Written discourse across cultures

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Written Discourse Across Cultures Michael Clyne Universidade Federal de Minas Gerais Pós-Graduação em Estudos Linguísticos Estudos da Comunicação Intercultural Profa. Ulrike Schroeder Aluna: Adriana Mendes Porcellato

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Apresentação de um trabalho de uma disciplina do curso de mestrado em linguística aplicada

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  • 1. Michael Clyne Universidade Federal de Minas Gerais Ps-Graduao em Estudos Lingusticos Estudos da Comunicao Intercultural Profa. Ulrike Schroeder Aluna: Adriana Mendes Porcellato

2. Sobre o autor: Michael George Clyne, (1939-2010) de origem australiana, foi um acadmico de renome em muitos campos da lingustica, entre os quais a sociolingustica, pragmtica, bilinguismo e multilinguismo, aprendizado de L2 e comunicao intercultural. 3. Tpicos: Introduo geral Introduo aos estudos e classificaes de discursos escritos(Kaplan, 1972) Os estudos de Clyne: Discurso acadmico alemo / ingls Outros estudos: a) Ingls/alemo b) Outras lnguas europias c) Lnguas do leste e sudeste asitico d) rabe e) Oriente Mdio e sia Meridional Concluses 4. Retrica contrastiva O que ngela Levy diz a respeito da estrutura discursiva oral das seguintes lnguas: - Ingls - Alemo - Portugus 5. Foco no discurso escrito Clyne escolhe focar-se no discurso escrito nesse captulo coma inteno de esclarecer algumas relaes entre discurso e sistemas de valores culturais. Estudos baseados em:a) Textos expositivos mais do que narrativos b) Coerncia mais do que coeso c)Estudos top-to-bottom, pois nesse tipo de estudos as diferenas entre os discursos ficam mais evidentes do que em estudos bottom-up (partindo do nmero de palavras, variveis sintticas ou lexicais) 6. A origem da anlise do discurso contrastiva Kaplan (1972) foi o primeiro a investigar o discurso escritoentre culturas, dando incio anlise do discurso contrastiva ou retrica contrastiva Foco no discurso acadmico: ensaios escritos porestudantes estrangeiros nos EUA Esse estudo deu origem a uma classificao de 4 tipos deestruturas discursivas 7. A classificao de Kaplan Tipo de estrutura discursivaTipo gentico de lngua1. Construes paralelas, com a primeira ideia completada na segunda parteLnguas semticas2. CircularidadeLnguas orientais3. Liberdade de divagar e de introduzir material estranhoLnguas romnicas4. Parecido ao anterior, mas com mais inseres parentticas, subordinadas Lnguas eslavas e sem concluso. 8. Proposta de Clyne para a classificao de Kaplan Tipo de estrutura discursiva 1. Construes paralelas, com a primeira ideia completada na segunda parteCulturas(/Discursos?) Discurso acadmico rabe (mas no malts)2. CircularidadeTpico dos discursos Indonsio, Indiano, Chins, Japons e Coreano3. Liberdade de divagar e de introduzir material estranhoDiscurso da Europa Central, incluindo o discurso alemo, italiano, espanhol, latino-americano e portugus (?) (mas no muito o francs)4. Parecido ao anterior, mas com mais inseres parentticas, subordinadas e sem concluso.Discurso do Leste Europeu 9. Os estudos de Clyne: Alemo x Ingls Clyne apresenta diversos estudos e subsequentes desdobramentos a partir do par alemo/ingls. Iremos ver os seguintes: 1. Estudo preliminar (escolas de 2 grau) 2. Corpus de discurso acadmico a) Resultados gerais b) Os hedges ou mitigadores c) Enquete d) Outros estudos 10. 1. Estudo Preliminar Textos escritos por alunos de ensino mdio de escolasalems e australianas Notas e correes dos professores Manuais de escrita de ensaios em alemo e ingls 11. Expectativas/Resultados: Para os textos em inglsPara os textos em alemoFormato de ensaio obrigatrio na maioria das tarefasTarefas podem ser em formato de notas, diagrama, ensaioO tpico tem que ser definido no comeo do ensaioOs tpicos, sendo mais gerias, no precisam ser tratados com tanto cuidadoRelevncia e linearidade so os critrios mais importantesCorreo e extenso/importncia so mais importantesRepetio no desejvelRecapitulao necessria devido baixa linearidade do texto 12. 