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XIII SEMANA PPGFIL UERJ Rio de Janeiro 2017

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XIII SEMANA PPGFIL UERJ

Rio de Janeiro

2017

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2 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

XIII SEMANA PPGFIL UERJ

CADERNOS DE RESUMOS

Comissão Organizadora

Ana Flávia Eccard

Juliane Bianchi

Rafaela Nobrega

Rebeca Louzada

Roberta Damasceno

Verena Seelaender

Rio de Janeiro

2017

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3 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Programação Completa –XIII Semana PPGFIL UERJ

Segunda-feira (24/04)

Terça-feira (25/04)

Quarta-feira (26/04)

Quinta-feira (27/04)

Terça-feira (02/05)

de 9h a 11h30

Mesa 1

Mesa 7 Mesa 16 Mesa 26

Mesa 2

Mesa 8 Mesa 17 Mesa 27

de 11h30 a 13h10

Conferência de abertura

Prof. Fabiano Lemos (UERJ)

Mesa 9

Mesa 18 Mesa 28 Conferência de

encerramento Prof. Danilo Marcondes

(PUC-Rio e UFF)

Mesa 10

Mesa 19 Mesa 29

de 14h a 15h30

Mesa Visitante: Prof. Alberto

López (UNAM) e Profª. Viviane

Bagiotto Botton (PUC-SP)

Mesa 11

Mesa 20 Mesa 30 Mesa 36

Mesa 12

Mesa 21 Mesa 31

de 16h a 17h30

Mesa 3

Mesa 13 Mesa 22 Mesa 32

Mesa 4

Mesa 14 Mesa 23 Mesa 33

18h

Conferência Prof. Mario

Bruno (UERJ)

Conferência Prof. Renato

Noguera (UFRRJ)

Conferência Prof. Joana

Toledo (CPII)

Conferência Prof. Marcelo Araújo (UERJ)

de 19h30 a 21h

Mesa 5

Mesa 15

Mesa 24 Mesa 34

Mesa 6

Mesa 25 Mesa 35

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4 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Segunda-feira dia 24/04 de 9h às 11h30: Mesa 1 e Mesa 2

Mesa 1.

x Luciano Gutembergue Bonfim Chaves: A ESTÉTICA DO CANGAÇO À LUZ DO ‘ANDARILHO’ E SUA SOMBRA. (PUC-RJ)

x Kaline Viviane de Souza: Das Considerações Extemporâneas à Genealogia da Moral: um percurso da apropriação e crítica do sentido histórico na filosofia de Nietzsche. (USP)

x Ádamo Bouças Escossia da Veiga: A necessidade da contingência em Nietzsche e Meillassoux. (PUC-RJ)

x Bruno Abilio Galvão: A genealogia como crítica e autocrítica em Nietzsche. (UERJ)

Mesa 2.

x Bianca Pereira da Silva: Tríplice mimesis: uma tríplice experiência (UFF)

x Messias Miguel Uaissone: A interrupção ética da fenomenologia em presença da alteridade (UERJ)

x Rodrigo Viana Passos: ONDE ESTÁ O AUTOR?: Considerações hermenêutico-filosóficas sobre a experiência estética. (PUC-RJ)

x Jacira de Assis Souza: A fenomenologia hermenêutica do si: O paradigma da tradução Mest. (UERJ)

16h às 17h30: Mesa 3 e Mesa 4

Mesa 3.

x Ravena Olinda Teixeira: A potência da memória em Espinosa. (USP)

x Carmel da Silva Ramos: Descartes: do caráter político do amor (PPGLM-UFRJ).

x Kissel Goldblum: A superação da hermenêutica subjetiva na teoria do conhecimento de Spinoza.. (PPGLM-UFRJ)

x Miécimo Ribeiro Moreira Júnior: A servidão e a dominação no pensamento político de Bento de Espinosa Doc. (PPLM-UFRJ)

Mesa 4.

x Serguey Monin: Foucault e a parresía no cinema de Tarkovski: o problema da coragem da verdade. (UERJ)

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5 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

x Raquel Rodrigues Rocha: Da sociedade disciplinar à sociedade de controle digital. (PPGF-UFRJ)

x Juliane Bianchi Leão Mendes: Foucault, estruturalismo e maio de 1968. (UERJ)

19h30 às 21h: Mesa 5 e Mesa 6

Mesa 5.

x Sarah Maria Barreto: A poesia como horizonte de emancipação. (UFF)

x Braulyo Antonio Silva de Oliveira: Adorno e o progresso musical. (UERJ)

x Jessica Di Chiara: O que há no ensaio que possibilita a dialética negativa como método? (UFF)

x Bruno Victor Brito Pacifico: A INDÚSTRIA CULTURAL APÓS O FIM DA ARTE. (UFF)

Mesa 6.

x Rogério Reis Carvalho Mattos: Do museu das espécies à anatomia patológica: a arte de fabricar doenças (UERJ)

x Priscila Céspede Cupello: Debates entre em Nietzsche e Foucault sobre as últimas palavras de Sócrates. (PPGLM-UFRJ)

x CLAUDIO V. F. MEDEIROS: PRÁTICAS DE LIBERDADE E/OU PRÁTICAS DE LIBERAÇÃO. (UERJ)

x Roberta Liana Damasceno Costa: A CRÍTICA AO NOSSO PRESENTE HISTÓRICO: A ATUALIDADE COMO QUESTÃO EM MICHEL FOUCAULT (UERJ)

Terça-feira dia 25/04 de 9h às 11h30: Mesa 7 e Mesa 8

Mesa 7.

x Guilherme de Lucas Aparecido Barbosa: Literaturas distópicas e o desdobramento do programa baconiano de ciência e tecnologia. (UFABC)

x Lourenço Fernandes Neto e Silva: O problema da magnitude na metafísica de Condillac. (USP)

x Sacha Zilber Kontic: A passividade do entendimento e a questão da analogia em Malebranche. (USP)

x Fabien Pascal Lins: Michel de Montaigne e o mentir como conhecimento de si: dissimulação e ficção no capítulo “Dos Canibais” (I,31) dos Ensaios. (UNICAMP)

Mesa 8.

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6 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

x Michelle Cardoso Montoya: Uma distinção que não deve ser rejeitada: algumas objeções de Searle ao abandono da distinção analítico-sintético proposto por Quine.. (PPGLM-UFRJ)

x André Moreira Fernandes Ferreira: O Argumento da Linguagem Privada no Tractatus de Wittgenstein. (UFMG)

x Rafael Mófreita Saldanha: A filosofia está mesmo morta? Um olhar sobre o esgotamento de uma certa prática européia que importamos sem muito cuidado. (PPGF – UFRJ)

x Gustavo Bravo Carvalho: Propriedades disposicionais e causalidade Russel e Heil (PPGLM-UFRJ)

11h40 às 13h10: Mesa 9 e Mesa 10

Mesa 9.

x Fernanda Cristina Lima de Oliveira: O problema da subjetividade na filosofia de Kierkegaard. (UERJ)

x Thales Coi mbra Paranhos Cavalcanti de Paiva: SOBRE O PROBLEMA DA ORIGEM ÚLTIMA DOS POVOS NO SISTEMA FILOSÓFICO TARDIO DE SCHELLING. (PPGF-UFRJ)

x Gabriel Ferri Bichir: Kierkegaard contra Hegel: um embate entre dois modelos dialéticos. (USP)

x Matheus Maia Schmaelter: Ser livre para tornar-se: a condição dialética da liberdade humana em A doença para a morte, de Søren Kierkegaard (UERJ)

Mesa 10.

x Christiane Costa de Matos Fernandes: Linguagem e verdade no pensamento Martin Heidegger entre os anos 1920 e 1930. (PPGF- UFRJ)

x Felipe Maia da Silva: Aspectos do ‘cartesianismo’ moderno segundo Heidegger. (USP)

x Felipe Ramos Gall: Técnica e espírito de vingança: uma aproximação entre Heidegger e Nietzsche (PUC-RJ)

14h às 15h30: Mesa 11 e Mesa 12

Mesa 11. x Lucas Macedo Salgado Gomes de Carvalho: O fenômeno do discurso na

ontologia fundamental de Martin Heidegger (UERJ) x Ricardo Pedroza Vieira: Implicações éticas e existenciais da noção de

confiabilidade (Verlässlichkeit”),presente na “Origem da Obra de Arte” de Heidegger (PPGF- UFRJ e Pedro II)

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7 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

x Ronnielle de Azevedo Lopes: A EPISTEMOLOGIA DA INCONTORNABILIDADE EM HEIDEGGER (PUC-SP)

x Paulo Henrique Castro: A Aprioridade do Espaço em Kant: análise da Estética Transcendental a partir da interpretação de H. J. Paton. (PPGF – UFRJ)

Mesa 12. x Caio Sarack: Metafísica e finitude: um olhar através do ensaísmo de Paul

Valéry e Ernesto Sábato. (USP)

x Rafael Zacca: Crítica como “fazibilidade”: as afinidades da crítica literaria em Walter Benjamin com a crítica da economia política de Karl Marx. (PUC-Rio)

x Manoela Paiva Menezes: Lessing e Brecht: o que a peça teatral deve suscitar no espectador? (UNESP)

x Verena Seelaender da Costa: O emudecimento perante a morte enquanto forma sócio-teológico- jurídica na reflexão sobre a tragédia na obra “Origem do drama tragico alemão” de Walter Benjamin (UERJ)

16h às 17h30: Mesa 13 e Mesa 14

Mesa 13.

x Roberta Ribeiro Cassiano: O fim da metafísica em questão: Nietzsche e Heidegger sobre a história. (UERJ)

x Rafael Rocha da Rosa: Zaratustra e os exercícios espirituais. (UERJ)

x Marcus Vinícius Monteiro Pedroza Machado: Como o esquecimento recria a memória. (UERJ)

x William Mattioli: “Seu pensamento não é tanto descoberta quanto rememoração”: inatismo e inconsciente na teoria do conhecimento de Nietzsche (UFF)

Mesa 14.

x Gustavo Pereira: Diferença e Evolucionismo: Questões Bergsonianas. (UERJ)

x Maria Fernanda Novo dos Santos: Elementos para uma teoria da individuação em Bergson. (UNICAMP)

x Rafaela Francisco da Nobrega: Intuição e emoção na criação artística: uma estética bergsoniana. (UERJ)

x Natália Ranucci Cheade Fernandes: Vida e Criação: A percepção do artista em Henri Bergson (UERJ)

19h30 às 21h: Mesa 15

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8 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Mesa 15.

x Uriel Nascimento: Lacan: teórico da angústia, teórico da indeterminação. (PPGF - PUC-Rio)

x Marcus Vinicius dos Santos Claro: O Processo de Ressignificação como agente causal no fenômeno da quebra de paradigma (PPGF-UFRJ)

x Mônica Ferreira Corrêa: Jaak Panksepp e a perspectiva afetiva da neurociência das emoções. (UERJ)

Quarta-feira dia 26/04 de 9h às 11h30: Mesa 16 e Mesa 17

Mesa 16.

x Gilberto Bettini Bonadio: SUBJETIVIDADE E ARTE: A CONSCIÊNCIA ÉTICA NO ROMANCE SEGUNDO ALBERT CAMUS. (UNIFESP)

x Peter Franco: Tempo e memória, da filosofia como ficção. (UERJ)

x Danieli Gervazio Magdaleno: ‘As mãos sujas’, de Jean-Paul Sartre: Dos conceitos filosóficos à estética teatral. (UNESP Marília)

x Filipi Oliveira: VONTADE DE FELICIDADE EM CAMUS. (UERJ)

Mesa 17.

x Gabriel Kafure da Rocha: A dialética do Cogitamus: uma leitura bachelardiana de Hegel. (UFRN)

x David Velanes: O realismo instruído da física contemporânea. (UFMG)

x Campo Elias Florez Pabon: Geometría y Física: el nuevo paradigma de conocimiento en Hobbes. (Unicamp)

x Guilherme T M Schettini: A respeito do uso da Matemática nas ciências políticas. (PPGF – UFRJ).

11h40 às 13h10: Mesa 18 e Mesa 19

Mesa 18.

x Leandro Rocha dos Santos: Luta por reconhecimento: agenda de lutas, onda conservadora e ataques às liberdades. (UFRRJ)

x Wilker de Carvalho Marques: O conceito de utopia: uma visita a Richard Rorty e Roger Scruton. (PPGF – UFRJ).

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9 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

x Ricardo Cezar Cardoso: GILBERT SIMONDON: A Individuação como Ontologia Genética. (UERJ)

x Marcus Eduardo Bissetti Lima: A linguagem imperfeita poderia gerar conhecimento? Uma analise sobre o verbo mental no livro XV do De Trinitate de Agostinho. (UFABC)

Mesa 19.

x Roberto Nunes Junior: O CONCEITO DE PRÁXIS EM KARL MARX (UFPE-UFPB-UFRN).

x Victor C. F. Rodrigues: O problema da decadência ideológica da filosofia burguesa pós-1848. A contribuição de György Lukács para a história da filosofia contemporânea. (UFJF)

x Gabriela De Luca: A Verstehen simmeliana e o problema do perspectivismo. (UFRGS)

x André Guimarães Borges Brandão: O CONCEITO DE AUTONOMIA KANTIANO: AUTONOMIA PLENA E COORIGINARIDADE ENTRE AUTONOMIA PRIVADA E PÚBLICA EM JOHN RAWLS E JÜRGEN HABERMAS. (UFRRJ)

14h às 15h30: Mesa 20 e Mesa 21

Mesa 20. x Aparecida Duarte: Hermenêutica e misticismo em Martinho Lutero e

Friedrich Schlegel. (UERJ)

x Diogo Santana: Jacob Boehme e o nascimento da filosofia idealista alemã. (UERJ)

x Guilherme Jose Santini da Silva: A doutrina das Ideias Eternas de Wilhelm von Humboldt. (PUC-SP e IFMT)

x André Christian Dalpicolo: Objetivação e positividade na Vida de Jesus de G.W.F.Hegel. (PUC-SP)

Mesa 21.

x Pablo Baptista Rodrigues: Franz Kafka: diálogos possíveis entre a Literatura e a Filosofia (UFRJ)

x Wallace Lopes: O pensamento no jardim de Cartola. Doc. (IPPUR-UFRJ.)

x Eduardo Eudes Prazeres Lopes Junior: Reforma e revolução no romance Os demônios. (PPGFIL – UFRRJ).

x Gisele Batista Candido: O nada que é tudo: a abordagem filosófica do mito na obra de Fernando Pessoa (USP)

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10 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

16h às 17h30: Mesa 22 e Mesa 23

Mesa 22.

x Marcelo de Almeida Silva: O PRENUNCIO DE UMA NOVA ABORDAGEM INSTITUCIONALISTA: nucleo normativo e operacional a partir das obras de Mangabeira Unger e Nancy Fraser. (PPGF – UFRJ)

x Celia Mara de Oliveira Keirsbaumer: Nancy Fraser e a unificação questões de Redistribuição e Reconhecimento. (UERJ)

x Johanna Andrea Bernal Mancilla: Matizes da noção de mulher-objeto desde a perspectiva de Jean Baudrillard e algumas teóricas feministas. (UFMG)

Mesa 23. x Flavio Telles Melo: Democracia e religião em Habermas: uma possibilidade

de convivência em um Estado secular no contexto de uma sociedade pós-secular. (PUC-RJ e UVA-CE)

x Pedro Henrique Ciucci da Silva: A concepção filosófica e antropológica de Paulo Freire. (PUC-SP)

x Danilo Mendes: “O PROTESTO E O PODER DOS OPRIMIDOS”: CONTRIBUIÇÕES DE RUBEM ALVES PARA UMA HERMENÊUTICA FILOSÓFICA DA RELIGIÃO (Ciências da Religião – UFJF)

x Wands Salvador Pessin: A PARTICULARIZAÇÃO DA IDEIA DE BEM COMUM FRENTE A COMPLEXIFICAÇÃO DO FATO DO PLURALISMO MORAL. (UFES)

19h30 às 21h: Mesa 24 e Mesa 25

Mesa 24.

x Arthur Catraio: As ruínas da ética na mundialização industrial. (Universidade Pantheon- Sorbonne Paris I)

x Andreia Lima Campos: O FIM DO PARADIGMA CIENTÍFICO VIGENTE DA CRUELDADE COM ANIMAIS: MÉTODOS SUBSTITUTIVOS EM PESQUISAS. (PPGF-UFRJ )

x Thiago Ferrare: PENSAR A POLÍTICA PARA ALÉM DO IGUALITARISMO NIVELADOR:A FALÊNCIA DA CRÍTICA NOS MARCOS DO LIBERALISMO POLÍTICO . (UNB)

x Paloma Fernanda Martins Pereira: A teoria do pensamento complexo: uma tentativa de efetivar direito ao autor de ato infracional. (PPG em Serviço Social- PUC-Rio)

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11 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Mesa 25.

x Roseli Gonçalves da Silva: A palavra por um fio: Um Gesto de voz. (PPGF-UFRJ)

x Rodrigo do Amaral Ferreira: Notas sobre a presença da metáfora no pensamento de Jacques Derrida. (UERJ)

x Victor Galdino Alves de Souza: Outras filosofias, outras universidades: Partilha do imaginário e organização da vida. (PPGF – UFRJ).

x Fábio Borges do Rosario: O conceito de confissão de crimes contra a humanidade.. (CEFET-RJ)

Quinta-feira dia 27/04 de 9h às 11h30: Mesa 26 e Mesa 27

Mesa 26.

x Mirian Monteiro Kussumi: Lógica e historicidade na Filosofia da História de Hegel. (PUC-RJ)

x Joao Gabriel Paixao: James Blake ou o não-ser como arte. (PPGFil-UERJ).

x Reginaldo Raposo: Ritmo, Harmonia e Melodia na Estética de Hegel. (USP)

x Ítalo Alves: A capacidade normativa da contingência- Hegel e Kant. (PUC- RS)

Mesa 27.

x Mauro Juarez Sebastião dos Reis Araujo: Képos – a comunidade de amigos (PPGF- UFRJ)

x Matheus Oliveira Damião: Eixos direcionais e funcionalidade no IA de Aristóteles: uma interpretação teleológica. (PPGF-UFRJ_

x Emerson Facão: Natureza, harmonia, convenção e economia: algumas considerações sobre o tratado econômicos de Aristóteles. (PUC-RJ)

x Mariane Farias de Oliveira: A noção de phainomena e a tese da unidade analógica do método em Aristóteles. (UFSM)

11h40 às 13h10: Mesa 28 e Mesa 29

Mesa 28.

x Eduardo da Silva Barbosa: A relação entre os simulacros e as perturbações da alma em Lucrécio. (UFF)

x Douglas Ramalho: Alma e Vida no De Anima II 1-3 de Aristóteles (PPGLM-UFRJ)

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12 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

x Deysielle Costa das Chagas: ILUMINAÇÃO E GERAÇÃO: O NÃO-SER DA MATÉRIA E O VIR-A- SER DO SENSÍVEL. (PPGF – PUC-Rio)

x Aroldo Mira Pereira: A RETÓRICA EM ARISTÓTELES. (Ciências da Religião Faculdade Unida de Vitória)

Mesa 29.

x Rebeca Louzada: A simpatia no Sentimentalismo Moral de Hume e Slote. (UERJ)

x Cleber de Lira Farias: O deísmo de David Hume. (PPGLM-UFRJ)

x Mario Tito Ferreira Moreno: Sobre o princípio da cópia de Hume: o microscópio das percepções. (UFRRJ)

x Carlota Salgadinho Ferreira: Sobre o gosto e a reforma do espírito na filosofia de Hume. (PUC-Rio)

14h às 15h30: Mesa 30 e Mesa 31

Mesa 30.

x Rineu Quinalia: Argumentum ad hominem e Argumentum ad Publicum: as possíveis variações interpretativas do Élenkhos. (UFSCAR)

x Irlim Corrêa Lima Júnior: Paradoxos do abrupto: o conceito de exáiphnes em Platão (PUC-Rio)

x Danielle Ferreira da Rocha: ENSAIO SOBRE AS NATUREZAS FILOSÓFICA E NÃO FILOSÓFICA. (PPGFIL – UFRRJ)

x André Miranda Decotelli: A feiura socrática (PUC-Rio)

Mesa 31.

x Wescley Fernandes Araujo Freire: APRENDIZAGEM SOCIAL E SOLIDARIEDADE CIVIL NAS SOCIEDADES PÓS-SECULARES: críticas à reconstrução da Teoria Crítica da religião de Habermas. (UERJ)

x Gilmar do Nascimento Santos: Sobre a validade cognitiva de enunciados normativos: observações críticas acerca do construtivismo de J. Habermas. (UERJ)

x Charles da Silva Nocelli. DIREITOS HUMANOS E SOLIDARIEDADE: Uma análise a partir da teoria de Jürgen Habermas. (PPGSD-UFF) e (PPGFil - UERJ).

x Diogo Silva Corrêa: A Arte Arquitetônica no Mundo Contemporâneo a partir do Pensamento de Jürgen Habermas. Uma abordagem estético-filosófico em meio a uma relação de poder e a crítica à cultura pós-moderna. (UFPI e UFMA)

16h às 17h30: Mesa 32 e Mesa 33

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13 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Mesa 32.

x Raquel de Azevedo: A cidade de Socrates: ensaio sobre a natureza da verdadeira arte política em Gorgias. (PPGF – PUC-Rio)

x Felipe Ayres de Andrade: A ALMA COMO UMA PÉROLA, UMA NOVA LEITURA DA IMAGEM DA OSTRA NO FEDRO (250c4-5). (PPGLM- UFRJ)

x Pablo Souto Maior Harduin: Hedonismo Eudemônico: Justiça e Prazer em A República de Platão. (USP)

x Luciana Valesca Fabião Chachá: A noção de aitios e aitía na investigação teleológica no Fédon. (PPLM-UFRJ)

Mesa 33.

x Karoline de Oliveira: As liberdades individuais em John Stuart Mill: uma análise do problema da passagem do liberalismo ao utilitarismo. (UFFRJ)

x Nathan Ramalho Santos: Behemoth versus Leviathan: Carl Schmitt e a oposição entre terra e mar. (UFF)

x Kailla Santos: Desrespeito e Patologias Sociais na Teoria do Reconhecimento de Axel Honneth. (UFABC)

x Pedro Henrique dos Santos Ribeiro: “Carl Schmitt, Donoso Cortés e os limites do legalismo liberal” (UERJ)

19h30 às 21h: Mesa 34 e Mesa 35

Mesa 34.

x Felipe Amancio Braga: A arte e o caos em Bacon e Deleuze: quebra de clichés e resistência política. (PUC-Rio)

x Caio Moreira Bucker: O CONCEITO DE IMAGEM DE GILLES DELEUZE NO CINEMA DE FLUXO. (UERJ)

x Tarsila Costa: As imagens cristalinas em Gilles Deleuze (UERJ)

x Diogo Carreira Fortunato: O Jogo da Deformação – um paralelo entre Deleuze e Rancière. (UERJ)

Mesa 35.

x Pablo Barbosa Santana da Silva: Kant sobre analiticidade e conhecimento conceitual. (PPGLM – UFRJ)

x Alessandra Peixoto dos Santos: Do mal radical à banalidade do mal: Uma questão ética? (UFRJ- Pós Lato Sensu) e (UERJ)

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14 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

x Wagner de Moraes Pinheiro: A krisis e o Depurar do julgar. (PPFEN – CEFET)

x Dioclézio Domingos Faustino: A noção de homo oeconomicus e a crítica do neoliberalismo em Foucault . (USP)

Terça-feira dia 02/05 às 14h: Mesa 36

Mesa 36.

x Ana Flávia Costa Eccard: UBUNTU E TEKO PORÃ: O OUTRO LUGAR DA FILOSOFIA. (UERJ)

x Adriano Negris: Como pensar a filosofia a partir de uma perspectiva geopolítica? (UERJ)

x Marcelo José Derzi de Moraes: A filosofia como mitologia branca: violência colonial e epistemicídio. (UERJ)

x Felipe Ribeiro Siqueira: Rubem Alves e o ensino de filosofia: liberdade e afeto. (UERJ)

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15 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Conferências

Segunda-feira - 24/04/2017

x Abertura às 11:30h: Prof. Fabiano Lemos (UERJ) "Sobre o diabo"

x 14h: Prof. Alberto Constante López (UNAM): "Deep web, saberes profundos"

e Profª Viviane Bagiotto Botton (PUC – SP) “Como dar sentido à existência?

Sobre redes sociais e algumas formas de subjetivação na web”

x 18h: Prof. Mário Bruno (UERJ) - “Foucault: Prazer, desejo, normas e

histeria”

Terça-feira - 25/04/2017

x 18h: Prof. Renato Noguera (UFRRJ) "Introdução à filosofia de Amenemope"

Quarta-feira - 26/04/2017

x 18h: Profª. Joana Tolentino (CPII) "“Existem filósofas? Vozes de mulheres

invisíveis”

Quinta-feira - 27/04/2017

x 18h: Prof. Marcelo de Araújo (UERJ) “O que é a ética do aprimoramento

humano?”

Terça-feira - 02/05/2017

x Encerramento às 11:30h: Prof Danilo Marcondes (PUC-Rio e UFF) “A

retomada do ceticismo antigo no período moderno e a origem da

modernidade”

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16 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Resumos

Ádamo Bouças Escossia da Veiga

A NECESSIDADE DA CONTINGÊNCIA EM NIETZSCHE E MEILLASSOUX

Programa de Pós-Graduação em Filosofia PUC-RIO

Orientador: Rodrigo Nunes

Bolsista CAPES

O presente trabalho pretende analisar a tese da necessidade da contingência de Quentin

Meillassoux sob a ótica da metafísica de um puro devir presente no último Nietzsche. O

pensamento de Meillassoux é o marco inicial de uma retomada especulativa na filosofia

contemporânea. O objetivo é superar a crítica kantiana, acusada de subordinar os

enunciados ontológicos aos epistemológicos de modo a tornar impossível uma filosofia

para além da correlação entre ser e pensar. Esta retomada especulativa, no entanto, deve

evitar o dogmatismo pré-kantiano – o absoluto, agora, deve prescindir de um ser

absoluto. Desse modo, a necessidade da contingência vem a ocupar tal espaço, na

medida em que a negação do princípio de razão suficiente permite que se pense um

absoluto em todo diferente da figura de um deus ou qualquer outro ente responsável

pelo ordenamento do universo. A sua demonstração, contudo, passa pela afirmação da

matemática enquanto modo privilegiado de acesso aos enunciados ontológicos – só ela

nos permite pensar o absoluto da contingência. O que pretenderemos demonstrar neste

trabalho é que a metafísica do último Nietzsche, elaborada mesma no escopo de um

pensamento filosófico livre de uma transcendência ou ser absoluto, já postulara a ideia

de uma necessária contingência do real. Mais, o conceito de um puro devir em

Nietzsche, expõe tal contingência de forma bem mais radical do que Meillassoux. Para

Nietzsche, a matemática mesma estaria sujeita a tal contingência, não possuindo

qualquer privilégio ontológico. A sua estrutura formal, deste modo, sendo apenas uma

visada antropomórfica, não poderia dar qualquer acesso privilegiado ao mundo. A partir

desta reflexão, pretendemos resgatar o potencial especulativo da filosofia de Nietzsche,

procurando situá-lo dentro do debate contemporâneo de renovação da ontologia.

Palavras-chave: Nietzsche; filosofia especulativa; Meillassoux.

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17 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Adriano Negris

COMO PENSAR A FILOSOFIA A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA GEOPOLÍTICA?

Doutorando pelo PPGFIL

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Orientadora: Dirce Eleonora Nigro Solis

A proposta deste trabalho consiste em analisar a produção do conhecimento filosófico

sob a ótica geopolítica. Com esse gesto procuramos demonstrar que o apelo à

universalidade e neutralidade do conhecimento filosófico é sustentado por um processo

de “hierarquizaçao epistêmica”, que foi fundamental para o projeto de Modernidade no

Ocidente. Nesse sentido, a perspectiva geopolítica é capaz de elucidar que a produção

desse conhecimento é resultante de uma miríade de relações de poder, que se expressam

através de uma língua específica, uma nação, um povo e uma cultura, cada qual com

origens e histórias específicas. Somente pelo esquecimento desses elementos relacionais

é que o conhecimento pode ser concebido como neutro e universalmente válido. Desse

modo, nosso proposito e apontar a constituiçao de uma verdadeira “estrategia” de poder

que consiste na ocultação do lugar do discurso, criando-se a invisibilidade do lugar na

construção do conhecimento e a pressuposição da neutralidade do sujeito que fala. Com

isso, buscamos mostrar como a produção de conhecimento filosófico pode esconder

determinadas relações de poder que refletem uma dominação epistêmica, traduzida em

termos de colonização ou racismo epistemológico. A fim de romper esse paradigma de

formação de conhecimento ocidental, apresentamos algumas propostas do chamado

pensamento descolonizador, consubstanciado nos estudos de alguns filósofos

contemporâneos, tais como Franz Fanon, Mogobe Ramose, Maldonado-Torres e

Enrique Dussel.

Palavras-chave: poder; universalismo; pensamento descolonizador.

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18 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Alessandra Peixoto dos Santos

DO MAL RADICAL À BANALIDADE DO MAL: UMA QUESTÃO

ÉTICA?

Curso de Filosofia Moderna e Contemporânea - UERJ

(Mestre em Filosofia/UFRJ)

Orientador: Fabiano Lemos

Para pensarmos o mal, confrontaremos dois pensadores de diferentes fases do

pensamento: os filósofos Kant e Hannah Arendt, com as suas respectivas formulações ,

no sentido de fazer um contraponto na modernidade sobre a questão. O problema do

mal em Kant aparece como do âmbito de uma concepção da natureza do homem,

entendendo-se “natureza” nao o individuo isolado, mas o gênero humano, por isso, o

mal deverá ser entendido como uma realidade universal; e também como uma

propensão inata, porque não pode ser extirpada da natureza humana. É bastante

controverso tudo isso que foi dito a respeito do mal e de Kant e será nosso esforço no

trabalho compreender essa significação. O mal absoluto segundo Kant não pode existir,

simplesmente porque seria impossível que uma vontade má pudesse recusar

deliberadamente a lei moral, seria uma contradição em si, a vontade não pode se voltar

contra sua lei interna, contra si própria. O absoluto é o fim da criatura humana, e nisso

Hannah Arendt concorda com Kant que não haja uma porção diabólica no homem. O

mal radical será, na verdade, uma privação, uma positividade, será uma perversidade do

coração. Será, pois, na liberdade do homem que se manifestará o mal radical. Podendo

escolher pela lei moral, optará pelas máximas contrárias, aceitará justamente aquelas

que o desviam daquela, aí está a maldade radical do homem, quando podemos afirmar

ser ele mau por natureza. Hannah Arendt no julgamento do nazista Eichmann em

Jerusalém (1963) lança um conceito novo, o da “banalidade do mal”, em confronto ao

de “mal radical”, mas muito menos desenvolvido e sustentável. O fato e que um mal

banal retira o peso da monstruosidade nos homens para lançá-la nos fatos. Um homem

banal, sem profundidade, sem ideologia nem qualquer outra designação foi capaz do

maior dos maiores fatores de exterminio da humanidade. Entendemos que a “banalidade

do mal” nao elimina o “mal radical”. Sao elaborações dispares.

Palavras-chave: mal; mal-radical; banalidade do mal.

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19 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Ana Flávia Costa Eccard

UBUNTU E TEKO PORÃ: O OUTRO LUGAR DA FILOSOFIA

Doutoranda em Filosofia UERJ e Direito UVA

Orientador: James Arêas

Bolsista CAPES

O atual estudo visa aprofundar filosofias não ocidentais como forma de resistência e

desobediência epistêmica do regime logocêntrico estabelecido pelos povos

colonizadores. Importante se faz ressaltar que há um ponto de convergência dessas

filosofias, ambas são pautadas em uma cosmovisão da coletividade que se contrapõe

radicalmente ao individualismo resultado de uma sociedade capitalista. Essas filosofias

orientam uma forma de viver que contempla uma ligação com o ser humano e a

natureza e ainda enfraquece os discursos egoístas que se compõe de ter em detrimento

de ser. Como aporte teórico temos pensadores como Walter Mignolo, Nelson

Maldonado Torres, Anibal Quijano e Bartolomeu Méllia. Estudar essas duas filosofias é

dar voz a uma filosofia não contemplada pela academia extremamente eurocêntrica, que

produziu e reproduz em sua geopolítica um racismo epistemológico. Tanto Teko porã

como o Ubuntu apresentam práticas éticas que valorizam a ancestralidade e a

multiplicidade do conhecimento, um enaltecimento do próprio lugar de fala a partir do

reconhecimento da sua identidade como legítima, esta manifestada pelo seu próprio

povo e não pelo de fora, colonizador que dita o que é certo para colônia. Trata-se de um

estudo descolonizador dentro da academia que apresenta a riqueza de outro

conhecimento até então desconsiderado, mas possui uma força hermenêutica

fundamentada nas singularidades presentes em seus povos o que nos aproxima de

entender nosso lugar de origem e não o lugar contado pelos outros ora dominantes.

