Vila de São Jorge e Parque Nacional Da Chapada Dos Veadeirosos
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Rubens Reis Tavares Estudante do 4º ano - Bacharelado em Geografia - IESA / UFG
Cibele Cristina Figueiredo Marques
Estudante do 4º ano - Bacharelado em Geografia - IESA / UFG
Elisangela Noleto Soares Estudante do 4º ano - Bacharelado em Geografia - IESA / UFG
Márcia Jeanmaire P. Dos S. Xavier
Estudante do 4º ano - Bacharelado em Geografia - IESA / UFG
Maria Geralda de Almeida Professora da disciplina Planejamento Regional do Curso de Geografia - UFG
Vila de São Jorge e Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros: os caminhos da geografia passam por lá
Introdução
A presente nota resulta de trabalho de campo “Estudo sócio-econômico
ambiental do Distrito de São Jorge – Goiás” com o objetivo de aproximar os
conhecimentos teóricos, sobre o planejamento, do exercício prático. Respaldou-se,
sobretudo, em conteúdos abordados nas disciplinas de Planejamento Regional e
Planejamento Ambiental ministradas no curso de Geografia da Universidade Federal de
Goiás.
Durante a visita ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foram
observados aspectos relevantes à presença deste Parque na região, principalmente os
relacionados à dinâmica social e econômica do distrito de São Jorge. A partir dos dados
e informações coletadas durante o período de 17 a 20 de junho de 2007, e de pesquisa
bibliográfica foram feitas caracterizações, análises e discussões sobre assuntos como:
turismo - geração de renda e emprego em São Jorge; relação entre moradores e o
Parque; o papel do Estado e do Capital em São Jorge.
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Vila de São Jorge
A Vila de São Jorge, município de Alto Paraíso, Goiás, localizada na região
da Chapada dos Veadeiros (Ver figura 1), surgiu como um acampamento de
mineradores, chamado Garimpão, e passou a se chamar posteriormente de Baixa dos
Veadeiros. No início dos anos de 1950 o povoado de Baixa dos Veadeiros foi
renomeado para Vila de São Jorge, por iniciativa do garimpeiro Severiano da Silva
Pires. No dia 23 de abril de 1952 foi realizada a primeira festa em homenagem ao Santo
escolhido como protetor dos garimpeiros - São Jorge (SOUZA, 2004).
Conforme SILVEIRA (1997) a atividade garimpeira, que consistia
basicamente na exploração do quartzo e do cristal de rocha, atingiu seu auge no início
da década de 1940. O produto extraído, cristal-de-rocha, era exportado para a fabricação
de componentes eletrônicos destinados a sonares, transmissores de rádio, telegrafia e
telefonia.
O período de prosperidade passou logo. Ao término da Segunda Guerra
Mundial, no calor dos investimentos destinados a pesquisas, e ocorridos no período
entre guerras, novas descobertas científicas e novas tecnologias surgiam, entre elas o
cristal sintético. O produto passou a ser fabricado em laboratórios de países que se
constituíam grandes consumidores, ocasionando quedas bruscas nas exportações de
cristal de rocha. O ciclo do cristal durou até o final da década de 1960.
Nos momentos de crise da atividade mineradora a sobrevivência dos
moradores foi possível devido à prática da agricultura de pequenas lavouras e da
extração de flores secas do cerrado.
A criação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros em 1961, resultou
em grandes transformações na vida da população de São Jorge. Desde então, a
exploração do cristal, nas minas, passou a ser restringida pelo Estado. A partir da
década de 1980 os moradores que antes trabalhavam em atividades agrícolas ou na
mineração, foram envolvidos nas atividades relacionadas com o turismo de forma direta
ou indireta, muitos mineradores passaram a ser condutores turísticos. Antigas
residências foram transformadas em pousadas, bares e restaurantes, terrenos
desocupados foram adaptados para servirem de camping, e novas construções foram
erguidas especificamente para oferecer serviços aos visitantes.
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Figura 1. Mapa de localização do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e Vila de São Jorge.
Fonte: www.observatoriogeogoias.com.br/observatoriogeogoias/mapas/pdf/chapada_veadeiros.pdf -
Acesso em: 15/08/07
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A Vila de São Jorge tem, atualmente, cerca de 600 habitantes, sendo o
turismo a principal atividade econômica. Este é realizado tanto dentro do Parque
Nacional Chapada dos Veadeiros como fora em algumas propriedades particulares
como no Vale da Lua.
