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A SEGUNDA EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
JESUS O SUPREMO PASTOR
Escrito Por:
Carlos André dos Santos
Mestrando em Teologia
SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE MIAMI
Brasil – Aracaju, Julho de 2012
1
A SEGUNDA EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
ÍNDICE
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 06
PRIMEIRA LIÇÃO: SAUDAÇÃO E AÇÕES DE GRAÇA...................................... 08
INTRODUÇÃO: CONTEXTO HISTÓRICO DE 2 TIMÓTEO................................ 08
1.1. Autoria............................................................................................................... 08
1.2. Circunstância....................................................................................................... 09
1.3. Data e ocasião..................................................................................................... 09
1.4. Destinatário........................................................................................................ 11
1.5. Propósito da epístola........................................................................................... 12
1.6. Conteúdo da epístola............................................................................................ 13
1.7. EXPOSIÇÃO DE 2 TIMÓTEO - 1.1-5.................................................................. 14
1.7.1. Saudação 1.1-2..................................................................................................... 14
1.7.2. Ações de graças pela fé de Timóteo 1.3-5.................................................................. 16
Conclusão.................................................................................................................. 19
Questionário da primeira lição................................................................................... 21
Folha de trabalho exegético......................................................................................... 22
SEGUNDA LIÇÃO: EXORTAÇÕES A FIDELIDADE NO MINISTÉRIO............... 30
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 30
2.1. EXPOSIÇÃO DE 2 TIMÓTEO - 1.6-18............................................................... 31
2.1.1. Encorajamento ao Jovem Pastor 1.6-7.................................................................... 31
2.1.2. Posturas frente a verdade do evangelho 1.8-12.................................................. 35
2.2.1. Não se envergonhar do evangelho 1.8....................................................................... 35
2.2.2. Sofra pelo evangelho 1.8b................................................................................. 36
2
2.2.3. Viva o evangelho 1.9-10............................................................................................... 38
2.2.4. Prega o evangelho 1.11-12................................................................................ 40
2.2.5. Guarda a verdade do evangelho 1.13-14........................................................... 41
2.1.3 Os exemplos de fidelidade e infidelidade 1.15-18.............................................. 42
Conclusão................................................................................................................. 45
Questionário da terceira lição.................................................................................... 46
Folha de trabalho exegético.......................................................................................... 47
TERCEIRA LIÇÃO: ORIENTAÇÕES PARA PERSEVERAR NO MINISTÉRIO..... 49
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 49
3.1. EXPOSIÇÃO DE 2 TIMÓTEO - 2.1-13............................................................... 50
3.1.1. Ser forte em graça 2.1...................................................................................... 50
3.1.2. Instruir a outros 2.2......................................................................................... 51
3.1.3. Ser dedicado ao evangelho 2.3-7......................................................................... 53
3.1.4. Seguir o exemplo de Cristo e do apóstolo 2.8-10................................................. 55
3.1.5. Confiar na fidelidade de Deus 11-13................................................................. 56
Conclusão.................................................................................................................... 58
Questionário da quarta lição..................................................................................... 60
Folha de trabalho exegético....................................................................................... 61
QUARTA LIÇÃO: OS FALSOS MESTRES: UM DESAFIO PARA O MINISTÉRIO PASTORAL....................................................................................................................... 63
INTRODUÇÃO................................................................................................................... 63
4.1. EXPOSIÇÃO DE 2TIMÓTEO – 2.14-26.................................................................. 64
4.1.1. Deve ser testemunha fiel da verdade 2.14-19.......................................................... 65
4.1.2. Andar em santidade 2.20-23................................................................................... 70
4.1.3. Ser dependente de Deus para ganhar os oponentes 2.24-26.................................. 72
3
Conclusão........................................................................................................................... 74
Questionário da quinta lição................................................................................................. 76
Folha de trabalho exegético............................................................................................... 77
QUINTA LIÇÃO: OS APÓSTATAS E OS SEUS PERIGOS......................................... 79
INTRODUÇÃO................................................................................................................. 79
5.1. EXPOSIÇÃO DE 2TIMÓTEO – 3.1-9...................................................................... 80
5.1.1. Tempos difíceis 3.1................................................................................................... 81
5.1.2. Virtudes avessas ao evangelho 3.2-5a ..................................................................... 83
5.1.3. Os enganadores 3.5b-8............................................................................................. 85
5.1.4. Não haverá sucesso dos corruptos 3.9..................................................................... 87
Conclusão........................................................................................................................... 88
Questionário da sexta lição................................................................................................ 90
Folha de trabalho exegético............................................................................................... 91
SEXTA LIÇÃO: A IMPORTÂNCIA DE PERMANECER NA PALAVRA................. 93
INTRODUÇÃO................................................................................................................. 93
6.1. EXPOSIÇÃO DE 2 TIMÓTEO – 3.10-17................................................................. 94
6.1.1. Exortação a seguir o padrão paulino 3.10-11a ..................................................... 95
6.1.2. Deus cuida dos que guardam a sua Palavra 3.11-13............................................. 96
6.1.3. Exortação a permanecer na Palavra 3.14-15......................................................... 98
6.1.4. A Palavra é inspirada por Deus 3.16-17................................................................. 99
Conclusão........................................................................................................................... 101
Questionário da sétima lição........................................................................................... 103
Folha de trabalho exegético............................................................................................ 104
SÉTIMA LIÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO NO MINISTÉRIO.............. 106
4
INTRODUÇÃO............................................................................................................... 106
7.1. EXPOSIÇÃO DE 2 TIMÓTEO – 4.1-5................................................................... 107
7.1.1. Pregar diligentemente em todo tempo 4.1-5......................................................... 108
Conclusão......................................................................................................................... 113
Questionário da oitava lição............................................................................................ 115
Folha de trabalho exegético............................................................................................. 116
OITAVA LIÇÃO: O FIM DO MINISTÉRIO DE PAULO E SUAS ORIENTAÇÕES FINAIS PARA O JOVEM PASTOR TIMÓTEO............................................................. 118
INTRODUÇÃO................................................................................................................ 118
8.1. EXPOSIÇÃO DE 2TIMÓTEO – 4.6-22.................................................................. 119
8.1.1. O testemunho do apóstolo frente à morte 4.6-8................................................... 120
8.1.2. Instruções finais a Timóteo 4.9-15........................................................................ 122
8.1.3. A esperança do apóstolo 4.16-18.................................................................... 125
8.1.4. Considerações finais 4.19-22.......................................................................... 128
Conclusão............................................................................................................... 129
Questionário da nona lição.............................................................................................. 130
Folha de trabalho exegético..................................................................................... 131
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 133
BIOGRAFIA.......................................................................................................... 135
5
INTRODUÇÃO
Propósito do curso:
Nosso propósito aqui é levar o aluno a conhecer a carta de 2Timóteo, de modo mais
aprofundado dentro de uma ótica ministerial. De modo que ele seja enriquecido pelas
verdades contidas nessa carta, e seja qualificado para o desenvolvimento do seu ministério.
Resumo do conteúdo
Durante o estudo da segunda epístola de Paulo a Timóteo analisaremos expositivamente
a epistola com um olhar ministerial, visando encontra nela informações importantes para a
vida da igreja, e para o líder cristão.
Objetivo do curso:
1) Que o aluno participe de um grupo de aprendizagem.
2) Por meio do curso, que ele desenvolva as suas habilidades para o ministério.
3) E cresça ministerialmente.
Materiais para o curso
Apostila do curso – que deverá ser entregue pelo professor ou coordenador do curso.
Livro para leitura: John R. W Stott. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. São
Paulo. ABU Editora. 1982. Que pode ser Encontrado no Site da ABU Editora.
Para estudantes de mestrado acrescenta-se a leitura do Comentário de 1e 2Timóteo e
Tito de Willian Hendriksen da editora Cultura Cristã. Que pode ser encontrado no Site
da editora.
Um caderno de trabalho para escrever as tarefas
Um grupo de estudo onde participar
Estar inscrito em um dos programas teológicos da Instituição
Cumprir com todos os requisitos acadêmicos.
Responsabilidade do estudante
Assistir ás 8 horas de conferência que darão início a matéria, e ás 8 horas de aulas
presenciais, em seu grupo de estudo.
Ler as oito lições do módulo, e responder aos questionários e as tarefas.
6
Para cada lição o aluno deve desenvolver em seu caderno as tarefas respectivas, e
mostrar ao facilitador.
Preparar e expor um tema de uma das lições em seu grupo de estudo, durante 15
minutos.
Preparar e apresentar um trabalho escrito, com todas as normas para a apresentação de
trabalhos de MINTS, sobre um tema pastoral ou ministerial baseado na carta de 2
Timóteo. Deve ter como base para dita tarefa, a leitura do módulo e do livro indicado.
Licenciatura: 7 páginas. Mestrado: 15 páginas.
Apresentar um exame final escrito dos conteúdos do curso, que será aplicado pelo
professor.
Fazer uma ficha de leitura do livro indicado. Os estudantes de mestrado deverão
apresentar a ficha apenas de um dos livros indicado.
Avaliação da matéria
Assistir ás 8 horas de conferência, e ás 8 horas de aulas presenciais (10%).
Ler e desenvolver as oito lições do livro e anexos (20%).
Apresentação de tarefas semanais e leituras assinaladas (10%). Cada semana o
facilitador deverá revisar o cumprimento no desenvolvimento das tarefas.
Preparação e exposição do tema de uma lição durante 15 minutos (10%). O facilitador
sorteará, a cada estudante, expor o tema de uma lição.
Apresentar trabalho dissertativo sobre um tema escolhido (20%).
Ficha de leitura do livro (10%).
Apresentar um exame final escrito dos conteúdos do curso (20%). Na quarta aula,
entregará ao estudante um exame escrito para desenvolvê-lo em 40 minutos.
7
LIÇÃO 1: SAUDAÇÃO E AÇÕES DE GRAÇA
1.1. INTRODUÇÃO: CONTEXTO HISTÓRICO DE 2 TIMÓTEO
Esta é a última carta escrita pelo apóstolo Paulo, é denominada como carta pastoral
junto com as epístolas de 1Timóteo e Tito (ambas dirigidas a dois jovens pastores), esse título
é dado pelo seu conteúdo e caráter, como na primeira carta o apóstolo Paulo estar instruído o
jovem pastor Timóteo quanto as questões doutrinárias, e práticas do ministério frente aos
desafios daquela comunidade eclesiástica com um destaque em especial, Paulo agora sabe que
a sua morte está próxima (2Tm 4.6), ele tem a preocupação de que o seu discípulo dê
continuidade no seu ministério de modo digno do evangelho, como obreiro aprovado (2.15), e
defenda a verdade de Deus sem se contaminar com as influencias dos falsos mestres.
Então, antes de entrarmos na exposição da carta, vejamos o seu contexto, as
informações que circundam esse escrito sagrado. Essas informações são fundamentais para
compreendermos partes da carta que não são evidentes.
1.2. AUTORIA
É certo, que a autoria da carta é de Paulo, ele se apresenta como apóstolo de Cristo
Jesus (1.1). Essa carta, como 1Timóteo e Tito foi reconhecida e aceita pela tradição primitiva
como de autoria Paulina.
Mesmo assim, ainda há quem questione tal verdade, e apontem seus motivos, embora
infundados como destaca John Stott:“A genuinidade das três epístolas pastorais foi quase que universalmente aceita na igreja primitiva. Alusões a elas possivelmente ocorrem na carta de Clemente de Roma aos coríntios, já no ano 95 d.C; provavelmente também nas cartas de Inácio e Policarpo, nas primeiras décadas do segundo século; e certamente ocorrem nas obras de Irineu, nos fins do século. O Cânon Muratório, que data de cerca do ano 200 d.C, atribui as três epístolas ao apóstolo Paulo. A única exceção a este testemunho é a do herege Marcion, que foi excomungado em 144 d.C, em Roma...”1
Junto com Marcion, há outros eruditos que questionam a autenticidade do escrito, mas
os seus argumentos são infundados, e sem base para contradizer a verdade que a própria carta
afirma (1.1).
1 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo. 1982. p 68
1.3. CIRCUNSTÂNCIA
O apóstolo Paulo mais uma vez estar preso em Roma (1.8,16-17), e dessa vez parece
que não goza do privilégio de uma prisão domiciliar, ao que tudo indica ele estar no cárcere
em situação de privação. Ele “estava encarcerado em algum escuro calabouço subterrâneo,
com um buraco no teto para a passagem de luz e de ar. Talvez fosse, como afirma a tradição,
a Prisão Mamertina; de qualquer modo, onde quer que estivesse, Onesíforo o encontrou só
depois de uma diligente busca (1: 17)”2
A circunstância não era favorável, ele estava ciente da eminência de sua morte,
(4.6,9,18) e ainda estava sofrendo com o abandono de alguns (4.10), e com a solidão que a
circunstância lhe trazia (4.10-11,16). Apesar do sofrimento Paulo nutre o seu coração de
confiança naquele que o chamou (4.18), e mesmo em meio a tudo que estava passando não
perdeu a fé (4.7), pelo contrário, orienta através da carta a Timóteo quanto ao ministério, e o
conclama a ser participante dos seus sofrimentos em favor do evangelho de Cristo (2.3).
A situação em que o apóstolo escreve é no mínimo calamitosa, e nos causa impacto pelo
seu testemunho em meio à adversidade, inspirando-nos ao serviço de Cristo como bons
soldados.
1.3. DATA E LOCAL
Na ordem do Cânon, esta epístola não aparece como a última carta de Paulo, mas
devido à circunstância, se defende comumente que esta fora a última epístola paulina.
A data que se sugeri é a de 64-68 d.C, segundo alguns historiadores, depois da quarta
viagem missionária de Paulo, quando ele é preso e levado de volta a Roma para um período
final de encarceramento. Esse argumento pode ser reforçado pelos fatos históricos
apresentados pelo historiador romano Tácito, que relata o acontecimento do incêndio de
Roma em julho de 64 d.C, que atingiu dez das quatorze regiões da cidade. O imperador Nero,
para se livrar dos rumores que o incêndio tinha sido uma ordem sua, passou a acusar os
cristãos de terem ateado fogo em Roma, e a persegui-los de modo horrendo com o terror do
martírio.3
2 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo. 1982. p 73 http://bibliotecabiblica.blogspot.com.br/2009/06/introducao-biblica-livro-de-2-timoteo.html. Acessado em 27 junho 2012.
9
Quanto ao local, é evidente, e não há o que se discutir, Paulo encontra-se preso em
Roma pela segunda vez. No passado ele foi liberto, e levou em frente os seus projetos de uma
quarta viagem missionária, chegando até a Espanha. Agora ele está preso mais uma vez, não
se sabe o local em que foi detido, os versos (1.8;2.9) deixam claro que ele estar escrevendo da
prisão, no capitulo um (1.17) podemos confirmar que seu cárcere era em Roma.
A teoria do segundo encarceramento e conseqüentemente da quarta viagem missionária
de Paulo, é motivo de discussão entre os historiadores. No entanto, é possível encontrar
evidencias bíblica, e provas históricas que atestem a teoria do segundo encarceramento, bem
como da quarta viagem missionária. Quando Lucas escreve Atos (28.30-31), ele deixa em
aberto o que aconteceu com Paulo após os dois anos de encarceramento em Roma. Ao que
tudo indica, Paulo foi solto e pôde fazer a sua tão sonhada viagem missionária a Espanha.
Outros textos bíblicos apontam para essa possibilidade, como no caso de Filipenses
(2.24), ali Paulo externa a sua esperança de soltura, bem como de uma possível visita aos
irmãos da igreja de Filipos. Essa mesma possibilidade é destacada por ele na sua carta á
Filemom (v.22), quando ele pede que o mesmo, prepare pousada para sua estadia quando for
vê-lo.
Além desses textos, temos outras passagens que indicam que Paulo de fato foi solto e
fez outra viagem missionária. Rendriksen faz um mapeamento das cidades onde Paulo passou
nas três viagens missionárias, chamando atenção para o fato de que nas pastorais são
mencionadas cidades que ele não visitou nessas viagens, e que a sua passagem por elas são
fatos comprobatórios de uma quarta viagem missionária.4
“Em 1Timóteo o apóstolo lembra que ele ordenou a Timóteo que ficasse em Éfeso,
enquanto ele se dirigia ao noroeste partindo de Éfeso em direção à Macedônia (1Tm 1.3).”5
Escrevendo a Tito, Paulo fala que o deixou em Creta (Tt 1.5), e que o esperaria em Nicópolis
onde esperava passar o inverno (Tt. 3.12). “Segundo Atos, porém, em nenhuma das três
viagens missionária Paulo chegou a Creta. E se na sua viagem a Roma, embora ele e Lucas
navegassem “a sotavento de Creta,” e chegasse a Bons Portos, o apóstolo é apresentado como
prisioneiro, que não realiza nenhuma obra na ilha. ”6 Na própria carta de 2Timóteo
4 HENDRIKSEN, Willian. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 365 HENDRIKSEN, Willian. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 356 Ibid. p 36
10
encontramos indícios favoráveis ao argumento, quando Paulo menciona ter deixado Erasto em
Corinto e Trófimo em Mileto (2Tm 4.20), tal colocação aponta para uma viagem recente.7
Analisando a situação de Paulo quando escreve 2Timóteo (2Tm 1.17; 2.9; 4.8-7,18) que
aponta para seu martírio, em comparação com os outros escritos quando ele manifesta
esperança de ser solto. Notadamente percebe-se que tratasse de uma nova realidade, e que o
seu cárcere não é o primeiro, mas o segundo. Hendriksen defende que “se Paulo escreveu as
pastorais, teria sido posto em liberdade da prisão romana registrada em Atos. Teria feito mais
viagens e teria sido novamente preso.” 8
Os fatos históricos também corroboram para a sustentação de tal teoria. “Clemente de
Roma, quando escreveu à Igreja de Corinto em cerca do ano 90 d.C, disse que Paulo tinha
pregado o evangelho no Ocidente antes de seu martírio. ”9 Segundo William Barclay
“Clemente escrevia de Roma, e para qualquer pessoa nessa cidade a extremidade do Ocidente
não podia ser mais que a Espanha. Certamente parece que Clemente cria que Paulo tinha
chegado à Espanha. ”10 “De forma semelhante o fragmento Muratoriano menciona a viagem
de Paulo a Espanha. ”11
Para o historiador Eusébio, a liberdade de Paulo da primeira prisão tinha de fato
acontecido (Eusébio, História Eclesiástica 2,22.2).12 Barclay ainda acrescenta que “no século
V, dois dos grandes pais do cristianismo afirmavam a existência da viagem de Paulo a
Espanha. Crisóstomo em seu sermão sobre 2Timóteo 4:20 diz: "São Paulo depois de sua
estada em Roma partiu rumo a Espanha." São Jerônimo em seu Catálogo de escritores diz que
Paulo "foi despedido por Nero para que pregasse o evangelho de Cristo no Ocidente".”13
1.4. DESTINATÁRIO
A própria epístola aponta a Timóteo como destinatário, o jovem pastor de Éfeso e
discípulo do apóstolo Paulo a quem ele chama de filho nas duas cartas (1Tm1.2; 2Tm 1.2), é o
receptor desses manuscritos, considerados como escritos pastorais. Através destes, Paulo
intentava orientá-lo em seu ministério pastoral junto à igreja de Éfeso.
7 HENDRIKSEN, Willian. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 4088Ibid. p 379BARCLAY, William. 1Timóteo. e-book. p 2110 Ibid.11HENDRIKSEN, Willian. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 4012BARCLAY, William. 1Timóteo. e-book. p 21,2213Ibid p 22
11
Timóteo era judeu por parte da sua mãe, e grego por parte de pai (At 16.1), a sua mãe
era crente (At 16.2), ao que parece ele era natural de Lista, ali ele tinha um bom testemunho
perante a igreja local, quando Paulo passou por Lista na sua segunda viagem missionária o
recrutou, e depois de circuncidá-lo levou consigo (At 16.3). Ele passa a ser o fiel companheiro
missionário de Paulo, o acompanhando em seu ministério, quando este volta a visitar as
igrejas da região, e ao penetrar na Frigia e a província da Gálacia, quando foi a Trôade,
quando foi às grandes cidades da Macedônia como Filipos, Tessalônica e Beréia14. O apóstolo
o tem em grande estima, pois ele não é só seu companheiro e colaborador, é filho na fé (1Tm
1.2).“Paulo não só devotava uma forte afeição a Timóteo, por ter sido o amigo que ele evidentemente levara a Cristo, podendo assim chamá-lo de "filho amado e fiel no Senhor" (1 Co 4:17), mas também aprendera a confiar em Timóteo como o seu "cooperador" (Rm 16: 21) e como "irmão e ministro de Deus no evangelho de Cristo" (1 Ts 3: 2). De fato, em virtude do genuíno interesse de Timóteo pelo bem-estar das igrejas, e por causa da lealdade com que serviu ao evangelho junto com Paulo, "como filho ao pai", Paulo pôde chegar ao ponto de dizer: "a ninguém tenho de igual sentimento" (Fp 2: 20-22). Dentre todos os companheiros de Paulo, Timóteo se destacava.”15
Por isso, a confiança e preocupação de Paulo em lhes escrever, na carta o apóstolo
mostra sua diligência ministérial, e afeto pelo amigo em Crsito.
Este jovem é notavel lider cristão, e por várias ocasiões o vemos citado na Bíblia.
1.5. PROPÓSITO DA EPÍSTOLA
Entre os propósitos que motivou Paulo a escrever a carta estão: o primeiro foi encorajar
o jovem pastor em seu ministério, visando alertá-lo quanto aos falsos mestres, que estavam
denegrindo a verdade do Evangelho. Para Paulo, Timóteo deveria evitar a contaminação
daqueles que fingiam serem cristãos e manter puro o conteúdo do Evangelho. Parece que
ainda há evidências de problemas doutrinários tratados na primeira carta, que precisavam de
atenção. O segundo seria a solicitação da presença de Timóteo em Roma, ele deveria ir até
Paulo para um último encontro, levando consigo os pertences do apóstolo (capa e
pergaminhos 4.13), e também deveria levar em sua companhia o irmão Marcos. Ao que tudo
indica, essa estava sendo a última instrução do apóstolo ao pastor, ele queria revê-lo antes da
morte.
14 AMERO, Pablo. Introdução Crítica às Epístolas Paulinas. Seminário Internacional de Miami. Miami, 2012. p 9315 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 8
12
O contexto dessa carta lança luz sobre parte da história do cristianismo, nos trazendo
evidências relevantes da vida e fé de dois personagens bíblicos, que foram instrumentos de
Deus na proclamação do evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo.
Ao lermos 2Timóteo, sentimos nossos corações arder de fervor espiritual, por
imaginarmos em que condições Paulo escreve estas palavras ao seu discípulo, a convicção
que ele transmite na sua escrita, não nos deixa dúvida da certeza que ele carrega no coração.
São duas fortes convicções: uma relacionada com a vida e seu ministério, a outra esta ligada
com a morte e vida eterna em Deus. Paulo viveu para Cristo como ninguém, o seu zelo e
dedicação ministerial, nos são dado como exemplos. E a sua carta é um legado espiritual para
igreja como palavra inspirada de Deus e autoridade apostólica de como viver a verdade do
evangelho, como crentes, e lideres espirituais.
A partir da segunda parte dessa lição passaremos a expor a carta de 2timóteo,
trabalhando os textos de modo expositivo, nos aprofundaremos em seu conteúdo, que estão
divididos em oito partes.
1.6. - CONTEÚDO DA EPÍSTOLA
Fidelidade ao evangelho (1.6-8)
Eleição (1.9)
A salvação pela graça (1.9-11)
O zelo pela sã doutrina (1.13-14; 2.2; 4.3)
A fidelidade de Cristo (2.11-11)
A importância de se santificar (2.20-23)
A importância da Palavra (3.15-17)
A inspiração da Bíblia (3.16)
A ressurreição de Cristo (2.8)
A segunda vinda de Cristo (4.1,8)
A confiança em Deus (4.17-18)
Como de costume nas cartas paulinas, ele divide a epístola em duas partes doutrinária:
sendo a primeira seção doutrinária que está presente a partir do (1.6-2.13), e a segunda parte
uma seção prática doutrinal, que vai desde o (2.14-3.9), depois ele conclui com o seu relato
pessoal onde faz um pedido a Timóteo.
13
1.7. EXPOSIÇÃO DE 2TIMÓTEO - 1.1-7
1.7.1. Saudação 1.1-2
Inicialmente temos aqui mais uma saudação paulina, como de costume ele saúda o seu
destinatário (os), e geralmente a forma como a saudação era redigida tinha haver com o
intuito da carta, ou afirmar alguma posição, até mesmo defender o seu ministério. Mas essa
carta está sendo endereçada a um discípulo de sua confiança e amizade, a quem ele tinha
como um filho (1Tm 1.2; 2Tm 1.2). Como entender essa saudação, e o que Paulo nos traz de
significado na suas palavras inicias?
O reformador Calvino sustentava que tanto na primeira, como na segunda carta de Paulo
a Timóteo, ele se identifica como apóstolo por conta das pessoas a quem essas cartas
alcançariam por intermédio do jovem Timóteo, esses não estavam dispostos a escutá-lo e não
creriam tão facilmente em suas palavras. Ele dizia que era por conta dessas pessoas, e para
que não menosprezassem o que ele escreveu, Paulo afirmava ser apóstolo de Cristo.16
Segundo escreve em seu comentário William Hendriksen, nessa forma de saudação
Paulo se apresenta o representante oficial de Cristo, não como alguém que auto se designou,
mas como quem foi chamado pelo próprio Cristo. Embora estivesse preso, as suas palavras
tinha o respaldo divino.17 E por isso ele tem o direito de declarar a mensagem de Cristo,
firmar os seus ensinamentos e orientações as igrejas, bem como ao jovem pastor.
Mesmo preso como sabemos, Paulo não abria mão do seu ministério apostólico, porque
sabia quem o tinha comissionado, e entendia qual era sua missão junto à igreja de Cristo, que
traz vida e esperança aos perdidos. Paulo entendia o apostolado da seguinte maneira: o
apostolado – estar ligado ao chamado de Deus – o chamado é inteiramente ligado ao anuncio
da vida que emana de Cristo Jesus.
Com isso entendemos que a autoridade do ministério não deriva da vontade humana,
mas da escolha divina que é manifestada segundo os seus decretos. O apóstolo esclarece a
Timóteo que ele tem autoridade divina para ser seu mentor em seu ministério, e que as suas
palavras devem ser levadas a risca, pois elas são palavras dadas pelo Espírito, daquele que o
chamou a proclamar as palavras de vida.
16 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 9,111,11217 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. 2ª Ed Cultura Cristã. São Paulo, 2011. p 272
14
No verso dois ele continua a sua saudação: “ao amado filho Timóteo, graça,
misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.” Se no primeiro
verso ele usa palavras chaves e firmes para se apresentar como um apóstolo chamado por
Deus para o serviço do seu Reino, agora da mesma forma ele usa de palavras escolhidas para
mostrar o afeto, amizade e pastoreio que ele tem para com Timóteo. Mas uma vez como na
primeira carta ele chama a Timóteo de filho (1Tm 1.2), naquela oportunidade “verdadeiro
filho na fé”, agora amado filho. Para quem não teve filho, Paulo sabia como tratar alguém a
quem ele dispensava tal sentimento paterno.
Por certo, esse tratamento legítimo é motivado pelo fato de Paulo ser o pai na fé de
Timóteo (At 14. 6-7;16.1-2), da mesma forma que um filho deve a sua vida física a seu pai
terreno, o jovem a quem o apóstolo chama de filho “lhe devia a vida espiritual”, e de outra
forma como um filho servi ao seu pai, Timóteo servia a Paulo como o filho18 ,e por ser ele o
seu principal discípulo,19 esse tratamento fica bem colocado. Em outras cartas Paulo faz
menção a Timóteo como alguém da sua confiança e estimado (1 Co 4.17; Fp 2.22; 1 Ts
3.2;1Tm. 1.2).
Mas ainda, um terceiro item nessa saudação que é menção dessas três palavras
fundamentais na teologia “graça, misericórdia e paz”, ao que parece Paulo estar a desejar que
Deus continue a derramar essas bênçãos na vida de Timóteo, que a muito já tem
experimentado desse favor que só pode fluir “da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso
Senhor,” que nos oferta todo amor imerecido, o perdão eterno, e comunhão perene. Só sendo
alcançado pela graça de Deus, segundo a sua misericórdia é que podemos ter paz com Deus
(Rm 5.1,10), e sermos chamado ao seu serviço, segundo a diversidade dos dons concedidos
aos servos de Deus, dos quais Timóteo era um, e Paulo o reconhecia como alguém habilitado
para toda boa obra (2Tm 3.17), capaz do pastoreio verdadeiro sobre a igreja de Cristo, de
modo a enaltecer aquele que é o cabeça da igreja, e suas virtudes, bem como o seu favor
salvador.
1.7.2. Ações de graças pela fé de Timóteo 1.3-5
Nessa seção como costumeiramente faz em suas cartas, Paulo inicia dando graças a
Deus pelo fato de que ele mesmo tem servido a Deus com consciência pura como seus 18 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1 e 2 Timóteo e Tito. 2ª Ed Cultura Cristã. São Paulo, 2011.p 276 19 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p 71
15
antepassados, e a sua gratidão é estendida a vida de Timóteo de quem ele lembra em suas
orações noite e dia. A sua gratidão é fruto de um coração sincero na presença de Deus,
embora, como lembra Hendriksen esteja ele em uma masmorra esperando a morte, e uma
morte segundo uma sentença de criminoso.20Ele traz consigo uma mente sóbria, e um coração
cheio de paz por conta daquele que o fortalece.
A além da sua gratidão no verso três, ele esclarece algo que não podemos desaperceber
“Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura,
porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia”. Os judeus estavam
criticando a Paulo e a Timóteo por terem rejeitado algumas heresias judaicas, é como se eles
entendessem que a conversão de ambos tivesse levados a profanarem o judaísmo em algum
aspecto, defende Cornelio Hegeman.21 No verso (v. 5) que se segue Paulo mostra que tanto
avó Lóide, e a mãe Eunice de Timóteo, ambas eram judias e crentes, mostrando que o
cristianismo não era contrário ao judaísmo, mas o cumprimento das promessas de Deus a
Abraão e a Israel.22
Não se referindo diretamente aos judeus Hendriksen comenta de modo afirmativo o que
Paulo escreve: “Portanto, o que Paulo enfatiza é que ele não introduziu uma nova religião. Essencialmente, o que agora crê é o que Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Isaias e todos os antepassados piedosos também criam. Há continuidade entre a antiga e a nova dispensações. Os antepassados criam na ressurreição; Paulo também. Esperavam a vinda do Messias; Paulo proclama o mesmo Messias que de forma real fizera seu aparecimento...”23
Essa interpretação reforça o sentido das palavras de Paulo frente a possíveis oposições
ao seu ministério e doutrina, e legítima as suas exortações que se seguiram nessa carta. Tanto
frente aos romanos como aos judeus, o apostolo estava sempre preocupado em desmentir
qualquer falácia que levasse a identificar tanto a ele, e aos seus discípulos, como fundadores
de uma nova seita religiosa.
Literalmente, Paulo diz: “a quem, desde os meus antepassados, sirvo”, o que diz é com
a fé derivada dos meus antepassados, ele estar dizendo com uma fé que estar enraizada na
crença deles.24 E assim Timóteo como sua avó e mãe judia, também viviam essa mesma
experiência de fé verdadeira. 20 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 274 21 HEGEMAN, Cornelio. La Epistola de Pablo a Timoteo: II Timote.Miami. Seminário Internacional de Miami, 2008. P 6 22 Ibid23 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 275
16
No verso quatro encontramos três temas, a lembrança das lágrimas, a ansiedade por
revê-lo, e alegria que esse reencontro traria.
No fim do verso anterior, Paulo declara que tem “orado noite e dia” por Timóteo, e no
(v.4) ele complementa, “que lembrando das suas lágrimas, estou ansioso por ver-te,” parece
que a lembrança de Timóteo era algo recorrente a mente do apóstolo,25 havia um misto de
saudade e preocupação com o filho na fé. As lágrimas que Paulo menciona é em referencia a
sua ultima despedida, quando do seu segundo encarceramento em Roma,26 por certo que nessa
despedida que é incerta quanto ao lugar e data,27 Timóteo tem se enchido de tristeza e
lágrimas pelo afastamento e encarceramento do seu mestre. Além do mais, parece que a
recíproca é verdadeira se Paulo tinha o jovem como filho, o mesmo parece aceitar a Paulo
como pai na fé, sendo assim a amizade de ambos era em grau elevadíssimo.
Hendriksen acrescenta que as lágrimas do jovem indicam a forma genuína como ele se
dedicava a Paulo, e como era terno o seu afeto, e profunda sua tristeza pela separação.28 Paulo
faz questão de informar a Timóteo que ele não se esqueceu do seu discípulo, e que se lembra
da sua manifestação de amor, e que a sua lembrança lhe enche o coração de saudade, ele tem
estado “ansioso” para revê-lo, se a despedida repentina seguida de um cárcere trouxe lágrimas
a ambos, o reencontro ainda que é, em uma prisão, e cercado pelo infortúnio da certeza da
pena de morte lhe traria grande alegria.
Mesmo detido em um cárcere, e com a sua pena já sentenciada esperando apenas a
execução como já citamos. Paulo não estar só preocupado com a sua situação, ele demonstra
como um bom ministro do evangelho deve agir de modo pastoral em todos os lugares, em
todas as circunstancias. Embora na sua carta esteja claro que ele anseia pelo reencontro (2Tm
4.9; 4.21), aqui fica evidente da sua preocupação com o jovem pastor. Paulo informa a
Timóteo que ele se lembra das suas lágrimas, antes ele diz que tem orado noite e dia pela vida
do seu discípulo.
A segunda parte do (v.4) ele escreve que se encontrava “ansioso por ver-te,” essa
ansiedade se dava pela saudade, pois certamente já havia um tempo significativo que ambos
estavam separados, e por outro lado essa ansiedade era por conta do pouco tempo que o
apóstolo acreditava ter de vida. Esse reencontro era anelado pelo apóstolo não apenas por
24 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. P 27525 Ibid26 Ibid p 27627 BIBLE BOOKS – ARA. Edição Digital, in E-Sword. 28 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 276
17
questões sentimentais, mas por aspectos pastorais.29 Ainda que ambos tivessem saudades, e
Paulo reconhece que a traz consigo no peito, o encontro seria um tempo muito útil para as
ultimas instruções ao ministério que Timóteo continuaria a desenvolver após a partida de
Paulo.
O versículo termina enfatizado o gozo que esse encontro produziria ao coração do
apóstolo. Paulo estar sem os seus companheiros, alguns o abandonaram, outros foram
enviados para fazer algum serviço, só Lucas estar com ele (2Tm 4. 10-11). A ida de Timóteo
até ele lhe causaria uma grande alegria, pois o encontro de pai e filho na fé manifestaria uma
alegria verdadeira. O desejo de Paulo em “transbordar de alegria” não tem haver com tristeza,
ele não quer que Timóteo vá até ele para que o seu coração volte a experimentar desse
sentimento, mas é puramente, por conta do apreço que o mesmo tem em grande escala pelo
filho da fé.
