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RÉSUMÉ: Ce texte présente les résultats préliminaires d’un project de recher-che qui prétend reconstruir l’enquadrement immédiat d’un établisse-ment rural de la région de la Cova da Beira (Portugal), durant le HautEmpire. On prétend ainsi étendre la connaissance du quotidien de seshabitants au delà des portes de l’édifice qui les a hébergés. L’objet d’étude est le site de Terlamonte I (Teixoso, Covilhã), dont l’espacehabitationnel a été précédemment fouillé au long de plusieurs cam-pagnes archéologiques, dans le quadre du projet “Le peuplement ruralromain de la Cova da Beira”.Cette nouvelle analyse du site a comme particularité le fait de s’inté-resser au voisinage imédiat du site, avec une aire d’étude de 2,5 hecta-res et de recourir a une estratégie multidisciplinaire, ayant pour objec-tif l’identification et la compréhension de l’anthropisation de tout cetespace. Des instruments de recherche, comme la prospection de sur-face en carreaux et la prospection géomagnétique, ont été complétéspar une campagne de sondages archéologiques, qui ont permis le pré-lèvement d’échantillons ultérieurement soumis à des analyses radio-métriques et géoarchéologiques. Un système d’information géogra-phique intra-site a faculté l’analyse intégrée des résultats de ces diffé-rentes approches. La présentation des premiers résultats de cette re-cherche, encore en cours, sert de prétexte à une discussion du con-tribut, des perspectives et des limites de ces différentes méthodes dansle quadre de la connaissance du peuplement rural romain.

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À PORTA DUMA QUINTA DO ALTO IMPÉRIORESULTADOS PRELIMINARES DO ESTUDO

INTRA-SÍTIO DO ASSENTAMENTO ROMANODE “TERLAMONTE I” (TEIXOSO, COVILHÃ)

1. Introdução

1.1. Âmbito e objectivos

A imagem que habitualmente um arqueólogo constrói mental-mente quando visualiza o sítio que intervenciona é a de um edifício ouconjunto de edifícios inscritos numa tela branca. Por vezes, a tela brancaé substituída por uma paisagem estereotipada que o arqueólogo associa– por analogia com outras paragens melhor conhecidas – ao contextocronológico da estação estudada. Esta percepção resulta em grandeparte do facto da concepção que se advoga para “sítio arqueológico” en-globar apenas a área intra-muros, não abarcando as estruturas e espaçosexteriores relacionados com a actividade desenvolvida pelos seus habi-tantes. A nossa perspectiva, porém, procura não confinar um sítio ar-queológico às paredes que o delimitam, abrangendo também outrasáreas contíguas – inclusivamente não cobertas – onde actividades devária índole – algumas relacionadas com as próprias práticas diárias desubsistência e outras com uma frequência mais limitada ou mesmo sa-zonal – tinham lugar (BINTLIFF, 2000).

O alargamento do conhecimento de um sítio para fora da sua portade entrada obriga o arqueólogo a alargar significativamente o âmbito daestratégia de intervenção, assim como o leque de métodos e técnicasusadas. A escavação passa a ser apenas uma ferramenta entre muitas ou-tras. Este tipo de abordagem – e na qual se moveu a investigação que dácorpo a este texto – é geralmente designada como análise espacial intra-sítio (intra-site spatial analysis) ou de escala micro-espacial, uma vez

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que se pretende determinar as relações espaciais existentes entre as es-truturas e os materiais, de modo a definir o uso diferenciado do espaçodentro de um mesmo sítio (ESPIAGO e BAENA, 1997: 43).

Convirá também referir, antes de mais, que este estudo – cujos re-sultados preliminares agora se divulgam – é o fruto de um encontroentre, por um lado, um projecto de investigação que tem como objectogenérico de análise o povoamento romano da região que hoje é conhe-cida pelo nome da Cova da Beira, e, por outro lado, um outro projectoque visa encontrar e testar ferramentas que permitam reconstruir a en-volvência imediata de um sítio arqueológico1.