Descrição e localização da área de estudo
O pequeno Distrito de São Jorge está a 36 km de Alto Paraíso, Goiás, a 2
km da entrada de visitantes do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
A partir de Brasília (Figura 2) o acesso ao povoado e à entrada do Parque
ocorre pelas rodovias BR-020 e GO-118 (220 km), que levam a Alto Paraíso, seguindo-
se depois pela GO-237 (36 km) até a Vila de São Jorge. A rodovia GO- 237 apresenta
trechos pavimentados e trechos de terra. Por essa via circulam todos os automóveis de
visitantes, de moradores, comerciais e de transporte coletivo. Este último com
freqüência de uma em uma hora.
Figura 2 _ Principal trajeto de Brasília a São Jorge.
Entrada do PNCV
Fonte: Adaptado http://www.palipalan.com.br/images/mapa.jpg. Acesso em: 07/06/2007.
O distrito foi criado pela Lei municipal N° 499/96, de 06 de dezembro de
1996, a qual definiu o território dentro dos seguintes limites e confrontações: o limite
norte é a margem do rio Preto, ao Sul está o município de Alto Paraíso, a oeste o
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município de Colinas do Sul, e a leste o município de Cavalcante. A região da Chapada
com seus municípios situam-se em altitude que varia entre 577 e 1676 metros. O distrito
apresenta uma área de 305 quilômetros quadrados, destes, 54 quilômetros quadrados
fazem parte da área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o que corresponde a
um percentual de 18% do território distrital.
Serviços públicos como: educação, coleta de lixo e segurança pública são
ofertados ao distrito por extensão dos oferecidos à sede, Alto Paraíso. A educação,
porém somente é oferecida no nível fundamental, ou seja, os jovens para darem
continuidade em seus estudos, a partir do 1º ano de Ensino Médio, deslocam-se para
Alto Paraíso, sede mais próxima a oferecer os outros níveis de ensino. A Coleta e
destinação do lixo, segundo informações dos moradores, são realizadas uma ou duas
vezes por semana, pelo caminhão da prefeitura. O lixo quando não recolhido acaba
lançado a céu aberto.
Outros serviços como: bancários, fiscais, consultivos do Poder Público
somente estão disponíveis no município sede.
A área urbana do distrito se formou sem nenhum planejamento urbanístico.
As pesquisas realizadas e mesmo a observação da Figura 3, indicam a falta de
arruamento. É claro que essa ausência de “padrão” não é mais aceitável. As construções
mais recentes já passam por processo de aprovação de projeto junto à administração
pública.
Figura 3 - Vista aérea de São Jorge em 1996
Fonte da foto: <http://br.geocities.com/zostratus21/sao-jorge.htm>. Acesso em 07/06/2007.
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O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi criado através do decreto
49.875, de 11 de janeiro de 1961 contendo uma área de 625.000 hectares. Sua área
sofreu profundas alterações sendo reduzida em quase 90%. A última modificação
ocorreu em 1990 por meio do Decreto 99.279, que definiu os limites em 65.514 hectares
(LULA, 2004). Está localizado no nordeste do Estado de Goiás, (IBAMA). Desde sua
criação, vem promovendo transformações significativas na vida das comunidades
locais, na economia dos municípios adjacentes e no tratamento dado aos aspectos
ecológicos da região.
A localização espacial confere à região do Parque grande importância
ecológica, já que sua hidrografia abriga nascentes de rios afluentes das bacias
hidrográficas do Paraná, Maranhão e Amazônica. Os rios são os de planalto, adaptados
a fraturamentos, com corredeiras encaixadas, quedas d’águas, poços profundos,
travessos rápidos não navegáveis.
O Rio Preto é o principal curso d’água dentro do Parque, drenado no sentido
leste-oeste. O relevo é o de Chapadas escarpadas, áreas deprimidas, e vales encaixados.
A geologia indica que a região foi, no passado, coberta pelo mar (LULA, 2004).
