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INVESTIGAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE COORDENADORES DE CURSO DE GRADUAÇÃO DE UM CENTRO UNIVERSITÁRIO E SUA RELAÇÃO COM FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS. INVESTIGATION OF THE QUALITY OF LIFE OF COORDINATORS OF GRADUATION OF A UNIVERSITY CENTER AND ITS RELATION WITH SOCIODEMOGRAPHIC FACTORS. Alexia Janine Padovani Dias – [email protected] Ana Carolina de Andrade Casarin – [email protected] Vinicius Espaciani Bueno – [email protected] Graduandos do Curso de Psicologia – UniSALESIANO (Lins, SP) Profª. Ma. Elizeth Germano Mattos – [email protected] Docente do Curso de Psicologia – UniSALESIANO (Lins, SP) RESUMO O interesse pelo tema surgiu em decorrência da observação dos pesquisadores, realizada ao longo da formação, no que diz respeito à atuação de coordenadores de curso de graduação. No contexto das instituições de ensino superior, os coordenadores acumulam diferentes atribuições, em especial a de docência, ações didático-pedagógicas e administrativas, com a obrigação de executá-las de forma simultânea, com eficiência e resolutividade. Essas ações sobrecarregam este profissional interferindo na eficácia do trabalho, acarretando consequências, inclusive negativas à qualidade de vida. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de caráter exploratório, com abordagem quanti-qualitativa. O método é a pesquisa de campo e a técnica é a entrevista, com embasamento na Teoria Sócio-Histórica. Além da entrevista será aplicado nos participantes o questionário de avaliação de qualidade de vida - SF-36 (Short-Form). Os Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 6., n.12, jul/dez de 2015

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INVESTIGAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE COORDENADORES DE CURSO DE GRADUAÇÃO DE UM CENTRO UNIVERSITÁRIO E SUA

RELAÇÃO COM FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS.

INVESTIGATION OF THE QUALITY OF LIFE OF COORDINATORS OF GRADUATION OF A UNIVERSITY CENTER AND ITS RELATION WITH

SOCIODEMOGRAPHIC FACTORS.

Alexia Janine Padovani Dias – [email protected] Carolina de Andrade Casarin – [email protected]

Vinicius Espaciani Bueno – [email protected] Graduandos do Curso de Psicologia – UniSALESIANO (Lins, SP)

Profª. Ma. Elizeth Germano Mattos – [email protected] Docente do Curso de Psicologia – UniSALESIANO (Lins, SP)

RESUMO

O interesse pelo tema surgiu em decorrência da observação dos pesquisadores, realizada ao longo da formação, no que diz respeito à atuação de coordenadores de curso de graduação. No contexto das instituições de ensino superior, os coordenadores acumulam diferentes atribuições, em especial a de docência, ações didático-pedagógicas e administrativas, com a obrigação de executá-las de forma simultânea, com eficiência e resolutividade. Essas ações sobrecarregam este profissional interferindo na eficácia do trabalho, acarretando consequências, inclusive negativas à qualidade de vida. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de caráter exploratório, com abordagem quanti-qualitativa. O método é a pesquisa de campo e a técnica é a entrevista, com embasamento na Teoria Sócio-Histórica. Além da entrevista será aplicado nos participantes o questionário de avaliação de qualidade de vida - SF-36 (Short-Form). Os instrumentos de pesquisa serão aplicados nas dependências do Serviço de Psicologia do UniSALESIANO – Centro Universitário Católico Auxilium de Lins, S.P. O objetivo deste estudo é o de investigar a qualidade de vida de coordenadores de curso de graduação de um Centro Universitário. Participam deste estudo 11 coordenadores de curso de graduação em exercício profissional no ano de 2016, os quais foram procurados pessoalmente e convidados a participar desta pesquisa. A pesquisa foi desenvolvida nas dependências do Serviço de Psicologia do UniSALESIANO – da referida instituição. Os instrumentos de pesquisa incluem: Roteiro de Entrevista e o Questionário de Avaliação de Qualidade de Vida - SF-36 (Short-Form). Os dados coletados foram apresentados na forma de tabelas e gráficos, com auxílio do programa Microsoft Office Excel 2007, sendo as questões específicas quanto à percepção pessoal sobre qualidade de vida analisadas de forma qualitativa, sem a preocupação estatística. Verificou-se que a qualidade de vida dos participantes não indicou dados preocupantes. A média mensurada

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nos domínios foi considerada boa, os participantes apresentaram médias acima de 70%. Entretanto, conclui-se que há possibilidade de melhoria dos aspectos referentes à atividade física, alimentação adequada e gestão do tempo dos participantes e que ações interventivas devem ser implementadas.

