VIDA ECONOMICA 6NOV2015 1

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sexta-feira, 6 de novembro 2015 SEGUROS 2 ELISABETE SOARES [email protected] A preocupação com o tema “Em- ployee Benefits” tem vindo a crescer nos últimos anos. A crise económi- ca levou as empresas portuguesas a procurar novas formas de remunerar e motivar os seus colaboradores, reduzindo, si- multaneamente, custos com salários. Há tam- bém uma maior perceção do colaborador de que os benefícios lhe proporcionam um maior rendimento, e da empresa relativamente à sua vantagem fiscal. Na opinião de Sérgio Carvalho, diretor de Marketing, Produtos e Canais da Fidelidade, “os seguros têm-se revelado uma das soluções mais eficazes, sendo que os colaboradores valorizam a possibilidade de escolha no que diz respeito aos seus benefícios”. Contudo, alerta, em Portugal, há uma dis- persão legislativa relativamente a estes benefícios sociais, ou seja, não existe um diploma legal que regule estes benefícios no seu todo, o que difi- culta a sua evolução. Mariana Londrim Cisneiros, responsável do segmento PME da AXA Portugal, considera que “atualmente, e cada vez mais, as empresas apos- tam nos ‘Employee Benefits’. Este tipo de pro- duto motiva e protege os colaboradores, assim como a sua família, e, ao mesmo tempo, é uma alavanca financeira à gestão da PME”. Luís Ferreira, diretor de Pessoas e Serviços Jurídicos da Allianz Portugal, destaca que, “hoje em dia, os ‘Employee Benefits’ são uma forma cada vez mais utilizada não só para motivar os colaboradores como para tornar novos recru- tamentos mais atrativos. E em tempos de cri- se, como os que vivemos nos últimos anos, os ‘Employee Benefits’ são muitas vezes uma for- ma de proporcionar outro tipo de remuneração aos empregados, sem sobrecarregar os salários”. Acrescenta que “são benefícios a que os colabo- radores são muito sensíveis, porque muitos deles os ajudam em áreas que são fundamentais para o seu bem-estar ou mesmo para o seu futuro”. Estes benefícios variam muito de natureza e de forma. Podem ir desde seguros de saúde, hoje cada vez mais valorizados, a cartões de refeição com benefícios fiscais, cartões ou cheques de es- tudo para apoio às despesas com educação dos filhos, programas de empréstimos para determi- nadas situações, até programas de complementos de reforma, também cada vez mais importantes quando as sucessivas alterações da Segurança Social têm vindo a baixar os valores das pen- sões a cargo do Estado. “Hoje esses benefícios são também alcançados através de protocolos com outras empresas que podem proporcionar aos colaboradores da empresa contratante um conjunto de serviços a preços mais vantajosos”, destaca Luís Ferreira, da Allianz. Para Artur Lucas, diretor de Marketing e Comunicação da Zurich em Portugal, “os cha- mados benefícios para empregados – ‘Employee Benefits Plan’ – que se traduzem numa cadeia de valor que pode ir desde os seguros de saúde para colaboradores e familiares, de um contrato de seguros de acidentes pessoais para responder por lesões corporais em situações extraprofissionais, de um plano de poupança-reforma ou mesmo de um contrato de seguro vida, entre muitos ou- tros exemplos – consolidam a relação contratual entre empregados e empregadores e assumem-se hoje como fatores diferenciadores para a atrati- vidade dos melhores talentos”. Artur Lucas destaca, ainda, que, por um lado, os benefícios melhoram as condições de vida dos empregados e, consequentemente das suas famílias, ajudando quer nas situações Pacote pode incluir seguros de saúde, acidentes pessoais e poupança reforma Empresas motivam trabalhadores com os “Employee Benefits” e aproveitam vantagens fiscais concretas do quotidiano quer, nalguns casos, a preparar o futuro. Por outro lado, esta respon- sabilidade social das empresas para com os seus colaboradores traduz-se em medidas de gestão muito direcionadas para a motivação e de reten- ção dos seus colaboradores. Fator motivacional na empresa Carlos Silva, diretor de Oferta da Tranqui- lidade, é de opinião que “as empresas mantêm uma grande recetividade à subscrição dos pro- dutos de “Employee Benefits”, pois estes atuam como um forte fator motivacional na empresa, atribuindo garantias que vão muito além da proteção obrigatória do seguro de acidentes de trabalho”. O que são os “Employee Benefits” Nunca como agora, os portugueses estão em condições de valorizarem tanto os chamados “Employee Benefits”, ou seja, todas aquelas regalias que lhes podem ser atribuídas pelas entidades patronais a título de compensação e/ ou de complementaridade às suas remunerações, no imediato ou para a altura da reforma. Estas vantagens são hoje também uma forma de motivar os colaboradores e de reforçar o espírito de equipa e o sentimento de pertença. No fundo, reforça-se a ligação das pessoas à empresa e isso reflete-se naturalmente na performance de todos. Os “Employee Benefits” podem também ser uma excelente ferramenta nos processos de recrutamento porque os candidatos já estão muito atentos a este tipo de benefícios e não olham apenas para o salário que podem vir a receber mas também para todas estas outras vantagens de que podem beneficiar se trabalharem numa empresa cujo leque de “Employee Benefits” é mais largo. Em Portugal, há uma dispersão legislativa relativamente a estes benefícios sociais, ou seja, não existe um diploma legal que regule estes benefícios no seu todo, o que dificulta a sua evolução

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sexta-feira, 6 de novembro 2015 SEGUROS2

ELISABETE [email protected]

A preocupação com o tema “Em-ployee Benefi ts” tem vindo a crescer nos últimos anos. A crise económi-ca levou as empresas portuguesas a procurar novas formas de remunerar

e motivar os seus colaboradores, reduzindo, si-multaneamente, custos com salários. Há tam-bém uma maior perceção do colaborador de que os benefícios lhe proporcionam um maior rendimento, e da empresa relativamente à sua vantagem fi scal.