O bioma cerrado domina a paisagem, a vegetação é predominantemente o
subtipo cerrado de altitude, sendo as margens dos rios cobertas por vegetação ciliar. A
fauna local é bastante diversa, apresentando espécies típicas, como o Lobo-Guará
(Chrysocyon brachyurus) e o Veado - Campeiro (Ozotocerus bezoarticus). Existem 312
espécies de aves catalogadas na região da Chapada dos Veadeiros, entre elas podemos
destacar a Ema (Rhea americana), o Urubu-Rei (Sarcoramphus papa). Destas 30
espécies são endêmicas do cerrado, 13 são facilmente vistas no Parque e 8 estão
ameaçadas de extinção.
O Pato Mergulhão (Mergus Octocetaceus), ameaçado de extinção, inclui o
parque em sua rota migratória e o usa para procriação. Mais de 1.000 espécies de
borboletas e mariposas podem ser encontradas na Unidade. Com olhar atento cerca de
34 espécies de sapos e rãs podem ser vistas e ao menos 33 espécies de répteis ocorrem
na unidade. Por sua vez, já foram vistos 160 espécies de abelhas, sendo que, seis são
espécies novas para a ciência. Espécies de peixes, 49 já foram vistas e catalogadas nos
rios e córregos que nascem ou passam pela região.
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O clima é o tropical de altitude caracterizado por apresentar uma estação
seca, que geralmente se estende por três meses, e outra chuvosa.
O ecoturismo que é realizado dentro do Parque foi autorizado na década de
1980. Medida tomada com o propósito de legitimar o funcionamento desta Unidade de
Conservação, e de oferecer oportunidades de trabalhos para os ex-garimpeiros.
Vila de São Jorge: da mineração ao turismo
O desenvolvimento sócio-econômico deste distrito pode ser explicado em
dois momentos distintos: um antes e um depois da abertura do Parque para o
ecoturismo. Antes, a mineração (principal), agricultura, pecuária e o comércio de flores
(secundárias), eram as atividades que geravam emprego e receita para a Vila. Depois o
turismo tornou-se a principal atividade econômica, já que a proximidade entre as
entradas do Parque e da Vila fez deste povoado o principal ponto de apoio aos turistas.
Esta situação criou a necessidade de se ampliar e diversificar os serviços oferecidos aos
turistas. Parece que a criação desta importante Unidade de Conservação ecológica veio
a dar novo impulso à vida do povoado.
Com a decadência da mineração de cristais, a economia local voltou-se para
o turismo, explorando tanto o ecoturismo como outros atrativos regionais (esoterismo,
turismo de lazer). Os ex-garimpeiros procuraram se arranjar em atividades formais e
informais a fim de atender os turistas. O comércio também teve que se adaptar a estas
mudanças, além de poucos, os estabelecimentos passaram a se abastecer de produtos de
interesse dos turistas.
A partir do momento em que o Parque e a Vila transformaram-se em
núcleos receptores de turistas várias mudanças sociais, econômicas e estruturais
ocorreram como: a chegada de pessoas alternativas para morar na Vila e a implantação
da energia elétrica, que ocorreu em 1997. Muitos moradores adaptaram suas casas em
pousadas e restaurantes, já seus quintais foram transformados em áreas de
acampamento. Assim, um lugar em que antes o desenvolvimento esteve associado à
exploração indiscriminada de recursos naturais, com o turismo passa a ser um
importante pólo para o desenvolvimento sustentável. A partir de ALMEIDA (2004):
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O turismo é capaz de reorganizar sociedades inteiras para que ele possa acontecer mormente apoiado por políticas ditas de desenvolvimento que “redescobrem” regiões eleitas como turistificáveis [...], pode ocorrer de um espaço qualquer ser planificado, institucionalizado enquanto lugar turístico. Iniciativas públicas e privadas unem-se e criam territórios privilegiados, selecionados como tal pela excepcionalidade de seus recursos naturais.
A análise feita pela a autora é útil para a discussão sobre a inserção da
atividade turística na Vila de São Jorge. Seu entendimento sobre o turismo quando
confrontado à opinião de moradores entrevistados durante o trabalho, auxilia no
entendimento e em confirmar a idéia que eles, os moradores, têm sobre o turismo na
Vila. O turismo trouxe consigo mudança, atraiu a implantação de infra-estrutura e
proporcionou o desenvolvimento na Vila. Até que ponto pode-se considerar que houve
o desenvolvimento?