Palavras-chave: teko porá; ubuntu; filosofias não ocidentais.

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20 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

André Guimarães Borges Brandão

O CONCEITO DE AUTONOMIA KANTIANO: AUTONOMIA PLENA E COORIGINARIDADE ENTRE AUTONOMIA PRIVADA E PÚBLICA EM

JOHN RAWLS E JÜRGEN HABERMAS

Mestrando do Programa de Pós Graduação em Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Orientador: Prof. Dr. Walter Valdevino Oliveira Silva

Trata-se de artigo que objetiva investigar o quanto permanece válido o conceito de

autonomia kantiano nas leituras contemporâneas de John Rawls e Jürgen Habermas,

sobretudo a partir de seu desenvolvimento nas principais obras de Rawls e da

abordagem que recebe em A inclusão do Outro e em Direito e Democracia: entre

facticidade e validade de Habermas. O conceito de autonomia com sua intenção

tipicamente moderna de autolegislação confere legitimidade à justificação pública do

Direito e da moral racional a partir de um procedimento imparcial. Ocorre que, na

contemporaneidade, a relação entre Estado e sociedade ou Direito e política se

intensifica como relação entre direitos humanos e soberania popular no seio de um

Estado Democrático de Direito. Desta forma, uma reinterpretação da razão prática se

torna necessária em sociedades que se pretendem equitativas e cooperativas no contexto

do fato do pluralismo. É este um ímpeto comum aos dois autores. A idéia deste artigo

passa pela contraposição do conceito rawlsiano de autonomia plena com o conceito

habermasiano de cooriginaridade entre autonomia privada e autonomia pública. Após

esta contraposição e a análise do frutífero debate que estes dois autores se envolveram,

veremos até que ponto ambas teorias cumprem o ímpeto moderno da autolegislação, o

qual, diga-se novamente de passagem, é um correlato do conceito de autonomia e pedra

angular da legitimidade requerida em sociedades democráticas reguladas pelo direito

constitucional.

Palavras-chave: autonomia plena; autonomia privada; autonomia pública.

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21 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

André Christian Dalpicolo

OBJETIVAÇÃO E POSITIVIDADE NA VIDA DE JESUS DE G.W.F.HEGEL

Professor do Centro Universitário Paulistano (Unipaulistana) e da Faculdade Interação

Americana (FAINAM)

Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-SP

Bolsista da CAPES na época do Mestrado

Orientador do Mestrado: Benedito Eliseu Leite Cintra

Este trabalho pretende dissertar sobre os termos objetivação e positividade na obra Vida de

Jesus (1795), de G.W.F. Hegel. Para que isso aconteça, faz-se necessário estabelecer uma

linha de raciocínio que se desdobrará em dois planos. O primeiro plano demonstrarácomo

a objetivação representa a faculdade humana de se exteriorizar junto ao meio circundante em

sua totalidade (natureza e sociedade). Vale frisarque o desenvolvimento pleno dessa

faculdaderevela a verdadeira comunhão entre homem e Deus, uma vez que especifica a

autêntica face da objetividade. Logo, a tarefa essencial de Jesus Cristo na Terra é ensinar a

condição humana a importância de realizar adequadamente sua objetivação, visto que

somente assim suplantará o mal que a circunda. O segundo plano detalhará como a

positividade (falsa objetividade) significa o resultado final de uma exteriorização incompleta

do homem junto ao ambiente (meio circundante). É importante ressaltar que a gênese dessa

positividade se radica no desejo do povo judeu de recuperar o esplendor do seu Estado diante

do império romano. De certo modo, pode-se dizer que esse desejo consolidou leis estatutárias

que aprofundaram a cisão entre homem e Deus, ao invés de realizar a união de ambos. Além

disso, promoveu a crucificação do filho do Artífice por intermédio das autoridades judias.

Palavras-chaves: objetivação; positividade; Vida de Jesus.

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22 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

André Miranda Decotelli

A FEIURA SOCRÁTICA

Doutorado em Filosofia/ Programa de Pós-graduação em filosofia PUC-RIO

Orientadora: Luisa Buarque

Bolsista CAPES

Nietzsche certa vez afirmou ser significativo que Sócrates tenha sido o primeiro grande

heleno feio. Tal afirmação se assenta na tradição, a partir da qual a imagem do filósofo

grego foi cristalizada como sendo a de um homem feio. Seja nas Nuvens, de

Aristófanes, no qual ele é descrito como um homem pálido ou no Banquete de

Xenofonte, a noção a respeito da imagem de Sócrates parece corroborar com a sua

definição nas obras de Platão, nosso principal campo de análise. No Banquete de Platão,

a feiura física de Sócrates surge na comparação feita por Alcibíades com as estátuas de

silenos e com os sátiros. Essas estátuas, que não eram atraentes no seu exterior,

escondiam imagens de deuses no interior. Segundo esse relato se pode entender a

relação de Sócrates com os silenos como uma aparência que esconde outra coisa. O

rosto de Sócrates transmite uma mensagem, e ao que nos parece, a associação que

Alcibíades estabelece aponta que sua pessoa real se distingue do que sua aparência

denota. Nesse sentido, objetivamos em nossa comunicação apresentar algumas das

razões pelas quais Sócrates é caracterizado como sendo um homem feio e como tal

aspecto se relaciona com a estranheza da sua filosofia.

Palavras-chave: Sócrates; Banquete; aparência.

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23 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

André Moreira Fernandes Ferreira

O ARGUMENTO DA LINGUAGEM PRIVADA NO TRACTATUS DE WITTGENSTEIN

Universidade Federal de Minas Gerais

Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGFIL-UFMG)

Orientador: Mauro Luiz Engelmann

Bolsista CAPES

O objetivo da comunicação é tornar mais explícita a possibilidade da reprodução do

argumento da linguagem privada, de Ludwig Wittgenstein, no contexto do Tractatus

LogicoPhilosophicus. Normalmente, aquilo que muitos comentadores chamam de

'argumento da linguagem privada' é um conjunto de considerações filosóficas feita por

Wittgenstein nos §§243-315 das Investigações Filosóficas. Esse argumento visa provar

a impossibilidade de uma linguagem privada que seja, por princípio, incompartilhável.

Tendo isso em vista, argumentaremos como a noção de 'argumento da linguagem

privada' pode ser abordada, guardadas as devidas proporções, no contexto conceitual do

Tractaus Logico-Philosophicus. Em um primeiro momento, faremos a exposição do que

alguns comentadores chamam de 'concepções ontológicas' do Tractatus Logico-

Philosophicus. Em um segundo momento, faremos a exposição de algumas

características sintáticas da lógica tractariana. Em seguida, explicaremos como

Wittgenstein critica a noção de 'linguagem privada' nas Investigações Filosóficas e de

que maneira essa crítica de Wittgenstein pode ser reproduzida no Tractatus Logico-

Philosophicus. Concluiremos a nossa comunicação argumentando que Wittgenstein não

desenvolveu o 'argumento da linguagem privada' no Tractaus Logico-Philosophicus nos

mesmos termos em que encontramos nas Investigações Filosóficas, mas sim que

algumas de suas consequências podem ser identificadas no Tractaus Logico-

Philosophicus.

Palavras-chave: Wittgenstein; Tractatus Logico-Philosophicus; Argumento da

linguagem privada.

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24 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Andreia Lima Campos

O FIM DO PARADIGMA CIENTÍFICO VIGENTE DA CRUELDADE COM

ANIMAIS: MÉTODOS SUBSTITUTIVOS EM PESQUISAS

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorado em Filosofia/ Programa de Pós-graduação em Filosofia (PPGF)

Orientadora: Profª Drª Maria Clara Dias

A preocupação ética em relação a animais não-humanos já existia em alguns filósofos

antigos, como Pitágoras (séc. VI a. C) e Plutarco (séc. I d.C) ou em Montaigne (séc.

XVI) e em Schopenhauer (séc. XIX). No entanto, a História da Filosofia, nos mostra a

predominância de uma incapacidade de preocupação moral para com eles fortemente

enraizada e que influenciou as práticas e as concepções científicas desde seus

primórdios.O modelo tradicional de ciência, usado ainda hoje no Brasil, baseado na

vivissecação (cortar vivo) iniciou-se de forma sistemática a partir de Claude Bernard

(século XIX) mas já era utilizado desde Aristóteles e foi fortemente influenciado por

Descartes, que afirmava que os animais são incapazes de sentirem dor e de terem

emoções. Essa e outras práticas cruéis são fortemente combatidas por um novo modelo

científico que tem promovido descobertas de novos métodos baseados em uma

concepção de ciência mais ética.A presente pesquisa levanta, portanto, uma crítica a um

modelo científico obsoleto, tanto do ponto de vista técnico quanto ético.Segundo Maria

Clara Dias (2015), para superarmos um ponto de vista moral antropocêntrico, isto é,

onde o homem se coloca em um lugar moralmente privilegiado em relação aos demais

seres, devemos ampliar nossa esfera de consideração moral, a partir de um critério mais

inclusivo.

Palavras-chave: ética animal; antropocentrismo; métodos substitutivos.

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25 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Aparecida Duarte

HERMENÊUTICA E MISTICISMO EM MARTINHO LUTERO E

FRIEDRICH SCHLEGEL

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Filosofia (doutoranda)- PPGFIL

Orientador: Prof. Dr. Fabiano de Lemos Britto

A filosofia que surge com o romantismo de Iena, leu na crítica kantiana uma ironia: o

rigor das delimitações categoriais do conhecimento havia servido de reforço àquilo que

escapava de seu domínio – a liberdade criadora da imaginação. Observamos no

processo de confecção dos textos românticos, um obramento do autor e um

desobramento da obra; igualmente o leitor, ao se identificar com as personagens e com

o autor, no ato da leitura, se reconfigura na autonarrativa. Autor, obra e leitor são um

mesmo elemento. Essa dissolução das identidades rompe com as noções de evidência,

com o princípio da não contradição e com as categorias. O objetivo geral desse trabalho

é, partindo do texto Sobre a incompreensibilidade, analisar de que maneira Friedrich

Schlegel apresenta como objeto de interesse filosófico a reconfiguração do sistema

hermenêutico clássico fundado sobre o triângulo das identidades categóricas: autor-

leitor-obra. Apontaremos também para o modo como essa reconfiguração – operada

como protocolo de leitura – coloca em questão os limites da própria filosofia, em uma

tentativa de buscar novos domínios para sua instauração, incluindo o do misticismo.

Para isso, abordaremos especificamente a proposta de Schlegel da substituição do

modelo lógico pelo modelo performático; como a filosofia nesse momento procura

ultrapassar a dicotomia filosofia- não filosofia; e, por fim, como essa reconfiguração

hermenêutica pode ser associada à tradição luterana, em aproximações e

distanciamentos.

Palavras-chave: Schlegel; Lutero; hermenêutica.

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26 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Aroldo Mira Pereira

A RETÓRICA EM ARISTÓTELES

Faculdade Unida de Vitória Espírito Santo

Mestrado Profissional em Ciências das Religiões

Orientador: Kenner Roger Cazotto Terra

Este trabalho pretende investigar o caráter da racionalidade discursiva na Retórica

aristotélica. Inicialmente, analisamos as três provas (pistes) técnicas da persuasão,

conforme apresentadas por Aristóteles no Livro II de sua Retórica, o páthos, o éthos e o

lógos. Começando pelo páthos, analisamos as treze paixões da lista retórica: ira, calma,

amizade, inimizade, temor, confiança, vergonha, desvergonha, amabilidade, piedade,

indignação, inveja e emulação. Na análise do éthos, foram discriminados o caráter dos

jovens, dos idosos e dos adultos, dos nobres, dos ricos e dos poderosos. E, por fim, na

análise do lógos apresentamos a noção aristotélica de entimema, uma espécie de

silogismo de tipo retórico, com premissas simples, geralmente conhecidas por todos e

de fácil assimilação. A persuasão se faz pela confluência dessas provas demonstrativas.

Aristóteles afirma que persuadimos pela disposição dos ouvintes (páthos), pelo caráter

do orador (éthos) e pelo discurso (lógos). No ato discursivo, marcado pela presença da

persuasão, não parece haver espaço determinado para verdades apofânticas, analíticas.

A arte retórica, no entanto, provoca e permite uma outra relação com a verdade que

assume, na dimensão da democracia, um caráter mais político.

Palavras-chave: retórica; Aristóteles; persuasão.

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27 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Arthur Augusto Catraio

AS RUÍNAS DA ÉTICA NA MUNDIALIZAÇÃO INDUSTRIAL

Université de Paris I Panthéon-Sorbonne

Mestrado em Philosophie et société (2015)

Orientadora: Sophie Guérard de Latour

A partir do século XX, o industrialismo contemporâneo introduziu as sociedades a uma

novidade sem precedentes: um mundo caracterizado pela potencialidade ilimitada das

fontes de matéria-prima disponíveis a exploração. Ilimitada, porém, não no sentido da

inesgotabilidade de matérias-primas naturais, mas mais propriamente no sentido

segundo o qual nada que possa existir sobre a terra escapa à possibilidade da exploração

produtivista. A novidade deste industrialismo aparece, portanto, na onipresença do

conceito de matéria-prima, de forma que mesmo a humanidade passa a ser englobada

pela lógica industrial e torna-se fonte natural de potencial exploração. Neste sentido,

não seria esta onipresença de uma lógica insuperável da industrialização o indicativo de

um movimento maquinário-industrial de transformação da vida em instrumentos de

produção inanimados? Ao analisar esta marcha do inanimado sobre a anima humana

poderemos reavaliar os riscos e atuais limitações da ética na vida de nossa época, uma

época em que os avanços técnicos, somados a tendências inacabáveis de desigualdade,

reinventam a morte sob o modo de << produção industrial de cadáveres >> em larga

escala. A ética não poderá, neste contexto, ser pensada senão enquanto ruínas:

resquícios de uma monumentalidade que resiste às ameaças do avanço inexorável do

tempo.

Palavras-chave: ética; industrialismo; meios de produção.

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28 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Bianca Pereira da Silva

TRÍPLICE MIMESIS: UMA TRÍPLICE EXPERIÊNCIA

Universidade Federal Fluminense

Estética e Filosofia da Arte/ Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFF

Orientador: Bernardo Barros Coelho de Oliveira

Bolsista CAPES

Na obra Tempo e Narrativa, o filósofo Paul Ricoeur pretende analisar as razões que

mostram o porquê de as narrativas fazerem parte da vida humana. Para ele, elas

correspondem às nossas vidas, nos fazem ver outras possibilidades de viver e, mais que

isso, podem responder às nossas perguntas mais profundas e anseios dos mais diversos

modificando-nos. Ou seja, elas tanto podem fazer parte da fruição, como podem

transformar nosso modo de ver e agir no mundo. Por isso, essa comunicação tem como

objetivo relacionar esse aspecto da teoria narrativa desenvolvida por este filósofo,

chamada de Tríplice mímesis ou arco hermenêutico, com as experiências causadas pelas

leituras de narrativas. Esse aspecto da teoria consiste em apontar as operações existentes

no ato de ler uma história. Essas operações são chamadas por ele (após análise da

Poética de Aristóteles) de: pré-configuração narrativa (mimesis I), a configuração

narrativa (mimesis II) e a refiguração narrativa (mimesis III). Essa tríplice operação

revela que o ato de ler necessita de um antes, um durante e um depois para ser

plenamente concretizado. O antes refere-se aos elementos já existentes na vida real e

que são transfigurados para as narrativas; o durante é o ato de criar propriamente, o ator

e sua obra; o depois é, após finalização material da obra, o encontro com o leitor. Essas

operações, como podem parecer, não são separáveis umas das outras, elas formam uma

espiral sem começo ou fim. E, enfatiza nosso autor, essa espiral só, verdadeiramente, se

concretiza quando a obra, em sua completude, encontra o leitor, pois assim as

experiências, tanto do leitor quanto a da obra, são atualizadas. Para mostrar como essa

operação age, utilizaremos três experiências. As experiências levadas em consideração

serão as do romancista Gustave Flaubert, que segundo suas cartas, fazia questão de

escrever histórias bem próximas da vida real, quando escrevia colocava-se na “pele” de

suas personagens e não vivia sem a leitura e a escrita de romances; as experiências da

personagem Emma do clássico Madame Bovary, de Flaubert, em que ela tenta realizar

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29 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

na sua existência o que as heroínas de suas leituras faziam; e as experiências do próprio

Mario Vargas Llosa ao ler o clássico citado. Llosa, em Orgia Perpétua, conta sua

própria experiência da leitura de romances, em especialmente do Madame Bovary. Com

isso, queremos mostrar o quanto esse aspecto da teoria da tríplice mimesis nos revela

uma tríplice experiência.

Palavras-chave: narrativa; experiência; Madame Bovary.

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30 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Braulyo Antonio Silva de Oliveira

ADORNO E O PROGRESSO MUSICAL

PPGFIL/Mestrado – UERJ

Orientador: Ricardo Corrêa Barbosa

Bolsista CAPES

Em 1929, Theodor Adorno publica um ensaio no periódico Anbruch de título Reação e

progresso. Esse ensaio tem como objetivo esclarecer a utilização do conceito de

progresso, por parte de Adorno, quando aplicado à música. Já nas primeiras linhas, ele

deixa claro que o progresso não tem à ver com a qualidade das obras ou que se poderia

compor melhor atualmente do que na época de Beethoven. Para Adorno, esse conceito,

quando aplicado à arte, só pode ser visto da perspectiva do material musical. Coloca-se,

portanto, em questão a interpretação de Adorno do material musical. Nesse aspecto, ele

se diferencia de músicos e teóricos de sua época como Schoenberg e Hindemith que

equacionam o material musical com o som. Adorno é bem claro ao dizer que o material

nao e o resultado de um processo “naturalmente imutável e igual em cada momento”1 ,

mas tem a ver com configurações históricas específicas que o compositor se defronta no

ato compositivo. Portanto, destaca-se, aqui, um elemento fundamental para a

compreensão do conceito de progresso: a dimensão histórica. Dessa perspectiva,

poderíamos nos perguntar qual tipo de visão histórica é essa que sustenta a afirmação de

Adorno com relação ao progresso já que, como diz Dahlhaus, uma característica

importante das obras de arte é a descontinuidade. Essa comunicação tem como objetivo

discutir o que sustenta a afirmaçao de Adorno: “O progresso não significa nada mais do

que a utilizaçao do material no mais avançado estágio da sua dialetica historica”2 .

Palavras-chave: Adorno; progresso; material musical.

1 ADORNO. Reaccion y progresso. 1984, p.13. 2 Idem, p.14.

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31 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Bruno Abilio Galvão

A GENEALOGIA COMO CRÍTICA E AUTOCRÍTICA EM NIETZSCHE

UERJ- Programa de Pós graduação em Filosofia – Doutorado

Orientador: Fabiano de Lemos Britto

Nietzsche, em seu estado de enfermidade e solidão da década de 1880, vive um período

de crise em seus valores culturais que não são mais compatíveis com a vontade de saúde

e de vida que cria almejando a cura. Esse momento é o terreno ao qual ele efetua sua

crítica ao valor dos valores, crítica que, segundo ele, não havia sido antes executada

pelo fato de os “criticos” sempre partirem dos valores como principios originários que,

por sua vez, já estariam dados a priori. Nietzsche, ao efetuar a crítica, volta-a contra si

mesmo, pois se compreende como participante dos valores culturais que critica. Então a

crítica é, simultaneamente, uma autocrítica e a genealogia uma autogenealogia. A

autobiografia nietzschiana marca um processo culminante com a ruptura não só

intelectual, no plano dos discursos, mas também na postura daquele que escreve. O

procedimento genealógico que Nietzsche faz para concretizar a crítica incita, por meio

do seu estilo de escrita, o leitor a realizar também a crítica o que, consequentemente,

provoca um reposicionamento, reflexivo e prático, do leitor. Portanto, nosso objetivo é

mostrar como Nietzsche, por meio da genealogia, formula sua filosofia como crítica e

autocrítica de forma que incite, também, o leitor a posicionar-se criticamente.

Palavras-chave: autocrítica; crítica; genealogia.

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32 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Bruno Victor Brito Pacifico

A INDÚSTRIA CULTURAL APÓS O FIM DA ARTE Universidade Federal Fluminense

Programa de Pós-Graduação em Estética e Filosofia da Arte

Orientação: Vladimir Vieira

A presente comunicação tem como objetivo apresentar a relação da indústria cultural e a

tese do fim da arte, presente no volume I dos Cursos de Estéticas, obra póstuma do

filósofo Friedrich Hegel. A indústria cultural é descrita por Adorno e Max Horkheimer,

na obra A dialética do esclarecimento, publicada em 1944. O legado da tese hegeliana

do fim da arte é enorme se observarmos as leituras e interpretações filosóficas

elaboradas a partir do século XX. Sobretudo, aquela à qual pensa o fim da arte como um

problema fundamental para a reflexão e crítica acerca da sociedade e da cultura.A

indústria cultural é descrita num dos capítulos presentes na obra Dialética do

esclarecimento, publicada em 1944. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, ambos

pertencentes à reconhecida escola de teoria crítica, a Escola de Frankfurt, foram os

primeiros a mencionar o termo. Adorno tem como um de seus objetivos, refletir sobre a

relação entre crítica e cultura. Esta indústria se destina a neutralizar o exercício crítico

dos indivíduos porque está associada diretamente com um sistema de dominação, que

por sua vez incorpora aqueles indivíduos à ideologia do sistema. A cultura, portanto,

está integrada a reprodução material da sociedade. É integrada ao aparato da rádio, do

cinema e televisão que a divulgam. Servem de acesso à indústria cultural.

Palavras chave: arte; indústria; cultura.

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33 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Caio Moreira Bucker

O CONCEITO DE IMAGEM DE GILLES DELEUZE NO CINEMA DE FLUXO

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UERJ

Programa De Pós-Graduação Em Filosofia

Orientador: Prof. Dr. James Bastos Arêas

“O cinema e capaz de pensar’’, já dizia Jean-Luc Godard (1930-). Os cineastas são

pensadores que pensam por imagens. Para o filósofo francês Gilles Deleuze (1925-

1995), o cinema pode ser visto como campo de experimentação do pensar e uma forma

extraordinária de pensamento. Inspirado pelo livro “Materia e Memoria’’ (1896), de

Henri Bergson, Deleuze afirma que “o cinema cria um movimento real e natural” e que

“os cineastas pensam por imagens’’. A partir disso, elabora duas teses, onde ambas

falam sobre o tempo, de forma diferente. Em 1983, publica o livro “Cinema 1: a

imagem-movimento’’. Dois anos depois, publica “Cinema 2: a imagem-tempo’’. A

primeira predominante no cinema clássico, e a segunda no cinema moderno. No cinema

clássico, observa-se que é através da montagem, indiretamente, portanto, que se

apresenta uma imagem do tempo. Já no cinema moderno, a lógica é inversa. O universo

fílmico se abre para a relatividade do mundo, com uma relação direta com o tempo. As

situações sensório-motoras são substituídas por situações ópticas e sonoras puras. A

partir de 2002, surge uma nova estética cinematográfica: o cinema de fluxo. Capturando

as marcas realistas do mundo, as narrativas são constituídas a partir de sensações, e

fragmentadas ao ponto da ambiguidade temporal. É um cinema que demanda um

comportamento regido pela ordem do sensível. Partindo dos conceitos de Deleuze sobre

a imagem, se atinge o cerne do problema: como ele conceituaria a imagem no cinema de

fluxo?

Palavras-chave: Deleuze; cinema de fluxo; imagem.

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34 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Caio Sarack

METAFÍSICA E FINITUDE: UM OLHAR ATRAVÉS DO ENSAÍSMO DE

PAUL VALÉRY E ERNESTO SÁBATO

FFLCH/USP

Filosofia/Estética

Orientador: Márcio Suzuki

Bolsista CAPES

Esta comunicação tem como objetivo expor uma maneira de enxergar a interface

metafísica e finitude. Concordando com Merleau-Ponty em seu texto O Homem e a

adversidade, acreditamos que a cisão ultrapassada de corpo-alma não foi resolvida

simplesmente pelo apaziguamento dessas questões metafísicas, porém o que poderemos

observar no ensaísmo exemplar de nossos dois autores, o argentino Ernesto Sábato

(1911-2011) e o francês Paul Valéry (1871-1945), é que o espaço dessas discussões se

tornará por excelência um espaço de debate estético. A escolha dos dois autores é

estratégica: Sábato observa em Valéry uma pretensão abstracionista e cientificista da

autoria, o que coloca o argentino numa posição de antípoda. Para tanto, elegemos um

objeto a que ambos os autores se propuseram em seus ensaios: Leonardo da Vinci. O

tema do renascimento na figura de Leonardo nos ajudará a contar uma história

subjacente (que irá ultrapassá-lo): a do próprio desenvolvimento histórico e social do

pensamento humano, tendo as criações intelectuais e artísticas como a cristalização

desse processo. Desta forma, traremos de duas proposições: (1) avaliar o símbolo criado

pelos dois autores da persona de Leonardo segundo a própria produção do gênio italiano

e (2) apresentar como essas apropriações demonstram, social e historicamente, a

interação que sugerimos no título desta comunicação.

Palavras-chave: metafísica; finitude; estética.

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35 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Campo Elías Flórez Pabón

GEOMETRÍA Y FÍSICA: EL NUEVO PARADIGMA DE CONOCIMIENTO EN HOBBES

Universidade Estadual de Campinas

Doutorado em Filosofia

Orientadora: Yara Adario Frateschi

Bolsista da Organização dos Estados Americanos, OEA

La presente comunicación tenga como objetivo responder a la pregunta: ¿cómo opera la

ciencia en la Inglaterra que vivió Hobbes durante los años que produjo su Elementa

Philosophiae y el Leviatán?, además de responder ¿por que esta “nueva ciencia”

(política, filosófica y matemática) se presenta como nuevo paradigma de producción de

conocimiento? Empero, pese a que mucho se ha escrito sobre el autor del Leviatán, se

analiza que son escasas las referencias al tema en particular. Es decir, en lo que se

refiere a pensar en Hobbes como pensamos en Thomas Samuel Kuhn, en la perspectiva

de creación de un nuevo paradigma científico, ya no en la modernidad si no en la época

escolástica. Para abordar, tal perspectiva, y responder los dos interrogantes, se propone

como método, describir el carácter científico de Thomas Hobbes como uno de los

primeros autores, que se atrevió a pensar la ciencia (política) como algo secular, mas no

secularizado, con base en sus observaciones geométricas y físicas. Concluyendo una

ciencia que no uso argumentos metafísicos ni sagrados, sino una disciplina científica

que quiso investigar o proponer los argumentos alejados de la religión para construir lo

que se conocía como verdad con base en la matemática y la física galileana.

Palabras clave: Ciencia; Elementa Philosophiae; Hobbes.

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36 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Carlota Salgadinho Ferreira

SOBRE O GOSTO E A REFORMA DO ESPÍRITO NA FILOSOFIA DE HUME

PUC-Rio

Doutoranda em Filosofia na linha de pesquisa de Filosofia Moderna

Orientador: Prof. Danilo Marcondes Filho

Bolsista CAPES

Hume empreende um projeto de compreender na Ciência do Homem todas as ciências

que, servindo-se de um determinado método (empírico, baseado na observação

numerosa e regular) permite o conhecimento da natureza humana em diversos aspetos

(por exemplo, com respeito às ações, ao gosto ou à sua apreensão de objetos externos).

O objetivo deste trabalho é tornar claro como a tarefa de explicar o refinamento do

gosto, a reforma do espírito, o bom senso, se articula necessariamente com a vontade,

mas não necessariamente com a liberdade num sentido forte (cuja busca é mais

eminentemente metafísica), a partir de trechos do Tratado da Natureza Humana, a

Investigação sobre o Entendimento Humano e ensaios presentes nos Ensaios Morais,

Políticos e Literários. A leitura a ser apresentada é a de que esse refinamento ou

reforma resultam da única aceção de liberdade (num sentido mais fraco) prevista pela

forma de conhecimento levado a cabo pelo método empírico, apesar de ter uma natureza

(inter)subjetiva, isto é, que não envolve apenas ideias e, com isso, a verdade, mas, mais

originalmente, impressões de reflexão. Julgamos que o interesse desta investigação

reside no facto de que o fenómeno do refinamento mostra claramente a natureza

humana, enquanto possuidora de uma vontade que pode tê-la a si mesma como objeto

de conhecimento, no que respeita aos seus afetos.

Palavras-chave: refinamento; vontade; conhecimento.

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37 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Carmel da Silva Ramos

DESCARTES: DO CARÁTER POLÍTICO DO AMOR

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Programa de Pós-graduação Lógica e Metafísica (PPGLM)

Orientador: Ulysses Pinheiro

Bolsista CAPES

Em 1646, motivado pelas discussões com a princesa Elisabeth da Boêmia, Descartes

redige um pequeno tratado das paixões, no qual, em seus termos, pretende discutir tais

fenômenos do ponto de vista de um médico (en physicien). Enquanto as consequências

para sua física e sua moral parecem já ter rendido intensas discussões entre seus leitores,

seu caráter propriamente político (e talvez mesmo estético) ainda permanece oculto. Ao

mesmo tempo, observa-se certa tendência no interior da filosofia contemporânea para

pensar as relações políticas conforme dinâmicas afetivas – como o faz, por exemplo,

Frédéric Lordon, apesar de seu interlocutor ser fundamentalmente Espinosa e não

Descartes. Ainda que a recusa do cartesianismo tenha sua razão de ser – afinal, a

política, para ele, não era uma preocupação primeira, menos ainda no Tratado – é

possível deduzir, atentando especificamente para a paixão do amor, uma espécie de

princípio geral organizador da vida em sociedade. Para demonstrá-lo, será necessário,

primeiro, reconstruir a definição cartesiana de amor respondendo à seguinte indagação:

pode o amor puro, isto é, aquele que não surge unido ao desejo, ser desinteressado?

Embora Descartes pareça sugerir, à primeira vista, que sim, tanto pela natureza

necessariamente utilitária de todas as paixões – à exceção da admiração, que é uma

paixão cerebral e não cardíaca como as demais – quanto pelo próprio movimento de

posse por procuração das perfeições do objeto amado, pode-se reabilitar, contra certa

intepretação altruísta do amor presente na literatura secundária mais recente, o traço

interessado dessa paixão. Em seguida, enfatizando a relação de parte e todo idealmente

criada com o objeto amado, o amor poderá ser identificado com o princípio

moralpolítico cartesiano, que exige, além da consideração da participação num todo, o

posicionamento do bem público à frente do bem particular. As notas características do

amor poderão ser aplicadas a uma compreensão mais ampla deste princípio, já que, nele,

o processo de digestão das perfeições do objeto amado, e alegria derivada da

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38 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

consciência da posse dessas, faz com que a composição deste todo seja do interesse do

indivíduo que ama. Desassociando interesse de egoísmo, tal aliança conceitual permitirá

reverter a lógica do contrato social, pois, diferentemente do caso hobbesiano, não

exigese a abdicação do bem individual para a composição de um estado civil.

Palavras-chave: paixões; política; amor.

