XI Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia ... · Considerando esses dois campos de...
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XI Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia: Filosofia e Psicologia
“Homenagem à Profª Carmen Beatriz Milidoni”
ISSN: 2317-5877
Resumos
Educação como desbarbarização: a crítica ao fascismo nas reflexões filosófico-
educacionais de Theodor W. Adorno
Amanda Forner [email protected]
Resumo: Durante a fase norte-americana do Instituto de Pesquisas Sociais, o filósofo
alemão Theodor W. Adorno, no contexto da pesquisa de natureza interdisciplinar sobre o
fenômeno da personalidade autoritária, escreveu um importante artigo empregando
conceitos da psicanálise freudiana para refletir sobre o fascismo em solo norte-americano.
Nessa reflexão, Adorno propôs, como implicação do envolvimento emocional das massas
com o líder, certo tipo de envolvimento farsesco, denominado como impostura, que teria
um papel fundamental para explicar a adesão a movimentos de massa. Alguns anos
depois, em seus escritos no campo educacional, o filósofo enfatizou a necessidade de
desbarbarização no campo educativo, entendida como dissolução dos elementos de frieza
subjetiva. Considerando esses dois campos de estudo, o presente Projeto pretende
articular o conceito de impostura, originado da crítica de Adorno ao fascismo, ao
imperativo de desbarbarização no campo educacional, com o objetivo de explicitar a
relevância de uma autorreflexão crítica de natureza subjetiva na área da educação.
Palavras-chave: Fascismo; Semiformação; Teoria Crítica.
Nietzsche: o Conceito de Vida e seu elo com a História na Segunda Consideração
Intempestiva
Ana Carolina Oliveira [email protected]
Resumo: Na Segunda Consideração Intempestiva, Nietzsche expõe a desvantagem e a
utilidade da história para a vida, identificando, em seu tempo a “doença histórica” e
preconizando soluções. A partir da inquirição entre as relações da história com a vida o
filósofo propõe fornecer um diagnóstico através de três elementos; a Vontade de Poder
afirmativo/negativo, em segundo a Força ativa/reativa, em consequência das
combinações do poder negativo/força reativa surge, o terceiro elemento, o niilismo, a
vontade de nada, sendo intermediada pelo devir reativo no âmbito da história. Neste
quadro encontramos a vida como sinônimo de Vontade de Poder, que remete a sua
primeira fase de produção, 1870-1876. Perante as definições do conceito de vida, qual é
seu elo com a história? O que causa a “doença histórica” e qual é estritamente seu
remédio? A resposta será lograda pelo viés da relação intrínseca entre vida e história.
Palavras-chave: Conceito de Vida; história; Nietzsche.
Análise: as implicações da licenciatura e da produção do ensino de filosofia na
atividade do professor, no ensino e na aprendizagem filosófica.
Augusto Rodrigues [email protected]
Resumo: Nesta comunicação, analisaremos como a formação nos cursos de licenciatura
em filosofia, aliada com a produção teórica que alicerça as práticas do professor,
influenciam diretamente na construção conceitual, quase que infundamentada
filosoficamente, do ensino, da imagem do professor e do processo de aprendizagem em
filosofia no Ensino Básico. Para tanto, nos fundamentaremos nos resultados obtidos por
meio de nossa pesquisa de três anos financiada pela PIBIC/CNPq, a partir da qual
realizamos vasto levantamento bibliográfico nos periódicos de filosofia e educação,
inseridos no período de 1932, data de criação do curso de filosofia na USP, e 2008, ano
do retorno obrigatório da disciplina de filosofia ao Ensino Básico. Em nossas
investigações percebemos que, desde a estrutura epistemológica que alicerça a formação
do professor de filosofia, até o modo como é construída a produção teórica do ensino de
filosofia no Brasil, o ensino de filosofia e suas múltiplas possibilidades problemáticas são
compreendidos como um problema de ordem educacional e não filosófica. Por assim ser,
o licenciado é formado estritamente em aspectos metodológicos e didático-pedagógicos,
resultando na criação da imagem de um professor como transmissor de conhecimentos
que, por consequência, influencia diretamente na emersão de um conceito de
aprendizagem filosófica como um processo com ênfase na compreensão, assimilação e
repetição do conhecimento filosófico- este, usualmente, entendido como um saber sobre
a história da filosofia, traduzido em sistemas e conceitos filosóficos.
Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Ensino e aprendizagem filosófica; Professor de
Filosofia.
A problemática do sublime em Friedrich Schiller
Bárbara Ferrario Lulli [email protected]
Resumo: Este trabalho tem como principal objetivo a compreensão do conceito de
sublime nos textos Do sublime e Sobre o sublime, na filosofia estética de Friedrich
Schiller. No que tange à arte trágica e seu papel à cultura, Schiller atribuiu grande
importância ao sublime por ela desencadeado. Assim, segundo o filósofo, o sublime é
capaz de elevar o homem sobre o antagonismo que lhe é imposto durante a modernidade.
Este tema é apresentado primeiramente por Schiller em Do sublime, escrito em 1793,
onde o autor dialoga com Kant a fim de explicar tal fruição estética. Contudo, em 1801,
ao reunir suas obras em uma única edição, Schiller pública Sobre o sublime, uma possível
reformulação do mesmo texto, porém, com uma abordagem diferenciada. Neste último,
Schiller enfatiza preferencialmente as condições humanas diante da cisão causada pela
modernidade e atribui ao ensaio o caráter neohumanista idealizado pelo Classicismo de
Weimar. Apresentaremos, portanto, algumas das principais distinções entre ambos os
textos e sua problemática, de modo a discorrer sobre este conceito em ambos os textos
sob o contexto da arte trágica e da cultura que, segundo o filósofo, seria capaz de elevar
o homem acima deste antagonismo da modernidade e torna-lo livre por meio da cultura
[Bildung].
Palavras-chave: “Do sublime”; Schiller; “Sobre o sublime”.
Moral e Ética: Arendt, Bourdieu e Mannheim frente a ludicidade.
Clayton Alexandre Zocarato [email protected]
Resumo: O seguinte trabalho tem como uma de suas temáticas, fazer uma análise acerca
das diversas faces a discussão acerca de uma emancipação de pensamento subjetivita,
diante dos complexos entraves de suas ações perante a sociedade de massas e o "outro"
pós o surgimento de Regimes Totalitários como o Nazismo e o Bolchevismo, exaurindo
diferentes estágios de aniquilação de princípios para um humanismo ético e de respeito
pelo próximo. Contendo como bases, o pensamento moral de Hannah Arendt, Pierre
Bourdieu e Karl Mannheim, a “moral de respeito pelos direitos humanos” é deixada de
lado, em torno de uma condição humana nefasta, outorgada ao terror de Estado, levando
à alienação de uma cidadania consistente, ficando atrelada a práticas discursivas, não
contendo convergências reais a realizações de tributos comportamentais valorizando uma
emancipação ética que abarque magnitudes de amplos setores sociais e cívicos.
Mannheim outorga “vivemos nos interstícios das ideias sem uma construção de
“práxis” sólida de transparência de compaixão pelo outro” (SP, 1970), essa afirmação
se adapta de forma cíclica, ao contexto historiográfico, da “banalização do mal”, de
Hannah Arendt (1993), onde tudo é permitido, construindo um nefasto bojo de violências
e desrespeitos a integridade humana, já Bourdieu dentro de suas concepções do “poder
simbólico” (1980), outorga a necessidade em se criar signos de identidade que
representem uma subjetividade que seja consciente e leve à emancipação humana. A
“moral e ética” é um ponto em comum entre esses pensadores de suas análises em torno
a comunicação de massa, que levem a uma coisificação de uma subjetividade de respeito
pelo próximo.
Palavras-Chave: Emancipação; Ética; Moral.
Direito natural x direito positivo na perspectiva de Hegel
Cristiane Moreira de Lima [email protected]
Resumo: O presente trabalho possui como finalidade demonstrar características e pontos
que auxiliarão a identificar a distinção existente entre o Direito Natural e o Direito
Positivo na visão de Hegel. Para Hegel “Naturrechet é um Recht, direito, que prevalece
num estado de natureza. vindo posteriormente a sociedade exigir restrições destes direitos
naturais. No entanto, salienta Hegel que os direitos só prevalecem em sociedade e “que
um estado de natureza é um estado de violência e injustiça”. (M. Inwood, 1997, pg. 105).
Possuindo os indivíduos na modernidade direitos que constituem a sua personalidade, os
quais são inalienáveis e imprescritíveis. Para Hegel o direito natural (lei da natureza) são
fatos objetivos, que podemos nos deparar e cujos limites não podemos transmitir ou
ultrapassar não se tratando, portanto de proposições formuladas por nós. O Direito
Positivo também se refere a fatos objetivos, os quais precisam ser descobertos, e o estudo
positivo estabelece uma descrição objetiva destes, salientando que o direito positivo, digo,
as leis são formuladas pela sociedade. Para ciência positiva do direito, ou seja, para o
direito positivo o que lhe importa especificadamente é estabelecer e decretar o que é de
direito, ou seja, as disposições legais. O Direito natural refere-se a um direito genuíno do
indivíduo, estando de certa forma, relacionado aos sentimentos e desejos, possuindo a
característica da informalidade. Já o que caracteriza o direito positivo seria seu caráter
formal que lhe proporciona validade, obtendo seu conteúdo um elemento positivo.
Destacando que o direito enquanto lei trata-se do direito positivado, ou seja, que se tornou
objetivo, conhecido e determinado, dando validade ao direito abstrato (subjetivo).
Embora existam diferenças entre o direito natural e o direito positivo; seria um equivoco
se em razão destas diferenças concluíssemos que estes se contradizem ou se opõem, estes
se encontram correlacionados com outras deliberações que instituem o caráter de um povo
e de uma época. Concluímos que o direito natural seria aquele imanente a todo individuo
em sua origem e particularidade, em contrassenso direito positivo é aquele constituído
pela sociedade, caracterizado pela formalidade, instituição das leis e universalidade, ou
seja, aplicável a todos indistintamente. E por fim, não podemos ignorar que as vantagens
e os remédios proporcionados pelas leis modificam-se e alteram-se conforme os
costumes, os tempos, segundo as razões da necessidade e da amplitude dos vícios a serem
supridos. Não podendo as leis conservar-se inalteradas no decurso do tempo, devendo a
mesma adaptar-se e acomodarem-se às transformações ocorridas no mundo.
