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VITÓRIA FORTIFICAÇÕES E ILHAS

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VitóriaFortiFicações e ilhas

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1ª Edição - 2017Vila Velha - ES

Editora e Publicações

VitóriaFortiFicações e ilhas

João Roberto Vasco Gonçalves

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© 2017—Above PublicaçõesEditor ResponsávelUziel de Jesus

Gerente EditorialDaiane Benedet

Revisãodo autor

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Diagramação Above Publicações

Todos os direitos reservados pelos autores.É proibida a reprodução parcial ou total sem a permissão escrita dos autores.

Editora Above(27) 3140-3374www.aboveonline.com.br

Ao povo de VitóriaFicha catalográfica

G635vGonçalves, João Roberto Vasco, Vitória Fortificações e Ilhas / João Roberto Vasco Gonçalves. – Vila Velha : Above Editora e Publicações, 2017. 174 p. ; 15,5x23 cm.

ISBN 978-85-8219-332-7 1. História. 2. Fortificações. 3. Ilhas. I. Título

CDD B869

Catalogação na publicação:Bibliotecária: Andréa da Silva Barboza – CRB7/6354

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AGRADECIMENTOS

Meu agradecimento especial ao Sr Clério José Borges de Sant’anna. Professor, historiador, acadêmico, poeta e co-mendador, além de muitos outros merecidos títulos, por ter me acompanhado nas visitas técnicas realizadas como subsídios às pesquisas históricas para escrever o presente livro;

Ao Arquivo Histórico do Exército Brasileiro, na pes-soa do Major Jorge, o Sargento Valalion e toda a equipe, que contribuiu para a realização da pesquisa histórica naquela unidade;

Ao Arquivo Nacional, RJ, na pessoa da Sra Kátia Borges e sua equipe;

A Mapoteca do Itamarati, na pessoa da Sra Simone e equipe;

Ao Clube Ítalo-Brasileiro, na pessoa do Sr Marcos Cris-saff e sua equipe que nos acompanhou nas visitas técnicas que fizemos naquela área;

Ao 38ºBI, do Exército Brasileiro, Vila Velha, ES, na pes-soa do cabo Afonso e sua equipe, do serviço de relações pú-blicas, que nos acompanhou na visita técnica àquele local e prestou todas as informações históricas disponíveis;

A SEMESP-PMV, na pessoa da Sra Alessandra Junquei-ra e sua equipe, que prestou as informações requeridas e determinou um contato para assuntos culturais nessa se-cretaria;

A Biblioteca Central da UFES, na pessoa da bibliotecá-ria, Sra Edna Reis e sua equipe pela ajuda na localização das

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obras consultadas;A Biblioteca Estadual, na pessoa da bibliotecária, Sra

Rita Moro e sua equipe, pela ajuda na localização das obras consultadas;

Ao Arquivo público municipal, na pessoa da Sra Fabio-la Pereira e equipe, pela ajuda na localização das fotos e do-cumentos históricos ali procurados;

A TV Frenesi, na pessoa do seu cinegrafista Edinei, que contestou, contra argumentou e finalmente entendeu o meu inusitado pedido da filmagem in natura, sem cortes nem edições para estudo de cada lance da visita técnica, buscando detalhes de imagens e comentários pertinentes, que muitas vezes passam despercebidos, pois, essa foi a in-tenção ao contratá-lo.

À minha mulher Hermenegilda, que compreendeu a minha ausência nas constantes idas e vindas por aqui e até viagens na busca de documentos históricos constantes nesse livro, além do tempo que lhe subtraí, de atenção nos períodos em que escrevia;

E a todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse livro.

Roberto Vasco31 de janeiro de 2016.

PREFÁCIO

UM ESCRITOR ATENTO AS SUTILEZAS, ATENTO A VERDADE

Veio para ressuscitar o tempo (...)Veio para contaro que não faz jus a ser glorificadoe se deposita, grânulo,no poço vazio da memória.É importuno,sabe-se importuno e insiste,rancoroso, fiel.

Poema “Historiador”, de Carlos Drummond de Andra-de, in ‘A Paixão Medida’

O trabalho de pesquisar, procurar, reconstituir e inter-pretar fatos do passado realizado pelo Escritor Capixaba João Roberto Vasco Gonçalves é digno dos maiores elogios. Sua intensa busca em realizar visitas técnicas, investigar o passado, ser fiel aos verdadeiros acontecimentos é de uma admiração impressionante. É uma constante busca pela verdade. É um estímulo para um raciocinar em séculos e milênios, para conduzir sua pesquisa no tempo e com a per-feição desejada.

De onde vem a vontade de Roberto Vasco de se conec-tar com a pesquisa e construir literatura, de forma concreta e objetiva em uma inerte folha de papel? História é pesquisa

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e, um conhecimento advindo de uma investigação. O estudo histórico começa quando Roberto Vasco encontra elemen-tos de sua existência nas realizações dos seus antepassados. Nesta vontade, não lhes faltam forças para viajar, visitar bi-bliotecas e museus, buscando várias fontes de informação para construir a sucessão de processos históricos. De onde vem esta força? De onde vem este amor por escritos e ma-pas antigos, entrevistas (História oral) e achados arqueoló-gicos? De onde vem esta força, este trabalho árduo, sem re-muneração, construído por um genuíno espírito abnegado, um verdadeiro altruísta? Descobri a resposta as minhas in-dagações. A fôrça do Escritor João Roberto Vasco Gonçalves vem da motivação, ligada a um imenso desejo. O desejo de ser útil, de informar, de ajudar pessoas na busca histórica da verdade.

Verdadeiramente o ser humano é expressão, é idéia e é palavra. E escritores, nada mais querem do que produzir aquilo que é intrinsecamente humano. É Querer humanizar pela linguagem, pelas histórias e pelos personagens. Escre-ver para Roberto Vasco não é um sonho. Longe disso! Es-crever é uma necessidade e sua força está na tenacidade de seu caráter e na sua busca constante pela verdade, como homem de bem, poeta, trovador e reconhecido Escritor. Um escritor atento às sutilezas que, muito dificilmente, seriam vistas por médicos, advogados e outros profissionais.

Já dizia o poeta que os escritores enxergam as entreli-nhas das entrelinhas do dia a dia e pescam, com maestria, as miúdas ações capazes de desencadear os mais grandio-sos sentimentos. Ser escritor é homenagear a beleza dos simples e dos pequenos atos. Roberto Vasco homenageia constantemente a beleza do que é simples e dos pequenos

atos. Conheci Roberto Vasco em atividades culturais e logo

percebi que estava diante de uma grande pessoa, de um grande intelectual. Homem simples, porém culto e inteli-gente. Capaz de expor suas idéias sobre os grandes filósofos gregos em uma linguagem bem simples e de fácil assimila-ção, mostrando com argumentos diversos as teses de no-mes renomados, como Platão, Pitágoras, Heráclito, Sócrates e Aristóteles até pensamentos sobre a metodologia marxis-ta e, à crítica e análise do desenvolvimento do capitalismo e o papel da luta de classes. E, é ainda capaz de, com maestria e habilidade, de repente, surpreender com uma canção em Latim, apresentando um Credo em Latim, ou um belo canto gregoriano, lembrando a época de seus estudos no Colégio Marista de Vila Velha, em performance de fazer inveja aos primeiros cristãos e mesmo aos discípulos de Jesus Cristo.

Chamado a participar de algumas visitas técnicas eu de imediato me prontifiquei a acompanhá-lo, não para in-fluenciar em alguma pesquisa ou estudo, mas, para solver de sua capacidade de assimilação do conhecimento e das informações coletadas. Foram fotos, filmagens e, numa tro-ca de experiências e no meu caso, profunda e grata satis-fação de poder usufruir de um momento especial, com a proximidade a uma pessoa especial, Roberto Vasco, em sua busca constante pela verdade, garimpando documentos so-bre as Ilhas e os morros de Vitória e, as suas fortificações, que o levaram a várias bibliotecas e, inclusive ao Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro, ao Arquivo Nacio-nal e ao Itamarati.

O próprio Roberto Vasco relata que, inicialmente pen-sou fazer um gostoso livro de memórias, falando um pou-

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INTRODUÇÃO

Vitória é minha cidade por adoção, onde passei a maior parte da minha vida, fazendo tudo que cabe ao cidadão co-mum: Brinquei, passeei, estudei, me diverti, namorei, tra-balhei, casei, criei a família e agora sou vovô; em suma: vivi.

Sempre me senti devedor em relação a ela por ainda não ter escrito, além de alguns poucos poemas urbanos, muito pouco, em relação a tudo que vi, ouvi e participei.

Pensei inicialmente em fazer um gostoso livro de me-mórias, falando um pouco daquela cidade aconchegante e animada das décadas de 1960 e 1970.

Falaria um pouco da história de fundação e evolução até os dias de hoje.

Imaginava que seria extremamente fácil, falar de algo que eu pensava que conhecia. Ledo engano. Falar de Vitória não é nada fácil. Cada ínfima palavra nos impele a examinar muitos documentos, compará-los, confrontá-los, testar sua consistência, checar fontes e no fim ainda sair com a sensa-ção de que ainda faltam muitas coisas. É um árduo e fatigan-te trabalho, mas, não é nada se comparado a dificuldade de encontrar tais documentos.

Alguns tentam escrever algo, mas, não documentam corretamente. Outros, deixam por conta do interessado a consulta da bibliografia apresentada, para tentar encontrar, como uma agulha num palheiro, determinado item especí-fico, quando seria mais simples no próprio texto, fazer uma pequena referência, uma nota explicativa e tal.

Não é incomum, encontrar informações confusas, con-flitantes, inverídicas, dúbias, etc. A tentativa de arrumar tudo isso é que deixa o trabalho mais exaustivo. No fim, é

co daquela cidade aconchegante e animada das décadas de 1960 e 1970. Falando um pouco da história da fundação e evolução até os dias de hoje. Imaginava que seria extrema-mente fácil, falar de algo que eu pensava que conhecia. Mas descobre que falar de Vitória não é nada fácil, pois cada ín-fima palavra impele a examinar muitos documentos, com-pará-los, confrontá-los, testar sua consistência, checar fon-tes e no fim ainda sair com a sensação de que ainda faltam muitas informações. É um árduo e fatigante trabalho. Relata que uma de suas maiores dificuldades foi em relação ao nú-mero de ilhas presentes no arquipélago de Vitória. Alguns autores informavam 32, 33, 34 e 36. Outros ainda diziam que originalmente eram mais de 50. Uma bela confusão que leva o Pesquisador João Roberto Vasco Gonçalves a esta-belecer um punhado de conjecturas e passar muitos dias tentando obter documentos confiáveis e, de preferência de cunho oficial.

Parabéns Escritor João Roberto Vasco Gonçalves. Para-béns pelo seu belo e digno trabalho que honra a todos nós artistas e cultores da palavra.

Janeiro de 2017, ano da Alegria...

Clério José Borges de Sant AnnaDa Academia de Letras e Artes da Serra, ALEASDo Clube dos Trovadores Capixabas, CTCDas Academias de Letras de Marataízes, Vila Velha, Iúna, Cachoeiro de Itapemirim e São Mateus

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gratificante pela aprendizagem.A primeira dificuldade que encontrei foi em relação ao

número de ilhas presentes no arquipélago de Vitória. Alguns autores informavam 32, 33, 34 e 36. Outros ainda diziam que originalmente eram mais de 50. Uma bela confusão que me levou a estabelecer um punhado de conjecturas e passar muitos dias tentando obter documentos confiáveis, de pre-ferência de cunho oficial.

A primeira conjectura que estabeleci foi: essa dificul-dade deve proceder da definição do que é uma ilha. Aquela da escola primária de que era uma porção de terra cercada de água por todos os lados, não era mais suficiente.

A seguir vieram naturalmente as outras. Como seria definido: qualquer pontinha de pedra que emerge do oce-ano, do mar, do rio, do brejo? Precisaria medir determina-da área em m²? Precisaria ter alguma importância para a sinalização ou balizamento náutico para receber um nome próprio? Perderiam o status de ilha quando fossem ligadas definitivamente à ilha maior ou ao continente, via aterros? A contagem inclui as do município de Vila Velha? E quanto a jurisdição: de quem é a ilha? Da Marinha, ou das cidades adjacentes? Que confusão. Mas a brincadeira estava só co-meçando. Tive um pensamento quase infantil: quem enten-de de ilha é a Marinha. Então fui lá onde estava mais fácil e perto para mim: a Capitania dos Portos. Fui bem atendido, mas não consegui o que eu imaginava ser o meu ponto de partida, porém, me deram o site da Marinha do Brasil/DHN, que embora não fosse exatamente o pontapé inicial, aca-bou contribuindo enormemente, quando precisei analisar o documento “cartas de correntes de maré – CCM” e seus respectivos mapas. É um documento extenso, cujas infor-mações são preciosas.

Curiosamente o meu ponto de partida efetivo foi outro,

onde jamais imaginaria: Numa reunião do clube dos tro-vadores capixabas com o presidente da câmara municipal para tratar do assunto de comemoração em seção solene, do dia municipal da Trova, depois de tudo definido, passa-mos a uma conversa informal, onde saiu o assunto de ilhas e sua jurisdição. Foi ali, naquele exato momento que percebi que era uma ideia muito difundida, bastante arraigada e de-fendida veementemente de que a cidade de Vitória possui jurisdição, domínio e responsabilidade sobre as ilhas que a rodeiam, inclusive as oceânicas, distantes. Pronto, a minha primeira fonte estava finalmente definida: a P.M.V.

O primeiro documento que consegui garimpar foi: “Ilhas e morros de Vitória” de Março de 2013. Um mapa onde estava escrito claramente o nome de cada ilha. (http://le-gado.vitoria.es.gov.br/regionais/geral/dados/Ilhas_e_Mor-ros.pdf ).

Depois veio: “Áreas de preservação permanente” e “ Planta geral do município de Vitória com a indicação de Áreas que receberam aterros” (Ref: Documento: ATERROS E DECISÕES POLÍTICAS NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA: EFEI-TO CASCATA. José Francisco Bernardino Freitas. Universi-dade Federal do Espírito Santo, ver bibliografia).

Os documentos, Mapas, apresentados nos citados tra-balhos são oriundos da Prefeitura Municipal de Vitória. Ver Bibliografia. Aliás, tudo que se queira obter sobre o assunto pode ser procurado no site “Vitória em Mapas”. A ideia era simples. Eu propunha começar pela história desde a funda-ção e pela descrição dos acidentes geográficos naturais e os construídos pelo homem.

Foi um excelente começo.Depois de Ilhas, morros e áreas aterradas, passei a um

assunto bastante rico, porém pouco conhecido: Fortifica-ções. Essa parte foi trabalhosa, pela carência de documen-

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Sumário

AGRADECIMENTOS ..................................................................... 7

PREFÁCIO ....................................................................................... 9

INTRODUÇÃO ............................................................................ 13

CAPÍTULO 1

A CIDADE DE VITÓRIA – ES ..................................................... 19

CAPÍTULO 2

FORTIFICAÇÕES ......................................................................... 27

CAPÍTULO 3

FORTIM DO ESPÍRITO SANTO ................................................ 31

CAPÍTULO 4

FORTE SÃO FRANCISCO XAVIER DA BARRA ........................ 35

CAPÍTULO 5

FORTE SÃO JOÃO ...................................................................... 51

CAPÍTULO 6

MUDANÇA PARA VITÓRIA ....................................................... 65

CAPÍTULO 7

FORTIFICAÇÕES DO CENTRO ............................................... 69

CAPÍTULO 8

FORTE SÃO TIAGO (OU SÃO DIOGO) .................................... 77

CAPÍTULO 9

FORTE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO ........... 81

tação. Fiz consultas em várias bibliotecas e também adquiri livros. Fiz 2 viagens ao Rio de janeiro especialmente para uma consulta presencial no arquivo histórico do exército – RJ, aos documentos que não estavam disponíveis na forma digital. Os que estavam disponíveis, me fizeram a fineza de enviar-me por e-mail. Depois ao ITAMARATI, em cuja Ma-poteca estava um mapa Antigo da ilha de Trindade, onde constam 2 fortes que existiram ali.

Solicitei também documentos do Arquivo Nacional, que me enviaram em CD, pelo correio. Analisei alguns do-cumentos náuticos antigos e muitos outros.

Depois comecei a agendar visitas técnicas aos mais diversos locais e produzir fotos e filmagens para posterior estudo e acabei fazendo vídeos sobre essas visitas.

Quando me dei conta, o material começou a ficar muito extenso, logo na primeira fase. Então decidi efetuar o traba-lho em partes, fragmentando-o em vários livros, o que po-derá se tornar mais cômodo, interessante e prazeroso para o leitor, por ser menos cansativo, além de poder optar em ler o que quiser primeiro ou ler os assuntos de seu interesse em cada oportunidade.

Assim, nasceu o livro: “VITÓRIA – FORTIFICAÇÕES E ILHAS”.

Enfim, escrever um livro não ficcional e com fatos e locais antigos, não é nada fácil, mas, enormemente gratifi-cante.

Roberto Vasco24 de novembro 2015.

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CAPÍTULO 1

A CIDADE DE VITÓRIA – ES

A cidade de Vitória, é a capital do Estado do Espírito Santo. Está situada a 20°,19’,09” de Latitude Sul e 40°,20’,50” de longitude Oeste. Limita-se ao norte com o município da Serra, ao sul com os municípios de Vila Velha e Cariacica, à leste com o município de Vila Velha e o oceano Atlântico e à oeste com o município de Cariacica e Serra. (Referindo-se ao mapa da cidade).

Resumo Histórico: O rei de Portugal, Dom João III, criou o sistema de Ca-

pitanias hereditárias, com a finalidade de colonizar as ter-ras, que a essa altura sofria ataque de invasores Franceses e Holandeses, em busca de riquezas. Além dos estrangeiros, os indígenas também disputavam as terras: Os Goitacás, vindos do Sul, os Tupiniquins, do Norte e os Aimorés, do Interior.

Em 1535, o donatário Vasco Fernandes Coutinho, da capitania limitada ao Norte pelo Rio Mucuri e ao sul Pelo Itabapoana, chegou numa Nau chamada Glória e aportou na enseada de Inhoá, região conhecida hoje como prainha de Vila Velha. Teve péssima recepção pelos índios que defen-diam suas terras.

CAPÍTULO 10

FORTE SANTO INÁCIO OU SÃO MAURÍCIO ........................85

CAPÍTULO 11

FORTE DA ILHA DO BOI ...........................................................89

CAPÍTULO 12

BARRA DE ACESSO AO CANAL DE VITÓRIA .......................101

CAPÍTULO 13

FORTIFICAÇÕES NA ILHA OCEÂNICA DE TRINDADE. ...111

CAPÍTULO 14

DOCUMENTAÇÃO ...................................................................131

CAPÍTULO 15

VISITA DE D. PEDRO II AO ESPÍRITO SANTO - VITÓRIA. 135

CAPÍTULO 16

ILHAS ..........................................................................................143

EPÍLOGO ....................................................................................161

BIBLIOGRAFIA ...........................................................................163

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A Capitania recebeu o nome de Espírito Santo em ho-menagem a terceira pessoa da santíssima Trindade, porque se comemorava naquela data as oitavas de Pentecostes, na liturgia católica. As lutas eram ferrenhas e constantes. Como era uma região aberta, as condições de defesa não eram boas, o que os impeliu a buscar um local mais seguro. Assim, fixaram-se na maior Ilha do arquipélago, que rece-beu o nome de ilha de Santo Antônio, por se comemorar naquela data, o dia de Santo Antônio.

Em 8 de setembro de 1551, devido a uma vitória defi-nitiva sobre os índios Goitacás e pela liturgia católica come-morar o dia de Nossa Senhora da Vitória, a então Vila Nova do Espírito Santo passou a chamar-se Vila da Vitória. Esse ficou sendo o dia da cidade.

A vila se resumia às partes elevadas, pois a parte baixa era tomada pelas águas nas marés altas e manguezais na maré baixa. Em 24/02/1823 a vila foi elevada à categoria de cidade (decreto imperial que transformava em cidades todas as capitais de províncias, antigas capitanias.

Até o século XIX, os limites da cidade iam do Morro da Santa Casa até o forte de São João. Em 1894 começaram os primeiros aterros. Em 1941 foi construído o primeiro cais do porto.

