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INSTITUTO DOCTUM FACULDADES DOCTUM CARATINGA ARQUITETURA E URBANISMO RAFAELA MACIEL BRAGANÇA QUALIFICAÇÃO DOS AMBIENTES DE LAVANDERIA HOSPITALAR E CONTRIBUIÇÃO NO CONTROLE DE INFECÇÃO: UM ESTUDO SOBRE A LAVANDERIA DO HNSA

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INSTITUTO doctum

FACULDADEs doctum caratinga

arquitetura e urbanismo

Rafaela maciel bragança

qUALIFICAÇÃO DOS AMBIENTES DE LAVANDERIA HOSPITALAR E CONTRIBUIÇÃO NO CONTROLE DE INFECÇÃO: Um estudo sobre a lavanderia do hnsa

caratinga

2019

rafaela maciel bragança

qUALIFICAÇÃO DOS AMBIENTES DE LAVANDERIA HOSPITALAR E CONTRIBUIÇÃO NO CONTROLE DE INFECÇÃO: Um estudo sobre a lavanderia do hnsa

Monografia apresentada ao Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Doctum de Caratinga, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadores: Dr. Rogério Francisco Werly Costa; Me. Marine Luiza de Oliveira Mattos e Prof. Camila Silva.

caratinga

2019

rafaela maciel bragança

qUALIFICAÇÃO DOS AMBIENTES DE LAVANDERIA HOSPITALAR E CONTRIBUIÇÃO NO CONTROLE DE INFECÇÃO: Um estudo sobre a lavanderia do hnsa

Monografia apresentada ao Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Doctum de Caratinga, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Comissão examinadora

__________________________

Prof. Dr. Rogério Francisco Werly Costa.

Faculdades Doctum de Caratinga

__________________________

Prof.(a) Camila Alves da Silva

Faculdades Doctum de Caratinga

__________________________

Prof. Maxuell Rodrigues Andrade

Faculdades Doctum de Caratinga

caratinga

2019

Dedico esta monografia aos que me fortaleceram e me acompanharam em minhas metas, aos meus colegas de curso que por cinco anos fizeram parte da realização de um sonho. A minha mãe e meu padrasto, que com muito carinho me ensinaram o caminho da justiça. Meu irmão que sempre teve palavras simples e de conforto em momentos difíceis e ao meu querido namorado que sempre esteve ao meu lado e nunca me deixou desistir.

À Deus.

Agradeço aos meus orientadores pela paciência e grande ensinamentos. Vocês foram por cinco anos, nossas bases de ensino.

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

Cora Coralina

RESUMO

O presente trabalho apresenta a estrutura organizacional do setor da lavanderia do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora em Caratinga/MG, na qual envolve o processamento das roupas sujas que chegam até o setor e após limpas, são distribuídas em perfeitas condições de higiene e conservação. O HNSA atende 13 municípios da região e tem impacto positivo no atendimento de saúde. Esta monografia tem como justificativa a adequação das normas que organizam os setores da lavanderia e confecção do projeto arquitetônico que será aprovado para melhor qualidade nos atendimentos prestados com devolutiva das roupas limpas e com o controle de infecção adequado, além disso, a planilha orçamentária representa um grande desafio para a direção do hospital, sendo 90% dos atendimentos seres SUS, por ser instituição filantrópica e os 10% em consultas particulares, neste sentido, o desafio é adequar tal ambiente as normas necessárias com a falta de repasse de recursos financeiros do estado e de seis dos treze municípios no qual atende. Para que este objetivo seja alcançado, a metodologia I aplicada na execução deste trabalho compreende a revisão das normas do Ministério da Saúde, Manual de Lavanderia Hospitalar, ABNT NB 19 e da ANVISA, diálogo com os funcionários, profissionais arquitetos atuantes na área de projetos hospitalares e também com os consultores técnicos que representam as empresas fornecedoras de maquinário. Já a metodologia II se refere ao projeto que será elaborado para o trabalho de graduação final II. Sabe-se que todos os setores da área hospitalar dão o suporte para que este setor funcione com excelência e tal relevância nos influenciam a pensar na real funcionalidade e importância deste ambiente no contexto hospitalar, a fim de validar a eficiência do objeto de estudo capaz de dar a devolutiva em roupas limpas, higienizadas e dentro dos padrões especificados pelo Ministério da Saúde.

Palavras-Chaves: Lavanderia; infecção hospitalar; processamento de roupas; riscos ocupacionais.

ABSTRATIC

The present work presents the organizational structure of the laundry sector of the Hospital Nossa Senhora Auxiliadora in Caratinga / MG, which involves the processing of dirty clothes that reach the sector and after clean, are distributed in perfect conditions of hygiene and conservation. Or HNSA serves 13 municipalities in the region and has a positive impact on health care. This monograph has as justification the adequacy of the norms that organize the laundry sectors and the design of the architectural project that will be approved for better quality in the care provided with the return of clean clothes and with the appropriate infection control, besides, the budget spreadsheet represents a A great challenge for the hospital management, being 90% of the consultations being SUS, because it is a philanthropic institution and the 10% in private consultations, in this sense, the challenge is to adapt such environment to the necessary norms with the lack of transfer of state financial resources. and six of the thirteen municipalities in which it serves. In order to achieve this goal, the methodology I applied in the execution of this work includes the revision of the Ministry of Health, Hospital Laundry Manual, ABNT NB 19 and ANVISA rules, dialogue with the staff, professional architects working in the area of hospital projects. and also with the technical consultants representing the machinery supplier companies. Methodology II refers to the project that will be prepared for the final undergraduate work II. It is known that all sectors of the hospital area support this sector to function with excellence and such relevance influences us to think about the real functionality and importance of this environment in the hospital context, in order to validate the efficiency of the study object capable of give back in clean, sanitized clothing and within the standards specified by the Ministry of Health.

Key words: Laundry; hospital infection; clothing processing; occupational hazards.

LISTA DE SIGLAS

HNSA: Hospital Nossa Senhora Auxiliadora;

UTI: Unidade de Terapia Intensiva;

SUS: Sistema Único de Saúde;

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas;

CME: Central de Materiais Esterilizados;

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária;

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

TCC: Trabalho de Conclusão de Curso;

PAM: Pronto Atendimento Municipal de Caratinga;

TFG: Trabalho Final de Graduação.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Monta-carga e elevador de serviço22

Figura 2: Mapa de Inserção de Caratinga no Estado de Minas Gerais, no Brasil34

Figura 3: Hospital Nossa Senhora Auxiliadora36

Figura 4: Localização da lavanderia hospitalar39

Figura 5: Fluxograma da lavanderia do HNSA45

Figura 6: Layout do objeto de estudo49

Figura 7: Máquinas de lavar na área limpa com acesso a área suja50

Figura 8: Equipamento existentes que não estão em funcionamento51

Figura 9: Calandra pertencente a lavanderia do HNSA52

Figura 10: Radiação solar na fachada leste53

Figura 11: Aberturas de ventilação existentes54

Figura 12: Lavanderia do HNSA56

Figura 13: Pisos situados na área limpa da lavanderia do HNSA57

Figura 14: Área interna e externa da lavanderia do HNSA60

Figura 15: Manual de instalação - Secador rotativo63

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Princípios fundamentais na condição da água para lavanderias20

Tabela 2: Cidades atendidas pelo HNSA37

Tabela 3: Etapas do plano de gerenciamento do processo proposto para a lavanderia40

Tabela 4: Roteiro de inspeção em lavanderia hospitalar44

Tabela 5: Carga horária semanal de trabalho na lavanderia59

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Etapas abrangentes do processo de lavanderia59

SumárioSumário121INTRODUÇÃO142EMBASAMENTO teóricO182.1Breve Histórico da lavanderia Hospitalar182.2Processamento de lavagem das roupas212.2.1Coleta (Área contaminada)212.2.2Recepção222.2.3Pesagem232.2.4Separação232.2.5Lavagem232.3Área limpa242.3.1Centrifugagem242.3.2Calandragem252.3.3Secagem em Secadoras252.3.4Prensagem252.3.5Estocagem252.3.6Distribuição da Roupa Limpa262.3.7Costura262.4Condições ambientais262.4.1Iluminação272.4.2Ventilação e Exaustão272.4.3Materiais de acabamento272.5Processo de planejamento em lavanderia hospitalar282.5.1Contaminação das áreas hospitalares através das roupas distribuídas292.5.2Controle administrativo na supervisão e gestão dos materiais313Contextualização do objeto de estudo: lavanderia do hospital nossa senhora auxiliadora em caratinga/mg343.1Parorama histórico de caratinga343.2Hospital Nossa Senhora Auxiliadora: Breve histórico e a relação do mesmo com as cidades do entorno353.3Objeto de estudo: Lavanderia do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora384PROCEDIMENTOS METODÓLOGICOS424.1Procedimento Metodológico 01424.1.1Pesquisa bibliográfica424.1.2Pesquisa de campo e caracterização do objeto de estudo434.1.3Convivência no espaço físico da lavanderia454.1.4Convivência com os funcionários464.1.5Pesquisa com profissionais da área hospitalar464.2Procedimento Metodológico 02475RESULTADOS e discussão485.1Resultados proveniente a pesquisa bibliográfica485.2Resultados referentes a pesquisa de campo e caracterização do objeto de estudo485.2.1Analise dos equipamentos existentes na lavanderia do HNSA495.2.2.Condições de conforto térmico e de vedação na lavanderia do Hospital Nossa525.3Resultados provenientes a convivência no espaço da lavanderia555.3.1Analise dos materiais existentes na lavanderia565.4Resultado proveniente a Convivência com os funcionários585.4.1Percepção dos riscos diários no trabalho da lavanderia605.5rESULTADO PROVENIENTE DA PESQUISA COM OS PROFISSIONAIS DA ÁREA HOSPITALAR626CONSIDERAÇÕES FINAIS647REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS65ANEXOS67

II

INTRODUÇÃO

O Hospital Nossa Senhora Auxiliadora (HNSA), fundado no dia 24 de maio de 1917, de abrangência microrregional, atende treze municípios, além da cidade de Caratinga/MG. A estrutura do hospital conta com aproximadamente 170 leitos, sendo destinados à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto, seis neonatal, e os demais repartidos entre clínica médica e cirúrgica. A instituição, além de atender aos populares na unidade física, ainda conta com uma equipe multidisciplinar de trabalho de humanização com o objetivo de desenvolver uma nova cultura de atendimento interno e externo, com fatores psicossociais dos indivíduos e a comunicação nas relações interpessoais em saúde (HNSA, 2019).

