Jonathan Alpert e Alisa Bowman

vença seus

medos

Para mamãe e papai, com amor.

S U M Á R I O

Introdução, 9

PARTE UM Prepare-se para vencer seus medos

CAPÍTULO UM Como perdi meus medos – e como você perderá os seus, 18 CAPÍTULO DOIS Por que todos temem a mudança, 29 CAPÍTULO TRÊS O que paralisa as pessoas com medo, 45CAPÍTULO QUATRO O que impulsiona as pessoas destemidas, 81

PARTE DOIS O programa

CAPÍTULO CINCO Estabeleça as bases do programa Vença seus Medos, 100 CAPÍTULO SEIS Passo 1: Defina a vida dos seus sonhos, 117 CAPÍTULO SETE Passo 2: Rompa com o padrão do medo, 137 CAPÍTULO OITO Passo 3: Reescreva sua narrativa interior, 160 CAPÍTULO NOVE Passo 4: Acabe com sua reação amedrontada, 177 CAPÍTULO DEZ Passo 5: Realize seu sonho, 200 CAPÍTULO ONZE Seja destemido por toda a vida, 210

Bônus especial, 219 Agradecimentos, 236

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INTRODUÇÃO

Imagine sua vida daqui a um ano. Se ela estiver exatamente como está agora, você se sentirá bem com isso?

Faço essa pergunta a inúmeros pacientes, amigos e colegas. A maioria pensa, balança a cabeça e garante que não. Em seguida, questiono:

– E o que você está fazendo para mudar sua vida?Em geral, eles arregalam os olhos e dizem, baixinho:– Nada.Essas pessoas se sentem paralisadas, como se não houvesse

nada que pudessem fazer pelo seu futuro. Elas querem mudar de vida, mas não sabem como.

Talvez você também se sinta assim. Talvez esteja cansado do seu emprego, de um relacionamento problemático ou de amigos que só trazem encrenca. Talvez sempre tenha desejado fazer al-guma coisa, como voltar a estudar, mudar de carreira, viajar pelo mundo ou correr uma maratona. Talvez queira se livrar de um mau hábito, como fumar.

É possível que você esteja querendo mudar sua vida há algum tempo – semanas, meses ou possivelmente até anos –, mas algu-ma coisa continua impedindo-o.

Essa coisa é o medo.O medo é o que o faz pensar que seu sonho é inalcançável. É

o que o deixa preso ao caos que está a sua vida, sem fazer nada a respeito. É o que o faz ficar acordado à noite, revirando-se na cama com a sensação de que sua vida não é tudo o que poderia

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ser. É o que o impede de avançar na carreira, de criar relações satisfatórias e de conquistar seus sonhos.

Na verdade, o medo é o epicentro da infelicidade. É o que está por trás de todos os problemas e o que o mantém paralisado.

PENSE NISTO

Por que algumas pessoas permanecem em empregos ou em re-

lacionamentos que consideram insatisfatórios? Porque elas têm

medo de não serem capazes de encontrar algo melhor. Por que al-

gumas pessoas evitam falar em público ou realizar qualquer tipo de

apresentação? Porque têm medo de que os outros riam delas. Por

que as pessoas não pedem aquilo que realmente querem? Porque

têm medo de não conseguir. Pense nas coisas que você continua

adiando em sua vida. Qual é o medo que o mantém paralisado?

O medo faz você acreditar que alguns sonhos são impossíveis. Por exemplo:

• Abrir seu próprio negócio.• Voltar a estudar e encontrar uma nova profissão.• Chegar ao topo da carreira.• Encontrar o parceiro ideal.• Viajar para um lugar que você sempre quis conhecer.• Propor um brinde durante um casamento.• Superar o pânico, a ansiedade e a depressão.

Mas todos esses sonhos – e muitos outros – são possíveis. Eles não são inatingíveis. Apenas parecem inalcançáveis por causa do medo.

Assim como você, muitos dos meus pacientes acreditavam que jamais seriam capazes de realizar seus desejos. Depois de

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um tempo, eles perceberam que só havia uma coisa se colocando entre eles e seus sonhos. Não era falta de sorte. Não era falta de confiança. Não eram as circunstâncias.

Era o medo. Com a minha ajuda, eles aprenderam a superá-lo. Descobri-

ram que a diferença entre realizar e não realizar as coisas não é a presença ou a ausência do medo – mas sim a maneira como se reage a ele. Já ajudei inúmeros pacientes a encarar seus temores, e eles acabaram aprendendo a ir em busca de seus maiores desejos.

