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INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENAHRIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL VIAS DE COMUNICAÇÃO MARIA DA FÁTIMA PORTELA MOREIRA Professora Adjunta

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INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENAHRIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

VIAS DE COMUNICAÇÃO

MARIA DA FÁTIMA PORTELA MOREIRA

Professora Adjunta

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

1

Índice

1 - Introdução .................................................................................................... 5

1.1 - Referências Históricas ............................................................................ 5

2 - Classificação das Estradas ........................................................................ 7

2.1 - Classificação .......................................................................................... 7

2.2 - A Rede de Comunicações Públicas Rodoviárias de Portugal ................ 8

2.3 - Planos Rodoviários Nacionais ................................................................ 9

2.4 - Administração Rodoviária ....................................................................... 9

2.5 - Objectivos da Política Rodoviária (Prn 2000) ......................................... 9

3 - Noções Fundamentais .............................................................................. 10

Nível de Serviço ........................................................................................... 19

4 – Geometria do Traçado ............................................................................. 27

4.1 - Traçado em Planta ............................................................................... 27

4.1.1 - Determinação dos Elementos da Curva ......................................... 28

4.1.2 - Determinação dos Pontos Principais ............................................. 29

4.1.3 - Piquetagem dos Pontos Intermédios ............................................. 29

4.1.3.1 - Método das Ordenadas e Abcissas ......................................... 29

4.3.3.2 - Método das Cordas e Flechas ................................................. 32

5 - Escolha do Raio de Curvatura ................................................................. 34

5.1 - Substituição de duas Curvas no Mesmo Sentido Muito Próximas por

uma Curva Única .......................................................................................... 38

6 – Geometria do Traçado em Planta ........................................................... 40

6.1 - Alinhamentos Rectos ............................................................................ 41

6.2 - Curvas Circulares ................................................................................. 42

6.3 – Raos Mínimos ...................................................................................... 43

6.3.1 - Raios Mínimos Absolutos (Ra) ....................................................... 45

6.3.2 - Raios Mínimos Normais (Rn) ......................................................... 46

6.4 - Sobreelevação ...................................................................................... 48

6.5 - Sobrelargura ......................................................................................... 49

6.6 - Curvas de Transição ............................................................................. 51

6.6.1 – Funções ........................................................................................ 51

6.6.2 - Tipos de Curvas de Transição ....................................................... 51

6.6.3 - A Clotóide ...................................................................................... 53

6.6.3.1 - Equação Intrínseca .................................................................. 53

6.6.3.2 - Relações Fundamentais .......................................................... 54

6.6.3.3 - Equações Paramétricas Da Clotóide ....................................... 55

6.7 - Curvas de Transição ............................................................................. 57

6.7.1 - Critérios de Dimensionamento ....................................................... 58

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

2

6.7.2 - Resumo do Dimensionamento da Clotóide .................................... 65

6.7.3 - Implantação da Clotóide ................................................................ 66

6.7.3.1 - Elementos Necessários à Piquetagem da Clotóide ................. 67

6.7.3.2 - Piquetagem dos Pontos Intermédios ....................................... 68

6.7.3.3 - Piquetagem da Curva Circular Central .................................... 68

6.7.4 - Propriedades da Clotóide ............................................................... 69

6.8 - Concordância de Alinhamentos quase Colineares ............................... 70

Desenvolvimentos e Raios Correspondentes ............................................... 70

7 – Perfil Transversal ..................................................................................... 71

7.1 - Faixa de Rodagem ............................................................................... 71

7.1.1 - Largura das Vias ............................................................................ 71

7.1.2 - Sobrelargura nas Curvas ............................................................... 72

7.1.3 - Inclinação Transversal ................................................................... 72

7.1.4 - Sobreelevação ............................................................................... 73

7.1.5 - Transição da Sobreelevação ......................................................... 73

7.2 - Bermas ................................................................................................. 76

7.3 - Valetas .................................................................................................. 78

7.4 - Separadores Centrais ........................................................................... 81

7.5 - Taludes ................................................................................................. 84

7.5.1 - Terreno Ondulado .......................................................................... 84

7.5.2 - Terreno Acidentado ou Muito Acidentado ...................................... 84

7.6 - Guardas de Segurança ......................................................................... 85

8 - Operações para o Traçado de uma Estrada ........................................... 89

8.1 - Considerações Gerais .......................................................................... 89

8.2 - Características Básicas da Estrada ...................................................... 91

8.2.1 - Velocidade Base ............................................................................ 91

8.2.2 - Largura da Faixa de Rodagem e Bermas ...................................... 91

8.2.3 - Valor das Cargas Sobre o Pavimento ............................................ 91

8.3 - Factores a Considerar na Escolha e Comparação dos Traçados ........ 91

8.3.1 - Raio Mínimo (Planta) e Rampa Máxima (Perfil) ............................. 92

8.3.2 - Compensação de Aterros e Escavações ....................................... 92

8.3.3 - Natureza dos Solos ........................................................................ 93

8.3.4 - Condições Económicas .................................................................. 93

8.4 - Reconhecimento no Terreno ................................................................ 94

8.5 - Prospecção ou Reconhecimento de Solos ........................................... 98

8.6 - Estudo do Eixo da Estrada ................................................................. 101

8.6.1 - Caderneta de Planta .................................................................... 103

8.6.2 - Levantamento Taqueométrico ..................................................... 104

8.6.3 - Planta Geral ................................................................................. 104

8.6.4 - Planta Parcelar............................................................................. 104

8.6.5 - Nivelamento Transversal ............................................................. 106

9 - Projecto da Estrada ................................................................................ 107

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

3

9.1 - Fases do Projecto de uma Estrada..................................................... 107

9.1.1 - Fases do Projecto ........................................................................ 107

9.2 - Estrutura Tipo de um Estudo de Viabilidade ....................................... 108

9.3 - Estudo Prévio ..................................................................................... 109

9.4 - Estudo da Viabilidade de Traçados .................................................... 109

9.5 - Estrutura Tipo do Estudo Prévio (Ep) ................................................. 110

9.6 - Projecto de Execução ......................................................................... 111

9.6.1 - Projecto de Execução Inclui os Seguintes Projectos Parcelares . 112

10 - Perfil Longitudinal ................................................................................. 113

10.1 - Rasante da Estrada e seu Lançamento............................................ 113

10.2 - Trainéis ............................................................................................. 115

10.2.1 - Inclinação Máxima ..................................................................... 115

10.2.2 - Inclinação Mínima ...................................................................... 116

10.2.3 - Extensão Crítica dos Traineis .................................................... 116

10.2.4 - Cotas de Terreno, Projecto e Trabalho ...................................... 117

10.3 - Concordâncias Verticais ................................................................... 122

10.3.1 - Condições a Assegurar .............................................................. 122

10.3.2 - Raios Mínimos das Concordâncias Convexas ........................... 122

10.3.3 - Raios Mínimos das Concordâncias Côncavas ........................... 124

10.3.4 - Expressões Analíticas ................................................................ 126

10.3.4.1 -Pontos de Tangência ............................................................ 127

10.3.4.2 - Parábola Referida aos Pontos de Tangência ...................... 128

10.3.4.3 - Determinação dos Pontos da Parábola ............................... 130

11 - Coordenação do Traçado Em Planta e o Perfil Longitudinal ............ 132

12 - Cálculo de Áreas e Volumes de Perfis Transversais ......................... 138

12.1 - Método Exacto .................................................................................. 138

12.1.1 - Largura da Faixa a Expropriar.................................................... 140

12.1.2 - Talude a Regularizar .................................................................. 141

12.2 - Métodos Expeditos ........................................................................... 141

12.2.1 - Método da Quadrícula ................................................................ 141

12.2.2 - Método de Dupuit ....................................................................... 142

12.2.3 - Método de Colignon ................................................................... 143

12.2.4 - Método do Planímetro ................................................................ 144

12.3 - Cálculo de Volumes de Entre-Perfis ................................................. 145

12.3.1 - Método Exacto ........................................................................... 146

12.3.2 - Método da Média Das Áreas ...................................................... 147

12.3.3 - Método da Área Média ............................................................... 148

12.3.4 - Comparação Gráfica dos Erros .................................................. 149

12.4 - Casos de Aplicação do Método da Média das Áreas ....................... 149

13 - Distribuição de Terras .......................................................................... 154

13.1 - Equipas de Terraplenagens – Distâncias Óptimas de Transporte .... 155

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

4

13.2 - Momento de Transporte ................................................................... 157

Distância Média de Transporte ................................................................... 157

13.3 - Métodos Para o Estudo da Distribuição de Terras ........................... 158

13.3.1 - Gráfico de Volumes .................................................................... 159

13.3.2 - Método da Curva de Bruckner ................................................... 160

13.3.3 - Propriedades dos Ramos Ascendentes e Descendentes da Curva

................................................................................................................ 163

13.3.4 - Propriedades dos Segmentos Cortados Pela Lt ou por uma

Paralela a esta ........................................................................................ 164

13.4 - Aplicação no Cálculo do Movimento de Terras ................................ 164

13.5 - Distribuição de Terras ....................................................................... 165

13.6 - Propriedades das Áreas dos Segmentos ......................................... 166

13.7 - Regras Gerais para a Determinação da Linha de Distribuição ......... 169

13.8 - Determinação da Distância Média de Transporte ............................. 176

13.9 - Traçado da Linha Poligonal de Bruckner .......................................... 177

13.10 - Determinação da Linha de Distribuição .......................................... 178

13.11 - Determinação dos Volumes de Escavação a Empregar em Aterros e

da sua Distância Média de Transporte ....................................................... 179

13.12 - Preenchimento do Mapa de Movimento de Terras ......................... 180

Bibliografia

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

5

1 - INTRODUÇÃO

VIAS DE COMUNICAÇÃO – Entende-se por Via de Comunicação toda a

estrutura, natural ou artificial, que serve de suporte a um sistema de

transportes.

Entre as vias de comunicação naturais temos: os mares, os rios e lagos

navegáveis, a própria atmosfera terrestre servindo de base à comunicação

aérea tão vulgar nos nossos tempos.

As vias de comunicação artificiais são: as estradas, os caminhos-de-ferro, os

canais e os aeroportos como complemento da navegação aérea.

O nosso estudo incidirá sobre as estradas, que podemos considerar a base

de qualquer sistema de comunicação, e de cujo estado e desenvolvimento

depende em alto grau o bem-estar e a economia das nações.

1.1 - REFERÊNCIAS HISTÓRICAS

Verifica-se na história dos povos, um paralelismo entre as comunicações e o

estado e desenvolvimento das sociedades: às épocas de esplendor e riqueza

corresponde um bom sistema de comunicações, e às épocas de decadência

económica corresponde um sistema de comunicações também decadente.

É em Roma, quando a Humanidade atinge um máximo de civilização, que se

encontra o sistema mais perfeito de comunicações da idade antiga; assombra

contemplar como aqueles homens chegaram a conceber e construir uma

imensa rede de calçadas que uniam a metrópole com o extremo mais afastado

do mundo então conhecido. Havia calçadas de todas as categorias: as vias

principais que partiam de Roma, estavam construídas sobre fundações de

pedra de grande espessura (0.70 m a 0.80 m) terminadas superficialmente com

uma camada de 0.20 m ou 0.30 m de pedra partida, e as mais importantes com

lajes de pedra cujas juntas eram feitas com o máximo de cuidado.

Nesta época – império romano – foram construídas grandes pontes,

algumas ainda em funcionamento nos nossos dias, foram medidas as

distâncias a Roma e assinaladas com colunas; ao longo das vias

estabeleceram-se pousadas para o viajante descansar e mudar de cavalos; um

serviço de diligências assegurava o transporte de correio e mercadorias, tendo

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

6

os correios romanos chegado a atingir a velocidade extraordinária para a época

de 8 km/h!

Ao desmembrar-se o Império Romano, ficou o Mundo que hoje chamamos

de Ocidental dividido numa série de pequenas nacionalidades isoladas, tendo

desaparecido a facilidade de comunicação entre os povos, que chegou até a

ser considerada perigosa. O povo feudal, por razões defensivas, vivia material

e espiritualmente isolado no território que dominava. Verifica-se assim na Idade

Média, a decadência das vias de comunicação, tão florescente no tempo

romano, tendo os veículos puxados a cavalo desaparecido, para dar lugar às

viagens a pé ou a cavalo. As viagens por terra tornaram-se perigosas, e o

tráfego de mercadorias passou a fazer-se por mar.

Esta situação só foi superada, quando, acompanhando o forjar das novas

nacionalidades no século XVII, políticos com visão em Espanha, Inglaterra e

França, se preocuparam com a melhoria da rede de estradas, permitindo

novamente o desenvolvimento das diligências puxadas por cavalos.

Em 1825, com o aparecimento do transporte ferroviário, com grande

capacidade de transporte e permitindo reduzir o custo desses mesmos

transportes, a estrada fica relegada para função secundária do complemento

do caminho-de-ferro.

A estrada só volta novamente para primeiro plano com o advento do

automóvel no princípio do século XX, e com o extraordinário incremento do

transporte rodoviário de mercadorias nos nossos dias.

Apresenta o transporte rodoviário as vantagens relativamente ao transporte

ferroviário de não estar sujeito a horários, e de os transportes se fazerem de

armazém em armazém, sem transbordos.

O investimento nas infraestruturas ferroviárias é geralmente mais oneroso

que na estrutura rodoviária, mas é de assinalar que o transporte ferroviário é

competitivo para grandes distâncias.

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

7

2 - CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRADAS

ESTRADAS – estrada é a faixa de solo convenientemente preparada para

facilitar as comunicações terrestres entre as diversas localidades. Esta

definição engloba também os chamados “caminhos” que são ligações de

interesse local, e que portanto se distinguem das estradas pela sua menor

importância.

2.1 - CLASSIFICAÇÃO

O plano rodoviário nacional define a rede rodoviária nacional do continente,

que desempenha funções de interesse nacional ou internacional.

Constituição da rede rodoviária nacional:

- Rede nacional fundamental

- Rede nacional complementar

REDE NACIONAL FUNDAMENTAL – esta rede integra os itinerários

principais – IP.

- ITINERÁRIOS PRINCIPAIS – são as vias de comunicação de maior

interesse nacional, servem de base de apoio a toda a rede rodoviária nacional

e asseguram a ligação entre os centros urbanos com influência supra distrital e

destes com os principais portos, aeroportos e fronteiras.

REDE NACIONAL COMPLEMENTAR – esta rede é formada pelos itinerários

complementares – IC e pelas estradas nacionais – EN.

A rede nacional complementar assegura a ligação entre a rede nacional

fundamental e os centros urbanos de influência concelhia ou supra concelhia,

mas infradistrital.

- ITINERÁRIOS COMPLEMENTARES – são as vias que no contexto do

plano rodoviário nacional, estabelecem as ligações de maior interesse regional,

bem como as principais vias envolventes e de acesso nas áreas metropolitanas

de Lisboa e Porto.

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

8

REDE NACIONAL DE AUTO-ESTRADAS – esta rede é formada pelos

elementos da rede rodoviária nacional especificamente projectados e

construídos para o tráfego motorizado, que não servem as propriedades

limítrofes.

ESTRADAS REGIONAIS – as comunicações públicas rodoviárias do

continente com interesse supra municipal e complementar à rede rodoviária

nacional são assegurados por estradas regionais – ER. Estas estradas

asseguram uma ou várias das seguintes funções: desenvolvimento e serventia

das zonas fronteiriças, costeiras e outras de interesse turístico; ligação entre

agrupamentos de concelhos constituindo unidades territoriais; continuidade de

estradas regionais nas mesmas condições de circulação e segurança.

REDES MUNICIPAIS – as estradas não incluídas no plano rodoviário

nacional integrarão as redes municipais.

2.2 - A REDE DE COMUNICAÇÕES PÚBLICAS RODOVIÁRIAS DE PORTUGAL

1. Rede Nacional Fundamental

Itinerários Principais – IP’ s

2. Rede Nacional Complementar

Itinerários Complementares – IC’s Estradas Nacionais – EN’s

3. Redes Regionais

Estradas Regionais – ER’s

4. Redes Municipais

Estradas Municipais – EM’s Caminhos Municipais – CM’s Caminhos Vicinais – CV’s

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

9

2.3 - PLANOS RODOVIÁRIOS NACIONAIS

4 de Setembro de 1944 – Plano Rodoviário Nacional (Decreto-Lei 33916) 11 de Maio de 1945 – Plano Rodoviário Nacional (Decreto-Lei 34593) 26 de Setembro de 1985 – Plano Rodoviário Nacional 85 (Decreto-lei 380/85) 17 de Julho de 1998 – Plano Rodoviário Nacional 2000 (Decreto-lei 227/98)

2.4 - ADMINISTRAÇÃO RODOVIÁRIA

20 de Julho de 1927 – criação da JAE (Decreto-Lei 13969) 25 de Junho de 1999 – Criação de 3 Institutos Rodoviários IEP - Instituto de Estradas de Portugal (IEP) ICOR - Instituto para a Construção Rodoviária (ICOR) ICERR - Instituto para a Conservação e Exploração da Rede Rodoviária

(ICERR) (Decreto-Lei 237/99) 30 de Outubro de 2002 – Fusão no Instituto das Estradas de Portugal

(IEP) do ICOR e do ICERR. (Decreto-Lei 227/02) 21 de Dezembro de 2004 – Criação das Estradas de Portugal (EP) (Decreto-Lei 239/04)

2.5 - OBJECTIVOS DA POLÍTICA RODOVIÁRIA (PRN 2000) - Adopção de critérios de classificação rodoviária a todos os níveis de

planeamento e não apenas na definição dos grandes corredores estruturantes; - Infraestruturas rodoviárias hierarquizadas satisfazendo todos os níveis

de capilaridade da rede, possibilitando soluções de continuidade nas linhas de desejo da procura;

- Reconhecimento do esforço de planeamento dos últimos anos, através

da cobertura do país por Planos Directores Municipais – PDM, elevando a importância das sedes de concelho;

- Especificidade das regiões fronteiriças não só com importância

internacional, mas também como zonas de promoção do desenvolvimento no interior.

(Fonte: Relatório do Estado do Ordenamento do Território)

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

10

3 - NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Fig. 3.1

FAIXA DE RODAGEM – é a parte central da secção transversal (AB),

destinada ao trânsito automóvel, e geralmente dotada de pavimento resistente

e indeformável, suficientemente liso para que o trânsito automóvel se faça em

boas condições.

As estradas correntes são normalmente dotadas de uma faixa de rodagem,

e as auto-estradas de duas faixas de rodagem, uma para cada sentido de

trânsito.

BERMAS E PASSEIOS – a faixa de rodagem é limitada por duas faixas mais

estreitas (CA e BD) que lhe servem de encontros e que se chama BERMAS

quando ao nível da faixa de rodagem e PASSEIOS se são sobrelevados, o que

acontece frequentemente dentro das povoações para facilitar o trânsito de

peões.

As bermas actualmente são pavimentadas, embora com um pavimento de

qualidade inferior ao da faixa de rodagem, visto só excepcionalmente servir ao

trânsito automóvel.

PLATAFORMA – é o conjunto da faixa de rodagem com as bermas ou

passeios (CD).

Page 12: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

11

VIA DE CIRCULAÇÃO – é a faixa longitudinal necessária para que uma fila

de veículos possa circular com toda a segurança. São delimitadas por marcas

longitudinais pintadas contínuas ou descontínuas.

VALETAS – nas zonas em que a estrada é construída escavando o terreno

natural, aparecem pequenas valas longitudinais, destinadas a recolher as

águas pluviais que caiem sobre a estrada (DEF).

Estas valas são as valetas, geralmente com a forma triangular. Para facilitar

a recolha das águas nas valetas, a faixa de rodagem tem a partir do seu eixo

inclinações transversais.

TALUDES – são as superfícies que concordam o terreno natural com a

estrada e podem ser TALUDES DE ATERRO (CH) quando a estrada está mais

alta que o terreno natural; TALUDES DE ESCAVAÇÃO ou TRINCHEIRAS (FJ)

quando a estrada está mais baixa que o terreno natural.

A inclinação dos taludes deve ser devidamente estudada de forma a

assegurar a estabilidade destes.

BANQUETAS DE VISIBILIDADE – em certas curvas de raio relativamente

baixo e com talude interior ou trincheira, surge a necessidade de melhorar as

condições de visibilidade, para o que se faz uma escavação suplementar (RST)

e a uma altura de cerca de 1.00 m da faixa de rodagem, com largura variável,

permitindo assim aumentar a distância de visibilidade.

DIRECTRIZ – é o lugar geométrico dos pontos médios da faixa de rodagem

projectada sobre um plano horizontal.

Também se chama TRAÇADO ou PLANTA.

PERFIL LONGITUDINAL – é constituído por duas linhas quebradas: uma

mostrando as diferentes inclinações do terreno no sentido longitudinal, e outra

mostrando as diferentes inclinações da estrada também no sentido longitudinal.

Aparecem pois dois perfis: do terreno e da estrada, planificados, cortando-se

em diversos pontos e mostrando onde foi necessário aterrar e escavar.

Page 13: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

12

Se se trata de um estrada em projecto parte-se do perfil longitudinal do

terreno para sobre ele se fixar o perfil longitudinal da estrada.

PERFIL TRANSVERSAL – uma secção feita num ponto qualquer por um

plano normal à directriz, origina um perfil transversal. Como no caso anterior

temos também o perfil transversal do terreno e o perfil transversal da estrada,

que sobrepostos, mostram onde é preciso aterrar e escavar para estabelecer a

estrada.

Os perfis transversais podem ser de três tipos:

PERFIL SIMPLES DE ATERRO – a

PERFIL SIMPLES DE ESCAVAÇÃO – b

PERFIL MISTO – c

Fig. 3.2

Os perfis transversais depois de determinadas as suas secções vão permitir

a avaliação dos volumes de terras a movimentar, bem como as larguras de

terreno necessárias à construção da estrada, medidas entre os pontos

extremos dos taludes.

TRAINEL – é um troço longitudinal da estrada em que se mantém constante

a inclinação sobre a horizontal.

Trainel a subir também se chama: rampa, subida ou ACLIVE.

Trainel a descer também se chama: descida ou DECLIVE.

Trainel horizontal: patamar.

RASANTE – é o conjunto dos trainéis de uma estrada com as respectivas

concordâncias.

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

13

VELOCIDADE BASE – anteriormente chamada velocidade de projecto é a

velocidade máxima que deverá ser assegurada ao longo de todo o traçado. Isto

significa que deverá ser garantida nos pontos onde é economicamente difícil

melhorar as características geométricas (raios das curvas por exemplo). Poder-

se-á dizer então que a velocidade base é aquela que permite definir as

características geométricas dos pontos particulares do traçado; isto é, aqueles

em que as condições do terreno não permitem economicamente adoptar

características geométricas superiores. Depende na sua atribuição a uma nova

estrada: da topografia do terreno, dos volumes de tráfego esperados, do

investimento desejado e da função da nova via.

No Quadro 3.1 apresentam-se as velocidades base consideradas nas

estradas nacionais segundo as mais recentes Normas de Traçado.

QUADRO 3.1

TIPO DE

ESTRADA

VELOCIDADE BASE (km/h)

140 120 100 80 60

ITINERÁRIOS PRINCIPAIS

X (a)

X (b)

X

X (c)

-

ITINERÁRIOS COMPLEMENTARES

-

X (b)

X

X

X(c)

OUTRAS ESTRADAS

-

-

X

X

X

(a) Só em auto-estradas

(b) Só em estradas com faixas de rodagem unidireccionais

(c) No caso de estradas com faixas de rodagem unidireccionais deverá ser devidamente

justificado o recurso a esta velocidade

Fora de Rede Nacional poderão ser ainda consideradas outras velocidades

base.

A VELOCIDADE BASE permite determinar:

O raio mínimo em planta

A inclinação máxima em perfil longitudinal

O perfil transversal tipo dos Itinerários Principais e Complementares.

Nas outras estradas a velocidade base será utilizada para a determinação

de todas as características geométricas do traçado.

Page 15: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

14

A velocidade base deve manter-se constante ao longo de toda a estrada a

construir, para que as características geométricas mínimas se apresentem

coerentes aos condutores.

VELOCIDADE ESPECÍFICA – é a velocidade máxima que pode ser obtida

com segurança em qualquer elemento do traçado, considerado isoladamente.

Ao contrário da velocidade base que deve ser a mesma para cada secção da

estrada a construir, a velocidade específica vai variando ao longo do traçado

conforme as características geométricas dos elementos singulares que o

condutor vai encontrando.

Esta velocidade será mais elevada em alinhamentos rectos do que em

curvas, e nestas mais baixa nas de menor curvatura.

A velocidade específica deverá ser considerada no dimensionamento de

elementos geométricos cujas características dependem da visibilidade.

Segundo as Normas de Traçado não seria prático considerar a velocidade

específica correspondente a cada elemento, ao definirem-se as características

geométricas do traçado de uma estrada. Assim considera-se como

representativa da velocidade específica a velocidade de tráfego.

VELOCIDADE DE TRÁFEGO – é a velocidade que é excedida somente por

15% dos veículos (85ª percentil). É normalmente considerada como uma

velocidade crítica, pois que velocidades superiores a esta são normalmente

perigosas para as condições externas.

Assim pode-se dizer que pelo menos 85% dos condutores circulam a

velocidade que se pode considerar razoável e segura para as condições

existentes.

No Quadro 3.2 indica-se a velocidade do tráfego a considerar em cada caso.

Page 16: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

15

QUADRO 3.2

VELOCIDADE DE TRÁFEGO NAS ESTRADAS NACIONAIS (km/h)

VELOCIDADE BASE (VB)

VELOCIDADE DO TRÁFEGO (VT)

60

80

100

120

140

80

100

120

130

140

Pode-se dizer que actualmente na definição das características geométricas

de uma estrada há que considerar não só a velocidade base como a

velocidade de tráfego, o que corresponde à introdução de um conceito

dinâmico mais realista, pois a velocidade dos utentes ao longo do percurso

varia em função das características do traçado. Está-se assim a dar satisfação

às expectativas dos condutores.

No Quadro 3.3 refere-se a velocidade a considerar na definição das

características geométricas do traçado.

QUADRO 3.3

VELOCIDADE A CONSIDERAR NOS VÁRIOS ELEMENTOS DOTRAÇADO

ELEMENTOS DO

TRAÇADO

VELOCIDADE

VELOCIDADE BASE

VELOCIDADE DO TRÁFEGO (a)

Raio mínimo em planta Trainel máximo Perfil transversal tipo Distância de visibilidade Raio mínimo das concordâncias verticais

X

X

X - -

- - -

X

X

a) Esta velocidade só será considerada nos IP’s e nos IC’s.

Page 17: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

16

ESTATÍSTICAS DE TRÁFEGO – conhecer o tráfego que vai circular numa

estrada é um dado fundamental para o seu projecto. É necessário saber o

número total de veículos dos diferentes tipos e a sua distribuição no tempo.

TRÁFEGO TOTAL ANUAL (T.T.) – é o número total de veículos de

todas as categorias que passa por uma secção da estrada durante um

ano. Esta medida, não serve para dimensionar a estrada, pois um ano é

um prazo demasiado longo, e a partição do tráfego ao longo do tempo

não é homogénea. No entanto este valor serve de referência da

importância da estrada.

TRÁFEGO MÉDIO DIÁRIO (T.M.D.) – é o tráfego total do ano dividido

por 365 dias. O tráfego médio diário serve, como o total anual para dar

uma ideia da importância económica da estrada e justificar os

investimentos a realizar.

VOLUME HORÁRIO DE PROJECTO (V.H.P.) – as duas medidas

anteriores servem para conhecer e quantificar o serviço total da estrada;

mas para definir o perfil transversal da estrada é necessário conhecer a

variação do tráfego num período menor que o dia: normalmente escolhe-

se a Hora, obtendo-se o tráfego horário. Este dado fornece-nos o

congestionamento existente nas diferentes horas, e portanto dele se

poderá partir para a fixação da secção transversal. No entanto não será

lógico calcular a via para o tráfego horário máximo, por ser a solução

mais dispendiosa. É pois costume considerar para esse efeito a HORA

30, que é aquela cujo tráfego só é excedido 30 horas num ano (V.H.P).

O valor do volume horário de projecto é de cerca de 12 a 18% do tráfego

médio diário.

O volume horário de projecto deve ser definido para o ANO

HORIZONTE o qual normalmente corresponderá ao múltiplo de cinco

mais próximo do ano que se obtém adicionando vinte anos à data

prevista para abertura do tráfego da estrada.

É importante que a contagem de tráfego se faça distinguindo os

veículos pesados e ligeiros, uma vez que as implicações, para efeitos de

Page 18: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

17

capacidade de tráfego e resistência do pavimento são diferentes com

veículos pesados e ligeiros.