Em meados de 2017 o HNSA sofrera com falta de repasses de sete dos treze municípios atendidos, além do Governo do Estado. Em determinado momento foi necessária uma intervenção de uma comissão em março de 2017, que assumiu a administração da unidade de saúde, garantindo a permanência do atendimento. A gerência do hospital também foi supervisionada pelo estado e orientada pelo Ministério Público. Basicamente 90% dos atendimentos prestados HNSA são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que a instituição é filantrópica. Já os outros 10% são referentes a consultas particulares. Naquele momento a direção recorreu em busca de apoios de instituições financeiras, empresas doadoras e assessoria técnica com a faculdade Doctum de Caratinga, garantindo a manutenção e propostas dinâmicas de atendimento, tanto administrativo e/ou nos serviços prestados em prol da saúde (HNSA, 2019).

É importante salientar que o HNSA traz benefícios de grande relevância no atendimento dos pacientes da região. Entretanto, alguns conflitos de cunho político e financeiro colocam a sociedade como meio e não como finalidade na questão da existência destas arquiteturas. Em contexto específico, o funcionamento do hospital está diretamente ligado na eficiência da lavanderia. Visto que, a lavanderia é um dos principais serviços suporte ao atendimento dos pacientes, sendo responsável pela distribuição higienizada como fator importante no combate de contaminação. Segundo Macedo, 2002, um bom sistema de processamento das roupas pode reduzir o número de infecções hospitalares e ainda no impacto ambiental.

Para tanto precisa obter a utilidade necessária de funcionamento aprovado pelos órgãos de saúde competentes, necessitando de reformas quanto às necessidades que carecem de ser executadas, com o intuito de adequação nas normas atuantes regulamentadas e redução nos gastos financeiros de que o hospital precisa. Uma má qualidade na lavagem das vestes acarretaria um impacto negativo aos usuários. O intuito é de garantir que a lavanderia não seja um fator direto de infecções no âmbito hospitalar.

O presente trabalho expõe a relação do hospital com a área da lavanderia, com intuito de estabelecer um eficaz controle de doenças infectocontagiosas de um ambiente ao outro, sendo dependente do desempenho de normas técnicas e legais do Ministério da Saúde (Portaria nº 1.884/GM de 11/11/94) e a cautela de minimizar a infecção cruzada e o custo operacional, assegurando as condições apropriadas de trabalho aos colaboradores. É de suma importância que a eficiência de seu funcionamento contribua diretamente no desempenho do hospital, refletindo especialmente no controle de infecção. Basicamente, de acordo com o Manual de Lavanderia é o apoio direto no atendimento dos pacientes, sendo responsável pelo processamento e distribuição das roupas em perfeitas condições higiênicas, para cada unidade hospitalar.

A justificativa que sustenta este trabalho é a contribuição para um ambiente de qualidade e com resultados positivos para todo o ambiente hospitalar, além de favorecer na manutenção do espaço a fim de preservar as fases do sistema de lavagem, respeitando cada etapa de sua composição. É importante também que neste processo esteja apto o gerenciamento individual do setor da lavanderia, apoiando no planejamento e gestão do ambiente estudado.

Como objetivo geral, este trabalho visa identificar no espaço da lavanderia a problemática da falta de projeto dentro das normas técnicas e propor soluções, além de dialogar sobre a importância real da lavanderia hospitalar. Neste sentido, os objetivos específicos visam analisar criticamente a real viabilidade de reestruturação do layout e em particular para as adequações as normas responsáveis pelo funcionamento de uma lavanderia hospitalar, como segue:

· Diagnosticar as normas aplicadas – a fim de identificar as questões que definem as características e condições de saúde e conforto aos trabalhadores.

· Fazer pesquisas de campo – levantar dados existentes que definem a característica do espaço atual: implantação, presença humana, controle de atividades etc.

· Estudar os revestimentos – verificar o tipo de piso escolhido, queda dos ralos, matérias na área suja e limpa etc.

· Estudar o uso dos funcionários – analisar a viabilidade de se propor o uso adequado dos funcionários da lavanderia e do HNSA.

· Fazer o projeto da lavanderia com execução – aplicar o projeto desenvolvido com base nas regras Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e Ministério da Saúde.

Os procedimentos metodológicos visam dois processos: O primeiro que é exploratório e o segundo projetual. A metodologia exploratória baseia-se em entender o setor da lavanderia, sua funcionalidade, suas normas e sua relação com o hospital. Neste sentido, faz parte deste processo o estudo do espaço da lavanderia e seus materiais, pesquisa bibliográfica, diálogo com os funcionários e também com os consultores técnicos que representam as empresas fornecedoras de maquinário – secadoras, aparelhos de ar condicionado, exaustores, centrifugas. O segundo procedimento metodológico visa a elaboração de projeto técnico com base no aprendizado obtido durante o primeiro procedimento metodológico. Nesta segunda fase, considera-se reuniões esporádicas com profissionais arquitetos e docentes com experiência na elaboração e execução de ambientes hospitalares.

Espera-se como resultado deste trabalho alcançar de forma mais abrangente possível a elucidação quanto a real importância da função de uma lavanderia dentro do setor hospitalar, a fim de gerar um alerta e especial atenção ao tema. Associado ao estágio supervisionado espera-se prestar à diretoria administrativa do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora o projeto técnico de reforma da referida lavanderia de acordo com as normas, que junto ao presente trabalho de conclusão de curso, complementam o aspecto prático e teórico capazes de devolver ao referido hospital o benefício esperado pela diretoria no momento em que se decidiu recorrer às Faculdades Doctum de Caratinga, em especial ao curso de Arquitetura e Urbanismo. Neste sentido, espera-se também como resultados o benefício à sociedade local e regional, que no referido trabalho de conclusão de curso e concomitantemente o referido estágio supervisionado, trazer o conhecimento acerca do que representa o ambiente hospitalar, em especial o espaço da lavanderia, como também a elaboração e execução da reforma da lavanderia do HNSA, tão importante para o funcionamento geral do hospital.

Foram possíveis os acessos às áreas de uso restrito ao público, aos documentos e as áreas internas do HNSA em razão do convenio de estágio com as Faculdades Doctum de Caratinga e o hospital, sob supervisão técnica do coordenador do curso de arquitetura e urbanismo Rogério Werly Costa.

EMBASAMENTO teóricO

Neste capítulo serão abordados temas, como setores de lavanderia hospitalar, controle de doenças infectocontagiosas, conforto térmico e separação das áreas de lavanderia com referencial teórico do Ministério da Saúde.

Breve Histórico da lavanderia Hospitalar

Em meio ao século XIX as vestes hospitalares utilizadas pelos pacientes adoentados eram lavandas na maior parte, fora do ambiente hospitalar, e com a probabilidade de crescimento no índice de infecção por não existir padrões adequados para o tratamento específicos das vestes contaminadas. Após diversos relatos de propagação de doenças, os serviços de lavanderia passaram a ter cuidados específicos com finalidade de prevenção e controle de infecção (TORRES; LISBOA, 2001).

No ano de 1984 já era visível a preocupação com os cuidados das vestes hospitalares, aplicado no Barrack Hospital. A criação da lavanderia resultou em um aperfeiçoamento dos serviços prestados antes por civis não especializados nos procedimentos de limpeza e resultavam na devolução de roupas mais suja e com processos mais demorados. O desenvolvimento do projeto da lavanderia no Florence Nightingale teve auxilio de engenheiros militares que organizaram as práticas adequadas de serviço com instalações em caldeiras, solucionando as maneiras de lavagem com as esposas dos soldados que os acompanham durante a guerra (LISBOA, 1993).

Também no ano de 1984 o Hospital Lariboissiére, em Paris, teve sua reorganização planejada com intuito de evitar riscos de contágio aos pacientes. As divisões dos enfermos tiveram categorias diversificadas para separação em níveis de baixo, médio e alto risco, as camas que antes era de uso coletivo foram separadas para uso individual e os serviços complementares tiveram um reconhecimento em maior ênfase e poder, como farmácia, cozinha, lavanderia e etc (LISBOA; TORRES, 1999).

Com a evolução nos métodos tecnológicos e profissionais, os hospitais na atualidade buscam serviços especializados para funções técnicas e administrativas. Segundo Mezzomo (1992), o conhecimento com falta de específicos aperfeiçoamento leva os instaladores a vulnerabilidade de erros durante a instalação dos equipamentos, pois se não condizerem com os serviços em seguimento especifico haverá baixo rendimento trabalhisco.

Segundo Miana (2001), o ser humano elimina até 60.000 bactérias por minuto, tais bactérias são aderidas às fibras e tecidos, uma vez que agitados, se espalham e podem espalhar pelo ar e contaminar os pacientes em seu redor. Deste modo foram aderidos dois princípios que consistem em controlar as possíveis infecções nas lavanderias hospitalares, sendo eles: não agitar as roupas, pois, agitando-as o risco de contaminação no ar através da suspensão de partículas e remoção/destruição de microrganismos contaminantes, são inerentes. O contato direto também é um contaminador dos equipamentos e uniformes dos profissionais atuantes no serviço.

Devido os riscos a serem transmitidos no setor da lavanderia, o Ministério da Saúde (2001) exige uma ‘barreira física’ na separação das áreas de processamento das roupas por uma parede, minimizando as entradas de microrganismos externos, podendo ser realizado em soluções arquitetônicas. A necessidade desta barreira está em áreas críticas e semicríticas e desejáveis nas áreas não críticas.

O Manual de Lavanderia Hospitalar (1986) indica que o setor sujo ou contaminado seja ampla, com ventilação orientada por meio de dutos dirigidos para fora do hospital, para evitar contaminação cruzada, o planejamento físico deve fornecer sanitários e chuveiros próprios para os funcionários com separação por sexo, evitando que os mesmos passem em demais dependências da unidade sem contaminação. O planejamento físico também deve seguir as funções da dimensão, distribuição, localização das instalações, da circulação e do fluxo de serviço (LISBOA; TORRES, 1999).

