Vieira dos Santos vol02

390

Click here to load reader

Transcript of Vieira dos Santos vol02

Page 1: Vieira dos Santos vol02

Antônio Vieira dos Santos Memória Histórica da Cidade de Paranaguá e seu Município SEGUNDA PARTE Descrição geral da Cidade, suas igrejas, edifícios públicos e particulares, alfândega, fortaleza, casa da misericórdia, ruas, travessas, número de prédios urbanos; e população, força da guarda nacional e policial, série cronológica dos governos militares, civil e eclesiástico, instrução primária, comércio marítimo, exportações e importações, número da saída das embarcações, necrologia, e outros muitos objetos memoráveis dignos de história. Oferecido À ilustre Câmara Municipal 1850DEDICAÇÃO À Santíssima Virgem Maria Senhora do Rosário que seus queridos Filhos paranagüenses lhe retribuem o heróico amor de sua cara Pátria pelo amor maternal que nela os criou. Laus & jubilatio, Patris honor Virgo Maria. A Cidade de Paranaguá, tendo um título tão glorioso em ter por sua padroeira e protetora a Santíssima Virgem Maria do Rosário, jamais nunca poderão ter seus filhos paranagüenses, nem essa desoladora peste e a devorante fome e nem a sangüinolenta guerra, com que muitas vezes a divina justiça envia ao mundo a certos países, em castigo de seus desgraçados habitantes, porque eles têm por seu escudo a Virgem Maria, que com sua valiosíssima intercessão e o grande merecimento que tem para com seu Santíssimo Filho, suas preces e rogativas sempre são atendíveis, e dele obtêm o despacho favorável de sua petição; repartindo com liberal mão, suas graças, dando saúde aos enfermos, consolação aos aflitos, socorros aos necessitados, finalmente, como Mãe carinhosa, volve seus olhos de ternura e cheios de piedade, para aquele filho paranagüense que invocando seu nome santíssimo vão valer-se de seu patrocínio, e ela prontamente o socorre espargindo o auxílio de suas divinas graças, nascido de puro Amor, de seu terno coração, e como verdadeira Mãe carinhosa, alivia as tristes lágrimas de uma esposa querida e de uma mãe afligida; e por isso deveis, ó caros compatriotas paranagüenses, retribuir-lhe com uma sincera adoração, um puro amor filial e esse amor seja o heróico que cada um tem pela Pátria. O solo paranagüense ainda está intato, desde que foi reproduzido pela natureza, ainda nele não teve a glória de pisar nenhum inimigo estrangeiro, que se atrevesse invadi-lo, profanando as suas plantas exóticas, ou neles barbaramente fazer derramar o sangue precioso do brasileiro; assim como o fizeram os ingleses na Vila de Santos, os franceses no Rio de Janeiro, os holandeses na Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba do Norte; franceses em Itamaracá, e Maranhão, espanhóis em a ilha de Santa Catarina. Nessas antigas eras em que infestavam as costas brasileiras piratas levantados de outras nações, nunca se atreveram fazer seu ingresso nas baías paranagüenses, apesar de estar sempre com as suas barras abertas para o oceano e sem ter a menor defesa, mais do que o escudo de Maria; e ainda no tempo feliz, naquele tempo feliz em que haviagrande abundância de metal precioso em que a natureza então quis abrir seus recheados cofres aos paranagüenses e que dariam grande motivo à ambição estrangeira, a fazer seu ingresso, nunca tiveram ânimo de entrar. Em 1659, até apareceram à vista da barra embarcações holandesas; como o participou o capitão-mor Gabriel de Lara ao Governo do Rio de Janeiro, a fim de que não mandasse retirar os índios aldeados, por ficar a terra despovoada e sem gente que a defendesse, por não haver nenhumas fortificações; aquelas embarcações não entraram, talvez mesmo do alto mar se lhes figurasse sobre a Cidade outra igual torre a de Babel, ou à montanha da Serra da Prata, a Virgem Maria _ Fortitude Turris Davidica _ a fortaleza a mais invencível que pode haver sobre a terra. Em 1718, o temerário pirata francês Mr. Bolorot teve a imprudência de fazer seu ingresso rapinoso atrás do galeão espanhol que vinha do Chile, carregado de prata, invadindo essas águas do terreno onde a Protetora da Cidade dominava, causando seu aparecimento imprevisto na ponta da Ilha da Cotinga, grande susto e terror aos paranagüenses indefesos; eles prontamente recorreram à sua Padroeira, e cheios de confiança e devoção a conduziram em triunfo, qual valorosa Judite, até ao lugar da ribanceira e prontamente em defesa de seus filhos, foi castigada tal ousadia, por meio dum repentino furacão furioso que fez levar o navio desses piratas contra um cachopo de rochedo que tem à flor d'água na ponta da Ilha da Cotinga, onde foi submergido nos profundos abismos; preso o chefe pirata e seus cúmplices;

Page 2: Vieira dos Santos vol02

vitória que os paranagüenses alcançaram pela intercessão de Maria, no dia 9 de março do mesmo ano de 1718, ficando desde então eternizado o nome daquele rochedo, como memória perpétua de tal acontecimento e do quanto é valiosa sua intercessão para com o Senhor. Em 1726, entrando na baía de Paranaguá, outra nau francesa, vinda do Rio de S. Francisco, onde esteve de arribada, a Câmara teve a animosidade de proibir aos povos lhe não prestassem nenhuns socorros e ninguém com eles fizessem negócio algum; e o paranagüense Antônio de Lara, possuído de um verdadeiro amor da pátria, ofereceu generosamente à Câmara a sua pessoa e dinheiro e uma sumaca que tinha tripulada de gente para os irem prender. Nunca o solo paranagüense experimentou a horrível fome, como por muitas vezes assolaram as Províncias do Norte, como Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí; e Paranaguá socorreu com suprimento de 30 a 40 mil alqueires de farinhas, estando no gozo da abundância, quando aquelas choravam em miséria; supriu por muitas vezes a praça de Santos e Rio de Janeiro, com mais de 20 a 30 mil alqueires; para o continente do sul a fornecimentos das tropas na guerra de 1777 mais de 10 a 12 mil alqueires; e até para a Bahia, e Nova Colônia do Sacramento, sempre o terreno de Maria foi fértil e abundante, e só em alguns anos foi mais escassa a produção, obrigando a necessidade de ser suprido este pão diário por importações trazidas de outros países do Brasil; esta falta nunca chegou a ser uma extraordinária fome. A peste geral, com que a divina mão quer castigar as culpas humanas, não tem sido no solo paranagüense de tão terrível malignidade, como em outros lugares do Brasil. Essa espantosa peste geral que houve no ano de 1686, que assolou famílias e povoações inteiras, Paranaguá também sofreu com mais moderação, permitindo a Virgem que fosse descoberta a erva do bicho, seu único remédio, denominando por isso a peste a da bicha. A grande peste que houve no ano de 1788 de disenterias sangüíneas amalignadas, e que dentro em poucos dias a morte ceifou perto de trezentas pessoas paranagüenses, recorrendo à sua boa Protetora logo fez cessar essa grande mortandade. Veja-se o que exarou nos livros da Câmara o 2º vereador alferes Manoel Tavares de Siqueira, num termo de memória; diz ele: "Em poucos dias já se contavam perto de trezentas pessoas falecidas e isto numa diminuta povoação que não chega a quatro mil almas, cujo furor se aplacou depois que a devoção e piedade dos habitantes foi freqüentada no terço do rosário da Mãe de Deus!". Exaltabo te, Virgines quoniam suscepisti me. Assim, paranagüenses, tributai-lhe o verdadeiro amor filial, o amor da Pátria que se leva, sabe donde brota esta qualidade exímia, esta virtude sublime, que tão doces recordações tem deixado sobre a terra em que têm florescido os impérios, feito progressos a maior civilização e obtido dignos alunos de Marte, imurcháveis louros. O amor que existe gravado em nossos corações para com o país natal é uma conseqüência preciosa daquele amor esclarecido e razoável que deveria a nós mesmos, pois que a felicidade do homem está estreitamente ligada à da sua Pátria; e como a poderá servir com zelo, com fidelidade e coragem se não concentrar impresso esse nobre sentimento? Por certo que o amor pátrio é uma virtude política, que sublimando tanto o espírito do cidadão, faz com que este renuncie a si mesmo, preferindo o interesse público ao seu próprio, excitando ao mesmo tempo uma energia de ânimo e vigor tal que se torna a mais heróica das paixões. Os gregos e os romanos não conheciam nada tão amável, nem tão sagrado, os seus votos eram que tudo se devia sacrificar por estes, eis a voz geral dos magistrados, dos guerreiros e depois eis o grito da guerra quando Sirtes perigosas, no proceloso horizonte ameaçavam ruína à nau do Estado. A poesia, a escultura, a eloqüência abrirão todos seus tesouros para imortalizar a glória sua, e vós mais distantes ela presidia as determinações do Senado, ressoava entre mil hinos e cívicos aplausos, nos teatros, nos discos e nas assembléias do povo. Ah! Quão grandes recordações em nós ainda hoje excitam as cenas ditosas que patenteavam no mundo a brilhante marcha, os heróicos feitos que o amor da pátria produziu, em todo o seu esplendor e força. As estátuas, os monumentos no-lo mostram, os triunfos esculpidos por mão Argiva, esses mutilados restos da grandeza verdadeiramente nacional por si falam; os Sólons, os Licurgos, os Milcíades, os Temístocles preferiam sempre a esta a tudo quanto havia de mais caro sobre a terra; e se não foram tão poderoso móvel acaso venceriam os gregos nos campos maratônios e depois junto à Salamina sobre as águas egéias, as numerosas coortes e armadas dos persas? Mas que se a voz do patriotismo, qual eco marcial retinindo os vales e promontórios chamava os homens livres, tornando-os corajosos ao passo que de outro lado os brados de um senhor imperioso que impelia as turbas ao combate, como escravos seus, aqueles pugnavam pela pátria, estes sem outras máximas que a adoração dos caprichos de Dario e Xerxes ignoravam o que esta era, tal a

Page 3: Vieira dos Santos vol02

diferença, tal a glória e seguro triunfo, combatendo pels pessoas da independência e dignidade da pátria. Em Roma, Vetrória desarma a cólera, e a vingança de Coriolano, seu filho, apenas lhe mostra esta. Mânlio Camilo Cipião vence os inimigos do povo romano, escutando de amor pátrio os bons ditames. Que doces emoções pois excita a pátria nas almas bem formadas o teu nome apenas proferido! Que mágica virtude ela concentra! Que inúmeros prodígios tem obrado no espírito militar! Nada há tão heróico, nem tão sublime, como o desenvolvimento de afeições patrióticas e um zelo acrisolado pelo esplendor e ventura nacional; incapaz por certo destas tão nobres sensações é o cidadão apático e egoísta insensível. Observando pois a marcha do coração humano, em todos os tempos e em todas as idades, e percorrendo os anais dos povos, encontramos irrefragáveis testemunhas que altamente proclamam ser uma obrigação inata no coração do homem, amar este com decidido aferro à sua pátria, procurando-lhe quanto dela dependa a sua felicidade, tanto que aqueles que para a salvação da sociedade se expõem a grandes perigos e neles sucedeu bem, não são por certo homicidas de si mesmo, mas bem pelo contrário, desempenhando um dever igualmente necessário, que sobremaneira é um glorioso sacrifício que harmoniza com as vistas da Providência. Dulce est de coruno est, pro Patria mori _ "Esta é a ditosa Pátria minha amada A qual se o céu me dá que sem perigo Torne eu com esta empresa já acabada Acabe-se esta luz ali comigo". Camões _ Estância XXI.

À ILUSTRE CÂMARA MUNICIPAL A vós é dedicado este segundo volume da Memória Histórica Paranagüense, fruto de meus incansáveis trabalhos; e por eles conhecereis quão longos foram; eu bem quisera levá-los ao maior grau de perfeição, mas bem conheceis sou um simples curioso e não professo na ortografia da língua nacional, e sujeito a cair em graves erros de letras e inúteis palavras (pleonasmo) que bem poderiam ser omitidas, mas se V. Senhorias algum dia mandarem redigir esta obra, ela ficará na devida perfeição. Desejoso unicamente em ser útil ao nosso país, encarei com firmeza um trabalho bastantemente espinhoso, juntando à história grande número de apontamentos mais singulares, descobertos nos arquivos desta Cidade, nas administrações civis, militares, religiosas e nas coletorias das rendas nacionais, adicionando à história diversos mapas demonstrativos que a ilustram e bem que entre alguns fatos apontados pareçam no presente de pouca monta, mas quem sabe se esses mesmos no futuro a Câmara desejaria sabê-los? Eis a principal razão que me fez vir à lembrança de organizar esta memória histórica, em ordem cronológica e que à maneira de um almanaque servisse no futuro dum farol iluminando os acontecimentos dos séculos passados. Na vossa sabedoria e generosidade deixo o árbitro de dar o verdadeiro merecimento a uma obra que é dedicada unicamente ao engrandecimento da nossa pátria, esperando portanto de vossa beneficência receber o galardão e prêmio de meus serviços. Deus guarde a V. Senhorias. Morretes, 30 de setembro de 1850. O cidadão ANTÔNIO VIEIRA DOS SANTOS.CAPÍTULO PRIMEIRO Descrição topográfica e geral da Cidade de Paranaguá. Suas igrejas, edifícios públicos e particulares, ruas, travessas, população, comércio, famílias ilustres, civilização, gênio e costumes dos paranagüenses. 1 _ PERNAGUÁ - Nome originário de suas baías, comunicado à antiga Vila de Nossa Senhora do Rosário e que ora vulgarmente se chama Paranaguá. Hoje é condecorada com o título de Cidade, pela Lei Provincial da Assembléia Legislativa nº 5, de 5 de fevereiro de 1842. Situação _ Sua situação se acha colocada na margem esquerda do rio Taguaré, e próxima à sua foz, distante meia légua da Ilha da Cotinga, que fica fronteira; seus edifícios se estendem sobre uma formosa planície de areia sobre uma alta ribanceira que ali o rio faz; não tem uma vista aparentosa ao longe porque a Ilha da Cotinga e os grandes matos dos mangais que bordam o rio do lado oposto a impedem, mas se a mesma Cidade fosse situada à beira-mar na costeira de Nossa Senhora do Rocio onde a grande baía ali passa, oferecendo uma longa e aprazível vista, mais de uma légua de largura, em contraste com o panorama das grandes montanhas fronteiras,

Page 4: Vieira dos Santos vol02

certamente que essa tão decantada baía de Niterói não seria tão formosa e nem mostraria ao viajante um painel tão pitoresco como a de Paranaguá. Foi criada Vila em 1648, e antigamente enobrecida com o nome de Capitania, que lhe deu o Marquês de Cascais, considerando-a pertencente à sua donataria e brevemente se espera, seja elevada à Capital, de uma nova Província do Império, como desejam seus habitantes desde o ano de 1811: e desde então por muitas vezes, a Câmara e povo têm enviado suas representações à presença de S. Majestade Imperial, para que se digne a sua separação da Capital de S. Paulo, e aumentar-se mais uma estrela na esfera armilar do Brasil. Governo Civil e Militar _ Seu governo civil e militar sempre esteve nos capitães-mores até o ano de 1765, em que passou a oficiais militares, sendo o primeiro o ajudante de ordens do General da Capitania, Afonso Botelho de Sampaio Paio e Sousa, seguindo-se-lhe os sucessores até ao presente sem contudo de haverem os mesmos capitães-mores que somente governavam seus corpos de ordenanças, veja-se os mapas nº 1 da série deles. Igrejas e edifícios públicos _ Tem a Cidade uma magnífica casa da Câmara, obra de cantaria e reedificada no ano de 1844 com muito asseio, com o auxílio de um conto de réis que a Assembléia Provincial por Lei de 30 de março do mesmo ano mandou dar para os reparos da cadeia. O colégio dos antigos jesuítas onde está a alfândega e o aquartelamento da tropa de 1ª linha e guarda nacional; além destes há mais as casas Maçônica, do Baile da Amizade, da Pólvora, e o Hospital da Santa Casa da Misericórdia e Teatro Filarmônico Paranagüense, o Arsenal da Marinha e as igrejas: matriz, Ordem 3ª, capelinha do Senhor Bom Jesus e a de S. Benedito, e será descrito separadamente cada edifício em particular. Instrução primária _ A instrução primária tem na Cidade duas escolas de primeiras letras, para o ensino de meninos, outra de meninas; um colégio para meninas pensionistas e uma escola de latinidade e o liceu que a Assembléia mandou estabelecer na Cidade de Curitiba, antes fosse em Paranaguá, onde a mocidade é mais amante das ciências. População _ Sua população vai crescendo progressivamente; em 1785, apenas contava 3.427 habitantes e presentemente se podem calcular para mais de onze mil no primeiro e segundo distrito da Cidade. O mapa nº 2, do ano de 1849, mostra que o primeiro distrito se divide em 20 quarteirões com 1.253 casas habitadas e 1.568 fogos e 6.155 habitantes, mas certamente deverão chegar ao número de 7.000 por não haver exatidão no arrolamento da Cidade e seus subúrbios. O segundo distrito é composto de 12 quarteirões com 620 fogos e 3.234 habitantes que no mesmo ano houve. O seu porto tem um bom surgidouro, e as embarcações estão ancoradas perto do cais, apesar de que o rio tem areado bastantemente, formando alguns baixios e bancos de areia, quando antigamente ancoravam as embarcações fronteiras à igreja da matriz e fonte grande. Comércio. O comércio marítimo é dirigido presentemente com mais freqüência aos portos de Montevidéu, Buenos Aires, Chile, Rio de Janeiro, Santos, Rio Grande, Bahia, Pernambuco, Ilha de Santa Catarina, Patagônia e Salado; e quando antigamente o comércio não se alongava mais do que aos portos do Rio de Janeiro e Capitania do Espírito Santo e os mais freqüentes eram Santos, Parati, S. Sebastião e Cananéia, e dos mapas nº 3 se verá as embarcações que saíram em diferentes épocas do porto de Paranaguá aos outros da costa do Brasil; exportava-se então farinha de mandioca, peixe, madeiras e embé, e que desde o ano de 1805 a 1807 se vê nos mapas da exportação que saiu do porto de Paranaguá o valor de Réis 51:428$530 nos gêneros de arroz pilado, farinhas de mandioca e de trigo em grão, erva-mate em bruto, madeiras, tabuados, bétas de embé e couros, meios de sola, feijão,tem seu princípio a um dos lados da igreja da Ordem 3ª, e segue em linha reta e com bastante largura; tem algumas moradas de casas modernas, uma do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, já serviu de hospital e outra do Comendador Manoel Antônio Guimarães, está servindo de colégio de meninas pensionistas, onde dá ensino Madame Jessic James; há além destas, outras boas moradas José Joaquim de Oliveira, José Inácio de Simas... os terrenos devolutos a Câmara os tem distribuído por cartas de datas e depois de estar fechada de edifícios, será uma das boas da Cidade pela extensão de seus terrenos, até chegar ao mar de fora. 10ª - Rua do Campo (1) - Tem seu princípio no lugar chamado o alto, por onde se vai pelo caminho chamado do Rocio Grande antigamente, próximo à entrada do dito caminho, ali se fizeram as antigas três moradas de casas, mas desprezando agora o alinhamento daquelas, se formou um novo alinhamento em linha reta, até ao campo grande, a qual será nos tempos futuros, a melhor e

Page 5: Vieira dos Santos vol02

a mais direita de entre todas; está ainda na sua primeira infância mas já tem alguns pilares levantados e muitas sapatas de pedra. A Cidade consta de onze ruas, mas duas delas são unicamente nominais porque a rua chamada da Ordem a dividiram em dois nomes, sendo desde seu começo na travessa da Senhora do Terço, a travessa das Flores com o nome da Cadeia, e o restante com o nome da Ordem, quando é somente uma só rua; e a outra é a que está em seus primeiros princípios com o nome de rua do Campo. Resta agora descrever as ruas que as atravessam. RUAS TRAVESSAS DA CIDADE 1ª - Rua travessa que não tem designação de nome (2), mas deveria chamar-se de S. Benedito, e tendo princípio à beira-mar, atravessa a rua da Gamboa, pela frente da igreja de S. Benedito, torna atravessar a rua do Fogo, e vai sair a um lado do campo grande; tem algumas casas de uma e outro lado, mas não está fechada. 2ª - Travessa dos Pescadores - É estreita, tem seu princípio à beira do mar; atravessa as ruas da Gamboa e do Fogo e atravessa ainda para o campo grande, se continuar. 3ª - Travessa ou rua do Rosário (3) - Tem seu princípio à beira-mar, próximo ao colégio; atravessa as ruas da Cadeia e do Ouvidor, largo da matriz, rua Direita e da Misericórdia, e vai sair no alto; nela tem as casas de sobrado: 1ª do falecido Hildebrando Gregoriano da Cunha Gamito; 2ª de Prudente Xavier de Oliveira; 3ª de Ângelo Machado Lima. 4ª - Travessa da Alfândega - Principia à beira-mar e é um beco estreito e de curta extensão que finaliza no largo hoje chamado da Alfândega; divide unicamente o edifício do colégio das casas que se acham próximas; e pouco distante deste se acha a que se segue. 5ª - Travessa do Ipiranga (1) - Tem seu princípio na praia em frente das casas de sobrado do Comendador Manoel Antônio Guimarães e atravessa a rua da Cadeia, do Ouvidor, Direita e da Misericórdia, e vai subir ao alto na entrada do rocio; tem suas tortuosidades, mas é fechada de casas baixas de um e outro lado. 6ª - Travessa das Flores (2) - Tem seu princípio no fim da rua da Cadeia e vai atravessar as do Ouvidor, Direita e da Misericórdia, e segue a sair ao alto. 7ª - Travessa do Bom Jesus - Tem seu princípio no cais da Rua da Praia; é bastantemente larga e depois de subir uma ladeira calçada de pedra atravessa a rua da Ordem, do Ouvidor e vai finalizar na da Misericórdia; nessa travessa tem as casas de sobrado: 1ª a de Joaquim Cândido Correia; 2ª de João Alves Cardoso; as mais são casas térreas e muitas novas feitas à moderna; em frente do hospital da Misericórdia se acha a magnífica casa da Loja Maçônica, com a denominação de União Paranagüense. 8ª - Travessa da Conceição (3) - ou da Ordem, principia a um lado da mesma igreja e rua da Boa Vista, e atravessando a da Misericórdia, vai sair no alto; na mesma tem 3 moradas de casas assobradadas, pertencentes ao Tenente-coronel Manoel Francisco Correia e outras diversas moradas casas térreas. Logradouros públicos _ Pertencem à Cidade alguns pátios ou largos, servindo de logradouros públicos em virtude da portaria do Governo da Província, de 19 de novembro de 1832, de Rafael Tobias de Aguiar, que os confirmou, sendo o 1º o largo denominado do Arsenal que tem 50 braças de frente e 25 de fundo; 2º o do Estaleiro, com 250 palmos de frente e 226 de fundo; o 3ª o do Pelourinho que tem 335 palmos de frente e 216 de fundo; nesse largo, abaixo do barranco da rua da Cadeia e no terreno plano e fronteiro do cais (4) foi colocado o poste do Pelourinho, feito de uma alta pedra de cantaria inteiriça, curiosamente15º - Manoel Antônio Pereira tomou posse a 22 de abril de 1815. COMANDANTES MILITARES 1 _ João Rodrigues do Vale, cavaleiro professo na Ordem de Cristo. Ajudante do Tenente do Governador da Capitania desde agosto de 1730 até dezembro de 1731. Depois dele continuaram no governo da Vila os capitães-mores até o ano de 1765. 2 _ Afonso Botelho de Sampaio e Sousa, ajudante do Governo desde 1765 a 1770; no seu tempo foi feita a fortaleza da barra. 3 _ Francisco José Monteiro e Castro, de família ilustre em Portugal, Sargento-mor pago do regimento de milícias desde 1770 até 15 de novembro de 1801, em que morreu; sentou praça em 5 de agosto de 1765. 4 _ Manoel da Cunha Gamito, Sargento-mor pago do mesmo regimento pela vacância do antecedente desde 1801 a 1804.

Page 6: Vieira dos Santos vol02

5 _ Joaquim José Pinto de Morais Lemes, Sargento-mor, veio de S. Paulo, mandado pelo Governo, comandar a Vila de Paranaguá desde 10 de dezembro de 1804 até 30 de junho de 1805, em que foi para S. Paulo. 6 _ Manoel da Cunha Gamito, Sargento-mor pago de milícias desde julho de 1805 até janeiro ou fevereiro de 1806. 7 _ Fernando Gomes Pereira da Silva, Sargento-mor pago da Província de Santos, veio para Paranaguá em janeiro ou fevereiro de 1806 até o ano de 1808; morreu a 4 de janeiro de 1811. 8 _ Joaquim José da Costa, Capitão nomeado por portaria do Governo de 7 de dezembro de 1808, morreu repentinamente em 31 de julho de 1809. 9 _ José Carneiro dos Santos, Capitão-mor entrou no governo interinamente por deliberação da Câmara de 6 de agosto de 1809. Quando o governo pertencia à patente militar que houvesse qual era a do Sargento-mor Manoel da Cunha Gamito, havendo conflito de jurisdições entre ele e a Câmara por este motivo. 10 _ Manoel da Cunha Gamito, Sargento-mor pago de milícias, entrou no governo em virtude da portaria de 18 de agosto de 1809 e esteve até a vinda do sucessor que foi em julho ou agosto de 1810. 11 _ José Vitorino Rocha, Sargento-mor de infantaria de caçadores, da praça de Santos, confirmado por patente de 17 de março de 1810 pelo Príncipe Regente, com o governo da Vila de Paranaguá vago pelo falecimento de Joaquim José da Costa, sendo na ordem o 2º com o título de governador porque todos os mais antecedentes eram comandantes militares. Este governador era muito presunçoso, soberbo, incivil e vingativo; cometeu muitos erros e fez muitas injustiças; foi qual outro Nero, assim como Fernando Gomes Pereira da Silva um dos seus antecessores outro Átila, que assolou Paranaguá com destacamentos continuados dos milicianos, ganâncias e extorsões que fez arruinar a agricultura e causar grande fome de farinhas de mandiocas e muitos prejuízos aos lavradores e comércio. Estes dois déspotas governadores os paranagüenses sempre se lembrarão das injustiças e atrocidades que fizeram, desolando os povos; durou o governo desse déspota até o ano de 1822. (1) 12 _ Miguel Reinardo Belstein, Coronel de engenheiros tomou posse a 22 de setembro de 1822; era muito exato no cumprimento de seus deveres; fez bom governo; morreu repentinamente envenenado em 2 de fevereiro de 1824. (2) 13 _ João Francisco Bellegarde, Coronel de engenheiros, hoje Brigadeiro, entrou no governo tomando posse a 28 de março de 1824 e serviu até 1832; era muito político, agradável e de boas maneiras, fez um ótimo governo, sua memória ficou gravada em todos os corações dos paranagüenses. MAPA Nº 1 Dos ouvidores e corregedores da Comarca, juízes de fora, juízes de direito municipais, delegados da polícia e subdelegados, ouvidores e corregedores do Rio de Janeiro. 3 _ Não há nenhuma memória dos primeiros ouvidores e corregedores gerais que viessem do Rio de Janeiro fazerem suas correições a Paranaguá, antes da ereção da Vila em 1648, nem mesmo depois da criação dela, até 1675, em que consta ter vindo a fazer correição o bacharel Pedro d'Unhão Castelo Branco, que deixou provimentos; antes dele deveriam ter vindo outros mais, principalmente depois da criação da Vila, salvo se até aquele tempo era só corrigida pelos capitães-mores, ouvidores de S. Vicente, como foi Diogo de Escovar (3) que deixou seus provimentos ou outros que se ignoram.1º - O bacharel Antônio Alves Lanhas Peixoto tomou posse em Câmara a 24 de agosto de 1724. Ele assistiu a Junta que se fez em S. Paulo para a divisão desta Comarca. Teve de ordenado 400$000. 2º - Doutor Antônio dos Santos Soares, teve posse a 7 de julho de 1730 até 1734. 3º - O bacharel Manoel dos Santos Lobato, foi juiz de fora na Vila do Torrão, em Portugal, tomou posse em 4 de maio de 1734. Casou na Vila de Paranaguá com D. Antônia da Cruz França, filha do Capitão-mor João Rodrigues França. 4º - O Doutor Gaspar da Rocha Pereira, em 1741 a 1743. 5º - O Doutor Manoel Tavares de Siqueira, de 1744 a 1747, ou 1748. Ignora-se os sucessores que houve até 1757, só se serviriam os ouvidores pela lei. 6º - O Doutor Antônio da Silva Pires Melo Porto Carreiro. Ignora-se o ano em que tomou posse, mas em fevereiro de 1755, rubricou livros em Curitiba.

Page 7: Vieira dos Santos vol02

7º - O Doutor Jerônimo Ribeiro de Magalhães foi o autor de se pagar nas comarcas da beira-mar custas dobradas, por representação que fez em 19 de julho de 1757. A resolução régia de 3 de setembro de 1760, onde tivesse havido minas de ouro como se costumavam pagar nas minas de serra acima mandando-se observar e pôr em execução a ordem de 23 de março de 1757. A este ouvidor o denominavam com a alcunha de Chato: fez muitas injustiças e despotismos e o governo de Lisboa o mandou buscar preso e morreu no Limoeiro. 8º - O Doutor Antônio Barbosa de Matos Coutinho, desde 1776 até 1783. 9º - O Doutor Francisco Leandro de Toledo Rendom, tomou posse a 21 de julho de 1785 até 178(9)? 10º - O Doutor Manoel Lopes Branco e Silva, por provisão régia da Senhora D. Maria I, de 12 de outubro de 1789, tomou posse em 9 de outubro de 1790; fez um bom governo e foi o criador da Vila Antonina. 11º - João Batista dos Guimarães Peixoto, pernambucano, tomou posse a 4 de dezembro de 1799; foi um déspota e justiceiro; em suas correições criminou a muitas pessoas de que se queixaram ao General da Capitania, Antônio Manoel de Melo Castro e Mendonça, que mandou suspendê-lo do seu exercício por portaria de 7 de janeiro de 1802, e conduzi-lo preso a S. Paulo, mas ocultou-se, evadindo-se para o Rio de Janeiro e dele requereram à Alteza Real mandasse tirar a sua sindicância. 12º - O Doutor Antônio de Carvalho Fontes Henriques Pereira, tomou posse a 11 de fevereiro de 1804, até 1807. 13º - O Desembargador sindicante Joaquim de Amorim e Castro. Em 5 de outubro de 1805 participou à Câmara que por real resolução de S. A. Real e portaria do Vice-rei, de 4 de março, tinha de vir fazer uma diligência do real serviço para que se lhe aprontassem as aposentadorias, para que se recolheu em fins de 1806 para o Rio de Janeiro.14º - O Doutor Antônio Ribeiro de Carvalho, pela provisão régia de 11 de julho de 1804, tomou posse a 7 de março de 1807. Fez um bom governo. 15º - O Doutor João de Medeiros Gomes, por decreto de 6 de fevereiro de 1810, a carta régia de 7 de março do mesmo ano. Este Ouvidor foi o que transferiu o cartório e sua residência da Ouvidoria para a Vila de Curitiba. Foi muito agradável e político e sua memória deixou saudades na Comarca. 16º - Dr. José Carlos Pereira de Almeida Torres, baiano, parece que tomou posse no ano de 1816; foi suspenso do seu exercício por muitas queixas e representações que dos povos da Comarca contra ele fizeram em 13 de setembro de 1822. Foi depois disso Presidente da Província de S. Paulo, Ministro e Secretário de Estado e Visconde de Macaé. 17º - O Desembargador e Ouvidor subrogado José de Azevedo Cabral tomou posse a 13 de setembro de 1822. Era muito político e atencioso e civil e de todos estimado; fez bom governo. 18º - O Dr. José Verneque Ribeiro de Aguilar, tomou posse a 26 de julho de 1824 até 1826. Foi este o último ouvidor que houve na Comarca; casou em Curitiba com Dona Ana, filha do Coronel Inácio de Sá Souto Maior. Por decreto de 26 de julho de 1824, de D. Pedro I, passou a Desembargador da relação da Bahia. JUÍZES DE FORA DA COMARCA DE PARANAGUÁ FORMADOS 1º - O Dr. Francisco de França Miranda, fluminense, por carta régia de 18 de junho de 1812, tomou posse a 14 de novembro do mesmo ano até 1815. (1) 2º - O Dr. Luiz José Correia de Sá, tomou posse em 15 de novembro de 1815. Natural do Rio de Janeiro, tinha um caráter incivil, desatencioso, fez mil asneiras e desacatos em Paranaguá. 3º - O Dr. Antônio de Azevedo Melo e Carvalho, por carta régia de 10 de fevereiro de 1820, tomou posse a 26 de junho do mesmo ano, e governou até 1824. Era de um gênio forte e arrebatado, soberbo e presunçoso, fez muitas desfeitas a diversos cidadãos e injustiças, e teve contínuas contestações sobre conflitos de jurisdições com o Governador José Vitorino Rocha; estava então Paranaguá sofrendo o despotismo de dois verdugos opressores da humanidade, em seu tempo serviram interinamente de juízes de fora (2) o Capitão Pedro RoizNunes, em 1822, o Capitão Bento Antônio da Costa em 1823, o Capitão Antônio José Pereira, em 1824 (1). 4º - O Dr. João Capristano Rabelo tomou posse a 21 de março de 1824 e esteve até 1825, e é ao presente o que está servindo de Presidente na Relação do Maranhão. Em seu tempo serviram

Page 8: Vieira dos Santos vol02

interinamente no ano de 1824: o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, no mês de agosto, o Sargento-mor Manoel Francisco Correia, no mês de outubro. 5º - O Dr. Agostinho Ermelino de Leão, baiano, por provisão régia de 25 de fevereiro de 1825, tomou posse a 9 de abril do mesmo ano e por carta régia de 21 de novembro de 1833 foi Juiz de Direito desta Comarca donde passou para Desembargador da Relação do Maranhão; e de lá para a de Pernambuco. Casou em Paranaguá com D. Maria Clara, filha do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, em 8 de agosto de 1826. 6º - O Dr. Joaquim Teixeira Peixoto, pernambucano, por provisão de 15 de novembro de 1826, tomou posse a 17 de abril de 1827, governou até 1832, passou para Desembargador da Relação de Pernambuco. (2) 7º - O Doutor Francisco Alves de Brito, por provisão de 29 de março de 1832 até abril de 1833. JUÍZES DE FORA INTERINOS 8º - O Doutor Agostinho Ermelino de Leão, de maio de 18339º - Leandro José da Costa, em junho do mesmo ano. 10º -Vicente Ferreira Pinheiro, em março de 1835. 11º - Tenente-coronel Francisco Correia, em agosto d 1835. 12º - O Sargento-mor João Antônio dos Santos, em julho de 1838. 13º - O Major Bento Antônio da Costa. 14º - O Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, em maio de 1839. 15º - O sargento-mor João Antônio dos Santos, em outubro do mesmo ano.

(1) Foi para Portugal onde é conselheiro do Tribunal Supremo da Justiça e foi Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino. Do autor. (2) No tempo do Dr. Joaquim Teixeira Peixoto serviram interinamente: 1827 o Capitão Felipe Tavares de Miranda, o Capitão Francisco Alves de Paula, o Capitão Joaquim Antônio Guimarães. 1828 Manoel Franco de Mendonça, o Tenente-coronel Manoel Franco Correia. Do Autor.16º - O Capitão Antônio José Pereira, em fevereiro de 1840. 17º - Leandro José da Costa, em julho do mesmo ano. 18º - O Dr. João Crisóstomo Pupo, em janeiro de 1841. JUÍZES MUNICIPAIS 1º - O Dr. José Matias Ferreira de Abreu, foi interino e depois efetivo. 2º - O Dr. Filástrio Nunes Pires, tomou posse a 2 de agosto de 1847, e em 3 de novembro de 1849 tornou a reassumir o mesmo emprego. DELEGADOS DE POLÍCIA 1º - o Dr. José Matias Ferreira de Abreu tomou posse a 24 de julho de 1849. 2º - Leandro José da Costa. 3º - Dr. Filástrio Nunes Pires, tomou posse a 17 de junho de 1848. 4º - Comendador Manoel Antônio Guimarães, tomou posse em 5 de dezembro de 1848. SUBDELEGADOS DO 1º DISTRITO 1º - O Comendador Manoel Francisco Correia Júnior. 2º - O Capitão Francisco Alves de Paula. 3º - Tristão Euclime d'Wduval. 4º - O Tenente-coronel Joaquim Cândido Correia. 5º - Francisco José Barroso. SUBDELEGADOS DO 2º DISTRITO 1º - O tenente Bento Gonçalves Cordeiro. 2º - O Capitão Floriano Bento Viana. 3º - José Alexandre Cardoso. 4º - Balduíno Cordeiro de Miranda. Mapa dos Juízes de Direito que têm sido nomeados para a 5ª Comarca da Província de S. Paulo, extraída do arquivo da Câmara da Cidade de Paranaguá, em virtude do aviso da Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça, de 25 de junho, p.p. 1º - O Doutor José Antônio Pimenta Bueno: foi nomeado Juiz de Direito da 5ª Comarca pelo Conselho do Governo, segundo a participação do Ex.mo Presidente da Província, de 20 de abril de 1833; fez participação em data de 23 convite da respectiva Assembléia Legislativa Provincial de 25 de fevereiro próximo passado.

Page 9: Vieira dos Santos vol02

MAPA Nº 2 Estatística da população do 1º e 2º distrito da Cidade de Paranaguá no ano de 1849, demonstrando o número de quarteirões, seus nomes, casas habitadas, fogos e almas e um cálculo aproximado das faltas prováveis da inexatidão de um verdadeiro recenseamento e bem assim as populações que houve em diversas épocas anteriores.6Advertência ao Mapa do 1º distrito da Cidade. Conhecendo-se pelas listas dos inspetores dos quarteirões não haver exatidão no arrolamento pois que em casas mesmo na Cidade se verificavam grandes faltas em pessoas bem conhecidas, por isso se fez um cálculo aproximado as faltas e por isso se dá o número de 6.600 almas, porém bem se pode calcular em 7.000 sem haver grande diferença para mais ou menos. O Barão de Bielford, Inst. Polit. Tit. 2º pág. 204 a 249, o modo de calcular o nº de fogos é dar-se de 6 a 8 habitantes por cada casa.MAPA Nº 3 7 - Das embarcações que saíram do porto de Paranaguá, carregadas para diversos portos do Império com gêneros de exportação do país, desde o ano de 1793, inclusive até 1825 e por ele se conhecer o progressivo aumento que tem tido o comércio nos últimos 10 anos decorridos de 1839 a 1849.MAPA Nº 4 Mapa das embarcações que saíram do porto da Cidade de Paranaguá no decurso de 10 anos desde 1839 a 1849. Observação Se no ano de 1841 a 1842 em que saíram de Paranaguá 75 embarcações para dentro dos portos do Império, com 2.893 toneladas e 31 embarcações par fora do Império com 5.899 toneladas chegou o valor da exportação à cifra de 456:288$756, quanto não avultaria a mesma exportação no ano de 1848 a 1849 em que saíram 100 embarcações para os portos do Império com 5.836 toneladas e 92 embarcações para os portos fora do Império com 22.940 toneladas? Faça-se a comparação e se verá o grande aumento que tem acrescido no comércio marítimo.. MAPA Nº 5 8 _ Sinopse dos cidadãos paranagüenses da principal nobreza que tem servido os cargos da governança na mesma Cidade desde o ano de 1800 a 1850: Antônio Pereira da Costa, capitão Ângelo Machado Lima Antônio José de Carvalho Alexandre Correia de Freitas Apolinário Antônio de Miranda Antônio Maria da Costa Arnaldo José da Cruz José de Sousa Guimarães Antônio José da Silva José Antônio Pereira Antônio Moreira da Costa Joaquim José da Costa Antônio Roiz Sanches José Pinto de Amorim Antônio José Correia João Gonçalves Guimarães Amâncio Roiz Delgado João Machado Lima, capitão Antônio José Alves, capitão José Fernandes Correia, capitão Antônio da Silva Neves, capitão João Crisóstomo de Oliveira Salgado, capitão Amaro de Miranda Coutinho João Manoel da Cunha, capitão Antônio Ribeiro Coutinho, capitão José Joaquim Gonçalves Neves Bento Antônio da Costa, sargento-mor João Alves Madeira Balduíno Cordeiro de Miranda Joaquim José de Araújo Bento José Munhoz João Evangelista Gonzaga Bento José da Cruz João Antônio dos Santos, tenente-cor. Cipriano Custódio de Araújo, sarg.-mor José da Cunha Marques Caetano de Sousa Pinto Joaquim Félix da Silva Camilo Antônio Laines José Ângelo Custódio Domingos Tadeu Ferreira Jerônimo Vieira de Carvalho Domingos da Rocha Muniz José Leandro da Costa Eduardo Vercelino da Costa José Francisco Correia Eulâmpio Bento Viana José Cárdenas do Amaral Eusébio Gomes Inácio Tavares de Miranda, capitão Francisco Antônio Pereira, major João Vieira dos Santos Felipe Tavares de Miranda, capitão Francisco del Rio Cárdenas José Rodrigues Branco, major Florêncio José Munhoz, tenente Joaquim Félix da Silva Francisco Alves de Paula, capitão Leandro José da Costa

Page 10: Vieira dos Santos vol02

Francisco José de Sousa Luiz Machado da Silva Floriano Bento Viana, major Manoel Francisco Correia, tenente-cor. Francisco Antônio da Siqueira Manoel Francisco Correia Júnior, Com. Francisco Luiz de Paula, Manoel Antônio mestre de mús. Guimarães, idem Francisco Godofredo Manoel Antônio Pereira, cap.-mor Francisco Félix da Silva Manoel Inácio de Simas Francisco Ferreira Oliveira, cap. Manoel Antônio Pereira Filho, major Francisco Gonzales Rocha, major Manoel Antônio DiasFélix Bento Viana Manoel Dias de Siqueira José Xavier de Oliveira, capitão Manoel Lobo de Sousa Passos Joaquim Américo Guimarães, comend. Manoel Leocádio de Oliveira Joaquim Cândido Correia, major Manoel Francisco de Miranda Manoel Leite Bastos Manoel Leite Bastos Manoel José Correia Manoel Marques de Jesus Manoel José de Faria Manoel Amaro de Miranda, tenente Manoel Antônio da Costa, major Pedro Antônio Munhoz Prudente Xavier de Oliveira Pedro Rodrigues Nunes Raimundo Ferreira de Oliveira Melo Ricardo Gonçalves Cordeiro Ricardo de Sousa Pinto Ricardo Carneiro dos Santos Simão José Henriques Deslandes Tristão Martins de Araújo França Tristão Euclime d'Wduval Tomás de Sousa e Silva, capitão Tomé Simões Peniche Vicente Ferreira dos Santos, cap. Vicente Ferreira Pinheiro Vicente Ferreira Martins Vidal da Silva Pereira Agostinho dos Santos de Camargo Antônio Bueno Salgado Amálio Ricardo dos Santos Ângelo Soares da Silva, alferes Antônio Tavares de Miranda Acrescentamento de nomes que faltaram, incluir no abecedário Caetano Roiz Coutos Cândido Xavier dos Anjos Domingos Vieira Cacilhas Domingos Afonso Coelho Francisco Antônio Pereira Francisco José de Almeida Guimarães Francisco José Laines Francisco Xavier dos Santos Borges Faustino José da Silva Borges Francisco Roiz Ferreira Francisco José de Brito Francisco Carneiro dos Santos Francisco de Paula Ribeiro José Caetano de Sousa Joaquim Caetano de Sousa José Bernardes Munhoz Inácio Lustosa de Andrade José Martins de Araújo França José Ricardo dos Santos José Luiz Pereira José Machado de Oliveira José Gonçalves de Morais, cap. José Pinto de Amorim, cônsul Manoel de Araújo França Manoel José dos Santos Miguel Conçalves de Miranda Miguel Francisco Braga Manoel Francisco de Mendonça Manoel Correia Matoso Manoel Antônio da Rocha MAPA Nº 6 Cidadãos paranagüenses com comendas e hábitos das diversas ordens do Império Antes da vinda Del-Rei D. João VI, não consta que os paranagüenses pudesse e obtivesse uma só condecoração ou mercê honorífica que em seus peitos fizesse brilhar o patriotismo de seus relevantes serviços e serem distinguidos entre os mais cidadãos e de que muitos seriam merecedores, mas a mãe pátria estava em distância de mais de mil e duzentas léguas da Europa, e não era possível chegar a voz da razão aos pés do trono; e nem a real verdade porque invejosos, aduladores que sempre cercam o Monarca sufocavam estas vozes, a fim de que ele não pudesse espargir graças a tão longes climas, ambicionando tudo por si e por isso estes filhos bastardos sempre eram olhados com indiferença, mas a sábia Providência trouxe ao sólio brasileiro o primeiro Monarca e conhecendo então de mais perto os méritos destes seus filhos queridos principiou a liberalizar suas graças aos fiéis e honrados paranagüenses.

1 _ Francisco Gonçalves Cordeiro _

Tenente-coronel do regimento de milícia de Paranaguá pelos seus serviços obteve Del-Rei D. João VI a condecoração do

Page 11: Vieira dos Santos vol02

cidadão paranagüense, morreu no ano de 1811.

hábito de Cristo, em 1808 ou 1809 e fez sua profissão na igreja matriz.

2 _ Manoel Francisco Correia, cidadão adotivo.

Foi sargento-mor e depois Tenente-coronel do regimento de artilharia de milícias por seus serviços El-Rei D. João VI o agraciou com o hábito de Cristo e professou na igreja de Paranaguá em 24 de dezembro de 1824, depois tendo prestado iguais serviços na fatura da corveta de guerra que se fez em Paranaguá foi remunerado com o hábito da Imperial Ordem do cruzeiro por D. Pedro I.

3 _ O Vigário colado Joaquim Júlio da Ressurreição Leal, brasileiro, morreu em 4 de setembro de 1831.

Pelos serviços prestados à igreja e mesmo em razão de ser colado tem de jure a mercê do hábito de Cristo e fez sua profissão na matriz de Paranaguá.

4 _ Manoel Antônio Pereira, cidadão adotivo.

Capitão-mor de ordenanças por seus serviços obteve a mercê Del-Rei D. João VI, de ser agraciado com o hábito de Cristo e fez sua profissão na igreja matriz de Paranaguá.

5 _ Ricardo Carneiro dos Santos, cidadão paranagüense, faleceu em 28 de outubro de 1828.

Tenente-coronel honorário do regimento de milícias não havendo confirmado sua patente em 1819 tendo vindo o Marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa teve este ordem do Governo para o destituir de seu lugar e vendo que isso não lhe ficava airoso à sua pessoa ofereceu-se voluntariamente de fazer à sua custa a reedificação da fortaleza da barra, com o posto de Governador, assim o cumpriu e foi condecorado por D. Pedro I, com a mercê de Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro.

6 _ Manoel Francisco Correia Júnior, cidadão paranagüense, primeiro Comendador

Teve diversos postos no corpo de batalhão de guardas nacionais chegando ao posto de Coronel e chefe de legião, pelos muitos serviços que prestou à Nação em muitos objetos de que foi encarregado, pelo Governo obteve a condecoração de Comendador da Ordem de Cristo, no dia da coroação de D. Pedro I, em 18 de julho de 1841. (1)

7 _ Manoel Antônio Guimarães, cidadão paranagüense. Foi nomeado Coronel chefe da legião de toda a Marinha da Comarca em 1840, suprimida em 1844, e em 16 de fevereiro de 1849 reorganizada sendo ele o mesmo chefe.

Foi condecorado com o oficialato da Rosa a 2 de agosto de 1842 e condecorado com a Comenda da Ordem de Cristo, a 25 de março de 1849, e com a da Rosa em 2 de dezembro do mesmo ano. (2)

(1) Erro do autor. O monarca subido ao trono nessa data, em 1841, foi D. Pedro 2º. N. J. (2) mais tarde Barão e Visconde de Nácar, falecendo em agosto de 1893. N. J.8 _ Joaquim Américo Guimarães, cidadão paranagüense, negociante matriculado de

Foi condecorado com o hábito de Cristo por despacho de 18 de julho de 1841. Condecorado com o oficialato da Imperial Ordem da Rosa por decreto de 11 de setembro de 1843.

Page 12: Vieira dos Santos vol02

grosso trato, pelo Tribunal da Real Junta do Comércio por despacho do mesmo Tribunal de 11 de abril de 1840. 9 _ Caetano de Sousa Pinto, cidadão paranagüense, o satírico

Foi condecorado pelo Imperador o Sr. D. Pedro I (1) com a mercê do hábito de Cristo por decreto de 15 de novembro de 1846.

10 _ Manoel José Machado da Costa, brasileiro

Foi condecorado pelo Imperador o Sr. D., Pedro com a mercê do hábito de Cristo.

11 _ Antônio Pereira da Costa, cidadão paranagüense, sargento-mor da guarda nacional e foi agraciado por S. M. Imperial com a mercê do hábito de Cristo, em março de 1847.

Vice-cônsul da Confederação Argentina, por beneplácito Imperial de 18 de maio de 1841 e por nomeação do Governo do Chile, de 10 de fevereiro de 1848 e beneplácito Imperial de 5 de junho de 1848 o lugar de cônsul Chileno.

12 _ Francisco de Paula Lobo, cidadão paranagüense, morreu em 10 de fevereiro de 1869. (2)

Tenente da 1º linha condecorado pelo Imperador o Sr. D. Pedro I (3) com a mercê do hábito de Cristo por decreto de 5 de abril de 1846, e do Cruzeiro por decreto de 12 de outubro de 1827.

13 _ João Antônio dos Santos, cidadão brasileiro, morreu em 16 de agosto de 1850.

Tenente-coronel da guarda nacional foi condecorado pelo Imperador o Sr. D. Pedro II, com a mercê do hábito de Cristo.

14 _ Domingos Afonso Coelho, cidadão adotivo.

Foi Sargento-mor da guarda nacional e condecorado pelo Imperador o Sr. D. Pedro II, com o hábito de Cristo.

(1) Equívoco do autor. Em novembro de 1846 reinava o Imperador D. Pedro II e não o I. N. J. (2) Esta nota do falecimento foi incluída no texto por outra pessoa que não o autor, que já era falecido em 1869. N. J. (3) Aliás, D. Pedro II. N. J.

15 _ O vigário Gregório José Lopes Nunes, cidadão naturalizado.

Vigário colado da igreja matriz da Cidade de Paranaguá foi condecorado pelo Imperador Sr. D. Pedro II, com o hábito da Imperial Ordem da Rosa.

16 _ Floriano Bento Viana, cidadão paranagüense.

Capitão da guarda nacional foi condecorado pelo Imperador D. Pedro II, com o hábito da Imperial Ordem da Rosa.

17 _ José Leandro da Costa, cidadão paranagüense.

Capitão da guarda nacional foi no destacamento do Rio Negro e por este serviço condecorado por D. Pedro II, com a mercê do hábito da Rosa.

18 _ O reverendo Vigário João Crisóstomo de

Paranagüense, teve a mercê de Cavalheiro do hábito de Cristo, faleceu em agosto de 1841.

Page 13: Vieira dos Santos vol02

Oliveira Salgado Bueno, vigário colado da Cidade de Paranaguá. PARÁGRAFO SEGUNDO Descrição histórica da igreja e capelas que tem a Cidade de Paranaguá 1ª - A igreja matriz, com a invocação de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Cidade, sua fundação é antiqüíssima, mas supõe-se que fosse erecta depois do ano de 1560, quando vieram os povos de Cananéia povoarem as baías de Paranaguá, por constar com certeza que antes do ano de 1578 já muito se trabalhava nas minas de ouro, e tantos povos que então nelas trabalhavam, sendo católicos romanos, não haviam de estar sem terem uma igreja e sacerdote que lhe administrassem os necessários sacramentos; mas não há nenhuma certeza da memória do ano de sua fundação, nem dos capelães que a paroquiaram até o ano de 1655, mas consta de um antigo livro de vereanças que no ano de 1661, a igreja precisava de reparação e para esse fim a Câmara fez uma vereança geral no dia 1º de outubro daquele ano, convidando os cidadãos para se tratar do mesmo reparamento, pela grande necessidade que havia de se fazer por conseqüência a igreja já deveria então contar a idade de oitenta a cem anos. A segunda reparação da igreja foi feita entre os anos de 1723 e 1733, como por vezes a Câmara representou a El-Rei, pedindo adjutório de seus reais cofres. Em 1741 se fez conserto nela e a Câmara tratou de a mandar forrar, cuja obra foi arrematada pelo mestre carpinteiro João da Silva, pela quantia de Rs. 500$ mil réis; e então se fez novo encaibramento, retificação em toda a igreja. Em 24 de janeiro de 1804 o vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal requereu ao Ouvidor da Comarca a necessidade que havia de um encaibramento geral no corpo da igreja, o que se fez entre os anos de 1805 e 1806; e ultimamente foi reedificada, no ano de 1839, a capela-mor com a quantia que a Assembléia Provincial mandou dar para seu reparo de Rs.1:000$000 que se receberam por ordem da portaria de 21 de dezembro de 1838 e com a qual se despendeu na mesma obra a quantia de Rs. 993$980, segundo a conta dada apela Câmara ao Presidente da Província, em ofício de 21 de setembro de 1839. A Câmara em virtude das ordens do Presidente em 28 de abril de 1838, orçou a despesas das obras da matriz em 5:200$000, não era possível que só com um conto de réis se fizessem, motivo porque a Câmara, por não ficar a obra completa e por ainda faltar reparar o corpo da igreja, o seu pavimento e altares colaterais, pediu por empréstimo a vários cidadãos a quantia de Rs. 960$ mil réis, os quais prontamente o fizeram sem quererem nenhum prêmio, de que a Câmara fez aviso ao Presidente da Província e em novembro de 1841 foram recebidos mais Rs. 600$000 que a Assembléia mandou dar para reparos da mesma igreja e continuam as súplicas da Câmara a obter mais quantias para ornamentos e a decência que deve ter a igreja matriz de uma cidade. Descrição desta igreja paroquial 10 _ Esta antiga igreja foi feita de pedra de cantaria e a alvenaria. Tem de frente 70 palmos de largura, e de 140 a 150 palmos de comprimento; o interior do corpo da igreja é de 60 palmos de largura e da porta principal ao arco cruzeiro 110, e o restante da capela-mor. O frontispício no seu exterior, feito ao gosto antigo, é despido de ornatos de arquitetura, contém somente a porta principal, alta e boa largura e três janelas rasgadas no lugar do coro para darem claridade e arremate do frontispício é uma elevação arredondada e a cruz em cima; e dois esses (1) que finalizam no cimo das paredes laterais; estas são alguma coisa baixas em proporção ao comprimento da igreja, não tem tribunas e sim duas frestas em cada uma a darem claridade ao corpo da igreja, como igualmente há na capela-mor outras duas frestas envidraçadas na parede do lado do Evangelho. Esta igreja é ornada com cinco altares, incluso o mor. O retábulo do altar-mor antigo era feito de esculturas e molduras de gosto gótico, com folhagem de parreiras, cachos de uvas e outras figuras adornando as colunas e os intermédios, todas douradas, mas na última retificação da igreja em 1839, se mandaram desmanchar essas antigualhas, pondo-se à moderna. Em o meio desse altar-mor se acha colocada em o seu competente nicho a antiga imagem de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Cidade; há uma antiga tradição que a mesma foi executada mui primorosamente por uma matrona antiga paranagüense; seu vulto tem de alto mais de 6 palmos, sua fisionomia perfeita e particularmente nos lavores e adornos de seu vestuário e por ser feita deste material nunca pode sair à rua em solene procissão. Ao lado da epístola deste altar, tem a imagem de S. Sebastião, em seu nicho, e no do Evangelho a de S. João Batista. Os

Page 14: Vieira dos Santos vol02

altares colaterais, do lado do evangelho são: o 1º encostado no recanto da parede do arco cruzeiro é do arcanjo S. Miguel e a seu lado em nichos tem a imagem de S. Bárbara e S. Rita de Cássia; o 2º altar é o de Nossa Senhora das Dores, embutido na parede do corpo da igreja, feito ao gosto moderno e de elegante arquitetura; nele se acha colocada a perfeitíssima imagem de Nossa Senhora das Dores. Os altares colaterais ao lado da epístola são: o 1º encostado no recanto da parede do arco cruzeiro e é o de Nossa Senhora da Conceição e(1) Dois SS _ é o que o autor diz. N. J.a seus lados tem em nichos as imagens de S. Antônio e S. Luzia e sobre o altar a de S. Francisco de Paula; o 2ª altar embutido na parede do corpo da igreja é o de Nossa Senhora do Monte do Carmo, imagem de muita perfeição e o mesmo altar feito à modera e arquitetura de bom gosto. A sacristia fica ao lado esquerdo da igreja, tem de comprido 60 a 70 palmos e 30 de largura, e nela há um grande e comprido arcaz dividido em três repartimentos, onde em diversos gavetões se guardam os ornamentos, no repartimento do meio se guardam os que pertencem à fábrica e nos outros o das Irmandades do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora do Rosário. O pavimento do templo foi dividido no ano de 1756, em três divisões de sepulturas: a primeira do presbitério ao arco cruzeiro com vinte sepulturas, em duas ordens, onde se não enterra pessoa alguma salvo se for eclesiástico. A segunda divisão é do arco cruzeiro às grades da comunhão, em três ordens, em trinta sepulturas, sendo a primeira ordem próxima do arco cruzeiro, de 6 sepulturas; notando-se uma entre elas a pertencente aos descendentes do Doutor Mateus da Costa Rosa e sua mulher, ignorando-se o motivo de tal concessão, salvo se aquele Doutor prestou grandes serviços à mesma igreja; as outras duas ordens são de doze sepulturas em cada uma, e destas pertencem à Irmandade do Santíssimo Sacramento doze dentre elas. A terceira divisão é das grades da comunhão à porta principal que contém 135 sepulturas divididas em nove ordens de quinze cada uma, sendo o total de todas que tem este templo: 185 sepulturas; são algumas delas pertencentes à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, mas estão em efetividade 165 campas que anualmente não podem suprir o sepultamento dos mortos, pois que em 1847 faleceram 349 pessoas; e em 1848, 254 ditas. Calcula-se com razoável fundamento de estarem sepultados dentro do recinto desse templo desde que ele foi erecto até ao presente de 45.000 a 50.000 corpos; este grande exército de mortos, depositados sempre num mesmo terreno, já se vê que esse não pode ter mais vigor a saciar a ardente fome de desfazer carne humana; as contínuas exalações que evapora esta terra devem necessariamente formar muitos gases pela decomposição destas substâncias pútridas, continuamente atraídas pelo ar atmosférico, estas substâncias indizíveis e insalubres encerradas quase sempre dentro do recinto do templo a mor parte do dia fechado, não podem estes eflúvios serem saudáveis à espécie vivente; com justíssima razão deve ser desterrado um tal abuso; pois só no templo deve respirar o odorífero incenso que lhe é dedicado. Nessa igreja matriz anualmente se fazem diversas festividades, sendo as principais a da Páscoa e Ressurreição do Senhor, e se faz com toda solenidade, que manda o ritual romano, tendo princípio a solenidade de domingo de ramos, com a procissão das palmas, o ofício de trevas na quarta-feira santa; a missa solene da quinta-feira, a comunhão geral dos Irmãos do SS. Sacramento e a procissão do depósito, o ofício do lava-pés, cerimônia com toda a majestade, à noite o sermão da Paixão e o setenário de Nossa Senhora das Dores; na sexta-feira a paixão, a adoração da santa Cruz e de tarde a procissão do enterro, à noite o sermão de lágrimas, havendo na quinta-feira a procissão dos fogaréus, que vai correr as mais igrejas. E no sábado santo, as cerimônias próprias do fogo novo, bênção do círio, do incenso e pia batismal, e finalmente a solene missa de aleluia e na madrugada ao romper da aurora do domingo, a procissão e missa da Ressurreição, festividade executada com todas as cerimônias do ritual, com toda a pompa e grandeza, igual às que se fazem em outras cidades. A segunda festividade é a do Santíssimo Sacramento, que pertence à Irmandade mandá-la fazer, na primeira dominga depois de Corpus Christi, com missa cantada e laus perene, todo o dia, e à tarde procissão solene e que vai acompanhada de todas as Irmandades, circula pelas ruas da Cidade. A terceira festividade é a de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Cidade, tendo nove dias de novena e um solene tríduo de missa cantada, em sexta, sábado e domingo, e vésperas solenes no sábado de tarde e laus perene nestes três dias, graça especial que a mesma Irmandade obteve do Sumo Pontífice, por um breve que dele alcançou, concedendo indulgências plenárias aos Irmãos da mesma confraria; a quarta festividade é a do Divino Espírito Santo em que são eleitos anualmente o imperador e imperatriz, seus mordomos e os mais oficiais correspondentes. Além destas se fazem na mesma igreja diversas festividades: a

Page 15: Vieira dos Santos vol02

de S. Sebastião, a de S. Miguel Arcanjo, Nossa Senhora do Carmo, S. Rita e Nossa Senhora das Dores e da Conceição. Antigamente a Câmara costumava a mandar celebrar as festas de S. Sebastião, Corpus Christi, Santa Isabel e do Anjo Custódio, as quais ia assistir em corporação com o real estandarte, bem como o fazia na missa e procissão da ressurreição e padroeira da Cidade, mas presentemente quase todas estão abolidas. Nesta igreja se faziam anualmente as procissões a de S. Sebastião, a dos passos, de ramos, fogaréus, enterro, ressurreição, depósito do Sacramento na quinta-feira santa, da bala da cruzada, ladainhas, anjo custódio e do patrocínio de Nossa Senhora, umas em derredor da igreja e outras em círculo da Cidade. A torre deste templo é de baixa altura e pouca excede às paredes do corpo da igreja (1) feita ao gosto antigo, arrematada por uma abóbada e três sineiras, todas de pedra de cantaria lavrada e nelas 3 sinos, o maior e o mais antigo pesava 12 arrobas, tinha clara voz e seu sonido se ouvia ao longe; era pertencente à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, mas quebrou-se no ano de 1804 e o devoto cidadão o sargento-mor Joaquim José Guimarães o levou para o Rio de Janeiro, mandando fundir um novo com o peso de vinte arrobas e que importou em mais de Rs. 300$ mil réis; e dele fez dádiva à Irmandade. Aconteceu no ano de 1807 a 1808 um caso digno de ser memorado: tendo adormecido por efeito de bebedice em uma(1) Ferida a cúpula ou abóbada por um raio, foi mister demoli-la, substituindo-a um prolongamento de estilo gótico, terminando em agulha. N. J.das sineiras um mulato do falecido sargento-mor Fernando Gomes Pereira da Silva, de lá desandou ao chão e com toda a força da violência da queda não quebrou osso algum e afinal sarou perfeitamente; tão grande milagre se deve atribuir ao espírito da cana, que em si tinha. Na história eclesiástica consta de umas memórias antigas que no ano de 1640, já havia vigário da vara e que gozava o título de Ouvidor Eclesiástico in Spiritualibus e em 1666 o foi o Padre Dionísio de Melo Cabral. Muitos fatos memoráveis teriam a ser notados extraídos do cartório eclesiástico, se se pudesse fazer uma exata e minuciosa revisão de seus antigos livros de registos onde melhor se encontraria no pleno conhecimento de todos os vigários colados, e encomendados, que tem servido na igreja matriz, como todos os da vara e visitadores que a ela vieram e onde deixaram talvez provimentos memoráveis para a história. No mapa nº 7 se verão os vigários colados e encomendados que paroquiaram a mesma igreja, numa série cronológica desde o ano de 1655, inclusive ao de 1850. No mapa nº 8 verão os indivíduos do estado clerical e regular que houve em Paranaguá desde o ano de 1700, até o presente, sendo a mor parte naturais desta Cidade. No mapa necrológico nº 9 se verão os nomes das pessoas de ambos os sexos mais principais que faleceram desde 1750 em diante. Os rendimentos da fábrica, desta igreja nos anos financeiros de 1846 a 1847, foi da quantia de Rs. 247$462; e no seguinte de 1847 ao de 1848, foi da quantia de Rs. 234$400 réis. Nesta igreja houve diversas confrarias antigas como a do SS. Sacramento, a de Nossa Senhora do Rosário dos brancos, a de Nossa Senhora do Rosário dos pretos, a de Nossa Senhora da Conceição; a de S. Rita e a de S. Miguel Arcanjo e Almas, e a de Santo Antônio, algumas das quais se acham extintas, e só escreverei historicamente as que existem e entrar-se no conhecimento de suas primitivas instituições e progressos que cada uma tem tido. MAPA Nº 7 Série cronológica de todos os párocos que tem havido na igreja matriz de Paranaguá, tanto colados, como encomendados, desde o ano de 1655, inclusive ao de 1850. 1º - O Padre Dionísio de Melo Cabral, o 1º vigário encomendado apresentou-se em Câmara na vereança de 23 de janeiro de 1655, requerendo à mesma Câmara a retificação do ajuste que com ele tinha o povo feito, de lhe darem um escravo pescador, parece que por esta reclamação já anos antes desta era, ele estava paroquiando a igreja. Sua provisão foi passada pelo Padre João da Rocha Ferraz, vigário de Cananéia que então era visitador. Obteve 2ª provisão passada pelo Doutor Antônio de Mariz Loureiro, em 5 de abril de 1655, e tendo acabado o seu tempo, em vereança de 4 de setembro do mesmo ano, a Câmara fez novo ajuste com ele, de se lhe pagar um ordenado anual de 60$000 réis em dinheiro e 24 alqueires de farinha e um escravo pescador. Em vereança, ou João da Veiga Coutinho teve sua provisão de 2 de janeiro de 1704, passada pelo Bispo do Rio de Janeiro Dom Francisco de S. Jerônimo. 10º - O Padre Pedro da Silva Pereira, desde 1706 a 1709. 11º -O Padre Lucas Roiz Franca, aparece seu nome como vigário nas atas da Irmandade de N. S. do Rosário, no ano de 1718, mas ignorade 24 de outubro de 1656, a Câmara tornou a renovar com ele o mesmo ajuste.

Page 16: Vieira dos Santos vol02

2º - O Padre Frei João de Guárnica, na vereança de 20 de janeiro de 1666, se apresentou em Câmara junto com o Padre Dionísio de Melo Cabral. E foi consultado o povo se queriam que o Padre Dionísio (era então vigário da vara), ele mandasse descer dos campos de Curitiba ao reverendo Padre Jorge Gonçalves da Câmara, para paroquiar a igreja, mas o vigário da vara respondeu: ele estava doente e entrevado, ficando por isso servindo na igreja o mesmo Fr. João de Guárnica; e em 31 de dezembro a Câmara entregou ao mesmo o rol das pessoas que tinham subscrito para que ele cobrasse o seu ordenado. 3º - O Padre Manoel Godinho teve a sua provisão passada pelo administrador do bispado Manoel de Almeida, de 8 de dezembro de 1671, para servi de vigário e morreu em 1677. 4º - O Padre João de Faria. Teve a sua provisão de 15 de outubro de 1672, passada pelo vigário da matriz de S. Sebastião do Rio de Janeiro Francisco da Silveira Dias. 5º - Frei Manoel de xxx entrou a servir de vigário pelo falecimento do Padre Manoel Godinho de Azevedo, por provisão do vigário da vara, o Padre Dionísio de Melo Cabral, de 26 de novembro de 1677, pagando-se 60$000 para assistir efetivamente e não se ausentar desta Vila sem licença da Câmara. 6º - O Padre Antônio de Alvarenga Sampaio, por provisão (sem data) do ano de 1678, passada pelo vigário geral Mateus Nunes de Siqueira, para servir de vigário da igreja. Teve 2ª provisão de 27 de setembro de 1679, passada pelo administrador do bispado o Doutor Francisco da Silveira Dias, para servir de vigário. 7º - O Padre João da Rocha Pedroso, teve provisão de 7 de outubro de 1679, passada pelo administrador do bispado Francisco da Silveira Dias para servir de vigário. 8º - O Padre Domingos Gonçalves Padilha, teve sua provisão passada a 6 de maio de 1686, ignora-se os anos que esse vigário serviu a igreja e os sucessores que ele teve, mas se vê nos livros da Irmandade do SS. Sacramento, ainda aparece a sua assinatura, como vigário no ano de 1709. Teve sua provisão em 6 de maio de 1686, passada pelo bispo do Rio de Janeiro José de Barros e Alarcão, ou de 6 de julho de 1695, que parece foi a segunda provisão que teve. O mesmo Padre Padilha teve provisão de vigário encomendado de 22 de junho de 1703 passada pelo Bispo do Rio de Janeiro Dom Francisco de S. Jerônimo. 9º - O Padre João de Sousa Coutinho-se quando principiou a paroquiar e em que ano acabou.10º - O Padre Pedro da Silva Pereira , desde 1706 a 1709.11º - O Padre Lucas Roiz França parece seu nome como vigario nas atas da Irmandade de N. S. do Rosario, no ano de 1718, mas ignora se quando principiou a paroquiar e em que ano acabou.12º - O Padre Antônio Pinheiro Machado aparece sua assinatura no ano de 1727, nas atas do livro da Irmandade de N. S. do Rosário, como vigário, mas ignora-se em que ano principiou a paroquiar e em que acabou. 13º - O Padre Francisco Barbosa, natural da cidade de Braga, vigário encomendado, por provisão de 5 de fevereiro de 1729, passada pelo Bispo do Rio de Janeiro Fr. Antônio de Guadalupe; não se sabe o tempo que paroquiou a igreja e nem os que lhe sucederam até o ano de 1736. Pelo alvará régio de 13 de dezembro de 1700, a requerimento da Câmara ordenou El-Rei D. Pedro II, que os párocos de Paranaguá fossem pagos à custa da Real Fazenda, na forma que eram os mais da Capitania. 14º - O Padre Estêvão de Oliveira Rosa, em 1736, aparece sua assinatura, como vigário da igreja, nas atas dos livros a Irmandade do SS. Sacramento, 15º - O Padre Antônio Esteves de Siqueira, em 1741, aparece sua assinatura nas atas da Irmandade do SS. Sacramento, mas ignora-se o ano em que começou a paroquiar e quando acabou, bem como o antecedente. 16º - O Padre Francisco Xavier do Prado em 1756, aparece sua assinatura com vigário da igreja nas atas dos livros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, mas ignora-se o tempo que serviu na paróquia. 17º - O Padre Antônio Carvalho e Sousa, encontra-se um requerimento que ele fez ao Cônego Visitador Firmiano Dias Xavier exigindo um cálice para a igreja matriz, alegando havia dois na capela das Mercês e três na do Senhor Bom Jesus; teve por despacho: o administrador da capela do Senhor Bom Jesus faça entrega de um dos cálices dela por empréstimo à matriz, passando termo para quando lhe for pedido restituir. Paranaguá, 8 de novembro de 1762. Pelo que parece ser algum vigário encomendado. 18º - O Padre Maurício Gonçalves Ramos, desde 1763 a 1765.

Page 17: Vieira dos Santos vol02

19º - O vigário colado o Padre Antônio Pereira de Macedo desde 1766 até o ano de 1777. 20º - Pedro Domingues Pais Leme, vigário colado desde 1777; a sua colação foi em 1781, esteve paroquiando a igreja até o ano de 1796, em que passou a cônego da Sé de S. Paulo. 21º - O Padre Bento Gonçalves Cordeiro, vigário encomendado desde 1796, até 24 de agosto de 1797. 22º - O padre Joaquim Júlio da Ressurreição Leal. Foi frade do Convento de Nossa Senhora do Monte do Carmo do Rio de Janeiro e nele mestre de Filosofia e Retórica, e alcançou em Lisboa da Rainha Dona Maria I, a colação da vigararia da matriz de Paranaguá da qual tomou posse no dia 24 de agosto de 1797, em cujo dia caiu um raio no frontispício da mesma igreja, derrubando a cruz. Morreu em 24 de setembro de 1831. 23º - O Padre Vicente Ferreira de Oliveira, vigário encomendado desde o mês de setembro de 1831 até março de 1832. 24º - O Padre João Batista Ferreira, era vigário da Conceição de Itanhaém

Pag.50 - e obteve a provisão de pároco da igreja com data de 28 de janeiro de 1832, passada pelo Ex.mo Bispo de S. Paulo Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade e tomou posse da igreja no mês de junho de 1834 e fez permutação e troca da mesma igreja com o vigário da Vila de Iguape o Padre João Crisóstomo de Oliveira Salgado Bueno.

25º - O Padre João Crisóstomo de Oliveira Salgado Bueno tomou posse da igreja em 30 de junho de 1834 e faleceu em 5 de agosto de 1841.

26º - O Padre mestre Joaquim José de Santa Ana, vigário encomendado, tomou posse da igreja em 5 de agosto de 1841, até o mês de outubro de 1842.

27º - O Padre Gregório José Lopes Nunes, natural da Ilha da Madeira e naturalizado brasileiro, por carta de 26 de novembro de 1838, e carta de colação de 30 de agosto de 1842, por decreto de 22 do mesmo e foi empossado da igreja no 1º de outubro na câmara eclesiástica de S. Paulo. Foi com licença do Bispo ao Rio de Janeiro onde esteve até meado do ano de 1847.

28º - O Padre Jacinto Manoel Gonçalves de Andrade, vigário encomendado desde o mês de junho de 1846, até março ou abril de 1847.

O vigário colado o Padre Gregório José Lopes Nunes desde o mês de abril de 1847 até junho de 1848 em que tornou a voltar com licença para o Rio de Janeiro.

29º - O Padre Albino José da Cruz, vigário coadjutor desde o mês de junho de 1848 até o mês de março de 1849.

30º - O Padre Domingos Leite de Mesquita, vigário coadjutor desde março de 1849 até (1)

Com indizível trabalho foram descobertos por entre montões dos ruinosos livros arquivados na Câmara os nomes dos sacerdotes que nas antigas eras paroquiavam a igreja de Paranaguá; outra igual descoberto foi feita nos livros das Irmandades onde eles assinavam os termos das sessões das mesmas. Contudo, como os próprios vigários eram todos encomendados, desde 1655 até 172... em que houve colação; só serviam alguns anos e eram substituídos por outros; pode ser que na mesma série venha a faltar alguns que se ignoram, e só se poderia organizar com a maior exatidão, se fossem revisados os livros do cartório eclesiástico. Muitos coadjutores têm servido na igreja na falta de doença ou impossibilidade dos párocos, tais tem sido:

Page 18: Vieira dos Santos vol02

Fr. José de Santa Brígida.

Fr. José de Santa Quitéria Marques.

Fr. Francisco de S. Pedro.

O Padre João Martins de Araújo.

O Padre Vicente Ferreira de Oliveira e outros muitos, etc., etc. (1) Em branco no manuscrito. N. J.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Visitadores eclesiásticos do Rio de Janeiro que vieram a Paranaguá em visita.

12 _ Interessante seria na história se soubesse todos os visitadores eclesiásticos que vieram a Paranaguá, em suas visitas e seus provimentos talvez alguns dignos de serem memorados, bem como aqueles que defendendo o direito eclesiástico, atacavam a preferência aos ouvidores sobre a tomada de contas, contudo vão apontados os nomes daqueles que há notícia:

1655 O Doutor Antônio de Mariz Loureiro.

1678 O Vigário Geral Mateus Nunes de Siqueira.

1671 O Padre Miguel de Almada.

1677 O Vigário geral e Administrador do Bispado Francisco da Silveira Dias.

1699 O vigário do bispado o Padre João de Sousa da Fonseca

1706 O Padre Gaspar Gonçalves de Araújo para Comendador que lhe deu o cônego Antônio de Pina.

1724 O Padre José Roiz França.

1730 O Padre Francisco Pinheiro da Fonseca.

1750 O Padre Antônio Pereira Coimbra.

1756 O Padre Antônio de Medeiros Pereira.

1759 O Padre Francisco José do Prado.

1754 F.... Vaz (1)

1762 O Cônego Firmiano Dias Xavier

1782 O Padre Manoel da Costa de Andrade.

Page 19: Vieira dos Santos vol02

MAPA Nº 8

Mapa do Estado clerical e regular que houve em Paranaguá desde o ano de 1700 inclusivamente até ao de 1850, onde se verá todos os sacerdotes que houve.

13 - Os nomes dos eclesiásticos seculares que houve em Paranaguá vão divididos em diversas épocas para melhor se conhecer os que existiam, vivos, nos intervalos daqueles períodos. (1) Em branco no manuscrito. N. J.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Eclesiásticos e Regulares

Desde 1700 a 1730

O Vigário da igreja João da Veiga Coutinho

O Padre Domingos Gonçalves Padilha

O Vigário Pedro da Silva Pereira

O Padre Cristóvão da Costa e o Padre Lucas Roiz França

O Padre Estêvão de Oliveira Rosa

O Padre Antônio Xavier de Sampaio

O Padre João dos Santos

O Padre José Roiz França

1727 O Vigário Antônio Pinheiro Machado

De 1730 a 1770

1750 Fr. Manoel de Santo Elias, frade Carmelita

1757 Fr. João de Santa Ana Maria, Carmelita

Fr. Pedro de Santa Maria Antunes

Page 20: Vieira dos Santos vol02

Fr. Manoel da Encarnação

Fr. Laureano da Trindade

O Padre Francisco de Meira Calassa

O Padre Antônio Pereira de Macedo

O Padre Antônio Carvalho de Sousa

O Vigário Antônio Esteves de Siqueira

O Padre Francisco Ferreira Matoso

O Padre José Roiz França

O Vigário Antônio Esteves Ribeiro

Fr. João Roiz de Santa Ana

Fr. Bento de Santa Ana e Silva

1760 Fr. Laureano da Trindade

1761 Fr. João de Santa Ana Flores

1762 Fr. José do Desterro, superior do hospício

176 Fr. Custódio de Jesus Maria

Fr. Miguel de Santa Ana

O Padre Tomás Dias Maciel, morreu em 1761

O Padre Inácio Pinto da Conceição, professor de gramática

O Padre Lucas Roiz França

O Padre Maurício Gonçalves Ramos

O Padre Bento Gonçalves Cordeiro

O Padre Antônio de Sampaio

O Padre Manoel Pereira Bravo

-------------------------------------------------------------------------------- - - De 1770 1780

Page 21: Vieira dos Santos vol02

1773 Fr. Antônio do Monte do Carmo, franciscano

1772 Fr. José da Purificação Soares

1773 Fr. Inácio Alves de Santa Catarina, carmelita

Fr. José Roiz de Santa Escolástica

1776 Fr. Manoel da Natividade Teixeira, franciscano

1777 Fr. José de Santa Brígida, carmelita

1772 Fr. Alexandre da Madre de Deus, franciscano

Fr. José Carlos de Jesus Maria Desterro

Fr. Agostinho de Santa Ana

Fr. Antônio de Pádua

O Padre Antônio Pereira de Macedo

O Padre Francisco de Meira Calassa

O Padre José Pinheiro

O Padre Antônio de Sampaio

O Padre Francisco Ferreira Matoso

O Padre Francisco de Borja Lemes

O Padre Antônio Moreira Barbosa

O Padre Antônio do Vale Porto

O Padre João Pereira do Couto

O Padre Francisco Xavier dos Passos

Fr. José de Santa Quitéria Marques

O Padre Tomás Dias Machado.

De 1780 a 1790

Fr. Antônio da Natividade Costa

Fr. João de Santa Ana Flores

O Padre José Pinheiro

O Padre Joaquim da Costa Rezende

Page 22: Vieira dos Santos vol02

O Padre Maurício Garcez Ramos

O Padre Francisco Pacheco de Oliveira

O Padre Antônio Gonçalves Pereira cordeiro

O Padre Pedro Domingos Paes Leme

O Padre Bento Garcez Cordeiro

O Padre José da Rocha Muniz

De 1790 inclusive 1850

Fr. José de Santa Quitéria Marques

Fr. José da Conceição Feijó

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fr. Manoel da Conceição Salgado

Fr. Manoel de Santa Ana Ribeiro

Fr. José Leonisa de Toledo

Fr. Antônio Natividade de Costa

O Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal

O Padre Bento Gonçalves Cordeiro

O Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro

O Padre Maurício Gonçalves Ramos

O Padre João Carneiro dos Santos

O Padre Manoel Lobo de Albertim Lanóia

O Cônego Joaquim da Costa Rezende

O Padre João Gonçalves dos Santos

O Padre Joaquim Muniz de Araújo

O Padre João Muniz de Araújo

Page 23: Vieira dos Santos vol02

O Padre Tomás de Sousa Siqueira e Silva

O Padre João Crisóstomo de Oliveira Salgado Bueno

O Padre Manoel Alves de Toledo

O Padre Manoel Domingues da Silva Braga

O Padre Policárpio Elói da Silva

O Padre Cândido del Rio Cárdenas

O Padre José da Rocha Muniz

O Padre José Francisco de Mendonça

O Padre Manoel Roiz Ferreira

O Padre João José de Carvalho

O Padre Manoel de Sousa Pinto

O Padre Higino Antônio de Miranda

O Padre Vicente Ferreira de Oliveira

O Padre Joaquim Francisco

O Padre Antônio Gonçalves do Prado e Ataíde

O Padre Fr. Manoel de Santo Tomás Nogueira

O Padre Fr. Francisco de S. Pedro

O Vigário João Batista Ferreira

O Vigário José Lopes Nunes

O Padre Jacinto Manoel Gonçalves de Andrade

O Padre Agostinho Machado Lima

O Padre mestre Joaquim de Santa Ana

O Padre Albino José da Cruz.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Pulvis est et pulverem reverteris.

Page 24: Vieira dos Santos vol02

Neste caminho um passo estreito achamos. Morte se chama, horrenda e desabrida dívida que Adão fez e nós pagamos.

Camões.

Quis talia fundo tempent a lacrimis...

Que bem herdemos nós do pai primeiro? A culpa? A morte?

Abominosa herança! Mal haja o negro monstro lisonjeiro.

Bocage, Elegia.

Si autem impotentatibus octoginta amici amplius Corum labor et dolor.

Salmo 89.

MAPA Nº 9

Mapa necrológico, das pessoas mais principais de ambos os sexos que faleceram em Paranaguá desde o ano de 1755 inclusivamente ao de 1850, extraídas dos livros das certidões das Irmandades do SS. Sacramento e de Nossa Senhora do Rosário.