Geografia Vitória é a ilha maior, de um arquipélago de 34 ilhas

(referência ao Mapa: Ilhas e morros de Vitória”, base carto-gráfica municipal, Secretaria Municipal de Fazenda, Prefei-tura Municipal de Vitória). As ilhas oceânicas de Trindade e Martim Vaz, distantes 1100Km da costa, também estão sob a jurisdição do município.

Vitória também conta com uma porção continental, conforme se percebe no mapa. Outras ilhas estão sob a ju-risdição do Município de Vila Velha.

Como passou por muitas modificações em virtude de dragagens e aterros, algumas das ilhas foram agregadas à ilha maior ou ao continente. Algumas praias também foram sacrificadas, bem como áreas de manguezais. Quarenta por cento da área urbana é composta de morros. Na ilha Maior, centro histórico antigo, há um maciço rochoso com o mor-ro da fonte grande, morro da Piedade, morro do Moscoso e outros.

Alguns dados estatísticosÁrea: 98.194Km², População: 352.104 habitantes

(IBGE/2014), Densidade demográfica: 3.585,8 hab/Km², PIB: R$ 24.969.295 mil (IBGE/2010), PIB per Capita: R$ 76.721,66 mil.

RelevoO maciço central da ilha de Vitória possui 308,8m de

altitude. Outros de natureza granítica são: a Pedra dos dois olhos, com 296m e o morro São Benedito com 194m.

VegetaçãoA vegetação em torno das ilhas é predominantemente

de mangue e restinga.

ClimaÉ do tipo tropical. Temperatura média anual de 24°C.

Precipitação pluviométrica:1250mm ocorrida na cidade. A menor temperatura registrada foi de 14,3ºC em 30/06/1962

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e a máxima 39,6°C em 25/02/2006 (INMET).A maior precipitação acumulada em 24h foi de

196,9mm em 24/06/1969. O maior volume mensal de chu-vas foi de 713,9mm em dezembro de 2013. O menor índice de umidade relativa do ar foi de 32% em 27/05/1993.

EconomiaAs maiores empresas no município de Vitória (sem

contar com os dos municípios Vizinhos, constantes de sua região metropolitana) são: Porto de Vitória, Porto de Tuba-rão, Arcelor Mital e Vale.

Com relação à atividade econômica, a quantidade de empregados em 2012 era 237 mil trabalhadores, distribu-ídos na seguinte proporção: 29,3% na Administração pú-blica, 12,42% no comércio atacadista e varejista, 9,51% na administração de serviços de suporte, 6,98% em transpor-te e armazenamento, 6,35% na construção civil, 5,45% em serviços sociais e saúde, 3,45% em serviços profissionais técnicos e científicos, 3,37% em informação e comunicação, 4,41% em educação, 2,57% em serviços financeiros e se-guros, 1,97% em Industria extrativista, 3,94% em Alimen-tação e Hospitalidade, 2,16% na Indústria, 0,77% no setor Imobiliário e 5,94% em outros serviços.

SegurançaO município possui uma guarda municipal armada,

para patrulhar a cidade: praias, escolas, creches e eventos culturais, sendo ainda capaz de orientar o cidadão e os visi-tantes. Conta com viaturas, motocicletas, bicicletas, quadrí-culos e patrulha a pé e a cavalo. Foi criada por lei municipal em 2003, com 200 agentes, sendo previsto um acréscimo

para 500.

TransportesVitória pode ser acessada por Aeroporto, Portos, rodo-

vias e ferrovia. As principais rodovias são: BR101 que liga ao Norte e

ao Sul do Brasil, BR262 que liga à Minas Gerais e à região Centro Oeste. Além da rodovia estadual ES-060 também co-nhecida como rodovia do sol, que interliga vários municí-pios da região litorânea.

O Aeroporto de Vitória está na parte continental, ao Norte, próximo ao bairro de Goiabeiras. É preparado para receber aviões de médio e grande porte. Opera com voos nacionais para passageiros e até internacionais, para car-gas. Possui voos diretos para Congonhas (SP), Guarulhos (SP), Santos Dumont (RJ), Galeão (RJ), Confins (MG), além de Brasília, Salvador, Ipatinga, Campinas, Curitiba e Marin-gá. Opera também com jatos executivos e Helicópteros.

Os Portos do município de Vitória são Porto de Vitória, na parte central, sul da ilha princi-

pal (em referência ao Mapa) e o Porto de Tubarão, na parte continental, leste (em referência ao Mapa).

Segundo informações da CODESA, disponí-vel no site: (http://www.codesa.gov.br/site/OPorto/ComplexoPortu%C3%A1rio/tabid/77/language/pt-BR/Default.aspx), o canal de acesso ao porto mede 7500m, pos-suindo uma largura máxima de 215m e min de 75m. O cala-do máximo é de 10,5m. A bacia de evolução possui um raio de 150m e um calado de 10,5m. A variação média da maré é de 1,04m.

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Dos 10 cais administrados pela CODESA, apenas o Cais comercial de Vitória e o terminal Flexibrás/Technip(tubos flexíveis e materiais diversos para off shore) na ilha do prín-cipe, estão do lado da ilha de Vitória. Do lado oposto, muni-cípio de Vila Velha, estão Capuaba-TVV, próximo ao Pene-do, Codesa, Paul-peiú (granéis sólidos, arrendado a Peiú), Priysmian (privativo-cabos umbilicais), CPVV(suporte para operações off shore-Petróleo e gas), São Torquato (combus-tíveis de petróleo) e Dolfins do Atalaia (Granéis líquidos). Operam desde pequenas embarcações até grandes grane-leiros.

O chamado Porto de Tubarão é na verdade o maior complexo portuário privado do Brasil. Suas instalações, conforme informações disponíveis no site: (http://www.antaq.gov.br/portal/anuarios/portuario2001/Portos/Tu-barao.htm ) são constituídas de: 3 cais de minério,(píer sul com 390m de comprimento, contendo 1 berço e calado de 14,5m), Norte: píer 1, (390m de comprimento, 1 berço e 15,2m de calado), Pier 2 (400m de comprimento, 1 berço, calado de 20m), Píer 3, cais de grãos: (300m de compri-mento, 1 berço, calado 14,7m), cais para carga geral e ferti-lizantes, píer 4,(240m de comprimento, 1 berço e calado de 11,3m, 1 cais de granel líquido, pier 5, (124,5m de compri-mento, 1 berço, calado de 11,35 m).

A Ferrovia Vitória – Minas Possui uma estação de partida e chegada, no bairro de

Jardim América, município de Cariacica, área Metropolitana de Vitória. É de propriedade da empresa Vale, que a opera. É uma ferrovia especializada em transporte de minério de ferro, mas transporta também vários outros tipos de car-

ga. Também transporta passageiros, chegando sua linha até Belo Horizonte, sendo um fator de integração e desenvolvi-mento de várias cidades por onde passa o trem, ao longo do vale do Rio Doce.

O sistema rodoviário urbano e interurbano é atendi-do por 52 linhas de ônibus funcionais e 2 seletivos, com ar condicionado.

O Transcol é um sistema que corta a cidade por eixos de principais avenidas e seus ônibus interligam terminais em vários bairros da área metropolitana como: Terminal de Carapina e de Laranjeiras, no município da Serra. Jardim América, Campo Grande e Itacibá, no município de Cariaci-ca. Terminais do Ibes, Itaparica e vila Velha, no município de Vila Velha.

Alguns bairros, principalmente os que estão fora do eixo de avenidas cortadas pelo Transcol são interligados aos terminais com outras linhas de ônibus, como é o caso de Jardim Camburi, linha 800, interligando aos terminais de Carapina e Laranjeiras. Grande São Pedro e Santo Antô-nio, linhas 518 e 535, interligando aos terminais de Jardim América e Campo Grande no município de Cariacica e ao terminal de Carapina, no município da Serra. No município de Vitória, não existe mais terminal rodoviário urbano, de-pois da desativação do terminal Dom Bosco.

A Estação rodoviária Ilha do Príncipe Opera com linhas interestaduais e interurbanas, ligan-

do Vitória a todas as cidades do interior do Estado e à vá-rias cidades de outros estados, inclusive capitais, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Brasília e Aracajú. Conforme o mapa disponível no site:(http://www.

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CAPÍTULO 2

FORTIFICAÇÕES

Comentários introdutóriosQuando consultei a bibliografia, apareceu uma grande

quantidade de informações, nem sempre concordantes, de vários historiadores. O ponto chave da minha pesquisa apa-receu quando alguns citaram mapas, plantas e prospectos, que foram por eles consultados e que estariam hoje guar-dados principalmente no Arquivo histórico do exército, na cidade do Rio de janeiro, antigo arquivo militar, criado em 1808 pelo príncipe regente Dom João VI; Arquivo Nacional e Itamarati.

Então comecei a conjecturar que poderiam ter con-sultado documentos de épocas diferentes. Não me enganei. Realmente, em alguns casos, um engenheiro militar toma como referência um mapa do século anterior e sobre ele acrescenta algo, modifica, mas a estrutura básica da planta permanece. Só um exame atencioso é capaz de identificar isso e comparar com a planta posterior, principalmente se o desenho estiver amarelado ou desgastado pelo tempo.

A partir daí, redobrei os cuidados de ao efetuar as con-sultas, ter a certeza de que consegui ver as referências cor-retas.

buscaonibus.com.br/destinos/es/vitoria).

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Assim, consultei o Arquivo Histórico do Exército, que me mandou uma listagem de todas as fortificações do Brasil antigo. Escolhi então os referentes ao Espírito Santo. Algu-mas, já estavam digitalizadas, 12 documentos, que me fize-ram a gentileza de enviar por e-mail. As outras, 08 docu-mentos, fui pessoalmente consultar e fotografar, no referido arquivo.

Depois consultei o arquivo Nacional, que possuía do-cumentos já digitalizados sobre as fortificações que existi-ram na Ilha oceânica de Trindade a 1100Km de Vitória, mas sob a jurisdição municipal, 4 documentos.

Depois encontrei mais dois mapas sobre fortificações da ilha de Trindade, na mapoteca histórica do Itamarati, pois a posse dessa ilha já foi disputada duas vezes com a Inglaterra.

Assim, a minha documentação básica, para o assunto de fortificações são esses documentos, além da enorme bi-bliografia consultada nas bibliotecas e arquivo público.

O que chama atenção neles é a primorosa caligrafia, a consistência técnica do pouco que existe, a riqueza de dados históricos, como quem solicitou, quem fez, quem copiou, os locais, datas, os comentários pertinentes.

Também chama a atenção o português antigo, com uma ortografia algo diferente e algumas palavras, hoje em desuso, o que nos impulsiona a procurar e finalmente redi-gir um documento equivalente em linguajar atual.

Outra coisa que chama atenção são as unidades de medida antigas como: palmos, braças, encravadas, léguas, além das notações de longitude, que antes da convenção de Greenwich eram medidas que não conferem com as de hoje, além de possuírem outras notações, que nos faz bus-

car equivalências numéricas entre elas. Também são notórios os instrumentos de medida usa-

dos na época, além dos jargões apropriados.Finalmente, chama atenção os referenciais, topográfi-

cos, geográficos e localizações em mapas antigos de dife-rentes épocas.

Quanto a isso, temos que ter um cuidado especial para não incorrermos em erros, ao transportar para os dias de hoje.

Alguns autores, como por exemplo: Luiz Serafim De-renzi, na tentativa de utilizar pontos de referência mais co-nhecidos, acabaram citando casas comerciais e outros, que existiram na época em que ele escreveu e que hoje já não existem.

Os nomes de ruas são um pouco mais duradouros, mas mesmo assim mudam. Para minhas referências, nesse caso, tomei um mapa de satélite de ruas do centro de Vitória e comparando com as posições de algumas edificações anti-gas que ainda não mudaram, localizei no mapa de hoje as referências antigas, o mais aproximado que consegui.

Mesmo assim, sinto que depois de alguns anos seria necessária uma atualização. Em nossos dias, com a disponi-bilidade de localização exata via satélite, creio que a melhor opção seria, com o auxílio de um GPS ou celular que faça esse tipo de acesso, marcar as coordenadas nele mostradas. Também há a opção de localizar no mapa de ruas da cidade o ponto que se quer e logo a seguir acessar o mesmo mapa de visada por satélite e anotar o ponto que ele marca, con-forme já fiz. Mesmo assim existe a dificuldade de alocar a referência dos mapas antigos nos mapas de hoje, de modo que a precisão em alguns casos pode ficar comprometida.

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Depois de estuda-los e compará-los com as afirmações da bibliografia, fiz algumas visitas técnicas aos locais indi-cados com o intuito de buscar vestígios das antigas constru-ções que não existem mais e comparar as que ainda existem com os referidos documentos.

Histórico: Conforme foi mencionado acima, desde os primórdios da história do estado do Espírito Santo, ocorri-do a partir da chegada do Donatário da capitania, Vasco Fer-nandes Coutinho em 1535, foi percebida a necessidade de defesa. Assim várias fortificações foram estrategicamente alocadas nos pontos mais vulneráveis da cidade e construí-das. Algumas eram simples e modestos fortins, construídos às pressas e depois de algum tempo reparados, reformados e ou reconstruídos com as devidas melhorias, conforme in-dicam os documentos.

O conceito de defesa aqui, eu classifico como pós-me-dieval, com pequeno e modesto aparato bélico e com táticas militares adaptados a essas condições. Em poucos séculos perderia, aos poucos, sua utilidade. Assim muitas das forti-ficações foram desativadas, extintas, descaracterizadas e a maioria simplesmente desapareceu, dando lugar a outras aplicações consideradas mais úteis para a cidade, de modo que para referências históricas sobraram apenas duas: O forte São João, que fica em frente ao Penedo, do outro lado do canal, na avenida Mal Mascarenhas de Moraes e o outro o Forte São Francisco Xavier da Barra, em Vila Velha, onde hoje funciona o quartel do exército, 38ºBI.

CAPÍTULO 3

FORTIM DO ESPÍRITO SANTO

A primeira fortificação que se tem notícia, foi o fortim do Espírito Santo, formado de uma paliçada de madeira, para defender a pequena comunidade de então, dos índios aimorés, que constantemente atacavam.

O conceito de defesa é um tanto subjetivo e não rara-mente uma via de mão dupla. Alguém pode pensar que está protegido quando na verdade pode estar acuado, sem água e sem víveres. Por outro lado os métodos, processos, armas e acessórios são diferentes em relação a povos diferentes, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Os índios por exemplo se sentiam em casa dentro da mata, suas ar-mas eram também mortais, porém, silenciosas. Os brancos possuíam canhões e arcabuzes barulhentos, igualmente mortais, que assustavam os índios. Mas possuíam outras tá-ticas de guerra, nas quais eram experientes. Em suma, não é nada fácil falar de segurança. Mas o fato é que sempre luta-vam e a vitória sempre dependia de muitos fatores.

Os ataques indígenas continuaram até 1558 quando esses foram efetivamente vencidos, pelas forças de Fernão de Sá.

Mas na verdade essa questão também não é tão sim-ples assim: Os índios acabaram sendo “amansados” pelos

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religiosos, de certa forma enganados, com a pretensão de salvar aquelas pobres almas. Porém, tentavam salvar tam-bém a alma muito mais poluída, dos brancos, como atesta a carta de Pe Manoel da Nóbrega, cujo trecho a seguir diz textualmente:

“...entre estes se vêem muitos cristãos que estão aqui no Brasil, os quais têm não só uma concubina, mas muitas em casa, fazendo batizar muitas escravas sob o pre-texto do bom zelo e para se amancebar com elas, cui-dando que por isso não seja pecado. E de par com estes estão muitos religiosos, que caem no mesmo erro...”“...Nesta terra , todos, ou a maior parte dos homens, têm a consciência pesada por causa dos escravos que possuem contra a razão... E nesta opinião tenho contra mim o povo e também os confessores daqui”), e também a carta de Pe Anchieta que diz:(“Não estão os padres muito bem recebidos nesta terra por causa dos Capitães e outros homens que não nos são muito benévolos...”“...Maxime em atender aos índios, porque com os portu-gueses não se tira muito fruto.”“...e todos, assim homens como mulheres, como aqui vem, se fazem senhores e reis por terem muitos escra-vos e fazendas de açúcar, por onde reina o ódio e lascí-via e o vício da murmuração geralmente…”).

Como eram contra a escravidão dos silvícolas (nem todos do clero, efetivamente), foram apenas tolerados até enquanto foram úteis, depois foram expulsos.

Os portugueses, logo se deram conta de que os ata-ques não se limitavam aos indígenas. A capitania foi atacada

também por Ingleses, Franceses, Holandeses e toda a sorte de piratas.

A segunda fortificação surgiu próximo à primeira, des-sa vez, de pedras e contendo canhões, mas ainda apenas um fortim. Essa é hoje conhecida como São Francisco Xavier da Barra, ainda hoje existente, após várias modificações, refor-mas e reconstruções, cuja história contamos a seguir.

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CAPÍTULO 4

FORTE SÃO FRANCISCO XAVIER DA BARRA

Também conhecido como Forte Piratininga, em refe-rência ao nome antigo da localidade onde se encontra, atu-almente o quartel militar do exército, 38º BI.

A localização segundo Daemon, p.190, seria:(“No lu-gar pouco mais ou menos em que fora edificado o forte de Piratininga, porém mais próximo à barra”).

Aqui parece haver certa confusão a respeito do material e como foi construído. Daemon parece afirmar ter sido um forte comum de pedras, o que OLIVEIRA, P38, contesta: (“ Basílio Daemon, cita, entre as construções iniciais, um forte no lugar onde hoje, 1879, se acha a fortaleza de Piratininga. Parece mais razoável admitir, que a cerca externa de mais rápida execução, constituiu a obra de defesa do primeiro instante. O forte veio depois. Teria estrutura mais custosa e se destinaria a defesa contra os corsários, que durante sé-culos serão perigo constante). OLIVEIRA, José Teixeira de, também coloca a nota 4, referência a RUBIM: “Construção de um forte de madeira para a sua defesa”-Prov.ES,55.

Presumo que todos estejam certos, espaçando-os no tempo, nos seguintes termos: Num primeiro momento, a

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paliçada de madeira, para a defesa contra os índios aimorés, logo a seguir, um Fortim, praticamente uma trincheira me-lhorada, construído emergencialmente de pedras amontoa-das, troncos de árvores e areia, com alguns poucos canhões, provavelmente de 1592, da mesma forma e época que os do Penedo e do morro da vigia (hoje morro do forte São João).

Eu digo presumo, por se tratar apenas de uma con-jectura ou uma simples dedução sem a comprovação docu-mental. Nada seria um exagero, pois mais uma vez a natu-reza dá uma mãozinha com uma plataforma natural, pronta para construir uma fortaleza, como informa a explicação contida no mapa.

“Está assentado sobre a rocha viva e as marés não che-gam até sua muralha”.

E os portugueses experientes em campanhas milita-res, souberam muito bem tirar partido de tudo isso.

A primeira construção, edificada com um jeito de for-taleza mesmo, foi em 1702, conforme se percebe na expli-cação do mapa de 1776, de José Antônio Caldas, que relata a reforma concluída nesse ano e que por um zelo histórico mantiveram a inscrição original:

“Reinando o muito alto e muito poderoso rei de Por-tugal, dom Pedro II.N.Sr, mandou fazer esta fortaleza, Dom Rodrigo da Costa, governador capitão geral deste estado do Brasil, no ano de 1702”.

Mantem-se ainda hoje na edificação atual.O letreiro da referida placa é um tanto quanto rústico

quanto ao modelo das letras e a ortografia é antiga, além de algumas abreviações, elisões e supressões, mas dá para entender. Finalmente, o que falta em requinte, sobra em ori-

ginalidade.Ver a foto da placa a seguir, conservada no frontal do

forte ainda hoje:

Em 1726 o forte sofreu alguns reparos, pelo Engenhei-ro Nicolau de Abreu Carvalho, por ordem do vice rei D. Vas-co Fernandes Cesar de Meneses, conforme cita O historia-dor OLIVEIRA,1975,p188.

A primeira reforma foi concluída em 1766, essa do Mapa de José Antônio Caldas, relatando as obras que preci-saram ser efetuadas. Ali, além dos devidos reparos do que ruiu por ação do tempo e uso, foram efetuadas também al-gumas melhorias, para torna-lo mais confortável, espaço-so e eficiente ao exercício de sua função. Aqui já aparece o pavimento superior, conforme mostra o desenho e atesta a explicação contida na própria planta.

