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VEREADORES QUE FORAM PREFEITOS 1907 – 2010 Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes 2016

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VEREADORES QUE FORAM

PREFEITOS1907 – 2010

Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes

2016

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AVELINO FERREIRA MARIA WALESKA ALMADA

Vereadores que foram Prefeitos1907-2010

Campos dos Goytacazes -RJ

2016

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Copyright by 2016 - Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes

FICHA TÉCNICA

PesquisaMaria Waleska AlmadaCarlos Lacerda Bezerra

Luís Felipe Ferreira de OliveiraPaula Claudino

RevisãoEliana Garcia

Editora ChefeDilcéa de Araújo Vieira Smiderle

DiagramaçãoMilena Pereira

ImpressãoZax Empreendimentos

FICHA CATALOGRÁFICA

Vereadores que Foram Prefeitos. FERREIRA, Avelino. ALMADA, Maria Waleska. Vereadores que Foram

Prefeitos. Câmara Campos Editora. Campos dos Goytacazes/RJ. 2016P.: 58ISBN 978-85-92812-04-11.Biografias. 2. História regional. 3. Política municipal.

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MESA DIRETORAPresidente: Edson Batista

Vice-Presidente: Thiago Virgílio Teixeira de Souza2ª Vice-Presidente: Maria Auxiliadora Freitas de Souza

1º Secretário: Abdu Neme Jorge Makhluf Neto2º Secretário: Miguel Ribeiro Machado

VEREADORES

Abdu Neme Jorge Makhluf NetoAlexandre Tadeu Barros Esteves de Araújo

Álvaro César Gomes FariaCarlos Alberto Marques Nogueira

Carlos Frederico Machado dos SantosDayvison da Silva Miranda

Edson BatistaFábio Augusto Viana Ribeiro

Gil Manhães Vianna JúniorJorge Ribeiro Rangel

Jorge Santana de Azeredo - MagalJosé Carlos Gonçalves Monteiro

Luiz Alberto Oliveira de Menezes – NenémMarcus Welber Gomes da Silva

Maria Auxiliadora Freitas de SouzaMaria Cecilia Lysandro de Albernaz Gomes

Maria da Penha de Oliveira MartinsMauro José da Silva

Miguel Ribeiro MachadoNildo Nunes Cardoso

Ozéias Azeredo MartinsPaulo Cesar Genásio de Souza

Paulo Roberto HiranoRafael Paes Barbosa Diniz Nogueira

Thiago Virgílio Teixeira de Souza

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FALA INSTITUCIONAL

Este estudo tem como objetivo apresentar os vereadores da Câmara Municipal que exerceram – por indicação ou por eleição – o cargo de prefeito de Campos dos Goytacazes após 1904 – período de implantação deste ofício na região. Para tanto, foi realizada uma importante pesquisa bibliográfica e, principalmente, documental, a partir da leitura de jornais e fontes primárias, como as atas produzidas por esta Casa de Leis. Nossa intenção foi estabelecer uma pesquisa em que não apenas a biografia e dados da atuação política ficassem claramente expressos, mas também permitir que determinadas informações básicas pudessem ficar claras ao leitor, como início e término do mandato e a forma pela qual o vereador em questão foi alçado ao cargo de prefeito.

Vale ressaltar que esta pesquisa faz parte de um trabalho empreendido por esta Câmara Municipal e que tem como objetivo lançar luz sobre a história de Campos dos Goytacazes. Nesse sentido, além da produção de documentários, lançamentos de livros, restauração e digitalização de documentos e livros clássicos para a nossa história, entre outros, pretendemos possibilitar que as informações sobre os agentes que permitiram e promoveram o exercício da governabilidade estejam acessíveis, cada vez mais, a pesquisadores e a leitores interessados no processo de construção da nossa história.

Nossa intenção é viabilizar o acesso às informações atinentes aos vereadores e ao exercício dos poderes executivo e legislativo.

Edson BatistaPresidente

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A CÂMARA NO CONTEXTO DA HISTÓRIA POLÍTICAQuem conhece um pouco a história de Campos sabe que ela é

riquíssima. Uma das razões. O atual município de Campos dos Goytacazes foi uma das quinze Capitanias Hereditárias criadas pelo rei de Portugal, que visava proteger a costa e ocupar as terras. Portanto, Campos faz parte da história do Brasil, sob o domínio europeu, desde o início.

Outra razão importante para a riqueza da nossa história foi, sem dúvida, a cobiça desperta pela planície para a criação de gado e, depois, para o cultivo da cana-de-açúcar, culturas que transformaram a capitania numa das mais ricas do país, muito embora, sabemos todos, com a utilização da mão de obra escrava.

Os senhores de engenho enviavam seus filhos para estudar na Europa e, este fato, principalmente, proporcionou o surgimento de uma aristocracia que investiu seus capitais em feitos que marcaram época e favoreceram o coletivo.

Um dos exemplos da pujança da coletividade foi a implantação de um sistema de energia elétrica em 1883, cuja inauguração contou com a presença do Imperador Pedro II e colocou Campos na vanguarda por ter sido a primeira cidade da América do Sul a contar com a “luz elétrica”.Os empreendimentos grandiosos foram inúmeros, até a Era Vargas.

Na tessitura da nossa história, registramos uma intelectualidade incomum para um pedaço de chão interiorano, suplantando mesmo muitas capitais de importantes estados brasileiros. O maior nome da luta contra a escravidão é um campista, José do Patrocínio, também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Seguindo seus passos na imortalidade das letras, Teixeira de Melo, Alberto Faria e José Cândido de Carvalho.

Na arte da política, Campos foi celeiro de expoentes que influenciaram a Nação com nomes gravados na história do Brasil a exemplo de Nilo Peçanha,que foi deputado, governou o Estado duas vezes, foi senador da República, embaixador, vice-presidente e Presidente da República.

Neste trabalho, a Câmara registra os expoentes da política local, que ajudaram a fazer história no Legislativo e no Executivo campista, desde a criação do cargo de prefeito até os dias atuais.

Que esta obra inédita sirva de embasamento a memorialistas e historiadores e sirva também para ampliar o conhecimento de todos aqueles que se interessam pela nossa história política.

.Avelino Ferreira

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A CRIAÇÃO DO CARGO DE PREFEITO NO BRASIL E EM CAMPOS DOS GOYTACAZES

As Câmaras municipais exerceram, durante muito tempo, a função de primeiro núcleo político no Brasil, agregando em torno de si os poderes executivo, legislativo e judiciário, portanto, administrando as vilas e as cidades.

A casa legislativa e seus edis foram elementos de vital importância para a manutenção do poder na colônia, exercendo, no geral, funções político-administrativas, judiciais, fazendárias e de polícia, figurando como representação do espaço em que atuavam os chamados homens bons. Assim, faziam com que na prática os “nobres da terra” dispusessem de ampla autonomia local. A partir de 1822 com a Constituição de 1824 e a Lei de 1828, a influência do setor privado na vida pública foi sendo diminuída e o Estado pôde melhor impor a sua autoridade sobre o Brasil a partir de um projeto centralista. A Constituição de 1824 definiu que as Câmaras tinham a função de gerir o governo econômico das cidades e vilas e, deveriam ser eleitas e compostas por número de vereadores que a lei determinasse. O tempo da vereança ficou estipulado em quatro anos e o edil mais votado assumiria a presidência do legislativo, pois ainda não existia o cargo de prefeito.

Com a proclamação da República, as Câmaras foram modificadas, bem como, seus poderes. Os presidentes dos estados instauraram as Intendências –1890, que ficaram subordinadas ao executivo das Câmaras até 29 de novembro de 1898, quando foi instituído por lei o cargo de Prefeito, que seria exercido por um vereador eleito entre os camaristas e ficaria responsável, com exclusividade, pelo poder executivo municipal. Os chefes do executivo eram nomeados pelos presidentes dos Estados e ficavam com todas as responsabilidades dos serviços prestados aos munícipes. Para isso, criaram as secretarias com objetivo de ajudarem na administração, assim como: recolhimento dos impostos, taxas, limpeza, organização da cidade para enfrentar as grandes cheias e as consequentes epidemias, entre outros. Manuel Rodrigues Peixoto foi o primeiro prefeito de Campos indicado por Nilo Peçanha, em 04 de janeiro de 1904. (FERREIRA, 2012)

Não sem problemas ocorreu a implantação do cargo de prefeito em Campos, posto que ainda em 1904, Manoel Rodrigues Peixoto

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entrou em embate político com a Câmara Municipal, em virtude do projeto de Orçamento do Legislativo para o ano seguinte. Assim, conforme se lê em Hervé Salgado:

Aconteceu, então, incidente sério entre a Câmara e o prefeito Rodrigues Peixoto. É que o prefeito vetou o projeto de Orçamento da Câmara para 1905, considerando-o totalmente distanciado das realidades da época. O projeto voltou à Câmara, que rejeitou o veto do prefeito. Entre os vereadores mais conhecidos estavam os vereadores Thiers Cardoso, Pedro Maciel, Capitão Agostinho de Assis e outros. A Câmara rejeitou o veto do prefeito e Rodrigues Peixoto comunicava a Nilo Peçanha (presidente do Estado) que iria recorrer da decisão.1

Não tendo recebido o apoio que imaginava que receberia de Nilo Peçanha, Rodrigues Peixoto renunciou ao cargo de prefeito – o que não somente fora prontamente aceito por Nilo, como também logo nomeou Manoel Camillo Ferreira Landim.

Devido ao movimento de 30, aconteceram mudanças na estrutura jurídica e política no país. As Câmaras foram fechadas e surgiu o cargo de Interventor Municipal com poderes para legislar e administrar o município sem os vereadores. Foram também criadas as prefeituras, às quais foram atribuídas as funções executivas dos municípios. O prefeito, a partir da constituição de 1934, passou a ser escolhido pelo povo. Assim, a nova Constituição foi aprovada em 1946 e as eleições ocorreram em 47, retornando as Câmaras Municipais a exercerem suas funções fiscalizadoras e legisladoras e os prefeitos não são mais nomeados e sim, eleitos pelo voto direto. (FERREIRA, 2012, p.62). No decorrer desses anos, em períodos ditatoriais, o cargo voltou a ser preenchido pelos governos estaduais ou federais.

O presente estudo é, na verdade, um esforço de reunir informações acerca dos vereadores que foram prefeitos, entre os anos de 1907 e 2010. Esperamos que os próximos estudos, que se aprofundarem sobre o tema em questão possam utilizar essa pesquisa como uma importante ferramenta de análise.

Maria Waleska Almada

1 RODRIGUES, Hervé Salgado. Na Taba dos Goytacazes. Biblioteca de Es-tudos Fluminense, Niterói, 1988, p. 159

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BIOGRAFIAS

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CORONEL JOÃO ANTONIO TAVARES- 1907-

João Antonio Tavares, filho de Luiz José da Silva Tavares e Maria Clara do Espírito Santo, nasceu em Campos em 1858. Foi casado com Júlia Batista Tavares com quem teve quinze filhos.