MÉTODOS DE MEDIDA – para medir correctamente o tráfego em função do

tempo, há que empregar métodos de medida. Em certas secções será precisa

uma determinação directa e contínua; em outras será suficiente o emprego de

sondagens para obter por aplicação da técnica estatística, resultados

suficientemente correctos.

A contagem pode ser feita por observadores colocados em pontos pré

determinados e que vão contando e distinguindo o tipo de tráfego e o seu

sentido, ou por meio de dispositivos mecânicos.

Estes últimos fazem uma contagem global e são geralmente constituídos por

um tubo de borracha, fixado ao pavimento da estrada por braçadeiras, fechado

num extremo e ligado ao contador por outro. Quando um veículo pisa o tubo,

há um aumento da pressão de ar no tubo, que se transmite a uma membrana

que actua sobre o contador por contacto eléctrico; o contador pode estar

regulado para contar de cada vez dois impulsos, correspondentes a um veículo

de dois eixos. Estes aparelhos podem ser totalizadores ou registadores

horários. Há erros inevitáveis como o caso da passagem simultânea de dois

veículos, mas apesar disso é possível que o erro destes contadores não

exceda os 5%.

PREVISÃO DE TRÁFEGO - quando se projecta uma estrada esta deve ser

dimensionada não para o tráfego actual, mas sim para o tráfego previsto para o

chamado “ano horizonte”. Isto equivale a dizer que a estrada deve dar vazão

natural ao tráfego que a solicita num período de 20 anos. Para o efeito, é

necessário fazer uma previsão do tráfego futuro. Este estudo pode ter como

ponto de partida o estabelecimento de uma curva de crescimento do tráfego,

para uma estrada existente e semelhante à que se pretende projectar, mas há

que ser prudente na extrapolação dos dados e considerar factores que podem

ter influência no crescimento do tráfego tais como: melhoria das condições

económicas da população, desenvolvimento das indústrias e agricultura da

região e ainda o facto de se substituir um traçado mau por outro melhor, tender

a atrair o tráfego desviando-o de outras vias.

Page 19: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

18

Sem um estudo criterioso de tráfego e sem uma previsão da sua evolução

com o tempo, não é possível fazer um correcto planeamento rodoviário, que

implique um estabelecimento de prioridades de modo que os investimentos

feitos sejam o mais possível rentáveis. Tanto é condenável dar características

técnicas pouco apuradas a uma estrada com um grande tráfego, como dar

características técnicas elevadas a uma estrada de pequeno tráfego. Há

sempre que ter em conta a rentabilidade do investimento.

NÚMERO DE VEÍCULOS LIGEIROS EQUIVALENTES – é o número de

veículos ligeiros, que pode substituir sob o ponto de vista de capacidade, o

volume de tráfego que circula na estrada.

NÍVEL DE SERVIÇO – a selecção das características técnicas relativas a

cada projecto deverá ser efectuada em função do nível de serviço e do volume

horário de projecto no ano horizonte.

O nível de serviço é uma medida qualitativa das condições de circulação:

velocidade, segurança, custo da operação e comodidade, asseguradas aos

utilizadores por uma infraestrutura rodoviária, sendo caracterizado

normalmente pela velocidade de operação.

A velocidade a que desejam circular os utentes de uma determinada estrada

é normalmente variável de veículo para veículo. Consequentemente, cada

condutor só poderá circular à velocidade desejada desde que efectue

sucessivas ultrapassagens. Se por qualquer razão as ultrapassagens não são

possíveis formem-se grupos de veículos o que ocasiona perda de tempo. A

necessidade de efectuar ultrapassagens aumenta com o quadrado do volume

de tráfego e com a diferença de velocidade entre os veículos, sendo também

tanto maior quanto menor for a velocidade média de tráfego.

No caso de estradas com duas vias e um volume horário de 800 veículos, o

número de ultrapassagens, por hora e por quilómetro, pode variar entre 359 e

600 conforme as características do tráfego, no que se refere a composição e

velocidades desejadas. A extensão do grupo de veículos numa estrada com

duas vias reflecte o equilíbrio entre a necessidade e a possibilidade de

ultrapassagem, e consequentemente o grau de liberdade dos condutores.

Page 20: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

19

Actualmente, o nível de serviço de uma estrada é definido com base na

máxima perda de tempo admissível e na velocidade média de tráfego.

A percentagem da perda de tempo reflecte a mobilidade possível, sendo

definida como a percentagem média de tempo perdida por todos os veículos,

em virtude de serem obrigados a circular em grupos de veículos, devido à

impossibilidade de efectuarem ultrapassagens.

Para definir o nível de serviço que uma estrada proporciona aos utentes

utilizam-se três parâmetros:

– Velocidade média de percurso – é a razão entre o comprimento do troço e

o valor médio do tempo gasto em o percorrer por todos os veículos que

circulam nos dois sentidos da estrada.

– Proporção do atraso – proporção do tempo total do percurso na qual os

veículos são forçados a circularem a velocidades mais lentas, devido à

impossibilidade de fazerem manobras de ultrapassagem. Este parâmetro é

difícil de medir directamente no local, pelo que, em geral, utiliza-se como

aproximação a proporção de veículos cujo intervalo de tempo entre veículos

consecutivos seja inferior a 5 segundos.

– Proporção da capacidade utilizada – razão entre o débito e a capacidade.

QUADRO 3.4

NÍVEIS DE SERVIÇO

NÍVEL DE SERVIÇO

A B C D E F

Velocidade média percurso

93 km/h 88km/h 83km/h 80km/h 72Km/h -

Débito 420 uvl/h 750 uvl/l 1200uvl/h 1800uvl/h 2800uvl/h -

Valor do atraso <30% <45% <60% <75% >75% -

Os níveis de serviço são seis, variando em sentido decrescente de “A” até

“F”.

NÍVEL DE SERVIÇO “A” – permite uma circulação livre, pelo que os

condutores não são afectados uns pelos outros, sendo a liberdade de

Page 21: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

20

escolha da velocidade desejada extremamente elevada. O nível de

conforto e conveniência é excelente.

NÍVEL DE SERVIÇO “B” – permite correntes de tráfego estáveis, mas

começa a sentir-se um efeito de presença de outros veículos. A escolha

da velocidade desejada não é praticamente afectada, mas há uma

diminuição da liberdade de manobra, pois a presença de outros veículos

condiciona o comportamento individual.

NÍVEL DE SERVIÇO “C” – permite correntes de tráfego estáveis, mas

as condições operacionais dos usuários começam a ser seriamente

afectadas pela interacção de outros condutores. A selecção da

velocidade é afectada, e as manobras requerem grande atenção dos

condutores.

NÍVEL DE SERVIÇO “D” – a corrente de tráfego ainda é estável, mas

os volumes são elevadas. A velocidade e a liberdade de manobra são

severamente restringidas e o nível de conforto e conveniência é

diminuto. Um pequeno aumento de volume de tráfego ocasiona

normalmente grandes dificuldades de circulação.

NÍVEL DE SERVIÇO “E” – as condições operacionais são as

correspondentes à capacidade. A velocidade de todos os veículos é

baixa mas uniforme, e o conforto e a conveniência são extremamente

diminutos, sendo a frustração elevada. A circulação a este nível é

instável, pelo que um pequeno aumento do volume, ou a menor

perturbação na corrente de tráfego, provocará a interrupção da

circulação.

NÍVEL DE SERVIÇO “F” – corresponde à circulação forçada com

interrupções. Este nível de serviço verifica-se quando o volume de

tráfego excede a capacidade da estrada, provocando a formação de filas

de espera. As condições operacionais caracterizam-se por ondas

arranca-pára, sendo fortemente instáveis.

Page 22: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

21

As estradas nacionais devem assegurar o nível de serviço “B” ou “C”, cujas

características são as referidas no Quadro 3.5.

QUADRO 3.5

CARACTERIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE SERVIÇO

NÍVEL DE SERVIÇO PERDAS DE TEMPO VELOCIDADE MÉDIA

(km /h)

B

C

45 %

60%

80

70

VOLUME DE SERVIÇO – é o número máximo de veículos que podem

circular num determinado lanço de uma estrada, num sentido ou em dois,

durante uma hora, sem que alterem as características da circulação

correspondentes a esse nível de serviço.

A cada nível de serviço corresponde um volume de serviço, o qual depende

das características geométricas da estrada e da composição do tráfego. Em

estradas com duas vias, e para o nível de serviço “B”, em condições ideais, são

admissíveis volumes de serviço de 790 veículos equivalentes. No caso do nível

de serviço “C”, e também em condições ideais são possíveis volumes da ordem

dos 1200 veículos equivalentes.

Os factores de correcção a considerar são devidos a:

Distribuição direccional do tráfego

Largura das vias e bermas

Percentagem de tráfego pesado (camiões e autocarros)

No caso de estradas com duas faixas de rodagem o volume de serviço por

via, em condições ideais, é de 1100 veículos para o nível de serviço “B” e de

1400 para o nível de serviço “C”, isto para a velocidade base de 100 km/hora.

O nível de serviço será determinado pela metodologia constante do

“Highway Capacity Manual”.

VISIBILIDADE

A visibilidade é de fundamental importância para a segurança e eficiência da

condução numa estrada. Os projectistas devem assegurar a distância de

Page 23: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

22

visibilidade suficiente para que os condutores possam controlar a velocidade

dos seus veículos evitando assim chocar com um inesperado obstáculo na

faixa de rodagem. Nas estradas com duas vias a distância de visibilidade de

ultrapassagem deve ser assegurada com frequência intervalos, de modo a ser

possível assegurar o nível de serviço desejado e a segurança necessária.

A distância de visibilidade é a extensão contínua da estrada visível pelo

condutor.

Três tipos de distância de visibilidade devem ser considerados: paragem,

decisão e ultrapassagem.

A distância de visibilidade disponível deverá ser sempre superior à distância

de visibilidade necessária em cada caso, a fim de que as manobras dos

condutores se possam iniciar com antecedência e segurança.

DISTÂNCIA DE VISIBILIDADE DE PARAGEM – é a mínima distância de

visibilidade que deve ser assegurada quando não é economicamente viável

assegurar a distância de visibilidade de ultrapassagem.

A distância de visibilidade de paragem é a mínima distância de visibilidade

de que necessita o condutor de um veículo, que se move a uma dada

velocidade, para fazê-lo parar antes de atingir um obstáculo na faixa de

rodagem.

21 + DDVP = D

1D Distância percorrida durante o tempo de percepção e reacção

2D Distância percorrida durante o tempo de travagem

6.31

tVD

(m)

V Velocidade em km/h

t Tempo em segundos

Adopta-se 2t segundos

Igualando a força viva da viatura no momento de travagem com o trabalho

das forças de atrito provocado pela travagem:

Page 24: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

23

g

vPDfP

2

2

21

P Peso da viatura

1f Coeficiente de atrito longitudinal

1fP Força tangencial desenvolvida na travagem

2D Distância de travagem

1

2

1

2

2

1

2

22548.96.322 f

V

f

V

fg

vD

(m) e V (km/h)

1f depende:

- Da velocidade

- Da planta da estrada

- Da natureza e estado do pavimento

- Das condições de desgaste dos pneus

1

2

212546.3

2

f

VVDDDVP

A distância de visibilidade de paragem é medida entre os olhos do condutor

(1.00 m acima do pavimento) e um obstáculo no pavimento com 0.15 m de

altura. Os valores mínimos da distância de visibilidade de paragem que devem

ser considerados nos projectos são os indicados no Quadro 3.6.

A distância de travagem varia em função da inclinação dos trainéis,

aumentando nos declives.

Consequentemente os valores do Quadro 3.6 deverão ser aumentados de

20% nos declives com mais de 3%, e extensão superior a 1.5 quilómetros.

Page 25: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

24

QUADRO 3.6

DISTÂNCIAS DE VISIBILIDADE MÍNIMAS

VELOCIDADE DO

TRÁFEGO (km/h)

DISTÂNCIA DE VISIBILIDADE (m)

PARAGEM (DP)

DECISÃO (DD)

ULTRAPASSAGEM (DU)

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

40

60

80

100

120

150

180

220

250

320

390

-

-

200 (a)

240

270

300

330

370

400

430

470

280

350

420

490

560

630

700

770

840

910

980

(a) Valor a considerar quando a velocidade for <60 km/hora

Nos declives com inclinação superior a 6%, e extensão superior à crítica,

deverá determinar-se a distância de visibilidade de paragem efectivamente

necessária pela expressão:

)(2508.1

2

if

VTVTDP

Em que:

VT – Velocidade de tráfego

f – Coeficiente de atrito

i – Inclinação do trainel

DISTÂNCIA DE VISIBILIDADE DE DECISÃO – a distância de visibilidade de

paragem era normalmente considerada como o elemento básico para a

definição das características geométricas do traçado duma estrada. No entanto

a distância de visibilidade de paragem não é suficiente para assegurar uma

operação eficiente aos utentes duma estrada, isto é: cómoda e segura. A

Page 26: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

25

distância de visibilidade de paragem é inadequada, sempre que os condutores

têm que tomar uma decisão complexa, ou quando as informações dadas pela

sinalização são de difícil compreensão. A distância de visibilidade necessária

para um condutor se aperceber de uma informação inesperada, difícil de

compreender, ou de uma alteração das características da estrada; identificar

essa situação; adaptar a velocidade mais conveniente e iniciar e concluir com

segurança a manobra necessária, designa-se como distância de visibilidade de

decisão.

É portanto necessário assegurar a distância de visibilidade de decisão em

todos os locais em que as expectativas do condutor são alteradas ou onde é

provável verificarem-se dúvidas do condutor ao receber essa informação.

Estão neste caso as intersecções, nós de ligação, diminuição do número de

vias, zonas de entrecruzamentos, áreas de serviço e instalações similares de

apoio aos utentes.

A distância de visibilidade de decisão é função da velocidade do tráfego,

sendo determinada empiricamente pela expressão:

VTDD 3.3

Os valores a considerar são os indicados no Quadro 3.6, os quais permitem

aos condutores, se necessário, corrigirem uma manobra errada sem pararem,

o que é sempre perigoso em plena estrada.

DISTÂNCIA DE VISIBILIDADE DE ULTRAPASSAGEM – é a mínima

distância de visibilidade necessária para que o condutor de um veículo

ultrapasse outro veículo com segurança e comodidade.

A ultrapassagem deve ser efectuada sem que um veículo que circule em

sentido contrário, e seja visto depois da manobra de ultrapassagem ter sido

iniciada, tenha que reduzir a velocidade. A distância de visibilidade de

ultrapassagem só é de considerar nas estradas com duas vias. Em certos

casos é mais económico construir uma zona de ultrapassagem com três ou

quatro vias, do que assegurar a distância de visibilidade de ultrapassagem.

+ d + d + dDVU = d 4321

d1 – Distância percorrida pelo veículo ultrapassante durante o tempo t1 de

percepção e reacção do condutor e de aceleração do veículo.

Page 27: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

26

d2 – Distância percorrida pelo veículo ultrapassante enquanto circula na

via de sentido oposto.

d3 – Distância no fim da manobra entre o veículo ultrapassante e o veículo

que circula em sentido oposto.

d4 – Distância percorrida à velocidade base pelo veículo em sentido oposto,

durante a manobra de ultrapassagem.

A manobra de ultrapassagem varia muito de condutor para condutor, de

veículo para veículo, e depende ainda da velocidade do veículo ultrapassado.

Verificou-se que o tempo de manobra de ultrapassagem varia entre 4 e 15

segundos (95% das manobras). É evidente que quanto maior for a distância de

visibilidade, tanto maior é o número de condutores capazes de efectuar a

manobra de ultrapassagem, pelo que são desejáveis grandes distâncias de

visibilidade.

DISTÂNCIAS DE VISIBILIDADE DE ULTRAPASSAGEM

Fig. 3.3

No Quadro 3.6 indicam-se os valores da distância de ultrapassagem

correspondentes às correspondentes velocidades específicas. A distância de

visibilidade de ultrapassagem pode-se determinar pela expressão:

VTDU 7

As distâncias de visibilidade referidas no Quadro 3.6 não garantem a

distância de visibilidade de ultrapassagem necessária a todos os condutores,

mas garantem-na com razoável segurança, a cerca de 85%, excepto nas horas

de ponta.

+ d + d + dDVU = d 4321

d1

d2 d3

d1

4 d

d232

Page 28: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

27

4 – GEOMETRIA DO TRAÇADO

4.1 - TRAÇADO EM PLANTA

Sendo os alinhamentos rectos concordados por curvas circulares, surge a

necessidade da marcação no terreno dos pontos da curva – piquetagem da

curva.

Parte-se do conhecimento do raio R da curva arbitrada, de acordo com as

condições do terreno e que as Normas impõem e do valor do ângulo dos

alinhamentos, que é medido directamente no terreno para se obter o seguinte:

ELEMENTOS DA CURVA

Tangente – t

Bissectriz – b

Desenvolvimento – d

Tangente a meio arco – s

PONTOS PRINCIPAIS

Pontos de tangencia – T e T’

Ponto bissectriz – B

PONTOS INTERMÉDIOS

Os que forem necessários

Page 29: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

28

4.1.1 - DETERMINAÇÃO DOS ELEMENTOS DA CURVA

Fig. 4.1

As expressões que permita determinar os elementos da curva, são

facilmente deduzidas através da figura 4.1.

22

RcotgRtgt

1

2cos1

2sec

2sec

ecRRRROBVOb

180360

2 00 RRd ou

200

grRd

ou radRd

4

Rtgs

A tangente a meio arco s interessa, por vezes, para a piquetagem do ponto

bissectriz B quando o vértice V é inacessível.

Todos estes elementos são comprimentos e portanto, são expressos em

metros devendo ser calculados com a aproximação do centímetro.

Page 30: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

29

4.1.2 - DETERMINAÇÃO DOS PONTOS PRINCIPAIS

A piquetagem dos pontos principais T, T’ e B agora é fácil:

Com o taqueómetro em estação no vértice V, marcam-se o comprimento t

das tangentes na direcção dos alinhamentos rectos – direcção que é

comprovada pela luneta do aparelho – e cravam-se bandeirolas nos pontos T e

T’ assim determinados. Para marcar o ponto B, determina-se com o

taqueómetro a direcção VO marcando-se o ângulo 2

e nessa direcção marca-

se o comprimento b da bissectriz já determinada, obtendo-se assim o ponto

bissectriz B.

4.1.3 - PIQUETAGEM DOS PONTOS INTERMÉDIOS

Para se fazer a piquetagem dos pontos intermédios há vários métodos,

vamos apenas referir dois que são os de aplicação mais simples e os mais

utilizados:

Método das ordenadas e abcissas

Método das cordas e flechas

4.1.3.1 - MÉTODO DAS ORDENADAS E ABCISSAS

É um método de coordenadas rectangulares, segundo os eixos coordenados

– a tangente – TX e a normal que passa pelo ponto de tangencia –TY.

Pode-se empregar segundo dois processos:

Pontos equidistantes sobre a tangente

Pontos equidistantes sobre o arco

Page 31: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

30

Pontos equidistantes sobre a tangente

Fig. 4.2

O valor de x é arbitrado (espaçamento dos pontos na tangente).

Da figura 4.2 tira-se:

222 xyRR

22 xRRY

Também se pode determinar a ordenada y a partir do ângulo w :

Sendo R

xwtg

wRwRRY cos1cos

Depois determina-se um 2º ponto à distância x2 na tangente, depois um 3º

ponto à distância x3 , e assim sucessivamente até ao meio da curva.

Por este processo, os pontos da curva vão sendo pior definidos, porque

ficam mais afastados uns dos outros à medida que se caminha para o centro

da curva. Logicamente ao atingir o meio da curva deve ser feita a mudança dos

eixos coordenados para a outra tangente e normal respectiva, figura 4.3.

Page 32: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

31

Fig. 4.3

Pontos equidistantes sobre o arco

Nesta modalidade escolhem-se os pontos igualmente intervalados no arco,

fixando um espaçamento - a - de modo que o valor do espaçamento seja

divisor do desenvolvimento do arco.

Será:

R

a radianos

A abcissa e ordenada correspondentes serão, como mostra a figura 4.4:

nRx sen

nRy cos1

Com expresso em radianos

Fig. 4.4

Page 33: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

32

sen1 RX

cos11 RY

2sen2 RX

2cos12 RY

3sen3 RX

3cos13 RY

.....................................

Qualquer das modalidades de aplicação do método das ordenadas e

abcissas é simples e exige pouco material para a sua execução.

Como os pontos são marcados independentemente uns dos outros, qualquer

erro na marcação de um ponto não se reflecte nos seguintes. Tem no entanto o

inconveniente de requerer bastante terreno desimpedido entre a curva e as

tangentes, o que nem sempre é possível se por exemplo existirem taludes de

aterro ou de escavação, ou mesmo construções.

4.3.3.2 - MÉTODO DAS CORDAS E FLECHAS

Pode, teoricamente, considerar-se como uma variante do método anterior.

Este método baseia-se em dois princípios:

A corda de um arco é igual ao dobro da abcissa do maior arco ( xc ).

A flecha do arco é igual à ordenada do maior arco.

Estas propriedades facilmente se verificam do exame da figura 4.5 e é

consequência da igualdade dos triângulos rectângulos TBO e TBS :

Fig. 4.5

Page 34: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

33

Sejam VT e 'VT os dois alinhamentos e 'TBT a curva circular que se

pretende marcar. O processo consiste em dividir a curva, sucessivamente, em

duas, quatro, oito, etc. partes (conforme o número de pontos que se pretende)

e para cada elemento de arco determinar a meia corda e a flecha respectivas,

valores que nos permitem, com o auxílio de bandeirolas e um esquadro de

prismas, marcar no terreno os pontos da curva.

Assim para o ponto B teremos:

22

Rsen

c

2cos1

Rf

Analogamente para os pontos 1P e '1P :

4sen

2

1 R

c

4cos1'

Rf

Se pretendêssemos mais pontos continuaríamos a divisão do arco em 8, 16,

32, etc. partes.

Este processo tem a vantagem de não exigir tanto terreno desimpedido

como o método anterior, visto que os elementos a marcar estão mais próximos

da curva, sendo também conhecido o desenvolvimento do arco entre pontos

(que é o divisor do desenvolvimento total da curva).

Como inconveniente podemos assinalar o facto de um erro na marcação de

um ponto se transmitir aos seguintes, o que não sucede no método anterior.

Page 35: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

34

5 - ESCOLHA DO RAIO DE CURVATURA

Havendo necessidade de se escolher um raio, para que, no terreno, possa

ser marcada uma curva circular, deverá a fixação deste raio atender a um certo

número de regras, tendo em vista condições técnicas e económicas a respeitar.

1º- Como norma o raio da curvatura deve ser o mais possível, superior ou

quando muito igual ao raio mínimo, estabelecido para a velocidade base

considerada. Ao longo do traçado, e dentro de um princípio de homogeneidade

a que o traçado deve obedecer, não deve haver variações bruscas do raio de

curvatura. As Normas de Projecto estabelecem que a relação entre os raios de

duas curvas horizontais consecutivas, deve ser inferior a 2.5, salvo se o raio for

maior que 400 metros. No seguimento de declives em alinhamento recto, com

extensão entre 750 metros e 1500 metros, o raio deve ser igual ou superior a

250 metros.

Duas curvas em planta no mesmo sentido deverão ser separadas tanto

quanto possível por um alinhamento recto de comprimento mínimo igual à

distância que pode ser percorrida pelo maior raio daquelas curvas. Quando tal

não seja possível, deverá procurar substituir-se as duas curvas por uma curva

única.

2º- O comprimento do lado da poligonal, deve ser tal que permita instalar as

duas tangentes correspondentes aos raios escolhidos, os dois parâmetros das

curvas de transição entre o alinhamento recto e as curvas circulares, e ainda

um alinhamento recto intermédio l , ao longo do qual se possa realizar o

disfarce das sobreelevações, figura 5.1.

Fig. 5.1

Page 36: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

35

Já foi dito que quando necessário se deve substituir as duas curvas por uma

curva única. Notar que, para curvas de grande desenvolvimento, dando origem

a um vértice inacessível, há vantagem, por facilidade de piquetagem, em as

desdobrar em duas correspondendo cada uma a um vértice, figura 5.2.

Fig. 5.2

3º- Em terreno ondulado a estrada deve seguir a curva média do terreno e

não as curvas de nível, figura 5.3.

Fig. 5.3

Isto equivale a dizer que se deve procurar compensação entre os volumes

de aterro e escavação.

4º- Ainda no mesmo caso do terreno ondulado, o ponto bissectriz B , não se

deve situar nem muito para fora, nem muito para dentro da encosta, de modo

que a estrada se mantenha agarrada ao terreno. Esta condição, que se deve

Page 37: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

36

verificar quer a estrada siga na parte convexa quer na parte côncava do monte,

visa obter igualdade aproximada entre os volumes de escavação e aterro,

figura 5.4.

Fig.5.4

Isto significa que entre as três soluções representadas na figura 5.4 é

preferível a solução - c - em que no perfil transversal aparecem áreas de aterro

e escavação sensivelmente equivalentes.

É claro que esta regra não tem nada de absoluto e podem aparecer casos

em que seja aconselhada a solução - a - (estrada fora da encosta) ou a

hipótese -b- (estrada dentro da encosta). Por exemplo no caso da figura 5.5,

em que devido à inclinação do terreno o plano do talude de aterro não encontra

a encosta dentro de limites razoáveis, pode haver vantagem para evitar a

construção de muros de suporte dispendiosos em meter a estrada para dentro

da encosta. Neste caso deve ser feiro um estudo económico para se optar pela

solução mais conveniente.

Fig. 5.5

Page 38: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

37

Fixada “in loco” uma posição suposta conveniente para o ponto bissectriz B

de modo a atender o melhor possível às regras indicadas, pode ser medido no

local o comprimento da bissectriz b , deduzir o valor do raio:

1

2cos

ecRb

12

cos

ec

bR

Fig. 5.6

O valor assim obtido para o raio necessita de ser ajustado para um valor

redondo (geralmente múltiplo de 5), e deve ser superior ou igual ao raio mínimo

preconizado para a respectiva velocidade base.

Se tal não for possível, isto é, o raio for inferior ao valor que se deveria

adoptar, há necessidade de aumentar a bissectriz da curva, o que se não for

conveniente a alteração da posição do ponto bissectriz B , obrigará a uma

alteração dos alinhamentos de modo a fechar um pouco o ângulo destes, figura

5.7.

Fig. 5.7

Page 39: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

38

Se pelo contrário, arbitrando um raio superior ao raio mínimo, se verifica que

a segunda condição não é satisfeita, havendo insuficiência do alinhamento

recto, e no caso de não ser conveniente baixar o raio, ter-se-ia que abrir mais o

ângulo (passar de 'V para V ) o que teria por efeito diminuir o comprimento das

tangentes e por consequência aumentar o alinhamento recto.

5.1 - SUBSTITUIÇÃO DE DUAS CURVAS NO MESMO SENTIDO MUITO PRÓXIMAS POR UMA CURVA ÚNICA

Como já foi referido, duas curvas em planta no mesmo sentido, deverão ser

separadas tanto quanto possível por um alinhamento recto de comprimento

mínimo igual à distância que pode ser percorrida durante 5 segundos à

velocidade permitida pelo maior raio daquelas curvas, quando tal não seja

possível deverá substituir-se as duas curvas por uma curva única.

O objectivo desta regra é estabelecer, sempre que possível, um alinhamento

recto mínimo entre duas curvas de raios diferentes, para que o condutor se

possa adaptar – no intervalo de 5 segundos – às novas condições de

circulação, por exemplo ao passar da curva de raio maior para a curva de raio

menor. É pois, um objectivo de segurança que motiva esta regra.

Vamos agora mostrar como se resolve, na prática, o problema de

substituição de duas curvas próximas de raios diferentes, por uma curva única

de raio R .

O problema fica resolvido desde que se calcule o raio R da curva única, pois

a partir dessa altura é possível piquetar a curva pelos processos descritos.

Fig. 5.8

Page 40: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

39

Na figura 5.8 são dados o comprimento SVV 21, correspondente ao lado

“curto” da poligonal e que é medido directamente no terreno; e os ângulos dos

alinhamentos 21 e medidos também no local com o taqueómetro. Vamos

determinar o raio R, de uma curva única simultaneamente tangente aos três

alinhamentos.

O problema só tem uma solução, como vamos ver:

21 ttS

22

21 RcotgRcotgS

22

21 cotgcotgRS

22

21 cotgcotg

SR

Page 41: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

40

6 – GEOMETRIA DO TRAÇADO EM PLANTA

O traçado em planta deve assegurar a circulação com segurança à

velocidade base definida previamente. As principais condicionantes do traçado

são:

Velocidade

Características geotécnicas

Topografia, meio ambiente, custos, etc.

