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Diretor Paulo Moreira /// anoXXX III /// Abril de 2018 /// publicação mensal /// Gratuito V OZ DAS M ISERICÓRDIAS marcada pela assinatura de um protocolo de colaboração entre a UMP e a ADSE – Instituto Público de Gestão Participada, firmado pelos respetivos presidentes, Manuel de Lemos e Carlos Baptista. As Misericórdias felicitaram o Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) pela assinatura de uma adenda ao Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário (2017-2018) e pelo apoio prestado às vítimas dos incêndios na região centro. No mesmo dia, os provedores aprovaram por unanimidade e aclamação o Relatório e Contas referentes ao exercício de 2017. “Foi posta em causa a honorabilidade da UMP. A nossa honra é intocável e queremos mostrar que o dinheiro dos incêndios está a ser aplicado de forma criteriosa”, elogiou o presidente da Mesa da Assembleia-Geral, José Silva Peneda. A assembleia-geral ficou ainda 04 28 Trabalho reconhecido Andreia e José encontram-se todas as segundas-feiras no ginásio do Centro de Apoio e Reabilitação para Pessoas com Deficiência. Durante uma hora, desafiam leis da gravidade, limites do corpo e preconceitos da mente. A primeira trabalha como ajudante de lar na Misericórdia de Vila do Conde, o segundo é utente da instituição há mais de 20 anos. São intérpretes do grupo de dança “Arte Viva”, um dos casos de superação e inclusão pela arte que damos a conhecer no mês em que se assinala o Dia Mundial da Dança. Sobre a importância da dança inclusiva, conversámos com Henrique Amoedo, fundador do grupo “Dançando com a Diferença”. Dança inclusiva ‘Através da dança somos todos iguais’ O governo e setor social assinaram a 13 de abril a adenda ao compromisso de cooperação para o biénio 2017-2018. A UMP celebrou acordos para apoiar Santas Casas na transição para o novo Regulamento Geral sobre Proteção de Dados. A Misericórdia de Ponte de Lima organizou uma exposição que mostra a sua história através de documentação. A UMP promoveu uma sessão de acolhimento aos novos provedores para troca de impressões e apresentação de serviços. 04 10 32 20 Acordos de cooperação vão ter aumento de 2,2% Preparar a transição para o novo RGPD Cinco séculos de história em arquivo ‘A União existe para vos servir’ Adenda Protocolos Património Novos provedores FOTO JOSÉ ALFREDO

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Diretor Paulo Moreira /// anoXXX III /// Abril de 2018 /// publicação mensal /// Gratuito

VOZ DAS MISERICÓRDIAS

marcada pela assinatura de um protocolo de colaboração entre a UMP e a ADSE – Instituto Público de Gestão Participada, firmado pelos respetivos presidentes, Manuel de Lemos e Carlos Baptista.

As Misericórdias felicitaram o Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) pela assinatura de uma adenda ao Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário (2017-2018) e pelo

apoio prestado às vítimas dos incêndios na região centro. No mesmo dia, os provedores aprovaram por unanimidade e aclamação o Relatório e Contas referentes ao exercício de 2017. “Foi posta em causa a honorabilidade da

UMP. A nossa honra é intocável e queremos mostrar que o dinheiro dos incêndios está a ser aplicado de forma criteriosa”, elogiou o presidente da Mesa da Assembleia-Geral, José Silva Peneda. A assembleia-geral ficou ainda

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Trabalho reconhecido

Andreia e José encontram-se todas as segundas-feiras no ginásio do Centro de Apoio e Reabilitação para Pessoas com Deficiência. Durante uma hora, desafiam leis da gravidade, limites do corpo e preconceitos da mente. A primeira trabalha como ajudante de lar na Misericórdia de Vila do Conde, o segundo é utente da instituição há mais de 20 anos. São intérpretes do grupo de dança “Arte Viva”, um dos casos de superação e inclusão pela arte que damos a conhecer no mês em que se assinala o Dia Mundial da Dança. Sobre a importância da dança inclusiva, conversámos com Henrique Amoedo, fundador do grupo “Dançando com a Diferença”.

Dança inclusiva ‘Através da dançasomos todos iguais’

O governo e setor social assinaram a 13 de abril a adenda ao compromisso de cooperação para o biénio 2017-2018.

A UMP celebrou acordos para apoiar Santas Casas na transição para o novo Regulamento Geral sobre Proteção de Dados.

A Misericórdia de Ponte de Lima organizou uma exposição que mostra a sua história através de documentação.

A UMP promoveu uma sessão de acolhimento aos novos provedores para troca de impressões e apresentação de serviços.

04 10 3220Acordos de cooperação vão ter aumento de 2,2%

Preparar a transição para o novo RGPD

Cinco séculos de história em arquivo

‘A União existe para vos servir’

Adenda Protocolos PatrimónioNovos provedores

FOTO

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2 Abril 2018www.ump.pt

em ação

Penamacor A Misericórdia de Penamacor assinalou o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que este ano se comemorou sob o lema “Património: de geração em geração”, com um passeio que juntou crianças e idosos numa viagem pelo tempo e por várias oficinas de ar-tesãos do concelho. “Se nós não promovermos esta intergeracionalidade, muito provavelmente

algum do nosso património vai perder-se, é por isso que o nosso grupo é de crianças dos sete aos 70”, justifica o provedor, João Cunha.

O grupo, de 60 pessoas, interrompeu o silêncio da aldeia, quebrado nos restantes dias do ano pelo som seco do tear que vem da loja da ti Ludovina, a última tecedeira de Aranhas. Mas nem sempre foi assim. “Antigamente esta era a terra das tecedeiras, havia um tear porta sim, porta sim”. É fácil imaginar o concerto de teares pelas ruas de Aranhas, a aldeia que fica a dever o nome a esta arte, “a este emaranhado de fios que montamos no tear chama-se urdir a teia.”

É nesta teia de fios que Ludovina Moreira lança a lançadeira com a destreza de quem faz isto desde os 14 anos. Hoje, aos 76, trabalha a arte por gosto. “Faço passadeiras, tapetes, almo-fadas para os sofás, vou a feiras de artesanato, faço trabalhos por encomenda e sou a única na aldeia, e no concelho, a trabalhar no tear que tem mais de 200 anos.”

Para os mais pequenos não é fácil perceber este secular instrumento. A Mariana acha que a Dona Ludovina “está a coser”, o Salvador diz que está a “fazer fios”. Mas na realidade está a tecer uma passadeira “faço uns dois metros por dia”, pelo menos enquanto a saúde e o velho tear deixarem. “Aqui na loja é só velharias, a começar por mim”, graceja fazendo soltar uma gargalhada ao grupo.

Já em Aldeia de João Pires, a Misericórdia de Penamacor quis dar a conhecer o museu da casa paroquial. O espaço foi construído “para preser-var todos os bens e relíquias da terra, desde a sala da arte sacra, onde se encontram imagens de S. Lourenço e Santa Maria Madalena datadas do século XV, até uma sala dedicada à história, usos

e costumes da aldeia”, explicou José Candeias Moreira, promotor e guardião do espaço que é desconhecido até dos penamacorenses.

Domingos Salgueiro tem 85 anos e nunca tinha visitado nem o museu nem a igreja, apesar dos escassos nove quilómetros que separam a sede de concelho, onde reside, de Aldeia de João Pires. “Gostei de tudo, não tenho palavras. É tudo antigo, já viu este sacrário que é uma pedra só? e fizeram tudo à mão com ponteiros e martelo. Antigamente é que se faziam coisas bonitas, agora não têm gosto para nada.”

Salvador, assim se chama a aldeia, é a nossa próxima paragem, onde nos espera António Gonçalves que abre as portas da sua casa, onde trabalha há 20 anos a cortiça, “Não tenho má-quinas, é tudo feito à mão, a serrote, navalha e lixa. Faço tudo da cortiça.”

Mas o que tem mais saída são os bancos a que antigamente chamavam trapeços, como recorda Ana Corucho. “Noutros tempos havia trapeços em todas as casas, como não havia mesas de jantar, sentávamo-nos nos trapeços, à volta da lareira, onde comíamos com o pratinho na mão e bem felizes, mais do que agora com todos os requintes. Eu mandei fazer dois para recordação”.

Aos 80 anos, António Gonçalves já não deita contas ao tempo que demora a fazer uma peça. “Faço isto para passar o tempo”.

Tal como António Vinagre, que já perdeu a conta aos adufes que fez na vida, “uns milhares”, de todos os tamanhos, desde os mais pequenos, “que levam como recordação”, aos maiores, “para os apreciadores”.

Nunca aprendeu a tocar, mas sabe todos os segredos que dão um bom toque ao adufe. “Boa

Misericórdia de Penamacor celebrou o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios com um passeio por oficinas de artesãos

TEXTO PAULA BRITO

Viajar no tempocom osartesãos locais

Caldas da Rainha Oitava edição das jornadas para técnicos

A Santa Casa da Misericórdia de Caldas da Rainha promoveu a oitava edição das suas jornadas técnicas. Dedicada a crianças e jovens, idosos e organizações sociais, esta iniciativa decorreu entre os dias 11 e 13 de abril. A ansiedade na adolescência, a autonomização de jovens institucionalizados, modelos de gestão para equipamentos de terceira idade, marketing social e regulamento da proteção de dados foram alguns dos aspetos abordados, de forma teórica e prática, ao longo deste encontro.

AlbufeiraCelebrar o património entre gerações

Sob o tema “Saberes 100 Idade”, a Santa Casa da Misericórdia de Albufeira promoveu diversas atividades destinadas às crianças e à população sénior do concelho. Num encontro entre gerações, a atividade visou a partilha de saberes através de jogos tradicionais e digitais, músicas tradicionais e lengalengas e atividades artesanais como cestaria e empreita. A iniciativa decorreu no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, celebrado a 18 de abril.

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madeira, boa pele de ovelha, também há pele de cabra, mas a melhor é a da ovelha.” E não esquecer de deixar dentro do adufe, antes de o forrar com a pele, caricas e uma pedra, mas não é uma pedra qualquer, “tem de ser de areia, as outras não prestam.”

Entre os que sabiam tocar adufe e os que quiseram experimentar, a loja de António Vinagre foi palco de uma atuação improvisada do tema “Senhora do Almurtão”, que apesar de religioso é, na raia, acompanhado por este instrumento pagão, trazido para a Península Ibérica pelos árabes.

Neste passeio nada foi deixado ao acaso. Até a merenda, preparada pela Misericór-dia no centro de dia que gere na aldeia, foi feita a pensar no património, tradições, usos e costumes do concelho, como explica Idalina Cruchinho, a encarregada geral da Santa Casa. “Tentámos partilhar um lanche com produtos regionais, como os enchidos, queijo, pão e bolos, e expô-los em produtos da terra utilizando a cortiça como travessas que colocámos sob toalhas de linho e mantas de trapos.” As flores silvestres completaram a decoração da sala onde se erguia uma torre de provérbios recolhidos junto dos utentes do centro de dia, de que é exemplo o certeiro adágio popular “a capa e a merenda nunca fizeram má companhia”.

Este ano e sob o tema “Património Cultural: de geração em geração”, as Misericórdias de Albufeira, Aveiro, Crato, Leiria, Montijo, Pena-macor, Ponte de Lima, Porto, Sertã e Viana do Alentejo desenvolvem atividades variadas que vão de exposições a visitas guiadas e ateliês temáticos. VM

Vila FlorSensibilizar para estilo de vida saudável

A Santa Casa da Misericórdia de Vila Flor organizou no dia 21 de abril a 1ª Mega-Aula “Nós a Mexer”. O evento contou com a realização de várias atividades físicas. As aulas de aerokick, aeróbica e pilates foram organizadas por esta Misericórdia com o objetivo de promover um estilo de vida saudável, minimizando o sedentarismo. A receita angariada com este evento reverte a favor da população mais carenciada do concelho de Vila Flor.

Alter do ChãoFelicitações do Presidente da República

No dia 22 de março, D. Gertrudes, utente do lar da Misericórdia de Alter do Chão, celebrou o seu 100º aniversário. Mais conhecida por “Estrudes da Bordala”, esta utente comemorou um século de vida de forma animada. Os festejos iniciaram-se a 9 de março com uma gravação para o programa “A Tarde é Sua” e as felicitações vieram, para além de amigos e familiares, de Marcelo Rebelo de Sousa e D. Manuel Clemente.

FundãoFutsal anima os jovens do concelho

O centro de atividades e tempos livres da Santa Casa da Misericórdia do Fundão organizou a VI edição do Torneio de Futsal. O evento decorreu entre os dias 28 de março e 5 de abril e contou com a participação de mais de uma centena de crianças, com idades compreendidas entre os sete e os 13 anos. As crianças dos diversos centros de tempos livres do concelho do Fundão disputaram, ao longo destes dias, o troféu de vencedor no pavilhão da Associação Desportiva do Fundão.

NÚMEROS DAS MISERICÓRDIAS

238Entre quase 3000 instituições, são 238 as Misericórdias que este ano podem beneficiar de consignação fiscal. A consignação permite aos contribuintes que são sujeitos passivos em sede de IRS atribuírem 0,5% do total do imposto que pagaram ao Estado a uma instituição.

127Foram 127 as Misericórdias que marcaram presença na assembleia-geral que teve lugar no dia 14 de abril no Centro João Paulo II em Fátima.

2,2A comparticipação da Segurança Social dos equipamentos e serviços sociais com acordo de cooperação para o ano de 2018 aumenta em 2,2%.

No ano em que a Europa celebra o património cultural, pretendendo com isso valorizar e divulgar um dos aspetos da nossa memória coletiva, registo com agrado diversas iniciativas já em realização, ou a realizar brevemente, por Misericórdias um pouco por todo o país.

Neste âmbito, não posso deixar de referir a exposição patente na Misericórdia de Ponte de Lima que, pela riqueza e variedade dos objetos expostos, contribui para documentar os seus quase 500 anos.

Numa era em que tanto se fala de desmaterialização documental, o que nos pode colocar questões interessantes relativamente ao fazer a história futuramente, é bom poder registar que muitas Santas Casas se preocupam em preservar e divulgar a sua

história que orgulhosamente conservam, tratam e organizam, permitindo assim transmitir às gerações futuras o que de melhor foram fazendo.

O acervo documental, patrimonial e artístico das Misericórdias portuguesas, pela sua diversidade e riqueza, merece ser encarado com atenção e cuidado, pois de alguma forma conta uma parte significativa da história de Portugal e das suas comunidades.