Palavras-chave: Direito Natural; Direito Positivo; Hegel.
Filosofia como disciplina curricular: institucionalização e desafios
Fábio José dos Santos [email protected]
Resumo: O presente trabalho tem como tema discutir a realidade da Filosofia inserida na
estrutura escolar a partir de sua institucionalização como disciplina na grade curricular
das escolas de nível médio. A grande preocupação é se a Filosofia que hodiernamente se
apresenta nos currículos escolares está fazendo seu papel de instrumento do pensar,
refletir e dialogar com a sociedade contemporânea em busca de soluções para seus
problemas, ou se devido à institucionalização passou a se adequar à ideologia estatal e
servir a outros interesses. Ou seja, será que realmente da forma em que está estruturada
podemos afirmar que a Filosofia com “F” maiúsculo está presente na educação básica?
Podemos enfatizar que a disciplina Filosofia realmente é a Filosofia que move e
transforma? Poderia a institucionalização da disciplina ter retirado mesmo que de forma
parcial o caráter liberto que a Filosofia possui?
Palavras-chave: Educação Básica; Filosofia; transformação.
Perspectivas histórico-filosóficas sobre o espaço e o tempo segundo as faculdades
de conhecimento de Kant: os pressupostos para a teoria da realidade
Fábio Matos Rodrigues [email protected]
Resumo: As contribuições de Immanuel Kant (1724-1804) um filósofo do conhecimento
que teve uma participação ímpar na construção do pensamento científico, influenciou a
percepção de muitos dos seus contemporâneos. Tal influência na filosofia do
conhecimento ou epistemologia trouxe um caráter expositivo sobre a qual a mesma tem
por finalidade estabelecer a relação de que todo o conhecimento é produzido pelo sujeito,
e, portanto, passa a ser um fruto de sua razão, ou seja, o conhecimento é compreendido
como subjetivo e por isso relativo e inerente à percepção humana. Como filósofo
moderno, seus argumentos sobre a impossibilidade de conhecer a “coisa em si (ou
numeno)” no sentido de não se poder conhecer a “essência das coisas” está balizada sobre
as condições perceptivas do fenômeno, por meio de uma racionalidade organizada. Para
Kant, a experiência passa a ter um papel importante, mas não definitivo, no processo de
conhecer o fenômeno, pois atribui-se à razão ou à mente, a faculdade de organizar tal
experiência. Nesse sentido, a razão, para Kant, constrói uma relação entre o sujeito e o
universo, onde existe uma interioridade constitutiva do mundo. O sujeito, portanto, é o
construtor do próprio conhecimento e toda a percepção adquire formas inatas ao que Kant
chama de imaginação, sendo essas formas de sensibilidade atribuídas ao espaço e ao
tempo e o entendimento, ou formas de entendimento ou categorias. Logo, o espaço
(sensibilidade interna) e o tempo (sensibilidade externa) passam a ser independentes entre
si e não são propriedades do objeto, mas sim do próprio sujeito como fruto de nossa mente
e não em aspectos da natureza. Ao longo da história, tais influências foram compreendidas
como aspectos norteadores da própria Ciência e o modo de como refletir sobre a mesma.
Admitindo como verdade tal concepção, também socializada por Isaac Newton (1642 –
1727) ao promover a sua compreensão sobre as leis que governam a cinemática e a
dinâmica dos corpos por meio dos fenômenos físicos na natureza, também comungou da
mesma perspectiva ao anunciar que o espaço e o tempo são absolutos no sentido de que
existem independentes da consciência humana e do mundo material. Tal pensamento
permeou o contexto científico até meados de 1915, quando Albert Einstein subverteu o
quadro ao anunciar e demonstrar suas concepções sobre o espaço e o tempo (ou como a
previsão teórica diz: o espaço-tempo) de modo unívoco e, portanto, uma quarta dimensão,
onde a matéria sofre variações em suas constituições como a dimensão e a massa, ao ser
considerados movimentos próximos da velocidade da luz, que até então era considerada
infinita. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é apresentar de forma sucinta uma reflexão
acerca do percurso histórico do pensamento filosófico promovido através dos séculos
XVIII e XIX sobre os aspectos norteadores da Ciência e o modo de realizá-la, tendo como
parâmetro as concepções do espaço e o tempo admitidas na constituição da própria
Ciência promovida no período histórico supracitado.
Palavras-chave: Espaço-tempo; Epistemologia; Teoria do Conhecimento.
Anaximandro: a teleologia e a história
Felipe Luiz [email protected]
Resumo: De Anaximandro de Mileto restou-nos não mais que uma sentença, aliás, a
primeira sentença filosófica completa que subsiste. Em termos gerais, nela, cujo
significado e cuja tradução são polêmicos conforme abordaremos, Anaximandro
determina o princípio e o fim das coisas, postulando também os meandros de seu devir.
Anaximandro é geralmente entendido nos marcos da Escola Jônica, a primeira da
filosofia, cujas preocupações teriam se centrado em determinar o princípio do cosmos.
Assim, entretendo discussões com seu precursor, Tales de Mileto, Anaximandro teria
afirmado o ápeiron (traduzido geralmente como ilimitado ou indeterminado, mas de
significado polêmico) como arché (geralmente vertido como princípio, mas cujo
significado é múltiplo) da physis (natureza, termo também controverso), conforme nos
lega a doxografia. Ademais, segundo ele em sua sentença, as coisas estariam
encaminhadas para o mesmo princípio — assim tornado fim— de onde se originaram, de
modo que, em sua existência histórica, relacionar-se-iam segundo a justiça e a injustiça.
De todo modo, para nós cumpre marcar esta visão de história, ou de existência das coisas
no tempo, como determinada por um fim, visão esta que, se bem já aparecia em aedos
anteriores, é renovada e desmitificada por Anaximandro, que a desenvolve unicamente a
partir de princípios não míticos. O objetivo de nossa comunicação é analisar a proposição
de Anaximandro nos marcos de uma filosofia da história, discutindo, de um lado, com as
posições de Nietzsche, cuja interpretação assemelha-se àquela geralmente aceita, de
modo que se pode entendê-la como tradicional; e a de Heidegger, o qual considera
equivocada a forma pela qual geralmente se traduz a sentença solitária de Anaximandro,
e, deste modo, discutir as proposições gregas em seu próprio universo de significado, quer
dizer, à moda genealógica, intenta estabelecer o que foi dito nos limites do horizonte
cultural e filosófico de quem disse, estabelecendo outros sentidos, de modo mesmo a
alterar as traduções normalmente aceitas, como aquela do próprio Nietzsche. De mais a
mais, buscaremos cotejar a noção teleológica da história em Anaximandro com um
exemplo majorado desta, tais sejam as asserções histórico-teleológicas de Hegel, o qual
considera o desenrolar da história em um estrito marco de finalidade, explicando de tal
feita os acontecimentos históricos.
Palavras-chave: Anaximandro; filosofia da história; teleologia.
A liberdade do indivíduo na teoria política de Locke
Flávio Gabriel Capinzaiki Ottonicar [email protected]
Resumo: Ao fundamentar o direito à propriedade no direito natural, John Locke faz surgir
uma justificação moral para um tipo de sociedade baseada no desejo e na necessidade de
possuir cada vez mais. O poder político instituído neste contexto tem sua principal
finalidade expressa na proteção da propriedade e na garantia do direito à aquisição
ilimitada. Assim o Estado não é necessário, mas apenas conveniente para servir ao homem
ambicioso em possuir cada vez mais. No presente trabalho, pretende-se analisar a peculiar
posição de Locke, manifesta no Segundo Tratado Sobre o Governo, sobre a relação entre
o indivíduo livre e desejoso de aumentar suas posses e o Estado enquanto manifestação
de um conjunto articulado políticamente.
Palavras-chave: direito natural; Liberdade; Locke.
Ditos e não ditos da normalidade: a urgência de a loucura ser incorporada pela
tradição filosófico-literária
Franciele Vaz [email protected]
Resumo: A presente pesquisa de cunho teórico, em processo, procura ter enfoque na
investigação da Loucura, tendo como base principal a História da Loucura, de Michel
Foucault. O recorte será a forma como lidavam com a Loucura no período da Renascença,
onde a Loucura era inserida em muitas obras, principalmente pinturas, bem como em
poemas, teatros, literatura. O cogito ergo sum, de René Descartes foi um momento crucial
para se instituir que é necessário que se pense, de forma clara e distinta, para ser. O louco,
não concebendo o mundo de forma clara e distinta, deixa de ser. A forma de se investigar
a ontologia da Loucura deverá, num primeiro passo, retomar a importância de inseri-la
nos meios artísticos e filosóficos; sem colocar no rigor científico. Há discussões acerca
da doença mental, em excesso, mas todas com intuito de categorizar, visando atender o
ego do pesquisador e o lucro. O objetivo de retomar o estágio anterior ao momento
cartesiano, ou seja, de resgatar um terreno propriamente fértil sobre o tema supracitado
está em, primeiramente, fazer entender à sociedade o papel que o louco poderia ter. Para
tal, serão coletados filósofos, escritores, pensadores, que fomentaram discussão sobre,
como Erasmo de Rotterdam, Machado de Assis, Friedrich Nietzsche, Marquês de Sade,
Clarice Lispector. São momentos raros, que, no curso do pensamento, foram apenas
centelhas fugazes, e, por vezes, mal interpretadas pelos intelectuais entusiastas da razão,
que, sequer consideraram que, se não fosse pela loucura, a razão – sem ter um estado
mental para equiparar-se ou destoar-se – não existiria.
Palavras-chave: Isolamento; Loucura; Poder.
Genealogia e crítica dos valores em Nietzsche
Francisco Alvarenga Junnior Neto [email protected]
Resumo: Na construção de seu pensamento filosófico, Nietzsche tem como objetivo
precípuo questionar o valor dos valores. Para tal, o filósofo discuti a validade da tradição
greco-medieval, remontando às suas origens, visando fundamentar a crítica por ele
elaborada em relação à moral vigente. A esse respeito, Nietzsche defende que a tradição
que se consolidou, permeando toda a história da humanidade ocidental, caracteriza-se
pela desvalorização da vida presente em nome de ideais póstumos que acabam por nos
afastar do nosso “eu” real. Neste artigo procuramos demonstrar como sua análise crítica
da moral ocidental é válida e possibilita, por meio do ato genealógico, uma mudança na
concepção do que é o homem e com isso, uma nova valoração da vida.
