Violão com Fábio Zanon

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SEGUNDA-FEIRA, MAIO 01, 2006 O violão no Brasil depois de Villa-Lobos por Fábio Zanon Como o café e o futebol, o violão est á indissociavelment e ligado a uma visão sócio-cult ural do Brasil, e nossa ident idade musical é impensável sem a sua presença. E não é para menos. Inst rumentos da família do violão foram já trazidos pelos j esuítas e usados na catequese, e José Ramos Tinhorão afirma que “ todos os exemplos de cantigas urbanas entoadas a solo por aqueles inícios do século XVI revelam em comum o acompanhamento ao som de viola”. Dessa forma, desde o primeiro encontro que define nossa identidade cultural, o violão está presente. Mas sua trajetória é tortuosa. O violão em seu formato atual é, na verdade, um desenvolviment o organológico do séc. XIX. Os instrumentos t razidos pelos j esuítas provavelmente foram as vihuelas, alaúdes e violas – as quais, simplificadas, tornaram-se guitarras barrocas - que, l evadas ao interior do país pelos bandeirantes, f oram adot adas como o instrumento folclórico nacional por excelência: a viola caipira. Isto, conjugado à marcada diferença cult ural ent re as classes sociais no período imperial, estigmat izou o viol ão – como acont ecia na Espanha – como o instrument o do popul acho, dos capadócios e da marginalidade, em oposição ao piano, que realizava um ideal de bom tom das famílias urbanas mais abastadas. Até a metade do séc. XIX há uma certa confusão, como atestam as Memórias de um Sargento de Mil ícias, entre a viola e o viol ão, mas depois de 1850 j á fica clara a dif erença entre a viola, um instrumento tipicamente sertanejo, e o violão, ou a guitarra francesa (como era chamada nos métodos à venda no R io de Janeiro), instrument o favorecido no acompanhamento do cancioneiro popular de t radição urbana. Até est e moment o, não há uma literatura específica para o instrumento publicada no país; os exemplos existentes são escrit os para piano, sem dúvida pelo fat o de não haver violonistas capazes de ler música. O violão também foi adot ado como baixo-cont ínuo dos incipient es grupos de choro, e a má f ama decorrente é fest ejada nos romances de Lima Barreto. Os primeiros defensores séri os do violão como instrumento de concerto, como o engenheiro Clementino Lisboa, o desembargador Itabaiana e o professor Alfredo Imenes, heroicamente se sujeit aram ao ridículo público ao se apresentarem, por exemplo, no Clube Mozart, centro musical da elite carioca. Os pri meiros concert os de violão solo documentados no país f oram oferecid os pelo violonist a cubano Gil Orozco em 1904 e não chegaram a atrair muita atenção, mas supõe-se que já há um ensino sério de violão clássico nesta época, já que Villa-Lobos admit iu haver aprendido violão pelos métodos do espanhol Dionísio Aguado (1784-1849). Entretanto, aquele que podemos apontar como o primeiro concert ista brasil eiro não sabia ler música e tocava com o violão invertido, mas com as cordas em posição normal: Américo Jacomino, o “Canhoto” (1889-1928). Canhoto era filho de italianos, o que ilustra uma nova tendência de popularização do violão: a sua adoção pela classe operária imigrante. Não é um mero acidente os luthiers Di Giorgio, Del Vecchio e Giannini terem se estabelecido no Brasil e transformado sua atividade artesanal em linha de produção de instrumentos dentro de poucas décadas. Mas o violão continua sendo ridicularizado na imprensa, como alvo de charges derrogatórias, apesar do enorme sucesso popular de violonistas-compositores como João Pernambuco (1883-1947). O ano da virada da casaca é 1916, quando o crít ico do jornal O Estado de São Paulo ouviu e Assine com RSS Assine por email O Violão Brasileiro Série dedicada aos expoent es do violão brasileir o. O Violão Espanhol Série dedicada à música espanhola para violão no século XX. A Arte do Viol ão em MP3 O viol ão clássico e seus int érpret es em 26 programas de Fábio Zanon disponíveis em MP3 de alt a fidelidade. Subscribe with RSS Subscribe by Email The Brazilian Guitar Seri es of 149 episodes explori ng the history of the Brazilian guitar from the beginning of the twentieth century Violão Espanhol Seri es of 13 episodes dedicated to guitar music by twenti eth century Spani sh composers. The Art of t he Guitar in MP3 History of the classical guitar in 26 radi o programs hosted by Fábio Zanon Programas Recentes: 17. Dilermando Reis 16. João Pernambuco 15. Radamés Gnattali II 14. Radamés Gnattali I Índice: O Violão Espanhol 13. Década de 90: Mompou, Balada, Ruiz Pipó, Marco... 12. Década de 80: Asencio, Muñoz Molleda, Montsalv... 11. Torroba, Quadreny, Halffter 10. Década de 70: Sainz de la Maza, Cristóbal Half... 9. Década de 60: Moreno Torroba, Rodrigo, Mompou VIOLÃO com Fábio Zanon Arquivo dos programas de violão clássico apresentados por Fábio Zanon e transmitidos originalmente pela Rádio Cult ura FM de São Paulo. Archive of classical guitar radio shows hosted by Fábio Zanon and originally broadcast by São Paulo's Radio Cultura FM. Denunciar abuso Próximo blog» Criar um blog Login

