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1. INTRODUÇÃO

O estado de estresse está intimamente ligado com a capacidade de

adaptação do individuo a alguma situação. O objetivo principal deste trabalho é

entender os motivos que levam os indivíduos a ter estresse, quais os sintomas

físicos e psíquicos, mas freqüentes.

Nas últimas décadas, a expressiva mudança em todos os níveis da

sociedade passou a exigir do ser humano uma grande capacidade de adaptação

física, mental e social. Muitas vezes, a grande exigência imposta às pessoas

pelas mudanças da vida moderna e, conseqüentemente, a necessidade

imperiosa de ajustar-se à tais mudanças, acabaram por expor as pessoas à uma

freqüente situação de conflito, ansiedade, angústia e desestabilização

emocional.

No âmbito empresarial o que pode ser feito pelos gestores para que seus

colaboradores estejam preparados para a pressão exercida sobre eles e diante

disso não deixar seu psicológico abalado, quais as conseqüências que podem

sofrer as empresas com indivíduos que respondem sob pressão sintomas de

estresse leve e até agudos causando doenças graves que podem deixar

seqüelas.

2. STRESS

De acordo com Camelo & Angerami, Hans Selye foi o primeiro médico a

empregar o termo ‘stress’ na área da saúde. Ao observar seus pacientes,

identificou que muitos reclamavam de sintomas comuns e doenças físicas. Tais

observações o levaram a pesquisar sobre os sintomas, de forma que ele definiu

‘stress’ como “o resultado inespecífico de qualquer demanda sobre o corpo, seja

ele somático ou de efeito mental”, assim como definiu o ‘estressor’ “como todo

agente ou demanda que evoca reação de estresse, seja de natureza emocional,

mental ou física”.

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Em resumo, Selye determinou stress como: “um conjunto de reações, que

ocorrem em um organismo quando está submetido a um esforço de adaptação”.

3. FASES DO STRESS

Selye, ao fundamentar o estresse, descreveu a Síndrome Geral de

Adaptação (SAG), entendida como “o conjunto de todas as reações gerais do

organismo que acompanham a exposição prolongada do estressor”. A SAG

apresenta três fases:

1ª FASE DE ALARME: nessa fase os estímulos estressores

começam a agir; há uma reação saudável do organismo, tanto que

se passa despercebida. Os sintomas podem ser: taquicardia, dor

de cabeça, sensação de esgotamento, tensão crônica, pressão no

peito, entre outras.

2ª FASE DE RESISTÊNCIA: se o estress persiste, as reações

começam a aparecer; normalmente ele concentra-se em um órgão-

alvo, causando assim várias conseqüências, como por exemplo:

medo, ansiedade, impotência sexual, dores musculares, dores de

cabeça freqüentes, oscilações de humor, gastrites, úlceras, entre

outras.

3ª FASE DE EXAUSTÃO: nesta fase o organismo absorve os efeitos do estresse

e responde a eles com doenças psíquicas ou físicas, podendo conduzir o

indivíduo à morte.

4. TIPOS DE ESTRESSE

EUSTRESSÉ considerado o estresse positivo; pois além de ser essencial em

algumas fases do desenvolvimento do indivíduo, consegue equilibrar esforço,

tempo, realização e resultados. (VILARTA et al, 2006).

DISTRESS

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É conhecido como o próprio stress, pois caracteriza-se pela tensão com

rompimento do equilíbrio biopsicossocial por excesso ou falta de esforço,

incompatível com o tempo, resultados e realização. (FRANÇA & RODRIGUES,

1999).

5. STRESS RELACIONADO AO TRABALHO

O contrato psicológico de trabalho, de acordo com França & Rodrigues

(1999), é o vinculo formado com base em um conjunto de expectativas, que se

estabelece entre o empregado e a empresa; nesse contrato sempre entram em

jogo a satisfação ás duas dimensões- chaves de empresa- empregado. Os

aspectos envolvidos são as habilidades, performance e as características

pessoais, os sistemas, as políticas e os serviços organizacionais.

O estresse no trabalho, ainda de acordo com os autores, é definido como:

“as situações em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho como

ameaçador às suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ou sua

saúde física ou mental, prejudicando a interação desta com o trabalho e com o

ambiente de trabalho.”.

Há três categorias de estressadores potenciais:

Fatores Ambientais – a incerteza ambiental influencia nos níveis de

estresse entre os empregados dentro da organização, entre os

exemplos destacam-se: as incertezas econômicas, políticas e

tecnológicas.

Fatores Organizacionais – dentro da empresa há diversos fatores

que levam ao estresse, entre eles: exigências de tarefa executada;

exigências do cargo; exigências de outros empregados; estrutura

da organização, ou seja, o grau de regras e regulamentos; os

líderes, e por fim, o estágio de vida da empresa.

