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VII ENCONTRO DE ECONOMIA CATARINENSE: Temas: “Crescimento e desindustrialização” – Data:
09 e 10 de maio de 2013 / UFSC – Florianópolis/SC ÁREAS TEMÁTICAS: 8. Economia regional e
urbana
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A EXPERIÊNCIA DA DEMOCRACIA ORÇAMENTÁRIA EM SANTA CATARINA:
UMA ANÁLISE DO ORÇAMENTO ESTADUAL REGIONALIZADO NO PERÍODO
DE 1997 A 2011
Juliano G. Goularti
Mestrando em Desenvolvimento Regional pela FURB
[E-mail: [email protected]]
RESUMO:
Em 1997, por iniciativa da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC), foi
promulgada a Lei Complementar nº 157. A partir desta proposta, o orçamento estadual que
antes era elaborado por técnicos do governo, passou a ser construído junto às comunidades.
Proposto como um instrumento de democracia orçamentária, as prioridades definidas em
audiências públicas não têm ocupado a agenda dos sucessivos governos. Nesta direção, a
construção da proposta de democracia orçamentária continua sucumbida pelas decisões de
gabinete. O objetivo do artigo é analisar a trajetória do orçamento regionalizado em Santa
Catarina no período de 1997-11 como uma política pública estratégica para fomentar a
democracia orçamentária. A análise privilegiará os resultados das audiências públicas
regionais obtidas nestes 14 anos, procurando investigar se as demandas regionais foram ou
não executadas pelo Poder Público. Entretanto parte-se das hipóteses de que o Executivo
contribui para o esvaziamento das audiências públicas ao ignorar as demandas regionais e
fomenta o desenvolvimento geográfico desigual ao distribuir maior parcela dos recursos
públicos para as regiões economicamente mais dinâmicas. Para orientar o estudo, buscou-se
informações nos Diários Oficiais do Parlamento. Quanto aos dados, foram coletados da
Coordenadoria do Orçamento Estadual Regionalizado da ALESC. Considerando a introdução
e as considerações finais, o artigo está dividido em seis capítulos no qual estaremos
abordando a criação do orçamento regionalizado com proposta de democracia orçamentária;
os resultados até então obtidos; a relação das Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDR)
com o orçamento regionalizado e a distribuição geográfica desigual dos recursos.
Palavras Chaves: Orçamento Regionalizado. Democracia. Secretarias de Desenvolvimento
Regional.
Introdução
A Constituição de 1988 desenhou um modelo misto de democracia: representativa e
direta. Quanto à participação popular, não restam dúvidas de que o legislador constituinte foi
rigoroso ao estabelecer os requisitos democráticos na construção do orçamento. Não por outra
razão, ao longo de mais de duas décadas de ditadura militar (1964-85) foram poucas as
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experiências de origem popular na elaboração do Plano Plurianual (PPA) e Lei Orçamentária
Anual (LOA). Registra-se que essas proposições tiveram, afinal, sob o aspecto formal,
iniciativa atribuída ao Chefe do Poder Executivo e ao Parlamento. Ainda hoje, o orçamento
federal é prerrogativa exclusiva do Presidente da República e das iniciativas parlamentares,
através das emendas.
Com a redemocratização (1985), a conquistas de prefeituras pelo Partido dos
Trabalhadores (1996) e as experiências do Orçamento Participativo de Porto Alegre (RS),
nove municípios catarinenses passariam a construir seus orçamentos de forma coletiva. A
partir destas experiências, em 1997 a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina
(ALESC) criaria o orçamento estadual regionalizado, a qual previa a realização de audiências
públicas para que o governo estadual consultasse a população de quais seriam as prioridades
de investimento.
Nos primeiros anos (1997-02), o orçamento regionalizado encontrou obstáculos. Com a
justificativa de criar um novo modelo de gestão que levasse em considerações as demandas
regionais, em 2003 o governador Luis Henrique (PMDB) criou 29 Secretarias de Estado do
Desenvolvimento Regional (SDR) – atualmente são 36. A medida descentralizaria as
atividades da administração estadual e criar-se-ia “[...] Fórum permanente de debate sobre a
aplicação do orçamento regionalizado” (SILVEIRA; MOREIRA, 2002, p. 2). Substituindo as
funções centralizadas por regionalizadas, tinha-se o entendimento que quando as práticas não
são determinadas de cima para baixo, o orçamento público tem mais credibilidade.
O recorte abordado tem por objetivo é analisar a trajetória do orçamento regionalizado
no período de 1997-11. Para isso, pretende-se explorar a temática sobre a hipótese de que os
sucessivos governadores contribuem para o esvaziamento das audiências públicas ao ignorar
as demandas regionais e ao mesmo tempo fomentam o desenvolvimento geográfico desigual
(HARVEY, 2006) ao distribuir maior parcela dos recursos públicos para as regiões
economicamente mais dinâmicas.
Estruturado em seis capítulos (considerando a introdução e considerações finais), a
delimitação da temática justifica-se pela ausência de estudos acadêmicos. Quanto ao enfoque
teórico, optou-se pela abordagem interpretativa da teoria social crítica habermasiana, por
constituir-se em possibilidade de refletir os eventos sociais vista sob o prisma das práticas
sociais.
Orçamento regionalizado como proposta de democracia orçamentária
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A trajetória da política catarinense é marcada pelo reduto das oligarquias, com
pouquíssimas famílias ligadas aos partidos conservadores que historicamente se revezam nas
estruturas do poder. Logo, a criação de espaços como os fóruns de discussão e deliberação de
políticas públicas que permitem a população participar da tomada de decisão dos processos
políticos não constam na ordem do dia. De maneira geral, dada a reprodução de práticas
tradicionais, como o clientelismo e o patrimonialismo, é um desafio colocar a democratização
da peça orçamentária como ponto de pauta. Em outros termos, a abertura por meio da
participação popular significaria uma ameaça aos interesses oligárquicos.