Entre 1862 e 1866, sofreu novas reformas, quando a unidade foi cedida ao ministério da Marinha para ser usa-da como armazém (02/07/1862), segundo o historiador: SOUZA, 1855, p99, época em que foi instalada ali a primeira escola de aprendizes marinheiros, de cuja unidade foi o pri-meiro comandante o Capitão-tenente José Lopes de Sá. Essa

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foi extinta em 1866.São notórias as descrições feitas por dom Pedro II em

suas anotações sobre esse forte, sendo preciosas informa-ções históricas sobre sua constituição e estado em que se encontrava na época. Ver o capítulo sobre viagens de Dom Pedro II ao espírito Santo em 1860.

Em 1908, aproximadamente, o forte sofreu novas re-formas, conforme atesta a foto obtida durante a visita téc-nica de 24/10/2015, na sala de visita do serviço de comu-nicação do Exército, no 38ºBI, que será mostrada adiante.

A data é imprecisa, mas há um documento históri-co que sustenta essa afirmação: o decreto lei nº 1654 de 13/06/1907 que determinou que as instalações fossem ampliadas para a instalação de uma nova escola de aprendi-zes marinheiros, que teve sua inauguração em 01/04/1909, porém, teve curtíssima duração, uma vez que foi extinta em 1913.

Um dado histórico sobre esse forte é que o Mapa de Fortificações do Império o classifica como de terceira clas-se, não sendo ali especificado o critério estabelecido, se por dimensões físicas, capacidade da instalação, número de pe-ças de artilharia ou capacidade de serviço. O fato é que real-mente é uma instalação de pequenas dimensões se compa-rada a outras, Brasil afora.

Em 10/11/1919, essa unidade militar onde está o forte, retorna à responsabilidade do ministério da guer-ra, sediando o então 3º Batalhão de caçadores do exército, conforme citam os historiadores: GARRIDO, 1940, P101 e BARRETO, 1958, p191.

Recentemente houve uma manutenção e um acrésci-mo de um acervo histórico do Espirito Santo, numa sala do

Andar superior da edificação do forte, sendo também provi-denciada uma exposição da parede original feita de pedras, cal, areia e supostamente óleo de baleia, o que coloco em suspeição, devido ao aspecto. Só seria possível comprovar de forma cabal através de análises em laboratório de uma amostra colhida, o que não foi feito durante essa visita téc-nica, pois precisaria de autorização especial do serviço de patrimônio histórico.

Nota: Tenho visto até muitos historiadores de gabarito efetuarem esse tipo de afirmação, sem se fundamentarem em análises físicas e químicas num laboratório competente. Não se pode aceitar nada como verdadeiro, a menos que se conheça evidentemente, conforme disse Renè Descartes no primeiro quesito do seu discurso do método, o que eu con-cordo plenamente.

Essa generalização tem sido feita indiscriminadamen-te: A qualquer argamassa branca de cal e areia, logo asso-ciam a ideia do óleo de baleia, o que na maioria das vezes não é verdade.

Existem várias outras utilizando areia e argilas de vá-rios tipos e composição química, junto a cal.

As reações químicas produzidas e o tipo de argamassa conseguida, bem como suas propriedades físico-químicas dependem dos materiais associados e da dosagem de cada um.

A única verdade que existe nisso tudo é que quando se utiliza óleo de baleia ou outro, de origem animal ou vegetal, se busca obter uma argamassa do tipo hidrófuga ou aves-sa a absorção de água, melhorando suas características no quesito de impermeabilidade, objetivando a longevidade da edificação.

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Quimicamente, quando se mistura uma base forte, como o hidróxido de Cálcio a um ácido graxo, como o óleo de baleia ou qualquer outro, que seja um ácido carboxílico, se obtém uma reação química denominada saponificação, podendo se obter sabões moles ou duros conforme se utili-ze uma base fraca ou forte, respectivamente, cuja qualidade varia também em função do óleo utilizado. Não vou entrar aqui em detalhes químicos específicos sobre o assunto, de-vido a sua vastidão e complexidade, que extrapola os objeti-vos do presente trabalho. Talvez mais tarde eu produza um módulo específico sobre o assunto. Por enquanto ficaremos por aqui.

Por curiosidade, vejamos uma gravura de 1860 feita du-rante a viagem de D Pedro II, a seguir:

Vejamos a foto de 1908, colhida na sala de espera do serviço de comunicação do 38ºBI:

Como já foi dito anteriormente, por algum tempo essa área pertenceu à Marinha, tendo funcionado ali a escola de aprendizes marinheiros. Abaixo uma foto dessa época:

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Outra foto, quando ainda era quartel da marinha, em meados de 1911:

Foto atual do forte são Francisco Xavier da Barra, de 2015, vista frontal, oposta ao mar.

Fotos internasFoto 1 - Ambiente interno próximo à muralha e aos ca-

nhões:Ambiente descaracterizado. Piso cerâmica modelo

atual, comum, Mureta interna, observando detalhes, parece construção recente, vigas de tubos metálicos de sustenta-ção do teto atual da área de eventos ali implantada. Fixação do canhão, simplesmente decorativa.

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Vejamos agora o mapa de 1766, que está no arquivo Histórico do Exército, Rio de Janeiro: 1

Vejamos também a transcrição das informações nele contidas.

No documento, consta tudo na mesma folha. Aqui es-tou colocando por partes para melhor apreciação:

1 (AHEx-06.01.1162-ES-Planta e fachada do Forte São Francisco Xa-vier da Barra, na capitania do Espírito Santo, fabricado sobre a marinha no lugar Piratininga, Autor: Cap. José Antônio Caldas, copiado pelo Cap J.J. Lima em 1860.).

Figura 2ª – Fachada

Figura 1ª - Planta do Forte

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TRANSCRIÇÃO DO DOCUMENTO

Explicação da Planta: Este forte está na parte sul de quem entra pelo rio(Nota

minha: aqui ele chama de rio o mar da baia de Vitória).Está assentado sobre a rocha viva e as marés não che-

gam até sua muralha.É o que defende a barra do rio da Capitania do Espírito

Santo. Fica afastado da Vila de Vitória, capital dela, de uma légua.

Pela espalda dele, fica a vila do Espírito Santo, que deu nome a toda a capitania.

É circular, conforme mostra a figura 1ª, na qual, se vê sua planta.

“A” é a rampa que sobe para ele. (Nota minha: Na visita técnica do dia 24/10/2015, constatamos que atualmente é uma escadaria, executada provavelmente após a última re-forma).

“B” é a ponte de dormentes. (Nota minha: Na visita técnica de 24/10/2015, constatamos que atualmente é o patamar ou calçada, logo após o último degrau da escada)

“C” é a passagem onde está o corpo da guarda com ca-bido de armas e banco. (Nota minha: depósito de armas).

“D” é o quartel para a guarnição, que se fez de novo.“E” é a casa da palamenta. (Nota minha: palamenta =

Conjunto dos objetos necessários ao serviço de uma boca de fogo, ou canhão. – Dicionário de português on line Michaelis - http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=palamenta).

“F” é o calabouço, com a sua porta chapeada de ferro. Por cima deste, sobrado que serve de residência ao senhor Capitão.

“G” é a casa de pólvora.“H” é a explanada, sobre a qual se acham montadas 11

peças de canhão de ferro e uma fora da fortaleza no lugar “I” que é o porto onde se chega a ela.

Sobre a sua porta tem a seguinte inscrição: “Reinando o muito alto e muito poderoso rei de Portugal, dom Pedro II.N.Sr, mandou fazer esta fortaleza, Dom Rodrigo da Costa, governador capitão geral deste estado do Brasil, no ano de

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1702”. A figura 2ª mostra a Fachada que faz a dita fortaleza,

da parte do mar, para onde tem o seu exercício.Mostra essa planta e fachada, o estado em que se acha

esta fortaleza, muito diferente do que estava: arruinada, com buracos em sua muralha, parapeitos e tudo o mais. Não tinha corpo de guarda nem quartel capaz: apenas um telhado descoberto pelos lados na sua entrada, que servia de corpo da guarda e outro, onde se guardava alguma pala-menta e se recolhiam juntamente os soldados.

Hoje, tem casa de sobrado para a residência dos co-mandantes e tudo o mais que se faz preciso numa fortaleza, principalmente nesta que é a da barra.

Feito tudo com a assistência do capitão engenheiro, lente de aula régia das fortificações da Bahia, José Antônio Caldas que foi mandado pelos governadores interinos dela, a cuidar das fortificações e artilharia desta capitania. Ele ti-rou esta planta e a copiou José Ramos de Souza, do partido da aula, que acompanhou nesta diligência.

Bahia, 4 de janeiro de 1766. (Nota minha: Lente: 2 Professor ou professora de escola superior ou de es-cola secundária. L. catedrático: o que é dono da cadei-ra que rege - Dicionário de português on line Michaelis - http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=palamenta ,)

(Nota minha: Comentário – Como se vê, a Planta de José Antônio Caldas, de 1766, se refere a uma reforma reali-zada 64 anos após ter sido concluída a primeira construção de 1702)

Notar que Caldas afirma, acima: (“hoje, tem casa de so-

brado para a residência dos comandantes e tudo o mais que se faz preciso numa fortaleza, principalmente nesta que é a da barra). Disso se pode inferir que na construção de 1702, não havia o andar superior.

(Nota minha: Na visita técnica de 22/10/2015, cons-tatamos que na entrada do forte, reformado em 1766, foi mantida a inscrição na fachada sobre a porta de entrada, como em 1702. Sorte a nossa, é um atestado histórico da data da primeira construção sólida, com jeito de fortaleza mesmo.

Apesar de não haver para esse local, evidências nem referências históricas documentais, presumo que tenha havido um fortim de pedras amontoadas, troncos, areia e madeira, da mesma forma que os de 1592, do Penedo e do Morro da vigia, hoje forte São João, feitos por ordem de dona Eloisa Grinalda, viúva de Vasco Fernandes Coutinho, para repelir o pirata inglês Thomas Cavendish, que já havia atacado em 1582 e neste ano de 1592 estava vindo para cá, depois de um ataque bem sucedido em Santos, SP).

(Nota Minha: Observar também que pelo efeito da perspectiva ao desenhar, figura 2ª, não se percebe a “cur-vilinidade” da fachada, pois isso faz parte da técnica de de-senho).

(Nota minha: Na visita técnica de 24/10/2015, não foi possível observar com exatidão o tipo de telhado). Mas pela foto aérea observada no folder obtido lá no centro de co-municação do 38ºBI, mostra que hoje é do tipo de “quatro águas”, como se fosse uma pirâmide, duas em quase todo o sentido longitudinal, e duas arrematando as extremidades.

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CAPÍTULO 5

FORTE SÃO JOÃO

A história é longa, e começa ainda na época das capi-tanias hereditárias. Hoje após inúmeras intervenções, em termos de reparos, reconstruções e melhorias para melhor atender a sua funcionalidade, ainda restam vestígios do que foi em cada época.

Embora não haja mais utilidade em termos de defesa, e não ter mais ali nenhuma unidade militar, temos ali uma relíquia da nossa valorosa história. Atualmente é adminis-trado pela Prefeitura Municipal de Vitória, após passar por várias fases, depois do forte propriamente dito.

Primeiro um Reduto, ainda da época em que servia de defesa, chamado Nossa Senhora da Vitória, depois uma chá-cara, depois um casario, onde funcionou o Cassino Trianon, de 1926 a 1930.

Depois o clube Saldanha da Gama, a partir de 1931. Agora é um imóvel em obras pela PMV, lotado na secretaria de esportes, para abrigar mais um centro cultural e esporti-vo. Contemos essa rica história:

Em 1592 foram construídos naquela região, em cará-ter provisório e emergencial, dois fortins, para defender a entrada da cidade. Um deles situado ao lado do morro do Penedo e o outro do lado oposto do canal, o morro da vigia,

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conhecido hoje como morro do forte São João. Esses eram praticamente uma trincheira feita de pe-

dras soltas e amontoadas, troncos de árvores e areia no seu interior, equipados com alguns canhões. Foram construídos por ordem de dona Eloisa Grinalda, viúva do Donatário Vas-co Fernandes Coutinho, a primeira mulher administradora no Espírito Santo e provavelmente no Brasil.

A razão que impeliu essa construção era simples: O temido pirata Inglês Thomas Cavendish, que atacara antes, aqui, em 1582, sem grandes danos, segundo notícias, es-taria de volta, depois de uma campanha bem-sucedida em Santos, no atual estado de São Paulo. Avisada a tempo, man-dou construir às pressas os fortins, que dessa vez foi útil para enfrentar os corsários e contribuir efetivamente para repeli-los e mesmo vencê-los. (DERENZI, p48).

O fortim do lado do Penedo acabou sendo desativado, mas o do lado do morro da vigia continuou por muitos anos.

Entre 1678 e 1682 o fortim sofreu reconstruções e re-paros, do que foi danificado e consumido pelo tempo.

Em 1702, consta que sofreu algum reparo. (DERENZI, p73).

Em 1726, foi erguido realmente um forte, projetado pelo engenheiro Nicolau de Abreu, por ordem de D. Rodrigo da Costa, Governador geral do Brasil. (DERENZI, p73). Des-ta vez houve melhorias e a estrutura constava de um pavi-mento, uma muralha de proteção, dez canhoneiras, com os respectivos canhões.

(Nota minha: não consegui obter a planta dessa época, de Nicolau de Abreu, no entanto A planta que José Antônio Caldas tirou em 1767 é praticamente aquela).

Em 1767, passou por novas reformas, com algumas obras de recuperação do que ruíra e mais algumas melho-rias, conforme atesta a planta do Capitão engenheiro José Antônio Caldas, cujo documento é: 06.01.1759, Arquivo Histórico do Exército, Rio de Janeiro, centro-RJ.

Em 1808, o Forte São João foi reparado e ampliado. Na parte alta do terreno, onde existia o reduto N.S da Vitória, foi construída uma bateria de defesa militar. (BARRETTO, 1958, p192). Refere-se ao mesmo ano de 1808, o desem-bargador Luiz Thomaz Navarro, em seu livro de memórias, conforme referenciado por: (SOUZA,1855).

Em 1841, consta uma informação do Tenente geral graduado Antônio Elzeário de Miranda e Brito, de que o for-te estaria artilhado com dez peças, conforme referência de (SOUZA, 1855).

Em 1847, o mapa de Fortificações do Império, informa que o forte está em mau estado e que está artilhado com 25 peças, conforme referência do mesmo (SOUZA), comple-mentando a informação anterior.

Nota minha: Certamente aqui, se referem ao total de peças: Os canhões da parte inferior, onde estão as muralhas, naquela época ainda tocadas pelas águas, mais as peças de artilharia menores da bateria de defesa superior, na parte alta do terreno. Até porque não haveria espaço físico para mais do que o dobro de canhões.

Depois de cerca de 80 anos, o forte foi desativado como uma unidade de defesa militar e tudo foi vendido, inclusive os terrenos próximos, o que deu origem no local a Chácara do Bispo1.

1 (http://www.vitoria.es.gov.br/turista/patrimonio-historico)

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Nota minha -1: Não consegui a referência da data pre-cisa.

Nota minha -2: Também não encontrei referências sobre a origem do nome da chácara e, portanto, não sei se pertenceu a diocese ou se o proprietário possuía o nome ou sobrenome “Bispo”.

Algumas observações são pertinentes:Na planta de Caldas, de 1767, o forte aparece numa

configuração heptagonal, o que se coaduna com a afirma-ção de: SOUZA (1885).

Hoje em 24-10-2015, conforme constatei na visita téc-nica que fiz ao local, a configuração encontrada foi um meio exágono irregular e o número de canhões é de 11 peças, o que se coaduna com a afirmação de: BARRETTO (1958), que diz possuir esse formato e que estaria com 11 peças de artilharia.

Nota minha: Como no mapa de caldas de 1767 as li-nhas da parte frontal, que definem o meio exágono, são ne-gritadas e as linhas restantes do polígono são menos inten-sas, conforme a Planta que é mostrada a frente, permito-me inferir que na reforma de José Antônio Caldas, as muralhas da parte de trás não foram re-construídas, por estarem co-bertas, ou protegidas e tocarem a encosta do morro, um ro-chedo macisso. No entanto ficaram seus vestígios, confor-me se nota nas anotações de D Pedro II, durante sua visita a Vitória em 1860: “...Por detrás da fortaleza, havia uns restos da muralha do tempo dos Holandeses ...”. É claro que até en-tão ainda não havia o clube Saldanha da Gama no local, nem o antigo casario, precursor deste.

Há também um relato da época da viagem de que en-contraram naquelas dependências, as enormes correntes

que eram colocadas do forte até o morro do penedo, blo-quendo a entrada dos navios da época.

Em 1924, a edificação que havia no local foi comprada, quando sofreu uma boa reforma, sendo construído um ca-sario de três andares, com uma entrada na parte superior, dando para a rua na parte alta do terreno, hoje Avenida Vi-tória. Ali, funcionou o cassino Trianon, até 1930.

Alguns atribuem a derrocada do investimento à inau-guração do Hotel Majestic, de luxo, na época, com elevador e tudo, situado entre as ruas Duque de Caxias e Dionizio Ro-sendo, em frente a escadaria de mesmo nome que dá acesso à Catedral Metropolitana de Vitória, inaugurado em 1926, que teria “drenado” os clientes do Trianon.2

(Nota minha: Eu prefiro acreditar que a quebra do empreendimento foi consequência da depressão mundial, iniciada em 1929, com a quebra da bolsa de Nova York e a desvalorização do café, nossa principal riqueza da época).

Em 1931 o clube Saldanha da Gama comprou o forte, o casario onde funcionou o cassino Trianon e tudo o mais que havia lá.

Em 1934, contratou o grande construtor da época, An-dré Carloni, para efetuar reformas na edificação.

Foi então construído um passadiço e uma nova sacada. O salão também foi ampliado. Assim, na década de 1940 já possuía cinco pavimentos e as duas torres.

Até a década de 1970 foi um importante polo de acon-tecimentos sociais da sociedade capixaba, com muitos bai-les e deliciosos carnavais.

Na história mais recente, o clube desenvolveu bastan-

2 (http://www.vitoria.es.gov.br/turista/patrimonio-historico)

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te sua área de esportes, além de Solenidades e festas de um modo Geral.

Nos esportes, destacavam-se o futebol de Salão, o bas-quete e o polo aquático. Mas o que celebrizou mesmo o clu-be foram as regatas, tendo o nome do clube se projetado no cenário estadual e nacional. Os clubes que competiam com o Saldanha nessa modalidade eram o Alvares Cabral e o Náutico Brasil.

Como se pode observar numa foto da década de 1940, as águas da baia de Vitória tocavam as muralhas do forte.

Na década de 1950, foi concluído um enrocamento ou tipo de quebra mar ou cais, com o intuito de efetuar um aterro do que se chamou explanada capixaba, com o ma-terial obtido na dragagem do porto de Vitória. O aterro só ficou pronto em 1961, época em que foi construída a ave-nida Marechal Mascarenhas de Moraes, também conhecida como beira mar. O enrocamento ficou pronto em 1954, se-gundo consta em foto do arquivo público.

Aproveitando essa área cercada, ainda com água do mar, porem isolada da baia de Vitória, o clube Saldanha da Gama utilizava esse espaço para a aulas de remo, natação e polo aquático. Para isso, utilizavam uma piscina artificial construída com boias e barcos para demarcar as áreas.

O Saldanha se destacou no Remo, sendo Wilson Frei-tas o remador de maior destaque do clube. Por essa razão, o ginásio de esportes do Clube foi batizado com o seu nome.

O clube tem o nome de Saldanha da Gama em homena-gem ao almirante Luís Filipe Saldanha da Gama, que nasceu em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, em abril de 1846. O clube foi fundado em 29/07/1902.

PLANTA DO FORTE SÃO JOÃO, de José Antônio Caldas:

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TRANSCRIÇÃO ATUAL DAS INFORMAÇÕES DO MAPA

Planta e fachada da Fortaleza de São João, uma das principais que defendem o rio da Capitania do Espírito San-to, na sua garganta. A figura 1ª mostra a planta dela, onde se vê :

“A” aponta a sua entrada, “B” é a explanada, “C” o quartel baixo. “D”, Quartel alto com suas tarimbas para a acomoda-

ção da guarnição.“E”, casa de Pólvora.“F”, Casa de palamenta miuda.“G”, escada que sobe para o aterrado antigo, que servia

em outro tempo de castelo com suas ameias.A figura 2ª mostra a fachada da dita fortaleza. Sobre o seu pórtico tem uma pedra, a qual mostra que

tinha inscrição, porém o tempo consumiu todas as letras, de sorte que não se percebe mais o que estava escrito.