As Misericórdias têm sabido acarinhar e cuidar do seu património cultural, transmitindo de geração em geração essa preocupação. Acredito que os novos provedores que este ano iniciam funções saberão dar continuidade esta missão de inequívoca importância para preservar e fortalecer a nossa identidade. Só preservando e respeitando o passado poderemos alicerçar em bases sólidas o futuro das Misericórdias. VM

Editorial

PAULO MOREIRA Diretor do [email protected]

Inequívocaimportância

Muitas Santas Casas se preocupam em preservar e divulgar a sua história que orgulhosamente conservam, tratam e organizam

4 Abril 2018www.ump.pt

em ação

As Misericórdias felicitaram a UMP pela adenda ao compromisso de cooperação e pelo trabalho de apoio às vítimas dos incêndios

TEXTO ANA CARGALEIRO DE FREITAS

UMP As Misericórdias felicitaram o Secretaria-do Nacional da União das Misericórdias (UMP) pela assinatura de uma adenda ao Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário (2017-2018) e pelo apoio prestado às vítimas dos incêndios na região centro. No mesmo dia, os provedores aprovaram por unanimidade e aclamação o Relatório e Contas referentes ao exercício de 2017.

“Foi posta em causa a honorabilidade da UMP. A nossa honra é intocável e queremos mostrar que o dinheiro dos incêndios está a ser aplicado de forma criteriosa”, elogiou o presidente da Mesa da Assembleia-Geral (AG), José Silva Peneda.

‘A nossa honra é intocável’Segundo a arquiteta e vogal da UMP, Carla

Pereira, das 48 intervenções (21 totais e 27 par-ciais) atribuídas pelo Fundo Revita à parceria UMP e Fundação Calouste Gulbenkian falta apenas concluir uma obra parcial, devendo as reconstruções totais “estar em fase de conclusão até final do primeiro semestre”.

A transparência na gestão das verbas foi igualmente destacada pelo tesoureiro da UMP, José António Rabaça durante a apresentação do relatório de execução financeira relacionado com os trabalhos de apoio às vítimas dos fogos. “A comunicação social fez pressão, mas estamos de consciência tranquila. Todo o processo é transparente e foi revisto pelas equipas de auditoria externa e interna”.

Além dos incêndios, a adenda ao com-promisso de cooperação, assinada na véspera da assembleia-geral (ver texto ao lado), foi também um tema marcante do debate. A par da revisão das comparticipações, o acordo assinado com os ministérios da Educação, Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Saúde prevê ainda a celebração de novos

acordos ou o alargamento dos acordos em vigor, até ao final de 2018.

Segundo Manuel de Lemos, o acordo apenas foi possível graças ao empenho dos ministros envolvidos (Vieira da Silva, Adalberto Campos Fernandes e Tiago Brandão Rodrigues), mas sobretudo por causa do conhecimento e da sensibilidade de Cláudia Joaquim e de Fernando Araújo, respetivamente secretários de Estado da Segurança Social e Adjunto e da Saúde.

A adenda, continuou Manuel de Lemos, também esclarece questões relacionadas com os cuidados continuados de saúde. Uma delas é o pagamento de úlceras de pressão que pas-sa a abranger os utentes referenciados pelos hospitais e pelos cuidados de saúde primários.

Além disso, conforme referiu o responsável do Secretariado Nacional pela área da saúde, Manuel Caldas de Almeida, a adenda resolve algumas questões sobre o funcionamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados. Uma delas é o anexo sobre recursos humanos da portaria 50/2017 que “não é obrigatória e sim uma recomendação”, disse o responsável.

Os processos de admissão e alta da rede também foram alvo de esclarecimento. “Nas primeiras 24 horas, os diretores clínicos podem recusar doentes pela sua informação clínica (problemas psiquiátricos agudos ou infeções). Depois da alta, a responsabilidade é das ECL [Equipas Coordenadoras Locais] e não das nossas assistentes sociais”.

Ainda na área da saúde, o presidente do Secretariado Nacional da UMP fez referência à prestação de cuidados primários no Arco Ribeirinho de Setúbal e deu nota da satisfação generalizada manifestada quer por utentes quer pelos responsáveis do ministério e ARS Lisboa e Vale do Tejo. “Agradeço às Misericórdias de Setúbal, Canha, Sesimbra e Barreiro, estamos a prestar um bom trabalho. É importante que esta experiência piloto corra bem”, referiu Manuel de Lemos.

O acesso a linhas de financiamento, para fazer face à escassez de fundos comunitários e dificuldades de tesouraria das instituições, foi outro dos temas a marcar esta assembleia geral. Além do Projeto de Qualificação das Comuni-

Assembleia Cerca de 35% das 388 Misericórdias marcaram presença em Fátima a 14 de abril

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dades Amigas das Pessoas Idosas (PQCAPI) e do Instrumento Financeiro de Reabilitação e Revitalização Urbanas (IFRRU), a UMP desta-cou a importância de instrumentos financeiros como o “Casa Eficiente 2020”, anunciado recen-temente pelo governo, com vista a promover a eficiência energética e utilização de energias renováveis nos edifícios destinados à habitação.

Por ocasião do Ano Europeu do Património Cultural, o vogal da UMP para esta área, José Augusto Silveira, agradeceu a mobilização de todas as Misericórdias na iniciativa da Comis-são Europeia e apelou ao registo na plataforma oficial da efeméride (Ver Circular 04/2018). Com vista a preservar e promover o património, en-quanto garante de afirmação da identidade das Misericórdias, o responsável lembrou ainda que a “classificação de imóveis, pelo menos de grau municipal, é determinante para candidaturas a programas de restauro”.

José Augusto Silveira assinalou ainda que o ano de 2018 ficará marcado pelos encontros anuais dedicados à museologia e património das Misericórdias – V Jornadas de Museologia (15 de junho), em Bragança, e IX Dia do Património (28 setembro), em Pedrógão Grande.

Outros momentos de confraternização fo-ram referidos pelo presidente da UMP. Manuel de Lemos informou que estão a ser encetados esforços para realizar o próximo congresso na-cional no Algarve, embora esteja a ser ponderada uma alteração de data. Segundo o presidente, importa “responder ao empenho das Santas Casas algarvias”, mas em maio (data habitual para realização dos congressos das Misericór-dias) “os preços são exageradamente caros”. Neste momento está a ser estudada a possibili-dade de realizar o XIII Congresso Nacional, em fevereiro de 2019.

A corrida de touros solidária, marcada para o dia 2 de junho em Estremoz, o congresso internacional em Macau e uma peregrinação das Misericórdias a Fátima foram igualmente destacados por Manuel de Lemos.

A assembleia-geral ficou ainda marcada pela assinatura de um protocolo de colaboração entre a UMP e a ADSE – Instituto Público de Gestão Participada, firmado pelos respetivos presidentes, Manuel de Lemos e Carlos Baptista.

O acordo celebrado vai permitir que as Misericórdias prestem serviços de saúde aos utentes deste sistema de assistência médica, mediante o cumprimento de requisitos exigidos pela ADSE. “O objetivo é proporcionar aos cerca de 1,2 milhões de beneficiários desta rede acesso a cuidados de saúde de qualidade”, justificou Carlos Baptista.

Para o presidente da UMP, Manuel de Lemos, “esta parceria vai contribuir para o reforço da presença do setor social e solidário na sociedade e vai permitir que as Misericórdias apoiem a população em novos desafios. A União continua empenhada em reforçar este movimento social, não só com as Misericórdias, mas também com todos os parceiros”.

O novo Regulamento Geral da Proteção de Dados (ver página 3), o impacto do aumento do salário mínimo e as inspeções da Segurança Social foram outros dos temas a marcar o debate nesta assembleia geral que reuniu cerca de 33% das Misericórdias portuguesas. VM

Vila Franca de XiraManual contra a violência institucional

A Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca de Xira está a preparar um manual de procedimentos e atuação contra a violência institucional. Segundo nota publicada no boletim da instituição, este trabalho está a ser desenvolvido no âmbito de um estágio do curso de Serviço Social pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). Além do manual, estão previstas duas ações de formação. “Congratulo a estagiária, Soraia Ruivo, que agarrou este tema com elevada motivação”, escreveu a diretora técnica, Sónia Salvado.

GolegãDia da dança celebrado com festival

A academia sénior (US) da Santa Casa da Misericórdia da Golegã promoveu no passado dia 19 de abril, no campus da Misericórdia, um festival de dança destinado aos mais velhos. O espetáculo, que teve o apoio da Rede das Universidades da Terceira Idade (RUTIS), reuniu alunos de outras US (Covilhã, de Assentiz, do Cartaxo e a D. Sancho de Almada) e ficou essencialmente marcado pelas danças de salão e pelo tradicional folclore português, entre outros estilos.

O governo e as entidades representativas do setor social assinaram a adenda ao compromisso de cooperação para o biénio 2017-2018.

TEXTO BETHANIA PAGIN

Cooperação O governo e as entidades repre-sentativas do setor social e solidário assinaram, no passado dia 13 de abril, a adenda ao Com-promisso de Cooperação para o Setor Solidário para o biénio 2017-2018. Além de atualizar as comparticipações em 2,2% face aos valores de 2017, esta adenda traz novidades que, segundo o presidente da União das Misericórdias Portu-guesas, terão impacto junto das Misericórdias.

Uma das novidades diz respeito às creches. Conforme se pode ler no documento, “importa diversificar este apoio de modo a possibilitar um reforço das respostas no sentido de uma melhor conciliação da vida familiar e profissional nas situações em que os pais ou quem exerça res-ponsabilidades parentais trabalhem ao sábado, em regime de turnos”.

Por isso, esta adenda ao compromisso do biénio 2017-2018 estabelece a criação de uma experiência-piloto a decorrer no ano letivo 2018-2019 e consagra ainda um complemento por funcionamento ao fim de semana. A neces-sidade de receber crianças aos sábados deverá ser expressa e comprovada por pais e/ou en-carregados de educação e as comparticipações vão variar em função do número de utentes.

No que respeita à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados esta adenda também traz novidades. Além de um estudo com objetivo de avaliar a necessidade de conversão ou recon-versão entre tipologias, o acordo assinado entre governo e setor social prevê novas normas para

Acordos de cooperação vão ter aumento de 2,2%

faturação do tratamento de úlceras de pressão.Até então as comparticipações pelos trata-

mentos de úlceras de pressão contemplavam apenas os doentes referenciados pelos hospitais. Com a assinatura da adenda, fica definido que “de forma a garantir a equidade no acesso, de-vem ser aplicadas as mesmas regras a todos os utentes que cumpram com os critérios clínicos, independentemente de serem referenciados pelos cuidados de saúde hospitalares ou pelos cuidados de saúde primários”.

Outra novidade diz respeito ao incumpri-mento no pagamento de comparticipações fa-miliares nas unidades de cuidados continuados. Até setembro deste ano deverão ser “analisados e consensualizados com as entidades represen-tativas das instituições sociais os mecanismos a implementar” neste tipo de situação.

Destaque também para o Programa de Celebração ou Alargamento de Acordos de Coo-peração para o Desenvolvimento de Respostas Sociais (PROCOOP). Segundo o documento assinado a 13 de abril, serão lançadas em ju-nho de 2018 novas candidaturas para creches, estruturas residenciais para idosos, centros de dia, lares residenciais, centros de atividades ocupacionais e residências autónomas.

Sobre o pré-escolar, ficou acordado entre todos os intervenientes que será retomado o grupo de trabalho “com objetivo de avaliar e propor os mecanismos e critérios de apoio ao funcionamento na componente letiva e na componente familiar para a racionalização e agilização do funcionamento da rede de educação pré-escolar” que deve ser pautada pela “igualdade de oportunidades no acesso e frequências dos estabelecimentos”. Este grupo será integrado também por representantes da Associação Nacional de Municípios Portugueses e antes do início do ano letivo 2018-2019 deverão ser apresentadas conclusões.

Em comunicado oficial, o governo refere que “o acordo foi obtido num contexto de diálogo construtivo e aberto” e que as “medidas tradu-zem o forte empenho do governo na promoção da parceria com o terceiro setor, representando um aumento de 6,7% da dotação do Orçamento da Segurança Social para 2018 para as despesas de cooperação com as instituições do setor social, face ao ano de 2017.

Esta revisão das comparticipações, lê-se no comunicado, “destina-se à atualização de todos os acordos de cooperação relativos às respostas sociais, visando compensar o acréscimo de des-pesas com o seu funcionamento, contribuindo para a sustentabilidade económica e financeira das instituições”.

À semelhança do que tem sido prática da UMP, estão já a ser planeadas sessões de escla-recimento sobre esta adenda ao compromisso de cooperação. Para mais esclarecimentos as Misericórdias deverão contactar o Gabinete de Ação Social da UMP. VM

A UMP está já a planear sessões de esclarecimento sobre esta adenda ao compromisso de cooperação. As datas serão brevemente divulgadas

Em comunicado oficial, o governo refere que “o acordo foi obtido num contexto de diálogo construtivo e aberto” com o setor social

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em ação

Um utente do Centro de Apoio Social do Pisão, da Misericórdia de Cascais, conquistou o terceiro lugar na prova de Apuramento Nacional da classe de Access (barcos de vela adaptados a pessoas com de-ficiência), em Leixões. Domingos Cagembe disputou esta fase do campeonato, no dia 23 de março, ao lado de 23 velejadores de vários clubes do país. Segundo a terapeuta ocupacional do CASP, Filomena Pereira, esta atividade é benéfica “pelo contacto com a natureza, treino de autonomia e melhoria na relação com os outros”. Domingos Cagembe integra a equipa de vela adaptada do Clube Náutico de Cascais no âmbito do programa “Vela sem limites”, desenvolvido em parceria com a autarquia e CERCICA.

Cascais Distinção em provade vela adaptada

FOTO DO MÊS Por Sónia Amorim (ENVA)

O CASO

Amarante Abrir as portas da Misericórdia à comunidade através da organização e partici-pação em concursos artísticos é o que a Santa Casa de Amarante tem vindo a fazer.

Este ano, e de modo a “envolvermos mais a comunidade local e a abrirmos as portas da Misericórdia aos amarantinos criamos o ‘Es-pantalhices’, um concurso em que convidamos várias instituições a criarem espantalhos”, contou ao VM Célia Coelho, responsável pelos animadores socioculturais da instituição.

“Participaram 25 instituições. A Miseri-córdia também participa, mas não vai a votos. O concurso e exposição era para ser agora em abril, mas o tempo não o permitiu, por isso a exposição vai ser feita no início de maio”, esclareceu a responsável.

Este projeto que envolveu várias gerações foi muito bem aceite por parte da comunidade de Amarante. Exemplo disso é, segundo Célia Coelho, o facto de “até os pais das crianças

Concursos para envolver a comunidadeterem participado, eles levavam espantalhos pequeninos para as escolas para as crianças se inspirarem.”