Você pode fazer o mesmo.É possível viver sem medo. Você é capaz de transformar seus

sonhos em realidade e de ter tudo o que quiser. Você pode supe-rar as barreiras que o afastam do sucesso, da felicidade e do amor. Você pode criar a vida que sempre quis.

Este livro lhe mostrará como. Você só precisa estar disposto a tentar.

Minha promessa

Escrevi este livro com o profundo desejo de ajudar as pessoas. Assim como você, eu também já tive medo – um medo que me pa-ralisou e fez com que eu ignorasse o que realmente queria da vida.

Também o escrevi por causa da minha frustração em relação aos métodos que não davam certo. Muitos pacientes me conta-ram que passaram anos fazendo terapia, mas que o problema só tinha piorado. A mesma coisa acontecia com os livros que liam e os programas que seguiam – nada funcionava.

Minha abordagem é diferente da usada por outros terapeutas e dos livros sobre o mesmo assunto. Algumas das técnicas que ensi-no são contraditórias e paradoxais. Algumas são até controversas.

Mas funcionam.Inúmeras pessoas já foram beneficiadas por essas técnicas. Por

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meio dos cinco passos do programa que apresento aqui, elas su-peraram o medo do fracasso, da rejeição, da mudança, de falar em público e até de não agradar seus parceiros na cama. Elas en-contraram coragem para realizar suas paixões e se transformar no que sempre quiseram ser – professores, advogados, médicos, atores e muito mais. Foram capazes de pedir demissão de empre-gos insatisfatórios e terminar relacionamentos sem futuro. Des-cobriram o amor e se tornaram felizes e bem-sucedidas.

Você também pode conseguir tudo isso. Com base na experiência dos meus pacientes, posso garantir que:

• Em 24 horas você já estará começando a criar a vida que quer viver.

• Em até sete dias terá rompido com os padrões de medo que o mantiveram refém por tanto tempo. Como consequência, se sentirá vitorioso.

• Em aproximadamente duas semanas já estará praticando a arte do destemor e estará no controle das situações e mais otimista em relação à sua vida.

• Em até 28 dias terá eliminado um objetivo da sua Lista de Sonhos e terá provado para si mesmo que é mais fácil seguir em frente do que permanecer parado. Você também percebe-rá que vale a pena correr atrás de seus sonhos e que eles estão ao alcance de suas mãos.

O programa Vença seus Medos o ajudará a realizar vários ob-jetivos que você tem deixado de lado. Você descobrirá que seus pensamentos, suas crenças, seu desejo de agradar aos outros, suas expectativas, seu diálogo interior, seus remédios e até seu terapeuta podem estar contribuindo para mantê-lo preso. Você reescreverá sua história, tranquilizará sua mente e dará peque-nos, mas confiantes, passos rumo ao seu objetivo.

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O que não funciona

Por que mudar é tão difícil? Por que você ficou paralisado por tanto tempo? É bem possível que esteja procurando um atalho – um modo de conseguir o que deseja sem de fato enfrentar seu medo. Talvez você tenha optado por:

Esperar. Em vez de ser proativo e tomar a iniciativa, talvez você tenha perdido muito tempo esperando que a pessoa certa surgisse como mágica em sua vida, que a promoção no trabalho caísse do céu ou que seu companheiro de repente começasse a se comportar de modo menos irritante. Se você simplesmente espe-rar que seus sonhos se realizem, eles continuarão sendo apenas sonhos. Se agir, eles irão se tornar realidade.

Desejar. Muitas pessoas acreditam na chamada lei da atra-ção, segundo a qual basta desejar algo profundamente para que esse algo seja atraído até você. Já tive muitos pacientes que de-sejaram do fundo do coração ter uma vida melhor e as coisas só pioraram.

Culpar. Você culpa os outros pelos seus problemas? Provavel-mente alguma vez você já acusou seu chefe, seu companheiro ou outra pessoa pelo caos da sua vida. Neste livro, você vai aprender a se desligar daquilo que não pode controlar e, em vez isso, vai canalizar suas energias para as coisas que pode controlar. Você pode controlar o que diz e faz. Mas não pode controlar as pala-vras nem as atitudes dos outros.

