religiosas de Morretes e Antonina e hoje é considerado o prático típico oficial do Paraná.

Você encontra o Barreado em qualquer restaurante das cidades de Morretes e An-tonina (PR), onde anualmente acontece a Festa do Barreado. Também pode ser en-contrado nas boas casas do ramo de Curiti-ba e grandes cidades do País. Sabe-se que até nos Estados Unidos já existem restau-rantes especializados em comida típica brasileira servindo o Barreado. Mas tenha cuidado, poucos restaurantes oferecem o autêntico Barreado.

Como é feito? Qual a composição do prato?

É um cozido à base de carne bovina fibro-sa, sem osso e sem gordura, temperada com condimentos tropicais. O autêntico Barreado é feito em panela de barro, onde os ingredientes são colocados em camadas e cobertos com folhas de bananeira. De-pois, a panela é lacrada com uma argamas-sa de farinha de mandioca para evitar a saída de vapor. O cozimento se dá em fogo de lenha brando e dura até 18 horas para ficar no ponto.

Tradicionalmente, o Barreado é servido em pequenas panelas de barro com porções individuais acompanhadas e arroz branco solto, farinha de mandioca fina, pimenta e banana-caturra. Pode-se incrementar o prato com salada de couve refogada, faro-fa, porções de torresmo, azeite de oliva, banana à milanesa e laranja. É recomendá-vel colocar as panelas sobre um fogareiro de mesa para manter o conteúdo sempre quente. Opcionalmente pode-se levar à mesa a panela principal sobre fogareiro.

Que bebida devo tomar? Por que autêntico Barreado?

Uma dose de cachaça pura e da boa é in-dispensável como aperitivo. Se não tiver, substitua pela caipirinha, steinhäger ou mesmo conhaque. Sem dúvida, isto ajuda a aguçar o paladar. Durante a degustação vai bem o chope gelado, a cerveja ou mesmo o vinho. Não se preocupe com a dose, por-que a bebida alcoólica faz pouco ou ne-nhum efeito quando se come Barreado.

Primeiro e mais importante é o sabor. O autêntico Barreado tem sabor inconfundí-vel e um cheiro inesquecível para aqueles que já o provaram. Pode-se sentir o aroma a cem metros de distância do fogão. Ele se apresenta na forma de um caldo encorpado de coloração avermelhada.

Como se come o Barreado? Existe uma receita simples?

Não existe um ritual para se comer o Bar-reado. Basta uma mesa grande, uma roda de amigos e muita descontração. Os utensí-lios são: prato raso, garfo, faca e uma co-lher de madeira ou concha para servir. Co-loque no prato dois quartos de Barreado, um de arroz e o outro de farinha. O sabor fatal está esta na mistura destas três partes temperada com pimenta malagueta ao gos-to de cada um. Algumas rodelas de banana-caturra fazem o contraponto, já que seu adocicado dá um contraste ótimo com o Barreado picante.

Sim, existem variações da receita original que permitem a qualquer pessoa preparar uma versão simplificada do Barreado em fogão a gás e panela de pressão. Certamen-te, isto demanda bem menos tempo de co-zimento, algo em torno de 4 horas. Todavi-a, alertamos que o sabor final pode ficar muito aquém do verdadeiro Barreado. La-mentamos que o uso indiscriminado de receitas improvisadas, inclusive por co-merciantes de Antonina e Morretes, tem desvirtuado a originalidade do prato.

http://www.torque.com.br/barreado/faq.htm

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SIMPLES ASSIM

Por Infeto

Ossos do ofício. Ossos precipício.

Vida descontínua. Vida que termina.

Sebo nas canelas.

Sebo de vela.

Doença infernal. Inferno Carnal

Desejo reprimido.

Represo estampido.

Vozes no ouvido. Orelha no testículo.

Razão bem rasa.

Proporção imediata.

Destino cria vínculo. Link tem vírus.

Assim vou vivendo até quase parar! Assim vou parando até me acabar!

Parando vivendo. Vivendo parando.

Pensando!

INFETO

Soteropolitano, conhecido co-mo INFETO. Diplomado em ansiedade, insônia, frustração e com tendências artísticas e ao pensar desde os 14 anos. Julga-se, autodidata e ignoran-te por natureza perante a arte. Possui projetos engavetados e alguns realizados nas áreas literárias (contos, resenhas, críticas, artigos, monografias, poemas, crônicas, livros etc.), e também nas áreas de teatro e cinema (roteiros de curtas e peças), música, e artes visuais em geral. "Sou o espírito do Dr. Fritz incorporado num corpo de um tetraplégico."

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ACEITO A NOITE LENTA

Por Gustavo Henrique Bella

Aceito a noite lenta de horas vagas

Grisalhos cabelos surgem com a névoa branca

Lembranças cintilantes no céu passado

E aquela mão roga por um toque

Recebe uma face em meio a noite

O tempo que sofre entre as horas negras

Grita pelo nome de alguém que passa

Apenas um eco na escuridão faminta

Levando beijos que serpenteiam o coração

Cravando presas de veneno amargo

Derrubando os fortes e consumindo os fracos

Irônica vida de encantos tolos

Fortes palavras ditas a esmos

Sem salvação ou redenção

São apenas as presas encontram o tempo

E a noite longa ganha força ante as horas

Consumindo o corpo e diluindo a alma.

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ESPERANÇA Por Gilberto Nogueira de Oliveira Transpus um arco argentino E caí num nada Um nada abstrato Um nada incomum Acontece tantas com o homem... Hesse aceitou o desafio do lobo Vencendo a si próprio Kardek venceu as religiões Esquivando-se de todas Titov venceu o desafio do Vostok Dando dezessete voltas em órbita da terra Gagárin venceu o desafio das religiões: “Fui ao céu e não vi Deus” Os japoneses venceram o desafio da bomba A Provaram que os EUA não ganharam a guerra Quem consertaria o mundo? Eu? Você? Nós? Eles? Talvez a educação Talvez os filósofos... Talvez ninguém. E se o tempo consertar? Mas o tempo não existe. Vamos tentar? É uma esperança... E se esperarmos e nada vier? Que fazer? Vamos lutar?

Gilberto Nogueira de Oliveira

1953 - Nasce a 26 de agosto em Nazaré-Ba 1968 – Ingressa no PCdoB, na ilegali-dade e começa sua carreira literária com várias poesias e um romance: A VIN-GANÇA DOS IRRACIONAIS 1971 – Escreve REVOLTA e algumas poesias 1972 – Perde seu irmão mais velho (21 anos) em Salvador-Ba na militância polí-tica. 1974 – Escreve o SANTO DEMONIO e poesias 1976 – Muda-se para Belo Horizonte a trabalho e escreve poesias 1977 – Escreve ESSES HEROIS CAM-PONESES, OS DOIS POLOS ANTA-GÔNICOS e algumas poesias 1979 /1994 Escreve poesias 1995 – Escreve O SISTEMA e poesias 1998 – Escreve NEOLIBERALISMO NO CÉU e poesias 1999 – Escreve IMPÉRIO e mais dois livros que continuam sem títulos. 2000 -10 – Escreve ORGIAS CAPITAIS, FERRO, O HOMEM PARTIDO 2001 – Escreve TEATRO IMPRODUTI-VO, ZÉ, e conclui o livro FERRO. São organizadas todas as suas poesias em dois livros com os títulos LÁ FORA e EM MINHA TERRA.

Contato:[email protected]

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ALMA ESCURA

Por Fabricio Couto Martins

Tantas noites para desvendar

Os mistérios dessa alma escura,

Nos anseios dessa louca procura

E eu pobre de mim nada consegui

entender ,então hoje minha alma

Eu quero entregar a qualquer aventura

possível,dentro desse sonho estranho que

Se chama vida,dentro desta noite comum,

Onde estrelas brilham como sempre no céu

Eu procuro um sentido,um sentido para alem desse véu.

F abrício Couto Martins. Moro em Fronteira, Minas Gerais, onde sempre vi-vi,escrevo desde adolescente, e já publiquei alguns poemas numa antologia da edi-tora Scortecci que foi lançada na XVIII bienal internacional do livro de São Paulo, porém minha obra é bem vasta e diversificada e inclui poesias, crônicas, contos, textos e até letras para canções, a maioria de minha obra ainda não foi publicada.

Mantenho alguns endereços na internet onde coloco quase que diariamente obras de minha autoria, a saber, os dois mais acessados são:

http://blogdosblogs.spaceblog.com.br

http://artespontaneaart.blogspot.com

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MUSA IMPASSÍVEL I

Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero Luto jamais te afeie o cândido semblante!

Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho, e diante

De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero Em tua boca o suave o idílico descante.

Celebra ora um fantasma angüiforme de Dante; Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.

Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;

A rima cujo som, de uma harmonia crebra, Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva;

Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos, Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,

Ora o surdo rumor de mármores partidos.

Mármores (1895)

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http://www.sougaucho.com.br/

Abagualado* - O que ainda é muito arisco e espantadiço, como se fora bagual. É semelhante a bagual. Abichornado - Aborrecido, triste, de-sanimado. Aboletar-se* - Instalar-se. Ocupar indevidamente determinado lugar. Re-ceber ou ganhar qualquer coisa. Apo-derar-se de algo ou ocupar determin-dado lugar por esperteza. Abrir cancha - Abrir espaço para al-guém passar. Achego - Amparo, encosto, proteção. Acolherar* - Unir dois animais por meio de uma pequena guasca amar-rada ao pescoço. Atrelar ou ajoujar animais por meio de coleira. Unir, jun-tar com relação a pessoas. Acolherado* - Andar acolherados, sempre junto de duas pessoas. Açoiteira* - Parte do relho ou reben-que, constituída de tira ou tiras de couro, trançadas ou justapostas, com qual se castiga o animal de montaria ou de tração. Afeitar - Cortar a barba. Agregado - Pessoa pobre que se es-tabelece em terras alheias.

Bolicheiro - Dono de bolicho.

Bolicho - Casa de negócio.