Centralizando e concentrando as decisões políticas, as oligarquias coibiam qualquer tipo
de movimento democrático. Segundo Bobbio (2011, p. 40) “Se a democracia não consegue
derrotar por completo o poder oligárquico, é ainda menos capaz de ocupar todos os espaços
nos quais se exerce um poder que toma decisões vinculatórias para um inteiro grupo social”.
Mas em decorrência do processo de democratização nos anos 1980, somado à eleição de
partidos da esquerda nos anos 1990, reportando-se à esfera municipal, foi-se construindo um
novo jeito de governar, apesar de não encontrar base e impulso para se desenvolver de
maneira acelerada frente ao conservadorismo político polarizado pelas oligarquias
catarinenses.
A partir das experiências do Orçamento Participativo desenvolvidas pela prefeitura de
Porto Alegre (RS) – com Olívio Dutra (PT) (1989-93) e o modo petista de governar – em
Santa Catarina a primeira experiência ocorreu durante a administração da Frente Popular em
Florianópolis (SC), entre 1993-96. Ao contrário dos períodos anteriores, quando o orçamento
era elaborado no gabinete do Secretário da Fazenda, passou a ser construído nos galpões junto
às comunidades. Não vem ao caso analisar se deram certo ou não as experiências do
Orçamento Participativo em Florianópolis. Apesar do retorno do modus operandi tradicional
da velha oligarquia, com a eleição de Ângela Amin (PPB), a iniciativa de Florianópolis
avançou para outros municípios do Estado.
A partir de 1997 houve uma disseminação das experiências de Orçamento Participativo no estado.
Chapecó e Blumenau implantaram no ano de 1997. Nesse mesmo ano, Guaraciaba, Dionísio
Cerqueira, Irati, União do Oeste e São Lourenço também iniciam a experiência. Depois de 2001
verificou-se uma expansão, derivada principalmente do crescimento eleitoral do Partido dos
Trabalhadores (BORBA; LÜCHMANN, 2007, p. 30).
Partindo das experiências do Orçamento Participativo de Porto Alegre e das cidades
catarinenses citadas por Borba e Lüchmann, que contemplava os múltiplos interesses sociais e
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especialmente por dar vazão e operacionalidade às reivindicações populares, o deputado
estadual Carlitos Merss (PT) apresenta o Projeto de Lei Nº 0071.0/1997 – ora convertido na
lei complementar nº 157 – que regulamentaria o parágrafo 2º do artigo 47, parágrafo 5º, 6º e
7º, do artigo 120 da Constituição do Estadual que prevê a realização de audiências públicas
regionais com o objetivo de levantar as prioridades regionais, discutí-las, sistematizá-las e
inseri-las no PPA e LOA (ALESC, 1997).1
Os primeiros resultados do orçamento regionalizado (1997-02)
Considerando há carência de trabalhos acadêmicos para aprofundar o debate, faz
necessário recorrer aos discursos parlamentares, disponíveis no Diário Oficial da ALESC, e as
estatísticas geradas pela Coordenadoria Estadual do Orçamento Regionalizado da ALESC.
Nestas duas fontes são disponibilizados relatórios de execução orçamentária, número de
participantes e documentos de acompanhamento das ações que foram, ou não, incluídas nos
orçamentos anuais. Com estas informações podemos averiguar quais foram os resultados
produzidos nestes 14 anos. Em modo particular, saberemos se as demandas definidas em
espírito de democracia pelas audiências públicas estão sendo executadas, ou não, pelo Poder
Executivo.
Com a conversão do Projeto de Lei Nº 0071.0/1997 na Lei Complementar Nº 157/1997,
o Parlamento realizou nove audiências públicas “[...] procurando ouvir, de forma transparente
e democrática, as reivindicações mais justas, através de obras e serviços de cunho municipal e
de cunho regional (ALESC, 1998a, p. 14). Na construção da proposta orçamentária, “[...] os
parlamentares abriram mão da prerrogativa de apresentar emendas e, por unanimidade,
aprovaram as propostas colhidas em Audiências Públicas Regionais remanejando R$ 100,31
milhões [...]” (ALESC, 2003c, p. 68). O “[...] fato de nenhuma obra levantada nos debates
regionais e incluída no orçamento do Estado ter sido realizada, não pode servir de desculpa
para não participar (...) as prioridades apontadas não são atendidas é uma razão a mais para
questionar a capacidade dos governantes” (JORNAL AN CAPITAL, 1998, p, 2).
1 Em 20 de maio de 1997 a proposta foi submetida ao plenário. Por 24 votos sim e 12 votos não, o projeto foi
aprovado. Posterior sua aprovação foi encaminhado para a sansão do Chefe do Poder Executivo. Em 15 de julho
o governo opinou pelo veto. Vetado, o projeto voltou para apreciação do Parlamento. Em 26 de agosto, por 22
votos sim, 11 votos não e 1 abstenção o veto foi derrubado.
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No ano seguinte, “[...] apesar da expectativa criada, a iniciativa foi novamente frustrada
pela falta de execução das obras e/ou serviços aprovados” (ALESC, 2003c, p. 68). Nesta
direção, cabe citar o pronunciamento do deputado Gilmar Knaesel (PPB);
Tive a oportunidade de, na última quarta-feira, participar de uma reunião do Orçamento
Regionalizado que, sem dúvida nenhuma, traz uma expectativa muito grande àquelas pessoas que
lá acorrem, especialmente os mandatários Municipais que sempre têm aquela interrogação: será
que desta vez as emendas ao Orçamento do Estado serão cumpridas pelo Poder Executivo?
(ALESC, 1998a, p. 15).
Na sequência Carlito Merss (PT) ocupou a Tribuna proferindo um discurso
corroborando com Gilmar Knaesel (PPB); “[...] percebemos a angústia dos Prefeitos, dos
Vereadores, das lideranças empresariais, sindicais e cooperativas, porque também eles dizem
com toda a clareza: olha, emenda, promessa, não aguentamos mais” (ALESC, 1998a, p. 16).