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39 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Celia Mara de Oliveira Keirsbaumer

NANCY FRASER E A UNIFICAÇÃO QUESTÕES DE REDISTRIBUIÇÃO E RECONHECIMENTO

Programa de Pós Graduação em Filosofia UERJ Mestrado

No decurso das últimas décadas do século XX, o âmbito normativo das sociedades

pluralistas do Ocidente passou a ser caracterizado por uma tensão cada vez mais

acentuada, qual seja: a tensão entre propostas e perspectivas de cunho liberal

redistributivista, por um lado, e propostas de viés comunitarista-reconhecimentista, por

outro lado. A supracitada tensão evidencia uma fratura, por assim dizer, no que

concerne à elaboração de concepções de justiça. As concepções de justiça

redistributivistas tendem a enfatizar as desigualdades socioeconômicas. Seu escopo é a

defesa de que uma sociedade justa é, precipuamente, uma sociedade no interior da qual

exista o mínimo possível de desigualdade de ordem material entre os cidadãos. As

propostas teóricas redistributivistas, assim, enxergam na estrutura socioeconômica

assimétrica, historicamente constituída, o problema básico a ser superado para a

consecução de uma sociedade efetivamente justa. As teorias da justiça do

reconhecimento, por outro lado, assinalam que, para a consecução de uma sociedade

efetivamente justa, a ênfase no aspecto estritamente material, socioeconômico, se

afigura, no mínimo, insuficiente. As propostas dos teóricos do reconhecimento chamam

a atenção para toda sorte de injustiças não decorrentes das assimetrias materiais, e que

constituem, essas sim, o verdadeiro obstáculo à consecução da justiça. O verdadeiro

problema a que se reportam essas teorias diz respeito às assimetrias de ordem

simbólico-cultural, a toda ordem de vexações, humilhações e ofensas a que são

submetidos cidadãos pertencentes a segmentos culturais socialmente estigmatizados.

Com efeito, as duas propostas normativas supracitadas mobilizam esforços para atacar

dois tipos aparentemente distintos de obstáculos à justiça: as desigualdades econômicas,

para os autores da redistribuição, e as desigualdades culturais, para os do

reconhecimento. Assim, parecem constituir duas concepções de justiça irreconciliáveis.

As duas concepções de justiça parecem, pois, realmente partir o cenário normativo

contemporâneo em dois conjuntos de propostas fadados a não configurar uma proposta

unificada de justiça. A filósofa americana Nancy Fraser discorda frontalmente da

asserção feita acima. Ela se propõe a articular as duas concepções de justiça em uma

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40 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

proposta normativa que se pretende um encaminhamento teórico satisfatório para as

limitações das duas propostas acima mencionadas. Fraser busca articular as duas

propostas numa teoria de justiça unificada, fundada na complementaridade promissora

(identificada pela autora) entre redistribuição e reconhecimento. Nossa esforço será em

demonstrar como Nancy Fraser pretende articular essas duas propostas unificando-as.

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41 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Charles da Silva Nocelli

DIREITOS HUMANOS E SOLIDARIEDADE: UMA ANÁLISE A PARTIR DA

TEORIA DE JÜRGEN HABERMAS

Universidade Federal Fluminense/Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Doutorando em Sociologia e Direito/Doutorando em Filosofia

Orientador(es): Cândido Duarte (UFF) e Luíz Bernardo Araújo Leite (UERJ)

Com o intuito de compreender sua concepção de solidariedade para a atualidade,

levasse em consideração o que Habermas veio a denominar como o princípio do

discurso. O diagnóstico realizado pelo autor aponta o estado em que se encontram as

sociedades contemporâneas na modernidade, e leva a compreender o modo pelo qual a

democracia pode funcionar a partir de um modelo comunicativo. Discutir-se-á sobre os

principais aspectos relacionados ao desenvolvimento da solidariedade como um

postulado da razão comunicativa e da ética do discurso na teoria de Habermas,

apontando quais são os principais elementos que constituem a base de seu argumento.

Apresenta-se sua concepção a respeito do que seria a solidariedade como um postulado

da razão comunicativa e da ética do discurso, propondo-se um conceito que leve em

consideração a passagem de uma solidariedade que se situa apenas no âmbito familiar,

particular e convencional, para uma solidariedade pós-convencional, cosmopolita e

cidadã. Assim, o objetivo desta comunicação é compreender como a solidariedade

social, a partir da teoria habermasiana deve ser entendida, em uma conjuntura mediada

comunicativamente, permitindo a criação de identidades individuais e,

consequentemente o proprio reconhecimento do “outro”, em uma apropriada relaçao de

simetria. A solidariedade como pano de fundo normativo da sociedade deve ser

cultivada, com o objetivo de se assegurar a coesão da comunidade de comunicação, uma

vez que esta apenas pode ser mantida por meio da ação comunicativa voltada para o

entendimento mútuo.

Palavras-chave: globalização; direitos humanos; solidariedade.

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Christiane Costa De Matos Fernandes

LINGUAGEM E VERDADE NO PENSAMENTO MARTIN HEIDEGGER

ENTRE OS ANOS 1920 E 1930

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Instituto de Filosofia e Ciências

Sociais- Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF)

Orientador: Gilvan Luiz Fogel

Bolsita CAPES

A apresentação tem como objetivo central a interpretação da relação entre linguagem

(Sprache) e verdade (alétheia) no período do pensamento de Martin Heidegger entre os

anos 1920 e os anos 1930. Em Ser e Tempo (1927) a análise acerca da linguagem é

pouco extensiva, Heidegger apresenta as noções de discurso (Rede) - como o lógos

grego retraduzido- interpretado como fundamento ontológico da linguagem, e falatório

(Gerede) como um fenômeno através do qual a própria linguagem sempre se apresenta.

Contudo Heidegger parece não encontrar o fundamento do discurso (die Rede) a partir

de nenhuma ekstase determinada do Dasein, pois o discurso é "temporal em si mesmo".

Desse modo seu sentido ontológico, ou aquilo que sustenta sua origem compreendida

como seu sentido de ser a partir do desvelamento, não é elucidado em Ser e Tempo.

Assim, a partir dessa constatação, pelo comprometimento fenomenológico de

Heidegger, a estratificação da linguagem presente em Ser e Tempo não pode mais

manter-se após a viragem. Pois o fenômeno da linguagem precisa ser reconsiderado a

partir de si mesmo para que seja possível encontrar seu fundamento ontológico.

Considerando que a manifestação da linguagem, desde a análise em Ser e Tempo,

possui uma ligação com os entes na medida em que só pode dizer o que de algum modo

é (lógos tinos), apos a assim chamada ‘viragem’ (die Kehre), a linguagem se rearticula

(1) em relação a sua origem e por consequência, (2) em relação a seu alcance como

escuta ao silêncio inerente ao ser. Portanto, é necessário avaliar como a verdade

(alétheia), a partir dos anos 30, compreendida como abertura para o encobrimento, está

essencialmente articulada com a manifestação da linguagem, pois a linguagem está no

interior mesmo do acontecimento da verdade na medida em que como escuta do ser, a

cada vez, só pode dizer o ente. Nesse sentido, a linguagem como escuta está relacionada

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43 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

com a busca do vestígio de negatividade do acontecimento, ou seja, apontar para algo

que há, mas que não é como o ente. Possibilidade realizada, em última medida, pela

linguagem poética, ou lógos poético, pois esse acaba por se mostrar mais fundamental.

Aqui reside um ponto crucial da investigação: o lógos poético seria, então, uma

“correçao” ao privilegio outorgado ao logos apofântico em Ser e Tempo? O logos

poético seria uma superação do lógos que exige a caracterização de toda enunciação

como síntese e diérese?

Palavras- chave: Heidegger; ontologia; fenomenologia.

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44 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Claudio V. F. Medeiros

PRÁTICAS DE LIBERDADE E/OU PRÁTICAS DE LIBERAÇÃO: ENTRE A DESSUBJETIVAÇÃO E A REVOLUÇÃO

Doutorando em Filosofia pela UERJ / Professor Do Departamento de Filosofia da UFRJ

PPGFIL/UERJ

Orientadora: Vera Maria Portocarrero

Bolsista Faperj

O texto se dedica a elucidar e confrontar dois procedimentos de pensamento histórico-

filosófico importantes para a compreensão de formas e contextos de atuação política

atuais: a “estilistica da existência” – situada no projeto de uma “genealogia do sujeito

moderno” de Michel Foucault – e a “teoria da revoluçao” no cerne do que seria uma

compreensão materialista de “historia” marxiana. Poder e liberdade serão os dois polos

temáticos através dos quais iremos acessar estas duas matrizes do pensamento e

explorar as diferenças estruturais entre os dois autores. Com Foucault, delinearemos o

debate ético-filosófico norteado pelo jogo de relações entre cuidado e conhecimento de

si, no centro do qual emerge um quase-sujeito (sem natureza quididativa a priori) que

nutre com a verdade uma relação mediada por uma ideia de liberdade pensada como

“estilistica da existência”. Já em Marx, a dinâmica historica lida a partir da emergência

de um sujeito político, que é o proletariado, cuja práxis revolucionária consiste em

realizar as aspirações da liberdade ou autonomia individual pela eliminação dos

princípios que constituem a dominação de uma classe sobre outra, princípios estes que

seriam o trabalho determinado pela produção dos valores e a propriedade transformada

em atributo fundamental da individualidade.

Palavras-chave: filosofia política; Karl Marx; Michel Foucault.

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45 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Cleber de Lira Farias

O DEÍSMO DE DAVID HUME

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Lógica e Metafísica - PPGLM

Orientador: Prof. Dr. Alberto Oliva

Hume é considerado um dos grandes filósofos britânicos pela extensão e profundidade

de seu pensamento, o qual abarca temas centrais da epistemologia, metafísica, moral e,

particularmente, religião. Considerando a relevância dos argumentos de Hume acerca da

temática religiosa, buscaremos na comunicação apresentar os argumentos por ele

desenvolvidos sobre o modo pelo qual podemos tentar saber se Deus existe, e quais são

seus atributos, a partir do prisma da causalidade, ao qual é conferido o papel crucial de

crivo epistemológico. No caso de Hume, essa óptica desponta como pano de fundo, uma

vez que a compreensão da causalidade resulta decisiva para a abordagem e

enfrentamento das questões religiosas. Sendo assim, basearemos nossa comunicação na

análise histórico-filosófica realizada por Hume e que se faz presente em sua obra

História natural da religião. Nela, busca compreender se a origem da religião é

predeterminada pela revelação ou se é subproduto da natureza humana. Por conseguinte,

distinguindo o teísmo supersticioso do teísmo genuíno, procuraremos compreender os

efeitos oriundos da religiosidade na vida e na conduta humana, tendo em vista que

Hume compreende que o progresso reflexivo humano se relaciona paralelamente com o

entendimento da divindade. Desse modo, pretendemos avaliar em que se estribam os

argumentos de Hume que questionam o surgimento e o desenvolvimento do sentimento

religioso no homem e que desembocam numa concepção deísta.

Palavras-chave: causalidade; crença; deísmo.

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46 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Danieli Gervazio Magdaleno

‘AS MÃOS SUJAS’, DE JEAN-PAUL SARTRE: DOS CONCEITOS

FILOSÓFICOS À ESTÉTICA TEATRAL

UNESP Marília – Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’

Programa de Pós-Graduação em Filosofia – UNESP

Orientador (a): Ana Portich

Bolsista CAPES

A literatura, em seu aspecto mais geral, representa para Sartre a possibilidade de

desvelar a condiçao humana, concepçao defendida sobretudo em ‘Que e literatura?’. Ela

se torna um espelho crítico que, ao lançar a luz do esclarecimento, traz ao leitor a

consciência de seu lugar no mundo. Assim, pela própria ambiguidade da escrita, - por

ser significaçãodo que é real e ao mesmo tempo fruto do imaginário - através do teatro,

pode-se mostrar ao espectador sua condição.O personagem no teatro sartriano, por

exemplofuncionacomo um mecanismo de expressãodo ser-no-mundo, isto é, alguém

diante de questões relacionadas diretamente à condição de desamparo e liberdade em

que o homem se encontra. No teatro sartriano, a expressão de como o homem é

constituído não se dá através de caracteres morais prontos, construídos e expostos de

antemão, por isso, esses personagens não têm características fixas que impossibilitam

qualquer mudança de pensamento,estão todos por se fazer e se formar; o único caráter

constituído de antemão é o da escolha, frente às situações que o personagem enfrenta.

Na peça As mãos sujas, Hugo, personagem principal que estará presente em toda a obra,

está inserido em um ambiente que se mostra degradado e isso lhe causa desconforto e

sentimento de desamparo perante o futuro, levando-o ao conformismo. A partir dessa

situação o personagem começa a agir do modo como Sartre caracteriza a má-fé.

Palavras-chave: Sartre; estética; teatro.

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47 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Danielle Ferreira Da Rocha

ENSAIO SOBRE AS NATUREZAS FILOSÓFICA E NÃO FILOSÓFICA

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

PPGFIL-UFRRJ

Orientadora: Alice Bitencourt Haddad

Há dentro da obra A República de Platão um recurso chamado mentira útil, apresentado

pelo autor aos seus interlocutores da seguinte forma: “Se, de fato, dissemos bem há

pouco, se na realidade, a mentira é inútil aos deuses, mas útil aos homens sob a forma

de remédio, é evidente que tal remédio se deve dar aos médicos, mas os particulares não

devem tocar-lhe.” (PLATÃO. A República, 389b).Esclareço, ainda que de modo

sucinto, o que é uma mentira útil:considerando a obra A República é possível afirmar

que uma mentira útil caracteriza-se como um conteúdo misto, composto de verdades e

fabulações acerca daquilo que não se conhece.Porém, a partir desse tópico, como as

naturezas entram em questão? No trecho supracitado, a mentira útil é tomada como um

remédio, termo originário do grego phármakon, que serve para designar tanto o remédio

que cura, quanto o veneno que mata, seu efeito dependerá unicamente da dosagem

ministrada conforme a necessidade, e assim como a prescrição de remédios não pode

ficar ao encargo do paciente, mas sim do médico, a mentira útil também não deve ser

ministrada por todo e qualquer um, mas apenas pelo governante, e então faz-se

necessário analisar a qual das duas espécies [naturezas] é que se deve fazer chefe da

cidade? A filosófica, ou a não filosófica?

Palavras-chave: mentira; natureza; governante.

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48 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Danilo Mendes

O PROTESTO E O PODER DOS OPRIMIDOS: CONTRIBUIÇÕES DE RUBEM

ALVES PARA UMA HERMENÊUTICA FILOSÓFICA DA RELIGIÃO

UFJF

Mestrando em Ciência da Religião

Orientador: Frederico Pieper

Bolsista CAPES

Esta comunicação visa apresentar de que forma as releituras que Rubem Alves (1933-

2014) faz das críticas à religião de Feuerbach (1804-1872), Marx (1818-1883) e Freud

(1856-1939) contribuem para uma hermenêutica filosófica da religião. É possível notar

que Alves incorpora aos seus escritos os pressupostos destes autores, entretanto,

formula outras conclusões. Desta forma, pode-se dizer que suas considerações a cerca

do significado do fenômeno religioso são de altíssima importância, principalmente

frente à noção de que o "desencantamento do mundo" e a "secularização" não condizem

com as previsões da superação da religião anunciados por tais críticos. Assim, a

discussão e reinterpretação de tais teorias fez-se possível em Alves, não de modo a

revelar as "falsidades" presentes em cada uma delas, antes salientando o que em cada

uma parece condizer com sua leitura.Apresenta-se, então, de qual forma a crítica se faz

fértil para uma hermenêutica filosófica da religião que vá para além do posicionamento

apriorístico moderno, perpassando uma espécie de hermenêutica funcionalista e

chegando, enfim, a uma tradição que seja justa com o fenômeno e suas possíveis

compreensões. No limite, as contribuições de Rubem Alves para esta hermenêutica não

se justificam apenas no ato filosófico de interpretar uma das esferas sociais mais

complexas da atualidade - que acaba por perpassar diversos outros estudos. Justificam-

se também pela instrumentalidade na ação de transformar o mundo interpretado.

Palavras-chave: Hermenêutica filosófica da religião; Rubem Alves; Religião.

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49 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

David Velanes

O REALISMO INSTRUÍDO DA FÍSICA CONTEMPORÂNEA

Doutorando Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

Programa de Pós-Graduação em Filosofia.

Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Kauark Leite

Este trabalho tem como objetivo demonstrar a natureza da Física contemporânea a partir

da epistemologia de Gaston Bachelard. Para tanto, caracterizaremos a noção

bachelardiana de realismo instruído como ponto fundamental para se compreender a

nova base epistemológica da Física. A Física contemporânea instituiu um novo tipo de

realismo como base de pensamento em ruptura com o espírito científico clássico.

Bachelard afirma que é possível considerar o ano de 1905 como o marco de um novo

espírito científico, uma vez que a Relatividade rompeu com conceitos sedimentados e

tomados como inquestionáveis. Bachelard aponta que a Relatividade e Mecânica

Quântica não somente modificaram a forma de se pensar os fenômenos físicos, mas

também instituíram, como inovação, novos métodos de investigação. Então, rompe-se

com o mundo comum ao não exigir o real imediato para sua aplicação. A Física rompe

com o natural e institui o modelo teórico-matemático como instrutor da experiência

enquanto a atividade técnica apenas se aproxima indiretamente da Natureza. Então, a

nova Física se trata de uma ciência inventiva, que não tem como objeto de estudo os

fenômenos da realidade natural. Os corpúsculos são construções que não se tratam de

pequenos sólidos da realidade comum. Eles são fenômenos induzidos matematicamente.

Pode-se dizer que a nova Física é uma ciência artificial, pois seus objetos são

construídos através de técnicas totalmente novas e muito peculiares.

Palavras-chave: Bachelard; física; realismo.

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50 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Deysielle Costa das Chagas

ILUMINAÇÃO E GERAÇÃO: O NÃO-SER DA MATÉRIA E O VIR-A-SER DO SENSÍVEL

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Mestrado em Filosofia

Orientador: Renato Matoso Brandão

Bolsista CAPES

O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma reflexão acerca da possibilidade da

geração, natureza e função da matéria sensível no sistema filosófico de Plotino. Para

tanto, utilizaremos os tratados presentes nas Eneadas, em especial o tratado Sobre a

Materia (II, 4 [12]) e Contra os Gnósticos (II, 9 [33]). Plotino, ao discorrer sobre a

ordem existente das realidades, apresenta-nos uma hierarquia das realidades

suprassensíveis originadas no Uno, seguidas pela Inteligência e pela Alma e a relação

desta com a matéria sensível. A matéria sensível, no tratado II, 4, é apresentada como

aquilo que e desprovido de funçao ontologica, de “ser algo”, ou seja, ela “e” um “nao

ser”. Porem, esta mesma materia e necessária na constituiçao da realidade sensivel para

que ela possa ser distinta daquela realidade suprassensível que lhe atribui formas. Aqui

se revela o problema da conciliação da ideia de matéria sensível, enquanto

“privaçao/irrealidade”, ser condiçao necessária para geraçao da realidade sensivel. Para

compreender essa ambiguidade, Plotino nos apresenta, em seu outro tratado (II, 9 [33]),

a relação entre as realidades sensível e inteligível como uma eterna iluminação da

matéria por intermédio da Alma. Por fim, analisar-se-á se esta eterna iluminação pode

ser compreendida como geração atemporal e constante dos seres sensíveis e, inclusive,

da própria matéria sensível.

Palavras-chave: ontologia; iluminação; matéria.

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51 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Dioclézio Domingos Faustino

A NOÇÃO DE HOMO OECONOMICUS E A CRÍTICA DO NEOLIBERALISMO EM FOUCAULT

Universidade de São Paulo – USP

Filosofia – Programa de Pós-graduação em Filosofia

Orientadora: Marilena de Souza Chaui

Bolsista FAPESP

Trata-se de compreender como Foucault pensa o liberalismo clássico e, em

consequência, o neoliberalismo contemporâneo, e o que neles podem aparecer como

defesa de uma certa liberdade individual, de uma redoma que, embora circunscrita, nela

estariam salvaguardadas as liberdades individuais. Desse modo, ao apresentar o

problema do aparecimento do homo oeconomicus, Foucault oferece elementos de sua

posição, como ele mesmo diz, já na própria formulação do problema. E esta sutileza da

formulação foucaultiana deve ser enfatizada, e em especial contra uma certa leitura que

pretenda atribuir a Foucault, ao pensamento foucaultiano, a defesa de um tipo de

“liberdade” que encontraria fundamento, ou mesmo filiaçao, no regime liberal clássico

ou contemporâneo. A formulação foucaultiana consiste precisamente no seguinte ponto:

se, de fato, já mesmo no século XVIII, se tratava, com o homo oeconomicus, de garantir

uma esfera sob a qual a ação do governo não incidiria e, portanto, a construção de um

reduto de liberdade assegurada sob a figura, sob este “átomo”, que e o homo

oeconomicus no XVIII diante do “pesado” poder de um governo possivel: ora, diz

Foucault expressamente, este não é, não foi, o propósito; ao contrário, deve-se ler o

homo oeconomicus “como parceiro, como vis-à-vis, como elemento de base da nova

razão governamental tal como se formula no seculo XVIII”. O ponto e que a invençao

do homo oeconomicus foi, na verdade, e Foucault mostrará, um elemento para uma

nova arte de governar, que teria a economia como princípio. Então, nem garantia de

liberdade individual, tampouco invasão da economia no governo. A operação foi um

tanto mais sofisticada: uma assimilação, uma introjeção, na arte de governar de

princípios da economia, criando, portanto, algo que Foucault formula, pois, como uma

nova razão governamental. E essa razão governamental, embora não se confunda com o

liberalismo clássico, encontra nele ancoragem.

Palavras-chave: neoliberalismo; governo; liberdade

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52 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Diogo Silva Corrêa

A ARTE ARQUITETÔNICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO A PARTIR DO

PENSAMENTO DE JÜRGEN HABERMAS. UMA ABORDAGEM ESTÉTICO-

FILOSÓFICO EM MEIO A UMA RELAÇÃO DE PODER E A CRÍTICA À

CULTURA PÓS-MODERNA

Mestre em Filosofia

Docente UFMA

O presente trabalho parte de uma análise da relação de poder, tendo em vista a tese

habermasiana acerca da colonização do Mundo da Vida, no que tange algumas

intervenções de ordem estético-filosófico sobre a arquitetura como arte herdeira de uma

modernidade cultural e como representação ligada a fins sob o prisma do mundo

sistêmico, que inclui a economia, a administração bem como a função técnica e política

da engenharia civil na sociedade. Em escassos escritos de Habermas sobre uma crítica

da arquitetura pós-moderna evidenciou-se algumas análises na dimensão de uma relação

de poder, que por meio da arquitetura se amplia para as questões culturais e sistêmicas

no mundo contemporâneo. Com a proposta da Racionalidade Comunicativa, o

pensamento habermasiano, atrelado à questão do poder comunicativo e da distinção

Mundo Sistêmico e Mundo Vida, levando em consideração o funcionalismo

arquitetônico, obteve uma constituição de relações conceituais que provocam

significativas intervenções acerca dos desafios funcionalistas da arquitetura no mundo

atual diretamente voltados para a cultura e o homem do mundo atual a partir das

proposições de Jürgen Habermas.

Palavras-Chaves: arquitetura pós-moderna; racionalidade comunicativa; poder

comunicativo.

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53 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Diogo Carreira Fortunato

O JOGO DA DEFORMAÇÃO – UM PARALELO ENTRE DELEUZE E RANCIÈRE

UERJ

Filosofia/PPGFIL

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marly Bulcão

No artigo Existe uma estética deleuzeana?, nosso ponto de partida, o filósofo francês

Jacques Rancière propõe-se em analisar a razoabilidade de uma estética deleuzeana

apesar de sua suspeição quanto ao significado do pensamento de Deleuze. Enquanto

arranjo, Rancière empenha-se em deformar o pensamento do autor para posteriormente

refigura-lo. Não só ele, mas também Deleuze veem como função do escritor desterrar o

autor tencionado. Em 1972 Deleuze dirige a Michel Cressole uma carta na qual expõem,

dentre outras coisas, sua compreensão da danosidade que representa a história da

filosofia a Filosofia. Em vista de escapar a esta repressão Deleuze principia por autores

contrários a tradição racionalista como Lucrécio, Hume, Espinoza e Nietzsche, polos

opostos ao hegelianismo e a dialética. Esse passa a se relacionar com os autores por

prazer, a exceção de Kant a quem considera um inimigo. Vê a si mesmo enrabando

(enculage) os filósofos e gerando-lhes um filho monstruoso o qual remete ao autor que

concomitantemente passa por desterramentos. Tal qual Rancière, temos em Deleuze um

deslocamento espacial dos autores que são retirados de sua zona de conforto –

influência, e realocados a um lugar ao qual antes não pertenciam. Ademais, o conceito

de jogo vede nos dois autores. Rancière cita em diversos livros e artigos o poeta e

filósofo alemão Friedrich Schiller, principalmente a Carta XV do livro A educação

estética do homem. A partir de sua leitura de Schiller e Kant é que Rancière

desierarquiza o sensível e o entendimento na arte, que passam a alcançar um sensível

heterogêneo através do seu livre jogo. É no regime estético da arte onde o livre jogo das

faculdades torna autônomo o modo específico da experiência, este conceito de jogo ao

qual associamos a nossa metodologia. Deleuze também aborda o conceito de jogo,

tratamos aqui de dois momentos: Décima Série: do jogo ideal, em Lógica do Sentido e

Tratado de nomadologia: a máquina de guerra, em Mil Platôs Volume V. De modo que

nossa apresentação versa sobre o jogo comum a Rancière e a Deleuze de deformação

dos pensadores.

Palavras-chave: Deleuze; Rancière; Jogo.

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54 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Diogo Alves da Conceição Santana

JACOB BOEHME E O NASCIMENTO DA FILOSOFIA

IDEALISTA ALEMÃ Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Filosofia. Orientador (a): Regina Schopke

É possível determinar o nascimento da filosofia alemã? Postura controversa. Nietzsche

para tanto evocou o espírito da cultura greco-romana como legítima aos povos

germânicos, valores solapados com a cristianização, e antes, com o socratismo. A

reforma protestante luterana por sua vez tenta conciliar a “alma alema” com um

cristianismo de índole subjetivista, possibilitando uma série de sincretismos culturais e

religiosos. Incidindo diretamente sobre a origem do pensamento filosófico alemão,

particularmente do idealismo. Nenhum recuo está alheio a riscos, sendo assim, a

proposta de Nietzsche ao evocar um passado emblemático como paradigma, torna-se

bem problemática diante da alternativa luterana de evocação de um presente a ser

construído. O presente trabalho tem como objetivo evocar a figura de um dos herdeiros

de tal empreendimento: Jacob Boehme (1575-1624), místico e sapateiro teutônico;

demonstrando como seu pensamento, configurando uma série de relações entre

gnosticismo cristão, alquimia e teologia luterana, influencia a filosofia de Hegel e

Schopenhauer, assim como outros filósofos leitores de sua obra e que correspondem ao

movimento idealista germânico, a partir de sua epistemologia e cosmologia.

Palavras-chave: Boehme; idealismo; filosofia alemã.

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55 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Douglas Ramalho

ALMA E VIDA NO DE ANIMA II 1-3 DE ARISTÓTELES

Programa de Pós-Graduação Lógica e Metafísica – PPGLM/UFRJ

Orientadora: Profª. Drª Carolina Araújo

Em De Anima, Aristóteles, objetiva investigar a natureza da alma e como ela é princípio

de vida. Assim, em DA II 1 se enuncia que a a alma é substância como forma de um

corpo natural que tem vida em potência. Esta definição pela forma permitirá que

Aristóteles deduza outras duas propriedades anímicas, a saber, que a alma é a atualidade

primeira e essência do corpo. Em linhas gerais, a definição pela forma estabelece a alma

como o princípio estruturante do ser vivente, determinando suas disposições e

propriedades específicas. Entretanto, a definição pela forma é genérica diante da

pluralidade dos modos de vida. Diante dessa insuficiência, DA II 2 enuncia a alma

como causa de vida definindo a alma como princípio das capacidades que denotam o

viver. Portanto, a definição pelas capacidades garante que a alma seja causa de vida em

sua pluralidade, já que é princípio da vida vegetativa, animal e humana através das

capacidades de nutrição, percepção e intelecção, respectivamente. A definição pelas

capacidades se desdobra, em DA II 3, na definição seriada na qual os tipos de alma se

dispõem em séries ordenadas hierarquizadas na qual a anterior subsiste na posterior em

potência, mas não o contrário. Ou seja, a atividade nutritiva subsiste potencialmente na

perceptiva, e esta na intelectiva, ainda que a vida vegetativa seja plena, bem como a

animal e a humana. Nota-se que há um conflito entre a primeira e as outras duas

definições, pois a definição pela forma é uma noção geral que nem enuncia a alma como

causa de vida nem sua disposição seriada. Assim, enquanto os comentários de Putman,

Ackrill, Bolton, Nussbaum, Everson, Code&Moravicsik interpretam a definição pelas

capacidades como a noção aristotélica de alma em detrimento da definição pela forma,

Polansky e Diamond enxergam unidade teórica e argumentativa entre as três. A hipótese

que sustento se alinha com o segundo grupo, argumentando que apesar da definição pela

forma ser insuficiente para enunciar os tipos específicos de vida e sua disposição

seriada, ela é a fundamentação ontológica sem as quais as definições pela capacidade e

seriada não se sustentam.

Palavras-chave: alma; forma; capacidade.

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56 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Eduardo da Silva Barbosa

A RELAÇÃO ENTRE OS SIMULACROS E AS PERTURBAÇÕES DA ALMA EM LUCRÉCIO

Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências Humanas e Filosofia –ICHF

Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PFI

Mestrado em filosofia

Orientador: Celso Azar Filho

Bolsista CAPES

A presente comunicação tem por objetivo elucidar como, na compreensão do poeta e

filósofo Lucrécio, os simulacros (emanações atômicas que se desprendem dos corpos)

interferem em nossa existência produzindo mitos, superstições e perturbações na alma.

Como continuador do epicurismo no mundo romano do século primeiro antes de Cristo,

Tito Lucrécio Caro compreendia a filosofia como um exercício prático voltado para

ética; Lucrécio julgava ser a filosofia epicurista a maneira mais competente para libertar

o homem do domínio das ilusões aterrorizantes e de suas consequências. Sua grande

preocupação foi livrar o homem do sofrimento e do temor provocado por crendices

absurdas sem fundamentos na razão, tornando-o capaz de viver sem as aflições da alma

que assolam desnecessariamente a existência humana. Desmistificar a realidade era o

caminho para eliminar grande parte de nossos tormentos; assim sendo, o entendimento

dos mecanismos de funcionamento da natureza (pelo atomismo) é de fundamental

importância, somente o apurado estudo da physis poderia libertar o homem das falsas

explicações oriundas de equivocadas conclusões sobre as leis que regem o mundo

natural. Nessa perspectiva, o homem seria capaz de compreender corretamente os

princípios fundamentais da realidade livrando-se das angústias e abrindo caminhos para

uma vida emancipada e prazerosa. A vida feliz é, para Lucrécio, o objetivo de toda

filosofia; filosofar é libertar-se do julgo das superstições e dos medos irracionais.

Palavras-chave: simulacros; Perturbações; physis.

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57 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Eduardo Eudes Prazeres Lopes Junior

REFORMA E REVOLUÇÃO NO ROMANCE OS DEMÔNIOS

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Mestrado acadêmico em Filosofia – PPGFIL-UFRRJ

Orientador: Affonso Henrique Vieira da Costa (PPGFIL- UFRRJ) Co-orientador: Ulysses Pinheiro (PPGLM – UFRJ)

Bolsista UFRRJ/CAPES

Publicado em 1872, o romance Os demônios se insere na fértil tradição de romances

políticos russos, tipo literário que inclui outras obras célebres como Pais e filhos, de

Turguêniev, e o romance favorito de Vladímir Lênin, O que fazer?, de Tchernichévski.

Pretendo apresentar de que maneira os conceitos políticos de reforma e revolução se

enfrentam no romance Os demônios. Para isso, irei contrapor ao romance duas obras de

revolucionários russos do século XIX – o já mencionado O que fazer? e o panfleto do

radical niilista S. Netcháiev, O catecismo do revolucionário. A questão, importantíssima

para os russos letrados de então, deve ser vista por mais de um viés: primeiro é

necessário analisar as questões de classe, de modo que pretendo expor, ainda que

brevemente, as diferenças sócio-econômicas das duas classes sociais que eram

protagonistas dos debates – a classe majoritariamente revolucionária dos raznotchíntsi e

a classe majoritamente reformista da intelligentsia. Para além da questão de luta de

classes, pretendo expor como a questão se apresenta, também, em termos ético-políticos

nos três textos, de modo que a disputa se dá tantos em termos políticos sobre os meios

de produção quanto em disputas acerca do modo como devem viver as pessoas em suas

vidas íntimas – detalhe que se torna claro ao analisar as diversas estratégias que os

diferentes autores utilizam para defender suas concepções morais prediletas.