Bugio - Pelego curtido e pintado, em

Buenacho - Muito bom, excelente,

Chilena* - Espora grande de papagaio virado e grandes rosetas, muito usada pelos campeiros e domadores. Chimango - Alcunha dada no Rio Grande do Sul aos partidários do go-verno na Revolução de 1929. China - Descendente ou mulher de índio, ou pessoa do sexo feminino que apresenta algumas das características étnicas das mulheres indígenas. Mu-lher de vida fácil.

Chineiro - Grande número de chinas,

Gaudério - Pessoa que não tem ocu-pação séria e vive à custa dos outros, andando de casa em casa. Parasita, amigo de viver à custa alheia. Gauderiar* - Viver vida de gaudério, viver à custa de outrem, vagabundar vivendo às expensas de outrem. O mesmo que gandular ou fila.

Manotaço - Pancada que o cavalo dá com uma das patas dianteiras, ou com ambas, bofetada, pancada com a mão dada por pessoa. Minuano - Vento frio e seco que sopra do sudeste, no inverno, vem dos An-des.

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BEMBEM PADECE DE AMOR

Por Eurico de Andrade

O Raimundo barbeiro estava quase indo à falência. A machaiada de Tabuí fizera da sua barbearia ponto de encontro predileto, onde se ficava sabendo de tudo. Quem tava ficando rico ou pobre, quem gostava de quem, quem apanhou de quem, quem tava saindo com quem... E o Raimundo brabo com a falta da freguesia que refugava de tanto falatório. Fre-guês que se aventurasse ali, mal saía, a ficha tava completa e era assunto por uma semana. Até que um dia o barbeiro resolve espantar o azar. Zequinha Bembem, o açougueiro simpló-rio, o mais conversador de todos, contador de papo, inventor de histórias, metido a brabo e a paquerador, era quem mais divertia a turma da barbearia. Raimundo acha de aprontar com o Bembem para ver se espalhava aquela homaiada da sua barbearia e a freguesia voltava. Es-creveu bilhete com letrinha delicada, caprichando na língua pátria. "Zequinha, tô pachonada por ocê. Sou sua fãn ocurta. Quero marcá incontro. Guarda segredo." E colocou o bilhete debaixo da porta do açougue, já tarde da noite, para não correr o risco de ser visto.

No dia seguinte, mal o Raimundo abre a barbearia, lá vem o Zequinha Bembem correndo, eufórico.

- Remundo, óia só! Ela tá paixonada por mim, sô! E Raimundo leu o bilhete que ele mesmo escreve-

ra, mostrando espanto. - Mas ocê não tá guardano o segredo que ela

pediu, ô Bembem! - Só tô contano procê, Remundo! - Óia, é bom ocê não contá para mais nin-

guém não, sô! Cê num conhece aquele ditado que diz que quem tiver segredo, não conte pra mulher casada, pois ela conta pro marido e ele pro seu camarada? Se-gredo tem perna curta, home! Ainda bem, Bembem, que sou homem de pouca fala! E quem será ela?

- Sei não... Pode sê a... E Bembem teceu uma longa lista das possíveis pretendentes. De solteiras donzelas a casa-

das que jogavam água fora da bacia, até beatas convictas e juramentadas. - Ah, Remundo! É dessa vez que eu disincravo, sô! Vai s'imbora, solidão!... Bembem passou o dia inquieto, rindo a toa, doido para enfronhar conversa de amor. Co-

mo ninguém deu trela, ele se calou. E Raimundo, só de butuca, querendo ver até quando o homem guardava segredo. Antes de ir para casa, comecinho da noite, escreve outro bilhete, novamente com letrinha delicada "Beimbeim, meu amor. Quero mim revelá procê amanhã de noite ao beco do Mijo 9 in ponto. Se eu demorá um poco, mim espera. Vái sozinho. De camisa branca pra mode eu vê ocê no iscuro. Nem paletó, nem blusa e nem xapéu. Oia o segredo viu? Sua amada". Deixa-o debaixo da porta do açougue e vai pra casa esconder-se do frio entre as colchas e coxas da patroa.

De manhãzinha, lá vem o Bembem correndo de novo, emocionado e sem fala, esconden-do papelzinho rosa no bolso.

- Remundo, ela me escreveu de novo, sô! - Ih, é? Dexovê! - Na-na-ni-na-não! Desta veiz não! Vô guardá segredo. É pedido dela. - Deixa de sê bobo, sô! Cumpoco cê tá pensando que eu quero passá ocê pra trás? - Né isso não, Remundo! Amanhã eu conto procê, tudo, no seu tintim, viu? Ah!...

Esta noite vai acontecê coisas!... - suspirou ele, revirando o zoinho.

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Raimundo viu o amigo pra lá de emocionado. Os olhos brilhando, a respiração ofegante e ele não parava um instante sequer, saltitante feito tiziu.

Bembem, naquele dia, não abriu o açougue e nem matou vaca. Ficou zanzando pela rua, ruminando seu segredo, vendo passarinho verde, doido pra contar para alguém, mas se segu-rando nos trancos, em respeito ao pedido da amada desconhecida.

À noite, a barbearia funcionou até bem mais tarde. O Raimundo, pedindo boca de siri, con-tou pra mais de uns quinze a história do Bembem. E todo mundo ficou sabendo o que iria a-contecer.

Um pouquinho antes das nove, tá a turma toda abafada, dentro da barbearia, tiritando de frio, cada um mais encapotado que o outro, esperando Bembem passar. Para chegar ao beco do Mijo, aquele era o único caminho. Cinco pras nove, um avisa lá vem o home! Bembem vem, em manga de camisa branca, banho tomado, perfumado e barba feita, olhando desconfi-ado para a porta da barbearia, de onde saia luz e bafo de macho. Assim que vai passando, en-colhido pelo frio e para não ser visto, alguém grita lá de dentro ô Bembem, ondé cocê vai, sô? Vamo chegá, home! O açougueiro, pego de surpresa, treme nas bases, sente batedeira, perde o tesão incontido e começa a suar frio.

- Tá com frio não, Bembem? - Vô ali! Tô não! - responde o moço às duas perguntas de uma vez. - Vem cá, Bembem! Vamo tomá uma pra esquentar o peito, home! - insiste o outro. - Depois em venho, tá? Larga deu! Dexeu em paz! E isala no mundo, ganhando a escuridão do beco do Mijo. Nessa hora, o Raimundo barbei-

ro entra em ação. Pega sua bicicleta velha, de nome magricela, bastante escangalhada, e sai também em direção ao beco do Mijo. Passa pelo Bembem e finge não conhecê-lo. Dá uns cin-co minutos de prazo e volta. Repete a ida e a vinda mais umas duas vezes, enquanto o Bem-bem se espreme entre um muro e um poste de luz sem luz, imaginando que não seria visto e nem reconhecido pelo barbeiro. Praguejava pros seus botões, querendo saber o que o Raimun-do fazia por ali, àquela hora da noite. E, emocionado, espera, espera, espera... Tremendo de frio. Até que, da emoção, após mais de uma hora, passa à raiva e resolve ir embora. O povo, estranhamente, - Bembem achou -, naquele frio, continuava na barbearia. Puto da vida, resolve pular dois muros do quintal do Al-fredão, correndo risco de mordida de cachorro, para não ser mais visto por aquele bando de vagabundos. Passa no seu açougue, já quase 11 da noite para procurar sinal da amada. E acha. Papelzinho cheiroso, cor de rosa, com letrinha delicada, dizia:

"Meu bem. Me perdoa gostozão. Num deu pra mim falá cocê. Si ocê num sabe, sou muié casada e o tarado do Remundo barbero tá disconfiado e aresorveu dá em riba deu e a siguieu fazeno preposta obissena de sequisso. Como num quero ficá malafama-da, adeus".

Bembem não esperou pelo dia seguinte. Saiu de si e deixou, no coração, lugar para homem brabo. Pegou faca de sangrar vaca e foi pra barbearia. A turma, incentivada pelo Raimundo, esperava.

- Cadê aquele disgraçado do Remundo? Remundo!... Traidô! Vem cá fora procê vê o quequié bão pa tosse! Cê tá dano inriba dela, né, fedaputa?!... Entrou em campo a turma do deixa disso e foram segurar o Zequinha Bembem. Começa-ram os empurra-empurras e os sopapos. E uns passaram a descontar nos outros as mágoas de antigamente, as fofocas mal ditas e as falas bem ditas, dando e levando

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bordoada. Cada um por si e Deus por todos. O fuzuê foi feio, em plena rua, beirando a meia-noite. Na refrega, alguém sumiu com a faca do açougueiro, desapareceram a peruca do alfaiate Cirilo e a dentadura do Laerte. Quando chegou o Divino soldado, o Toim Zaroio pro-curava, tateando o chão, os seus óculos fundo de garrafa e ninguém entendeu porque o Mané Falafina, o qualira da cidade, mais conhecido como arame liso, perdeu a calça e tava sentado no colo do Xinco Mangüara num cantinho mais escuro. Com o Divino, tudo acalmou quando, franzino e baixinho, ele teve que gritar, dando pulinhos e tiros pro alto para impor sua vonta-de.

- Cês num tão veno a otoridade aqui não, ô? Pára cuisso, cambada de fedaputa! Ao ouvir os tiros e sentir cheiro de autoridade, cada um foi saindo de fininho pra caçar seu canto, fugindo de ver o sol nascer quadrado. E Raimundo, o único que não tomou parte da confusão no meio da rua, fechou sua barbearia em paz, enquanto os da turma, alguns de olho inchado, boca sangrando e cuspindo dente, ficaram de nariz torcido e de mal uns com os ou-tros. Era o que queria Raimundo, para atrair de novo a freguesia.

Eurico Andrade.

