VIDRAÇA ESFUMAÇADA HINO DAS CASAS DE ESTUDANTES · Sabe-se que no Brasil, ... Quase tudo pronto,...

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35º Encontro Nacional de Casas de Estudantes (ENCE) Residência Universitária da UEFS - RESI (www.uefs.br/residencia) Av. Transnordestina, s/nº, Campus da UEFS (Próximo ao Museu Casa do Sertão) Fone: 75-3161-8106 / E-mail: [email protected] / [email protected] sta edição Especial do RESINFORME está voltada para falar sobre a importância do movimento estudantil no âmbito nacional e local (UEFS). Destacamos o 35º Encontro Nacional de Casas de Estu- dantes (ENCE), que ocorrerá no período de 07 a 13 de agosto de 2011, no campus da UEFS. Sabe-se que no Brasil, grande parte da população vivencia diversas formas de segregação e condi- ções de miséria, que variam de intensidade. Questões como moradia, alimentação, manutenção, meios de transporte e saúde são demandas primordiais para garantir a permanência de estudantes de baixa condição socioeconômica nas universidades públicas. Nesse sentido, o movimento estudantil luta pela redução das desigualdades socioeconômicas dis- centes, tornando-se parte importante no processo de democratização da universidade e da própria soci- edade. A luta pela igualdade, acesso e permanência estudantil nas universidades brasileiras está pauta- da no direito garantido à classe discente. No 35º ENCE será abordado o tema “Casas em movimento(s): olhares politi- zados, fazeres plurais e os sentidos das políticas de assistência e permanência”. Dentre os objetivos do ENCE, estão a troca de experiências, identificação de paralelos entre as diferentes realidades e a discussão de formas de articulação de luta nacional- mente integrada em torno das políticas de assistência/permanência estudantil. A realização do ENCE é fruto de parce- ria entre a Secretaria Nacional de Casas de Estudantes (SENCE) e as Residências Univer- sitárias da Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); Universidade Federal da Ba- hia (UFBA) e Universidade Federal do Recôn- cavo da Bahia (UFRB). As inscrições para o 35º ENCE ocorrem em duas modalidades: - Com alimentação, certificado, alojamento e material (R$ 25,00); - Sem alimentação, alojamento e material, apenas com certificado (R$ 10,00). Contato para outras informações e pré-inscrições pode ser feito através do e-mail: [email protected] e pelo Blog: http://xxxvencebahia.blogspot.com, onde está disponível a Programação do encontro e as delegações que já confirmaram presença. Participe você também!!! Ana Célia Coelho Membro do Conselho Editorial Residente e graduanda em Letras Vernáculas na UEFS EXPEDIENTE O RESINFORME é uma publicação da RESI/UEFS, organi- zado pela Coordenação de Comunicação da mesma; produ- zido com apoio da Coordenação de Assuntos Estudantis da UEFS CODAE. Conselho Editorial: Ana Célia Coelho; Ivanete Martins de Jesus; Jacilene Marques Salomão. Diagramação e formação: Ana Célia Coelho. Sugestões, críticas ou esclarecimentos: e-mail: [email protected] / Tel.: (75) 3161-8106. Tiragem: 500 exemplares Imprensa Universitária da UEFS 01 Ano II Nº III Edição Especial Agosto de 2011 04 VIDRAÇA ESFUMAÇADA Além da vidraça esfumaçada Respingam lúdicas facetas amargas Revestidas de discursos e porquês. Almejando o pedestal do poder Correntes invisíveis foram projetadas Chips distribuídos em grande escala Programados para o sim, senhor. Inquietas por entre brasas de loucuras Vozes alarmaram mitos de vergonha Abrindo íris lacradas pelo medo, Deixando faíscas de sonhos e segredos Germinando militantes do amanhã! Houve perdas e conquistas diversas, Sangue documentado em falsos eclipses. Marcha dissipou-se em esferas apagadas! Onde estão as mãos feitas de união? A bandeira pintada de falsa alforria?! Os muros perduram nas sombras Mas, nem todos enxergam suas íris, Nem vêem suas correntes enferrujadas! Lutar virou caricatura de novela Sinônimo de desocupado, sonhador. Ruiu-se a esperança, o sangue derramado? Não! Gritam os heróicos ancestrais! E de suas mãos calejadas e turvas Perpassam labirintos e enxurradas de livros. Os muros espelhados estão por romper. Multidão tornou-se única voz! Jacilene Marques Salomão Membro do Conselho Editorial Residente e graduanda em Letras Vernáculas na UEFS RESIARTE HINO DAS CASAS DE ESTUDANTES EU QUERO UM TETO (Célia Mares) Passando pela rua eu vi uma casa Por fora nem dá gosto de se ver Mas ao cruzar a porta se percebe Que existe um mundo inteiro pra viver A Universidade é só um passo Pra se encontrar com toda a confusão E ao mesmo tempo para nós só o começo Pra se pensar num plano pra nação Eu quero um teto não só pra morar Eu quero afeto Não deixe a casa desabar No corredor à frente a esperança Caindo aos pedaços, mas ali Na sala de estudo uma lembrança Dos nossos velhos tempos sem dormir Deixei pra trás família e a descrença E hoje posso ver que vou mudar Já sei fazer um sonho de concreto Mas falta o cimento para juntar Eu quero um teto não só pra morar Eu quero afeto Não deixe a casa desabar Os sábios do passado me mostraram Mas foi na raça que eu consegui Abrir a mente, a porta e as janelas E hoje mora um universo em mim Mas é preciso mais que um projeto Saber lutar, paixão, corpo febril Buscando erguer o hoje em solo fértil Pras casas de estudantes do Brasil Eu quero um teto não só pra morar Eu quero afeto Não deixe a casa desabar RESIHUMOR