Como influente direto, um dos fatores de grande importância no método em que as roupas são lavadas, é a condição da água. Sendo assim, a análise do fator das condicionantes da mesma, se torna primordial para o sucesso do serviço. Segundo Miana (2001), para que sejam atendidos os requisitos, necessitam de três elementos:

· Não conter sais de cálcio e de magnésio.

· Não conter ferro ou manganês, sendo matérias que amarelam o tecido e danificam os equipamentos. Feito a eliminação pela filtragem.

· Não conter matéria orgânica, podendo ser destruída pela filtragem.

Estas avaliações interferem diretamente na condição em que será entregue as roupas para a lavagem, tais necessidades refletem na entrega do serviço com total eficácia no controle de doenças infectocontagiosas. Deve-se sempre observar a qualidade e segurança dos equipamentos e as variáveis em que estão sujeitos no decorrer dos usos (MIANA, 2001). Os requisitos citados acima estão descritos de forma ampla na Tabela 1.

Tabela 1: Princípios fundamentais na condição da água para lavanderias

Aspecto

Límpido e s/ materiais em suspensão

Teor de Sólidos totais

700mg/1, máximo

Teor de Sólidos em suspensão

inferior a 15mg/1

Dureza

até 18 ppm

Alcalinidade livre

nula

Alcalinidade total

250mg/1, máximo CaCO3

Matéria orgânica (DCO)

20mg/1 permanganato de potássio

Cloretos

250mg/1, máximo

Sulfatos

250mg/, máximo

pH

6 8,2

Ferro

0,1ppm, máximo

Aspecto

Límpido e s/ materiais em suspensão

Manganês

0,05 mg/1, máximo

Cloro

<0,05mg/1 (água de abastecimento)

Cobre

<0,05mg/1

Fonte: www.diverseylever.com.br

Segundo o Manual de Lavanderia Hospitalar (1986) o esgoto deve ter capacidade suficiente para receber os afluentes lançados por todas as máquinas de lavar, sem que haja risco de transbordamento e contaminação dos ambientes. Além disso, não é permissível que seja utilizada a mesma canalização para ambas as áreas da lavanderia.

O Manual de Lavanderia Hospitalar complementa afirmando que de acordo com a quantidade de felpa ou demais resíduos que acompanham o fluente, é necessário que haja uma instalação de caixa de suspensão (ou caixa de gordura) com um material especifico que retém os fiapos das roupas e assim impedindo o entupimento da rede de esgoto. Tal material deve ser instalado entre os espaços limpo e sujo da lavanderia e demais redes de esgoto do hospital.

A norma 19 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ressalta que os hospitais localizados em lugares inexistentes de rede de esgoto, lançam seus efluentes em fossa séptica ou no rio após tratamento prévio. Devido ao risco de contaminação, os efluentes devem ser tratados com cloro (20 a 25 pmm) antes que lançados no rio. De acordo com a norma, em fossa séptica não pode ser excedido a capacidade de 75000 litros por dia.

Como forma de contribuição na composição física das lavanderias, os maquinários e equipamentos são fundamentais no funcionamento adequado do espaço, na qualidade dos serviços e segurança na utilização do setor da lavanderia. Os critérios usados na escolha dos equipamentos é a fabricação, terminologia, instalação, níveis de ruído, segurança das máquinas e amparo em normas da ABNT.

De acordo com o Ministério da Saúde (1995), para melhor qualificar o espaço da lavanderia e garantir o controle das roupas, é essencial que haja a separação da área suja, considerada contaminada, onde as roupas usadas são recebidas, pesadas, separadas de acordo com o grau de sujidade, com o tipo do tecido e estocadas até o início do processo de lavagem e separação da na área limpa, onde as roupas são centrifugadas, secas, passadas e armazenada até que sejam distribuídas.

Processamento de lavagem das roupas

Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde determinam que haja dois ambientes separados: área suja (Contaminada), sendo necessária a pressão negativa, evitando que assim à propagação de doenças infectocontagiosas, em razão de, sempre que é aberto, o ar que entra no ambiente contaminado e não ao contrário, e área limpa, para tratamento das roupas limpas.

Coleta (Área contaminada)

O local de área suja deve ter um número reduzido de circulação, sendo necessário um padrão de horário para recolhimento das roupas, interrompendo as infecções cruzadas (MIANA, 2001).

É necessário que os fardos de coleta sejam impermeáveis, sendo fechados com cordão, tiras largas de borracha ou ser costurada na aba superior; se for sacos plásticos podem ser fechados com um nó (Manual de Lavanderia Hospitalar, 1986).

Para que seja realizado o transporte, temos as seguintes opções:

· Pelo tubo de queda;

· Monta-cargas;

· Por elevador de serviço ou em rampas.

Figura 1: Monta-carga e elevador de serviço

Fonte: Google, 2019

Segundo Karman (1973) os tubos de queda são questionáveis devido a desvantagens: fonte de aerossóis, dificuldades de limpeza e odores; perigo de incêndio e acidentes; estragos dos envoltórios e dificuldade no controle de roupa.

Em alguns casos em que são entregues as roupas em sacos plásticos, são pesados e o resultado é registrado em impresso próprio. É essencial a pesagem para que haja controle na sobrecarga de peso em maquinas e assim não ter danos (MIANA, 2001).

Recepção

Segundo Mezzomo (1992), a recepção é o local onde as roupas são recebidas após a coleta das roupas em todo o interior dos ambientes hospitalares para assim retiradas dos sacos plásticos ou hampers, a fim de serem separadas pelo tipo de sujidade ou tecido, após ser estocado e pesado até que se inicie o processo de lavagem. Se tratando de estrutura física, Mezzomo (1992) também sugere que a mesma deva ser afastada dos locais próximos aos cuidados dos pacientes, das áreas de preparo de alimentos e da central de esterilização.

Pesagem

O processo de pesagem complementa o processo de separação. Até na recepção a roupa chega embalada e é direcionada para a pesagem. Após a roupa ser pesada e agrupada em fardos ou lotes de acordo com a capacidade da máquina, que em geral é 80% de sua capacidade de lavagem, os responsáveis separam os pacotes em função do tipo de sujidade, cor e tipo de tecido para que seja realizado a limpeza (MEZZOMO, 1992; LISBOA; TORRES, 1999).

A importância desta função está diretamente ligada aos custos reduzidos com as manutenções ou troca de máquinas, pois efetuada com excelência os equipamentos não sobrecarregam em suas funções e ainda garante que as vestes estejam complemente limpas e adequadas para reuso (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Separação

A separação tem como finalidade registrar os materiais que chegam até a lavanderia, controlar o peso das roupas que são utilizadas na unidade por fichas feitas no próprio setor, separar as roupas de acordo com a classificação pelo grau de sujidade, tecido ou cor, após as classificações, as peças passam pela retirada de qualquer instrumento cirúrgico ou de qualquer outro objeto que tenha sido encontrado no meio das vestes e assim deixa-la em condições de ser colocada na lavadora (KOTAKA, 1989).

Lavagem 

Segundo o Ministério da Saúde, lavagem é o processo que elimina a sujeira fixada na roupa levando a redução ao mínimo de seu nível bacteriológico e proporcionando aspecto e cheiro agradável. Este processo tem início no lado contaminado da lavanderia. Além disso, foi quantificado para cada área a porcentagem exata para cada função, sendo: 25% da área total à sala de recepção, separação, pesagem e lavagem; 45% da área total para secagem, passagem e dobragem; 30% da área total para armazenamento e distribuição. (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Área limpa

De acordo com o Manual de Lavanderia, após finalização do ciclo de lavagem as roupas passam pelos seguintes processos:

· Centrifugação;

· Calandragem (Equipamento que seca e passa ao mesmo tempo);

· Secagem (em secadora);

· Prensagem;

· Passagem a ferro (uso eventual).

Segundo Miana (2001), a adoção de máquinas extratoras pode eliminar o uso da centrífuga, além da vantagem em instalação e controlando a umidade nas proximidades das máquinas.

Centrifugagem 

As roupas que foram lavadas serão posicionadas uniformemente dentro da máquina conforme a capacidade da mesma. É importante que o peso fique equilibrado para que seja evitado a desregulagem durante o giro de secagem. Caso haja está sobrecarga, o maquinário sairá fora do eixo levando a desregularem do equipamento e da roupa, por torção ou repuxo. Em geral, a roupa lavada reduz 60%, após centrifugada, devido a eliminação da água. Terminada a centrifugagem a roupa é retirada, selecionadas, colocadas nos carrinhos e encaminhada para a secagem ou para outro setor específico se necessário (Manual de lavanderia Hospitalar, 1986). Na seleção das roupas, as separações são nos seguintes aspectos:

· Tipo de roupa (lençol, toalha, roupa de cama, roupa de vestir, etc);

· Tipo de tecido (liso, algodão, etc);

· Qualidade da limpeza (manchas, resíduos de produtos e outros).

Calandragem 

A calandra seca e passa ao mesmo tempo as peças de roupa lisa, como lençóis, colchas leves e etc, quando aquecida, é operada de forma continua para evitar desperdício de energia. Geralmente são necessários dois operadores para colocar a roupa molhada do carrinho e dois para retirar as peças passadas e secas, os mesmos faram a dobragem das peças. Durante a retirada da roupa da calandra, é feito a seleção das peças danificadas, as mesmas deverão ser encaminhadas posteriormente ao setor de costura para reparo ou baixa (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Secagem em Secadoras 

As roupas encaminhadas as máquinas de secar são fraudas, cobertores, toalhas, roupas de vestir, pelas pequenas como máscaras, botas (pro-pés), gorros e afins. Depois de secas, as roupas são retiradas da secadora e colocadas em carros apropriados para que sejam encaminhadas as mesas de dobragem e posterior a rouparia para repouso. Na seleção, as roupas que estão danificadas são separadas e encaminhadas ao setor de costura para serem consertadas ou dadas baixa (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Prensagem 

As peças que não são possíveis de serem colocadas em calandras ou as que possuem detalhes como vinco, são passadas na prensagem. Após passadas, as mesmas são colocadas em cabideiros e logo encaminhadas para a rouparia (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Estocagem 

O setor de estocagem é geralmente realizado pela rouparia. É de responsabilidade do mesmo o controle das vestes limpas, do estoque e da distribuição de forma adequada, em qualidade e quantidade. É na rouparia que é feito o repouso (estocagem) da roupa, costura e distribuição, baixa e reaproveitamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994).

