VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO INTERINSTITUCIONAL EM ADMINISTRAÇÃO Raimunda Maria da Luz Silva VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de Eventos da Crise do Subprime Natal 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO INTERINSTITUCIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

Raimunda Maria da Luz Silva

VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de

Eventos da Crise do Subprime

Natal 2010

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Raimunda Maria da Luz Silva

VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de

Eventos da Crise do Subprime

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Administração da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Dr.Anderson Luiz Rezende Mól

Natal 2010

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Raimunda Maria Da Luz Silva

VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de

Eventos da Crise do Subprime

Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Administração da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Administração.

Data da aprovação: 20/09/2010 Banca Examinadora: ______________________________________ Prof.Dr.Anderson Luiz Rezende Mól (orientador) ____________________________________ Prof.Dr. Vinicio de Souza e Almeida (examinador) ___________________________________ Prof.Dr. Rodrigo José Guerra Leone (examinador)

Natal 2010

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“Enquanto a música estiver tocando, é preciso se levantar e dançar”.

Chuck Prince, ex-presidente executivo do Citigroup

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Aos meus pais e meus filhos. Como é grande o meu amor por vocês!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado saúde para alcançar mais essa vitória na minha

vida, por estar sempre presente no meu caminho e ser meu guia para o Bem.

Aos meus pais, Manoel e Rosa, que tanto sacrifício fizeram pela educação dos filhos,

pelo ensinamento constante dos valores, pelas fortes referências que impuseram aos meus

passos durante a vida e pela sabedoria de uma convivência de 62 anos juntos.

Aos meus filhos, Igor e Leandro, pela motivação nos momentos mais difíceis no

desenvolvimento deste trabalho, pelo carinho e pelo grande amor que temos entre nós.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Anderson Mól, por quem tenho profunda admiração,

por ter me aceito quando havia um trabalho ainda incipiente e pela confiança em mim

depositada.

Ao Marquinho pelo companheirismo, dedicação, carinho e compreensão pelas

ausências que tive em nome desse projeto.

Aos meus irmãos, pela constante presença e pelas palavras de incentivo.

À minha “grande dupla” Ticiane, pela amizade, carinho e respeito e pela companhia

nos bons e maus momentos.

Ao PPGA da UFRN que nos deu a oportunidade da realização desse Mestrado e a

todos os professores que se deslocaram até Belém para compartilharem seus conhecimentos e

experiências.

Ao CESUPA, que através do magnífico reitor, Dr. João Paulo do Valle Mendes,

apoiou e investiu na capacitação dos seus docentes. Também devo meus sinceros

agradecimentos aos professores Maria Lúcia Santos e Nadson Alves, do CESUPA, e

professores Aláudio Mello e Maria Elvira, da UFPA.

A todos os colegas do MINTER e todos os meus amigos, em especial ao Aldo da

Concórdia CCTVM e José Maurício, da extinta TIME CCTVM, pelo auxílio na coleta dos

dados, e, sobretudo aqueles que sempre acreditaram na minha capacidade.

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RESUMO

SILVA, Raimunda Maria da Luz. VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de Eventos da Crise do Subprime. Natal, RN, 2010. Dissertação (Mestrado em Administração) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

A crise financeira ocorrida entre os anos de 2007 e 2008, conhecida como crise do subprime, colocou em evidência a governança das empresas no Brasil e no mundo. Para monitorar o risco financeiro, ferramentas quantitativas de gestão de risco foram criadas na década de 1990, após vários desastres financeiros. A turbulência do mercado também tem levado as empresas a investirem no desenvolvimento e utilização de informações, que são aplicadas como ferramentas de apoio aos processos de controle e tomada de decisão. Inúmeros estudos empíricos sobre eficiência informacional do mercado têm sido efetuados dentro e fora do Brasil, revelando se os preços refletem instantaneamente as informações disponíveis. A criação de níveis diferenciados de governança corporativa na BOVESPA, em 2000, fez com que empresas tivessem maior comprometimento em relação aos seus acionistas, com maior nível de transparência em suas informações. A proposta desse trabalho é analisar como a crise financeira do subprime afetou, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009, a volatilidade do retorno das ações na BM&FBOVESPA de empresas com maior liquidez em diferentes níveis de governança corporativa. A partir de estudos das séries temporais e, através de estudos de eventos, foram realizados testes econométricos, através do EVIEWS, e pelos resultados apresentados tornou-se evidente que a adoção de boas práticas de governança corporativa influenciam a volatilidade dos retornos das empresas.

Palavras-chave: Crise financeira, governança corporativa, eficiência de mercado.

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ABSTRACT

SILVA, Raimunda Maria da Luz. VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de Eventos da Crise do Subprime. Natal, RN, 2010. Dissertação (Mestrado em Administração) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

The financial crisis that occurred between the years 2007 and 2008, known as the subprime crisis, has highlighted the governance of companies in Brazil and worldwide. To monitor the financial risk, quantitative tools of risk management were created in the 1990s, after several financial disasters. The market turmoil has also led companies to invest in the development and use of information, which are applied as tools to support process control and decision making. Numerous empirical studies on informational efficiency of the market have been made inside and outside Brazil, revealing whether the prices reflect the information available instantly. The creation of different levels of corporate governance on BOVESPA, in 2000, made the firms had greater impairment in relation to its shareholders with greater transparency in their information. The purpose of this study is to analyze how the subprime financial crisis has affected, between January 2007 and December 2009, the volatility of stock returns in the BM&BOVESPA of companies with greater liquidity at different levels of corporate governance. From studies of time series and through the studies of events, econometric tests were performed by the EVIEWS, and through the results obtained it became evident that the adoption of good practices of corporate governance affect the volatility of returns of companies.

Key-words: financial crisis, corporate governance, market efficiency.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Níveis de Governança na BM&FVOBESPA................................................... 26

Quadro 2 – Formas de Eficiência de Mercado..................................................................... 32

Quadro 3 – Trabalho empíricos que atestaram a eficiência de mercado...............................33

Quadro 4 – Trabalho empíricos que negaram a eficiência de mercado.................................34

Figura 1 – Série estacionária................................................................................................. 44

Tabela 1 – Teste de Raiz unitária de Dickey-Fuller............................................................. 56

Tabela 2– Estimativas dos coeficientes de autocorrelação e autocorrelação

parcial para as Séries RBM, RN1, RN2 e RNM.................................................................. 60

Tabela 3 –Teste de igualdade das variâncias.........................................................................61

Tabela 4 – Tabela comparativa entre as séries de retornos...................................................62

Gráfico 1 – Série Tradicional................................................................................................54

Gráfico 2 – Série Nível 1 .....................................................................................................54

Gráfico 3 – Série Nível 2..................................................................................................... 55

Gráfico 4 – Série Novo Mercado......................................................................................... 55

Gráfico 5 – Retorno das Séries............................................................................................ 57

Gráfico 6 – Teste de estacionariedade para a série de retorno Tradicional......................... 58

Gráfico 7 – Teste de estacionariedade para a série de retorno Nível 1................................ 59

Gráfico 8 – Teste de estacionariedade para a série de retorno Nível 2................................ 59

Gráfico 9 – Teste de estacionariedade para a série de retorno Novo Mercado................... 59

Gráfico 10 – Modelagem comparativa entre as variância das séries de retornos.................62

Gráfico 11 – Modelagem da variância por séries de retornos...............................................63

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................10

1.1. Problema de Pesquisa.....................................................................................12

1.2. Objetivos..........................................................................................................12

1.3. Justificativa para o estudo do Tema.............................................................13

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................15

2.1. Crise Financeira do Subprime em 2008.......................................................15

2.1.1 Os efeitos da crise no Brasil................................................................. 20

2.2. Governança Corporativa.............................................................................. 22

2.3. Hipótese do Mercado Eficiente .................................................................... 30

2.4. Risco e Volatilidade....................................................................................... 37

3. METODOLOGIA.................................................................................................. 40

3.1. Estudo de Eventos ......................................................................................... 40

3.2. Séries Temporais............................................................................................ 41

3.3. Teste de Estacionariedade ............................................................................ 43

3.4. Teste de Raiz Unitária ................................................................................... 45

3.5. Modelo Autorregressivo (AR) ...................................................................... 46

3.6. Modelo de Médias Móveis (MA) .................................................................. 46

3.7. Modelos Mistos ARMA.................................................................................. 47

3.8. Modelos ARMA integrados .......................................................................... 47

3.9. Modelando variância ..................................................................................... 48

3.9.1 Modelo ARCH ................................................................................... 48

3.9.2 Modelo GARCH ................................................................................ 51

3.10. Extensões do Modelo GARCH.......................................................................52

3.10.1 Modelo EGARCH (exponencial GARCH) ......................................53

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................... 54

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 64

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 66

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1. INTRODUÇÃO

A crise financeira ocorrida entre os anos de 2007 e 2008 colocou em evidência a

governança das empresas no Brasil e no mundo. Discussões acerca do evento dessa

magnitude levaram ao questionamento de como isso pode acontecer sem que houvesse

nenhuma causa externa ao sistema econômico.

Embora haja discordância entre analistas sobre as causas da crise financeira

internacional de 2008, muitos acreditam que ela foi oriunda das perdas causadas pela

crescente inadimplência dos empréstimos das hipotecas do mercado imobiliário norte-

americano de subprime (mercado de financiamento imobiliário de maior risco), e foi

estendida aos mercados mundiais, uma vez que grande parte dessas hipotecas foi securitizada

e distribuída a investidores do mercado global e causou uma queda generalizada no mercado

financeiro.

Observou-se que a crise foi precipitada pela falência do banco de investimento

Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, que como um efeito sistêmico, levou à

falência outras instituições financeiras.

Comparativamente, no episódio da Enron, uma das maiores e mais conceituadas

multinacionais americanas, uma crise financeira foi instalada com mecanismos de geração

fraudulenta de recursos fictícios, com abertura de contas em paraísos fiscais, onde a empresa

reconhece por documento uma dívida de, por exemplo, 100 milhões de dólares. Essa dívida

entra na contabilidade da Enron como “ativo” e melhora a imagem financeira da empresa,

valorizando suas ações. A crise financeira de 2008, também originada no mercado norte-

americano, teve como uma das causas a concessão de crédito por corretores (via bancos) para

pessoas pouco “capitalizadas”, com a perspectiva de altos retornos em forma de juros

(DOWBOR, 2009).

Para monitorar o risco financeiro, ferramentas quantitativas de gestão de risco foram

criadas na década de 1990, após vários desastres financeiros. A turbulência do mercado

também tem levado as empresas a investirem no desenvolvimento e utilização de

informações, que são aplicadas como ferramentas de apoio aos processos de controle e

tomada de decisão.

Os investidores, por sua vez, tomam a decisão de investir em ativos que tragam

retornos financeiros, passando pela definição do que irá acontecer no futuro dos diversos

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mercados, para isso gestores de carteiras de ativos, analistas de investimentos e participantes

do mercado de capitais tentam captar as informações que possam afetar o mercado financeiro.

Inúmeros estudos empíricos sobre eficiência informacional do mercado têm sido

efetuados dentro e fora do Brasil, revelando se os preços refletem instantaneamente as

informações disponíveis. Forti, Peixoto e Santiago (2009), realizaram mais recentemente um

levantamento sobre as pesquisas realizadas no Brasil sobre a eficiência do mercado,

subdividindo-o nos três tipos de eficiência propostos por Fama (1970 e 1991), que formalizou

a The Efficient Markets Hypothesis - Hipótese do Mercado Eficiente (HME), que considera

que os preços dos títulos refletem integralmente as informações disponíveis, dando ensejo a

grandes discussões a favor e contra a sua existência.

Quando informações relevantes são incorporadas aos preços dos ativos, e estes se

ajustam rapidamente às novas informações, esse mercado é chamado eficiente. De acordo

com Fama (1970), a eficiência pode ser testada de três formas: fraca, semiforte e forte. A

forma fraca revela oscilações aleatórias nos preços, cuja análise é feita a partir dos preços

passados. A forma semiforte revela que somente informações públicas são incorporadas aos

preços dos ativos. Já na forma forte, tanto informações públicas como privadas são

incorporadas aos preços dos ativos, podendo gerar retornos anormais (SILVEIRA, 2010).

Os trabalhos selecionados sobre Eficiência de Mercado por Forti, Peixoto e Santiago

(2009) tiveram como resultado que nos teste de forma fraca, 42% dos trabalhos aceitam a

HEM e 58% a rejeitam. Nos testes da forma semiforte, 100% dos trabalhos aceitam a HEM.

Por fim, nos testes da forma forte, 100% dos trabalhos rejeitam a HEM.

Diante do aspecto informacional, os investidores internacionais passaram a buscar

mercados com maior nível de transparência na regulação do mercado, bem como nas

empresas, com claras regras para o acesso e saída de acionistas e comportamento totalmente

transparente nas informações prestadas pela empresa, isto é, que adotem as boas práticas de

Governança Corporativa (MACEDO e SIQUEIRA, 2006).

Muito embora no Brasil as empresas mantenham uma estrutura de propriedade e

tradição familiar, de conselhos e de gestão não profissional e a presença do acionista

controlador ser muito forte, os esforços em busca de boas práticas de governança corporativa

tem sido intensos. A BM&FBOVESPA, em dezembro de 2000, desenvolveu segmentos

diferenciados de empresas de acordo com regras pré-estabelecidas, cuja adesão é feita de

forma voluntária. As empresas são classificadas de acordo com obrigações adicionais às

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exigidas pela legislação no Brasil. O Nível 1 tem o menor grau de exigência, e o Novo

Mercado, o maior grau, tendo o nível 2 como intermediário.

A partir desse cenário, definiu-se o presente estudo, que visa investigar os efeitos

que a crise financeira do subprime, em 2008, exerceu sobre os retornos das empresas de

capital aberto, agrupadas em quatro indicadores com diferenciados níveis de governança

corporativa.

1.1. Problema de Pesquisa

É importante a forma como as empresas aderem às práticas de governança

corporativa, ao divulgarem suas demonstrações financeiras, que contêm as informações que

são repassadas para os usuários externos, quando captam recursos junto aos investidores,

acionistas ou outras empresas. Tanto os usuários externos como a sociedade necessitam de um

nível de informação mais acurado para tomar decisões, avaliar investimentos ou até mesmo

avaliar os resultados dos recursos administrados pela empresa.

Posto a importância da informação sobre eventuais crises financeiras, da relevância

das práticas de governança corporativa para efeito de análises por parte tanto dos investidores

quanto dos credores, além da curiosidade acerca dos efeitos das crises financeiras sobre a

volatilidade do retorno das ações agrupadas em diferentes indicadores, o questionamento

central desse trabalho trata de investigar:

Como a crise financeira do subprime afetou, entre janeiro de 2007 e dezembro

de 2009, a volatilidade do retorno das ações na BM&FBOVESPA de empresas com

maior liquidez em diferentes níveis de governança corporativa?

A intenção é identificar empiricamente se há diferença significativa entre mercados

com diferentes níveis de governança no retorno dos indicadores antes e após a crise financeira

instalada pelos créditos subprime nos EUA.

1.2. Objetivos

- Geral

Investigar se há diferenças significativas na volatilidade dos retornos das empresas

com maior liquidez na BM&FBOVESPA, com diferentes níveis de governança corporativa,

durante a crise subprime em 2008.

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- Específicos

1. Produzir um indicador que represente os retornos das empresas de maior liquidez

na BM&FBOVESPA, por nível de governança;

2. Identificar a volatilidade dos indicadores, a partir de um processo GARCH;

3. Identificar diferenças de volatilidade nos retornos dos indicadores com diferentes

níveis de governança corporativa no período de janeiro de 2007 a dezembro de

2009.

1.3. Justificativa para o estudo do Tema

No Brasil, houve um aumento expressivo do fluxo de capitais e este fato impôs

alterações na legislação brasileira para manter o mercado atrativo aos investidores

estrangeiros. Em 2001, a reformulação da Lei das Sociedades Anônimas tornou-se um ponto

fundamental para que o mercado de capitais desenvolvesse as políticas de “boas práticas”.

Esta foi a inspiração para a CVM desenvolver uma cartilha com o objetivo de orientar as

questões que podem influenciar significativamente a relação entre administradores,

conselheiros, auditores independentes, acionistas controladores e acionistas minoritários

(MACEDO e SIQUEIRA, 2006).

Foi promulgada em 28 de dezembro de 2007 a Lei 11.638, que alterou a Lei

6.404/76 sobre as normas da contabilidade no Brasil, que busca a convergência das normas

contábeis no Brasil ao padrão internacional, e sofreu novas alterações através da MP 449/08,

publicada no DOU em 04 de dezembro de 2008, consolidada pela Lei 11.941/09, de 27 de

maio de 2009.

