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Quando Deus me pediu as sapatilhas Gisela Matos Quando Deus me pediu as sapatilhas 1 1 Gisela Matos Quando Deus me pediu as sapatilhas Quando Deus me pediu as sapatilhas Gisela Matos 1a edição, novembro/2008 Editora Profetas da Dança Rua Antônio Pinto Lana, 231 Loja 1 Europa 32043-045 Contagem/MG Tel.: (31) 3390-1449 Nextel: 55*8*62123

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Quando Deus me pediu as sapatilhas

Gisela Matos

Quando Deus me

pediu as sapatilhas

1 1

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Gisela Matos

1a edição, novembro/2008

Editora Profetas da Dança

Rua Antônio Pinto Lana, 231 Loja 1 Europa

32043-045 Contagem/MG

Tel.: (31) 3390-1449 Nextel: 55*8*62123

http://www.dancapelasnacoes.com.br

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http://www.profetasdadanca.com.br

E-mail: [email protected]

ou: [email protected]

Capa: Júlio Carvalho

Gisela Matos

Email: [email protected]

As citações bíblicas foram extraídas da

versão Revista e Atualizada, de João Ferreira de Almeida,

salvo indicação em contrário.

Todos os direitos reservados.

É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio,

sem autorização por escrito da autora.

FICHA CATALOGRÁFICA

CIP-Brasil. Catalogação na fonte.

M433 Matos, Gisela

Quando Deus me pediu as sapatilhas /

Gisela Matos. 1ed.

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Belo Horizonte: Editora Profetas da Dança, 2008. 136p.

ISBN: 978-85-906310-1-9

1. Dança e vida cristã. 2. Arte no reino de Deus.

I. Título.

CDD: 212.1

CDU: 231.11

Bibliotecária responsável:

Maria Aparecida Costa Duarte 2 CRB/6-1047 2

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Dedicatória

Dedico este livro a todos os ministérios de

dança que hoje, como guerreiros, têm atuado dentro

de suas congregações, muitas vezes sem apoio,

sem incentivo, mas mesmo assim têm continuado.

Aqueles que realmente têm levado seu chamado a

sério, têm colhido frutos.

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Dedico, em especial, a você, líder de equipe que,

assim como eu, há muitos anos, trava uma batalha para

caminhar com a arte no reino de Deus, a você pastor

que tem acreditado nesse chamado e luta contra o

preconceito de muitos em relação a dança.

Dedico também às pessoas que venceram a

barreira da idade, que já estão maduras, mas têm

o prazer de dançar na presença de Jesus, mulheres e

homens vencedores, que não têm dado importância a

comentários sem fundamento, como se a idade fosse

barreira para Deus agir em nossa vida.

Dedico a todos os que freqüentam nossos con-

gressos, que mandam e-mails, que nos telefonam,

que têm acreditado em nós, aos que são o cumpri-

mento de uma das palavras de Deus em nossas vidas.

Obrigada por cada abraço, cada gesto de carinho,

muitas vezes tão rápido, mas com certeza nunca 3 despercebido. 3

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

E dedico ainda à nossa cobertura espiritual,

pastor Thomas e pastor Judsson, obrigada por serem

amigos, pastores e companheiros de muitas lutas

e vitórias.

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Não há outro como Tu,

não há outro que eu prefira além de Ti, e as

batidas do meu coração clamam o teu nome,

Jesus.

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Sumário

7 Etapas

9 Agradecimentos

11 O silêncio das palavras

15 Quando Deus me pediu as sapatilhas

19 O pedido

27 Entendendo o meu chamado

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33 Entendendo o que é o deserto

39 Deserto em 1998

51 Vale da Bênção

61 Testemunho da Escola Profetas

da Dança, em 2004

71 Um caráter forte

83 Perseverança

87 Aquilo que somos se reflete no que fazemos

103 Bailarinos que entregaram as sapatilhas

121 Superando limites

135 Palavras finais

5 5

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Etapas

Um livro, como qualquer outro projeto, tem

etapas a seguir: escrever, corrigir, diagramar,

imprimir... enfim, todos os passos são importantes

e muitas vezes não damos valor a esses profissionais.

Vou começar falando da capa: fiquei impres-

sionada quando vi a capa do livro; por isso quero

honrar a vida do Júlio, esse irmão extremamente

talentoso, que conseguiu expressar exatamente o

sentimento e o propósito desta obra.

Quando vi a capa, me lembrei do ano de 2002,

quanto fiz um propósito com Deus: orava todos os dias

às 5:30h da manhã com minhas sapatilhas de ponta,

entregando-as ao Senhor Jesus.

Quantas experiências vivi com Deus através

da dança, quantas lágrimas derramei na presença

do Senhor dançando, quantas batalhas travei com

movimentos e quantas palavras eu desenhava e

expressava e ainda expresso, palavras vindas do

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coração de Deus; dancei em momentos únicos e

inesquecíveis de minha vida. E sei que vou dançar

por muitos anos e viver muitos momentos pro-

fundos em Deus.

7 Obrigada, Júlio, por sua sensibilidade. Que 7

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Deus possa a cada dia mais enchê-lo de criatividade

e talento.

Obrigada, Sharles, por se preocupar com cada

detalhe da produção.

Que o Senhor recompense a cada um que se

envolve conosco neste projeto.

Gisela Matos

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Quando Deus me pediu as sapatilhas

Agradecimentos

Agradeço a Deus por ouvir minha oração, no ano

de 1996, quando pedi para que Ele resgatasse meu dom

de escrever. Aqui está mais um fruto daquela oração!

Agradeço ao meu marido, pastor Oziel, pelo

carinho, por acreditar em meu chamado e por ser

alguém que sempre me incentivou a continuar.

Amo você!

Aos meus filhos amados, Jeiel e Israel, que

sempre entenderam e participaram desta caminhada.

Lindos!!!

À equipe Dança Pelas Nações, amigos mais

chegados que irmãos, obrigada mesmo pelo carinho,

confiança e amizade de cada um de vocês.

Enfim, a Jesus seja toda honra, glória e louvor!

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Gisela Matos

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

1

O silêncio das palavras

Depois destes anos sem publicar outro livro, eu

tinha a idéia, o título, a direção, mas não sentia ser a

hora certa para publicar alguma coisa.

Depois do primeiro livro lançado, eu já tinha

mudado de cidade e com isso toda a equipe que

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formei ficou no Espírito Santo, enquanto eu estava

em Minas Gerais.

Você não tem idéia de como isso foi difícil para

mim. Eu morava em uma cidade pequena, já estava

estabelecida na igreja; meu marido, que hoje é pastor,

na época era presbítero e juntos pastoreávamos a

equipe de dança.

O ministério havia crescido muito; começamos

com uma equipe que ministrava só na igreja e de

repente Deus nos levantou na nação brasileira e em

outras nações.

Nos primeiros quatro anos em Minas Gerais,

tive experiências boas e ruins e confesso que aprendi

muito nesse período, por isso acho que este é o

momento oportuno para compartilhar algumas expe-

riências vividas. 11 11

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Nesse ano de mudança tão radical pois ima-

gine só: na minha cidade, Colatina/ES, nós tínhamos

casa própria, muitos amigos e deixamos tudo. Mais à

frente, em outro capítulo, falarei mais detalhadamente

sobre isso. Mas por estas palavras você pode perceber

que ser chamado por Deus não é tão simples como

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muitos pensam; confesso que eu mesma pensava

assim. Parece tudo tão bonito, tão simples, mas saiba,

amado: aquilo que vemos é só uma pequena parte; é

o resultado de muitas lágrimas, lutas, demonstrações

de coragem, trabalho duro e muita, mas muita fé!!!

Querido leitor, espero que você seja abençoado

por este livro. Mais do que ser uma ferramenta, ele

mostra a realidade de muitas experiências que nós,

ministros de Deus, precisamos aprender e muitas

vezes aprendemos com erros e dificuldades; então,

espero que você possa aprender algo com essas

experiências, com os meus erros (não é fácil expor

nossos erros...).

Para mim, que escrevo, as palavras são liberta-

doras; são como um machado quebrando correntes.

Quando escrevo, procuro expressar quem sou e

aquilo que sinto; e o mais importante: aquilo que Deus

ministra e revela ao meu coração. Com muito temor

digo isso, pois em minha adolescência, quando não

conhecia Jesus, eu já escrevia muito. Lembro do que

me disse uma professora, na sétima série, quando leu

uma poesia que fiz: "Você será uma grande escritora!

Invista nessa carreira". Na época, não dei impor-

tância, pois a única coisa que batia em meu coração

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era a vontade de ser uma atleta de handebol, o que, 12 12

aliás, fui durante anos... O tempo passou, conheci

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Jesus, e uma das minhas primeiras orações foi para

que Deus restaurasse meu dom de escrever. Pelo

retorno que tive com meu primeiro livro publicado,

creio que Deus me ouviu!

Quero aqui agradecer e dizer que a cada e-mail,

cada telefonema, cada testemunho dado pessoal-

mente sobre ele, eu sentia uma palavra de Deus para

continuar. Pessoas de tão longe, que não conheço, mas

que foram tocadas pelas palavras que Deus ministrou

ao meu coração... Pessoas de outras nações, onde

ainda não pisei, mas que através do livro foram

ministradas.

Tenho consciência de que sou apenas um canal,

mas que toda fonte vem do Senhor Jesus!

Amo fazer isto, escrever, e espero que você já

esteja sendo tocado pelo poder Deus!!!

Então, vamos descobrir porque Deus nos pede

coisas tão simples, que para nós parecem tão valiosas...

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

2

Quando Deus me

pediu as sapatilhas

É muito duro pensar que as coisas que geral-

mente são tão importantes para nós devem ser

entregues a Deus.

Quando Deus começou a me falar sobre a dança,

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em 1996, eu não imaginava ser tão longo o caminho

entre ser apenas um bailarino e ser um profeta.

Percebi que havia uma grande diferença entre dançar

apenas e profetizar através da dança... Por um tempo,

pensei que meu talento, meu dom, poderia fazer

com que me achegasse mais às pessoas, ganhasse

almas, mas percebi que para ter acesso ao coração

das pessoas, eu precisava me achegar mais e mais ao

coração de Deus.

A experiência que tive com Deus foi muito

forte e particular; a capa deste livro pode traduzir

exatamente o aconteceu comigo.

Tive que abrir mão por algum tempo daquilo

que eu mais amava fazer, para poder entender o que

Deus queria fazer em mim e através de mim.

Percebi, então, que no momento em que Deus

começa a nos limpar, não o faz de forma superficial, 15 não varre o meio do caminho, tirando apenas a 15

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Quando Deus me pediu as sapatilhas

poeira aparente; não, Ele levanta o tapete e tira tudo

do lugar.

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Quando limpamos apenas aquilo que estamos

vendo em nossa casa, a visita que chega, olha e pensa

que está tudo limpo, mas nós que habitamos nessa casa

sabemos que há muita sujeira escondida.

Assim é o Espírito Santo em nós: Ele sabe que

precisamos ser limpos, mesmo que a nossa aparência

diga o contrário.

O meu dom, por alguns momentos, foi como

um tapete, que escondia muitas áreas nas quais eu

ainda precisava ser tratada. Quem poderia imaginar

que a Gisela, a líder da dança, precisava ser tratada,

moída?

Entendi que naquele momento em que me

pediu as sapatilhas Deus estava me dizendo: "Filha, é

hora de limpar mais ainda o seu coração".

Muitas pessoas questionam a dança na igreja,

mas eu sou um exemplo do poder das artes nas mãos

de Deus. A minha conversão se deu através da

música.

Quantas e quantas pessoas me entregaram

folhetos, mas no dia em que fui a um culto, sentei-me

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no último banco e ouvi uma canção que dizia: "...você

tem valor, o Espírito Santo se move em você". Minha

vida nunca mais foi a mesma. Depois, através da

dança, pude expressar o meu amor a Jesus e viver

experiências maravilhosas em Deus. 16 A dança me ensinou algumas lições impor- 16

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

tantes; então, comecei a dançar para Deus e pude

viver mais experiências maravilhosas, e ainda as

tenho vivido.

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Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Quando Deus me pediu as sapatilhas

3

O pedido

Eu já estava ministrando desde 1996, mas só

em 1998, decidi que precisava aprender mais; fui,

então, à única academia de balé que havia em minha

cidade. Ao conversar com a secretária para me matri-

cular, ela comentou: "Você deve ser da turma dos avan-

çados...". "Não!", respondi. Ela me olhou e disse:

"Então dos intermediários?". Eu disse: "Não, nunca

fiz aula; tenho que começar do básico do básico". Ela

me olhou de cima a baixo e explicou: "Mas não temos

turmas só de adultos; você vai ter que fazer aulas com

meninas bem novinhas. Algum problema?". Res-

pondi que não, mas confesso que quando vi aquelas

meninas novinhas, flexíveis e com aquela roupa rosa,

meu coração bateu mais forte; mas prossegui .

Na primeira aula, a professora já me olhou de

lado, me mandou ir para barra e seguir as meninas.

Ela disse que provavelmente eu teria muita difi-

culdade e teria que me esforçar bastante.

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O tempo foi passando e cada dia Deus ia me

dando graça. Com seis meses de aula, eu já havia me

desenvolvido bem mais do que o normal; com um ano,

já estava mais adiantada que as meninas. Lembro-me

de que certo dia a professora me disse: "Estou im- 19 pressionada com o seu desempenho; vou colocá-la 19

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

separada, em outra barra, para poder lhe dar exer-

cícios mais puxados".

Eu me esforçava ao máximo; chegava em casa,

anotava o que tinha aprendido, treinava e, sempre que

podia, saía da escola em que eu dava aula de educa-

ção física e ia para a academia mais cedo, observava

as outras aulas, assistia à aula do avançado e ficava

sonhando em dançar um dia daquela forma para

o Senhor. Mas via também a soberba de algumas

pessoas. Nessa turma, estava a melhor bailarina da

escola; ela era muito altiva, fazia questão de se

mostrar melhor o tempo todo, observando nos olhares

das outras meninas a inveja, a cobiça. Nesse dia,

comecei a ver o lado obscuro da arte: a competição,

o orgulho, a auto-suficiência.

Bem, os anos passaram e com três anos de aula

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eu já dançava nas pontas, fazia também aulas de jazz

e nesse tempo meu corpo havia mudado completa-

mente, minha flexibilidade, minha postura, minha

força... em alguns momentos, até auxiliava a profes-

sora... realmente, Deus trabalhou na minha vida.

Então recebi o convite de uma escola para dar aulas

para crianças de quatro a seis anos de idade. Procurei

saber a opinião da minha professora e ela disse: "Você

consegue, sim; já é professora de educação física, tem

uma excelente consciência corporal mas procure um

curso para se aprimorar"... E justamente nessa época

apareceu um curso em Belo Horizonte! Deus é fiel!

Fui então para Belo Horizonte (nessa época,

ainda morava no Espírito Santo) e fiz um curso de 20 Metodologia de Balé para Crianças. Depois desse 20

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

curso, comecei então a dar aulas. Foi um sucesso!

No primeiro mês, já havia mais de trinta alunas.

Lembro-me de um dia em que estava dando

aula: uma senhora me procurou ao final da aula e se

apresentou; simplesmente, ela era a diretora de

uma escola enorme e me convidou para dar aulas lá

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também. Esse foi mais um sucesso: quarenta e cinco

alunos.

Quando a proprietária da Academia na qual eu

fazia aulas soube que as coisas estavam dando certo

para mim, começou a me perseguir; foi até as dire-

toras, disse que eu era uma péssima aluna, que não

sabia nada, que ia machucar as crianças... foi terrível.

Minha professora na época ficou muito triste com isso,

pois ela sabia da minha dedicação, do meu esforço

e da minha responsabilidade.

A dona da academia, certo dia, entrou na minha

aula e me humilhou na frente das outras alunas. Foi

muito triste. Fiquei calada, pois sabia do meu poten-

cial; eu já era professora e via nela uma inveja muito

grande.Eu não concorria com ela, pois só dava aulas

para os alunos da escola; as aulas não eram abertas a

outras pessoas.

No ano seguinte, quando fui fazer minha ma-

trícula, pois apesar de tudo era a única academia que

havia na cidade, ela me disse: "Não quero você na

minha academia; você não dança nos festivais, só faz

aula; eu não gosto de você".

Fiquei estática diante disso, me senti mal de- 21 mais, agradeci e desliguei o telefone. Nesse momento, 21

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

parei e chorei na presença do Senhor; não entendia o

que estava havendo, pois a dança é o meu dom, fazia

para Deus, nunca me promovi, ensinava tudo para as

meninas do ministério... fiquei muito confusa.

Eu me sentei à beira da cama, me ajoelhei e orei:

"Deus, o Senhor sabe como eu amo dançar, que danço

para Te agradar, que amo ensinar e compartilhar com

a minha equipe; o que está havendo? Por que essa porta

se fechou?".

De repente toca meu telefone, eu atendo e era

uma irmã do Mato Grosso. Ela disse: "Gisela, tenho

uma palavra de Deus para você: `Lugar de profeta é

na montanha' e Deus manda lhe dizer que a sua dança

não terá compromisso com a dança deste mundo".

Comecei a chorar e tive que desligar o telefone, quan-

do Deus mais uma vez falou ao meu coração: "Filha,

você não percebeu, mas a dança está tomando um

lugar no seu coração; Eu vejo muito além das suas

intenções; não fique triste; Eu serei seu professor. E

mais: enviarei profissionais até você".

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Chorei muito quando Deus me disse isso, pois

achava que estava fazendo o melhor, mas percebi que

Deus queria muito, mas muito mais de mim; percebi

o cuidado Dele.

No dia seguinte, subi ao terraço de minha casa

e disse: "E aí, Deus, estou aqui; vamos começar a

nossa aula?". E Deus começou a ministrar coisas

maravilhosas em meu coração; via ministrações,

coreografias, atos proféticos... e foi assim por dois

anos, justamente nos dois anos em que Deus rompeu 22 o ministério, em que viajamos o Brasil todo, que 22

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

pisamos pela primeira vez nas nações.

No ano de 2002, quando eu estava na Escola

do Clamor, uma americana me abraçou, pois me viu

chorando, e eu disse a ela o que havia acontecido. Ela

olhou nos meus olhos e disse: "Quem é essa mulher

para interromper os planos de Deus em sua vida?".

Aquilo foi muito forte, e foi naquele momento que

decidi fazer algo: durante uma semana, acordava

às 5:30 da manhã e orava durante uma hora, sozinha;

e do primeiro ao último dia, levei minhas sapatilhas

de ponta. No primeiro dia, orei e disse: "Deus,

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entrego-Te as minhas sapatilhas! Entrego-Te o meu

dom! Que o Senhor faça como quiser!".

Isso aconteceu em julho de 2002, o ano em que

recebi a visão do ministério; vi uma bailarina de

costas com uma bandeira na cabeça e Deus me disse:

"É assim que vocês vão dançar, profetizando a

mudança da mente das nações!".

Foi um ano-chave, em que as palavras de Deus

começaram a se tornar reais e Deus começou a

restituir muitas coisas, que nos tinham sido saqueadas

em 1998, quando passamos por um grande deserto.

Nesse ano também, eu estava ministrando na

Igreja Batista de Contagem, igreja na qual congrego

atualmente, quando observei que uma irmã, aparen-

tando ter uns quarenta anos, fazia os movimentos

perfeitos, desenhados... no final da oficina, perguntei

a ela se dançava e para minha surpresa, era uma baila-

rina profissional. Ela me disse: "Deus usou você para

me fazer dançar novamente; gostaria que você fosse à 23 minha casa". 23

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Fui à sua casa e ela me contou seu testemunho.

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Era muito rica, abrira mão de tudo depois de ser

curada de um câncer nos ossos e hoje vivia para a obra

do Senhor. Ficou comigo um dia inteiro, me deu

aulas, me deu livros preciosos de balé, e assim es-

tava cumprindo-se a palavra de que Deus traria

profissionais a mim.

Em 2004, voltei a fazer aulas. Meu Deus!

Quantas portas Deus abriu! Nesse mesmo ano, estive

em Nova York, fiz vários cursos na Broadway e con-

fesso que no momento em que entrei na sala de aula

em Nova York, lembrei de tudo o que passei, de cada

palavra que me foi dada, palavras de coragem; mas

também lembrei das pessoas que nunca acreditaram

em meu chamado.

Em uma das aulas, sentia-me como uma criança,

como quem sonha, como quem realiza sonhos...

Entregar as sapatilhas foi para mim um ato de

fé e coragem; fé por confiar em Deus e nas suas

promessas, coragem por renunciar a algo que tanto

amava fazer. Eu poderia ter ido a cidades vizinhas e

até tentei para fazer aulas, mas percebi que o pro-

cesso de Deus é a melhor escolha.

Quando Deus me pediu as sapatilhas, aprendi

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a dançar com Ele.

24 24

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Pelos vales que passamos

Desertos que enfrentamos

Um caráter é gerado em nós

Simplicidade nasce

Perseverança é real

E assim entendemos que o que somos

Reflete no que fazemos

25 25

Gisela Matos

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Quando Deus me pediu as sapatilhas

26 26

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

4

Entendendo o

meu chamado

"Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu

escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele

o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios"

(Is 42.1).