O programa de cinco passos

O programa Vença seus Medos o ajudará a realizar todo o seu potencial, de modo que você possa encontrar o amor, a felicida-de e o sucesso que tanto deseja. Veja aqui um resumo das cinco etapas do método.

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Passo 1: Defina a vida dos seus sonhos. Para encontrar a paixão e a motivação necessárias para encarar seu medo, você precisa criar uma Lista de Sonhos e escrever nela todas as coi-sas que faria se não se sentisse limitado pelo medo. Você deve-rá ser honesto consigo mesmo e definir o que realmente quer. Esta etapa contém cinco exercícios que levam aproximadamente três horas para ser concluídos. Ao final desse tempo você terá desenvolvido a coragem para mudar sua vida. Você não se sen-tirá mais paralisado e verá finalmente que seus sonhos podem ser realizados.

Passo 2: Rompa com o padrão do medo. Muitas pessoas não percebem que são limitadas pelo próprio medo. Nesta etapa você irá identificar, entender e enfrentar os temores que o mantêm preso a uma rotina insatisfatória. Ao concluir os quatro exercí-cios desta etapa você descobrirá como superar barreiras que atra-palham o seu sucesso.

Passo 3: Reescreva sua narrativa interior. Nesta etapa, você levará cerca de uma semana para completar os cinco exercícios que o ajudarão a mudar seu jeito de enxergar as mudanças. Você irá superar o pessimismo e a insegurança que o paralisam. Além disso, vai desenvolver uma voz interior positiva e se tornar seu maior admirador.

Passo 4: Mude suas reações. Em apenas duas horas você irá completar os seis exercícios propostos e adquirir as habilidades necessárias para controlar o nervosismo, a ansiedade, a preo-cupação, o estresse e o pânico. Suas reações ao medo – coração acelerado, mãos suadas, boca seca e raciocínio confuso – po-dem atrapalhar ainda mais a sua vida. Nesta etapa, você apren-derá a controlá-las.

Passo 5: Viva seu sonho. Ao criar o Plano de Ação você fi-nalmente mudará sua vida. Você fará uma pequena mudança de cada vez, e cada uma levará à próxima. Assim, você estará avan-

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çando passo a passo rumo ao seu objetivo. Cada mudança trará um benefício que reforçará sua coragem e abrirá caminho para a felicidade.

Este programa ajudará você a:

• Encontrar coragem para ser quem realmente é, em vez de ser a pessoa que você acha que os outros esperam que você seja.

• Superar as críticas alheias e a necessidade de buscar a apro-vação dos outros.

• Agir de forma consciente, seja em casa ou no trabalho, para que possa realizar seu verdadeiro potencial.

• Alcançar objetivos que você julgava inalcançáveis, criar ami-zades com mais facilidade, perder a vergonha de falar em pú-blico e construir a carreira com que sempre sonhou.

• Adquirir uma sensação de controle mesmo diante de situa-ções aparentemente incontroláveis, como a perda de um em-prego ou decepções amorosas.

Você finalmente se sentirá completo, tendo a sensação de que eliminou a bagunça que não deixava sua cabeça descansar. Você irá para a cama tranquilo e acordará preparado para encarar os desafios do dia de cabeça erguida.

MUDE SUA VIDA AGORA

O programa Vença seus Medos o ajudará a mudar de vida em

apenas 28 dias. É possível trabalhar com o que gosta, encontrar

o verdadeiro amor e criar uma existência mais plena, mas, para

isso, você precisa se comprometer. Portanto, pegue sua agenda

e estabeleça as seguintes metas:

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• Daqui a uma semana: Terminar de ler este livro.

• Daqui a duas semanas: Começar o programa Vença seus

Medos.

• Daqui a três semanas: Continuar a avançar pelo programa,

tendo como objetivo alcançar o Passo 5.

• Daqui a quatro semanas: Criar seu Plano de Ação e embarcar

na primeira de muitas mudanças que fará em sua vida.

PA R T E U M

Prepare-se para vencer seus medos

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C A P Í T U LO U M

Como perdi meus medos – e como você perderá os seus

Você provavelmente já tentou fazer alguma coisa para superar seus medos e resolver seus problemas. Talvez tenha feito terapia, procurado ajuda nos livros ou tomado remédios, mas nada fun-cionou. Então deve estar se perguntando por que eu tenho tanta certeza de que posso ajudá-lo.

