Xapetuba Agropecuária

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Matéria feita pela Revista Balde Branco a respeito da Agropecuária Xapetuba.

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FAZENDA

demanda crescente por leite no mer-cado e as reais possibilidades de lu-cro por hectare despertaram o inte-resse da Xapetuba Agropecuária pela

atividade. O projeto localizado a 30km do centro de Uberlândia-MG érecente, começou a ser concebi-do em 2009, mas desde o ano pas-sado já começou a ser visto comoreferência na reprodução e cria-ção de gado Girolando e na produ-ção leiteira de qualidade, com ummodelo de gestão bem planejadoque vem assegurando retorno aum investimento da ordem de R$ 5milhões em estrutura, equipamen-tos e formação do rebanho.

Por trás das ações estão JoséAntonio da Silveira e seu filhoThiago, que eram apenas conhe-cidos nos últimos 15 anos comocriadores de aves, com 50 mil fran-gos instalados; de suínos, com criae recria de cerca de 80 mil leitões/ano, a par-tir de 3 mil matrizes, e de gado Simental, comseleção para corte. Foi a disponibilidade de

área numa propriedade de 426 ha e o espíri-to empreendedor da família que fizeram comque agregassem mais uma atividade pecuá-ria à fazenda.

O tratamento empresarial dispensado aosnegócios exigiu deles uma dedicada pros-pecção nas possíveis oportunidades, no que

O projeto da fazendade leite da Xapetuba

Agropecuária tem apenasquatro anos, mas já semostra compensadorcom uma produção

de 7 mil litros/dia e umareprodução e criação

de Girolando quese tornaram referências

NELSON RENTERO Silveira e o filho Thiago: trabalho afinado para chegar aos 20 mil litros/dia

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contou com a assessoria de consultoresespecializados. “Nas comparações, o leite sedestacou por sua capacidade de gerar rendapor hectare”, cita Thiago. A par-tir daí, ele e o pai saíram a cam-po. Visitaram fazendas, conver-saram com técnicos e avalia-ram projetos bem e mal sucedi-dos. “Procuramos conversarcom pessoas bem informadas,que pudessem retratar a reali-dade da atividade”, diz.

Foi, então, que passaram adimensionar os números quedeveriam formatar o sonho defazer parte de um novo merca-do. O primeiro deles represen-tou a base do projeto: 30 matri-zes Girolando e Gir Leiteiro ad-quiridas dos melhores criatóriosdo País, como Mutum, Calcio-lândia, Brasília, Vila Rica eKubera. A partir da escolhacriteriosa de touros provadosda raça Holandesa fizeram 500embriões que, em quatro me-

ses, foram transferidos para receptoras dis-poníveis na fazenda.

Na prática, a etapa inicial do projeto leite

da Xapetuba foi facilitada por disporem delarga experiência com fertilização in vitro etransferência de embriões, técnicas aplica-das à raça Simental que criam há váriosanos e que reserva hoje cerca de 3 mil re-ceptoras na propriedade. Com isso, osSilveira preferem direcionar o manejoreprodutivo a partir da chamada transfe-rência de embriões em tempo fixo, o quegarante um índice médio de parição de va-cas e novilhas de 90% de fêmeas.

Reconhece que optar por transferir em-brião em vez da inseminação é um modeloainda pouco comum para fazer melhorar ecrescer um rebanho, mas acredita que empouco tempo terá mais adesão. É dessa for-ma que vem acelerando a expansão do pro-jeto. Em pouco mais de um ano, eles já estãocom 300 vacas em lactação, com média de23 kg/dia, o que representa quase 7 mil litrosde leite. “A meta é chegar em 800 vacas e 20mil litros, o que deve ocorrer em 2020, mas jáno ano que vem alcançaremos metade dis-so”, garante Thiago.

NA REPRODUÇÃO, 10% DAS MELHORESMATRIZES - Hoje, o plantel completo é com-posto, além do lote de vacas em lactação, de200 novilhas prenhas, 470 bezerras, 30 va-cas secas e 200 fêmeas Gir Leiteiro. A ex-pansão do rebanho vem se dando quase queexclusivamente através de reprodução pró-pria, a partir de 10% das melhores matrizesque possui, boa parte do lote inicial adquirido

no início do projeto. Comisso, predomina um reba-nho de vacas jovens emprodução, com alta gené-tica e poucas lactaçõesencerradas. Destas, amédia atual gira em tornode 7 mil kg.