Distribuição da Roupa Limpa 

As roupas limpas são recolocadas em estoque como cota fixa, para isso é necessário um cálculo para a quantidade de veste deixada em cada setor, tais cálculos são feitos na seguinte idéia: É deixado uma muda de roupa no leito de cada paciente e uma outra na estante ou no carro-prateleira, que fica na enfermaria, como estoque é feito a reserva por um dia, enquanto as demais peças estão em processamento na lavanderia. Está cota fixa é comum que exista em cada unidade, preestabelecida em função da necessidade estimada (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Costura 

Segundo Mezzomo (1984), está área direcionada ao acabamento das roupas. As peças estragadas e que são aproveitáveis são reparadas e recolocadas para reuso, pode ter uma confecção de peças novas, distribuir as roupas segundo as necessidades da unidade e também o mantimento do estoque.

Já as peças danificadas não aproveitáveis recebem baixa no estoque e em alguns casos transformadas em peças uteis para o setor, como por exemplo um lençol de adulto em lençol de criança ou toalha estragada que pode ser transformada em luvas de banho (LISBOA, 1999).

Condições ambientais

Com grande influência na qualidade dos serviços e na qualidade de vida dos funcionários, as condições ambientais favorecem na prevenção de doenças ou acidentes de trabalho, uma vez que são medidas coletivas de proteção (BARTOLOMEU, 1998).

O controle e uso adequado da luminosidade, umidade, temperatura, insolação, ventos dominantes e renovação do ar, contribuem diretamente para o conforto dos colaboradores. Um ambiente mal iluminado, umidificado, com temperatura alta ou baixa, problemas de ruídos e vibrações ou escassez/excesso de iluminação podem ocasionar tontura, dor de cabeça, fadiga, mal-estar e afins, necessitando ter tratamento acústico e posicionamento adequado dos equipamentos, sendo eles fixados ao chão a fim de diminuir a transmissão de vibrações (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Iluminação

A iluminação natural é a mais recomendável devido à melhor eficiência, essa questão envolve uma melhor separação das peças a serem processadas devido manchas ou resíduos por meio da indicação visual. Com a luz natural teremos a fidelidade das cores, que é fundamental. Como complemento a iluminação artificial ou adoção em horários noturnos, na escolha das luminárias é essencial que sejam escolhidos nas diversas gramaturas de cor, sendo o mais próximo possível da luz natural (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Ventilação e Exaustão

O ar deve sempre fluir do lado limpo para o lado sujo. A pressão barométrica deve ser criada com pressão mais baixa na zona que estará contaminada. Os sistemas de exaustão de ambos os setores devem ser independentes. A tomada de ar fresco para a área limpa deverá ser localizada o mais distante das áreas de incineradoras e caldeiras e de exaustas da área suja da própria lavanderia. As saídas não devem ser comprometidas de modo a contaminar os serviços adjacentes. Uma forma mais eficiente é a cortina de água com produtos especiais na purificação do ar que será lançado na atmosfera, assim será evitado que o mesmo se torne uma fonte de contaminação (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Se necessário, como fonte de captação de calor e umidade nos setores citados, é conveniente que seja instalado uma coifa sobre a calandra, com uma altura máxima de 60 cm e exaustores próximos às secadoras, lavadoras e prensas (LAVANDERIA HOSPITALAR CENTRAL – O DESAFIO DO SEU ESPAÇO, 2008).

Materiais de acabamento

As exigências em áreas hospitalares são cada vez mais frequentes. Deste modo, as indústrias fabricam pisos cada vez mais específicos, atendendo cada vez mais as pesquisas especificas de cada área. Os materiais devem seguir as orientações estabelecidas pela Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) – 50 (BRASIL, 2004) e nos manuais de Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde (1993), e Processamento de Roupas de Serviços de Saúde: Prevenção e Controle de Riscos (2007).

Os pisos indicados para ambas as áreas são lisos e resistentes ao desgaste, à água e duráveis aos grandes fluxos e sem desenhos que dificultam o processo de limpeza, descontaminação e desinfecção. Não deve ser escorregadio e deve conter o nível adequado de queda em direção às canaletas, facilitando o escoamento das águas e evitando a contaminação.

Segundo Pinto (1996), o pé direito deverá ser estudado de acordo as necessidades dos equipamentos a serem instalados, porém não deve ser inferior a 4 metros. É essencial que esteja adequado conforme estudado na lavanderia a ser feita, pois o mesmo deve ser proveniente de instalação e manutenção do equipamento ou colocação de instalações especiais.

As janelas devem ser teladas, e com 1,50m de altura do piso. Os vidros de portas e janelas atingem até 50 cm do piso é precisam ser do tipo não estilhaçáveis. Os revestimentos de ambos podem ser tintas laváveis ou materiais que são fáceis de limpeza, sem visores. O aconselhável é a permissão de painéis de vidro nas paredes internas da lavanderia, eles irão contribuir na boa visualização entre as áreas, além de melhorar a iluminação ambiente (PINTO, 1996).

As paredes devem possuir superfície clara, lisa e lavável, sem juntas, cantos e saliências desnecessárias, que comprometem limpeza e a manutenção adequada do setor. O teto também deve ser claro, a fim de melhor difundir a luz, e deve possuir tratamento acústico (LAVANDERIA HOSPITALAR CENTRAL – O DESAFIO DO SEU ESPAÇO, 2008).

Processo de planejamento em lavanderia hospitalar

O planejamento depende de cada função, grau de complexidade e aspecto econômico das instalações. A lavanderia soma positivamente para todos os setores da unidade hospitalar e assim, independentemente de sua dimensão e capacidade, deverá ser planejada, organizada, instalada e controlada para que as divisões de serviço sejam eficientes. Quando realizado estudos na área de microbiologia, as revelações apontaram para ambientes únicos de lavanderia como propícios a recontaminação frequente da roupa limpa. Apontam também que um número de bactérias lançadas ao ar durante o processo de separação da roupa suja, comprometia todo o ambiente (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Essas descobertas transformaram o modelo de lavanderia tradicional e feito a instalação da barreira de contaminação, que separa a lavanderia em duas áreas distintas:

· Área contaminada (Suja): que é realizada a separação e higienização;

· Área limpa: utilizada para finalização do processo de lavagem e guarda das roupas.

É importante salientar que os enxagues tenham a ação mecânica destinada a remoção, por diluição, da sujidade e dos produtos químicos presentes nas roupas. O risco de danos ao tecido pode ser minimizado e assim, garantido a durabilidade das peças de roupa por um período maior de uso (BRASIL, 2009).

Segundo a RDC – 50, as divisões complementam a eficiência dos serviços, sendo mínimas exigidas na construção de uma lavanderia:

· até 50 leitos = 1,2m2 por leito, com mínimo de60m2

· de 51 a 149 leitos = 1,0m2 por leito

· mais de 150 leitos = 0,8m2 por leito com mínimo de150m2

A eficiência desse sistema está atrelada a funções dependentes dos serviços em perfeito estado das roupas, como centro cirúrgico, unidades de internação, UTIs e ambulatórios. A falta ou reposição das roupas hospitalares também podem acarretar sérios transtornos no atendimento aos pacientes e até mesmo o não cumprimento de atividades programadas, como cirurgias e internamento (MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR, 1986).

Contaminação das áreas hospitalares através das roupas distribuídas

Conforme dito por Castro e Chequer (2001), toda roupa hospitalar, independente do grau de sujidade, é considerada contaminada, consequente da presença dos pacientes portadores de doenças infectocontagiosas, dos acompanhantes e do próprio ambiente em que é disposto o material. Assim, todo o processo desenvolvido para lavagem das vestes hospitalares deve conter uma etapa de desinfecção, seja térmica ou química.

Desta forma, segundo o Manual de Biossegurança (2001) um dos métodos que podem influenciar no controle de doenças infectocontagiosas é a separação das roupas para lavagem. As classificações variam de acordo com os riscos de infecção que as áreas oferecem aos pacientes:

Área crítica: Área com risco maior de desenvolvimento de infecções devido a presença de pacientes mais susceptíveis ou pelo número de procedimentos invasivos realizados; são também considerados as áreas de manipulação com cargas com materiais constantemente infectantes. Ex: UTIs, CME (Central de Material Esterilizado), unidades de isolamento, bancos de sangue, salas cirúrgicas, dentre outros.

Área semicrítica: Áreas ocupadas por pacientes que não precisam de tratamentos específicos. Ex: Enfermaria, ambulatório, área limpa da lavanderia.

Área não critica: Áreas com menor realização de atividades assistenciais, ou não ocupadas por pacientes. Ex: Elevadores, almoxarifado, áreas administrativas.

O ministério da saúde tem como base o organograma do serviço de lavanderia, refletindo assim, na organização e distribuição dos setores. Segundo as normas de 1986, os setores se dividem nos seguintes setores:

Área limpa: coleta, separação ou triagem, pesagem e lavagem.

Área limpa – setor de acabamento: centrifugação, secagem, calandragem e prensagem.

Rouparia: cosedura, estocagem e distribuição.

A classificação de risco pode ser feita por selos de áreas ou coleta, podendo ser elaborada internamente de acordo com cada departamento ou serviço, com normativos próprios, sendo regimento interno, ou manual de normas do departamento (Manual de Lavanderia Hospitalar, 1986).

Segundo Bartolomeu (1998), um dos impasses em uma lavanderia é as características dos maquinários utilizados em serviço, sendo ruídos elevados, calor intenso e vibração. Como contribuinte, é essencial um método no tratamento acústico, além dos consideráveis problemas de umidade, luminosidade, insolação, ventos dominantes e renovação do ar como subsídio para o conforto com os servidores. Um dos artifícios utilizados para o tratamento acústico é a fixação das maquinas ao piso a fim de diminuir a transmissão das vibrações.