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SE GU N DA - F E I RA , M A I O 0 1 , 2 0 0 6

O violão no Brasil depois de Villa-Lobos

por Fábio Zanon 

Como o café e o futebol, o violão est á indissociavelment e ligado a uma visão sócio-cul tural

do Brasil, e nossa ident idade musical é impensável sem a sua presença. E não é para menos.

Inst rumentos da família do violão foram já t razidos pelos j esuítas e usados na catequese, e

José Ramos Tinhorão afirma que “ todos os exemplos de cant igas urbanas ent oadas a solo

por aqueles inícios do século XVI revelam em comum o acompanhamento ao som de viola” .

Dessa forma, desde o primeiro encontro que define nossa identidade cultural, o violão está

presente. Mas sua trajet ória é tortuosa. O violão em seu formato atual é, na verdade, umdesenvolvimento organológico do séc. XIX. Os instrumentos t razidos pelos j esuítas

provavelmente foram as vihuelas, alaúdes e violas – as quais, simplificadas, tornaram-se

guitarras barrocas - que, l evadas ao interior do país pelos bandeirantes, f oram adot adas

como o instrumento folclórico nacional por excelência: a viola caipira. Isto, conjugado à

marcada diferença cult ural ent re as classes sociais no período imperial , est igmat izou o

viol ão – como acont ecia na Espanha – como o instrumento do populacho, dos capadócios e

da marginalidade, em oposição ao piano, que realizava um ideal de bom tom das famílias

urbanas mais abastadas.

Até a met ade do séc. XIX há uma cert a confusão, como atest am as Memórias de um

Sargento de Mil ícias, entre a viola e o violão, mas depois de 1850 j á fica clara a dif erençaentre a viola, um inst rument o t ipicamente sertanejo, e o violão, ou a guit arra francesa

(como era chamada nos mét odos à venda no Rio de Janeiro), instrumento favorecido no

acompanhamento do cancioneiro popular de t radição urbana. Até este momento, não há

uma li t eratura específica para o inst rumento publi cada no país; os exemplos existentes são

escrit os para piano, sem dúvida pelo fat o de não haver violonist as capazes de ler música.

O violão também foi adotado como baixo-cont ínuo dos incipient es grupos de choro, e a má

fama decorrente é festejada nos romances de Lima Barreto. Os primeiros defensores sérios

do violão como instrumento de concerto, como o engenheiro Clementino Lisboa, o

desembargador It abaiana e o professor Alf redo Imenes, heroicamente se sujeit aram ao

ridículo público ao se apresentarem, por exemplo, no Clube Mozart , cent ro musical da el it ecarioca.

Os primeiros concert os de violão solo documentados no país foram oferecidos pelo violonist a

cubano Gil Orozco em 1904 e não chegaram a atrair muit a atenção, mas supõe-se que j á há

um ensino sério de violão clássico nesta época, j á que Vil la-Lobos admit iu haver aprendido

violão pelos métodos do espanhol Dionísio Aguado (1784-1849). Ent ret anto, aquele que

podemos apontar como o primeiro concert ista brasil eiro não sabia ler música e tocava com o

violão invert ido, mas com as cordas em posição normal: Américo Jacomino, o “ Canhoto”

(1889-1928). Canhot o era fi lho de it alianos, o que ilustra uma nova tendência de

popularização do violão: a sua adoção pela classe operária imigrante. Não é um mero

acidente os luthiers Di Giorgio, Del Vecchio e Giannini t erem se estabelecido no Brasil et ransformado sua at ividade art esanal em l inha de produção de inst rumentos dentro de

poucas décadas. Mas o violão cont inua sendo ridicularizado na imprensa, como alvo de

charges derrogatórias, apesar do enorme sucesso popular de viol onist as-compositores como

João Pernambuco (1883-1947).