A meta dos Silveira étrabalhar com 8 mil kg delactação, com período emtorno dos 340 dias e mé-dias de 25 kg/vaca/dia.“Manter uma persistênciaelevada é só uma ques-tão de ajustes, pois depotencial genético o reba-nho dispõe”, informa Thia-go. Concordando com eleestá o médico veterinárioCassimiro César de Cas-tro, da Applic-Assessoriaem Projetos de Pecuária

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Sala de ordenha recebe hoje 300vacas, mas está projetada para 800

Transplante de embriões garante boa reprodução e parição de fêmeas

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de Leite e Corte, que acompanha a evoluçãoda fazenda desde as ideias iniciais. “Na Xape-tuba trabalhamos com treinamento de novi-lhas, ou seja, com o amansamento delas”,justifica.

Segundo ele, com tal proposta conseguelactações bem maiores do que a média daraça Girolando com animais ½ e ¾ de san-gue, obtendo o máximo de leite desde a pri-meira lactação, sem dispor de bezerro ao péou ocitocina. Completa a estratégia o treina-mento dos empregados, que hoje sabem tudosobre ordenhar uma vaca, como tocá-la,como alimentá-la e como manter uma rela-ção de confiança e segurança entre homeme animal, sem espaço para atitudes que ge-rem medo ou constrangimento.

Citando o professor Paulo Machado, daClínica do Leite-Esalq, menciona que a vacanão tem razão para nos produzir leite. “Nós éque temos de dar razões a ela para isso, o

que se faz com aptidão genética de pai emãe, boa saúde, comida farta e adequada, esegurança física e psicológica a partir deuma estrutura que garantabem-estar. Tudo isso junto sig-nifica razões suficientes paraque a vaca produza muito lei-te”, descreve. Cassiano obser-va que a secagem respeita du-ração média de 343 dias, equando isso ocorre mais da me-tade das vacas ainda produzmais de 20 kg de leite/dia.

“Garanto que se este reba-nho estivesse em outra fazen-da e com outra equipe, os resul-tados não seriam os mesmos”,ele observa. Sua fala tem a au-toridade de quem ajudou a definir o layout doprojeto, conjugando potencial genético e es-trutura produtiva. Quem visita as instalações

da fazenda nota um padrão naconcepção de construções are-jadas, funcionais, todas com pédireito alto, naturalmente ilumi-nadas e próximas umas das ou-tras. Seguindo a orientação deJosé Antonio da Silveira, que éengenheiro civil de formação, to-das reservam espaço para apretendida expansão.

“A estrutura está projetadapara 800 vacas em lactação,da sala de ordenha às áreasde alimentação”, diz o produ-tor. A referência de produtivi-dade leiteira por área é 14 millitros/ha/ano. Sobre as médiaspor vaca, Cassimiro acreditaque devam subir à medida queo rebanho for se acostumandocom as condições de confortoe ficando mais adulto. Por en-quanto, tem adotado uma ter-ceira ordenha que, segundoseus cálculos, garante um adi-cional compensador.

Os galpões são interligadospor corredores cimentados e ranhuradospara dar segurança e proteger os cascosdos animais. Em torno, se espalham as áre-

as de produção de alimentospara o rebanho leiteiro e tam-bém para as vacas receptoras.São 120 ha para produção demilho para silagem e 45 ha paracana-de-açúcar. Respectiva-mente, respondem por uma pro-dutividade de 50 e 80 t por ha.Para os piquetes, onde o tiftonvem ganhando espaço do mom-baça, são reservados 40 ha, oque significa uma reserva míni-ma de 240 m2 por vaca.

BOA FERTILIDADE E LEITE DEALTA QUALIDADE - Ao falar do manejo do re-banho, Thiago diz que os cuidados começamcom o fornecimento de colostro de qualida-

de, fazendo questão de ter umbanco desse alimento para ga-rantir o fornecimento nas primei-ras horas de vida dos bezerros.O fornecimento de leite segueetapas: até os 30 dias, 4 litrosdiários; de 30 a 60, 6 litros; de 60a 40 dias, volta aos 4 litros for-necidos no período da manhãpara estimular o consumo de ra-ção e preparar o animal para odesmame. “O objetivo é fazer oanimal sair do bezerreiro com110 kg”. Tem uma estrutura de700 m2 para isso.

Desmamados, os bezerrosseguem para o espaço de re-cria formado por piquetes detifton, onde se alimentam de ra-ção, silagem de milho e feno. Apartir dos seis meses é a vez deocuparem pasto e se alimenta-

Novilhas são criadas em lotes e têm crescimento controlado

Cassimiro: condições parafazer as vacas produzirem

Lote de bezerras meio-sangue dá sinais de acerto na reprodução

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rem dele, sempre com suplementação. A va-riação da dieta depende da estação do ano,mas com 15 meses, todas estarão pesandoem torno de 330 kg, entrando para a etapade cobertura. Depois da parição, que atual-mente ocorre, em mé-dia, aos 26 meses, asvacas serão separa-das em lotes, receben-do uma dieta de com-posição semelhante,mas variando em volu-me de acordo com aprodução.