De 1755 a 1756

Rita Cordeira

João de Araújo Cavalheiro

Maria de Ramos

1756 a 1757

João Francisco de Faria

Joana de Mendonça

Manoel da Costa

1757 a 1758

Page 25: Vieira dos Santos vol02

O Capitão Manoel Gonzales Carreira

Francisco de Oliveira Preto

-------------------------------------------------------------------------------- - - Manoel Alves da Cunha

Antônio João de Mendonça

Serafina Francisca

1759 a 1760

O Capitão Afonso da Silva

Manoel Muniz da Rocha

O Padre João Gomes Nunes, síndico da Ordem 3ª

1760 a 1761

O Padre Tomás Dias Machado

O Doutor Mateus da Costa Rosa

Tomás dos Reis Pinto

Benta Maria de Jesus

1762 a 1763

O Padre Lucas Roiz França

O Padre José Roiz França

Joana Cordeira

João Correia da Fonseca

1764 a 1765

Page 26: Vieira dos Santos vol02

D. Joana Roiz França

Domingos Lopes

Francisca Ribeira de Araújo

Rita Maria

Antônio da Costa Bittencourt

Pedro Rodrigues

Domingos de Almeida

Januário Ferreira

Domingos Correia

Pedro Antônio de Carvalho

1766 a 1767

O Tenente Manoel Vaz de Figueiredo

Domingos Cordeiro Matoso

Manoel Pereira do Nascimento

-------------------------------------------------------------------------------- - - Leocádia Pereira

1768 a 1769

Maria Bárbara

Estêvão da Cruz

Inês Pedrosa

1769 a 1770

Catarina da Silva dos Passos

Page 27: Vieira dos Santos vol02

João Francisco Ferreira

Dona Antônia da Cruz França

José Roiz Diniz

Ana Grácia

Vicente de Sousa Pereira

1770 a 1771

Antônio Duarte

Teresa da Silva

Dona Maria Pinheiro França

1771 a 1772

O sargento-mor Damião Carvalho da Cunha

Maurícia da Silva, mulher de João Martins Cota

Mariana da Guia, mulher de Francisco Seixas

1772 a 1773

Maria da Vieira da Silveira

Antônio de Sousa Pires

Joana Cordeira

José Francisco Vila

1773 a 1774

Bernardino da Costa

Antônio da Silva de Oliveira

Isabel de Miranda

--------------------------------------------------------------------------------

Page 28: Vieira dos Santos vol02

- - 1775 a 1776

O sargento-mor Domingos Cardoso Leme

Constantino Cardoso

Joana Ribeira do Prado

Capitão Gaspar Gonçalves de Morais

Miguel Simões

João da Veiga

Joana da Veiga de Siqueira

O Padre Vigário Antônio Pereira de Macedo

João Correia da Fonseca

Manoel Martins

Tenente Manoel de Miranda

Maria Pereira de Barros

Manoel José Ferreira

Manoel Lobo de Albertim Lanoia

Francisco da Costa Cordeiro

O licenciado Antônio Soares Pereira da Costa

O Capitão-mor Manoel Nunes Lima

1776 a 1777

Maria Francisca da Silva

Maria Nunes Moreira

Juliana Roiz Seixas

Mariana Nunes de Siqueira

Teodora Francisca

Page 29: Vieira dos Santos vol02

1777 a 1778

Antônio de Sousa Pereira

João Pereira do Ó

Catarina de Sene

Francisca Ferreira doa Vale

Apolônio da Veiga

1778 a 1779

Antônio Saraiva

Antônio da Silva Pinto

Inácia Angélica de Assunção

Manoel Moreira dos Santos

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1779 a 1780

Francisco Pires

Maria Correia

Isabel de Siqueira

Tomás Correia

1780 a 1781

Inácia Luísa

Felícia Xavier Bárbara

José Caetano da Cruz

Page 30: Vieira dos Santos vol02

1781 a 1782

Manoel Gonçalves Silvestre

Manoel Lourenço

Francisca Ferreira

Cristóvão Gonçalves Carreira

Joana do Carmo

1782 a 1783

Rosa Maria

Manoel Jacinto Neves

1783 a 1784

Josefa Maria de Jesus Bittencourt

Maria da Costa

José Simões Peniche

O Capitão Aniceto Borges da Silva

1785 a 1786

José Alves de Oliveira

Francisca da Costa Cordeira

Mateus Vaz de Figueiredo

Catarina Ferreira

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1786 a 1787

Page 31: Vieira dos Santos vol02

Luzia Gomes Coitinha

Antônio de Oliveira Pedroso

O sargento-mor Cristóvão Pinheiro França

1787 a 1788

Teresa de Jesus, mulher de Domingos da Rocha

Apolônia da Veiga

Antônio de Araújo Leça

Catarina Ferreira

Domingos Dias Baleia

1788 a 1789

O Padre Francisco Ferreira Matoso

Antônio José Soares

Simeão da Costa

Inácio Gomes de Medeiros

1789 a 1790

Dona Ana Ribeira do Prado

João da Silva de Siqueira

1790 a 1791

Catarina da Silva de Azevedo

José de Matos Câmara

Antônio Gomes Coutinho

Antônio José da Costa

Ana Rodrigues de Miranda

O capitão Antônio Ferreira Matoso

Page 32: Vieira dos Santos vol02

Antônio da Cunha

1791 a 1792

O Padre José Pinheiro França

Maria dos Passos

Helena de Miranda

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1792 a 1793

Joaquim Gaspar

Maria Francisca Angélica

Inácio Antônio da Silveira

Ana Maria da Rocha

1793 a 1794

O Padre Antônio Moreira Barbosa

Ana Roiz Seixas, mulher de José Roiz Ferreira

Manoel José do Nascimento

Inácia Esméria da Rocha, mulher de Luiz Antônio Roiz

José Francisco

Maria Antônia de Mendonça, mulher de Manoel Gonçalves Machado

O Capitão Veríssimo Cardoso

Leocádia Nunes

Capitão Miguel Ribeiro Ribas

Tenente Jacinto Xavier Neves

Dona Maria Clara de Albertim

Page 33: Vieira dos Santos vol02

Beatriz Pedrosa

João Martins Costa

Leão Pinto

Rosa Maria

Maria da Apresentação

Isidoro José Pereira

1795 a 1796

Pedro de França

Teodoro da Silva

Maria Muniz

Agostinho Ferreira

José da Silva Pinto

Ana de Siqueira, mulher de Antônio Ferreira

Maria Nunes Bittencourt

Antônio Lopes Vaz

Francisco dos Remédios

Manoel José de Carvalho

Leão Alves

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1796 a 1797

Maria do Rosário

José Rodrigues

Veríssimo Gomes

Page 34: Vieira dos Santos vol02

Antônio Francisco Lima

Maria da Costa

Ana Cardoso

1798 a 1799

Maria Francisca Xavier

O Capitão Antônio Rodrigues de Carvalho

João Ferreira Arantes

Capitão Manoel de Sousa Pinto

Capitão Eusébio Gomes

José da Costa Pinto

Alferes Custódio Martins de Araújo

José Manoel Lobo

Leandro José Pereira

1800 a 1801

Amaro da Rocha

Ana Maria, mulher de Faustino José Borges

Atanásio Gomes

Maria da Rocha

Helena Maria do Rosário

Antônio Roiz Costa

O sargento-mor Francisco José Monteiro de Castro

O alferes Manoel Tavares de Miranda

1801 a 1802

Tenente Bento Francisco Laines

Bento José Munhoz

Page 35: Vieira dos Santos vol02

Antônio Alves Madeira

Godofredo Delgado

Domingas Luísa Cardoso

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1802 a 1803

Mariana Ferreira

Capitão Francisco José Ribeiro

Maria Domingues, mulher de Luiz Antônio

Apolônia da Silva de Menezes

Capitão Francisco Carneiro dos Santos

Manoel de Ramos

Ana Teixeira

Alferes Francisco dos Santos Carneiro

1803 a 1804

Ana Machada

Serafina Lemes Pedrosa

José do Amaral Antunes

Dona Maria Ferreira

Maria da Conceição, mulher de Francisco Pereira Lobo

José Gonçalves Lopes

Ana Maria de Jesus

José Alves de Sousa

O Capitão Francisco Leite de Morais

Page 36: Vieira dos Santos vol02

1804 a 1805

D. Maria da Conceição

O Padre José da Rocha Miranda

Isabel Maria de Jesus

Domingos da Rocha Muniz

1805 a 1806

Ana da Assunção

Antônia de Freitas

Maria Freire

Maria Ribeiro da Silva

Maria de Jesus de Miranda

Dona Gertrudes Buena

Capitão Manoel Correia Matoso

O Capitão Simão Roiz Delgado

O Capitão Joaquim Antônio da Cruz

Dona Teodora Freire, mãe do Vigário Júlio

-------------------------------------------------------------------------------- - - Manoel Alves da Silva

1806 a 1807

D. Rosa Maria

Ana Maria, filha de Domingos Rosa

Maria Dias, mulher de Francisco Rodrigues

Simeão Cardoso Pazes

Page 37: Vieira dos Santos vol02

Francisco Alves da Cunha

Francisco da Costa Cordeiro

Maria Freire de Macedo

O Tenente Francisco Pinto

1807 a 1808

José Rodrigues de Figueiredo

Manoel Pacheco da Silva

Francisco Inácio do Amaral, professor de 1ªs. letras

Francisco Antônio Pereira Guimarães

Serafim Correia de Morais

1808 a 1809

O Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro

Maria Madalena

Luiz de Sousa Ribeiro

Brás Luiz Coelho

Antônio Clara de Assunção

O Capitão Antônio da Silva Braga

Alferes João Lopes dos Santos

Antônio Ferreira do Vale

D. Margarida da Silva

Maria Ferreira do Vale

Antônio Gonçalves Lopes

D. Ana Gonçalves Cordeiro

1809 a 1810

O Padre Manoel de Sousa Pinto

Page 38: Vieira dos Santos vol02

O Capitão Francisco Xavier da Costa

Luiz Antônio Rodrigues

Maria das Neves

-------------------------------------------------------------------------------- - - Bernardo Antônio Munhoz

Francisco José de Sousa

1810 a 1811

O Tenente-coronel Francisco Gonçalves Cordeiro

Manoel Luiz Pereira, guarda-mar

Ana Gonzales Cordeira

Maria das Candeias

O Capitão Tomás de Sousa e Silva

O Tenente-coronel Manoel da Cunha Gamito

Miguel da Cunha

O Capitão Manoel Alves Carneiro

João Antônio Ferreira

O Tenente José Gonçalves da Rocha

José Vieira Belém

Capitão Inácio Lustosa de Andrade

Capitão José Luiz Pereira

Pedro Martins

1811 a 1812

Brígida da Rocha

Page 39: Vieira dos Santos vol02

José Gonçalves Rocha

Antônio de Castro dos Santos

Manoel Vieira Espiga

João Lourenço Teixeira

O Padre Higino Antônio de Miranda

Agostinho Machado Lima

Ângelo Custódio de Sampaio

1812 a 1813

Ana Marta

Isabel Francisca de Sousa

Luiz Antônio de Menezes

Manoel Oliveira Machado

Domingos Rosa da Silva

Domingos Pereira Guimarães

1813 a 1814

D. Maria Joana

-------------------------------------------------------------------------------- - - D. Maria Angélica de Lima

Sargento-mor Antônio José de Carvalho

O Tenente José Joaquim Freire

José Roiz Costa

Maria Ribeira de Ascensão

D. Ana Maria do Pilar

Page 40: Vieira dos Santos vol02

Manoel Vieira do Nascimento

Domingos Gonçalves

1814 a 1815

D. Joana Inês

Rita do Carmo

Teresa Maria de Jesus

Agostinho da Silva Vale

Pedro Gomes Sobral

Caetano da Silva Pimentel

Francisco Machado

1815 a 1816

Plácida Maria da Rocha Muniz

Ana Maria

O Capitão-mor José Carneiro dos Santos

O Capitão-mor Antônio dos Santos Amaral

Francisco Xavier das Chagas

Isabel Maria de Andrade

O Capitão João Crisóstomo Salgado

Antônio José Gonçalves

1816 a 1817

Sargento-mor Manoel Antônio da Costa

D. Rosa de Sousa e Silva

O Cônego Joaquim da Costa Resende

Rita da Rocha

O Capitão Veríssimo Carneiro

Page 41: Vieira dos Santos vol02

1817 a 1818

O Tenente Francisco José Laines

Clara de Campos

-------------------------------------------------------------------------------- - - Capitão Manoel de Sousa Pinto

Francisco José Ferreira

1818 a 1819

Ana da Costa

Francisca Alves Viana

D. Ana Gonçalves de Miranda, mulher do ajudante Miguel Francisco Braga

Maria da Conceição

João Gonçalves da Rocha

Agostinho dos Santos de Camargo

1819 a 1820

Capitão Ricardo de Sousa Pinto

Ana Serafina

David Ferreira Matoso

José Fernandes

D. Augusta, mulher de Capitão Joaquim Antônio Munhoz

José Soares da Silva

1820 a 1821

Page 42: Vieira dos Santos vol02

O Padre Manoel Lobo de Albertim Lanóia

José Tinoco

José Manoel Dias

D. Balduína, mulher de Manoel Lobo da Silva Passos

Rosa de Miranda

1821 a 1822

O sargento-mor Antônio Ferreira de Oliveira

José de Loiola e Silva

José Tinoco

Gaspar da Rocha

Antônio Francisco de Mendonça

Pedro Rodrigues de Carvalho

Tomé Simões Peniche

O Tenente Inácio Tavares de Miranda

Francisco José de Almeida

Francisco Antônio de Siqueira

Manoel Coelho

-------------------------------------------------------------------------------- - - O sargento-mor Francisco Ferreira de Oliveira

Luiz Inácio de Oliveira Cercal

Manoel de Azevedo Coutinho

Manoel Pacheco de Sousa

Joaquim Elói de Madureira

Bartolomeu Luiz

Page 43: Vieira dos Santos vol02

Capitão Francisco Xavier dos Santos Borges

Dona Ana Maria Angélica Leal, irmã do Vigário Júlio

Capitão Joaquim Antônio Munhoz

Alferes José Muniz de Araújo

Francisco José de Brito

Sargento-mor Bento Antônio da Costa

Capitão José Gonçalves de Morais

Leandro José da Costa

Alferes Antônio Francisco de Mendonça

José Antônio Vieira

Capitão Bento Gonçalves do Nascimento

1822 a 1823

Manoel Gomes Marzagão

Catarina Maria

1823 a 1824

Ana Maria Borges

D. Ana Maria Laines

Antônio da Silva Pinto

Joaquim....

1824 a 1825

José Caetano de Sousa

Catarina Angélica

Margarida da Silva

Francisco Pereira de Macedo

D. Josefa Laines

Page 44: Vieira dos Santos vol02

1825 a 1826

Sargento-mor Francisco Gonçalves Rocha

D. Ana Micaela de Albertim Lanóia

-------------------------------------------------------------------------------- - - Gertrudes do Rosário

Capitão-mor da Vila Antonina, Francisco Roiz Ferreira

1826 a 1827

Alferes Vicente Ferreira do Vale

Francisco Alves Pedroso

Modesta Maria Angélica

Joaquim Caetano de Sousa

Maria Angélica

1827 a 1828

D. Maria Isabel

O Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos

O Padre Manoel de Santo Tomás Nogueira

Agostinho da Silva Vale

D. Maria Fausta Monteira de Matos

Margarida Clara

Josefa Nunes

Maria Rosa

1828 a 1829

Page 45: Vieira dos Santos vol02

José Antônio Viana

Maria Teresa de Sousa

Josefa Maria do Rosário

Ana Maria do Nascimento

1829 a 1830

Capitão João Manoel da Costa

Ana Ribeira

1831 a 1832

D. Córdula Roiz França

D. Ana Laines

José Coelho da Silva

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1834 a 1835

Maria Francisca

Isabel Maria

Gaspar Gonçalvesde Araújo

Antônio Dionísio de Miranda

Josefa das Dores

Caetano Gurgel do Amaral

Úrsula Maria

1835 a 1836

Page 46: Vieira dos Santos vol02

Maria Ferreira do Nascimento

Capitão Antônio da Silva Neves

Maria Antônio da Silva

Dona Lúcia de Jesus

Antônio Gonçalves de Morais

Luiz Gonzaga

Ana Gamita

Antônio Gonçalves Maia

Sebastião Alves

Angélica Maria Leal

Manoel Correia

Claro Luiz Cordeiro

1836 a 1837

D. Dorotéia Luísa Monteiro de Matos

Francisco Roiz Ferreira

Maria Nunes Roiz

Maria Francisca do Carmo

1837 a 1838

D. Maria Madalena de Oliveira Buena

Maria Luísa Pendão

Maria das Virgens

Maria Vaz de Andrade

O Capitão Joaquim Antônio Guimarães

--------------------------------------------------------------------------------

Page 47: Vieira dos Santos vol02

- - 1838 a 1839

D. Maria Clara Guimarães

João Batista do Rosário

Angélica Maria

1839 a 1840

José Ricardo dos Santos

D. Rosa, mulher do Tenente Antônio Gonçalves da Rocha

1842 a 1843

Antônio José Mendes

Francisca Rosa

Capitão Vicente Ferreira dos Santos

Lourença de Jesus

1843 a 1844

Francisco de Siqueira

D. Eufrosina da Silva Freire

D. Maria Caetana

Rita Rosa da Costa

Isabel Maria de Jesus

Margarida Clara

Joaquina Maria de Miranda

Francisco Carneiro dos Santos

Manoel de Vilanova

1846 a 1847

Page 48: Vieira dos Santos vol02

José Soares dos Santos

Dona Maria Camila, mulher do Capitão João Machado Lima

1847 a 1848

José Luiz Cordeiro

Dona Ana Maria de Jesus Carneira

Rosa Maria da Trindade

Joana Maria

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1852 a 1853

O historiador Antônio Vieira dos Santos. (1)

OMNES MORIMUR ET QUASE AQUA DILABIMUR IN TERRAM, QUO NON REVERTENTUR.

Livro dos Reis, cap. 14, v.11.

15 _ Eis, ó paranagüenses, a tábua necrológica de vossos falecidos maiores, desses nobres avoengos de cujos troncos descendeis; desses que já foram ceifados pela mão da cruenta morte e suas cinzas jazem espargidas no mesmo solo que as fez reproduzir.

É lei invariável da natureza que todo vivente, chegando ao ponto do seu ocaso, tem de voltar ao oriente do nascimento; verdade demonstrada naquelas palavras que a santa religião nos faz recordar nossa frágil existência: "Lembra-te que és pó; e que em pó te hás te voltar" - Pulvis es, et in pulverem reverteris". O que é o homem? Um meio ente, um ser estropeado, posto entre o nada e o túmulo. Desabrocha como a débil flor o orvalho matutino, mas apenas o astro do dia dardeja seus raios, murcha, definha e seca. É a sombra fugitiva que não permanece no mesmo estudo. É a água que corre sobre a terra para mais não voltar. Omnis morimur et quase aqua dilabimur, in terram quo non revertetur. Assim a implacável morte pisa com igual pé o majestoso palácio dos reis e a humilde cabana do pobre.

Nem honras, ou prazeres, nem o viço valente da mocidade, nem a beleza e a delicadeza do sexo, ou a força atlética do homem robusto podem alongar a sua existência sobre a terra, embotando o fio da foice que corta seus dias.

Page 49: Vieira dos Santos vol02

Ó homem! Ó cinza soberba, quais são os títulos de tua grandeza, da tua glória? Omnes morimur et quasi aqua dilabimur in terram quo non revertetur.

Se a virtude á capaz de encher o vazio que a fama deixa nas ações dos heróis do século, só a religião pode fixar a inconstância e a estabilidade da glória, da fortuna e do mundo. O homem sem virtudes, sem religião, é a imagem do vácuo, é um cadáver ambulante, pasto da podridão e dos vermes.

Embora a fortuna, ou o acaso o tenham feito nascer no meio da pompa e das grandezas, embora conte na longa série de seus antepassados nomes ilustres que primaram entre os seus semelhantes por títulos ou dignidades, se (1) Este registro está escrito no pé da página dos originais, com tinta e caligrafia diferentes das usadas pelo autor. J. M

-------------------------------------------------------------------------------- - - ele não se enobrece a si mesmo pela prática das virtudes, ainda quando as vicissitudes das coisas humanas o elevem ao cúmulo das grandezas e da glória, esta glória não é mais que um fantasma.

Suas grandezas são como as lembranças de um sonho que não torna a existir, é a espuma leviana que a tempestade dispersa. Para que o homem seja digno da estima de seus contemporâneos, para que mereça as bênçãos das gerações futuras, para que seu nome ocupe uma página na história, cheia de glória, é mister que a humanidade, justiça e benevolência, o patriotismo e a beneficência brilhem nele como homem, como cidadão, e de mais a mais que a religião, que o Cristianismo purifiquem estas virtudes, dêem-lhe este toque sublime que só podem afiançar a verdadeira felicidade.

Tais, ó paranagüenses, são as virtudes patrióticas que devereis ter para que vossos nomes possam ficar gloriosos nos séculos futuros. (1)

16 MAPA

Mapa dos nascimentos, casamentos e óbitos que houve na paróquia de Nossa Senhora do Rosário da Cidade de Paranaguá em diferentes anos.

Page 50: Vieira dos Santos vol02

1830 _ No ano de 1830 nasceram 229 crianças, a saber: brancos 86, e destes morreram 10; pretos 74 e destes morreram 15; mulatos 69 e destes morreram 21.

O mapa de óbitos do mesmo ano mostra uma totalidade de 197 mortos a saber: brancos 117, pretos 30; e mulatos 50. (1) Em seguimento ao texto acima vê-se uma gravura representando um carro fúnebre conduzindo um féretro e tirado por três parelhas de cavalos negros, com os condutores rigorosamente vestidos de luto, desfilando o enterro pela frente dum templo e embaixo, a sentença latina: Sit tibi terra levis, cineres quoque flores legantur. N. J.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

--------------------------------------------------------------------------------

- - PARÁGRAFO TERCEIRO

Das Irmandades antigas e modernas que tem na igreja da matriz

17 _ As antigas Irmandades que houve na igreja matriz, criadas no século 17, umas foram extintas e outras reformadas no século 18. As extintas são a de Nossa Senhora do Rosário dos pretos, a de Nossa Senhora da Conceição e a de S. Rita de Cássia. As reformadas foram a do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora do Rosário dos brancos; e de novo criadas as de S. Miguel Arcanjo e a de S. Antônio, e das primeiras se dão algumas notícias.

1ª A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos pretos que houve antigamente se ignora o ano de sua criação, mas é de data mui antiga, porque no ano de 1699 ela requereu ao Visitador João de Sousa da Fonseca em que alegava a Irmandade ter a posse de 7 sepulturas na igreja e que os irmãos se enterravam no adro, petição feita em 2 de outubro daquele ano. O Visitador por seu despacho pôs: Concedo que os pretos tenham 6 sepulturas na igreja matriz, debaixo do coro no

Page 51: Vieira dos Santos vol02

canto junto da pia, e nenhuma pessoa as impeça nem secular, ou eclesiástica, com pena de excomunhão; despacho dado em 15 de outubro de 1699. No ano de 1756 ainda a mesma existia porque dela falou o vigário o Padre Antônio Pereira de Macedo numa certidão que passou de missas; mas depois parece passou à igreja de S. Benedito, ou reunindo-se alguns irmãos dela à do mesmo Santo formam somente uma.

2ª A Irmandade de Nossa Senhora da Conceição: foi sua instituição de origem mui antiga, e se ignora a data de sua ereção; e no ano de 1736 ainda existia no tempo do Vigário Estêvão de Oliveira Rosa, pois consta de um termo que se fez nos livros da Irmandade do SS. Sacramento, em 2 de outubro daquele ano, ter esta Irmandade vendido àquela um frontal que servia nas terceiras domingas do mês, por estar algum tanto usado, mas o quando foi extinta se ignora.

3ª A Irmandade de S. Rita de Cássia é sua instituição de data muito antiga, que se ignora bem como o ano em que finou, talvez por falta de concorrência de irmãos, mas no ano de 1720 ainda a mesma existia, porque ela concorreu com a cota de Rs. 25$600 para a ajuda da compra do ornamento branco que a Irmandade do Rosário mandou buscar de Lisboa, naquele ano, bem como também concorreu para o mesmo a Irmandade do SS. Sacramento.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Descreve-se historicamente as existentes.

1ª Irmandade do Santíssimo Sacramento

Descrição histórica desta Irmandade, deliberações que nela tem havido em suas sessões em benefício de sua prosperidade, seus benfeitores, que deixaram legados, série cronológica de seus principais membros, receitas e despesas que tem tido em diferentes épocas, para demonstração de seus progressivos augustos.

§ 4º Panis Angelorum manducavit homo

Nº 18 A Irmandade do Santíssimo Sacramento de Paranaguá ignora-se o ano de sua primeira instituição, por não constarem da mesma nos seus antigos livros a sua instituição.

No livro do compromisso da Irmandade se acha exarada a provisão do Ex.mo Bispo diocesano do Rio de Janeiro Dom Fr. Antônio de Guadalupe, de 9 de maio de 1732, aprovando seus estatutos; mas estes não foram os primitivos de sua ereção, porquanto se vê que o primeiro livro antigo desta Irmandade foi rubricado pelo Visitador Gaspar Gonçalves de Araújo, em 5 de março de 1706; e num termo de suas sessões feitas em mesa, em 17 de abril de 1711, já então era existente a mesma Irmandade, e contava em seu grêmio o número de 188 irmãos entre vivos e falecidos; e nela listados sete sacerdotes: o Padre Cristóvão da Costa e Oliveira, o Vigário da Vara o Padre Domingos Gonçalves Padilha, o Padre Gregório Mendes de Barbuda, o Vigário da igreja Pedro da Silva Pereira, o Padre Estêvão de Oliveira Rosa, o Padre João do Souto, o Padre Antônio de Sampaio, e bem assim as pessoas de maior nobreza daquele tempo, como o Dr. Mateus da Costa Rosa, Dom João Francisco Laines, o licenciado Manoel do Vale Palhano, Gaspar Teixeira de Azevedo, que foi Capitão-mor, Anastácio de Freitas Trancoso, André Gonçalves Pinheiro, João

Page 52: Vieira dos Santos vol02

Rodrigues França e outros. Dez ilustres matrona ainda do século 18, também se achavam então alistadas na Irmandade, como: Dona Ana Matosa, Maria Cordeira Matosa, Margarida de Oliveira, Polônia Roiz da Fonseca, Ana de Siqueira, Isabel Dias Pereira, Isabel da Silva, Isabel dos Passos, Leonor Moreira, Maria Ribeira; vê-se portanto naquele tempo que estas matronas muito ilustravam o esplendor da Irmandade, suprindo as faltas de seus finados maridos; e é de notar que as ilustres senhoras donas víúvas do século 19 se tenham esquivado a listar-se na mesma Irmandade, à exceção de Dona Maria Angélica Leal, irmã do Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal. Tão florescente prosperidade que já nesse tempo mostrava ter a Irmandade, certamente não podia ser a sua ereção de anos aproximadas, mostrando por isso ser a sua instituição de longa data, e nem mesmo era possível estivesse uma das antigas Vilas da marinha, mais de 80 anos, depois de sua

-------------------------------------------------------------------------------- - - criação sem que tivessem os povos constituída uma Irmandade, das mais principais, qual é a do SS. Sacramento, que nos últimos momentos da frágil vida humana, leva os socorros divinos do pão do céu aos enfermos. Panis caelorum manducavit homo, por estes motivos se deve pensar que sua primitiva instituição fosse poucos anos depois de 1648 e que a mesma Irmandade não podia ser inaugurada sem que obtivesse a competente provisão de licença do Bispo daqueles tempos, que então ainda pertencia ao Bispado da Bahia, e era Bispo D. Pedro Fernandes Sardinha, que governou pelos anos de 1552 ao de 1556, ou de seus sucessor D. Pedro Leitão, de 1559 a 1561. Vê-se exarado no primeiro livro antigo da Irmandade o termo da deliberação que ela teve em mesa, em 17 de agosto de 1705, concordando em que todo irmão que nela quisesse entrar dali em diante deveria primeiro fazer petição à mesa para ela conhecer se era idôneo e nas circunstâncias de ser admitido e logo que obtivesse despacho a favor pagaria a jóia de quatro mil réis de entrada, com a obrigação de cumprir e guardar os estatutos e encargos do compromisso; modernamente nada disto se pratica e nem se olha a qualificação das pessoas e vão os tesoureiros assentando indistintamente os que lhe parecem e muitas vezes sem a plena vontade destes novos adeptos, nem mesmo recebendo nenhum quantitativo pela jóia de suas entradas, impelidos por um falso zelo de que em seus anos tenham a satisfação de verem entrar muitos irmãos, sem a reflexão de que a mesma admissão sem que tenham os requisitos de qualificação é o que tem dado motivo à relaxação e decadência da Irmandade que dantes tão zelosa se mostrava em conservar a majestade e o timbre de seu primeiro esplendor, e que de necessidade obrigou a mesa da mesma Irmandade exarar no livro de suas atas o termo de 20 de julho de 1819, sobre a Irmandade ou a Cruz dela, de ir acompanhar as pessoas falecidas que não fossem irmãos. O capítulo 15 do compromisso mostra os encargos que a Irmandade tem de obrigação cumprir anualmente que são onze missas cantadas nas 3ªs domingas de cada mês, vulgarmente chamadas as domingueiras, aplicadas pelas almas dos vivos e defuntos da mesma Irmandade, a que é obrigado todo irmão assistir a elas, com procissão no fim em derredor da igreja; e assim mais mandar dizer meia capela de missas, pelas almas dos vivos e defuntos, três missas cantadas anualmente, uma à SS. Trindade, outra a S. Francisco de Paula e outra S. Ana, pertencentes à doação do falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro; e bem assim da mesma mais quatro missas rezadas: duas aplicadas por sua alma e da falecida sua irmã Dona Rosa Ana Maria; e outras duas pelas almas de seus falecidos pais, ditas no dia da Páscoa da Ressurreição no altar do SS. Sacramento; tem mais, a mandar dizer anualmente ainda outra missa rezada pela alma do doador Manoel Lopes dos Santos e por cada irmão que falecer dez missas. Esta Irmandade é entre as outras as mais rica e possuidora de quatro prédios urbanos. Em 1843 tinha 4 escrituras no valor de Rs. 1:183$750 réis, vencendo prêmios; possui mais 23 créditos e algumas escrituras pertencentes

Page 53: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - à doação do falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro, no valor de 2:045$834 réis, sendo quase todas falidas e incobráveis. Os aluguéis dos seus 4 prédios orçam anualmente em perto de Rs. 200$000; e os rendimentos singelos dos anuais da Irmandade e esmolas é regularmente de Rs. 400$ a 500$ mil réis; fora as esmolas que alguns provedores dão para a festividade da semana santa, tendo chegado à receita da mesma Irmandade o de Rs. 1:374$740, como foi a do ano de 1848 ao de 1849. As rendas da Irmandade têm progressivamente aumentado na arrecadação de seus anuais, como se mostra no mapa nº 10 que desde o ano de 1760 inclusive ao de 1800, regularmente só andavam desde Rs. 160$ mil réis até 250$ mil réis; e quando então sempre havia no fim de cada ano algum saldo a favor da Irmandade; quando desde o ano de 1800 inclusive o de 1820 tinha crescido a arrecadação desde 250$ mil réis até Rs. 444$ mil réis e já então apareciam alguns déficit, no empenho da mesma Irmandade; por causa de alguns tesoureiros mostrar grande pompa nas festividades dos anos em que serviam, mais por vaidade do que por uma pia devoção; quando é mais do agrado do Senhor um culto puramente singelo, aumentando-se por esse motivo as despesas da Irmandade e ainda mesmo apesar dos muitos provimentos que os doutores provedores das capelas têm posto em seus livros para que não excede a despesa da receita, e quando deveriam aparecer saldo a favor da Irmandade se vê que no ano de 1848 ao de 1849 mostrar-se um empenho de Rs. 284$980. Os bens de raiz e jóias de prata e ouro que a Irmandade é possuidora se dividem em duas classes: na primeira, os bens dados pelos doadores; e a segunda dos bens próprios comprados com os réditos da Irmandade como se mostra no seguinte quadro:

1ª Classe dos bens de raiz e jóias de prata e ouro e outros objetos dados pelos doadores:

1ª - A lâmpada grande de prata, de molde antigo e que a Irmandade pelo termo e deliberação de 7 de fevereiro de 1794, mandou para o Rio de Janeiro fundir e fazer outra nova à moderna, a qual tinha de peso 21 marcos de para a, a 100 rs. a oitava são 134$400

Esmola que deu o provedor Manoel de Sousa Pinto para a mesma 100$000 Idem esmolas que se tiraram pelos fiéis 201$495

Idem dinheiro que a Irmandade se utilizou pertencente

à testamentária, do sargento-mor Cristóvão Pinheiro

França 141$420

Page 54: Vieira dos Santos vol02

Importa 577$320 19 - 1794 NB. A Irmandade recomendou que a mesma tivesse de peso 28 marcos mais ou menos.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1810 2ª - As lâmpadas de prata menores que a Irmandade deliberou pelo termo do 1º de julho de 1810, se mandasse fazer no Rio de Janeiro, à custa da testamentária, do sargento-mor Cristóvão Pinheiro França, as quais importaram na quantia de réis 822$220 1798 Um ornamento rico que consta de 1 casula, 2 dalmáticas, 1 véu de ombros, 1 capa de asperges, 2 estolas, 3 manípulos, pano de estante véu, bolsa, e patena do cálice, 3 alvas ricas com seus cordões e amitos, frontal, e pano de púlpito, que o mandou buscar no Rio de Janeiro o sargento-mor Manoel Antônio da Costa, à custa da testamentária 1:207$330 1742 A devota mesa da Irmandade que serviu no ano de 1742, na sessão de 13 de junho, uniformemente deliberou de todos os membros daquela darem de esmola à Irmandade os seguintes objetos de prata que a mesma necessitava: 1 vara de prata dos provedores e 1 vaso de dita para a comunhão: dádiva do Provedor;1 caldeirinha de prata e hissope: o escrivão e procurador.

3 varas de prata para o pálio, dariam os irmãos de mesa cada dois uma vara, declarando que a vara antiga que servia aos provedores que ficasse para o tesoureiro ir com ela tirar esmolas e nas procissões serviria aos procuradores e que o vaso antigo das comunhões servisse dali em diante para o lavatório dos enfermos. Os nomes destes benfeitores são dignos de serem memorados nesta história e foram o Capitão Veríssimo Gomes da Silva, provedor, Vicente da Lua, escrivão, Lucas Roiz França, Luiz da Rocha Martins, José Martins Ferreira, Gaspar Gonçalves de Morais, José Roiz Diniz, João Nunes Gomes da Silva e André Gonçalves Pinheiro.

1760 _ 4 lanternas de prata que doou à Irmandade Dona Maria Pinheira França, viúva do falecido Damião Carvalho da Cunha, e foram entregues à Irmandade por seu testamenteiro, Tenente José Carneiro dos Santos, de que se lavrou o competente termo, na ata de 6 de outubro de 1760.

Page 55: Vieira dos Santos vol02

1788 _ 1 grande bacia de prata, avaliada em 90$ e tantos mil réis que a falecida D. Antônia da Cruz França, viúva do Ouvidor Manoel dos Santos Lobato, deu como se mostra da ata de 17 de dezembro de 1787, tendo de peso mais de

-------------------------------------------------------------------------------- - - 90 oitavas, e que serve no piedoso ato do lava-pés, em quinta-feira santa.

1787 _ 1 umbela de damasco encarnado, forrado de seda de matiz com galões e franjas de ouro, dádiva que fez à Irmandade Brás Coelho em memória de ser Provedor naquele ano e consta da ata de 9 de junho de 1787. Uma colcha de damasco encarnado que doou à Irmandade D. Ana Gonçalves Cordeira.

1787 _ 1 morada de casas térreas na rua da praia. Doação do irmão Alexandre José de Carvalho, como consta da ata de 9 de junho de 1787.

Bens e jóias de prata e ouro que legaram à Irmandade do SS. Sacramento os falecidos Padre Antônio Gonzales Pereira Cordeiro e sua irmã Dona Rosa Ana Maria.

20 - 1 morada de casas térreas fronteiras à igreja da matriz, de pedra e cal; unidas às do sobrado do Capitão José Rodrigues Branco, com dois quartos no quintal, e todos os móveis respectivos a mesma. -------------------------------------------------------------------------------- 1 dita morada de casas térreas na rua da baixa com paredes de pedra e cal da rua e quintal

1 sacrário de jacarandá preto, dourado com 3 pavilhões, um branco do serviço ordinário, um dito branco rico e um roxo com uma chave de prata dourada e tudo importou 3 sacras de prata, para s festividades do SS. Sacramento, com o peso de 6 libras e 54 oitavas de prata; e das quais pagaram de feitio ao ourives Rs. 128$000, como consta das atas de 26 de outubro de 1809, de ter o doador deixado para estas obras 7 libras de prata em diversas obras velhas, inclusive uma caldeirinha com o peso de três quartas, veja-se a ata de 13 de junho de 1813, onde se verá o peso e feitio

1 cofre de ouro, para depositar o SS. Sacramento no sacrário, com o peso de 96 oitavas e se pagou pelo feitio dele ao ourives Joaquim Antônio Xavier 32$000, como se vê nas atas de 27 de fevereiro e 4 de outubro de 1813 , do doador ter deixado para se fazer esta obra meia libra de ouro e mais 36 oitavas e 2¾ libras em diversas obras velhas antigas compreendendo-se entre elas, brincos de luto, engastados em ouro e um anel de pedra 339$370 6 libras e 54 oitavas de prata

Page 56: Vieira dos Santos vol02

7 libras

-------------------------------------------------------------------------------- - - amarela, com 2 diamantes pequenos aos lados

1 jarro grande de prata primorosamente lavrado

1 bacia do mesmo e que serve no lavatório nas festividades das missas com o peso de 2 bandejas redondas de gomos que servem de levar a oferta do pão aos pobres na quinta-feira santa, com o peso de

1 salva pequena de prata, 1 copo da mesma: ambos com o peso de

1 colcha de damasco carmesim forrada de tafetá branco forrada de retrós amarelo

1 morada de casas, que deixou o irmão Manoel Lopes dos Santos na rua Direita, fazendo delas doação à mesma Irmandade, com o ônus de lhe mandar dizer uma missa rezada, anualmente por sua alma, como se vê da ata de 27 de dezembro de 1767, sendo entregues pelo testamenteiro João Vieira Colasso e cujo prédio era entre as casas do Padre Antônio Gomes de Sampaio e as do Capitão José carneiro dos Santos, as quais achando-se arruinadas foram trocadas por outra morada na mesma rua, obtendo-se a faculdade do provedor das capelas. 96 oitavas de ouro 7½ libras e 24 oitavas de prata 3 libras e 60 oitavas de prata 2 libras e 10 oitavas de prata -------------------------------------------------------------------------------- 2ª classe dos bens, jóias de prata e ouro e outros objetos diretamente de propriedade da Irmandade do SS. Sacramento, por serem feitas à custa de seus próprios rendimentos. 21 _ 1 custódia de prata de molde antigo e com o peso de

pelo termo exarado na ata de 22 de setembro de 1786, o Vigário da igreja Pedro Domingos Pais Leme, se ofereceu à Irmandade de a mandar ao Rio de Janeiro fazê-la à moderna o que cumpriu, vindo dentro de uma caixa de marroquim, como consta do termo de 8 de julho de 1787.

Page 57: Vieira dos Santos vol02

4½ libras de prata

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1 cruz de prata das procissões, a antiga tinha de peso 6 libras menos 128 oitavas, e a Irmandade pela ata de 27 de julho de 1780 a mandou para o Rio de Janeiro fazê-la à moderna, remetida a Pedro Luiz da Cunha, com a quantia de R. 76$270 em dinheiro, inclusive em dita quantia 25$600 do legado que deixou Catarina Teixeira

6 castiçais grandes de prata, da banqueta do altar do Sacramento, de molde antigo.

2 âmbulas de prata de se dar a Comunhão, sendo uma dourada

1 cofre de prata de depositar a hóstia, o qual sendo roubado no ano de 1824, achou-se na Vila do Rio de S. Francisco em mão de um degradado F... de Siqueira.

1 turíbulo e naveta de prata, que a Irmandade deliberou pela ata de 13 de junho de 1761 a mandar, estes artigos para o Rio de Janeiro, e fazer-se de novo, por se acharem incapazes de servir.

1 cruz de prata pequena, que serve no guião

1 cruz de prata que tem dentro o Santo Lenho; e foi pertencente aos extintos Jesuítas.

1 pálio de damasco branco, que a Irmandade, pela ata de 25 de maio de 1780 deliberou se mandasse buscar ao Rio ao tesoureiro Félix Bento Viana para o que remeteram a quantia de Rs. 102$400 réis de esmola que tinha dado o Provedor.

1 ornamento de damasco encarnado e outros diversos objetos que pertencem à mesma Irmandade como se verá por extenso no mapa nº... 6 libras menos

128 oitavas de prata Segue-se agora a narração descritiva de todas as atas mais notáveis que a Irmandade tem feito no progresso de seu andamento desde o ano de 1700 até o presente.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 58: Vieira dos Santos vol02

1705 _ Aos 17 de agosto de 1705, estando os irmãos e mais oficiais da Irmandade do SS. Sacramento em adjunto, o muito reverendo Vigário João da Veiga Coutinho, houveram por bem de acordar que todo Irmão que quiser entrar nesta santa Irmandade de hoje em diante fazendo petição à dita mesa, verá ser idôneo, ou capaz, e pondo-se-lhe merecedor, pagando 4$ mil réis de entrada, o aceitarão em o número dos mais, e outrossim será a dita Irmandade a cumprir e guardar os capítulos do compromisso, (1) e assim mais acrescentamos agora que a dita Irmandade mandará fazer todos os anos, a primeira segunda-feira depois da festa do Senhor, um ofício de 3 lições pelas almas e tenções dos vivos e defuntos; e os ditos irmãos serem obrigados todos assistirem ao dito ofício, rezando cada qual uma coroa por tenção dos irmãos; e aqueles que faltarem a esta obrigação sem causa urgente pagarão pataca e meia, para a dita Irmandade e ou sim será obrigada a dita Irmandade acompanhar a seus irmãos defuntos, com toda a pompa possível, e assim mais sendo que algum irmão caia em pobreza, estando doente, será esta santa Irmandade obrigada a assistir-lhe com o alimento necessário, e necessitando de mortalha, a dita Irmandade lhe assistirá com ela. E pedimos a nossos vindouros, pelo amor de Deus e da parte do SS. Sacramento, observem e guardem estas condições acima declaradas para assim se aumentar o serviço do Senhor e tudo seja em honra e glória sua, em cujo termo assinarão os doze irmãos, e o Provedor e oficiais da sobredita Irmandade, e eu, escrivão da sobredita Irmandade, o subscrevi e assinei. Manoel Gonçalves Carreira, João da Veiga Coutinho, Manoel Ferreira do Vale, José Pereira Yqueredo Coutinho, Clemente Melo de Siqueira, Domingos Varela, Carlos Garcez Barreto, Antônio da S. Ilha, Manoel Francisco, José de Morais Monforte, Manoel Ferreira de Azevedo.

22 _ 1709 _ Aos 2 de junho de 1709, nesta Vila de Nossa Senhora do Rosário, Capitania de Paranaguá, na igreja matriz dela, o Provedor e mais oficiais da Irmandade do SS. Sacramento para determinarem o mais acertado para o bem e aumento dela, acordaram que no Compromisso à f. 12v está um capítulo pelo qual consta que o reverendo cabido pôs concessão que para o dito deu o reverendo Vigário concede a esta Irmandade, 12 sepulturas, a saber: 4 das grades para dentro do arco da capela-mor e 8 logo do arco para baixo, principiando do altar de Nossa Senhora do Carmo para o altar das santas almas e pelo muito reverendo Padre Vigário da vara e da igreja Pedro da Silva Pereira, que presente estava foi dito que ele confirmava o capítulo do dito compromisso e dava posse na forma dele à dita Irmandade das ditas doze sepulturas e nesta forma houve este termo por acabado, e eu Manoel do Vale Porto, escrivão desta Irmandade, o fiz escrever e subscrevi. Manoel do Vale Porto, Pedro da Silva Pereira, Brás Lopes Ferreira, Provedor, Antônio Rodrigues, José de Abreu Rangel, Luiz Grácia, (1) Por esta ata bem claro se conhece que a Irmandade teve o seu primeiro compromisso, e que estes foram reformados pela provisão de 9 de maio de 1732, pelo Bispo do Rio de Janeiro Dom Fr. Antônio de Guadalupe

-------------------------------------------------------------------------------- - - Manoel Luiz Matoso, Agostinho Gomes de Sousa, Manoel Moreira Barbosa.

23 _ 1742 _ Aos treze de junho de 1742 nesta Vila de Paranaguá, no consistório da matriz dela, onde se ajuntaram em mesa o Provedor Veríssimo Gomes da Silva; e o procurador, o mestre de campo André Gonçalves Pinheiro comigo escrivão da santa Irmandade do SS Sacramento e o tesoureiro dela José Rodrigues Diniz e os doze irmãos de mesa, para o efeito de se tratar do bem e aumento da mesma Irmandade, aí propôs o Provedor que esta Irmandade carecia de várias coisas necessárias para o seu ministério e maior veneração do diviníssimo Sacramento, que era entre as mais coisas precisas, varas do pálio de prata, vaso da comunhão, e caldeirinha e vara de

Page 59: Vieira dos Santos vol02

Provedor, o que sendo proposto concorrerão todos juntos; e cada um de per si; e que se fizessem as ditas obras, para que sem embargo da dita Irmandade, à sua custa o não poder fazer, por estar com outras obras; e eles queriam dar suas esmolas o que todos convieram na forma seguinte: "Que o Provedor daria 1 vara de prata dos provedores e 1 vaso de prata para a comunhão; o Procurador, escrivão e tesoureiro dariam à sua custa, 1 caldeirinha de prata com o seu hissope; cada dois irmãos de mesa dariam à sua custa 1 vara de prata para o pálio, o que faziam as 6 varas e que estes irmãos de coleta não sejam obrigados a pagar seu anual o presente ano, visto a dar e sendo assim respondido por todos juntos e cada um de per si, se obrigaram a satisfazer o que lhes pertencer sem dúvida alguma e sobre a obrigação de seus bens; vindo que fosse a conta do oficial, que fizessem tais obras; e que entretanto ele Provedor as mandava fazer por sua via; e que eles não duvidariam a satisfazer pela conta que lhe viesse; e que a vara que até ao presente servia para o Provedor, ficasse para se tirar as esmolas e servir nas procissões aos procuradores; e o vaso das comunhões ficasse para ir aos enfermos, quando o Senhor sair fora e de como assim convieram mandaram fazer este termo, em que todos assinaram; e eu, Vicente da Luz, escrivão desta Irmandade, que o escrevi e subscrevi. Vicente Ferreira da Luz, Veríssimo Gomes da Silva, Lucas Roiz França, Luiz da Rocha Muniz, José Martins Ferreira, Gaspar Gonçalves de Morais, José Roiz Diniz, Antônio Ferreira Matoso, Cristóvão Pinheiro França, Sebastião Rodrigues, João Nunes Gomes, José Francisco dos Santos, Dionísio Gomes da Silva, André Gonçalves Pinheiro."

24 _ 1748 _ Aos 10 de maio de 1748, por ordem do Bispo, foi reunida a mesa por lhe constar que Caetano da Costa Coelho tinha recebido a quantia de 400$ e tantos mil réis à conta de 3 mil cruzados, em que tinha ajustado os douramentos dos altares colaterais e frontispícios, do arco da capella-mor, com a obrigação, dentro de um ano, dar princípio de continuar o douramento até se findar, a que tudo tem faltado, pois havia mais de dez anos a que tudo tinha faltado e tão somente tinha feito um pequeno douramento e assim requeria o Vigário ao irmão Provedor e mais irmãos da mesa, tomasse a seu cargo e darem providência à arrecadação do dinheiro que constasse por escritura e se acha nas notas; haver recebido nos termos que os ditos irmãos e Provedor

-------------------------------------------------------------------------------- - - determinar para que se acabe a dita obra do douramento e quando assim o não faça se haver o dito cômpito recebido dos seus fiadores, havendo respeito ao que tiver feito no dito douramento o que prometeram fazer, e no mesmo dia foi chamado Manoel Gonçalves Carreira como fiador e lhe foi intimado o termo e por ele foi dito que não tinha dúvida pagar por sua pessoa e bens a falta em que se avaliasse o douramento feito por Caetano Coelho da Costa e também se se avaliasse em maior preço a Irmandade, lhe restaria a ele e ao outro fiador a parte que lhe tocasse.

25 _1760 _ Aos 6 de outubro de 1760, estando a mesa congregada, nela apareceu o Tenente José Carneiro dos Santos e por ele foi dito que em nome de sua constituinte Dona Maria Pinheira França, viúva que ficou do defunto Damião Carvalho da Cunha, vinha apresentar e fazia efeito entregou 4 lanternas de prata, que a dita sua constituinte oferecia por esmola para esta Irmandade, para os ministérios dela e sair nas funções em que sair o SS. Sacramento, cuja esmola foi feita à dita mesa que as aceitou e de que se mandou lavrar termo.

26 _ 1761 _ Aos 13 dias do mês de junho de 1761, sendo congregada a mesa, deliberaram que o tesoureiro mandasse para o Rio de Janeiro o turíbulo velho e a naveta por estar incapaz de servir e fazer-se outros de novo.

27 _ 1764 _ Aos 22 dias do mês de julho do ano de 1764, congregada a mesa, deliberaram sobre as dúvidas que ocorriam nos pagamentos ao mestre da música da capela, e assentaram

Page 60: Vieira dos Santos vol02

uniformemente que se lhe pagasse pelas onze domingueiras 11$000 réis; sexta-feira de Passos: 1$000 réis; dominga de ramos 3$000; ofício de trevas 1$000 réis; quinta-feira santa 3$000 réis; sexta 3$000, sábado 2$000 réis, domingo da Ressurreição 3$000 réis; dominga da festa grande 3$000 réis, que faziam as referidas somas a importância de trinta mil réis anuais.

28 _ 1765 _ Aos 8 dias do mês de junho de 1765, achando-se congregada a mesa, foi apresentada à mesma pelo Procurador a quantia de Rs. 50$000 réis que em seu testamento tinha deixado por esmola à Irmandade a falecida Dona Joana Roiz França, mulher que foi do doador, o Doutor Antônio dos Santos Soares.

29 _ 1767 _ Aos 27 dias do mês de dezembro do ano de 1767, nela apareceu João Vieira Colassa, testamenteiro do falecido Manoel Lopes dos Santos, e por ele foi entregue à Irmandade a chave de uma morada de casas na rua do Senhor Bom Jesus, que estão entre as do Padre Antônio Gomes de Sampaio e do Capitão José Carneiro dos Santos, as quais disse ele testamenteiro que o falecido testador tinha deixado a esta Irmandade em verba de solene testamento com o ônus de se lhe mandar dizer todos os anos uma missa comum, em cada um deles no dia da Páscoa da Ressurreição.

30 _ 1780 _ Aos 25 de março do ano de 1780, congregada a mesa, deliberaram que se mandasse vir do Rio de Janeiro, um pálio de damasco branco, aplicando-se para o seu custo a esmola com que contribuiu o Provedor, de Rs.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 102$400; e o restante que o mesmo importasse, supririam com os rendimentos da Irmandade, pelo que determinaram ao tesoureiro Félix Bento Viana que o mandasse buscar.

31 _ 1781 _ Aos 18 dias do mês de junho, congregada a mesa, se deliberou sobre a disputa que havia entre a Irmandade de S. Benedito com a do SS. Sacramento, por recusar aquela de entregar os sobejos dos tocos de velas de suas festividades, quando nelas estava o Santíssimo exposto por ser prática antiga, receber-se a mesma cera; mas por evitar disputas contenciosas, determinaram e proibiram aos tesoureiros que dali em diante, esta Irmandade não emprestasse aquela nenhumas alfaias ou coisa alguma.

32 _ 1786 _ Aos 25 de janeiro do ano de 1786, congregada a mesa, deliberaram que o tesoureiro mandasse buscar do Rio de Janeiro, 50 côvados de tafetá carmesim e mandasse fazer 8 opas.

33 _ 1786 _ Aos 29 de setembro de 1786, congregada a mesa, nela o reverendo Vigário Pedro Domingues Pais Leme se ofereceu à Irmandade a mandar reformar e fazer de novo a custódia de prata, por ser de molde antigo e fazer-se à moderna, à sua causa, a qual tinha de pés 4½ libras, a cuja oferta anuiu a mesma Irmandade, correndo-lhe o risco de sua remessa, o que cumpriu mandando fazê-la à moderna e vindo com a competente caixa de marroquim.

34- 1787 _ Aos 7 dias do mês de junho de 1787, congregando-se a mesa, nela apresentou Brás Coelho, uma umbela de damasco encarnado, forrada de seda de matriz, com galões e franjas de ouro e que dela fazia oferta à Irmandade, por sua livre vontade, em memória de ser Provedor neste ano.

35 _ 1787 _ Aos 9 dias do mês de junho de 1787, congregando-se a mesa, nela se apresentou Agostinho Pereira dos Santos, como testamenteiro do falecido Alexandre Moreira de Carvalho,

Page 61: Vieira dos Santos vol02

entregando à Irmandade uma morada de casas, na rua da praia, que partem de um lado, com casas do Capitão José Carneiro dos Santos e da outra com muros de Manoel José Ferreira, sendo Provedor Baltasar da Silva, escrivão Isidoro José Pereira, tesoureiro Manoel Lopes Guimarães.

36 _ 1787 _ Aos 8 dias do mês de julho de 1787, congregando-se a mesa, nela foi apresentada pelo reverendo Vigário colado Pedro Domingues Pais Leme, a nova custódia, que ele tinha mandado reformar ao Rio de Janeiro.

37 _ 1788 _ Aos 17 dias do mês de dezembro de 1788, congregada a mesa deliberaram sobre a arrecadação de um legado que a falecida Dona Antônia da Cruz França tinha deixado à Irmandade de uma grande bacia de prata, avaliada em noventa e tantos mil réis, ordenando-se ao Procurador promovesse esta arrecadação até chegar à última instância.

38 _ 1789 _ Aos 10 dias do mês de maio de 1789, congregada a mesa deliberaram sobre a dúvida que se oferecia sobre a venda, e recebimento de dinheiro pertencentes aos falecido sargento-mor Cristóvão Pinheiro França, de quem a Irmandade era testamenteira e legatária e recebeu do ajudante José

-------------------------------------------------------------------------------- - - Rodrigues Betim, mandando o mesmo citar aos Procurador da Irmandade, o irmão Manoel Antônio da Costa a quem estavam encarregadas as disposições testamentária; e deliberaram que o dito escrivão desistisse de defender uma ação para o que foi citado o nosso irmão Procurador por se presumir que o dito ajudante Betim não era capaz de vir enganar ao dito falecido sargento-mor no que concordaram.

39 _ 1789 _ Aos 27 de junho de 1789, foi congregada a mesa, e deliberaram mandar reformar ao Rio de Janeiro a cruz grande de prata, que servia nas procissões por estar indigna de mais servir e com ela fazer-se outra nova ao gosto moderno, a qual pesou 6 libras menos 128 oitavas, e se concordou mais em remeter em dinheiro a quantia de Rs. 76$270 réis, sendo 51$670 líquido que ficou das contas que prestou o tesoureiro o guarda-mor Vicente Ferreira de Oliveira e Rs. 25$600 pertencentes a um legado que deixou à Irmandade a falecida Catarina Ferreira, fazendo-se esta remessa pelo irmão falecido o Capitão Antônio da Silva Neves, a entregar no Rio de Janeiro a Pedro Luiz da Cunha.

40 _ 1790 _ Aos 27 dias do mês de janeiro do ano de 1790, congregada a mesa, nela requereu o irmão Procurador o Capitão Manoel Antônio da Costa que havendo tido muito trabalho nas causas e cobranças da testamentária do falecido sargento-mor Cristóvão Pinheiro França que a Irmandade lhe houvesse de arbitrar-lhe uma gratificação no que concordaram que levasse meia vintena pelas quantias que arrecadasse, mas o Provedor das capelas o Doutor Ouvidor Manoel Lopes Branco e Silva em o seu provimento de 9 de novembro do mesmo ano não conveio nesse arbitramento feito pela Irmandade, por ser um dos deveres que o compromisso impõe às obrigações que os procuradores das Irmandades tem de arrecadar seus legados e dívidas.

41 _ 1792 _ Aos 29 dias do mês de janeiro de 1792, foi congregada a mesa do SS. Sacramento e nela relatou o Procurador o Capitão Manoel Alves Carneiro, o estado em que se achavam a cobrança das dívidas pertencentes à testamentária de Cristóvão Pinheiro França.

42 _ 1792 _ Aos 22 dias do mês de fevereiro de 1792, congregando-se a mesa da Irmandade do SS. Sacramento, o tesoureiro dela participou que tendo sabido que o Provedor eleito o Capitão

Page 62: Vieira dos Santos vol02

Manoel de Sousa Pinto, havendo passado todo o tempo de sua eleição até 29 de janeiro, sem que nada tivesse participado à mesa sobre o querer fazer a festividade da semana santa e que agora mandava declarar à mesa que ele a não fazia e só daria os seus anuais; o que sendo ouvido pela mesa, esta ficou indecisa sobre as providências que haviam de dar para se fazer a semana santa, mas o reverendo Vigário que se achava presente, se ofereceu para a fazer, levando a Irmandade isto em conta, como se fosse canonicamente eleito, o que a Irmandade aceitou e ficou feito Provedor; e que agora o dito Capitão Manoel de Sousa Pinto, oferecera Rs. 100$ mil réis para a fatura de uma lâmpada nova, obrigando-se a mandá-la fazer no Rio de Janeiro, mandando juntamente a velha para o mesmo efeito de que mostraria a conta do

-------------------------------------------------------------------------------- - - oficial que a fizesse; ou de outra qualquer pessoa a quem seja remetida com tanto que a mesma iria por conta e risco da Irmandade, o que anuíram recomendando que ela tivesse de peso uma arroba; e que o excesso que houvesse no feitio da mesma a Irmandade se obrigava a pagar quando recebesse alguns pagamentos pertencentes ao legado da testamentária do Sargento-mor Cristóvão Pinheiro França.

43 _ 1792 _ Aos 2 dias de janeiro de 1792, a Irmandade deliberou em mesa de cada irmão da mesma mesa, pedir a esmola costumada cada um em seu mês aliviando deste trabalho ao atual tesoureiro, o Capitão Manoel Alves Carneiro com a obrigação dele tratar das cobranças da testamentária do falecido Cristóvão Pinheiro França.

44 _ 1794 _ Aos 2 de fevereiro de 1794, congregada a mesa e nela o tesoureiro Manoel Alves Carneiro declarou que em seu poder existiam Rs. 298$445, aplicados para a fatura da lâmpada a saber: Rs 100$ mil réis, que o irmão Manoel de Sousa Pinto deu, do ano em que foi Provedor e Rs. 198$445 réis, que concorreram de esmola os irmãos da Irmandade para a fatura da lâmpada e que a velha pesava 21 marcos, e a razão de 100 réis a oitava, importava Rs. 134$400 que juntos aos Rs. 298$445 perfazia a soma de 432$845 e que requeria à mesa determinasse a remessa do dinheiro, e lâmpada velha para o Rio de Janeiro e a fatura da nova, como também o peso que esta deveria ter, e sendo ouvida a mesa determinaram a remessa na primeira embarcação que estava a sair, de que era dono o irmão Manoel Antônio da Costa, e que se fizesse com a brevidade possível, e que a mesma tivesse de peso 28 libras mais ou menos, e a despesa excedente a Irmandade se obrigava satisfazer.

45 _ 1798 _ Aos 6 dias do mês de outubro de 1798, no consistório da igreja matriz, estando presidindo o nosso muito reverendo Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal e o irmão Provedor o Tenente-coronel Francisco Gonçalves Cordeiro com a assistência dos irmãos de mesa, comigo escrivão, abaixo assinado, assentaram uniformemente que para a conservação do ornamento rico que consta de 1 casula, 2 dalmáticas, 1 véu de ombro, capa de asperges, 2 estolas, 3 manípulos, pano de estante, véu, bolsa e patena do cálice, 3 alvas ricas com seus cordões e amitos, frontal e pano de púlpito, pediram ao reverendo presidente e Vigário desta igreja lhe desse uma gaveta para ter nela os mesmos ornamentos, ficando ao cuidado dos tesoureiros da Irmandade encarregado conservação dos mesmos ornamentos, e como o Ex.mo Senhor Bispo que há pouco tempo visitou esta Vila, deixou de baixo de excomunhão o não emprestar o mesmo ornamento e só concedeu se pudesse usar deles nas quatro festas do ano e por graça particular, concedeu um dia mais ao reverendo Vigário para usar deles. Assentamos em mesa ser o primeiro dia o da Páscoa da Ressurreição; e quinta-feira maior, o 2º dia o Corpo de Deus e festa grande da Irmandade; o 3º o tríduo de Nossa Senhora do Rosário, nossa padroeira; o 4º o nascimento do Senhor e reserva o reverendo Vigário que o dia que S. Excelência lhe concede

Page 63: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - foi o dia de Nossa Senhora do Carmo, de quem ele é juiz perpétuo. E como para conservação destes ornamentos o reverendo Vigário foi quem fez esta súplica ao Ex.mo Senhor Bispo, o declarou em mesa, mandando-se lavrar este termo, para em todo o tempo constar, acrescentando a ele por consentimento da Irmandade que todo aquele que emprestar os ornamentos, além da excomunhão que impôs o Sr. Bispo, incurso na pena de oito mil réis, que o reverendo Vigário aplica para a mesma Irmandade e para clareza fizemos este termo, e assinaram, e eu Antônio José de Carvalho, escrivão desta Irmandade, que o escrevi. O Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal, Antônio dos Santos do Amaral, Francisco Gonçalves Cordeiro, provedor, Ricardo de Sousa Pinto, tesoureiro.

46 _ 1805 _ Aos 17 de dezembro de 1805, congregando-se a mesa, nela se apresentou o Capitão-mor José Carneiro dos Santos, requerendo que as casas pertencentes à Irmandade que estavam próximas às da sua moradia precisavam de um grande conserto ou que a Irmandade as vendesse ou delas fizesse o traspasse por outras de igual valor; e sendo avaliadas pelos avaliadores do Conselho, por consentimento do Provedor das capelas pela quantia de Rs. 60$ mil réis, por este mesmo valor recebeu a Irmandade outra morada de casas na mesma rua, por trespasse daquela.

47 _ 1808 _ Ao primeiro dia do mês de novembro de 1808, congregando-se a mesa, a ela propôs o Provedor o Capitão Pedro Rodrigues Nunes que como havia dinheiro pertencente à Irmandade do que se tinha cobrado da testamentária do falecido Cristóvão Pinheiro França, se mandasse buscar ao Rio de Janeiro as duas lâmpadas por conta e risco da testamentária, como também as remessas para o Rio de Janeiro deviam ir por duas vias de quatrocentos mil réis cada uma; e se ordenou ao tesoureiro Tomé Simões Peniche que as remessas para o Rio de Janeiro fossem entregues ao Capitão Joaquim José da Costa e o importe delas; quando viessem feitas, se excedessem às da remessa, seriam pagas pelas cobranças da mesma testamentária e foi a própria remessa pelo mestre Pedro Martins e a segunda por José Caetano de Sousa.

48 _ 1809 _ Aos 26 de novembro de 1809, congregando-se a mesa da Irmandade, nela se apresentou o muito reverendo Vigário da vara, o Padre João Carneiro dos Santos, como testamenteiro do falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro e por ele foi declarado que na forma da verba da testamentária, vinha a entregar a esta Irmandade as seguintes deixas: 1 morada de casas de pedra e cal, unidas às do sobrado do Capitão José Rodrigues Branco, com os dois quartos no quintal e todos os mais trastes a ela pertencentes pela respectiva verba, outra morada de casas, na rua da baixa, térreas, com paredes de pedra e cal; da rua e quintal; 1 jarro e bacia de prata com o peso de 7½ libras e 94 oitavas, 2 bandejas de gomos com 3 libras e 16 oitavas, 2 salvas, uma lisa e outra lavrada, com 3½ libras e 60 oitavas, 1 salva pequena com o seu copo, com o peso de 2 libras e 10 oitavas, mais 7 libras de prata de trastes velhos, entre os quais há uma caldeirinha com 3 quartas de peso de ouro velho, meia libra e 36

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 64: Vieira dos Santos vol02

oitavas, e mais 2¾ oitavas de ouro velho, tendo entre eles brincos de luto engastados em ouro, e um anel de pedra amarela, com dois diamantes pequenos nos lados; e em moeda corrente Rs. 252$000, e 1 colcha de damasco carmesim, forrada de tafetá branco, franjada de retrós amarelo, e de como fez entrega a esta Irmandade, a cargo do tesoureiro, o Capitão Antônio José Alves, entrando na mesma uma escritura que ao falecido testador dele o Tenente José Martins dos Passos, da quantia de Rs. 39$400, entregue também pelo mesmo testamenteiro, e para a todo o tempo constar, se mandou lavrar este termo, sendo Provedor o Capitão João Crisóstomo, tesoureiro o Capitão Antônio José Alves e escrivão José Rodrigues Branco.

49 _ 1810 _ Aos quatro de janeiro de 1810, congregando-se a mesa da Irmandade, deliberaram que o tesoureiro o Capitão Antônio José Alves remetesse para o Rio de Janeiro doze dobras para mandar fazer um sacrário para depositar o SS. Sacramento, com três cobertas ou pavilhões na forma da verba testamentária do falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro.

50 _ 1810 _ Ao 1º dia do mês de junho de 1810, congregada a mesa da Irmandade, o tesoureiro dela participou de terem chegado do Rio de Janeiro as duas lâmpadas de prata, em cumprimento da verba testamentária e que tinham importado, segundo o aviso do Rio de Janeiro, na quantia de Rs. 822$220, e que se ficava devendo ao tesoureiro a quantia de Rs. 22$220, a qual a Irmandade assim deliberou que a todo o tempo lhe seria levada em conta; e foram colocadas na igreja matriz fronteiras aos altares colaterais, em abril de 1810.

51 - 1081 _ Em 18 de dezembro de 1801, o Doutor e Ouvidor João Batista dos Guimarães Peixoto, proveu em correição: "Visto haver dinheiro, ordeno que a mesa desta Irmandade pelo melhor modo que lhe parecer, mande fazer a lâmpada, ou lâmpadas precisas para o decente culto do SS. Sacramento, antes que se dê ao dinheiro outra qualquer uso; outrossim ordeno que nunca a mesma mesa faça reeleição do tesoureiro; e que este só sirva um ano, a fim de se promoverem melhor os interesses da Irmandade. Paranaguá, em 18 de dezembro de 1801. Peixoto".

52 _ 1810 _ Aos 20 de outubro de 1810, o Doutor Ouvidor e Corregedor João de Medeiros Gomes, mandou passar um mandado ao tesoureiro da Irmandade do SS. Sacramento do teor seguinte: "Mandado executivo do Juízo da Ouvidoria desta Comarca do Doutor Ouvidor acima declarado: Mando ao tesoureiro da Irmandade do SS. Sacramento desta Vila, o alferes Antônio Vieira dos Santos que, visto este meu mandado indo por mim assinado e forma dele, exiba neste juízo, dentro em 24 horas, todos os papéis de títulos das dívidas e mais papéis que tiver em seu poder, pertencentes à testamentária do falecido sargento-mor Cristóvão Pinheiro França de quem ficou a mesma Irmandade por testamenteira, para o que seja notificado não só para, dentro no prazo acima referido, apresentar os ditos papéis e documentos, como para não continuar mais na administração dos bens pertencentes à mesma testamentária, assim o

-------------------------------------------------------------------------------- - - cumpra; passando-se certidão ao pé deste. Dado e passado nesta Vila de Paranaguá, aos 20 de outubro de 1810, e eu José Morato do Conto, escrivão da Ouvidoria e da Correição, que o escrevei. Medeiros".

53 _ 1810 _ Ao 1º dia do mês de novembro foi congregada a mesa da Irmandade para deliberarem o que se havia de fazer sobre o mandado executivo da entrega dos papéis pertencentes à testamentária do sargento-mor Cristóvão Pinheiro França, que o Mesmo Ouvidor os exiba em juízo, deliberaram que o atual tesoureiro o alferes Antônio Vieira dos Santos, entregasse todos os papéis e documentos que tivesse em seu poder, pertencentes à mesma testamentária na forma

Page 65: Vieira dos Santos vol02

determinada no mesmo mandado, pedindo-se primeiramente vista do referido mandado para dizer-se o que fosse a bem desta Irmandade, como testamenteira do dito falecido.

54 - 1811 _ Aos vinte e sete de fevereiro de 1811, congregando-se a Irmandade, deliberaram a mandar-se fazer um cofre de ouro, para depositar o SS. Sacramento dentro do sacrário, em cumprimento da verba que deixou o falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro; e foi chamado o ourives Joaquim Antônio Xavier e com ele se ajustou o feitio do mesmo pela quantia de Rs. 32$000 e recebeu para a mesma obra: 96 oitavas de ouro, que recebeu da mão do tesoureiro o alferes Antônio Vieira dos Santos e trataram mais que, se a dita obra levasse mais ouro, a Irmandade pagaria a oitava à razão de Rs. 1$400, e se levasse menos, o receberia à conta do feitio pelo mesmo valor.

55 _ 1812 _ Aos 4 do mês de outubro de 1812, congregando-se a Irmandade, apareceu perante a mesa, o ourives Joaquim Antônio Xavier, entregando o cofre de ouro que a Irmandade lhe tinha encomendado fazer; e que para a mesma tinha recebido 96 oitavas e que o cofre pesava 92½ oitavas e que ficava à conta 3 oitavas e ¾, e ordenaram ao tesoureiro que as abatesse ao feitio e lhe pagasse o resto do mesmo.

56 _ 1813 _ Aos 3 de julho de 1813, congregando-se a Irmandade para efeito de mandarem fazer 3 sacras de prata, para se porem no altar do SS Sacramento, em suas festividades e mandaram chamar ao ouvires o alferes Francisco Alves Serrão e com ele ajustaram de pagar-lhe de feitio a quantia de Rs. 102$400, o qual tendo já feito as mesmas sacras, as entregou à Irmandade tendo de peso 6 libras e 39 oitavas, ordenaram ao tesoureiro pagasse o feitio delas, ficando o mesmo ourives encarregado de fazer os competentes parafusos e tarraxas para serem colocadas na madeira; as quais levaram 15 oitavas e havendo sobejado 74 oitavas de prata que o mesmo ourives tinha recebido para as ditas sacras, abatendo-se dos parafusos, o tesoureiro o indenizou o restante do feitio.

57 _ 1819 _ Aos 28 dias do mês de novembro de 1819 foi congregada a mesa e deliberaram que se pedisse ao irmão o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, que por serviço de Deus e da Irmandade se encarregasse de mandar encomendar ao Rio de Janeiro um sacrário e três pavilhões para o mesmo e que

-------------------------------------------------------------------------------- - - para isso o falecido testador o Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro tinha deixado de esmola doze dobras, mas não sendo suficientes para a mesma encomenda, deliberaram que se remetesse mais a quantia de Rs. 250$, as quais talvez fossem suficientes, a fim de se cumprir a verba testamentária.

58 - 1822 _ Aos 20 dias do mês de fevereiro de 1822, foi congregada a mesa da Irmandade e nela apareceu o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, encarregado pela Irmandade da mesma encomenda o qual vinha a apresentar a conta que a mesma tinha importado e foi a quantia de Rs. 399$400, entregando à mesa o restante do que tinha recebido, que eu era a quantia de Rs. 60$630, como se vê da conta seguinte:

Conta do custo do sacrário e pavilhões remetidos pela sumaca Aurora, mestre Pedro Martins:

Page 66: Vieira dos Santos vol02

59 Ao entalhador 47$000 Ao dourador 51$200 1 chave de prata dourada 8$000 A conta do damasco, galões e franjas 202$240

Feitio dos 3 pavilhões, feitio retrós 19$200 327$640

1 caixote para o mesmo 2$760 2 ½ pontos de baeta 2$250 3 varas de estopa e carretos $660 Prêmio do seguro na quantia de reis 350$ -

1½ % poruma apólice 6$060 339$370

Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 1822.

Caetano José de Almeida e Silva.

60 _ 1824 _ Aos 22 de julho de 1824, foi reunida a mesa da Irmandade do SS. Sacramento, sob a presidência do Provedor das capelas o Doutor João Capristano Rabelo, e se proveu que com a maior cautela e segredo, se procedesse a exata arrecadação e postas em lugar seguro todas as alfaias de ouro e prata, que servem ao culto, para que no caso da invasão do inimigo se não aproveitasse delas; ficando a mesa responsável pelo seu descuido; assinados, João Capristano Rabelo, o Provedor Manoel Antônio Pereira, escrivão Joaquim Antônio Guimarães, Procurador José Luiz Pereira.

61 _ 1838 _ Aos 17 de junho de 1838, congregada a mesa da Irmandade do SS. Sacramento foi pelo tesoureiro João Manoel da Cunha apresentada uma petição do ex-depositário dos bens dos extintos Jesuítas, de Manoel Francisco dos Santos, em que requeria ao Juiz Municipal sobre a entrega de uma cruz de prata a esta Irmandade, cuja cruz servia nas procissões da cinza e dos passos, em cuja petição se lia o despacho do Juiz Municipal do teor seguinte: "Lavrando-se o termo necessário, como pede. Paranaguá, 16 de junho de 1838. Costa".

-------------------------------------------------------------------------------- - - Em observância do qual foi a mesma entregue ao mesmo ex-depositário, por esta Irmandade e para sua quitação se determinou ao tesoureiro o recibo da entrega que do mesmo exibisse.

1790 a 1791 _ Notícia circunstanciada da testamentária do falecido sargento-mor Cristóvão Pinheiro França.

62 _ O maior benfeitor que teve a Irmandade do SS. Sacramento foi o falecido sargento-mor Cristóvão Pinheiro França; seu nome sempre será eternizado nos séculos futuros. Filho legítimo de D. Joana de França, viúva do Capitão-mor João Roiz França e de suas núpcias foi casada com o Doutor Ouvidor de Paranaguá Antônio dos Santos Soares, o qual foi Juiz de Fora em Olivém, no Reino de Portugal, e deste 3º matrimônio é que foi nascido este benfeitor; e que também foi sargento-mor em Paranaguá por patente de 17 de janeiro de 1735. Sua mãe bastantemente rica pela herança de seus maridos, mas ele nunca se quis casar e viveu solteiro até seu falecimento em abril do ano de 1789, e por não ter legítimos herdeiros instituiu em seu solene testamento a Irmandade do SS. Sacramento de quem sempre foi mui devoto, como sua testamentária e legatária. Não deixou por seu falecimento capital avultado de dinheiro, pois só se lhe achou Rs. 187$970 réis, mas deixou em dívidas cobráveis por créditos e escrituras, a vencimentos de prêmio a quantia de Rs. 5:769$863; e em dívidas incobráveis a quantia de Rs. 833$837 que fazem as

Page 67: Vieira dos Santos vol02

duas somas a quantia de 6:603$700 de réis; mas o zeloso Procurador da Irmandade, o Capitão Manoel Alves Carneiro e outros fizeram cobranças e com elas primeiramente trataram de pagar a despesa de seu funeral; suas disposições e dívidas, e saldadas estas contas, a Irmandade ainda se utilizou de Rs. 2.170$670 réis, a saber no importe do orçamento rico a quantia de 1:207$330

Importe das 2 lâmpadas de prata 822$220

Importe da quantia que concorreu para o importe da lâmpada grande 141$120

Importe do que se utilizou a Irmandade 2:1790$670

Mas afinal perdeu a mesma mais de um conto e quinhentos; que ainda se poderiam cobrar e que em 1810 foram passadas para os ausentes o que tudo se demonstra no mapa seguinte ilustrativo.

Mapa demonstrativo do legado que deixou à Irmandade do SS. Sacramento o sargento-mor Cristóvão Pinheiro França:

-------------------------------------------------------------------------------- - - Finalmente no Mapa nº 11 se verão as receitas e despesas que teve a Irmandade no decurso de muitos anos; e no Mapa nº 12 os Provedores, escrivães e tesoureiro do SS. Sacramento, que sempre será bendito e louvado por todos os séculos.

63 MAPA Nº 10

Receitas, despesas da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Cidade de Paranaguá desde o ano de 1760 inclusivamente até o ano de 1850.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 68: Vieira dos Santos vol02

Observação

As parcelas notadas com um X na casa dos saldos é aquela em que a Irmandade se achava em alcance no fim de cada ano. Vê-se neste mapa que os rendimentos da Irmandade, desde o ano de 1760 inclusive ao de 1812 era regularmente de Rs. 250$ mil réis até Rs. 300$000 réis, e que nesse espaço de anos, não houve déficits avultados, à exceção de 1796 a 1797, de 1800 a 1801. Desde 1812 em diante principiou a Irmandade ter mais algum aumento em suas rendas, até o ano de 1832, chegando, de Rs. 300$ a 500$ mil, à exceção dos anos de 1827-1828, que avultaram a Rs. 883$ e tantos réis e o anos de 1830 a 1831 chegou a Rs. 998$740, mas estes anos não servem de cálculo, porque este aumento é proveniente de quando os provedores das esmolas avultadas, para se fazer a festa é então que aparecem esses excessos, pois o

provedor deste último ano que foi o capitão João Alves Cordeiro deu a

quantia de Rs 645$993

logo se vê que a Irmandade teve de seus réditos próprios 352$747

Soma total da receita daquele ano foi a quantia de 998$740

No ano de 1828 a 1829 o provedor o alferes Ângelo Soares da

Silva deu 200$000

No ano de 1833 a 1834 o Tenente Antônio Gonçalves Rocha deu 216$611

No ano de 1823 a 1824 o Capitão Joaquim Antônio Munhoz deu 126$560

Em 1826 a 1827 O Capitão Joaquim Antônio Guimarães 426$427

Em 1832 a 1833 Leandro José da Costa 216$617

Em 1834 a 1835 o Capitão Francisco Alves de Paula 200$000

Em 1835 a 1836 o ajudante Miguel Gonçalves de Miranda 327$839

Em 1836 a 1837 O Sap. Hipólito José Alves 400$000

As esmolas que dão os fiéis nas domingueiras tiveram aumento porquanto desde 1760 a 1820 seu rendimento anual era de Rs. 25$ mil réis até 50$ mil réis; desde 1820 em diante regulava até 70$ mil réis, à exceção do ano de 1830, a 1831 que chegou a RS. $450. Em 1825 a 1826 a RS. 89$460

-------------------------------------------------------------------------------- - - MAPA Nº 11

Page 69: Vieira dos Santos vol02

Provedores, escrivães, procuradores e tesoureiros que tem servido na Irmandade do Santíssimo Sacramento da Cidade de Paranaguá desde o ano de 1762 inclusive ao de 1850. Antônio Ferreira da Silva Caetano Roiz Couto

Alf. Antônio João de Siqueira

Alf. Antônio João de Mendonça

José de Sousa Pedroso Inácio José da Silva Inácio José da Silva Inácio José da Silva Agostinho Machado Lima

Ten. Manoel Vaz de Figueiredo

José Pereira Mattez

Manoel Pereira da Silva Manoel Ferreira do Vale Francisco Roiz Ferreira Tomás de Sousa e Silva Francisco Roiz Ferreira Inácio José da Silva

Manoel Jacinto Neves Félix Bento Viana

Francisco Correia de Morais José Joaquim Pinto de Casto Antônio de Oliveira Pedroso

Antônio Ferreira Pedroso

Antônio de Oliveira Pedroso

Gaspar Gonçalves de Morais José Joaquim Pinto de Casto José Joaquim Pinto de Casto João Vieira Colasso

Manoel Ferreira do Vale

O sarg.-mor Simeão Cardoso Pazes

Gaspar Gonçalves de Morais

Antônio da Silva Braga

Gaspar Gonçalves de Morais Alf. Manoel Lobo de Albertim José Joaquim da Costa

José Joaquim da Costa

Luiz Lopes Coutinho

Joaquim de Araújo

Manoel Alves Carneiro

Page 70: Vieira dos Santos vol02

Manoel Garcês Machado

Baltazar da Costa Pinto

Antônio Gonçalves Pereira

Cap. Antônio Francisco de

Oliveira

Francisco da Costa Rezende

Antônio Nunes

Cristóvão Pinheiro França

Luiz Maciel Azamor

Antônio Roiz de Carvalho

Agostinho Ferreira dos Santos

O Pe. Francisco de Borja

Alf. Custódio Muniz de Araújo

Manoel Vaz de Figueiredo

Alf. José Alves Carneiro

Crispim Francisco Ribeiro

Francisco José Taveira

Eusébio Gomes da Silva

Sarg.-mor Simeão Cardoso Pazes

Manoel Gonçalves Silvestre Cap. Simeão Roiz Delgado

Cristóvão Pereira de Macedo

Caetano Antônio Pimentel Francisco Gonçalves Pereira Belém

Domingos Machado Pereira

Tenente José Carneiro dos Santos

Ten. Manoel de Miranda Couto Vigário Antônio Pereira de Macedo Caetano Roiz Couto Caetano Gonçalves

Manoel Nunes Lima

Page 71: Vieira dos Santos vol02

João Correia da Afonseca

Capitão Aniceto Borges da Silva

Antônio Pereira de Macedo

O Pe. Francisco de Borja

Manoel Lourenço Pontes

Antônio Gonçalves Pereira

Tomás Correia

Antônio Ferreira da Silva

José Rodrigues

Cap. Antônio Roiz de Carvalho Lourenço Maciel Azamor

1761-1762

1762-1763

1763-1764

1764-1765

1765-1766

1766-1767

1767-1768

1768-1769

1769-1770

1770-1771

1771-1772

1772-1773

1773-1774

1774-1775

Page 72: Vieira dos Santos vol02

1776-1777

1775-1776

1777-1778

1778-1779

1779-1780

1780-1781

-------------------------------------------------------------------------------- - - Inácio Gomes de Medeiros

Ten. Joaquim de Araújo

Ajud. Manoel da Cunha Gamito

Ajud. Manoel da Cunha Gamito

Ajud. Antônio José de Carvalho

Manoel Lopes Guimarães Ajud. Manoel da Cunha Gamito

Vicente Ferreira de Oliveira

Pedro Roiz Nunes

Pedro Roiz Nunes

Manoel Alves Carneiro O mesmo

O Ten. Antônio Ferreira de Oliveira

Ajud. Manoel José de Carvalho

Ricardo Carneiro dos Santos

Manoel Antônio da Costa

João José da Rocha

Page 73: Vieira dos Santos vol02

O cap. Francisco Gonçalves Cordeiro

Alf. Serafino Correia Pinto

Matias Xavier Balieiro

Francisco Correia de Morais

José Tinoco

Félix Bento Viana

Guarda-mor Manoel Antônio da Costa

O mesmo

O mesmo

Domingos da Rocha Muniz

José Manoel Lobo

Alf. José Manoel Lobo

Cap. Manoel Alves Carneiro

O mesmo

Manoel Lobo de Albertim Lanóia

Cap. Francisco Roiz Ferreira

Alf. Manoel de Sousa Pinto

Cap. José Simões Peniche

Inácio José da Silva

Cap. Francisco Xavier da Costa

Isidoro José Pereira

Sarg.-mor Francisco José Monteiro

José de Matos Câmara

José de Matos Câmara

Page 74: Vieira dos Santos vol02

Alf. Tomás de Sousa e Silva Francisco Gonçalves Cordeiro

O Pe. Joaquim da Costa

Rezende

Manoel da Cunha Gamito

Félix Bento Viana

Ten. Domingos da Rocha Muniz

Ten. Joaquim de Araújo de Morais

Alf. Custódio Muniz de Araújo

Crispim Francisco Ribeiro

Ten. Manoel Vaz de Figueiredo

Simeão da Costa

José Machado da Silva

Brás Coelho

Agostinho Ferreira dos

Santos

Cap. Simão Roiz Delgado

Eusébio Gomes da Silva

Cap. Francisco Roiz Ferreira Cap. Manoel de Sousa Pinto

Sarg.-mor Francisco José Monteiro

O cap. Francisco Xavier da Costa

O sarg.-mor Simeão

Cardoso Paezes

Ten. Antônio Francisco de Mendes

Tomás de Sousa e Silva

1781-1782

Page 75: Vieira dos Santos vol02

1782-1783

1783-1784

1784-1785

1785-1786

1786-1787

1787-1788

1788-1789

1789-1790

1790-1791

1791-1792

1792-1793

1793-1794

1794-1795

1795-1796

1796-1797

-------------------------------------------------------------------------------- - - O mesmo

Ricardo de Sousa Pinto

Joaquim José Liete da Costa

Page 76: Vieira dos Santos vol02

O mesmo

O mesmo

José Caetano de Sousa

Manoel Francisco Correia

Ajud. Ângelo Custódio

Joaquim Antônio Munhoz

Alf. Manoel Antônio Pereira

Alf. Manoel Antônio

Pereira

Tomé Simões Peniche

Cap. Antônio José Alves

Alf. Antônio Correia dos

José Manoel Lobo

Cap. Francisco José Ribeiro

Joaquim Antônio Munhoz

Manoel da Costa Pinto

Cap. José Xavier de Oliveira

Cap. Francisco José Ribeiro

José Roiz Branco

Alf. Francisco Gonçalves Rocha

Ajud. Manoel Gomes Pereira

Cap. Manoel Alves Carneiro

Cap. Francisco Xavier dos Santos Borges

Cap. Ricardo de Sousa Pinto

Ten. Francisco Luiz de Paula

Page 77: Vieira dos Santos vol02

Alf. Manoel Francisco Correia

Manoel Gonçalves do Nascimento

Antônio José de Carvalho

G.-mor Vicente Ferreira de Oliveira

Cap. Francisco José Ribeiro

Cap. João Crisóstomo de Oliveira

Ten.-cor. Riicardo Carneiro dos Santos

Sarg.-mor Manoel Antônio da Costa

Jorge Vieira

Pedro Roiz Nunes

Francisco Alves da Cunha

Ten. João João Ferreira de Oliveira

Cap. Manoel de Miranda Couto

Ten. Amaro de Miranda Couto

Pedro Gomes Sobral

Vig. Joaquim da Costa Rezende

Ten.-coronel. Francisco Gonçalves Cordeiro

Alf. Luiz da Cunha Mendonça

Tem. Joaquim de Araújo de Morais

Pe. Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro

Manoel Vieira Espiga

Sarg.-mor Antônio José de Carvalho

Francisco Machado Bittencourt

Cap. Manoel Gonçalves do Nascimento

Agostinho dos Santos de Camargo

Page 78: Vieira dos Santos vol02

Ten.-cor. Ricardo Carneiro dos Santos

Cap. Pedro Roiz Nunes

Cap. João Crisóstomo de Oliveira

Cap. Ricardo de Sousa Pinto

1797-1798

1798-1799

1799-1800

1800-1801

1801-1802

1802-1803

1803-1804

1804-1805

1805-1806

1806-1807

1807-1808

1808-1809

1809-1810

1810-1811

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 79: Vieira dos Santos vol02

Santos

Joaquim Antônio Munhoz Bento Antônio da Costa

Cap. Inácio Lustosa de Andrade

Francisco Alves de Paula

Ajud. Antônio José da Costa

Cipriano Custódio de Araújo

Cap. Joaquim Antônio Guimarães

Ten. Antônio Gonçalves Rocha

Manoel Lobo da Silva Passos

José Roiz Antunes Alf. Manoel Francisco de Mendonça

Bento José de Siqueira

Ten. Florêncio José Munhoz

-

Vicente Ferreira Pinheiro

Cap. Manoel Alves Carneiro

O mesmo

O mesmo

Cap. José Luiz Pereira

O mesmo

Manoel Lobo da Silva Passos

Luiz Inácio de Oliveira Cercal

Cap. José Luiz Pereira

Alf. Manoel Francisco de Mendonça

José Estêvão de Siqueira

Page 80: Vieira dos Santos vol02

Ricardo Lustosa de Andrade

Alf. Ângelo Soares da Silva Cap. Antônio José Pereira

Cap. José Luiz Pereira

Francisco Antônio de Siqueira

Cap. Antônio Ferreira de Oliveira

Cap. Antônio da Silva Neves

Cap. José Roiz Branco

Alf. Manoel Franco Correia

Tem. Inácio Tavares Miranda

Ten. Francisco Luiz de Paula

Ten. Joaquim Antônio Munhões

José Caetano de Sousa

Manoel de Azevedo Couto

Capitão José Garcês de Morais

Sarg-mor Francisco Ferreira de Oliveira

Cap. Manoel Antônio Pereira

Ten. Antônio José de Araújo Cap. Joaquim Antônio Guimarães

Alf. Ângelo Soares da Silva

Vig. Joaquim Júlio

Sar.-mor Manoel Antônio da Costa

Pedro Gomes Sobral

Cap. Antônio Ferreira de Oliveira

Cap. Antônio da Silva Neves

Manoel Pacheco da Silva

Page 81: Vieira dos Santos vol02

Ten. Manoel Francisco Correia

Gaspar Gonçalves Rocha

Cap. Inácio Tavares de Miranda Cap. Francisco Luiz de Paula

Cap. José Roiz Branco

Cap. José Gonçalves de Morais

Cap. Joaquim Antônio Munhoz Cap-mor Manoel Antônio Pereira

Ten. Antônio José de Araújo

1811-1812

1812-1813

1813-1814

1814-1815

1815-1816

1816-1817

1817-1818

1818-1819

1819-1820

1820-1821

1821-1822

1822-1823

1823-1924

1824-1825

Page 82: Vieira dos Santos vol02

1825-1826

-------------------------------------------------------------------------------- - - Francisco Antônio Pereira

Manoel Lobo da Silva Passos

Cap. Antônio José Pereira

Cap. Pedro Antônio Munhoz

Alf. Joaquim Américo Ajud. José Antônio Pereira

Antônio José da Silva Manoel Inácio de Simas José Roiz Branco Júnior

Leandro José da Costa Alf. João Gonçalves Guimarães

Cap. João Manoel da Cunha

Antônio Pereira da Costa Vicente Ferreira Pinheiro

Vidal de Silva Pereira

João Alves Madeira

José Antônio Pereira

Cap. João Machado Lima

Antônio Leite de Magalhães

José Leandro da Costa

Antônio Gonçalves de Morais

Manoel Francisco dos Santos

Joaquim José de Araújo

Manoel Francisco dos Santos Manoel Francisco de Mendonça

Cap. João Manoel da Cunha Antonio Pereira da Costa

José Pinto de Amorim

Page 83: Vieira dos Santos vol02

José Fernandes Correia

Pedro Celestino de Oliveira

Joaquim José de Araújo

O mesmo

Ajud. Miguel Francisco Braga

Cap. Antônio José da Costa

Ten. Antônio Gonçalves Rocha

Cap. Francisco Alves de Paula

Leandro José da Costa

Ajud. Miguel Gonçalves de Miranda

José Gonçalves de Miranda

Cap. José Bernardes Munhoz Cap. Hipólito José Alves

Antônio Carlos dos Santos

Manoel Francisco dos Santos

Alf. João Antônio dos Santos

Cipriano Custódio de Araújo Sarg.-mor Bento Antônio da Costa

Manoel Lobo da Silva Passos

Pedro Martins

Cap. Joaquim Antônio Guimarães

Cap. Felipe Tavares de Miranda

Alf. Ângelo Soares da Silva

Cap. Antônio José da Costa

Cap. João Alves Cordeiro

Ajud. Miguel Francisco Braga

Leandro José da Costa

Ten. Antônio Gonçalves Rocha Francisco Alves de Paula

Page 84: Vieira dos Santos vol02

Ajud. Miguel Gonçalves de Miranda Cap. Hipólito José Alves

Ten. José Gonçalves de Miranda

José Bernardo Munhoz

Alf. João Antônio dos Santos

Alf. Antônio Câmara dos Santos

Sarg.-mor Bento Antônio da Costa

1826-1827

1827-1828

1828-1829

1829-1830

1830-1831

1831-1832

1832-1833

1833-1834

1834-1835

1835-1836

1836-1837

1837-1838

1838-1839

1839-1840

1840-1841

1841-1842

Page 85: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Alf. Antônio Muniz da Costa

Ricardo José da Costa José Inácio de Simas José da Costa

José Luiz

Pedro Celestino de Oliveira

Cap. José Roiz Branco Jr.