Palavras-chave: Dostoiévski; Tchernichévski; séc. XIX russo.

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58 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Emerson Facão

NATUREZA, HARMONIA, CONVENÇÃO E ECONOMIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATADO ECONÔMICOS DE ARISTÓTELES.

Puc-Rio

Núcleo de Filosofia Antiga da Puc-Rio (NUFA)

Orientador: Danilo Marcondes

Bolsista CAPES

Independentemente da discussão que envolve a verdadeira autoria do tratado conhecido

na antiguidade pelo título de Econômicos (Perí oikonomías), que para muitos

especialistas pertence ao círculo aristotélico. Essa obra apresenta preciosas informações

sobre a organização sócio-política dos gregos no período clássico. Na literatura antiga, a

palavra economia é formada a partir de dois vocábulos: oikos (casa, propriedade e lar) e

do radical nem (administrar e organizar) que está na palavra nomos (convenção/lei), ou

seja, é a administração da casa, que não se restringe apenas ao espaço físico, mas

também refere-se a relação entre as pessoas que compartilham esse determinado espaço

que em um plano macro associa-se diretamente à busca da plenitude existencial

(eudaimonia) que é o fim último almejado pela cidade (pólis), segundo o próprio

Aristóteles no livro I da Política. É importante ressaltar que a dimensão política que está

relacionada ao plano macro não deixa de ter relação com o plano micro, e,

consequentemente, com a esfera ética. Sendo esse um dos principais objetivos que pode

ser subtendido através da leitura do tratado. O diálogo entre a Ética e a Política deveria

ser norteado pela estudo da ontologia que sabe contemplar a beleza do cosmo. Logo, o

homem precisa através da filosofia aprender a reconhecer a importância dessa relação

ao observar a Natureza (Phýsis) que engloba também a vida humana como uma parte

desse estudo que visa estabelecer uma relação de equilíbrio no mundo. A presente

comunicação visa apresentar alguns desses aspectos que podem ser encontrados na

leitura dessa importante obra aristotélica.

Palavras-chave: natureza; política; filosofia.

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59 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Fabien Pascal Lins

MICHEL DE MONTAIGNE E O MENTIR COMO CONHECIMENTO DE SI:DISSIMULAÇÃO E FICÇÃO NO CAPÍTULO “DOS CANIBAIS” (I,31) DOS

ENSAIOS

Universidade Estadual de Campinas- Unicamp

Curso de Filosofia, Programa de Pós Graduação- Instituto de Filosofia e Ciências Humanas- IFCH

Orientador: Prof. Dr Enéias Júnior Forlin- Unicamp

Bolsista CAPES

No capítulo ‘Dos Canibais’, Montaigne nos apresenta diversas informações acerca dos

costumes indígenas. Não tendo ele nenhuma experiência in situ da realidade ameríndia,

nosso filósofo funda seu conhecimento à luz dos testemunhos das “pessoas simples”,

cujo saber “topográfico” seria mais digno de confiança que o saber livresco das

“pessoas finas”, que “mentem cosmograficamente”. Todavia, ao consultar as fontes

bibliográficas inerentes ao texto, assim como a realidade histórica à qual remete,

percebe-se o quão Montaigne reproduz o que ele mesmo condena: após ter duvidado da

honestidade intelectual dos Cosmografos, ele mesmo nao teria resistido “ao prazer de

alterar um pouco a Historia”.Em que medida, pois, poder-se-ia justificar a paradoxal

coexistência, no seio de um mesmo capítulo, dessa explícita exigência de honestidade e

de um conteúdo repleto de meias-verdades, intencionalmente elaboradas? “Meio mau,

para um bom fim”, parece-nos que o “mentir” seria o meio de alcançar o conhecimento

de si (objetivo maior ‘Dos Canibais’), e que se expressaria: a) como forma de

dissimulação. Procedimento estratégico relacionado ao contexto histórico no qual se

encontra Montaigne, que o leva a “mentir de boa fe”, elaborando um discurso de cunho

heterológico; b) como expressão da ficção. Postura epistemológica oriunda da relação

cética que nosso filósofo entretém com o conceito de verdade, que o leva a elaborar um

“mentir verdadeiro”, graças à força da imaginação.

Palavras-Chave: Montaigne; dissimulação, ficção.

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60 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Fábio Borges do Rosario

O CONCEITO DE CONFISSÃO DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE

Mestrando em Filosofia e Ensino pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca

Orientadora: Professora Doutora Talita de Oliveira e Co-orientador Professor Doutor Luis Cesar Fernandes de Oliveira

Exploro neste trabalho as condições da Universidade, especialmente da Filosofia, como

local de investigação e confissão do racismo como impedimento do estabelecimento

pleno da democracia e da emergência da confissão da Escravidão, da Shoah e do

Apartheid como um ato performativo que possibilite a democracia por vir. Nesta

trajetória, identifico como interlocutor Jacques Derrida. Buscarei localizar neste filósofo

pistas para a compreensão da temática e da emergência da luta contra o racismo, isto é,

da fundamentação do conceito de antirracismo. Será examinado como a investigação do

conceito de racismo impossibilita a construção plena da democracia, especificando a

confissão da Escravidão, da Shoah e do Apartheid como crimes contra a humanidade

como a possibilidade da superação dos efeitos que tais acontecimentos produzem, e

argumentar que somente na democracia por vir o racismo será superado.

Termos chaves: racismo; confissão; democracia por vir.

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61 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Felipe Amancio

A ARTE E O CAOS EM BACON E DELEUZE: QUEBRA DE CLICHÉS E RESISTÊNCIA POLÍTICA

PUC-Rio

Programa: Programa de Pós-graduação em Filosofia (Mestrado)

Orientador: Paulo César Duque Estrada

O presente trabalho visa investigar o pensamento de Gilles Deleuze desenvolvido a

partir de suas observações acerca da obra de Francis Bacon. Tratar-se aqui não de uma

análise focada nas qualidades artísticas, mas especificamente, de uma investigação

centrada em conceitos fundamentais que, consoantes à prática do artista, nos ajuda a

entender certas dinâmicas da criação. As considerações de Deleuze são tomadas em

conjunto com as de Bacon, sendo desta maneira apresentada a questão mais pregnante

aos dois autores: como escapar da representação na pintura? Como pintor, Bacon

enfrenta tal questão em suas telas pelo uso do acaso, das marcas ao acaso que formam

diagramas que o auxiliam a escapar dos clichês, da representação figurativa e narrativa.

Deleuze, de início, comenta tal prática pelo conceito de figural, de Jean

FrançoisLyotard, que nos auxilia a compreender imagens não abstratas e nem

naturalistas, e, posteriormente a partir do conceito de caos. Segundo o filósofo, na

pintura, o caos é acionado a partir do trabalho com o acaso, pela indeterminação das

marcas que deformam as figuras e assim, as aproximam do conceito de corpo sem

órgãos de Antonin Artaud, de formas de vida não orgânicas, não estruturadas

hierarquicamente. Deste modo, mais do que pela oposição à representação naturalista,

Deleuze destaca a obra de Bacon pela resistência política de suas figuras, que se

insurgem contra estruturações opressoras a diferentes formas de vida.

Palavras-chave: caos, pintura e representação.

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62 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Felipe Ayres de Andrade

A ALMA COMO UMA PÉROLA, UMA NOVA LEITURA DA IMAGEM DA OSTRA NO FEDRO (250c4-5)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Programa de Pós-Graduação Lógica e Metafísica (PPGLM)

Orientadora: Carolina de Melo Bomfim Araújo

Bolsita Faperj

No Fedro, Platão retrata os seres humnos como viventes compostos de corpo e alma.

Sua ênfase no estatuto metafísico da alma, enquanto fonte tanto do movimento

corpóreo, quanto do agenciamento da personalidade, é amiúde correlacionada a uma

visão inescapavelmente depreciativa do corpo e daquilo tudo que lhe é associado. Para

rechaçar essa leitura algo ascética do diálogo, eu me debruçarei sobre uma imagem, a

qual é costumeiramente considerada como um dos alicerces dessa vertente

interpretativa, a famosa metáfora da ostra (250c405), em que o corpo supostamente

seria comparado a uma tumba e a uma outra que enclausuram a alma. Um tratamento

tão abrasivo do corpo, argumentarei, não é exigido pela sua precedência metafísica

sobre o corpo, nem se sustenta a partir de uma leitura cuidadosa das imagens

encontradas alhures no mito da palinóda sobre a queda da alma e sua subsequente

encarnação. A alma cai porque perde suas asas, por conta dos conflitos entre suas

partes. Sem as asas, ela cai dos céus e, ao chegar na terra, encarna em um corpo. A

pessoa formada por essa união tem, então, duas opções. Ela pode esperar por quase dez

milênios, segundo a temporalidade do mito, para recuperar suas asas ou pode praticar a

filosofia a fim de reduzir drasticamente esse periodo para “apenas” três mil anos. Para

filosofar, no entanto, a alma precisa se valer das percepções sensoriais do corpo para

rememorar as Formas. Já que o corpo não tem influência alguma na queda da alma e, na

verdade, colabora para que seja superada, ele se mostra menos um obstáculo para a

contemplação do que uma ferramenta, conquanto limitada, para a rememoração. O

corpo, então, não seria como uma ostra porque aprisiona a alma e ativamente a limita.

Ao contrário, a metáfora apenas ressaltaria como o corpo protege a sua “perola”, a alma,

conforme instaura uma relação cooperativa que permite à pessoa, à composição, como

um todo, recuperar suas asas psíquicas. O corpo não é algo que deve ser rejeitado o

quanto antes, mas um instrumento indispensável para a alma recobrar seu aspecto e

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63 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

capacidade prévias à encarnação. A imagem, ao aconselhar uma certa relação entre as

componentes humanos, permite que se advogue em prol de uma nova noção de

personalidade, do “si mesmo”, baseada nessa dinâmica. A alma desempenha um papel

tão importante na vida humana, no mito platônico, que não seria possível conciliar tal

primazia com qualquer tipo de influência corpórea no desenrolar dos perigos que a

cercam. Ao rejeitar a leitura tradicional e negativa acerca do papel do corpo na vida

humana, em prol de uma bem mais neutra, tornar-se-ia mais fácil apreciar plenamente a

precedência metafísica da alma sobre o corpo e, outrossim, como ambos devem

cooperar para que a pessoa, formada por essas componentes, possa viver de maneira

verdadeiramente filosófica.

Palavras-chave: Fedro; imagem; Platão.

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64 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Felipe Maia da Silva

ASPECTOS DO ‘CARTESIANISMO’ MODERNO SEGUNDO HEIDEGGER

Orientador: Alex de Campos Moura

Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP)

Mestrado em Filosofia Contemporânea

Bolsista FAPESP

Esta investigação trata de alguns aspectos marcantes da leitura heideggeriana de

Descartes. No contexto da ampla interpretação de Heidegger da história da filosofia a

partir do problema ontológico, a modernidade surge como a decisiva instauração de

uma posição metafísica caracterizada sobretudo pela primazia do sujeito. O pensamento

cartesiano é considerado inaugural, assim, não somente porque estrutura a res cogitans

como a primeira verdade adquirida segundo a ‘cadeia de razões’, mas tambem porque,

ao propor um método de investigação baseado numa certa compreensão do

entendimento matemático, estabelece uma nova forma de verdade a respeito do ente.

Nosso intuito aqui é apresentar o modo como Heidegger, a partir da apresentação da

gênese dos conceitos fundamentais cartesianos, insere o filósofo francês e sua influente

postura ‘subjetivista’ no interior de uma problemática mais ampla, a saber: a questao da

relação entre o homem e o mundo - a transcendência. Para Heidegger, nesse sentido, as

razões de certas aporias e inquietações modernas a respeito de uma resposta concludente

acerca da transcendência humana passam por uma deficiente colocação ontológica do

problema. Indicaremos, assim, em que sentido Heidegger, contrapondo-se ao

‘cartesianismo’ da modernidade, pretende estabelecer um novo espaço para a

elaboração da relação entre homem e mundo.

Palavras-chave: Heidegger; Descartes; metafísica.

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65 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Felipe Ramos Gall

TÉCNICA E ESPÍRITO DE VINGANÇA: UMA APROXIMAÇÃO ENTRE HEIDEGGER E NIETZSCHE

PUC-Rio

Doutorando pelo Programa de Pós-graduação em Filosofia

Orientadora: Luisa Severo Buarque de Holanda

Bolsista CAPES

No pensamento tardio de Heidegger, isto é, após a chamada virada, o tema da técnica

apresenta-se como um dos mais essenciais. “Tecnica”, para Heidegger, diz muito mais

do que um saber técnico específico, um know-how, e é algo muito mais profundo e

essencial que quaisquer maquinários ou invenções tecnológicas. A técnica também não

deve ser compreendida de modo antropológico-instrumental, isto é, como um meio para

um fim – instrumental, no sentido de ser um meio, e antropológica, no sentido de servir

a um fim designado pelo homem. A técnica é, antes, um modo de desencobrimento, isto

é, um modo da verdade, modo este que é privilegiado em nossa época. Tendo como

intuito compreender a relação hodierna entre verdade e existência, é dizer, de como se

dá a existência na época da vigência da técnica, o presente trabalho busca uma

aproximaçao com o pensamento de Nietzsche, em especial da ideia de “espirito de

vingança”, apresentada em Assim falou Zaratustra. A vingança, para Nietzsche, nao e

um sentimento contra indivíduos, tiranos ou classes sociais; é contra o tempo, o

passado, o devir, a mudança, a finitude. É a própria essência da metafísica, ou seja, do

platonismo. Nossa hipotese e a de que o “espirito de vingança”, tal como concebido por

Nietzsche, manifesta exemplarmente a essência da técnica, entendida por Heidegger

como o ponto culminante da metafísica.

Palavras-chave: técnica; espírito de vingança; metafísica.

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66 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Felipe Ribeiro Siqueira

RUBEM ALVES E O ENSINO DE FILOSOFIA: LIBERDADE E AFETO

Doutorando em filosofia pelo Programa de pós-graduação em filosofia da UERJ

Orientador: João Ricardo Moderno

A nossa comunicação ambiciona apresentar algumas reflexões de Rubem Alves acerca

da educação tendo como foco as contribuições da disciplina filosofia no ensino médio.

O problema da educação está presente em grande parte da obra de Rubem Alves,

entretanto a educação no, chamado, ensino médio foi abordada de um modo específico

em A alegria de ensinar, Lições do velho professor, Ao professor, com meu carinho, A

escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir, Entre a ciência e a

sapiência e Quarto de badulaques. Nessas obras, Rubem Alves destaca a importância

da disciplina filosofia por ela atuar em duas frentes que são os afetos e a liberdade. Em

relação aos afetos, Rubem Alves afirma que uma das finalidades da filosofia no ensino

médio é estimular a sensibilidade das relações estudante-escola, estudante-professor e

consequentemente estudante-vida. Para Rubem Alves, cabe ao professor não fazer da

filosofia algo para a faculdade do entendimento e sim para sentir. Desse modo, é feita

uma crítica à educação que tem como base a memória. A proposta de Rubem Alves será

uma educação fundamentada na imaginação criadora, desembocando, assim, num Ler-e-

sentir. Nesse contexto, a aliança com a arte passa a ser uma das mais importantes para

o professor de filosofia. Já em relação à liberdade, Rubem Alves destaca o papel do

professor de filosofia em fazer com que o estudante repense a própria estrutura do

sistema educacional.

Palavras-chave: Rubem Alves; educação; alegria.

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67 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Fernanda Cristina Lima de Oliveira

O PROBLEMA DA SUBJETIVIDADE NA FILOSOFIA DE KIERKEGAARD

Mestrado em Filosofia, PPGFIL/UERJ

Orientador: Luiz Bicca

Um bom primeiro passo para compreender a filosofia de Kierkegaard é procurar

entender a diferença entre sua concepção de sujeito e aquela de Descartes. Ao contrário

do filósofo francês, que concebe o sujeito primordialmente desde um ponto de vista

epistemológico, Kirkegaard constrói um ponto de vista que podemos chamar de

existencial. Ao situar o sujeito no âmbito da existência, Kierkeggard retirao da posição

de fundamento, seja epistemológico ou ontológico, e o coloca na posição de resultado

da atividade existencial. Para examinar esta ideia, exploraremos especialmente o

conceito de alma, tal como aparece no texto “Adquirir sua alma na paciência” um dos

“Quatro Discursos Edificantes”, de 1843. Entendemos que o termo “alma”, aqui, indica

algo da ordem do que chamamos de subjetividade. Porém, o próprio título do texto,

assim como o seu estilo exortativo, já indicam que a alma é algo a ser construído por

intemédio de uma certa atividade. Como critério para a boa execução desta atividade,

indica-se a paciência, que é um afeto relativo ao tempo e ao modo de desenvolvimento

da atividade. Assim, é possível trazer à tona o campo de problemas e temas que

permitem situar a noção de subjetividade na filosofia de Kierkegaard, evitando-se o mal

entendido de assimilá-la à tradição moderna proveniente de Descartes.

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68 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Filipi Oliveira

VONTADE DE FELICIDADE EM CAMUS

Doutorando PPGFIL UERJ

Orientadora: Dra. Maria Helena Lisboa da Cunha

Albert Camus (1913-1960) é conhecido pela sua contribuição ao pensamento filosófico

do século XX graças a sua aproximação com a corrente existencialista francesa. Na

verdade, se analisarmos de perto, Camus não pode ser nomeadamente elencado como

um pensador existencialista, uma vez que parte de seu arcabouço conceitual e literário

endereça rechaços declarados à tendência intelectual de maior expressão do período

pós-guerra capitaneada por Sartre. Camus, ao contrário de um filósofo existencialista

deve ser entendido, antes, como o filósofo do absurdo, isto é, como aquele que se

empenhou em travar uma discussão aprofundada sobre o tema da irracionalidade

premente na relação homem/mundo. Como conseqüência disso, Camus se deu conta de

que o absurdo implica em causas incompreensíveis e em resultados decisivos. O

homem, para Camus, desde o momento em que constata de que vive alienado ao seu Si

e privado inicialmente de “espirito” e de “existência”, que sua condiçao de vida e

composta por contradições violentas, percebe que isso abala a estrutura sobre a qual

antigos paradigmas estão consolidados. Brota daí o sentimento de absurdo nauseabundo

e incômodo que conduz o homem a um estado afetivo angustiado: a sensação de que o

tempo se esvai cada vez mais em direção ao passo final, ou seja, à morte. Então o que

fazer? “So resta a açao”, conforme ele declara. Mas uma açao de natureza desesperada,

que quer a todo custo superar esse entrave fatal, buscando meios de resistir ou de se

entregar ao absurdo, levando-o mais adiante e assumindo a vida enquanto tal. Felicidade

é a exigência imediata daquele que se deu conta de que o absurdo é uma relação

essencial entre o homem/mundo. Sem a felicidade e sem o absurdo, outros princípios

éticos como a justiça, a verdade e a liberdade não podem ser abordados. Por isso, é

possível mapear a felicidade ao longo da obra camusiana, desde as primeiras crônicas e

narrativas, passando pelas peças de teatro, os grandes romances que lhe deram fama e

fortuna, seus artigos de jornal e, por fim, seus ensaios filosóficos. A noção de felicidade

em Camus nao e nada mais do que uma “vontade” dirigida a se tornar a “mais eficaz

regra de açao” na qual o homem pode se conectar com o reino que lhe é próprio, com o

único meio com o qual ele é capaz de se relacionar: a vida terrena. Com vistas nessa

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69 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

análise, a presente comunicação busca compreender de que maneira a felicidade pode

convergir com o desespero mais agudo contrariando a tendência idealista de considerar

esse conceito ético incompatível com afetos negativos.

Palavras-chave: absurdo; felicidade; ética.

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70 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Flávio Telles Melo

DEMOCRACIA E RELIGIÃO EM HABERMAS: UMA POSSIBILIDADE DE

CONVIVÊNCIA EM UM ESTADO SECULAR NO CONTEXTO DE UMA

SOCIEDADE PÓS-SECULAR

Estudante do Doutorado Interinstitucional em Filosofia da PUC Rio com a UVA Ceará

Orientador: Prof. Dr. Danilo Marcondes de Souza Filho (PUC Rio)

Na perspectiva da teoria do discurso de Jürgen Habermas e de seu projeto de

democracia deliberativa, nosso trabalho tem como objetivo analisar a questão da

possibilidade, dos valores religiosos virem ainda a justificar o agir humano na esfera

pública política. Um dos desafios que nos impomos, para atingir essa meta, é aquele de

refletir como se dá a relação entre crentes e não-crentes no embate em que se pretende

fundamentar o agir humano. O diagnóstico de Habermas é o de que nossa sociedade se

encontra em um contexto de mundo pós-metafísico, onde o real não é mais pensado a

partir de axiomas e de pressupostos transcendentais. Assim sendo, as esferas da vida no

âmbito da cultura, do direito e da política não se sustentam em razões que vão para além

das realidades factuais, mas na racionalidade comunicativa consensual do ordenamento

jurídico elaborado pelos próprios concernidos., O Estado assume sua neutridade diante

das pretensões de validade exclusivista da metafísica. O Estado moderno secular é

aquele onde é exigida a separação entre o Estado e a Igreja e por isso as instituições

jurídicas e políticas devem ser rigorosamente imparciais em relação aos valores e aos

imperativos morais das religiões. Assim, o Estado liberal, por isso neutro, no entender

de Habermas, deve se propor a dirimir possíveis polêmicas entre convicções religiosas e

entre os cidadãos crentes e não crentes. Ao mesmo tempo, esse Estado neutro é

representativo da autonomia dos cidadãos, pelo uso público da razão, de uma sociedade

que agora denominamos de “pos secular”, refletida filosoficamente no pensamento pos

metafísico. A sociedade pós secular é caracterizada pelo reconhecimento público que se

dá a vários enfoques, à várias visões de mundo. Reconhece-se que a “modernização da

consciência pública” abrange tanto mentalidades religiosas como mentalidades

seculares e que ambas devem contribuir, em processo de aprendizagem, em “temas

controversos” da esfera pública politica. Por fim, a possibilidade de convivência entre

crentes e não crentes se dá pela exigência que o contexto pós metafísico faz que se

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71 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

traduza a linguagem religiosa à uma linguagem universalmente aceita por todos os

cidadãos e apoiada numa base de entendimento comum.

Palavras-chave: política; religião; pós-secular.

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72 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Gabriel Ferri Bichir

KIERKEGAARD CONTRA HEGEL: UM EMBATE ENTRE DOIS MODELOS DIALÉTICOS

Universidade de São Paulo (USP) – Programa de Pós-graduação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

Prof. Dr. Vladimir Pinheiro Safatle

Bolsista CAPES

A presente comunicação tem como objetivo propor uma análise crítica dos modelos

dialéticos de Hegel e de seu antípoda, Kierkegaard. O aspecto lógico-dialético rigoroso

da obra kierkegaardiana foi por muito tempo ignorado pela tradição de comentários, que

se focava, sobretudo, em seu momento “existencial”, desprezando a centralidade de seu

embate com Hegel. Desde os anos 1990, observou-se um renascimento dessa temática

(sobretudo com o comentário-referência de Jon Stewart, Kierkegaard’s relations to

Hegel reconsidered) e a constante tentativa de precisar em que termos esse confronto

entre os dois pensadores deve ser entendido. Resgatando alguns elementos importantes

desse debate, buscaremos problematizar até que ponto é possível falar de duas dialéticas

distintas ou de um mesmo modelo com diferentes ramificações. Para tanto, dividiremos

a exposição em três momentos: no primeiro, tratar-se-á de introduzir a concepção

kierkegaardiana de dialética e como ela deve ser compreendida no interior de sua

produção como um todo; em seguida, apresentaremos suas principais críticas a Hegel,

tendo por guia problemas eminentemente lógicos (como a questão do início sem

pressuposição da Lógica hegeliana, seu conceito de movimento e de contradição etc);

por fim, buscar-se-á apontar a dimensão da dívida kierkegaardiana a Hegel, ressaltando

tanto os aspectos conflituosos como aqueles convergentes em suas filosofias.

Palavras-chave: dialética; Kierkegaard; Hegel.

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73 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Gabriela DeLuca

A VERSTEHEN SIMMELIANA E O PROBLEMA DO PERSPECTIVISMO

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Programa de Pós Graduação em Filosofia

Orientador: Felipe Gonçalves Silva Co-Orientador: Eros Moreira de Carvalho

Tendo em vista o problema da objetividade do conhecimento científico que orientava os

primeiros modelos filosóficos dirigidos à sustentação

das Geistwissenschaften (problema que já se colocava para autores como Dilthey,

Rickert e Windelband, para citar alguns), a comunicação procura reconstruir o quadro

epistêmico encontrado nos escritos filosóficos de Georg Simmel, salientando o modo

peculiar como o autor procura harmonizar seu perspectivismo metodológico com a

demanda por objetividade nas ciências humanas. Nesse quadro, a Verstehen, ou

compreensão, assume um papel central, primordialmente em sua filosofia da história.

Para Simmel, a investigação histórica deveria resultar em formas da história capazes de

manter o caráter vivo próprio de sua natureza e que é perdido no processo inevitável de

intelectualização que fragmenta os conteúdos. A compreensão simmeliana surge como o

processo, tanto metódico como fundamental, capaz de fragmentar e de recuperar a

continuidade própria da vida, através do uso dos chamados conceitos gerais escolhidos

por um sujeito. Pela dinamicidade da vida, pela multiplicidade de pontos de vista e pela

possibilidade de escolha do conceito geral, as formas da história serão diversas, de

modo que cada uma complemente o mosaico da realidade histórico-social. Assim, a

multiplicidade de formas é inerente ao processo de compreensão nas ciências humanas,

tornando o perspectivismo um facilitador na busca pela verdade, e não o contrário.

Palavras-chave: filosofia da ciência; Verstehen; Georg Simmel.

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74 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Gilberto Bettini Bonadio

SUBJETIVIDADE E ARTE: A CONSCIÊNCIA ÉTICA NO ROMANCE SEGUNDO ALBERT CAMUS

Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – campus Guarulhos

Doutorado/Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – campus Guarulhos;

Orientador (a): Profª. Drª. Arlenice Almeida da Silva

Bolsista FAPESP

Este trabalho pretende investigar a reflexão de Camus sobre o romance enquanto obra

de arte e intervenção corretiva da inteligência do artista em relação às suas vivências.

Na obra O Homem Revoltado, o capítulo “Revolta e arte” evidencia a significaçao etica

e metafisica do romance que em seu proprio movimento criativo propõe a “correçao” do

mundo real para que o homem encontre os limites e a forma que atribuiriam um sentido

às suas vivências; uma vez que Camus enxerga na atividade artística uma forma que

sugere outro valor à vida humana, a criação estética constitui-se então como a atividade

suprema pela qual o homem confere sentido à existência marcada pelo absurdo. Assim,

no chamado romance clássico francês, tal como o entende Camus, pode-se notar a

presença de inteligência ordenadora e exemplar que, à maneira de uma consciência que

age no mundo, confere uma forma ao sofrimento e às paixões humanas ao dominá-los

pelo discurso, oferecendo, com isso, a ilustração de uma conduta a ser seguida e o

estreitamento das relações entre arte e vida que, segundo o autor, o romance realiza. A

partir da investigação sobre a criação artística, podemos já vislumbrar as implicações

éticas para as quais a estética de Camus se inclina em vista de uma filosofia prática,

voltada eminentemente para questões que estimulem e possibilitem a reflexão e a ação

moral do homem frente ao sentimento do absurdo e da revolta.

Palavras-chave: Albert Camus; romance; ética.

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75 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Gilmar do Nascimento Santos

SOBRE A VALIDADE COGNITIVA DE ENUNCIADOS NORMATIVOS: OBSERVAÇÕES CRÍTICAS ACERCA DO CONSTRUTIVISMO DE J.

HABERMAS

Doutorado em Filosofia/ PPGFIL UERJ

Orientador: Marcelo de Araújo

Bolsista CAPES

Por meio da distinção entre os sentidos de validade de proposições descritivas, por um

lado, e de proposições normativas, por outro lado, Habermas postula, especialmente no

texto Correção versus verdade: o sentido da validade deontológica de juízos e normas

morais, uma relaçao de analogia entre “verdade” e “correçao”. Tal relaçao denota um

construtivismo normativo cognitivista, em bases rigorosamente deontológicas. O

objetivo da comunicação será sugerir que, não obstante o estabelecimento de uma

relação de analogia entre “verdade” e “correçao” possuir plausibilidade, essa analogia

não precisaria ser defendida em um registro exclusivamente deontológico. Para a defesa

dessa relação de analogia, bastaria, com efeito, recorrer à tradição das teorias

nãodeontológicas do contrato social. Habermas, todavia, incorre em dois equívocos que

o levam a rejeitar por completo um construtivismo cognitivista de viés contratualista.

Mais precisamente, Habermas recusa a ideia mesma segundo a qual o contratualismo

poderia ser caracterizado como uma vertente normativa cognitivista. Os equívocos

supracitados são: a) a apreensão parcial de um traço distintivo básico das teorias do

contrato social, o autointeresse; e b) uma concepção por demais exigente das

possibilidades da racionalidade humana. A rejeição acima mencionada, por sua vez,

impede Habermas de oferecer uma justificação mais convincente do teor cognitivo de

proposições normativas.

Palavras-chave: construtivismo; Habermas; contratualismo.

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76 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Gisele Batista Candido

O NADA QUE É TUDO: UMA ABORDAGEM FILOSÓFICA DO MITO NA

OBRA DE FERNANDO PESSOA

Doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo - USP

Orientador: Prof. Dr. Márcio Suzuki

Bolsista FAPESP

O oxímoro expresso no verso inaugural do poema Ulisses de Fernando Pessoa condensa

de forma exemplar o caráter fictício e ao mesmo tempo fundamental que o mito adquire

em seus escritos: “o mito e o nada que e tudo”. Embora a ocorrência do mito no livro

Mensagem (1934) seja reconhecida por sua repercussão messiânica, política e

sociológica, que envolve a reinterpretação do sebastianismo e a edificação da identidade

portuguesa, a compreensão sintetizada no primeiro verso de Ulisses, poema que compõe

tal livro, reflete uma dimensão metafísica do mito que permeia toda a obra pessoana.

Diante da condição existencial contingente do ser humano, o discurso mítico surge

como artifício privilegiado pelo poeta, devido a sua potencialidade criadora, capaz de

“entrar na realidade e fecundá-la”. Conforme a peculiaridade de cada escrito, esse

discurso também assume diversas fisionomias e fomenta o pensamento poético-

filosófico característico de Fernando Pessoa, ao mesmo tempo em que é desenvolvido e

inclusive privilegiado por ele. Com efeito, além de criar uma espécie de panteão

peculiar com seus heterônimos, semi-heterônimos e personalidades heteronímicas, o

poeta desenvolve reflexões sobre política, linguagem, metafísica, ética e até mesmo

sobre sua própria aspiração, recorrendo a uma perspectiva mítica de alcance e

relevância filosófica. Este trabalho visa desenvolver um estudo sobre as variações do

discurso mítico na obra de Fernando Pessoa, considerando sua articulação com o

pensamento poético-filosófico do autor.

Palavras-chave: filosofia; mito; poesia.

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77 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Guilherme de Lucas Aparecido Barbosa

LITERATURAS DISTÓPICAS E O DESDOBRAMENTO DO PROGRAMA

BACONIANO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Universidade Federal do ABC (UFABC)

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Filosofia

Orientador: Prof.ª Dra. Luciana Zaterka

Bolsista UFABC

As distopias tecnológicas da primeira metade do século XX [1984, Nós e Admirável

Mundo Novo, por exemplo] são sátiras políticas que criticam os ideais que permeiam o

tempo no qual foram escritas. Retratam de forma realista sociedades totalitárias que

utilizam, dentre outras coisas, da tecnociência como forma de coerção. Por realizarem

uma crítica à sua sociedade são herdeiras das ficções utópicas, representandouma etapa

posterior as utopias clássicas;utilizando da força do Estado para manter um projeto de

cidade. As utopias clássicas Seiscentistas [como: A Utopia (1516, Thomas More) e

Cidade do Sol (1602, Tommaso Campanella)] são o “nao-lugar” (do grego: u- topos), a

negação da Europa dos séculos XV e XVI. A estrutura de uma utopia clássica, como a

de Morus e Campanella, faz-se ilustrada pela busca do paraíso terreno, pela geometria

de suas ruas e por certo interesse na ordem e na engenharia social. Os conhecimentos e

os avanços científicos vinculados a uma nova concepção de progresso fazem da The

New Atlantis (1624), texto utópico de Francis Bacon, uma importante obra para as

futuras utopias pós – século XVII, dentre estas as ficções científicas contemporâneas.