Algumas das muitas perguntas que passam por

nossa mente no momento em que Deus começa a nos

dirigir é: Por que eu? Como vou fazer? Será que tenho

o dom? Quando vai começar? Lutas querem dizer que

estou no caminho errado?

Estas e outras perguntas passam por nossa

mente quando Deus nos dá uma promessa. Geral-

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mente, olhamos para nós mesmos e pensamos que

nunca vamos dar conta daquilo. Comigo não foi

diferente; olhava para mim e pensava: "Deus, acho

que ouvi demais!".

Em quantos momentos me sentia pressionada

como em uma parede entre o que eu via e a Palavra de

Deus sobre a minha vida; em quantos momentos meu

esposo me levantava e dizia: "Olha, Deus já está

movendo"!

A sensação mais complicada para mim foi o fato

de ser diferente das pessoas; enquanto todos estavam 27 preocupados em fazer uma faculdade e conseguir um 27

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

bom emprego, lá estava a Gisela pensando nas nações...

eu me sentia mal por isso; encontrava meus amigos de

escola, advogados, médicos e eles me olhavam como

se eu estivesse perdida em meio aos meus sonhos.

Mal sabiam como eu já havia me encontrado.

Minha família sempre se manteve calada;

enfim, sempre foi omissa; na verdade, nunca tive

uma boa idéia de família; eles só observavam, mas

sentia olhares que desejavam que desse errado.

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Sei que muitos que estão lendo este livro, se

sentem ou já se sentiram assim. Neste capítulo,

compartilho um pouco daquilo que Deus me ensinou

sobre o chamado Dele em minha vida, sobre esse

começo tão difícil, sobre essa resposta tão maravi-

lhosa que tenho vivido com Deus.

Lembre-se de uma coisa: você não é nem será o

único a ser desacreditado; isso faz parte do processo;

as pessoas em sua maioria agem como Tomé: têm

que ver os resultados. Mas isso não pode fazer com

que você desista ou vacile com relação ao propósito

que Deus colocou em sua vida. Olhe para isso como

um incentivo a fazer cada vez melhor para Deus.

No momento em que Deus chamou você, Ele já

tinha um destino para você, um sonho.

Vemos na Palavra de Deus histórias como a de

Davi, Moisés, José do Egito, pessoas tão improváveis...

vemos na história da Igreja: Lutero, John Wesley,

Calvino, pessoas comuns que marcaram e mudaram

a história. Mas o que eles tinham de diferente? 28 Coragem para responder ao chamado de Deus. 28

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Eles não ficaram olhando para si mesmos e

pensando: "Ah, eu não posso, eu não tenho recursos".

Eles se lançaram ao destino que Deus preparou para

eles. Deus não está procurando pessoas prontas; Ele

quer formar seu coração.

Vamos falar aqui de três coisas importantes para

que você entenda esse chamado:

1. Não ache que Deus vai escolher apenas bai-

larinos para estarem no ministério de dança, pois não

vai; Ele procura adoradores na verdade isso mesmo

Ele mesmo quer preparar você. Até mesmo um bai-

larino profissional, com todo seu conhecimento, tem

que ser moldado por Deus; Ele quer mais que passos;

Ele quer o seu coração. Sua dança não é apenas para

emocionar as pessoas, mas para trazer a glória de Deus;

você dança adorando a um Deus que é revelado a você;

essa revelação deve fluir em seus movimentos. Uma

das formas que Deus usa para nos formar é a prova-

ção, ou seja, lutas, dificuldades, e no meio das lutas

somos fortificados: "Pelo que sinto prazer nas fraquezas,

nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas an-

gústias, por amor de Cristo. Porque quando sou fraco, então

é que sou forte" (2 Co 12.10). Onde você pensa que é

fraco, aí mesmo, nesse lugar tão sensível, Deus fará de

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você uma fortaleza.

Outra coisa relacionada às provações é a perse-

verança: "E não somente isso, mas também nos gloriamos

nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz

perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência,

esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor

de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, 29 29

que nos foi outorgado" (Rm 5.3-5).

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

2. Se Deus está mexendo em alguma área de

sua vida, não desista; com certeza, Ele fará de novo

e de uma forma melhor. Mas, veja só: a minha casa

está caindo, está em pedaços... Não se preocupe; Ele

está reformando para lhe dar algo muito, mas muito

melhor.

3. Preciso ser obediente: obedecer envolve

algumas condições básicas que, se forem seguidas, nos

levarão ao êxito: ouvir a Palavra de Deus e responder;

ouvir com o coração submisso; confiar na Palavra de

Deus e agir de acordo com ela.

Mesmo quando não vemos nada, precisamos ter

coragem para caminhar em direção às promessas de

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Deus. Quando eu estava falida, sem dinheiro, sem

nada, e Deus me falou que eu ia ministrar em muitos

lugares, fiquei pensando vários dias; eu não tinha di-

nheiro, capacitação, esperança... não tinha nada, mas

resolvi me dispôr e hoje vejo os frutos daquela difícil,

mas abençoada posição que assumi.

A obediência nos treina também para parti-

cipar do reino inabalável de Jesus; pessoas treinadas

pelo Espírito Santo encherão a Terra do poder de Deus.

Sei que em muitas ocasiões é complicado obedecer a

pessoas que julgamos não serem bons líderes, mas

nunca esqueça que toda autoridade é estabelecida por

Deus (Rm 9.17). E fazendo a nossa parte, Deus, com

certeza, vai nos honrar.

4. Recursos: Outro aspecto complicado desse

chamado é a geração de recursos: quando começamos 30 a nossa equipe, não tínhamos nada, roupas, acessóri- 30

os, sapatilhas; então meu primeiro sentimento foi: "Por

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

que a igreja não nos fornece o material, visto que

estamos servindo a Deus?". Mal sabia eu que mais uma

vez Deus estaria me ensinando. A igreja não investia

em nosso ministério; então meu marido nos disse algo:

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"Vamos trabalhar!". Começamos então com cantinas,

almoços e na nossa pouca arrecadação podíamos ver

a provisão de Deus.

Lembro-me de uma vez quando íamos fazer um

cachorro-quente: fomos ao supermercado comprar os

ingredientes. Oziel, meu marido, estava conosco. Fui

comprar a salsicha e estava pegando a mais barata,

pois assim o lucro seria maior, pensava. Quando Oziel

viu aquilo, chamou a minha atenção e disse: "Não com-

pre dessa; compre da melhor, pois temos que oferecer

o que gostaríamos de receber". Respondi: "Mas aí fica

mais caro", ao que ele respondeu: "Você não gosta de

receber o melhor para o ministério? então aprenda a

dar". Obedeci a meu esposo e realmente o nosso

cachorro-quente vendia muito, tinha até reserva antes

do culto; mas sinceramente nunca pensei que essa se-

mente fosse gerar tantos frutos. Dez anos se passaram,

o ministério cresceu, lançamos a marca PD (Profetas

da Dança) e eu sempre sonhei em ter sapatilhas com a

nossa marca.

Lembro-me que há uns quatro anos, procurei

um pequeno fabricante, que nos desprezou e disse que

não queria me atender. O tempo passou e, certo dia,

em nosso escritório, recebemos um contato da Capézio

propondo-nos uma parceria. Ficamos maravilhados

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com as mãos de Deus. Atualmente, a Capézio faz as

nossas sapatilhas com uma qualidade reconhecida 31 mundialmente e depois que fechamos contrato com 31

ela, o Oziel olhou para mim e disse: "Lembra, anos

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

atrás, quando lhe falei para dar o melhor? Eis aí o

resultado!". Mesmo nas coisas simples, Deus age

poderosamente. Lembre-se disto: você não poderá

tocar nos recursos de Deus, até que decida fazer o

impossível.

5. Faça algumas perguntas a si mesmo: Por que

eu danço? Quero que Deus realmente trabalhe em meu

caráter? Será que entendo que este dom que Deus me

deu é para a glória Dele?

6. Quando entendemos que Deus realmente nos

chamou, então percebemos o quanto na verdade

somos honrados, pois fomos escolhidos dentre

muitos: "Porque o Senhor teu Deus o escolheu de entre

todas as tuas tribos para ministrar em o nome do Senhor, ele

e seus filhos, todos os dias" (Dt 18.5).

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32 32

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

5

Entendendo o

que é o deserto

"Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor,

teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te

humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu

coração, se guardarias ou não os seus mandamentos"

(Dt.8.2).

Essa palavra realmente me causa arrepios.

Sempre que falamos de deserto, pensamos em um

lugar em que não temos recursos, nos sentimos sós

e perguntamos também: "Por que estamos aqui? Será

que Deus não poderia me tratar de outra forma?".

Quando, em 1998, enfrentei um grande de-

serto, pensava exatamente assim. Nova convertida,

apenas três anos de vida com o Senhor, não ima-

ginava que Deus usava coisas tão difíceis para treinar

seus filhos. Pensava que servir a Jesus era apenas estar

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com Ele em paz, sem tribulações. Como desde de

criança sofri muito, achava que minha quota de sofri-

mento já estava esgotada e que de agora em diante

tudo seria muito bom e sem problemas.

Vamos, então, entender o que é deserto:

Deserto não é lugar de punição e reprovação.

Lemos em Lc 3.22: "E o Espírito Santo desceu sobre ele 33 em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz voz do 33

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

céu: Tu és meu filho amado, em ti me comprazo". O mesmo

Espírito Santo que desceu sobre Jesus em forma de

pomba, logo a seguir em Lucas 4.1 o conduziu para o

deserto: "Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão,

e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto".

Deserto não significa rejeição, mas preparo

divino. "Eis que se me adianto, ali não está; se torno para

trás, não o percebo. Se opera à esquerda, não o vejo; escon-

de-se à direita, e não o diviso. Mas ele sabe o meu caminho;

se ele me provasse, sairia eu como o ouro" (Jó 23.8-10). Um

sintoma que geralmente se manifesta no deserto é que

parece que não achamos Deus; é assim que nos senti-

mos. Mas o que precisamos entender é que quando

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nos convertemos, Deus age assim como uma mãe, que

socorre o bebê ao menor gemido; mas enfim chega

o momento em que precisamos crescer e amadurecer

e então Deus precisa deixar que cada um passe por

determinadas situações, assim como a mãe precisa

soltar a mão do bebê para que aprenda a andar sozi-

nho. Para aprender, o bebê vai levar alguns tombos,

mas sem esses tombos ele nunca aprenderia. Mas

lembre-se: Ele nunca nos abandona. "De maneira algu-

ma te deixarei, nunca jamais te abandonarei" (Hb 13.5b).

Deus não o jogou no deserto e disse: "Vá e

se vire"; pelo contrário, sem Ele jamais seremos

aprovados e no deserto vemos a mão de Deus agir

poderosamente.

Para aqueles que obedecem a Deus, o deserto

não é lugar de derrota: Jesus, mesmo fraco e faminto,

derrotou Satanás com a Palavra de Deus; e, mesmo no

deserto, o povo de Israel era perseguido e Deus fala- 34 34

va: "Lutem"! E eles venciam. Venceram os amorreus

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

(Nm 21.21-25), os midianitas (Nm 31.1-11) e o povo de

Basã (Nm 21.33-35).

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Outros aspectos importantes do deserto:

Deus nos expõe eliminando nossas impurezas

"Tira da prata a escória, e sairá vaso para o ourives"

(Pv 25.4). Quantas vezes achamos que Deus não nos

ama quando somos expostos de alguma forma, mas

pare e pense quantas vezes Deus falou com você sobre

essa área de sua vida e você não dava a devida aten-

ção; dói muito se expor. Em algumas áreas da minha

vida, como a financeira por exemplo, tive que ser

mesmo exposta para entender meu egoísmo; também

precisou vir à luz, pois eu não via, achava que estava

certa, até que Deus usou uma pessoa para me con-

frontar e hoje agradeço a Deus por esses momentos

doloridos, mas que geraram frutos de arrependimento.

Testar nossas reações espontâneas

"Sabendo que a provação de vossa fé, uma vez con-

firmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter

ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada

deficientes" (Tg 1.3-4). Domínio próprio. Precisamos

aprender a amortecer choques; não podemos ser

escravos das circunstâncias. Lembro-me da época em

que perdemos nossa empresa, ficamos muito mal, sem

dinheiro, sem reputação e muito endividados; não

havia dinheiro para nada, mal dava para comer. Uma

amada irmã de nossa igreja sempre me dava tickets-

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alimentação e certo dia, eu estava no supermercado

comprando algumas coisas. De repente, a dona de uma 35 loja na qual eu tinha uma dívida falou alto perante 35

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

todos os que estavam na fila do caixa: "E aí, dona

Gisela, quando vai me pagar? Deixe de ser enrolada"!

Ela falava alto e eu morava numa cidade pequena,

todos me conheciam e só Deus sabe a humilhação que

senti. Todos na cidade sabiam que eu estava falida. Eu

andava pelas ruas e me sentia doente, pois as pessoas

me olhavam de uma forma estranha. No momento em

que ela gritou, a minha vontade carnal foi de revidar,

mas sabia que precisava honrar o nome de Jesus;

então abaixei a cabeça, sofri o dano e pedi que Deus

entrasse em minha causa. Foi duro demais, porém saí

daquele lugar aprovada! Entenda algo: não temos que

reagir e sim agir no Espírito; não podemos pisar no

terreno do inimigo, aceitando suas provocações.

Testar nossa obediência em longo prazo

Perseverança produz caráter e caráter, perse-

verança. Deus não é intolerante nem perfeccionista.

O mais importante da vitória é mantê-la. Como é

importante manter a visão que Deus compartilhou

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conosco. Algumas pessoas passam por nossas equipes

digo passam, porque realmente não permanecem

pois não entendem a vontade de Deus para uma equi-

pe. Não é fácil para os líderes manterem a visão, pois

somos questionados, provados, desafiados, às vezes

por pessoas da própria equipe. Eu paguei um preço

caro por isso; fui julgada, chamada de "general", pois

Deus havia me falado sobre disciplina, sobre servir e

não conseguia entender pessoas que só dançavam e

não sabiam servir em outras áreas, ficavam conver-

sando na hora do culto, só sabiam ministrar se esti- 36 vessem na frente. Quando comecei confrontar isso, fui 36

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

apedrejada, quando sonhei com as nações, fui motivo

de chacota; mas hoje posso dizer que valeu a pena

obedecer e vale a pena correr com a visão que Deus

tem nos dado, mesmo que em determinados mo-

mentos possamos nos sentir abandonados em meio

à batalha. Quantas vezes me senti assim; via uma

muralha se erguendo e via poucos para me ajudar a

derrubá-la, mas percebi que poucas pessoas, ou seja,

um pequeno exército comprometido com Deus pode

desbaratar uma multidão enfurecida, pois o Senhor

toma a nossa causa e vai à nossa frente!

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Devemos entender que estar no deserto é

apenas um tempo para sermos treinados por Deus.

Quando vemos os atletas correndo, nadando,

ganhando medalhas, muitas vezes não temos idéia

do que aquela pessoa passou para chegar até ali; o

processo é doloroso muitas vezes, leva muito tempo,

mas quando olhamos aquele belo resultado, vemos que

tudo valeu a pena. Jesus sofreu muito por nós, mas

quando Ele nos vê com o coração quebrantado na Sua

presença, com certeza vê que valeu a pena cada gota

daquele sangue. Para termos um bom resultado,

precisamos aprender a viver cada fase do processo,

por mais doloroso que possa parecer.

37 37

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

6

Deserto em 1998

Nunca tive uma vida fácil. Aliás, essa palavra

nunca me foi familiar. Antes mesmo de nascer, já

sofria por erros que não eram meus, mas graças a Deus,

em 1995, às vésperas do meu casamento, conheci a

Jesus e minha vida mudou completamente.

Eu e Oziel sempre fomos pobres: ele trabalhava

em uma fábrica e eu nessa época trabalhava em uma

empresa de consórcio. Depois de um tempo, o Oziel

foi para a mesma empresa que eu e logo depois foi

aprovado na seleção de uma multinacional. O detalhe

é que nessa época o Oziel ainda era uma pessoa bem

calada e o gerente dessa multinacional o contratou, mas

não acreditava nele e dizia que ele havia passado nos

testes, mas provavelmente não ficaria no emprego.

Mas, ao contrário de suas previsões, Oziel se destacou

na equipe, principalmente porque trabalhava muito,

andava a pé pois não tínhamos carro viajava de

carona para outras cidades. Muitas vezes, no começo,

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passava o dia todo sem comer, mas Deus foi nos

honrando e aos poucos ele foi se destacando.

Eu também fui trabalhar nessa empresa, mas

logo saí, pois queria me dedicar a dar aulas em minha

área, educação física. Com o passar do tempo, Oziel 39 começou a ganhar bem na empresa, mas infelizmente 39

ambos éramos muito imaturos e gastávamos mal

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

o nosso dinheiro, com luxos, pagando almoços e

jantares para os amigos, trocando de carro a toda hora,

enfim, não pensamos em investir em algo mais sólido.

Nessa época, tínhamos uma casa muito simples,

de apenas dois cômodos, um quarto com suíte e uma

cozinha. Com o nascimento do meu filho mais velho,

em março desse ano, a casa ficou bem apertada e

então decidimos aumentá-la. Um engenheiro fez

a planta com a qual estávamos sonhando, mas algo

aconteceu:

Certa pessoa, que, aliás, é minha parenta, me

procurou, dizendo que gostaria de vender a escolinha

dela para mim; disse que a escola estava bem, mas que

gostaria de seguir outros rumos. Conversei com Oziel,

pois sempre pensamos em ter um negócio próprio;

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oramos e entendemos que era de Deus, mas erramos,

pois não procuramos um advogado ou um contador;

simplesmente acreditamos na palavra dela.

No inicio, foi tudo bem: a creche estava com

setenta alunos, os pais estavam gostando do nosso

trabalho; a creche também nos ajudava quando

tínhamos alguma atividade da igreja. Mas com o

tempo percebi que havia alguns problemas, tais como

funcionárias registradas de forma errada, dívidas

com impostos, e de repente me vi em uma arapuca.

Quando resolvi pôr as coisas no lugar, percebi que a

arrecadação não era suficiente. Tentei então conversar

com as funcionárias, mas para minha surpresa elas

mesmas haviam denunciado a creche no ministério

do trabalho. Então, literalmente, começamos a viver

uma guerra. 40 40

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Havia na creche duas funcionárias que não se

conformavam com a mudança de dono, pois na

gestão anterior elas eram como gerentes, ou seja,

faziam o que queriam, e quando assumi muita coisa

mudou.

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Em determinado mês, precisei atrasar o salário

delas. Aí, então, instalou-se o caos. Tentei negociar,

mas não houve jeito, e sei que você vai se surpreender

com o que vai ler agora, mas aconteceu comigo: três

funcionárias se reuniram e começaram a tramar um

golpe, o qual eu mesma nunca esperei. Certo dia,

enquanto eu não estava na escola, elas entraram em

meu escritório e pegaram os contatos dos pais. Então

começaram a pôr seu plano em prática: agiam normal-

mente comigo, mas ocultamente, já estavam prepa-

rando um lugar e avisando alguns pais. Cerca de

quinze dias depois, as três pediram demissão no

mesmo dia. Achei estranho, tentei negociar com elas,

mas não conseguia entender. O pior é que uma delas

se fazia o tempo todo de minha amiga, se mostrava

companheira, mas foi umas das que me traíram.

No dia da demissão, fui falar com ela, mas ela disse

que foi mera coincidência, pois havia arranjado

outro emprego.

No outro dia pela manhã, nada menos que

cinqüenta pais tiraram as crianças da escola, cada um

com uma desculpa; mas analisando hoje percebo que

tudo foi bem combinado. Fiquei em estado de choque,

pois sentia que a escola estava indo por água abaixo.

Quando então consegui falar com uma mãe de

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aluno, ela me revelou tudo: elas haviam ligado para 41 41

os pais, dizendo que a escola ia fechar, que havia

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

meses estavam sem receber os salários e assim, com

a ajuda de um dos pais, que era empresário, conse-

guiram em quinze dias montar outra creche, para que

os pais não ficassem desamparados.

Amado, mais uma vez fiquei em choque; Oziel,

justamente nessa época, estava passando por um

problema sério, pois a empresa em que trabalhava

entrou em uma crise terrível em nosso estado e fechou

as filiais, sem honrar seus compromissos financeiros

com os funcionários. Ele recebeu algo como dez por

cento do que deveria. Ou seja, juntou tudo ao mesmo

tempo, sem falar que o dinheiro que íamos usar para

construir a casa tinha sido entregue nas mãos da

pessoa de quem compramos a creche.

No dia seguinte, havia apenas vinte alunos. Eu

só chorava. E ainda outra professora pediu demissão

e foi trabalhar na outra creche. Isso me doeu muito,

pois essa pessoa é crente e literalmente me aban-

donou quando eu mais precisava. Fiquei irada na

época, pois ela ainda levou com ela mais dez alunos.

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Eu olhava a situação e pensava: "Onde eu errei,

Oziel?". Pois eu é que desejara essa creche e agora olha-

va meu marido abatido e não conseguia me perdoar

por aquilo. E com apenas dez alunos, a situação ficou

insustentável e aí sim tive que encerrar as atividades.