(**)

José Luiz Pereira

O mesmo

O mesmo

Alf. João Antônio dos Santos Manoel Marques de Jesus

Joaquim José de Araújo

Antônio da Costa Bittencourt

Cap. Bento José da Cruz

Joaquim Américo Gonçalves Florêncio José Munhoz

Cap. José Ferraz Correia

Apolinário Antônio de Miranda

José Pereira da Luz

Joaquim José Tavares

Alf. Manoel Francisco de Mendonça

Pedro Martins

Page 86: Vieira dos Santos vol02

Manoel Lobo da Silva Passos Cap. Bento José da Cruz

Com. Joaquim Américo Gonçalves

Florêncio José Munhoz

Sarg.-mor José Roiz Branco

(*)

1842-1843

1843-1844

1844-1845

1845-1846

1846-1847

1847-1848

1848-1849

1849-1850 A maior parte destes Provedores se esmeraram nos seus anos em mandar fazer a festividade da semana santa com toda a pompa e grandeza; e da mesma sorte a da festa grande em louvor do SS. Sacramento principalmente a dos anos de 1808, 1812, 1818, 1820, 1826, 1831, 1837, 1840, 1847 e 1849. Mas entre todas estas foram a dos anos de 1812 e 1826 em que se fez o tristonho ato do descendimento da cruz e que desde então até ao presente nunca mais um ato tão piedoso de nossa santa Religião. (*) Neste local está registrado com letra e tinta diferentes: Tenente-coronel Cipriano Custódio de Araújo.

(**) Idem, idem: João Alves Bueno

-------------------------------------------------------------------------------- - - Laudate Virgo sacratii Maria Rosarii

Accede ad me est tangam te filii mi.

Page 87: Vieira dos Santos vol02

Genes. 27, 21.

Adoratus est Dominus adorem suavitatis.

Genes. 8, 21.

Sanguine quem fudit rebet hic Hiacentibus in horto.

Florete flores quasi lilicem quae data odorem.

Ecles. 39, 19.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - - PRÁGRAFO QUINTO

2ª Irmandade de Nossa Senhora do Rosário

Descrição histórica desta Irmandade, sua antigüidade, deliberações de suas sessões; os benfeitores que tem deixado legados, a série cronológica de seus principais membros, receitas e despesas que teve em diferentes épocas, mostrando-se a prosperidade que têm tido.

65 _ É sem dúvida alguma que a instituição da Irmandade da Santíssima Virgem de Nossa Senhora do Rosário dos brancos, foi a sua instituição mui antiga, talvez ainda do tempo do século 16º e muitos anos antes de ser Vila, quando era capela curada ou freguesia, porquanto se vê que os povos de todos os lugares sempre tributaram a maior confiança e devoção aos santos que são os padroeiros donde são habitadores; e as confrarias que neles se erigem sempre têm a preferência aquele santo ou santa a quem se contempla com especialidade como seu orago e protetor, e nesta consideração realmente verdadeira, fica demonstrada a razão porque esta santa Irmandade da Senhora do Rosário de Paranaguá foi a primeira que nela se instituiu ainda mesmo com a primazia da do SS. Sacramento. Os primeiros livros antiquários não existem pelos quais se poderia esclarecer a real verdade, mas em uns fragmentos dos primeiros livros da Irmandade que ora existem se encontra um termo feito pela mesa no 1º de outubro de 1699, um requerimento que ela fez ao Vigário geral e Visitador do Bispado do Rio de Janeiro João de Sousa da Fonseca, pedindo faculdade poder mandar fazer e ser rubricado um novo livro para servir na mesma, pelo

Page 88: Vieira dos Santos vol02

motivo de estar o primeiro livro "incapaz de se continuar a sua escrituração"; ora já se vê que este primeiro livro deveria ter pelo menos 80 anos, que diminuídos a era em que a mesa fez o seu requerimento, mostra-se ser a instituição da Irmandade na era de 1619; e vinte e nove anos antes de que Paranaguá fosse erecta em Vila, que o foi no ano de 1648. Outra circunstância corrobora esta verdade, pois olhando-se no inventário das alfaias que a mesma Irmandade possuía no mesmo ano de 1699 se encontra entre diversos objetos ter a Irmandade um ornamento branco com franjas de retrós "e duas casulas já usadas" e quantos anos elas teriam de exercício, para se acharem num estado de velhice, certamente seria igual à do indicado livro antigo. A Irmandade da Senhora do Rosário deveria ter o

-------------------------------------------------------------------------------- - - seu compromisso indicador das obrigações inerentes aos encargos de juiz e mais oficiais dela, pois que até os próprios anuais que então se pagavam eram pela metade do valor dos que ora se acham em vigor, porquanto o anual do juiz ou juíza era 8$ mil réis, o escrivão 4$ mil réis, os irmãos de mesa uma pataca, e os irmãos singelos meia pataca. A Irmandade era organizada em duas classes de irmãos: perpétuos e temporários.

66 _ 1702 Os que eram perpétuos se vê de uma lista que fez o Procurador Antônio do Rego Barregão no ano de 1702, de haver 24 irmãos desta 1ª classe; e entre eles 6 capitães, 4 matronas e uma escrava de nome Ana de Isabel dos Passos, singularidade admirável no século presente! A segunda classe de irmãos temporários ou frausteiros por serem... moradores de outros distritos e que seriam alistados temporariamente, por alguns anos por certa devoção, que teriam à mesma Senhora e por isso não gozavam o nome de perpétuos.

67 _ 1706 _ No ano de 1706, a Irmandade tinha alistado no seu grêmio: 205 irmãos e irmãs. Os rendimentos da Irmandade daquele tempo eram mui diminutos, como se mostra no esboço seguinte:

No ano de 1699 foram seus rendimentos: 19$600.

No ano de 1700, se cobraram anuais dos irmãos perpétuos somente a quantia de Rs. 9$380 !

68 _ 1702 _ Em 1702 existiam na mão do tesoureiro 49$600, dos quais se havia despendido a quantia de 24$600 réis, ficando líquido 24$300 réis que se aplicaram a fatura de um arcaz na sacristia.

69 - 1706 _ Em 1706 a Irmandade fez de despesa 34$760.

Em 1710, foi a receita deste ano de 41$320 e a despesa andou em Rs. 55$280, fiando alcançada com o tesoureiro, em 13$440; este alcance foi procedido da Irmandade ter pago a quantia de Rs. 13$440 ao sargento-mor Antônio Graça da despesa que fez do Breve Pontifício que a Irmandade requereu a Roma a impetrar de Sua Santidade (1) a graça de conceder à Irmandade de festejar a solenidade de sua Padroeira um tríduo solene com missa cantada e laus perene e vésperas, concedendo indulgências aos irmãos, graça especial que a Irmandade obteve. Estando portanto a Irmandade num estado de abatimento, como se mostra no esboço apontado, foi pouco e pouco renascendo como a fênix de suas próprias cinzas; e no presente, qual águia real, vai remontando cada vez mais ao cume de prosperidade como se verá no progressivo andamento das receitas e despesas desde o ano de 1714, inclusive ao de 1849, onde aparecem as sus rendas anuais de mais de 800$ mil réis. A provisão de 26 de junho de

Page 89: Vieira dos Santos vol02

(1) O Papa Clemente XI concedeu à Irmandade do Rosário por Breve de 4 de agosto de 1706, um jubileu perpétuo.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1727, passada pelo Ex.mo Bispo do Rio de Janeiro Dom F. Antônio de Guadalupe, aprovando o novo compromisso da Irmandade, não foi este o da sua instituição e sim o reformador do antigo, pois dele mesmo se vê que se dobraram os pagamentos dos anuais de todos os irmãos. Restando por último exarar a história descritiva de todos os atos e deliberações que fez a Irmandade no regime de sua prosperidade, mostrando-se quais tem sido e que tem deixado legados de bens de raiz, dinheiro, e jóias de prata e ouro; em tributo da pia devoção que tinham a sua excelsa padroeira e especial advogada, que ante o trono do Altíssimo sabe interceder nas maiores aflições, quando as padecem os seus validos paranagüenses.

70 _ 1699 _ Em 1º de outubro do ano de 1699, congregando-se a mesa da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, deliberaram fazer um requerimento ao Vigário geral e Visitador do Bispado João Rodrigues da Fonseca, pedindo a faculdade dela poder fazer outro livro novo e ser rubricado para o uso da Irmandade, visto que o primeiro estava incapaz de se continuar a sua escrituração. No mesmo ano fizeram a relação dos ornamentos e alfaias que a Irmandade então possuía e por memória aqui vão exaradas, as quais eram as seguintes: "1 sino novo, 1 cruz de prata com manga de damasco, 1 cruz de pau, 1 guião de tafetá branco, 4 castiçais de pau, 4 dourados singelos, 1 ornamento branco com franja de retrós, 2 casulas já usadas, 7 mantos da Senhora sendo um de tela, 1 pálio de seda, 5 toalhas de linho e 1 panículo do altar, 5 toalhas de ombros e 7 toalhas de altar de algodão e 1 de ombros, 1 peça de panículo em ser; 2 frontais usados, 7 opas de sarja branca de bom uso, 1 zambel, 2 lanternas, 2 castiçais de estanho, 1 frontal de sufiel com franja de retrós, 4 guardas!!!"

71 _ 1702 _ Sendo tesoureiro da Irmandade Antônio do Rego Barregão, fez o assento dos irmãos perpétuos que havia na mesma confraria que eram: o Capitão Manoel da Costa Veloso, Marcelino Barbosa, Manoel de Paiva, o Capitão José Dias de Sampaio, o Capitão Inácio do Canto, Francisco Luiz Gonçalves, Luzia Teixeira, Ana Moreira, João de Almeida Ferreira, Luzia Teixeira, Isabel Ribeira, Antônio Rodrigues Antunes, Ana, escrava de Isabel dos Passos, Francisco Machado, Bárbara de Sousa, Pascoal Rodrigues, o Capitão João Tavares de Miranda, Simão Borges, José Pinto de Siqueira, Manoel Dias Franco, Capitão Miguel Luiz, Martinho da Fonseca e sua mulher Isabel Teixeira.

72 - 1705 _ Em 18 de outubro, congregou-se a mesa da Irmandade a tomarem contas ao tesoureiro e acharam a quantia tanto do que tinha recebido, como parte do ano passado importar a quantia de Rs. 33$920, que juntos à quantia de Rs. 29$260 importa tudo: 63$180 que entregou ao novo tesoureiro.

73 1706 _ Em 15 de abril, congregando-se a mesa em conformidade do despacho do Visitador Gaspar Gonçalves de Araújo se achou haver em poder do tesoureiro João Pereira de Lima a quantia de Rs. 16$000 dos quais deu o tesoureiro a despesa baixo declarada o qual assinou o termo, com uma cruz +; e como juiz e procurador André Gomes Marques e Antônio Rodrigues Antunes.

Page 90: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - Notabilidade da despesa que a Irmandade fez nesse ano de 1706 a seguinte:

Por feitio das grades a Manoel Fernandes $480 Idem por meia vara de pano de linho e 1 meada de 1ª $480 Idem por uma vara de fita de seda $640 Idem por duas grades mais $640 Idem 11 varas de pano de linho, para 2 toalhas a 480 5$280 Idem 2 meadas de linhas $320 Idem por 1 meada mais $160 Idem 67 oitavas de prata para a cruz do guião 11$680 19$680

Dinheiro que existia em mão do tesoureiro João Pereira

de Lima 16$000 Alcance que teve a Irmandade 3$680

1706 _ E 5 de outubro de 1706, congregou-se a Irmandade para tomar as contas ao tesouro, e são as do teor seguinte:

Receita

Acharam que o tesoureiro cobrou dos irmãos de mesa 3$840 Idem anuais de 188 irmãos que pagaram 30$080 33$920 NB Ficaram devendo 17 irmãos $ Importe da despesa em frente Rs 37$820 Alcance 4$100

Assinaram o tesoureiro João Pereira de Lima com uma + cruz, e Antônio Rodrigues Antunes.

Despesa

Do rendimento cobrado até hoje 5 de outubro de 1706

Importe de 2 velas do reino $160 Idem 3 centos de andilha a 200 $600 Idem 1 mão de papel $320 1 capela de missas 16$000 16 oitavas de trincal a 200 3$200 5 varas de fio de arame a 40 $200 Idem feitio de 3 purificadores e fita $400

-------------------------------------------------------------------------------- - - Idem feitio de lavrarem 3£ de cera $240 Idem feitio do pau para a cruz $700 Idem feitio da cruz parede e do guião a Manoel Fagundes 16$000 37$820

75 _ 1702 _ Em 12 de janeiro congregou-se a mesa na casa do reverendo Visitador e Ouvidor da vara eclesiástica o Padre Domingos Gonçalves Padilha, por comissão do reverendo Visitador o

Page 91: Vieira dos Santos vol02

Cônego Antônio de Pina, para tomar conhecimento das contas da Irmandade, e sendo apresentado o livro dela, se viu que existia na mão do tesoureiro Antônio da Silva de Magalhães a quantia Rs. 49$000 que havia rendido; e tinha feito de despesa para ajuda de um arcaz que se fez na sacristia da igreja matriz para se recolherem os ornamentos: 24$600

ficando líquido a favor da Irmandade: 24$300

1710 a 1711 _ Neste ano foi Juíza Paula da Fonseca, escrivão o sargento-mor Antônio Garcia, tesoureiro Francisco Cardos, procurador Antônio Rodrigues Antunes.

Despesa

Que fez a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do ano de 1710 ao de 1711:

76 - 1 capela de missas ao vigário 16$000 Idem dinheiro que se deu ao sargento-mor Antônio Garcia,

que se lhe devia do Breve que mandou vir de Roma 19$840 Idem dinheiro que se deu par acrescentamento de umas

galhetas que se mandaram buscar à Vila de Santos,

conforme o recibo de João Francisco de Menezes 4$800 2£ de velas de cera e fio $560 Idem de sabão da lavagem de roupa $640 Rs. 41$840

Receita

Dinheiro que recebeu do tesoureiro Gonçalo da Silva. 37$360 Idem de 10 irmãos de mesa a 320 3$200 Idem de ditos que pagaram de anuais 14$720 Rs. 55$280

Saldo a favor da Irmandade Rs. 13$440

-------------------------------------------------------------------------------- - - Assinados: Manoel Gonçalves Carreira, Manoel Gonçalves de Siqueira, João da Veiga Siqueira.

77 _ 1712 _ Em 4 de outubro de 1712 para tomar contas ao tesoureiro, haver de receita a quantia de Rs. 66$780, cobrando-se os anuais de 230 irmãos, sendo a despesa de Rs. 37$220 inclusos na mesma a quantia de Rs. 7$920, que a Irmandade pagou a Antônio da Silva Borges fez de gastos no Rio de Janeiro na prontificação dos papéis do Breve, e assinatura do Ex.mo Bispo; e assinaram esta ata Manoel Gonçalves Carneiro, Pedro da Silva Pereira e Antônio Garcia.

78 _ 1715 _ Em 29 de dezembro a Irmandade foi congregada para deliberarem sobre o fazer-se oferta de Nossa Senhora; e remeteram 40$ mil réis par o Rio de Janeiro, por via do capitão Manoel Gonçalves Carreira para a compra de velas de cera!

Page 92: Vieira dos Santos vol02

79 _ 1716 _ Em 13 de fevereiro deliberaram que se mandasse buscar ao Rio de Janeiro a cera para a festividade da Senhora para o que mandaram 30$ mil réis para se comprar velas de cera, para a mesma solenidade; e igualmente deliberaram a necessidade que havia de se mandar buscar a Portugal uns ornamentos brancos e outras coisas, por isso determinaram ao tesoureiro fizesse as cobranças.

80 _ 1717 _ Em 13 de maio a mesa foi congregada e na mesma foi exibida a quantia de Rs. de 50$000 que devia à Irmandade Manoel Pereira da Luz que tinha em seu poder a juros de um quarto por cento!! Os quais importavam em Rs. 4$020, entregando com eles 54$020 réis.

81 _ 1719 _ Em 30 de outubro, trataram de tomar as contas ao tesoureiro Manoel Moreira, deliberando-se levasse e conta as 97½ oitavas de ouro, e que junto as 140¾ de ouro, que também tinha em seu poder da receita do ano transato, somavam as duas parcelas em 240 oitavas, as quais foram remetidas por deliberação da Irmandade para Lisboa, para serem empregados em um ornamento branco, ficando o tesoureiro desonerado, existindo unicamente em ser a quantia de Rs. 18$850. Assinaram a ata: Manoel Moreira Barbosa, Antônio da Silva Ilha, Manoel Gonçalves Carreira, Francisco Vieira Barreto, Manoel do Vale Pinto (1), André Benito, Amaro da Rocha, José Vieira Figueiredo, Tomás Pinto dos Reis.

82 _ 1720 _ Sendo congregada a mesa (no mês de outubro) para o efeito de tomarem as contas ao tesoureiro, que as deram por boas e na mesma (1) Manoel do Vale Porto.

-------------------------------------------------------------------------------- - - sessão o tesoureiro Manoel Gonçalves Carreira apresentou em mesa a importância do rendimento que tiveram as 240 oitavas de ouro em pó, pela ordem que lhe dera a Irmandade de o remeter par Lisboa a José Valentim Viegas, as quais foram vendidas na mesma Cidade de Lisboa, e pelo mesmo

José Valentim Viegas, seu correspondente ao preço por cada oitava

a 1560 355$152

Idem de comissão 7$228

362$380

Rebate a dever ao mesmo José Viegas para o andamento da

conta do ornamento e conforme as quais se lhe mandou pagar a

conta 48$285 entregar nesta Vila a André Machado Pereira, por ordem que teve do dito como avanço de 25 prazos que importam 60$150 e que são a sobra que o tesoureiro há de entregar.

Conta do ornamento que remeteu de Lisboa José Valentim Viegas, a saber:

Page 93: Vieira dos Santos vol02

1 ornamento de damasco branco franjado de ouro, exceto o guião que é franjado de retrós a saber: 1 casula, 1 frontal, 1 capa de asperges, 2 dalmáticas com 1 pano de púlpito, manga de cruz, pano de estante e 1 guião, que tudo importou na dita Cidade 374$037

6 castiçais de latão com 49 libras 29$400

403$437

83 _ 1752 _ Em 2 de outubro e na sessão dela deliberaram que a Irmandade não tinha um ornamento suficiente que pudesse servir em suas festividades e que se mandasse buscar ao Rio de Janeiro um ornamento inteiro a saber: 1 casula, dalmática, capa de asperges; e que se pedisse ao juiz da Irmandade, o Capitão Manoel Gonçalves Carreira que o mandasse buscar para a Irmandade lhe ir pagando anualmente do que se encarregou; e a sua esmola a daria depois em algum desconto e logo pelo tesoureiro lhe foi entregue a quantia de Rs. 30$453 líquido, que tinha ficado das contas dos anos antecedentes.

84 _ 1754 _ Em 13 de junho foi congregada a mesa e nela compareceu José Carneiro dos Santos e por ele foi requerido em nome de sua constituinte, Dona Maria Pinheira França, que ele tinha entregado um órgão ao tesoureiro desta Irmandade, que a sua constituinte o tinha mandado buscar ao Rio de Janeiro, e dado por esmola à Irmandade; e requeria em nome dela sua constituinte fizessem dele aceitação de que se tocaria o dito órgão nas missas dos sábados de Nossa Senhora e no tríduo de sua festa e primeiras domingas da Senhora, e em todas as festas e funções do Santíssimo Sacramento, e querendo os juízes das mesmas Irmandades, ou os mestres da capela tocar o mesmo órgão em suas funções ou festividades de outro qualquer santo, que então desse de esmola ao tesoureiro duas patacas por cada festividade; e não querendo dar a esmola, então se não tocaria, só sim nas duas Irmandades como se leva declarado.

85 _ 1756 _ O Doutor Ouvidor Jerônimo Ribeiro de Magalhães proveu que

-------------------------------------------------------------------------------- - - à folha 120 Vº na revisão que fez nas contas da Irmandade que constava que José Fernandes da Costa era a dever à Irmandade 6$400 réis, e mais 56 oitavas de ouro, e se pusesse a mesma em cobrança..

86 _ 1757 _ Em 9 de outubro se propôs em mesa que o tesoureiro tivesse cuidado em procurar uma promessa de 5 doblas que o falecido Damião Carvalho da Cunha deixou à Irmandade para as aplicar em 2 anjos para ornato de Nossa Senhora do Rosário.

87 _ 1758 _ Em 6 de outubro, foi congregada a mesa e na mesma fizeram carga ao tesoureiro do recebimento de um cordão de ouro, com o seu crucifixo contendo o peso de 163½ oitavas. Oferta que fez a Nossa Senhora em 24 de outubro de 1756, o Capitão Manoel Gonçalves Carreira, muito de sua livre vontade e de sua mulher Catarina da Silva, pela grande devoção que tinham à Virgem Santíssima da Senhora do Rosário, e que faziam doação de ditas peças de ouro, de hoje para todo o sempre à Irmandade e servirem de ornato à mesma Senhora, não havendo necessidade precisa da mesma e que só em mesa e com o parecer dela poderiam fazer o que fosse mais conveniente para o serviço da mesma Senhora, honra e glória de Deus.

Page 94: Vieira dos Santos vol02

88 _ 1765 _ Em 8 de outubro, congregada a mesa, se propôs sobre a deixa da falecida Dona Joana Rodrigues França que fazia à Irmandade da quantia de Rs. 600$000 com a obrigação da mesma mandar dizer por sua alma uma missa em todas as sextas-feiras do ano e caso a Irmandade não quisesse aceitar esta dádiva, que então a doaria ao Doutor dos Santos Soares seu marido; e mais uma fazenda de gado que tinha na Vila de Curitiba, mas a Irmandade não concordou, por argumentarem uns que a deixa era boa, e outros que não, pela grande pensão em que a Irmandade ficava; afinal por última decisão fizeram sortes, para que Nossa Senhora determinasse qual fosse a sua vontade; e assim abriu-se por sorte que não se recebesse a mesma deixa dos Rs. 600$000, que a doadora dava, e assim todos os irmãos concordaram a que não convinha aceitar-se pela grande pensão que contraía; e para constar mandaram fazer esta declaração na qual assinaram: o irmão o Padre Maurício Gonçalves Ramos, por ele e em lugar da Juíza, João Pereira do Ó, Domingos Cordeiro Matoso, Francisco Pires Antunes, José Joaquim Pinto de Castro.

89 _ 1765 - Em 8 de outubro, congregada a mesa na mesma sessão da antecedente, o Padre Antônio Carvalho foi por ele entregue à Irmandade uma morada de casas que lhe deixou Francisca Ribeira de Araújo, pela verba de seu testamento, cujas casas eram na rua da Ribanceira, partindo de uma parte com as casas de Gabriel Fernandes, na rua da Venerável Ordem 3ª desta Vila, cobertas de telha e paredes da rua de pedra; e outrossim a Irmandade também tomou posse de uma alva de renda, com seu amito e de cambraia bordada; e outrossim por parte do Doutor Mateus da Costa Rosa: 1 cruz pequena de diamantes, com um par de brincos de diamantes, com o peso de 3 oitavas, e ambas as peças continham 19 mosquitos de diamantes, e outrossim por parte de Catarina da

-------------------------------------------------------------------------------- - - Silva, também foi entregue à Irmandade um par de brincos grandes de aljôfar, com o peso de 5 oitavas, e de tudo ficou entregue à Irmandade de que para constar, se lavrou a competente ata.

90 _ 1766 _ Em 5 de janeiro foi congregada a mesa da Irmandade onde compareceu o Doutor Antônio dos Santos Soares como testamenteiro da falecida sua mulher, Dona Joana Rodrigues França; e por ele foi declarado que a mesma tinha deixado em seu testamento de esmola de Rs. 100$000, que gratuitamente dava à Irmandade, que se achavam entregues pelo termo de sua quitação e assim mais tinha deixado ao mesmo testamento Rs. 600$000 réis para a Irmandade mandar dizer todas as sextas-feitas do ano uma missa pela tenção da doadora, que no ano faz uma capela de missas dos réditos do mesmo dinheiro, cuja quantia oferecia sendo que lhe quisessem aceitar com a manifesta condição, aliás, para substituição desta deixa no dito testamento, o que ouvido pelos oficiais da mesa e mais irmãos que para este fim foram convocados e atendendo que este dinheiro se podia dar a prêmio ou a juros, e se mandasse a dizer as missas com os réditos dele, uniformemente deliberaram se aceitasse o mesmo legado de Rs. 600$000, com a manifesta pensão de que a Irmandade mandaria dizer a referida capela de missas e sendo assim concordado pelo dito, Doutor Antônio dos Santos Soares exibiu em dinheiro a quantia de Rs. 600$000 em dinheiro corrente deste reino, de que lhe mandaram passar quitação pela dita mesa, assinada para sua clareza e na mesma entregaram os 600$ mil réis ao tesoureiro que este presente ano serve João da Silva Pinheiro, para logo se utilizar em pôr a dita quantia a juros em boa segurança de hipoteca e fiadores, assim nos juros como no capital, tendo o cuidado por si e seus sucessores de arrecadar anualmente os ditos juros, e que de hoje em diante mandasse dizer em todas as sextas-feiras do ano, na igreja paroquial desta Vila, no altar de Nossa Senhora, a missa por tenção da dita falecida doadora, que na mesma os tesoureiros e seus sucessores muito lhe parecerem, cobrando recibo delas para se lhe levar em conta, nas que der de

Page 95: Vieira dos Santos vol02

ajuste e pela mesma também foi ordenado que andasse sempre a juros todo o dinheiro, e para clareza mandaram lavrar este termo.

91 _ 1766 _ Em 2 de dezembro, congregando-se a mesa, deliberou depois de ter obtido a competente licença do provedor das capelas, que o tesoureiro vendesse várias peças de ouro, desnecessárias ao ornato da Senhora, pelo maior preço que pudesse.

92 _ 1767 _ Em 6 de janeiro congregou-se a mesa e deliberaram que se mandasse buscar ao Rio de Janeiro um papaio (papagaio) ou tapete para servir de alcatifa em razão de ser muito necessário.

93 _ 1767 _ Em 15 de outubro, congregada a mesa para o efeito de tomada de contas ao tesoureiro constando existir 39 oitavas de ouro lavrado, que estavam de penhor pertencentes ao crédito que devia Francisco Pereira Lobo.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 94 _ 1771 _ Em 23 de junho foi congregada a mês com a presidência do Vigário da vara o Padre Francisco de Meira Calassa, em lugar do juiz, e trataram sobre a cruz de prata da Irmandade, que se achava danificada e incapaz de servir e concordaram que se mandasse para o Rio de Janeiro a ser reformada novamente e fazer-se à moderna e com a perfeição devida com sua hástea de prata a qual pesou 362 oitavas de prata, e também se lhe ajuntassem as duas coroas velhas de prata, e o par de galhetas com o seu prato, que pesaram 112 oitavas; e para o pagamento do feitio dela remeteu-se juntamente a quantia de Rs. 51$200 indo por conta e risco da Irmandade.

95 _ 1776 _ Em 10 de dezembro, organizada a mês da Irmandade, foi proposto a necessidade que havia de se fazer o conserto na morada de casas da Irmandade sitas na rua do Rosário, que vai da matriz para o colégio; e assim que se vendessem algumas jóias de ouro desnecessárias ao ornato da Senhora, obtendo-se primeiro a competente licença do provedor das capelas.

1776 _ Em 22 de dezembro do mesmo ano foi congregada a mesa da Irmandade e sendo nela apresentada a competente licença do provedor das capelas, deliberaram que o tesoureiro vendesse as peças de ouro, desnecessárias ao ornato da Senhora pelo maior preço que pudesse alcançar.

96 _ 1777 _ Em 6 de janeiro foi congregada a mesa da Irmandade e nela deliberaram que se mandasse buscar, ao Rio de Janeiro um papagaio (julgo seria o que hoje chama tapete) para servir de alcatifa em razão de ser muito necessário.

97 _ 1778 _ Em 17 de janeiro foi congregada a mesa da Irmandade e na mesma se apresentou o procurador da Venerável Ordem 3ª de S. Francisco das Chagas, pedindo um empréstimo da quantia de duzentos mil réis à Irmandade para concluírem a obra da nova capela que estavam fazendo e para segurança do mesmo dinheiro hipotecavam as obras da mesma capela e davam para fiador o seu ministro o Capitão Antônio da Silva Braga, com o que concordaram no dito empréstimo.

98 _ 1778 _ Em 15 de junho propôs-se em mesa ser necessário consertar-se as casas que foram do Capitão Aniceto Borges, e que melhor seria feita a obra de empreitada pela quantia de Rs. 21$000 com que se tinha justo com o carpinteiro Antônio Soares e deliberaram que assim se fizesse.

Page 96: Vieira dos Santos vol02

99 _ 1781 _ Em 19 de dezembro congregou-se a mesa da Irmandade e nela se apresentou o procurador o guarda-mor Manoel Antônio da Costa a entregar um ramalhete de diamantes e outras pedras preciosas e mais dois castiçais de prata com o peso de 7 marcos, que tinha deixado em verba de seu testamento Dona Antônia da Cruz França, a esta Irmandade de que se fez entregue ao novo tesoureiro, o guarda-mor Antônio da Silva Neves do que se lavrou termo.

100 _ 1782 _ Em 7 de outubro congregando-se a mesa nela apresentou o músico mestre da capela um requerimento que fez ao Doutor Provedor requerendo que a Irmandade desde a sua criação pagava pela festividade à mesma música

-------------------------------------------------------------------------------- - - sete mil réis, pelo tríduo, vésperas e procissão, estipêndio mui diminuto para pagamento de músicos, e dos instrumentos e que no tríduo que se fazia no colégio, todos os anos se lhe pagava uma dobra pelo mesmo tríduo somente, à vista do que se lhe arbitrasse o estipêndio conforme o estado da terra, do qual obteve um despacho a favor do Doutor Ouvidor e provedor das capelas, o Dr. Barbosa. A mesa concordou unanimemente em não darem cumprimento ao mesmo despacho pela razão de não serem primeiramente ouvidos para darem suas razões e depois então se cumpriria o que o provedor mandasse.

101- 1782 _ Em 15 de agosto foi congregada a mesa para tratarem da festividade da Senhora, e na mesma deliberaram que dali em diante, fosse principiado o mesmo tríduo nos dias sexta, sábado e domingo, ficando o mesmo compreendido nos nove dias de sua novena, quando antes este tríduo principiava sábado, domingo e segunda, avançando além do domingo um dia da outra semana, causando esta prática grande transtorno aos povos que se queriam recolher a seus sítios, a trabalharem! Não aparece a Bula do Pontífice por onde a Irmandade obteve esta graça, em louvor e glória da mesma Senhora, mas consta que no ano de 1775, foi feito o tríduo à mesma Senhora, contando as missas dele o reverendo Padre Bento Gonçalves Cordeiro como se vê no livro das certidões de missas; a esse tempo governava a cadeia pontifícia Clemente XIV.

102 _ 1800 _ Em 8 de outubro foi congregada a mesa da Irmandade e nela deliberaram que a morada de casas que a mesma Irmandade tinha em Morretes além de serem de pau a pique e desconsertadas e seus aluguéis não cobriam as despesas e assim acharam ser melhor fossem vendidas.

103 _ 1808 _ Em 4 de outubro foi congregada a mesa da Irmandade e achando-se presidindo nela o reverendo Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro como juiz da festa, pelo mesmo foi entregue à Irmandade o legado que tinha deixado em verba de seu testamento a falecida sua irmã D. Rosa Ana Maria, das seguintes jóias: 1 lucrece de ouro e diamantes com o peso de quatro oitavas e meia;

1 par de brincos de ouro e diamantes com o peso de três oitavas e 9 grãos para com eles se ornarem as imagens de Nossa Senhora do Terço desta matriz;

2 cordões de ouro de braço com o peso de 26 oitavas para com eles ornarem os braços da mesma Senhora, quando for em procissão no dia de sua festa, com a condição de não serem em tempo algum empenhados ou vendidos por qual pretexto que haja;

Page 97: Vieira dos Santos vol02

1 saia de seda encarnada e com ela se ornar a carola da mesma Senhora no dia da procissão de sua festa, com a condição de não servir para outro uso na mesma igreja, nem para fora dela, nem mesmo em uso profano;

2 castiçais de prata com o peso de três libras e meia para a mesma Irmandade e serviço da Senhora sem saírem da matriz;

-------------------------------------------------------------------------------- - - 2 coroas de prata com o peso de 154½ oitavas para a Irmandade pôr na cabeça da Senhora e do Menino Deus, a qual coroa do mesmo é dourada.

O que tudo a testadora tinha deixado a ele para o fazer entregue, do que se lavrou este termo

104 _ 1808 _ Em 8 de outubro se congregou a mesa da Irmandade e nela se apresentou o Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro e por ele foi entregue à mesma as jóias seguintes:

1 cordão de ouro grosso, com o peso de 57 oitavas para com ele ornar nos dias festivos a imagem de Nossa Senhora do Rosário no nicho do altar-mor, pondo-se-lhe ao pescoço, que tudo doava à mesma Irmandade, tanto por sua parte, como da falecida de sua irmã Dona Rosa Ana Maria com a condição de nunca serem vendidos, porém caso que aconteça suceder vender, meus escravos os poderão ir buscar e tomarem conta do seu produto, e dispor em sufrágios por minha alma; e outrossim nunca o cordão poderá servir em coisa profana; e de como fez entrega, se mandou lavrar este termo.

105 _ 1809 _ Em 9 de dezembro foi congregada a mesa e na mesma se apresentou o reverendo Vigário da vara o Padre João Carneiro dos Santos, dizendo que vinha entregar os bens que o falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro tinha deixado em verba de seu testamento à Irmandade:

2 moradas de casas, uma defronte à igreja e outra na rua da baixa, uma com o nº 88, no valor de Rs. 150$ mil réis e outra com o número 184, no valor de Rs. 180$000 mil réis;

1 caixilho e cordões finos de ouro no valor de Rs. 60$000 réis; declarou que o caixilho tinha 2 voltas de cordão, perfazendo tudo a quantia de Rs. 430$600, e tudo foi recebido pelo irmão tesoureiro o alferes Antônio Vieira dos Santos, de que se mandou lavrar este termo.

106 _ 1810 _ Em 24 de abril de 1810 foi reunida a mesa da Irmandade e pelo tesoureiro foi apresentada uma verba do testamento com que tinha falecido o falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro, que doava de esmola a Nossa Senhora do Rosário, a quantia de Rs. 100$000 para se desmanchar e fazer de novo a coroa da mesma Senhora e do Menino, e atendendo à mesma Irmandade que pela provedoria dos resíduos, se havia de mostrar cumprir a esta verba como também examinando os irmãos da mesa o estado em que se achavam as ditas coroas, e viram que estavam quebradas, concordaram com o tesoureiro que já tinha em seu poder a esmola que o juiz da festa o irmão o Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos, que recebeu as mesmas coroas, ficando de as mandar para o Rio de Janeiro por conta da Irmandade para virem feitas de novo, obrigando-se a mesma a pagar algum excesso de despesa que com elas se fizessem.

Page 98: Vieira dos Santos vol02

107 _ 1810 _ Em 12 de agosto foi reunida a mesa da Irmandade; agora se descreve os privilégios e as prerrogativas que teve, e a renhida disputa entre a jurisdição eclesiástica e a real, e finalmente os deveres que lhe são inerentes a

-------------------------------------------------------------------------------- - - ela cumprir, seu compromisso e estatutos que lhe servem de regime e foram organizados em 12 capítulos e aprovados pelo Ex.mo Bispo do Rio de Janeiro Fr. Antônio de Guadalupe, por provisão do 1º de dezembro de 1727. Sua corporação é regida por um juiz, 1 escrivão, 1 procurador e 1 tesoureiro e mais doe irmãos da mesa eleitos anualmente a votos da mesma Irmandade conforme ordena seu compromisso nos capítulos 2º, 3º, 4º. O juiz ou juíza seus anuais são 8$ mil réis; escrivão 4$ mil réis e os doze irmãos da mesa duas patacas, e os irmãos singelos uma pataca, conforme o artigo 5. Os encargos que a Irmandade em a cumprir de sua parte são: mandar cantar uma missa nas primeiras domingas de cada mês, chamadas vulgarmente as onze domingueiras, aplicadas pelas almas dos irmãos vivos e defuntos; e no fim com procissão à roda do cruzeiro, a que são obrigados os irmãos a assistirem; e cada irmão da mesa ornar o altar conforme puder em cada domingo conforme o capítulo 4º; mandar dizer mais uma capela de missas, nos dias de sábados no altar da Senhora por tenção dos irmãos vivos e defuntos, por ser altar privilegiado; mandará dizer por cada irmão ou irmã que falecerem quatro missas, como ordena o capítulo 7º; os encargos obrigatórios que em a cumprir pelos recebimentos de legados que alguns falecidos benfeitores deram são: uma capela de missas anualmente em cada sexta-feira de cada semana aplicadas pela alma da falecida Dona Joana Rodrigues França, mandar dizer 4 missas em cada ano no dia do tríduo ou da festividade de Nossa Senhora e no seu altar, aplicadas pelas almas dos falecidos Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro, e de sua irmã D. Rosa Ana Maria. No ano de 1849 esta Irmandade contava em seu grêmio 1.053 irmãos e irmãs. É possuidora de 5 prédios urbanos na cidade. Tem diversas quantias de dinheiro, em mãos particulares, vencendo prêmio muitas jóias de prata e ouro como se verá no inventário do mapa nº 12, mas uma fatalidade acontecida no ano de 1846, de roubarem a coroa grande de ouro da Senhora e a do Menino e mais um rosário grande que também tinha com as quais se costumava a ornar em suas festividades cujo roubo foi feito no dia depois da festa da Senhora. Esta santa Irmandade teve o merecimento e a glória de obter um Breve do Pontífice de Roma, Clemente XI, datado a 4 de agosto de 1706, concedendo aos irmãos dela muitas graças e indulgências.

Outro Breve também alcançaram de Roma para a concessão da Irmandade fazer a festividade da Senhora com um tríduo com missa cantada e laus perene o qual não aparece, sendo concedido por Clemente XIV, e teve começo o mesmo tríduo no ano de 1775, cantadas as missas pelo Padre Bento Gonçalves Cordeiro. Suposto que o Bispo do Rio de Janeiro Dom Fr. Antônio de Guadalupe, em sua provisão que passou, confirmando os estatutos do seu compromisso, tacitamente declarou: "Hei por bem de os confirmar como por esta nossa provisão confirmamos os ditos doze capítulos deste compromisso, com a cláusula de que em presença do reverendo Vigário farão termo assinado em mesa, de em tudo, se sujeitarem à jurisdição eclesiástica, para poderem gozar das indulgências plenárias,

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 99: Vieira dos Santos vol02

privilégios e graças espirituais, concedidas pelo Sumo Pontífice Paulo V, conforme as constituições de Paulo III".

108 _ 1727 _ Em 27 de dezembro, reunida a mesa em presença do reverendo Vigário desta matriz, Antônio Pinheiro Machado, convocados em mesa os irmãos da nova Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, padroeira desta Vila, foi apresentado este compromisso que para mais veneração da mesma Senhora impetraram do mesmo Senhor Bispo desta Diocese Dom Fr. Antônio de Guadalupe, que fosse servido conceder e para poderem gozar dos grandes privilégios, aceitavam e se sujeitavam à jurisdição eclesiástica, por este termo que fizeram e assinaram, para que conste a todo o tempo, e eu Pedro de Sousa Pereira, escrivão desta Irmandade, que o escrevi e assinei, Antônio Pinheiro Machado, Vigário, Tomás Dias Maciel, Francisco Pereira, Pedro de Siqueira, Francisco da Costa Farto, Afonso da Silva, Manoel Moreira Barbosa Cordeiro.

109- 1736 _ Achando-se a Irmandade pacificamente sujeita e subordinada à jurisdição eclesiástica no espaço de 14 anos desde 1727, até o de 1736, em que fez correição na Vila de Paranaguá, em 22 de setembro de 1736, o Doutor Ouvidor da Irmandade, exarando o direito que tinham os provedores, a revisarem as contas das Irmandades e não os visitadores eclesiásticos, por te vindo em 28 de agosto daquele ano o Visitador a Paranaguá Francisco da Fonseca, o qual proveu pedindo que os ouvidores e corregedores não quisessem prover, nesta Irmandade, pela posse em que estavam de tomarem as contas dela, pela ordenação titular 62 § 3º pois que a Irmandade tinha sido erecta pela Provisão do o governador do Bispado de.....de junho de 1727, e que a mesma desde aquele tempo, é que tinha tomado forma de Irmandade, como se via do compromisso e a sua incompetência dos provimentos de Doutor Ouvidor, Antônio dos Santos Soares, pois que só a eles pertenciam tomar contas e das mais confrarias. Desde este provimento principiou um renhido conflito e combate de jurisdição entre o poder Real e o eclesiástico sustentado doutamente e anualmente por espaço de 15 anos, nas ocasiões de suas visitas e correições lide judiciosa e digna de se ver, em os ditos provimentos nos livros da Irmandade do Rosário.

110 - 1741 _ Em 1741, o Doutor Ouvidor Antônio dos Santos Soares, no seu provimento lamenta o estado da Irmandade, achar-se no empenho da Rs. 117$900 rs. havendo por isso a necessidade dos irmãos pagarem seus anuais para se poder fazer a festa da padroeira, e orago da Irmandade.

111 _ 1742 _ Vindo a Paranaguá o Visitador Antônio Pereira Coimbra e escreveu nos livros da Irmandade, exarou um grande provimento e nele alegando todo o direito eclesiástico e mostrando a jurisdição que lhe competia de tomar as ditas contas e de as rever.

112 _ 1743 _ Em 21 de janeiro o Ouvidor e Corregedor Gaspar da Rocha Pereira reviu os livros da Irmandade e achou ela estar empenhada em Rs 117$000 e que agora via ser seu empenho em Rs 287$344 e que por isso em poucos anos se veria extinta e mandou transcrever no livro a provisão régia de 21 de

-------------------------------------------------------------------------------- - - janeiro de 1734.

113 _ 1744 _ Em 8 de fevereiro foi reunida a mesa a passar a examinar as contas da Irmandade sobre o alcance em que se achava, mesmo em respeito ao provimento do ouvidor, e no seu exame de mesa só encontrou o pequeno empenho de 59$090 réis, e não a quantia de Rs. 287$000 a ela

Page 100: Vieira dos Santos vol02

assistiram e assinaram. Gaspar Gonçalves de Morais, Manoel Moreira Barbosa, Antônio Ferreira Matoso e outros homens principais e de maior representação de Paranaguá.

114 _ 1745 _ O Doutor Ouvidor Antônio dos Santos Tavares em sua correição de 24 de maio, escreveu no livro da Irmandade um sábio provimento e digno de se poder ver, e nele mostrou o direito Real em primazia ao Eclesiástico, relativamente sobre tomadas de contas as Irmandades e que este direito só pertenciam aos ouvidores como provedores das capelas e não aos visitadores; e ao mesmo tempo fazendo um grande elogio à Irmandade tecendo-lhe mil louvores e que agora ela marchava para o seu engrandecimento e não que a visse decaída e atacando fortemente aos visitadores e que essa jurisdição só pertencia ao direito Real e somente a eles provedores das capelas, suas razões desenvolvidas com elegante jocosidade e sábio argumento com muitos textos latinos _ Vide o livro de receita e despesa da Irmandade de folhas 160 a 170.

115 _ 1751 _ O Doutor e Corregedor Antônio da Silva Pires Melo Porto Carreiro, em sua correição de 20 de setembro desse ano deixou escrito no livro da Irmandade um provimento feito pelo doutor visitador, indevidamente ali feito, e que os tesoureiros teriam a pena de prisão e 6$400 da cadeia para não apresentarem os livros das Irmandades ao doutor visitador.

116 _ 1753 _ Veio a Paranaguá o doutor visitador Fxxx Vaz, e no livro da Irmandade ainda continuou a pôr provimentos disputando fortemente com argumentos a preferência da jurisdição eclesiástica a estas revisões de contas, apontando diversas leis; mas o doutor ouvidor e corregedor Jerônimo Ribeiro de Magalhães escreveu embaixo deste provimento o dístico seguinte: Risco por ordem Del-Rei. Magalhães.

117 _ 1755 _ O mesmo Doutor Ouvidor Magalhães em correição de 9 de maio de 1755, proveu que S. Majestade nesta diocese mandava restituir aos provedores das capelas a sua posse, e riscar os provimentos dos livros dos visitadores e haja emendas com isso ficando restituído à Jurisdição real aliás darei conta ao mesmo Senhor para proceder a demonstração do que for de seu agrado. Sucumbiu à jurisdição eclesiástica ao poder real guerra literária e porfiadamente continuada de ambas as partes, com enérgica sabedoria sustentada.

No espaço de 15 anos cada qual defendendo seus direitos e prerrogativas. Os rendimentos que tem tido esta Irmandade se verão por extenso desde o ano de 1713 inclusivamente ao de 1850 no mapa nº 13.

O Inventário dos bens móveis e de raiz, prata, ouro e alfaias que possui a

-------------------------------------------------------------------------------- - - Irmandade, são os seguintes:

Inventário dos bens móveis e de raiz e alfaias de ouro e prata e outros objetos do culto que possui a Irmandade.

Bens de raiz

1 morada de casas térreas nº na rua Direita doada por D. Ana Cordeiro

Page 101: Vieira dos Santos vol02

1 dita dita térreas nº 16 na mesma rua.

1 dita dita dita nº 69 na mesma rua.

1 dita dita dia nº 20 na rua do porto da matriz.

1 dia dita dita nº 32 na rua o Ouvidor.

Alfaias de ouro

1 cordão grosso e 1 crucifixo de ouro com o peso de 163 oitavas que deu à Irmandade o Capitão Manoel Gonçalves Carreira e sua mulher D. Catarina da Silva.

1 coroa grande de ouro com o peso de 3 marcos _ 2/0 _ e 4 oitavas que deu o senhor o sargento-mor Damião Carvalho da Cunha.

1 coroa de ouro pequeno do Menino Jesus (1)

1 rosário de ouro grande com o peso de 2 onças e 5 oitavas.

1 cruz de ouro pequena cravada com 11 diamantes

1 par de brincos de ouro ditos com 19 olhinhos de ditos

Com o peso de 3 oitavas dados a Senhora pelo Doutor Mateus da Costa Rosa

1 cordão de ouro grosso com o peso de 57 oitavas e ¾

1 crucifixo grande de ouro do mesmo com 21 diamantes

Dádiva que fez à Irmandade o Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro

1 lucrece de ouro cravado de diamantes

1 par de brincos de ouro com diamantes e peso de 3 oitavas e 9 grãos.

2 cordões finos para se pôr no braço da Senhora do terço, com o peso de 26 oitavas estas três peças foram dadas à Senhora por D. Rosa Ana Maria.

1 rosário de ouro que deu D. Micaela de Oliveira Viana.

1 ramilhete de diamantes e pedras falsas que deu Dona Antônia da Cruz (1) Estas coroas tanto do Menino como de Nossa Senhora foram roubadas da igreja no mês de outubro do ano de 1846 e nunca mais se descobriu quem foi o ladrão.

--------------------------------------------------------------------------------

Page 102: Vieira dos Santos vol02

- - França.

1 par de brincos de aljôfar engastados em ouro com o peso de 5 oitavas que deu D. Catarina da Silva.

Alfaias de prata

1 coroa grande da Senhora.

1 dalmática pequena do Menino e amas com o peso de 154 ½ oitavas, que deu D. Rosa Ana Maria.

1 cruz grande das procissões com o peso 19m - 4/0 - 2 oitavas e 36 g

1 dalmática pequena do guião 1m - 2/0

1 salva de prata 2m _ 6/0

1 vara do juiz 2m _ 6/0

1 coroa de prata grande da Senhora 237 oitavas

1 dita pequena do Menino 94 ditas.

2 castiçais de prata que deu D. Antônia da Cruz França.

2 castiçais ditos com o peso de 3½ £ que deu D. Rosa Ana Maria.

1 imagem do Senhor Crucificado do altar toda guarnecida de prata que deu o Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos.

1 par de brincos de crisólitas engastadas em prata que deu D. Leocádia Antônia Pereira.

Imagens e ornamentos

1 imagem de vulto da Senhora do Rosário e seu Menino no altar.

1 dita da Senhora do Terço ?

1 manto de setim branco agaloado de galão e rendas de ouro que deu Tristão Euclime, em 1814.

1 manto rico que mandou o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira buscar do Rio de Janeiro em 1826.

1 manto do semanário.

1 vestido da Senhora do Terço.

1 saia branca da mesma.

Page 103: Vieira dos Santos vol02

1 cortina de seda verde do nicho.

1 dita de caça de flores dias.

1 ornamento branco inteiro agaloado de galão de ouro a saber: 1 casula, 2 dalmáticas, capa de asperges frontal, pano de púlpito, de estante.

1 capa de asperges de damasco branco agaloada.

1 órgão no coro que deu D. Maria Pinheiro França, em 1754.

1 dito que deram o Padre João Carneiro dos Santos e José Ricardo em 1836.

2 anjos de vulto grande que servem de alumiar o altar-mor para os quais deu 64$ mil réis o sargento-mor Damião da Cunha.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1 crucifixo grande dourado de pôr no altar-mor.

6 castiçais dourados do mesmo.

6 ditos de pau ds.

1 tapete novo com 28½ centímetros que deu o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, em 1814.

1 sino grande da torre que mandou fundir o Capitão-mor Joaquim José da Costa.

1 campainha grande dos enterros.

1 vaso de pedra mármore que deu o Comendador Manoel Antônio Guimarães.

2 ditos ricos para flores grandes.

2 ditos pequenos ordinários.

20 opas de tafetá

2 arandelas de latão

3 bancos _ toalhas do altar e de lavatório, bolsa de tirar esmolas 11 livros da serventia da Irmandade; escrituras de dívidas e outros muitos objetos.

BREVE DO PONTÍFICE CLEMENTE XI de 4 de agosto de 1706, concedendo à Irmandade do Rosário um jubileu perpétuo.

119 _ CLEMENTE XI, para perpétua memória. "Como quer que a nossa notícia viesse que na paroquial ou outra igreja da Vila ou lugar de Paranaguá no Brasil na Diocese de S. Sebastião, há

Page 104: Vieira dos Santos vol02

uma pia e devota confraria erigida ou para ser erigida canonicamente dos fiéis de um e outro sexo, debaixo do título da Bem-aventurada Virgem Maria do Rosário a qual não é instituída para homens, de especial arte, cujos confrades e irmãos costumaram exercer obras de piedade e caridade.

Nós, para que a dita confraria vá cada vez em maior aumento, confiados nas misericórdia de Deus Todo-poderoso e com autoridade de seus Sagrados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. A todos e a cada um dos fiéis de Cristo, de um e outro sexo, que ao diante entrarem na dita Irmandade ou confraria no primeiro dia de sua entrada, recebendo verdadeiramente e confessados, o SS. Sacramento da Eucaristia lhe concedemos indulgência plenária.

Item aos mesmos irmãos e irmãs já entrados e aos que ao diante entrarem na dita Irmandade ou confraria lhes concedemos também indulgência no artigo de morte, de cada um se verdadeiramente receberem o Santíssimo Sacramento e se isto não puderem fazer ao menos contritos disserem com a boca o nome de Jesus ou devotamente o invocarem de coração.

Aos mesmos confrades e irmãos que na dita confraria estão entrados e ao diante entrarem se verdadeiramente arrependidos e confessados, havendo recebido a Jesus Sacramentado, cada ano devotamente visitarem a igreja ou capela ou oratório da dita confraria, na primeira dominga de outubro das primeiras

-------------------------------------------------------------------------------- - - vésperas até o sol posto, do dia, e aí rogarem a Deus pela paz e concórdia dos príncipes cristãos, extirparão das heresias, e exaltação da Santa Madre Igreja, lhe concedemos misericordiosamente em o Senhor indulgência plenária, e remissão de seus pecados.

Além de que aos mesmos confrades e Irmãos que também verdadeiramente contritos e confessados e comungados, visitarem a dita igreja ou capela ou oratório da Confraria em outro quatro dias do ano, feriais ou não feriais até domingo uma só vez nomeadas pelos ditos confrades e aprovadas pelo Ordinário e aí orarem como acima em cada dia, que isto fizerem, concedemos sete anos de indulgências e outras tantas quarentenas.

Item todas as vezes que se acharem presentes às missas, ou outros quaisquer ofícios divinos, que pelo tempo adiante se celebrarem em alguma igreja ou capela ou oratório algumas congregações públicas ou particulares, que da mesma Confraria ou de alguma parte se fizerem e receberem com caridade e amor aos pobres e se fizerem paz com os inimigos ou procurarem que se componham entre si e também aqueles que acompanharem até a sepultura alguns defuntos assim confrades como irmãos outros, e acompanharem quaisquer procissões que se costumam a fazer com licença do Ordinário ou ao SS. Sacramento que se leva aos enfermos em alguma parte, e se impedidos para isso, ouvindo o sinal da campainha, disserem uma vez a oração do Padre-Nosso ou Ave-Maria ou cinco vezes rezarem as mesmas orações pelas almas dos defuntos confrades e irmãos se reduzirem algum de mau estado a melhor vida, ou ensinarem os mandamentos da lei de Deus, ou aquelas coisas pertencentes à salvação, ou exercitarem alguma obra de caridade todas as vezes que por si fizerem algumas destas obras, lhes concedemos 60 dias de indulgência, e outras tantas por quaisquer penitências que na forma costumada da Igreja, lhe forem impostas, as quais perpetuamente terão vigor assim nos tempos presentes, como nos futuros. Porém queremos que se os ditos confrades e irmãos lhes forem concedidas iguais indulgências para durarem para sempre ou até o tempo em que ainda não tenham passado, estas nossas Letras não terão vigor; e também queremos que, se a dita Confraria estiver unida com alguma anti-confraria ou pelo tempo adiante se reunir ou por alguma coisa e se unir e de qualquer modo se instituir as primeiras Letras

Page 105: Vieira dos Santos vol02

Apostólicas, ou outras quaisquer de nenhum modo para com elas tenham vigor, mas desde esse tempo sejam nulas". Dadas em Roma, em Santa Maria Maior, e debaixo do Anel do Pescador, aos 4 de agosto de 1706 e do Nosso Pontificado ano 6."

FROLVIERIO

O Bispo do Rio de Janeiro D. Francisco de S. Jerônimo por sua provisão de 7 de junho de 1717. Provisão de aceitação, confirmação e explicação do mesmo Breve a confirmou.

-------------------------------------------------------------------------------- - - MAPA Nº 13

120 - Receitas e despesas que tem tido a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Cidade de Paranaguá desde o ano de 1714 até 1850.

--------------------------------------------------------------------------------

- -

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 106: Vieira dos Santos vol02

3ª Irmandade do Arcanjo S. Miguel das Almas

Archangelum tuas ad nostrum Custodium

121 _ 1706 - A Irmandade do Arcanjo S. Miguel das Almas ignora-se o ano de sua instituição, mas ela já existia antes do ano de 1706, em que foi concedido à Irmandade do Rosário pelo Papa Clemente XI um Breve de jubileu perpétuo, vendo-se na provisão da aceitação, explicação e confirmação do mesmo Breve, passada pelo Bispo do Rio de Janeiro D. Francisco de S. Jerônimo, de 7 de junho de 1717, ele asseverar na mesma que na igreja matriz havia somente um altar privilegiado de S. Miguel das Almas. Já se vê que esta Irmandade existia há muitos anos e poder obter de Roma ouro Breve, com seus privilégios e por isso ela deveria ser instituída, de data mais antiga, talvez de 1650 até o ano de 1660; é Irmandade pobre, por ter poucos irmãos.

Seus esmoleres nas segundas-feiras de cada semana tiram esmolas pelos fiéis e só mandarem dizer missas pelas almas que estão no purgatório

4ª Irmandade de Santo Antônio

A Irmandade de S. Antônio também se ignora o tempo de sua instituição, mas julgo ter seu começo nos princípios do século. Esta Irmandade é muito pobre por falta de concorrência de irmãos e por isso com poucos rendimentos que talvez não cheguem para o suprimento das despesas anuais.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO SEXTO

Ordem 3ª de S. Francisco das Chagas

Volatilia ori sibi similla convolast.

Ecles. 19

Francisce ferre pauperem

Page 107: Vieira dos Santos vol02

Avara te negat ratis

Isolus et nudo pede

Fluctus volventes protere.

Hymno 10.

Notícia histórica da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco das Chagas, sua instituição na Vila de Paranaguá, deliberações que teve a mesma, a série de seus comissários e a obra da ereção da sua nova igreja.

122 _ A igreja da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco das Chagas é feita de pedra de cantaria e teve seu começo no ano de 1770, inclusive ao de 1784. Seu frontispício é mais chegado ao gosto moderno e nele tem gravadas as armas da Ordem, em uma tarja de pedra. Sua situação é no fim da mesma rua da ribanceira e próximo a esta. Ornam a esta o altar-mor e dois colaterais; no principal está colocada no cimo da tribuna a imagem do Seráfico Padre S. Francisco das Chagas de vulto não pequeno, na postura de joelhos recebendo as cinco chagas de Jesus Cristo crucificado debaixo da denominação "O Senhor Bom Jesus dos Navegantes", que lhe imprime as suas chagas. No altar colateral do lado do Evangelho está colocada a imagem de Nossa Senhora da Conceição, e o do lado da epístola o da Senhora da Guia, e nos dois nichos do altar-mor Santa Teresa e Santa Rosa de Viterbo. Em alguns anos se tem feito a procissão da penitência no da quarta-feira de cinza, indo diversos andores com os santos da Ordem Franciscana. Foi instituída esta Ordem em Paranaguá no ano de 1700 mais ou menos em uma capela que havia dentro da antiga ermida de Nossa Senhor das Mercês ou do Bom Sucesso, como se conhece por um requerimento que os irmãos da mesma Ordem fizeram ao Bispo do Rio de Janeiro

-------------------------------------------------------------------------------- - - por lhes quitar o vigário da igreja o Padre João da Veiga Coutinho o exercício do culto que na mesma ermida a Ordem ali fazia e à saída da procissão dos passos cujo requerimento foi feito pelo ministro da mesma Ordem do teor seguinte:

"Ilustríssimo Senhor,

Diz Gaspar Teixeira de Azevedo, provedor das minas de Paranaguá e neste ano ministro de uma congregação da Ordem 3ª de S. Francisco que eles com outros terceiros constituíram na Vila, trazido licença do reverendo Padre Provincial desta Província em a ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso de que é protetor o sargento-mor Roque Dias Pereira, o qual deu aos superiores a capela e altar dos santos passos, em dita ermida para nela se celebrar e fazer os mais exercícios da Ordem livremente como realmente fazem até que haja convento de religiosos capuchos, de que já se trata e por esta razão querem os superiores tomar à sua conta e fazer a procissão dos passos no seu dia; e o reverendo Vigário João da Veiga Coutinho lhes impede que na dita ermida se façam os exercícios e mais funções de dita Ordem e que os superiores roguem ao sacerdote que lhes parecer para lhes assistir enquanto não há religiosos, intrometendo-se em querer presidir e governar não sendo nem terceiro nem superior da Ordem, de que resulta grande desconsolação aos superiores, o qual dará ocasião a que se remita a associação e de que algumas pessoas não tomem o hábito com que se aumente a Ordem, em serviço de Deus e honra de S. Francisco, pelo

Page 108: Vieira dos Santos vol02

que pedimos a V. Il.ma lhes faça mercê e andar passar carta executória para que o reverendo Vigário não impida e perturbe os superiores para que usem da dita capela dos santos passos, que tem na dita ermida e nela façam seus exercícios com a assistência dos sacerdotes, a quem eles rogarem; e que outrossim façam a procissão dos santos passos e que a possam acompanhar "as mulheres que foram dos irmãos somente. E remetem mercê." Em cujo requerimento deu o Bispo o despacho do teor e forma seguinte. "Damos licença para os devotos terceiros continuarem os seus exercícios nesta ermida e nela se dizer missa, como se fazia; e continuar a procissão dos passos e da maneira que até agora se fez. Rio de Janeiro 14 de novembro de 1705 . Lugar do selo _ Bispo; e logo se achava na mesma o "cumpra-se", o despacho de sua Il.ma como nele se contém. Vila de Paranaguá, em visita de 8 de abril de 1706. Araújo". Vid. em um dos livros de Req. da Ordem 3ª. Vê-se pelo conteúdo deste requerimento que dentro da ermida de Nossa Senhora das Mercês havia outra capelinha com altar separado dos santos passos. O antigo costume de acompanharem as mulheres dos irmãos não deixa de ser um estilo singular porquanto nesse caso deveriam ir incorporados à Ordem, se é que fossem terceiras, indo adiante da procissão, debaixo da cruz alçada com as suas baetas pretas, e seus cordões, mostraria este ato uma aparência bem exótica, pois que não era possível se não fosse para elas terem esta regalia de obterem licença do Bispo, quando as escravas e outras mulheres de igual classe podem acompanhar livremente atrás das procissões, mas isto seria estilo daqueles

-------------------------------------------------------------------------------- - - tempos. Desde o ano de 1705 até o ano de 1746, no espaço de 41 anos se ignoram os sucessos mais notáveis que houve na mesma Ordem por não aparecerem os livros antigos do registo de suas deliberações. O livro que existe de seus acórdãos foi rubricado em 1746, pelo comissário visitador o Padre Fr. Manoel da Trindade e dele é que se extraíram estas memórias.

123 _ 1746 _ Em 31 de maio de 1746, foi congregada a mesa da Venerável Ordem 3ª e nela fizeram uns estatutos particulares enquanto se não admitam as regras dos estatutos de S. Francisco das Chagas da Cidade de Lisboa, e por eles a Ordem poder governar-se. Deliberaram que o irmão ministro daria de sua mesada uma dobra; vice-ministro meia dobra; e os irmãos da mesa a quatro mil réis ou a mais que quisessem; deliberaram mais que se fizesse a festa de S. Francisco em dia de Reis a 6 de janeiro, e que os irmãos ministros tinham obrigação de fazer a festa de S. Isabel, Rainha de Portugal, e da juíza fazer a de S. Rosa à custa da Ordem com toda a cera precisa e que os irmãos noviços fariam a do sepulcro em quinta-feira santa, repartindo o gasto por todos. Esta venerável Ordem é composta de 1 ministro, 1 vice-ministro, 1 mestre de noviços, 1 síndico, 1 secretário, 1 vigário do culto, 6 definidores, um ou dois zeladores e 2 sacristães; as irmãs, 1 mestra de noviças e 1 juíza de Santa Rosa, na forma que determina o cap. 5 dos estatutos de Chagas.

124 _ 1746 _ Em congregação de mesa de 17 de junho deliberaram que por cada irmão que falecesse se lhe mandasse dizer por seus sufrágios 16 missas e se faria no dia de finados 2 de novembro, um oitavário por todos os irmãos falecidos.

125 _ 1754 _ Em congregação da mesa de 24 de junho, sendo ministro da Ordem Gaspar Gonçalves de Morais, e comissário Fr. Pedro de Santa Maria, deliberaram que os dinheiros que se davam de esmolas para as obras da igreja se não gastassem antes os pusessem a juros para não desanimarem os devotos e enquanto não chegasse que se deixasse de se fazer a obra com pouco e se pusesse em boa arrecadação os bens que pertencesse à fábrica para saber-se com que devem sair quando se retirassem da capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões.

Page 109: Vieira dos Santos vol02

126 _ 1756 _ Em congregação da mesa de 5 de julho deliberaram que dali em diante pagariam os irmãos ministros 9$600, de seus anuais; o vice-ministro 4$800; irmãos definidores 2$000; secretário 2$000 e os mais irmãos a 640 réis a fim de influir com mais vontade admissão dos terceiros na Ordem.

127 _ 1759 _ Em congregação da mesa o 1º de junho feita na capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões deliberaram que as eleições para a nova mesa que até ali se faziam pela festa do Espírito Santo, se fizessem dali por diante, em 16 de setembro, véspera das Chagas do Seráfico Padre S. Francisco.

128 _ 1760 _ Em congregação da mesa de 9 de maio se tratou da liquidação de contas dos bens que legou à Irmandade o irmão Vicente da Luz, e acharam haver um saldo a favor de Rs. 1:144$237 réis que sendo repartida a mesma

-------------------------------------------------------------------------------- - - quantia com os religiosos franciscanos; e à Ordem veio a tocar a cada parte a quantia de Rs. 572$118½ réis.

129 _ 1764 _ Em congregação da mesa de 28 de outubro sendo ministro o irmão José Carneiro dos Santos e o comissário Fr. João de Santa Ana Flores, foi proposto a dar-se princípio às novas obras que se queriam fazer da capela, consultando-se o modo mais acerado de se dar princípio às mesmas obras e ficou disto encarregado o mesmo ministro para justar a mesma obra, com os respectivos oficiais.

130 _ 1765 _ Em congregação de 29 de abril, a mesa oficiou ao Provincial do Rio de Janeiro Fr. Inácio da Graça, em resposta ao seu ofício de 3 de abril em que pedia à Ordem que dessem o seu voto em Fr. Manoel da Encarnação para servir de comissário, mas a Ordem respondeu que estava bem satisfeita com Fr. José do Desterro.

131 _ 1766 _ Em congregação de mesa de 28 de setembro a Ordem deliberou acrescentar aos seus estatutos os seguintes artigos:

1º - Que ninguém fosse professar-se neta Ordem sem que entregasse ao síndico 8$000.

2º - Que ninguém professaria sem que tivesse hábito próprio.

3º - Que os que se apresentassem nesta Ordem com patente de outra Ordem donde são filhos, dariam de esmola quatro mil réis.

132 _ 1768 _ Em congregação da mesa de 1º de janeiro deliberaram que os irmãos que pretendessem entrar na Ordem com patente de outra era só os que deveriam pagar a entrada, os que passassem de quarenta anos de idade e não se entendia com os que fossem mais moços, os quais ainda podiam prestar muitos serviços à mesma Ordem, e igualmente deliberaram que aos padres comissários se costumava a pagar por cada sermão 9$600 réis, quando aos mais padres de fora só era 6$400; e que dali em diante se lhe deveria fazer igual pagamento.

133 _ 1769 _ Em congregação de 29 de dezembro deliberaram que se desse princípio à obra da capela-mor da sua igreja para o que ajustaram com o irmão Francisco Xavier da Costa de tirar toda

Page 110: Vieira dos Santos vol02

a pedra necessária para a mesma pela quantia de Rs. 150$000 e se passaram as competentes clarezas.

134 _ 1773 _ Em congregação da mesa de 29 de maio deliberaram que pela falta do comissário que era o Padre Fr. João de Santa Ana Flores, que ficasse interinamente o Vigário da vara, o Padre Francisco de Meira Colassa, porque era irmão 3º interinamente, de que participaram ao Padre Provincial em ofício de 29 do mesmo mês, e em 12 de maio de 1774, o mesmo comissário interino apresentou em mesa a sua patente de comissário efetivo passada pelo Provincial Fr. Cosme de S. Antônio.

135 _ 1774 _ Em congregação de 4 de outubro deliberaram em mesa sobre um requerimento que fez o irmão Francisco Xavier da Costa em que alegava o excessivo trabalho que havia tido no tiramento e condução da pedra para o

-------------------------------------------------------------------------------- - - crescente que se havia feito na obra da capela-mor e pelo qual se havia também acrescentado o mestre pedreiro maior quantia do ajuste, com avultada espórtula; mas que ele por sua parte se satisfaria que a Ordem lhe levassem em conta os seus anuais vencidos os quais andariam por nove a dez mil réis, e que além disso queria que a mesma Ordem o remisse a ele e a sua mulher Joana Nunes.

136 _ 1778 _ Em congregação da mesa de 16 de outubro se apresentou o irmão Caetano Gonçalves pedindo emprestado a juros a quantia de Rs. 300$000, os quais recebeu do irmão síndico Antônio Saraiva Pereira da Costa, e da qual passou à Ordem a competente obrigação.

137 _ 1782 _ Em congregação de mesa de 3 de novembro a Ordem deliberou que se assistisse cada dia com 60 réis ao reverendo Padre Antônio de Sampaio por se achar com moléstia grave e suma pobreza; e alguma coisa mais para o que ele deixava à Ordem as casas de sua vivenda.

138 _ 1788 _ Em congregação de 23 de maio o Padre comissário Fr. José Carlos de Jesus Maria Desterro requereu à Ordem que não tinha quem o servisse no hospício e deliberaram que o irmão síndico Manoel Alves Carneiro comprasse um escravo ou escrava por conta da Ordem e logo comprou uma escrava de nome Joana, de nação mina dos bens pertencentes ao guarda-mor Antônio Pereira de Macedo pela quantia de Rs. 73$710.

139 _ 1778 _ Em congregação de 24 de outubro a Ordem deliberou que se mandasse fazer um resplendor de prata para imagem do Seráfico Padre S. Francisco das Chagas, e outro para o Senhor Crucificado e par estas obras se remeteram para a Vila de Santos 2 libras e 13 oitavas de prata a entregar a João Batista da Silva Passos, para lá se fazerem.

140 _ 1789 _ Em congregação de 23 de abril deliberaram se mandasse fazer o conserto das casas que a mesma Ordem legou o irmão Crispim Fernandes Ribeiro.

141 _ 1790 _ Em congregação de 3 de janeiro, sendo comissário o Padre Fr. Antônio Agostinho de S. Ana para que neste ano se fizesse a procissão da penitência em quarta-feira de cinza, sendo então ministro Antônio Francisco de Mendonça, distribuindo-se as ordens aos irmãos que haviam

Page 111: Vieira dos Santos vol02

dar os andores preparados, e as irmãs os anjos: e o sermão que se devia pregar antes da saída da procissão; parece ser esta a primeira que a Ordem mandou fazer.

142 _ 1790 _ Em congregação de 9 de abril concordaram em que se designasse um adro para a frente da igreja e território para casa do noviciado, oficinas, claustro de que a Ordem necessitava par os exercícios da sua profissão, e quintal para que fique a dita capela separada de outra alguma casa a inquietá-la com ruídos e fumaça na ocasião da celebração dos ofícios divinos e ser de grande indecência; e por isso ordenaram ao síndico, o irmão Tomás de Sousa e Silva que levantasse o muro da parte direita da capela.

143 _ 1791 _ Em congregação de 9 de março deliberaram que o síndico mandasse retelhar a capela-mor e consertar a casa que foi do falecido crispim

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fernandes Ribeiro.

144 _ 1793 _ Em congregação de 21 de junho deliberou a Ordem que fosse vendido um mulatinho filho da escrava Joana e com efeito o venderão ao Vigário da vara o Padre Pedro Domingues Pais Leme, pela quantia de Rs. 44$800.

145 _ 1793 _ Em congregação da mesa de 4 de outubro, sendo ministro José Rodrigues Ferreira e comissário o Padre José da Rocha Martins, se tratou de vender-se à Irmandade de nossa Senhora do Pilar da Graciosa uma custódia de molde antigo, que a Ordem tinha por dádiva que tinha feito o sargento-mor Damião de Carvalho, a qual tinha de peso 11 marcos e que sendo valor de 100 réis cada oitava vinha a importar na quantia de Rs. 80$160 e com efeito dela fizeram venda à dita Irmandade de Nossa Senhora do Pilar.

146 _ 1794 _ Em congregação da mesa de 31 de outubro deliberou a Ordem se mandasse fazer um vaso de prata para dar-se o lavatório depois da comunhão. Determinaram igualmente se dissessem as oito missas no oitavário dos dias de findos.

147 _ 1796 _ Em congregação da mesa de 25 de agosto deliberaram de nomear ao reverendo Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro, para servir de comissário em razão do Provincial Fr. João de Santa Ana Flores ter participado à Ordem, não poder mandar frades por haver falta deles; e mandou a patente para o mesmo Padre Cordeiro, passada por outro Provincial Fr. Joaquim de Jesus Maria e foi apresentada à Ordem em mesa de 21 de janeiro de 1797.

148 _ 1798 _ Em congregação da mesa de 26 de janeiro foi admitido a professar em artigo de morte o Capitão Manoel de Sousa Pinto, o qual deu de esmola a quantia de 50$000.

149 _ 1798 _ Em congregação da mesa de 22 de janeiro foi admitido a professar Pedro da Silva Pinto e que deu de esmola a quantia de Rs. 25$600.

150 _ 1798 _ Em congregação da mesa de 2 de fevereiro deliberaram fazer um ajuste com o carpinteiro irmão Joaquim Eusébio Gomes de fazer a obra das quatro tribunas da capela-mor pedindo de feitio por cada uma 8$ mil réis, e ficando toda a obra por 37$000, prometendo-a de a pôr pronta antes da festa das Chagas.

Page 112: Vieira dos Santos vol02

151 _ 1798 _ Em 10 de abril congregou-se a mesa e nela admitiram a professar Dona Ana Gonçalves Cordeira e deu a esmola de Rs. 50$000 por estar enferma.

152 _ 1798 _ Congregação da mesa de 26 de setembro de 1798, a Ordem admitiu a professar Dona Maria Gonçalves, mulher do Tenente Francisco José Laines, dando de esmola 16$000.

153 _ 1798 _ Em o mês de julho em visita que fez o Ex.mo Bispo Diocesano em a Vila de Paranaguá Dom Mateus de Abreu Pereira em seus provimentos proibiu às igrejas com pena de suspensão a tocar-se o sino às missas em domingos e dias santos depois da missa da oração que se fazia na igreja da matriz. A igreja da Ordem Terceira ficou igualmente compreendida neste

-------------------------------------------------------------------------------- - - provimento e fez a Ordem requerimento ao mesmo Bispo, pedindo a faculdade os tocar nos dias de sextas-feiras que caíssem em dias santos, no dia das Chagas do Patriarca S. Francisco e da festa do mesmo santo e o da Virgem Nossa Senhora da Conceição, padroeira da Ordem, o que lhe foi concedido por despacho do mesmo Bispo, de 9 de abril de 1799.

154 _ 1800 _ Em congregação da mesa de 15 de janeiro e deliberaram que se desse a quantia de Rs. 100$000 réis ao guarda-mor Vicente Ferreira de Oliveira para alcançar-se um Breve Pontifício para que a Ordem possa ser desmembrada do Ordinário deste Bispado e de direitos paroquiais, e serem os irmãos enterrados em seus hábitos, com as mesmas indulgências que têm os hábitos dos religiosos, e seus corpos serem conduzidos no esquife da Ordem.

155 _ 1801 _ Congregação da mesa de 8 de setembro em que a Ordem deliberou aceitar a testamentária do falecido irmão o sargento-mor Francisco José Monteiro de Castro.

156 _ 1803 _ Em congregação da mesa de 7 de março foi recebido um ofício do reverendo Padre Provincial Frei João de S. Francisco Mendonça agradecendo à Ordem Terceira a carta congratulatória que lhe dirigiram.

157 _ 1805 _ Em congregação de 17 de setembro a Ordem admitiu a profissão em artigo de morte a Antônio dos Santos Pinheiro, e deu de esmola 12$800 réis.

Em congregação de 29 de novembro, a Ordem oficiou ao reverendo Padre Mestre Provincial Fr. Joaquim das Santas Virgens dando-lhe os parabéns da sua elevação a Provincial.

158 _ 1806 _ Em congregação de mesa de 28 de agosto a Ordem escreveu um ofício ao Padre Mestre Provincial Fr. Joaquim das Santas Virgens Salazar, participando-lhe que o hospício se achava em total ruína, precisando de grande despesa para o seu reparo e que a Ordem não punha dúvida de o fazer uma vez que S. Rev.ma lhe transferisse o direito e posse que neles tinham, com a condição de neles residirem os muito reverendos Padres comissários, pois que o mesmo hospício foi feito com o auxílio da mesma Ordem, e dos moradores daquela Vila, e que o Capitão Vicente Ferreira de Oliveira tinha ido de mudança para a Cidade de S. Paulo, e havia no mesmo hospício uma livraria e um relógio de parede já antigo, pedindo a Ordem a S. Rev.ma que podia tomar conta de tudo e vigiar do melhor modo sua conservação.

159 _ 1809 _ Em congregação de mesa de 24 de fevereiro a Ordem escreveu uma carta congratulatória ao Padre Mestre jubilado Provincial Fr. Antônio de Santa Úrsula Rodovalho, dando-lhe os parabéns de sua eleição e outro ofício com a mesma data participando que há quinze anos

Page 113: Vieira dos Santos vol02

o falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro exercia o cargo de comissário que agora elegiam ao Padre Fr. Manoel de Santo Tomás Nogueira, e assim que o houvesse de mandar e no entanto se achava exercendo interinamente o Padre Maurício Gonçalves Ramos.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 160 _ 1809 _ E 6 de maio respondeu o Provincial à Ordem que por ora ainda não podia mandar o Padre Fr. Manoel de Santo Tomás Nogueira Costa, mas que mandava a patente para servir de comissário ao Padre Maurício Gonçalves Ramos, ou a outro sacerdote com delegacia a quem possa substituir e a patente trazia este título: "Fr. Antônio de Santa Úrsula Rodovalho, lente jubilado, ex-custódio, examinador sinodal, pregador de S. A. Real e pelo mesmo senhor e examinador da mesa da consciência e ordens, ministro Provincial da Imaculada Conceição do Brasil", etc.

161 - 1810 _ Em congregação de mesa de 16 de maio, a Ordem oficiou novamente ao Provincial Rodovalho participando-lhe que tinham nomeado ao reverendo Padre Fr. Manoel de S. Tomás Nogueira Costa para seu comissário e reger a mesma alegando que estavam sem o pasto espiritual por falta de um religioso da Ordem.

162 _ 1811 _ Em congregação da mesa de 11 de outubro a Ordem fez termo de ter entregue a quantia de Rs. 200$000 a Joaquina Maria dos Passos, como herdeira do falecido sargento-mor Francisco José Monteiro e Castro.

163 _ 1811 _ Em congregação da mesa de 11 de novembro a Ordem deu posse ao novo comissário ao reverendo Padre Mestre Pregador Fr. Manoel de S. Tomás Nogueira, com patente de 21 de outubro, passada por Fr. Alexandre de S. José Justiniano, Provincial, o qual escreveu um ofício à Ordem participando que o mandava.

164 _ 1812 _ Em congregação da mesa de 12 de dezembro a Ordem deliberou que fossem vendidos os escravos pertencentes à mesma Ordem, os quais eram: a escrava Maria, com seu filho Francisco foram avaliados pela mesa em Rs. 153$600, a escrava Bona, com seu filho Claudino em Rs. 153$600, o escravo Jacinto a Ordem o vendeu ao irmão Ricardo de Sousa Pinto no valor de 153$600, cujas importâncias recebera o irmão síndico Bernardo José Munhoz, e o escravo Francisco avaliou-se em 115$200 réis.

165 _ 1812 _ Em congregação da mesa de 17 de setembro o síndico que acabou, entregou em mesa ao novo síndico a quantia de Rs. 560$000 réis, produto dos 4 escravos que a Ordem vendeu e mais 12$800 que deu de esmola Miguel da Cunha, e Rs. 30$140 réis que sobejou do importe da imagem de Nossa Senhora vinda da Cidade da Bahia pelo Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos.

166 _ 1812 _ Em congregação da mesa de 10 de outubro a Ordem deliberou de mandar fazer uns pilares e baldrames ou paredes de pedra para fazerem casas de patrimônio em uns chãos que a Ordem tem na rua da baixa. Igualmente deliberaram se consertassem as campas da igreja.

167 _ 1813 _ Em congregação da mesa de 8 de janeiro a Ordem escreveu ao Provincial Fr. Alexandre de S. José Justiniano, pedindo a conservação de seu comissário Fr. Manoel de Santo Tomás Nogueira.

168 - 1813 _ Em congregação de 18 de setembro, a Ordem tratou de

Page 114: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - tomar as contas ao síndico que mostrou haver despendido Rs. 74$100 com pinturas do altar-mor e seu trono e dos altares colaterais e dos pilares que mandou fazer, nos fundos das casas em que morou o mestre sapateiro Venâncio Guedes Pinto, na rua da baixa, e que a Ordem tinha feito empréstimo a Francisco Alves de Paula da quantia de Rs. 300$ mil réis a juros e que só existia a quantia de Rs. 185$960 réis.

169 _ 1815 _ Em congregação de 6 de fevereiro tomou posse de comissário o reverendo Padre João Muniz de Araújo, por patente de 13 de fevereiro do ano passado pelo Provincial Fr. Francisco Solano.

170 _ 1815 _ Em congregação de 4 de fevereiro oficiou que o Provincial dirigiu à Ordem toda cheia de amor, paz e caridade e unção do Senhor, escrita pelo Padre Fr. Francisco de Santa Teresa Sampaio, secretário da Província.

171 _ 1815 _ Em congregação de mesa de 4 de junho a Ordem deliberou que se tirasse a telha do hospício e que fosse recolhida para se guardar antes que desabasse o mesmo telhado, que estava a cair a cada momento.

172 _ 1815 _ Em congregação de 27 de junho a Ordem deliberou e mandasse buscar ao Rio de Janeiro uma capa de asperges de damasco duplicada de branco e encarnado e 2 peças de durante roxo escuro, que servisse para fazer de novo os hábitos dos santos da Ordem.

173 _ 1815 _ Em 9 de fevereiro ofício que escreveu à Ordem o Provincial Fr. Francisco de Santo Solano significando à Ordem o sentimento que tinha do Padre Manoel de Santo Tomás Nogueira de ter abandonado a sua comissária da mesma Ordem.

174 _ 1815 _ Em congregação da mesma de 4 de novembro a Ordem deliberou por haver necessidade de mandar consertar com novos em madeiramentos e retelhas a capela-mor, o consistório e coro da igreja, e reboque por fora da mesma e bem assim do campanário, conserto do presbitério, as cadeiras debaixo dos arcos e mochos ou assentos necessários das banquetas, castiçais dourados, e de tudo o mais que fosse preciso para a decência do culto e que fizesse o esplendor da mesma ordem.

175 _ 1815 _ E congregação de mesa de 26 de novembro o reverendo Padre comissário João Martins de Araújo requereu ao doutor Juiz de Fora, provedor das capelas, para se lhe aumentar sobre a quantia de doze mil e oitocentos que a Ordem costumava pagar a seus comissários, e ao qual a Ordem respondeu que era uso e costume, conforme seus estatutos e que depois se lhe tinha acrescentado o ordenado de 40$ mil réis que se lhe arbitrou.

176 _ 1815 _ Em congregação de mesa de 17 de setembro a Ordem fez um termo de ser arbitrado o ordenado do Padre comissário de quarenta mil réis.

177 _ 1816 _ Em congregação de mesa de 17 de setembro a Ordem tratou de tomar as contas ao síndico José Bernardo Munhoz e apresentou a conta de despesas que tinha feito com as obras da igreja da quantia de Rs. 130$820 com o produto da venda dos escravos, ficando somente líquido a quantia

Page 115: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - de Rs. 55$140.

178 _ 1816 _ Em congregação da mesa de 23 de outubro a Ordem deliberou aceitar a testamentária da falecida Leonor Lemes de Siqueira.

179 _ 1819 _ Em congregação de 7 de fevereiro a Ordem oficiou ao provincial Fr. José Carlos de Jesus Maria Desterro, participando que o reverendo Padre João Martins de Araújo lhe estava administrando o pasto espiritual, bem e dignamente, e assim que houvesse de lhes mandar nova patente que a mandou com data de 15 de março de 1819.

180 _ 1820 _ Em congregação de 23 de setembro a Ordem deliberou que se assistisse com 60 réis diários ao irmão Antônio José Munhoz por impossibilidade de doenças e não poder trabalhar.

181 _1833 _ A Câmara em 11 de fevereiro oficiou ao Provincial do Rio de Janeiro, participando que no lugar do hospício que antigamente servia de residência aos padres comissários religiosos que nesse lugar já se tinham requerido cartas de datas para se fazer novos edifícios e que agora só ali existiam uns pilares e um muro quase de todo demolido com o andar dos tempos e embaraçava o andamento de uma rua e que por isso se sirva determinar a venda deste resto de edifícios, etc.

182 _ 1833 _ A Câmara recebeu em resposta um ofício de 16 de fevereiro de Fr. Henrique de S. Ana, Provincial, dizendo: "É tal o interesse que tomo pela prosperidade e feliz andamento dessa Vila que, desejando quanto em mim cabe concorrer também para o seu progresso, em meu nome e no de minha comunidade, cedo a esse Conselho, de muito boa e livre vontade, todo e qualquer direito que tínhamos aos restos que ainda existiam do nosso antigo edifício a fim de que V. Senhorias, na qualidade de membros da Câmara Municipal, o façam demolir ou dispor deles do melhor modo que lhes parecer, considerando-o desde hoje como propriedade que lhes fica inteiramente pertencendo".

Não tendo mais dados a escrever os fatos mais dignos de memórias que têm acontecido na Ordem desde o ano de 1820, inclusive a 1833, e desde 1834 inclusivamente até o ano de 1850, por não obter o livro de registro de suas deliberações donde pudesse extrair o que fosse digno de história, por isso que ela aqui finda.

A série cronológica dos padres comissários que tem havido na Ordem 3ª são os que vão exarados no mapa abaixo de nº 14.

MAPA Nº 14

183 _ 1º - 1746 _ Frei Manoel da Trindade, comissário visitador desde 22 de maio de 1746, até 22 de agosto do mesmo ano.

2º - 1746 _ Fr. Pedro de Santa Maria Antunes, desde 22 de agosto até 13 de junho de 1759.

3º - 1759 _ O Padre Mestre Pregador Fr. Manoel da Encarnação desde 13

Page 116: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - de junho até 28 de setembro de 1764.

4º - 1764 _ Fr. João de Santa Ana, desde 28 de setembro de 1765. O Provincial Fr. Inácio da Graça escreveu à Ordem querendo que a mesma desse seus votos para servir de comissário o Fr. Manoel da Encarnação; mas a Ordem não quis, respondendo estarem satisfeitos com o seguinte.

5º - 1765 _ Fr. José do Desterro, desde 28 de setembro de 1765 até 24 de setembro de 1766.

6º - 1766 _ Fr. Custódio de Jesus Maria Vale, desde 24 de setembro de 1766 até 28 de setembro de 1767.

7º - 1767 _ Fr. Miguel de Santa Ana, desde 28 de setembro de 1767 até 22 de setembro de 1773.

8º - 1773 _ Fr. João de Santa Ana Flores, desde 28 de setembro de 1773 até 1776.

9º - 1776 _ O Vigário da vara Francisco de Meira Calassa, desde 1776 até 1781.

10 _ 1781 _ Fr. João de Santa Ana Flores, desde 1781 até 1782.

11 _ 1782 _ Fr. Alexandre da Madre de Deus, de 1782 a 1788.

13 _ 1788 _ Fr. José Carlos de Jesus Maria até 1789.

14 _ 1789 _ Fr. Antônio Agostinho de Santa Ana, desde 18 de dezembro de 1789 até junho de 1790.