Nesta utopia estão expressos os ideais da filosofia baconiana de ciência como

tecnologia, no conhecimento-domínio, e do leitmotiv: Saber é Poder, uma concepção de

ciência que deve, sobretudo, visar o bem-estar da humanidade. Na filosofia de Bacon as

descobertas feitas pela ciência devem ter como objetivo facilitar a vida humana sobre a

Terra. Possivelmente, ao apresentarem sociedade demasiadamente tecnológicas e

opressoras, a literatura distópica contemple uma visão pessimista e crítica ao

desenvolvimento do conhecimento-domínio do programa baconiano de ciência e

tecnologia, devido aos desdobramentos do programa que não foram assimilados na

totalidade, ou seja, sem os ideais de Caritas (Caridade) e Commonwealth(Bem-estar da

comunidade).

Palavras-Chave: utopia; distopia; Francis Bacon.

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78 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Guilherme José Santini da Silva

A DOUTRINA DAS IDEIAS ETERNAS DE WILHELM VON HUMBOLDT

PUC-SP e IFMT

Doutorado em Filosofia/Pós-Graduação em Filosofia

Orientador: Mário Ariel González Porta

Bolsita CAPES

Em 1821, Wilhelm von Humboldt, fundador da Universidade de Berlim, escreveu um

artigo intitulado Über die AufgabedesGeschichtschreibers – “Sobre a Tarefa do

Historiador”. Endereçado à Academia Prussiana de Ciências, o artigo, como o proprio

título já diz, apresenta teses que falam de Historiografia. O que é a escrita da História e

como ela deve ser feita? -estas são as perguntasque Humboldt se propõe a

responder.Muito embora pareçaque o artigo contenha teses de interesse exclusivo para

historiadores, nós pretendemos assinalar que as teses ali contidas possuem interesse

para filósofos também, pois repousam sobre um tema cujo tratamento será decisivo para

a Hermenêutica filosófica: a interpretação e suas condições de possibilidade.

Alcançando o tema do conhecimento histórico, na medida em que o problematiza,

Humboldt insinuará no artigo uma crítica ao mesmo; crítica propriamente dita, em

sentido kantiano, como investigação das condições subjetivas de sua possibilidade; e

como possibilidade de conhecer a verdade de um fato histórico, já pressupondo que isto

é possível. Assim é que Humboldt chegará, no mesmo artigo, à formulação da doutrina

dasIdeias Eternas. O nosso objetivo será assinalar, então, que as teses ali contidas

podem ser consideradas seminais para a Hermenêutica filosófica; logo,que é um artigo

importante para a História da Filosofia Contemporânea.

Palavras-chave: Humboldt; hermenêutica; filosofia da história.

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79 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Guilherme T M Schettini

A RESPEITO DO USO DA MATEMÁTICA NAS CIÊNCIAS POLÍTICAS

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Programa de Pós Graduação em Filosofia (PPGF)

Orientador: Jean-Yves Beziau

Bolsista CAPES

O fato da Matemática se aplicar adequadamente à realidade empírica pode ser objeto de

espanto para aqueles que, à semelhança de Eugene Wigner, concebem essa disciplina

como uma ciência inteiramente inventada “para os seus proprios propositos”. Com

efeito, no caso de Wigner certamente o é: para o autor, a pertinência da linguagem da

Matemática para a formulação das leis da Física, por exemplo, não é outra coisa senão

um milagre. Há, no entanto, posições na filosofia da matemática contemporânea que,

sem apelo ao Desconhecido, pretendem explicar o porquê da aplicação aparentemente

bem sucedida da Matemática nas ciências empíricas. Os melhores exemplos disso são,

possivelmente, a tese do mapeamento e a concepção inferencial. Grosso modo, a tese do

mapeamento assevera que a Matemática pode (e é) aplicada às ciências empíricas

porque há uma relaçao de similaridade estrutural entre o “mundo empirico” e o “mundo

matemático”, funcionando este como um mapa daquele. A concepção inferencial, por

sua vez, reconhece a existência de mapeamentos entre o “mundo empirico” e o “mundo

matemático”, mas enfatiza que o papel fundamental da Matemática nesses

mapeamentos e o de produzir inferências (i.e., novas verdades a partir de “verdades

iniciais”), que de outro modo dificilmente seriam produzidas. Nesta comunicaçao,

pretendemos discutir o uso da Matemática nas ciências políticas, em especial no

Paradoxo de Condorcet e nas teorias de escolha pública, com ênfase nas perspectivas do

mapeamento e da concepção inferencial.

Palavras-chave: tese do mapeamento; concepção inferencial; Paradoxo de Condorcet.

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80 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Gustavo Bravo Carvalho

PROPRIEDADES DISPOSICIONAIS E CAUSALIDADE

UFRJ PPGLM – Programa de Pós-Graduação Lógica e Metafísica

Orientador: Guido Imaguire

Na história da filosofia a questão da causalidade é um tópico central. O que significa

dizer que X é causa de Y? Qual é o fundamento ontológico da relação de causalidade

entre os entes? A questão da causalidade é fundamental na medida em que o conceito de

causa é parte essencial de nossas descrições da realidade na linguagem ordinária e

também na linguagem científica, a despeito do famoso artigo de Russel, On the notion

of Cause (1912), que sustenta que a noção de causa não tem lugar na ciência. Nesta

comunicação abordaremos o tópico da causalidade a partir do chamado realismo de

disposições, tal como elaborado por John Heil em seu livro From an Ontological Point

of View (2003). Propriedades disposicionais se distinguem das chamadas propriedades

categoriais. Uma propriedade disposicional, em termos genéricos, é aquilo que torna um

ente qualquer capaz de certas ações específicas, por exemplo, a capacidade de um fio de

cobre para conduzir eletricidade. Por outro lado, propriedades categoriais dizem respeito

aos atributos que um ente possui e que não causam processos específicos em

determinadas circunstâncias, como, para retomar o exemplo, a extensão e a cor do fio de

cobre. Podemos considerar a disposição como uma capacidade para manifestar certo

comportamento quando determinado estímulo está presente em condições ambientais

adequadas. Segundo a metafísica das disposições, poderes causais são ontologicamente

irredutíveis a propriedades categoriais e mesmo a análise de locuções disposicionais não

pode ser feita em termos puramente regularistas ou contrafactuais. Para Heil,

disposições ou poderes causais são aspectos de propriedades de substâncias que

fundamentam as ações e as relações causais de um determinado agente. Toda disposição

tem como correlato um determinado tipo de manifestação. Assim, uma disposição como

a solubilidade é individuada pela sua manifestação característica. Entretanto,

manifestações não são disposições, porque estas existem ainda que não se manifestem.

Na visão de Heil, disposições são os veridadores (ou fazedores de verdade, truthmakers)

de proposições condicionais contrafactuais como “Se A nao existisse, entao B tambem

nao existiria”. Nesse caso, B nao existiria, porque depende do poder causal de A.

Segundo Heil, a redução de enunciados disposicionais a proposições contrafactuais –

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81 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

como o faz Daviz Lewis, para evitar o compromisso ontológico com a existência de

disposições – é um beco sem saída porque não resolve a questão dos veridadores destes

condicionais, mesmo que a redução dos enunciados seja bem-sucedida (e Heil entende

que ela não é). Neste sentido, Heil é um realista acerca de disposições, porém, ele não

pensa que disposições sejam propriedades distintas das chamadas propriedades

categoriais ou ocorrentes. Propriedades são atributos de substâncias que as sustentam e

possuem tanto um aspecto categorial plenamente manifestado, quanto um aspecto

disposicional responsável por seus poderes causais.

Palavras-chave: ontologia; causalidade; disposições.

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82 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Gustavo Pereira

DIFERENÇA E EVOLUCIONISMO: QUESTÕES BERGSONIANAS

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Doutorado/Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PPGFil

Orientador: Ivair Coelho Lisboa R. de N. Itagiba Filho

A filosofia da diferença pensada por Bergson, em composição com os conceitos de

diferenciação e de impulso vital, abre espaço para uma potencialização fundamental

acerca da vida e para um alargamento do horizonte do evolucionismo. Pela

diferenciação, qualquer virtualidade potencial pode vir a atualizar-se, anunciando sua

concretude em existência sob a forma dos organismos vivos. Paralelamente, Bergson

marca o impulso vital como o autor do processo de diferenciação, a possibilidade da

expressão da diferença. Assim, o plano da diferenciação é exatamente o que se entende

por evolução: evoluir é transformar-se, atualizar-se; é instaurar novas composições,

assumir novidades vitais, através de um incessante movimento de atualização da

potência da vida, sob as mais diversas formas e linhagens biológicas, ao longo do

tempo, num processo biológico inesgotável de criação do inédito viável. Adicionando-

se a ideia de diferença como fundamento à evolução da vida, estende-se o fundo da

evolução biológica: ao lado da adaptabilidade dos organismos vivos às circunstâncias

ambientais objetivas, está a potência inerente da diferença interna à própria vida, seu

élan vital, estruturando novos planos de possibilidades para a eterna criação de

composições do vivo. É em associação a essas entranhas metafísicas da biologia que as

considerações aqui propostas ganham relevância de estudo. Este olhar sobre a diferença

é a novidade na filosofia de Bergson. Este é o triunfo da concepção da diferença

bergsoniana.

Palavras-chave: Bergson; diferença; evolução.

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83 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Irlim Corrêa Lima Júnior

PARADOXOS DO ABRUPTO: O CONCEITO DE EXÁIPHNES EM PLATÃO

PUC-Rio Doutorando em Filosofia

Orientador: Edgar Lyra

Bolsista da CAPES

No Parmênides, Platão expõe uma série de paradoxos e incongruências entre o uno e o

múltiplo, problematizando sua própria teoria das ideias, concluindo a obra em aporia.

Numa difícil passagem, o que se evoca pelo nome de exáiphnes possui uma natureza

estranha situando-se como termo intermediário entre os binômios uno/múltiplo,

repouso/movimento... Frequentemente traduzido por instante, esta tradução mascara a

natureza insólita do exáiphnes, pois Platão frisa que não se situa em tempo algum e,

portanto, não devemos compreendê-lo como um fenômeno interno à temporalidade do

mundo sensível. A palavra admitiria traduções como: súbito, repentino, imediato.

Assim, nada obstante possuir relação íntima com o acontecimento mesmo do tempo, o

súbito parece ser considerado por Platão de forma marginal à trama e à fluidez do

tempo. Como evento súbito – seja ele estruturalizante do tempo ou lhe sendo

extraestrutural –, é a instância paradoxal na qual as incongruências se mostram, por um

lado, simultaneamente possíveis e intercambiáveis e, por outro, indissolúveis em sua

antinomia inconciliável. A intenção deste trabalho será o de refletir sobre o caráter

paradoxal desse conceito, contextualizando-o e contrastando-o com noções cruciais que

integrariam à teoria das ideias, a fim de compreender certas aporias e superações

próprias do pensamento de Platão.

Palavras-chave: Platão; metafísica; exáiphnes.

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Ítalo Alves

A CAPACIDADE NORMATIVA DA CONTINGÊNCIA

Mestrando Programa de Pós-Graduação em Filosofia, PUCRS

Orientador: Dr. Thadeu Weber

Bolsista CNPq

A contingência pode ser normativa? Em outras palavras, aquilo que tanto pode ser como

pode também não ser tem a capacidade de determinar o que deve ser? A questão, que

aqui perscruto com vistas à filosofia política, remonta à filosofia moral de Kant, para

quem a resposta era, basicamente, não – a lei moral é imperativa, necessária, não há

espaço para a contingência. Em Hegel, porém, duro crítico de Kant, a contingência

adquire papel central, servindo de motor para o desenvolvimento de todo seu edifício

filosófico. Neste trabalho, proponho uma investigação do papel da contingência no

sistema hegeliano com vistas a responder à questão inicial: a contingência é capaz de

normatividade política? Procedo, inicialmente, com uma exposição da dialética das

modalidades, seção da Lógica que demonstra que necessidade e contingência

imbricamse mutuamente. Em seguida, busco demonstrar como essa imbricação se

apresenta na Filosofia Real, primeiro na Filosofia da Natureza e depois, num grau

maior, na Filosofia do Espírito, reino da liberdade humana. Abordando especificamente

a Filosofia do Direito, argumento pela possibilidade de uma leitura em que: (1)

compreenda-se a normatividade processualmente, em níveis progressivos de

determinação do Conceito; (2) a contingência, embora passível de mitigação, nunca seja

extirpada do sistema e sirva como garantia da liberdade; e (3) a presença da

contingência nos permita inserir elementos como o dissenso e o conflito no próprio

processo de formação normativa.

Palavras-chave: Hegel; normatividade; contingência.

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Jacira de Assis Souza

A FENOMENOLOGIA HERMENÊUTICA DO SI: O PARADIGMA DA TRADUÇÃO

Mestranda em Filosofia pelo PPGFIL – UERJ

Orientadora: Dra. Elena Moraes Garcia

A hermenêutica do eu esta situada em igual distancia entre a apologia do Cogito e a sua

destituição. Ricoeur toma como equivalentes a filosofias do sujeito das filosofias do

Cogito. Tais filosofias têm um traço que lhes é comum: a oscilação da figura do Cogito

ora enfraquecido, ora fortalecido. A fenomenologia hermenêutica do si é formulada por

Ricoeur, ela experimenta de diversos modos a pergunta “quem”? . Procura pelo sujeito

moral da imputação. Essa é uma questão que traz em seu bojo uma polissemia inerente:

“ quem fala de quê? Quem faz o quê? De quem e de quê fazemos narrativa? Quem e

moralmente responsável de quê?”1 . Esses exemplos sao suficientes para demonstrar a

extensao polissêmica da questao. Outro traço que marca a pergunta “quem” e a

contingência do questionamento que está ligada conjuntamente as divisões da gramática

das linguas naturais e o uso do discurso comum. A resposta para a pergunta “quem”

Ricoeur diz que e o “si”. O lugar privilegiado onde os problemas da identidade e da

alteridade se colocam é o campo da tradução. Porque é na tradução que a multiplicidade

das línguas, que serve como modelo das relações inter-humanas, que o exercício de

aproximação e distanciamento com o outro se dá. O que colocaria em articulação o

problema teórico da tradutibibilidade e o problema prático da atividade de tradução. A

inter-relação da competência e da performance no nível do sujeito falante. Diante do

dilema prático - nem fidelidade sem traição – o paradoxo teórico: a falta de um terceiro

texto que mostraria a identidade de sentido, a única saída é buscar uma equivalência de

sentido entre a mensagem da língua original e esse da língua do tradutor. O dilema se

assenta nessa equivalência presumida que dá lugar ao dilema prático fidelidade/traição.

A solução que Ricoeur aponta para este dilema está em forma de paradoxo: “levar o

leitor até o autor, trazer o 1 RICOEUR,Paul Si-mesmo como um outro, Campinas, São

Paulo: Papirus, 1991 p. 31 autor ate o leitor”2 . A traduçao em ato se transforma em

desejo de traduzir, desse modo revela seu caráter paradigmático; se revela como um

hospedar, um acolhimento do estrangeiro no seu habitat. Estrangeiro aqui, no sentido de

estranho, de algo que é outro de si. É essa consideração a hospitalidade lingüística que

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86 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

coloca a nota moral sobre o desejo e o prazer de traduzir. Em Tempo e Narrativa III

Ricoeur introduz sua concepção de identidade narrativa, na obra Soi-même comme um

autre essa noção é desenvolvida numa reflexão radical do sujeito de modo não

subjetivista, Le juste 2 “o paradigma da traduçao”. Pretendo demonstrar que o confronto

entre identidade e diferença se coloca na tradução.

Palavras chaves: identidade; tradução; alteridade.

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87 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Jessica Di Chiara

O QUE HÁ NO ENSAIO QUE POSSIBILITA A DIALÉTICA NEGATIVA COMO MÉTODO?

Mestranda em Filosofia pela UFF, na linha de Estética e Filosofia da Arte

Orientador: Pedro Süssekind

Enquanto Benjamin ao ler, em 1937, parte da Metacrítica da teoria do conhecimento

comenta que “e preciso atravessar o deserto de gelo da abstraçao para alcançar

definitivamente o filosofar concreto”, Adorno anuncia no prefácio de sua Dialetica

Negativa, em 1966, querer traçar justamente um caminho retrospectivo na filosofia:

partir do filosofar concreto para (talvez) chegar à abstração. A filosofia que, para

Adorno, esteve ligada idealmente a uma separação fundamental entre matéria e ideia

(ou entre sujeito e objeto, forma e conteúdo) porque pensada de forma pouco histórica,

teria necessidade de subverter essa proposta idealista de separação das esferas para que

a pergunta sobre a sua atualidade, principalmente após a morte de Hegel, pudesse

continuar a ser respondida. Pensando, sobretudo, o momento da produção (a forma do

pensamento que pela autorreflexão denuncia a inadequação entre coisa e conceito), o

método dialético negativo seria a interpretação materialista da história dessa razão que

produziu uma relação de identidade entre filosofia e idealismo. Desvencilhar a filosofia

de seu passado idealista e metafísico é revogar a ela uma tarefa específica: ater-se tanto

à matéria do mundo quanto à sua própria materialidade. O ensaio, que se movimenta

internamente por conceitos (a matéria da filosofia), e especula de forma privilegiada

sobre objetos específicos da cultura, ou seja, sobre obras de arte (a matéria enformada

do mundo) aparece, em O ensaio como forma, texto de 1958, como um modelo crítico

de escrita. Quando mesmo uma escrita engajada parece sucumbir ao domínio do

mercado, como pensar que existe algo na própria tessitura do texto, algo como forças

atuando dentro dele que movem o pensamento ao invés de paralisá-lo? A autocrítica

teria a ver com esse procedimento? À pergunta lançada por Adorno sobre a

possibilidade de se escrever poemas depois de Auschwitz, este trabalho devolverá a

seguinte pergunta: “É possivel escrever filosofia diante de todo o sofrimento?” ou

“Como escrever filosofia hoje?”. Este trabalho se propõe, assim, a pensar junto com

Adorno o que a escrita filosófica, particularmente o modelo crítico de escrita filosófica

que é o ensaio, pode inaugurar. O que é que o ensaio abre nessa relação entre ideia e

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88 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

matéria (entre forma e conteúdo, entre sujeito e objeto)? Por que uma aposta no ensaio?

O que, por fim, há no ensaio que possibilita a dialética negativa como método?

Palavras-chave: Theodor W. Adorno; dialética negativa; ensaio.

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89 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

João Gabriel Paixão

JAMES BLAKE OU O NÃO-SER COMO ARTE

Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Orientador: Noéli Ramme

Bolsitas CAPES

O ponto de partida desta pesquisa é o trabalho do músico James Blake cuja obra é feita

com grandes zonas de silêncio que são como buracos vazios impostos no interior das

composições. Somando-se a este vazio, ainda estão o uso de graves muito profundos,

mais tácteis do que melódicos, e de distorções e ecos nos sons em geral, o que abre a

uma atmosfera sonora menos lúgubre do que árida, devido à “pobreza” de sons ali

trabalhados. A partir daí, este projeto quer articular o trabalho deste silêncio com o

conceito de negatividade, do não-ser, caro particularmente a Hegel, através da seguinte

lógica conceitual: (1) a música de Blake é atraída para o silêncio, ou seja, para o que é

negativo à música, como se essa atração levasse-a a sair do terreno propriamente

musical; (2) a música e incapaz de “sair” da música, porque obviamente deixaria de ser

música, de forma que esta atratividade do vazio é uma reflexão da música sobre si

mesma (porque passa a compreender seus limites). Este percurso realizado, do vazio à

reflexividade, espelha ao percurso da própria consciência, tal como demonstra Hegel,

avançando através de um momento de negatividade para uma síntese posterior de

reflexividade. A arte, sendo assim um espelho da consciência, pode pensar?

Palavras-chave: negatividade; reflexividade; Hegel.

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Johanna Andrea Bernal Mancilla

A NOÇÃO DE MULHER-OBJETO: UMA LEITURA DESDE A TEORIA DA TROCA SIMBÓLICA DE JEAN BAUDRILLARD

Doutorado em filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais, Grupo de Pesquisa: Filosofía, educación y pedagogía (Colombia)

Orientador: Telma Birchal Coorientadora: Magda Guadalupe dos Santos

Bolsista CAPES

A partir das teorizações da troca simbólica e da sedução, Jean Baudrillard mostra que na

história existe, pelo menos, três modos de produção: o intercâmbio primitivo, o

capitalismo e o post-fordismo, e que cada um deles configura três ordens econômicas

com diferentes regras e leis. De maneira que, nas sociedades originarias se configura a

ordem do intercâmbio primitivo com seu princípio de reversibilidade: dar, receber e

retribuir, nesta ordem se diz que circula um objeto-símbolo; nas sociedades capitalistas

se configura uma ordem regida pela lei de equivalência: valor de uso/valor de troca e

um princípio de acumulação que põe em circulação um objeto-mercadoria; por último,

nas sociedades post-fordistas configuram uma ordem do consumo na qual o valor-signo

põe em circulação um objeto-signo. Nessas três ordens econômicas as relações entre

sujeito e objeto se modificam, pois no intercâmbio primitivo das sociedades originarias

e no intercâmbio das sociedades post-fordistas entram em relações que Baudrillard vai

chamar como relações de sedução, a diferencia das relações de poder e negação que

surgem nas sociedades modernas e capitalistas. Para o pensador francês, se o objeto

pode adquirir diferentes conotações quando entra em outras ordens de intercambio

diferentes à ordem mercantilista e capitalista, então não resulta tão contraproducente

pensar à mulher como objeto, já que este lugar não assinalaria simplesmente uma

relação de dominação ou opressão. Neste projeto de pesquisa procura-se ampliar a

perspectiva da noção de mulher-objeto que tem sido trabalhada por algumas teóricas

feministas como Luce Irigaray, Celia Amorós, Catherinne Mackinnon e Carole

Pateman, as quais enfatizam na ideia de que no momento em que as mulheres não

podem ser sujeitos de direitos, sujeitos nos intercâmbios e, pelo contrário, elas são

assumidas como objetos pelos homens, então surgem as relações de opressão. A

intuição que seguimos com as teorias de Baudrillard é que resulta possível pensar à

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91 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

mulher no estatuto do objeto como uma mulher objeto-símbolo ou uma mulher objeto

signo, sem que este lugar remita a um estado de opressão ou exploração.

Palavras chave: troca simbólica; mulher-objeto; Jean Baudrillard.

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92 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Juliane Bianchi Leão Mendes

FOUCAULT, ESTRUTURALISMO E MAIO DE 1968

Uerj Mestrado – PPGFil

Orientador: Prof. Dr. Fabiano de Lemos Britto

Bolsista Faperj Nota 10

O evento maio de 1968 ocorrido na França reuniu críticas e questionamentos a diversos

aspectos da sociedade da epoca. O “movimento” estruturalista – muito influente na

intelectualidade francesa até então, em áreas tão diferentes como psicanálise, linguística

e filosofia – não passou imune; um dos famosos grafites dos jovens de maio foi

precisamente “As estruturas nao saem às ruas”; uma clara critica dos estudantes a

alguns dos pressupostos estruturalistas. François Dosse, em seu A História do

Estruturalismo coloca 1968 como marco para a reconfiguração de questões no

estruturalismo/pós-estruturalismo. Julian Bourg afirma que os eventos de 1968

colocaram questões que geraram uma virada ética em diversos autores do período. O

presente trabalho aponta em que medida esse evento foi importante no desenvolvimento

do trabalho de Michel Foucault com ênfase no problema do sujeito; apontando algumas

respostas que ele apresentou para questões levantadas pelos eventos de maio. Trata

também da relação de Foucault com o estruturalismo, que passou de uma proximidade

explícita em 1967, logo após a publicação de As Palavras e as Coisas, para um

afastamento enfático em 1972, momento em que ele afirma nunca ter sido estruturalista.

Palavras Chave: Foucault; estruturalismo; maio de 1968.

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Kailla Santos

DESRESPEITO E PATOLOGIAS SOCIAIS NA TEORIA DO RECONHECIMENTO DE AXEL HONNETH

Universidade Federal do ABC

Pós Graduação em Filosofia

Orientador: Silvio Carneiro

Reconhecimento é um conceito chave para compreender a atual realidade social. É uma

categoria de origem hegeliana que tem sido atualizada pelos filósofos políticos

contemporâneos afim de entender os conflitos gerados pelo capitalismo globalizador

que acelera as relações transculturais, pluralizando os horizontes de valor e politizando

as diferenças. Axel Honneth, filósofo alemão e teórico critico, em sua obra Luta por

Reconhecimento: a Gramática Moral dos Conflitos Sociais propõe uma teoria do

reconhecimento que pretende entender como os indivíduos e os grupos sociais estão

inseridos e se relacionam na sociedade. Essa teoria inclui uma categorização da

realidade social que aparecem em três esferas: amor, direito e solidariedade. A luta pelo

o reconhecimento acontece quando somos desrespeitados dentro de alguma dessas

dimensões. Esse desrespeito além de prejudicar a autorrealização plena do indivíduo em

sociedade, é a base para o desenvolvimento de patologias sociais. Este trabalho

intenciona tratar como Honneth articula sua argumentação dentro da teoria do

reconhecimento, partindo da noção de desrespeito e de seus exemplos, para expor o

desenvolvimento da sua elucidação com relação as patologias sociais e seus

desdobramentos, prevenção e ou recuperação.

Palavras-chaves: reconhecimento; patologias sociais; desrespeito.

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94 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Kaline Viviane de Souza

DAS CONSIDERAÇÕES EXTEMPORÂNEAS À GENEALOGIA DA MORAL: UM PERCURSO DA APROPRIAÇÃO E CRÍTICA DO SENTIDO HISTÓRICO

NA FILOSOFIA DE NIETZSCHE

Universidade de São Paulo (USP) – Programa de Pós-graduação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

História da filosofia contemporânea

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Ribeiro de Moura

Esta comunicação terá como objetivo apresentar um estudo a respeito da transformação

do conceito de história ou ainda sobre o sentido histórico em dois momentos diversos da

filosofia de Friedrich Nietzsche. Partimos, assim, de um de seus textos considerados de

“juventude”, no caso a Segunda Consideraçao Extemporânea: sobre a utilidade e

desvantagem da História para a vida (1873), chegando até o período tardio da

Genealogia da Moral (1887). Por meio de tais textos, a intenção é mostrar qual o tipo de

apropriação e concomitante crítica que o nosso autor faz da história levando em conta as

mudanças operadas em seu referencial teórico; o que Nietzsche entende por História ao

mesmo tempo em que é modificado mais tarde mantém traços essenciais do que foi

primeiramente desenvolvido. Enquanto pensador alemão da segunda metade do século

XIX e homem de seu tempo, Friedrich Nietzsche, desde cedo já anuncia os perigos da

autonomização da história como um saber e seu consequente caráter totalizador, bem

como nos mostra qual utilidade esta pode ter à afirmação da vida; não se desfazendo

dela por completo. Ou seja, é a crítica aos excessos históricos da Segunda Consideração

Extemporânea que permitirá a retomada genealógica e consequente da história para se

perguntar sobre a origem dos valores da modernidade e a recusa à metafísica platônico-

cristã. Fundamentaremos tal relação, portanto, através da centralidade e continuidade

em seu pensamento do “conceito” de Vida.

Palavras-chave: história; vida; Nietzsche.

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95 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Karoline de Oliveira

AS LIBERDADES INDIVIDUAIS EM JOHN STUART MILL: UMA ANÁLISE

DO PROBLEMA DA PASSAGEM DO LIBERALISMO AO UTILITARISMO

Mestranda em Filosofia no PPGFIL-UFRRJ

Orientador: Walter Valdevino Oliveira Silva

Bolsista CAPES

A fim de pensar como a equação composta por Estado, sociedade e indivíduo pode se

organizar para tornar-se equilibrada, o filósofo liberal inglês John Stuart Mill (1806-

1873) escreveu em 1859 o ensaio Sobre a Liberdade, no qual nos apresenta argumentos

que tentam demarcar os limites das intervenções do Estado e da sociedade na vida do

indivíduo. Se considerarmos apenas a concepção política liberal de Mill, não teríamos

grandes problemas para defender que situações em que as ações dizem respeito a um

indivíduo adulto e em pleno gozo de suas faculdades mentais – sendo ele diretamente o

único afetado/prejudicado por suas ações – devam ser livres de intervenções estatais. O

grande problema surge quando o filósofo inglês assume um posicionamento ético

utilitarista, que estabelece que uma atitude moralmente correta é aquela que maximiza a

felicidade do maior número de pessoas. Ora, se, por um lado, Mill defende que o

indivíduo deve ter liberdade irrestrita para agir quando o principal afetado por suas

decisões é ele próprio, por outro lado, ao assumir uma postura utilitarista, parece que a

liberdade individual, sempre vista como algo a ser defendido acima da tirania de

qualquer governo e da opinião pública, é colocada em risco. O presente trabalho

pretende analisar passagens contidas nas obras On Liberty (1859) e Utilitarismo (1861)

e apresentar duas das possíveis formas de encarar o problema.

Palavras-chave: liberalismo; utilitarismo; compatibilidade.

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96 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Kissel Goldblum

A SUPERAÇÃO DA HERMENÊUTICA SUBJETIVA NA TEORIA DO

CONHECIMENTO DE SPINOZA

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais,

Programa de Pós-Graduação em Metafísica e Lógica

Orientador: Dr. Ulysses Pinheiro

Na primeira parte da Ética, na qual Spinoza trata sobre Deus3, o autor expõe a estrutura

ontológica do mundo, baseada em uma substância única composta por infinitos

atributos, cada um dos quais modificados por infinitos modos: “Pois alem da substância

e dos modos nada existe, e os modos nada mais são do que afecções dos atributos de

Deus.” (SPINOZA, 2007, p. 51). Se além de Deus não pode existir outra substância,

devemos compreender o homem como um modo de um atributo de Deus e não como

uma substância separada da Natureza. Parte essencial da Ética, os gêneros de

conhecimento4, são as maneiras pelas quais é possível conhecer a substância e seus

atributos. Estes mesmos gêneros do conhecimento têm sido, tradicionalmente,

analisados da perspectiva de faculdades humanas e consequentemente são

compreendidos como interpretações de uma hermenêutica subjetiva. Pretendo expor

uma linha de análise que revela o processo de conhecer de maneira distinta, a saber:

tomando-o como o próprio meio pelo qual Deus conhece a si mesmo, isto é,

compreendendo o estudo da epistemologia spinozana como inerente à sua teoria

ontologica. “Seus três gêneros do conhecimento nao se referem a três gêneros de

alguma faculdade humana; ao contrário, eles são as três maneiras pelas quais Deus

conhece a sua propria natureza.” (VINCIGUERRA, 2012, p.136)5.

Palavras chaves: epistemologia; ontologia; conhecimento.

3Vale ressaltar aosnãofamiliarizados com o conceito de Deus na obra de Spinoza - endende-se Deus como Natureza ou Substância, ou seja, Spinoza não conserva nenhuma característica religiosa ou antropomórfica de Deus. 4Cf. SPINOZA B. Ética, Parte II, Proposição 40 (2007, pp. 130-134). Os trêsgêneros do conhecimento, a saber, a imaginação, a razão e intuição estruturam aquilo que podemos chamar de teoria do conhecimento de Spinoza. 5“His three kinds of knowledge do not refer to three different human faculties; instead, they are the three ways in which God knows his own nature, modified as it is by infinite and finite modes, some of them human ones.”