Um menino que nasceu e começou a crescer lá no interior do interior pescando piabas, traíras e chorões no anzol e no puçá... Pegando juritis e saracuras na arapuca... Chupando ingá, gabi-roba, peidorreira, baco-pari, araçá, mangaba e cagaita... Mon-tando cavalo em pêlo... Bebendo leite direto dos peitos de va-cas, éguas, cabras e ovelhas... Comendo pururuca, angu com couve e torresmo... Morrendo de medo de assombração, evitan-do mato para não virar comida de onça... Fazendo promessas pra São Sebastião, São Jorge e Santa Bárbara... Garrando com o chefe de tudo quanto é santo para não deixar nenhum insatis-

feito... Acreditando no coisa ruim, em mal-olhado, em assombração e no saci pere-rê... Curando cobreiro e inflamação de aroeira com a Maria Geroma, à custa de mui-ta Ave-Maria e fio frio da faca afiada... Educado sob a batuta do chicote e ameaças de castigo de Deus, nosso Senhor... Trabalhando como candieiro guiando carro de boi... Trabalhando como meeiro e tarefeiro no cabo da enxada... Ajudando vaca na hora do parto... Vendo a Joaninha apanhando do Zé da Ponte do Bode enquanto ele cobria de mimos e beijos a mocinha Julieta... Bebendo chá de mané turé, carqueja, fedegoso, chapéu de couro, congonha... Comendo beldroega, broto de aboboreira, miolo de gueroba, frango com pequi, angu com quiabo, quibebe, inhame com leite... Assistindo a boiada passar... Vendo o trem de ferro apontar na boca de um corte e sumir na outra carregando boi, muquiça e gente... Vendo a enchente destruir as ro-ças de arroz e milho do pai... Arrancando mandioca no muque pra farinha e o polvi-lho do ano... Fazendo paçoca de carne seca e socando arroz e café no monjolo de pé... Indo pra escola a uma légua de distância no cavalinho da orelha murcha... Con-vivendo e conversando com João Pelota, Zé Rosa, João Garrote, João Geada, Zé Ficiano, Zé Pelotin ha, João Garrotinho, João do Zé Ficiano, Zeca do Zé Ficiano, Zé Albino, João Miguel, Zé do Orico, Zé Taviano, João Vergina, Zé Cota, Zé Ramo, Jo-ão do João Vergina, Severo... Só podia dar no que deu, no meio de tantos zés e jo-ães : um escrevedor de coisas da roça.

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CANTÕES PEQUENOS E AUTÔNOMOS

http://www.swissinfo.ch

Se a Suíça como Estado surgiu em 1848, a maioria dos cantões tem uma história bem antiga. Quando se fala em origem da Suíça, evoca-se freqüentemente a data de 1291. Isto não é nem totalmente errado, nem realmente certo. É verdade, no entanto, que no fim do século XIII, os três cantões da denominada ‘Suíça primitiva’ – os Waldstäten Uri, Schwyz e Unterwald – formalizaram uma aliança de ajuda mútua. Lançaram assim os alicerces de uma confederação de Estados que perdurou até 1798. Os outros cantões aderiram a esse pacto, paulatinamente, embora permanecendo entidades quase independentes. Uma expansão progressiva Entre 1353 e 1481, a antiga Confederação cresceria ao ponto de, finalmente reunir oito cantões. Nesse espaço de tempo, os cantões de Zurique, Berna, Lucerna, Glarus e Zug decidiram, de fato, unir-se a Uri, Schwyz e Unterwald. A Suíça foi, então, tomando forma no âmbito do Sacro Império Romano-Germânico. A etapa seguinte ocorreu após o Convênio de Stans que permitiu aos diferentes membros da antiga Confederação acertar um novo compromisso. A adesão de Solothurn e Friburgo como membros de plenos direitos será seguida em 1513 por Basiléia, Schaffhausen e Appenzell. A Confederação dos 13 antigos cantões estava formada. A conclusão desta confederação terá

desfecho em 1798 com a “Revolução Helvética”, baseada na Revolução Francesa, que vai dar na criação da República Helvética. No seio desta, os cantões não passarão de simples circunscrições administrativas. A ocupação do território suíço pelas tropas napoleônicas acabava definitivamente com o Antigo Regime. Após a queda de Napoleão e o Congresso de Viena, a Suíça retoma o modelo de Confederação cujo símbolo é a assinatura do Pacto Federal de 1815. Entre 1803 e 1815, os novos cantões – St.Gallen, Grisões (Graubünden), Aarau, Thurgóvia, Ticino, Vaud, Valais, Neuchâtel e Genebra – aderem à Suíça, preservando, porém, parcialmente, a própria independência. Assim, vários cantões da Suíça Romanda (de expressão francesa) – Genebra, Neuchâtel, Jura – conservam o nome de república e do cantão. Genebra, por exemplo, denominam-se “República e Cantão de Genebra”. Isto surpreendeu a todos, porque desde a fundação da Suíça como Estado Federal, os cantões não gozavam de soberania como estado. As leis e os regulamentos cantonais estão subordinados ao direito federal.

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Vastas competências Em sua estrutura política, os cantões assemelham-se, porém, à Confederação. Eles baseiam-se numa constituição que, em numerosos casos, remonta ao século XIX. Como o Governo (chamado de Conselho Federal), os executivos cantonais são regidos pelo princípio da colegialidade e contam com cinco ou sete membros. Nos cantões, diferentemente da Confederação, o governo é eleito pelo povo e não pelo Parlamento. Os parlamentos cantonais, chamados de Grande Conselho (Grand Conseil em francês, e Grosser Rat, Landrat ou Kantonsrat, na Suíça Alemã), são unicamerais, ou seja, dispõem de uma única câmara legislativa. Os cantões são credenciados a promulgar uma constituição e as leis que os governam. O poder judiciário é também da competência deles. Territórios idênticos De acordo com a Constituição Federal, a Suíça é formada por 26 cantões, sendo seis semi-cantões’: Obwald / Nidwald, Basiléia-Cidade / Basiléia-Campo, Appenzell Rhodes Exteriores / Appenzell Rhodes Interiores. Esse estatuto não afeta a autonomia interna do Estado membro. A diferença está na sua representação em Berna: o ‘semi-cantão’ dispõe apenas de uma cadeira no Senado (chamado de Conselho dos Estados ).

Quando de votações populares, em que a maioria dos cantões deve aprovar a questão submetida a sufrágio, o resultado de um ‘semi-cantão’ conta somente como metade.

Foto: Harshil-Shahb

Genebra

Genebra

Jacqueline A

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A maioria dos cantões está enraizada na antiga Confederação. Durante séculos, seus territórios permaneceram inalterados. As últimas modificações de fronteira aconteceram em 1979, quando foi criado o cantão do Jura, resultado da separação de três distritos berneses. E, em 1993, a região de Laufental deixou o cantão de Berna para unir-se ao Cantão de Basiléia-Campo. Com 37 km2, Basiléia-Cidade é o menor cantão em superfície. Já os Grisões (Graubünden) com 7.105 km2 é o maior do país. Zurique é o mais populoso (quase 1.3 milhão de habitantes, segundo dados de 2005). Appenzell Rhodes Interiores é o cantão com menor densidade demográfica, pois conta com somente 15.171 habitantes, de acordo com estatísticas de 2004.

http://www.swissinfo.ch

Foto de Michel Bobillier

FONDUE SUISSE

Ingredientes (para 4 pessoas):

- 200 g de queijo gruyère suíço meio salgado - 300 g de queijo Swiss Vacherin le-ve (adocicado) - 2,25 dl de vinho branco (Valais) - 3 colheres de chá de maisena - 2 dentes de alho - Noz-moscada - Pimenta do reino - 1 pitada de bicarbonato de sódio - 1 / 3 de uma colher de kirsch - 500 g de pão branco Preparação: Corte o queijo em pedaços pequenos e reserve. Cortar o pão em fatias. Em uma panela coloque os dentes de alho e esfregue até esmagá-los, adi-cione o vinho branco e milho. Colo-que para aquecer. Adicione o queijo e deixe derreter, mexendo sempre com uma espátula de madeira. Quando a mistura estiver homogênea adicionar o kirsch mistu-rado com bicarbonato de sódio. Adicione a pimenta, noz-moscada e sirva imediatamente.

http://www.marmiton.org

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MEU BRASIL BRASILEIRO

Por Dimythryus

Eu brasileiro, pouco mais dos trinta CPF, regular Título em dia Um verdadeiro patriota. Eu, montoeiras de declarações Recadastramentos Retificações E vão-se os últimos soldos em autenticações e xérox. Brasileiro, da contribuição sindical PIS, FGTS, Confins, IRPF, CPMF, IOF Malha fina, Carne Leão E o tão bravo e guerreiro SALÁRIO mínimo. Sem contar o ICMS, IPTU, licenciamento, taxa de luz E extensas filas de centopéias enlouquecidas Protocolos queda de pressão, indeferimento E vão-se os dígitos do impostômetro. Quarta feira campeonato brasileiro Sambinha Uma loira geladíssima, espetinho E mais um lote da restituição é liberado.

D imythius. Heterônimo do poeta Darlan Alberto T. A. Padilha, Licencia-do em Letras pela Faculdade UNIESP-SP, Embaixador da Paz, títu-

lo que lhe fora atribuído pelo “CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS DE LA PAIX – SUISSE – FRANCE (Genebra – Suíça). Entre suas 71 premia-ções destaca-se o “Prix Francophonie” a Menção Honrosa (Diplôme d’honneur) no 10éme Concours International de Litterature Regards 2009 (Nevers – France). Contatos:

Caixa Postal : 1573 – São Paulo / SP – Brasil, 01009-972

[email protected]

[email protected]

Cel.: (11) 7377-3630 - Tel. Com: (11) 3106 – 0078

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Salve, salve os santos padroeiros (Resumo de matéria da revista Bons Fluídos) Na tradição brasileira, junho é mês de festa, quentão, quadrilha e de comemorar os dias de padroeiros queridos: são João, são Pedro e santo Antônio. Conheça a his-tória dos santos juninos, reze e – por que não? – capriche nos pedidos e nas sim-patias. Chapéu de palha, fantasia de caipira, rojão, busca-pé, balão, bombinha. É assim que a gente gosta de reverenciar nossos queridos santos do mês de junho. Vira-mos crianças ao pé da fogueira, soltando biriba, comendo pipoca e pé-de-moleque – e fazendo simpatias para conseguir amor, felicidade e fartura. Afinal, os santos estão aí para isso mesmo.