Foi proprietário da Fazenda Conceição situada em Itereré, atual 9º distrito de Morangaba, Campos dos Goytacazes. Enriqueceu e atuou como negociante durante muitos anos de sua vida. Devido as suas ações em benefício dos mais necessitados foi admitido como irmão da Santa Casa de Misericórdia de Campos, em 02 de julho de 1883.2

João Antonio Tavares ganhou notoriedade e foi nomeado Coronel da Guarda Nacional, título que adotou como era costume na época do Império, pois era uma honraria concedida por S. Majestade, o Imperador.

Eleito vereador, chegou à presidência do Legislativo devido ao falecimento do tenente-coronel Manoel Leopoldino Almirante Porto, do qual era vice-presidente, tendo assumido como titular em 20 de março de 19063, atuando, nesse ano ainda, como presidente do Conselho Municipal.

João Antonio Tavares assumiu a presidência da Câmara (1907) em meio a uma das mais graves crises já registradas na cidade: a enchente de 1906, que provocou muitas mortes, centenas de

2 Arquivo da Santa Casa de Misericórdia de Campos dos Goytacazes, Ter-mo de Posse de Irmãos.3 Livro de Atas da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, 1904-1913, p. 62

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desabrigados, desabamento de prédios e dezenas de casas, além do pavor do retorno de doenças como tifo, febre amarela, cólera e a peste bubônica. Estas ceifaram a vida de 103 pessoas em 1901, 115 pessoas em 1903 e causaria a morte de dezenas de pessoas no mês de agosto de 1906.

Entre os mortos daquele ano de 1906 estavam vários membros da família do dentista Ubaldo Abreu, residentes na Rua Sacramento (atual Lacerda Sobrinho): os médicos que cuidavam dos doentes, João Batista Lacerda Sobrinho, que foi acometido da doença no dia 14 de agosto e morreu no dia 16, aos 26 anos de idade, João Manoel Silva Tavares e OsvaldoLuis Cardoso de Melo. Foi um ano atípico de mortes e prejuízos incalculáveis e a Prefeitura e a Câmara atuaram unidas para minorar e sanar os problemas.

Eleito para governar o Estado do Rio, em substituição a Nilo Peçanha, Alfredo Backer nomeou o Coronel João Antonio Tavares prefeito de Campos. Tavares assumiu em 11 de janeiro de 1907, tendo saído em outubro do mesmo ano devido a problemas de saúde. Durante este tempo já havia sido substituído pelo mesmo motivo. Retornou, mas não pôde continuar no Executivo pela mesma razão e, quem assumiu em seu lugar, como interino, foi o presidente da câmara, Dr. João Guimarães. Este indicou, em 04 de outubro 1907, Júlio Feydit para Prefeito. Este foi nomeado pelo governador do Estado tendo permanecido no cargo até 16 de janeiro de 1909 quando foi exonerado. Uma de suas preocupações era  a ampliação da parte central da cidade que crescia sem planejamento, com ruas curvas, estreitas e pouco extensas. Na sua gestão prolongou a Rua Formosa, hoje, Tenente-Coronel Cardoso, até a Rua Riachuelo, antiga Estrada do Rumo.4

Foi um partidário intransigente de Feliciano Sodré, que disputou o governo fluminense em 1914, perdendo a eleição para Nilo Peçanha. Este, por sua vez, retornaria para mais um mandato como presidente do Estado. (1914/1918)

O coronel João Antonio Tavares faleceu em 07 de Setembro de 1922 e seu corpo foi sepultado no Cemitério do Caju.

4 CARVALHO, Waldir Pinto de. Gente que é nome de rua, Vol. 1, Campos dos Goytacazes, 1985, p. 72

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JULIO FEYDIT1907 – 1909

Julio Feydit nasceu em Campos, em 26 de julho de 1845, no Curtume da Coroa, que ficava em frente ao Cemitério do Caju. Era filho de José Feydit e de Josepha Pinheiro Feydit. Seu pai era de nacionalidade francesa. Uniu-se pelo casamento com Thereza Kock Feydit, descendente de alemães. Tiveram onze filhos: Alamir, Josefina, Amadeu, Julia, Ana, Fernando, Plínio, Mariana, Idalio, Julieta e Wandick.

Feyditera industrial e sócio de seu sogro em um curtume que ficava nas proximidades do canal conhecido como Covas d’Areia.

Grande escritor e pesquisador da história de Campos, deixou um enorme legado para os campistas em seu livro “Subsídios para a História dos Campos dos Goytacazes”, lançado em 03 de janeiro de 1900, após oito anos de pesquisa em jornais, atas da Câmara, cartórios, Igreja Matriz, Administração da Santa Casa de Misericórdia de Campos, entrevistas com os carcereiros da Cadeia de Campos e Secretaria da Câmara Municipal. Na introdução de seu livro sobre a história de Campos, escreveu:

Publicamos este livro, que servirá de incentivo aos nossos conterrâneos para outras obras de maior vulto, não tivemos outro fim a não ser juntar as pedras, que se achavam dispersas para o futuro construtor arquitetar novo monumento em cuja fachada se leia História de Campos.5

As citadas “pedras” juntadas por ele servem de alicerce, até hoje, para que pesquisadores conheçam os primórdios da história campista.

5 FEYDIT, J. Subsídios para a História dos Campos dos Goytacazes. Ed. Esquilo, Rio de Janeiro, 1979, p. 16

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Em suas atividades como homem público foi delegado de polícia, vereador e prefeito, deixando grande legado para Campos.

Como vereador fez inúmeras propostas para melhorar a cidade e as condições de vida da população, conforme se verifica nas transcrições de algumas atas da Câmara citadas abaixo.

Na sessão de 26 de dezembro de 1891, ocupando a presidência da casa legislativa Manoel Gesteira Passos, o vereador Julio Feydit propôs que se chamassem concorrentes para a obra de escavação do canal entre o Rio Paraíba e a eclusa da Olaria.

Outra proposta do camarista solicitava a consignação da verba anual de 1:200$000 (réis) para a contratação de dois empregados a 50$000 (réis) cada um para a limpeza e conservação do canal Campos-Macaé, entre o rio Paraíba e o canal do Ururaí.6

Já na sessão da casa de 08 de março de 1892, Feydit propôs nomear uma comissão médica com o objetivo de averiguar as condições da água fornecida pela empresa “The Campos Syndicate”, pedindo rescisão do contrato com aquela empresa junto ao governador do Estado, Baltasar da Silveira. Outra solicitação do camarista era para arborizar a Praça São Salvador.7

Em 15 de março de 1892, propôs que a Intendência nomeasse uma comissão a fim de solicitar ao vigário Pelinca o prédio anexo à igreja de Nossa Senhora do Rosário do Saco, o qual lhe servia de sacristia, para que fosse usado como hospital de acometidos pela varíola, comprometendo-se a Intendência a entregar o prédio pintado e caiado tão logo cessasse a epidemia.8

Assumiu a Prefeitura em 04 de outubro de 1907 por indicação do então governador do Estado, Alfredo Backer, e encontrou as obras do sanitarista Saturnino de Brito em próspera execução com o objetivo de diminuir as doenças epidêmicas que tanto dizimavam os campistas. Contou com a ajuda do Dr. José Nunes Siqueira para gerir os negócios públicos, bem como do Dr. Affonso Peixoto de Abreu Lima que como advogado orientava-o na parte jurídica. No executivo, tomou decisões para a administração pública consideradas avançadas para sua época, tendo, por exemplo, estudado as possibilidades para a implantação de hidrelétricas no

6 Livro de Atas da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes 1891-1895, p.607 Idem, p. 678 Idem, p. 70

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município. Foi exonerado do cargo em 16 de janeiro de 1909. Em seu lugar, entrou o prefeito José Nunes Siqueira, em 16 de janeiro de 1909, tendo este sido exonerado em 09 de setembro de 1910.

Hervé Rodrigues (1988), em seu livro Na Taba dos Goytacazes, cita as correspondências de Júlio Feydit com o amigo Alberto Frederico de Moraes Lamego, que se encontrava na Europa, relatando algumas obras em execução à frente do executivo campista, entre elas:

(...) o aterro e o nivelamento da Lagoa de Santa Efigênia. Escreveu ainda a Lamego que havia consertado todos os calçamentos e o prolongamento da Rua Formosa desde a Rua do Riachuelo até o Passeio Municipal do Sacco, onde passa a linha da Leopoldina; a Rua Visconde do Rio Branco (margem do canal) vai sendo alargada, recuados os muros e grades de Dr. Werneck e Julião Ribeiro de Castro. Todas as ruas à margem do rio, em Guarulhos, estão niveladas e preparadas para o rodardos automóveis em nossa cidade.9

Na carta de 22 de dezembro de 1913, sugeria a Lamego que fosse à Torre do Tombo, em Lisboa, “para ver se havia algum documento que provasse que a meia légua em quadra, que era patrimônio da vila e hoje cidade de Campos, pertencia à municipalidade e não aos beneditinos”, e que, portanto, os religiosos não poderiam cobrar foros sobre as construções da área central. O chefe do Executivo considerava um absurdo que os beneditinos reivindicassem as terras da cidade e cobrassem taxas de ocupação aos moradores. Ficou provado que os religiosos não tinham direito algum sobre as terras que foram destinadas à cidade e, portanto, pertenciam à municipalidade, tendo a Câmara como administradora. Ou seja, para efeitos legais, a área central da cidade pertencia à Câmara.

Em 1855, faleceu Dona Josepha Pinheiro Feidyt, mãe de Julio Feydit. Foi a primeira pessoa enterrada no Cemitério do Caju, após a sua inauguração em 20 de fevereiro daquele ano. O campo santo foi destinado, nessa época, para o sepultamento das vítimas do “cóleramorbus”, que dizimou grande parte da população.

Julio Feydit faleceu, aos 76 anos de idade, em 18 de maio de 1922 na cidade de Campos e seu corpo foi sepultado no Cemitério do Caju.

9 Carta de 24 de agosto de 1908

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AFFONSO PEIXOTO DE ABREU LIMA- 1910 -

Affonso Peixoto de Abreu Lima nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1847. Era filho do desembargador Joaquim Teixeira Peixoto de Abreu Lima e de Luiza Justiniana de Freitas Abreu Lima. Casou com Laura Augusta de Mello Pinto e da união matrimonial nasceram os filhos Affonso e Carlos.

Formou-se em Ciências Sociais e Jurídicas. Foi deputado Provincial do Rio de Janeiro e residia em Campos, tendo sido juiz municipal e admitido como irmão da Santa Casa de Misericórdia de Campos em 20 de julho de 1876.10

Exerceu a presidência da Província do Espírito Santo, nomeado por Carta Imperial de 04 de julho de 1877, permanecendo no cargo de 23 de julho de 1877 a 19 de fevereiro de 1878.

Em 1880, Affonso Lima escreveu uma série de artigos para vários jornais, inclusive o artigo intitulado ”Eleições para Vereadores e Juízes de Paz no Município de Campos,” para o jornal “A Província”.Para o jornal “Diário de Campos” escreveu o artigo “Órgão dos interesses do comércio e da lavoura”,entre 1875 e 1877.11

Affonso Lima tomou posse pela primeira vez como presidente do Conselho de Intendência em 14 de abril de 1891.12 Na ata da sessão de posse, foi lida sua portaria de nomeação, assinada pelo

10 Arquivo da Santa Casa de Misericórdia de Campos dos Goytacazes, op. Cit. 11 BLAKE, Augusto Victoriano Alves Sacramento. DiccionarioBibliogra-phicoBrazileiro. Rio de Janeiro. Typographia Nacional, 1883, pp.14 e 15. Acessado em 15/05/201512 Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, op. Cit., p. 14

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governador do Estado do Rio de Janeiro, Francisco Portella. Sua primeira gestão foi curta, terminando em 26 de dezembro de 1891. Com a renúncia do presidente Deodoro da Fonseca, assumiu, então o vice, Floriano Peixoto, que destituiu os governadores. Devido à saída de Francisco Portella, Affonso perdeu apoio político e foi deposto do cargo de presidente da Intendência.