2. Estudo sobre corpus de textos acadmicos: alemo x ingls Corpus constitudo por 52 textos seguindo os seguintes critrios: N de textosLngua dos textosLngua nativa dos autores dos textos26ingls (australiano)ingls (australiano)17alemoalemo9inglsalemoOBS. Os textos foram ulteriormente divididos de acordo com disciplina, sub-disciplina, tipo de texto, tpico, inteno e gnero do autor 13. Algumas definies Digresso: quando se adicionam ao texto: - Um componente terico em estudo emprico; - Um apanhado histrico; - Uma dimenso ideolgica;- Mais contedo. Assimetriatextual: quando algumas sees ou proposies do texto so muito maiores que outras. Advance organizers: expresses que indicam desde o incio a organizao do texto 14. a) Resultados gerais: Ingls Maior linearidade Mais coordenao Maior simetria Textos mais previsveis, com organizao indicada desde o comeo Definio de palavras-chave no comeoAlemo Menor linearidade Mais subordinao Maior assimetriaDefinio das palavras-chave ao longo do textoExemplos e estatsticas acompanham o texto, com notas explicativasExemplos e estatsticas em anexo no final do texto e sem notas explicativasTextos menos previsveis 15. Em resumo, as propriedades de um bom texto em ingls: Simetria textualSimetria proposicionalIntegrao de dados Colocao antecipada dos advance organizers 0200400600800 1,000 1,200 16. b) Hedgings ou mitigadores Hedgings: modais, verbos parentticos, passivos, construes impessoais, passivos sem agente O corpus selecionado e os resultados N de textosLngua dos textosLngua nativa dos autoresMdia de hedgings /texto7alemoalemo245inglsalemo28,512inglsingls6,25Concluso: Houve uma transferncia, por parte dos alemes, de estruturas discursivas do alemo para o ingls. 17. c) Sondagem Com base nos dados coletados nos estudos anteriores, foram escritos: - Textos tipicamente alemes - Textos tipicamente ingleses Objetivo:Obter informaes sobre os critrios utilizados por australianos e alemes na avaliao de um texto acadmico Participantes: Esses textos foram submetidos ao julgamento de: - 14 linguistas australianos (falantes nativos de ingls) - 14 linguistas alemes (falantes nativos de alemo) - 14 socilogos australianos (falantes nativos de ingls) Metodologia Questionrios com perguntas abertas, como: - Do que voc gostou mais/menos no texto? 18. Resultados Orientados para a formaLinguistas australianosOrientados para o contedoLinguistas alemesMuito linearesLinguistas australianosSocilogos AustralianosPouco linearesSocilogos AustralianosLinguistas alemesLegibilidade: Australianos: legibilidade ligada linearidade Alemes: legibilidade ligada ao uso de palavras mais ou menos abstratas 19. Estruturas discursivas, lnguas e culturas Allthese differences in discourse structures and discourse expectations should not be attributed to the languages but rather to the cultures reproduced by the education system. It is in the evaluation of discourse that people from a dominant language or cultural group are most likely to be intolerant of, or insensitive to, variation. Thus, Germanspeaking scholars who are being forced to publish in English-medium international journals and to publish their books in English are being disadvantaged in the refereeing process and in reviews by the reaction of English-speaking peers to their un-English- discourse patterns (Clyne, 1996:165) 20. A influncia do grupo lingustico/cultural dominante Clyne cita dois estudos em que h presena de influncia do grupolingustico dominante (os falantes de ingls) em certas reas: 1.Estudo de Gnutzmann e Oldenburg (1991)Nesse estudo foi feita a anlise de 40 introdues e 40 concluses de artigos publicados em duas revistas de lingustica: a americana Language e a alem Linguistische Berichte. Resultados: Introdues bastante parecidas Concluses na revista alem so maiores que aquelas da revista americana Concluses na revista americana so mais fortes 21. 2. Oldenburg (1992) Nesse estudo o alvo foram diferentes tipos de resumos em revistas em lngua inglesa e alem. As reas acadmicas contempladas e os resultados obtidos foram estes: Lingustica -> Diferenas no s interlingusticas comotambm intralingusticas. Economia -> Diferenas substanciais entre as duas lnguas, com mais summarizing summaries em ingls Engenharia mecnica -> fortes semelhanas entre alemo e ingls 22. Outras Lnguas Europias Entre outros estudos, Clyne apresenta este: Ingls/Australiano/Americano/Finlands/Holands/Alemo Estudo conduzido atravs da anlise de trabalhos de alunos do ensino mdio de escolas australianas, finlandesas, holandesas e americanas. +linear + restritos a um ponto - digressesTextos Textos australianos americanos- linear - restritos a um ponto + digressesTextos finlandesesTextos holandesesTextos alemes 23. Leste e Sudeste Asitico Kaplan define o tipo de discurso ligado s lnguas orientais como circular. Essa teoria ainda em parte aceita, mas outros estudos foram feitos e no sempre corroboram essa teoria: O caso do JaponsHinds (1980, 1983) descreve 3 padres organizacionais do discurso inexistentes em ingls: 1. Unidade: desenvolvimento lgico 2. Foco: se prender a um tpico sem divagar 3. Coerncia: ligar diferentes pontos do texto, uso de transitions) 24. +linear + orientado na forma Textos ingleses- linear + orientado no contedo Textos Textos alemes japoneses O caso do chinsDiferentes estudos chegam a diferentes concluses, pois existe uma grande variao intralingustica nos ensaios acadmicos chineses : Kirkpatrick aponta para o fato de o discurso ter sofrido diversas adaptaes ao longo do tempo; Alguns acadmicos parecem privilegiar estilos ocidentais; Alguns linguistas apontam para uma grande linearidade nos textos de alunos chineses, Outros lingustas definem uma estrutura padro em textos de crtica literria: introduo, transio, turn, sntese e concluso. 