Vargas (2001)
-
Upload
paula-avila-nunes -
Category
Documents
-
view
217 -
download
0
Transcript of Vargas (2001)
-
7/25/2019 Vargas (2001)
1/15
-
7/25/2019 Vargas (2001)
2/15
Dados lnternacionais de Cataloga (ao na Publica (aO (CIP)
(Camara Brasileira do
ivro
, SP Brasil)
Educa
-
7/25/2019 Vargas (2001)
3/15
7
refacio
E
comurn
ouvir-se
dizer
que a tecnica
nasceu com
a hu
manidade,
no
momento em que o homem primitivo conse
guiu lascar uma
pedra
para servir-lhe de instrumento cor
tante. Mas
nao teria
sido s6 a habilidade manual a causa da
evoluc;ao
do
hominfdeo
para
o
homem.
Bernardo
Bagolini, urn jovem e talentoso arque61ogo do
Museu Trentino de
Hist6ria Natural, de Trento, Italia, apre
sentou uma comunicac;ao ao II Seminario Latina-America
no
sobre Alternativas de Ensino da Hist6ria da Ciencia e da
Tecnologia, realizado pela
Sociedade Brasileira
de
Hist6ria
da Ciencia, em Sao Paulo, em
fevereiro
de 1987, sob o
titulo:
Os significados do
estudo
das tecnologias Hticas
pre-hist6ri
cas , em que ele esclarece esse surgir da humanidade
simul
taneamente com a
tecnica
litica a qual
acompanhou , no
dizer
do au or, a existencia humana por aproximadamente
do s
milhoes
de anos , a maioria dos quais com as
tecnicas
da
lasca
das
pedras, e
somente bastante tardiamente com
as
de
seu
polimento.
Nao ha
duvida
de
que os hominldeos pre homo ere tos
ja
utilizavam
pedras
naturais como instrumentos; porem,
nao
-
7/25/2019 Vargas (2001)
4/15
8
MfRI N P
5
ZIPPIN
GRINSPUN
mostravam nenhuma intenc;:ao de
servirem-se delas
melhor
ou
de melhorarem suas
formas.
Pelo
contrario,
o
homo erec-
tos
ja
mostra
uma
primeira
fase
em
que
ha uma
coordenac;:ao
de acaso
e
uso, corn
rupturas nao
intencionais
de
cascalho,
usado como instrurnento percursor, preso
a
mao . Essa de
sernboca,
ha cerca de
rneio
rnilhao
de
anos,
numa
segunda
fase: ada concatenac;:ao
ada intencionalidade-transforrna
c;:ao ,
primeiro estagio da verdadeira tecnica.
Nesse estagio
e
que
aparece
o
que
ira distinguir
o
ho
rnern do
horninideo:
a intenc;:ao de usar o objeto
como
instru
rnento
e
de transforrna-lo para
rnelhor
se valer
dele.
Isto ja irnplica
inteligencia
operativa, habilidade
e
coor
denac;:ao das r n o s das quais
resulta
a sirnetria do
instru
mento e a distinc;:ao
entre instrumentos de golpe,
de corte e
de
penetrac;:ao
como verdadeiras
inovac;:oes
tecnico-culturais.
Isto
simultanearnente ao
aprendizado
da
escolha
e
econornia
dos rnateriais
adequados e das
distancias
as
suas fontes.
A
difusao do
homo sapiens da-se por
volta de 40.000 anos, ja
corn as tecnicas de
uso
de pontas de pedras
ern
lanc;:as de
ma
deira
e os pequenos
artefatos
de pedras, os assirn
charnados
rnicrossilex , e os
instrurnentos
de pedra sernelhantes aos
cinzeis, corn
os quais
era
possfvel cortar
e
dar formas
a
ou
tros rnateriais
mais moles que
as
pedras.
Foi
nessa
fase que
o
hornern descobriu como usar
o
fogo para aquecer-se.
Mas
s6
no Mesolitico, ha cerca
de 10.000
anos,
ap6s
tres epocas glaciais,
e
que 0 hornern abandona suas caver
nas
para
viver
ern cabanas ao
ar livre,
para
cac;:ar e pescar
com
arco e
flecha, coletar
sementes,
nozes
e frutas que
apa
reciam ern
certas
estac;:oes e
certos
locais.