Palavras-chave: Psicologia. Qualidade de Vida. Docência no Ensino Superior. Gestão Educacional. Coordenação de Curso de Graduação.

ABSTRACT

Interest in the subject arose as a result of observation of researchers conducted throughout the training, with regard to the performance of coordinators of graduate course. In the context of higher education institutions, coordinators accumulate different assignments, especially of teaching, didactic and pedagogical and administrative actions, with the obligation to execute them simultaneously, efficiently and resoluteness. These actions overwhelm this professional interfering with the effectiveness of the work, resulting consequences, including negative quality of life. This is a descriptive, exploratory, with quantitative and qualitative approach. The method is the field of research and technology is the interview with basement in the Socio-Historical Theory. Besides the interview will be applied to the participants in the questionnaire for assessing quality of life - SF-36 (Short Form). research tools will be applied on the premises of Psychology Unisalesiano Service - Auxilium University Catholic Center Lins, S. P. The aim of this study is to investigate the course coordinators of life quality degree from a University Center. Participate in this study 11 course coordinators degree in professional practice in the year 2016, which were sought personally and invited to participate in this survey. The research was conducted on the premises of Psychology Unisalesiano Service - of the institution. Research tools include: Interview Guide and Quality Assessment of Life Questionnaire - SF-36 (Short Form). Data were presented in tables and charts, with the help of Microsoft Office Excel 2007 program, and the specific issues concerning the personal perception of quality of life analyzed qualitatively, without statistical concern. It was found that the quality of life of participants indicated no concern data. The average measured in the field was considered good, participants had average above 70%. However, it is concluded that there is potential for improving the aspects related to physical activity, proper nutrition and time management of the participants and interventional actions should be implemented.

Keywords: Psychology. Quality of life. Teaching in Higher Education. Educational management. Undergraduate Program Coordination.

INTRODUÇÃO

O interesse pelo tema surgiu em decorrência da observação dos

pesquisadores, realizada ao longo da formação, no que diz respeito à atuação

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de coordenadores de curso de graduação. Durante este período foi possível

perceber a grande demanda de trabalho que está continuamente sob

responsabilidade dos coordenadores de cursos de instituições de ensino

superior (IES). Considera-se importante aprofundar os conhecimentos sobre

esta temática para compreender de forma mais abrangente o papel dos

coordenadores de curso de graduação e a relação de suas atribuições com a

qualidade de vida com vistas a superação de adversidades e bem-estar

biopsicossocial destes profissionais. O objetivo geral deste estudo é o de

investigar a qualidade de vida de coordenadores de curso de graduação de um

Centro Universitário. Os objetivos específicos incluem: apresentar o perfil

sociodemográfico dos participantes; descrever a percepção de qualidade de

vida de coordenadores de curso de graduação atuantes numa instituição

privada de ensino superior reconhecida como Centro Universitário; avaliar a

qualidade de vida dos participantes; relacionar os resultados identificados

mediante aplicação do instrumento de pesquisa, com a percepção dos

participantes sobre qualidade de vida, considerando as características

sociodemográficas e exercício profissional.

1 EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL: ASPECTOS GERAIS

Em comparação a outros países a universidade no Brasil demorou um

pouco a surgir. Segundo Cunha (2007 apud SUDAN, 2010) o surgimento das

universidades no Brasil se estabelece da seguinte forma,

[...] o primeiro período foi o da Colônia, iniciando-se em 1572, data de criação dos cursos de Artes e Teologia no colégio dos jesuítas da Bahia, sendo provavelmente os primeiros cursos superiores no Brasil, estendendo-se até 1808, quando ocorreu a transferência da sede do reino português para a cidade do Rio de Janeiro. O segundo período iniciou-se quando o Brasil ainda era colônia, em 1808, com a criação de um novo ensino superior – novo em comparação ao período anterior – estendendo-se até 1889, com a queda da monarquia. O terceiro período, o da república oligárquica, teve seu início com o governo provisório de Deodoro da Fonseca e terminou com a instalação do governo provisório de Getúlio Vargas, em 1930. O quarto período, a era Vargas, começou com a Revolução de 1930 e findou com a deposição do ditador, em 1945. O quinto período do ensino superior no Brasil se dá na vigência da república populista – 1945 a 1964. Neste período, encontrava-

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se o ensino superior brasileiro de forma crítica por conta de suas contradições, pois o crescimento de emprego não acompanhava o ritmo do aumento dos jovens diplomados (CUNHA, 2007 apud SUDAN, 2010, p.18).