Sendo assim avancemos ao verso (v.5) “pela recordação que guardo de tua fé sem
fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e
estou certo de que também, em ti.” “Isso indica que Timóteo havia sido criado em um lar
judeu, mas fora convertido por meio do sacerdócio de Paulo. Se assim foi, Timóteo
converteu-se na primeira viagem de Paulo para Listra.”30 Paulo lembra aqui, da fé de Timóteo,
ele recorda que a sua fé era verdadeira, como era a fé da sua avó e da sua mãe. O apóstolo o
reconhece como alguém que serve a Cristo, pois recebeu a fé verdadeira, e nela permaneceu
dando bom testemunho.
A ação de graça manifestada por Paulo nos evidencia três motivos pelos quais ele
manifesta gratidão em relação a Timóteo: primeiro ele rede graça pela vida de Timóteo (v. 3),
ele agradece por saber que o jovem discípulo é de fato um servo de Deus, e que a sua
semelhança tem se dedicado ao serviço do Reino, e tem se mostrado um bom companheiro no
combate da fé, e assim dedicado a sua vida a Deus, a semelhança do seu amigo encarcerado.
O segundo motivo pelo qual ele rende graça é pela amizade e companheirismo (v.4),
Paulo tinha encontrado no jovem estes dois adjetivos, Timóteo era alguém em que Paulo
confiava. Desde a sua segunda viagem missionária31 quando Paulo leva Timóteo consigo (At
16.1-2), o apóstolo passa a vivencia essa amizade sincera, e encontra no discípulo um
companheiro para o serviço, nessa ocasião da carta Timóteo está em Éfeso como é sabido, e a
29 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p 7230 ZUGG, Michael Julian. O Livro de Atos. MINTS. Miami. p 7331 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 11
18
sua permanência ali acontece por conta da sua obediência a Paulo, que o designou a pastorear
tal igreja.
E por último, Paulo agradece pela verdade da fé (v.5), como estar escrito no verso
citado, Paulo reconhece que a fé de Timóteo é verdadeira, não fingida, mas genuína como a
da sua avó e da sua mãe. E por esses três motivos Paulo rende graças a Deus, pois da mesma
forma como ele é confirmado na sua fé, Timóteo também é ratificado em Cristo Jesus. Por
isso, que a alegria do último encontro, enche o coração de Paulo de ansiedade, pois ele deseja
estar com esse discípulo verdadeiro, diferente de outros que trouxeram decepção e tristeza ao
coração de Paulo (2Tm 1.15; 4.10,16).
Conclusão
Paulo é o apóstolo chamado por Deus, em Cristo Jesus, para levar vida nova aos
perdidos, portanto, ninguém pode questionar o seu ministério, e por esse motivo ele está
qualificado a anunciar boas novas, e a direcionar aqueles que a recebem, bem como orientar o
ministério pastoral de Timóteo o verdadeiro filho na fé, para que o mesmo desenvolva seu
ministério pastoral em sua semelhança. Como Paulo Timóteo foi chamado por Deus, para um
fim específico, e com tal autoridade deveria levar luz aos perdidos sem deixar-se contaminar
pelas incertezas dos homens, mantendo-se firme na verdade da fé que fora chamado.
A sua gratidão a Deus em suas incessantes orações nos levar a compreender um pouco
mais do seu ministério, tanto do ponto de vista, de como ele encara as suas realidades, no
caso, uma situação inóspita de encarceramento e abandono de muitos colaboradores, além das
dúvidas externas de quem ele era, se de fato um representante legítimo de Deus, ou um
propagador de uma nova seita. Como também do ponto de vista pastoral, a forma como
desenvolvia o seu ministério nessa esfera, a parte do texto em questão nos fornece
informações valiosas acerca da compreensão ministerial paulina. Além da maneira toda
especial, de tratar o ministério daqueles que faziam parte da sua equipe ministerial. Percebe-se
que ele o faz com amor ardoroso, com preocupação continua, e com alegria veemente.
Vemos que Paulo se importava com o ministério do jovem pastor, essa já é a sua
segunda carta endereçada a ele, para tratar de assuntos ministeriais. Paulo se preocupa com
Timóteo pelo que ele estar passando, e pelo que pode vim a enfrentar, o seu encontro era
importante para que se alegrassem juntos, mas também, para que alguma instrução fosse
transmitida pessoalmente.
19
QUESTIONÁRIO DA PRIMEIRA LIÇÃO
1. Qual a evidência bíblica que valida a autoria do apóstolo Paulo como autor de
2Timóteo?
2. Como é chamada essa carta?
3. Em que situação encontra-se o autor da carta?
20
4. Em que data Paulo escreve 2 Timóteo?
5. Por que motivo os Cristão estão sendo perseguidos?
6. Quem é Timóteo?
7. O que qualificava Timóteo para o ministério ao lado de Paulo?
8. Por quais motivos o apóstolo devota dedicação a Timóteo?
9. Qual o propósito da Epístola?
10. Como podemos dividir esta carta do ponto de vista doutrinário?
FOLHA DE TRABALHO EXEGÉTICO
Texto: 2Timóteo 1.1-5 Título: Ações de graça pelo ministério MÉTODO TEOLÓGICO
Relação do texto com Deus o Pai.O texto afirma que Deus é soberano sobre tudo, inclusive na escolha dos chamados.Que Ele é aquele que enviou o seu Filho para conceder vida aos pecadores.Deus em sua essência é gracioso, misericordioso, e cheio de paz.Que ele é um em três: Pai, Filho, e Espírito Santo.Ele é a fonte de graça, e que toda gratidão deve ser direcionada a ele.Ele deve ser servido por todos.A ele deve ser dirigida toda oração.Só ele traz alegria aos homens, mesmo quando por motivos terrenos.
21
Ele é quem concede fé aos homens. Relação do texto com Deus o Filho.Ele é o cabeça da igreja.Só Ele pode escolher alguns para apóstolos.Ele é quem cumpre perfeitamente a vontade do Pai.Nele se cumpre todas as promessas do Pai.Ele é quem concede vida aos homens.Nele se encontra a mesma essência do pai: graça, misericórdia, e paz.Ele é o Filho Unigênito do Pai.Só ele é o Soberano Senhor, que tem autoridade sobre todos os senhores, e reis.Sua vida nos abriu um caminho à presença do Pai.Nele reside o motivo da maior gratidão humana.Ele é Senhor de muito servos.Em nome dele se ora ao Pai.Ele é o motivo da alegria dos homens.Ele é o autor da fé.
Relação do texto com Deus o Espírito Santo.Por meio dEle, que a divindade se manifesta na escolha dos vocacionados. Ele é aquele que aplica a obra de Cristo. Ele traz a promessa em seu cumprimento.É Ele quem converte o homem a Cristo.Como parte da trindade, ele é em seu ser: gracioso, misericordioso, e cheio de paz.Ele é quem purifica a nossa mente.É sua a ação de interceder por nós em nossas orações.O Espírito é que traz fé ao coração regenerado.Ele é quem nos guia em discernimento.
Identificação de ídolos.O texto lança luz sobre pessoas que viviam uma fé baseada em religiosidade.Rejeição da pessoa Soberana de Jesus Cristo, colocando outras coisas no lugar.Apego as tradições religiosas.O não submeter-se a autoridade do apóstolo, e do pastor Timóteo.Desejo por poder na igreja.
MÉTODO CRÍTICOIdentificação dos autores do texto bíblico
O apóstolo Paulo é quem escreve o texto.
Identificação dos receptores originais do texto
Timóteo e os membros da Igreja de Éfeso.
Identificação da família de manuscritos usados
Textus Receptus
Versão Bíblica
Revista e Atualizada (RA)
22
Método de tradução usado (literal, equivalência dinâmica, paráfrase,
contextualizada)
Literal
Idioma do texto
Grego
Idioma usado na interpretação
Português
MÉTODO INDUTIVO
Textos de referência:
1.1 - Rm 1:1 Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de
Deus,
- 2Co 1:1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à
igreja de Deus que está em Corinto e a todos os santos em toda a Acaia.
- Jo 6:40 De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que ver o Filho e nele crer
tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
- 2Co 1:20 Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto
também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio.
- Tit 1:2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos
tempos eternos.
1.2 - 1Tm 1:2 a Timóteo, verdadeiro filho na fé, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus
Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.
1.3 – Rm 1.8 Primeiramente dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a
todos vós, porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé.
- Efs 1:16 não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações,
- Ats 22:3 Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui
instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo
zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje.
- Ats 24:14 Porém confesso-te que, segundo o Caminho, a que chamam seita, assim eu
sirvo ao Deus de nossos pais, acreditando em todas as coisas que estejam de acordo com
a lei e nos escritos dos profetas,
23
- Ats 24:16 Por isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus
e dos homens.
1.4 – 2Tm 4.9 Procura vir ter comigo depressa.
- 2Tm 4:21 Apressa-te a vir antes do inverno. Êubulo te envia saudações; o mesmo
fazem Prudente, Lino, Cláudia e os irmãos todos.
- Rm 1:11 Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual,
para que sejais confirmados,
1.5 – At 16.1 Chegou também a Derbe e Listra. Havia ali um discípulo chamado Timóteo,
filho de uma judia crente, mas de pai grego;
Explicações de dados importantes:
palavras importantes: apóstolo (comissionado, emissário),Cristo (ungido, escolhido)
Jesus (Salvador), vontade (Segundo Deus), amado (no sentido fraternal) filho (na fé),
antepassado ( no sentido de linhagem), consciência (mente), pura (sem culpa), fé (no que
crer), mesma (de fonte igual), habitou (que está no coração), avó (alguém respeitável),
mãe (alguém que educa).
anotações gramaticais:os verbos estão no presente, é exceto a palavra habitou (v.5)
quando Paulo se refere a fé da avó e da mãe de Timóteo. Os verbos estão no presente
tanto quando estão relacionados a Paulo, como quando se direcionam a Timóteo.
Ajudando a entender que a fé de ambos vem do passado e que são alicerçadas na cresça
dos seus antepassados.
gênero literário – Epistolar
o autor e os ouvintes originais – O autor é Paulo (1.1) é endereçada a Timóteo e aos
irmãos da igreja de Éfeso.
contexto cultural – uma cidade que tinha um grande centro comercial, era um forte
centro de adoração pagã, cosmopolita com uma grande mistura racial e religiosa, e de
cultura greco-romana.
contexto histórico – escrita entre 64-58 d.c, Paulo já havia enviado a primeira carta para
tratar de problemas doutrinários, e agora escreve a segunda carta. Para encorajar o jovem
pastor a aplicar a doutrina do evangelho e a combater os falsos mestres. A situação de
Paulo é delicada, pois está preso em Roma em um calabouço, sentenciado a morte e
24
prestes a ser executado. Timóteo tem estado muito desanimado pela luta que estar
enfrentando juntos aos efésios.
contexto bíblico – Timóteo é filho na fé de Paulo (1Tm 1.2; 2Tm 1.2), foi levado por ele
na segunda viagem missionária. A igreja de Éfeso foi plantada pelo apóstolo (At 18.19),
Paulo foi pastor dessa igreja durante quase três anos (At 19.1-20), Timóteo esteve em sua
companhia durante parte desse período. Vindo depois a ser designado como pastor dessa
igreja.
título e tema da passagem - Ações de graça pelo ministério
MÉTODO EXPOSITIVO
Observações sobre cada versículo
v.1 – Paulo se apresenta como apóstolo – o motivo dele se apresentar assim, é por conta das
pessoas que ouviriam a leitura da carta na igreja de Éfeso, e não por conta do jovem pastor
que era companheiro de ministério. As pessoas precisavam entender que as orientações de
Timóteo vinham de uma autoridade apostólica.
v.2 - A saudação a Timóteo tem intenções de manifestar afeto, bem como esclarecer para os
ouvintes que o jovem pastor é alguém próximo, querido e valorosos para o apóstolo. Eles
deveriam notar o seu valor e ouvi-lo.
v.3 – “desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura” essa frase é muito
importante para entendermos a ação de graça de Paulo. Ela é importante para esclarecer os
três versículos dessa perícope. Nesse versículo Paulo se expressa dessa maneira para
esclarecer que a sua fé é a mesma dos seus antepassados, e que ele não traz uma nova
religião, mas a mesma dos seus antepassados.
v.4 – Quanto as lágrimas de Timóteo, Paulo se refere a sua ultima despedida, por conta do
seu encarceramento em Roma.
v.5 – O texto lança luz sobre a fé de Timóteo que é verdadeira como a da sua avó e de sua
mãe, ambas judias. Por esses motivos, o apóstolo rende graça a Deus, por seu ministério e o
ministério de Timóteo, ambos levam a fé dos seus antepassados adiante.
25
MÉTODO LITERÁRIO (formule uma estrutura temática da passagem)
Identifique o gênero da passagem e texto?
Epistolar
Identifique o tema do livro, e o subtema da passagem onde está o texto.
Tema do livro: Jesus o supremo pastor
Tema da passagem: Ações de graça pelo ministério
v.1 – Ações de graça pelo chamado – de Paulo e de Timóteo.
v. 2,4– Ações de graça pelo companheirismo – do jovem pastor.
v.3,5 Ações de graça pela fé verdadeira – tanto Paulo quanto Timóteo tinham os
fundamentos da sua fé na crença dos seus antepassados, que esperavam o Messias, que é o
mesmo que ambos servem agora.
MÉTODO ANALÍTICO
Verdade
O chamado não depende
do homem e sim de Deus
Mentira
Deus chama aquele
que se esforça
Evangelho
Deus chama por
graça
Idolatria(s)
O chamado de
Deus se define,
de acordo com
a disponibilidade
humana
MÉTODO DOUTRINÁRIO
Qual é a posição da igreja sobre os ensinos neste texto?
A igreja aceita o livro como parte das Sagradas Escrituras. E por tanto, como Palavra
inspirada por Deus ao seu povo.
A igreja reconhece o seu valor doutrinário para instruir o rebanho de Deus.
A igreja reconhece a autoridade apostólica contida na carta.
A igreja entende que os falsos ensinos devem ser corrigidos a luz do evangelho.
A igreja também valida o seu valor de instrução para o ministério pastoral, tirando da
carta princípios para instruir os vocacionados, bem como os seus ministros ordenados.
26
Há declarações confessionais ou de credos sobre este texto?
Sim. A igreja aceita como símbolo de fé a Confissão de Fé de Westminster, que
aponta 2Timóteo como parte integrante do Cânon Sagrado do Novo Testamento. Sendo essa
carta, parte da regra e da prática da igreja.
O Texto fala sobre Deus, de modo implícito fala da doutrina da Trindade que é
também sustentada na CFW. Entre outros temas temos o da Fé salvadora presente também na
passagem em estudo, e que é explicado pela Confissão de fé de Westminster.
METODO EXISTENCIAL/PESSOAL
Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com Deus?
É importante para conhecer mais acerca da sua revelação, e assim andar segundo a
vontade de Deus, corrigindo os erros e evitando o pecado.
Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com os outros?
Ajuda a relaciona-me com as pessoas de acordo com a vontade de Deus, do modo
como ele estabeleceu na criação. Desenvolve relacionamento de acordo com a fé em Cristo.
Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação consigo mesmo?
Ajuda-me a entender melhor o meu chamado para servir a Cristo, e amplia a minha
compreensão quanto ao chamado ao ministério.
Qual é o seu hábito para ler a Bíblia?
Ler de modo devocional, de modo acadêmico, bem como para preparação de estudos e
sermões.
Qual é o seu hábito para lembrar o que a Bíblia diz?
Decorar versículos, lembrar das passagens, e guardar princípios de ensinamentos.
METODO CONTEXTUALIZADO
Qual é a condição social?
O contexto aponta para homens livres, uma comunidade formada por judeus e gentios.
Quais as necessidades e possíveis problemas dos ouvintes?
Eles tinham a necessidade de guardar firme o evangelho, e superar os problemas das
heresias.
Como a mensagem do texto se aplica à necessidade dos ouvintes?
Incentivando-os a viverem a verdadeira fé, segundo o evangelho de Cristo Jesus.
27
METODO DEVOCIONAL
Oração e ação
Adoração: Bendito seja Deus pelo que é em todo o seu ser, e por tudo que fez na
minha vida.
Confissão de pecados: Nem sempre respondo a Deus de acordo com o meu chamado.
Pedidos especiais: Que o Senhor me faça firme e fiel no ministério.
Ação de graças: Dou graças pela salvação de Cristo, e por poder servir em seu Reino.
Tema: Ações de graça pelo ministério
Ensinamentos:
1. Deus é que escolhe e chama os seus escolhidos para o ministério.
a) Os escolhidos devem ser gratos por isso.
b) Deus mostra a sua graça no ato de escolher.
2. Os chamados são vocacionados para falar segundo a revelação de Deus.
a) Não existindo independência para falar por se mesmo.
b) O chamado se dar para que proclamemos o evangelho.
3. A igreja deve reconhecer a autoridade dos ministros de Deus, e reder graça por
eles.
a) Deus é quem chama, e a igreja é quem envia em nome de Cristo.
b) O rebanho deve ser sujeito a autoridade do pastor, pois esse representa a
Cristo.
c) A igreja deve ser grata a Deus por levantar homens para cuidar do rebanho.
LIÇÃO 2: EXORTAÇÕES A FIDELIDADE NO MINISTÉRIO
Introdução
O ministério pastoral é uma função excelente a ser desenvolvida por aqueles que são
chamados por Deus, com a finalidade de cuidar do rebanho, e conduzi-los pelo caminho
enquanto estiverem aqui na terra. Mas, apesar da beleza, do privilegio e do reconhecimento
que recai sobre os que o executam, existe o fator mais preponderante que é o da
28
responsabilidade perante Deus, que chama e comissiona os escolhidos para o ministério
Sagrado.
Entretanto, os ministros dos dias atuais em grande parte, tem se esquecido da
responsabilidade que Deus os confiou nas suas ordenações. Temos percebido, que muitos
pastores estão mais preocupados com o reconhecimento e os privilégios que o sagrado
ministério lhes traz, esquecendo o outro lado da moeda, o da responsabilidade. Todo pastor
representa a Cristo que é o pastor supremo, e pastoreia sobre todo o seu rebanho, o exemplo
pastoral a ser seguido é do Senhor Jesus. É perante esse pastor maior, que também todo
ministro prestará conta, os bons para receber a recompensa, e os maus para receber o castigo
eterno.
O que temos visto nesses dias, são homens interessados na glória ministerial, esses são
capazes de fazerem muito, mas não pensado em Cristo, muito menos no rebanho. São levados
por algum tipo de ganância, ao ponto de se dedicarem ao seu trabalho de modo que até
conquistam o reconhecimento dos homens, mas são reprovados por Deus. Esses são aqueles
que esquecem o propósito para o qual foram chamados, esquecem que foram chamados a
serem fieis, e esse requisito não pode ser esquecido, não pode ser negociado, nem pode ser
deixado para depois, pois Deus espera fidelidade o tempo todo.
É certo que por ignorância muitos são infiéis, outros porque são enganados por Satanás,
mas há também quem o é propositalmente. Mas nenhum pastor chamado ao ministério pode
se dar a essas prerrogativas, ou direito. É necessário estar cativo a toda vontade de Deus, para
tanto, é preciso conhecê-la, e nela ter deleite de modo a não aceitar se vender, em troca de
nada que lhe seja ofertado.
Por essa falta de preparo e zelo pastoral de muitos, temos visto as piores calamidades
acontecerem dentro do seio da igreja evangélica, que não se defende, pois sem orientação
adequada dos seus ministros, acabam acolhendo heresias e práticas pagãs, como se fosse algo
normal transgredi a lei de Deus, ou então, como se tal prática estivesse de conformidade com
as Sagradas Escrituras, e é aceita de bom grado.
Pensando na importância do desenvolvimento fiel do ministério pastoral, e como esse é
desafiado todos os dias, a se manter firme nas frentes das trincheiras do Reino de Deus, que
avança em um mundo caído, totalmente oposto a vontade soberana do Senhor, é que
refletiremos o texto que se segue.
29
2.1. EXPOSIÇÃO DE 2 TIMÓTEO - 1.6-18
Depois da sua saudação e ações de graça, Paulo passa a exortar o jovem Timóteo quanto
à fidelidade no seu ministério, tendo o apóstolo como o exemplo a ser seguido. Ele traz nos
primeiros versos uma palavra de encorajamento, seguida de estímulo acerca de como
enfrentar, e vivenciar os desafios do evangelho, mantendo-se firme na verdade em seu íntimo,
e na propagação da mesma. Ele aponta para Timóteo a importância de guardar a verdade do
evangelho de maneira fiel, e por último ele traz dois exemplos de ministérios, um fiel e o
outro infiel, rejeitando os que assim se portam, mas reconhecendo o valor daqueles que
servem fielmente ao Senhor, e aos companheiros ministeriais.
2.2. Encorajamento ao Jovem Pastor 1.6-7
Paulo expressa aqui preocupação com o desenvolvimento do ministério do pastor
Timóteo. Ele tinha sido consagrado pela igreja (1Tm 1.18;4.14), e o próprio Paulo orou na sua
ordenação “pela imposição das minhas mãos”, o apóstolo foi quem o designou, para estar em
Éfeso. Quando ele foi consagrado recebeu o dom para desenvolver bem a sua tarefa, Paulo o
lembra desse momento de consagração, e lhe traz a memória o dom que lhe foi concedido
pelo Espírito, para que este seja sempre vivo.32
Mas ao que parece, Timóteo estava passando por alguma situação de dificuldade ou
desânimo, pois na primeira carta Paulo traz uma exortação semelhante (1Tm 4.14), ali ele fala
sobre não ser negligente com o dom que ele tinha recebido do Espírito. William Hendriksen
não deixa essa passagem passar em branco, no seu comentário de segunda Timóteo, ele
sugere cinco situações possíveis, que o jovem pastor possa estar enfrentando: primeiro
Timóteo estava limitado por freqüentes sofrimentos físicos (1Tm 5.23), segundo era
naturalmente tímido (1Co 16.10), em terceiro ele era jovem (1Tm 4.12; 2Tm 2.22) também os
efésios que seguiam o erro, seus opositores, eram muito decididos (1Tm 1.3-7,19,20; 4.6,7;
6.3-10; 2Tm 2.14-19,23). E por último, os crentes estavam sendo perseguidos pelo estado
(1Tm 4.6).33
Segundo Hendriksen, não dar para confirmar, se todas, ou algumas dessas situações
poderiam contribuir como causa de influência, ou até que ponto estava influenciando. No
32 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p16033 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 278
30
entanto, a idéia é clara, o seu ministério necessitava de atenção,34a chama deveria ser
alimentada e mantida como no início, respondendo aos seus propósitos com devido vigor.
Vidal Valencia comenta que avivar é da vida a algo que está morrendo, um dom é
avivado quando usamos em nosso trabalho. Timóteo tinha possivelmente descuidado do seu
ministério, e deixando um pouco de lado, a sua responsabilidade na evangelização por temor
das perseguições, apesar de possuir uma fé sincera, não estava compartilhando dela com os
demais.35
Quanto a isso, Dr. Cornelio Hegeman acrescenta que Timóteo havia recebido dons de
liderança espiritual, e como todos os dons devem ser usados, pois os dons não trabalham por
se mesmo.36 Ele ainda acrescenta que Paulo entendia que Timóteo estava sendo tímido, e que
deveria superar sua fraqueza com a chama do poder, amor e disciplina própria.37 Acerca disso
também escreve John Stott, ele pode nos dar uma boa contribuição acerca do tema:
“De fato, os dons de Deus, tanto os naturais como os espirituais, precisam ser desenvolvidos e usados. As parábolas dos talentos e das minas, que nosso Senhor ensinou, ilustram claramente a responsabilidade pelo serviço, a recompensa pela fidelidade e o perigo da preguiça. Assim, na sua primeira carta, Paulo pede que Timóteo não se faça negligente com o seu dom (4: 14) e na segunda car ta o admoesta a reavivá-lo (v.6), ou reacendê-lo. O dom é comparado ao fogo. Do verbo grego anazöpureö, que não aparece em nenhuma outra passagem do Novo Testamento, não se pode deduzir que Timóteo tenha deixado o fogo extinguir-se e que tenha agora de soprar as brasas quase apagadas, até que o fogo ressurja. O pre-fixo ana pode indicar tanto aumentar o fogo como tornar a acendê-lo. Parece, pois, que a exortação de Paulo é para continuar soprando, para "atiçar aquele fogo interior", para conservá-lo vivo, até inflamar-se, e isso presumivelmente pelo exercício fiel do seu dom e pela súplica a Deus por constante renovação desse dom.”38
De fato é isso que Paulo espera de Timóteo, que esteja animado para viver o seu
ministério segundo o dom a ele concedido, apesar de qualquer circunstância possível, ele
necessitava prosseguir firme segundo a sua vocação. O mesmo Deus que lhe havia agraciado
com o dom, esperava que o mesmo fosse mantido aceso, e nele é que deveria buscar a
34 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo Testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 27835 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primeira Timóteo e Segunda Timóteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p 7436 HEGEMAN, Cornelio. La Epístola de Pablo a Timoteo: II Timoteo .Miami. Seminario Internacional de Miami, 2008. p 637 Ibid p 738 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 13
31
expiração para pastorear com todo vapor. Como Paulo mesmo encarcerado, vivia o dom que
recebeu do Senhor, assim ele esperava que o discípulo continuasse firme no seu dom.
Acerca do assunto Calvino comentou que esta exortação era necessária, porque às vezes
é natural que nos descuidemos apesar da excelência dos dons, e por outro lado, Satanás
trabalha constantemente para apagar tudo que é de Deus em nós.39 No entanto, devemos nos
esforçar em aperfeiçoarmos segundo as virtudes que nos foi dada, abastecer o fogo para que
não se apague.40 Por certo, que a exortação de Paulo tinha a intenção de ajudar a Timóteo no
sentido dele atentar para essa realidade, não desanimar, mais prosseguir no desenvolvimento
do dom que lhe fora concedido pelo Espírito.
O apóstolo incentiva o discípulo “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia,
mas de poder, de amor e de moderação.” É como se dissesse: vamos lá Timóteo, Deus te
capacitou a esse serviço, não desanime, mas lute certo das virtudes que nos é concedida por
Deus. Se ficar com medo, e hesitar, não vai experimentar o poder de Deus, é preciso avivar o
dom e lutar em favor de Cristo. Stott fomenta, que Timóteo “talvez temesse excessos, e
extravagâncias espirituais. Assim, Paulo é compelido a não somente insistir com ele para
conservar ativo o seu dom, mas também a certificá-lo de que ele não deveria ser acanhado no
exercício do mesmo.”41 Não é em nossa capacidade que fazemos a obra de Deus, mas na força
do seu poder que nos aperfeiçoa em meio as nossas fraquezas (2Co 12.9).
Paulo queria que Timóteo combatesse essa tendência de mostrar temor,42 e que fosse
mais capaz de desenvolver as virtudes do Espírito que lhe fora concedida, “poder, amor e de
moderação,” essa última, podendo ser traduzida como autodisciplina ou equilíbrio. Dr
Hegeman comenta essas três palavras com a devida propriedade, ele entende que o conselho
de Paulo é que ambas deveriam trabalhar juntas.43
Acerca do poder, ele traduz como (Dunamis) “é o oposto da fraqueza e timidez que
Timóteo estava sofrendo. O poder do evangelho vence o pecado, as tentações, os poderes
desse mundo, dos demônios, de satanás, e de todos os inimigos de Deus. Paulo é um exemplo
do poder do evangelho.44 Todo o infortúnio que ele estava enfrentando, deveria motivar
Timóteo da mesma forma, a viver corajosamente a realidade desse poder.
39 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p11540 Ibid 41 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 1342 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 27943 HEGEMAN, Cornelio. La Epistola de Pablo a Timoteo: II Timoteo. Seminário Internacional de Miami. Miami, 2008. p844 Ibid
32
A segunda palavra comentada é amor, traduzida como (Ágape) que como sabemos, é
um amor incondicional no idioma grego. Hegeman comenta essa parte explicando, que “Paulo
chama a Timóteo a amar aqueles que não são amados. Paulo deveria mostrar esse mesmo
amor, aos que os tinham aprisionado, aos seus inimigos, e aos que lhes fizeram mal. Nada
pode nos separar do amor a Deus, ao próximo, e nem a nós mesmo. ”45 E é por conta desse
amor, que devemos nos motivar para o serviço de Deus, dando continuidade a missão que
Cristo concedeu a igreja.
A última palavra dessa sentença é (sofronismos) “domínio próprio ou disciplina, o fato
de termos nos convertido ao evangelho, não nos faz robôs ou irracionais. ”46 Portanto,
devemos usar a mente para pensamos de modo a nos trazer disciplina pessoal, para não
perdermos a razão, mas também para não nos deixarmos confundidos com os nossos temores.
Mantendo a autodisciplina, devemos avançar no desenvolvimento do ministério, a nós
outorgado pelo Espírito de Deus.
No ministério devemos ser encorajados, em meio as nossas fraquezas e dúvidas, e do
mesmo modo, devemos encorajar a outros quando hesitarem. Para tal, devemos desenvolver o
hábito de termos ao nosso lado, alguém maduro que possa desenvolver a função de mentor
sobre nós, ao tempo que devemos nutrir os nossos corações de simplicidade, e aceitarmos a
posição de discípulo. E assim, transmitirmos essa mesma experiência a outros, que tenhamos
no caminho do ministério. E essa prática, deve ser segundo o modelo das Sagradas Escrituras,
baseado no ensinamento apostólico bíblico.
Esta parte estar encerrada, mas seguiremos refletindo o tema da exortação a fidelidade
no ministério, nos próximos versículos, veremos algumas instruções práticas quanto à postura
de quem serve no ministério. Nos dois últimos versos vimos, que a chama do dom do Espírito
deve ser mantida acesa no cumprimento da tarefa de servir. Agora veremos que esse dom que
deve ser sempre avivado, é o que nos capacita a ter uma postura correta diante da verdade do
evangelho, em meio aos desafios que esse nos traz, em um mundo caído.
2.3. Posturas frente à verdade do evangelho 1.8-12
Paulo ensina aqui, que o evangelho nos traz bênçãos espirituais, e só por conta das
virtudes do evangelho é que somos salvos, e conseqüentemente comissionado aos ministérios
45 HEGEMAN, Cornelio. La Epistola de Pablo a Timoteo: II Timoteo. Seminário Internacional de Miami. Miami, 2008. p 846 Ibid
33
da igreja, mas além das graças trazidas pelo evangelho, o apóstolo expõe atitudes que
devemos assumir frente a essas verdades reveladas. O próprio Paulo tinha aprendido a
desenvolver essa postura, e o que ele comunica ao seu filho na fé, é que da mesma forma
como ele tem essa disposição para o evangelho, ele também dever ter, primeiro não se
envergonhando do evangelho de Jesus Cristo.
2.3.1. Não se envergonhe do evangelho (v.8)
O apóstolo sabia de toda ignomínia que Cristo havia passado, e o seu sofrimento não
tinha sido pouco, tudo que ele experimentou foi feito para glória do Pai e em nosso favor, para
a promoção do perdão e vida eterna. Um verdadeiro representante do seu Reino é alguém que
não hesita em dar testemunho da verdade, daí que ele reitera Timóteo, “Não te envergonhes,
portanto, do testemunho de nosso Senhor”. Da mesma maneira que o apóstolo não se
envergonhava do evangelho (Rm 1.16; 2Tm 1.12), o seu discípulo também deveria manter a
mesma postura de testemunho. “Isto significa, antes de tudo, que Timóteo não deveria enver-
gonhar-se de Cristo, "do testemunho de nosso Senhor". Cada cristão é uma testemunha de
Cristo, e o testemunho cristão é essencialmente um testemunho tanto para Cristo, como de
Cristo (Jo 15: 26-27; At 1: 8).”47
Embora a cruz fosse motivo de vergonha, desprezo, e escárnio para judeus, gregos e
romanos (1Co1.18,23; Gl 5.11), ela não deveria e nem deve ser para o cristão (Gl 6.14), pois é
por meio dela que Deus manifestou misericórdia ao nosso favor, de modo a nos dar a salvação
em seu amado Filho. No apelo paulino, encontramos duas posturas, que ele mesmo vivia e
que o nobre discípulo deveria incorporar em seu ministério, não se envergonhar seria uma
postura negativa e positiva. Negativa, porque deveria apontar para uma postura de rejeição ao
sentimento de vergonha. E positiva, pelo fato de se dispor a não se envergonhar, e de viver o
evangelho como de fato ele é, vivo e verdadeiro na pessoa de Cristo.
Não se envergonhar do evangelho é não se envergonhar do Senhor e de sua obra, é uma
postura de quem compreende o seu valor único partindo dos pressupostos bíblicos, e não das
compreensões humanas, e de religiosidades vazias embasadas em cosmovisões mundanas e
pecaminosas, distintas da realidade divina, e que visam apenas desqualificar a magnitude da
verdade encarnada que é Cristo o próprio evangelho.
47 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 1434
Para Paulo a loucura do evangelho não deve ser motivo para vergonha, “mas pelo
contrário”, deveria ser motivo para nos encorajarmos ao sofrimento, em favor da causa do
evangelho. Uma vez que o próprio Cristo não se envergonhou da sua obra, mas se dispôs,
entregando a sua própria vida para o sofrimento. Esse era o modelo de ministério fiel que
inspirava o apóstolo ao sofrimento, e deveria ser também a fonte de inspiração para o pastor
Timóteo. No desenvolvimento de suas responsabilidades, o jovem ministro deveria aprender
que não se envergonhar, e sofrer pelo evangelho, são prerrogativas do ministério pastoral.
Pois todo ministério, deve segui o modelo ministerial de Cristo, e dos apóstolos.
2.3.2. Sofra pelo evangelho (v.8b)
Paulo estar experimentando dos sofrimentos pela causa do evangelho mais uma vez, ele
já passou por muitos infortúnios, por conta do nome de Cristo. Ele já levou surra (At 16.22-
23), já tinha sido preso outras vezes (At 16.23-24), foi dado por morto, em uma determinada
ocasião por conta de um apedrejamento (At 14.19), o navio já tinha afundado na sua viagem a
Roma, ele informa em 2Corintos que já havia naufragado três vezes (At 27.41; 2Co11.25). Já
havia passado um bom período na prisão de Roma (At 28.16; 1Tm 1.17). Se existia alguém
que sabia o que era sofrer pelo evangelho, era Paulo, e se tinha alguém que entendia do valor
desse sofrimento era o próprio Paulo. Aqui, o destaque é quanto aos sofrimentos físicos, mas
por certo que ele sofreu muito mais por conta do evangelho, experimentando de outros tipos
de sofrimentos.
Como companheiro de Paulo em algumas das suas viagens, o jovem Timóteo tinha
conhecimento do sofrimento que o mesmo enfrentava por causa do evangelho. Em algumas
circunstancias, eles teriam bebido juntos do cálice do sofrimento, e em alguma situação, ele
sofreu encarceramento igual a Paulo (Hb 13.23).48 E logicamente que estava informado das
tantas situações de sofrimento que o apóstolo tinha enfrentado como o sabe agora, por meio
desta carta que ele sofre pela causa de Cristo (2Tm 1.12; 4.10-18).