Esta fortaleza tem 10 peças montadas em suas carre-tas. (Nota minha: Em alguns documentos as carretas são chamadas de canhoneiras, em outros existem os dois, mas já encontrei referindo-se àquele rasgo da muralha onde o canhão se aloja.).

Toda a sua muralha, que é tocada pelas marés, foi re-parada de novo. Igualmente, todo o seu parapeito foi repa-rado, alem de outros consertos miúdos, que nela se fizeram com a assistência do capitão Engenheiro José Antônio Cal-das, no ano de 1765, que foi mandado para esta diligência

pelos governadores interinos da Bahia e presentemente foi mandado pelo Ilmo e Exmo senhor conde da Azambuja, go-vernador e capitão geral de mar e terra desta capitania a outras diligências, na qual tirou esta planta, que foi copia-da por José Francisco de Souza, acadêmico com partido na aula real das fortificações desta cidade da Bahia, aos oito de Abril de 1767.

Aqui, cabe um lembrete histórico a respeito do coman-do da capitania do Espírito Santo: Entre os anos de 1674 e 1675, Francisco Gil de Araújo, da Bahia, adquiriu a Capita-nia do Espírito Santo, por quarenta mil cruzados, de Antô-nio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, seu proprietário.

Assim o comando da capitania partia da Bahia, confor-me cita: (OLIVEIRA,1975, p157). Em sua gestão, de 1678 a 1682, foram concluídas as obras de melhoria das fortifica-ções.

FORTE SÃO JOÃO - Planta de 16 de Abril de 1848 – Época do Império: D Pedro II

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Nota minha: Conforme constatado na visita técnica que fiz em 24/10/2015, essa configuração da muralha, da figura acima, é a quase a mesma de hoje. Isso mostra que nos possíveis reparos a partir de então as características gerais foram mantidas.

ALGUMAS FOTOS ANTIGAS PARA COMPARAÇÃOFoto de 1936 – Notar o casario, onde funcionou o Cas-

sino Trianon

Foto de 1936 – Notar a entrada do forte, a cerca ba-laustrada, os coqueiros, a muralha sem reboco e o mar ba-nhando a muralha

Foto de 1935, notar enrocamento e área ainda alagada sendo usada pelo Clube Saldanha da Gama.

As fotos acima são da Fundação Jones dos Santos Ne-ves, exceto a primeira que é do Arquivo público, tirada pelo

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foto Paes obtidas no site.3

Foto do Clube Saldanha da gama, da década de 1940. Notar as muralhas sem reboco, canhões fixos e o mar ba-nhando as muralhas.

Foto obtida no arquivo público.

Foto de hoje, 24/10/2015, colhida durante a visita téc-nica.

3 (http://legado.vitoria.es.gov.br/baiadevitoria/script/resultado.asp%C2%BFtipo=local&p_arquivo=&local=Forte+S%C3%A3o+Jo%C3%A3o.html ).

Notar, que depois do aterro, as águas não chegam mais às muralhas do forte e foi construída a avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, também conhecida como beira mar.

Foto de hoje, com a avenida beira marFoto de 1961, com o aterro da esplanada pronto e a

avenida Mal Mascarenhas de Moraes.

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CAPÍTULO 6

MUDANÇA PARA VITÓRIA

Vila Velha, não era um ótimo lugar, em termos de pos-sibilidade de defesa, por ser plana, de fácil acesso por terra e exposta a mar aberto. Então, auxiliado por Duarte Lemos, grande estrategista militar e companheiro de campanha do donatário, Vasco Fernandes Coutinho, nas índias, arranja-ram um lugar muito melhor, no conceito de defesa pós-me-dieval.

Essa ilha foi chamada de Santo Antônio em homena-gem ao santo do dia em que chegaram a essa ilha maior. Depois, esse nome ficou sendo apenas o de um bairro, dos mais antigos da cidade.

Esta ilha foi doada como sesmaria a Duarte Lemos, por Vasco Fernandes Coutinho, o donatário da capitania.

As condições para a defesa, no conceito pós-medieval, como já foi dito, eram excelentes: Uma ilha maior em meio a outras menores, com um canal de acesso de cerca de uma légua, ou três quartos de légua, como afirma um documen-to. As águas que banham o canal, na época foram definidas como rio do Espirito Santo, que dava nome a toda a capita-nia. Era mesmo ideal, com vários morros, onde se poderia construir uma cidade e dotá-la de fortificações nas partes baixas. Por outra, era de difícil ataque, porque era cheia de

Ref: ATERROS E DECISÕES POLÍTICAS NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA: EFEITO CASCATA. José Francisco Bernardino Freitas. Universidade Federal do Espírito Santo

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muitas pontas de pedra e manguezais que só apareciam nas marés baixas e algumas poucas e pequenas praias, só aces-síveis com barcos muito pequenos e canoas. Nessas dimi-nutas praias, construíram alguns trapiches ou ancoradou-ros. As naus e caravelas ficavam mais afastado, no meio do canal, aguardando que fossem carregadas pacientemente pelas idas e vindas dos pequenos barcos.

Mas não era só isso. A natureza sempre deu uma ajuda valiosa. Além de várias ilhas e pedras visíveis, existem vá-rias pedras submersas, umas quase à flor d’água, que pro-vocam rebentações e modificam a direção dos fluxos ma-rinhos. Essas correntezas acabam jogando as embarcações sobre as ilhas e pedras, tendo sido responsáveis por inúme-ros naufrágios. Então, até mesmo os mais hábeis navega-dores precisam, além da sinalização, de um guia conhecido hoje como serviço de “praticagem”, que possui um reboca-dorzinho vermelho. O prático é quem praticamente conduz o navio ao porto, pois se o caminho certo dentro do canal não for seguido, é naufrágio na certa.

(Nota minha: Só a título de curiosidade, o balizamen-to de sinalização é composto de uma carreira de postes em cada margem, ao longo do canal, munidos de lâmpadas ver-melhas e verdes que acendem em sequência, mostrando os limites do canal e sua direção, porque por uma regra náuti-ca, a cor vermelha simboliza a esquerda e a verde a direita, no sentido do fluxo de navegação. Dessa forma o timoneiro sabe se está entrando ou saindo do canal. Da mesma forma, numa navegação noturna, quem está num barco sabe se o outro barco avistado vai, ou vem ao seu encontro, o que per-mite evitar colisões).

Mas ainda havia outra proteção: as pedras à vista, po-

rém, escorregadias, cuja camada de limo superior parece estar seca, mas a subcamada está úmida e lisa como um sa-bão. Há inclusive um relato histórico da época da invasão holandesa que diz:

“Desembarcaram, pois diante de um pequeno Forte com um dos seus botes e dele expulsaram os portugue-ses. O outro bote seguiu mais além, onde houve uma es-caramuça muito violenta e a vida desses moços depres-sa se abreviou, pois, apearam num rochedo fronteiro ao forte e a medida que saltava fora do bote, escorre-gavam com suas armas para dentro do mar. Assim a grande maioria deles pereceu afogada. Em conclusão, perdemos oitenta homens neste lugar e dos quarenta que se salvaram, nem um só voltou sem uma flechada em seu corpo, chegando alguns a ter cinco ou seis feri-mentos. (KNIVET, Vária Fortuna, 34-6, citada no livro de José Teixeira, ver bibliografia).

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CAPÍTULO 7

FORTIFICAÇÕES DO CENTRO

O centro da Vila, que compreendia a região entre o atual Forte São João e a Santa Casa de Misericórdia, tam-bém precisava ser fortificado para a sua efetiva defesa, pois com o seu desenvolvimento passou a ser alvo dos corsários de várias nacionalidades que viviam da pilhagem dos bens. Poucos invasores pretendiam colonizar para usufruir das riquezas possíveis de se extraírem e gerarem aqui. Assim nasceu a nova vila, constituída de habitações nas encostas das partes altas e áreas alagadiças na parte baixa. Poucos ancoradouros, que só conseguiam receber embarcações pequenas e alguns fortes protegendo a comunidade dos possíveis invasores, foram construídos. A topografia encon-trada aqui era propícia a seus propósitos.

PLANTA DA CIDADE – de 1766 de José Antônio Caldas.

Temos que considerar que se refere, em termos atu-ais, à região entre a Santa Casa e o morro do forte São João, conforme já foi comentado. Esse era o limite do que foi cha-mada depois de Vila da Vitória.

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aDessa forma, no trajeto de quase uma légua entre a en-

trada da barra até a vila de Vitória, havia os seguintes fortes: • Forte São Francisco Xavier da Barra, ou forte Pi-ratininga.• Forte São João,• Forte São Tiago ou São Diogo, • Forte N. S. Do Monte do Carmo,• Forte Santo Inácio ou São Maurício.

O forte São Francisco Xavier da Barra, está localizado onde hoje é o 38ºBI, quartel do Exército, que na época era da Marinha.

O forte São João é o que ainda vemos na região do mes-mo nome, também conhecida como a curva do Saldanha, parte de baixo, onde hoje é a avenida Mal. Mascarenhas de Moraes, também conhecida como Beira Mar.

O forte São Tiago, que não se sabe exatamente porque, ficou também conhecido como São Diogo, que ficava ao lado de onde hoje é a escadaria São Diogo, que através da rua Erothildes Rosendo, que também foi conhecida como rua da pedra, dá acesso à atual Catedral metropolitana de Vitó-ria, do lado do morro e à atual Praça Costa Pereira, na parte baixa, uma área banhada pelo mar, naquela época.

O Forte Nossa Senhora do Monte do Carmo, que não deve ser confundido com o atual Convento do Carmo, que também já abrigou uma unidade militar em determinada época, pois o local é bem diferente: ficava onde é hoje a re-gião central, entre a rua lateral do prédio da central dos cor-reios e o relógio da praça oito, aproximadamente.

Derenzi, o localiza onde seria o Hotel Sagres. Veja a sua

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referência: “O Fortim nossa senhora do Carmo, de cuja existên-cia há notícia desde 1667 e de seu comandante que “o servia com honrada opinião”, também é melhorado, recebendo casa da pólvora. Sobre as ruinas do mesmo, hoje, ergue-se o hotel Sagres...”. 1

Nota minha: Como a fortaleza N.S do M do Carmo era larga, provavelmente tomava toda aquela região que men-cionei. Naquela época toda essa área era banhada pelo mar, alem de ser praia pedregosa e lamacenta, segundo fotos an-tigas. De fato confere com o mapa de “Caldas”, onde o forte N.S do Monte do Carmo fica na água entre o trapiche (cais) que fora dos padres e o fortim são Tiago, depois chamado de S. Diogo.

O forte Santo Inácio ou São Maurício, cuja dupla no-meclatura consta na planta de José Antônio Caldas, (“Plan-ta e prospeto do fortinho de Santo Ignácio ou S. Maurício na vila da Vitória”, do arquivo histórico do exercito, que veremos mais a frente) ficava numa região referenciada na descrição do mapa, como dentro do cercado que fora dos padres, cuja localização atual também coloquei no mapa atual da cidade. Essa localização e referência ao mapa, também é feita por: (MARQUES, 1878, pg 31).

DERENZI, Luiz Serafim, pg 73 o localiza na confluência das atuais ruas General Osório e Nestor Gomes, a que passa em frente ao atual palácio Anchieta e desce ali como se ve a seguir:

“Finalmente dentro do cercado dos padres jesuitas, na quadra de confluência das ruas General Osório com Nestor Gomes, construiram o (fortim) de Santo Inácio,

1 DERENZI, Luiz Serafim, pg73.

conhecido por são Maurício, por ostentar no nicho do portão, a imagem do legionário Romano”.

(Nota minha: Essa foi uma boa informação de um pes-quisador mais antigo, sobre o motivo da denominação de São Maurício também, com respeito ao mesmo forte).

Havia também o projeto de outra fortaleza na Ilha do Boi, cuja planta do cap. Engº José Antônio Caldas, na ver-dade não saiu do papel. Esse cruzaria fogo com o forte São Francisco Xavier da Barra, localizado onde hoje é o 38ºBI, quartel do exército, que na época era da Marinha. Também comentaremos sobre ele mais a frente com maiores deta-lhes.

É curioso como o tempo imprime mudanças na paisa-gem construída pela mão do Homem.

Observando a gravura a seguir, cujo tema é a data da chegada de D Pedro II a Vitória, um século após as reformas nos fortes, conforme as datas impressas nos mapas e plan-tas do Cap Engº José Antônio Caldas em 1767.

Ali, vemos ao fundo a igreja de São Tiago, atrás do palácio (na verdade, ao lado, que na época era a frente), a escadaria, precursora da que existe hoje, um correr de ca-sarões, na faixa de onde hoje é o hotel Estoril e mais uma segunda fileira de casarões no espaço de onde hoje é a área operacional do cais do Porto, onde já se percebe o cais já construído.

Confiram:

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CAPÍTULO 8

FORTE SÃO TIAGO (OU SÃO DIOGO)

Vitória em 1860 – ano da visita de D Pedro II ao Espí-rito Santo

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TRANSCRIÇÃO:Planta e fachada do fortinho São Tiago (depois cha-mado de São Diogo), que está situado dentro da Vila de Vitória, capital da Capitania do Espírito Santo, jun-to do lugar chamado “a Varge”, e próximo à marinha (Nota minha: área até onde o mar alcança), porem, presentemente está sem ação, por estar todo rodeado de casas, que não dão lugar a poder labutar a sua arti-lharia. Este fortinho consta simplesmente de um muro ao redor, que está todo arruinado, e senta sobre a ro-cha viva.A figura 1ª mostra a sua Planta, em que “A” é sua entrada; “B” é o terrapleno, o qual desce em ladeira para a parte da curvidade “O”, que tudo melhor se vê na figura 2ª, que mostra o seu prospecto (Nota minha: perspectiva ou vista de lado). Nele se acham montadas três peças de ferro do gênero de canhão.Está inteiramente inútil esse fortinho e por isso não o consertou nem reparou o Capitão Engenheiro José An-tônio Caldas, quando foi mandado no ano de 1764 a cuidar dos reparos das fortalezas da dita capitania. Ele tirou esta planta e a copiou João Crisóstomo de Souza, praticante do nº da aula régia das fortificações, que acompanhou ao dito capitão, frente a esta diligência, que foi mandado a dita capitania pelo ilustríssimo, ex-celentíssimo senhor conde de Azambuja, governador e capitão geral desta capitania da Bahia a 5 de outubro de 1767.

Nota minha: (Na época a capitania do Espírito Santo

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CAPÍTULO 9

FORTE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO

era administrada pela Bahia, sede do governo).

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TRANSCRIÇÃO:Planta e fachada do forte N.S do Monte do Carmo, uma das que defende a marinha e vila da Vitória, capital da capitania do Espírito Santo.Está no coração da vila à margem do rio.Pela maior parte é banhada das marés e se descobre na baixa mar.A fig:1ª mostra a sua planta, na qual:“A” é o seu trânsito, em que está o corpo da guarda com seu cabido de armas e banco. “B” é o quartel para recolher a guarnição com sua ta-rimba.“C” é o calabouço ou casa de prisão.“D” é a casa da palamenta. (Nota minha: Apetrechos, ferramentas.).“E” é a casa da pólvora,O outro lanço mostra a casa onde reside o seu capitão com o seu repartimento.Por cima da sala, que é forrada, fica um sótão com sua “trepeira” (escada: Nota minha), como se vê no pros-pecto.As letras “FF” mostram a explanada. Nela se acham montadas dez peças, a saber: 7 do gênero de canhões de ferro e três canhões pedreiros de bronze.Sobre a sua porta, acha-se esta negligente inscrição: Este forte, mandou aperfeiçoar o exmº Sr Conde e vice rei, no ano de 1730.A figura 2ª mostra a fachada que faz parte da marinha para onde tem seu exercício.

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Esta planta e fachada mostra o estado em que se acha presentemente esta fortaleza, muito diferente do que a achou o capitão engenheiro José Antônio Caldas, toda cheia de buracos, as bocas das canhoneiras todas de-molidas e arruinadas nos ângulos que formam com os merlões e até os mesmos planos das canhoneiras. Os “socavões” e “buzaços”, como também todo o alto do parapeito, sem casas próprias onde se guarde a pólvo-ra e palamenta e mais casas militares de que necessa-riamente carece de uma fortaleza.Apenas tinha um telhado tão baixo e aberto pela parte da explanada, que a altura não tinha mais que 8 pal-mos.E não havia onde se recolher a guarda, que para ela, ia deixando-a deserta, com o pretexto de não ter onde dormir.Hoje se acha em bom estado, tudo feito pelo capitão engenheiro “lente” da aula régia das fortificações da Bahia.José Antônio Caldas que foi mandado pelos governa-dores interinos dela, a cuidar das fortificações de arti-lharia desta capitania, também tirou esta planta, que a copiou “Jorge” Ramos de Souza, do partido da dita aula, que o acompanhou nesta diligência. Bahia, 4 de janeiro de 1766.

CAPÍTULO 10

FORTE SANTO INÁCIO OU SÃO MAURÍCIO

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TRANSCRIÇÃOPlanta e fachada do fortinho Santo Inácio ou São Mau-rício, na vila da Vitória, capital da Capitania do Espí-rito Santo.Está sentado dentro da cerca que foi dos regulares je-suítas expulsos. A figura 1ª mostra a sua planta em que:“A” é a porta por onde se entra para ela e fica da parte de dentro da cerca, que tem porta na comunicação do muro “BC”.“D” é a explanada,“E ”são canhoneiras, das que só duas podem ter exer-cício, porque montadas duas peças, não dá lugar para as outras.“F” é o cano das “cloacas” (nota minha: esgoto sanitá-rio), do dito convento que despeja em “G”.“H” é o muro da cerca dos ditos padres sem mais casa nem terreno algum.A figura 2ª mostra a fachada.Pela parte da “marinha”, tem duas peças de ferro do gênero canhão. Foi reparado de novo a custa do seu capitão, com a as-sistência do Capitão Engenheiro José Antônio Caldas, “Lente” da aula militar da Bahia, no ano de 1764, o que também tirou essa planta e foi copiada por João Cri-sóstomo de Souza, do partido da dita aula que acom-panhou o dito “Lente” nessa segunda diligência, ao que foi mandado a dita capitania pelo ilustríssimo e exce-

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CAPÍTULO 11

FORTE DA ILHA DO BOI

Existe um projeto completo de 1767, do Capitão Enge-nheiro José Antônio Caldas, que consegui no Arquivo His-tórico de Exército, Rio de Janeiro, que a maioria dos histo-riadores acredita que jamais foi construído e que na visita técnica que fiz, também não encontrei nenhum vestígio.

Por outro lado, seria uma remotíssima possibilidade que alguma coisa fosse encontrada ali, pois, seria o exato local, onde foi construído o clube Italo Brasileiro e pelo me-nos nos anais do clube não há nenhuma referência de que algo tenha sido notado na época de sua construção.

Assim, comecei a analisar detidamente a descrição fei-ta na própria planta, rica em detalhes e comparar com as descrições feitas nas outras plantas, dos fortes São Francis-co Xavier da Barra, São João, Nossa Senhora do Monte do Carmo, São Tiago e Santo Inácio. Nessas, há menção a repa-ros, reconstruções e melhorias, indicando que foi realmente feito alguma coisa lá, servindo também para constatar que houve no mesmo local uma construção anterior. Mas ainda sobrava a hipótese de que não havia essas referências, por se tratar de primeira construção.

No entanto, no caso das outras fortificações, existem também documentos posteriores ao da época do Caldas,

lentíssimo conde de Azambuja, governador e capitão geral de mar e terra desta capitania.Bahia, 10 de outubro de 1767.

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na época do império e início da república, mostrando que aconteceram intervenções posteriores, o que não existe em relação ao forte da ilha do Boi. Isso nos leva a crer que a hi-pótese mais provável é que realmente o projeto não tenha saído do papel.

Isso me fez estabelecer novas conjecturas a respeito da não construção. Estudando o mapa de ilhas, pedras, al-gumas submersas e correntes marinhas, oriundas da pre-sença desses acidentes geográficos, julguei aceitável supor que a enorme dificuldade de navegação naquela região, com histórico de muitos naufrágios, devido as embarcações se-rem arremessadas contra os rochedos devido às correntes marinhas e as arrebentações, constituía-se numa espécie de proteção natural, fazendo com que somente o forte São Francisco Xavier da Barra, do lado oposto do canal, no lado de Vila Velha fosse capaz de prover a defesa da entrada da barra.