Ao passar da década de 70 para década de 80, ocorreram muitos

estímulos políticos no Brasil para ampliar o crescimento do ensino privado. Isso

incentivou amplamente o crescimento das instituições particulares de ensino

superior (IPES) e o ensino de nível superior privado ganha espaço e forma de

mercado.

O primeiro sinal de que transformações estavam ocorrendo na educação superior, mais especificamente no setor privado, foi a corrida das instituições privadas para se transformarem em universidades. Ao disciplinar o princípio de autonomia para as universidades, a Constituição de 1988 criou um instrumento importante para o setor privado: a possibilidade de liberar-se do controle burocrático do antigo Conselho Federal de Educação (CFE), especialmente no que diz respeito à criação e extinção de cursos na sede e ao remanejamento do número de vagas oferecidas (SAMPAIO, 2011, p. 30).

Após toda essa grande expansão, equiparação entre ensino superior

público e privado e um aumento da população interessada e ingressando

nesse nível de ensino, os motivos para se ingressar nas universidades passam

a mudar e as IPES começam a atender a essa nova demanda.

Os objetivos que fazem parte das IES, de maneira geral e segundo a Lei

n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, artigo 43 são,

Art. 43. A educação superior tem por finalidade:I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo;II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização,

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integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares.

1.1Características do contexto universitário

Atualmente o contexto universitário vem passando por grandes

modificações. Essas modificações vêm ocorrendo a fim de atrair e manter-se

cada vez mais atualizado quanto as atuações e exigências do mercado.

As novas exigências estão associadas à melhoria constante na qualidade de ensino; escassez de recursos; aumento do controle externo, da concorrência, da massificação e heterogeneidade discente, da introdução de novas tecnologias, das mudanças no sentido social atribuído às universidades e da discussão da autonomia universitária; entre outras (MEYER JR; ZABALZA apud KANAN; ZANELLI, 2011, p.155).

Além de todas as exigências vindas do contexto social em que a mesma

se insere, é necessário direcionar cuidado quanto a gestão e capacitação do

seu quadro de profissionais.

Todas as alterações, sejam de maneira estrutural ou profissional, vem

ocorrendo em paralelo com o crescente aumento dos programas de inserção

no ambiente universitário. Esses programas têm como objetivo abrir as portas

da universidade para um público diferente de épocas anteriores.

1.2 Papel dos coordenadores de curso de graduação

Dias (2009) referindo-se ao surgimento das coordenações de cursos no

ensino superior explica que,

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A Coordenação de Cursos no ensino superior surgiu com a reforma universitária na década de 60, mais precisamente em 1968, em substituição aos Conselhos Administrativos e Congregações. Algumas denominações diferentes foram utilizadas, mas o termo Coordenação prevaleceu. Por muito tempo, as Coordenações funcionaram com “funções “ ou “atribuições” especificadas nos Regimentos e Normas internas das IES, sempre privilegiando o aspecto didático-pedagógico (DIAS, 2009, p.1).

O Coordenador de curso ao longo da história vem passando pelas mais

variadas mudanças decorrentes de suas atividades exercidas. Conforme Dias

(2009) atualmente o coordenador de curso atua como,

[...] um Coordenador-gestor que, se não toma decisões, tem espaço para influenciar estas decisões. Sua função é mais que a de um “simples mediador entre alunos, professores e os órgãos colegiados superiores”, é gerir o projeto político-pedagógico do curso, tendo como referência a missão e as metas da IES. Também deve agregar novas habilidades, tais como a de “liderança de equipes”, para a formação de “times” de sucesso e a “percepção das tendências mercadológicas”, de modo a influenciar nas estratégias de marketing para a divulgação do curso (p.2).

Dentre as mais variadas atribuições do coordenador de curso, a função

exige não somente conhecimento acadêmico, mas o conhecimento técnico e

estrutural das instituições no qual estão inseridos. Em geral, estes profissionais

se tornam professores, coordenadores, gestores, dentre as demais atribuições

oferecidas pelo cargo, o que pode interferir diretamente em sua capacidade de

trabalho.

Cabe às Coordenações de Cursos a responsabilidade pela parte pedagógico-didática de um curso de graduação de uma instituição de ensino superior. A ela compete o acompanhamento da vida acadêmica dos discentes da instituição, desde a entrada no curso até a formatura (SUDAN, 2010, p.52).

O papel do coordenador de curso não se restringe apenas no

planejamento e no atender as demandas dos alunos e da instituição, mas o

papel do coordenador no contexto atual é mais amplo. Segundo Rodrigues

(2004, p.54) o coordenador de curso superior é "visto também como educador,

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o gestor agrega valor à sua função, pois estará contribuindo para a formação

educativa do sujeito-trabalhador".