Embora o orçamento regionalizado não tenha feito parte da agenda do governador Paulo
Afonso (PMDB), “[...] o Governador eleito, Esperidião Amin (PPB), numa conversa informal,
comprometeu- se a ser um defensor dessa idéia” (ALESC, 1998b, p. 4).
Como relator do orçamento/1999, Gilmar Knaesel (PPB) destacou que a “[...] maior
conquista desta Legislatura: a implantação do Orçamento Estadual Regionalizado” (ALESC,
1998c, p. 6). Para tanto, reservou R$ 183,96 milhões (ALESC, 1998c). No final de seu
relatório deixa a mensagem que o desafio que se evidencia para a próxima Legislatura, a se
inaugurar em 1º de fevereiro de 1999, “[...] será o de se consolidar o processo orçamentário da
regionalização, assegurando-se a execução das propostas colhidas, aprovadas e inseridas no
Orçamento Anual” (ALESC, 1998c, p. 6).
Em 1999, para a construção da LOA-2000, a Assembleia Legislativa realizou nove
audiências públicas para consultar a população sobre quais seriam as prioridades a serem
incluídas no orçamento. De acordo com o deputado Neodi Saretta (PT) “[...] foram 243
emendas (...) das quais apenas 44 acatadas. (...) isso nos preocupa, porque entendemos que o
Orçamento Regionalizado deve ser fortalecido” (ALESC, 1999b, p. 13). Quanto ao percentual
de execução orçamentária das 44 emendas acatadas, não há registro por parte da
Coordenadoria do Orçamento Estadual Regionalizado. Para atender as demandas foram
disponibilizados R$ 10,13 milhões (ALESC, 1999b).
[...] gostaria de dizer que (...) o ex-governador Paulo Afonso simplesmente descumpriu, não deu a
mínima. E o Governo (de Esperidião Amin) atual deve, na medida do possível, dar a devida
atenção para o Orçamento Regionalizado, porque se está dando um passo em direção à democracia
participativa, não apenas representativa (ALESC, 1999a, p. 8).
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Na sessão plenária de 17 de maio de 2000, o deputado Francisco de Assis (PT) relatou
audiência realizada com Esperidião Amin (PPB). “O Governador informou que o Estado está
quebrado [...]. Disse também que não adianta continuarmos com a idéia do Orçamento
Regionalizado, até porque não vai ser possível fazer aquilo que ficar definido” (ALESC,
2000b, p. 14). Após a realização da audiência, o parlamentar “[...] sugeriu ao Presidente que
fosse extinta a prática do Orçamento Regionalizado. Estou propondo aqui que se acabe com o
Orçamento Regionalizado, porque não vai ser possível” (ALESC, 2000b, p. 14). Contrariando
a posição de Francisco de Assis (PT), seu colega de Bancada, Pedro Uczai (PT), argumenta
que “O Orçamento Regionalizado precisa ser defendido nesta Casa como o principal
instrumento democrático, transparente, equitativo para os recursos no Estado de Santa
Catarina enquanto discussão orçamentária” (ALESC, 2000b, p. 11).
Para fortalecer a proposta, em junho de 2000 a Bancada do Partido dos Trabalhadores
(PT) aprovou uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) para o exercício de 2001
com a seguinte redação: “As obras ou prestações de serviços priorizadas em audiências
públicas regionais, na forma da Lei Complementar nº 157 terão prioridade na locação de
recursos” (ALESC, 2000c, p. 11). Posteriormente, o projeto foi encaminhado para a sansão do
governador. Na ocasião, o governo o vetou. No dia da votação do veto, o deputado Neodi
Saretta (PT) alertou que “[...] se mantivermos este veto, estaremos votando contra aquilo que
esta Casa tem defendido, que é o Orçamento Regionalizado” (ALESC, 2000c, p. 11).
Votaram 35 deputados: 20 votos sim e 15 votos não. Foi mantido o veto. Apesar de sua
manutenção, em 2001 foram propostas 227 emendas no valor global de R$ 29,99 milhões
(ALESC, 2000d).
Pela “[...] falta de execução das propostas elencadas e incluídas na LOA, o processo foi
se desgastando e perdendo a credibilidade conquistada nos primeiros anos, tanto entre os
parlamentares, quanto junto à população” (ALESC, 2003c, p. 68). Dadas estas condições, em
2002 a Comissão de Finanças e Tributação decidiu pela não realização das Audiências
Públicas. Porém, cabe destacar que
Quando em campanha, o candidato a Governador do Estado, em visita à Coordenadoria do
Orçamento Estadual Regionalizado, afirmou ser este um dos processos mais democráticos e
transparentes a se fazer o orçamento público. Portanto, prestando total apoio, esperamos que a
prática seja tal qual foram os seus compromissos e as suas promessas quando em campanha
(ALESC, 2000a, p. 11).
Não havendo registro no Parlamento, Tribunal de Contas e Executivo de quais foram as
prioridades demandadas nas audiências públicas entre 1997-02, acabou ficando prejudicada a
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construção da uma análise minuciosa. O único registro são os discursos parlamentares
disponíveis nos Diários Oficiais do Parlamento.
Orçamento Regionalizado e as Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDR)
Em 15 de agosto de 2002, Luiz Henrique (PMDB), então candidato a governador,
apresentou aos catarinenses seu programa de governo. Dentre as principais propostas, para
não dizer a principal, estava descentralizar a estrutura pública estadual com a criação de 29
Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDR) – atualmente são 36 – visando um “[...]
amplo engajamento e participação das comunidades de cada microrregião, com a
regionalização do Orçamento, do Planejamento, da Fiscalização e das Ações [...]”
(SILVEIRA; MOREIRA, 2002, p. 1 e 2). Adiante, previa-se a criação de Conselhos que “[...]
constituir-se-ão no Fórum permanente de debates sobre a aplicação do orçamento
regionalizado” (SILVEIRA; MOREIRA, 2002, p. 2). Ademais, “[...] o ponto central da
Proposta de reestruturação Estadual, para reduzir as discrepâncias entre as diferentes regiões e
adotar ações locais, definidas em função das peculiaridades de cada região” (ALESC, 2003e,
p. 4).