Em 2008, a crise financeira, que começou em 2007 nos Estados Unidos como uma

crise no pagamento de hipotecas, alastrou-se pela economia e contaminou o sistema

financeiro mundial. Na incerteza, não há credito e quando este é concedido, são cobrados

altos juros e, numa economia globalizada, a falta de dinheiro afeta empresas no mundo todo.

A crise do subprime colocou em xeque a governança corporativa no Brasil e em

outros países. O Banco de Compensações Internacionais (BIS) informou que a estimativa para

as perdas das companhias brasileiras com derivativos cambiais, no último trimestre de 2008,

foi de US$ 25 bilhões, quase seis vezes mais que as perdas estimadas para o México (US$ 4

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bilhões), gerando ações coletivas privadas de responsabilidade civil, nos Estados Unidos,

contra companhias e executivos. Dois são contra empresas brasileiras, Sadia e Aracruz.

Num processo de crise, os investidores buscam maior nível de transparência e

informações acerca das empresas investidas, acreditando-se que a governança por elas

adotada venha a atenuar o stress causado pelos mercados,

O Brasil foi afetado exatamente pela dificuldade de obtenção de crédito, porque

grandes empresas dependem de financiamento externo e toda a economia fica parada. Muito

embora se acredite que o país só não foi mais afetado, em decorrência da regulação e

supervisão bancária, aqui adotadas, por não admitirem a proliferação de instrumentos

financeiros exóticos como os que deram origem à crise dos subprime.

Também este estudo é importante para testar, mais uma vez, a eficiência do mercado

de ações brasileiro, porque medidas podem ser tomadas pelo governo e pelo setor privado,

adotando-se prática de transparência e melhorando a qualidade de informações pelas empresas

no Brasil.

Desta forma, evidencia-se a importância da pesquisa junto às empresas, no Brasil,

que tiveram impacto em seus negócios e de que forma a crise afetou seus preços na Bolsa

Brasileira e se boas práticas de governança corporativa servem como um atenuante nas

variações ocorridas.

Vários estudos foram feitos sobre eficiência de mercado e sobre governança

corporativa e sua relação com o retorno das ações, e este estudo busca a relação existente das

empresas segmentadas por nível de governança e a volatilidade existente em momento de

crise financeira.

Para a sociedade (acionistas, investidores nacionais ou estrangeiros) é importante

porque lhes serão permitido conhecer de que maneira a crise, inicialmente instalada em países

diferentes, afetou as empresas brasileiras e a reação do mercado de capitais frente a essas

novas informações.

O trabalho não tem como escopo expandir conclusões em função das estratégias

adotadas pelas empresas, bem como não responde questões quanto à análise estrutural de

grupos estratégicos dentro dos setores, como também não se preocupa em retratar o ambiente

em que as empresa se encontravam, se em setores fragmentados, setores emergentes ou

setores em declínio. E como os preços das ações foram transformados em indicadores, as

questões pontuais deixam de ter o efeito desejado.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo será efetuada uma síntese dos aspectos da crise financeira mundial

nos anos de 2007 e 2008, como também serão abordados os aspectos que envolvem

Governança Corporativa e Hipótese da Eficiência de Mercado – HEM, para finalmente serem

apresentados os métodos utilizados no risco e na volatilidade dos retornos de ações.

2.1 Crise Financeira do Subprime em 2008

Na visâo de Holland e Brito (2010), a crise financeira internacional, conhecida

como a crise de 2008, não parecia ter razões de existir em economias de mercado. Posição

defendida por diversos economistas, muitos deles contemplados com o Prêmio Nobel de

Economia. Para eles, bastava que as autoridades monetárias seguissem uma meta de inflação e

adotassem um único instrumento para tal, a taxa de juros. Preços de ativos financeiros e reais

seriam complexos demais para uma autoridade monetária julgar quando haveria bolhas.

“Exuberâncias irracionais” seriam punidas pelo próprio mercado, sem maiores efeitos sobre o

“lado real” da economia.

Krugman (2009, p.4) reforça essa visão, quando afirma que muitos economistas

acreditavam que entre John Maynard Keynes e Milton Friedman, o mundo havia aprendido o

suficiente para evitar crises como a depressão de 1929, porém perceberam há uma década, na

crise asiática de 1990, que essa posição não estava correta.

Para Barreto (2009), “a análise pós-fato é, sem sombra de dúvidas, muito mais fácil

do que a percepção desses erros durante os períodos em que tudo vai bem”.

Segundo Keynes (1982, p.243),

O ciclo econômico deve, de preferência, ser considerado como o resultado de uma variação cíclica na eficiência marginal do capital, embora complicado e frequentemente agravado por complicações que acompanham outras variáveis importantes do sistema econômico no curto prazo. (...) Por movimento cíclico queremos dizer que, quando o sistema evolui, por exemplo, em direção ascendente, as forças que o impelem para cima adquirem, inicialmente, impulso e produzem efeitos cumulativos de maneira recíproca, mas perdem gradualmente sua potência até que, em certo momento, tendem a ser substituídos pelas forças que operam em sentido oposto e que, por sua vez, adquirem também intensidade e fortalecem-se mutuamente, até que, alcançado o máximo desenvolvimento, declinam e cedem lugar às forças contrárias.

Mesmo com vários estudos sobre crises financeiras o que não se consegue explicar

qual é o tempo certo da crise, ou seja, quando ela acontece e quanto tempo dura.

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Credita-se como causa da crise de 2008, os ataques de 2001 aos Estados Unidos,

quando o World Trade Center e o Pentágono foram alvos da ação terrorista. Após os

incidentes, o presidente George W. Bush decretou uma série de medidas a fim de incentivar o

consumo e aquecer o mercado imobiliário nos Estados Unidos.

As linhas de crédito foram se ampliando, em especial as relativas às hipotecas. Os

bancos, incluindo os comerciais, começaram a outorgar créditos a longo prazo para a compra

de apartamentos ou vivendas com facilidades excessivas sem cuidar da capacidade de

pagamento por parte dos compradores. Conjuntos de dívidas eram posteriormente vendidos a

instituições especializadas com base em pagamentos futuros e na valorização sistemática dos

próprios imóveis. Este auge de hipotecas denominou-se "subprime". A política seguida se

beneficiou de um êxito inicial porque se ampliou o mercado imobiliário, mantendo-se uma

forte procura de casas cujos preços não paravam de subir (GOMES, 2009).

Os bancos que criaram essas hipotecas, também criaram os derivativos negociáveis

no mercado financeiro, instrumentos sofisticados para securitizá-las, isto é, em títulos

livremente negociáveis – por elas lastreados – que passaram a ser vendidos para outros

bancos, instituições financeiras, companhias de seguros e fundos de pensão pelo mundo

inteiro, com algumas agências de rating classificando-os, como AAA, a mais alta chancelaria

para títulos.

Paralelamente a isso, o Federal Reserve (Banco Central americano) iniciou uma

série de reduções na taxa básica de juros de 6,5% para 3,5% e, em seguida, na época dos

atentados terroristas baixou mais ainda até chegar em 1% em 2003. A taxa real de juros de

curto prazo, durante 31 meses chegou a ficar negativa (BARRETO, 2009).

Com isso, houve redução das exigências para a concessâo de crédito, levando-os a

troca de taxas fixas por juros variáveis. Refinanciavam suas hipotecas de forma vantajosa,

gastando parte da diferença entre os empréstimos contraídos a taxas baixas e o valor das

prestações que eram devidas, ampliando sua capacidade de consumo. As prestações iniciais

eram baixas, inferiores até aos juros devidos, náo havendo amortizaçoes e resultando numa

dívida cada vez maior, ao invés de sua redução, consequentemente, as prestações eram

pesadas mais a frente (FERREIRA E PENIN, 2008).

Para Soros (2008, p.14), quando o dinheiro é quase de graça, o emprestador

continua tentando emprestar até que não consegue mais fazê-lo. E, naturalmente, cria-se uma

“bolha”que toma proporções inimagináveis. Crédito fácil cria uma demanda que aumenta o

desejo por novos empréstimos, criando uma demanda que aumenta o valor das propriedades.

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As pessoas começcam a comprar casas na expectativa que haja valorização permitindo

refinanciar suas hipotecas, com lucros, criando assim uma “bolha”.

Em agosto de 2007, foi detectada uma alta taxa de inadimplência no segmento que

engloba pessoas com histórico de oferecerem menos garantias de pagamento, é o subprime

(segunda linha). Por ter riscos maiores os juros também sao maiores, tornando-os mais

atrativos para os gestores de fundos e bancos, que buscam retornos superiores (FERREIRA E

PENIN, 2008).

O banco, ao ver o volume de suprime na sua carteira, decide repassar uma parte do

que internamente qualifica de junk (aproximadamente lixo), para quem irá securitizar a

operação, isto é, assegurar certas garantias em caso de inadimplência total, em troca

evidentemente de uma taxa. Mais um pequeno ganho, que evidentemente ainda são

hipotéticos. Hipotéticos mas prováveis, pois a massa de crédito jogada no mercado

imobiliário dinamiza as compras, e a tendência é os preços subirem (DOWBOR, 2009).

As empresas começam a ficar preocupadas e “empurram” os papéis para pequenos

poupadores que são convencidos a fazer um ótimo negócio, que muito embora seja arriscado,

paga uma ótima taxa de juros.

A crise estava estabelecida, mas em 09 de agosto de 2007, a noticia que o banco

francês BNP Paribas havia congelado o saque de três de seus fundos de investimento,

aplicados em papéis oriundos de operações hipotecãrias nos EUA soou como alerta geral

para a crise de liquidez instalada.

Frente a isso, o Federal Reserve e outros bancos centrais injetaram US$ 500 bilhões

de recursos no mercado nos nove dias subseqüentes à decisão do BNP Paribas e o Federal

Reserve promoveu o primeiro corte de 0,5% na taxa de juros, garantindo a solvência do

sistema financeiro e debelou a emergência da crise sistêmica, validando a estrutura

preexistente, mas não ajustando as posições financeiras e a fragilidade financeira persistiu

(FERREIRA E PENIN, 2008).

No conjunto, o que aconteceu com a globalização financeira é que os papéis

circulam no planeta todo, enquanto os instrumentos de regulação, os bancos centrais

nacionais, estão fragmentados em cerca de 190 nações. Na prática, ninguém está encarregado

de regular coisa alguma. E se algum país decide controlar os capitais, estes fugirão para

lugares mais hospitaleiros (mercado amigo), em processo muito parecido com os mecanismos

de guerra fiscal entre municípios. Nas análises das Nações Unidas, isto é chamado de race to

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the bottom, corrida para o fundo, de quem reduz mais as suas próprias capacidades de controle

(DOWBOR, 2009).

Veja a seguir os principais episódios da crise financeira, segundo uma ordem

cronológica, extraídos dos principais meios de comunicação no país:

Durante o ano de 2007, em junho, o banco norte-americano Bear Stearns anuncia

redução de 30% no lucro do segundo trimestre por causa dos créditos imobiliários; em julho,

a Countrywide Financial, maior empresa do ramo de crédito hipotecário dos Estados Unidos,

divulga queda no lucro e reduz projeções para os meses seguintes; em agosto, o banco BNP

Paribas anuncia o congelamento dos resgates em três fundos de investimento lastreados em

hipotecas de alto risco; em setembro, as ações do Northern Rock, quinto maior provedor de

hipotecas do Reino Unido, desabam mais de 30% na Bolsa, e seus clientes sacam US$ 4

bilhões; em outubro, o lucro líquido do Citigroup cai 57% no terceiro trimestre de 2007, em

relação à igual período de 2006, por conta dos ativos lastreados em hipotecas;

No ano de 2008, durante o 1º. semestre, em fevereiro, o banco Credit Suisse tem

queda de 72% em seu lucro líquido de 2007, em crise, o banco britânico Northern Rock é

nacionalizado; em março, a maior seguradora do mundo, a AIG, anuncia perdas de US$ 5,3

bilhões no quarto trimestre de 2007. O JP Morgan compra o Bear Stearns por US$ 236,2

milhões, ou US$ 2 por ação. Um ano antes, o papel era negociado a US$ 70; em abril, o banco

Wachovia, quarto maior dos Estados Unidos, registra prejuízo de US$ 393 milhões no

primeiro trimestre e corta 41% do dividendo distribuído aos acionistas; em maio, a agência de

crédito hipotecário Fannie Mae, anuncia prejuízo de US$ 2,19 bilhões no primeiro trimestre e

também reduz dividendos; em julho, o banco norte-americano IndyMac anuncia a quebra;

Foi somente no 2º. semestre de 2008 que a crise eclodiu. Em agosto, o Tesouro dos

Estados Unidos avisa que fará o resgate das agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac

e oferece garantias de até US$ 100 bilhões para as dívidas de cada uma delas; em setembro, o

banco Lehman Brothers pede proteção à lei de falências e ocasiona a maior queda nas Bolsas

dos Estados Unidos desde os atentados de 11 de setembro de 2001. O terceiro maior banco

britânico, o Barclays, anuncia que vai adquirir o conjunto das atividades norte-americanas e a

sede do gigante dos investimentos Lehman Brothers, por US$ 1,75 bilhão. O banco central

dos EUA, o Federal Reserve- FED, nacionaliza a seguradora AIG, concedendo-lhe um crédito

de US$ 85 bilhões em troca de 79,9% de seu capital; o Tesouro dos EUA anuncia a criação de

um plano de cerca de US$ 700 bilhões para comprar os títulos hipotecários que perderam

valor e ameaçavam os bancos em crise.

Page 20: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

19

O lucro do Goldman Sachs desaba 70% no terceiro trimestre e passa para US$ 845

milhões, ou US$ 1,81 por ação. Os seis principais bancos centrais do mundo anunciam uma

"medida coordenada" com a injeção de bilhões de dólares no mercado financeiro para

enfrentar a falta de liquidez O Merrill Lynch é vendido ao Bank of América por US$ 50

bilhões.

O Fed aceita a proposta que transforma o Goldman Sachs e o Morgan Stanley em

bancos comerciais. O grupo empresarial Berkshire Hathaway, dirigido pelo multimilionário

americano Warren Buffett, anuncia o investimento de US$ 5 bilhões no banco Goldman

Sachs, para reforçar a capitalização e a liquidez da entidade. Após a liberação do Fed para se

transformar em um banco comercial, o banco Morgan Stanley congelou as negociações para

uma fusão com o também americano Wachovia. O banco britânico Lloyd TSB compra o

concorrente HBOS, que estava à beira da falência.

O Fed volta a intervir no mercado e injeta US$ 20 bilhões no sistema financeiro do

país para aumentar a liquidez. O plano de socorro proposto pelo governo norte-americano

gera resistência entre os democratas que dizem que a atual versão do pacote não é aceitável.

Diante da dificuldade de aprovação do pacote, o presidente dos Estados Unidos, George W.

Bush utiliza um discurso mais rígido e afirma que a economia norte-americana pode entrar em

recessão. A crise se agrava com a quebra do sexto maior banco americano, Washington

Mutual (WaMu), e a venda de suas atividades bancárias ao banco JPMorgan Chase por US$

1,9 bilhão.

O Congresso dos EUA fecha acordo sobre pacote econômico, que liberaria US$

700 bilhões para socorrer o setor financeiro. Dois bancos europeus, o britânico Bradford &

Bingley e parte do belga Fortis, são nacionalizados devido à crise. A Câmara de

Representantes dos Estados Unidos surpreende e rejeita o pacote de socorro ao setor

financeiro, apesar de acordo prévio anunciado.

Em outubro, o Senado dos EUA aprova um novo pacote de resgate financeiro, que

mantém os gastos de até US$ 700 bilhões. O novo projeto tem de voltar à Câmara. A Câmara

dos Representantes dos Estados Unidos aprova a nova versão do pacote de resgate financeiro,

dois dias depois de ter sido aprovada pelo Senado. Isso permite que o governo de George W.

Bush aplique efetivamente o pacote.

No início de 2009, a conta dos recursos mobilizados atingiu cerca de 4 trilhões de

dólares. Para o ex-presidente Bush, o valor desembolsado viria evitar um risco sistêmico, o

que iria prejudicar ainda mais a população, e como o bem-estar desta era a sua preocupação

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maior, havia necessidade de se mobilizar o dinheiro necessário. Dinheiro público,

naturalmente, pois se tratava justamente de não prejudicar os bancos ou seguradoras. Para o

público ficou um sentimento profundamente ambíguo: alívio porque a quebradeira seria

evitada, ou retardada, mas também a amarga constatação de que se estava salvando

especuladores com o próprio dinheiro do público. É preciso lembrar que os trilhões

desembolsados pelo governo não estarão disponíveis para políticas públicas em saúde,

educação e assim por diante. Alguém tem de pagar (DOWBOR, 2009)

2.1.1 Os Efeitos da Crise no Brasil

Muito embora, inicialmente, acreditando-se que o Brasil não seria afetado, porque os

bancos disseram não possuir papeis ligados às hipotecas, ocorreu uma forte contração de

crédito, afetando grandes empresas que dependiam de financiamento externo e,

consequentemente, toda a economia ficou parada.