De acordo com Palmeiras e Szilagyi (2011, p.3),

[...] de um bom gestor espera-se, nesta perspectiva, capacidade de influenciar as pessoas que lidera com o objetivo de mobilizá-las à obtenção de um objetivo comum, extrapolando aí, o ambiente empresarial. A área educacional universitária tem buscado maior profissionalização de seus cargos gerenciais a partir da necessidade do gestor na área educacional de conciliar a gestão administrativa, pedagógica, acadêmica e científica.

Desta forma, as relações que o profissional estabelece com seu trabalho

dentro do contexto de educação particular irão implicar diretamente na sua

vida, e farão fazer parte da individualização do sujeito enquanto profissional.

Essa demanda de trabalho é parte e acaba sendo envolvida em diversas áreas

da vida do profissional, afetando sua qualidade de vida e podendo ser um

gerador de sofrimento. Além disso, o ambiente em que o profissional da

educação superior está inserido tem chances de causar danos diversos ao

sujeito envolvido e que, por esse motivo, é preciso avaliar essas condições e

as reais influências que o ambiente pode causar, pois, segundo Pereira,

Por ser um ambiente onde a crítica tem que existir para o aprimoramento das descobertas científicas, a universidade se torna, em algumas situações, um lugar de embates entre egos que procuram evidenciar os seus projetos individuais, na tentativa de mostrar aos pares o seu prestígio e ascensão. (2006, p. 73).

No sentido de atentar-se para essas relações profissional-trabalho, é

importante pensar em como a qualidade de vida no trabalho (QVT) desses

profissionais está sendo prejudicada, em como esses profissionais estão

percebendo a sua relação com o ambiente e as funções profissionais que estão

envolvidos e pensar em como é possível buscar melhorar essas condições e

tentar dar garantias frente à saúde e satisfação profissional daqueles que estão

inseridos no contexto da educação superior de ensino particular.

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2 FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E QUALIDADE DE VIDA EM COORDENADORES DE CURSO DE GRADUAÇÃO

2.1 Qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho: conceituação e diferenciação

O termo qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho (QVT) estão

plenamente interligados. De acordo com Pereira (2012) existem muitas

definições para o termo qualidade de vida, e que há um consenso quanto ao

termo abarcar fatores relacionados à saúde, a questões físicas e funcionais,

como também a aspectos emocional e mental, entre outros elementos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) qualidade de vida envolve a

percepção do indivíduo e de sua posição na vida no contexto da cultura e

sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações. De acordo como Moretti (2005) a QVT

pode ser definida como uma forma de pensamento que inclui as pessoas, o

trabalho em si e as empresas, e que a fim de compreender a satisfação no

trabalho é preciso considerar o indivíduo como um todo.

2.2 Atribuições profissionais de coordenadores de curso de graduação

A transformação que vem ocorrendo a partir da década de 90 no

contexto do Ensino Superior vem alterando de forma significativa o processo de

trabalho das universidades, consequentemente as responsabilidades dos

coordenadores de curso também. Pode-se dizer que hoje coordenar um curso

de Ensino Superior exige um conhecimento amplo do cenário, tal como das

demandas existentes na área. Por isso, torna-se necessário um profissional

com novas técnicas de gestão, com dinamismo e conhecimento que resultem

em novos procedimentos acadêmicos (DELPINO et al., 2008). E explica que,

as demandas contemporâneas “requerem um profissional com capacidade

abrangente para operar as novas tecnologias e estabelecer novas relações

sociais”, ou seja, um profissional que “transforme cotidianamente a informação

em competência, entendendo por competência o conjunto de conhecimentos,

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habilidades e atitudes essenciais ao perfil do profissional que atua em

coordenação”, de forma que este profissional “congregue os aspectos

cognitivos, técnicos, sociais e afetivos vinculados ao trabalho, agregando valor

econômico” à instituição, além de “valor social para si mesmo” (DELPINO,

2008, p.3).

Assumir a função de coordenador de curso não requer apenas formação

especifica, identificação com a área e habilidade administrativa e pedagógica,

pois ser coordenador vai além desses conhecimentos. As atribuições dos

coordenadores de cursos de graduação são realizadas por docentes que

assumem o cargo de coordenador a partir de uma indicação que pode ser

realizada por um conselho, pela reitoria ou por eleição de seus pares

(MARCON, 2011).

Alguns ocupantes desses cargos não tiveram experiência em cargos de gestão e nem foram capacitados para tal e vão adquirindo prática no dia-a-dia, quando da realização das atividades pertinentes. Portanto, muitos comportamentos poderão continuar a ser de docente que tem apenas responsabilidades com a sala de aula. Outros docentes, quando assumem o cargo de coordenação, por terem tido experiências anteriores em cargos dessa natureza, apresentam um conhecimento das práticas usuais de gestão, exigidas pelas organizações, o que de certa maneira influenciará que apresentem comportamentos de natureza gerencial, além daqueles característicos da docência (MARCON, 2011, p.8).

