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AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA ADUBAÇÃO COM VINHAÇA E DA ADUBAÇÃOMINERAL DE SOQUEIRAS DE CANA-DE-AÇÚCAR NA USINA MONTE ALEGRE Ltda. - MONTE BELO – MG

GIL DE FARIA LEITE (*)

RESUMO

A vinhaça, vinhoto ou calda da destilaria, é resultante da produção de álcool, após a fermentação do mosto edestilação do vinho. É um subproduto rico em nutrientes, principalmente matéria orgânica, sendo assim um grande poluidorquando lançado nas coleções de águas. Em meados da década de 70, estudos concluíram a viabilidade técnica da utilização davinhaça como fonte de nutrientes para as lavouras de cana-de-açúcar. Neste trabalho estudou a viabilidade econômica dautilização da vinhaça para adubação de cana-de-açúcar na Usina Monte Alegre Ltda.

DESCRITORES: Adubação cana-de-açúcar, vinhaça.

SUMMARY

ECONOMIC EVALUATION OF FERTILIZATION WITH VINASSE IN SUGAR CANE AT MONTE ALEGRELtda.

The vinasse results from the production of alcohol after fermentation of must and distillation of wine. It is a by-product, rich in nutrients, mainly organic matter, being, however, a great pollutant when thrown into water courses. In themid-seventies, studies indicated the technical viability vinasse use as a source of nutrients for the sugar-cane plantations. Thispaper reports the study of the economic viability of vinhaça for the sugar-cane fertilization at Usina Monte Alegre Ltda.

KEY WORDS: sugar cane fertilization, vinasse.

1.INTRODUÇÃO

A vinhaça, vinhoto, restilo ou calda dadestilaria, é resultante da produção de álcool, após afermentação do mosto e a destilação do vinho.Trata-se de um material com cerca de 2 a 6% deconstituintes sólidos, onde se destaca a matériaorgânica, em maior quantidade. Em termosminerais apresenta quantidade apreciável de potássioe médios de cálcio e magnésio ( Rossetto, 1987).

Ainda, segundo Rossetto ( 1987 ), dosefluentes produzidos pelas destilarias de álcool, avinhaça é a que possui a maior carga poluidora, poisapresenta DBO variando de 20.000 a 35.000 mg/l devinhaça. A quantidade de vinhaça produzida peladestilaria é função do teor alcoólico obtido nafermentação, de modo, que a proporção pode variarde 10 a 18 litros de vinhaça por litro de álcoolproduzido.

O valor econômico que a vinhaça adquiriu àpartir de 1975, torna essa hipótese de agente poluidore consequentemente de desequilíbrio ambiental,descartável tendo em vista os resultados obtidos e osconhecimentos acumulados sobre o problema

* Eng. Agrônomo e Mestre em Ciências Ambientais

( Rossetto, 1987).A aplicação de vinhaça na lavoura, bem como

fertirrigação, é prática adotada por todasas usinas, com tecnologia conhecida e bem definida,existindo inúmeros ensaios que comprovam osresultados positivos obtidos na produtividade agrícola,associados à economia dos adubos minerais ( Penattiet al, 1988 ).

A grande vantagem no emprego da vinhaçaé que ela pode substituir em grande parte osnutrientes da adubação mineral, sendo váriostrabalhos que mostram aumento de produtividade dacana-de-açúcar devido à sua aplicação (Agujaro,1979).

O objetivo deste trabalho foi o de compararos custos entre a adubação com vinhaça e aadubação mineral de soqueiras de cana-de-açúcar naUsina Monte Alegre Ltda., localizada no Municípiode Monte Belo - MG do ano agrícola 1996/97.

2.MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi elaborado com dadosgerados no Sistema de Custos da Usina Monte Ale-

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G. de F. LEITE

gre Ltda., localizada no Município de Monte Belo -MG, referente ao ano agrícola de 1996/97. Os custosreferentes aos tratos culturais de cana soca é refe-rente ao período de 05/96 a 04/97. Os dados deprodução de cana é da colheita de 1997.

Foram selecionadas, ao acaso sete glebas decana adubadas com vinhaça, perfazendo 365,07 ha esete glebas adubadas com adubo mineral, perfazendo290,10 ha.

Com os dados de custos e produção dasglebas, foram tabulados e calculados os custosmédios de adubação por hectare e por tonelada decana de cana colhida.

3.RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 é apresentada a composiçãoquímica média da vinhaça produzida e utilizada naUsina Monte Alegre Ltda. na adubação das glebasde cana-de-açúcar no ano de 1996

Tabela 1.Composição química média da vinhaçaproduzida na Usina Monte Alegre Ltda. -1996

Nutriente MO* N P2O

5K

2O CaO MgO

Kg / m3 2,70 0,69 0,15 4,92 2,08 0,49

*Matéria Orgânica

Observa-se na Tabela 1 que a vinhaçaapresenta 2,70 Kg de matéria orgânica / m3, e opotássio como o nutriente de mais alta concentraçãoseguido de: cálcio, nitrogênio, magnésio e fósforoconfirmando as observações de Rosseto, 1987.