O que está claro para Paulo é que o seu companheiro ministerial, precisa ser fiel no
sofrimento, tomando parte com ele, nesse sofrer por Cristo. A sua palavra pastoral é de ânimo,
para que o jovem não desfaleça diante do presente sofrimento do apóstolo, antes seja
animado, a sofrer pela causa do reino de Deus. John Stott acrescenta em seu comentário,“ que
o ministério de Timóteo deveria ser caracterizado pelo sofrimento e não pela vergonha. Ele 48 PENNINGS, Eric. Filipenses: O Evangelho da Alegria. MINTS. Miami, 2010. p 72
35
poderia ser jovem, débil, tímido e fraco; também poderia recuar diante das tarefas para as
quais estava sendo chamado. Mas Deus o moldou e o dotou para seu ministério, de modo que
Timóteo não deveria envergonhar-se desse ministério, nem temer exercê-lo.”49
O ministério fiel é desenvolvido com essa marca, de está disposto a sofrer, e quando
necessário não excitar, mas enfrentar com alegria, e disposição o fato de poder sofrer por
Cristo. Até porque, nenhum ministério fiel será desenvolvido sem algum tipo de sofrimento
neste mundo mal, e oposto a boa vontade de Deus. Aquele que fidedignamente trabalhar para
o Senhor, algum tipo de provação terá. Não foi em vão que Cristo alertou seus apóstolos, “no
mundo passais por aflição” (Jo 16.33), o próprio Paulo tinha essa consciência, e mais adiante
ele escreve, “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos” (2Tm 3.12).
No livro “Torturando por sua fé”, o pastor Haralan Popov relata sobre os seus treze
anos, que inocentemente passou detido em uma prisão comunista na Bulgária. Ele testemunha
que foi sustentado durante esse período por duas certezas: a primeira ele afirma que sabia que
a sua vida estava nas mãos de Deus, e não nas dos carcereiros comunistas que o torturavam. E
a segunda, é que ele queria sobreviver para dar o seu testemunho e contar o que presenciou.50
O sofrimento de Cristo, dos apóstolos, dos primeiros cristãos, como a tormenta desse
pastor búlgaro, e o de tantos outros que ao logo da história da igreja são testemunhados, é a
prova de que o serviço que prestamos a Cristo é de riscos eminentes, de sofrimento a
semelhança do que enfrentou ativamente o Senhor Jesus Cristo. Se o cabeça da igreja
padeceu, não fugiria a regra aqueles que o seguem, o seu corpo vivo. E esse sofrimento deve
ser encarado como grande honraria, uma vez que é um privilégio inestimável participar dos
sofrimentos de Cristo.
Diante dessa verdade não podemos negligenciar tal realidade, mas ao mesmo tempo em
que devemos está convicto quanto à disposição para vivenciar o sofrimento, devemos
considerar também o consolo, e a presença real de Cristo que segue aqueles que,
desafortunadamente dão testemunho do seu nome em meio aos sofrimentos extremos.
Aqueles que de fato são chamados pelo Senhor ao ministério, sabem que sofreram
algum tipo de tormenta, em algum momento, em algum lugar, e da mesma forma que
entendem essa realidade ministerial, reconhecem com alegria que o consolo e a presença real
de Cristo não lhe falta, e que será presente por toda a caminhada, uma vez que a promessa
fora feita por Ele mesmo (Mt 28.20). O apóstolo Paulo a muito já tinha experimentado desse
49 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p1450 POPOV, Haralan. Torturado Por Sua Fé. 8ª Ed. Editora Fiel. São José dos Campos, 2006. e-book. p 7
36
favor de Deus, como por exemplo, a situação que é relatada por Lucas em Atos dos Apóstolos
(At 23.11), ali vê que Deus, anima a Paulo quando detido em Jerusalém, “Na noite seguinte, o
Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a
meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma.” Mas na frente
nesta carta, encontramos o relato de Paulo acerca de como Deus o tem consolado na prisão,
mesmo em meio ao repentino abandono dos seus companheiros de ministério, e o eminente
risco de morte que lhe era aguardado (2Tm 4.17).
Por tudo isso, Timóteo deveria se dispor ao sofrimento pela causa do evangelho, a
exemplo de Cristo e de Paulo. Assim também, devem os que desenvolvem o ministério na
igreja, entender que esse apelo paulino se estende a todos em todas as épocas, e em todos os
lugares onde houver a presença da igreja, e dos que nela desenvolvem os seus chamados
ministérios.
2.3.3. Viva o evangelho (v.9-10)
Essa e a terceira postura que Paulo incentiva Timóteo a vivenciar em seu ministério
frente à verdade do evangelho. Aqui ele aponta que viver o evangelho, é viver o que ele nos
traz na pessoa e obra de Cristo. De maneira clara o apóstolo escreve acerca da salvação e
como nos é dada na pessoa única de Cristo, e como a sua obra perfeita nos assegura plena
salvação. Apontando assim para um viver pautado por essa realidade espiritual, de quem
encontrou o Salvador da sua vida e que deve se dedicar em servi, fazendo boas obras não para
alcançar o livramento eterno, mas porque vive agora uma nova vida segundo a natureza desse
que lhe salvou.
Ao que parece Paulo se dedica a explicar nesses versos que os seguidores de Cristo
experimentam uma oportunidade singular de viver o evangelho em sua plenitude, pois a obra
de Cristo visa levar o homem a viver segundo o propósito de Deus nesse mundo até que o
mesmo seja chamado para viver reta e perfeitamente esse mesmo propósito na eternidade.
Assim os servos de Deus são vocacionados para desfrutarem da obra de redenção, e viverem a
reconciliação feita por Cristo. Logo a sua vida nova deve ser guiada pelo principio do fim
pelo qual são chamados a salvação, que é a do serviço, do viver para a glória de Deus.
Cristo “trouxe à luz a vida” por meio do evangelho, todos que estavam mortos
espiritualmente e receberam essa vida, o receberam para viverem nova de modo que esse
novo viver implica em viver o evangelho, e para o evangelho. Como o próprio Paulo escreveu
37
aos gálatas: “logo já não sou eu quem vive mais Cristo vive em mim” (Gl 2.20). E mais
adiante escrever aos filipenses “porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro”.
Esses dois versículos retratam bem a forma como o apóstolo compreendia o evangelho, e
como deveria ser o relacionamento do cristão com o mesmo. Ele tanto vivia o evangelho em
sua vida, que declarava que já não era ele que vivia, mas Cristo era quem habitava em sua
vida. E de igual modo sem reservas ele vivia para o evangelho, a causa de Cristo era o seu
combustível existencial, para ele o valor da vida estava em fazer a vontade do evangelho, o
desejo de Cristo.
Em Cristo a vida triunfa para sempre sobre a morte51, esse é o legado do evangelho do
qual o apóstolo desfruta, e dedica os seus últimos dias para que outros também possam
desfrutar dessa vitória do evangelho. E aqui ele lembra ao pastor Timóteo acerca dessa
realidade, de que a vida cristã embora cheia de lutas, deve ser vivida intensamente segundo o
seu propósito, e de conformidade com as prerrogativas do evangelho de Cristo, que triunfa
sobre a condenação da morte eterna.
O bom ministro é alguém que recebeu esse favor imerecido, a graça da salvação em
Cristo Jesus, mas é também alguém que compreende essa obra divina, o seu significado e seu
valor eterno, e por entender as suas implicações as traz consigo em seu coração, para
vivenciar, e logo conduzir outros pelo mesmo caminho de esperança, que não pode ser
encontrado em outra pessoa, se não, no eterno filho de Deus.
Essa é a atenção que o experiente apóstolo espera que o jovem pastor tenha, e que ele se
disponha a viver a vida que Cristo lhe traz no seu evangelho. Pois quando se experimenta dela
plenamente, não se vive nesse mundo da mesma forma, já que os referências passam de
terrenos a celestiais, e de temporários a eternos, portanto, todo o sentido da vida aqui, estar
relacionado com a vida eterna que o evangelho nos traz. Não temos mais o mundo como
padrão, mas as Escrituras Sagradas como modelo para nos conduzir em todo o viver. E
quando assim vivemos ao exemplo de Paulo, respondemos adequadamente ao evangelho de
Cristo.
2.3.4. Pregue o evangelho (v.11-12)
Frente à verdade do evangelho, Paulo tinha aprendido que deveria anuncia essa boa
nova. Para isso ele tinha sido “designado como pregador apóstolo e mestre”. E por essa
51 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p 16838
causa é que ele tem sofrido, no entanto, não se envergonhar das ignomínias a que tem sido
exposto, uma vez que ele tem como honra o padecer por Cristo. Ele está convicto da sua
crença, e de como esse a quem ele crer é poderoso para guardar o seu deposito até o dia final,
ou seja, a sua alma e salvação.52
Calvino coloca aqui, que Paulo defende a doutrina do evangelho, bem como o seu
chamado.53De igual modo, Timóteo deveria também testemunhar a mensagem do evangelho,
por meio de um ministério fiel de pregação da Palavra. Um ministério autêntico de pregação é
confirmado pela fidelidade ao conteúdo que se propaga, Paulo tinha desenvolvido o seu
ministério dessa forma, ele pregava o arrependimento para com Deus, e a fé em nosso Senhor
Jesus Cristo.54 No livro amado Timóteo, Joel Beeke cita Edward Dering “o ministério fiel,
assim como Cristo, é aquele que prega nada além da Palavra de Deus. ”55 William Perkins
disse que o coração de toda pregação é pregar a Cristo, através de Cristo, para glória de
Cristo.56
Nesses versos fica evidente, como o apóstolo tinha compreendido o seu chamado, como
ele percebia a sua vocação, a forma como ele desenvolvia a sua tarefa, aponta para alguém
que entendeu claramente que o ministério deveria ser desenvolvido de modo fiel. Ele era fiel
ao conteúdo da mensagem, ao seu chamado, e sobre tudo, aquele que o arregimentou para o
serviço. Essa compreensão da fidelidade tripartida era fruto do conhecimento de Cristo, que
de igual forma viveu um ministério alicerçado na fidelidade ao Pai que lhe enviou, sendo o
maior exemplo de ministério para os seus seguidores.
Dr. Martyn Lloyd-Jones esclarece que a pregação deve ser a primazia da igreja e do
ministério pastoral, e frisa que essa tarefa deve ser desenvolvida com urgência e
autenticidade:
“... a obra da pregação é a mais elevada, a maior e a mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser chamado. Se alguém quer conhecer outra razão, eu diria que a mais urgente necessidade da igreja cristã, na atualidade, é a pregação autêntica. E visto que esta é a maior e mais urgente necessidade da igreja, evidentemente ela é também a maior necessidade do mundo. ”57
Apesar dos desafios que o pregador enfrenta em qualquer época, ele deve ser
extremamente diligente no desenvolvimento do seu mistério, e fiel a sua vocação ministerial. 52 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 286 53 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 12154 ASCOL, Tom. Amado Timóteo. Editora Fiel. São José dos Campos, 2005. p 21755 Ibd p 21456 Ibd p22357 LLOYD-JONES, Martyn. Pregação e Pregadores. 2ª Ed Editora Fiel. São José dos Campos, 2008. p15
39
Pregar era a tarefa de Paulo, também dever ser a de Timóteo, e de semelhante modo
obrigação, daqueles que são chamados por Cristo ao desenvolvimento do ministério pastoral.
2.3.5. Guarda a verdade do evangelho (13-14)
Nos dois versículos seguintes, Paulo chama a atenção de Timóteo sobre a
responsabilidade que recai sobre ele, de guardar a sã doutrina. O seu apelo vivido é por conta
do valor que o evangelho possui, o apóstolo tinha conhecimento profundo do valor
inestimável do evangelho. Da mesma forma ele queria que o jovem pastor, não negligenciasse
a riqueza das boas nova, que como um tesouro deveria ser guardado em seu coração, e
mantida vivo no seio da igreja. John Stott comenta que “o verbo (phylassõj) tem o sentido de
guardar algo "para que não se perca ou se danifique". Segundo Stott o verbo é empregado
com a idéia de guardar um palácio contra saqueadores, e bens contra ladrões”.58 Ele acrescenta
que fora há hereges prontos a corromper o evangelho, e desta forma roubar da igreja o inesti-
mável tesouro que lhe foi confiado. Cabe a Timóteo colocar-se em guarda.59
No verso quatorze Paulo vai usar o termo “guarda o bom depósito” e repete a palavra
depósito do versículo doze. Que se entenda o significado de modo distinto, Hendriksen
esclarece que na primeira (v.12), ele estar se referindo a Deus guardar a sua vida ou salvação,
agora ele se refere a Timóteo guardar algo, no caso o evangelho.60
Os dois versículos trazem uma exortação dupla: primeiro Paulo exorta Timóteo a
manter o padrão do evangelho (v.13), “mantém o padrão das sãs palavras”. Paulo tinha
transmitido esse padrão a Timóteo, e agora ele reitera que é preciso se manter firme e
conservar com excelência a sã doutrina, porque essa é a doutrina de Cristo, e não de Paulo ou
de qualquer homem. Ele precisava ser um modelo desse ensino sadio.61
A segunda exortação “guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em
nós”. Stott expõe que “o evangelho é um tesouro, depositado em custódia na igreja. Cristo o
confiou a Paulo; e Paulo, por sua vez, o confiou a Timóteo.”62 Como o próprio texto indica a
obra de guardar o “bom depósito,” é garantida na assitência do Espírito Santo que auxilia
perfeitamente aqueles que são do minstério, para que consigam em meios aos desafios das
58 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p2059 Ibid60 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. pp286,289.61 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 1962 Ibid p 20
40
herêsias dos homens, serem firmes no propósito de manter o ensinamento correto do
evangelho de Crsito Jesus.
2.4. Os exemplos de fidelidade e infidelidade 1.15-18
O texto em questão nos traz duas situações distintas, quanto ao comportamento de
pessoas que contribuíram com o ministério paulino: primeiro dos que abandonaram o apóstolo
por causa do seu cárcere, e em seguida a respeito de quem se empenhou em encontrá-lo,
mesmo sabendo da sua cadeia. Esses dois exemplos são favoráveis para análise da temática
fidelidade no ministério, tanto do ponto de vista positivo como negativo. A questão da
fidelidade aqui estar inteiramente ligada à fidelidade ao conteúdo do evangelho.
O que temos no verso quinze é o relato de Paulo acerca de uma deserção generalizada
por parte de cristãos da Ásia, que estavam abandonando a Paulo e ao evangelho de Cristo,
ainda que nem todos tivessem feito isso, pois Timóteo estar na Ásia e não abandonou a Paulo.
Valencia esclarece que o abandono não era de todos os crentes, mas de líderes das igrejas
representados no texto por Fígelo e Hermógenes, provavelmente esses dois encabeçassem
algum movimento desleal contra Paulo.63 Calvino comenta que Paulo os cita provavelmente
porque eles deveriam ser os mais conhecidos do grupo, e o faz para que se fechem as portas a
eles, pois os mesmos tentariam justificar com mentiras a sua infidelidade, colocando a culpa
no apóstolo.64
John Stott avança nessa discussão apontando que o problema da deserção tornava-se
mais grave, porque não era apenas um abandono a pessoa de Paulo e o seu ministério junto a
essas igrejas, mas indicava uma rejeição à autoridade apostólica:
“...As igrejas da Ásia, onde trabalhara por vários anos, tornaram-se muito dependentes dele, e talvez a prisão do apóstolo lhes tenha incutido a idéia de que a fé cristã agora estava perdida. A reação deles talvez tenha sido repudiar Paulo ou recusar-se a reconhecê-lo. De Figelo e Hermógenes nada sabemos de concreto, mas a menção de seus nomes nos indica que possivelmente eles tenham sido os cabeças da oposição. De qualquer modo, Paulo via nesse afastamento das igrejas da Ásia mais do que uma simples deserção pessoal dele; era, sim, uma rejeição à autoridade apostólica...”65
63 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p 8064 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p12665 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p20
41
Agora fica evidente porque o apóstolo faz este relato na sua carta, bem como a defesa
do seu apostolado em sua saudação inicial. Ele mostra a Timóteo como ministros infiéis
podem ser danosos a vida da igreja, bem como desviar o rebanho da verdade, e levarem a
viverem em rebeldia junto às autoridades constituídas da igreja.
Nos versos que se seguem, veremos o inverso do que vimos no versículo anterior, se os
personagens de antes, foram infiéis abandonando o apóstolo por conta do seu cárcere. Paulo
agora faz menção da fidelidade de Onesíforo, que ao invés de lhe abandonar por conta da sua
cadeia, tem uma postura totalmente contrária. Ele mesmo correndo risco foi à procura do
apóstolo até que o encontrou (v.16-17), demonstrando assim fidelidade.
Pouco se sabe a respeito do irmão fiel e destemido, o apóstolo faz menção dele aqui e
no final da carta (4.19). O que podemos saber além do seu nome é que ele fazia parte da igreja
de Éfeso, um servo que era atuante naquela igreja, alguém que apoiava o ministério apostólico
de Paulo.
Além disso, o texto lança uma dúvida quanto ao seu estado, se ele estava preso, se
estava morto, ou longe de casa. O comentarista William Hendriksen reconhece tal realidade,
bem como a sua complexidade, mas não fecha com nenhum tipo de possibilidade. John Stott
por sua vez, defende que a oração em favor da família de Onesíforo, e depois em favor da sua
pessoa, tem a ver unicamente com o fato dele está longe de casa.66 Calvino por sua vez nem
discute as possibilidades de: cárcere, morte ou distância de casa. Por certo, que várias
possibilidades podem ser acolhidas, mas não passariam de conjecturas, quanto a real situação
do ilustre irmão. No entanto, a hipótese de morte deve ser descartada definitivamente, uma
vez que Paulo não intercederia pela vida de um morto. Não encontramos na sua teologia, e
nenhuma das suas epístolas ensinos sobre tal doutrina.
O mais importante não é o que lhe ocorreu, mas a sua postura de fidelidade ao
evangelho descrita aqui por Paulo. O apóstolo reconhece que ele sempre lhe serviu, bem
como a igreja, e assim a causa do evangelho, como no presente tinha servido ao encarcerado
do Senhor. Se ele estava preso, ou longe de casa, estava por conta de sua lealdade ao
evangelho e a Paulo, e conseqüentemente por causa da sua fidelidade a Jesus Cristo.
Hendriksen aponta para o seu ministério fazendo a seguinte observação: “Ainda antes que
fosse a sua missão a Roma, Onesíforo, estando ainda em Éfeso, prestara muito serviço valioso
66 Ibid42
á causa do evangelho. Esse trabalho de amor fora realizado perante os olhos de Timóteo. Por
isso Paulo diz: “você sabe melhor do que eu”.67
Fígelo e Hermógenes como os demais que abandonaram ao apóstolo Paulo são mal
exemplo a Timóteo de como viver o ministério, e a fidelidade ao evangelho. Pois além de
serem desleais, são mentirosos, covardes, homens insubmissos a autoridade apostólica, e que
são incapazes de guardar o bom depósito do evangelho. São homens que amam mais o
presente século (4.10), que buscam o que é de seu próprio interesse e não o que é de Cristo
(Fp 2.21). Desconsideram a fidelidade ministerial, porque não estimam aquele que o convoca
para o serviço em seu Reino, nem o valor infinito do seu evangelho.
Por outro lado, se os primeiros devem ser rejeitados como modelo, Onesíforo é um bom
exemplo a ser seguido pelo jovem pastor, a sua firmeza, lealdade, disposição e coragem,
deveriam servir de motivação para Timóteo. Paulo relata de como ele muitas vezes o animou,
e não tinha vergonha das suas algemas, e como diligentemente o procurou quando foi a Roma.
Mas entre os dois modelos de ministérios, encontramos a Paulo que é o exemplo de
fidelidade ministerial, influenciando a Onesíforo e Timóteo, bem como a qualquer ministério
autêntico. Paulo é esse modelo, não apenas por conta das suas qualidades, mas por quem ele
representa, e segue fielmente. Jesus Cristo é o maior modelo de fidelidade ministerial, todos
que o seguem devem perseguir com esmero, e vivenciar as suas virtudes, de modo que elas
sejam firmes para orientar a todos que lutam por sua causa, e o servem em seu Reino eterno.
Ser fiel a Cristo é ser fiel ao seu evangelho, todo ministério fiel é marcado por sua fidelidade
ao conteúdo imutável das boas novas de Cristo.
Conclusão
Diante do presente cenário, em que se vivência o desenvolvimento dos ministérios da
igreja, é de fundamental importância se analisar tal exortação acerca de fidelidade ministerial.
Percebendo os inúmeros desafios, a prática ortodoxia do ministério em qualquer era e lugar.
Buscando sempre ser encorajado pela verdade Bíblica, e encorajar a outros para que não
se desanimem frente aos obstáculos. Com a veemência necessária, deve-se buscar uma
postura correta frente à revelação do evangelho. Que o identifique como alguém que
desenvolve um ministério genuinamente evangélico, firme e disposto a pagar um preço por
algo que é maior que ideais de homens, vivendo experiências espirituais segundo o 67 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p293
43
sentimento de quem alcançou em Cristo a salvação para viver vida nova, voltada para o seu
Reino, que deve ser anunciado com toda diligência.
Assim é ofício de todos os ministérios da igreja, guardar a verdade do evangelho seja no
coração de quem o realiza, bem como protegendo das pichações que em qualquer época, pode
ser investida quanto à sã doutrina. Isso é feito por homens fieis que buscam expiração nas
linhas das Sagradas Escrituras, para que tenham seus ministérios tão fiéis quanto à verdade
bíblica.
QUESTIONÁRIO DA SEGUNDA LIÇÃO
1. Além do privilégio, qual a outra prerrogativa dada a quem é chamado por Deus a
desenvolver o ministério pastoral?
2. A quem o pastor representa em seu ofício terreno?
3. Qual a preocupação do apóstolo Paulo com o jovem pastor Timóteo na passagem
(2Tm 1.6-7)?
4. O que deve o pastor fazer quanto ao monitoramento do seu ministério?
5. Quais as posturas que o pastor deve ter frente às verdades do evangelho?
44
6. Seria possível desenvolver um ministério fiel sem sofrimento?
7. Qual a responsabilidade que recai sobre Timóteo (2Tm 1.13-14)?
8. Segundo o texto (2Tm 1.15-18), como qualificar a postura dos líderes citados na
passagem?
9. Qual o melhor exemplo de fidelidade a ser seguido?
10. Como o exemplo de fidelidade de Cristo, pode ajudá-lo em seu ministério?
FOLHA DE TRABALHO EXEGÉTICO
Texto: Título: MÉTODO TEOLÓGICO
Relação do texto com Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo.Identificação de ídolos.
MÉTODO CRÍTICOIdentificação dos autores do texto bíblicoIdentificação dos receptores originais do textoIdentificação da família de manuscritos usadosCompreensão das diferenças que há entre as famílias de manuscritosVersão BíblicaMétodo de tradução usado (literal, equivalência dinâmica, paráfrase, contextualizada)Idioma do textoIdioma usado na interpretação
MÉTODO INDUTIVOTextos de referência:1.1.1.2. (etc.)
45
Explicações de dados importantes: palavras importantes anotações gramaticais método de tradução gênero literário o autor e os ouvintes originais contexto cultural contexto histórico contexto bíblico título e tema da passagem
MÉTODO EXPOSITIVOObservações sobre cada versículoMÉTODO LITERÁRIO (formule uma estrutura temática da passagem)
Identifique o gênero da passagem e texto.Identifique o tema do livro, e subtema da passagem onde está o texto.Observe se há o uso de figuras de linguagem.
MÉTODO ANALÍTICOVerdade Mentira Evangelho Idolatria(s)
MÉTODO DOUTRINÁRIO Qual é a posição da igreja sobre os ensinos neste texto?Há declarações confessionais ou de credos sobre este texto?
MÉTODO EXISTENCIAL/PESSOALQue importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com Deus?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com os outros?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação consigo mesmo?Qual é o seu hábito para ler a Bíblia?Qual é o seu hábito para lembrar o que a Bíblia diz?
MÉTODO CONTEXTUALIZADOQual é a condição social; quais as necessidades e possíveis problemas dos ouvintes?Como a mensagem do texto se aplica à necessidade dos ouvintes?
MÉTODO DEVOCIONALOração e açãoAdoraçãoConfissão de pecadosPedidos especiaisAção de graçaEnsinamentos1.2.3.
46
LIÇÃO 3: ORIENTAÇÕES PARA PERSEVERAR NO MINISTÉRIO
Introdução
A segunda carta de Timóteo é fantástica quanto as suas contribuições para o
desenvolvimento dos ministérios da igreja, em especial o ministério pastoral. A carta trata do
ministério do ponto de vista da doutrina de Cristo e dos apóstolos, e além desse valor, ela traz
a experiência do ministério de Paulo, e mostra como esse ministério foi exercido nos seus
últimos dias de vida, sendo exemplo de ministério inspirando pela missão de Jesus Cristo.
Essa última carta do apóstolo é contagiante pelo seu conteúdo inspirado por Deus, pela
circunstância em que foi inscrita, pela certeza que ela ministra tanto acerca da salvação como
da forma de viver em serviço antes de partir, além da convicção que ela nos traz a respeito do
valor do ministério. Paulo motiva a Timóteo quanto à integridade, entrega, dedicação,
47
fidelidade, e entre tantos aspectos positivos contidos na carta, aqui destacaremos como o
apóstolo busca motivar a Timóteo a se manter firme, e perseverante em meio as lutas do labor
pastoral.
Nessa carta nós vamos sempre encontrar um paralelo entre o que Paulo faz, e o que
Timóteo deve fazer. Entretanto, isso não se configura como uma forma ditatória de um líder
apostólico se impor sobre o seu comandado, desejando a todo custo impor a sua filosofia de
ministério, ao contrário, trata-se de alguém com vasta experiência, e que possui autoridade
espiritual para delegar ordens, mas muito, além disso, orientar como um mentor espiritual.
Para o apóstolo, Timóteo é o filho da fé (1Tm 1.2; 2Tm1.2; 2.1), é alguém a quem ele
considera como companheiro de ministério, um bom discípulo a quem ele instrui segundo os
ensinos de Cristo. As palavras de Paulo são inspiradas por Deus para orientar o jovem pastor,
bem como a todos os que servem em ministérios na igreja, em todas as épocas. As palavras
dessa carta pastoral é um marco normatizado de princípios, para o desenvolvimento do
ministério pastoral no meio do povo de Deus.
Perseverar é a primeira orientação apostólica para o pastor Timóteo nesse capítulo, ficar
firme era a melhor atitude, ainda que as circunstâncias pudessem apontar para outros tipos de
posturas, de fraqueza ou de deserção. Logo o jovem líder deveria considerar que a semelhança
de Paulo, e de outros exemplos de líderes da igreja. Ele não poderia fracassar na tarefa que lhe
fora concedida por Deus, mas seguindo a orientação paulina, deveria se fortalecer na graça de
Deus mediante Jesus Cristo. Que de maneira fiel se coloca presente na vida daqueles que são
vocacionados todos os dias (Mt 28.20), sendo Ele o maior modelo de perseverança no
ministério.
3.1. EXPOSIÇÃO DE 2 TIMÓTEO - 2.1-13
A partir desse ponto, vamos ver como o texto é configurado apontando para as
orientações de perseverança no ministério. De onde pode vim a força nos momentos de
fraqueza, a importância de ser forte para poder instruir a outros, a semelhança do que fez
Paulo e deve fazer Timóteo, a dedicação do que pode ficar para depois, mas que deve ser
zelada em todo tempo para se alcançar a vitória. Uma boa motivação para perseverar é seguir
o exemplo do Senhor da igreja, bem como do seu servo sofredor. Mas acima de tudo não
confiar em si mesmo ou nos seus esforços, deve-se esperar na fidelidade daquele que é
48
sempre fiel para. Pensando em tudo isso vejamos como a passagem encoraja os servos de
Deus a perseverança ministerial.
3.1.1. Ser forte em graça 2.1
Paulo escreve nessa terceira parte da epístola, uma orientação para que o seu discípulo
seja perseverante no combate da fé, “Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em
Cristo Jesus. Mas uma vez ele chama a Timóteo de filho, demonstrando o seu sentimento
paternal por alguém que ele muito ama. Esse filho da fé deve ser forte para suportar os
desafios das labutas espirituais, e esse fortalecimento não procede do vigor físico, psíquico,
ou de qualquer outra natureza, se não do próprio Cristo Jesus que nos anima em meio as
agruras da vida.
A graça de Deus não é direcionada aos seus apenas para que sejam salvos, quando não
possui mérito algum para alcançarem tamanha dádiva. Ela também é dispensada para que esse
povo seja assistido em suas necessidades, quando caminham fazendo a sua peregrinação
terrena rumo à cidade celestial, e no tocante ao ministério ela é generosamente manifesta para
suprir em tudo aquele que colabora pela causa do Reino, e ministram na vida dos remidos.
Tanto no caso da salvação, como no desenvolvimento do serviço da igreja, a graça é
concedida por Deus, nos méritos de Cristo e em hipótese alguma, baseada nas virtudes de
quem é chamado para servir. “Todas as realidades relacionadas à graça de Deus sobre nós,
estão vinculadas a Cristo Jesus. Não há manifestação da graça para nós à parte da obra de
Jesus Cristo em nosso lugar e em nosso favor.”68
Paulo era um apóstolo com vasta experiência, sabia das fragilidades da vida humana, e
por certo experimentou de muitas circunstâncias desanimadoras no exercício do seu
apostolado. A sua preocupação com o pastor de Éfeso não era infundada, pois além dele
conhecer as dificuldades naturais do ministério, também tinha conhecimento de algumas
dificuldades que Timóteo estava enfrentado e da sua situação, temendo pelo desânimo, ele
orienta-o, “fortifica-te na graça”.
O apóstolo sabia bem como superar as suas fraquezas, umas das frases bíblicas mais
conhecidas é de “sua autoria,” em um momento de fragilidade ele disse: “o poder de Deus se
aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12.9), e seguindo a leitura dessa passagem ele ainda completa
“Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2Co. 12.10). Esse é o testemunho
68 DÓRIA, José Santa. Teontologia o ser de Deus. Seminário Internacional de Miami. Aracaju, 2014. p18049
verdadeiro de quem superou as suas fraquezas, fortificando-se na graça de Cristo. De igual
modo ele recomenda a Timóteo a buscar esse recurso da graça na pessoa de Cristo, que é o
único que pode lhe fortalecer para superar as dificuldades do presente, como as possíveis lutas
do futuro. John Stott afirma que o único antídoto para o desânimo, é o poder de Deus,69 essa é
a única solução para aqueles que passam por decepções no ministério. No poder de Deus tudo
é possível, por meio da sua graça Deus alcança o seu povo em poder, para que possa continuar
a jornada lhe servido perseverantemente.
3.1.2. Instruir a outros 2.2
Essa parte é clara, e aponta para a grande comissão no sentido da ordem de fazer
discípulos, esse princípio tinha sido cumprido por Paulo na sua relação com o jovem Timóteo,
e o mesmo agora tinha o dever de fazer a mesma atividade com outros, que também desse
continuidade a essa tarefa de formar novos discípulos. Está claro que o texto se refere a
treinamento de liderança a discípulos para liderar, para comunicar as palavras da sã doutrina.
E embora esse exercício pareça simples na sua forma de execução, ele deve ser feito de
maneira minuciosa para não se perder a essência do seu conteúdo. Se assim não fosse, o
apóstolo não teria feito quatro referências diretas ao assunto só nesta carta (2Tm1.13; 2.2;
3.10,14). Ele deseja que Timóteo forme novos líderes, mas que esses sejam homens
comprometidos com a causa do evangelho, e sejam verdadeiros multiplicadores da
mensagem, sem que essa sofra qualquer tipo de mutação, por qualquer tipo de doutrina de
homens.
Essa mesma preocupação é notadamente presente no texto de Atos (At 20.17-35),
quando Paulo manda chamar em Mileto, os presbíteros de Éfeso para uma última reunião. Já
que ele iria a Jerusalém, e a sua prisão era iminente. Nessa reunião Lucas relata a preocupação
de Paulo com a sã doutrina, e como a liderança da igreja deveria se manter firme, conforme a
sua postura e zelo. É nesse mesmo ritmo que Paulo continua pensando, agora é sobre o seu
enviado a Éfeso, que ele cobra essa postura de ensinar a liderança acerca do evangelho, para
que esses homens por sua vez, continuem a realiza com louvor a obra de Cristo.
O conteúdo da tarefa de Timóteo era o que ele tinha ouvido de Paulo o santo evangelho,
esse deveria ser transmitido sem acréscimo ou déficit no conteúdo. Não era para colocar, nem
tirar coisa alguma, mas deveria ser fiel a todo designo de Deus. “Assim como a deslealdade
69 STOTT, John. Os Desafios da Liderança Cristã. ABU Editora. São Paulo, 2004. p1550
da Igreja na Ásia, tornava imperativo que Timóteo guardasse a verdade com lealdade, assim
também a iminente morte do apóstolo tornava imperativo que Timóteo tomasse providências,
para levar a verdade intacta à geração seguinte.”70 E isso passava por esse processo de
comunicação a homens fiéis e idôneos, de modo que os mesmos, se comprometessem com
essa transmissão a exemplo de Paulo que recebeu de Cristo, transmitiu a Timóteo, que por sua
vez, deveria levar a outros, e ensinar com a mesma responsabilidade.
A verdade da Escritura Sagrada só é preservada no seio da igreja, quando cada líder em
sua época, assumem o compromisso irrevogavél de ser fiéis aos princípios bíblicos. Para tal
realidade, se manter em meio aos ataques heréticos, é preciso formar líderes com as
prerrogativas expostas por Paulo.
A prerrogativa de fidelidade é algo que faltou aos desertores da Ásia, mencionados no
capítulo anterior. Tudo indica que Paulo deseja que um novo quadro de liderança local seja
formado na igreja, mas que Timóteo tome as devidas providências para evitar que o mal da
deserção se repita. Mas ele defende uma segunda característica especial para esse grupo, que é
a idoneidade, e que se entenda esse requisito de duas formas: primeiro quanto ao caráter digno
do ministério, e em segundo lugar que seja capaz de ensinar, dotado de habilidade para o
ensino. Mas a segunda característica só podia ser contemplada, se a primeira acompanhasse.
O apóstolo deseja ver esse movimento na igreja, para que essa se mantenha fiel aos
desígnios de Deus, e não se perca na caminhada contaminada por heresias. Liderança firme e
bíblica, só é constituída quando se observa o princípio de instruir a outros, formando
discípulos que liderem compromissados com Jesus Cristo, com o conteúdo do seu evangelho,
e com o método estabelecido de fazer discípulos.
3.1.3. Ser dedicado ao evangelho 2.3-7
Nessa seção Paulo discorre com analogias, acerca da dedicação que Timóteo deveria ter
ao evangelho. Ele utiliza as figuras do soldado, do atleta e do lavrador, para ilustrar em
diferentes sentidos, com as devidas contribuições, como deve ser a dedicação do jovem
pastor. Usando esses grupos como exemplo, Paulo mostra que há uma recompensa para o que
se esmeram no serviço do Senhor, e se, a recompensa do soldado, do atleta, e do lavrador são
terrenas e temporárias, as do que servem a Deus serão maiores, porque ultrapassam as
expectativas terrenas, sendo celestiais e eternas.
70 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p2251
No verso três ele escreve, “participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo
Jesus.” Segundo outras traduções, a idéia aqui, é que Timóteo deveria compartilhar das
mesmas lutas, que Paulo vinha passando por causa do evangelho (NVI, CATOLICA,
ARC,VIVA), ou seja, deveria está disposto para o sofrimento como um bom soldado de
Cristo. “Todo verdadeiro e fiel servo de Jesus Cristo se dedicará realmente, e de todo o
coração a sua tarefa, com o fim de agradar ao seu mestre.”71
No verso quatro a figura metafórica continua sendo ainda do soldado, pois a idéia dos
dois versículos é única. No entanto, ela se aprofunda no seu significado, e passa a qualificar a
metáfora, o bom soldado de Cristo, que carrega a cruz e luta pela causa do Reino eterno.
