Viola Da Gamba
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Viola da Gamba
Trabalho de Organologia
Alexandre Pinho
Trabalho de Organologia Alexandre Pinho
Janeiro de 2014 2/10
Viola da Gamba
Retrato de Karl Friedrich Abel, com uma viola da gamba, compositor e mestre da viola da gamba, de origem alemã, mas que
residiu na Inglaterra a maior parte de sua vida, pintado por Thomas Gainsborough, c. 1765
O que é a viola da gamba?
A viola da Gamba é um instrumento de corda friccionada com trastes, desenvolvido no século
XV e usado principalmente na renascença e no barroco. A origem deste instrumento foi a
vihuela (um instrumento de cordas pinçadas parecido com a guitarra atual). Os vihuelistas
começaram a tocar a vihuela com o arco na segunda metade do século XV. Em duas ou três
décadas esta evoluiu para um instrumento de cordas totalmente novo, tocado com arco, que
retinha muitas das características originais da vihuela: uma parte traseira plana, cintura com
concavidade acentuada, trastes, laterais finas e uma entonação idêntica. Tanto que em
castelhano é chamada vihuela de arco.
Devido ao seu tamanho comparativamente grande este novo instrumento era segurado em
pé, encostado no colo ou apoiado entre as pernas, semelhante à postura para tocar o
violoncelo. Este costume originou o nome em italiano do instrumento “viola da gamba”, que
significa “viola de perna”, o que também ajudou a diferenciar de outros instrumentos,
nomeadamente o violino, que os italianos chamavam “viola de braccio” (significando
literalmente “viola de braço”).
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Construção
Como são construídas as violas de gamba?
As violas da gamba têm o fundo plano, e a frente trabalhada (enquanto que o violino pode ter
também a parte de trás trabalhada). A construção tradicional utiliza cola animal e as juntas
internas são reforçadas com pele de carneiro embebida em cola quente de animal. Um facto
interessante é que a voluta da viola da gamba é muito trabalhada, representando várias
figuras.
Voluta de uma viola da gamba baixo de 1703.
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Exemplos de voluta de viola da gamba
Em geral as violas da gamba têm seis cordas, embora a maioria dos instrumentos do século XVI
tenham cinco ou quatro cordas. Era também possível encontrar violas da gamba “baixo” com
sete cordas.
São encordoadas com baixa tensão, usando cordas fabricadas de tripas de animais, diferente
das cordas de aço utilizadas pelos membros da família do violino. As cordas feitas de tripa
produzem uma sonoridade diferente das cordas de aço, um som mais suave e mais doce. Por
volta de 1660 as cordas de cobre com alma de seda e de tripa começaram-se a tornar
disponíveis e passaram a ser utilizadas para produzir tonalidades mais graves das violas da
gamba e muitos outros instrumentos de corda.
Os trates da viola da gamba são colocados de maneira parecida aos da guitarra, ou seja, por
meio de trastes móveis, enrolados e amarrados.
Como são afinadas?
Enquanto que os membros da família do violino são afinados em 5as, as violas da gamba são
afinadas em 4as com uma 3ª no meio, copiando a afinação do século XVI da vihuela de mano e
do alaúde e semelhante à guitarra de 6 cordas moderna.
Características
As primeiras violas de gamba tinham cavaletes planos, mas pouco depois foi adotado um
cavalete mais largo, mais alto e mais arcado.
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As antigas violas da gamba não possuíam almas de madeira entre o tampo e o fundo o que
contribuiu para o seu som característico. Além disso, a ausência das almas permitia um
instrumento com um som mais tranquilo, mais suave.
É normalmente considerado que as aberturas em forma de C são um aspeto específico das
violas da gamba que as distingue dos instrumentos da família do violino, os quais por sua vez
têm aberturas em forma de f. No entanto, as antigas violas da gamba ou tinham uma
passagem sonora grande, arredondada, como as da vihuela e alaúde, ou tinham alguns tipos
de furos em forma de C. No início estas aberturas em forma de C eram voltadas uma para a
outra ou voltadas para dentro.