O ano da virada da casaca é 1916, quando o crít ico do jornal O Estado de São Paulo ouviu e

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O Violão BrasileiroSérie dedicada aos expoent es do violão brasi leir o.

O Violão EspanholSérie dedicada à música espanhola para violão no século XX.

A Arte do Violão em MP3O viol ão clássico e seus int érpretes em 26 programas de Fábio Zanon disponíveis em MP3 de alt a fidelidade.

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Violão EspanholSeri es of 13 episodes dedicat ed to guitar music by twenti eth century Spani sh composers.

The Art of t he Guit ar in MP3

History of the classical guit ar i n 26 radi o programs hosted by Fábio Zanon 

Programas Recentes:

17. Dilermando Reis

16. João Pernambuco

15. Radamés Gnattali II

14. Radamés Gnattali I

Índice: O Violão Espanhol

13. Década de 90: Mompou,Balada, Ruiz Pipó, Marco...

12. Década de 80: Asencio,Muñoz Molleda, Montsalv...

11. Torroba, Quadreny,Halffter

10. Década de 70: Sainz de laMaza, Cristóbal Half...

9. Década de 60: MorenoTorroba, Rodrigo, Mompou

VIOLÃO com Fábio ZanonArquivo dos programas de violão clássico apresentados por Fábio Zanon e t ransmit idos originalmente pela Rádio Cult ura FM de São

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se rendeu à arte do virt uose e compositor paraguaio Agust ín Barrios (1885-1944), que residiu

no Brasil em decorrência de seu sucesso. No mesmo ano, Canhoto apresentou-se no

Conservatório Dramát ico e Musical com ext raordinário êxit o.

“ É at ravés deste concerto que Américo Jacomino conquista a elit e paulist ana e assim,

possibil it ando o início da dissolução do preconceit o que freava o desenvolviment o da música

para violão” .

A part ir de então, a imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro passou a considerar o violão

como inst rumento de concert o e até a elogiar Barrios, Canhot o e a espanhola Josefina

Robledo, aluna de Tarrega que t ambém residiu no Brasil por vários anos.Como vemos, t alvez surpreendentemente, o violão como inst rumento de concert o ainda não

completou 100 anos no Brasil , o que faz da vulcânica personalidade de Heit or Vil la-Lobos

(1887-1959) um fenômeno ainda mais singular. As contingências sócio-culturais fizeram com

que seu inst rumento públ ico fosse o violoncelo e que o violão fosse somente um laborat ório

de fundo-de-quint al, que ele util izava para penet rar nas rodas de choro. A maior part e das

obras que escreveu ant es de 1920 perdeu-se, e a Suíte Popular Brasil eira (1912-23) só foi

publ icada décadas mais t arde – à sua revelia – na França. É uma obra característ ica do

período, onde a fronteira ent re o idioma clássico e as formas de dança popular não é muito

nítida.

Por mais original e promissora que possa parecer a produção da primeira fase de Villa-Lobos, até 1922, há uma nít ida mudança de marcha em sua estét ica que coincide com a

residência em Paris nos anos ́ 20, um fenômeno observado em outros composit ores de

orientação nacionali sta. Parece que a dist ância e a recept ividade do novo ambiente lhe

permit iram realizar uma sínt ese ent re uma visão pragmática, que aceita a superposição de

inf luências ext ernas como uma profecia auto-real izada em uma cult ura colonizada, e uma

visão idealizada, derivada de Rousseau, em que o compositor se via como um bom

selvagem, corrompido por estas mesmas influências. A formidável série de Choros, as

maiores obras para piano e os 12 Est udos para violão, compostos em 1929, são os f rut os

mais suculentos dessa sínt ese.