A animadora destaca ainda a dinâmica criada em volta desta atividade. “As crianças e jovens aprenderam mais sobre os espantalhos, muitas não sabiam as histórias por detrás destes ‘bonecos’. E depois foi um reviver para os ido-sos. Criaram-se laços entre os jovens e idosos muito bonitos. Os miúdos pedem para vir ver os idosos, para que estes lhes contem histórias. É muito gratificante.”

Além dos projetos organizados pela Miseri-córdia, “sempre que nos convidam a participar nalguma atividade nós participamos. Ainda agora fizemos quatro ovos para enfeitar as montras da cidade. Foi na EGG Parade, uma ini-ciativa da Associação Empresarial de Amarante. Em junho vamos decorar os arraiais dos santos populares”, referiu Célia Coelho, enfatizando que “estas atividades interinstitucionais são

uma forma de promover um maior convívio entre jovens, idosos e a população em geral.”

Também para promover o convívio entre Misericórdias, a congénere de Amarante lançou há cerca de 10 anos o projeto “Mãos com vida”. Neste concurso anual, todas as Misericórdias do Norte do país são convidadas a participar. VM

TEXTO SARA PIRES ALVES

A Santa Casa da Misericórdia de Amarante tem vindo a apostar em concursos artísticos para abrir as portas à comunidade

Vocês têm razões de queixa, entraram na vida ativa na ressaca da crise, mas vivem em liberdadeMarcelo Rebelo de SousaPresidente da RepúblicaDurante uma sessão de perguntas de cinco jovens de 25 anos, realizada no âmbito da festa dos 25 anos da revista Visão

Está claro que não fizemos o suficiente para evitar que ferramentas nossas fossem usadas também para causar danosMark ZuckerbergFundador e CEO do FacebookNo âmbito da audição no Congresso dos EUA sobre o uso de dados privados de forma indevida pela Cambridge Analytica

Os pobres estão a sofrer imensamente com a crise do clima e os combustíveis fósseis estão entre as principais causas desta injustiçaCardeal Luis Antonio TaglePresidente da ‘Caritas Internationalis’A propósito do Movimento Católico Global pelo Clima e do desinvestimento em empresas ligadas a combustíveis fósseis e energias poluentes

FRASES

8 Abril 2018www.ump.pt

em ação

perativa de Borba e posteriormente com um almoço na aldeia social, onde a partilha foi o “prato” principal.

“Estes eventos são sempre importantes pois promovem o intercâmbio e a confraternização entre as pessoas e dão também a oportunidade de conhecerem outras terras e outros costumes”, afirmou Maria Broncas, coordenadora do grupo de teatro sénior de Sines.

Da mesa passaram para o palco do pavilhão multiusos e à medida que a hora se aproximava, as cadeiras iam ficando compostas e os nervos aumentavam junto daqueles que iam representar.

“O receio de errar é grande. Para eles é uma grande responsabilidade porque dão muita importância ao desempenho que têm”, realçou Vera Ribeiro, diretora da Associação de Melhoramento e Bem-estar Social de Pias, entidade promotora da universidade sénior de Ferreira do Zêzere.

Já com todos os lugares ocupados, as luzes apagaram, as cortinas abriram, as personagens começaram a surgir e o aplauso do público fez--se ouvir pela primeira vez.

Cada grupo levou uma peça e o primeiro a entrar em cena foi o conjunto da casa com

Borba A universidade sénior da Misericórdia de Borba, em parceria com a Rede de Universidades Seniores (RUTIS), organizou no dia 18 de abril, um festival de teatro, no pavilhão multiusos Caetano Gazimba da sua aldeia social. Há alguns anos, esta parceria levou até Borba um festival de grupos musicais seniores. Já de teatro, é a primeira vez que sobe a palco na vila alentejana.

“Estamos sempre disponíveis para receber este tipo de iniciativas ou de outros géneros. Com estes eventos nós pretendemos que os nos-sos idosos estejam sempre ocupados e alegres. Mas acima de tudo, queremos que eles se sintam vivos e integrados, tanto na nossa vida como na aldeia social”, referiu Carlos Lameira, da mesa administrativa da Misericórdia de Borba.

Para além do conjunto da casa, estiveram presentes, os grupos de teatro das universi-dades seniores de Ferreira do Zêzere, Pombal, Sines e Vendas Novas. Das cinco, só a de Borba pertence a uma Santa Casa. “No total das 326 universidades seniores, 15 são coordenadas e organizadas pelas Misericórdias”, sublinhou Luís Jacob, presidente da RUTIS.

O convívio entre os cinco grupos, começou bem cedo com uma visita guiada à adega coo-

“Inesperadamente Romeu e Julieta”. A tragé-dia que marca a história transformou-se num momento divertido que arrancou gargalhadas a quem estava a assistir. “É tão bom sentir que as pessoas gostam do que fazemos. Nós estamos a ficar mais velhos e estas coisas fazem-nos viver melhor”, sublinhou Helena Silveira, do grupo de teatro de Borba.

Já Ferreira do Zêzere, levou até à vila alente-jana uma sala de aula um pouco atribulada com a “Lição do Tonecas sem Tonecas”. De mochilas às costas e livros nas mãos, professora e alunos deixaram apontamentos divertidos a todos os que assistiam. “Gosto muito de participar nes-tas atividades, é muito gratificante. E depois é interessante ver até onde podemos ir com estas idades. Já não temos vinte anos, mas sim a soma de muitos vintes”, salientou Maria Emília, do grupo de teatro Ferreira do Zêzere.

Quanto ao grupo de teatro da universidade sénior de Pombal, levou a palco a peça “A que horas passará o autocarro?”, adaptação de Luís Gonçalves. Uma interrogação que teve como resposta muitos sorrisos e aplausos por parte do público. Rita Leitão, encenadora do grupo, salientou que “é muito bom levar o nosso traba-

lho a outros lados e eles sentem-se importantes e valorizados”.

As cortinas vermelhas fechavam e quando abriam, os cenários eram outros. Desta vez, a viagem foi até à floresta. O grupo de teatro sénior de Sines apresentou uma adaptação da Branca de Neve dos irmãos Grimm. Nesta peça, o espelho mágico falava e a maçã até estava en-feitiçada, contudo, era o colorido dos fatos das personagens que refletia luz e atraia os olhos dos que foram até ao festival.

O último grupo a entrar em cena foi o de Vendas Novas que apresentou “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”, uma adaptação do livro de Luís Sepúlveda.

Antes da cortina fechar, a tarde de teatro terminou com todos os grupos a serem presen-teados com lembranças e aplausos.

Histórias e atores diferentes levaram cerca de 200 pessoas ao pavilhão multiusos Caetano Gazimba. Para Manuela Lagoa, coordenadora da área da família e da comunidade na Santa Casa de Borba, este tipo de atividade faz todo sentido porque “o afeto e a proximidade são chaves muito importantes para a nossa Mise-ricórdia”. VM

A Misericórdia de Borba foi anfitriã de um festival de teatro sénior que reuniu cerca de 200 pessoas no pavilhão multiusos

TEXTO ANA MACHADO

Festival de teatroarrancouaplausos e risadas

Abril 2018www.ump.pt

TaroucaFormação solidária para apoiar o SAD

A Santa Casa da Misericórdia de Tarouca promoveu recentemente uma ação de formação solidária. Organizada com a colaboração da empresa XZ Consultores, a formação teve como tema a obrigatoriedade legal da segurança contra incêndios em edifícios. A iniciativa teve lugar no Auditório Municipal no dia 27 de abril e o montante angariado através das inscrições (cinco euros por participante) reverte em favor da aquisição de equipamentos para o serviço de apoio domiciliário.

GuimarãesDar atenção aos novos intérpretes

Está a decorrer a décima edição do Festival Internacional de Órgão Ibérico (FIOI) da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães. O segundo concerto da edição de 2018 do festival aconteceu a 14 de abril, sábado, pelas mãos do organista romeno Felician Rosca, na Igreja de Santo António dos Capuchos. Segundo nota, a décima edição do FIOI “olha também para os novos intérpretes que abraçam este instrumento de verdadeira qualidade sonora pela primeira vez.” Todos os concertos do festival são de entrada livre.

Para assinar, contacte-nos: Jornal Voz das Misericórdias, Rua de Entrecampos, 9 – 1000-151 LisboaTelefone: 218110540 ou 218103016 Email: [email protected]

Leia, assine e divulgueVOZ DAS MISERICÓRDIAS

10 Abril 2018www.ump.pt

em ação

Misericórdia de Ovar promoveu um concurso de ovos de Páscoa para envolver e aproximar utentes de todas as gerações

TEXTO VERA CAMPOS

Ovar A Páscoa já lá vai, mas o espírito, esse, manteve-se na Santa Casa da Misericórdia de Ovar. Tudo porque os utentes da instituição abra-çaram um desafio que se concretizou no passado dia 5 de abril. Construir e decorar um ovo da Páscoa original colocou em ação pequenos e graúdos que fizeram jus ao mote “A Páscoa está a chegar… ponha a sua criatividade a rolar…!”.

Com o envolvimento das respostas sociais da terceira idade, infância e centro comunitário,

Criatividade parareforçar amizade

o resultado foram 10 originais ovos de Páscoa. O regulamento era claro: todos deviam ser decorados utilizando materiais de desgaste diverso, de preferência produtos recicláveis e reutilizáveis - fio, garrafas, latas, lã, cartolina, cartão ou tecido – e apresentar uma dimensão compreendida entre os 30 e os 50 centímetros.

Como objetivo subjacente à atividade, pretendia-se promover o relacionamento intrainstitucional, a troca de saberes intergera-cionais e, ao mesmo tempo, incentivar o espírito crítico-construtivo do indivíduo. Em paralelo, proporcionar uma experiência que potenciasse a imaginação, a criatividade, a expressão e a socialização.

Metas e objetivos claramente alcançados. Otília Neto, diretora geral da instituição e um dos três elementos que constitui o júri, confi-denciou-nos o “entusiasmo” com que todos se

Preparar a transição parao novo RGPD

Proteção de dados A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) celebrou acordos com nove entidades, no dia 19 de abril, para apoiar as San-tas Casas no processo de transição para o novo Regulamento Geral sobre Proteção de Dados (RGPD). A assinatura dos protocolos aconteceu em Lisboa, na presença de Manuel de Lemos e José Rabaça, presidente e tesoureiro da UMP.

Marcaram ainda presença os representantes das empresas especializadas em vigilância e proteção eletrónica e tecnologias de informa-ção, entre outras áreas: AroundTI – Tecnologia de Informação, BDO Consulting, Brain2Fast, Connecting Everything, Dognaedis Unipessoal, HardSecure, Jorge Lemos – DPO, Sousa Pinheiro & Montenegro - Sociedade de Advogados, Tei-xeira & Guimarães - Sociedade de Advogados e Trvst Systems.

“O objetivo é encontrar uma solução menos onerosa para as instituições”, afirmou o presi-dente do Secretariado Nacional, na assembleia--geral de 14 de abril. Segundo Manuel de Lemos, a União está ainda a estudar a possibilidade de criar nesta área um sistema mútuo semelhante à rede de farmacêuticos.

Segundo a circular da UMP sobre o tema, “é essencial conhecer as novas regras, avaliar as novas obrigações e adotar as medidas ne-cessárias para assegurar as conformidades de acordo com o previsto no Regulamento Geral de Proteção de Dados”. Neste sentido, continua a circular, a União não pode deixar de reco-mendar às Misericórdias a melhor atenção aos acordos celebrados.

Em vigor a partir de 25 de maio, o novo RGPD obriga a uma nova abordagem ao nível da segurança e tratamento de dados e poderá envolver sanções em caso de incumprimento. Este novo quadro legal traz mudanças signi-ficativas que terão um impacto na vida das Misericórdias consoante a área de atividade, dimensão e tipo de tratamentos de dados pes-soais que realizem. VM

TEXTO ANA CARGALEIRO DE FREITAS

Vila da PraiaTradicional coroação do Espírito Santo

A Santa Casa da Misericórdia da Vila da Praia da Graciosa cumpriu a tradicional coroação do Espírito Santo. Durante uma semana os idosos e crianças da instituição rezaram o terço e no domingo, 23 de abril, saiu o cortejo em direção à Igreja de Mateus, onde decorreu a missa e coroação em honra do Divino Espírito Santo. A coroação seguiu depois para o lar de idosos da Misericórdia. Esta é uma tradição que se mantém viva nos Açores e que a Misericórdia faz questão de cumprir todos os anos para que não se perca no tempo.

BragaTrasladação das relíquias de S. João Marcos

A Misericórdia de Braga celebrou, em parceria com a autarquia e com as juntas de freguesia de S. João do Souto e S. José de S. Lázaro, os 300 anos desde a trasladação das relíquias de S. João Marcos para o altar-mor da igreja de S. Marcos. As celebrações contemplaram, entre outras ações, um coloquio sobre ‘A devoção de S. João Marcos’, o lançamento da obra ‘Património e Devoção’, de Francisco Ribeiro da Silva, da Misericórdia do Porto. O túmulo que guarda as relíquias de S. João Marcos data do século XII.

Abril 2018www.ump.pt 11

envolveram. “A ideia foi lançada numa reunião de grupo, em meados de março, e colheu logo aceitação. Os mais novos terminaram a ativida-de relacionada com o Dia do Pai e abraçaram, de seguida, mais um desafio”.

Em edições anteriores, o concurso foi aberto à comunidade. Este ano, a ideia foi centrar mais a vertente intrainstitucional. “É uma forma, também, de envolvermos os utentes das dife-rentes respostas sociais numa atividade comum. É também uma oportunidade para muitos se reverem”, explicou a responsável.

Mas vamos ao que interessa, que é como quem diz, aos ovos. Damos prioridade aos seniores. A estes coube a decoração e execução de cinco ovos de Páscoa. Ao todo foram cinco as respostas sociais a participar. Além da estrutura residencial para pessoas idosas, também disse-ram sim ao repto a Unidade Nós da Memória, o Centro Comunitário Espaço Aberto, a Casa de S. Thomé e a Unidade dos Autónomos do centro de dia.

Com diferentes conceções, materiais e interpretações, os cinco ovos tinham um de-nominador comum. Para todos, o concurso de criatividade não só gerou alegria e boa disposi-ção, como também contribuiu para reforçar os laços de amizade entre todos os intervenientes.

O “Sempre em Pé” foi o vencedor na cate-goria sénior. Inspirado na história de Cristóvão

Colombo e executado pelos utentes do lar, o ovo tinha uma característica única em relação aos outros: ficava em pé.

“A ideia partiu do Sr. Fernando Frade. Depois fomos construindo juntando as ideias de todos nós. Foi muito divertido e ao mesmo tempo recordamos a nossa história”, afirmou a animadora social responsável pelo centro de dia. A originalidade do tema e dos próprios materiais utilizados conferiu-lhes a vitória.