A resposta é simples: porque meu programa nasceu de uma experiência pessoal. Hoje posso parecer uma pessoa segura e co-rajosa, mas nem sempre fui desse jeito.

Assim como você, já me senti preso às minhas inseguranças e já perdi diversas oportunidades porque temia me arriscar. Mas, justamente por ter aprendido a superar meus medos, me tornei um terapeuta capaz de entender melhor os temores dos pacien-tes. Por exemplo, compreendo por que eles têm dificuldade de mudar porque eu mesmo já tive problemas com a mudança. Hoje consigo me inspirar nas coisas que aprendi para orientar os ou-tros a seguirem o mesmo caminho.

Alguns dos meus pacientes disseram na primeira consulta que não tinham esperança, pois já haviam tentado mudar muitas ou-tras vezes. Assim, duvidavam que eu fosse capaz de ajudá-los. No entanto, já no primeiro encontro eles se sentiram mais otimistas. A maioria precisou de poucas consultas – menos de um mês – até que encontrassem a coragem necessária para começar a fazer

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mudanças importantes. Foi gratificante vê-los superar seus medos e transformar suas vidas com tamanha rapidez.

Os objetivos e os medos de cada um deles eram diferentes, mas o processo de mudança foi igual. Logo percebi que eles conse-guiam transformar suas vidas seguindo os mesmos cinco passos. E foram esses passos que deram origem ao programa Vença seus Medos.

Gostaria de contar como aprendi a usar meu medo para ajudar os outros. Minha esperança é que, ao ler a história a seguir, você veja que uma transformação semelhante é possível acontecer também em sua vida.

A menina que nunca beijei

Minha luta contra o medo começou na infância. Quando eu era criança, usava aparelhos ortopédicos nas pernas, como Forrest Gump. Falava errado, não conseguia pronunciar certas palavras e era muitos centímetros mais alto que meus colegas de turma.

No ensino médio, eu era extremamente tímido e tinha tanto medo de chamar a atenção que evitava festas, bailes, jogos de fu-tebol e reuniões sociais. Enquanto meus amigos estavam na fes-ta de formatura, eu estava sozinho, dirigindo sem rumo o velho Oldsmobile dos meus pais.

Eu tinha pânico de garotas. Na minha imaginação, elas pare-ciam monstros enormes e malvados. Elas jamais se interessariam por um menino magrelo, alto e estranho como eu. Elas deviam rir de mim. Eu tinha certeza disso. Mas, mesmo assim, eu gostava de uma menina. Ela se chamava Katie, era popular, vivia rodeada de amigos e se sentava ao meu lado na sala de aula, mas somente porque nossos sobrenomes começavam com a letra A.

Tenho vergonha de admitir que, para chamar a atenção de Katie, tentei várias táticas ridículas. Cheguei a comprar um spray

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de feromônio, que, segundo a propaganda, me tornaria “irresis-tível para as mulheres”. Testei o produto imediatamente. Usei-o pouco antes da aula, mas Katie pareceu não perceber. Certo dia, dei um jeito de sairmos da escola ao mesmo tempo. Ela estava ali, bem do meu lado! Caminhávamos na mesma direção e não havia mais ninguém por perto. Éramos apenas nós dois.

Consegui murmurar um “oi” meio vacilante e conversamos um pouco. Depois ela se virou para seguir em outra direção. Era ago-ra ou nunca. Se eu fosse convidá-la para sair, aquela seria minha única oportunidade.

– Até amanhã – disse ela.– Tá, até amanhã – respondi.Ela se afastou. Estraguei tudo.Só tive coragem de beijar alguém aos 18 anos e já estava com

mais de 20 quando comecei a sair com as garotas com certa fre-quência. Finalmente consegui ultrapassar essa barreira e me sentir mais confiante para me aproximar das mulheres. Isso me tornou mais seguro. Então fui encarando diversos outros medos, como o de fracassar e de ser criticado. Curiosamente, cada vez que eu encarava uma situação que me amedrontava, saía dela mais forte. Com o tempo, percebi que o medo não era algo de que eu preci-sava me esconder. Não era um motivo para abandonar meus ob-jetivos ou meus sonhos. Era apenas um obstáculo passageiro. Se vencesse o nervosismo inicial, eu era capaz de realizar qualquer objetivo que estabelecesse para mim mesmo. Essa percepção me ajudou a passar pela faculdade, a desenvolver meu próprio méto-do terapêutico e a criar uma abordagem original e eficiente.