Seria absolutamente impensável a real ização desta obra dentro do context o acanhado do

violão clássico no Brasil dos anos 20. Por mais divergências que Vil la-Lobos possa ter t ido

com o dedicat ário, Andrés Segovia, a personagem dominante do violão no século XX, f oi,

sem dúvida, o vislumbre das possibi l idades latentes do violão, permit ido pelo ext raordinário

poder persuasivo de Segovia, que est imulou Vil la-Lobos a escrever uma coleção comparável

às grandes séries de estudos para piano ou viol ino. Não é exagero dizer que os 12 Estudos

são um divisor de águas dent ro da história do violão. De todos os composit ores que

escreveram inspirados pela art e de Segovia, Vil la-Lobos é o único que part e de um

conhecimento em primeira mão do arcabouço técnico do instrumento para a realização de

uma linguagem individual, que incorpora uma luxuriante paleta harmônica e um

compromisso com a inovação no discurso musical. Prova da qual idade visionária destas obrasé a espera, até 1947, para que Segovia as incluísse em seus programas e at é 1953 para que

fossem publicados. Neste hiato, Villa-Lobos já havia retornado definitivamente ao Brasil, e

sua l inguagem havia dado uma guinada na direção de um cert o conservadorismo posit ivista e

neo-clássico que pode ser det ectado na sua série de 5 Prelúdios (1940).

O legado de Villa-Lobos é tant o uma benção como um peso para os composit ores da geração

posterior. Seus Prel údios e Estudos são as obras mais populares do viol ão no séc. XX,

t ocados por t odos os violonistas de qualquer nível de excelência, e gravados centenas de

vezes. Seu Concert o para viol ão e orquest ra de 1951 é uma das poucas obras brasileiras,

t alvez a única, com lugar assegurado no repert ório int ernacional do gênero. As

possibil idades de reconheciment o internacional, assim abert as para um composit orbrasileiro, podem ser um tremendo fator de inibição, pelo temor à epigonia.

Some-se a isso o fat o de que uma sólida cult ura clássica para o violão ainda t ardou algumas

décadas para cristalizar-se no Brasil. O perfil de Barrios ou Canhoto não era suficientemente

“ clássico” para o projeto art íst ico de Vil la-Lobos, e a import ante contribuição de

prof essores como Att il io Bernardini (1888-1975) teve conseqüências mais visíveis no campo

do violão popular. A distinção entre o violão de concerto e o violão popular foi gradualmente

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se acentuando nos anos 1930, 40 e 50 e alguns dos músicos de maior visibil idade, como

Dilermando Reis (1916-1977), Aníbal Augusto Sardinha, o “ Garoto” (1915-1955), e Laurindo

de Almeida (1917-1995), construíram quase que a totali dade de suas carreiras à sombra da

Era do Rádio, criando um vasto repertório seresteiro no caso de Dilermando, incorporando

alguns elementos impressionistas que apontam para a bossa-nova no caso de Garot o, ou

simpl esmente est abelecendo-se nos EUA como um músico de j azz no caso de Laurindo.

Não obstante as l imitações destes grandes art istas na esfera do violão clássico, eles

estabeleceram uma relação próxima e est rearam algumas obras do composit or que mais se

esforçou em enfraquecer as barreiras entre a música clássica e a música popular de

qualidade: Radamés Gnatall i (1906-1988), que assim tornou-se o autor da obra violoníst icamais signif icat iva e numerosa a part ir dos anos 50, incluindo 5 concert os para violão e

orquestra (1952, 53, 55, 61 e 68). A advocacia de sua obra ministrada mais tarde por

violonistas da esfera clássica est imulou-o a compor extensivamente e criar obras de

considerável interesse, como a Brasil iana no.13, a Suíte, os 10 Estudos, os 3 Estudos de

Concert o e Alma Brasileira; seu legado se est ende à música de câmara com a suít e Retrat os

para 2 violões, a Sonat ina para fl auta e violão, uma Sonata para violoncelo e violão e out ra

para violoncelo e 2 violões, além de inúmeros arranj os que incluem o violão num context o

semi-orquest ral. A obra de violão de Gnatall i t raz t odas as melhores qualidades e os mais

evidentes problemas de sua produção como um todo: a excelente escrit a inst rumental, as

inesperadas soluções harmônicas e o verdor da inspiração, mas t ambém a notória falta de

paciência com o acabamento e um caráter sonambulístico e quase-improvisatório que, sobum cert o pont o de vist a, pode ser uma qualidade. Depois de Vil la-Lobos, a obra de violão

de Gnatal l i é a mais apreciada e freqüentemente tocada no ext erior.

