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VINHO NOVO, ODRES NOVOS. Bispo José Ildo Swartele de Mello SNYDER, Howard, Vinho Novo, Odres Novos - São Paulo: ABU,1997. 252pp, Howard Snyder é ph.D em teologia histórica pela Universidade de Notre Dame, foi missionário no Brasil na Igreja Metodista Livre e é atualmente professor no Asbury Seminary. Ele apresenta uma proposta radical para renovação completa da igreja segundo o modelo do Novo Testamento. Interessado na relação entre odres e o vinho do evangelho afirma que Deus é um Deus de novidade e por isso deve haver a consciência da relatividade das estruturas da igreja a fim de se ter novas atualizações dos odres. Esta relativização deve partir do ponto de que a igreja é organismo vivo e todo âmbito de sua ecologia a fim de que a igreja seja composta de relacionamentos essenciais, vivo e amoroso entre Cristo e ela mesma e horizontalmente. Combate a idéia da igreja como uma instituição, pois a igreja é um organismo. A prioridade do evangelho aos pobres pode ser o mais seguro antídoto contra o institucionalismo, pois é um ministério que se realiza nas massas e não fica circunscrito aos guetos e as elites. A igreja pode ter um edifício, mas este deve ser estritamente secundário e funcional, construído de forma a ter flexibilidade e uso múltiplo. O templo serve a igreja e não a delimita em sua missão. A igreja não é uma coisa. É povo. Povo escolhido, peregrino, da aliança, testemunha viva do poder de Deus, santo. Assim é preciso criar estruturas que estejam em sintonia com o que ela é ontologicamente. Esta estrutura precisa passar pela mente de Cristo numa contextualização do mundo, sendo compatível com a ênfase pessoal, com a flexibilidade variada para ajudar a sustentar a vida cristã no mundo, alicerçada sobre os dons espirituais e na comunhão. Snyder apregoa a necessidade de uma estrutura básica, o grupo pequeno é flexível, possui mobilidade, é mais inclusivo e pessoal, facilitando a evangelização e o discipulado, concedendo também

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VINHO NOVO, ODRES NOVOS.

Bispo José Ildo Swartele de MelloSNYDER, Howard, Vinho Novo, Odres Novos - São Paulo: ABU,1997. 252pp,

Howard Snyder é ph.D em teologia histórica pela Universidade de Notre Dame, foi missionário no Brasil na Igreja Metodista Livre e é atualmente professor no Asbury Seminary. Ele apresenta uma proposta radical para renovação completa da igreja segundo o modelo do Novo Testamento.

Interessado na relação entre odres e o vinho do evangelho afirma que Deus é um Deus de novidade e por isso deve haver a consciência da relatividade das estruturas da igreja a fim de se ter novas atualizações dos odres. Esta relativização deve partir do ponto de que a igreja é organismo vivo e todo âmbito de sua ecologia a fim de que a igreja seja composta de relacionamentos essenciais, vivo e amoroso entre Cristo e ela mesma e horizontalmente.

Combate a idéia da igreja como uma instituição, pois a igreja é um organismo. A prioridade do evangelho aos pobres pode ser o mais seguro antídoto contra o institucionalismo, pois é um ministério que se realiza nas massas e não fica circunscrito aos guetos e as elites.

A igreja pode ter um edifício, mas este deve ser estritamente secundário e funcional, construído de forma a ter flexibilidade e uso múltiplo. O templo serve a igreja e não a delimita em sua missão.

A igreja não é uma coisa. É povo. Povo escolhido, peregrino, da aliança, testemunha viva do poder de Deus, santo. Assim é preciso criar estruturas que estejam em sintonia com o que ela é ontologicamente. Esta estrutura precisa passar pela mente de Cristo numa contextualização do mundo, sendo compatível com a ênfase pessoal, com a flexibilidade variada para ajudar a sustentar a vida cristã no mundo, alicerçada sobre os dons espirituais e na comunhão.