15 _ 1790 _ Fr. Antônio da Natividade Costa, desde junho de 1790 até outubro de 1793.

16 - 1793 _ O Padre José da Rocha Martins, desde 4 de outubro 1793 até outubro de 1794.

17 _ 1794 _ Fr. José de Santa Brígida, desde 1794 até 1795.

18 _ 1795 _ O Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro desde 1795 até 1809, em que faleceu foi comissário efetivamente no espaço de 15 anos.

19 _ 1809 _ O Padre Maurício Gonçalves Ramos, desde 15 de maio de 1809 até o ano de 1811.

20 _ 1811 _ Fr. Manoel de Santo Tomás Nogueira Costa desde o 1º de novembro de 1811 até 13 de fevereiro de 1815.

21 _ 1815 _ O Padre João Martins de Araújo, desde 13 de fevereiro de 1815, data de sua patente passada pelo Provincial Fr. Francisco Solano, pregador e ex-definidor e ministro provincial da Conceição do Brasil. A Ordem em 7 de fevereiro de 1818, oficiou ao Provincial Fr. José Carlos de Jesus Maria do Desterro, participando se tinha finalizado o tempo da patente do reverendo Padre João Martins de Araújo e que com ele estavam muito bem servidos, e que houvesse de mandar nova patente, e veio esta com data de 15 de março de 1818, assinada pelo Desembargador Secretário da Província Fr. José de Santa Miquelina; e ocupou o mesmo emprego até a sua morte, no ano de 1822.

Page 117: Vieira dos Santos vol02

22 _ O Padre Albino José da Cruz, desde o ano de 1822 até o de.....

23 _ O Padre Domingos Leite de Mesquita, desde ......até ao presente.

-------------------------------------------------------------------------------- - - MAPA Nº 15

184 _ Inventário dos bens móveis e de raiz e mais alfaias que tem a venerável Ordem Terceira de S. Francisco das Chagas da Cidade de Paranaguá:

1 morada de casas térreas na rua da Ordem, nº 4.

1 dita dita rua Direita, nº 55.

1 dita dita rua do porto da matriz, nº 9.

1 imagem de S. Francisco das Chagas, de vulto com o seu resplendor de prata com 36 oitavas.

1 dita do Senhor crucificado com a denominação do Senhor Bom Jesus dos Navegantes com o seu resplendor de prata com o peso de 20 oitavas.

1 crucifixo que serve na via sacra.

1 imagem de S. Francisco.

1 dita de Santa Isabel.

1 dita de Santa Teresa.

1 dita de S. Luiz Rei de França.

1 dita de S. Ivo.

1 dita do Senhor da Divina Justiça.

1 dita de Nossa Senhora da Conceição.

1 dita de Nossa Senhora da Guia.

1 dita de Nossa Senhora do Carmo.

1 âmbula de prata com o peso de 166 oitavas, seu feito foi a quantia de Rs. 19$200.

1 cálice de prata que deu o irmão Pedro Fernandes.

1 coroa de Santa Isabel com 20½ oitavas.

1 dita de Nossa Senhora da Conceição, com 20½ ditas.

Page 118: Vieira dos Santos vol02

1 resplendor de Santa Ana com 4½ ditos.

1 pálio roxo com suas varas.

4 lanternas.

1 sacrário.

2 capas de asperges que deu o irmão Pedro Fernandes, sendo uma roxa e outra branca.

1 dita encarnada duplicada de branco mandada buscar em 1805.

1 véu de ombro que deu o irmão Antônio Gonçalves e deu mais 1 peça de pano de linho para se fazerem alvas e toalhas.

4 alvas com seus amitos e corporais.

1 missal, 3 sacras, 1 turíbulo e naveta.

1 vaso para a comunhão, 2 pares de galhetas e campainha.

1 bolsa de cálice roxa, 3 véus: roxo, branco e encarnado.

Os andores necessários para os santos da Ordem saírem na procissão de cinza.

1 cruz que deu o irmão Pedro Fernandes.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 36 túnicas para vestuários dos santos da Ordem.

13 ditas de tafetá roxo, com seus pendões para os anjos nas procissões.

1 pedra de ara, que custou quatro mil réis.

2 peças de durante roxo escuro para os hábitos dos santos.

Outras diversas coisas que tem acrescido a este inventário.

A Ordem também tinha uma custódia de prata de antigo molde, com o peso de trezentas oitavas a qual deu o irmão Damião Carvalho da Cunha: esta a Ordem o vendeu à Irmandade de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 119: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO SÉTIMO

3ª Capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões

Notícia histórica da capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, sua ereção e depois da morte de seu fundador e protetor, a continuação dos mesmos protetorados e as diferentes fases por que tem passado já como capela de Ordem 3ª, já como de S. Bendito, e ultimamente como capela da santa Irmandade da Santa Casa da Misericórdia.

185 _ 1710 _ A capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões foi edificada pelo devoto protetor José da Silva Barros, junto com outros devotos, os quais requereram à Câmara lhes concedessem uns chãos devolutos próximos às casas do alferes João da Veiga, de 28 braças de comprimento, e por despacho do 1º de dezembro de 1710 e nos seguintes anos de 1711 ao 1712, foi edificada a mesma, ao estilo antigo; sua altura é bastantemente baixa com um alpendre e coberto na entrada da porta principal, com botaréus aos lados para segurança das paredes. No seu interior tem o altar-mor em que está colocada uma antiga imagem de grande vulto do Senhor crucificado com a denominação do Senhor Bom Jesus dos Perdões; e dois pequenos altares colaterais, um do lado do evangelho, do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, imagem muito respeitosa e que foi do colégios dos extintos Jesuítas; este altar foi feito a expensas do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia que deu de esmola para se fazer o mesmo a quantia de Rs. 105$700.]

O altar do lado da epístola é o de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, a qual imagem foi oferecida gratuitamente pelo irmão o cidadão o Tenente-coronel João Antônio dos Santos, e no mês de março de 1850 a Irmandade deliberou de a mandar novamente encarnar, de novo, dentro de um nicho envidraçado, a preservá-la das umidades, cuja despesa calcularam em 200$000, mais ou menos como participaram em ofício ao Governo Provincial. O altar da mesma Senhora para se fazer de novo deu de esmola o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira a quantia de Rs. 100$000. Esta antiga capelinha tem passado por diversas fases segundo algumas Irmandades que as ocuparam, pois dela se servia a Ordem 3ª de S. Francisco das Chagas para o serviço de seu culto 30 anos desde 1752 até 1782, e depois

-------------------------------------------------------------------------------- - - a Irmandade de S. Benedito, desde 2 de novembro de 1782, em que foi lavrado um termo entre o protetor da capelinha o sargento-mor João da Silva Pinheiro, e a dita Irmandade tomar conta da mesma, e os mais objetos que ela tinha e que os receberam por um inventário para as entregarem da mesma sorte quando desocupassem a dita capelinha, que foi até o ano de 1794 a 1796. Depois da escreveu, em 12 de junho de 1732, ao Provincial da Ordem Seráfica, dizendo: "Que naquela

Page 120: Vieira dos Santos vol02

Vila havia uma pequena capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões e o protetor dela tinha falecido com o desejo de doar a mesma à Ordem Seráfica e seria fácil alcançá-la" Vid. o Tomo 1º nº 297.

186 _ 1755 _ Bem que a mesma pertencesse à viúva foi sempre administrada por protetores para a sua boa conservação e de seus bens e parece ter sido o 2º protetor o capitão Gaspar Gonçalves de Morais, o qual no ano de 1755, vendo que os religiosos franciscanos que nesses tempos estavam em Paranaguá, e haviam requerido à Câmara chãos suficientes para levantarem uma convento, com a competente cerca e querendo os mesmos usurparem parte dos terrenos que eram pertencentes à mesma capelinha, a isso se opôs este protetor, requerendo ao Bispo da Diocese contra eles, e no juízo eclesiástico de Paranaguá correu um pleito forense perante o Vigário da vara o Padre Francisco Meira Calassa, e obteve no mesmo juízo sentença a seu favor de carta de sentença civil, de demarcação na qual foram assinados o promotor Gaspar de Freitas Trancoso, o Padre João Nunes Gomes, síndico dos religioso e o mesmo protetor.

187 _ 1766 _ O protetor deste tempo requereu ao reverendo doutor Vigário capitular a necessidade de ser reparado o arco da capela-mor por estar rachado em duas partes e outros mais consertos que a mesma necessitava, sendo autorizado a fazer tais despesas por despacho de 17 de julho do mesmo ano.

O 3º protetor foi o sargento-mor João da Silva Pinheiro, nomeado pelo Vigário da vara Francisco de Meira Calassa, e promovido no mesmo lugar pelo Visitador o Padre Firmiano Dias Xavier, depois da morte do antecedente, em 1774, e tendo servido efetivamente até 1791, requereu a sua demissão alegando ter mais de setenta anos de idade e morador do Pilar, e foi por isso desonerado em 1791, ignorando-se quem lhe sucedeu na protetoria, até o ano de 1805. No ano de 1798 quando o Bispo Dom Mateus de Abreu Pereira andou visitando o Bispado e veio a Paranaguá foi esta capelinha visitada pelo Visitador do Bispado Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade e proveu em 21 de julho daquele ano "Que dali em diante todos os anos se faria a festa do Senhor no dia 6 de agosto com uma missa cantada à custa dos rendimentos de seu patrimônio e de acordo com o vigário fossem reparadas as alfaias para a decência de seu culto.

188 _ A série cronológica destes protetores é:

1º - José da Silva Barros, seu fundador e primeiro protetor até o ano de 1730.

2º - O Capitão Gaspar Gonçalves de Morais, de 1730 até 1774.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 3º - O sargento-mor João da Silva Pinheiro, desde 1774 até agosto de 1791. Depois destes ignora-se os que houve até 1805.

4º - O sargento-mor Manoel Antônio da Costa, desde 1815 a 1817.

5º - O Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, 1817-1824.

6º - O sargento-mor Bento Antônio da Costa, nomeado pelo Provedor o Doutor João Capristano Rabelo em 24 de julho de 1824 e tomou posse a 2 de agosto de 1824 _ 1826.

7º - O ajudante José Antônio Pereira, nomeado pelo provedor o Doutor Agostinho Ermelino de Leão, em 11 de agosto de 1826, tomou posse a 19 do mesmo 1826 _1832.

Page 121: Vieira dos Santos vol02

8º - O Vigário João Batista Ferreira nomeado pelo juiz de fora em 7 de março de 1833 e tomou posse a 11 de abril, mas não pôde servir pelas suas ocupações paroquiais, foi isento... de.... 1833 _ 1833.

9º - O Comendador Manoel Francisco Correia Júnior, nomeado pelo juiz de fora, pela lei em 19 de setembro de 1833, e tomou posse no mesmo dia, desde 1833 a 1839 e continua.

As receitas e despesas que fizeram estes protetores se verão no mapa nº 16, e do inventário de seus bens móveis, de raiz e alfaias se verão no mapa nº 17. Em o ano de 1828 a 1829, sendo protetor o ajudante José Antônio Pereira, teve princípio a obra do novo frontispício da capela do Senhor Bom Jesus, fazendo-o de novo, e demolindo o antigo alpendre; para a mesma obra obteve dos fiéis devotos uma subscrição voluntária em que tirou pelos fiéis devotos a quantia de Rs. 201$120; e em 1834, sendo protetor o Comendador Manoel Francisco Correia Júnior, e adjunto com o Doutor Agostinho Ermelino de Leão promoveram outra subscrição voluntária pelos devotos paranagüenses e tiraram mais a quantia de Rs. 412$840, ficando concluída a obra, servindo de eterno padrão a seus autores e de glória a todos os fiéis paranagüenses a quem o mesmo Senhor lhes há de retribuir com sua infinita misericórdia principalmente àqueles que deram a sua voluntária esmola, de boa mente e não por vaidade humana.

MAPA Nº 16 e 17

189 _ Receitas e despesas da capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, administrada por diversos protetores.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Protetoria do sargento-mor Manoel Antônio da Costa: Protetoria do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira: Protetoria do ajudante José Antônio Pereira:

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 122: Vieira dos Santos vol02

Protetoria do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior: Inventário dos bens pertencentes à capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, feito no 1º de janeiro de 1834, pelo protetor o Comendador Manoel Francisco Correia Júnior:

1 morada de casas pertencentes ao patrimônio da capela na rua da Ordem nº...

1 imagem grande do Senhor crucificado no altar-mor, padroeiro da capela, com a denominação do Senhor Bom Jesus dos Perdões.

1 imagem do Senhor da Cana Verde, que foi dos extintos Jesuítas.

1 capa nova de veludo carmesim com rendas amarelas douradas que deu o Comendador Manoel Francisco Correia Junior.

1 resplendor grande de prata que deu ao mesmo Senhor o dito Comendador e custou 72$120.

1 cana verde nova de prata que veio do Rio - em 1837 e custou Rs.71$910

1 resplendor grande de prata com 4 alporcas, 3 parafusos, 1 ramilhete de pedras no meio do mesmo senhor.

1 dito de ouro com 22½ oitavas inclusive 1 pedra encarnada.

1 imagem de S. José.

1 dita de S. Bento.

1 dia de Santo Antônio.

1 dita de Santo Agostinho.

1 dita de S. Ana ou da Senhora do Parto.

2 crucifixos, sendo um de latão.

2 coroas de prata velha da Santa Senhora do Parto com 6 oitavas.

2 resplendores de prata de S. José, com 9 oitavas.

6 castiçais de latão, 2 de casquinha e 4 de latão, pertencentes ao colégio dos extintos Jesuítas.

1 lampião de vidro.

3 casulas ordinárias antigas, sendo uma roxa, 1 verde e uma sebasta.

2 bolsas de sebastas com seus véus.

2 alvas, sendo uma nova e outra velha.

2 toalhas finas e 2 ditas ordinárias do altar-mor, sendo uma destas fina.

1 cortina de damasco velha, do altar.

Page 123: Vieira dos Santos vol02

1 cálice de prata e 1 missal usado.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO OITAVO

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia

Notícia histórica da santa Irmandade da Misericórdia da Cidade de Paranaguá, sua instituição, progresso, descrição de seu hospital, enfermos que nele se tem curado, suas receitas e despesas e benfeitores que tem havido.

"Reparte o teu pão e os teus vestidos com os necessitados".

Jacob, 4.

"Assim, filho meu, não tenhas a mão aberta sempre para receber e fechada para dar".

Ecles. 4.

"A caridade os cobre com espesso véu".

Prov. 10.

"Visita os que gemem debaixo do peso das enfermidades".

Ecles. 7.

"Mais doce é dar do que receber"

Atos 20.

"O que dá aos pobres nunca carecerá do necessário, e o que não faz caso deles se verá necessitado"!

Prov. 28.

190 _ 1836 _ A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá, no dia 8 de dezembro do ano de 1836, na capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, tomando a mesma

Page 124: Vieira dos Santos vol02

Irmandade por sua padroeira e singular protetora a Virgem Santíssima da Conceição, e pela aprovação dos estatutos de seu compromisso aprovados pela Assembléia Legislativa Provincial e pela lei nº 30 de 7 de março de 1830, e sancionada pelo Presidente José Cesário de Miranda. (1) A Irmandade foi originária duma heróica associação que havia na mesma Cidade, instituída em 9 de outubro do ano de 1831, debaixo do título (1) Foi inaugurada neste dia, em que houve uma festividade a mesma Senhora, com missa cantada; e se fizeram as eleições de provedor, escrivão, tesoureiro e irmãos da nova mesa.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Associação da Sociedade Patriótica dos Defensores da Independência e Liberdade Constitucional", e na sessão da mesma de 26 de julho de 1835; o filantrópico sócio e Comendador Manoel Francisco Correia Júnior cheio de uma pia devoção e caridade cristã a favor de seus compatriotas indigentes, indicou uma proposta à mesma sociedade que se vê exarada no livro 1º destas memórias em o nº 786.

Esta proposta foi geralmente adotada pela sociedade; e por este motivo deve ser considerada aquele cidadão como o principal fundador de um estabelecimento tão caridoso.

191 _ 1836 _ Outra lei provincial de nº 27, de 7 de março de 1836, da Assembléia Legislativa, e sancionada pelo mesmo Presidente José Cesário de Miranda concede à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Paranaguá a faculdade de adquirir por todos os títulos em direito reconhecidos de possuir até a quantia de Rs. 40:000$000 de réis, em bens de raiz, para a mantença dos piedosos fins do seu instituto.

192 _ 1836 _ Em 8 de dezembro, como já se disse, foi esta Irmandade instituída e na capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, sendo convocados todos os sócios da extinta Sociedade Patriótica dos Defensores da Independência e Liberdade Constitucional, ora convertida em Irmãos da Santa Casa da Misericórdia se passou à nomeação de um provedor que paga o anual com 16$ mil réis de sua jóia; o escrivão com 1$600 réis, o tesoureiro com 1$600réis, o mordomo do hospital com 1$600 réis, o mordomo dos presos com 1$600 réis, o procurador com 1$600 réis, e doze irmãos de mesa a 1$280 réis, de suas jóias, e os irmãos singelos a duas patacas, tendo obrigação cada irmão que entrar pagar quatro patacas de entrada na conformidade dos seus estatutos. A série cronológica dos cargos principais da Irmandade que tem ocupado vários cidadãos vão exarados no mapa nº 19.

Desde o ano de 1836, inclusive a 1849 entraram nesta Santa Irmandade, 224 irmãos e irmãs, destas tem falecido 35, despediram-se dela outros 35, e destes sendo a mor parte destes pessoas abastadas, e de influência que bem poderiam sustentar o engrandecimento e o esplendor dela, que desgraçadamente de sua primitiva prosperidade.

Desde o mês de dezembro de 1847 ao mês de dezembro de 1849 mais nenhum irmão entrou nela; ignora-se qual seja um tão repentino desânimo dos paranagüenses se é a falta de religião ou piedade.

Alguns benfeitores já tem havido como se verá da lista abaixo e que tem deixado à Santa Casa esmolas e legados a um tão pio estabelecimento que é um dos mais caridosos da cristandade, e é de esperar que os paranagüenses mais favorecidos da fortuna, nas suas últimas horas da vida, se

Page 125: Vieira dos Santos vol02

lembrem em deixar alguns socorros para sustento e curativo daqueles infelizes que estão sofrendo o amargo padecimento de suas dores; e próximo a caminharem para a sepultura, se não tiverem nenhuns socorros de seus concidadãos. Os nomes destes beneméritos benfeitores são os seguintes gravados seus nomes nestas

-------------------------------------------------------------------------------- - - memórias para ficarem eternizados para sempre esperando-se que cada vez mais ela seja aumentada no futuro.

193 Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia

1838 1 Esmola que deu o falecido José Ricardo 40$000 1839 2 Idem que deixou em testamento o falecido

Capitão Joaquim Antônio Guimarães 20$000 1839 3 Idem que deixou em testamento Joaquim

Maria de Araújo 500$000 1840 4 Idem o Capitão Hipólito José Alves 150$000 1840 5 José Narciso Coelho em medicamentos 60$000 1841 6 Idem que deixou em testamento o Padre João

Crisóstomo de Oliveira Salgado Bueno 50$000 1841 7 Idem que deixou em testamento o Padre João

Carneiro dos Santos 100$000 1842 8 Maria Lucinda 50$000 1843 9 Idem em testamento Manoel José Pereira Braga,

um escravo 411$411 1843 10 Esmola que deu o Capitão-mor Manoel Antônio

Pereira para se fazer o altar de Nossa Senhora da

Conceição 100$000 1843 11 Idem que deu o Tenente-coronel Manoel Francisco

Correia para a fatura do altar do Senhor Bom Jesus da Cana

Verde 105$700 1845 12 Idem que deixou em testamento o Doutro médico

inglês Guilherme Wyle 100$000 1846 13 Idem que deixou em testamento Antônio José

Pinto de Mesquita (1) 400$000 TOTAL 2:267$111

Hospital da Santa Casa da Misericórdia

194 _ O Hospital da Santa Casa da Misericórdia foi confeccionado junto à capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões. Sua frente é de cem palmos, fronteando com o frontispício da capela, e de fundos setenta para o lado da rua da Misericórdia. Na face que olha para o lago do mesmo nome, tem 6 janelas de

Page 126: Vieira dos Santos vol02

(1) Em 19 de abril de 1837 João Gularte ofereceu para a Santa Casa 12 lençóis e 6 mantas.

-------------------------------------------------------------------------------- - - peitoril e para a rua da Misericórdia, 1 porta principal da entrada deste edifício. Suas divisões interiores são: uma grande sala onde se fazem as sessões da Irmandade, que ocupa duas janelas da frente. Tem mais uma hospedaria com uma janela, outra hospedaria maior, que tem duas janelas e nesta cabem dez enfermos, e na esquina uma sala com outra janela a cada lado e que serve de botica. Entre estas salas as divide um corredor desde a entrada até ao fundo para a parte da capela do Bom Jesus de 8 palmos de largo. No lado do fundo tem uma sala e alcova, onde moram os enfermeiros e três salas que servem de enfermarias de mulheres e despejos do serviço do hospital. Em um grande puxado de continuação do mesmo edifício tem quartos de serviço, despensas da casa e cozinha.

Para a confecção desse hospital no ano de 1841, a Assembléia Legislativa Provincial na lei nº 30 de 31 de março de 1838 mandou dar o auxílio de dois contos de réis para o hospital e que foram recebidos pelo tesoureiro Antônio Pereira da Costa; porém não chegando a mesma quantia para a conclusão da obra, a Irmandade da Santa Casa pediu por empréstimo a quantia de um conto de réis à Sociedade União Paranagüense, por espaço de dez anos a pagar em prestações anuais de cem mil réis, faltando ainda pagar duas prestações a consolidar esta dívida.

A casa do hospital até o ano de 1849 se tem despendido nela a quantia de Rs 3:704$000, em sua construção não entrando nesta quantia muitas esmolas de materiais e dias de serviço que generosamente prestaram muitos cidadãos paranagüenses.

Sendo marinheiros que faleceram 16

Idem pessoas pobres 42

Idem escravos 1

Idem soldados 1

TOTAL 60

Enfermos que saíram curados do hospital são:

Marinheiros 415

Idem pobres 99

TOTAL 514

Despesa anual que faz a Santa Casa da Misericórdia com o expediente do curativo dos enfermos nos seus empregados:

Page 127: Vieira dos Santos vol02

195 _ Com o médico de partido anualmente Manoel José da Cunha Machado 100$000 1 Enfermeiro e 1 enfermeira a 8$ por mês 192$000 2 Serventes - cada mês 6$400 153$600

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1 Serventa _ 6$000 72$000 1 Escravo para servir no hospital que ofereceu gratuitamente

o Capitão Hipólito José Alves $

196 _ Inventário dos móveis da Santa casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá no 1º de fevereiro de 1850 que se acham em necessidade de serem reformados:

12 camas ordinárias feitas no ano de 1836

2 mesas com gavetas

4 mesas pequenas dentre as camas

1 dita pequena velha para esmola dada para a botica

4 caixas de servidores ordinários

6 gamelas compridas.

Móveis em estado de servir

4 camas

3 mochos

2 bancos

2 mesas

1 mesa grande das sessões

30 lençóis

12 fronhas

5 toalhas

1 dita de botica de linho

4 colchas de chita

Page 128: Vieira dos Santos vol02

5 ditas de lã

6 colchões

6 travesseiros

1 rede de esmola

1 baeta preta para coberta da mesma

9 travesseiros usados

6 colchões novos

4 toalhas de mão

Móveis inservíveis e que são precisos refazer-se

6 colchões

6 travesseiros

6 colchas de chita

6 ditas de lã

4 camisolas

-------------------------------------------------------------------------------- - - 6 fronhas

Louça do uso velha que precisa ser reformada

18 pratos brancos, fundos e rasos

16 tigelas sortidas

2 bules bancos

1 dito de folha

8 escarradeiras brancas

8 canecas sortidas

Page 129: Vieira dos Santos vol02

2 bacias pequenas

8 casais de xícaras e pires pequenos

10 quartinhas ou bilhas para água

2 alguidares vidrados

4 servidores de barro

197 Utensílios usados e quase inservíveis

8 facas velhas

12 garfos e colheres ordinários de ferro

1 enxada velha

1 machado velho

1 machadinha dita

2 grelhas de ferro

2 trempes quebrados

1 ralador

1 chaleira

1 chocolateira

6 lanternas sem vidros

4 ditas inúteis

2 folhas para guardar açúcar e farinha

Móveis de ferro servíveis

1 espeto de ferro

1 trempe

1 grelha

1 tacho de cobre

1 bacia de arame para banho

1 almofariz de ferro

Page 130: Vieira dos Santos vol02

1 dito de bronze

4 lanternas

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1 serrote

1 enxó

4 castiçais

1 pá de ferro

6 pratos brancos

6 tigelas

4 canecas e pires

N.B. Esta louça é nova.

Eis aqui os últimos móveis que possui a Santa Casa até hoje, e sem meios de reformar o que é inútil.

O que existe novo que são 4 colchas de chita, 6 de lã, 6 colchões e 6 travesseiros, 10 lençóis e 6 fronhas e a louça nova que já foi reformada pela mesa atual, que achou quase tudo inservível e por isso foi mister fazer essa despesa em Rs. 77$000 além de algumas coisas dadas por esmolas por diversas irmãs.

198 _ 1837 _ Em 23 de julho congregada a mesa da Santa Casa da Misericórdia, e nela apresentado o regimento interno do hospital, leu-se um ofício de João Gularte fazendo oferta à Irmandade de 12 lençóis e 6 mantas para o serviço do hospital e outro ofício de José Ricardo dos Santos, oferecendo à Irmandade uma esmola de Rs. 40$000 réis, sendo esta a 2ª sessão.

199 _ 1837 _ Na terceira sessão de 24 de setembro foi apresentado um ofício do juiz de paz do 2º distrito requerendo que fossem admitidos a curar-se no hospital os doentes com bexigas, e deliberaram que se pusessem na chácara do patrão-mor Manoel de Araújo França, para lá serem curados.

200 _ 1838 _ Na quarta sessão ordinária de fevereiro de 1838 foi apresentada uma portaria do Presidente da Província, de 31 de janeiro do presente ano, participando à Irmandade que naquela data ordenava à tesouraria da Província para que mandasse arrecadar pela alfândega a contribuição, em virtude da lei Provincial de 23 de março de 1835: compete a esta Irmandade recebê-las. Apresentou-se outro ofício do Inspetor da alfândega desta Vila de 21 de agosto do ano findo, em que comunicava a esta Irmandade que o Ex.mo Presidente, em portaria de 26 de dezembro de 1836, determinava que se entregasse à Santa Casa, a parte do colégio que se achava desocupada pela alfândega.

Page 131: Vieira dos Santos vol02

201 _ 1838 _ Na quinta de 28 de fevereiro. Nela se ofereceu o Dr. médico Guilherme Wyle para assistir aos enfermos com a sua presença e remédios.

202 _ 1838 _ Na 6ª sessão, de 11 de março, trataram sobre os reparos que precisava o colégios dos extintos Jesuítas e que a Junta da Fazenda ofereceu à Irmandade para servir de hospital, com cuja despesa a mesma Irmandade não podia e que nesse caso antes fosse alugada a casa em que morava o Capitão Francisco Carneiro, que pertencia à Irmandade do Santíssimo Sacramento.

203 _ 1838 _ Na 7ª sessão, de 22 de junho, a mesa deliberou que se

-------------------------------------------------------------------------------- - - alugasse a casa da Irmandade do SS. Sacramento e sobre outros objetos.

Na 8ª sessão de 2 de setembro a mesa tratou sobre se fazer a festa da padroeira do hospital e se a capela estivesse em obras a mesma seria feita na igreja da Ordem Terceira.

204 _ 1839 _ Na 9ª sessão de 13 de janeiro, a mesa tratou sobre o ingresso na Irmandade de muitos irmãos que eles mesmos se demitiram dela, quando sendo pessoas abastadas de bens poderiam prestar muitos serviços à mesma Irmandade, conservando aquele esplendor de que ele necessitava ter.

205 _ 1839 _ Na 11ª sessão de 21 de janeiro, deliberaram sobre o legado que tinha deixado à Irmandade Francisco Maria de Araújo a esmola de Rs. 500$000 mil réis. A Irmandade deliberou se lhe mandasse cantar uma missa ad requiem e depois dela mais doze missas rezadas.

206 _ 1839 _ Na 12ª sessão de 12 de março o médico do hospital o Dr. Guilherme Wyle requereu à Irmandade que lhe mandasse pagar a quantia anual de Rs. 200$000 pelo seu trabalho; deliberaram que o procurador com ele fizesse ajuste.

207 _ 1839 _ Na 13ª sessão de 1556 de julho, a mesa declarou na sua ata que o Capitão Hipólito José Alves tinha dado de esmola a quantia de Rs. 50$000 para o hospital além de mais 100$ mil réis que já dera e cuja oferta foi recebida com especial agrado.

208 - 1841 _ Na sessão de 12 de janeiro a mesa deliberou que se requeresse à Assembléia Provincial alguma quantia para a conclusão do novo hospital.

209 _ Na sessão de 7 de março de 1841, o Comendador Manoel Antônio Guimarães se encarregou da conclusão da obra do novo hospital e mostrou haver importado a receita da Irmandade em réis 2:503$055 réis e a despesa em Rs. 2:515$800, e o mesmo Comendador junto com o sargento-mor Bento Antônio da Costa ofereceram a quantia de 150$000 réis para se acabar de assoalhar os três salões.

210 _ 1841 _ Na sessão de 6 de junho a mesa tomou contas ao tesoureiro e se viu ter rendido o primeiro trimestre desde 31 de dezembro do ano próximo passado até 31 de maio Rs. 580$520 e a despesa Rs. 545$600.

211 _ Sessão de 29 de agosto: deliberaram sobre a portaria do Presidente da Província em que determinava à Irmandade lhe mandassem a planta do edifício do hospital e a mesa deliberou fosse

Page 132: Vieira dos Santos vol02

remetido e ordenaram ao tesoureiro mandasse buscar do Rio de Janeiro, quatro castiçais de casquinha e mais um tapete.

212 _ Sessão de 19 de setembro tomaram contas ao tesoureiro e acharam haver rendido o trimestre findo em 31 de agosto Rs. 950$130 e a despesa em Rs. a quantia de 966$263.

213 _ Sessão de 31 de outubro. Em mesa apresentou o provedor Manoel Francisco Correia Júnior um ofício do inspetor da tesouraria e outro do Presidente

-------------------------------------------------------------------------------- - - da Província mandando entregar pela alfândega a quantia de Rs. 2:000$000 que a Assembléia Provincial tinha decretado para auxílio da confecção do hospital da Santa Casa da Misericórdia.

Nos mais anos sucessivos houve as sessões necessárias para as tomadas de contas, expediente do hospital da Santa Casa e outros arranjos relativos à administração e regime da Irmandade.

214 _ 1850 _ Sessão de 10 de março de 1850. A mesa da Santa Casa dirigiu ao Presidente da Província os ofícios seguintes:

"Il.mo e Ex.mo Senhor.

A mesa da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá a bem dos interesses da mesma dirige as petições inclusas à Assembléia Geral Legislativa deste Império e roga a V. Excelência se sirva mandar apresentar a mesma para ser deferida. A mesa igualmente roga a V. Excelência se sirva prestar-lhe seu valioso apoio a bem da humanidade desvalida para que a Irmandade obtenha o que requer visto que se acha ela em sérias necessidades como mostra pelos documentos que a acompanham. Deus guarde a V. Excelência por muitos anos. Paranaguá, em mesa de 10 de março de 1850. Il.mo e Ex.mo Senhor Visconde de Monte Alegre, Conselheiro de Estado, Senador do Império, Presidente do Conselho de Ministros e Secretário de Estado dos Negócios do Império".

Ofício dirigido ao mesmo Presidente:

"A mesa da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá endereça a V. Excelência o ofício (acima) junto ao Ex.mo Ministro do Império cobrindo duas petições que a mesma dirige à Assembléia Geral Legislativa rogando a V. Excelência não só a breve remessa, como satisfatória informação como esperam os abaixo assinados dos conhecidos sentimentos de V. Excelência em socorro dos desvalidos. Deus guarde a V. Excelência muitos anos. Paranaguá em mesa de 10 de março de 1850.

"Manoel Francisco Correia Júnior, provedor; Ricardo Gonçalves Cordeiro, escrivão; Eduardo W. da Costa, tesoureiro; Arnaldo José da Cruz, procurador; Joaquim Pinto de Amorim, mordomo do hospital; Carlos Augusto de Melo Franco, mordomo dos presos; irmãos de mesa Florêncio, José Munhoz, Manoel Antônio Pereira, Manoel Gonçalves Guimarães, Joaquim Cândido Correia, João Alves Bezerra, Raimundo Ferreira de Oliveira Melo e Albino José Martins Andador".

Petições que fez a mesa da Santa Casa da Misericórdia à augusta Assembléia Geral Legislativa.

Page 133: Vieira dos Santos vol02

215 _ 1ª - "Augustos e digníssimos Senhores Representantes da Nação. A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá, da Província de S. Paulo, criada pela provisão do Ex.mo Bispo Diocesano de 28 de fevereiro de 1835, e pela lei provincial de nº 30, de 7 de março do mesmo ano,

-------------------------------------------------------------------------------- - - que aprovou seus compromissos, tendo obtido por outra Lei Provincial nº 27, de 7 do mesmo mês e ano, a faculdade de possuir até quarenta contos de réis em bens de raiz para mantença dos piedosos fins de seu instituto na dúvida de que a autoridade que tal concedeu não tenha a faculdade precisa para a concessão, os mesários da mesma Irmandade, em nome dela, vem pedir-vos, augustos e digníssimos Senhores Representantes da Nação, que confirmeis a dita lei, a fim de que a Irmandade possa legalmente possuir bens até a referida quantia. Essa confirmação se faz urgente porque tendo Manoel Gomes do Santos deixado em seu testamento uma morada de casas debaixo das condições constantes da certidão junta, para se verificar a posse o usufrutuária, necessita a Irmandade estar legalmente autorizada a possuir esse prédio; por isso pedem a vós, Augustos e Dignos Senhores Representantes da Nação, confirmeis a citada Lei Provincial nº 27, de 12 de março de 1846, e que permitais além disso que elas sejam extraídas nessa Corte, visto que tendo havido e há dificuldades em correrem elas nesta Cidade, como passareis a ver.

"Senhores! Na cópia da petição que a mesa dirigiu a sobre dita Assembléia Provincial vereis as razões que a moveram a pedir essas loterias, razões que sendo atendidas por aquela Assembléia tiveram em resultado, a concessão das loterias pedidas. Em conseqüência disso, tratou a mesa de eleger um tesoureiro na sessão geral da Irmandade, de 14 de março de 1847, recaindo a nomeação no irmão Joaquim Américo Guimarães; este por seu estado valetudinário, recusou-se como consta do documento nº 2; e reunindo-se a Irmandade para nova eleição de tesoureiro, em 18 de abril do mesmo ano, resolveu não nomear outro, e sim pelas razões expendidas em seu ofício da mesma data nº 3, pedir ao Ex.mo Governo da Província autorização para que essas loterias fossem extraídas na Corte. O Governo da Província, como se vê pela cópia nº 4, da portaria de 21 de maio do mesmo ano, não se achou autorizado para fazer essa concessão, o mesmo Governo exigiu, em portaria de 8 de junho de 1848, cópia nº 5, algumas informações sobre o estado da Santa Casa, subministrou ,em ofício de 4 de agosto do mesmo ano (cópia nº 5), mostrando o alcance que tinha a Irmandade a nenhuma esperança de melhora e pedindo ao mesmo governo sua coadjuvação em favor da Santa Casa. De então para cá, subindo de ponto as dificuldades para a extração de loterias concedidas por outras leis provinciais, a mesa não tem tomado resolução alguma a fim de tornar efetiva essa concessão tão necessária para a mantença do hospital e para o socorro da humanidade desvalida! Desde então, Senhores, em nada tem melhorado a Irmandade; suas rendas têm decaído, de forçá-la a lançar mão de algumas deixas e mesmo de uma pequena quantia de dinheiro que tinha capitalizado para fazer frente a suas despesas ordinárias. Até, Senhores, por falta de meios, teve ela com dor de fechar seu estabelecimento a muitos desvalidos, recebendo apenas marinheiros, como é obrigada, por ser seus únicos réditos os emolumentos da marinha, como se demonstra na conta corrente º 7! Ainda assim o documento n º 8, vos fará ver o

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 134: Vieira dos Santos vol02

número dos enfermos marinheiros e pobres que se tem tratado no hospital desde seu estabelecimento até 31 de dezembro do ano findo. Agora não tendo a Irmandade outros réditos além dos emolumentos da marinha, dos módicos anuais e de poucas esmolas que tudo junto chega apenas para as despesas já muito economizadas no tratamento dos marinheiros, pois talvez em breve a necessidade a force a não socorrer como é de seu dever, esses mesmos, atendendo a que esse ano parece ter decrescer muito a navegação, em razão da baixa dos gêneros que exporta esta Cidade para os mercados do Rio da Prata. Os abaixo assinados, portanto, baseados na justiça e necessidade em que se vê o estabelecimento, confiados a sua administração, animam-se a impetrar de vós, Augustos e Digníssimos Senhores Representantes da Nação, que lanceis vossas vistas benignas sobre este nascente e pio estabelecimento iguais que corram nessa Corte as loterias já concedidas em benefício deste hospital de caridade, ou concedendo-lhe outras iguais às que tendes concedido à Irmandade dessa Corte, e mesmo de outras Províncias. Cônscios da justiça de sua petição, e do caráter da filantropia e religião que vos anima, esperam os abaixo assinados serem atendidos com o que

RR. Mercê."

Seguem-se as assinaturas da mesa.

217 _ 1850 _ Na mesma sessão de 10 de março, a mesa oficiou ao Presidente da Província acompanhado duma representação à Assembléia Legislativa Provincial do teor seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor.

Não constando à presente mesa da Santa Casa da Misericórdia desta Cidade ter a mesa finda dado cumprimento ao que determinou o Ex.mo Governo no aditamento à portaria de 8 de junho de 1848, apressa-se esta a levar à presença de V. Excelência a conta corrente da receita e despesa do ano findo. Por ela verá V. Excelência um saldo a favor da Irmandade em Rs. 173$530. Deste resultado inferirá V. Excelência que a Irmandade tem prosperado, porém infelizmente acontece o contrário antes tem definhado. O ano findo foram os emolumentos da marinha maiores do que os anos anteriores e com eles pode sustentar-se as despesas totalmente indispensáveis de curativo de alguns marinheiros. Para que a renda fizesse face à despesa não foram admitidos pobres no hospital; e ultimamente, marinheiros; o tratamento foi tão mesquinho que estes mesmos preferiam curar-se só aqueles totalmente desvalidos. Os serventes foram e são ainda insuficientes; a botica se acha desfalcada dos principais medicamentos e a ponto que esse saldo talvez não seja suficiente para a compra só de remédios.

A imagem da Senhora da Conceição, orago da Irmandade, se acha descolada e desencarnada, mandando-se fazer um nicho envidraçado para preservá-la da umidade, cuja despesa se orça acima de duzentos mil réis. À

-------------------------------------------------------------------------------- - - vista pois das necessidades com que a administração atual tem a lutar por falta de meios e decrescência prováveis nos rendimentos do mar, resolvemos na sessão de hoje, representar à Assembléia Legislativa Provincial, suas necessidades pedindo algum socorro anual, para a sustentação de seu hospital cuja petição endereça a V. Excelência para que sirva levar à presença

Page 135: Vieira dos Santos vol02

da mesma Assembléia, dignando-se apadrinhá-la como é de esperar, à vista da justiça do pedido, e do caráter de V. Excelência a bem da humanidade desvalida. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, em mesa de 10 de março de 1950".

Seguem-se as assinaturas da mesa.

Senhores da Assembléia Provincial.

1281 _ "A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá, erecta em virtude da provisão do Ex.mo Prelado de 28 de fevereiro de 1836 e Lei Provincial nº 30, de 7 de março do mesmo ano, tendo já levado à Vossa presença um requerimento, pedindo socorro para a fatura do seu hospital, o que foi atendido, consignando-se na Lei do Orçamento Provincial de 1841, dois contos de réis, quantia esta que foi aplicada para esse fim. E com a qual e algumas esmolas se pôs o edifício em circunstâncias de poder admitir os marinheiros e alguns pobres tendo-se gasto com ele Rs. 3:704$ mil réis, sem entrar nesta quantia algumas esmolas de materiais e diversos gratuitos. Logo que o edifício esteve capaz de trasladação alguns doentes existentes em uma casa alugada se passaram a eles para o hospital, a fim de se poupar os aluguéis das casas, para depois se ultimar o mesmo a crescer, porém os limitadíssimos réditos quase cifrados nos emolumentos da marinha, não têm permitido fazer-se mais que alguns preparativos e consertos absolutamente necessários, aplicando para isso sua renda ordinária, e algumas pequenas deixas. Para ultimar o edifício força foi emprestar da Sociedade União Paranagüense um conto de réis, pagáveis logo que estivesse o edifício pronto, a cem mil réis anuais dos quais ainda se restam Rs. 200$ mil réis, como vereis, Senhores, das contas correntes a esta anexa. Nos princípios do estabelecimento algumas deixas se pôde capitalizar um conto de réis, que se deu a juros, porém as crescentes necessidades do mesmo fez lançar mão desse pequeno fundo, a fim de fazer face às despesas que mal chegam par a sustentação e curativo dos marinheiros, tendo a Irmandade com dor repelido muitos pobres que têm recorrido ao hospital, recebendo só aqueles que sua excessiva falta de meios levaria talvez a uma morte certa. O ano findo quase nenhuns pobres se recolheram e como a mesa nada despende, só deixando o hospital e a botica exausta de tudo, não pode o rendimento da marinha fazer face à despesa; este ano porém que se faz mister refazer a botica, comprar roupas e outros utensílios, acrescendo a necessidade de mandar colar e encarnar a imagem de Nossa Senhora da Conceição, orago da Irmandade, e fazer um nicho envidraçado a fim de preservá-la do ar, cuja despesa é orçada em 200$ mil réis, não pode a Irmandade com os seus réditos que, como dissemos, se reduz aos emolumentos da marinha, algumas diminutas

-------------------------------------------------------------------------------- - - esmolas da bolsa a qual e os anuais é apenas aplicadas para as despesas do altar, festa e enterros dos pobres, que a Irmandade sobrecarrega portanto se vê a mesa atual nos maiores apuros para poder continuar a prestar tênues serviços aos homens do mar e alguns pobres desvalidos. Além disso é de presumir com a deficiência e paralisação dos negócios do Rio da Prata, que alimenta neste porto a maior navegação, esta se reduz muito e assim esses mesmos réditos decresçam em proporção do comércio. Por todas estas razões os atuais mesários da Irmandade vêm recorrer à vossa caridade e filantropia, socorrais com alguma quantia da receita provincial, a fim de que se possa socorrer às necessidades dos estabelecimento, e socorro da humanidade desvalida. Por uma representação da mesa que levou à vossa presença suas urgentes necessidades, essa Assembléia por Lei Provincial nº 27, de 12 de março de 1846, concedeu a esta Irmandade duas loterias de 60 contos de réis cada uma para os rendimentos aplicar para as necessidades do estabelecimento, porém, Senhores, o exemplo de não poderem correr outras loterias para o hospital desta Cidade, da de Santos e do Senhor Bom Jesus de

Page 136: Vieira dos Santos vol02

Iguape, além de outros tropeços, fez com que as mesas anteriores e mesmo a Irmandade, resolvesse não dar andamento, pois que viam não ser possível ela chegar a resultado final. Em conseqüência a atual mesa resolvera requerer ao poder competente a confirmação delas e que ambas reunidas em uma corresse na Corte, onde unicamente há probabilidade. Vós, porém, Senhores, sabeis que quando seja atendida como é de esperar este justo pedido, não se poderá extrair tão cedo à vista do grande número já concedidas, portanto os mesários abaixo assinados, em nome da Irmandade, cônscios de vossa caridade não trepidarão ver suas precisões certo de que não deixareis perecer por falta de socorro um tão pio estabelecimento. Do mapa junto vereis, Senhores, os socorros que tem prestado já à humanidade este estabelecimento, não obstante seus tênues meios. À vista pois do exposto, os mesários esperam de vossa caridade, religião e filantropia

Receber a mercê pedida.

Paranaguá, em mesa aos 10 de março de 1850".

Manoel Francisco Correia, provedor; Ricardo Gonçalves Cordeiro, escrivão; Eduardo Wercelino da Costa, tesoureiro; Arnaldo José da Cruz, procurador; Joaquim Pinto de Amorim, mordomo do hospital; Carlos Augusto de Melo Franco, mordomo dos presos; irmãos de mesa Florêncio José Munhões, Manoel Antônio Pereira, Manoel Gonçalves Guimarães, Manoel Francisco Correia, Joaquim Cândido Correia, João Alves Bezerra, Raimundo Ferreira de Oliveira Melo, Albino José Martins.

As receitas e despesas que tem feito anualmente a Santa Casa da Misericórdia desde o ano de sua ereção em 1836, inclusive até o ano de 1849, se verão por extenso no mapa nº 18.

-------------------------------------------------------------------------------- - - MAPA Nº 18

Resumo das contas de receita e despesa da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá desde sua ereção em 1836, inclusive até o ano de 1849, prestadas pelos seus respectivos tesoureiros.

Conta prestada pelo tesoureiro Manoel Antônio Guimarães no primeiro ano de 1836 a 1837.

Receita

Dinheiro recebido dos fundos da extinta sociedade defensora 132$490 Idem em 1 vale 500$000 Anuais e jóias 38$720 Idem rendimento da bolsa 91$850 763$060

Despesa

Importe de 1 opa e 1 bolsa para esmolas 15$000 Idem de selo de 6 livros 15$960 Idem de 4 camas , 4 mesas , 4 bancos, 4 mochos ordinários 55$040 Enterro de 1 pobre 5$200. Suprimento para curativos 20$880 26$080 106$880 Importe da receita 763$060 Saldo a favor 656$180

Page 137: Vieira dos Santos vol02

Conta prestada pelo mesmo tesoureiro no ano de 1837 a 1838, em que se estabeleceu a casa alugada.

Receita

Saldo da conta anterior 656$180 Idem rendimento dos emolumentos da marinha, de maio

a novembro 743$880 Idem rendimento da bolsa e mais 40$ mil réis de José

Ricardo 78$290 Idem curativo de um escravo 35$720 Idem prêmio do vale 120$000 Idem anuais e jóias 94$480 1:728$550 Despesa

Despesas da mordomia 401$080 Idem da enfermaria e serventes 312$000 Importe de medicamentos vindos do Rio de Janeiro 230$450 Aluguel da casa de 1 ano 120$000 1 painel vindo do Rio para a procissão 139$000

-------------------------------------------------------------------------------- - - despesas no dia da padroeira 32$490 1:235$520 Importe da receita 1:728$550 493$530 Importe do vale que existe 500$000 A favor do tesoureiro que oferece à Santa Casa 6$470

Conta prestada em dezembro pelo tesoureiro Joaquim Américo Guimarães do ano de 1838 ao de 1839.

Receita

Importe dos emolumentos da marinha do 1º de 1838 a 30

de novembro de 1839 1:000$080 Idem rendimentos da bolsa 74$990 Idem curativos e esmolas 83$713 Anuais e jóias 189$880 Legado do Capitão Joaquim Antônio Guimarães 200$000 Idem de Francisco Maria de Araújo 500$000 2:048$663 Importe da despesa 2:106$893 Saldo a favor do tesoureiro que pagou em 1842 58$230

Despesa

Despesa da mordomia da casa 546$280 Idem com a enfermaria e serventes 371$520 Idem aluguel da casa 120$000 Idem ao Dr. Guilherme assistente do hospital 150$000 Idem utensílios e móveis para a casa 64$673 6 balandraos para a Irmandade 43$900 Funeral e missas pelas almas das legatárias 67$760 Despesas com a festa 42$860 Idem quantia entregue a Manoel Antônio Guimarães para

dar princípio à obra da casa do hospital importa dos legados 700$000 2:106$893

Contas prestadas em dezembro pelo tesoureiro João Antônio dos Santos do ano de 1839 a 1840.

Page 138: Vieira dos Santos vol02

Receita

Importe dos emolumentos da marinha 1:083$120

-------------------------------------------------------------------------------- - - Idem rendimento da bolsa, esmolas e curativos 234$490 Idem anuais e jóias 98$480 Idem cobrança do vale existente 500$000 1:916$090 Importe de despesa 2:032$998 Saldo a favor do tesoureiro que deu de esmola à Irmandade 116$848

Despesa

Idem com a mordomia e enfermaria 1:122$120 Idem aluguel da casa e médico 270$000 Idem remédios e utensílios 102$018 Idem enterro dum pobre 5$520

Idem despesas da festa 33$280 Idem importe do vale que cobrei e o entreguei ao senhor

Manoel Antônio Guimarães para a obra do hospital 500$000 2:032$998

Contas prestadas pelo tesoureiro Antônio Pereira da Costa do ano de 1840 a 1841.

Emolumentos da marinha 1:271$360 Idem rendimento da bolsa 36$310 Idem de curativos 207$200 Idem anuais e jóias 93$440 1:608$310

Idem que recebeu da alfândega por verba dada pela

Assembléia Provincial para a fatura do hospital 2:000000

Idem legado do Padre João Crisóstomo 100$000 Idem doação do Padre João Carneiro 50$000 3:758$310 Importe da despesa 3:635$603 Saldo a favor da Irmandade 122$707

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:170$410 Médico e aluguéis de casa 269$013 Despesas diversas com o hospital 21$920 Idem missas e sufrágios 25$600 Idem com a festa 41$060

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1:535$l603 Idem a quantia dada a juros de um conto de réis que a

Sociedade União Paranagüense emprestou à Irmandade

Page 139: Vieira dos Santos vol02

a pagar em 10 anos 100$000 Idem entregue a Manoel Antônio Guimarães para as obras

do hospital 100$000 Idem 1º pagamento à Sociedade União Paranagüense 100$000 3:635$603

Conta prestada pelo tesoureiro Francisco Alves de Paula no ano de 1841 a 1842.

Receita

Saldo recebido do tesoureiro 122$707 Idem deixa de D. Maria Lucinda 50$000 Idem rendimentos da bolsa 80$300 Idem de curativos e esmolas 192$400 Juros de 1:000$ de réis 60$000 Idem anuais e jóias 92$480 Idem emolumentos da marinha 1:093$640 1:691$527

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:320$700 Saldo pago ao tesoureiro Joaquim Américo 58$230 Idem medicamentos e utensílios 76$480 Idem ao médico assistente 150$000 Idem despesas da festa 41$040 1:646$450 Importe da receita 1:691$527 Saldo a favor da Irmandade 45$077

Conta prestada pelo tesoureiro Joaquim Cândido Correia do ano de 1842 a 1843.

Receita

Saldo recebido do ex-tesoureiro 45$080 Idem de esmola dada pelo Capitão Manoel Antônio

Pereira para o altar da Senhora da Conceição 100$000 Idem recebido do legado Manoel Pereira Braga 200$000 Idem pagamento da metade do crédito para aplicar às

obras do hospital 500$000 Idem prêmio dos 500% réis que ficaram 30$000 Idem emolumentos da marinha 1:238$760

-------------------------------------------------------------------------------- - - Idem rendimento da bolsa 33$180 Idem anuais e jóias 114$000

2:261$020

Despesa

Enfermaria e mordomia 1:311$260 Idem pagamento de obras do hospital 395$865 2º pagamento à Sociedade União Paranagüense 100$000 Roupa, medicamento e utensílios 48$720 Idem pagamento ao médico 150$000 Idem importe do altar de Nossa Senhora 105$700 Idem missas e sufrágios 61$400 Idem despesas com a festa 38$510 2:211$455 Importe da receita 2:261$020 Saldo a favor da Irmandade 49$565

Contas prestadas pelo tesoureiro José de Sousa Guimarães do ano de 1843 a 1844.

Page 140: Vieira dos Santos vol02

Saldo recebido do ex-tesoureiro 49$565 Idem remanescentes do legado de Manoel Pereira Braga 211$411 Idem prêmio dos 500 mil réis 30$000 Idem emolumentos 1:316$360 Idem rendimento da bolsa, esmolas, donativos e curativos 145$310 Idem anuais e jóias 179$680 1:932$326

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:474$020 Medicamentos vindos do Rio de Janeiro 130$445 3º pagamento à Sociedade União Paranagüense 100$000 Idem pagamento ao médico 150$000 Selo e livro 8.960, 1 bolsa 2.380 e 12 missas 7$680 19$020 Idem despesas com a festa de Nossa Senhora 65$720 1:939$205 Idem importe da receita 1:932$326

-------------------------------------------------------------------------------- - - Saldo a favor da tesoureiro que oferece de esmola 6$879

Contas prestadas pelo tesoureiro Manoel José Correia do ano de 1844 a 1845.

Receita

Emolumentos da marinha 1:383$200 Idem rendimento da bolsa 45$860 Idem de curativos 77$760 Idem resto do crédito a juros recebido 530$000 Idem anuais e jóias 145$440 2:181$660 Importe da despesa 2:040$300 Saldo a favor da Irmandade 135$360

Despesa

Mordomia e enfermeira 1:360$000 Idem 1 semestre ao Dr. Guilherme e outro ao cirurgião-mor

Joaquim Pires Garcia 125$820 Medicamentos vindos do Rio 293$560 4º pagamento à Sociedade União Paranagüense 100$000 Idem selo, compra de livros, roupas e utensílios

para o hospital 77$330 Idem sufrágios aos irmãos falecidos 15$360 Idem despesas com a festa 74$050 2:040$300

Contas prestadas pelo tesoureiro Ricardo Gonçalves Cordeiro do ano de 1845 a 1846.

Receita

Emolumentos da marinha 1:330$400 Idem recebido do ex-tesoureiro 135$360 Idem rendimento da bolsa esmola e curativos 83$200 Idem legado do falecido Dr. Guilherme 100$000 5º pagamento à União Paranagüense 126$880 1:770$840 Importe da despesa 1:995$554 Saldo a favor do tesoureiro 184$714 Recebeu do tesoureiro Eduardo Wercelence da Costa

--------------------------------------------------------------------------------

Page 141: Vieira dos Santos vol02

- - no ano de 1845 a 1847 180$100 Saldo que deu de esmola à Irmandade 4$614

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:424$020 Rubrica dos livros e contas da Irmandade ao provedor de

capelas o Dr. José Matias Ferreira de Abreu 168$714 5º pagamento à União Paranagüense 100$000 Idem ao cirurgião-mor Manoel José da Cunha Machado 100$000 Idem despesas diversas com o hospital 50$860 Idem missas pelos irmãos falecidos 14$000 Idem com a festa 97$960 1:955$554

Contas dadas pelo tesoureiro Eduardo Wercelence da Costa do ano de 1846 a 1847.

Receita

Emolumentos da marinha 1:285$800 Idem recebido do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira

pela deixa de Antônio José Pinto de Mesquita 400$000 Idem bolsa e esmolas 35$840 Idem anuais e jóias 74$600 1:796$240

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:166$700 Pagamento ao assistente e 6º ano à Sociedade União

Paranagüense 200$000 Idem roupa para o hospital, serventes e medicamentos 31$580 Idem retelho e caiamento da casa 56$540 Sufrágios pelo doador e Irmãos falecidos 58$080 Idem dinheiro entregue ao ex-tesoureiro Ricardo Gonçalves

Cordeiro por deliberação da mesa de com dos saldo a seu

favor do ano passado 180$100 Idem despesas com festa 103$240 1:796$240

Contas prestadas pelo tesoureiro Francisco Del Rio Cárdenas do ano de 1847 a 1849

-------------------------------------------------------------------------------- - - Receita

Emolumentos da marinha 1:604$800 Idem rendimentos da bolsa 39$240 Idem de um curativo 8$000 Idem anuais e jóias 46$720 1:698$860 Despesa que se fez 1:702$690 Saldo a favor do tesoureiro 3$830

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:354$430 Idem pagamento ao cirurgião-mor assistente e

Page 142: Vieira dos Santos vol02

medicamentos supridos pelo mesmo 147$280 Idem vindos do Rio de Janeiro 34$150 Idem com um alienado 3$380 Idem 2 enterros de pobres 16$040 Idem 2 panos para a mesa 22$230 Idem roupa para o hospital e do escravo servente 35$800 Idem missas para sufrágios 12$000 Idem de 1 procuração bastante 1$800 Idem despesa com a festa 75$580 1:702$690

Contas do tesoureiro Antônio Maria da Costa desde dezembro de 1848 a 14 de outubro de 1849 o qual ausentando-se entregou ao escrivão Eduardo Wercelence da Costa o qual de acordo com o provedor a remeteram ao imediato em votos ao irmão Ricardo Gonçalves Cordeiro que ficou servindo de tesoureiro.

Receita até 14 de outubro

Emolumentos da marinha desde dezembro até setembro

seguinte 1:458$600 Anuais cobrados 6$240 1:464$840 Importe da despesa 1:203$390 Saldo que recebeu o tesoureiro interino 261$450

Despesa

Saldo que pagou ao ex-tesoureiro 3$830 Mordomia e enfermaria até 30 de setembro 1:077$260 7º pagamento à Sociedade União Paranagüense 100$000

-------------------------------------------------------------------------------- - - Idem medicamentos e roupa 22$300 1:203$390

Continuação da conta do mesmo ano debaixo da administração do tesoureiro interino o irmão Ricardo Gonçalves Cordeiro, desde 14 de outubro até dezembro do mesmo ano de 1849.

Contas prestadas desde 14 de outubro até dezembro de 1849.

Receita

Saldo recebido do ex-tesoureiro 261$450 Emolumentos da marinha de outubro a novembro 323$320 Esmolas 4$100 Jóias e anuais 110$800 699$670 Importe da despesa 526$530 Saldo a favor da Irmandade 173$530

Despesa

Mordomia e enfermaria em outubro e novembro 271$060 Idem ao cirurgião-mor assistente e remédios supridos

pelo mesmo 106$480 8º pagamento à Sociedade União Paranagüense 100$000 Idem despesas com a festa 102$600 526$530

Page 143: Vieira dos Santos vol02

No período de 13 anos a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia da Cidade de Paranaguá tem prestado os relevantes serviços à Humanidade recebendo no seu hospital 690 doentes, sendo 446 marinheiros, 160 pobres , 74 soldados, escravos curados por sua conta. Deste total saíram curados 620; morreram 60, existindo no hospital só 10, sendo oito marinheiros e 2 pobres.

MAPA Nº 19

Provedores, escrivães, tesoureiros, mordomos do hospital e dos presos e procuradores da Santa Casa de Misericórdia

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO NONO

4ª Igreja de São Benedito

Notícia histórica da Igreja e Irmandade de S. Benedito da Cidade de Paranaguá.

211 _ 1694 _ A Irmandade do glorioso S. Benedito é antiqüíssima, ignorando-se o ano em que foi erecta, mas vê-se num dos livros antigos da mesma Irmandade e que servia de eleições que no ano de 1694, foi juiz da mesma Irmandade João de Carvalho Soares, e em 1696 Manoel de Carvalho de Siqueira. Esta Irmandade esteve na igreja matriz de baixo do título de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, e sendo esta extinta, ficou reunia em uma só, com o nome do glorioso S. Benedito. Em que ano ela se trasladou para a capela de Nossa Senhora das Mercês se não sabe; mas é de supor que com a criação das outras irmandades dos brancos, aqueles se visse na necessidade de se mudarem para a dita capela. Em 2 de dezembro de 1694, o Visitador Manoel da Costa Cordeiro deixou escrito alguns provimentos em seus livros.

Page 144: Vieira dos Santos vol02

222 _ 1706 _ O Visitador Gaspar Gonçalves de Araújo proveu "que se fizesse a procissão no dia do Santo pelo vigário lhas ter feito, com a declaração que na igreja, nem no adro se não fizessem alaridos, músicas e danças".

223 _ 1727 _ O Dr. Bernardo Borges Estácio, Vigário da igreja matriz de S. Antônio da Jacutinga e Visitador geral das Vilas do sul pelo Ex.mo Bispo Fr. Antônio de Guadalupe, revendo os livros desta Irmandade e tomando contas do tesoureiro Manoel Ferreira do Vale (em 10 de maio de 1727) do ano anterior de 1726, e do presente achou: "Que o tesoureiro estava devendo à Irmandade a quantia de Rs. 244$170, em que o condenava para se gastarem no que fosse de utilidade, ordenando com pena de excomunhão que se não dessem dinheiros de empréstimo a juros sem licença do Bispo".

224 _ 1744 _ Neste ano a Irmandade se achava com o capital de Rs. 314$697.

225 _ 1745 _ O Doutor Ouvidor Manoel Tavares de Siqueira, tomando contas à Irmandade, proveu: "Que a Irmandade pudesse empregar o dinheiro existente no que fosse necessário para o culto e glória do mesmo Santo".

226 _ 1746 _ Em 12 de abril, reunida a mesa da mesma Irmandade

-------------------------------------------------------------------------------- - - deliberaram: "Que se aplicaria o dinheiro existente para as obras da capela que pretendiam fazer".

227 - 1783 _ Em 23 de dezembro foi reunida à mesa da Irmandade na igreja matriz, com a assistência do juiz da mesma Ricardo Carneiro do Santos, o tesoureiro Joaquim de Araújo de Morais e outros irmãos brancos, para o fim de tratarem e fazerem o ajuste com o mestre pedreiro Matias Gomes para dar começo das obras da nova capela de S. Benedito, conforme o risco que ele apresentou da mesma igreja, sacristia e campanário, ajustando a Irmandade com ele de a fazer a dita obra, por empreitada, pronta a receber o madeiramento pela quantia de Rs. 400$000, feito em três pagamentos iguais, um no princípio da obra, outro no meio dela e o terceiro no seu acabamento, com a declaração que a Irmandade assistiria com a pedra que se achava tirada e daria mais em adjutores as paredes velhas que estavam junto à capela, e a cantaria e cal, e ele mestre seria obrigado a dar toda a mais de alvenaria, cujo termo foi assinado pelo juiz Ricardo Carneiro dos Santos, Crispim Fernandes Ribeirão, escrivão, Joaquim de Araújo de Morais, tesoureiro, Matias Xavier Balieiro e Matias Gomes da Silva, mestre da obra.

228 _ 1784 _ Neste ano, se deu princípio à obra da igreja de S. Benedito feita de cantaria ao gosto mais moderno, com altura proporcionada à sua largura, seu frontispício não é desairoso, sua porta principal é larga com os umbrais de cantaria lavrada, bem como as duas portas travessas e duas janelas do coro; sua sacristia é pequena, mas airosa. Ornam esta igreja dois altares, o mor em que está colocada a imagem de S. Benedito, orago da igreja e da Irmandade, e outra imagem antiga de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; o seu recatubo é feito à moderna, bem como a tribuna e o forro da capela-mor é pintado com gravuras e flores e quatro grandes anjos nos 4 ângulos dele. O outro altar colateral da parte do Evangelho, nele está colocada a antiqüíssima imagem de Nossa Senhora das Mercês, que esteve na demolida capela da Ilha da Cotinga. A diretoria da Irmandade é composta de um juiz, uma juíza, um rei, uma rainha, escrivão, tesoureiro, procurador, 12 irmãos de mesa, capitão do mastro, esmoleres, etc. Demolindo-se a capela da Senhora das Mercês para

Page 145: Vieira dos Santos vol02

se levantar no lugar dela a igreja de S. Benedito a Irmandade teve de ir ocupar a capelinha do Senhor Bom Jesus dos Perdões, para nela fazerem os seus atos religiosos.

229 _ 1782 _ Em 2 de novembro, a Irmandade assinou um termo de obrigação ao sargento-mor João da Silva Pinheiro, protetor da capela do Senhor Bom Jesus, obrigando-se a todo o tempo de dar contas das alfaias e mais bens que receberam por um inventário, em todo o tempo que lhe fossem pedidos e da mesma forma porque as receberam.

230 _ 1796 _ Em 12 de janeiro reuniu-se a mesa da Irmandade de S. Benedito, no consistório da igreja matriz, com a assistência do reverendo Vigário Pedro Domingues Pais Leme, para o fim de ajustarem com o mestre carpinteiro Joaquim Eusébio, o feitio do retábulo do altar-mor, o forro da capela e o da

-------------------------------------------------------------------------------- - - sacristia, conforme o riso que apresentava, sendo o forro da sacristia e da capela-mor, camboteado com seus frisamentos e cordões e a tribuna do trono feita em duas com fingimentos de guarnições, e a escada do presbitério seria feita de volta; e a Irmandade ajustou com o dito mestre pela quantia de Rs. 217$600 de empreitada. Não tendo dados suficientes a analisar outros sucessos que porventura tenham ocorrido na mesma Irmandade, pela falta de revisão em seus livros, mesmo par apresentar os rendimentos modernos da mesma e comparar com os mais antigos e se conhecer o seu progresso aumento com tudo por memória o mapa nº 20, dos rendimentos que a Irmandade teve desde o ano de 1767, inclusive ao de 1799, bem como se apresenta o inventário dos anos de 1766 e 1796

231 MAPA Nº 20

Rendimentos que teve a Irmandade do glorioso S. Benedito desde o ano de 1727, inclusive ao de 1822.

(1) O Tesoureiro declarou (José Caetano de Sousa) que a Irmandade ficava devendo a Nossa Senhora das Mercês 24$980 réis.

(2) Os rendimentos do ano de 1804 a 1805 foi da quantia de Rs. 47$160.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 146: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - CAPÍTULO SEGUNDO

Edifícios públicos nacionais que tem na Cidade de Paranaguá

PARÁGRAFO PRIMEIRO

Notícia histórica e descritiva do Paço da Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, desde sua fundação até o presente.

232 _ 1º O paço da Câmara Municipal ou por outro nome Casa do Conselho, está situada no meio da rua antigamente chamada da cadeia, e ora da alfândega. A planta figurativa nº.... mostra o exterior da fachada deste respeitável edifício feito ao gosto antigo do século 17. Sua frente tem 112½ palmos de extensão e olha para o rio Taguaré com duas janelas rasgadas e sacadas de ferro no sobrado superior, do lado do sul, que é a 1ª divisão do mesmo edifício, e onde duas janelas de peitoril, envidraçadas, bem como o são as duas das sacadas da Câmara; a terceira divisão do norte mostram duas janelas rasgadas gradeadas de ferro, chamada a prisão grande. No primeiro pavimento do piso térreo mostra na primeira divisão do edifício da parte do sul, uma porta e janela onde está o aquartelamento militar e a casa ou prisão de correção. Na divisão central mostra uma grande e larga janela gradeada de ferro onde está a prisão dos homens, denominada a enxovia. Na terceira divisão mostra haver uma porta que é a do corredor do mesmo paço e por onde há a serventia geral; e a janela gradeada de ferro, é a prisão das mulheres; esta é a fachada que olha para o lado do rio; a do lado oposto que olha para a rua do Ouvidor, tem duas portas rasgadas com sacadas de pau nos fundos da sala das sessões do Conselho; e no restante quatro janelas de peitoril. Este edifício é todo feito de cantaria, suas paredes fortíssimas de cinco palmos de grossura e todos os umbrais das portas e janelas inteiriças de cantaria lavrada.

Este edifício tem de fundo 49½ palmos e de altura desde a soleira até a cimalha do telhado 31 palmos quando pelo menos deveria ter 38 a 40 palmos; como no século presente se pratica a realçar a perspectiva e o formoseamento exterior nisto erravam os antigos, porque só queriam edificar coisas permanentes apesar de tudo é geralmente vulgar que é a melhor e a mais forte prisão que há na Comarca, e por isso para ela são remetidos os criminosos de culpas graves

-------------------------------------------------------------------------------- - - que há nas outras da Comarca. A planta figurativa nº 22 demonstra a repartição do interior deste edifício tanto do pavimento térreo, como do superior; a figuração primeira mostra a do piso térreo, que é na primeira divisão e repartimento do lado do sul, se acha o aquartelamento com o espaço de 31 palmos de frente e 42½ de fundo, na estrada ao lado direito tem uma porta que dá entrada

Page 147: Vieira dos Santos vol02

para a enxovia ou prisão dos homens: a divisão central é só ocupada pela mesma enxovia, com a extensão de 32 palmos de frente e 42½ de fundo.

A terceira divisão do norte é dividida em duas partes: uma que serve de corredor e que na entrada dele, ao lado esquerdo, tem uma porta que dá entrada à prisão das mulheres, em que a mesma divisão se reparte; e ambas com 42½ palmos de fundo. A figuração segunda na mesma planta mostra a repartição do pavimento superior do edifício, constando na primeira divisão da parte do sul, a sala das sessões da Câmara, com a extensão de 32 palmos de frente e 42½ de fundo; neste grande salão, a um lado dele, tem um altar portátil, com uma imagem do Senhor crucificado, onde se depositava o SS. Viático, que se ia dar aos presos enfermos, ou na ocasião da desobrigação da quaresma, em que saía da matriz em solene procissão em derredor do mesmo altar; há armários e gavetas que servem de arquivo, onde se guardam os livros e os mais papéis da administração. A grande mesa onde se fazem as sessões acobertada de pano verde; e as cadeiras de encosto, cobertas de sola preta lavrada e envernizada ao gosto antigo, indicando igual respeito, quais outros senadores romanos, quando nelas se sentavam, havendo mais 6 cadeiras de jacarandá, acobertadas de damasco encarnado, em assentos rasos para nelas se sentarem nas igreja matriz quando iam assistir às festividades nacionais, ou às principais da paróquia que eram umas e outras a de S. Sebastião, da bula da Cruzada, da Ressurreição, de Corpus Christi, de S. Isabel, do Anjo Custódio e da Padroeira; então saíam do paço vestidos à romana de capa envolta e de calção, colete, casaca e fivelas nos sapatos, com um pequeno florete à cinta, e com sua varas encarnadas, sendo a do juiz ordinário branca, e o seu competente real estandarte de damasco encarnado com as armas reais, dum lado, e a imagem da Padroeira do outro; assim saíam, tendo obrigação de os ir acompanhar à igreja todas as pessoas da Governança; esta corporação então se compunha de um juiz ordinário, que servia de presidente, 3 vereadores, 1 procurador, um escrivão. Ele obteve Del-Rei o Senhor D. João V, iguais privilégios e prerrogativas às que tinham a do Rio de Janeiro e da Cidade do Porto, merecendo muita estimação do mesmo Monarca que lhe dirigiu diversas cartas régias, sendo por isso uma das mais afamadas na costa do Brasil.

Passando à descrição interna de 2ª divisão central do pavimento superior do edifício, este é repartido em duas divisões, cortadas de norte a sul; e não como todas as mais que são de leste a oeste; na divisão da face da rua, serve nas sessões de jurados, nas suas conferências; e na outra divisão é o que chamam a sala livre. A terceira divisão do mesmo edifício compreende a

-------------------------------------------------------------------------------- - - extensão de 32 palmos de frente e o competente fundo, a que chama a prisão grande. Fronteiro ao paço do Conselho fica um espaçoso largo a que chamam do Pelourinho, que da rua desce pela barranca, até a beira-mar, onde forma uma planície, a qual tem de largo 333 palmos e 226 de fundo, e aos lados da mesma há duas largas calçadas de pedra, para facilitarem a subida do barranco à beira-mar; deste largo há um cais de pedra, com algumas aberturas para encalhamento das canoas, não havendo ao presente rampas e escadórios que ofereçam um decente embarque: no meio do mesmo largo está colocado o Pelourinho de uma inteiriça pedra de cantaria de 10 a 15 palmos de alto, toda lavrada em oitavo e rematada por um capelo arredondado e frisado e no cimo dela havia colocado um cutelo de bronze significativo da justiça, no meio do mesmo, dois braços de ferro encravados com suas argolas, nas extremidades serviam de atar os culpados para o castigo dos açoites; esta coluna de pedra a colocaram sobre um pequeno quadrado de escadas de cantaria lavrada com dois a três degraus de cada lado. Este largo ficaria uma praça formosíssima se a Câmara Municipal pudesse reparar todo o cais na perfeição devida e as competentes rampas ou seus escadórios e se ao mesmo tempo fosse decorada a mesma praça com uma varanda

Page 148: Vieira dos Santos vol02

acimalhada em figura semicircular, rodeando as ladeiras e à beira do barranco da rua, tendo seu princípio em uma das ladeiras e finalizando em outra.

O edifício da Câmara teve o seu começo no tempo do Doutor Ouvidor Antônio dos Santos Lobato, pois se acha em assento em o livro das arrematações que na vereança de 2 de fevereiro de 1731, si fizera pôr em praça a arrematação das obras da cadeia e que o lanço da parte do norte arrematado pelo mestre pedreiro Agostinho Gomes pela quantia de Rs. 1:370$ mi réis não se encontrando os assentos das outras arrematações dos mais lanços do edifício.

233 _ 1721 _ Já nos provimentos de 16 de junho de 1721 de Rafael Pires Pardinho, ele fez o provimento de nº 80 que diz: "Proveu que os oficiais da Câmara que se fez com o mestre pedreiro Agostinho Gomes da Silva, nas notas do tabelião desta Vila para fabricar os alicerces das três casas e levantar a do meio que embaixo sirva de enxovia e em cima para a sala das audiências para as casas do Conselho, sob as penas impostas na mesma postura e acabada a obra que fica contratada mandaram logo levantar a segunda casa da parte do norte na qual à face da rua fiquem duas cadeias e no vão do fundo se façam dois segredos e em cima destes um corredor em que fiquem três portas para as três cadeias levantadas dez palmos de seu pavimento e para cada uma sua vigia com grandes de ferro algum tanto saídas para a todo tempo e hora se poder ver o que os presos nelas fazem para o qual corredor ficará um alçapão na saleta que se há de fazer no sobrado da casa de cima, com serventia para a casa grande, tudo na forma das plantas e risco que ele Ouvidor Geral lhes deixa feitas na arca do Conselho e mão do dito mestre e em baixo para o armazém ou açougue, para que se extinga a indecência da casinha que ora serve de Conselho e cadeia e que possa esta Vila como principal das suas circunvizinhas ter casas

-------------------------------------------------------------------------------- - - de Conselho que justamente mereçam o nome da proteção real". Pelo que parece este primeiro lanço central do edifício foi primeiro que se levantou entre os anos de 1721 ao de 1731.

234 _ 1726 _ Em correição de 21 de janeiro do Doutor Ouvidor Geral Antônio Alves Lanhas Peixoto, no seu provimento 7º, disse: "Proveu e mandou porquanto a obra da cadeia tem ido muito devagar, constando-lhe que o pedreiro tem já muito maior quantia que o que se lhe deve que os oficiais da Câmara a obriguem a trabalhar continuadamente nela na forma que tem feito desde que ele Doutor Ouvidor tomou posse".

A obra do 3º lanço da parte do sul talvez fosse arrematada desde o ano de 1760 a 1770, pois que no ano de 1789 João José da Rocha ainda arrematou o resto da obra que faltava do seu grande escadório feito na frente do edifício com dois lances de escadas encostadas na parede do mesmo e sobre um arco sobre a janela da prisão da enxovia e pelas quais se subia ao pavimento do sobrado por dois lados, modernamente desmancharam esta escadaria, abrindo porta de corredor e tendo a subida no interior do edifício, considerando a fatura do mesmo em perto de um século, pois que tendo princípio antes do ano de 1720 ainda não estava acabado em 1789.

235 - 1654 _ Em vereança de 15 de agosto de 1654 requereu à Câmara Diogo de Braga, Procurador do Conselho que se dessem cumprimento aos capítulos da correição e se fizesse uma cadeia, e que para isso se convidasse o povo junto com os moradores da Vila, e que a Câmara deixaria para essa obra um quartel de suas rendas.

Page 149: Vieira dos Santos vol02

236 _ 1655 _ Em 2 de janeiro a Câmara fez a sua vereança nas casas do juiz ordinário João Veloso de Miranda por não haver casa do Conselho e só sim alugadas. Consta do registro dos livros antigos que houve outra casa do Conselho, mas onde a fizeram se ignora.

237 _ 1662 _ Certamente seria no mesmo terreno da presente, porquanto na vereança de 22 de janeiro de 1662, se apresentou nela Manoel Vaz obrigando-se ao Conselho de a fazer, para a qual lhe deram explicativas, a saber um lanço seria assobradada, de 20 pés em quadratura com suas janelas de grandes no sobrado, coberta de telha, suas portas com fechaduras; não se pode extrair o restante dessa vereança por estar ininteligível, com a letra apagada e as folhas repicadíssimas de insetos.

238 _ 1677 _ Em 30 de março, ao pé do Pelourinho se reuniram os oficiais da Câmara com o seu escrivão e ali concordaram em se fazer uma casa de Conselho; e andando em pregão para quem a quisesse, não se achou senão o Capitão Antônio Dias Cortes, o qual se ofereceu a fazê-la e dá-la acabada por todo o mês de outubro, com a declaração que se lhe dava de feitio da dita obra 53$ mil réis, e todo o ferro necessário, e toda a obra seria de pedra e cal, até ao sobrado, e dali para cima de parede francesa muito bem rebocada e assobradada, com sua porta alçapão, duas janelas no sobrado, e uma embaixo na cadeia,

-------------------------------------------------------------------------------- - - com seus dois pilares no alpendre ao meio sobrado, com suas escadas para o que lhe deram logo metade do dinheiro. Mas parece que nenhum destes dois ajustes se puseram em prática porque no ato da correição geral de 16 de junho de 1721, que fez o Doutor Rafael Pires Pardinho, esse mesmo ato foi feito na casa da oficina por não haver casa de Câmara suficiente.

A Assembléia Legislativa Provincial concorreu em diversas datas (=) com o auxílio de Rs. 1:800$000 para reparar a mesma cadeia que se achava muito danificada, ficando ao presente com o preciso asseio e limpeza.

239 _ 1828 _ A lei do 1º de outubro de 1828 ordena que as Câmaras das Cidades sejam compostas de sete vereadores, servindo o mais velho de presidente, contém mais um secretário que vence anualmente o ordenado de Rs. 250$000, um fiscal vencendo Rs. 150$000, e um porteiro Rs. 100$ mil réis.

Bens do Conselho

240 _ Os bens do Conselho da Câmara de Paranaguá são:

1º A Ilha da Cotinga, próxima à entrada do rio Taguaré, que tem 2 léguas de comprido e de largura meia légua até 1 quarto de légua.

2º Meia légua quadrada no Rocio pertencente ao território da Cidade; e são bens do Conselho dos quais a Câmara recebe de foro por cada cem braças 640 Rs. em cujo terreno ficam compreendidos os logradouros do arsenal, estaleiro e praça do Pelourinho.

3º A casa da pólvora e o seu quartel, situados no campo grande.

Page 150: Vieira dos Santos vol02

4º Uma morada de casas na rua do Fogo que serve de açougue público.

5º 36 lampiões pertencentes à iluminação da Cidade.

6º O cemitério público da Cidade.

Debaixo da administração municipal está a fatura da estrada geral que vai para a freguesia de S. José dos Pinhais e o canal do Varadouro, a arrecadação da décima urbana, e as despesas da iluminação da Cidade que tudo se dará notícia em seus respectivos lugares.

Os rendimentos da Câmara que anualmente têm por suas posturas ordinárias, são as seguintes:

Posturas municipais

241 _ Receita que teve a Câmara Municipal no ano financeiro decorrido desde o 1º de outubro de 1848 a 30 de setembro de 1849:

$640 Réis por cada cem braças de terreno aforado, art. 39, a 66 § 9 da lei do 1º de outubro de 1829 e art. 1º das posturas 25$000 4$000 Imposto por pipa de líquido importado dita lei, art. 2 das

posturas 320$268

-------------------------------------------------------------------------------- - - 2$000 Dito dinheiro do azeite de peixe ditos dita 3 ditas 20$040 $003 Réis em vara de pano de algodão ds. da. 4 ds. Vem somando a receita $ 3$200 Imposto por cada pipa de aguardente do país da dita lei e art. 5 das posturas 100$000 2$000 De lastro de embarcações _ 6 ds. 24$000 $080 Réis de cabeça de rês por corte _ 10 ds. 12$160 $640 Réis de meios alqueires prestados _ 12 ds. 16$000 $500 Rs de animal que vaga no campo - 13 ds. 12$000 4$000 Rs. por braça de terreno a edificar _ 60 ds. 376$000 4$000 Rs. de patentes para negócios - 61 ds. 42$000 2$000 Dita de ofícios - 72 ds. 78$017 $050 Rs. de arroba de fumo importado _ 67 ds. 14$160 $040 Rs. medida de aguardente de fora do Município _ 68 ds. 6$000 2$000 Rs. carros que transitam pelas ruas - 71 ds. _ aferições - 47 ds. 18$000 1:240$070 Teve além disso diversas multas 65$000 Idem de dívidas atrasadas cobradas 6$720 Total da receita 1:311$790

Novas posturas

A lei Provincial nº 2, de 5 de maio de 1849, sancionada pelo Presidente o Doutor Vicente Pires da Mota, manda o artigo 1º:

242 _ "Ficam pertencendo às câmaras municipais, desde o 1º de julho de 1848, os impostos de Rs. $600 sobre as reses e 320 réis de subsídio literário e os das aguardentes nacionais e estrangeiras e também o novo imposto de Rs. 6$400 sobre armazéns, tabernas e botequins. Estas novas rendas que se adicionarão às da Câmara poderão montar anualmente de Rs. 1:600$000.

Page 151: Vieira dos Santos vol02

Vê-se da conta corrente destas novas no trimestre decorrido: julho a setembro de 1849, prestadas pelo coletor Raimundo Ferreira de Oliveira Melo que rendeu em o dito trimestre a quantia de Rs. 979$104.

Na conta do novo orçamento que a Câmara em 3 de novembro de 1849, orçando a receita do ano financeiro que há de decorrer de 1850 a 1851, mostrar a importância de Rs. 7:044$761, sendo de posturas municipais antigas a quantia de Rs. 2:422$580; e as modernas concedidas pela nova lei: 4:622$181. É de esperar que cada vez elas vão crescendo mais, quanto o comércio for crescendo proporcionalmente.

A Cidade ainda em seu estado infantil se acha em grande atrasamento nos ornamentos de obras públicas; não tem uma praça de mercado, um chafariz

-------------------------------------------------------------------------------- - - magnífico, onde a abundância de suas nascentes, águas fossem depositadas em tanques e canos de pedra, seguríssimos a repartir ao público pelas bicas de seus chafarizes; falta o calçamento geral da Cidade, ou ao menos de algumas ruas de mais precisão; falta o aperfeiçoamento da beleza de um magnífico cais geral, desde o estaleiro até a fonte de cima, marginando a Cidade, com seus escadórios e as competentes rampas, para o embarque e desembarque, oferecendo ao mesmo tempo um belo passeio a seus habitantes; falta o ornamento da praça do Pelourinho em frente do Paço da Câmara, das alamedas na quadratura do campo grande, e Fonte de Cima e aperfeiçoamento e boa compostura dos belíssimos passeios dos rocios grande e pequeno onde pudessem andar a par das ruas da Cidade e puderem transitar seges e carrinhos em recreio de algumas famílias principais e abastadas, quando quisessem ir a seus passeios. Tudo isto e outras coisas faltam ainda a fazer-se, mas os rendimentos da Câmara não são vantajosos que possam exceder às suas despesas ordinárias por isso que

243 _ 1849 _ Na sessão de 9 de novembro resolveu enviar à Assembléia Legislativa Provincial um projeto de novas posturas municipais para aumentar seus rendimentos e reformando outras tais e foram as seguintes:

Indicação de outras posturas

1º a do artigo 12, se acrescentará: "pagarão para as despesas da Câmara 10 réis por cada alqueire de milho, feijão, goma, arroz e amendoim que entrar no município, destinado para a confecção de um novo chafariz".

2º ao artigo 71: "proibindo-se os cortes de matas nas proximidades da fonte de cima com uma multa de quatro mil réis". Novos artigos.

3º A lancha que conduzir pedra das pedreiras devolutas pagará por cada lanchada quinhentos réis.

4º Todo alqueire de sal que entrar de fora para o município pagará cinco réis.

5º Todo onegociante mascate pagará cinqüenta mil réis, para poder vender suas mercadorias.

Page 152: Vieira dos Santos vol02

6º Toda lancha que se empregasse no comércio de cabotagem dentro da barra do Município para outros municípios pagaria quatro mil réis para as despesas da Câmara.

7º Toda canoa e lancha de fora do Município que se empregar em conduzir gêneros para ela e vice-versa pagará para as despesas da Câmara trezentos réis por cada viagem de canoa, e por lancha mil réis.

8º Toda embarcação que carregar madeira e lenha para os portos estrangeiros pagará cinco por cento aplicados especialmente para as despesas da capela curada de Guaraqueçaba, e a confecção de seu cemitério.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Posturas que ainda não foram aprovadas, mas logo que o sejam a Câmara se achará com suficientes meios à sua disposição para cuidarem com mais energia e atividade nas obras públicas mais necessárias e o formoseamento da Cidade.

A Câmara por diversas vezes foi encarregada pelos antigos generais e governos modernos da Província de administrações importantíssimas que ela dignamente tem desempenhado e até mesmo oferecido voluntariamente cotizações de seus rendimentos em benefício do bem-estar de seu Município para melhor serem coadjuvadas, mas desgraçadamente a Câmara devendo ser pelos governos da Província galardoada com mil louvores, antes tem sido por alguns mais imprudentes ludibriada com amargos desgostos como passa a demonstrar nas diferentes administrações de que foi encarregada.

Novo imposto

244 _ 1º - No ano de 1772 foi estabelecida pelas Câmaras uma imposição a que lhe deram o nome do novo imposto, sobe os gêneros de produção nacional tanto dos que se exportassem, como os que se importassem; e isto o fizeram de acordo com os povos

Gêneros sujeitos ao novo imposto Imposto

Pano algodão vara 3 réis

Milho alqueire 10 "

Arroz em casca 20 "

Feijão alqueire 30 "

Toucinho e banha arroba 40 "

Açúcar arroba 40 "

Arroz socado arroba 40 "

Page 153: Vieira dos Santos vol02

Café arroba 80 "

Fumo arroba 80 "

Algodão em ramo arroba 80 "

Congonha alqueire 80 "

Goma 100 ".

245 _ 1765 _ Que para isso foram ouvidos em vereança e a Câmara pela sua parte fez sua oferta voluntária de pagar pelo cofre de suas rendas, uma cota de cem mil réis anuais, aplicados estes rendimentos aos pagamentos dos soldos que venciam o sargento-mor de regimento dos auxiliares da Comarca Francisco José Monteiro e Castro e do seu ajudante Manoel da Cunha Gamito, pagamentos que a Câmara fazia por estar este objeto afeto à sua administração, como se verá da cobrança por ela feita no mapa nº 23 e contas da tesouraria; acontece

-------------------------------------------------------------------------------- - - porém que a Câmara, em vereança de 11 de janeiro de 1765, deliberaram escrever ao General da Capitania o Dom Antônio Alves da Cunha, participando que a Câmara transacta tinha feito a assistência e comedorias , ao sargento-mor Francisco José Monteiro, de Rs. 150$000; e que a mesma no decurso deste ano já tinha assistido com a quantia de Rs. 210$ mil réis se que não poderiam mais assistir por não haver dinheiro, nem para as limpezas anuais.