Essas festas tão brasileiras têm na verdade uma origem remota. Antes do nasci-mento de Jesus Cristo, os povos pagãos do Hemisfério Norte celebravam o solstí-cio de verão, o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que lá acontece em ju-nho e marca o início da estação quente. Nessas festas, a fim de promover a fertili-dade da terra e garantir boas colheitas futuras, havia danças e fogueiras (acesas para afugentar os espíritos maus).

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Com o avanço do cristianismo, a Igreja preservou e incorporou essas tradições também como forma de conseguir mais popularidade. No século 6, os ritos da festa do dia do solstício de verão, em 21 de ju-nho, passaram para o dia do nascimento de são João Batista, dia 24 de junho. Mais tarde, no século 13, foram incluídas no calendário litúrgico as datas comemorativas de santo Antônio (dia 13) e são Pe-dro (dia 29). Os colonizadores portugueses trouxeram as festivi-dades para o Brasil e aqui elas ganharam cores e sabores influenciados pelos índios e negros escra-vos, responsáveis pela mão-de-obra nas cozinhas coloniais. “É por isso que até hoje reverenciamos os santos juninos provando quitutes de milho, a-mendoim e mandioca, ingredientes básicos na me-sa popular para bolos, tapioca, paçoca, pé-de-moleque, milho cozido”, diz a especialista em folclo-re e cultura popular Lourdes Macena, coordenadora de pós-graduação do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, em Fortaleza. Nos estados nordestinos, as festas juninas hoje são tão popula-res quanto o Carnaval. “Para os sertanejos, elas têm um significado muito importante, reforçando o sentido de união da comunidade”, explica Lourdes.

Revista Bons Fluídos de ju-nho de 2004 com texto de Wilson F. D. Weigl.

Rotina

Por Cristiane Stancovik

Na rotina de fechar meus olhos

venho aqui todos os dias neste mundo impudico tênue na consciência

do reles mortal que sou tele transporto-te comigo para um mundo nubente

de compromisso com nós dois confirmando que a felicidade

o bem estar de um coração apaixonado sustenta o depois

que o simples toque do perfeito desvenda mistérios

desmistifica o impossível concretiza o desejo

da sensação dolente de um sentimento indescritível

envolvendo-te na dimensão exata que é exatamente permanecer comigo no

além tendo a certeza de que quando fechas

teus olhos sentes o mesmo prazer

que eu estou sentindo também.

N elci Cristiane Stanco-vik nasceu em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul no ano de 1980, mas vive em Capivari de Baixo, Santa Catarina desde os dois anos de idade. É filha de Nelson Stancovik (artista circen-se) e Clair Salete Pandolfi (descendente de imigrantes itali-anos). Estudante de letras na Universi-dade do Sul de Santa Catarina, lugar o qual foi incentivada por sua professora de literatura "Jussara Bittencout de Sá" (escritora) a escrever e ins-crever-se para um concurso na-cional literário no ano de 2008, conquistando o primeiro lugar na categoria crônica.

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Um dos festivais de verão mais conhecidos do mundo, o Festival de Jazz de Montreux reúne a cada ano uma di-versidade de artistas que chegam do mundo todo. Ao contrário do título, o festival não se resume ao jazz, mas traz muitos tipos de música. Há o programa pago e o programa livre. Neste segundo, artistas das mais variadas localidades e com performan-ces que nos levam a passeios por vários ritmos, fazem o show em diversos locais externos (parques e palcos) do festival e também no já famoso Montreux Jazz Café. Uma experiência musical única, o Festival traz nomes consagrados e revela talentos a cada ano. Este ano o cartaz foi realizado por um artista brasileiro, Romero Britto De 02 a 17 de julho de 2010 Para conhecer a programação visite o site: http://www.montreuxjazz.com/2010/

Romero Britto é um artista, pintor e escultor nascido em Recife no dia 06 de ou-tubro de 1963. Sua obra tem elementos da arte pop, o cubismo e o grafite. Ele fez sua primeira exposição com 14 anos. Em sua juventude, visitou muitos países da Europa. Sediado em Miami, ele montou seu estúdio no bairro de Coconut Grove, onde expôs suas obras nas ruas. Surgiu na cena internacional, em 1989, ao receber o pedido da marca de vodka Absolut de rótulo novo para uma campa-nha publicitária. Seu estilo de desenho diferente começou a ter uma grande demanda proveniente de grandes empresas, tanto para os murais e esculturas como para produtos de iden-tificação das sociedades. Recentemente, por exemplo, ele tra-balhou para a Disney e Evian. Britto foi nomeado embaixador das Artes pela Flórida. Em 2007, ele fez uma escultura para o quadragésimo aniversário do Festival de Jazz de Montreux e figurinos para o quadragésimo primeiro Super Bowl.

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CALENDÁRIO

Por Clarice Villac

Finzinho de abril –

conhecedoras do tempo

as flores-de-maio

penduradas na varanda

formam seus botões.

Aprendo com elas.

C larice Villac. Paulistana, reside em Campinas, SP.

Revisora editorial e professora, encantada por bichos & plantas. Sítio: http://www.villac.pro.br/

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Ingredientes 600 g de isca de vitela

1 colher (sopa) de manteiga

1 cebola picada fina

250 g de cogumelos variados

1 colher (sopa) de farinha de trigo

200 ml de vinho branco seco

200 ml de creme de leite fresco

Sal e pimenta do reino à gosto Modo de preparo: Numa frigideira refogue rapidamente a carne

na manteiga.

Reserve.

Na mesma frigideira, doure a cebola, acrescente

os cogumelos e refogue, polvilhando com a farinha de

trigo e misturando com uma colher.

Adicione o vinho branco e o creme de leite, sem

deixar ferver.

Tempere com sal e pimenta.

Junte a carne, aqueça e sirva em seguida.

Quem não conhece? De Anchorage a Tóquio, o picadinho de vitela cortada à moda de Zurique, coberto com um molho de creme delicioso, é um prato servido em todos os menus. Embora não haja dúvida de que ele é um nativo de Zurique, é mencionado pela primeira vez em 1941 em um livro de receitas. Pensa-se, contudo, que ele já era consumido no século XVIII, na época com preparado com os rins. Muitos restaurantes em Zurique têm esse clássico em seus cartões e são acompanhados por batatas fritas crocantes. Dica: http://www.myswitzerland.com/

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Por CHAJAFREIDAFINKELSZTAIN

É tempo de voar! Dar asas à imaginação! Tempo de se voltar voando num tapete mágico... sintonizar o botão e regredir... voltar numa temporada de verão. Os meninos pequenos, passando as férias no condomínio da casa serrana. Fugindo do calor da cidade, passavam quase dois meses integralmente, curtindo a casa, o clima, os espaço e os amigos. Tempo bom... bom tempo... elástico e preguiçoso, sem compromisso com a vida, tempo de curtir a infância, deixando fluir a inocência, semeando a alegria, deitando no embalo da rede e balançando... só balançando.

Antes de saírem da cidade, o vô oferecera aos netos um passarinho alegre e cantor, que o despertava todas as manhãs. A filha alerta recusou-o, saben-do o quanto ele havia se apegado ao pássaro, mas mais que tudo era o amor por a-queles meninos, seus netos. Aliás, o vô, sempre estava bolando um meio de agradar àquelas crianças. Então, para não deixá-lo mais triste, levaram o bichinho na gaiola, frisando que os meninos teriam uma enorme responsabilidade no seu cuidado, que não esquecessem esse detalhe!

E, lá se foram, com as inúmeras tralhas, a felicidade despontando pela estrada, pelo caminho. Cantarolaram a viagem inteira. Na chegada, precisavam aco-modar as coisas, mas esta era tarefa exclusiva da mãe, aliás, ela sempre sobrecarre-gada, e sempre dando conta do recado. O mais velho dos meninos, estava preocu-padíssimo onde colocariam a avezinha cantora, amarelinho-amarelinho?! E o restan-te, seria como aproveitar melhor os momentos de lazer, as brincadeiras na piscina, as corridas de bicicleta, os jogos de futebol, alternados com "voleibol”, o passeio a cavalo todos os dias depois do almoço, os piques da vida onde corriam e se escondi-am por todas as áreas do condomínio. Abençoadas férias, te curtiram de montão!

Decidiram que durante o dia, a gaiola ficaria pendurada na área e à noi-te dormiria dentro da cozinha. Ali havia bastante luz do sol, um ventinho ameno, com bastante movimento de vozes. O bichinho teria de sentir-se protegido, precisava de gente, para aprimorar as cordas vocais. Todas as manhãs, às vezes cedo demais, lá estava ele desempenhando suas funções. Impossível ignorar a sua existência, sem-pre se fazia ouvir.

Os irmãos iam lá conferir com assiduidade, se estava se alimentando, afinal passara-lhes a idéia de como "ter de cuidar do bicho" seria mais ou menos is-so, fiscalizar se a mãe, ou se a empregada estavam desempenhando as tarefas co-mo deveriam. Assim, começa a formação dos líderes, "dos mandões-zinhos" desde pequenos, já testando o alcance de uma ordem, ordenando e verificando a eficiência do cumprimento da mesma. Certo?

Durante o mês de janeiro, sempre chovia mais do que desejavam, mas, naquela manhã, um vento forte antecedera a chuva, e antes que dessem conta, o vento derrubara a gaiola. Um pressentimento terrível, ao levantarem a gaiola do chão. Os meninos fecharam os olhos e não queriam ser testemunhas do que se pas-sara, então pela voz da mãe, toda nervosa, verificou-se que o canarinho quebrara a perninha na queda, deitado acuadíssimo no canto preso à grade, tremia assustadís-

Só houve tempo de pegar as chaves do carro na gaveta, a gaiola e os meninos e sair à procura de um veterinário para socorrer o pobre do bichinho. Orientando ao mais velho que segurasse firme enquanto ela dirigia. Que surpresa ao parar o fusquinha sobre a calçada em busca do socorro, lá de dentro saíram todas as crianças do condomínio, ela poderia jurar que não os vira entrar. Eram nada mais, que sete, os três da última casa, uma da casa ao lado, outros três da casa da frente, e com os seus dois, somavam nove... nove crianças... sentaram um no colo do outro, não proferiram uma palavra, vieram caladíssimos e torciam que o passarinho sobrevivesse. Com certeza, entraram com assentimento do filho mais velho! O general e sua tropa a acompanhá-lo!