Poder Executivo deverá revisar sua prática diante do Parlamento, respeitando as prioridades
estabelecidas pela sociedade catarinense, mediante as audiências públicas do Orçamento Estadual
Regionalizado, abandonando o boicote e prestado todo o apoio e reconhecimento legal às referidas
audiências (ALESC, 2002, p. 12).
Eleito governador, em seu discurso de posse, Luiz Henrique (PMDB) diz que os “[...]
cidadãos terão voz ativa em todas as atividades da vida política, em especial na definição e
aplicação do Orçamento Regionalizado” (ALESC, 2003a, p. 3).
Vamos ter um Governo novo, moderno, participativo, onde a voz do povo vai decidir as questões
regionais, aquilo que lutamos aqui e nunca fomos respeitados. O Orçamento Regionalizado, até há
pouco dias, era brincadeira, um desrespeito com a comunidade, era enganar o povo. E hoje só
vamos acompanhar para que possamos fazer o Orçamento Regionalizado, de fato e de direito, na
base, com a voz do povo (ALESC, 2003b, p. 11).
O início de um novo governo é um momento propício para a mudança na agenda. Nesta
direção, entre 21 de junho e 8 de agosto de 2003, o Parlamento Catarinense realizou 29
audiências públicas regionais, uma em cada SDR, para democraticamente debater e definir as
propostas que seriam incluídas no PPA 2004-07 e LOA-2004. “Neste ano, apesar do desgaste
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acumulado pela Assembleia Legislativa na implantação do Orçamento Regionalizado, as
expectativas se ampliam, visto o comprometimento do Poder Executivo com tamanha causa”
(ALESC, 2003d, p. 5). Há de se fazer o registro do relatório da LOA-2003: “Com certeza,
apesar das frustrações passadas, a decisão política do Poder Executivo de assumir a
descentralização e a regionalização assegura o sucesso do processo” (ALESC, 2003c, p. 68).
No entanto, durante os quatros anos o governador não compareceu as reuniões realizadas no
quadriênio. Sua ausência sinalizaria que o regionalizado encontraria fortes obstáculos.
Para facilitar a estruturação da análise do orçamento estadual regionalizado, o capítulo
será dividido em duas subseções: i) Plano Plurianual 2004-07, e ii) Plano Plurianual 2008-11.
Toma-se o ano de 2004 por nele ter sido elaborado o primeiro PPA do mandato do governo
Luiz Henrique (PMDB) e 2011 por ter sido o último ano do segundo PPA.
1. Plano Plurianual 2004-07
Através dos relatórios emitidos pela Coordenadoria Estadual do Orçamento
Regionalizado, nas audiências públicas realizadas em 2003 participaram 3.164 pessoas sendo
definidas 788 prioridades a serem inclusas no PPA 2004-07. Das 788 para o quadriênio, 93
foram elencadas para serem incluídas já na LOA-2004. As demais 695 ficariam para os
orçamentos seguintes (ALESC, 2003d).
Tabela 1:
Total das propostas por área para o quadriênio 2004-07
Nº Prioridades %
Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente 179 22,72
Organização e Lazer 137 17,39
Infraestrutura 120 15,23
Agricultura e Política Rural 99 12,56
Saúde 93 11,80
Educação e Inovação 88 11,17
Segurança Pública 69 8,76
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia 3 0,38
TOTAL 788 100 Fonte: Coordenadoria Estadual do Orçamento Regionalizado, Audiências Públicas 2003.
Elaboração própria.
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Quanto à dotação orçamentária para a execução das prioridades da LOA-2004, como
resultado das audiências públicas de 2003, não há registro. Entretanto, segundo discurso do
deputado Francisco de Assis (PT),
“[...] para 2004, apenas 33% (das emendas) foram feitos pelo Governo, 67% são de outras
emendas, de outras ações que não aquelas definidas no Orçamento Regionalizado. Ou seja, apenas
1/3, se assim nós podemos dizer, foi cumprido, foi assumido pelo Governo (ALESC, 2004, p. 7).
Em junho de 2004, o presidente do Legislativo suspendeu as sessões para realizar as
audiências do orçamento regionalizado que definiriam as prioridades de investimentos para a
LOA-2005. Somando as 36 SDR, participaram 2.153 pessoas e 224 prioridades foram
definidas. Do total, 119 delas (53,13%) tiveram sua dotação orçamentária anuladas. Dos R$
442,96 milhões, R$ 182,26 milhões (41,14%) foram executados, restando um saldo de R$
260,70 milhões (ALESC, 2005b).
Em 2006, como resultado das audiências realizadas em 2005, participaram 2.143
pessoas, sendo 93 prioridades definidas para compor a LOA-2006. Para executá-las, foram
orçados R$ 211,25 milhões. Contudo, acabou-se aplicando R$ 36,61 milhões (17,33%),
restando um saldo de R$ 174,64 milhões. Das 93 demandas, 80 delas (86,02%) tiveram seu
orçamento anulado (ALESC, 2006b).
Já no exercício de 2007, resultado das audiências de 2006, participaram 702 pessoas e
88 prioridades foram definidas para compor a LOA-2007. Na ocasião, foram disponibilizados
R$ 193,49 milhões. Das 88 prioridades, 69 (78,41%) tiveram suas dotações anuladas. Dos
recursos colocados à disposição, apenas R$ 29,69 milhões (15,34%) foram empenhados,
restando um saldo de R$ 163,80 milhões (ALESC, 2007).
