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TMA VII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE PIBIC/CNPq/UFCG 2009-2010 NEO-PAGANISMO NO SÉCULO XXI: ADEPTOS DA WICCA EM CAMPINA GRANDE. Amanda Amélia Barbosa Faustino 1 ; Rogério Humberto Zeferino Nascimento 2 RESUMO Inspirados em pesquisas relacionadas à religião, nos ocorreu a possibilidade da realização de estudos sobre o neopaganismo na contemporaneidade. Este pode ser visto como o ressurgimento da cultura pagã. Cultura esta que foi marginalizada no período da Idade Média com a supremacia da Igreja Católica. Partindo da leitura de textos sobre este período, buscamos inicialmente conceituar e compreender as práticas da bruxaria e como ela chegou aos dias atuais. Dessa forma com esta pesquisa procuramos abordar a presença de uma dessas vertentes em Campina Grande: Wicca. Através de observações diretas, conversações e de leituras sobre o tema, tentaremos nos inteirar de suas crenças e práticas, ainda hoje consideradas marginalizadas, a partir da perspectiva de seus praticantes. Palavras-chave: Neopaganismo, Wicca, Campina Grande ABSTRACT Drawing on research related to religion, there was a possibility of conducting studies about the neopaganism in contemporary times. The neo-paganism can be seen as the resurgence of pagan culture. Crop that has been marginalized during the Middle Ages with the supremacy of the Catholic Church. From the reading of texts on this period, we will initially conceptualize and understand the how is the situation in these days. This research is seeking to address the presence of one of these strands in Campina Grande: Wicca. Through direct observations, conversations and lectures on the topic, I will try to learn their beliefs and practices, still considered marginal, from the perspective of their practitioners. 1 Aluna do Curso de História, Unidade Acadêmica de História e Geografia, UFCG, Campina Grande, PB, E-mail: [email protected] 2 Antropologia, Professor Doutor, Unidade Acadêmica de Sociologia e Antropologia, UFCG, Campina Grande, PB, E-mail: [email protected]

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TMAVII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

PIBIC/CNPq/UFCG 2009-2010

NEO-PAGANISMO NO SÉCULO XXI: ADEPTOS DA WICCA EM CAMPINA GRANDE.

Amanda Amélia Barbosa Faustino1; Rogério Humberto Zeferino Nascimento2

RESUMO

Inspirados em pesquisas relacionadas à religião, nos ocorreu a possibilidade da realização de estudos sobre o neopaganismo na contemporaneidade. Este pode ser visto como o ressurgimento da cultura pagã. Cultura esta que foi marginalizada no período da Idade Média com a supremacia da Igreja Católica. Partindo da leitura de textos sobre este período, buscamos inicialmente conceituar e compreender as práticas da bruxaria e como ela chegou aos dias atuais. Dessa forma com esta pesquisa procuramos abordar a presença de uma dessas vertentes em Campina Grande: Wicca. Através de observações diretas, conversações e de leituras sobre o tema, tentaremos nos inteirar de suas crenças e práticas, ainda hoje consideradas marginalizadas, a partir da perspectiva de seus praticantes.

Palavras-chave: Neopaganismo, Wicca, Campina Grande

ABSTRACT

Drawing on research related to religion, there was a possibility of conducting studies about the neopaganism in contemporary times. The neo-paganism can be seen as the resurgence of pagan culture. Crop that has been marginalized during the Middle Ages with the supremacy of the Catholic Church. From the reading of texts on this period, we will initially conceptualize and understand the how is the situation in these days. This research is seeking to address the presence of one of these strands in Campina Grande: Wicca. Through direct observations, conversations and lectures on the topic, I will try to learn their beliefs and practices, still considered marginal, from the perspective of their practitioners.

Keywords: Neopaganism, Wicca, Campina Grande

INTRODUÇÃO

A proposta de pesquisa desse projeto é estudar o neopaganismo, mais especificamente a Wicca, na contemporaneidade. Durante o tempo proposto, do primeiro mês ao último, foram realizadas leituras a fim de contribuir e de inspirar as nossas curiosidades a respeito do tema. A pesquisa foi baseada em leituras sobre a Wicca e também em leituras que auxiliavam ao método de pesquisa, principalmente relacionadas em como estabelecer contato com pessoas de nossa própria sociedade, mas com práticas e crenças diferentes do convencional.

Desde o início sabíamos ser necessário existir um contato direto com integrantes da Wicca e isso implicava que deveríamos imergir inteiramente nos estudos e nos nossos contatos. Vimos que era preciso tomar certos cuidados, pra não parecermos grosseiros ou fechados ao que iríamos encontrar, ver e ouvir. 1 Aluna do Curso de História, Unidade Acadêmica de História e Geografia, UFCG, Campina Grande, PB, E-mail: [email protected] Antropologia, Professor Doutor, Unidade Acadêmica de Sociologia e Antropologia, UFCG, Campina Grande, PB, E-mail: [email protected]

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Concluímos ser preciso tentar se colocar no lugar da pessoa e compreender seus posicionamentos e crenças sem nenhum preconceito. Só assim poderíamos efetuar nossa pesquisa de forma mais satisfatória.

O prof. Rogério Humberto Zeferino Nascimento, orientador da pesquisa, durante os nossos encontros semanais sempre passou leituras, principalmente no âmbito antropológico, discutidas e refletidas. Estas leituras se mostraram essenciais para os procedimentos metodológicos e teóricos da pesquisa. Tivemos então uma pesquisa baseada na interdisciplinaridade, principalmente entre a Antropologia e a História.

Para entender a Wicca, acreditamos ser necessário conhecer um pouco da história da bruxaria. Procurar fazer leituras que abordem o tema sob diferentes perspectivas. Só através da ampliação do tema pode-se compreender mais sobre a bruxaria na história humana. É preciso saber que a bruxaria não é um fenômeno da Idade Média, falar em sua origem é falar em tempos mais antigos.

A bruxaria era vista de forma natural antes do surgimento da Igreja Católica e antes dela se constituir verdadeiramente como uma instituição. Os povos da Antiguidade acreditavam e cultuavam diversos deuses e deusas até o momento em que o Império Romano instituiu o cristianismo como a única fé. A partir de então, eles passaram a perseguir quem não seguisse a religião proposta, proibindo as outras práticas, ou mesmo em certos momentos, adaptando-as ao catolicismo. Isto se deu, por exemplo, com a utilização de algumas datas pagãs.