Por um lado, o rádio enfraqueceu as distinções de classe através do gosto musical e

t ransformou-as numa massa indist int a chamada “ouvint e” , disposta a ouvir o violão sem

preconceitos; em 1928, o int eresse pelo inst rumento é vast o o suficiente para o surgimento

de uma revista, “ O Violão”, no Rio de Janeiro. Por out ro, ainda falt ava uma metodologia

que permit isse o surgimento de um número significat ivo de concert istas de violão que

preenchessem um vazio só ocasionalment e quebrado por raras visitas de art istas

internacionais como Regino Sainz de la Maza, Andrés Segovia (a part ir de 1937) e Abel

Carlevaro (nos anos 40).

O desenvolvimento desta metodologia veio com o uruguaio Isaías Sávio (1902-1977), que se

estabeleceu em São Paulo nos anos 30. Sávio foi um concert ista de modestos recursos, mas

um devotado professor e autor de mais de 100 peças originais para violão, algumas das

quais, como a Batucada das Cenas Brasileiras, perduram no repert ório. Ele teve um papel

considerável na promoção do violão dentro do establishment musical do país, publicou

dezenas de métodos e arranj os, e formou gerações de violonistas que pront amente se

estabeleceram como professores em outras capit ais, com destaque para Antonio Rebell o

(1902-1965) no Rio de Janeiro. A Sávio t ambém devemos a criação do curso oficial de viol ão

nos conservatórios e, pouco antes de falecer, nas universidades. Ele teve a sensibi l idade de

não sufocar a nat ural vocação do violão brasileiro para o cross-over e, entre seus alunos,

podemos contar t anto um Luís Bonfá ou um Toquinho quanto um Carlos Barbosa Lima.

A relação de Sávio com os composit ores “ sinfônicos” foi algo t ímida; a inst rução dos

composit ores cust ou a incorporar a técnica de escrit a para violão – uma novidade que

Segovia havia imposto a composit ores como Ponce e Turina nos anos 20 -, o exemplo de

Villa-Lobos provou-se um ideal alto demais para se alcançar, e a falta de seriedade com que

se encarava o violão no início do século ainda criou reverberações nos anos 40 e 50. Some-se

a isso o desfavor em que a est ét ica nacionalista caiu após a revolução de 1964 e temos um

desconfortável e algo vergonhoso hiato na incorporação da obra de Camargo Guarnieri,

Lorenzo Fernandez e Francisco Mignone ao repertório int ernacional de violão.

Camargo Guarnieri (1907-1993) seria, levando-se em conta seu impl acável art esanato e

concisão, o composit or ideal para dar cont inuação ao fio condutor de Vil la-Lobos, mas na

prát ica isso não aconteceu. Ele se exasperava com as dif iculdades de se escrever bem para o

inst rumento, e seu único Ponteio (1944, dedicado a Carlevaro) para violão não tem o mesmo

carisma dos homônimos pianíst icos. Seus 3 Estudos (no.1: 1958, nos. 2 e 3: 1982), apesar de

ext raordinários como composições, apresentam um caráter torturado e esotérico que apela

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somente aos intérpretes mais intelectualmente inclinados. As 2 Valsas-choro (1954, 1986)

são obras bem mais simpáticas, mas, como de praxe em Guarnieri, a 2a delas ainda não

está sequer editada. Lorenzo Fernandez (1897-1948) foi ainda menos generoso: deixou

somente um pequeno Prelúdio (1942) de parco int eresse e um arranjo da Velha Modinha

(1938, original para piano como part e da Segunda Suit e Brasileira) dedicado a Segovia, que

freqüentement e é tocado como bis.