VENÇA SEUS MEDOS: A mudança é assustadora e geralmente leva a um estresse temporário. É por isso que nossa reação na-tural é recuar e fugir. Mas esse estresse inicial é recompensado pela conquista da felicidade e da paz de espírito mais adiante.

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Ousando ser eu mesmo

Tornei-me psicoterapeuta porque sempre fui fascinado pelo comportamento humano e pela psicologia. Mesmo quando era criança, eu me cercava de pessoas fechadas e reclusas, por cau-sa dos seus conflitos psicológicos. Mais tarde, na adolescência, todos os domingos à noite eu ouvia no rádio o programa da fa-mosa sexóloga Dra. Ruth Westheimer, numa hora em que prova-velmente deveria estar dormindo. Eu não apenas aprendia com seus ensinamentos, mas aspirava a crescer e me tornar uma ver-são masculina dela. Queria ter uma profissão que me permitisse ajudar os outros e fazer a diferença em suas vidas. Como a Dra. Ruth, meu desejo era usar a mídia para chegar a centenas ou até milhares de pessoas. Gostaria de orientá-las para que pudessem superar problemas psicológicos e alcançar a plenitude.

Pouco depois de me formar percebi que não poderia me tornar o profissional que a faculdade me treinara para ser. Ensinaram--me a ajudar os pacientes a entenderem as coisas simplesmente fazendo certas perguntas. Eu não podia dar minha opinião; em vez de dizer o que eles deveriam fazer, eu tinha que ficar sentado, escutando, e perguntar coisas do tipo: “Como você se sente em relação a isso?”

Eu não podia aceitar aquilo.Então me vi continuamente oferecendo minha opinião, dando

conselhos e criando planos de ação detalhados para a vida deles. Por exemplo, um dos meus primeiros pacientes, que vou cha-

mar de Rick, chegou até meu consultório porque estava deprimi-do. Ele era casado, mas vinha fazendo sexo com outros homens.

Enquanto ele me contava suas aventuras, eu não conseguia parar de pensar na sua esposa. Rick não estava apenas expondo os dois a doenças sexualmente transmissíveis, mas estava obri-gando-a a viver uma mentira. Ele era um homossexual enrusti-

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do fantasiado de homem casado e feliz. Imaginei que sua esposa provavelmente se sentia frustrada na cama, se perguntando por que não conseguia dar prazer ao marido e por que ele não parecia atraído por ela.

Como eu poderia não dizer isso a ele? Como poderia assentir ao ouvir sobre sua infidelidade? Como poderia simplesmente me recostar na poltrona e perguntar: “Como você se sente em rela-ção a isso?”

Eu não podia. Então eu disse, sem rodeios:– Isso é errado. É terrível.Ele ficou surpreso.– Fui a outros oito terapeutas e nenhum deles me disse que isso

era errado.A princípio, Rick ficou irritado com a minha honestidade, mas

acabou voltando a se consultar comigo. Ele tentou parar de se relacionar com estranhos enquanto reunia coragem para assumir sua homossexualidade.

Mas o comentário a respeito dos seus terapeutas anteriores me deixou chocado. Oito profissionais diferentes haviam ficado sen-tados e ouvindo sem dizer nada enquanto Rick contava o que estava fazendo?

E ele não era o único.Tratei outros pacientes que me contaram sobre terapeutas que

haviam dormido durante as sessões ou que os chamavam pelo nome errado. “Como você se sente em relação a isso?” era uma pergunta genérica e inútil, que era repetida por quase todos os profissionais, mas que não trazia benefício algum.

Uma paciente me revelou que fazia terapia havia uma dé-cada! Semana após semana ela ia ao consultório, mesmo não vendo melhora nenhuma. Fiquei muito decepcionado com a mi-nha profissão e via claramente que ser apenas um ouvinte não estava ajudando as pessoas a melhorar. Pelo contrário, as dei-

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xava ainda mais frustradas. Muitas chegavam na nossa primeira sessão dizendo:

– Já procurei dezenas de terapeutas. Eles simplesmente fica-vam lá sentados ouvindo e não me diziam o que fazer. Espero que você seja diferente.

Tive de explicar dezenas de vezes que eu não era “um daqueles terapeutas”.

VENÇA SEUS MEDOS: Você superará seu medo não o evitan-do, mas o encarando. Quanto mais você enfrentar o medo, mais destemido se tornará.