As perseguições e os repúdios às práticas pagãs daquela época foram impregnando na mentalidade das pessoas, podendo ser encontradas até hoje um medo ou preconceito relacionado ao tema. A Igreja, sobretudo a católica, sempre fez uma espécie de propaganda anti-pagã, associando suas práticas com figuras diabólicas e depravadas. Assim bruxos e bruxas foram vistos negativamente e, consequentemente, evitados.

Diante desses fatos, surgiu o interesse de estudarmos o paganismo em nossos dias. Hoje estas crenças e práticas são conhecidas como neopaganismo. Para esta pesquisa nos detemos ao estudo da religião Wicca, mas também sabemos que existem outras religiões neopagãs, como o Dianismo, o Neo-Druidismo e o Neo-xamanismo. Isso mostra que o universo do paganismo ainda está presente nos nossos dias apesar de todas as dificuldades. Se não se faz mais numeroso e visível é talvez devido ao preconceito ainda vivo em nossa sociedade.

Visto que encontramos a Wicca em todo o mundo, resolvemos estudar como ocorre aqui na cidade de Campina Grande, Paraíba. Também pelo fato de Campina Grande se destacar enquanto referencial para estudos, encontros espiritualistas e filosóficos, como o Encontro da Nova Consciência. No Encontro da Nova Consciência, evento que ocorre todo ano na época do carnaval, ocorre grupos paralelos de estudos, a exemplo do grupo voltado ao estudo do paganismo.

Apesar do Encontro Paraibano de Neopaganismo acontecer dentro do Encontro da Nova Consciência há apenas três anos, a presença de bruxos e bruxas neste encontro acontece desde suas primeiras versões através de palestras e cursos. Participamos do III Encontro Paraibano de Neopaganismo realizado esse ano. Não podemos deixar de notar com isso que há na cidade grupos de pessoas que se interessam pelo assunto. No entanto, o grupo que se interessa é basicamente formado por apenas neo-pagãos, servindo, portanto para exemplificar a falta de interesse da sociedade com esses pequenos grupos. Havia nas discussões da Wicca cerca de 30 pessoas e praticamente todos eram wiccanos.

Figura 1: Estandarte do evento

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Figura 2: Mesa onde os palestrantes falavam sobre o Neopaganismo.

Figura 3: Ritual realizado no Encontro Paraibano de Neopaganismo.

Vimos ser necessário procurar ver como os wiccanos se situam e se percebem na sociedade campinense, onde a maioria é cristã. Também como se definem dentro do próprio universo neopagão campinense: se existe algum contato e comunicação entre os membros da cidade, se há graduação hierárquica entre um grupo de wiccano, se os rituais se dão de forma solitária ou coletiva e como acontecem esses rituais aqui em Campina Grande.

Para a realização da pesquisa então, além das leituras, passamos a procurar a aproximação de diversos wicannos da cidade. Em nossos primeiros contatos tivemos certas dificuldades no estabelecimento efetivo de um canal de comunicação, os praticantes que a priori mostraram-se relativamente acessíveis acabaram por não prosseguir com nossa pesquisa.

Todavia conseguimos estabelecer contatos e encontros relativamente constantes com esses novos praticantes, sempre tendo em mente colocar em prática os estudos sobre o trabalho de campo. Pudemos perceber as variações dentre os diferentes grupos que entramos em contato, em sua maioria constatamos certa amabilidade não sendo tão fechados quanto imaginávamos no início da pesquisa. Sempre estavam abertos ao diálogo, demonstrando espontaneidade e interesse nas conversas.

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REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLOGIA

Esse projeto de pesquisa caracteriza-se por convergir para a história das religiosidades com uma abordagem teórico-metodológica da Antropologia, criando então uma ponte entre os teóricos da Antropologia juntando-os com a abordagem da Nova História Cultural, na qual temos o alargamento dos campos de pesquisa. A pesquisa pensada a partir de teóricos do campo antropológico utilizando constantemente de seus diversos conceitos e abordagens como instrumentos para uma melhor compreensão dos dados apreendidos.

A partir de textos de introdução a Antropologia debatemos o surgimento e o desenrolar das vertentes e dos métodos existentes para se pensar esse campo do saber, nesse cenário temos que a Antropologia nasce no século XIX. Após um período de aproximação entre Antropologia e História houve uma quebra metodológica e de objeto de pesquisa entre a História e a Antropologia.

Contudo, antes de chegar a tal momento de ruptura temos uma passagem pelo Evolucionismo. Esta Escola Teórica concebe a História no sentido universal e única, próxima ao ideal que Hegel defendia, no qual as sociedades passariam por uma evolução contínua, tal como a teoria da evolução biológica.

Por outro lado temos Franz Boas que inaugura a Escola Americana que também é conhecida como a teoria do Difusionismo, na qual a antropologia assim como a história passam por uma reformulação, deixando de lado a questão da universalidade para ganhar ares de particularidades, passa-se da História, no singular, para as histórias, no plural. A Antropologia a partir de Radcliffe-Brown passou a uma visão de sistema, uma visão organicista, na qual as sociedades eram analisadas através das funções, estruturas, de uma forma sincrônica.

Observamos que as fundamentações metodológicas da Antropologia passaram por reestruturações que contudo ainda deixavam a desejar na questão da interação direta com o objeto, ainda tínhamos a chamada antropologia de gabinete, duramente criticada por Malinowski.

No seu livro “Os argonautas do Pacífico Ocidental” inaugurou uma metodologia de pesquisa totalmente inovadora, a chamada Antropologia viajante ou participativa, como podemos ver neste trecho: “Imagine-se o leitor sozinho, rodeado apenas pelo seu equipamento, numa praia tropical, próxima a uma aldeia nativa, vendo a lancha ou o barco que o trouxe afastar-se no mar até desaparecer de vista.” (GUIMARÕES ROCHA, 1994).

Aqui podemos destacar nossas leituras feitas sobre Malinowski. Vimos que para Malinowski é necessário existir uma interação direta entre o pesquisador e seu objeto de pesquisa, já que ele defendia uma “Antropologia participativa”.

Logo, encontramos em Malinowski uma preocupação com a participação direta do pesquisador com o seu objeto, sendo essencial a imersão literalmente daquele neste. Temos então a criação da observação participante, que se converteu até hoje na base de qualquer estudo referente a Antropologia. A partir de intensas discussões sobre as correntes antropológicas nos concentramos nas reflexões de François Laplantine (1994) afim de melhor conhecer o cenário metodológico atual deste campo.

Outra razão para incorporar as contribuições de Laplantine é para reflexão e interiorização de tais métodos para utilizarmos nesse projeto de pesquisa. Isto porque nos deparamos com uma parcela da sociedade que professa um entendimento religioso diverso da maioria e apenas com uma abordagem historiográfica não seria possível suprir certas particularidades presentes na pesquisa.