No dia em que entregamos o local, sentia-me

vencida, envergonhada, humilhada. E ainda entreguei

com dívidas, muitas dívidas. As duas funcionárias que

haviam ficado entraram na justiça contra mim, uma

pedindo trinta mil reais, a outra, quinze mil. Tivemos 42 que enfrentar esses julgamentos e como não tinha 42

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

dinheiro para pagar advogados, apelei para advo-

gados gratuitos que existem nas faculdades e me dei

mal, muito mal mesmo.

A primeira funcionária, que me pediu os trinta

mil reais, estava endemoninhada; ela olhava para mim

e dizia: "Quero tudo o que é seu, se vire". Até mesmo

o advogado dela se compadeceu da minha situação,

mas ela não voltava atrás. Ela foi à empresa na qual

eu, graças a Deus, estava trabalhando logo depois que

perdemos tudo e fez um escândalo: gritou comigo, me

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pegou pelo braço, me amaldiçoou, disse que eu jamais

seria dona de nada. Nesse dia, sim, me senti a pior

criatura da terra. Fui correndo para o estúdio do meu

pastor, sentei lá e fiquei horas chorando e tremendo.

Todos do prédio assistiam mudos aquela cena de

humilhação; ninguém me ajudou, ninguém chamou

a polícia; ficaram ali como se estivessem vendo

uma cena de filme.

Dei queixa na polícia, mas não deu em nada.

Logo depois do episódio fui "convidada" a sair da

empresa. Enquanto isso, Oziel, desempregado, procu-

rava emprego, nosso filho tinha alergia a leite comum

e só podia tomar um leite caríssimo, de soja. Como

nós mal tínhamos o que comer, tive que pedir ajuda

em minha igreja.

Talvez você esteja pensando: "Pedir? Mas as

pessoas não viam a sua situação?". O que posso dizer

é que na verdade as pessoas da igreja estavam interes-

sadas em descobrir o que eu tinha feito de errado para

passar por tudo aquilo. Muitas pessoas chegavam

até mim e diziam: "Confesse seu pecado". Mas eu não 43 43

havia pecado!

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Nesse momento Deus levantou uma irmã

abençoada para nos ajudar, a Mazinha, esposa do

pastor, que sempre nos dava uma oferta, tickets ali-

mentação, nos emprestava cheques, a única pessoa que

nos estendeu a mão, exceto o próprio pastor.

Enquanto isso, Oziel estava certo dia em um

supermercado. Pegou uma embalagem de lâmpada,

pois era um ramo em que ainda não havia procurado

emprego, anotou o telefone 0800 e entrou em contato

para falar com o setor de vendas. Conseguiu então o

contato com o gerente e disse: "Preciso trabalhar, será

que você teria uma vaga?". Ele respondeu: "Ligue-me

daqui a um mês". Oziel ligou, conversou com ele e

nesse dia Deus usou aquele homem, que disse assim:

"Eu não conheço você, mas sinto paz em nossa

conversa; gostei de você. Apesar da pouca idade, me

parece maduro. Então preste atenção: daqui a um

mês está para surgir uma vaga em Minas Gerais,

para o interior do estado; então entre em contato

comigo de novo".

Essa resposta gerou uma esperança no coração

do Oziel, mas não no meu; eu estava ferida demais.

Gente, era cobrador na minha porta dia e noite, no

meu emprego. Certo dia, ao voltar para casa, minha

vizinha disse que um cobrador tinha me procurado

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com um facão na mão.

Depois que saí dessa empresa, fui trabalhar em

uma butique muito refinada; trabalhava na emba-

lagem e ficava ali, vendo aquelas pessoas gastando rios

de dinheiro com roupas e pensava por quanto tempo

eu havia sido assim também. 44 44

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Minha casa estava aos pedaços; como não

havia dinheiro para fazer o terraço, quando chovia

pingava pela casa toda, menos no berço do meu filho.

Meus móveis, os poucos que tinha, estavam se

acabando; eu tinha receio de voltar para casa e

encarar aquela triste realidade.

Ficamos dois meses sem água e energia. Um

vizinho enchia minha caixa dágua e fez uma extensão

de sua energia para minha casa, para que ao menos eu

ligasse a geladeira. Com os processos na justiça,

perdi meu freezer, meu microondas; foi realmente

um grande deserto.

Certo dia, cheguei em casa mal e lá estava meu

marido em cima da laje, orando e dizendo: "Deus, eu

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Te adoro por tudo isto e sei que o Senhor vai nos tirar

desta situação!". Diante daquela cena, comecei a

chorar, pois me sentia abandonada por Deus, rejei-

tada na igreja, no meu trabalho as pessoas me

olhavam como a falida, e eu não sabia para onde ir.

Alguns dias se passaram. Nós tínhamos um

carro, comprado através de um financiamento, mas não

estávamos conseguindo pagar. Então, um oficial de

justiça foi à nossa casa e o levou. Oziel me ligou e deu

a notícia. Fiquei mal demais. Quase não tínhamos

dinheiro para a gasolina, o tanque vivia na reserva,

mas eu amava aquele carro; era a única coisa que nos

havia restado... fiquei muito mal mesmo, mas enfim

tinha que trabalhar e sorrindo.

Nesse dia, no final do expediente, fui direto para

a igreja. Lembro-me que me sentei no primeiro banco, 45 perguntando o que estava fazendo ali. Sentia-me tão 45

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

mal, mas sabia que precisava estar ali. De repente

chegou à igreja um pastor, de outra cidade. Ele olhou

para mim e disse: "Moça, hoje Deus lhe tomou algo

que você amava, não é?". Respondi: "Sim, mas como

você sabe?". Ele me olhou nos olhos e disse: "Deus me

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falou e me deu uma direção para você; entre ali

naquela sala, pegue um papel e uma caneta e escreva

tudo o que você quer de Deus". Olhei para ele e disse:

"Eu vou escrever, mas espero que você não leia e

venha me dar um `revelamento'!".

Então escrevi e dei a ele, que guardou o papel

em sua Bíblia e depois foi pregar. Ao final de sua

palavra, me chamou e disse: "Gisela, Deus me mostra

você como uma desbravadora nas nações, você vai a

muitas terras, vai falar a muitas pessoas. Prepare-se!".

Eu chorei muito; na verdade, confesso que não

queria um chamado; só queria que Deus pagasse

minhas dívidas e devolvesse o que eu tinha antes, mas

Deus tinha algo muito maior na minha vida.

Depois dele, foi um pastor americano à minha

igreja e mais uma vez liberou uma palavra sobre a

minha vida, dizendo que meu pastor deveria tirar os

bancos da igreja, pois eu e minha equipe íamos

dançar sobre a injustiça. Esse dia foi muito forte em

minha vida. Ele ainda disse que meu marido seria um

homem bom e daí por diante vi as coisas começarem a

mudar em nossas vidas.

Depois dessas palavras, Oziel foi chamado por

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aquela empresa de lâmpadas e começou a trabalhar

em Minas Gerais. Como ainda morávamos no Espí- 46 rito Santo, ele às vezes ficava quinze dias fora. Eu me 46

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

sentia tão sozinha, mas com esse emprego já conse-

guimos pagar algumas dívidas e ficamos assim, anos

e anos, pagando dívidas.

Durante esse período viemos para Belo Hori-

zonte, no ano de 2002, e fizemos uma escola de mis-

sões, quando Deus me falou através de um preletor,

que Ele havia me chamado como uma Profeta da Dan-

ça, não apenas como bailarina, e mais à frente, ainda

nessa escola, Deus me deu a visão da bailarina com a

bandeira no cabelo, e ela estava de costas.

Em dezembro desse ano de 2002, recebemos

uma palavra que Deus nos usaria para levar o fogo

Dele pelo Brasil. Esse irmão era um presbítero em

nossa igreja e nesse dia ele me chamou no final do culto

e me disse que havia visto um vestido verde, com ra-

jadas de fogo, com as bandeiras de todos os estados

do Brasil, e que Deus havia mostrado a ele o significado.

Depois disso, nesse mesmo culto, outro irmão

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disse que tivera uma visão conosco: viu um caixão

imenso dentro da igreja e nele estava sendo velado um

gigante; de repente, o gigante sentava no caixão e di-

zia: "Vocês não vão conseguir me deter". Nesse mo-

mento, ele disse que as portas da igreja se abriam e ele

via a mim e à minha equipe entrando com um vestido

verde, com espadas nas mãos e quando dançávamos,

um buraco imenso se abriu e esse gigante foi sugado.

Antes dele me relatar essa visão, pedi à Sueli que de-

senhasse para mim o vestido que o presbítero havia

visto, inclusive o confeccionamos; então mostrei a esse

outro irmão e ele ficou chocado, pois era exatamente o

que tinha visto! 47 47

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Depois disso, realmente começamos a ministrar

em todo o Brasil, lançamos nosso site e em uma

semana começamos a receber convites de todo Brasil.

Depois recebemos um convite para ir ao Canadá e a

partir daí não paramos mais, ministrando pelo Brasil

e por várias nações, como Grécia, Itália, EUA, etc.

Esse relato mostra claramente o processo que

Deus me fez passar. Por isso, amado, tenho tanto

temor; sei de onde Deus me tirou e onde Ele mesmo

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tem me colocado; sei cada passo, cada lágrima que

derramei, para estar onde estou hoje.

Sei mais do que nunca que Deus escolhe

aqueles que não são; vivo isso todos os meus dias,

pois tudo o que sou devo a Ele. Quando estou em

alguma viagem, quando gravei os dvd's , sempre

me lembrava de tudo o que passei e posso dizer: valeu

a pena!

A profundidade do processo que Deus usa

para nos preparar, vai muito além do que meras

convicções; nunca pensei que teria forças para passar

por tudo isso, mas hoje sei que tudo posso naquele

que me fortalece!

48 48

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Vales que jorram vida

"Tu fazes rebentar fontes nos vales, cujas águas

correm entre os montes" (Sl 104.10).

Da mesma forma que passamos por desertos em

nossa caminhada, também passamos pelos vales.

O vale, a princípio, é um nome que assusta; pen-

samos em um lugar fundo, pensamos no vale da som-

bra da morte, no vale de ossos secos, mas independente-

mente da idéia que cada um de nós tenha, o vale é um

lugar em que vivemos batalhas e vitórias e, conseqüen-

temente, podemos crescer e aprender mais de Deus.

É interessante pensar que onde não vemos abso-

lutamente nada, Deus pode fazer brotar vida: "Eis que

faço cousa nova, que está saindo à luz; porventura não o

percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo"

(Is 43.19) .

A Bíblia nos relata neste texto que Deus fará um

caminho no deserto, rios no ermo, ou seja, em um lugar

desabitado. Esse deserto e esse lugar ermo éramos nós,

você e eu. Antes que Jesus habitasse em nós, éramos chei-

os de nossas próprias idéias e convicções, mas hoje Deus

tem nos enchido e onde você e eu estávamos secos o 49 Senhor fez brotar um rio de vida. 49

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

50 50

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

7

Vale da Bênção

Vamos basear estas meditações em 2 Crônicas

20:1-30. Este é o Vale da Bênção e veremos aqui pontos

interessantes sobre uma grande vitória; veremos

estratégias maravilhosas de um homem que soube

entender a vontade de Deus.

"Então vieram alguns que avisaram a Josafá,

dizendo: Grande multidão vem contra ti dalém do mar e da

Síria; eis que já estão em Hazazom-Tamar, que é En-Gedi"

(2 Cr 20.2).

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Aquilo que vem contra nós, com um aviso e uma

certeza: Não temos chance!

Quantos de nós já fomos desafiados assim,

quantas vezes ouvimos isso das pessoas à nossa volta:

"Cuidado! Isso vai dar errado. Esse ministério não é

para você. Olhe a sua idade!". Eu mesma já ouvi isso

muitas vezes. Quando começamos a orar pelas nações,

fomos chamados de sonhadores. Certa vez, um irmão

orou assim: "Deus, tira essa idéia fictícia de nações do

coração desse ministério".

Bem no início do meu chamado, uma irmã me

perguntou assim: "Você não se acha ridícula dançan-

do? Olhe a sua idade, você já tem filho. Dança é para 51 adolescente!". 51

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Posso dizer que meu ministério foi o vale da

bênção. Quantos desafios passei, e passo ainda,

quantas vezes o inimigo se levantou querendo nos

assustar, nos desanimar. Quando ficamos, com cento

e cinqüenta alunos de nossa Escola Profetas da Dança,

no meio de um tiroteio, em 2004, no Rio de Janeiro,

o inimigo soprava em meu ouvido para que desis-

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tisse: "Olhe ao seu redor, Gisela; olhe que tragédia,

que vergonha".

Mal sabia ele que Deus estava ali, consolando

meu coração. No dia seguinte, os alunos diziam: "Esta

noite mudou minha vida, me encorajou, me ensinou

que o ministério não é brincadeira".

Quando minha mãe foi assassinada, me senti

mal, fiquei triste, desolada; pensava: "Meu Deus como

lidar com isto?".

Quando as pessoas perguntavam por minha

mãe e eu tinha que falar, elas se espantavam; mas,

amado, Deus nos fortalece. Deus me consolou de um

modo sobrenatural, pois ela havia sido batizada

apenas uma semana antes. Mas não é fácil, pois o

inimigo nesses momentos se levanta; é como se ele

olhasse para mim e dissesse: "Olha aí: você perdeu"!

Mas tudo coopera para o nosso bem, tudo mesmo;

mesmo na dor, nas angústias, nas lutas... Deus sabe o

quanto a minha alma se abateu, mas tenho que ser

guiada pelo Espírito Santo, não pelas emoções, e mais

uma vez experimentei Deus consolando e curando o

meu coração, o meu esposo, o ministério todo, os meus

amigos. Deus nos fortalece e nos permite passar por

essas situações. 52 52

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Vamos ver agora alguns passos que podem nos

ajudar a passar pelo vale:

Não procure culpado; clame ao Senhor

"Judá se congregou para pedir socorro ao Senhor;

também de todas as cidades de Judá veio gente para buscar

ao Senhor" (2 Cr 20.4).

Quantas vezes alguma coisa dá errado ou

somos desafiados para fazer algo grande e parece que

nada flui como planejamos e a primeira coisa que

fazemos é procurar quem é o culpado? Essa não é uma

boa atitude; devemos, assim como Josafá, apresentar

a situação diante de Deus, orar, pedir a Deus que

venha em nosso socorro.

Imagine uma equipe de socorro, chegando para

atuar em um acidente de carro e ao invés de ajudarem

as vítimas, pararem e perguntarem: "Antes de qual-

quer coisa, queremos saber de quem foi a culpa"! E lá

estão as vítimas, presas às ferragens, morrendo,

enquanto eles discutem o que houve, de quem é a

culpa, como vão disciplinar os culpados. Nesse meio

tempo as pessoas feridas já terão morrido.

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Quantas vezes agimos assim, ao invés de bus-

carmos a Deus; ficamos discutindo de quem é a culpa

e enquanto isso o inimigo age, pessoas são feridas,

morrem. Busque ao Senhor!

Alinhe-se com o caráter de Deus e clame por justiça

"Se algum mal nos sobrevier, espada por castigo,

peste ou fome, nós nos apresentaremos diante desta casa e

diante de ti, pois o teu nome está nesta casa; e clamaremos a 53 ti na nossa angústia, e tu nos ouvirás e livrarás. Agora, 53

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

pois, eis que os filhos de Amom e de Moabe e os do monte

Seir, cujas terras não permitiste a Israel invadir, quando

vinham da terra do Egito, mas deles se desviaram e não os

destruíram, eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos

fora da tua possessão, que nos deste em herança. Ah! Nosso

Deus, acaso, não executarás tu o teu julgamento contra

eles? Porque em nós não há força para resistirmos a essa

grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós

o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti"

(2 Cr 20.9-12).

Deus tem propósitos para nós, não "boas

idéias". Clamamos a Ele, pois confiamos em Sua

Palavra sobre nossas vidas. Agimos de acordo com o

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caráter de Deus, não de acordo com nossas emoções,

e muitas vezes podemos até sofrer o dano, mas

sabemos que Ele se levantará em nosso favor.

Reconheça a falta de direção e força

"Porque em nós não há força para resistirmos a essa

grande multidão que vem contra nós..." (2 Cr 20.12b).

Quantas vezes nossos ministérios passam por

momentos difíceis, quando parece que nada anda, não

conseguimos prosseguir; isso é complicado, mas

nessa fase o quebrantamento é essencial.

Reconhecer que estamos fracos não é errado.

Como Deus pode agir na vida de alguém que pensa

que é auto-suficiente, que nunca reconhece erros? Não

somos super-heróis, não temos super-poderes, nem

cinto de utilidades. Às vezes, vejo desenhos e filmes

com meus filhos e fico pensando que há ocasiões em

que julgamos poder resolver as coisas com os nossos 54 "poderes": minha oração poderosa, minha estratégia 54

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

infalível. Mas somos apenas vasos nas mãos do oleiro.

A humildade é algo precioso há um capítulo falando

sobre isso. Davi optou pelo simples e venceu Golias,

ou seja, derrubou um gigante, sem uma armadura, pois

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a armadura era muito complicada para ele.

Não abra a mão de esperar a direção do céu

"... porém os nossos olhos estão postos em ti"

(2 Cr 20.12b).

"Não temais, nem vos assusteis por causa desta

grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus"

(2 Cr 20 15b).

Pôr os olhos em Deus é reconhecer que Dele

vem a melhor solução, Dele vem o socorro, por pior

que a situação possa parecer; Ele está no controle e as

circunstâncias não podem desviar o nosso foco.

Deus assume a peleja. Eu entendo, como boa

sangüínea que sou, como é difícil esperar. Quando me

converti, queria um Deus rápido, que resolvesse tudo,

mas bem rapidamente.

Como eu tinha dificuldade para entender que o

tempo de Deus é diferente do nosso e queria muitas

vezes fazer as coisas do meu jeito, e algumas vezes fiz

e o resultado não foi dos melhores; mas aprendi.

"Amanhã, descereis contra eles; eis que sobem pela la-

deira de Ziz; encontra-los-eis no fim do vale" (II Cr. 20.16 a).

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Vejam este versículo: Deus nos estimula a ir até

o fim do vale. É isto mesmo, desistir é fácil, mas Deus

quer passar junto com você, quer ensiná-lo a perseve- 55 rar e crer em Sua mão poderosa. 55

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Não interfira na ação de Deus, Deus porá emboscada

contra o nosso inimigo

"Não temais nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao

encontro, porque o Senhor é convosco" (2 Cr 20.17b).

Não tente ajudar a Deus, não tente dar um jei-

tinho, não queira manipular; Deus tem Seus meios.

Muitas vezes, o processo pode ser longo, mas vale

a pena. O inimigo pensa que está lutando contra

nós e percebe que na realidade luta com o Senhor

dos exércitos!

Louve a Deus no meio da batalha

"Aconselhou-se com o povo, e ordenou cantores para

o Senhor, que, vestidos de ornamentos sagrados, e mar-

chando à frente do exército, louvassem a Deus, dizendo:

Rendei graças ao Senhor, porque a sua misericórdia dura

para sempre" (2 Cr 20.21).

Como já referi acima, em 2004, no Rio de Ja-

neiro, ficamos no meio de um tiroteio. Um momento

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que marcou foi quando meu marido, Pr. Oziel, con-

vocou o povo para adorar ao Senhor, e começaram a

cantar: "Sob a sombra de Tuas asas". Esse gesto foi

maravilhoso! E assim como podemos ler nos versos 21

a 24 que Deus colocou emboscadas no meio do ini-

migo e eles foram vencidos, assim Deus fez conosco

naquele dia: nos deu vitória e hoje estou aqui viva,

testemunhando para você através deste livro.

Teremos, no capítulo a seguir, a história dessa

batalha.

56 56

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Um grande despojo nos aguarda

"Vieram Josafá e o seu povo para saquear os des-

pojos, e acharam entre os cadáveres riquezas em abun-

dância e objetos preciosos; tomaram para si mais do que

podiam levar, e três dias saquearam o despojo, pois era

muito" ( 2 Cr 20.25).

Hoje, olho para tudo o que passou e vejo tudo o

que estamos colhendo. Sofremos muito, mas hoje

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estamos colhendo o fruto de muitas lágrimas, de mui-

to trabalho. No DVD II, trabalhamos como nunca.

Lembro-me que gravamos um dia até as quatro

e meia da manhã e no dia seguinte, às oito da manhã,

já estávamos de pé. Antes da gravação, tivemos

muitas lutas com a montagem da estrutura, a ilu-

minação, o piso. Meu Deus, deveríamos ter começado

a gravar na segunda-feira, às oito da manhã, mas

devido aos problemas com a montagem, só come-

çamos na terça-feira, às oito da noite. A gravação

estava marcada para terça-feira às onze e meia da

manhã. Já estávamos lá, maquiados, prontos, espe-

rando, mas surgiu outro imprevisto e eu sentei nesse

momento; confesso que estava cansada e abatida,

abaixei minha cabeça e fiquei pensando: "Deus, o que

está havendo? Pai, nós investimos pesado neste

DVD, financeiramente, espiritualmente, mas não

consigo ver o resultado de nada". Nesse momento,

o Paulo Ferry, o fotógrafo que estava nos servindo,

disse assim: "Gisela, quando Deus me tirou do

mundo, me disse que eu me envolveria em grandes

projetos e eu estou aqui para encorajá-la: levante-se,

guerreira! Você não tem idéia do que vai ser este DVD 57 na vida das pessoas". 57

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Amado, aquilo foi como um tiro, foi como se

eu ouvisse: "Levanta e sacode a poeira"! Meu marido

estava com o pessoal da iluminação; fui até lá e o

abracei. Ele me disse: "Eu acredito em você, neste

projeto, mas acima de tudo Eu creio em Deus"!