Se a cont ribuição destes composit ores magnos de nosso nacional ismo é numericamente

decepcionante, o mesmo não se pode dizer de Francisco Mignone (1897-1986). Suas

primeiras tentat ivas de escrever para o violão foram bem modestas, mas em 1970 ele

produziu a série de 12 Valsas, em t odos os tons menores, e 12 Estudos que, semmanifestarem o ímpeto renovador de Villa-Lobos, ocupam uma posição quase tão alta

quando a dele no repert ório brasil eiro pela precisão de escrit a, invent ividade no t ratamento

inst rumental e variedade de expressão. Seu quase t otal desapareciment o do repert ório

int ernacional é um acidente de percurso, e nenhuma out ra obra da escola nacionalista

merece maior atenção. O mesmo deve ser dit o do Concert o para violão e orquest ra (1976),

possivelmente a mais bem-concebida obra brasileira do gênero, mas que ainda não teve a

chance de ser plenamente avaliada devido ao seu quase-ineditismo. Duas peças curtas,

Canção Brasilei ra (1970) e Lenda Sert anej a (1982) completam um corpus de obras para

violão de máximo interesse.

A paixão de Mignone pelo violão em seu úl t imo período criat ivo foi causada em grande part epelos frutos colhidos da profissionalização do ensino de violão no país. Os anos 60 e 70

marcam não só uma ext raordinária expansão do ensino do violão popular com o advento da

bossa-nova, mas também a consolidação da carreira internacional de uma geração: Carlos

Barbosa Lima (n.1944), Turíbio Santos (n.1940), Sérgio (n.1948) e Eduardo Abreu (n.1949),

Sérgio (n. 1952) e Odair Assad (n.1956) e, mas tarde, Marcelo Kayat h (n.1964). A percepção

do Brasil como o país do violão deve muit o a estes dois event os conjugados. O cenário

nacional também se beneficiou desse arranque e uma nova geração de didatas se

estabeleceu neste período, com dest aque para Henrique Pint o (n.1941) e Jodacil Damaceno

(n.1929).

Junto com Isaías Sávio, estes violonistas foram o ponto de referência para toda uma geraçãode composit ores nacionalistas que deixaram itens isolados de considerável interesse, como

José Vieira Brandão (1911-2002) com o Mosaico, Walt er Burle-Marx (1902-1991), autor de

Bach-Rex e Homenagem a Vil la-Lobos, Souza Lima (1898-1982) com seu Cort ej o e

Divert imento, e Lina Pires de Campos (1918-2003), autora de 4 Prelúdios e Ponteio e

Toccatina. Três compositores já falecidos merecem uma menção particular pela sua

import ância dent ro da vida musical brasileira: Cláudio Sant oro (1919-1989), autor de um

Est udo, um Prelúdio e da Fantasia Sul América; Theodoro Nogueira (1913-2002), autor de

ext ensa obra que inclui 6 Brasil ianas, 5 Valsas-Choro, 4 Serest as, 12 Improvisos e um

Concertino para violão e orquestra; e César Guerra-Peixe (1914-1993) autor de 6 Breves, 10

Lúdicas, 4 Prelúdios e da primeira Sonata brasileira para violão, de 1969, uma obra

ext remamente engenhosa da sua fase nacionalista.

Os anos da ditadura militar provocaram uma dramática re-configuração da vida musical do

país. A considerável repressão da l iberdade de expressão forçou art istas e intelectuais a

t omarem posições drást icas. Compositores de tendência governista não t iveram sucesso em

persuadir as autoridades da necessidade de um desenvolvimento contínuo da educação

musical, e t iveram de responder por isso depois da abert ura nos anos 80. Uma maioria de

composit ores opostos ao regime refugiou-se na rot ina do ensino universitário e, seguindo o

modelo americano, cristalizou um sistema de ensino acadêmico que prescinde da atuação no

dia-a-dia do composit or prof issional e encoraja o surgimento de “ processos’ composicionais

que muit as vezes só podem ser decodif icados por colegas. Ao mesmo tempo, a part icipação

at iva dos cantores/ composit ores de MPB no processo de abert ura polít ica relegou os

composit ores clássicos a uma posição secundária dent ro do meio cul tural e a um

recrudesciment o do int eresse da imprensa pela produção de concerto, uma sit uação que não

parece passível de reversão num futuro próximo.

O violão, como um natural mediador, no Brasil , entre o universo da música clássica e da

popular, encont rou-se subit amente numa posição privilegiada. Int érpret es como Barbosa

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Lima, Turíbio Santos e o duo Assad, inicialmente escolados na tradição clássica do viol ão,

hoje atuam numa tênue l inha divisória em que a fronteira ent re o que é clássico e o que é

música instrumental brasil eira não é muito clara. Os composit ores at ivos criaram seus nichos

estét icos, muit as vezes opostos, e foram seduzidos pela garantia de inclusão de suas obras

para violão no repertório regular.