No que tange a metodologia de pesquisa realizamos pesquisa qualitativa, a partir da observação direta e participativa. Isto em relação aos rituais e encontros, para estudos, dos praticantes da Wicca com que tivemos maior contato. Com um estabelecimento de um ambiente de franca conversação sobre as particularidades das práticas e crenças dos bruxos e bruxas, tentamos evitar a construção de posturas hierárquicas entre os pesquisadores e os wiccanos, ao utilizarmos das diferentes formas de entrevistas.

Nesta direção foram desenvolvidas entrevistas abertas e semi-dirigidas, sendo possível a realização destas através de uma relação favorável a partir de interação estável e não conflituosa, possibilitando aos entrevistados um ambiente propicio ao debate.

As conversações mostraram-se importantes tanto quanto as observações em torno dos ritos e definições práticas adotadas no campo da pesquisa. Foi importante conseguir estabelecer relações de empatia com os integrantes wiccanos presentes na cidade.

Isto foi realizado a partir de contatos feitos inicialmente com um praticante desta religião. Possibilitando-nos uma interação com uma maior gama de praticantes, sendo interessante salientar a participação em rituais e encontros por parte dos pesquisadores.

Os encontros foram devidamente registrados em diários, produzindo material para os momentos de análise e reflexão. Usamos recursos tecnológicos disponíveis, como gravadores e câmeras fotográficas, uma vez que houve consentimento por parte dos integrantes do universo da pesquisa.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Antiga Tradição hoje é popularmente conhecida como Wicca. Seu reaparecimento se deu graças ao inglês Gerald Gardner na década de 1950 e, a partir daí, se espalhou por todo o mundo. A Wicca tomou a forma de religião que conhecemos hoje devido a Gerald Gardner (2003). Ele foi iniciado em 1939 para um coven (nome dado a um grupo de bruxos que se juntam para os rituais) da Velha Religião, na Inglaterra e foi o responsável pelo reconhecimento e legitimação da Wicca como religião.

Como sabemos, definir uma religião é um pouco complicado e às vezes uma definição depende muito do autor. Com a Wicca não é diferente. Como afirma Gary Cantrell. Segundo ele definições de bruxos, feitiçaria ou Wicca são às vezes muito diferentes e até opostas uma das outras dentro do próprio mundo pagão.

Minha própria experiência ensinou-me que, se perguntarmos a uma dúzia de pessoas que afirmam ser wiccas exatamente o que significa determinada palavra, é provável que recebamos pelo menos uma meia dúzia de respostas diferentes, e cada resposta provavelmente estará ligada a alguma fonte de referência fidedigna. Esta aparente discrepância não tem origem em qualquer tentativa de mascarar a verdade, ou em uma falta de informações entre os participantes da Wicca, mas especialmente no fato de que nosso Ofício está crescendo e se diversificando em uma velocidade fenomenal.(..) Há muitas Tradições da Antiga Religião e muitos Caminhos dentro de cada Tradição, todos suficientemente diferentes para que até mesmo algumas definições básicas se tornem um tanto abertas à interpretação dos praticantes.(CANTREL, 2002:17).

Com isso, vemos que definir a Wicca até para membros da própria religião às vezes parece ser um pouco confuso e muitas vezes depende da tradição do bruxo a que pertença. Mas de modo geral podemos dizer que a Wicca é uma religião com duas deidades reverenciadas e adoradas: a Deusa e o Deus. É uma religião baseada na harmonia com a Natureza e com os aspectos da divindade do Deus e da Deusa, podendo ser inserida no contexto do ressurgimento do paganismo, ou, como muitos preferem chamar, do movimento neopagão.

A religião wiccana, como já foi dito, é formada por várias tradições, e embora se diferenciem umas das outras em alguns aspectos, de forma geral todas as tradições seguem um conjunto de ética e de moralidade para evitar prejudicar outras pessoas. O bruxo e a bruxa são livres para fazer o que quiserem, contanto que não prejudiquem ninguém. A Lei Tripla diz que tudo que o bruxo fizer, voltará triplicado para ele, seja algo bom ou ruim. Isto é válido para todas as tradições.

Diante do cenário religioso oficial os integrantes da Wicca ainda são vistos negativamente, sofrendo por algum tipo de rejeição ou preconceito. A própria palavra e denominação - “bruxo” e “bruxa”- traz consigo uma série de significações e significados com conotações negativas. Provocam imagens e conceitos pesados nas mentes dos não-praticantes. Em geral daquelas pessoas que não conhecem e não compreendem o propósito da religião wiccana. Isto é verdade sobretudo em relação àqueles que estão muito presos aos dogmas cristãos.

Houve na Inglaterra uma série de leis contra a feitiçaria, as chamadas “Atos de Feitiçaria”. A legislação britânica eliminou a última referência à feitiçaria de seu Código Penal apenas na década de 1950. Pouco tempo depois de Gerald Gardner lançar seu primeiro livro, em 1949. Os “Atos de Feitiçaria” são mais uma prova do quanto os bruxos foram perseguidos. Sendo durante muito tempo perseguidos até mesmo de uma forma oficial e legitimada.

Um aspecto notável é que apesar das outras religiões e das outras pessoas, religiosas ou não, não os respeitarem, ou melhor, não derem nenhum tipo de crédito, apoio ou interesse a essas pessoas, elas procuram respeitar as outras pessoas, sendo wiccanas ou não. Na minha experiência de pesquisa sempre se mostraram respeitosos a pensamentos diversos de sua visão religiosa, sendo acessíveis e abertos para a pesquisa. De um modo geral, os praticantes acreditam que os novos adeptos devem desejar participar verdadeiramente, sem qualquer coerção externa, a seguir o caminho da Wicca.

Durante a pesquisa percebemos justamente isso, já que nunca tentaram converter-nos à Wicca. No entanto, talvez fosse necessário um maior tempo de observações e de trabalho de campo para podermos ter uma resposta mais sólida a respeito de existir ou não um trabalho de convertimento ao paganismo. Pode muito bem ser possível que eles apresentem um sistema de conversão mais sutil do que o usual.

A Wicca é uma religião formada por diversas Tradições. Uma Tradição pode ser vista como um conjunto específico de ensinamentos, ética e rituais. Aqui em Campina Grande a Tradição mais presente é a Eclética. Esta Tradição pode ser caracterizada como uma mistura de vários caminhos, onde o wiccano escolhe entre outras tradições o que considera melhor para si. A Tradição Eclética combina vários aspectos em um novo todo.

