W) íp/&m. ANONM2 11 1989 SETEMBRO - cpvsp.org.br · Vm jovem abastado é prisioneiro de ... a alma...

3
/^ ^W) íp/&m. ANO 11 NM2 SETEMBRO 1989 Cfc.«í il: füM ....:M fl9FEt1990 MTM DIDOnMeNUfA» "O caminho da Igreja com os oprimidos" III Assembléia do Con- jselho Episcopal Lati- Inoamericano (CE- LAM), realizada em Mcdellin (1%8). firmou três grandes opções da Igreja: pelos pobres, por sua libertação inte- gral a pelas comunidades eclesiais de base. O decisivo dessas opções c que implicam uma leitura e uma prática po- lítico-pastoral a partir das classes subal- ternas. ( ..)... trata-se de uma perspec- tiva de baixo para cima, valorizando o que c do povo, especialmente seu po- tencial transformador. (...) Mcdellin soube articular a Igreja aos vários movi- mentos populares, à maturação da consciência política e à efervescência libertária que vinha caracterizando o Continente desde os anos 50. A assunção destas opções marcou o caminhar da Igreja latinoamericana até a presente data. Obrigou-a a dar novos passos, trouxe-lhe impasses e conquis- tou a boa fama que, inegavelmente, desfruta junto às Igrejas do mundo. Ve- jamos, rapidamente, como a Igreja via- bilizou estas três opções. 1. Opção pelos pobres Os pobres compõem as grandes maiorias do nosso continente. (...)... vivem em condições de grave pobreza (...)... a temática dos direitos humanos constituiu o cerne do anúncio pastoral da Igreja. que recuperar o verda- deiro sentido do tema: trata-se funda- mentalmente dos direitos dos pobres e da denúncia da violência contra os humildes. Neste campo a Igreja soube emprestar seu peso social c sua credibi- lidade àqueles que são sempre silencia- dos; quando toda crítica era sufocada, ela teve a coragem de erguer-se contra o Estado autoritário e gritar-lhe: Não te é permitido! Não oprimas teu irmão! Evidentemente, teve que pagar uma ta- xa em termos de difamação, persegui- ção e repressão. (...) A repressão, não raro, matava invocando o nome de Deus. Os reprimidos sofriam ou mor- riam em nome de Deus. De que Deus se trata? Certamente o Deus do status quo que a morte não é o Deus de Jesus Cristo que a vida. 2. Opção pela libertação integral Esta opção obrigou a Igreja a uma crítica mais pertinente às causas gera- doras do empobrecimento generaliza- do. A principal reside no sistema capi- talista dependente, associado e exclu- dente que na AL se implantou de forma selvagem. A Igreja superou a postura meramente desenvolvimentista e pro- gressista, carregada de euforia mas que, na verdade, apenas beneficiava as classes privilegiadas. (...) A palavra li- bertação está prenhe de contestação ética e política: denuncia a opressão vi- gente e urge um processo de quebra dos grilhões. Quando se fala de libertação, impor- ta ter sempre claro de que libertação se trata. Em primeiro plano, se trata da libertação social dos oprimidos. Isto implica a superação de uma sociedade do sistema capitalista, principal produ- tor de opressão, na direção de uma so- ciedade mais participada, com estrutu- ras que gostem mais justiça para todos. Em segundo plano, faz-se mister dizer que a libertação social nunca é mera- mente social. Ela se constitui em fenô- meno humano, carregado de significa- ção, de dignidade c de grandeza huma- nística. Sempre é grande comprome- ter-se na luta pela produção de mais humanidade, fraternidade e participa- ção no sentido do que o maior número possível de pessoas sejam sujeitos de seu próprio destino e participem na criação de um destino coletivo. Em ter- ceiro lugar, ã luz da fé, este processo histórico-social se ordena à salvação (ou perdição), é antecipadore concreti- zados de dimensões daquilo que na uto- pia de Jesus Cristo se chamava Reino de Deus. (...) 3. Opção pelas comunidades eclesiais de base A comunidade é o espaço no qual os pobres se reúnem, meditam a Pala- vra, ajuizam a vida e se ajudam mutua- mente e se articulam com os demais movimentos populares. O fato mais im- portante da ecleseologia dos últimos sé- culos é o surgimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). O povo, séculos silenciados na sociedade e na Igreja, toma a'palavra. É um ato de poder. (...) Essas três opções básicas trouxeram impasses à Igreja. Ela tomou consciên- cia de que seu corpo cclcsial é também atravessado pelos conflitos que dilace- ram a sociedade. (...) A troca de lugar social implicou para a Igreja em um verdadeiro processo de conversão. Começa agora a se abrir o caminho para um novo tipo de encarnação do Evangelho dentro de um continente ainda virgem: o continente dos pobres. Daí poderá nascer uma nova forma de organização da Igreja, mais popular, mais participada, mais ligada às causas da justiça e da dignidade da vida. (Extraído do Livro: "O Caminhar da Igreja com Os Oprimidos" do Frei Leo- nardo Boff)

