Wundt - Psicologia Empirica

2
Universidade Federal da Paraíba História da construção do conhecimento em psicologia Aluno: Luiz Eduardo Marrocos - 11219232 1. A importância de Wundt para a psicologia empírica Desde a segunda metade do século XIX e início do século XX, a filosofia e a fisiologia dedicavam-se ao estudo da origem do conhecimento humano, enfatizando o estudo da percepção e sensação entre os organismos e o meio externo. Wilhelm Wundt (1832 – 1920), determinado a incluir um novo domínio na ciência, inicia a construção de uma ciência empírica, onde o objeto de estudo seria a experiência imediata. Para tanto, foi inevitável o desenvolvimento de um sistema filosófico que englobaria o seu próprio trabalho psicológico. Com o pressuposto realizado, Wundt tem como única alternativa recusar por completo as concepções metafísicas (Schultz & Schultz, 2011), na medida em que defende um psicologia baseada na experimentação e na observação. Apenas o fato de estender os métodos das ciências naturais à psicologia, já mostra o quão importante Wundt foi para essa ciência. Sua distinção entre a psicologia experimental e a psicologia dos povos solidifica ainda mais a necessidade do uso dessa dualidade metodológica, uma vez que a primeira contempla os estudos acerca dos processos envolvidos na percepção, sensação e representação, e a segunda, os fenômenos sociais e culturais. Em muitas das críticas sobre a importância de Wundt para a psicologia empírica, há várias situações em que ele foi equivocadamente retratado como defensor da introspecção clássica – o que não é bem verdade. Wundt critica esse tipo de introspecção, mas não a exclui do seu projeto psicológico, apenas a diferencia do tipo de introspecção que seria usado como recurso metodológico do seu projeto: A percepção interna. Sendo dotada da possibilidade de controle experimental, torna- se o método ideal e mais seguro na observação metodológica, pois o “o psicólogo, contudo, só pode retornar a um processo interno observado sob certas condições, se ele reproduzir artificialmente as mesmas condições, ou seja, com a ajuda do método experimental” (Wundt, 1921, p. 167). Voltando a falar do tipo tradicional de introspecção, o motivo que leva Wundt a não descarta-la do seu sistema teórico, é que existem eventos psíquicos que são independentes ao observador e praticamente impossíveis de serem alcançados pelo método experimental. Esses eventos foram chamados de processos mentais superiores, e exemplificam-se nos mitos, costumes, linguagem e religião, tornando-se alvo de investigação da psicologia dos povos. A dedicação de Wundt para fornecer um sistema que proporcionasse uma visão bem geral e ampla da vida psíquica, leva-o a extensos estudos históricos e etnológicos para sistematizar a Volkerpsychologie (psicologia dos povos) como complemento da psicologia experimental. Apesar de ter contribuído para o nascimento de uma ciência que já não dependia tanto de concepções metafísicas, é notado em (Araújo, 2009, p.219), que Wundt considera um erro a separação entre filosofia e psicologia, uma vez que elas são intimamente ligadas através do sistema filosófico que dá justificativa à ciência psicológica. Wundt não é apenas um autor que deve ser reverenciado devido ao título de “pai da psicologia moderna”, mas sim um autor que deve ser estudado com um mínimo de seriedade e dedicação, para que sua real importância à construção da psicologia empírica, jamais deixe de ser notada ou pior, mal-interpretada.

Transcript of Wundt - Psicologia Empirica

Universidade Federal da ParaíbaHistória da construção do conhecimento em psicologia

Aluno: Luiz Eduardo Marrocos - 11219232

1. A importância de Wundt para a psicologia empírica

Desde a segunda metade do século XIX e início do século XX, a filosofia e a fisiologia dedicavam-se ao estudo da origem do conhecimento humano, enfatizando o estudo da percepção e sensação entre os organismos e o meio externo. Wilhelm Wundt (1832 – 1920), determinado a incluir um novo domínio na ciência, inicia a construção de uma ciência empírica, onde o objeto de estudo seria a experiência imediata. Para tanto, foi inevitável o desenvolvimento de um sistema filosófico que englobaria o seu próprio trabalho psicológico.

Com o pressuposto realizado, Wundt tem como única alternativa recusar por completo as concepções metafísicas (Schultz & Schultz, 2011), na medida em que defende um psicologia baseada na experimentação e na observação. Apenas o fato de estender os métodos das ciências naturais à psicologia, já mostra o quão importante Wundt foi para essa ciência. Sua distinção entre a psicologia experimental e a psicologia dos povos solidifica ainda mais a necessidade do uso dessa dualidade metodológica, uma vez que a primeira contempla os estudos acerca dos processos envolvidos na percepção, sensação e representação, e a segunda, os fenômenos sociais e culturais.

Em muitas das críticas sobre a importância de Wundt para a psicologia empírica, há várias situações em que ele foi equivocadamente retratado como defensor da introspecção clássica – o que não é bem verdade. Wundt critica esse tipo de introspecção, mas não a exclui do seu projeto psicológico, apenas a diferencia do tipo de introspecção que seria usado como recurso metodológico do seu projeto: A percepção interna. Sendo dotada da possibilidade de controle experimental, torna-se o método ideal e mais seguro na observação metodológica, pois o “o psicólogo, contudo, só pode retornar a um processo interno observado sob certas condições, se ele reproduzir artificialmente as mesmas condições, ou seja, com a ajuda do método experimental” (Wundt, 1921, p. 167). Voltando a falar do tipo tradicional de introspecção, o motivo que leva Wundt a não descarta-la do seu sistema teórico, é que existem eventos psíquicos que são independentes ao observador e praticamente impossíveis de serem alcançados pelo método experimental. Esses eventos foram chamados de processos mentais superiores, e exemplificam-se nos mitos, costumes, linguagem e religião, tornando-se alvo de investigação da psicologia dos povos. A dedicação de Wundt para fornecer um sistema que proporcionasse uma visão bem geral e ampla da vida psíquica, leva-o a extensos estudos históricos e etnológicos para sistematizar a Volkerpsychologie (psicologia dos povos) como complemento da psicologia experimental.

Apesar de ter contribuído para o nascimento de uma ciência que já não dependia tanto de concepções metafísicas, é notado em (Araújo, 2009, p.219), que Wundt considera um erro a separação entre filosofia e psicologia, uma vez que elas são intimamente ligadas através do sistema filosófico que dá justificativa à ciência psicológica. Wundt não é apenas um autor que deve ser reverenciado devido ao título de “pai da psicologia moderna”, mas sim um autor que deve ser estudado com um mínimo de seriedade e dedicação, para que sua real importância à construção da psicologia empírica, jamais deixe de ser notada ou pior, mal-interpretada.

REFERÊNCIAS

Araújo, Saulo. (2009). Uma visão panorâmica da psicologia de científica de Wilhelm Wundt. Scientle Studia, São Paulo v. 7, n. 2, pp. 209-20, 2009.

Schultz, Duane P. & Schultz, Sydney E. (2011). História da Psicologia Moderna (9ª ed.) (Tradução

de Zanella, Maraília de Moura & Cuccio, Suely) São Paulo: Editora Cengace Learning