Assumiu a Prefeitura em 09 de setembro de 1910, no lugar de José Nunes Siqueira. Foi exonerado em 31 de dezembro de 1910.

Affonso Peixoto de Abreu Lima faleceu em 16 de novembro de 1935, na cidade de Niterói, Rio de Janeiro.13

MAJOR JOÃO THOMAZ PACHE DE FARIA1911* e 1922*

João Thomaz Pache de Faria nasceu em São Fidélis, em 06 de abril de 1857. Seus pais foram Antonio Thomaz de Faria e Josephina Pache de Faria. Teve como irmãos José de Castro Pache de Faria, Josefina Pache de Faria, Antonia Pache de Faria e José Thomas Pache de Faria. Casou-se com Antonia de Castro Faria e teve os seguintes filhos: José, Georgina,João e Gastão.

Estudou no Colégio Reis, na Corte do Rio de Janeiro e, posteriormente, cursou o Seminário de Mariana, em Minas Gerais. Era proprietário de várias fazendas, entre as quais as do Sapateiro, Venturosa e Jundiá.

Eleito vereador em 1911, exerceu por mais de 40 anos o mandato, na maioria das vezes, como presidente da Câmara, tendo lá chegado pela primeira vez quando o presidente em exercício, o vereador João Maria da Costa, renunciou à vereança para assumir o cargo de prefeito.

O prefeito Affonso Peixoto de Abreu Lima deveria ter sido substituído por João Maria da Costa em 1º de janeiro de 1911. Mas, devido ao recém-nomeado prefeito não se encontrar na cidade na data em que deveria tomar posse, Pache de Faria na

13 Correio da Manhã, 17 de novembro de 1935. Niterói. RJ

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qualidade de presidente da Câmara se apresentou para assumir o cargo. No entanto, ao chegar ao prédio da Prefeitura, encontrou as portas fechadas por ordem de Abreu Lima. Segundo jornal de 03 de janeiro de 1911, Abreu Lima tomou tal ação temendo que os acontecimentos ocorridos em Niterói relacionados à Revolta da Chibata tivessem consequências em Campos. Affonso Lima preferiu aguardar o pronunciamento do Poder Judiciário.

Segundo RODRIGUES (1988):(...) Em 03 de janeiro de 1911 fora nomeado para prefeito de

Campos o Dr. João Maria da Costa. Estando ausente, assumiu o Major Pache de Faria, Presidente da Câmara, que tendo tomado posse encontrou as portas da Prefeitura trancadas, assim como todas as outras dependências da municipalidade. Para o major Faria tomar posse foi necessário que delegado de polícia Dr. Pedro Landim arrombasse as portas da Prefeitura, para isso tendo destacado 25 praças (...).

Na sessão de 29 de julho de 1911, aprovou projeto que criava prêmios em dinheiro que seriam dados aos alunos da Escola de Aprendizes Artífices que apresentassem o melhor trabalho na exposição anual do educandário, este funcionava no prédio que havia sido uma estação de trem e onde, hoje, está instalada a Faculdade de Direito.14

Após ter assumido interinamente e, com o retorno do então prefeito indicado, Dr. João Maria da Costa, Pache de Faria retorna ao exercício do mandato no legislativo municipal.

Em 22 de agosto de 1921, foi eleito novamente presidente da Câmara, após a saída de César Nascentes Tinoco (que foi nomeado prefeito de Campos)para um mandato que terminaria em 1923. Em 1922, durante o período eleitoral (no qual o prefeito elegeu-se deputado), João Pache de Faria assumiu interinamente a Prefeitura.

Durante o primeiro semestre de 1922, Campos passava por um período de grande efervescência política, tanto por conta das eleições para a presidência da República, quanto devido às eleições

14 Câmara Municipal, op. Cit. p. 219

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municipais. Várias edições de “O Monitor Campista” davam destaque para a briga política entre os candidatos Nilo Peçanha e Arthur Bernardes. O citado jornal, em diversas matérias, dava como certa a vitória do candidato campista, o que não ocorreu. Por outro lado, o jornal concorrente “Folha do Commercio” posicionou-se em favor do candidato Bernardes. Isso gerou um clima de hostilidade entre os dois meios de comunicação. Com relação às eleições municipais, “O Monitor” apoiava o então prefeito César Nascente Tinoco, enquanto a “Folha” solidarizou-se com o ex-prefeito Luiz Sobral.

É importante ressaltar que Pache Faria assumiu a administração municipal por várias vezes quando do impedimento de diversos prefeitos. Um exemplo disso, como vimos, foi por ocasião das eleições municipais de 1922, quando assumiu interinamente a Prefeitura até o final do processo eleitoral. Todavia, não deixava de comparecer às reuniões do Legislativo. Portanto, autores consagrados da historiografia campista, como Hervé Salgado e Horácio Sousa, consideram que Pache Faria foi, de fato, prefeito da municipalidade, mesmo tendo assumido interinamente. Por outro lado, estudos mais recentes, como pesquisa do Arquivo Público Waldir Pinto de Carvalho, dão conta que Pache Faria não chegou a exercer de fato o executivo campista, assumindo sempre como suplente, seja por motivo de doença ou viagem do prefeito em exercício.15

Foi companheiro de Antonio Cardoso, Almirante Porto, Barão de Miracema e Nilo Peçanha.

O Major João Thomaz Pache de Faria faleceu no dia 03 de abril de 1939, aos 82 anos, com o título de Coronel auferido pela Guarda Nacional.16

O Vereador Altamir Bárbara, em 07 de novembro de 1967, por meio de uma justificativa propôs que se desse o nome de Coronel Pache de Faria a uma das ruas da cidade, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao município.

15 No mandato de Luiz Caetano Guimarães Sobral, por exemplo, ele assumiu como prefeito várias vezes, mas o prefeito substituído não deixou o mandato.16 Jornal Correio da Manhã, 09 de abril de 1939

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O Monitor Campista. 03/01/1911

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JOÃO MARIA DA COSTA1911 – 1914

João Maria da Costa nasceu em Campos no dia 24 de janeiro de 1871. Era filho de Anastácio Leão da Costa e de Maria Martins de Araújo;teve dois filhos: Ademar Costa, que se formou em Medicina, e Alcides Costa, em Direito. Seu irmão, Artur Emiliano Costa foi advogado e provedor da Santa Casa de Misericórdia de Campos.17

Formou-se em Direito e atuou como advogado, exercendo o cargo de Juiz Municipal da 1ª Vara de Campos. Foi admitido como irmão da Santa Casa de Misericórdia de Campos em 30 de junho de 1897.

Iniciou sua carreira política como vereador da Câmara Municipal de Campos. Eleito presidente da Câmara em 15 de fevereiro de 1910, licenciou-se para assumir temporariamente a Prefeitura de Campos, em 01 de janeiro de 1911, indicado pelo Partido Republicano de Campos.18 Como prefeito, trabalhou muito para a urbanização da cidade.

Neste período, a Prefeitura era responsável pelo abastecimento de água, serviços de gás encanado, força e luz, telefones, entre outros. No executivo, João Maria da Costa fez o recuo da Igreja Boa Morte, colocando a sua frente para a Rua da Constituição (hoje, Avenida Alberto Torres). Antes, a frente da igreja era na Rua da Boa Morte.

17 Arquivo da Santa Casa de Misericórdia de Campos dos Goytacazes, op. Cit18 Livro de Atas da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes 1904-1913, p. 205

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Em 1913, Maria da Costa, inaugurou o 1º Corpo de Bombeiros de Campos, pois a cidade tinha passado por um grande susto devido ao incêndio do cinema e café High Life, ocorrido em 21 de janeiro de 1912. Neste local, muitos campistas se reuniam para fazer negócios. Outra novidade na época foi a consolidação do futebol, pois foram inaugurados alguns clubes, entre eles, o Goytacaz, em agosto de 1912. Já o Campos Atlético Association, foi fundado em 23 de outubro do mesmo ano. Também, nesse ano, em 25 de novembro, surgiu o Clube Rio Branco. A primeira partida de futebol ocorreu no campo vizinho à Igreja Santa Efigênia, em fevereiro de 1912, entre os clubes Internacional e o Alliança Football Club. Em maio de 1913 era fundado o Americano Futebol Clube com a cisão ocorrida no Clube Rio Branco.

João Maria da Costa faleceu no dia 04 de julho de 1915.

LUIZ CAETANO GUIMARÃES SOBRAL1915/1918*1920-1921 *1922/1924 *1930*1937/1939

Luiz Caetano Guimarães Sobral  nasceu em Campos, em 03 de fevereiro de 1872. Formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina em 1891, defendendo tese sobre malária. Foi cirurgião, médico de consultório e médico de família. Casou-se em 1903 com Maria José Barcelos e foi pai de nove filhos.

Segundo Décio Lobo de Azevedo, que escreveu sua biografia para a Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Sobral, que era patrono desta instituição, exerceu papel preponderante nas epidemias de varíola, peste bubônica e gripe espanhola, entre 1899 a 1903, 1906 e 1918. Foi sócio fundador e benemérito da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia e atuou como seu terceiro presidente, de 1928 a 1929.

Segundo o Diário Oficial do Rio de janeiro de 1908, Luiz Caetano Guimarães Sobral foi Delegado de Higiene da Prefeitura, no mandato do prefeito João Antonio Tavares.

Foi eleito vereador em 1912 e presidente do Legislativo em escrutínio realizado na sessão de 02 de janeiro de 1913, após a

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renúncia do presidente João Thomaz Pache de Faria. Na sua gestão, a Câmara aprovou lei que estabelecia que, em cada um dos distritos rurais, a existência de duas escolas mistas municipais, sujeitas à fiscalização da Prefeitura. Como justificativa, a Câmara defendia que a lei era necessária devido às escolas públicas, mantidas pelos cofres do Estado, não corresponderem à necessidade da difusão do ensino primário no município.

Luiz Caetano Guimarães Sobral ocupou a cadeira do executivo campista por vários períodos: 1915-1918, 1920-1921, 1922-1924 (encerrando-se no mês de maio de 1924), 1930 (de abril até outubro), quando foi afastado pela Revolução daquele ano. Seu primeiro mandato teve início em 01 de janeiro de 1915 e durou até 27 de dezembro de 1918. No mesmo dia, Luiz Caetano Guimarães Sobral, que já era o prefeito em exercício, continuou no cargo até 22 de agosto de 1921, por indicação de Raul Veiga, presidente do Estado do Rio de Janeiro. Após a saída de César Nascentes Tinoco, Luiz Caetano Guimarães Sobral retorna ao executivo, com mandato entre 29 de julho de 1922 a 18 de maio de 1924. Entre esses anos, Luiz Sobral cedeu o terreno para a construção da Policlínica.19 Ainda em 1930, substitui Benedicto Gonçalves Pereira Nunes, entre 28 de março a outubro daquele ano.