Realmente a gravação foi um marco; os teste-

munhos não param de chegar de pessoas que foram

tocadas; o monólogo da noiva tem renovado a fé das

pessoas e realmente a gravação do monólogo foi um

momento único e marcante para todos.

O testemunho do cuidado de Deus vai se espalhar,

trazendo um tempo de paz

"Assim, o reino de Josafá teve paz, porque Deus lhe

dera repouso por todos os lados" (2 Cr 20.30).

Quando compartilhamos aquilo que Deus tem

feito, podemos encorajar outras pessoas. Algumas

situações que passei em minha vida, situações

complicadas, me faziam pensar assim: "Porque estou

passando por isto?".

Depois, percebi que Deus colocava em meu

caminho pessoas que estavam passando por coisas

parecidas, ou até mesmo iguais, e como eu já havia

passado por aquilo, podia consolá-las e dizer: "Olhe

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para mim; eu consegui e você vai conseguir também".

Creia, tenha fé; Deus sabe como me é difícil

contar meu testemunho, mas sempre quando acabo,

vejo o mover de Deus e às vezes fico horas ouvindo as

pessoas e ouço testemunhos abençoados; recebo

e-mails dizendo: "Você me encorajou! Eu abri meus 58 olhos, conseguir ver além dos meus problemas". Isso 58

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

me faz entender que valeu a pena.

Esta palavra é para todos nós, que fomos

encontrados por Deus, que passamos pelos vales

ou ainda vamos passar, mas com uma certeza:

chegaremos até o final nos braços do nosso Amado!

59 59

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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60 60

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

8

Testemunho da Escola

Profetas da Dança, em 2004

Era uma sexta-feira, penúltimo dia da Escola

Profetas da Dança; tínhamos tido programações o dia

todo e naquele dia em especial Deus nos orientou que

no culto da noite passássemos uma fita que fala sobre

o evangelho no México, da luta que os nossos irmãos

passaram naquele país. É interessante dizer que o

título dessa fita é "Deus é mais forte que as armas".

É uma fita bem forte, que nos mostra a realidade dura

vivida por aqueles irmãos que aceitaram a Jesus e

tinham que enfrentar os caciques daquela região. Em

um desses confrontos, nossos irmãos ficaram três dias

dentro da igreja, sem água, sem comida, sem poder

sair, pois lá fora estavam os caciques com armas,

facas, etc., tentando entrar para matá-los e com

apenas uma telha de aço segurando a porta, não

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conseguiam entrar. No terceiro dia, Deus falou com

eles: "Agora vocês vão sair glorificando". E os irmãos

saíram desarmados, apenas seguindo a direção de

Deus e os caciques, quando os viram, saíram corren-

do, um matando o outro, e os irmãos saíram vito-

riosos, com as armas do Senhor!

Assistimos a fita e foi um quebrantamento muito

grande. Os alunos tinham preparado uma surpresa

para nós e logo após o filme foi lindo: eles lavaram 61 nossos pés, deram testemunhos, fizeram agradeci- 61

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

mentos. Quando já estávamos no final do lava-pés,

começou um barulho como uma chuva de granizo no

teto da igreja, mas na verdade não era uma chuva; eram

tiros, muitos tiros.

Lá fora estava havendo um confronto entre

a polícia e os traficantes de uma favela. O tiroteio

começou por volta das nove e meia da noite e durou

mais ou menos umas três horas. Quando começaram

os tiros, nos jogamos todos no chão éramos mais de

cento e cinqüenta pessoas: alunos internos e externos,

pastores, crianças, uma irmã de nosso ministério

grávida de quatro meses em questão de segundos,

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estávamos no chão, perguntando-nos o que estava

acontecendo.

Depois de uns dez minutos, os tiros pararam.

Pensamos que já estava tudo calmo e fomos comer

os salgadinhos, tortas, enfim, tudo o que eles haviam

preparado, mas infelizmente aqueles tiros eram só

o começo de uma longa noite. Depois de alguns

minutos, enquanto comíamos, os tiros recomeçaram.

Era como um sonho; não consegui entender aquilo.

Durante o tiroteio, fomos para o berçário, pois

ele fica abaixo do nível do chão, e para o gabinete

pastoral. No berçário, Oziel ficou com os alunos

solteiros, enquanto eu e mais um coordenador fomos

para o gabinete pastoral, que era bem grande, com as

mães e as crianças.

As horas se foram passando, alguns alunos

começaram a chorar... nesse momento, Oziel estava

lá em baixo, no berçário, com um grupo maior e eu 62 estava no gabinete com as mulheres e as crianças. 62

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

O meu grupo em particular estava bem agitado:

crianças chorando, eu estava muito nervosa, pois

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afinal aqueles alunos, de várias partes do Brasil, eram

nossa responsabilidade e eu olhava para eles com

medo, muito medo, e dizia: "Deus, por quê? Isso nun-

ca aconteceu antes aqui. Por que justamente hoje, com

todas estas pessoas?". E naquele momento, não

conseguia ouvir respostas; só ouvia choro, via rostos

apavorados, mas de repente o grupo do pastor Oziel

começou a adorar! Eles cantavam aquela canção que

diz: "Sob a sombra de suas asas"!

Estávamos orando, mas numa situação como

aquela você vai ficando sem palavras, então come-

çamos a adorar também e era interessante que

íamos adorando e os tiros aumentando; uma loucura!

Amado, adorar em uma circunstância assim é

bem diferente, pois você se vê numa situação de risco,

a sua vida toda passa pela sua mente como um filme,

você engasga, sua voz some; e eu me lembro que no

meio daquela adoração, os tiros iam ficando mais

fortes e começamos a ficar nervosos. Então, uma

senhora que estava na sala, olhou para nós e disse:

"Ué! Onde estão os profetas agora? Onde está a

adoração? Eu tenho certeza que nada vai nos acon-

tecer Deus está no controle".

Naquele momento abaixei minha cabeça e

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percebi que não confiamos em Deus. É fácil cantar que

confiamos quando está tudo certinho, estamos em

nossas igrejas e de lá vamos em segurança para nossas

casas, mas cantar com um monte de tiros passando

pertinho de nós, nossa vida em risco, realmente é muito 63 63

difícil. Na verdade, naquele dia Deus estava nos ensi-

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

nando a mergulhar fundo na presença Dele. Ado-

ração não é só rolar no chão, gritar; é um estilo de vida,

é incondicional, e naquele momento, penso que os alu-

nos estavam tendo talvez a maior palestra da escola.

Ir para as nações não é brincadeira, é muito

sério, e inclui situações de risco como essa; talvez

não tão intensas, mas temos que estar preparados e

creio que ali foi um grande treinamento.

Eu pensava: "Deus, onde está a paz que excede

a todo o entendimento? Eu quero senti-la! Mas ela

parece tão distante". E nessa hora pude descobrir que

nesses momentos de luta, de risco, ou nós nos deses-

peramos ou então mergulhamos fundo em Deus. E

quando opta pela segunda hipótese, você descobre um

lugar secreto, um lugar de paz, um lugar nos braços

de Deus, onde Ele o protege e lhe faz enxergar além.

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"Caiam mil ao teu lado, e dez mil à tua direita; tu

não serás atingido" (Sl 91.7) foi exatamente a nossa

realidade, mas como a nossa mente humana entende

que seremos atingidos, é uma luta, entre a carne e o

Espírito. Nesse momento você vive a Palavra e tem

que colocá-la em prática, confiando no Deus do

impossível!

Mas isto ainda não foi a pior parte; o pior foi

quando a polícia entrou na igreja. Os policiais

bateram no portão era por volta de meia-noite e

pediram para entrar. Parecia cena de filme, os portões

se abriram e de repente entraram correndo seis poli-

ciais com fuzis nas mãos. O comandante disse que

iam apenas olhar do terraço da igreja, para resgatar 64 três policias feridos, mas na verdade eles começaram 64

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

a atirar. Foi terrível!

Começamos então a orar para que eles fossem

embora, pois o nosso medo era que os traficantes alve-

jassem a igreja. Começamos a orar e adorar com

mais intensidade e um tenente olhava aquilo e ficou

impressionado com aqueles jovens.

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Em certo momento, fui lá e pedi aos policiais

que saíssem, pois estavam pondo nossas vidas em

risco, mas o tenente me disse para ficar calma, que nada

ia acontecer. Eu nunca tinha visto policiais tão

armados. Não eram armas comuns, eram AR-15.

Quando me deparei com seis deles dentro da igreja,

acho que desmaiei, perdi os sentidos por alguns

segundos e logo me levantei, pois a nossa irmã grá-

vida começou a chorar. Então falei: "Deus, não deixe

acontecer nada com esta criança". Aqueles momentos

foram horríveis e novamente eu me entregava ao

Senhor, pedia a Ele que me fortificasse e novamente

sentia que Ele estava no controle.

Enfim, os policiais foram embora; antes de sair

o tenente pediu desculpa pelo transtorno e disse que

não era para levarmos aquela imagem do Rio de

Janeiro.

Lá pelas duas horas da manhã, os tiros pa-

raram e então os pastores da igreja disseram que já

podíamos sair e ir para os alojamentos. Mas quando

nos dirigimos ao portão da igreja e o abrimos, co-

meçou tudo de novo: tiros e mais tiros.

Voltamos então todos para dentro da igreja e 65 decidimos passar a noite ali mesmo. Enfim, tivemos 65

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

que dormir na igreja, estava muito frio e lá não havia

roupas de cama, colchões e nos bancos da igreja não

podíamos deitar, pois essa parte do templo fica bem

na frente da rua e nós estávamos na parte de trás da

igreja.

Então Oziel viu um tapete vermelho (desses

de casamento) e o abriu lá atrás onde o pessoal estava

e os alunos se deitaram. Eu estava no gabinete

pastoral com as crianças e algumas mulheres. Aco-

modamos a Duda, que estava grávida, no sofá e com

tecidos do ministério fizemos as camas das crianças.

Elas dormiam como se nada estivesse acontecendo.

Eu não consegui dormir; fiquei olhando aquelas

pessoas e agradecendo a Deus por Sua fidelidade,

pelo cuidado com todos.

Entendi, então, que nesse dia Deus permitiu

tudo aquilo para que pudéssemos entender que

nações não são brincadeira; ir para uma nação é algo

muito sério. Não podemos ir para uma nação por emo-

ção. Quando estivemos em Toronto, também sentimos

a frieza das pessoas, a falta de conhecimento da Pala-

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vra de Deus, o amor pelas riquezas. Nós não chega-

mos lá assim: "Canadá, seja livre"! Trabalhamos com

a igreja; até mesmo porque não tivemos oportunidade

de ir às ruas, pois lá não se pode pregar nas ruas sem

autorização. Mas trabalhamos com a igreja, com as

pessoas que estavam lá e, interessante, profetizamos

que a igreja ia para as ruas, profetizar, arrebatar almas

e logo depois que estivemos lá os irmãos participaram

de uma marcha para Jesus nas ruas de Toronto, "Jesus

in the City" e profetizaram, tiveram trios elétricos e 66 essa igreja na qual ministramos participou com lou- 66

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

vor e dança, e eles falaram conosco: "Olhe, irmã, nós

nos sentimos envergonhados, porque vocês do Brasil,

sabiam mais do Canadá do que nós que estamos aqui

e quando passamos pelas ruas vimos realmente um

povo sem identidade, carente, mas que não sabe que

precisa de Jesus". Quando ela me disse isso, e por

outros testemunhos, entendi como Deus se preocupa

com a igreja. Naquele tempo em que estivemos lá, Ele

queria trabalhar com a sua noiva. Naquela noite, na

igreja, sentimos frio, cansaço, medo, angústia; sen-

timos na pele o que aquelas pessoas que moram nas

favelas vivem no seu dia-a-dia. Lembro-me que lá

pelas quatro horas da manhã eu estava conversando

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com as alunas do Sul e elas me disseram: "Isto acon-

tece em nosso país e nós muitas vezes só nos preo-

cupamos com nossas vidas".

Às seis da manhã, saímos e saímos vitoriosos,

entendendo que o Senhor é Deus!

Pense bem: pisamos no Rio de Janeiro, a terra

do carnaval, para afrontar a dança de Salomé; pes-

soas de várias nações vêm para ver mulheres nuas

dançando e nós estávamos ali, confrontando esse

espírito com a dança profética, que traz a presença de

Deus. Foi demais! Que intercessão! Que vitória! Nesse

dia, Deus também havia dado para algumas pessoas

visões do livramento que estaríamos vivendo.

Uma irmã, mãe de uma aluna, me ligou às

22:40h daquela noite e perguntou: "Gisela, está acon-

tecendo algo?", ao que respondi: "Está sim; estamos

no meio de um tiroteio". Ela falou: "Amada, não se

preocupe; hoje um homem de Deus entrou no meu 67 67

escritório e disse: `Hoje ainda Deus vai dar um grande

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

livramento à sua filha'". Logo depois, outra irmã,

também mãe de uma aluna, estava na reunião de

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intercessão da igreja em São Paulo e Deus, exatamente

na hora que começaram os tiros, mandou que eles

orassem repreendendo o espírito de morte. E ainda

um pastor de Mato Grosso do Sul, esposo de uma

aluna, estava orando também naquele momento e

viu sete anjos enormes em volta da igreja, e é inte-

ressante que ele via alguns desses anjos massageando

as nossas costas, pois Deus falava com eles que está-

vamos cansados. Quando a esposa dele contou o que

havia acontecido, ele ficou feliz demais com o cui-

dado de Deus.

Enfim, foram alguns meninos e meninas e vol-

taram homens e mulheres de Deus. As nossas leves

e momentâneas tribulações produzem em nós um

eterno peso de glória (2 Co 4.17).

68 68

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Em busca da minha identidade

69 69

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

70 70

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

9

Um caráter forte

Deus não se importa com o que as pessoas

pensam de nós, mas com quem nós somos.

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Caráter: aquilo que você é, quando ninguém o

está vendo.

Reputação: é o que as pessoas pensam de nós.

Uma das coisas mais difíceis de serem tratadas

em nós é o nosso caráter. Quantas pessoas chegam até

nós cheias de talentos, mas totalmente sem caráter. Isto

deve ser encarado como algo primordial dentro de um

ministério.

Sempre gostei de observar as pessoas. Para

aqueles que se candidatavam a estar conosco no

ministério de dança, eu sempre dava tarefas como

arrumar a sala de dança, trabalhar nas cantinas que

fazíamos, etc., e muitos nessas tarefas simples, que

aparentemente nada tinham a ver com a dança,

eram reprovados, pois gostavam de dançar, mas

não de servir.

E umas das características marcantes em minha

equipe é realmente a de servir. Quem nos conhece

de perto, sabe disso. Creio que esta é razão de minha 71 equipe não ser grande, pois poucos estão de fato 71

dispostos a trabalhar na obra; a dança é apenas o

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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resultado de muito trabalho e esforço, aquilo que as

pessoas vêem, mas o ministério vai muito além disso.

Em nossa escola, as mesmas pessoas que dan-

çam, servem de várias maneiras. Lembro-me de que

este ano, em julho, uma aluna me disse que jamais

imaginou que as pessoas que os estavam recebendo,

ajudando carregar as malas, eram os ministros de

dança e louvor.

Ela ainda relatou que quando entrou no audi-

tório e viu a Carla limpando o chão, Deus já começou

a falar com ela sobre servir mesmo quando as pessoas

não vêem o que você esta fazendo ou não dão valor a

esse trabalho.

Vamos, então, falar neste capítulo de carac-

terísticas importantes para um caráter forte.

Coragem

Corajoso é aquele que, mesmo com medo,

prossegue em obediência a Deus: "Porque Deus não

nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, amor e

moderação" (2 Tm 1.7).

Quando pensa em alguém corajoso, talvez você

imagine alguém enfrentando um leão, andando de

montanha russa, desafiando alturas, mas coragem é

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algo que vai muito além dessas coisas. Responder a

um chamado de Deus é um ato de extrema coragem,

pois a partir desse momento a nossa vida passará por

uma série de mudanças. Deus não nos dá um contrato

marcando o dia e a hora que as coisas vão acontecer;

Ele nos dá a Sua palavra, nos dá uma promessa, e pre- 72 cisamos crer e começar a andar nessa direção. 72

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

De nada adianta dizer que tenho um chamado

e não andar em direção a ele, ficar parado, esperando

que outros invistam em mim. Querido, o primeiro a

investir deve ser você, financeiramente, espiritual-

mente, doando seu tempo, seu trabalho. Isso já fará

parte da sua resposta ao chamado.

Quantas pessoas que conheço dizem que têm

um chamado de Deus, mas não andam; dizem que seus

líderes não acreditam nelas, que não têm recursos. Mas,

se eu mesmo não crer em mim e no meu chamado,

como outros vão crer? Se eu mesmo não invisto em

mim... Isto mesmo, eu tenho que dar o primeiro passo,

sair do meu conforto, abrir mão, e aí, sim, Deus

vai mover outros para estarem comigo, para investir

em mim. Mas tudo deve ter um começo, e isso diz

respeito a nós.

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Alguns aspectos de coragem que vou abordar

farão você perceber a profundidade dessa caracte-

rística e como isso vai gerar frutos em nossas vidas.

Coragem para fazer a escolha certa: Deus não

nos obriga a nada, mas temos que escolher o caminho

que vamos seguir. Quando Jesus falou ao jovem rico:

"Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos

pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem, e

segue-me" (Mt 19.21), aquele jovem não voltou, e a

Bíblia nos fala no verso 22 que ele se retirou triste,

pois seu coração estava ali, nas riquezas. Em muitas

ocasiões, nos põe em situações nas quais agimos exa-

tamente como esse jovem: não abrimos mão; por isso

a coragem é necessária para se fazer a escolha certa. 73 Coragem para vencer o pecado: o diabo su- 73

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

gere, mas a escolha é nossa. Quantas vezes caímos

nas armadilhas do inimigo, porque fazemos as

escolhas erradas, coisas simples, mas que geram

conseqüências desastrosas, por causa da mentira,

da fofoca, da confusão, da lascívia, da prostituição.

Conheço tantas pessoas que depois de passarem por

situações de pecado, dizem: "Eu poderia ter evitado

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isso. Se tão-somente eu tivesse ouvido o meu líder".

Pense bem, amado, e escolha a santidade, mesmo que

isso possa ser duro no momento, pois lá na frente terá

bons resultados.

Coragem para mostrar quem realmente sou:

não precisamos de capas nem de máscaras; Deus

conhece cada um de nós. O jejum demonstra o quanto

preciso de Deus.A falsidade não agrada a Deus; as

pessoas podem até fingir ser o que não são, mas um

dia tudo vem a tona e quando isso acontece as pessoas

perdem a confiança em nós.

Coragem para obedecer: Abrão obedeceu a

Deus e foi um homem muito abençoado.Ele deixou

tudo e foi sendo guiado por Deus. Quantas vezes,

líder, Deus fala algo conosco e teimamos ou que-

remos fazer de nosso jeito? Liderados que desobe-

decem, quebram princípios; para obedecer, é

preciso ter coragem, pois em muitas ocasiões a

nossa vontade não é a vontade de Deus.

Coragem para reconhecer nossos erros nos re-

lacionamentos: Uma situação difícil para muitos é

admitir que estão errados. Há pessoas que vivem no

erro anos e anos, mas não o admitem nem tentam

mudar. Mais uma vez, peço a atenção dos líderes: 74 74

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não tenham vergonha de assumir seus erros. É muito

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

difícil, para uma pessoa que está em posição de

liderança, reconhecer seus erros, pois pensamos:

"E agora? Será que vão confiar em mim?". Mas saiba

que o ato de reconhecer demonstra maturidade e um

coração disposto a recomeçar.

Coragem para renunciar: Muitos de nós, em

muitas ocasiões, recebemos propostas tentadoras em

nosso trabalho, em nossa vida pessoal; mas, saiba,

precisamos ter coragem de dizer não a tudo aquilo

que não condiz com a palavra de Deus. Quantas

moças têm acabado com seu chamado, por se envol-

verem em casamentos errados; quantos rapazes se

desviam por causa de paixões carnais e depois

choram arrependidos; quantas moças, na pressa de

se casar, deixam de renunciar a um relacionamento

pecaminoso e assim abrem mão do sonho de Deus.

A renúncia, que às vezes se mostra tão dolorosa, traz

resultados poderosos em nossas vidas.

Disciplina

Pelo fato de terem tanta dificuldade com esta

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palavra no reino de Deus, as pessoas muitas vezes não

entendem que chegar pontualmente nos horários dos

ensaios, cultos, programações, não é fazer um favor

para Deus; isto é um compromisso nosso.

Disciplina envolve duas coisas:

1. Adiar o meu prazer;

2. Decisão antecipada eu decido disciplinar

esta área da minha vida. 75 75

Quantas pessoas sofrem com isso e não conse-

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

guem ter tempo para orar, ler a Bíblia; sentem-se mal

por isso, mas não conseguem mudar essa situação.

Disciplina é uma decisão.