Meus pais me ensinaram a dar o melhor de mim e sempre rea-lizar um trabalho bem-feito. Eles eram batalhadores e passaram boa parte da vida tendo dois empregos. Fui encorajado a traba-lhar e desde cedo trabalhei: entreguei jornais, cuidei do vestiário de uma academia e fui até faxineiro de motel.

Eles me diziam: “Se as pessoas estão lhe pagando, dê a elas o que desejam. Dê-lhes o que precisam.” Tendo isso em mente, eu prestava o serviço da melhor forma que pudesse.

Definitivamente, balançar a cabeça e ficar ouvindo não era prestar um bom serviço. As pessoas me procuravam porque que-riam melhorar e precisavam ouvir o que fazer. Assim, decidi abrir mão das regras tradicionais da minha profissão e me pus a ajudar as pessoas da melhor maneira que eu sabia: dando conselhos.

Terapia no mundo real

Mas também decidi que não iria apenas dizer o que elas de-veriam fazer: eu iria aconselhá-las no mundo real – justamente nas situações que mais temiam. Em vez de mantê-las num divã entre quatro paredes, onde se sentiam seguras e não precisavam testar seus limites, comecei a levá-las para a rua. Levei pessoas

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inseguras ao parque e apresentei-as a estranhos, acompanhei pacientes com medo de altura até o alto de prédios e entrei em elevadores com pessoas claustrofóbicas. Fiquei ao lado dos meus pacientes enquanto eles enfrentavam seus medos.

Eu avisava que teríamos uma ou duas sessões no consultório, mas que a maior parte da terapia seria realizada em parques, shoppings, cafés, no alto de prédios e outros lugares. Isso per-mitia aos meus pacientes praticar habilidades importantes. A te-rapia feita dentro de uma sala é segura. Há um divã confortável, um ambiente tranquilo. Mas isso não leva as pessoas a encarar a causa de sua ansiedade. É preciso enfrentar os problemas no mundo real, onde eles realmente aparecem.

Para minha felicidade, quase todos os meus pacientes estavam dispostos a tentar essa nova abordagem. David era um deles.

PENSE NISTO

Enfrentar seu medo pode lhe parecer uma coisa quase impos-

sível. Você fica tenso só de pensar nisso. Eu entendo. Conheço

essa sensação porque já a experimentei. É por isso que vou lhe

fazer a seguinte pergunta:

Se eu lhe desse um milhão de dólares, você seria capaz de

encontrar uma maneira de superar seus medos?

Aposto que sim.

O medo de abordar o sexo oposto

David era um advogado de sucesso, mas era horrível com o sexo oposto. Se uma mulher olhava para ele, David se encolhia todo e voltava-se para o outro lado. Ele tinha pouco mais de 30 anos e estava convencido de que ficaria sozinho para sempre.

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Como ele queria superar a timidez e a ansiedade, sugeri que nos encontrássemos no Central Park.

Não pude deixar de notar que David sofria de um medo seme-lhante ao que me acometera há muitos anos.

VENÇA SEUS MEDOS: A coragem não é um dom com o qual as pessoas nascem nem é algo que se consiga com uma pílula má-gica. O que separa o corajoso do temeroso não é a presença ou a ausência do medo. É o que as pessoas fazem com esse medo.

Pedi a David que me falasse mais sobre sua insegurança: em que situações ela aparecia, o que a motivava, há quanto tempo ela existia, que estratégias ele já usara para lidar com ela e que pen-samentos o levavam a se sentir inseguro. Assim como eu, David era tímido e ansioso desde a adolescência. Eventos sociais desper-tavam nele uma reação de pânico. O simples fato de entrar num bar fazia sua respiração ficar pesada, seu coração acelerava e ele ficava todo rígido.

Ele era um homem bonito, educado e bem-sucedido, mas se via como um fracassado nada atraente. Ele se focava nos seus menores defeitos e os ampliava a tal ponto que não conseguia pensar em nada de bom a respeito de si mesmo.

Dei-lhe uma lição de casa. Era simples. Pedi que voltasse ao parque, ficasse confortável e se divertisse. Sugeri que levasse um livro, observasse as pessoas ou ouvisse música. Ensinei-lhe alguns exercícios de relaxamento e o incentivei a praticá-los enquanto estivesse no parque.

