Verso e prosa - policiamilitar.mg.gov.br · Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não...
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ESTRUTURA DO TEXTO POÉTICO
VERSIFICAÇÃO – ESTROFE
Verso – é cada linha de um poema.
Estrofe – é um grupo de versos isolados por uma linha
em branco.
Rimas – é a conformidade ou coincidência de fonemas,
geralmente no final de dois versos diferentes, podendo
ocorrer também entre vocábulos no interior dos versos
( rima interior). Os versos que rimam são designados
pela mesma letra.
Os versos sem rima são chamados versos brancos.
SONETO DA SEPARAÇÃO
De repente do riso fez- se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-
se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que fez amante E
de sozinho o que se fez contente
FEZ-SE DO AMIGO PRÓXIMO O
DISTANTE
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Moraes
1 2 De
3 4 5 re pen te do
7 6 8 9 10 ri so fez se o pran to
METRO E RITMO
Na leitura desses versos percebemos que a
terceira, a sexta e a décima sílabas poéticas
são pronunciadas mais fortemente que as
demais. É essa sequência de sílabas fortes e
fracas que dá ritmo ao poema.
TIPOS DE VERSOS:
De acordo com o número de sílabas poéticas
que apresenta, o verso recebe o nome de:
monossílabo – uma sílaba. dissílabo – duas sílabas.
trissílabo – três sílabas. tetrassílabo – quatro sílabas.
menor – cinco pentassílabo ou redondilha
sílabas.
hexassílabo – seis sílabas.
HEPTASSÍLABO OU REDONDILHA MAIOR – SETE SÍLABAS.
octossílabo – oito sílabas. eneassílabo – nove
sílabas. decassílabo – dez sílabas. hendecassílabo –
onze sílabas. dodecassílabo – doze sílabas.
QUANTO A DISPOSIÇÃO AS RIMAS PODEM
SER:
✔
✔
✔
emparelhada: AABB;
alternadas: ABAB;
opostas ou interpoladas: ABBA
Os versos sem rima são chamados versos brancos.
As rimas podem ser classificadas em: pobres, ricas
ou riquíssimas.
TIPOS DE ESTROFE:
Quanto ao número de versos a estrofe pode ser um:
* 1 verso - Monóstico * 2 versos - Dístico * 3 versos - Terceto * 4 versos - Quarteto ou quadra * 5 versos - Quintilha * 6 versos - Sextilha * 7 versos - Septilha * 8 versos - Oitava * 9 versos - Nona * 10 versos - Décima
* Mais de dez versos: estrofe irregular.
Prosa é o texto no estilo natural, sem a sujeição à
rima, ritmo, parágrafos, estrutura métrica,
aliterações ou número de sílabas. A principal
diferença entre a poesia é a musicalidade.
O conto, a crônica, a novela e o romance são
exemplos de texto em prosa. Em geral, a prosa
apresenta análise, narração e linguagem discorrida
de maneira contínua. Também são exemplos o texto
jornalístico e técnico.
TEMPOS DA NARRATIVA
1_ Cronológico:
O tempo cronológico é o tempo real, é o tempo da natureza, dividido em dias, semanas, estações do ano, e etc. É o tempo marcado pelo relógio. Esse tempo é denominado como tempo externo, justamente por estar a parte do personagem, por ser externo a ele. E também é conhecido como tempo histórico.
A construção da sua narrativa precisa de um contexto temporal. É o que permite que o leitor possa se situar sobre o momento em que aconteceu determinado fato. Isso vai ajudar você a construir a sua história de forma mais completa e clara para o leitor.
Dica: Lembre-se sempre de que o tempo cronológico é igual para todos, nós o chamamos de tempo social ou coletivo.
A marcação de tempo cronológico não precisa necessariamente aparecer como horas ou dias da semana. Ela pode ser marcada por períodos do dia (manhã, tarde) ou do ano (natal, carnaval) que indicam um tempo específico. É muito comum que a marcação de tempo cronológico se apresente a partir de um adjunto adverbial. Veja um exemplo:
“Na segunda-feira voltou o menino armado com a sua competente pasta a tiracolo, a sua lousa de escrever e o seu tinteiro de chifre; o padrinho o acompanhou até a porta. Logo nesse dia portou-se de tal maneira que o mestre não se pôde dispensar de lhe dar quatro bolos(…)” (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Ateliê, 2000.)
Tempo Histórico refere-se à época ou ao período
histórico em que a história se desenrola, ao longo da
narrativa o narrador dá pistas para o leitor, a fim de
que ele compreenda as marcas históricas que
caracterizam os costumes e comportamentos
específicos do momento em que se desenvolve a trama.