246 _ 1765 _ O General, que então se achava em Santos, em portaria de 23 de janeiro, ordenou à Câmara que imediatamente por serviço de S. Majestade lhe fossem remetidos os livros por um próprio na forma em que estivessem; eis aqui o galardão do que bem serve à Nação, não havendo confiança da real verdade de uma representação emanada da corporação municipal que figura.

Obras da fortaleza

247 _ 2ª - As obras da fortaleza da barra. O General da Capitania Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Moura, em seu ofício ou portaria feita no ano de 1765, ordenava à Câmara que por ordem de S. Majestade tinha de se fazer uma fortaleza na barra daquela Vila e que ela indicasse quais os melhores meios que poderia haver de se fazer esta obra por meio de alguma imposição sobre os povos sem maior dispêndio da Real Fazenda sobre o que a Câmara respondeu ao General que, tendo consultado a vontade dos povos, estes repugnavam contribuir com coisa alguma para a mesma obra; e que se não podia impor mais posturas porque os povos estavam sobrecarregados com bastantes imposições.

248 _ 1766 _ Portaria de 14 de janeiro, do General D. Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, estranhando muito a repugnância que a Câmara e os povos mostravam em não quererem contribuir para a ereção da fortaleza, sendo para sua própria defesa e um dos principais portos da marinha: e que S. Majestade lhe havia ordenado fossem os portos dela fortificados e que ele não exigia que os povos dessem tudo e assim propusessem os meios mais adequados.

Page 154: Vieira dos Santos vol02

249 _ 1766 _ A Câmara fez sua vereança geral em 28 do mesmo mês de janeiro, em virtude da portaria do General para se indicarem quais fossem esses meios, e tanto a Câmara como os povos concordaram uniformemente que, atendendo ao miserável estado da terra e mesmo de seus moradores, não convinham contribuir com coisa alguma e deram outras diversas razões fundamentais.

250 _ 1766 _ Vereança de 1º de março relativa ao mesmo objeto: os povos responderam pela mesma maneira e que a Câmara já tinha contribuído com o seu contingente que voluntariamente ofereceram de Rs. 250$ mil réis anualmente enquanto a obra durasse, de seus cofres! Mas qual foi a generosidade desta oferta voluntária?...

-------------------------------------------------------------------------------- - - 251 _ 1769 _ O mesmo General D. Luiz escreveu uma portaria à Câmara em 19 de janeiro, falando sobre a contribuição dos Rs. 250$ mil réis, que ela devia contribuir anualmente para as obras da fortaleza e que só se tinha recebido a quantia de cento e tantos mil réis; e que houvesse de por via do tesoureiro cobrar o resto da mencionada quantia, ou quando não, iriam pessoalmente a S. Paulo dar a razão por que o não fizeram e dando ao mesmo tempo ordens positivas ao seu ajudante Afonso Botelho para as fazer ir no caso de não cumprirem o que ele determinava !... A Câmara de então era composta dos cidadãos Antônio Rodrigues da Fonseca, João Vieira Colasso, José Caetano da cruz, Domingos da Rocha Martins, João Pereira do Ó.

Subsídios literários

252 - A carta de lei de 10 de novembro de 1772 estabeleceu os subsídios literários cujos rendimentos eram diretamente aplicáveis à subsistência de médicos, cirurgiões, hidráulicos, topógrafos e contadores para o que a Câmara impôs certos tributos sobre os gêneros nacionais, além do que sobre os mesmos já tinham feito do novo imposto, esse primeiro lançamento se não achou nos livros da Câmara e só sim o assento que a mesma fez em 21 de outubro de 1797, talvez renovação ou acrescentamento ao primeiro como se mostra no presente mapa.

253 _ Assentos que se fizeram em Câmara em 21 de outubro de 1797 dos gêneros do país, dos de Curitiba, e madeiras, etc.

Gêneros do país e do de Curitiba Subsídio

Farinha de mandioca Alqueire 20 réis

Milho " 20 réis

Feijão " 20 "

Arroz em casca " 20 "

Goma " 20 "

Page 155: Vieira dos Santos vol02

Congonha " 20 "

Arroz pilado " 40 "

Gêneros de Curitiba

Carne seca Arroba 20

Toucinho " 20

Fumo " 20

Farinha de trigo " 20

Gêneros do país

Estopa da terra Arroba 20

-------------------------------------------------------------------------------- - - Peixe seco " 20

Centos de peixe seco " 20

Café " 40

Arroba " 40

Madeiras

Gicaras ripas Dúzia 10

Ripas serradas " 20

Curva ou braço " 20

Taboado " 40

Couros e selas

Couros de veado Um 10

Belas de aparelho " 10

Couros de boi e vaca " 20

Page 156: Vieira dos Santos vol02

Meios de sola " 20

Betas grossas " 20

Sal por cada meio alqueire " 40

Cabos de embé " 40

Betu infrexate " 5

Estas rendas passaram a ser arrematadas em contratos da Real Fazenda... arrecadada pelos coletores por conta dela, por cujo motivo se não apresentaram os mapas gerais dos rendimentos que produziam anualmente. O Município de Paranaguá.

Décima urbana

A décima sobre os prédios urbanos

254 _ A carta de lei Provincial de nº 9 de 9 de março de 1840, art. 1º, determina: "O rendimento da décima dos prédios urbanos fica aplicado em toda a Província desde o 1º de julho do corrente ano, da maneira seguinte a título de suprimento.

§ 1º - Estes rendimento será aplicado nas cidades da Província para a despesa de sua respectiva iluminação e o que restar para o de suas matrizes e cadeias, não se devendo em caso algum, distrair o rendimento de uma para as despesas de outras.

§ 2º - Nas demais povoações da Província ele será aplicado em benefício das matrizes ou cadeias respectivas. Os coletores das rendas provinciais farão o lançamento, etc., etc".

A lei provincial nº 10, de 22 de fevereiro de 1842. O artigo 1º (diz): o

-------------------------------------------------------------------------------- - - lançamento e cobrança da décima dos prédios urbanos na forma da lei e regulamentos ficará a cargo das câmaras municipais que poderão encarregar a seus procuradores ou agentes servindo de escrivão o secretário.

Os rendimentos que a Câmara teve em diversos anos se verão no mapa nº 24 e bem assim outros mais que a mesma administrou, mostram os mapas nºs 25, 26, 27.

Iluminação da Cidade

Page 157: Vieira dos Santos vol02

1840 _ A lei Provincial nº 9, de 9 de março de 1840 fez a aplicação das décimas dos prédios urbanos nas cidades desta Província para a sua iluminação, desde o 1º de julho em diante. É a iluminação das cidades uma principal medida policial de maior transcendência e de pública utilidade, pois que as luzes dos diversos lampiões colocados em certas direções e distâncias fazem um clarão nas noites mais escuras e os cidadãos por meio de tão acertada instituição podem afoitamente transitarem pelas ruas, evitando assim muitas vezes os roubos, mortes e latrocínios se porventura houvesse obscuridade; por isso que nas grandes cidades o governo e a polícia se tem esmerado o mais que é possível o aperfeiçoamento neste ramo policial, pois que modernamente na Europa até levam o gás por condutos subterrâneos aos diferentes lugares onde se acham colocados os lampiões. Paranaguá, uma das cidades marítimas do Império, deve compartilhar com as outras de um igual benefício de pública necessidade e que finalmente veio a conseguir em virtude daquela lei.

254 _ No ano de 1843, a Câmara encarregou ao benemérito cidadão e Comendador Joaquim Américo Guimarães de mandar buscar do Rio de Janeiro 36 lampiões, próprios para a iluminação das ruas, e este cidadão prestando-se prontamente os mandou buscar e chegados à alfândega participou à Câmara que mandasse tomar conta deles e os quais tinham custado Rs. 1:165$000, fazendo advertência à Câmara que se deveria empregar o pó do tijolo na limpeza dos reflexos, além do bom azeite.

255 _ 1844 _ Em janeiro de 1844, a Câmara nomeou uma comissão dentre seus membros para indicarem os lugares das ruas da Cidade em que os mesmos deveriam ser colocados.

256 _ 1844 _ Em 30 de março o Comendador Manoel Antônio Guimarães celebrou um contrato da iluminação da Cidade com Manoel Gonçalves Guimarães, debaixo das seguintes condições:

1ª - O arrematante tem a receber 36 lampiões e terá com eles todo o cuidado, suprirá com as torcidas e panos para a limpeza e receberá o azeite para o gasto, responsabilizando-se pelas medidas que receber.

2ª - Obriga-se o arrematante conservar acesos os lampiões, defronte da cadeia (quando o tempo o permitir), todas as noites de escuro, até ao amanhecer, quando não haja claridade da lua, e todas as mais conservando-se acesos só

-------------------------------------------------------------------------------- - - até a meia-noite; (se o tempo o permitir) podendo apagá-los das 10 em diante e quando noite clara tornando-se escura, tornará a acendê-los, sujeitando-se à multa de Rs. 1$000 por cada um por mês que faltar aceso, obrigando-se mais a não exceder das 8 horas da noite de escuro ter todos acesos até a lua sair, e quando clarear nãos os acenderá.

3ª - O arrematante sujeita-se à multa de Rs. 2$000 se faltar a estas condições.

4ª - O arrematante obriga-se quando acabar a arrematação de entregar todos os lampiões em bom estado.

5ª - A Câmara obriga-se com o azeite necessário para gasto dos lampiões que deve regular meio quartilho por noite o que estiver aceso a cada um entre duas medidas por mês e recebendo o arrematante em barril, e obrigando-se a conservá-lo em seu poder para dele gastar e responder pelo que faltar.

Page 158: Vieira dos Santos vol02

6ª - A Câmara obriga-se a mandar compor os lampiões e seus pertences quando se estragarem pela continuação do uso ou o temporal ocasionarem.

7ª - A Câmara satisfará ao arrematante a quantia de cem mil réis por três meses, decorridos desde o 1º de março até o último de maio, e os pagamentos serão feitos no último de cada mês, etc.

257 _ 1845 _ Sessão de 20 de agosto. A Câmara oficiou ao Presidente da Província participando que achando-se esgotada com a iluminação da Cidade o rendimento da décima dos prédios urbanos arrecadada no ano passado destinada para tal fim, se fazia necessário que S. Excelência ordenasse ao inspetor da tesouraria para promover a entrega da quantia designada na lei do orçamento de 6 de março de 1845, aplicada pela Assembléia Legislativa Provincial para a iluminação da mesma Cidade.

258 _ 1845 _ Ofício de 17 de setembro do inspetor da tesouraria dirigido ao coletor, ordenando que em quatro prestações satisfizesse a quantia de Rs. 890$757 réis, aplicada para a iluminação desta Cidade.

259 _ 1845 _ Sessão de 10 de outubro. A Câmara oficiou ao procurador Eulâmpio Bento Viana que fosse receber do coletor a sobredita quantia de Rs. 890$757 réis.

260 _ 1845 _ Sessão de 8 de novembro. A Câmara fez uma representação à Assembléia Legislativa Provincial, implorando algum auxílio para a iluminação da Cidade, visto que as quantias que eram aplicadas para a mesma não eram suficientes. Igual representação fizeram ao Presidente da Província.

261 _ 1846 _ Sessão de 22 de outubro, a Câmara oficiou ao Presidente participando que à vista do exposto no § 16 do artigo 1º da Lei Provincial se dignasse satisfazer a cota para ser aplicada à iluminação da Cidade.

262 _ 1848 _ Sessão de 7 de fevereiro, a Câmara oficiou ao coletor das rendas públicas para que entregasse ao procurador João Gonçalves Guimarães a quantia de Rs. 890$570 réis designada na lei do orçamento para fazer face à

-------------------------------------------------------------------------------- - - despesa da iluminação.

263 _ 1848 _ Sessão de 27 de setembro, a Câmara oficiou ao Presidente que achando-se esgotada a cota para a iluminação se dignasse mandar que a Assembléia Legislativa atendesse sobre o mesmo fim, remetendo ao mesmo Presidente a seguinte conta:

A receita e despesa com a iluminação da Cidade no ano financeiro decorrido desde o 1º de julho de 1847 a 30 de junho de 1848, foi Rs. 1:632$139.

264 _ 1849 _ Sessão de 20 de janeiro, a Câmara oficiou ao Presidente da Província participando-lhe que para a conservação da iluminação naquela Cidade se despendia a quantia de Rs. 1:700$000, e recebida a importância da cota 891$000, mostra-se haver para a conservação da mesma um déficit 809$000.

Page 159: Vieira dos Santos vol02

265 _ 1849 _ Sessão de 20 de julho, a Câmara oficiou ao Presidente da Província exigindo se dignasse mandar dar a cota para a iluminação da Cidade.

266 _ 1849 _ Sessão de 14 de setembro, a Câmara oficiou ao seu procurador, para ir receber do coletor a quantia de Rs. 891$000, designada na lei do orçamento para a iluminação da Cidade.

267 _ 1849 _ Sessão ordinária de 10 de outubro. A Câmara oficiou ao inspetor da tesouraria em resposta de seu ofício de 27 de agosto, em que tinha participado ao coletor desta Cidade para que entregasse a quantia designada na lei do orçamento de que ficava inteirada.

268 _ 1849 _ Sessão de 3 de novembro. A Câmara representou ao Presidente a possibilidade de ser conservada a iluminação da Cidade com a quantia de Rs. 891$000. Decretada anualmente, para essas despesas e que sendo indispensável a quantia de Rs. 1:700$000, como se evidenciava do orçamento junto. A Câmara se tinha visto na precisão a deliberar que seja unicamente conservada parte da iluminação acendendo-se os lampiões mais necessários ao trânsito público, e assim que S. Excelência providenciasse a respeito.

Receita com a iluminação da Cidade no ano financeiro que decorre do 1º de julho de 1847 a 30 de junho de 1848:

269 _ Saldo que existia do ano antecedente, conforme a conta prestada em 9 de dezembro de 1847 711$062 Importe de 1 barril de azeite que existia 67$500 Idem quantia recebida da coletoria 290$748 Saldo que existia até 30 de junho 2$829 1:672$139

270 _ Despesa que teve a iluminação da Cidade de Paranaguá no ano financeira que decorre do 1º de julho de 1847, até 30 de junho de 1848.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Importância do azeite gasto em todo o ano 1:248$160 Idem pago ao arrematante 366$664 Idem despendida em vidros, tintas e consertos dos lampiões 57$315 1:672$139

271 _ Receita que teve a iluminação da Cidade de Paranaguá no ano financeiro que decorreu do 1º de julho de 1848 a 30 de junho de 1849.

Qualidades das rendas Quantia arrecadada Saldo existente até 30 de junho conforme

a conta prestada a 6 de novembro de 1848 2$829

Recebida do coletor das rendas públicas

Joaquim Maria da Costa conforme o ofício

da tesouraria provincial de 23 de novembro

Page 160: Vieira dos Santos vol02

a 18 de dezembro do mesmo ano

financeiro por conta da primeira e segunda

prestação correspondente ao ano financeiro de

1848 a 1849 445$500 Idem por conta da 3ª prestação de 9 de março 225$750 Idem da 4ª prestação de 6 de junho 225$750 893$829

Objetos das despesas, Quantia despendida

de julho a setembro de 1848

68 ½ medidas de azeite desta parte da

iluminação 1600 109$600 Ordenado de 3 meses ao arrematante de

outubro a dezembro 69$622 106½ medidas de azeite desta parte da iluminação 1440 167$440 Ordenado de 3 meses ao arrematante 67$090 110 medidas ds. 158$000 Ordenado ao arrematante de 3 meses de abril a junho 67$090 165 medidas 1280 160$000 Ordenado de 3 meses ao arrematante 68$736 Saldo existente até 30 de junho 26$253 893$829

Em sessão ordinária de 3 de novembro de 1849.

-------------------------------------------------------------------------------- - - ILUMINAÇÃO DA CIDADE

Ruas e lugares da Cidade de Paranaguá em que se colocaram os 36 lampiões da iluminação da mesma cidade.

272 _ Ruas da Cidade principiando do lado do Norte ao do Sul.

Rua da Praia

Números

1 Lampião no canto do sobrado do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia

1 dito no canto do sobrado de Manoel Ricardo dos Santos

1 dito em frente ao sobrado do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira

1 dito em frente do sobrado do Comendador Manoel Antônio Guimarães

Page 161: Vieira dos Santos vol02

1 dito em frente da casa de Manoel da Cunha Pacheco

1 dito em frente da casa de Manoel Francisco Correia Júnior.

Rua da Ordem

1 lampião no canto do palacete de Manoel Ricardo dos Santos

1 dito ... da igreja da Ordem Terceira

1 dito... da casa de Manoel Ricardo dos Santos

1 dito... do sobrado de José Antônio Pereira Porto.

Rua da Cadeia

2 lampiões defronte à cadeia

1 dito no canto da casa de Manoel Gonçalves Marques

1 dito no canto da casa dos herdeiros de Leandro José da Costa.

Rua do Ouvidor

1 lampião no canto do sobrado do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior

1 dito do canto do sobrado de Manoel Francisco Correia Júnior.

1 dito de casa....de Francisco Alves de Paula

1 dito do sobrado.....do capitão João Machado Lima

1 dito da casa de Manoel Dias de Siqueira

1 dito da Irmandade da Ordem Terceira

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1 dito meio do fundo do sobrado de Antônio Gomes.

Rua Direita

Page 162: Vieira dos Santos vol02

1 dito no canto da capela do Bom Jesus

1 dito no canto da casa de Manoel Luizinho de Nóris

1 dito no canto da casa do falecido Joaquim José de Araújo

1 dito ... ds. na da Irmandade do SS. Sacramento

1 dito.... do sobrado de Francisco Godofredo.

Rua da Gamboa

1 lampião na casa do alferes Manoel Antônio Dias

1 dito... no sobrado dos falecidos herdeiros do Padre João Crisóstomo

1 dito da casa de Francisco Manso

1 dito... de Pedro de tal na fonte.

Rua da Misericórdia

1 dito na casa do Desembargador Agostinho Ermelino de Leão

1 dito na casa de Francisco Maria Novais

1 dito na casa de Manoel de Castilho

1 dito na sacristia da igreja matriz

1 dito na casa que serve de açougue

1 dito na casa de Manoel da Cunha Pacheco.

_________

36 lampiões pertencentes aos bens da casa da Câmara.

273 _ 1850 _ Sessão de 5 de abril. A comissão de contas passando a examinar as da iluminação da Cidade foi de parecer se acrescentassem mais 2 lampiões nas esquinas das casas de Manoel José Correia e José Antônio Pereira Porto. (1)

1850 _ Sessão de 10 de abril. A Câmara oficiou ao fiscal José Inácio de Simas, participando-lhe ter resolvido a transferência dos lampiões da Cidade, Indicados no parecer respectivo e além dessas medidas colocar mais um na rua da cadeia, esquina do Rosário. (1) Na sessão de 6 de abril, a Câmara deliberou haver mais um lampião para a iluminação da Cidade e indicou-se um na esquina da rua da Cadeia e outro na esquina da rua do Rosário.

Page 163: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - 274 _ Sessão de 11 de julho. A Câmara oficiou ao Presidente da Província, exigindo mandasse entregar a cota destinada na lei vigente, visto estarem esgotados os rendimentos aplicados para a mesma.

A Câmara foi muitas vezes encarregada da administração do contrato das passagens do Cubatão por conta da Real Fazenda, quando não havia arrematantes; ela foi igualmente encarregada da administração da estrada geral da Cidade para a da freguesia de S. José dos Pinhais, bem como da abertura do canal do Varadouro, e a cobrança de diversas rendas nacionais, de subsídios literários, dízimas, novos impostos; veja-se os mapas nº 25.

Finalmente está ao cuidado da mesma Câmara Municipal o sustento e socorro dos presos pobres.

275 _ 1844 _ Sessão de 4 de novembro. A Câmara oficiou ao Presidente, participando ter despendido a cota de Rs. 271$070, com o sustento dos presos pobres e limpeza das prisões no ano financeiro de 1º do outubro de 1843 a 30 de setembro de 1844.

276 _ Sessão de 24 de janeiro. A Câmara oficiou ao Presidente da Província remetendo a conta da despesa que fez com o curativo e sustento dos presos pobres até 30 de setembro de 1843 que foi a quantia de Rs. 289$480.

277 _ 1846 _ Sessão de 17 de julho. A Câmara oficiou ao Presidente, participando que ela faz diariamente a despesa de 800 réis com os presos pobres, e no ano Rs. 288$000, quantia considerável que ela não podia despender à vista de sua receita e assim que S. Excelência houvesse de dar algumas providências.

278 _ 1847 _ Sessão de 2 de outubro. A Câmara oficiou ao Presidente da Província exigindo que mandasse uma cota para o sustento e condução dos presos pobres, porque a receita da Câmara apenas chegava para as despesas mais essenciais do Município.

279 _ 1848 _ Sessão de 14 de janeiro. A Câmara oficiou ao Presidente pedindo socorros para os presos pobres e luzes para a cadeia pois que a última quantia de Rs. 300$000 já se tinha despendido como se via da conta junta.

Conta da despesa com o suprimento dos presos pobres no ano financeiro de 1846 a 1847 , na importância de Rs.339$280 Recebido pela alfândega a parecer com da tesouraria de 23 de novembro de 1846 300$000 Quantia que supriu o cofre municipal 39$280

280 _ 1848 _ Sessão de 28 de fevereiro. A Câmara oficiou ao coletor para que entregasse a quantia de Rs. 200$000 para a despesa do sustento dos presos pobres.

281 _ 1849 _ Sessão de 20 de julho. A Câmara oficiou ao Presidente, mandou a conta abaixo das despesas feitas com os presos pobres; e que para

--------------------------------------------------------------------------------

Page 164: Vieira dos Santos vol02

- - elas seriam necessários Rs. 300$000 anuais, pela razão de que para ela se enviam os presos de outros municípios por ser uma das melhores cadeias da Comarca.

Despesa feita pelo cofre municipal da Cidade com o sustento de presos pobres, desde o 1º de outubro de 1847 a 30 de junho de 1849:

A quantia de 408$630 Recebida do coletor das rendas pública desta Cidade por ordem da tesouraria de 9 de fevereiro de 1848. 200$000 Quantia que supriu o cofre municipal 208$630

282 _ Sessão ordinária de 15 de janeiro. A Câmara resolveu na sessão de hoje de se dar princípio à confecção de um cemitério, encarregando a sua administração o Capitão Simão José Henriques Deslandes, cidadão mui hábil e de cujo edifício se fará a sua descrição circunstanciada no lugar competente.

283 _ 1847 _ Ofício do Inspetor da tesouraria Inácio de Barros Vieira Cajueiro, de 11 de novembro dirigido à Câmara do teor seguinte: Il.mos Senhores. Tendo esta Câmara recebido em diversas datas a quantia da nota junta, espero que V. Senhorias hajam de prestar contas documentadas da despesa com ela feita, ou fazer recolher ao cofre Provincial, na forma do art. 32 da lei nº 25, de 23 de março de 1841, a mencionada quantia ou aquela que tenha sido despendida nas obras para que foram destinadas e de que não prestaram as contas ora exigidas, ficam sujeitos à multa imposta no artigo 24 da mesma lei. Deus guarde a V. Senhorias . Tesouraria de S. Paulo, 11 de novembro de 1847. Il.mos Senhores Presidente e Vereadores da Câmara Municipal de Paranaguá. O inspetor Inácio de Barros Vieira Cajueiro.

Câmara de Paranaguá

Resto de 27:657$170 réis recebidas em diversas datas para as estradas de comunicação com as vilas de serra acima 4:277$246 Idem de 1:800$000 para a cadeia em diversas datas 512$570 Idem de 1:600$000 para a matriz 502$702 Idem de 480$000 para sustento dos presos 300$000 5:592$518

Secretaria da tesouraria Provincial, 11 de novembro de 1847.

MAPA Nº 23

284 _ Mapa do rendimento do imposto do sal e aguardente das vilas de Paranaguá, Cananéia e Iguape, aplicados para pagamentos dos soldos do sargento-mor dos auxiliares e seu ajudante.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 285 _ Registo da conta corrente que veio da junta da Real Fazenda da Cidade de S. Paulo.

Page 165: Vieira dos Santos vol02

a Câmara de Paranaguá em conta corrente com a Junta da Real Fazenda de S. Paulo, até 12 de novembro de 1776.

Receita

Pelo que importaram os rendimentos da imposição do sal e aguardentes, cobrados nas vilas de Paranaguá, Iguape e Cananéia,

desde setembro de 1787 até 12 de novembro de 1776, como consta da certidão remetida da mesma Câmara 6:494$744 Pelo que importam os 100$000 anuais que se obrigou a

Câmara de Paranaguá e se obrigou de seus próprios réditos,

conforme o termo de 29 de maio de 1727 feita a conta desde 30

do dito mês até 12 de novembro de 1776 945$280 7:440$024

Despesa

Pelo que venceram o sargento-mor e seu ajudante de

auxiliares da mesma Comarca, para a compra dos cavalos e

arreios para o exercício de seus postos 160$000 Pelos soldos vencidos pelos ditos oficiais desde 5 de

agosto de 1765 até o fim de outubro de 1776, em que decorreram

11 anos 2 meses e 26 dias 6:419$653 Pelo excesso que há de receita, a despesa que deve entrar

nesta tesouraria por saldo de conta até o dia 12 de novembro de

1776 880$371 7:440$024

-------------------------------------------------------------------------------- - - São Paulo, 23 de janeiro de 1777.

Matias José Ferreira de Abreu.

MAPA Nº 24

286 _ Mapas da receita e despesa que teve a Câmara Municipal em diversos anos como abaixo se vê, e conhecer-se o progressivo aumento que cada vez mais vai tendo.

Page 166: Vieira dos Santos vol02

(1) Neste ano entrou em receita Rs. 155$982 réis de meios direitos vindos da Câmara de Antonina 280$000 que os vereadores emprestaram a mesma Câmara para o futuro do açougue. Na despesa deste ano entrou Rs.: 103$540; despesa feita com o funeral de S. Majestade a Imperatriz: 316$330 réis; que se pagou a Francisco Antônio Siqueira pela despesa feita na obra do açougue: 165$465; despesa com a fatura da nova barra: 46$670 réis; que se deve a Felipe Tavares pela despesa feita no açougue: 185$680 réis; que o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia emprestou para o mesmo açougue.

-------------------------------------------------------------------------------- - - MAPA Nº 25

287 _ Mapa da arrecadação dos impostos sobre o sal. Novo imposto e da carne verde, selo, sisa, e meia sisa que a Câmara cobrou por conta da Junta da Fazenda. MAPA Nº 26

288 _ Mapa da arrecadação das rendas nacionais de Paranaguá, Curitiba e Antonina no ano de 1809 a 1810.

-------------------------------------------------------------------------------- - - MAPA Nº 27

289 _ Mapa da arrecadação de diversas rendas do ano de 1807 na Vila de Paranaguá:

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 167: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO SEGUNDO

2º Colégio dos extintos Jesuítas

Notícia histórica deste edifício dos extintos Padres da Companhia de Jesus, com as plantas das repartições de seu interior e instituição da alfândega e do aquartelamento da tropa no mesmo.

290 _ O colégio dos extintos Padres da Companhia de Jesus. Este majestoso edifício do lado do mar representa um grande aparato; é composto de dois sobrados no corpo do convento, com uma igreja anexa e toda feita de pedra de cantaria primorosamente lavrada, no frontispício da igreja em frisos, cordões, meias canas, e outros lavores, principalmente no nicho do meio, onde pretendiam colocar S. Inácio de Loiola, o grande patriarca da sua Associação, ao lado da qual estão duas grandes janelas para darem à igreja a competente claridade; seus portais, ombreiras e até mesmo a própria cimalha do remate do edifício é de cantaria.

291 _ 1690 _ A Câmara e povo desejosos de que na mesma Vila houvesse religiosos da Companhia de Jesus e que nela se quisessem estabelecer para darem ensino e educação aos jovens paranagüenses não só da doutrina cristã, mas ainda mesmo de primeiras letras, de latinidade, filosofia e retórica, solicitaram do Padre Provincial da mesma Ordem lhes houvesse de mandar seis religiosos e que eles se obrigavam a fazer-lhes um colégio, à sua custa, dar-lhes dinheiro e doações de terras e comprar-lhes escravos, a fim de que tivessem suficiente subsistência, uma vez que eles se obrigassem de ensinarem e educarem seus filhos. Vide o tomo 1º em a nota 137.

292 _1699 _ No ano de 1699 o Provincial resolveu mandar para Paranaguá alguns religiosos da mesma companhia de Jesus, aos quais os povos logo lhe deram seis escrituras de doações. Vide tomo 1º nº 852.

293 _ 1704 _ Neste ano para residência dos mesmos Padres a Câmara e povo lhes fizeram uma casa no campo grande e quase próximo à igreja de S. Benedito, para lhes servir de missão em seus atos religiosos, enquanto não houvesse convento, em que havia um sino e tocava as horas e saudações angélicas; e sendo depois a mesma casa convertida em quartel militar, e demolida no ano de 1828 e seus materiais serviram para a casa da pólvora no mesmo

-------------------------------------------------------------------------------- - - campo grande.

Page 168: Vieira dos Santos vol02

294 0- 1704 _ Vereança de 2 de agosto a Câmara oficiou ao Provincial dos Padres da Companhia em nome dos povos da doação da capela de Nossa Senhora das Mercês e de suas alfaias. Vide no tomo 1º nº 163..

295 _ 1709 _ Em 3 de fevereiro o Doutor Ouvidor João Saraiva de Carvalho, de S. Paulo, oficiou à Câmara para que ela não consentisse que a obra do colégio fosse levantada sem que primeiro obtivessem a licença de S. Majestade. Vide tomo 1º nº 170, pois que já neste tempo os Padres pretendiam darem princípio à confecção do mesmo edifício.

296 _ 1732 _ Vereança de 23 de agosto. A Câmara fez uma representação a S. Majestade e entre outras diversas coisas pediu-lhe concedesse licença para os Padres da Companhia fundarem a sua casa colegial. Vide no 1º tomo, à f. 298.

297 _ 1739 _ Em 2 de dezembro houve uma vereança geral em a qual foram chamados todos os cidadãos da governança a consultar qual fosse a melhor maneira de se dar princípio às obras do colégio, e todos unanimemente assentaram de uns darem canoas de pedras e outros o serviço de seus escravos. Vide o 1º tomo, nº 315.

298 _ 1740 _ Teve princípio a obra do colégio no qual se trabalhou dezenove anos, até o de 1759, em que foram extintos pelo decreto de 3 de setembro de 1758, e pelo qual foram banidos e desnaturalizados da Monarquia Portuguesa.

299 _ 1759 _ A carta régia de 24 de julho de 1759, ordenou se prendessem e deportassem; o alvará de 13 de setembro do mesmo ano foram declarados rebeldes e traidores e por isso presos e deportados no Brasil no mês de novembro. Em 13 de janeiro de 1760 foi feito o seqüestro em seus bens.

300 _ 1760 _ Ficou por se acabar de concluir este convento; o lanço do quadro que faceia com o frontispício e rua da Alfândega, em cuja igreja arrematava o mesmo convento; e para a qual concorreram todos os povos de Paranaguá, como lhes haviam prometido, principalmente os homens mais principais e abastados e entre eles se conta por memória o Capitão Manoel Gonçalves Carreira, ter dado para a fatura da mesma obra oito mil cruzados.

301 _ 1832 _ No grande espaço de 75 anos, decorridos desde a extinção dos Jesuítas, inclusivamente até o de 1835, em que o mesmo edifício já era pertencente à Real Fazenda ficou inteiramente abandonado à furibunda mão do tempo, que tudo destrói, sem que a mesma houvesse de mandar fazer os reparos de que necessitava; caminhava pois a uma total ruína, pela falta de retelho geral tanto no corpo do convento como no da igreja e sacristia; suas imensas goteiras foram deteriorando os encaibramentos dos telhados , apodrecendo as linhas dos vigamentos que os sustinham; os forros e os assoalhos até as paredes do corpo da igreja e outros lugares estavam rachadas criando ervas parasitas e ruinosas às mesmas e até já vigorosos arvoredos de figueiras além disso, sendo o mesmo edifício muito açoitado pelas chuvas e tormentas vindas da banda do

-------------------------------------------------------------------------------- - - sul e leste que faziam encanar torrentes de águas pelas goteiras e telhas quebradas, faziam o apodrecimento mais breve do madeiramento estava a desabar a cada momento um pedaço do telhado por falta de se acabar um pedaço de parede da banda do mar, atrás da capela-mor; finalmente o total aspecto desse majestoso edifício mostrava uma total ruína e um

Page 169: Vieira dos Santos vol02

desmoronamento inesperado, se não fosse o zelo patriótico do prestante cidadão o Comendador Manoel Francisco Correia Júnior na qualidade do coletor das rendas nacionais representar ao Governo da Província em seu ofício de 2 de outubro de 1832, do mesmo Governo, a mandar reparar e servir de aquartelamento aos guardas nacionais que estivessem destacados; com efeito, o Governo mandou fazer alguns reparos mais necessários e hoje está servindo de grande utilidade à Nação, pois além do mesmo aquartelamento serve de casa da alfândega, e de depósito de trens bélicos e o restante do corpo da igreja e outros lugares desocupados ainda bem podem servir para ocupação de alguma das repartições públicas, se porventura a Cidade de Paranaguá chegar a ser a Capital da Província; deve pois a Nação reconhecer os serviços que por este motivo prestou aquele patriótico cidadão paranagüense.

302 _ A Junta da Fazenda, desde a extinção dos Jesuítas unicamente conservou no colégio um capelão ao qual pagava anualmente uma módica côngrua de Rs. 40$ mil réis para dizer missa na igreja e olhar na sua conservação e de seus ornamentos e alfaias que a mesma tinha; e foi o primeiro capelão

1º Capelão o Padre Francisco de Meira Calassa, desde 1760 até...

2º O Padre José da Rocha Martins desde.....até 1801.

3º O Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal desde o ano de 1801 até o de 1821.

Nesta igreja tinha o altar-mor e um colateral. A capela-mor e seu trono feito de entalhadura e molduras ao gosto daquele tempo; neste altar estavam colocadas a imagem de Nossa Senhora das Neves, em seu nicho, e outros laterais o de S. Inácio de Loiola, fundador da Companhia e o de Nossa Senhora do Terço; também tinha as imagens de S. Francisco de Paula, fundador dos Mínimos; e S. Amaro. No altar colateral ao lado do evangelho estava colocada a respeitosa imagem do Senhor Bom Jesus da Cana Verde; o retábulo desse altar foi mandado pintar em 1800 pelo Fr. de Camargo, comandante de um destacamento de tropa de linha, do regimento de mexias, da praça de Santos que estava de estudo em Paranaguá, à custa dos soldos dos mesmos em cuja igreja ia o mesmo destacamento ouvir missa de parada nos domingos e dias santos de guarda, onde estiveram destacados até 1802. Consta que antes de 1760, os Jesuítas festejavam em 31 de julho ao seu fundador, S. Inácio de Loiola e os demais; e depois de sua extinção, ainda se continuou a fazer festividades

-------------------------------------------------------------------------------- - - na mesma igreja como o do Senhor Bom Jesus da Cana Verde (1) e a de Nossa Senhora das Neves no mês de agosto com novenas e tríduo, e a de Nossa Senhora do Terço, no mês de setembro, também se festejava a S. Francisco de Paula com uma trezena nas sextas-feiras; estas festividades deveriam ser feitas ou por devoção ou por meio de nomeações eletivas, por meio de sorteamento, não havendo confrarias que as fizessem; mas estas devoções foram esfriando de maneira que, desde 1790, já nenhuma mais se fazia. Em 1804 ou 1805, havendo desabado parte do telhado da igreja foram transferidas as imagens que nela havia, indo a do Senhor Bom Jesus da Cana Verde para a capelinha, a de S. Francisco de Paula e outra para a matriz, bem como os ornamentos.

Page 170: Vieira dos Santos vol02

É para ser notado que quisessem adotar em primaria os Jesuítas de colocar na sua igreja as imagens de Nossa Senhora das Neves e a do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, à imitação da Vila de Iguape porque nesse tempo (e ainda até hoje) era naquela Vila a romaria de maior fama que havia em toda a Província e onde concorriam imensos povos de todas as partes e por meio de uma igual devoção os Jesuítas pretendiam desviar a afluência daquela romaria e atraí-los à concorrência de sua igreja, sendo um de seus principais sistemas: atrair a afeição dos povos por meios dos atos de religião de baixo de sua imediata influência, e a título de beneficência e caridade extorquindo-lhes suas riquezas para seus engrandecimentos; ninguém pode duvidar por outro lado os grandes serviços que eles prestaram ao Brasil, na catequese dos indígenas, ensinando-lhes os rudimentos da civilização, instruindo-os nos dogmas da religião católica, com a doutrina cristã e assim entrarem no grêmio dos povos civilizados e mesmo nas escolas de seus colégios, instruindo a juventude dos paranagüenses no ensino primário das primeiras letras, latinidade, retórica e filosofia em tempo que nem havia escolas particulares do ensino primário; e por esse motivo é que os povos paranagüenses tanto ambicionavam a que eles se estabelecessem e para esse fim se sacrificaram a lhes fazer à sua custa a sua casa colegial, dar-lhes datas de terras para seus estabelecimentos, dinheiros para compras de escravos, fazendas de gados e outros muitos legados, cujas promessas cumpriram exatamente os paranagüenses, desfrutando apenas perto de 60 anos o ensino de suas aulas até o ano de 1760 em que foram extintos. Os nomes (1) No ano de 1781 ainda se fez no colégio uma festividade a Nossa..... com novena e tríduo. Na primeira sexta-feira do mês de janeiro tinha princípio a trezena de S. Francisco de Paula, sendo o dia de sua festa a 2 do mês de abril.

-------------------------------------------------------------------------------- - - destes Padres que vieram para a casa da missão de Paranaguá, até a residência dos últimos se ignoram; mal apenas se sabe que em 1721 era superior da casa da missão o Padre Manoel Amaro, a quem o Doutor Ouvidor Rafael Pires Pardinho mandou intimar os seus famosos provimentos de correição que fez; e em 1739 o Padre Antônio da Cruz promovente das obras do colégio e só nos anais da mesma Companhia de Jesus é que se poderá saber quem eles foram.

303 _ 1821 _ Portaria do 1º de junho do Governo da Província ordenando que o Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal despejasse o Colégio e o Inspetor da Junta da Fazenda determinou ao Coronel Governador Miguel Reinardo Belistein que imediatamente fizesse aquartelar a tropa que guarnecia aquela Vila no mesmo edifício enquanto se não mandasse o contrário; desde esse tempo ficou estabelecido ali o quartel militar dos guardas nacionais ocupando metade do 1º e 2º sobrado.

304 _ 1832 _ Abandonado o edifício desde a extinção dos Jesuítas as inconstâncias do tempo era de necessidade haver nele reparação e por isso o coletor das diversas rendas Manoel Francisco Correia Júnior, em ofício de 2 de outubro de 1832 participou ao Presidente Rafael Tobias de Aguiar que o quartel que mencionava pertencia à Nação por ser no colégio dos extintos Jesuítas em o qual parte era ocupado pela alfândega e a outra em que estava o aquartelamento junto à igreja que se achava em um estado de ruína, e seria bom que S. Excelência mandasse proceder a um rigoroso exame, pois que a Nação muito perdia em não conservar uma propriedade semelhante que a igreja só tinha a capela-mor coberta e descoberto o corpo dela e se não houvesse um grande conserto, em breve desabaria e a Nação sofreria bastante prejuízo.

Page 171: Vieira dos Santos vol02

305 _ 1832 _ Portaria de 21 de novembro do mesmo Presidente em resposta do antecedente dirigido ao coletor ordenando lhe fosse remetido um orçamento da despesa em que poderia montar o conserto da parte do quartel que ocupavam os guardas nacionais.

306 _ 1835 _ Ofício de 7 de dezembro do inspetor da tesouraria Miguel Arcângelo Ribeiro de Castro e Camargo dirigida ao coletor para que lhe informasse quais os reparos de que necessitava a parte do edifício do colégio que servia de quartel dos guardas nacionais enviando um orçamento das despesas que convinha fazer-se.

307 _ 1838 _ Portaria de 4 de agosto de Presidente Venâncio José Lisboa, dirigida ao coletor das rendas nacionais Manoel Francisco Correia Júnior um orçamento das obras que eram necessárias fazer-se no colégio dos extintos Jesuítas.

308 _ 1838 _ Ofício de 2 de setembro do coletor ao Presidente, remetendo-lhe um orçamento da quantia de Rs. 8:000$000 que era necessário para se fazerem os reparos da igreja, sacristia e conserto da parte ocupada pelo aquartelamento, como se verá por extenso no 1º tomo destas memórias.

309 _ 1838 _ Sessão da mesa da S. Casa da Misericórdia de 18 de

-------------------------------------------------------------------------------- - - fevereiro, o provedor apresentou nela um ofício do inspetor da alfândega de 21 de agosto de 1837, comunicando à Irmandade que o Ex.mo Presidente da Província lhe determinava por uma portaria que a Irmandade podia ocupar a parte do edifício que se achava desocupada pela alfândega para servir de hospital da mesma Santa Casa.

310 _ 1838 _ Sessão da mesa da Santa Casa da Misericórdia de 11 de março em que se tratou sobre a ocupação do edifício do colégio, desocupado pela alfândega para nele se estabelecer o hospital da Santa Casa, mas a Irmandade vendo as grandes despesas que eram necessárias a fazer-se nos seus reparos não aceitou o mesmo edifício, antes preferiu se alugasse temporariamente uma casa particular para esse ministério, enquanto se não podia fazer um novo hospital.

311 _ 1839 _ Ofício de 4 de julho do coletor das rendas nacionais Manoel Francisco Correia Júnior, ao Presidente da Província do teor seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor.

A portaria de V. Excelência de 16 de janeiro do corrente ano, em resposta ao meu ofício de 3 do mesmo mês, concernente ao quartel da guarda nacional do destacamento nesta Vila, recebi em seu devido tempo e não respondi porque estava à espera que o inspetor da alfândega desta Vila, por ordem da tesouraria mandasse fazer o conserto indispensável e como até agora o não tem feito, por isso que a bem dos interesses nacionais, vou lembrar a V. Excelência que este quartel e parte do edifício onde está colocada a igreja ameaça grande ruína em todo o edifício, o que se poderá evitar, conservando o existente e no abandono em que está, virá a Nação a ter o prejuízo de alguns contos de réis que vale o dito edifício e que de dia em dia se vai danificando e quanto dos espeques que V. Excelência me ordena, mande pôr, tenho a lembrar a V. Excelência que por desnecessário não mandei fazer, porém lembro a V. Excelência que é de extrema necessidade mandar tirar as raízes das árvores que estão abrindo cada vez mais as ditas paredes, e mandar

Page 172: Vieira dos Santos vol02

fazer uma parede de pedra e cal, da parte do sul, nos fundos da igreja, pois estando há quatro anos a recolher água para dentro está acabando de apodrecer. O assoalho da sacristia e consistório, tendo já inutilizado dois armazéns, que estes serviam e eram alugados para sal e casinhas. Os interesses que tomo pelos bens nacionais me movem a levar o exposto a V. Excelência que mandará o que for servido. Me persuado que além do referido a parte do quartel reclama com urgência um retelho geral. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, 4 de junho de 1839. Il.mo e Ex.mo Senhor Venâncio José Lisboa, Manoel Francisco Correia Júnior.

312 _ 1840 _Por ordem que o mesmo coletor teve do Presidente da Província, mandou fazer os reparos mais necessários na parte ocupada do quartel dos guardas nacionais e segundo a conta da despesa que fez, nos mesmos reparamentos que acompanhou um ofício de 14 de janeiro do ano de 1841, foi da quantia de Rs. 2:348$116.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 313 _ 1841 _ Nos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano ainda se trabalhou nas obras do colégio, na parte da igreja e sacristia que foi a seguinte com reparos da igreja: 2:080$640

Idem com reparos da sacristia: 367$200

4:795$956.

Fora esta quantia ainda se fizeram mais despesas no mesmo edifício e eu se ignoram.

CIDADÃO VICENTE FERREIRA MARTINS

Coadjuvador da história paranagüense

Vicente Ferreira Martins, cidadão brasileiro, literato mui ilustrado na história antiga e moderna, apreciador de antigüidades, um dos mais hábeis escriturários da repartição da alfândega de Paranaguá, geômetra arqueológico das embarcações marítimas, curiosíssimo em desenho, mapista insigne, etc. Este prestativo cidadão, um dos principais coadjuvadores desta memória histórica, gostosamente se tem prestado a todas as exigências que lhe são pedidas, não se poupando a trabalhos, nem dificuldades; e a história lhe é devedora de ser enriquecida com os interessantes e ilustrativos mapas dos rendimentos da alfândega consulado; o das exportações para os portos do Império e dos estrangeiros; foi ele que com imenso trabalho teve a paciência e a constância de fazer todas as medições geométricas do majestoso edifício do colégio, e por ele mesmo delineadas nas três belíssimas plantas iconográficas que vão anexas à história; a primeira do piso térreo do mesmo edifício; a segunda do primeiro sobrado, e a terceira do segundo sobrado, onde está a repartição da mesma alfândega; a ele é a história devida a delineação da barra e baías paranagüenses tão perfeitamente executadas, como o mais hábil litógrafo, a história mostra seus mapas de observações metereológicas nos quais se mostram os graus ínfimo, médio e supremo de frio ou calor que reinam nas quatro estações do ano no clima da mesma cidade. Foi ele o que no seu mapa das barras mostra haver uma boa entrada para as embarcações e suas saídas por entre a praia e a Ilha das Palmas, que tem estado até agora sem uso e por onde têm entrado e saído muitas embarcações de maior porte, como o demonstrou em uma lista delas; e que ela pode servir de grande utilidade ao comércio, sendo freqüentada a navegação por ela. Finalmente este

Page 173: Vieira dos Santos vol02

prestante cidadão tem sido incansável nestes trabalhos coadjuvadores da história paranagüense para que fique bastantemente ilustrada, não tendo em recompensa senão o ardente desejo patriótico do engrandecimento e do bem-estar da Cidade paranagüense, em cujo solo é habitador.

Descrição geográfica do majestoso edifício dos extintos Padres Jesuítas tanto de sua perspectiva exterior, como das repartições interiores do mesmo

-------------------------------------------------------------------------------- - - edifício.

Vista do exterior do edifício do colégio (1)

Este grande edifício está colocado entre o mar e a rua da Ordem, e ora chamada da Alfândega.

Frente e Fundo

315 _ O edifício está assentado dentro de um quadrilongo que tem 188 palmos de frente, na face que olha para o mar, e na face que olha para o lado do sul tem de fundo 147 palmos e na face oposta do lado do norte desde a frente do mar até o canto do convento que ficou por acabar e dá entrada à porta do segundo sobrado donde está a repartição da alfândega tem só 110 palmos.

Fachadas exteriores

A fachada da frente que olha para o mar estão as paredes nuas e despidas do embranquiçamento, nem mostram as vidraças que teriam suas janelas se fossem pintadas, por isso não realça a vista que podia ter, contudo aparecem 10 grandes e largas janelas no segundo sobrado e 7 no primeiro sobrado e no piso térreo além da grande porta principal que servia de portaria do convento e ora o é da alfândega, há mais 3 portas que dão serventia a armazéns e mais 3 janelas. A parte do edifício que faceia para o beco da alfândega, ao lado do norte, mostra 6 janelas no segundo sobrado, 4 no primeiro. Na face do sul há só duas janelas que davam claridade à sacristia.

A frente que faceia para a rua da Alfândega mostra o frontispício da igreja: as entradas para a alfândega e o quartelamento e 6 janelas de peitoril nas três faces do quadrado interior do convento que olham para o pátio central do claustro.

316 _ Divisões interiores do edifício do colégio delineadas em três plantas iconográficas pelo hábil cidadão Vicente Ferreira Martins.

A vista das três plantas iconográficas anexas a esta história até desnecessária seria analisá-las descritivamente, as dimensões que tem cada repartição mas para que os leitores não interrompam o fio da história em recorrerem às mesmas plantas, o que desejam saber, por isso vão transcritas minuciosamente.

Page 174: Vieira dos Santos vol02

(1) Atualmente o prédio está sendo restaurado pelo Patrimônio Histórico e artístico Nacional. J. M.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1ª Planta iconográfica do piso térreo do edifício do colégio

A primeira planta iconográfica do piso térreo mostra a sua entrada do lado do mar, por um portão largo que era a portaria principal do convento e que ora o é da alfândega; por ele se entra em uma sala de 15 palmos de frente e 20½ de fundo; ao lado da entrada está colocada a mesa do administrador das capatazias; por esta sala se entra num armazém que fica na face do norte e no lado direito do claustro. Ao lado esquerdo da entrada principal daquela primeira sala está o primeiro arco de abóbada por onde se entra à outra sala menor, onde também há outro arco, que dá entrada para os claustros ou corredores do pátio interior; nesta segunda sala está a mesa do porteiro, encostada à parede de um escadório de pedra que dá subida ao primeiro sobrado; esta sala tem 20 palmos de frente e 15 de fundo. Entrado o segundo arco da abóboda se apresenta o primeiro corredor do claustro que fica do lado do norte o qual tem 79 palmos de comprido e 12 de largura; ao entrar nele, lado direito há uma janela que dá luz ao primeiro armazém, que tem 13 palmos de frente e 20 de fundo; a serventia para este armazém é por uma porta da primeira sala da entrada da alfândega como já se disse; segue-se outro armazém, maior unido a este com 41½ palmos de frente e 20½ de fundo; a sua entrada é por uma porta que se comunica com este que está no fundo do primeiro armazém; e para o lado do claustro tem também uma porta de serventia e duas janelas, aos lados dela, no fim do claustro; deste mesmo lanço tem um quarto com frente de 20 palmos para o qual se entra por uma porta e um corredor somente de 8 palmos de largo, porque o restante do mesmo está ocupado por um escadório de cantaria, por onde se subia ao primeiro pavimento do sobrado, mas presentemente se acha inutilizada. À esquerda do 2º arco da abóbada por onde se entra para o claustro está o segundo corredor, que faceia com a frente do mar, tendo 63 palmos de comprido e 13 de largura; no lado direito do mesmo são formadas 4 arcadas abobadadas, da largura de 12 palmos cada uma e que formam o quadrado do pátio interior, bem como tem outras 4 arcadas iguais no primeiro corredor que faceia com o lanço do norte; à esquerda deste segundo corredor tem uma porta que dá entrada a um comprido armazém de 55½ palmos de comprido e 15 de largura, havendo também uma janela para lhe dar claridade; este mesmo armazém tem uma porta que está tapada para o lado do mar e duas janelas por onde recebe claridade; no fim do dito corredor se entra por outra arcada e ao lado esquerdo do lado do mar, uma segunda arcada em simetria a do primeiro corredor, por onde se entra em outro armazém que tem 15 palmos quadrados; e com uma porta que dá serventia para o cais. O terceiro lanço da parte do sul, que forma o quadrado do pátio interior, tem logo no fim da arcada do segundo um armazém de 36 palmos de comprimento e 15 de largura; no fim dele tem outra porta que dá entrada a segundo armazém de 42½ palmos de comprido e 15 de largura; estes dois armazéns ocupam a extensão deste corredor para os quais foi mister tapar os espaços das 4 arcadas

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 175: Vieira dos Santos vol02

das abóbadas por este lado. No meio deste claustro está o pátio com 63 palmos de comprimento e 62 de fundo. Resta agora descrever dois armazéns que ficam por baixo do edifício da igreja e sacristia: o primeiro armazém tem uma porta com serventia para o mar o qual tem 55 palmos de comprido e 24 de largura; este tem servido de mercado ou de casinhas, onde a Câmara fez estabelecer a venda dos gêneros comestíveis que descem de serra acima a varejo e retalho, por espaço de três dias ao povo, a cada pessoa que os trouxessem à venda. Tem ainda mais outro armazém no canto do edifício com 32 palmos de comprimento e 16 de largura, e tem uma porta de serventia que faceia para o lado do sul.

2ª Planta figurativa do 1º sobrado do colégio em que se mostra a parte ocupada pela alfândega e a do aquartelamento dos guardas nacionais.

317 _ A segunda planta iconográfica do primeiro sobrado do colégio dos extintos Jesuítas, suas repartições interiores são iguais à do segundo, tanto em seus claustros ou corredores, como nas celas ou quartos da face do mar e mesmo dos do lado da face do sul, que fica para a banda da igreja, havendo algumas pequenas alterações na face do norte, que olha para o beco da alfândega.

Este primeiro sobrado é igualmente ocupado parte pela repartição da alfândega, e outra parte pelo aquartelamento dos guardas nacionais, pela mesma linha divisória com que no segundo sobrado está repartida.

A primeira, parte ocupada pela repartição da alfândega, fica ao lado do norte.

Subindo-se do primeiro piso térreo, por um escadório de pedra que fica ao lado esquerdo, na entrada do portão, se sai no claustro ou grande corredor que fica na face do edifício no lado do norte, e beco da alfândega com 13 palmos de largura e seu comprimento ocupa toda a extensão desta face e tem uma janela de peitoril para lhe dar claridade e olha para o mar.

No canto que faz lado para o mar, e beco da alfândega, tem uma porta que dá entrada para a primeira cela ou quarto, e que tem uma janela para o mar e outra para o beco, com 18 palmos de frente e 22 de fundo; em seguimento tem um arco de abóbada com 13 palmos de largo e 22 de fundo, e uma janela para o beco e este espaço antigamente servia de encruzamento ao seguimento do claustro que faz face para o lado do mar e é dividido próximo ao escadório, por onde a ele se sobe por uma parede da outra parte do mesmo sobrado ocupado pelo aquartelamento dos guardas nacionais; entrando pelo referido arco da abóbada, no lado esquerdo, tem uma porta de comunicação para um comprido armazém de 42 palmos de frente, e 22 de largo, o qual tem duas janelas de peitoril para o beco e uma para o mesmo claustro; e no fim deste está o último

-------------------------------------------------------------------------------- - - quarto com duas arcadas abobadadas, o primeiro tem dez palmos de frente e 22 de fundo, e o segundo tem 9 de frente e com o mesmo fundo, onde se formou outro escadório de pedra, para subir ao 2º sobrado, porém está presentemente inutilizada. Este claustro tem 2 janelas que olham para o pátio interior. A alfândega serve-se não só do claustro como dos quartos para armazéns de depósito de fazendas.

Page 176: Vieira dos Santos vol02

A 2ª parte ocupada pelo aquartelamento dos guardas nacionais

318 - A parte do primeiro sobrado que ocupa o aquartelamento dos guardas nacionais fica ao lado do sul, pela mesma divisão que foi feita no sobrado de cima.

Para este primeiro sobrado se desce pelo escadório por onde é sua entrada e pela porta do quartel que está no pátio. Descida a escada, se encontra o claustro que faceia ao quadro do lado do sul, e correspondente ao do norte em toda a extensão do edifício com 15 palmos de largo, tendo uma janela ao lado do mar para lhe dar claridade, mas do lado que olha para o pátio interior não tem nenhuma. Na face que olha para o mar tem o claustro correspondente ao de cima com 13 palmos de largo e duas janelas de peitoril, para o pátio interior; e do lado do mar tem três quartos ou celas com portas para o corredor por onde tem a comunicação para os mesmos. O primeiro quarto tem 18 palmos de frente, e 19 de fundo com uma janela de peitoril que olha para o mar.

O segundo quarto tem 19 palmos quadrados e uma janela para o mar. O terceiro quarto tem 18 palmos de frente e 19 de fundo com outra janela para o mar. Estes quartos e claustros servem de quartéis aos guardas nacionais, que ocupam com seus misteres, assim como são por eles ocupados os do segundo sobrado, como se explicará na descrição da terceira planta iconográfica.

3ª Planta iconográfica do interior do segundo sobrado

A terceira planta iconográfica do edifício do colégio é a do segundo sobrado, a qual é ocupada pela repartição da alfândega e aquartelamento dos guardas nacionais.

319 1ª A parte que pertence à repartição da alfândega

A parte que ocupa esta repartição fica ao lado do norte e tem a entrada principal pelo largo do mesmo nome, e subindo-se seis degraus de pedra em um pequeno patamar se entra por uma larga porta formada na arcada da parte do convento não acabado, entrando-se em um espaçoso dormitório ou corredor de 13 palmos de largura e 66 palmos de comprimento; ao lado direito do mesmo tem duas grandes janelas de peitoril que dão vista para o pátio interior, não

-------------------------------------------------------------------------------- - - havendo deste lado nenhuma cela, mas ao lado esquerdo, na extensão deste corredor, há 3 celas ou quartos e no mesmo alinhamento delas o grande salão que servia de refeitório aos frades, ou de sala capitular, e que ao presente serve de expediente da administração da alfândega, preenchem a divisão do quadrado do lado do norte.

1º Quarto de esquerda da entrada principal, se acha uma porta que dá ingresso no mesmo; tem 17 ½ palmos de frente e 23 de fundo; está ocupado com artigos bélicos pertencentes ao corpo da artilharia; seu espaço interior não é verdadeiramente quadrado pela razão de que nele vem a sair

Page 177: Vieira dos Santos vol02

um escadório de pedra, por onde do primeiro sobrado se sobe para este, mas presentemente esta servidão está sem usos; nos mesmo há duas grandes janelas de peitoril que tem vista para o beco.

2º Quarto, entrar-se nele por outra porta que tem no corredor o qual tem 19 palmos de frente e 23 de fundo e nele há uma janela de peitoril que olha para o beco da alfândega; é onde os empregados da alfândega guardam os seus chapéus em cabides, onde está o vaso com água para se beber e onde o despachante geral José Antônio de Siqueira tem uma grande mesa acobertada com pano verde.

3º Quarto, este não tem a entrada pelo corredor cuja porta foi mandada tapar, e no vão dela, da parte de dentro, se formaram uns armários com prateleiras e estantes para servir de arquivo e onde se guardam os livros e mais papéis da repartição; a porta da sua entrada é pelo grande salão do expediente e tem 19 palmos de frente e 23 de largo, e uma larga janela, que olha para o lado do beco da mesma alfândega. No meio do mesmo está uma grande mesa de 8 palmos de comprido e 5 de largo com o entalhe de meia lua de um lado, lugar que era ocupado pelo escrivão Francisco Gonçalves de Araújo, e depois pelo inspetor Antônio Pedro de Alencastro, e ao presente pelo guarda supra chamado para escrever, o ótimo empregado João Machado Lima Filho; no mesmo quarto se acha depositado o cofre da alfândega, que é de ferro, tem 4 palmos de comprido e 2 de largo, encravado no assoalho. Na parede divisória do corredor há uma porta que dá entrada ao lanço do edifício que faceia para o mar e logo se apresenta um grande salão de 37 palmos de comprimento e no fim dele, com uma janela para o mar, mas sua largura não é igual, pela razão de que ao lado direito da entrada vem ao mesmo salão sair um escadório de pedra, por onde se sobe a este pavimento do primeiro sobrado; este salão em seu comprimento de 23 palmos, só tem 13 de largura, mas o restante dele tem de largo também 23 palmos. Na entrada que vem do corredor para este salão, há uma larga porta que dá entrada a outro grande salão que serve do expediente da alfândega, com 36 palmos de comprimento e 23 de largura; tem duas janelas de peitoril que olham para o beco da alfândega, e outras para o lado do mar; no meio do mesmo salão se acha colocada uma grande mesa de 14 palmos de comprimento e 7 de largura, acobertada com pano verde e escrivaninhas mui decentes no topo dela

-------------------------------------------------------------------------------- - - para o lado do mar é onde o inspetor tem o seu assento; e ao seu lado direito em meio dela o lugar do escrivão Francisco Gonçalves de Araújo, e ao lado esquerdo o do 1º escriturário o hábil Vicente Ferreira Martins. Ao lado do mesmo salão, e próximo à parede, estão colocadas três mesas em uma fileira, acobertadas de verde, as duas dos lados tem 5 palmos de comprido e 3½ de largura; mas a do centro é menor; na primeira que está para o lado do mar é onde escreve o amanuense Francisco de Paula Lobo, na do centro o 2º amanuense João da Silva Arouca e na última um guarda escrevente; há também a um canto deste salão a prensa do selo e um relógio de parede a indicar as horas do serviço desta repartição. Esta é a parte que a alfândega ocupa neste segundo sobrado.

A SEGUNDA PARTE DA REPARTIÇÃO DO SEGUNDO SOBRADO DO COLÉGIO OCUPADA PELO AQUARTELAMENTO

320 _ Do lado do sul do edifício e próximo à igreja, fica a porta da entrada do aquartelamento dos guardas nacionais, que antigamente servia de corredor ou dormitório do convento; na face desta

Page 178: Vieira dos Santos vol02

quadratura, tendo de comprimento 47 palmos e 18 de largura, em sua entrada ao lado direito se entra por uma porta para o corpo da igreja, e próximo a ela está a tarimba de madeira que serve de cama aos guardas, de 32½ palmos de comprido e 7 de largura, e na parede do lado esquerdo tem uma janela que olha para o pátio interior; no fim deste corredor se entra por uma porta para a face da quadratura do edifício que olha para o mar; logo à entrada desta porta há um pequeno patamar, no espaço de 6 palmos, e ao lado direito deste, tem a porta por onde se entrava para a capela-mor e à esquerda uma janela com vista para o pátio interior; neste pequeno patamar há uma repartição de 8 palmos cada uma e dividida em dois escadórios de madeira: a do lado esquerdo se desce por dez degraus ao pavimento do primeiro sobrado, e pelo segundo se sobe ao nível do segundo; e logo se encontra um grande salão, de 37 palmos de comprimento e 16 de largura, tendo no fim uma janela com a vista para o mar; ao lado esquerdo deste em o corredor divisório das celas ou quartos, da mesma quadratura, no comprimento de 51 palmos e 13 de largura, sendo no fim dele fechado, com uma parede divisória do da repartição da alfândega; na parede do lado esquerdo, há duas janelas de peitoril que olham para o pátio central.

O 1º quarto do lado do mar se entra dor corredor por uma porta o qual tem 19½ palmos em quadratura com uma janela que dá vista para o mar e serve de prisão ou xadrez dos guardas nacionais.

O 2º quarto tem outra porta pelo mesmo corredor e tem 18 palmos de frente e 19 de fundos com sua janela para o mar e serve de depósito do armamento dos guardas nacionais.

O 3º quarto tem igual entrada por outra porta do mesmo corredor e que

-------------------------------------------------------------------------------- - - tem de frente 18 palmos e de fundo 19 palmos; a um canto dele que já pertence à repartição da alfândega é ocupado pelo escadório de pedra que do primeiro sobrado sobe para este; este quarto é onde reside o sargento ou o comandante do destacamento.

Resta agora descrever o restante do edifício que é a igreja, capela-mor e sacristia.

O corpo da igreja (1) tem 78 palmos de comprimento desde a porta

principal até o arco da capela-mor e 60 de largura: do arco da capela-mor até o fim as paredes do edifício do lado do mar tem 49 palmos e outro tanto em largura, compreendendo neste grande salão o que antigamente era capela-mor e sacristia onde se tem depositado alguns artigos bélicos; nele há 3 janelas de peitoril que olham para o lado do mar e duas mais para o lado do sul. O antigo arco da capela-mor foi tapado e nele colocaram uma porta com serventia para o corpo da igreja que ao presente se acha descoberta, mas sendo a mesma convenientemente reparada o mesmo corpo da igreja se pode assobradar e as sacadas ou janelas de peitoril e tanto embaixo como no sobrado servir de alguma repartição pública da Província, se a Cidade de Paranaguá obtiver essa categoria; pois que a Nação ainda o pode mandar acrescentar ocupando o Largo da Alfândega. Tenho demonstrado a grandeza de uma obra que os Jesuítas deixaram por acabar. Agora mostrarei em resumo o total do seu todo.

O edifício consta de 4 divisões: 1º o do piso térreo do convento; 2º o do primeiro sobrado; 3º o do segundo sobrado; 4 º a igreja e capela-mor, 3 salões grandes, 11 quartos ou celas, 8 corredores sendo dois dos claustros e 6 dos dormitórios, 27 portas para comunicações interiores e exteriores, 51 janelas de peitoril, 2 frestas para dar claridade, 6 escadórios para a serventia da subida, 20

Page 179: Vieira dos Santos vol02

arcadas de abóbadas para suster o pavimento do primeiro sobrado, 11 armazéns para depósitos de fazenda e três bélicos, e armamentos dos guardas nacionais. Estes armazéns alguns serviam de grandes salas bem como os dormitórios.

Mapa das embarcações entradas e saídas do porto de Paranaguá, no ano financeiro do 1º de julho de 1849 a 30 de junho de 1850. (1) Demolida em 1896. J.M.

-------------------------------------------------------------------------------- - - ENTRADAS

-------------------------------------------------------------------------------- - - SAÍDAS Paranaguá, 10 de outubro de 1850.

Vicente Ferreira Martins.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1849 a 1850

De onde entraram e para onde saíram Paranaguá, 10 de outubro de 1850.

Vicente Ferreira Martins.

Page 180: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - CASA DA ALFÂNDEGA

Da instituição da Casa da Alfândega nesta Cidade

321 _ 1827 _ Provisão de 18 de junho de 1827 da Junta da Fazenda de S. Paulo ordenou a instituição da Casa da Alfândega nesta Cidade, sendo Vice-presidente da Província e Presidente da Junta o Coronel Antônio Neves de Carvalho, e foi instalada no dia 6 de agosto do mesmo ano.

Seu primeiro juiz foi o capitão Francisco Alves de Paula; tesoureiro o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia; escrivão o Capitão José Luiz Pereira; meirinho e contínuo Tomé Mariano da Rocha.

322 _ 1834 _ A lei de 20 de setembro de 1834 da reforma do novo regulamento das alfândegas foi posta em execução em Paranaguá em 2 de janeiro de 1835, tempo em que ainda estava servindo de juiz dela o Capitão Francisco Alves de Paula. Desde esta data em diante também foram reformados os primeiros empregados dela, e substituídos pelos seguintes: inspetor e bacharel: João Crisóstomo Pupo; escrivão: Francisco Gonçalves de Araújo; primeiro escriturário: Vicente Ferreira Martins; porteiro: Joaquim Roiz da Silva; correio: Antônio José da Silva: e mais 6 guardas de número.

323 _ Série cronológica dos inspetores que tem havido na alfândega desta Cidade.

1º O Doutor João Crisóstomo Pupo, nomeado por decreto de 2 de julho de 1835, tomou posse no 1º de setembro do mesmo ano. Foi demitido por decreto de 17 de novembro de 1840, que teve execução em 4 de janeiro de 1841.

2º O Doutor Francisco José Correia, nomeado por decreto de 17 de novembro de 1840, tomou posse em 4 de janeiro de 1841. Demitido por decreto de 30 de julho de 1841, que teve execução em 14 de outubro do mesmo ano.

3º O Doutor João Crisóstomo Pupo foi reintegrado no mesmo lugar, por decreto de 30 de julho de 1841, e morreu a 27 de maio de 1844, motivado pelo grande desgosto que sofreu com o roubo que fizeram no cofre da mesma alfândega no mês de fevereiro do mesmo ano.

4º Francisco Gonçalves de Araújo, escrivão da alfândega, passou a ocupar o lugar de inspetor interino na forma do regulamento, e serviu desde 27 de maio de 1844 até 31 de janeiro de 1845.

5º Antônio Pedro de Alencastro, nomeado por decreto de 18 de setembro de 1844, e tomou posse no 1º de fevereiro de 1845. Retirou-se para o Rio de Janeiro em 28 de julho de 1849, por se achar processado e afiançado, mas conseguiu do Tesouro Público Nacional licença de três meses com o vencimento por inteiro, a qual foi comunicada à alfândega pela tesouraria da Província pela portaria de 27 de setembro de 1849, transmitindo a mesma tesouraria, a portaria

Page 181: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - do Tesouro Público Nacional de 27 de agosto do mesmo ano que concedia a dita licença.

6º Caetano de Sousa, escrivão da mesma alfândega, serviu interinamente desde 28 de julho de 1849 até 30 de dezembro do mesmo ano, passando a inspetor por decreto de 15 de outubro, desse mesmo ano de 1849 e tomou posse de efetivo a 31 de dezembro. Pela portaria de 4 de março de 1850 lhe foi concedida licença para ir a S. Paulo prestar fiança, em cujo tempo ficou exercendo o escrivão da alfândega Francisco Gonçalves de Araújo e que foi nomeado para o dito emprego, por decreto de 15 de outubro de 1849, e tomou posse o escrivão, a 26 de janeiro de 1850. O inspetor atual Caetano de Sousa Pinto apresentou-se na alfândega de volta de S. Paulo, em 22 de abril de 1850.

324 _ 1846 _ Portaria de 13 de agosto de 1846 do Ministro e Secretario de Estado dos Negócios da Fazenda, autorizando ao inspetor da alfândega a despender a quantia de dois contos duzentos e dezesseis mil réis par a fatura do trapiche.

325 _ 1847 _ Portaria do mesmo Ministro nº 75 de 21 de dezembro de 1847, autorizando ao mesmo inspetor a despesa de um conto de réis para a despesa de um armazém junto ao mesmo trapiche.

326 _ A alfândega da Cidade de Paranaguá se ao presente os seus rendimentos ainda não compete com o das alfândegas da segunda ordem do Império não se passarão muitos anos a que as iguale; e ainda venha a exceder a alguma daquelas, pois se vê que seu comércio vai sempre num progressivo aumento como se mostra pelo mapa nº 28 e o grande avanço que tais rendimentos tiveram no decurso de dez anos financeiros desde 1839 a 1849. No mapa nº 29 igualmente se demonstra as que renderam na mês do Consulado no mesmo período e no mapa nº 30 e 31 a dos impostos provinciais e neles se mostram claramente o passo agigantado que Paranaguá caminha a sua maior prosperidade; o seu porto é franco e seguro; nas suas baías podem estar surtas grandes armadas navais, tem três portas abertas nas suas barras para o mar oceano e colocadas em uma latitude favorável que bem pode servir de centro principal a refrescarem todos os navios que vierem da Europa com o destino de montarem o Cabo de Horn para o mar Pacífico assim como o fez no ano de 1718 o galeão espanhol que ia para o porto do Chile, e o mesmo tornou a fazer no seu regresso quando voltava à Europa, quando o pirata francês o pretendia tomar mesmo dentro das baías, mas a Soberana Rainha dos Céus, e a protetora da Cidade Nossa Senhora do Rosário fez submergi-lo na ponta da Ilha da Cotinga; estas grandes vantagens sendo inerentes a uma capital da Província e que estejam debaixo de vistas criadoras de um bom governo administrativo, sem dúvida foram a felicidade dos paranagüenses, então uma nova estrela aparecendo ao lado do sul do Império, sua luz refulgente na esfera armilar do Brasil resplandecerá a par das duas últimas que ficam no pólo antártico.

-------------------------------------------------------------------------------- - - MAPA nº 28

Page 182: Vieira dos Santos vol02

Rendimentos da alfândega da Cidade de Paranaguá nos anos financeiros de 1839, inclusive ao de 1849 em que se mostra a renda geral arrecadada, a saída das embarcações carregadas para os portos do Império e estrangeiros, com o número de suas toneladas, e a quantidade de erva de mate exportada, a saber: Rendimentos da alfândega da Cidade de Paranaguá no ano financeiro de 1849 a 1850

Direitos de consumo 15:991$178 Reexportação 1 por cento 166$665 Reexportação para África, metade dos direitos

de consumo 2:967$179 Baldeação 1 por cento 41$450 Expediente de 5 por cento, dos direitos de consumo 8:490$475 Dito de ½ por cento dos gêneros nacionais 579$737 Multas calculadas nos despachos 565$774 Ditas diversas 2:490$000

-------------------------------------------------------------------------------- - - Armazenagem 347$007 Emolumentos de certidões 54$560 Imposto sobre despachantes de alfândega 150$000 Feitio dos títulos dos despachantes e dos caixeiros

despachantes 12$000 Produtos de mercadorias abandonadas 19$522 Total 31:875$547

Paranaguá, 29 de julho de 1850.

Vicente Ferreira Martins.

Rendimento da mesa do Consulado da Cidade de Paranaguá no ano financeiro de 1849 a 1850.

7 por cento de exportação para fora do Império 45:906$696 Dois e um por cento dos gêneros excetuados 30$000 5 por cento da venda de embarcações nacionais 172$500 15 por cento da compra de embarcações estrangeiras 3:918$500 Ancoragem 12:728$590 Imposto sobre negócios 1:133$l200 Dito sobre barcos de interior 33$600 Taxa sobre escravos 382$000 Sisa de bens de raiz 622$650 Novos e velho direitos e de chancelaria 47$720 Dízima de chancelaria 2 por cento 159$002 Expediente das capatazias 5 réis por arroba 1:923$185 Foros de terrenos de marinha 13$000 Aluguel de próprios nacionais 38$400 Selo fixo 756$680 Dito proporcional 147$300

Total 68:013$023

Resumo:

Alfândega 31:875$547

Page 183: Vieira dos Santos vol02

Mesa do Consulado 68:013$023 __________

99:888$570.

Vicente Ferreira Martins.

Rendimento da alfândega e mesa do Consulado da Cidade de Paranaguá

-------------------------------------------------------------------------------- - - no ano financeiro de 1849 a 1850, a saber:

Alfândega 31:875$547 Consulado 68:013$023 Total 99:888$570 Faltando para 100 contos 111$430.

Valor de tudo quanto importou no ano acima de

1849 a 1850 745:282$994 Valor dos gêneros exportados para fora do Império 655:809$514 Total 89:473$480

Observação:

Se se incluir o valor das mercadorias exportadas para dentro do Império andará o valor da importação pela da exportação.

Paranaguá, 3 de julho de 1850.

Vicente Ferreira Martins.

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO TERCEIRO

Fortaleza da barra

Page 184: Vieira dos Santos vol02

Descrição da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres da Barra da Cidade de Paranaguá com as dimensões de todas as repartições interiores que a mesma tem.

327 _ A Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres foi mandada edificar por El-Rei de Portugal o Senhor D. José I, governando a Capitania de S. Paulo o General Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão.

1767 - Em 19 de janeiro do ano de 1767, teve princípio esta obra na Ilha do Mel na ponta do morro que antigamente denominavam a Baleia e ora tem o mesmo nome de fortaleza; em uma ponta do rochedo que fenece à beira-mar, no princípio do saco chamado das Conchas, fronteira à Ilha das Peças e sobranceira ao canal grande da barra do norte.

A sua figuração é quadrilonga e colocadas suas muralhas de cantaria, de grandes pedras quadradas, muito bem lavradas a mor parte sobre a dura rocha que aponta do morro ali formou e outra parte sobre lajeados de grandes pedras, que servem de assento às mesmas muralhas, sua posição está mais ou menos aos rumos de norte-sul. Divide-se em quatro faces, ou lanços de muralhas de cantaria para colocar as baterias das peças de artilharia, fazendo fogo a diversos lados.

O primeiro lanço é desde a frente do portão da primeira guarita à segunda onde está o mastro da bandeira, com 164 palmos de comprimento; e olha esta face ao norte. A segunda bateria compreende o lanço entre a segunda e a terceira guarita, cuja face olha ao nordeste e tem o comprimento de 103 palmos. A terceira bateria que olha a leste é compreendida entre a terceira e quarta guarita, com 215 palmos de comprimento. E a quarta bateria que olha para o saco das Conchas, está entre a quarta e quinta guarita, com 172 palmos de extensão; nestas baterias estão montadas presentemente 12 peças de artilharia, sendo 8 de calibre 12, e 4 de calibre de 18.

A altura da muralha em frente do portão é de 32 palmos e suposta nos outros ângulos, a muralha é menor, a obra que fizeram por ser colocada sobre o rochedo e que arremata seu fecho no canto do morro, em altura só de 3 palmos, contudo o nivelamento de sua altura sobre o terrapleno é de 32 palmos. Em

-------------------------------------------------------------------------------- - - cada ponta dos ângulos das baterias tem guaritas de pedra de cantaria, muito bem executadas, com suas portadas, pirâmides e ladrilho tudo de cantaria, estando assentadas sobre cubos de grandes pedras redondas, que servem de base ficando assim sobressaídas para fora das muralhas e com um palmo somente para dentro delas, a altura de cada uma é de 15 palmos, e circunferência proporcionada. As muralhas têm 7 palmos de grossura, seu parapeito em cima do terrapleno tem de alto 4½ palmos e grossura 3½. O terrapleno serve de praça de armas, tem 76 palmos de largura e 221 de comprimento; nele há dez bicas de cantaria, em diferentes distâncias, para darem esgoto às águas. No lado do oeste e fronteando com a muralha da face do portão, e atrás do aquartelamento segue um muro em linha reta a fechar a fortaleza por este lado, até ao morro o qual tem 7 palmos de grossura e 32 de altura. Em correspondência ao das muralhas tem parapeito e banqueta e tem 325 palmos de comprimento e tem sem seguimento deste, outro muro mais baixo, de 28 palmos de alto, com 150 de comprimento e chega a encontrar no morro fechando o quadrado da fortaleza, vê-se portanto a vista destas dimensões entre muralhas e muro de parapeitos a extensão de 1.369 palmos em comprimento de obra de cantaria levantada. Na entrada do portão principal há uma rampa ou calçada lajeada de pedra de 11 palmos de largura e

Page 185: Vieira dos Santos vol02

25 de comprimento. O grande portão da fortaleza é espaçoso, tem 18 palmos de alto e 10 de largo, sobre ele estão as armas reais lavradas em uma grande pedra de cantaria, com muita perfeição; embaixo delas tem um globo com a era de 1770; abaixo está uma grande pedra de cantaria, que alcança de uma extremidade a outra, com uma carantonha lavrada em cada lado e um letreiro gravado na mesma, que já se não pode ler; esta pedra está assentada sobre a cimalha da volta do arco do portão; e algum tanto sobressaída fora da parede da muralha. Abaixo da carantonha desta pedra ao lado esquerdo, há uma grande tarja de cantaria de pedra muito bem lavrada com um dístico que diz: "Reinando em Portugal o Senhor Dom José, a mandou fazer sendo Governador o Capitão-general Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, no tempo do seu governo de 1789". O prospecto forma uma frente tendo a cada lado uma pirâmide de pedra inteira de cantaria e bem em cima da coroa, das armas, forma uma pequena abóbada onde está uma concha grande de pedra de cantaria, de 3 palmos a esta circula desde o fim da abóbada da enxovia, em roda da muralha, até findar com a 5ª guarita onde finaliza. Logo à entrada do portão, estão as arcadas das abóbadas com 17 palmos de largura, 24 de altura e 51 de comprimento, a sair no pátio.

As 2 portas laterais que estão dentro do portão e debaixo da arcada da abóbada principal, cada uma tem 10½ palmos de alto e 6 de largo. A do lado direito dá entrada à primeira e segunda prisão, servindo a última de enxovia; e cada uma com janela gradeada de ferro, faceando ao pátio donde recebe a luz; e com uma porta de comunicação por dentro da primeira e segunda prisão; aquela tem de frente 35½ palmos e a segunda tem de

-------------------------------------------------------------------------------- - - frente 43 palmos e largura 24; a altura desses alinhamentos de abobadas é de 24½ palmos; (1) neste mesmo alinhamento e sem seguimento do mesmo lado, e próximo à segunda prisão, está o aquartelamento para a tropa militar, feito também de pedra de cantaria e tem de frente 80 palmos e 35 de largura, com duas portas e 3 janelas; este aquartelamento faz canto onde está a porta principal, com frente de 23 palmos. A cozinha do mesmo aquartelamento está distante dele 22 palmos, e tem de frente 22 e de largura 15.

As obras interiores da fortaleza que ficam ao lado esquerdo da entrada do portão e a saída das abóbadas logo se encontra com uma calçada de pedras brutas, ladrilhando o pátio com 72 palmos de comprimento e 41 de largura; por ele se sobe a uma calçada de pedra, que vai em direção à casa do comandante, com 11 palmos de largo e 19 de comprimento; no fim desta se acha o quartel do comandante que fica encostado à muralha do interior das abóbadas com 49 palmos de frente e 27 de fundo, ficando o teto do mesmo de baixo do terrapleno; e tem 2 portas e uma janela; junto dele está a cozinha que não tem comunicação por dentro e sim por fora, com duas portas e 2 janelas, com 22 palmos de frente e 18 de fundo. Junto a este quartel principia a grande calçada principal, por onde se sobe ao terrapleno das baterias e tem 17 palmos de largura com 71 de comprimento.

A capela de Nossa Senhora dos Prazeres, padroeira da fortaleza (2) tem de frente 22 palmos e 31½ de fundo, também é de pedra com um altar onde está colocada Nossa Senhora e coberta de telha (3).

A casa da pólvora, a metade é de abóbada e a outra metade de telha, com quatro botaréus aos lados para segurança das paredes, tem 25 palmos de frente e 21 de fundo e está em linha reta distante da capela 110 palmos, ficando fronteira à casa do comandante 130 palmos. Tem dentro da fortaleza uma fonte de água nativa na fralda do morro, muito boa, ficando distante da cozinha do aquartelamento da tropa 269 palmos.

Page 186: Vieira dos Santos vol02

(1) a porta do lado esquerdo dá entrada para 2 linhas de abóbadas para o corpo da guarda com 35½ palmos de comprido e 20 de largo e 22 de largura e 11 janelas com grades.

(2) A festa de Nossa Senhora dos Prazeres se festeja na primeira segunda-feira depois de domingo chamado da pascoela. É padroeira da casa de Mateus da qual o General era Morgado.

(3) Esta capela foi demolida no ano de 1932, por ordem do comandante da fortaleza. J. M.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Esta é a descrição geral da fortaleza cujos trabalhos duraram mais de três anos, sendo dirigidos e administrada a obra dela, pelo ajudante de ordens do General da Capitania Afonso Botelho de Sampaio e Sousa e uma parte de suas despesas foi feita pela Junta da Fazenda; mas os povos paranagüenses é que ficaram sobrecarregados com a maior parte destas despesas já por subscrições voluntárias de dinheiros, que para a mesma deram; e trabalhos pessoais de muitos escravos, e mantimentos de farinha e outros gêneros com que assistiram aos trabalhadores; e finalmente com empréstimos forçados de avultadas quantias que Afonso Botelho pedia aos homens mais abastados a título de empréstimo para a Junta da Fazenda os pagar, o que não fez a alguns que ficaram nos seus desembolsos, e até a mesma Câmara contribuía anualmente de seus rendimentos com sua cota de Rs. 250$000, que voluntariamente ofereceu enquanto durasse a mesma obra; e suposto que os povos então sofreram muitos incômodos e trabalhos, contudo era de reconhecida necessidade fazer-se esta fortaleza achando-se o porto aberto e ser invadido por qualquer inimigo ou pirata que o quisesse invadir sem ter nenhuma defesa que obstasse o ingresso nestas baías, como antigamente aconteceu no ano de 1718, com o navio pirata francês que deu a costa na ponta da Ilha da Cotinga; e presentemente se vê agora o quanto é útil esta fortaleza, para a defesa pela brilhante e gloriosa resistência com que combateu no 1º de julho de 1850, contra o vapor de guerra inglês Cormoran, que teve o atrevimento de entrar no dia 29 de junho, debaixo da boa fé, as baías de Paranaguá e dentro das mesmas aprisionar 3 embarcações nacionais a título do tráfico ilícito da escravatura; mas em sua saída, o patriótico paulista e benemérito comandante dela o Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, vendo tão grande ultraje feito à Nação Brasileira, teve o heróico valor e coadjuvado pelas tripulações das mesmas presas, de combater com a artilharia ao mesmo vapor inglês, a obstar-lhe a saída e de suas presas, fazendo-lhe grande estrago na popa e caixa das rodas, partindo-lhe um escaler pelo meio, com a morte dum marinheiro que trabalhava na peça e alguns feridos; e as presas que ele levava bastantemente arruinadas pelas balas da fortaleza, vendo-se na precisão de consertar o mesmo vapor, logo que se viu fora do alcance da artilharia, e lançar fogo às duas embarcações que tinha aprisionado, mesmo à vista da fortaleza, e conduzindo só uma galera que pôde levar.

Esta ação heróica praticada pelo comandante desta fortaleza deve fazer perpetuar seu nome nos anais da história brasileira por ter a glória de que foi a primeira fortaleza do Brasil que fez fogo sobre esses atrevidos e assoberbados bretões europeus, que tantas insolências têm feito à Nação Brasileira, servindo este glorioso exemplo de patriótico estímulo, a que todas as mais fortalezas do Brasil façam abater com suas artilharias a soberba e a ufania com que blasona essa Albion, com as mais nações européias; o que não achará no Império do Brasil onde só terão a resistência, o entusiasmo e o valor que teve esse insigne Comandante Brasileiro; glória que lhe seja dada e nestas memórias históricas

Page 187: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - ficará gravado seu nome perpetuamente. (1)

João Ferreira da Silva Lima a, cavaleiro das Ordens de S. Bento de Avis, da Rosa e de Cristo, capitão da 1ª classe do Estado Maior do Exército, às ordens do Governo da Província de S. Paulo, etc. etc.

Em virtude do despacho retro de S. Excelência o Senhor Marechal de Campo e Presidente da Província, certifico que a folhas 16 do Livro Mestre de Registro dos oficiais de primeira linha, se acham exarados os assentos do suplicante, os quais são do teor seguinte: "Nasceu em..........., natural da Província de S. Paulo. Assentou praça de soldado no Regimento de Dragões de Rio Pardo, em oito de outubro de mil oitocentos e oito; cabo de esquadra, em 20 de fevereiro de 1811; furriel ao 1º de setembro de 1815; segundo sargento em 25 de julho de 1818; primeiro sargento ao 1º de agosto de 1821; segundo tenente por decreto de 1º de dezembro de 1824; primeiro tenente por decreto de 18 de outubro de 1830. Observações: Sentou praça de soldado do Regimento de Dragões do Rio Pardo, passou para a artilharia da Legião de S. Paulo em 24 de março de 1810; fez as campanhas do sul de 1811 a 1812, de 1816 a 1822, e de 1825 a 1828, nas quais assistiu à batalha de Catalan; marchou para o sítio de Montevidéu, em 13 de abril de 1823; saiu em diligência para a campanha no 1º de outubro de 1825; assistiu à ação de Sarandi, em 12 do dito e mês, servindo nessa ocasião na arma de cavalaria, onde foi prisioneiro. Apresentou-se ao corpo em 21 de março de 1826, tendo escapado do poder do inimigo por se ter levantado com outros companheiros prisioneiros contra a tripulação e guarnição da embarcação que os conduziam para Santa Fé do Rio Paraná; regressou da praça de Montevidéu para a Província de S. Paulo em 23 de janeiro de 1829. Por (1) O Capitão de artilharia Joaquim Ferreira Barbosa, comandante da fortaleza de Paranaguá, filho legítimo de Francisco Paulino, professor de primeiras letras da Cidade de S. Paulo, e morador na rua do Rosário, homem de muita probidade, muito religioso, respeitado dos generais, do bispo e de todos; tratava-se com decência e gravidade, costumava levar todos os sábados seus alunos à missa, e como tinha mais de 60 fazia uma linha extensa, com seus competentes oficiais, para que fossem debaixo de regra militar, para o que era bastante impertinente; e muito apaixonado de criações de passarinhos, de todas as diversidades dos quais tinha mais de 30 gaiolas; mas sobre todos idolatrava os cantos do sabiá-una; e de todos os mais desta espécie; de tão nobre progenitor nasceu este esclarecido militar que fez brilhante a glória da Cidade de Paranaguá, no dia 1º de julho de 1850, militar de muita honradez, pobre e viúvo, tendo a seu cargo 6 filhas menores e um filho; eis aqui exarada a cópia da fé de ofício, de seus serviços militares, por onde se vê que sentou praça no Regimento de Dragões do Rio Pardo, em 8 de outubro de 1808, e tem exercido 42 anos do serviço da Nação. Cópia da fé de ofício: "Il.mo e Ex.mo. Senhor. Diz Joaquim Ferreira Barbosa, 1º tenente de artilharia e comandante da fortaleza da barra da Cidade de Paranaguá, que ele suplicante, para bem de seu direito, necessita a sua fé de ofício e como não possa obter sem despacho de V. Excelência motivo pelo qual pede a V. Excelência seja servido mandar passar, do que espera e receba mercê". Despacho: "Passe-se. Palácio do Governo de S. Paulo, 8 de fevereiro de 1847. M. F. Lima. S. Paulo, 6 de fevereiro de 1847. Procurador Joaquim de Sousa Guimarães Can.ª

Page 188: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - ofício do Comandante de armas de 28 de setembro de 1831; foi nomeado comandante da fortaleza da barra da Cidade de Paranaguá, por decreto de 19 de agosto de 1842; ficou pertencendo à terceira classe do Exército, em virtude do decreto de 21 de agosto de 1845; foi atendido e novamente classificado na primeira classe, o que foi comunicado em aviso da repartição de guerra, de 13 e publicado na ordem do dia nº 52, de 24 de outubro de 1845. Nada mais consta do referido livro ao qual me reporto, em firmeza do que passei o presente, que assinei e selei com o selo das armas imperiais. Palácio do Governo de S. Paulo, 9 de fevereiro de 1847. João Ferreira da Silva Lima. Nº 2........... Rs. $320. Pagou trezentos e vinte réis. Paranaguá, 16 de novembro de 1847. Alencastro Martins".