Os composit ores de orient ação pós-nacionalista que mais cont ribuíram para o repert ório

brasileiro são Marlos Nobre (n.1939) e Edino Krieger (n.1928). A obra de Marlos Nobre é

ext ensa e de incalculável alcance art íst ico. Os Momentos I-IV, a Homenagem a Vil la-Lobos,

as Reminiscências, o Prólogo e Toccata, a Ent rada e Tango, as Rememórias e o Concert o para

2 violões e orquestra cobrem 30 anos de produção art íst ica, atest am sua imaginaçãopoderosa e o colocam como um verdadeiro herdeiro de Villa-Lobos, em sua escrita

detalhada, robust a realização inst rument al e perfeit o equil íbrio entre a cor local e as

necessidades de um argumento formal de maiores proporções. A considerável dificuldade

t écnica de suas obras t em se most rado um fat or inibidor, e Nobre é, num plano

int ernacional, mais respeit ado que tocado, mas este é um fat or que deve ser superado em

favor de obras de qualidade superlat iva que merecem atenção incondicional. Já Edino

Krieger obteve considerável sucesso com sua Rit mat a de 1974, e suas obras mais recent es,

Passacaglia in Memoriam Fred Schneit er e seu Concert o para 2 violões e orquestra parecem

prontas a seguir o mesmo caminho. Um compositor de produção mais mirrada, mas de sumo

int eresse, é Osvaldo Lacerda (n.1927), autor de t rês encantadoras peças, Moda Paulista,

Ponteio e Valsa Choro. Um it em isolado de Ronaldo Miranda (1941), Appassionata, temmerecido uma calorosa acolhida int ernacional; a Sonat ina de José Albert o Kaplan (n.1935) e

a peça de mesmo t ít ulo de Sérgio Vasconcelos Corrêa (n.1934), t ambém autor de um

Concert o, demonst ram grande profissionalismo de fatura.

A produção dos composit ores independent es, seguindo a esfera de interesse dos intérpret es

a quem é dirigida, cobre um amplo espectro de possibi l idades estét icas. Almeida Prado

(n.1943) realizou experiment os com a sonoridade, comparáveis às suas Cart as Celestes para

piano, em Livre pour Six Cordes e Port rait de Dagoberto, dedicado ao violonista paulista

radicado na Suíça, Dagobert o Linhares, mas sua Sonata oscil a entre uma energia

prokofieviana e um nacionalismo desbragado. Outro prolífico compositor de música para

violão é Ricardo Tacuchian (n.1939), cuja produção pende entre o nacionalismo urbano da

Série Rio de Janeiro e da Imagem Carioca para 4 violões e o experimental ismo sonoro das

duas Lúdicas e dos dois Impulsos para dois violões. A expl oração de técnicas pouco

convencionais encont ra em Sighs de Jorge Antunes (n.1942) e no Estudo no.1 para viol ão e

narrador de Rodolfo Coelho de Souza (n.1952) o seu canal de vasão. A polissemia produziu

ao menos uma obra de interesse permanent e, Que Trat a de España de Wil ly Corrêa de

Oliveira (n.1938).

A prol if eração de concert istas de atuação local e as óbvias vantagens da colaboração ent re

eles e composit ores ainda não plenamente estabelecidos têm criado espaço para uma

atividade extensa, frenética e difícil de avaliar, mas eu apontaria os nomes de quatro

composit ores nascidos depois de 1960 que apresentam t odas as condições para uma pl ena

aceitação no repertório internacional: Alexandre de Faria (n.1972), cuja Entoada foi

agraciada com o primeiro prêmio no Concurso Internacional “ Andrés Segovia” de composição

em 1997, e que desde ent ão tem escrit o obras de ext rema intensidade t eat ral, que

absorvem alguns element os do minimal ismo, informadas por um raciocínio harmônico

personalíssimo e de total int ransigência de expressão: o Prelúdio no.1 “ Olhos de uma

Lembrança” e no.2 “ Death of Desire” , além de dois concert os para violão e orquest ra, o

segundo dos quais, “ Mikulov” , foi estreado com sucesso sem precedentes na República