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Existem em âmbito geral os bruxos solitários e os que realizam seus rituais em grupo, os chamados covens. Aqui em Campina Grande, foi visto que há esses dois tipos de manifestações. Mas que, porém, os covens são mais raros ou estão em fase de criação e experimento. Tivemos a oportunidade de ver e acompanhar a formação de um novo grupo. Grupo ainda pequeno, com menos de treze membros (um coven tem no máximo treze membros).

Uma vantagem dos grupos serem pequenos é que assim é possível haver uma maior ligação e sentimento de amizade entre os componentes. Diferentemente do que ocorre nas “grandes religiões” onde em um mesmo lugar e hora várias pessoas, que geralmente não se conhecem, compartilham juntas procedimentos ritualísticos, sem existir esse laço de fraternidade, de amor e de amizade que é mais fácil ocorrer em um grupo pequeno, como no caso em um coven.

Nesses covens acontecem os Sabás e os Esbats, rituais de adoração a Deusa e ao Deus. Tivemos a oportunidade de presenciar esses dois tipos de rituais. Vendo de perto e observando o que tudo aquilo representa para um wiccano. Os sabás são cerimônias religiosas derivadas dos antigos festivais que celebravam a mudança das estações do ano. Há oito sabás anuais: quatro maiores e quatro menores. Os quatro sabás maiores são Imbolc, Beltrain, Lughnasadh e Samhain. E os quatro menores são o Equinócio de Primavera (Ostara), o Solstício de Verão (Litha), o Equinócio de Outono (Mabon) e o Solstício de Inverno (Yule).

As datas em que os sabás são realizados dependem do hemisfério em que a pessoa se encontrar, já que há uma oposição das estações do ano entre os hemisférios norte e sul. É importante vermos que cada sabá tem um significado diferente. Durante um de nossos encontros com os membros wiccanos da cidade de Campina Grande, um deles falou um pouco sobre cada um dos sabás. À medida que eu for falando deles, vou também mostrar o que ele disse a respeito de cada um. Ele também apresentou uma definição geral do que são os sabás:

Como seres humanos e como pagãos, estamos inseridos num contexto histórico. Então a nossa história é relacionada com o hemisfério sul, de um certo modo. Então, os sabás vão servir pra que a gente reflita mais sobre a vida, o nascimento, o crescimento e a morte do deus. Os sabás são completamente solares e esses “solar” remete sempre ao deus. A deusa participa? Participa. Mas não é o foco principal. Então pra que a gente vai degustar, participar e desfrutar dos sabás? Para ver a trajetória do sol durante todo o ano, está entendendo? Essa vai ser a nossa tônica, a nossa meta durante o ano. (Franklin, 24 anos.)

O Imboloc ocorre em dois de fevereiro no hemisfério norte e em dois de agosto no hemisfério sul. É a época em que a Deusa prepara-se para o retorno de seu consorte, o Deus Sol. Os ritos de Imboloc tem como objetivo banir as trevas e encorajar o retorno da luz do Sol e da primavera. Os próprios pagãos associam o Dia dos Namorados como uma festividade de origem pagã. No hemisfério norte é celebrado dia quatorze de fevereiro, alguns dias depois da comemoração do Imboloc.

Os pagãos também associam a Candiemas, procissão que honra a Virgem Maria, como uma versão cristianizada do Imboloc. A Candiemas também ocorre dia dois de fevereiro. O Imboloc é entendido como a época ideal para a purificação e limpeza espiritual, assim como também representa o tempo dos novos começos. Aqui é comum os bruxos usarem uma vassoura, a “vassoura da Bruxa”, para varrerem o círculo, simbolizando assim o afastamento do antigo. Sobre o Imboloc foi dito pelo membro da cidade que:

Após Yule, vem Imboloc. Que é o deus crescendo ou começando a ficar ainda mais quente. Então em Imboloc a gente vai ter essa característica: é retratado comumente o deus se tornando jovem, crescendo ainda mais. Então Imboloc também tem essa conotação de crescimento na sua vida. O que pode crescer ainda mais na sua vida. (Franklin, 24 anos.)

O Beltrain ou Beltane celebra a união da Deusa com o Deus, sendo portanto uma festival de fertilidade. Fertilidade não só na atividade sexual, mas no sentido vegetal também, ou seja, no sentido de produzir mais nos campos e nas terras. Beltrain celebra também o retorno do Sol, marcando a “morte” do inverno. Durante a noite as bruxas da Idade Média dançavam ao redor de uma fogueira, celebrando o triunfo do Sol. Beltrain ocorre em um de maio no Hemisfério Norte e um de novembro no Hemisfério Sul.

É um ritual com bastante comida e com danças. Dançam em torno do Mastro (simboliza o falo do Deus) e também amarram em seu topo várias fitas coloridas, cujas pontas são seguradas pelas pessoas. À medida que os wiccanos dançam ao redor do mastro, as fitas coloridas se cruzam e acabam ficando em torno do mastro, o que simboliza a união do masculino com o feminino. O interessante é que vários elementos do sabá de Beltrain lembram eventos do calendário cristão, como as festas juninas.

Durante as festas juninas homenageia-se São João e Santo Antônio. Durante essas festas juninas, as pessoas dançam ao redor da fogueira, como em Beltrain. Nas tradições populares vemos também algumas variedades de dança com fitas, como a tradicional “dança de fitas”, bastante comum na região Sul do Brasil. Sobre esse sabá o wiccano da cidade falou que:

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Em Beltane, que vai ser o ápice da primavera, lá na roda norte vai sair justamente no dia primeiro de maio e para nós cai no dia trinta e um de outubro. Então vai ser a consumação do encontro deles dois, da deusa e do deus. Em Beltane dia e noite são iguais, significa que são doze horas de noite e doze horas de dia. Porque o sol está no ápice. Então não há diferença entre dia e noite. É o encontro da deusa e do deus. É nessa hora que eles se namoram, que eles fazem amor, literalmente. Então dava essa simbologia, que em Beltane é que todas as coisas são fecundadas: as árvores crescem, os animais se reproduzem. Porque eles viram lá que no ciclo da natureza que os pássaros estavam dando filhotes, os animais estavam com crias, então eles disseram: “olha, é a deusa e o deus fecundando” Toda a criação, está entendendo? (Franklin, 24 anos.)

O Lughnasadh é o Festival da Colheita, ocorre em um de agosto no hemisfério norte e dois de fevereiro no hemisfério sul. Aqui os bruxos agradecem aos deuses pela colheita com várias oferendas às deidades. Tem origem céltica, sendo portando uma festa de colheita em honra ao deus irlandês Lugh. Em outras culturas pré-cristãs Lughnasadh era celebrado como o festival dos grãos. Segundo a tradição da Wicca, nessa época são confeccionados bonecos de milho.