O assentamento romano de “Terlamonte I” tornou-se a partir de2001 o ponto de convergência destes dois projectos. Ao primeiro pro-jecto, interessava alargar o conhecimento de um sítio, onde já se tinhainvestido desde do ano anterior uma parte significativa dos recursos dis-poníveis para a sua realização, articulando essa intervenção com outrasescalas de análise espacial de âmbito regional. Ao segundo projecto, in-teressava beneficiar de um manancial significativo de informação pre-viamente recolhida, relevante para a compreensão da estratégia de ocu-pação do espaço e de exploração dos recursos por parte dos habitantesdo sítio analisado. A firme intenção de continuar a investigação do sítiopara além deste estudo perspectivava também descobertas posterioresque possibilitariam a validação dos seus resultados.

Findo três anos desde o início desta colaboração, chegou a alturade divulgar os seus primeiros resultados. Estes deverão necessariamenteser entendidos como provisórios, quer porque as descobertas resultan-tes do estudo inicial suscitaram a aplicação – ainda em curso – de novosmétodos, quer porque a intervenção arqueológica da área edificadadeste assentamento – igualmente em curso – proporciona todos os anosnovos dados relevantes no quadro desta problemática.

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1 O primeiro inscreve-se no Projecto de Investigação O povoamento romano naregião da Cova da Beira (IPA-PNTA: 2000-2003), que serve de base à dissertação dedoutoramento que PCC tem em preparação, enquanto que o segundo projecto foi ob-jecto de uma dissertação de mestrado em Arqueologia, apresentada por AJMS – em No-vembro de 2002 – na Faculdade de Letras de Coimbra e intitulada O assentamento ro-mano de Terlamonte I: prospecção de superfície, prospecção geofísica, SIG e estudosintra-sítio, tendo como co-orientador Fernando de Almeida (Dep. Geociências da Univ.Aveiro). Ambos os processos de investigação contaram com a orientação continuada eo incentivo inestimável do Doutor Jorge de Alarcão, a quem desejamos expressar anossa mais elevada estima e gratidão.

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1.2. Quadro geográfico e arqueológico

Inscrevendo-se na região natural da Cova da Beira, depressãoaplanada – por vezes quebrada por elevações abruptas e isoladas – de-limitada pelas serras da Estrela e da Gardunha a poente, pelos planaltosda Meseta Ibérica a norte, pela Serra da Malcata a nascente e pela Su-perfície de Castelo Branco a sul e cortada pelo rio Zêzere (RIBEIRO,1949), o sítio de “Terlamonte I” situa-se concretamente na encosta su-deste do outeiro de Pinheiros Lusos (Teixoso, Covilhã) – um dos rele-vos residuais que marcam o interior da Cova da Beira – e a cerca de 500m do curso pouco sinuoso do Zêzere, num terreno a espaços arborizadocom carvalhos e pinheiros e onde habitualmente é cultivado cereal desequeiro (Fig. 1 e Foto 1)2.

Geologicamente está situado numa área de granito calco-alcalino,biotítico e porfiróide de grão grosseiro, pela qual se estendem vários fi-lões de quartzo, e nas proximidades da larga superfície aluvial actualque bordeja o rio e de algumas pequenas explorações mineiras abando-nadas de estanho e volfrâmio (TEIXEIRA et alii, 1974). Os solos, nãomuito espessos e evoluídos, com uma baixa acidez e alcalinidade ins-crita numa classe de pH (em água) superior ou igual a 4.5 e facilmenteafectados pelos processos erosivos – dada a sua permeabilidade redu-zida e face ao predomínio dos granitos facilmente desagregáveisquando afloram à superfície –, apresentam uma capacidade de uso agrí-cola moderada, sendo actualmente classificáveis nas classes D e E.