O veterinário ficara mais sensibilizado com a platéia, do que com a vítima ou acidente em si. Prometera então a todos, que faria o que seria possível, e pegou um fósforo prendeu-o a perninha do passarinho com um esparadrapo. Fi-zera uma tala, mas não prometia milagres, se a perninha aderisse, o bichinho esta-ria salvo, caso contrário ele não resistiria.

Não faltaram rezas, e naquela tarde nem se lembraram de brincar, ficaram sentados no jardim, só olhando o passarinho. Uma espécie de roda intuiti-va de pensamento positivo. Até a noitinha nenhum efeito se fazia notar. Foram to-dos para cama preocupados. A mãe tinha além dessa, outra preocupação, como contar ao vô o que acontecera? Decidiu que nada contaria pelo telefone e orientou as crianças para fazerem o mesmo. Nenhum comentário seria feito sobre o aconte-cido, segredo de Estado! Todos só chegavam ao final de semana, e até lá, quem sabe algo já estaria modificado!

No dia seguinte, o bichinho cantor, amanhecera em cima do poleiro, saltara para lá sozinho, o fizera com seu próprio esforço, sinal que estaria se resta-belecendo. Não emitia um só pio, silencioso como a madrugada. A notícia propa-gou-se num segundo. Precisavam aguardar com paciência a evolução do quadro.

Os avós chegaram ao final de semana, e a primeira observação fora quanto ao silêncio do canarinho, porque não estaria cantando? Sempre que havia agitação, ele cantava mais alto e naquela tarde, nada acontecia...

Os netos, não sabiam como disfarçar, mas ao cruzarem com o olhar da mãe, desviavam e procuravam por outro assunto. Foi muito difícil omitir o fato naquele final de semana. E a cada vez, que o vô, ia à área o coração dos meninos ia ao chão, loucos para contar o sucedido.

Jelena Jovović

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ChajaFreidaFinkelsztain

Professora, Pedagoga, Escritora, Poetisa, Contista e Cronista, Chaja nasceu na Alemanha em 1947. Seus pais foram sobreviventes de campos de concentração. Atualmente somente sua mãe (Eva) está viva. A família chegou ao Brasil em 1950, puxados por um tio materno que aqui vivia. O início de vida foi muito difícil e trabalharam arduamente pela manutenção digna de uma família. Aos dezoito anos naturalizou-se brasileira.

Casada com Isaac Manoel, médico pediatra, mãe de dois filhos: Cláudio e Gilson, ambos casados, têm dois netinhos lindos – Marcel e Mariana e um a caminho (do Gilson).

Chaja graduou-se inicialmente, em 1968 em Filosofia pela UERJ, tendo registro MEC em História, Filosofia e Psicologia. Lecionou por dez anos História, Moral e Cívica e OSPB no Colégio A. Liessin, (particular). Paralelamente fez concursos e foi aprovada para o Município. Começou como profa. de Estudos Sociais na Escola Estados Unidos. Em 1980 foi convidada a ingressar para equipe do 5º DEC, STAE, onde chegou a coordenar a equipe de Supervisão Escolar.

Fez complementação na área de Pedagogia com registros do MEC em Supervisão, Orienta-ção e Administração. Em 1982 terminou seu curso de Pós-graduação em Educação pela U-FRJ.

Árcade efetiva da ABRACE–Arcádia Brasílica de Artes e Ciências Estéticas, desde setembro de 2000, onde atualmente ocupa a função de Secretária Geral.

Escritora correspondente da Academia Cachoeirense de Letras foi con-vidada através de participação e premiação em concurso literário.

Laureada com diplomas, títulos, troféus e medalhas de “ouro”, “prata” e” bronze” – Tem obras publicadas em Antologias, Jornais e Revistas.

Uma pequena obs.: Chaja têm material suficiente para impressão de um livro solo, mas ainda não conseguiu tempo para organizá-lo .

Voltaram das férias com o canarinho vivo, mas sem cantar, o vô nunca se conformara com o sucedido, achava que o clima da montanha fora incompatível com a ave, jamais lhe contaram sobre a queda. Devolveram o bichinho ao dono, com um peso enorme na alma.

Meses depois... o vô que morava no apartamento ao lado, entrara de manhãzinha bem cedo, antes de ir para o trabalho, no quarto dos meninos e os avi-sara que antes de se prepararem para irem à escola, dessem uma olhadinha na ca-sa dele: o passarinho amanhecera cantando e parecia não querer parar maisssssssssssssssss!

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SILÊNCIO

Por Carlos Eduardo Marcos Bonfá

Cilicia O silêncio

Que silencia A música

Que necessita Encontrar

Para ritmar O mundo.

Mas O silêncio

É o Cio

Do som.

C arlos Eduardo Marcos Bonfá nasceu em Socorro (SP), em 1984. É

mestre em Estudos Literários (Letras) pela Universidade Estadual Paulista "Júlio

de Mesquita Filho" (UNESP), sendo graduado em Letras na mesma instituição a-

cadêmica. Publicou um livro: Ossos e ervas (2002).

Publicou poemas e artigos acadêmicos em jornais,

sites, blogs, blogs coletivos, revistas eletrônicas, aca-

dêmicas e especializadas e participou de antologias.

Mantém um blog no seguinte endereço:

www.carloseduardobonfa.blogspot.com

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OS SAPATOS DO VALDEMAR Por Antonio Vendramini Neto Valdemar era um paulistano da gema, uma pessoa muito educada e bem vivida, se trajava muito bem, mantinha sempre a barba e cabelos aparados e unhas cortadas, calçados engraxados e lustrosos. Nas suas viagens como caixeiro-viajante, antes de visitar um cliente, utilizava uma loção, mantendo uma postura de uma pessoa bem as-seada. Muito gentil, utilizava um vocabulário impecável, devido ao seu bom grau de escolaridade. Sabia como ninguém demonstrar os produtos que representava, colocando argumen-tos convincentes, que resultavam em um belo pedido para a empresa que trabalhava. Tinha uma ótima clientela que se espalhava pelo interior do Estado, e uma boa parte do sul de Minas Gerais. Em uma segunda-feira veio almoçar em sua casa, e falou para a esposa que lhe a-guardava sempre com um sorriso nos lábios e uma palavra de conforto pelo seu árduo trabalho de viajar a serviço. - Olha, hoje à noite, tenho que viajar para o sul de Minas, para fazer toda aquela regi-ão e volto na quinta-feira, prepare um bom jantar, que vou sentir falta de sua comidi-nha gostosa. La pelas vinte horas chegou apressado, querendo jantar logo, pois logo mais tinha jogo que seria transmitido pela televisão do Corinthians, e não queria per-der, porque o Ronaldão jogaria aquele jogo. Terminou o jantar, beijou Alzira e começou arrumar a mala de viagem, nesse momen-to, lembrou do jogo, ligou a TV que ficava em sua bela sala, toda cercada de cortinas, e a tela abriu com o timão entrando em campo, foi uma alegria, quando ouviu o repór-ter entrevistando o Ronaldão, que prometeu marcar dois gols. Deu um sorriso e falou para Alzira: - Quero ver se ele vai fazer mesmo, está muito mascarado! Enquanto o jogo se desenrolava, nos momentos de marasmo, corria para o quarto, apanhava as roupas e ia arrumando na mala, na sala, para não perder as jogadas. No momento em que estava no quarto, Ronaldão marcou um gol, ele veio correndo para a sala e soltou um palavrão. - Filha da mãe, perdi o gol, mas acho que vão repetir a jogada! Na repetição, se deleitou com o gol e falou para Alzira. - Não é que o gordo está cumprindo com a palavra! Só falta mais um. Num daqueles momentos de monotonia do jogo, pensou: “vou buscar o meu par de sapatos sobressalentes” Abriu a sapateira e apanhou um par, quando ouviu a voz do locutor se encher de emo-ção, porque Ronaldão fez mais um. Veio correndo para a sala, com o par de sapatos na mão e ficou pulando que nem um moleque na sala. Abraçou Alzira, deu uma tapa na bunda e disse: -Sempre que faço isso da sorte, êta bunda boa! Foi então colocar os sapatos na mala e começou a embrulhá-los com um pano, para não sujar a roupa. Percebeu então que estavam sujos, teve a iniciativa de ir trocá-los, mas a jogo estava bom e ficou com aquele par na mão. Pensou então: “Vou deixá-los aqui perto da cortina, pego outro e depois eu limpo esse aqui e deixo na sapateira”. Só que o jogo estava emocionante e ele colocou na mala o calçado limpo, e esqueceu-se de guardar aquele sujo, que ficou junto à parede com a biqueira voltada para a sa-la, com a cortina sobre o mesmo.