Na sessão seguinte passeamos pelo parque juntos. Pedi que sorrisse para as pessoas e fizesse contato visual. Assim que ele se acostumou a isso, avançamos. Era o momento de abordar estra-nhos e perguntar as horas.

Queria que David vivenciasse algo que lhe desse sensação de segurança. Um sorriso ou um olhar de algum desconhecido o

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faria perceber que não havia nada de errado com ele. Talvez isso apagasse de sua memória lembranças ruins de interações sociais do passado.

Assim, ele tentou primeiro com um homem e depois com uma mulher, mas intencionalmente uma mulher pela qual não se sen-tia atraído. Quando David já estava se sentindo à vontade para perguntar as horas ou pedir informações, percebi que podia pro-por um desafio maior: ir a um café.

Levei-o para um pequeno café, onde as mesas eram bem pró-ximas umas das outras e podíamos ouvir facilmente o que nossos vizinhos falavam. Pedi que me observasse enquanto eu puxava assunto com um estranho. Então o encorajei a entrar na conver-sa, e foi o que ele fez.

Depois de algum tempo, pedi licença para ir ao banheiro. Eu não precisava sair, apenas queria lhe dar a oportunidade de ficar sozinho. Ao voltar para a mesa, vi que conversava com uma bela garçonete. Quando me sentei, ele me contou que a moça estava tentando seguir carreira de atriz. Em menos de quatro minutos, ele foi capaz de saber tudo sobre suas aspirações profissionais e seus hobbies. David tinha um brilho de autoconfiança nos olhos e uma vontade evidente de sair e pôr em prática aquela segurança recém-adquirida. Naquele momento percebi que meu paciente estava no caminho certo.

Recebi um telefonema dele semanas mais tarde. Ele conheceu uma mulher e começou um relacionamento com ela. David não precisava mais de mim. E eu estava feliz por ele.

O medo é necessário

Tive inúmeros pacientes com vários tipos de medo: de altura, metrô, compromisso, amor, sucesso, rejeição, de falar em públi-co e muitos outros. E o que torna suas histórias incríveis é que

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eles se sentiam completamente incapacitados pelo medo – como David se sentia e como talvez você se sinta.

Eu lhes ensinei que medo é algo que deve ser usado em proveito próprio. Não é um aviso para correr e se esconder. Ao contrário, é um sinal para avançar. Temores irracionais – o medo de coisas que não podem nos fazer mal fisicamente – devem ser enfrentados.

É recompensador ver o progresso que meus pacientes fazem a cada consulta. Fico muito satisfeito ao notar que estão avançando rumo a suas metas. Depois que percebo que não são mais reféns de suas angústias e inseguranças, eu lhes pergunto: “Como você se sente não tendo medo?”

Eles sempre me respondem com um brilho nos olhos. Não há nada melhor para mim do que estar ao lado deles quando come-moram o fato de terem alcançado seus objetivos.

Anseio pelo dia em que você chegará ao mesmo lugar. Em me-nos de um mês você terá provado para si mesmo que o medo é uma etapa necessária para a conquista do sucesso e da felicidade. Apenas lamento não poder ver o brilho nos seus olhos quando você se livrar dos medos que o mantêm aprisionado.

Sei que essa mudança é possível, pois a vi em mim mesmo e em incontáveis pacientes. Mal posso esperar para que você a veja em sua própria vida. Continue lendo para descobrir como chegar lá.

MUDE SUA VIDA AGORA

O destemor é uma habilidade, algo que você pode adquirir e

aperfeiçoar com dedicação, motivação e estratégia. O progra-

ma Vença seus Medos ensina a técnica que usei para superar

minhas inseguranças e para ajudar vários pacientes a fazerem

o mesmo. É natural querer evitar o medo, mas essa fuga só nos

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mantém inertes. Aqui você vai aprender a enfrentar seus te-

mores sem se esconder deles. Para afrouxar as amarras, faça

o seguinte:

Pense no que você está perdendo por causa do medo. O

que você gostaria de fazer se não tivesse medo? Que oportunida-

des você perdeu na vida porque permitiu que o medo se colocasse

no seu caminho? De que sonhos você desistiu por causa dele?

Faça uma lista de arrependimentos. Escreva nela todas as

coisas que você teria feito na vida se o medo não tivesse sido

um obstáculo. Leve essa lista sempre com você e a releia toda

vez que tiver um momento de folga. Use-a para incentivá-lo a

mudar.

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