Em minha academia, muitas vezes tenho difi-

culdade com isso; os alunos estranham a exigência da

pontualidade, das roupas adequadas, de prender o

cabelo. É isso mesmo: parecem coisas bobas e muita

gente pensa não ter qualquer importância, mas um

bom bailarino é disciplinado, e nós que usamos a

dança para o Senhor não devemos esquecer que

temos que fazer o melhor para Ele, o nosso melhor.

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O melhor envolve todas as áreas de nossa vida.

Quando chego ao ensaio no horário marcado, de-

monstro meu compromisso com Deus e com meus

irmãos. A bênção é minha, eu devo fazer a minha

parte. Há pessoas que às vezes usam uma desculpa

"Ah! meu líder não chega na hora". Mas antes do

compromisso com o seu líder, você tem um com-

promisso com Deus, portanto, faça a sua parte e com

certeza Deus verá o seu esforço e recompensará.

Visão

Pessoas de visão vêem além daquilo que apa-

renta. O homem vê o exterior, porém Deus vê o

coração: "Porque o SENHOR não vê como vê o homem.

O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração"

(1 Sm 16.7b).

Habilidade dada por Deus para enxergar além da

aparência das pessoas, como Jesus (Mt 16.18).

Quantas vezes entram mendigos, prostitutas, 76 76

em nossas igrejas e não sabemos o que fazer; olhamos

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

aquela pessoa destruída e pensamos: "Meu Deus, não

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tem jeito! Ele pode até aceitar Jesus, mas nunca vai

trabalhar na obra". Lembro-me de algumas pessoas

que me procuravam na igreja, dizendo que gostariam

de fazer parte da equipe de dança e eu ficava assus-

tada, pois pensava: "E agora, Deus, o que faço?".

Alguns tímidos, alguns com auto-piedade, sem

habilidade alguma; isso mesmo: não conseguiam se

movimentar, manifestavam temperamentos difíceis,

orgulho, etc. Mas, amados, hoje olho esses irmãos e

mais uma vez creio que Deus é ilimitado. A Letícia,

por exemplo, tinha tantas dúvidas e hoje vemos a

autoridade com que ela ministra, o talento com que

interpreta, pois além de dançar, é uma atriz talentosa.

E tantos outros, alguns que estão em outros minis-

térios, mas que passaram conosco momentos de

muita superação. Creio que se tivesse olhado com

meus olhos de professora, teria perdido grandes

pérolas que fazem parte de nossa história.

Habilidade para entender o que Deus quer fazer atra-

vés de você. Isto tem muito a ver com a nossa identi-

dade.

Quando descobre aquilo que Deus quer fazer

através da sua vida, você não segue modismos ou

tendências, não se preocupa em ser o maior; você

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simplesmente segue a vontade de Deus e, assim

como Moisés, será um libertador. Seja qual for o

nosso chamado, somos libertadores de cativos; nossa

identidade nasce e sabemos quem somos; e quando

sei quem eu sou, as palavras más, as dificuldades, as

barreiras não me impedem, pois a identidade traz 77 77

força e liberdade. O inimigo tenta nos confundir, mas

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

sabemos quem somos e a Quem servimos.

Uma pessoa que sabe quem é torna-se uma

fortaleza nas mãos de Deus; ela vive, respira, anda,

enfim, faz a vontade do Pai e não precisa copiar nada

nem ninguém, pois sabe qual é o propósito de Deus

em sua vida.

Perseverança é mais fácil desistir do que perseverar

Se realmente temos um chamado de Deus, esta

característica tem que nos acompanhar. Falo isto

com autoridade, pois após treze anos de ministério,

aprendi como é importante perseverar.

Deus quer gerar em você um caráter perseve-

rante, ou seja, fazer de você uma pessoa que não

desiste, mesmo quando não pode ver nada, mesmo

quando todos dizem que não vai dar certo. Jesus

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perseverou até o final (Hb 12.2); mesmo sabendo tudo

o que iria passar, ele preferiu obedecer ao Pai.

Perseverar não é a escolha mais fácil, pois é bem

mais cômodo, quando a situação fica complicada, você

dizer: "É... vamos parar por aqui; Deus não está nos

ajudando". Mas quero desafiar o leitor a persistir.

Quantas vezes fazemos projetos e nos programamos e

na hora de tomar posse parece que perdemos tudo.

Mas lá na frente podemos analisar e ver a miseri-

córdia de Deus.

Quantas vezes você foi desacreditado, as

pessoas olhavam para você e diziam: "Não vai dar

certo, esse ministério não é para você". Eu mesma ouvi

tanto isso. Quantos projetos eu apresentei e as pessoas 78 riram de mim, mas, amado, decidi perseverar e hoje 78

podemos ver os frutos dessa escolha.

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

"Sabendo que a provação da vossa fé, uma vez con-

firmada, produz perseverança" (Tg 1.3), ou seja, nas lutas

devemos levantar nossa cabeça e ser aprovados

pelo Senhor; a luta pode ser grande, mas a vitória será

maior, com certeza!

Se você está dentro de uma caverna, com pro-

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blemas, com medo, há duas opções: ou volta atrás e

deixa tudo de lado, ou enfrenta seus medos e contem-

pla a vitória e o despojo que Deus guardou para você!

Amor

O amor também faz parte desse caráter forte e

vamos falar de quatro tipos de amor:

Amor terno (Ef 4.32): Perdoar uns aos outros,

sentir a pessoa com o coração de Deus; esse amor

desafia cada um de nós, pois nem sempre é fácil

perdoar; mas é a melhor decisão a ser tomada, pois

vai gerar quebrantamento.

Amor firme (Mt 23.13-20): Falar a verdade

sempre. Jesus sempre falava a verdade. Muitos líderes

por medo de perder pessoas não falam a verdade e

assim criam em suas equipes pessoas doentes, que não

podem ser exortadas nunca, ficam mimadas e sem

limites.

Pelo fato de falar a verdade, perdi, sim, algu-

mas pessoas; fiquei triste na época, mas hoje percebo

como Deus foi fiel conosco; doeu muito, mas muito

mesmo, principalmente porque eram fatos que preci-

savam ser tratados, mas a reação dessas pessoas nos

surpreendeu; não é fácil lidar com a perda, mas ela 79 também faz parte da nossa caminhada. Outros rea- 79

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

giram bem, entenderam e cresceram. É assim mesmo:

a verdade pode doer, mas quando ouvimos algo e

decidimos mudar, crescemos em Deus.

Amor sacrificial (Lc 10.30-37): Essa história é

tão simples, mas nos ensina como é difícil sacrificar-se

por alguém. Quando que me tornei mãe, percebi, a

partir desse momento, que os meus filhos são mais

importantes do que muitas coisas. Quando o bebê

nasce, nossa vida se transforma por completo; aquele

pequeno ser torna-se o centro da casa e os pais se

sacrificam de todo modo para dar o melhor para seus

filhos.

Em nossa vida ministerial ensinei isso à minha

equipe. Somos uma família e sempre que precisamos

nos sacrificamos uns pelos outros. Certa ocasião,

ingressou em nosso ministério uma amada que tinha

vindo do mundo. Ela começou a estar conosco nos

ensaios e enquanto a discipulava percebi que ela

precisava mudar o modo de se vestir. É fácil acusar o

erro, mas precisamos ajudar a pessoa a mudar. Então

reunimos a equipe e fizemos uma semeadura entre nós

e doamos um guarda-roupa para ela; Ela chorou

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muito naquele dia e disse que percebeu como Jesus

a ama em todos os detalhes, pois até as cores e os

modelos eram como se ela tivesse escolhido.

Amor radical (Mt 5.39-41): Não gostamos de ser

humilhados. Um tapa é muito humilhante. Virar a face

significa sofrer o dano, deixar que Deus resolva. Não

devemos reagir e sim agir no espírito oposto.

A verdadeira satisfação vem do sacrifício, não 80 da auto-gratificação. 80

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Perseverança

Nascida sem querer

Criada pela avó

Indo de casa em casa

Essa era eu

Rejeitada me sentia

E sempre ouvia

Que seria como minha mãe

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Perdida pela vida

Adolescente revoltada

Oprimida, que andava só

Que procurava respostas

Que escrevia, pois não tinha coragem

Coragem para falar

Essa fui eu

Só andava de preto

Pois assim que me sentia

Dentro e fora do meu ser

Aos 18 anos, encontro Jesus

Que muda minhas vestes

Que lava as minhas feridas

Que arrebata o meu coração

Então entendi o que é a vida 81 81

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Casada com apenas 19 anos

Aprendi a ser amada e cuidada

Aprendi o que é ter família

Aprendi a amar

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Das provações que vieram

Uma coisa aprendi

Amigos são poucos

Os que eu pensava que eram amigos

Se tornaram juízes acusadores

E outros tão distantes

Se tornaram irmãos

E Jesus a todo momento

Se mostrava no controle de tudo

E como um professor na sala de aula

Ele desenhava no quadro da minha vida

Situações que me ensinaram a ser

Forte, corajosa, guerreira e perseverante.

Lágrimas, lágrimas, lágrimas

Incontáveis companheiras

De dia e de noite

Meu Deus

Foram muitas que meu amado colheu

Silêncio, silêncio, silêncio

Muitas vezes fiquei dentro dele

Muitas vezes me calei

Diante das acusações

Que abatiam a minha alma

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82 82

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Disseram que eu nunca ia ser nada

Disseram que eu era ridícula dançando

Disseram que nações eram um sonho

Um sonho impossível, uma ficção

Os homens disseram

Mas Deus disse:

Você vai ser uma desbravadora

Vai pregar para muitas pessoas

Vai ser uma Profeta da Dança

Vai pisar em muitas nações

Bailarina profissional

Pregando pelo Brasil todo

Ministrando nas nações

Muito prazer: esta sou eu

As palavras dos homens

Realmente são dos homens

Mas a Palavra de Deus

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Esta, sim, é a verdade

Isto me faz perseverar

83 83

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

84 84

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

10

Aquilo que somos se

reflete no que fazemos

É comum pensarmos que no momento em que

Deus nos chama, tudo já está resolvido em nossa vida;

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julgamos que o fato de entendermos aquilo que Deus

quer para nós já nos torna totalmente aprovados dian-

te Dele. Deus chamou Saul e o ungiu, porém ele não

foi aprovado.

Na verdade, o chamado de Deus é só o início

de um grande processo de aprendizado, pelo qual

todos temos que passar. Isso atinge a cada um de nós

individualmente e às pessoas que estão ao nosso

redor também, principalmente aquelas que se dispõem

a estar conosco nessa jornada de muitas mudanças.

Entre o chamado de Deus e a realização do

mesmo existe um meio que muitas vezes queremos

pular; é como se você imaginasse uma grande ponte

entre você e o resultado. Mas essa ponte tem obstá-

culos, não é tão fácil como você imaginava; nesse

momento você deve escolher se passa pelo processo

ou simplesmente pula.

Quando optamos por passar pelo processo de

preparo, colhemos frutos abençoados, temos o nosso

caráter moldado; mas quando não queremos ser tra-

tados por Deus, também chegamos lá na frente, mas 85 percebemos que estamos do mesmo jeito, não há 85

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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marcas em nós, nada foi acrescentado nem perdido;

mais uma vez nos deparamos conosco mesmos e

descobrimos que estamos exatamente no mesmo

lugar. Quero que você observe: as duas opções

levam ao final da ponte, mas o resultado é totalmente

diferente.

Vejo que a primeira coisa que Deus faz, geral-

mente, é nos mostrar quem somos e quando somos

confrontados com o nosso eu, temos duas alter-

nativas: ou nos analisamos para ver os nossos erros e

no que podemos mudar, ou simplesmente seguimos

com os mesmos erros. Olhar para nós mesmo leva-nos

a ver coisas profundas; vivemos anos e anos acusando

as pessoas ao nosso redor de egoístas, impacientes,

mas na verdade muitas vezes nós que o somos. Mas é

mais fácil jogar para bem longe as coisas que nos

afligem, é mais fácil deixar os nossos erros bem cala-

dos e escondidos, mas a vontade de Deus para nós e

que nesses momentos possamos realmente dar um

passo para mudanças. Quantas vezes vamos a con-

gressos, escolas de treinamento, etc., e saímos ilu-

didos, achando que esses treinamentos vão fazer de

nós vasos prontos para cumprir aquilo que achamos

ser o chamado de Deus para nós. Somos bombar-

deados por palavras e visões; muitas vezes temos a

ilusão de pensar que o nosso ministério está formado

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se tão-somente juntarmos um pouco de cada coisa

que vimos ali.

Fazemos eventos no Brasil e no exterior e

vemos como Deus realmente trabalha na vida das

pessoas; contemplamos milagres... quantos testemu- 86 nhos eu recebo de pessoas que foram totalmente 86

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

transformadas em meio aos nossos eventos. Fazemos

também uma escola todos os anos, mas sempre tenho

falado aos irmãos que ali é só uma gota daquilo que

Deus quer fazer na vida de cada um deles, que jamais

devem querer ser iguais a nós, mas sim buscar aquilo

que Deus quer fazer através de cada um deles.

Flechas que dançam

Se entendemos que Deus nos chamou, também

entendemos que Ele quer nos lançar; aí, então, já

começamos a caminhar nessa ponte e quando damos

os primeiros passos começamos a ver quantas coisas

nos aguardam pelo caminho: dificuldades, provações.

Inclusive, nas Escrituras Sagradas, podemos ver o após-

tolo Paulo discorrendo sobre isso:

"E não somente isto, mas também nos gloriamos nas

próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz per-

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severança; e a perseverança, experiência; e a experiência,

esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor

de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo,

que nos foi outorgado" (Rm 5.3-5).

Parece triste ouvir isso, mas Deus tem um for-

mão; esquecemos que Jesus foi um carpinteiro e ele

quer tirar suas arestas e criar algo belo em você,

através do ministério que você exerce.

Agora pense em uma flecha: ela não se lança

sozinha, precisa do arqueiro e o arqueiro precisa do

arco; mas quem é o arqueiro e o arco? Certa vez, ouvi

algo que me chamou a atenção: nós somos as flechas,

o arco é a igreja e o arqueiro é Jesus. Isto nos leva

a uma grande reflexão: eu entendi o meu chamado, 87 Deus falou comigo, tenho investido nesse chamado 87

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

através de seminários, estudos, mas preciso colocar

em prática esse chamado na igreja local, na qual

congrego, pois ela é que me enviará; é na igreja que

começo a dar os primeiros passos, aprendo a servir

e também, muitas vezes, sou lixado, testado, mas é

exatamente esse o arco que Jesus tem usado para nos

lançar às nações da terra.

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Ouço pessoas dizerem: "A minha igreja não tem

visão", mas quero que você pense que Deus pode

estar usando você para levar algo novo à sua congre-

gação. Eu sei que há igrejas que ainda não aceitam

a dança; outras que aceitam, mas só em momentos

especiais; outras não permitem a dança espontânea.

Mas, sabe de uma coisa, amado? Precisamos entender

qual é o propósito de Deus para tais momentos. Se esse

for mesmo o chamado de Deus na sua vida, não se

desespere: Deus vai abrir todas as portas!

Congreguei em uma igreja que durante anos não

aceitava a dança; apenas suportava; creio que você me

entende. Lembro-me de como era complicado: toda vez

que íamos ministrar, alguém sempre fazia algum

comentário. Com a equipe de louvor não era dife-

rente: sempre que ia ministrar fora, se sobrasse algum

lugar então éramos convidados; mas se não fossemos,

não fazia a menor diferença. Assim foi por algum

tempo, até que Deus nos honrou naquele lugar; mas

esses anos de lutas serviram como um aprendizado

para cada um de nós. Muitas vezes eu quis desistir;

ouvia cada coisa, mas resolvi acreditar e hoje tenho

colhido os frutos dessa caminha. Em Tiago 1.2-4,

lemos o seguinte: 88 88

"Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

passardes por várias provações, sabendo que a provação da

vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a

perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfei-

tos e íntegros, em nada deficientes".

O sofrimento, realmente, não nos agrada, mas

não consigo imaginar a nossa equipe hoje sem termos

passado o que passamos. Tenho a convicção de que

Deus chamou cada membro da nossa equipe, mas

também sei o que cada um de nós passou. Excluindo-

se as perseguições na igreja, Deus trabalhou e tra-

balha individualmente em cada um. Por isso, creio

que você que está lendo este livro de fato é ou está

sendo preparado para ser uma flecha nas mãos de

Deus!

Sendo discípulos

Jesus fez discípulos, mas o interessante é

perceber que cada um deles era diferente: um era

médico, outro era pescador, etc. Jesus podia ter esco-

lhido só carpinteiros, pois era sua profissão, mas o que

Ele queria que eles imitassem não era Seu modo de

andar, falar (quis dizer aqui no sentido físico), vestir,

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mas sim a sua santidade, o seu amor ao próximo, o

seu amor a Deus Pai.

Há uma grande diferença entre aparência e

autenticidade. Deus quer nos fazer autênticos, porque

aquilo que somos vai refletir no que fazemos. Você não

pode ser um ministro retalho, ou seja, um pedaço de

cada ministro que você vê. O chamado de Deus é algo

muito sério! Precisamos buscar em Deus o que Ele quer

de nós. Quando você for a uma oficina de dança, um 89 seminário, não pegue tudo o que viu para simples- 89

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

mente fazer igual. Não. Peça a Deus para ministrar

ao seu coração o que deve fazer. Sempre ia a con-

gressos de dança e sempre ficava embriagada, sugava

tudo mesmo, não perdia nada, mas quando chegava

em minha igreja, aplicava dentro das nossas reali-

dades. Por exemplo, você aprende uma seqüência

de passos, mas o que pode ser acrescentado a essa

seqüência? E aí, amado, você e sua equipe começam

a crescer e isso será transmitido à igreja e também

por onde vocês ministrarem.

Um outro exemplo que posso usar é uma his-

tória bem simples: havia um caçador e um guia na

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floresta. O caçador disse: "Eu quero saber onde fica o

leão". O guia respondeu: "Venha, é deste lado". Ele

viu as marcas das pegadas do leão e logo parou e

disse: "Está bem até aqui; não quero ver o leão, ficar

perto dele; só quero saber onde ele está". Muitas vezes

nós somos assim; não queremos tocar em Jesus, só

saber onde Ele está, ou seja, um relacionamento

superficial, aparente, sem autenticidade.

Precisamos definir também se queremos apenas

ser conhecidos ou se realmente queremos um ministé-

rio com profundidade. Esta frase me marcou: "Enquan-

to alguns apenas constróem, outros cavam mais e mais

fundo para estabelecer sua base" (Rick Joiner).

Quantas vezes nossas equipes não ultrapassam

determinado ponto, ficam sempre na mesma. Uma das

coisas que tenho percebido é que falta autencidade,

ou seja, preciso entender quem sou, principalmente se

me proponho a ser líder de uma equipe. Vejo tantas

equipe iguais, vejo tantos líderes buscando ser exata- 90 90

mente o que outros ministros são, parados, olhando

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

para o homem. Deus quer gastar tempo conosco, para

nos ensinar a ter a identidade Dele. Quando você vê

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alguém ministrando e pensa: "É isso que quero fazer",

isso não anula a sua identidade; Deus vai usar você na

dança, mas Ele não vai anular a sua identidade; você

não precisa se vestir da mesma forma, falar, ou até

mesmo dançar do mesmo jeito; Deus tem algo para

você, particular, exclusivo, que vai ser liberado no

momento em que você se dispuser para Ele.

Voltando a falar da ponte

Usei a figura da ponte pois é algo que nos dá

uma boa idéia daquilo que quero passar. Uma ponte

sempre liga um lugar a outro e através do sangue de

Jesus somos ligados ao reino celestial. Jesus é a ponte

que muda o nosso caminho, que nos leva a lugares

altos e também profundos em Deus.

Em todas as pontes, há sempre um apoio para

as mãos; podemos identificar esse apoio como sendo

o Espírito Santo, que nos dá consolo, nos fortifica, para

que cada um de nós não desista da caminhada. As

pontes são construídas, porque sem elas não conse-

guiríamos passar para o outro lado. Isto mesmo, sem

Jesus nós não podemos passar, não podemos mesmo.

Pense nisto se por algum momento você tender a

tomar decisões por si mesmo ou pensar: "Eu já sei"!

Mas a minha pergunta para você é: "Quero

mesmo passar pelas etapas necessárias para que Deus

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cumpra a sua vontade em minha vida?".

Deus me chamou, mas agora preciso decidir

se vou responder a esse chamado; não posso ficar 91 parado, deitado, pensando: "Agora tudo virá em 91

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

minhas mãos. Deus me mandou cantar, então as

músicas caírão do céu; vou dançar: então, enquanto

durmo, meu corpo será treinado para isso". Não é

assim que funciona. Deus realmente opera milagres.

Operou e tem operado em minha vida, mas pre-

cisamos tirar a nossa cabeça do travesseiro e começar

a trabalhar em prol desse chamado, pois Deus não

está preocupado com aquilo que você demonstra ser,

mas em quem você realmente é.

Simplicidade

"Mas receio que, assim como a serpente enganou a

Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a

vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a

Cristo" (2 Co 11.3).

Simplicidade é um estilo de vida. Humildade é

uma condição do coração. A simplicidade reflete um

coração humilde e traz consigo os princípios básicos

de Jesus.

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Hoje tenho visto as pessoas se preocuparem em

fazer grandes coisas, como grandes eventos, grandes

apresentações. A princípio, não há nada de errado

nisso, mas precisamos sempre nos lembrar que

devemos ser simples e entender sempre qual é a

vontade de Deus para nós.