Em termos arqueológicos, o sítio romano de “Terlamonte I” in-sere-se numa zona marcada aparentemente por uma vincada ruralidade,resultante, em grande parte, da ausência de uma verdadeira urbs – comocentro estruturador do território e palco privilegiado de expressão e di-fusão da nova ordem – e do facto das villae – se entendidas como sedesde grandes unidades de exploração agro-pecuária pertencentes a indiví-duos cuja riqueza e integração nos valores da cultura clássica se manifes-tava, nomeadamente, na presença dos urbana ornamenta nas suas resi-dências de campo – constituirem um elemento claramente raro na paisa-gem (CARVALHO, 2003). Com efeito, a natureza dos vestígios de super-fície identificados nesta região parecem sugerir que o povoamento rural

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2 As suas coordenadas geográficas (Meridiano de Greenwich, Datum Europeu1950, Elipsóide Internacional) são as seguintes: Lat. 40.°17’32’’, Long. 7.°25’29’’, Alt.460 m (CMP. 1/25.000 – n.° 235).

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romano na Cova da Beira se encontra estruturado com base essencial-mente numa rede de núcleos que poderemos interpretar como quintas ecasais. Estas sedes de explorações de carácter familiar, pelo menos emcertas áreas, surgem com uma densidade considerável, quer organizadasem redor ou em função de um aglomerado populacional de maior en-vergadura, quer posicionadas em zonas que possibilitavam a exploraçãode uma ampla gama de recursos, não só de natureza agrícola e silvo-pastoril, como também mineira, uma vez que é conhecida a riquezadesta região em estanho e ouro (CARVALHO et alii, 2002).

1.3. “Terlamonte I”: a área edificada

Ainda que o objectivo deste texto, como já deixámos subenten-dido, não seja a apresentação do sítio romano de Terlamonte I na suacomponente edificada propriamente dita – análise essa que reservamospara outra oportunidade –, será conveniente, todavia, para uma melhorcontextualização dos elementos que obtivemos na sua envolvente,adiantar desde já alguns dos principais traços que o caracterizam3.

Assim, em função dos trabalhos de escavação que decorreramentre 2000 e 2003, parece desde já possível interpretar este sítio comouma quinta ou granja – cuja ocupação poderá ser fixada provisoria-mente entre os meados do séc. I e os finais do séc. II d. C. – que cons-tituiria a sede duma média unidade de exploração agro-pecuária dotadade uma relativa autonomia ou auto-suficiência, se atendermos ao con-junto de materiais e equipamentos já identificados. Em termos gerais,este núcleo rural apresenta um plano construtivo unitário, concebido,aparentemente, em função da necessidade de articular racionalmente di-ferentes espaços funcionais – dotando-os da necessária habitabilidade eadequando-os às actividades que se desenrolariam quer no seu interior,quer no exterior mais imediato ou noutros pontos mais afastados da suapropriedade – e de se adaptar às características topográficas específicasda vertente em que se implantou, uma vez que se desenvolve em duasáreas ou corpos espacialmente distintos – e com níveis de circulação

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3 Este sítio – ou a área onde este e outros sítios nas suas imediações se encon-tram – foi pela primeira vez referenciado por Helena Frade (1996: 887), tendo a partirdaí sido avançada para ele(s) uma classificação que não se coaduna com os resultadosdos trabalhos feitos posteriormente na área (CARVALHO, 2003: 169).

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que correm a cotas desiguais. Estes dois corpos, se atendermos confi-guração e à articulação dos compartimentos que os integram e se consi-derarmos a distribuição micro-espacial das estruturas e dos artefactosidentificados no seu interior, parecem ser funcionalmente dissemelhan-tes. Um desses corpos edificados – ligeiramente sobrelevado – alberga-ria a parte propriamente residencial da quinta, enquanto que o outro – aberto aparentemente para um terreiro interior não telhado – seria tal-vez um espaço preferencialmente vocacionado para os processos de tra-balhos relacionados com as actividades desenvolvidas na área envol-vente, como parece testemunhar a recolha de um conjunto de pesos detear ou os vestígios de uma pequena forja e de uma possível area de umlagar rudimentar.