Em 1934, foi eleito deputado estadual, exercendo o mandato até 1937, quando Getúlio Vargas aprovou uma Constituição autoritária (Estado Novo) e fechou as casas legislativas.

Luiz Sobral, naquele ano, foi nomeado mais uma vez para a Prefeitura de Campos (07/12/1937), mas pediu a sua exoneração no dia 04 de abril de 1939. É digno de nota que durante o ano de 1915, Guimarães Sobral acumulou as funções de chefe do Executivo e do Legislativo, como consta em ata na sessão de 02 de janeiro de 1915, quando seu nome foi confirmado para a presidência, sendo que o seu vice, Enéas de Castro, responderia por ele no exercício do cargo.

Segundo Teresa Peixoto Faria, em artigointitulado “O papel dos médicos e engenheiros na modernização da área central da cidade

19 CONTE, Francisco Almeida. Et. Al. Sociedade Fluminense de Medicina – 80 anos – 1921-2001, Campos dos Goytcazes, 2001, p. 41

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de Campos dos Goytacazes, no início do século XX”, foi na primeira gestão de Luiz Sobral que a cidade começou a receber obras de saneamento. Benedito Pereira Nunes, quando esteve à frente da Câmara Municipal no período de 1901-1903 (ainda não havia a figura do prefeito), já havia solicitado um projeto moderno de urbanização da cidade ao engenheiro urbanista Saturnino de Brito:

(...) na gestão de Luiz Sobral é que foram implementadas as principais obras indicadas no Plano de Saturnino de Brito, tais como: o Novo Mercado Municipal; o Matadouro-Modelo; o Triturador de Lixo, o fechamento com os muros do Cemitério do Caju, o alargamento e calçamento de ruas na área central, construção de diques e muralhas ao longo do rio Paraíba do Sul. Além disso, retirou cortiços da área central, desapropriando prédios insalubres e terrenos da zona urbana para utilidade pública, conforme demonstra o Relatório da Prefeitura de Campos dos Goytacazes apresentado ao Conselho de Vereadores, em novembro de 1915.20

Em sua análise, Teresa Peixoto Faria atesta que:(...) as ações políticas do médico Luiz Sobral tiveram uma

grande repercussão no cenário nacional, trazendo a Campos para as inaugurações das obras de modernização da área central, o então presidente do Estado do Rio de Janeiro, o campista Nilo Peçanha e o Presidente da República, Wenceslau Braz.21

Neste evento ocorrido em 05 de novembro de 1916, também esteve presente um jornalista argentino correspondente do jornal El Diario e da revista Caras y Caretas, Manuel Láinez, que divulgou através de uma publicação intitulada “Notas Del Brasil – Crónicas e Impressiones” (publicadas em El Diario de Buenos Aires, em 1917) suas impressões sobre Campos:

Campos, ciudad que trabaja y rie – Lo que revelannuestrosdiarios

20 FARIA, Teresa Peixoto. O papel dos médicos e engenheiros na moder-nização da área central da cidade de Campos dos Goytacazes, no início do século XX. Disponível em:http://anais.anpuh.org/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S23.0990.pdf, pp. 06 e 07. Acessado em 20/08/2016 21 FARIA, Teresa Peixoto. Op. Cit. p. 07

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– El doctor Nilo Peçanha esel estadista mais notable. – Lo que el periodista argentino piensadel Dr. Luis Sobral y del coronel Sebastián Brandão.(...) Ellos me han revelado no solamentela cultura y elprogressio moral e material de Campos, sino tambiénsupotencialidadfinancera y comercial: los avisos de losdiariossonlosmejores termómetros de la vida económica de lospueblos. Y cuántos avisos tienenvuestrosdiarios! Campos me diólasensacióninmediata de una ciudad que vive, que prospera, que trabaja; he visto sumovimiento de noche y lohe visto de día: vi una población alegre, bien vestida, que se divertía, que reía; vi una población sana, pueslarisa es síntoma de salud, y viluegolapoblación que trabaja.22

Ainda segundo o professor Leonardo Vasconcelos, Luiz Sobral foi o grande responsável pela reforma urbana de Campos no início do século XX. Fez um trabalho semelhante ao que o prefeito Pereira Passos realizou no Rio de Janeiro, no tempo que esteve à frente da prefeitura da capital, entre 1903 e 1906.23

Eleito o 55º Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Campos, exerceu o cargo de 30 de junho de 1937 a 30 de junho de 193824, sendo reeleito para mais dois mandatos. De acordo com Alberto Lamego, citado por Décio Lobo de Azevedo, foi dele a glória de ordenar a mudança da velha Santa Casa de Misericórdia de Campos da Praça das Quatro Jornadas para as novas dependências da Praça da Bandeira, transferência concluída em 11 de junho de 1948.O prédio foi construído com arrecadação de fundos junto à população, mas, principalmente, com o esforço e doação do industrial e senador José Carlos Pereira Pinto.

Luiz Sobral renunciou ao cargo de Provedor da Santa Casa em 14 de setembro de 1948 por motivos de saúde.Sua administração foi profícua, pois aumentou o número de leitos, o quantitativo de atendimento aos pacientes, as especializações médicas, além de ter

22 FARIA, Teresa Peixoto. Op. Cit. p. 0723 CONTE, Francisco Almeida. Et. Al. op. Cit. p. 4124 LAMEGO, Alberto. História da Santa Casa de Misericórdia. Rio de Janeiro, 1951, p. 89

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reformado vários prédios daquela instituição, entre eles o do Asilo da Lapa, na época, para meninas sem famílias deixadas na “Roda dos Expostos” que ficava na Santa Casa de Misericórdia.

Luiz Caetano Guimarães Sobral faleceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1952, aos 80 anos de idade. Seu corpo foi trasladado para Campos e sepultado no Cemitério do Caju, na Irmandade São Benedito.

LUIZ ANTONIO FERREIRA TINOCO1918 - 1919

Luiz Antonio Ferreira Tinoco nasceu em Campos, em 14 de outubro de 1872. Era filho do Major João Ferreira Tinoco e de Maria Elisa Baptista Pereira, a Baronesa de Miranda. Seus irmãos eram Manoel Bernardino, (abolicionista), Ana Carolina, Maria Carolina e Maria Antonia.

Nos últimos anos do século XIX, estudou no Curso de Engenharia do Massachusetts Instituteof Technology (MIT), nos EUA. Retornou ao Brasil e casou-se com Conceição Guiomar Almeida Baptista. De seu matrimônio nasceram as filhas Maria Elisa, Celina e Cyrene Baptista Tinoco.

Luiz Antonio Tinoco, muito ligado à agricultura e à criação de gado, se destacou como rico fazendeiro e usineiro em Campos. Ingressou na política em 1910, quando foi eleito vereador e secretário da Mesa Diretora na gestão do presidente do Legislativo João Thomaz Pache de Faria, em 1911.

Em 05 de outubro de 1911 integrou a diretoria Executiva da 4ª Comissão Açucareira que solicitou ao então Presidente do Estado, Oliveira Botelho, um aumento do imposto da exportação do açúcar visando às obras de saneamento na cidade.

Continuou no cargo de secretário sob a presidência de Luiz Caetano Guimarães Sobral, no período de 1913 a 1915.

Reeleito vereador, assumiu a presidência da Câmara para o triênio de 1916 a 1918. Durante sua gestão, em 20 de julho de 1918, foi apresentado pela Comissão de Fazenda parecer no sentido de se

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realizar concurso para a criação de um busto de Benta Pereira e uma obra com sua história:

(...) A Comissão de Fazenda sorri a ideia de realizar um quadro em que figure gravada uma lição de história sobre Benta Pereira. Julga mesmo uma necessidade imperiosa a realização de uma obra que traduza perenemente o heroísmo da nossa ancestral.

Há, porém, duas ponderações a fazer: a feitura de um quadro a esse respeito deve preceder um estudo sólido, que não exprima apenas uma fantasia e que traduza a lição histórica.

Deve ser posto em concorrência para que melhor se aproveitem os méritos de nossos grandes artistas e mais se aperfeiçoem os estudos, além de se ter em mira o salutar preceito de competição(...).25

Concorreu a um novo mandato, em 1918, e assumiu como vereador em 26 de janeiro de 1919.

Entre 1918 e 1919, Luiz Antonio Tinoco assumiu interinamente a Prefeitura num período conturbado, quando os estrangeiros, principalmente alemães e austríacos aqui radicados, estavam sofrendo perseguições e admoestações dos campistas que os acusavam de serem partidários dos deflagradores da I Guerra Mundial, que, iniciada em 1914, terminaria naquele ano de 1918. Nesse período (1918/1919), além de Ferreira Tinoco, assumiram a chefia do Executivo outros vereadores que presidiram a Câmara: Coronel João Pache de Faria, Luiz Caetano Guimarães Sobral e César Nascentes Tinoco.

Luiz Antonio Ferreira Tinoco faleceu em 31 de dezembro de 1934, aos 62 anos.

25 Livro de Atas da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, 1913-1919, p. 165

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CÉSAR NASCENTES TINOCO1921 – 1922

César Nascentes Tinoco nasceu no dia 02 de dezembro de 1884 em Macaé, Estado do Rio de Janeiro. Eram seus pais Benedito César Tinoco e Maria Nascentes Tinoco. Casou-se com Hilda Cunha Tinoco, em 21 de fevereiro de 1914, e teve quatro filhos: Cehil, Ivo, Ilce e César.

Estudou no Liceu de Humanidades de Campos. Foi ferroviário, jornalista e formou-se na Faculdade Nacional de Direito em 1912. Atuou como professor da primeira Escola de Direito de Campos, fundada em 1914. Foi sócio fundador da Associação de Imprensa Campista e, também, benemérito da Sociedade Musical Operários Campistase da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia.26

Como educador e jornalista fundou, em 03 de maio de 1905 a revista estudantil “O Ideal” e, em setembro do mesmo ano, a revista “O Álbum”. Como jornalista fundou os jornais: “O Rio de Janeiro”, em 15 de maio de 1914 e, dez anos mais tarde, “O Dia”.

Ingressou na política e elegeu-se vereador à Câmara Municipal de Campos, ocupando a presidência devido à renúncia, na sessão de 27 de fevereiro de 1919, de Luiz Antonio Ferreira Tinoco.27 Na sua gestão, que findou em 13 de julho de 1921, foi aprovado o novo Regimento Interno da Câmara contendo 204 artigos.

O jornal O Monitor Campista registrou, em suas páginas, a visita do presidente do Estado Raul Veiga e a renúncia do então prefeito Luiz Sobral. No dia 31 de maio de 1921, publicou:

A nossa reportagem conseguiu saber que o Sr. Raul Veiga, diante da situação, resolveu deixar a Prefeitura em mãos do Sr. César Tinoco, substituto do prefeito, como presidente da Câmara que é, até que chegue da Europa o Sr. Nilo Peçanha. O senador fluminense indicará então, o novo prefeito.