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35º Encontro Nacional de Casas de Estudantes (ENCE)

Residência Universitária da UEFS - RESI (www.uefs.br/residencia) Av. Transnordestina, s/nº, Campus da UEFS (Próximo ao Museu Casa do Sertão)

Fone: 75-3161-8106 / E-mail: [email protected] / [email protected]

sta edição Especial do RESINFORME está voltada para falar sobre a importância do movimento

estudantil no âmbito nacional e local (UEFS). Destacamos o 35º Encontro Nacional de Casas de Estu-

dantes (ENCE), que ocorrerá no período de 07 a 13 de agosto de 2011, no campus da UEFS.

Sabe-se que no Brasil, grande parte da população vivencia diversas formas de segregação e condi-

ções de miséria, que variam de intensidade. Questões como moradia, alimentação, manutenção, meios

de transporte e saúde são demandas primordiais para garantir a permanência de estudantes de baixa

condição socioeconômica nas universidades públicas.

Nesse sentido, o movimento estudantil luta pela redução das desigualdades socioeconômicas dis-

centes, tornando-se parte importante no processo de democratização da universidade e da própria soci-

edade. A luta pela igualdade, acesso e permanência estudantil nas universidades brasileiras está pauta-

da no direito garantido à classe discente.

No 35º ENCE será abordado o tema

“Casas em movimento(s): olhares politi-

zados, fazeres plurais e os sentidos das

políticas de assistência e permanência”.

Dentre os objetivos do ENCE, estão a troca

de experiências, identificação de paralelos

entre as diferentes realidades e a discussão

de formas de articulação de luta nacional-

mente integrada em torno das políticas de

assistência/permanência estudantil.

A realização do ENCE é fruto de parce-

ria entre a Secretaria Nacional de Casas de

Estudantes (SENCE) e as Residências Univer-

sitárias da Universidade do Estado da Bahia

(UNEB); Universidade Estadual de Feira de

Santana (UEFS); Universidade Federal da Ba-

hia (UFBA) e Universidade Federal do Recôn-

cavo da Bahia (UFRB).

As inscrições para o 35º ENCE ocorrem em duas modalidades:

- Com alimentação, certificado, alojamento e material (R$ 25,00);

- Sem alimentação, alojamento e material, apenas com certificado (R$ 10,00).

Contato para outras informações e pré-inscrições pode ser feito através do e-mail:

[email protected] e pelo Blog: http://xxxvencebahia.blogspot.com, onde está disponível

a Programação do encontro e as delegações que já confirmaram presença. Participe você também!!!

Ana Célia Coelho

Membro do Conselho Editorial

Residente e graduanda em Letras Vernáculas na UEFS

EXPEDIENTE

O RESINFORME é uma publicação da RESI/UEFS, organi-zado pela Coordenação de Comunicação da mesma; produ-zido com apoio da Coordenação de Assuntos Estudantis da UEFS — CODAE.

Conselho Editorial: Ana Célia Coelho; Ivanete Martins de Jesus; Jacilene Marques Salomão.

Diagramação e formação: Ana Célia Coelho.

Sugestões, críticas ou esclarecimentos: e-mail: [email protected] / Tel.: (75) 3161-8106.