[...] sei que a ideia do Orçamento Regionalizado é uma ideia que nasceu comprometida com a
participação popular, que hoje ficou reduzida, (...) a uma expressão de participação chapa branca,
ou seja, nas audiências do Orçamento Regionalizado, os carros estacionados do lado de fora são
todos os da administração do governador Luiz Henrique da Silveira, das prefeituras, das Câmaras
de Vereadores (ALESC, 2005a, p. 27). (grifos do autor)
No quadriênio, do total das 788 prioridades (considerada a deficiência de informações
no período de 2004, no triênio de 2005-07), nos orçamentos foram incluídas 405 ações. Deste
total, 268 (66,17%) tiveram suas dotações suprimidas por ato do Poder Executivo, sem sequer
a realização de uma consulta popular. Por isso o orçamento regionalizado caiu em descrédito,
o que levou ao seu esvaziamento. Dos R$ 847,70 milhões colocados a disposição, R$ 248,56
milhões (29,32%) foram empenhados, restando um saldo no triênio de R$ 599,14 milhões
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(ALESC, 2005, 2006b, 2007). Em média, no quadriênio participaram 2.040 pessoas,
representando 0,051% do eleitorado catarinense.
2. Plano Plurianual 2008-11
Com a reeleição do governador Luiz Henrique (PMDB), o principal compromisso com
Santa Catarina “[...] é o de solidificar o processo de descentralização, como passo
fundamental para a municipalização, eliminar os resquícios de centralismo ainda existentes e
intensificar a regionalização dos processos decisórios” (SILVEIRA; PAVAN, 2006, p. 4).
Nesta segunda etapa não foram assumidos compromissos com o orçamento regionalizado. E
das mais de 50 audiências regionais realizadas entre 2003-07, o governador não compareceu
em nenhuma delas.
Desconsiderando a postura do governo estadual, entre os dias 11 e 28 de junho de 2007
a Assembleia Legislativa realizou nove audiências públicas para ouvir a população e colher as
prioridades a serem incluídas na LOA-2008 e PPA-2008-11. A orientação era que cada SDR
indicasse 12 ações para o PPA-2008-11, sendo três prioridades por ano (ALESC, 2007b). Na
ocasião foram nominadas – pelas 36 secretarias – 432 ações para o quadriênio.
Tabela 2:
Total das propostas por área para o quadriênio 2008-11
Nº Prioridades %
Infraestrutura Rodoviária 131 30,32
Educação e Inovação 62 14,35
Saúde 56 12,96
Saneamento e Abastecimento de Água 33 7,64
Esporte, Lazer, Turismo e Cultura 28 6,48
Agricultura e Política Rural 27 6,25
Habitação Rural e Urbana 24 5,56
Segurança Pública 21 4,86
Outros 17 3,94
Desenvolvimento Regional 11 2,55
Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente 10 2,31
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia 8 1,85
Gás e Energia 4 0,93
TOTAL 432 100 Fonte: Coordenadoria Estadual do Orçamento Regionalizado, Audiências Públicas 2007.
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Elaboração própria.
Em 2008, como resultado das audiências realizadas em 2007, somando as 36 SDR,
participaram 1.024 pessoas e 94 prioridades foram definidas para compor a LOA-2008. Para
corresponder às expectativas, foram orçados R$ 230,51 milhões. Contudo, das 94 prioridades,
50 (53,19%) acabaram suprimidas. Do orçamento disponível, aplicou-se R$ 60,28 milhões
(26,15%), restando um saldo de R$ 170,23 milhões (ALESC, 2008b).
Orçamento Regionalizado, que tem um objetivo importante, que é a democracia participativa, a
participação popular, o aspecto pedagógico do Orçamento Regionalizado, a cidadania, a
informação e a transparência. (...) Mas nós precisamos, urgentemente, rediscutir o modelo do
Orçamento Regionalizado. Nós temos uma demonstração de que em 2005 a 2008 as obras que
foram priorizadas não foram feitas (ALESC, 2008a, p. 13).
No exercício de 2009, como resultado das audiências de 2008, participaram 360 pessoas
com a definição de 87 prioridades para compor a LOA-2009. Na ocasião, foram
disponibilizados R$ 236,42 milhões. Das 87 prioridades, 61 delas (70,11%) acabaram
suprimidas. Do orçamento, R$ 77,94 milhões (32,96%) obtiveram empenho, ficando R$
158,48 milhões em haver (ALESC, 2009a). “No Orçamento Regionalizado há valores
simbólicos que não condizem com a realidade detectada em várias regiões” (ALESC, 2010a,
p. 12).
Para 2010, como resultado das audiências públicas realizadas em 2009, das 96
prioridades, 71 (73,96%) acabaram sendo suprimidas do orçamento pelo poder público. Dos
R$ 188,48 milhões, R$ 49,20 milhões (26,10%) foram aplicados e R$ 139,28 milhões
anulados (ALESC, 2010b). Diante desse quadro de obras não realizadas e de baixa
participação, 966 pessoas, o deputado estadual Reno Caramori (PP), ao participar da
audiência pública para discutir as prioridades regionais para Caçador, Videira e Curitibanos
desabafou; “[...] estou cansado de escutar inverdades em relação ao Orçamento
Regionalizado, pois nada do que é priorizado pelas regiões é realizado, afirmando que os
participantes estavam perdendo tempo ao participar das referidas audiências [...]” (ALESC,
2010c, p. 84).
Em 2011, como resultado das audiências de 2010, participaram 858 pessoas com a
nominação de 115 prioridades. Das 115, 87 (75,65%) foram suprimidas. Dos R$ 236,93
milhões disponíveis, R$ 99,20 milhões (41,87%) foram aplicados, restando um saldo de R$
137,73 milhões (ALESC, 2011a).
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Das 432 prioridades para o quadriênio 2008-11, 392 delas foram incluídas nos
orçamentos. Destas, 269 (68,62%) acabaram sendo suprimidas, sem consulta popular. Quanto
à dotação orçamentária, dos R$ 892,34 milhões colocados a disposição, R$ 286,62 milhões
(32,12%) foram empenhados, restando um saldo de R$ 605,72 milhões (ALESC, 2008b,
2009a, 2010b, 2011a). Em média, no quadriênio participaram 1.216 pessoas, representando
0,030% do eleitorado catarinense.