Transcript of W) íp/&m. ANONM2 11 1989 SETEMBRO - cpvsp.org.br · Vm jovem abastado é prisioneiro de ... a alma...

/^ ^W)

íp/&m. ANO 11 NM2 SETEMBRO 1989

Cfc.«í il: füM ....:M

fl9FEt1990

MTM DIDOnMeNUfA»

"O caminho da Igreja com os oprimidos"

III Assembléia do Con- jselho Episcopal Lati- Inoamericano (CE-

LAM), realizada em Mcdellin (1%8). firmou três grandes opções da Igreja: pelos pobres, por sua libertação inte- gral a pelas comunidades eclesiais de base. O decisivo dessas opções c que implicam uma leitura e uma prática po- lítico-pastoral a partir das classes subal- ternas. (♦..)... trata-se de uma perspec- tiva de baixo para cima, valorizando o que c do povo, especialmente seu po- tencial transformador. (...) Mcdellin soube articular a Igreja aos vários movi- mentos populares, à maturação da consciência política e à efervescência libertária que vinha caracterizando o Continente desde os anos 50.

A assunção destas opções marcou o caminhar da Igreja latinoamericana até a presente data. Obrigou-a a dar novos passos, trouxe-lhe impasses e conquis- tou a boa fama que, inegavelmente, desfruta junto às Igrejas do mundo. Ve- jamos, rapidamente, como a Igreja via- bilizou estas três opções.

1. Opção pelos pobres

Os pobres compõem as grandes maiorias do nosso continente. (...)... vivem em condições de grave pobreza (...)... a temática dos direitos humanos constituiu o cerne do anúncio pastoral da Igreja. Há que recuperar o verda- deiro sentido do tema: trata-se funda- mentalmente dos direitos dos pobres e da denúncia da violência contra os humildes. Neste campo a Igreja soube emprestar seu peso social c sua credibi- lidade àqueles que são sempre silencia- dos; quando toda crítica era sufocada, ela teve a coragem de erguer-se contra o Estado autoritário e gritar-lhe: Não te é permitido! Não oprimas teu irmão! Evidentemente, teve que pagar uma ta- xa em termos de difamação, persegui- ção e repressão. (...) A repressão, não

raro, matava invocando o nome de Deus. Os reprimidos sofriam ou mor- riam em nome de Deus. De que Deus se trata? Certamente o Deus do status quo que dá a morte não é o Deus de Jesus Cristo que dá a vida.

2. Opção pela libertação integral

Esta opção obrigou a Igreja a uma crítica mais pertinente às causas gera- doras do empobrecimento generaliza- do. A principal reside no sistema capi- talista dependente, associado e exclu- dente que na AL se implantou de forma selvagem. A Igreja superou a postura meramente desenvolvimentista e pro- gressista, carregada de euforia mas que, na verdade, apenas beneficiava as classes privilegiadas. (...) A palavra li- bertação está prenhe de contestação ética e política: denuncia a opressão vi- gente e urge um processo de quebra dos grilhões.