Ainda analisando a Tabela 1, verifica-se a altacapacidade poluidora da vinhaça devido a quantidadede matéria orgânica presente, se a mesma fosselançada nos corpos d’água, segundo Rosseto (1987 ).

A vinhaça produzida na Usina Monte AlegreLtda. é bombeada para as lavoura de cana eaplicada nas mesmas via aspersão pelo sistema demontagem direta e com extensão, designada comocusto de fertirrigação.

Nas áreas adubadas com vinhaça, o volumemédio de adubação com vinhaça foi de 106,42 m3 porhectare, totalizando 532,59 Kg de K

2O por hectare.

A quantidade de potássio nas áreasadubadas com vinhaça é bem mais alta quandocomparada com as áreas adubadas com adubomineral que foi de 176,19 Kg de K

2O por hectare.

Isto devido a primeira ser aplicada em área total e asegunda concentrada na linha de cultivo da cana.

Descrição

Adubo 13,5-0-42Trator pesadoFertirrigaçãoCusto médio/haCusto médio/t/cana

Custo unitário

US$ 263,58/tUS$ 28,48/hUS$ 68,19/h

————

————

Coeficientetécnico

0,03290,76651,8649

————-

————-

Custo total(US$)

8,6921,83127,18

157,70

1,92

Tabela 2. Custos médios de adubação porhectare e por tonelada de cana em áreasadubadas com vinhaça - 340,73 ha e produ-ção de 28.169,15 t de cana (82,67 t/ha)

Descrição

Adubo 13,5-0-42Trator pesadoCusto médio/haCusto médio/t/cana

Custo unitário

US$ 263,58/tUS$ 28,48/h

————

————

Coeficientetécnico

0,041951,0214

————-

————-

Custo total(US$)

110,6829,09

139,77

2,05

Tabela 3. Custos médios de adubação porhectare e por tonelada de cana em áreasadubadas com adubo mineral - 265,35 ha eprodução de 18.076,17t de cana (68,12 t/ha)

Na áreas adubadas com vinhaça houveaplicação de adubo mineral ( 0,0329 t/ha ), devidoalgumas partes destas áreas não terem condiçõestécnicas de aplicar vinhaça.

O uso de trator pesado foi considerado comocusto de adubação nos dois tratamentos: primeirodevido utilização como distribuidor de adubo nas áreascom adubação mineral e segundo como condiciona-dor físico do solo, devido a movimentação decaminhões e máquinas na colheita da cana.

Comparando as Tabelas 2 e 3, verifica-se queos custos médios por hectare das áreas adubadas comvinhaça ficaram em média 12,83% mais cara emrelação as áreas adubadas com adubo mineral. Masquando se compara o custo médio por tonelada decana produzida pelos dois processos de adubação,verifica-se que o custo médio da área adubada comvinhaça ficou 6,77% mais barato que o adubado comadubo mineral, devido o aumento da produtividadeconfirmando as observações de Penatti et al (1988) eAgujaro (1979).

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4.CONCLUSÕES

1. O uso da vinhaça como adubo solucionou o proble-ma de poluição dos corpos de água próximos a UsinaMonte Alegre.

2. A vinhaça substitui a adubação mineral como fontede potássio para a cana.

3. O custo por hectare adubado com vinhaça foi maiscaro do que o adubado com adubo mineral.

4. O custo por tonelada de cana adubado com adubomineral foi mais caro que o adubado com vinhaça.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

1.A água aplicada via vinhaça não era suficiente parasuprir a demanda da lavoura, a mesma era de sumaimportância para a brotação das plantas, devido aépoca da colheita coincidir com período de deficiên-cia hídrica;

2.Havia incremento da matéria orgânica no solo coma aplicação continuada de vinhaça na mesma área;

3.As operações de colheita ficava prejudicada (emrelação as glebas que não recebia vinhaça) devido aomaior teor de água que ficava retido no solo;

4.As operações seguintes de cultivo (subsolagem,escarificação, adubação e aplicação de herbicida)ficava com melhor qualidade devido a umidade retidano solo.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUJARO, R. O uso da vinhaça na Usina Tamoiocomo fertilizante. Saccharum. STAB, SãoPaulo, v.2, p.4, mar., 1979.

PENATTI, C. P. et al. Efeitos da aplicação de vinhaçae nitrogênio na soqueira da cana-de-açúcar.Boletim Técnico Copersucar, São ‘Paulo, v. 4432-38. 1988.

ROSSETTO, A. J. Utilização Agronômica dos Sub-produtos e Resíduos da Indústria Açucareira eAlcooleira. In: PARANHOS, S. B. (Coord.) Cana-de-açúcar - cultivo e utilização. Campinas:Fundação Cargill, 1987. 2.4.p.433-504.

USINA MONTE ALEGRE Ltda. Custos das Etapasdo Processo Produtivo- Abordagem Gerencial: tratosculturais da cana soca, 96 / 97