Snyder apregoa a necessidade de uma estrutura básica, o grupo pequeno é flexível, possui mobilidade, é mais inclusivo e pessoal, facilitando a evangelização e o discipulado, concedendo também maior espaço para o exercício do sacerdócio universal de todos os crentes.

Usa o exemplo de John Wesley mostrando como ele não se confinou à igreja institucional e como criou as estruturas novas e práticas de comunhão, sua prática de homília aos pobres. Tudo isto aliado aos princípios da proclamação pessoal da salvação, da constante vida cheia de Espírito e da consciência social ativa e atuante.

Além do seu tempo, com certeza Snyder estava quando escreveu este livro. Hoje, temos a certeza de que sua profecia se cumpriu sobre a necessidade de mudanças da igreja através de muitos modelos diferentes de ser igrejas presentes do âmbito religiosos. Modelos bem sucedidos quando obedecidos os parâmetros estipulados pelo autor.

Eclesiologia – Howard Snyder – Renovação

Natureza da Igreja – Estrutura – Renovação e vitalidade. Como? ReformaO que seria o padrão normal da igreja? Vitalidade é uma constante?

Não é uma constante, nem de altos e baixos, picos e vales, mas algo parecido com o primeiro gráfico, semelhante ao ritmo da vida. Estações = não vai de inverno para verão direto, passa pela primavera. Movimento de expansão e consolidação.Por que a igreja precisa de Re...? Reforma, Reavivamento, restauração, renovação? Por causa de sua natureza que contém aspectos humanos e físicos.

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Corpo de Cristo: conceito integral da realidade da igreja. Atentar para todas as dimensões para se ter um conceito realista. Ação de Deus + ação humana.Precisamos reconhecer a natureza básica da igreja. A partir de 3 focos: 1. Bíblico, 2. Histórico e 3. Contemporâneo.Ef 1.10 A história da igreja é a história da ação de Deus e aponta para o desígnio final de Deus.

O que é a igreja? O que devíamos esperar?Processo: Espírito Santo aguarda por pessoas disponíveis, restaura a saúde e a vitalidade da igreja.Definição de renovação: Igreja renovada é aquela que funciona como corpo de Cristo, mostrando o caráter essencial da igreja como descrita no NT 1 Co 12-14 e Ef 4.

Jesus é o profeta: Vivencia e anuncia / renuncia e Denuncia. Primeiro vivencia e depois anuncia; primeiro renuncia e depois denuncia.

Igreja descobre, esquece, redescobre.

Quando Deus renova a igreja, Ele cria novas igrejas, igrejinhas (eclesiola).Parece haver um ciclo entre igreja, eclesiola, seita, igreja (que acaba se acomodando ao status social gerando a necessidade do surgimento de eclesiola, que dará origem a seita e assim por diante).

Lc 4.14-30 e 7.18-23 – o que estas passagens tem a ver com a vitalidade da igreja a luz da sua experiência?

Várias chaves em Atos dos Apóstolos:

At 1.1-11 – vitalidade inicial – lutando com vários problemas – fidelidade, estrutura, missão. O papel do Espírito Santo como fonte de vitalidade da igreja.1. O ES é a presença continua de Jesus na Igreja. ES = Espírito de Jesus! Jo 13 e 14 – “É necessário que eu vá, para que o ES venha. Eu estarei convosco.”2. ES é o poder para testemunho na igreja (At 1.8)3. ES impulsiona para missão mundial (mais ampla)4. Reino de Deus, concepção = expectativa = pergunta sobre o reino, resposta = ES, que é o agente presente do reino. A igreja como agência.

5 Dimensões da renovação

Maneira como Deus renova igreja.

1. renovação pessoal – individual

2. corporativa – comunidade. A igreja não é uma coleção de indivíduos, mas é um organismo. Há integração. O ES renova a igreja e cria novas dimensões de comunidade. Deus é um Deus de relacionamento. Criou homem e mulher para casamento, família.