A boa exposição solar que decorre do facto de se posicionar numaencosta virada para SE, a protecção natural aos ventos do norte propor-cionada pelos fortes declives – criados por um talude – que ladeiam oedifício nessa direcção –, a boa drenagem dos terrenos envolventes, aampla visibilidade de que goza o sítio sobre o vale do Zêzere e o amploespectro de recursos naturais potencialmente exploráveis, terão sidocertamente razões que não terão sido alheias à escolha do local para edi-ficar este estabelecimento.

Refira-se ainda que as prospecções já realizadas na zona envol-vente desta estação permitiram identificar, essencialmente, uma série depequenos sítios – revelados por reduzidas concentrações de materiaisromanos à superfície – que poderão ter mantido, pelo menos algunsdeles, um vínculo directo com “Terlamonte I”, como será talvez o casode um local, junto à larga superfície de aluvião que bordeja o Zêzere,onde se podem sobretudo observar grandes blocos de escória e que po-derá ter correspondido a uma outra área de fundição (Fig. 1).

2. Estratégia e metodologia

Alargar o conceito de sítio para além dos espaços construídos im-plica trabalhar com áreas de intervenção bem superiores àquelas geral-mente definidas na investigação de sítios rurais romanos. Neste casoconcreto, esta área foi fixada arbitrariamente em 2,5 ha. Pretendia-seencontrar neste espaço evidências (arqueofactos e ecofactos), que per-mitissem compreender a forma como os habitantes da quinta ocuparame exploraram o espaço imediatamente envolvente ao sítio.

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A fase inicial deste estudo consistiu assim no rastreio e na locali-zação de elementos passíveis de interpretação. Assumiu-se como prin-cípio, desde logo, que a recolha destes dados dever-se-ia processarduma forma sistemática, rápida e pouco onerosa. Por este motivo, deci-diu-se recorrer a duas técnicas exploratórias com provas dadas desdelonga data: a prospecção de superfície em quadrícula4 e a prospecçãogeomagnética. A primeira, porque permitiria delimitar áreas construídase áreas onde se desenvolveram actividades que podiam não se associara qualquer tipo de estrutura arqueológica (GERRARD, 1995: 141). A se-gunda, porque permitiria detectar estruturas arqueológicas muito subtis,que poderiam mesmo passar desapercebidas numa escavação menosatenta, como sejam buracos de poste, valas, estruturas de combustãonão estruturadas, etc. (CLARK, 2000: 65-66).

A abundância e o carácter espacial da informação recolhida nestafase conduziu à elaboração de um Sistema de Informação Geográfica(SIG) onde esta foi tratada e analisada em conjunto com a informaçãomicro-topográfica referente à área de estudo, de maneira a formular umprimeiro modelo de ocupação do espaço com base nas possíveis evi-dências de antropização detectadas pelas prospecções. A interpretaçãoproposta para as estruturas através da prospecção geofísica foi de seguidatestada através de um programa de sondagens arqueológicas que incidi-ram sobre aquelas que pareciam ser mais relevantes para a compreensãodo conjunto. Os resultados da intervenção destas sondagens levantarampor sua vez novos problemas e novas dúvidas, tornando-se necessário re-solvê-las através de análises geoarqueológicas (ainda em curso).

2.1. Trabalhos preliminares

A malha quadriculada usada neste estudo – ocupando uma áreatotal de 2,5 ha – foi orientada em função das escavações que já tinhamsido efectuadas no local, de forma a facilitar a análise comparativa dosresultados de ambos os trabalhos 5. A piquetagem do terreno da novamalha foi efectuada com o recurso a uma estação total.

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4 AJMS apresentou recentemente uma pequena síntese sobre os fundamentosteóricos deste método, no quadro da publicação dos resultados de outra intervenção(SILVA e SILVA, no prelo).