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97 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Leandro Rocha dos Santos

LUTA POR RECONHECIMENTO: AGENDA DE LUTAS, ONDA CONSERVADORA E ATAQUES ÀS LIBERDADES

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Mestrado em Filosofia Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PPGFIL

Prof. Dr. Walter Vadevino Oliveira Silva

Bolsista CAPES

Inspirado em algumas discussões filosóficas sobre o problema das liberdades

individuais, o objetivo deste trabalho é oferecer luz às discussões filosóficas e políticas

da luta por reconhecimento de direitos sexuais das pessoas LGBT e inferir as reais

consequências que a sua não concessão provoca, refletindo desde a ausência de políticas

públicas e direitos civis, por exemplo, até processos de exclusão e estigmatização.

Como efeito disso, percebe-se um expressivo aumento das violências, que são

fomentadas por diversas instituições sociais como a família, a igreja e pelo próprio

direito – por meio de seus legisladores, instâncias e ordenamentos jurídicos –,

reificando, ao que nos parece, esse estigma social brasileiro que são as violências contra

a população LGBT. Em uma época em que as liberdades individuais das pessoas LGBT

vêm sendo constantemente restringidas, mesmo diante de significativas conquistas,

surge a necessidade de pensar quais são os agravantes da ilegítima intervenção da

sociedade e do Estado na vida de seus membros. O pluralismo e as diferenças são

características marcantes da sociedade moderna, e é a partir deles que pensaremos os

direitos sexuais das pessoas LGBT nas democracias contemporâneas. Sinalizaremos que

sua negação, por parte do Estado e das instituições sociais, reforça os preconceitos e

estigmas sociais, contribuindo para o aumento da violência psicológica, simbólica e

física, contrária às bases democráticas.

Palavras-chave: liberdades individuais; reconhecimento; direitos sexuais LGBT.

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98 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Lourenço Fernandes Neto e Silva

O PROBLEMA DA MAGNITUDE NA METAFÍSICA DE CONDILLAC

FFLCH-USP Programa de pós-graduação em Filosofia

Orientador: Pedro Paulo Garrido Pimenta

Bolsista CNPq

Ao contrário do que em geral se toma como dado, o século XVIII não simplesmente

abandonou a metafísica do XVII: as disputas em torno do legado dos grandes sistemas

metafísicos daquele século continuam se desenvolvendo ao longo do século das luzes.

Este trabalho apresentará o rearranjo por Condillac de um problema que aparece a

princípio em Leibniz mas terá profundas repercussões: a questão dos diferentes graus de

magnitude dos fenômenos do universo, e as relações estabelecidas entre tais graus. Para

esta análise, veremos o legado de uma disputa entre Clarke (um newtoniano) e Leibniz,

na sua interpretação por Voltaire, e na forma que Condillac lhe dá afinal em sua

dissertação anônima intitulada As Mônadas, de 1747. A questão aqui trabalha o

problema da relação entre o tempo e o espaço rumo à refutação de algo de absoluto: o

universo agora deverá ser equacionado numa rede de relações recíprocas. Trata-se de

fato das origens da importantíssima noçao de “sistema” na forma como a entenderam os

enciclopedistas. Mostraremos ainda a relação desses problemas com as tecnologias

desenvolvidas na mesma época, particularmente com os instrumentos ópticos, e como

este cenário molda em grande medida o desenvolvimento futuro das investigações

científicas ao reformular a estrutura semiótica da compreensão humana.

Palavras-chave: metafísica; magnitude; Condillac.

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99 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Lucas Macedo Salgado Gomes de Carvalho

O FENÔMENO DO DISCURSO NA ONTOLOGIA FUNDAMENTAL DE

MARTIN HEIDEGGER

UERJ PPGFIL

Orientador: Marco Casanova

A comunicação tem por tema o fenômeno do discurso no projeto da ontologia

fundamental de Martin Heidegger. Na economia interna de Ser e Tempo, linguagem

significa o pronunciamento do discurso, que por sua vez é definido como uma

articulação originária da compreensão – outra expressão com significado específico no

interior do tratado. A escolha do discurso como tema deste trabalho foi feita por o

compreendermos como um elemento central para o desenvolvimento da ontologia

fundamental, de modo que seguindo o fio condutor desse fenômeno é possível

conquistar uma compreensão privilegiada do todo do projeto filosófico heideggeriano

da decada de 1920. Se Heidegger afirma que “Ser e Tempo nao tinha como tarefa outra

coisa senão o projeto concreto-desvelador da transcendência”, tarefa essa que, por sua

vez, tinha como único intuito conquistar o horizonte transcendental da questão do ser,

entendemos que o modo como essa transcendência se dá é discursivamente. O que está

em jogo nesse todo da ontologia fundamental pode ser sintetizado pela afirmação: o ser

so “se dá” porque a verdade e, e esta so e à medida e enquanto o ser-aí é. O que

Heidegger tem em vista é um acontecimento composto pela unidade cooriginária de

seus momentos constitutivos, que são: verdade, ser-aí e ser – este entendido como ser

do ente. Assim, abordaremos esse acontecimento cooriginário com a intenção de

conquistar maior clareza em relação ao ser do ente através de uma análise do discurso.

Palavras-chave: Heidegger; ser; discurso.

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100 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Luciana Valesca Fabião Chachá

A NOÇÃO DE AITIOS E AITÍA NA INVESTIGAÇÃO TELEOLÓGICA NO

FÉDON

Programa de Pós-Graduação lógica Metafísica UFRJ

Orientador: Carolina de Melo Bomfim Araújo

Bolsista CAPES ,

A presente comunicação tem por objetivo analisar a noção de aitios e aitía na

investigação teleológica do diálogo platônico Fédon. Nas suas últimas horas de vida de

Sócrates, o círculo socrático se reúne em torno de seu mestre. Em meio à discussão

acerca da imortalidade da alma, Sócrates passa a narrar seu percurso investigativo. Ele

conta a seus amigos que, inicialmente, interessou-se pela investigação das ciências

naturais. No entanto, não conseguiu nenhuma resposta satisfatória às suas indagações.

Após desistir da investigação material, Sócrates encontra ouve a leitura de um livro de

Anaxágoras. Nesse livro, Anaxágoras afirmaria ser o noûs o agente responsável pela

ordenação de tudo. Encantado, Sócrates imagina que a doutrina do noûs de Anaxágoras

lhe explicará por que é melhor para algo ser de uma maneira e não de outra. Assim,

Sócrates volta sua atenção à investigação teleológica. Ao longo desse tipo de

investigação, acreditamos ter Sócrates discernido entre o noûs como o agente

responsável (aitios) por um determinado estado de coisas e a razão pela qual esse agente

produz esse bom estado de coisas, isto é, a aitía. Mais ainda, é a partir dessa distinção

que Socrates considera a explicaçao de Anaxágoras falha e parte para famosa “segunda

navegaçao” ou explicaçao pelas Formas. Dessa maneira, pretendemos mostrar que o

exame de Sócrates da doutrina de Anaxágoras o conduz a formular, ainda que de

maneira incipiente, uma explicação teleológica para os eventos do mundo.

Palavras-chave: Platão; causalidade; teleologia.

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101 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Luciano Gutembergue Bonfim Chaves

A ESTÉTICA DO CANGAÇO À LUZ DO ‘ANDARILHO’ E SUA SOMBRA

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-Rio

Doutorado em Filosofia

Orientador: Prof. Dr. Luiz Camilo Dolabella Portella Osorio de Almeida

Os cangaceiros, apesar das agruras e da rudeza da vida, gostavam de se aformosear, de

se vestir de maneira bela e extravagante. Não tinham medo das volantes, dos grupos

policiais, muito menos das cores fortes, vivas, naturais. Não tinham medo de música,

não tinham medo da dança. De maneira destemida preenchiam-se de vermelhos e azuis

fortemente encarnados em suas vestimentas, em seus embornais, em sues anéis de ouro

carregados de pedras preciosas. Para além da funcionalidade, a estética do cangaço se

estabelece como um elemento fortíssimo de criação de uma identidade e de uma

fabulação específica. A estética do cangaço se apresenta como uma forma exuberante de

afirmação da vida no sertão nordestino em situações em que obra de arte e artista, em

seus aspectos mais singulares de individuação e sonho (Apolo) ou de sociabilidade e

delirio (Dionisio), se misturam de tal forma que “o homem nao e mais artista, torna-se

obra de arte” inserida no azul do ceu, cinza ou verde da paisagem. Nesta estética da

exuberância, “Apolo” e “Dionisio” ressurgem em plena caatinga nordestina, iluminados

e embriagados pelo sol e luar do sertão. Busca-se refletir sobre as suas motivações

(origem), criação (composição), finalidade e recepção da estética do cangaço tendo

como referencial básico inicial os conceitos de Apolíneo e Dionisíaco, presentes na obra

de juventude de Friedrich Nietzsche, especialmente n’O nascimento da tragedia.

Palavras–chave: estética do cangaço; Apolíneo; Dionisíaco.

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102 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Manoela Paiva Menezes

LESSING E BRECHT: O QUE A PEÇA TEATRAL DEVE SUSCITAR NO ESPECTADOR?

UNESP – Campus de Marília/SP Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Orientadora: Ana Portich

Bolsista CAPES

Neste trabalho, compararemos as respostas de dois dramaturgos alemães quanto à

seguinte pergunta, essencial para a vertente da estética que privilegia o receptor da obra

de arte: o que a peça teatral deve suscitar no espectador? Através de alguns escritos

teóricos, como a Dramaturgia de Hamburgo, Gotthold Ephraim Lessing, no século

XVIII, fundamentou o drama burguês alemão. Lessing, ao tentar seguir as prescrições

aristotélicas, argumentou que o aspecto principal dessa forma era seu efeito catártico e,

no que diz respeito ao público burguês, esse objetivo seria mais facilmente atingido à

medida que se reconhece como protagonista dos dramas. Já Bertolt Brecht, no século

XX, nas Notas sobre a ópera Grandeza e Decadência da Cidade de Mahagonny e no

Pequeno Organon para o Teatro, ao defender uma radical mudança na forma dramática,

visa suscitar no espectador a compreensão de seu papel na transformação das

determinantes sociais das relações humanas. Com esse intuito, em contraposição às

prescrições aristotélicas, vários recursos são sugeridos por Brecht para obter o efeito de

distanciamento. Esse efeito deve surpreender o espectador, que é forçado a lidar com

aquilo que lhe parecia natural e imutável. Dentre os recursos literários empregados por

Brecht para produzir o efeito de distanciamento estão a ironia, a paródia, a comicidade

etc. No que diz respeito aos recursos cênicos e cênico-literários: cartazes, projeção de

textos, cenário anti-ilusionista etc.

Palavras-chave: Brecht; Lessing; estética teatral.

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103 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Marcelo José Derzi Moraes

A FILOSOFIA COMO MITOLOGIA BRANCA: VIOLÊNCIA COLONIAL E EPISTEMICÍDIO

Universidade do Estado do Rio de Janeiro PPGFIL

Orientadora: Dirce Eleonora Nigro Solis

Para Derrida, mitologia branca é a crença do homem branco europeu em sua

superioridade. A partir desta constatação, junto com as críticas de Quijano e Ramose,

traremos a questão: a filosofia europeia foi cumplice das maiores violências em termos

de alteridade, a saber, a colonização, a escravidão e o assassinato de povos indígenas e

africanos. Para alguns filósofos, como Hegel e Kant, esses povos não possuiriam um

ser, uma essência, uma linguagem ou história. Com isso, diversas formas de dizer que

essas populações não seriam homens ou homens completos. Podemos apontar duas

violências promovidas pela filosofia, uma é que esses povos seriam privados de uma

ontologia e até de fazer ontologia, segue-se, como incapazes de fazer filosofia. Para

eles, essas sociedades não possuiriam uma linguagem, e quando a possuíam, seria uma

linguagem primitiva, não sendo capaz de dizer o ser. Esses elementos que comandam a

filosofia, ontologia e linguagem, além de serem excluídas destes povos não-europeus,

de forma violenta e racista são usadas contra eles, ao negar o ser do outro,

impossibilitando-o de se reconhecer e de ser reconhecido enquanto homem. Assim, para

esses que não possuiriam uma essência, logo, uma identidade, seria preciso atribuir-lhes

uma identidade, ou seja, nomeá-lo, o que, para Lévinas, seria uma das maiores

violências em termos de alteridade. Portanto, questionar o universalismo da filosofia

europeia é fazer justiça as culturas vítimas do colonialismo e do epistemicídio.

Palavras-Chave: epistemicídio; colonialismo; universalismo.

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104 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Marcelo de Almeida Silva

O PRENÚNCIO DE UMA NOVA ABORDAGEM INSTITUCIONALISTA: NÚCLEO NORMATIVO E OPERACIONAL A PARTIR DAS OBRAS DE

MANGABEIRA UNGER E NANCY FRASER

Universidade Federal do Rio de Janeiro Filosofia/PPGF – Doutorado

Orientadora: Susana de Castro

Bolsista CAPES

Embora persista uma parcela de intelectuais que acredite na inviabilidade de um projeto

social que satisfaça de forma simultânea clamores por reconhecimento e redistribuição,

a tese de Nancy Fraser, de que tal projeto é, não apenas viável, mas necessário, continua

a reunir adeptos. Esta tese ganha ainda mais destaque observada no interior de uma

manifestação de insatisfação em relação as instituições da social democracia.

Intelectuais conservadores e liberais se revezam em apontar novos motivos para

desconfiar da capacidade das instituições na forma atual da social democracia estarem

aptas a desempenhar as reformas que cada grupo considera necessárias. Fazendo coro

com esta insatisfação está Roberto Mangabeira Unger e sua proposta de que é

necessário combinar desenvolvimento econômico com empoderamento civil (privado e

coletivo) sob o objetivo maior de promover uma experiência social de alta energia. As

contribuições de ambos dizem respeito ao redirecionamento do desenvolvimento

institucional, Fraser com foco na teoria da justiça e Unger na reforma da própria

concepção da nossa relação com as instituições. Aliando tais contribuições com a crítica

de Alketa Peci ao novo institucionalismo, pretendemos defender o argumento de que é

possível falar, não apenas do clamor, mas, de um possível núcleo normativo e

operacional para uma nova abordagem institucionalista que se desenha de forma

orgânica em vários nichos intelectuais, administrativos e privados.

Palavras-chave: teoria institucional; teoria da justiça; desenvolvimento social.

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105 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Marcus Eduardo Bissetti Lima

A LINGUAGEM IMPERFEITA PODERIA GERAR CONHECIMENTO? UMA ANÁLISE SOBRE O VERBO MENTAL NO LIVRO XV DO DE TRINITATE DE

AGOSTINHO

Universidade Federal do ABC

Programa de Pós-Graduação em Filosofia: Mestrado em Filosofia

Orientadora: Cristiane Negreiros Abbud Ayoub

Uma das bases centrais para a filosofia medieval, a linguagem busca compreender

melhor a relação entre os fenômenos linguísticos e as coisas significadas. Agostinho

quando interpreta certos princípios da filosofia grega pagã aliado a moral cristã, cria um

modelo de pensamento em que o sucesso e o fracasso das ações humanas dependem da

Vontade da alma estar inclinada ou não aos vícios. O verbo para Agostinho é a efetiva

produção de um pensamento verdadeiro que pode ser comunicado. Na filosofia

apresentada pelo autor, a linguagem também sofrerá o efeito da condição humana, que

viciosa gerará incongruências entre os sinais, sejam falados ou escritos, e o que eles

pretendem significar, tornando muitas vezes a comunicação do verbo algo impossível.

Vemos essas limitações apresentadas com grande habilidade no De Magistro, mas é em

uma de suas últimas obras, o De Trinitate que o autor expõe bases para que possamos

pensar que é pelo bom ou mau uso da Vontade humana que ocorreriam erros de

significação. É pelo desvio moral que o verbo do homem se distancia do conhecimento

verdadeiro do que os signos apontam. Agostinho demonstrará que é por meio do

exercício de amor a Deus que a Vontade do homem pode comprovar o valor dos sinais

da linguagem e tratá-los de fato como meios para o conhecimento. Assim temos a

produção do verbo verdadeiro. Compreender o princípio da vontade será, portanto,

fundamental para justificar o sucesso da linguagem.

Palavras-chave: Agostinho; Trinitate, verbo.

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106 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Marcus Vinicius dos Santos Claro

O PROCESSO DE RESIGNIFICAÇÃO COMO AGENTE CASUAL NO

FENOMENO DA QUEBRA DE PARADIGMA

Instituição: UFRJ/IFCS/PPGF

Orientador: Jean-Yves Beziau

Neste artigo abordaremos o papel da ressignificação na promoção da quebra de

paradigma, na obra de Thomas Khun, bem como sua concorrência sobre o entendimento

pela Filosofia da Ciência, à luz de nossa teoria da ressignificação. Trataremos

fundamentalmente da obra Estrutura das Revoluções Científicas como texto base de

nossa argumentação. À medida que uma teoria científica avança, entram em pauta duas

possibilidades: a primeira é a sua confirmação e o seu sucesso enquanto comprovação

de uma crença, tornando-se uma evidência material através da experimentação e da

matematização da teoria em voga. A segunda possibilidade é que os testes podem dar

errado, e os valores tidos como verdadeiros, são questionados, uma vez que resultados

de testes, as equações matemáticas e dados da investigação não mais comprovam nem

confirmam suas premissas. Visto que uma teoria passa a dar errado, seja por

formulações lógicas, discussões com bases empíricas, seja por formalizações em

diferentes linguagens, principalmente matemática, verificamos que as crenças que

nortearam a teoria científica vacilam e as evidências dão lugar a incertezas: a convicção

enfraquece e a dúvida leva à crise. Eis o processo da cognição se realizando em um

claro deslocamento de conceito, provocando uma mudança de significado, isto é, inicia-

se o processo de ressignificação. Considerando L1 como, denotativo inicial, e L2 o

conseguinte, inferimos que L2 é o lugar que amparará a percepção (Gestalt) do

deslocamento. Nestes termos, a ressignificação, no âmbito da Epistemologia Científica

nos conduz à definição de mudança de sentido, consoante ao acordo (paradigma) de

dada comunidade científica; isto é, a ressignificação é um processo ocorrido em nossa

episteme. A consequência do processo de ressignificação é a questão epistemológica

que se percebe. Ocorre que a episteme anterior à crise, à dúvida, à incerteza, aos

cálculos incoerentes, ou seja, anterior ao processo de ressignificação é o mesmo que

Kuhn chama de ciência normal. Fica entendido, portanto, que a ressignificação é um

fenômeno mental disparado por um momento crítico, de indecisão por imposição de

incerteza, causado por razões não previstas pela ciência normal, ou pelo paradigma

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107 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

estabelecido. O despertar de uma revolução científica, como a Revolução Copernicana,

é o modelo para disparar o processo de ressignificação provocado pelo surgimento ou

descoberta da anomalia, elemento fundamental para a instalação da crise, do momento

crítico e decisivo. No caso de Galileu, temos o agravante da doutrina religiosa,

dogmática por excelência, diametralmente oposta à defesa racionalista que Galileu

propunha. Este caráter racional imprimiu tamanha força, que o racionalismo adotou a

ciência de forma avassaladora até nossos dias. Disso podemos inferir imediatamente

que a evidência pode se apresentar sob bases perceptivas diferentes. Primeiro, por

crença em uma constatação apriorística, imediatista e puramente empírico-

fenomenológica; segundo, acreditando-se nas evidências como resultado de

investigações e verificações empíricas complementares, analisadas metodicamente

(como através de instrumentos de medição e de cálculos matemáticos). Somente com o

deslocamento de uma Terra central para uma Terra planetária e consequente

ressignificação é que se tornou compreensível e, portanto, dotado de significado

verdadeiro o modelo astronômico proposto por Copérnico (1543).

Palavras-chave: paradigma; teoria da ressignificação; epistemologia.

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108 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Marcus Vinícius Monteiro Pedroza Machado

COMO O ESQUECIMENTO RECRIA A MEMÓRIA

UERJ/ Mestrado/PPGFIL

Orientadora: Maria Helena Lisboa da Cunha

A comunicação tem como princípio analisar o esquecimento a partir dos diversos

modos que ele ocorre na filosofia de Nietzsche e como é valorado a partir de então.

Assim como a memória é parte do jogo de forças, o esquecimento também o é, a

oposição entre memória e esquecimento está intimamente imbrincada, as investigações

seguirão por aí. É importante perceber como o esquecimento configura-se desde algo

nefando para o homem pois põe em dúvida sua identidade, até algo salutar pois, o abre

novas possibilidades para a existência. Ele só é possível porque existe a memória e vice-

versa são forças que trabalham a favor da vida afirmando-a em uma constante tensão. O

esquecimento torna possível a memória e ela que dá a melhor forma ao esquecimento.

Essa postura ativa em cada uma das forças faz com que a vida se potencialize ao

contrário da postura reativa que definindo o mundo de uma maneira moral trabalha para

eliminar o esquecimento em favor da memória, destruindo-a, assim permitindo somente

o esquecimento do próprio esquecer. De tal modo pretende-se discutir como se dá essa

tensão entre memória e esquecimento e qual o seu papel no interior do processo de

transvaloração de todos os valores, articulando-a com conceitos que são capitais para o

entendimento da filosofia de Nietzsche. A memória está a todo tempo criando-se e

recriando-se querendo para frente e para trás.

Palavras-chave: descontinuidade; oposição; criação.

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109 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Maria Fernanda Novo dos Santos

ELEMENTOS PARA UMA TEORIA DA INDIVIDUAÇÃO EM BERGSON

Doutoranda pela UNICAMP Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Orientador: Luiz Orlandi

Bolsista Fapesp

A presente pesquisa procura esboçar os pressupostos para fazer da teoria da matéria

bergsoniana a fundamentação de um tipo particular de teoria da individuação. Para

tanto, é necessário investigar a ontogênese bergsoniana em suas proposições mais

fundamentais como a fabricação e organização, diferenciação, indeterminação e

imprevisibilidade. A crítica aos modelos evolucionistas, apresentada em A Evolução

Criadora, a partir da abordagem sobre o mecanicismo e o finalismo prepara uma

formulação decisiva, a saber, as gêneses da matéria e da inteligência organizadas a

partir da diferenciação entre instinto e inteligência, fabricação e organização. O que

Bergson reclama como evolucionismo é mais uma história não linear, divergente do que

uma evolução retilínea. O que na teoria de Bergson deve servir menos para encontrar

uma coerência entre uma suposta herança biológica de um mesmo e igualmente suposto

patrimônio hereditário, do que para lembrar que a individuação é a solução de

problemas que vida coloca, em que cada individuo diverge de si mesmo. Há no

individuo um intervalo entre o gérmen e a vida adulta onde há mais resistência que

continuidade, onde há mais conflito que harmonia. O que parece ser uma divisão

inconciliável entre as duas direções divergentes (instinto e inteligência) revela uma

conexão sistemática. As proposições sobre a co-dependência entre os conhecimentos de

natureza instintiva e intelectual é parte da formulação de um problema central para a

concepção do individuo como um processo que combina diferentes modos de

individuar-se equacionando as relações do individuo consigo mesmo e com o meio.

Palavras-chave: individuação; matéria; inteligência.

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110 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Mariane Farias de Oliveira

A NOÇÃO DE PHAINOMENA E A TESE DA UNIDADE ANALÓGICA DO MÉTODO EM ARISTÓTELES

Universidade Federal de Santa Maria

Mestrado/Programa de Pós-graduação em Filosofia

Orientador: prof. Dr. José Lourenço Pereira da Silva

Bolsista do CNPq

Astrônomos como Eudoxus, Callipus e Aratus defendiam a máxima de “salvar os

phainomena” no metodo da astronomia observacional. Essa máxima foi herdada por

Platão e Aristóteles e aqui veremos especificamente como foi herdada na filosofia

aristotélica. Vemos em passagens como Metafísica Lambda 8, Primeiros Analíticos

I.30, Metereologia (339b20-7), Metereologia I.7, De Caelo I.3, argumentos nos quais

Aristoteles repetidamente apela ao metodo astronômico de “salvar os phainomena”.

Assim, sua posição pode ser resumida à preocupação de que os phainomena/endoxa é

que deverão ser os pontos de partida da investigação e posteriores contrastantes da

teoria com a experiência. Sua aversão àqueles que já possuem uma tese pré-determinada

e buscam apenas encontrar os phainomena que sejam acomodados nela é evidente. Isso

mostra que Aristóteles quer estar sempre próximo da experiência para chegar às

conclusões de suas teorias, sem nunca primeiramente determinar o que será encontrado

para depois buscar suas razões. Desejamos defender a possibilidade de que haja um

método que fundamenta suas variantes como procedimentos utilizados nos tratados, mas

que, em última instância, estes se baseiam todos na máxima herdada dos astrônomos de

“salvar os phainomena”. Nossa investigaçao terá de analisar o uso dos phainomena nas

principais obras de Aristóteles para então ver como se estabelece de maneira específica

na Ética Eudêmia.

Palavras-chave: Aristóteles; phainomena; método.

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111 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Mario Tito Ferreira Moreno

SOBRE O PRINCÍPIO DA CÓPIA DE HUME: O MICROSCÓPIO DAS

PERCEPÇÕES

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Mestrado Filosofia/ PPGFIL

Orientador: Alessandro Bandeira Duarte

O princípio da cópia é uma máxima humeana que não comporta exceções. Tal princípio

diz que toda ideia simples tem uma impressão simples a qual se assemelha, por

exemplo, a ideia de vermelho que formamos não se difere da impressão da cor vermelha

em natureza, apenas em graus de força. Tal princípio é referente à ideias/impressões

simples, que seriam pra Hume àquelas que não podem ser divididas, uma cor, por

exemplo. Tal princípio operaria como uma espécie de microscópio, ou alguma

ferramenta do tipo, que analisaria ideias e as tornaria mais claras e precisas, descobrindo

assim de quais impressões elas são originárias. Toda ideia/impressão composta é feita

de um agrupado de ideias/impressões simples, por isso o Princípio da Cópia possui a

função de garantir o projeto filosófico de Hume, na medida em que vai até a impressão

originária pra justificar qualquer tipo de ideia, seja ela complexa (por meio de

verificação de sua composição) ou simples. O intuito da presente inquietação é tentar

provocar, de certa forma, possíveis problemas dentro do próprio princípio da cópia

relatados pelo próprio autor, e apontar possíveis defesas para o argumento humeano. A

presente inquietação é um esboço de um trabalho que pressupõe certa compreensão

prévia da filosofia de Hume.

Palavras-chave: Hume; empirismo, princípio da cópia.

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112 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Matheus Oliveira Damião

EIXOS DIRECIONAIS E FUNCIONALIDADE NO IA DE ARISTÓTELES: UMA INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestrando em Filosofia- Programa de Pós-graduação em Filosofia- PPGF/IFCS

Orientador: Henrique Cairus

Bolsista CNPq

O presente trabalho tem dois objetivos: apresentar a exposição que Aristóteles faz das

διαστάσεις, ou eixos direcionais, no De Incessu Animalium (IA) e mostrar como a

teleologia possui importante papel na definição destas estruturas. Neste tratado elas são

anunciadas como um das premissas para o estudo da marcha dos animais e são

definidas- apesar de seu caráter formal- a partir da existência de funções orgânicas

específicas de cada grupo de ser vivo, a saber, as funções de alimentação, percepção e

locomoção. Assim, se estabelece uma relação de dependência entre os eixos direcionais

e as funções que determinado ser vivo possui, apontando como a estrutura enquanto

forma de um ser vivo, em Aristóteles, é determinada pelas funções que o definem. Tal

modo funcional de definição dessas estruturas parece ser oriundo do princípio

teleológico da natureza, que delimita segundo o télos de um ente, na teoria hilemórfica

de Aristóteles, sua configuração espacial e a relação entre forma (eidos) e matéria

(hyle). Em outras palavras é à partir do télos, entendido como efetivação da função

definidora do ente, que se torna possível compreender melhor a dependência entre a

presença das funções no ser vivo e os eixos direcionais, já que é este télos que seleciona

determinadas configurações físicas para o ente. Deste modo, este trabalho propõe

entender a definição funcional dos eixos direcionais no IA como uma consequência

direta da teleologia na filosofia da natureza de Aristóteles.

Palavras-chave: eixos direcionais; função; teleologia.

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113 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Mauro Juarez Sebastião dos Reis Araujo

KÉPOS – A COMUNIDADE DE AMIGOS

Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ

Curso/Nome do programa: Doutorando em Filosofia/PPGF

Orientador: Celso Azar

O képos epicurista representava a sede de uma comunidade hedonista de amigos. Para

seus frequentadores, o prazer constituía o bem supremo e, por essa razão, cabe ao

homem afastar-se de tudo que o impede de alcançar tal objetivo. Nesse sentido, era

indispensável saber discernir sobre quais desejos ou situação poderiam implicar em

consequências desagradáveis. Contudo, o mestre do képos ministrava regularmente suas

preleções para instruir sobre os instrumentos necessários para se alcançar uma vida de

intenso prazer. Em um primeiro contato, a valorização do prazer por parte dos

epicuristas pode soar como um convite à libertinagem, mas o prazer buscado por

Epicuro e seus discípulos representa a ausência completa de dor no corpo e perturbação

na alma (aponía e ataraxía). Para Epicuro, é possível obter a imperturbabilidade através

de um estilo de vida comedido, tanto através de uma dieta simples como também no

emprego moderado das palavras. O objetivo epicurista é o regresso a um estado de

harmonia presente no ceio da Natureza. Esse estado de tranquilidade destoa da busca

por reconhecimento e poder perante os homens. Sendo assim, no presente trabalho,

nossas atenções estarão voltadas para a vida comunitária do Jardim, isto é,

investigaremos a aplicação prática da terapia epicúrea para o bem viver.

Palavras-chave: epicurismo; prazer; amizade.

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114 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Messias Miguel Uaissone

A INTERRUPÇÃO ÉTICA DA FENOMENOLOGIA EM PRESENÇA DA

ALTERIDADE

Mestrado em Filosofia

Filosofia/ Programa de Pós-graduação em Filosofia/ IFCH/ UERJ

Orientadora: Profa Dra Elena Moraes Garcia

Bolsista CNPq

A visada epistémica consiste em identificar e determinar o que são os entes. Procura

montar um catálogo de toda a realidade. Esse exercício epistémico começa a tornar-se

complexo quando tenta identificar e catalogar a alteridade. Esta é complexa demais que

seu estatuto não só é difícil de determinar, mas também existe a possibilidade de nem

ter estatuto ontológico algum. E sendo a alteridade transcendente, o exercício

epistémico que questiona para recolher conhecimento enfrenta questões éticas da sua

recolha. Partindo da explicação de como a visada epistémica do si é levada a cabo, o

artigo pretende mostrar que a alteridade não se oferece ao conhecimento e tudo o que se

possa dizer acerca dela fica envolto em interrogações científicas e éticas. O artigo

exemplifica essa dificuldade de o conhecimento aceder à alteridade recorrendo ao modo

como a ética interrompe a fenomenologia. Em seguida, o artigo apresenta as razões do

equívoco epistémico sobre a alteridade e termina com a abordagem de Levinas que

defende a transcendência da alteridade. A intenção é mostrar que o conhecimento não

consegue chegar ao seu objetivo de apresentar a verdade sobre a alteridade porque este

resiste à luz que o invade, e preserva seu segredo que interrompe a totalidade de afrontá-

la. Na iluminação do si não obterá conhecimento válido nem escapará das questões

éticas daí decorrentes, a saber, escolher entre ser moral ou não ser humano.

Palavras-chave: visada epistêmica; fenomenologia; alteridade.

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115 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Michelle Cardoso Montoya

UMA DISTINÇÃO QUE NÃO DEVE SER REJEITADA: ALGUMAS

OBJEÇÕES DE SEARLE AO ABANDONO DA DISTINÇÃO ANALÍTICO-

SINTÉTICO PROPOSTO POR QUINE

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Mestrado em Filosofia - Programa de Pós-Graduação Lógica e Metafísica (PPGLM)

Orientador: Prof. Dr. Dirk Greimann

Bolsista CAPES

Em Speech Acts (1969), John Searle procurou tratar da linguagem de um modo geral,

sobretudo daquela que é capaz de produzir verdades, declarações ou promessas,

independente de se tratar da linguagem natural ou da de algum idioma em específico.