A topografia condiciona decisivamente a velocidade. A velocidade por sua

vez, controla a distância de visibilidade, mas esta deve ser considerada em

conjunto com a topografia, que muitas vezes obriga a raios de curvatura

maiores do que a velocidade.

Todos estes factores devem ser considerados em conjunto de modo a obter-

se um traçado que seja seguro e económico, e se integre no terreno em que se

localiza. O traçado em planta deve garantir, pelo menos, a distância de

visibilidade de paragem correspondente à velocidade do tráfego.

A escolha do traçado em planta terá como objectivo principal a sua

adaptação ao terreno, a qual condiciona os custos de construção, conservação

e exploração.

Em terreno plano deve evitar-se que o traçado ocasione monotonia aos

condutores.

Neste caso deve também merecer cuidados especiais a drenagem

superficial.

No caso de terreno difícil ou muito difícil, deve-se localizar o traçado em

zonas estáveis e de modo a atravessar em condições favoráveis as linhas de

água.

Nestes casos não é normalmente o traçado mais curto, entre postos

obrigatórios, que é o melhor. Deve-se localizar o traçado, sempre que possível,

em encostas expostas ao sol, a fim de se evitar a formação de gelo.

A escolha do traçado em planta referir-se-á sempre ao eixo de secção

transversal, o qual será, salvo justificação em contrário:

O centro da faixa de rodagem nas estradas de duas vias

Page 42: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

41

O centro do separador, se este for de largura constante, nas estradas

com faixas de rodagem unidireccionais.

O centro de cada faixa de rodagem quando o separador não tiver largura

constante.

Os diferentes elementos geométricos do traçado em planta são:

Alinhamentos rectos

Curvas circulares

Curvas de transição

6.1 - ALINHAMENTOS RECTOS

Os alinhamentos rectos suficientemente extensos facilitam as

ultrapassagens nas estradas com duas vias. No entanto, normalmente,

integram-se mal na topografia. Além disso, provocam o aumento da duração do

encandeamento na condução nocturna, tornam a condução monótona, e

dificultam a avaliação das velocidades e das distâncias.

Os alinhamentos rectos extensos não devem ter inclinações longitudinais

constantes. A fim de se reduzir o encandeamento nocturno e a monotonia da

condução, a extensão máxima de um alinhamento recto (metros), com

inclinação longitudinal constante, deverá ser VB20 , sendo VB a velocidade

base.

Os alinhamentos rectos devem ainda proporcionar conforto óptico, pelo que

nas estradas com duas vias a sua extensão mínima deve ser VB6 , o que

garante uma boa orientação óptica.

Sempre que possível deve evitar-se orientações coincidentes com a

nascente, e sobretudo com o poente, a fim de se evitar o encandeamento

provocado pelo sol, especialmente no caso de alinhamentos rectos extensos.

No caso de haver ventos fortes dominantes, o traçado ideal seria aquele cuja

orientação coincidisse com a desses ventos, o que normalmente não é

possível.

Page 43: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

42

6.2 - CURVAS CIRCULARES

Tendo em consideração a respectiva topografia, o raio das curvas circulares

deve ser o maior possível, o que facilita a visibilidade e a percepção do traçado

pelos utentes. No entanto, o valor dos raios deve ter em atenção a necessidade

do traçado se harmonizar com a paisagem, e a coordenação com o perfil

longitudinal. Deve também haver equilíbrio entre as superfícies dos terrenos

confinantes e o traçado.

A fim de se obter um traçado homogéneo, o qual é necessário, não só por

razões de segurança, mas também económicas e de protecção do ambiente,

deve haver uma correlação equilibrada entre os raios das sucessivas curvas

circulares.

Este objectivo pode ser alcançado desde que esses raios obedeçam ao

preconizado no diagrama da figura 6.1. Este diagrama foi definido com base na

análise do conforto óptico, e dos acidentes.

COMBINAÇÃO DE RAIOS DESEJÁVEL

Fig. 6.1

Os raios das curvas circulares devem ainda estar relacionados com a

extensão dos alinhamentos rectos que os antecedem de modo a assegurar um

1 – Relação muito boa 2 – Relação boa 3 – Relação aceitável

Page 44: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

43

traçado homogéneo. Esses raios devem ser os constantes no Quadro 6.1, a

não ser que a velocidade base obrigue a raios superiores.

QUADRO 6.1

RAIOS MÍNIMOS EM FUNÇÃO DA EXTENSÃO DOS ALINHAMENTOS

RECTOS

TIPO DE ESTRADA EXTENSÃO DO

ALINHAMENTO RECTO (m)

RAIO MÍNIMO DA

CURVA CIRCULAR (m)

IP e IC

Outras Estradas

AR 600

AR <600

AR 500

R> 600

R> AR

R> 500

As curvas circulares devem ter um desenvolvimento tal, que sejam

percorridas em mais de dois segundos.

No caso de duas curvas circulares sucessivas com o mesmo sentido, deve

haver entre elas um alinhamento recto com uma extensão mínima igual à

distância percorrida durante cinco segundos à velocidade específica

correspondente ao maior raio. No caso de não ser possível assegurar essa

extensão as duas curvas circulares deverão ser substituídas por uma curva

única. Como já foi referido atrás nestes apontamentos.

6.3 – RAOS MÍNIMOS

Fig. 6.2

Um veículo ao circular em curva está sujeito à força centrífuga de valor:

R

vg

PF

2

P Q

F

Page 45: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

44

P - Peso da viatura

v - Velocidade (m/s)

R - Raio (m)

2/8.9 smg

A força resultante Q afasta-se da normal ao pavimento um ângulo , dando

origem à derrapagem. A esta opõem-se a aderência transversal e a

sobreelevação ( Se = tg ) do pavimento.

tg

vR

8.9

2

6.3

)/()/(

hkmVsmv e tgtgtg )(

tg

VR

2

2

6.38.9

tgtg

VR

127

2

Setg

VR

127

2

Sendo tf o coeficiente de aderência transversal entre o rodado do veículo e

o pavimento, para que não haja derrapagem é necessário que os valores de

obedeçam à condição:

tftg

Assim, R será o raio mínimo para cada categoria de estrada caracterizada

pela respectiva velocidade base V :

Sef

VR

t

127

2

Para que se consiga minimizar a incomodidade dos utentes é necessário

limitar os valores de Se e tf .

Aos valores de tf em situações de muito má aderência entre o rodado do

veículo e o pavimento com gelo é inferior a 0.1, o que significa que nestas

condições o veículo parado, ou que se desloque lentamente, tem tendência a

deslizar para o interior da curva quando a sobreelevação for superior a 10%.

Page 46: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

45

A sobreelevação terá de ser limitada na maioria dos países europeus a 7%,

sendo de 5% o seu valor desejável.

6.3.1 - RAIOS MÍNIMOS ABSOLUTOS (RA)

Os valores dos raios mínimos absolutos são deduzidos a partir da expressão

Sef

VR

t

127

2

admitindo que por razões de comodidade a aceleração radial

máxima é de g22.0 , para velocidades base inferiores a 80 km/h.

Sef

VR

t

127

2

tfSeg

VR

2

2

6.3

Ou

tfSegR

V

2

2

6.3

tfgSegR

V

2

2

6.3

A aceleração radial não compensada pela sobreelevação é igual ao produto

da aceleração da gravidade pelo coeficiente de aderência transversal.

As Normas de Traçado não apresentam os valores de tf admitidos, mas ao

indicarem os raios mínimos absolutos para cada velocidade base, é possível

deduzir os valores de partida para os coeficientes de aderência transversal

utilizados.

Page 47: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

46

QUADRO 6.2

RAIOS MÍNIMOS ABSOLUTOS

VELOCIDADE

BASE

(km/h)

RAIO

ABSOLUTO

Se= 7%

R

v2

2

6.3

(m/s2)

Seg

Se = 7%

(m/s2)

tfgSegR

V

2

2

6.3 tf

40 55 2.24 0.7 1.54 0.154

50 85 2.27 0.7 1.57 0.157

60 130 2.14 0.7 1.44 0.144

70 180 2.10 0.7 1.40 0.140

80 240 2.06 0.7 1.36 0.136

90 320 1.95 0.7 1.25 0.125

100 420 1.84 0.7 1.14 0.114

110 560 1.67 0.7 0.97 0.097

120 700 1.59 0.7 0.89 0.089

130 900 1.45 0.7 0.75 0.075

140 1000 1.26 0.7 0.56 0.056

6.3.2 - RAIOS MÍNIMOS NORMAIS (RN)

Os raios mínimos normais resultam da expressão que foi utilizada para a

obtenção dos raios mínimos absolutos, considerando que Se = 5% e

introduzindo-se um factor de segurança que corresponde a admitir um menor

valor de tf .

Os valores de tf não estão também fixados pelas Normas de Traçado,

podendo ser calculados, verificando-se valores na ordem de grandeza de 0.06.

Como estes raios devem assegurar uma circulação cómoda, a aceleração

centrífuga deve ser da ordem dos 50% do máximo admissível, ou seja g11.0 .

Page 48: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

47

QUADRO 6.3

RAIOS MÍNIMOS NORMAIS

VELOCIDADE

BASE

(km/h)

RAIO

NORMAL

R

v2

2

6.3

(m/s2)

Seg

Se = 5%

(m/s2) tfgSeg

R

V

2

2

6.3 tf

40 110 1.12 0.5 0.622 0.062

50 180 1.07 0.5 0.571 0.057

60 250 1.11 0.5 0.611 0.061

70 350 1.08 0.5 0.580 0.058

80 450 1.09 0.5 0.597 0.060

90 550 1.14 0.5 0.636 0.064

100 700 1.10 0.5 0.602 0.060

110 850 1.11 0.5 0.598 0.060

120 1000 1.11 0.5 0.611 0.061

130 1200 1.09 0.5 0.586 0.059

140 1400 1.08 0.5 0.580 0.058

No quadro 6.4 referem-se os raios mínimos em planta, os quais devem ser

usados nos projectos, excepto em casos especiais devidamente justificados.

No quadro 6.6, apresentam-se os parâmetros fundamentais do traçado em

planta.

QUADRO 6.4

RAIOS MÍNIMOS EM PLANTA

VELOCIDADE BASE

(km/ h)

RAIO MÍNIMO ABSOLUTO

(RA)

RAIO MÍNIMO NORMAL

(RN)

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

55

85

130

180

240

320

420

560

700

900

1000

110

180

250

350

450

550

700

850

1000

1200

1400

Page 49: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

48

6.4 - SOBREELEVAÇÃO

A sobreelevação das curvas contribui para a segurança e comodidade da

circulação, pois compensa parte da força centrífuga, favorece a percepção das

curvas, e consequentemente a orientação óptica.

O estudo dos acidentes tem demonstrado que em muitas curvas a

sobreelevação é inferior à desejável. Isto acontece porque a sobreelevação é

definida normalmente em função da velocidade base, mas os condutores

percorrem as curvas à velocidade que julgam compatível com as mesmas, a

qual geralmente é superior à velocidade base.

Julga-se portanto de concluir que a sobreelevação deve ser independente da

velocidade base, e definida de acordo com a velocidade específica compatível

com o raio de curvatura.

Consequentemente, o valor da sobreelevação deverá ser o indicado no

Quadro 6.5.

Para raios com valor intermédio adopta-se o sobreelevação mais elevada.

Em princípio todas as vias de circulação adicionais devem ter a mesma

sobreelevação que as vias principais. Esta regra é válida para as vias de

desaceleração e aceleração, e para as bermas pavimentadas.

A inclinação transversal das bermas deve ser igual à sobreelevação. No que

diz respeito à berma exterior, embora esta filosofia apresente vantagens

construtivas evidentes, não deixa de constituir uma área adicional a drenar as

águas pluviais para a faixa de rodagem, o que é, naturalmente negativo.

Page 50: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

49

QUADRO 6.5

SOBREELEVAÇÃO EM CURVA CIRCULAR

ESTRADAS COM 2 VIAS

ESTRADAS DE VIAS MULTIPLAS

RAIO (m)

SOBREELEVAÇÃO (%)

RAIO (m)

SOBREELEVAÇÃO (%)

<450 7 <900 7

525 6.5 1100 6.5

600 6 1300 6

700 5.5 1500 5.5

850 5 1750 5

1000 4.5 2000 4.5

1200 4 2250 4

1400 3.5 2600 3.5

1600 3 3000 3

1900<R <2500 2.5 3500<R <5000 2.5

>2500 - >5000 -

6.5 - SOBRELARGURA

Os veículos ao descreverem uma curva ocupam uma maior largura de faixa

de rodagem. Este aumento da largura ocupada depende do raio da curva e do

comprimento do veículo. Embora este aumento de largura seja desprezível

para veículos ligeiros, é significativo para veículos pesados, pelo que deve ser

considerado.

Analisando a figura 6.3:

Fig. 6.3

Page 51: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

50

Pode-se concluir:

222 lSlRR

2222 2 lRSlSlRR

Desprezando 2Sl :

R

lSl

2

2

Por via

R

lSl

2

No conjunto de duas vias

)(mSl – Sobrelargura

)(ml – Extensão do veículo tipo

)(mR – Raio da curva circular

Admitindo 00.9l metros chega-se à expressão:

RSl

80

A sobrelargura é normalmente introduzida no intradorso da curva, sendo o

seu desenvolvimento efectuado ao longo das curvas de transição.

Não são de considerar sobrelarguras nas curvas com raio superior a 200.00

metros.

QUADRO 6.6

PARÂMETROS FUNDAMENTAIS DO TRAÇADO EM PLANTA

PARÂMETRO

VELOCIDADE BASE (km/h)

40 50 60 70 80 80 100 110 120 130 140

ALINHAMENTOS RECTOS

EXTENSÃO MÍNIMA (m)

- - 360 420 480 540 600 660 720 780 840

EXTENSÃO MÁXIMA (m)

- - 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

ALINHAMENTOS CURVOS

RAIO MÍNIMO NORMAL (m)

110 180 250 350 450 550 700 850 1000 1200 1400

EXTENSÃO MÍNIMA

CURVAS (m) 30 40 50 65 90 115 150 190 250 320 400

PARÂMETRO MÍNIMO

CLOTÓIDE 35 50 70 90 120 150 180 220 270 330 410

RAIO MÍNIMO SEM SOBRE-

ELEVAÇÃO (m) 2500 5000

Page 52: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

51

6.6 - CURVAS DE TRANSIÇÃO

6.6.1 – FUNÇÕES

As curvas de transição têm as seguintes funções:

Assegurar a variação contínua da aceleração centrífuga entre os

alinhamentos rectos e as curvas circulares, a qual por razões de segurança e

comodidade não deverá exceder 0.5 m/s2.

Permitir efectuar convenientemente a transição da sobreelevação e da

sobrelargura.

Melhorar a comodidade óptica do traçado, pelo que o ângulo de deflexão

deve ser no mínimo de 3.5 grados.

6.6.2 - TIPOS DE CURVAS DE TRANSIÇÃO

As curvas mais utilizadas como curvas de transição são as radióides e a

parábola cúbica.

Radióide dos arcos – clotóide ou espiral

Fig.6.4

Page 53: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

52

Radióide das cordas – Lemniscata de Bernoulli

Fig.6.5

Radióide das abcissas – Curva elástica

Fig. 6.6

Parábola cúbica

Fig. 6.7

Page 54: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

53

Dentro de um critério de absoluto rigor pode dizer-se que a clotóide é a

curva que melhor responde ao problema da força centrífuga, pois é nesta curva

que o raio de curvatura varia na razão inversa do desenvolvimento.

Dentro dos limites de aplicação destas curvas esta superioridade da clotóide

não se faz sentir uma vez que elas praticamente coincidem.

Em caminhos-de-ferro utiliza-se a parábola cúbica.

Na prática utiliza-se a que permita mais facilmente o cálculo dos elementos

necessários para a implantação.

A curva de transição adoptada vai ser pois a clotóide.

6.6.3 - A CLOTÓIDE

Fig. 6.8

6.6.3.1 - EQUAÇÃO INTRÍNSECA

A equação intrínseca da clotóide:

2Arl

Em que:

r - É o raio da curvatura num ponto genérico P )(m

l - É o desenvolvimento da curva, desde o seu ponto de inflexão (de

tangente horizontal), origem dos arcos até ao ponto P )(m

A - É o parâmetro da curva )(m

Destinando-se esta curva a estabelecer a transição dum alinhamento recto

(raio infinito) para uma curva circular (raio finito), a sua equação intrínseca,

revelando a proporcionalidade inversa entre o raio de curvatura e o

desenvolvimento (l

Ar

2

), mostra como a clotóide é adequada para o objectivo

a atingir.

P

Page 55: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

54

6.6.3.2 - RELAÇÕES FUNDAMENTAIS

Procuremos, de seguida deduzir algumas relações fundamentais que

caracterizam a clotóide.

Consideremos a figura 6.9 em que é o ângulo que a tangente num ponto

genérico faz com o semi-eixo positivo xx .

Fig.6.9

rddl

l

ArArl

22

dAldldl

Adl 2

2

CAl

22

2

Atendendo a que na origem: 0l e 0 , vem 0C

CAl

22

2

2

2

2A

l

2Arl

rl

l

2

2

r

l

2

L - Comprimento do arco desde a origem ao ponto de osculação com a

curva circular.

R - Raio da curva circular e que se mantém constante em toda a curva

circular final.

O ponto de osculação pertence à clotóide pelo que, deve verificar a relação

anterior.

Page 56: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

55

Será então:

R

Lmax

2.

.max - Máximo pois L toma o valor máximo que l pode tomar e R o valor

mínimo que r pode tomar.

6.6.3.3 - EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DA CLOTÓIDE

Fig. 6.10

cosdldx

sendldy

EM FUNÇÃO DE l:

2

2

2A

l

2

2

2cos

A

ldldx

2

2

2sen

A

ldldy

E como:

...!5!3

sen

...!4!2

1cos

53

42

...

6!44!21

8

8

4

4

A

l

A

ldldx

...

32!58!32 10

10

6

6

2

2

A

l

A

l

A

ldldy

Integrando (as constantes são nulas, pois para 0l 0x e 0y ):

Page 57: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

56

...345640 8

9

4

5

A

l

A

llx

...422403366 10

11

6

7

2

3

A

l

A

l

A

ly

EM FUNÇÃO DE :

cosdldx

sendldy

rddl

2Arl l

Ar

2

2

Ar

2

2

2A

l 2Al

dA

dl2

dA

dx cos2

dA

dy sen2

d

Adx

...

!4!21

2

42

dA

dy

...

!5!32

53

dA

dx

...

!4!22

272321

dA

dy

...

!5!32

292521

Integrando (como as constantes são nulas, pois para 0 0x e 0y ):

...

216102

292521

Ax

Page 58: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

57

...

13204232

21127

23 Ay

As equações paramétricas deduzidas permitam calcular coordenadas

cartesianas de pontos da clotóide:

Dando valores a l desde 0 até L

Dando valores a desde 0 até R

Lmax

2

6.7 - CURVAS DE TRANSIÇÃO

Fig. 6.11

Page 59: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

58

6.7.1 - CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO

I – LIMITAR O VALOR DA ACELERAÇÃO CENTRÍFUGA QUANDO O

VEÍCULO PERCORRE A CURVA

Fig. 6.12

A sobreelevação faz com que o peso P dê uma componente 'F que se

opõe à força centrífuga.

A força centrífuga não compensada pela sobreelevação, será pois:

mgSeR

mVPtg

R

mvFF

2

22

6.3'

A aceleração centrífuga correspondente:

iSegR

Vj

iSegR

vj

2

2

2

6.3

Pretende limitar-se a sua variação. Essa variação pode medir-se através do

cociente:

t

jJ GRAU DE INCOMODIDADE

É de notar que para um mesmo valor de j, quanto maior for J menor será t,

isto é, mais rapidamente se dará a variação da aceleração centrífuga e,

portanto, maior será a incomodidade resultante para os utentes do veículo.

Admitindo que o veículo circula em movimento uniforme à velocidade v, e

sendo L o comprimento da curva de transição, teremos:

t

vL ou

v

Lt ou ainda

V

Lt

6.3

Se

i

Page 60: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

59

iSeR

VV

L

V

L

iSeg

R

V

V

L

iSegR

V

J 1276.3

1

6.36.3

6.3

6.36.3

6.32

3

2

2

2

2

2

2

Resolvendo em ordem a L:

iSe

R

VV

JL 127

656.46

1 2

Para que seja conseguido, no mínimo, um determinado grau de

incomodidade, J , a curva de transição deverá ter no mínimo, um

desenvolvimento igual ao valor dado pela expressão anterior. Como é evidente,

serve (e é desejável sempre que possível) um grau de incomodidade inferior ao

máximo tolerável, pelo que pode então, escrever-se com maior generalidade:

iSe

R

VV

JL 127

656.46

1 2

Como:

2ARL

iSe

R

V

J

VRA 127

656.46

2

As Normas de Projecto fixam valores de J a adoptar para cada velocidade

base, que se apresentam do Quadro 6.7. Nesse quadro, são apresentados dois

conjuntos de valores de J : um chamado normal e outro designado por

máximo.

Sempre que possível deve utilizar-se o primeiro conjunto de valores,

deixando os valores máximos de J admissíveis para situações em que se

justifique limitar o mais possível o desenvolvimento L das curvas de transição.

QUADRO 6.7

VALORES DO GRAU DE INCOMODIDADE

V (km/h) 40 50 60 70 80 90 100 120 140

J (m/s3) NORMAL 0.5 0.5 0.5 0.5 0.4 0.4 0.4 0.4 0.4

MÁXIMO 0.7 0.7 0.7 0.7 0.6 0.6 0.5 0.4 0.4

Page 61: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

60

II – FACILITAR O DISFARCE PROGRESSIVO DA SOBREELEVAÇÃO E

DA SOBRELARGURA

O disfarce da sobreelevação realiza-se ao longo da clotóide, mas partindo

de um perfil sobreelevado com a inclinação da via de intradorso em

alinhamento recto. A transformação do perfil com a inclinação do eixo para as

bermas (V invertido), para o perfil sobreelevado com a inclinação de intradorso

em alinhamento recto aconteça nesse alinhamento.

Ao longo do desenvolvimento da clotóide a sobreelevação aumenta do valor

já referido, até ao valor fixado no Quadro 6.5; enquanto a sobrelargura cresce

desde 0 até Sl fixado pela expressão Sl=80/R.

Esta variação provoca um aumento da inclinação do bordo do extradorso da

faixa de rodagem pelo aparecimento de uma rampa secundária que se adiciona

à inclinação no perfil longitudinal.

Na figura 6.13 pode-se ver como se realiza o disfarce da sobrelargura e da

sobreelevação.

EM ALINHMENTO RECTO:

NO INICIO DA CURVA DE TRANSIÇÃO:

Page 62: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

61

NO INICIO DA CURVA CIRCULAR CENTRAL:

Fig. 6.13

Fig. 6.14

a (m) – largura da faixa de rodagem

Sl (m) – sobrelargura no inicio da curva circular

i (%) – inclinação transversal da via de intradorso em alinhamento recto

Se (%) – sobreelevação no inicio da curva circular

L (m) – desenvolvimento da curva de transição

d (%) – inclinação do eixo em perfil longitudinal

Page 63: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

62

i (%) – rampa secundária induzida pelo disfarce da sobreelevação ou

diferença de inclinações entre o bordo do extradorso e o eixo.

i1 (%) – declive secundário induzido pelo disfarce de sobreelevação ou

diferença de inclinação entre o eixo e o bordo de intradorso.

As Normas de Traçado procuram limitar superiormente o valor de i,

Quadro 6.8 com o objectivo de obstar que aumentem:

O valor da inclinação longitudinal para quem circula junto do bordo de

extradorso.

O empenamento da faixa de rodagem.

A variação da sobreelevação no tempo para quem circula ao longo da

clotóide.

QUADRO 6.8

VALORES DE i

VELOCIDADE

TRÁFEGO

(km/h)

V 40

40<V 80

V> 80

i máx.( % ) 1.5

1.0 0.8

Para assegurar uma boa drenagem lateral, por aumento mais rápido da

inclinação transversal fixam-se um valor de i min (%):

li 1.0min

l (m) – é a distância do eixo de rotação ao bordo da faixa de rodagem

Da figura 6.14 pode concluir-se que:

L

iSeai

2

i

iSeaL

2

Para assegurar simultaneamente um mini e um máxi estes dois critérios de

dimensionamento terão que ser:

min22 i

iSeaL

i

iSea

máx

Page 64: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

63

Ou

min22

iSeaRA

i

iSeaR

máx

III – MELHORAR A COMODIDADE ÓPTICA DO TRAÇADO

Para que se verifique uma boa percepção da curva, as Normas de Traçado

obrigam que o ângulo das tangentes , seja pelo menos igual a 18

1 radianos.

18

1 rad

18

1

2

R

L rad

Assim:

RL9

1

RA3

1

IV – RAZÕES ESTÉTICAS

As curvas de transição com pequena extensão são esteticamente

desagradáveis. Considera-se necessário que a sua extensão seja tal que o seu

percurso se faça em pelo menos 2 segundos.

Assim:

6.3

2xVL

L (m) – extensão da curva de transição

V (km/h) – velocidade base

8.1

VL

8.1

RVA

Page 65: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

64

V – CONDIÇÃO DESEJÁVEL DAS NORMAS DE PROJECTO

As Normas de Projecto consideram desejável que o desenvolvimento dos

arcos de transição: 2L, esteja compreendido entre 21 e 32 do

desenvolvimento total da curva.

DLD3

22

2

1

D = 2 L + d

d – desenvolvimento da curva circular central

dLLdL 23

222

2

1

dLd

2

Rd rad 2

RLR

L 2

2

RRR

222

46

23

radRL

radR

23

radRA

radR

VI - CONDIÇÃO DE IMPLANTAÇÃO DA CLOTÓIDE

Fig. 6.15

Page 66: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

65

A introdução dos arcos de transição, faz diminuir, como se vê na figura 6.15,

o ângulo ao centro que passa de a 2 .

Analisemos o que se passa quando L cresce.

Crescendo L, cresce R

Lmax

2 e diminui 2 .

Isto significa que L só pode crescer até ao valor limite para o qual se anula

2 .

Então 02 dá-nos o máximo valor que pode tomar para que seja

possível estabelecer a transição:

2

max

Este valor de condiciona, assim, já que R

Lmax

2 , o máximo valor que L

pode tomar.

RL

RA

6.7.2 - RESUMO DO DIMENSIONAMENTO DA CLOTÓIDE

O parâmetro a utilizar deverá ter um valor que satisfaça simultaneamente os

critérios atrás indicados.

A actuais Normas de Traçado prevêem a hipótese de os parâmetros dos

dois arcos de transição que concordam dois alinhamentos rectos com a parte

circular central sejam diferentes. No entanto, assinalam que de preferência, os

parâmetros desses dois arcos sejam iguais.

As curvas de transição poderão ser dispensadas sempre que o raio da parte

circular central seja suficientemente elevado de modo a essas curvas

dispensarem sobreelevação.

Na realidade, um dos objectivos principais da utilização das curvas de

transição residia no facto de estas serem o local ideal para o disfarce da

sobreelevação. Se as curvas circulares centrais tiverem um raio de valor

suficientemente elevado para dispensarem sobreelevação, uma das razões

para o uso das clotóides deixa de fazer sentido.

Page 67: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

66

6.7.3 - IMPLANTAÇÃO DA CLOTÓIDE

Fig. 6.16

Para que entre um alinhamento recto e uma curva circular seja possível

estabelecer uma curva de transição é necessário que aquela seja deslocada

para o interior – RIPADA.

Considerando o prolongamento da curva circular de raio R, de forma que

essa continuação da curva intersecte a perpendicular ao alinhamento recto

tirado por T, no ponto E:

R – ripagem

RCTR

CECTR

Seja PD a paralela ao alinhamento recto OV tirada por P e que define o

ponto D.

Fica assim definido o triângulo rectângulo CPD, recto em D e em que a

hipotenusa CP é o raio R e o ângulo em C é .

RDTCDR

RCTR

Como YPBDT

Page 68: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

67

Y (m) – ordenada do último ponto da clotóide (P) no sistema de eixos

convencional, com origem em O, e é obtido das equações paramétricas da

clotóide, quando l = L.

YRR

RYRR

1cos

cos

Desenvolvendo cos em série:

...!4!2

1cos42

YRR

1

21

2

YRR 2

2

R

L

2 e

2

3

6A

LY

2

2

2

3

86 R

LR

A

LR

R

L

RL

LR

86

23

R

LR

24

2

3

4

24R

AR

6.7.3.1 - ELEMENTOS NECESSÁRIOS À PIQUETAGEM DA CLOTÓIDE

Em primeiro lugar é necessário determinar o ponto início da clotóide O:

RsenXX

TBOBXOT

XOT

TVOTOV

m

m

m

X (m) – é a abcissa do último ponto da clotóide, é obtido através das

equações paramétricas da clotóide.