5 A malha anterior, orientada pelo norte magnético, era constituída por quadra-dos de 4 m de lado.

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Dois sistemas de referenciação local foram usados ao longo dostrabalhos que se seguiram (Fig. 2):

O primeiro, designado por “srA”, foi concebido de modo a facili-tar a realização da prospecção intensiva. A malha é assim constituídapelos sectores A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K e L. Cada sector é consti-tuído por quadrados de 5 x 5m, organizados em filas paralelas ao eixoS/N. A referenciação local nesta malha recorre ao tri-nome: sector (A-L), n.° de fila (de 1 a 10, que cresce de O para E), n.° de quadrado(de 1 a 10, em crescendo de S para N). No decurso dos trabalhos, optou-se por materializar no terreno apenas as filas 7, 8, 9 e 10 dos sectores C e F e K, bem como as filas 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 do sector I. Excep-tuando-se estes sectores, todos os restantes foram completamente mate-rializados, totalizando cada um 10 filas de 10 quadrados.

Paralelamente a este primeiro sistema de referenciação, estrutu-rado por sector / fiada / quadrado, definiu-se um segundo (srB) onde umponto de qualquer sector é localizado através de um único sistema car-tesiano de coordenadas X e Y. Atribuiu-se arbitrariamente a coordenada(X=50,Y=0) ao canto SO do sector L, de modo a que as coordenadas detodos os pontos da área de estudo sejam sempre positivas. Este sistemafoi usado na prospecção geomagnética, bem como na integração dosdados no Sistema de Informação Geográfica.

Como forma de possibilitar os trabalhos de prospecção geomag-nética e de prospecção de superfície em quadrícula, procedeu-se tam-bém à desmatação – durante sete dias – de toda a área em análise comrecurso a meios mecânicos e manuais.

De forma a garantir a localização precisa da zona de estudo parafuturos trabalhos, efectuou-se – recorrendo-se a uma estação total – àgeo-referenciação dos pontos notáveis da malha (a localização das esta-cas no quadro da malha, bem como as suas respectivas coordenadas,também podem ser consultadadas na Fig. 2). Seguiu-se um levanta-mento topográfico de pormenor da área de estudo e da envolvente ime-diata – num total de 36.266 pontos. A georeferenciação dos pontos efec-tuou-se no sistema de coordenadas HG73, ou seja Haydford GaussDatum 73 (MATOS, 2001: 26). O “z” das coordenadas assim definidascorresponde à distância vertical de cada ponto em relação ao nível domar (datum vertical: Marégrafo de Cascais). Este levantamento incluiuainda a localização das sondagens arqueológicas efectuadas até então,dos montes de terra provenientes da escavação, dos afloramentos, dosbosques e das árvores isoladas, bem como das áreas de giestal queima-

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FOTO 3 – Aspecto da pesagem dos materiais cerâmicos no quadro da prospecção de superfície em quadrícula.

FOTO 4 – Operadora equipada com o magnetómetro a vapor de Césio G-858 da Geometrics.

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FOTO 5 – Aspecto da estrutura 1 no final dos trabalhos de escavação da sondagem 1. Vista aprox. S/N.

FOTO 6 – Aspecto da [UE 4] (à direita) no final dos trabalhos de escavação da sondagem 1. Vista aprox. NO/SE.

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FOTO 7 – Aspecto da estrutura 3 no final dos trabalhos de escavação da sondagem 2. Vista aprox. E/O.

FOTO 8 – Aspecto da estrutura 3 no decurso dos trabalhos de escavação da sondagem2. Vista aprox. E/O.

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FOTO 9 – Aspecto do veio de argila da sondagem 4, no final dos trabalhos de escavação. Vista aprox. E/O.

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FOTO 10 – Aspecto da sondagem 5, no final dos trabalhos de escavação. Vista aprox. O/E.

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FOTO 11 – Aspecto do depósito de siltes (U.E.’s 3, 4 e 5), no decurso da escavação da Sondagem 7. Vista aprox. NO/SE.

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