Devem-se observar os soldados dos exércitos dos reis desse mundo, um bom modelo, são os
soldados do império romano, percebe a sua lealdade, dedicação, entrega e disposição por uma
causa humana. E percebendo como esses militam em dedicação para agradar aquele que o
arregimentou, de igual modo devemos militar com disciplina e dedicação, sem se envolver
com coisas desse mundo, com a finalidade exclusiva de agradar aquele que chama homens,
para servir nas trincheiras do ministério pastoral.
A outra figura vem no verso (v.5), o apóstolo usa a figura do atleta, provavelmente se
refere a um atleta que competia nos jogos gregos, que corria em busca de um coroa material.
Segundo John Stott “cada prova tinha o seu prêmio, e os prêmios conferidos aos jogos gregos
não eram medalhas de ouro ou troféus de prata, e sim coroas de ouro.72 No entanto, o prêmio
só era concedido ao atleta que seguia as regras da competição. Logo ele esclarece ao jovem
que ele deveria segui as regras de Deus, para ser um vencedor em seu ministério, e para
conseguir a recompensa incorruptível.
O lavrador é a figura do verso (v.6), do seu trabalho deve ser o primeiro a desfrutar da
recompensa do seu labor. Isso quer dizer que primeiro ele deve gastar energia, e se esforçar
bastante para poder colher o fruto do seu trabalho, pois sem as etapas de lavrar a terra,e
cultivar a lavoura, não haverá colheita, não é possível desfrutar de frutos sem ter antes
semeado. A recompensa é a segunda etapa de qualquer trabalho, e no serviço do Reino deve
se observar tal princípio, o próprio apóstolo Paulo é que diz que aquele que semeia muito,
colhe muito, e o que semeia pouco, colhe pouco (2Co 9.6). A recompensa é para quem
trabalha, o ministério é cheio de recompensas, mas para quem com fidelidade serve ao
Senhor.
71 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p30072STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p24
52
Juntando as três figuras da analogia, Timóteo encontraria um único significado, deveria
ser dedicado ao trabalho do Senhor. O tríplice exemplo deve servir-lhe de motivação, pois ele
foi chamado por Deus para vivenciar um ministério ímpar, que se sobrepõe a qualquer um dos
três tipos de função destacado no texto. E os que as desenvolviam faziam isso com dedicação,
de modo semelhante deveria o jovem pastor, laborar com afinco para lograr êxito em sua
tarefa ministerial.
No último versículo desse parágrafo (v.7), Paulo orienta o pastor Timóteo a ponderar o
que ele acabou de escrever. Era necessário que o pastor analisasse as palavras do apóstolo, e
Deus iria ajudá-lo na compreensão das mesmas. John Stott aponta que há pelo menos duas
importantes implicações nesta combinação de meditação (humana), e iluminação (divina).73
Ele fomenta no seu comentário a importância do labor intelectual, para entendermos a
revelação bíblica, bem como a dependência que temos de Deus para compreender as suas
verdades.
Toda metáfora empregada no texto, aponta para necessidade de dedicação ministerial.
Como Paulo, os que servem a Deus devem ter um único interesse em mente, que é o da sã
doutrina. Por essa verdade, deve-se estar disposto a enfrentar os perigos da guerra com todas
as possíveis dificuldades que um soldado enfrenta, pois foram considerados soldados de
Cristo. E deve-se pensar na disciplina de um atleta, em sua submissão as regras de competição
para poder competir conforme os regulamentos, tendo em mente que essa competição é a
corrida da fé. E por fim, gastar energia e tempo a semelhança de um agricultor que emprega
muito de si, para fazer uma lavoura produzir frutos, tendo em mente que a nossa semeadura é
para colheita do Senhor.
3.1.4. Seguir o exemplo de Cristo e do apóstolo 2.8-10
É notável como Paulo era bem doutrinado, e como o seu comprometimento com o
evangelho era vivido. Em suas cartas ele sempre estar zelando pelo nome, e pela obra de
Cristo. Embora o conteúdo desse escrito seja de cunho pastoral, mesmo assim ele não
desvencilha do tema do seu ministério, que é o evangelho de Jesus Cristo. Paulo não tem
variação doutrinária, o evangelho com todas as suas implicações é o seu foco, porque Cristo é
o seu ministério, nele estar o seu sentido de viver e servir no Reino de Deus, por isso, ele é
sempre firme e perseverante com Cristo, pois apesar de qualquer adversidade ele tem uma
73 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p2653
tarefa, uma missão que se sobrepõe a qualquer outra coisa vista por importante, inclusive a
sua vida é tida por inferior ao propósito de Deus.
Paulo entendeu o seu chamado, e não vivia o ministério como um fim em si mesmo,
mas abnegadamente estava disposto a se entregar a favor da causa pela qual ele lutava, ele
declarava que não tinha a sua vida por preciosa, mas o que importava era cumprir o seu
ministério, que era anunciar o evangelho da graça (At 20.24). A semelhança do seu Senhor,
ele tinha disposição para enfrentar tudo e todos, para que o nome de Cristo fosse levado a
diante no cumprimento dos propósitos eternos de Deus. Para o apóstolo a sã doutrina deveria
ser pregada, vivida e preservada a todo custo, e não se podia abrir mão de uma vírgula do seu
conteúdo, pois o seu autor não permitiria tal alteração. Uma vez que a sua obra foi perfeita,
completa e única, deveria ser propagada sem alienações, caso contrário perderia o seu valor.
O apóstolo tinha conhecimento das influências religiosas que a cidade de Éfeso tinha,
bem como sabidamente conhecia as potencialidades de acontecer influências religiosas dentro
da igreja, por grupos de judeus, de gnósticos e outras heresias que negassem a Cristo. Em
outras passagens o apóstolo já tinha demonstrado essa preocupação em relação às heresias na
igreja de Éfeso (At 20.29-30; 1Tm 1.3-11), em ambos os casos ele manifesta profunda
preocupação.
Pensando nisso é que Paulo passa a tratar no verso (v.8), sobre três aspectos especiais
acerca da pessoa de Cristo. A sua historicidade, a sua descendência, e a sua obra. Calvino
comenta acerca dessas três cláusulas, a importância de Jesus ser apontado como descendência
de Davi na passagem: primeiro porque se ele é da linhagem de Davi, ele é homem, nascido
em carne, segundo essa realidade atestava que ele era o Messias esperado que tivesse de vim
da casa de Davi, e por último ele é o redentor prometido que viria da tribo de Judá da casa de
Davi.74
Segundo o comentário da e-Sword, no coração de um ensino falso se acha uma visão
incorreta de Cristo.75 Por conta disso é que Paulo instrui, “Lembra-te de Jesus Cristo,
ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho”. Com essa
colocação, ele responde aos questionamentos especulativos dos judeus e dos gnósticos.
Timóteo dever seguir esse evangelho que Paulo chama de seu, por conta que esse, é o
conteúdo que ele recebeu e foi designado a anunciar (1Tm. 1.11), não por posse, mas por
causa da sua identificação, se o evangelho era de Cristo, então Paulo tinha uma entrega a sã
doutrina sem reservas. Em outras passagens ele usa esse mesmo termo “meu evangelho” (Rm
74 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p13275 BIBLE BOOKS – ARA. Edição Digital, in E-Sword. Comentário de 2 Timóteo 2.8.
54
12.16; 16.25; Ts 2.14; 1Tm 1.11). Não para falar de um novo evangelho, mais o que Cristo
lhe tinha confiado a ele em seu ministério.
Nos versos (v.10-11), Paulo aborda novamente o tema do seu sofrimento pela causa do
Reino, ele lembra a Timóteo do seu sofrimento, e como ele não desiste da causa, mesmo
provando de todo tipo de infortúnio, ele se mantém de pé e firme para alcançar os eleitos por
meio do evangelho. Ele está preso, mas está animado pelo fato de que nem os seus
acusadores, nem as autoridades romanas, conseguem deter o poder do evangelho.
Esse deve ser também o sentimento do jovem pastor, perseverar em meio às
adversidades. Timóteo precisava encontrar essa satisfação que seu tutor vivenciava, mesmo
nos momentos mais turbulentos. A semelhança de Paulo ele deveria ter três atitudes: não
valorizar o sofrimento, a dor causada pelas perseguições, mas valorizar a Palavra de Deus,
não importando o que lhe ocorresse desde que o evangelho fosse anunciado genuinamente, e
ter gozo no cumprimento do ministério independente da circunstância.
3.1.5. Confiar na fidelidade de Deus 2.11-13
O ministério é dado à igreja para que os chamados a desenvolvê-los, façam em
fidelidade, e vivam as suas prerrogativas totalmente dependentes da fidelidade de Deus que os
vocaciona, e chama por meio da sua igreja. Se Deus chamar alguém para o serviço, ele
chamará dentro desses dois pontos de fidelidade, ele será fiel a esse servo, mas em contra
partida, esse deve também andar em fidelidade no seu ministério.
O texto traz o atributo comunicável de fidelidade de Deus, relacionando a nossa
fidelidade para com ele, deixando claro que nossa infidelidade não altera o ser imutável de
Deus, que não vária em nenhum dos seus atributos nem por vontade própria, muito menos
para acomodasse as vontades, necessidades ou situações dos seres humanos suas criaturas.
Dessa forma o texto nos traz uma segurança inabalável naquele que é sempre fiel, e nos
assiste em fidelidade. Vejamos como o texto em questão coloca essa verdade eterna.
A passagem vai colocar um paralelo entre a postura do homem e a atitude de Deus,
sendo que a forma como o homem se comporta vai lhe trazer ou não a recompensa, no
entanto, Deus não muda em nenhuma circunstância, independentemente da viração da ação de
sua criatura. Paulo explica assim, primeiro em termos positivos, “se já morremos com ele,
também viveremos com ele” e “se perseveramos, também com ele reinaremos”. E depois ele
55
esclarece em termos negativos quanto à atitude humana, “se o negamos, ele, por sua vez, nos
negará”.
Mas “se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si
mesmo”. Ele permanece fiel a Ele mesmo, as suas promessas e o seu caráter,76 não precisando
mudar a sua postura. A recompensa na fidelidade é algo que depende da ação humana, mas
essa não muda o coração divino, pois ele é imutável em seu ser soberano, o que muda é ação
do homem e não a de Deus, e quando Deus o recompensa é por causa da sua promessa de
fidelidade e não pela postura pura e simples do homem.
No entanto, Deus recompensa temporariamente e eternamente os que confiam em sua
fidelidade, e o servem com entrega e perseverança, como está qualificado nos versos (v. 11-
12). E pode ser confirmado pelos textos do evangelho (Mt 19.28-29; 10.33-34), como por
outras passagens bíblicas (At 14.22; Rm 8.17).“Somente teremos parte na vida de Cristo no
céu, se anteriormente, tivermos participado de sua morte na terra. Somente se
compartilharmos do seu sofrimento, compartilharemos do seu reino no porvir. A estrada para
a vida é a morte, e a estrada para a glória é o sofrimento (cf. Rm 8: 17; 2 Co 4:17). ”77
Como se percebe Paulo estar encorajando o seu discípulo a olhar para Deus, para
segurança que se encontra nele, sempre fiel. Ao invés de vacilar por conta da dureza da
provação. Como esclarece Valencia, Paulo fala aqui das benditas recompensas que esperam
os cristãos que tem sofrido por Cristo. Ele coloca da seguinte forma: se são muitos os
sofrimentos, também serão muitas as recompensas a serem recebidas. Por isso o cristão deve
colocar o seu olhar na eternidade, na comunhão com Cristo,78ao invés de focar nos problemas
temporários desse mundo.
Só persevera no ministério os que são chamados por Deus, que tem o seu coração
comprometido com o propósito do Reino de Deus, e confia na sua fidelidade, e é totalmente
depende dele para superar os sofrimentos no ministério. Com isso não se pode dizer que os
vocacionados não passem por desânimo, por momento de fraqueza, ou de dúvida. O certo é
que quando isso ocorrer os filhos de Deus deve olhar para Jesus e para eternidade, e nele
encontrar o conforto para suas almas e serem motivados a continuarem, com a esperança do
dia eterno.
Paulo descansava nas certezas que o texto traz, e a sua máxima é esse Deus é fiel, por
76 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p8777 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p2878 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p86
56
isso ele confiava nele para lhe guiar no desenvolvimento do ministério apostólico, bem como
estava seguro que ele lhe guardaria depois que partisse. Ele orienta Timóteo a perseverar com
fidelidade, não permitido que qualquer sentimento seja maior do que confiar em Deus. Os
seus medos não poderiam ser maiores que a convicção da fidelidade divina na sua vida. Pois
essas promessas eram tão reais quanto às lutas, e os temores que lhe cercavam, não poderiam
ser igualados com a fidelidade de Deus.
Conclusão
A persistência vem com a firmeza das convicções que uma pessoa mantém. O percurso
que ela escolhe, é o escolhido por Deus. Esse percurso é mais digno do que qualquer outro.79
As convicções paulinas eram firmes e verdadeiras, por isso ele não desistia mesmo quando
desanimado, mas além dos fatores internos que permeavam o seu coração com ardor
apaixonante pelo ministério. Havia também os fatores externos, digo, de fora por vir de Deus
ao seu coração, esse fator era determinante para que o apóstolo fosse sempre em frente,
mesmo quando experimentava das experiências dolorosas, frustrantes, desanimadoras. A
força que levava Paulo a perseverar era um misto da sua disposição em conjunto com ação
divina na sua vida.
Quando Deus escolhe alguém e ordena que a igreja o separe para o ministério, Deus o
faz em capacitação, já que homens falhos são incapazes de servir a Deus na nobreza de suas
próprias forças. Ninguém é encontrado apto para desenvolver o ministério com base apenas
nas suas virtudes, a capacitação é algo divino na vida dos chamados ao serviço. A virtude de
perseverar é mais que um esforço humano, é uma virtude concedida pelo Espírito de Deus
para que os seus servos possam enfrentar com êxito as lutas do ministério, e as vençam no
nome poderoso de Jesus Cristo.
Timóteo tinha a sua frente sempre a imagem do ministério de Paulo, como um exemplo
a ser seguido. O apóstolo com freqüência o orientava a seguir o seu modelo ministerial, e aqui
o instruiu a ser perseverante no seu ministério, pois sabia da realidade que ele estava
enfrentando, e que seria natural o desânimo, mas que esse não deveria ser acolhido no seu
coração, ao invés disso deveria encher o seu espírito do ânimo que vem de Deus. De tal modo
deve ser a postura de um pastor aplicado, focar na graça de Deus para se fortalecer, e não nos
problemas que trazem desânimo.
79 SHEDD, P. Russel. O Líder que Deus usa. Vida Nova. São Paulo, e-book, 2000. p1957
QUESTIONÁRIO DA TERCEIRA LIÇÃO
1. Em que a missão de Cristo contribuiu para o desenvolvimento do ministério
Paulino?
2. O que é necessário alcançar para se manter perseverante no ministério?
3. A graça concedida tanto para salvação, como para o desenvolvimento do ministério
está relacionada a Cristo em que sentido?
4. Como a passagem (2Tm 2.2) se relaciona com a Grande Comissão?
5. Quanto à doutrina o que Paulo esperava de Timóteo?
58
6. Por que é tão importante preparar lideres idôneos?
7. Quais analogias Paulo usam para indicar que Timóteo deve se dedicar ao evangelho?
8. Quais as três atitudes que Timóteo deveria ter a semelhança de Paulo, em meio aos
sofrimentos?
9. Deve-se perseverar no ministério por causa de qual atributo de Deus?
10. Como o exemplo de perseverança de Cristo, pode ajudá-lo em seu ministério?
FOLHA DE TRABALHO EXEGÉTICO
Texto: Título: MÉTODO TEOLÓGICO
Relação do texto com Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo.Identificação de ídolos.
MÉTODO CRÍTICOIdentificação dos autores do texto bíblicoIdentificação dos receptores originais do textoIdentificação da família de manuscritos usadosCompreensão das diferenças que há entre as famílias de manuscritosVersão BíblicaMétodo de tradução usado (literal, equivalência dinâmica, paráfrase, contextualizada)Idioma do textoIdioma usado na interpretação
MÉTODO INDUTIVOTextos de referência:1.1.1.2. (etc.)
Explicações de dados importantes:59
palavras importantes anotações gramaticais método de tradução gênero literário o autor e os ouvintes originais contexto cultural contexto histórico contexto bíblico título e tema da passagem
MÉTODO EXPOSITIVOObservações sobre cada versículoMÉTODO LITERÁRIO (formule uma estrutura temática da passagem)
Identifique o gênero da passagem e textoIdentifique o tema do livro e subtema da passagem onde está o textoObserve se há o uso de figuras de linguagem
MÉTODO ANALÍTICOVerdade Mentira Evangelho Idolatria(s)
MÉTODO DOUTRINÁRIO Qual é a posição da igreja sobre os ensinos neste texto?Há declarações confessionais ou de credos sobre este texto?
MÉTODO EXISTENCIAL/PESSOALQue importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com Deus?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com os outros?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação consigo mesmo?Qual é o seu hábito para ler a Bíblia?Qual é o seu hábito para lembrar o que a Bíblia diz?
MÉTODO CONTEXTUALIZADOQual é a condição social; quais as necessidades e possíveis problemas dos ouvintes?Como a mensagem do texto se aplica à necessidade dos ouvintes?
MÉTODO DEVOCIONALOração e açãoAdoraçãoConfissão de pecadosPedidos especiaisAção de graçasEnsinamentos1.2.3.
60
LIÇÃO 4: OS FALSOS MESTRES: UM DESÁFIO PARA O MINISTÉRIO
PASTORAL
Introdução
O ministério é feito de luta do começo ao fim, por certo que existe os instantes de
refrigério e de bonança, mas a idéia é de combate, de luta, de guerra. O contexto terreno onde
se desenvolve a tarefa pastoral é o ambiente chamado na Bíblia de mundo, não só no sentido
da criação do Soberano Senhor, mas como um sistema de governo totalmente oposto a
vontade de Deus, e desprovido de qualquer interesse por colaboração com a verdade, mas
totalmente dedicado a afrontar aquele que governa soberanamente.
Essa é a realidade do ministério em qualquer época, cultura ou lugar, falar da verdade
implicará em oposição. Logo os conflitos são travados, os falsos mestres se levantam com as
falsas doutrinas, a verdade passa a ser questionada ou substituída pelo conteúdo herético ali
61
defendido. Cabe ao bom ministro estar bem preparado (2Tm 2.15) para refutar as heresias,
mostrando o bom caminho da verdade.
Falsos mestres e falsos ensinos são ferramentas do diabo para desviar tanto as pessoas
que não servem a Deus, como o rebanho que está sendo ajuntado por Jesus Cristo. Essa é uma
realidade desde o Éden, se analisado com propriedade o texto de Gênesis capítulo três,
percebe-se esse fato quando Satanás iludiu a Eva e Adão. Ali ele questiona a verdade de Deus
com a sua mentira, oferecendo um ponto de vista superior a verdade revelada, na tentativa de
desviá-los da verdade, como conseguiu (Gn 3.1-6). É altamente danoso para igreja negar o
valor da revelação de Deus, em nome das supostas verdades de Satanás.
Nos dias atuais não é diferente dos tempos de Timóteo, a igreja estar exposta aos
ataques dos hereges que fingem militar em nome da verdade. Esses personagens estão dentro
e fora da igreja, hora a igreja é atacada por aqueles que estão participando da comunhão do
corpo, e em outras situações é alvo dos que estão de fora, mas a todo custo tentam
desqualificar o ensino da igreja.
Os nossos dias são chamados de pós-modernos, e o espírito desse movimento é que
não existe uma verdade absoluta,80 logo todas as crenças ocupam o mesmo patamar, sendo
rejeitado o pensamento de uma verdade absoluta.81 “O homem é o que decide dizer de si
mesmo. E o correto é o que decidimos ser correto. ”82 Os pastores dos dias atuais têm o
mesmo desafio que tinha Timóteo, zelar pela verdade diante das heresias dos falsos mestres.
Combater com o devido cuidado todo tipo furtivo de ensino sutil, que desvia o rebanho da
verdade salvadora que não pode ser encontrada em outro, se não em Jesus Cristo o supremo
pastor.
No Livro Coração de Pastor, John Sittema fala sobre cinco perigos que ronda a igreja
dos dias atuais, ele chama esses perigos de dentes de lobos: secularismo, materialismo,
relativismo, pragmatismo, feminismo. Acerca dessas ameaças latentes ele ilustra que, “todo
pastor das regiões montanhosas da Judéia precisa saber quais animais selvagens terá de
enfrentar, enquanto procura apascentar o rebanho sob seus cuidados. Ele também precisa
saber se alguma doença enfraquece o rebanho, se há ovelhas que precisam de uma
alimentação especial, ou que deveria ficar isoladas das demais ”83 Ele explica a ilustração
apontando para o significado no contexto do ministério pastoral. “Um pastor espiritual deve
80 HERRERA, Jaime Morales. Evangelismo e Pós-modernidade. Mints. Miami, E-book, 2006. p 20
81 SITTEMA,John. Coração de Pastor. 2ª Ed Cultura Cristã. São Paulo, 2008. p 7282 RAMSAY, Richard. Integridade Intelectual. Editora Clie. Barcelona, e-book, 2005. p 5483 SITTEMA,John. Coração de Pastor. 2ª Ed Cultura Cristã. São Paulo, 2008. p 59
62
dar atenção a essas mesmas questões. Vendo quais são os inimigos que o rebanho enfrenta
hoje em dia. ”84
4.1. EXPOSIÇÃO DE 2TIMÓTEO – 2.14-26
A passagem em questão aponta para a realidade do falso ensino na igreja de Éfeso, e
como o jovem pastor Timóteo deveria enfrentar tal demanda ministerial. Os conselhos de
Paulo mais uma vez foram oportuno para instruir aquele pastor, bem como serão úteis para
orientar a todo pastor que deseja desenvolver ministérios sólidos na igreja de Cristo.
O texto esclarece como o tema do falso ensino deve receber a devida atenção, e não
passar despercebido, ou ignorado como algo inofensivo. Paulo vai discorrer sobre esse
assunto nesta parte da carta e, mas na frente nos dois últimos capítulos, ele continua
apontando os falsos mestres bem como posturas baseadas em compreensões equivocadas da
verdade, em todos os casos ele instrui a Timóteo a zelar pela verdade. Ele deve apresentar-se
diante de Deus como obreiro aprovado, que maneja bem a palavra da verdade (v.15), além do
fato de combater os falsos mestres, Timóteo deveria também atentar para sua conduta, de
modo a evitar o erro de ensinar falsos ensinos, outros evangelhos, doutrinas que não
procedesse de Cristo e dos apóstolos.
O bom ministro precisa conhecer profundamente a verdade, para poder identificar os
falsos mestres, e as falsas doutrinas. Só assim ele vai poder apontar para igreja quem é, e por
que o são. Para poder instruir a igreja no caminho certo quando acontecer os possíveis
desvirtuamentos doutrinários e para prevenir que esses não aconteçam. O texto aponta para
essa responsabilidade do pastor, não é uma questão de ênfase ministerial, não tem haver com
preferência ou habilidade, mas com responsabilidade que recai sobre todos que são chamados
a esse tipo de ministério.
4.1.1. Deve ser testemunha fiel da verdade 2.14-19
Em continuidade ao tema da fidelidade, se Deus é fiel então ele espera fidelidade dos
seus filhos. O ministério deve ser desenvolvido segundo o caráter daquele que o vocaciona, e
ele chamam os seus escolhidos para desempenharem ministérios fiéis que o represente
legitimamente perante os homens. “A vida pessoal do líder deve refletir o caráter de Jesus, 84 Ibid
63
sabendo que o mesmo agrada a Deus, e é o exemplo a ser seguido. ”85 Em muitas situações
esses servos de Deus serão desafiados, provados, e tentados, mas devem se colocar em
posição de fidelidade. Uma vez que tenham essa postura, então poderão ser chamados de um
obreiro aprovado.
Como o texto indica não basta ser fiel no campo das idéias, se faz necessária uma
postura correta quanto ao que se crer, com uma atitude motivada nessa cresça. Ter uma boa
compreensão da teologia bíblica, e ficar de braços cruzados enquanto o evangelho é de várias
maneiras atacado, e sistematicamente deformado, não deve ser a postura de um pastor fiel.
Pelo contrário, o conhecimento teológico deve ser usado também para a defesa da fé. Segundo
John MacArthur “a ortodoxia bíblica abrange a ortopraxia. Tanto a doutrina correta, como o
viver correto são absolutamente essenciais, e totalmente inseparáveis para o verdadeiro filho
de Deus”.86
O quadro pincelado nos versos abaixo traz duas imagens de obreiros, uma de alguém
que é aprovado e a outra de alguém que é reprovado, sendo assim, a obra apresenta os
motivos porque um é aprovado e o outro reprovado. Stott coloca da seguinte maneira: o bom
obreiro aprovado é alguém irrepreensível, enquanto que o mal obreiro é contraventor da
Palavra. O primeiro não tem do que se envergonhar, já o segundo tem todas as razões para se
envergonhar. O bom obreiro maneja bem a palavra da verdade, e o mal obreiro devia-se da
verdade.87
As características do trabalhador aprovado se destacam nessa passagem como pode ser
percebido no texto: Ele instrui o rebanho corretamente segundo a revelação que lhe foi
concedida (v.14), maneja bem a palavra da verdade (v.15), manifesta bom testemunho (v.16),
combate os falsos mestres com seus ensinos (v.17), se mantém firme no caminho do Senhor
(v.18), e vive uma vida nova apartado do pecado (v.19). O obreiro aprovado é alguém que
estar ligado à palavra de Deus, e que se mantém firme na rocha, em nenhuma circunstancia é
apontado na sua figura um desligamento do conteúdo da verdade, ele sempre vai estar
associado ao evangelho. Os maus obreiros por sua vez são aqueles que estão desligados do
conteúdo da verdade, e que introduzem conteúdos estranhos nos seus ensinos (v.18). O
trabalho destes é comparado com um câncer (v.17) e não contribuem para edificação do
corpo, nem para a glorificação de Cristo.
85 ROJAS, Quintero. Ética para pastores e líderes de Ministérios. MINTS. Bogotá, 2005. p 5286 MACARTHUR, John. A Guerra pela Verdade. Editora Fiel. São José dos Campos, 2008. p 6887 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 29
64
De maneira muito especial essa perícope mostra que o bom obreiro é aquele que se
preocupa com a verdade, e que trabalha sabiamente para manter o rebanho firme na doutrina
do Senhor. E que se dedica para impedir que falsos mestres desvirtuem o rebanho com
doutrinas vãs embasada em sabedoria de homens, e que neguem o conteúdo da Palavra de
Deus. Nesse ponto fica claro que o bom obreiro é aquele que tem um compromisso de
fidelidade com Deus, e com o conteúdo da sua revelação, não abrindo mão em circunstancia
alguma dos seus princípios. Antes busca manejar a Palavra com diligencia para poder estar
apto, para alimentar o rebanho com boa instrução, para poder perceber os falsos ensinos e
reprová-los a luz das Escrituras, e para poder ser aprovado por Deus em sua conduta
ministerial.
Verificado o texto dessa perícope encontramos no primeiro versículo (v.14) um
imperativo88 “recomenda estas coisas,” não é um conselho de Paulo mas uma ordem. Mas
que coisas deveriam ser recomendadas? O conteúdo do evangelho, os valores que no ultimo
parágrafo o apóstolo instruiu, essas coisas deveriam ser recomendadas “para que evitem
contendas de palavras” os hereges estavam trocando a Palavra da verdade por contenda de
palavras, que nada mais é que discussões por mínimos detalhes, chamado mais adiante
falatórios inúteis (v 16) ou conversa mole.89 Em outras cartas o apóstolo vai usar essa mesma
expressão para apontar a importância de se evitar as contendas (1Tm 1.4; 6.4; Tt 3.9; Cl 2.16,
20-21). Pois independente do conteúdo dessas discussões que estavam sendo valorizadas, tal
discussão só estava afetando os ouvintes levando-os a rebeldia, destruição e ruína, eram
debates inúteis, que causava confusão e trazia prejuízo à fé dos ouvintes.
Mas uma vez é colocada sobre a responsabilidade do pastor a tarefa de zelar pela
conduta do rebanho. Ele não tem o direito de escolher se vai ou não seguir o conselho dado,
pois essa orientação vem de maneira imperativa como já citado no parágrafo anterior, a única
opção é agir de modo a preservar o rebanho no caminho da verdade. Caso contrário estará em
desobediência, e colocará todo o rebanho em risco, bem como facilitará o trabalho dos falsos
mestres.
Verso (v.15) instrui o pastor a ser o representante fiel do senhor: “procura apresentar-te
a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade. Facilmente se percebe as três partes do versículo, e todas elas estão
interligadas pelo mesmo tema: primeiro “procura apresentar-te a Deus aprovado,” só é
88 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p 8989 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 31
65
aprovado perante Deus àquele que manejou bem a palavra e que por isso não tem do que se
envergonhar, e em segundo lugar “obreiro que não tem de que se envergonhar,” é aquele que
usou da palavra corretamente, e é aprovado por Deus na sua conduta. E a terceira parte “que
maneja bem a palavra da verdade” deve saber aplicar a palavra tanto para conduzir no
caminho certo, como para evitar os erros doutrinários.
Mas que uma questão de caráter, ou de piedade, esse versículo chama a atenção para o
pastor ser fiel aos princípios das Sagradas Escrituras na forma de aplicar os seus ensinamentos
ao rebanho. “Isso implica em esquadrinhar as Escrituras, obedecê-las e honrá-las com seu
exemplo de vida. ”90 A sua aprovação perante Deus como um obreiro do seu Reino não se
limita apenas a viver retamente, mas se estende a obrigação de conduzir o rebanho de maneira
segura, segundo as instruções da Palavra de Deus. Livrando dos falsos mestres com os seus
falsos ensinos, para tal é preciso saber manejar bem a palavra da verdade.
Paulo continua no verso (v16) a alertar Timóteo quanto ao mal que os falsos mestres
trazem a igreja: “Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam
passarão a impiedade ainda maior.” A sua palavra está focada em instruir o pastor a evitar os
falatórios que são contra os ensinamentos cristãos, uma vez que tal prática só serve para que
as pessoas se afastem de Deus. Esses falatórios eram contidos de conteúdos vazios a respeito
de assuntos tidos por importantes, mas que na verdade eram irrelevantes ou má interpretação
da verdade. Hendriksen coloca que provavelmente esse conteúdo fosse sobre histórias
genealógicas e fictícias, e debates minuciosos acerca da lei de Moisés.91
Os falatórios eram inúteis e profanos, essa combinação acabava produzindo uma única
coisa: a impiedade, tanto de quem as fomentavam, como as dos que davam ouvidos a tais
palavras. Para Paulo era dever de Timóteo conduzir as pessoas à verdade, para que tal tarefa
fosse bem desempenhada, ele deveria combater esse tipo de prática, pois ela desviava as
pessoas desse bom caminho, para um caminho cheio de incerteza, e questionamentos que os
afastavam da verdade do evangelho de Cristo. De fato isso é o que todo tipo de falso ensino
produz, ele acaba afastando as pessoas da verdade de Deus, bem como do próprio Deus, e os
conduz a perdição. Por mais que um ensino pareça inofensivo, ele sempre vai ser danoso
quando traz afirmações que desmente a Palavra de Deus. Não existe ensino fora da Palavra de
Deus que não seja ofensivo ao rebanho do Senhor, a mentira sempre vai militar contra a
verdade, e Deus não faz nenhum tipo de concessão na sua Palavra.
90 ROJAS, Quintero. Ética para pastores e líderes de Ministérios. MINTS. Bogotá, 2005. p 5591 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 320
66
Agora no versículo (v.17) Paulo é mais enfático quanto ao mal causado pelos falsos
ensinos, apontando-os como algo que “corrói como câncer” ou “é como gangrena que se
alastra”. As heresias são danosas a igreja a semelhança de um câncer, pelo seu poder de
contaminação. Por isso mesmo, deve se prevenir e está sempre atento para evitar os danos
causados por falsos ensinos. O apóstolo aproveita também para apontar alguns dos falsos
mestres que estão causando estrago na igreja, os seus nomes Himeneu e Fileto. O primeiro já
foi mencionado na primeira carta (1Tm 1.19-20), naquela ocasião Paulo já o aponta como um
falso mestre, agora mas uma vez está trazendo problema para igreja de Éfeso, na carta anterior
o seu companheiro era alguém por nome de Alexandre, nessa oportunidade ele é citado na
companhia de Fileto, que só aparece aqui nessa passagem.
Hendriksen os apontam como sendo mestre das heresias no distrito de Éfeso, e que
Himeneu era o líder do movimento herético, ambos haviam se extraviado da verdadeira
doutrina da salvação em Cristo, o seu erro era ensinar que a ressurreição já havia acontecido,
e ao que tudo indica, eles professavam serem cristãos, mas Paulo já tinha expulsado da igreja
a Himeneu (1Tm 1.20).92 O comentarista ainda acrescenta que a sua negação da ressurreição
do corpo provinha provavelmente de um dualismo pagão, que defendia o pensamento do que
era espiritual era bom, e o que era material era mau. Daí que eles só acreditavam na
ressurreição do pecado para santidade.93
Nesse verso, se nota como o tema dos falsos mestres é um desafio a igreja, e não deve
passar despercebido. Uma vez que os falsos mestres com seus falsos ensinos causam danos
profundos à igreja local. Paulo esclarece a Timóteo que não é possível usar de paciência com
esse tipo de gente, que gera gangrena na igreja. Quanto mais o líder acolhe o falso mestre,
mas ele vai fazer mal a igreja, o líder cristão precisa entender que lobos não devem ser
tratados como ovelhas. Roger Smalling adverte que não devemos ter paciência com os lobos,
pois é perigoso ser paciente com pessoas que causam divisão.94 Esse tipo de pessoa só deseja
uma coisa, conduzir a igreja pelo caminho que elas acham certo, independente da Palavra de
Deus. São insubmissos e não tem nenhum compromisso com a verdade do evangelho, se o
pastor tiver paciência com lobos, destruíram as suas ovelhas.
No verso (v.18) Paulo diz que por conta do apego aos falsos ensinos, esses dois homens
estão desviados da verdade. Eles optaram por abandonar a verdade, e abraçaram-se com a
mentira, acreditavam mais nas suas idéias do que na revelação divina. Estavam pensando nas
92 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. pp321,32293 Ibid. p32394 SMALLING, L. Roger. Liderança Cristã: Princípios e Pratica. e-book, 2005. p36
67
doutrinas de Deus partindo do pressuposto humano, não consideraram as autoridades
apostólicas, e se colocaram no lugar de autoridade sem terem recebido tal consagração. O que
o versículo indica não é um simples ato em descompasso com a doutrina apostólica, mas uma
postura de apostasia da sã doutrina.