Divertidos e animados são também os ovos concebidos pelos pequeninos do setor infantil. Contando com o apoio das educadoras e auxilia-res, esta atividade serviu também para reforçar o conhecimento trabalhado no contexto de sala.

O ovo ‘Quatro Estações’, da sala 7, foi o ven-cedor da categoria infância. Tal como o nome que o identifica, o ovo apresentou de forma criativa as estações do ano: paus de canela para o Outono, boneco de neve para o Inverno, flores e borboletas para a Primavera e um papagaio na praia para o Verão. Meio ambiente, tradições e também desenhos animados foram inspiração para os restantes ovos concebidos pelos mais pequenos.

No final, reinava a boa disposição entre os utentes e colaboradores que aceitaram o desafio do concurso. Sem vencidos nem vencedores, ficou a vontade de repetir a atividade no pró-ximo ano. VM

Concurso Com o envolvimento das respostas sociais da terceira idade, infância e centro comunitário, o resultado foram 10 originais ovos de Páscoa

Salvaterra de Magos Grupo de dança adaptada para seniores

São 12 os utentes do lar de idosos e centro de dia da Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos que atualmente fazem parte do grupo de dança adaptada para seniores. O projeto que começou em outubro de 2016, e cujas aulas são ministradas por uma voluntária, abrange pessoas que usam andarilhos ou bengalas, mas que se deslocam por si só. Trabalhar o ritmo, a memória, a coordenação, evitar o sedentarismo e promover um convívio saudável entre idosos é o principal objetivo deste grupo de dança.

MontijoBolsa para promover o voluntariado

A Santa Casa da Misericórdia do Montijo tem, desde o dia 16 de abril, a funcionar a bolsa de voluntariado. Segundo nota da instituição, a “bolsa de voluntariado tem por missão promover e divulgar o voluntariado, facilitando o encontro entre a oferta e a procura.” A bolsa vai registar os projetos de voluntariado e as candidaturas de voluntários, procurando depois os perfis que mais se adequam a cada ação de voluntariado, tendo sempre em conta aquilo que os voluntários e as instituições procuram.

12 Abril 2018www.ump.pt

em ação

UMPNovo site já está a funcionar

A União das Misericórdias Portuguesas tem um novo portal na web. A plataforma é uma das iniciativas que integram o projeto de capacitação, financiado pelo Programa Operacional e Inclusão Social e Emprego (POISE) do Portugal 2020. Com recurso a um grafismo mais apelativo e organizado em função de grandes temas, o novo site foi desenvolvido para dar ainda maior visibilidade ao trabalho da União e das Misericórdias. O funcionamento da área reservada, exclusivo para as Misericórdias, não foi alterado.

LousadaContactar com a realidade do mercado laboral

A Misericórdia de Lousada foi uma das instituições a participar na iniciativa “Aprendiz por um Dia”. Organizada pela autarquia, esta ação visava proporcionar aos jovens a possibilidade de acompanhar um profissional nas suas funções e participar nas tarefas quotidianas de um dia de trabalho, permitindo o contacto com a realidade do mercado de trabalho. Mais de 400 alunos do 9.º ano, 96 áreas profissionais e 60 entidades, entre elas a Misericórdia de Lousada, integraram esta iniciativa de orientação vocacional.

No âmbito do seu 350.º aniversário, a Misericórdia de Galizes realizou a terceira edição do Encontro de Desporto Adaptado

TEXTO VITALINO JOSÉ SANTOS

Galizes A Santa Casa da Misericórdia de Ga-lizes realizou, em 6 de abril (Dia Mundial da Atividade Física), a terceira edição do Encontro de Desporto Adaptado, na cidade de Oliveira do Hospital, inserido nas comemorações dos seus 350 anos de existência.

Apesar do dia cheio de nuvens e de alguma chuva, o Pavilhão Municipal de Oliveira do Hospital foi, logo de manhã, um espaço muito caloroso e cheio de alegria, com a participação dos 73 atletas que estiveram congregados em torno das modalidades desportivas de boccia e de basquetebol 3x3.

Para o professor de Educação Física Cláudio Gomes, que trabalha na Misericórdia de Galizes

Desporto adaptado com maisatletas e mais movimento

há uma dezena de anos, “o desporto adaptado é uma das apostas atuais da instituição, privi-legiando a modalidade de boccia”. “Este ano, por solicitação do provedor Bruno Miranda e dos corpos sociais da Santa Casa, preparámos um encontro com mais gente, mais movimento e mais instituições”, disse Cláudio Gomes, satisfeito com o facto de ver “as pessoas com deficiência a praticar desporto”.

“As provas de basquetebol foram sujeitas a adaptações nas regras e no próprio campo. Facilitamos, um bocadinho, a nível dos passes e das faltas. Temos em conta as capacidades dos participantes. Por exemplo, estes jogadores de cadeiras de rodas estão, agora mesmo, a ganhar e a cumprir”, observou, referindo que, embora ainda não haja na instituição atletas paralímpi-cos, é de salientar a evolução de Rosa de Jesus, uma utente de 43 anos, que conseguiu um terceiro lugar nacional em “boccia”.

No entender do provedor Bruno Miranda, “no desporto adaptado, há sempre competição. Em qualquer evento destes, a competição é levada muito a sério, porque os participantes

se sentem extremamente importantes”. A edilidade oliveirense quis estar presente

na entrega de medalhas aos atletas, através dos vereadores Nuno Perestrelo Ribeiro (com os pelouros do Desporto, da Juventude e Tempos Livres) e José Francisco Rolo (vice-presidente da Câmara Municipal), perfilhando “uma política de desporto para todos”.

“Preocupamo-nos com o desporto federado, mas também com o desporto para o cidadão co-mum e, neste caso, para pessoas com deficiência intelectual e física”, sublinhou Nuno Ribeiro, adiantando: “Todo este contexto permite-nos assumir os benefícios do desporto, enquanto agente de socialização e de promoção dos valo-res da nossa sociedade. E que possibilita a estas pessoas um papel e uma melhor integração.”

Este encontro de desporto adaptado decor-reu no âmbito dos 350 anos da Misericórdia de Galizes. Segundo o provedor, a efeméride traz “muita felicidade”, mas também “responsa-bilidade” para os dirigentes e programadores de “uma série de atividades”, como as que se inserem no Projeto Criança Solidária, em que a

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instituição quer oferecer a todas as crianças do concelho, no seu dia (1 de junho), um espetáculo com o Avô Cantigas (o músico, cantor e com-positor Carlos Alberto Vidal). Outra iniciativa, para breve, é a edição “fac-similada” do primeiro “Compromisso da Santa Casa da Misericórdia de Galizes”.

As instituições presentes foram – a par da organizadora (em parceria com a Câmara Municipal, com os Bombeiros Voluntários e com outras entidades oliveirenses, a exemplo da equipa Sampaense Basket, de São Paio de Gramaços) – a Associação para a Recuperação de Crianças Inadaptadas, também de Oliveira do Hospital, a Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã, a Associa-ção de Familiares e Amigos do Cidadão com Dificuldades de Adaptação da Serra da Estrela, a Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados da Guarda, a Associação de Apoio à Criança do Distrito de Castelo Branco e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Vila Nova de Poiares. VM

Desporto adaptado ‘Em qualquer evento destes, a competição é levada muito a sério, porque os participantes se sentem extremamente importantes.’

Psicomotricidade Os exercícios desenvolvidos com os idosos visam apoiar os utentes nas atividades de vida diária

O jogo da malha ou bola ao alvo são exemplos de jogos tradicionais que ajudam a melhorar a autonomia e a autoestima dos idosos

TEXTO ISABEL MARQUES NOGUEIRA

São Pedro do Sul A Misericórdia de São Pedro do Sul assinalou o Dia do Psicomotricista com atividades variadas cujo objetivo era promover mais qualidade de vida aos utentes do lar de idosos e centro de dia. E porque é de pequenino que se torce o pepino, as crianças do infantário também participaram.

Psicomotricidade para terceira idade, ex-plicou a técnica de motricidade humana da Santa Casa, “é trabalhar a parte cognitiva do idoso, o equilíbrio, a coordenação motora, óculo-manual, a motricidade fina. Trabalhamos um bocadinho de tudo, da cabeça até aos pés”.

Alice Oliveira esclarece que para além de “um trabalho no dia a dia que se faz para au-mentar a resistência”, a ginástica semanal e os jogos tradicionais “de quando em vez” também promovem melhorias de autonomia.

“Os movimentos trabalhados têm reflexo na qualidade de vida do utente”, especialmente nas atividades de vida diária (AVD) como “pentea-rem-se, comerem por eles, a transportarem-se a eles próprios para as casas de banho”. Mais autonomia gera melhor autoestima para os idosos e há também uma redução de trabalho para as auxiliares.

E foi com autoestima elevada e “muita alegria” que realizaram a caminhada matinal, apesar dos queixumes aqui e ali, ninguém conseguiu escon-der o sorriso de satisfação depois de percorrido um quilómetro, em menos de uma hora.

“Hoje foram fazer a caminhada pessoas que não costumam sair, nem ao supermercado ou ao jardim vão, dizem sempre que não querem ou que já caminharam, que já fizeram a sua voltinha ou então que lhes dói as pernas, não têm vontade de ir”, adianta a técnica de mo-tricidade que revela um “grande trabalho de casa” realizado nos últimos tempos para levar as pessoas à ecopista, inaugurada em 2017, em São Pedro do Sul. O dia solarengo também ajudou.

“O facto de estarmos há muitos dias só com chuva também ajudou a que quisessem sair, mas também temos vindo a falar da caminha-da de forma a aliciá-los e hoje estavam todos motivados para ir”, regozija-se Alice Oliveira que não esconde a satisfação por o objetivo ter sido alcançado.

Não só se cruzaram com pessoas conheci-das, que as cumprimentaram efusivamente e gostaram de as ver, como também percorreram pouco mais de um quilómetro, depois de no ano passado terem ficado a poucos metros da partida, “nem ao meio quilómetro chegou”.

Jogos tradicionais para melhorar autonomia

“Tinham uma resistência praticamente nula, encostavam-se e tivemos de voltar atrás, porque não conseguimos fazer o trajeto que pensámos fazer. Hoje, conseguimos alcançar o objetivo”, enaltece Alice Oliveira.

Também as atividades da parte da tarde como o jogo da malha, a bola à lata, o bowling, o basquetebol e o futebol promoveram o bem--estar e a alegria dos utentes. “Eu jogava à malha quando era mais novo”, comentava, com um sorriso, um utente depois de derrubar à pri-meira os dois pinos.

Também não faltaram sorrisos e brilhos nos olhos aos utentes que derrubavam as latas ou que conseguiam marcar cestos e golos. Sorrisos que aumentaram com a chegada das crianças do infantário que não escondem a alegria de acertar e as palmas de vitória. Sorrisos contagiantes que abrilhantaram os olhares dos utentes, até dos mais tímidos e limitados nas expressões faciais.

“O meu tio está radiante. Isto ajuda-o a interagir socialmente uma vez que ele é muito calado. É muito giro, estão ocupados, criam ligações, é produtivo e exercitam-se com estes movimentos”, elogiou Hugo Ferreira que se revelou feliz por ter coincidido esta visita ao tio no dia destas atividades. “Deviam fazer isto todas as semanas”, acrescentou.

E como Hugo Ferreira estavam outros familiares, voluntários e os colaboradores da instituição por verem a alegria estampada nos utentes.

“O objetivo do dia fica completamente concretizado quando vemos o sorriso, o brilho no olhar e o ar de satisfação no rosto”, remata Alice Oliveira. VM

TourosCorrida em favor da UMP já está marcada

A realização de uma corrida de touros em favor da União das Misericórdias Portuguesas já tem data marcada. O espetáculo taurino vai ter lugar no Alentejo, na praça de Estremoz no próximo dia 2 de junho às 17 horas. Brevemente será divulgado o cartel que vai participar nesta festa taurina solidária que está a ser organizada com o apoio da Santa Casa de Estremoz. Recorde-se que cerca de duas dezenas de praças são propriedade de Misericórdias, embora em muitos casos, estejam a ser exploradas por empresas especializadas.

Monchique Misericórdia em concurso de camélias

A Misericórdia de Monchique foi uma das entidades a participar na quarta edição do Festival das Camélias, organizado pela Câmara Municipal. Além da rota das camélias, aberta à visitação do público, a iniciativa contou com um concurso. Segundo nota, o arranjo apresentado pela Santa Casa foi realizado com diversos tipos de camélias, todas colhidas nos jardins pertencentes a esta instituição e ainda nos jardins particulares dos mesários e funcionários da instituição. O evento decorreu nos dias 24 e 25 de março.

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em ação

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A Misericórdia de Mirandela está a promover uma ação de crowdfunding para equipar a sala de snoezelen da unidade de cuidados continuados

TEXTO SARA PIRES ALVES

Mirandela Até ao dia 11 de maio a unidade de cuidados continuados (UCC) da Misericórdia de Mirandela espera angariar 785 euros numa iniciativa de crowdfunding que se repete pela segunda vez. O dinheiro irá servir para adquirir material específico de estimulação sensorial para equipar a sala de snoezelen da UCC.

Segundo a diretora técnica da UCC, Raquel Alves, a ideia de recorrer ao crowdfunding “surgiu porque o financiamento para a sala sensorial ia sendo adiado. Então começamos a pensar em formas alternativas para conseguirmos levar o

Dar a conhecer o trabalho e angariar fundos

projeto até ao fim.” Adérito Gomes, provedor da Misericórdia, corrobora com esta ideia referindo que “as instituições têm de criar formas alterna-tivas de financiamento, temos de inovar.”

Esta é a segunda vez que a Santa Casa de Mirandela recorre ao financiamento coletivo para ver concretizados pequenos projetos. Em causa tem estado a sala de estimulação sensorial da unidade de cuidados continuados que surgiu há dois anos por sugestão da equipa multidisciplinar que ali trabalha. “Da primeira vez, há dois anos, concorremos ao projeto de crowdfunding do Novo Banco para adquirirmos fios de fibra ótica. Tivemos muita adesão e conseguimos. Agora é para comprar um projetor de imagem e som”, referiu a diretora técnica.

Adérito Gomes louva a iniciativa da UCC considerando que esta é uma “excelente for-ma de envolver a comunidade nos assuntos da Misericórdia. De darmos a conhecer à comunidade a existência da nossa unidade de

cuidados continuados e o tipo de serviços que lá prestamos.”

A campanha de angariação de fundos decorre na plataforma de crowdfunding do Novo Banco e a Misericórdia tem divulgado a ação nas redes sociais, site da Santa Casa e localmente com fo-lhetos e cartazes. Segundo Raquel Alves há muita gente a querer ajudar, mas “como a população mais idosa não consegue fazer o donativo online, criámos uma ‘latinha’ onde essas pessoas colocam lá o dinheiro e o nome completo e no fim o valor vai ser registado na plataforma.”