Page 69: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

68

TV é o comprimento da tangente da curva circular inicial de raio RR e

ângulo dos alinhamentos.

2

cot

2cot

gRRRsenXOV

gRRTV

Medindo esta distância a partir do ponto V segundo o alinhamento recto,

obtém-se correctamente o ponto O.

6.7.3.2 - PIQUETAGEM DOS PONTOS INTERMÉDIOS

Já é conhecido o sistema de eixos a considerar. Para determinar os valores

x e y, normalmente são utilizadas as equações paramétricas.

6.7.3.3 - PIQUETAGEM DA CURVA CIRCULAR CENTRAL

Os alinhamentos rectos definidores da poligonal da estrada não são

tangentes à curva circular central. É pois necessário definir a posição dos

alinhamentos que são tangentes à curva circular no ponto P. Como a posição

deste ponto é conhecida por ser simultaneamente o último ponto da clotóide,

obtido como se viu usando as equações paramétricas para determinar X e Y, o

que se consegue, substituindo l por L nessas equações, é necessário conhecer

mais um ponto na nova tangente.

TL – tangente comprida – OA

ABOBTOA L

YcotgXTOA L

TK = tangente curta – AP

ecYTAP K cos

Conhecidas as posições das tangentes aos dois arcos de clotóide, na sua

intersecção fica o vértice V’.

Page 70: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

69

Quanto ao ângulo ' dos alinhamentos tangentes:

2

2

200

2002

'

'

gr

gr

Para a implantação da curva circular central utiliza-se um dos métodos já

indicados atrás.

6.7.4 - PROPRIEDADES DA CLOTÓIDE

I – A clotóide desenvolve-se em partes iguais para um e outro lado do ponto

de tangencia T primitivo.

senRXOT

Considerando um ângulo pequeno de tal modo que sen temos:

RXOT

Mas como 22

LR

R

L

2

LXOT

Como X L

2

LOT

II – A clotóide passa a meio de ET .

Dada a analogia da clotóide com a parábola cúbica (para ângulos polares

pequenos), calculemos a ordenada da curva no ponto T (de abcissa igual a 2

L)

aplicando a expressão:

c

xy

6

3

Page 71: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

70

R

L

RL

L

YT486

2 2

3

Na clotóide CRL

Como R

LR

24

2

2

RYT

6.8 - CONCORDÂNCIA DE ALINHAMENTOS QUASE COLINEARES DESENVOLVIMENTOS E RAIOS CORRESPONDENTES

Para evitar o efeito de quebra ou descontinuidade, quando dois

alinhamentos rectos consecutivos formam um ângulo próximo de 200 grados

(ângulo de desvio igual ou menor que 6 grados), devem ser utilizados, na

concordância, alinhamentos curvos com os desenvolvimentos mínimos

indicados no Quadro 6.9 no qual se indicam igualmente os raios mínimos que

garantem aqueles desenvolvimentos, quando se não utilizem curvas de

transição. Isso acontece apenas para raios superiores a 2500 m em estradas

de duas vias e 5000 m em estradas de vias múltiplas, pelo que os valores

indicados no quadro devem ser adaptados a esta realidade.

QUADRO 6.9

CONCORDÃNCIA DE ALINHAMENTOS QUASE COLINEARES

DESENVOLVIMENTOS MÍNIMOS E RAIOS CORRESPONDENTES

ÂNGULO DE DESVIO DOS ALINHAMENTOS

RECTOS (Grados)

6 5 4 3 2 1

DESENVOLVIMENTO MÍNIMO

DOS ALINHAMENTOS CURVOS

(m)

175 200 225 250 275 300

RAIO (m)

1800 2500 3600 5300 8700 18500

Page 72: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

71

7 – PERFIL TRANSVERSAL

A segurança, a capacidade e a economia são razões determinantes na

selecção das componentes dos perfis transversais das estradas. Na

configuração do perfil transversal deve ter-se em conta a protecção da

natureza e dos terrenos circundantes. A segregação entre veículos

motorizados, bicicletas e peões é imprescindível do ponto de vista da

segurança rodoviária.

Num perfil transversal há a considerar:

Faixa de rodagem

Bermas

Separador

Valetas

Taludes

A característica principal do perfil transversal é a largura das vias de tráfego.

Esta largura é definida de acordo com a largura dos veículos e o espaço

lateral de segurança. Além disso as vias junto a uma via com sentido contrário

devem ainda ter uma largura adicional. Nas estradas rurais o espaço lateral de

segurança depende essencialmente da velocidade.

7.1 - FAIXA DE RODAGEM

7.1.1 - LARGURA DAS VIAS

A faixa de rodagem no sentido estrutural é composta pela largura das vias e

da sinalização horizontal. No entanto, no sentido geométrico é constituída

unicamente pela largura das vias.

Nas estradas de duas vias estas devem ter a largura mínima de 3.5 metros,

mesmo para volumes de tráfego moderados. No entanto, a fim de se assegurar

o necessário afastamento entre os veículos pesados deve-se adoptar vias com

3.75 metros nas estradas com 2 vias e classificadas como IP’s e IC’s. Nas

“outras estradas” poder-se-á adoptar a largura de 3.0 metros, desde que a

Page 73: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

72

velocidade base seja inferior a 80 Km/hora e o volume horário do projecto

inferior a 300 veículos.

Nas estradas com 2 x 2 vias a largura das vias deverá ser:

VB 100 km/ hora - 3.75 metros

VB <100 km/ hora - 3.50 metros

A largura das vias adicionais, em rampa ou declive, deve ser igual à da via

normal adjacente menos 0.25 metros, mas não inferior a 3.25 metros.

7.1.2 - SOBRELARGURA NAS CURVAS

Os veículos ao descreveram uma curva ocupam uma maior largura de faixa

de rodagem. Este aumento da largura ocupada depende do raio da curva e do

comprimento do veículo. Embora este aumento de largura seja desprezível

para veículos ligeiros, é significativo para os veículos pesados, pelo que deve

ser considerado.

A sobrelargura total, para estradas com duas vias, pode ser calculada pela

expressão:

R

SL80

R – raio da curva em metros

A sobrelargura será normalmente introduzida no intradorso da curva, sendo

o seu desenvolvimento efectuado ao longo das curvas de transição.

Não é de considerar sobrelargura nas curvas com raio superior a 200

metros.

7.1.3 - INCLINAÇÃO TRANSVERSAL

Nos alinhamentos rectos a inclinação transversal é normalmente utilizada

para efectuar a drenagem das precipitações pluviais.

Nas estradas com duas vias o pavimento é normalmente inclinado para

ambos os lados a partir do eixo (perfil em V invertido). Essa inclinação deverá

Page 74: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

73

ser de 2.5 % nos pavimentos betuminosos e de 2% nos pavimentos em betão

de cimento.

Nas estradas com faixas de rodagem unidireccionais o pavimento de cada

faixa de rodagem será inclinado para o exterior.

Quando a largura do separador for igual ou superior a 13.5 metros, pode-se

inclinar a faixa de rodagem para ambos os lados. Identicamente, no caso de

estradas 2 x 3 vias é conveniente inclinar duas vias para o exterior e uma para

o separador.

7.1.4 - SOBREELEVAÇÃO

A sobreelevação das curvas contribui decisivamente para a segurança e

comodidade de circulação, pois compensa parte da força centrífuga, favorece a

percepção das curvas e consequentemente a orientação óptica.

Este assunto já foi tratado nestes apontamentos, pelo que chama-se a

atenção para a sua revisão.

Em princípio todas as vias de circulação adicionais devem ter a mesma

sobreelevação que as vias principais. Esta regra é válida para as vias de

desaceleração e aceleração, e para as bermas pavimentadas.

7.1.5 - TRANSIÇÃO DA SOBREELEVAÇÃO

A transição da sobreelevação será efectuada ao longo da curva de

transição, como se pode ver na figura 7.1.

A escolha do eixo de rotação depende do tipo de inclinação transversal em

alinhamento recto, do valor da sobreelevação e das condições locais. A

posição do eixo de rotação influencia o valor da declividade da transição da

sobreelevação ( i ). Esta escolha influencia também a inclinação transversal

do separador nas estradas com faixas de rodagem unidireccionais, e

consequentemente a colocação das guardas de segurança.

Page 75: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

74

Na figura 7.2 referem-se as diferentes possibilidades de escolha do eixo de

rotação.

Actualmente preconiza-se a rotação em torno do eixo da faixa de rodagem,

nas estradas com 2 vias. Nas estradas com faixas de rodagem unidireccionais

a rotação será efectuada em torno do bordo interior de cada uma das faixas de

rodagem.

A transição da sobreelevação deve ser efectuada cuidadosamente pois é

particularmente importante para:

Assegurar uma boa drenagem lateral

Permitir a variação cómoda da aceleração transversal não compensada

pela sobreelevação

Um traçado óptico agradável

O elemento fundamental da transição da sobreelevação é a inclinação

longitudinal do bordo exterior da faixa de rodagem ( i ).

Page 76: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

75

TRANSIÇÃO DA SOBREELEVAÇÃO

Representação esquemática

Inclinação relativa dos bordos da faixa de rodagem

Fig. 7.1

SOBREELEVAÇÃO – Eixo de rotação

ESTRADA COM 2 VIAS OU COM

SEPARADOR C/ 2.6m

ESTRADA COM 2 X 2 VIAS E SEPARADOR ≥ 4m

a) Solução desejável

Fig. 7.2

Alinhamento recto curva circular

bordo direito

bordo esquerdo

eixo de rotação D

Se a2d

Se a2e

i1 a2d

i1 a2e Δ i(min)

Δ id

L

Page 77: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

76

O seu valor mínimo nas zonas de transição da sobreelevação em que

% .<i 521 é dado pela expressão:

li 1.0min

l (m) – distância do eixo de rotação ao bordo da faixa de rodagem

No entanto por razões ópticas e dinâmicas é conveniente fixar um valor

máximo para i , o qual depende da velocidade, Quadro 6.8.

Quando os valores mínimos e máximo de i são contraditórios e como deve

prevalecer a segurança (garantia de drenagem), o valor a adoptar será mini .

7.2 - BERMAS

As bermas são um refúgio para os veículos avariados, permitem a circulação

dos veículos de socorro, e asseguram o suporte lateral da faixa de rodagem.

As bermas podem ainda evitar um acidente eminente ou reduzir a sua

severidade. Além disso, aumentam a capacidade da estrada. No entanto, para

a segurança da circulação é indispensável que haja uma distinção nítida entre

a faixa de rodagem e as bermas, a fim de se evitar que estas sejam utilizadas

pelo tráfego.

Consequentemente, as bermas devem ter uma cor e textura contrastante

com a faixa de rodagem.

Além da berma pavimentada há a considerar uma zona exterior a esta

(0.75m), e a ligação entre a berma e o talude ou a valeta (0.60 m).

Na figura 7.3 refere-se a configuração normal da berma exterior.

A berma das vias adicionais terá a largura de 1.50 m, de que 0.75 m será

pavimentado.

A largura das bermas pavimentadas, deverá ser a referida no Quadro 7.1. A

inclinação transversal em alinhamento recto será a da faixa de rodagem. Nas

curvas com sobreelevação a inclinação transversal da berma será a mesma da

faixa de rodagem.

Page 78: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

77

PERFIS TRANSVERSAIS TIPO

(Berma e concordância com o talude)

Fig. 7. 3

QUADRO 7.1

LARGURA DAS BERMAS PAVIMENTADAS

TIPO

DE ESTRADAS

LARGURA DAS BERMAS PAVIMENTADAS

ESQUERDA (m)

DIREITA (m)

Auto – estrada

Estradas com 2 vias IP’s IC’s

Outras estradas

1.0

2.5 2.5

1.5 (a)

3.0

2.5 2.5

1.5 (a)

(a) Para volumes horários de projecto> 200 veículos, será de 2.5 metros

sobrelagura do pavimento 0,50 m

faixa de

rodagem

berma pavimentada com

3,00 ; 2,50 ou 1,50 m

2,5% 2,5%

0,30 m aterro

concordância

0,75 m

berma com 3,75 ; 3,25 ou 2,25 m talude ou valeta

berma pavimentada

Sobre obra de arte

guarda

guarda roda

3,00 ; 2,50 ou 1,50 m

2,5% 2,5%

0,50m

Page 79: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

78

7.3 - VALETAS

As valetas destinam-se a colectar e a conduzir as águas superficiais para

fora da estrada devendo por isso ser convenientemente dimensionadas para os

caudais a escoar.

Duma maneira geral as valetas deverão ser triangulares, situando-se o ponto

mais baixo destas a pelo menos 0.20 metros abaixo do nível do leito do

pavimento.

O seu pano do lado interior deverá ter a inclinação máxima de h / b = 2 / 3. O

pano exterior poderá ter a inclinação do talude de escavação. Por razões de

escoamento poderá tornar-se necessário o revestimento do seu fundo. Caso

seja necessário projectam-se valetas reduzidas, estas deverão ter uma largura

mínima de 1.0 metros, descendo o seu fundo, no mínimo, a 0.20 metros abaixo

do nível inferior da berma.

As inclinações dos panos interiores e exteriores serão sempre inferiores a

h/b = 1/3 e h/b = 1/2, respectivamente.

Estas serão sempre revestidas com betonilha e associadas a drenos, quer

profundos quer de respiração.

A fim de facilitar a drenagem, as valetas poderão ser complementadas com

colectores.

Page 80: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

79

PERFIS TRANVERSAIS TIPO

(Bermas com guarda de segurança)

Fig. 7.4

0,50 m

0,50 m

0,75 m berma pavimentada

3,00 ; 2,50 ou 1,50 m

2,5% 2,5%

berma pavimentada

3,00 ; 2,50 ou 1,50 m

1,20 m

Sob obra de arte muro ou

pilar

2,5% 2,5% Aterro

talude ou valeta faixa de

rodagem

berma com 3,75; 3,35 ou 2,25m

2,5% 2,5%

berma pavimentada

3,00 ; 2,50 ou 1,50 m

1,20 m

Sobre obra de arte

guarda

Page 81: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

80

VALETAS DE PLATAFORMA

(Valeta normal não revestida)

VALETA NORMAL DE FUNDO REVESTIDO

(Com ou sem dreno)

VALETA REDUZIDA (Sempre associada a dreno)

Fig. 7.5

Page 82: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

81

7.4 - SEPARADORES CENTRAIS

O separador inclui as bermas esquerdas, pelo que a sua largura é a

distância entre os bordos interiores das faixas de rodagem unidireccionais.

As larguras mínimas do separador deverão ser as indicadas no Quadro 7.2.

QUADRO 7.2

LARGURA MÍNIMA DOS SEPARADORES

VELOCIDADE BASE (km/h)

LARGURA DO SEPARADOR (m)

MÍNIMO ABSOLUTO MÍNIMO NORMAL

140 e 120 100 80 60

6 5 4

2.6

6 6 5 4

Nos casos particulares em que se adoptem as larguras mínimas absolutas é

necessário efectuar a sua justificação económica.

Nas áreas metropolitanas, e em casos devidamente justificados, poderá

mesmo adoptar-se o mínimo absoluto de 2.0 metros, para velocidades base

superiores a 60 km/hora.

Sempre que o aumento do custo de construção e de conservação seja

aceitável, a largura do separador deverá ser de 13.0 metros, o que permitirá

alargar facilmente a estrada para a estrada do tipo 2 x 3 vias.

No caso de se adoptarem as larguras mínimas indicadas no Quadro 7.2

serão sempre de considerar guardas de segurança, cuja distância ao bordo da

faixa de rodagem será sempre de 1 metro.

Sempre que o separador tenha uma largura igual ou superior a 6.0 metros

deverá ser arborizada a parte central, a fim de melhorar o conforto óptico na

condução nocturna. Neste caso o perfil transversal da parte central do

separador deverá ser em forma de V com inclinação de 10%. Nas figuras 7.6,

7.7 e 7.8 exemplificam-se a configuração normal dos separadores.

Page 83: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

82

PERFIS TRANFERSAIS TIPO

Separador com 6.00 m (V ≥ 80 km/h)

Separador com 13.50 m (V ≥ 120 km/h)

Fig. 7.6

Separador com 4.00 m (V ≤ 100 km/h)

Separador com 2.60 m (V ≤ 80 km/h)

Fig. 7.7

berma pavimentada

arrelvado ou estabilizado berma pavimentada

≥ 4.00

≥ 1.00 ≥ 1.00

Page 84: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

83

PERFIS TRANSVERSAIS TIPO

(Separadores em obras de arte)

Separador ≥ 4.00 m com guarda de segurança

Separador ≥ 4.00 m com barreira de segurança

Separador com 2.60 m

Fig. 7.8

faixa de rodagem faixa de rodagem

Page 85: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

84

7.5 - TALUDES

7.5.1 - TERRENO ONDULADO

A inclinação dos taludes deverá ser definida tendo em consideração:

As características geotécnicas do terreno

A adaptação da estrada à paisagem

A protecção contra desmoronamentos

No entanto a inclinação normal dos taludes (H:b) com altura superior a 2.00

metros será de 2:3.

Os taludes de aterro de altura inferior terão uma base com uma largura

constante de 3.0 metros; o que além de melhorar a segurança, favorece o

aspecto estético da estrada. Quando se pretenda efectuar o arrelvamento dos

taludes a inclinação máxima deverá ser 1:2.

A concordância dos taludes de aterro com o terreno natural deverá ter a

forma côncava. As tangentes dessa concavidade deverão ter 3.00 metros, para

os taludes com altura superior a 2.00 metros. Quando a altura for inferior a 2.00

metros as tangentes poderão ter 1.5 metros.

No intradorso das curvas em escavação a concordância côncava do talude

com a valeta deverá garantir a distância de visibilidade de paragem.

A necessidade de banquetas, a sua largura e espaçamento devem ser

definidas com base no estudo geotécnico. Considera-se porém preferível

diminuir a inclinação dos taludes, pelo que o recurso a banquetas deverá ser

excepcional. Normalmente só deverá recorrer-se a banqueta quando se

pretenda instalar drenos horizontais, controlar a erosão superficial ou

interceptar a queda de rochas. A banqueta deverá ter a largura de 3.00 metros

e uma inclinação transversal de 8 %.

7.5.2 - TERRENO ACIDENTADO OU MUITO ACIDENTADO

No caso da estrada se localizar em terreno acidentado, ou muito acidentado,

os taludes devem ser objecto de cuidados especiais, recomendando-se o

seguinte:

Page 86: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

85

- Adoptar, de preferência, um traçado em corte respeitando a direcção das

diáclases.

- Construir semi-túneis.

- Construir túneis de pequena extensão nos esporões rochosos.

- Reduzir ao mínimo possível a altura dos taludes de corte e aterro, a fim

de não se perturbar o equilíbrio da encosta.

- Construir os muros de suporte de preferência nos cortes e não nos

aterros.

- Efectuar uma drenagem, superficial e profunda, extremamente

cuidadosa.

7.6 - GUARDAS DE SEGURANÇA

As guardas de segurança são utilizadas nas bermas para evitar a colisão

com obstáculos desde que estes se situem a uma distância inferior a 3.5

metros das mesmas.

Devem também ser colocados no separador das estradas com 2 x 2 vias a

fim de se evitar a colisão dos veículos que se despistam com os veículos que

circulam em sentido contrário.

Os separadores centrais terão sempre guardas de segurança desde que a

sua largura (excluídas as bermas esquerdas) seja inferior a 9.00 metros.

A distância mínima das guardas de segurança ao limite da faixa de rodagem

deverá ser de 1.00 metros, e o espaço livre atrás da mesma, para permitir a

sua deformação, de 0.40 metros. As guardas de segurança podem ser flexíveis

e semi-rígidas ou rígidas. Enquanto as flexíveis e semi-rígidas têm como

finalidade absorver a energia cinética dos veículos, as rígidas destinam-se

principalmente a desviar a deflexão dos veículos, sendo a energia dissipada

pela deformação do veículo.

Quanto às bermas direitas, em geral usam-se guardas de segurança desde

que a inclinação dos taludes seja superior a 2/3 e a altura a 3.00 metros.

Deve-se também prever guardas de segurança sempre que haja cursos de

água, via-férrea ou estrada, situadas a menos de 10.00 metros do talude.

O diagrama da figura 7.9 permite determinar a necessidade das guardas de

segurança, tendo em consideração não só a inclinação do talude e a altura do

aterro, como as características do traçado e as condições climáticas. Deverão

ser previstas guardas de segurança nos taludes de aterro desde que:

Page 87: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

86

TMD 2000 e IS 70

TMD > 2000 e IS 50

IS – índice de segurança determinado pelo diagrama da figura 7.9.

No caso de haver um muro de suporte, ou água, na base do talude de

aterro, será considerada uma inclinação do terreno natural de 10 %. Quanto à

altura do aterro soma-se 5h, sendo h a altura do muro de suporte e 8h no

caso de haver água na base do muro de suporte.

As guardas de segurança devem ser sempre conservadas em bom estado,

principalmente as metálicas, sendo essencial manter sempre a sua altura

constante, relativamente à faixa de rodagem. Quando se executem tapetes de

reforço é necessário elevar as guardas de segurança.

Page 88: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

87

GUARDAS DE SEGURANÇA

Fig. 7.9

Page 89: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

88

PERFIS TRANSVERSAIS TIPO

a) Estradas com 2 vias

(IP ● IC)

(outras estradas)

b) Estradas com faixas unidirecionais

V ≥ 100 km/h

V < 100 km/h

Fig. 7.10

3.75 3.75 7.50 7.50 ≥ 6.00 Berma Berma Faixa de rodagem Faixa de rodagem Separador

Plataforma ≥ 28.50

Berma Berma Faixa de rodagem Faixa de rodagem Separador

3.75 3.75 7.00 7.00 ≥ 4.00

Plataforma ≥ 25.50

Page 90: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

89

8 - OPERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA ESTRADA

8.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

O estudo do traçado de uma estrada é um problema difícil. Se é um facto

que toda a resolução de um problema de engenharia, se reveste à partida de

uma certa indeterminação, e são considerações de ordem económica que nos

permitem optar por uma solução mais conveniente, a referida indeterminação é

em geral maior quando se trata de um projecto de uma estrada, pesando muito

na escolha da melhor solução o bom critério do projectista. Não é possível

formular regras concretas, mas é primordial um conhecimento exacto do

terreno em que se vai desenvolver a estrada. O conhecimento do fim que a

estrada tem que cumprir, permitirá avaliar e comparar as diferentes soluções.

Em primeiro lugar terá de se fixar os pontos de passagem obrigatórios do

traçado: povoações, centros industriais, lugares de turismo, etc., e ao fazê-lo

muitas vezes ferindo interesses particulares, tem de se medir cuidadosamente

as vantagens para que a comunidade advirá de um determinado traçado.

Escolhidos os pontos fixos, ou pontos obrigatórios, para uni-los será

necessário vencer uma espécie de obstáculos naturais: uma cadeia de

montanhas, um curso de água, etc. A escolha do local mais conveniente para a

passagem da cordilheira ou do rio deverá fazer-se com todo o cuidado; o curso

de água pode ser pequeno e então a ponte terá pouca importância económica;

mas se se trata de um rio de grande caudal, a escolha do local para se

estabelecer a ponte pode pesar muito no custo total da obra. Na fixação destes

pontos secundários há-de influir principalmente a razão económica, tendo em

conta o conjunto do traçado e a futura exploração da estrada, pode ser

compensador construir uma ponte mais dispendiosa se, em contra partida,

encurtarmos o traçado, ou ser preferível alongar o traçado se assim se evitar

uma ponte demasiado dispendiosa para o tráfego que a estrada vai servir.

Há alguns anos atrás havia a tendência para fazer com que a estrada

passasse pelas localidades. O trânsito era pouco e julgava-se assim fomentar o

desenvolvimento das povoações. Esta ideia está hoje completamente posta de

parte, devido ao aumento espectacular do trânsito rodoviário, e aos

congestionamentos e aumento de acidentes que a passagem nas povoações

Page 91: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

90

provoca. Assim hoje, as Estradas de Portugal (EP) procura desviar as estradas

dos aglomerados urbanos servindo a ligação a estas com pequenos ramais.

Escolhendo os pontos obrigatórios de passagem, fica o engenheiro com o

traçado esboçado nas suas linhas gerais, restando concretizá-lo tendo em

conta as condições do terreno. Para tanto, como já se disse, é fundamental o

conhecimento pormenorizado da zona onde se vai desenvolver o traçado.

Uma carta em escala pequena, 1/20 000 por exemplo, pode ser um

excelente auxiliar para se fixar as diferentes soluções e as zonas interessadas.

Quando não existe carta da região pode proceder-se a um reconhecimento

aéreo com fotografias, estas quando observadas com um estereoscópio,

permitem uma visão do terreno, do relevo. As fotografias geralmente, à escala

1/40 000, são observadas em pares estereoscópios, nelas se procurando os

pontos de identificação certa, o que permite utilizá-los como carta, em primeira

aproximação. É mesmo possível afixação na fotografia de uma poligonal base

que depois é transposta para o terreno, graças a referências que se procuram

nas fotografias e se identificam no terreno. É interessante assinalar que a rede

fundamental de estradas de Angola, ligando por asfalto as principais cidades

cujo estudo e projecto foi executado na década 1954/65, foi na sua maior parte,

e por falta de cartas a escala conveniente, estudo com o auxílio da fotografia

aérea. Dado o grande afastamento entre pontos obrigatórios (por centenas de

quilómetros) e os obstáculos naturais, de que o principal era a própria selva

africana, os reconhecimentos entre pontos obrigatórios tornavam-se muito

difíceis e demorados, exigindo várias tentativas com poligonais provisórias. O

aparecimento da fotografia aérea, permitindo o estabelecimento de uma

poligonal base nas fotografias e o seu posterior transporte para o terreno, veio

facilitar e acelerar os estudos.

As plantas e fotografias são preciosos auxiliares, mas não dispensam um

reconhecimento pormenorizado no campo. Ao percorrer-se o terreno, de posse

dos itinerários de orientação assinalados nas plantas e nas fotografias, deve-se

ir tomando dados precisos que podem influir na escolha da solução: natureza

do terreno (geológica, orográfica e climática), obstáculos naturais importantes,

expropriações e valor dos terrenos, etc.

Page 92: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

91

8.2 - CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA ESTRADA

8.2.1 - VELOCIDADE BASE

Já definida, que depende das possibilidades oferecidas pelo terreno e da

importância da ligação realizada (auto-estradas, itinerários principais e

complementares, estradas nacionais, etc.).

Não é possível sem grandes despesas, alterar depois da estrada construída,

o valor desta velocidade base ou de projecto.

8.2.2 - LARGURA DA FAIXA DE RODAGEM E BERMAS

Depende do tráfego de ponta previsto para a estrada. Esta pode ser

aumentada progressivamente, acompanhando o aumento de tráfego da

estrada, devendo as expropriações iniciais contar com o referido alargamento.

8.2.3 - VALOR DAS CARGAS SOBRE O PAVIMENTO

O código da estrada limita o valor máximo da carga por eixo e a carga

máxima admitida por centímetro de largura de rodado.

A estes elementos de base correspondem, como veremos, características

geométricas da estrada máximas ou mínimas (rampas, raios de curvatura em

planta e perfil, etc).

É claro que, quando se passa à concretização, se deve procurar exceder os

valores mínimos e não atingir os máximos.

8.3 - FACTORES A CONSIDERAR NA ESCOLHA E COMPARAÇÃO DOS TRAÇADOS

Deve o projectista esforçar-se por definir os vários traçados possíveis e a

seguir fazer a sua comparação atendendo a critérios técnicos e económicos.

Page 93: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

92

8.3.1 - RAIO MÍNIMO (PLANTA) E RAMPA MÁXIMA (PERFIL)

Pelas razões atrás expostas e em relação a cada categoria de estradas,

definida pela sua velocidade de projecto, existem valores limites para o raio das

curvas em planta e para a rampa (inclinação dos traineis).

Estes valores limites podem, por vezes, condicionar o traçado. Como já foi

dito não nos devemos prender aos valores máximos ou mínimos, mas procurar

valores intermédios e, se necessário, variáveis.

Todos nós sentimos, em relação a certos erros de traçado nas nossas

estradas, que são pontos onde se acumulam acidentes (pontos negros). As

Estradas de Portugal (EP) em colaboração com o LNEC, tem feito o estudo de

acumulação dos referidos pontos negros com vista à melhoria dos traçados

onde for possível.

É de notar que a maioria das nossas estradas foram construídas há mais de

um século, para a tracção animal, razão porque enfermam de tantos erros de

traçado.

É no entanto de louvar o esforço que a EP tem feito para corrigir,

principalmente nas estradas de maior trânsito, alargando curvas, alargando a

plataforma, construindo pequenas variantes, etc.