Acredita-se que o mercado financeiro no Brasil não foi tão afetado como em outros

países em virtude de sua regulação e supervisão bancária não admitirem a proliferação de

instrumentos financeiros exóticos como os que deram origem à crise dos subprime.

Os bancos ampliaram o crédito às pessoas físicas, diante das expectativas otimistas

quanto à recuperação do emprego e da renda. Esta expansão de empréstimos com recursos

livres às pessoas físicas foi efetuada nas modalidades de crédito pessoal, aquisição de veículos

e cartão de crédito. O crédito pessoal, que inclui as operações com crédito consignado,

contribuiu em média por quase metade do crescimento dos empréstimos concedidos nesse

segmento. O endividamento também foi estimulado pela estratégia das grandes redes

varejistas, logo imitada pelos bancos e suas financeiras, de alongamento dos prazos das

operações de crédito ao consumidor (FREITAS, 2009).

Com o crescimento da economia brasileira, com estímulo à produção, as empresas

recorreram ao crédito bancário, particularmente na modalidade de capital de giro, utilizada

para atender as necessidades de fluxo de caixa. Também contavam com outras fontes de

financiamento internacional. Como a crise resultou em sensível piora em termos de custo e

prazo para a captação das grandes empresas (e bancos) no mercado internacional, as grandes

empresas ampliaram a contratação de empréstimos para capital de giro no mercado doméstico

em volumes crescentes e prazos mais longos.

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21

A crise sistêmica global atingiu fortemente a economia brasileira tanto pela via do comércio exterior como pela via dos fluxos financeiros, incluindo as linhas de crédito comercial. O congelamento dos mercados interbancários e financeiros internacionais e a abrupta desvalorização do real associada à fuga para segurança dos investidores estrangeiros e à desmontagem das operações com derivativos cambiais realizadas pelas empresas conduziram à rápida deterioração das expectativas dos bancos que reagiram contraindo crédito e "empoçando" a liquidez Os crescentes rumores sobre as perdas, de empresas e bancos, com derivativos de câmbio desencadearam um movimento de absoluta aversão ao risco e preferência pela liquidez por parte dos bancos. Por desconhecerem o grau de exposição dos demais participantes ao risco de perdas nessas operações, os bancos retraíram o crédito tanto para as empresas e pessoas físicas como para outros bancos (FREITAS, 2009)

Na verdade o que afetou os bancos foi a “crise de confiança”, quando, na incerteza,

o dinheiro pára de circular, encarecendo o crédito disponível.

Isso ficou mais evidente a partir da falência do banco de investimento Lehman

Brothers em 15 de setembro de 2008, levando a Bolsa brasileira a “despencar” até 14,72% em

um só dia, depois de acionar por várias vezes o “circuit breaker” na BM&FBOVESPA,

amargando perdas no final do dia de 11,39%, a maior queda desde 11 de setembro de 1998. A

bolsa brasileira se desvalorizou em 22,7% no período de 15 de setembro a 15 de outubro de

2008.

Com a forte concorrência bancária, que conduziu à emergência de práticas de alto

risco, a desestabilização veio à tona quando da reversão das expectativas ante o agravamento

da crise financeira internacional e seus efeitos-contágio sobre as economias periféricas, dentre

as quais o Brasil. Os bancos se retraíram exarcebadamente, como no caso brasileiro, pelo

prazo relativamente curto do crédito e pela existência de títulos públicos líquidos, rentáveis e

de baixo risco, que permitem uma rápida recomposição dos seus portfólios. A desaceleração

da atividade produtiva em decorrência da contração do crédito não foi mitigada pelo Banco

Central, apegado ao seu mandato de guardião da estabilidade dos preços (FREITAS, 2009).

Muito embora algumas medidas tenham sido tomadas pelo Banco Central para a

solução de crise de liquidez e de dificuldade de refinanciamento dos bancos de menor porte,

algumas instituições e empresas tiveram prejuízos em suas carteiras, devido â escassez de

crédito e elevação da taxa de juros.

A crise do subprime colocou em xeque a governança corporativa no Brasil e em

outros países. O Banco de Compensações Internacionais (BIS) informou que a estimativa para

as perdas das companhias brasileiras com derivativos cambiais, no último trimestre de 2008,

foi de US$ 25 bilhões, quase seis vezes mais que as perdas estimadas para o México (US$ 4

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bilhões), gerando ações coletivas privadas de responsabilidade civil, nos Estados Unidos,

contra companhias e executivos. Dois são contra empresas brasileiras, Sadia e Aracruz.

2.2 Governança Corporativa

Silva (2006, p.3) nos diz que “etimologicamente, a palavra governança está

relacionada a governo; assim, governança corporativa refere-se ao sistema pelo qual os órgãos

e os poderes são organizados dentro de uma empresa (corporation)”.

Para o entendimento conceitual, Oliveira (2006, p.16) define governança corporativa

como:

Conjunto de práticas administrativas para otimizar o desempenho das empresas – com seus negócios, produtos e serviços – ao proteger, de maneira equitativa, todas as partes interessadas – acionistas, clientes, fornecedores, credores, funcionários, governo -, facilitando o acesso às informações básicas da empresa e melhorando o modelo de gestão.

Muito embora o conceito de governança corporativa não seja recente, ele ganhou

maior destaque a partir da década de 1980. No Brasil, a prática da governança corporativa se

intensificou com a abertura da economia, com o aumento dos investimentos estrangeiros no

País, com o processo de privatização das empresas estatais e com um número crescente de

empresas adentrando o mercado internacional.

Para o aperfeiçoamento da prática de governança no Brasil, algumas iniciativas já

foram feitas, como a criação do Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo-

BOVESPA, em dezembro de 2000, onde estão empresas que se comprometem,

voluntariamente, com a adoção de boas práticas de governança corporativa; foi também

criado o Código do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), as

Recomendações da CVM, e mais recentemente, a Nova Lei das Sociedades por Ações – Lei

11.638/07. Foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, tendo como função: estudar,

preparar e emitir pronunciamentos técnicos, orientações e interpretações, além de centralizar e

uniformizar a produção de procedimentos contábeis, a fim de estabelecer, em médio prazo,

um único conjunto de normas para aplicação no Brasil, adequado aos padrões internacionais.

A adoção de um único conjunto de normas contábeis, reconhecido

internacionalmente, facilitará o processo de decisão dos investidores, contribuindo para a

solidez do mercado de capitais no Brasil. Também permitirá maior atração de capital para o

país e a redução do seu custo, na medida em que a percepção de risco será menor, além de

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23

estimular o aumento dos investimentos e do comércio transnacionais. Outro benefício para as

empresas será a diminuição do custo de preparação de demonstrativos contábeis para atender

a diferentes critérios, como ocorre atualmente.

A evidenciação de informações contábeis é uma das premissas básicas da governança

corporativa, uma vez que esta tem como pilar a transparência, para reduzir as incertezas no

processo decisório dos usuários.

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), in BOVESPA, Governança corporativa é um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os acionistas e os cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.

Por meio de um contrato privado voluntário, as empresas aderem a regras que exigem a

adoção de práticas corporativas superiores, fazendo com que, de fato, os Níveis Diferenciados de

Governança Corporativa funcionem como um selo de qualidade, cujo valor reside nas obrigações

contratuais assumidas pela empresa e na maneira como a BM&FBOVESPA administra tais

contratos (CARVALHO, 2002).

Existe uma listagem de exigências para que as empresas possam aderir aos níveis

diferenciados de governança corporativa, que seria um “Regulamento de Listagem”. Alguns

desses compromissos deverão ser aprovados em Assembléias Gerais e incluídos no Estatuto

Social da companhia.

A adesão das Companhias ao Nível 1 ou ao Nível 2 depende do grau de compromisso assumido e é formalizada por meio de um contrato, assinado pela BOVESPA, pela Companhia, seus administradores, conselheiros fiscais e controladores. Ao assinarem o contrato, as partes acordam em observar o Regulamento de Listagem do segmento específico, que consolida os requisitos que devem ser atendidos pelas Companhias listadas naquele segmento, além de, no caso das Companhias Nível 2, adotar a arbitragem para solução de eventuais conflitos societários. As Companhias Nível 2 se comprometem a cumprir as regras aplicáveis ao Nível 1 e, adicionalmente, um conjunto mais amplo de práticas de governança relativas aos direitos societários dos acionistas minoritários. Por exemplo, a companhia aberta listada no Nível 2 tem como obrigações adicionais à legislação: Divulgação de demonstrações financeiras de acordo com padrões internacionais IFRS ou US GAAP... (BM&FBOVESPA, 2009).

O Novo Mercado (NM) e os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa -

Nível 1 e Nível 2- foram desenvolvidos com o propósito de proporcionar um ambiente de

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negociação que estimulasse, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores e a valorização das

companhias. Proporciona aos proprietários (acionistas ou cotistas) a gestão estratégica de sua

empresa e a efetiva monitoração da direção executiva. Ao investidor, passa a confiança de que

comprando uma ação de uma empresa com melhores práticas de governança, o mesmo estará

exposto a menor risco.

As principais práticas que asseguram o controle da propriedade sobre a gestão são o

Conselho de Administração, a Auditoria Independente e o Conselho Fiscal. A empresa que

opta pelas práticas de governança corporativa adota como linhas mestras a transparência, a

prestação de contas (accountability) e a equidade.

De acordo com a BM&FBOVESPA (2009), as companhias nela listadas se

comprometem, principalmente, com melhorias na prestação de informações ao mercado e

com a dispersão acionárias. As principais práticas agrupadas no Nível 1 são: manutenção em

circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25% do capital; realização de

ofertas públicas de colocação de ações por meio de mecanismos que favoreçam a dispersão do

capital; melhoria nas informações prestadas trimestralmente, entre as quais a exigência de

consolidação das demonstrações contábeis e de revisão especial de auditoria; divulgação das

negociações envolvendo ativos de emissão da companhia por parte de acionistas

controladores ou administradores da empresa, mensalmente; disponibilização de um

calendário anual de eventos corporativos.

Os critérios básicos de listagem de companhias Nível 2, além da aceitação das

obrigações contidas no Nível 1 e compromisso de direitos adicionais para os acionistas

minoritários, são: mandato unificado de um ano para todo o Conselho de Administração, que

deve ter pelo menos cinco membros; disponibilização de balanço anual seguindo as normas

do US GAAP ou IFRS; extensão para todos os acionistas detentores de ações ordinárias das

mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia e

de, no mínimo, 70% deste valor para os detentores de ações preferenciais (tag along); direito

de voto às ações preferenciais em algumas matérias, como transformação, incorporação, cisão

e fusão da companhia e aprovação de contratos entre a companhia e empresas do mesmo

grupo, sempre que sejam deliberados em Assembléia Geral; obrigatoriedade de realização de

uma oferta de compra de todas as ações em circulação, pelo valor econômico, nas hipóteses

de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação neste Nível; adesão à

Câmara de Arbitragem para resolução de conflitos societários.

Page 26: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

25

As empresas que aderem ao Nível 1 comprometem-se com a transparência das

informações de mercado e com a dispersão acionária, enquanto no Nível 2 devem cumprir

com todas as obrigações contidas no nível 1 e comprometer-se com um conjunto bem mais

amplo de prática de governança e de direitos adicionais para os acionistas minoritários, alem

da divulgação de demonstrações financeiras de acordo com o padrões internacionais (SILVA,

2006).

O Novo Mercado é um segmento diferenciado de listagem destinado à negociação de

ações emitidas por companhias que se comprometam, voluntariamente, com a adoção de

práticas de governança corporativa adicionais em relação ao que é exigido pela

regulamentação brasileira. Essas regras, consolidadas no Regulamento de Listagem, ampliam

os direitos dos acionistas, melhoram a qualidade das informações usualmente prestadas pelas

companhias e, ao determinar a resolução dos conflitos por meio de uma Câmara de

Arbitragem, oferecem aos investidores a segurança de uma alternativa mais ágil e

especializada.

A principal inovação do Novo Mercado, em relação à legislação, é a proibição de

emissão de ações preferenciais. O capital social das companhias listadas no NM é composto

apenas por ações ordinárias.

O Regulamento de Listagem no Novo Mercado e do Nível 2 contemplam tanto

regras de transparência e de dispersão acionária quanto regras de equilíbrio de direitos entre

acionistas controladores e minoritários. A principal diferença do Nível 2 para o Novo

Mercado é justamente a possibilidade das Companhias do Nível 2 em ter ações preferenciais

na sua estrutura de capital das companhias.

O Nível Tradicional foi idealizado para que um maior número de empresas tivesse

acesso ao mercado acionário, em especial aquelas que fossem atrativas aos investidores de

ações de médio e longo prazo, cuja preocupação com o retorno potencial possa sobrepor-se à

liquidez imediata. São aquelas que buscam um crescimento de forma gradativa e encontram

uma importante fonte de recursos no mercado acionário.

Apesar da existência do segmento BOVESPAMAIS, mas somente com uma

empresa, optou-se por não incluí-lo nos resultados.

Abaixo, um quadro comparativo elaborado pela própria BOVESPA, destacando as

diferenças entre os segmentos de listagem de empresas

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Quadro 1 – Níveis de Governança na BM&FVOBESPA

TRADICIONAL

NOVO MERCADO

NÍVEL 2 NÍVEL 1

Percentual Mínimo de Ações em Circulação (free float)

Não há regras No mínimo 25% de free float

No mínimo 25% de free float

No mínimo 25% de free float

Características das Ações Emitidas

Permite a existência de ações ON e PN

Permite a existência somente de ações ON

Permite a existência de ações ON e PN (com direitos adicionais)

Permite a existência de ações ON e PN

Conselho de Administração

Mínimo de três membros (conforme legislação)

Mínimo de cinco membros, dos quais pelo menos 20% devem ser independentes

Mínimo de cinco membros, dos quais pelo menos 20% devem ser independentes

Mínimo de três membros (conforme legislação)

Demonstrações Financeiras Anuais em Padrão Internacional

Facultativo US GAAP ou IFRS

US GAAP ou IFRS Facultativo

Concessão de Tag Along

80% para ações ON (conforme legislação)

100% para ações ON

100% para ações ON 80% para ações PN

80% para ações ON (conforme legislação)

Adoção da Câmara de Arbitragem do Mercado

Facultativo Obrigatório Obrigatório Facultativo

Fonte: Adaptado da BOVESPA (www.bmfbovespa.com.br, 2010)

Exige-se um percentual mínimo de 25% (vinte e cinco por cento) de ações em

circulação para as companhias que aderem ao NM e aos Níveis Diferenciados de Governança

Corporativa para a sua liquidez, que é um dos principais atributos das ações. A experiência

demonstra que quanto maior o percentual de ações em circulação, maior o número de

negócios. Portanto, o estabelecimento de um percentual mínimo de ações não pertencentes ao

grupo de controle deverá aumentar a negociabilidade no mercado secundário.

Adicionalmente, o free float de 25% facilita a eleição de membro do Conselho de

Administração pelo mecanismo de voto múltiplo.

O Tag along é um mecanismo aplicável em casos de venda de controle. Significa o

direito de todos os acionistas venderem suas ações ao comprador do controle, em conjunto

com o vendedor do controle. Pelo Regulamento do Novo Mercado, os demais acionistas têm o

direito de vender as suas ações nas mesmas condições que o acionista controlador vendedor.

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O Tag along é previsto na legislação brasileira (Lei das S.A., Artigo 254-A) e

assegura que a alienação, direta ou indireta, do controle acionário de uma companhia somente

poderá ocorrer sob a condição de que o acionista adquirente se obrigue a fazer oferta pública

de aquisição das demais ações ordinárias, de modo a assegurar a seus detentores o preço

mínimo de 80% do valor pago pelas ações integrantes do bloco de controle.