26 CARVALHO, Waldir Pinto de. Op. Cit. p. 26927 Câmara Municipal, op. Cit. p. 195

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A 22 de agosto de 1921, foi então nomeado prefeito de Campos, cargo que já estava de fato ocupando. Assumiu a presidência da Câmara, interinamente, João Pache de Faria. César Tinoco continuaria no cargo até 09 de julho 1922, quando foi substituído interinamente por Pache de Faria (presidente da Câmara) e, depois, por seu adversário político, Luiz Sobral (César Tinoco o havia sucedido em 1921). Continuou a sua carreira política como deputado estadual, federal, vice-presidente do Estado do Rio de Janeiro e presidente da Assembleia Legislativa Estadual. Assumiu os cargos de Secretário do Interior e Justiça, promotor Público no Rio de Janeiro e Curador de Acidentes do Trabalho, também no Rio de Janeiro.

Exerceu o cargo de Venerável na Loja Maçônica Fraternidade Campista, nos anos de 1922 e 1923. Nos movimentos revolucionários de 1922, 1924 e 1930, foi figura de destaque em Campos. Era vereador da Câmara Municipal de Campos quando eclodiu a Revolução de 1930.

Em 1950, o governador Edmundo de Macedo Soares e Silva inaugurou o “Grupo Escolar César Tinoco”, localizado no distrito de Santa Cruz. Após seu falecimento foi inaugurado seu retrato na “Galerira da Saudade”, da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia de Campos, em 31 de agosto de 1960.

César Nascentes Tinoco faleceu no dia 13 de junho de 1960, aos 76 anos.

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BENEDITO GONÇALVES PEREIRA NUNES1927 – 1930

Benedito Gonçalves Pereira Nunes nasceu em Campos, no dia 06 de dezembro de 1864. Era filho de Manoel Gonçalves Pereira Nunes e Carlota Matilde Pereira Nunes. Foi casado pela primeira vez com Maria Francisca Matos e desse enlace matrimonial nasceram os filhos: Dr. Paulo Pereira Nunes, casado com Paula Piatigorski; Armando Pereira Nunes, casado com Lúcia Teixeira Pinto Pereira Nunes; Zaira Pereira Nunes, esposa do Dr. Sousa Vale. Ficou viúvo e se casou com Elisa Delgado Costa.

Cursou o primário e o preparatório em Campos, e depois cursou Medicina no Rio de Janeiro, em 1887. Sua colação de grau contou com a presença de S.M. o Imperador D. Pedro II. Nesta turma colou grau, pela primeira vez no Brasil, uma mulher, a doutora em Medicina no Brasil, Ermelinda Lopes Vasconcelos, natural do Rio Grande do Sul.28

Pereira Nunes destacou-se como médico, literato, professor de Física e Química do Liceu de Humanidades de Campos e jornalista. Em 1931, escreveu o livro “A Velhice: seus aspectos médico-sociais”.

Na sua carreira política, foi eleito vereador e presidente da Câmara para os mandatos de 1901-1903 e 1907-190929(a partir de 1901, a Câmara estabeleceu mandato de três anos para a Mesa Diretora). Neste período, reabriu o Mercado Municipal

28 CARVALHO, Waldir Pinto de. Op cit. p. 16129 Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, 1898-1901,pp. 223 e 224; 1904-1913, pp. 85 e 86

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que, à época, funcionava no quadrilátero formado pelas ruas dos Andradas, Ouvidor (depois Marechal Floriano), Oliveira Botelho e Formosa (depois, Tenente-coronel Cardoso); instalou gradis na Praça São Salvador e inaugurou a Biblioteca Municipal, no edifício que fora construído para abrigar o Corpo de Bombeiros.30

Em 1904, foi eleito deputado estadual e, na Assembleia, eleito líder da bancada de seu partido. A convite de Nilo Peçanha, eleito governador, assumiu o cargo de prefeito de Niterói naquele mesmo ano. Depois, elegeu-se deputado federal.

Em 22 de maio de 1927, foi nomeado prefeito de Campos, exercendo o mandato até 28 de março de 1930, quando uma parcela da população foi acometida, mais uma vez, pela epidemia da “Peste Bubônica”. Remodelou, saneou e urbanizou a cidade. Entre as obras que realizou para melhorar o aspecto urbano, consta o calçamento da “sua sala de visitas”, a Praça de São Salvador. Fez ainda a pavimentação de importantes ruas da cidades, entre elas São Bento, 13 de Maio e dos Goitacazes, além da abertura da rua Dr. Oliveira Botelho e a organizaçãodo Horto Municipal.

Benedito Gonçalves Pereira Nunes também foi secretário de Educação do Governo do Interventor Lucio Meira, nomeado Diretor-Presidente da Caixa Econômica Federal do Estado do Rio de Janeiro e membro-fundador da Academia Campista de Letras, sendo patrono da cadeira nº 6.

Em 24 de janeiro de 1938 foi inaugurada a Galeria da Saudade com a foto de Pereira Nunes, que presidiu a Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia nos anos de 1922 a 1927 e de 1932 a 1933.

Benedito Gonçalves Pereira Nunes faleceu em 16 de dezembro de 1934, aos 70 anos de idade.

PATRIMÔNIO MATERIAL

Em 1964, centenário de seu nascimento, foi inaugurado um monumento com um busto em homenagem a Benedito Pereira Nunes. Originalmente, o monumento localizava-se no encontro das Ruas Barão de Miracema com Rodrigues Peixoto (continuação

30 CONTE, Francisco Almeida. Et. Al. Op. cit., pp. 38 e 39

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da Saldanha Marinho). Em 1982, foi transferido para um trecho da Avenida 28 de Março, próximo à Rua dos Goitacazes.

Desejando mais visibilidade “ao busto do benfeitor de Campos, engajado em causas sociais, médicas e políticas”, o Lions Club de Campos fez um pedido à Fundação Benedito Pereira Nunes para que o busto fosse colocado junto ao prédio da Faculdade de Medicina, na Avenida Alberto Torres. A mudança ocorreu em 23 de agosto de 2012, onde até o momento se encontra.31

31 www.fmanha.com.br/geral/busto-de-benedito-pereira-nunes-tranferido-pa-ra-a-fmc. Acessado em 20/08/2016. Texto do Dr. Wellignton Paes e Wilmar Rangel.

Foto: Jocelino Rocha (Check)

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OSWALDO LUIZ CARDOSO DE MELLO1930 – 1931

Oswaldo Luiz Cardoso de Melo nasceu no dia 12 de março de 1897, em Campos. Era filho do médico Luís Cardoso de Mello e Francisca Batista Cardoso de Mello. Casou-se no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1922, com Aída da Costa Cardoso de Melo e teve cinco filhos: Judith, Luís, José Geraldo, Maria Carlota e Oswaldo. Cardoso de Mello era sobrinho do Capitão Manoel Theodoro, um dos heróis campistas da Guerra do Paraguai.

Cursou o primário no “Colégio Paraíso”, que pertencia à professora Maria Ribeiro Paraíso. No Liceu de Humanidades de Campos, concluiu o primário e o secundário.

Começou a trabalhar como correspondente do jornal Monitor Campista, na cidade do Rio de Janeiro, onde foi residir para poder cursar a Faculdade de Medicina. Trabalhou como interno de 1915 a 1919, no Hospital Central do Exército. Cardoso de Mello se formou em dezembro de 1919 e recebeu seu diploma de médico em 23 de março de 1920.

Médico notávelrecebeu vários títulos honoríficos, entre eles o de Membro da Academia Brasileira de Medicina Militar.32

Cardoso de Mello, como ficou conhecido, exerceu várias atividades paralelas à profissão de médico nas áreas da política, da arte musical e do esporte.

Saiu vitorioso nas urnas em 1924 e 1928 para o cargo de vereador e, na sessão de 19 de setembro de 1929, foi eleito para a presidência do Legislativo.

32 CARVALHO, Waldir Pinto de. op. Cit. p. 299

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Exerceu o mandato até 1930 quando eclodiu o Movimento de Outubro e o Governo Provisório, tendo à frente Getúlio Vargas, que determinou o fechamento das Câmaras e a consequente extinção dos mandatos dos vereadores.33 Embora partidário do movimento, Oswaldo Luiz Cardoso de Mello foi preso.

Quando, em 1930, após ter sido preso como revolucionário em 03 de outubro, o Dr. Oswaldo, ao chegar a Campos, em 06 de dezembro, para ser empossado como Prefeito, durante o transcurso feito a pé (...) fez questão de parar na Sociedade de Medicina e Cirurgia (...) para agradecer aos colegas presentes e à Sociedade Fluminense a solidariedade recebida durante a sua recente prisão e prestar a essa casa, homenagem, no momento em que estava para ser empossado Prefeito de Campos.34

Nomeado prefeito de Campos, Oswaldo Cardoso de Melo tomou posse em 06 de dezembro de 1930, tendo ocupado o cargo até 10 de novembro de 1931. Mostrou-se um hábil prefeito urbanista. Entre seus feitos à frente do executivo campista, destacam-se: melhoramentos na Praça São Salvador, calçamento das Ruas Salvador Corrêa e Voluntários da Pátria e remodelação do centro comercial de Campos. Foi substituído pelo Dr. Silvio Bastos Tavares.

Ao deixar o Executivo, foi nomeado secretário de Interior e Justiça pelo Interventor no Estado do Rio, Coronel Pantaleão Pessoa. Exerceu esta função com muita competência até 31 de janeiro de 1967.

Em 1933, foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte, quando teve a oportunidade de apresentar uma emenda ao anteprojeto de Constituição que instituía o Seguro Social Coletivo contra o desemprego temporário e de proteção à maternidade. Em 17 de agosto de 1966, tomou posse no cargo de Secretário de Saúde e Assistência do Estado do Rio de Janeiro.35

33 FERREIRA, Avelino.Câmara de Campos 360 anos – 1652-2012, Ed.Gra-fimar, Campos dos Goytacazes, 2012, p. 62 34 CONTE, Francisco Almeida. Et. Al. Op. Cit. p. 14435 CARVALHO, Waldir Pinto de. Op. Cit. p. 300

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Em seu livro Na Taba dos Goytacazes, Hervé Salgado Rodrigues escreve:

O Dr. Cardoso de Melo foi um dos fundadores da Sociedade Fluminense de Medicina de Campos e o primeiro diretor da Faculdade de Medicina de Campos, inaugurada em 14 de outubro de 1967. Fundou o Orfeão Santa Cecília – Centro de Cultura Artística, em 1949. Junto a amigos fundou a Rádio Cultura de Campos. Era membro da Academia Campista de Letras e da Academia Fluminense de Letras.36

Em 1939, aliado a um grupo de pessoas dedicadas à proteção da infância, fundou a Associação de Proteção a Infância de Campos (APIC) e exerceu a presidência daquela instituição entre 1942 e 1943.

Waldir Pinto de Carvalho, sobre ele, dizia: “Homem culto, era amante da boa música e das letras. Foi um dos biógrafos de Nilo Peçanha”37.