Recorde-se que a Santa Casa da Misericórdia de Mirandela, que atualmente emprega 340 colaboradores e apoia diariamente mais de mil pessoas, celebra este ano o 500º aniversário desde a sua fundação. Uma data que segundo o provedor da Misericórdia vai ser comemorada ao longo de todo o ano e que pretende “abranger e envolver todas as respostas socias da Santa Casa e vários setores da comunidade.” VM

Até ao dia 11 de maio a unidade de cuidados continuados da Misericórdia de Mirandela espera angariar 785 euros através de crowdfunding

16 Abril 2018www.ump.pt

em ação

Lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz promoveu vídeo com testemunhos sobre o 25 de abril

TEXTO ANA MACHADO

Reguengos de Monsaraz São 44 anos que separam a Revolução dos Cravos dos dias de hoje. No dia 25 de abril de 1974, algo de estranho chegava aos ouvidos da maior parte da popu-lação, através da rádio.

Em 2018, o lar de idosos da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz organizou uma atividade onde alguns utentes, através de um vídeo, deram o seu testemunho sobre o 25 de abril, dia esse que passou a ser apelidado de o “dia da liberdade”. O feriado é comemorado em vários locais e o lar de idosos não é exceção.

“Resolvemos fazer uma coisa diferente, de-cidimos fazer um vídeo, pois é uma ferramenta

Experiência unidajamais será vencida

que nos permite chegar a um maior número de pessoas, estando elas em Portugal ou não. Os idosos têm muita coisa para ensinar e é muito importante os jovens ouvirem a opinião dos mais experientes. É uma forma de chegar a esses mesmos jovens”, referiu Adriana Pereira, animadora do lar.

Para a realização da atividade bastou, por um lado, disponibilidade, tempo, alegria e von-tade, por outro, uma câmara, um fundo alusivo ao tema e uma memória daqueles vivenciaram um momento que fica para a história. Durante uma semana, cerca de 40 idosos, entre os 60 e os 99 anos, contribuíram, ao falarem sobre o dia, em que o cravo vermelho se tornou o símbolo da revolução de abril de 1974.

Enquanto Adriana Pereira, os questionava sobre o acontecimento, os utentes procuravam as respostas na “gaveta” das recordações de uma vida. “O importante é eles sentirem-se bem com o que estão a fazer e perceberem que ainda podem realizar muitas coisas. Eles gostam muito de ser valorizados, não só aqui

por nós, como também pelas outras pessoas”, assegurou a animadora.

E boa disposição não faltou, Narcisa Galan-te, de 85 anos, natural de Montoito, entrou na sala para gravar o seu testemunho a cantarolar “Grândola, vila morena, terra da fraternidade, o povo é quem mais ordena, dentro de ti, ó cidade” e ainda sublinhou, “gostei muito que se desse o 25 de abril”.

Maria do Carmo Vogado, nascida em Re-guengos de Monsaraz, agora com 99 anos, dedicou uma vida inteira ao teatro, porém, com um lado também solidário. Após o 25 de abril, fundou o lar de jovens e para o manter eram realizadas peças de modo a angariar dinheiro. Começou por ensaiar os mais pequeninos, depois os jovens e posteriormente os adultos. Foram tantas as histórias que Maria do Carmo, a segunda utente mais velha do lar de idosos, só deixou os palcos perto dos 80 anos.

Um outro palco foi o do 25 de abril e esse Maria do Carmo não aplaudiu. “Tive medo! Um amigo do meu marido que estava em Lisboa

São João da MadeiraAquisição de centro social insolvente

A Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira adquiriu recentemente um centro social insolvente, na freguesia do concelho contíguo de Oliveira de Azeméis. Segundo nota da instituição, a aquisição foi feita por 1,2 milhões de euros e permitiu a manutenção das cinco respostas sociais que ali funcionavam e a abertura de um lar residencial para pessoas com deficiência. A aquisição permitiu ainda a estabilidade contratual com utentes e a manutenção de aproximadamente 60 postos de trabalho.

AlegreteAssegurar as refeições nas escolas

A Câmara Municipal (CM) de Portalegre reforçou os contratos com IPSS para fornecimento de refeições em jardins de infância e escolas do primeiro ciclo. Entre as entidades está a Santa Casa da Misericórdia de Alegrete que, segundo a diretora técnica Gertrudes Carvalho, já presta este serviço à autarquia há cerca de 20 anos. Segundo nota divulgada, a falta de qualidade das refeições escolares servidas por empresas privadas levou a CM a entregar o serviço a instituições locais.

Abril 2018www.ump.pt 17

estava a comunicar-nos o que se estava a passar, eu julgava que era em Reguengos e escondi-me no quarto”.

Mas também houve quem recebesse mais tarde a informação do que se estava a passar naquele dia. É o caso de António Ciríaco, de 65 anos, natural de Mora e que em jovem pertencia a uma banda, onde tocava bateria. Agora faz parte da “família” do lar de idosos de Reguengos de Monsaraz e foi lá que contou onde estava na altura da revolução dos cravos. “Eu estava em Angola, pertencia às forças armadas da polícia militar, só soube da revolução mais tarde através de amigos e da rádio”.

Histórias diferentes e experiências distintas, mas com algo em comum: todos apresentavam as marcas do tempo, as rugas que na cara e nas mãos se faziam ver, sinónimo de longos caminhos percorridos.

“Apesar de já terem uma certa idade, gostam de fazer este tipo de atividades para as outras pessoas verem e ficam muito curiosos em re-lação aos comentários que vão receber sobre o

que fizeram”, destacou Adriana Pereira.A Santa Casa de Reguengos de Monsaraz está

a dar os primeiros passos, no que diz respeito ao vídeo e respetivo canal de youtube. Porém, o lar já tinha utilizado esse meio para outros temas, como por exemplo, para o natal e para o dia da mulher.

“O que é preciso é a imaginação e uma das nossas funções é manter as pessoas ativas. Também fazemos parte da comunidade, não somos uma ilha e como tal queremos que eles estejam perfeitamente integrados através das mais variadas atividades”, afirmou Manuel Galante, provedor da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz.

“As reações têm sido muito positivas e hoje em dia é fundamental apostar nestes meios porque todos podem seguir o que se faz no lar. Neste caso, podem ouvir os testemunhos que os idosos dão, assim existe uma interação entre várias gerações”, mencionou. Interação essa que no futuro pode potenciar também os contactos com familiares, concluiu o provedor. VM

Liberdade Durante uma semana, cerca de 40 idosos, entre os 60 e os 99 anos, falaram sobre o dia a revolução de abril de 1974

40 idososCerca de 40 idosos do lar da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz participaram no vídeo sobre o 25 de abril.

99 anosEntre os participantes estavam pessoas com idades compreendidas entre os 60 e os 99 anos.

48 utentesA estrutura residencial para pessoas idosas da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz conta com 48 idosos

SintraFormação para evitar tragédias

A Santa Casa da Misericórdia de Sintra organizou, no passado dia 21 de abril, uma formação de combate a incêndios e evacuação de edifícios. A formação foi dirigida aos colaboradores dos vários equipamentos sociais da Santa Casa. Segundo nota da instituição, esta formação surgiu porque “as questões de segurança são uma preocupação”. Durante a formação, os colaboradores aprenderam, entre outras coisas, a manusear os extintores. A formação foi realizada nos Bombeiros Voluntários de Sintra.

Canha Corrida para ligar a arte ao desporto

As inscrições para a segunda edição da “Corrida pela Arte”, organizada pela Misericórdia de Canha, decorrem até 30 de maio. À semelhança do ano anterior, o evento é constituído por duas modalidades, uma caminhada de cinco e um trail de 10 quilómetros. Segundo o regulamento, o objetivo é ligar o desporto e a arte e promover “práticas físicas saudáveis, com a máxima de mente sã em corpo são”. Os participantes da prova agendada para 3 de junho habilitam-se a ganhar uma viagem à Madeira, entre outros prémios.

Voluntáriospara combatera solidão

Paris A Misericórdia de Paris dedica a nona edição das Jornadas Sociais ao tema da solidão, com o mote “Vamos dar a mão a quem precisa”. Agendada para o dia 23 de junho, no Consulado Geral de Portugal em Paris, a iniciativa pretende sensibilizar e angariar voluntários para acom-panhar pessoas em situação de isolamento.

Em nota informativa, a Santa Casa da ci-dade da luz adianta que as próximas jornadas servirão para refletir sobre este “flagelo social” e sobretudo “discutir a melhor forma de atua-ção” para minorar o problema que afeta não apenas os idosos, mas todos os grupos etários. Recorrendo a um inquérito PRI - Passagem à Reforma dos Imigrados, a instituição alerta que cerca de 35,4% dos portugueses interrogados, na capital francesa, declaram sofrer de solidão.

Para ir ao encontro dos compatriotas, que “sofrem em silêncio” e raramente se manifes-tam, a instituição pretende lançar uma campa-nha de informação e sensibilização através dos meios de comunicação social, rede associativa, comunidades cristãs e outros meios de contato.

Apelando ao debate junto da comunidade, a Misericórdia de Paris lembra ainda que a concretização deste apoio, de forma organizada, implica a “adesão de muitos mais voluntários com disponibilidade e vontade para prestar apoio aos compatriotas que dele necessitam, através da recolha e distribuição de géneros alimentícios e de animação daqueles que se encontram isolados e carecem de apoio moral e afetivo”.

Fundada em 1994, a Santa Casa da Miseri-córdia de Paris apoia a comunidade portuguesa que reside na capital francesa através do apoio financeiro e material a famílias ou indivíduos, realização de funerais a pessoas que morrem sós, visita a doentes e presos, apoio na integração social e profissional, apoio das pessoas idosas, campanhas de esclarecimento, entre outros.

As inscrições nas IX Jornadas Sociais podem ser submetidas presencialmente na sede da ins-tituição (7 Avenue de la Porte de Vanves) ou via email ([email protected]). VM

TEXTO ANA CARGALEIRO DE FREITAS

18 Abril 2018www.ump.pt

em ação

A Misericórdia de Avis criou, com a ajuda dos seus utentes, um mural com objetivo de valorizar e homenagear as raízes dos utentes

TEXTO PATRÍCIA LEITÃO

Avis Trazer um pouco da vida do campo alentejano para o interior da instituição, numa alusão às raízes dos idosos que se encontram institucionalizados, e ao mesmo tempo tornar mais aprazível e bonito o seu espaço físico, foi este o objetivo da Santa Casa da Misericórdia de Avis que criou um mural em forma de sobreiro para albergar todas as fotos dos utentes do Lar Nossa Senhora da Orada e do centro de dia.

Foi um projeto um pouco trabalhoso, mas muito prazeroso, que envolveu alguma dedica-ção e alguma criatividade para o tornar o mais real possível. Mas valeu a pena o esforço pois o resultado final é motivo de orgulho para todos na instituição, e tem sido motivo de atração para quem visita a Santa Casa da Misericórdia de Avis.

“Tem sido um espetáculo ver todas as pes-soas a admirar este nosso trabalho. Ninguém fica indiferente quando vê o sobreiro, todos param para ver as fotografias e tentar descobrir onde estão os seus familiares e quem conhecem, e também fazem muitas fotografias ao mural. Então nos fins-de-semana, que é quando há mais visitas, torna-se ponto de passagem obri-gatório”. É com este entusiasmo que Manuel Pires nos descreve o impacto que este mural tem

Mostrar os rostos que dão vida à instituição

tido, e não esconde o orgulho, juntamente com Raúl Mendes Calado, que nos diz que a ideia foi “maravilhosa”, por terem sido dos participantes mais ativos deste projeto.

O dia-a-dia no da Misericórdia de Avis é re-pleto de atividades que preenchem as semanas com momentos que são, sobretudo, estímulos para os utentes com efeitos em diversas verten-tes, seja no desenvolvimento das competências sociais, motoras ou cognitivas. Foi precisamente numa dessas atividades que o animador Luís Afonso colocou este desafio aos idosos.

“Tradicionalmente temos sempre um mural deste género, mas que ia mudando de tema e já teve várias formas. Mas agora decidimos fazer algo que fosse simbólico para a instituição e para os nossos utentes, para ficar exposto de forma permanente. E então surgiu-nos esta ideia. Foi escolhida uma árvore por ser um símbolo da vida e o sobreiro por ser uma árvore tradicional do campo alentejano, onde estão as raízes da maioria dos nossos utentes, e inclusive, alguns trabalharam com cortiça. O trabalho

foi realizado pelo ateliê de expressão plástica, que desenhou e recortou as 100 folhas, pintou os ramos e ajudou na colocação das fotos nas folhas”, explica o responsável pela dinamização do projeto.

Luís Afonso confirma que a receção ao mu-ral “foi muito boa, todos os utentes gostaram do trabalho e da sua fotografia e vários familiares acharam uma excelente ideia. Neste mural é possível ver, num só lugar e de uma forma apelativa, todos os rostos que diariamente dão vida à nossa instituição”.

Manuel Pires, tem 75 anos e está na ins-tituição em centro de dia há 11 anos, e Raúl Mendes Calado, de 87 anos, está no lar há pouco mais de um ano. Como referem ao Voz das Misericórdias, “é com grande prazer que participamos nestas atividades, ajudam-nos a ocupar o tempo e também a evoluir. Por isso gostámos muito de fazer este mural, e ajudámos também com algumas ideias”, sublinham, explicando que Raúl teve a ideia de juntar mais um ramo ao sobreiro para que ficasse mais real, e Manuel, durante um pas-seio, encontrou algumas landes num sobreiro que usou para colar no mural.

Luís Afonso reconhece que é importante para a dinâmica de grupo ter utentes como o senhor Manuel e o senhor Raúl porque “têm uma influência positiva nos outros utentes que acabam por se sentir mais motivados para este tipo de trabalhos, e ganham confiança para participar. Noto, sobretudo, que para eles é uma forma de melhorar a sua autoestima, influen-ciando a que se sintam úteis e valorizados pelo que fazem”, constata. VM

“Neste mural é possível ver, num só lugar e de uma forma apelativa, todos os rostos que diariamente dão vida à nossa instituição”

Fafe315 artigos de vestuário da ASAE

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) fez nova doação de bens apreendidos. No dia 5 de abril, entre outras entidades, a Santa Casa da Misericórdia de Fafe recebeu 315 artigos de vestuário. A ação prende-se com a política de responsabilidade que a ASAE está a desenvolver e no mesmo dia da entrega decorreu também uma sessão pública de esclarecimentos sobre fiscalização económica e alimentar destinada aos operadores económicos. Foi no Arquivo Municipal de Fafe.