Palavras-chave: genealogia; Nietzsche; valores.
Mídia de massa e a volta da linguagem de ação
Gabriel Engel Ducatti [email protected]
Resumo: O presente trabalho busca refletir o impacto das mídias de massa no pensamento
da sociedade contemporânea e, analogamente, um eventual retorno à antiga Linguagem
de Ação grega. Tal concepção é anterior ao surgimento e adoção do alfabeto e possuía
como principal característica a oralidade na transmissão do conhecimento. A partir de
uma breve explanação história da linguagem, definindo alguns acontecimentos como
essenciais, tenta-se demonstrar que a grande mídia vem adquirindo peculiaridades
comuns aos antigos poetas gregos; como, por exemplo, o expoente Homero, que através
de seus contos traçava aspectos culturais e educacionais; bem como a Linguagem de
Reflexão, com todo avanço das tecnologias comunicacionais, continua sendo o meio de
se opor a tal “orador”.
Palavras-chave: Linguagem de Ação; Mídia de Massa; Sociedade Contemporânea.
Fenomenologia da Intersubjetividade e Teoria da Mente: discussões da alteridade
Gabriel Pavani Brandino [email protected]
Resumo: No presente trabalho, discutimos a intersubjetividade no campo do
desenvolvimento infantil. Voltamo-nos ao campo da cognição social, especialmente ao
conceito de atenção conjunta, que é analisado à luz da fenomenologia da
intersubjetividade. Nosso objetivo geral é realizar um reconhecimento do espaço do
problema referente às relações que vêm sendo operadas entre teorias fenomenológicas da
percepção e abordagens científicas contemporâneas da percepção. Por meio da
comparação entre as teorias, construímos um pensamento crítico frente aos novos achados
da psicologia do desenvolvimento infantil. Na área da cognição social, a percepção do
outro é embasada na teoria da mente. Ver a coisa e compartilhá-la só é possível quando
percebo o outro como um ser intencional igual a mim. No âmbito da teoria
fenomenológica, retira-se o outro da posição de objeto de conhecimento, contrapondo-se
ao exercício que nos propõe a teoria da mente. “O outro está aí, dado, [...] tão
imediatamente quanto eu sou dado a mim mesmo” a distância entre mim e o outro que
nos é apresentada pela teoria da mente não existe na análise fenomenológica. No presente
trabalho, os preceitos da atenção conjunta, tal como são apresentados no campo da
cognição social, são redefinidos no âmbito da fenomenologia da intersubjetividade.
Palavras- Chave: Atenção Conjunta; Fenomenologia da Intersubjetividade; Percepção.
Übermensch e a Individuação: relação possível entre a psicoterapia Junguiana e a
filosofia de Nietzsche.
Geisa E. Caccere; Maria Luiza R. F. da Silva [email protected]
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo identificar a presença de Nietzsche na
Psicologia Analítica Junguiana. Jung, ao compor os Seminários sobre Zaratustra, relata a
filosofia de Nietzsche como uma influência espiritual, constituindo, assim, uma das bases
epistemológicas de sua teoria. Mesmo havendo diferenças significativas entre os autores,
destaca-se conexões, tais como o conceito Übermensch, que se refere ao processo do
homem de tornar-se “Além do Homem” em uma constante superação de si, ou seja, a
busca de sua singularidade. Se faz evidente a semelhança com o principal conceito da
Psicologia Junguiana, a individuação, no qual, assim como Nietzsche, Jung o descreve
como uma realização plena do indivíduo enquanto ser singular. Portanto, é relevante a
relação do conceito Übermensch para a prática da Psicologia Analítica Junguiana, já que
o processo de individuação consiste no propósito final da psicoterapia. Tal relação, entre
ambos autores, contribui para um melhor entendimento a respeito do conceito de homem,
que, consequentemente, proporcionará maior compreensão no que se refere ao processo
de individuação.
Palavras-chave: Übermensch; Processo de individuação; Psicoterapia Junguiana.
Atividade coletiva como trabalho criativo
Gustavo Hipolito Giaquinto [email protected]
Resumo: Na presente apresentação me proponho expressar reflexões relativas ao conflito
da prática de ensino nas aulas de sociologia. Temos como problemática inicial a
"indisciplina" escolar e a falta de valorização dos conteúdos científicos escolares por parte
dos jovens. Pretendo aqui colocar em questão as disputas de sentidos no ambiente
escolar, compreendendo-as como conflito de valores que tem sua origem na discrepante
diferença que há no modo de vida dos alunos para com o formato disciplinar, aplicado
em sala de aula. Tal reflexão tem seu esboço a partir da leitura do livro "Nietzsche e a
filosofia" escrito por Deleuze, junto à minha prática como bolsista de iniciação à docência
em ensino de Sociologia. Tal reflexão toma melhor articulação na atividade coletiva
interdisciplinar elaborada com alunos do primeiro ano do Ensino Médio da escola pública
de Marília. Apropriando-se inicialmente das tipologias das forças, apresentada por
Deleuze, são através das categorias de força ativa e força reativa que compreendemos o
processo criativo destes jovens. Sendo este um trabalho conjunto aos alunos que ao se
apropriarem do conceito de identidade nas ciências sociais, subvertem a ideia corrente e
imediata de esporte exaltando o seu lazer e valorizando sua cultura.
Plavras-Chave: Educação; Forças; Indisciplina.
O papel dos qualia na produção do conhecimento
Gustavo Negreiro Almeida [email protected]
Resumo: Este trabalho versa sobre a análise de argumentos sobre a natureza e o papel
dos qualia na produção do conhecimento e na vida mental em geral. As sensações
qualitativas da experiência, ou qualia, supostamente teriam um papel significativo na
produção do conhecimento. Eles comporiam parte do experienciar não reduzido a mera
informação física sobre o mundo. Portanto, sem ter acesso aos qualia, o conhecimento
sobre o mundo seria incompleto, como sugere Frank Jackson (1982) em seu artigo
Epiphenomenal Qualia. Também investigaremos a visão de Thomas Nagel (1974) em seu
célebre artigo What is it like to be a bat? onde discorre sobre o caráter subjetivo da
experiência. Para ele, cada organismo tem seu ponto de vista em relação ao mundo e têm
características físicas únicas que os permitem ter uma experiência sobre o mundo também
única. As sensações qualitativas da experiência teriam um caráter estritamente subjetivo,
relacionado ao ponto de vista de cada organismo. O suposto dos qualia segue-se como
uma proposta não reducionista do nosso conhecimento sobre o mundo e que nos leva a
questionar se aquilo que é experienciado por um organismo, ou seja, suas sensações
qualitativas da experiência, são passíveis de entendimento por outros organismos.
Palavras-chave: experiência; qualia; subjetivo.
Uma análise das críticas de Bertrand Russell às teorias sobre a relação
pensamento/objeto
Jefferson Torres Velozo [email protected]
Resumo: Em suas investigações acerca da mente, Bertrand Russell retoma as teorias das
principais perspectivas filosóficas que abordaram a natureza da consciência até o início
do século XX. Ao analisar o conceito de consciência e a relação deste conceito com a
mente humana, o autor expõe algumas teses de Franz Brentano e de um de seus
sucessores, Alexius Meinong. Brentano foi um grande e influente psicólogo austríaco que
escreveu uma obra intitulada Psicologia do Ponto de Vista Empírico que foi muito
influente dentro da psicologia e da teoria do conhecimento e foi uma obra que deu início
a uma série de trabalhos relevantes, especialmente sobre a intencionalidade como
propriedade intrínseca da consciência. De acordo com Russell, esses estudos tinham
como proposta investigar a relação entre a consciência e o objeto e se essa relação produz
o conhecimento. A proposta de Brentano, segundo Russell, é a de que “a relação com um
objeto é uma característica suprema irredutível dos fenômenos mentais”, tese esta que
Russell tentará refutar. Meinong, por sua vez, defendia que existiam três elementos
implicados no pensamento sobre um objeto: Ato, Conteúdo e Objeto. Russell fez uma
crítica às teorias desses dois autores devido à simplicidade com a qual tratavam o conceito
de consciência. Para Russell, a discussão a respeito da consciência não pode ser tratada
como uma discussão simples. Contudo, o autor reconhece a importância desses autores e
de seus respectivos estudos para a psicologia. Russell faz reparos críticos a respeito dos
três elementos necessários para o pensamento de um objeto da teoria de Meinong. Através
dessa tríplice abordagem da relação pensamento/objeto que Meinong propôs foi possível
que diversas outras teorias fossem enunciadas, até mesmo a teoria que Russell vai propor.
Na apresentação, será analisada criticamente a teoria de Meinong no viés de Russell,
procurando ressaltar que o conceito de ato proposto por Meinong não é necessário para
explicar a natureza da relação entre pensamento e objeto e que a relação entre conteúdo e
objeto não é tão simples quanto ele propõe.
Palavras-chave: objeto; pensamento; Russell.
Esboço de uma reestruturação e sistematização contemporânea da tese proto-
enativista de Guyau: a cognição motora e a dinâmica afetiva engendram o tempo
psíquico
Johnny Marques de Jesus [email protected]
Resumo: Os debates contemporâneos filosóficos e científicos sobre tempo psíquico
(Gallagher 1998; Dainton 2000 ; Lee 2014; Wittman 2009; Grondin 2012; Treisman
2013; Warren H. Meck et al 2014; Richard Block 2014) se articulam, segundo tendências
diversas, a partir de uma matriz não homogênea de tradições que inclui Lotze, Willam
James, Brentano, Broad, Husserl, Bergson, Wundt, Fechner, Vierordt, Skinner, Gibbon,
Treisman. Embora os modelos científicos e filosóficos atuais sobre a percepção do tempo
sejam diversificados, eles possuem um princípio comum: todos, com poucas exceções,
fundamentam suas análises nas condições subjetivas (neurais, comportamentais,
cognitivas, informacionais) de apreensão cognitiva e perceptual de propriedades
temporais objetivas instanciadas em eventos externos. Há um princípio exteroceptivo,
cognitivo-representacional nessas abordagens, mesmo as de cunho fenomenológico.