Sendo assim, ao longo de Speech Acts, o autor buscou dividir suas análises em dois

âmbitos: o das caracterizações linguísticas e o das explanações linguísticas que

buscaremos esclarecer ao longo da apresentação do presente trabalho. Destarte,

tomando tal divisão como ponto de partida, apresentaremos a leitura de Searle sobre a

distinção kantiana clássica, a saber, a de analítico-sintético , proposta pela primeira vez

por Immanuel Kant (1724-1804),na Crítica da Razão Pura (1781- 1a versão; 1787- 2ª

versão) .Contudo, antes disso, apresentaremos brevemente as críticas de Willard Von

Quine a distinção analíticosintético presente em seu artigo “Dois Dogmas do

Empirismo”, em que propõe o abandono desta distinção, bem como a tese do

naturalismo biológico de Searle, que será fundamental para algumas de nossas

considerações. Por fim, pretendemos analisar a crítica de John Searle ao abandono da

distinção analítico-sintético proposto por Willard Von Orman Quine em “Dois Dogmas

do Empirismo”. A partir disso, suscitaremos as seguintes questões: A distinçao

analítico-sintético deve ser rejeitada? Ou devemos reconhecê-la? Caso optemos em

reconhecê-la, qual seria sua finalidade filosófica?

Palavras–chave: analítico-sintético; naturalismo Biológico; caracterização linguística.

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116 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Miécimo Ribeiro Moreira Júnior

A SERVIDÃO E A DOMINAÇÃO NO PENSAMENTO POLÍTICO DE BENTO

DE ESPINOSA

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Programa de Pós-graduação Lógica e Metafísica

Orientador: Ulysses Pinheiro

É próprio do pensamento espinosista fazer da razão um instrumento de convergência e

agregação. Entretanto, esse esforço de agregação e convergência é fruto também de um

pensamento influenciado por uma física que explica a relação de corpos e ideias através

do choque e da modificação de superfície. Portanto, ainda que Bento de Espinosa

(1632-1670) defenda certo tipo de organização política, sua filosofia será uma filosofia

de perseveração (conatus) ininterrupta. No âmbito político, isso significa que Espinosa

não se presta a fantasiar sociedades ideais, mas apenas a apontar maneiras de proceder

que promovam o aumento de potência, encarando o fato de que não caminhamos rumo a

uma sociedade global harmoniosa. O trabalho proposto visa examinar a tensão entre a

soberania do Estado e os súditos. Para que fiquem nítidas as decisões conceituais

presentes na filosofia política de Espinosa, também utilizamos pontualmente algumas

escolhas teóricas de Thomas Hobbes (1588-1679), cujo pensamento político foi

profundamente importante para Espinosa. Contrapor a maneira com que esses filósofos

lidam com esses conceitos políticos é um interessante instrumento de estudo e,

principalmente, um importante recurso de caracterização da singularidade do

pensamento espinosista.

Palavras-chave: Estado; soberania; servidão.

Mirian Monteiro Kussumi

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117 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

LÓGICA E HISTORICIDADE NA FILOSOFIA DA HISTÓRIA DE HEGEL

Puc-Rio Programa de pós-graduação em Filosofia

Orientador: Pedro Duarte

Bolsista CAPES

Diante do sistema filosófico de Hegel, duas atribuições que lhe concedemos são 1- seu

caráter essencialmente intelectualista e 2- a eclosão da filosofia da história que marcou

não só o pensamento filosófico posterior à Hegel, mas também o político e social. Se

por um lado a Ciência da Lógica surge a ontologia hegeliana, por outro, é na Filosofia

da História que observamos uma possível exteriorização das categorias e elementos do

pensamento – Ser, dialética, conceito. Segundo Marcuse em Razao e Revoluçao, “a

lógica demonstrou a estrutura da razão; a filosofia da história expõe o conteúdo

historico da razao”. O desenvolvimento da razao explicaria o desenvolver historico, na

medida em que atualiza o que Hegel conceitualizou como Espírito. Contudo, certas

questões surgem: como seria possível que a história se organizasse não como narração

de fatos, mas como seguindo o fio condutor da razão? Seria possível pensar a totalidade

da história como organizada pela racionalidade, esta que sempre aparece como

permeada por um teor subjetivo e interno ao intelecto humano? Como a razão, algo

inerente ao homem de modo individual, poderia se manifestar exteriormente na história?

Ora, não haveria uma inadequação em associar o modo de funcionamento da

intelectualidade humana com a própria realidade (aquilo que acontece e aconteceu no

mundo)? É pelo entendimento dos próprios conceitos de Lógica e de História que

podemos compreende a associação entre o histórico e o racional em Hegel.

Palavras-chave: história; lógica; Espírito.

Mônica Ferreira Corrêa

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118 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

JAAK PANKSEPP E A PERSPECTIVA AFETIVA DA NEUROCIÊNCIA DAS EMOÇÕES

Doutorado em Filosofia/PPGFIL UERJ

Orientador: Karla Almeida Chediak

Bolsista CNPq

A presente comunicação visa apresentar o trabalho do neurocientista Jaak Panksepp que

se destaca pelo estudo das “emoções básicas” em animais nao humanos. Panksepp

nasceu na Estônia e quando criança migrou com a família para os Estados Unidos, onde

hoje trabalha. Ficou mais conhecido por sua pesquisa sobre “vocalizações” de ratos,

similares ao riso humano. Desde seus estudos de pós-graduação, na década de 1960,

dedica-se a investigar os “afetos emocionais” em animais, apesar de ter iniciado tais

investigações em ambiente behaviorista radical, cujas ideias e metodologias não

favoreciam a pesquisa de temas relacionados à subjetividade animal. Panksepp defende

que as emoções se formam no cérebro, em regiões subcorticais concentradas no sistema

límbico, evolutivamente antigas e, portanto, presentes em todos os mamíferos. A

radicalidade do pensamento desse cientista gira em torno de ele afirmar que as mesmas

regiões cerebrais que produzem emoções, com seus aspectos “autonômicos” e

“comportamentais”, tambem produzem os “afetos emocionais”, que sao a versao sentida

ou vivenciada de um “episodio emocional”. Em seu livro de 1998, Affective

neuroscience: the foundations of human and animal emotions, Panksepp identifica sete

sistemas cerebrais produtores de “emoções básicas”, com neuroanatomia e

neuroquímica homólogas entre as espécies estudadas. Esses sistemas envolveriam os

mecanismos relacionados aos sentimentos de curiosidade, raiva, medo, desejo sexual,

cuidado materno, pânico/tristeza e alegria da brincadeira. Dentre as implicações

filosoficas que podem advir da “neurociência afetiva” de Panksepp, essa comunicaçao

se limitará a examinar a noçao de “consciência afetiva”, promissora aos estudos da

consciência.

Palavras-chave: emoção; afeto; neurociência.

Natália Ranucci Cheade Fernandes

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119 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

VIDA E CRIAÇÃO: A PERCEPÇÃO DO ARTISTA EM HENRI BERGSON

Programa de Pós-graduação em Filosofia - Mestrado UERJ

Orientador: Prof. Dr. James Bastos Arêas

A possibilidade de uma teoria estética em Bergson se dá inicialmente através da

potência criadora da intuição, na capacidade de uma consciência alargada que pode

ultrapassar reducionismos analíticos, e nos emancipa de tudo que traz imobilidade e

fixidez. Arte e criação resultam em uma intuição, que também é duração, e que poderá

então ser a força impulsionadora de uma reconciliação entre homem e natureza, em um

"esforço de fundir-se novamente no todo". (BERGSON, EC, p.29) Para Bergson há um

impulso vital que leva à criação, e que como um artista, se vê na necessidade

fundamental de produzir. O impulso da vida é uma exigência que parte da criação, mas

que não pode realizar-se enquanto criação completa porque encontra a matéria, que

apresenta justamente o movimento inverso a ela. Assim, a criação busca apossar-se da

própria matéria, de forma a introduzir indeterminação e liberdade. E a própria evolução

traz em si uma potência capaz de explodir e expandir-se em diversos novos caminhos

evolutivos. Desta forma a evolução mesma trata do que Bergson estabeleceu enquanto a

metafísica da duração. Se a arte foi muitas vezes menosprezada por seu estudo ser

restrito ao conceito de belo e de fruição, Bergson nos leva a crer que o discurso artístico

trata de uma possibilidade de expansão perceptiva que alcançará a realidade, podendo

afastar símbolos, representações e toda sorte de conceitos mediados, e desta forma,

encontrará e poderá experienciar o absoluto. A arte nos sensibiliza a realidade que está

fora, mas também a que está dentro de nós, permitindo que possamos experienciar a

duração em estado puro, sendo então um ato de duração. Assim, Bergson estabelece o

problema da criação artística de forma expandida, ultrapassando os domínios da própria

filosofia da arte, colocando o problema fundamentalmente no seio da filosofia da

natureza, o que na filosofia bergsoniana trata da própria metafísica. Desta forma

podemos inclusive entender que Bergson torna possível também uma nova filosofia da

natureza a partir da noção de duração e dos aspectos relacionados a esta nova

metafísica. Bergson caracteriza os homens perfeitamente adaptados à vida através de

um equilíbrio que consiste não somente na capacidade de convocar as lembranças

relacionadas a uma determinada situaçao, mas tambem atraves de uma “barreira

intransponivel” que as lembranças inúteis ou indiferentes encontrariam no próprio

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120 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

indivíduo ao se apresentarem ao limiar da consciência. Já aquele que vive no passado,

no qual as lembranças invadem livremente a consciência, não está adaptado à ação. Esta

relativa desatenção à vida caracteriza indivíduos como o artista e o filósofo, que são

capazes de nos conduzir à uma percepção mais completa da realidade, desviando a

atenção aos aspectos práticos da vida. Bergson esclarece que ainda que possa parecer

contraditório, o artista mesmo sendo um distraído, percebe mais aspectos da realidade

que um homem de ação porque não necessita agir de acordo com seu apego à realidade,

o que contrairia sua percepção, de forma a limitar o campo de visão. Assim, Bergson

estabelece como a função da Arte e do próprio Artista, fazer ver aquilo que os outros

indivíduos não perceberam naturalmente. Ainda que abstenha-se da atenção ao que pode

ser útil a vida, a desatenção do artista não se caracteriza por um desligamento total do

mundo, mas por uma atitude voltada a buscar o que pode ter passado despercebido por

aqueles que não conseguem orientar-se senão pela ação. Na concepção de Bergson

acerca do que é Arte, o artista, assim como sua obra, são veículos da criação universal,

uma extensão do próprio ato criador, colocando-se no mesmo sentido do impulso vital.

Os movimentos das duas formas extremas da duração, através da contração e distensão,

apresentam sua vitalidade, e sendo assim, a vida é, sem dúvida, criação. E em meio ao

movimento criador que impulsiona a própria vida, o artista é aquele que encontra-se no

seio da criação da natureza, onde seu próprio modo de ação é diferente dos outros seres

vivos da mesma espécie.

Palavras-chave: duração; arte; percepção.

Nathan Ramalho Santos

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121 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

BEHEMOTH VERSUS LEVIATHAN: CARL SCHMITT E A OPOSIÇÃO

ENTRE TERRA E MAR

Universidade Federal Fluminense

Mestrado em Filosofia –Programa de Pós-graduação em Filosofia

Orientador: Dr. José Maria Arruda

Bolsista CAPES

A partir das obras Land und Meer e Der Nomos der Erde do jurista e filósofo político

alemão Carl Schmitt, visamos examinar a oposição conceitual proposta pela filosofia

política schmittiana entre os conceitos de land (terra) e meer (mar), e apresentá-los

como categorias histórico-filosóficas fundamentais para a compreensão da dinâmica

histórica da modernidade. Uma das imagens usadas por Schmitt para indicar a dimensão

conflitiva existente entre a terra e o mar foi a imagem mítica do combate entre o

monstro terrestre, o Behemoth, e o monstro marítimo, o Leviathan, do livro bíblico de

Jó. Essa oposição se tornou profícua na obra de Schmitt por apresentar a terra como

princípio de ordem política baseada na espacialidade com territórios e fronteiras bem

delimitados e uma lógica que faz clara distinção entre guerra e paz, política e comércio,

em oposição ao mar como princípio de ordem política que se estabelece como uma

espacialidade sem limites e fronteiras, sem solidez e estabilidade, sem uma

determinação espacial concreta. A partir dessa oposição conceitual, Schmitt nos oferece

uma chave para a compreensão da formação da ordem geopolítica da modernidade e da

questão da atual ordem internacional.

Palavras-chave: filosofia política; Carl Schmitt; espacialidade.

Pablo Barbosa Santana da Silva

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122 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

KANT SOBRE ANALITICIDADE E CONHECIMENTO CONCEITUAL

Cursa doutorado em Filososofia no Programa de Pós-graduação Lógica e Metafísica

(PPGLM) UFRJ.

Orientador: prof. Dirk Greimann,

Bolsista CAPES

O objetivo do presente texto é analisar as noções kantianas de a priori e a posteriori e

relacionar a distinção analítico e sintético à teoria kantiana da discursividade do

conhecimento humano. Allison6 2 chama a atenção que na introdução da crítica da razão

pura, na apresentação oficial da distinção analítico e sintético, não é clara a relação

dessa distinção com a teoria geral do juízo de Kant. E esta é uma das principais razões

porque essa distinção kantiana tem sido mal compreendida e exposta a críticas errôneas.

Essas noções são fundamentais para o intento kantiano de proceder a uma revolução na

filosofia pela via crítica, já que Kant não considerava satisfatórias nem a posição do

empirismo e nem a do racionalismo. Defenderemos que as noções de analítico e

sintético, ao se olhar de forma mais detida, estão intimamente ligadas à teoria geral do

juízo kantiana. Esta relação não é muito clara na apresentação oficial na introdução da

primeira crítica, mas pode ser melhor observada em textos como a controvérsia com

Eberhard.

Palavras-chave: analítico-sintético; a priori-a posteriori; juízo.

66 ALLISON: (1992, p. 130). In: El idealismo trascendental de Kant: una interpretación y defensa.

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123 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Pablo Souto Maior Harduin

HEDONISMO EUDEMÔNICO : JUSTIÇA E PRAZER EM A REPÚBLICA DE

PLATÃO

Universidade de São Paulo; Mestrado em Filosofia; Programa de Pós-Graduação em

Filosofia da Faculdade de Letras, Ciências Humanas e Filosofia

Profº. Drº. Mário Mirando Filho

Bolsista CAPES/PROEX

A defesa da justiça dramatizada em A República dá-se em função de um problema ético

fundamental: o que é melhor para a vida humana em termos de felicidade, a justiça ou a

injustiça? O problema, posto por Gláucon no Livro II, é resolvido por Sócrates no Livro

IX através de três provas de que a vida justa é melhor que a injusta. Em 583b, Sócrates

concede a prova decisiva: a vida justa é melhor que a injusta por ser mais prazerosa. A

prova consiste em uma teoria do prazer cuja função é demonstrar que a vida justa é a

mais feliz por ser a única capaz de gerar prazer verdadeiro, enquanto à injusta resta um

prazer deficiente – nas palavras de Sócrates: um fantasma do prazer verdadeiro (586b).

Deste modo, a defesa da justiça se resolveria em termos hedônicos. Contudo, essa

relação entre justiça e prazer é objeto de controvérsia entre os intérpretes do diálogo.

Apesar da diversidade das interpretações, a maioria dos intérpretes concorda que a

prova hedônica em 583b não desempenha papel relevante na defesa da justiça - a

despeito da própria evidência textual que a instaura como decisiva . Sob essa

perspectiva, esta comunicação possui dois objetivos: a) abordar o problema

interpretativo instaurado pela relação entre justiça e prazer e b) explicitar a

plausibilidade da hipótese de que a prova hedônica funciona como resposta definitiva ao

problema ético posto no Livro II. Se corretos, o prazer em A República é um elemento

indissociável da eudaimonia .

Palavras-chave: ética; Platão; hedonismo.

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124 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Pablo Baptista Rodrigues

FRANZ KAFKA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE A LITERATURA E A

FILOSOFIA

Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Teoria da Literatura/Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura

Orientador Professor Doutor Ricardo Pinto de Souza

Bolsista CNPq

“So se pensa por imagens. Se você quiser ser filosofo, escreva romances”. A afirmaçao

citada foi feita pelo romancista e filósofo Albert Camus em seu livro Esperança do

mundo (Editora Hedra, 2014). A premissa se encontra em um dos cadernos do autor de

língua francesa, e por meio dela corroboramoso presente diálogo entre a Filosofia e a

Literatura. Somente a crença na Literatura e na Filosofia permitem a escritura e rasura

de um trabalho como este, que busca olhar a Literatura com forma de pensar a vida,

portanto, Filosofia por meio da Literatura. Em nosso caso escolhemos um dos autores

caros a Camus, Franz Kafka. Buscaremos em nosso trabalho observar o texto kafkiano

como forma singular de se “fazer” Filosofia. Se o lugar do romance para pensar a

Literatura e Teoria literária está mais que evidenciado, cabe nos agora perguntar o que

em Franz Kafka nos desperta o questionamento ao filosofar. Partindo dos principais

leitores do autor de A metamorfose, entre eles Walter Benjamin, Gilles Deleuze, entre

outros autores, observaremos o método narrativo de Franz Kafka para problematizar a

literatura e a tradição literária, e a filosofia e seu de . Tendo como premissa que é por

meio da inversão das categorias que Franz Kafka trabalha sua Literatura e nos auxilia a

perceber a conexão do literário com o filosófico. Inverter as noções dos clássicos de

uma dita “literatura universal”, bem como inverter as formas explicativas de nossas

vivências e anseios, como a busca do homem em ser livre.

Palavras-chaves: Franz Kafka; literatura; filosofia.

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125 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Paloma Fernanda Martins Pereira

A TEORIA DO PENSAMENTO COMPLEXO: UMA TENTATIVA DE

EFETIVAR DIREITO AO AUTOR DE ATO INFRACIONAL

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Programa de Pós-graduação em Serviço Social – Mestrado

Orientadora: Irene Rizzini

Bolsita CNPq

Os direitos assegurados ao adolescente autor de ato infracional, encontram-se cada vez

mais ameaçados, não apenas na execução das leis, mas em sua teorização. As medidas

socioeducativas estão em perigo diante das propostas que intencionam sua substituição

por medidas punitivas e repressivas, estas violam a Constituição e o Estatuto da Criança

e do Adolescente. Vale ressaltar, que a atual conjuntura sócio-política contribui para

esse avanço de retrocessos, no qual o “discurso de odio” sobressai, caracterizando a

intolerância e, consequentemente, a violação de direitos. O autor de ato infracional deve

ser visto para além do ato que comete, é necessário desmitificar concepções pré-

concebidas, entender o que não está explícito na história de vida desse cidadão e que

precisam ser levadas em consideração. Segundo Morin, cada indivíduo tem uma

multiplicidade de identidades e personalidades que acompanham sua vida, além disso

um contexto alheio a ele que o influencia em seu modo de viver. Diante disso, cabe a

utilização da teoria da complexidade a um melhor entendimento sobre essa questão.

Para Morin, a complexidade é o desafio e não a resposta. Não elimina a simplicidade e

não é o mesmo que completude. Assim, o pensamento complexo é um anseio constante

por um saber não generalizado e o reconhecimento de que ele não se esgota. Tem

relação com a ação e esta é uma escolha.

Palavras-chave: teoria do pensamento complexo de Morin; ato infracional; efetivação de

direito.

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126 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Pedro Henrique Ciucci da Silva

A CONCEPÇÃO FILOSÓFICA E ANTROPOLÓGICA DE PAULO FREIRE

Mestrando em Filosofia-PPGF PUC-SP

Professor: Antonio Valverde

Bolsista CAPES

A presente pesquisa visa a análise filosófica e antropológica nas obras de Paulo Freire,

onde o autor nos mostra a importância da alfabetização política e a participação do

homem no mundo, ou seja, não basta estar no mundo, mas construí-lo. O principal

equívoco que emana da obra freireana, é a falta de uma leitura aprofundada e com olhar

filosófico, pois um dos principais erros postulados a este autor é nomeá-lo simplesmente

como um mero pedagogo, ou um alfabetizador, e até muitas vezes mal interpretado

como alguém que, simplesmente, desenvolveu um método de alfabetização. Nas obras

de Freire fica claro que a alfabetização política está relacionada com a

transcendentalidade do homem neste mundo para com os problemas que o envolvem. A

importância filosófica acerca deste problema é a postura que o indivíduo tem na

construção do mundo e de suas relações com os outros. Paulo Freire em suas obras

justifica a importância de alfabetizar o outro não simplesmente pelas letras, mas para

uma consciência política que tem sua relação na transcendentalidade. A principal

preocupação de Freire está em mostrar para o outro um mundo de possibilidades, nunca

de forma adversa a isso. Esta possibilidade de poder ser no mundo é elucidar àqueles

mais oprimidos, mais esquecidos, a ideia de que ele está e pode construir e intervir neste

mundo, não em outro. O método freireano não se esgota tão somente, na proposta da

alfabetização política, mas também na relação do homem com este mundo e a sua

transcendentalidade sócio-historico-cultural. A importância de tal estudo está no fato de

afirmar as ideias de Freire e torná-las atuais, pois estamos vivendo numa perspectiva de

individualidade humana, nos afastando cada vez mais da proposta que não só Freire nos

mostra, mas outros autores que falam da noção de transcender em nós mesmos enquanto

seres humanos, pois é esta a ideia que o autor nos encarrega de entender, ou seja, é nos

preocuparmos que somos indivíduos políticos, temos o poder de construir, de fazer, de

escolher, de agir, de ser ator, pois o mundo contemporâneo nos mostra uma ideia

inversa desta perspectiva apontada pelo nosso autor, pois tenta nos tirar a ideia de

sermos atuantes, nos colocando em um mundo de inúmeras fragmentações, mas nunca

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127 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

em um mundo de realizações; como diz Freire temos que marchar para alcançar os

nossos anseios, temos que buscar as nossas principais necessidades.

Palavras-Chave: antropologia; educação; praxis.

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128 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Pedro Henrique dos Santos Ribeiro

CARL SCHMITT, DONOSO CORTÉS E OS LIMITES DO LEGALISMO

LIBERAL

PPGFIL / Mestrado em Filosofia UERJ

Orientador: Prof. Dr. Luiz Bernardo Leite Araújo

Desde ao menos a sua instituição formal e legal na Roma Antiga, o fenômeno da

ditadura tem sempre atraído o interesse dos filósofos e juristas. Na Modernidade, em

particular, a tradição política liberal, na sua luta originária contra o absolutismo

monárquico e na sua ênfase intensa sobre os direitos individuais, tem feito um esforço

sempre maior, ao longo dos séculos, por limitar o exercício do poder discricionário, isto

é, não sujeito às normas jurídicas vigentes. Será, no entanto, possível, no mundo real e

concreto, a existência de uma ordem política liberal até às últimas consequências, onde

os governantes sejam totalmente submetidos ao império da lei? Ou não será talvez

constitutivo do próprio modo de ser da política a existência de um âmbito de decisão

pessoal do governante que é irredutível à normatividade jurídica e que só pode ser

compreendido em termos de disputa por poder? Em suma, é possível uma sociedade

inteiramente fundada no Estado de Direito ou não serão, no fim das contas, sempre a

força do poder soberano e a imposição de sua vontade o fundamento último da própria

legalidade jurídica? Eis o problema que examinaremos, à luz da contribuição dos

filósofos Carl Schimitt e Juan Donoso Cortés.

Palavras-chave: Donoso Cortés; Carl Schmitt; Ditadura.

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129 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Peter Franco

TEMPO E MEMÓRIA, DA FILOSOFIA COMO FICÇÃO

PPGFIL-UERJ

Orientadora: Izabela Bocayuva

Albert Camus abre seu livro O Mito de Sísifo com a sentença: só há um problema

filosófico realmente sério: o suicídio. Suicídio em nossa compreensão de Camus não

quer dizer o mesmo que já ter suicidado, não está falando necessariamente de tirar a

própria vida; uma diferença sutil, porém crucial. É preciso compreender que suicídio é a

experiência mais próxima do que Camus quer chamar de uma reavaliação de todas as

coisas,o que para Nietzsche seria a transvaloração detodos os valores e, com mais

precisão;os dois pensadores querem chamar atenção para o instante, aquele

extraordinário momento representado pelo suicida, em Camus, que decide de uma vez

por todas viver ou morrer, e pelo demônio em Nietzsche. A imagem do suicida traz

consigo os aspectos do silêncio, da escolha, da possibilidade, em suma: do poder-ser.

Esta imagem muito se aproxima de dois momentos da obra de Nietzsche que traremos

para o diálogo com Camus: A passagem Da visão e do enigma, de Zaratustra, e O maior

de todos os pesos, em A gaia ciência. Em ambas as passagens Nietzsche nos apresenta

momentos cruciais, momentos-limite nos quais seus personagens reavaliam todo o

percurso de vida caminhado até ali e sobre sua necessidade, finalidade, qualidade e,

consequentemente, seu retorno. Analisaremos as semelhanças entre as obras desses

pensadores começando pela 1. Avaliação de suas filosofias por meio de personagens

que suscitam conceitos, 2. Implicações morais e éticas no jogo da vida e, por fim 3. Nas

questões de temporalidade, relacionando tempo individual e tempo cósmico.

Palavras-chave: ficção; tempo; instante.

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130 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Priscila Céspede Cupello

DEBATES ENTRE EM NIETZSCHE E FOUCAULTSOBRE AS ÚLTIMAS

PALAVRAS DE SÓCRATES

Programa de Pós Graduação em Lógica e Metafísica UFRJ

Orientador: Alice Haddad

Bolsista FAPERJ

No diálogo, Fédon, as últimas palavras de Socrates foram: “Criton, devemos um galo à

Asclepio” (Platao, Fedon, 118). Para Nietzsche, essas palavras significaram “Criton, a

vida e uma doença!” (FW, § 340) sendo interpretado como uma afirmaçao pessimista

por parte de Sócrates sobre sua experiência da vida.Sócrates foi visto por Nietzsche

como um “anti-grego” e o precursor da decadência do ocidente. Entretanto, Michel

Foucault tem uma interpretação diferente sobre as últimas palavras, de modo que, para o

filósofo, “a ideia de que a vida e uma doença da qual a morte cura nao pode de modo

algum funcionar, coincidir, se integrar com todo o ensinamento socrático” (Foucault,

2011, p. 86). Foucault argumenta diretamente contra a interpretação nietzschiana e

ratifica: “Socrates nunca diz, nem pensa e nao pensou que a vida e uma doença”

(Foucault, 2011, p. 88). Portanto, este trabalho busca fazer emergir esse campo de

conflitos entre os posicionamentos de Nietzsche e Foucault sobre as últimas palavras de

Sócrates.

Palavras-chave: Parresia; estética da existência; ética.

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131 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Rafael Rocha da Rosa.

ZARATUSTRA E OS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS

Doutorando/ UERJ

Orientadora: Rosa Dias

Bolsista CAPES

Pierre Hadot, em seu livro, Exercícios espirituais e a filosofia antiga, afirma que as

obras filosóficas da Antiguidade não visavam meramente a exposição de um sistema

hermético de pensamento. Justo o contrário: teriam um efeito formativo, com o fito de

trabalhar a disposição de seus leitores, conduzindo-os a uma superação, a uma certa

forma de viver. A subversão de uma existência, alterando o ser do indivíduo, levaria à

passagem de um estado de vida sem autenticidade, agrilhoada, para um estilo de vida

autêntico, de liberdade interior. Assim, haveria nas escolas helenísticas de filosofia o

impulso eversivo da perspectiva do indivíduo e do modo como este conduzia suas

ações. Nas palavras de autor, “os exercicios espirituais terao precisamente como

objetivo a realizaçao dessa transformaçao”.7 Meditação, exame da consciência,

vigilância do espírito e fórmulas interiores, visavam a criação de um hábito e tinham

como meta a preparação para um viver livre e consciente de seu lugar no cosmos.

Também havia a compreensão da filosofia como cura, como terapêutica, conduzindo a

alma à alegria de existir. Nietzsche, filólogo e profundo conhecedor da filosofia grego-

romana, concebe a Modernidade como decadente. Seus valores degenerados e sua

cultura nociva precisariam ser transvalorados. Sua doença seria o niilismo. A fórmula

encontrada pelo filósofo alemão para a superação dessa condição seria o eterno retorno:

um teste existencial que conduziria os fortes e criadores a outro estilo de vida,

afirmando alegria no viver, desejando a repetição infinita de sua existência, tamanho o

júbilo encontrado na mesma. Tal atitude existência seria possível apenas para uma nova

estirpe, frutos do super-homem, esse seria o conteúdo de seu ensinamento, como ele

anuncia: “eu vos ensino o super-homem. O homem e algo que deve ser superado”.8 Em

nossa hipótese, essa afirmação seria possível através de uma série de práticas que teriam

por finalidade a transformação do indivíduo.

Palavras-chave: Nietzsche; Hadot; exercícios espirituais.

7 HADOT, P. Exercícios espirituais e filosofia antiga. P.22. 8 NIETZSCHE. Assim falou Zaratustra. Prólogo, §3.

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132 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Rafael Zacca

CRÍTICA COMO “FAZIBILIDADE”: AS AFINIDADES DA CRÍTICA LITERÁRIA EM WALTER BENJAMIN COM A CRÍTICA DA ECONOMIA

POLÍTICA DE KARL MARX

Programa de Pós-Graduação em Filosofia / PUC-Rio (Doutorando)

Orientador: Pedro Duarte

Bolsista CNPq

Certas obras se apresentam com tamanha autoridade diante de alguém ou de uma época,

que nada, nesses casos, nenhuma fala ou gesto, parece estar à altura de seu poder

fascinante, e condicionam, dessa maneira, uma recepção servil. Existe um conceito na

obra de Walter Benjamin que nos ajuda a pensar uma relação mais criativa com a arte: o

conceito de “poetificado”, das Gedichtete. Encontramo-lo no ensaio sobre “Dois

poemas de Friedrich Hölderlin”. E se, frequentemente, poetas queixam-se de que uma

definiçao qualquer de poesia ou de poema (mesmo quando “abertas” e cheias de

abstrações vagas o suficiente para não liquidarem uma potência criativa) tende a esgotar

cedo demais as possibilidades de atuação artística, a nossa hipótese aqui é a de que o

conceito de “poetificado” abre nao apenas um vastissimo horizonte poetico, como

também, no seio de cada poema, a possibilidade de um fazer sempre renovado. Isto é, o

conceito de “poetificado” autoriza uma recepçao nao servil dos poemas. O jovem

Walter Benjamin, ainda distante de seu marxismo da década de 1930, colocou no

coração do poema uma questão fundamental para qualquer teoria engajada com a

transformaçao do mundo: “Que fazer?” Com isso, quero propor que o conceito

consequente de critica (de poesia) que se erige do conceito de “poetificado” guarda, nao

obstante Benjamin ainda não tivesse travado contato com a literatura marxista, algum

parentesco com o conceito de crítica (da economia política) erguido pelos escritos de

maturidade de Karl Marx – ou seja, se assemelham na exigência de um abandono de

uma postura contemplativa passiva diante de um “objeto” do saber e na busca dos

possíveis prognósticos diante de uma determinada “situaçao” do saber.

Palavras-chave: crítica; filosofia da arte; epistemologia.

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133 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Rafaela Francisco da Nobrega

INTUIÇÃO E EMOÇÃO NA CRIAÇÃO ARTÍSTICA: UMA ESTÉTICA BERGSONIANA

PPGFIL – UERJ

Orientador: Prof. Dr. James Arêas

Bolsista CAPES

O presente trabalho objetiva abordar a partir da concepção de Bergson o método

intuitivo considerando a emoção criadora no âmbito da experiência estética. A intuição

não é aqui compreendida como sentimento ou instinto, mas como método filosófico,

segundo nos aponta Deleuze, ela seria um método que nos permite alcançar o cerne dos

problemas bergsonianos visto que por ela somos capazes de nos ater aos problemas

verdadeiros e nos afastar dos falsos, os pensando a partir da duração. A duração através

da intuição nos situa no tempo em detrimento do espaço, espaço este que está mais

aproximado das razões científicas, portanto ligado à inteligência. Nesse movimento a

arte propicia uma comunicação dinâmica com as coisas uma vez que a intuição em

Bergson está fundada na experiência. Neste estudo é primordial entender que para

Bergson criação é emoção. Contudo, essa emoção não compreende a emoção comum,

trivial, aquela cuja origem ou cujo destino se encontra no corpo físico ou em atribuições

psicológicas. A emoção que aqui se fala é aquela presente no espírito, aquela em contato

com a duração, sendo a responsável por gerar a percepção capaz de provocar a

singularidade no todo. Nosso objetivo, portanto, é compreender como a emoção se lança

no processo criativo impulsionando e organizando os elementos trabalhados pelo artista.