EstarrejaEnvolver a comunidade com leituras

Os seniores do lar da Santa Casa da Misericórdia de Estarreja receberam a visita do projeto “Novelo de Contos”, da Biblioteca Municipal de Estarreja. Segundo nota, o objetivo desta iniciativa é celebrar o mês da leitura envolvendo toda a comunidade, de forma inspiradora e inovadora. Cada sessão tem a duração de 60 minutos e é partilhada por dois contadores. Através da sua narração oral, o projeto “Novelo de Contas” visou, entre outros, unir gerações através da partilha de histórias.

ÁREA ESTRATÉGICA | ECONOMIA SOCIAL

[email protected] | www.vectorestrategico.eu

Estudos de Reestruturação e Análise Económico-Financeira das Instituições e suas Valências.

Estudos e Projetos de Inovação e Empreendedorismo Social.

Diagnósticos de Necessidades de Capacitação das Instituições.

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Candidaturas ao Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE).

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Candidaturas aos Programas Operacionais Regionais.

Candidaturas ao Programa Horizonte 2020.

Acompanhamento físico e financeiro da execução de Candidaturas.

A VECTOR ESTRATÉGICO - Estudos e Consultoria dedica-se aos Estudos, Projetos e Consultoria nas áreas dos Fundos Europeus

Estruturais e de Investimento, do Território, do Planeamento Estratégico, do Desenvolvimento Estratégico, do Desenvolvimento

Regional e Urbano, da Inovação Social e do Desenvolvimento Económico-Financeiro e Gestão Empresarial.

TIPOLOGIAS DE SERVIÇOS

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Desenvolvimento de

ESTUDOSESTRATÉGICOS e

Territoriais

Execução de

PROJETOS DEINVESTIMENTO

Económico-Financeiros

20 Abril 2018www.ump.pt

destaque 1

A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) promoveu uma sessão de acolhimento aos provedores eleitos recentemente de norte a sul do país.

A sessão de boas vindas, realizada no dia 4 de abril em Lisboa, visou a troca de impressões sobre assuntos transversais à atividade das Santas Casas e a apresentação dos serviços disponibilizados pela UMP.

Manuel de Lemos, José Rabaça e Fernando Cardoso Ferreira, do Secretariado Nacional da UMP, foram anfitriões do encontro que deu a conhecer a origem, estrutura organizacional e linhas de serviço da União em áreas como a ação social, saúde, assuntos jurídicos, au-ditorias, património, formação profissional, atividades turísticas, entre outros.

“Estes departamentos têm por única função apoiar o funcionamento das Misericórdias. A União existe para vos servir”, resumiu o pre-sidente da UMP, Manuel de Lemos, depois de congratular os homens e mulheres que assu-miram funções em 16 Misericórdias.

Nesta sua missão de coordenar, representar e aconselhar as instituições, a União visa essen-cialmente contribuir para a sustentabilidade e qualidade dos serviços prestados pelas Santas Casas e também promover a reflexão sobre boas práticas e novas áreas de intervenção. Uma missão que, segundo o presidente do Secreta-riado Nacional, é assumida com a garantia de que a “autonomia e decisão final cabe sempre a cada mesa administrativa”.

No ano em que as Misericórdias cumprem o 520º aniversário da sua fundação, Manuel de Lemos lembrou que a sustentabilidade é uma das prioridades na gestão das instituições e que a União está atenta às necessidades de financia-mento das suas associadas, facilitando o acesso a fundos do Banco Europeu de Investimentos (BEI), banca comercial, etc.

Para fazer face à escassez de fundos públicos e dificuldades de tesouraria das instituições, a UMP sugere o acesso a linhas de financiamento como o Projeto de Qualificação das Comuni-dades Amigas das Pessoas Idosas (PQCAPI) e

o Instrumento Financeiro de Reabilitação e Revitalização Urbanas (IFRRU), assim como a apresentação de candidaturas ao Fundo Rainha Dona Leonor e ao Acordo Senhora do Manto, estes últimos em parceria com a Santa Casa de Lisboa. “Devemos fazer misericórdia com a nossa atividade e não com a gestão”, rematou Manuel de Lemos.

Focada na otimização de recursos e melho-ria na eficácia da gestão, a UMP disponibiliza ainda uma nova linha de serviço dedicada às auditorias que inclui áreas como a gestão, formação, comunicação ou património. “Que-remos dar um instrumento de gestão à mesa administrativa. Encontramos muitas Misericór-

dias com situações financeiras complicadas”, referiu o tesoureiro José Rabaça.

A criação de um código de conduta diri-gido às instituições, na sequência da última reunião de Conselho Nacional em Pedrogão Grande, foi outro dos temas abordados na sessão. “Quem não deve não teme”, justificou Manuel de Lemos a propósito desta iniciativa que está a ser desenvolvida por um grupo de provedores e pelo presidente honorário da UMP, Vítor Melícias.

Num registo informal, a sessão proporcionou o diálogo entre os dirigentes da UMP e a nova geração de provedores, que manifestou especial interesse nas linhas de financiamento apresentadas.

Novos provedores A UMP promoveu uma sessão de acolhimento para troca de impressões e apresentação de serviços

TEXTO ANA CARGALEIRO DE FREITAS

‘A União existe para vos servir’

Abril 2018www.ump.pt 21

Liderar os destinos de uma Misericórdia é uma tarefa árdua, é verdade, mas também recompensadora. Tenho dito muitas vezes que os provedores de Portugal têm sido verdadeiros heróis, especialmente neste período de austeridade.Manuel de LemosPresidente da UMP

22 Abril 2018www.ump.pt

Cativar jovense criar postos de trabalho

São João da Pesqueira A única Misericórdia do concelho de São João da Pesqueira, no distrito de Viseu, foi reativada no início de 2018, depois de um interregno de mais de três décadas. Encabeçada pelo jovem provedor José Filipe Pereira, a Santa Casa de fundação quinhentista (1569) prepara-se para retomar a atividade na área da saúde e está empenhada na criação de postos de trabalho na região.

“Quando demonstrámos este nosso pro-pósito, a direção da UMP abraçou logo o pro-jeto. A Misericórdia de São João da Pesqueira precisava de sangue novo e de vontade e uma vez que temos adrenalina aceitámos tornar este sonho realidade”, contou o provedor, no final da assembleia-geral da UMP, em Fátima (ver página 4).

Localizada junto às margens do rio Douro, a povoação com um passado de desenvolvi-mento económico ligado à produção de vinho do Porto, está hoje votada à desertificação e despovoamento. “Sofremos do mesmo mal de outras terras do interior e compete-nos, em parceria com a autarquia, cativar jovens e criar postos de trabalho. Temos de pensar a longo prazo”, defendeu o dirigente eleito em janeiro.

Para concretizar esse objetivo, e responder a uma necessidade da região, a mesa adminis-trativa pretende aproveitar um espaço vago no edifício do centro de saúde da vila para criar uma unidade de cuidados continuados. “A nos-sa ideia é utilizar esse espaço que levou obras há pouco tempo. Contactámos o Ministério da Saúde e a ARS Norte, que manifestaram aber-tura, e aguardamos a aprovação do estatuto de IPSS”, confidenciou José Filipe Pereira.

Em plena região demarcada do Douro, a povoação orgulha-se por ter o mais antigo documento de concessão régia no território português (foral concedido entre 1055 e 1065 por Fernando Magno de Leão e Castela) e pela importância política que incentivou a fixação de famílias nobres na região, nos séculos XVII e XVIII.

A família Távora foi uma das que marcou o desenvolvimento e urbanismo da vila nesse período, mandando edificar o solar que hoje acolhe a sede da Misericórdia. “É nosso objetivo recuperar esse edifício histórico, classificado de interesse nacional, que integra a capela”, referiu o provedor. VM

TEXTO ANA CARGALEIRO DE FREITAS

Rigor na gestão e motivação de equipas

Em conversa com o VM, os provedores recém-eleitos referiram que a sustentabilidade e gestão rigorosa são as principais prioridades para o mandato que agora iniciam. “A nossa preocupação é equilibrar as contas prestando um serviço de qualidade”, revelou João Batista Penetra, provedor da Misericórdia de Alcáçovas. Já Nuno José Castelão, provedor da Chamusca, revelou que a procura de “soluções sustentáveis e equilíbrio financeiro” vai implicar uma reestruturação interna e uma aposta na “motivação e desempenho das equipas”.

Santa Casa de Paris tem nova liderança

A Santa Casa da Misericórdia de Paris tem um administrador provisório para exercer as funções de provedor. Segundo nota enviada, “foi em harmonia com o projeto da Santa Casa e na continuidade dos valores da Misericórdia que António Fernandes foi nomeado para o efeito”. O novo provedor vem substituir Joaquim Silva Sousa, que já manifestara anteriormente a sua vontade de colocar as responsabilidades de provedor à disposição de outro irmão. A decisão foi tornada pública no dia 30 de março.

Recordar os antigos presidentes da União

Recuando aos primórdios da União, em 1976, o presidente da UMP aproveitou a sessão de acolhimento dos novos provedores para prestar tributo aos que afirmaram a unidade e autonomia das Misericórdias num período conturbado da sua história. “Se Virgílio Lopes foi o fundador e homem da resistência, que não deixou acabar com as Misericórdias, Vítor Melícias deu-nos identidade e natureza próprias”. Manuel de Lemos lembrou ainda que a UMP foi a primeira “união do setor solidário” a ser criada em Portugal.

Novo ciclo marcado por novos projetos

No início do mandato, os provedores das Misericórdias da Lourinhã e Vila Franca de Xira definem metas para os próximos anos. Na Lourinhã, Álvaro Fidalgo aguarda a conclusão das obras de requalificação da igreja, com o apoio do Fundo Rainha Dona Leonor, para expor as pinturas do Mestre da Lourinhã e Lourenço de Salzedo. Em Vila Franca de Xira, Armando Carvalho pretende criar uma unidade de cuidados continuados no antigo hospital da instituição.

16Dezasseis Misericórdias têm nova liderança, na sequência das últimas eleições para os corpos sociais. Os distritos de Lisboa (3) foi os que registou mais alterações, seguindo-se Santarém (2), Guarda (2), Região Autónoma dos Açores (2) e, por último, Leiria, Viseu, Vila Real, Portalegre, Faro, Évora e Aveiro, com apenas um novo provedor. Em Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Porto, Setúbal, Viana do Castelo e Região Autónoma da Madeira, as mesas administrativas não se alteraram.

3Dos 16 dirigentes eleitos para o quadriénio 2018-2021, apenas três são mulheres, juntando-se às 55 já existentes de norte a sul do país. Margarida São Marcos, Maria Cristina Abrantes e Nélia Lopes Vasco assumiram recentemente o cargo nas Misericórdias de Ílhavo, Horta e Alfaiates, respetivamente. Na única Misericórdia da ilha do Faial, nos Açores, o ato eleitoral teve uma peculiaridade: foi disputado por listas presididas por duas mulheres e contou com elevada adesão às urnas.

Novos provedoresAlcáçovasJoão Luís Batista Penetra

Alfaiates Nélia Lopes Vasco

Aljezur Arménio de Novais Pacheco

Alter do Chão Vasco José Freitas Martins da Cruz

Chamusca Nuno José Ascenso Fialho dos Anjos Castelão

Entroncamento Firmino Ramos Falcão

Horta Maria Cristina Azevedo Abrantes

Ílhavo Margarida São Marcos

Lourinhã Álvaro Fidalgo

Murça José Manuel da Costa Almeida

Pedrógão GrandeAntónio da Conceição Henriques David

São João da Pesqueira José Filipe Mendes Pereira

Sobral de Monte AgraçoLuís Carlos Almeida Braga Pinheiro Torres

Trancoso Pe. Joaquim António Marques Duarte

Vila de São SebastiãoPaulo José Lourenço Paim Barcelos

Vila Franca de Xira Armando Jorge Gonçalves de Carvalho

destaque 1

24 Abril 2018www.ump.pt

destaque 2

Freixo de Espada à Cinta A ‘Encomendação das Almas’ ou ‘Sete Passos’, como vulgarmente é conhecido este rito, voltou a cumprir-se na vila trasmontana

TEXTO SARA PIRES ALVES

REZAR PELA SALVAÇÃO DAS ALMAS

Abril 2018www.ump.pt 25

É meia noite de sexta-feira Santa, está frio e a chuva teima em cair. As luzes apagam-se deixando a vila de Freixo de Espada à Cinta às escuras. Na Praça

Jorge Álvares, onde está situada a Capela da Misericórdia e a Igreja Matriz, os fiéis já for-mam duas filas para assistirem ao ritual da ‘Encomendação das Almas’.

A ‘Encomendação das Almas’ ou ‘Sete Pas-sos’, como vulgarmente é conhecido este rito, tem a sua origem nos tempos medievais. Uma “tradição oral” que, segundo António Morgado, coordenador do CLDS 3G da Misericórdia de Freixo de Espada à Cinta, “tem sobrevivido até aos dias de hoje passando de pais para filhos”.

Pagã para uns, religiosa para outros, esta cerimónia é tida como única. “Como aqui não se faz em mais lugar nenhum no país”, quem o diz são os penitentes [homens que participam no ritual] que junto à Capela da Misericórdia ultimam preparativos para a última procissão do ano.

O silêncio da noite é abruptamente que-brado pelo relógio da torre heptagonal da vila transmontana que anuncia pela segunda vez a meia noite. Ao bater da décima segunda badalada ouve-se um som estridente de ferro a cair sobre as lajes da Praça Jorge Álvares. Começaram os ‘Sete Passos’.

A procissão que sai à rua à meia-noite de todas as sextas-feiras da quaresma e que tem como fundamento rezar, através do canto, pela salvação das almas que estão no purga-tório, sempre foi feita por homens da vila que voluntariamente se iam juntando à porta da Igreja Matriz. Mas isso mudou. Atualmente a Santa Casa da Misericórdia de Freixo de Es-pada à Cinta, com o apoio da autarquia local, é a responsável por manter viva esta tradição freixenista.

“É a Comissão do Senhor dos Passos, consti-tuída por funcionários da Santa Casa e manda-tada pela Mesa Administrativa da Misericórdia de Freixo de Espada à Cinta, que organiza o ritual para que este não se fosse perdendo no tempo”, conta ao VM Vítor Remédios, chefe do pessoal da Santa Casa e participante dos ‘Sete Passos’ há cinco anos.

Continue na página seguinte Z

Tradição A ‘Encomendação das Almas’ tem a sua origem nos tempos medievais. Uma “tradição oral” que, segundo António Morgado, coordenador do CLDS 3G da Misericórdia de Freixo de Espada à Cinta, “tem sobrevivido até aos dias de hoje passando de pais para filhos”

26 Abril 2018www.ump.pt

destaque 2

O ponto de partida da procissão, que é também o ponto de chegada, é a porta da Igreja Matriz. Ali o grupo de penitentes, cerca de 20 homens, envergam uns balandraus negros e largos que lhes escondem o rosto e não lhes deixam reconhecer as formas.