8.3.2 - COMPENSAÇÃO DE ATERROS E ESCAVAÇÕES

Em princípio, interessa obter esta compensação, tanto quanto possível, para

não dar lugar a “depósitos” nem a “empréstimos”.

Isto é, devemos procurar que as terras escavadas para a realização do

traçado, sejam suficientes para a execução dos aterros necessários. No

entanto este princípio geral pode ser posto de parte, se a qualidade geotécnica

dos solos assim o aconselhar: por exemplo, pode ser mais conveniente

(embora aumente o volume a movimentar) depositar terras de má qualidade e

ir procurar terras de empréstimo de boa qualidade.

Chama-se também a atenção para o facto de que, com a maioria dos solos e

utilizando processos de compactação eficientes, é possível conseguir

baridades no aterro superiores à baridade natural do solo na trincheira. É

vulgar a baridade no aterro exceder em 10 a 15% a baridade natural do solo.

Page 94: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

93

Sendo assim haverá que contar com uma margem de excesso das escavações

sobre os aterros de 10 a 15 %. Isto justifica-se também pelo facto de ser mais

fácil e económico depositar terras em excesso do que arranjar terras de

empréstimo.

8.3.3 - NATUREZA DOS SOLOS

A qualidade dos solos sob o ponto de vista geométrico, influi muito nos

custos de construção e conservação da estrada. O preço de escavação em

rocha pode ser de quatro a cinco vezes o de escavação em terra. De uma

maneira geral solos constituídos por argilas muito plásticas ou por lodos são de

evitar, quer como suporte do pavimento, quer como material de constituição

dos aterros. Estes tipos de solos são mais frequentes no fundo dos vales (onde

se situam os melhores terrenos agrícolas).

Convirá, sempre que possível, conduzir a estrada no flanco das elevações

(estrada a meia encosta), que além de conduzir a um movimento de terras

económico dado ser feita em perfil transversal, tem ainda a vantagem de

colocar a estrada ao abrigo das cheias.

É necessário proceder-se ao estudo geotécnico do traçado, fazendo o

estudo e classificação dos solos até profundidades que vão de 1.50 a 2.00

metros abaixo do terreno natural nas zonas de aterro, da rasante prevista nas

zonas de escavação.

8.3.4 - CONDIÇÕES ECONÓMICAS

Ao estudar o projecto de uma estrada não se deve considerar apenas as

despesas do primeiro estabelecimento (construção da estrada); é

indispensável, para uma opção acertada considerar também as despesas de

exploração da estrada.

Projecta-se e constrói-se a estrada para fornecer um serviço, o transporte,

que deve realizar-se o mais economicamente possível, e nisso tem influência

decisiva as condições do traçado e do pavimento. As despesas da exploração

são maiores, quanto maiores forem as inclinações das rampas e menores os

raios das curvas, porque a velocidade dos veículos comerciais será mais

Page 95: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

94

reduzida, o desgaste do material será maior e o consumo de combustível

também aumentará; em contra partida o transporte resultará mais económico

se for maior a capacidade dos veículos, ou se se empregarem formações com

reboque ainda que isso obrigue a curvas de raios maiores, estradas mais

largas, rampas menores e uma maior despesa de conservação. O que deverá

ser mínimo não é isoladamente a despesa do primeiro estabelecimento

(construção) mas sim o encargo anual de juro e amortização que esta despesa

representa, somada com as despesas anuais de conservação e exploração, ou

seja chamando a C o encargo anual da estrada:

C = l (i Pe + Pc) + t Pt Mínimo

l – comprimento da estrada em quilómetros

i – taxa de juro e amortização do capital

Pe – despesa de construção (primeiro estabelecimento) por quilómetro

Pc – custo de conservação por ano e por quilómetro

Pt – custo de transporte de tonelada X quilómetro

t – número de toneladas X quilómetro a transportar por ano

Todos estes parâmetros variam com a solução escolhida com excepção de i

e t.

Nas auto-estradas (sujeitas a pagamento de portagem) é necessário ainda

entrar em conta com a redução das despesas de tracção dos veículos, o ganho

de tempo de percurso e o aumento de segurança derivada de existirem duas

faixas de rodagem, uma para cada sentido.

8.4 - RECONHECIMENTO NO TERRENO

Já tivemos ocasião de nos referir ao reconhecimento. Uma estrada pode ser

estudada directamente no terreno, ou então sobre uma carta, ou ainda uma

fotografia aérea. Mesmo nestes dois últimos casos não pode deixar-se de

confirmar no terreno, o traçado estudado na carta (ou fotografia).

Quando existe uma carta topográfica da região onde iremos construir a

estrada, podemos então traçar a sua directriz, visto que as curvas de nível nos

permitem ver a configuração do terreno e as inclinações dos traneis que nela

Page 96: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

95

traçaremos. Este traçado é aproximado, não só porque a carta não nos dá

todos os pormenores do terreno, como também por se tornar necessário ver “in

loco” a natureza dos terrenos de fundação das obras de arte (pontes e

viadutos), observação que pode afastar-nos da solução primitiva.

Uma vez marcado na carta ou na planta topográfica uma poligonal

aproximada passando pelos pontos obrigatórios e devendo ser o mais

“esticada” possível para não alongar desnecessariamente o traçado (isto é, os

ângulos da poligonal devem ser o mais abertos possível), vamos para o campo

fazer o reconhecimento, procurando seguir aquele traçado quanto possível.

É nesta fase que se podem levantar problemas derivados da dificuldade de

transpor para o terreno a poligonal fixada na carta, o que exige a identificação,

nem sempre fácil, de pontos de referência na carta e no terreno. Já com a

fotografia aérea, que traduz a uma escala aproximada os pormenores do

terreno, essa identificação torna-se mais fácil. Os aparelhos fundamentais

utilizados nesta operação são o “eclímetro “ que nos dá a inclinação dos

traineis e o “altímetro” (com que se medem cotas absolutas e portanto

desníveis).

A utilização do eclímetro já foi estudada na topografia mas vamos recordá-la

rapidamente: supondo um reconhecimento em terreno acidentado e supondo

que não podemos exceder uma inclinação dos traineis limite de i% coloca-se o

observador em A (inicio de trainel) e um auxiliar em B (fim do trainel), tendo

este uma bandeirola na qual foi previamente marcada uma referência (por

exemplo um lenço branco amarrado) à altura dos olhos do observador

colocado em A, figura 8.1.

Page 97: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

96

Fig. 8.1

Deve o observador visando através da janela do eclímetro a escala do

aparelho, fazendo a leitura da inclinação em percentagem em correspondência

à referência colocada na bandeirola. Está deste modo a ser definida uma

visada paralela ao terreno e à altura h. Se esta inclinação não excede a

inclinação limite i %, o trainel é admissível. Se excede, o auxiliar colocado em B

vai-se deslocando segundo uma linha de nível normal sensivelmente à

direcção AB , até que o observador assinale que se reduziu o valor igual ou

inferior ao limite, nessa altura assinala o ponto com uma bandeirola cravada no

terreno passando o observador para o ponto B.

No final do reconhecimento fica assinalada com bandeiras no terreno, uma

“poligonal” que servirá de base ao desenvolvimento do estudo. Esta poligonal

deve seguir a direcção geral do traçado, no traçado mais curto possível, sem

que as inclinações limites sejam excedidas.

O mesmo problema pode também ser resolvido sobre uma planta

topográfica a escala conveniente (por exemplo 1/5 000), por um processo já

estudado na cadeira de Topografia e que vamos recordar.

Supondo ainda tratar-se de terreno acidentado – pois se assim não for a

inclinação dos traineis não condiciona a localização dos vértices da poligonal –

e que dispomos da planta topográfica já referida, com curvas de nível.

Pretende-se estabelecer sobre a carta uma poligonal, seguindo a superfície do

terreno com uma inclinação dada.

Page 98: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

97

Fig. 8.2

Seja - e - a equidistância gráfica da carta sobre a qual se pretende traçar,

partindo de M (figura 8.2), a linha M, M1, M2 ....M5 com a inclinação i

previamente fixada.

tgi

i

eMMl 1

Portanto se com o raio – l – e o centro em M descrevermos o arco M’1M1,

obteremos M1, que é um vértice da poligonal procurada; depois com o mesmo

raio e o centro em M1, marcamos M3 e assim sucessivamente.

É de notar que há duas soluções por pontos M, M’1 e M1 M2 e M3 etc.,

porque cada arco corta a curva de nível em dois pontos. Em cada caso

aproveitamos a solução que mais se aproxime da direcção do traçado que

pretendemos.

Se o arco descrito for tangente à curva seguinte teremos uma única solução,

e se não chegar a atingi-la é porque a pendente limite – i – é superior ao maior

declive do terreno, devendo-se então subir com uma inclinação menor.

Page 99: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

98

Os pontos (vértices da poligonal) determinados sobre a planta ou carta terão

depois de ser implantados no terreno, marcando-se com estacas, o que nem

sempre é fácil por falta de referências de identificação.

O mais prático e mais cómodo, e que é o mais corrente, é traçar

directamente no terreno essa linha de inclinação dada pelo processo do

“eclímetro” já acima descrito.

Seja qual for o processo de reconhecimento, no final deste deve ficar

definida no terreno uma poligonal, por meio de bandeirolas ou estacas

cravadas nos seus vértices, definindo em primeira aproximação a directriz da

estrada e os pontos em que esta muda de direcção (vértices da poligonal).

Como já foi dito a qualidade dos solos sob o ponto de vista geotécnico é

muito importante, no sentido de se conseguir um bom comportamento futuro do

pavimento da estrada e a redução das despesas de conservação.

É pois essencial que se faça simultaneamente com a definição geral do

traçado, um reconhecimento de solos (estudo geotécnico), destinado a fornecer

ao projectista informações relativas aos solos e águas subterrâneas, sobre as

quais se possa basear um estudo racional e económico. Estudo este que pode

condicionar a escolha da directriz da estrada e lançamento dos traineis

(rasante) da mesma estrada.

8.5 - PROSPECÇÃO OU RECONHECIMENTO DE SOLOS

Inclui normalmente as seguintes fases:

- Traçado do perfil geotécnico do solo, que inclui a descrição e registo

pormenorizado da natureza, localização e profundidade dos diferentes tipos

de solos e suas condições gerais de humidade. Estes elementos podem ser

obtidos por meio do reconhecimento do campo e pela exploração das

camadas de solo inferiores por furos de prospecção, valas, poços, etc.

Page 100: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

99

- Recolha de amostras no traçado da estrada para classificação das

propriedades físicas dos solos.

- Registo dos elementos colhidos, de modo a fornecer rapidamente os

dados necessários para a elaboração do projecto definitivo da estrada.

Um estudo geotécnico pode ter as seguintes finalidades:

- Determinar a melhor localização da estrada quanto à directriz e à sua

rasante.

- Seleccionar os materiais necessários para os aterros, quer provenientes

dos troços em escavação, quer dos empréstimos quando sejam

necessários.

- Determinar a inclinação mais conveniente para os taludes de aterro e

escavação.

- Determinar o tipo e localização da drenagem.

- Determinar a necessidade e tipo de estabilização de solos.

- Estudar o tipo de pavimento a adoptar e o seu dimensionamento.

Dá-se a seguir o exemplo de um perfil geotécnico de um solo, figura 8.3. As

escalas a adoptar no desenho do perfil longitudinal serão 1/1000 para as

distâncias horizontais e 1/100 para as alturas.

Nele se representa o nível freático, sempre que for encontrado. A

profundidade mínima dos furos de prospecção é de 1.50 m abaixo da rasante

(zonas em escavação) e 2.00 m abaixo do solo natural (zonas em aterro).

Page 101: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

100

Fig. 8.3

Page 102: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

101

8.6 - ESTUDO DO EIXO DA ESTRADA

Feito o reconhecimento ficamos com uma poligonal definida no terreno, que

depois de eventuais correcções julgadas necessárias, nos dá um conhecimento

dos pontos por onde a estrada deve passar.

Vamos agora marcar e referenciar o seu eixo com aparelhos de maior

precisão.

Tomamos uma estaca com a cabeça pintada a tinta e numerada com o nº 1

nas faces, cravamo-la no terreno no ponto inicial, e estacionamos o

taqueómetro sobre ela. Em seguida fazemos uma visada para o primeiro

vértice da poligonal I), determinado na operação de reconhecimento.

Verificamos a inclinação da visada, agora com mais rigor que na fase do

reconhecimento. No ponto I crava-se nova estaca e muda-se o taqueómetro

para esse ponto I onde estacionamos, tendo o cuidado de fazer coincidir a

direcção zero azimutal com a direcção I1 já definida, para que ao visarmos II

(novo vértice da poligonal o ângulo lido na linha azimutal seja o ângulo interno

dos dois lados da poligonal.

Estes ângulos são inferiores a 180º, e são designados com a letra – E –

caso da figura 8.4, ou – D – conforme a inflexão do traçado seja para a

esquerda ou para a direita. Notar que no caso do ângulo direito deve ser a

direcção III a coincidir com o zero azimutal para que ao visar o ponto

anterior 1 seja directamente lido o ângulo interno. É de notar que se pode

dispensar o cuidado de fazer coincidir uma das direcções com o zero azimutal,

desde que a diferença das duas leituras no caso de ser maior que 180º (ou 200

grados) seja subtraída de 360º (ou 400 grados), obtendo-se assim o ângulo

interno, que será designado como já se disse com a letra E ou D conforme a

sua direcção.

Page 103: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

102

Fig. 8.4

Definido o novo vértice II de modo análogo ao que foi indicado para definir I

e medido o ângulo 1I-II (AE nº1), aproveitamos ter o taqueómetro em estação

para marcar os pontos de tangencia T1 e T’1 e o ponto bissectriz B1 da curva

circular de concordância dos dois alinhamentos rectos, depois de escolhido a

raio da curva. A marcação destes pontos fundamentais da curva circular é feito

pelo processo já descrito quando se tratar das curvas circulares.

Em seguida, mantendo sempre o aparelho em estação, vamos definir os

pontos do alinhamento I1 em que o terreno muda de inclinação, figura 8.5.

Cravamos nesses pontos estacas numeradas por ordem: 2, 3, 4,... e medimos

as distâncias entre pontos (perfis) e as distâncias à origem (valores

acumulados das distâncias entre perfis , que figuram na caderneta de perfil

longitudinal e no desenho deste.

As estacas I, II, III,... são as estacas de ângulo, que definem os vértices da

poligonal, mas que não fazem parte do eixo da estrada.

Estas estacas de vértice devem numa 2ª fase ser substituídas por marcos de

betão, apresentando na face superior as duas diagonais traçadas, cuja

intersecção corresponde ao vértice. Esta marcação dos vértices com marcos

podem durar meses ou mesmo anos, e os vértices são pontos fundamentais

para permitirem o restabelecimento do traçado.

Page 104: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

103

Fig. 8.5

8.6.1 - CADERNETA DE PLANTA

Vimos como se determinam os elementos necessários para definir em

planta, o eixo da estrada, figura 8.6.

Fig. 8.6

Os pontos bissectriz e de tangencia marcam-se com estacas nas quais é

escrito em todas as faces o número de ordem do perfil, seguido

respectivamente das letras - B - ou -T - com um índice que é o número da

curva (se necessário, por exemplo de no desenvolvimento da curva houver

desníveis do terreno esta é piquetada com mais pontos intermédios).

Todos os elementos referentes à directriz, são registados numa caderneta

de planta.

Page 105: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

104

8.6.2 - LEVANTAMENTO TAQUEOMÉTRICO

Refere-se a uma faixa com largura variável, dependente da categoria da

estrada, e em relação à qual se representam todos os pormenores

planimétricos e altimétricos da mesma, representação a curvas de nível da

configuração do terreno, com todos os pormenores, tais como: construções,

limites de propriedade, cruzamentos com estradas ou vias-férreas, etc. Este

levantamento, em geral, não se executa simultaneamente com o traçado do

eixo, podendo as estações taqueométricas coincidir ou não com as estacas do

estudo. No caso de não coincidirem devem as duas poligonais ficar

devidamente amarradas, isto é, referenciadas.

Ao proceder-se ao levantamento deve anotar-se os seguintes elementos:

- Nome dos proprietários dos terrenos

- Natureza das culturas

- Valores dos terrenos (valor corrente na região)

- Natureza geológica dos terrenos, de acordo com uma classificação

simples: rocha dura, branda, terra dura, compacta ou franca, etc.

8.6.3 - PLANTA GERAL

Com os elementos tirados da caderneta de planta taqueométrica, desenha-

se a planta geral, uma das peças desenhadas do projecto, geralmente à escala

20001 .

8.6.4 - PLANTA PARCELAR

Com os mesmos elementos e, ainda, com os que resultam do desenho dos

perfis transversais, pela marcação para um e outro lado do eixo da estrada, os

comprimentos l1 e l2 das larguras ocupadas pelo perfil transversal, figura 8.7,

obtém-se unindo os pontos resultantes, duas linhas que limitam a área mínima

do terreno a expropriar, figura 8.8. Assim se obtém a planta parcelar,

geralmente representada à escala 1/1 000.

Page 106: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

105

Fig. 8.7

Nesta planta deve figurar, além do nome dos proprietários, a natureza das

culturas e a área de cada parcela a expropriar.

Fig. 8.8

Não se deve confundir faixa de domínio público, com zonas de servidão “non

aedificandi” (não construção), nos terrenos confinantes com as estradas

nacionais, dentro das quais não é permitida qualquer construção (salvo

vedações). Quando se torna embaraçoso escolher no campo o eixo da estrada,

como por exemplo numa zona edificada, convém fazer o levantamento

taqueométrico e em seguida, o estudo do traçado do eixo a partir dessa planta,

verificando-se posteriormente, no terreno a sua viabilidade.

Page 107: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

106

8.6.5 - NIVELAMENTO TRANSVERSAL

A finalidade deste nivelamento é obter secções transversais do terreno

segundo planos normais à directriz, passando pelos pontos definidos na

caderneta de nivelamento (perfis). Com os elementos obtidos no trabalho de

campo desenham-se os perfis transversais, figura 8.9, geralmente à escala

1/200. Além de fornecerem os dados que permitem desenhar a planta parcelar,

servem os perfis transversais para fazer o cálculo do movimento de terras,

depois de determinadas as áreas respectivas como adiante se verá.

Se houver necessidade de recorrer a muros de suporte ou de espera, eles

deverão constar dos perfis transversais. A peça desenhada do projecto de que

constam os perfis transversais, inicia-se pelo perfil transversal tipo, geralmente

à escala 1 / 50.

Fig. 8.9

Pelo exposto se vê que o eixo da estrada só fica definido no “trabalho de

campo” no que se refere à sua planta.

O seu perfil longitudinal só ficará definido no “trabalho de gabinete”, pelo

lançamento dos trainéis e suas concordâncias, como a seguir se estudará.

Page 108: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

107

9 - PROJECTO DA ESTRADA

9.1 - FASES DO PROJECTO DE UMA ESTRADA

O processo de elaboração de um Projecto de Infra-Estruturas

Rodoviárias tem diferentes e variadas fases. Pode considerar-se como um

ciclo, que pode ter o seu fecho com a desactivação da via, ou continuar

ininterruptamente, através da renovação e remodelação desta, consoante o

tempo de vida útil considerado para tal infra-estrutura.

As fases de desenvolvimento do Projecto devem ser acompanhadas

pela internalização da dimensão ambiental. Seguidamente apresenta-se a

vertente associada ao Projecto.

9.1.1 - FASES DO PROJECTOQ

Estudo de Viabilidade do Projecto

Programa Preliminar/ Programa base

Estudo Prévio

- Estudo de Viabilidade dos Corredores

- Estudo de Viabilidade de Traçados

- Estudo Prévio

Projecto de Execução

- Ante-Projecto ou Projecto Base

- Projecto de Execução, ou simplesmente Projecto

Todo o processo começa com a realização de um Estudo de Viabilidade,

o qual avalia preliminarmente da necessidade da estrada, em termos de

tráfego, da geologia local, do ambiente e em termos de rentabilidade

económica.

No caso de não terem sido especificadas outras condições, o Estudo de

Viabilidade é constituído por peças escritas e desenhadas, e a sua

Organização obedecerá ao Caderno de Encargos da EP, quando o mesmo

seja o Promotor.

Page 109: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

108

9.2 - ESTRUTURA TIPO DE UM ESTUDO DE VIABILIDADE

VOLUME I – ESTUDO RODOVIÁRIO

Peças Escritas

– Memória Descritiva e Justificativa

– Medições e Estimativa de Custos

- Peças Desenhadas

VOLUME II – ESTUDO DE TRÁFEGO

– Plano de Trabalhos de Campo

– Análise, Validação e Tratamento dos Dados Recolhidos

– Relatório

VOLUME III – ESTUDO GEOLÓGICO – GEOTÉCNICO

– Memória Descritiva e Justificativa

– Peças desenhadas

VOLUME IV – ESTUDO PRELIMINAR DE AVALIAÇÃO DE IMPACTES

– Relatório de Avaliação Preliminar de Impactes

– Relatório Patrimonial

– Peças Desenhadas

VOLUME V – ESTUDO DE RENTABILIDADE ECONÓMICA

COBERTURA AEROFOTOGRÁFICA

Após a definição das necessidades de Vias Rodoviárias, em sede de

Plano ou Programa, elabora-se um programa preliminar (ou equivalente), que

serve de suporte ao lançamento de um Estudo Prévio.

Page 110: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

109

9.3 - ESTUDO PRÉVIO

Na fase inicial do Estudo Prévio, procede-se à elaboração do Estudo de

Viabilidade de Corredores.

Esta etapa centra-se na análise de Corredores à escala 1:25.000 em

termos rodoviários e ambientais, tendo em vista a viabilização e sua selecção,

e a subsequente cobertura aerofotográfica e restituição para desenvolvimento

dos traçados à escala 1:5.000.

O Estudo de Viabilidade dos Corredores pressupõe, assim, uma análise

crítica dos Corredores em função do diagnóstico e avaliação de impactes das

grandes condicionantes legais e territoriais que se localizam na área em

estudo. Embora os Corredores, nesta fase, sejam desenvolvidos à escala

1:25.000, as escalas de análise serão flexíveis, dada a especificidade e

significado das questões chave identificadas.

O Estudo de Viabilidade de Corredores tem de ser formalmente

aprovado (EP). Após a aprovação dos Corredores viáveis, do ponto de vista

técnico, ambiental e económico, passa-se à fase de desenvolvimento dos

Traçados, que se consubstancia no Estudo de Viabilidade de Traçados.

9.4 - ESTUDO DA VIABILIDADE DE TRAÇADOS

Esta fase centra-se numa análise dos Traçados à escala 1:5.000 em

termos rodoviários e ambientais, na perspectiva da sua optimização e

garantindo a sua estabilização no subsequente desenvolvimento do Estudo

Prévio.

A abordagem metodológica deverá incluir a aferição da situação

existente com base em reconhecimento de campo e o diagnóstico da situação

prevista.

Pretende-se, quer um maior detalhe na análise das situações

problemáticas identificadas na fase anterior, quer a actualização da informação

à escala do Estudo Prévio, o que implicará necessariamente a realização do

trabalho de campo e, para casos concretos, novas diligências junto das

Entidades com responsabilidade na gestão do território.

Page 111: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

110

No sentido de viabilizar os Traçados em estudo, a análise deve ser

efectuada em planta e perfil longitudinal, considerando o Nível de Serviço (NS)

adequado à categoria da estrada em causa, considerando as características

geométricas adequadas à tipologia da estrada e apresentadas as geometrias

das ligações, tendo sempre em consideração a articulação com a rede viária

existente e/ou prevista. A localização e geometria das ligações deverão ter em

consideração os valores de tráfego já obtidos, com base nos trabalhos de

campo efectuados, de modo a garantir o Nível de Serviço exigido.

Deve ser feita uma análise comparativa dos Traçados, integrando as

vertentes rodoviárias, ambientais e sociais. Esta análise deve, também, ter em

consideração a extensão das Soluções, a estimativa de custos, a afectação de

tráfego e as ligações com a rede rodoviária existente e/ou prevista.

No Estudo Prévio, partindo do nível de serviço tráfego, condições

ambientais e económicas definem-se as opções e definições de traçado, perfis

(longitudinal e transversal tipo), nós de ligação e intersecções, entre outros

aspectos. No caso de não terem sido especificadas outras condições, o Estudo

Prévio é constituído por peças escritas e desenhadas e a sua Organização

deve seguir o Caderno de Encargos da EP.

9.5 - ESTRUTURA TIPO DO ESTUDO PRÉVIO (EP)

VOLUME I – ESTUDO RODOVIÁRIO

Peças Escritas

– Memória Descritiva e Justificativa

– Medições e Estimativa de Custos

Peças Desenhadas

VOLUME II – ESTUDO DE TRÁFEGO

– Plano de Trabalhos de Campo

– Análise, Validação e Tratamento dos Dados Recolhidos

– Relatório

Page 112: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

111

VOLUME III – ESTUDO GEOLÓGICO – GEOTÉCNICO

Peças Escritas

– Memória Descritiva e Justificativa

– Prospecção Geotécnica e Ensaios

Peças Desenhadas

VOLUME IV – ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL

Peças Escritas

– Resumo Não Técnico

– Relatório Síntese

– Relatórios Técnicos

– Anexos

Peças Desenhadas

VOLUME V – ESTUDO DE RENTABILIDADE ECONÓMICA

COBERTURA AEROFOTOGRÁFICA E CARTOGRAFIA

Fonte: EP, 2006

9.6 - PROJECTO DE EXECUÇÃO

O Projecto de Execução compreende uma etapa inicial na qual se

pormenoriza o Traçado, dentro do corredor aprovado em Estudo Prévio, a qual

é concluída com a apresentação do Projecto Base.

O Projecto de Execução é constituído por peças escritas e desenhadas,

e a sua Organização obedecerá ao Caderno de Encargos da EP.

Page 113: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

112

9.6.1 - PROJECTO DE EXECUÇÃO INCLUI OS SEGUINTES PROJECTOS PARCELARES

P0 – Projecto Geral

P1- Terraplenagens

P1.1. – Traçado

P1.2. Geologia e Geotecnia

P1.3. Terraplenagens Gerais

P2-Drenagem

P3- Pavimentação

P4-Obras Acessórias

P4.1. – Vedações e Caminhos Paralelos

P4.2. – Obras de Contenção

P4.3.- Serviços Afectados

P4.4.-Telecomunicações

P4.5.- Iluminação

P4.6- Desvios de Emergência

P5.- Sinalização e Segurança

P6 - Obras de Arte do tipo passagens superiores e obra de arte dos nós

P7 - Obras de Arte correntes do tipo passagens inferiores, agrícolas e

hidráulicas especiais

P8 - Obras de Arte especiais

P9 - Túneis

Estudo de

Consoante a fase de Projecto que se esteja a considerar (Estudo de

Viabilidade, Estudo Prévio, Ante-Projecto ou Projecto Base e Projecto de

Execução), as escalas a utilizar serão diferentes, dada a diferença de pormenor

na abordagem a efectuar.

Page 114: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

113

10 - PERFIL LONGITUDINAL

10.1 - RASANTE DA ESTRADA E SEU LANÇAMENTO

O perfil longitudinal é constituído por traineis e concordâncias circulares

verticais. A definição do perfil longitudinal deve ter em consideração a

topografia, o traçado em planta, a distância de visibilidade, a segurança, os

custos de construção, a drenagem e a integração no meio ambiente.

Em terreno plano o perfil longitudinal é normalmente controlado pelas

exigências de drenagem. Em terreno ondulado, é aconselhável que o perfil

longitudinal também o seja, o que aliás muitas vezes tem vantagens

económicas. No entanto deve ter-se em consideração o aspecto estético do

traçado. Com efeito, um alinhamento recto que tenha várias quebras visíveis a

grande distância deve ser evitado sempre que possível.

No caso de terreno difícil, o perfil depende essencialmente dos

condicionamentos topográficos. A comparação de perfis alternativos deve ter

sempre como base a sua análise económica.

Deve-se procurar cingir a estrada ao terreno, de modo a diminuir o custo da

construção. Quando o nível freático estiver próximo da superfície do terreno

natural, a rasante deverá ser definida de modo a ficar suficientemente afastada

daquele.

No lançamento de trainéis deverá atender-se às condições seguintes:

- A inclinação de um trainel não poderá exceder a rampa limite fixada para

a velocidade base em estudo, nem deverá ser inferior a 0.5 %.

- Os traineis serão lançados entre pontos de cota conhecida, isto é,

amarrados aos perfis do terreno (para se poder calcular com rigor as

inclinações respectivas), podendo cruzar fora da cota do terreno, mas

sempre na linha do perfil.