3. renovação conceitual, teológica. Modelos que temos na mente sobre igreja. Deus mexe com conceitos, pois conceitos nos levam a ação.

4. Estrutural, institucional. Wesley preocupou-se com estruturas, buscou estruturas para evangelizar as massas e também para discipulado (classes). Líderes precisam discernir quais são as estruturas mais funcionais. Wesley pesquisou entre moravianos e pietistas. As classes caíram em desuso por causa da prosperidade dos metodistas, urbanização, mudança das reuniões das casas para igrejas.

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Não se respeitou o número em torno de 12 pessoas (o número cresceu). Profissionalização do ministério.

5. Missiológica – tem que chegar em missões, não se contentar com as duas primeiras dimensões.

Não há renovação sem conflito, mas podemos superar os conflitos para evitar divisões. Ver Atos.

4 implicações das 5 dimensões

1. A renovação pode começar em qualquer ponto. Geralmente se começa no “pessoal” (Lutero e Wesley). Começar a se reunir em grupos menores pode gerar renovação.

2. Tem que se tornar pessoal e corporativa para ser genuína.

3. Tem que se tornar conceitual e estrutural para permanecer por longo tempo

4. Tem que alcançar o nível missiológico para ser biblicamente dinâmica renovação social, por fim ser renovação de toda criação.

Uso de modelos como método teológico – figuras e paradigmas.

Modelos conceituais Modelos aplicaçãoModelos – ministério

Modelos como parábolas ajudam a elucidar os mistériosA Bíblia não nos dá definições sobre igreja, mas figuras = corpo, povo, família, noiva, casa, templo, árvore, lavoura, exército, plantação.

Modelos da Igreja: Avery Dulles – 6 modelos

1. Instituição; 2. comunhão mística (povo de Deus)3. sacramento (igreja em si como sinal da graça de Deus, que encarna sua realidade)4. arauto (prega) Barth com sua ênfase na Palavra de Deus5. servo de Deus (Bonhofer)6. comunidade de discípulos (+ bíblico)

2 perguntas:

1. Quais são os modelos mais comuns em sua experiência?2. Você tem observado uma mudança consciente de modelo?

Instituição Organismo

Mt 20.25 Mt 20.26

Controle Equipar, preparar, capacitarHierarquia Mutualidade, consensoEm cima/em baixo hierarquia Encarnacional/elevarCentralizado em agências e organizações Centralizado nas pessoasProduto Processo (pessoas...)

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Máquina Organismo

Em busca de um modelo institucional que possibilite a igreja a funcionar e viver como um organismo. Buscar estruturas que facilitem a igreja a viver seu chamado e que condigam com sua natureza.

At 4.32 e 5.42 – Genuína comunidade cristã se devotaram – intencionalidade. 1. se baseia na nova vida em Jesus Cristo (reconciliação vertical e horizontal. Sabemos que estamos reconciliados com Deus quando estamos reconciliados com o próximo. Gentios e judeus unidos em Cristo. 2. envolve compromissos, dedicação.3. dedicavam-se a koinonia = compartilhamento espiritual e material. At 6 - interdependência4. lar é o local principal para experimentar a comunidade cristã (At 5.42, At 16 e Rm 16)

Exemplos bíblicos de renovação e história da renovação da igreja

At 2 – sabedoria para tirar do tesouro coisas velhas e novasJosias – redescoberta da Palavra assim como Lutero, Francisco de Assis (2 Rs 22, Gn 9.1-17 (renovação e aliança) Deus ainda tem uma aliança com a criação! Fundamento para as demais alianças. Ambiente maior (Gn 12 Abraão), Juízes 2.10-19, 2 Cr 7.14, Is 11.1-16 (renovação: coisas novas e velhas), Jr 30.1 e 34, ciclo de apostasia e renovação espiritual.