Uma coisa que às vezes me deixa triste é ver

líderes usando pessoas para se promover. Por exem-

plo: "Em minha equipe só tem bailarinos profissionais;

o nosso é o grupo mais forte da igreja".

Tenho temor ao ouvir esses comentários, pois 92 sempre devemos pensar que Deus realmente usa pes- 92

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

soas comuns para fazer grandes coisas, mas Deus é o

único digno da glória e da honra. Quando começamos

a pensar: "Este ministério não vive sem mim. Veja como

danço bem. A minha equipe é a melhor da cidade",

estamos desviando os olhos do Senhor e colocando em

nós mesmos e isso não é bom; só nos traz resultados

desastrosos.

Vamos então meditar sobre o que a falta de

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simplicidade pode gerar e espero que possa abrir seus

olhos e coração para que Deus fale com você.

A falta de simplicidade tem gerado:

Ministros retalhos: pessoas totalmente sem

identidade, simplesmente copiam de tudo um pouco

daquilo que acham que é certo; não entendem o seu

próprio chamado; estão nas equipes porque acham

"legal" estar; afinal, é bom estar lá na frente. Quando

percebemos pessoas assim em nossa equipes, preci-

samos instruí-las a se encontrar. Deus nos fez únicos,

com características diferentes.

Quando me converti, achava que Deus não

amava os sangüíneos, pois somos agitados, não para-

mos, muitas vezes queremos brigar, reagir, e lembro

que no meu discipulado eu dizia para a missionária:

"Quero ser como você", mas então comecei a perceber

que Deus nos ama como somos. Ele trabalhou muito

no meu temperamento, mas assim como ao nosso

irmão Pedro, Ele queria me usar também. Quando

entendi isso, percebi que eu e meu esposo nos comple-

tamos. Pastor Oziel é calmo, tranqüilo, mas um com-

pleta o outro. Em minha equipe, temos um pouco de 93 tudo: sangüíneos, melancólicos, fleumáticos, e cada um 93

Gisela Matos

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Quando Deus me pediu as sapatilhas

tem seu papel; um agita, outro acalma, outro planeja,

outro traz à realidade o que foi planejado, e assim

cumprimos o nosso chamado.

Idolatria: é triste falar disto, mas tenho visto

também ministros que precisam de seguranças para

sair de eventos e pessoas que falam que o sonho delas

é ser como tais ministros. Amado, isto dói demais no

coração de Deus; tenha cuidado quando alguém

começar a tomar o lugar de Jesus no seu coração,

ou algo como faculdade, trabalho, carro. Quantas

pessoas são tão abençoadas por Deus em sua vida

material, mas não põe nada disso a serviço do Senhor;

idolatram seus carros, suas casas; quantos ministérios

de dança idolatram suas vestes... Fico chocada com

essas coisas. Fui idólatra durante dezoito anos de

minha vida, mas às vezes me deparo com essa atitude

na casa do Senhor.

Lembro de uma igreja à qual fui no sul do

Brasil: havia um púlpito de vidro imenso, lindo

demais! Chegamos para ministrar e como a Duda

havia preparado um ato profético, pedi para que o

púlpito fosse arrastado um pouco para o lado e recebi

uma reposta assim: "NÃO!!! Este púlpito só sai daqui

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na cantata de Natal; deste tipo de púlpito, existem

apenas alguns no Brasil; por favor cuidado"!

Na hora me espantei com a atitude e até disse

para a Duda que tomasse cuidado ao dançar. No

domingo pela manhã, eu estava ministrando e minha

Bíblia estava em cima do púlpito, quando de repente

em meio à ministração comecei a falar sobre o

orgulho. Quando falei exatamente a palavra "orgulho", 94 94

encostei no púlpito e toda a parte de cima se quebrou.

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Fiquei em estado de choque, com a manifestação de

Deus. Literalmente, fiquei imóvel. Naquele momento,

a líder do louvor subiu à plataforma e disse que eu

não tinha idéia do quanto Deus havia me usado, pois

ali estava sendo quebrado muito mais do que um

púlpito, mas de fato o orgulho daquela congregação.

As pessoas do congresso começaram a dar glória e

finalizamos aquele evento muito abençoados pelo

poder de Deus.

Competições: quando deixamos de ser simples,

preocupamo-nos em ser melhores que os outros.

Quantas igrejas têm problemas com equipes. Por exem-

plo, a igreja tem duas equipes de dança que sempre

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disputam entre si. Não vejo problemas em ter mais de

uma equipe de dança ou louvor na igreja, mas devem

caminhar cada uma em sua visão, sem se preocupar

em ser superiores umas às outras. Quantas cidades

conheço em que os eventos têm que ser feito fora das

igrejas, caso contrário os pastores não permitem a ida

de suas ovelhas. Isso me entristece demais, pois

devemos ser um. A Bíblia nos fala que devemos amar

nossos irmãos e quando competimos o amor anda a

quilômetros de nós.

O inimigo nos engana facilmente: quando

começamos buscar honras e títulos para nós, tornamo-

nos presas fáceis do inimigo, iludimo-nos com a fama,

com os melhores lugares. Quando estamos nesse

ponto, somos um alvo perfeito para o inimigo. Não

queremos mais andar com os irmãos em geral, mas

somente com um grupo seleto; nosso ministério se

torna uma equipe elitizada demais para que qualquer 95 pessoa tenha acesso; dificultamos ao máximo qualquer 95

aproximação e assim nos tornamos estrelas.

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Os dons que recebemos de Deus são para

edificar a igreja, não a nós mesmos. Cuidado se você

está edificando um reino para a sua equipe; cuidado

quando as pessoas olham apenas para você e não vêem

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nada além de suas habilidades. Pessoas cheias do

Espírito buscam o reino de Deus, expressam o reino

de Deus, exaltam a Jesus, não a si mesmas.

No inicio de meu ministério, as pessoas tinham

um imenso interesse em minha formação profissional,

como eu sofria com isso, pois não era bailarina profis-

sional, apenas estava ali deixando Deus me usar e

podia ver na expressão das pessoas a decepção,

mesmo depois de terem visto Deus agindo através da

minha vida.

Já alguns profissionais ficavam espantados co-

migo e minha equipe e glorificavam a Deus, pois viam

em nós um milagre, porque mesmo com tão pouco

conhecimento, Deus nos usava de forma muito forte.

Hoje, a Duda e eu somos profissionais, mas não

nos iludimos com isto. Não me sinto mais especial por

isso; apenas mais capacitada para fluir e ensinar, o que,

aliás, é algo que amo fazer: compartilhar com as

pessoas o que sei e com quem tenho muito a aprender.

Começamos a querer agradar somente aos

homens: já vi isso acontecer muitas vezes. Quantas

equipes começam bem, buscando ao Senhor acima de

tudo. A Bíblia nos orienta a buscá-Lo de todo o nosso

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coração (Dt 4.29). Quando começamos ter o desejo de

agradar aos homens, fatalmente nos frustramos, pois

o ser humano sempre quer mais. "Porventura, procuro 96 eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro 96

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria

servo de Cristo" (Gl 1.10).

Quando temos um coração humilde,

experimentamos coisas maravilhosas da parte de Deus.

Honra: "O temor do SENHOR é a instrução da

sabedoria, e a humildade precede a honra" (Pv 15.33).

"A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito

obterá honra" (Pv 29.23).

Estes dois versículos falam de algo que tantos

buscam, mas que só encontramos através da

humildade. Quantas situações em que, mesmo tendo

razão, eu me calei; quantas vezes já fui humilhada.

Na hora me senti mal, mas hoje posso ver os frutos

dessas atitudes; ando em meio ao sonho de Deus para

minha vida; vejo as palavras de Deus sendo cumpridas;

vejo acusações e calúnias que me feriram tanto sendo

destruídas pelo poder de Deus e pela ação Dele em

nossas vidas.

Quantas vezes vi meu marido abaixar a cabeça,

ficar triste, mas hoje vejo que Deus já estava minis-

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trando tamanha sabedoria no coração desse homem.

Cuidado: "Tens ouvido, SENHOR, o desejo dos

humildes; tu lhes fortalecerás o coração e lhes acu-

dirás" (Sl 10.17). Deus ouve o coração humilde, o

coração quebrantado na presença Dele. Lembro-me

do dia em que estava no hospital, no parto do Israel e

ele teve uma parada respiratória após o nascimento.

Quando deram a notícia ao meu marido, ele pensou:

"Eu posso me desesperar ou confiar no Senhor e nas

promessas de Deus para a vida do meu filho". Deus

havia nos dito que esse filho seria um homem de Deus. 97 97

Lembro-me que até levamos a bandeira de Israel para

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

o hospital, devido ao nome do bebê. Quando saí do

centro cirúrgico, cheguei a meu quarto e não vi o bebê.

Então, perguntei o que havia acontecido e Oziel

muito triste me deu a notícia. Naquele exato mo-

mento, a enfermeira entrou com meu filho no quarto,

dentro da incubadora. Eu chorei, pois queria pegá-lo

no colo e não podia, mas passados uns vinte minutos

ele deu um grito dentro da incubadora e bateu a mão-

zinha na mascara de oxigênio A Duda, que estava

comigo no quarto, saiu correndo para chamar a enfer-

meira. Quando ela veio e o médico com ela, Israel já

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estava muito bem, com a temperatura boa e foi tirado

da incubadora. Examinaram-no todo, mas não encon-

traram nada e no outro dia já fomos embora para casa,

agradecidos pelo o que o Senhor fez.

Dias depois, quando fui levá-lo à pediatra do

meu filho mais velho, ela disse que soube o que acon-

teceu, pois o consultório dela era dentro do hospital e

me disse assim: "Agradeça a Deus pois ele livrou seu

filho da morte; ele teve uma parada respiratória; a

situação foi grave, não foi tão simples como passaram

para vocês, mas graças a Deus ele está vivo e sem

seqüelas" (essa médica é cristã) e quem conhece meu

filho, sabe que hoje ele é uma flecha. Glória a Deus!

Justiça: "Guia os humildes na justiça e ensina aos

mansos o seu caminho" (Sl 25.9).

Quantas vezes você já se sentiu injustiçado? Eu

já me senti muitas vezes assim e nesses momentos tudo

parece tão negro ao nosso redor; mas não há escu-

ridão que possa esconder algo de Deus. Sei que alguns

leitores deste livro estão vivendo anos de injustiça no 98 98

seu trabalho, na sua vida pessoal, na sua vida minis-

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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terial, mas posso falar de experiência própria: entre-

gue nas mãos do Senhor e Ele no momento certo vai

fazer a justiça Dele, não a nossa. Enquanto não per-

doamos, Deus não pode tratar.

Vivi algo muito triste em minha equipe, com

uma pessoa que caminhou comigo durante anos. Ela

se levantou contra mim com calúnias e difamações e

quando fui confrontá-la a respeito, ela se rebelou mais

ainda, chamou o pastor da igreja, me acusou, disse que

o pessoal do ministério não gostava de mim, que não

gostava de estar na equipe; foi terrível para mim.

Depois dessa situação, tudo foi esclarecido,

conversei com a equipe, e tudo não passava de uma

crise pessoal dela.

No outro dia eu sentei com meu esposo, con-

versamos, oramos e no domingo cheguei para essa

pessoa e disse: "Olhe, amada, amamos você, a per-

doamos, mas não dá para caminharmos juntos; afinal,

não é a primeira vez que isto acontece, mas desta vez

foi sério demais". Ela ficou ali parada, olhando para

mim; chorou, gritou e realmente naquele momento vi

que ela não havia mudado em nada, pois mais uma

vez queria me convencer na base do choro. Ela se acal-

mou, entendeu, e fomos então para o culto.

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Nesse dia, havia uma missionária em nossa

igreja, pois meu marido estava realizando uma escola

de cura. Depois que ela pregou, olhou para mim, me

chamou lá na frente e disse: "Águia! Tentaram ferir

suas asas, mas saiba de uma coisa: Deus já sarou essa

ferida e agora você vai voar mais alto". 99 99

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Eu me senti amada por Deus; percebi a serie-

dade de ter um chamado e como o Senhor sempre

está no controle, pois só Ele e meu marido sabiam o

quanto chorei, o quanto meu coração estava triste, o

quanto doeu ter tomado aquela decisão, mas entendi

por essa palavra que tinha feito a coisa certa.

A simplicidade nos traz um entendimento

profundo de quem é o Senhor. Temos a revelação de

um Deus tão forte, soberano, majestoso, poderoso, mas

que ao mesmo tempo usa pessoas simples como eu e

você, usa pessoas que pensavam não ter dom algum,

um Deus que desperta sonhos que julgamos serem

impossíveis, mas Ele é o Deus do impossível.

A simplicidade de Jesus nos confronta. Ele

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amava as pessoas. Ele não quer apenas saber quem eu

sou, mas quer se relacionar comigo.

O maior exemplo de simplicidade em nossas

vidas é o próprio Jesus, que se fez carne e morreu por

nós, morte de cruz, e nos deixou um exemplo de vida

a ser seguido e pregado pelas nações da terra.

100 100

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

11

Bailarinos que

entregaram as sapatilhas

Carla Char Melo Sampaio

Olá, amado, meu nome é Carla Char Melo

Sampaio. Tenho vinte e seis anos, sou casada há dois

anos e meio com o Ricardo Sampaio, ministro de

louvor, bênção em minha vida.

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Sou bailarina e professora de balé clássico e jazz.

Atualmente, tenho uma escola de dança em

Jaboticabal, interior de São Paulo, trabalho em uma

escola de dança em Ribeirão Preto e em um projeto de

balé clássico na Prefeitura de Monte Alto/SP. Sou

membro da Igreja Internacional da Família Cristã

de Jaboticabal/SP e atuo como líder do ministério de

dança da Igreja desde o seu início, em 2000.

Quero compartilhar com o amado leitor um

pouquinho da minha história e como o Senhor me

cercou e me atraiu para o seu chamado.

Desde que me entendo por gente, amo dançar;

faz parte da genética da minha família,. Quando

criança, todas as nossas brincadeiras envolviam

dança e apresentações para a família. Lembro-me que

dançava com meu pai; ele me pegava e me erguia...

sentia-me a bailarina! Mal imaginava os sonhos que

estavam sendo plantados em meu coração. Nasci em 101 101

São Paulo e quando ia entrar no balé, mudamos para

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

o interior e somente aos nove anos comecei a fazer jazz

a única modalidade existente em minha cidade até

então mas parei aos catorze. Seguia dançando

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muito em bailes, festas, boates, carnaval. Eu não

parava! Mas para honra e glória do nome do Senhor,

Ele me salvou.

Converti-me aos quinze anos e foi pra valer;

deixei o mundo, parei de dançar, de ir a bailes. Aban-

donei tudo, porque sentia um vazio muito profundo

em minha alma após cada festa e no dia em que me

converti esse vazio acabou, pois foi preenchido.

Então, não precisei mais daquela falsa alegria.

Naquela época, ainda não se falava em dança

na Igreja como ministério. Entristecia-me ao ver todos

os jovens, tão entendidos sobre o louvor, cifras, etc., e

eu, nada. Aquilo era grego para mim. Lembro-me de

um dia em que todos estavam falando sobre isso e eu

disse que a única coisa que sabia fazer era dançar.

Todos riram, não por maldade, mas porque o que eu

ia fazer com dança? Deus realmente quebra os con-

ceitos do homem.

Naquela tarde, cheguei em casa, coloquei-me

de joelhos no meu quarto e pedi para que o Senhor me

desse um dom, porque eu queria fazer alguma coisa

para ele. Então tomei uma posição e comecei a es-

tudar violino; fui entender de partituras! Mas não deu

para continuar. Ainda não era isso.

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No final do ano de 1998, a Igreja da qual fa-

zíamos parte promoveu uma noite de talentos e há

pouco tempo eu havia comprado o cd do até então 102 desconhecido "Diante do Trono". Comprei, obvia- 102

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

mente, pela foto da Isabel Coimbra atrás. Então, eu e

minha irmã, Cassiana, e mais duas irmãs em Cristo,

coreografamos a música Manancial.

Foi tudo muito simples, desde as roupas até os

movimentos, porque tínhamos medo de escandalizar;

e a Igreja recebeu, foi uma bênção.

Depois disso, em julho de 1999, minha irmã e

eu fomos enviadas pela Igreja da qual fazíamos parte

para um workshop de mímica e dança, em Campinas,

com Carisma Endo. Foi tremendo! Fomos fortemente

impactadas e nossas vida e visão mudaram. Lá, recebi

unção para o chamado. Minha maneira de adorar foi

transformada, tornou-se mais intensa quando ainda

estava no banco; precisava expressar minha adoração

ao Senhor que me salvou.

Amado, quero ressaltar aqui um detalhe:

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percebo que muitos querem "dançar" no altar, mas

quando não estão lá na frente com suas vestes de

louvor, não demonstram esse anseio, nem sequer

levantam as mãos nem fecham os olhos, mas ficam

desatentos ao mover do Senhor. Esses não perma-

necem, porque Deus tem levantado uma geração de

adoradores extravagantes, que dançam diante da sua

presença e não dependem de estar com sapatilhas

nos pés. Deus nos tira de detrás das malhadas.

Deus vê a sua adoração quando você está no seu

quarto, nu ou vestido, porque ele vê suas vestes

espirituais. Deus não procura técnica, bailarinos; Ele

busca corações sedentos.

Depois disso, o Senhor me pediu que fosse para 103 o Ministério do qual faço parte até hoje. Nesse meio 103

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

tempo, estava desesperada para passar no vestibular.

Estudei muito, porque precisava passar em uma fa-

culdade pública e era o meu sonho de infância. Sem-

pre amei estudar e fazer faculdade era tudo o que eu

mais queria em minha vida. Mas chegou o final do ano e

como queria um curso muito difícil, não passei. Sabia

das dificuldades de pagar o cursinho, mas como todos

os meses eu havia recebido milagres para pagar, acredi-

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tei que o mesmo se repetiria no ano seguinte. Mas não

foi assim. As portas se fecharam. Não pude continuar.

Então fiz um propósito de jejum e oração com o

Senhor, pedindo, no meu quarto, para que Ele abrisse

as portas na minha área profissional, me desse

direção, que a mão Dele fosse sobre mim e que Ele me

desse sabedoria e discernimento. Essas eram minhas

palavras, que jamais esqueci.

Nesse meio tempo, para não ficar parada, fui

procurar um curso de balé, porque havia recebido

essa instrução no workshop. Fui para Ribeirão Preto,

cidade vizinha. O mais engraçado é que depois que

somei todos os gastos com mensalidade e viagens,

dava para pagar o cursinho. Mas antes de perceber

isso, fui ao reencontro da minha Igreja e no final de

uma ministração fui abraçar o pastor Pedro e ele

começou a dizer: "O Senhor manda lhe dizer que Ele

vai abrir as portas na sua área profissional, que agora

que você está no caminho certo a mão Dele será sobre

você e Ele está lhe dando sabedoria e discernimento".

Fiquei deslumbrada! Eram as mesmas palavras

que usava no meu quarto para orar! Deus é maravi-

lhoso e não nos deixa confundidos! 104 104

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

A partir daí, irmãs de várias Igrejas procuravam

a mim e àa minha irmã para darmos aula. Ajudamos a

formar vários ministérios, para a glória de Deus.

A dança aqui gerou união, não havia disputas. Com

o ministério da Igreja não foi diferente, foi uma

bênção. Deus nos levantou como colunas na Igreja,

como profetas realmente, porque orávamos, interce-

díamos. Sempre entendemos que ministério de

dança é muito mais que dançar ou colocar uma roupa

bonita; é exercer um sacerdócio.

Hoje, a maioria saiu, infelizmente; não é fácil

permanecer no chamado. Muitos abandonaram ao

aceitar o primeiro manjar que o diabo ofereceu, ou

quando receberam a bênção que tanto queriam

namorado, marido, filho, faculdade, trabalho vi

muitos desistirem. Mas chamado é chamado, não dá

pra parar ou abrir mão, independentemente das

circunstâncias, custe o que custar. Hoje, estamos eu e

minha irmã somente. Mas prosseguimos.

Mas voltando à minha história, mesmo assim

não abandonava o sonho de estudar; achava que tinha

que fazer isso de qualquer forma. Tentei de tudo, mas

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não conseguia, porque não conseguia entender o

plano de Deus para mim.

Eu e minha família passamos por uma fase

financeira muito difícil, que parecia não ter fim.

Tive que trabalhar no que não queria, mas consegui

voltar ao balé. Fui convidada pela Silvana a fazer o

curso técnico em sua escola e Deus foi me ajudando.

Fazia trufas para pagar mensalidades e despesas de

viagem. Foi difícil, me sentia sozinha, parecia que 105 105

nunca ia conseguir dançar como as meninas de lá,

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

mas não desisti.

Ainda assim, queria ter um trabalho normal,

levava currículos. Mas as portas se fechavam. Até que

um dia Deus usou uma profeta para me falar que Ele

ia abrir portas, mas Ele também ia fechar todas as

que fossem necessárias. E vivi um tempo de portas

fechadas, deserto, mas depois Deus começou a enviar

alunas para mim, até de outras cidades, peguei aula

em creche, escolas... Chorava pelo calor, dava aula em

lugares sem estrutura, ganhava pouco. Perguntava

para Deus, o porquê daquela situação, para que todo

aquele sofrimento; andava a pé de uma escola para

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outra, ia a outras cidades de ônibus, enfrentei chuva e

muito calor, sono, cansaço, e ainda algumas feridas

na alma para completar. Mas Deus sempre usou

profetas falando para eu não parar, para eu continuar.