No que compete à participação “dita” popular nos quadriênios 2004-07 e 2008-11,
convém-nos fazer duas indagações: Teria o orçamento regionalizado legitimidade com uma
participação tão pífia? Como legitimar as propostas definidas em audiências se a participação
é reduzida a “chapa branca”, como definida pelo deputado Afrânio Boppré (PT)?
Orçamento regionalizado e distribuição orçamentária desigual
A distribuição geográfica dos recursos públicos entre as diferentes regiões catarinenses
é fonte de conflitos, uma vez as regiões economicamente mais dinâmicas concentram a maior
parcela. Para contrabalancear a distorção da divisão desigual, foram criadas as Secretarias de
Desenvolvimento Regional, que levaria em consideração as demandas definidas pelo
Orçamento Regionalizado. No entanto, os dados sobre a dotação orçamentária disponível e
realizada – no período 2005-11 – apontam uma distribuição geográfica desigual, tanto na
dotação orçamentária orçada quanto na realizada.
Tabela 3:
Dotação orçamentária disponível e realizada pelo orçamento regionalizado no período
2005-11
Regionais Orçado (R$) Realizado (R$) %
SDR Grande Fpolis 190.263.989 56.307.680 29,59
SDR Araranguá 159.701.520 3.661.603 2,29
SDR Joaçaba 126.624.760 10.844.159 8,56
SDR Lages 126.256.394 10.003.929 7,92
SDR Chapecó 120.641.210 92.012.460 76,27
SDR Itajaí 103.647.456 17.183.843 16,58
SDR Blumenau 95.569.272 34.379.242 35,97
SDR Joinville 79.453.381 42.250.221 53,18
SDR Ituporanga 77.909.433 49.765.149 63,88
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SDR Campos Novos 64.334.306 19.736.114 30,68
SDR Rio do Sul 61.432.171 5.055.216 8,23
SDR São Miguel do Oeste 51.865.157 23.237.082 44,80
SDR Criciúma 48.638.955 9.122.592 18,76
SDR Mafra 43.089.768 20.114.422 46,68
SDR Ibirama 35.238.941 10.344.205 29,35
SDR Laguna 33.814.627 11.133.761 32,93
SDR Maravilha 32.944.619 12.868.316 39,06
SDR Jaraguá do Sul 31.814.900 13.985.961 43,96
SDR Curitibanos 27.562.065 17.874.145 64,85
SDR Concórdia 26.865.615 5.109.392 19,02
SDR Braço do Norte 26.240.126 - -
SDR Tubarão 25.979.977 16.217.535 62,42
SDR Quilombo 22.967.435 15.335.005 66,77
SEDR Caçador 21.767.502 4.506.787 20,70
SDR Videira 18.354.158 3.984.423 21,71
SDR Seara 20.476.666 2.007.389 9,80
SDR São Joaquim 14.231.333 2.227.773 15,65
SDR Xanxerê 13.024.851 6.603.267 50,70
SDR Palmitos 10.364.219 5.697.609 54,97
SDR Dionísio Cerqueira 8.663.302 476.906 5,50
SDR Brusque 4.220.013 3.255.908 77,15
SDR São Lourenço do Oeste 4.183.640 283.320 6,77
SDR Canoinhas 4.017.488 644.825 16,05
SDR Itapiranga 3.042.352 1.995.927 65,60
SDR Timbó 2.299.270 1.709.374 74,34
SDR Taió 184.255 - -
TOTAL 1.737.685.127 529.935.540 30,50 Fonte: Coordenadoria do Orçamento Estadual da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.
Elaboração própria.
Atualização de valores (Jan/2013) através do Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) da
Fundação Getúlio Vargas.
Na análise comparativa da distribuição geográfica dos recursos, a criação das SDR não
alterou a estrutura orçamentária, uma vez que as cinco regiões economicamente mais
desenvolvidas (Florianópolis, Joinville, Blumenau, Jaraguá do Sul e Chapecó) concentraram
29,79% do orçamento orçado e 45,08% do realizado. Numa análise inversa, as cinco SDR que
apresentam menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) (Lages, Caçador, Curitibanos,
São Lourenço do Oeste e São Joaquim) obtiveram 11,16% dos recursos orçados e 6,58% do
realizado.
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Para corrigir esta distorção, com o objetivo de fortalecer o orçamento regionalizado, em
2011 o deputado Neodi Saretta (PT) apresentou Projeto de Lei Nº 518.4/2011, vinculando 5%
do orçamento de investimento (recurso equivalente a R$ 100,31 milhões) para atender as
demandas definidas nas audiências públicas. Desta vinculação, o projeto previa destinar de
50% dos recursos para atender as SDR que apresentam baixo IDH (entre 0,500 e 0,780), 30%
para as SDR com IDH médio (entre 0,781 e 0,799) e 20% para as SDR de elevado IDH
(acima de 0,800). Contudo, em dezembro de 2011 o projeto foi rejeitado pela Comissão de
Constituição e Justiça (ALESC, 2011b).
Mesmo que os sucessivos governos tenham incorporado em seu discurso a defesa do
orçamento regionalizado como instrumento de democracia participativa, houve poucos
avanços na adoção de providências para uma atuação efetiva. Em termos gerais, a
descentralização deveria favorecer o logro do orçamento regionalizado. A partir da análise
interpretativa dos dados, “Se o objetivo principal das SDR e do orçamento regionalizado é a
descentralização e a desconcentração da administração pública e dos recursos, convém uma
avaliação rigorosa sobre os reais avanços desta proposta” (THEIS; BUTZKE, 2012, p. 15).
Considerações Finais
O artigo procurou analisar a trajetória do orçamento regionalizado no período de 1997-
11 fazendo uma abordagem das prioridades definida em audiências públicas e posteriormente
a sua execução ou não. Mesmo com estruturas governamentais geograficamente
descentralizadas, sem precisar de lupa podemos observar que mesmo com a criação das SDR
há uma baixa execução das prioridades, o que certamente contribuiu para a pífia participação.
As SDR que prezava a participação “[...] democrática na administração pública catarinense.
(assim como) nos processos decisórios [...]” (ALESC, 2003e, p. 5) não avançou.