Mais tarde, construtores adotaram o uso de passagens em forma de S, voltados para dentro e
até em forma de f. Já nos finais do século XVI as aberturas em forma de C passaram a ser
voltadas para fora, configuração que se tornou o que hoje é chamado o padrão clássico do
século XVII.
Viola da gamba - The Viola da Gamba Society of America.
Existem violas da gamba da renascença e do barroco. Esta última é uma construção mais
pesada e dispõe de uma barra harmónica e alma de madeira como os instrumentos de corda
modernos.
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Arcos da viola da gamba
O arco é segurado sob a mão, com a palma voltada para cima, mas distante do talão, na
direção do centro. A haste geralmente é côncava e o talão é aberto, que confere à corda maior
liberdade de movimento.
Arco de viola de gamba do século XVI (the Samacchini bow)
Posição da mão no arco de viola de gamba
Versões da viola da gamba:
• pardessus viole (muito raro, exclusivo de França e só apareceu no século XVIII)
• soprano (quase do tamanho do violino)
• contralto
• tenor
• baixo (ligeiramente menor que o violoncelo)
• violone
Estas versões também se distinguem na afinação. As versões mais populares eram soprano,
tenor e baixo.
Família de instrumentos viola da gamba, em vários tamanhos
Michael Praetorius em Syntagma musicum,1618.
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Vários formatos de viola da gamba - The Viola da Gamba Society of America
A primeira ilustração impressa de uma viola de gamba que se tem conhecimento é a ilustração
do tratado Musica Getutsch de Sebastian Virdung (Alemão) de 1511, ilustrando a família do
alúde.
Ilustração do tratado de música Getutsch de Sebastian Virdung 1511
ilustrando a família do alaúde — pinçado e a arco.
Na época (início do século XVI) surgiram vários tratados importantes sobre a viola da gamba. O
primeiro de Silvestro Ganassi, com o nome de “Regola Rubertina & Lettione Seconda”.
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Capa do tratado Regola Rubertina & Lettione Seconda
Imagem Viola da Gamba
(tratado Regola Rubertina & Lettione Seconda)
Em termos de popularidade, a viola da gamba só perdia para o alaúde, visto que o alaúde era
tocado por pessoas comuns, que atuavam como músicos amadores. Casas de pessoas
importantes costumavam ter o que era chamado de cesto de violas da gamba, que podia
conter um ou mais instrumentos de cada tamanho, embora normalmente apenas as violas de
gamba soprano, tenor e baixo eram integrantes regulares do conjunto.
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Conjunto de violas da gamba, 1635
A viola da gamba baixo continuou a ser usada no século XVIII como um instrumento solista, e
para complementar o cravo, sendo o instrumento favorito de Luís XIV, ficando associado à sua
corte e à França (como o violino à Itália). As violas da gamba foram caindo no desuso à medida
que as salas de concerto ficaram maiores e a tonalidade mais alta e mais penetrante dos
instrumentos da família do violino se tornou mais popular. Nos últimos cem anos a viola da
gamba adquiriu de novo importância pelos entusiastas de música barroca e de música
renascentista.
Sonatas para viola da gamba e cravo, J.S. Bach
Hoje, a viola da gamba atrai cada vez mais o interesse do público, especialmente dos músicos
amadores. Isso talvez aconteça devido ao aumento da disponibilidade de instrumentos a
preços razoáveis construídos por fabricantes que utilizam técnicas mais automatizadas de
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produção, bem como devido à maior facilidade de acesso a partituras com músicas para o
instrumento.
Viola da gamba elétrica
No início deste século XXI, a Ruby Gamba, uma viola da gamba elétrica de sete cordas foi
desenvolvida pela Ruby Instruments de Arnhem, Holanda. Outra versão moderna da viola da
gamba é a viola da gamba-guitarra TogaMan que é, essencialmente uma viola da gamba tenor.
A afinação é a mesma da guitarra enquanto que a da Ruby Gamba é de orientação mais
tradicional.
Imagem de uma Ruby Gamba