A seguir, apresento O mapa de José Antônio Caldas, sua descrição e o mapa das correntes marinhas no local, que mostra a região antes dos aterros.

Mapa Iconográfico da ilha do Boi Segundo a descrição detalhada do mapa, indica que

essa área que assinalei com um círculo seria a cabeça G, onde efetivamente seria a construção do Forte.

TRANSCRIÇÃO:Descrição constante no mapa Iconográfico: (figura à frente)(Mapa 06.01.1760, arquivo Histórico do Exército).Esta é a planta, perfil e fachada, que mostra em projeto a fortaleza que se pretende edificar na cabeça da Ilha do Boi, para defender a barra do rio do Espírito Santo, que está em altura de 20 graus e 15 minutos de latitu-de Sul.A Iconografia A,B,C,D,E,F, mostra o plano da dita forta-leza, em que:G é a rampa que sobe para ela.

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H é o trânsito, I é a rampa que sobe para o terrapleno, L é a casa de prisão, M é o quartel para sentar tarimbas para a acomoda-ção da guarnição, N são cloacas de despejo (esgoto sanitário), O é a casa para se guardar a palamenta e petrechos da fortaleza. P é a casa para se guardar a pólvora necessária. Todas essas casas ficam subterrâneas pela espalda, As duas L e P também pelos lados porque a cabeça da ilha nesse lugar tem 50 palmos de altura; e aqui corta quase a prumo a dita altura, para uma baixa que fica num lugar em que se senta à frente da dita fortaleza, A e por isso a entrada paralela fica na altura de 20 pés sobre o plano horizontal, como se mostra no perfil. Todo este plano inferior é feito de abobada, para a sua segurança, e resistir mais ao terrapleno que se encon-tra deste lado. Sobre este plano inferior anda o plano nobre que se nota com as letras a,b,c,d, o qual está repartido para nele se acomodarem os oficiais, e comandantes que servirem na dita Fortaleza. G, cozinha dos oficiais, R, cozinha da guarnição, S, cisternas com canos de despejo para lavar as cloa-cas, que mostra a linha pontilhada yy. A respeito das grossuras, alturas, escarpas e o mais per-tencente às muralhas, parapeitos, banquetas, esplana-

das e abobadas e outras, segui em tudo as proporções devidas, calculando as terras que se hão de encostar às muralhas, para lhes dar a sua devida grossura, aten-dendo também as que se removem e encostam, assim removidas as muralhas e as que são cortadas sem se-rem removidas e se encostam a estas muralhas como são os lados EF, AB. O espagado ou perfil mostra o corte na linha Z-Y, para se verem as alturas e grossuras das muralhas. A linha vermelha pontilhada mostra a declividade do terreno e o triangulo FVX é o que se há de entulhar de terra para formar o terrapleno da fortaleza, o qual se ha de tirar da cabeça, onde senta o lado AG e as casas para a serventia dela. O mais, tudo se conhece pelo desenho, ainda que o pon-to é bastante pequeno. Não pude dispensar de fazer um cálculo do que poderá importar toda essa fortale-za, feita e acabada na sua última perfeição, pelo que respeitam: alvenaria, cantaria, abobadas, formigões dos parapeitos, esplanadas, entulhos, madeiras, fer-ragens e tudo o mais segundo os preços comuns nessa capitania e por ele achei que se gastariam 65 a 70 mil cruzados se esta obra se houver de fazer por arrema-tação na conformidade do alvará de 07 de fevereiro de 1752, porém, como naquela capitania não há quem possa rematar e nesta cidade quem houver de fazer, se-ria por preços muito exorbitantes. E se não concluiria esta obra em muitos anos, fora prudência fazer-se ela a jornal, por conta de vossa majestade, porque assim custaria muito menos e eu julgo que não passaria de 40 mil cruzados, atendendo a que naquela capitania os

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jornais (diárias) são muito cômodos e não passam de 200 até 300 Cz por dia os oficiais e os materiais de pe-dra e areia há com muita abundância na mesma Ilha e por muito pouca despesa se conduzam, por estarem ao pé da obra. E havendo de quem saiba dirigir os tra-balhos e regular o serviço, fará muito menos despesa. Aqui se faz preciso lembrar que na capitania, tem sua Majestade, 3 fazendas que foram dos regulares jesuí-tas expulsos, que se chamam: Araçatiba, Itapoca e Mo-ribeca, as quais hão de compreender pouco menos de 800 escravos de serviço. Se estes se aplicarem a da dita fortaleza, não dispenderá sua majestade estes jornais, ainda que a administração destas fazendas competem ao governo do Rio de Janeiro e ao ouvidor e provedor da capitania, pelo que pertence a ouvidoria e não a provedoria que é o que está debaixo do governo de vos-sa Excelência. Mas ainda no caso de se não mandar, assim sempre interessa a vossa majestade porque os jornais que se pagarem pela provedoria aos serventes, podem se embolsar pela ouvidoria, embolsando assim a fazenda de sua Majestade aquilo mesmo que se dis-pende nas suas fortificações, porque esses negros não têm em que se ocupem e o tempo consomem em algu-mas tênues lavouras que nada lucram e seria melhor que os empregassem nesse serviço onde de uma ou de outra sorte utiliza sua majestade. Isto é o que devo por na presença de Vossa excelência. Bahia, 08 de outubro de 1767.Bahia, 1767, José Antônio Caldas.

Esta planta foi feita e projetada pelo Capitão Engenhei-ro José Antônio Caldas, lente da aula régia de fortificações,

da Bahia, que foi mandado á Capitania do Espirito Santo a fazer esta diligência, pelo Ilmo e Exmo Sr conde de Azambu-ja, governador e capitão geral desta Capitania e copiada por Manoel Gomes Viana, acadêmico com partido na dita aula.

Planta baixa interna

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Descritivo das plantas. TRANSCRIÇÃODescrição: (Mapa 06.02.1799, Arquivo Histórico do

Exército)“Planta topográfica da ilha do Boi, mostrando em pon-to maior a ilha do Boi, que forma a barra principal do rio do Espírito Santo, que vai ter à vila do mesmo nome e também a vila da Vitória, capital da Capitania do Es-pírito Santo: está em altura de 20 graus e 15 minutos de latitude ao sul: esta ilha está lançada da parte do norte da dita barra que forma da outra parte do sul o monte Moreno e morro de Santa Luzia na terra firme. Esta sobredita ilha é montuosa e se eleva toda sobre a marinha, cercando-a quase uma rocha viva, e só dá lugar para se desembarcar nos pequenos pontos nota-dos com as letras A. B. C. D. E. porque nesse lugar está sempre o mar em flor, e as embarcações que vêm de-mandar a barra se afastam com muito cuidado dela por causa da correnteza das águas, que puxam aí para a ilha, e para o pequeno canal N que fica entre ela e a pequena ilhota chamada Calheta onde tem sucedido muitos naufrágios e perda de embarcações. Toda a ilha não tem terreno mais próprio para se forti-ficar que a cabeça Q. onde senta a econográfica F. G. H. I. L. M. porque toda a embarcação que vier demandar a barra há de passar por baixo da artilharia da dita fortaleza desenhada. O terreno em que se assenta a dita econográfica proje-tada não supre melhor nem mais regular fortificação, porque o lado F. G. defende o canal que formam as pon-tas O. P. da ilha do Boi e Calheta com a Ilha dos frades que lhe fica fronteira e melhor se percebe da topogra-

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fia nº 1 que mostra a barra e rio. O lado Q. H. vareja as Calhetas por cima: o lado M. I. defende o canal do sul que se procura para montar a barra: I. L. defende o canal de oeste, já dentro da barra entre a ilha e o Monte Moreno: o lado L. M. vem a cruzar oblíquamente a dita barra com o forte de S. Francisco Xavier, que fica da outra parte: o lado F. M. da entrada fica coberto, e não pode ser atacado, por isso serve para a comunicação da dita fortaleza.O fundo que tem esta ilha ao redor se vê pelos números de conta, que o seu valor são palmos da craveira ordi-nária. A restinga R. fica seca ao pé da ilha, porém no meio tem 5 palmos de altura, e se passa a váu para a praia de Suá.O prospeto que se vê no alto da planta mostra a ele-vação desta ilha tirada com a cratícula do forte de S. Francisco Xavier: ela não tem gênero algum de cultura, é cheia de bosques e algum pequeno pasto.S, é a fonte que dá todo o ano água para o uso de quem mora na ilha, que é um só morador, que habita no lu-gar. T. V, é a fonte das Bonecas, que quando há seca grande, dizem, que seca toda. O mais se conhece pelo desenho.Levantada pelo capitão engenheiro José Antônio Cal-das, em 10 de outubro de 1767.” (MARQUES, 1878:32).

(Nota minha: Conferi essas descrições no mapa).

ANOTAÇÕES: Significados.- Craveira: instrumento de medida de extensão, espes-

sura e profundidade de peças. O mesmo que Paquímetro. Termo mais usado em Portugal. Medidor de altura das pes-soas.

- Cratícula – Nesse caso se refere a ponto de referência para se determinar a altitude, conforme estudos dos concei-tos topográficos e do assunto de levantamento altimétrico.

- Unidades de medida anotadas e comentadas no mapa – considerações. Virgolino Ferreira Jorge Universidade de Évora - Arquitectura, medida e número na igreja cistercien-se de São João de Tarouca.1

Comentário Em geral, a unidade de comprimento adoptada na ar-

quitectura europeia foi o pé, até à oficialização do sistema métrico decimal, no século XIX. Em Portugal, devido à forte romanização da Península Ibérica, foram de uso corrente, até àquela data, o palmo romano (= 0,223 m) e o pé romano (= 0,296 m).

(Nota minha: também havia uma unidade de medida linear antiga: pé real (pied du roi), equivalente a 0,325 me-tros do sistema métrico decimal

e dividido em doze polegadas (= 0,027 m), dependen-do do país de origem do projeto).

Cratícula: tradução de dicionário pequena grade.(Nota minha I: Ex: quadrícula de um papel milimetra-

do. (Nota minha II: Do estudo relacionado a topografia,

1 ( http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4443.pdf )

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CAPÍTULO 12

BARRA DE ACESSO AO CANAL DE VITÓRIA

Mapa: 06.02.1803, Arquivo histórico do Exercito, Rio de Janeiro.

Topografia da barra do rio do Espírito Santo.Por esse mapa, percebe-se claramente a orientação

para a navegação segura ao longo do canal. Logo à frente, mostro a transcrição do texto descrito no mapa.

Logo à entrada da Barra, no lado da atual Vila Velha, temos o Forte São Francisco Xavier da Barra, posição H do Mapa, onde é hoje o quartel do exército, 38ºBI

Mais a esquerda, no Mapa, à entrada da cidade, obser-va-se o Forte São João, do lado oposto ao Penedo, ao pé do morro conhecido hoje como: do Forte São João, que após o aterro concluído em 1961, deixou de ter a água do mar tocando suas muralhas e passou a ficar às margens da ave-nida Mal Mascarenhas de Moraes, também conhecida como Beira mar.

Os dois fortes ainda existem, apesar de várias modifi-cações sofridas.

Aqueles que eram localizados no Centro da cidade, não existem mais nem vestígios. Finalmente o da ilha do

sobre levantamento altimétrico, o relator do texto toma como referência o Forte São Francisco Xavier, no morro do lado oposto, como referência para avaliar a altitude da Ilha do Boi, embora em topografia seja usado para distâncias menores).

O termo topográfico atual que melhor se encaixa é “cota”( A cota de um ponto da superfície terrestre, por sua vez, pode ser definida como a distância vertical deste ponto à uma superfície qualquer de referência).

Conceito Mapa topográfico é aquele que fornece a elevação

das características naturais do terreno através das curvas de nível, Alem de fornecer a posição correta dessas carac-terísticas, conforme (Topografia para arquitetos, Adrina A.M.Alves, Alice Brasileiro, Claudio Morgado, Rosina Trvi-san M. Ribeiro, UFRJ, Rio de Janeiro, 20032

- Outra situação de uso do vocábulo “cratícula” está na frase:” Esta asserção pode comprovar-se com grande rigor e facilidade, através do cotejo das dimensões da obra, onde não há conflitos evidentes entre a cratícula e a planta ac-tual”, referente a outra consideração da mesma bibliografia citada acima.

2 http://pt.slideshare.net/Lorenarq64/topografia-para-arquite-tos-31779976

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boi, que conforme já foi dito, nem chegou a ser efetivamen-te construído.

TRANSCRIÇÃOTopográfica da barra e rio do Espírito Santo, “o qual” dá nome a toda esta capitania para se verem com dis-tinção todas as vilas, fortalezas, portos e ilhas que es-tão desde a sua foz até além da vila da Vitória, capital dela, com o rio Maruipe, que separa em ilha o terre-no em que senta a dita vila e seus arrabaldes: esta e quase todas as terras e ilhas, que estão dentro desse rio, se elevam em altíssimos montes, muitos deles ina-cessíveis, ainda que na planta estão notados continua-damente pela marinha, contudo eles tem suas voltas e quebradas que dão lugar a algumas pequenas baixas que entram para o interior. Todos esses montes são pela maior parte de pedra, viva, e algumas terras que se descobre por entre elas é toda lavrada. Os mesmos montes são sem embargo disso descobertos de arvoredo rústico. Só o pão de açúcar é uma pedra viva que sobe ao pru-mo da marinha, em grande altura, e inacessível: Os al-garismos mostram as braças ordinárias de dez palmos de craveira comum e eles denotam o fundo que vem pela direção do canal, com que se procura montar a barra que é ao sudoeste e depois vai voltando ao oeste. A Ilha do Manguinho de terra, a de Tinquara, toda a extensão que fica entre a vala e o rio Maruipe são ter-

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ras cheias de mangue, que é uma espécie de arvoredo que se cria na lama às margens dos rios, até onde lhe chega a maré e todas elas são lavadas das enchentes das marés, descobrem-se nas vazantes delas. O mais se vê pela explicação ao pé de cada uma das coisas que se anotam e também pela explicação ao pé desta notada com letras do alfabeto. A foz deste Rio do Espírito Santo demanda aos 20° 15´ de latitude ao sul e 344° 45´ de longitude. Esta planta foi tirada por José Antônio Caldas, capitão de infantaria com exercício de engenheiro e lente da aula régia das fortificações, da Bahia, que foi man-dado a esta diligência pelo Ilmº e Exmº Sr Conde de Azambuja, governador e Capitão geral desta capitania e copiada por João da Fonseca Bitencourt, praticante com partido na aula, o qual acompanhou ao dito lente nesta diligência. Bahia, 10 de Outubro de 1767.

Notações da parte inferior:A – Praia do Suá: Esta praia se divide pelo meio com o

monte Itapebussu.B – Restinga de areia que na baixa mar se passa a seco.C – Restinga de areia que se passa com 5 palmos de

água.D – Canal do Sudoeste por onde se vem montar à barra.E – Canal de Oeste. F – Ponta do Tagano.G – Rio Piratininga com a restinga de areia que se vê.H – Forte São Francisco Xavier.I – Ponta da Ucharia.

L – Vila do Espírito Santo.M – Grande Monte de Pedra chamado de Nossa Senho-

ra.N – Ilha da Forca.O – Pedra chamada Rato.P – Pequena ilha de pedra chamada Maria Caturé.Q – Ponta Vale das Águas.R – Praia das formosas.S – Praia de Maria de Lemos.T – Ponta da Cruz das Almas.V- Mostram os lugares que alagam com a maré cheia e

são cobertos de mangues.X – Ponta de Bento Ferreira.Z – Morro de Santa Luzia.Y – Morro Moreno.K – Morro e Convento de N.S da Penha dos religiosos

Antoninos.Esta escala é de braças que contem palmos de cravei-

ra ordinária e com esta medida vem a ficar a légua “mais pequena” porque 3000 braças Brasileiras, que é uma légua são maiores que 3000 braças desta escala.

Arquivo Militar, 19 de junho de 1861.Conforme Arquivo Militar de 1861, José de Paiva e Sil-

va, Ten Cel. Encarregado da sala de desenho.Copiada e corrigida na parte ortográfica e configura-

ção elevada das montanhas pelo Cap Luis Pedro Lecor.NOTA: Algumas observações são pertinentes para vi-

sualizar o mapa e entender um pouco melhor, por causa da nomenclatura antiga que não era a mesma da atual. Faça-

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mos um micro dicionário entre a nomenclatura antiga e a nova:

1 – Rio do Espírito Santo = Braço de mar que banha a ilha de Vitória,

2 – Vila do Espírito Santo = Vila Velha,3 – Vila de Vitória = Vitória. Região entre a santa casa

e Forte São João.4 – Rio Maruípe = Canal de Camburi,5 – Pão de açúcar = Penedo,6 – Ilha Tinquara, Ilha Manguinho de Terra, entre a

vala (canal) e o rio Maruípe (canal de Camburi) = Mangue-zais. (totalmente diferente da configuração atual).

7 – Ponta do Tagano = Ponta de pedra do Morro More-no, na parte que faceia com o canal.

8 – Rio Piratininga = Rio da Costa, atual Canal da Costa.9 – Ilha Gonçalo Muniz = Ilha das Tendas.10 - Ilha Maria Fernandes = Ilha da Cobras.11 – Ilha do Gabriel – Ilha do Príncipe12 – Arabirí - AribiriNota: – A praia do Suá englobava, na época, todas as

praias, designadas depois: Praias do Suá, Praia de Santa He-lena, Praia do Barracão, Praia Comprida e Praia do Canto, nos dias de hoje, também já descaracterizadas, sobrando ainda um pedacinho da praia do Suá, um pedacinho des-locado da Praia de Santa Helena, entre a praça do papa e a terceira ponte, um pedacinho deslocado da Praia do Canto e aparecendo as de perto da Ilha do Boi no local conhecido como curva da Jurema. Tudo isso foi modificado e descarac-terizado pelos aterros.

Apesar das parcas explicações, nem de longe espero que seja fácil entender tudo, principalmente por causa das modificações topográficas impostas ao longo do tempo, com aterros sucessivos, emendando muitas áreas, unin-do ilhas menores à ilha maior ou ao continente, aterrando manguezais, enfim, descaracterizando completamente a configuração original.

A saída que se pode indicar, é analisar os mesmos ma-pas de épocas diferentes fazendo as comparações possíveis.

Mas, ao estudar determinado assunto, para ter uma ideia melhor do que se deseja entender em dado momento, é apropriado analisar mapas com os enfoques pertinentes, de cada época, e observar se houve alguma alteração im-portante para o estudo em questão.

Como o nosso caso de estudo é relacionado a fortifica-ções e colateralmente à segurança, é proveitoso entender toda a barra do canal que conduz ao centro de Vitória. En-tão, para auxiliar o entendimento colocarei aqui, além dos mapas antigos, já apresentados acima, também o mapa Car-tas de correntes de maré, um pouco mais recente, vital para o assunto segurança, conforme já comentamos, acessível no site da Marinha do Brasil. Colocarei também, Ilhas e morros de Vitória e áreas aterradas, acessíveis no site “Vitória em Mapas, da Prefeitura Municipal de Vitória.

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CAPÍTULO 13

FORTIFICAÇÕES NA ILHA OCEÂNICA DE TRINDADE.

Conforme nos informa o historiador (Peixoto,1932, pg 23): A determinação da coroa portuguesa para ocupação da ilha, consta em duas Cartas Régias, datadas de 22 de feve-reiro de 1724.

Com relação às fortificações, são de 1782, construídas pelos Ingleses que invadiram a Ilha.

Eram duas fortificações e localizadas em extremida-des opostas da ilha. Seus nomes eram: Fortaleza do Alto e Fortaleza da Praia. Eram peças montadas em carretas, sem plataformas, canhoneiras ou muralhas. O maior conti-nha 12 peças de artilharia e o menor 3 peças.

O número de habitantes estimado era 150, distribu-ídos em 19 alojamentos, segundo o historiador (Peixoto, 1932, pg 48-49).

O mapa produzido na época, está atualmente na Ma-poteca do Itamarati – Ministério das Relações Exteriores, Rio de Janeiro, sob cuja deferência especial reproduzo aqui, sintetizando e juntando nele as inscrições que estão no mesmo mapa.

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Abaixo, as Inscrições que figuram no próprio Mapa.