Em junho de 2001, deu-se o início do cálculo do IGC - Índice de Ações com

Governança Corporativa Diferenciada, que tem por objetivo medir o desempenho de uma

carteira teórica composta por ações de empresas que apresentem bons níveis de governança

corporativa. Tais empresas devem ser negociadas no Novo Mercado ou estar classificadas nos

Níveis 1 ou 2 da BM&FBOVESPA. Uma vez a empresa tendo aderido aos Níveis 1 ou 2 da

BM&FBOVESPA, todos os tipos de ações de sua emissão participarão da carteira do índice,

exceto se sua liquidez for considerada muito estreita

Algumas pesquisas empíricas, relatadas adiante, foram realizadas buscando, em

essência, testar a eficácia de práticas de governança corporativa para o mercado de capitais

nacional. No geral, o desempenho comparativo dos índices da Bovespa é analisado em relação

a quatro aspectos: retorno e valor; liquidez; custo de captação; e risco (volatilidade). Em

essência, busca-se evidenciar se as empresas com melhores práticas de governança

apresentaram maior retorno e valor, maior liquidez, menor custo de captação e menor risco.

Observou-se que a maior parte das pesquisas realizadas no Brasil data desde o ano

de 2000, quando foram criados os níveis diferenciados de governança corporativa pela

BM&FBOVESPA. Ressalta-se, entretanto, o estudo efetuado por La Porta et al. (1999) que

realizaram uma pesquisa discutindo a origem e as diferenças entre as leis e a efetividade

delas, ao redor de vários países, resumindo as conseqüências e o acesso potencial a estratégias

de governança corporativa. Concluíram que o sistema legal é a melhor maneira de entender a

governança corporativa

Silveira (2003) realizou um estudo durante o período de 1998 a 2000 em algumas

empresas de capital aberto, verificando se a estrutura de governança corporativa foi relevante

para elas e se essas companhias alcançaram maior valor de mercado ou maior desempenho.

Os resultados indicaram que a segregação de funções nas empresas implica em maior

valorização pelo mercado; hã necessidade de um número intermediário de conselheiros que

implica em melhor desempenho; e a independência do conselho não guarda relação

significativa com o valor nem com o desempenho da empresa.

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Gompers, Ishii e Metrick (2003) construíram um “Índice de Governança” com

aproximadamente 1500 empresas por ano, nos anos noventa, analisando a relação entre esse

índice e o desempenho, com a incidência de 24 diferentes previsões sobre tomadas e direitos

dos acionistas envolvendo o retorno para as empresas. Encontraram uma relação significante

entre o índice e os retornos das ações.

Peixe (2003) estudou quais os possíveis obstáculos e os atrativos para a permanência

das empresas nos níveis diferenciados de governança corporativa da BOVESPA após a sua

adesão. Os resultados apontaram que existem quatros indicadores de desempenho como

obstáculos e apenas três como atrativos para a permanência nos segmentos diferenciados,

demonstrando que as regras de transparência têm maior influência do que as de governança.

Soares (2003) realizou um estudo, durante o período de 2000 a 2003, em empresas

do setor de papel e celulose, pertencentes ao Nível 1 da BOVESPA, a fim de verificar o

desempenho do Índice de Governança Corporativa (IGC). Concluíram que para algumas

empresas ocorreu variação positiva no preço das ações, mas para outras não foi possível

constatar a mesma valorização. O estudo ressaltou a importância das empresas serem mais

transparentes, devido a exigência do mercado.

Lanzana (2004), através de métodos estatísticos, estudou se existe relação

significante entre a evidenciação e a governança corporativa, durante o ano de 2002. As

variáveis “fluxo de caixa do acionista controlador” e “independência” apresentaram relação

significante, enquanto que as demais não apresentaram; entretanto concluiu que uma estrutura

ideal de evidenciação e a adequação a praticas de governança corporativa contribuem,

sobremaneira, para o desenvolvimento da empresa e do país.

Silveira (2004) construiu um índice de governança para 161 empresas para avaliar se

os mecanismos de governança são exógenos e se tem alguma influência sobre o valor de

mercado e a rentabilidade das empresas abertas no Brasil. Os resultados indicaram que: as

empresas maiores, que também são emissoras de ADRs, têm melhor governança corporativa;

a estrutura de capital influencia a qualidade da governança corporativa; a concentração de

propriedade não aparenta ser determinada de forma endógena por outras variáveis

corporativas; não foi possível identificar influência consistente e relevante da qualidade da

governança sobre o desempenho da empresa.

Larcker, Richardson e Tuna (2005) também avaliaram indicadores de desempenho de

governança corporativa, usando uma amostra de 2.109 empresas e, através de medidas de

decisão administrativa e desempenho organizacional, foram gerados construtos de governança

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corporativa. Foi percebida uma pequena relação com o comportamento das ações e com a

evidenciação da contabilidade e que 14 construtos têm uma associação com os retornos

anormais.

Lima e Terra (2004) analisaram empresas com governança corporativa na Bovespa

(empresas participantes do IGC) e empresas pontuais na entrega das demonstrações financeiras,

identificadas pelas boas práticas de governança corporativa. Concluíram que os investidores

reagem de forma diferenciada às boas práticas de governança corporativa, percebendo retornos

anormais significativos para empresas pontuais na divulgação.

Batistella et al. (2004) analisaram se empresas que adotaram algum nível do Novo

Mercado da Bovespa até Junho de 2003 apresentaram retornos de Estratégias de Governança

Corporativa no Brasil. Concluíram que provavelmente não ocorreu uma maior valorização das

companhias que adotaram diferenciadas práticas de governança corporativa, corroborando o

estudo de Aguiar, Corrar e Batistella (2004), que compararam o preço médio das ações de

observações antes e depois da implementação do Nível 1 de Governança Corporativa da Bovespa

e concluíram que não houve mudanças significativas no preço médio das ações negociadas para

empresas que aderiram ao Nível 1 de Governança da Bovespa.

Andrade e Rossetti (2004) apresentaram estudos de que se contrapõem aos acima

apresentados, onde afirmam que a migração para os níveis diferenciados de governança

corporativa da Bovespa impactou, de maneira significativa e positiva sobre a valorização das

ações. Que no período de dezembro de 2001 a dezembro de 2003, a valorização das ações medida

pelo IGC foi de 83%, enquanto que a valorização do IBOVESPA foi de 64%. Estudo semelhante

foi realizado por Rogers, Ribeiro e Sousa (2005), ampliando o período para Julho de 2005 e

concluíram que a valorização das ações medida pelo IBOVESPA foi de 89,35%, enquanto que a

valorização das ações de empresas que compõem o IGC foi de 157,60%.

Outros estudos foram realizados comparando o IGC a outros índices da bolsa,

envolvendo o aspecto risco, entretanto serão relacionados aqueles que examinam a sensibilidade

dos preços das ações (retornos) em relação a riscos externos, essencialmente a fatores

macroeconômicos, como os propostos neste trabalho.

Srour (2002) pesquisou se existe uma reação diferenciada de empresas pertencentes ao

grupo diferenciado de governança da Bovespa em momentos de choques de retornos,

especialmente na Crise de 11 de Setembro. Concluiu que melhores práticas de governança

corporativa tendem a diminuir a volatilidade do retorno das firmas diante de um choque negativo.

Essas empresas reagem positivamente em momentos de crise, sendo que aquelas pertencentes ao

Nível 1 da Bovespa tiveram um retorno superior de aproximadamente 6% no período da Crise de

11 de Setembro.

Page 31: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

30

Carvalho (2003), em seu estudo sobre migração de empresas para os níveis

diferenciados da BOVESPA, encontrou evidências empíricas da redução à exposição a fatores

macroeconômicos dessas empresas. O comprometimento de boas práticas de governança

corporativa tem impacto positivo sobre a valorização das ações, aumenta a liquidez, reduz a

sensibilidade do preço das ações a fatores macroeconômicos e aumenta o volume de negociação.

Ele afirma que se deve ter cautela, visto que apresentaram significância estatística em apenas uma

análise. Ele também usou exclusivamente a variável câmbio para identificar a volatilidade das

ações de empresas que migraram para os níveis diferenciados da Bovespa.

Caselani e Eid Jr (2005), durante o período de janeiro de 1995 a setembro de 2003,

modelaram a volatilidade das ações mais líquidas, negociadas na Bovespa da seguinte maneira:

pela alavancagem financeira; pelo preço da ação; pelo giro da ação; pela taxa de juros real; pela

capitalização de mercado da empresa; pelas volatilidades das ações no período anterior; pelo

índice Dow Jones industrial; e pelo Produto Industrial Bruto. Como o IGC só foi criado em 2001,

foi incluída uma variável dummy caso a empresa fosse participante dos níveis diferenciados de

governança da Bovespa, encontrando uma relação negativa estatisticamente significante entre a

volatilidade e essa variável dummy, concluindo que as empresas que aderiram às boas práticas de

governança conseguiram obter uma redução na volatilidade dos retornos de seus papéis.

Rogers (2006) em seu estudo durante o período de Julho de 2001 a Agosto de 2005,

também corrobora os estudos anteriores e comparou o IGC e o Ibovespa diante da exposição dos

seguintes fatores macroeconômicos: Câmbio, Risco Brasil, Índice Dow Jones, proxy do Produto

Interno Bruto (crescimento econômico) e Taxa SELIC. Concluiu que o IGC é menos sensível em

relação a todos os fatores macroeconômicos indicados, exceto em relação ao PIB, cujo IGC

mostrou-se mais sensível, e que o conjunto de fatores macroeconômicos é melhor para explicar o

Ibovespa do que o IGC, indicando que as empresas que praticam melhores práticas de governança

corporativa têm redução da exposição a riscos externos.

2.3 Hipótese do Mercado Eficiente

A Teoria ou Hipótese da Eficiência de Mercado – HEM - é uma das bases da

Moderna Teoria de Finanças. Inicialmente evidenciada, mas não proposta, por BACHELIER

(1900), que defendeu que os rendimentos das ações ou qualquer outro ativo de risco segue um

percurso aleatório ou “random walk” porque tais retornos dependeriam de inúmeras variáveis

tipicamente imprevisíveis. A Teoria foi formalizada matematicamente e traduzida em

modelos econômicos, em meados dos anos 60 (CAMARGOS e BARBOSA, 2003).

Page 32: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

31

A partir daí, os economistas desenvolveram a idéia de que não havia nenhum padrão

nos preços históricos, ou seja, estes não eram úteis para prever mudanças futuras (COSTA e

FAMÁ, 2007).

Somente em 1970 que Eugene Fama, professor da Universidade de Chicago,

formalizou a HEM, publicou seu trabalho no Journal of Finance, baseado na premissa de que

os preços dos títulos refletem instantaneamente todas as informações relevantes disponíveis

no mercado

Um eficiente mercado de capitais é um mercado que é eficiente no processamento de informações. Os preços dos títulos observados a qualquer momento são baseados na avaliação “correta” de todas as informações disponíveis naquele momento. Em um mercado eficiente, preços “refletem integralmente” as informações disponíveis (FAMA, 1970)1

Na visão de Van Horne, um mercado financeiro eficiente existe quando os preços

dos ativos refletem o consenso geral sobre todas as informações disponíveis sobre a

economia, os mercados financeiros e sobre a empresa envolvida. Para Brealey e Myers

(2003), em mercados eficientes a compra ou venda de qualquer título ao preço vigente de

mercado nunca será uma transação com valor presente líquido positivo (BRUNI e FAMÁ,

1998).

Assim, os preços dos ativos girariam em torno de seu valor intrínseco, onde novas

informações poderiam ocasionar mudanças rápidas nesse valor, mas o subsequente

movimento do preço flutuaria aleatoriamente, indicando que certas informações podem afetar

o preço de ativos mais rapidamente do que outras. Dessa maneira, separam-se as informações

em três tipos: informações de preços passados, informação publicamente disponível e toda

informação possível.

Nesse aspecto, Beaver (1998) afirma que o mercado é eficiente em relação a um

sistema de informações se, e somente se, os preços dos títulos fossem o mesmo em uma

economia em que todos os indivíduos tivessem acesso ao sistema de informação. Brealey e

Myers (2003) defendem que se os mercados forem eficientes, todos os títulos serão

precificados sob a luz das informações disponíveis aos investidores, ou seja, o mercado reflete

prontamente a informação disponível.

1 An efficient capital market is a market that is efficient in processing information. The prices of securities observed at any time are based on ”correct”evaluation of all information avaliable at that time. In an efficient market, prices “fully reflect” avaliable information.

Page 33: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

32

Esses tipos de informações deram origem a três classificações para a HEM: forma

fraca, forma semiforte e forma forte, apresentada no quadro abaixo.

Quadro 2 – Formas de Eficiência de Mercado FORMA DE

EFICIÊNCIA

INFORMAÇÃO

RELEVANTE

DESCRIÇÃO

Fraca Preços passados Nenhum investidor poderia obter retornos em excesso através da análise dos preços históricos. Em outras palavras, as informações contidas nos preços (ou retornos) passados não seriam úteis ou relevantes na obtenção de retornos extraordinários.

Semiforte Informações

públicas

Nenhum investidor poderia obter retornos extraordinários baseados em quaisquer informações públicas (relatórios anuais de empresas, notícias publicadas em jornais, revistas, etc.). Os preços se ajustariam às novas informações.

Forte Informações privilegiadas (insiders information)

Nenhum investidor poderia obter retornos anormais usando qualquer informação, mesmo com base em dados confidenciais, que não foram tornados públicos

Fonte: Adaptado de Fama(1970)

Na forma fraca, as informações são baseadas nos histórico de preços e retornos

passados. É uma das formas menos exigente, devido à facilidade de acesso às informações. O

comportamento dos preços, por sua vez, é uma função aleatória (random walk) e as

informações em preços passados não contêm nenhuma informação sobre preços futuros.

Na forma semiforte, situada entre a forte e a fraca, o conjunto de informações é

publicamente disponível para a data atual. Os preços se comportam como se todos

conhecessem as informações publicamente disponíveis e soubessem precificá-las de maneira

homogênea. Por informações publicamente disponíveis, pode-se incluir preços passados, preços

atuais, informações contábeis e informações não contábeis entre outras, mas exclui

informações privilegiadas (FAMA, 1991).

Muitos estudos de eficiência semiforte buscam verificar os ajustes dos preços das ações

para determinado tipo de evento gerador da informação. Damodaran (1994) defende que

os preços podem se comportar de três formas diferentes quanto à ocorrência de uma nova

informação: os preços podem reagir de forma imediata, comprovando a HEM; de forma lenta,

permitindo que investidores obtenham retornos anormais com o desvio de preços e de forma

exagerada, corrigindo de imediato os preços, com a obtenção também de retornos anormais.

Na forma forte, os preços refletem a qualquer momento todo tipo de informação obtida

por pessoas de dentro das empresas e que são desconhecidas do mercado. Sob essa forma,

toda a informação relevante disponível (fontes públicas e privadas – privilegiadas, preços

Page 34: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

33

passados; insiders, agentes do mercado que possuem informações relevantes que o mercado

em geral não possui) está refletida nos preços correntes (FAMA, 1991).

A metodologia mais utilizada para aferir a forma semiforte são os estudos de

eventos, cujos testes procuram mensurar a velocidade do ajustamento dos preços dos títulos

ao redor de uma data específica, quando da divulgação de informações relevantes, tais como

vencimento de opções, bonificações, subscrição de ações, pagamento de dividendos, anúncios

trimestrais, semestrais ou anuais de lucros, desdobramento de ações, fusões e aquisições, entre

outros (CAMARGOS e BARBOSA, 2003).

Após a divulgação da HEM, ficou clara a necessidade de pesquisas para testá-la,

assim uma série de pesquisas foi realizada a partir de 1960, com os mais variados resultados.

Alguns evidenciando e outros refutando a hipótese de mercados eficientes.

Dentre os trabalhos realizados fora e dentro do Brasil, segundo Bruni e Famá (1998),

que atestaram a eficiência de mercado, podemos destacar o que, possivelmente, foi o primeiro

trabalho sobre o comportamento aleatório dos preços dos ativos e mercados eficientes. Após

estudar os mercados de capitais franceses do século passado, Bachelier (1900) detectou a

impossibilidade de efetuar boas previsões sobre os preços dos ativos.

Abaixo, alguns trabalhos realizados fora e dentro do Brasil, que atestaram a

eficiência de mercado, tratados num quadro adaptado do trabalho de Bruni e Famá (op cit).

Quadro 3 – Trabalhos empíricos que atestaram a eficiência de mercado. Autores Objetivo Considerações dos autores

Bachelier (1900) Analisar o comportamento do preço de mercadorias

(commodities).

Após estudar os mercados de capitais franceses do século passado, detectou a impossibilidade de efetuar

boas previsões sobre os preços dos ativos.

Ball e Brown (1968) Analisar a velocidade de ajustamento dos preços a

novas informações.

As informações são rapidamente ajustadas, mesmo antes da divulgação oficial.