A discussão principal é em torno do tema da ressurreição, o que se alegava era que a
“ressurreição já se realizou”. Para eles não existiria ressurreição depois da morte, mas que a
ela se dava aqui quando o individuo é chamado à fé, então passava pela ressurreição para uma
vida nova.95 A princípio até parece que eles estavam tratando de um ensinamento correto, já
que Paulo em algumas das suas cartas abordou o tema da ressurreição (Rm 6.4-5; Ef 2.6; Cl
2.12; 3.1). No entanto, eles não estavam compartilhando da mesma doutrina, mas estavam
invertendo o ensino acerca do tema. A sua idéia de ressurreição não era bíblica, mas se
embasavam nos conceitos gregos do assunto, utilizando apenas do conceito do novo
nascimento para defender as suas falácias.
Esse ensinamento estava “pervertendo a fé a alguns,” muitos estavam seguindo o
exemplo dos falsos mestres, e estavam se desviando da verdade, seguindo os seus passos. O
poder da mentira não é maior do que o poder da verdade, no entanto, tem a capacidade de
causar danos profundos a fé de quem abre mão da verdade, para seguir falsos ensinamentos.
Mas o fundamento da verdade continua sempre firme, independente daqueles que caem,
quando abandonam a revelação da palavra de Deus.
Por último o versículo (v.19) “Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece,
tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo
aquele que professa o nome do Senhor.” Apesar das falsas doutrinas o firme fundamento de
Deus permanece firme em Cristo, e por isso, os que são de Deus permanecem firmes, e se
aparta de todo tipo de impiedade. Os falsos mestres sempre vão existir, mas nunca vão poder
mudar a verdade, e aqueles que são de Cristo permanecem na sua verdade, vivendo e
defendendo-a com fidelidade.
4.1.2. Andar em santidade 2.20-23
Segundo Russel Shedd “a primeira exigência de um líder cristão é santidade. Ele precisa
ser sensível ao pecado que outros possivelmente consideram aceitáveis. O alicerce da
santidade do líder está no caráter do Deus, que ele está representando. ”96 Essa prerrogativa é
95 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p19496 SHEDD, P. Russel. O Líder que Deus usa. Vida Nova. São Paulo, e-book, 2000. pp 20,21
68
apontada por Paulo como uma virtude do caráter do pastor, honrado que serve a Deus como
um vaso de honra na sua casa. “Nas cartas pastorais, Paulo enfatiza ao ensinar que a
habilidade do pastor para o ministério consiste na obra de Deus em seu caráter, e não em sua
habilidade acadêmica (1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). O pastor deve ser irrepreensível em sua vida
pessoal, familiar e social. Deve ter bom testemunho para os que estão dentro, e os que são de
fora.”97
Os versículos dessa passagem apontam para o atributo de santidade de Deus, como uma
qualidade imprescindível do caráter do ministro. Esse deve andar em santidade para servir ao
Deus santo que revela o seu caráter puro. Logo os que o servem devem ser santo tanto do
ponto de vista de serem consagrados, separados para uso exclusivo do Senhor, como no
sentido de purificação e abstenção da prática do pecado.
O texto da passagem em questão fala sobre vasos de honra e de desonra, e alimenta que
um vaso purificado é utensílio de honra, podendo ser útil para o seu possuidor, e preparado
para fazer boas obras. Indicando que o servo de Deus deve se purificar de todo tipo de
impureza, inclusive das falsas doutrinas. Pois os vasos de honra exaltam a Cristo e a sua obra,
enquanto que os de desonra honram a si mesmo, e desprezam a pessoa de Cristo, trocando o
seu evangelho por doutrina de homens.
No verso (v.20) se encontra duas figuras metafóricas: primeiro da “grande casa” e
depois dos “utensílios de ouro e de prata, madeira e de barro” sendo uns para honra e outros
para desonra. Quase não há dúvida de que "a grande casa" é a casa de Deus, a Igreja visível
ou professa.98 Quanto aos utensílios o termo é usado em outras passagens do Novo
Testamento (At 9.15; 2Co 4.7), não sugere simplesmente os membros da Igreja, mas os
mestres da Igreja, representados nos verdadeiros e os falsos mestres. Ao que tudo indica Paulo
está se referindo aos dois grupos de mestres destacados por ele no parágrafo anterior, os
autênticos como Timóteo e os falsos como Himeneu e Fileto.99
Paulo continua (v. 21) “Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros,
será utensílio para honra,” a sua referência ainda são aos falsos mestres, as suas doutrinas e
práticas. Hendriksen coloca que a associação com os hipócritas podem conduzir a
contaminação moral e espiritual. Por isso deve-se evitar a tentação de aceitar falsas doutrinas
e seguir os passos de pessoas perversas.100
97 ROJAS, Quintero. Ética para pastores e líderes de Ministérios. MINTS. Bogotá, 2005. p 5498 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p3299 Ibid. 100 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p329
69
Quanto à expressão “se alguém a si mesmo se purificar destes erros,” faze-se
necessário esclarecer que Paulo não está ensinando sobre auto purificação, mas acerca de se
abster do pecado que os falsos mestres vinham cometendo, as versões (ARA,VIVA e NTLH)
sinalizam na direção de se afastar de práticas erradas. Segundo Louis Berkhof “a santificação
é obra de Deus, atribuída particularmente ao Espírito Santo (Rm 8.11; 15.16; 1Pe 1.2).
Conquanto o homem tenha o privilégio de cooperar com o Espírito de Deus, só pode fazê-lo
em virtude das forças que o Espírito lhe comunica dia após dia, o desenvolvimento espiritual
do homem não é realização humana, mas é obra da graça divina.”101
Ainda fazendo menção ao verso (v.21) “santificado e útil ao seu possuidor, estando
preparado para toda boa obra.” Vejamos a questão das boas obras como elas se relacionam
com a santificação. “A santificação e as boas obras são inter-relacionadas muito intimamente.
Precisamente como a velha vida se expressa nas obras do mal, assim a nova vida, que se
origina na regeneração, é promovida e fortalecida na santificação, naturalmente se manifesta
nas boas obras. 102 Um vaso honrado, portanto, é alguém capacitado por Deus para fazer boas
obras em seu Reino.
Ainda falando dentro do tema da santificação, o apóstolo admoesta a Timóteo que fuja
das paixões da mocidade (v.22). Paulo coloca aqui, o que o jovem deveria evitar (as paixões)
e observar (a justiça, a fé, o amor e a paz). Deveria rejeitar as fraquezas da carne, e cultivar as
virtudes do Espírito, pois um vaso de honra é alguém que é marcado por uma vida piedosa.
Stott comenta que “as paixões” “não deve ser entendida como referência à concupiscência
sexual tão-somente, mas à auto-afirmação, bem como à auto-indulgência, à ambição egoísta, à
obstinada teimosia, à arrogância e, enfim, a todos os caprichosos impulsos da juventude.103
Para o apóstolo Timóteo não deveria se envolver com esse tipo de coisa, nem no sentido de
acolher as práticas dos falsos mestres, nem tão pouco para defender a sã doutrina. Mas
orienta-o a buscar as virtudes do senhor, e vivenciá-la para a sua purificação.
E por último (v.23), ele aconselha o jovem pastor que evite as questões bobas,
controvertidas, insensatas, que não trazia ensinamento proveitoso para o crescimento
espiritual, mas abordava apenas questões fúteis, cheias de absurdos, que só serviam para
gerarem brigas. Tais coisas não produziam santificação nem ao pastor, muito menos ao seu
rebanho, mas causaria divisões, e impiedade. Portanto Timóteo deveria buscar a santificação
101 BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 3ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p 492102 Ibid. 497103 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 33
70
no Senhor que tanto lhe edificaria, como seria proveitoso para a vida do rebanho. Além de
lhes capacitar para enfrentar as demandas que eram tão presente na igreja de Éfeso.
4.1.3. Ser dependente de Deus para ganhar os oponentes 2.24-26
Em tudo somos dependentes de Deus, não existe na vida humana nada que possa ser
independente da vontade soberana do Senhor. E quando falamos de ministério não há como
fugirmos dessa realidade, ao contrário somos ainda mais dependentes dEle, para realizamos
com sucesso as tarefas do ministério e superamos as adversidades. E quando o assunto são os
hereges não basta ser bom em apologética, é preciso ser dependente de Deus, e seguir as
instruções da sua Palavra para poder superar os opositores.
O que se nota nessa perícope é uma instrução dupla, primeiro o apóstolo instrui a
Timóteo quanto a sua postura, o que deve ele fazer para superar os falsos mestres. E em
segundo lugar como ele deve esperar a ação divina no sentido de que os falsos mestres sejam
libertados do mal da heresia, e viva uma vida verdadeira de cristão.
É nesse sentimento de dependência de Deus que o apostolo instrui a Timóteo a agir, no
primeiro momento ele indica o que deve ser evitado, e no segundo instante ele aponta para as
ações efetiva de combate aos falsos mestres. Vale ressaltar que a intenção de Paulo não é que
o pastor busque a disputa como um fim em si mesmo, por vanglória ou partidarismo, mas que
procure com sabedoria corrigir os erros, e com a graça de Deus ganhar os opositores pela
verdade e para a verdade.
Inicialmente no verso (v.24) o apóstolo aponta o que deve ser evitado, “é necessário
que o servo do Senhor não viva a contender,” o conselho é para que Timóteo evitasse as
contendas, as brigas, pois esse tipo de comportamento só servia para dar mal testemunho, e
afastar as pessoas, acabando com as oportunidades de instruções. Antes ele deveria assumir
uma postura branda, educada, amável, mas essa postura não deveria indicar uma concordância
com os falsos ensinos, e sim uma paciência para tratar os desvios doutrinários, e nunca
paciência com os falsos mestres.
Ao invés da contenda Paulo o instrui a buscar um caminho mais proveitoso na guerra
pela verdade, que é o da instrução, da disciplina (v.25). Com isso ele não aponta para uma
apatia ou complacência com os falsos mestres. O que Paulo propõe é uma ação favorável no
sentido de conquistar pela instrução, e quando cabível a aplicação da disciplina aos faltosos, e
isso deve ser feito com mansidão. A palavra disciplina destacada na versão (ARA) tem o
71
sentido de correção, educação, ensino e instrução em outras versões. Indicando o princípio da
disciplina que é o de corrigir, e não apenas punir os que comentem faltas. Quintero falando
sobre ética pastoral instrui que “o pastor não pode e nem deve ser agressivo, egoísta, cruel,
insensível, ímpio, etc. O pastor deve ter um caráter amável, puro, alegre, flexível, carinhoso
sendo justo, honesto, fiel, seu caráter deve refletir bondade, compreensão, humildade, firmeza
diante do pecado, a injustiça e a maldade. ”104
Seguindo em frente o verso (v.25) se completa, “na expectativa de que Deus lhes
conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade,” essa segunda
parte do versículo chama atenção para uma realidade muito importante, o texto de Paulo
indica que essas pessoas que estavam engendradas pelos falsos ensinos, eram pessoas que
ainda não tinham se arrependido, e, portanto não tinham o conhecimento da verdade. As
pessoas que formavam esse grupo poderiam ser pessoas de fora da igreja, mas também
pessoas que já faziam parte da igreja, mas que não tinha experimentado de uma conversão
verdadeira. O apóstolo anima Timóteo a buscar essa postura com a esperança de que Deus os
chame verdadeiramente ao conhecimento pleno da sua verdade libertadora (Jo 8.32,36).
Com isso Paulo não ameniza o problema dos falsos mestres, mas indica um caminho
bíblico para que o pastor de Cristo saiba enfrentar os que se envolvem com falsos ensinos. O
assunto é tão grave que no versículo (v.26), ele aponta para natureza e conseqüência das falsas
doutrinas, “livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para
cumprirem a sua vontade.” O apóstolo esclarece que as falsas doutrinas são obra do diabo, e
tem origem no seu coração maligno, com o intento de combater a verdade Deus. E se a
verdade de Deus liberta, a mentira do diabo escraviza como apontam os termos no texto
“laços do diabo” e “cativos,” ambos indicam que a tentativa de satanás é fazer o homem
cativo para cumprir os seus propósitos e não os de Deus.
Mais uma vez fica claro que a nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra os
principados e potestades do mal (Ef 6.12). Levando essa realidade em consideração
percebemos que só Deus por meio de Cristo pode libertar os cativos, da escravidão dos falsos
ensinos. A nossa dependência será sempre necessária, uma vez que não temos em nós mesmas
virtudes para superamos as fraquezas humanas, muito menos a força maligna. Mas aquele que
é poderoso e reina soberanamente sobre tudo, e todos podem vencer e já venceu (1Co15.54-
57).
104 ROJAS, Quintero. Ética para pastores e líderes de Ministérios. MINTS. Bogotá, 2005. p 5472
Conclusão
Os desafios dos falsos mestres como vem sendo tratado desde o capitulo anterior, não é
uma realidade apenas dos tempos primitivos da igreja, mas vem antes, desde Gênesis no
Antigo Testamento, o próprio Jesus enfrentou essa realidade, a igreja ao longo da história tem
enfrentado esse mal, a própria reforma protestante é fruto desse enfrentamento. E nos dias
atuais não têm sido diferente, os falsos mestres com seus falsos ensinos continuam cercando a
igreja, e em grande número tem adentrado a igreja com as suas falsas doutrinas, trazendo
danos enormes ao desenvolvimento do povo de Deus.
A orientação de Paulo a Timóteo é indispensável para orientar os pastores quanto ao
combate pela verdade. Chamando atenção para gravidade dos danos que causam os falsos
mestres na igreja. Mesmo quando não fazem parte do rebanho, eles conseguem influenciar de
fora, e a sua contaminação acaba causando todo tipo de mal a vida do rebanho: desvio da
verdade, divisão, aumento da impiedade etc. Paulo orientou Timóteo a se precaver contra as
investidas desse tipo de gente mal intencionada, e como agir para combater o mal causado.
O pastor moderno não é diferente do pastor dos tempos apostólicos, as suas obrigações
continuam as mesmas, e embora os desafios às vezes se apresentem contemporâneos, a luta
pela verdade continua sendo uma das prerrogativas do seu ministério. Pois a mentira tem
tomado novas roupagens, mas continua tendo a sua raiz na mentira de satanás, que em todos
os séculos tem usado dos falsos mestres para furtivamente afastar a igreja de Cristo do
caminho da verdade. Cabe o pastor buscar conhecer a verdade para um viver piedoso, e para a
instrução sadia do rebanho de Cristo, bem como para protegê-los dos falsos mestres.
73
QUESTIONÁRIO DA QUARTA LIÇÃO
1. Qual deve ser a postura do líder pastoral frente aos desafios dos falsos mestres?
2. Qual o desafio do pastoreio nos dias atuais que se assemelham com os do Tempo de
Timóteo?
3. O quadro pintado aponta que imagens acerca do obreiro?
4. Quais as características de um obreiro aprovado?
5. O que ocorre quando o pastor não cumpre com o imperativo de zelar pela conduta do
rebanho?
6. Mas que uma questão de caráter, ou de piedade a passagem (2Tm 2.15) fala sobre o
que?
7. A que Paulo compara o dano causado na igreja pelos falsos ensinos?
8. O que acontece quando o pastor tem paciência com lobos na igreja?
74
9. O que deve fazer o pastor para superar os falsos mestres?
10. Como o exemplo do ministério de Jesus pode lhe ajudar a superar os falsos mestres?
FOLHA DE TRABALHO EXEGÉTICO
Texto: Título: MÉTODO TEOLÓGICO
Relação do texto com Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo.Identificação de ídolos.
MÉTODO CRÍTICOIdentificação dos autores do texto bíblicoIdentificação dos receptores originais do textoIdentificação da família de manuscritos usadosCompreensão das diferenças que há entre as famílias de manuscritosVersão BíblicaMétodo de tradução usado (literal, equivalência dinâmica, paráfrase, contextualizada)Idioma do textoIdioma usado na interpretação
MÉTODO INDUTIVOTextos de referência:1.1.1.2. (etc.)
Explicações de dados importantes: palavras importantes anotações gramaticais método de tradução gênero literário o autor e os ouvintes originais contexto cultural contexto histórico contexto bíblico título e tema da passagem
75
MÉTODO EXPOSITIVOObservações sobre cada versículoMÉTODO LITERÁRIO (formule uma estrutura temática da passagem)
Identifique o gênero da passagem e textoIdentifique o tema do livro e subtema da passagem onde está o textoObserve se há o uso de figuras de linguagem
MÉTODO ANALÍTICOVerdade Mentira Evangelho Idolatria(s)
MÉTODO DOUTRINÁRIO Qual é a posição da igreja sobre os ensinos neste texto?Há declarações confessionais ou de credos sobre este texto?
MÉTODO EXISTENCIAL/PESSOALQue importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com Deus?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com os outros?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação consigo mesmo?Qual é o seu hábito para ler a Bíblia?Qual é o seu hábito para lembrar o que a Bíblia diz?
MÉTODO CONTEXTUALIZADOQual é a condição social; quais as necessidades e possíveis problemas dos ouvintes?Como a mensagem do texto se aplica à necessidade dos ouvintes?
MÉTODO DEVOCIONALOração e açãoAdoraçãoConfissão de pecadosPedidos especiaisAção de graçasEnsinamentos1.2.3.
76
LIÇÃO 5: OS APÓSTATAS E OS SEUS PERIGOS
Introdução
Os apóstatas são por definição pessoas que abandonam a doutrina verdadeira para seguir
outro caminho doutrinário, são aqueles que mudam de opinião e posição doutrinária.105
Isso não implica necessariamente em sair da igreja, muitos apóstatas cometem apostasia
e permanecem na igreja. Eles abandonam a fé genuína, mas continuam no meio do povo de
Deus, causando discussões, divisões, e desvirtuamento doutrinários. Enquanto outros estão
fora da igreja e tentam influenciar o corpo de Cristo com suas falácias, e em muitos casos
empreendem tentativas de entrar furtivamente na igreja, se passando por bom mestre.
O perigo que a igreja corre é muito grande, tanto por causa dos apóstatas internos como
pelos externos. Ambos são malignos, mas conseguem com muita diligência esconder esse
aspecto da sua identidade, fingindo-se passar por alguém piedoso, defensor da verdade,
alguém de uma espiritualidade maior que as dos líderes da igreja. “Em geral, eles fazem um
bom trabalho de imitar o fruto do Espírito Santo. Disfarçam-se como ministro de justiça.
Parecem bem sinceros. Eles se mostram, falam e parecem inofensivos. Sabem empregar
linguagem que soa espiritual. Às vezes, se protegem atrás de uma verdade enquanto atacam
outra verdade. Sabem como conquistar a confiança do povo de Deus. ”106
105 AMORA, Soares. Minidicionário da Língua Portuguesa. Saraiva. São Paulo, 1997. p51 106 MACARTHUR, John. A Guerra pela Verdade. Editora Fiel. São José dos Campos, 2008. pp111,112
77
Os apóstatas em muitos casos são membros da igreja local, e chegam a ocupar cargos de
liderança, inclusive de pastor do rebanho. Isso acontece porque a igreja em alguma situação
negligenciou essa realidade de apostasia, e acabou acolhendo no seu meio, pessoas que não se
identificavam com a verdade. E como os apóstatas têm o poder de manipulação para alcançar
seus interesses sórdidos, acabam se infiltrando na igreja e posteriormente influenciando-a
apostatar também. A história da igreja aponta, e comprova como essa realidade se instalou no
meio do povo de Deus, e sempre os indicativos destacados ressaltam um histórico de
negligência com a verdade, e a falta de combate as posturas apóstatas por parte dos membros
e lideranças.
O perigo da apostasia é algo tão real que Paulo se dedica a orientar Timóteo quanto ao
combate desse tipo de gente. A igreja não pode ser negligente a essa realidade, mas deve estar
atenta para combater esse mal. Pois a sua inércia possibilitará que os falsos mestres causem
danos profundos na vida dos membros da igreja, bem como na vida da igreja de maneira
geral. O texto dessa lição confirmará essa realidade, e a necessidade que se tem de identificar
o mal, e como evitá-lo em todas as suas formas maléficas.
5.1. EXPOSIÇÃO DE 2TIMÓTEO – 3.1-9
O que Paulo escreve é muito sério, ele alerta quanto ao perigo real dos apóstatas
naqueles dias, e embora ele não faça nenhuma predição quanto ao futuro, o que ele escreveu
também se aplica ao tempo presente. A expressão “nos últimos dias” não é uma referência á
dias futuros em eras distantes, depois dos tempos apostólicos, mas se refere ao tempo
cronológico desde a vinda de Jesus, ou a partir da ascensão de Jesus Cristo, até a sua volta.107
Sendo assim, aqueles dias de Timóteo em Éfeso já são os últimos dias, bem como os dias
atuais também o são. Stott comenta “o que se segue em 2 Timóteo 3 é, pois, uma descrição do
presente, e não do futuro. Paulo retrata todo o período que vai desde a primeira até a segunda
vinda de Cristo. Sob “os últimos dias” ele inclui a condição universal da Igreja Cristã”. 108
Paulo alerta que esses “últimos dias” serão dias de dificuldades. Essa realidade adversa
ao evangelho seriam frutos da apostasia, que levam os homens a largarem a sã doutrina para
seguir ensinamentos avessos aos valores do evangelho, acolhendo princípios, práticas, e
sentimentos totalmente mundanos, alienados da verdade, com o único interesse egoísta de
107 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p 205108 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p37
78
auto-satisfação. A esses, Paulo chama de “traidores, atrevidos, enfatuados, mas amigos dos
prazeres do que amigos de Deus.” E ele ainda vai qualificá-los como pessoas que fingem
piedade, e que aprendem, mas nunca conhecem a verdade, pelo contrário esses são homens
resistentes a verdade, já que mantém as suas mentes na corrupção, e são inconstantes, e
reprovados na fé.
O apóstolo afirma que esses corruptos não terão sucesso em seus empreendimentos de
engano. A suas práticas malignas não lograrão êxito junto ao povo de Deus, pois as suas
formas de expedientes impuros serão evidentes a todos. No entanto, trarão muitas dificuldades
a igreja de Cristo em todas as épocas, e por isso o pastor Timóteo, bem como todo pastor,
representante fiel de Cristo deve estar atento a esses “tempos difíceis”. Contudo não sem
esperança de vitória, mas certos de como aqueles, esses também serão vencidos.
5.1.1. Tempos difíceis 3.1
Paulo estar passando por tempos difíceis como já foi exposto anteriormente, mas a sua
preocupação é maior quanto aos tempos difíceis que a igreja está enfrentando, e que haverá de
enfrentar. Por isso mesmo, é que ele alerta ao jovem pastor “Sabe, porém, isto: nos últimos
dias, sobrevirão tempos difíceis.” Nos versos seguintes, ele aponta os motivos pelos quais os
tempos até a volta de Jesus seriam de dificuldades. Mas assegura que apesar das adversidades,
o povo de Deus triunfará em o nome de Cristo. E os apóstatas seguindo os exemplos passados
(Ex 7.11; 7.22; 8.7; 8.18), não triunfarão sobre o povo eleito de Deus. As suas obras serão
evidenciadas e reprovadas, pois são frutos falsos e não representam a vontade de Deus, e
quando confrontada com a verdade não pode resistir ao poder do evangelho.
Paulo acrecenta a expressão nos últimos dias "sobrevirão tempos difíceis". “O que
Timóteo deve entender sobre os últimos dias, não é que eles sejam uniforme e
permanentemente maus, mas que neles há períodos perigosos.”109 Stott ainda esplica o
siginificado da palavra no grego, esclarecendo que “o adjetivo grego chalepos, significa
basicamente "duro" ou "difícil" podendo ser tanto no sentido de "difícil de suportar" (como
por exemplo no caso da dor física), como também no sentido de "difícil de se lidar",
trabalhoso (ERC), perigoso, ameaçador.”110
Nessa passagem Paulo alerta Timóteo acerca de como ele deve ser cada vez mais
diligente, e ativo no combate aos males que sobrevém sobre a igreja. Timóteo deveria estar
109 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p37110 Ibid
79
pronto para os duros combates que lhes esperavam pela frente.111 O contexto imediato já se
configurava difícil, tanto para ele como para o apóstolo, mas ainda viriam dias mais duros
para serem enfrentados. E ele como pastor da igreja deveria manter uma postura de fidelidade,
frente aos que estavam buscando um caminho de infidelidade ao evangelho. Esses dias
complicados seriam para aqueles que prezavam pela sã doutrina, e não para os que
desvirtuam. A vida Cristã sadia estava ameaçada, não seriam dias fáceis para aqueles que
buscassem viver o verdadeiro evangelho.
Da mesma maneira são os dias atuais, são dias difíceis para cristandade em todo mundo,
são crescente os números de perseguições. São inúmeros casos de martírios, de maus tratos, e
violência de toda sorte que vem sofrendo os cristãos ao redor do mundo, e em especial na
África, Oriente Médio, Ásia e em outras regiões. Mas além dessas dificuldades, a igreja tem
sofrido um ataque também de nível global, quanto às doutrinas básicas do cristianismo. A
semelhança dos tempos apostólicos além das dificuldades com perseguição, a igreja passa por
lutas para manter a sã doutrina. E essa realidade tem alcançado a igreja em diversas partes do
mundo, fazendo esses últimos dias difíceis para todos os líderes que tem compromisso com a
verdade do evangelho.
Aquilo que era temor para Paulo nos dias apostólicos, tem sido uma realidade cruel para
igrejas nos dias atuais, o liberalismo teológico de muitos líderes tem facilitado, e contribuído
para um desvirtuamento doutrinário, sem precedentes na história da igreja (digo pela
extensão). Os apóstatas tem se levantado com uma autoridade incrível para fazer mal a igreja,
enquanto que muitíssimas igrejas locais têm sido omissas, negligentes, coniventes, e na maior
parte alienadas sem perceber que são dias de dificuldades.
Peter Jones falando sobre o forte movimento da nova era, e como esse tem entrado nas
igrejas nos Estados Unidos e na Europa, destaca uma pesquisa mostrando dados quanto à
crença de alguns cristãos nos EUA. “Em 1994, 71% dos americanos e 40% daqueles que se
nomeiam evangélicos não acreditavam mais em uma verdade absoluta. Desde os anos 60, a
consciência tem mudado. À hora atual é crucial. A igreja enfrenta uma crise de identidade
nunca vista anteriormente desde o século II, a ameaça tem implicações monumentais para os
crentes e especialmente para seus filhos. ”112
Entre tantas colocações valiosas, de maneira bem embasada, ele ainda destaca que “a
igreja perdeu a vontade ou a habilidade de ensinar a fé cristã, de tal maneira a exigir
fidelidade, assim também perdendo a batalha ao competir com os sistemas seculares ou
111 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book p292112 JONES, Peter. A Ameaça Pagã. 2ª Ed WinePress Publishing, e-book,1998. p 49
80
religiosos não-cristãos. ”113 Essa situação tem aumentado, e alcançado um número enorme de
arraias cristão. Que tem perdido a sua identidade como povo do pacto, que não responde ao
seu propósito, como povo santo de propriedade exclusiva do Senhor (1Pe 2.9).
Tempos difíceis, não deve ser encarado apenas como tempo de perseguição, de
dificuldade, de dureza, ou seja, não deve ser visto apenas do ponto de vista do ataque do
inimigo, mas deve ser visto dentro de uma cosmovisão de defesa da fé. Atacando os falsos
ensinamentos na defesa da sã doutrina. O alerta de Paulo a Timóteo não implica em simples
informações, mas aponta para a necessidade de si manter firme, pois é nos dias de
dificuldades que se abri mão dos valores, para não precisar lutar.
Tempos difíceis são tempos de discernimento espiritual, de identificar os apóstatas que
fingem espiritualidade e negam o poder do evangelho, é tempo para fugir do alcance dos
apóstatas (v.5). Essa postura deve ser a atitude do pastor, se ele acolher o mal, sem a
capacidade de qualificar, oportunizará na igreja a proliferação do mesmo.
Mas, tempos difíceis é também oportunidade para triunfar sobre o mal (v.8-9), não é
para fugir, mas para resistir com valor, assegurar o bom ensinamento. Quando Paulo diz para
fugir desses (v.5), ele não estar tratando de território geográfico, mas de campo doutrinário,
fugir do desvirtuamento. Mas ser firme na verdade é o triunfo do que serve a Deus, manter a
sua fé alicerçada na verdade, enquanto os apóstatas serão reprovados na sua fé fingida.
5.1.2. Virtudes avessas ao evangelho 3.2-5a
No verso anterior Paulo colocou que os últimos dias, viriam tempos difíceis, e seguem
nesses versos explicando porque esses dias seriam de dificuldades. A dureza desse tempo, não
era por conta de guerras, enfermidades, calamidades ou moléstias que atacasse ao corpo, mas
as perversas ações dos homens. Por certo que nada é tão doloroso para homens piedosos, e
para os que temem verdadeiramente a Deus, como contemplar tais corrupções morais. Uma
vez que não existe nada que ele estime mais do que a glória de Deus, por isso ele sofre grande
angustia quando vê ataques e depreciação da verdade.114
Ele aponta para a conduta dos apóstatas, e como esses desvirtuam a fé. É notado nos
versículos (v.2-5a) que os apóstatas estão cultivando virtudes mundanas totalmente
reprováveis, e avessas aos conceitos de virtudes do evangelho. Vejam só a lista das “virtudes”
que Paulo numera: “egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores,
113 Ibid. p52114 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 293
81
desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem
domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos
prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.”
Essa lista é de acordo com a versão (ARA), é incrível, ela traz dezenove itens, todos eles
reprováveis a luz das Sagradas Escrituras, apontando para um coração ímpio, mundano,
totalmente transviado sem nenhum compromisso com o ensino cristão. É por conta de homens
com esses sentimentos que os tempos seriam de dificuldades.
Analisando essa lista percebe-se notadamente que esses homens não eram cristãos no
seu sentido real. Pelo contrário, apontam para homens que não conheceram a Cristo, pois
eram “mais amigos dos prazeres que amigos de Deus,” as suas práticas não apontavam para
uma vida verdadeira de devoção, mas de reprovação, pois negavam o poder de Deus. É
importante salientar que esses homens eram considerados cristãos, Paulo coloca que tinham
forma de piedade (v.5), e que a sua fé seria reprovada (v. 8).
Calvino coloca que as pessoas a quem Paulo se refere, são pessoas de dentro da igreja.
Aqueles a quem brevemente descreve, não são inimigos externos, que abertamente estão
atacando ao bom nome de Cristo, e sim são internos, que são reconhecidos entre os membros
da igreja, são esses que está fazendo os dias serem difíceis.115 Segundo John MacArthur os
relatos bíblicos apontam que as piores ameaças a igreja, são os ataques internos, eles
produzem mais danos que as hostilidades externas. Desde o inicio da era da igreja, todos os
ataques espiritualmente letais contra o evangelho surgiram de pessoas que fingiam ser
cristã.116
Stott coloca que “o restante deste primeiro parágrafo do capítulo 3, dedica-se a uma
perfeita descrição de tais homens. Paulo delineia particularmente a conduta moral (vs. 2-4), a
observância religiosa (v.5) e o zelo proselitista (vs. 6-9) deles.”117 Essas informações esclarece
quem eram esses homens, e o que eles representavam, e porque temavam em viver imersos
nesse estilo de vida. Stott faz uma análise dos versiculos em questão: “prestemos atenção à
primeira e à última frase simultâneamente. A primeira diz que são "egoístas", ou "amigos de
si próprios" (philautoi); e a última (v.4) diz que não são "amigos de Deus" (philotheoi).Ao
invés de serem em primeiro lugar "amigos de Deus" são "egoístas" (amigos de si mesmos),
"avarentos" (amigos do dinheiro), "amigos dos prazeres" (v.4).”118
115 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 293116 MACARTHUR, John. A Guerra pela Verdade. Editora Fiel. São José dos Campos, 2008. p115117 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p37118 Ibid p38
82
É válido salientar ainda, que essa qualificação é feita pelo próprio Paulo, não são os
faltosos que faz essa lista de valores. A idéia que eles têm de si mesmo é de homens piedosos
(v. 5), por certo eles discordariam da forma como o apóstolo os descreviam, mas as suas obras
malignas depunham contra eles, a sua conduta moral era uma testemunha forte em favor do
argumento paulino. Além do que, aquele que escreve, o faz na autoridade a ele investida (1.1).
O que temos aqui são palavras de um apóstolo do Senhor Jesus inspirada pelo próprio Deus.
Paulo conhecia a Palavra de Deus, e por esse motivo sabia que tais homens estavam andando
fora do caminho do evangelho.
O que era errado para Paulo por causa da centralidade da Palavra de Deus, certamente
não era para aqueles homens. Por que será? A reposta mais óbvia é que o referencial da fé de
ambos era oposto, a cosmovisão de Paulo era fruto do conhecimento genuíno de Deus,
enquanto daqueles apóstatas tinham o mundo, e os seus corações enganosos cheio de
egocentrismo para lhe conduzir na sua caminhada. Os critérios eram diferentes, logo a
postura, sentimentos e ações também o eram.
O sentimento de Paulo era o de viver para Deus (Gl 2.19-20; 6.4; Fl 1.21), e morrer para
o mundo, enquanto desses eram o contrário. Os sentimentos desses homens descritos aqui
nesse texto os identificam bem como os de Romanos (Rm 1.21-32). Quando classificados por
Max Lucado como hedonista, homens cuja meta de suas vidas é o prazer, que conduzem a
vida ao seu próprio modo, visando o prazer a qualquer custo.119
Quando Deus não reina no coração de homens que se dirige a igreja, e dela passam a
fazer parte, o perigo de apostasia passa a ser grande, pois só um coração cheio do Espírito
pode fazer com que homens caídos voltem a andar no caminho de viver para glória de Deus,
caso contrário, essa relação pode passar a ser uma experiência religiosa apenas moralista, sem
piedade, e cheia de desvirtuamento, produzindo apenas obras da carne (Gl 5.16-21).
5.1.3. Os enganadores 3.5b-8
Nessa parte do texto encontramos três grupos: Timóteo que deve fugir dos enganadores
(v.5), os enganadores que entram sorrateiramente nas casas enganando as pessoas (v.6-8), e as
mulherinhas que dão lugar ao engano (v.6-7). A Timóteo, Paulo aconselha que fuja desses
homens, pois são falsos cristãos e as suas práticas são as provas dessa verdade, como um bom
líder cristão Timóteo deveria evitar a companhia, e associação com esse grupo de herege. E
119 LUCADO, Max. Nas Garras da Graça. 8ª Ed CPAD. Rio de Janeiro, 2003. p.2183
quanto ao grupo dos pseudo cristãos, o apóstolo os qualifica como enganadores, a semelhança
de Janes e Jambres. Tais pessoas não eram apenas desqualificadas moralmente, mais eram
também reprovadas por conta do exercício do engano. O último grupo aponta para os que
davam lugar ao engano, pois segundo o texto são “mulherinhas sobrecarregadas de pecados,
conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento
da verdade.”
Paulo termina o verso cinco aconselhando o jovem pastor a fugir desses homens de
caráter transviado. Ele deve observar a orientação por conta de tudo que ele disse antes nos
cinco versos e por conta do que ele aponta nos versículos seguintes (v.6-8). Na primeira parte
o apóstolo descreve o grande grupo dos apóstatas com as suas virtudes avessas ao evangelho,
e na segunda parte ele é mais seletivo destacando aqueles que tentavam fazer algum tipo de
proselitismo religioso, buscando mulheres que os seguissem.
Nos versos (v.6-7) o apóstolo descreve a ação desses falsos mestres que alto se
credenciavam na tarefa de expor falsos ensinos, e como esses conseguiam iludir mulherinhas.