Miana (2001) relata que, mesmo que no processo de lavagem as roupas passem corretamente pelos processos mais adequados possíveis, ainda sim, o resultado final pode não ser eliminação total dos microrganismos. Uma forma de eliminação total seria um processo de esterilização após as roupas serem passadas pela calandragem. Um processo como o de uma lavanderia, abrange desde os profissionais capacitados e etapas pelas quais as roupas passem, incluindo a utilização até o regresso em ideais condições de reutilização.

É importante lembrar que, o processo normal da roupa não resulta em eliminação total dos microrganismos, especialmente em suas formas esporuladas. Nesse sentido, seria necessário um processo de esterilização, preferencialmente através de autoclavação a vapor e pressão. Essa aplicação de esterilização é objetiva para centros cirúrgicos, onde as roupas entram em contato com pele não íntegra, áreas cruentas, mucosas e tecidas expostas, estes procedimentos são invasivos, como em queimaduras e outras situações em que ocorra a quebra da barreira de proteção da pele (KONKEWICZ, 2006). Tal pratica de esterilização é aplicada somente para as situações relatas anteriormente. Mesmo que o paciente seja imunodeprimidos, não há necessidade de cuidados maiores, sendo seguido por diversos hospitais brasileiros.

Controle administrativo na supervisão e gestão dos materiais

De acordo com as normativas formuladas pelo Manual de Lavanderia Hospitalar (1986) mediante as necessidades dos hospitais, a procura é a eficácia nas metas estabelecidas, e os custos do funcionamento adequado. Esses recursos podem ser utilizados no desenvolvimento econômico e eficiente dos qualitativos de uma lavanderia. Os métodos mais utilizados são a supervisão e a avaliação, sendo:

Supervisão: Monitoramento e orientação do pessoal. Colaborando para o desenvolvimento em equipe e a eficácia do serviço.

Avaliação: Orientação em medidas de correção de desvios, consideração de adaptação de serviço é/ou eficiência do serviço prestado e comparativo de metas e objetivos alcançados.

Segundo Beulke e Bertô (2006) os materiais, em geral, são elementos de bom funcionamento do serviço. Essa gestão pode ocorrer no aspecto físico ou financeiro. Financeiro, interliga em pesquisas de mercado, cotação dos materiais com custos mais favoráveis. No aspecto físico, controle de perda de produtos e nível de estocagem:

Previsão: A padronização dos materiais escolhidos na prestação de serviço é essencial, tanto das roupas, quanto dos produtos. Essa parte deve fazer o plano necessário do material oferecido pelo fornecedor e os materiais para uma lavanderia, sendo assim, haverá facilidade ao escolher entre o mais rentável e o mais conveniente.

Provisão: Estabelece vias de regras nas solicitações dos materiais solicitados pela lavanderia. Os pedidos devem ser solicitados por formulários próprios ao almoxarifado.

Controle: Visa o controle dos materiais que entram e sai, por meio de fichas, supervisão, auditoria, boletim de gastos e levantamentos periódicos. Para roupas, a marcação é comum, oferecendo informações e evitando o desperdício das peças.

Segundo Nascimento (2009), outro recurso é a administração pessoal como objetivo de analise em diferentes modalidades de gestão institucional que combinem liberdade e autonomia dos trabalhadores da saúde, em especial os capacitados com atribuição profissional e controle institucional. Que interfere na contratação do profissional adequado para as funções especifica de cada área.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), é fundamental que haja gerenciamento separado para a lavanderia hospitalar. O objetivo é a contribuição para a segurança e bem-estar dos clientes internos e para a otimização do padrão do hospital. O planejamento é composto por seguintes fases: organização, coordenação, direção ou comando, controle e administração de material.

O Ministério da Saúde tem como base um manual que pode ser seguido por qualquer unidade hospitalar e tem como conteúdo todo o funcionamento administrativo. O manual descrito por cada hospital deve conter a especificação de cada atividade, estrutura hierárquica, regras e usualidades, esponto nitidamente a organização e execução de tarefas. As funções desempenhadas pela equipe compõem a lavanderia deve consta no regulamento e o mesmo, deve estar diretamente subordinado à administração da unidade hospitalar, fazendo parte dos serviços gerais.

Contextualização do objeto de estudo: lavanderia do hospital nossa senhora auxiliadora em caratinga/mg

Este capitulo é direcionado ao principal objeto de estudo deste trabalho de conclusão de curso e sua real função para o atendimento hospitalar eficiente.

Parorama histórico de caratinga

Com uma população estimada em 91.503 habitantes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018), o município de Caratinga está localizado na zona leste do Estado de Minas Gerais, como característica geral, o relevo predominante na região é de mares de morros e montanhas, tem como topográfica a ondulação alternada por formações rochosas pontuais e propensão a erosões e escoamentos. O clima na cidade caratinguense varia do tropical mesotérmico brando semi-úmido ao tropical sub-quente, segundo o IBGE (2014).

Figura 2: Mapa de Inserção de Caratinga no Estado de Minas Gerais, no Brasil

Fonte: ALVES, GRAÇA, FERNANDES FILHO; ELPIDIO, INÁCIO; ELPIDIO, FARIA; ANDRÉ LUIZ (2019).

O município possui uma área territorial de 1.258,479 km² (IBGE,2018), em latitude de 19º47’23’’S e longitude 42º08’21’’W e altitude 578m. Distante cerca de 190 km da capital de Minas Gerais, Belo Horizonte e 759 km distante de Brasília, capital federal.

O município de Caratinga nasceu dos acampamentos dos faiscadores de ouro, teve sua colonização em sua fase de mineradora, atingindo os altos afluentes do rio lavrando-se. Seu histórico tem suas primeiras referencias desde os meados do século XVIII (Sena, 2013).

A Lei estadual nº 2, de 14 de setembro de 1891, confirmou a criação do distrito-sede do Município de Caratinga, cuja instalação se verificou a 12 de maio de 1892. No decorrer do tempo, a mesma sofreu diversas perdas territoriais e reformulações administrativas, até 1958, quando passou a compor-se dos atuais distritos de Caratinga (sede), São Cândido. Vargem Alegre, Entre Folhas, Dom Lara, Sapucaia, Ubaporanga. Imbé, Santo Antônio do Manhuaçu, São João do Jacutinga, Santa Rita e Santa Bárbara. A Comarca de Caratinga foi criada pela Lei nº 11 de 13 de novembro de 1891, ocorrendo sua instalação a 7 de março de 1892. Suprimida em 24 de julho de 1912, foi restaurada em 1° de dezembro de 1917 (IBGE, 1966).

A inauguração da unidade do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora foi fundada no dia 24 de maio de 1917, trazendo estabilidade para a saúde microrregional e local. A estrutura do hospital é composta por aproximados 170 leitos, sendo utilizados para a UTI adulto, seis neonatais, e os demais repartidos entre clínicas médicas e cirúrgicas, além dos trabalhos de humanização com o objetivo de atendimento interno e externo com fatores psicossociais de cada indivíduo e a comunicação interpessoal da saúde (HNSA, 2019).

Hospital Nossa Senhora Auxiliadora: Breve histórico e a relação do mesmo com as cidades do entorno

Fundado no ano de 1917, o HNSA funcionava em uma casa adaptada, situada à Rua do Comércio (Princesa Isabel). A mudança do novo nome para Nossa Senhora Auxiliadora é atribuída a Dª Isabel Vieira e Dª Arminda Moreira, irmã do Dom Modesto e ex-aluna salesiana. Após a compra do prédio atual, situado na R. Dep. José Augusto Ferreira Filho, 89 - Centro, as reformas de melhoria foram promovidas e assim adequadas para o atendimento da população local e regional (HNSA, 2019). Na figura 3 pode ser identificado a localização do HNSA em relação a área edificada.

Figura 3: Hospital Nossa Senhora Auxiliadora

Fonte: GOOGLE EARTH, 2019

Segundo os diretores da unidade hospitalar, a unidade de saúde forneceu atendimento gratuito por vários anos, mas devido ao aumento da demanda com os pacientes recebidos das cidades vizinhas, houve a necessidade de uma proposta direcionada a prefeitura das cidades atendidas para que as despesas hospitalares fossem garantidas. Esta proposta teve como planejamento uma quantia a pagar mensalmente para custos de medicamentos e despesas do hospital, o que promoveu grandes mudanças na saúde e a inclusão da população carente.

A quantia estabelecida foi formalizada por um contrato que teve início no ano de 2009, o recurso influenciou diretamente nas reformas de adequação de melhorias ao prédio, compra de equipamentos, contratação de profissionais capacitados e outros benefícios. Atualmente o pagamento tem como finalidade a manutenção da unidade de saúde (HSNA, 2019).

Mesmo com a adesão ao contrato, alguns municípios não repassam a verba acordada dentro do prazo e ficam inadimplentes com o HNSA, fato que contribui para o endividamento da instituição e consequente na qualidade do atendimento dos pacientes. O hospital mesmo que não esteja recebendo como acordado com a microrregião, por lei não pode negar atendimento à população, com isso, as dívidas dos municípios aumentam e consequentemente a situação financeira do hospital fica cada vez mais prejudicada (HNSA, 2019).

O atendimento atual é direcionado à treze municípios em contrato, mas sete das treze regiões estão em falta no repasses dos recursos financeiros estabelecidos, fato registrado desde março de 2017, o que ocasionou uma nova comissão de intervenção que assumiu a direção do hospital no intuito de garantir sua permanência das prestações de serviços a saúde da região. Veja as cidades atendidas pelo HNSA na Tabela 2.

Tabela 2: Cidades atendidas pelo HNSA

CIDADES ATENDIDAS PELO HNSA/KM

Piedade de Caratinga

7.4 km

Santa Rita de Minas

10 km

Ubaporanga

17.6 km

Bom Jesus do Galho

19.1 km

Santa Barbara do Leste

20.7 km

Entre Folhas

20.7 km

Inhapim

26.5 km

Vargem Alegre

26.8 km

Imbé de Minas

27.8 km

Vermelho Novo

30.5 km

São Domingo das Dores

31.5 km

São Sebastião do Anta

33.2 km

Fonte: Prefeitura de Caratinga, 2019

A intervenção na direção do hospital no ano de 2017 teve como responsável o Estado e orientação do Ministério Público, encerrando em abril de 2018 quando a gestão foi retomada para a provedoria atual. Devido às crises econômicas, a direção do mesmo conta com apoio de instituições financeiras, empresas doadoras e assessoria técnica, permitindo que seja garantido a manutenção do órgão de saúde (HNSA, 2018).