At - 4 aspectos da aliança1. sacrifício2. sacerdócio3. tabernáculo para habitação de Deus, pois Deus quer habitar com seu povo4. lei (revelação caráter de Deus, vivemos num universo moral

Tudo isto encontra seu cumprimento e realização em Jesus

No Novo Testamento:1. Jesus é o sacrifício – Hb 10.11-18, 1 Pe 3.18s – todos os sacrifícios aguardavam pelo próprio.2. Jesus é o sacerdote Hb 4.163. Jesus cumpre o sentido básico do tabernáculo que é habitação – Emanuel. O verbo se tornou carne e habitou entre nós! Edificou seu tabernáculo entre nós. 4. Jesus é lei no sentido de ser a exata expressão de Deus pai. Jesus cumpriu a lei. (Mt 5) Não veio para revogar, mas para cumprir. O amor é o cumprimento da lei. Deus é amor. Quem ama não tem que se preocupar com regras.

Estes 4 aspectos num sentido secundário também são cumpridos na igreja. Pensar na natureza da igreja. Cristologia e soteriologia gera a eclesiologia e até escatologia.

A reforma trouxe a palavra ao povo, agora falta levar o ministério ao povo. Igreja: uma nova realidade social!

Igreja: 1. Sacrifício – Rm 12, Rm 8, Fl 1, 1 Jo 3.162. sacerdócio – sacerdócio universal de todos os crentes 1 Pe 2.4-10 Ex 19 (Não tocar no ungido do Senhor = povo) a) sacerdócio vertical, podemos ir direto a Deus, como sacerdotes por causa de Jesus; b) sacerdócio horizontal, mútuo, sacerdócio dentro da igreja, ministrando uns aos outros; c) sacerdócio missionário, representando a Deus no mundo e o mundo a Deus. Evangelização e intercessão.

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3. Tabernáculo, vós sois santuário. Estevão At 74. Lei, Deus é amor, quem conhece a Deus ama. I Jo 3.16, santidade, obediência interior do coração, grande salvação: obra de Cristo não só para nós , mas por nós e em nós. A importância da igreja manifestar no mundo o caráter de Cristo. Antinomismo.

Deus quer uma igreja bem ligada a Cristo como corpo de Cristo. A própria natureza da igreja vem do caráter do Cristo.

Mas, na idade medieval – católica:1. Sacrifício – missa – repetição do sacrifício2. sacerdote – clero especial para sacrifício da missa segundo modelo do AT3. tabernáculo – catedrais se tornaram necessários para tais cerimônias bem igual ao AT. O povo não entendia o latim. A Bíblia estava fechada e acorrentada. Deus ficava mais distante como no AT (os sacerdotes é que deviam ser santos ou os santos, elite)4. Lei – tradição canônica – vaticano 2 – fez estas mesmas críticas ou quase

Reforma:1. Sacrifício2. Sacerdotes – universal no aspecto vertical ok, mas faltou no sentido horizontal e missões. Sacerdotes continuaram sendo elite – clero.3. Pensar que templo é edifício4. Lei moral para alguns

As igrejas avivadas voltam para o padrão do NT.

At 3.1-16 Gracioso poder de Deus demonstrado na vida das pessoas é uma chave para vitalidade da igreja1. nem outro nem prata + poder (recursos) de onde vem os recursos principais?2. poder de Deus no mundo – testemunho, não só na igreja comunidade3. somos testemunhas não só os fatos (curas) proclamar4. v.16 o poder é de Jesus – papel central não vem de nós. Foco central.

Trabalho: refletir sobre história da igreja no Brasil no seu contexto: 1. quais devem ser as características mais básicas da igreja vital. 3 a 5 características.

Wesley: “o maior milagre na igreja é pregar o evangelho aos pobres”Outro milagre é a quebra de barreiras na unidade de pessoas de diferentes raças e classes sociais. Demonstra visivelmente a reconciliação de todas as coisas em Cristo.

Ef 1-4