O Senhor me deu cânticos, palavras, e ia seguindo

com meu chamado celebrando festa ao Senhor. No

meu deserto, a Palavra que me sustentava era:

"Alegrei-me nas suas promessas como quem acha um

grande despojo".

Motivos para eu desistir não faltaram, mas a

Palavra de Deus era sempre: "Não desista, creia, eu

vou fazer por você, você está pagando o preço".

Estava muito bem no ministério, mas houve um

tempo em que fui tremendamente ferida, parecia que

aquela dor nunca ia passar, achei que era o fim, as

pessoas foram saindo, desistindo e tudo de uma ma-

neira muito desagradável, achei que era o fim, que ti-

nha sonhado em vão. Estava restringindo o meu cha-

mado às quatro paredes da minha Igreja. 106 106

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Deus até me pediu para eu parar de ministrar

por um tempo, para eu receber e fiquei um ano para-

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da. Ajudava somente ministérios de outras Igrejas,

devido ao meu trabalho.

Mas me formei como bailarina, fui chamada

para dar aula na escola em que estudo, o que foi mara-

vilhoso para mim e depois me formei como profes-

sora. Em certo domingo, sonhando com a minha

escola, acordei e entrei na internet, a fim de buscar

informações para tudo o que precisava e dos produtos

de dança que queria vender. Achei o site do Minis-

tério Dança pelas Nações, li sobre a Academia e

pensei: "Preciso conhecer esse lugar". Então vi as

informações sobre a Escola Profetas da Dança, em

Ribeirão Preto, bem nas minhas férias. Falei com meu

marido, meus pastores e fui. Ainda ferida, com receio

e sem querer nada na emoção.

Ficava engolindo cada palavra, sugando o

máximo que podia nas oficinas e fui me abrindo como

há tempos não fazia; fui sendo curada, conseguindo

liberar perdão para a pessoa que me feriu e recebi

muitas palavras. Escrevi tudo, para não esquecer.

Quando voltei já não era mais a mesma. Aleluia!

As palavras se cumpriram, abri minha escola em um

lugar prontinho, Deus foi suprindo minhas neces-

sidades e minha irmã e eu recomeçamos o ministério.

Foi tremendo! As lutas continuaram, estamos sozinhas,

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mas no começo deste ano, falei com o Oziel que

queria ir novamente para a escola, mas desta vez com

meu marido, e ele e a Gisela me convidaram para

fazer parte da equipe. Amado, eu chorei de alegria por 107 mais de uma semana! Eu ria sozinha! A minha boca 107

se encheu de alegria e minha língua de júbilo; eram as

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

promessas se cumprindo.

Hoje, eu e meu marido fazemos parte dessa equi-

pe maravilhosa. Sinto-me honrada por ter obedecido ao

Senhor. Deus está mudando nossos planos e ensinando-

nos o foco certo e a nos dispormos mais para a obra.

A faculdade? Se o Senhor quiser que eu faça,

então farei. Demorei, mas aprendi que é Dele que

dependo e não dos títulos desta terra. Entreguei.

Amado, isso é apenas uma pincelada do que

Deus fez por mim, mas creio que muito mais Ele ain-

da fará e nos surpreenderá com Sua graça e Seu amor.

Você, que está lendo este livro, não desista do

seu chamado. Creia, obedeça, siga em frente. Muitos

dos que me questionaram, hoje me apóiam e vêem que

é o Senhor Quem opera em minha vida. Não faltam

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portas abertas para glória do Senhor!

A você, deixo esta palavra: "Agindo Deus, quem

impedirá?".

E invista no seu chamado, pague o preço. A

Palavra nos ensina que "aquele que tem habilidade,

adquira entendimento" (Pv 1.5). O Senhor proverá se

você se dispuser. O seu corpo é o seu instrumento e

você precisa conhecê-lo para usá-lo para o Senhor.

Tudo em mim começou porque entendi este princípio

e que precisava aprender mais. Faço o meu melhor,

porque Ele me deu o Seu melhor.

Que Deus o abençoe muito.

108 Carla Char Melo Sampaio 108

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Carla é uma pessoa muito especial, pois vi a

transformação que ela sofreu. Desde que Deus co-

meçou a mexer em sua dança, eu a vi passando pelo

caminho entre a bailarina Carla e essa profeta que

hoje dança ao mesmo tempo com delicadeza e muita

autoridade. Ela e seu marido, Ricardo, são um casal

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precioso que tem nos servido com o seu melhor!

Gisela Matos

Rafael Birkholz

Meu nome é Rafael Birkholz. Tenho vinte anos,

sou professor de dança, dou aula de jazz contem-

porâneo; já danço há oito anos e nesse tempo todo em

que danço descubro que não sei nada e tudo o que sei

ainda é pouco; e a cada dia procuro saber mais, para

assim dar ao meu Deus o meu tudo, pois Ele é o motivo

pelo qual danço e pelo qual estou escrevendo isto hoje.

A dança sempre esteve presente em minha vida.

Desde os sete anos já dançava, mas nunca havia pas-

sado pela minha cabeça que um dia poderia me tornar

um bailarino. A dança era minha diversão: dançava

samba, axé, street, forró, músicas gauchescas, mas nada

muito sério.

Após dois anos da minha conversão, o pastor

resolveu introduzir a dança na igreja. Então algo

dentro de mim despertou, uma chama começou a

queimar, e resolvi fazer aula. No início era meio

difícil, mas era preciso passar por essa dificuldade para

poder crescer. Comecei a ministrar na igreja após um 109 ano fazendo aula, orando, jejuando, ensaiando. Pois 109

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

ministério de dança não é sair rodopiando sem

direção pela igreja;, é preciso pagar um preço e eu

precisava entender isso; e esse tempo foi precioso,

pois cresci e aprendi. No início, foi complicado; o

preconceito por conta de um homem dançar era

grande; membros do próprio ministério de louvor

falavam; hoje entendem e já não falam mais e apóiam.

Meus pais muitas vezes disseram para eu desistir, mas

graças a Deus pelo seu propósito para comigo que me

fez ver que eu tinha um chamado: "Antes que eu te

formasse no ventre, te conheci, e antes que saísse da

madre, te santifiquei, e às nações te dei por profeta"

(Jr 1:5). Isso me motivou, e ao meu pastor que sempre

me defendeu. Muitas vezes pensei em desistir, por ser

o único homem, mas Deus novamente me fez ver Davi

quando entrou em Jerusalém e dançou com todas as

suas forças e Mical o desprezou. Muitos estavam

fazendo isso comigo, mas Deus tinha um propósito

na minha vida e me honraria, como fez com Davi.

Isso me motivou a dar a cara para bater e por conta

disso o Pai tem me honrado e muitos homens após

terem me visto dançar, disseram que seus minis-

térios romperam e hoje não têm vergonha e nem

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medo de dançar. Deus me deu uma palavra que fala

que Ele me levaria a lugares aonde nunca fui, se

eu o buscasse e entregasse a Ele o meu dom, e eu

seria um canal de bênção para outros homens

despertarem seu chamado.

Eu fiz isso e hoje vejo essa palavra se cum-

prindo. Estou com um ministério fora de série, um

ministério que Deus sonhou para mim e que vai além

de quatro paredes. Glorifico a Deus por isso, pois 110 tenho aprendido muito. Agradeço a Deus por confiar 110

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

a mim este dom e este chamado; aos meus pais, por

acreditarem em mim; aos meus pastores, Dal'Sotto e

Fátima; ao ministério Tabernáculo de Adoradores;

ao meu grande irmão e amigo, Jéferson Zimmer, que

sempre me incentiva e me apóia; e à minha

intercessora, Cláudia, que está sempre disposta.

Obrigado, Gisela e Oziel, e ministério Dança pelas

Nações, que acreditaram em mim e fazem parte desta

história que Deus está escrevendo.

Tudo o que sei deve-se a Deus que me capa-

citou e ao esforço que fiz e faço para dar a Ele o meu

melhor, pois como diz Davi: "Não oferecerei ao

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Senhor holocaustos que não me custem nada".

Rafael Birkholz

Rafael está há dois anos com a nossa equipe.

Agradeço a Deus pela vida dele. Ele é muito talentoso,

mas tem colocado tudo isso nas mãos do Senhor!

Gisela Matos

111 111

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Simone Galdino Dias Hermoso

Quando menina, meus pais me matricularam

em uma escola de dança. Aulas técnicas muito rígidas

e um treinamento bastante sério e disciplinado

fizeram parte do meu crescimento. A dedicação e o

esforço são marcas de uma bailarina. Cresci e me

formei como bailarina profissional, até que um dia

fiquei muito doente com labirintite e os médicos dis-

seram que se eu não me cuidasse nunca mais poderia

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dançar. Entrei em pânico e fiz de tudo, mas a labirintite

nunca passou, apenas estabilizava. Acabei a facul-

dade e me casei em 2000. Com a correria do dia-a-dia,

problemas diversos começaram a acontecer. Não sei

explicar, mas a única coisa que me lembrei foi de

minha amiga Verônica, de cinco anos de faculdade,

que falava de Jesus para mim. Então, em 2002, decidi

ir à igreja dela para ver se conseguia resolver uma

monte de problemas.

Lembro-me que no início fiquei muito preocu-

pada, pois não queria deixar a dança e a minha luta

interior foi muito grande. Estava disposta a seguir este

Jesus mas ainda ficava em dúvida em relação à dança.

Vi que na Igreja dela havia umas meninas que

dançavam, mas logo critiquei pois não via a mesma

dedicação das minhas aulas durante tantos anos.

Confesso que quando procurei Jesus, fui atrás

da bênção e não do Abençoador, mas para minha

surpresa me apaixonei por Cristo. No início, escolher

entre participar dos espetáculos da companhia e

dançar na igreja foi uma luta muito grande dentro da

minha alma. Entender que os aplausos não eram mais 112 para mim, que os aplausos não eram mais uma recom- 112

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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pensa pelo meu suor e dedicação, foi muito difícil, mas

estava realmente disposta a me entregar a este Jesus,

pois tinha fome da Palavra. Fiz uma escolha, deixando

o grupo de dança de que participava para dedicar

tudo o que tinha aprendido a Jesus. Dediquei-me a

aprender mais de Cristo e por incrível que pareça

quando danço para Ele não sinto mais as tonturas da

labirintite que sentia antes. Glória a Deus!

Nesse período, fiquei sabendo da Escola Pro-

fetas da Dança, em Mauá/SP, 2005; e quando percebi

já estava lá, vendo a Gisela, a Duda, o Hebert e toda

equipe ministrando. Apesar de já estar na igreja havia

mais ou menos dois anos dançando e dirigindo o

ministério de dança, fui à escola cheia do meu "eu do

saber", cheia da minha "técnica soberana"; e Deus me

quebrou inteira. Ao ver a Duda ministrando pensei:

"Essa moça deve ter anos de aula em contemporâneo

profissional; como ela dança bem!". Ao descobrir que

tudo o que a Duda sabia de dança foi Deus quem lhe

ensinou, entrei em choque. Isso não é possível!

No momento em que vi a Gisela subir dan-

çando no altar, parando, levantando seu olhar para o

céu, dando um sorriso, percebi que ela se expressava

para Deus com muita pureza. O que era aquilo? Que

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mistério era aquele, que face de Deus era aquela?

Que dança tão simples e tão linda! Percebi então que

não sabia dançar; senti que toda a minha técnica era

um monte de "nada" e não existia um passo técnico

bem formado que eu fizesse, em minha grande sabe-

doria ridícula, que poderia alcançar a glória de Deus.

Então me rendi e disse para Deus que gostaria 113 113

de aprender a dançar daquela forma, como uma

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

adoradora, com um coração verdadeiro. Eu me

rendi e confessei a Deus todo o meu orgulho de ser e

acontecer. A presença de Deus na vida da Gisela me

ensinou mais do que qualquer técnica de dança.

Hoje, entendo que tenho que continuar me

dedicando e treinando com muito mais zelo e dis-

ciplina, pois esta é a parte que cabe a mim; mas

também entendo que hoje danço para que as pessoas

vejam a face de Deus, sendo abençoadas em cada

movimento. Hoje, meu desejo não é mais dançar em

palcos pois descobri os altares do Senhor, onde a Luz

é mais forte, onde o Amor é mais intenso, onde pesso-

as podem ser curadas, onde o melhor movimento é

estar prostrada, esvaziando-me para que a graça de

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Deus brilhe e transborde.

Certa vez, decidi fazer um curso de jazz inter-

mediário aqui em São Paulo, com a verdadeira

intenção de me exercitar e aprender algo novo para

usar nas ministrações e pude ver homens e mulheres

que dançavam numa perfeição técnica surpreen-

dente. Dentro de mim, eu dizia: "Meu Deus, como eles

dançam bem!, É muito lindo e perfeito! E a expressão

deles é muito intensa e bonita também; como eu

queria dançar assim...". Ops! Na hora, em segundos,

o Espírito Santo sussurrou: "Olhe bem isso, Simone;

olhe bem esses movimentos, olhe bem essa expressão,

pois é MORTO, é tudo MORTO, está MORTO, são mo-

vimentos MORTOS". No mesmo instante estremeci

e tudo aquilo que aos meus olhos reluzia como ouro e

beleza transformou-se em esqueletos mortos fazendo

movimentos egocêntricos e inúteis. Fechei os olhos 114 e mais uma vez pedi perdão a Deus. Mas Ele dizia: 114

"Abra os olhos e veja, e nunca esqueça disso. Agradeci

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

mais uma vez por Sua misericórdia e por me fazer ver

o mundo espiritual como realmente é; como somos

feios por dentro, quando temos um talento egocêntrico,

se este talento não for usado para honra e glória do

Autor dos talentos. Por isso, todos nós que atuamos

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na arte devemos vigiar e orar em todo o tempo e lugar

(até em uma sala de aula), ser astutos como a serpente

(para fugir da aparência do mal) mas simples como

a pomba.

Hoje, entendo que meu talento não visa aplau-

sos dos homens, mas busca a manifestação da glória

do Senhor, curando e libertando vidas com uma dan-

ça que vem do Coreógrafo Maior, Jesus. Louvo a Deus

por fazer parte deste ministério tão abençoado, com

alegrias, gargalhadas, muita unção, suor e muitas

lutas, pois hoje minha vida não é minha, mas de

Cristo.

Agradeço a Deus por me dar a honra de poder

fazer a obra DELE com a dança. Jesus, eu Te amo;

minha vida é tua.

Simone Galdino Dias Hermoso

Simone está conosco há três anos. Ela é uma

pessoa muito especial, profissional competente, tanto

na dança quanto na profissão em que atua, como

gerente de markenting. Esforçada e agitada, não

pára. Quando estamos juntas, então, é uma festa!

Gisela Matos

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115 115

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Ludmila Nunes Leão

Meu nome é Ludmila Nunes Leão. Nascida em

Belo Horizonte, tenho vinte e quatro anos e o que mais

amo nesta vida é dançar para o Senhor!

Eu me converti em setembro de 2004 e sou a pri-

meira de toda a minha família a se render aos pés de

Nosso Pai. Formei-me como bailarina em dezembro de

2002 e em janeiro de 2007 me formei em educação física.

Eu tinha apenas quatro anos de idade quando

um médico ortopedista me encaminhou para o balé,

devido a um problema nos pés. Mal sabia eu que este

era o começo do dedilhar da música que Deus havia

escrito para minha vida.

Cresci bailando, sendo encaminhada para os

melhores grupos e escolas de dança da época, consi-

derada como um grande talento. Com apenas dez anos

de idade já havia alcançado o tão sonhado estágio das

sapatilhas de ponta!

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Então aos doze anos de idade, me indicaram

para uma prova de seleção para o Cefar, Centro de

formação artística da Fundação Clóvis Salgado,

Palácio das Artes. Passei de primeira nas três provas

que foram aplicadas. Assim, comecei a trilhar o meu

dom como carreira profissional: a dança!

Nessa escola pude aprender e experimentar as

mais diversas técnicas de dança: balé clássico, balé

moderno e contemporâneo, dança folclórica e outros.

Pude também me aperfeiçoar com conhecimentos to-

talmente aplicados à dança, como anatomia humana, 116 teatro, música, história da dança e vários outros. 116

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Nem imaginava que tudo isso foi preparado por

Deus para mim antes mesmo de ser formada no

ventre da minha mãe. Sempre pense em sua vida como

uma grande obra, cujo personagem principal é você,

mas o Autor, com sua tremenda perfeição, é quem faz

o que quiser dela.

No ano de 2002, chegava ao término do pe-

ríodo de profissionalização naquela escola, mas todos

os meus sonhos haviam sido frustrados (tempora-

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riamente). Por quê? Eu havia conhecido a arte em

sua perfeição, pois foi criada por Deus (Tg 1.17), mas

também conheci o homem, em sua plenitude, e o lado

obscuro que existe dentro dele quando age por si

mesmo. Por causa de certas situações e decepções,

jurei a mim mesma que nunca mais dançaria!

Foi justamente nesse momento que o Autor da

minha história resolveu se revelar. Num momento

crítico dentro de mim, em que tudo parecia perfeito e

feliz superficialmente, havia um vazio que só foi

preenchido quando ouvi a voz do Espírito pela

primeira vez. Não consegui me conter e em menos de

um mês estava totalmente rendida aos pés do Senhor

Jesus, quebrando todos os paradigmas religiosos,

sentimentais, emocionais, que existiam dentro de mim

e me tornavam uma pessoa que achava que poderia

sonhar e realizar em sua soberba seus próprios sonhos.

Em sua infinita sabedoria, Deus me permitiu

permanecer por um período de um ano em uma Igreja

cristã tradicional, e somente depois do processo de

consolidação e cura, me enviou para uma Igreja batis-

ta na qual o ministério de dança e sua líder já sabiam 117 117

da minha história e me esperavam de braços abertos.

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Ainda não entendia, e para falar a verdade, não

queria este chamado para mim, pois as lembranças

ainda eram fortes. Foi então num belo sábado de

novembro que fui convidada pelo grupo para ir a um

encontro de ministérios de dança, no qual a palavra

ministrada era: 2 Sm 6.14: "Davi dançava com todas

as suas forças...". A voz do Espírito disse bem forte

dentro do meu coração: "Filha, quero que dance para

mim. Eu te fiz para dançar para mim".

Naquele momento abandonei todas as resis-

tências contra dançar e resolvi louvar ao Deus da

dança com tudo que sou e o que tenho, como Davi. No

mesmo mês, me batizei e mergulhei nos ensaios

daquele ministério e até hoje procuro fazer o que Deus

espera de um verdadeiro adorador.

O que mais me deixa constrangida é que mesmo

Ele tendo construído toda esta trajetória, a cada passo

que dou em direção a Ele, em busca de dançar por

Ele e para Ele, em total intimidade com Ele, mais Ele

derrama danças do céu sobre mim.

O que tenho a dizer a você é: vale a pena se

entregar cada dia mais!

Ludmila Nunes Leão

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Ludmila foi aluna de nossa Escola Profetas da

Dança. Neste ano de 2008, trabalha conosco como

professora em nossa academia.Uma pessoa simples

que Deus tem transformado a cada dia.

Gisela Matos 118 118

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Superando limites

Enfrentando barreiras

Obedecendo e crendo

Duas histórias de vida

De pessoas que decidiram

Que Deus podia fazer delas

Profetas da Dança

Mesmo quando não sabiam

Como dançar

Mas com seus corações

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Totalmente movidos e guiados

Pelo Deus que faz caminhos

No deserto de vidas

Sofridas e desacreditadas

Mas por Ele amadas

Aprenderam a dançar

Uma dança que vai além de movimentos

Professoras hoje são

Ensinando por esta e outras nações

Enfim...

Superando limites

119 119

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Letícia Souza Barros

Você precisa ser forte? Ele é o Todo-poderoso.

Precisa ser sábio? Ele criou a sabedoria. Precisa de cura?

Ele é o bálsamo. Necessita de uma direção? Ele é o

próprio caminho. Deseja ser amado de uma maneira

sincera, por alguém que consiga sentir seus senti-

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mentos? Então eu tenho uma pergunta para fazer. Que

amor poderia ser maior do que o do sangue derra-

mado, declarado em público, assumindo o nosso

opróbrio e a nossa derrota, para que você e eu pu-

déssemos viver?

O que mais um Deus infinito poderia realizar

em sua vida...

Minha família não tinha condições financeiras

para que eu pudesse me vestir direito e só não

faltavam à mesa arroz, feijão, pão e café. O chão da

minha casa quase sempre era barro e lama, comple-

tamente descolado do assoalho. Quando chovia, a

poeira proveniente dos tacos soltos se misturava à

água que entrava pelos buracos do teto. E olha que

esta é apenas uma pequena parte da história, que

neste aspecto se repetiu por catorze anos. Passei

a infância, a adolescência e a juventude em um

ambiente de privações físicas e emocionais e a minha

maior vocação era ser um zero à esquerda.