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Valdemar exclamou! Vou embora, me dá aqui um beijo, vou assistir o restante do jo-go no radio do carro, o Ronaldão já fez dois e agora é só alegria. Foi embora para chegar logo pela manhã no local de destino. Alzira que já estava meio sonolenta foi deitar em seu quarto, sem desligar a televi-são. Acordou no meio da noite e ouviu vozes... O que seria? Será algum ladrão? En-tão foi na ponta dos pés para a sala, de onde vinham as vozes. “Então pensou”, A-quele maluco foi embora e não desligou a televisão. Foi mais perto para desligar, quando viu de baixo da cortina, aqueles calçados esquecidos por Valdemar. Pensou rapidamente: “É um ladrão, e está escondido atrás da cortina, se ele avançar para cima de mim? É melhor chamar a policia”. Ligou para o 190 e pediu urgência, fornecendo o endereço e tudo o mais. Depois de uns quinze minutos, bateram a porta. Foi correndo abrir e deu de cara com um ho-mem corpulento que logo se identificou como o sargento Nepomuceno. - Pois não minha senhora, o bandido está ainda aí? - É eu desliguei a TV e vi que aqueles sapatos ainda estão lá em baixo da cortina, vá logo para prender o ladrão. Nepomuceno sacou de seu revólver trinta e oito e foi em direção a cortina na ponta dos pés, removeu-a com um golpe rapidíssimo, e o que estava lá atrás? Ninguém! Foi tudo uma ilusão de ótica da sonolenta e medrosa Alzira. Ela parou de tremer, ficou calma e começou a agradecer ao sargento que não “tirava” os olhos de seu corpo, uma vez que estava com roupas intimas e nem tinha se apercebido. Começou uma conversa mole do sargento etc., pedindo um copo de água, que ela foi buscar, quando ele viu aquele corpo bonito, coberto apenas por u-ma roupa transparente, de onde via todo o contorno de uma pequena calcinha bran-ca, contrastando com o pano preto da capa rendada. Percebeu então a burrada que tinha feito em atender a um estranho com aqueles tra-jes. Quando voltou, o sargento pediu se tinha café e estava prolongando a conversa que ela não respondia, ficando um monólogo. Ela então agradeceu e pediu que retirasse porque já era tarde e estava com sono. Voltou para a cama e dormiu profundamente até à tarde do dia seguinte. Passado mais um dia, escutou batidas na porta da sala. Ficou temerosa e olhou para o corpo para ver se estava trajada decentemente. Perguntou então: - Quem é? - Do outro lado respondeu: - É o sargento Nepomuceno, vim trazer os sapatos de seu marido, posso entrar? Ela então percebeu que ele tinha levado os sapatos naquela noite, com o objetivo de re-tornar para ver se conseguia algum sucesso em conquistá-la. Foi quando Alzira falou: - Pode deixar aí fora que depois eu pego. - Mas eu limpei e engraxei os sapatos, estão brilhando, abra a porta e a senhora vai ver que beleza que ficou. Apavorada, foi ao telefone, ligou para a Delegacia e denunciou o sargentão conquis-tador. Quando voltou para falar com ele sem abrir a porta, percebeu que não havia resposta. Virou a chave da porta com cuidado abriu a porta e notou que os sapatos estavam na soleira.

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A ntonio Vendramini Neto. Sou aposentado, casado, dois filhos e dois netos. Vivi minha vida profissional intensamente nas áreas de Recursos Humanos e Gestão da Qualidade, (Normas ISO 9001), como Auditor do Sistema. Comecei a escrever recentemente, de forma des-pretensiosa, mas com muito respeito aos leitores. Não tenho formação literária, julgo-me um autodida-ta, colocando nos textos, à emoção e o coração, caminhando nesse mundo mágico e esplendoroso de tantos intelectuais. Espero que o tempo permita aprender os segre-dos e a magia das palavras. Meus temas favoritos são as crônicas e os contos, onde solto a minha imaginação, descrevendo situações acontecidas e virtuais. Dou minhas pinceladas nos poemas, poesias, poetrix e prosas. Estou escrevendo um livro, sobre a saga de meu avô Italiano em terras Brasileiras, que um dia espero terminar e publicar. A internet com os maravilhosos portais para quais escrevo, estão deixando-me quase que sem tempo, e o projeto está momenta-neamente na gaveta. Email: [email protected] Site: www.favascontadas.com.br

Montreux

Jacqueline A

isenman

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OS AMANTES DO CÍRCULO-POLAR

Por André Luis Aquino

Deve ser a parte tóxica do meu sangue que faz isso comigo, o meu louco gos-to pelas segundas intenções. Amorardente, sempre buscando sangrar pelo umbigo.Nos conhecemos na escola, ainda na infância.E os anos nos juntam e nos separam com tanta freqüência, como se tudo isso estivesse acontecendo ao sabor do vento.

Amordormente. Deve ser a parte doce do meu sangue que faz isso com a gente. Naquela época mal nos falávamos; apenas nos olhávamos, enamora-dos, mas sem coragem de se aproximar. Duas crianças que se apaixonaram uma pela outra, sem que um saiba do sentimento do outro.

Amorlouco, deve ser a parte venenosa do meu sangue que faz isso comi-go.Quando alguém mente não nos olha nos olhos, pra te confundir eu fa-ço exatamente ao contrário.Uma história de amor que atravessa duas déca-das repletas de altos e baixos, cheias de idas e vindas.

Amorencontrado, deve ser a parte suave do meu sangue que faz isso com a gente.Medos, amores, ciúmes, tudo isso vai e vem, regido pelo destino, por uma lei aleatória de encontros e desencontros.

Amorperdido pela parte do meu sangue malvado. “Eu poderia contar toda a minha vida como um trem de coincidências”. Direção é o meu sexto sentido. Amoreterno é a parte sólida do meu sangue carinhoso.“A vida tem muitos ci-clos”.

Há coisas que nunca acabam e o amor é uma delas.

http://ww2.ccebrasil.org.br/system/project_images/35/final/los-amantes-del-circulo-polar.jpg

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-Pra onde as senhoras vão? -Para a próxima cidade, A moto caiu com a gente

Na maior velocidade.

-Quer dizer que aquela moto Destruída lá na estrada...

-Era nossa sim senhor Só que deu uma derrapada.

-Dá pra levar nossa moto Nessa sua caminhonete?

É pesada e está quebrada, Mas não dá pra pagar frete.

-Mas que coisa surpreendente!

Quantos anos vocês tem? -Eu só tenho oitenta e sete,

Emília tem mais de cem!

-Ai , mas é tão mentirosa! Não liga não, ela inventa.

Eu nem sou tão velha assim, Esse ano eu fiz noventa.

Aurora fala mentiras, Eu acho que é compulsão.

E ela tem oitenta e oito, Fez no último verão!

-Ei, Emília, quem mandou? Mas é muito fofoqueira...

Se eu não tivesse sentada, Te passava uma rasteira.

-As senhoras vão brigar?

Nessa idade e desse jeito? -Viu só, Aurora, o rapaz

Já cheio de preconceitos?

-Filho, você não viu nada Tá vendo esta contusão? Não foi da queda da moto, Emília que deu um tostão!

-Devia ter dado mais! Pra aprender a dirigir.

Porque foi ultrapassada, Começou a se exibir.

Por Ana Anaissi

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Quis fazer pega com o carro Mas eu disse: Agora não!

Pisou no acelerador E saiu comendo chão.

E eu pensando, na garupa: Isso aqui não vai dar certo.

Aurora já está caduca E o carro tá muito perto.

E eu acabei de pensar, O burro pisou no freio, Aurora desconcentrou,

A estrada virou um rodeio.

Pois a moto deu um pinote, Rapaz, eu subi tão alto

Que pude ver lá de cima Aurora beijando o asfalto.

Foi só essa a hora boa,

Depois veio a minha vez; Meu único dente bom

Gastou, na trilha que fez.

Porque eu ralei uns dez metros, Ou melhor, eu capinei. Abri caminho no mato

E, amigo, eu não parei.

Talvez o Ibama me prenda No final dessa viagem.

Pois arranquei tanta folha Que até mudei a paisagem.

Tentava me segurar

Pra que, quando viesse o fim, Sobrasse um número grande De ossos mais perto de mim.

Nesse ponto até dei sorte, Só fiquei sem meu dentinho.

Talvez tenha sido bom, Ele era mesmo sozinho.

Na hora me revoltei,

Fui desprendendo do chão, Disparei atrás da Aurora

Pra tomar satisfação.

Ela ainda estava deitada. Que cena desagradável! Todinha desconjuntada,

Essa doida irresponsável!

Aí fui me aproximando Do jeito que ainda podia,

Dei-lhe um chute nas costelas Pra ver se ela se mexia.

No primeiro chute, nada. Resolvi bater mais forte.

Tentei a boca do estômago Só pra ver se dava sorte.

E não é que consegui?

Houve um leve murmurar, Mas ele era tão baixinho Que eu resolvi confirmar.

-Deixa que eu conto essa parte.

Eu, meio desacordada, Já vendo a famosa luz E só senti a botinada.

Da luz eu voltei pro escuro,

Ou melhor, eu vi Emília; Tive uma vaga lembrança

Que ela era da família.

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E tentei fazer um sinal Que já estava tudo bem,

Tive medo que essa doida Chutasse meus rins também.

Debilmente abri meus olhos

E dei de cara com ela. Se eu não tivesse acabada, Eu matava essa banguela.

Minha queda foi horrível, Eu fiquei toda quebrada, Mas o que traumatizou Foi aquela botinada.

-Ah, Aurora que exagero! Eu salvei você, querida. Mas um dia vai entender

E vai ficar comovida.

Quando dei a tal botinada, Minha única intenção, Era de abrir um canal Pra sua respiração.

-Essa dúvida eu vou ter Pro resto da minha vida.

Se queria me salvar Ou me deixar estendida.

-Mas dá pra ver direitinho

Que estão se recuperando. Vamos esquecer o tombo

Que a cidade está chegando.

E por falar em cidade, Têm algum parente aqui? -Não meu filho, só torcida,

Somos lá de Muriqui.

-Só torcida, como assim? -Você não viu nossas fotos? Somos famosas no mundo Pilotando nossas motos.

-Ô Emília, não exagera. Temos fãs só no Brasil.

E na próxima cidade Com certeza mais de mil!

-Peraí minhas senhoras, Eu não posso acreditar!

As duas correm de moto? -Vai precisar desenhar?

-Caramba, não pode ser!

-Só porque somos velhinhas? Já demos alguns troféus Pra nossa cidadezinha.

-Mas vocês dirigem bem? -Você viu que Aurora não. Mas eu, sou super veloz Quando pego a direção.

-Hum Emília, vai pensando,

Quem tem mais troféus sou eu. -Mas na última corrida

Acabou roubando o meu.

Jogou tão sujo comigo Moço, ela quer que eu desista!

Deu um jeito no meu freio E jogou óleo na pista.

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Pode arregalar o olho, O juiz arregalou.

Tudo isso é tão nojento Que até ele duvidou.

-Porque inventou tudo isso! Uma história sem sentido. -Sem sentidos fiquei eu. Meu pescoço foi partido!

-Tá vendo essa exagerada?