Brito (1985) Verificar a eficiência dos preços no mercado futuro

nacional.

Os resultados indicaram que os mercados futuros vinham mantendo um processo eficiente de formação

de preços

Fama, Fisher, Jensen e Roll (1969); Grinblatt,

Masulis e Titman(1984), Leite

(1990)

Estudar o efeito de splits das ações nos preços.

Apesar de alguns autores terem encontrado retornos anormais após o split e isso, aparentemente,

representar uma característica de ineficiência, foram feitas ponderações sobre o aspecto informacional do

split - que indicaria melhorias nos fluxo de caixa futuros, ou melhorias na liquidez dos ativos.

Jensen (1968), Kim (1978), Bogle e

Twardowski (1980), Kon e Jen (1979).

Verificar a performance de fundos mútuos.

De acordo com a hipótese de eficiência dos mercados não seria possível a obtenção contínua, por parte dos

gestores de fundos, de performances superiores.

Kerr (1988)

Estudar no Brasil o efeito do vencimento de opções

sobre o preço das ações no mercado à vista.

Não se poderia rejeitar a hipótese segundo a qual o vencimento no mercado de opções não tem influência

sobre os preços do mercado à vista Os preços das ações menos líquidas parecem sofrer alguma

influência do vencimento do mercado de opções.

Page 35: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

34

Pettit (1972); Foster (1973) ; Kaplan e Roll

(1972); Mandelker (1974); Pattel e

Wolfson (1984); Dann, Mayers e Raab (1974)

Analisar o efeito de informações contábeis

publicadas.

Os preços rapidamente se ajustaram às novas informações.

Scholes (1972)

Estudar a capacidade do mercado em absorver

grandes emissões de ações sem alterações

significativas dos preços.

Verificou que a capacidade seria praticamente ilimitada.

Scholes (1972)a; Kraus e Stoll (1972)a;

Mikkelson e Partch (1985)a

Analisar o efeito nos preços da negociação de grandes blocos de ações.

O caráter informacional da negociação acarretou a diminuição dos preços analisados, reflexo da

informação decorrente da negociação

Sunder (1973 e 1975); Ricks (1982), Biddle e

Lindahl (1982)

Verificar se alterações no tratamento contábil dos estoques (alterações de

LIFO para FIFO) seriam adequadamente refletidas

nos preços das ações.

Apesar de uma diminuição do lucro por ação (no caso de troca de FIFO por LIFO), os investidores estariam

corretamente preocupados com os fluxos de caixa futuros.

Thorstensen (1976)Treynor (1972)

Analisar o comportamento aleatório do índice

Bovespa.Analisar o efeito de maquiagens contábeis

no preço das ações.

Verificou que o Ibovespa mostrava um comportamento coerente com o rumo aleatório.Os

investidores saberiam conhecer as maquiagens, removendo seus efeitos dos preços das ações. A

eficiência dos mercados seria assegurada.

Working (1934) Estudar as séries históricas

dos preços das ações

Em expressão do autor, cada série parecia “errática,quase como se o Demônio do Azar tirasse

um número aleatório todas as semanas [...] e o acrescentasse ao preço corrente para determinar o

preço da semana seguinte”. Fonte: Extraída e adaptada de BRUNI e FAMÁ (1998). Nota-se pelo quadro acima que quase a totalidade dos trabalhos que atestaram a

eficiência de mercado é anterior a 1985, o que permite fazer algumas comparações com os

trabalhos que negaram a eficiência de mercado, relacionados por Bruni e Famá (1998) no

quadro abaixo.

Quadro 4 – Trabalho empíricos que negaram a eficiência de mercado. Autores Objetivo Considerações dos autores

Banz (1981)

Estudar os retornos de ações de empresas com baixo valor relativo de

mercado.

Os retornos seriam estatisticamente superiores, indicando ineficiência do mercado. Entretanto, outros

autores argumentam que após a consideração dos custos de transação envolvidos esses retornos

anormais desapareceriam.

Beneish e Whaley (1996)g

Estudar o efeito da participação da ação na carteira teórica do S&P

500 e seu retorno.

Os resultados indicaram retornos anormais para ações participantes da carteira teórica do índice.

Bernard e Thomas (1990)

Analisar a reação dos preços em relação a novas

informações tornadas públicas.

Os resultados indicaram que os preços reagiriam demoradamente a anúncios de lucros das empresas

Page 36: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

35

Brock, Lakonishok e LeBaron (1992)

Testar as principais técnicas da análise gráfica

Verificaram que seria possível a obtenção de retornos anormais e estatisticamente significantes mediante o

uso da análise técnica. Capaul, Rowley e

Sharpe (1993), Sanders (1995), Chisolm (1991)

Estudar a performance de estratégias baseadas em

valor em diferentes países

De modo geral, para diversos estudados, as estratégias de valor possibilitariam a obtenção de

retornos anormais.

DeBondt e Thaler (1985), Clayman

(1987)

Estudar o princípio estatístico de reversão à média nos mercados de

capitais

De acordo com os resultados encontrados os mercados apresentariam uma forte reversão à média,

característica marcante de ineficiência.

Dreman (1995) Analisar os efeitos da divulgação de lucros

Concluiu que haveria uma ineficiência no mercado na análise dessas informações

Fama e French (1992) Testar a hipótese conjunta

de eficiência e CAPM.

Não encontrou relação significativa entre retornos e riscos. Por outro lado, variáveis relacionadas a valor (book/market) estariam fortemente associadas aos

retornos.

Harvey (1991) Analisar retornos de ações

em países diferentes.

Indicou que haveria uma certa variação comum de retornos entre países, o que tornaria os retornos

relativamente previsíveis. Haugen e Jorion

(1996), Dyl (1973), Branch (1977), Keim (1983), Reinganum (1983), Roll (1983).

Estudar os retornos das ações em diferentes meses

do ano.

Os resultados indicaram que, de forma persistente, as ações apresentariam retornos anormais em janeiro.

Jaffe (1974), Seyhun (1986) , Finnerty

(1976), Lakonishok e Lee (1998)

Estudar os retornos obtidos por detentores de

informações privilegiadas (insiders traders).

Encontraram performances superiores, o que indica que na forma forte não existe eficiência dos

mercados.

Keim (1986) Analisar os retornos das

ações ao longo dos meses

O mês de janeiro apresentou retornos anormais, indicando ineficiência dos investidores (e dos

mercados) em arbitrar as oportunidades.

Lo e Mackinlay (1988), Conrad e Kaul (1988), French e Roll (1986)

Analisar a autocorrelação dos retornos diários das

ações.

Os resultados dos autores indicaram que pode haver um nível relativamente pequeno de autocorrelação negativa nos retornos diários do mercado de ações.

Entretanto, representaria uma parcela muito pequena da variância total dos retornos das ações.

Niederhoffer e Osborne (1966)

Analisar a performance de especialistas atuantes na

NYSE.

Detectou performances superiores consistentes, o que negaria a eficiência dos mercados.

Fonte – Extraída e adaptada de BRUNI e FAMÁ (1998).

Pode-se notar pelas pesquisas realizadas, que antes de 1985, a Hipótese de Mercados

Eficientes foi evidenciada com sucesso, mas a evolução tecnológica e computacional na

coleta, armazenagem e análise de dados fez com que a situação destas pesquisas se invertesse,

isto é, muitas delas começaram a encontrar anomalias que não eram previstas e justificadas na

HME, dada a eficiência e profundidade com que as pesquisas passaram a ser efetuadas.

Em 1991, Fama propôs algumas alterações na denominação das formas de eficiência

informacional do mercado de capitais. Em vez dos testes de eficiência da forma fraca, sugeriu

testes mais abrangentes, interessados na previsibilidade de retornos passados, com variáveis

como dividendos anuais e taxas de juros. No lugar dos testes da forma semiforte, de

ajustamento de preços a anúncios públicos, propôs um título comum de estudos de evento. E,

Page 37: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

36

substituindo os testes da forma forte, quando investidores específicos têm informações que

não estão refletidas nos preços do mercado, propôs testes de informação privada

(CAMARGOS e BARBOSA, 2006).

Grande parte dessas pesquisas foi efetuada em mercados de capitais desenvolvidos,

como os Estados Unidos, Canadá, Austrália e Inglaterra, somente mais recentemente foram

feitas em mercados menos desenvolvidos, como o Brasil, devido ao crescimento da economia

desses países.

Como o mercado brasileiro tem características próprias como o excesso de

regulamentações, pouca proteção dos acionistas minoritários, concentração do controle

acionário, etc., existem estudos recentes de grande relevância como Bernardo (2001), Lopes

(2001) e Sarlo Neto et al (2004), analisando a relação entre resultados contábeis e preços de

ações.

Bernardo (2001) verificou a reação dos investidores do mercado brasileiro de capitais

frente aos resultados trimestrais. Uma importante constatação desse estudo foi quanto ao

ajuste de preços das ações, que ocorreram ao redor da data da divulgação dos resultados

contábeis trimestrais.

Lopes (2001) abordou por meio de pesquisa empírica, o comportamento do mercado

brasileiro da BOVESPA, sob a premissa teórica do modelo de Ohlson. Nesse estudo,

encontrou evidências do papel da informação contábil, sendo esta mais significativa do que os

dividendos para explicação de preços anormais.

Sarlo Neto et al (2004) contribuiu com um apanhado bibliográfico a partir do

trabalho de Camargos e Barbosa (2003) sobre uma síntese dos estudos empíricos publicados

no mercado nacional versando sobre a eficiência informacional. Esta síntese é apresentada

abaixo.

Contador (1973 e 1975) realizou dois trabalhos, testando a HEM e a rentabilidade de

ações e em sua forma fraca e semiforte, por meio da análise espectral e co-espectral, e

encontrou coeficientes de correlação serial pouco significantes e que existiam ciclos de três

dias e mensais, quando analisada a série de dados diários; concluiu, portanto, pela ineficiência

do mercado brasileiro.

Perobelli e Ness Jr. (2000) testaram a HEM na sua forma semiforte, por meio de um

estudo de evento da divulgação de lucros O mercado não promove ajustes instantâneos por

ocasião da divulgação de lucros; ele o faz nos dias subseqüentes e na direção esperada apenas

Page 38: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

37

na ocorrência de informações favoráveis, revelando-se ineficiente em relação às demais

informações.

Para os autores, os resultados dessas pesquisas (a maioria das evidências da forma

fraca foi confirmada, algumas das quais recentes) fornecem indícios de que o mercado de

capitais brasileiro apresenta essa forma de eficiência. A confirmação de que o mercado

evoluiu para a forma semiforte ainda carece de mais estudos. Os testes trazem suporte parcial

de evidência para o modelo de eficiência de mercado, uma vez que é pela acumulação de

semelhante evidência que a validade do modelo é estabelecida.

Forti, Peixoto e Santiago (2009), realizaram mais recentemente um levantamento

sobre as pesquisas realizadas no Brasil sobre a eficiência do mercado de ações nacional,

subdividindo nos três tipos de eficiência propostos por Fama(1970 e 1991).

Os trabalhos selecionados sobre Eficiência de Mercado por Forti, Peixoto e Santiago

(2009) tiveram como resultado que nos teste de forma fraca, 42% dos trabalhos aceitam a

HEM e 58% a rejeitam. Nos testes da forma semiforte, 100% dos trabalhos aceitam a HEM.

Por fim, nos testes da forma forte, 100% dos trabalhos rejeitam a HEM.

2.4 Risco e Volatilidade

Embora haja discordância entre analistas sobre as causas da crise financeira

internacional de 2008, muitos acreditam que ela foi oriunda das perdas causadas pela

crescente inadimplência dos empréstimos das hipotecas do mercado imobiliário norte-

americano de subprime (mercado de financiamento imobiliário de maior risco), e foi

estendida aos mercados mundiais, uma vez que grande parte dessas hipotecas foi securitizada

e distribuída a investidores do mercado global e causou uma queda generalizada no mercado

financeiro.

Nota-se que o risco é eminente nas operações do mercado financeiro e, para Best

(1998, p.2), “o risco só tem um sentido verdadeiro à medida em que resulta em perdas

financeiras, quer direta, quer indiretamente”.

Há inúmeras formas que o risco pode assumir, dentre elas, podemos destacar a

classificação de Morgan (1996) :

i. Risco de mercado - é o risco de perda resultante de uma variação do valor

dos bens negociáveis:

Page 39: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

38

ii. Risco de crédito – refere-se ao risco de perdas financeiras sofridas pelo não

cumprimento da contraparte. Referem-se aos recursos que não serão recebidos;

iii. Risco de liquidez – decorre do risco de um ativo financeiro não poder ser

liquidado com relativa rapidez sem acarretar forte prejuízo ou quando uma

das partes resolva antecipar o fechamento de uma posição, acarretando na

venda de parte de seus ativos;

iv. Risco operacional – é o risco por eventuais perdas devido às possíveis falhas de

sistemas, controles inadequados e erros humanos.

Muitos outros autores inserem outras classificações sobre risco, tais como: Saunders

(1996), com risco de taxa de juros (variação); riscos de operações fora do balanço (aquisição

de ativos e passivos condicionais); risco de câmbio (pela flutuação da taxa); risco soberano

(que envolve operações com mercado internacional) e para Best (1998) ainda há o risco de

reputação (perdas financeiras com a baixa reputação da empresa).

Mas em todas elas, o risco está associado à incerteza de algo que se espera acontecer.

É evidente que existe uma relação positiva entre risco e retorno. Para Gitman (2001, p.71),

“há um trade-off entre o risco e o retorno: investidores devem ser compensados por aceitarem

um risco maior com a expectativa de retorno maior”.

Risco é a chance de perda financeira, e quando avaliado na variabilidade de seu

retorno, este pode ser definido como o total de ganhos ou perdas ocorridos através de um dado

período de tempo (GITMAN, 2001).

O risco assumiu maior destaque a partir dos escândalos internacionais como os

Procter&Gamble, Barings Bank, Bankers Trust, etc, quando na maioria dos casos, o risco

envolvido era com derivativos, que podem ser usados para alavancagem (aumentando o risco)

ou para fins de hedge (diminuindo o risco).

O risco pode, ainda, ser definido como a “volatilidade de resultados inesperados,

normalmente relacionada ao valor de ativos ou passivos de interesse” (MÓL, 2006).

Várias metodologias para o cálculo do risco foram desenvolvidas a partir da década

de 80, entretanto, para atender aos objetivos propostos neste trabalho, será focalizado o risco

de mercado, na sua forma absoluta, sem preocupação de mensurá-lo com outro ativo ou

referencial. Serão aplicados métodos estatísticos, com a utilização de modelos econométricos.

Page 40: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

39

Em finanças, entende-se por volatilidade o grau médio de variação das cotações de

um ativo financeiro em determinado período, mostrando a intensidade e a freqüência das

oscilações em suas cotações, como forma de mensuração de seu risco.

Segundo Alexander (2005), é difícil prever as variações nos preços dos ativos

financeiros e, à medida que o prazo aumenta, cresce a incerteza em relação ao retorno destes

ativos. Tornando-se a distribuição destes retornos mais dispersa, o que implica dizer que eleva

a sua variância, e a medida mais comum de dispersão é o desvio padrão (σ) de uma variável

aleatória.

Para o autor acima, a “verdadeira volatilidade” dificilmente será prevista ex-ante,

pois a mesma é afetada por qualquer movimento extremo do mercado, que pode ocorrer a

qualquer momento dentro do horizonte de risco do modelo.

[...] se a volatilidade de uma variável do processo estocástico for constante, então a volatilidade verdadeira será usada pelo desvio padrão amostral dos retornos observados. Se o processo estocástico da variável tem uma volatilidade variável no tempo, controlada por um modelo GARCH, então a volatilidade verdadeira será aquela do modelo GARCH, estimada ao longo do período de dados históricos (ALEXANDER, 2005, p.12).

Existem vários métodos para modelar uma variância condicional que evolui ao longo

do tempo. Neste aspecto, o modelo ARCH (Autoregressive Conditional Heteroskedastic))

desenvolvido por Roberto Engle em 1982 e sua versão generalizada (GARCH) proposta por

Bollerslev (1986) destacam-se por sua utilização.

Para Santos (2008), a principal característica apresentada pelo modelo GARCH

encontra-se na diferenciação entre os momentos de segunda ordem, não condicionais e

condicionais. A volatilidade condicional é definida pela variância condicionada ao conjunto

de informações disponíveis e a variância não condicional assume-se como invariante

(constante), ao passo que a volatilidade condicional (estocástica) é modelada como uma

variável aleatória.

Neste estudo será utilizado o modelo GARCH por ser o mais adequado na utilização

de séries temporais financeiras e será abordado no capítulo seguinte.