Esses bonecos são postos no altar do Sabá para simbolizar a Deusa da colheita. Esses bonecos são guardados até o próximo Lughnasadh, onde são queimados para então se fazer um novo boneco de milho. Os alimentos mais tradicionais desse sabá são pães caseiros, bolos, arroz, maçãs, vinhos, chás e cerveja. Alguns bruxos brasileiros também adotam a mandioca no Lughnasadh, em honra a Deusa indígena Mani. Sobre Lughnasadh, o wiccano entrevistado disse:

Lughnasadh é quando a deusa dá a luz. É um sabá de nascimento. De renovação. Ela dá luz ao deus novamente. E o “Deus”, o grande, já está começando a envelhecer. Já está começando a rumar de novo para Samhain. Já está começando a morrer. (Franklin, 24 anos.)

O Samhain é o mais importante dos oitos sabás. Também é o mais conhecido, falado e mal-interpretado fora da comunidade wicca, (o temido Halloween). Foi dito por o wiccano que:

Então, o ano novo wiccano, como a gente diz, é o Samhain, ou como muita gente conhece, o Halloween. O Halloween vai ser comemorado lá na roda norte no dia 31 de outubro, que é o chamado dia das bruxas. Aqui vai ter uma conotação diferente, conotação não, a comemoração vai ser diferente, vai ser dia 1 de maio. Então o Samhain é um dos principais. Antigamente na Irlanda, os pagãos celtas, achavam que era o maior sabá que existia. Porque ele caracteriza a morte do deus. O deus morre para depois renascer. Então ele vai para o submundo, ele morreu. É a semente que foi plantada, é a semente que morreu. Mas essa semente vai morrer e germinar. Vai nascer uma nova planta. Então o Samhain tem essa característica. É uma sabá de inverno, é um sabá “lúgubre”. Mas não deixa de ser vital para a nossa comemoração tão importante. Então o Samhain tem toda essa característica. É um sabá que a gente vai meditar mais sobre os mortos, vai honrar os ancestrais, vai refletir sobre a morte do deus. E principalmente vai remeter a essa simbologia: o que é que a gente precisa enterrar na nossa vida, para que uma coisa nova floresça? Então é um sabá que remete a se libertar de vícios, de comportamentos destrutivos, de pensamentos maldosos. Tudo isso vai ser a tônica de Samhain. (Franklin, 24 anos.)

Tive a oportunidade de presenciar o sabá de Samhain e pude ver que um sabá, é bem diferente da imagem que geralmente as pessoas tem das celebrações neopagãs. Quase sempre são imaginados pelos leigos como uma ocasião em que os bruxos se reúnem para realizar orgias e preparar encantamentos ou porções, na mente de uns, até sacrifícios.

Muitas vezes o sabá também é confundido com uma “Missa Negra”. Uma Missa Negra é uma prática do satanismo que parodia uma missa católica e na qual são realizados os ritos católicos de forma invertida, muitas vezes utilizando-se de magia negra. Porém, é preciso entender que apesar de confundidas, Satanismo e Wicca são categorias religiosas bastante distintas.

Orgias, encantamentos, poções, sacrifícios, rituais anticatólicos, magia negra, nada disso ocorre em um sabá. Muito pelo contrário, os sabás são uma ocasião em que os wiccanos celebram a vida, a natureza, honram as Deidades da Antiga Religião. São rituais que proporcionam uma experiência espiritual intensa e feliz para os membros ali presentes.

Como dito mais acima, o ritual de Samhain é o dia de ano novo da wicca. Esse ritual é realizado em trinta e um de outubro no hemisfério norte e em trinta de abril no hemisfério sul. O Samhain que participei foi realizado no sábado dia vinte e quatro do mês de abril, pois a sacerdotisa iria viajar no dia trinta.

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Este Samhain foi realizado durante o ritual um trabalho bastante interessante e curioso para o banimento das coisas ruins no ano novo, o trabalho se deu da seguinte maneira: cada um pegou dois papéis, em um escreveu coisas que queriam banir no ano que se iniciava e no outro papel coisas que a pessoa queria para o novo ano. No final cada um se abraçou, desejando “feliz ano novo”.

O condutor do ritual falou que durante aquela festividade o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos estava mais tênue, se caracterizando como o tempo ideal para se comunicar com os seus ancestrais. Houve uma época em que se acreditava que os mortos durante o Halloween retornavam e caminhavam entre os vivos. É nesse dia que os bruxos acreditam que é possível fazer contato e receber mensagens do mundo dos mortos, em especial dos seus ancestrais.

O cristianismo se apropriou dessa idéia e criou o Dia de Todos os Santos (primeiro de novembro) e o Dia dos Mortos (segundo de novembro), como um dia para rezar pelas almas.

Figura 4: wiccano da cidade de Campina Grande segurando uma abóbora no sabá de Samhain.

Foi feito então um momento de reflexão sobre os entes queridos. Tinha uma abóbora, bem típica do “dia das bruxas”, além de outras frutas como romã e maçã. No final do ritual houve numa espécie de banquete cerimonial, para celebrar o inicio do ano wicca.

Por ter essa aproximação entre este plano e o além-vida é um período propício para a pratica de adivinhações, sendo feito uma espécie de sessão de adivinhações: uso de pêndulo, leitura das runas, jogada de cartas e leitura das mãos. Sem dúvidas um sabá é uma ocasião de celebração e festividade, onde os wiccanos se sentem bem e procuram harmonia com a natureza.

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Figura 5: Celebração do Samhain (ano novo da Wicca).

Figura 6: Sabá de Samhain.

Em relação aos quatro menores sabás: o Equinócio de Primavera ou Ostara é realizado mais ou menos em vinte e um de março no hemisfério norte e vinte e dois de setembro no hemisfério sul. O Solstício de Verão ou Litha ocorre por volta de vinte e um de junho no hemisfério norte e vinte e um de dezembro no hemisfério sul. O Equinócio de Outono ou Mabon acontece em cerca de vinte e um de setembro no hemisfério norte e trinta de março no hemisfério sul. E o Solstício de Inverno ou Yule aproximadamente em vinte e um de dezembro no hemisfério norte e vinte e um de junho no hemisfério sul.

O Equinócio de Primavera ou Ostara celebra o início da primavera e é comemorado com banquetes. É um dos momentos de união sexual entre Deus e Deusa. Nesse dia muitos bruxos decoram ovos cozidos,

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devido a um antigo costume pagão associado a Deusa da Fertilidade. Esse festival pagão foi adotado pela Igreja Cristã como a Páscoa.