Comentários: a. Por se tratar de um mapa antigo, percebe-se que a ortografia é a da época e que alguns vocábulos ou expres-sões também não são exatamente os de hoje.b. A escala é em braças.c. O Tipo de desenho também, é diferente, não sendo uma planta baixa onde todos os detalhes são representa-dos com medidas e formas diferentes.d. A orientação do desenho é baseada na visada do de-senhista, da posição em que ele estava e com os instru-mentos disponíveis na época. Se comparado com a po-sição dos mapas de hoje, ele está invertido horizontal e verticalmente, tomando-se como referência um ponto comum, como a gruta.e. Aqui é usada a expressão Lapa, significando gruta ou caverna e Farelhões significando ilhota escarpada.

Existe também o Mapa Corográfico da Ilha de Trin-

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dade, da época de 1783, que está atualmente no Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, que mostra uma fortificação inti-tulada Forte da Rainha, fazendo a segurança do local co-nhecido como porto do Príncipe. A legenda desse mapa diz textualmente: “ O Forte da Rainha é um reduto que tem 8 braças de comprimento, na sua face para o mar e é aberto para a parte da montanha. Nele deixaram os Ingleses, 9 pe-ças de ferro, de calibre 4 encravadas e montadas em repa-ros do mar”. Essa é uma informação do historiador (Peixoto, 1932).

Observemos o mapa a seguir que apesar de pouco legí-vel, notam-se um jeito próprio de representar a topografia.

Válidas as observações do mapa anterior quanto a gra-fia e as inscrições, que estão a seguir, a respeito da ortogra-fia e sintaxe.

Inscrições do Mapa Corográfico de 1783 – Arquivo Na-cional, seguido da transcrição com as devidas atualizações. Observa-se ainda que o documento é manuscrito e possui uma esmerada caligrafia.

LEGENDA do MAPA COROGRÁFICO da ILHA DE Trin-dade - Transcrição com a grafia e a sintaxe atualizada:

“ Mapa Corográfico da Ilha da Trindade, o qual foi le-vantado por Antônio de Souza Coelho e Antônio Ro-drigues Montezinho, em 16,17,18 de Janeiro de MDC-

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CLXXXIII. Esta ilha é toda de morros muito altos, que a fazem impraticável quase por todas as suas margens, deixando um desembarque para a parte do sul da dita ilha, o qual é praticável em tempo de bonança, para lanchas, cuja notação neste plano são as letras a,a,a. As terras que são capazes de cultura, são banhadas por uma água amarela. Todo o restante do terreno é impraticável. Dos pontos BB para a parte c,c,c, não se pode passar, pela aspereza do terreno. Da Praia do Porto, sobe um caminho muito rápido, que com várias voltas, da passagem para a parte oposta e naquele lu-gar faz a ilha garganta e menos altura. É impossível atravessar a ilha em outro qualquer lugar. O forte da praia é um reduto que tem oito braças de comprimen-to, na sua face para a parte do mar e é aberto para a parte da montanha. Nele, deixaram os ingleses, nove peças de ferro de calibre quatro encravadas e monta-das em reparo do mar”.

A história da descoberta de Trindade é realmente in-trigante e confusa: faltam documentos exatos e sobram ou-tros incorretos, inconsistentes e confusos. Tudo isso deu origem a várias cartas geográficas e orientações náuticas erradas. Só muito mais tarde se pode eliminar as dúvidas, cruzando dados de coordenadas geográficas, datas, diários de viagens, rotas que seguiam, como ou que circunstâncias produziram as anotações.

Depois de finalmente localizada corretamente, come-çaram as ocupações, as invasões e as ações sobre as ilhas, sem falar em alguns períodos de abandono, retomadas, no-vas invasões e questões desgastantes para a diplomacia dos países envolvidos resolverem. Até chegar na situação de

hoje, foi um longo e áspero caminho. Para uma compreensão razoável sobre o assunto, re-

solvi fazer uma retrospectiva histórica, tomando como base um documento intitulado: Conferência sobre a ilha de Trin-dade, proferida pelo professor Bruno Lobo em 18 de junho de 1918, na Biblioteca Nacional. Esse documento se encon-tra no arquivo do museu nacional, mas já foi digitalizado e está disponível na internet em formato pdf, Data Comentários1501 João da Nova, a caminho das índias encontra montanhas e

coloca o nome Ilha de conceição. Não poderia ser Trindade, pois segundo cronistas antigos como Barros e Castanheda esta ficava a 8° de latitude sul. Outros mais velhos dizem: 7°55’ L sul e 220 léguas a N O da Ilha de Santa Helena: Coor-denadas da ilha de Ascensão.- Por outro lado havia documento dizendo que em 1659, Alei-xo Mota em caminho para as Índias, marcou trindade a 20° de Lat.sul. (mais coerente com as referências de hoje).- Mas em outro de 1849, diz que João da nova descobriu a ilha de Ascensão a 20 ½ º de Lat sul. (Incorreto segundo os dados de Hoje).Por causa dessa e de outras confusões parecidas com essas, a ilha de Trindade e Ascensão começaram a ser representa-das nas cartas náuticas como se fosse a mesma ou próximas. Embora a confusão tenha sido definitivamente desfeita em 1757, só começaram a aparecer certo nos mapas a partir de 1820.

1503 Essa parece ser realmente a data da descoberta de Trinda-de, pelo Capitão mor Afonso de Albuquerque, praticamente por acidente, pelo que se deduz do texto do documento: “...Do Cabo Verde engolfaram 758 léguas e navegando nessa volta por 28 dias, avistaram terra. Observou o relator João Empoli, que a terra não tinha valor algum. (Possivelmente se referia a possibilidade de agricultura e pecuária).

1700 O inglês Edmundo Halley ocupou a ilha.

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1724 Foi escrita Carta régia de D João III para Ayres de Saldanha, governador e capitão do Rio de Janeiro, informando que sou-be do desembarque de escravos na Ilha de Trindade pelos Ingleses.

1756 Ordem régia de sondar a Ilha em 18 de junho.1775 O Inglês Cook, tocou a ilha em 28 de maio.1781 Ingleses desembarcam na ilha, em porto do príncipe e fun-

daram um forte que ficou depois conhecido como forte da Rainha, por designação portuguesa em homenagem a rainha de Portugal Dª Maria, em 1783. Há quem diga que se refere a rainha da Vitória Inglaterra. (Não há comprovação documental, elucidando essa questão).

1783 O capitão de mar e guerra José de Mello Brayner, chega a ilha, em frente ao porto do príncipe em 23 de janeiro e a encontra vazia, pois os ingleses a abandonaram por ordem do Almi-rantado. Colocaram ali um grupo de pessoas, que acabaram na penúria e abandono.(Nota minha: A informação aqui é controversa. Parece haver uma confusão de datas, o que se percebe na última frase do documento a seguir, negritada e com a data sublinhada.):” O navegante português José de Mello Brayner, então, deixou na ilha 150 casais vindos da colônia dos Açores e religiosos franciscanos. A ideia era iniciar um povoamento em Trinda-de. Além das pessoas, foram levadas sementes, ovelhas e por-cos. Mas, segundo o naturalista Bruno Álvares da Silva Lobo, a empreitada não vingou. Em 1785, as famílias foram resga-tadas em estado absoluto de miséria”. (http://www.opovo.com.br/especiais/trindade/caranguejos-amarelos.html )

1785 - Buscaram os remanescentes da ilha, em estado de miséria absoluta. A ilha ficou novamente vazia.- Conta-se que nesse ano La Peurose esteve na ilha. A guarni-ção ali existente, em estado miserável, temerosa, utilizou um estratagema: Informou que lá havia 400 homens e 20 peças de artilharia, não permitindo o desembarque dos vi-sitantes franceses.

1817 A ilha abriga 27 náufragos do Bergantim Jeune Sophie em 10 de agosto. Meia dúzia deles, num ato de desespero, saiu num barco menor para tentar ajuda no Rio, enfrentando muitas peripécias. Quando a ajuda chegou já havia sumido dali, se-gundo se comenta, deixaram um bilhete numa garrafa infor-mando que tinham sido resgatados e estavam em direção às índias.

1822 - Owen passou pela Ilha.- Bernard da canhoneira francesa La coquille, fez levanta-mento Hidrográfico da Ilha. - Jorge Diogo de Brito, na Corveta Itaparica, visitou a ilha.

1826 Dumont D’Arville, capitão do Astrolábio, estudou a Ilha, em 31 de julho.

1844 O Navio Growlles, rondou a ilha.1846 Navegou em volta da Ilha a corveta Sete de Abril, cujo coman-

dante era Manoel Maria de Bulhões Ribeiro.1849 O capitão Lobato, descreveu superficialmente a Ilha, numa

viagem que fazia do Rio a Recife.1856 Oficiais da Corveta Isabel, exploram o território da ilha, con-

forme o relatório do 1º Ten Caio Vasconcelos.1871 A corveta Nitheroy, comandada pelo Cap Mar e guerra Silvei-

ra da Motta, esteve na ilha, mas, conforme seu relatório, não foi possível desembarcar, devido às condições do mar, muito agitado.

1873 Visita a ilha pelo Cap. João Antônio Alves Nogueira, na corve-ta Bahiana.

1884 D.Pedro II concedeu a permissão em 29 de novembro para João Alvares Guerra explorar minerais e estabelecer salinas na ilha.

1889 Navio Inglês Ruby passa pela ilha e relata que está completa-mente abandonada.

1892 O barão Americano Hardim Hickey, queria fundar ali um principado, segundo farta propaganda que distribuiu na épo-ca. O governo Brasileiro reagiu.

1894 Esteve na ilha um transporte de guerra Penedo, sob o coman-do do 1º Ten Joaquim Sarmanho.

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1895 Inglaterra ocupa a ilha em sigilo, no navio “ Barracouta”. O go-verno Brasileiro soube através da transcrição feita pelo Rio News, do Financial News, de Londres. Protestou e solicitou informações. Governo britânico confirmou a ocupação, informando que era para instalar cabo telegráfico submarino até a Argentina e propôs Arbitragem, não aceita pelo Brasil.

1896 Inglaterra aceitou a soberania do Brasil sobre a Ilha de Trindade, sob a mediação de Portugal, aceita pelas duas par-tes.

1897 O navio Benjamim Constant foi a ilha levar um marco de gra-nito, em janeiro, mas não conseguiu desembarcar: a peça era muito grande e pesada e o mar não ajudava. Mas, levantaram no local do Forte da Rainha uma bandeira de cobre de 1,5 x 0,355m com a inscrição Brasil, num mastro de 2,90m de altura. Na base, colocaram uma caixa impermeável com os seguintes itens: Termo de posse, Jornais do Rio, Moedas e o retrato do presidente da república, Dr Prudente de Moraes.Só mais tarde, um marco de granito foi colocado na praia das tartarugas, trazidos pela divisão formada por “República” e “Andradas”.

1913 Roberto Murphi, um naturalista em viagem para a Geórgia do sul, tocou a ilha e colheu material de História Natural.

1914 “O governo brasileiro ocupou militarmente a ilha, e para lá enviou pequeno destacamento no cruzador Barroso, com os materiais necessários para a construção de alguns aloja-mentos”. (Araujo, 2005, p.79-80; Mayer, 1957, p.114). Nessa ocasião, o tenente Cantuária Guimarães, realizou medições de maneira a verificar latitude, longitude, distância da costa do Espírito Santo e superfície da ilha (Lobo, 1919, p.127-128; Ribeiro, 1951, p.302).

1916 Museu Nacional do Rio de Janeiro realizou uma expedição científica à ilha. Tão logo terminou a 1ª guerra, a ocupação da ilha foi desativada.

1922 Foi utilizada como presídio pelo governo Arthur Bernardes, que mandou para lá, entre outros, os tenentes rebeldes Edu-ardo Gomes e Juarez Távora

1926 Após esse ano Trindade passou novamente por um período de abandono.

1941 Nova ocupação militar, até 1945. Época da 2ª Guerra mun-dial.

1950 Foi organizada por autoridades governamentais a expedição João Alberto para realizar “um levantamento sistemático das condições geográficas e dos problemas técnicos e econômi-cos” e fornecer subsídios para projetos de “ocupação econô-mica definitiva.

1957 O entomólogo Rudolf Barth chegara ao Brasil em 1950, foi para a ilha de Trindade numa expedição científica. Rudolf Barth realizou duas expedições à ilha de Trindade. A primei-ra ocorreu entre 26 de agosto e 13 de setembro de 1957.

1959 Segunda expedição de Rudolf Barth que durou só um dia em junho.

Comentarios:Segundo os dados oficiais, hoje as coordenadas são as

seguintes:Ilha de Ascenção: 7º56’ S e 14º22’ O,Ilha de Trindade: 20º31’29’’ S e 29º19’29’’ O

Notar o erro de posicionamento da ilha de Ascenção, que no mapa abaixo, desenhado durante a viagem de Lapei-rouse em outubro de 1785, aparece praticamente à mesma latitude que trindade e bem próximo a essa. Erro grande, pois está representada a mais de 12º ao sul, de onde real-mente é.

Ver mapa Hidrográfico abaixo, onde aparece, onde aparece boa parte da costa brasileira, de Pernambuco a Santa Catarina, com os principais acidentes geográficos em questão, segundo cartografia da época.

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No Mapa a seguir: Versão atual das coordenadas.

FORTE DA RAINHANa enseada do Príncipe praticamente de frente para o

Porto do Príncipe foi erigido um forte pelos ingleses, como já foi dito acima.

O desenho do mapa a seguir, para poder mostrar o de-senho do forte, foi enormemente aumentado, escala 1:1000, se comparado com o desenho subsequente que mostra toda a ilha, escala 1:40.000. Aqui, obviamente, vale o conceito matemático: quanto maior o denominador, menor é a fra-ção.

Assim, mesmo com muita atenção e cuidado é difícil sobrepor ou comparar um com o outro, principalmente com mapas de tamanho tão reduzido, como o apresentado aqui.

Para facilitar, tracei um círculo vermelho sobre uma pequena área do mapa da ilha, onde esse mapa do forte se encaixaria, embora sem nenhuma exatidão.

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Os mapas a seguir, são muito mais recentes, elabora-dos para trabalhos de pesquisa, como: Ilha da Trindade & Arquipélago Martin Vaz : Um Ensaio

Geobotânico / Ruy José Válka Alves. Rio de Janeiro : Serviço de Documentação da Marinha, 1998. 144 p. : il. ISBN - 85.7047.054-9.

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Claro, examinar mapas é muito difícil, principalmen-te para os leigos no assunto e com desenhos tão pequenos. Imaginem então os mapas mais antigos. Eu os coloquei aqui, apenas como uma referência, para se formar uma ideia ou orientação ao entendimento, ainda que superficial.

É notório o volume de informações históricas sobre a ilha de Trindade, que só me dei conta quando estava levan-tando dados para pesquisar sobre as fortificações que exis-tiram ali, que nem vestígios existem mais nos dias de hoje.

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CAPÍTULO 14

DOCUMENTAÇÃO

Abro este capítulo aparte para falar sobre documen-tação. Por se tratar de um livro histórico, totalmente real, a documentação é algo imprescindível.

Mapas e plantasOs mapas, plantas e projetos antigos são os principais

documentos, que não podemos abrir mão de mencionar e mesmo apresenta-los aqui. Como as páginas de um livro, obviamente não possuem aquele recurso de zoom dos com-putadores, foi necessário o cuidado de colocar uma parte ampliada da figura, ainda que sem a devida resolução e precisão, acrescida da transcrição das partes escritas, com as devidas atualizações, de importância vital para o enten-dimento. A importância desses documentos é que eles são por assim dizer a própria história, além de em muitos casos serem autoexplicativos.

O nível de detalhamento de um projeto de engenharia militar, com seus recursos matemáticos, seus critérios, defi-nições e fidedignidade máxima é simplesmente notável. Só quem analisa os projetos detidamente percebe isso.

A riqueza de detalhes é impressionante, não apenas nos detalhes técnicos específicos do assunto que tratam,

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como também a carga de informações detalhadas da parte histórica, com referências completas.

Fotos As fotos conseguidas são poucas, até porque coisas e

lugares antigos não os tem originalmente, seja por serem anteriores à invenção das fotografias ou à utilização gene-ralizada dessas.

GravurasSão uma parte importante da abordagem de assuntos

antigos. São desenhos esmerados de vários tipos e concep-ções. Alguns são tão perfeitos e detalhistas que parecem fotos. Isso possibilita inclusive comparações com as fotos atuais. Mesmo quando há alguma variação, oriunda talvez da criatividade ou embelezamento, por parte do artista, a comparação é possível. Geralmente detalhes importantes não mudam. Ninguém desenharia, por exemplo, uma edi-ficação de dois pavimentos com um só. Não trocaria uma rampa por uma escada, nem mudaria o traçado de ruas, ca-nais e outros.

CartasCartas, bilhetes ou simples anotações também são re-

ferências que não podem ser desprezadas, pois, podem elu-cidar muitas questões importantes.

RelatóriosRelatórios oficiais, Atas, Ofícios, Descrições processu-

ais, Discursos e textos jornalísticos de época, são igualmen-te importantes.

MençõesSimples citações, menções acompanhadas de suas

referências bibliográficas são muito importantes, mesmo quando discrepantes em relação a outras, pois, suscitam estudos e comparações, sendo um ponto de partida para a resolução definitiva.

Informações geraisEm tese, quaisquer informações podem ser inicial-

mente anotadas, mesmo que posteriormente sejam contes-tadas e ou refutadas, por falta de comprovação efetiva, seja documental ou por inspeção in loco, quando essa detecção seja possível.

Visitas técnicasAlguns podem julgar preciosismo, mas de minha par-

te, não abro mão de realiza-las. São um potente recurso para verificar, comparar, medir e captar informações que poderiam passar despercebidas.

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CAPÍTULO 15

VISITA DE D. PEDRO II AO ESPÍRITO SANTO - VITÓRIA.

As fortificações no centro de Vitória ainda existiam na época do império e até a época da visita de D. Pedro II ao Espírito Santo e sua estadia em Vitória, em 1860. Durante sua visita, D Pedro II anotou:

“Antes do almoço também fui ver a fortaleza de S. João, com 10 peças e depósito de pólvora do Governo; passei pela fonte da Capixaba, cujo Frontispício foi construído na Presidência do João Lopes da Silva Couto. Por detrás da fortaleza, havia uns restos da muralha do tempo dos Holandeses, como li na coleção do Semanário, fo-lha que já não se publica, redigida pelo José Marcelino de Vasconcelos”.

No seu livro: Viagem de D Pedro II ao Espírito Santo. 3ed. Coleção Canaã, Vol 7. Vitória. 2008, ROCHA Levy faz uma descrição mais completa:

O monarca andou pela esplanada do forte; examinou seus dez canhões de calibre 9, montados sobre as novas carretas vindas há poucos meses do arsenal de Guerra da Corte; olhou as casamatas, algumas balas amonto-

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adas ao acaso; viu as lanadas (instrumentos para lim-peza interior das peças), os soquetes, as banquetas, a caiação fresca das grossas paredes; foi ao quartel alto, examinar as tarimbas que serviam às acomodações da guarnição; desceu ao compartimento da casa da pól-vora; subiu as escadas que conduziam ao velho aterro que, outrora, servia de castelo, com suas ameias, onde examinou uma grande bateria. A tudo esquadrinhou, desde o fardamento dos soldados e o estado geral do Forte até a paisagem que se descortinava baía afora.O tempo apagara a inscrição em uma pedra do pórtico, marcando a primeira edificação daquele forte, atribu-ída ao capitão João Ferrão de Castelo Branco, no mea-do do século dezessete. A inscrição era ilegível há cem anos atrás. Acredita-se que a edificação foi anterior ao ano de 1624, data em que se imprimiu na Holanda o Reys-boeck, em cujas páginas uma xilogravura repro-duz aquele forte, cilíndrico como um castelo de jogo de xadrez.

(Nota minha: Talvez nessa descrição haja uma confu-são com o desenho do forte São Francisco Xavier da Barra que possui esse formato).

D. Pedro II examinou de perto as velhas pedras arga-massadas com cal de burgigão, ou conchas do rio da Costa, e óleo de peixe e viu no portão de entrada pela parte infe-rior, destinado aos que chegavam pelo mar, uma inscrição recente, marcando a última reedificação, feita em 1848, no governo meteórico do presidente Antônio Pereira Pinto. Mas a sua atenção voltou-se para o monte das grossas cor-rentes que outrora eram empregadas para fechar o porto, prendendo-se ali uma das pontas e a outra nos argolões que

ainda se encontravam cravados na pedra do Pão de Açúcar ou Penedo, bem defronte.