Os das ‘Lares’ já lá vão. É a passo compas-sado de sete vezes que dois homens puxam, pelas ruas e vielas que compõem o percurso da procissão, as ‘Lares’, umas grossas correntes de ferro que nas pontas levam atadas antigas peças dos arados que outrora serviram para lavrar as terras. Os passos são dados de forma ritmada, obrigando o emaranhado de ferros a arrastarem-se contra o chão irregular fazendo ruídos e repercussões lúgubres.

Segue-os a passo lento a ‘Velhinha’. Se-gundo os penitentes, esta é a figura mais emblemática de todo o ritual. “É um rapaz curvado sobre si mesmo, em sinal de sacrifício. Leva um cajado para apoiar a caminhada, uma lamparina, alimentada a azeite, para alumiar o trajeto e uma bota com o vinho, para dar de beber àqueles que humildemente se ajoelham à sua frente e peçam perdão. O vinho simboliza o Sangue de Cristo”, conta António Morgado.

O grupo de cantadores é o último a surgir. Em todos os cruzeiros, capelas ou antigas igrejas, o grupo de homens, posicionado de forma circular e de costas voltadas para quem assiste à procissão, entoa um cântico dolente e penetrante em latim e em português pedindo pelas almas que se encontram no purgatório. Há na vila manuelina quem diga que antigamente as famílias dos indivíduos falecidos deixavam espalhadas pelas ruas esmolas para os peniten-tes, para que estes rezassem pela alma dos seus ente-queridos. “Rezemos um Padre-nosso/ E uma Ave-maria/ À sagrada morte e paixão /Do filho da Virgem Maria”.

Hoje marcam presença na procissão mais três personagens. “Na sexta-feira Santa temos também as ‘Três Marias’ a participarem, que representam as Três Marias da Paixão de Cristo. Vão entre a ‘Velhinha’ e o grupo de cantadores”, diz o coordenador do CLDS 3 G, explicando ainda que esta é uma tradição cumprida, por norma, só por homens. “As únicas mulheres que entram na procissão são as ‘Três Marias’. Hoje em dia o grupo convida três senhoras para participarem. Mas só no último dia, que é quando elas entram. Nos restantes dias não participam mulheres.”

Atualmente fazem parte do grupo dos ‘Sete Passos’ cerca de 20 homens. O mais velho é Manuel Carrapatoso, de 75 anos, que diz “ter herdado o lugar do pai” e o mais novo é Ma-nuel Maria, que com apenas 13 anos já segue os passos do pai, Ivo Fortuna, funcionário da Misericórdia de Freixo que há já largos anos participa no peculiar ritual.

A noite está escura como o breu e mal se reconhece a pessoa que está ao nosso lado. Um jovem que assiste à ‘Encomendação das Almas’ ajoelha-se e de mãos postas à frente da ‘Velhinha’ pede o “Sangue de Cristo”. A ‘Velhi-nha’ acede ao pedido. A procissão prossegue rompendo a noite a passo lento e compassado pelas ruas de Freixo de Espada à Cinta.

Z Continuação da página anterior

Semana Santa Encenação da Via sacra foi um dos pontos altos da celebração dos 500 anos da Misericórdia de Bragança

TEXTO PATRÍCIA POSSE

‘GOSTO DE ENTRAR NO ESPÍRITO’

A noite em Bragança era de chuva copiosa, o que convidava ao reco-lhimento necessário à celebração da Via Sacra. A Sé Catedral serviu-lhe

de palco, acolhendo mais de duas centenas de pessoas interessadas em assistir e participar numa iniciativa organizada pela Misericórdia de Bragança.

“Embora estejam envolvidas a Diocese, as paróquias e IPSS, é sempre da nossa respon-sabilidade a celebração da Semana Santa em Bragança. Este ano, tivemos o problema do tem-po, que não nos permitiu percorrer as ruas do centro histórico e fazer a procissão do Enterro do Senhor”, referiu o provedor Eleutério Alves.

A 30 de Março, todas as estações da Via Sacra passaram pelo altar-mor da Sé Catedral, com destaque para o segundo episódio – Jesus carrega a cruz às costas – que foi protagoniza-do por utentes da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) e do Centro de Educação Especial (CEE).

Com 27 anos, Adriano Silva está vestido a rigor e sabe bem qual o seu papel: “o soldado guarda o Jesus”. É a primeira vez que este utente do CEE participa na Via Sacra, o que explica o nervosismo por “ver tanta gente”. “Mas vai correr tudo bem esta noite”, diz, quase em jeito de se convencer.

O colega José Luís Ferreira é, também, um soldado romano com a missão de “acompanhar Cristo”. Estreante nestas lides da representação, este utente admite: “não me assusto com tanta gente”.

A adesão do público que ia lotando os ban-cos corridos da Sé Catedral não surpreendia o

provedor. “A comunidade de Bragança é uma comunidade com fé, que tem mesmo orgulho em participar nas atividades da Semana Santa”.

Adérito Rodrigues, 38 anos, viu-lhe ser atribuída a maior responsabilidade da noite. É ele que carregará a cruz e protagonizará a segunda estação da Via Sacra. “Eu gosto do papel de Cristo, já é a segunda vez que tenho este papel”. Este utente do CEE assegura que não precisa de grande preparação, afinal “já tinha feito os ensaios no ano passado e já sabia como era”.

Já Basílio Augusto Parente, 86 anos, nunca se tinha visto em tal azáfama. “Quando se lembram, metem-me em qualquer papel e eu não me importo nada. Ajudo-os como posso”, revela. Num olhar rápido sobre a plateia, afasta qualquer nervosismo. “Já fui condutor de au-tocarros e já lidei com muita gente, de maneira que não me afeta nada.” Mas momentos antes de entrar em cena, confidenciava: “vamos lá ver o que vai ser”.

Para este utente da ERPI, a Páscoa é “uma data muito significativa”, que vai ser come-morada “em conjunto com os outros”. Em tempos idos, Delmina Fernandes, 81 anos, não falhava a Via Sacra, nem a “missinha todos os domingos”. Por isso, apesar de ser a primeira vez que participa na celebração organizada pela Misericórdia, não esconde a satisfação: “gostei de vir aqui, ver esta gente toda. Estou a encontrar tudo muito bonito”. Sobre a sua par-ticipação na segunda estação, prefere “esperar pelo fim” para se pronunciar.

Perfeitamente adaptado ao papel de judeu, o pequeno João Pereira sabe que “só tem de ficar sério e olhar para Cristo”. “Gosto de entrar no espírito daquele tempo e de representar figuras destas”, diz. Aos nove anos, João já tem a experiência de “ter sido apóstolo” e de “estar habituado a muita gente”. “Estou descontraído e se para o ano fizerem, eu volto porque é fixe participar nestas coisas.”

Com o som estridente da matraca a ressoar ao longe e as luzes a diminuírem de intensidade, Alexandre Barrigão, nove anos, tem em mente as indicações recebidas: “só tenho de ficar parado, ao pé dos soldados”. “Estou à vontade porque já estou habituado a muita gente. Como jogo futsal, temos muitas pessoas na bancada e, depois, isto é normal.”

De acordo com o provedor da Misericórdia, a preparação desta tradição pascal começou em outubro, por ser também “um dos pontos altos da celebração dos 500 anos que a Santa Casa está a comemorar”. “Estão mais de 100 irmãos a participar, 30 colaboradores a trabalhar nesta atividade, mais de 80 utentes e familiares a assistir”, acrescentou. VM

Reinventar a procissão a pensar nos jovens

A Santa Casa da Misericórdia do Porto, em conjunto com o Cabido Portucalense, organizou a Procissão das Endoenças na Quarta-Feira Santa. “ECCE HOMO: Palavra à Juventude” foi o mote da procissão deste ano, assim designada para ir ao encontro do apelo do Papa Francisco focado no auxílio às questões da juventude. Através do envolvimento das artes cénicas, teatrais e musicais, a procissão reinventou a Via Sacra. O percurso teve início no Largo de São Domingos e terminou no Terreiro da Sé do Porto.

Lava-Pés mobiliza utentes nos Açores

No âmbito da celebração da Páscoa, a Misericórdia de Ribeira Grande organizou a cerimónia religiosa do Lava-Pés. Com o intuito de assinalar a Semana Santa, os utentes do centro de dia prepararam os detalhes deste rito religioso e da eucaristia evocativa da última ceia. As crianças e os jovens de todas as respostas sociais da instituição reuniram-se para a mesma celebração na igreja matriz, que contou com a encenação da última ceia. A eucaristia foi acompanhada por cânticos, ao som de uma banda musical formada por funcionários desta instituição.

28 Abril 2018www.ump.pt

destaque 3

Quando sobem ao palco, não procuram olhares condescendentes do público. Pelo contrário. “Queremos que deixem de olhar para as deficiências e incapacidades e olhem para as potencialidades, para o que sabem fazer. As semelhanças são muito maiores que as diferenças. Repetimos as vezes que forem necessárias, o grau de exigência é enorme”, defende Sérgio Pinto. O mesmo acontece com o grupo de dança inclusiva e o rancho folcló-rico sedeados no centro. “Isto é uma casa de artistas”, resume em brincadeira.

Os utentes do centro de atividades ocu-pacionais da Misericórdia de Mortágua são protagonistas do segundo caso de superação pela arte. Apelidados de “CAOgirls” e “CAO-boys”, os intérpretes do grupo de expressão artística reúnem-se para ensaiar duas vezes por semana. Já participaram em videoclipes (não oficiais) de músicos como JP Simões e Márcia, que os fazem “voar para além da pele que há em nós”, e vibram sempre que têm oportu-nidade de partilhar vivências em palco. “Eles adoram o reconhecimento e as pessoas ficam surpreendidas porque não imaginavam que fossem capazes”, constata a diretora técnica, Sofia Cunha.

No mesmo distrito, estão em curso os pre-parativos para a estreia do grupo “Dançando com a Diferença - Viseu”. Constituído por

instituições e pessoas da comunidade, o núcleo coordenado pelo coreógrafo Henrique Amoedo é o primeiro a ser criado fora do arquipélago da Madeira, contando com a participação do Centro de Apoio a Deficientes de Santo Estêvão. “Há muito que o Teatro Viriato [sede do projeto] desenvolvia uma relação próxima com esta instituição e por isso era de todo conveniente o convite para integrar o Dançando com a Diferença – Viseu”, justificou o fundador e diretor do grupo.

Em representação do equipamento da União das Misericórdias (UMP), a terapeuta Anabela Teixeira e a utente Isabel Ferreira dan-çam ao lado de pessoas com e sem deficiência, provando que “através da dança somos todos iguais”. Na opinião da técnica-bailarina, os benefícios extravasam o domínio da reabili-tação motora. Por isso, além das melhorias na coordenação, equilíbrio e outras funções motoras, destaca o potencial de “socialização e comunicação” da dança. “Eles comunicam através do corpo. A dança é um instrumento de expressão e diálogo”.

Segundo o coreógrafo Henrique Amoedo, as mudanças, de início quase impercetíveis, acontecem “num âmbito de maior proximida-de”. Mudanças na autoestima dos intérpretes geram transformações “na forma como são vistos pelos pais, amigos, familiares” que,

Andreia e José encontram-se todas as segundas-feiras no ginásio do Centro de Apoio e Reabilitação para Pessoas com Deficiência (CARPD),

em Touguinha. Durante uma hora, desafiam leis da gravidade, limites do corpo e precon-ceitos da mente. A primeira trabalha como ajudante de lar no centro da Misericórdia de Vila do Conde, o segundo é utente da institui-ção há mais de 20 anos. São intérpretes, a solo, do grupo de dança “Arte Viva”, um dos casos de superação e inclusão pela arte que damos a conhecer no mês em que se assinala o Dia Mundial da Dança.

Ninguém imagina que se pode fazer pirue-tas com um simples gesto de cabeça. Mas José Lamas prova o contrário. Impossibilitado de realizar movimentos com os quatro membros, o utente pressiona o manípulo com o queixo enquanto Andreia Alves esvoaça empoleirada na cadeira. “É algo surpreendente”, descreve--nos a colaboradora, também ela com uma deficiência auditiva.

A cadeira que os separa é simultaneamente a cadeira que os une através de amarras e suportes instalados para o efeito. “Adaptámos a cadeira para a colaboradora se apoiar e eles entusiasmaram-se imenso”, conta o diretor do CARPD, recordando a primeira atuação em 2014.

Dança inclusiva Casos de superação e inclusão pela arte que desafiam os limites do corpo e os preconceitos da mente

TEXTO ANA CARGALEIRO DE FREITAS

‘Através da dança somos todos iguais’

Abril 2018www.ump.pt 29

“Henrique Amoedo

Contextos diferentes

no universo da dança

Qual é o potencial da dança em termos de inclu-são das pessoas com deficiência? Inicialmente as modificações acontecem num âmbito de maior proximidade. Percebemos mu-danças na autoestima daqueles que connosco trabalham e consequentemente há transfor-mações na forma como são vistos pelos pais, amigos, familiares. Depois os espetáculos, por causa da visibilidade que geram, fazem com que haja uma transformação na imagem que ante-riormente pudessem ter ligada à deficiência. Passam a ver o produto artístico, as capacidades, temos comprovado isso no nosso trabalho.

Quais lhe parecem ser os principais benefícios da dança ao nível da reabilitação das pessoas com deficiência? A dança, enquanto forma de expressão artística que tem no corpo e movimento os seus alicer-ces, pode e deve fazer parte dos processos de reabilitação. Nunca devemos esquecer que há diferentes contextos no universo da dança, entre eles o educativo, o terapêutico e o artístico. A confusão entre estes contextos não é benéfica nem para os seus praticantes e muito menos para o público, desvirtuando aquilo que para nós é a dança inclusiva. No âmbito da reabili-tação podemos conquistar benefícios físicos, emocionais, sociais, entre outros, mas é sempre importante definir objetivos e prazos para que cada um deles seja atingido.

Foi responsável pela introdução do conceito “dança inclusiva” em Portugal. Podemos sonhar com o dia em que esse termo deixe de fazer sentido, tal como escreveu em 2002? Houve uma grande mudança naquilo que eram os padrões estético-corporais neste universo e tenho a certeza que o nosso trabalho, em Portu-gal e no Brasil, contribui diariamente para que esta seja uma realidade. A dança é uma área muito instável em Portugal, infelizmente. Mas acredito que haverá o dia em que o conceito por nós proposto poderá ficar para os registos históricos. VM

por seu turno, alteram a imagem que os diferentes públicos têm sobre a deficiência (ver entrevista).