Curiosamente, a teoria do tempo psíquico de Guyau (1854-1888) foi largamente ignorada
como parâmetro possível para discussões científico-filosóficas. É de se notar que o
psicólogo cognitivo do tempo Michon (1988) reconhece sua importância central para o
desenvolvimento de modelos cognitivo informacionais do tempo; no entanto, este
reconhecimento ressalta certas analogias em que não se sobressai a inovadora proposta
contida na doutrina de Guyau, a saber, uma concepção pragmático-afetiva da experiência
do tempo. Este aspecto pragmático e afetivo implica uma noção não puramente
exteroceptiva, nem puramente cognitivo-representacional do tempo psíquico. P.ex. diz
Guyau que “... a sucessão é um abstrato do esforço motor exercido no espaço. Esforço
que, tornado consciente, é a intenção” (2010, p.72) e que “O verdadeiro ponto de partida
da evolução [do tempo] não é, portanto, a ideia do presente, assim como a do passado ou
a do futuro. É o agir e o sofrer. É o movimento sucedendo a uma sensação” (2010, p.68).
Wundt chegou a aventar uma hipótese semelhante, mas apenas de passagem. É curioso
notar que as novas tendências enativistas, corporificadas e situadas das ciências
cognitivas, críticas dos modelos representacionalistas e cognitivistas da mente, não
tenham sistematizado devidamente esta noção básica proposta por Guyau.
Apresentaremos neste trabalho justamente um esboço desta sistematização, partindo
justamente dos princípios fundamentais das ciências cognitivas corporificadas, quais
sejam: o princípio sistêmico-dinâmico complexo não-linear, o princípio da auto-
organização e o princípio ecológico-enativista, a fim de reestruturar a ideia de Guyau com
a tese de que o tempo neuropsíquico/comportamental, enquanto duração corpórea auto-
organizada em instantes rítmicos, apresenta um aspecto qualitativo multidimensional
emergente (aspecto sistêmico de múltiplas variáveis dinamicamente interdependentes não
restrito à cognição epistêmica, mas abrangendo também a cognição motora, a afetiva e a
proprioceptiva – inclui-se aqui, portanto, sínteses temporais não-transitivas do corpo
próprio, ou, sínteses temporais próprio-específicas) e um aspecto situacionista ou
ecológico emergente pelo qual ele (o sistema do tempo psíquico) é visto como parte
integrante da dinâmica informacional do sistema animal-ambiente.
Palavras-chave: cognição motora; dinâmica afetiva; tempo psíquico.
Andarilhos de estrada e questões de gênero
Júlia Esteves Bicalho de Almeida [email protected]
Resumo: A presente pesquisa aborda a realidade dos "andarilhos de estrada" como um
espelho radical dos modos de subjetivação calcados nas condições atuais de intensa
mobilidade psicossocial, decorrentes da compressão tempo-espaço. É trabalhado também
o fato de que, apesar do trânsito constante ser uma característica da pós-modernidade, ele
não abrange ambos os sexos de forma igualitária e, assim como na sociedade os homens
transitam mais do que as mulheres (em todas as áreas da vida), as estradas também são
caracterizadas por esse maior trânsito masculino ilustrado pela figura do andarilho. Tendo
isso em mente, a pesquisa focaliza a questão da baixa presença feminina entre os
andarilhos, bem como os aspectos existenciais das poucas mulheres que habitam esse
não-lugar. Para tanto, estão sendo realizadas entrevistas nas rodovias por onde transitam
os andarilhos e nas instituições que os acolhem. O método utilizado é a pesquisa
qualitativa fundamentada na premissa de que os conhecimentos sobre os indivíduos só
são possíveis com a descrição da experiência humana tal como ela é vivida pelos seus
próprios atores. Como a pesquisa está em andamento, ainda não se tem resultados
concretos, porém, entrevistas já realizadas despertam reflexões a respeito do ser mulher
na estrada e na sociedade atual, entre elas, reflexões acerca da socialização feminina e
como esta é responsável pelo aprisionamento da potência de vida até mesmo de mulheres
que vivem em situação de intensa mobilidade, rompendo parcialmente com os discursos
de verdade proferidos no decorrer dessa socialização.
Palavras-chave: andarilhos(as); gênero; mobilidade psicossocial.
A influência de conceitos evolucionários na Filosofia segundo John Dewey
Jurandir Gelmi Júnior [email protected]
Resumo: Neste trabalho pretendo analisar teses e argumentos apresentados por John
Dewey a respeito da influência e os impactos que a teoria evolucionista proposta por
Charles Darwin acarretou na ciência e na filosofia, especialmente no âmbito da moral e
da política. Dewey (1909) ressalta que todo o trabalho, teórico e experimental, realizado
por Darwin e as considerações de seu modelo explicativo da origem e evolução dos seres
vivos propostos sem um designer refutava o dogma criacionista aceito até então e permitia
uma nova compreensão dos seres vivos e suas relações com o ambiente. Primeiramente
destacamos a relevância que Dewey atribui à combinação das palavras “origem” e
“espécie” no próprio título da obra de Darwin. Essas duas palavras combinadas
incorporam uma revolução, não na Biologia, mas para o pensamento científico em geral.
Segundo Dewey (1909), por dois mil anos, pensadores e cientistas consideravam que as
espécies eram universais, permanentes e imutáveis. Por espécie, a tradição grega entende,
grosso modo, uma forma imutável que estabelece uma constância no ser natural das
coisas, podendo ser alcançada e estudada pelo conhecimento cientifico. Essa noção de
eidos (ideia), utilizada pelos escolásticos para designar o conceito de espécie, tinha como
pressuposto que as formas ou ideias possuíam uma realidade imutável, fixa, perfeita,
eterna. Dewey ressalta que Darwin não foi o primeiro a questionar a filosofia clássica da
natureza (os fenômenos naturais) e que sem os trabalhos e descobertas de Copérnico,
Kepler, Galileu, Boyle e seus sucessores em astronomia, física e química, possivelmente
Darwin não teria desenvolvido essa revolução nas ciências biológicas. A obra de Darwin
possibilita o estudo da vida sem um criador, focalizando a adaptação bem-sucedida ao
ambiente sem um molde, implicando que diferentes espécies surgiram e desapareceram
em diferentes épocas sem finalidade explicita ou prévia. A importância da publicação da
Origem das espécies reside em ter defendido a ideia de que os seres vivos não são
conduzidos em razão de uma finalidade prévia. Desta forma, os princípios darwinistas
possibilitaram repercussões marcantes para encerrar uma etapa na história das ciências
biológicas e também na filosofia com o desenvolvimento da discussão da noção de acaso
como princípio da natureza e da vida como um todo. Considerando que muitos cientistas
já haviam adotado a perspectiva evolucionista, Dewey ressalta que foi a partir da obra de
Darwin que se consolidou esse processo quando expôs que as adaptações orgânicas não
são atribuídas, planejadas ou determinadas, mas decorrem da dinâmica adaptativa dos
organismos ao acaso das circunstâncias ambientais. Procuraremos mostrar que a
influência da perspectiva evolucionista no campo da filosofia se deu ao compreender que
não existiam origem e finalidades absolutas nas mudanças das espécies, aniquilando
crenças que sugeriam que a natureza não faz nada ao acaso, que tudo tem um propósito e
que existe uma vontade divina na determinação das mudanças.
Palavras-chave: ciência; darwinismo; filosofia.
Ruptura na modernidade: Francis Bacon e René Descartes contra Aristóteles
Kailani Amim Postilhoni Ferreira [email protected]
Resumo: Muito se fala dos filósofos Francis Bacon e René Descartes como precursores
do que hoje chamamos “método científico”, mas pouco é aclarado sobre o quadro de
problemas filosóficos que suscitaram debates para que eles pudessem legar suas
contribuições. Essa comunicação possui como foco apresentar um apanhado dos
problemas que tanto Bacon quanto Descartes lidaram em suas filosofias; os dois
criticando o status da filosofia da natureza em seu tempo, calcada em uma não mais
sustentável base na silogística de Aristóteles, filósofo até então paradigmático na filosofia
natural.
Palavras-chave: Bacon; Descartes; método científico.
Diálogos entre emoções e epistemologia: revisão de literatura
Katiúcia Q. Q D. Marquezin [email protected]
Resumo: As ciências têm buscado pela compreensão das emoções humanas, e esta tem
sido uma das tarefas da filosofia e da psicologia. Conhecê-las instigou no homem
perguntar e discutir nas mais diversas teorias, num caminho para a construção do
conhecimento. Emoções que de suas reações corporais, regulam desde os
comportamentos, estados fisiológicos, cognitivos e emocionais, que alteram e manejam
subjetividades influenciando a cultura e a forma como o homem compartilha o afeto.
Vindo de encontro às indagações do homem, a epistemologia alia o estudo e reflexão dos
saberes e seus produtos, através do estudo do conhecimento. Dessa maneira,
apresentamos esta pesquisa, cujo objetivo é verificar as temáticas associadas às emoções
e epistemologia apresentadas no universo de publicações. Esta revisão de literatura,
realizada na base de dados de Periódicos CAPES, utilizando os seguintes descritores no
idioma português: emoções e epistemologia; emoção e epistemologia. Os critérios para
inclusão dos artigos foram: ano de publicação a partir do ano de 2005 a 2016, artigo
completo disponível na base de dados consultada; artigos científicos publicados em
periódicos indexados e com acesso disponível; artigos teóricos, de revisão de literatura e
de intervenção. Incluem-se 15 artigos para discussão, dos quais aplicam e retratam as
emoções em pesquisas sobre aspectos interacionais, teóricos e metodológicos descritos
nesta revisão.
Palavras chave: Emoções; epistemologia; revisão de literatura.
Os dualismos e seus problemas ontológicos, epistemológicos e semânticos
Leonardo Queiroz Assis Poletto [email protected]
Resumo: Um dos primeiros filósofos modernos a realizar uma investigação a respeito da
natureza da mente foi René Descartes. Em linhas gerais, Descartes afirmava que a mente
é uma substância imaterial, distinta da substância extensa, não estando sujeita a nenhuma
lei natural como é o caso das propriedades físicas. De acordo com essa abordagem, o
sujeito é uma “coisa pensante” separada do mundo externo e que conhece apenas na
medida em que os elementos constituintes de um conhecimento possível passam pelo
crivo da razão. Nesse sentido, o conhecimento é fundamentado em leis lógicas e
princípios metafísicos supostamente inquestionáveis. No entanto, há diferentes
perspectivas dentro da corrente dualista como: o dualismo da substância, dualismo
popular, dualismo da propriedade, epifenomenalismo e dualismo interacionista da
propriedade, por exemplo. Desse modo, o objetivo do presente trabalho é analisar as
principais características de algumas perspectivas do dualismo, ressaltando suas
semelhanças, diferenças e problemas. Para tanto, nos basearemos na obra de Paul M.