Melhor traduzido como mulheres levianas, de naturezas fracas, ou tolas. Elas acabavam sendo
alvos fáceis para os falsos mestres.120 Paulo os aponta na sua ação e qualifica a forma como
eles faziam para enganar algumas mulheres, o texto da (ARA) usa a palavra sorrateiro para
descrever a maneira como adentravam as casas. O apóstolo faz essa colocação para qualificar
a ação como ilegítima, tanto no seu conteúdo como na sua forma de execução.
Apesar da motivação errada, do conteúdo estranho a verdade do evangelho, e atitude
reprovada quanto à forma de abordagem, pois esses entravam nas casas das mulheres quando
seus maridos não estavam.121 Tais mestres acabavam logrando êxito nas suas investidas,
embora nem todas as mulheres caíssem nas suas falácias, mesmo assim muitas os seguiam.
Essas são apontadas por Paulo como mulheres “sobrecarregadas de pecados” e “conduzidas
de várias paixões”. Rendriksen comenta que “tais mulheres provavelmente nutrem medo das
conseqüências de seus pecados, porém não se sentem necessariamente envergonhadas
deles.”122 Elas tinham consciência dos seus pecados, mas mesmo assim, eram levadas pelas
suas fraquezas carnais a praticar obras reprováveis, tendo necessidade de encontrar uma
resolução que lhes agradassem, acabavam trocando a verdade do evangelho, pela mentira dos
falsos mestres que traziam falsos ensinos, e que acabavam iludindo a tais mulheres.
120 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p348121 Ibid122 Ibid p 349
84
No verso (v.7) a passagem mostra como essas mulheres eram na forma de se relacionar
com a verdade, “que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da
verdade”. Elas estavam sempre buscando aprender coisas novas, mas nunca dava espaço ao
evangelho. Aprendiam sobre muitas coisas (que não são verdadeiras da fé, que tinham aspecto
de espiritualidade), mas esses aprendizados as afastavam da verdade, uma vez que eram
ensinos doutrinários estranhos ao conteúdo da sã doutrina. Calvino as qualifica como pessoas
sem bases sólidas que não tem direção, cheias de influências da curiosidade. E que pensam ser
sábias, mas no fundo não sabem de nada, e por isso não se apegam a verdade que é à base de
todo conhecimento.123
Agora no verso (v.8) Paulo desqualifica mais uma vez esses homens, assemelhando-os a
Janes e Jambres que resistiram a Moisés (Ex 7.11,22; 8.7,18), esses de igual modo resistiram
à verdade. Não há qualificação a esses homens apóstatas, durante todo texto Paulo traz as suas
características desmascarando esses homens imorais. Eles são comparados a esses
personagens do Antigo Testamento, por conta da sua relutação em relação aceitação da
verdade. Eles de igual modo trabalhavam contra a verdade, para eles pouco interessava a
verdade, pois são contra ela. Se os adivinhos agiam dando a entender que podiam fazer igual
ou mais que Moisés, os falsos mestres trabalhavam da mesma forma.124
Mas ainda tem outras acusações contra esse grupo, “São homens de todo corrompidos
na mente, réprobos quanto à fé”, Paulo não pegou leve com esses indivíduos, deixando claro
que não se pode aliviar com quem tem a mente corrompida, e que é reprovado na sua fé. O
apóstolo em sua insistência não estar perseguindo ninguém, ao contrário, ele está defendendo
o rebanho, mostrando a Timóteo o perigo real que o corpo estava vivenciando, e que era
necessário resistir a tudo isso. Esses pseudo cristãos não tinham um ou outro problema de
caráter que pudessem ser tratados, eles tinham uma enormidade de problemas morais que os
qualificavam como ímpios, e ao invés de querer ensinar, eles deveriam se arrepender de seus
pecados e receberem a Cristo de forma verdadeira para serem libertos verdadeiramente (Jo
8.32,36). Pois à medida que eles estavam se perdendo em meio as suas falácias, acabavam
também levando outros pelo mesmo caminho de engano.
5.1.4. Não haverá sucesso dos corruptos 3.9
123 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p296124 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. pp225,226
85
Depois de toda a discrição dos apóstatas, Paulo anima o jovem pastor “eles, todavia,
não irão avante”. O sucesso desses mestres desqualificados não irá muito longe, primeiro
porque é contra Deus que eles estão trabalhando, e Deus não permitiria o seu avanço. Aí
percebemos quanto Paulo estar falando com base do contexto de Éfeso, e não se referindo a
tempos futuros, ainda que essa passagem se aplique bem em qualquer época e lugar. Nos dias
atuais vemos muita gente pensando que estão vencendo, que as suas atitudes estão corretas
por conta dos resultados que estão obtendo com a mentira. Esse texto aponta que não há
sucesso para quem está fora da verdade, o próprio Cristo esclareceu que esses não
prevalecerão (Mt. 7.22). O sucesso nunca pode ser um indicativo fiel, se esse for sustentado
por mentiras, por falsos ensinos, por contradição ao evangelho. No Reino de Deus o que conta
não é a quantidade pura e simples, mas a fidelidade ao conteúdo da mensagem.
Segundo, porque a sua insensatez seria evidente a todos, da mesma forma que as trevas
não podem prevalecer em um ambiente de luz, a mentira não pode auto sustentar-se frente á
luz da verdade do evangelho. As suas obras virariam contra eles, seria claro para os seus
ouvintes e para os demais, quem eles eram de fato, e como os seus ensinos eram errôneos. Se
eles estavam pregando mentiras, Timóteo deveria se animar a testemunhar a cerca da verdade,
pois só a verdade sendo sustentada poderia lança luz sobre as más obras desses réprobos.
Terceiro, eles seriam desmascarados como foram os outros no passado, a mentira não
pode ser sustentada, os contraventores da verdade acabam sendo vencidos por si mesmo, as
suas mentiras chegam a um ponto que não dá para serem mantidas. E Deus na sua
misericórdia tem protegido a sua igreja, e ainda que permita as provações, não desampara o
seu povo e sempre providencia o escape. Aqui Paulo lembra isso a Timóteo, lhe trazendo
esperança. Se no primeiro verso dessas perícope, o apóstolo chama a atenção para as
dificuldades, e segue apontando-as no texto, nesses últimos versículos, ele traz refrigério a
mente preocupada de Timóteo, lembrando a ele que esse quadro não perdurará, mas que a
vitória sobre os apóstatas será certa.
Conclusão
Nessa parte da carta Paulo mostrou a realidade dos últimos dias, como sendo tempo de
dificuldade por causa da apostasia. Percebe-se que essa realidade ultrapassa a barreira do
tempo, e segue por toda parte até que Cristo venha. Nunca faltou, e não faltarão homens
dentro e fora da igreja buscando direcionar o povo de Deus a perdição, e a uma forma
86
estranha de cristianismo. Em Éfeso os homens queriam ser cristão, mas não buscavam o
caráter perfeito de Cristo, vivia uma falsa piedade, e se posicionavam como inimigos de Deus.
O apóstolo não tolerou tal comportamento avesso aos princípios do evangelho, e
instruiu o jovem pastor Timóteo a não tolerar esse grupo de pretensos mestres, com as suas
práticas. O seu conselho foi para que fugisse desses, evitando-os em sua companhia, pois se
tratava de homens imorais, reprovados na sua fé. De igual modo cabe ao pastor dos dias pós-
modernos usarem as Sagradas Escrituras, bem como os escritos apostólicos para identificar os
apóstatas que lhes rodeiam, e a partir desses escritos proceder corretamente na luta contra o
mal que lhes rodeiam.
Ele também reiterou a Timóteo quanto à vitória, animando-o diante do fato que os
hereges seriam vencidos nas suas próprias palavras mentirosas. Como Moisés tinha vencido,
do mesmo modo Timóteo também os venceriam. Assim todo pastor dependente de Deus,
zeloso da verdade vencerá os opositores, quando na dependência do Senhor conduzir os seus
ministérios.
87
QUESTIONÁRIO DA QUINTA LIÇÃO
1. O que são os apóstatas?
2. Como os apóstatas se relacionam com a verdade?
3. Qual o significado da expressão “nos últimos dias”?
4. Como o liberalismo teológico dos dias atuais tem contribuído com a apostasia?
5. Os apóstatas a quem Paulo se refere são identificados como Cristãos? Por quê?
6. Qual o conselho que Paulo dar a Timóteo quanto a sua relação com os apóstatas?
7. O que deve trazer paz ao coração do líder frente a uma realidade de apostasia?
8. Quais as três razões que impedem o triunfo de tais homens?
9. Como você tem desenvolvido o seu ministério no combate a apostasia?
10. Como você entende que o tema se relaciona com o ministério de Cristo?
88
FOLHA DE TRABALHO EXEGÉTICO
Texto: Título: MÉTODO TEOLÓGICO
Relação do texto com Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo.Identificação de ídolos.
MÉTODO CRÍTICOIdentificação dos autores do texto bíblicoIdentificação dos receptores originais do textoIdentificação da família de manuscritos usadosCompreensão das diferenças que há entre as famílias de manuscritosVersão BíblicaMétodo de tradução usado (literal, equivalência dinâmica, paráfrase, contextualizada)Idioma do textoIdioma usado na interpretação
MÉTODO INDUTIVOTextos de referência:1.1.1.2. (etc.)
Explicações de dados importantes: palavras importantes anotações gramaticais método de tradução gênero literário o autor e os ouvintes originais contexto cultural contexto histórico contexto bíblico título e tema da passagem
MÉTODO EXPOSITIVO
89
Observações sobre cada versículoMÉTODO LITERÁRIO (formule uma estrutura temática da passagem)
Identifique o gênero da passagem e textoIdentifique o tema do livro e subtema da passagem onde está o textoObserve se há o uso de figuras de linguagem
MÉTODO ANALÍTICOVerdade Mentira Evangelho Idolatria(s)
MÉTODO DOUTRINÁRIO Qual é a posição da igreja sobre os ensinos neste texto?Há declarações confessionais ou de credos sobre este texto?
MÉTODO EXISTENCIAL/PESSOALQue importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com Deus?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com os outros?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação consigo mesmo?Qual é o seu hábito para ler a Bíblia?Qual é o seu hábito para lembrar o que a Bíblia diz?
MÉTODO CONTEXTUALIZADOQual é a condição social; quais as necessidades e possíveis problemas dos ouvintes?Como a mensagem do texto se aplica à necessidade dos ouvintes?
MÉTODO DEVOCIONALOração e açãoAdoraçãoConfissão de pecadosPedidos especiaisAção de graçasEnsinamentos1.2.3.
90
LIÇÃO 6: A IMPORTÂNCIA DE PERMANECER NA PALAVRA
Introdução
Nenhum ministério pode ser autêntico se não for credenciado pela Palavra de Deus, e se
não for desenvolvido debaixo da sua autoridade. As Sagradas Escrituras é a nossa única regra
de fé e prática125, e isso vale para tudo e para todos que vivem a fé genuína em Cristo Jesus.
Se retirar a autoridade da Palavra de Deus em qualquer ministério, retira-se também a
autenticidade de tal ministério. A importância da Sagrada Escritura para um ministro da
Palavra é o termômetro para medir o grau de fidelidade do pastor, e conseqüentemente para
identificar se ele é ou não um pastor segundo Jesus Cristo.
Infelizmente essa é uma verdade negligenciada por muitos ministros do evangelho, isso
se evidência no crescente número de pastores que não acreditam na inerrância das Escrituras,
e as tem como um livro que contém a Palavra de Deus, mas que não é a Palavra de Deus. E
por assim pensarem, acabam não permanecendo na Palavra, abrindo espaço para novas
cosmovisões, que confrontam, contradizem, e até desprezam a Palavra de Deus. É uma
realidade antagônica, mas muitos que acreditam serem chamados ao ministério, têm
desprezado o valor único da Palavra do Senhor.
A igreja ao longo da história experimentou de várias maneiras, e as duras penas o preço
de negligenciar a Palavra. Os relatos do período da reforma do século XVI nos trazem 125 PEZINI, José; OLIVEIRA, Alcenir. O Livro de Confissões. da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos da América. eBook, 2006. p179
91
nitidamente informações sobre como a vida da igreja foi obscurecida, quando os seus líderes
se afastaram da Palavra de Deus, e passaram a viver segundo outras tradições. Foi nesse
contexto de apostasia que Deus levantou homens com o coração voltado para as Escrituras
que formularam entre outras doutrinas o pilar reformado da Só a Escritura (Sola Escritura).
Defendendo assim a inerrância, a suficiência, e a centralidade da Palavra de Deus. A
supremacia da Sagrada Escritura foi novamente observada pelo povo de Deus.
Se o líder não permanecer na palavra de Deus, a igreja segue pelo mesmo caminho e
abandona a Palavra do Senhor. A importância da Palavra de Deus é o segredo do sucesso de
um ministério, bem como da igreja local. Um pastor fiel aos princípios da Palavra é um pastor
bem sucedido, não financeiramente, mas quanto ao seu ministério perante Cristo que o
chamou, e a sua igreja terá a mesma recompensa. Mas quando se trata de um pastor infiel a
Sagrada Escritura, grande será o seu fracasso, ele pode até ser aceito pelos homens, mas será
reprovado diante de Deus, e a sua igreja sofrerá a conseqüência de um pastoreio negligente.
6.1. EXPOSIÇÃO DE 2 TIMÓTEO – 3.10-17
O que temos pela frente nessa lição são duas perícope (3.10-13; 14-17), ambas com
conteúdo positivo. Enquanto na passagem anterior o apóstolo expôs uma situação negativa, de
negligência com a verdade, acolhimento e propagação de heresias, por parte dos apóstatas.
Agora ele escreve reconhecendo, e elogiando a Timóteo pela conduta, e o exorta a
permanecer firme na verdade que tem aprendido desde a infância, e dos muitos ensinamentos
que tem aprendido da Palavra por intermédio do apóstolo. “Paulo primeiramente lembra a
Timóteo o seu procedimento até este ponto: "tu, porém, tens seguido de perto o meu ensino
(v.10). Depois ele o exorta a continuar no mesmo caminho: "permanece naquilo que
aprendeste" (v.14). Assim, os vs. 10 a 13 descrevem o passado fiel de Timóteo a Paulo, e os
vs. 14 a 17 recomendam-lhe, com insistência, a permanecer fiel no futuro”126.
As duas perícope trazem exortações quanto a permanecer na verdade, que é a fonte de
todo conhecimento verdadeiro, pois essa é a revelação de Deus. Paulo tem caminhado a luz
dessa verdade, e Timóteo é a sua testemunha fiel, que acompanhou o seu procedimento, e que
tem vivido um ministério semelhante, e precisa continuar assim, sendo guiado pela verdade.
Mas o jovem pastor precisa saber também, que todos que a semelhança do apóstolo buscar
126 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. pp 41,42.92
viver a uma vida genuinamente piedosa em Cristo, será perseguida a semelhança de Paulo. No
entanto, pior será para os homens perversos que vai indo de mal a pior. Melhor é seguir
piedosamente e sofrer por Cristo, do que se perder na impiedade.
Stott explica que os dois verbos principais resumem o propósito deste parágrafo: "Tu
me tens seguido fielmente até agora (v.10); continua, pois, a agir assim (v. 14). Paulo faz uso
da lembrança do treinamento que Timóteo recebeu do próprio Paulo, bem como aquele que
recebeu desde a sua infância. E aí ele mostra o valor da Palavra de Deus, na sua origem e no
seu propósito educativo para qualificar os que servem a Deus, para que o faça segundo as suas
prerrogativas e não segundo doutrinas de homens.
A Palavra da verdade é aqui apontada como o motivo da obediência de Paulo, ele tudo
sofreu por conta da doutrina, enquanto que outros a abandonaram (v.13), e continuaram
obstinadamente nesse caminho. Os hereges serão reconhecidos pelo seu afastamento da
Palavra, enquanto o bom obreiro será confirmado pela sua observação da sã doutrina.
Timóteo deve permanecer firme na doutrina, pois não há outra revelação de Deus, nem outro
tipo de conhecimento que possa ser superior a Sagrada Escritura. Ele irá bem diante de Deus,
permanecendo na sua Palavra.
6.1.1. Exortação a seguir o padrão paulino 3.10-11a
Esse versículo (v.10) traz a dúvida sobre o sentido da expressão “tens seguido,” se ele
aponta para segui-lo do ponto de vista intelectual, seguir o modelo, ou se a palavra seguindo
aponta para ir atrás de alguém, seguir as pegadas. Para esclarecer isso é preciso entender o
significado da palavra grega (parakoloutheo), e como ela é impregada no Novo Testamento.
John Stott esclarce que tal verbo “pode ser usado numa forma literária com o sentido de
ir atrás de uma pessoa, para onde quer que ela vá, seguindo as suas pegadas.”127 No entanto,
ele explica que “no Novo Testamento esse verbo não tem tal sentido. Quando usado em forma
figurativa, tanto pode referir-se a um seguir intelectual, como também pode referir-se a uma
entrega total da mente e da vida, como no caso de um discípulo.”128
O comentarista William Hendriksen trata da seguinte forma: “o verbo seguiu quando
usado de modo figurado pode ser interpretado como vigiado, observado, investigado, ou como
modelo, aderido, copiado. Ainda que o último sentido se ajuste bem quando associado com
meu ensino, minha conduta, meu propósito, minha fé. Não se ajusta bem com as “coisas que
127 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 42128 Ibid
93
me aconteceram em Antioquia”.129 Frente a essa dúvida o comentárista aponta para uma saída,
esclarecendo como deve ser compreendido o “seguir” aqui nessa passagem (v.10-11).
“Timóteo, em contraste com nossos oponentes, você sente um profundo e solidário interesse
em meu ensino, em minha conduta.” Assim interpretado, o verbo implica que Timóteo havia
realmente tomado Paulo como seu modelo, e que, além disso, o havia ouvido com grande
interesse quando relatava suas experiências.”130
Stott aponta uma saída semelhante, para ele “Os dois sentidos deste verbo podem ser
então entendidos como "seguir o raciocínio, compreender, aceitar a idéia", e "seguir
fielmente, sem contestar". Na primeira carta ele insistirá com Timóteo para que se alimentasse
"da boa doutrina que tens seguido" (4: 6), isto é, abraçado. Assim, certamente, o verbo tem o
mesmo significado aqui na segunda carta.”131
Assim, pode-se entender que Timóteo vinha seguindo o padrão paulino, e deveria
continuar assim, seguindo a sua doutrina, o modo de viver, o seu propósito, ou a mesma
intenção, seguir na fé, na paciência, no amor, na perserverança, mesmo em meio a
perseguição, deveria ter a mesma postura que o apóstolo. A intenção de Paulo é orientar de
modo encorajador, se Timóteo tinha feito isso até aquele instante, deveria seguir fazendo
ainda mais.
Se os homens ímpios do início do capítulo seguiam os seus próprios conselhos, o jovem
pastor deveria seguir o conselho de Paulo, que eram cheios da revelação de Deus, e apontava
para Cristo, e seu evangelho. Se aqueles tinham se perdido doutrinariamente, e eram
reprovados na sua fé. Timotéo deveria seguir um outro padrão sólido doutrinariamente, e que
confirmasse a sua fé como uma crença genuína, e cheia de boas obras em Jesus Cristo. O
preço para tal não seria pequeno a semelhança do que Paulo pagou, grande seriam as lutas,
mas o bom discípulo deve sempre estar disposto a sofrer pela verdade de Deus, e nela
permanecer, a semelhança de Cristo.
6.1.2. Deus cuida dos que guardam a sua Palavra 3.11b-13
Paulo termina o verso (v.11) falando sobre as perseguições que ele tem sofrido, entre
elas, nas da cidade de Antioquia, Icônio e Lista (At 13.45, 50-51; 14.2, 5-6, 19-21). De todas
elas Timóteo tinha conhecimento, na sua cidade Lista, Paulo foi apedrejado e tido por morto.
129 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p352130 Ibid131 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 42
94
Timóteo “talvez tenha presenciado a ocasião em que o apóstolo foi apedrejado pela plebe
hostil, arrastado para fora da cidade e lançado à sargeta para morrer, tendo o Senhor livrado-o
desta e de todas as outras perseguições.”132
Quando Paulo faz o seu relato de perseguições na primeira parte do versículo (v.11), ele
o faz com autoridade de quem tinha passado por tudo aquilo, mas na segunda parte desse
verso, ele mostra o outro lado desse tipo de sofrimento, e testemunha acerca do que
experimentou, tanto de sofrimento como de livramento do Senhor, “que variadas
perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor.” Ele relata o que
teve de suportar, ao mesmo tempo em que exalta a Deus pelo seu livramento. O apóstolo em
nenhuma das suas epístolas reclama dos seus sofrimentos, e aqui também não o faz, mas
lembra a Timóteo que o Senhor sempre livra os seus, para que o evangelho avance.
O fim do versículo aponta para o pensamento de que Deus cuida daqueles que guardam
a sua palavra. As provações não tinham tirado de Paulo essa crença, do cuidado de Deus, pelo
contrário, tinha fortalecido nas inúmeras situações que ele tinha experimentado. Ele gostaria
de ver o jovem pastor labutando com essa certeza no coração de que as provas viriam, mas
que Deus não o abandonaria. Por isso, ele não deveria temer passar por lutas, perseguições e
sofrimento, Deus sempre iria estar ao lado dele, se permanecesse guardando a sã doutrina.
Contudo, Paulo continua no verso seguinte discorrendo sobre o preço de viver uma vida
dedicada ao Senhor, e a sua Palavra.
O verso (v.12) aponta para todos os crentes que desejam viver uma vida piedosa, “Ora,
todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” Não só Paulo
e Timóteo, mas todos os servos de Deus em todos os tempos, lugares e culturas, passam por
perseguições quando buscam um viver reto, piedoso, cheio de temor de Deus. O apóstolo com
essa colocação não quer desencorajar a Timóteo, nem aos crentes que viriam depois. Ao
contrário, ele quer esclarecer um fato real, para que os que buscam a piedade estejam
preparados para passarem por vários sofrimentos por conta da Palavra de Deus. Calvino
escreveu que o apóstolo fez essa afirmação por dois motivos: primeiro para que os crentes
estivessem preparados para enfrentar a oposição frente à verdadeira vida piedosa. Segundo
para que os homens bons, não o vissem com suspeita por causa das perseguições que ele
estava sofrendo por parte de homens maus. Ele tem o cuidado de esclarecer para que as
pessoas não o vejam como alguém que está sofrendo o juízo de Deus, em meio a estes
sofrimentos.133
132 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p43133 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 302
95
A perseguição ocorre aos piedosos pelo fato de quem quer buscar a Deus naturalmente,
isto implica em afronta aqueles que rejeitam a Deus com a sua verdade. O homem piedoso
não pratica, e nem aceita falsos ensinos, logo os opositores da verdade empreendem em
perseguição contra os eleitos de Deus, por não compactuarem das suas crenças avessas aos
valores do evangelho. Calvino expõe acerca desse verso que essa colocação paulina é geral,
para todos os crentes. E aquele que quiser escapar das perseguições terá de renunciar a Cristo.
Ele coloca que qualquer esforço para separar Cristo da sua cruz é em vão.134 A respeito dessa
perseguição Cristo já tinha alertado os seus primeiros discípulos (Jo 15: 18-20; 16: 33), se o
mundo odiou a Cristo, consequentimente odiará todo aquele que o confessar.
Nessa parte (v.13) fica mais claro porque haveria, e há perseguições contra os que
seguem firmes na Palavra da verdade. “Mas os homens perversos e impostores irão de mal a
pior, enganando e sendo enganados.” Isso ocorre pela qualificação dos indivíduos, chamado
por Paulo de “perversos e impostores”, e por conta do seu estado de perdição que os leva
cada vez mais para longe de Deus, e assim para um estado cada vez mais maligno nas suas
crenças e ações. Se os piedosos vão amadurecendo espiritualmente, e passam a dar cada vez
mais frutos, praticando boas obras. Os enganadores são ao contrário, eles vão ficando cada
vez pior.135 Se for analisar os versos do começo do capítulo (v.2-5), onde se encontra uma lista
enorme de pecados, é de ficar alarmado, ao ler Paulo declarando que tais homens vão de mal a
pior, ou seja, eles ainda ficaram piores, e continuaram enganando e sendo enganados.
6.1.3. Exortação a permanecer na Palavra 3.14-15
Essa é a segunda perícope do texto trabalhada por Paulo, mas com a mesma ênfase de
instrução a Timóteo de permanecer na palavra, pois essa é a única forma de vencer os
impostores, e solidificar o seu ministério. Timóteo deve estar firme na doutrina, e na Palavra,
uma vez que as Escrituras são indispensáveis para chegarmos a Deus e para o crescimento na
fé (1Pe 1.23-2.2), e são elas o antídoto contra a maldade dos homens e suas heresias.136
A expressão “Tu, porém” já mencionada no verso (v.10), e agora repetida aqui, são dois
pequenos monossílabos gregos su de.137 Podem ser traduzidos como “você contudo”, tal
expressão indica uma exortação. Aqui encontramos novamente um contraste, Paulo admoesta
134 Ibid135 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p100136 Ibid137 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 41
96
a Timóteo a agir de modo diferente dos homens perversos que tentam perverter a fé. Se
aqueles abondonavam a Palavra, Timóteo deveria por sua vez permanecer, fazendo o
contraste necessário com os homens impostores mencionado anteriormente.
A instrução do verso (v.14) é clara “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de
que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste.” Paulo orienta a Timóteo a permanecer na
Palavra, que ele tinha aprendido, não havia necessidade de buscar outros ensinamentos, mas
deveria permanecer alicerçado no conhecimento da verdade, pois não existia algo superior, ou
que complementasse a Palavra, ela era suficiente para o pastoreio eficaz. Além de permanecer
na Palavra pelo que ela trazia de valor, sendo ela a revelação inspirada por Deus (v.16),
Timóteo também deveria levar em consideração o fator de quem ele tinha aprendido, a sua
instrução tinha sido dado por alguém que tinha autoridade apostólica, ele não tinha recebido
instrução de homens duvidosos, mas de alguém escolhido por Deus para o serviço.
Não há dúvida quanto à colocação “sabendo de quem o aprendeste,” é acerca de se
mesmo que Paulo está se referindo. Timóteo aparece nos escritos Paulinos como alguém que
aprendeu de sua avó e de sua mãe (1.5), como já colocado anteriormente, e como alguém que
aprendeu de Paulo sendo esse filho na fé (1Tm 1.2,18; 2Tm1.2;2.1). Até mesmo porque no
verso (v.15), Paulo complementa a informação sobre o aprendizado do jovem, colocando que
desde a infância, ele sabe as Sagradas letras. Certamente que Timóteo aprendeu de outros,
mas esses não são mencionados, enquanto que o seu aprendizado vindo de sua avó e mãe são
destacados, e quanto ao discipulado e treinamento do ministério são atribuídos a Paulo, e o
próprio Paulo faz questão de lembrá-lo acerca disso, para que ele não abra mão desses valores
tão sólidos, para seguir um caminho de incertezas, cheio de mentiras e deploração moral.
Verso (v.15) mostra que Timóteo teve uma base sólida, o seu conhecimento desde
infância era do Antigo Testamento, pois como qualquer menino judeu, ele começou a
aprender sobre a Escritura a partir dos seus cinco anos como manda a tradição judaica.138
Paulo continua apontando para o valor da Palavra, pois só através dela que o homem pode
descobrir a Cristo, e crer para salvação, “que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé
em Cristo Jesus.” “O conhecimento da Palavra de Deus é requisito da fé salvadora. Mais que
isso, é elemento constitutivo da fé salvadora, não existe fé salvadora sem que tenha sido
gerada da Palavra de Deus. A ordem é que devemos primeiro ouvir e depois crê (Jo.3:3;
5:24,25 – At.13:48; 18:27. Aquele que crê aplica à verdade revelada na Palavra de Deus, e se
confia ao Filho de Deus para a salvação.”139
138 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p 233139 DÓRIA. José Santana. Evangelismo Reformado. MINTS. Aracaju, e-book, 2011. p 21
97
Além de revelar a salvação em Cristo, a Escritura revela como viver essa fé de maneira
sábia até a concretização da salvação. Timóteo não precisava se converter novamente, ele
precisava ficar firme, e certo de que o conteúdo da Escritura é seguro, para garantir salvação
aos que permanecem em Cristo Jesus.
6.1.4. A Palavra é inspirada por Deus 3.16-17
Paulo continua reiterando o jovem discípulo, agora reforçando os motivos porque deve
o pastor permanecer no padrão da Palavra de Deus. Primeiro porque ela é inspirada por Deus,
não é fruto da vontade de homens, mas é a revelação específica de Deus. Em segundo lugar
porque ela é que nos capacita para toda boa obra, só ela é útil para nos educar em justiça, com
a finalidade de nos capacitar para responder ao propósito de Deus para o seu povo. Calvino
colocou que Paulo recomenda a Escritura por sua autoridade, e por causa da sua utilidade.140
É através do anúncio dela que Deus chama os homens perdidos, e capacita a sua igreja
para servir. “É questão de suprema importância sustentar que a Palavra de Deus é o único
meio indispensável pelo qual o Espírito Santo produz fé no coração dos homens. Embora não
signifique que a Palavra sempre age independentemente de todos os outros fatores, nenhum
outro fator serve de substituto da Palavra.” 141 Só ela é meio de graça pelo qual Deus
livremente opera na regeneração dos perdidos.
Aqui no verso (v.16) Paulo defende a inspiração da Palavra de Deus, se alguém tivesse
duvidado do valor da Palavra, o apóstolo afirma “Toda Escritura é inspirada por Deus,”
Timóteo não deveria ter dúvida quanto a isso, nem ser iludido por qualquer outro tipo de
posicionamento, abrindo mão dessa verdade absoluta. Ela não é palavra de Paulo, ou de outras
autoridades da igreja, mas é Palavra da autoridade Suprema, por isso ela tem essa posição
elevada sobre tudo e todos, para normatizar a crença e conduta do cristão. Portanto, nada pode
substituí-la, o seu valor é único, uma vez que nada pode alcançar tamanho valor, o que
poderia ser igualado a Deus? Nada, nem ninguém. De igual modo o que pode ser igual à
Palavra desse Deus? Certamente que nada, pois ninguém tem tamanha autoridade para
normatizar alguma doutrina que tenha tamanho valor.
A que Paulo se refere quando ele diz “toda Escritura,” uma vez que o cânon dos 66
livros não estava pronto ainda? A essa pergunta William Hendriksen tem uma boa resposta,
ele explica que “toda escritura” “significa tudo que, por meio do testemunho do Espírito
140 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 307141 DÓRIA. José Santana. Evangelismo Reformado. MINTS. Aracaju, e-book, 2011. p21
98
Santo na igreja, é reconhecido pela igreja como canônico, ou seja, com autoridade. Quando
Paulo escreveu estas palavras, a referência direta era a um corpo de literatura sagrada que
ainda então, compreendia mais que o Antigo Testamento.”142
Mas além da sua autoridade o texto dos versos (16-17), ensina sobre a sua utilidade
inigualável, uma vez que nenhum escrito de maneira válida consegue trazer com fidelidade
informações tão pertinentes, para orientar o homem quanto a sua vida e relacionamento com
Deus. O apóstolo aponta para essa utilidade “e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra.” Quando não se segue essa Palavra o indivíduo
acaba por andar por caminhos pecaminosos, a semelhança dos homens citados no começo do
capítulo (3.2-5), pois só na Palavra inspirada, é que encontramos ensinos verdadeiros que leva
o homem ao conhecimento de Cristo e da sua salvação. E todo homem piedoso ou não, é
repreendido sadiamente nela quando falta com o que está revelado. Ela tem a autoridade para
correção, cabendo aos líderes da igreja zelar pela aplicação dessa correção quando necessário,
e os filhos de Deus sem reclamação, aceitam toda correção da Escritura, pois é correção
divina.
Quando Paulo coloca a afirmação “a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra.” Calvino comenta que “perfeito aqui significa
alguém sem falta, uma pessoa que não tenham nenhum tipo de defeito. Paulo afirma
categoricamente que a Escritura é suficiente para promover a perfeição.” 143
Vale acrescentar que “todo o processo de ensinar, redargüir, corrigir, e instruir tem
como objetivo levar o homem a ser como Deus. Que restaura ao pecador para que desfrute de
uma nova natureza. Tudo que Deus fez na sua obra de redenção foi perfeito e não necessita de
algo a mais. A Bíblia é um livro perfeito e pelo Espírito Santo nos leva a uma regeneração
perfeita de nosso ser.” 144
Ele continua, “quando o apóstolo se refere a um homem perfeito, fala daquele que, pelo
estudo da Escritura e do conhecimento íntimo obtido por meio da mente e do Espírito de
Deus, está bem preparado para todo trabalho a que foi chamado.”145 Essa é a finalidade da
Palavra enquanto capacitação do homem de Deus para boas obras, fazê-lo apto e plenamente
142 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 367
143 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p310144 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p101145 Ibid
99
habilitado para praticar a Palavra de Deus. A Palavra do Senhor é fundamental para levar o
homem a uma conduta santa, um procedimento tal como era no princípio antes da queda,
viver para glória de Deus.
Conclusão
Para Paulo, Timóteo e tantos outros personagens da história da igreja, não foi fácil
permanecer na Palavra. O apóstolo evidência nessa passagem comentada quanto padeceu por
levar a Palavra de Deus a outros, como foi perseguido por se manter firme na manutenção do
conteúdo da sua mensagem, por conta do seu cerne, Jesus Cristo, ele passou por muitas
perseguições e sofrimento. Mesmo assim exortou o Jovem discípulo a permanecer firme,
mesmo sabendo da demanda de lutas que enfrentaria pela Palavra de Deus. Os primeiros
cristãos muito sofreram por conta da Palavra de Deus, os pré-reformadores, e reformadores
experimentaram também desse cálice de sofrimento pelo zelo a Sagrada Escritura.
O desafio para os pastores nos dias pós-modernos é manter a mesma identidade Cristã, e
permanecer na Palavra, cativo ao seu ensino, sem abrir mão de nenhuma doutrina. Buscando
tão somente agradar a Deus, sustentando a sua verdade absoluta. Pois o ministério da Palavra
tem a ver com um anúncio fidedigno da revelação divina em todos os tempos, em todos os
lugares, e todas as culturas até que Jesus volte. Enquanto isso é preciso conhecer, viver e
ensinar a Sagrada Escritura.
100
QUESTIONÁRIO DA SEXTA LIÇÃO
1. Qual a relação do ministério pastoral com a Palavra de Deus?
2. Qual o contraste entre um pastor que guarda a Palavra de Deus, e o ministro
negligente?
3. Por que Timóteo deveria seguir os conselhos de Paulo?
4. Que conforto tinha Paulo, em meio as suas lutas pela verdade do Evangelho?
5. O que acontece com os que querem viver piedosamente?
6. Como Timóteo deveria agir para vencer os impostores?
7. Quanto à salvação, o que as Escrituras revelam?
8. Por quais motivos o ministro deve permanecer no padrão da Palavra de Deus?
9. As doutrinas pregadas por um ministro pode ser fruto de outras influências que não a
Palavra de Deus?
10. Como você ver a Cristo em sua obra, como alguém que permaneceu na Palavra?
101
FOLHA DE TRABALHO EXEGÉTICO
Texto: Título: MÉTODO TEOLÓGICO
Relação do texto com Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo.Identificação de ídolos.