Aquilo foi só torção. -Só que eu fiquei cinco meses

Deitada em observação.

Bom, vamos deixar pra lá, Que o importante é a corrida.

Vai, acelera meu filho, Aproveita essa descida.

Amanhã vai ser o treino

Pra ver quem larga na frente, Vou ganhar, eu estou mais leve

Porque perdi mais um dente!

-Nossa Mãe, mas que loucura, Ninguém vai acreditar!

Eu posso assistir ao treino? -Só se você me pagar!

-Opa, opa, nada disso!

Tem que me pagar também. Eu arranjo um lugarzinho Pra você ver super bem.

-Mas olha que exploradoras, Dei carona pras senhoras!

-Tá, meu filho, então vai ver Tudo do lado de fora.

-Está bem vocês ganharam. Quanto é que eu pago pra ver? -Nada assim tão extravagante,

Algo que dê pra comer.

Com aquele tombo tremendo, A comida se espalhou.

Só dois pães com mortadela Foi que a gente aproveitou.

-Então vamos combinar:

Eu lhes dou toda a comida, Amanhã eu vejo o treino E depois vejo a corrida.

-Negócio fechado, filho.

Pisa no acelerador! Um ventinho nas orelhas Cá pra nós, é inspirador.

-Vira, vira, vira, vira!

Nesse posto tem comida! Vou começar por aqui

A ficar abastecida.

-As senhoras vão comer Essas comidas tão fortes? -Claro! Porque essa corrida Não depende só de sorte.

Temos que estar preparadas Alguns truques são os piores;

As pessoas nos sabotam Porque somos as melhores.

-Então tá, vamos parar.

Dona Aurora também quer? -Sim, mas minha dentadura

Só aguenta comer filé!

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Ainda mais depois do tombo, Que ela ficou deslocada.

Até mesmo pra falar Tenho que ficar ligada.

Já pensou se ela despenca E a gente não acha mais? Se ganharmos a corrida Eu vou fugir dos jornais!

-Tudo bem, filé mignon

Pras simpáticas velhinhas! -Arroz, farofa e feijão

Pra carne não vir sozinha!

-E depois a sobremesa: Queijo e muita goiabada! -Por causa da glicemia,

Tem que estar equilibrada.

-E você não vai comer? -Quando chegar na cidade;

Uma comida caseira É o melhor pra minha idade.

Já tenho trinta e três anos

E prefiro não abusar. -Tá vendo, Emília, esse moço Que nunca vai “esclerosar”?

Não vai ser que nem você,

Que a gordura tomou conta, Quando não fala besteira, Fica com cara de tonta.

Aurora, eu estou esclerosada?

Se estou, é só no começo. Eu que saio todo dia

Com a roupa toda do avesso?

-Chega, está quase na hora, A corrida é na outra ponta. Nós vamos indo pro carro, Você vai pagando a conta.

-Ei, psiu, você, aí do posto...

Bota essa moto no chão? Segura essa chave dela

E coloca na ignição.

-Vem aqui Aurora, entra logo! Temos que deixar o moço.

Ele vai nos atrasar. -Mas e amanhã, nosso almoço?

-Põe o cinto e se segura. O tempo está muito curto. -Isso que estamos fazendo

Será que é um assalto ou um furto?

Nunca sei a diferença... -Porque não faz diferença. Talvez não, no nosso caso,

Porque pedimos licença.

-Pedimos licença como? -Uai, deixei nossa moto!

-Mas não faz muito sentido, O rapaz não teve voto.

E além do mais nossa moto...

Só tem peça com defeito E nem o gênio da lâmpada

Conseguiria dar jeito.

-Ai, Aurora, facilita! Você quer ou não correr? Se viéssemos com ele, Não ia dar nem pra ver!

Chegaríamos no fim

E a raiva então subiria Quando víssemos no pódio

A besta da nossa tia!

-Tia Marga vai correr? -Vai! Ela estava na lista.

Ela arranjou um patrocínio De um velho contrabandista.

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Ainda alterou a idade dela, De cem pra noventa e sete,

E vai chamar a torcida Do tempo que era vedete.

-Coitada, com essa torcida, Melhor ela nem ganhar...

Se os velhinhos se empolgarem, Vão todos ficar sem ar.

-É mas, com ar ou sem ar, Ela é nossa concorrente. Seria muito humilhante Perder pra tia da gente.

-Você então tá devagar!

Acelera aí esse trem! Nós ainda precisamos

Roubar a moto de alguém!

-Só precisa de uma moto. Vai ser de dupla a corrida.

-Então eu vou pilotar, Pois você está proibida!

Depois do que você fez Vai quietinha na garupa. Vou te ensinar a correr.

-É isso que me preocupa.

-Olha lá, não é uma moto? -Por que tá parada ali?

-Ah, pra pararem na estrada, Ou é cocô ou é xixi.

-Então freia. Mais pra perto.

Tá com a chave aqui também! Vamos montar bem depressa Enquanto não vem ninguém!

-Será que fizemos certo

Deixando a caminhonete? -Eu obstruí a ignição

Com um pedaço de chiclete.

Ainda falta meia hora Pra corrida começar.

-Ótimo, estamos no prazo, Acabamos de chegar!

Vou lá inscrever nossa moto, Colocar na posição.

-E eu vou sabotando algumas Pra fazer uma seleção.

-E aí, como é que foi lá?

-Uns quatro nem vão sair, Três vão poder arrancar,

Pra logo depois cair.

Mas tem uma coisa bem chata, A da titia não deu...

Eu ia chegando pertinho E ela me reconheceu.

Mandou logo uns dois capangas

Tomarem conta da moto. -Deixa, vem se preparar, Se der, depois eu saboto.

- Mas eu tenho uma fofoca... Descobri quem vai com ela

O tal do contrabandista! -Que festival de banguelas!

Anda, bota o capacete

Que eles vão dar o sinal. -Espero ficar com ele Até chegar ao final.

Me lembrei de uma corrida Que era de dupla também.

Ganhamos, só que passamos Pela faixa a mais de cem.

Seguimos reto na curva, Atravessamos o muro,

Na hora pensei num filme: “De volta para o futuro”

Enquanto se segurava, Seu capacete soltou,

Veio parar nos meus dentes, Minha arcada se espalhou.

Por isso, precocemente,

Eu tenho essa dentadura. Foi feita por um pedreiro

Que deixou uma abertura.

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Ainda falei, mas seu Zé, É dentadura e não casa

Por que é que deixou essa porta? Agora o que eu como, vaza!

-Chega, Aurora, cala a boca! Nós não temos o dia inteiro!

Presta atenção na titia E naquele muambeiro.

Agora é concentração...

Vamos! Foi dada a largada! Ai, garota, o que que é isso?

Aurora, que presepada!

Burra, você sabotou A moto da nossa frente.

Atropelei a mocinha! -Ela que foi displicente.

Cair com a perna esticada

Numa pista de corrida Cujo prêmio é andar de carro

De bombeiro na avenida?

-Que garota sem noção! E eu não pude fazer nada.

Depois que eu ganhar o prêmio, Vou processar a danada!

-“Nós” ganharmos o tal prêmio! Não se esqueça, se eu quiser Jogo o corpo pro outro lado. -Você não é besta, mulher!

Se jogar, caímos juntas E o nosso prêmio já era.

Você, gorda, vai rolar Mas eu vou pra estratosfera.

Estou magrinha, top model

E a única desvantagem É que um impulso pequenino

Se transforma em uma viagem.

O meu corpo é tão levinho... O vento ainda empurra mais. Vou parar um pouco longe,

Sei lá, sou frágil demais.

-Você, Emília, top model? Tendo essa cara de ameixa?

Você só não come mais Porque a prótese não deixa.

-Vixe, olha lá a nossa tia! Acabou de ultrapassar!

Olha só, o contrabandista, Querendo comemorar.

-Encosta neles Emília!

Me empresta a sua botina. Vou dar um cacete nele Pra subir a adrenalina.

-Tem que bater na titia. Ela que está dirigindo!

-A mamãe não vai gostar. -Mas ela não tá assistindo!

“-Não desrespeitem os mais velhos.”

-Nunca cansa de falar. -Mais velhinhos que nós duas

Tem poucos pra respeitar.

Cá pra nós, com a nossa idade, Mais velha, tem só a titia; E só um desrespeitozinho A gente bem que podia...

-Então chega de falar,

Pé na tábua minha filha! A gente vence a titia

E desmancha uma quadrilha!

Porque do contrabandista, Não precisamos ter pena. Vai ser tanta humilhação Que ele vai sair de cena.

“Bora”, “bora”, tá encostando...

Estamos quase no fim... Já que essa é a última volta. Vai com tudo, manequim...

-Ao invés de debochar,

Por que não presta atenção? Você não me ajuda em nada,

Me tira a concentração!

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-Você viu o que você fez? A moça ainda estava lá;

Passou nos dedinhos dela; Não ouviu ela gritar?

-Pensei que fosse você

Gritando um viva por nós. Ultrapassamos titia,

Nossa moto é mais veloz!

- Eu nem precisei bater? Ufa, assim mamãe não briga.

E, não sei, bater em tia... Sei lá se Deus me castiga.

-Por falar em nossa moto,

Você desacelerou, Pude ver na arquibancada

Os dois que a gente roubou.

Estavam lá, os dois juntinhos. -Tavam torcendo pra gente?

-Pra gente se espatifar, Vieram ver pessoalmente!

-Se ganharmos a corrida,

Corre logo pros bombeiros. Assim temos proteção

Contra esses dois pistoleiros!

Não estou vendo mais titia Pelo meu retrovisor.

-Porque nos ultrapassaram, Deram um jeito no motor!

Também vou usar o meu truque

Que faz você correr mais. -Aurora, não estou gostando,

Não faz besteira aí atrás!

Uau, estou pegando fogo! -Então acelera abestada!

Quando cruzarmos a faixa, A tocha vai ser tirada.

-Aurora, vou te matar!

Ui, socorro, eu estou ardendo! -Olha pra frente, dramática! Estamos quase vencendo!

Viva, viva, conseguimos! Nós ganhamos a corrida!