Na opinião de Sérgio Carvalho, diretor de Marketing, Produtos e Canais da Fidelidade, “os seguros têm-se revelado uma das soluções mais efi cazes, sendo que os colaboradores valorizam a possibilidade de escolha no que diz respeito aos seus benefícios”.

Contudo, alerta, em Portugal, há uma dis-persão legislativa relativamente a estes benefícios sociais, ou seja, não existe um diploma legal que regule estes benefícios no seu todo, o que difi -culta a sua evolução.

Mariana Londrim Cisneiros, responsável do segmento PME da AXA Portugal, considera que “atualmente, e cada vez mais, as empresas apos-tam nos ‘Employee Benefi ts’. Este tipo de pro-duto motiva e protege os colaboradores, assim como a sua família, e, ao mesmo tempo, é uma alavanca fi nanceira à gestão da PME”.

Luís Ferreira, diretor de Pessoas e Serviços Jurídicos da Allianz Portugal, destaca que, “hoje em dia, os ‘Employee Benefi ts’ são uma forma cada vez mais utilizada não só para motivar os colaboradores como para tornar novos recru-tamentos mais atrativos. E em tempos de cri-se, como os que vivemos nos últimos anos, os ‘Employee Benefi ts’ são muitas vezes uma for-

ma de proporcionar outro tipo de remuneração aos empregados, sem sobrecarregar os salários”. Acrescenta que “são benefícios a que os colabo-radores são muito sensíveis, porque muitos deles os ajudam em áreas que são fundamentais para o seu bem-estar ou mesmo para o seu futuro”.

Estes benefícios variam muito de natureza e de forma. Podem ir desde seguros de saúde, hoje cada vez mais valorizados, a cartões de refeição com benefícios fi scais, cartões ou cheques de es-tudo para apoio às despesas com educação dos fi lhos, programas de empréstimos para determi-nadas situações, até programas de complementos de reforma, também cada vez mais importantes quando as sucessivas alterações da Segurança Social têm vindo a baixar os valores das pen-sões a cargo do Estado. “Hoje esses benefícios são também alcançados através de protocolos com outras empresas que podem proporcionar aos colaboradores da empresa contratante um conjunto de serviços a preços mais vantajosos”, destaca Luís Ferreira, da Allianz.

Para Artur Lucas, diretor de Marketing e Comunicação da Zurich em Portugal, “os cha-mados benefícios para empregados – ‘Employee Benefi ts Plan’ – que se traduzem numa cadeia de valor que pode ir desde os seguros de saúde para colaboradores e familiares, de um contrato de seguros de acidentes pessoais para responder por lesões corporais em situações extraprofi ssionais, de um plano de poupança-reforma ou mesmo de um contrato de seguro vida, entre muitos ou-tros exemplos – consolidam a relação contratual entre empregados e empregadores e assumem-se hoje como fatores diferenciadores para a atrati-vidade dos melhores talentos”.

Artur Lucas destaca, ainda, que, por um lado, os benefícios melhoram as condições de vida dos empregados e, consequentemente das suas famílias, ajudando quer nas situações

Pacote pode incluir seguros de saúde, acidentes pessoais e poupança reforma

Empresas motivam trabalhadores com os “Employee Benefi ts” e aproveitam vantagens fi scais

concretas do quotidiano quer, nalguns casos, a preparar o futuro. Por outro lado, esta respon-sabilidade social das empresas para com os seus colaboradores traduz-se em medidas de gestão muito direcionadas para a motivação e de reten-ção dos seus colaboradores.

Fator motivacional na empresa

Carlos Silva, diretor de Oferta da Tranqui-lidade, é de opinião que “as empresas mantêm uma grande recetividade à subscrição dos pro-dutos de “Employee Benefi ts”, pois estes atuam como um forte fator motivacional na empresa, atribuindo garantias que vão muito além da proteção obrigatória do seguro de acidentes de trabalho”.

“Employee Benefi ts”e aproveitam vantagens fi scais O que

são os “Employee Benefi ts”

Nunca como agora, os portugueses estão em condições de valorizarem tanto os chamados “Employee

Bene� ts”, ou seja, todas aquelas regalias que lhes podem ser atribuídas pelas entidades patronais a título de compensação e/

ou de complementaridade às suas remunerações, no imediato ou para a altura da reforma. Estas vantagens são hoje também uma

forma de motivar os colaboradores e de reforçar o espírito de equipa e o sentimento de pertença. No fundo, reforça-se a ligação das pessoas à empresa e isso re� ete-se naturalmente na performance de

todos. Os “Employee Bene� ts” podem também ser uma excelente ferramenta nos processos de recrutamento porque os candidatos

já estão muito atentos a este tipo de benefícios e não olham apenas para o salário que podem vir a receber mas

também para todas estas outras vantagens de que podem bene� ciar se trabalharem numa empresa

cujo leque de “Employee Bene� ts” é mais largo.

Em Portugal, há uma dispersão legislativa relativamente a estes benefícios sociais, ou seja, não existe um diploma legal que regule estes benefícios no seu todo, o que difi culta a sua evolução