Page 41: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

40

3. METODOLOGIA

Tendo como finalidade demonstrar se as informações divulgadas causam influência

no mercado de ações, a metodologia usada neste trabalho pode ser classificada como

empírico-analítica. Martins (1994, p. 27) define que:

[...] a utilização de técnicas de coleta, tratamento e análise de dados marcadamente quantitativa. (...) têm caráter técnico, restaurador e incrementalista. (...) A validação da prova científica é obtida através de instrumentos, graus de significância e sistematização das definições operacionais.

O tipo de pesquisa é descritiva, porque serão coletados os preços, por segmento, da

ação de empresa com maior liquidez, onde será estabelecido o nível de relações entre as

variáveis preço e informações geradas pelos fatos durante a crise de 2008. Para Gil (1999,

p.44), a pesquisa descritiva tem “como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”.

O escopo da pesquisa foi delimitado pelas empresas com maior presença em pregão,

listada por segmento: BOVESPA MAIS, Novo Mercado, Nível 1 e 2 de Governança

Corporativa, negociadas na BM&FBOVESPA., portanto, foram coletados os preços das

ações de quatorze empresas com maior liquidez, por nível de segmento.

Foi utilizado o sistema EWIES (Econometric View), dando entrada com os preços

das ações de maior liquidez no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2009, dentro dos

níveis de governança corporativa a que pertencem. A seguir foi criado um indicador para cada

nível, ponderando retorno x quantidade teórica.

As variáveis utilizadas no estudo são os retornos dos indicadores criados para cada

nível de governança, a partir dos preços das ações das empresas objeto do estudo.

Inicialmente foi adotada a metodologia do estudo de eventos, que a partir da hipótese

de eficiência dos mercados, visa mensurar o impacto de uma informação no valor de mercado

de empresas, enfocando mais os preços e retornos das mesmas no mercado financeiro.

3.1 Estudo de Eventos

De acordo com Mackinlay (1997), a metodologia do estudo de eventos vem sendo

sofisticada ao longo do tempo e procura verificar o impacto marginal de um tipo de evento na

Page 42: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

41

oscilação dos preços dos títulos para períodos em que há mais de um evento no mercado. E é

recomendada uma série de passos para a sua realização.

Para a realização de um estudo de evento, o passo inicial consiste na definição da

data e da janela do evento, aquela que se pretende estudar, considerando que ela tenha efeito

sobre o retorno anormal de um título e a janela do evento envolve períodos antes e após a

data. No presente estudo, o período definido foram os anos de 2007 a 2009, em que se

observou a crise do subprime.

Após a definição do evento, há necessidade de definir os critérios de seleção de

amostra. Neste caso, para análise, foram selecionadas as cotações das empresas de maior

liquidez, por nível de governança corporativa, extraídos do banco da BM&FBOVESPA. Para

tratamento dos dados quantitativos foram considerados os preços ajustados das negociações

do site da Economática.

Também tem quer ser mensurado o retorno anormal, que é obtido pela diferença

entre o retorno da ação e o retorno esperado. Abaixo será descrita a metodologia adotada para

a realização dos testes empíricos.

O trabalho também foi realizado ao longo de uma série temporal, portanto pode ser

classificado como ex post facto. Série temporal pode ser denominada como a classe de

fenômenos cujo processo observacional e, consequente quantificação numérica, gera uma

sequência de dados distribuídos no tempo (SOUZA, 1989).

3.2 Séries Temporais

Uma série temporal pode ser parcialmente explicada por ela mesma, por suas

realizações anteriores (parâmetros auto-regressivo) e pelos próprios erros passados (parâmetro

de médias móveis) (SANTIAGO, CAMARGO e MARGARIDO, 1997).

Uma série temporal é uma coleção de observações feitas seqüencialmente ao longo

do tempo, espaço, profundidade, etc. A característica mais importante deste tipo de dados é

que as observações vizinhas são dependentes e estamos interessados em analisar e modelar

esta dependência. O estudo de séries temporais requer um conjunto de técnicas especificas,

pois há interesse em analisar a dependência entre as observações ao longo do tempo

(EHLERS, 2007).

Page 43: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

42

Algumas características são particulares a dados financeiros, por exemplo,

observações correlacionadas são mais difíceis de analisar e requerem técnicas específicas,

ordem das observações é fato crucial para a análise diferente de outras técnicas estatísticas, a

presença de fatores complicadores, como tendências, variação sazonal ou cíclica, a seleção de

modelos pode ser bastante complicada, e as ferramentas podem ser difícil interpretação, a

presença de dados discrepantes e de observações perdidas dificulta a aplicação dos modelos

(EHLERS, 2007).

Uma série temporal é dita ser contínua quando suas observações são feitas

continuamente no tempo. Definido o conjunto � = {�: �� < � < � } a série temporal será

denotada por { ���: � ∈ �}.

Os principais objetivos em se trabalhar com séries temporais podem ser os seguintes:

descrição - descrever propriedades da série, padrão de tendência, de variação sazonal ou

cíclica, observações discrepantes, alterações estruturais, etc; explicação - usar a variação em

uma série para explicar a variação em outra série; predição- predizer valores futuros com base

em valores passados; e controle - os valores da série temporal medem a “qualidade” de um

processo de manufatura e o objetivo é o controle do processo (EHLERS, 2007).

Para o estudo de séries temporais, existem dois enfoques: com a utilização de

modelos paramétricos, em que a análise é realizada no domínio do tempo, e com a utilização

de modelos não-paramétricos, que se utiliza o domínio da freqüência.

A análise no domínio do tempo pressupõe que a correlação entre as observações é

mais bem explicada por uma regressão. World (1938) propôs este método, seguindo uma

decomposição da série em que as observações presentes pudessem ser preditas como uma

combinação linear de valores passados de uma série de ruídos e um componente

determinístico á combinação linear (MÓL, 2006).

Para se coadunar com os objetivos propostos no presente trabalho, utilizaremos a

análise no domínio do tempo, em que serão utilizados os dados diários contínuos do tempo,

baseando-se nos modelos propostos por Box & Jenkins (1976), e no modelo GARCH, a partir

da generalização do modelo ARCH, apresentado por Bollerslev, em 1986.

Inicialmente, o estudo parte de coleta dos preços de ações de empresas de maior

liquidez na BM&FBOVESPA, cujas observações foram obtidas em instantes sucessivos do

tempo e ao longo de um intervalo de tempo (2007 a 2009), caracterizando uma série temporal

financeira. A utilização de séries temporais está presente em finanças, marketing, economia,

Page 44: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

43

seguros, tais como, preços diários de ações, valores mensais de índices de inflação, etc

(MORETTIN e TOLOI, 1987).

Se os dados são analisados no tempo, existe uma correlação entre a observação

inicial (instante t) e a observação posterior (instante t + h) em que h é um período da série

temporal posterior ao tempo t, dificultando a aplicabilidade de métodos estatísticos

convencionais. Parte-se da pressuposição de que as observações sejam independentes e

identicamente distribuídas (i.i.d.), creditando-se às técnicas de análise de séries temporais

como a mais adequada (BORGATTO, 2000).

A maior utilização das séries temporais reside no fato de predição do futuro, mas

nem sempre ela é utilizada para essa finalidade. As séries temporais podem ser

determinísticas, quando os valores futuros podem ser determinados, e não determinísticas,

podendo os valores ser descritos por uma distribuição de probabilidade.

O interesse para utilização de séries temporais está no fato de investigar seu

mecanismo gerador, fazer previsões de valores futuros da série utilizada, descrever o

comportamento da série através de gráficos e procurar periodicidades relevantes nos dados.

Em todos estes casos pode-se construir modelos probabilísticos ou estocásticos (sequência no

tempo de variáveis aleatórias, com valores reais ou complexos), tanto no domínio do tempo

como no domínio da freqüência. Uma série temporal é estacionária quando ela se desenvolve

aleatoriamente, no tempo, em torno de uma média constante, refletindo alguma forma de

equilíbrio estável (BEZERRA, 2006).

Diz-se que o processo é estacionário quando sua estrutura de probabilidade não

depende da origem do tempo, mas de diferenças no tempo ou afastadas no tempo.

3.3 Teste de Estacionariedade

Geralmente a quantidade de parâmetros é usualmente maior que o número de

observações e daí são necessárias hipóteses simplificadoras. A mais comum em séries

temporais é a estacionariedade, “basicamente isso significa que o comportamento da série não

se altera com o passar do tempo, ou seja, média e função auto-covariância não mudam se

caminharmos no tempo”(MIGNON, 2006).

Page 45: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

44

Figura 1– Série estacionária Fonte: (MIGNON, 2006).

Para Mignon (2006), tecnicamente, existem duas formas de estacionariedade, estrita

(ou forte) e fraca (ou ampla ou de 2ª. Ordem).

Uma série temporal é dita estritamente estacionária se a distribuição de probabilidade

conjunta de ����, … . , ���� é a mesma de ��� + ��, … … , ��� + ��, isto é, o deslocamento da

origem dos tempos por uma quantidade � não tem efeito na distribuição conjunta que,

portanto depende dos intervalos entre t1,....., tk.

Em particular, para K = 1, a estacionariedade estrita implica que a distribuição de ���

é a mesma para todo t de modo que, se os dois primeiros momentos forem finitos, temos que

���� = � � ���� = � (1)

são constantes que não dependem de t.

Para K = 2 a distribuição conjunta de ���� � ��� depende apenas da distância t2 – t1,

chamada defasagem. A função de auto-covariância � ���, �� também depende apenas de t2 – t1

e pode ser escrita como � ��� onde

� ��� = � � ��� − � � � �� − �� − �� = ��� ���� , �� + �� � (2)

é chamado de coeficiente de auto-covariância na defasagem �. Note que o tamanho de � ���

depende da escala em que ���é medida. Portanto, para efeito de interpretação é mais útil

padronizar a função auto-covariância dando origem a uma função de auto-correlação

��� = ! �"�

!�#� (3)

, que mede a correlação entre ��� � �� + ��.

Page 46: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

45

Um processo estocástico {���, � ∈ �} é dito ser fracamente estacionário se a sua função

média é constante e sua função de auto-covariância depende apenas da defasagem, i.e.

� � ��� � = � � $�� � ���, �� + ��� = � ��� (4)

Nenhuma outra suposição é feita a respeito dos momentos de ordem mais alta. Além

disso, fazendo T = 0 segue que %&' ����� = � �0�, ou seja, a variância do processo assim como

a média também é constante. Note também que tanto a média quanto a variância precisam ser

finitos.

Baseando-se em Engle e Granger (1991), uma variável estacionária é aquela cujo

valor não é afetado pelos termos de erro contidos nas observações passadas, tendo como

exemplo um ruído branco. “Uma sequência (ϵt) é um ruído branco se cada valor nela tiver

média zero, variância constante e não for correlacionado com qualquer realização da própria

série (autocorrelação igual a zero)”(BUENO, 2008).

3.4 Teste de Raiz Unitária

Para se definir o modelo a ser utilizado, é necessário testar a estacionariedade (raiz

unitária) das séries, pois a presença de variáveis não-estacionárias pode ter como resultado

regressões espúrias e inferências errôneas entre as mesmas.

Considerando-se a regressão a seguir:

yt = ρy t-1 + ε t (5)

onde t representa o período de tempo e yt representa cada uma das variáveis

utilizadas no estudo. Se o coeficiente ρ é estatisticamente igual a 1, diz-se que yt é não

estacionário e apresenta uma raiz unitária.

Os testes de hipóteses mais utilizados para se testar a existência de raiz unitária

foram inicialmente estudados por Fuller (1976) e Dickey & Fuller (1979). Outros trabalhos

foram posteriormente publicados como os de Phillips& Perron (1988).

O problema de raiz unitária em modelos Auto-Regressivos (AR) e de Médias Móveis

(MA) aparece quando o polinômio auto-regressivo apresenta uma raiz sobre o círculo

unitário, indicando que se deve fazer diferenciação à série original antes de ajustar o modelo.

(MORETTIN & TOLOI, 1987).

Page 47: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

46

Pode-se dizer que um processo é auto-regressivo quando é baseado na informação

dos eventos anteriores, que proporcionam dados do processo, que são processados e

armazenados para obter informação do próximo evento.

Há uma grande variedade de modelos aplicáveis a estudos desta natureza. Para fins

desta pesquisa, optou-se por selecionar o modelo ARMA, preconizado por Box &Jenkins para

estimação e previsão de séries temporais. Sendo estes modelos pertencentes ao modelo dos

autorregressivos-médias-móveis (ARMA), subdividindo em dois outros modelos: o

autorregressivo (AR) e médias-móveis (MA).

Os modelos auto-regressivos (AR) foram introduzidos por Yule em 1926, enquanto que os modelos de médias móveis (MA) surgiram por volta de 1937. Segundo Morettin & Toloi (1985), qualquer modelo estacionário discreto pode ser representado por modelos auto-regressivos e médias móveis (ARMA), como demonstrado por Wold (1938). Em 1970, Box & Jenkins, seguindo as proposições de Wold (1938), desenvolveram uma técnica para modelos de previsão e controle em séries temporais. A técnica baseada em análises probabilísticas e de minimização de erros de estimativas gera modelos estimados de forma iterativa. Como todo modelo, apresenta algumas limitações de aplicação, tais como as observações na amostra, que deve ser superior a 50 ocorrências. (MOL, 2006, p.27-28).

3.5 Modelo Auto-regressivo (AR)

Suponha que {)"} seja um processo puramente aleatório com média zero e variância �*.

Um processo "é chamado de processo autoregressivo de ordem p, ou AR(p) se,

" − μ = ∝� �"-� − μ� + ⋯ += ∝/ �"-/ − μ� + )" (6)

Onde os valores passados de " fazem o papel das regressoras. Assim, processos AR

podem ser usados como modelos se for razoável assumir que o valor atual de uma série

temporal depende do seu passado imediato mais um erro aleatório (EHLERS, 2007).

3.6 Modelo de Médias Móveis (MA)

Para os processos de média móveis, suponha que {)"} seja um processo discreto

puramente aleatório com média zero e variância �*. Sendo que " é chamado de processo de

médias móveis de ordem q, ou MA(q) se

Page 48: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

47

" = μ + )" + 0�)"-� + ⋯ + 01)"-1, (7)

sendo 02 e R, i = 1,.....,q. Não é difícil verificar como ficam a média e a variância

deste processo (EHLERS, 2007).

��"� = ��)"� + ∑ 04145� �6)"-47 = 0 (8)

%&'�"� = %&'�)"� + ∑ 04145� �6)"-47 = �1 − 0�

+ ⋯ + 01��*

(9)

3.7 Modelos Mistos ARMA

Através da combinação dos modelos AR e MA pode-se obter uma representação

adequada com um número menor de parâmetros, esta combinação forma um processo

autorregressivo de médias móveis (ARMA), com uma classe de modelos muito úteis e

parcimoniosos para descrever dados de séries temporais. O modelo ARMA (p,q) é dado por,

" = ∝� "-�+, … . +, ∝/ "-/ + )" + 0� )"-�+, … . +, 01)"-1 (10)

onde {)"} é um processo puramente aleatório com média zero e variância �*. Note que,

modelos AR ou MA podem ser obtidos como casos especiais quando p=0 ou q=0. Usando o

operador de retardo o modelo pode ser reescrito como

∅�0�" = :�;�)" (11)

os valores de <�, … . , </ que tornam o processo estacionário são tais que as raízes de

∅�0� = 0 estão fora do círculo unitário. Analogamente, os valores de 0�, … . , 0/ que tornam o

processo inversível são tais que as raízes de :�0� = 0 estão fora do círculo unitário.

3.8 Modelos ARMA Integrados

Os modelos discutidos até agora são apropriados para séries temporais estacionários.

Assim, para ajustar estes modelos a uma série temporal observada é necessário remover as

Page 49: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

48

fontes de variação não estacionárias, para tentar remover a tendência tomando-se uma ou mais

diferenças.

Um modelo ARMA no qual " é substituída pela sua d-ésima diferença ∇>" é capaz de

descrever alguns tipos de séries não estacionárias.

Denotando a série diferenciada por.

?" = ∇>�"� = �1 − ;�>" (12)

o processo autorregressivo integrado médias móveis denotado ARIMA (p,d,q) é dado por

?" = ∝� ?"-�+, … . +, ∝/ ?"-/ + )" + 0� )"-�+, … . +, 01)"-1 (13)

ou equivalente

∅�;��1 − ;�>" = : �;�)" (14)

Na equação acima se pode notar que o modelo para " é claramente não estacionário já

que o polinômio autorregressivo ∅�;��1 − ;�> tem exatamente draízes unitárias. Um processo

que se torna estacionário após d diferenças é dito ser não estacionário homogêneo, ou

integrado de ordem @, A�@� .