Mas
sornente
no
Neolitico, ha
cerca de 6.000 anos, o
hornern descobriu os se
gredos da agricultura, da cerarnica,
do
preparo de
alirnen-
-
7/25/2019 Vargas (2001)
5/15
EDUCA
-
7/25/2019 Vargas (2001)
6/15
10
MfRI N
P
5. ZIPPIN GRINSPUN
entre os dois sistemas
comuns
a todos os organismos. Cassi
rer
chama a esse terceiro meio de sistema simb6lico . Istoe,
somente
o
homem
e
capaz
de,
entre
sua
e r c e p ~ o
de
algo
e
sua t u ~ o sabre
o
mundo exterior, interpor
urn simbolo. E
e esse simbolo que o faz
compreender
e guiar sua
~ o sabre
o
mundo
em que vive. E Cassirer desenvolve, nesse
ensaio,
a sua filosofia
dos sistemas simb6licos:
a
linguagem,
a den
cia as artes e a hist6ria. 0 mais proximo e simples sistema
simb6lico que o homem adquiriu foi a
linguagem.
Portanto, naquele
momenta
em que o homem diferen
ciou-se, do hominideo, com a u t i l i z ~ o de urn instrumen
to nasceu necessariamente a linguagem. Foi essa linguagem
que
conferiu urn
carater
progressista
a
tencina,
pois somen
te
dentro
de
urn sistema
simb6lico, como o da
linguagem,
e
que
os sfmbolos mentalizados podem associar-se
entre si
formando, o n o t ~ o e s
que levam
a
melhoria
de
b r i c ~ o
e
ao
uso dos objetos
utilizados
como instrumentos. Por exem
plo: entre
as
palavras
pedra
e cortar
conota-se
a
expres
sao faca
de
pedra para cortar
melhor .
Ea linguagem que, com o poder simb6lico
das
palavras,
atraves
de
e n o t ~ o e s e conotac;oes
possibilita,
por meio
das
imagens
mentais suscitadas
pelas
palavras, como
simbolos
de coisas e de eventos, a compreensao, o conhecimento o
aperfei
-
7/25/2019 Vargas (2001)
7/15
EDUCA
-
7/25/2019 Vargas (2001)
8/15
12 MfRIAN PS ZIPPIN GRIN
SPUN
suas
descendentes.
Urn
exemplo e a lenda de Quetzalcoatl
(a Serpente de Plumas , urn her6i
civilizador que
ensinou
aos
astecas
a
agricultura,
principalmente
do
milho,
e
outras
tecnicas, inclusive as de
medir
o tempo pelas estrelas. No
te-se
que
os mitos ja existem em culturas semelhantes as do
Neolftico, como
ados
indios
brasileiros, nas quais
ha, por
exemplo, a
lenda
da mandioca.
Uma
mo
-
7/25/2019 Vargas (2001)
9/15
EDUCA
-
7/25/2019 Vargas (2001)
10/15
14
MIRIAN P
S
ZIPPIN GRINSPUN
dos moinhos
de vento
estabeleceu-se.
A atrelagem de cavalos
para
seu
uso como
animais
de
tiro deu
urn
grande
impulso
ao
transporte
a
longas distancias tanto
de
pessoas como
de
mercadoria eo
grande
desenvolvimento da arquitetura per
mitiu
a constrw;ao das
catedrais.
Tal
desenvolvimento
das
h ~ c n i c s
deu
lugar a uma
verdadeira
revolw:;ao industrial
tanto na agricultura
como na
minera
-
7/25/2019 Vargas (2001)
11/15
-
7/25/2019 Vargas (2001)
12/15
16 MfRIAN P
S
ZIPPIN GR INSPUN
Porem com
a incipiente industria
eletronica
no
inicio
deste seculo em rela
-
7/25/2019 Vargas (2001)
13/15
EDUCAc;:i .o
TECNOL6GICA
7
ou de urn passado proximo vern mostrando o fracasso
da
transferencia de
tecnologias quando se preterfde
compra
-las
ou
embutidas
em aparelhos
maquinas
ou produtos
ou em pacotes de pianos desenhos e especificac;oes sem
os concernentes
con hecimentos
por parte dos
comprado
res. Ela tern que ser aprendida atraves
de
urn
sistema edu
cacional adequado.