Entende-se que o funcionamento hospitalar tem como complemento diversas funções que colaboram para um atendimento de qualidade, além de amparar pacientes debilitados. Dentre as funções, encontra-se a lavanderia, objeto de estudo específico de análise deste trabalho de conclusão de curso. O espaço de uso destinado a higienização das roupas tem como objetivo o controle de doenças infectocontagiosas que são repassadas através do uso das roupas pelos pacientes adoentados ou até pelos funcionários que prestam atendimento em áreas críticas. Essa percepção de uso tem sido alvo de pesquisas que otimizam o funcionamento adequado do setor estudado com o intuito de melhoria constante.

A lavanderia hospitalar é o setor responsável para coletar e devolver as roupas utilizadas pelo hospital em perfeita higienização. Para que isso aconteça, uma série de fatores devem ser analisados e assim, ajustados conforme a necessidade e demanda de cada unidade de saúde. O importante é sempre analisar de forma especifica para que durante os estudos de viabilidade, não passe nada desapercebido.

De maneira auxiliar teve-se a análise de lavanderias dos hospitais regionais e de Caratinga, além das visitas direcionadas pela instituição, que se tornou referência na fonte de informações, sistemas de separação, fluxogramas, áreas de interferências das condicionantes referentes aos maquinários existentes no ambiente. O entendimento das questões de cunho político, social e econômico que envolve a história do hospital também significou respostas de grande importância para o trabalho.

Objeto de estudo: Lavanderia do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora

É visível que Caratinga é referência como cidade polo devido o vasto campo comercial, acadêmico e na área da saúde. A cidade vem se desatacando nos núcleos urbanos menores e exercendo uma grande influência nos municípios próximos por atender as demandas locais e regionais. O crescimento se dá devido ao número de atendimento que vem prestando perante a sociedade, como complemento no bom atendimento, o setor da lavanderia está totalmente interligado com a qualidade que os serviços hospitalares vêm buscando.

A lavanderia está localizada na porção posterior do hospital, atualmente atende à demanda local, da unidade materno infantil e de outras unidades de saúde da cidade de Caratinga, além de atender algumas demandas das unidades regionais. O local tem acesso por uma escada no final do pátio de serviço dentro do hospital e também por um acesso no antigo Pronto Atendimento Municipal de Caratinga (PAM), conforme mostra a Figura 4, o setor encontra-se desativado atualmente, mas atendia os serviços de primeiros socorros.

Fonte: GOOGLE EARTH, 2019

Figura 4: Localização da lavanderia hospitalar

As lavanderias fazem parte do sistema de atendimento hospitalar, a partir dos serviços oferecidos por este setor, podemos controlar ou distribuir uma serie de infecções hospitalares, tudo vai depender das regras e normas que são impostas para o funcionamento de qualidade. Deve-se considerar os vários lugares em que são setorizadas, o gerenciamento e organização proposta pelo hospital na qual atende. Além disso, as lavanderias são fatores de qualificação para os pacientes em atendimento desde a portaria, até os setores de cirurgias. O papel básico de tal ambiente é de agregar um controle de doenças infectocontagiosas e de ser referência no qualitativo dos serviços ofertados para a demanda hospitalar.

Para Harrington (1993), um plano de gerenciamento do processo de prevenção de riscos ocupacionais, colaboraria com a qualidade do processo, dos serviços prestados, sendo fator de redução ou eliminação dos riscos:

Tabela 3: Etapas do plano de gerenciamento do processo proposto para a lavanderia

Passo I: Organizar para aperfeiçoar

Passo II: Compreender o processo

Passo III: Aperfeiçoar

Passo IV: Fornecer medidas de controle

Passo V: Melhorar continuamente

-Identificar o processo do setor.

-Estabelecer prioridades no serviço prestado.

-Mapear o fluxo durante as tarefas estipuladas.

-Definir como será realizado o processo.

-Identificar e caracterizar quais são as fases de lavagem (analisando o tempo do ciclo e eliminando as atividades e tarefas desnecessárias).

-Reconhecer e analisar os riscos do processo (levantamento dos riscos durante o processo de lavagem).

-Identificar aspectos de melhoria.

-Eliminar tarefas que não agregam valor.

-Eliminar desperdícios.

-Simplificar os processos de lavagem.

-Implementar soluções de melhoria.

-Treinar e conscientizar os funcionários quanto uso dos EPI’s, equipamentos e maquinas.

-Planejar planos de incentivo aos funcionários e manutenção periódica do maquinário e equipamentos.

-Planejar roteiro para organização e limpeza.

-Avaliar a saúde do trabalhador.

-Avaliar se as soluções aplicadas tiveram efeito positivo.

-Analisar e aperfeiçoar o processo e o modelo de gerenciamento.

Fonte: Desenvolvida pelo autor com base em Harrington (1993).

A adoção responsável dos métodos mencionados na tabela 03, tem como função uma melhor qualidade nos atendimentos prestados a sociedade. Essa proposta favorece do processo inicial até o retorno das roupas para a reutilização e na continuidade das fases que melhoraram o ambiente de serviço no decorrer da aplicabilidade do plano de gerenciamento. As etapas indicadas são claras e podem ser desenvolvidas em qualquer setor de lavanderia, basta ser abordado pelos responsáveis e gerenciados em conformidade aos complementos de funcionalidade.

Deste modo, é de fundamental importância para uma boa gestão dos setores hospitalares que haja comunicação clara em razão da quantidade e qualidade dos serviços prestados no setor e precauções quanto aos procedimentos usadas durante o processo de distribuição das roupas para os pacientes e funcionários, até o procedimento de lavagem. Para que isso seja possível, é essencial que haja um coordenador da lavanderia separado do coordenador do hospital, permitindo que no ambiente destinado a lavagem das vestes haja controle dos materiais usados, vistorias na qualidade dos serviços, do cumprimento das regras quanto aos equipamentos de segurança, dos cronogramas de entrega para os locais de reuso e da entrega conservada e higienizada.

PROCEDIMENTOS METODÓLOGICOS

A fim de alcançar os objetivos, geral e específicos, os procedimentos metodológicos se desenvolvem em desenvolvimento metodológico 01 e 02, sendo o primeiro exploratório e o segundo projetual. A metodologia exploratória baseia-se em entender o setor da lavanderia, sua funcionalidade, suas normas e sua relação com o hospital. Neste sentido, faz parte deste processo o estudo do espaço da lavanderia e seus materiais, pesquisa bibliográfica, diálogo com os funcionários e também com os consultores técnicos que representam as empresas fornecedoras de maquinário – secadoras, aparelhos de ar condicionado, exaustores, centrifugas. Nesta fase, considera-se reuniões esporádicas com profissionais arquitetos e docentes com experiência na elaboração e execução de ambientes hospitalares.

O segundo procedimento metodológico visa a elaboração de projeto técnico com base no aprendizado obtido durante o primeiro procedimento metodológico. Para tanto é elaborado por meio do TFG II (Trabalho Final de Graduação II) uma proposta em forma de projeto arquitetônico, e apresentados em forma de representação visual espacial.

Procedimento Metodológico 01

A metodologia empregada no procedimento 01 consiste em pesquisa exploratória, analisando as normas que regulamenta as unidades de saúde, assim como regras a serem seguidas no processo de elaboração projetual de cada setor hospitalar.

Pesquisa bibliográfica

No intuito de descobrir as normas e leis para um projeto de lavanderia, busca-se pesquisa bibliográfica por meio de fundamentação teórica acerca dos temas relacionados que permeiam este trabalho. A identificação de tais elementos se deu por órgãos normativos como Ministério da Saúde, ANVISA, Vigilância Sanitária, ABNT NB 19 e pelo Manual de Lavanderia Hospitalar. Além destes estudos, as pesquisam se estenderam às monografias apresentadas em teses de doutorado e entrevistas com funcionários e gestores do HNSA. Os levantamentos se estenderam a visitas em lavanderias regionais por veio das Faculdades Doctum de Caratinga e visitas semanais na lavanderia hospitalar estudada neste trabalho de conclusão de curso.

Pesquisa de campo e caracterização do objeto de estudo

A pesquisa de campo se dá por meio de vivência do espaço e convivência com funcionários, profissionais que atuam na área hospitalar e fornecedores de equipamentos hospitalares para as lavanderias. Fez-se necessário o levantamento da área e adequação do projeto arquitetônico do espaço atual, totalizando 95,60 m² de área localizada no pavimento térreo, em área próxima a antiga PAM, que por sua vez é espaço desativado atualmente.

Durante muitos anos, as lavanderias de serviço de saúde eram parecidas com lavanderias convencionais, não havendo separação entre área suja e limpa, sendo os mesmos funcionários para ambas as funções. Nestas lavanderias que ainda são encontradas do tipo convencional, ou seja, com áreas de processamento concentradas num só ambiente, há um risco de disseminação de infecções pelo cruzamento das vestes que chegam de todos os setores hospital. (MIANA, 2001)

Localizado então um roteiro de inspeção que está disponibilizado no site da ANVISA, foi possível algumas analises competentes as estruturas físicas de uma lavanderia. Tal roteiro teve analise in loco e foi respondido durante as visitas de campo, servindo como parâmetro para os seguimentos das normas obrigatórias. Deste modo, o preenchimento de tal documento competiu a marcação de acordo com as condições locais do objeto de estudo. É notório que algumas obrigatoriedades exigidas não foram encontradas no local como pode ser observado no Tabela 4 abaixo.

Fonte: Roteiro adequado pelo autor conforme demanda local, ANVISA 2019

Tabela 4: Roteiro de inspeção em lavanderia hospitalar

Após esta abordagem, a necessidade de fazer um levantamento da área edificada e dos fluxos de uso, foram essenciais para a proposta das adequações necessárias que enquadrasse nas condições das práticas do Ministério da Saúde e das normas da Vigilância Sanitária, além de favorecer uma excelência na qualidade do serviço prestado pelos funcionários do ambiente e o principal, para que haja a possibilidade de um controle de infecção pelas roupas que chegam até a lavanderia.