Sobre o forte São Francisco Xavier da barra, D Pedro II escreve:

“[Portão] da fortaleza de S. Francisco Xavier da Barra e de Piratininga com inscrição. 10 praças de guarnição da G. N. e 5 pedestres efetivos, cadete e outro ambos da Força com os sinais [mudados cada mês]; [tarimbas fixas], cozinham sobre pedras num quarto. O paiol não servia por estragar a pólvora e ter muito cupim. Xa-drez com tarimbas e tronco.O comandante lecionava para meninos da Vila Velha na fortaleza antes do incômodo da mulher. Tem violão e cavaquinho e gosta de música, tocando bem. 5 peças de 26 na bateria de cima circular; 5 de 12 que já não servem na bateria de cima semi-octógono irregular. A artilharia da bateria de cima na salva à minha chega-da fez correr as telhas da casa que era destinada para o ajudante, lugar suprimido.

Inscrição do portão: Reinando muito poderoso Rei de Portugal D. Pedro

2º N. S. mandou fazer esta fortaleza Dom Rodrigo da Costa [Governador] e Capitão-general deste Estado do Bra-sil. Ano de 1702.]

Além desse assunto de fortificações e segurança do ponto de vista militar, considero importantíssimo abordar aqui o teor dessa visita, em termos de inspeção, pois histo-ricamente representa uma nova época e toda a sua proble-mática.

No aspecto político partidário, apesar de D Pedro II ser

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bem quisto, exercer bem seu poder moderador e ter muitos adeptos, já começavam a pesar as questões abolicionistas e os sentimentos republicanos. Mas ainda havia alguns que preferiam o sistema antigo de capitanias e governos gerais.

No contexto de desenvolvimento tanto econômico quanto de várias outras áreas os problemas se avolumavam e os administradores não davam conta de resolver, princi-palmente pela carência de recursos.

A visita de Dom Pedro II ao Espirito Santo e principal-mente a Vitória, não foi apenas uma visita de turismo ou de honrosa cortesia. Na verdade, tinha algo de auditoria, pois essa foi uma promessa dele à câmara em 11 se setembro de 1859, de visitar o norte do Brasil. Era como se tivessem dito ao monarca: Vá vossa majestade e veja com seus próprios olhos.

É Claro que os políticos e homens de negócio daqui não passariam a vergonha de receber o monarca e sua comitiva, nas condições em que tudo em geral estava. Então tentaram maquiar com obras emergenciais do jeito que puderam.

Tarefa dificílima, tal o grau de degradação de então. Referindo-se às dependências da casa da presidência,

atual palácio Anchieta, o presidente Leão Veloso, da provín-cia, disse: “estava em estado deplorável, telhado esburaca-do, cheio de goteiras, teto, pavimento e paredes muito sujos, portas sem chaves e móveis estragados. “Pareceu-me, quan-do entrei por eles, que era uma casa desabitada há anos. Está impróprio para ser ocupado por alguém que tenha tido um pouco de educação”..., disse:

“Na mesma ocasião, foram remetidos, dois contos de réis, destinados aos preparativos da recepção. A verba era assim discriminada: metade para a compra de mo-

bília e decoração e a outra metade para a reparação e pintura do palácio da presidência. Leão Velozo após fazer suas contas solicitou bem mais, nos seguintes termos: “Vejo que por modo algum, ini-ciados os reparos, se possa concluir e decorar o edifí-cio, sem mais dois contos de réis, pois é ele vasto (O palácio da presidência), de há anos que foi grosseira-mente pintado e sente falta dos trastes indispensáveis”.

Só quem já foi auditado, sabe que é completamente inútil a ideia de tentar “maquiar”, com o intuito de enganar ao auditor. Ele examina por amostragem, cada ponto que o interessa e entre muitas coisas conformes, parece acertar exatamente em alguma não conformidade existente. Quan-do isso acontece, todo o restante fica em suspeição.

Pouca coisa passou despercebida. Ele entrevistou, in-quiriu, examinou documentos, visitou muitos lugares pre-vistos e outros que não estavam previstos oficialmente, mas solicitou. Além de tudo, fez algumas anotações. A impressão causada, e os adjetivos, todos nós sabemos: Abandono, De-plorável, Desanimador, Incompetência, Acomodação, Falta de recursos e principalmente: Muito trabalho a fazer. Veja-mos alguns trechos de Levy Rocha:

Um desses trechos fala de sua visita ao forte São João, conforme foi dito acima e termina com a seguinte observa-ção: “A tudo esquadrinhou, desde o fardamento dos solda-dos e o estado geral do Forte até a paisagem que se descor-tinava baía afora”.

Outro trecho: E o correspondente do Jornal do Co-mércio escreveu: “Consta-nos que Sua Majestade não mostrou-se satisfeito com o estado da instrução públi-ca; e assim devia ser, pois ela entre nós está infelizmente

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atrasadíssima.”(Também não era pra menos: Um professor ganhava 30% do que ganhava qualquer trabalhador ou ser-vente de ofício).

Outro trecho ainda na área da educação: “Tomando o assento do mestre, o imperador examinou o livro do registro da escola; folheou o compêndio de gramática portuguesa de 54 páginas, encomendado em 1848 pelo presidente da província, Luís Pedreira do Couto Ferraz, ao brilhante intelectual carioca, Luís da Silva Alves de Azambuja Suzano, que se radicara no Es-pírito Santo, e inquiriu alguns alunos, assim registran-do as suas impressões. (foram péssimas impressões, nada edificantes conforme se vê nas suas anotações.

Outro trecho também de péssima impressão: “o monarca teve ensejo de visitar a Tesouraria Provin-cial, dirigida interinamente por José Marcelino Pereira de Vasconcelos, recém-nomeado, o qual achou aquela repartição em estado caótico”.

Outro trecho que denota a finalidade de auditoria: ““Não foram visitas de formalidade,” – registrou o Jor-nal do Comércio– “foi um exame minucioso e acurado de tudo”.

Veja o que D Pedro II escreve: Antes e depois do almoço [visitei] as repartições públi-cas.A enfermaria está em casa úmida e convém mudá-la.A Alfândega pouco tem que fazer e o inspetor aprovei-ta um terreno entre a Alfândega e a Capitania para aí plantar figueiras e roseiras.O Quartel não está mal arranjado. Repartição do dele-

gado do Ajudante General, que é o Barrão, da Fábrica de Pólvora.Cadeia boa, mas com presos demais; livros menos re-gulares. A Câmara está no mesmo edifício.A Tesouraria Provincial tinha-se mudado para outra casa, que alugaram, só porque [a antiga] se achava muito suja para a visita!Correio em lugar acanhado, na casa que serve à Tesou-raria Provincial.Tesouraria Geral no 1.º andar do Palácio – queixa de falta de empregados para o serviço.Depósito de artigos bélicos no andar térreo do Palácio – inútil, podendo os objetos guardar-se no quartel.Os armazéns da Capitania estão em casa separada da secretaria, que se acha em casa do capitão do Porto que, disse o Presidente, só trata de completar o tempo para reforma, sendo aliás bom provedor da Misericór-dia.

Outra anotação do monarca em Anchieta: ”A casa da Câmara durante as obras está numa casa térrea. [Corri] os livros do arquivo e a data mais anti-ga é de 1750. Tem um registro [dos] índios dessa data. Há livro de tombo das terras que se mandou copiar em novo livro que foi aberto; mas apenas começado a es-crever, não se continuando, segundo disse o secretário por ser quase ininteligível a letra do antigo livro do tombo”.

Depois dessas poucas anotações e de todas escritas por ROCHA Levy, fica patente o objetivo real da visita e pela

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CAPÍTULO 16

ILHAS

Como o assunto abordado são as fortificações, tomo a liberdade de acrescentar aqui o capítulo “Ilhas”, por enten-der que essas fazem parte de um conjunto natural atrelado aos projetos de defesa e cada ilha ser mesmo uma forti-ficação em potencial. Conforme comentado anteriormente, podemos acrescentar ainda, que mesmo que não se cons-truam fortes, fisicamente, as ilhas ainda participam de um sistema de segurança, pois, um conjunto de ilhas ao longo de todo o canal de entrada ao porto, requer conhecimento exato do local e perícia do mestre de navegação, para tri-lhar o caminho correto sem sofrer acidentes causadores de naufrágios, por duas razões básicas: uma delas é a presença de pedras cuja visão só é possível na maré baixa e de outras submersas à baixa profundidade, invisíveis a olho nú. Outra é que a presença de ilhas provoca mudança nas correntes marinhas nas áreas adjacentes, sempre puxando as embar-cações de encontro a elas, gerando avarias, com o conse-quente naufrágio.

Por outro lado as ilhas estão intimamente ligadas à história da cidade, tanto pelas funções que algumas já exer-ceram, como pela participação nos projetos de modificação da área urbana, tendo sido várias delas agregadas à ilha

situação encontrada, é fácil imaginar o motivo.

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maior ou ao continente.Algumas ilhas adquiriram uma importância ambien-

tal, tendo então se tornado oficialmente, áreas de preserva-ção permanente.

Ao iniciar o trabalho, me fiz algumas perguntas bási-cas sobre o assunto: Quantas ilhas existem? Quantas e quais pertencem a Vitória e Vila Velha? Qual é a definição de ilha? Qualquer pontinha de pedra é uma ilha? Ou precisa ter de-terminada área? Precisa ter uma função urbana específica, em termos de funcionamento de algo ou estar incluída no balizamento e sinalização, ou o simples fato de existir é suficiente? Como acessar cada ilha que conste nas cartas e localizá-las exatamente?

Tentando responder a essas questões, montei uma ta-bela, baseada em cinco mapas da região: “Ilhas e Morros de Vitória”, “Áreas de preservação permanente”, “ Areas que re-ceberam Aterros”, da base cartográfica da Prefeitura de Vi-tória-ES; “Cartas de corrente de marés” da Marinha do Bra-sil; e um mapa antigo, de 1763, “Carta topográfica da barra do rio do Espírito Santo”, do Arquivo histórico do Exército do Brasil.

Cada Mapa possui sua importância específica. Os da base cartográfica da PMV, trazem o nome das ilhas e áre-as de preservação que estão sob a jurisdição do município, constando aí o nome de cada uma, a indicação da função de área de preservação permanente, quando é o caso e a respectiva área em m². O da Marinha contém informações náuticas específicas, contendo as indicações das correntes de marés e outras, importantes para a navegação. O mapa antigo do arquivo Histórico do exército, de 1762, e sua có-pia atualizada, feito pelo arquivo militar, um pouco mais re-

cente contém os nomes antigos dos acidentes geográficos e seu aspecto natural, da época em que foi elaborado.

Para definir as localizações, utilizei os recursos de acesso aos Mapas por satélite, pela internet. Para comple-mentar, esquadrinhei os Mapas, colocando uma régua ho-rizontal numerada de um em um centímetro e uma Vertical em letras minúsculas, de modo que qualquer localização pode ser referenciada por um número seguido de uma letra.

Coloquei tudo isso na mesma tabela, para facilitar as visitas técnicas que eventualmente fossem realizadas. Bas-taria levar um mapa e um aparelho GPS para ter certeza da localização.

Ver tabela nas páginas seguintes:

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Depois disso, julguei oportuno fazer uma breve descri-ção de cada uma que possua referência histórica de ocupa-ção para o exercício de alguma função ou outro fato digno de nota.

ILHA DE VITÓRIA – PRINCIPALÉ a ilha principal do arquipélago, capital do estado do

Espírito Santo, sede do governo municipal da cidade de Vi-tória e do governo estadual. O capítulo 1 possui todas as informações que consegui sobre a esta ilha e a cidade de Vitória.

ILHA DAS COBRASLocalizada no centro do canal acesso ao porto e centro

da cidade. Possui uma área é de 53.845,00m², e seu ponto mais alto chega a 45m. Possui cobertura vegetal, conten-do exemplares típicos de mata atlântica. Há em suas bor-das, uma pequena praia com areias claras, sendo fonte de subsistência para os pescadores que procuram mariscos e conchas conhecidas como budigão, que ficam enterradas na areia a baixa profundidade, cerca de 5 a 10 cm.

No mapa de 1767, do capitão engenheiro Militar José Antônio Caldas, esta ilha consta como Ilha Maria, seguida da abreviatura Frz. No mapa posterior, cópia atualizada deste, confeccionado alguns anos depois, pela arquivo mi-litar, consta como Ilha Maria Fernandes. Em mapas e cartas náuticas posteriores, como “Cartas de Correntes de Maré”, da Marinha do Brasil, começa a aparecer como Ilha das Co-bras. Segundo informações, ( http://deolhonailha-vix.blo-gspot.com.br/2010/05/ilha-das-cobras-vitoria-es.html ), a ilha foi adquirida por um comerciante capixaba, que ali

construiu uma residência de 94,00m².

ILHA DA BALEIAÉ uma ilha cujo desenho lembra a figura de uma ba-

leia. Aparece no mapa Ilhas e morros de Vitória na direção da ilha das Caeiras, só que mais próxima do município de Cariacica, na direção entre Porto de Santana e Porto Novo. Aparece também no Mapa da Prefeitura de Vitória como área de preservação permanente, Nº 11, 134400m²

Notas: Não confundir com a pedra da baleia, que apa-rece no mapa “CCM – Cartas de Corrente de Maré, próxima as ilhas Itatis e dos práticos e da pedra de santa Luzia. Ape-sar de estar sobre a jurisdição de Vitória fica mais próximo do município de Vila Velha.

Não confundir ainda com a ilha da baleia em Vila Velha próxima ao Morro Moreno, que inclusive aparece no Mapa de 1767. Esta é atualmente citada no site: http://loucos-porpraia.com.br/praias-de-vila-velha-espirito-santo-es/ (“Há ainda, lá no final da Praia da Costa em Vila Velha após a entrada da casa do governador, a Praia do Ribeiro, calmi-nha, pequena, e usada como atracação para os barcos dos pescadores. De lá sai uma trilha íngreme para o Morro do Moreno e, bem em frente, há uma ilha particular, a Ilha da Baleia”).

ILHA DA PÓLVORAÉ uma ilha de 14000m², que fica praticamente no meio

do canal, alinhado com o bairro de Santo Antônio. Ali, foi fundado em 1925, durante o governo de Florentino Avidos, um Hospital isolamento, também conhecido como sanató-rio, destinado a tratar pacientes leprosos e tuberculosos,

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doenças de dificílima cura naquela época. O hospital ini-cialmente chamado pelo nome da ilha, passou a se chamar Osvaldo Monteiro, em homenagem ao primeiro Administra-dor. Seu funcionamento atendia ao regulamento sanitário estadual. Foi desativado na década de 1990 na gestão do go-vernador Albuino Azeredo. Mais informações com imagens no site referência: (http://www.gazetaonline.com.br/_con-teudo/2013/09/noticias/cidades/1459626-desvendando--os-misterios-de-vitoria-o-hospital-da-ilha-da-polvora.html).

A PEDRA DOS OVOS Vizinha à Pedra do Baú, contígua ao Penedo, a Pedra

dos ovos é um bloco de granito, que lembra uma forma oval, mediante algum esforço de observação, apoiado sobre ou-tro menor, em situação de equilibro. Como a rocha menor já apresentava fendas significativas, devido ao peso supor-tado, foi providenciado pelo poder público um reforço com cimento, na tentativa de conter o avanço dos efeitos já ob-servados.

Quanto ao nome, parece haver duas versões: Uma por-que lembra um formato oval, outra porque há uma lenda de que um pescador teria atirado nela alguns ovos na tentativa de derrubá-la, achando-a fracamente apoiada sobre a rocha inferior. Sobra ainda a possibilidade de ser por causa das pedras menores que ficam a sua volta, como se fosse um ninho com ovos. Porém não encontrei documentos compro-batórios da origem exata do nome.

Existe uma lenda, de um caso de amor de uma índia goitacá ocorrida nesse local e no seu entorno citada pela se-guinte fonte: A Mulher na História do Espírito Santo (Histó-

ria e Folclore), 1999. Autora: Maria Stella de Novaes. Com-pilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2012.

Nos anos 90 surgiu o terminal particular no saco do Aribiri logo depois dessa pedra. Referência do site abaixo. ( http://www.morrodomoreno.com.br/materias/porto-de--vila-velha.html ).

Outras fontes são: Adelpho Monjardim – Revista vida Capixaba Nº1 - http://www.morrodomoreno.com.br/materias/a-pedra-dos-ovos-por-adelpho-monjardim.html e PEDRA DOS OVOS – LENDA - http://www.morrodomore-no.com.br/materias/pedra-dos-ovos-lenda.html

ILHA DO CALPossui uma área de 64200m² e fica ao lado da Ilha

da Pólvora. Aparece como Ilha Dr Américo de Oliveira no Mapa: Ilhas e morros de Vitória, Base cartográfica munici-pal da Prefeitura municipal de Vitória-ES, março de 2013 e também no Mapa: Áreas de preservação permanente de Vitória-ES da Secretaria de Gestão estratégica, Gerência de informações municipais, Prefeitura Municipal de Vitória--ES. Encontrei a matéria a seguir, citando-a: (https://www.google.com.br/maps/place/Ilha+do+Cal/@-20.3055812,--40.3582977,15z/data=!4m2!3m1!1s0x0:0x86c1e71c8c9c5b0a )

ILHA DO MEIO Fica ao lado da Segunda Ponte, próximo ao bairro ilha

do príncipe, no canal, porem mais próximo à margem do município de Cariacica.

Tem sido objeto de pichações de origens diversas: evangélicos, políticos e grafiteiros.

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Encontrei inclusive um site contendo matéria queixo-sa sobre esse fato e sugerindo providências: (http://genil-doronchi.blogspot.com.br/2011_08_14_archive.html ).

ILHA DO APICUM Apicum é um vocábulo derivado da língua indígena

que quer dizer: Brejo de água salgada à beira-mar; terreno arenoso impróprio para o plantio da cana-de-açúcar; aclive muito forte; limite da terra firme com o mangue.

Ali está localizada a Estação Ecológica do Lameirão, instituída pela Lei Municipal 3,377/1986, que abriga ba-sicamente três espécies de mangue: Rhyzophora mangle (mangue vermelho), Languncularia racemosa (mangue branco) e Avicenia schaueriana (mangue preto ou siriuba).

A Estação Ecológica do lameirão possui, também, 5.052 m² de terra firme com solo de restinga, denominado Ilha do Apicum, com a presença de vegetação esclerófila litorânea e de afloramentos rochosos, cuja vegetação predominante são as orquidáceas, bromeliáceas e alguns remanescentes típicos da Mata Atlântica. (http://www.vitoria.es.gov.br/ci-dadao/meio-ambiente ).

ILHA DA FORCAHoje, já não existe mais como ilha, pois foi agregada a

área onde funciona hoje a Escola de aprendizes marinhei-ros – EAMES.

Ali funcionou a primeira forca, um pelourinho e uma cadeia, ainda da época das capitanias hereditárias, cujo objetivo era punir os índios mais ferozes, se apanhados e os traidores e outros criminosos de crimes mais graves. Várias lendas antigas, referem-se a essa região como “mal-

-assombrada”, afirmando que pessoas teriam ouvido gritos de sofrimento e protestos, devido às torturas sofridas. Essa obra do imaginário popular certamente se deve à funções exercidas pela ilha. Uma referência que encontrei sobre o assunto é a seguinte: http://www.morrodomoreno.com.br/materias/a-ilha-da-forca.html .

ILHA MARIA CATORÉ Tal como a ilha da Forca, essa já aparece no Mapa de

1767 do Capitão engenheiro militar José Antônio Caldas, da época dos governadores gerais. Segundo consta teria copia-do as informações de um mapa, de cerca de um século antes, época das Capitanias Hereditárias. Nesse Mapa já aparece com esse nome de Maria Catoré (ou Cature, no mapa de Cal-das). Apesar da falta de documentação precisa, a referência antiga mais aceitável é que tenha sido um ancoradouro para embarcações menores, de propriedade de Maria Caturé, sendo esse último nome, provavelmente uma alcunha. Ali provavelmente desembarcavam víveres e outros produtos procedentes de embarcações maiores. Apesar de estar mui-to próxima ao município de Vila Velha, essa Ilha está sob jurisdição municipal de Vitória, constando no Mapa Ilhas e Morros de Vitória, da base cartográfica da PMV. Encontrei matéria referente a essa ilha no site a seguir: http://www.morrodomoreno.com.br/materias/-ilha-maria-catore.html .