Impressões sobre o lugar
A Vila de São Jorge apresenta-se como um povoado tranqüilo, simples e
acolhedor. Nos dias úteis da semana, principalmente fora de temporada, não há muito
que fazer. Durante o dia algumas pessoas saem às ruas, outras ficam em casa, à noite os
moradores transitam e cantigas são tocadas no bar do “Pelé”. O lanche é acompanhado
de histórias de moradores que juntamente com seus vizinhos compartilham momentos
de prosa e piadas.
O entardecer de sexta feira transforma a paisagem do distrito, os visitantes
começam a chegar, as ruas ficam muito movimentadas e em certos momentos falta até
estacionamento.
Os dias se alegram com a presença dos visitantes. Eles trazem não só
dinheiro para gastar, mas também movimento, nas ruas, bares e restaurantes. Muitos
visitantes são curiosos, querem recordar momentos do passado, aproveitar as opções de
lazer e descansar. Há ainda aqueles que não são bem vindos - baderneiros que não
respeitam o sossego e as características do povoado de São Jorge.
O município de Alto Paraíso e a Vila de São Jorge estão muito próximos à
Capital Federal. A maioria dos carros, que chegam ao povoado, possui a placa de
Brasília. Assim podemos presumir que a Vila de São Jorge e o Parque Nacional da
Chapada dos Veadeiros são uma alternativa de lazer e descanso em Goiás para muitos
brasilienses.
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O Parque parece cumprir bem sua função social, mas sua gestão atual tem
gerado opiniões divergentes. A direção do Parque afirma que falta participação dos
moradores, em contrapartida, os moradores discordam e relatam que a direção do
Parque não valoriza os esforços da comunidade. É certo que essa relação precisa ser
melhor discutida e resolvida de modo que direitos e obrigações seja compartilhados
pelas duas partes.
Estado e capital: quem é quem na região da Chapada
De acordo com LIPIETZ (1988), alguns autores permanecem prisioneiros a
certas teorias que não levam em conta explicitamente a contradição social/privado na
produção do espaço.
Para estabelecer essa discussão em relação à presença do Estado e do
Capital na região da chapada, é necessário situar primeiro as condições que conduziram
o surgimento de espaços socializados na região - relações capitalistas.
A primeira presença da exploração capital na região da Chapada dos
Veadeiros ocorreu, ainda, na fase mercantil do capitalismo. Historicamente, grupos de
migrantes se estabeleceram na região para explorar riquezas minerais destinadas ao
mercado metropolitano (RIBEIRO, 1988). É importante destacar que esse processo não
resultou de um esforço ordenado do Estado e nem por interesse de empresas privadas
organizadas. Estes povoados surgiram, em sua maioria, sem nenhum planejamento. O
Estado esteve pouco presente neste processo de apropriação do espaço.
Com a decadência da atividade mineradora em Goiás, o capital privado e a
ação estatal concentraram seus esforços na expansão e exploração das atividades
agrícolas. Agricultura e a pecuária assumiram o papel principal no desenvolvimento
regional. Por volta dos anos 1980, chegaram à região muitos agricultores, atraídos pelo
baixo preço da terra, e passaram a cultivar soja – commodity1 de grande procura no
mercado internacional. Os investimentos no cultivo das lavouras se mostraram baixos
de ante dos lucros. Conter esse crescimento parece ser o maior desafio do Estado na
região da Chapada! Mas o Estado não parece querer tanto superar esse desafio visto a
importância desta atividade para a arrecadação de impostos.
1 Refere-se a produtos brutos ou com baixo grau de industrialização, porém com elevado valor no mercado internacional.
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A rede de hotéis, pousadas, é um bom exemplo da presença do capital
privado na Chapada dos Veadeiros. Em São Jorge estas empresas foram surgindo na
medida em que o lugar tornou-se pólo para o turismo. Há de se destacar que os grandes
investimentos vieram de fora. Esta é uma questão problema visto que os grandes lucros
não são socialmente distribuídos entre a comunidade local. Permanece a exploração de
grandes redes de hotéis sobre os moradores dessas cidades que acabam por trabalhar
como operários. A relação Social/ Privado neste caso é desfavorável para os locais - o
privado se impõe perante o social.