O fluxo da lavanderia atribuiu uma visão ampla e dinâmica das atividades inseridas no layout do setor onde ocorre o processo de lavagem, secagem, armazenamento e circuito explorado no processo atual das roupas e dos riscos identificados nas áreas suja e limpa. Na Figura 5 é possível analisar o fluxograma atual.

Figura 5: Fluxograma da lavanderia do HNSA

Fonte: Acervo da autora, 2018

No fluxograma apresentado pode ser identificado: Recepção, separação e identificação no setor da área suja, seguindo o sistema de lavagem, centrifugação e secagem no setor de área limpa, após as fases anteriores a dobragem, seleção das peças que necessitam de conserto e das roupas prontas para reuso e distribuição. Como é indicado pelo Ministério da Saúde, as fases que deveriam ser incluídas são a calandragem e esterilização das roupas que são caracterizadas dos setores críticos, tais regras viabilizam um melhor controle de doenças infectocontagiosas e devem ser seguidas obrigatoriamente.

Convivência no espaço físico da lavanderia

Visando a exploração da lavanderia como espaço físico, o procedimento metodológico consiste na convivência semanal no referido espaço, que inclui medições do próprio espaço, análise deste quanto a ergonomia e dimensionamento, quanto a posição e existência de maquinários, quanto ao funcionamento destas máquinas e equipamentos, e até mesmo quanto às aberturas e ao conforto térmico e lumínico. As visitas neste processo procederam na frequência de duas vezes por semana, ratificados devido ao estágio supervisionado do curso de arquitetura e urbanismo das Faculdades Doctum de Caratinga.

Convivência com os funcionários

Esta etapa consiste na realização de reuniões com os funcionários do setor estudado e na vivencia da autora. Os encontros com os mesmos promoveram as reais necessidades de manutenção e reforma do ambiente e na realização das adequações propostas no procedimento metodológico 02. A partir desta etapa, a analise se deu com um estudo criterioso no cruzamento de informações vivenciado praticamente e estudados em bases teóricas.

O processo abordou as informações disponibilizadas sobre as cargas horárias dos funcionários, serviços terceirizados que são realizados no HNSA para demais unidades de saúde local e relatos a respeito do conforto térmico e acústico. No entanto, se dá ênfase na solução do qualitativo de todo o espaço e da valorização da real finalidade de um ambiente bem elaborado e consequentemente bem executado.

Pesquisa com profissionais da área hospitalar

A fim de colher os dados necessários para o entendimento de como funciona uma lavanderia hospitalar de forma técnica, fez-se necessária a convivência com profissionais arquitetos atuantes na área hospitalar e reuniões com fornecedores de equipamentos que prestam serviços as unidades de saúde, para entendimento das questões mecânicas no qual a lavanderia depende para um funcionamento adequado. Tais reuniões possibilitou o conhecimento básico dos projetos arquitetônicos elaborados e manuais de instalações dos equipamentos utilizados para lavagem das roupas, secagem, esterilização e passagem.

Procedimento Metodológico 02

De acordo com o manual de TCC do curso de arquitetura e urbanismo das Faculdades Doctum de Caratinga, regularizado em 2019, o TFG I é monografia e o TFG II elaboração de projeto. Neste sentido, em TFG II é que será apresentado o projeto da referida lavanderia, que inclui apresentação em banca prevista para o final do segundo semestre de 2019.

RESULTADOS e discussão

Os resultados obtidos neste trabalho são de formas técnicas e de total amparo das normas e leis referente ao departamento de saúde. No entanto, os dados coletados são suficientes para concluirmos a avaliação do qualitativo do ambiente da lavanderia hospitalar, com atentamento as possíveis analises do Ministério da Saúde e vigilância sanitária em visita in loco.

Resultados proveniente a pesquisa bibliográfica

Durante as pesquisas bibliográficas observa-se que as práticas projetuais são feitas de acordo com as normas que regem os órgãos de saúde, tais regras vão de encontro a conformidade do espaço e a perspectiva de uma boa qualidade nos procedimentos oferecidos por todos os setores hospitalares e qualquer outro ambiente que presta serviço em prol do atendimento médico.

As pesquisas foram bases para o primeiro passo a ser desenvolvido na pesquisa de campo, os resultados promoveram uma análise das normas que não estavam de acordo com os órgãos normativos e como poderiam ser ajustados no procedimento metodológico II. Com base nas recomendações do Manual de Lavanderia, Ministério da Saúde, ANVISA e ABNT NB 19, os levantamentos refletiram as percepções in loco, seja através do espaço físico em si, no entendimento do contexto atual da lavanderia, nos âmbitos políticos e econômicos.

Resultados referentes a pesquisa de campo e caracterização do objeto de estudo

Os resultados quanto a pesquisa exploratória do espaço da lavanderia resultou em uma adequação do projeto arquitetônico do espaço físico existente, pois não havia o documento que demostrasse a planta baixa local, após esse levantamento houve também a necessidade de reaver os sistemas construtivos, fluxograma, programa de necessidades e etc.

Com base no projeto de levantamento realizado, elaborou um projeto de planta baixa com paginação de piso existente, forro, piso revestimento, máquinas existentes na modalidade de ponto a ponto, sistema de vedação e conforto térmico e especificamente das condições locais.

Analise dos equipamentos existentes na lavanderia do HNSA

Conforme determinado pela ANVISA (2007) a área da lavanderia se divide em duas áreas, sendo área suja ou contaminada e área limpa. Esse isolamento é feito por intermediário de uma barreira física, uma parede que separa as áreas citadas, conforme demonstrado na figura 6 a seguir onde também é apresentado as máquinas existentes na lavanderia hospitalar e a disposição em que elas se encontram, em azul a área limpa e em cinza a área suja.

Figura 6: Layout do objeto de estudo

Fonte: Adequação da planta arquitetônica pelo autor, 2018

Na figura 7 a seguir, nota se que as maquinas de lavar estão alocadas na área limpa (Entre as paredes que vedam o setor), porém possuem acesso por ambas as áreas, isso por que as máquinas utilizadas possuem duas escotilhas, uma para o lado da área suja e outra para a retirada das peças lavadas que fica voltada para a área limpa, isso facilita a operação, pois não é necessário movimentar-se de uma área a outra para recolher o que já foi processado.

Figura 7: Máquinas de lavar na área limpa com acesso a área suja

Fonte: Autoral, 2019

Os equipamentos são as principais intermediadoras dos serviços prestados no ambiente da lavanderia, tendo como função a limpeza inicial das vestes que são recolhidas em todo ambiente hospitalar. Dentre eles são, basicamente:

· 1 Máquina de lavar 50 kg;

· 2 Máquina de lavar 30 kg;

· 2 secadora 30 kg;

· 1 secadora 20 kg;

· 3 centrífugas 15 kg;

· 4 carrinhos para roupa limpa;

· 4 mesas para peças dobradas

Sendo que na área suja estão somente as três máquinas de lavar e as demais máquinas são utilizadas nos processos limpos. Cada processo a ser desenvolvido tanto na coleta quanto na distribuição, utilização ou processamento das peças respeita normas que devem ser respeitadas, tais normas são definidas pelos órgãos responsáveis ou até mesmo desenvolvidos pela administração da própria lavanderia.

Devido a carência de recursos financeiros que a unidade de saúde tem passado atualmente, os parceiros que estão colaborando para que haja manutenção apropriada do ambiente de saúde e os diretores do hospital têm se empenhado para que o mesmo se recupere. Pensando nisso, os gastos excessivos serão evitados e os equipamentos que estiverem em bons estados serão mantidos em funcionamento. Neste sentido, os maquinários existentes então se suprindo sem que três de nove estejam sendo utilizadas por necessidade de manutenção. Além disso, devido ao calor excessivo transmitido pelos maquinários por conversão, a lavanderia possui dois exaustores, sendo que apenas um está funcionando, e como paliativo, tendo como uso dois ventiladores e as aberturas existentes. Na figura 8 a seguir estão os maquinários que estão aguardando manutenção.

Figura 8: Equipamento existentes que não estão em funcionamento

Fonte: Acervo da autora, 2018

Uma das situações analisadas vai de encontro ao funcionamento cortado da calandra. Este equipamento é responsável por selar todos os processos durante a lavagem das roupas, porém, o mesmo incluía uma soma de carga em grande potência por precisar ser regulado frequente, o que ocasionava um aumento excessivo na conta do setor. Após analises internas com os responsáveis do HNSA, entenderam que não é viável a continuidade do serviço por falta dos recursos financeiros. Como suprimento desta exigência, os funcionários fazem o trabalho manual da passagem das vestes.

Figura 9: Calandra pertencente a lavanderia do HNSA

Fonte: Acervo da autora, 2018.

Uma harmonia positiva desta situação é o ganho de duas maquinas secadoras para complementar os serviços prestados. Estas maquinas irá favorecer na qualidade das roupas que serão entregues para reuso, além de completar o quadro faltante dos equipamentos que necessitam de manutenção e se encontram parados.

5.2.2. Condições de conforto térmico e de vedação na lavanderia do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora

Os aspectos climáticos são avaliados quando se pretende diagnosticar as condições de conforto térmico da edificação/setor especifico ou quando pretende elaborar um projeto com qualidade térmica por conter equipamentos existentes no local e/ou a radiação solar considerada mais determinante. Dentre os confortos para com o ser humano, o conforto térmico é o que mais influência no estado emocional dos usuários, fazendo com que se sinta confortável termicamente.

O Manual de Lavanderia hospitalar alega que, um dos fatores que deve ser dado ênfase na hora de analisar no ambiente de lavanderia é o posicionamento do vento, para que a preservação da corrente de ar do ambiente sujo e posteriormente no ambiente limpo. O cuidado deve ser avaliado da mesma forma na orientação solar. A fachada da edificação que estiver mais exposta ao sol, magnetiza o ar dos ambientes que estiverem mais frios por permanecerem sempre aquecidos. Mesmo que lavanderia seja um ambiente quente e úmido, a insolação não é excluída, que junto com os equipamentos de maior transmitância de calor, reduzir as condições de trabalho.

O espaço da lavanderia no hospital tem um papel determinante na qualidade dos serviços internos do ambiente, uma vez que o espaço contém maquinários que transmitem calor e como contraponto positivo, a área externa recebe a incidência solar nas coordenadas norte e sul, não comprometendo as condições climáticas com maior nível de temperatura, determinando que o setor tenha baixa incidência solar durante todo o ano, veja na Figura 10 a seguir.