Corre, corre que os bombeiros Vão salvar a nossa vida!

-Vão salvar nos dois sentidos.

Queimei metade da bunda! -Capitão, aqui tem tina?

E rasa? Que Emília afunda!

Viva, vitória, vitória! Esse carro não é lindo?

-Se eu não tivesse na tina Também estaria curtindo.

-Não vai reclamar agora. Nós ganhamos a corrida!

-Mas titia vem aí, Se juntou com os homicidas!

-Também não são tão homicidas...

Roubamos eles na estrada! -Mas tão vindo nos matar,

Vai ver deram uma surtada.

E vão nos denunciar, Confiscar nosso troféu.

-Se chegarem muito perto, Nós fazemos um escarcéu.

-Bombeiros, vamos mais rápido,

Ela está passando mal! Dá pra ligar a sirene

Pra afastar o pessoal?

-Vamos sair da cidade, Precisamos respirar.

Esses fãs são sufocantes, Sei lá se vão nos rasgar.

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Pintura

de Jelly Watson

Estão vendo aquela moto Que está caída no posto? Podem pegá-la pra nós? Nos dariam tanto gosto...

Isso, coloca aqui em cima.

Vamos virar pra direita? -Muito obrigada, meninos. E daqui a gente se ajeita.

Podem voltar pra cidade, Deixa a moto aqui caída. Já vamos nos preparar Para a próxima corrida.

Emília, mais um troféu!

Nós não somos geniais? Sempre somos vencedoras E nem moto temos mais!

-Ah Aurora, que pecado!

Nossa moto é uma carcaça Mas faz parte do cenário Pra termos tudo de graça.

-Vem Emília, estica o braço, Lá vem uma caminhonete.

Faz cara de quem caiu. Vamos ganhar mais um frete!

-Pra onde as senhoras tão indo?

-Para a próxima cidade. A moto caiu com a gente

Na maior velocidade.

-Quer dizer que aquela moto Destruída lá na estrada...

-Era nossa sim senhor Só que deu uma derrapada...

CONHECENDO ANA ANAISSI

Ana Anaissi, ca-rioca, vivendo em Brasília des-de 1970, é artis-ta plástica, com-positora, ilustra-dora e escritora. Tem um site chamado Alma Totem histórias a granel, que foi inaugurado recente-mente, onde divulga seus trabalhos.

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Po_m[ Etíli]o

Por Angela Costa

Sobre o álcool, sei que é uma alquímica mistura de carbono, água e símbolos.

Sei que é algo quimicamente transmutável em comportamento. Causa e consequência de nascimentos e mortes.

Sobre a dor, sei que não cabe em copos de licor.

Corre talvez pelas mesmas veias da embriaguez, ue alimentam o lado cerebral da paixão.

Sobre a paixão, sei que é uma questão de detalhes, um mistério a princípio, um copo de dor no cotidiano.

Sobre os detalhes do cotidiano, talvez o álcool ajude às vezes...

A ngela Costa: Vivo entre a ciência e a

arte - não consegui aceitar os limites entre ambas. Prefiro pensar que integram a "Magia".

http://www.angelacosta.recantodasletras.com.br/

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AMAR COMO A PRIMEIRA VEZ

Por Amarilis Pazini Aires

Quero a minha alegria de volta Correr solta pelos campos

Esperar a lua nascer E o dia amanhecer.

Ler as palavras suaves de amor Deixadas no pedaço de papel

Largado no canto especial Onde só eu sei encontrar.

Quero o olhar doce Refletindo o brilho

Da paixão desperta Do toque de mãos suaves.

Quero olhar as estrelas

E chorar de emoção Esperando o momento

Ao som de uma apaixonante canção.

Quero viver de novo A emoção de amar

Tremer o corpo todo Na ansia do encontro.

Eu quero amar

Como a primeira vez Na descoberta inocente

Que ele dure eternamente.

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VERSOS PERTURBADOS

Por Alessa B

Passa em tropel febril a cavalgada Das paixões e loucuras triunfantes!

Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!

(Florbela Espanca)

Qual vela acesa num altar sagrado

Ardo na penumbra oca do teu sonho,

Sou o teu desejo casto e malogrado,

Teu medo taciturno e mais medonho.

Comigo teu eu demente e perturbado,

Perpassa cada verso que componho…

Sou teu chamado quente e desastrado,

Na esfera do teu sono mais bisonho!

És o meu canto louco em pensamento,

O soluço delirante em meu ouvido,

Um mosaico agastado e marulhento,

Vagando no limite dos sentidos.

Sou das ânsias tuas o sacramento,

És da doce angústia minha o aldeído.

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CONHECENDO: ALESSA B.

Apaixonada pela Literatura desde sempre, descobriu a Poesia aos 14 anos, quan-do então passou a exercitar a arte dos versos por conta própria. Tem como seus ícones e espelhos na poesia mundial, poetas como: Camões, Vinicius de Moraes, Álvares de Azevedo, Bocage, Gonçalves Dias, entre outros. Vem acumulando menções honrosas e posições de destaque em concursos literários pelo país. Po-de ser encontrada nos seguintes endereços:

E-mail:

[email protected]

Alquimia, Arte & Poesia http://transversu.blogspot.com/

Recanto das Letras http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=63043

Lançada no mês de maio em Laguna, S.C., a antologia TÃO LONGE, TÃO PERTO, organiza-da pelo escritor lagunense J. Machado, com a participação de escritores de diversas regiões do Brasil,.

A capa é de Maria de Fátima Barreto Michels, a Fátima de Laguna, poeta das lentes e da pena.

Mais um sucesso literário a ser apreciado!

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4 copos(americanos)de polvilho doce (500g) 1 colher de (sopa) fondor maggi ou sal a gosto 2 copos de (americano)de leite (300ml) 1 copo (americano) de óleo (150 ml) 2 ovos grandes ou 3 pequenos 4 copos (americano) de queijo mi-nas meia cura ralado óleo para untar

Modo de Preparo:

1. ar o polvilho em uma tigela gran-de

2. à parte, aquecer o fondor, o leite e o óleo

3. Quando ferver escaldar o polvilho com essa mistura, mexer muito bem para desfazer pelotinhas

4. Deixe esfriar 5. Acrescentar os ovos um a um,

alternando com o queijo e sovan-do bem após cada adição

6. Untar as mãos com óleo, se ne-cessário

7. Enrolar bolinhos de 2 (cm) de diâ-metro e colocá-los em uma assa-deira untada

8. Levar ao forno médio (180º), pré-quecido

Assar até ficarem douradinhos

http://tudogostoso.uol.com.br

A origem da iguaria é incerta. Especula-se que surgiu, no século 18, nas fazendas de Minas Gerais e Goiás, quando as cozinheiras a pre-paravam para servir aos senhores, mas se tor-nou popular no Brasil a partir da década de 50. Naquela época, não se imaginava que o pão de queijo fosse ultrapassar as fronteiras “das Minas Gerais”, muito menos que ganharia o mundo, tornam-se marca de empresas famo-sas. Feito em casa, em quitandarias ou em escala industrial, não importa. A receita tradicional é única. Leva leite, óleo, ovos, sal, queijo-de-minas ralado e polvilho. Mas cada um tem lá o seu segredinho de sucesso.

Combinação cai bem com diversas bebidas e acompanhamentos Se mineiro come quieto, pão de queijo come-se quente porque é impossível deixá-lo esfriar e parar no primeiro. Eles vão bem no inverno e no verão, com café preto, como manda a tradi-ção mineira, com chocolate quente, refrigeran-tes, sucos, chá e para alguns até com cerveja. Qualquer bebida é boa companhia e qualquer lugar é lugar para saborear um bom pão de queijo simples ou com recheio. Entre pães de queijo clássicos, nos quais a massa é escaldada, amassada com as mãos e moldada em forma de bolinhas, existem outras opções para quem deseja variar o sabor. Lêda sugere os temperados com salsinha, cebolinha e até mesmo presunto picadinho. “Esses com sabores diferentes têm grande aceitação”, (...) Eles também vêm recheados com requeijão, frango, cheddar e viram sobremesa quando acompanhados de doce de leite. (...)

Texto: http://www.correiodeuberlandia.com.br

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Editar um livro depende muito da forma que você deseja que ele seja editado. Se deseja que seja feito por uma Editora já conhecida ou mesmo pequena ou por con-ta própria.

Procurar uma editora nem sempre é uma tarefa simples. Você deverá verificar, pri-meiramente, o tipo de editora que poderia se encaixar melhor no seu estilo. De-pois, vem o envio de manuscritos ou arquivos para que sejam examinados pelos responsáveis das mesmas e que decidirão se você é um candidato que eles vão “bancar” ou não. No caso de resposta afirmativa prepare-se para ceder boa parte dos seus direitos autorais, decisão quanto à impressão, capa e etc..

Há muitas editoras na internet que não demandam os direitos autorais, cobrando apenas pela impressão ou colocação online no ca-so do livro ser digital. Neste caso você terá que en-viar seu arquivo tendo em vista o tipo de impres-são, a quantidade de exemplares, formato do livro, formatação do arquivo para tal, tipo de papel para capa e interior, capa (colorida ou não, brilhante ou não), número de exemplares, etc.

Há artigos especializados que mostram as regras básicas para a diagramação de um livro para que ele seja feito dentro das normas. Este é um serviço que também é oferecido por al-gumas empresas, assim como a confecção da ficha catalográfica.

É muito importante, seja qual for a forma que você decidir editar, de registrar o seu livro (ISBN). Este registro pode ser feito no Brasil através da Biblioteca Nacional (http://www.bn.br) e na Suíça nas Agências ISBN vinculadas à Biblioteca Nacional Suíça (http://www.nb.admin.ch/nb_professionnel/issn/00660/index.html?lang=fr) . Este registro é o que lhe garante os direitos autorais.

Procure conversar com que já editou, discuta com pessoas que desejam editar, tro-que idéias. A melhor maneira para um nem sempre é para o outro mas o a experi-ência com certeza será o que há de mais valioso no caminho de sua edição ou auto-edição.

Boa sorte!

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