Ser responsável por um curso é uma função de grande

responsabilidade, por isso ser coordenador não requer somente criar novas

possibilidades de desenvolvimento, status e oportunidades, pois também é

papel do coordenador atuar como gerente e facilitador do conhecimento dentro

da comunidade acadêmica. Os coordenadores de curso são responsáveis

pelas funções políticas, gerenciais, acadêmicas e institucionais acarretando ao

profissional um acúmulo de funções gerando as chamadas dificuldades em

associar a gestão escolar e sua atuação pedagógica. As dificuldades

enfrentadas no dia-a-dia dos coordenadores de graduação podem ser a causa

de insatisfação no trabalho, devido à percepção que se tem acerca de seu

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ambiente de trabalho, resultado da junção dos relacionamentos,

reconhecimentos, cargo ocupado e atribuições.

Além da vasta carga de funções e responsabilidades dos coordenadores

de curso e identificação com a função, não se pode deixar de ressaltar como

dificuldade o despreparo profissional e sua formação de acordo com o

exercício de sua função; pontos fundamentais no sucesso de sua carreira.

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA DE CAMPO

3.1 Introdução

Esta pesquisa se propôs a investigar a qualidade de vida de

coordenadores de curso de graduação de um Centro Universitário. O projeto de

pesquisa foi cadastrado e aprovado pelo Comitê de Ética no site da Plataforma

Brasil. O número do parecer emitido pela Plataforma Brasil é 1.733.669, sendo

a data da relatoria de 19 set. 2016. Após aprovação do projeto realizou-se a

pesquisa nas dependências do Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium de Lins - UniSalesiano, sendo este sediado no município de Lins, SP,

tendo como Diretor o Pe. Giulio Boffi. Ressalta-se que a instituição conta com

os recursos necessários para a realização da mesma, tendo disponibilizado

ambiente adequado, confortável e arejado para o contato com as participantes.

Trata-se de uma pesquisa descritiva, com caráter exploratório, mediante

desenvolvimento de pesquisa de campo. A pesquisa descritiva englobou dois

tipos: pesquisa documental e/ou bibliográfica e pesquisa de campo. Para

embasar o referencial teórico sobre o tema, embasado na Teoria Sócio-

Histórica, realizou-se pesquisa bibliográfica em artigos científicos e livros da

área. A abordagem utilizada é quanti-qualitativa. O método utilizado foi o de

pesquisa de campo, e a técnica de entrevista. Os resultados são apresentados

na forma de quadros e tabelas. Procurou-se identificar o perfil

sociodemográfico, a percepção e avaliação da qualidade de vida dos

participantes e relacionar os resultados identificados de acordo com a

pesquisa. Nesta pesquisa preocupou-se em preservar a identidade dos

participantes na apresentação dos dados coletados. A pesquisa bibliográfica

foi iniciada em dezembro de 2015 e a pesquisa de campo foi realizada no mês

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de setembro de 2016 nas dependências do serviço de Psicologia desta

instituição, respeitando os horários e a demanda de trabalho dos participantes.

Os critérios de inclusão e exclusão para ser incluído na pesquisa estão

expostos a seguir. Critérios de inclusão: atuar como coordenador de curso de

graduação no UNISALESIANO – Centro Universitário Católico Auxilium de

Lins, S.P.; estar em exercício profissional no ano de 2016; de ambos os sexos;

independentemente do tempo de serviço neste cargo e na instituição e aceitar

participar do estudo mediante assinatura do TCLE. Critérios de exclusão:

desligamento do participante do cargo de coordenador de curso de graduação

na instituição proponente; desistência do participante durante a pesquisa;

recusa em assinar o TCLE.

Para a realização da pesquisa de campo realizou-se um levantamento

preliminar junto à reitoria do UniSALESIANO – Centro Universitário Católico

Auxilium de Lins, S.P. a fim de identificar a quantidade de coordenadores de

curso em exercício profissional no ano de 2016. Foram identificados 11

coordenadores de curso de graduação na instituição; todos foram procurados

pessoalmente e convidados a participar deste estudo. Todos os convidados

aceitaram participar deste estudo. Para tanto, a pesquisa foi realizada em

horários agendados junto aos participantes, considerando-se os horários, fluxo

de trabalho e disponibilidade de cada um. Todos os coordenadores

participaram da pesquisa.