As vésperas de contemplar 15 anos observa-se que há um descompasso entre o
orçamento disponível é o realizado. Dos recursos colocados à disposição no período 2005-07,
apenas 29,33% foi realizado. No triênio, das 405 prioridades elencadas, 66,17% não foram
atendidas. As demais foram atendidas parcialmente (ALESC, 2005b, 2006, 2007). Já no
período 2008-11, das 392 prioridades, 269 (68,62%) não foram atendidas. Neste quadriênio o
percentual do orçamento aplicado foi 32,10%, um pouco maior quando comparado com o
período anterior (ALESC, 2008b, 2009a, 2010b, 2011a). Nestes anos, a execução das
prioridades definidas em audiências estão muito aquém das expectativas geradas. E do
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percentual realizado, além de geograficamente serem desigualmente distribuídos,
privilegiaram as regiões economicamente mais dinâmicas, acirrando as disparidades regionais
e alimentando o desenvolvimento geográfico desigual (HARVEY, 2006).
Apesar das dificuldades, o orçamento regionalizado tem alcançado alguns resultados
positivos, tais como a construção do hospital regional de São Miguel do Oeste Terezinha Gaio
Basso, reivindicada no início dos anos 2000. Há ainda inúmeras ações, nas mais diversas
áreas, que foram contempladas nestes quase 15 anos. A questão é que ao longo do tempo as
prioridades regionais incluídas no orçamento são preteridas em favor de outras que melhor
favorecem os interesses políticos do governador. Parte do insucesso do orçamento
regionalizado nesta sua década e meia de existência está no fato de não ter sido capaz de
mobilizar apoio suficiente para pressionar que o Poder Executivo e Legislativo avançasse
neste modelo de democracia orçamentária participativa. Ainda, o corpo técnico que integra a
Coordenadoria Estadual do Orçamento Regionalizado, que subsidia a organização das
audiências, apresenta deficiências, contribuindo para o seu engessamento.
Como podemos remediar isso? A primeira vista a solução parece ser bastante simples.
Porém, requer uma reavaliação por parte do Poder Executivo e do Legislativo. Enquanto não
constar na agenda de governo, os resultados obtidos continuarão os mesmos. Por esse motivo,
o orçamento regionalizado caiu no descrédito e tornou-se um instrumento desacreditado.
Quanto aos objetivos de levantar as necessidades apontadas pela sociedade, discutí-las,
sistematizá-las e priorizar propostas de investimentos visando sua inclusão nos Projetos de
Leis do Plano Plurianual e do Orçamento Anual, ainda é um mito (ALESC, 1997).
Quanto aos poucos atores que participam das audiências regionais, isso acaba por
legitimar a postura do governo em não realizar o que é definido como prioridade. Outro
aspecto igualmente relevante é que não somente o Executivo impõe dificuldades à
participação, como o Parlamento, uma vez que as audiências públicas são realizadas em
horário comercial. O problema que pode ser apontado é que não existe uma política de
incentivo a participação. Não por menos, as audiências são divulgadas apenas por correio
eletrônico ou correspondência, sem uma divulgação na mídia local, o que contribui para a
pífia participação. Considerando que o orçamento regionalizado repousa na mobilização das
estruturas legislativas, e não pelo coletivo dos atores sociais, certamente tem colaborado para
o baixo publico presente.
Diante destas considerações, resta um duplo desafio; de um lado denunciar os
responsáveis pelo seu descumprimento, assegurado pela Constituição Estadual. De outro, urge
os movimentos sociais serem os protagonistas e não mais coadjuvantes. Para isso é
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fundamental que participem das audiências regionais e cobrem a execução das prioridades.
Enquanto a participação ficar restrita às “chapas brancas”, o descrédito perpetuará por
gerações futuras. Porém, a abertura para a participação da sociedade nas audiências representa
uma vitória política, pois, até então, tais processos eram única e exclusiva prerrogativa do
Poder Executivo e Legislativo.
Por fim, o orçamento regionalizado é uma extraordinária experiência colocada em
prática nos últimos anos, que sobrevive a cinco administrações estaduais coordenadas por
diferentes partidos e coligações partidárias, mas que precisa de uma efetiva decisão política
para que, de fato, sejam cumpridas as demandas apontadas como prioritárias pela população.
Mas isto é um processo que requer um comprometimento político, para o qual requer uma
prática que esteja comprometida com os valores da democracia. Para tanto, não estando
presente na agenda governamental não implica necessariamente no seu descarte, mas é um
indicativo de que enfrentará dificuldades.
Referências bibliográficas
Livros:
BOBBIO, N. Estado, governo, sociedade; por uma teoria geral da política. Rio de Janeiro,
RJ : Paz e Terra, 2011. 173p.
BORBA, J.; LÜCHMANN, L. H. (org). Orçamento Participativo: análises das
experiências desenvolvidas em Santa Catarina. Florianópolis, SC : Insular, 2007. 224p.
HARVEY, D. Espaços de Esperança. São Paulo : Edições Loyola, 2006. 382p.
Artigos publicados em eventos:
THEIS, I. M.; BUTZKE, L. Um planejamento que produz desigualdades: a execução do
orçamento regionalizado em Santa Catarina entre 2006 e 2011. I Seminário de
Desenvolvimento Regional, Estado e Sociedade Rio de Janeiro, 29 a 31 de agosto de 2012.
Leis:
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http://200.192.66.20/alesc/docs/1997/157_1997_lei_complementar_promulgada.doc).
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Projetos de Leis:
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA (ALESC). Projeto de
Lei Complementar Nº 0001.8/2003. Exposição de Motivos da Comissão de Reestruturação
da Administração Pública Estadual. Florianópolis, 2003e.
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15.530, de 2011, que dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o exercício financeiro de
2012 e adota outras providências. 2011b. Autoria do deputado Neodi Saretta. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/proclegis/tramitacao.php).