Quando se fala de libertação, impor- ta ter sempre claro de que libertação se trata. Em primeiro plano, se trata da libertação social dos oprimidos. Isto

implica a superação de uma sociedade do sistema capitalista, principal produ- tor de opressão, na direção de uma so- ciedade mais participada, com estrutu- ras que gostem mais justiça para todos. Em segundo plano, faz-se mister dizer que a libertação social nunca é mera- mente social. Ela se constitui em fenô- meno humano, carregado de significa- ção, de dignidade c de grandeza huma- nística. Sempre é grande comprome- ter-se na luta pela produção de mais humanidade, fraternidade e participa- ção no sentido do que o maior número possível de pessoas sejam sujeitos de seu próprio destino e participem na criação de um destino coletivo. Em ter- ceiro lugar, ã luz da fé, este processo histórico-social se ordena à salvação (ou perdição), é antecipadore concreti- zados de dimensões daquilo que na uto- pia de Jesus Cristo se chamava Reino de Deus. (...)

3. Opção pelas comunidades eclesiais de base

A comunidade é o espaço no qual

os pobres se reúnem, meditam a Pala- vra, ajuizam a vida e se ajudam mutua- mente e se articulam com os demais movimentos populares. O fato mais im- portante da ecleseologia dos últimos sé- culos é o surgimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). O povo, há séculos silenciados na sociedade e na Igreja, toma a'palavra. É um ato de poder. (...)

Essas três opções básicas trouxeram impasses à Igreja. Ela tomou consciên- cia de que seu corpo cclcsial é também atravessado pelos conflitos que dilace- ram a sociedade. (...) A troca de lugar social implicou para a Igreja em um verdadeiro processo de conversão.

Começa agora a se abrir o caminho para um novo tipo de encarnação do Evangelho dentro de um continente ainda virgem: o continente dos pobres. Daí poderá nascer uma nova forma de organização da Igreja, mais popular, mais participada, mais ligada às causas da justiça e da dignidade da vida. (Extraído do Livro: "O Caminhar da Igreja com Os Oprimidos" do Frei Leo- nardo Boff)

Encontros do Preparação

RELEMBRANDO - ,1.. rEBs aconteceu

em \l)S5- ^ Sd01f T/Jànco com re\a-

po. Foi um g."^enc

d^tn

r já que Ju-

..clilareia viva que -Somos pessoas ^^ 'S E^s. Comu-

c>u>cnou So-os as CEB^ ^

mdades Ec\es ais „,,,. CEBs no Brasil nao'dunlãotlo

^ Bento * S»»»l

Wuiumes

O 3.' Encontrão será no próximo dia 22 de Outubro, das 9 às 17 horas, na Garagem Municipal de Santo André: AS CEBs COMUNICAM O REINO DE DEUS NA AMÉRICA LATINA", este será o grande tema do Encontro que está em fase de preparação nas comunidades.

E preciso que todos ofereçam sua con- tribuição.

O Povo latinoamericano está tentando se unir e as CEBs, em cada país, têm colaborado para esta união. E através da união das pessoas que Jesus realiza o milagre da partilha. Ouçamos com atenção o Evangelho de Jesus Cristo nar- rado por João no cap. 6,1-13!

Para Conversar; Debater; Refletir Como as CEBs podem realizar a sua

MISSÃO, colaborando para que Jesus realize este milagre hoje?

Como as CEBs podem cumprir o man- dato de Jesus Cristo: "Ide por todo o mundo, pregai o Evagelho a todos os povos"...

Qual será a MISSÃO das CEBs quan- do as necessidades básicas como: água. luz. asfalto, etc, já estão atendidas'.'

CARTA ABERTA

QUERIDA MARISA Você quer lenlar algo diferente. Não é fácil. Eu diria mesmo que, ao contrário, é muito difícil. Vm jovem abastado é prisioneiro de seus condicionamentos de classe. Por mais que ele considere ridículo o amiga que vende a alma para possuir um carro esporte, ele próprio ja não consegue admitir que, um dia, terá que andar de ônibus ou morar na periferia. Sua classe já se encagarrou de ensiná-lo a separara "joio"do "trigo". Para ele, o simples fato de alguém morar em Ipanema - mesmo dependurado no armário de um apertamenlo de quarto e privada - significará mais do que residir em Ramos. Quem vive na Zonal Sul carioca, assiste aos shows do Canecáo, estuda na PUC, vai à praia na Vieira Souto, compra roupas em houtique e possui carro próprio - tende a ser como um saco de plástico transparente que toma a forma e a cór do líquido que recebe.