Churchland, Matéria e consciência e nas obras as Meditações metafísicas e o Discurso
do Método de René Descartes para efetuarmos nossa análise.
Palavras-chave: Dualismo; Filosofia da Mente; René Descartes.
O conceito de contingência no romance A Náusea de J.P Sartre
Lucas Bezerra da Silva [email protected]
Resumo: A contingência, como marca da existência, faz-se presente na obra A náusea,
de Jean-Paul Sartre, como seu tema filosófico central. Com o objetivo de analisar os
processos por meio dos quais Sartre constrói o personagem Roquentin __ desde sua
caracterização mais romanesca até o sentimento da náusea, exprimindo a descoberta da
existência e sua radical contingência __, pretende-se determinar aqui o teor filosófico da
obra literária de Sartre. É notável o quanto a contingência e a instabilidade do sujeito e
das coisas influenciaram o desenvolvimento do romance, tornando pertinente uma análise
de sua dimensão filosófica.
Palavras-chave: contingência; existência; náusea.
O conceito de gênio em Nietzsche no filme “Amadeus” de Milos Forman
Lucas Gabriel Saconato Maldonado [email protected]
Resumo: Este trabalho tende a explicar o conceito de gênio a partir da filosofia de
Nietzsche, relacionando com alguns dos principais conceitos dentro da obra do filósofo e
a partir disso apontar como se aplicam ao filme Amadeus de Milos Forman. Como ponto
de partida, fundamenta-se o significado de gênio e posteriormente foi feita uma análise
do filme. Depois disso foi possível perceber como se aplicaria a uma obra de arte o
conceito de gênio e também aprofundar-se no filme em si, notando uma série de aspectos
que ressaltam não só a genialidade do indivíduo mas também o conflito como superação
em contraponto à mediocridade.
Palavras-chave: arte; gênio; Nietzsche.
O olhar de Benedito Nunes sobre a obra Perto do coração selvagem, de Clarice
Lispector
Maria Caroline Belfanteve [email protected]
Resumo: Clarice Lispector, escritora brasileira, ingressa no cenário da literatura por meio
do romance Perto do coração selvagem. A novidade de seu estilo faz com que muitos a
comparem com James Joyce e Virginia Woolf devido à densidade psicológica presente
em sua obra. Benedito Nunes, filósofo, escritor e crítico literário, lança seu olhar à jovem
escritora e produz uma série de trabalhos sobre suas obras. Ele a descreve como uma
escritora que valoriza os incidentes separados, que torna sua narrativa uma convergência
de vários momentos de vida dispersos. Os estados subjetivos substituem os estados reais
e que de fato acontecem, há uma cisão com a ordem do tempo externo, característica que
marca os romances modernos. A experiência interior é o foco na criação literária, o que
leva a autora a enxergar algumas situações como se pudesse vê-las por meio de um
microscópio, gerando um horizonte reflexivo e especulativo a respeito da própria
existência. Este trabalho terá por objetivo apresentar os principais pontos trabalhados por
Benedito Nunes em seu livro O drama da linguagem e O mundo de Clarice Lispector,
sobre o livro Perto do coração Selvagem, de Clarice Lispector.
Palavras-chave: Benedito Nunes; Clarice Lispector; literatura.
A concepção de espaço-tempo proposta por Einstein como quebra de paradigma
na perspectiva de Kuhn.
Máximo Gustavo Rodríguez de Melo [email protected]
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo expor e discutir a abordagem de espaço-
tempo tomadas para fundamentar a teoria da relatividade restrita. Tal concepção se
popularizou por teóricos como Einstein e, posteriormente, Minkowski. A fracassada
tentativa de Michelson-Morley de provar a existência do éter (espaço absoluto), que por
sua vez, se acaso existisse manteria as concepções da física moderna aliada às novas
descobertas de Maxwell sobre o eletromagnetismo, foi fundamental para as propostas de
Einstein. Essa mudança de concepção pode caracterizar o que Kuhn chamaria de quebra
de paradigma, gerando uma “revolução cientifica”. A metodologia é baseada em revisão
bibliográfica de textos primários e secundários, em que serão analisados os escritos do
filósofo Lawrence Sklar em Filosofia da Física, e as concepções de Thomas Kuhn em A
estrutura das revoluções cientificas, bem como teremos o auxílio de literatura secundária
sobre o tema. O presente trabalho fará uma análise conceitual e não recorrerá ao
formalismo matemático.
Palavras-chave: Kuhn; paradigma; relatividade.
Relações teoria e prática: a produção do conhecimento sobre gestão
democrática em teses e dissertações (2005 - 2014).
Mônica Gomes de Carvalho [email protected]
Resumo: Entre os pesquisadores da área da administração escolar circula a afirmação de
que o conhecimento teórico passou por duas mudanças: uma de paradigma e outra de
postura teórico metodológica. A primeira mudança se refere à passagem do paradigma da
Teoria Geral da Administração para o paradigma da especificidade da escola, nos anos
1980. A outra mudança é constatada por Maia e Russo (2009, p. 538-539) no qual as
pesquisas deixam de ser estritamente teóricas e a escola passa a ser o “[...]objeto de estudo
considerando que, no período dos anos 2000-2005, [...] os livros eram, em sua maioria,
resultados de pesquisas empíricas, abordando pesquisa-ação, estudo de caso e resultado
de projeto de extensão, em detrimento de estudos restritos ao nível teórico.”.Apesar de
tais mudanças Souza (2006, p. 122) constata uma continuidade no modo de pensar dos
pesquisadores que se refere à “ênfase por vezes um tanto normativa de vários trabalhos
sobre gestão escolar” [...] que, com modelos teóricos, se dedicam à dizer a escola o que
ela deve ou não fazer.Considerando a teoria do discurso (LACLAU; MOUFFE, 2015) e
seu questionamento à possibilidade de fechamento de identidades com um significado
fixo questionamos como a gestão democrática tem sido entendida na produção da área?
E quais as possibilidades de (re) pensar a área pelos conceitos de hegemonia, discurso e
articulação da teoria do discurso?
Palavras-chave: Teoria do discurso. Gestão democrática. Teses e dissertações.
A diferença na história do conhecimento em administração escolar no Brasil
Paulo Henrique Costa Nascimento [email protected]
Resumo: O resgate da trajetória da Teoria em Administração escolar no Brasil demonstra
uma fixidez nas maneiras de construção do seu conhecimento. Tanto pela insistência nos
mesmos referenciais teórico-metodológicos quanto pelos constantes resultados de
pesquisa com soluções para os problemas educacionais: os resultados constituem ou um
receituário indicando o que os profissionais da educação devem fazer ou um diagnóstico
das tarefas que os profissionais da educação não fazem para realizar os propósitos
teóricos. O problema desta situação é que os propósitos teóricos não se realizam e os
problemas educacionais não são solucionados. Não teria o próprio conhecimento em
Administração escolar no Brasil problemas de análise, construção e práticas de pesquisa?
Como pensá-lo de maneira diferente? Será que existiram outras formas de pensá-lo? Pois
bem, este trabalho tem o intuito de apresentar resultados parciais de pesquisa que buscou
na história do conhecimento em Administração escolar no Brasil – através do pensamento
de Foucault, Deleuze e Guattari – seus diferentes referenciais teórico-metodológicos. A
hipótese da pesquisa era que o conhecimento na área estava preso em relações de saber-
poder que o impediam de diferenciar-se e, também, impediam a identificação das
diferenças já existentes. Conclui-se, parcialmente, que existem diferentes referenciais
teórico-metodológicos e a fixidez impediu que esta diferença fosse situada na história do
conhecimento em Administração escolar.
Palavras-chave: Administração escolar; Diferença; Saber-Poder.
O Impulso Criativo em Paulo Freire
Pedro Henrique Ciucci da Silva [email protected]
Resumo: Paulo Freire nunca escreveu uma obra específica sobre estética, mas deixou
uma leitura sobre a noção desse tema. A arte, para Freire, tem um aspecto fundamental
para o processo de emancipação ideológico. Fazendo uma leitura para o impulso criativo,
segundo Paulo Freire, ainda existe um espaço para tal leitura, pois a classe oprimida ainda
encontra nas artes um motivo para romper com o opressor. A abstração da arte torna-se
realidade quando a mesma trabalha para um impulso criativo do sujeito, para Freire, a
arte também é uma arma para a educação libertária contra a educação bancária. O impulso
criativo freireano também é fundamental para a classe trabalhadora se lançar em uma
amostragem no mundo. A estética para Freire tem também uma relação com a ética, ou
seja, está relacionada com a responsabilidade do sujeito na construção com o mundo.
Portanto, a construção do mundo enquanto arte é feita pelo impulso criativo da pessoa,
nunca deixando de lado a sua humanização para a construção desse mundo. O mundo é o
resultado de nosso impulso criativo, com isso, Freire argumenta que tendo uma
abordagem ética sobre os impulsos criativos, a estética pode emancipar o indivíduo para
uma realidade de leitura crítica. É esta leitura crítica que Paulo Freire chama de aspecto
estético do mundo, dessa maneira, fundamenta a necessidade de um impulso criativo. A
necessidade de uma ação de liberdade está contra a burocratização da mente, pois é uma
das mais trágicas doenças de nossa sociedade. Longe de pensar numa ação alienada e
alienante, a perspectiva freireana concebe a estética como liberdade de escolha, de
intervenção crítica e consciente de homens e mulheres no mundo, ações calcadas na
capacidade da valorização de intervenção, de decisão e rompimento de tudo o que não
favoreça a humanização. Portanto, a estética, como forma sensível de estar no mundo,
implica o envolvimento consciente com a realidade, na presença humanizante em todos
os espaços que favoreçam a vida.
Palavras-chave: estética; impulso criativo; Paulo Freire.
O contingente a priori e os indexicais
Rafael Albiero Vieira [email protected]
Resumo: Na história da Filosofia, a discussão sobre proposições que representam
verdades as quais podem ser conhecidas de maneira contingente a priori ganhou destaque
com o trabalho Naming and Necessity (1980) de Saul Kripke. Kripke acredita que uma
consequência quase que natural de certas propriedades semânticas dos nomes próprios, a
saber, serem diretamente referenciais, é a capacidade de se gerar conhecimento de
verdades contingentes de maneira a priori. Sendo assim, Kripke defendeu que, contra o
que era aceito pela grande maioria da tradição filosófica, existem proposições que
expressam verdades contingentes mas que podem ser conhecidas de maneira a priori.