Primeiramente, de forma individual, foi apresentado a cada participante o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com as devidas

explicações sobre o objetivo e importância do estudo. Mediante aceite em

participar da pesquisa foi-lhes solicitado que assinassem o TCLE, entregue em

duas vias, de modo que uma via foi entregue ao participante e sendo reservada

aos pesquisadores para arquivo. Após a assinatura do TCLE iniciou-se a coleta

de dados por meio dos instrumentos de pesquisa: roteiro de entrevista para

participantes e questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36.

Foi utilizado nesta pesquisa o pacote office (Word e Excel) para análise dos

dados do SF-36.

O roteiro de entrevista foi desenvolvido pelos pesquisadores

especificamente para este estudo a fim identificar o perfil sociodemográfico e a

percepção dos participantes sobre qualidade de vida. Neste estudo optou-se

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em aplicar o Questionário de Avaliação de Qualidade de Vida - SF-361 (Short-

Form), forma abreviada (MARTINEZ, 2002, p.203-208) com a finalidade de

avaliar a qualidade de vida de forma genérica e multidimensional. Este

instrumento engloba oito escalas ou componentes (domínios) como:

capacidade funcional; aspectos físicos; dor; estado geral da saúde; vitalidade;

aspectos sociais; aspectos emocionais e; saúde mental. Este questionário foi

traduzido e validado para o português por Ciconelli (1997); possibilita a

avaliação genérica de saúde, sendo reconhecido pelo fato de suas

propriedades psicométricas já terem sido testadas em outras pesquisas. O SF-

36 foi entregue aos participantes, de forma individual, na ocasião foi-lhes

solicitado que respondessem considerando o momento atual de vida. Nenhum

problema surgiu no decorrer do processo de desenvolvimento da pesquisa de

campo, todos os participantes responderam com tranquilidade, sem relatar ou

apresentar dificuldades.

3.2 Resultados e discussão

Participaram desta pesquisa onze coordenadores de curso de

graduação, todos com formação de nível superior. Segundo levantamento

realizado todos os participantes atuam no período noturno. Os participantes

atuam nos cursos de Administração, Biomedicina, Ciências Contábeis, Direito,

Educação Física, Enfermagem, Engenharia Agronômica, Estética, Fisioterapia,

Pedagogia e Psicologia. Segundo levantamento todos os participantes atuam

no período noturno. Categorias descritivas foram definidas para nortear a

análise dos dados:

Quadro 1: Categorias descritivas

CATEGORIA I Caracterização sociodemográfica dos participantes

CATEGORIA II Percepção dos coordenadores quanto a sua qualidade de vida e trabalho

CATEGORIA III Avaliação da qualidade de vida por meio do questionário SF-36

CATEGORIA IV Comparação dos dados obtidos em ambos os instrumentosFonte: Bueno; Casarin; Dias, 2016.

1 Medical Outcomes Study 36 - Item Short Form Health Survey

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O propósito de elencar as categorias descritivas foi o de facilitar a

exposição dos dados coletados a partir da pesquisa de campo e posterior

análise dos dados. Neste estudo, procurou-se apresentar os principais

aspectos a serem analisados na fala dos participantes, relacionando-os aos

objetivos desta pesquisa, considerando também o problema e hipótese de

trabalho. Os quadros a seguir apresentam a caracterização sociodemográfica

das participantes e a percepção dos participantes de como se sentem

atualmente com relação a sua qualidade de vida, respectivamente.

Quadro 1: Caracterização sociodemográfica dos participantes

Coordenador Gênero* Idade Estado civil

N° de filhos

Tempo de serviço na instituição

Curso de atuação

Carga horária

semanal

Horário de trabalho

fixo

Exerce outra

atividade

CA F 39 Casado 01 11 anos Administração 20h Não Sim

CB F 49 Solteiro 00 01 anos Biomedicina 20h Sim Sim

CC F 44 Casado 02 03 anos Ciências Contábeis 6h Não Sim

CD M 39 Casado 02 07 anos Direito SD** Não Sim

CE M 57 Separado 02 25 anos Educação Física 25h Sim Sim

CF F 54 Separado 02 05 anos Enfermagem SD** Não Sim

CG M 42 Casado 01 03 anos Engenharia Agronômica 20h SD** Sim

CH F 49 Casado 02 04 anos Estética 16h Não Sim

CI F 39 Casado 02 11 anos Fisioterapia 50h Sim Sim

CJ F 48 Casado 02 08 anos Pedagogia 22h Sim Sim

CK F 38 Separado 00 10 anos Psicologia 40h Sim Sim

Fonte: Bueno; Casarin; Dias, 2016.Legenda:* Gênero: F= Feminino / M= Masculino ** SD: Sem dados

Quadro 2: Percepção dos coordenadores quanto à sua qualidade de vida

Coordenador

MuitoInsatisfeit

oInsatisfeito Pouco

Insatisfeito

Pouco Satisfeit

oSatisfeit

o

Muito Satisfeit

o

Indiferente

CA XCB XCC XCD XCE XCF XCG XCH XCI XCJ XCK X

Fonte: Bueno; Casarin; Dias, 2016.