O cardápio é com-posto de silagem demilho, farelo de soja,caroço de algodão,polpa cítrica, sorgo oumilho e pastagem demombaça ou tifton, op-ção adotada durante o

verão, pois na seca é substituída por cana-de-açúcar+ ureia, e o sistema se transformaem semiconfinamento. Thiago Silveira estimaque tenha um custo operacional de R$ 0,90para produzir um litro de leite e que metade

QUADRO 1ÍNDICES ZOOTÉCNICOS DA FAZENDA DE LEITE

DA XAPETUBA AGROPECUÁIRA, UBERLÂNDIA-MG.DE MARÇO/2012 À FEVEREIRO/2013

• Duração média da lactação: 343 dias• Produção média da lactação:

> 1ª cria: 6.551 kg/vaca (344 lactações avaliadas) > 2ª cria: 7.615 kg/vaca (81 lactações avaliadas)

• Mortalidade de vacas em lactação: 4,6%• Mortalidade de bezerras até o desmame: 4,3%

• Média de dias secos: 57 dias• Intervalo entre partos: 13,1 meses (média anual)

• Idade ao 1º parto: 26,4 meses• Resultado prévio da utilização de FIV nas vacas emlactação: 53,5% de concepção no DG aos 32 dias

• Qualidade de leite: > CBT: 15,05 ufc/ml

> CCS: 252.120 células/ml > Gordura: 3,61% > Proteína: 3,20%

GRÁFICO 1PROJEÇÃO DE AUMENTO DE PRODUÇÃO DE LEITE ATÉ 2020

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02012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

4.000

8.00010.000 10.000 10.000

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15.000

17.500

20.000

disto seja com alimentação das vacas emprodução. Considera o atual custo alto, maso atribui ao fato de dispor apenas de 27% dorebanho em lactação, por estar ainda em for-mação.

Dos índices zootécnicos (quadro 1), oveterinário Cassimiro dá destaque especialpara a fertilidade, a partir da fertilização invitro, com 53% de concepção aos 32 dias, eà sanidade do rebanho. “A seleção genéticaestá formando novilhas com uma musculatu-ra bem distribuída, que transfere peso muitofácil às patas, protegendo os cascos de pos-síveis infecções”, relata. Outro aspecto men-cionado por ele é o índice reduzido de casosde mastite, fato proporcionado pela ambiênciaadequada dispensada.

Com isso, a qualidade do leite vem sendoatestada por análises mensais, que apontamcontagem de células somáticas em torno de252 mil/ml e contagem bacteriana com 15 milufc/ml. Na composição do leite, obtém 3,61%

Na dieta das vacas, um mix que garante lactações em torno de 340 dias

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de gordura e 3,20% de proteína. Taispredicados conferem acertos na criação dorebanho, segundo o veterinário, que projetaanimais longevos não só para chegar às me-tas traçadas, como também para comercia-lizar, o que, segundo os planos da Xapetuba,devem representar 30% da receita do projeto,incluindo também a venda de embriões.

Se não fosse essa reserva para o mer-cado, Cassiano não tem dúvidas de que a

formação do rebanho com 800 vacas se da-ria mais cedo que o previsto. “O fatorcompensador está na formação de vacaslongevas, com produção média de 45 mil kg,cumprindo cinco a seis lactações”, cita, ob-servando que este é um dos principais indi-cadores dos acertos do trabalho que vemfazendo com os Silveira. Ficando ou não norebanho, admite que essas vacas terão essepotencial como marca, o que significará gan-

hos na produção e nareposição.

O reconhecimen-to vem também defora. Com apenaspouco mais de trêsanos de projeto, o re-banho está na tercei-ra colocação no ran-king 2011/2012 de me-lhor criador e exposi-tor da AssociaçãoBrasileira de Criado-res de Gado Giro-lando. Outro destaque:no ano passado co-mercializou 50% dadoadora “Maga”, filhada “Fada Vila Rica” x“Radar dos Poções”,por R$ 50 mil. Issoprova que trabalharpriorizando a transfe-rência de embriões na

reprodução, entre outros fatores, tem dadoà Xapetuba, além de padronização ao reba-nho, acertos na expansão da genética quese propõe à raça Girolando.

Mais informações: - Fazenda Xapetuba; te-lefones: (34)3216-1287 e 9927-0214, site:www.xapetuba.com.br.- Cassimiro Cesar de Castro/Applic; tele-fones: (34)3831-3832 e 9109-8972.

Sala de ordenha arejada e uma sequência de instalações simples, próximas e funcionais compõem o projeto