25. Outros linguistas ainda apontam para caractersticas tpicasdos textos chineses em relao aos correspondentes ocidentais: a) Discurso mais curto b) Maior ocorrncia de procedimentos no-convencionais c) Falta da reviso bibliogrfica d) Textos menos dialgicos Yong Liang (1991) oferece um estudo comparativo mais clarode resenhas em chins e alemo, chegando s seguintes concluses: a) Avaliaes negativas: frequentes nas resenhas alems, ausentes nas resenhas chinesas b) Insero de elogios no comeo dos textos chineses 26. Identifying tendencies is useful, enforcing rigid dichotomies is not. (Sanderson, 2008: 282) Nos estudos apresentados por Clyne sobre a estrutura discursiva do chins h uma falta de consenso tambm devido aos diferentes gneros comunicativos mencionados.Podemos, portanto, notar que a equao 1 estrutura discursiva = 1 cultura tem suas limitaes, como o prprio Kaplan reconheceu mais tarde (apud Zhu, 2005). Mesmo percebendo que o discurso chins tende a ser indireto ou circular, devido talvez ao fato de os chineses possuirem uma viso de self muito diferente dos ocidentais, no possvel aplicar essa teoria a todos os contextos. Baste pensar ao contexto do comrcio, onde os chineses costumam ser mais diretos e persuasivos que muitos ocidentais (Zhu, 2005) 27. rabe +linear + orientado na forma Textos rabes- linear + orientado no contedo Textos angloamericanosTextos alemes A cultura rabe parece levar em considerao a forma do texto at mais doque a cultura anglo-americana Ao tentar explicar essa preferncia pela forma sobre o contedo, os linguistas divergem: a) Ostler acredita que a ateno pela forma se deva ao tipo de subordinao em rabe (bottom-up) b) Kaplan defende que essa preferncia venha da influncia do Alcoro c) Saadeddin atribui essa preferncia forma em que se desenvolve o discurso (oral ou visual) 28. sia meridional e Oriente Mdio Estudo: Gnero comunicativo: carta pedindo informao para entrar na Universidade. Nmero de cartas selecionado: 20 Sujeitos: provenientes de 2 regies: sia Meridional ou Oriente Mdio Problemas encontrados: a) Estrutura discursiva b) Estratgias para fazer um pedido 29. Exemplos: Expresses de deferncia inapropriadas no ingls australiano: Respected Sir, Your Honour Referncias ao background financeiro, acadmico e social do autor My family background too is excellent Apelos desesperados My life is now in danger, but to give up my studies I loose my future...so Im turning to you in my plight (Lebanese) Falta de adequao ao registro Dear Sir, I hope you are well and enjoying your self. Falha na produo de alguns atos de fala Good Morning or after Good Night. Transferncia de estruturas tpicas da L1 I hope to complete my university studies.VI begged to accepte my application to your university [cultura rabe] Falhas de adequao cultural The Name of Allah The benefecent, The Mirciful 30. Concluses de Clyne Paralelo entre discursos escritos e falados: Em ambos o que importante no sistema de valores culturais do grupo e do indivduo influencia a forma como o grupo e o indivduo interagem (na L1 ou na L2) O impacto do sistema de valores culturais nos padres discursivos transcende as culturas individuais Padres discursivos coincidem com as expectativas que so transmitidas atravs do sistema educacional difcil para as pessoas aplicar a relatividade cultural variao no discurso sem preconceitos 31. Observaes sobre o texto Culturas x DiscursosNo ficou muito clara a separao entre os dois conceitos. Culturas x LnguasApesar de criticar a correspondncia que Kaplan traou entre estruturas discursivas e famlias lingusticas, s vezes o prprio Clyne parece fazer essa correspondncia. Ex: Ingls e suas diversas culturas. Cultura = sistema escolarAinda identificando a cultura com o sistema escolar, nem sempre essa identificao fica clara. Ex. O sistema escolar ingls seria igual ao australiano ou americano? A questo do ingls como lngua dominanteO autor parece no levar em conta que o ingls, hoje falado por mais falantes no-nativos do que nativos, tambm est sofrendo modificaes. 32. Bibliografia CLYNE, Michael. Written discourse across cultures.In: CLYNE, Michael. Intercultural communication at work. Cambridge: CUP, 1996, 160-175 LEVY, ngela; SOARES, J. Programa do J. Globo, Rio de Janeiro, 14 de abril de 2011. Acesso em 22 de abril 2011. SANDERSON, Tamsin. Corpus, culture, discourse. Tbingen: GNV, 2008. ZHU, Yunxia. Written Communication across Cultures. Philadelphia: John Benjamins, 2005.