Psicológico:
O tempo psicológico é o tempo individual. Ao contrário do cronológico, não é igual para todos, cada pessoa (personagem ou narrador) sente a passagem do tempo de uma forma diferente. Isso significa que existe uma influência de emoções, situações, sentimentos, que determinam essa passagem do tempo. É um tempo interno.
Sabe quando você espera na fila da padaria e de repente 10 minutos parecem uma eternidade? E quando você quer dormir mais um pouquinho e 10 minutos passam como se fosse 1? O tempo real é o mesmo, mas as sensações daquele momento fazem você sentir que demorou mais ou que passou mais rápido. Esse é o tempo psicológico.
Ele é marcado na narrativa através de memórias e lembranças de um personagem, aparecendo como uma digressão ou um flashback. Normalmente, encontramos esse tempo em histórias com narrador onisciente (que tudo vê) ou narrador personagem (que participa da história).
O tempo psicológico é visto como um fluxo de
consciência: uma imaginação, sonho ou um
devaneio por parte do personagem. Como no
exemplo a seguir, em que o defunto-autor relembra
a sua morte:
“Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma
sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela
chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro
anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de
trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério
por onze amigos. Onze amigos!” (Machado de Assis,
Memórias Póstumas de Brás Cubas).
ESPAÇO
Esse elemento é tão importante para a construção de uma boa narrativa, que muitas vezes os espaço descritos nas histórias ganham uma personificação e são compreendidos como o próprio personagem. Isso acontece na obra “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, em que o cortiço (espaço onde ocorre a história) ganha características humanas: “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo (…)”
A construção do espaço na narrativa também pode acontecer como um reflexo do interior das personagens, das emoções e sensações representadas por elas. Por exemplo, uma cena onde é descrito que o céu está cinza e escuro, pode demonstrar um sentimento de angústia, nostalgia ou preocupação por parte do personagem e do momento na narrativa. Dessa forma, o elemento espaço pode representar não só o cenário de uma história, mas sim características internas e externas de uma personagem.
PERSONAGENS
Personagens são aqueles que praticam a ação na
narrativa. Entre os personagens há o
protagonista ( personagem principal – herói) e o
antagonista ( vilão).
FOCO NARRATIVO
O foco narrativo é um dos pontos importantes da
narrativa. A ideia de foco narrativo relaciona-se a
posição em que o narrador ocupa ao observar e
comunicar aquilo que narra.
Narrador Personagem
Esse tipo de narrador é um dos personagens da história (protagonista ou coadjuvante). Nesse caso, a história é narrada em 1ª pessoa do singular ou do plural (eu, nós).
Exemplo de narrador personagem
“Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.” (Dom Casmurro, Machado de Assis)
Narrador Observador
Esse tipo de foco narrativo apresenta um texto narrado em 3ª pessoa (ele, eles). É determinado por um narrador que conhece a história e por isso, recebe o nome de “observador”.
Nesse caso, o narrador não participe da história e está fora dos fatos, ou seja, ele não é um personagem.
Exemplo de narrador observador
“Que abismo que há entre o espírito e o coração! O espírito do ex-professor, vexado daquele pensamento, arrepiou caminho, buscou outro assunto, uma canoa que ia passando; o coração, porém, deixou-se estar a bater de alegria. Que lhe importa a canoa nem o canoeiro, que os olhos de Rubião acompanhavam, arregalados? Ele, coração, vai dizendo que, uma vez que mana Piedade tinha de morrer, foi bom que não casasse; podia vir um filho ou uma filha... - bonita canoa! - Antes assim! - Como obedece bem aos remos do homem! - O certo é que estão no céu!” (Quincas Borba, Machado de Assis)
Narrador Onisciente
Aqui, devemos atentar ao conceito da palavra onisciente, a qual significa “aquele que sabe de tudo”. Dito isso, como foco narrativo, o narrador onisciente é aquele que conhece toda a história.
Também possui conhecimentos sobre todos os personagens e seus pensamentos, sentimentos, passado, presente e futuro. Pode ser narrada tanto em 1ª pessoa (quando apresenta pensamentos dos personagens) como em 3ª pessoa.
Exemplo de narrador onisciente
“Um segundo depois, muito suave ainda, o pensamento ficou levemente mais intenso, quase tentador: não dê, elas são suas. Laura espantou-se um pouco: porque as coisas nunca eram dela. Mas estas rosas eram. Rosadas, pequenas, perfeitas: eram. Olhou-as com incredulidade: eram lindas e eram suas. Se conseguisse pensar mais adiante, pensaria: suas como nada até agora tinha sido.” (A Imitação da Rosa, Clarice Linspector)