David Kaplan, em seu ensaio “Demonstratives” (1989), tem conclusões intuitivamente
anormais, semelhantes às de Kripke, quanto a possibilidade de termos conhecimento a
priori de proposições contingentes. O interesse de Kaplan era estudar o funcionamento e
implicações dos indexicais: expressões que não tem o referente fixo (i.e. podem designar
diferentes objetos em diferentes contextos), como as expressões “aqui”, “ele”, “agora”,
“hoje”, etc. Ele percebeu que em certos casos, sentenças formadas por indexicais
causavam fenômenos estranhos, a saber: sentenças que são verdadeiras sempre que
proferidas, sem no entanto expressarem verdades necessárias. Por exemplo, sentenças
formadas por indexicais, como “Eu estou aqui agora” ou “Eu existo”, são verdadeiras
sempre que proferidas, sem, no entanto, expressarem verdades necessárias. Kaplan
acredita que a explicação para este interessante fenômeno está no fato de que as noções
de necessidade e aprioricidade se relacionam com diferentes valores semânticos das
expressões (valores os quais ele chama de caráter e conteúdo). Com isto em mente, esta
breve apresentação tem o objetivo de expor o problema do contingente a priori, a teoria
dos indexicais de Kaplan, sua relação com nomes e descrições, e a maneira com que ele
lida com casos anormais de sentenças que parecem ser verdadeiras de maneira a priori e,
no entanto, expressam verdades contingentes.
Palavras-chave: contingentes a priori; indexicais; proposição.
Notas sobre o conflito entre a Pólis e o filósofo no pensamento de Hannah Arendt:
o caso Sócrates
Renato de Oliveira Pereira [email protected]
Resumo: Neste trabalho, pretendemos examinar alguns aspectos acerca do início da
relação conflituosa entre a pólis e o filósofo – ou, se quiser, entre filosofia e política,
teoria e prática, pensamento e ação – sob a ótica de Hannah Arendt, para quem tal conflito
caracteriza a nossa tradição de pensamento político. De acordo com Arendt, a cisão entre
filosofia e política foi realizada em um momento bem específico, a saber, no julgamento
e condenação de Sócrates em Atenas: como Sócrates, um homem cuja inocência e valor
eram reconhecidos pelos melhores entre os jovens atenienses, pudera ser condenado a
beber cicuta? Arendt acredita que Platão teria se desencantado com a vida na pólis após
a morte de seu mestre, uma vez que a pólis deixara de ser um lugar seguro tanto para a
vida do filósofo quanto para a preservação de sua memória. Além disso, o fato de Sócrates
não ter conseguido persuadir os cidadãos atenienses de que sempre agia para bem da polis
fez Platão duvidar da validade da persuasão (peithein), de modo a colocar em xeque a
maneira pela qual os cidadãos atenienses tratavam os assuntos públicos e a tentar impor
na esfera dos assuntos humanos padrões transcendentes e absolutos que pudessem ser
confiáveis e aceitos sem a necessidade de persuasão. Desta maneira, Platão abriu o
caminho para uma cisão entre a pólis e o filósofo que, para Arendt, o próprio Sócrates
acreditava não existir. Arendt pensa que Sócrates dedicava sua vida para fazer nascer, em
cada homem, a verdade inerente a sua própria opinião (doxa). Ao agir assim, ele rompia
com os limites que a pólis estabelecia para o sábio, o qual deveria se preocupar apenas
com questões eternas e abstratas, inúteis do ponto de vista político. A pólis via Sócrates
como um sábio. Sócrates, no entanto, via-se como filósofo e, enquanto tal, não tinha
nenhuma verdade para revelar aos homens.
Palavras-chave: Arendt; Política e filosofia; Sócrates.
O egoísmo lógico e o socialismo lógico: reflexões em torno do pensamento de Peirce
e Arendt
Ricardo Gião Bortolotti [email protected]
Resumo: Este artigo procura discutir dois pensadores, cujos trajetos são distintos, mas
que, a nosso ver, apresentam certas coincidências em aspectos de seu pensamento. Não
se trata de estabelecer correspondência biunívoca, o que consistiria tarefa desmesurada.
Procuramos somente enfatizar o que ambos os pensadores caracterizam como “egoísmo
lógico”, no sentido de pensar isoladamente, na solidão, diria Arendt. Para Peirce, essa
atitude seria ilógica, uma vez que o indivíduo isolado não passaria, para o autor, da fonte
do erro e da ignorância. Assim, cada autor na sua seara, ocupa-se de questões distintas,
mas que coincidem no modo de conceber o status do indivíduo e sua participação diante
de certa concepção de comunidade. Peirce, de seu lado, preocupado com a ciência;
Arendt, com a política. O que significa, para Peirce, abandonar o egoísmo em prol da
opinião da comunidade? O autor procura solucionar o problema kantiano a partir de sua
teoria da cognição e da realidade, e que remete à última opinião. Não há possibilidade de
abordar os resultados científicos como fenômenos naturalizados, mas como resultados
falíveis, e que estão à mercê de modificações conforme a investigação e a opinião da
comunidade. Embora não aceite bem o pragmatismo, Arendt, por seu turno, não defende
o egoísmo lógico, ou seja, a opinião absoluta, imposta de cima para baixo. Defende, sim,
a comunicação que perfaz o espaço público. Parte da formulação de juízos a partir do
senso comum, e que são referentes à vivência mundana. Não se coaduna, portanto, com
modos de definir comportamentos cristalizados. Com efeito, a recusa de fórmulas
científicas tem uma razão de ser: a autora recusa tais fórmulas no espaço político, no qual
importa a opinião, elaborada a partir do dia a dia, sem qualquer prognóstico de seus
resultados.
Palavras-chave: comunidade; dialogismo; opinião.
Educação e cuidado de si: possíveis encontros afetivos entre professores e alunos
de uma escola pública
Ricardo Leonel Ferreira [email protected]
Resumo: Segundo Foucault, a pedagogia que tradicionalmente é empregada nas
instituições de ensino coloca a educação sob uma ótica disciplinar, sendo conduzida
segundo os parâmetros de um determinado roteiro disciplinar e que visa a
disciplinarização dos corpos e a manutenção de uma suposta ordem social. Nesse sentido,
ele alerta para a relevância de um compromisso para com o “cuidado de si” diante de uma
formação que seja engajada com questões éticas e políticas. Para tanto, Foucault se
apropria do conceito de psicagogia, o qual se refere a uma maneira de relação afetuosa e
poética entre mestre-discípulo, possibilitando uma produção de conhecimento que seja
capaz de provocar mudanças no êthos, ou seja, na própria natureza do aluno. Como
objetivo, procurou-se identificar e compreender os agenciamentos e as linhas de forças
que possibilitam o pensamento e a disposição de se colocar em prática o cuidado afetivo
entre professor e aluno, tendo em vista a relação psicagógica. Em uma reunião com um
grupo de quatro professores que lecionam no ensino infantil, foi transmitido o filme “A
língua das mariposas” e, posteriormente, houve uma roda de conversa sobre a relação
entre o filme e a psicagogia. Os resultados mostraram que a psicagogia se fazia presente
nessas brechas em que se escapava da dureza e do enrijecimento das já tradicionais
relações estabelecidas nas salas de aula, mas que ainda se fazia ver discursos de caráter
de afetação dinâmica, ora tendendo às linhas duras, outrora às flexíveis e de fuga.
Palavras-chave: ; Cuidado de si; Educação; Psicagogia.
Diderot e a Imitação na Pintura
Rinaiana Maria Silva Batista [email protected]
Resumo: A arte imita a natureza ou a natureza imita a arte? Para o filósofo enciclopedista
a ideia de que a arte é uma imitação da natureza sempre esteve presente em sua filosofia.
Publicado em 1766 na Correpondance Litteraire, Diderot escreveu um tratado de pintura
que, acrescido de novos capítulos em 1795, é intitulado Ensaio Sobre a Pintura e
impresso para acompanhar o Salão de 1765, a obra traz a forte crítica do filosofo de
Langres ao ensino academicista e a forma de fazer pintura. Segundo o filósofo francês, a
beleza da arte se encontra na imitação da natureza, mas de uma natureza específica, da
bela natureza. O maneirismo acadêmico e a prática demasiada do écorche inviabiliza a
verdadeira observação da natureza, que é onde o artista encontra sua cópia da natureza
segundo a própria natureza. Para ele, o artista deve deixar a academia e lançar-se à
natureza para encontrar a verdade. Diderot propõe aos artistas maior liberdade e
fidelidade à natureza verdadeira, que é o que encanta e faz com que o púbico capte a
realidade da obra. É por meio de uma nova abordagem do belo e da pintura que a crítica
de Diderot se faz tão viva e autêntica no Iluminismo e tão atual nos dias de hoje. Essa
apresentação se propõe a mostrar como a filosofia de Diderot relaciona arte e natureza
pelo olhar da obra Ensaio Sobre a Pintura e amparada pelos verbetes Cópia e Imitação
da Encyclopédie, bem como o processo de imitação da natureza realizado pela arte.
Palavras-chave: estética; imitação; pintura.
A utilização de filmes como mecanismo importante para a interpretação nas aulas
de filosofia no Ensino Médio
Rodinei Silva [email protected]
Resumo: Sendo a disciplina de filosofia discriminada por diversos motivos e desta forma
com uma resistência por parte dos discentes, o projeto intitulado “A utilização de filmes
como mecanismo importante para a interpretação de Filosofia no Ensino Médio” tem por
objetivo oferecer um mecanismo a mais para ganhar a atenção do jovem aluno. Será
realizada pesquisa de coleta de dados em escolas do ensino médio de forma dedutiva e
quantitativa para descobrir a quantidade de filmes exibidos, quais os filmes e os resultados
das exibições. O tema escolhido demonstra a importância para o corpo docente que, ao
fazer uso deste mecanismo, possa detalhar a dificuldade na interpretação dos discentes de
textos usados em sala de aula. Mesmo ao utilizar texto de autores contemporâneos,
percebe-se ainda a mesma dificuldade na leitura. Neste sentido, o uso de filmes seria uma
ferramenta a ser acrescida para facilitar a interpretação da matéria. O que se deseja, a
princípio, é que as aulas sejam dinâmicas e atraentes para os estudantes. Para que isso
ocorra é necessário que se organizem atividades que façam com que o professor participe
ativamente dos procedimentos.