Tabela 1: Avaliação do grau de satisfação dos coordenadores de curso de graduação

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 6., n.12, jul/dez de 2015

Page 14: Web viewO interesse pelo tema surgiu em decorrência da observação dos pesquisadores, realizada ao longo da formação, no que diz respeito à atuação de coordenadores de

Avaliação

Dimensões avaliadasMuito

insatisfeito Insatisfeito Pouco Insatisfeito

Pouco Satisfeito Satisfeito Muito

Satisfeito Indiferente

Capacidade funcional CA, CB,

CC,

CE,

CF,

CG,

CH,

CD,

CI, CJ,

CK

Limitação por aspectos

físicos

CE,

CG,

CB,

CD,

CH, CI

CC,

CJ,

CK

CA,

CF,

DorCE,

CG,

CB,

CC,

CH, CI

CJ,

CK

CA,

CD,

CF,

Estado geral de saúde CG,

CB,

CC,

CE,

CF,

CH, CI

CA,

CD,

CJ,

CK

Vitalidade CE,

CB,

CC,

CF,

CG,

CH,

CA,

CD, CI,

CJ, CK

Aspectos sociais CF,

CB,

CC,

CG,

CH,

CA,

CD,

CE, CI,

CJ, CK

Aspectos emocionais CG,

CB,

CF,

CH,

CK

CA,

CC,

CD,

CE, CI,

CJ

Saúde mental

CB,

CC,

CF,

CG,

CH,

CJ, CK

CA,

CD,

CE, CI

Fonte: Bueno; Casarin; Dias, 2016

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 6., n.12, jul/dez de 2015

Page 15: Web viewO interesse pelo tema surgiu em decorrência da observação dos pesquisadores, realizada ao longo da formação, no que diz respeito à atuação de coordenadores de

Na tabela 2 apresenta os valores obtidos por cada coordenador

participante, de acordo com a fórmula de correção.

Tabela 2: Resultados obtidos mediante aplicação do questionário SF-36

DomíniosCoordenadores

CA CB CC CD CE CF CG CH CI CJ CK

Capacidade funcional 95 95 100 70 65 95 50 95 100 95 100

Aspectos físicos 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Dor 100 100 72 100 74 100 21 51 72 84 100

Estado Geral de Saúde 100 77 92 72 77 82 87 95 77 77 100

Vitalidade 90 80 80 80 50 40 60 65 80 90 90

Aspectos sociais 100 100 100 50 62,5 62,5 37,5 100 100 100 100

Aspectos emocionais 100 100 100 100 0 100 0 100 66,7 100 100

Saúde mental 96 80 80 76 68 60 64 84 80 96 92

Fonte: Bueno; Casarin; Dias, 2016.

3.3 Comparação dos dados obtidos nos instrumentos de pesquisa

De acordo com os resultados obtidos a partir da aplicação do

questionário SF-36 por meio de uma média dos escores identificados em cada

um dos oito domínios e da análise das informações obtidas por meio do roteiro

de entrevista para os participantes, foi analisado a percepção que os

participantes têm de qualidade de vida, sua relação com os fatores

sociodemográficos e a mensuração específica da qualidade de vida.

No questionário de entrevista para os participantes da pesquisa a

percepção de qualidade de vida dos mesmos estiveram relacionadas ao bem-

estar e convívio familiar, profissional e social, todos estes fatores foram

mencionados como essenciais para estar em equilíbrio com o dia-a-dia de cada

coordenador. Foi observado também uma falta de clareza quanto às

atribuições pertinentes a cada função exercida na instituição, sinalizando uma

confusão entre o cargo de coordenador e os demais cargos, promovendo uma

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 6., n.12, jul/dez de 2015

Page 16: Web viewO interesse pelo tema surgiu em decorrência da observação dos pesquisadores, realizada ao longo da formação, no que diz respeito à atuação de coordenadores de

generalização do conjunto. Mensurou-se por meio do questionário SF-36 que

dentre os oito domínios pesquisados o mais evidente enquanto aspecto

positivo foi o domínio de aspecto físico. Os demais domínios também

apresentaram pontuação relativamente positivas. Considerando o crivo de

correção dos resultados, apenas o aspecto emocional apresentou escore zero

em dois dos coordenadores, contudo, de maneira geral, a média final para este

mesmo domínio pode ser considerado boa. A análise dos dados indica que, os

coordenadores de curso de graduação não apresentam aspectos importantes

que sinalizem preocupação referente a qualidade de vida, não apresentando

riscos eminentes para ter uma boa qualidade de vida.