Tiragem: 500 exemplares Imprensa Universitária da UEFS

01

Ano II Nº III — Edição Especial — Agosto de 2011

04

VIDRAÇA ESFUMAÇADA

Além da vidraça esfumaçada

Respingam lúdicas facetas amargas

Revestidas de discursos e porquês.

Almejando o pedestal do poder

Correntes invisíveis foram projetadas

Chips distribuídos em grande escala

Programados para o sim, senhor.

Inquietas por entre brasas de loucuras

Vozes alarmaram mitos de vergonha

Abrindo íris lacradas pelo medo,

Deixando faíscas de sonhos e segredos

Germinando militantes do amanhã!

Houve perdas e conquistas diversas,

Sangue documentado em falsos eclipses.

Marcha dissipou-se em esferas apagadas!

Onde estão as mãos feitas de união?

A bandeira pintada de falsa alforria?!

Os muros perduram nas sombras

Mas, nem todos enxergam suas íris,

Nem vêem suas correntes enferrujadas!

Lutar virou caricatura de novela

Sinônimo de desocupado, sonhador.

Ruiu-se a esperança, o sangue derramado?

Não! Gritam os heróicos ancestrais!

E de suas mãos calejadas e turvas

Perpassam labirintos e enxurradas de livros.

Os muros espelhados estão por romper.

Multidão tornou-se única voz!

Jacilene Marques Salomão

Membro do Conselho Editorial

Residente e graduanda em Letras Vernáculas na UEFS

RESIARTE HINO DAS CASAS DE ESTUDANTES

EU QUERO UM TETO (Célia Mares)

Passando pela rua eu vi uma casa Por fora nem dá gosto de se ver

Mas ao cruzar a porta se percebe Que existe um mundo inteiro pra viver

A Universidade é só um passo Pra se encontrar com toda a confusão

E ao mesmo tempo para nós só o começo Pra se pensar num plano pra nação

Eu quero um teto não só pra morar

Eu quero afeto Não deixe a casa desabar

No corredor à frente a esperança

Caindo aos pedaços, mas ali Na sala de estudo uma lembrança

Dos nossos velhos tempos sem dormir Deixei pra trás família e a descrença

E hoje posso ver que vou mudar Já sei fazer um sonho de concreto

Mas falta o cimento para juntar

Eu quero um teto não só pra morar Eu quero afeto

Não deixe a casa desabar

Os sábios do passado me mostraram Mas foi na raça que eu consegui

Abrir a mente, a porta e as janelas E hoje mora um universo em mim

Mas é preciso mais que um projeto Saber lutar, paixão, corpo febril

Buscando erguer o hoje em solo fértil Pras casas de estudantes do Brasil

Eu quero um teto não só pra morar

Eu quero afeto Não deixe a casa desabar

RESIHUMOR

PONTO DE PAUTA

03 02

RESIHISTÓRIA

Movimento de Casas de Estudantes (MCE)

Movimento Estudantil sempre teve uma forte ligação com as moradias estudantis. As pri-

meiras moradias, de que se tem notícia no Brasil, foram as “Repúblicas” de Ouro Preto-MG, no

século XIX (período imperial), quando grupos de estudantes, com ideias republicanas, se juntaram

e foram morar em casarões e sobrados. Portanto, o surgimento dessas “repúblicas” já foi uma a-

ção política.

Na história recente do Brasil, durante o período da

Ditadura Civil-Militar (1964-1985), as casas de es-

tudantes serviram como locais estratégicos de re-

fúgio e resistência. Em 1987 o movimento se arti-

cula nacionalmente com a criação da SENCE –

Secretaria Nacional de Casas de Estudantes, cujo

principal objetivo é coordenar a luta das moradias

estudantis pela formulação de uma Política Nacio-

nal de Assistência Estudantil, bem como o ensino

público gratuito e de qualidade, seu reconhecimen-

to e assistência por parte dos Governos e Institui-

ções de Ensino Superior.

Na década de 1990, com o avanço do neoliberalis-

mo, a Assistência Estudantil é considerada “gasto

desnecessário” e é extinta a rubrica específica que

garantia o repasse financeiro às universidades públicas. A partir daí, acentua-se a deterioração das

casas de estudantes e das universidades, o que reforça a importância dos estudantes residentes se

organizarem para lutar por melhorias. Nos anos 2000, a luta pela rubrica específica pela assistência

estudantil cresce com a criação do PNAES – Plano Nacional de Assistência Estudantil, que garan-

tiu 3 (três) anos (2007-2010) de verbas para as IFES (Instituições Federais de Ensino Superior).