Como médico, em 1935, trabalhou na Sociedade Portuguesa de Beneficência e instalou o Serviço de Oftalmologia e Otorrinolaringologia, exercendo a chefia até 1963, quando se licenciou. Fez parte do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, membro correspondente da Academia Brasileira de Medicina Militar e sócio efetivo da Associação Médica Fluminense, da qual foi o segundo vice-presidente no período de 1962-1963. Foi o primeiro diretor e professor da Clínica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina de Campos, Desde de sua fundação em 14 de outubro de 1967. Exerceu esta função até 1968.

Oswaldo Luiz Cardoso de Melo faleceu em 12 de setembro de 1968 e foi sepultado no Cemitério da Ordem da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos, no Caju.

36 RODRIGUES, Hervé Salgado. Na Taba dos Goitacazes, Niterói, p. 32337 CARVALHO, Waldir Pinto de. Idem.

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EDGARDO NUNES MACHADO1962 – 1963

Edgardo Nunes Machado nasceu

em Campos no dia 05 de agosto de 1912. Seus pais foram Cândido Álvaro Machado e Maria Conceição Barroso Nunes Machado. Casou-se em 15 de dezembro de 1939 com a professora Dilce Pereira Machado. Tiveram dois filhos: Marilene e Cândido Álvaro.

Cursou o ginasial no Liceu de Humanidades de Campos e, no início da década de 1930, foi para o Rio de Janeiro terminar seus estudos na Faculdade Nacional de Medicina, onde colou grau em 1934.

Ainda estudante, foi interno na Santa Casa do Rio de Janeiro, onde recebeu seu primeiro salário trabalhando com o renomado médico e professor Irineu Malagueta. Depois de formado, voltou para sua terra natal.

Além do seu consultório médico, instalou também, o seu próprio Laboratório de Análises Clínicas, graças à especialização feita no Rio de Janeiro. Além disso, trabalhou no posto de saúde da Usina Sapucaia.

Como político, foi eleito pela primeira vez vereador pela UDN, em 1947, com 1.117 votos. Em 1949, segundo a ficha de proposição da Câmara, Edgardo Nunes Machado pediu a construção de um novo edifício para abrigar a Escola Técnica Federal de Campos.

Retornou ao Legislativo pela UDN, com 891 votos, para o mandato de 1º de fevereiro de 1951 à 31 de janeiro de 1955.38Assumiu a presidência da Câmara em 26 de março de 1951, quando o presidente Maximino Ramalho renunciou por

38 FERREIRA, Avelino. Op. Cit. p. 66

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motivo de doença. Edgardo Machado exerceu o mandato até 13 de novembro daquele ano, quando retornou à Câmara Maximino Ramalho, que voltou a presidir o Legislativo, após uma nova eleição para a Mesa Diretora.

Posteriormente, Edgardo Nunes Machado (UDN) foi eleito vice-prefeito em 1961 e, mais tarde, assumiu o cargo de prefeito em 11 de junho de 1962, devido à licença do então chefe do Executivo, José Alves de Azevedo, exercendo o cargo até 31 de janeiro de 1963.

Foi também secretário de Transportes do Estado e diretor das Centrais Elétricas Fluminenses, tendo conseguido a liberação de verbas para a conclusão da termelétrica de Guarus e a interligação do sistema Tombos-Macabu, que resolveu, em parte, o problema energético em Campos.39

Edgardo Nunes Machado faleceu no dia 25 de julho de 1973.

ROCKFELLER FELISBERTO DE LIMA1964 – 1966

Rockefeller Felisberto de Lima nasceu no dia 31 de janeiro de 1935, em Travessão, 7º distrito de Campos. Seus pais foram Antônio Faria e Florianita Felisberto de Lima.

A sua formação escolar foi em Campos, no Colégio São Salvador, onde presidiu o Grêmio Literário Machado de Assis. Cursou o secundário no Colégio Bittencourt onde presidiu o Grêmio Azevedo Cruz e começou sua trajetória política, como diretor e, depois, presidente da Federação dos Estudantes de Campos.

Concluído o secundário, foi cursar a Faculdade de Direito de

39 CARVALHO, Waldir Pinto de. Op. Cit., p. 328

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Vitória (ES), tendo sido diretor do Centro Acadêmico Clóvis Bevilácqua. Destacou-se como orador e ingressou na política.

Elegeu-se vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em 1958, com 23 anos de idade, obtendo 1.184 votos. Exerceu a presidência da Câmara em 1962, ano em que sua notoriedade como orador e articulador político rendeu-lhe a vaga de vice-prefeito (à época, os vices eram eleitos separadamente) tendo recebido 13.871 votos, elegendo-se juntamente com o prefeito João Barcelos Martins do Partido Social Progressista (PSP) que exerceria seu segundo mandato.

Com a morte de Barcelos Martins, em 11 de abril de 1964, Rockefeller de Lima assumiu o cargo como titular. A ditadura militar cassou a maioria dos políticos filiados ao PTB e Rockefeller ficou na “corda bamba”, mas continuou no cargo após muita articulação política, pois havia sido armado um complô para que não assumisse e sim, o Presidente da Câmara Severino Veloso que era conservador e favorável ao golpe.40

Como prefeito, notabilizou-se ao conseguir implantar o SANDU - Posto de Saúde de Urgência - na Rua Saldanha Marinho (o único que existia então era o da Rua Marechal Floriano com a Sete de Setembro). Criou, ainda, as escolas ginasiais (hoje, do 6º ao 9º ano), em Guarus e, em vários outros distritos.

Em 1966, os partidos políticos já haviam sido dissolvidos pela ditadura, que permitiu apenas a formação de duas agremiações – Arena, partido da situação, e o MDB, da oposição. Rockefeller de Lima ingressou na Arena. Renunciou ao cargo de prefeito em 11 de agosto daquele ano e se candidatou a deputado federal. No entanto, teve sua candidatura impugnada pelo SNI (Serviço Nacional de Informações), por meio da Procuradoria da República. O Tribunal Regional Eleitoral aceitou a sua impugnação. Rockefeller recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral e foi absolvido por unanimidade a quinze dias da eleição. Foi eleito juntamente com outros dois campistas – Antonio Carlos Pereira Pinto e Sadi Coube Bogado, ambos do MDB, cassados pela ditadura em 1969.

40 FERREIRA, Avelino. Op. Cit. pp. 68 e 73

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Na Câmara dos Deputados, Rockefeller de Lima foi membro da Comissão de Justiça e Economia. Em 1970, a ditadura mudou a lei, tendo como objetivo a não coincidência dos mandatos. Assim foi criado o que foi denominado “mandato tampão”, de apenas dois anos para as Prefeituras. Rockefeller de Lima candidatou-se a prefeito e venceu a eleição com 28.596 votos. Nesse mandato de dois anos, construiu o Palácio da Cultura.

Em 1974, candidatou-se a deputado estadual e se elegeu. Concorreu novamente a prefeito em 1976 e perdeu a eleição para Raul David Linhares Corrêa, também da Arena. Reelegeu-se deputado estadual em 1978. Em 1982, após a abertura política e a criação de novos partidos, com o fim da Arena e MDB, candidatou-se pelo PDS e se elegeu mais uma vez deputado estadual. Naquela oportunidade, presidiu a Comissão de Agricultura e foi eleito primeiro vice-presidente da Comissão Executiva da ALERJ.

Em 1986, foi senador suplente (na chapa para o Senado constavam o titular e o suplente) pelo PFL para o mandato 1987-1994. Em 1988 e 1996, tentaria, novamente, chegar à Prefeitura pelo PFL, mas perdeu, em ambos os pleitos, para Anthony Garotinho do PDT.

Rockefeller de Lima ainda exerceria o cargo de Secretário de Planejamento do INSS, tendo, em sua gestão, duplicado o número de agências no Brasil. Nas décadas de 1970 e 1980, foi Procurador Geral do INSS, aposentando-se no cargo.

A Câmara de Vereadores de Campos, em 1995, concedeu-lhe a Ordem do Mérito Benta Pereira, proposta do vereador Edson Coelho dos Santos.41 Em 2006, exerceu o cargo de Secretário Municipal de Indústria, Comércio, Turismo, Ciência e Tecnologia.

Atualmente, Rockefeller Felisberto de Lima encontra-se afastado da política e voltado para seus interesses particulares.

41 O Monitor Campista, 1995

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CARLOS FERREIRA PEÇANHA1966 - 1967

Carlos Ferreira Peçanha nasceu no dia 02 de dezembro de 1930, em Santa Maria, 18º distrito de Campos, (à época, Chave de Santa Maria), filho de Cleveland Peçanha e de Carlota Ferreira Peçanha. Casou-se com Latife Haddad, com quem teve três filhos.

Formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense e, em meados de 1950, tornou-se fiscal de rendas da Secretaria de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro.

Elegeu-se vereador pelo PSP com 720 votos, em 03 de outubro de 1962. Assumiu em 1º de fevereiro de 1963 para a legislatura de 1º de fevereiro de 1963 a 31 de janeiro de 1967.42 Em 1966, foi eleito para o cargo de 1º secretário da Mesa Diretora da Câmara, tendo na presidência Severino Veloso de Carvalho Neto, cujo mandato expirou em março.

Carlos Ferreira Peçanha foi eleito presidente da Câmara em 03 de março 1966.43 Rockefeller de Lima, então prefeito, renunciou para se candidatar à Câmara Federal e Carlos Peçanha desvinculou-se da Câmara em 11 de agosto de 1966, assumindo a cadeira do Executivo até a posse do novo prefeito eleito. Importante observar que, durante sua gestão na presidência do Legislativo, Carlos Peçanha não presidiu nenhuma sessão, ficando claro que ele só foi eleito para assumir o cargo de prefeito, em acordo que previa a renúncia de Rockfeller que concorreria a uma cadeira na Câmara Federal.

Segundo o Livro de Ofícios Expedidos da Câmara (01 a 500) de

42 FERREIRA, Avelino. Op. Cit. p. 7143 Livro de Atas da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, 1965-1967, p. 75

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1966, vol. 1, a partir de março de 1966, Carlos Peçanha assumiu a presidência da Câmara e o ex-presidente, Severino Veloso foi eleito vice-presidente até meados de agosto, quando Peçanha saiu para assumir o executivo44, após a renúncia do então prefeito Rockfeller de Lima. Severino Veloso voltou, então, a assumir a presidência da Câmara, tendo como vice o vereador Obiratan Índio Brasileiro.

Como José Carlos Vieira Barbosa venceu a eleição para a Prefeitura em 1966, Carlos Peçanha exerceu o mandato do executivo apenas entre 11 de agosto de 1966 à 31 de janeiro de 1967, ficando a partir de então sem mandato. O período de 1967 a 1982 foi uma época de recesso eleitoral para ele que, todavia, ocupou, nesse tempo, cargos de confiança no Estado. Foi Oficial de Gabinete do Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro; Subdiretor da Fazenda Estadual do Município de São João da Barra e do Distrito de Santo Eduardo; Inspetor Regional da 10ª Recebedoria de Renda da Fazenda Estadual de Campos; Conselheiro da CELF – Centrais Elétricas Fluminense e vice-presidente da CERJ (substituta da CELF).

De agosto de 1966 a janeiro de 1967, foi vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, substituindo Paulo Torres. Na época, governadores e vices eram nomeados.

No pleito realizado em 15 de novembro de 1970, o ex-prefeito Carlos Ferreira Peçanha perdeu a eleição para a Assembleia Legislativa. Em 1982, elegeu-se deputado federal pelo PMDB, tendo integrado a Comissão de Transporte em 1983.