Palavras-chave: Filmes; Ensino Médio; Filosofia.
Os estudos de tempo-movimento do casal Gilbreth e Taylor: psicofísica e
instrumentalização da “mente”.
Rodrigo Moreira Vieira [email protected]
Resumo: O trabalho tem como objetivo analisar a influência dos estudos de tempo-
movimento do casal Gilbreth e Taylor no processo de instrumentalização da capacidade
psicofísica dos sujeitos que trabalham no início do século XX. Tal contexto foi marcado
pelo avanço das forças produtivas nos EUA. O caráter da colonização, o pragmatismo
herdado pela cultura e economia inglesas, bem como a influência dos ideais liberais do
século XVIII e XIX são alguns elementos que permitem compreender o desenvolvimento
mencionado. Diante do avanço das forças produtivas, houve um acelerado processo de
industrialização nos EUA entre a segunda metade do século XIX e início do século XX,
estendendo-se no decorrer deste último século. Para alavancar o processo de consolidação
de uma economia industrial que passaria a ocupar o epicentro do capitalismo mundial,
um dos elementos que impulsionaram tal empreita foi a apropriação de saberes científicos
nas relações sociais de produção e nas forças produtivas. Dentre os campos científicos
que se destacaram pode-se mencionar: as engenharias, as ciências gerenciais e as ciências
comportamentais. Neste último grupo destaca-se a Psicologia. Neste período, em terreno
estadunidense destacou-se o desenvolvimento de técnicas psicofísicas apropriadas no
campo industrial interpelando os trabalhadores como sujeitos-psicofísicos. O fundamento
dessa interpelação era instrumentalizar e gerenciar a capacidade motora dos trabalhadores
para maior aproveitamento produtivo de suas capacidades psicomotoras. Dentre os
estudos que permitiram tal fenômeno encontram-se os estudos de tempo-movimento do
casal Gilbreth e Taylor.
Palavras-chave: mente; psicofísica; relações sociais de produção.
As contribuições de Walter Benjamin para a pesquisa em História da educação
Rony Rei do Nascimento Silva [email protected]
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo compreender as contribuições do filósofo
Walter Benjamin para o campo de pesquisa da História da Educação, sobretudo, com o
uso de fontes orais. Deste modo, para além de uma versão do passado buscamos
narrativas, no sentido benjaminiano do termo. Tal definição destaca a inserção do
narrador e do ouvinte dentro de um fluxo narrativo comum e vivido. “Aquele que conta
transmite um saber, uma sapiência, que os ouvintes podem receber com proveito”.
(GAGNEBIN, 1999). Por certo, ouvintes e narradores se unem no objetivo comum de
conservar o que foi narrado. De modo que: “O narrador retira o que ele conta da
experiência: da sua própria experiência ou da relatada por outros. E incorpora, por sua
vez, as coisas narradas à experiência dos seus ouvintes”. (BENJAMIN, 2012, p. 217).
Contudo, na sociedade capitalista se produz um aglomerado de informações que são
consumidas velozmente e, assim, as narrativas tradicionais beiram o declínio. Sobre a
diferença entre informação e narrativa. Fomos movidos pela experiência de ouvir as
narrativas dos(as) 22 professores(as) aposentados(as) do estado de Sergipe, que
recorreram ao acervo de toda uma vida, que não incluiu apenas a própria experiência, mas
em grande parte a experiência do outro e do ouvinte. Walter Benjamin faz uma reflexão
sobre a decadência das experiências, evidenciada na modernidade com o fim da narração
tradicional e, de maneira mais ampla, a nossa crescente incapacidade de contar/ouvir.
Benjamin não escapa, às vezes, a um tom nostálgico, tom comum, aliás, à maioria dos
teóricos do “desencantamento do mundo”, quando evoca as “comunidades” de outrora
nas quais a memória, palavras e práticas sociais eram compartilhadas por todos.
Palavras-chave: História da Educação; Memória; Walter Benjamin.
Um estudo sobre a relação entre emoção e ação na perspectiva cartesiana
Soane Paz Landim [email protected]
Resumo: O trabalho em questão tem a intenção de apresentar a perspectiva dualista
cartesiana, em particular, da relação entre mente e corpo, da relação entre ação e emoção.
Para Descartes (1596-1650), o corpo (res extensa) e a alma (res cogitans), ambos
essenciais para a existência de um ser humano, são substancialmente distintos entre si. O
corpo é material, ocupa lugar no espaço, pode ser medido. A alma (ou mente), é imaterial,
incorruptível, imortal e, portanto, imensurável. Essas substâncias têm diferentes funções
no ser humano, funções essas que se complementam – basicamente, o sentir, refletir,
conhecer, desejar cabe à alma; os movimentos, questões fisiológicas, são características
do corpo. Apresentamos também a resposta dada pelo filósofo para a interação entre
corpo e alma: a glândula pineal, “uma pequena glândula localizada no meio do cérebro,
é a principal sede da mente” Quando se fala na relação entre as duas substâncias e a ação
permitida pela glândula, têm-se, então, a paixão, que de acordo com Descartes é aquilo
que a alma sofre pela ação do corpo. Tais paixões, como amor, ódio, querer, também
podem exercer, ainda que indiretamente, influência sobre o corpo e seus movimentos.
Apresentamos, ainda, como Descartes explica a causa das paixões da alma, ou seja, das
emoções. Elas são aquilo que ela sofre devido a ação dos espíritos animais (partes muito
tênues do sangue, capaz de passar através da glândula pineal) sobre ela e aponta formas
de não se “dominar” pelas paixões. Dado isso, este trabalho busca também entender os
efeitos dessas paixões na ação do indivíduo – até mesmo nos movimentos voluntários
deste, e se há formas de dominá-las. É trabalhado como hipótese que a resposta do filósofo
para a conexão entre o material e imaterial (corpo versus mente) é insuficiente, pois a
glândula pineal, como se sabe, é algo material e, portanto, o problema da explicação das
relações entre a mente e o corpo (conhecido como “problema da relação mente/corpo) e,
em particular, entre emoções e ação, ainda carece de explicação.
Palavras-chave: Descartes; dualismo; mente.
Interpretação de Salmon acerca do referencialismo kripkiano: uma crítica a
redução do essencialismo à um cientificismo
Thainá Coltro Demartini [email protected]
Resumo: Em Naming and Necessity, Kripke defende a tese da referência direta em
oposição ao descritivismo de Frege e Russell. Para tanto, Kripke desenvolve o conhecido
Argumento Modal, em sua primeira lecture, que depõe contra a ideia de que nomes e
descrições são sinônimos. E, para além disso, ele também (i) questiona a noção de
definição proposta pelos descritivistas (Argumento Semântico), alegando que ela não é
unívoca; (ii) pontua que mesmo com a distinção dos sentidos em que podemos definir um
nome, não há garantias de que descrições necessariamente cumpram um papel na
definição do nome (Argumento Epistemológico). Estes três principais argumentos de
Kripke levam, consequentemente, a uma dissociação dos conceitos, a priori e necessário,
e a posteriori e contingente. E é essa separação dos conceitos de caráter metafísico
(necessário e contingente) dos conceitos epistemológicos (a priori e a posteriori) que
possibilita uma abordagem, por parte de Kripke, das propriedades identificadoras de um
objeto como distintas das propriedades essenciais do mesmo. O projeto kripkiano de se
opor ao descritivismo aparentemente se coloca como ferramenta para questionar a
maneira standard de olharmos para o conhecimento a priori, esperando reconhecer nele
o significado dos nomes e a essência dos objetos, posto que a partir da teoria de Kripke é
possível conceber proposições necessárias a posteriori. E, assim sendo, o projeto de
Naming and Necesity, que se inicia como uma proposta semântica, parece adentrar o
domínio da metafísica e alcançar as noções de propriedades, essências e essência. Kripke
explora esse domínio principalmente em sua terceira lecture, na qual argumenta em favor
de propriedades descobertas pela ciência e propriedades originárias como propriedades
essenciais de um objeto. Isso porque, ao entender que descrições fixam a referência com
informações contingentes a respeito do referente e ao estabelecer um vínculo direto do
nome com o objeto ao qual se refere, Kripke defende que as identidades são relações de
um objeto consigo mesmo e, portanto, necessárias. Nathan Salmon, por sua vez, em seu
livro Reference & Essence, contesta que alguma forma de essencialismo não trivial se
siga da teoria semântica dos nomes próprios de Kripke. Para Salmon, apenas uma forma
trivial do essencialismo pode ser derivada de tal teoria, a saber: a identidade de um objeto
consigo mesmo, de modo que todo objeto é tal que não poderia falhar em ser ele mesmo.
Salmon aponta para o fato de que a investigação empírica fundamenta conhecimento
apenas acerca do que é o caso e não sobre aquilo que é necessariamente o caso e, levando
isso em consideração, argumenta em favor da importância de uma análise filosófica a
priori. Sendo assim, Salmon defende que a questão acerca da essência não é redutível às
questões da filosofia da linguagem, nem à ciência. O presente trabalho almeja clarificar
quais são de fato as consequências da teoria referencialista de Kripke, buscando para isso
recursos na interpretação de Salmon e sua crítica ao reducionismo da metafísica à ciência.
Palavras-chave: cientificismo; essencialismo; referencialismo.
Algumas considerações sobre a Filosofia de Sartre Thiago de Souza Salvio [email protected]
Resumo: O objetivo da seguinte exposição proposta é apresentar nestas breves linhas o
desenvolvimento ontofenomenológico no pensamento sartreano, levando em
consideração a gênese transcendental do método descritivo do legado de Edmund
Husserl. Assim, introduziremos as fontes fundamentais que acabam culminado numa
nova ideia de filosofia, deslindada pelos caminhos incertos de sua própria história.
Palavras-chave: Fenomenologia transcendental; Ontologia; Sartre.
Filosofia e psicologia da moralidade: a produção científica sobre Habermas e
Kohlberg no Brasil em questão
Vinícius Bozzano Nunes [email protected]
Resumo: O encontro entre Jürgen Habermas – filósofo identificado com a chamada
segunda geração da Teoria Crítica – e Lawrence Kohlberg – filiado à psicologia da
moralidade com viés evolutivo-cognitivista – rendeu proveito mútuo às suas teorizações.