Notícias relativas à localidade da fortaleza da barra, comunicadas pelo comandante dela o Capitão Joaquim Ferreira Barbosa.

328 _ A fortaleza de Paranaguá é maior que a da Cidade de Santos, só com a diferença que aquela é de duas baterias; porém esta pode ocupar mais número de bocas de fogo; e unicamente o defeito que tem é de ter o parapeito descoberto e é a causa do inimigo conhecer a força dela, e de sua guarnição. Na terceira face da mesma lhe ficam fronteiras as três ilhotas das Palmas, em distância de um quarto de légua, mais ou menos; ponto aquele de ditos ilhotes, que servem de baliza ao navegante para poder entrar na barra. O morro chamado das Conchas está distante em linha reta meia légua, fazendo o mar entre estes pontos uma grande enseada, com ancoradouro; e por terra tem um caminho que se pode subir ao mesmo. Antigamente nesse morro das Conchas havia um mastro para nele se fazerem os sinais, logo que a sentinela ali postada avistasse alguma embarcação de desconfiança; e no morro da fortaleza que está fronteiro ao quartel, havia outro mastro que fazia sinal para o morro da Cotinga, onde também havia outro igual mastro que fazia os sinais para a Vila; e a fortaleza dava 6 tiros que eram o do sinal de rebate e pedir socorro; e eram obrigados imediatamente a acudirem a esse chamado todos os moradores das ilhas do Mel, das Peças e da ilha Rasa.

Essas providências eram dadas de data mais antiga anterior à confecção da fortaleza e talvez logo depois da entrada do navio pirata francês, no ano de 1718, pois no tempo doe General da Capitania Antônio Luiz de Távora, Conde de Sarzedas; no ano de 1734, deu iguais providências para evitar a invasão de alguns navios piratas que então cruzavam nas costas do Brasil, e quisessem fazer seu ingresso nestas baías; e no século presente era de necessidade que houvesse iguais providências ou uma linha de telégrafos para marchar da Cidade com presteza os socorros necessários aos lugares de perigo.

A fortaleza da barra apesar da Junta da Fazenda ter feito nela por diversas vezes imensa despesa, ainda não está completamente bem defensável, faltando

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 189: Vieira dos Santos vol02

ainda fazer as baterias de parapeitos cobertos para livrar a guarnição dos maiores perigos debaixo deste abrigo, do contrário é necessário que a guarnição esteja possuída do maior patriotismo, valor e sangue frio a poder resistir a um combate naval ou terrestre. O terrapleno onde labora a artilharia é ao presente ladrilhado de pedra bruta e com argamassa de cal e rebocado à maneira de sotéia onde não podem rodar livremente as carretas das peças que é móvel e não como se todo o terrapleno fosse ladrilhado de cantaria lavrada, ou aos menos de grossos ladrilhos atijolados; estas obras e outras foram feitas no ano de 1843, assim como toda a calçada do mesmo terrapleno, menos a da a praça de armas; também se fizeram então 4 plataformas de cantaria e não se concluíram as mais por ter vindo ordem da Junta para se parar com estes reparamentos tão necessários de poder laborar as peças de artilharia, sem embaraço algum. As portadas da casa de pólvora e as da capela são feitas de madeira, quando bem podiam ser pelo menos de tijolos, assim como fizeram as portadas e janelas do quartel do comandante e as da casa da cozinha do mesmo, por ser o ladrilho de mais duração das que se fazem de madeiras, por serem mais sujeitas à corruptibilidade; todos esses reparos que se fizeram no ano de 1843, foram administrados pelo mesmo comandante o capitão Joaquim Ferreira Barbosa, sem nenhum interesse e nem gratificação. Nesta fortaleza havia somente 12 peças de artilharia, e no mês de julho de 1850, a saber: 2 novas peças de calibre 12, e mais 6 peças ainda do tempo do falecido Governador o Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos, do mesmo calibre, que ainda remedeiam, e 3 peças de calibre 18, que também duas dessas são novas, e uma velha; e depois que houve o combate de 1º de julho, só existem montadas quatro bocas de fogo, sendo três de calibre 12 e uma de 18. Além destas ainda tem na fortaleza 5 peças de calibre 18 desmontadas e inutilizadas por terem os ouvidos muito grandes, e na casa da pólvora ainda tinha muita metralha e utensílios pertencentes à artilharia, assim como 18 armas, 10 espadas com telins, 4 pistolas e correames com que se armam os destacamentos da guarnição, e na praça de armas, na retaguarda, há grande porção de balas de calibre 12 e de calibre 18, e na prisão da correção há 270 balas de calibre 24, e é pena não haver peças montadas deste calibre.

Série de comandantes que tem havido na fortaleza da barra da Cidade de Paranaguá.

329 _ Desde o ano de sua edificação em 1770 a 1800 não se sabem dos nomes dos comandantes que houve na mesma fortaleza, nem quais foram suas guarnições se de tropa, de linha ou auxiliares. De 1800 a 1819 esteve a mesma abandonada e sem guarnição, sendo o primeiro Governador

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1º 1819 _ O Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos, desde 1819 até 1828. (1)

2º O sargento-mor Joaquim Maria, talvez desde 1828 a 1829.

3º O Tenente João Manoel da Cunha nomeado por decreto de 18 de outubro de 1830; morreu em Capitão.

4º O Capitão Joaquim Ferreira Barbosa por ofício do comandante das armas de 28 de setembro de 1831, e tomou conta no 1º de novembro do mesmo ano.

Page 190: Vieira dos Santos vol02

Relação do sucesso acontecido em Paranaguá, nos dias 29 e 30 de junho e 1º de julho de 1850, a saber:

330 _ No dia 29 de junho de 1850, pelas 10 horas mais ou menos da manhã, apareceu na ponta da Cruz, e foi dar fundo na ponta da Figueira (lugar entre a ponta da Cruz e o porto denominado do Alemão) o vapor de guerra inglês Cormoran (corvo marítimo), de 3 mastros e tendo 3 peças por banda de grosso calibre, e 2 rodízios monstros, um à proa e outro à ré, este dizem ser de calibre 80, pois que cabia um homem pela boca, tripulado com mais de 200 pessoas, Comandante Hubert Schumberg, homem alto, magro, alvo, de 40 a 45 anos de idade, muito ativo e político (à inglesa), de grandes entradas na testa que à primeira vista parecia ser calvo e largando dito vapor desceu bordo 4 lanchas baleeiras com muita gente armada, seguiram em direitura ao porto do Alemão, onde se achavam fundeadas 8 embarcações que demandam mais de 10 pés, e onde se achavam as seguintes embarcações brasileiras, a saber: bergantim Dona Ana (que quando português, Leônidas se chamava) de porte de 294 toneladas, de propriedade (in nomine) de José Joaquim de Oliveira, desta Cidade: bergantim Sereia, de porte de 321 toneladas, de propriedade de José Rufino Gomes, do Rio de Janeiro; galera Campeadora, de 522 toneladas, de propriedade do mesmo José Rufino Gomes; brigue-escuna Astro, de 176 toneladas, de propriedade de Antônio Fernandes Coelho, do Rio de Janeiro; galera Conclusão, de 412 toneladas, de propriedade do mesmo Antônio Fernandes Coelho; barca Fugina, de 305 toneladas, de propriedade de Hipólito José Alves; também estava em dito ancoradouro a barca portuguesa Flor do Douro, de 272 toneladas, de propriedade de Manoel Pereira Pena e Cia. E a barca americana Murckengum, de 254 toneladas, de propriedade de Samuel Chadissek; e atracando ditas (1) No ano de 1775, o General Martim Lopes Lobo Saldanha nomeou a Joaquim Coelho, Tenente reformado do Regimento de Mexias, e o nomeou para comandante da fortaleza da barra de Paranaguá e certamente com destacamento e de tropa de linha, mas ignora-se os anos que comandou.

-------------------------------------------------------------------------------- - - baleeiras no bergantim Dona Ana, deram um tiro de clavina, puxaram pelas espadas e subiram, deslacraram as escotilhas que estavam lacradas pela alfândega, e selado com o selo das armas do Império, (por se achar esta embarcação carregando, e ser dia santo de guarda, por isso estavam lacradas as escotilhas na forma de costume) disseram os ingleses todos a uma voz: Oh! este está Sereia, e deixando uma porção de gente armada, passaram a revistar as outras embarcações; a galera Conclusão estava abarrotada de lenha, e o mestre da mesma mostrando a carta de ordens, que determinava que a dita galera seguisse para o Açu, a largaram pois que já tinham largado por mão as amarras para a rebocarem; a barca Flor do Douro estava descarregada e por ser portuguesa não a levaram, pois bastante receio tiveram que o tal Corvo carregasse a dita barca, por estar ela com lastro de pipas e tonéis, que é quanto basta para os ingleses cometerem excessos e desaforos, a barca americana, içou a sua respeitada bandeira, com a vista da qual não a revistaram, dando tempo com tais vistorias e varejos, ao valente e desembaraçado rio-grandense José Francisco do Nascimento, mestre do brigue Escuna Astro a mandar fazer um rombo no costado, que imediatamente submergiu-se o dito brigue Escuna, que só a ponta dos mastros aparecia, defronte à ponta da revessa, livrando-o por esta forma a ser apresado como infalivelmente seria, assim como foram os dois lindos e veleiros brigues Sereia e Dona Ana, e a galera Campeadora; e tendo ditas baleeiras conduzido a reboque do Alemão para a costeira estas

Page 191: Vieira dos Santos vol02

3 referidas embarcações, as colocaram ao pé do vapor, porque já então ali se achava. Tendo ido à visita da alfândega e saúde, e passando o escaler perto do bergantim Dona Ana, gritaram os ingleses que estavam de guarnição no dito bergantim: Não atraque, não atraque que morre! Estando os ditos ingleses de pistolas engatilhadas, o escaler seguiu direito ao vapor, que depois das formalidades do costume, o comandante do vapor explicou-se da maneira seguinte: "Venho a este porto arrestar as embarcações que se empregam e se tenham empregado no tráfico ilícito da costa da África autorizado por meu almirante; não tenho que dar satisfações às autoridades do país, e nem tampouco à alfândega! E puxando um ofício entregou ao amanuense que serve de guarda-mor Francisco José Pinheiro, cujo sobrescrito dizia: Il.mo Senhor Comandante da força da Cidade de Paranaguá, cujo ofício o delegado José Francisco Barroso não o quis receber, nem o Doutor Juiz Municipal Filástrio Nunes Pires, nem o chefe da legião de guardas nacionais Manoel Antônio Guimarães; à vista disso, Pinheiro o depositou na administração do correio. Com esse imprevisto e extraordinário acontecimento estava o povo, uns consternados, outros mostravam-se indiferentes, porém em ansiedade e muitíssimos com furiosa raiva de tão grande desaforo e atrevimento, e em um rum-rum assustador na expectativa do que obrariam as autoridades, porém vendo que elas estavam mudas e estupefactas, deliberaram os valentes defensores da dignidade brasileira, vingar tanto insulto e desaforo, aprontando-se para esse fim de tudo quanto era preciso para um combate, fazendo eles à sua custa grandes

-------------------------------------------------------------------------------- - - despesas para este fim; e tendo chegado a este tempo do vapor onde se achava arrestado, o destemido Fragoni, mestre do bergantim Dona Ana, com a vinda do qual acabou de incendiar-se os ânimos já antecedentemente preparados pelo valente e intrépido rio-grandense José Francisco do Nascimento, a quem puramente cabe muita glória do temível combate do dia primeiro de julho, porque a ele se deve a deliberação de bater-se a esse desaforado vapor inglês, e com isso salvou a Paranaguá de um ferrete que lhe seria irrogado, se tivesse saído o vapor sem levar balas, como levou, e que se não foi destruído, é devido ao mau estado da bateria da fortaleza em não ter as peças corretas e não por falta de valor e perícia dos que lá foram; este benemérito brasileiro ajudado dos valentes paranagüenses José Cárdenas do Amaral, Joaquim Caetano de Sousa, Caetano José de Sousa e do jovem Manoel Ricardo Carneiro e de outros valentes paranagüenses que, reforçados de grande número de marítimos que, influídos por seus valentes comandantes José Francisco do Nascimento, Antônio Jorge da Costa Júnior, mestre do Sereia, Paulo José Dias Cardoso, mestre do Campeadora, que encontrando neles boa vontade e decisão e que também movidos pela raiva que os marítimos têm aos ingleses, e pelo desarranjo em que ficavam pela perda das embarcações apresadas, onde ganhavam avultadas mensalidades e esperançosos de grandes soldadas, razão demais para nada temerem e seguirem com gosto a seus oficiais que coadjuvados pelos valentes paranagüenses acima mencionados, seguiram para a barra pelas nove horas, mais ou menos, da noite do mesmo dia 29, embarcando-se em lanchas, botes e canoas, levando pólvora, baetilhas para cartuchos, metralha, carpinteiro, etc, chegaram à barra pelo lado do sul, pelas oito horas da manhã do dia 30, em razão de levarem contra maré e vento e irem muito carregadas as lanchas, botes e canoas, com a muita gente e trem e tendo desembarcado em diferentes lugares, levaram muito tempo a reunirem-se, porém reunidos que foram, seguiram para a fortaleza aonde logo que chegaram trataram de arranjar as peças que se achavam desmontadas pela ruína completa das carretas, com paus, pedras e tudo quanto acharam, e que servia para tal fim, visto que a fortaleza apenas tinha 3 peças em circunstância de fazer fogo e estas mesmas em razão do terrapleno ser calçado com pedras miúdas, não se podiam mover a elas com facilidade, porque as carretas enterravam as rodas na calçada, que com grande custo e trabalho se tornavam a arranjar em direção de fazer fogo, as outras peças, tiro dado, peça no chão, etc. No dia 30 passou o vapor com as 3 embarcações apresadas, do lugar onde estava para trás da ponta da

Page 192: Vieira dos Santos vol02

cruz, e ali as encobriu da vista dos habitantes desta cidade, deixando-se só ver metade do mesmo vapor e parte dos mastros das 3 embarcações apresadas e ali se conservou todo o dia, ocupando-se com diligência a tirar das embarcações apresadas e transportar para o vapor tudo quanto lhes fazia conta. Neste mesmo dia o Doutor Juiz Municipal Filástrio Nunes Pires dirigiu um ofício ao Comandante do vapor, protestando por perdas e danos e que foi respondido porém, " ignoro o

-------------------------------------------------------------------------------- - - conteúdo da resposta. No dia primeiro de julho, pelas oito horas da manhã, seguiu para a barra o vapor, levando a reboque as suas 3 presas e chegando à barra, o Comandante da fortaleza o Capitão Joaquim Ferreira Barbosa dirigiu um ofício ao Comando do vapor (a cópia do mesmo ofício se vê à fl......), sendo recebido a meia distância com tiro de bala que por fortuna não acertou na canoa que o levava (tendo a fortaleza um novo e belo escaler, serve-se de uma canoa por não haver autorização para a despesa insignificante do calafeto que precisa) apesar deste tão revoltante e vil procedimento do Comandante do vapor, o Comandante da fortaleza, ainda esteve com contemplação, mandando dar um tiro de pólvora seca, que foi respondido do vapor com outro de bala, então rompeu o fogo de parte a parte, com todo vigor e presteza, ouvindo-se em pouco tempo, trinta e tantos tiros (não sabendo os que estiveram na fortaleza verdadeiramente quantos tiros deu a fortaleza) de tão grandes estampidos que as vidraças das casas desta Cidade, apesar da distância de três e meia léguas, batiam fortemente, caindo uma porção de reboco das casas de Albino José Martins de Sousa, sitas na rua da Boavista, parede e meia com as casas do mesmo, em que mora o Dr. Filástrio e não podia ser por menos, porquanto, caindo a primeira bala perto, por falta de taco próprio, supuseram os que serviam a peça que a pólvora era fraca, suposição errônea, porquanto a pólvora era fina e boa, e por causa da suposição referida, carregava as peças com dois cartuchos, e em uma e outra vez, com duas balas e metralha, tal eram as ganas dos valentes combatentes, em reprimir o desaforo praticado pelo vapor; o primeiro tiro foi ouvido nesta Cidade pelas dez horas e dez minutos da manhã (no relógio da alfândega). Pouco tempo antes do combate passou a lancha ou escuninha, denominada Nova Providência, de propriedade de José Francisco Correia, vinda do Rio Grande do Sul, e que muito serviu para orientar aos que estavam na bateria da fortaleza, para disporem as pontarias para quando o vapor chegasse e tanto aproveitou esta casual circunstância que o vapor apesar da sua grande força e também favorecido pela rapidez e força da maré, que naquele lugar é excessiva, tendo demais a mais ganho em tempo, com as formalidades referidas, contudo recebeu balas e é de supor que nele houvesse vítimas, porque da Nova Providência, viram que uma bala lhe acertara a por entre o mastro de ré e a popa, fazendo grande estralada quando bateu. O vapor também fez muito fogo, atirando com balas e bombas, porém as balas bateram na fortaleza, ao rés-do-chão e as bombas arrebentaram de encontro ao morro; só uma bala de grosso calibre acertou na beirinha da muralha, onde tirou uma lasca e um estilhaço arrancou a fechadura do quarto em que mora o sargento, e que ignora-se como ali foi dar, de maneira que não houve da parte dos combatentes nossos defensores nem um arranhão, e nem o menor incidente, a não ser um que chamuscou a cara, sem importância de gravidade, outro tanto é de supor não acontecesse ao corvo. O Comandante da fortaleza o Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, em todo este acontecimento portou-se (como todos que na fortaleza estiveram afirmam)

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 193: Vieira dos Santos vol02

com muita bizarria, atividade e intrepidez, que deixou a todos admirados, tanto que na ocasião do combate quando o vapor atirava, os chefes de peças e serventes delas, abaixavam-se, porém o intrépido Barbosa não mudava da atitude firme em que estava mandando. O vapor depois de livre do alcance da fortaleza, fundeou na enseada das Conchas e ali incendiou os brigues Sereia e Dona Ana, levando a galera Campeadora, tendo estado todo o dia 1º fundeado, supõe-se ser para reparar os danos que a fortaleza lhe fez. Em fim estreou a fortaleza de Paranaguá as suas peças no dia 1º de julho de 1850, em um medonho combate, sendo o mais singular ser com uma embarcação de guerra de nação nossa aliada!

Paranaguá, 5 de julho de 1850.

Episódio

331 _ Tomás José de Oliveira (conhecido por Tomazinho) homem de 41 anos de idade, mais ou menos, de boa presença, sargento da guarda nacional, destacado na fortaleza no mês de junho, foi o encarregado de levar o ofício ao vapor, o qual quando foi, já ia tremendo de medo, e quando o vapor deu o tiro de bala, ele caiu dentro da canoa, e perguntava aos remeiros se estava morto, e de volta à fortaleza tratou de esconder-se no seu quarto, de onde o Comandante da fortaleza o foi tirar, dizendo-lhe que fosse para cima, que ganhava soldo; ele respondeu: Senhor Capitão, antes quero ir preso, eu não gosto disto, sou de paz, não nasci para estas coisas; e logo que teve ocasião raspou-se para o mato; quando arrebentou a bomba, deu um pulo do lugar onde estava escondido, correndo e gritando: sou de paz, sou de paz, não gosto disto; cujo procedimento foi para todos os combatentes um completo desfrute, escapando ele milagrosamente de morrer onde estava escondido quando rebentou a bomba; se ele não tivesse saído do quarto onde primeiramente se escondeu, tinha infalivelmente morrido pelo estilhaço que arrancou a fechadura.

(Diário do Rio de Janeiro _ quinta-feira, 11 de julho de 1850 _ nº 8.445).

332 _ Parte oficial _ Ministério do Império _ Il.mo e Ex.mo Senhor. Apresso-me a apresentar a V. Excelência nas cópias inclusas, as participações que acabo de receber do comandante militar de Santos e do promotor da 6ª Comarca, acerca de um fato há muito poucos dias ocorrido na Cidade de Paranaguá, onde o vapor de guerra inglês Cormoran, entrando pela barra, apresou no ancoradouro quatro navios nacionais e os conduziu a reboque para fora, metendo a pique um dos navios e incendiando a dois, e remetendo o último que era uma galera, para a Ilha de Santa Helena. V. Excelência se dignará tomar este fato na devida

-------------------------------------------------------------------------------- - - consideração. Deus guarde a V. Excelência. Palácio do Governo de S. Paulo, 6 de julho de 1850. Il.mo e Ex.mo Sr. Visconde de Monte Alegre, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império. O Presidente Vicente Pires da Mota.

Page 194: Vieira dos Santos vol02

333 _ Il.mo e Ex.mo Senhor. Neste momento que são 11 horas e meia da noite, chega ao meu quartel o Juiz Municipal Firmino José Maria Xavier, e me diz que hoje desembarcou nesta Cidade, de bordo de um escaler pertencente ao vapor de guerra inglês, que fundeou ontem na praia de Góis, um homem brasileiro, de nome Manoel Felipe Santiago, que lhe referiu o seguinte: Que estando pescando fora da barra em Paranaguá, no dia 29 de junho pretérito, ali chegou o vapor de guerra inglês, e o recolheu a seu bordo para guiá-lo até a cidade e que no dia seguinte apresou dentro os brigues Sereia e Leônidas e uma galera, cujo nome ignora, e que depois disto saíra no dia 1º do corrente rebocando as 3 embarcações e quando chegou perto da fortaleza, esta lhe atirou um tiro com pólvora seca para o fazer parar, e como não fosse atendido, principiou a fazer-lhe fogo com bala, sendo correspondida pelo vapor de que resultou ficarem muita arruinados os dois brigues, os quais fora da barra foram queimados pelo vapor, que também sofreu alguma avaria na popa e roda, e que lhe morreram dois marinheiros e um soldado; quanto à galera, diz o dito Manoel Felipe que fora mandada para Santa Helena. E como me consta pelo Jornal do Comércio, de 2 do corrente, que em Cabo Frio houve ainda maior atentado, julgo do meu dever dar disto sem demora parte a V. Excelência para ordenar que a fortaleza da barra seja reforçada no entanto que passo a prevenir ao Tenente-coronel Comandante para estar com toda a vigilância, pois não tem senão doze praças de guarnição. Deus guarde a V. Excelência muitos anos. Quartel do Comando militar em Santos, 4 de julho de 1850. Il.mo e Ex.mo Senhor Doutor Vicente Pires da Mota, Presidente desta Província, o Brigadeiro José Olinto de Carvalho e Silva. Secretaria do Governo de S. Paulo, 6 de julho de 1850. João Carlos da Silva Teles.

334 _ Il.mo e Ex.mo Senhor Doutor Vicente Pires da Mota. Santos, 4 de julho, às 10 horas da noite. Neste momento sei de acontecimentos muito graves que não posso deixar de comunicá-los a V. Excelência. Há coisa de 4 dias que o vapor de guerra inglês, Cormoran, entrando pela barra adentro de Paranaguá, aí apresou quatro navios; os paranagüenses acudiram a fortaleza e fizeram todo o possível esforço para evitar tal violência; o resultado foi haver vivo fogo entre o vapor e a fortaleza, e conseguir o mesmo vapor inglês meter no fundo um dos barcos e sair rebocando os três, dos quais queimou dois e remeteu o último para Santa Helena. Este fato foi segundo consta, pilhado hoje do prático, que os mesmos ingleses tomaram em Paranaguá e aqui ficou, o qual com muito medo, dizem que o referia, pois que o Cormoran chegou à barra desta Cidade ontem pela manhã. Confirma-se porém esta notícia pela razão seguinte. O ex-Comandante do Rifleman Crofton achava-se nessa Cidade e sendo a única pessoa

-------------------------------------------------------------------------------- - - que teve esta comunicação guardou silêncio até que se pusesse fora daqui (o que já fez) receoso que o boato ou a notícia do fato fosse conhecida, que a gente desta se dispusesse atentar contra ele; o que na verdade eu julgo muito provável que acontecesse. Ontem quando o Dr. chefe de polícia mandou a Valêncio para a fortaleza da barra, levantou-se um boato que pareceu fútil e insultante, de que se levava para ser entregue aos ingleses, mas agora eu penso que o tal Cormoran é capaz de tentar tirá-lo de tal fortaleza, que nem tem guarnição para uma peça. Posso afiançar a V. Excelência sob minha palavra de honra, que não pretendo ser favorável a Valêncio, e que esse receio é manifestado pelos que se dizem aqui seus inimigos, ou antes por aqueles que o mesmo Valêncio assim o considera e são estes mesmos que me dizem que esforce-me para removê-lo daquela fortaleza. No número das pessoas que pensam bem, poderei enumerar por ser conhecido de V. Excelência o Sr. José Batista. V. Excelência dará as providências que julgar acertadas. Se neste momento não me fora dito que o portador deste seguia pela madrugada, esta iria às mãos de V. Excelência por um expresso meu. João Inácio Silveira da Mota, Secretário do Governo de S. Paulo, 6 de julho de 1850. João Carlos da Silva Teles.

Page 195: Vieira dos Santos vol02

335 _ Jornal do Comércio de terça-feira, 16 de julho de 1850 _ nº 195.

Câmara dos senhores Deputados. Sessão de 15 de julho de 1850.

O Senhor Paulino Ministro dos Negócios Estrangeiros e respondendo agora à última parte da interpelação do nobre Deputado por S. Paulo, que deseja saber quais as providências que tem dado o Governo para evitar e reprimir os agravos à nossa nacionalidade, dir-lhe-ei que o Governo deu aquelas providências que julgou conveniente dar, determinando às fortalezas que se opusessem, tanto quanto pudesse, à violação do nosso território.

336 _ Il.mo Senhor. Tenho ordem do Governo para V. Senhoria não levar os barcos nacionais que não estão despachados pelas autoridades desta Cidade e nem por mim como Comandante desta fortaleza, pois do contrário vejo-me obrigado a fazer fogo, e só assim pode sair o vapor. Deus guarde a V. Senhoria. Fortaleza da barra de Paranaguá, 1º de julho de 1850. Il.mo Sr. Comandante do vapor de guerra Cormoran. Joaquim Ferreira Barbosa, Capitão Comandante da fortaleza.

O brigue Escuna Astro já o tiraram do fundo, com a despesa de mais de quatro contos, é avaliada o prejuízo causado pelo vapor Cormoran em mais de cem contos de réis.

337 _ 1850 _ No glorioso combate do 1º de julho de 1850 que a fortaleza de Paranaguá teve com o vapor de guerra inglês Cormoran, muito se distinguiram nesta ação os valentes e animosos cidadãos brasileiros e alguns portugueses que voluntariamente foram à mesma, a manobrar a artilharia a obstar que o mesmo vapor não saísse com as presas que atrevidamente tinha feito dentro destas baías e seus nomes exarados nestas memórias, quais foram estes verdadeiros patriotas defensores dos ultrajes feitos à Nação Brasileira, e foram

-------------------------------------------------------------------------------- - - os cidadãos seguintes:

1º José Francisco do Nascimento, rio-grandense que sendo Capitão do brigue Escuna Astro, teve a animosidade de mandar fazer um rombo na mesma embarcação e metê-la no fundo na ponta da Ilha da Cotinga antes que o vapor o apresasse, foi ele que comprou mais de 5 arrobas de pólvora à sua custa, e o principal promovente de incitar as tripulações dos vasos apresados a irem com ele ao combate, levando consigo munições e petrechos de guerra, em que despendeu mais de quatrocentos mil réis segundo consta; é que lhe cabe a maior parte do combate.

2º Paulo José Dias Cardoso, Capitão da galera Campeadora.

3º Antônio Jorge da Costa Júnior, mestre da Sereia.

4º Antônio Pascoal Fragoni, italiano, mestre do bergantim Dona Ana, homem destemido que esteve arrestado a bordo do mesmo vapor inglês donde escapando-se, foi um dos motores de inflamar os povos a vingarem uma tal afronta feita à Nação.

5º Antônio José de Medeiros, caixeiro do Rio de Janeiro, estes quatro cidadãos eram os que dirigiam as suas pontarias, outros mais que se acharam no combate são: 6. Custódio Borges; 7. Antônio José da Costa Júnior; 8. Francisco Pires; 9. Antônio Gonçalves Pendão; 10. F. Teixeira, piloto do bergantim Dona Ana; estes cidadãos logo depois do combate se retiraram.

Page 196: Vieira dos Santos vol02

Os cidadãos que se não retiraram da fortaleza e toda a noite estiveram em vigia, sobre o terrapleno foram:

1º o Tenente Manoel Ricardo Carneiro dos Santos

2º o Tenente Joaquim Caetano de Sousa

3º Bento Antônio de Menezes

4º Vítor da Silva Freire

5º José Cárdenas do Amaral

6º Manoel José de Oliveira

7º Salvador do Prado

8º José da Cruz

9º João Feliciano dos Santos

10º Silvestre de xxx; este saiu com uma queimadura na cara por se ter incendiado uma pouca de pólvora na ocasião de fogo, não sendo coisa de cuidado.

11º Manoel Luiz Fernandes, português, que entre todos mostrou muita animosidade e um decidido patriotismo, em defesa da afronta brasileira, trabalhando incansavelmente no arranjo da artilharia que se achava desmontada; e em diferentes trabalhos com muita atividade. Outras muitas pessoas de menor nomeada foram assistir ao combate e adjuntas as tripulações dos barcos apresados, fazia total de mais de 200 pessoas.

Outros cidadãos da Cidade que não puderam ir ao combate, concorreram em dar gratuitamente munições de guerra, tais foram os patrióticos cidadãos:

Cidadãos

paranagüenses

-------------------------------------------------------------------------------- - - O ajudante José Antônio Pereira Porto, deu 2 arrobas de pólvora.

Francisco José de Sousa deu 2 ditas ditas.

E outros mais deram diferentes objetos.

Os petrechos de guerra, pertencentes à Nação e que se gastaram neste combate foram os seguintes objetos: pólvora 2 arrobas e 20 libras; balas de calibre 12 foram trinta; idem de calibre 18 foram 20; espoletas ordinárias 60; velas de composição 30; cartuchos por encher 59; pirâmides de

Page 197: Vieira dos Santos vol02

calibre 18, 3; lanternetas de calibre 12, vinte; ditas de calibre 18, trinta; estopa da terra para tacos, meia arroba; e não chegou cartuchos de mosquetaria, 300. Foi extraída esta notícia do mapa mensal que o comandante da fortaleza, enviou ao Presidente da Província, bem como vai exarada a cópia do ofício que deu o mesmo Comandante parte ao Presidente do combate ocorrido, e foi do teor seguinte:

338 _ Il.mo e Ex.mo Senhor.

"Levo à respeitável presença de V. Excelência que no dia 29 do mês findo, entrou por esta barra uma barca de vapor inglês, de guerra, o qual logo que chegou à cidade aprisionou uma galera e dois brigues nacionais.

"No mesmo dia 29, tive um ofício do Juiz Municipal, que eu pusesse todo impedimento à saída dos ditos barcos. No dia 1º do corrente mês veio saindo a dita barca de guerra, trazendo a reboque os ditos barcos, e como não desse obediência alguma a esta fortaleza, mandei dar um tiro de pólvora seca, aos barcos que vinham a reboque e como não fizesse caso do primeiro tiro, mandei dar outro com bala e mandei largar o registro indo com a bandeira nacional, e justamente um ofício que eu mandava ao comandante do vapor que largasse dos barcos nacionais, porque não estavam despachados pelas autoridades desta Cidade, assim como não estar despachado por esta fortaleza, porém o registro não chegou porque o comandante da barca de vapor fez logo fogo com bala à fortaleza, e como eu visse que era um insulto muito grande à Nação Brasileira, também respondi com tiro de bala, porém não dirigido a ele e sim aos barcos nacionais; porém o Comandante do vapor continuou com o fogo e até meteu para dentro da fortaleza bombas de calibre 80, e balas de 36 para cima; e as metralhas cada uma era de calibre 6, logo a boca do fogo, o seu calibre era de 80. Vendo eu isto mandei continuar o fogo e se ele não foi ao fundo, foi por causa de estar os reparos das peças desta fortaleza todos deteriorados, pois chegaram a ficar só três montadas e com estas mesmas continuemos o fogo até ele já estar distante da fortaleza e no lugar denominado morro das Conchas; em frente do dito aí fundeou, ficando à vista da fortaleza e aí mesmo pegou fogo nos barcos, ficando só com a galera.

Ex.mo Senhor. Esta fortaleza foi coadjuvada pelos capitães das embarcações trazendo consigo as tripulações dos barcos que foram prisioneiros e trouxeram armamento e munições de guerra e como não chegasse supri com o que havia na fortaleza. Estes capitães José Francisco do Nascimento, Paulo

-------------------------------------------------------------------------------- - - José Cardoso e um italiano se portaram com toda a coragem possível. Esta fortaleza está sem pólvora alguma e gastou-se muitas espoletas ordinárias, velas de composição, cartuchos e mais artigos e que de tudo isto eu darei conta a V. Excelência no mapa mensal. Deus guarde a V. Excelência. Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres da Barra da Cidade de Paranaguá, 2 de julho de 1850. Il.mo e Ex.mo Senhor Doutor Vicente Pires da Mota, Presidente desta Província de S. Paulo. Joaquim Ferreira Barbosa, capitão comandante da fortaleza."

Jornal do Comércio, de 19 de julho de 1850, nº 198.

S. Paulo _ Notícias de Paranaguá.

Page 198: Vieira dos Santos vol02

Interrogatório feito a Manoel Felipe Santiago.

339 _ Aos 5 dias do mês de julho de 1850, nesta Cidade de Santos e casa de residência do atual delegado de polícia suplente João Otávio Nébias, onde fui vindo eu escrivão de seu cargo ao diante nomeado para efeito de interrogar a Manoel Felipe Santiago e para cujo fim achando-se presente pelo dito delegado lhe foram feitas as perguntas seguintes:

Pergunta: qual seu nome, naturalidade e estado?

Respondeu chamar-se Manoel Filipe Santiago, natural de Paranaguá, de idade que disse ter 21 anos. Solteiro.

Perguntado qual a sua profissão? Respondeu ser pescador, residente em Paranaguá.

Perguntado donde foi sua última viagem para esta Cidade, e que negócio o trouxe, respondeu que estando pescando, com um seu irmão na barra de Paranaguá há oito dias a esta parte, apareceu neste lugar um vapor de guerra inglês, de três mastros e que o comandante do mesmo lhe chamara para bordo para servir-lhe de prático do canal que entra para a dita Cidade de Paranaguá, ao que não se quis prestar, ele interrogado, por saber que o vapor era de guerra, mas o respetivo comandante o persuadiu declarando-lhe que não ia fazer mal algum e sim que ia refrescar ao que então ele interrogado, anuiu; e embarcou deixando seu dito irmão na canoa a quem ordenou que se retirasse para casa, que entraram e foram dar fundo na ponta da Cruz, cujo lugar é fronteiro da Cidade por ordem doa comandante, que logo depois deitaram ao mar três escaleres do vapor, os quais dirigindo-se para terra a pretexto de fornecer-se de água e mantimentos e depois de alguma demora voltaram os escaleres, rebocando os brigues Sereia e Leônidas, os quais ficaram imediatamente presos pela popa do vapor; que logo depois chegou uma galera, cujo nome ignora, tripulado por gente inglesa da que tinha ido nos escaleres e que sendo isto quase três horas da tarde fundearam a dita galera, perto do vapor e ali pernoitaram. Disse mais que no dia seguinte pelas 9 horas do dia, levantou o vapor, a âncora e seguiu à barra, conduzindo a reboque os três navios já mencionados e que ao

-------------------------------------------------------------------------------- - - chegar ao alcance da fortaleza, receberam desta um tiro de pólvora seca e logo depois um outro de bala, em conseqüência do que ele interrogado, disse ao comandante que fundeasse e porque este não anuindo, seguindo sempre com os navios rebocados. Que houve fogo vivo de parte a parte até que ficaram as mencionadas embarcações fora do alcance das balas, resultando ficar deste conflito um marinheiro morto; a popa, a caixa da roda e um escaler arrombados de bala. Disse mais ele interrogado que achando-se um pouco amarados, lançaram fogo aos dois brigues, os quais em pouco tempo foram consumidos pelas chamas e continuaram a rebocar a galera até a barra de Cananéia onde a tripulação e a fizeram seguir para Santa Helena, para onde quiseram também remeter a ele, interrogado, ao que lhe foi possível escapar a muitos rogos com o pretexto de casado. Que depois disto gastando um dia de viagem chegara à barra desta Cidade, trouxeram a ele, interrogado, em um escaler, com o intento de o largarem em terra e que não o fazendo, levaram-no outra vez para o vapor prometendo soltá-lo no dia seguinte, o que cumpriram ontem, às 9 horas da manhã, pagando-lhe sete patacões, e recomendando muito que nada declarasse nesta Cidade, do que tinha acontecido. Disse mais que estando também ancorado no porto de Paranaguá, o brigue nacional Astro e pretendendo o comandante do vapor também apresá-lo, no dia seguinte, segundo sua declaração, ao amanhecer do dito dia seguinte estava o mestre Astro no

Page 199: Vieira dos Santos vol02

fundo e só aparecendo a ponta dos mastros, ignorando ele, interrogado quem o fez. Disse mais que no dia do combate, ele interrogado, viu afluir muita gente, da Ilha do Mel, para a fortaleza.

Perguntado a ele interrogado, como se chamava o vapor inglês? Respondeu que a bordo lhe diziam chamar-se Alcatraz, mas que nessa cidade tem ouvido dizer Cormoran.

E nada mais disse e nem lhe foi perguntado. E sendo lido ao interrogado, seu interrogatório o achou conforme e por não saber escrever assinaram Antônio José da Fonseca Leite e Manoel das Dores, com o Juiz e comigo escrivão Francisco Antônio Ferreira que o escrevi. Nébias, Antônio José da Fonseca Leite e Manoel das Dores. (notícia do conservador de Santos).

340 _ 1850 _ Ofício de 22 de julho que o Presidente da Província escreveu ao comandante da fortaleza, o capitão Joaquim Ferreira Barbosa, fazendo-lhe os devidos elogios pela ocasião do combate que a fortaleza teve no dia 1º de julho com o vapor de guerra inglês Cormoran, cuja ação gloriosa cobre de glória a Cidade paranagüense, eis a cópia:

"Pelo ofício datado a 3 do corrente ficou o Presidente da Província inteirado do brioso comportamento do Sr. Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, na ocasião em que o vapor de guerra Cormoran da marinha inglesa, tirou à força do porto de Paranaguá os navios nacionais mencionados em o dito ofício. O Senhor Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, comandante da fortaleza da barra daquela Cidade, opondo-se com os meios de que dispunha a tão flagrante violação do nosso território, mostrou-se digno de que lhe fosse confiada uma fortaleza de S.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Majestade Imperial e digno da nobre profissão militar, a quem honrou por esse ato valoroso. O Presidente da Província agradece ao sr. Capitão Joaquim Ferreira Barbosa e lhe declara que será levado à presença do augusto Monarca este último e não pequeno serviço que o mesmo senhor comandante acaba de prestar a S. Majestade. Comunica-lhe finalmente o Presidente que a fortaleza que o Senhor Joaquim Ferreira Barbosa comanda, com tanta distinção será posta em estado de repelir com vantagem qualquer insulto e que não haverá demora na expedição das ordens para se lhe fazerem os reparos necessários e ser ela abundantemente abastecida do preciso. Palácio do Governo de S. Paulo, 22 de julho de 1850.

Vicente Pires da Mota".

341 _ 1850 _ Portaria de 31 de julho do Presidente da Província dirigida ao comandante da fortaleza de Paranaguá.

O Presidente da Província remete ao Sr. Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, comandante da fortaleza da barra de Paranaguá, a cópia inclusa do aviso de 22 do corrente, expedido pelo Ex.mo Ministro da Guerra para que tenha dele conhecimento e para que haja de dar-lhe o mais inteiro e vigoroso cumprimento, observando fielmente tudo o que no mesmo se acha determinado. Palácio do Governo de S. Paulo, 31 de julho de 1850. Vicente Pires da Mota.

Cópia. Il.mo e Ex.mo Senhor. S. Majestade o Imperador fica inteirado pelo ofício de V. Excelência, nº 94, de 6 do corrente, do apresamento de quatro navios nacionais que se achavam ancorados no porto de Paranaguá pelo vapor de guerra inglês Cormoran e determina o mesmo augusto Senhor que V. Excelência expeça as mais terminantes ordens para que as fortalezas e fortes que

Page 200: Vieira dos Santos vol02

guarnecem os portos, baías e costas dessa Província, empreguem os meios de força, de que dispuserem para evitar a captura de navios brasileiros ou de outra qualquer nação, por embarcações estrangeiras, devendo porém antes de empregar a força os comandantes dessas fortificações avisar o apresador por meio de tiros sem bala, que aqueles se acham em mar territorial e protegidos pelas baterias e outrossim que V. Excelência autorize os mesmos comandantes a deprecarem as autoridades policiais ou oficiais da guarda nacional, a força precisa para o serviço das fortificações quando as respectivas guarnições não forem suficientes para repelir a agressão, recomendando-lhes V. Excelência que não consintam no lugar do conflito e suas proximidades, pessoas desnecessárias para a defesa das mesmas fortificações. O que tudo comunico a V. Excelência para sua inteligência devendo requisitar em tempo tudo quanto for necessário para semelhante fim. Deus guarde a V. Excelência. Palácio do Rio de Janeiro, 22 de julho de 1850. Manoel Felizardo de Sousa Melo. Senhor Presidente da Província de S. Paulo. Cumpra-se e registe-se. Palácio do Governo de S. Paulo, de 29 de julho de 1850. Mota. Secretaria do Governo de S. Paulo, 31 de julho de 1850. João Carlos da Silva Teles.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Notícia histórica precedente às obras da fortaleza da barra, e depois de sua edificação até o presente com a série cronológica de seus comandantes militares.

Achando-se as baías paranagüenses desde a antigüidade sem nenhuma defesa em suas barras que pudesse obstar a entrada de piratas inimigos assim como o fizeram os ingleses na Vila de Santos, no ano de 1591, de necessidade se deveria fazer algum dia estas fortificações.

342 _ 1659 _ No tempo que governava a Vila de Paranaguá o primeiro Capitão-mor Gabriel de Lara, mandou o Governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá a Pedro de Sousa Pereira, como governador das minas de ouro, à mesma Vila de Paranaguá, com ordem de conduzir para o Rio de Janeiro a todos os índios que nela estivessem aldeados a cuja ordem o povo se alvoroçou e se opuseram à execução dela, representando-se aquele Governador que se ia despovoando a terra de gente e que ficava sem nenhuma defesa, por falta de gente havendo nela três barras abertas e que o inimigo holandês já nelas havia chegado com embarcações e uma sumaca, depois da notícia da descoberta da beta de ouro e que aqueles índios faziam falta à terra, podendo-se empregá-los em fazer novos descobrimentos.

343 _ 1717 _ Entrou pela barra adentro das baías de Paranaguá, sem autorização de ninguém um galeão espanhol, vindo da Europa e ia para o porto do Chile, vindo refrescar e refazer-se de mantimentos a este porto.

344 _ 1718 _ O mesmo galeão espanhol no regresso de sua viagem do Chile para a Europa, vinha carregado com muita riqueza de prata, e conhecedor do bom porto de Paranaguá, onde se dirigiu outra vez a refrescar-se de mantimentos e depois seguir para a Europa, e sabendo um navio pirata francês que andava cruzando na costa da vinda desse galeão, veio à caça dele, e entrando pela barra adentro de Paranaguá por um maravilhoso milagre de Nossa Senhora do Rosário, o fez ir a pique na ponta da Ilha da Cotinga, em 9 de março do ano de 1718, salvando-se assim o galeão espanhol.

345 _ 1722 _ Tendo o General da Capitania Rodrigo César de Menezes, no ano de 1722, tendo mandado fazer em Paranaguá um recrutamento para a tropa de primeira linha, o Capitão-mor André Gonçalves Pinheiro, lhe representou a falta de gente que na terra havia, para a defesa da

Page 201: Vieira dos Santos vol02

barra, o qual ordenou por portaria de 7 de agosto do mesmo, ao sargento-mor Manoel José de Aguiar, encarregado do mesmo, que vista a grande opressão que os moradores experimentavam em se lhes tirar gente que era necessária para a defesa de qualquer invasão de inimigos, que suspendesse de fazer mais nenhum recrutamento.

346 _ 1723 _ O Capitão-mor André Gonçalves Pinheiro, em 15 de dezembro de 1723, fez a El-Rei D. João V, uma representação para conceder o privilégio àquela Vila de Paranaguá, de nela não se tirar gente e nem se fazer nenhum

-------------------------------------------------------------------------------- - - recrutamento, por ser necessária para a defesa da terra que estava sem ter nenhuma fortificação em suas barras, o que lhe foi concedido pela Provisão Régia passada pelo Conselho Ultramarino, de 6 de junho de 1725, como se verá no 1º tomo, em o número 272.

347 _ 1727 _ No mês de abril de 1727, entrou pela barra adentro, sem autorização de ninguém, outra nau francesa, a título de refrescar-se, ao que a Câmara se opôs por seus editais, proibindo que nenhuma pessoa lhe vendesse mantimentos e nem com eles fizessem negócio algum, como se verá no 1º tomo no número 278.

348 _ 1734 _ O General da Capitania Antônio Luiz de Távora, Conde de Sarzedas, oficiou ao Coronel Anastácio de Freitas Trancoso, participando a notícia de uma embarcação de piratas levantados, que andava na costa da Vila da Laguna, e que se porventura, intentassem invadir este porto fossem presos, ordenando que mandasse colocar uma peça na barra e vigias na Ilha do Mel, com ronqueiras para dar aviso ao rebate e acudir o povo às defesa do país; veja-se no 1º volume, no número 304; e por motivo da colocação dessa peça de artilharia se ficou chamando Ilha das Peças, que está ao norte à entrada da barra. Por todas estas ocorrências era muito necessário fazer-se uma fortaleza para a defesa deste porto. Convindo o ministério Del-Rei Dom José I, ordenou ao General que então governava a Capitania Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, Morgado de Mateus, a mandasse fazer e para pôr esta obra em execução, mandou a seu irmão e ajudante de ordens, Afonso Botelho de Sampaio e Sousa e oficiou à Câmara a consultar os povos e indicarem o melhor meio de se fazer esta obra, sem maior dispêndio da Real Fazenda.

349 _ 1765 _ Vereança geral que fez a Câmara em 28 de dezembro de 1765, na qual assistiram as principais pessoas da governança; e em conseqüência das ordens que haviam recebido do General que consultava quais fossem os melhores meios pecuniários com que a Câmara e povo poderiam concorrer para a edificação da mesma fortaleza, em adjutório da Real Fazenda, que se pretendia fazer na Ilha das Baleias, na entrada da barra. A Câmara, depois de consultar o parecer do povo, respondeu ao general que, vista a pobreza da terra, com nada podiam contribuir para a mesma obra.

350 _ 1766 _ Portaria de 14 de janeiro do mesmo General à Câmara, estranhando muito a repugnância que ela e o povo mostrava em não quererem contribuir para a obra da fortaleza, sendo ela para a defesa do país, e que S. Majestade lhe tinha ordenado se fortificassem os portos principais da Capitania e que, portanto, a mesma se havia de fazer e que não exigia eles dessem tudo, mas ao menos que ajudasse à Real Fazenda, e assim que propusessem os meios necessários para isso.

Page 202: Vieira dos Santos vol02

351 _ 1766 _ Vereança geral de 28 de janeiro. A Câmara convidou a nobreza e povo para consultarem e darem resposta à portaria do General de 14 desse mês, em que se propunha sobre o melhor meio de se fazer uma fortaleza,

-------------------------------------------------------------------------------- - - na barra grande, de 5 baluartes, sem que houvesse muita despesa da parte da Real Fazenda; e ouvida a proposição pelo povo, uniformemente concordaram que atendendo ao miserável estado da terra e de seus moradores, lhes não convinha contribuírem com coisa alguma para a mesma obra, que por limitada que fossem, a julgavam violenta.

352 _ 1766- Vereança geral de 2 de fevereiro de 1766. A Câmara convidou outra vez a nobreza e povo, em número de setenta e seis pessoas da governança sobre a mesma proposição de indicarem os meios para se fazer a mesma obra, e uniformemente concordaram que, à vista da pobreza da terra, o não podiam fazer.

353 _ 1766 _ Vereança de 1º de março. A Câmara oficiou à portaria do General de 14 de janeiro, que consultando os povos, responderam da mesma maneira que a seus antecessores e que ela tinha contribuído com tudo para as conduções dos paus de pinho e que faria um grande vexame aos povos qualquer contribuição que se lhe impusesse.

354 _ 1766 _ Portaria de 22 de julho, do Conde de Peiras, Ministro e Secretário de Estados dos Negócios do Reino, dirigida ao general da Capitania, Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, em resposta ao ofício do mesmo, de 4 de dezembro de 1765, em que ele dava parte a S. Majestade do bom agasalho que fez aos comissários de Paranaguá (1) (ignorando-se quem foram) e que com eles tinha ajustado respeito às fortificações da barra da mesma Vila, achando-os dispostos com todo o gosto e prontos a concorrerem para a mesma obra, com suas pessoas e seus escravos _ veja-se o 1º tomo, a folhas 160, em o nº 363.

355 _ 1766 _ Portaria que o general Dom Luiz dirigiu ao seu ajudante de ordens Afonso de Sampaio e Sousa, ordenando-lhe que em conseqüência dos avisos régios de S. Majestade, de 21 e 22 de outubro de 1766, em que lhe ordenava a construção da fortaleza da barra, que receberia do Provedor da Real Fazenda o dinheiro que por sua ordem se lhe havia de entregar.

356 - 1766 - Portaria do mesmo general do 10 de dezembro´, dirigida à Câmara participando mandava seu ajudante de ordens Afonso Botelho de Sampaio e Sousa executar as ordens de que o tinha encarregado se para o bom desempenho das ordens de que vinha encarregado.

357 _ 1766 _ Portaria de 1º de de o mesmo General, dirigida à Câmara em resposta do ofício que a mesma lhe dirigiu em 22 de março próximo passado, em que oferecia anualmente a quantia de duzentos e cinqüenta mil réis aplicados para as obras da fortaleza, mandando que os entregasse a Afonso Botelho.

358 _ 1767 _ Em 19 de janeiro, teve princípio as obras da fortaleza por (1) É para sentir que se ignore os nomes desses patrióticos cidadãos paranagüenses eu foram por comissários à Cidade de S. Paulo, a tratarem com o General sobre a edificação da fortaleza da barra; não se sabe se a Câmara mesmo os mandou ou se o general os pediu à Câmara.

Page 203: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - Afonso Botelho, debaixo de cuja direção se fizeram.

359 _ 1768 _ Vereança de 28 de setembro. A Câmara passou uma atestação a Afonso Botelho a pedido dele, em o qual declararam ter ele dado princípio à fundação da fortaleza da barra obrigando os povos a contribuírem para ela, e parte das despesas eram também feitas à custa da Real Fazenda.

360 _ 1769 _ Portaria de 13 de janeiro do General dirigida à Câmara, estranhando ela não ter remetido a cota dos duzentos e cinqüenta mil réis que anualmente tinham oferecido para as obras da fortaleza que somente se havia recebido a quantia de cento de tantos mil reis; e que houvessem de mandar cobrar o resto pelo tesoureiro, e do contrário iriam pessoalmente àquela Cidade darem a razão por que o não fizeram, e ao mesmo tempo ordenou ao seu ajudante de ordens Afonso Botelho para os fazer remeter, caso não cumprissem a sua determinação, tais eram aqueles tempos de despotismo que a paga da generosidade era recompensada com violências e ingratidões.

361 _ 1776 _ Vereança de 10 de março. A Câmara passou outra atestação a Afonso Botelho por ele pedida, em que declararam que ele fora o que indicara o fazer-se a obra da fortaleza, no morro chamado das Baleias; e que a ela dera princípio em 19 de janeiro do ano de 1767, e que a tinha já quase concluída.

Depois que a mesma obra se acabou não há nenhuma memória dos destacamentos de tropa de linha que a guarneceram; nem de artilharia com que foi cavalgada e nem tampouco dos comandantes que a governaram, não havendo algum curioso que disso fizesse memória; contudo nela houve destacamentos efetivos talvez até 1790 ou 1800; e somente consta por tradição que o General da Província mandando um engenheiro examinar as fortalezas da marinha, e examinando a sua posição e localidade, a considerou inútil, por não ser defensável, pela razão de poder ser assaltada pelo morro donde ela está formada e que em conseqüência disso, o Governo mandou suprimir o destacamento e tirar dela a artilharia que depois foi mandada conduzir para a praça de Santos; quando agora se necessita que a mesma artilharia torne de lá a vir para guarnecê-la.. Por esta maneira ficou um tão belo edifício inteiramente abandonado ao ruinoso tempo, mais de vinte anos, ficando cheio de entulhos e de ruínas.

362 _ 1819 _ Tendo vindo a Paranaguá o Marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa, com o comando de General da Divisão do Sul da Província, este teve ordem do Governador geral, João Carlos Augusto d'Oeynhausen, demitir a Ricardo Carneiro dos Santos do posto de Tenente-coronel, agregado do regimento de milícias, por não ter confirmada a sua patente e nem cumprido a promessa que fizera há muitos anos, ao ex-General Antônio Manoel de Melo Castro e Mendonça, de consertar a fortaleza à sua custa, sob cuja promessa lhe foi dada a patente, e ficando isto muito desairoso à sua pessoa, se prestou a consertar os reparos necessários da fortaleza à sua custa; e dar-se-lhe a patente de governador dela; e confirma a de Tenente-coronel.

Este cidadão paranagüense tratou com todo o afinco nos trabalhos da

--------------------------------------------------------------------------------

Page 204: Vieira dos Santos vol02

- - mesma fortaleza, limpando-a dos grandes matos que haviam sido criados em seus recintos, desentulhando os aterros que se haviam desabado, consertando os quartéis e mandando fazer os reparos para cavalgar algumas peças de artilharia; estes consertos foram feitos à custa do mesmo até o ano de 1828 em que faleceu.

363 _ 1820 _ Portaria do Governo da Província, 23 de fevereiro, dirigida ao Marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa, ordenando-lhe que os trabalhos da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres deveriam ser feitos conforme fossem dirigidos pelo sargento-mor de engenheiros, o francês Pedro d'Albuez Moreira, e cuja despesa seria paga pelo Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos.

O Tenente-coronel das guardas nacionais, representando a necessidade de ser reparada a fortaleza da barra pela grande ruína em que se achava, ordenou-se-lhe mandasse um orçamento, que lhe foi remetido em ofício de 21 de agosto, pelo mesmo Tenente-coronel da maneira seguinte:

Orçamento feito na fortaleza da barra de Paranaguá, em presença da comissão para isso nomeada apelo Ex.mo Sr. Presidente da Província pelos quesitos abaixo assinados para os reparos mais necessários na dita fortaleza:

364 - 8 plataformas ladrilhadas ou calçadas para 6 peças de 12 que estão em bom estado e 2 de 18 (existem 4 peças de 18 que estão inutilizadas pelo ouvido e por dentro) as quais se fazem de absoluta necessidade porque as de 12 não avançam todo o canal 250$000 8 carretas para as mesmas, segundo o antigo modelo, a pôr em seu lugar. Estas carretas seria bom virem feitas do Rio de Janeiro, ou de Santos, pelo novo modelo, pois aqui não há. 1:500$000 55 braças de calçada na largura de 6 palmos, no terrapleno que é de absoluta necessidade, para a conservação da muralha e abóbadas por baixo das quais existem o quartel do comandante, duas prisões, o corpo da guarda e o portão 1:000$000 N. B. Além disto existem outro igual número de braças aterradas que também danificam a muralha de fora e interiores, não tendo edifícios debaixo não é de uma necessidade tão imediata, como acima orçada a mesma na

quantia 1:000$000 Para conserto da muralha interior nesta parte, do terrapleno é de necessidade por ter aberto 200$000 Concerto nos quartéis do comandante que estão quase inabitáveis para ladrilhar, assoalhar e retelhar, aproveitando o que e stiver em bom

estado 400$000 N. B. Estes quartéis não se podem conservar sem a primeira calçada do terrapleno acima orçado $ Conserto do quartel do destacamento anexo para retelho, do assoalho, forro e tarimba 260$000

-------------------------------------------------------------------------------- - - Para consertar duas prisões e corpo da guarda e o portão que fica por debaixo das quatro abóbadas, inclusive 3 grades de ferro que é mister e tarimbas 340$000 N. B. Estes quartéis igualmente necessitam para a sua conservação da primeira calçada já orçada com a ratificação da capela 100$000 Com a casa da pólvora de ladrilho e prateleiras, acrescentando a abóbada que não cobre toda 200$000 Para comedorias aos trabalhadores por não ser costume dar aos de fora das povoações 250$000 5:500$000

Page 205: Vieira dos Santos vol02

Paranaguá, 16 de agosto de 1838.

Bento Antônio da Costa, João Manoel da Cunha, Amâncio Rodrigues Delgado, Antônio Luiz do Nascimento.

365 _ 1839 _ Ofício do 1º de dezembro do Tenente-coronel comandante do batalhão, dirigido ao comandante do batalhão da Vila de Antonina, participando-lhe não ser mais necessário mandar guardas nacionais para a fortaleza, em razão de ter mandado fazer o destacamento dela pelo Tenente de artilharia Tristão Pio dos Santos, com 17 soldados de artilharia, que com ele vieram do Rio de Janeiro, 1º e 2º sargento e 2 cabos de cuja participação oficiou ao Presidente da Província em ofício de 4 do mesmo mês de dezembro.

366 _ 1839 _ Ofício de 14 de dezembro de 1839, do mesmo tenente-coronel dirigido ao Juiz de Direito da 6ª Comarca José Antônio Pimenta Bueno, acusando ter recebido 3 peças de artilharia, sendo uma de calibre 18, duas de 12, rogando-lhe a remessa das 3 peças de 18 que lá ficaram, e as que aqui existiam desse calibre, se achavam danificadas, pois eram as mais precisas, visto que só elas pode vedar a entrada do canal do norte, onde as peças de calibre 12 não chegavam.

367 _ 1839 _ Ofício de 5 de dezembro de 1839 que o mesmo Tenente-coronel escreveu ao comandante da fortaleza, o Tenente Joaquim Ferreira Barbosa, participando-lhe que as peças vindas de Santos não puderam lá desembarcar e iriam na primeira ocasião que pudesse ser.

368 _ 1840 _ Ofício de 3 de janeiro do mesmo Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, que dirigiu ao Presidente da Província Manoel Machado Nunes, participando-lhe de que as carretas de que tratava o mesmo orçamento de Rs. 1:500$000 lhe parecia que esta quantia seria suficiente para as doze, pelo novo modelo a Onofre, as quais estava mandando-as fazer seis para as 6 peças que vieram de Santos, e outras seis para as 6 que cá estavam, de calibre de 12, e que a fortaleza, desde 1819 tem estado em um total abandono, podendo agora fazer-se esta obra sofrível, com cinco ou seus contos de réis, ou com 4 contos

-------------------------------------------------------------------------------- - - à exceção das carretas, que estavam em andamento e que estando a mesma fortaleza em abandono mais dois ou três anos se faria a obra com o duplo, não havendo nenhuma madeira a aproveitar-se.

369 _ 1840 _ Ofício de 13 de fevereiro do mesmo Tenente-coronel ao Presidente da Província, relativo à criação de uma companhia de artilharia de guardas nacionais, indicando para Capitão dela ao ajudante do batalhão Manoel Inácio de Simas, e outra na Vila de Iguape, e que como já estava autorizado para mandar montar as 12 peças de artilharia, faltava agora que S. Excelência mandasse consertar o quartel que estava pior que a enxovia da Vila.

380 _ 1840 _ Ofício de 6 de maio do mesmo Tenente-coronel dirigido ao comandante da fortaleza, o Tenente Joaquim Ferreira Barbosa, remetendo-lhe 2 peças de calibre de 24, mandando que as pusesse em terra onde não chegasse a maré, para em seu devido tempo irem a seu lugar.

Page 206: Vieira dos Santos vol02

371 _1840 _ Ofício de 14 de junho do mesmo Tenente-coronel ao Presidente, em que lhe dizia: Participo a V. Excelência que achando-se as pedras tiradas para as doze plataformas necessárias, para assentar as peças, dei ordem para as fazerem, porém me diz o Tenente comandante da fortaleza que as plataformas unicamente para assentar as peças que não são suficientes como V. Excelência verá do ofício incluso, e eu entrando no conhecimento do que o mesmo Tenente me expõe achei com efeito que uma vez tenha a gastar-se dinheiro, seria melhor fazer-se uma obra perfeita, pois que não só a favor do que expende o comandante, como também de uma calçada igual no terrapleno, resulta a conservação dos quartéis do Tenente do destacamento, prisões e corpo da guarda, que tudo fica debaixo do mesmo terrapleno, e por essas razões mandei começar-se a obra do quartel do comandante que estava inabitável, e de presente se acha com a família morando na capela.

Despesas que se fizeram à custa da Fazenda Nacional nos reparos da fortaleza de Paranaguá.

372 _ Despesa que o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia Júnior fez por ordem do Governo da Província, desde o mês de dezembro de 1839 até 4 de outubro de 1840, nos reparos das 12 peças de artilharia, de carretas para serem montadas 2:764$560 Idem de condução, recebimento e remessa em balsa de 6 peças de artilharia 327$800 Idem plataformas para as mesmas e mais 6 peças de calibre 12 257$120

373 _ 1840 _ Ofício de 24 de setembro do mesmo Tenente-coronel Manoel Francisco Correia Júnior, dirigido ao Presidente da Província, participando-lhe ter mandado consertar a parte do terrapleno que servia de telhado ao quartel do Tenente comandante que estava a desmoronar-se; e o barro tinha abatido e

-------------------------------------------------------------------------------- - - também a calçada e feita esta obra logo depois serem montadas as peças de 12 e 24 e cuidar-se nos reparos das prisões e quartéis.

Relação das dimensões da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres da barra da Cidade de Paranaguá, dos seguintes objetos a ela pertencentes pelo comandante dela o Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, em julho de 1850.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

--------------------------------------------------------------------------------

Page 207: Vieira dos Santos vol02

- - PARÁGRAFO QUARTO

As barras das baías de Paranaguá

Descrição histórica das barras do porto da Cidade de Paranaguá da Província de S. Paulo e dos melhoramentos de que as mesmas necessitam para o aumento do comércio marítimo.

374 _ As duas plantas das barras de Paranaguá desenhadas pelo hábil cidadão Vicente Ferreira Martins mostram os quatro canais que dão ingresso nas baías paranagüenses. Qual é o porto do Império do Brasil que tem na costa marítima tão vantajosa localidade? Feliz é qualquer nação do globo ter em seus litorais portos com barras francas onde possam atrair ao seu centro o comércio mercantil e que seus vasos marítimos possam entrar e sair livremente sem obstáculos e perigos que em muitos portos se encontram e são estes o que fazem a felicidade desses mesmos países, e onde repentinamente se vê ressurgir florentes cidades, qual antigamente foram as de Alexandria, Tiro e Cartago, e na Europa as de Nápoles, Veneza, Gênova, Roma, Toulon, Cádiz, Lisboa, Londres e S. Petersburgo não falando em outros muitos portos que tem na África e Ásia e no Império do Brasil, se mostram em exemplo o do Rio de Janeiro e mui particularmente o da Bahia de Todos os Santos, com duas barras, uma chamada a Falsa, por onde só entram lanchas e pequenas embarcações, mas tem a outra que é a obra duma grande e formosa baía e tão franca ela é que com o vento ponteiro com que se entra, com o mesmo bordejando também se pode sair, um porto tão excelente sempre há de ser florente a sua prosperidade. Ora as baías de Paranaguá tendo quatro canais em sua entrada para as embarcações de todos os lotes desde uma lancha até o maior vaso, prometem no futuro cada vez mais, a freqüência comercial, a ventura e a prosperidade desta Cidade. Se o Governo fosse desde sempre mais solícito mandando fazer todos os anos exames e trabalhos hidráulicos em todos os portos do Império, teria assim cooperado para o aumento do comércio. O aviso de 7 de novembro de 1839 deu algumas providências sobre tão importante objeto, reconhecendo a necessidade que para isso havia e em execução dele, o Governo Provincial em portaria de 2 de janeiro de 1840 mandou em comissão ao segundo Tenente da marinha, Manoel Antônio Fiúza, que veio a Paranaguá no mês de fevereiro a esse fim e quais foram os

-------------------------------------------------------------------------------- - - resultados de suas indagações? Quais os trabalhos que investigou na barra do sul onde diz o navegante de tanta fama Manoel Pimentel, no seu roteiro que esta barra de Ibopetuba só tinha duas braças de fundo, incutindo o receio e medo aos navegantes, que por ela quisessem entrar, com as inexatidões, quando pelo contrário se viu com admiração em 25 de fevereiro de 1846, ter entrado pela mesma barra felizmente, a barca hamburguesa Anfitrite, de 350 toneladas, mestre I. I. Arends, sendo proprietário dela B. V. A. Rooren, vinda do Rio de Janeiro, acontecendo que entrou na ocasião da maré cheia que nesse dia foi muito grande; e do contrário o seu naufrágio seria infalível. Em 20 de setembro do mesmo ano, entrou outro brigue hamburguês Ferdinand, de 218 toneladas, vindo de Montevidéu, mestre Jürgen Simonsen, sendo proprietário dele Ferdinand Geog Wenlltland, este bateu e perdeu o leme, talvez por não saber o verdadeiro canal desta barra.

Page 208: Vieira dos Santos vol02

Lanchas tem entrado muitas e o mestre da lancha Maria entrando uma vez por esta barra debaixo dum temporal e cerração, achou nela muito fundo e ignorando o verdadeiro caminho, só se desviava onde via a arrebentação do mar, no entanto ela não é praticável para as saídas das embarcações por faltarem as investigações hidráulicas que examinasse o fundo de seu verdadeiro canal; e neles se colocassem bóias, com as necessárias balizas para governo dos mareantes que por ela quisessem entrar ou sair, fazendo-se público nos jornais para conhecimento de todos; mas qual foi o resultado desse oficial da marinha que veio a Paranaguá em comissão? Nada absolutamente fez mais do que exigir do Juiz Municipal por um ofício a exigência precisa dos melhoramentos que eram necessários ao mesmo porto e lhes foram indicados pelo mesmo Juiz Municipal em (1) ofício de 10 de fevereiro daquele ano, mostrando unicamente ser demais necessidade um farol da fortaleza para servir de guia aos navegantes, uma lanterna guarnecida de ferro e amarras para dar socorros às embarcações que se achassem em perigo e algumas balizas em diversos pontos, no canal do furado que segue para a Cidade, precisando alargá-lo pois se ia obstruindo com os areamentos do rio, rematando o Juiz Municipal no seu ofício dizendo: "E quanto ao mais compete a V. Senhoria fazer os exames necessários". E por que os não fez? deixando assim ficar em esquecimento as indagações dos canais das barras, sendo estes os mais úteis e essenciais ao comércio mercantil, como que se a única barra grande, ela só fosse suficiente fazer a prosperidade do país, e se observam nos mapas geográficos estrangeiros mais exatidão em todas as entradas das barras e de seus ancoradouros, mormente naqueles lugares onde o comércio é mais ativo e principalmente à nação inglesa, nos portos brasileiros, quando temos além da barra grande, próximo dela outro canal ente as ilhas das Palmas e a das Peças, na costa do norte a qual até ao presente se acha em desuso por não avançarem as balas das peças da artilharia (1) Vide a folhas... exarado este ofício.

-------------------------------------------------------------------------------- - - da fortaleza a esse canal, preterindo-se por um tão fútil pretexto, a pronta saída das embarcações por esse canal, e adiantamento de suas viagens com gravíssimo prejuízo do comércio, pois já tem acontecido a algumas embarcações estarem mais de dois meses ancoradas na foz da barra, à espera de monções, de ventos de terra, oestes, noroestes ou nortes para poderem sair por ela, quando por aquele canal, com vento sul, que é o mais reinante, pode sair a um largo; é incoerente tal pretexto, porque se impede a saída às embarcações nacionais, mas não pode impedir a entrada às de piratas, os corsários, mais conhecedores de nossos portos. Se a artilharia da fortaleza não alcançam suas balas àquele canal, porque motivo o comércio paranagüense, ou a Câmara Municipal não representam o governo a mandar artilharia de maior calibre para que as balas o alcancem; retirando-se a peças de calibre de 12, e com elas mandar-se fazer uma bateria na costeira da Ilha das Peças, para deles daquele canal; há de porventura o comércio estar sofrendo prejuízo sem haver as providências precisas? Mande o Governo fazer outro fortim no cume da Ilha da Cotinga, que é tão necessário para a defesa daquela baía, e das embarcações que ali se acham ancoradas, e mesmo do canal que entra para a Cidade, e com uma atalaia, dali pode corresponder aos sinais telegráficos que a fortaleza da barra se fizerem, e em ocasiões de perigo, o eco de sua artilharia mais próxima à Cidade dará este sinal de rebate de ir os socorros prontamente aos lugares de perigo; e para evitar dentro das mesmas baías, outro igual insulto como praticou o vapor inglês Cormoran, em 29 e 30 de junho de 1850. O canal dessa barra do norte é tão franco como o da barra grande; por ele entrou em 20 de agosto de 1836, um brigue inglês Jack Tar, de 195 toneladas, mestre William Mc Gregor, proprietário James Bruce, que entrou por engano, porém voltando o mesmo mestre em 24 de julho de 1841, no brigue inglês Amélia, de

Page 209: Vieira dos Santos vol02

307 toneladas, proprietário Machison Brothers & Cia, vindo do Rio de Janeiro, procurou e entrou por vontade preferindo o canal desta barra ao da barra grande; e em 18 de janeiro de 1850, entrou pela mesma barra, o bergantim nacional Rosa, de 316 toneladas, mestre José Antônio Rodrigues de Oliveira, e proprietário o mesma mestre, o qual diz que o menos fundo que tem este canal são 5 braças, e querendo outra vez sair por ele, que fora estorvado pela fortaleza.

Veja-se a seguinte nota que sobre esse canal me referiu o prestante cidadão Vicente Ferreira Martins, em uma carta que me dirigiu com data de 9 de junho de 1850, acompanhada dos dois desenhos das barras e baías de Paranaguá, e a quem a história é devedora destes e outros muitos esclarecimentos; diz ele:

"Como o meu amigo tem a escrever nas memórias históricas, a barra e a fortaleza de Paranaguá e como nos roteiros e mapas, ainda os mais modernos, dão a barra do sul, que no roteiro de Pimentel impresso no tempo de D. João V, vem denominada barra de Ibopetuba, e a barra do Superagüi, por barras que só servem para canoas, por isso tomei os apontamentos que junto achava para mostrar o contrário, não são boas, tem bancos; porém não tão baixos e de pouco fundo

-------------------------------------------------------------------------------- - - que indicam os mapas e roteiros e assim como entre a praia das Peças e a Ilha das Palmas que está sem uso é barra tão boa como o canal por onde atualmente saem e entram as embarcações de maior porte, sendo de sentir não esteja em prática, por ser estorvado pela fortaleza. Por esta barra há a vantagem de sair por esta barra com vento sul, a um largo; e que vantagem extraordinária não é esta para as embarcações que seguem viagem para os portos do norte o sair com vento feito e a caminho de seu destino? Quantos dias não encurtariam? E que vantagem para os carregadores ganharem em tempo. As embarcações que se destinam para os portos do norte não podem sair pela barra geral com vento sul; tem de esperar na barra pelo vento norte e nordeste, que são contrários aos rumos do seu destino; por isso geralmente as viagens para o norte pela barra grande são longas; que atraso para o comércio como já aqui aconteceu estar o feijão em alto preço no Rio de Janeiro, ser daqui remetido grande porção, e quando lá chegaram pela longa demora, chegar quando tinha decaído o preço e sofrerem os que mandaram grandes prejuízos, quando deviam ter ganho bastante; este tópico é de absoluta necessidade ser esclarecido; tudo é dizerem não convém ser praticada em razão de não alcançar a bateria da fortaleza e não poder estorvar em caso de corsários, a entrada; por isso que convém não se fazer, ou não ser praticada; esta razão me não conformo com ela; o Brasil tem muito ainda que dar de si, em sua civilização, como já aconteceu a Portugal quando portugueses, em tempo (se me não engano) de D. João III, e desembarcaram em Belém, e a embarcação era tão pequena que a sua tripulação a encalhou; porém qual foi o prêmio de tão grande heroísmo? Serem todos encarcerados para que a Europa não soubesse que a Índia era tão fácil, ou de pouco risco a sua navegação; tal acontece presentemente aqui, com a barra entre as Palmas e a costa; barra franca e só porque as balas da fortaleza não alcançam; e pode haver maior absurdo e tolice conservar incógnita uma barra franca, que tantas vantagens oferece à navegação e ao comércio, sustentáculo da Nação, só porque as balas da fortaleza não alcançam a outra barra, é até onde pode chegar a miséria de tão despropositada política; e para mais esclarecimento lhe remeto os mapas inclusos nº 31, e nela se deveriam pôr balizas para conhecimento dos navegantes.

A barra de Superagüi pela mesma conformidade seus parcéis e baixios deveriam ter balizas para dar o ingresso a lanchas e pequenas embarcações que por ela quisessem entrar, apesar de que em 14 de dezembro de 1845, entrou por ela o brigue escuna São José dos Prazeres, de 132

Page 210: Vieira dos Santos vol02

toneladas, mestre João da Cunha Viana, proprietário Manoel Francisco Correia, vindo do Rio Grande, e é a primeira embarcação de que há notícia de ter entrado por esta barra.

Todas as embarcações são encaminhadas pelo canal da barra grande, e quase todos os dias saem umas e então outras. No 1º de maio de 1850 só neste dia entraram sete embarcações, a saber: a barca brasileira Patriota, vinda de Nova Iorque; a escuna americana Adventure, de Montevidéu; a escuna

-------------------------------------------------------------------------------- - - brasileira Oliveira, do Rio de Janeiro; a escuna brasileira Saquarema, vinda da mesma Cidade; o iate brasileiro S. Jerônimo, vindo de Porto Belo; o iate brasileiro Caipira, vindo de Santos e o vapor Carioca, do Rio de Janeiro, com quarenta passageiros, e nos dias consecutivos, inclusive até a16 do mesmo mês, as entradas diárias, foram de uma e duas embarcações cada dia, por onde se pode entrar no pleno conhecimento que o porto de Paranaguá não é de tão pequena conseqüência e que talvez já rivalize e tenha vantagem ao da Cidade de Santos, em sua navegação marítima, e tempo virá em que um ativo governo dê verdadeiro impulso ao comércio paranagüense, mandando desobstruir por meios de trabalhos hidráulicos, os canais do Furado, e as das barras que estiverem impedidas a suas francas entradas, mandando pôr as balizas necessárias para conhecimento dos navegantes, que mande fazer fortificações das ilhas das Peças, das Cobras ou da Cotinga, para a defesa interna das baías e da Cidade, que haja um farol e telégrafo, na fortaleza, ou no morro dela; que faça reanimar a agricultura; que se institua um arsenal de guerra; e que dê a direção às boas confecções das estradas, para que por elas possam ser encaminhadas a marinha, as produtivas riquezas que são reproduzidas no fecundíssimo solo continental das vilas centrais da Comarca; e que decerto elas deverão fazer a felicidade, a prosperidade da nova Província.

Ofício que escreveu o Juiz Municipal ao 2º tenente da marinha que veio em comissão a Paranaguá, mandado pelo Governo da Província.

375 _ 1840 _ "Ilustríssimo Senhor. Acuso o seu ofício de 8 do corrente, acompanhando a cópia da portaria do Ex.mo Sr. Presidente da Província, de 2 de janeiro e cópia do aviso régio de 7 de novembro próximo passado, em que determina qual seja o melhoramento do que os portos mais precisem, respondo: 1º um farol na fortaleza, para nas noites escuras servir para os navegantes que precisarem fazer sua entrada; 2º uma lanterna guarnecida com ferro e amarras para socorros dos navios que precisar, e estarem às ordens e serviço da fortaleza; 3º balizas em alguns pontos mais precisos e alargar o canal do Furado, por onde se entra para o fundeadouro desta Vila, que tem fundo muito baixo, e quanto ao mais a V. Senhoria compete fazer os exames necessários. Deus guarde a V. Senhoria. Paranaguá, 10 de fevereiro de 1840. Manoel Antônio Pereira, Juiz Municipal. Il.mo Senhor Manoel Antônio Fiúza, 2º tenente da marinha em comissão".

-------------------------------------------------------------------------------- - -

--------------------------------------------------------------------------------

Page 211: Vieira dos Santos vol02

- - PARÁGRAFO QUINTO

Cemitério da Cidade

Ah! Choremos!... Choremos!...e sobre o seu jazigo depositemos uma lágrima de saudade!...

Quis talio fundo temperet a lacrimis!...

Só lágrimas te pôde dar agora,

Quem sente a tua falta e por ti chora!...

376 _ Notícia histórica dos cemitérios públicos para o sepultamento dos mortos; e a descrição do que a Câmara Municipal está mandando confeccionar na cidade de Paranaguá.

As nações mais cultas do globo ainda mesmo aquelas que o não são, sempre tiveram o maior acatamento e respeito às honras fúnebres de seus finados, como um dever o mais sagrado e verdadeira gratidão. Nesses funéreos e silenciosos lugares, onde só a morte impera, onde estão depositados, os restos mortais de nossos semelhantes, todo mortal que é sensível, lhes deveria tributar um dos maiores respeitos. Desde a mais remota antigüidade se introduziu o pernicioso costume de sepultarem os mortos nas igrejas, talvez porque elas fossem o asilo da santidade e onde os cristãos a elas concorriam com mais freqüência, tributando a seus finados os pios sufrágios e mais lembrados aos olhos do mundo, mas no século presente, tendo-se conhecido ser este costume nocivo à saúde pública, motivado das pútridas exalações que dos corpos são emanadas; incitarão aos legisladores da Assembléia Geral do Império do Brasil, a fazer a carta de lei da criação das Câmaras Municipais, do 1º de outubro de 1828, no título 3º, artigo 66 e § 2º, que incumbe às mesmas Câmaras a organização dos cemitérios. Sendo estas mansões de reza comumente isoladas daquelas graças com que a natureza costuma reproduzir, é indispensável que a indústria humana, unida àquela cooperem mutuamente em dar a este mesmo asilo, um majestoso formoseamento de galas e enfeites para que o homem sensível que entrar nesta triste e silenciosa morada tenha conhecimento que ali é a casa da morte; o repouso da vida, a mansão da saudade e o lugar próprio de

-------------------------------------------------------------------------------- - - verter lágrimas nas recordações da vida transitória, da glória passageira, e o último fim das vicissitudes humanas e dar desafogo à sua dor e tristeza. Não há uma prova mais sincera que a do afeto e filial e cada um cuidar no adorno das oito palmos de terra que cobrem os restos mortais de um terno pai ou duma mãe querida que se desvelava pela felicidade de seus filhos, ou de um filho ou filha que era o único objeto e os mais amado de seus pais. Um monumento levantado só é a

Page 212: Vieira dos Santos vol02

afluência de uma família, ou da vaidade de algum herói; mas um sepulcro singelo só é o da gratidão e se vê isto no primeiro exemplo que deu a Cidade de Paranaguá o ilustre Comendador Manoel Antônio Guimarães em mandar levantar o primeiro mausoléu, no cemitério público, em 13 de junho de 1849, à sua cara esposa, Dona Maria Clara Guimarães, que foi a primeira paranagüense que nele jaz em paz e onde repousa como convidando às mais que lhe façam junto dela saudosa companhia; esta gratidão que seu esposo tributou à sua memória dá bem a conhecer o quanto ela fora merecedora. Foi costume de todas as nações adornar as sepulturas dos parentes finados de festões de flores, como emblemas da vida que brota e floresce e da morte porque logo murcham. Os gregos coroavam seus cadáveres com flores e nos enterros fúnebres, todos levavam ramos delas nas mãos, e os romanos também observavam a mesma prática, e tão religiosamente que até punham em seus testamentos a cláusula de espargirem e plantarem flores sobre suas sepulturas. Os persas cobriam suas sepulturas com a alfavaca larga, não só pelo cheiro odorífero, mas pela figura como a do cipreste, árvore esta a mais favorita das nações árabes. Em Trípoli e outros estados berberescos as adornam com jasmins plantados em derredor, espalhando rosas sobre elas. Os turcos da Ásia Menor as divisam com mirto e em outras nações fazem muito uso da sempre-viva.

A prática de adornar as sepulturas com flores parece ter prevalecido desde a mais remota antigüidade; e em Inglaterra, em alguns condados, principalmente no de Gales, há cemitérios com a mesma perspectiva de jardins, com ricos vasos de flores e neles se não consentia flor alguma, que não tivesse um cheiro fragrante. A cravenina, a poliantéia, o atelis e outras plantas aromáticas formam ali as decorações daqueles jardins consagrados ao repouso da vida. A rosa branca e a mosqueta eram as mais peculiares nas sepulturas dos inocentes e das jovens donzelas; a rosa encarnada estava destinada às pessoas mais distinguidas por sua bondade, beneficência e candidez, e outras flores alusivas ao caráter dos finados. Sobretudo na Alemanha se vê a grande limpeza que há em todos os cemitérios de Munique, Leipzig e Offenbach, de maneira que mais parecem passeios públicos; nestes sagrados recintos a recordação dos jovens em momentos do futuro e para os velhos a recordação das vicissitudes de sua vida bem próxima a terminar-se, neles cada um põe sobre as lousas de suas sepulturas pequenos caixões onde plantam flores, todos os dias e ali aparecem meninas órfãs a adornarem e espargirem flores nas sepulturas de suas finadas

-------------------------------------------------------------------------------- - - mães ou uma querida mãe levar uma grinalda de rosas, ainda há pouco acabadas de colher, para as pôr sobre a sepultura de seu nunca esquecido filho único!... Que terno quadro!... que vista tão sensível, pungente e saudosa! Ah! Morte!... Morte!... logo ao albor da manhã é bem comum nestes cemitérios ver-se praticar estes atos de afetos maternais e filiais, colhendo as mimosas flores que de noite se abriam, e com elas tecer grinaldas para a pôr em suas sepulturas, e tão sagradas consideram estas flores que se porventura as arrancasse, ou as maltratasse, seja olhado esse agressor como um sacrilégio, mas um particular amigo do finado pode tirar um cravo, se muitos tiver no craveiro, ou cortar um raminho de alecrim, se a planta estiver bem crescida, porque isto significa um sinal de afeto e um modo de comunicação que pode ter com a pessoa que está ausente, em uma distância imensurável! O afeto sincero é uma virtude; e a cultivação de toda virtude é muito louvável.

Emoções sentimentais de iguais naturezas se verão reproduzidas dentro do magnífico cemitério da Cidade de Paranaguá e ali apontando com o dedo dirão, cheios de sentimento:

Se ali não houver cipreste,

Page 213: Vieira dos Santos vol02

Nem goivo ou rosa saudade

Carinhosa paranagüense,

As plantará por piedade.

Quem me ensina a campa sua?

Quem me diz onde ele jaz?

Lá quero ir noite de lua

Quando tudo dorme em paz.

377 _ Descrição circunstanciada da obra do cemitério em construção na Cidade de Paranaguá em o ano de 1850.

O cemitério forma um quadrilongo de 153 palmos de frente sobre 213 de fundo. O lado da frente tem de altura de parede de alvenaria, incluindo a cimalha, 22 palmos. Sobre a cimalha leva 8 pilastras assentadas sobre a base de 6 polegadas, com 5 palmos de altura, que prendem a gradaria de ferro e sobre as mesmas pilastras vão vasos para flores.

Nos flancos do edifício e lados do grande portão aparecem quatro colunas que acompanham a parede em sua altura e sobre elas deve haver figuras análogas ao objeto. O centro desta rara sobre gonzos chumbados sobre grossa cantaria, que deve ter a altura de 18 palmos, sobre 10 de largura. Sobre este portão haverá uma bandeira em forma de semicírculo, feita de ramage de ferro, que finalizara numa cruz; terá o mesmo portão pelo exterior e interior dois degraus de cantaria para o ingresso e saída do cemitério. No lado da igreja matriz, pelo

-------------------------------------------------------------------------------- - - lado do evangelho, há um corredor com 13 palmos de largura e 70 de comprimento que serve para poderem transitar as procissões religiosas da Semana Santa, em frente da porta lateral, ao lado dito, há um portão de 6 palmos de largura, sobre 14 de altura, que servirá para os enterros ou por eles entrarem os de menos pompa, porque os outros entrarão pelo portão principal; as paredes deste corredor, que finaliza logo que se passa a mesma porta lateral, tem de altura 18 palmos e 3 de grossura.

Descrição do interior do mesmo cemitério

O lado da frente é ocupado por 20 catacumbas de 10 palmos de comprimento, 4 de altura e 3 de largura, divididas em duas linhas, havendo dois palmos e meio de intervalo de uma a outra catacumba, e nos intervalos das da linha superior há 8 catacumbas de 2 palmos e meio de largura,

Page 214: Vieira dos Santos vol02

sobre 5 de extensão para o interior da parede para os anjinhos, vindo assim a ter a parede no seu total, sete palmos, divididos pela maneira seguinte:

Parede exterior palmos 2 ½

Largura da catacumba palmos 3 ½

Largura para tapar a mesma palmo 1

_________

palmos 7.