- A rasante deverá conduzir a um movimento de terras económico, isto é,

mínimo, em que haja, sensivelmente, compensação entre os volumes de

aterro e escavação, para não ser necessário contrair empréstimos nem

efectuar depósitos de terras. Como já atrás foi referido a operação da

Page 115: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

114

compactação, quando bem executada conduz normalmente a baridades no

terreno superiores às baridades naturais em trincheira, dando assim origem

a um fenómeno de contracção que, para a maioria dos solos pode ser de 10

a 15 %. Para prever esta possibilidade, e no caso de não terem sido feitos

ensaios permitindo, e função dos solos, uma medição mais rigorosa do

referido coeficiente, aconselha-se a lançar a rasante de tal modo que as

áreas de escavação excedam em 10 a 15 % as áreas do aterro.

- Geralmente é mais económico depositar terras do que contrair

empréstimos, podendo estes últimos obrigar a expropriações

suplementares. Sendo assim é preferível correr o risco de vir a ter no final

do movimento de terras, um ligeiro excesso de terras, a ter falta das

mesmas.

- No lançamento da rasante é fundamental criar condições para que a

drenagem pluvial seja facilitada. A inclinação mínima dos traineis de 0.5 %

referida já, é com vista a evitar os chamados “patamares” (traineis sem

inclinação) e portanto melhorar as condições de drenagem da estrada.Com

o mesmo objectivo, outras regras podem ser apontadas:

Evitar zonas baixas da rasante, coincidindo com zonas em

escavação.

Evitar zonas contínuas em escavação muito extensas

(superiores a 200 metros), para não haver acumulação excessiva de

águas nas valetas.

Deverá procurar-se uma coordenação entre o perfil longitudinal

e a planta.

- Deve evitar-se o mais possível, taludes de escavação ou aterros com

alturas superiores a 6.00 metros, para evitar ou reduzir ao mínimo, os

problemas de instabilidade de taludes (erosão e escorregamento).

Page 116: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

115

10.2 - TRAINÉIS

10.2.1 - INCLINAÇÃO MÁXIMA

Nos traineis com grande inclinação, e extensão apreciável, deve-se

considerar a redução da velocidade, sobretudo no caso dos veículos pesados,

do que resulta uma diminuição do nível de serviço e aumento do custo de

exploração. Deve-se também considerar a necessidade de maiores distâncias

de travagem nas descidas.

A inclinação máxima dos traineis, deverá ser a constante do Quadro 10.1.

Os traineis com a inclinação máxima referida neste quadro não deverão ter

extensões superiores a três quilómetros, mesmo que sejam construídas vias

suplementares para ultrapassagem dos veículos lentos.

No caso do terreno acidentado os limites referidos no Quadro 10.1 poderão

ser aumentados de 1 % em traineis com a extensão máxima de 600.00 metros,

e de 2 % em traineis com a extensão máxima de 300.00 metros.

QUADRO 10.1

INCLINAÇÃO MÁXIMA DOS TRAINEIS

VELOCIDADE BASE (km / h)

INCLINAÇÃO MÁXIMA DESEJÁVEL

%

40 60 80

100 120 140

8 7 6 5

4 (a) 3

(a) Em auto-estradas a inclinação máxima deverá ser 3 %

As inclinações máximas referidas no Quadro 10.1 são satisfatórias para a

maioria das situações e permitem normalmente terraplenagens económicas.

No entanto no caso do terreno acidentado se as implicações das inclinações

máximas no custo de construção, e no meio ambiente, forem demasiado

severas deve-se proceder a um estudo económico comparativo dos custos de

construção e ambientais com os custos de exploração (tempo, combustíveis e

acidentes). Em geral, os estudos económicos revelam que embora haja nítidos

Page 117: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

116

encargos para os utentes com o recurso a inclinações superiores às desejáveis

o aumento de custos resultante de um perfil mais suave, só se justifica

normalmente para volumes de tráfego muito elevados.

Na zona das intersecções a inclinação do trainel da estrada principal deverá

ser no máximo, 4%.

10.2.2 - INCLINAÇÃO MÍNIMA

Devem-se evitar traineis com muito pequena inclinação, sobretudo quando

coincidirem com uma sobreelevação também diminuta.

A inclinação mínima dos traineis deverá ser 0.5 %, a fim de se assegurar

uma drenagem satisfatória das águas superficiais.

Nas zonas em curva a inclinação do trainel deve ser superior à inclinação do

desenvolvimento da sobreelevação, ou seja:

i - i = 0.5 %

i = inclinação do trainel

i = inclinação longitudinal do bordo exterior da faixa de rodagem em

relação ao eixo (%).

10.2.3 - EXTENSÃO CRÍTICA DOS TRAINEIS

A inclinação máxima não assegura por si só o necessário controlo dos

traineis. Com efeito, é necessário considerar também a sua extensão, que é

tão importante como a inclinação, pois afecta, o nível de serviço, e as perdas

de tempo dos veículos. O critério normalmente adoptado para a definição da

extensão crítica dos traineis é baseado na diminuição da velocidade dos

veículos pesados, relativamente à dos ligeiros. Consequentemente, a extensão

crítica de um trainel é a máxima extensão que um trainel pode ter sem provocar

uma excessiva redução da velocidade dos veículos pesados.

Como é sabido, seja qual for a velocidade média de tráfego, quanto maior for

a diferença entre as velocidades dos veículos e essa média, maiores são as

probabilidades de acidentes.

De acordo com o estudo dos acidentes com veículos pesados verifica-se

que o número de veículos envolvidos é tanto maior quanto menor é a sua

Page 118: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

117

velocidade relativamente à velocidade média do tráfego, relação esta que é

logarítmica. A taxa de envolvimento para uma diminuição de velocidade dos

pesados de 25 km/hora é nove vezes maior do que quando é idêntica à dos

ligeiros.

Verifica-se ainda que a taxa de envolvimento cresce muito rapidamente para

uma diminuição de velocidade superior a 15 km /hora.

Admitindo que a velocidade dos veículos pesados no início é de 90 km/hora,

as extensões críticas são as indicadas no Quadro 10.2.

QUADRO 10.2

EXTENSÃO CRÍTICA DOS TRAINEIS

INCLINAÇÃO DO TRAINEL

3% 4% 5% 6% 7% 8%

EXTENSÃO CRÍTICA

(m)

420 300 230 180 150 120

Estes valores são essencialmente um guia para os projectistas. Quando a

extensão crítica de um trainel é excedida, em princípio, é de considerar uma via

especial para os veículos lentos, principalmente quando os volumes, e a

percentagem de veículos pesados, são elevados.

10.2.4 - COTAS DE TERRENO, PROJECTO E TRABALHO

No perfil longitudinal há elementos gráficos e elementos obtidos pelo cálculo,

sendo importante distinguir as duas fases.

Fixada a origem dos eixos coordenados marcamos em abcissas os

sucessivos perfis pelas suas distâncias à origem, e não pelas distâncias entre

perfis para evitar acumulação de erros.

Pelos pontos do eixo horizontal representativos dos perfis do terreno,

traçamos linhas verticais (ordenadas) e, sobre elas, marcamos as cotas

correspondentes do terreno (cotas pretas).

Já dissemos quais as escalas a adoptar nestas representações. Na

marcação das cotas pode convir tomar para a superfície de referência não o

zero, mas 100, 200,... conforme a altitude média do traçado, ou mesmo uma

Page 119: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

118

superfície variável, quando o desenho, pela sua amplitude vertical, caia fora

dos limites do papel. Nesse caso em determinado perfil, dá-se ao desenho um

deslocamento vertical no sentido conveniente.

Uma vez obtido o perfil longitudinal do terreno, depois de se unirem os

pontos representativos da sua posição, lançam-se os traineis, atendendo às

regras já referidas.

Suponhamos que, atendendo ao que foi dito, se obtinha o perfil da figura

10.1, com um trainel entre A e C e outro entre C e B.

As inclinações dos traineis são respectivamente:

ac

ac

ac

ca

D

HH

D

htgi

1

Hc – cota de C

Ha – cota de A

Dac – projecção horizontal de AC

cb

cb

cb

bc

D

HH

D

htgi

2

Hb – cota de B

Dcb – projecção horizontal de CB

HQ – cota do terreno (cota preta)

HS – cota de projecto (cota vermelha)

QS – cota de trabalho (cota azul)

O cálculo da inclinação dos traineis deve ser feito com seis casas decimais.

Page 120: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

119

Fig. 10.1

Obtidas as inclinações dos traineis pode determinar-se as cotas de projecto,

isto é, as cotas dos pontos da rasante correspondentes aos perfis. Vejamos

como são calculadas as que ficam nos segmentos rectos dos traineis, deixando

para o parágrafo seguinte o seu cálculo na extensão das concordâncias dos

traineis.

A cota de projecto, por exemplo do perfil 3, será dada por:

H S = Ha + i1 X d

Ha – cota de terreno de A

i1 – inclinação do trainel AC

d – distância do perfil considerado à origem

Como vemos para o mesmo trainel só varia o - d -. Para o trainel CB é

análogo simplesmente a inclinação i2 é negativa (trainel a descer) e o - d - não

é dado por uma distância à origem mas sim por diferença de distâncias à

origem.

Às diferenças entre as cotas do projecto e as cotas do terreno dá-se o nome

de cotas de trabalho (cotas azuis). Estas cotas podem ser positivas ou

S

Page 121: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

120

negativas conforme sejam se aterro ou de escavação, e representam a altura a

aterrar ou a escavar, no perfil considerado, para a realização da cota de

projecto.

Assim em relação ao perfil nº 3, a diferença entre HS e HQ é a cota de

trabalho QS do perfil 3.

Page 122: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

121

Fig. 10.2

Page 123: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

122

10.3 - CONCORDÂNCIAS VERTICAIS

10.3.1 - CONDIÇÕES A ASSEGURAR

Dois traineis consecutivos deverão ser concordados por meio de curvas

circulares ou parabólicas, tendo por finalidade:

- Garantir a segurança de circulação, permitindo distâncias de visibilidade

igual ou superior à distância de visibilidade de paragem

- Assegurar uma circulação cómoda sob o ponto de vista dinâmico

- Proporcionar condições de comodidade óptica.

As duas primeiras condições são garantidas por meio de curvas de raio R

suficientemente grandes e a terceira é satisfeita pelo estabelecimento de

comprimentos mínimos para as concordâncias de traineis de pequena

inclinação relativa.

Das duas curvas preconizadas adopta-se a circular, nos cálculos que

obedecem a programa de computador, e a curva parabólica nos cálculos

correntes em gabinete, pela sua maior facilidade de aplicação.

10.3.2 - RAIOS MÍNIMOS DAS CONCORDÂNCIAS CONVEXAS

Estes raios mínimos são estabelecidos de modo a assegurar uma distância

de visibilidade igual ou superior à distância de visibilidade de paragem, para

assim se garantir a segurança de circulação.

Aplicando o teorema de Pitágoras aos triângulos - OAC - e - OCB -, teremos:

D’2 = (1.2 + R)2 – R2

D’’2 = (0.1 + R)2 – R2

Desenvolvendo os quadrados e simplificando:

D’2 = 2.4 x R + 1.22

D’’2 = 0.2 x R + 0.12

Nestas expressões podemos desprezar aos quadrados dos segundos

membros. Sendo assim, calculamos:

Page 124: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

123

D’2 + D’’2 = 2.6 x R

D’ * D’’ = R 2.04.2 = 0.7 x R

Fig. 10.3

Da figura 10.3:

D.V.P. = D = D’ + D’’

Donde quadrando ambos os membros:

D2 = D’2 + D’’2 + 2 x D’ x D’’

Fazendo a substituição pelos valores calculados:

D2 = 2.6 x R + 2 x 0.7 x R

D2 = 4 x R ou R = 0.25 x D2

No Quadro 10.3 indicam-se os raios mínimos, bem como os

desenvolvimentos mínimos das concordâncias convexas.

Page 125: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

124

QUADRO 10.3

RAIO MÍNIMO DAS CONCORDÂNCIAS CONVEXAS

VELOCIDADE

(km/h)

RAIO MÍNIMO DESENVOLVIMENTO MÍNIMO

RAIO MÍNIMO ULTRAPAS-

SAGEM (b) (m)

ABSOLUTO (a) (m)

NORMAL (m)

ABSOLUTO (a) (m)

NORMAL (m)

40 50 60 70 80 90 100 110 120 140

1500 1500 2000 3000 5000 7500 9000 12000 14000 20000

1500 2100 3000 4200 6000 8500 12500 13000 16000 20000

40 50 60 70 80 90 100 110 120 140

60 60 120 120 120 120 120 120 120 140

2500 4500 6500 8000 11000 14000 17000 22000 28000 28000

(a) Só aceitáveis em estradas com faixas de rodagem unidireccionais

(b) Asseguram a visibilidade necessária para ultrapassar um veículo rodando a uma

velocidade igual ou inferior a 90 km/hora

10.3.3 - RAIOS MÍNIMOS DAS CONCORDÂNCIAS CÔNCAVAS

Nas concordâncias côncavas há que considerar a visibilidade na condução

nocturna e as limitações impostas pela comodidade, devido à força centrífuga.

No entanto estas últimas são menos condicionantes que a condição de

visibilidade, pelo que é suficiente assegurar esta última.

Assim, deverá assegurar-se, apenas, que os faróis iluminem uma distância

nunca inferior à distância de visibilidade de paragem.

Sendo o comprimento da estrada iluminado na frente da viatura função do

raio de curvatura – quanto menor este for, menor será o campo de visão –

calculamos tal raio para uma distância igual à distância D, supondo que os

faróis da viatura projectam um cone de luz com 2 graus de abertura e que se

situam a uma altura do solo ED = h = 0.75 m, figura 10.4.

Page 126: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

125

Fig. 10.4

Os triângulos – CDB – e – DBF – são semelhantes, pelo que:

DF

DB

DB

CD

Mas DB = D e DF = 2 X R

Substituindo CD

DR

2

2

Calculemos agora o valor de CD :

CD = h + CB X tg 1º = 0.75 + D X tg 1º

CB D

tg 1º = 0.0175

CD = 0.75 + 0.0175 X D

Expressão que substituída na expressão de cima resulta:

D

DR

035.05.1

2

Assim se obtém a fórmula que limita inferiormente os valores mínimos dos

raios nas concordâncias côncavas. Por razões de ordem estética, e tal como se

fez as concordâncias convexas, estabelecem-se para os traineis que formam

Page 127: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

126

ângulos próximos de 200 grados comprimentos mínimos para as

concordâncias convexas.

No Quadro 10.4, indicam-se, para cada velocidade base, os valores dos

raios e desenvolvimentos mínimos das concordâncias côncavas.

QUADRO 10.4

RAIO MÍNIMO DAS CONCORDÂNCIAS CÔNCAVAS

VELOCIDADE (km/h)

RAIO MÍNIMO (m)

DESENVOLVIMENTO MÍNIMO

(m)

40 50 60 70 80 90

100 110 120 140

800 1200 1600 2500 3500 4500 5500 6000 7000 8000

60 60

120 120 120 120 120 120 120 140

10.3.4 - EXPRESSÕES ANALÍTICAS

Como já foi dito, a curva de concordância utilizada é a parábola de 2º grau.

Consideremos dois traineis VA eVB , a concordar por um arco de

circunferência de raio R, e sejam i1 e i2 as suas inclinações.

Consideremos um sistema de eixos coordenados XOY, com origem no ponto

O de tangente horizontal, figura 10.5.

Fig. 10.5

Page 128: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

127

Vamos estabelecer as seguintes convenções de sinais:

- As inclinações são positivas ou negativas conforme o trainel suba ou

desça, relativamente ao sentido crescente dos XX positivos.

- O raio R é positivo quando a curva volta a convexidade para cima

(concordâncias convexas) e negativo quando volta a convexidade para

baixo (concordâncias côncavas).

No sistema de eixos considerado, figura 10.5, o círculo tem por equação:

x2 + ( y + R )2 = R2

x2 = - 2 x R x y – y2

Como R é determinado com um valor grande em relação a y, podemos, na

expressão acima, desprezar y em face de 2 X R, e temos:

yRx 22

Ou

R

xy

2

2

(equação 10.1)

Que é a equação de uma parábola do 2º grau – o círculo foi substituído por

uma parábola de eixo vertical.

10.3.4.1 -PONTOS DE TANGÊNCIA

Vamos agora determinar as coordenadas dos pontos de tangencia T1 e T2,

figura 10.5.

O coeficiente angular da tangente à parábola em qualquer ponto, obtém-se

derivando a equação 10.1 em ordem a x:

R

x

dx

dy

Mas nos pontos de tangencia os coeficientes angulares das tangentes, são

por definição, i1 e i2, logo as abcissas dos pontos de tangencia são:

xT1 = -R x i1

xT2 = - R x i2

Page 129: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

128

As ordenadas correspondentes são obtidas substituindo os valores de xT1 e

xT2 na equação da parábola:

2

2

11

iRyT

2

2

22

iRyT

10.3.4.2 - PARÁBOLA REFERIDA AOS PONTOS DE TANGÊNCIA

Com os valores determinados, vamos fazer uma mudança de eixos

coordenados, passando a origem do vértice da parábola (ponto de tangencia

horizontal) para um dos pontos de tangencia.

Consideremos o sistema de eixos X1T1Y1 com origem no ponto de tangencia

T1, figura 10.6.

Fig. 10.6

Consideremos um ponto M qualquer da parábola, temos:

1111 iRxxxx T (equação 10.2)

2

12

111

iRyyyy T

(equação 10.3)

Para obtermos a parábola referida ao ponto T1, isto é, para obtermos as

coordenadas x1 e y1 de qualquer ponto M, da parábola, substituímos em:

Page 130: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

129

x2 = - 2 x R x y

x e y pelos valores tirados das equações 10.2 e 10.3:

22

2

11

2

11

iRyRiRx

2

1

2

111

2

1

22

1 22 iRyRxiRiRx

111

2

1 22 yRxiRx

R

xxiRy

2

22

1111

ou

R

xixy

2

2

1111 (equação 10.4)

Nesta expressão o primeiro termo representa o desnível do trainel,

relativamente à horizontal, no ponto M (M’M0), o segundo termo representa o

desnível entre esse ponto M e o correspondente do trainel M’ (M’M) dando a

diferença dos dois a cota y1, figura 10.7.

Fig. 10.7

Tomando como origem T2, figura 10.6, teremos analogamente:

R

xixy

2

2

2222

Page 131: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

130

Neste caso (origem dos eixos no ponto T2) há que considerar, para efeito de

cálculos, o valor de x2 como negativo, por ser medido no sentido regressivo,

isto é, no sentido decrescente para os valores de x.

Consideremos o ponto V, de intersecção dos traineis, as suas abcissas

relativamente aos sistemas de eixos com origem em T1 e T2, são

respectivamente t1 e t2:

R

ttiyV

2

2

1111

R

ttiyV

2

2

2222

Representando por -b- o desnível entre o ponto de cruzamento dos dois

traineis e a parábola, temos:

R

t

R

tb

22

2

2

2

1

Como t1 = t2

Representando por S a distância horizontal entre T1 e T2, teremos:

S = 2 x t1 = 2 x t2 = 2 x t

Como:

S = - xT1 – xT2 = R x i1 – R x i2

S = R x ( i1 – i2 ) = R x n

n = i1 – i2

t1 = t2 = t = 2

S

2

nRt

10.3.4.3 - DETERMINAÇÃO DOS PONTOS DA PARÁBOLA

Na prática procedemos da seguinte maneira, figura 10.8:

- Relativamente ao ponto de intersecção dos traineis a curva desenvolve-se

para ambos os lados (t1 = t2); determinamos o valor de n = i1 – i 2.

Page 132: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

131

- A partir do raio mínimo fixado para o tipo de curva de concordância, calcula-

se a tangente mínima correspondente ao raio mínimo:

2

nRt m

m

- Fixamos um dos pontos de tangencia sobre o perfil que diste dos pontos de

cruzamento dos traineis uma distância t> tm medida na horizontal. Só por

acaso iremos determinar, no lado oposto, um ponto de tangencia sobre um

perfil.

- Marcamos sobre o segundo trainel o ponto de tangencia T2, e consideramos

um novo perfil entre os perfis já existentes, correspondente a esse ponto de

tangencia.

- Determinamos o raio de curvatura de cálculo R> Rm pela expressão:

n

tR

2

- Determinamos as cotas dos pontos da parábola pela fórmula:

R

xixy

2

2

1111

A cota de qualquer ponto P será:

HP = HT1 + y1

Estes cálculos podem também ser efectuados a partir de T2, sendo como já

foi dito os valores de x2 negativos.

Fig. 10.8

Page 133: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

132

11 - COORDENAÇÃO DO TRAÇADO EM PLANTA E O PERFIL LONGITUDINAL

O aspecto visual da estrada percepcionado pelos utentes deve ser

considerado como um elemento fundamental na definição das características

geométricas do traçado. A estrada, que é vista em perspectiva, deve permitir:

- Ver o pavimento, e os obstáculos eventuais, a sua distância tal que

permita efectuar a manobra necessária, e parar se necessário.

- Distinguir claramente as zonas similares (intersecções, nós de ligação,

etc)

- Compreender o desenvolvimento do traçado facilmente, sem dúvidas

devidas a erros de perspectiva, quebras ou descontinuidades.

A localização de zonas singulares da estrada (intersecções, nós de ligação,

praças de portagem, áreas de serviço, etc.) não se deve verificar em

concordâncias convexas, curvas de pequeno raio, ou zonas de

descontinuidade em perspectiva.

O conforto óptico assegura uma condução agradável assim como segura.

Consequentemente, deve-se evitar tudo aquilo que esteticamente possa ser

desagradável para os utentes.

Um traçado pode respeitar integralmente as normas em planta e perfil, e a

estrada uma vez construída apresentar-se desagradável e não assegurar a

segurança e comodidade de circulação.

Na escolha da localização do traçado, assim como na fase do projecto,

deve-se sempre tentar visualizar a estrada uma vez concluída, e avaliar as

consequências das possíveis combinações do traçado da planta e perfil.

A fim de se obter uma boa coordenação entre os traçados em planta e em

perfil, devem-se respeitar os seguintes princípios ao elaborar o projecto:

- O traçado, em planta e perfil, deve integrar-se no meio do ambiente;

- A sobreposição das curvas em planta e perfil melhoram normalmente o

aspecto visual da estrada. No entanto devem analisar-se as consequências

desta sobreposição quanto à segurança e à operação do tráfego;

Page 134: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

133

- Não se devem fazer coincidir curvas verticais de pequeno

desenvolvimento com curvas horizontais. Sempre que possível as curvas

verticais devem ter grande desenvolvimento, devendo coincidir as

bissectrizes das curvas em planta e perfil;

- As curvas horizontais vistas à distância parecem ter a extensão

diminuta, pelo que o raio deve ser o maior possível de modo a evitar o

aspecto de uma quebra;

- Curvas com grande desenvolvimento, de preferência a grandes

alinhamentos rectos com curvas de pequena extensão;

- Alinhamentos independentes nas estradas com 2 x 2 vias, sempre que o

aumento do custo de construção seja economicamente aceitável;

- Assegurar oportunidades de efectuar ultrapassagens com segurança,

nas estradas com duas vias. Esta necessidade pode muitas vezes limitar a

adopção das melhores combinações do traçado em planta e perfil.

Em muitos casos estes princípios podem ser respeitados com um aumento

de custo aceitável. Quando se considerarem os custos excessivos deve-se

proceder a uma análise benefícios / custo.

Os traçados em planta e perfil são elementos permanentes de uma estrada,

pelo que se não houver uma boa coordenação no projecto, uma vez

construída, o seu aspecto desagradável será visto e sentido pelos utentes

durante toda a vida da obra. Com efeito um bom traçado óptico resulta da

escolha harmoniosa dos elementos geométricos e da sua correlação, que deve

ser tal que as características do traçado sejam facilmente perceptíveis e não

variem bruscamente.

Nas figuras 11.1, 11.2, 11.3 e 11.4 referem-se uma série de casos típicos de

desconforto óptico que provocam confusão aos utentes, e a solução mais

conveniente em cada caso.

Page 135: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

134

COORDENAÇÃO DO TRAÇADO EM PLANTA E PERFIL

a)

Boa concordância em planta e perfil

b)

Mau traçado em planta (raio diminuto)

c)

Mau traçado em perfil (concordância diminuta)

Fig. 11.1

Page 136: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

135

COORDENAÇÃO DO TRAÇADO EM PLANTA E PERFIL

a)

Mau traçado (pequeno alinhamento entre duas curvas com o mesmo

sentido) b)

Mau traçado em perfil (pequeno trainel entre duas concordâncias côncavas) c)

Mau traçado em perfil (perda do traçado)

Fig. 11.2

Page 137: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

136

COORDENAÇÃO DO TRAÇADO EM PLANTA E PERFIL

a)

Início da curva circular após concordância convexa, o que impede ver a

mudança de direcção em planta.

b)

Início da curva circular após uma concordância côncava, provocando uma

quebra do traçado (Rv deve ser ≥ 6R)

Fig. 11.3

Page 138: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

137

COORDENAÇÃO DO TRAÇADO EM PLANTA E PERFIL

a)

Curva circular de grade raio e concordância côncava de pequeno raio

provocando quebra do traçado em planta (Rv deve ser o maior possível)

b)

Concordância côncava após uma curva circular provocando quebra do

traçado e estreitamento óptico da estrada. O traçado em planta e perfil deve

coincidir.

c)

Concordância côncava entre duas curvas circulares provocando quebra e

estreitamento óptico da estrada. A concordância deverá coincidir com uma das

curvas circulares.

Fig. 11.4

Page 139: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

138

12 - CÁLCULO DE ÁREAS E VOLUMES DE PERFIS TRANSVERSAIS

Para se poder fazer a avaliação dos custos do movimento de terras

necessário à execução da estrada, é necessário determinar as áreas dos perfis

transversais, para, posteriormente, proceder ao cálculo de volumes e

distribuição de terras.

Para este cálculo há processos gráficos, expeditos, de rigor não muito

grande, mas suficiente. É necessário não esquecer que os perfis transversais

resultam de nivelamentos expeditos, em que um erro de 5 ou 10 centímetros é

admissível e que são desenhados à escala 1/200, em que 0.5 mm, erro gráfico

possível, representa em verdadeira grandeza 10 centímetros.

Há vários métodos para o cálculo das áreas dos perfis transversais, que se

podem reunir em três grupos:

MÉTODO EXACTO – utiliza as medidas efectuadas no campo, daí se

chamar exacto. É um método trabalhoso e que só se justifica quando se

pretende grande precisão.

MÉTODO EXPEDITO – o cálculo da área é efectuado sobre um desenho a

uma determinada escala. Podem ser apenas geométricos ou recorrer a

instrumentos (por exemplo planímetro).

MÉTODO ALGÉBRICO – a área para largura constante de plataforma e

inclinação também constante do talude, é função de duas variáveis: a

inclinação do terreno e a cota de trabalho sobre o eixo. A partir destes

elementos a área é lida em tabelas ou ábacos. Este método só é aplicável

quando a linha do terreno em cada semi-perfil é uma recta.

12.1 - MÉTODO EXACTO

Este método consiste em decompor os perfis transversais em figuras

geométricas elementares: triângulos e trapézios, cujas áreas são fáceis de

calcular. Assim, traçam-se por todos os pontos onde haja mudança de

inclinação, quer do perfil do terreno, quer do gabari, normais à plataforma do

Page 140: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

139

gabari, as quais determinam na figura trapézios e triângulos, cujas alturas e

bases calcularemos sucessivamente.

O cálculo faz-se separadamente para a parte da figura à esquerda e à

direita, figura 12.1.

Fig. 12.1

As alturas e bases dos trapézios determinam-se a partir dos elementos

trazidos do campo, da cota azul do perfil e das dimensões do gabari.

Conhecemos:

MA - Cota azul

AC - Semi-plataforma da estrada

CDEQ – valeta

p = tg - inclinação do talude de escavação

Elementos trazidos do campo:

Cotas de L e H referidas à cota de M, e as distâncias de L e H ao eixo AR .

Juntando às cotas de L e H a cota azul AM , temos a distância de L e de H à

horizontal AQ .

Page 141: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

140

A partir das cotas de L e H e das respectivas distâncias ao eixo, podemos

determinar as inclinações ML , LH e HN .

Os comprimentos das normais intersectadas entre o projecto e o terreno,

calculam-se a partir dos dados. Por exemplo:

LB = à cota de L ( referida a M ) mais a cota azul MA , ao eixo

HF = cota de H + MA - SQ

SQ = p x SF

RPSF (trazido do campo - AQ (conhecido do gabari)

Quanto às alturas, elas podem ser dados do problema, ou resultarem da

diferença entre comprimentos dados.

p = PG

FPtg

x = PG

HPtg

p – x = PG

FH

PG

HPFP

xp

FHPG

FH = cota de H + MA - SQ

Quando existe valeta podemos suprimi-la, prolongando a plataforma até ao

talude e em seguida adiciona-se a área total da valeta que se calcula à parte.