Nota: Nesse ponto fica respondida a questão inicial: de quem é a ilha? Sob o ponto de vista administrativo geral, de assistência, preservação e prestação de serviços, está sob a jurisdição municipal. No entanto é sabido que moradores de áreas de marinha pagam a taxa de ocupação à União. Mas

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essa é uma discussão aparte, fora dos propósitos desse li-vro.

ILHAS DO PAPAGAIO, SURURU, DO BODE, DO BOI, RASINHA E CINZENTA.

Estou citando juntas essas ilhas por estarem ligadas ao mesmo fato, aterro, que será discutido aparte em outra oportunidade. Só a título de referência, no mapa de 1767, podem ser observadas totalmente separadas. No mapa Car-tas de Correntes de Maré, da Marinha do Brasil, já se ob-servam os enrocamentos, interligando A ponta do Suá, até a ilha do Papagaio; da ilha do papagaio até a ilha do Suru-ru; da ilha do Sururú até a ilha do Bode, hoje sob a terceira ponte, onde se apoia um dos pilares; e da ilha do Bode até a Ilha do Boi. Posteriormente foi feito o aterro a partir desses enrocamentos até a ilha maior, utilizando material extraído do canal, via dragagem, ficando então essas ilhas agregadas à ilha maior, conforme já aparece no Mapa Ilhas e Morros de Vitória. Com essa intervenção, foram sacrificadas algu-mas áreas ambientais como restingas e outras ilhas meno-res, como Rasinha e Cinzenta, referenciadas como ilhas das restingas no Mapa de 1767. Também foram sacrificadas no todo ou em parte, algumas praias antigas famosas, como: Praia do Suá, Praia de Santa Helena, Praia, Comprida, Praia do Barracão. A praia do Suá ficou reduzida a um pequeno pedaço; apareceu a praia do Meio, entre as antigas ilhas Su-rurú e do Bode, a praia da Ilha do Boi, praia da Curva da Jurema e a praia do Canto que ficou avançada, próximo à região do Iate clube. Toda essa área de aterro foi urbani-zada e recebeu praças, áreas de esporte e lazer e inúmeras edificações, residenciais e comerciais. Naquela época a le-gislação ambiental, se havia, era mais flácida e não havia a

exigência de estudos de Impactos ambientais, como os de hoje. Mas essa é outra questão complexa, fora dos propó-sitos do momento, para ser discutida em outra abordagem específica e em outra oportunidade. Encontrei matéria es-pecífica discutindo o tema no site abaixo, de autoria do his-toriador Willis de Faria: http://deolhonailha-vix.blogspot.com.br/2012/11/curva-da-jurema-praia-da-ilha-de.html, cujo título é: Curva da Jurema - A praia da ilha de vitória – Sua história e seus mistérios.

ILHA DO BOIEssa ilha possui uma importância histórica, por haver

um projeto de construção de uma fortificação, no local exa-to onde é hoje o Clube Ítalo-brasileiro. Esse projeto é de José Antônio Caldas, em 1767. Essa fortificação não chegou a ser construída, não se sabe exatamente se devido a uma ques-tão de custos, ou de uma consideração técnica que concluiu por sua desnecessidade. Tudo isso é discutido no capítulo 11.

Mesmo não tendo sido construído, o projeto nos dá informações ricas e precisas sobre essa ilha, descrevendo em detalhes sua topografia e dando noções exatas de suas medidas, além de fazer considerações técnicas importantes sobre o projeto de construção. Está atualmente agregada à ilha principal, sendo totalmente urbanizada e com muitos imóveis residenciais e comerciais.

ILHA DO FRADEEssa ilha possui duas particularidades interessantes

na história de Vitória. Uma delas é com respeito a resistên-cia e luta do então proprietário para não deixar que fosse

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unida por aterro à ilha principal. Por essa razão, foi constru-ída uma ponte para a sua interligação.

A outra é um fato histórico bem mais antigo. Em sua relativamente curta presença em Vitória os Beneditinos, depois de outros locais por onde passaram em Vila Velha e dois lugares anteriores em Vitória, construíram ali um mosteiro, numa área doada em 1594, mas depois o aban-donaram, talvez por uma questão logística. Ainda hoje se observam as ruínas do que foi o mosteiro, na rua São Bento, antiga ladeira são Bento, na ilha dos Frades. Hoje está to-talmente urbanizada e com muitos imóveis em toda a sua região.

Abro um parêntesis para contar a história dos Bene-ditinos por aqui. Começa com o convite da donatária Lui-za Grinalda Coutinho, viúva de Vasco Fernandes Coutinho Filho, aos beneditinos da Bahia para se instalar aqui em 1589, abrigando-os inicialmente em Vila Velha. Aqui vieram o Frei Damião da Fonseca e o Irmão Basílio. Algum tempo depois, em 25/07/1591, receberam por doação da Câmara de Vitória um terreno na Ilha de Vitória, onde construíram um pequeno mosteiro. Em 08/10/1605, houve outra doa-ção de uma pequena área, na ilha de Vitória, por parte de Izabel Fernandes, onde os Beneditinos construíram outro pequenino Mosteiro. Não se sabe exatamente onde ficavam essas instalações. Essa última, provavelmente no morro, num prolongamento de onde hoje é a rua Graciano Neves. O fato é que não aparece, pelo menos com esse nome de beneditinos, no mapa do centro de Vitória, de 1767, tirado pelo capitão engenheiro José Antônio Caldas a mando do governador Geral, o conde de Azambuja. Fonte: Carnielli, Monsenhor Adwalter. História da Igreja Católica no Espírito

Santo, constante na bibliografia.

ILHA DO PRÍNCIPEEssa ilha, hoje agregada à ilha principal também dei-

xou seu nome gravado na história. No mapa de 1767 de José Antônio Caldas, aparece como Ilha do Gabriel. Depois da vi-sita de Dom Pedro II a Vitória, em 1860, não consegui le-vantar exatamente porque, surgiu um boato de que esta ilha seria de propriedade dele ou da família real. Muitos anos mais tarde, pessoas interessadas em comprar a ilha, chega-ram inclusive a ir a Petrópolis na esperança de encontrar os descendentes da família, localizar a documentação, se ainda existente e iniciar o processo de compra. Não conseguiram encontrar.

Muitos anos à frente quando foi iniciada a construção da Ponte Florentino Avidos, também conhecida como 5 pon-tes, vieram muitas pessoas de fora do estado, principalmen-te do Nordeste, para trabalhar. Quando a obra foi concluída, não houve a preocupação de leva-los de volta ou facilitar o seu retorno. Sem condições melhores, ficaram por aqui e se abrigaram como foi possível nessa ilha, que logo à frente se tornou um antro de marginalidade e prostituição, de tal modo que até o poder público sentia dificuldade de entrar ali, até mesmo para atendê-los. Foi difícil para adquirir o domínio e urbanizar a área. Bem mais a frente, ficou agre-gada à ilha principal via aterros daquela região onde hoje é a ponte seca, mercado da Vila Rubim, Avenida Elias Miguel e área da Codesa e atual Technip. Hoje está inteiramente to-mada por imóveis residenciais, comerciais e industriais.

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ILHAS: CAIEIRAS, CRISÓGONO, SANTA MARIA, MONTE BELO

Outras ilhas de grande extensão que foram agregadas à ilha principal e ainda não mencionadas são: Ilhas: Caiei-ras, Crisógono, Santa Maria, Monte Belo. Cada qual teve seu motivo particular que pesou na decisão. Mas, basicamente a ideia principal é urbanizar e sanear a região adjacente, com terrenos alagadiços, propícios a proliferação de mosquitos e moscas oriundas de lixo ali depositado pelos próprios mo-radores, talvez pela própria dificuldade de serem atendidos pelos serviços básicos municipais.

É claro que é muito fácil convencer a opinião pública em geral e até mesmo as autoridades, de que será substi-tuída uma área alagadiça, malcheirosa, infecta e inferniza-da por insetos diversos, por uma área aterrada, plana, to-talmente urbanizada, plenamente atendida pelos serviços básicos e consequentemente supervalorizada, o que alguns chamam de área nobre. No entanto, é sempre prudente ava-liar os prejuízos ambientais, ao aterrar estuários de rios e seus manguezais, além de restingas e áreas que contenham flora e fauna típica de Mata Atlântica. A cidade de Vitória está cheia desses exemplos e muitas polêmicas já foram levanta-das nos últimos tempos a esse respeito, por ambientalistas como Ruschi e outros. Porem sempre acabam sendo votos vencidos. Mas às vezes isso é um tiro que sai pela culatra e os problemas não custam muito a aparecer, como foi o caso de quando se uniu via enrocamento e uma pequena estrada a saída da rua que desce margeando o palácio até o morro da Santa casa, que represou a área de manguezal onde é o atual Parque Moscoso, que foi recebendo lixo e causou um sério problema de saneamento na cidade, precisando fazer

o aterro da área e posteriormente urbanizá-la. Para orientar o assunto ambiental e outros, buscou-

-se incluir no PDU – Plano Diretor Urbano, lei 6705 de 13/10/2006, a Seção I – Das Zonas de Proteção Ambiental, artigos 74; art:75, incisos I a X, Art:76, incisos I a III, § 1 a 5; art:77, incisos I e II, art:78, incisos I a VIII; art:79, incisos I a III, § 3; art:80 e art:81. O órgão ambiental que trata as questões ambientais é o CONDEMA.

O documento básico para localização dessas áreas que utilizei foi o Mapa: Área de preservação permanente de Vi-tória, da base cartográfica municipal, vinculada à secretaria de Gestão estratégica/Gerencia de informações municipais, que atende a lei 6077/2003, que trata da divisão de Vitória em bairros.

Mas essa é uma discussão específica a ser abordada quando se falar em aterros e outras intervenções, que serão tratadas oportunamente.

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EPÍLOGO

Finalmente cheguei ao ponto final deste trabalho, uma vez que decidi falar apenas da parte de fortificações da ci-dade de Vitória antiga, pois, a necessidade de apresentar mapas e plantas acabou consumindo mais espaço do que o planejado inicialmente e deixaria o trabalho muito volumo-so caso fosse falar tudo sobre a cidade antiga até hoje.

Assim, fica para outra oportunidade abordar os outros temas sobre Vitória, possivelmente abordando-os em gru-pos correlatos ou mesmo numa única parte como fiz com essa, segundo as necessidades sentidas no momento do de-senvolvimento.

Roberto Vasco08/12/2015

[email protected]

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INVESTIMENTO E PODER POLÍTICO: PRÓS E CON-TRAS DOS ATRIBUTOS DE UMA CAPITAL - VITÓRIA, ES-TADO DO ESPÍRITO SANTO, BRASIL - Eneida Maria Souza Mendonça, Universidade Federal do Espírito Santo e e José

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- CD de Fotografias antigas, Vitória antiga, - TATAGIBA, José, Puxa, como Vitória está mudada,

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Santo e Rio Doce, Tradução de Miltom Amado, Editora da Universidade São Paulo, Livraria Itatiaia editora Ltda, Belo Horizonte, MG, 1974.

PLANTAS, FACHADAS E CORTES DA PARTE DO CON-VENTO DO CARMO, QUE SERVE DE QUARTEL DA COMPA-NHIA DE INFANTARIA DA ROVÍNCIA DO ESPÍRITO SANTO – Autor Cap João Teixeira Maia, copiado pelo Cap Antônio Gomes da Silva Chaves em 1887, colorido, nanquim, aquare-la, com nota explicativa, com seta norte, escala 1:200, papel canson telado, bom estado, medindo 73cm x 120,5cm.1155 24.03.1155 ES. Não Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exér-cito, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

EDIFÍCIO DA FORTALEZA DE SÃO JOÃO – Copiado pelo Cap Luis Pedro Lecor em 1870 , colorido, nanquim, aquare-la, com legenda, escala em palmos, papel tecido, bom esta-do, medindo 38cm x 33cm. 1158 06.01.1158 ES. Não Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exercito, Mapas de antigas for-tificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANO DA FORTALEZA DE SÃO JOÃO – Copiado pelo

Ten Miguel Vieira Ferreira em 1863, monocromático, nan-quim, com legenda, com seta norte, escala em palmos, papel tecido, bom estado, medindo 46cm x 29,5cm.

1159 06.01.1159 ES. Não Dig. AHEx – Arquivo Histó-rico do Exercito, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA, PERFIL E FACHADA QUE MOSTRA EM PRO-JETO A FORTALEZA QUE SE PRETENDE EDIFICAR NA CA-BEÇA DA ILHA DE BOI PARA DEFENDER A BARRA DO RIO DO ESPÍRITO SANTO – Autor Cap Jozé Antônio Caldas, co-lorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com nota explica-tiva, escala em palmos, papel canson, bom estado, medindo 50,5cm x 33cm. 1160 06.01.1160 ES Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exèrcito, Mapas de antigas fortificações do Es-pírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA E FACHADA DO FORTE DE N.S.DO MONTE DO CARMO – Autor José Antônio Caldas, colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com nota explicativa, com rosa dos ventos, escala em palmos, papel canson, bom estado, me-dindo 22cm x 34cm. 1161 06.01.1161 ES Dig. AHEx – Arqui-vo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA E FACHADA DO FORTE DE S. FRANCISCO XAVIER DA BARRA NA CAPITANIA DO ESPÍRITO SANTO FABRICADO SOBRE A MARINHA NO LUGAR PARATININ-GA – Autor Cap José Antônio Caldas, copiado pelo Cap J. J. Lima em 1860, colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com nota explicativa, escala em palmos, papel canson, bom

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estado, medindo 48,5cm x 35cm. 1162 06.01,1162 ES Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas for-tificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PROJECTO DE UM PORTÃO PARA O FORTE DE SÃO JOÃO – Monocromático, nanquim, aquarela, com tabelas, escala em metros, papel canson, bom estado, medindo 40,5cm x 45cm. 1163 06.01.1163 ES Não Dig. AHEx – Ar-quivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA E FACHADA DO FORTINHO DE S. IGNÁCIO OU S. MAURÍCIO NA VILLA DA VITÓRIA, CAPITAL DA CAPITA-NIA DO ESPÍRITO SANTO – Autor Cap José Antônio Caldas, monocromático, nanquim, com nota explicativa, com rosa dos ventos, escala em palmos, papel tecido, bom estado, medindo 20,5cm x 34cm. 1164 06.01.1164 ES Não Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas for-tificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA E FACHADA DO FORTINHO DE S. TIAGO, QUE ESTÁ SITUADO DENTRO DA VILLA DA VITÓRIA, CAPITAL DA CAPITANIA DO ESPÍRITO SANTO – Autor Cap José Antô-nio Caldas, colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com nota explicativa, escala em palmos, papel canson, bom es-tado, medindo 21,5cm x 33,5cm. 1165 06.01.1165 ES Não Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

QUARTEL DA TROPA DE LINHA NO CONVENTO DOS CARMOS – Autor Engenheiro E. de la Martiniere, colorido,

nanquim, tinta colorida, aquarela, com nota explicativa, es-cala 1:150, papel canson, mau estado, medindo 61cm x

50cm. 1171 06.02.1171 ES Não Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Es-pírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

TOPOGRAFIA DA BARRA E RIO DO ESPÍRITO SAN-TO, O QUAL DÁ NOME A TODA ESTA CAPITANIA, PARA SE VEREM COM DISTINÇÃO TODAS AS VILLAS, FORTALEZAS, PORTOS, E ILHAS QUE ESTÃO DESDE A SUA FOZ ATÉ ALÉM DA VILLA DA VICTÓRIA – Autor Cap José Antônio Caldas, copiado pelo Cap Luis Pedro Lecor em 1861, monocromá-tico, nanquim, aquarela, com nota explicativa, com legenda, com rosa dos ventos, escala em braças, papel canson telado, bom estado, medindo 67,5cm x 53,5cm. 1174 06.02.1174 ES Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de an-tigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA DA IMPERIAL VILLA DA VICTÓRIA – Autor Ten Marcolino Rodrigues da Costa, monocromático, nanquim, com rosa dos ventos, escala em braças, papel canson telado, bom estado, medindo 86cm x 58,5cm. 1176 06.02.1176 ES Não Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA DA BARRA DA CAPITANIA DO ESPÍRITO SANTO ATÉ A VILLA DA VICTÓRIA, SITUADA UMA LÉGUA ACIMA DA SUA ENTRADA – PROSPECTO DA VILLA DA VICTÓRIA CAPITAL DA CAPITANIA DO ESPÍRITO SANTO – PLANTA DA MESMA VILLA DA VICTÓRIA NA AMÉRICA ME-RIDIONAL – Copiado pelo Cap Antônio Américo Pereira da

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Silva, colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com no-tas explicativas, com seta norte, papel canson telado, bom estado, medindo 77,5cm x 53cm. 1178 06.02.1178 ES Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas for-tificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

CARTA TOPOGRÁFICA DA BARRA E RIO DO ESPÍRITO SANTO DO QUAL TOMA NOME TODA A CAPITANIA QUE MOSTRA COM DISTINÇÃO TODAS AS VILLAS, FORTALEZAS, PORTOS, E ILHAS QUE ESTÃO DESDE A SUA FOZ ATÉ ALÉM DA VILLA DA VICTÓRIA, CAPITAL DA CAPITANIA – Mono-cromático, nanquim, aquarela, com legenda, com rosa dos ventos, escala em palmos, papel canson telado, bom estado, medindo 65cm x 48,5cm. 1179 06.02.1179 ES Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortifica-ções do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Ca-xias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

BARRE DE GUARAPARI ET DE BENEVENTE, DE L’ILE FRANÇAISE ET D’ITAPEMIRIM – Autor Capitão de Fragata Mouchez, impresso, colorido, com notas explicativas, com seta norte, escalas em metros e milhas marítimas, papel canson telado, bom estado, medindo 37cm x 52cm. 1183 06.02.1183 ES Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vi-tória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

ICHNOGRAFIA DA VILLA DA VICTORIA, CAPITAL DA CAPITANIA DO ESPIRITO SANTO – Autor Cap José Antônio Caldas, copiado pelo Cap Antônio Pedro Lecor em 1860, co-lorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com nota explica-tiva, com seta norte, escala em braças, papel canson telado, bom estado, medindo 67,5cm x 51,5cm. 1188 06.02.1188

ES Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de an-tigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA DA VILLA DA VICTORIA – Colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com seta norte, escala em braças, papel canson telado, mau estado, medindo 61,5cm x 50,5cm. 1189 06.02.1189 ES. Não Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PROSPECTO DA VILLA DA VITÓRIA, CAPITAL DA CA-PITANIA DO ESPÍRITO SANTO, E DISTANTE DA FOZ DO RIO DO MESMO NOME, UMA LÉGUA – Autor Cap José Antônio Caldas, colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, ferro-gálica, com legenda, papel canson, restaurado, bom estado, medindo 46cm x 31,5cm. 1191 06.02.1191 ES Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortifica-ções do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Ca-xias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA DE PARTE DA CIDADE DA VICTÓRIA – Mono-cromático, nanquim, aquarela, com nota explicativa, com seta norte, escala 1:600, papel canson telado, bom estado, medindo 87cm x 32cm. 1196 06.02.1196 ES Dig. AHEx – Ar-quivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

PLANTA TOPOGRÁFICA QUE MOSTRA EM PONTO MAIOR A ILHA DE BOI QUE FORMA A BARRA PRINCIPAL DO RIO DO ESPÍRITO SANTO QUE VAI TER A VILLA DO MESMO NOME E TAMBÉM A VILLA DA VICTÓRIA, CAPITAL DA CAPITANIA DO ESPÍRITO SANTO – Autor Cap José An-

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tônio Caldas, colorida, nanquim, ferro-gálica, tinta colorida, aquarela, com nota explicativa, com rosa dos ventos, escala em braças, papel canson telado, bom estado, medindo 52cm x 32,5cm. 1199 06.02.1199 ES Dig. AHEx – Arquivo Histó-rico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Espírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

TOPOGRAFIA DA BARRA E RIO DO ESPÍRITO SANTO, O QUAL DA NOME A TODA ESTA CAPITANIA PARA SE VE-REM COM DISTINÇÃO TODAS AS VILLAS , FORTALEZAS, PORTOS E ILHAS QUE ESTÃO DESDE A SUA FOZ ATÉ ALÉM DA VILLA DA VICTÓRIA – Autor Cap José Antônio Caldas, colorido, nanquim, ferro-gálica, tinta colorida, aquarela, com nota explicativa, com legenda, com rosa dos ventos, es-cala em braças, papel canson telado, bom estado, medindo 62,5cm x 53cm. 1203 06.02.1203 ES. Dig. AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Mapas de antigas fortificações do Es-pírito Santo, Vila de Vitória, Praça Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

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