.

3.9 Modelando Variância

Nos modelos, visto até agora a variância dos erros foi assumida constante ao longo do

tempo, i.e %&'�)"� = ��)"� = �*

. Muitas séries temporais, no entanto exibem períodos de

grande volatilidade seguidos de períodos de relativa tranquilidade. Nestes casos, a suposição

de variância incondicional dos erros ainda possa ser assumida constante, sua variância

condicional pode estar mudando ao longo do tempo.

A variância condicional é também chamada de volatilidade.

3.9.1 Modelos ARCH

Nos modelos vistos até aqui a variância dos erros foi assumida constante ao longo do

tempo, i.e., Var(at) = E(at) = 2aσ . Muitas séries temporais, no entanto, exibem períodos de

grande volatilidade seguidos de períodos de relativa tranqüilidade. Neste caso, a suposição de

Page 50: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

49

variância constante (homocedasticidade) pode não ser apropriada. Na verdade, embora a

variância incondicional dos erros ainda possa ser assumida constante, sua variância

condicional pode estar mudando ao longo do tempo.

Além disso, em muitas outras situações práticas existe o interesse na previsão da

variância condicional da série além da série propriamente dita. Por exemplo, no mercado de

ações o interesse não é apenas prever a taxa de retorno mas também sua variância ao longo de

um certo período. Essa variância condicional é também chamada de volatilidade.

A idéia aqui é tentar modelar simultaneamente a média e a variância de uma série

temporal. Para fixar idéias, supor que um modelo AR(1), Xt = at + αXt– 1, foi estimado e

deseja-se fazer previsões um passo à frente, ou seja,

ttt XXXEX α== + )|()(ˆ 11 (15)

A variância condicional de Xt +1 é dada por,

( )XEXVarXXVarttttt |)|()|( 2

11 1+== ++ αα (16)

Até agora foi assumido que ( ) 22

1 aXEt

σα =+| , mas supondo que a variância

condicional não seja constante, ou seja, ( ) 22

1 tXEt

σα =+|

Existem várias formas de especificar como a variância condicional (volatilidade) varia

com o tempo. Uma estratégia utilizada para modelar 2tσ , proposta por Engle (1982), consiste

em assumir que ela depende dos quadrados dos erros passados, i.e, at–1 + at–2, ... através de

uma auto-regressão. No caso mais simples é feito,

ttttt hacva να =+= −2

1 (17)

onde vt é uma série puramente aleatória com média zero e variância igual a 1 e tv e at são

independentes. Segue que a variância condicional é dada por,

Page 51: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

50

2

12

−+== ttt ach ασ (18)

Neste caso, diz-se que a variância condicional segue um processo auto-regressivo

condicionalmente heterocedástico de ordem 1, ARCH(1). Deve-se observar que é necessário

impor a restrição c > 0 e α > 0 para que a variância 2tσ seja sempre positiva. Além disso, para

garantir a estacionariedade da auto-regressão a restrição 0 < α < 1 é imposta.

Pode-se generalizar para processos mais gerais, ARCH(p), em que a variância

condicional depende dos quadrados de p erros passados, ou seja,

2222

211 ptptttt aaacva −−− ++++= ααα ... (19)

e a variância condicional se comporta como um processo AR(p),

2222

211

2ptptttt aaach −−− ++++== ααασ ... (20)

Neste caso, para garantir que 2tσ seja sempre positiva é necessário impor a restrição c

> 0 e α1 > 0, ..., α p > 0 para garantir a estacionariedade do processo é necessário também que

as raízes de 1–α1B – ... – αpBp=0 estejam fora do círculo unitário. Juntando essas restrições

equivale impor a restrição c > 0 e ∑=

<p

ii

1

1α .

Identificação

A principal característica dos modelos ARCH é que a variância condicional dos erros,

at, se comporta como um modelo auto-regressivo. Portanto, deve-se esperar que os resíduos

de um modelo ARMA ajustado a uma série temporal observada também sigam esse padrão

característico. Em particular, se o modelo ajustado for adequado então a fac e a facp dos

resíduos devem indicar um processo puramente aleatório. No entanto, se a fac dos quadrados

dos resíduos, 2ta , apresentar um decaimento característico de uma auto-regressão, isto é uma

Page 52: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

51

indicação de que o modelo ARCH pode ser apropriado. A ordem p dos modelos deve ser

identificada através da facp dos quadrados dos resíduos.

Verificação

Para um ARCH(r), as observações padronizadas (resíduos do modelo),

)(ˆ

~

11−

=

t

tt

h

XX (21)

são variáveis aleatórias iid com distribuição normal padrão ou t-Student. Assim, um modo de

se verificar a adequação do modelo é calcular a estatística Q de Ljung-Box para a seqüência

tX~ . Para testar a validade da distribuição normal pode-se realizar o cálculo dos coeficientes

de assimetria e curtose e um QQ-PLot. Pode-se também, verificar se a seqüência 2tX~

apresenta heterocedasticidade.

Previsão

As previsões para a volatilidade por meio do modelo ARCH(r), dado pelas equações

(5.3) e (5.4) são obtidas recursivamente. Deste modo, a previsão 1 passo à frente no tempo t (

ht+1 ), ou seja, com origem no ponto t é dada por

2212

210 ...)1(ˆ

rtrttt XXXh −− ++++= αααα (22)

As previsões l passos à frente com origem em t são dadas por

∑=

−+=r

itit ilhlh

10 )(ˆ)(ˆ αα (23)

onde 0,)(ˆ 2 ≤−=− −+ ilparaXilh iltt

3.9.2 Modelos GARCH

Uma generalização natural dos modelos ARCH consiste em assumir que a variância

condicional se comporta como um processo ARMA. Sabe-se que um modelo ARMA pode ser

mais parcimonioso, no sentido de apresentar menos parâmetros do que um modelo AR ou

Page 53: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

52

MA. Da mesma forma, um modelo GARCH pode ser usado para descrever a volatilidade com

menos parâmetros do um modelo ARCH.

Deste modo, um modelo GARCH(r,s) é definido como

ttt hX ν= : Resíduos do modelo

∑∑=

=

− ++=s

jjtj

r

iitit hXh

11

20 βαα (24)

onde vt é uma série puramente aleatória (iid) com média zero e variância igual a 1 e tv e Xt

são independentes, αo > 0, αi ≥ 0 βj ≥ 0 , ∑ ==<+

q

i ii srq1

),max(,1)( βα

Por exemplo, o modelo GARCH(1,1) a volatilidade é expressa como,

112

110 −− ++= ttt hXh βαα (25)

onde

αi ≥ 0 βj < 1, α1 + β1 < 1

A identificação da ordem dos valores r e s de um modelo GARCH deve ser feita pela

Função de Autocorrelação (fac) e Função de Autocorrelação Parcial (facp) dos quadrados dos

resíduos. Assim se o modelo ajustado for adequado a fac e facp dos resíduos devem indicar

um processo puramente aleatório. No entanto, quando estas funções são aplicadas ao

quadrado dos resíduos elas devem indicar um processo ARMA(1,1). A identificação nem

sempre é fácil em muitas aplicações, de modo que, recomenda-se o uso do modelo de baixa

ordem como, GARCH(1,1), (1,2) ou (2,1), e depois se escolha o modelo através dos critérios

de informação de Akaike (AIC) e de Schwarz (BIC), valores de assimetria e curtose da log-

verossimilhança.

3.10 Extensões do Modelo GARCH

Existem na literatura várias extensões dos modelos ARCH-GARCH, tais como,

EGARCH, IGARCH, TGARCH e GARCH-M.

Page 54: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

53

3.10.1 Modelos EGARCH (Exponencial GARCH).

Os modelos ARCH-GARCH tratam os retornos simetricamente, uma vez que a

volatilidade é uma função quadrática dos mesmos. Sabe-se também, que a volatilidade reage

de forma assimétrica aos retornos, tendendo a ser maior para os retornos negativos. Nos

modelos EGARCH, ao contrário dos modelos GARCH, nenhuma restrição é imposta aos

parâmetros αi e βj . No modelo EGARCH a variância condicional, ht, é uma função

assimétrica de resíduos Xt – i defasados.

ttt hX ν= : Resíduos do modelo

∑∑=

=

− ++=s

jjtj

r

iitit hgh

110 )ln()()ln( βναα (26)

onde

[ ]|)(|||)( tttt Eg ννγθνν −+= (27)

sendo que θ e γ são parâmetros reais, |)(||| tt E νν − é uma seqüência de variáveis aleatórias

i.i.d com média zero.

Podemos escrever

<−−

≥−+=

0|),(|)(

0|),(|)()(

ttt

tttt seE

seEg

ννγνγθ

ννγνγθν (28)

Ou seja, a função )( tg ν é linear em tν com coeficiente de inclinação γθ + se tν é

positivo e )( tg ν é linear em tν com coeficiente de inclinação γθ − se tν é negativo. Esta

assimetria permite que a volatilidade responda mais rapidamente a retornos negativos do que

a positivos, fato conhecido como “efeito alavanca”.

Por exemplo, o modelo EGARCH(1,1) a volatilidade é expressa como,

ttt hX ν= : Resíduos do modelo

)ln()()ln( 11110 −− ++= ttt hgh βναα (29)

Page 55: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

54

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com base na coleta de preços das ações de maior liquidez, entendendo-se como tal a

maior presença em pregão, listadas na BM&FBOVESPA, as empresas foram filtradas por

segmento de governança corporativa e criou-se um indicador para cada segmento, ponderando

retorno x quantidade teórica, a fim de melhor análise dos dados.

Neste trabalho foram utilizadas as séries dos indicadores de nível de governança

corporativa: Tradicional, Nível 1, Nível 1 e Novo Mercado, onde serão denominados, BM,

N1, N2 e NM, respectivamente.

Estas séries são apresentadas nos gráficos 1, 2 ,3 e 4, e constata-se visualmente que,

entremeados de junho a dezembro de 2008, houve uma maior volatilidade nas séries, período

em que a crise do subprime tomou maiores proporções, quando foi anunciada a quebra do

Banco Lheman Brothers. Também é evidente que a partir de dezembro de 2008, houve uma

recuperação dos valores das séries.

Gráfico 1 – Série Tradicional Fonte: Dados da pesquisa 2010

10

20

30

40

50

1/2/07 1/6/07 3/9/07 3/12/07 3/3/08 2/6/08 1/9/08 1/12/08 2/3/09 1/6/09 1/9/09 1/12/09

Nível 1

Gráfico 2 – Série Nível 1 Fonte: Dados da pesquisa 2010

10

20

30

40

50

1/2/07 1/6/07 3/9/07 3/12/07 3/3/08 2/6/08 1/9/08 1/12/08 2/3/09 1/6/09 1/9/09 1/12/09

Tradicional a

Page 56: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

55

8

12

16

20

1/2/07 1/6/07 3/9/07 3/12/07 3/3/08 2/6/08 1/9/08 1/12/08 2/3/09 1/6/09 1/9/09 1/12/09

Nível 2

Gráfico 3 – Série Nível 2 Fonte: Dados da pesquisa 2010

12

16

20

24

28

32

1/2/07 1/6/07 3/9/07 3/12/07 3/3/08 2/6/08 1/9/08 1/12/08 2/3/09 1/6/09 1/9/09 1/12/09

Novo Mercado

Gráfico 4 – Série Novo Mercado Fonte: Dados da pesquisa 2010

Assim, nota-se que as séries temporais financeiras, tais como cotações de ações, que

são disponibilizadas diariamente, possuem freqüência elevada, levando-se â idéia de que a

variância dos erros dessas séries não é constante (homocedástica) ao longo do tempo,

conforme a teoria que embasa os modelos de regressão, também denominados de modelos

lineares. Portanto, quando a variância não é constante (heterocedástica) ao longo do tempo,

como acontece no caso de séries financeiras, isso implica que a estimação do modelo para

essa série utilizando modelo de regressão produz resultados viesados, pois o erro-padrão das

estimativas não será correto.

Para uma série temporal deve-se ter como idéia central o conceito de estacionariedade,

que permitirá e inferência estatística sobre os parâmetros estimados com base na realização do

processo estocástico.

Uma inspeção visual das séries raramente permite distinguí-la como de tendência

estocástica ou tendência determinística, podendo levar a equívocos. Por isso, optou-se por

fazer os testes para a verificação de raízes unitárias.

Page 57: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

56

Foram utilizados dois teste de Raiz Unitária: Dickey-Fuller (ADF) e Plillips-Perron

(PP), propostos, respectivamente, por Dickey & Fuller (1979) e Phillips & Perron (1988).

onde a “hipótese nula” dos testes é de não estacionariedade e a alternativa é de

estacionariedade..

A Tabela 1 apresenta os resultados do teste: H0 = Existência de raiz unitária (não

estacionariedade) e H1: Não existência de raiz unitária (estacionariedade). Quando verificadas

as séries de preços, pode-se perceber que aceitamos a hipótese nula, pois o p-valor > 5%, e

conclui-se que a série possui uma raiz unitária para ambos os testes, ou seja, uma condição

essencial para tal estudo foi rejeitada, a de estacionariedade mais um indicio da presença de

volatilidade em ambas as séries.

Tabela 1 – Teste de Raiz unitária de Dickey-Fuller

Null Hypothesis: BM,N1, N2 e NM has a unit root

TRADICIONAL NÍVEL 1 NÍVEL 2 NOVO MERCADO

t-Statistic Prob.

* t-Statistic

Prob.* t-Statistic

Prob.* t-Statistic

Prob.*

Augmented Dickey-Fuller test statistic -1.481.479 0.5427 -1.610.537

0.4767 -1.748.082

0.4065 -1.352.827

0.6063

Phillips-Perron test statistic -1.481.479 0.5427 -1.486.966

0.5399 -1.562.486

0.5013 -1.023.961

0.7463

Fonte: Dados da pesquisa 2010

Outra característica destas séries reside no fato de que a volatilidade aparece em

grupos (clusters). Em outras palavras, independentemente do sinal, amplas variações

proporcionadas por choques sobre essa variável tende, no início, a exercer efeito sobre o

comportamento da série nos momentos posteriores a esse choque inicial. O mesmo é válido

para pequenas variações. Portanto, o nível contemporâneo da volatilidade tende a ser

positivamente correlacionado com seu nível em períodos precedentes.

Desta forma, inúmeros modelos foram desenvolvidos para a previsão de séries

temporais financeiras, onde a variável dependente é o retorno, geralmente calculado como

log(Pt/Pt-1), onde Pt e Pt-1 denotam, respectivamente, o preço do indicador nos instantes t e t-

1.Esta classe de modelos procura modelar a "volatilidade" (variância ou desvio padrão) da

série, ao invés do preço. Isto decorre da premissa básica de que, pelo menos no caso de ações,

o retorno segue um passeio aleatório ("random walk"), sendo, portanto, "imprevisível".

Tendo em vista que a crise do subprime foi um evento importante que afetou

diretamente os preços das ações no Brasil, não vai se trabalhar no presente estudo com preço,

porque ele é não estacionário, vai se adotar neste estudo os retornos, porque tende a ser uma

medida mais interessante para trabalhar.

Page 58: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

57

No mercado de ações o interesse é não apenas prever a taxa de retorno, mas também, a

sua variância ao longo de um certo período. Esta variância condicional é também chamada de

volatilidade.

Nas séries de retornos podemos observar o momento em que o indicador caiu

sensivelmente de patamar apresentando uma maior volatilidade, a partir de agosto de 2008,

com presença de grandes “out liers”, conforme gráfico 5.

Assim as séries se transformaram em RBM, RN1, RN2 E RNM, ou seja, Retorno

Tradicional, Retorno Nível 1, Retorno Nível 2 e Retorno Novo Mercado, respectivamente.

Gráfico 5 – Retornos das Séries Fonte: Dados da pesquisa 2010

Como análise preliminar dos retornos das séries, durante os anos de 2007 a 2009,

extraiu-se algumas estatísticas descritivas, a fim de obter-se informações sobre o

comportamento das séries em relação a sua distribuição e foi verificado se os dados seguem

uma distribuição normal. Vale ressaltar que as estatísticas descritivas são de suma importância

para a seqüência das análises.