3.4 Considerações finais sobre a pesquisa

Considerando-se a entrevista realizada com os participantes e mediante

resultados identificados a partir da aplicação do questionário SF-36 foi possível

verificar que, de modo geral, os coordenadores de curso de graduação não

apresentam aspectos significativos que indicam preocupação quanto à

qualidade de vida, portanto, não apresentando riscos eminentes que possam

afetar negativamente este quesito. Constatou-se por meio da avaliação do

questionário SF-36 que dentre os oito domínios pesquisados o aspecto mais

positivo foi o domínio referente ao aspecto físico, os demais domínios indicam

pontuação relativamente positivas, com exceção do aspecto emocional que

apresentou escore zero em dois dos coordenadores. Ressalta-se a

necessidade de promover a reflexão quanto aos aspectos mencionados

anteriormente e propor uma forma interventiva, com base psicológica, visando

a qualidade de vida, satisfação e crescimento profissional de coordenadores de

curso de graduação.

CONCLUSÃO

Buscou-se neste estudo identificar a percepção de coordenadores de

curso de graduação atuantes num Centro Universitário sobre qualidade de vida

e da relação desta com fatores sociodemográficos.

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Constata-se que o ensino superior no Brasil tem nas últimas décadas

passado por significativas exigências, gerando a necessidade de mudar

rapidamente e se adequar às novas demandas sociais e educacionais, sem

perder a qualidade e ampliando o acesso. Este processo rebate na questão da

qualificação dos profissionais que trabalham na educação superior. Neste

estudo, em especial, o foco esteve direcionado ao cargo de coordenador de

curso, que, frequentemente são ocupados por docentes que acabam

acumulando a função de docente e gestor educacional. O papel do

coordenador de curso de graduação exige o exercício de várias atribuições

profissionais, sendo estas relacionadas a questões pedagógicas (acadêmicas)

e administrativas, políticas e institucionais, cabendo-lhe gerenciar, mediar,

educar e coordenar o curso, os docentes, os discentes e as solicitações da

própria instituição; toda esta situação interfere em sua capacidade de trabalho,

podendo prejudicar a qualidade de vida destes profissionais.

A fim de compreender a situação de coordenadores de curso diante de

tais exigências e atribuições buscou-se relacionar os fatores sociodemográficos

e a qualidade de vida, por meio de uma pesquisa de campo, com 11

coordenadores de curso de graduação por meio de entrevista. O roteiro de

entrevista sinalizou que a percepção de qualidade de vida dos participantes se

relaciona ao bem-estar e convívio familiar, profissional e social. Identificou-se

que falta clareza quanto às atribuições do coordenador de curso dentro do

contexto institucional. Por meio da avaliação do questionário genérico de

avaliação de qualidade de vida SF-36 (Short-Form) verificou-se que os

melhores escores foram obtidos nos domínios físico e funcional, e os escores

mais baixos foram obtidos nos domínios emocional e de vitalidade.

Conclui-se que os coordenadores de curso participantes não

apresentam aspectos importantes que sinalizem preocupação para com a

qualidade de vida. Espera-se que este estudo possa fomentar o

desenvolvimento de novas pesquisas científicas sobre temas relativos à

qualidade de vida de profissionais atuantes no ensino superior, a fim de ampliar

os conhecimentos e instrumentalizar acadêmicos e profissionais,

especialmente de Psicologia, para atuar de forma eficaz na promoção da saúde

destes profissionais. E que instigue a reflexão sobre o papel e atribuições de

coordenadores de curso de graduação em instituições de ensino superior

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privadas com o intuito de compreender o cenário no qual atuam, as exigências

impostas, os recursos, os prazos e condições de trabalho no qual exercem

suas atividades laborais de forma a não comprometer negativamente a

qualidade de vida, provocando consequentemente o adoecimento deste

indivíduo seja pelo excesso ou acúmulo de funções, pela falta de respaldo por

parte da IES ou pela presença de conflitos nas relações com o público interno e

externo com os quais necessita interagir para executar suas atividades

profissionais.

REFERÊNCIAS

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MARTINEZ, M. C. As relações entre a satisfação com aspectos psicossociais no trabalho e a saúde do trabalhador. [Dissertação] Programa de Pós-graduação do Departamento de Saúde Ambiental da faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/tde-07112006-210400/pt-br.php>. Acesso em: 16 nov. 2013.

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