A Páscoa em inglês é chamada de “Easter”, nome derivado do nome da deusa saxônica da fertilidade, a Eostre. Os ovos eram símbolos antigos de fertilidade oferecidos à deusa dos pagãos e foram adotados como símbolo cristão da Páscoa. Assim como os coelhos, que eram animais sagrados para várias deusas, incluindo a deusa Ostara, deusa alemã da fertilidade. Quanto aos alimentos, os mais tradicionais desse sabá são os ovos cozidos, bolos e frutas.

Sobre Ostara foi dito por o membro entrevistado que:

Então depois de Imboloc, vem Ostara, que é a entrada da Primavera. Ostara também foi apropriada, os cristãos roubaram essa idéia do paganismo e transformaram no domingo da páscoa, Cai mais ou menos lá na roda norte no dia vinte um, vinte dois de março, já entrando em abril. O que vai coincidir às vezes com o quaresma e a semana santa lá. Lá não, que já virou universal. Então, tem a entrada da primavera, e a primavera é uma estação muito celebrada lá na roda norte, porque ta saindo daquela frigidez do inverno e as flores estão desabrochando. E tudo está ficando mais quente, a neve está derretendo. Então os antigos celtas tinham o costume de pintar ovos e esconder nos jardins, para que as fadas ficassem felizes e fizessem com que as plantas crescessem rápido, está entendo? Então daí a gente tira também os ovos de páscoa, está entendendo? Lá nos Estados Unidos tem essa procura dos ovos mesmo, né? Então, Ostara marca definitivamente o fim do inverno e outra coisa, o deus já está crescido, já está procurando a deusa. Para se amarem, de novo. Então a deusa estará na sua fase donzela, na sua fase virgem, e ele está na sua fase, face na realidade, o deus está na sua face moço, garanhão, está entendendo? Galanteador. (Franklin, 24 anos.)

O Solstício de Verão ou Litha marca o dia mais longo do ano e representa o poder do Sol. Também é a época preferida pelos bruxos para colher ervas, pois acreditam que o poder das ervas é mais forte nesse dia, assim como o poder das magias, sendo então visto como o pico dos poderes mágicos. Os bruxos acreditam que aquilo que for sonhado na noite de Litha se realizará. A respeito desse sabá foi dito o seguinte:

Então, logo depois de Beltane, que é o ápice da primavera, começa a entrar Litha, que é outro sabá que fala do começo do verão. O deus aqui deixou de ser “galanteador” e está numa fase mais “pai”, ele já está numa fase um pouco mais madura. Então Litha também tem essa conotação de ser o sabá da “Rainha” e do “Rei”. Da Deusa e do Deus. Os “senhores do verão”. Os “senhores do calor”, da fertilidade. (Franklin, 24 anos.)

O Equinócio de Outono ou Mabon é o tempo de celebrar o término da colheita dos grãos que teve início em Lughnasadh.É o dia de ação de graças pagão e parte do banquete cerimonial é dedicado a Deusa. Sobre Mabon, de acordo com o membro entrevistado, temos que:

Então logo após Lughnasadh vem Mabon. Que é quando realmente o deus está começando a ficar muito velho. Quando vai começar a ter realmente aquela simbologia, como eu disse, da semente que vai ser plantada, para renascer, para morrer. É o grão que vai ser jogado na terra, para morrer e para renascer. E Mabon vai ser caracterizado como a colheita das frutas. Logo após Mabon a gente fecha o ano com Samhain de novo. O sabá Mabon é um sabá de comemoração, de agradecimento pela terra nos ter dado seus frutos. Então a gente vai celebrar, vamos imaginar assim: dia dezenove de março não é o dia de são José? Aí todos os agricultores não estão rezando por chuva? Pra que venha? Pronto, a gente vai celebrar mais ou menos isso, pra que venha chuva no inverno. Que pra nós o inverno é diferente. É uma época de fartura, de colheita. Lá no norte não, começa o frio, a neve. Então o sabá de Mabon vai pedir exatamente isso, pra que todas as coisas que nós plantarmos tanto fisicamente, como uma semente, uma coisa na nossa vida, seja um novo relacionamento, uma nova etapa da sua vida, um novo estudo, que floresça e que cresça. O Mabon é um sabá bem interessante, é um sabá bem gostoso de se celebrar. (Franklin, 24 anos.)

O Solstício de Inverno ou Yule é uma comemoração céltica de nascimento do Deus, quando a Deusa se transforma em sua Mãe. Aqui podemos reconhecer o Natal como também sendo de origem pagã. Os costumes associados ao dia cristão do Natal também são costumes pagãos, como a própria decoração da

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árvore de Natal. As luzes e os enfeites pendurados na árvore na verdade são símbolos que representam o sol, a lua e as estrelas, como também as almas dos que morreram.

Os presentes deixados na árvore eram na realidade inicialmente oferendas aos deuses. O ato de pendurar visco na porta também é uma tradição natalina e também é de origem pagã. Os druidas chamavam o visco de “Árvore Dourada” e o consideravam extremamente mágico. Mais uma vez o membro que cooperou com suas próprias definições sobre os sabás falou sobre o Yule. Aqui ele disse que:

Logo após Samhain, vem Yule, que é pra mim um sabá fantástico. Porque é um novo nascimento do deus, o deus renasce. E nos dá esperança. E Yule vai ser exatamente isso, o sol saindo, o sol começando a sair da daquela coisa fria, gélida. E ele ta começando a despertar, ta entendendo? Então os antigos celtas, os antigos pagãos viram isso. Viram que logo após o inverno o sol começava a brilhar, mesmo que fraco, mas começava a ser mais intenso. Então Yule dá essa conotação. E Yule foi apropriado ao cristão, como a festa de natal, porque Yule cai geralmente 21/22 de dezembro lá na roda norte. Então os cristãos pegaram isso e apropriaram como um feriado cristão. Então, Natal é o nascimento do Deus e Yule né o nascimento do deus? Do deus sol. Então eles se apropriaram disso e fizeram o Natal, está entendendo? Então Yule dá essa conotação de germinação, de fertilidade, de nascimento, está entendendo? Yule tem toda essa tônica. (Franklin, 24 anos.)

O Esbat é um ritual realizado de acordo com as fases da lua, no qual se celebra a Deusa e no qual se realiza trabalhos mágicos, como encantamentos ou outras magias. Os esbats realizados na lua cheia são para adorar a Deusa em seu aspecto de mãe. Os realizados na lua escura são voltados para as nossas emoções mais fortes, como paixão ou raiva.

O esbat que participei tinha altar, no qual havia um atame – faca de dois gumes, sem no entanto ter fio, usada para marcar o círculo. Tinha também um sino, usado para purificar o ambiente. No início do esbat formou-se um círculo, onde um dos membros batia o sino, para mandar as más energias embora.