Fonte: Adequação da planta arquitetônica pelo autor, 2018

Figura 10: Radiação solar na fachada leste

Como forma de prevenção no contato com as bactérias que circulam no círculo hospitalar, o ambiente da área limpa é restrito a aberturas devido ao risco de contágio pela alta demanda de roupas recebida, setores que variam entre centro cirúrgico e área de emergência, além das roupas que chegam das terceirizações do serviço. O aconselhável é que ocorrendo a separação entre a lavanderia e o prédio do hospital, esta deverá ser conectada através de circulação coberta e fechada a fim de evitar a contaminação da roupa limpa, havendo a necessidade do menor percurso e o mínimo de cruzamento até o ponto final de despejo.

Conforme apresentado na figura 11, a área limpa possuí duas aberturas que comprometem diretamente a qualidade dos serviços prestados, sendo que a área citada é responsável por todo o sistema de descontaminação das vestes que passam pela máquina de lavar na área suja, necessitando ter o mínimo de contato possível da área externa. O ideal é que os funcionários desta fase dos serviços estejam devidamente vestidos e esterilizados antes que entrem no espaço limpo.

Figura 11: Aberturas de ventilação existentes

Fonte: Adequação da planta arquitetônica pelo autor, 2018

Os parâmetros exigidos pelos sistemas de vigilância nos ambientes de saúde, são de extrema importância no dia a dia dos expedientes. Seguindo as regras como indicadas, o índice de qualidade nos serviços e nos acidentes de trabalho pode reduzir a 95%. Tais ganhos nestes ambientes evoluem consideravelmente o qualitativo de todo o ambiente hospitalar.

Resultados provenientes a convivência no espaço da lavanderia

Apesar dos benefícios oferecidos que o hospital traz para a sociedade local, abrangendo 13 municípios, após o levantamento da área estudada, foi analisado diversas deficiências no controle de doenças devido a não adequação de normas técnicas fundamentais. A condição atual compromete tanto as vestes que são entregues para lavagem e o controle de doenças, quanto aos funcionários que estão vulneráveis em todo o período de expediente. Contudo, foi necessária uma análise crítica e técnica para melhor desenvolvimento da proposta.

Estas abordagens refletem a necessidade de que estas atividades em falta sejam devidamente estabelecidas a fim da elaboração dos comandos específicos de lavanderia seja fator de redução ou eliminação a ocorrência dos contágios. Para que haja diminuição dos riscos à saúde do trabalhador, é necessário o coordenador (a) do setor e os colaboradores se atente para os cuidados que cada atividade exige e para a necessidade de se utilizarem os equipamentos regulamentados pelas normas, além das proteções individuais.

Conforme apresentado na Figura 12, é notório que estas atividades possuem riscos consideráveis do tipo químico, biológico, físico, ergonômico e de acidente. Estes riscos identificados estão ligados diretamente com a saúde do colaborador e na diminuição do rendimento no trabalho, além de não se enquadram nos padrões regulamentados pelos órgãos que são responsáveis pelas fiscalizações nos ambientes de saúde. Dentro deste contexto pode se afirmar que os espaços da lavanderia hospitalar devem sempre preservar as condições de trabalho do colaborador e garantir que não haja contágio através das roupas ou dos materiais perfurocortantes que podem ser identificados durante a separação por sujidade. Nesse sentido, as ações de intervenção para melhoria local devem buscar o melhor funcionamento, eficácia do sistema aplicado e a qualidade dos serviços desempenhados.

Figura 12: Lavanderia do HNSA

Fonte: Acervo da autora, 2018

Analise dos materiais existentes na lavanderia

Um método que pode complementar o setor de serviço da lavanderia, é o planejamento desenvolvido pela coordenação do setor. O responsável pelo gerenciamento deve gerir instruções de funcionamento e um cronograma que deverá ser seguido por cada profissional atuante na área, assim será de responsabilidade pessoal de cada funcionário que os serviços estejam em total sintonia com as demandas locais, este planejamento pode incluir cursos de aperfeiçoamento do trabalho e riscos ocupacionais para a saúde.

Sendo assim, as parametrizações dos serviços podem atuar como alerta para os funcionários quanto aos métodos utilizados na atuação dos serviços prestados, instigando os colaboradores a seguirem métodos que priorizem o funcionamento geral do hospital e o bem-estar próprio de cada servidor, sendo perceptível à dependência dos setores hospitalares quando entregam as vestes sujas para lavagem e a recebem para reuso em perfeito estado, tornando-se essencial para o controle de infecções e eficiência na qualidade de atendimento.

Além disso, é necessária a troca dos pisos identificados como inapropriados para o ambiente da área limpa. Alguns dos mesmos são utilizados como ‘tampa’ para o esgoto sanitário local, o que influencia um grande número de bactéria que podem contaminar as roupagens que já passaram pelo processo de lavagem e centrifugação, como pode ser visto na Figura 13.

Fonte: Autoral, 2019.

Figura 13: Pisos situados na área limpa da lavanderia do HNSA

Segundo informado pelo site institucional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2007), os regulamentos tem como função primordial a promoção da saúde da população, atuando no controle sanitário de diversos produtos, tais como medicamentos, alimentos e cosméticos; serviços e até mesmo na fiscalização de portos, fronteiras e aeroportos. Entre suas competências, podemos destacar:

· Controlar e fiscalizar produtos, tais como medicamentos, alimentos e cosméticos, e serviços que envolvam risco à saúde;

· Estabelecer normas e padrões sobre limites de produtos contaminantes, tóxicos, desinfetantes, metais pesados e outros que podem causar danos à saúde;

· Conceder registros a produtos;

· Proibir a fabricação, distribuição e armazenamento de produtos que possam causar danos à saúde;

Resultado proveniente a Convivência com os funcionários

Esta etapa consiste na realização de reuniões com os funcionários do setor estudado e na vivencia da autora. Os encontros com os mesmos promoveram as reais necessidades de manutenção e reforma do ambiente e na realização das adequações propostas no procedimento metodológico 02. A partir desta etapa, a analise se deu com um estudo criterioso no cruzamento de informações vivenciado praticamente e estudados em bases teóricas.

O processo abordou as informações disponibilizadas sobre as cargas horárias dos funcionários, serviços terceirizados que são realizados no HNSA para demais unidades de saúde local, relatos a respeito do conforto térmico e acústico. No entanto, se dá ênfase na solução do qualitativo de todo o espaço e da valorização da real finalidade de um ambiente bem elaborado e consequentemente bem executado.

De maneira auxiliar, o contato com os funcionários e diretores da área estudada somaram positivamente para melhor entendimento do funcionamento do objeto de estudo, apropriação do espaço e informações bases sobre os fluxos de entrada e saída das vestes sujas e limpas para a distribuição.

Relatado pelos profissionais da lavanderia, as máquinas secadoras desempenham um papel fundamental no circuito de lavagem, porém transmitem um calor de alta temperatura no período em que está em funcionamento. O equipamento citado tem a função de secar as roupas que não serão processadas pela calandra, como cobertores, roupas felpudas, fraldas, etc.

Dentre as atividades executadas no processamento das roupas, a realização da higienização do ambiente, das máquinas e equipamentos existentes na lavanderia são ações que visam a prevenção da saúde dos funcionários e a conservação da estruturação do espaço. Além de garantir um bom funcionamento do setor e a durabilidade das máquinas. O entendimento melhor das atribuições da etapa teve abrangência dos processos desenvolvidos na lavanderia no Quadro 1 a seguir.

Quadro 1: Etapas abrangentes do processo de lavanderia

Fonte: Desenvolvida pelo autor, 2019

No decorrer das buscas por informações, a responsável geral do setor estudado especificou os horários a ser seguido e a carga horário semanal de trabalho. Conforme mostra na Tabela 5, as horas de trabalho semanal possuem uma média diária de 07:20:00, sendo a segunda-feira o dia de maior carga diária de serviço devido não ter funcionamento ativo aos domingos.

Tabela 5: Carga horária semanal de trabalho na lavanderia

Segunda

Terça

Quarta

Quinta

Sexta

Sábado

Carga Semanal

Med. Diária

Carga Diária

11:55:00

6:35:00

6:35:00

6:35:00

6:35:00

6:35:00

44:00:00

07:20:00

Fonte: Autoral, 2018

Durante as análises in loco, verificamos que o setor da área limpa na lavanderia possuí aberturas inapropriadas se analisado de acordo com o Manual de Lavanderia Hospitalar (1986), o mesmo não permite que a área limpa esteja vulnerável ao contato externo e assim causar comprometimento a excelência do serviço. Na Figura 14 é possível identificar as aberturas que não estão em conforme as normas, além de ser notório a possibilidade de ser passado qualquer objeto por tais aberturas.

Figura 14: Área interna e externa da lavanderia do HNSA

Fonte: Acervo da autora, 2019.

Tais aberturas permitem o contato dos funcionários que não são do setor especificado, além de ir contra aos produtos usados para a limpeza total das roupas, sendo que os mesmos contribuem para a eficácia das vestes limpas e desinfectadas em perfeito estado de reuso. Sem que seja vedado, os esforços feitos para a eficiência dos serviços desenvolvidos no setor de lavagem são inúteis.

Percepção dos riscos diários no trabalho da lavanderia

Como critério de analise, foram organizados em subcategorias os pontos receptíveis aos riscos de trabalho, sendo eles: riscos ergonômicos (intensificação do trabalho; número excessivo de horas trabalhadas; exigência de produção e ausência de pausas); riscos físicos (ruído; calor); riscos biológicos (de contaminação); e riscos de acidentes com materiais perfurocortantes.

Em contato com os funcionários, os mesmos estão cientes dos riscos ocupacionais referentes aos fluxos de lavagem, adoecimentos consequentes a postura inadequada durante a carga horária e principalmente referente a sobrecarga condições inadequadas física exigida, além da exposição a ruído e calor excessivos, o que, aliado a condições de trabalho precárias, aumenta a chance de adoecimento.

Ainda segundo os colaboradores, à atividade laboral é realizada em todo o tempo de pé e causando assim dor das pernas e coluna. Em alguns caso