E muito alto o pre(;o que devemos pagar por um mínimo de coerência na vida. Veja você: tenho casais amigos que concordam com as minhas idéias, mas se sentem demasiadamente atolados nas contingências do Sistema para efetuarem uma reviravolta em suas vidas. No entanto, afirmam uníssono: "Queremos que os nossos filhos se salvem". Ah, como seria bom se o mundo se fizesse de boas intenções.'... O próprio Deus, ao criá-lo, trabalhou dias seguidos. Esses mesmos casais querem, paradoxalmente, livrar seus filhos do Sistema, sem, porém, deixar de educá-los de acordo com o modelo vigente. Matriculam as crianças na escolinha da moda, no colégio de "gente-bem", na academia de judô, no bale de fim de tarde, no clube sofisticado - onde elas passam a conviver com filhos de milionários, com manias burguesas e ansiedades que, na falta de dinheiro, podem gerar profundas frustrações mais tarde. Desde cedo, as crianças respiram o status de classe dominante e aprendem a achar natural a divisão da sociedade em ricos e pobres. 0 que esses pais fazem com as mãos no bolso, tentam inutilmente desfazer com as mãos na cabeça ao perceberem quão aplicados aprendizes de opressores sáo seus filhos. \ felicidade do burguês tem o exato limite de sua ignorância. Filho pródigo do Sistema, a vida dele tem o valor proporcional aos bens que possui: ele não e, ele tem.

Se perde os bens, fica a zero. Cai em depressão e desespero, consciente de sua

própria inconsistência individual. A burguesia vive em ritmo de ansiedade.

Quer sempre mais, nunca está satisfeita. Dai não suportar a partir de certo ponto: afoga-se no álcool, trafega pelo tóxico, interna-se na psicanálise ou busca outras formas de escape mais adequadas à sua consciência, como trabalhar em obras sociais, ajudar nas campanhas petos pobres, promover chás beneficentes. O que a burguesia gera com a cabeça - a exploração das classes populares -, ela procura aliviar com o coração. Nada mais cínico do que um burguês caridoso. E nada mais falso do que um burguês progressista.

A burguesia caridosa envia um cheque as vitimas das enchentes e esculhamba com a empregada que reivindica mil cruzeiros a mais no salário; não perde missa aos domingos e condena a greve dos trabalhadores por melhores condições de vida: comparece ao chá em benefício das crianças pobres e chama a polícia para prender o menor abandonado; presta culto a Deus e pisa na dignidade de seus empregados; banca a bem educada e alimenta um indisfarçável precoceito racial; considera imoral o roubo e especula dinheiro ilegalmente para obter maiores rendas.

Já a burguesia progressista ê bem mais curiosa. Fala em liberdades democráticas, mas prefere os sindicatos fechados; defende a convocação da Assembléia Constituinte e teme um Governo Popular; inscreve-se no partido da oposição e cala-se quando o seu governador manda a polícia atirar e bater em trabalhadores; apoia idéias avançadas, mas não move um dedojjara colocá-las em prática; arvora-se em representante das aspirações populares, mas não suporta o "cheiro do povo"; é contra a tortura a presos políticos e a favor da pena de morte para os que roubam impelidos pela miséria; detesta a censura, mas prefere o movimento popular distante dos meios de comunicação de massa.

Assim, querida amiga, de contradição em contradição, a burguesia prossegue ciosa de seus privilégios de classe. Eaço votos que você se salve.