O lado da igreja onde existe o corredor dito, há três linhas de catacumbas de 5 palmos e meio de comprido, dois palmos e meio de alto e outros dois e meio de largura para os anjinhos de maior idade, para se não abrir uma catacumba maior. Compreende todo o edifício em roda 114 catacumbas, sendo 72 para adultos, 18 para menores e 24 para recém-nascidos. O terreno no interior compreende 207 palmos úteis, na sua maior extensão, os quais são divididos pelo meio por uma parede de 3 palmos de grosso e 5 de altura, separada no meio por uma escada, que dá para o segundo terreno que fica mais baixo, por causa do declive que se encontra no mesmo terreno; esta parede será na parte superior aberta em alegretes para flores. No centro do terreno da parte superior deve ser levantado um octógono do qual o centro será ocupado por um altar e lugar para depositar por momentos, os ataúdes, para os mortos aí receberem as cerimônias religiosas, sendo os lados deste octógono ocupado por catacumbas de pequenas dimensões por anjinhos.

Aos lados da escada deve levar dois ciprestes que já se acham em crescimento.

Esta magnífica obra teve princípio no mês de janeiro do ano de 1850, por deliberação da Câmara Municipal, em sessão ordinária de 15 do mesmo mês, encarregando a inspeção e delineação da mesma ao prestante cidadão ao

-------------------------------------------------------------------------------- - - major Simão José Henriques Deslandes, único que só podia bem desempenhar com a magnificência que é devida à categoria duma Cidade marítima do Império, e se a mesma chegar às sua final conclusão será uma das primeiras obras públicas da Província nessa classe e que já se acha em grande adiantamento no alevantamento das paredes circulantes. A Câmara Municipal aplicou a quantia de Rs. 2:341$273 réis, provenientes dos rendimentos provinciais e que pela lei nº 2 de março de 1849, reverteram aos rendimentos da mesma Câmara, para se dar princípio à confecção desse magnífico edifício, destinando para as despesas do mesmo no orçamento que fizeram do ano financeiro de 1850 a 1851 a quantia de Rs. 4:334$181 réis e além disso, ainda pediu mais à Assembléia Legislativa Provincial a confirmação de algumas novas posturas na sessão de 3 de novembro de 1849, para a confecção dum chafariz e outras despesas a aumentar suas rendas.

378 _ 1850 _ Ofício que a Câmara escreveu ao cidadão Simão José Henriques Deslandes, em resposta do seu ofício de 18 de janeiro.

Page 215: Vieira dos Santos vol02

"Il.mo Senhor. A Câmara Municipal desta Cidade, compenetrada do reconhecimento pela recepção de seu ofício de 16 do corrente mês, resolveu cientificar a V. Senhoria que lhe é sempre grata e apreciável a maneira e prontidão com que V. Senhoria se incumbe das tarefas que lhe são confiadas por melhor acerto e benefício público e do Município, e que conformando-se com as suas preposições tem expedido as convenientes ordens ao coletor das novas rendas Raimundo Ferreira de Oliveira Melo, para que satisfaça as folhas de férias e outras contas de materiais que rubricadas por V. Senhoria lhe forem apresentadas. Igualmente mandou a Câmara fazer público por editais a quem por menos se quisesse encarregar de fornecer os materiais, todos necessários para a obra de seu começo até a final conclusão, dirigindo suas propostas em carta fechada ao Presidente da Câmara; que de inteligência com V. Senhoria consumaram os tratos da melhor forma e maneira que julgarem adequadas e convenientes à sua gravidade, omitindo a Câmara de mais ponderações, visto descansar na direção de V Senhoria a quem Deus guarde. Paranaguá, 20 de janeiro de 1850. Il.mo Senhor Major Simão José Henrique Deslandes, Joaquim Félix da Silva, Presidente, Raimundo Ferreira de Oliveira Melo, secretário".

379 _ 1850 _ Sessão ordinária de 13 de julho. A Câmara oficiou ao Presidente da Província o ofício seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor.

A Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá leva ao conhecimento de V. Excelência que as rendas que lhe foram concedidas pela lei provincial nº 2, de 5 de março do ano extinto, tem até o último do mês passado montado à cifra de Rs. 4:493$533, da qual se há despendido a quantia de Rs. 3:722$017, sujeitos e insuficientes para cobrir os empenhos com a mencionada edificação, se hão contratado, a qual se acha ainda muito distante de chegar a uma conclusão. É o quanto a semelhante respeito tem esta Câmara que pôr na presença de V.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Excelência a quem Deus guarde. Paço da Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, em sessão ordinária de 13 de julho de 1850. Il.mo e Ex.mo Senhor Presidente da Província Joaquim Cândido Correia, Tristão Martins de Araújo França, Manoel Antônio Dias, José Alexandre Cardoso, Ricardo Gonçalves Cordeiro, Manoel Leocádio de Oliveira"..

380 _ 1836 _ Portaria do Presidente, remetendo à Câmara a cópia de resolução da Assembléia: 1º exigindo um plano para os estabelecimentos dos cemitérios públicos; 2º o orçamento da despesa que será mister; 3º os meios mais adaptados que parecerem para haverem o capital; 4º exigindo dos párocos, os esclarecimentos precisos e informação acerca das quantias que as respectivas fábricas, irmandades, confrarias e corporações, ou mesmo pessoas particulares, que queiram ter catacumbas ou sepulturas próprias podem auxiliar a mencionada obra.

381 _ 1836 _ Em vereança de 8 de novembro, a Câmara oficiou ao Presidente, remetendo o plano e o orçamento das despesas infalíveis para a edificação do cemitério, na importância de Rs. 2:300$000 réis, e que não se podiam fazer mais posturas por se acharem os gêneros muito sobrecarregados.

Plano do cemitério e orçamento de sua despesa

Page 216: Vieira dos Santos vol02

Deve haver um cemitério no lugar denominado o Alto, na entrada do rocio grande, contendo 400 palmos de frente e 200 de fundo, amurada de pedra e cal na altura de 10 palmos com uma pequena capela no seu centro e jazigos; esta obra foi orçada na quantia de Rs. 2:300$000, da maneira seguinte:

60 moios de cal _ 10$ 600$000 " pedra, areia e barro 520$000 " fretes às lanchas para as conduções desses materiais 200$000 " madeiras para a capela 150$000 " idem a carpinteiros 220$0000 " idem a pedreiros e serventes 200$000 " idem de ferragem 20$000 " idem de 5 mil telhas 128$000 " idem condução dos materiais do porto ao lugar destinado 250$000 " idem tábuas, paus e cipó para o andaime 12$000 2:300$000

Paranaguá, 8 de novembro de 1836.

--------------------------------------------------------------------------------

- - PARÁGRAFO SEXTO

Arsenal e estaleiro

Notícia histórica dos lugares denominados o arsenal e estaleiro da Cidade de Paranaguá.

382 _ Dois logradouros pertencentes à Câmara Municipal se acham situados na margem esquerda do rio Taguaré e pouco distantes de sua foz, e contíguos ao princípio da Cidade, em cujas margens tem o mesmo rio de fundo 4 a 5 braças nas marés cheias.

O arsenal é o primeiro logradouro que se encontra, entrando-se pelo rio; este lugar foi assim chamado depois que, no ano de 1828, ali se construiu uma corvetinha de guerra de nome Santa Cruz, por ordem do Governo; nesse lugar se estabeleceu o falecido patrão-mor Manoel de Araújo França, onde fez uma chácara e nela a sua casa de vivenda e armazéns; esse paranagüense muito coadjuvou para a fatura da mesma corveta, oferecendo gratuitamente a sua casa e chácara ao chefe de divisão Paulo Freire de Andrade, que veio a Paranaguá a dirigir os trabalhos do mesmo vaso de guerra e nela morar todo o tempo de sua construção, e os seus trabalhadores; foi ele o encarregado de mandar tirar o madeiramento; e de o fazer conduzir para o mesmo arsenal, de cujos serviços obteve de S. Majestade o Imperador, a patente de segundo tenente da marinha; esse largo ou logradouro contém 58 braças de frente e 25 de fundo.

383 _ O estaleiro é outro lugar junto ao antecedente e mais aproximado à Cidade que ali tem seu princípio; tem de frente 250 palmos e 226 de fundo; nele edificou o falecido Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos, nos anos de 1775 a 1780, uma comprida casa assobradada, para a frente do mar e unido a ela, grandíssimos telheiros e armazéns para recolher as madeiras e trabalhos de carpintaria, próprios de um estaleiro; e oficina de ferrarias, e à beira-mar, trapiche e cabreia para crenar as embarcações que quisessem fazer as obras necessárias; esses edifícios, depois do falecimento de seu proprietário, o Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos, reverteram a seu herdeiro Manoel Ricardo Carneiro. Nesse largo houve antigamente um antigo

Page 217: Vieira dos Santos vol02

fortim com linhas de paredes de pedra e cal feitas contra a alta ribanceira para defesa da Vila, feito em 1762, e demolido depois por ordem da Junta da Fazenda, no ano de 1819 ou 1820; e

-------------------------------------------------------------------------------- - - as suas paredes arrematadas em hasta pública, em cujo lugar se edificaram depois vários prédios urbanos; ali mandou fazer o Comendador Manoel Antônio Guimarães uma morada de casas térreas e junto a elas um grande armazém para depósitos de carregamentos de embarcações; o falecido José de Sousa Guimarães fez um grandíssimo armazém destinado ao mesmo fim e de presente de Manoel Leocádio de Oliveira; e João Maurício fez outros dois, sendo por isso o porto do estaleiro um dos principais e mais freqüentados da Cidade, por ser ali o embarque e desembarque dos carregamentos das embarcações, e quando a Cidade em seu progressivo aumento, ocupar todo o campo da Boa Vista, a extensão até o mar de fora, será este contorno da Cidade um dos mais belos e aprazível, tanto pela vista que tem para o mar e Ilha da Cotinga, e ventilado pelas virações do nordeste e as tabernas ou armazéns de molhados, deverão ali fazer maior negócio por lhes passar fronteiro as canoas dos pescadores e agricultores que conduzem seus gêneros a vendê-los na Cidade.

384 _ Relação das embarcações mercantes que se tem construído nesse estaleiro.

1780 a 1790 Sumaca Francesinha

Penque S. Ana e Labre

1800 a 1840 Bergantim Teutório

" Macabeu

" Pujante

" César

" Rufino

1800 a 1840 Bergantim Cacique 184 toneladas " Caboclo 245 "

Sumaca Menália

Lanchas Ana e Rosa 24 toneladas

" S. João das Palmeiras

" Bruxa

1840 a 1850 Bergantins Novo Bomfin 147 toneladas " Cascudo 227 ditas

Escuna Félix Conceição 76 "

Lanchas Inocente 23 ditas

Page 218: Vieira dos Santos vol02

" Tiberê 20 ditas

Iate Teresa 71 ditas

Barca Rufina 305 ditas

Sumaca Joaquina

Escuna Isabel

Notícia das dimensões da barca Rufina por ser a primeira embarcação mercante de 3 mastros, construída no estaleiro da Cidade de Paranaguá.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 385 _ Sua construção foi feita das madeiras canela preta, peroba e cedro; e mastros de Itajaí; seu construtor João Martins de Araújo, de propriedade do capitão Hipólito José Alves, cidadão brasileiro, o qual tem as dimensões seguintes: "Comprimento dentro do porão da antepara de proa à antepara de ré 99 palmos e 3 décimos; largura na antepara de proa 23 palmos e 3 décimos; largura no meio da escotilha grande 32 palmos e 7 décimos; largura na antepara de ré 29 palmos e 7 décimos; pontal tomado na área da bomba 17 palmos e 2 décimos, de cujas dimensões resulta ser a dita barca Rufina de 305 toneladas. Foi posta a quilha no estaleiro no dia 4 de janeiro de 1849, e caiu ao mar com felicidade já com os três mastros reais em cima, no dia segunda-feira 15 de abril de 1850, pelas 5 horas e 20 minutos da tarde. Sucedeu porém que quando corria pela carreira dessem um tiro de peça da dita barca, cujo taco sendo de perto empregado no estômago do preto Pedro, escravo de Antônio José Vieira Rabelo, proprietário do bergantim nacional Memória, o matou por ficar emparelhado quando disparou o tiro, sendo de lamentar houvesse tal acontecimento; fora do qual tudo foi alegria; a concorrência foi imensa, por estar a tarde muito boa; consta que a importância de sua construção andou em mais de 23 contos de réis".

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - - CAPÍTULO TERCEIRO

Page 219: Vieira dos Santos vol02

Notícia descritiva e histórica da Cidade de Paranaguá em continuação do primeiro capítulo deste volume em que se mostra as divisões dos quarteirões e sua população dentro da Cidade e contornos; observações meteorológicas de seu clima. Aulas de instruções primárias; forças que tem das guardas nacionais e policiais; comércio marítimo, matronas ilustres; e acrescentamentos de memórias não exaradas no primeiro tomo.

PARÁGRAFO 1º

386 _ 1º distrito da Cidade. No primeiro capítulo deste volume se vê a descrição circunstanciada da Cidade; não obstante na mesma ainda faltaram os esclarecimentos de muitos objetos dignos de história. A Cidade é dividida o seu Município em dois distritos: o que pertence à Cidade tem vinte quarteirões; e o distrito de Guaraqueçaba tem doze.

Dentro da Cidade há quatro quarteirões designados: o 1º o quarteirão do Norte; 2º e 3º do centro; o 4º do sul; e fora da Cidade o 5º do Rocio Grande e Pequeno; e nestes cinco distritos inclusive a Cidade, no ano de 1844 se contavam cinco mil habitantes e presentemente se calcula haver sete mil. Os outros distritos são: 6º da costeira do Rocio e rio Emboguaçu; 7º do rio Bocuí; 8º do rio do Ribeirão e Ilha do Toral; 9º rio das Pedras e Ilha do Teixeira; 10 º costeira da Ponta Grossa e Boquera; 11º costeira de Peçagüera; 12º saco de Tamborotaca, 13º e Ilha da Cotinga e Rasa Seca; 14º rio de Taguaré e Ilha do Valadares; 15º rio dos Almeidas; 16º rio dos Correias; 17º rio Grande do Groguaçu e suas ramificações; 18º rio dos Maciéis e a sua costeira; 19º Barra do Sul e rio Pirequê; 20º Ilha do Mel.

387 _ 2º distrito de Guaraqueçaba. O segundo distrito da capela de Guaraqueçaba é dividido em doze quarteirões a saber: o 1º compreende a Ilha das Peças, costa de Guanandituba e rios das Laranjeiras, Sambaqui e das Pescadas; 2º rios do Poruqueira, da Mãe Luzia, costa da Vertioga, Superagüi e Varadouro Velho; 3º compreende os rios Real, da Paciência do Segredo, do Varadouro, Sebaí e Barigüi; 4º compreende os rios do Cerco Grande, Cerquinho, costeira do Morro de Guaraqueçaba, do Morato, da Panema, das Canoas das Palmeiras e Piraçonunga; 6º compreende o morro do Tremomó, barra da Serra

-------------------------------------------------------------------------------- - - Negra, rios de Serão e Açungui; 7º compreende o grande rio da Serra Negra; 8º o grande rio de Tagaçaba; 9º o rio do Borrachudo, Boa Vista e Ilha do Benito; 10º compreende o grande rio do Itaqui; 11º compreende o rio de Maçaropoã, e as ilhas Rasa Grande, e a das Gamelas; 12º compreende os rios de Medeiros e do Retiro e a costa da Praia da Bahia até a ponta do morro do Pasto.

388 _ População e contornos

População. Não tem sido possível saber-se uma estatística exata da Cidade e seu Município porque os inspetores dos quarteirões, a maior parte pouco hábeis em tais indagações e mesmo os chefes de famílias nunca manifestam no assentamento todas as pessoas de suas casas; é esse o principal motivo por onde se não pode nunca averiguar o número exato dos habitantes. Vê-se no mapa nº 2, a folhas 32 deste volume, a população que se mandou extrair no ano de 1849, haver no primeiro distrito da Cidade 15.68 fogos, e no segundo distrito 620, o que faz um total de 2.188 fogos, e ambos com uma pequena população de 9.380 habitantes; mas bem longe está de sua

Page 220: Vieira dos Santos vol02

perfeita exatidão, segundo se vê na regra que deu o Barão de Bielford, na sua Instituição Política, título 20, p. de 204 a 209, na qual indica que o modo de calcular o número de fogos é de 6 a 8 habitantes por cada casa; ora, fazendo-se a conta dos fogos pelo mínimo número desta enumeração dá uma cifra de 12.886 livres e 2.110 escravos; além disso sempre ao porto de Paranaguá aflui diariamente alguma imigração de gente marítima que se estabelece no país; e ainda mesmo fazendo-se a computação dos nascimentos anuais, pela estatística dos mortos que nunca diminui, mas sempre há acrescentamentos a favor da população, conhece-se evidentemente seu progressivo aumento; donde se tira a probabilidade de haver no Município de 14 a 16 mil habitantes pelo menos.

389 _ Contornos da Cidade. São ocupados pelos terrenos pertencentes à Câmara Municipal, chegando até as margens do rio Emboguaçu, e constam de duas divisões com as denominações de rocios Grande e Pequeno. Para o Rocio Grande se entra no lugar do Alto por uma bela estada larga, cujo solo é todo arenoso e vai ter à Igreja Nossa Senhora do Rocio, que fica à beira da margem da grande baía, na extensão de meia légua; há outra transversal que nasce da mesma a encruzar para a do Rocio Pequeno e desta um trilho direito ao porto chamados dos Padres, na margem do mesmo rio Emboguaçu, e que ainda conserva este nome derivado dos extintos Jesuítas, que ali possuíam terrenos. A estrada do Rocio Grande é toda marginada de arvoredos silvestres e a maior parte são goiabeiras, araçaeiros e guabirobeiras e toda povoada de ambas as margens de muitos sítios com plantações de mandioca e diversos arvoredos frutíferos e entre estes se notam muitas chácaras com regulares edifícios de pedra e muito bem plantadas de arvoredos e planta exóticas as quais são as principais a do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, com muitos cajueiros e outras árvores frutíferas: a de José Alves Lima, a de José da Costa, a de Dona Rosa de Sousa e Silva, e que foi do falecido vigário Joaquim Júlio da Ressurreição

-------------------------------------------------------------------------------- - - Leal, a do falecido Capitão Pedro Antônio Munhoz, mas sobre todas sobressai a de Tristão Euclime d'Wduval, à margem da baía, onde tem uma boa casa envidraçada e com magnífica vista e plantações de coqueiros, casuarinas e muitas plantas exóticas, e na travessa da estrada para as do Rocio Pequeno, tem uma boa chácara do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, com árvores frutíferas e outras de adorno muito bem formoseada. A estrada para o Rocio Pequeno principia logo adiante da fonte de cima e no fundo Campo Grande e vai finalizar no rio Emboguaçu, onde atravessando uma ponte de madeira, tem seu começo a estrada geral que segue até a do Arraial de S. José dos Pinhais; este caminho é um belo passeio; seu solo de enxuta areia marginado de arvoredo e de muitos sítios cultivados e chácaras quais são: a de José Pereira de Azevedo, com um pequeno sobrado, um engenho de soque de erva, e muitas plantas medicinais e frutíferos arvoredos; a do alemão Antônio Betim; a de Vicente Ferreira Pinheiro; a do falecido Capitão João Manoel da Cunha; a do João Antônio dos Santos, com uma boa casa de sotéias e envidraçada, e todas curiosamente plantadas de arvoredos e flores. Em derredor do circuito da Cidade e próximo ao Campo Grande tem outra chácara de João Antônio dos Santos, que foi de Maria Gomes; no lugar chamado do Arsenal, tem outra chácara com boas casas, do falecido patrão-mor Manoel Custódio de Araújo. Na Ilha do Valadares, que está em frente da Cidade, tem as chácaras do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior, e a do falecido Leandro José da Costa, também com boas casas. Na Ilha da Cotinga, tem as chácaras dos comendadores Joaquim Américo Guimarães e Manoel Antônio Guimarães, com boas moradas de casas, além de imensos moradores estabelecidos com seus sítios. As ruas da Cidade são planas e oferecem proporções para nelas transitarem seges e carrinhos, bem como os caminhos para os rocios Grande e Pequeno, uma vez que sejam reparadas em algumas pontes, ou lugares necessários a poderem

Page 221: Vieira dos Santos vol02

livremente girar os mesmos carrinhos, quando o bom gosto e o luxo de seus habitantes chegar ao ponto de maior auge.

390 _ Prédios urbanos. O florente comércio tem dado grande impulso a muitas construções de novos edifícios e reparações de outros; e se vê no mapa abaixo, extraído do livro do lançamento da décima, que no ano financeiro de 1844 a 1845 havia dentro da Cidade 497 prédios urbanos, sendo casas térreas 449 e de sobrado 48; e no pequeno espaço decorrido de cinco anos até 4 de janeiro de 1850 se acharam no mesmo lançamento 557 prédios, sendo 494 casas térreas e 63 de sobrado, havendo um acréscimo de 60 moradas de casas, entre estas 5 de sobrado, algumas nos locais em que eram térreas e outras feitas de novo à moderna, e muitas em obras e reparamentos; imensos terrenos se acham tomados com posses e princípios de pilares e paredes. Se este sucessivo aumento for em progresso, augura que a Cidade em breves anos ocupará o terreno do Campo da Boa Vista e seus edifícios chegarão até o mar de fora.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 391 _ Mapa resumido do número dos prédios urbanos que tem a Cidade de Paranaguá, nos anos de 1845 a 1850:

Nº Nomes das Ruas da Cidade 1845 1850

1 Rua da Cadeia 23 28

2 Rua da Ordem 50 56

3 Rua da Conceição 8 9

4 Rua da Boa Vista 16 24

5 Rua do Ouvidor 60 65

6 Rua do Bom Jesus 21 22

7 Rua Direita 77 79

8 Rua da Gamboa 56 59

9 Rua do Rosário 16 16

10 Rua do Porto da Matriz 20 20

11 Largo da Matriz 20 20

12 Rua da Misericórdia 62 65

13 Rua de S. Benedito 6 6

14 Rua do Fogo 23 27

Page 222: Vieira dos Santos vol02

15 Rua do Ipiranga 27 36

16 Rua das Flores 16 17

17 Rua da Praia 27 36

Extramuros 4

Total 497 557

1845 Casas de sobrado 48 1850 Casas de sobrado 63

" Casas térreas 449 " Casas térreas 494 Total 497 Total 557

392 _ Clima, meteorologia e longevidade. No primeiro tomo, capítulo 7, p. 91, se escreveram as causas principais que motivaram de haver anualmente em Paranaguá, na estação do estio, diversas enfermidades endêmicas de febres de disenterias e outras diversas emanadas pela corruptibilidade atmosférica, da grande imensidade de exalações pútridas de águas estagnadas que as grandes maresias espargem, nas quais se acumulam infinitas folhas dos mangais e outras árvores, corpos de insetos, aves e peixes mortos, que nelas apodrecem e adjunto ao lodo fétido, que exala esse tijuco nas margens das praias da Cidade, na efervescência do maior calor do dia, atraídos pelos raios solares e a putrefação das matas derrubadas, no descortinamento da Ilha do Valadares que fica fronteira à Cidade e é acarretada sobre ela pelos ventos leste, lessueste e sul; o assombramento que faz a grande Ilha da Cotinga, que muito impedem as vibrações e brisas do norte e nordeste; sem as quais a Cidade não é ventilada; estas e outras causas concorrem a que o país não goze de perfeita salubridade, estando

-------------------------------------------------------------------------------- - - sua colocação austral em um ótimo clima temperado, tanto para a fecunda vegetação da natureza, como para a propagação da espécie humana, como se observa em algumas famílias mais distintas da Cidade, como as dos Correias, Guimarães e Pereiras, e em muito maior número acontece entre as famílias pobres, sendo a única riqueza dessas, seus filhos.

No solo da Cidade seu mais subido calor na força do estio não tem excedido a 92 graus, no barômetro de Fahrenheit, e 27 graus de Réaumur; e isto foi no ano de 1844; no dia 27 de fevereiro, pelas 2 horas da tarde, quando se vê na tábua meteorológica da observação feita na mesma cidade, pelo curiosíssimo cidadão Vicente Ferreira Martins, em quatro anos sucessivos, de 1842 a 1845, que os dias de maiores calores desses anos são de 80 até 87 graus, assim como os dias de maior frio na estação invernosa nunca baixou o azougue no barômetro a menos de 50 graus de Fahrenheit, ou de 8 de Réumur, logo um país como este que não se sentem nele os ardentes calores da Sicília, África e Pérsia, nem os gelados frios da Lapônia, Rússia e Noruega, mostra estar a sua boa posição colocada num ponto feliz. A tábua destas observações assim o demonstram.

--------------------------------------------------------------------------------

Page 223: Vieira dos Santos vol02

- - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1842

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1842

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1842

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1843

--------------------------------------------------------------------------------

Page 224: Vieira dos Santos vol02

- - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1843

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1843

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1844

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1844

--------------------------------------------------------------------------------

Page 225: Vieira dos Santos vol02

- - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1844

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1845

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1845

-------------------------------------------------------------------------------- - - Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1845

--------------------------------------------------------------------------------

Page 226: Vieira dos Santos vol02

- - 394 _ Longevidade da vida humana. O clima paranagüense não lhe é contrário, imensas pessoas chegam à idade decrépita de 60 a 80 anos, e algumas têm excedido a mais de 100, até 115 como foi desta última idade Joaquim Valério, morador de Superagüi, falecido em 1830 ou 1831; nascido naquele bairro, homem pobre, alimentado com o peixe do mar e farinha de mandioca, na idade de 115 anos (no de 1829) na presença do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior e do Padre Vicente Ferreira de Oliveira, assistiu com eles a uma janta com boa disposição, narrando muitos fatos antiquários acontecidos no país; sua estatura era alta e o defeito que tinha era a curvatura do dorso, sendo por isso necessário encostar-se a um bordão; Joaquim de xxx, morador em Peçagüera, falecido em 1839 ou 1840, contando 103 anos de idade, e dois anos antes de seu falecimento ele só atravessava a baía até a Ilha da Cotinga, remando em uma canoa para vir à Cidade. Rodrigo de xxx, morador do rio Gorgaçu, morreu no ano de 1846, com 115 anos de idade; contava ele que até a idade de 26 anos em que casou e nunca conhecera mulher alguma; e que morrendo-lhe a mulher e não tendo filhos, marchara com uma companhia de auxiliares para S. Paulo, debaixo do comando do Capitão Anastácio de Freitas Trancoso; tendo então 40 anos de idade, marchou para o Rio Grande do Sul e obtendo sua baixa, regressara a S. Paulo e de lá a esta; e que não encontrando mais parentes vivos, se recolhera em casa de uma velha que também já tinha mais de cem anos, seu corpo era direito e de regular estatura. Outro homem que morava na ponta chamada do Lanço, cujo nome ignoro, morreu com mais de 108 anos de idade, e era ainda tão vigoroso que remava dias inteiros, todavia três ou quatro anos antes de morrer, ficou curvado do dorso; e então só se ocupava em fazer redes de pescarias, gamelas e brincar com as crianças. A estatística que se tirou no ano de 1830 mostrava haver no Município uma população de 6.718 habitantes, encontrando-se na mesma, na idade de 70 a 80 anos 58 pessoas, a saber: 38 brancos, pardos libertos, dois pardos cativos, 1 preto liberto e 9 cativos. Das idades de 80 a 90 anos, 40 pessoas, a saber: 28 brancos, 6 mulatos libertos e 6 pretos cativos; e de idade de 90 a 100, oito pessoas, a saber: 7 brancos cativos e 1 preto liberto; cuja cifra monta a 106 pessoas, e corresponde a 1¾ da população que houve naquele ano e uma vantagem superior relativamente às populações de diversos países. No presente ano de 1850, ainda aparecem, mesmo dentro da Cidade, algumas pessoas decrépitas como o venerável cidadão o Capitão-mor Joaquim José da Costa, com 85 anos de idade, ainda bastantemente robusto, seu corpo direito, seu juízo atilado e ainda ouve a missa toda inteira de joelhos; o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia de 70 a 80 anos, ainda se levanta cedo , administrando efetivamente os diários trabalhos de seus negócios, e administração de seus prédios urbanos, pois que tem edificado da Cidade cinqüenta e oito moradas de casas, sendo doze de sobrado e ainda se recolhe para a casa das 9 para as 10 horas da noite de suas visitas, mostrando-se portanto, que o clima de Paranaguá não é nocivo à longevidade da espécie

-------------------------------------------------------------------------------- - - humana, e nem à prodigiosa fecundidade de seu solo, como largamente se vê exarado no 1º tomo, História , no capítulo 6º, p. 76.

--------------------------------------------------------------------------------

Page 227: Vieira dos Santos vol02

- -

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO 2º

Instrução pública; instituição das aulas de primeiras letras e cadeira de latinidade na Cidade de Paranaguá

395 _ A instrução primária das aulas de primeiras letras depois que a povoação de Paranaguá foi elevada a Vila deveria ser muito escassa nesses remotos séculos em que a literatura e a civilização dos povos ainda então se achava em grande atrasamento e bem poucas pessoas saberiam ler, e por conseguinte, maior falta de mestres que as ensinassem; este foi o motivo por que a Câmara e o povo paranagüense no ano de 1699 desejaram a vinda dos Padres Jesuítas, e que estes estabelecessem em Paranaguá um colégio para dar o ensino à juventude, tanto de moral e doutrina cristã, como o de primeiras letras, latinidade, lógica, retórica, filosofia e moral para cujo fim os paranagüenses fizeram um grande sacrifício de lhes edificarem um colégio, darem-lhe terrenos e doações, e deles a juventude receberem nas aulas de seu colégio o ensino de educação e instrução; mas este só durou até o ano de 1759, em que foram extintos.

396 _ 1770 _ Ficou a juventude paranagüense desse ano em diante, até a criação da cadeira régia nesta Vila de primeiras letras, sujeita ao ensino de mestres particulares, tais foram os cidadãos Crispim Fernandes Ribeiro, Antônio Gonçalves Lopes, Manoel Lobo d'Albertim Lanóia, e outros.

397 _ 1772 _ Carta de lei de 1º de novembro de 1772, Del-Rei D. José I, ordenando a criação dos subsídios literários aplicáveis aos pagamentos de ordenados dos professores das escolas maiores e menores que fossem criadas tanto no Reino de Portugal, como em seus domínios ultramarinos.

398 _ 1772 _ Carta de lei de 6 de novembro de 1772, mandando criar escolas menores nas cidades e vilas das Comarcas, onde fosse mister havê-las, no Reino de Portugal e seus domínios ultramarinos, estabelecendo um sábio regulamento por onde os mestres se deveriam guiar na insinuação de seus alunos, o diz expressamente a mesma:

"Lei nº § 6º - Item. Ordeno que os mestres de ler, escrever e contar sejam obrigados a ensinar tão somente a boa forma dos caracteres, mas também as regras gerais da ortografia portuguesa e o que necessário for da sintaxe dela, para que os seus respectivos discípulos possam escrever correta e

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 228: Vieira dos Santos vol02

ordenadamente, ensinando-lhe pelo menos as quatro espécies de aritmética simples; o catecismo e as regras da civilidade, num breve compêndio. Porque sendo tão indispensáveis para a felicidade dos Estados e dos indivíduos deles são muito mais fáceis de instilar nos primeiros anos aos meninos tenros, dóceis e suscetíveis de boas impressões daqueles mestres que dignamente se aplicam a instruí-los. Por resolução de 5 de agosto de 1772".

No parágrafo 2º de dita lei diz item : "Ordeno que os exames dos mestres que forem feitos em Lisboa, quando não assistir o Presidente se façam na presença de um Deputado, com dois examinadores, nomeados pelo dito Presidente, dando os seus votos por escrito que o mesmo Deputado assistente entregará com a sua informação ao tribunal. Nas Capitanias do Ultramar se farão os exames na mesma conformidade".

399 _ 1783 _ Em vereança da Câmara de 26 de julho fizeram uma representação à Rainha a Senhora Dona Maria I, requerendo um professor régio para o ensino de primeiras letras.

400 _ 1788 _ 1º - 1ª escola de meninos. Provisão régia de 28 de abril de 1788, da Senhora Dona Maria I, fazendo mercê a Francisco Inácio do Amaral Gurgel; do lugar de substituto da escola de ler, escrever e do catecismo da cadeira de Paranaguá da Capitania de S. Paulo, no Estado do Brasil, com o ordenado de cento e vinte mil réis, pagos em quartéis adiantados e cobrados pelo cofre do subsídio literário da Capitania.

Esse professor, natural da Ilha da Madeira, teve aula pública na Corte de Lisboa e nela ser aulista da Real Junta do Comércio Acadêmico da Real Academia das Ciências de Sua Majestade; seu lente e examinador desta Comarca de Paranaguá, catedrático da literatura escrita, aritmética, ortografia, gramática portuguesa, catecismo e urbanidade civil. Um dos melhores professores que teve Paranaguá; de sua aula saíram ótimos discípulos, bem instruídos em contabilidade, civilidade, e perfeição de escrita e que vários foram dedicados ao comércio e outros tomaram o estado sacerdotal; morreu este professor no ano de 1807 a 1808.

401 _ 1790 _ Em 2 de dezembro de 1790, Manoel da Silva, escriturário da contadoria da Junta da Fazenda de S. Paulo, por ordem do General, escreveu ao mesmo professor Francisco Inácio do Amaral Gurgel, convidando-o para que fosse naquela cidade abrir a sua aula de ensino.

402 _ 1791 _ Em 23 de julho o mesmo professor participou à Câmara de lhe ser preciso ir à Cidade de S. Paulo tratar de seus requerimentos, pois que estava há mais de um ano sem receber seus ordenados e que deixava substituto a Manoel Lobo de Albertim Lanóia.

403 _ 1809 _ 2º - O Padre Antônio da Silva Neves obteve a cadeira do ensino de primeiras letras por provisão passada pelo General da Capitania Antônio José da Franca e Horta e tomou posse e juramento do mesmo lugar em vereança de 4 de fevereiro de 1808 e exerceu o mesmo emprego até 3 de setembro de

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1815, em que faleceu, com grande freqüência de discípulos, desempenhando os deveres inerentes ao seu magistério, ficando a mesma cadeira vaga até o ano de 1819.

Depois da morte do professor o Padre Antônio da Silva Neves, em 1815, não havendo quem se opusesse à cadeira porque o ordenado que a Nação pagava não convidava, haver opositores à

Page 229: Vieira dos Santos vol02

mesma e não havendo quem ensinasse a mocidade no interregno até 1819, alguns cidadãos particulares abriram suas aulas e darem este ensino, tais foram:

Aulas particulares que houve em Paranaguá

404 _ Luiz Vicente Freire da Fonseca, natural da Vila de Viana, no Reino de Portugal, nesta havia um maior concurso e ensinou desde 1816 a 1819.

O cidadão Francisco Félix da Silva abriu a sua para o sexo masculino e nela admitia meninas debaixo do ensino de uma sua filha e esta aula particular tem existido efetivamente até ao presente, porque esse mestre é incansável, ativo e cuidadoso do adiantamento de seus discípulos, por isso sempre muito freqüentada, em 1831 andavam nela aprendendo 46 meninos e 8 meninas; em 1835 tinha 39 meninos e 19 meninas; em 1836, 34 meninos e 15 meninas.

1819 _ 3º Bernardino José Alves dos Reis foi provido na cadeira de primeiras letras, e tomou posse em Câmara em vereança de 8 de setembro de 1819.

405 _ 1820 _ Na vereança de 4 de dezembro, sendo presidente o Doutor Juiz de Fora Antônio de Azevedo Melo e Carvalho, requereu o Procurador Antônio José da Costa que se achava vaga a cadeira de primeiras letras, por não haver quem se opusesse, porque havendo-se estabelecido 150$ mil réis de ordenado aos mestres, o General Antônio José da Franca e Horta, havia só taxado 80$ mil réis; e assim a Câmara, em 9 de dezembro representou a S. Majestade esta falta.

406 _ 1826 _ Em vereança de 2 de fevereiro, em execução da portaria de 15 de dezembro próximo passado, mandou passar editais pondo-se a concurso a mesma cadeira com o ordenado de 120$ mil réis.

407 _ 1826 _ 4º Em vereança de 11 de fevereiro compareceu em Câmara Hildebrando Gregoriano da Cunha Gamito para ser examinado a ocupar esta cadeira, e foram seus examinadores o professor de gramática latina Lourenço Antônio de Almeida, o Capitão Bento Antônio da Costa e o alferes Manoel Francisco de Mendonça, e ficando aprovado, a Câmara o propôs.

408 _ 1827 _ Em vereança de 27 de maio a Câmara deu posse e juramento a Hildebrando Gregoriano da Cunha Gamito, de professor de primeiras letras, apresentando os seus diplomas; sendo sua aula sempre muito freqüentada, cujo emprego exerceu até sua morte, em 29 de dezembro de 1849.

409 _ 1844 _ 2ª escola de meninos

Segunda cadeira de primeiras letras. Criada pela lei provincial nº 13,

-------------------------------------------------------------------------------- - - de 22 de fevereiro de 1844, diz o art. único dela: "Fica criada na Cidade de Paranaguá mais uma cadeira de primeiras letras, do método que o Governo julgar mais conveniente, destinada à instrução do sexo masculino, ficando para isso revogadas as disposições em contrário".

Page 230: Vieira dos Santos vol02

O Padre Albino José da Cruz, 1º professor dela foi provido na mesma cadeira que se instalou na Cidade de Paranaguá em 10 de junho de 1845; é freqüentada anualmente por mais de 60 alunos.

410 _ 1835 _ 1ª escola de meninas

Cadeira de primeiras letras do sexo feminino - A professora Dona Joana Maria de Melo foi proposta pela Câmara de Paranaguá em 15 de outubro de 1835, e aprovação do Prefeito o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, respondendo a Câmara que no seu parecer era muito boa a escolha que dela fazia por ser muito necessário para a instrução das meninas.

411 _ 1849 _ Colégio das Meninas

Colégio de instrução primária _ Madame Jessica James e sua filha, no ano de 1849, instituíram na rua da Boa Vista, da Cidade de Paranaguá um colégio de instrução primária para meninas pensionistas internas e externas, na qual se dá o ensino da doutrina cristã, leitura, caligrafia, aritmética, línguas portuguesa, francesa e inglesa gramaticalmente, geografia, história, música, piano, dança, desenho e bordado em todo o gênero e o mais que faz parte de uma completa educação. Já foi exarado largamente no 1º tomo em o nº 1.063.

Aula da gramática latina e instituição dessa cadeira de ensino

em Paranaguá

412 _ 1759 _ O alvará de lei de 28 de junho de 1759, Del-Rei D. José I, estabeleceu a regularidade que devia haver dos estudos do latim e das novas aulas da língua grega e hebraica e de retórica, proibindo a arte e o método do ensino que praticavam os Padres Jesuítas em seus estudos; e no parágrafo 10 do mesmo alvará diz: "Em cada uma das vilas das Províncias se estabelecerá um ou dois professores de gramática latina, conforme a menor ou maior extensão dos termos que tiverem, aplicando-se para o pagamento deles o que já se lhes acha destinado por provisões reais ou disposições particulares e o mais que eu for servido resolver. E sendo os mesmos professores eleitos pelo rigoroso exame feito por comissários Deputados pelo diretor geral; e por eles consultados com os autos das eleições para eu determinar o que me parecer mais conveniente, segundo a instrução e costumes das pessoas que houverem sido propostas".

413 _ 1768 _ Em conseqüência desse alvará foi criada na Vila de Paranaguá, no ano de 1768, como cabeça de Comarca, uma cadeira para o ensino de gramática latina.

1º - Professor régio que veio ocupar essa cadeira foi o Padre Inácio Pinto da Conceição, por provisão de 6 de setembro de 1768, passada no Rio de Janeiro,

-------------------------------------------------------------------------------- - - por João Alberto de Castelo Branco, conselheiro do Ultramar, e subdelegado do Ex.mo e Rev.mo Sr. Dom Tomás de Almeida, primário da Santa Igreja de Lisboa e diretor geral dos estudos; ensinou até o ano de 1782.

1782 _ 2º - José Bernardo da Silva, professor régio de gramática, foi examinado no ano de 1782 pelo Doutor Gaspar de Sousa Leal, diretor dos estudos da Capitania de S. Paulo e pelo professor

Page 231: Vieira dos Santos vol02

da retórica o Padre Francisco Xavier dos Passos, e da gramática por João Floriano da Silva e deu ensino até o ano de 1788.

414 _ 1789 _ 3º - José Carlos de Almeida Jordão, secular professor régio por provisão de 15 de junho de 1789, da Senhora Dona Maria I, com o ordenado anual de Rs. 300$000. Em sua aula apreenderam muitos paranagüenses que se dedicaram ao estado clerical.

Como era muito doentio foi para o Rio de Janeiro no ano de 1800 ou 1801, ficando a cadeira vaga.

1801 _ 4º - O padre Manoel Alves de Toledo, por portaria de 13 de outubro de 1801, do General da Capitania Antônio Manoel de Melo Castro e Mendonça, como substituto da cadeira de gramática latina, que exerceu alguns anos.

1810 _ 5º - José Carlos de Almeida Jordão, proprietário da cadeira foi segunda vez reintegrado nela por provisão régia do Príncipe Regente D. João VI, de 7 de novembro de 1810, pelo tempo de 6 anos com o ordenado de Rs. 200$000 _ com a obrigação no fim do dito tempo, tirar nova provisão, em atenção de ter ocupado a mesma cadeira desde 1789.

1817 _ 6º - Luiz Mariano de Tolosa foi professor régio pela provisão de 14 de agosto de 1817, com o ordenado de Rs. 200$000, passada pelo Ex.mo Bispo de S. Paulo, Dom Mateus de Abreu Pereira.

1819 _ 7º - O Padre Francisco de Oliveira Carvalho foi provido na mesma cadeira por provisão de 9 de agosto de 1819, sendo nela provido a primeira vez por provisão de 28 de janeiro de 1817, mas nunca apareceu em Paranaguá, para tomar posse dela, em conseqüência ficou a mesma cadeira em vacância até o ano de 1823, por não haver quem a ela pretendesse.

1823 _ 8º - Lourenço Antônio de Almeida, em vereança de 16 de março de 1823, apresentou a sua provisão passada pelo Governo Provisório da Província e ocupou a cadeira de gramática latina pela desistência que dela fez Luiz Mariano de Tolosa, onde esteve até 1828 ou 1829.

1831 _ Em vereança de 12 de abril a Câmara oficiou ao Presidente da Província, participando que a cadeira de gramática latina que há de dois anos se achava vaga.

1837 _ 9º - O Padre mestre Joaquim José de Santa Ana abriu a sua aula de ensino de gramática em 1837; e a ocupou até o ano de 1843, em que regressou a Santos.

415 _ 1843 _ A lei provincial nº 12, de 6 de março de 1843, diz no artigo 1º : "As cadeiras de latinidade que de ora em diante forem providas fica adicionado

-------------------------------------------------------------------------------- - - o ensino da língua francesa".

1844 _ 10º - João Manoel da Cunha foi promovido à cadeira de gramática latina e da língua francesa no ano de 1844 cuja cadeira tem exercido efetivamente até ao presente com dignidade nos deveres de seus magistério. Cidadão muito prestante, cheio de patriotismo e de probidade.

Page 232: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO 3º

Forças dos corpos das guardas nacionais e policiais, antigamente denominados milícias e ordenanças, que tem a Cidade de Paranaguá, e seu Município e de suas primeiras instituições

416 _ 1766 _ Alistamento de milícias _ O aviso régio de 22 de março de 1766, dirigido ao General da Capitania Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, ordenou que no distrito de sua Capitania fizesse alistar toda a gente sem exceção de nobres, plebeus, brancos mestiços, indígenas e libertos. Para se efetuar e pôr-se em execução essa ordem régia a Câmara mandou publicar por um bando em 23 de abril do mesmo ano.

Em conseqüência dessas ordens se alistaram em toda a Comarca 11 companhias de infantaria e 3 de cavalaria de Curitiba, com o nome de hussares e que todas compunham o corpo de um regimento de auxiliares e do qual foi sargento-mor Francisco José Monteiro de Castro ( 1 ) oficial de tropa de linha por patente de 5 de setembro de 1767, sendo ajudante do mesmo corpo Manoel da Cunha Gamito, também de tropa de linha e ensinar-lhes os exercícios

militares. (2)

Esses dois oficiais eram pagos seus soldos pela Câmara de Paranaguá, encarregada de cobrar os novos impostos destinados a esses pagamentos como se vê da conta prestada na Junta da Fazenda de S. Paulo, no decurso de nove anos decorridos desde 1767 a 1776.

417 _ Conta corrente _ A Câmara de Paranaguá, em conta corrente com a Junta da Real Fazenda de S. Paulo, até 12 de setembro de 1776. (1) Foi sargento-mor por patente de 5 de setembro de 1767, passada por Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, General da Capitania, com o posto de sargento-mor de infantaria da Comarca de Paranaguá; e outra patente da mesma data passada pelo mesmo general, e Manoel da Cunha Gamito, o qual tinha patente de alferes do regimento do castelo de Vide, passada em 17 de fevereiro de 1763 e confirmado no posto de ajudante por patente de 17 de fevereiro de 1772 por El-Rei D. José I.

(2) Estes novos corpo de milícias, vulgarmente chamados auxiliares, por irem em auxílio da tropa de linha, quando se precisava deles em ocasiões de guerras.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Receita

Page 233: Vieira dos Santos vol02

Pelo que importaram os rendimentos da imposição do sal e aguardente cobrados nas vilas de Paranaguá, Iguape e Cananéia desde setembro de 1767 até 12 de dezembro de 1776 6:494$744

Pelo que importam os 100$ mil réis anuais que se obrigou a Câmara de Paranaguá de seus próprios réditos além dos direitos supra, conforme o termo de 29 de maio de 1767, feita a conta desde 30 do dito mês até 12 de novembro de 1776 945$280

Despesa

Pelo que venceram o sargento-mor e seu ajudante de auxiliares da mesma Comarca para a compra dos cavalos e arreios para o exercício de seus postos 160$000 Pelos soldos vencidos pelos ditos oficiais desde 5 de agosto de 1765 até o fim de outubro de 1776, em que decorreram 11 anos, 2 meses e 26 dias 6:419$653 Pelo excesso que há da receita a despesa que deve entrar nessa tesouraria por saldo de contas até o dia 12 de novembro de 1776 880$371 7:440$024

S. Paulo, 23 de janeiro de 1777.

Matias José Ferreira de Abreu.

418 _ 1800 _ Milícias _ O regimento de infantaria miliciana de Paranaguá era composto de 10 companhias, a saber: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 7ª de granadeiros, eram do Município; a 8ª da Vila de Guaratuba; a 6ª de Caçadores: eram do Município de Antonina; e a 5ª da freguesia de Morretes; a 10ª da Vila de Cananéia. Seu uniforme era farda azul comprida, canhão e gola escarlate, gola e dragonas de prata, barretina alta de cordovão preto com viseira; pluma banca; armas e cifra do regimento de prata; tambores e pífanos era a sua música.

419 _ 1809 _ O Governo da Província mandou organizar novos planos nos corpos militares, da 1ª e 2ª linha e coube ao regimento miliciano de Paranaguá a ser o 2º de artilharia da Província; foi então que duas companhias tiveram nova designação, passando a de granadeiros a bombeiros, e a de caçadores à de sapadores; novas divisas se puseram no fardamento do canhão e gola da farda de cor preta, bem como o da pluma; desde 1807 em diante esse regimento esteve em contínuo exercício diário até 1810 a 1811 nas duas armas de infantaria e artilharia, debaixo da instrução do sargento-mor Fernando Gomes Pereira da

-------------------------------------------------------------------------------- - - Silva, ficando bem exercitados como tropa regular. (1)

420 _ O Coronel João Jácomo Bauman, em maio de 1810, veio por mandado do General, com um ajudante passar inspeção ao regimento.

421 _ 1824 _ Decreto de 1º de dezembro mandou organizar novos planos nos corpos da 1ª e 2ª linhas, passando-os a batalhões de Caçadores, e em sua numeração tocou ao de Paranaguá a ser o nº 39 de caçadores.

Page 234: Vieira dos Santos vol02

422 _ 1825 _ O Brigadeiro Joaquim Mariano de Moura e Lacerda, inspetor geral das milícias, veio a Paranaguá por ordem do Governo, no mês de janeiro e passando inspeção ao regimento dele tirou 4o a 50 recrutas que foram enviados para Santos e não estarem em circunstâncias de que fossem alistados nelas.

O Brigadeiro Francisco Antônio Nogueira da Gama, inspetor geral de milícias, ordenanças e guardas cívicas, no mês de fevereiro veio a Paranaguá passar revista nos dois corpos de milícias e ordenanças.

423 _ 1831 _ A lei de 18 de agosto de 1831 extinguiu o antigo sistema dos corpos de milícias e foram criados os batalhões das guardas nacionais, marcando-lhes novos uniformes de seus fardamentos, de cor azul, gola verde e canhão amarelo e boné com pluma verde; e um novo regulamento no exercício de caçadores, à inglesa pelo método de ensino do General Beresford.

424 _ 1832 _ O batalhão dos guardas nacionais de Paranaguá era composto de 6 companhias inclusas as das Vilas Antonina e Guaratuba, e foi nomeado a comandante do mesmo o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia Júnior, em pluralidade de votos e sargento-mor do mesmo Manoel Antônio Guimarães.

425 _ 1839 _ Legiões nacionais _ A lei de 14 de agosto de 1839 ordenou a criação das legiões das guardas nacionais. A legião de Paranaguá, compreendia o batalhão da Cidade, o da Vila de Antonina e o de Iguape, de que era Tenente-coronel comandante José Jacinto de Toledo. O Tenente-coronel Manoel Francisco Correia Júnior foi nomeado Coronel-chefe da legião (2) e passou a Tenente-coronel comandante do batalhão o sargento-mor do mesmo corpo Manoel Antônio Guimarães. (1) O alvará de 24 de dezembro de 1808 do Príncipe Regente, mandou executar um novo regulamento para os regimentos de milícias, ordenando que no distrito de cada brigada de ordenanças, se compreendam 2 regimentos de milícias, e o terreno para cada um deles, dividido em 8 partes ou distritos; estes subdivididos em outras tantas para a comodidade dos povos.

(2) O benemérito cidadão paranagüense Manoel Francisco Correia Júnior nasceu na mesma Cidade em 9 de março de 1809, filho legítimo do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia e de D. Joaquina Maria de Ascensão Correia. Sentou praça de soldado particular em 1819, servindo de porta-bandeira; em 1829 foi ao posto de alferes da 7ª companhia das extintas milícias; em 1831, a tenente das guardas nacionais da 1ª companhia, organizada de 70 pessoas principais da Cidade; em 1832 nomeado capitão da mesma; e havendo-se de nomear os oficiais do Estado Maior do Batalhão foi nomeado Tenente-coronel comandante, com maioria absoluta de votos, e tomou posse no mês de setembro e em virtude da lei provincial nº 11, de 23 de fevereiro de 1835, confirmado no mesmo posto e diploma de 8 de junho de 1839, e pelo decreto de 14 de agosto do mesmo ano que criaram as legiões, foi provido a Coronel-chefe das mesmas, pela portaria do Presidente da Província, de 25 de agosto, e depois a Comandante superior interino da costa meridional da Província; pela proposta do Brigadeiro Francisco Xavier da Cunha, em setembro de 1837, encarregado de todos os trens bélicos e pagador das expedições militares que foram para a fronteira do Rio Negro, desde 1839 a 1841. Comendador da Ordem de Cristo, em 18 de julho de 1841; e diploma de 11 de abril de 1842; Deputado à Assembléia Provincial no biênio de 1844 a 1845.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 235: Vieira dos Santos vol02

426 _ 1840 _ O chefe da legião, o coronel Manoel Francisco Correia Júnior exerceu o comando desde 1839 até 1841 em que pediu ao Governo a demissão do mesmo emprego e foi nomeado em seu lugar o Comendador Manoel Antônio Guimarães, como Coronel-chefe da legião das mesmas guardas nacionais que compreendia toda a Marinha da Comarca.

427 _ 1844 _ No ano de 1844 foi suprimida a mesma legião e por isso ficou sem exercício o posto de Coronel-chefe da mesma legião.

428 _ 1849 _ Portaria de 16 de fevereiro tornou a ser reintegrado o mesmo Comendador Manoel Antônio Guimarães no posto de coronel em chefe da legião (1). Esta legião foi novamente organizada e compreende 2 batalhões de infantaria e um corpo de artilharia. A legião é composta de 1.156 praças como se vê no mapa nº 32, a saber: o 1º batalhão da cidade tem 576 praças; o 2º batalhão de Guaraqueçaba 405 e o corpo de artilharia 175.

Série dos comandantes que tem havido neste corpo da 2ª linha desde sua instituição em 1766, inclusivamente até 1850.

429 _ 1º - O sargento-mor Francisco José Monteiro e Castro, desde o ano de 1767 até 1801, em que faleceu, sendo coronel do mesmo regimento Joaquim José dos Santos e Tenente-coronel Francisco Gonçalves Cordeiro, em quem recaiu o comando do mesmo.

2º - O Tenente-coronel Francisco Gonçalves cordeiro desde o ano de 1801 até ao de 1809, em que faleceu; mas a disciplina e o comando quase sempre estavam entregue aos sargentos-mores do mesmo corpo.

3º - O sargernto-mor Manoel da Cunha Gamito comandou desde 1801 até 1806.

4º - O sargento-mor Fernando Gomes Pereira da Silva desde 1806 a 1810.

5º - O coronel José Vitorino Rocha que teve patente em março de 1810, do posto de coronel do mesmo regimento, tomando posse em 19 de agosto do mesmo ano e o comandou até 1822 ou 1823.

6º - O Tenente-coronel graduado Manoel Francisco Correia mesmo em tempo do coronel José Vitorino desde 1820 até 1823.

7º - O sargento-mor Joaquim Roberto de Azevedo Marques em tempo do coronel Joaquim da Silva Leite desde o ano de 1823 a 1826, que teve licença de General das armas para se retirar.

8º - O coronel Joaquim da Silva Leite, pouco tempo comandou por ser atacado de uma moléstia mental, devolvendo o comando ao mesmo sargento-mor Joaquim Roberto até 1826. (1) O Comendador Manoel Antônio Guimarães, filho legítimo do Capitão Joaquim Antônio Guimarães e de Dona Ana Maria da Luz Guimarães, nasceu em 15 de fevereiro de 1813. Condecorado oficial da Ordem da Rosa a 2 de agosto de 1842 e a Comendador a 2 de dezembro de 1849 e com a Comenda de Cristo, a 25 de março de 1849.

--------------------------------------------------------------------------------

Page 236: Vieira dos Santos vol02

- - 9º - O Tenente-coronel efetivo Manoel Francisco Correia reassumiu o comando desde 1827 até 1831, em que foram extintas as milícias e criadas as guardas nacionais.

10º - O Tenente-coronel comandante e depois Coronel e chefe da legião Manoel Francisco Correia Júnior desde 1831 até 1840.

11º - O Coronel-chefe da legião o Comendador Manoel Antônio Guimarães desde 1840 até 1844.

12º - O Tenente-coronel comandante Joaquim Cândido Correia desde 1844 até 1848.

13º - O Comendador Manoel Antônio Guimarães desde 19 de fevereiro de 1949 até o presente.

Notícia histórica dos corpos de ordenanças que houve em Paranaguá e das guardas policiais.

430 _ Ordenanças _ Nos primeiros começos da fundação da Vila de Paranaguá, em 1648, somente havia alistada uma ou duas companhias de ordenanças, e uma delas se chamava a dos Frausteiros, na qual talvez seriam alistadas as pessoas vindas de fora do país.

1570 _ A lei do regimento de 10 de dezembro de 1570 de El-rei D. Sebastião, dada aos capitães-mores, no § 11, determinava que cada companhia de ordenanças fosse composta de 250 homens, em 10 esquadras de 25 homens cada uma, contendo a mesma um capitão, um alferes, dez cabos de esquadra, um meirinho e um escrivão.

431 _ 1709 _ Alvará de 18 de dezembro, ordenando que as Câmaras propusessem três pessoas de sua eleição a ocupar o cargo de capitão-mor e serem escolhidos dentre elas aquela que o Governo determinasse; estes cargos eram então trienais pela resolução de 22 de dezembro de 1700.

432 _ 1721 - (1) Em correição geral que fez o Doutor Ouvidor e Corregedor da Comarca na Vila de Paranaguá, em 16 de junho de 1721, pelo seu provimento 22, ordenou:

"Proveu que, vista a abastança que havia de moradores nessa Vila e seu termo e as grandes distâncias que entre todos há, em não poderem estar comodamente repartidas, só em duas companhias que há nesta Vila, se façam mais outras duas companhias e todas quatro se dividirão pela maneira seguinte: 1ª Companhia será dos moradores da Vila seu rocio e dos mais que ficam nos rios da Vila Emboguaçu; 2ª Torales, Cubatão e Guarapiroçaba. A outra será dos moradores dos rios dos Correias Almeidas e os mais que ficam até a barra do (1) O Doutor e Desembargador Rafael Pires Pardinho.

-------------------------------------------------------------------------------- - - sul; e a 4ª será dos moradores de Peçagüera até Garaqueçabuçu, com os demais daquele recôncavo e ilhas que neles ficam e barra do norte.

Page 237: Vieira dos Santos vol02

No provimento 30, ordenou que os capitães-mores fizessem três alardos gerais pelo Natal, Páscoa e festa de Nossa Senhora do Rosário, que era quando a maior parte da gente se achava nessa Vila, obrigando a que todos trouxessem suas armas convenientes para a defesa da terra".

E os que faltassem a elas seriam condenados em uma pataca.

433 _ 1725 _ resolução de 9 de julho de 1725. Ordenou que cada regimento de ordenanças fosse composto de 10 companhias, e cada uma de 60 homens fazendo um total de 600 pessoas cada regimento.

Depois desta resolução talvez fosse organizado o mesmo corpo nesta Comarca havendo algumas companhias em Paranaguá e outras na Vila de Curitiba que eram anexas ao mesmo e que então fossem nomeados os oficiais superiores do estado maior como eram os coronéis, tenentes-coronéis e sargentos-mores, porquanto unicamente há notícia dos seguintes oficiais:

- Anastácio de Freitas Trancoso, teve patente de Tenente-coronel das ordenanças passada apelo Conde de Sarzedas, em 21 de janeiro de 1726 e de Coronel por patente de 19 de setembro de 1732.

- Diogo da Pascária, foi Tenente-coronel das mesmas ordenanças por patente de 21 de novembro de 1732, passada pelo mesmo General.

- Brás Leme Veloso foi Tenente-coronel das ordenanças pela vacância de Manoel Rodrigues da Mota, por patente do 1º de dezembro de 1734.

- Dom João Francisco Laines foi sargento-mor do mesmo corpo, por patente de 11 de maio de 1733.

- Damião da Cunha Carvalho foi sargento-mor por patente de 29 de outubro de 1733.

- Pedro da Silva Pinto teve patente de sargento-mor das ordenanças das barras de Paranaguá para efeito de ter cuidado nas embarcações que por elas entram, averiguando se trazem passaportes e despachos necessários; de cujas diligências não levaria salário, ou emolumento algum.

434 _ 1758 _ Provisão de 30 de abril de 1758, do Conselho Ultramarino ordenando que os capitães-mores fossem dali em diante vitalícios e não trienais, como ordenava a resolução de 22 de dezembro de 1700.

A série de todos os capitães-mores que tem havido em Paranaguá, desde o primeiro que foi Gabriel de Lara, até o último que ainda existe no presente ano de 1850, se verão seus nomes exarados no mapa nº 1, que está anexo ao capítulo 1º deste volume, à p. 23.

435 _ 1816 _ Alvará de 16 de fevereiro de 1816, do Príncipe Regente D. João VI; dando um novo regulamento às ordenanças, ordenou que no reino de Portugal e ilhas adjacentes fossem divididos em 8 distritos, cada distrito em 8 capitanias-mores, cada capitania-mor em 8 companhias. Em cada distrito haveria um coronel de ordenanças e teria iguais honras ao de milícias. Em cada capitania-

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 238: Vieira dos Santos vol02

mor haveria um capitão-mor e um sargento-mor; e em cada companhia um capitão, um alferes, um primeiro sargento, quatro segundos e oito cabos.

436 _ 1817 _ Portaria do Governo da Província de 2 de dezembro de 1817, e resolução de s. Majestade, de 22 de março de 1815, foi dividido o regimento da Vila de Paranaguá e seu termo, em 7 companhias, divididas em seus respectivos distritos de que á capitão-mor Manoel Antônio Pereira.

1ª companhia: no distrito da Vila intra muros.

2ª companhia: Rocio Grande e Pequeno, rios do Emboguaçu, Bocuí, das Pedras - 5 bairros - e todas as costas e Ilha do Teixeira, que divide do termo de Antonina.

3ª companhia: Ilha das Peças, Superagüi, Varadouro, Poraquara, Cerco Grande - 5 bairros _ e toda a costeira da baía das Laranjeiras para dentro, até dividir com o do termo de Cananéia.

4ª companhia: rios dos Correias, Almeidas, Groguaçu, Maciéis, Barra do Sul, e Olho d'água _ 6 bairros _ e toda a costa da parte do sul até meia praia onde se divide o distrito com a Vila de Guaratuba.

5ª companhia: Ponta Grossa, Boquera, Boqueriúma, Peçagüera, Saco de Tamborotaca, Ilhas do Mel, Rasa Seca e da Cotinga _ 8 bairros _ e toda a costeira até ao ponta do Pasto.

6ª companhia: Taguaçetuba, rios dos Medeiros e Itaqui, Ilhas Rasa Grande e das Gamelas _ 4 bairros _ com suas costeiras e centros dos mesmos distritos.

7ª companhia _ rios do Borrachudo, Tagaçaba, Serra Negra, Guaraqueçaba e Pavouça _ 5 bairros _ com suas costeiras e ilhas dos mesmos distritos.

Paranaguá, 9 de fevereiro de 1818".

437 _ 1815 _ Representação que fez o sargento-mor Francisco Gonçalves Rocha, ao Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, comandante das ordenanças e por bem do real serviço representasse ao Ex.mo Governo da Capitania, a grande extensão que tinham 3 companhias de ordenanças, a 1ª, 2ª e 3ª, nas quais eram compreendidos 13 bairros; sendo de necessidade dividirem-se em outras três; representação que foi adjunta, com um ofício de 24 de maio de 1815, que o capitão-mor dirigiu a S. Excelência, o Conde de Palma, a qual era da maneira seguinte:

1ª companhia: fogos: 136; habitantes: 747; nos bairros de Itaguaçetuba, Medeiros Ilha Rasa Grande e Itaqui.

2ª companhia: fogos: 164; habitantes: 847; bairros Borrachudo, Itagaçaba, Serra Negra, Guaraqueçaba e Cerco Grande.

3ª companhia: fogos: 141; habitantes: 529; bairros Poraquara, Varador, Superagüi e Ilha das Peças.

Achando-se um total de 2.220 habitantes no círculo que hoje compreende o segundo distrito de Guaraqueçaba.

438 _ 1821 _ Decreto de 22 de agosto de 1821, das Cortes Gerais e

Page 239: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - extraordinárias de Lisboa, extinguindo no Reino de Portugal e ilhas adjacentes o sistema antigo dos corpos de ordenanças, substituindo outro de guardas policiais o que o Brasil depois também adotou o mesmo.

439 _ 1824 _ Aviso régio da secretaria de guerra de 12 de janeiro de 1824, ordenando que todos os oficiais do Exército Nacional e Imperial e de ordenanças que tivessem suas patentes confirmadas por S. Majestade Fidelíssima, depois da Independência, deveriam ser novamente reformadas por S. Majestade Imperial.

440 _ 1830 _ Na estatística que este ano mandou tirar o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, do corpo de ordenanças da Vila de Paranaguá, formado de 7 companhias se acaram 6.718 habitantes distribuídos na maneira seguinte: na primeira companhia: 1.687; na segunda: 890; na terceira: 780; na quarta : 839; na quinta: 1.062; na sexta: 580 e na sétima: 880.

O fardamento dos oficiais de ordenanças era farda comprida, azul avivada, de pano escarlate, com divisas de galão amarelo, assim como os botões, dragonas douradas e também o florete e seus telins, chapéu armado, guarnecido de canotões de ouro e pluma amarela.

441 _ O sistema de ordenanças só durou no Brasil até o ano de 1845, em que foram extintas pela lei de.........de.............. do mesmo ano, criando-se novos corpos com a designação de guardas policiais, dando-lhes nova forma de regime e de fardamento aos 1º e 2º comandantes de companhias, sendo esta farda comprida direita azul, gola e forro amarelos e toda avivada da mesma cor, tanto nos apanhados e das algibeiras que deveriam ser verticais e dos canhões que seriam azuis, dragonas, floretes, telins e pluma também amarela e bem assim os oito botões de farda segundo o plano que o Governo da Província, do 1º de março de 1837.

Na Cidade de Paranaguá e seu Município se alistou um corpo de guardas policiais de dez companhias sendo seis pertencentes ao primeiro distrito e quatro ao segundo; neste a 7ª e 8ª companhias têm por centro de sua assembléia a Ilha Rasa Grande e ser próximo a capela do falecido João Alves Cordeiro; a 9ª e 10ª companhia têm o ponto de sua assembléia na capela de Guaraqueçaba; o total deste corpo segundo o mapa que a Câmara Municipal remeteu ao chefe de polícia em ofício de 19 de janeiro de 1850, tinha o número de 673 praças, quando em fevereiro de 1849 havia 690; e tendo ido este corpo em diminuição e vai o das guardas nacionais em grande crescimento, pois se vê da participação do ofício de 7 de setembro de 1836, que o Tenente-coronel comandante do batalhão dirigiu ao Presidente da Província de haver somente alistado 510 praças, a saber: da 1ª companhia: 88; na segunda: 120; na terceira: 61; na 4ª: 103; e na 5ª: 130. Em remate deste artigo se mostra o mapa nº 33, das forças da tropa de linha que em diversas expedições o Governo mandou a Paranaguá dirigidas a destacarem nas fronteiras do Rio Negro, servindo igualmente de ilustração a estas memórias, e de curiosidade aos vindouros leitores.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Mapa da força da legião dos guardas nacionais

Page 240: Vieira dos Santos vol02

da Cidade de Paranaguá

-------------------------------------------------------------------------------- - - Mapa da tropa de linha que entrou em Paranaguá e seguiram para Curitiba N. B. Das 100 praças do comando do Capitão Bento Tomás Gonçalves regressaram para Parati 60 e tantos soldados, no dia 17 de junho de 1842, no vapor Especuladora.

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO 4º

Proprietários principais que tem a Cidade de Paranaguá e seu Município, e as matronas antigas mais ilustres que enobreceram o solo paranagüense, nos séculos 17 e 18.

442 _ Proprietários principais negociantes.

Proprietários _ Não faz quarenta anos que os negociantes de Paranaguá unicamente possuíam quatro ou seis vasos mercantes sendo lanchas e sumacas de pequenas lotações, quando presentemente se contam 37 vasos de todas as classes, propriedades diretas de vários negociantes, sendo 2 barcas, 9 bergantins, 5 patachos, 3 escunas, 1 sumaca, 1 iate e 15 lanchas; carregando um total de 3.406 toneladas com se vê no mapa anexo de nº 34.

Desde o ano de 1820, o comércio marítimo tem tido um progressivo aumento em todos os ramos de agricultura e indústria, e feito a felicidade de muitos negociantes, entre os quais sobressaem na classe deles os seguintes:

1º - O Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, negociante de grosso trato e o maior proprietário da Cidade, na qual edificou e é possuidor de 58 prédios urbanos, entre os quais 12 casas de sobrado, e tendo dado 11 moradas a seus filhos, ainda lhe restam 47 moradas, bem assim tem 2 grandes fazendas de agricultura e fábricas de arroz, aguardente e mandioca e olaria e mais de 50 escravos; tem uma boa chácara no Rocio; foi dono de diversos vasos mercantes e presentemente só possui o patacho Lourença e lancha Paranaguá.

2º - O Comendador Manoel Antônio Guimarães, negociante de grosso trato e consignatário de diversas embarcações; tem na cidade propriedades de casas de sobrado e outras térreas, fazendas de agricultura, fábricas de arroz, mandioca, chácara na Ilha da Cotinga, com bons prédios e tem mais de 50 escravos; é sócio em dois bergantins, o Cascudo e o Águia do Prata, e

Page 241: Vieira dos Santos vol02

dono do patacho Legalidade, suma Mariana e dos iates Sociedade, S. Joaquim, Saquarema, Caipira e Nova Providência.

3º - O Comendador Joaquim Américo Guimarães, negociante de grosso trato e matriculado na Junta do Comércio do Rio de Janeiro, consignatário de várias embarcações, sócio dos Bergantins Cascudo e Águia do Prata e possuidor das melhores propriedades de casas de sobrado que tem a Cidade e outras térreas.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 4º - O Comendador Manoel Francisco Correia Júnior, negociante e proprietário de 3 moradas de casas de sobrado na Cidade, e mais 10 moradas térreas na mesma Vila de Morretes e Porto de Cima, onde também tem 2 engenhos de soque de erva-mate, e mais de 30 escravos.

5º - O Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, negociante e proprietário de uma morada de casas de sobrado no valor de Rs. 12 contos, a grande casa do trapiche, em mais de 6 contos e assim mais 22 moradas de casas térreas, uma boa chácara no Rocio, uma grande fazenda no lugar chamado a Boa Vista, que tem uma légua de sesmaria de terras e boas propriedades de casas no valor de 8 contos de réis. Outra fazenda chamada das Palmeiras, com terras, engenho de arroz, cana, mandioca, olarias, grandes propriedades de casas e até uma capela avaliada em 15 contos e tem mais de 60 escravos e foi dono de diversas embarcações que presentemente não tem; e finalmente tem dotado a seus filhos com perto de 50 contos de réis.

6º _ O sargento-mor Antônio Pereira da Costa, negociante e consignatário e é proprietário de alguns prédios urbanos na Cidade.

7º - Manoel Leocádio de Oliveira da Costa, negociante e interessado na casa de D. Isaías de Elias, dona da barca Entre Riana e do iate Inocente; e tem algumas propriedades.

Além destes, na classe de negociantes, tem diversos, como José Francisco Correia, Ricardo Gonçalves Cordeiro, Manoel José Correia, José Francisco Barroso, José Leandro da Costa e as viúvas dos falecidos negociantes o capitão Joaquim Antônio Guimarães e Antônio José Pereira.

Proprietários fazendeiros _ Nesta classe há diversos que sobressaem seus nomes entre os mais, sendo o maior deles Manoel Luizino de Nores, proprietário de uma grande fazenda de café onde tem mais de 60 escravos, e engenhos de soque de arroz, mandioca e cana.

Outros muitos proprietários que tem suas fazendas de agricultura e nelas fábricas de cana, arroz, mandioca e a maior parte com propriedades na Cidade e senhores de 15 a 30 escravos, são os seguintes: Cipriano Custódio de Araújo, Felipe Tavares de Miranda, Ângelo Machado Lima, Antônio José de Carvalho, Balduíno Cordeiro de Miranda, Bento José da Cruz, os herdeiros de Bento Gonçalves do Nascimento, Domingos Afonso Coelho e outros.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 242: Vieira dos Santos vol02

Relação das embarcações pertencentes a proprietários residentes na Comarca de Paranaguá, da barra da mesma cidade para dentro

-------------------------------------------------------------------------------- - - Resumo:

2 barcas 562

9 bergantins 1.812

5 patachos 358 3 escunas 143 1 sumaca 51

1 iate 24 1 brigue escuna 104 15 lanchas 338

37 3.406

-------------------------------------------------------------------------------- - - 443 _ Matronas ilustres

As matronas mais ilustres paranagüenses que figuraram no solo da Pátria, nos séculos 17 e 18 são inumeráveis e seria necessário talvez um volume para escrever o catálogo de seus nomes, contudo só escreverei, apontando algumas senhoras das nobilíssimas famílias de quem descenderam, e com quem foram entrelaçadas pelos laços de himeneu, fazendo delas um breve resumo ao menos para que seus nomes sejam conhecidos nesta memória histórica, tais foram as seguintes:

D. Maria de Ascensão, mulher do Capitão Francisco Rodrigues Godinho; e segunda vez casada com o Capitão-mor André Gonçalves Pinheiro.

D. Ana Pinheira, mulher do mestre de campo Antônio Gomes Setúbal.

D. Antônia da Cruz França, mulher do Doutor Ouvidor Manoel dos Santos Lobato.

D. Ana Dionísia de Abelha Fortes, mulher do Doutor Ouvidor Francisco Leandro de Toledo Rendom.

D. Ana Maria Laines, mulher do Capitão Eusébio Gomes.

Page 243: Vieira dos Santos vol02

D. Ana Maria, mulher do Capitão Francisco dos Santos Carneiro.

D. Ana Gonçalves Cordeira, mulher do Tenente João Ferreira de Oliveira.

D. Maria Pinheira dos Santos, mulher do Capitão Antônio da Silva Braga. D. Catarina da Silva, mulher de Manoel Gonçalves Carreira.

D. Córdula Rodrigues França, mulher do sargento-mor Custódio Muniz de Araújo.

D. Maria de Ó, mulher do Capitão José da Costa Rezende.

D. Josefa de Sousa Guimarães, mulher do Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos

D. Maria Gomes, mulher do Capitão-mor José Carneiro dos Santos.

D. Joana Cardoso de Lima, mulher do Capitão-mor Manoel Nunes de Lima.

D. Lourença Roiz França, mulher de José Pedro da Costa e sobrinha do Doutor Ouvidor Lobato.

D. Joaquina Maria do Espírito Santo, mulher do Capitão Francisco José Ribeiro e filha de D. Córdula Roiz França.

D. Maria Clara, primeira mulher do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia e filha de D. Córdula Roiz França.

D. Casemira Roiz França, mulher do Tenente Domingos Pereira da Silva.

D. Bernarda Roiz França, mulher de Manoel Gonçalves Silvestre.

D. Vitória Roiz França, mulher de Lourenço Maciel Azamor.

D. Joana Roiz França, mulher do Capitão-mor João Roiz França.

D. Joana Roiz França, mulher de João dos Santos Teixeira e filha de Francisco da Silva Freire.

D. Margarida de França, mulher do alferes Antônio Lopes Vaz.

-------------------------------------------------------------------------------- - - D. Eufrosina da Silva Freire, mulher de José Machado.

D. Eufrosina da S. Freire, mulher do sargento-mor Francisco Ferreira de Oliveira.

D. Josefa Roiz França, filha do Tenente Francisco de Silva Freire.

D. Maria da Luz, mulher do Capitão Manoel Gonçalves do Nascimento.

D. Maria Joaquina da Conceição, mulher do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia.

D. Rosa de Sousa e Silva, mulher do sargento-mor Antônio Ferreira de Oliveira.

Page 244: Vieira dos Santos vol02

D. Rosa Ana Maria, irmã do Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro.

D. Ana Maria, mulher do Tenente Jeremias Lemos Conde.

D. Ana Ribeira do Prado, mulher do Tenente-coronel Manoel da Cunha Gamito.

D. Ana Ribeira do Vale, mulher de Davi Ferreira.

D. Ana Maria Micaela Arcângela, mulher de Manoel Lobo.

D. Beatriz Pedrosa, mulher de Manoel da Cunha Gamito, quando ajudante.

D. Teresa Maria de Jesus, mulher de Agostinho Ferreira dos Santos.

D. Maria Bárbara de Albuquerque e Castro.

D. Maria Angélica Leal, irmã do Vigário Joaquim Júlio.

D. Maria Madalena de Oliveira Buena, mulher do Capitão João Crisóstomo.

D. Maria Ribeira da Silva, mulher de João José da Rocha.

D. Ana Loba.

D. Maria Floriana Angélica, mulher do alferes José Manoel Lobo.

D. Maria Faustina Monteira de Matos, mulher de José Luiz Gomes e filha do Tenente-coronel Francisco Gonçalves Cordeiro.

D. Ana Eufrásia Monteira de Matos, mulher de Antônio Gomes.

D. Catarina Monteira de Matos, mulher do sargento-mor Manoel Antônio da Costa.

D. Maria de Sousa Pedrosa, mulher do alferes Manoel Tavares de Siqueira.

D. Córdula Maria Gonçalves Cordeira, mulher do Tenente Antônio dos Santos Pinheiro.

D. Ana Francisca Laines, mulher do Capitão-mor Antônio de Sousa Pereira.

D. Maria Laines, mulher do guarda-mor Luiz Manoel Pereira.

D. Maria Cardosa Pazes, mulher de Agostinho Machado Lima.

D. Maria Clara de Assunção Lanóia.

D. Maria Angélica, mulher de Agostinho da Silva Vale.

D. Maria Engrácia do Rosário, mulher de Inácio de Oliveira Cercal.

D. Maria Cárcere, irmã de Agostinho da Silva Vale.

D. Joaquina Anania dos Prazeres, mulher de Jacinto Xavier Nunes.

D. Maria Lourença de Lima, mulher de Vicente Ferreira do Vale.

Page 245: Vieira dos Santos vol02

D. Leocádia Antônia da Costa Pereira, mulher do Capitão Manoel Antônio Pereira.

-------------------------------------------------------------------------------- - - D. Maria Ricarda, mulher de Leandro José da Costa.

D. Maria Camília, mulher do Capitão João Machado Lima.

D. Maria da Conceição Pimentel, mulher de José da Costa Cordeiro.

D. Ana Pinheiro França, mulher do Capitão José Xavier de Oliveira.

D. Francisca Pinheira, mulher do Capitão Veríssimo Gomes.

D. Maria Clara Guimarães, mulher do Comendador Manoel Antônio Guimarães.

Finalizando aqui este breve esboço, a descendência de tantas famílias ilustres, multiplicadas como as estrelas do céu.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO 5º

Comércio interior e exterior de exportação e importação que tem a Cidade de Paranaguá com diversos portos do Império e estrangeiros.

444 _ O comércio é a base fundamental em que se estabelecem as Repúblicas, os Estados e as Monarquias comerciantes. Ninguém ignora que os governos mais iluminados, empenhando-se com eficácia em promover e auxiliar o comércio, tem chegado à sua maior prosperidade, do que em dilatar os limites de suas conquistas, e que por força deste grande princípio a que os verdadeiros políticos chamam o quinto elemento da terra, é que se exporta facilmente o que sobeja em qualquer país, para se transportar até os climas ainda os mais remotos e destes se importa o que há também neles de sobejo. Desta sorte é que se aumentam prodigiosamente as manufaturas, desterra-se a ociosidade tão prejudicial à subsistência e boa harmonia dos indivíduos, enriquecem-

Page 246: Vieira dos Santos vol02

se as famílias, multiplicam-se os exércitos e as armadas; e até se conseguem vitórias e triunfos de sua natureza tão duvidosas e incertos e sem recorrermos às antigas cidades de Tiro, Cartago e Alexandria, vemos a Holanda, Inglaterra, Itália e Rússia dilatar a força de seus comércios, vínculo o mais permanente da sociedade civil; e por virtude da qual as nações mutuamente se unem, fazendo-se os homens dependentes uns dos outros, e conseguintemente aptos a conhecerem os meios que devem beneficiar a humanidade, meios estes dispostos pela mão poderosa do Excelso, que tantas preciosidades e riquezas criou no solo do Município paranagüense para regalo e utilidade das criaturas; e deste breve resumo se infere a verdadeira definição e divisões do comércio, que nenhuma outra coisa é mais que a troca feita do supérfluo pelo necessário. O comércio ativo cuja exportação é maior que a importação é o que faz a Cidade de Paranaguá com todos os portos estrangeiros, do Rio da Prata, como o de Montevidéu, Buenos Aires e Chile e outros, e ainda mesmo com alguns portos do Império, entre eles o do Rio Grande do Sul, resultando em conseqüência este em favor do país, devendo caminhar sempre em prosperidade; quando o interesse e a ambição entrar na classe da população pobre agrícola, estimulada pelas colonizações européias, que porventura o Governo queira introduzir no Município, ou mesmo no círculo da nova divisão da Comarca em Província.

Imensos terrenos devolutos se acham incultos em distância de 8 a 10 léguas,

-------------------------------------------------------------------------------- - - aquém da grande cordilheira da marinha, não falando nos grandíssimos sertões além dela, até o rio Uruguai, em que podem ser bem acomodados mais de cem mil colonos e nos círculos dos municípios da Cidades, Vilas de Antonina e Morretes, desde as fraldas da cordilheira até as margens das baías e principalmente nas cabeceiras dos rios Gorguaçu, Guaraqueçaba, Serra Negra, Togaçaba, da Cachoeira, e Faisqueira e rio Sagrado podem acomodar-se mais de 30 a 40 mil habitantes. Se o Governo com afinco promoverá uma igual colonização para o território do Brasil, em igualdade a que aflui anualmente para os Estados do Norte da América, certamente o Império seria o mais rico do globo; a indústria, as artes e manufaturas renascerão de suas cinzas, o comércio e a navegação se tornaria florentíssima, e as colônias européias prosperarão a exemplo da de S. Leopoldo do Rio Grande do Sul, e outras, o comércio interior, abertas as estradas para Cuiabá e Mato grosso, e reparando-se as existentes em melhor estado de trânsito de carros, por estes canais de riqueza nacional, todos os produtos seriam levados aos portos litorais da marinha e o de Paranaguá o empório de todos.

Comércio interno. Paranaguá conserva este comércio com as Vilas centrais, enviando os gêneros necessários ao seu consumo, sendo entre eles os principais: as bebidas líquidas e o sal, recebendo em permuta a erva-mate, feijão, milho e gado vacum e outros diversos, que bem não suprem por causa do mau estado em que se acham as estradas, sendo necessário virem de fora importados como o feijão da Ilha de Santa Catarina e toucinho de Santos.

O comércio exterior marítimo de exportação é dividido em dois ramos: para os portos do Império e fora dele; este último ramo se verão especificados nos dois mapas de nº 35 e 36, feitos pelo hábil cidadão Vicente Ferreira Martins, primeiro escriturário da alfândega; no primeiro se mostram os gêneros nacionais que se exportaram no ano financeiro de 1º de julho de 1848 a 30 de junho de 1849; e no segundo mostram os gêneros exportados do 1º de julho de 1849 a 31 de março de 1850; por eles se conhece evidentemente, o grau de prosperidade com que o comércio marítimo de Paranaguá vai florescendo. No mapa nº 4, a páginas 35 deste volume, se vê que no ano de 1839 saíram 77 embarcações carregadas para os portos do Império com 4.937 toneladas; e 25 embarcações para os portos estrangeiros com 3.741 toneladas; e no pequeno espaço de dez anos

Page 247: Vieira dos Santos vol02

decorridos até 1849, aparece em dito mapa uma grande diferença de saírem 100 embarcações para os portos do Império, com 5.836 toneladas e 92 para os portos estrangeiros com 22.940 toneladas, diferença extraordinária crescida em pouco tempo, chegando os valores parciais dos gêneros exportados no ano financeiro de 1848 a 1849 à cifra de Réis 775:197$431; e neste dito ano se exportaram para os portos do Rio da Prata e Chile: 73.671 terços de erva, com 366.713 arrobas, no valor parcial de Rs. 696:310$429. E no primeiro semestre decorrido, do 1º de julho de 1849 a 31 de março de 1850, se exportaram para os mesmos portos 48.231 terços e 266.834 arrobas; é este o maior ramo de comércio

-------------------------------------------------------------------------------- - - que exporta esta Comarca, riqueza inesgotável de um vegetal produzido espontaneamente pela natureza, sem nenhum cultivo, mais do que seu beneficiamento, em mais de 50 fábricas de soque, que trabalham efetivamente neste gênero, e em que são ocupadas centenares de pessoas, exportação que regula com um terço do número das arrobas de chá que anualmente exporta a China para os portos da Inglaterra; e se esta bebida a Europa algum dia a adotar, em lugar do chá, a China não receberá mais a riqueza européia, revertendo ao Império do Brasil, donde tem sido extraídas de suas riquíssimas minas.

Madeiras exportadas vê-se no dito mapa seus valores parciais chegarem a 30:416$827; no mesmo ano gênero este sem cultivo algum, mais do que o trabalhador de o ir cortar nas extensas matas, lavrá-las e conduzi-las aos portos de embarque; este gênero pode reduplicar sua exportação anual, principalmente depois que as estradas se acharem em bom estado e por elas possam descer as madeiras de pinho dos sertões imensos além das serras; e levando sua exportação a mais de cem contos de réis anualmente.

O arroz, planta mui produtiva do país, e se vê no mapa ter-se exportado para os portos estrangeiros 3.077 sacas com 6.215 alqueires, e seu valor parcial chegar à cifra de Rs. 22:850$600, quando pode muito bem pela afluência do comércio, e introdução do arroz da Carolina melhorar-se esta plantação, reduplicando o valor da exportação acima, de 150 a 200 contos de réis.

A aguardente de cana, ainda que ao presente a exportação não mostre grande vantagem, como se vê no dito mapa de ter saído 189½ pipas e 86 barricas e seus valores parciais em Rs. 10:345$800. Mas a causa primária dela não ter maior merecimento no mercado estrangeiro é dos fabricantes a não fazerem classificada, e a de não chegarem ao ponto de 21 a 22 graus, mas logo que a fabriquem com perfeição, pode este gênero quadruplicar, pois que o terreno é muito ótimo e até favorável.

O mesmo se pode augurar de outros diversos gêneros como farinha de mandioca, fumo, feijão, milho, batata inglesa, toucinho, casca de mangue, doce de goiaba, e outros diversos gêneros que são exportados aos portos do Império, como vão exarados no mapa da exportação nº 37, entre os oitos anos financeiros decorridos desde 1839 a 1847, pelo qual bem se pode conhecer o grande aumento que dora em diante pode ter cada um dos mesmos gêneros.