Em 25 de abril de 1984, votou a favor da emenda Dante de Oliveira que previa eleições diretas para Presidente da República. A proposição foi derrotada, pois faltaram 22 votos para que fosse levada à apreciação do Senado.

Saiu da Câmara dos deputados em janeiro de 1987 e não concorreu à reeleição. Em 1989, no governo de Wellington Moreira Franco (eleito governador em 1986), ocupou a vice-presidência da Companhia de Eletricidade do Rio de janeiro – CERJ.

Afastado da vida pública, manteve uma discreta atuação no Sindicato dos Fiscais de Renda do Estado do Rio de Janeiro e, hoje, está aposentado.

44 Livro de Ofícios Expedidos da Câmara (01 a 500) de 1966, vol. 1

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ARNALDO FRANÇA VIANNA1998 - 2000 * 2001 - 2004

Arnaldo França Vianna nasceu em 04 de novembro de 1947, em Campos. Filho de Arnaldo Rosa Vianna e Amélia de Abreu França Vianna. Foi casado com Ilsan Santos Vianna, com quem teve um filho, Caio Santos Vianna. Atualmente, é casado com Edilene Silva.

Cursou a Faculdade de Medicina de Campos dos Goytacazes, tendo colado grau em 1972. Especializou-se em Neurologia. É membro da Academia Brasileira de Neurocirurgia. Convidado pelo prefeito Anthony Garotinho, filiou-se ao PDT e se candidatou a vereador em 1992, elegendo-se com 2.794 votos exercendo o mandato até 1996.

O Prefeito da época, também eleito pelo mesmo partido, era Sérgio Mendes Cordeiro, que obteve 115.455 votos. Nessa gestão, no Legislativo, faleceu o vereador Dr. Edson Coelho dos Santos. Assumiu a vaga, a primeira suplente, Elisabeth Braga Cardoso, em 27 de agosto de 1996.

No livro de Proposiçãodo vereador da Câmara Municipal de Campos, foram elencados alguns projetos apresentados pelo vereador durante a sua gestão. Pelo Projeto nº 013/93, que virou Lei nº 5.418 sancionada pelo prefeito Sergio Mendes, foi criada a Área de Proteção Ambiental – APA do Lagamar, com base no Art. 225 § 1º, inc. III, da Constituição da República, no Art. 8º, da Lei Federal nº 6.902/82 e no Art. 243, inc. V, da Lei Orgânica do Município de Campos. Seu projeto de nº 018/93, dispôs sobre a Fiscalização Municipal do Meio Ambiente, foi sancionado e virou a Lei nº 5.419. A introdução na rede Municipal de Ensino do Estudo da Civilização Africana derivou do Projeto nº 033/93 e tornou-se Lei sob o nº 5.428. A proibição da demolição de prédios

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antigos no Município de Campos foi apresentada ao legislativo para ser aprovada pelo projeto de nº 035/93 e tornou-se lei nº 5.427. A lei nº 5.542, que dispõe sobre a criação do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso, foi apresentada pelo projeto de nº 156/93.

Foi vice-prefeito de Anthony Garotinho Matheus entre 1996 e 1998. Assumiu a prefeitura em 02 de abril 1998 para concluir o mandato de Garotinho, quando este abdicou para ser candidato a governador. Em 2000 foi eleito prefeito com 140.359 votos, mas não chegou terminar o mandato como prefeito, foi cassado em 2004 por superfaturar eventos organizados pela prefeitura do município. Rompeu com Garotinho em 2002.

Alguns projetos de leis apresentados ao Plenário da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes pelo então prefeito Dr. Arnaldo França Vianna: Autorização para aquisição de vários prédios para setores administrativos, colégios e creches; Renovação de Convênios de Cooperação Técnica com a Petrobrás; criação da estrutura funcional da Fundação Zumbi dos Palmares; criação da Fundação do Teatro Municipal Trianon; eleições de Diretores e Vice-Diretores das Escolas Municipais, Conveniadas e em Comodato; contratação por tempo determinado de Agentes Sanitários para atender às necessidades de combate ao mosquito “AEDES AEGYPTY”; criação do Centro de Controle de Zoonoses e de Vigilância Ambiental; implantação e desenvolvimentodo projeto Bolsa Cidadão; criação de uma contribuição mensal para organização dos municípios produtores de Petróleo e Gás da Bacia de Campos; convênio, através da Secretária Municipal de Educação, com o SENAC, para a implantação do Programa Portal do Futuro, destinado a adolescentes, a partir de 15anos, originários de família de baixa renda; criaçãodo Fundo de desenvolvimento de Campos dos Goytacazes (FUNDECAM); criação de repasse para o Fundo Municipal de Assistência Social, a partir da complementação do valor da Bolsa Criança Cidadã, com a finalidade de atender o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil; Convênio com a Fundação PROTAMAR para atividades de proteção e pesquisa

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das tartarugas marinhas desenvolvidas pela Bacia de Campos; preservação, conservação e revitalização do Patrimônio Cultural e natural de Campos dos Goytacazes, criando o Conselho de Preservação do Patrimônio Municipal (COPPAM) e institui o Fundo de Proteção do Patrimônio Municipal; doação de um imóvel para o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para a construção de um novo Fórum da Comarca de Campos.

No pleito de 2004, apoiou o ex-vereador e presidente da Câmara Carlos Alberto Tavares Campista, que perdeu o primeiro turno e disputou o segundo turno com Geraldo Pudim. Carlos Alberto foi eleito, mas em maio de 2005 encerrou sua administração devido a questões judiciais, assumindo o então presidente da Câmara, Alexandre Mocaiber.

Em 2006, Arnaldo Viana elegeu-se deputado federal pelo PDT. Em 2010, como vice-líder do partido na Câmara, foi novamente candidato, mas estava inelegível e seus votos não foram computados.

Em 2012, ocorreu caso semelhante, mesmo derrotado por Rosinha Garotinho para a Prefeitura, os votos que Arnaldo Vianna recebeu dos eleitores foram considerados nulos.

CARLOS ALBERTO TAVARES CAMPISTA - 2005 -

Carlos Alberto Tavares Campista nasceu em 06 de abril de 1946, em São Sebastião, distrito de Campos. Filho de José Campista Sobrinho e Cênia Tavares Campista. Carlos Alberto casou com Elisabeth Ducan Tavares Campista, com quem teve três filhos: Marcos, Laura e Carla.

Cursou advocacia na Faculdade de Direito de Campos, formando-se em 1968. Advogou, sobretudo, em razão

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de causas favoráveis a pensionistas e aposentados da previdência social. Foi eleito para Presidente da OAB/Campos para o biênio 1981/1982. Fundou e presidiu a FAMAC (Federação das Associações de Moradores de Campos), entre 1985 e 1987.

Sua primeira filiação partidária foi ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em 1981. Ingressou na vida política no pleito de 1982, quando concorreu, sem êxito, ao cargo de vice-prefeito de Campos, na legenda do PMDB, formando chapa com o candidato a prefeito Jorge Renato Pereira Pinto.

Em 1985, desligou-se do PMDB para participar da fundação do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Nesta legenda, candidatou-se em novembro de 1986 a deputado federal constituinte pelo Rio de Janeiro, sendo derrotado.

Convidado por Garotinho, ingressou no PDT e elegeu-se vereador no pleito de 15 de novembro de 1988 com 2.893 votos, para a legislatura de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1992. Na sessão de 1° de janeiro de 1989, foi eleito presidente da Câmara para o biênio 1989/1990.45

Em 1990, Carlos Alberto Campista candidatou-se à Câmara Federal e elegeu-se deputado, assumindo seu lugar o primeiro suplente, o médico Guilherme Abreu do PSB.46 Durante seu mandato em 1991, Carlos Alberto Campista foi eleito 1º vice-presidente e, em 1992, presidente da Comissão de Trabalho de Administração e Serviço Público. Na sessão da Câmara de 29 de setembro de 1992, votou a favor da abertura do processo de impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello.

Em 1994, candidatou-se à reeleição, mas ficou na suplência, desligando-se no ano seguinte do PDT. No ano de 1996, filiou-se ao Partido Liberal (PL) com o objetivo de concorrer à prefeitura de Campos, o que, contudo, acabou não acontecendo. Naquele mesmo ano, o TSE revalidou o pleito de 1994 e anulou o de novembro, garantindo aos vencedores da primeira eleição o direito de assumir o mandato. No ano de 1997, filiou-se ao Partido da

45 Livro de Atas da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, 1987-1989, p. 10346 FERREIRA, Avelino. Op. Cit. p. 85

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Frente Liberal (PFL). Em 1998, candidatou-se à reeleição pelo PFL, não alcançando êxito.

No ano de 2004, Carlos Alberto Campista elegeu-se prefeito de Campos pelo PDT. Assumiu em 01 de janeiro de 2005, mas já em 17 de maio daquele mesmo ano, afastou-se do cargo devido a questões judiciais.

Na ficha de proposições do gabinete do Prefeito, destacamos alguns processos que se tornaram leis: processo nº 0052/05 que autorizou a regulamentação dos adicionais de insalubridade e periculosidade dos servidores municipais, inclusive ressaltando o afastamento da servidora gestante; processo de nº 0.427/05, em que o legislativo deu autorização para a alteração do Dispositivo da lei Municipal nº 7.346 de 27 de dezembro de 2002, em que fica concedido aumento ao funcionalismo público municipal.

Em 2007, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT). Desde então, Carlos Alberto Campista está afastado da vida pública, exercendo atividades particulares.

ALEXANDRE MARCOS MOCAIBER CARDOSO2005 – 2006 * 2006 - 2008

Alexandre Marcos Mocaiber Cardoso, filho de Antônio Cidineio Cruz Cardoso e de Regina Mocaiber Cardoso, nasceu em 26 de janeiro de 1953, em Campos dos Goytacazes.

Formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Campos, no ano de 1975. Especializou-se em Reumatologia, Fisiatria, Saúde Pública e Administração Hospitalar. Foi Conselheiro Regional de Medicina (CREMERJ) de 1990 a 1995. De 1996 a 1997 exerceu o cargo de Diretor Clínico do Hospital Ferreira

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Machado e de 1999 a 2004 foi Secretário Municipal de Saúde.47

Em 2004, candidatou-se a vereador pelo PDT, obtendo 5.919 votos. Eleito presidente do Legislativo para o biênio 2005/2006, Alexandre Mocaiber renunciou para assumir o cargo de prefeito, após o afastamento do eleito, Carlos Alberto Campista, em maio de 2005.48 Assumiu a presidência da Câmara o vice, Alciones Cordeiro Borges, conhecido como Alciones de Rio Preto.