As transformações começam, muitas vezes, dentro de portas. Nos corredores, junto dos pró-prios colaboradores, como constata a técnica de educação especial do Centro João Paulo II, outro dos equipamentos da UMP na área da deficiência. Por isso, sempre que possível, a responsável pelo grupo “Rodas Dançantes” envolve a equipa técnica e as ajudantes de lar nos encontros semanais com os utentes. “Con-vidamos sempre mais alguém para enriquecer a experiência. É importante conhecer o outro lado do trabalho com os utentes”.

José Manuel, Maria João, Alda Teresa, Ana Sofia, Soraia e Maria José dão cara e corpo ao projeto criado em 2002. Apenas um tem marcha autónoma, mas como nos diz Lídia Saramago, “não há limites nem coisas inaces-síveis, eles são bailarinos”.

No futuro, o responsável pela introdução do conceito “dança inclusiva” em Portugal, Hen-rique Amoedo, espera que esse termo deixe de fazer sentido. Isso significaria, como escreveu em 2002, que teríamos “cumprido o nosso papel na procura de uma real inclusão destas pessoas”. “Acredito que haverá o dia em que o conceito por nós proposto poderá ficar para os registos históricos” (ver entrevista ao lado).

Benefícios da dança chegam a todos

FísicosOs técnicos das instituições destacam melhorias ao nível da coordenação, equilíbrio, força muscular, entre outros.

MentaisValorização pessoal, promoção da autoestima e estimulo da criatividade são alguns dos benefícios apontados pelos responsáveis dos grupos de dança inclusiva.

SociaisTrabalhar em equipa e apresentar resultados em público favorece igualmente a interação e integração dos utentes na comunidade.

É uma experiência muito positiva e benéfica porque não há limitações. Todos temos as nossas dificuldades, mas através da dança somos todos iguais. Somos todos capazesAnabela Teixeiraterapeuta da fala do Centro de Apoio a Deficientes Santo Estêvão (UMP)

A questão não está tanto naquilo que conseguem, mas no sentimento que colocam no que fazem. Não há limites nem coisas inacessíveis, eles são bailarinosLídia Saramagotécnica de educação especial do Centro de Apoio a Deficientes João Paulo II (UMP)

FRASES

FOTO

CM

OU

RÉM

30 Abril 2018www.ump.pt

quotidiano

Torre de Moncorvo É em Torre de Moncorvo, uma vila sobranceira ao rio Sabor, que calcorreando a rua da Misericórdia se descobre o Museu de Arte Sacra. Um espaço que nasceu em 2013, pelo empenho conjunto da Misericórdia de Torre de Moncorvo e da autarquia local.“Esta parceria permitiu que as pessoas dos concelhos limítrofes e o público em geral tivessem acesso a obras de arte sacra que estavam ‘escondidas’ e que, agora, podem ser vistas, admiradas e estudadas por quem quiser”, refere Rui Santos, que conduz o visitante pelos (en)cantos do museu.Inaugurado pelo então Presidente da República, Cavaco Silva, o Museu de Arte Sacra é gratuito e ultrapassa os mil visitantes

por ano. “Na sua maioria, são pessoas acima dos 40 anos, vindos das Beiras, do Minho e do Grande Porto. Já tivemos visitantes de outros credos que vieram ver por curiosidade e, também, alguns turistas franceses, mas os estrangeiros não se interessam muito pela arte sacra”, revela o guia. No final de cada ano letivo, o museu recebe os alunos de todas as escolas do concelho e a Misericórdia traz, também, os seus utentes. O espaço museológico está instalado no edifício contíguo à igreja da Misericórdia, cuja história revela já ter servido de albergue aos peregrinos de Santiago, de cadeia feminina, de creche e, ainda, de sala de ensaios da banda filarmónica de Moncorvo. Feito o acolhimento

num pequeno átrio, Rui encaminha os visitantes para a Sala da Paixão, onde várias esculturas remetem para os últimos dias da vida de Jesus Cristo. “Estes andores só saem do museu na celebração da Semana Santa”, informa.

Subindo as escadas de cantaria, chega-se à Sala da Paramentaria que reúne objetos litúrgicos, como bolsas de corporais em diferentes tecidos e ornamentadas com bordados, cruzes relicário e até um “altar portátil que servia para levar os utensílios para celebrações externas”.Transpondo a soleira, há nove figuras sagradas que lançam olhares imóveis. S. José merece um apontamento especial por ser o padroeiro do município moncorvense e, também, um quadro a óleo do século XVII que retrata a Virgem a ler e cuja autoria se desconhece. “Trata-se de cópia de uma das figuras do retábulo de Ghent que é uma das principais obras de arte sacra do Mundo.

O curioso é que quem o pintou ou esteve lá ou tinha um conhecimento muito alargado da arte”, explica. Depois de descer alguns degraus, vigiados por dois anjos e duas colunas salomónicas do extinto convento de S. Francisco, eis que se chega ao final da visita. A Sala da Eucaristia é quase como o culminar de uma peregrinação. É ali que, bem ao centro, se pode contemplar o cálice-custódia, uma peça única que remonta ao século XVII, banhada a ouro e prata e cuja forma representa a torre da igreja matriz de Moncorvo. “É um dos ex-líbris do museu, sendo composto por duas peças - o cálice onde é colocado o vinho, que representa o sangue de Cristo, e, em cima, a custódia onde é depositado o corpo de Cristo”, descreve o guia turístico. Em tempos idos, o cálice-custódia era utilizado pelo pároco nas celebrações pascais e apenas as pessoas de classe social mais elevada tinham o privilégio de poder comungar dele.A visita não poderia terminar sem uma incursão à igreja da Misericórdia, que foi a primeira da vila. No seu interior, exibe-se um retábulo em talha dourada e encontra-se um solitário e imponente púlpito, um dos mais belos exemplares da Renascença Portuguesa. “Foi talhado numa peça granítica única e encontrava-se no exterior da igreja. Só existe outro púlpito com estas características na capela de Santa Cruz em Coimbra”, explica. À saída, a fachada renascentista também não passa despercebida: no topo, há um nicho onde se vislumbra a imagem de Nossa Senhora do Amparo, mas são “os medalhões de São Paulo e de São Pedro que saltam logo ao olhar”.

TEXTO PATRÍCIA POSSE

PATRIMÓNIO CULTURAL

Um relicário do património de Moncorvo

Inaugurado pelo então

Presidente da República,

Cavaco Silva, o Museu de Arte Sacra é gratuito e

ultrapassa os mil visitantes

por ano

Comunidade No final de cada ano letivo, o museu recebe os alunos das escolas do concelho e a Misericórdia traz, também, os seus utentes.

Mais de 100 obras de arte

Constituído por peças de escultura, pintura, paramentaria, ourivesaria e livros, o acervo da exposição permanente “Arte e Fé em Torre de Moncorvo” é constituído por mais de 100 obras datadas entre os séculos XVI a XX e provenientes da igreja matriz e da Misericórdia.

Encomenda a artesãosAlém dos paramentos, missais e castiçais litúrgicos, a Sala da Eucaristia exibe ainda um frontal de altar, onde a seda se mistura com fios de ouro. “No século XVII, esta peça foi encomendada por uns brasileiros a artesãos moncorvenses, mas nunca chegou a ser paga e acabou por ser doada”, conta Rui Santos.

Abril 2018www.ump.pt 31

Distrito de Bragança | Património por MisericórdiaPatrimónio Imóvel Património Móvel Património

ArquivísticoPatrimónio Imaterial Museu/Núcleo

Museológico

Alfândega da Fé

Algoso

Bragança

Carrazeda de Ansiães

Freixo de Espada à Cinta

Macedo de cavaleiros

Miranda do Douro

Mirandela

Mogadouro

Santulhão

Torre de Moncorvo

Vila Flor

Vimioso

Vinhais

Totais

11Misericórdias com património cultural imóvel

12Misericórdias com património cultural móvel

12Misericórdias com património arquivístico

13Misericórdias com património imaterial

10Misericórdias com galerias de retratos

4Misericórdias com museu ou núcleo museológico

Bragança A Misericórdia de Bragança tem um museu - Museu Etnográfico Dr. Belarmino Afonso – onde se expõem objetos que refletem os usos e costumes da região de Trás-Os-Montes.

Vila Flor O Centro Interpretativo de Memórias da Santa Casa da Misericórdia de Vila Flor, visitável mediante solicitação, inclui arte sacra e uma ambulância antiga.

Mirandela A Misericórdia de Mirandela possui um espaço museológico no edifício da igreja, aberto no horário de expediente e com entrada livre.

Torre de Moncorvo Em parceria com a Câmara Municipal, a Misericórdia de Torre de Moncorvo dispõe de um museu onde expõe sobretudo arte sacra (ver página ao lado).

*Dados sujeitos à atualização

32 Abril 201832 Abril 2018

ÚLTIMA

local fizeram às normas lavradas no documento enviado pela instituição-mãe. “A Misericórdia de Ponte de Lima reformulou alguns capítulos e, em 1628, fez normas próprias, estando de acordo com o Compromisso de Lisboa, evidentemente”, explicou a historiadora.

A esta história com muito para contar somam-se algumas ‘pérolas’ únicas, dos lega-dos do Brasil e da Índia, mas não só. “Temos alguma documentação única no país, como é o caso do livro de Cartas da Índia, que é o único até hoje conhecido. Do século XVI ao século XVIII, existem cerca de trezentos livros de receita e despesa. Existem também todas as Atas, Livros de Presos, Livros de Esmolas, base documental fundamental para estudar os dotes de casamento, que não era uma obra da misericórdia, mas que era quase a 15ª obra”, esclarece ainda a investigadora.

“Tomamos cada vez mais consciência do valor documental que as Santas Casas têm. Ao pegarmos nos livros, ao vermos esta ou aquela forma de escrita, ficamos entusiasmados e isso leva-nos a continuar e a preservar muito o nosso património, que é o que faz muita falta”,

observou o vice-provedor da Misericórdia de Ponte de Lima, João Maria Carvalho.

Nesta exposição de memória escrita, a mú-sica não podia ficar fora dos expositores. João Maria Carvalho interveio na construção desta síntese dos quase 500 anos da Misericórdia de Ponte de Lima resgatando do acervo os registos de músicas, músicos, compositores e organistas que contribuíram para a história da instituição.

“Tive um prazer muito grande em pegar novamente em documentos que já me tinham passado pela mão. A música é realmente um fator importante nas Misericórdias, tiveram sempre um mestre-de-capela, um organista, gente que compôs e nós temos todo esse espólio inventariado”, revela o vice-provedor.

A par da professora Marta Lobo, o vice--provedor garantiu que “o mais representativo em termos de cronologia, desde 1530 até aos dias de hoje” ficou patente nesta revisitação ao passado e lança o desafio para as gerações futuras. “Não houve hiatos e sempre se foi re-gistando aquilo que se ia fazendo. Vamos ver se, na modernidade, com tantos computadores e tecnologia, isso vai continuar a acontecer”. VM

A Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima organizou uma exposição que conta a sua história através do património documental

TEXTO JOÃO MARTINHO

Ponte de Lima No momento em que se assi-nala o Ano Europeu do Património Cultural e o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios (18 de Abril), a Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima não quis ficar de fora deste diálogo intercultural que a iniciativa promove e mostrou também algumas “joias da coroa” do seu amplo património documental.

A exposição “SCMPLima – 5 Séculos de Me-mória Escrita”, que esteve patente ao público de 19 a 28 de abril na igreja da Misericórdia de Ponte de Lima, mostrou algum do património “único”, selecionado por entre um acervo documental vasto e sem hiatos temporais, que permitem traçar uma cronologia rigorosa dos quase cinco séculos de atividade desta Santa Casa.

Alípio Matos, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, abriu a sessão de inauguração, que contou com a presença de Francisco Araújo, presidente do Conselho Na-cional da União das Misericórdias Portuguesas, entre outros representantes de entidades locais.

“O objetivo é dar a conhecer o nosso patri-mónio, que é de elevado valor, de forma a que este conhecimento passe de geração em geração, porque preservando-o estamos a defender a nossa identidade e o nosso futuro”, realçou.

“É uma mostra que patenteia os 500 anos de memória escrita da Misericórdia de Ponte de Lima. São quase cinco séculos e tem um acervo documental de fazer inveja a muitas outras Santas Casas”, notou Marta Lobo, professora da Universidade do Minho e organizadora desta exposição.

Autora de várias obras dedicadas ao estudo deste arquivo que conta com mais de 4000 processos documentais, Marta Lobo indicou a existência do Compromisso de 1516 da Mi-sericórdia de Lisboa, enviado por D. João III à Santa Casa de Ponte de Lima em 1530 (ano de fundação da instituição), mas também de alguns ajustes que os corpos gerentes da Misericórdia

Cinco séculos contadosatravés de documentos

História Documentos permitem traçar uma cronologia rigorosa dos quase cinco séculos desta Santa Casa

Órgão noticioso das Misericórdias em Portugal e no mundo

PROPRIEDADE: União das Misericórdias PortuguesasCONTRIBUINTE: 501 295 097 REDAÇÃO/EDITOR E ADMINISTRAÇÃO: Rua de Entrecampos, 9, 1000-151 Lisboa

TELS.: 218 110 540 / 218 103 016 FAX: 218 110 545 E-MAIL: [email protected]

FUNDADOR:Dr. Manuel Ferreira da Silva

DIRETOR: Paulo Moreira

EDITOR: Bethania Pagin

DESIGN E COMPOSIÇÃO: Mário Henriques

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VOZ DAS MISERICÓRDIAS COLABORADORES: Ana Cargaleiro de FreitasAna MachadoIsabel Nogueira MarquesJoão MartinhoPatrícia LeitãoPatrícia PossePaula BritoSara Pires AlvesVera CamposVitalino José Santos

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SR Lisboa Jornadas para reflexão sobre cidadania

O Secretariado Regional de Lisboa organiza, no próximo dia 5 de maio, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, umas jornadas de reflexão subordinadas à temática ‘Partilhar o Manto protetor das Misericórdias’. Debater o papel das Misericórdias na construção da cidadania é um dos objetivos destas jornadas. No mesmo dia, pelas 17 horas, é inaugurada a exposição ‘Descobrir o Manto protetor das Misericórdias’. A decorrer no MU.SA Sintra, a exposição vai estar patente ao público até dia 13 de maio.

Viseu Estimulação cognitiva no museu

O Museu da Misericórdia de Viseu (MMV) e o Museu Nacional Grão Vasco (MNGC) vão assinar, a 5 de maio, um protocolo de colaboração com o Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC) que visa a implementação do programa EU no musEU. No mesmo dia vai ter lugar, no MMV, a inauguração da exposição ‘Desenhar o Tempo – o Teste do Relógio’ (2ªedição), no âmbito do programa EU no musEU, que tem como objetivo a estimulação cognitiva e social de pessoas com demência e os seus cuidadores.