Dentro do Movimento de Casas de Estudantes, o Encontro Nacional de Casa de Estudante

(ENCE) tem papel de formação política, pois se trata de um movimento onde a renovação dos

quadros é muito intensa. Essa formação, tenta embasar e encorajar os novos residentes a continu-

arem lutando por políticas de acesso e permanência. O MCE parte de que a assistência estudantil

não é esmola e nem favor, muito menos privilégio, mas um direito. Conforme consta na nossa

Constituição: o ensino deve ser oferecido com “igualdade de condições para o acesso e perma-

nência” (Art. 206).

Portanto, a realização do ENCE constitui

um momento privilegiado de socialização e com-

partilhamento das experiências de lutas e resistên-

cias, bem como de formação e articulação políti-

ca das Casas Estudantis.

(Texto adaptado da Cartilha da SENCE-2010. Disponível em:

<http://www2.uefs.br/residencia/movimentoestudantil.htm>.

Acesso em: 30 jun. 2011)

COMO CONQUISTAMOS NOSSA CASA NO CAMPUS...

maior parte do pessoal, conforme combinado, se reuniu no ponto de encontro, uma re-

pública estudantil no centro da cidade. O caminhão demorou um pouco a chegar, elevando o nível geral de ansiedade naquela tarde calorenta de outubro. No campus, o restante do grupo aguarda-

va o sinal para fazer a sua parte: simular uma visita à creche abandonada para garantir que esti-vesse aberta no momento exato. Havia um sabor diferente no ar, misto de responsabilidade e a-ventura, e os olhos de todos brilhavam na expectativa de realizar o plano elaborado em tantas

reuniões secretas.

Quase tudo pronto, o caminhão carregado, o pessoal subindo e o sus-

to: passa pelo local, de automóvel, um membro da administração da UEFS, que chega a acenar para alguns estudantes. A decisão é rápida e a toda pres-

sa. No caminho, por precaução, o desvio pelos fundos da Polícia Rodoviária. A entrada no campus é feita silenciosa-mente, rumando para o prédio da creche, aberto a um

grupo de estudantes que "fazia uma visita para conhecer as instalações".

Alguns barracões do Exército, armados para um e-vento, e uma viatura da PM que circulava nas proximida-

des foram vistos de relance. Agora era o momento da ra-pidez e em poucos minutos, uma floresta de braços trans-portaram para o interior do prédio com camas, vassouras,

panos de chão, enxadas, facões... e abriram portas e ja-nelas. Estava fundada a Residência Universitária da UEFS

(RESI). Teve cobertura da TVU que registrou os momen-tos cruciais da ocupação, manchete no noticiário local e nos jornais dos dias seguintes.

Foi o começo da luta. Inúmeras reuniões com a ad-

ministração (que tentou sempre descaracterizar a ocupa-ção, taxando-a de ação de "malandragem", "invasão de desocupados" etc., chegando a pedir na justiça a reintegração de posse). A organização interna do espaço, distribuição de tarefas, a ne-

cessidade de manter a ocupação durante as férias, o esforço para manter vivo o sentido político do movimento... tudo isso consumiu longos meses de trabalho árduo dos residentes e do grupo de apoio.

Para os militantes que ocuparam a creche em 1988, essa ação era parte de uma luta mais

ampla do movimento estudantil pela democratização da universidade, para pô-la a serviço e ao alcance dos filhos dos trabalhadores, da classe explorada e oprimida.

A Residência foi um espaço que cultivou a solidariedade: acolheu alunos provenientes de muitos lugares; hospedeu professores da UEFS e estudantes de outras Universidades; promoveu

festas; discussões políticas; deu auxílio a eventos; participou ativamente da vida universitária. Recebeu, em muitos momentos, apoio de vários setores e personalidades de dentro e de fora da academia. Tornou-se ponto de encontro, lugar de todos, lazer e cuidado de todos. O vento andou

espalhando as folhas... Haverá quem ajunte?

O sentido da luta não está perdido nem para os residentes nem para a

UEFS. Quem vê a Residência hoje, com aspecto jovial e sólida, não i-magina essas histórias nem tantas outras ainda por contar. Aquela pri-

mavera, contudo, trouxe perfumes e belezas que não devem ser es-quecidas pelos que querem - em vão!? deitar mão no deserto e fazê-lo jardim. A UEFS precisa de flores e borboletas.

(Texto adaptado do RESINFORME, Maio - 1ª edição 2001. Disponível em: <http://www2.uefs.br/residencia/historico.htm>. Acesso em: 30 jun. 2011)

AC

C

Queremos uma

casa no Campus!!!