Explicar com palavras a maneira poderosa como

Deus agiu em minha vida (isto inclui a dança) é uma

tarefa muito complexa, mas o engraçado é que o

motivo desta dificuldade existir é de uma beleza 120 120

extrema. O fato é que Deus é perfeito em todos os Seus

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

caminhos; Ele é absoluto, completo, e eu pude sentir

isso na minha carne. Palavras não seriam suficientes,

em si mesmas, para expressar a nobreza da obra de

um Deus perfeito em seres repletos de deformidades,

mas tudo bem, vou me arriscar.

Durante a nossa história (chamo assim porque

na verdade a minha história de vida se confunde com

o momento em que Deus entrou nela) o Senhor nunca

foi um personagem que, posando de bom moço, cum-

pria um papel na minha existência aparecendo do

nada de vez em quando para me dar uma ajuda ou

bons conselhos. Ele estava lá a cada instante; e posso

afirmar que comemos quilos de sal juntos. Os mo-

mentos mais críticos e difíceis que passei acabaram por

se tornar elementos desencadeadores de uma paixão

profunda por Deus.

Tribulações e experiências vivas do amor de

Deus caminharam juntas durante minha vida.

Quando tinha apenas sete anos de idade, o Senhor

implantou um chamado real na minha vida ainda

muito curta. Durante a pregação de uma missionária

que visitava minha igreja, o Senhor despertou meu

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coração para levar seu amor a outras nações. O

próprio Deus cativou minha alma nas palavras

daquela mulher, que testemunhava em meio ao

pranto, como era magnífico servir a Deus. Ela relatou

episódios de escassez, humilhações, vitórias, fé, supe-

ração e plenitude de vida. Eu não passava de uma

criança, mas uma vontade perpétua de estar com

aquele Deus, tão cheio de amor e de paixão, arrebatou

a minha alma. Naquela noite, fiz uma oração que 121 comprometeu o restante da minha vida. Pedi para que 121

o Senhor me permitisse ser como aquela missionária,

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

cujo motivo de estar na terra era ser um canal do amor

de Deus para a humanidade. Enquanto orava, tive

como que uma visão de Jesus entrando no meio da

igreja e foi uma experiência extraordinária que me

trouxe grande alegria. Pobre de mim. Com pouca

experiência de vida, diante de toda aquela glória, não

percebi que aquela era a ponta de um iceberg gigan-

tesco e eu ainda teria que comer muito sal (com Jesus)

aos poucos e a seu tempo.

Difícil de entender uma escolha tão profunda

ainda na infância, não é mesmo? Em inúmeros

momentos eu mesma duvidada com toda sinceridade

do meu coração. As violências sofridas, dificuldades

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financeiras, fraquezas emocionais, problemas e mais

problemas. Minha vida parecia ser um círculo vicioso

de derrotas. Como única cristã da família, vivi aquilo

tudo praticamente sozinha, suportando um peso espi-

ritual maior que eu. Minha "sorte" é que Deus é maior

que a própria vida e me sustentou em tudo. Posso

concordar literalmente com o amigo Davi quando disse

que para Deus até as trevas não são escuras. Mesmo

diante de todas as maldições que me cercavam e erros

que cometi por causa da minha humanidade, Deus

focou seus olhos no meu coração que o amava. Muitas

pessoas me olhavam como se eu fosse uma caverna

escura, mas o Senhor estava produzindo um jardim

para seu proveito, em um ambiente silencioso e de

lágrimas.

A minha relação com as artes não foi mais fácil

do que em outras áreas da minha história. Cultivei

desde a infância o sonho de ser bailarina, mas na 122 época minha família lutava para se alimentar e balé 122

era coisa de gente rica. Dançar ardia em meu coração

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

e com dez anos de idade perguntei à minha mãe se eu

poderia vender chup-chup na rua para pagar aulas de

dança. Fiz até as contas de quantos precisaria vender

para conseguir a mensalidade. Minha mãe sorriu e nem

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me respondeu; afinal, era uma idéia absurda, moti-

vada por um sonho "passageiro". Esse amor pela

dança até hoje é um mistério para mim. Minha mãe

conta que certa vez, ao entrar na sala de casa, ela se

deparou comigo dançando sozinha, sem música e

eu tinha apenas três anos! Ela conta que eu me abaixa-

va, levantava os braços e girava. É claro que eu não

me lembro dessa ocasião e nem quando começou esta

paixão pela dança. Só me recordo que ao ver uma

bailarina dançar, meu coração parecia dançar junto

com ela.

Quando cursava a quarta série, comprei num

bazar uma sapatilha de ponta, quebrada, só para ter o

prazer de vê-la no pé. É claro que nunca a usei e logo

vi que foi uma bobagem, mas na sexta série, todos os

dias, quando voltava da escola, passava em frente a

uma loja e namorava uma caixinha de música. Era um

porta-jóias musical que tinha uma bailarina que dan-

çava enquanto a música tocava. Pelo menos uma vez

por semana eu entrava na loja e perguntava o preço. É

óbvio que nunca comprei o bibelô e ficou só na vonta-

de, que passou junto com adolescência. Quando me

tornei jovem, precisei trabalhar e estudar e no momento

em que poderia custear as aulas os horários das aca-

demias nunca batiam com a minha disponibilidade.

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Ao me tornar adulta, acabei por mudar para

outro estado e conheci a Gisela e o Dança pelas Na- 123 ções. Ela foi a minha primeira professora de balé e nem 123

imaginava que eu havia esperado vinte e dois anos

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

por uma aula. Sei que parece um assunto tolo, uma

esperança medíocre, mas nunca consegui parar de

sonhar com essa arte. Afinal, do que somos feitos, além

de esperanças?

Confesso que o tempo e a espera me trouxeram

muitos problemas e frustrações, que aliados a outras

situações de derrota, abriram lacunas em minha vida.

Hoje, entendo que as dificuldades tornaram meus

sonhos completos em Deus. Quando fiz a primeira aula

de dança, eu nem podia acreditar; foi sublime. Queria

aprender tudo, fazer o melhor, e apesar de já ter o

corpo endurecido por causa do tempo, mesmo com

as dores dos alongamentos, sentia como se aqueles

fossem doces momentos. Essa situação pode parecer

cruel, mas pra mim é perfeita e agradável. Na ver-

dade, Deus me revelou o melhor da festa.

A Gisela me ensinou tandis, piruetas, alonga-

mentos e tudo mais em relação à dança, mas, além da

técnica, através dessa irmã e da perseverança nas tri-

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bulações, recebi o privilégio de experimentar o Deus

da dança, do universo, da vida! O emaranhado de

diversidades tornou-se peças de um quebra-cabeças

em que Deus foi ordenando uma por uma. Aprendi

coisas preciosíssimas, maiores do que todos os meus

sonhos. Cada ponto desconectado da minha vida foi

se encontrando e em meio ao caos Deus formou meu

caráter.

Deus se revelou em cada pessoa que me esten-

deu a mão e o que poderia ser interpretado simples-

mente como "integrantes do ministério" tornaram-se

irmãos, parceiros e amigos, pelos quais tenho admi- 124 124

ração e respeito. Pude sentir o milagre de aprender

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

em dois anos técnicas que talvez aprendesse em cinco.

Conhecer o tempo da música, sustentar o

corpo, girar, adquirir expressão corporal e ser criati-

vo, para muitos pode ter sido um processo comum,

mas para mim foi genuinamente especial. A dança tem

um lugar único nos meus sentimentos. Quando elevo

meus braços, elevo junto o meu coração. Quando

salto, deixo que meu espírito vá completamente, pre-

so aos olhos de Deus. Tudo se torna oração. Por isso na

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dança me alongo tanto e me curvo, ou giro, ou me

prostro;, é porque de alguma forma, do mais corriquei-

ro ao mais complexo dos gestos, na verdade, o que me

impulsiona a fazê-los é a tentativa de chamar a aten-

ção de Deus e, claro, para agradecer-Lhe. Quando

danço, cada célula do meu corpo celebra, em uma

explosão de sentimentos, a altura, a profundidade, a

largura do toque de Deus em meu ser. Coisas que nem

o melhor dos estúdios de dança poderia ensinar.

Como disse no início, não é fácil descrever a

amplitude das obras de Deus e este texto é só uma som-

bra de tudo o que Ele fez em minha vida. Atualmente,

cinco anos depois de dar os primeiros passos técnicos

de dança, Deus abriu portas em uma academia de balé

muito bem conceituada de Belo Horizonte. Não

disse? O Senhor é completo! Vai entender... Se anali-

sarmos os fatos, Deus me mostrou que Ele não de-

pende de homens renomados para ensinar, enviando

uma filha fiel, simples e muito talentosa como a Gisela,

para me treinar de uma maneira excelente. Agora,

estou em uma sala de bailarinos excepcionais, e veja

só, estou conseguindo acompanhar o ritmo deles. 125 125

A multiforme graça de Deus regando a vida do

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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cristão, quando esse decide depender do Deus vivo!

Esta é a mensagem que gostaria de colocar. Não quero

dizer que uma pessoa que tinha a dança como um

ídolo, vivia em um pedestal, por que é ou foi o maior

bailarino do mundo, não possa ser um ministro de

dança usado por Deus. Algumas vezes me pergunto

por que cargas d'água Jeová usou esses caminhos para

tratar a minha vida. Respondo: somos únicos e Ele

quebranta um por um, faz a dedo mesmo; e é óbvio

que não seria igual para todos. O ponto que gostaria

de chegar é na onipotência de Deus e em seu zelo por

nós. Verdadeiramente, não importa quem fomos ou

somos. Se ricos ou pobres, mestres, aprendizes, fracos

ou altivos. Importa, sim, quem Deus é e em qual de

Seus sonhos Ele vai realizar nossas vidas.

Letícia Souza Barros

Letícia está há cinco anos na equipe. Atriz

profissional, enfermeira, hoje graduando-se em jorna-

lismo, é uma pessoa extremamente criativa, única,

sempre serva ela me serviu durante um ano em minha

casa; apesar de ter sido chamada para trabalhar em um

bom hospital na época, ficou comigo no período em que

o Israel nasceu. Estávamos ainda nos recuperando de

nossa falência, não tinha condições de pagar uma

pessoa, e ela trabalhou em minha casa; ela simples-

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mente descobriu um princípio precioso, o de servir.

Deus a honrou tremendamente. Depois disso, foi

chamada para trabalhar no Hemonúcleo, com um

excelente salário, mas nunca esqueceu o sonho de ser

jornalista e agora graças a Deus está realizando. 126 126

Gisela Matos

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Venuzia Carrara Gomes da Silva Prando

Meu nome é Venusia Carrara Gomes da Silva

Prando, nascida e criada em uma pequena cidade do

interior do Espírito Santo. Dizem que de Colatina não

pode sair muita coisa boa. Em geral para se ter uma

idéia a maior expectativa dos jovens colatinenses é

terminar o ensino médio e trabalhar no comércio da

cidade. Não há variedades de ocupação ou opções de

lazer; tudo se resume em cultivo da terra e criação de

gado e criação de gado e cultivo da terra. As dife-

renças sociais são absurdas e até o hospital público

da cidade é comparado, literalmente, a um açougue.

Os moradores da cidade não têm acesso à arte e

a maior iniciativa em relação a movimentos culturais

na região fica restrita ao "entretenimento", ou seja,

shows musicais.

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Em Colatina, os ricos são extremante pode-

rosos e os pobres chegam perto de serem miseráveis,

mas o inusitado disso é que, grosso modo, pobres ou

ricos, eles são igualmente soberbos. A sociedade em

geral é adoradora da própria imagem e superficial,

sepulcro caiado mesmo! As pessoas enxergam apenas

o que está diante dos olhos delas, ou do umbigo, e não

conseguem sonhar, por estarem agarradas a uma

cultura de mediocridade. Tente deixar em um balde,

sem tampa de vedação, uma dúzia de caranguejos.

Nenhum deles consegue sair e todos acabam cozidos

em uma panela! É a vida de caranguejo puxar um ao

outro para o fundo do balde. Normalmente, isso é o

que acontece com algumas pessoas que ousam buscar

algo fora do espírito de miséria espiritual e intelectual 127 que age na vida dos habitantes. É. Não é um mar de 127

rosas, principalmente quando se trata de ministério,

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

um trabalho que não é transcendente (já que exige ação

física para não terminar em teoria), mas é preciso

transcender a carne para receber no espírito. Ima-

ginem colocar em prática essa fé, mas viver em um

ambiente que generalizadamente tem uma auto-

estima baixa. De Colatina não pode sair nada de bom.

Cresci pensando assim.

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Minha história pessoal não foge muito à de

várias famílias da região. Meu pai abandonou a mim

e minhas duas irmãs quando eu ainda estava prati-

camente no colo, ainda um bebê. Tenho origem muito

humilde e desde que me tenho por gente precisei tra-

balhar para ajudar minha mãe a colocar comida em

casa e para não ficarmos sujeitas a ser despejadas da

casa alugada. Foram dificuldades enormes eu não

brincava de bonecas e sim de fazer bolos e biscoitos

para vender. Ora lavando, ora passando roupa para

fora, e no meio disso tudo, como se diz por aqui, era

cortada no coro. Apanhei muito, sendo que da última

surra tenho marcas até hoje. Fui castigada com um

moedor de carnes na ocasião, tinha nove anos de idade.

Se medirmos em porcentagens, somando meu

histórico familiar e as possibilidades de ascensão soci-

al que crianças com meu perfil têm, pode-se afirmar

que eu tinha noventa por cento de chances de ser uma

pessoa fracassada em diversas áreas. Deprimida, amar-

gurada, pensando baixo, refletindo todos os maus atos

sofridos. Como havia mencionado, em geral, esse é o

perfil de vários colatinenses. Cresci uma adolescente

sem expectativas, órfã do amor de um pai, e elogiada

pela mãe com palavras semelhantes a inútil, pregui- 128 çosa, dentre outras, que não convém mencionar aqui. 128

Gisela Matos

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Quando Deus me pediu as sapatilhas

Verdadeiramente, eu não via saída para mim; tudo o

que eu conhecia estava misturado a trabalho duro e

humilhações. Diante disto, posso afirmar com todo o

meu coração que Deus traz à existência uma vida que

nunca existiu, traça um caminho onde não vemos

caminho e faz com que haja paz até em meio à guerra.

O meu grandioso Pai me encontrou no meio de

um deserto de almas. Ele atraiu primeiro o coração

ainda infame da minha mãe. Isto não é lindo? Ele não

atribuiu a ela suas culpas, mas ofereceu o perdão. Ela

começou freqüentar uma igreja no centro da cidade e

eu e minha irmã mais nova começamos a ir com ela.

Recebemos visitas em casa, orações, etc. Eu não gos-

tava muito porque eles falavam de uma coisa que eu

não entendia muito bem. Amor de Deus, perdão e paz.

Eu dizia para mim mesma: como Deus pode dizer que

me ama, mas me deixou passar por tudo aquilo? Eu

não entendia nada; era muito oprimida, mas o estra-

nho, era que ao mesmo tempo me sentia irresistivel-

mente atraída para estar lá e ouvir aquelas palavras

novamente. Comecei a ser freqüente na igreja e a mi-

nha vida nunca mais foi a mesma. Certa vez, em uma

das ministrações de louvor, senti tanta paz naquela

música animada, mas eu estava tão desesperada que

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desejei profundamente que aquela paz invadisse o

meu ser não saísse nunca mais. Ao descer aquelas

escadas, entreguei definitivamente minha vida ao

Senhor Jesis. Eu tinha catorze anos de idade e foi a

melhor decisão da minha vida.

Amém, glória a Deus, Jesus no coração, uma

vida nova pela frente, cheia de sonhos, expectativas, 129 transformações agora vai ser fácil! É. Não foi bem 129

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

assim. Impossível, claro que não, porque agora, antes

de mexerem comigo, teriam que mexer com o Deus do

impossível, mas tive que ter muita fé para conseguir

permanecer. Primeiro minha mãe deixou o evangelho

e minha irmã mais nova engravidou aos quinze anos,

se desviou e ficamos eu e Deus. Fui muito humilhada,

perseguida, esnobada. Muitas lágrimas, incontáveis

lágrimas, que só eu, meu travesseiro e Deus sabíamos.

Não deixei de ir à igreja. Lá era o meu porto

seguro. Digo, o mover de Deus na vida daquelas pes-

soas, o amor Dele derramado sobre mim por meio de

pessoas que não tinham o meu sangue, mas me ama-

vam como se tivéssemos sido gerados no mesmo lar.

Comecei a me relacionar com a Gisela e sua família.

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Uma mulher corajosa, cheia de fé e prática em Deus.

Ela não parava; líder dos adolescentes e o Oziel,

presbítero da igreja na época, formaram um grupo de

dança de adolescentes. Eu amava ir à reunião dos

adolescente, aos ensaios do grupo de dança, e ficava

ansiosa para ir ao culto de domingo. Recebi um

cuidado muito especial: a Gisela, principalmente, foi

uma mãezona. Sua determinação sempre me causou

admiração; sua atitude diante do senhor me ensinou

que vale a pena sonhar os sonhos Dele, e ao entregar

suas sapatilhas inspirou a muitos a sacrificarem-se

por amor a Deus e ao Seu Reino!

Tenho doces lembranças do tempo em chegá-

vamos mais cedo à igreja e orávamos, dançávamos,

até sem música, em meio a uma presença tão linda

de Deus. Unção fresca e suave no lugar secreto.

Ali mesmo, onde só Deus pode nos ver, Ele implantou 130 em mim o caráter de um adorador. 130

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Precisaríamos de mais um livro para falar de

tudo o que Deus realizou em nossas vidas, seus feitos

e maravilhas. É por isso que todas as vezes que danço,

celebro as lutas, as conquistas e a vergonha de satanás

que tentou me prender no fracasso. Hoje, tenho algo

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para mostrar à sua tentativa. Em um lugar de vazio

emocional, Deus trouxe sentimentos preciosos. Em um

ambiente seco de criatividade e instrução, Deus

derramou Seu Espírito criativo, capacitou meu corpo

físico para ensinar a outros que como eu viveram

longe das maravilhas de produzir e conhecer arte. Eu

poderia ter permanecido escondida no sentimento de

depressão, mas quando Deus falou comigo: "Lázaro,

vem pra fora", deixei para trás as ataduras das

minhas feridas e confiei no chamado que Ele tem

para seus filhos. Deus usa as coisas loucas deste

mundo para confundir aos sábias! Eu jogava handboll

e hoje sou professora de balé clássico. Vai entender o

Senhor Jesus! Ele é muito lindo mesmo. Quando tinha

cinco anos de idade, sonhei que ia viajar de avião. Para

a minha realidade, isso era uma piada. Aos vinte, fiz

minha primeira viagem de avião para Belém do Pará,

para ministrar em um congresso de dança.

As pessoas disseram que eu não seria nada, mas

eu digo que sou o que a Bíblia diz que sou; eu sou o

que Jesus diz que sou. Aos dezessete anos, conheci meu

marido e aos dezenove anos nos casamos. Hoje, aos

vinte e cinco, tenho uma filha linda e posso afirmar

que sou completa e extremamente feliz. Recebi um

chamado para levar o evangelho a todas as nações; já

pisei em quase todos os estados brasileiros e sei que

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Deus me levará às nações para dançar sobre as injusti- 131 ças dos povos. Deus, que me resgataste do império das 131

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

trevas para o reino da Tua maravilhosa luz, eu Te amo,

Senhor, razão da minha vida. Amo dançar para ele com

tudo o que há em mim, com todas as minhas forças.

Eu dançarei até os confins da terra, se for preciso. Nin-

guém, mas ninguém mesmo, vai me segurar!

Venuzia Carrara Gomes da Silva Prando

Duda é filha, companheira, amiga. Cami-

nhamos juntas há treze anos, literalmente de mãos

dadas. Passamos vales, desertos e lutas juntas, mas

temos vivido juntas os sonhos de Deus. Professora de

balé clássico, atua em uma academia e em um projeto

da prefeitura de sua cidade.

Gisela Matos

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Palavras finais

Tudo o que você leu neste livro, mais do que

palavras, são fatos que falam por si sós. Entendi que

era o momento certo para publicar estas histórias, pois

nós que ministramos ao Senhor devemos entender o

princípio de sermos servos e adoradores antes de tudo.

Artistas com o coração totalmente voltado para

o Senhor, entendendo o seu papel no Reino e desem-

penhando esse papel da melhor forma possível. Sem

radicalismos, apenas na liberdade do Espírito Santo

de Deus, fluindo e liberando a Palavra de Deus,

através das artes.

Eu me converti através de uma canção; temos

testemunhos de pessoas que foram curadas, libertas,

se converteram e assim temos caminhado levando o

fogo de Deus pelas nações da terra.

Espero que sua vida tenha sido edificada e que

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o Espírito Santo tenha ministrado ao seu coração.

As artes podem ser instrumentos nas mãos de

Deus. Basta que você tenha a disposição de entregar

seu dom nas mãos de Deus, de ser um vaso nas mãos

Dele, um vaso de honra.

133 Quando nos colocamos por inteiro nas mãos de 133

Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

Deus, com nossa mente, nosso coração, nossa alma,

nossas habilidades, somos vasos derramando bálsa-

mo de cura, revelando a pessoa de Deus e mostrando

o caminho da salvação.

Deus abençoe a todos!

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Gisela Matos

Quando Deus me pediu as sapatilhas

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Quando Deus me pediu as sapatilhas

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