12.1.1 - LARGURA DA FAIXA A EXPROPRIAR

A largura de faixa a expropriar é a distância do eixo ao ponto de encontro da

superfície do terreno com o talude.

Nesta figura, é a distância RG :

xp

FHRPPGRPRG

Page 142: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

141

12.1.2 - TALUDE A REGULARIZAR

O comprimento do talude a regularizar é dado na figura pela distância QG

sec OGQG

21 pOGQG

PGOPOG

AQRPOP

12.2 - MÉTODOS EXPEDITOS

Vamos estudar os seguintes métodos que se incluem nestes métodos

expeditos:

Método da quadrícula

Método de Dupuit

Método de Colignon

Método do planímetro

12.2.1 - MÉTODO DA QUADRÍCULA

Neste método sobrepomos ao perfil uma quadrícula feita em papel vegetal,

em que cada quadrado representa, à escala, uma dada superfície. Assim, na

escala 1/200, habitual para o desenho dos perfis transversais, cada quadrado

de 5 mm de lado representa 1 m2, pois que 5 mm representa 1 m em grandeza

real.

O método consiste em contar o número de quadrados contidos no perfil,

tendo assim outros tantos metros quadrados.

Fig.12.2

Page 143: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

142

No contorno há fracções de quadrados: contam-se por inteiro os que são

cortados pelo contorno em mais de metade, e desprezam-se os que são

cortados em menos de metade, figura 12.2.

Este método é simples e rápido, mas exige grande tensão de espírito, e o

seu rigor é fraco a não ser que a quadrícula seja muito pequena, o que dificulta

a contagem de quadrados.

12.2.2 - MÉTODO DE DUPUIT

Consiste em dividir o perfil transversal por meio de um certo número de

rectas paralelas equidistantes, figura 12.3, fazendo passar duas delas pelo

extremo do perfil.

Seja -l- a equidistância entre paralelas e h1, h2, ..., hn, os comprimentos

intersectados.

Fig. 12.3

A área do perfil será

2.......

222

32211 nhl

hhl

hhl

hlA

Ou

hlhhhlA n .....21

Basta portanto fazer a soma de todas as ordenadas e multiplicar esta soma

pela equidistância, para obtermos a área.

Admitindo como é habitual os perfis desenhados à escala 1/200, e

escolhermos para equidistância 0.5 cm – representa 1 m em verdadeira

Page 144: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

143

grandeza – bastará somar as ordenadas em centímetros e multiplicar por dois

para converter em verdadeira grandeza, dando o produto a área do perfil em

metros quadrados.

12.2.3 - MÉTODO DE COLIGNON

Consiste em transformar um perfil de 4 lados num trapézio de área igual,

figura 12.4.

Fig. 12.4

MCBM

CNDN

Este método tem aplicação rigorosa quando a linha do terreno,

correspondente ao meio perfil transversal CD) é um segmento de recta. Para o

aplicar unimos o ponto -M-, ponto médio do talude BC, com N, meio da linha do

terreno -CD-; prolongamos -MN- até intersectar no eixo o ponto -F-; por -B-

tiramos a paralela -BK- a -AD-.

A área do trapézio rectângulo -ABKF- (a tracejado na figura) é igual à do

semi-perfil -ABCD-.

Com efeito, tracemos DG paralelo a BC . Da figura 65 temos:

ABKF = ABKND + DFG + DGN

ABCD = ABKND + CMN + BKM

Page 145: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

144

Os triângulos -DGN- e -CMN- são iguais porque têm todos os lados

paralelos dois a dois e NCDN por construção; logo DG e MC são iguais e

como : MCBM será BMDG , e sendo semelhantes os triângulos -DFG- e -

BKM-, por terem os lados paralelos dois a dois, eles são também iguais por ser

BMDG ; logo os triângulos -DFG = BKM- e -ABKF = ABCD- como queríamos

demonstrar.

A área do meio perfil transversal pode então ser calculada por:

ELABA

Sendo EL a mediana do trapézio que pode ser medida directamente no

desenho.

Supondo o desenho à escala 1/200 e as medidas feitas em centímetros no

desenho, teremos o valor da área do desenho em cm2, que multiplicada por 4

dará a área real em m2.

12.2.4 - MÉTODO DO PLANÍMETRO

O planímetro é um instrumento usado para determinar a área limitada numa

folha de papel, por um contorno fechado. A sua maior aplicação é a medição

de parcelas de terreno em cartas topográficas e cadastrais, podendo também

servir para a medição de áreas de perfis transversais em estradas e caminhos-

de-ferro.

Este aparelho é constituído por duas hastes articuladas: uma delas – a haste

graduada- tem, na extremidade livre uma lente com que se percorre o contorno

da superfície a medir; na extremidade da outra haste – haste polar – há uma

agulha que se fixa no papel onde está figurada a superfície.

A distância da articulação ao ponteiro pode fazer-se variar; para esse fim a

articulação das duas hastes faz-se por uma manga intermédia, dentro da qual a

haste graduada pode escorregar; um parafuso de pressão permite fixar entre si

a haste e a manga.

Page 146: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

145

Numa das faces da haste há uma graduação, que, com uma referência

gravada na manga, permite colocar a haste na posição mais vantajosa para a

medição de acordo com a escala em que está desenhada a superfície a medir.

À manga está ligado um tambor que pode girar em torno de um eixo paralelo

à haste graduada.

Quando se coloca o planímetro sobre o desenho, um rebordo do tambor

assenta sobre o papel.

O tambor está dividido em 100 partes podendo avaliar-se um décimo da

menor divisão do nónio. No veio do tambor está aberto um parafuso sem fim,

que engrena com um carreto. Este carreto está ligado a um prato que roda sob

um ponteiro fixo na manga.

Do número de rotações do tambor deduz-se o valor da área, que lhe é

proporcional desde que o polo seja exterior à área.

Cada rotação do tambor corresponde a uma divisão do prato. Nas leituras

que se fazem no sistema tambor- prato, é costume tomar para unidade uma

fracção de rotação igual à natureza do nónio, isto é 1/1000 da rotação. A leitura

do prato dá então os milhares, a do tambor as centenas e dezenas, e a do

nónio as unidades.

12.3 - CÁLCULO DE VOLUMES DE ENTRE-PERFIS

No capítulo anterior estudamos o problema da determinação de áreas de

perfis transversais. A partir destas e das distâncias entre os perfis, podemos

calcular os volumes dos aterros e das escavações, com os quais podemos

fazer o estudo da distribuição mais conveniente de terras, e posteriormente, o

orçamento do movimento de terras.

Para o cálculo de volumes estudaremos diversos métodos, começando pelo

chamado método exacto. A partir deste e introduzindo na sua expressão

algumas simplificações chegaremos ao método da média das áreas e ao

método da área média. Destes três o mais usado é o método da média das

áreas, de expressão bastante simples e cujo rigor é compatível com o das

medidas.

Page 147: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

146

12.3.1 - MÉTODO EXACTO

Medidas as áreas dos diferentes perfis transversais por qualquer dos

processos expostos no capítulo anterior, vejamos como se determina o volume

de terras a movimentar.

Consideremos, em primeiro lugar o caso de um troço recto, todo em

escavação ou todo em aterro. A secção do sólido da estrada entre dois perfis

transversais – entre perfil – assemelha-se a um prismóide; sólido limitado por

duas faces planas e paralelas de forma qualquer – as bases – e por uma

superfície regrada, gerada por uma recta que se apoia em ambas as bases.

Como é sabido o volume do prismóide é:

mSSSl

V 46

21

Onde, na figura 12.5, -l- é a distância entre as bases ou altura do prismóide,

e S1,S2 e Sm as áreas das duas bases e da secção média (obtida a metade da

altura -l-).

Fig. 12.5

A hipótese não é exacta: as bases dos prismóides são os dois perfis

transversais considerados; a superfície da estrada e os taludes são gerados

por uma recta que se apoia nas bases, mas o terreno não é uma superfície

regrada, antes irregular, em geral.

Não obstante, se se traçarem os perfis transversais como já foi dito de modo

que os perfis transversais correspondam aos pontos de quebra do terreno no

Page 148: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

147

sentido longitudinal, pode considerar-se com suficiente aproximação a

superfície ADA’D’ como regrada.

Este método exige, para além da determinação das áreas dos perfis

transversais, as áreas Sm dos perfis situados a meia distância entre dois perfis

consecutivos, podendo tornar-se muito moroso e de rigor dispensável em

relação ao rigor dos dados.

12.3.2 - MÉTODO DA MÉDIA DAS ÁREAS

Se as geratrizes do prismóide são paralelas a um plano – plano director –

demonstra-se que a área de uma secção qualquer Sx, paralela às bases varia

linearmente:

Sx = A + Bx

E portanto a secção média é igual à média das secções extremas, isto é:

2

21 SSSm

O volume do prismóide vale:

224

6

212121

SSl

SSSS

lV

Que traduz o método da média das áreas, que é o que geralmente se

emprega, mesmo que não se verifiquem as condições iniciais postas, por ser

de aplicação mais simples que o método exacto, pois não obriga ao cálculo da

área da secção média Sm. Portanto, no método da média das áreas o volume

de entre perfil é dado pelo produto da semi-soma das áreas dos perfis

transversais extremos, pelo comprimento do entre-perfil.

Repare-se que a existência de plano director equivale à condição do entre-

perfil se projectar num rectângulo, sobre um plano simultaneamente normal ao

plano director e às bases. Por isso se pode afirmar que o método da média das

áreas coincide com o método exacto, quando o entre-perfil se projecta num

rectângulo ou paralelogramo.

O erro cometido em relação ao método exacto, pela aplicação do método da

média das áreas, será:

Page 149: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

148

023

462

2121211 mm SSSl

SSSl

SSl

Este erro é geralmente positivo, pelo que o cálculo dos volumes pelo método

da média das áreas é por excesso relativamente ao método exacto.

12.3.3 - MÉTODO DA ÁREA MÉDIA

A formula da média das áreas sugere a formula da área média pois que:

2

21 SSSm

V = l X Sm

Podemos pois enunciar que, no método da área média, o volume do entre-

perfil é igual ao produto do comprimento do entre-perfil pela área da secção

média. É claro que quando o método se aplicar rigorosamente este também se

aplica.

Mas quando tal não suceder obtém-se um erro diferente do obtido pelo

método da média das áreas:

2

26

46

121212

mmm SSS

lSSS

lSl

Isto significa que o erro obtido ao aplicar o método da área média é metade

e de sinal contrário do obtido com o método da média das áreas.

Podemos apontar a este método os inconvenientes de obrigar à

determinação da área média Sm (tal como o método exacto) e de dar erros por

defeito relativamente ao método exacto. Sendo o cálculo do movimento de

terras um cálculo aproximado, dada a natureza dos elementos em jogo, é

preferível cometer um erro por excesso a um erro por defeito, visto assim não

ser lesado o construtor.

Page 150: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

149

12.3.4 - COMPARAÇÃO GRÁFICA DOS ERROS

No prismóide a área duma secção paralela à base é função algébrica,

racional e inteira do 2º grau, da sua distância à base, isto é:

Sx = a + b x + c x2

a, b e c são independentes de x.

Se sobre os dois eixos coordenados tomarmos o horizontal para eixo dos XX

e o vertical para os valores de S, a expressão anterior representará uma

parábola de eixo vertical, P1 Pm P2, e a área compreendida entre esta curva e o

eixo do XX será o volume do prismóide correspondente ao método exacto,

figura 12.5.

Ao considerar a fórmula da média das áreas o que se faz é supor uma

variação linear das áreas isto é, substituir a parábola P1 Pm P2 pela recta P1P2.

O erro cometido no volume vem representado pelo segmento parabólico P1

Pm P2, que será positivo ou negativo conforme a concavidade da parábola

esteja voltada para cima ou para baixo.

Fig. 12.5

12.4 - CASOS DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DA MÉDIA DAS ÁREAS

Como já foi dito, é o método da média das áreas que se usa geralmente no

cálculo de volumes, dada a sua facilidade de aplicação, e o erro do método ser

compatível com o dos dados.

Page 151: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

150

Vamos analisar os diferentes casos de aplicação do método e deduzir as

respectivas fórmulas.

1º - A um perfil simples segue-se outro perfil simples do mesmo nome:

Neste caso aplica-se directamente a fórmula da média das áreas e a

representação gráfica do volume é um trapézio, figura 12.6:

LSS

V

2

'

Fig. 12.6

Em que S e S’ são segmentos proporcionais às áreas de escavação ou

aterro, que limitam o entre-perfil.

2º - A um perfil simples segue-se outro perfil simples de nome contrário:

Neste caso, figura 12.7, há um ponto do entre-perfil em que o perfil

transversal tem uma cota de trabalho nula, isto é, em que o terreno coincide

com o eixo da estrada. Ao perfil correspondente a este ponto chama-se

PERFIL FICTÍCIO (P. F.) ou PONTO DE PASSAGEM ( P.P.).

Fig. 12.7

Page 152: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

151

Seja PR um entre-perfil de comprimento L; pelas suas extremidades

levantam-se ordenadas proporcionais às áreas dos perfis A (aterro) e E

(escavação).

O ponto M será o ponto de passagem (P.P.) ou perfil fictício (P. F.) de área

nula.

A área do triângulo P’ P M representa o volume de aterro e a área do

triângulo M R R’ o volume de escavação. Teremos pois que calcular as áreas

destes triângulos para determinar os volumes de aterro e escavação do entre-

perfil.

Atendendo a que o triângulo P P’ M e o triângulo M R R’ são semelhantes

podemos escrever:

L

EA

l

E

l

A

EA

EA

ALlA

EA

ELlE

Podemos agora calcular as áreas dos triângulos, que representam os

volumes de aterro e de escavação:

EA

ALVA

2

2

EA

ELVE

2

2

3º - Os dois perfis são mistos e correspondentes:

Este caso reduz-se ao primeiro, aplicando-o separadamente aos volumes de

aterro e escavação:

LAA

VA

2

'

LEE

VE

2

'

Page 153: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

152

Fig. 12.8

4º - Dois perfis mistos não correspondentes:

Neste caso temos dois pontos de passagem M e N.

Fig.12.9

Este caso reduz-se ao anterior, fazendo a aplicação do processo duas vezes

para cada par de áreas simples de nome contrário (A / E’) e (E / A’).

EA

A

EA

ALVA '

'

'

2 2

2

AE

E

AE

ELVE '

'

'

2 2

2

Page 154: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

153

5º - A um perfil simples segue-se um perfil misto:

Vamos supor um perfil misto e outro simples de aterro. Para o volume de

aterro o cálculo é simples:

LAA

VA

2

'

Para a escavação, e dada a indefinição da posição do ponto da passagem,

vamos supô-lo coincidente com o perfil simples, figura 12.10:

Fig.12.10

LAA

VA

2

'

LE

VE 2

Page 155: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

154

13 - DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS

Calculados os volumes dos entre perfis, concluímos que em certos troços

temos volumes de escavação e noutros volumes de aterros. Quando estes

volumes são iguais diz-se que as terraplenagens se compensam.

É pois necessário escavar nos primeiros e aterrar nos segundos, tendo os

produtos da escavação de ser transportados para os aterros ou para locais de

depósito – se as escavações excedem os aterros. Se os aterros excedem as

escavações, recorrer a locais de empréstimo para preencher esses volumes

em falta.

O mais conveniente é procurar sempre, por meio do lançamento da linha de

projecto no perfil longitudinal, uma certa compensação para não necessitarmos

nem de fazer depósitos nem de contrair empréstimos.

Todavia muitas vezes, embora exista essa compensação em toda a

extensão do projecto, os transportes tornam-se excessivamente longos,

convindo mais, nesse caso, duma certa distância em diante, que depende

principalmente do meio de transporte utilizado, fazer depósitos junto às

trincheiras e ir contrair empréstimos junto aos aterros incompletos.

Quando se conhece o volume de terraplenagens e as distâncias é

necessário ainda saber os locais onde as escavações serão utilizadas e as

distâncias a que deverão ser transportadas, quer para as utilizar nos aterros

quer para as levar a depósitos, ou ainda para trazer as de empréstimos: é esta

a finalidade da distribuição de terras.

Como é evidente, essa distribuição de terras pode ser feita de muitas

maneiras, aparecendo-nos assim, o problema da distribuição de terras

indeterminado.

Consegue-se levantar essa indeterminação, atendendo à condição que se

deve ter sempre em conta no estudo de uma estrada: A CONDIÇÃO

ECONÓMICA. De entre todas as distribuições de terras possíveis,

escolheremos aquela que fique mais barata, e é esta escolha a finalidade base

do estudo da distribuição de terras.

Page 156: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

155

13.1 - EQUIPAS DE TERRAPLENAGENS – DISTÂNCIAS ÓPTIMAS DE TRANSPORTE

A utilização de um determinado meio de transporte depende da distância

que esse meio de transporte terá de efectuar.

Existem diferentes meios de transporte. Para cada um deles, deixa de ser

económica a sua utilização a partir de determinada distância.

A classificação das distâncias vai fornecer-nos um critério de ordenação dos

meios de transporte a empregar em cada secção em que, para fins

construtivos, a estrada vai ser dividida.

Temos assim, para cada transporte as distâncias máximas e mínimas, que

são distâncias economicamente aconselháveis para se utilizar esse transporte.

Pela comparação dos preços obtidos para diversos métodos de transporte,

podemos escolher o mais económico, devendo, contudo, atender-se sempre ao

volume de terras a movimentar.

Alguns exemplos:

- Para pequenas distâncias até 100 metros, pode empregar-se o

BULLDOZER, figura 13.1, que é constituído por um tractor munido na parte

dianteira duma lâmina inclinável que conforme a sua posição, corta, acarreta

ou distribui as terras que acumula à sua frente. A sua distância óptima de

transporte é de 8 a 10 metros, podendo ser utilizado até 60 ou 90 metros,

conforme o tamanho da máquina e o tipo do tractor (rodas ou de rasto).

Fig. 13.1 - Bulldozer

- Para distâncias médias entre 100 e 500 metros, utiliza-se o SCRAPER,

figura 13.2. Estas máquinas, que são arrastadas por tractores e servem para

Page 157: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

156

escavar, carregar, transportar e distribuir a terra, consta fundamentalmente de

uma caixa que pode subir ou baixar e dispõe no seu fundo de uma lâmina de

corte. A caixa apresenta duas comportas: uma dianteira provida de movimento

giratório, servindo para reter o material durante o transporte e outra na parte de

trás utilizada para o lançar fora durante a descarga.

Se o scraper tiver motor próprio perde as rodas dianteiras, tomando o nome

de MOTO-SCRAPER, figura 13.3. Estas máquinas deslocam-se a velocidades

superiores, sendo maior em consequência, a sua distância de transporte, o

qual varia entre 300 e 1500 metros.

Fig. 13.2 - Scraper

Fig. 13.3 – Motor-scraper

- Para grandes distâncias utilizam-se o CAMIÃO ou o DUMPER, conforme

a sua capacidade, figura 13.4.

Para os carregar empregam-se ESCAVADORAS MECÂNICAS, de que

existem diferentes modelos.

Page 158: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

157

Fig.13. 4 – Camião/Escavadora

13.2 - MOMENTO DE TRANSPORTE DISTÂNCIA MÉDIA DE TRANSPORTE

Define-se MOMENTO DE TRANSPORTE como o produto do volume de

terras a transportar pela distância a que deve ser transportada.

M = V x D

Ao fazermos o orçamento, temos de considerar o transporte de vários

volumes a diversas distâncias, e como veremos, o custo do transporte de 1

metro cúbico de terras a uma dada distância é função dessa distância:

P = K x D + K’

K e K’ são constantes

O preço de um volume V a uma distância D será:

P = p x V = K x D x V + K’ x V = K x M + K x V

Teremos então, que calcular para cada volume Vi e para cada distância Di

um preço Pi, o que seria muito trabalhoso.

Procuremos determinar, para cada tipo de transporte, uma distância:

DISTÂNCIA MÉDIA DE TRANSPORTE – isto é, uma distância Dm à qual

deveríamos transportar o volume V (soma de todos os volumes Vi) para que o

preço P do seu transporte fosse igual ao preço total dos transportes dos

volumes Vi às distâncias Di.

Page 159: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

158

Suponhamos que temos de transportar os volumes V1, V2,.... Vn às

distâncias, respectivamente de D1, D2,.... Dn, com o mesmo meio de transporte.

O volume total a transportar seria:

V = V1 + V2 +... + Vn = Vi

O preço total:

P = P1 + P2 + ... + Pn = Pi =

= p1 x V1 + p2 x V2 + ... + pn x Vn =

= pi x Vi =

= K x Di x Vi + K’ x Vi

E o momento de transporte:

M = M1 + M2 +... + Mn = Mi = Vi x Di

O custo do transporte à distância média de transporte Dm será:

P1 = K x Dm X V + K’ x V

Pela definição de distância média de transporte:

P = P1

Ou

K x Di x Vi + K’ x Vi = K x Dm x V + K’ x V

Como V = Vi

então

Di x Vi = Dm x V

Dm = V

M

V

VD iii

Podemos concluir que a distância média de transporte é dada para cada tipo

de transporte, pelo quociente entre a soma dos momentos de transporte

parciais e o volume total (soma dos volumes parciais).

13.3 - MÉTODOS PARA O ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS

Para o estudo da distribuição de terras existem vários métodos, vamo-nos

debruçar em apenas dois:

Page 160: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

159

Gráfico de volumes

Método da Curva de Bruckner

13.3.1 - GRÁFICO DE VOLUMES

Este método baseia-se no enunciado do método da média das áreas,

quando do cálculo do volume de terras. A área de cada rectângulo dá-nos o

volume de terras entre os dois meios entre perfis correspondentes e assim,

para fazer a compensação das terras, não temos mais do que decompor

aquelas áreas em áreas parcelares (rectângulos), tais que cada área em

escavação se compense com uma área em aterro equivalente. Depois de feita

a compensação, a distância média de transporte de um volume parcelar de

escavação para o correspondente aterro é a distância, medida na horizontal,

entre os centros de gravidade dos rectângulos correspondentes; e o momento

de transporte é o produto dessa distância pela área de escavação (igual à de

aterro).

Distância média para cada meio de transporte é o quociente entre a soma

dos momentos de transporte e a soma dos volumes de escavação

correspondentes a esse transporte.

Quando ao longo da estrada e entre os mesmos perfis temos rectângulos

superiores e inferiores, ou seja, escavação e aterro, devemos destacar do

maior desses rectângulos uma parte igual ao rectângulo menor; a parte

restante do rectângulo maior é aterro ou escavação, que será respectivamente

preenchido ou levado para rectângulo de nome contrário. São estes

excedentes que entram na compensação longitudinal e vão servir para a

determinação das distâncias de transporte dos volumes parcelares.

O cálculo é geralmente completado com a determinação da distância média

única para cada tipo de transporte empregado.

As distâncias parciais são expressas em números inteiros, bem como a

distância média.

Page 161: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

160

13.3.2 - MÉTODO DA CURVA DE BRUCKNER Este método baseia-se no traçado de um diagrama representativo da

variação de volumes ao longo da estrada.

Já vimos o processo de representar as terraplenagens por meio de um perfil

longitudinal em que as ordenadas representavam as superfícies dos perfis

transversais quer em aterro, quer em escavação. Sendo os perfis

suficientemente próximos, obtém-se uma curva, dividida em segmentos pela

linha das abcissas ou linha de terra LT.

Consideraremos positivos os aterros e marcaremos as ordenadas

correspondentes para cima da LT, e negativas as escavações, marcando as

suas ordenadas para baixo da LT.

Se admitirmos o método da média das áreas na determinação dos volumes,

as áreas limitadas por aqueles segmentos, são volumes de aterro ou de

escavação conforme ficam para cima ou para baixo da LT.

Com efeito segundo este método, o volume compreendido entre dois perfis

m e n da mesma natureza, figura 13.5, é dado pelo produto da semi-soma das

áreas desses perfis pela distância entre eles, ou seja a área do trapézio cuja

base é mn.

A soma de todas as áreas elementares entre o e a dá-nos a área total

limitada entre o segmento de curva e LT, que representará o volume total (em

aterro) entre o e a.

O mesmo se diz para todas as outras áreas.

Pela análise da figura 13.5, poderia parecer que todos os perfis ali existentes

são perfis simples, pois que para cada um, apenas marcamos uma só

ordenada ou para baixo ou para cima da LT:

Na verdade isto significa que onde há perfis mistos fazemos a compensação

dentro do mesmo perfil, e só marcamos uma ordenada correspondente à

diferença entre os volumes de escavação e aterro ou de aterro e escavação.

Por exemplo se num perfil p há escavação: E e aterro: A (perfil misto),

transportamos o volume E da escavação para o aterro no mesmo perfil, de

forma que no perfil ficamos com um excesso em escavação E – A, (se for por

exemplo A<E), que é a escavação que marcamos no perfil correspondente

(figura 13.5).

Page 162: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

161

L T

v1

a1 m n

p

p’

v2 v3 v4

v5

a2

0 b a c e d

Escavação

Aterro

Fig.13. 5 – Curva de Volumes

Por uma razão de significado físico, podemos assemelhar a LT à plataforma

da estrada, e a curva de figura 13.5 ao terreno, o que nos facilitará a

compreensão do significado físico da curva de Bruckner que vamos traçar.

O PRINCÍPIO DE MÉTODO É O SEGUINTE:

Traça-se uma curva, cujas ordenadas em cada perfil são, o volume

acumulado correspondente a esse perfil – soma algébrica dos volumes de

escavação e aterro em todos os entre-perfis anteriores, com a convenção de

sinais adoptada:

Aterros – positivos - para cima de LT

Escavações – negativos - para baixo de LT

Assim, na figura 13.6, em a1 marcaremos uma ordenada que representa o

volume v1; em a2 uma ordenada que representa o volume cumulado v1+v2; em

p uma ordenada representando o volume acumulado v1+v2+v3+v4+v5-v6 e assim

sucessivamente. Obtemos assim uma curva com o aspecto indicado na figura

13.6.

Page 163: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

162

L T

v1

a1 p a

k

B

v2 v3

v4

a2

0 b

p’

d

f

D

v5

v6

k’

h e

C

E

e’ c’

c

H

k’’

h’

H’

f’

F

G

g

Escavação

i

A

I

Aterro

Fig. 13. 6 - Curva de Volumes Acumulados

Verificamos que o volume cumulado de qualquer perfil é igual ao do perfil

anterior, somando-lhe algebricamente o volume entre os dois perfis.

Deste modo entre o e a as ordenadas vão aumentando por se tratar sempre

de volumes com o mesmo sinal (aterros) mas de a para K as ordenadas

diminuem, pois passamos a juntar-lhe ordenadas (volumes v6, v7,..) negativas

(escavações). As ordenadas vão diminuindo até se anularem em K significando

que o volume de K é nulo, ou seja, que a soma dos volumes em escavação e

aterro até esse perfil, é nula.

Uma vez construída a curva de Bruckner concluímos:

- Se a curva termina na LT é porque há igualdade de volumes de

escavação e aterro.

- Se termina acima da LT há excesso de aterros em relação às

escavações.

- Se termina abaixo da LT há excesso de escavação em relação aos

aterros.

A ordenada do extremo da curva dá-nos o excesso correspondente.

Page 164: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

163

13.3.3 - PROPRIEDADES DOS RAMOS ASCENDENTES E DESCENDENTES DA CURVA

Estabelecida a comparação entre a curva de Bruckner (figura 13.5 com a da

figura 13.6) verifica-se que ela atinge um máximo em A, correspondente ao

ponto de passagem a dos aterros para as escavações, pois desde a origem até

a não há senão aterros, logo as ordenadas da curva de Bruckner vão

aumentando, mas a partir de a há escavações passando assim as ordenadas a

diminuir.

Em a houve passagem, na curva de ascendente para descendente, logo

trata-se de um máximo. Continuando a seguir a curva a partir desse máximo A,

vê-se que as ordenadas vão diminuindo à medida que se vão subtraindo novos

volumes em escavação, atingindo valores negativos, uma vez que a soma dos

valores em escavação subtraídos, é maior que o total dos volumes em aterro

anteriores, isto é, o volume acumulado passa a ser negativo.

As ordenadas negativas vão crescendo em valor absoluto enquanto existem

escavações, quer dizer até ao ponto b de passagem de escavação para aterro.

A partir desse ponto há aterros passando então as ordenadas da curva de

Bruckner a diminuir em valor absoluto, e assim o ponto B será um mínimo da

curva que se atinge quando se dá passagem de escavação para aterro.

Temos assim que:

- Os máximos da curva de Bruckner correspondem aos pontos de

passagem de aterro para escavação

- Os mínimos da curva de Bruckner correspondem aos pontos de

passagem de escavação para aterro.