Também havia incensos – a queima de incenso representa os elementos do ar e do fogo – um recipiente com água e sal (o sal representa a terra). Depois que o ciclo foi traçado e o ambiente purificado, de fato deu-se inicio ao Esbat. Quatro pessoas se manifestaram e convocaram para o círculo os quatro elementais ou guardiães: terra, ar, fogo e água.

Então todos viraram para o Leste e foi invocado o ar, depois para o sul e invocando o elemento fogo, depois para o oeste, invocando a água e por último para o norte quando foi invocado o elemento terra.

Figura 7: pequeno altar com flores, velas, sino e incenso.

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Figura 8: velas e uma imagem da Deusa.

Figura 9: instrumentos usados nos rituais (velas, imagens dos deuses, atame, sino, entre outros).

A invocação era improvisada, não era lida nem decorada. Cada um dos quatros falava com suas palavras e convidava os guardiões para o círculo. Depois chegou a hora de invocar a divindade, ou seja, no caso do Esbat invocamos a Deusa. Depois que o círculo foi traçado, os elementos e a Deusa invocados, todo mundo sentou em forma de círculo.

Foi feito um patuá, que funciona como uma espécie de “amuleto”. Ele funciona para trazer energias boas para a vida da pessoa, ao analizarmos o caráter místico do patuá podemos traçar aproximações com o texto “O ramo dourado” de Frazer (1977). No qual os “feiticeiros” utilizavam de um ramo da magia simpática, a chamada magia imitativa. A partir da manipulação de elementos simbólicos o crente poderia reger os eventos a sua volta, como bem afirma Frazer a seguir: o mago implicitamente acreditava que os mesmos princípios que aplica à sua arte são os que regulam as operações da natureza inanimada.

Cada um pegou um pedaço de pano, botou dentro desse pano sementes, aroma de morango, pimenta do reino (uma para ganhar mais auto-confiança, duas para o lado mais amoroso e três para o lado mais sexual). Depois foi dado um lacinho no patuá e cada um ficou com o seu. Depois disso o esbat foi direcionado mais para o lado da “meditação”.

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Todos fecharam os olhos e foi contada uma história na qual a pessoa avançava “portas” até chegar ao seu verdadeiro “eu”. Em cada porta a Deusa tirava uma peça de roupa e a pessoa oferecia algo que queria se desprender. Na última porta a pessoa podia conversar com o seu verdadeiro “eu”.

Em seguida foi feito o regresso e rapidamente todos estavam de volta na realidade. O círculo então foi dissolvido com o atame direcionado para fora de onde o círculo foi definido e andando no sentido anti-horário. Nesse momento falou-se algo do tipo “O círculo está fechado, mas não rompido”, mas não sem antes agradecer a Deusa e aos quatro elementos pela suas presenças e se despedir deles.

Também deu para notar que o esbat, assim como o sabá, é um acontecimento onde membros da religião estão em harmonia com a natureza, celebrando e honrando a divindade.

Como já foi dito anteriormente, os wiccanos não tentam converter ninguém para sua religião. Portanto, para ser um bruxo o interesse tem que surgir de forma voluntária e natural. Uma vez tendo surgido o interesse de se tornar um wiccano, é essencial que a pessoa estude a filosofia da wicca por um determinado tempo, para conhecer melhor e se sentir mais seguro se este é o caminho que deve realmente seguir. Depois de estudar a pessoa pode ser iniciada através de dois caminhos: ou através da iniciação tradicional, ou seja, por um bruxo experiente, ou através da auto-iniciação.

No caso da Iniciação ser realizada por outra pessoa, em um coven, geralmente um homem inicia uma mulher, e uma mulher um homem, pois assim é representada a junção da força feminina com a força masculina, mas não no sentido vulgar. No entanto, quando não é possível a iniciação ser realizada por outra pessoa, é possível efetuar a iniciação por contra própria, sem ajuda de ninguém.

O ritual de auto-iniciação deve ser realizado em uma noite de lua cheia ou crescente, em um dos oito sabás ou na data do aniversário do indivíduo. A pessoa deve ficar nua e tomar um banho perfumado de ervas, para assim purificar seu corpo e espírito de energias negativas e realizar todo o procedimento de iniciação.

CONCLUSÃO

A partir desses encontros regulares com os praticantes da Wicca pudemos construir novas experiências tendo por base a utilização de conceitos estudados nos encontros com o professor orientador Rogério, como é o caso da magia simpática presente nas construções teóricas de Frazer. Além de lançarmos novos olhares sobre elementos que inicialmente em nossa pesquisa tratamos como eventos não controversos. Pensávamos ser o livro de São Cipriano como uma espécie de “cânone” dos wiccanos.Todavia o uso deste livro mostrou-se controvertido e muitas vezes rejeitado por trazer consigo uma carga pejorativa dos rituais e práticas do neopaganismo. Refletindo sobre o autor encontramos biografias mostrando uma certa parcialidade em seus escritos, uma vez sendo ex-padre o que acabou por impregnar com elementos da imaginação cristã os pretensos textos “pagãos”.

Outro ponto interessante em nossa pesquisa foi o debate sobre questões ritualísticas da Wicca. Temos a não universalidade das datas sagradas. A roda do ano como também é conhecido o conjunto dos sabás e esbat presente no ano wiccano, tem suas datas fixadas a partir de elementos climáticos, como as estações ou as fases lunares. Contando com uma maior flexibilidade no culto tomando por base de religiões de pretensão universal nas quais os rituais e datas sagradas são comemoradas em um mesmo dia no hemisfério norte e no sul.

Esta comunidade não possui um caráter normativo geral, sendo comum a utilização destas festividades de formas localizadas, o que torna possível a realização de uma festividade típica do verão em outra estação tendo em vista as diferenças regionais, e individuais dos praticantes como bem demonstra o nosso colaborador:

A gente trabalha ou no macro ou no micro, qual é o melhor? Os dois. Qual o mais interessante? Os dois. Por quê? Porque se você está no hemisfério sul celebra a roda sul como a gente chama, ou seja, celebrar inverno quando é inverno aqui, vamos nos conectar com todos os pagãos e com a natureza no sentido amplo, no sentido macro. Isso é certo? É, mas se uma pessoa que está no hemisfério sul celebra como o hemisfério norte, o que vai acontecer: ela vai virar um micro, um microcosmo. Ela vai estar se “isolando” deste universo macro dos outros. É errado? Não. É uma questão de afinidade. (Franklin, 24 anos.)