MÉTODO CRÍTICOIdentificação dos autores do texto bíblicoIdentificação dos receptores originais do textoIdentificação da família de manuscritos usadosCompreensão das diferenças que há entre as famílias de manuscritosVersão BíblicaMétodo de tradução usado (literal, equivalência dinâmica, paráfrase, contextualizada)Idioma do textoIdioma usado na interpretação
MÉTODO INDUTIVOTextos de referência:1.1.1.2. (etc.)
Explicações de dados importantes: palavras importantes anotações gramaticais método de tradução gênero literário o autor e os ouvintes originais contexto cultural contexto histórico contexto bíblico título e tema da passagem
MÉTODO EXPOSITIVOObservações sobre cada versículoMÉTODO LITERÁRIO (formule uma estrutura temática da passagem)
Identifique o gênero da passagem e texto102
Identifique o tema do livro e subtema da passagem onde está o textoObserve se há o uso de figuras de linguagem
MÉTODO ANALÍTICOVerdade Mentira Evangelho Idolatria(s)
MÉTODO DOUTRINÁRIO Qual é a posição da igreja sobre os ensinos neste texto?Há declarações confessionais ou de credos sobre este texto?
METODO EXISTENCIAL/PESSOALQue importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com Deus?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com os outros?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação consigo mesmo?Qual é o seu hábito para ler a Bíblia?Qual é o seu hábito para lembrar o que a Bíblia diz?
MÉTODO CONTEXTUALIZADOQual é a condição social; quais as necessidades e possíveis problemas dos ouvintes?Como a mensagem do texto se aplica à necessidade dos ouvintes?
MÉTODO DEVOCIONALOração e açãoAdoraçãoConfissão de pecadosPedidos especiaisAção de graçasEnsinamentos1.2.3.
103
LIÇÃO 7: A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO NO MINISTÉRIO
Introdução
No livro Pregação Pura e Simples o autor Stuart Olyott faz a seguinte colocação “se
alguém gastasse uma semana lendo toda a Bíblia e, na semana seguinte, se familiarizasse com
os principais acontecimentos da história da igreja, observaria que a obra de Deus no mundo e
a pregação estão intimamente ligadas. Onde Deus age ali a pregação floresce. E nos lugares
em que a pregação é menosprezada a causa de Deus passa por tempo de improdutividade.” 146
Da mesma forma que a Palavra é o centro da liturgia no culto da tradição reformada, a
pregação deve ser o centro do ministério pastoral. Um pastor pode e deve desenvolver outras
tarefas em seu ministério, no entanto, deve compreender que o seu chamado é para ser
ministro da Palavra, e, portanto, a pregação deve ser o seu foco principal. Deixar de dedicar-
se a essa tarefa para praticar outras atividades, é faltar com o compromisso do seu pastorado,
que é anunciar a mensagem da Sagrada Escritura no cuidado do rebanho.
O Pastor não pode negligenciar o seu chamado para cuidar do rebanho do Senhor, e
embora esse cuidado, demande tempo para visitas, aconselhamentos, acompanhamentos,
treinamentos entre outras situações. A maior parte desse tempo deve ser voltada para
preparação e entrega de sermões. O seu rebanho será mais bem cuidado, quando o pastor por
meio da exposição bíblica, conduzi-lo as pastagens verdejantes, as águas de refrigério, e a
lugares de sombra. “Nenhuma outra tarefa é mais importante. Falhe aqui, e você terá falhado
em sua tarefa central.” 147
146 OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. Editora Fiel. São José dos Campos, e-book, 2008. p13147 ASCOL, Tom. Amado Timóteo. Editora Fiel. São José dos Campos, 2005. p232
104
Roger Ellsworth diz: “infelizmente muitos tem falhado nesse aspecto. Nos dias de hoje,
há entre os pastores um desejo tão forte de verem as suas igrejas crescerem, que eles estão
dispostos até mesmo a abandonar a verdadeira pregação da Palavra de Deus. No lugar dela, há
uma pregação focalizada na administração da vida.” 148 A pregação tem sido superficial,
visando dar ao rebanho aquilo que eles desejam, e não o que precisam de fato para sua
edificação e crescimento no Senhor. Tal postura é responsável pelo enfraquecimento da igreja
local, produzindo crentes imaturos, e incapazes de darem testemunho cristão. Além disso,
acabam ficando abertos aos ventos de doutrinas, bebendo de outras fontes, na maioria dos
casos fontes sujas. Por isso Paulo diz a Timóteo “prega a palavra” (4.2), e por esse mesmo
motivo o pastor deve incansavelmente pregar a Palavra de Deus.
7.1. EXPOSIÇÃO DE 2 TIMÓTEO – 4.1-5
O capítulo quatro dessa carta é muito importante, nele se encontra o conteúdo da última
carta do apóstolo Paulo. Aqui estão as últimas instruções de Paulo a Timóteo, as últimas
palavras registradas de alguém que viveu um ministério abençoador, e que contribuiu para o
desenvolvimento sadio do ministério pastoral de Timóteo, e todos que piedosamente exercem
o ministério na igreja. Muito se aprende aqui, nessa passagem inspirada por Deus e inscrita
por um homem a beira da morte, que não foge a sua responsabilidade e autoridade apostólica.
Aqui Paulo delega com solenidade, responsabilidade ao jovem pastor, usando da sua
autoridade apostólica concedida por Cristo Jesus, ele ordena que Timóteo seja firme na
urgente tarefa de proclamação da Palavra, Cristo já está no caminho, em breve ele vem, e
consigo traz o seu juízo e seu Reino. Essa delegação reflete o sentimento de compromisso
com a Sagrada Escritura que Paulo tinha que Timóteo precisa vivenciar, e que homens do tipo
mencionado naquele capítulo, e nesse também não têm com a Santa Palavra de Deus. Porque
esses, como aqueles, não têm compromisso com Cristo, e com a mensagem do seu Reino,
Paulo tem, e Timóteo não deve ser tímido, mas deve proclamar.
Timóteo deve está preparado para pregar sempre, ser constante nessa tarefa elevada de
privilégio único. Com a finalidade de corrigir, repreender, exortar, com muita paciência, e
fazer dentro da doutrina bíblica. Paulo coloca ainda, que isso é extremamente necessário para
combater os apóstatas do presente e do futuro, pois esses não suportariam ouvir aos
148 Ibid105
verdadeiros ensinamentos. Mas se cercariam de falsos mestres que lhe ensina-se o que eles
querem ouvir, pois a sã doutrina para esses causara coceiras nos ouvidos, eles preferem as
lendas, a verdade revelada de Deus.
Paulo volta usar o termo clássico dessa carta “tu, porém”, para exortar Timóteo no
último versículo desse texto. Ele abre a sentença com uma exortação, e termina fechando com
outra. Se antes desse versículo ele diz o que ele tem de fazer, e porque deve fazer, agora
termina essa passagem apontando como deve ser feito, a forma como tem de desenvolver a
tarefa de pregar a Palavra. Ele aponta para a necessidade de ser moderado em todas as
circunstâncias, e não perder a sua consciência para tratar de nenhum assunto. E que estivesse
pronto para sofrer no desenvolvimento do seu ministério de pregação. E fosse fiel no trabalho
de evangelizar, a sua mensagem deveria levar a pessoa e obra de Cristo no centro, pois, Ele
está vindo. Por último, que Timóteo faça tudo levando em consideração as prerrogativas do
seu chamado ministerial. Como Paulo tinha cumprido o seu ministério até aquele momento,
ele orienta o jovem pastor para que prossiga fielmente.
7.1.1. Pregar diligentemente em todo tempo 4.1-5
Todo esse texto tratará do tema pregação, nele encontram-se alguns motivos para
sustentar o tema da importância da pregação no ministério pastoral. Paulo mostra a Timóteo
como ele deve levar essa tarefa a sério no cumprimento de seu ministério.
Ele escreve no verso (v.1) “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar
vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino:” O apóstolo recomenda um cargo
muito especial a Timóteo, e para dar ênfase a sua ordem, ele apela à presença de Deus e
Cristo Jesus como suas testemunhas (1Tm5.21), denotando que o seu pedido é extremamente
importante.149 “Ele dirige a atenção de Timóteo para Deus e Cristo Jesus, em cuja presença a
incumbência é delegada e recebida. Ele põe Timóteo sob juramento de cumprir a
incumbência. É a Deus e ao Salvador Ungido que Timóteo terá de prestar conta.”150
Veja a importância que tem a pregação no desenvolvimento de um ministério. Paulo
exorta a Timóteo na presença de Deus e de Jesus, que pregue mostrando a seriedade e,
necessidade do desenvolvimento desse oficio. Para o apóstolo a tarefa de pregar não poderia
149 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p103150 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p374
106
ser vista pelo seu discípulo como uma tarefa opcional, mas como uma tarefa urgente que não
poderia ser negligenciada em nenhuma hipótese.
Ele continua: “que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu
reino.” É perante aquele que tem poder para julgar a todos, que Paulo ordena a pregação. É
preciso pregar porque Jesus está vindo e seu julgamento será com base na Palavra, e a Palavra
é o meio para que as pessoas possam crer e sejam salvas, recebendo livramento da
condenação eterna. Necessário anunciar o que Jesus fez, bem como é urgente proclamar a sua
vinda repentina, trazendo o seu juízo. Na sua vinda Jesus traz o seu Reino, e o seu julgamento,
todos prestarão conta diante dEle, nada será escondido, ninguém poderá fugir da sua presença
e do seu julgamento. Os hereges que se enganaram e enganaram a outros (3.13; 1Pe 4.5),
serão julgados pelas suas obras, inclusive os pastores também prestarão conta de como
desenvolveram os seus ministérios aqui na terra (Mt 7.21-22; Rm 14.12; Hb 4.13,17).
Paulo faz essas colocações para que Timóteo não se deixe levar pela sua timidez, em
meio ao ambiente tão hostil a Palavra de Deus.151 Ele deveria considerar o seu chamado e
desenvolvê-lo certo da sua importância, e mais ainda deveria desenvolver considerando Jesus
Cristo em seu Reino, prestes a vim. Por tanto, ele deveria contribuir com o chamado dos
perdidos, e com a edificação da igreja, para que não se perca nas fábulas dos falsos mestres.
No verso (v.2) ele dar seqüência ao seu raciocino, “prega a palavra, insta, quer seja
oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.” No
versículo anterior ele exorta o jovem pastor a que faça algo por Cristo, agora vem o
entendimento do que ele deve fazer “prega a palavra.” Que Palavra deve ser pregada? A que
conteúdo o apóstolo se refere? John Stott responde com bastante propriedade e clareza a esse
questionamento:
“...a palavra de Deus, que Deus mesmo proferiu. Paulo não precisa especificar melhor o que ele quer dizer, já que Timóteo saberá de imediato que se trata do corpo de doutrina, que ouvira de Paulo, e que o mesmo Paulo lhe comissiona a passar adiante a outros... São as Escrituras do Velho Testamento, inspiradas por Deus e proveitosas, que Timóteo sabe desde a sua infância, junto com o ensino do apóstolo, que Timóteo "tem seguido", "aprendido" e de que tem sido "inteirado" (3: 10-14)...”152
Estava claro para Timóteo que a resposta era essa, pregar as doutrinas que tinha
recebido de Paulo, junto com as escrituras do Antigo Testamento. Ele sabia que não podia
pregar outra coisa se não a sã doutrina. Por esse motivo Paulo não precisa esclarecer quanto
151 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 49152 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p47
107
ao conteúdo, pois isso era evidente. Mas esclarece que esse conteúdo deve ser anunciado, pois
só ele pode mudar a vida do perdido e corrigir os falsos mestres, com suas fábulas.
Hendriksen explica que a tradução “proclame a palavra” “é inteiramente correta, se o
verbo pregar for entendido em seu sentido primário, etimológico (do latim, predicare):
proclamar diante do público, e não no sentido desfibrado que hoje amiúde se lhe dá: “enunciar
um discurso moral ou religioso de qualquer tipo e de qualquer maneira.”153 Ele acrescenta que
“a palavra empregada no original significa proclamar, literalmente, anunciar, dar a conhecer
oficialmente e publicamente um assunto de grande significância”154
Paulo viveu seu ministério de pregador da Palavra de maneira fidedigna, e espera do seu
filho na fé a mesma postura, além de um substituto idôneo, ele queria que o seu discípulo
fosse tão autêntico quanto ele, no desenvolvimento dessa vocação. Que não desanimasse, não
fosse tímido, não se desse por vencido por causa da grande oposição (vv.3-4). O fato dos
homens buscarem falsos mestres para ouvirem outros ensinos, não deveria servir de
desânimo. Pois isso apontava para a falta de compromisso deste com Deus e a sua revelação.
Timóteo deveria pregar a Palavra, e estar preparado para proclamá-la mesmo que muitos a
desprezasse. O seu compromisso com Deus deveria ser visto através do seu compromisso com
o anúncio das sãs doutrinas.
O versículo ainda traz mais orientação quanto ao zelo e a prática da pregação “prega a
palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a
longanimidade e doutrina.” Hendriksen coloca que o versículo contém cinco imperativos,155
sugerindo assim que Paulo não está orientando mais ordenando solenemente ao jovem
discípulo, cada parte sendo um imperativo, deveria ser seguido à risca. Sendo assim, ele deve
primeiro pregar a palavra e fazer isso como quem cumpre uma incumbência, quem cumpri
uma missão.
O segundo imperativo é “insta, quer seja oportuno, quer não,” é assim que deve ser o
jovem pastor, deve estar sempre preparado para pregar “insta” quer dizer esteja preparado
(NVI). “O verbo ephistëmi, "instar", significa literalmente "assistir", e assim "estar de
prontidão", "estar disponível". Aqui, contudo, parece ter o sentido não somente de alerta e
zelo, mas de insistência e urgência.”156 “A tempo e fora de tempo significa estar preparado
153 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 375154 Ibid p 376155 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 375156 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 47
108
para servir a Deus em qualquer situação, seja ou não conveniente. Esteja alerta às
oportunidades que Deus lhe dá.”157 Por essas palavras Paulo recomenda não só ser constante,
como também a forma para vencer todas as dificuldades e obstáculos,158 é uma orientação
para que se pregue sempre,159 é de fato um apelo bíblico contra preguiça e negligência na
tarefa.160
Terceiro imperativo “corrige”, na pregação Timóteo deveria corrigir, e tratar dos
desvios mostrando o caminho certo, ele deveria este preparado também para esse fim, para
saber guiar o rebanho de Cristo. Seguindo esse imperativo vem “repreende,”reprovando a
prática do pecado, na tentativa de convencer os ouvintes a se arrependerem, mostrado-lhes a
gravidade do pecado, e como ele traz juízo sobre aqueles que os praticam, não ficarão
impunes no juízo que já se aproxima todos aqueles que permanecem no pecado.
Por último “exorta com toda a longanimidade e doutrina.” Deveria tentar persuadir os
seus ouvintes com o evangelho. Essa ação seria feita com muita paciência, com
admoestações. O conteúdo dessas mensagens deveria ser bem embasado doutrinariamente,
para não deixar brechas ou erros. E sobre tudo deveria ser embasado doutrinariamente para
que não fosse colocado o que Timóteo achava, mas sim, o que a Escritura dizia. Toda
orientação quanto à pregação que o apóstolo coloca aqui, deveria ser praticada dentro da sã
doutrina.
Acompanhando o texto, entendemos a importância da pregação no ministério, bem
como a necessidade de está embasado doutrinariamente. É importante para o próprio pastor
não errar o seu caminho doutrinário, também é fundamental para poder identificar os falsos
mestres, e para poder ensinar corretamente a igreja. O pastor precisa avaliar bem todas essas
situações, e caminhar sadiamente na doutrina bíblica, com o zelo de quem foi chamado para
cuidar de ovelhas, compradas por um auto preço, e que corre riscos constantes, entre eles um
muito recorrente, que é o de se desviar do caminho seguro do bom pastor.
Seguindo a leitura nos versos (vv3-4) Paulo continua tratando de homens apóstatas, de
falsos mestres e de falsos ensinos. “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina;
pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo
coceira nos ouvidos.” O que Paulo coloca aqui para Timóteo é que ele deveria aproveitar a
oportunidade que está tendo agora de pregar a sã doutrina, pois no futuro, e isso não tão
157 BIBLE BOOKS – ARA. Edição Digital, in E-Sword. Comentário de 2Tm 4.2158 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p313159 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p 104160 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 48
109
longe, não haveria mais essa oportunidade.161 “Há um outro evento futuro, antes da vinda de
Cristo, a saber, dias negros e difíceis. Embora pareça estar prevendo que a situação piorará, é
evidente, a partir deste parágrafo e do que ele escreveu anteriormente, que para Timóteo tal
tempo já começara.”162
Esse tempo de apóstasia é marcado pela rejeição da verdade, e o acolhimento de falsos
mestres que trazem ensinos que estejam de acordo com a cobiça dos ouvintes. Hegeman
comenta que os inimigos do evangelho querem escutarem o que eles desejam, e não a Palavra
de Deus.163 Nesse contexto a palavra de Deus incomoda os ouvidos dos que querem ouvir
ensinos desvirtuados. Tal cenário predito por Paulo acontece em várias partes do mundo, as
pessoas tem rejeitado a Palavra de Deus, até mesmo os que se dizem evangélicos. Existe
pouco lugar para a palavra de Deus, as pessoas preferem músicas nos cultos do que pregação,
e a pregação nessas igrejas só são aceitas quando alimentam as suas cobiças.
Paulo colocou que essas “se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às
fábulas.” Preferiam os mitos à verdade revelada, as Sagradas Escrituras não tinham valor
algum para esse tipo de pessoa, pois essa tratava de apontar a vontade de Deus, enquanto que
os mitos, as fábulas e lendas a que eles davam ouvidos, satisfaziam o seu ego, e apontavam
para uma forma de vida sem compromisso com Deus. Nos dias de hoje é reinante esse
sentimento maligno de rejeição do verdadeiro evangelho, para acolher um evangelho
genérico, se é que podemos chamar assim as fábulas do dias pós-modernos.
Essa rejeição atual como apontada nos dias do primeiro século, é marcada por descartar
as doutrinas e os pastores que zelam pela manutenção das mesmas. Introduzindo no lugar os
falsos mestres e as falsas doutrinas, e essa permuta promove aversão à verdade e aos seus
mensageiros. Por isso Paulo conclui essa perícope com outra exortação a Timóteo, quanto ao
zelo que ele deve ter no desenvolvimento desse ministério.
Veja o verso (v.5) “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o
trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.” Depois de mostrar todo
quadro Paulo reforça a exortação dos primeiros versos (vv1-2), você então seja sóbrio em
tudo na sua vida, e todo desafio do ministério, “figurativamente, livre de qualquer forma de
embriagues mental e espiritual.”164 Você deve está pronto para sofrer pelo evangelho (1.8,12),
161 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p244162 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p49163 HEGEMAN, Cornelio. La Epistola de Pablo a Timoteo: II Timoteo. Seminário Internacional de Miami. Miami, 2008. p34
164 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 50110
suporte as aflições, não abra mão da sã doutrina para não sofrer, mas esteja pronto para as
aflições sem seder no conteúdo doutrinário. No capítulo anterior ele já colocou que a equação
viver piedosamente é igual as perseguições (3.12), por isso ele admoesta “suporte as
aflições,” o termo aqui não indica possivelmente, mais certamente. Ninguém melhor que o
apóstolo para saber que as aflições viriam, por isso mesmo reitera, suporte o sofrimento.
Paulo ainda pede a Timóteo “faze o trabalho de um evangelista.” “Não está claro se a
referência é feita a um ministério especial, como se pretende nas duas únicas outras passagens
do Novo Testamento onde a palavra ocorre (At 21; Ef 4: 11). A alternativa é interpretá-la
como alguém que prega o evangelho e testemunha de Cristo.”165 Calvino tinha essa mesma
dúvida, mas acreditava trata-se de um ministério especial entre o pastor e o apóstolo. 166 Mas o
certo é que ele deve pregar a palavra, a sua mensagem deve ser evangelistica, como as
mensagens de Paulo e dos apóstolos, uma mensagem cristocentrica.
Está aí, como tem de ser “cumpre cabalmente o teu ministério,” ou seja, cumpri todo o
seu ministério, responda a todas as prerrogativas do seu chamado, e faça isso até o fim como
eu estou fazendo. Timóteo não podia pensar: esta parte do trabalho eu gosto de fazer, e aquela
outra não, ele deveria levar a cabo tudo que a sua obra incluía, inclusive o sofrer pela causa
que o seu ministério representava.167 Em face da oposição ele é encorajado por Paulo a
continuar o seu ministério, os falsos mestres são os outros, ele é alguém com um chamado a
verdade, e se faz necessário continuar firme até o fim cumprindo fielmente o seu ministério
pastoral, a que foi designado.
Conclusão
O texto da lição deixa claro que Timóteo deve se empenhar no desenvolvimento do seu
ministério de pregação. Esse ministério deve ser desenvolvido diligentemente perante os
olhos daquele que vem para julgar vivos e mortos. A pregação colabora diretamente no
anúncio da chegada de Cristo com o seu Reino. Ela é de fundamental importância para
edificação do corpo da sua igreja, é por meio dela que os pecadores têm a oportunidade do
arrependimento. Por esse motivo Timóteo deve estar pronto para pregar sempre a boa
doutrina no combate as fábulas e as cobiças, pois virão dias que os homens vão preferir a tais
ensinos, a sã doutrina.
165 Ibid166 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p320167 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p 248
111
Essa lição aponta o valor da honrosa tarefa de proclamar o evangelho do Senhor Jesus,
bem como as dificuldades e necessidades de fazê-lo. O preço a ser pago tem o seu custo, mas
nada pode ser mais valoroso na vida do pastor do que servir ao seu senhor que o chamou. O
apóstolo apela para Timóteo acerca dessa disposição, pois além de experimentar tantas
perseguições, a sua experiência permitia conhecer os sofrimentos que o jovem pastor sofreria.
Essa realidade não mudou, em todas as épocas, e nos dias atuais o sofrimento acaba
alcançando os que estão comprometidos com a sã doutrina.
No presente, a igreja tem sofrido com falsas doutrinas, com falsos mestres, e com falsos
crentes. Mas do que nunca é preciso pastores que escutem a voz de Deus por meio das
palavras do apóstolo Paulo nessa carta. Homens a semelhança de Timóteo que entendam o
valor da autoridade apostólica, e que estejam dispostos a viverem ministérios profícuos, mas
comprometidos com Deus do que com os ouvintes, ou consigo mesmo, homens valorosos que
não temam o mundo nem o diabo com os seus ardis, mas que tenham disposição para
sofrerem em nome da verdade. Homens que estejam preparados para ensinar doutrinariamente
com paciência, com sobriedade. Homens que amem a Deus sobre todas as coisas, e que vivam
os seus dias buscando os propósitos eternos de Deus.
112
QUESTIONÁRIO DA SÉTIMA LIÇÃO
1. Qual deve ser o foco principal do pastor em seu ministério?
2. A negligência quanto à tarefa principal, acarreta em que?
3. Qual a função da pregação em um cenário de apostasia?
4. A que Paulo compara a falsa pregação?
5. O que significa a expressão, “a tempo e fora de tempo”?
6. O que o pregador deve expor quando prega a Palavra de Deus?
7. A pregação da verdade causa que efeito aos ouvintes rebeldes (2Tm 4.3-4)?
8. Em relação à pregação, em que se assemelham os dias atuais com os de Timóteo?
9. Como você tem entendido a importância da pregação na igreja?
10. Como você identifica a pregação no ministério de Jesus?
113
FOLHA DE TRABALHO EXEGÉTICO
Texto: Título: MÉTODO TEOLÓGICO
Relação do texto com Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo.Identificação de ídolos.
MÉTODO CRÍTICOIdentificação dos autores do texto bíblicoIdentificação dos receptores originais do textoIdentificação da família de manuscritos usadosCompreensão das diferenças que há entre as famílias de manuscritosVersão BíblicaMétodo de tradução usado (literal, equivalência dinâmica, paráfrase, contextualizada)Idioma do textoIdioma usado na interpretação
MÉTODO INDUTIVOTextos de referência:1.1.1.2. (etc.)
Explicações de dados importantes: palavras importantes anotações gramaticais método de tradução gênero literário o autor e os ouvintes originais contexto cultural contexto histórico contexto bíblico título e tema da passagem
MÉTODO EXPOSITIVOObservações sobre cada versículoMÉTODO LITERÁRIO (formule uma estrutura temática da passagem)
Identifique o gênero da passagem e textoIdentifique o tema do livro e subtema da passagem onde está o textoObserve se há o uso de figuras de linguagem
MÉTODO ANALÍTICO
114
Verdade Mentira Evangelho Idolatria(s)
MÉTODO DOUTRINÁRIO Qual é a posição da igreja sobre os ensinos neste texto?Há declarações confessionais ou de credos sobre este texto?
MÉTODO EXISTENCIAL/PESSOALQue importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com Deus?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com os outros?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação consigo mesmo?Qual é o seu hábito para ler a Bíblia?Qual é o seu hábito para lembrar o que a Bíblia diz?
MÉTODO CONTEXTUALIZADOQual é a condição social; quais as necessidades e possíveis problemas dos ouvintes?Como a mensagem do texto se aplica à necessidade dos ouvintes?
MÉTODO DEVOCIONALOração e açãoAdoraçãoConfissão de pecadosPedidos especiaisAção de graçaEnsinamentos1.2.3.
115
LIÇÃO 8: O FIM DO MINISTÉRIO DE PAULO, E SUAS ORIENTAÇÕES
FINAIS PARA O JOVEM PASTOR TIMÓTEO
Introdução
A emoção é um dos sentimentos que brota nessa carta, na verdade ela se faz
companheira de quase todos os outros sentimentos encontrados nesse escrito apostólico. Paulo
se encontra nos últimos dias de vida, poderia ilustrar que ele estava no corredor da morte
esperando chegar o dia da execução da pena capital. A emoção não permeia os sentimentos na
carta apenas porque o apóstolo vai morrer, mas pela sua atitude frente a essa realidade
terminal. Ele está mais preocupado com o que se segue depois da sua partida, está preocupado
com o reino de Deus, com a propagação do evangelho, com a igreja de Éfeso, e com o
seguimento do ministério de Timóteo. A preocupação consigo mesmo, parece ser o menos
importante, ele mesmo já havia declarado que não tinha a sua vida por preciosa, mas o que
importava era completar a carreira, o ministério que tinha recebido do Senhor (At.20.24).
Por este motivo, essa última lição foca no fim do ministério apostólico de Paulo e nas
últimas instruções ao pastor Timóteo. Paulo está de partida, agora para eternidade, depois de
tantas viagens terrenas a serviço do evangelho, e algumas delas feitas como prisioneiro. Agora
está prestes a partir para pátria celestial aonde irá se encontrar com o Senhor da missão. Em
seu relato final ele deixa um testemunho maravilhoso sobre como servir a Deus. As suas
últimas palavras são inspiradoras por sua condição e pelo que ele escreve, suas palavras são
contidas de confiança, segurança, lealdade etc.
O seu testemunho também é inspirador pelas instruções que ele ainda dar a Timóteo, a
carta é formada por estas instruções, e aqui ele o instrui também, e lhe chama a sua presença
para uma despedida final, e certamente para reiterar quanto algumas posturas necessárias
116
frente à igreja. Para Timóteo foi um grande privilegio ter alguém do quilate de Paulo como
mentor ministerial, por certo que aprendeu muito. E essa partida certamente lhe trouxe muitas
lágrimas, pensar nesse encontro no cárcere, é pensar entre lágrimas.
Por tudo isso, e muito mais a carta de segunda Timóteo é um legado para cristandade,
tanto do ponto de vista sobre como viver a fé, e de como desenvolver o ministério pastoral
com fidelidade bíblica. A carta chama atenção para muitos aspectos relevantes na prática
ministerial. Como Palavra inspirada por Deus ela continua atual, e útil para orientar os
ministros, a seguirem as exortações paulinas. E a serem inspirados por alguém que amou ao
Senhor e seu reino de maneira a entregar toda a sua vida a serviço de seus propósitos eternos.
8.1. EXPOSIÇÃO DE 2TIMÓTEO – 4.6-22
Paulo termina a exortação a Timóteo no verso anterior (v.5), e por algumas linhas fala
agora sobre sua situação, as suas expectativas. Ele é o prisioneiro de Cristo que estar prestes a
ser sacrificado, como o seu Senhor, morrerá pela causa do evangelho. Ele coloca que a sua
partida está próxima, não se sabe quanto tempo ao certo, se semanas ou meses, mas ela já
estar definida, ele já foi julgado e condenado a uma sentença de morte, e agora ele está
aguardando o cumprimento da pena.
Ele compartilha com Timóteo de uma análise rápida do seu ministério, para ele um
ministério marcado pelo combate, do começo ao fim, e apesar de tudo que enfrentará no
serviço do Senhor, ele descreve como bom combate, sem reclamar de nada, o apóstolo
informa que acabou a carreira, a corrida, pois essa chegou ao fim, tudo estava cumprido, o
que lhe foi permitido tudo ele viveu e sofreu a semelhança do seu Senhor, que na cruz
declarou que estava tudo consumado (Jo 19.28-30). Mas diante de tudo que ele suportou, ele
afirma a Timóteo “guardei a fé,”a sua fé foi conservada, ele não desanimou, não desistiu de
seguir a Cristo, mesmo com tantas perseguições, se fez firme na fé, e na doutrina, ele não foi
infiel ao seu Senhor, ao contrário, firme conservou a sua fé, foi fiel até o fim.
Os seus pensamentos são apontados ainda mais profundos quanto ao que ele revela, a
sua mente estar ocupada com a certeza da salvação que lhe espera, e a vitória da vida eterna.
Tudo que ele pregou acerca da justificação pela fé lhe faz ter certeza que o céu é o seu lugar,
não por mérito do seu ministério profícuo, mas por conta da justiça daquele que melhor serviu
a Deus, a saber, o seu filho Justo e Perfeito, o substituto de todos os que crerem.
117
Na perícope (4.9-18) Paulo pede para Timóteo que vá visitá-lo no cárcere, nessa parte
do capítulo ele traz informações preciosas acerca da sua situação. Se nos versos anteriores ele
fala da sua circunstância espiritual, agora nessa parte ele fala da sua situação física e
emocional. Confirmado a sua prisão, em uma situação delicada diferente do primeiro
encarceramento em Roma quando fica preso em uma casa. Ele estar terminando os seus dias
em poucas companhias, alguns tinha abandonado o apóstolo, outros foram enviados por ele
para fazer o trabalho, Lucas continua ao seu lado fielmente. Ele ainda vai lembrar que muitos
o abandonaram quando ele precisou de testemunhas (1.15), mas esse acontecimento não lhe
trouxe mazelas emocionais, porque além dos seus amigos leais ao seu lado, ele tinha o Senhor
que foi sempre o seu auxilio.
Seguindo de bênçãos e saudações finais como costumeiramente fazia, termina a sua
última carta, sem nenhum alvoroço, sem pavor ou espanto, mas tranqüilo, sereno, e em paz.
8.1.1. O testemunho do apóstolo frente à morte 4.6-8
A fala de Paulo nestes versículos são as palavras de quem sabe que vai morrer, mas são
também as de quem tem certeza que vai viver. Para qualquer pessoa que não conheça a
promessa de Cristo, tal colocação vai parecer contraditória. Mas para quem conhece a
promessa é perfeitamente compreensivo (Mt 16.25). Paulo conhecia a Cristo e as suas
promessas de vida eterna (Jo 6.47; 10.28; 11.25), por isso deixou esse belíssimo testemunho
cristão frente à face da morte física.
Os versículos desse texto chamam a atenção para o que está se passando com o
apóstolo, ele diz: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha
partida é chegado.” Paulo tinha clareza da situação que estava passando, sabia que a sua
morte era algo iminente, ele afirma aqui que a sua partida estava próxima. Ele colocou
“Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação” nesse ponto ele faz menção dos
sacrifícios do Antigo Testamento (Ex. 29:40; Nm. 15:1–10), ele espera que a sua morte de
igual modo seja uma oferta agradável a Deus.168 Calvino coloca que a palavra usada por Paulo
aqui não aponta para todos os tipos de sacrifícios, mas para aqueles que eram usados na
confirmação do pacto, quando animais eram degolados,169nesses sacrifícios de libação eram
168 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p105169 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. pp 322,323
118
derramado vinho junto ao altar como oferta ao Senhor, essa parte do ritual era gradual, e feita
por último.170
A segunda parte confirma a sua morte “e o tempo da minha partida é chegado” aqui
ele usa uma linguagem de navegação conhecida na época, é o tempo de levantar âncoras,
desamarrar as cordas do cais e partir.171 Ele tem plena convicção que agora vai fazer essa
viagem sem volta, para o apóstolo não havia dúvida da sua partida. Ele afirma que já era
chegado o momento. Em outra situação quando ele escreve aos Filipenses estando preso em
Roma pela primeira vez, ele diz que estar disposto a ser oferecido como libação (Fp 2.17).
Naquele momento ele tinha esperança de ser solto como foi, mas agora, ele tem certeza da sua
morte, como ocorreu de fato.
Mas diante dessa realidade terminal, Paulo dar um testemunho maravilhoso, ele não
registra palavras de reclamação, como muitos em seu lugar fariam. Ao contrário, ele
testemunha com o espírito de quem quer mesmo na morte agradar a Deus, ele espera que a
sua morte seja um sacrifício de libação agradável ao Senhor. Alguém como Paulo que teve a
sua vida ministerial marcada por sacrifícios, não morreria sem ofertar a Deus a sua própria
vida como aroma suave.
Paulo dar testemunho pessoal da sua fé, resumindo a sua vida no ministério de quase 30
anos,172 ele usa os seguintes termos “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a
fé.” Se percebe o sentimento de quem entendia o seu chamado na forma como ele o resume.
Embora tenha vivenciado muitas tribulações por causa dessa vocação, ele não estar aliviado
de seu combate ter terminado, mas traz em seu peito a gratidão de tê-lo cumprido fielmente.
Nas suas palavras não se encontra o sentimento de alívio por ter terminado, pelo contrário,
nota-se satisfação, por ter permanecido na sua fé, em meio a tantas lutas. Quando ele diz que
guardou a fé, não se refere a colocar a salvo em algum lugar, mas como é evidente em outras
traduções, ele se refere a preservá-la (NTLH). Diante de muitas circunstâncias nessa batalha,
e nessa corrida, Paulo não abriu mão da fé, nada foi suficiente para lhe tirar a fidelidade ao
seu Senhor. Doutrinariamente ele continuou firme guardando a fé, nada, nem ninguém tinha
alterado a fé.
Depois de anunciar a sua partida, e de resumir o seu ministério, o apóstolo escreve
agora acerca do futuro, da sua esperança no Senhor. “Já agora a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas 170 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 381 171 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p 349172 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p51
119
também a todos quantos amam a sua vinda.” A sua esperança não é de entrar no céu pelos
méritos das suas obras, mas pelos méritos da obra de Cristo. Paulo ensinou sobre justificação
pela fé (Rm. 1.17). Essa recompensa que lhe é aguardada é uma recompensa de graça, Cristo
é quem a mereceu para Paulo e para os demais173, é a salvação que é concedida por Cristo, e
essa é ofertada também a todos que crêem e esperam pela vinda do Senhor.
