Vila Alcochete
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Alcochete – Vila à beira Tejo plantada
Ana Faria Toscano1
1 Universidade Aberta, Portugal
Situada na margem sul do Tejo, Alcochete é uma vila cheia de cor e tradição.
Contemplando o rio Tejo, Alcochete conta com cerca de 17.565 habitantes. É uma vila com uma
das melhores vistas sobre o Tejo e sobre Lisboa que fica a cerca de 18 km´s, graças à construção
da mais recente ponte sobre o Tejo, a Ponte Vasco da Gama.
O Concelho de Alcochete é composto por três freguesias: Alcochete, Samouco e São
Francisco. A beleza natural que esta vila nos oferece, é caracterizada pela proximidade da
Reserva Natural do Estuário do Tejo, onde se conseguem avistar uma enorme espécie de aves
migratórias que todos os anos escolhem este local para se instalar.
A zona ribeirinha de Alcochete é um local com um riquíssimo património natural, histórico
e cultural de grande relevo. Pelo elevado património que detém, Alcochete é um ponto
obrigatório de passagem. Quem visita esta vila poderá encontrar monumentos religiosos como a
Igreja Matriz que confere um interior de grande beleza, com altares e figuras religiosas de
grande valor. Conhecida também como o Berço do Rei D. Manuel I, contamos no Jardim do
Rossio com a sua estátua, onde o podemos contemplar.
Para além da figura nobre do Rei D. Manuel I, podemos admirar a estátua de outra figura
muito acarinhada pelos Alcochetanos, a estátua do Padre Cruz, homem bondoso e de grande
coração, nascido também nesta vila.
Bem no centro da vila, podemos encontrar a estátua do Salineiro, símbolo da gente d’a
borda d’água. Alcochete conta também com as Salinas do Samouco, onde a actividade de
extracção de sal ainda persiste
A estátua do Forcado em homenagem à bravura e valentia deste símbolo tauromáquico,
demarcando desta forma o enorme culto aficionado que existe no sangue deste povo.
Para além do marcante património histórico e cultural de Alcochete, os locais de passagem
obrigatória são o miradouro de Alcochete, com um bonito e reabilitado passeio marítimo, onde
contemplamos o melhor pôr-do-sol, com a cidade de Lisboa como pano de fundo, e a Praia dos
Moinhos, onde anualmente se realiza o Festival Internacional de Papagaios.
Todos os anos, nas primeiras semanas de Agosto, tem lugar a maior festa brava
Alcochetana – As Festas do Barrete Verde e das Salinas. Contando já com 70 anos de história
representam o calor e afición do povo Alcochetano. Todos os anos, recebe milhares de
visitantes, que encontram nesta vila o encanto do bem receber de um povo genuinamente
apaixonado pela festa brava. Esta é a Festa onde se homenageiam três figuras centrais de relevo
na tradição alcochetana – O forcado, o campino e o salineiro.
A vila enfeita-se de bonitos arraiais e os fados de Alcochete pintam as ruas e andam de
boca em boca pelo povo que nessa semana não dorme. Festa brava com entrada de toiros na vila
conduzidos pela valentia dos campinos, largadas de toiros nas ruas onde a valentia do forcado
vem à tona de cada alcochetano, o convívio nas ruas na tão esperada noite da sardinha assada
onde todos comem e bebem gratuitamente pelas ruas de Alcochete, seguida da mais aguardada
arruada com a Charanga, onde um mar de gente se junta espalhando alegria e encanto, dançando
pelas ruas da vila de Alcochete, pela madrugada dentro.
O Cirio dos Marítimos é outro momento festivo que conta com mais de 5 séculos de
tradição. Comemorada pela altura da Páscoa, representa a devoção pela Nossa Senhora da
Atalaia. Reza a história que “um barco navegava no rio Tejo e uma tempestade surpreendeu-o.
Aflito, um dos barqueiros prometeu a Nossa Senhora da Atalaia que, caso se salvasse com os
companheiros, organizaria uma confraria para festejá-la anualmente. Como o tempo amainou e
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puderam alcançar terra a salvo, desde então os marítimos alcochetanos têm cumprido a
promessa.”1 Doravante, todos os anos a tradição se repete. Um dos grandes momentos é o
desfile de mulheres que montam em burros enfeitados com flores campestres e lençóis brancos
decorados por rendas. As solteiras envergam fatos novos e seguem à frente, seguindo-se as
casadas.
Este é o meu berço, Alcochete, a terra que me viu nascer e me acolhe sempre com o mesmo
encanto. Terra de forcados e campinos, onde o fado se encontra à esquina de cada rua. Fado de
Alcochete que melhor caracteriza esta terra e esta gente:
“Anda Comigo
Ver Alcochete e a cor
Que existe no seu sol pôr
Que só Deus soube pintar
Anda comigo para veres como o Tejo
Criou em nós o desejo
De nos fazermos ao mar
Anda comigo, põe a sardinha no pão
Dá largas à emoção
Naquelas noites de Agosto
Vem meu amigo
Porque sei que vais gostar
Do vinho que te vão dar
Para matares o desgosto
Vai lá cantar
Àquela casa das Hortas
Aonde até horas mortas
Já tanta malta cantou
Vai lá beber um pouco de fado antigo
E serás mais um amigo
Que outro amigo encontrou
Nada comigo ver as Festas de Alcochete
Terra do Verde Barrete
Símbolo do homem valente
Ouvir o grito entre sedas prata e oiro
Peito feito frente ao toiro
A mostrar a sua gente
Anda comigo para veres como o forcado
À noite abraça o Fado
Num abraço de ternura
E a guitarra trina de forma diferente
Também ela está contente
Por deixar a amargura”2
Referência Bibliográfica:
Câmara Municipal de Alcochete. Acedido em 27/03/2015. Disponível em http://www.cm-
alcochete.pt/pt
1 Retirado de http://www.aipd.pt/
2 Novo Fado de Alcochete com letra de Constantino Menino