Dai
o
relevante papel assumido pela
educac;ao
tecno
l6gica
quer
para a preparac;ao de todo aquele que vive em
sociedades em
que a tecnologia estabeleceu-se
quer para
a
formac;ao de pessoal habilitado que a erie desenvolva e ope
re.
Dai
o valor e a oportunidade
deste
livro
em
que Mirian
Zippin
Grinspun Anna
Maria Moog Rodrigues Mauricio
Castanheira e
Tereza
Fachada Levy Cardoso
1
fundamentam
filos6fica e historicamente em magnificos ensaios a nature
za e a importancia da
estreita
relac;ao que ha entre Educac;ao
e Tecnologia dentro do contexto social e etico. Todos esses
professores
estao
amplamente
credenciados para
tal
dada
a sua posic;ao e not6ria atuac;ao na
area
de Educac;ao Tecno-
16gica em cursos
universitarios
de p6s-graduac;ao.
Ja no primeiro
capitulo
Mirian Paura
Sabrosa
Zippin
Grinspun define
ampla e
substancialmente
o
que se
deve
en
tender por Educac;ao Tecnol6gica. De maneira alguma trata
-se do ensino tecnico-profissional;
mas da educac;ao
visando
a formac;ao nao
s6
de
tecn6logos
como de todos os que nas
sociedades
tecnologizadas
no
sentido de guiar ao
desenvol-
1. Nota
da
organiza.;ao: A este Prefacio
de
1999 e
preciso acrescentar
nesta ver
sao
revista e
ampliada
a inser.;ao de um texto das professoras Maria
Apparecida
Campos
Mamede-Neves e Stella Cecilia Duarte Segenreich intitulado: Tecnologia
digital na
e d u c a ~ a o c o n t r i b u i ~ a o d E D
para a
o r m ~ o de
professores
descrito mais
a frente na Apresenta.;ao.
-
7/25/2019 Vargas (2001)
14/15
8
MIRI N
P 5
ZIPPIN GRINSPUN
vimento tecnologico, para que ele nao ponha
em choque
a
responsabilidade, a liberdade e a autonomia humanas.
Em seguida Anna
Maria Moog
Rodrigues mostra,
escla-
recidamente, a
importancia
de
uma Filosofia
da
Tecnologia
a
ser estabelecida
como
prolegomenos
da Educac;ao Tecno-
logica, no
sentido
de estabelece-la como uma p ide grega;
isto
e,
nao
so formac;ao e transmissao
de
valores e conheci
mentos,
mas
o
conjunto
da
propria
cultura,
onde esses
valo
res
elaborados
e
recriados
de
gerac;ao
em
gerac;ao .
Enfim,
a
Filosofia
da Tecnologia
teria
com o seu principal
proposito
demonstrar como a tecnologia e parte da cultura
ocidental,
e
nao
urn
conjunto de
aparelhos e
nem
mesmo
tao
somen
te .urn puro saber-fazer,
baseado em
conhecimentos
cienti
ficos.
Anna
Maria Moog Rodrigues
mostra
como a
cultura
tecnologica suscita
questoes
referentes
a propria
essencia
da
tecnologia e suas relac;oes
com
o
homem. Portanto,
levanta
questoes de
Etica e de
ordem politica
e religiosa.
Questoes essas
que sao expostas e debatidas,
extensa
e
clarividentemente
em
capitulo seguinte,
por Antonio Mau
ricio Castanheira
das
Neves, que baseia sua argumentac;ao
em urn
principia de responsabilidade do homem
para
com
o hom
em,
postulado por Hans
Jonas.
Finalmente,
no ultimo
capitulo,
Tereza
Fachada Levy
Cardoso a-historicamente o tema
da
Sociedade e Desen
volvimento
Cientifico .
Muito acertadamente a
autora
lem
bra
que herdamos urn mundo
radicado
no
que foi chamado
anteriormente
de
epoca axial ,
na Grecia antiga; porem
re-
estruturado no
seculo
XVII
com
o
aparecimento
de ciencia
moderna
e
de
uma tecnica subordinada a
conhecimentos
cientfficos. Sob esse enfoque e
relatado pormenorizadamen
te o desenvolvimento
da
tecnica e a construc;ao
da
ciencia e
I
-
7/25/2019 Vargas (2001)
15/15
EDUCA