Por consequência a natureza dos perfis é a mesma num intervalo entre um

máximo e um mínimo consecutivos e no intervalo entre um mínimo e um

máximo consecutivos, ou seja:

- Ramos ascendentes – intervalo entre um mínimo e um máximo

consecutivos – Aterro

- Ramos descendentes – Intervalo entre um máximo e um mínimo

consecutivos – Escavação.

Page 165: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

164

CONCLUSÃO:

- Ramos ascendentes – correspondem a aterros

- Ramos descendentes – correspondem a escavações

13.3.4 - PROPRIEDADES DOS SEGMENTOS CORTADOS PELA LT OU POR UMA PARALELA A ESTA

A linha de terra determina na curva de Bruckner segmentos curvilíneos

superiores e inferiores. Considerando um desses segmentos, o primeiro por

exemplo, entre os perfis o e K, verifica-se que ele limita um troço da estrada

onde existem escavações e aterros (a curva que limita o segmento tem um

ramo ascendente – aterros – e um ramo descendente – escavações).

Por outro lado resulta da própria construção da curva que o volume total em

aterro é igual ao de escavação neste troço (de facto se a ordenada é nula em K

é porque o volume acumulado aí é nulo, isto é, a soma algébrica dos volumes

em aterro e em escavação é nula, ou ainda o volume de aterro é igual ao

volume de escavação).

O volume em aterro, igual ao volume de escavação, é então representado

pela ordenada máxima: aA.

Assim a linha de terra limita segmentos cujas cordas representam troços de

estrada nos quais os aterros e as escavações se compensam exactamente,

medindo a ordenada máxima, o volume total de aterro igual ao volume total de

escavação.

Esta propriedade é extensiva a todas as linhas paralelas à LT, e resulta da

própria construção da curva de Bruckner.

13.4 - APLICAÇÃO NO CÁLCULO DO MOVIMENTO DE TERRAS

Este consiste essencialmente em:

- Fazer a distribuição de terras

- Determinar, para cada meio de transporte, o volume a transportar e a

distância média de transporte.

Page 166: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

165

13.5 - DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS

Na figura 13.6, na primeira secção da curva, entre os perfis o e K todos os

aterros entre o e a podem ser feitos com as escavações entre a e K. O volume

dos aterros, igual ao de escavação, é dado pela ordenada: aA.

Igualmente na 2ª secção, entre os perfis K e K’, o volume das escavações:

bB pode servir para fazer os aterros entre B e K’.

Na 3ª secção há ainda compensação entre escavações e aterros:

simplesmente temos de considerar uma linha de distribuição HH’ paralela à LT

traçada pelo mínimo D.

Esta linha HH’, determina dois segmentos cujas cordas são HD e DH’ que

gozam da mesma propriedade que os segmentos cortados pela linha de terra.

Logo as escavações entre c e d podem servir para fazer os aterros entre h e c.

O mesmo se diria para o segmento cuja corda é DH’ e cujo volume é Ee’.

As escavações entre h’ e K’’ poderão ser utilizadas para constituir os aterros

entre K’ e h sendo o volume respectivo representado por hH = h’H’.

A 4ª secção é limitada pelos perfis K’’ e g.

Como a extremidade G da curva não termina na LT, conclui-se que nesta

secção não há compensação entre escavações e aterros.

Mas se tirarmos por G uma paralela à LT, ela limitará um segmento onde as

escavações (entre i e f) podem formar os aterros (entre f e g) cujo volume é f’F.

Resta-nos para compensar, a escavação entre K’’ e i cujo volume é iI ou gG.

Esta escavação terá de ser levada para depósito.

Se a curva terminasse acima da LT haveria excesso de aterro, que teria de

vir de um local de empréstimo.

Podia acontecer que entre as extremidades K’ e K’’ da 3ª secção, a curva

apresentasse dois ou mais mínimos. Neste caso bastaria tirar por cada mínimo

uma paralela à LT e determinar, de maneira análoga à indicada os locais e

quantidades de escavações e aterros que se compensam, figura 13.7.

Page 167: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

166

L T K K´

P

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

L

p a b c d e f g h i j l m

M a’

d’

g’ i’

Fig. 13. 7 – Curva de Volumes Acumulados

13.6 - PROPRIEDADES DAS ÁREAS DOS SEGMENTOS

Ao fazer o estudo do processo da distribuição de terras, o fim que temos em

vista é o de acharmos o processo mais económico de fazermos essa

distribuição.

Já vimos atrás como fazer a distribuição das terras tomando como linha de

distribuição a linha de terra.

É claro que também podemos tomar como linha de distribuição outra linha

que fosse paralela à linha de terra. Mas o que nos interessa é acharmos o

processo mais económico de fazermos essa distribuição, e para o conseguir

temos de lançar mão de uma nova propriedade da curva de Bruckner que

vamos estudar.

Consideremos um segmento qualquer da curva de Bruckner.

Substituamos a linha continua KBK’ pela linha em degraus representada,

degraus correspondentes a perfis suficientemente próximos. Na porção KB

(entre os perfis K e b) as ordenadas indicam as sucessivas acumulações dos

aterros, logo a altura de cada degrau representará o volume em aterro em cada

entre-perfil (nN volume acumulado em n é igual ao volume acumulado em mM,

mais o volume vN do entre-perfil mn). A soma total destes degraus – volume

acumulado em b é a ordenada bB, figura 13.8.

Page 168: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

167

L T K K’

L

M N

L’

M’ N’

B

b l m n

s s’

n’ m’ l’

v v’

Fig. 13. 8 – Curva de Volumes Acumulados

O transporte do volume M’S’ para aterrar volume igual MS entre os perfis K e

K’ tem de ser feito paralelamente a esta linha, pois se o não for conduz a uma

área maior, área que representa, como veremos, o momento de transporte.

Se o transporte se faz de maneira indicada, então o volume das escavações

M’ S’ é conduzido para aterro igual a MS entre os perfis m e l tendo de

percorrer a distância MM’, e o momento de transporte será o produto de S’M’

por MM’: o momento será representado pela área a sombreado.

Para os outros volumes teríamos rectângulos idênticos, de forma que o

momento de transporte total seria dado, com suficiente aproximação, pela

soma das áreas rectangulares.

Pela passagem do limite (fazendo tender para zero as distâncias entre

perfis) vemos que o momento total de transporte do volume bB de escavação

para aterro entre os perfis K e K’ é dado pela área do segmento KBK’.

Recordando que aquele momento é o produto de um volume por uma

distância (M = V X D), verifica-se que o orçamento, na parte de terraplenagem,

é função daquela área.

A propriedade de o momento de transporte ser dado pela área do segmento

respectivo, é muito importante, porque nos vai permitir determinar a linha de

distribuição mais vantajosa, e, como veremos mais adiante, determinar a

distância média de transporte.

Vejamos então como utilizar a propriedade das áreas dos segmentos para

escolher a linha de distribuição que conduza a uma menor despesa de

transporte.

Já vimos que o preço do transporte de 1m3 de terras é uma função da

distância média de transporte:

Page 169: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

168

P = K x D + K’

O preço do transporte do volume V é dado por:

P = K x D x V + K’x V ou P = K x M + K’ x V

Suponhamos que V é constante (o volume total das terras a transportar é

sempre o mesmo, qualquer que seja o processo de distribuição de terras) e

será:

- O volume total das escavações se houver igualdade entre escavações e

aterros.

- Se houver excesso de escavações sobre aterros, este volume mais este

excesso que é preciso transportar para depósito.

- Se houver excesso de aterros sobre escavações o volume total das

escavações mais o excesso de terras que é preciso conduzir do

empréstimo.

Então se V é constante a expressão:

P = K x M + K’ x V

Indica-nos que o preço do transporte é uma função linear do momento de

transporte, isto é, o transporte será tanto mais económico quanto menor for o

momento de transporte.

Ora como o momento de transporte é com excepção das terras a conduzir

para depósito ou a trazer do empréstimo, representado pela soma das áreas

dos segmentos limitados pela linha de distribuição, conclui-se que:

A linha de distribuição mais vantajosa é aquela que conduz a segmentos

cuja área total é mínima.

Page 170: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

169

13.7 - REGRAS GERAIS PARA A DETERMINAÇÃO DA LINHA DE DISTRIBUIÇÃO

Quando a curva de Bruckner não termina na linha de terra, isto é, quando

não há igualdade entre volumes em escavação e em aterro, teremos de entrar

em linha de conta com a despesa do excedente das escavações sobre os

aterros (ou dos aterros sobre as escavações), dos locais onde sobram as terras

para o depósito (ou do empréstimo para os locais onde faltam terras).

No caso de haver falta de terras, teremos ainda, quando a aquisição dessas

terras trouxer despesa, de entrar com essa despesa no orçamento.

Tomaremos como regra que nunca devemos aumentar o volume V da terras

a distribuir, volume que é, como já atrás dissemos, o maior dos volumes em

escavação e aterro. Isto condiz com a hipótese que fizemos de ser V =

constante, para qualquer processo de distribuição.

Notemos que só neste caso é aplicável o método da curva de Bruckner: com

efeito este método é estabelecido para o caso das terraplenagens envolverem

um volume de terras igual ao avaliado no “Cálculo de Volumes”, em geral pelo

método da média das áreas.

Para a determinação da linha de distribuição não devemos esquecer a

seguinte regra já enunciada atrás:

A linha de distribuição mais vantajosa é aquela que conduz a segmentos

cuja área total é mínima.

A determinação da linha de distribuição obedece a 3 regras gerais:

1ª REGRA – Se a curva de Bruckner termina na LT a linha de distribuição é

a própria linha de terra.

2ª REGRA – Se a curva de Bruckner não termina na LT, a linha de

distribuição não pode sair do intervalo compreendido entre LT e uma paralela a

esta, L1T1, tirada pelo extremo da curva de Bruckner.

3ª REGRA – A linha de distribuição será de entre todas as que obedecem à

2ª regra, aquela que dá uma soma das cordas s dos segmentos superiores

igual à soma das cordas i dos segmentos inferiores is , ou no caso de

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

170

L T A1 A2 A3

A’1

A’2

A’3

a b c d t 0

a’ b’ c’ d’ L’ T’

esta igualdade não ser possível, aquele que conduzir à menor desigualdade

entre s e i .

Vejamos a explicação destas regras. Para isso consideremos dois casos:

Fig. 13.9 – Curva de Volumes Acumulados

1º CASO – A CURVA DE BRUCKNER TERMINA NA LINHA DE TERRA

Se a linha de distribuição for LT, o momento de transporte é dado por:

M = (A1 + A’1) + A’

2 + (A3 + A’3)

Suponhamos que tomávamos para linha de distribuição qualquer linha L’T’

paralela a LT.

Haveria compensação de terras entre os perfis a e d. O volume dd’ de aterro

entre os perfis d e t teria de ser transportado da zona de escavação entre o e a

a fim de atender à regra de não aumentar o volume total de terras a

transportar, originando um momento de transporte igual a:

A1 + A2 + A3

O momento total de transporte, se L’T’ fosse a linha de distribuição seria

então:

M’ = A’1 + A2 + A’2 + A’3 + A1 + A2 + A3

M’ = (A1 + A’1) + A’2 + (A3 + A’3) + 2 X A2

M’ = M + 2 x A2> M

Isto é, o momento de transporte é mínimo quando a linha de distribuição é a

linha de terra LT – logo é a linha de distribuição mais económica.

Page 172: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

171

T1 t’ 0 L T

l’’ b c d e a l’

L’’ T’’

L1

L’ T’

t’’

l1

R

2º CASO – A CURVA DE BRUCKNER TERMINA ACIMA OU ABAIXO DA

LINHA DE TERRA

Como a curva tem as duas extremidades a níveis diferentes haverá

necessidade de fazer um empréstimo ou um depósito.

Vamos primeiro demonstrar a 2ª regra, que diz que a linha de distribuição

não pode ser exterior ao intervalo compreendido entre a LT e a paralela a esta

L1 T1 tirada pelo extremo da curva.

Consideremos então a figura 13.10:

Fig. 13.10 – Curva de Volumes Acumulados

Vejamos primeiro que a linha de distribuição não pode estar acima de L1T1.

Com efeito, suponhamos que tomávamos L’T’ para linha de distribuição entre

os perfis l’ e t’; como a distribuição de terras existente antes do perfil l1 se faria

do mesmo modo quer a linha de distribuição fosse L1T1 quer fosse L’T’,

podemos abstrair da curva entre 0 e l1; então a parte da curva que nos

interessa agora, é, supondo L1T1 a linha de terra, uma curva que principia e

termina na linha de terra, e como vimos no 1º caso, ela é a linha de distribuição

mais económica.

Da mesma forma se demonstra a exclusão de qualquer linha L’’T’’ inferior a

LT: abstraindo da parte da curva entre e e R por razões idênticas às acima

indicadas, vemos que a parte da curva que nos resta, principia e termina na LT,

logo qualquer horizontal L’’T’’ abaixo de LT é economicamente mais

desfavorável que a LT, e mesmo partindo da hipótese que no intervalo entre

Page 173: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

172

L T

L’ T’

L’’ T’’ R R’

L1 T1

0 a c b

s1

h

i1 s2 i2

L1T1 e LT não havia linha de distribuição mais favorável do que LT, era a

preferida e não qualquer linha L’’T’’.

Demonstramos assim que a linha de distribuição não pode sair do intervalo

entre LT e L1T1: ela poderá coincidir com uma destas duas horizontais

extremas ou ser uma paralela intermédia.

Vamos agora demonstrar a 3ª regra. Vimos já ao estudar as propriedades da

curva de Bruckner, que a linha de distribuição deve ser escolhida de forma a

originar segmentos cuja área seja mínima. Vamos aplicar esta regra ao nosso

problema.

Seja uma curva de Bruckner terminando acima da LT, e consideremos L’T’

uma linha de distribuição, figura3.11.

Fig. 3.11 - Curva de Volumes Acumulados

Vamos ver como varia a superfície total dos segmentos quando se desloca

esta linha paralelamente a si mesma. Suponhamos que L’T’ se desloca de uma

altura h para L’’T’’, sendo h suficientemente pequena para que possamos

considerar a superfície de cada segmento entre as duas linhas como uma

superfície rectangular.

Se o deslocamento se faz para cima, a superfície dos segmentos superiores

diminui e a dos segmentos inferiores aumenta.

Essa diminuição e esse aumento são dados respectivamente por:

Diminuição - (s1 + s2) x h

Aumento - (i1 + i2) x h

s1 e s2 – as cordas dos segmentos superiores

i1 e i2 – as cordas dos segmentos inferiores

Page 174: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

173

Se (s1 + s2)> (i1 + i2)

Então a superfície total dos segmentos diminui, e isto quer dizer que L’’T’’ é

uma linha de distribuição mais económica que L’T’.

Verificamos assim que devemos continuar a fazer subir a linha de

distribuição enquanto:

(s1 + s2)> (i1 + i2)

Pois verificando-se esta condição, a área total dos segmentos vai

diminuindo.

Quando finalmente se atingir a igualdade entre a soma dos segmentos

superiores e a dos segmentos inferiores, a linha ocupará a posição RR’

procurada, quer dizer, a que determina um mínimo para a soma das áreas dos

segmentos.

Se com efeito se continuasse a deslocar a linha depois de:

s1 + s2 = i1 + i2 (equação 13.1)

Teríamos para as novas posições

i1 + i2 > s1 + s2

e portanto

(i1 + i2) x h> (s1 + s2) x h

Ou seja a área total dos segmentos passava a aumentar.

Mas a linha RR’ que origine a igualdade (equação 13.1) só pode ser tomada

como linha de distribuição quando fique compreendida entre LT e L1 T1 em

virtude da 2ª regra.

Se RR’ for exterior a esse intervalo, figuras 13.12 e 13.13, então a linha de

distribuição é a que origina uma menor desigualdade entre a soma dos

segmentos superiores e dos inferiores, pois que, como vimos, a área total dos

segmentos ia diminuindo sucessivamente, conforme se ia caminhando para a

igualdade.

Page 175: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

174

L T

R R’

L1 T1

0 a c

s1

s’1

s’’1

s2

s’2

s’’2

s3

s’3

s’’3

i1

i’1

i’’1

i2

i’2

i’’2

i’3

i’’3

Quando na linha de terra for

s > i

E se a linha onde for

s = i

Estiver para cima da LT e for exterior ao intervalo entre LT e L1T1 , figura

13.12 então a linha em que a desigualdade: s > i é menor, é a L1T1, logo

esta é a linha de distribuição.

Fig. 13.12 – Curva de Volumes Acumulados

s1 + s2 + s3 = i1 + i2 em RR’

s’1 + s’2 + s’3 > i’1 + i’2 + i’3 em L1T1

s’’1 + s’’2 + s’’3 > i’’1 + i’’2 +i’’3 em LT

Quando na LT for

s < i (equação 13.2)

e as a linha RR’ em que

s = i

For exterior ao intervalo entre LT e L1T1, figura 13.13 e fique situada abaixo

de LT então a linha onde a desigualdade (equação 13. 2) é menor, é a própria

linha de terra LT, e será então esta a linha de distribuição.

Page 176: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

175

L T

R R’

L1 T1

0

a c

s’’1 s’’2

s’2

s2

i’’1

i’1

i1

i’’2

i’2

i2

s’1

Fig. 13.13 – Curva de Volumes Acumulados

s2 = i1 + i2 em RR’

s’1 + s’2 < i’1 + i’2 em LT

s’’1 + s’’2 < i’’1 + i’’2 em L1T1

Do que acabamos de ver podemos concluir o seguinte:

A CURVA DE BRUCKNER TERMINA ACIMA DE LT:

1º - Se na LT s i e na L1T1 for s < i , a linha de distribuição é

a própria LT.

2º - Se na LT for s > i e na L1 T1 for s i , a linha de distribuição

é a L1T1.

3º - Se na LT for s > i e na L1 T1 for s < i , a linha de distribuição

está compreendida no intervalo entre LT e L1T1 e nela se verifica a igualdade

s = i .

A CURVA DE BRUCKNER TERMINA ABAIXO DE LT:

1º - Se na L1T1 for s i e na LT s < i , a linha de distribuição é a

L1T1.

Page 177: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

176

2º - Se na L1T1 for s > i e na LT for s > i , a linha de distribuição é a

LT.

3º - Se na L1T1 for s > e na LT for s < i , a linha de distribuição

está compreendida entre L1T1 e LT, e nela se verifica a igualdade s = i.

13.8 - DETERMINAÇÃO DA DISTÂNCIA MÉDIA DE TRANSPORTE

Uma vez encontrada a linha de distribuição, resta determinar as distâncias

médias de transporte, em cada secção onde as escavações compensam os

aterros. A localização destas secções fica determinada pelos perfis

correspondentes às extremidades das cordas dos segmentos.

A distância média de transporte determina-se, como já dissemos, a partir do

momento de transporte.

D = V

M =

i

i

V

M

M = Mi - soma dos momentos parciais de transporte

V = Vi - é o volume total a transportar por cada meio de transporte

Suponhamos um segmento da curva de Bruckner e que nele se faz o

transporte das terras por dois meios: Bulldozer e Dumper, quer dizer a corda do

segmento é inferior a 900 metros.

Inscrevemos no segmento aBc, figura 13.14, uma linha paralela à corda ac e

cujo comprimento represente o percurso máximo económico para o transporte

a bulldozer – 100 metros; limitamos assim um segmento mBn no qual o

transporte das terras é todo feito a bulldozer, sendo o momento de transporte

dado pela área limitada pelo segmento mBn e o volume de terras pela

ordenada máxima pB desse segmento. Se considerarmos um rectângulo cuja

área seja o momento de transporte e cuja altura seja o volume a transportar, a

base desse rectângulo dá a distância média de transporte. É desta maneira

que determinamos as distâncias médias de transporte.

Page 178: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

177

L T a

q

d

e

x y

f

B

P

m s

p

u

l

v

g

n

D2

c

D1

r

Fig. 13.14 – Curva de Volumes Acumulados

Na figura 13.14, uma vez traçada a corda mn desenhamos o rectângulo edgf

de altura pB igual ao volume a transportar e cuja área é igual à área mBn.

O rectângulo dispõe-se no desenho, de modo que à simples vista a área

mxe seja igual à área dxB, e a área yfn igual à área gBy.

A base ef do rectângulo dá-nos a distância média de transporte D1 a

Bulldozer para o segmento curvilíneo considerado.

Para determinarmos a distância média de transporte a Dumper, procedia-se

do mesmo modo: construía-se um rectângulo rqsl de altura Pp cuja área fosse

igual à área amnc.

A base rl do rectângulo dá-nos a distância média do transporte D2 a Dumper

para o segmento curvilíneo considerado.

Se houvesse transporte por outros meios, procedia-se de forma análoga.

13.9 - TRAÇADO DA LINHA POLIGONAL DE BRUCKNER

Sobre uma folha de papel, traça-se uma linha das abcissas, que constitua o

que se chama a linha de terra LT.

Localizam-se nesta linha os perfis, escrevendo os respectivos números.

Page 179: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

178

Determinam-se os diferentes pontos da linha poligonal de Bruckner,

traçando na vertical de cada perfil, uma ordenada cujo valor é o volume

acumulado correspondente. Este volume marca-se para cima da linha de terra

se for de aterro, ou para baixo se for de escavação.

Unindo sucessivamente as extremidades das diversas ordenadas, temos a

poligonal de Bruckner.

As escalas utilizadas são aquelas que se achar mais conveniente.

13.10 - DETERMINAÇÃO DA LINHA DE DISTRIBUIÇÃO

Se a poligonal de Bruckner termina na Linha de terra, a linha de distribuição

é a própria linha de terra.

Se a poligonal terminar acima ou abaixo da LT, traçar-se-á uma paralela

L1T1 à linha de terra passando pela extremidade livre da poligonal.

A linha de distribuição ocupa uma das três posições que indicamos a seguir:

- Ou coincide com a linha de terra LT

- Ou coincide com L1T1

- Ou é uma paralela intermédia entre LT e L1T1

Ela coincide com uma ou com outra das paralelas extremas quando

intersecta uma soma de cordas maior (ou igual) nos segmentos que aumentam

do que nos que diminuem, supondo o deslocamento no sentido da outra

extremidade da poligonal.

Quando pelo contrário, cada uma das paralelas intersecta uma soma de

cordas maior nos segmentos que diminuem do que nos que aumentam, a linha

de distribuição fica compreendida entre as paralelas extremas e ocupa uma

posição tal que origine a igualdade entre as somas das cordas dos segmentos

contrários.

Segue-se do que dissemos, que, para encontrar a linha de distribuição,

podemos proceder da seguinte maneira:

Page 180: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

179

Verifica-se se a LT intersecta uma soma de cordas maiores (ou igual) nos

segmentos que aumentam do que nos que diminuem, quando nos deslocamos

para a extremidade livre da poligonal. Se isto acontece a linha de distribuição é

LT. No caso contrário deslocamos a horizontal a partir de LT até se verificar a

igualdade s = i – a esta posição corresponde a linha de distribuição; mas

se esta condição de igualdade se não verificar antes da linha L1T1 então esta é

a linha de distribuição.

13.11 - DETERMINAÇÃO DOS VOLUMES DE ESCAVAÇÃO A EMPREGAR EM ATERROS E DA SUA DISTÂNCIA MÉDIA DE TRANSPORTE

Determinada a linha de transporte e traçada, examinamos a forma que

apresentam os diversos segmentos intersectados por essa linha de

distribuição. Para os segmentos que não tenham mais que um máximo não há

nenhuma operação complementar a efectuar: o volume das escavações a

empregar em aterro é representado pela ordenada máxima aA.

Quando porém o segmento apresente dois máximos, traça-se uma paralela

a LT pelo mínimo e obtém-se assim dois segmentos.

Se há mais do que dois máximos, opera-se da maneira análoga tirando

paralelas a LT pelos diferentes mínimos.

Finalmente quando a extremidade da poligonal não termina na LT fecha-se o

último segmento por meio de uma paralela a LT traçada por essa extremidade.

Resumindo: traçam-se paralelas à linha de terra, pelos mínimos, (ou pelos

máximos, como no caso da figura 15) de modo a decomporem-se as

superfícies quer com um só máximo, quer em troços de segmentos de bases

paralelas à LT.

Page 181: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

180

L T

L1 T1

r r’ D

A

a

Fig. 13.15 – Curva de Volumes Acumulados

Passa-se em seguida à determinação dos segmentos ou porções de

segmentos que possam dar lugar ao emprego do bulldozer.

Esses são:

- os segmentos cuja corda é inferior a 100 metros (adoptando para

distância máxima de transporte do bulldozer 100 metros)

- os segmentos onde se possa inscrever, paralelamente à linha de terra,

uma corda de 100 metros de comprimento.

Divide-se assim o segmento em duas porções que se aplicam aos dois ou

três processos usuais, utilizados nos transportes.

13.12 - PREENCHIMENTO DO MAPA DE MOVIMENTO DE TERRAS

Os resultados do desenho permitem-nos completar o mapa do movimento

de terras.

Page 182: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

181

QUADRO 13.1

MAPA DE MOVIMENTO DE TERRAS

INDICAÇÃO

SECÇÕES

VOLUMES

(m3)

DISTÂNCIAS MÉDIAS (m)

MOMENTOS

TRANSPORTE (m4)

Transporte a Bulldozer

-

-

-

-

V1

V2

V3

-

D1

D2

D3

-

M1

M2

M3

-

Vb

Mb

Transporte a Dumper

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

etc.

-

-

Exemplo: transporte a bulldozer à distância média Db:

Db = b

b

V

M

Na 1ª coluna – as secções são definidas pelos números dos perfis entre os

quais fica compreendida a corda de cada segmento ou de cada porção de

segmento. Quando o projecto dá lugar a depósitos ou a empréstimos, a sua

localização dada pelo desenho, é igualmente definida pelos perfis entre os

quais ficam situados.

Na 2ª coluna – Inscrevemos à frente da cada secção, o volume dado pela

altura do rectângulo correspondente, depois de compensado, como atrás

dissemos. No caso de depósitos ou de empréstimos, inscreve-se o volume

correspondente, medindo também no desenho, compensado.

Na 3ª coluna – Escreve-se à frente de cada secção, a base do rectângulo

correspondente. Quando há depósitos ou empréstimos, inscrevem-se as

Page 183: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

182

distâncias médias que resultam das circunstâncias especiais em que se

efectuam os respectivos transportes.

Na 4ª coluna – resulta do produto das duas colunas anteriores.

Esta segunda parte do mapa de movimento de terras tem tantas alíneas

quantos os meios de transporte utilizados.

Termina-se cada uma das alíneas fazendo a soma das 2ª e 4ª colunas,

respectivamente V e M.

A distância média de transporte total para o meio de transporte

correspondente é dada pelo quociente destas duas somas:

D = V

M

Antes de terminarmos o nosso estudo sobre a curva de Bruckner vamos

fazer algumas considerações importantes de ordem prática. Os volumes que se

vão deslocar são maiores que os determinados no “cálculo dos Volumes”:

temos a considerar o empolamento das terras proveniente da desagregação,

por perda de coesão, dos materiais escavados. Esse aumento de volume varia

com a natureza do material escavado, variando geralmente entre 20% e 30%, e

por vezes mais.

O empolamento não afecta inteiramente a equivalência entre os volumes de

escavação e aterro, pois nestes faz-se o recalque das terras.

Resultará, no entanto, um acréscimo considerável para os volumes totais a

transportar.

Vejamos agora alguns casos especiais que podem surgir. Por vezes existem

obstáculos que limitam as zonas de transporte e compensação, impedindo o

transporte em condições económicas, dum lado para o outro desse obstáculo.

É o que acontece quando aparecem locais que obriguem à construção de

pontes ou túneis: o rio ou monte impedirão o transporte em boas condições de

economia.

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VIAS DE COMUNICAÇÃO

183

Nestes casos divide-se a curva de Bruckner em troços limitados por esses

obstáculos e faz-se o estudo do movimento de terras independentemente para

cada troço.

Page 185: Vias_Comunicacao_2010

VIAS DE COMUNICAÇÃO

184

BIBLIOGRAFIA

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"Norma de Intersecções" (JAE, 1993)

"Norma de Nós de Ligação" (JAE, 1993)

"A Policy on Geometric Design of Highways and Streets" (AASHTO, 1990)

"Publicações recentes do SETRA" (Service d’Etudes Techniques des Routes et

Autoroutes)

"Normas de Traçado" (JAE, 1978 e 1994)

Vocabulário de Estradas e Aeródromos (LNEC)

Paul Wright and Radnor Paquette - "Highway Engineering"

Georges Jeuffroy - "Proyecto y Construccion de Carreteras"

Herbert Nichols & David Day - "Moving the Earth - The Workbook of

Excavation"

Robert Peurifoy & William Ledbetter - "Construction, Planning, Equipment &

Methods"

CatterPillar - "Manual de Produção"

Robert Hunter - "Bituminous Mixtures in Road Construction"

LNEC - "Especificações"