Frei lietto

O Espalha Fatos é o jornal oficial do Centro de Pastoral da Comunicação - PACOM - situado i rua

Iugoslávia, 384, Parque das Nações, CFP 09280, Santo André, SP, fone: (011) 41S 5282

IMPRESSO

EXPEDIENTE Diretoria: Presidente - José Lourenço Pechtoll, Vice-Pre- sidente - José Sebastião Zago, Primeiro Secre- tário - Antônio Aparecido Silva Pinto, Segunda Secretária - Geralda Silva Vieira, Primeiro Te- soureiro - Aleto José de Souza, Segundo Te- soureiro - Luís Fratucci Zagato. Colaboradores: Márcia Aparecida Fontana Rodrigues, Ramon Álvaro Velasques, padre Ângelo, Ademar Carlos de Oliveira, leda Maria Roberto, frei Darci Rettore, Isaías Gomes de Lima Jornalistas Responsáveis: Pechtoll (RPMtb 18450) Diagramação: Valter Lopes

José Lourenço

Fotocomposiçáo e Past-Up Te!.: 571-8868

dos

Encontros

ENCONTROS INTERECLESIAIS DE CEBs

Q Encontro Intereclesial de CEBs

O 7'.' encontro Intereclesial das Comunidades de Base realizou-se, neste ano, na cidade de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, de 10 a 14 de julho. Mais de 2000 pessoas vindas de comu- nidades cristãs espalhadas por todo este Brasil, América Latina e Europa tiveram a oportuni- dade de conviver fraterna e solidariamente - ajudando-se mutuamente - partilhando e cele- brando uma caminhada comum que já vem de longe.

Na condição de delegados, convidados, agen- tes e assessores, o Encontro contou com repre- sentações de 19 países da América Latina, ir- mãos e irmãs da América do Norte e Europa, que apoiam a Caminhada. Participaram do En- contro mais de 120 irmãos e irmãs de 12 Igrejas Evangélicas, da Igreja Anglicana e da Igreja Ortodoxa, inclusive 43 pastoras e pastores e 5 bispos. Da Igreja Católica em nosso país, vie- ram representantes de 225 das 252dioceses, com 85 de seus bispos, muitos padres, religiosas, lei- gos e leigas (agentes), além de 4 bispos do exte- rior. Um fato importante e auspicioso foi a pre- sença de 30 representantes de povos indígenas. Além de tudo isso, também estiveram presentes representantes das comunidades cristãs de Rwanda e de Moçambique, na África, e das comunidades cristãs das Filipinas, da Ásia.

POVO DE DEUS NA AMÉRICA LATINA A

CAMINHO DA LIBERTAÇÃO

Este foi o grande tema debatido e aprofun- dado durante o 7? Encontro Intereclesial de CEBs. O grande tema foi sub-dividido em 3 sub-temas. No primeiro dia os 107 grupos de 10 a 15 pessoas (operários, bispos, camponeses, padres, religiosas, índios) abordaram - livre.

Pedro, Frei Beto, O. Paulo e outros participantes do 7°. Encontro.

igual e fraternalmente a situação da América Latina: estudo e análise da realidade latino-a- mericana; No segundo dia, o enfrentamento da situação: fé e política; No terceiro dia. a eclesia- lidade das CEBs: Comunidade Eclesial como sinal do Reino de Deus.

1°. Dia

AMERICA LATINA

Acorda América! Chegou a hora de levantar!

O sangue dos mártires fêz a semente se espa- lhar!

1? ENCONTRO

ZENCONTRO

3! ENCONTRO

4? ENCONTRO

5! ENCONTRO

KENCONTRO

T: ENCONTRO

CIDADE

Vitória (ES)

Vitória (ES)

Joâó Pessoa (PB)

Itaici (SP)

Canindè (CE)

Trindade (GO)

Duque de Caixas na Baixada Fluminense

ANO

CEBs, uma Igreja que nasce do povo pelo Espirito de Deus

igreja, povo que caminha

Igreja, povo que liberta

Igreja, povo oprimido que se organiza para a libertação

CEBs, povo unido, semente de uma nova sociedade

CEBs, povo de Deus em busca da terra prometida

Povo de Deus na América Latina a caminho da libertação

PARTICIPANTES

70 pessoas 11 dioceses

7 Estados

100 pessoas

150 pessoas 47 dioceses

300 pessoas 71 dioceses 18 Estados

500 pessoas

i .647 pessoas 19 evangélicos 6 Igrejas

2,000 pessoas 100 evangélicos

18 países latino- americanos

30 povos indígenas

DESTAQUES E DISCUSSÕES

Comunidades de fé e vida Liberíaçáo do povo Serviço do Reino de Deus Predominância de líderes comunitários Troca de experiências; bispos, padres, religiosos e leigo! Opção pela evangelização libertadora Relação fé e vida Responsabilidade política A igreja nas comunidades