A concepção do divino no neopaganismo e focadamente na Wicca é politeísta. Na Wicca há a crença em vários deuses interagindo e integrando o mundo. Além deste caráter mais geral debatemos sobre a integração entre as diferentes deidades, uma vez que no universo tão plural como o neopaganismo encontramos diferentes panteões dentro de um mesmo coven.

Como é o caso do coven a qual tivemos acesso. Nele a sacerdotisa seguiu o panteão indiano. Mas existem participantes inclinados ao babilônico, egípcio ou outros. Enfim, há uma congregação de varias divindades diferentes. A este “sincretismo” conceitua-se como o panteísmo: as diferentes deidades coexistem em um plano divino sem que a existência ou a crença em uma implique na exclusão ou não existência das outras, como vemos no relato abaixo:

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Minha crença em Zeus não excluirá a crença em Shiva, todos deuses advém de um único Deus, assim como todas as deusas advém de uma única deusa. É com se uma deusa fosse como o tronco de uma árvore e as demais fossem como seus ganhos. Isso quer dizer que Atenas é igual à Isis? Não, elas descendem de um mesmo conceito original de sagrado feminino, como todos os deuses advêm de um mesmo conceito de sagrado masculino. Sendo diferentes entre si e com personalidades distintas. (Franklin, 24 anos.)

As religiões neopagãs detêm em sua formação um cenário tipicamente bucólico de comunhão com a natureza, sendo as estações do ano e suas transformações naturais o centro de todos os grandes sabás. Como uma religião agrária se comporta em um ambiente urbano e citadino do século XXI? Esta aparente contradição foi um dos focos de nossa pesquisa.

Tentamos entender a partir da participação efetiva nos ritos wiccanos como tal crença se amoldou a um predominante centro urbano, principalmente a cidade de Campina Grande. Percebemos a preocupação com os elementos naturais não sendo um movimento de retorno a uma sociedade totalmente agrária, mas passando por uma conscientização no que tange a utilização sustentável dos recursos naturais pelo modelo social vigente com bem explica nosso colaborador:

Nós acreditamos que transformar o modo de pensar e agir é mais eficaz no que morar na selva, pois os wiccanos se preocupam em maior ou menor grau com o meio ambiente. Por quê? A crença na mãe Gaia, na mãe Terra é de suma importância, uma vez que na wicca não temos templos, não temos instituições que a gente pode ir lá e se reunir. A Terra é nosso grande templo, o meio ambiente o local onde nos encontramos e congregamos traçando o circulo mágico é nosso maior templo, por isso os neopagãos vão ser este divisor de águas na questão ambiental. (Franklin, 24 anos.)

Logo, a integração entre uma religião agrária existindo no seio de uma sociedade predominantemente urbana pode ser explicada por um conjunto de elementos. Temos, por exemplo, a flexibilidade dos rituais wiccanos permitindo um maior número de formas de congregação entre os crentes e suas divindades, a consciência ambiental que possibilita uma aproximação do natural mesmo em um cenário de forte apego “sintético”, existindo uma busca pelo equilíbrio entre os elementos sociais modernos com a espiritualidade dos wiccanos.

Diferente das grandes religiões institucionalizadas, fundamentando-se em vários dogmas imperativos, a wicca ganha novamente um contorno individual, ou melhor dizendo, subjetivo no qual a moral/ética do crente torna-se a pedra angular de sua ações e pensamentos. Isto porque o wiccano possui apenas preceitos “tudo que fizeres voltará para ti três vezes” e “não faça mal a ninguém nem mesmo a você”.

A partir destes preceitos éticos desenvolvem-se as relações dentro da religiosidade Wicca, como das interações com os não-praticantes, sendo um modelo “normativo” subjetivo de cada praticante. Mesmo assumindo uma pretensão de coercitiva ao passo que regula as atitudes servindo com um sistema de pesos e contrapesos na moral abstrata de diferentes indivíduos.

Como vemos segundo o próprio praticante:

Todos os wiccanos que são éticos antes de fazer qualquer coisa pesam na balança, isso vai prejudicar alguém? Vai prejudicar outro ser? Isso vai prejudicar a mim mesmo? Tudo que possa manipular, coagir ou interferir no livre arbítrio das pessoas não é bem visto pela Wicca.pelos pagão em geral, pois estaria quebrando aquele simples dogma. (Franklin, 24 anos.)

Os resultados apresentados mostram que nossa pesquisa, baseada em pesquisas, leituras e em encontros com membros da Wicca da cidade de Campina Grande, possibilitou um maior entendimento do universo neopagão no século XXI. Pudemos ver como uma religião tipicamente agrária se desenvolve em uma cidade e como seus adeptos concebem seus próprios princípios e atividades. Campina Grande se constituiu como um cenário privilegiado para a pesquisa, por ser uma cidade de referencial nacional para encontros espiritualistas, filosóficos e culturais.

No contexto atual há uma grande preocupação, principalmente entre os cristãos, relacionada ao crescimento das práticas neopagãs pelo mundo. Procuramos ao decorrer do projeto observar como os integrantes da Wicca se comportam diante do cenário religioso oficial da cidade. Onde a maioria é cristã, como em boa parte do mundo ocidental.

Apesar da cidade de Campina Grande ser espaço para abordagem de temas culturais e de interesse da sociedade e de exercer a tolerância e diálogo inter-religioso, membros da Wicca ainda são vistos de maneira negativa por boa parte da população.

A pesquisa proporcionou experiências e vivências únicas. Graças ao projeto pude presenciar ritos e práticas dos wiccanos da região. Aqui há tanto praticantes isolados, como também grupos, os chamados covens. Inclusive, graças a pesquisa tive a oportunidade de acompanhar a formação de um coven. Esse

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grupo foi de importância significativa para o desenvolvimento do estudo. Ajudou em responder questões e levou a reflexões sobre concepções errôneas sobre o tema.

A pesquisa respondeu algumas questões, mas sem dúvidas a Wicca é um campo muito abrangente e interessante para estudos. Sendo importante salientar o entendimento do não esgotamento do campo de pesquisa por essa incursão, posto os dados coletados e as interações vividas.

Este grupo religioso mostrou-se complexo e rico em suas particularidades de convivência com as divindades, a natureza e a sociedade a sua volta. Seria interessante existir mais estudos acadêmicos como esse, sobre a Wicca e o universo pagão. Estudos profundos que procurassem revelar como a bruxaria sobrevive e atua na sociedade contemporânea.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pelo financiamento do projeto e pela concessão da bolsa PIBIC; Aos praticantes da Wicca e entrevistados que colaboraram com pesquisa. A toda equipe que contribuiu com o desenvolvimento deste projeto.

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