Fatores Individuais – as experiências e problemas podem afetar o

trabalho de um indivíduo, de forma que alguns fatores o levam a

desenvolver o estresse; são eles: as questões de família, os

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problemas econômicos, os problemas pessoais e as características

de personalidade.

De acordo com Melo & Consenza, especialistas declaram que o estresse

é indutor de fortes desfuncionamentos e elevados custos nas organizações em

geral e nos indivíduos em particular. Em 1993 o estresse foi caracterizado como

uma epidemia global.

A BUPA (British United Provident Association), afirma que o stress varia

de acordo com cada pessoa, pois cada organismo reage de uma forma diferente

conforme os níveis de pressão a que são submetidos, assim como as

experiências com o estresse; pois as reações dependem do tipo de

personalidade e da maneira como cada indivíduo responde às pressões.

Alguns indicadores do stress são definidos como:

PSICOLÓGICOS: instabilidade emocional, ansiedade, depressão,

agressividade, irritabilidade.

DANOS FÍSICOS: úlceras, alergias, asma, enxaquecas,

alcoolismo, disfunções coronarianas (doença arterial do coração),

disfunções circulatórias.

SOCIAIS: queda do desempenho profissional, ausências, conflitos

domésticos, apatia (falta de emoção, motivação ou entusiasmo).

Alguns fatores são típicos de estresse no trabalho, a BUPA exemplifica

alguns deles como:

Falta de controle sobre o trabalho

Pressão excessiva de tempo

Horas de trabalho excessivas ou inflexíveis

Muito grandes ou muito pequenas quantidades de trabalho ou

responsabilidade

Confusão acerca de deveres e responsabilidade

Falta de variedade e interesse no trabalho

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Treinamento inadequado e poucas possibilidades de desenvolver

novas habilidades

Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional.

França & Rodrigues (1999) afirmam que existem outras condições

relacionadas ao stress no trabalho, além das citadas pela BUPA, entre elas:

Somatizações: são sensações e distúrbios físicos com forte carga

emocional e afetiva

Fadiga: Desgaste de energia física ou mental, que pode ser

recuperada através de repouso, alimentação ou orientação clinica

especifica

Depressão: é uma combinação de sintomas, em que prevalece a

falta de animo, a descrença pela vida e uma profunda sensação de

abandono e solidão

Síndrome do pânico: estado de medo intenso, repentino,

acompanhado de imobilidade, sudorese e comportamento arredio

Síndrome de BURNOUT: também conhecida como Síndrome do

Esgotamento Profissional, é o estado de exaustão total decorrente

de esforço excessivo e contínuo. É composta por três elementos:

exaustão emocional, despersonalização (reação negativa,

insensibilidade) e diminuição do envolvimento pessoal no trabalho.

Distúrbios do sono: São divididos em: Dificuldade em iniciar e

manter o sono (insônia); sonolência excessiva; distúrbios do

padrão sono-vigília e parasonias (sonambulismo, terror noturno,

etc.)

WORKAHOLICS: São pessoas “viciadas”, dependentes do

trabalho. Os WORKAHOLICS são muitos valorizados no meio

empresarial, pois são pessoas muito produtivas, competitivas,

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eficazes, vivem para a empresa e em busca de objetivos

relacionado ao trabalho, com alto nível de rendimento profissional.

6. STRESS E QUALIDADE DE VIDA

No Brasil, o índice de stress afeta, em média, 32% da população adulta.

Foi realizada uma pesquisa pelo Centro Psicológico de Controle do Stress

(CPCS), onde foram avaliadas 1818 pessoas na cidade de São Paulo. A

pesquisa demonstrou que 32% das pessoas tinham sinais de stress, sendo 19%

mulheres e 13% homens. Através da pesquisa pode-se perceber que o índice de

stress é maior entre as mulheres.

Em algumas profissões a incidência de stress pode aumentar, o que pode

ser observado na tabela 1.

Tabela 1. Stress Ocupacional no Brasil

Ocupação Percentual com stress Autor da Pesquisa

Professores 35% H. Reinhold

Atletas juvenis (natação) 37% S. Veri

Atletas juvenis

(tênis e basquete)50% S. Veri

Atletas (futebol) 45% S. Veri

Psicólogos clínicos Sem stress significativo M. A. Covolan

Policiais militares 65% A. S. Romano

Executivos 40% M. N. Lipp

Jornalistas

(mídia escrita diária)62% I. Proença

Juizes do Trabalho 70%M. N. Lipp e

S. Tanganelli

Bancários 65% A. C. Araújo

Fonte: Dissertações de mestrado e pesquisas orientadas pela Dra. Marilda Novaes Lipp

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Já na tabela 2. há a referência das contribuições de alguns fatores para

as 10 causas de morte antes dos 70 anos.