Algumas considerações para o planejamento da Vila de São Jorge.
Com enorme crescimento nos últimos anos, o turismo tornou-se um dos
segmentos da economia que mais tem gerado novas oportunidades de emprego e renda
em municípios goianos. Porém, assim como outras atividades econômicas, o turismo
não está imune de gerar impactos de ordem negativa ao meio ambiente. É com base
nessa realidade, um tanto disfarçada, que diversos profissionais do turismo vêm
procurando engajar no planejamento do turismo a discussão da preservação ambiental
de forma concreta e permanente. Discussão que nesse sentido revela-se importante, pois
a atividade do turismo, quando realizada de forma correta, funciona como um
catalisador para o desenvolvimento sustentável. Além de dinamizar a economia local -
agregando renda à população, promove a preservação da natureza e a valorização da
cultura da comunidade.
Durante a visita à região da Chapada e mais especificamente ao povoado de
São Jorge, foram feitas entrevistas a moradores, e observações da rotina do povoado de
modo que foi possível diagnosticar:
Mesmo sendo a principal atividade econômica, o turismo, tem sido “explorado”
de forma limitada, entre os motivos, os abaixo relacionados são facilmente observados:
Ausência de mão-de-obra qualificada para atender os diferentes perfis de
visitantes;
Limitação de publicidade sobre as potencialidades turísticas da região;
Os serviços públicos são precários:
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Na Vila observou-se que as casa em sua maioria possuem lixeiras, porém é
sabido que a coleta como tem sido realizada não supre toda demanda. É
necessário ampliar a freqüência da coleta e mesmo orientar a população no
sentido de controlar a produção de lixo.
O posto de saúde só oferece atendimento médico uma vez por semana.
Uma saída provável para estes e outros problema pode ser encontrada no
planejamento. Este realizado com a participação da comunidade, discutindo essas
limitações, potencialidades, e possibilidades. Não adianta somente incrementar serviços
de modo a atender o turista e deixar de lado a qualidade de vida dos moradores.
A modernidade não pode ser vista como um mal destruidor. As tecnologias
dos dias atuais podem inserir novos serviços no povoado sem destituir sua
originalidade.
Considerações Finais
O trabalho de campo foi significativo para nós, fez com que percebêssemos
à importância da atividade prática para o planejamento.
No ambiente acadêmico nos deparamos com representações do espaço,
muito embora representações que não dão conta de explicar todas as dimensões da
realidade, que precisamos conhecer para que, como planejadores no futuro, possamos
realizar um trabalho ético e que atenda aos desafios dos dias atuais.
Entendemos que conhecer certas dimensões do cotidiano de uma
comunidade, às vezes não quantitativas, importa para pensar o planejamento e propor
transformações que, esperamos, irão trazer mudanças positivas para a qualidade de vida
desta comunidade.
Referências
ALMEIDA, Maria Geralda de. Desenvolvimento turístico ou desenvolvimento local? Algumas Reflexões. Curitiba, p. 1 2004. Disponível em: <http://www.observatoriogeogoias.com.br/observatoriogeogoias/artigos_pdf/ALMEIDA_%20Maria%20Geralda%20de.pdf> Acesso em: 07 jun. 2007.
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IBAMA. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/parna_veadeiros/index.php?id_menu=48>. Acesso em: 07 jun. 2007.
LIPIETZ, Alain. O Capital e seu espaço. São Paulo: Nobel, 1998.
LULA, Luiz Lima. Histórico de Criação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, 2004. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/parna_veadeiros/index.php?id_menu=38. Acesso em: 14 jul. 2007
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo, Companhia das letras, 1988.
SILVEIRA, Alex Ricardo Medeiros. Vila de São Jorge e Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros: O impacto cultural de um projeto ecológico. Brasília, 1997. Disponível em: <http://www.unb.br/ics/dan/Serie214empdf.pdf> Acesso em: 07 jun. 2007.
SOUZA, Kelly Ramos. Os velhos de São Jorge tradição e modernidade na Chapada dos Veadeiros (1952-2004). Brasília, 2004. Disponível em: <http://www.homemdocerrado.com/PDF/monografiakelly.pdf> Acesso em: 07 jun. 2007.
Recebido para publicação em agosto de 2007
Aprovado para publicação em agosto de 2007
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