Na Ficha de Proposição do Gabinete do Prefeito consta que, por meio do processo 1220/05, o legislativo autorizou o poder executivo a instituir o Vale Educação que foi sancionada pela lei de nº 7.753. Também ficou autorizada, através do processo 1.372/05, a criação da Secretaria Extraordinária para Implantação da Refinaria Petroquímica, sob a Lei de nº 7.756. O legislativo dispôs sobre o processo de nº 44/06, uma linha de financiamento para revigorar a Lavoura de Cana de Açúcar. Em 13 de março de 2007, o Legislativo dispôs sobre a criação da Defesa Civil Municipal, a Secretaria de Petróleo e Bionergia e alterou dispositivo da lei Municipal nº 6.314/97. A alteração foi sancionada pela lei de nº 6.314/97. Foi criado o Conselho Municipal de Cultura de Campos dos Goytacazes sob a Lei nº 7.919. A lei de nº 7.930 dispôs sobre criação de escolas e creches municipais no Município de Campos dos Goytacazes. Pelo processo de nº 1.254/08, o Legislativo autorizou negociação com a Petrobrás para receber resíduos referente à Participação Especial sobre receita do Campo de Marlim. O Museu Olavo Cardoso – MOC – foi criado sob a Lei nº 8.058. O Executivo apresentou o processo de nº 0.152/09 que foi aprovado pelo Legislativo instituindo o programa Bolsa de Estudo para o Ensino Infantil e Fundamental a fim de complementar a insuficiência de vagas na rede pública municipal de ensino, que foi sancionada pela lei nº 8.072.

Em 2006, por determinação da Justiça Eleitoral,ocorreu eleição extemporânea para prefeito de Campos e Alexandre Mocaiber, já

47 Entrevista Concedida por Alexandre Marcos Mocaiber Cardoso em 25/05/2015 48 Livro de Atas da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, 2004-2005, p. 117

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ocupando o cargo, concorreu e foi derrotado por Geraldo Pudim, no primeiro turno, mas no segundo turno, foi eleito, obtendo 129.108 votos, para um mandato que terminaria em dezembro de 2008. Por determinação da Justiça, Alexandre Mocaiber foi afastado da chefia do executivo por quarenta e três dias, entre março e abril de 2008, assumindo o cargo o seu vice, Roberto Henriques. Mocaiber retornou por força de liminar e exerceu o mandato até 31 de dezembro de 2008.

Atualmente, Alexandre Mocaiber está afastado da política e dedica-se à medicina.

NELSON NAHIM MATHEUS DE OLIVEIRA- 2010 -

Nelson Nahim Matheus de Oliveira nasceu em 29 de agosto de 1957, em Campos. Filho de Hélio Montezano de Oliveira e Samira Matheus de Oliveira.

Formou-se em Advocaciana Faculdade de Direito de Campos, em 1983. Trabalhou como radialista nas emissoras Continental, Difusora e Cultura.

Iniciou sua vida pública em 1990, quando foi nomeado por seu irmão, o então prefeito Anthony Garotinho, para o cargo de Consultor Fazendário e, depois, subsecretário municipal da Secretaria de Fazenda de Campos. De 1993 a 1996 atuou no Município de São João da Barra como Secretário da Fazenda e Procurador Geral.

Em 1996, elegeu-se vereador pelo PDT, com 2.541 votos; reelegeu-se no pleito de 2000, com 4.828 voto.49 Recebeu o prêmio “Destaque de Excelência Administrativa e Política”, em 2001 (14º Encontro Nacional de Presidente de Câmaras Municipais.)

Nelson Nahim concorreu, novamente, a vereador em 2004 pelo

49 FERREIRA, Avelino. Op. Cit. p. 90

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PMDB, obtendo 4.767 votos e, em 2008, reelegeu-se pela mesma legenda, com 3.932 votos.

Em 2010, o Congresso aprovou lei que permitiu que o número de vereadores fosse estipulado pelo quantitativo de habitantes dos municípios. Na presidência de Nelson Nahim, depois de discutido em plenário, os vereadores optaram pela representação de 25 vereadores, já para o pleito de 2012.

No ano de 2010, a prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, foi afastada do cargo e o Tribunal Regional Eleitoral convocou Nelson Nahim, como presidente da Câmara, para assumir a Prefeitura, em 05 de julho de 2010. Exerceu o cargo por quase seis meses. A prefeita retornou ao final de 2010, por decisão do Supremo Tribunal Federal e Nelson Nahim reassumiu seu mandato de vereador em 16 de dezembro. Em 2011, foi reeleito presidente do Legislativo, por unanimidade, para o biênio 2011/2012.

Em 2012, candidatou-se a vereador, mas não obteve êxito. Em junho de 2013 assumiu novamente a presidência da Fundação Estadual do Norte Fluminense, nomeado pelo governador Sérgio Cabral. Em 2014, concorreu à Câmara Federal, mas ficou na suplência.

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VEREADORES QUE FORAM

PREFEITOS1907 – 2010

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CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZESVEREADORES QUE FORAM PREFEITOS

1907 – 2010

Prefeito

Major João Thomaz Pache

de FariaNem todos os autores concordam que ele foi, de fato, prefeito, mas

sim, suplente.

Julio Feydit

11/01/1907

09/09/1910

01/01/1911

04/10/1907

02/01/1911Devido à ausência do prefeito

nomeado, João Maria da Costa Pache de Faria, na

qualidade de presidente da Câmara, assumiu o cargo.

04/10/1907

31/12/1910

31/12/1914

16/01/1909

(?)/01/1911Não se pode precisar a data de sua saída, pois não foi

encontrada fonte que confirmasse quando o prefeito nomeado

retornou para Campos.

Início do Mandato

Fim do Mandato

Coronel João Antonio Tavares

Affonso Peixoto de Abreu Lima

João Maria da Costa

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CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZESVEREADORES QUE FORAM PREFEITOS

1907 – 2010

Major João Thomaz Pache

de FariaNem todos os autores concordam que ele foi, de fato, prefeito, mas

sim, suplente.

01/01/1915Durante o ano de 1915,

acumulou as funções de Chefe do Executivo e do Legislativo.

01/01/1919

09/07/1922Assumiu o cargo devido ao prefeito César Nascentes Tinoco ter iniciado um

mandato de deputado estadual.

(?)/(?)/1918Devido à ausência do prefeito nomeado, Luiz Sobral, Luiz Antonio Ferreira Tinoco, na qualidade de presidente da Câmara, assumiu o cargo.

22/08/1921

27/12/1918

22/08/1921

29/07/1922Deixou o cargo devido ao retorno

do prefeito Luiz Sobral ao Executivo.

(?)/(?)/1919Não se pode precisar a data de

sua saída, pois não foi encontrada fonte que confirmasse quantas

vezes assumiu a cadeira de prefeito.

09/07/1922

César Nascentes Tinoco

Luiz Caetano Guimarães Sobral

Luiz Caetano Guimarães Sobral

Luiz Antonio Ferreira TinocoNem todos os autores concordam que ele foi, de fato, prefeito, mas

sim, suplente.

Prefeito Início do Mandato

Fim do Mandato

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CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZESVEREADORES QUE FORAM PREFEITOS

1907 – 2010

Prefeito

Benedito Gonçalves Pereira Nunes

Oswaldo Luiz Cardoso de Mello

29/07/1922

28/03/1930

07/12/1937

22/05/1927

06/12/1930

18/05/1924

(?)/10/1930Não foi encontrada fonte

confirmando a data de seu afastamento; saiu devido aos acontecimentos de outubro de

1930

04/04/1939

28/03/1930

10/11/1931

Início do Mandato

Fim do Mandato

Luiz Caetano Guimarães Sobral

Luiz Caetano Guimarães Sobral

Luiz Caetano Guimarães Sobral

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CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZESVEREADORES QUE FORAM PREFEITOS

1907 – 2010

11/06/1962Assumiu o Executivo devido à licença do Prefeito José Alves

de Azevedo.

11/08/1966Devido à renúncia de

Rockfeller de Lima, assumiu o Executivo.

01/01/2001

11/04/1964Assumiu o Executivo devido

ao falecimento de João Barcelos Martins.

02/04/1998 Devido à renúncia de Anthony

Garotinho para candidatar-se a governador, assumiu o

Executivo

31/01/1963

31/01/1967

31/12/2004

11/08/1966Renunciou ao cargo nessa data para candidatar-se a deputado

federal.

31/12/2000

Arnaldo França Vianna

Arnaldo França Vianna

Rockfeller Felisberto de Lima

Edgardo Nunes Machado

Carlos Ferreira Peçanha

Prefeito Início do Mandato

Fim do Mandato

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CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZESVEREADORES QUE FORAM PREFEITOS

1907 – 2010

Prefeito

Alexandre Marcos Mocaiber Cardoso

Nelson Nahim Matheus de Oliveira

01/01/2005

20/04/2006Foi afastado por 43 dias, entre

março e abril de 2008 por decisão judicial, retornando,

em seguida, ao cargo.

17/05/2005Assumiu o Executivo devido

ao afastamento de Carlos Alberto Campista.

05/07/2010

17/05/2005Foi afastado do cargo nessa data,

devido a questões judiciais.

31/12/2008

26/03/2006Devido a uma determinação da Justiça Eleitoral, encerrou seu

mandato, nessa data, por motivo da realização de uma eleição

extemporânea

15/12/2010

Início do Mandato

Fim do Mandato

Carlos Alberto Tavares Campista

Alexandre Marcos Mocaiber Cardoso

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BIBLIOGRAFIA

Fontes Primárias:

Arquivo da Santa Casa de Misericórdia de Campos, Termo de posse de Irmãos.Livros de Atas da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes: 1891-1895, 1898-1901, 1904-1913, 1913-1919, 1965-1967, 1987-1989, 2004-2005.Ficha de Proposições de Vereadores – Arquivo Geral da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes.Livro de Ofícios expedidos da Câmara, 1966Correio da ManhãDiário Oficial do Rio de JaneiroO Monitor CampistaFolha do Comércio

Referências Bibliográficas:

CARVALHO, W. P. de. Gente que é nome de rua, Vol. 1, Campos dos Goytacazes, 1985CONTE, F. A. Et. Al. Sociedade Fluminense de Medicina – 80 anos – 1921-2001, Campos dos Goytacazes, 2001FERREIRA, A. Câmara de Campos 360 anos – 1652-2012. Ed. Grafimar, Campos dos Goytacazes, 2012 FEYDIT, J. Subsídios para a História dos Campos dos Goytacazes. Ed. Esquilo, Rio de Janeiro, 1979, p. 16 LAMEGO, A. História da Santa Casa de Misericórdia. Rio de Janeiro, 1951, p. 89 SOUSA, Horácio. Cyclo Áureo– História do 1º Centenário da Cidade de Campos: 1835-1935. Campos: Artes Gráficas. 1935RODRIGUES, H. S.Campos - Na Taba dos Goytacazes - Biblioteca de Estudos Fluminenses; Ed. Imprensa Oficial de Niterói, Niterói, 1988FERREIRA, Avelino. Câmara de Campos – 360 anos – 1652-2012. Campos dos Goytacazes: RJ. 2012RODRIGUES, Hervé Salgado. Na Taba dos Goytacazes. Biblioteca de Estudos Fluminense, Niterói, 1988, p. 159

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Fontes Digitais:

BLAKE, Augusto Victoriano Alves Sacramento. DiccionarioBibliographicoBrazileiro. Rio de Janeiro, Typographia Nacional, 1883FARIA, Teresa Peixoto. O papel dos médicos e engenheiros na modernização da área central da cidade de Campos dos Goytacazes, no início do século XX. Disponívelem: http://anais.anpuh.org/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S23.0990.pdf

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