Tabela 2. Contribuição de Fatores para as 10 causas de morte antes dos 70 anos

Fatores Causa da Morte Estilo de vida Ambiente Biologia Outros

Doenças coronarianas 54% 9% 25% 12%

Câncer 37% 24% 29% 10%

Acidentes de carro 69% 18% 1% 12%

Outros Acidentes 51% 31% 3% 14%

AVCs 50% 22% 21% 7%

Homicídios 63% 35% 2% 0%

Suicídios 60% 35% 2% 3%

Cirroses 70% 9% 18% 3%

Pneumonias/gripes 23% 20% 39% 18%

Diabetes 34% 0% 60% 6%

MÉDIAS 51% 20% 20% 9%

Fonte: Centro Americano de Controle de Doenças (EUA)

Na tabela 2. Pode-se verificar que o principal contribuinte para a morte

prematura é o estilo de vida; este por sua vez, está diretamente ligado ao stress.

Um hábito de vida mais adequado pode determinar a saúde global e a

adequação a luta contra o stress. Vive-se a era da Qualidade, onde as empresas

buscam competitividade e diante da concorrência acirrada, a pessoa na

empresa precisa estar mais forte, assim como as pressões também estão. Hoje

valoriza-se a competência voltada para resultados estratégicos e não só a

condicional. A saúde sinaliza os limites de resistência física, mental e de

relacionamento das pessoas nesses processos de esforços contínuos de

profissionalização.

A conseqüência desses fatores é o próprio stress, que deve ser

diagnosticado por meio de seus indicadores através de cada sintoma, para que

a pessoa possa revisar sua condição de vida atual no trabalho. Algumas

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empresas já trabalham com essa visão de Qualidade de Vida, o que as levou a

construir novos parâmetros, refletindo-se na ética das relações do trabalho.

GINÁSTICA LABORAL

COMUNICAÇÃO POSITIVA

MATURIDADE DE INTERAÇÃO

CRITÉRIOS E MODELOS LEGÍTIMADOS

EDUCAÇÃO ALIMENTAR

ARRANJO FÍSICO/AMBIENTE

CO-RESPONSABILIDADE

Quadro 1. O QUE A EMPRESA PRECISA FAZER PARA IMPLANTAR QUALIDADE DE VIDAFonte: Adaptado de: FRANÇA, A; RODRIGUES, A. Stress e Trabalho: uma abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas, 2ed., 1999.

O Quadro 1. exemplifica diferentes formas de uma empresa implantar

uma melhor Qualidade de Vida no trabalho para seus colaboradores, de forma

que estes consigam diminuir o stress em suas atividades, aumentando, assim,

sua produtividade.

7. DINÂMICA: EUSTRESS E DISTRESS

Para realização da dinâmica as alunas irão utilizar duas cores de bexigas,

vermelhas e brancas, vermelha para os alunos que estão estressados

(DISTRESS) e brancos para os alunos que não estão estressados

(EUSTRESS). Para os que estiverem com bexigas vermelhas (estressados)

vamos pedir para encherem apenas um pouco a bexiga enquanto quem estiver

com bexiga brancas (não estiver estressado) terá que encher bastante. Todos

terão que manter as bexigas no ar por 1 minuto sem deixá-las cair no chão. Os

estressados terão maior dificuldade de manter as bexigas no ar do que os não

estressados, pois suas bexigas estarão mais vazias, já os não estressados irão

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manter suas bexigas mais tempo no ar, pois estarão mais cheias. Iremos depois

explicar que as pessoas com stress negativo (DISTRES) são menos produtivas

do que as não estressadas (EUSTRESS), pois foram os que ficaram menos

tempo com as bexigas no ar.

8. PERGUNTASAs perguntas a seguir são destinadas aos alunos, em sala de aula, para

serem respondidas e devolvidas ao grupo.

1. O que é stress?

2. Quais são as fases do stress?

3. Quais os tipos de stress?

4. Cite e exemplifique quais são as 3 categorias de estressadores.

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REFERÊNCIAS

ANGERAMI, EMILIA LUIGIA SAPORITI; CAMELO, SILVIA H. HENRIQUES;

Sintomas de estresse nos trabalhadores atuantes em cinco núcleos de saúde da família. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto,

v.12, n.1, jan./fev. 2004.

BUPA. British United Provident Association. Disponível em:

<http://www.mindperformance.com.br/mind/SITE_MINDZINE/RSS/ANTIGOS/

007.pdf>

Acesso em: 26 mai. 2010.

CARVALHO, HELENA PORTELA FREIRE; GUTIERREZ, GUSTAVO LUIS;

VILARTA, ROBERTO. Qualidade de Vida e Fadiga Institucional. Campinas,

SP: IPES Editorial, 2006. p.299.

CONSENZA, ORLANDO NUNES; MELO, JOSÉ NILSON. O estresse na empresa.

FRANÇA, ANA CRISTINA LIMONGI; RODRIGUES, AVELINO LUIZ. Stress e Trabalho: uma abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas, 2ed., 1999.