--------------------------------------------------------------------------------

Page 248: Vieira dos Santos vol02

Mapa de exportação dos gêneros nacionais para fora do império do 1º de julho de 1848 a 30 de junho de 1849 - - Arroz Sacos 1.444 841 7 40 311 434 3.077 Alqueires 2.908 1.681 13 80 622 911 6.215 Aguardente Pipas 61½ 122 3 189½ Barris 1 14 57 14 86 Açúcar Barricas 3 22 5 30 Arrobas 18 73 20 111 Batatas Cestos 12 10 19 41 Arrobas 35 29 58 122 Bananas Caixas 137 379 70 18 262 866 Carne seca Arrobas 37 5 200 6 248 Café Arrobas 3½ 10½ 4 18 Casca de

mangue Alqueires 2900 2900

Doce Caixotes 1 2 3 Libras 96 40 136 Fumo Rolos 349 4 353 Arrobas 753 6 759 Feijão Sacos 2 32 287 211 532 Alqueires 3 65 576 430 1074 Fio de

algodão Arrobas 1 1 Galinhas 287 116 67 117 737 Erva-mate Terços 28.236 27.806 17.609 73.651 Arrobas 158.467 155.556 52.690 366.713 Jasmim Mudas 67 54 8 129 Laranjas 48$ 20$ 8$100 76$199 Total Bombaim Ilha dos

Açores Valparaíso Monte-

videú Buenos

Aires Rio da

Prata

Page 249: Vieira dos Santos vol02

Para Onde

-------------------------------------------------------------------------------- - - Lambiques 1 1 2 Leitões 14 28 21 63 Milho Sacos 7 1 2 4 14 Alqueires 15 3 4 9 31 Ovos 344 451 400 2.195 Ouro em obras 130 130 Selins 3 3 Toucinho Cestos 3 3 4 10 Arrobas 5 5 17 27

Madeiras

diversas Braços 198 198 Barrotes 38 38 Curvas 41 41 Caibros - dz 71 50 121 Cossoeiras dz 28 103 131 Eixos para

carretas 912 211 1.123 Fueiros _ dz 237 21 256 Forquilhas dz 19 19 Lenha

_ achas 978.522 125.700 1.314.057 21.500 20.000 10.000 2.469.779 Massas para

carretas 51 13 64 Pranchões dz 35 91 126

Paus tortos 790 100 890 Ripas

serradas _ dz 301 127 428 Total Bombaim Ilha dos

Açores Valparaíso Monte-

videú Buenos

Aires

Page 250: Vieira dos Santos vol02

Rio da

Prata Para Onde

-------------------------------------------------------------------------------- - - Galinhas 383$220

Erva-mate 696.510$429

Jasmim 78$860

Lambiques 630$000

Leitões 349$340

Milho 46$520

Madeiras diversas 30.416$827

Ovos de galinha 40$520

Ouro em obras 1.832$000

Selins 30$000

Toucinho 98$540 Raios para

carretas 155 184 339 Taboado - dz 43 191 3 12 249 Tirantes 940 572 1512 Varas _ dz 543 310 853 Vigas 1.325 1.025 229 2.759

Valor dos

gêneros

Exportados 329.888$617 307.987$395 8.570$225 116.474$174 6.078$020 6.199$000 775.197$431

Importa

dos direitos

de 7 % 23:092$203 21:509$117 599$915 8:153$192 425$461 433$930 54:263$819

Page 251: Vieira dos Santos vol02

VALORES PARCIAIS Total Bombaim Arroz 22:850$600

Aguardente 10:345$800

Açúcar 340$985

Batatas 119$000

Bananas 158$790

Café 57$200

Casca de mangue 886$000

Doce 38$000

Fumo 3.812$800

Feijão 2.697$120

Farinha 2.871$240

Fio 16$000 Ilha dos

Açores Valparaíso Monte-

videú Buenos

Aires Rio da

Page 252: Vieira dos Santos vol02

Prata Para Onde

-------------------------------------------------------------------------------- - - Aguardente 51½ 4 55½ Arroz alqueires 5.254 104 258 374 320 874 210 7.394

Açúcar _ alqueires 3.976 3.976

Café _ barricas 21½ 21½

Casca de

mangue _ arrobas 300 300

Cascos ou pipas

vazias 330 260 100 298 200 1.188

Carne seca _ arrobas 326 70 20 80

Farinha _ alqueires 300 1.198 540 5.558

Feijão _ alqueires 616 300 200 120 280 1.516

Goma _ alqueires 151 151

Erva mate

terços 41.831 6. 283 117 48.231

arrobas 232.531 33.362 941 2 66.834

Madeiras

botadouros 280 264 544

Caibros 351 351

curvas 391 9 400 cambotas 13 13

cortes de remos 80 80 estacas - dúzias 275 275

eixos 387 203 41 631 forquilhas - dúzias 72 166 238

fueiros _ dúzias 300 300

Page 253: Vieira dos Santos vol02

lenha _ achas 470.200 254.750 65.000 20.000 8.000 20.000 4.900 842.900

maças 41 5 8 54 Mapa de exportação dos gêneros nacionais para fora do império do 1º de julho de 1849 a 31 de março de 1850 Total Califórnia (*) Açores Batavia Valpa-

raíso Havana África Monte-

vidéu Buenos

Aires Para Onde

-------------------------------------------------------------------------------- - - pranchões _ dúzias 126 126

Page 254: Vieira dos Santos vol02

paus tortos 3 3

pau a pique _ dúzias 36 36

ripas serradas

_ dúzias 315 18 333

raios 278 24 74 376 taboado _ dúzias 74½ 1 45 120½

tirantes 1.951 258 2.209

vigas 2.206 201 220 2.627

varas _ dúzias 275 133 408 couçueiras - dúzias 476 4½ 480½

paus roliços 7 7

Plantas de jasmim 20 20

Mel _ garrafas 20 20

Sabão _ caixotes 700 700 Bombas para

mate _ dúzias 150 150 (*) Conquanto figura para Califórnia, o destino foi para o Rio da Prata.

N. B. Os gêneros para África, Havana, Batávia, Açores o seu destino verdadeiro foi para África.

Paranaguá, 25 de abril de 1850. Total Califórnia (*) Açores Batavia Valpa-

raíso Havana África

Page 255: Vieira dos Santos vol02

Monte-

vidéu Buenos

Aires Para Onde

-------------------------------------------------------------------------------- - - Aguardente

Pipas 10 87 99 74 62 70 89 156 105 752 Meias pipas 1 1 1 16 1 20 Barris 3 21 8 15 27 19 45 4 142 Amarras de imbé 16 7 3 1 2 29 Arroz _ alqueires 4.074 2.789 2.435 198 498 2.384 8.826 2.484 2.128 25.816 Açúcar _ arrobas 254 422 75 8 Résteas 300 500 2.260 100 Batelões 3 1 4 Bombas para embarcações 3 1 4

Bombas para mate

_ dz. 160 25 200 270 1.076 2.308 1.119 1.135 586 6.880 Betas _ peças 4.955 3.496 5.329 726 8.661 8.302 4.570 7.394 4.378 47.811 Cal _ moios 1.199 417 88 54 578 116 105 127 106 2.289 Cabos de embé

_ peças 640 440 1.725 546 815 1.103 77 90 107 5.543 Carne seca _ arrobas 110 1.379 22 54 654 1.797 200 4.216 Caraguatá _ arrobas 2 2 2 6 Couros de veado 63 129 51 12 23 58 156 492 Colher de pau 18 18 Cigarros de palha 40.000 267.600 30.800 338.400 Doces - caixões 1 6 7 Cebolas _ résteas 36 100 600 736 Cera da terra _ arrobas 4 4 Camarão _ arrobas 3 3 Café - arrobas 110 3 16 22 151 Casca de mangue _ arrobas 1.897 1.897 Berbigões- barricas 20 20 Chifres 3.500 1.025 4.525 Mapa da exportação de Paranaguá, para os portos do Império, nos anos financeiros abaixo declarados, sendo para o Rio de Janeiro, Santa Catarina e seus portos, Rio Grande do Sul, Laguna, e para os portos desta Província de S. Paulo Soma a exportação em 9 anos 1846

a

Page 256: Vieira dos Santos vol02

1847 1845

a

1846 1844

a

1845 1843

a

1844 1842

a

1843 1841

a

1842 1840

a

1841 1838

a

Page 257: Vieira dos Santos vol02

1839 1837

a

1838 Anos Financeiros

-------------------------------------------------------------------------------- - - Enfrexates _ peças 586 256 86 740 2.168 Estopa da terra

_ arrobas 46 129 175 Ervilha _ alqueires 6 6 Esteiras _ dz Batatas - arrobas 7 7 Feijão _ alqueires 36 4 186 416 194 46 998 224 2.104 Farinha de mandioca

_ alq. 1.388 283 2.786 2.446 561 997 1.205 4.023 266 13.995 Fumo _ arrobas 262 504 254 278 L135 179 311 294 128 2.345 Favas _ alqueires 27 27 Goma _ alqueires 100 1 25 4 7 220 30 23 410 Garras de couro _ arrobas 20 6 26 Graxas _ arrobas 64 64 Erva-mate _ arrobas 1.556 3.092 2.025 3.486 2.456 1.234 6.754 12.144 4.466 37.213 Erva-mate

_ carguinhas 220 11.763 6.654 23.334 18.749 5.352 1.212 21.900 23.149 112.333 Erva—mate - Cestos 39 380 620 135 107 524 205 70 2.080 Erva-mate _ alqueires 97 950 1.150 337 267 1.310 514 182 5.207 Louças de barro _ dz 444 3 5 452 Mendobi _ alqueires 60 100 148 156 464 Milho _ alqueires 80 50 6 136 Madeiras _ barrotes 77 160 70 123 327 20 20 96 893 Id. - braços 2.551 831 792 200 261 43 4.678 Id. _ curvas 1.820 48 112 395 188 317 2.880 Id. _ caçoeiras _ dz. 422 379 130 93 387 163 125 74 99 1.872 Id. - Caibros _ dz 8 332 227 1.417 407 323 1.336 607 678 5.335 Id. _ lenha - achas 22.300 76.300 36.500 22.000 14.500 33.100 78.000 159.000 76.100 517.800 Id. _ pranchões _ dz 9 154 36 360 41 45 24 3 44 716 Id. _ paus tortos 466 356 1.684 351 501 551 536 4.445 Id. _ portadas 7 55 13 29 12 24 37 91 94 362 Id. _ ripas de gissara Soma a exportação em 9 anos 1846

a

1847

Page 258: Vieira dos Santos vol02

1845

a

1846 1844

a

1845 1843

a

1844 1842

a

1843 1841

a

1842 1840

a

1841 1838

a

1839

Page 259: Vieira dos Santos vol02

1837

a

1838 Anos Financeiros

-------------------------------------------------------------------------------- - - - dz 2.546 3.602 1.116 867 930 1.563 1.866 3.305 5.260 21.055 Id. _ ripas serradas _ dz 6 93 99 Id. _ taboado _ dz 555 352 367 135 162 554 454 328 351 4.258 Id. _ toros de ipê 7 50 9 9 75 Id. _ tirantes 221 40 31 97 349 143 881 Id. _ varas _ dz 355 15.100 34 58 26 2 14 10 15.599 Id. _ vigas 10 1.476 262 334 371 135 622 318 702 4.230 Id. _ mãos de cinta 48 14 3 65 Id. _ forquilhas 20 25 45 Id. _ estacas _ dz 2.308 50 184 2.542 Id. _ remos de pá _ dz 49 19 10 8 8 55 40 18 207 Id. _ cortes de remos de voga 130 130 Id. _ paus de prumo 24 61 298 383 Id. _ maças de ipê

p/ carretas 20 15 35

Id. _ paus roliços 216 8 418 Pinhão _ alq. 28 12 18 17 27 18 120 Perdizes _ barris 4 12 16 Peneiras _ dz 4 4 Pederneiras _ caixões 2 2 Telhas 10.000 17.300 28.900 33.000 44.000 133.200 Tijolos 200 2.300 11.800 10 14.400 Queijos 340 100 490 212 1.142 Toucinho _ arrobas 75 306 100 36 773 27 37 21 30 1.405 Viradores de imbé 33 15 2 1 3 4 3 5 12 78 Ostras _ barris 4 2 6 Peixe _ barris 4 1 1 6 Pitões 2 7 5 14 Paranaguá, 25 de maio de 1850. Vicente Ferreira Martins. Soma a exportação em 9 anos 1846

a

1847 1845

a

1846

Page 260: Vieira dos Santos vol02

1844

a

1845 1843

a

1844 1842

a

1843 1841

a

1842 1840

a

1841 1838

a

1839 1837

a

1838

Page 261: Vieira dos Santos vol02

Anos Financeiros

-------------------------------------------------------------------------------- - -

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO 6º

Governo Administrativo civil, eclesiástico e judiciário que tem a Cidade de Paranaguá; e das rendas públicas, cônsules e vice-cônsules das nações estrangeiras, empregados em o comércio; e artes fabris e mecânicas.

A Cidade tem um governo administrativo em uma Câmara Municipal cuidados das necessidades de seu Município, no asseio e engrandecimento da Cidade.

No governo judiciário do cível e crime, há um Juiz Municipal e de Órfãos, com seu escrivão e oficiais de justiça; e os juízes de paz para fazer as reconciliações as partes queixosas; tanto no 1º como no 2º distrito da Cidade.

No governo policial há um delegado e subdelegado no 1º e 2º distrito da Cidade, e os oficiais dos quarteirões dos respectivos bairros.

No governo eclesiástico tem um Vigário da vara com a subdelegacia do Ex.mo Bispo da Diocese e o seu respectivo escrivão.

No governo militar tem um Coronel comandante em chefe da legião das guardas nacionais, e cada batalhão os seus tenentes coronéis comandantes; e cada companhia seus capitães e os respectivos oficiais, tanto no 1º como no 2º distrito da Cidade.

Dos negócios estrangeiros há na Cidade os cônsules e vice-cônsules seguintes:

Do Reino de Portugal: Vice-cônsul Francisco José Pinheiro.

De Sardenha: Vice-cônsul Francisco Ferreira Pinheiro

De Buenos Aires: Vice-cônsul o Major Antônio Pereira da Costa, Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Do Chile : Cônsul: o mesmo sargento-mor Antônio Pereira da Costa.

Do Uruguai: Vice-cônsul José Pinto de Amorim.

Page 262: Vieira dos Santos vol02

Em títulos de grandeza tem a Cidade de Paranaguá, o título de Marquesado, na viúva do 1º Marquês Francisco Vilela Barbosa, em Dona Maria de Nazaré de Carvalho Vilela.

Na administração das rendas nacionais tem a casa da alfândega e a mesa do consulado com o seu inspetor, guarda-mor e os componentes oficiais das diferentes repartições.

Na defesa externa tem a Cidade a fortaleza da barra com o seu

-------------------------------------------------------------------------------- - - comandante e a guarnição competente.

Da saúde pública há um cirurgião-mor do porto, um hospital da Santa Casa da Misericórdia destinado aos curativos dos enfermos marítimos e dos pobres do país.

Da saúde particular tem a Cidade médicos alopatas e 1 homeopata, botica.

Na recreação pública tem uma casa de ópera e o do baile da amizade.

Na instrução primária há 2 escolas de meninos, outra de meninas, 1 colégio de educação e 1 aula de latinidade, e diversas escolas particulares de um e outro sexo.

Na recreação filarmônica há duas escolas de música, uma do professor de latinidade João Manoel da Cunha, outra no colégio de educação e 8 pianos em casas particulares, achando-se ao presente os paranagüenses bastantemente adiantados na cultivação das artes liberais.

Da saúde pública particular há 1 médico e um cirurgião alopata e 1 homeopata, 2 boticas e outra da Santa Casa da Misericórdia.

Na classe comercial que há na Cidade de lojas de fazenda seca, armazéns de molhados e de massames, vendas, botequins e casas de pastos.

Das artes mecânicas, dos ofícios de ourives, funileiros, caldeireiros, ferreiros, alfaiates, sapateiros, carpinteiros de obra branca e ribeira, calofates e tamanqueiros.

Arte manufatureira. As fábricas de destilar aguardente e licores, as de pilar arroz e café, as de serrar madeiras, e fazer a farinha de mandioca, etc. Não pude obter os mapas do número dos negociantes das fábricas, e o das pessoas correspondentes a cada ofício em particular, o qual fica ao cuidado da Câmara Municipal de o mandar organizar, colocando-o neste lugar para completamento da história paranagüense.

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 263: Vieira dos Santos vol02

CAPÍTULO QUARTO

Memória histórica dos sucessos e fatos mais notáveis acontecidos em Paranaguá, servindo de continuação ao primeiro tomo, desde o ano de 1815 inclusive ao de 1840; e a série cronológica dos antigos provedores das minas de ouro.

PARÁGRAFO 1º

Série cronológica dos antigos provedores das minas de ouro que houve em Paranaguá.

445 _ Bem digno seria hoje saber-se os nomes dos provedores e dos mais oficiais que antigamente houve na oficina e casa da fundição dos quintos e rendimentos que a mesma teve, desde sua fundação, em 1697, até sua extinção em 1730, mas não se encontram nos livros existentes no arquivo da Câmara; nenhumas memórias que indicassem tais esclarecimentos e apenas os nomes de alguns provedores mais salientes que ocuparam um cargo tão honorífico; tais foram os seguintes:

1648 _ 1º - Eliodoro Ébano Pereira, general da armada das canoas de guerra do mar do sul: foi administrador geral das minas de Paranaguá; ignora-se os anos que serviu; e antes deste, quantos houve.

1654 _ 2º - Provedor sabe-se haver ocupado este cargo pela declaração dum requerimento que fez à Câmara Diogo de Lara, procurador dela, requerendo que como o provedor se achava doente, e em perigo de vida e por não perecerem os reais quintos, se mandasse receber dele, o ouro que sem uma mão se achasse e fosse posto em depósito; e só acharam-lhe 127 oitavas, e foi depositado na mão de Antônio Nunes.

1655 _ 3º - Pedro de Sousa Pereira foi administrador geral das minas; veio a Paranaguá neste ano, com ordem de Salvador Correia de Sá, governador do Rio de Janeiro, a fazer conduzir todos os índios que estivessem aldeados, ao que se opôs o povo; e o capitão-mor Gabriel de Lara, por ficar a terra despovoada e sem gente para a defender.

1656 _ 4º - Mateus Vaz, desde o ano de 1656; mas ignora-se os anos que ocupou.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 1664 _ 5º - Agostinho Barbalho Bezerra; ignora-se os anos que serviu nesta administração.

1668 _ 6º - Tomás Fernandes de Oliveira; foi capitão-mor e ocupou o cargo de provedor das minas.

1670 _ 7º - Agostinho de Figueiredo, governador da Vila de s. Vicente, foi administrador geral das mesmas.

1674 _ 8º - O Capitão Manoel de Lemos, Conde por provisão de 26 de março de 1674, passada por Agostinho de Figueiredo, governador de S. Vicente.

Page 264: Vieira dos Santos vol02

1674 _ 9º - Tomé de Sousa Pereira, provedor da Real Junta da Fazenda do Rio de Janeiro e também das minas de ouro da costa do sul.

1677 _ 10º - O licenciado Clemente Martins apresentou em Câmara as provisões que nomeava a Agostinho Barbalho Bezerra de provedor das minas.

1688 _ 11º - O Capitão Manoel de Lemos, Conde nomeado por Patente de 27 de novembro de 1684, passada por Agostinho de Figueiredo, Capitão-mor de S. Vicente.

1690 _ 12º - Domingos Pereira Fortes; foi encarregado da administração das minas da repartição do sul.

1690 _ 13º - Gaspar Teixeira de Azevedo, foi Capitão-mor e provedor das minas de ouro, por patente de 4 de outubro de 1690 e provisão de 12 de fevereiro de 1691, passada por Domingos Pereira Fortes, provedor da contadoria da Real Fazenda do Rio de Janeiro; em 1698 ainda era provedor.

1703 _ 14º - Garcia Roiz Pais foi guarda-mor das minas da Capitania de S. Vicente, e deveria governar as de Paranaguá.

1721 _ 15 _ O Capitão-mor André Gonçalves Pinheiro, provedor das minas, talvez antes de 1721 até 1730.

16 _ Diogo da Pascária, Tenente-coronel de ordenanças e ocupou o cargo de provedor mais de 5 anos.

17 _ Damião Carvalho da Cunha, sargento-mor de ordenanças, também foi provedor delas.

Outros diversos ocupariam este mesmo cargo pois que o mesmo era somente conferido por três anos.

-------------------------------------------------------------------------------- - - PARÁGRAFO 2º

Sucessos e fatos históricos, desde 1815, incluso até 1850, em continuação da memória histórica do primeiro volume.

446 _ 1815 _ O Capitão-mor Manoel Antônio Pereira passou ordem circular aos comandantes de companhias para cada um promover em seus distritos a plantação da mandioca, obrigando a cada morador dos sítios a plantarem pelo menos dez feixes de rama.

447 _ 1816 _ Ofício de 4 de março que o mesmo Capitão-mor Manoel Antônio Pereira dirigiu ao Governo da Província, queixando-se contra o atual Juiz de Fora o Doutor Antônio de Azevedo Carvalho e Melo que sendo chamado à Câmara, que ele fora com sua farda por ir com mais decência em razão de ser nomeado Capitão-mor por S. Excelência e confirmado por S. A. Real, e indo tomar posse na qualidade de procurador da mesma, e ali fora logo intimado pelo escrivão por

Page 265: Vieira dos Santos vol02

ordem do mesmo juiz de fora, que antes de mais nada fosse tirar a farda; fazendo-lhe publicamente esta desfeita representando-lhe já que ali estava o dispensasse de ir a casa mudar de roupa e não deveria ser privado da honra de poder andar com ela, em todas as mais partes.

448 _ 1816 _ Ofício de 24 de julho que o mesmo Capitão-mor dirigiu ao Conde de Palma, Governador da Capitania, participando que o Ex.mo Bispo do Rio de Janeiro Dom José de Sousa Coutinho tinha chegado àquela Vila no dia 19, e que logo no dia seguinte seguira seu destino; e pela pressa com que ele foi, se lhe não puderam fazer os devidos cortejos, estando todas as pessoas prontas para isso; e que mandara ao Capitão Francisco Gonçalves Rocha, de o ir acompanhar até ao Rio de S. Francisco Xavier do Sul.

449 _ 1816 _ Ofício de 7 de junho de 1816, que o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira escreveu ao Conde de Palma, do teor seguinte: "Il.mo e Ex.mo Senhor. Em 2 do corrente mês, recebi o ofício de V. Excelência, de 24 de fevereiro, dirigido a mim e aos oficiais da Câmara desta Vila, e com ele a Real Provisão de 14 de agosto de 1815, e em conseqüência da qual requeri ao Doutor Juiz de Fora, atual, que tinha um ofício de V. Excelência, e que queria ele mandasse avisar aos oficiais da Câmara, para se proceder na abertura e que na mesma ocasião queria fazer a nomeação de um Capitão, com efeito se procedeu a fazer Câmara no dia seguinte, onde apareceu o sobredito Doutor Juiz de Fora; este,

-------------------------------------------------------------------------------- - - ansioso, a querer saber o conteúdo do ofício de V. Excelência me mandou assentar no meu lugar de procurador o que assim aconteceu, enquanto se tratou dos negócios do Conselho, e logo que se acabaram me levantei e lhe fiz ver pelo meu regimento e ordens de V. Excelência e não esteve por isso, dizendo que era membro do Senado, e alterou vozes, seguindo-se ele mesmo abrir o ofício e lendo a cópia da provisão de S. Majestade, respondeu que ele não era juiz ordinário, que se não entendia com ele, e que ficasse certo que, enquanto ele fosse Juiz de Fora, que eu ali não era nada e que ele não cedia o seu lugar, e que se envergonhava de ser Presidente da Câmara de Paranaguá, e que o regimento de ordenanças era muito antigo e que há muitas leis novas nestes termos; estou com as mãos atadas, me não posso apartar das ordens de S. Majestade e as ordens de V. Excelência porque não desejo desmerecer no serviço de S. Majestade e na execução das ordens de V. Excelência. Queira V. Excelência resolver o que for justo a fim de evitar maiores conseqüências ao sossego público. Deus guarde a V. Excelência por muitos anos. Paranaguá, em 7 de junho de 1816. O mais humilde súdito e criado. Il.mo e Ex.mo Senhor Conde de Palma, Governador e Capitão General desta Capitania de S. Paulo. Manoel Antônio Pereira, Capitão-mor."

450 _ 1816 _ Ofício de 13 de agosto que o Capitão-mor escreveu ao Governador José Vitorino Rocha, participando-lhe mandava suspender o piquete de ordenanças que estava destacado na Vila pela razão de ter o Doutor Juiz de Fora Antônio de Azevedo Carvalho e Melo ultrajado em várias ocasiões as ordenanças, acontecendo pela parte que lhe tinha dado o cabo Zacarias Luiz, que ele chegando com seus camaradas domingo à noite aconteceu que o Doutor Juiz de Fora dar-lhes pancadas em alta noite e prendê-los na enxovia, estando eles dormindo, onde estavam aquartelados; à vista disto e do desassossego do povo e o que se estava vendo e acontecia na guarda da cadeia e nos quartéis e que portanto suspendia o destacamento das ordenanças.

451 _ 1817 _ Ofício de 15 de janeiro que o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira escreveu ao Marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa, sobre o que este lhe ordenara em mandar fazer 5 quartéis no seu distrito nos lugares destinados, participando se estavam concluindo e que era necessário S. Excelência ordenasse a compra de quatro canoas de três e meio palmos de boca e

Page 266: Vieira dos Santos vol02

se porem nos lugares das mesmas paradas e que o importe das faturas desses quartéis chegava a quantia de Rs. 274$198.

452 _ 1817 _ Ofício de 11 de junho do mesmo Capitão-mor ao Conde de Palma, Governador e General da Capitania, participando não haver naquela Vila nenhuma defesa, podendo acontecer serem invadidos e saqueados pelo inimigo ou corsários de Buenos Aires, e que não havia pólvora, bala, nem armas e que mandasse duas peças de campanha, e que seria acertado um destacamento de dois homens no pico da Ilha da Cotinga, sentinela com uma bandeira para fazer sinal quando entrasse embarcação, pela noticia que havia de se terem

-------------------------------------------------------------------------------- - - armado corsários em Buenos Aires.

453 _ 1817 _ Ofício de 19 de maio do mesmo Capitão-mor ao Conde de Palma, mostrando a necessidade que havia de mandar quarenta praças de tropa de linha para fazer o efetivo serviço dos destacamentos da Vila, a fim de poderem descansar os milicianos.

454 _1817 _ Ofício de 21 de agosto do mesmo Capitão-mor dirigido ao Ex.mo Bispo Diocesano, remetendo um plano para o distrito de Paranaguá ser dividido o corpo de ordenanças por três freguesias da maneira seguinte:

1ª Freguesia na Vila e anexas.

A Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá com a população dela de 4 companhias de ordenanças em 21 bairros e perto de 4 mil habitantes mais ou menos.

Segunda freguesia que se deve criar nova, distante desta Vila 10 léguas, na ponta do morro de Guaraqueçaba, com 7 bairros anexos e que terá mais de mil habitantes, que são os rios de Guaraqueçaba, Cerco Grande, Poruquara, Varadouro, Superagüi, Ilha das Peças e Pavouça, com toda a costeira anexa ao mesmo distrito.

Terceira nova freguesia que se deve criar distante desta Vila 5 léguas, na ilha Rasa Grande ou na ponta do morro das Almas com 7 bairros e neles mais de 1.500 habitantes, compreendidos em Itagacetuva, rios dos Medeiros, Itaqui, Borrachudo, ilha Rasa Grande, Itagaçaba e Serra Negra.

Rogando a S. Excelência o Rev. Bispo a criação destas duas novas freguesias pela precisão e comodidade dos povos. Serviço de Deus e de S. Majestade.

455 _ 1819 _ Portaria de 11 de agosto dirigido ao Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, para mandar pôr os necessários transportes com todo o asseio que for possível para a passagem do Ex.mo Sr. Coronel Afonso Furtado de Mendonça, e sua comitiva que saíram de S. Paulo, no dia 15 a cujo ofício deu resposta em 31 de agosto, participando ter hoje mandado os transportes exigidos.

456 _ 1819 _ Ofício de 31 de agosto que escreveu o mesmo Capitão-mor Manoel Antônio Pereira ao Marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa, participando que mandasse suspender aos trabalhadores da estrada da Ilha do Mel, em razão de que não havia mantimentos e estes muito caros e os povos muito ocupados com a lavoura por serem os meses de setembro, outubro e novembro os mais próprios para as plantações da agricultura.

Page 267: Vieira dos Santos vol02

457 _ 1819 _ Ofício do mesmo Capitão-mor de 31 de outubro ao Governo da Província, participando a desgraça acontecida a dois negociantes Francisco Antônio Senteneo e D. Felipe Ferreira de ambos serem mortos faqueados por uns mulatos que andavam fugidos e com pleitos judiciais a obterem suas liberdades, patrocinados por um rábula intrigante de nome João Antônio Calvet cujos mulatos tendo-os comprado o dito falecido, se conspiraram contra seu senhor e o mataram, bem como ao companheiro dele, no mesmo conflito.

-------------------------------------------------------------------------------- - - 458 _ 1820 _ Ofício que escreveu ao Governo da Capitania em resposta da portaria de 7 de dezembro do ano próximo passado, recomendando desse aposentadoria e transporte ao Cavalheiro Mr. Saint Hilaire, vassalo de S. Majestade Cristianíssima, chegando a Paranaguá no dia 28 de fevereiro, aprontando-lhe um quartel bem mobiliado, e prestando-lhe todos os auxílios para sua viagem que hoje seguia para a costa do sul.

459 _ 1822 _ Ofício de 30 de setembro do mesmo Capitão-mor ao Governo da Capitania, participando ter tomado posse em 13 do corrente o Ouvidor sindicante José de Azevedo Cabral, e no dia 22 igualmente tomou posse o novo Governador da Vila Miguel Reinaldo Bilstein, tendo vindo do Rio de Janeiro.

460 _ 1824 _ Ofício de 27 de agosto que o mesmo Capitão-mor escreveu ao governo, participando de ser necessário de haver um piquete de onze praças de ordenanças para o serviço da fortaleza, e paradas e em atenção ao muito serviço que havia e suma pobreza dos habitantes, que S. Excelência houvesse de lhes mandar dar municiamento, quartel e meio soldo e também ordem para se mandar reparar o caminho do Varadouro.

461 _1824 _ Ofício de 15 de outubro que o mesmo Capitão-mor escreveu ao tenente-coronel Carlos Lourenço Danhérvart, inspetor das barcas canhoneiras de Santos, respondendo sobre a encomenda de tabuados de costado que só os havia de 20 a 25 palmos, de 2 a 2½ polegadas de grosso e mesmo de 30 a 40 palmos ou mais, porém o frete deles seria caro porque avolumam muito.

462 _ 1824 _ Ofício de 24 de outubro em resposta às portarias de 30 de setembro e 16 do corrente, do Governo Antônio Monteiro de Barros, exigindo o informe em que se empregavam as ordenanças destacadas nos piquetes, respondendo se empregavam no serviço da fortaleza, em conduzir soldados e ofícios para a mesma assim como nas mais paradas dos pontos do Varadouro, Superagüi, Ilha das Peças e do Mel e da barra do Sul e vila, etc.

463 _ 1825 _ Ofício de 3 de fevereiro que o mesmo Capitão-mor escreveu ao Brigadeiro Joaquim Mariano de Moura e Lacerda, remetendo-lhe uma cópia da representação que fizera ao Ex.mo Bispo, e rogando-lhe que, por serviço de Deus e de S. Majestade houvesse por bem propor e criarem-se duas novas freguesias por ter presenciado ver enterrar muita gente por falta de sacramentos no cemitério de Pavouça; e o mesmo na ponta do pasto por ter aquele distrito baías perigosas e viverem os povos sem maior conhecimento do pasto espiritual e que fizesse subir a mesma representação ao conhecimento do governo.

464 _ 1825 _ Ofício de 28 de fevereiro do mesmo Capitão-mor ao Governo, participando que em 13 do corrente tinha chegado àquela Vila o Brigadeiro Francisco Antônio de Paula Nogueira da Gama, inspetor geral de milícias e ordenanças e que no dia 21 tinha passado revista às mesmas e no dia 23 passou revista às milícias.

Page 268: Vieira dos Santos vol02

465 _ 1825 _ Ofício de 31 de dezembro do mesmo Capitão-mor dirigido ao Barão de Congonhas do Campo, participando a retomada da sumaca Aurora.

-------------------------------------------------------------------------------- - - "Il.mo e Ex.mo Senhor Barão.

No dia 7 do corrente entrou neste porto a sumaca Menália, roubada por um pirata na altura de S. Sebastião; o mesmo fez a sumaca Aurora, no dia 3 do corrente, vindo esta do Rio de Janeiro, e bem importada a Aurora a mandava para Patagônia, a qual entrou nesta no dia 18 do corrente, tomada pela tripulação que eram nove negros, entrando um pequeno, dizendo que tinham na altura do Rio Grande, matado a7 ou 8 piratas, que a conduziam e só deixaram um que o Governador desta remete a V. Excelência e causou esta novidade muita satisfação ao povo e por esta forma o comércio sofreu menor prejuízo. Consta que os negros da terra andam formando barulho, porém como já há malícia se averiguará a bem da segurança pública, com o Governador e Juiz de Fora, que se tem dado as providências que nos parecem justas. Deus guarde a V. Excelência.

Paranaguá, 31 de dezembro de 1825.

Il.mo Senhor Barão de Congonhas do Campo.

Manoel Antônio Pereira".

466 _ 1826 _ Ofício que o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira escreveu ao Governo em 30 de janeiro de 1826, do teor seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor. Recebi o ofício de V. Excelência de 5 do corrente em o qual me faz certo que sete escravos meus e de Leandro José da Costa, pela ação de retomarem a sumaca Aurora e salvaram os interesses de seus donos e carregadores, das mãos dos piratas, deve-se-lhes conferir liberdade, acrescendo que cada um dos carregadores deve prestar provata para o referido fim, e no mais do conteúdo do citado ofício fico certo e pedindo a V. Excelência respeitosa vênia, respondo que seria bastante extenso assinalar por miúdo o acontecimento deste fato, basta dizer a V. Excelência que, possuído de satisfação por tal motivo, tencionei logo libertar os que me pertenciam, e por motivo deles e outros projetarem um barulho que felizmente se atalhou e dos muitos roubos que fizeram a bordo em mercadorias minhas, e de diferentes marcas o não fiz, e os conservo presos para os remeter para o serviço do arsenal ou da esquadra, ficando-me o direito senhorio; quanto os de propriedade alheia nada posso fazer, e só gratificá-los com o que me for possível, e pela relação junta verá V. Excelência os nomes a quem pertencem os mencionados escravos. De outra relação também junta, conhecerá V. Excelência os nomes dos carregadores de diferentes distritos onde residem, sendo os primeiros que tenham fazendas, carregados na sumaca Aurora e os outros com a declaração de transbordadas da sumaca Menália, para a referida Aurora, única embarcação que no mesmo dia apresaram, e por conseguinte traspassaram as fazendas as quais os carregadores por suas marcas receberam as que aparecia, havendo em tudo bastante prejuízo. Eu, Ex.mo Senhor, de meu voto próprio, abri uma pequena subscrição voluntária entre os carregadores para gratificarmos aos escravos, a qual uns prontamente deram, e outros se negaram a ela; e alguns, depois de prometerem ridículas quantias, ainda mesmo não contribuíram com elas, como V. Excelência verá da carta

Page 269: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - junta, sendo aquele que recebeu maior interesse. À vista do que, me é dificultoso fazer agora nova reunião para todos nós em rateio para o fim que V. Excelência ordena, e por isso encarecidamente rogo a V. Excelência que com a sua costumada justiça e prudência digne-se cometer esta comissão a qualquer outra autoridade desta Vila ou Comarca, que livre de não ter interesses embarcados na dita sumaca, melhor do que eu possa desempenhar imparcialmente e obre certificando somente a V. Excelência que a serviço algum me nego, e prontamente me sujeito como súdito e obediente às acertadas ordens de V. Excelência, Ex.mo Senhor, estes escravos já receberam pela subscrição o primeiro 40$ mil réis; o segundo 30$ mil réis, e os mais a 20$ mil réis, além de outros agrados que lhe tenham feito e pretendo fazer, porém o barulho que eles projetaram com os da terra e contra a minha e outras pessoas que felizmente se atalhou, me desgostaram de tal forma que os não quero ver nessa. Deus guarde a V. Excelência por muitos anos. Paranaguá, 30 de janeiro de 1826. Il.mo e Ex.mo Senhor Presidente da Província, Barão de Congonhas do Campo".

467 _ 1832 _ Ofício de 31 de dezembro que escreveu o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, ao Presidente, participando que no dia 28 do corrente, tinha passado mostra às ordenanças que compareceram 350 praças armadas, com armas e piques e fazendo-se a falta de S. Majestade Imperial, e com a presença do Governador que os animou muito, saíram à frente 267 praças, com 21 que já tinha remetido a Santos, faziam 288 cuja relação remetia ao Governador das armas da Província.

468 _ 1833 _ Ofício do mesmo Capitão-mor ao Presidente, participando que no dia 30 de abril se tocara rebate na Vila e todos compareceram com muito pouca diferença de faltas.

469 _ 1835 _ Portaria de 28 de agosto do Presidente Francisco Antônio de Sousa Queiroz, concedendo a escusa de prefeito ao Capitão João Machado Lima, e foi nomeado em seu lugar o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira.

470 _ 1835 _ Ofício de 15 de outubro, que o mesmo Capitão-mor escreveu à Câmara, em resposta à proposta que esta lhe fez, em ofício de 14, de ter nomeado a Dona Joana Maria de Melo para ocupar a cadeira de professora de primeiras letras do sexo feminino; respondendo que no seu parecer era muito boa a escolha que a Câmara nela fazia e por haver muita precisão de haver esta cadeira bem como a da latinidade.

471 _ 1835 _ Em 16 de outubro, pelas 9 horas e meia da noite, foi atacada a ronda dos guardas nacionais por seis ou oito escravos; que se supõe serem dos que andavam nas canoas de Morretes e feriram dois guardas; e só conheceram um, dizendo ser do alferes João Antônio dos Santos, tomando-lhe a espada.

472 _ Ofício de 16 de outubro do mesmo Capitão-mor escrito aos inspetores dos quarteirões do Varadouro e Vertioga, Antônio José de Araújo e Manoel Gonçalves, para de comum acordo promoverem o conserto do caminho do

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 270: Vieira dos Santos vol02

Varadouro, até a divisa de Cananéia, roçando os matos e fazendo os aterrados necessários.

473 _1835 _ Portaria do Presidente de 30 de outubro, nomeando ao sargento-mor Bento Antônio da Costa, para subprefeito da Vila de Paranaguá.

474 _1835 _ Ofício de 31 de outubro do mesmo Capitão-mor ao Presidente, participando que, de comum acordo com a Câmara, tinha mandado fazer o caminho do Varadourro e que parecia justo se aumentasse o destacamento da alfândega de 7 a 10 praças e que se estava estabelecendo uma praça para nela se venderem os gêneros ao povo por miúdo.

475 _ 1835 _ Portaria de 20 de novembro, aprovando a nomeação de Floriano Bento Viana para subprefeito da capela de Guaraqueçaba.

476 _1835 _ Ofício de 8 de dezembro do mesmo Capitão-mor ao Vice-presidente da Província, participando que no 1º de janeiro daria execução de suas ordens, a aumentar o destacamento da alfândega e que tinha mandado a limpar dois furados no segundo distrito e a abrir um canal ainda que pequeno, porém podia ser de grande vantagem para facilitar o trânsito dos moradores, e que no canal da entrada para esta Vila havia mandado pôr balizas, tanto no do furado por onde entravam canoas, como no que dava entrada às embarcações, apesar de que pouca duração teriam, mas podiam ser conservados com módica despesa em combinação com a Câmara Municipal. (1)

477 _ 1835 _ Portaria de 9 de dezembro do Presidente José Cesário de Miranda, dispensado do cargo de subprefeito ao sargento-mor Bento Antônio da Costa.

478 _1835 _ Ofício de 9 de dezembro que o prefeito de Paranaguá dirigiu ao Presidente da Província:

"Il.mo e Ex.mo Senhor. A Câmara Municipal desta Vila me remeteu suas contas de receita e despesa, orçamento e posturas, cujas despesas desde o 1º de outubro de 1834 até o 1º de outubro de 1835, em que mostra de receita a quantia de 1:132$626

com 800$ mil réis que o Ex.mo Governo lhe prestou

para as obras da Cadeia 800$000

de saldo que tinha a Câmara no ano de 1833 431$093

Soma 2:363$719.

Pela mesma conta se vê que a despesa do dito ano foi

a quantia de 2:099$240

havendo um saldo a favor da Câmara

até 31 do corrente ano 26$475. (1)Todos os ofícios que escreveu ao Governo o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, desde o mês de setembro de 1835 até março de 1849, foram na qualidade de prefeito.

Page 271: Vieira dos Santos vol02

-------------------------------------------------------------------------------- - - Cujas parcelas me parecem muito bem aplicadas pelo zelo com que os seus membros cuidaram nos seus deveres. Juntamente remete o orçamento da Câmara para o ano de 1836, em que mostra pelas despesas a quantia de Rs. 2:105$092, cujas me parecem muito conformes, e algumas coisas mais se deveriam fazer, porém atendendo às circunstâncias, ficará para ao diante, da receita montará em Rs. 1:680$200, e por isso que a mesma Câmara com suas rendas as não poderia fazer as obras que precisa e acudir às necessárias sem o auxílio do Ex.mo Governo da Província, ou por via de empréstimo. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, em 9 de dezembro de 1835. Il.mo e Ex.mo Senhor Presidente da Província. Manoel Antônio Pereira, Prefeito".

1835 _ Portaria de 11 de dezembro do Presidente da Província ao Prefeito, participando que o encarregado dos Negócios Estrangeiros do Brasil em Lisboa avisara à Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros do Império, de ter saído daquele porto para África, ao contrabando da escravatura, o bergantim Firmeza, de construção portuguesa, comprimento e quilha limpa 58 pés, largura 81½, pontal 11, lotado em 139 toneladas. Comandante o Capitão-tenente da armada portuguesa Antônio Daniel Batista de Barros, 14 pessoas de tripulação despachando-se para as Ilhas Canárias, mandando fazer pública esta notícia.

479 _ 1835 _ Portaria de 18 de dezembro do Presidente ao mesmo Prefeito, aprovando de tirar uma sentinela da casa do troco para rondar a Vila, e evitar alguns ajuntamentos.

480 _ 1835 _ Portaria de 19 de dezembro do mesmo Presidente ao Prefeito, participando que o encarregado dos Negócios em Buenos Aires tinha avisado de que naquela capital lhe fora denunciada uma companhia que tratava de abrir chapas para falsificar bilhetes do Tesouro Nacional, que circulavam nas diferentes Províncias do Império.

481 _1835 _ Portaria de 19 de dezembro do mesmo Presidente ao Prefeito, exigindo-lhe remetesse uma relação de todas as embarcações pertencentes aos cidadãos de seu Município, declarando suas toneladas, nomes e donos, tanto das que saíssem para fora do Império, como da cabotagem, sua importação, etc.

482 _ 1836 _ Portaria de 20 de janeiro do Presidente da Província, nomeando ao alferes João Antônio dos Santos, subprefeito de Paranaguá.

Portaria de 24 de janeiro do Governo da Província ao Prefeito, participando que a Assembléia Legislativa recomendara ao mesmo que ele desse a razão por que não tinham duração o conserto que ele tinha mandado fazer nos canais por onde entravam as embarcações, como o tinha participado em ofício de 9 de dezembro de 1835.

483 _ 1836 _ Portaria nº 26. Havendo ponderado o Senhor Prefeito, em ofício de 9 de dezembro último, a vantagem que resultaria aos habitantes daquele Município e aos de Curitiba se por algum meio se pudesse conseguir o reparo e melhoramento da estrada de sua comunicação. O Presidente da Província em

-------------------------------------------------------------------------------- - -

Page 272: Vieira dos Santos vol02

conformidade do que resolveu a Assembléia Legislativa Provincial sobre este objeto incumbe ao mesmo Senhor Prefeito de mandar examinar por pessoas inteligentes a melhor direção que se possa dar à mesma estrada procurando a do Arraial de S. José dos Pinhais e bem assim do orçamento e despesa em que poderão montar as obras necessárias, dando de tudo circunstanciada conta para ser presente a Assembléia Legislativa Provincial a qual então resolverá definitivamente o que julgar competente sobre este objeto. Palácio do Governo de S. Paulo, 28 de janeiro de 1836. José Cesário de Miranda.

484 _1836 _ Ofício de 3 de fevereiro do Prefeito ao Presidente participando ser a guarnição da Vila necessário de 50 praças e que todos ganhavam soldo e etape, e eram agricultores e no caso que a Província tivesse tropa de linha, se podia criar nesta Comarca uma companhia, destacada nesta Vila para assim evitar fazer-se nela recrutamentos tão dificultosos.

485 _1836 _ Portaria de 7 de março do Presidente ao Prefeito, remetendo modelos para os distribuir aos juízes de paz e pároco a tirarem a estatística.

486 _ 1836 _ Portaria nº 36. "O Presidente da Província recebeu com satisfação o ofício do Sr. Prefeito da Vila de Paranaguá, com data de 4 deste mês e no qual fazer ver que reina perfeita tranqüilidade naquele Município, os empregados públicos se conduzem bem: a guarda nacional é digna de louvores pelos sintomas e ordem de que é animada; com igual satisfação recebeu do comandante da barra e do destacamento da mesma Vila, sem novidade, e espera que o Senhor Prefeito empregue como promete o seu cuidado na diligência de se encherem com a maior exatidão possível os seus mapas, de cujos modelos acuso o recebimento. Palácio de S. Paulo, 19 de abril de 1836. José Cesário de Miranda Ribeiro".

487 _ 1836 _ Ofício de 30 de abril que o Prefeito escreveu ao Presidente, participando a introdução da peste das bexigas em Paranaguá, havendo 14 doentes dela das quais já haviam falecido 3, e que os povos estavam muito assustados e temerosos com essa epidemia.

488 _ 1836 _ Ofício de 17 de junho do Prefeito ao Presidente, participando que na terceira sessão da Câmara de 11 de janeiro de 1830, tinha-se tratado sobre a fatura da estrada desta Vila para a dos Morretes ate o sítio de Rafael Fernandes, indicou o Vereador Correia que se orçasse em 2$ a braça em terreno areísco; e em aterrados a 8$ mil réis. As minhas forças não podem explicar o quanto é útil essa estrada e que vindo por ela tropas e descendo pinheiros a servir de mastros e vergas para os navios de guerra e mercantes é um tesouro que descobre a Nação, quanto mais que com o andar dos tempos se podem organizar fábricas para breu, piche e alcatrão de tão grande vantagem para a Nação. No caso em que o Ex.mo Governo desta Província tomar este negócio em consideração em poucos anos teria a glória de todas as Províncias do Império, e mesmo outras dependeriam dele e ela tomaria um estado de grandeza no seu comércio e por esta forma um aumento nas suas rendas; esta Vila e as do

-------------------------------------------------------------------------------- - - centro com o considerável aumento visto quanto é fértil e abundante o continente de Curitiba e seus arredores, etc. Manoel Antônio Pereira, Prefeito.

489 _ 1836 _ Portaria de 20 de setembro, remetendo ao Prefeito os exemplares do bando para os mandar publicar acerca do prazo fixado dentro do qual serão substituídas na estação do troco as

Page 273: Vieira dos Santos vol02

notas do novo padrão de 50$ e 100$ mil réis já emitidas nesta Província por outras de menores valores.

490 _ 1836 _ Ofício de 12 de novembro do Prefeito ao Presidente da Província, participando que a Câmara Municipal lhe remetera a conta da receita e despesa do ano financeiro em que mostrava ter de receita a

quantia de Rs 1:369$586

Idem de despesa Rs. 1:194$748

Havendo um saldo a favor da Câmara até o 1º de outubro 174$838.

491 _ 1836 _ Ofício de 4 de dezembro do Prefeito ao Presidente participando que no dia 2 do corrente todas as embarcações fundeadas neste porto se haviam embandeirado em glória de S. Majestade o Senhor D. Pedro II, e que uma escuna mercante portuguesa de que era comandante Matias José de Carvalho muito se distinguiu com salvas imperiais, como mostro a V. Excelência pelas partes de seu comandante.

(1) 592 _ 1836 _ Portaria de 10 de dezembro do Presidente ao Prefeito, exigindo mandasse com toda a brevidade 6 recrutas para inteirar o 6º batalhão de caçadores.

593 _ 1836 _ Ofício de 14 de dezembro do Prefeito ao Presidente do teor seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor. Em 11 de outubro deste ano oficiei a V. Excelência, enviando os esclarecimentos que pude obter relativos à estrada que segue desta Vila a encontrar-se com a do arraial de S. José dos Pinhais e conquanto me informasse com os referidos esclarecimentos dados pela Câmara, todavia não cessando procurar a maneira de melhorar uma tão útil e vantajosa estrada a esta Vila e as centrais, lembro-me que o modo mais cômodo às rendas públicas é aplicar-se anualmente um conto de réis do rendimento da barreira da dita estrada para reparo tão somente daquela parte que segue desta Vila até ao rio do Pinto, a encontrar-se com a supradita estrada, aplicação esta que me parece muito consentânea com a lei provincial nº... e por ser esta uma parte da estrada por onde vem o gado para esta Vila que paga o imposto na barreira. A mencionada quantia se poderá juntar com que a Câmara desta Vila puder concorrer e os particulares que prontamente se prestaram, como se tem prestado todas as vezes que se tem reparado tal estrada. (1) No original, o autor pulou a seqüência numérica de 491 para 592.

-------------------------------------------------------------------------------- - - Do modo indicado se conseguirá o conserto desta parte da estrada, continuando a dita aplicação por alguns anos e sendo encarregado da obra alguma pessoa desta Vila por ser o que tem um interesse mais imediato na fatura da estrada, e porque também sendo inspetor nenhum conhecimento tem destes lugares, e sua moradia fica muito distante. Resta-me porém rogar a V. Excelência que possuindo-se do zelo que tem patenteado pelo bem da Província se digne dar a estas minhas reflexões a decisão que julgar conveniente para conseguir-se o fim indicado. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, 14 de dezembro de 1836. Il.mo e Ex.mo Senhor Bernardo José Pinto Gavião Peixoto, Presidente desta Província. Manoel Antônio Pereira, Prefeito".

Page 274: Vieira dos Santos vol02

594 _ 1837 _ Ofício de 14 de fevereiro que dirigiu o Prefeito ao Presidente, dando as razões exigidas em resposta do ofício de 24 de janeiro sobre os canais. Quanto ao do Varadouro por ser lugar pantanoso, se faziam aterrados com estivas e em pouco tempo apodreciam e cresciam as matas laterais, lugar onde não havia pedregulhos nem pedra precisando-se pô-la em bom estado uma grande despesa. Quanto às balizas do canal da entrada da Vila, precisava reformá-los todos os 6 meses com as encontradas das canoas e os bichos que carcomiam as madeiras e que enquanto o canal que se pretendia abrir no 2º distrito era um lugar de lodo e de mares e se não podia conservar, bastando unicamente roçar-se os matos laterais, ficando assim mais franca a navegação.

595 _ 1837 _ Ofício de 4 de junho do Prefeito ao Presidente, participando sobre o conflito que houve de jurisdições entre o juiz de paz e o chefe do batalhão o Coronel comandante Manoel Francisco Correia Júnior, querendo aquele arrogar a si de mandar dar guardas para as procissões de festas nacionais e particulares e por queixas até prendê-los, depois da extinção dos comandantes militares e que lhe parecia esta atribuição deveria pertencer ao Prefeito.

596 _ 1837 _ Portaria do 1º de setembro do Presidente ao Prefeito, participando logo que recebesse alguns caixotes com mudas de erva-mate, remetidas pelo Prefeito de Curitiba, as fizesse seguir na primeira embarcação para o Rio de Janeiro, a entregar no jardim botânico daquela Cidade à disposição do Ex.mo Ministro do Império.

597 _ 1837 _ Portaria de 22 de setembro do Presidente da Província ao Prefeito, remetendo-lhe uma proclamação para que a fizesse publicar e conseguir-se a apresentação voluntária do maior número possível de guardas nacionais para fazer parte da expedição eu devem auxiliar as forças da legalidade, que tinha de marchar para a Província do Rio Grande do Sul em destacamento de um ano.

598 _ 1837 _ Ofício de 30 de setembro que escreveu o Prefeito ao Presidente, participando que no dia 7 houve Te Deum laudamus e missa cantada a que assistiram todas as autoridades e povo, reunindo-se o batalhão. Houve o benzimento das bandeiras, luminárias em toda a Vila, cantando o hino à noite, e que do Rio de Janeiro tinham chegado três embarcações com algumas pessoas

-------------------------------------------------------------------------------- - - doentes, e apareceram-lhe as bexigas, mas que logo dera as providências e os socorros necessários a serem tratados com todo o cuidado; e que muitas famílias temerosas se retiraram para fora da Vila.

599 _ 1837 _ Portaria de 14 de outubro do Presidente da Província ao Prefeito, fazendo-lhe a encomenda de uns paus para a mastreação da nau Pedro II, podendo-se encontrá-los nas matas de Paranaguá, talvez por preços mais baratos, do que em outros lugares acompanhando a seguinte relação.

Paus de óleo de guanandim que se precisam para se fazerem os mastros grande, fraquete e gurupés da nau D. Pedro II:

14 paus de 70 a 78 pés de comprido de 20 a 22 polegadas de grossura;

13 ditos de 50 a 60 ditos 19 a 20 ditas;

Page 275: Vieira dos Santos vol02

7 ditos de 40 a 50 ditos 18 a 20 ditas.

Arsenal da marinha, 7 de junho de 1837..

João Batista Rodrigues, contramestre encarregado da Ribeira Velha, Secretaria do Governo de S. Paulo, 17 de outubro de 1837. Joaquim Floreano de Toledo.

600 _ 1837 _ Aviso de 16 de outubro do Ministro da Guerra Sebastião do Rego Barros, remetendo pela escuna Fidelidade, comandante João Custódio, caixões com armamentos para se armarem os guardas nacionais que deviam marchar para a Província de S. Pedro do Sul, em defesa da legalidade: esta escuna era vaso de guerra.

601 _ 1837 _ Ofício de 16 de outubro do Presidente à Câmara remetendo lâminas com o pus vacínico visto a participação que se havia feito das bexigas ter levado a consternação às famílias..

602 _1837 _ Ofício de 17 de outubro do mesmo Presidente ao Prefeito, participando que do Rio de Janeiro tem de ser remetidas uma porção de carabinas, pistolas e espadas, e logo que as recebesse as fizesse seguir para Curitiba.

603 _ 1837 _ Ofício de 23 de outubro, que dirigiu o Prefeito ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra, acusando o recebimento de 23 volumes de artigos bélicos vindos pela escuna de guerra Liberal, entrada no dia 22. Recebimento no trapiche da alfândega, dos objetos abaixo declarados:

9 caixões que diz terem 272 clavinas

2 ditos que diz terem 272 poldres, 100 molas e 200 pederneiras

2 ditos com 280 patronas, 172 molas, 62 correias

4 ditos com 272 espadas

5 ditos com 272 pistolas

23 volumes.

Paranaguá, 23 de outubro de 1837.

José Pinto de Amorim.

604 _ 1838 _ Ofício de 13 de fevereiro do Prefeito ao Presidente, participando a fugida de 14 recrutas da cadeia ao amanhecer no dia 7 do corrente, sendo

-------------------------------------------------------------------------------- - - nove da Vila Antonina, quatro deste Município e um da Vila de Guaratuba.

Page 276: Vieira dos Santos vol02

605 _ 1839 _ Ofício de 3 de janeiro do coletor das rendas nacionais o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia Júnior, como comandante das mesmas: "Il.mo e Ex.mo Senhor. Levo à presença de V. Excelência o ofício incluso do alferes do comandante do destacamento em que me participa o estado em que se acha o quartel (como ainda hoje eu mesmo fui ver) o estado do dito e igreja, achei com efeito as paredes abertas pelas grandes árvores que tem criado; e por isso levo isto ao conhecimento de V. Excelência para dar as providências que achar convenientes, assegurando a V. Excelência que, havendo descuido, corre risco o desmoronamento das paredes da igreja e fundos, e disto resultar a ruína de muitos prédios, que estão em frente e ao lado, além do prejuízo que sofrerá a Nação com a ruína das paredes. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, 3 de janeiro de 1839. Il.mo e Ex.mo Senhor Venâncio José Lisboa. Manoel Francisco Correia Júnior"

606 _ 1839 _ Ofício de 4 de junho de 1839, do mesmo Tenente-coronel das guardas nacionais ao Presidente da Província.

"Il.mo e Ex.mo Senhor. A portaria de V. Excelência, de 16 de janeiro do corrente, em resposta ao meu ofício de 3 do mesmo mês em seu devido tempo e não respondi porquanto estava à espera que o inspetor da alfândega desta Vila por ordem da tesouraria mandasse fazer o conserto indispensável e como até agora o não tenha feito, por isso que além dos interesses nacionais, vou lembrar a V. Excelência que este quartel é parte do edifício onde está colocada a igreja, e ameaça ruína em todo ele, o que se pode evitar, conservando o existente no abandono em que esta virá a Nação a ter um prejuízo de alguns contos de réis, que vale o dito edifício, e que de dia em dia se vai danificando, quanto dos espeques que V. Excelência me ordena mande pôr, tenho a lembrar a V. Excelência que é desnecessário mandar fazer, porém lembro a V. Excelência que é de extrema necessidade mandar tirar as raízes das árvores que estão aluindo cada vez as ditas paredes; e mandar fazer uma parede de pedra e cal, nos fundos da igreja, pois estando há quatro anos a recolher água, para dentro, está acabando de apodrecer o assoalho da sacristia e consistório, tendo já inutilizado dois armazéns e que antes serviam e eram alugados para sala e cozinhas. O interesse que tomo pelos bens nacionais me movem a levar o exposto a V. Excelência que mandará o que for servido, e me persuado que além da referida parte do quartel reclama a urgência de um retelho geral. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, 4 de junho de 1839".

607 _ 1839 _ Ofício de 30 de outubro do Juiz Municipal o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, ao Presidente da Província, participando ter entregado ao comandante da barca de vapor S. Salvador 12 praças de marinheiros, e ao comandante da canhoneira nº 16 duas praças e que tinha requisitado uma guarda para a cadeia de 9 praças e 1 cabo.

608 _1839 _ Ofício de 2 de novembro que escreveu o Juiz Municipal ao

-------------------------------------------------------------------------------- - - Comandante das guardas nacionais:

"Il.mo Senhor. Sendo preciso conservar-se um destacamento efetivo na fortaleza desta Vila para serviços que nela se conservaram até ontem em defesa dos corsários, que pode ser invadida, pois que o corsário já veio aproximar-se da barra a reconhecer as forças, por isso que considero que o menor número de praças para guarnecer a fortaleza deve ser de 30 praças, que as requisito a V. Excelência, bem como no destacamento da Vila em nome do Ex.mo Sr. Presidente da Província a prontidão e patriotismo que mostraram e se prestaram no dia 31 de outubro até ao presente em defesa desta Vila a reforçar a fortaleza, dignos de amor e lealdade ao nosso Soberano e obediência às leis; nada mais me encheu de prazer porque conheço a confiança que sempre fiz em

Page 277: Vieira dos Santos vol02

seus habitantes e boa harmonia que reina entre nós, o que se faz louvável. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, 2 de novembro de 1839. Il.mo Sr. Comandante do batalhão das guardas nacionais. O Juiz Municipal Manoel Antônio Pereira".

609 _ 1839 _ Ofício que o Juiz Municipal escreveu ao Presidente, em 2 de novembro:

"Il.mo e Ex.mo Senhor. Parte dos movimentos que tenho dado em auxílio da fortaleza e defesa da Vila pela parte que me deu o Comandante da fortaleza Joaquim Ferreira Barbosa, em 31 de outubro, recebida às 4 horas da tarde do mesmo dia. Logo que recebi o ofício do Comandante da barra e oficiei ao Major Comandante do batalhão da guarda nacional para que em prazo breve arranjasse um reforço de 20 praças, de bons guardas, bem armados e os fizesse seguir para a barra, às ordens do Comandante da fortaleza, comandados por um oficial hábil que muito breve se aprontaram e com muito entusiasmo, indo por Comandante o alferes reformado de tropa de linha Manoel Antônio Dias. Para esta aprontação logo apareceu o Major Comandante Manoel Antônio Pereira Filho, e tocando-se a chamada logo se reuniram todos os oficiais e guardas que se achavam na Vila e todos os cidadãos em grande número e assim se conservaram toda a noite com dobradas rondas e explorações. No transporte e reforço para as 20 praças e Comandante se empregaram uma lancha grande e duas canoas tripuladas com dobre de remeiros e algum mantimento e armas que havia prontas e se mandaram para a fortaleza; isto se fez no prazo de uma hora, pouco mais ou menos; esta tropa se embarcou debaixo de toque e vivas a S. Majestade e grande povo se ajuntou e se conservou no quartel; e ouvindo-se tiros na fortaleza apesar de longe, se pensou que fosse rebate; seriam das nove para as 10 horas da noite, ordenei um reforço para seguir no dia 1º de novembro, de manhã, de uma lancha tripulada com uma peça de bronze e dois barris de pólvora, baetilha, pederneiras e tropa com algum mantimento que precisasse para os remeiros e tropa que julguei preciso, em que foram uns 10 guardas. Fiz lembrar ao Comandante da fortaleza que como se achava a artilharia desmontada por estarem podres os reparos, que promovesse fazer aterros a cada peça, em ponto de dar algum tiro. Para o serviço da fortaleza ordenei se requisitasse ao

-------------------------------------------------------------------------------- - - Comandante do batalhão o destacamento para aquele ponto, que fosse pelos menos de 30 praças com 9 marinheiros para ajudar o serviço e que ficassem às ordens do Comandante da fortaleza, bem como o destacamento da Vila. No 1º de novembro, foi mandado o iate apresado que se pôs em depósito, e logo depois 5 prisioneiros farrapos, que se estava procedendo a indagações, estes representando que há dois não tinham comido, e nem proteção de ninguém, ordenei um sustento módico, de 120 réis diários a cada praça que deve ser à custa da Nação, algumas outras providências se tem dado e se darão conforme ocorrerem as circunstâncias que estiverem a meu alcance. Deus guarde V. Excelência. Paranaguá, 2 de novembro de 1839. Il.mo e Ex.mo Sr. Presidente desta Província. O Juiz Municipal Manoel Antônio Pereira".

610 _ Outro ofício do mesmo ao Presidente:

"Il.mo e Ex.mo Senhor. Com o sinal de rebate na fortaleza, acudiu o povo sem se escusarem, vendo o corsário aproximar-se à presa, e mais outra vela ao mar, com a entrada de um brigue inglês que sofreu caça. Estando nesta confusão, oficiei ao Comandante da guarda nacional da Vila Antonina, Antônio José Vieira Ramalho, requisitando o reforço de 20 praças que respondeu no ofício junto. No dia 2 do corrente, ordenei que ficasse o destacamento e que fosse para a barra a render o outro e que a mais tropa se retirasse às suas casas, advertindo-lhes que logo que ouvisse o toque da chamada ou rebate que comparecessem prontamente, assim o prometeram; e

Page 278: Vieira dos Santos vol02

agradecendo-lhes em nome de S. Excelência a prontidão e patriotismo. Em todos estes movimentos me achei presente com o Comandante do batalhão, oficiais, juiz de paz e nobreza da terra que muito louvavelmente se prestaram sem que neste ajuntamento houvesse novidade, ou desavenças e animosos na defesa. No dia 24 de outubro, entrou neste porto, a canhoneira de guerra nº 16 e outra escuna, com portaria do Ex.mo Sr. Presidente de Santa Catarina de 14 do mesmo, avisando pelos portos daquela Província que constava terem saído da Laguna, corsários e que lhe pôs o visto; e fiz público e entreguei 2 recrutas para marinheiros que estavam presos, e no dia 25 saíram as duas embarcações conforme as ordens que traziam. Deus guarde V. Excelência. Paranaguá, 2 de novembro de 1839. O Juiz Municipal Manoel Antônio Pereira".

611 _ 1839 _ Portaria do Presidente de 21 de novembro em resposta às antecedentes:

"Sendo presente a este Governo o ofício de 2 do corrente, do Sr. Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, Juiz Municipal da Vila de Paranaguá, em que expõe os sucessos que ocorreram na Vila por ocasião da audácia com que os piratas saídos da Laguna, chegaram a aparecer na barra da mesma, e as enérgicas providências que o mesmo Juiz Municipal deu para defesa da mesma, coadjuvado pelas demais autoridades e cidadãos, que todos acudiram ao grito da pátria. Tem o Presidente da Província a declarar ao Senhor Juiz Municipal que lhe foi muito satisfatória a certeza do louvável comportamento das autoridades e cidadãos

do Município, nessa ocasião de empenho, e que tendo o Governo pela sua parte dado todas as providências para a defesa da costa, já por via do brigue imperial Pedro, do Governo central, para cruzar na mesma costa já que acaba de partir para essa conduzindo e comboiando a expedição de tropa de linha, destinada para o Rio Negro, com instruções competentes, já por via de outras ordens que expediu para ser melhor guarnecida a fortaleza dessa Vila, confia que para o futuro se evitará a repetição de tais insultos. No entanto, o Presidente da Província, as enérgicas e acertadas providências dadas pelo Sr. Juiz Municipal, dando-lhe sinceros louvores por toda a sua conduta nessa ocasião. Palácio do Governo de S. Paulo, 21 de novembro de 1839. Manoel Machado Nunes".

612 _1840 _ Ofício de 10 de março do Juiz Municipal ao Presidente, em resposta à portaria de 10 de fevereiro, na qual lhe ordenava em que Fr. Julião Borba e Fr. Bartolomeu Marques, religiosos da Ordem dos Missionários da Observância de S. Francisco se achavam autorizados a pedir esmolas de cujas portarias tinha mandado extrair cópias e remetido aos Juízes Municipais da Comarca.

613 _ 1841 _ Ofício de 12 de fevereiro do Tenente-coronel do batalhão ao mesmo Presidente participando ter a chegada no dia 2 o bergantim Éolo, com 600 armas e outros artigos bélicos dos quais exigiu se pudesse fornecer a legião com 200 armas e 200 correames, por ter feito várias vezes essas requisições.

614 _1850 _ Ofício de 19 de janeiro da Câmara ao Presidente, participando haver falecido o professor de primeiras letras Hildebrando Gregoriano da Cunha Gamito.

615 _ 1850 _ Ofício de 20 do mesmo mês que a Câmara escreveu ao cidadão Simão José Henriques Deslandes, encarregado-o da administração da obra do novo cemitério.

616 _1850 _ Ofício de 23 do mesmo mês da Câmara dirigido ao fiscal, ordenando-lhe o conserto de várias ruas; e principalmente a calçada na denominada Pedro de Matos na largura de seis palmos, em toda a extensão dela, pelos estragos que causaram os temporais.

617 _ 1850 _ Ofício de 22 de fevereiro que a Câmara escreveu ao delegado suplente o Capitão-mor Manoel Pereira, fazendo-lhe ver que como se achava doente o inspetor da saúde daquele

Page 279: Vieira dos Santos vol02

porto, fosse servido ordenar que o Dr. Eduardo Killer se incumbisse do tratamento dos enfermos contagiados da peste reinante que se achavam a bordo dos navios que estavam de estadia.

618 _ 1850 _ Ofício de 8 de abril que a mesma Câmara dirigiu ao Juiz Municipal o Dr. Filástrio Nunes Pires, o não terem dado faculdade ao francês Nicolau Monggie de poder estabelecer na Cidade um consistório de homeopatia, por não haver apresentado as necessárias habilitações.

619 _ 1850 _ Ofício de 9 de abril da Câmara ao Presidente da Província, participando-lhe as providências que tem dado para não grassar na Cidade a febre reinante das Províncias do norte, do Império e que felizmente ainda não tinha chegado e de terem já alugadas umas casas fora da Cidade para o curativo dos enfermos.

620 _ 1850 _ Ofício de 10 de abril da mesma dirigido a Manoel José Machado da Costa, provedor da saúde, participando ter-se alugado fora da Cidade, na Ilha da Cotinga, a chácara de Manoel Antônio Amora para nela se recolherem as gentes pobres e desvalidas, que fossem atacados de epidemia reinante e destinando que o lugar da quarentena dos navios fosse perto da Ilha das Cobras tanto dos que viessem dos portos do norte, como do sul.

621 _ 1850 _ Ofício de 10 de abril da mesma ao Dr. Juiz Municipal Filástrio Nunes Pires, ativando-o sobre as providências que deve dar, a obstar o contágio da febre reinante, com a notícia que há de pessoa conceituada do 2º distrito, haver participado que na barra do rio das Laranjeiras e outros pontos, a mesma febre tinha aparecido e que andavam boiando corpos mortos lançados ao mar de bordo do navio que lá foi carregar. Outro igual ofício escreveu a Câmara com a mesma data ao delegado suplente o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira.

622 _ 1850 _ Sessão de 17 de maio, ofício da Câmara ao Presidente da Província, participando que foram nomeados em virtude da portaria de 24 de agosto próximo passado, para suplentes do Juízo Municipal e de órfãos do termo da cidade: 1º José Francisco Barroso, 2º o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, 3º Tristão Martins de Araújo França.

623 _ 1850 _ Sessão ordinária do 1º de julho, se deu posse à nova Câmara Municipal, em conseqüência da portaria do Ex.mo Governo da Província, em data de 4 de abril pretérito, em que designou esse dia a se procederem as eleições municipais, e haver S. Majestade o Imperador por bem e sua imediata resolução de 11 de novembro, comunicada pelo visto do Ministro do Império, de 21 do mesmo mês do ano próximo passado, declarar nulas e de nenhum efeito as eleições desta Cidade que foram feitas em 7 de setembro do dito ano, e comunicadas à Câmara pela portaria do Presidente de 12 de dezembro do mesmo ano. A nova Câmara que tomou posse foram os cidadãos seguintes: Joaquim Félix da Silva, Joaquim Cândido Correia, Ricardo Gonçalves Cordeiro, José Francisco Barroso, José Alexandre Cardoso, Manoel Leocádio de Oliveira, Cipriano Custódio de Araújo.

624 _ 1850 _ Sessão de 11 de julho. Ofício que o médico o Dr. Eduardo Killer escreveu à Câmara prometendo dar consultas grátis à pobreza, todos os dias no consistório da Misericórdia, uma vez que a Câmara contribuísse com uma cota de remédios para ajuda dos que a Santa Casa da Misericórdia pudesse fornecer; deliberaram que pelas rendas do mesmo cofre, se fornecesse com a quantia de Rs. 50$000, para o fim de aliviar a classe indigente.

625 _ 1850 _ Sessão da Câmara de 17 de julho. O vereador Joaquim Cândido Correia indicou que a Câmara ordenasse ao fiscal fizesse o seu orçamento sobre o cais por ele indicado, pois lhe constava que D. Isaías ajudava

Page 280: Vieira dos Santos vol02

a fazer dez braças e o Tenente-coronel Francisco Correia cinco.

626 _ 1850 _ Sessão de 18 de julho, o mesmo vereador Joaquim Correia indicou a necessidade que havia de fazer o conserto preciso na fonte de cima e que para esse efeito se oficiasse ao Deslandes.

627 _ 1850 _ Sessão de 21 de julho. A comissão de contas deu o seu parecer sobre a fatura que se pretendia fazer da confecção do novo cais em seu seguimento ao que foi feito por D. Isaías até ao do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, cujo espaço havia um comprimento de 160 palmos e seria necessário fazê-lo de 3 palmos de fundo, 4 de grossura, arrematado em 3 e para isso era necessário dos materiais orçados na conta seguinte:

15 barcadas de pedra a 15$000 195$000 5 moios de cal a 10$000 50$000 8 barcadas de barro a 2$000 16$000 16 dias a 4 pedreiros a 1$000 44$000 16 ditos a 4 serventes a $640 4$960

365$960 José Francisco Barroso,

Ricardo Gonçalves Cordeiro, Manoel Antônio Dias.

ADICIONAL AO QUARTO CAPÍTULO

628 _ 1849 _ Não havendo entrado seguidamente no fio da história alguns fatos ocorridos e dignos de serem memorados, se adicionarão nesse lugar.

Na sessão de 10 de outubro o vereador José Francisco Barroso, ofereceu à consideração da Câmara o contrato que havia efetuado com Cândido de Oliveira Salgado para a confecção do cais em seguimento ao de D. Isaías de Elia, que foi contratado pela maneira seguinte:

Condições que contratei por ordem da Câmara com o abaixo assinado para a fatura de um paredão na praia que é o seguinte:

1º - Que o paredão foi contratado pelo preço e quantia de quatrocentos e sessenta mil réis.

2º - Que terá o paredão 16 braças de comprimento, tendo princípio no de D. Isaías e no último do Comendador Manoel Antônio Guimarães, e terá o mesmo paredão 3 palmos de profundidade e 4 de grosso na sapata, rematando em cima com 3.

3º - Que será feito com toda a perfeição com mais parte de cal do que de saibro.

4º - Que o contratante nada fará sem que seja consultado com José Francisco Barroso na sua edificação para cujo fim também assinou-se com o contratante; e cuja obra a dará pronta da data deste a dois meses e não o fazendo, pagará 50$000 de multa, e o pagamento da dita obra será feito em três: princípio, meio e fim, e por assim termos contratado, nos assinamos nesta Cidade de Paranaguá, em 10 de outubro de 1849. Por Cândido de Oliveira Salgado, Francisco Gonçalves de Araújo. José Francisco Barroso,. O qual foi aprovado pela Câmara. O vereador Manoel Antônio Dias indicou na mesma sessão a necessidade de se mandar buscar ao Rio de Janeiro um reposteiro, para a porta grande da igreja matriz com os rendimentos da fábrica, e servir nas festas da Semana Santa e funções nacionais, e formoseamento da mesma igreja, e mesmo porque o tapavento estando fechado, impedia muito povo; e o vereador Joaquim Cândido Correia também indicou que viessem mais 2 reposteiros para as portas laterais da mesma igreja.

Page 281: Vieira dos Santos vol02

629 _ 1849 _ Sessão ordinária de 11 de outubro, o vereador Cipriano Custódio de Araújo indicou que se oficiasse ao Governo que, estando há mais de dois anos a capela de Guaraqueçaba pronta para ser benzida com pia batismal

e bem assim o seu cemitério que por deliberação da Câmara fora marcado que até agora não tinham esta dita os povos daquele curato, desfrutado este grande bem, por ainda se não ter benzido a mesma capela e entrar em seu exercício e como declarava a provisão de ser ela benta pelo Vigário colado, que não existe, e sim no Rio de Janeiro, e que igualmente se fizesse lembrar ao Governo o pedido de uma cota de Rs. 600$000 que já a Câmara lhe havia feito, para comprar os paramentos necessários da mesma capela que se faziam necessários, dando assim uma gratidão àqueles povos.

630 _ 1849 _ Sessão ordinária de 12 de outubro. O vereador Ricardo Gonçalves Cordeiro fez a indicação para Câmara mandar calçar a rua da Misericórdia desde a casa onde mora Manoel Francisco Lemes até a do Francisco Navalhada, contanto que os proprietários fizessem as suas testadas na forma do artigo 32 das posturas. A comissão de contas achou haver um saldo a favor de Rs. 2:222$181, nas que tomou ao coletor das novas rendas.

631 _ 1850 _ Sessão ordinária de 15 de janeiro. O vereador Joaquim Cândido Correia ofereceu a seguinte indicação, que sendo preciso providenciar a fatura do cemitério, que ficou adiada na sessão passada para se tratar nesta, era de parecer que se oficiasse ao cidadão Simão José Henrique Deslandes, consultando-o se ele queria incumbir-se da inspeção dessa obra desde seu começo até final conclusão, participando a Câmara as condições que lhe convinha aceitar com a direção da mesma obra.

632 _ 1850 _ Sessão ordinária de 16 de janeiro. Ofício recebido do cidadão Simão José Henrique Deslandes com data de hoje em resposta ao que lhe dirigiram ontem, assegurando à Câmara que de bom grande se incumbia da direção da obra do cemitério, de baixo das únicas considerações de satisfazer a Câmara por seus delegados as folhas dos jornais dos operários que semanalmente lhe fossem apresentados, sujeitas tanto esta, como a obra à inspeção da Câmara ou de qualquer de seus membros, deixando à deliberação da Câmara e outras circunstâncias que julgarem necessárias, lembrando que seria muito útil que se agregassem os lastros de pedra das embarcações que entrassem no porto. Sendo discutido, deliberou a Câmara que aceitava a oferta e muito lhe agradecia o bom grado com que se prestava em beneficiar o país, conformando-se com as condições propostas; e que a Câmara passava a mandar pôr editais a quem quisesse encarregar-se de prestar os materiais precisos.

633 _ 1850 _ Sessão ordinária de 16 de janeiro. Nela apresentou Cândido de Oliveira Salgado um requerimento relativo à fatura do novo cais que o mesmo já tinha feito, e contratado com a Câmara e que passando-se a examinar a obra feita, encontrou-se por concluir 30 palmos, por cuja edificação julgava ser suficiente a quantia de cem mil réis em que orçou para seu pagamento, pela razão ter de fazer sobre um perau o que certamente consumiria grande quantidade de materiais, jornais de obreiros e mesmo porque se não podia trabalhar a toda a honra por causa das marés.

-------------------------------------------------------------------------------- - - A comissão foi de parecer que se mandasse continuar o cais; e se lhe dessem os cem mil réis. Deliberaram igualmente pagar-se mais ao empresário Rs. 150$ mil réis para concluir as duas

Page 282: Vieira dos Santos vol02

braças do cais de dez palmos cada uma. Puseram editais convidando os povos do Município a subscreverem voluntariamente para a confecção do novo cemitério, com o que cada um pudesse, para cujo fim se achariam assinaturas abertas nas casas do Senhor Presidente da Câmara e do vereador Ricardo Gonçalves Cordeiro e no escritório do Comendador Manoel Antônio Guimarães.

634 _ 1850 _ Sessão de 19 de janeiro. A Câmara fez a seguinte representação à Assembléia Geral:

"Augustos e digníssimos Senhores Representantes da Nação. Se a época da instalação dos corpos legislativos dos países que gozam da liberdade disputam sempre a esperança de um futuro bonançoso de mais bem e finalmente de colocar a pátria no alto grau que lhe compete esse sentimento, pulula no coração de todo o Brasileiro, verdadeiramente tal, a convencer-se que na verdade uma nova era se vai abrir para o país em que sábias leis firmem o edifício social e medidas de energia e vigor façam desaparecer para sempre os sintomas das desordens que por vezes tem colocado o mesmo país à borda do abismo. A Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, da Província de S. Paulo, exultando pela vossa augusta reunião nesse augusto recinto, se congratula convosco e órgão fiel de seus munícipes que depositam em vosso seio pura adesão às instituições e à sagrada pessoa de S. Majestade o Imperador. Deus guarde a Vossas Excelências. Paço da Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, em sessão ordinária de 19 de janeiro de 1850. Joaquim Félix da Silva, Joaquim Cândido Correia, Tristão Martins de Araújo França, José Francisco Barroso, Cipriano Custódio de Araújo, Ricardo Gonçalves Cordeiro, Manoel Leocádio de Oliveira".

Outra representação fez a Câmara à Assembléia Provincial da maneira seguinte:

"Ilustríssimos Senhores da Assembléia Provincial. A Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, possuída de maior júbilo pela vossa reunião nesse recinto, se congratula por esse fato. Esta Província, gemendo por cinco anos sob o jugo de uma política anti-constitucional esgotou, com resignação os sofrimentos que lhe aplicavam, contudo nunca esfriou nela esse patriotismo que jamais desmentiu desde que o Império surgiu no berço. Vossa missão, Senhores, é brilhante e por certo que nas patrióticas instituições que vos animam, darão à Província leis providentes e profícuas com as quais a administração da Província poderá cumprir a missão espinhosa que lhe confiou o Governo Imperial, e que até hoje tem sabiamente sabido acudir às reclamadas necessidades públicas. A Câmara Municipal desta Cidade vos assegura de seus sentimentos pela ordem pública e pelas instituições políticas que regem o Império. Deus guarde a Vossas Excelências. Paço da Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, em sessão

ordinária de 19 de janeiro de 1850. Joaquim Félix da Silva, Joaquim Cândido Correia, Tristão Martins de Araújo França, José Francisco Barroso, Cipriano Custódio de Araújo, Ricardo Gonçalves Cordeiro, Manoel Leocádio de Oliveira".

635 _ 1850 _ Sessão ordinária de 5 de abril. Tratavam sobre a deliberação de se mandar fazer as calçadas das ruas da Cidade, as chamadas de Joaquim Luiz, de Pedro de Matos e a do caminho para a fonte nova.

636 _ 1850 _ Sessão ordinária de 6 de abril. A comissão de contas, tendo examinado minuciosamente a receita e despesa apresentada pelo respectivo coletor, encontrou nelas um saldo a favor da caixa de Rs. 2:875$695, e observa com prazer o aumento que tem havido nas rendas, o que prova o zelo do atual coletor no cumprimento de seus deveres. Tem-se gasto a quantia de Rs. 657$596 na obra do cemitério, cuja vista aparecia na mencionada conta. O vereador José Francisco Barroso indicou que se mandasse fazer um telheiro na fonte denominada de cima para a parte em que estavam hoje colocadas as bicas, a fim de abranger as lavadeiras do sol e temporais. A Câmara mandou uma comissão examinar, e acharam ser de necessidade

Page 283: Vieira dos Santos vol02

formar-se uma meia água com 14 palmos de fundo e 44 de comprimento; além de outro telheiro que já ali tem aberto, por todos os lados o qual se poderia fazer com Rs. 100$000; e a mesma comissão julgou de necessidade rodear-se este telheiro com um paredão baixo de 3 a 4 palmos de alto com um portão para dar entrada da fonte, e preservar aquele lugar do ingresso dos animais que o tem tisnado, e da imundície que contrai a terra, que produz lama e deixá-la no primitivo estado de pedra, ainda que fosse necessário suspender o ladrilho para o pôr ao nível das sapatas ora existentes, ou o que desenvolver outras opiniões. Paço da Câmara Municipal, em sessão ordinária de 8 de abril de 1850. Manoel Leocádio de Oliveira, Cipriano Custódio de Araújo.

637 _ 1850 _ Em 12 do mês de agosto foi benzida pelo Vigário da vara de Paranaguá o Padre Agostinho Machado Lima, a nova capela do Senhor Bom Jesus de Guaraqueçaba, do 2º distrito da Cidade, bem como foi a sua pia batismal e o cemitério da mesma.

Aqui finalizam as memórias históricas paranagüenses, deixando às Câmaras Municipais vindouras um vastíssimo campo para a sua continuação, fazendo anualmente exarar os fatos mais heróicos e singulares que acontecerem anualmente, os mapas da população, o dos nascimentos, óbitos e casamentos e os rendimentos nacionais da alfândega e consulado, e finalmente tudo quanto for ao engrandecimento da Cidade

P A R A N A G Ü E N S E.

- F I M -

ÍNDICE DAS MATÉRIAS PRINCIPAIS

Dedicação 3

Descrição topográfica da Cidade 9 Descrição da Cidade 13

Série cronológica dos Capitães-mores, governadores

e comandantes militares 23

Idem dos Ouvidores Gerais e Corregedores da Comarca 26

Idem dos juízes de fora municipais, delegados, e subdelegados 29

Idem dos Juízes de Direito 31

Estatística da população 33

Mapas das embarcações que entraram e saíram 35

Sinopse dos cidadãos paranagüenses que serviram no governo 36

Idem dos Comendadores e cavalheiros paranagüenses 39 Descrição histórica da igreja matriz 43

Série cronológica dos Párocos da mesma 47

Page 284: Vieira dos Santos vol02

Mapa do estado clerical e religioso 51

Necrologia das pessoas mais principais falecidas 55

Mapa dos nascimentos, casamentos e óbitos 73

Irmandades antigas que houve na igreja matriz 75

Notícia histórica da Irmandade do SS. Sacramento 76

Idem do inventário dos bens e jóias da mesma 78

Testamento do sargento-mor Cristóvão Pinheiro França 92

Mapa das receitas e despesas desta Irmandade 94

Idem dos provedores, escrivães, tesoureiros e procuradores da mesma 97

Notícia histórica da Irmandade da Senhora do Rosário 105

Inventário dos bens da mesma 120

Breve pontifical do Papa Clemente XI 122

Mapa da receita e despesa da mesma Irmandade 124

Irmandades de S. Miguel Arcanjo e de S. Antônio 127

Ordem 3ª de S. Francisco das Chagas 129

Série cronológica dos Padres comissários 138

Inventário dos bens da mesma ordem 140

Notícia histórica da capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões 143

Idem receita e despesa da mesma pelos protetores 145

Notícia da ereção da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia 149

Benfeitores da mesma Santa Casa 151

Hospital da Santa Casa da Misericórdia 151

Receitas e despesas do hospital 162

Provedores, escrivães, tesoureiros e mordomos, etc. 170

Igreja e Irmandade de S. Benedito 173

Paço da Câmara Municipal da Cidade 177

Page 285: Vieira dos Santos vol02

Bens do Conselho e rendimentos da Câmara 181

Iluminação da Cidade 188

Colocação dos lampiões nas ruas 192

Mapas dos rendimentos diversos arrecadados pela Câmara 195

Notícia histórica do Colégio dos extintos Jesuítas 201

Casa da alfândega e série de seus inspetores 218

Mapas dos rendimentos, consulado e outros 220

Fortaleza da barra da cidade 223

Relação circunstanciada e sucessos do memorável dia 230

1º de julho de 1850 com o vapor Cormorant

Notícia histórica precedente à fundação da fortaleza 242

Orçamentos feitos para o reparo da fortaleza 246

As barras das baías de Paranaguá 251

Cemitério público da Cidade 257

Arsenal e estaleiro 263

Notícia descritiva e histórica da Cidade em continuação

ao primeiro capítulo 267

Mapas das observações meteorológicas desde o ano de 1842 a 1845 270

Longevidade da vida humana 284

Instrução primaria das escolas de meninos e meninas 287

Aula de gramática latina 290

Força dos corpos das guardas nacionais e policiais 293

Série cronológica dos comandantes militares delas 296

Notícia histórica dos corpos de ordenanças 297

Proprietários principais da Cidade 303

Matronas ilustres paranagüenses 307

Comércio de exportação aos portos do Império e estrangeiros 311

Governo administrativo civil, eclesiástico e militar, etc. 323

Page 286: Vieira dos Santos vol02

____________

1850

-------------------------------------------------------------------------------- - - EXPLICAÇÕES

I _ Esta publicação foi feita sob os auspícios e orientação da Seção de História do Museu Paranaense.

II _ No Congresso Regional de História, realizado durante as comemorações do tricentenário de Paranaguá, ficou deliberado ser mantida a mesma ortografia do autor, separando-se apenas os artigos, preposições e conjunções das palavras que seguiam, a fim de tornar mais fácil a leitura.

III _ Os originais estão sob a guarda do Círculo de Estudos Bandeirantes _ Curitiba.

IV _ Por gentileza do Dr. José Loureiro Fernandes, foram os originais colocados à nossa disposição, para serem publicados.

V _ Ruy Altamir da Cruz copiou datilograficamente os originais; Ivo Simas Moreira copiou os desenhos; Maria das Neves Canelas e Regina Moreira conferiam a composição pelos originais; Júlio Moreira fez a revisão da matéria paginada.

VI _ A publicação foi feita na Imprensa Oficial do Estado, com a colaboração de: Dr. Ítalo Domício Borba, diretor; Dr. João Vialle, assistente técnico; João Eugênio Zimmermann, chefe das oficinas; Leonel Cirino Marcos, encadernador-chefe; Alfeu de Macedo Cavalcanti Filho, chefe da seção de multilith; Anésio de Tullio e Homero Samways, linotipistas; Tadeu Wojcik, paginador; João Francisco Castellano, impressor.

VII _ As notas com (N.J.) são de autoria de Nascimento Júnior e as com (J. M.) são de Júlio Moreira.

VIII _ A todos que auxiliaram e tornaram possível a publicação deste volume, os nossos mais sinceros agradecimentos.

Curitiba, dezembro de 1952.

Page 287: Vieira dos Santos vol02

DR. JÚLIO MOREIRA,

Diretor da Seção de História do Museu Paranaense.