Nas obras em que suas ideias estão postas em diálogo, fica evidente seu caráter
complementar. Os escritos de Kohlberg sobre a interpretação da entrevista de julgamento
moral como tarefa hermenêutica, assim como o sétimo estágio de desenvolvimento moral
elaborado por Habermas são exemplos de interferências que denotam o quão frutíferos
foram seus diálogos. Neste trabalho, investigou-se como a produção acadêmica brasileira
dos últimos dez anos reproduziu a relação entre esses autores. Para isso foi feita análise
de conteúdo temático-categorial de 122 artigos científicos encontrados com auxílio do
“Google Scholar”. Das inferências possíveis, observou-se que a quase totalidade dos
autores aborda as implicações de uma teoria à outra com pouca profundidade. A ênfase
predominante nos textos repousa sobre como a psicologia de base piagetiana – que
inspirou a elaboração dos estágios da moral cognitivista de Kohlberg – subsidiou a
construção da filosofia moral habermasiana. A ampliação da difusão dos estudos
kohlberguianos parece ser fator decisivo para a ampliação da qualidade das abordagens
que se propõem a discutir a relação entre os autores em questão.
Palavras-chave: Análise de Conteúdo; Habermas; Kohlberg.
A noção de perversão na obra Três ensaios da teoria da sexualidade de Freud
Vinícius Marangoni [email protected]
Resumo: Conforme é possível constatar principalmente por meio das obras do período
pré-psicanalítico, praticamente toda a extensão de anos que antecederam a descoberta da
psicanálise é marcada pela tentativa de decifrar o enigma da histeria, em particular, e da
neurose, em geral. O exercício clínico insistente, isto é, a valorização dos fatos clínicos
em detrimento das teorias neuropatológicas explicativas das neuroses e o interesse
genuíno em encontrar um procedimento médico habilitado a produzir efeitos
verdadeiramente terapêuticos, encaminharam Freud a percorrer a longa trajetória que
culminou na descoberta da psicanálise. Todavia, mesmo após o nascimento do método
psicanalítico, emplacado com a publicação de A interpretação dos sonhos, somente em
1905, com a publicação dos Três ensaios da teoria da sexualidade, veio à luz uma teoria
que deu conta de explicar minimamente a constituição e desenvolvimento psíquico na
patologia e na normalidade. Sumariamente, mediante o lançamento das noções de
disposição originária bissexual, perverso-polimorfa e a de desenvolvimento psicossexual
viabilizou-se um entendimento inédito acerca do psiquismo, com ênfase às formações
psicopatológicas, sobretudo as neuroses e as perversões. Assim, com a finalidade de
alicerçar uma compreensão sólida sobre o processo de constituição psíquica, com ênfase
às formações e manifestações perversas, se propõe uma investigação minuciosa da obra
Três ensaios da teoria da sexualidade, cujo esqueleto teórico ainda hoje é aceito e atual.
Palavras-chave: perversão; psicanálise; Três ensaios da teoria da sexualidade.
A potencialidade da alma em Santo Agostinho
Vitória Cirino [email protected]
Resumo: O presente texto possui o objetivo de apresentar algumas características da
alma, segundo Santo Agostinho, tendo como base o livro Sobre a potencialidade da alma.
Para esse intento se faz necessário mostrar as cinco perguntas que o interlocutor Evódio
dirige para Agostinho no livro e, então, demonstrar como esse responde às questões de
forma a caracterizar a alma em todas as suas perspectivas, mas com enfoque em sua
potencialidade. As cinco perguntas de Evódio são: qual a origem da alma, qual sua
natureza (qualis sit), sua potencialidade (quanta sit), por que foi unida ao corpo, como
atua unida ao corpo e quando está separada desse corpo? O tema da alma é recorrente nos
escritos do filósofo e nessa obra ele busca mostrar que ela possui uma potência infinita,
uma vez que é criada pelo poder divino, mas tem substância própria. Ademais, ela é
imaterial, não podendo ser reduzida ao espaço-tempo e sua natureza consiste em sua
semelhança a Deus. Isso a torna superior ao corpo e a todas as coisas materiais e faz com
que possua uma potencialidade infinita.
Palavras-chave: Alma; Potencialidade; Santo Agostinho.
Gestão democrática: sentidos construídos na escola pública estadual paulista
Viviane Izaias de Carvalho [email protected]
Resumo: Este projeto de pesquisa apresenta como objetivo investigar quais são os
sentidos construídos sobre gestão democrática por diferentes integrantes de escolas
públicas pertencentes à rede estadual paulista. A proposta é parte de uma pesquisa
integrada intitulada “A (re) configuração da Gestão educacional/escolar após período
crítico dos anos 1980”, cujo objetivo é analisar a (re) configuração da área da
Administração educacional/escolar no Brasil, após período crítico dos anos 1980,
cotejando o desenvolvimento teórico e os desdobramentos práticos na gestão dos sistemas
e unidades escolares. A pesquisa parte de algumas constatações que justificam sua
realização, entre elas, duas merecem destaque: o levantamento que realizamos indicou
que poucas pesquisas se desenvolvem tendo como foco todos os integrantes da escola,
uma vez que priorizam professores e gestores; há predomínio de pesquisas prescritivas à
realidade escolar. O material de análise serão entrevistas semi-estruturadas transcritas
com todos os diferentes integrantes de duas escolas públicas da rede estadual paulista,
localizadas em bairro periférico do município de Marília e região central,
respectivamente, com baixo e alto Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de
São Paulo (IDESP) – dois gestores(as), dois professores(as), dois responsáveis, dois
funcionários(as), dois estudantes. Para a análise do material coletado será utilizada a
teoria do discurso (LACLAU; MOUFFE, 2015).
Palavras-chave: Escola pública estadual paulista; Gestão democrática; Teoria do
discurso.
Habermas: o conceito de “esfera pública” no livro Direito e democracia.
Wellington Anselmo Martins [email protected]
Resumo: Na obra Direito e Democracia: Entre facticidade e validade, publicada
originalmente em 1992 sob o título Faktizität und Geltung, o filósofo contemporâneo
alemão Jürgen Habermas dedica o capítulo VIII para tratar do papel da sociedade civil e
da esfera pública. Mais especificamente, no primeiro item do tópico três, Habermas
apresenta uma conceituação de “esfera pública” (öffentlichkeit). O objetivo de pesquisa
delimitado para o presente trabalho é resumir esse conceito habermasiano dentro do
contexto do referido livro. Habermas diz o que é e o que não é “öffentlichkeit” nesse
texto. Ela não é um sistema, regulado e organizado; não deve, por isso, ser entendida
como uma instituição com algum tipo de estrutura normativa. “Öffentlichkeit” é um
fenômeno social que pode ser descrito como uma rede de comunicações; de tal fluxo de
interação comunicacional, apesar de não-sistemático, emergem desde opiniões até
tomadas públicas de decisão, ou seja, é onde os discursos são filtrados e sintetizados. Há,
por isso, uma relação direta entre os meios assistemáticos do espaço público e os seus
desfechos ordenados, coletivos e, até possivelmente, consensuais. Enfim, tal como em
Habermas o “mundo da vida” (lebenswelt) se cria humanamente através do agir
comunicativo, assim também a “öffentlichkeit” se produz socialmente, por meio da
interação discursiva dos diversos atores e partícipes que nela argumentam e deliberam.
Palavras-chave: Esfera pública; Faktizität und Geltung; Habermas.
Da crítica à psicofísica para a redefinição da consciência: breves
considerações segundo a filosofia de Bergson
Yago Antonio de Oliveira Morais [email protected]
Resumo: O Ensaio sobre os dados imediatos da consciência, primeira obra de Henri
Bergson, tem como questão fundamental, a saber, qual é a natureza da consciência?
Diante disso, Bergson investiga a psicologia de sua época. Mais exatamente, elabora uma
crítica à psicofísica, visando recuperar o alcance metafísico que possuía a psicologia antes
de pretender tornar-se científica, resgatando a principal noção metafísica de sua filosofia:
o tempo ou duração (durée). Para tanto, ele rebate as teses dos psicofísicos – naturalização
da consciência e quantificação das intensidades psicológicas –, bem como sustenta uma
concepção qualitativa da consciência. A forma de justaposição que define o espaço –
maneira como a psicofísica procede –, quando aplicada aos estados psicológicos, deforma
a realidade psíquica, vendo nela apenas variações de grau e não diferenças qualitativas.
Isto significa que os estados psicológicos, em Bergson, não podem ser confundidos com
a quantidade da causa física, pois, eles são qualidades puras. A psicofísica, segundo
Bergson, se esquece de olhar as vivências qualitativas que constituem a verdadeira
natureza do psíquico, caracterizando assim a insuficiência desta disciplina ao tentar
descrever a consciência. No Ensaio, a consciência é entendida como “progresso
qualitativo”, implicando em uma consciência que não é bloco onde são agregadas as
partes exteriores entre si. Ao contrário, existe uma solidariedade entre as partes que
caracterizam uma totalidade. Em outras palavras, tal solidariedade caracteriza a duração
bergsoniana, a sucessão temporal da consciência.
Palavras-chave: consciência; duração; psicofísica.
O discurso da autoajuda no processo de subjetivação: análise genealógica das
práticas de si atuais
Yasmin Aparecida Cassetari da Silva [email protected]
Resumo: Este trabalho foi desenvolvido em meio à experiência de estágio realizado no
grupo de estudos nietzschianos no Instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa
– IFILNOVA – PT no ano de 2015. Tem por objetivo buscar a interface entre Psicologia
e Filosofia em relação à análise dos processos de subjetivação atuais. Isto por intermédio
da composição de uma crítica aos ideais de saúde e felicidade propagados na
contemporaneidade, demonstrando como tais práticas possuem por finalidade o controle,
delimitação e domínio dos prazeres e por consequência limitação da própria vida.
Apresenta por método um estudo inspirado na análise genealógica das práticas de si,
presente nas considerações dos filósofos Friedrich Nietzsche e Michel Foucault, e das
análises do psiquiatra Wilhelm Reich. Deste modo, percorremos a construção dos
sentidos de saúde, prazer e felicidade estabelecidos nos ideais de comportamento
pertencentes aos direcionamentos da autoajuda, pontuando a necessidade de se averiguar
os intuitos alocados numa visão reducionista e hegemônica de constituição de si.
Palavras-chave: autoajuda; práticas de si; subjetivação.