Quanto ao significado da coroa Hendriksen comenta que “esta passagem simplesmente
declara que a coroa ou recompensa é justa, porém não indica sua natureza. A luz de outras
passagens sabemos que ela significa vida eterna (1Tm 6.12; Tg1.12; 1Pe 5.4; Ap 2.10).”174 Se
no versículo anterior Ele falou de combate, e de corrida usando mais uma vez a figura do
soldado, e a do atleta, essa coroa de recompensa faz parte da metáfora anterior, o soldado
vencedor é recompensado pela vitória, de igual modo o corredor vitorioso. Paulo é um
vitorioso na luta, e na corrida da fé (Hb 12.1-2), essa coroa de justiça é a salvação e vida
eterna que é concedida aos santos que perseveraram até o fim. Ela será concedida pelo Justo
Juiz, aos que tiveram fé, viveram e lutaram pela fé, e esperam por fé. Esses receberão a
salvação com todas as recompensas, que pela graça Deus concedeu aos seus filhos.
8.1.2. Instruções finais a Timóteo 4.9-15
Essa parte do texto contém quatro instruções diretas quanto ao que Timóteo deve fazer,
três delas relacionadas ao encontro que o apóstolo deseja ter com Timóteo, essas orientações
eram acerca de coisas que ele precisava providenciar ou fazer. A primeira ele deveria se
apressar para ir vê-lo, a sua morte estava próximo, ele queria revê-lo (1.4), a segunda deveria
cuidar para que levasse Marcos com ele, e deveria levar também a capa e os seus
pergaminhos. A última instrução é acerca dos cuidados ministeriais que Timóteo deve ter com
um indivíduo por nome de Alexandre, esse tinha causado muitos males a Paulo, e resistiu às
palavras de Paulo, ele poderia trazer problemas para Timóteo.
Paulo já tinha expressado anteriormente o desejo desse reencontro (1.4), agora ele o
instrui para que ele se apresse e em vir lhe visitar. “Procura vir ter comigo depressa” o
apóstolo queria muito ver aquele que ele tem como filho (1Tm 1.2; 2Tm 1.2), a sua presença
lhe traria alguma alegria, mas é comum pensar que ele gostaria de poder instruí-lo
pessoalmente, sobre alguns assuntos, certamente que ele tinha muito para orientar Timóteo,
173 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. pp 384,385174 Ibid p385
120
uma vez que a sua despedida agora seria definitiva. Calvino comenta que Paulo tinha muito
assunto sobre os quais queria tratar com Timóteo, o tema dessa conferência seria a igreja.175
Nos versos (v.10) Paulo relata a sua “solidão”, ele não estava totalmente só, primeiro
porque Lucas está com ele (v.11), depois porque o Senhor sempre esteve ao seu lado (v.17),
mas ele retrata um quadro de abandono de pessoas que lhe acompanhava, e de outras que
deixaram de lhe apoiar, aqui ele cita Demas que o abandonou, mas anteriormente ele relata
um abandono maior (v.15). “A deserção de Demas é obviamente muito dolorosa a Paulo.
Anteriomente ele tinha sido um de seus companheiros mais chegados ou "co-obreiros". Nos
dois outros versículos do Novo Testamento onde ele é mencionado, o seu nome vem ao lado
de Lucas (Cl 4: 14; Fm 24).”176 O seu estado de solidão também ocorre porque alguns dos
seus companheiros foram por ele mesmo, enviados para servir as igrejas.
As suas palavras são “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e
se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia.” Demas parece
ter ficado com medo das perseguições e tomado de terror177 abandonou a Paulo, no primeiro
encarceramento ele esteve ao lado de Paulo (Cl 4.14), mas agora, diante da dureza dessa
detenção, ele foi embora178. Calvino entendia a expressão “tendo amado o presente século”
como a troca do amor de Cristo pelo amor ao mundo.179 Os outros dois, Crescente e Tito
viajaram em missão, enviados por Paulo, não negaram a fé, mas estavam trabalhando pelo
Reino de Deus.
Complementando o raciocínio Paulo escreve “Somente Lucas está comigo. Toma
contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério.” “O autor do terceiro Evangelho
era uma pessoa notável. Era “médico amado” (Cl 4.14), sempre leal a Paulo, ao evangelho, ao
Senhor. ”180 Lucas é o companheiro quase inseparável de Paulo (At 16.10; 20.6; 21.1,27; 27.1;
28.1 Cl 4.14), e agora quando todos o deixaram, Lucas continua leal ao seu lado. Tudo leva a
pensar que por conta da sua profissão, ele sempre estava presente para cuidar da saúde do
apóstolo, que era um tanto debilitada.181
175 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 327176 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 53177 Ibid178 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p 254179 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p328180 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p389181 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p108
121
O Marcos que ele pede que Timóteo leve em sua companhia, é o escritor do Evangelho
de Marcos,182o primo de Barnabé (Cl 4.10), também conhecido como João Marcos (At
12.12,25; 15.37) o mesmo que havia abandonado a missão na primeira viagem missionária
(At 13.13;15.38), e que por conta dele Paulo e Barnabé se separaram na segunda viagem
missionária de Paulo (At 15.37-40). Agora tudo já tinha sido superado, Paulo já havia
perdoado pelo abandono da missão, em outras cartas percebemos isso, quando Paulo faz
menção ao seu nome (Cl 4.10; Fm 1.24), em Filemom ele o aponta como seu cooperador.
Aquele a quem Paulo não quis que o acompanhasse na segunda viagem missionária,
agora ele quer por perto, “pois me é útil para o ministério.” Hendriksen coloca que Marcos
parece ter aprendido a lição do seu fracasso anterior, passando por uma mudança para melhor.
E como ele conhece bem Roma será um homem idôneo para este lugar.183 O comentarista
ainda acrescenta que quando Paulo associa Marcos ao ministério, ele estar pensando no Reino
de Deus, ele estar pensando no serviço em favor do evangelho, e não em que Marcos lhe faça
serviços pessoais.184
Continuando Paulo informa a respeito de Tíquico (v.12) “Quanto a Tíquico, mandei-o
até Éfeso.” Esse é seu companheiro já algum tempo, é um irmão de sua confiança, já enviado
a outras missões (Cl. 4.7; Tt 3.12), ele aparece nos relatos bíblicos como participante em parte
da terceira viagem missionária de Paulo (At 20.2), ele o chama de irmão amado e fiel ministro
(Ef 6.21; Cl 4.7). Ele é o portador desta carta, uma vez que Paulo afirma aqui tê-lo enviado a
Éfeso. Mas ele não foi enviado só para levar a carta, mas como era um ministro fiel, e,
portanto de confiança, Paulo o envia para substituir Timóteo na igreja, enquanto ele estivesse
Ausente na sua viagem a Roma.185
No verso (v.13) Paulo pede a Timóteo “Quando vieres, traze a capa que deixei em
Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos.” Por certo
que Paulo não pede a Timóteo que traga esses objetos, apenas por apego sentimental as suas
posses materiais, há um motivo para isto. Quanto à capa ou manta,186 é comum inferir que ele
pediu esse tipo de agasalho por conta do frio na masmorra, e tinha um inverno pela frente
182 HEGEMAN, Cornelio. La Epistola de Pablo a Timoteo: II Timoteo. Seminário Internacional de Miami. Miami, 2008. p37183 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p391184 Ibid185 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p391186 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p 256
122
(4.21). Já quanto aos livros e pergaminhos não se sabe o seu conteúdo ao certo e nem porque
Paulo os quer em sua posse, uma vez que o dia da sua morte se avizinha.187
Mas uma vez o tema da instrução muda (v.14) “Alexandre, o latoeiro, causou-me
muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras.” Paulo agora fala desse
indivíduo que lhe “causou muitos males” é pouco provável que esse Alexandre fosse o
mencionado em (1Tm 1.20) ou o orador de (At 19.33), o que se sabe é que a sua profissão era
de latoeiro, que trabalhava com cobre.188 Ele tinha causado alguns tipos de danos a Paulo,
talvez, tenha delatado Paulo,189 ou sido contra ele no julgamento,190 pode ter se oposto a
doutrina,191 não é possível afirmar com certeza quais os danos causados por esse homem, mas
o certo é que foram muitos, e o que ele fez de errado era muito sério, e Paulo o reprova, e o
tem como inimigo do apóstolo e do evangelho. Paulo não estar preocupado em se vingar dele,
mas tem a esperança de que o Senhor o discipline de acordo com suas próprias obras.
No verso (v.15) Paulo instrui Timóteo ter os devidos cuidados com esse indivíduo, “Tu,
guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras.” Se o causador de
males tinha dado trabalho ao apóstolo, não o respeitando como uma autoridade da igreja,
certamente não respeitaria a Timóteo, por isso Timóteo deveria ficar atento, para que o
encontrando saiba que está lidando com um verdadeiro inimigo do evangelho. O fato de ele
ter resistido às palavras de Paulo, e de outros discípulos, o coloca em uma posição de herege,
pois não aceitava a boa doutrina. Em defesa do evangelho é que Paulo, mas uma vez,
aconselha o pastor Timóteo a evitar esse tipo de pessoas que relutam em aceitar a verdade da
Palavra de Deus.
8.1.3. A esperança do apóstolo 4.16-18
Mesmo em meio às dificuldades do presente, Paulo consegue olhar para o futuro e ter
esperança. Ele não leva em consideração as circunstâncias negativas do presente, mas olha
para pessoa de Jesus sempre presente com ele, mesmo quando todos os abandonaram. A sua
esperança está posta sobre a pessoa e obra de Cristo, que lhes garantiu muitos livramentos
terrenos, e ainda lhe concedera o livramento eterno.
187 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p393188 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. pp 53,54189 Ibid p 55190 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p108191 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 331
123
Veja o verso (v.16) Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos
me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! A dificuldade aqui é quanto à
colocação do termo “Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor,” a dúvida é a que
julgamento ele estar se referindo, a sua primeira prisão em Roma (Fp 1.7,17) ou a prisão
atual. Diante do contexto do abandono de muitos companheiros, já citados nessa carta (1.15.
4.10), é preferível acreditar que Paulo estar se referindo a sua primeira audiência no atual
processo, e não na primeira prisão domiciliar (At. 28.16, 30-31). Stott coloca da seguinte
maneira “O contexto, parece fazer referência a algum outro evento recente. Assim, a maioria
dos comentários entende sua primeira defesa como sendo o primeiro interrogatório ou prima
actio de seu caso, a investigação preliminar, precedendo o julgamento definitivo.”192
Paulo ficou só nesse jugamento, ninguém quis se arriscar para ser testemunha (1.15),
nem para lhe acompanhar nesse momento delicado. O que Paulo passou lembra o que Cristo
vivenciou no Getsêmani, quando foi abandonado por seus discípulos,193 como também a sua
postura de miséricordia para com os que lhe abandonaram, lembra a postura do Senhor Jesus.
O versículo (v.17) traz o contraste, enquanto os homens abandonaram a Paulo naquele
momento delicado, o Senhor se fez presente de uma forma mais intensa. “Mas o Senhor me
assistiu e me revestiu de forças,” apesar da tristeza de não ter tido ninguém a seu favor, ele foi
tomado pelo conforto de ter ao seu lado aquele que o chamou, e por quem ele tinha dedicado
parte da sua vida. O texto indica mais uma experiência especial de Paulo com o Senhor que
lhe deu forças para enfrentar aquela situação de sofrimento.
Ele continua “para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida e
todos os gentios a ouvissem;” Pode-se pensar que o apóstolo estar se referindo ao primeiro
encarceramento em Roma, quando foi solto, já que no versículo anterior ele falada sua
primeira defesa, e nesse verso fala que o Senhor o livrou da boca do leão. Então se pode
imaginar que ele estar se referido aquele encarceramento, pois, depois de livre, foi pregar aos
gentios que ele ainda não tinha alcançado. No entanto, o texto aponta para o encarceramento
atual. Paulo havia sido escolhido para levar o evangelho até os gentios, reis e dos filhos de
Israel (At 9.15), e estar terminando sua tarefa de missionário. Ele havia pregado muitas vezes
aos gentios, mas agora é chegada a vez dos grandes do império romano, possivelmente até o
Nero.194 Além do mais, a Palavra grega aqui é Kerugma que traz o sentido de que pudesse ser
192 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 55193 BERG, Van Den Meint. Las Cartas. Las Cartas A Timoteo. Felire. Barcelona, 1998. p 258194 VALEIRA, Vidal. Comentário Bíblico Del Continente Nuevo: Primera Timoteo Segunda Timoteo e Tito. Editora Unilit. Miami, 1996. p 109
124
cumprida ou consumada.195 Stott compartilha da idéia que o Senhor lhe assistiu capacitando-o
a pregar o evangelho a todos os gentios presentes no julgamento.196 Sendo assim, o texto não
se refere aquela oportunidade de pregar aos gentios que Paulo teve no passado quando foi
liberto da prisão domiciliar (At 28.30-31). Mas trata de uma oportunidade no presente.
Ele termina o versículo (v.17) dizendo “e fui libertado da boca do leão.” Existem várias
interpretações acerca dessa frase, alguns sustentam que o leão é o imperador Nero, outros
acreditam que são uma referência a satanás, e ainda outros que sejam os leões do anfiteatro.
Mas segundo Stott, não se pode sustentar que o leão aqui, seja uma referência aos leões do
anfiteatro, pois sendo Paulo um cidadão romano não poderia sofrer tal destino.197Calvino
reprova que essa expressão se refira a Nero,198 e Hendriksen nega que seja uma referência
específica a Satanás, a Nero, ou a um leão literal do anfiteatro, comungando da mesma idéia
que Calvino. Ele sustenta que a expressão é uma forma idiomática de dizer “eu fui liberto das
garras da morte”199 ou que recebeu um grande livramento.
Concluído esta parte Paulo escreve no verso (v.18) “O Senhor me livrará também de
toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos
séculos. Amém!” Paulo declara aqui ter a mesma esperança para o futuro, o Senhor o livrou
da boca do leão e o salvaria também das mãos de Satanás, se ele não podia escapar da morte,
certamente também não seria derrotado por Satanás.200 A sua esperança sempre foi ser salvo,
alcançar a glória celestial, e agora essa esperança se concretizará, ele sabe que está bem perto
da sua partida depois de tudo que sofreu em seu ministério, conforme o texto de (2Corintios
11.23-33). Com o coração cheio de esperança, ele aponta para o sentido da sua vida e
ministério, “A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!” Paulo viveu para glorificar a
Deus e o seu ministério nunca foi vivido com vista buscar honra pessoal, o texto de Romanos
confirma isso (Rm 11.36), tudo na sua vida foi feito como adoração a Deus.
É impressionante como esses versos (4.16-18), revelam a pessoa de Cristo, que era a
esperança da vida de Paulo.
Paulo foi preso como Cristo, inocente e pela causa do evangelho. Paulo como Cristo
experimentou o abandono dos seus amigos, mas não estava só, ele reconheceu que o Senhor
195 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 397196 STOTT, R. W. John. Tu Porém: A Mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora. São Paulo, 1982. p 55197 Ibid p 56198 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 335199 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 397 200 CALVINO, Juan. Comentário Bíblico de Juan Calvin. 1,2 Timóteo e Filemon. e-book. p 336
125
estava com ele, Cristo afirmou que todos o abandonariam, mas que não estaria só porque o
Pai estaria ao seu lado (Jo16.32). Paulo a semelhança de Cristo sofreu acusações de ir contra
os sistemas religiosos, por falar da verdade de Deus. Seguindo o seu mestre Paulo teve
misericórdia dos que lhe ofenderam, e dos que o abandonaram. De igual modo Paulo sofreu
como seu Senhor uma pena romana. Também como Cristo, Paulo via a morte não como o fim,
mas como o começo. Paulo também imitou seu senhor na forma como viveu, pois viveu para
glória de Deus. E se o apóstolo podia naquela circunstância ter alguma esperança, era por
causa da pessoa e obra de Cristo.
8.1.4. Considerações finais 4.19-22
Paulo foi abandonado por muitos dos seus companheiros, mas ele não usou do mesmo
sentimento para com aqueles que lhes foram fiéis. A prova disso, é que ele termina a carta
com saudações sinceras e rogando benção sobre eles. Nisso percebemos o caráter de um líder
que tem um coração pastoral, ele não muda por conta das circunstâncias, ele inspira lealdade,
e, é leal. John MacArthur aponta no seu livro sobre liderança que um líder cultiva lealdade.201
Paulo saúda a irmãos que agora estão em Éfeso, como Priscila e Áquila que são seus
parceiros em plantação de igrejas (At 18.18). Onesíforo é o amigo leal, que Paulo menciona
no capítulo (1.16). Ele não só foi à procura de Paulo em Roma, ele já tinha muitos serviços
prestados ao apóstolo (1.18). Paulo com essa saudação se despede definitivamente desses
irmãos, deve ter escrito essas linhas com muito sentimento.
Deixando as saudações, ele passa a dar informações acerca de irmãos também muito
amados. Ambos eram conhecidos de Timóteo, Erasto ficou em Corinto, e Trófimo por sua vez
está doente, Paulo o deixou em Mileto, tudo leva a crer que Paulo tenha estado com esses dois
homens há pouco tempo, provavelmente antes de ser preso.202 E por isso que Paulo informa
sobre estes para Timóteo para que tenha conhecimento do seu paradeiro e situação.
No verso (v.21) Paulo volta a tratar da viagem de Timóteo a Roma (1.4; 4.9). Agora
pedindo que ele se apresse para chegar antes do inverno, como levará a sua capa, então seria
importante estar lá antes do frio mais intenso, além do que, a viagem seria mais difícil. A
outra parte do versículo Paulo transmite a saudação de irmãos da igreja de Roma, que
certamente conhecem o jovem pastor.
201 MACARTHUR, John. O Livro Sobre Liderança. Cultura Cristã. São Paulo, 2009. p 64202 HENDRIKSEN, William. Comentario do Novo testamento: 1e 2 Timóteo e Tito. Cultura Cristã 2ª Ed. São Paulo, 2011. p 404
126
Por último, Paulo deseja dois tipos de benção, acredita-se que a primeira é exclusiva
para o pastor Timóteo, e a segunda para os irmãos que acompanhassem a leitura da carta ou
viessem a ler a carta.203 De fato tanto Paulo como Timóteo sabiam o quanto o pastor precisaria
que o Senhor fortalecesse o seu espírito, para enfrentar as lutas ministeriais. E precisaria ainda
desse fortalecimento para superar a perda do apóstolo que estar prestes a morrer pela causa do
evangelho, que Timóteo possa ter a mesma entrega e disposição.
Conclusão
Desde o resumo do seu ministério até a benção, Paulo fez com que a leitura dessa carta
fosse emocionante para Timóteo e para os primeiros leitores, como para todos os leitores em
todas as épocas. O que encontramos nesse capítulo é a prova que só Jesus viveu uma vida
com maior fidelidade ao Pai, nenhum outro homem depois de Cristo pode ter vivido tão
intensamente o seu chamado. Paulo era um homem com paixões, semelhante a qualquer outro
pecador, ele se dizia o maior de todos. E por isso mesmo, apesar das suas fraquezas, ele se
entregava tão pronto a fazer a vontade de Deus, não estava preocupado com o preço que
pagaria. A sua preocupação estava em fazer a vontade daquele que o chamou, porque o preço
maior já tinha sido pago na Cruz.
Paulo deu o seu exemplo a Timóteo de como servir ao Senhor Jesus, ele mostra que
Jesus é o maior exemplo a ser seguido, mas Paulo é o maior modelo de como imitar a Cristo,
ele não procurou honra nem reverência, mas procurou mostrar o caminho que leva glória ao
nome de Cristo. O apóstolo deixou claro para Timóteo que apesar de todas as perseguições e
sofrimentos possíveis nesse mundo, nunca os seguidores de Cristo estarão sós, mesmo quando
os homens os abandonarem, ainda assim o Senhor os assistirá.
Esse capítulo em especial extravasa de emoções, toda a carta é repleta de emoções, mas
Paulo a escreveu de uma maneira intencional ou não que o último capítulo trouxesse o clímax
das emoções, mas além de emoções, o capítulo ensina bastantes coisas sobre posturas
ministeriais, em especial como desenvolver ministérios olhando para o alto, para a eternidade,
olhando para glória de Deus.
203 Ibid p 405127
QUESTIONÁRIO DA OITAVA LIÇÃO
1. O que mais preocupava Paulo na prisão em seus últimos dias de vida?
2. Em que posição o apóstolo coloca os cuidados com a sua própria vida?
3. Apesar do abandono por parte de muitos, o que marca a relação de Paulo com seus
amigos?
4. Paulo espera que a sua morte seja comparada ao quê?
5. Como Paulo resume o seu ministério de cerca de trinta anos?
6. O que o apóstolo quer dizer com a expressão “guardei a fé”?
7. Como Paulo encara as tribulações que está enfrentando no cárcere?
8. Como Paulo entendia a ação de Deus em sua vida em meio às circunstâncias da
prisão?
9. Que lições você tira da passagem ( 2Tm 4.6-22) para o seu ministério?
10. Como você ver os aspectos da pessoa de Jesus no texto (2Tm 4.6-22)?
128
FOLHA DE TRABALHO EXEGÉTICO
Texto: Título: MÉTODO TEOLÓGICO
Relação do texto com Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo.Identificação de ídolos.
MÉTODO CRÍTICOIdentificação dos autores do texto bíblicoIdentificação dos receptores originais do textoIdentificação da família de manuscritos usadosCompreensão das diferenças que há entre as famílias de manuscritosVersão BíblicaMétodo de tradução usado (literal, equivalência dinâmica, paráfrase, contextualizada)Idioma do textoIdioma usado na interpretação
MÉTODO INDUTIVOTextos de referência:1.1.1.2. (etc.)
Explicações de dados importantes: palavras importantes anotações gramaticais método de tradução gênero literário o autor e os ouvintes originais contexto cultural contexto histórico contexto bíblico título e tema da passagem
MÉTODO EXPOSITIVOObservações sobre cada versículoMÉTODO LITERÁRIO (formule uma estrutura temática da passagem)
Identifique o gênero da passagem e textoIdentifique o tema do livro e subtema da passagem onde está o texto
129
Observe se há o uso de figuras de linguagem
MÉTODO ANALÍTICAVerdade Mentira Evangelho Idolatria(s)
MÉTODO DOUTRINÁRIO Qual é a posição da igreja sobre os ensinos neste texto?Há declarações confessionais ou de credos sobre este texto?
MÉTODO EXISTENCIAL/PESSOALQue importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com Deus?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação com os outros?Que importância tem seu estudo da Bíblia em sua relação consigo mesmo?Qual é o seu hábito para ler a Bíblia?Qual é o seu hábito para lembrar o que a Bíblia diz?
MÉTODO CONTEXTUALIZADOQual é a condição social; quais as necessidades e possíveis problemas dos ouvintes?Como a mensagem do texto se aplica à necessidade dos ouvintes?
MÉTODO DEVOCIONALOração e açãoAdoraçãoConfissão de pecadosPedidos especiaisAção de graçaEnsinamentos1.2.3.
130
BIBLIOGRAFIA
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Miami. Miami, 2012.
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ZUGG, Michael Julian. O Livro de Atos. MINTS. Miami.
132
BIOGRAFIA
Carlos André é formado em Missiologia e Bíblia (Nível Médio), pelo Centro de
Treinamento Missionário do Nordeste. Graduado em teologia pelo Seminário Internacional de
Miami, onde também cursou o seu mestrado em Assuntos Teológicos. É professor e
coordenador de MINTS. Desde 2005 ele atua como missionário na área de plantação de
igreja, junto a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. É casado a 11 anos com a
missionária Maria Evanir de Araujo Santos, e é pai de duas meninas, Ayra Samara de 9 anos,
e Joana Sara de 3 anos.
133
QUESTIONÁRIOS DAS LIÇÕES COM RESPOSTAS
LIÇÃO 1
11. Qual a evidência bíblica que valida a autoria do apóstolo Paulo como autor de
2Timóteo?
R – O conteúdo do primeiro verso (1.1)
12. Como é chamada essa carta?
R – Carta pastoral
13. Em que situação encontra-se o autor da carta?
R – Preso em um calabouço.
14. Em que data Paulo escreve 2 Timóteo?
R - A data que se sugeri é a de 64-68 d.C
15. Por que motivo os Cristãos estão sendo perseguidos?
R- Por causa da falsa acusação do imperador Nero de terem incendiando Roma.
16. Quem é Timóteo?
R – O pastor de Éfeso, companheiro e discípulo de Paulo, alguém tão especial que
Paulo o considera como um filho.
17. O que qualificava Timóteo para o ministério ao lado de Paulo?
R – As marcas do seu discipulado.
18. Por qual motivo o apóstolo devota dedicação a Timóteo?
R – Porque ele o tem como um filho na fé
19. Qual o propósito da Epístola?
134
R - Encorajar o jovem pastor em seu ministério, e alertá-lo quanto aos falsos mestres.
Solicitação da presença de Timóteo em Roma, bem como instruí-lo quanto ao que trazer e a
quem levá-lo consigo.
20. Como podemos dividir esta carta do ponto de vista doutrinário?
R - Fidelidade ao evangelho (1.6-8) - Eleição (1.9) - A salvação pela graça (1.9-11) - O
zelo pela sã doutrina (1.13-14; 2.2; 4.3) - A fidelidade de Cristo (2.11-11) - A importância de
se santificar (2.20-23) - A importância da Palavra (3.15-17) - A inspiração da Bíblia (3.16) -
A ressurreição de Cristo (2.8) - A segunda vinda de Cristo (4.1,8) - A confiança em Deus
(4.17-18)
LIÇÃO 2
1. Além do privilégio, qual a outra prerrogativa dada a quem é chamado por Deus
a desenvolver o ministério pastoral?
R – Responsabilidade.
2. A quem o pastor representa em seu ofício terreno?
R - Todo pastor representa a Cristo que é o pastor supremo, e pastoreia sobre todo o seu
rebanho.
3. Qual a preocupação do apóstolo Paulo com o jovem pastor Timóteo na
passagem (2Tm 1.6-7)?
R – Que Timóteo não desanimasse em seu ministério por conta das lutas.
4. O que deve o pastor fazer quanto ao monitoramento do seu ministério?
R – Deve buscar um mentor maduro que lhe acompanhe em seu ministério.
5. Quais as posturas que o pastor deve ter frente às verdades do evangelho?
R – Não se envergonhar do evangelho, sofrer pelo evangelho, vivê-lo, e pregá-lo
fielmente.
6. Seria possível desenvolver um ministério fiel sem sofrimento?
R – Não, todos que fielmente servem acabam passando por lutas ministeriais.
7. Qual a responsabilidade que recai sobre Timóteo (2Tm 1.13-14)?
R- Guardar a sã doutrina
8. Segundo o texto (2Tm 1.15-18) como qualificar a postura dos líderes citados na
passagem?
135
R- Fiel e infiel
9. Qual o melhor exemplo de fidelidade a ser seguido?
R- Jesus Cristo é o maior modelo de fidelidade ministerial, todos que o seguem devem
perseguir com esmero e vivenciar as suas virtudes.
10. Como o exemplo de fidelidade de Cristo pode ajudá-lo em seu ministério?
R – Resposta pessoal
LIÇÃO 3
1. Em que a missão de Cristo contribui para o desenvolvimento do ministério
Paulino?
R- O modelo de Cristo era a fonte inspiradora para o apóstolo.
2. O que é necessário alcançar para se manter perseverante no ministério?
R- O auxílio da graça de Deus
3. A graça concedida tanto para salvação como para o desenvolvimento do
ministério está relacionada a Cristo, em que sentido?
R – Estar inteiramente ligada à obra de Cristo.
4. Como a passagem (2Tm 2.2) se relaciona com a Grande Comissão?
R – No sentido da ordem de fazer discípulo.
5. Quanto à doutrina, o que Paulo esperava de Timóteo?
R – Que ele fosse perseverante e não abrisse mão do conteúdo doutrinário.
6. Por que é tão importante preparar líderes idôneos?
R - Para preservar a sã doutrina e evitar que as heresias adentrem a igreja.
7. Quais analogias Paulo usam para indicar que Timóteo deve se dedicar ao
evangelho?
R – Do soldado, atleta e lavrador.
8. Em meio aos sofrimentos quais as três atitudes que Timóteo deveria ter a
semelhança de Paulo?
136
R- Não valorizar o sofrimento, valorizar a Palavra de Deus, e ter gozo no
desenvolvimento do ministério mesmo em tempos difíceis.
9. Deve-se perseverar no ministério por causa de qual atributo de Deus?
R – Fidelidade
10. Como o exemplo de perseverança de Cristo pode ajudá-lo em seu ministério?
R – Resposta pessoal
LIÇÃO 4
1. Qual deve ser a postura do líder pastoral frente aos desafios dos falsos mestres?
R – Deve estar preparado para enfrentá-los
2. Qual o desafio do pastoreio nos dias atuais que se assemelha com os do Tempo
de Timóteo?
R - Zelar pela verdade diante das heresias dos falsos mestres.
3. O quadro pintado aponta que imagens acerca do obreiro?
R – Um obreiro aprovado e outro reprovado.
4. Quais as características de um obreiro aprovado?
R - Instrui o rebanho corretamente (v.14), maneja bem a palavra da verdade (v.15),
manifesta bom testemunho (v.16), combate os falsos mestres com seus ensinos (v.17), se
mantém firme no caminho do Senhor (v.18), e vive uma vida nova apartado do pecado (v.19).
5. O que ocorre quando o pastor não cumpre com o imperativo de zelar pela
conduta do rebanho?
R – Ele coloca o rebanho em perigo.
6. Mas que uma questão de caráter, ou de piedade a passagem (2Tm 2.15) fala
sobre o que?
R – Fidelidade aos princípios das Sagradas Escrituras.
7. A que Paulo compara o dano causado na igreja pelos falsos ensinos?
R – A um câncer.
137
8. O que acontece quando o pastor tem paciência com lobos na igreja?
R – Eles acabam destruindo as ovelhas.
9. O que deve fazer o pastor para superar os falsos mestres?
R – Deve ser inteiramente dependente de Deus.
10. Como o exemplo do ministério de Jesus pode lhe ajudar a superar os falsos
mestres?
R – Resposta pessoal
LIÇÃO 5
1. O que são os apóstatas?
R - São aqueles que mudam de opinião e posição doutrinária.
2. Como os apóstatas se relacionam com a verdade?
R – Usam de uma verdade para se defenderem enquanto atacam outras.
3. Qual o significado da expressão “nos últimos dias”?
R – São os tempos entre a primeira e a segunda vinda de Jesus.
4. Como o liberalismo teológico dos dias atuais tem contribuído com a apostasia?
R – Tem produzido e facilitado a aceitação de falsos ensinos.
5. Os apóstatas a quem Paulo se refere são identificados como Cristãos? Por quê?
R - Sim. Porque Paulo fala que eles tinham forma de piedade, e que sua fé seria
reprovada.
6. Qual o conselho que Paulo dar a Timóteo quanto a sua relação com os
apóstatas?
R – Que fuja desse tipo de homens.
7. O que deve trazer paz ao coração do líder frente a uma realidade de apostasia?
R – O fato de saber que Deus está no controle, e que por isso tais líderes não triunfarão.
8. Quais as três razões que impedem o triunfo de tais homens?
R - Porque é contra Deus que eles estão trabalhando, e Deus não permitiria o seu
avanço. A sua insensatez será evidente a todos.
138
9. Como você tem desenvolvido o seu ministério no combate a apostasia?
R – Resposta Pessoal.
10. Como você entende que o tema se relaciona com o ministério de Cristo?
R – Resposta Pessoal.
LIÇÃO 6
1. Qual a relação do ministério pastoral com a Palavra de Deus?
R – Ele é credenciado e confirmado pela sua autoridade.
2. Qual o contraste entre um pastor que guarda a Palavra de Deus e o ministro
negligente?
R – O primeiro será bem sucedido, enquanto que o segundo fracassará.
3. Por que Timóteo devia seguir os conselhos de Paulo?
R – Porque era conselho de uma autoridade apostólica cheios de revelação, e apontavam
para Cristo.
4. Que conforto tinha Paulo em meio as suas lutas pela verdade do Evangelho?
R - Que Deus cuida dos que sofrem pela sua Palavra.
5. O que acontece com os que querem viver piedosamente?
R – Sofrem perseguições.
6. Como Timóteo deveria agir para vencer os impostores?
R – Permanecendo firme na Palavra
7. Quanto à salvação o que as Escrituras revelam?
R – Que Cristo é o salvador suficiente.
8. Por quais motivos o ministro deve permanecer no padrão da Palavra de Deus?
R – Porque ela é inspirada por Deus, e ela é quem capacita o homem para boas obras.
139
9. As doutrinas pregadas por um ministro pode ser fruto de outras influências que
não é a Palavra de Deus?
R – Não. Porque só a Palavra de Deus tem essa prerrogativa, e nada fora dela tem valor,
ou significado equivalente.
10. Como você ver a Cristo em sua obra como alguém que permaneceu na
Palavra?
R- Pessoal.
LIÇÃO 7
1. Qual deve ser o foco principal do pastor em seu ministério?
R – Deve ser a pregação da Palavra
2. A negligência quanto à tarefa principal acarreta em que?
R- Em enfraquecimento da igreja local, produzindo crentes imaturos, comprometem o
testemunho cristão, deixa a igreja vulnerável a ventos de doutrinas.
3. Qual a função da pregação em um cenário de apostasia?
R – Combater os desvios doutrinários.
4. A que Paulo compara a falsa pregação?
R – Fábulas
5. O que significa expressão “a tempo e fora de tempo”?
R- Estar preparados para servir a Deus em qualquer situação, seja ou não conveniente.
6. O que o pregador deve expor quando prega a Palavra de Deus?
R – O conteúdo doutrinário do texto.
7. A pregação da verdade causa que efeito aos ouvintes rebeldes (2Tm 4.3-4)?
R - Coceiras nos ouvidos
8. Em relação à pregação, em que se assemelham os dias atuais com os de
Timóteo?
R – Rejeição da verdadeira pregação, e acolhimento de falsos ensinos.
140
9. Como você tem entendido a importância da pregação na igreja?
R – Resposta pessoal
10. Como você identifica a pregação no ministério de Jesus?
R – Resposta pessoal
LIÇÃO 8
1. O que mais preocupava Paulo na prisão em seus últimos dias de vida?
R – O Reino de Deus em sua propagação.
2. Em que posição o apóstolo coloca os cuidados com a sua própria vida?
R- Último lugar.
3. Apesar do abandono por parte de muitos, o que marca a relação de Paulo com
seus amigos?
R – A lealdade.
4. Paulo espera que a sua morte fosse comparada ao que?
R – A uma oferta de libação.
5. Como Paulo resume o seu ministério de cerca de trinta anos?
R - Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.
6. O que o apóstolo quer dizer com a expressão “guardei a fé”?
R – Que ele preservou a sua fé e não perdeu a sua crença.
7. Como Paulo encara as tribulações que está enfrentando no cárcere?
R – Com esperança no Senhor.
8. Como Paulo entendia a ação de Deus em sua vida em meio às circunstâncias da
prisão?
R – Que o Senhor sempre esteve ao seu lado lhe fortalecendo.
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9. Que lições você tira da passagem ( 2Tm 4.6-22) para o seu ministério?
R – Resposta pessoal.
10. Como você ver os aspectos da pessoa de Jesus no texto (2Tm 4.6-22)?
R – Resposta pessoal
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