A estatística de Jarque-Bera tem um assintótica da distribuição qui-quadrado com

dois graus de liberdade e pode ser usado para testar a hipótese nula de que os dados são de

-.15

-.10

-.05

.00

.05

.10

.15

1/2/07 1/8/07 1/2/08 1/8/08 2/2/09 3/8/09

R etorno Nív el 1

-.16

-.12

-.08

-.04

.00

.04

.08

.12

.16

.20

1/2/07 1/8/07 1/2/08 1/8/08 2/2/09 3/8/09

Reto rno Nív el 2

-.12

-.08

-.04

.00

.04

.08

.12

.16

1/2/07 1/8/07 1/2/08 1/8/08 2/2/09 3/8/09

R etorn o N ov o Mer c a do

-.16

-.12

-.08

-.04

.00

.04

.08

.12

.16

1/2/07 1/8/07 1/2/08 1/8/08 2/2/09 3/8/09

Retor no Tradicional

Page 59: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

58

uma distribuição normal. A hipótese nula é uma hipótese conjunta da assimetria ser zero e a

curtose em excesso sendo 0, uma vez que as amostras de uma distribuição normal tem uma

assimetria esperada de 0 e um excesso de curtose esperado de 0 (que é o mesmo que uma

curtose de 3). Como a definição de programas de JB, qualquer desvio a este aumenta a

estatística JB.

Os resultados descritivos, organizados nas Figuras 7 a 10, indicam que os dados das

séries de retorno não apresentam um comportamento normal, ou seja, no estudo de séries

temporais, os dados não estão concentrados em torno da média, ou do centro da série. Tal

situação indica que as séries não apresentam um comportamento simétrico.

Quando observado as figuras 7 a 10, pode-se perceber que para todas as séries as

medidas de tendência central média e mediana não apresentam valores aproximados, quando

observado o desvio padrão medida que avalia o quando os dados estão dispersos em torno da

média, pode-se perceber que para ambas as séries os dados apresentam dados dispersos em

torno da média.

Outra medida importante é a curtose, medida que avalia o comportamento da série,

sendo que para as séries observadas, os dados apresentam uma distribuição leptocúrtica, mais

um indicio de que os dados não seguem uma distribuição normal.

Através do teste de jarque-bera pode-se confirmar que as séries não seguem uma

distribuição normal, pois ao nível de significância de 5% rejeitamos a hipótese nula de que as

séries seguem uma distribuição normal e aceitamos a hipótese alternativa de que os dados não

seguem uma distribuição normal, pois o p-valor foi abaixo do nível de significância. Tal fato

mostra que os retornos não apresentam um comportamento normal, ou seja, há uma grande

dispersão dos dados em torno da média, indicando a presença de volatilidade.

0

40

80

120

160

-0.15 -0.10 -0.05 0.00 0.05 0.10

Series: RBM

Sample 1/02/2007 12/30/2009

Observations 739

Mean 0.000940

Median 0.002764

Maximum 0.139024

Minimum -0.149229

Std. Dev. 0.029859

Skewness -0.099225

Kurtosis 6.854366

Jarque-Bera 458.6579

Probability 0.000000

Gráfico 06 - Teste de estacionariedade para a série de retorno Tradicional Fonte: Dados da pesquisa

Page 60: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

59

0

40

80

120

160

-0.10 -0.05 -0.00 0.05 0.10

Series: RN1

Sample 1/02/2007 12/30/2009

Observations 739

Mean 0.000609

Median 0.001874

Maximum 0.138004

Minimum -0.123136

Std. Dev. 0.027098

Skewness -0.018664

Kurtosis 6.460241

Jarque-Bera 368.7198

Probability 0.000000

Gráfico 07 - Teste de estacionariedade para a série de retorno Nível 1 Fonte: Dados da pesquisa

0

40

80

120

160

-0.1 0.0 0.1 0.2

Series: RN2

Sample 1/02/2007 12/30/2009

Observations 739

Mean 0.000305

Median 8.19e-05

Maximum 0.194292

Minimum -0.150037

Std. Dev. 0.024780

Skewness 0.591990

Kurtosis 13.42133

Jarque-Bera 3387.265

Probability 0.000000

Gráfico 08 - Teste de estacionariedade para a série de retorno Nível 2 Fonte: Dados da pesquisa

0

40

80

120

160

200

-0.10 -0.05 -0.00 0.05 0.10 0.15

Series: RNM

Sample 1/02/2007 12/30/2009

Observations 739

Mean 0.000492

Median 0.001574

Maximum 0.155042

Minimum -0.114895

Std. Dev. 0.026212

Skewness 0.197737

Kurtosis 6.867810

Jarque-Bera 465.4577

Probability 0.000000

Gráfico 09 - Teste de estacionariedade para a série de retorno Novo Mercado Fonte: Dados da pesquisa

Page 61: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

60

Ao se verificar as funções de autocorrelação e autocorrelação parcial para as séries do

retorno dos preços, constata-se que o retorno contorna grande parte da autocorrelação

apresentada, tornando-a um ruído branco, melhorando, portanto substancialmente as

características principais da série.

Fonte: Dados da pesquisa Notas:ACFi e PACFi denotam os coeficientes de autocorrelação

e autocorelação parcial da i-ésima ordem respectivamente. * Limite assintótico para a função de autocorrelação

Foi realizado o Teste de Tukey para avaliar se existe diferença entre as variâncias de

ambas as séries. Sendo consideradas as seguintes hipóteses: hipótese nula, onde não existe

diferença entre as variâncias e a alternativa, que existe diferença. Para efeito de conclusão foi

utilizado o nível de significância de 5%.

Quando observado o segmento Tradicional com o segmento Nível 1, pode-se

perceber que não existe diferença, pois aceita-se a hipótese nula, indicando que não existe

Tabela 2 - Estimativas dos coeficientes de autocorrelação e autocorrelação parcial para as Séries RBM, RN1, RN2 e RNM

RBM RN1 RN2 RNM

ACF1 -0.013 -0.004 -0.075 -0.050 PACF1 -0.013 -0.004 -0.075 -0.050

ACF 2 -0.034 -0.040 -0.016 -0.066 PACF 2 -0.034 -0.040 -0.021 -0.069

ACF 3 -0.064 -0.096 -0.039 -0.042 PACF 3 -0.065 -0.097 -0.042 -0.050

ACF 4 0.025 -0.007 -0.044 -0.046 PACF 4 0.022 -0.010 -0.050 -0.056

ACF 5 -0.006 -0.012 -0.041 -0.007 PACF 5 -0.010 -0.020 -0.051 -0.019

ACF 6 -0.005 -0.018 0.000 -0.025 PACF 6 -0.008 -0.029 -0.011 -0.036

ACF 7 -0.039 -0.020 -0.056 -0.035 PACF 7 -0.037 -0.024 -0.064 -0.046

ACF 8 0.042 0.032 -0.009 0.015 PACF 8 0.039 0.026 -0.026 0.002

ACF 9 -0.026 -0.002 -0.062 -0.025 PACF9 -0.028 -0.008 -0.074 -0.035

ACF 10 0.057 0.036 0.057 0.043 PACF 10 0.055 0.034 0.037 0.034

0,07357 0,07357 0,07357 0,07357

Page 62: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

61

diferença entre os segmentos e que as mesmas respondem mais ou menos ao mesmo nível de

risco, porém ao longo do tempo são iguais.

Quando observado se existe diferença entre o segmento Tradicional e o Nível 2 e o

Novo Mercado, pode-se notar que existe diferença entre o segmento Tradicional e os outros

segmentos, pois o p-valor do teste foi abaixo de 5%, onde rejeita-se a hipótese nula,

indicando, possivelmente, que uma ausência de transparência aumenta a resposta do mercado

em relação ao risco.

Para o segmento Nível 1, foi possível perceber que quando comparado com o

segmento Nível 2 e Novo Mercado, que existe diferença entre o Nível 1 e o Nível 2,

indicando, possivelmente, que uma ausência de transparência aumenta a resposta do mercado

em relação ao risco. No entanto, quando comparado o Nível 1 com o Novo Mercado, foi

possível notar que não existe diferença entre estes segmentos, pois aceita-se a hipótese nula ao

nível de significância de 5%, ou seja, ao longo do tempo não existe diferença entre as

variâncias para tais segmentos.

Em relação à comparação do Nível 2 com o Novo Mercado, pode-se perceber que

não há diferença estatística entre estes segmentos, ou seja, que nestes segmentos apenas um, o

de Nível 2, apresentou resultado significativo para a diferença. Quando comparado o nível 1

com os outros dois segmentos não houve diferença estatística, possivelmente, uma ausência

de transparência do mercado aumenta a resposta em relação ao risco.

Tal situação pode ser observada através das Tabelas 3 e 4, onde pode-se observar os

resultados do teste de igualdade de variância e algumas medidas estatísticas referentes às

séries como: desvio padrão, diferença média entre os segmentos, o valor do teste de

comparação de variância e etc.

Tabela 3 –Teste de igualdade das variâncias

Tradicional NÍVEL 1 NÍVEL 2

NOVO MERCADO

BOVESPA MAIS

Levene 0.1525 0.0003 0.0521

F-test (0.0085) (0.0000) (0.0004)

NÍVEL 1 Levene 0.1525 0.0212 0.6029

F-test (0.0085) (0.0152) (0.3668)

NÍVEL 2 Levene 0.0003 0.0212 0.0689

F-test (0.0000) (0.0152) (0.1272)

NOVO MERCADO

Levene 0.0521 0.6029 0.0689

F-test (0.0004) (0.3668) (0.1272) Fonte:Dados da pesquisa

Page 63: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

62

Tabela 4 – Tabela comparativa entre as séries de retornos

Mean Abs. Mean Abs. Mean Tukey-

Variable Count Std. Dev. Mean Diff. Median

Diff. Siegel Rank

RB

M x

RN

2

RN1 739 0.027098 0.019298 0.019265 7.489.756

RBM 739 0.029859 0.020805 0.020722 7.300.244

All 1478 0.028503 0.020052 0.019993 7.395.000

RB

M x

RN

2

RN2 739 0.024780 0.017079 0.017076 7.705.751

RBM 739 0.029859 0.020805 0.020722 7.084.249

All 1478 0.027430 0.018942 0.018899 7.395.000

RB

M x

RN

M RBM 739 0.029859 0.020805 0.020722 7.266.969

RNM 739 0.026212 0.018793 0.018758 7.523.031

All 1478 0.028086 0.019799 0.019740 7.395.000

RN

1 x

RN

2

RN1 739 0.027098 0.019298 0.019265 7.186.198

RN2 739 0.024780 0.017079 0.017076 7.603.802

All 1478 0.025956 0.018188 0.018171 7.395.000

RN

1 x

RN

M RN1 739 0.027098 0.019298 0.019265 7.357.321

RNM 739 0.026212 0.018793 0.018758 7.432.679

All 1478 0.026649 0.019046 0.019012 7.395.000

RN

2 x

RN

M

RN2 739 0.024780 0.017079 0.017076 7.575.846

RNM 739 0.026212 0.018793 0.018758 7.214.154

All 1478 0.025498 0.017936 0.017917 7.395.000

Fonte:Dados da pesquisa

No gráfico 10 pode-se perceber que quando avaliada a variância dos retornos das

séries, ambas apresentaram uma maior volatilidade no período da crise financeira, sendo que

o retorno do nível 2 apresentou maior volatilidade quando comparado com os outros

segmentos, percebendo-se que independentemente do segmento todas os níveis sofreram com

a crise, pressupondo que uns apresentaram maior volatilidade do que outros, como foi citado

acima, quando realizado a análise de variância, onde ficou comprovado que existe diferença

entre os segmentos, tal situação fica evidenciada visualmente no gráfico abaixo, em que cada

nível tem um comportamento diferente entre si. Sendo que o único fato em comum entre eles

e o fato de terem sido afetados pela crise.

.000

.002

.004

.006

.008

.010

1/2/07 1/6/07 3/9/07 1/1/08 1/5/08 1/8/08 3/11/08 2/3/09 1/7/09 1/10/09

GARCH11RBMGARCH11RN1

GARCH11RNMGARCH1RN2

Gráfico 10 – Modelagem comparativa entre as variância das séries de retornos Fonte: Dados da pesquisa

Page 64: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

63

Quando observado a variância condicional das séries pode-se perceber que os níveis

que apresentaram maior volatilidade foram os segmentos

Tradicional e Nível 1. Estes níveis apresentaram maior volatilidade quando

observado em comparação com os outros, sendo que todas as séries apresentaram no período

de crise uma maior volatilidade.

Pode-se inferir que as empresas listadas nos níveis de governança da

BM&FBOVESPA, que exigem maior transparência e informações acerca de suas

demonstrações financeiras são menos voláteis em tempos de crise.

Gráfico 11 – Modelagem da variância por séries de retornos Fonte: Dados da pesquisa

.01

.02

.03

.04

.05

.06

.07

.08

.09

.10

1/2/07 2/7/07 3/12/07 1/5/08 1/10/08 2/3/09 3/8/09

Conditional Standard Deviation Nível 2

.01

.02

.03

.04

.05

.06

.07

1/2/07 2/7/07 3/12/07 1/5/08 1/10/08 2/3/09 3/8/09

Conditional Standard Deviation Novo Mercado

.01

.02

.03

.04

.05

.06

.07

1/2/07 2/7/07 3/12/07 1/5/08 1/10/08 2/3/09 3/8/09

Conditional Standard Deviation Nível 1

.01

.02

.03

.04

.05

.06

.07

.08

1/2/07 2/7/07 3/12/07 1/5/08 1/10/082/3/09 3/8/09

C ond iti onal Standar d Dev iation Tradicional

Page 65: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

64

5. CONCLUSAO

Considerando-se o período estudado, janeiro de 2007 a dezembro de 2009, em que

ficou evidente o efeito da crise no mercado financeiro nacional e internacional, esse estudo

encontrou um efeito positivo, em momentos de crise, da importância dos contratos que as

empresas fazem junto à BM&FVOBESPA, estabelecendo boas práticas de governança

corporativa. As empresas pertencentes ao nível Tradicional e Nível 1 da Bolsa Brasileira tiveram

uma maior volatilidade nos retornos no período da Crise do subprime, enquanto que as empresas

listadas no Novo Mercado tiveram uma redução da exposição a riscos externos, indicando que

melhores práticas de governança corporativa tendem a diminuir a volatilidade do retorno das

empresas diante de um choque negativo.

Para isso, após a coleta de preços das empresas de maior liquidez por segmentos de

governança corporativa, produziu-se um indicador, por cada nível de governança, ponderando

retorno e quantidade teórica, produzindo as séries Retorno Tradicional, Retorno Nível 1, Retorno

Nível 2 e Retorno Novo Mercado, denominadas, respectivamente, RBM, RN1, RN2 e RNM.

Por tratar-se de uma série temporal financeira, inicialmente detectou-se a volatilidade

existente nos preços das ações e procedeu-se ao teste de normalidade e estacionariedade das

séries, depois definiu-se o nível de autocorrelação e autocorrelação parcial da volatilidade dos

retornos.

Optou-se pela utilização do processo GARCH, modelo que melhor explica a

volatilidade dos retornos das séries. Assim, foram realizados testes de igualdade para identificar a

existência de diferenças significativas entre as séries.

Foram encontradas evidências empíricas que empresas que tem comprometimento com

melhores práticas de governança, tais como demonstrações financeiras de acordo com as normas

internacionais de contabilidade, percentual mínimo de ações em circulação, existência de ações

ordinárias e outras, tem redução à exposição de fatores macroeconômicos, como a crise dos

subprime, reduzindo a sensibilidade da volatilidade dos retornos de suas ações, indicando

menores riscos.

Por fim, há uma crescente preocupação na legislação brasileira e, principalmente,

pela BM&FBOVESPA, com a governança corporativa, a partir do momento que existe maior

credibilidade no seu mercado financeiro, indicando que é essencial haver uma boa estrutura

de governança para garantir que os limites sejam respeitados e que os modelos que os

Page 66: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

65

fundamentam sejam amplamente discutidos por especialistas independentes, a fim de

minimizar as suas falhas.

Ainda que graves problemas existam, o monitoramento do risco através de modelos

pode ajudar na extração de sinais úteis para a gestão.

O mais importante, nesse estudo, é o comparativo entre os diferenciados níveis de

governança corporativa e a exposição dos mesmos aos choques externos que,

invariavelmente, atingem a Bolsa Brasileira e pelo risco a que estão expostas as ações das

empresas nela existentes.

Evidencia-se, sobretudo que os modelos servem de ferramentas para a tomada de

decisão pelos investidores e não são os resultados dos modelos, mas sim as decisões tomadas

com base neles, que, portanto, podem e devem ser continuamente aprimorados. Se lições

como as desta crise forem incorporadas aos modelos e às formas de utilizá-los, eles tenderão a

ser cada vez mais úteis.

Page 67: VOLATILIDADE DOS RETORNOS E GOVERNANÇA: Um Estudo de ...

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6. REFERÊNCIAS

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