Raízes do cativeiro do povo Bíblia, luz para solução dos problemas

Sofrimento do povo brasileiro - Suas vitórias, sua resistência e organização A caminhada da libertação e o projeto de Deus na Bíblia Povo tomou direção do Encontro Fermento evangélico na organização popular e transformação da sociedade

Experiência de vida e luta do povo Porque as CEBs querem uma sociedade nova Saídas concretas: a terra, desemprego, projetos do governo, seca e fome no nordeste Destaque para as celebrações Angústias e esperançasreforma agrária e constituinte O jeito novo de toda a Igreja ser Luta pela nova sociedade Terra de Deus, terra de irmãos

Situação da América Latina Fé e libertação, enfrentamento da situação Comunidade eclesial, sinal do Reino de Deus

Os trabalhos de grupo do primeiro dia deram- se a partir de uma pergunta: "'OLIAIS AS MARCAS COMUNS DO SOFR1MEN IO DO POVO LATINO-AMERICANO.'" instalou- se o debate no interior dos 107 grupos. As res- postas foram surgindo e se juntando como cór- regos que descem o morro. Aos poucos, foi aparecendo o rosto sofrido do povo latino-ame- ricano, mergulhando num rio de sofrimento: rosto de índio massacrado, rosto de negro mar- ginalizado, rosto de mulher discriminada, rosto de operário explorado por baixos salários, rosto de menor abandonado, rosto de povo espoliado de mil maneiras, no campo e na cidade.

Trata-se do "homem de dores" e da "mulher de dores", o mesmo Servo de Deus anunciado por Isaías c assumido por Jesus: "Era despre- zado e abandonado pelos homens, um homem sujeiro à dor, familiarizado com a doença, como uma pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado, não fazíamos caso dele (...) mas ele foi trespassado por causa das nossas trans- gressões, esmagado em virtude das nossas ini- quidades" (Is 53,3-5). "O sofrimento do Servo é tão grande que parece não ter cura" (Jr. 15, 18)

E até hoje continua o massacre, a destruição das culturas, sobretudo do índio e do negro, O Capitalismo, sistema de morte, marginaliza o povo, impede a reforma agrária e consegue organizar o mundo de tal maneira que. através da Dívida E(x)terna e da submissão de nossos governos, continua enriquecendo uma minoria à custa do sangue dos pobres, sacrifi- cando-os ao deus dinheiro.

Assim mesmo, apesar de constatar-se tanta opressão, crise e morte, conseguiu-se terminar o primeiro dia com uma grande celebração da esperança, nascida do sangue dos mártires "pe- los caminhos da América". Cantou-se a utopia da Pátria Grande! A fé reanimou nossa espe- rança e, como Profetas. "Continuamos nossa caminhada rumo a uma pátria melhor".

2° Dia

ENFRENTANDO A SITUAÇÃO: Fé e Li- bertação

"Nossa alegria, é saber que um dia lodo esse povo se libertará pois Jesus Cristo é o Senhor do mundo, nossa esperança realizará".

No segundo dia a pergunta inicial foi: "OUAIS^AS MOTIVAÇÕES DE FÉ QUE TEMOS PARA LUTAR PELA TRANSFOR- MAÇÁO DA SOCIEDADE?" Na medida que as respostas iam aparecendo, foi brotando tam- bém a convicção comum de todos: em nome de nossa fé em Jesus ressucitado. lemos de lutar pela transformação da atual sociedade latino-a- mericana, e um dos instrumentos mais impor- tantes para essa transformação é a AÇÃO PO- LÍTICA.

A partir daquela constatação, o Encontro en- tendeu que os movimentos populares, as organi- zações sindicais, os centros de direitos humanos, os partidos políticos que defendem a causa do povo. e outras formas de luta oferecem oportu- nidades valiosas para o testemunho da fé liber- tadora dos cristãos.