Relatórios:
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das Propostas Apresentadas nas Audiências Públicas Regionais para o PPA 2004-2007 e
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________. Relatório das Propostas Apresentadas nas Audiências Públicas Regionais
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http://www.alesc.sc.gov.br/portal/administracao/coordenadoria_orcamento/orcamentos/Execu
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Diário Oficial da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina:
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA (ALESC). Diário
Oficial da Alesc. Nº 4.558/1998a. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4558dia.pdf).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 4.576/1998b. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4576dia.pdf).
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http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4586dia.pdf).
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http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4624dia.pdf).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 4.704/1999b. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4704dia.pdf).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 4.735/2000a. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4735dia.pdf).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 4.740/2000b. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4740dia.pdf).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 4.772/2000c. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4772dia.pdf).
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_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 4.807/2000d. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4807dia.PDF).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 4.979/2002. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/4979dia.PDF).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 5.059/2003a. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/5059dia.PDF).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 5.099/2003b. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/5099dia.pdf).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 5.214/2003c. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/5214dia.PDF).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 5.362/2004. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/5362DIA.pdf).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 5.530/2005a. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/5530dia.pdf).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 5.918/2008a. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/5918dia.pdf).
_________. Diário Oficial da Alesc. Nº 6.217/2010a. (Disponível em:
http://www.alesc.sc.gov.br/diarios/pdf/6217dia.pdf).
Planos de Governos:
SILVEIRA, L. H.; MOREIRA, E. P. Plano 15: Por Toda Santa Catarina. Plano de Governo
2003-2006. 2002, 19p.
SILVEIRA, L. H.; PAVAN, L. Plano 15: A Mudança Continua. Plano de Governo 2007-
2010. 2006, 20p.
Artigos eletrônicos:
JORNAL AN CAPITAL. Editorial. Como ser cidadão. Florianópolis, 29 de jun. 1998.
Coluna Opinião, p. 2.
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ANEXO 1:
Orçamento regionalizado e prioridades, 1997 a 2011
R$ milhões
Período
Nº
Prioridades
Nº de
prioridades
não
atendidas
Percentual
das
prioridades
não
atendidas
Orçamento
Disponível
Orçamento
Realizado
Percentual
do
orçamento
realizado
1998 SF SF SF 100,31 SF -
1999 243 199 81,89 183,96 SF -
2000 SF SF SF 10,13 SF -
2001 227 SF SF 29,99 SF -
2002 Não houve audiências públicas regionais para definir a prioridades para 2003
2003 Não há registro, pois não houve audiência em 2002
2004 Não há registro
2005 224 119 53,12 442,96 182,26 41,15
2006 93 80 86,02 211,25 36,61 17,33
2007 88 69 78,41 193,49 29,69 15,34
2008 127 67 52,76 230,51 60,28 26,15
2009 87 61 70,11 236,42 77,94 32,97
2010 127 102 80,31 188,48 49,2 26,02
2011 115 87 75,65 236,93 99,2 41,87
TOTAL 856 585 68,34 1.740,04 * 535,18 * 30,76 Fonte: Coordenadoria do Orçamento Estadual da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.
Elaboração própria.
Atualização de valores (Jan/2013) através do Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) da
Fundação Getúlio Vargas.
SF – sem informação.
(*) acumulado entre 2005 e 2011.
VII ENCONTRO DE ECONOMIA CATARINENSE: Temas: “Crescimento e desindustrialização” – Data:
09 e 10 de maio de 2013 / UFSC – Florianópolis/SC ÁREAS TEMÁTICAS: 8. Economia regional e
urbana
21
ANEXO 2:
Participação da sociedade civil nas audiências públicas do orçamento estadual
regionalizado por Secretaria Regional no período de 2003 a 2011
Secretaria Regional 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Araranguá 88 30 56 5 - SF * 13 32 21
Blumenau 210 31 94 25 134 SF 53 49 15
Braço do Norte - - - - - SF 9 4 14
Brusque 89 25 276 2 - SF 15 14 17
Caçador 75 126 87 18 - 5 36 39 40
Campos Novos 56 28 20 13 - 18 9 8 14
Canoinhas 75 29 61 18 - SF 46 38 84
Chapecó 136 95 119 27 83 61 74 24 25
Concórdia 147 19 12 9 - 5 12 17 16
Criciúma 124 42 56 - 97 SF 17 29 117
Curitibanos 72 18 17 - - 8 8 10 12
Dionísio Cerqueira - - 11 7 - 1 14 22 7
Grande Fpolis 265 304 341 63 161 SF 132 36 122
Ibirama 84 55 71 35 - SF 32 24 14
Itajaí 104 - 119 113 - SF 7 3 41
Itapiranga - - - - - SF 7 5 7
Ituporanga 192 88 77 15 - 1 18 16 30
Jaraguá do Sul 99 - 42 32 - SF 8 9 16
Joaçaba 90 82 67 24 155 83 77 84 35
Joinville 221 156 142 74 102 SF 49 54 47
Lages 98 162 112 55 96 70 53 104 75
Laguna 106 51 22 5 - SF 18 8 13
Mafra 71 17 16 8 - SF 13 7 22
Maravilha 80 250 56 16 - 14 20 41 54
Palmitos 63 65 27 16 - 10 18 7 14
Quilombo - - - - - 5 10 5 9
Rio do Sul 71 127 78 35 132 SF 27 12 18
São Joaquim 126 42 12 11 - 16 18 10 202
São Lourenço do Oeste 77 50 12 5 - 4 4 4 81
São Miguel do Oeste 57 52 46 36 64 47 56 67 11
Seara - - - - - SF 7 10 7
Taió - - - - - SF 28 22 17
Timbó - - - - - SF 14 5 6
Tubarão 69 43 36 18 - SF 22 17 81
Videira 130 - 19 10 - 8 10 8 12
Xanxerê 89 166 39 7 - 4 12 14 17
TOTAL 3.164 2.153 2.143 702 1.024 360 966 858 1.333 Fonte: Coordenadoria do Orçamento Estadual da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.
Elaboração: Juliano Giassi Goularti.
SF – sem informação.