Tcheca; Art ur Kampela (n.1960), cujas Danças Percussivas, também premiadas num concurso

int ernacional na Venezuela, incorporam elementos de modulação rít imica; Alexandre

Eisenberg (n.1966), aut or de ambiciosos projetos formais de caráter mais t radicional como oPrelúdio, Coral e Fuga e a Pentalogia; e Marcus Siqueira (n.1974), dono de um refinado

ouvido para colorido inst rument al, que é ilustrado pelo Impromptu Fragile, Impromptu

Móbile e Elegia e Vivo; seu concerto para violão, harpa, celeste e 2 orquestras de câmara

Hoquetus, Ecos, Espelhos ainda aguarda estréia. Há t ambém autores de it ens isolados de

alta qualidade, como Mikhail Malt (n.1957) e seu Lambda 3.99 para violão e sons gerados

por computador; Achil le Picchi (b. 1957), de feição algo mais convencional e bart okiana, com

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seu Prelúdio, Valsa e Finale e 3 Momentos Poéticos para violão e orquest ra; Harry Crowl

(n.1958), de genuína erudição, aut or de Assimet rias; e Robert o Vict orio (n.1959), com seu

Tet rakt is e um Concert o para violão, f lauta e orquestra. Todos est es composit ores, com a

provável exceção de Faria e Eisenberg, t êm de conviver com a nova ordem: dificuldades

para publ icação, distribuição e regist ro fonográf ico dest as obras levam-nos à t ábua de

salvação das universidades e das sociedades e fest ivais de música contemporânea; uma

aceitação menos circunscrit a à sua área de at uação será obra do acaso e do int eresse

continuado dos intérpretes.

Mais afortunados são aqueles que transitam na tênue linha entre o clássico, o jazz e o

inst rumental brasileiro. No mundo, e cada vez mais no Brasil , hoje, há uma verdadeiraindúst ria de sociedades, f est ivais, editoras e companhias discográficas dedicadas

exclusivamente ao violão “ clássico” , e entenda-se por clássico não uma categorização

estét ica, mas t ão soment e de t écnica inst rumental. Uma parcela signif icativa do público

para estes eventos e produt os carece de uma ampl a cul tura musical e certamente não

dispõe de elementos para uma apreciação crít ica da produção contemporânea; normalment e

são estudantes ou amadores sérios que travaram seu primeiro contato com o violão at ravés

do pop ou do j azz. O perfi l deste púbico det ermina a aceit ação internacional de

composit ores-viol onistas como Sérgio Assad (n.1952) que, além de ser um dos integrantes

do renomado duo Assad, t em int ensif icado sua produção nos últ imos 15 anos; obras como

Aquarel le, sua Sonat a, a série de Jobinianas, e várias peças para duo de violões como Vit ória

Régia, Pinot e e Recife dos Corais já fazem part e do repert ório regular de est udantes domundo todo. A ext ensa, variada e inst rument almente eficient e obra de Paulo Port o Alegre

(n.1956), Daniel Wolff (n.1967) e Maurício Orosco (n.1976) parece destinada ao mesmo

êxito.

O t raço que dist ingue estes composit ores daqueles chamados violonistas “ populares” é uma

evidente ambição formal decorrente de sua at ividade como concert istas. Compositores-

violonistas cuja principal atuação é na área dos shows ampl if icados ou como acompanhantes

de cantores ou solistas de jazz tendem a se encarar como herdeiros da t radição de Canhoto,

Garoto, Dil ermando Reis ou Baden Powel l, e suas obras são, conseqüentemente, restrit as às

formas de canção e dança, o que não as impede de serem adotadas amplamente como

material de concerto mundo afora. Êxit o incondicional t em obt ido a obra de Paulo Bell inati

(n.1950), cujo Jongo j á foi gravado pelos mais destacados solistas int ernacionais e que já

produziu centenas de obras na mesma veia, mas Marco Pereira (n.1955), Celso Machado

(n.1953) e Guinga (n.1950) também têm uma ampla base de admiradores.

Um caso singular encontramos em Egbert o Gismonti (n.1944), celebrado internacionalmente

como um dos maiores inst rument istas do j azz cont emporâneo, mas cujas obras Central

Guit ar e Variat ions: Hommage à Webern se alinham à produção experimental de concert o.

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