Enfatizou ainda, que as comunidades devem reconhecer que as organizações políticas têm a sua autonomia. A Igreja não deve querer con- trolá-las. No Encontro, porém, foi ficando claro que é preciso dar mais atenção á formação polí- tica dos cristãos: informar sobre as diversas orientações políticas que existem na sociedade, assim como. sobre as diversas tendências ideo- lógicas. Aqui está uma tarefa importante para os próximos anos!

O PROJETO POLÍTICO

Busca-se e luta-se em muitos lugares, no inte-

rior das comunidades, por uma sociedade eco- nômica e socialmente participativa e democrá- tica. O projeto político para esta sociedade ain- da não está totalmente claro c precisa ser deba- tido e aprofundado. Sabe-se - por outro lado - que a nova sociedade não cairá do céu. Ela será fruto da luta do povo. A prática das comu- nidades ajuda muito a amadurecer e realizar este projeto. A palavra de Deus é fonte de moti- vação para a ação política. Ajuda a atravessar o deserto da esperança quando a libertação tar- da a chegar. Ajuda a entender e a superar os conflitos internos da Igreja com aqueles que rejeitam a ação política do f ovo de Deus.

O encerramento do 2" dia do Encontro se deu com uma grandiosa celebração na praça central de Duque de Caxias. Mais de 10.000 pessoas estiveram presentes.

Era a celebração também para comemorar o 8'.' aniversário da Diocese dirigida pelo Pastor e Profeta Dom Mauro Morelli. E para coroar e consagrar o espírito de solidariedade e ecume- nismo reinantes em todo encontro, a celebração terminou com uma benção emocionante dada pela pastora Rosângela da Igreja Metodista.

3°. Dia

COMUNIDADE ECLESIAL: Sinal do Rei- no de Deus "Igreja é povo que se organiza, gente oprimida buscando a libertação em Jesus Cristo a Ressurreição".

Neste 3'.' dia de trabalho, a questão proposta aos grupos foi: "Na palavra de Deus, o que mais toca e ilumina a vida das comunidades e as lutas do povo? Aqui apareceu toda a riqueza que a Palavra de Deus cria e recria, sem cessar, na vida e na prática das comunidades. A verda- de é tão grande que, segundo um dos poetas presentes, "o próprio Jesus bate palmas!"

As comunidades imitam de perto a comuni- ilade dos primeiros cristãos... animam as pes- soas a se organizarem para prestar ao povo o serviço da libertação que Jesus prestava aos po- bres do seu tempo... criam um espaço onde o povo se sente gente, e toma a palavra, recu- pera a memória, refaz a história e experimenta algo da liberdade, para a qual Cristo nos liber- tou (Gl 5,1; Cor 3,17).

Dentro deste e com este espírito, os partici- pantes discutiram o ecumenismo, os seiviços e ministérios, a questão urbana, os desafios da cidade grande e ainda, as discriminações em relação à mulher, ao negro, ao índio, ao leigo...

Grande Final Ao final do grande 7'.' Intereclesial do CEBs

algumas questões e desafios permaneceram: Questões - Qual é o modelo da nova sociedade? - A Dívida Externa: como criar um vasto mo-

vimento popular para que não se pague esta dívida?

- Como Tratar os conflitos dentro da Igreja? Desafios - Consciência de participação na luta parti-

dária; - Formação Política dos leigos; - O Ecumenismo e os Ministérios.

8'.' Intereclesial de Comunidades Será em Santa Maria, Rio Grande do Sul,

em 1992. O tema central será:

"CULTURAS OPRIMIDAS E EVANGE- LIZAÇÃO NA AMÉRICA LATINA"

Nota da Redação: Esta edição especial do "Espalha Fatos" está

baseada na Carta do Encontro que trouxe boas notícias e em observações dos companheiros Frei Dito e Cristina que participaram do mes- mo. Também utilizamos diversas contribuições importantes. O gráfico que historia os Encon- tros anteriores de CEBs, extraímos do Jornal "PELEJANDO", n'.' 66 que, por sua vez, ex- traiu-o do "Jornal de Opinião". o

jÊm mm