Palavras-chave: intuição; emoção; Bergson.

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134 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Rafael Mófreita Saldanha

A FILOSOFIA ESTÁ MESMO MORTA? UM OLHAR SOBRE O ESGOTAMENTO DE UMA CERTA PRÁTICA EUROPÉIA QUE

IMPORTAMOS SEM MUITO CUIDADO

PPGF-UFRJ

Orientador: Tatiana Roque

Bolsista CAPES

A fala em questão pretende abordar o tópos clássico, do fim da filosofia. De Hegel a

Derrida, passando por Heidegger e Wittgenstein (entre outros), encontraremos a

pergunta sobre um certo esgotamento da prática filosófica. Como se o pensamento

conceitual tivesse alcançado seus limites - variando, segundo o autor em questão, o que

fazer diante do esgotamento. Wittgenstein, porém, nos abre um caminho para entender

esse esgotamento de outra forma, pois desses três últimos exemplos, apenas ele de fato

assumiu esse esgotamento em sua prática, movimento que culmina com as sucessivas

tentativas de abandonar a vida filosófica. O que se percebe, porém, por meio de um

olhar mais atento aos movimentos da vida de Wittgenstein é que talvez não seja a

filosofia que esteja morta. Talvez aquilo que esteja morto (se é que algum dia viveu)

seja a filosofia enclausurada no mundo universitário - ou seja, a filosofia submetida as

especializações e divisões de trabalho impostas pelo capitalismo industrial e neoliberal.

Se pensarmos na universidade, como sugere Paulo Arantes, como um espaço que não

produz mercadoria ou valor (no sentido marxista), fica claro (após o vôo da coruja) que

esse lenta e penosa morte que observamos nas universidades do mundo inteiro

(inclusive, na UERJ) foi antes fruto de um assassinato premeditado e engenhoso.

Diversas práticas são inseridas na economia da universidade, se tornam dependentes

dessa economia, para em seguida, serem mortas junto com essa economia.

Palavras Chaves: filosofia; capitalismo; universidade.

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135 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Raquel de Azevedo

A CIDADE DE SÓCRATES: ENSAIO SOBRE A NATUREZA DA VERDADEIRA ARTE POLÍTICA EM GÓRGIAS

Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUC-Rio

Orientadora: Déborah Danowski

Bolsista CAPES

Cálicles, célebre interlocutor de Sócrates com quem a dialética não funciona, ocupa uma

posição peculiar no esquema analógico de Platão em Górgias. Enquanto os demais pares

de personagens do diálogo parecem indicar uma relação entre mestre e discípulo, entre

uma determinada arte e aquilo que ela produz – vejam-se Górgias e Polo, Sócrates e

Querofonte –, Cálicles, terceira figura a ser submetida ao elenchos socrático, tem como

par o não-diálogo, aquilo que ele produz é precisamente o não funcionamento da

dialética. Mas o que exatamente falha quando a dialética falha? Minha hipótese é que

essa é a forma negativa de se perguntar em que consiste a arte de Sócrates. Cálicles,

como o próprio Sócrates reconhece, é sua pedra de toque (486d2-e2), mas só pode dizer

algo sobre a arte socrática às avessas, perturbando e inviabilizando completamente o

processo de homologia. Pela correspondência entre a alma e a cidade, podemos assumir

que o não-diálogo também se desdobra em duas cidades distintas, uma sendo o avesso

da outra, como na anedota acerca dos dois discursos sobre Helena proferidos por

Gorgias. A diplomacia entre essas cidades nao e, porem, “como um brinquedo”, tal qual

a conclusão do Elogio, não há indiferença entre os dois modos de vida. Sua relação é de

uma guerra em que uma das cidades, a de Sócrates, tem de lutar no interior da topologia

da outra, a saber, nos discursos.

Palavras-chave: Platão; Górgias; recalcitrância.

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136 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Raquel Rodrigues Rocha

DA SOCIEDADE DISCIPLINAR À SOCIEDADE DE CONTROLE DIGITAL

Doutorado em Filosofia - Programa de Pós-graduação em Filosofia/ Universidade Federal do Rio de Janeiro

Orientador: Prof. Dr. Filipe Ceppas

Tomando como pressuposto que o advento da cibercultura influência diretamente nas

relações entre os indivíduos e a sociedade, não há como separar a evolução da Era

digital dos acontecimentos sociais das últimas décadas. Ante tal pensamento, o presente

artigo visa estabelecer um breve excurso acerca da transformação da sociedade

disciplinar em uma sociedade de controle digital, que tem na cibercultura e em seus

avanços tecnológicos a principal ferramenta de controle dos indivíduos. A

popularização da internet e o surgimento das redes sociais, faz com que cibercultura

torne-se como fundamental na constituição da sociedade contemporânea, promovendo

transformações significativas na maneira como as relações sociais, econômicas e

políticas são estabelecidas com os indivíduos. Nosso excurso começa a partir da

compreensão do que é a biopolítica e como é constituída a sociedade disciplinar a partir

do pensamento de Michel Foucault, para depois compreender o que é a sociedade de

controle digital. Deste modo, é possível apontar como os acontecimentos sociais

relativos ao surgimento da cibercultura, bem como àqueles provocados pela

cibercultura, aos poucos fazem com que a estrutura social disciplinar, de controle,

ligada principalmente a produção capital fabril, seja transformada numa sociedade de

controle digital, baseada no modelo neoliberal de produção que transforma os

indivíduos em sujeitos de rendimento influenciados pelo ideal de liberdade propagado

pela cibercultura.

Palavras –chave: sociedade; disciplina; cibercultura.

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137 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Ravena Olinda Teixeira

A POTÊNCIA DA MEMÓRIA EM ESPINOSA

Universidade de São Paulo/FFLCH-USP

Orientador: Luís César Guimarães Oliva

Bolsista do CNPq

Espinosa nos diz, na segunda parte da Ética, que a memória é resultado das afecções do

corpo. No escólio da proposição XVIII, a memória é definida quando ele nos explica

que as imagens são formadas na mente quando um corpo é afetado e arranjado pelos

traços de um corpo exterior. No final da última parte da Ética, o filósofo fala em duas

partes da mente: uma que perece e outra que permanece, apesar da morte do corpo. Em

seguida, ele coloca a imaginação e a memória como partes da mente que perecem com o

corpo e que são insignificantes em relação àquilo que subsiste dela. O problema surge

porque Espinosa jamais rejeita por completo a verdade que a experiência nos impõe.

Nesse sentindo, a memória é um critério legítimo, fornecido pela experiência, para

determinar a individualidade de um ser humano. No entanto, há quem defenda que essa

individualidade, percebida pelo primeiro gênero do conhecimento (imaginação) seja

ilusória. Chantal Jaquet, por exemplo, interpreta que embora o eu não seja odioso como

em Pascal, ele simplesmente não existe. Além disso, muitos intérpretes da filosofia

espinosana consideram que a salvação que Espinosa propõe pelo terceiro gênero do

conhecimento não envolve relação com o corpo; pelo contrário, parece ser uma negação

do corpo e, de certa forma, da memória. Não obstante, nosso trabalho pretende analisar

os textos da Ética sobre a memória para entender qual a sua potência e o seu papel no

projeto ético espinosano.

Palavras-Chave: potência; memória; espinosa.

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138 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Rebeca Louzada

A SIMPATIA NO SENTIMENTALISMO MORAL DE HUME E SLOTE

UERJ PPGFIL- Doutoranda

Orientador: Marcelo de Araújo

Este trabalho pretende investigar como é possível fundamentar a moralidade na

simpatia, ou seja, na capacidade de nos imaginarmos no lugar de outrem, para tal

utilizamos dois filósofos do Sentimentalismo Moral, David Hume e Michael Slote. No

Tratado da Natureza Humana (1739) Hume defende que a natureza humana possui um

princípio que explica porque somos incapazes de ficarmos indiferentes diante da

felicidade ou sofrimento alheio: a simpatia. Esta é a responsável pela emergência das

paixões indiretas, tais como orgulho e humildade, amor e ódio; além disto, ela faz a

transição das paixões não morais do egoísmo e da benevolência restrita para

sentimentos morais. Atualmente, houve uma nova tentativa de fundamentar a

moralidade em sentimentos morais, Slote defende em Ethics of Care and Empathy

(2007) e Moral Sentimentalism (2010) que a empatia, ou a simpatia humeana, é o

princípio moral por excelência. Em nossa vida, afirma ele, pensamos e agimos de forma

a não machucar, não magoar, nos preocupamos com o bem estar não apenas de quem

nos é mais próximo, mas também de pessoas as quais sequer conhecemos. Julgamos e

seguimos preceitos morais que nos permitem viver melhor e tornam as vidas de todos

melhores.

Palavras-chaves: simpatia; Sentimentos Morais; paixões.

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139 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Reginaldo Rodrigues Raposo

RITMO, HARMONIA E MELODIA NA ESTÉTICA DE HEGEL

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP

Programa de Pós-Graduação em Filosofia (Mestrado)

Orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio Werle

O intuito deste trabalho é discutir a maneira peculiar através da qual a Estética de Hegel

(tanto a célebre edição Hotho quanto os demais cadernos de alunos) se insere na questão

que se tornará a mais decisiva para o século XIX no âmbito artístico - a autonomia. Os

elementos estritamente musicais presentes num discurso de caráter acima de tudo

metafísico especulativo evidenciam a particularidade que delineia essa temática em

Hegel. Entre esses elementos, podemos sublinhar “medida temporal, compasso e

ritmo”, “harmonia” e “melodia”, que sao tratados com algum destaque no interior dos

textos sob a égide de uma oposição aos elementos oriundos daquilo que Hegel

denomina de Espírito Subjetivo9 - principalmente “sensaçao”, “sentimento de si”

(antropologia filosofica), “intuiçao” e “representaçao” (psicologia filosofica). Hegel,

muito embora nossa orientação seja a de que sua sistematização estética se dê através da

sistematização filosófica mais ampla da Enciclopédia das Ciências Filosóficas, nesse

sentido dá um passo decisivo para que se possa verdadeiramente falar de uma “ciência

da música” ou musicologia de meados do seculo XIX.

Palavras-Chave: Hegel; música absoluta; musicologia.

9 Primeira seção do terceiro volume de sua Enciclopédia das Ciências Filosóficas.

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140 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Ricardo Cezar Cardoso

GILBERT SIMONDON: A INDIVIDUAÇÃO COMO ONTOLOGIA GENÉTICA

Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Curso/Programa: Doutorado/PPGFIL-UERJ

Orientadora: Dirce Eleonora Solis

Logo na introduçao de “L’Individuation à la lumière des notions de forme et

d’information”, sua tese de doutorado e obra principal, Simondon sinaliza que a busca

de um Principio de Individuaçao supõe “que existe um principio de individuaçao

anterior à própria individuação, suscetível de explicá-la, de produzi-la, de conduzi-la”.

De imediato, ele se opõe a Aristóteles e a toda tradição hilemórfica, a qual tem no

“individuo constituido a realidade interessante, a realidade a explicar”; caracterizando,

assim, uma “ontogênese invertida”. Diante desse entrave imposto pela ontologia

clássica (hilemórfica), Simondon busca no conceito de ontogênese, caro à Biologia, uma

saída capaz de explicar a individuação a partir da individuação ela mesma. Porém,

mesmo aí, Simondon esbarra com o fato de que a ontogênese, tal como nos é dada por

Haeckel, que diz “a ontogenia recapitula a filogenia”, mantem traços de hilemorfismo,

na medida em que toma a individuaçao como a realizaçao de um “tipo”, por um lado, e

o indivíduo como diferença em relação a outros indivíduos, por outro, e que, por isso

mesmo, mantém tanto o indivíduo quanto o meio como anteriores à própria

individuação. Segundo Simondon, uma ontogênese real visa dar conta da gênese do par

indivíduo-meio. Daí o uso de conceitos como Transdução e Metaestabilidade. A

individuação como processo transdutivo, faz da ontogênese real a produção do novo, e

não a reprodução de um tipo. Assim, a individuação como transdução, faz da ontogenia

uma Ontologia Genética.

Palavras-chave: individuação; Transdução; Metaestabilidade.

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141 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Ricardo Pedroza Vieira

IMPLICAÇÕES ÉTICAS E EXISTENCIAIS DA NOÇÃO DE CONFIABILIDADE ("VERLÄSSLICHKEIT"), PRESENTE NA "ORIGEM DA

OBRA DE ARTE" DE HEIDEGGER

Professor do Colégio Pedro II (CPII), Doutor em Filosofia pelo PPGF/UFRJ

O trabalho consiste em uma reflexão sobre a relação existencial com o ser-utensílio

(Zeugsein) caracterizada como confiabilidade (Verlässlichkeit) na "Origem da Obra de

Arte" de Heidegger. A confiabilidade é uma dimensão originária de afetividade e

engajamento com a existência e com as coisas. Procuramos refletir sobre as implicações

desta dimensão da existência para as relações entre arte e vida cotidiana e para as

possibilidades de orientação humana no mundo e com relação aos entes. Por fim,

consideraremos o impacto destas implicações para o problema do sentido existencial da

ética. Como pensar a ética como uma tarefa humana rigorosa, enraizada na dinâmica

hermenêutica da existência, se esta é marcada por transformações e incertezas no

âmbito das orientações sobre as quais se assentam quaisquer regras ou padrões de

conduta? Para auxiliar no aprofundamento conceitual destes pontos, também se procura

traçar um paralelo entre a noção de confiabilidade e a noção de estar-certo (Gewiss-

sein) e suas variações, apresentadas no §52 de Ser e tempo. Particularmente,

procuramos levar em conta aquela certeza que é considerada existencialmente

privilegiada neste texto, a saber, a certeza da morte. O paralelo visa esclarecer a relação

entre os diferentes modos de confiança e certeza, na perspectiva das implicações que

indicamos.

Palavras-chave: confiança; Heidegger; Verlässlichkeit.

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142 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Rineu Quinalia Fh

ARGUMENTUM AD HOMINEM E ARGUMENTUM AD PUBLICUM:

AS POSSÍVEIS VARIAÇÕES INTERPRETATIVAS DO ÉLENKHOS

Universidade Federal de São Carlos

Doutorando em Filosofia

Orientadora: Prof. Dr.a. Eliane Christina de Souza

Bolsista CAPES

Élenkhosé principalmente sinônimo de inspeção. Tudo tem início com uma simples

pergunta: “que e?” (ti estí;). O ti estí basicamente estabelece a relação entre o sujeito

que aplica a pergunta (Sócrates) e outro que deve defendê-la (quase sempre um

renomado interlocutor). O modelo tradicional do élenkhosé o seguinte:1) O interlocutor

propõe uma tese X, Sócrates decide refutá-la;2) Sócrates cria um estado de

homologia (um acordo) com o principal interlocutor para que a discussão prossiga

mediante o fornecimento de outras premissas ligadas à tese X, por exemplo, premissas

Y e/ou Z. O consenso é ad hoc: sendo assim, Sócrates aparentemente parece deixar de

lado momentaneamente a tese X e começa a argumentar sobre as premissas Y e

Z;3)Sócrates demonstra, a partir do consentimento do interlocutor, que Y e Z implicam

não-X; 4) Sócrates, por fim, afirma ter demonstrado que não-Xé verdadeira, logo, a tese

Xdefendida por seu interlocutor, é falsa. Muitas vezes, porém, toda essa performance

ocorre diante de um público. Este aspecto dramático nos interesse particularmente.

Ocorrem duas clássicas modalidades interpretativas da inspeção socrática; uma é

chamada de “élenkhosprioridade de definição(PD)” e outra que respeita a mesma

estrutura, Vlastos chamará de “élenkhospadrao”.Estes dois modos de ler o élenkhos

baseiam as hipóteses levantadas para o desenvolvimento deste trabalho, que sugere

propor algumas variações interpretativas do élenkhos a fim de torná-lo mais abrangente.

Palavras-chave: história da filosofia antiga; Sócrates; élenkhos.

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143 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Roberta Ribeiro Cassiano

O FIM DA METAFÍSICA EM QUESTÃO: NIETZSCHE E HEIDEGGER SOBRE A HISTÓRIA

UERJ PPGFIL

Marco Casanova

Por meio da leitura da interpretação de Nietzsche por Heidegger, procuraremos avaliar a

situação do pensar contemporâneo em seu autodeclarado movimento de ruptura com a

tradição metafísica que o precede e possibilita. Buscaremos avaliar a afirmação

heideggeriana segundo a qual Nietzche, em sua formulação da vontade de poder como

princípio de articulação do real, permanece no interior do domínio da metafísica e, em

verdade, promove sua mais elevada e derradeira consumação, mesmo consideradas a

radicalidade e as inúmeras consequências filosóficas de suas críticas a esta tradição.

Além disso, nos interessa localizar o confronto com o pensamento nietzscheano no

interior do movimento de viragem (die Kehre) do caminho de pensar de Martin

Heidegger a partir da década de 1930, onde aparecem e ganham força as noções de

acontecimento apropriativo (Ereignis) e a caracterização da metafísica como história do

Ser. Buscaremos interrogar aqui justamente a reformulação dos termos de colocação de

problemas centrais já em seu projeto fenomenológico e hermenêutico desenvolvido em

Ser e Tempo e outros textos da mesma época. Com isto, poderemos enfim evidenciar,

neste contexto, as considerações dos autores mencionados sobre a questão acerca da

história e demarcar seu caráter decisivo para ambos. Palavras-chave: história.

Metafísica. Vontade de poder. Acontecimento apropriativo.

Palavras-chave: Heidegger; Nietzsche; metafísica.

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144 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Roberta Liana Damasceno Costa

A CRÍTICA AO NOSSO PRESENTE HISTÓRICO: A ATUALIDADE COMO QUESTÃO EM MICHEL FOUCAULT

Universidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ Programa de Pós- Graduação em Filosofia – PPG-Fil

Orientadora: Profa. Dra. Vera Maria Portocarrero

A proposta deste ensaio e ser uma análise da noçao de “ontologia do presente”,

apresentada pelo filósofo Michel Foucault, na perspectiva de instrumento para o

diagnóstico da atualidade. O termo ontologia, em Foucault, é herdado por suas leituras

do filósofo alemão Immanuel Kant e reinterpretado como crítica, enfrentamento aos

dispositivos de assujeitamento e domínio das formas de existência, forjados pelas

instituições disciplinares, formas de governos que são revestidos pelas relações entre

poderes e saberes. O filósofo francês em seu escrito O que são as luzes, deixa em

evidência que através da crítica, ver-se uma possibilidade da realização de uma

“ontologia critica de nos mesmos”. Para tal empreendimento critico, e preciso ser

evidenciado os limites instituídos aos sujeitos (campo da experiência do pensável,

dizível e factível), sejam por normas, acontecimentos históricos, gestão da vida por

políticas estabelecidas. A ontologia do presente é um modo de abordar fenômenos

históricos e sociais. Caberá a tarefa de investigação do contexto de surgimento da noção

de crítica da atualidade, ao retomar os escritos foucaultianos, para que seja

compreendido na transformação dos processos históricos de subjetivação, a

problematização do papel da liberdade e da autonomia na formação do cidadão ou

sujeito político na atualidade. O entendimento da ontologia, como crítica, abre um

campo de pesquisas que visa compreender os acontecimentos históricos que nos

levaram a nos tornar o que somos, indicando formas de resistência e transformação do

espaço social e político.

Palavras-chave: ontologia do presente; política; liberdade.

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145 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Roberto Nunes Junior

O CONCEITO DE PRÁXIS EM KARL MARX

Universidade Federal de Pernambuco Programa de Pós-Graduação Integrado de doutorado em Filosofia (UFPE-UFPB-UFRN)

Orientador: Luís Vicente Vieira

Bolsista CAPES

Em seu texto Teses sobre Feuerbach, o filósofo alemão Karl Marx cunhou, na XI tese, a

celebre frase “Os filosofos apenas interpretaram o mundo, de forma diferente, o que

importa é mudá-lo”. Partindo da análise de que esse nao e apenas um chamamento para

que os filósofos se engajem na transformação do mundo, mas a expressão de um novo e

revolucionário conceito na teoria de Marx, a práxis, pretendo analisar este conceito

como resultado de um processo de acúmulos teóricos e políticos que, conectados com o

ambiente intelectual e com as lutas políticas da época, abriu caminho para a posterior

construção teórica do autor. Desta forma, a comunicação pretende fazer uma breve

retrospectiva histórica, e teórica, sobre o caminho percorrido por Marx desde os Anais

franco-alemães até as referidas teses com o intento de levantar duas questões principais

na teoria marxista: 1) a chegada ao conceito de práxis foi totalmente coerente com o

processo prático e teórico vivido pelo próprio autor, que formulou e reformulou sua

teoria de acordo com as experiências da vivência política da época; 2) o abandono da

separação entre teoria e prática, que até então marcara a história da filosofia, implica um

engajamento político e revolucionário, pelo menos por parte dos que se consideram

marxistas. Ora, em que medida e de que forma isso é possível no mundo de hoje?

Palavras-chave: práxis, teoria; prática.

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146 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Rodrigo do Amaral Ferreira

NOTAS SOBRE A PRESENÇA DA METÁFORA NO PENSAMENTO DE JACQUES DERRIDA

Pós-graduação em Filosofia / Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Orientadora: Dirce Eleonora Nigro Solis

Em seu ensaio A mitologia branca, o pensador franco-argelino Jacques Derrida

questiona a “presença” da metáfora no texto filosofico em geral, objetivando demonstrar

como essa figura de estilo excede os limites da retórica – seu campo disciplinar – e

incide sobre o discurso especulativo, próprio à filosofia em sentido estrito. No curso do

texto, fica claro que é não é tanto o uso da metáfora que interessa a Derrida e aos

propósitos do que ficou conhecido por desconstrução, mas o modo como a figura

aparece e interfere no processo de constituição do discurso filosófico que se apoia na

subsunção de uma pretensa língua natural para, a partir dela, formar os conceitos

abstratos com os quais opera a filosofia. Nessa perspectiva, partiremos da apresentação

desse ensaio de Derrida para, em seguida, propormos uma chave de leitura que

extrapola o campo estritamente linguístico no qual se desenvolve a discussão sobre a

metáfora. Referimo-nos à possibilidade de balizarmos certos efeitos ético-políticos

oriundos dessa discussão cujo impacto ressoa tanto na economia da assinatura Derrida,

ou seja, na sua obra em geral, quanto em questões prementes à contemporaneidade. A

partir desses dois movimentos, julgamos ser possível marcar a proficuidade e a

atualidade do pensamento derridiano, com todos os ganhos e perdas que ocorrem ao

fazermos com que ele cruze a linha dos trópicos.

Palavras-chave: metáfora; desconstrução; Jacques Derrida.

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147 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Rodrigo Viana Passos

ONDE ESTÁ O AUTOR?: CONSIDERAÇÕES HERMENÊUTICO-FILOSÓFICAS SOBRE A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Programa Pós-graduação em Filosofia (Mestrado)

Orientador: Paulo César Duque-Estrada

Bolsista CAPES

O presente trabalho busca refletir, a partir do paradigma da hermenêutica-filosófica,

sobre o lugar hermenêutico do autor de uma obra artística consumada e lançada ao

mundo para ser experienciada. No fundo é perguntar: quando nos pomos diante da obra,

o que buscamos é autor e sua consciência criadora expressa na obra ou algo diverso e

independente – um conteúdo em si mesmo subsistente? Tal problema pode ser extraído

das próprias considerações de Gadamer sobre o acontecimento artístico presentes tanto

em Verdade e Método, quanto em seus artigos periféricos sobre estética (vol. 8 e 9,

Gesammelte Werke). Lá o encontramos preocupado em deslocar a experiência estética

de um âmbito puramente subjetivo – consciência estética aliada a um tipo de

consciência histórica – para um âmbito ontológico de acontecimento da verdade. A

obra, sob esse novo olhar, passa a ser compreendida como parâmetro de si mesma, ou

seja, ela própria possui o primado da experiência estética na medida em que se

configura como representação (Darstellung) de uma verdade. Por outro lado, parece ser

legítimo questionar se o autor deixa de ter qualquer função hermenêutica aí. E se tem,

qual o caráter de tal presença autoral na obra? Acreditamos que, à princípio, não se pode

compreender a tese gadameriana como “anti-autoral”, promovendo uma cisao artificiosa

entre a obra e sua origem. O autor é o mediador original da verdade desvelada e a

configuração artistica final: um verdadeiro “sacerdote” da verdade.

Palavras-chave: hermenêutica; arte; autor.

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148 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Rogério Reis Carvalho Mattos

DO MUSEU DAS ESPÉCIES À ANATOMIA PATOLÓGICA: A ARTE DE FABRICAR DOENÇAS

Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutorando em Filosofia Moderna e Contemporânea / Programa de Pós-graduação em Filosfia da UERJ

Orientadora: Vera Portocarrero

O trabalho se baseia nas discussões sobre o nascimento da medicina moderna, da

clínica, no século XIX, e seus vínculos com o pensamento biológico como revelado

pelos escritos de Canguilhem e Foucault. Este problematiza a diferenciação da clínica e

das ciências da natureza a partir da definiçao das “condições de possibilidade” tanto de

Cuvier quanto de Saint-Hilaire para a emergência do saber médico e dos problemas

colocados pela antropologia oitocentista. A questão da "confusão do duplo empírico-

transcendental", a capacidade de "fabricar" doenças - algo já apontado no primeiro livro

da História da Sexualidade, de Foucault (como também em seus cursos), quando fala

sobre Charcot, é bem desenvolvido pelo historiador da arte francês Georges Didi-

Hubemarn, com a sua "Invenção da histeria". Neste sentido, encontramos similaridades

com o que se fez no Brasil com Carlos Chagas e a doença que levou seu nome. A

questão das imagens e como, a partir delas, fabricar uma doença, pode levá-la, talvez se

possa dizer, a "níveis hollywoodianos". Carlos Chagas contribuiu para a revista de

Charcot na Salpetrière, onde se exibiam as fotos das "poses" das histéricas e também a

dos que sofriam do mal de Chagas; por outro lado, como o "grande mal" que era a

doença de Chagas, com o tempo foi virando algo cada vez mais circunscrito em termos

clínicos, a identidade da doença sofreu uma mudança brusca, talvez menos pela

melhoria das condições sociais do que pelo própria percepção clínica da doença. Uma

outra antropologia.

Palavras-chave: antropologia; nascimento da clínica; pensamento biológico.

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149 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Ronnielle de Azevedo Lopes

A EPISTEMOLOGIA DA INCONTORNABILIDADE EM HEIDEGGER

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. Mestre em Filosofia pela PUC-SP

Compreendemos existir em Martin Heidegger, principalmente após a reviravolta

(Kehre) de seu pensamento, uma epistemologia da incontornabilidade em que a

tecnociência esbarra no seu próprio limite. O limite da tecnociência é o incontornável

em seu objeto, o ser do objeto, a dimensão inacessível à representatividade moderna.

Pensar o limite da tecnociência é buscar superar sua principal ameaça: a absolutização

de um desvelamento único do real, a objetivação plena da vontade de poder do sujeito

frente à natureza. Conceber uma epistemologia da incontornabilidade em Heidegger é se

lançar a tarefa de compreender tal superação, resguardando o incontornável da ciência:

a natureza como natureza, o homem como homem, a linguagem como linguagem... os

fenômenos como fenômenos. A epistemologia não é concebida, pelos estudiosos de

Heidegger, como um problema central no pensamento do filósofo de Freiburg. Na

contramão de todos os filósofos da ciência, Heidegger não determina a ciência

diretamente vinculada à teoria do conhecimento. Na tradição, incluindo seu mestre

Husserl, a filosofia da ciência diz respeito ao conhecimento científico e sua validação.

Por seu turno, Heidegger, principalmente a partir de meados da década de 1930,

concebe que a ciência é um acontecimento epocal e suas bases são fundamentalmente

ontológicas, no caso da ciência moderna, a metafísica da vontade de poder.

Compreender a filosofia da ciência de Heidegger exige que seu projeto seja situado em

relação ao giro epistemológico central ao neo-kantianismo e à fenomenologia

husserliana, ainda dominantes na filosofia. Para ambos os neo-kantianos e Husserl, a

reflexão filosófica sobre a ciência diz respeito ao conhecimento científico. A ciência

visa estabelecer conhecimento objetivamente válido, enquanto a filosofia buscava

clarificar as bases de sua validade... Epistemólogos tratam o conhecimento como uma

relação entre entes: um conhecedor, um objeto conhecido e a representação do

conhecedor sobre o conhecido. A tarefa é, então, compreender como esses entes devem

estar relacionados para atingir conhecimento genuíno (ROUSE, 2014, p. 171). O que

move a ciência moderna em sua essência é a vontade de poder. A vontade de poder

transforma a totalidade dos entes em objeto calculável do sujeito: “A vontade de saber

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150 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

que aqui irrompe e sua organização geral controlável apontam um aumento da vontade

de poder” (HEIDEGGER, 1969a, p. 21-22). A vontade de poder permite ao sujeito

assenhorar- se, por meio da tecnociência, da totalidade dos entes concebidos, nesta nova

determinação ontológica, como objetos disponibilizados no cálculo e na representação.

A investigação moderna está engajada, com outros modos de representação e com

outras espécies de produção do ente, no elemento característico daquela verdade,

conforme a qual todo o ente se caracteriza como vontade de vontade. Como forma

antecipadora começou a aparecer a “vontade de poder”. “Vontade”, compreendida como

o traço básico da entidade do ente é, tão radicalmente, a identificação do ente com o que

é atual, que a atualidade do atual é transformada em incondicional factibilidade da geral

objetivação. A ciência moderna nem serve a um fim que lhe é primeiramente proposto,

nem procura uma “verdade em si”.

Palavras-chave: tecnociência; representação; epistemologia da incontornabilidade.

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151 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Roseli Gonçalves da Silva

A PALAVRA POR UM FIO: UM GESTO DE VOZ

Doutoranda do PPGF-IFCS – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Orientador: Rafael Haddock-Lobo

Bolsista CAPES

Esta proposta de comunicação tem por objetivo central pensar tanto o gesto quanto a

palavra enquanto indecidíveis, a partir do argumento no qual a aparição do gesto se

torna possível unicamente no curto espaço de tempo que se dá no quase-vir-a-ser, entre

o furto e a falta da palavra, ou como diz Derrida a despeito de Artaud: na confusão que

se dava entre a “origem” e a “necessidade” da palavra concomitante à sua falta. Reitero,

digo aparição e não nascimento, uma vez que nascer nos remontaria a uma origem. No

gesto, creio, não há uma origem, o que há é um diálogo do corpo com o pensamento,

mais, uma quase resposta; e esse movimento, esse gesto, se faz possível bem aí neste

fortuito intervalo entre o pensamento e a palavra falada ou mesmo entre o pensamento e

a palavra escrita. Para travar tal discussao partirei do texto “A Palavra Soprada” de

Jacques Derrida e a noção de Crueldade posta por Artaud, donde vislumbro a

possibilidade de pertencimento: meu gesto me pertece porque se comunica com meu

pensamento e se expressa no meu corpo uma única vez; um gesto não se repete jamais.

Assim esse gesto que me e “proprio” escapa-me; e ao escapar-me marca a

impossibilidade do roubo, como o é com as palavras. Trata-se portanto, não de partir de

uma “mesma”metafisica dualista amplamente discutida e por que não dizer refutada por

eles: Derrrida e Artaud, mas sim de uma tessitura que perpasse o pensamento de ambos

e assim possa promover uma discussão outra na qual não só a palavra, mas o gesto

inscreva-se enquanto indecidível.

Palavras-chave: Derrida; Artaud; palavra.

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152 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Sacha Zilber Kontic

A PASSIVIDADE DO ENTENDIMENTO E A QUESTÃO DA ANALOGIA EM MALEBRANCHE

Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFil) Universidade de São Paulo (USP)

Orientadora: Tessa Moura Lacerda

Bolsista Fapesp

A presente comunicação tem como objetivo analisar o modo como Malebranche

defende a completa passividade do entendimento tanto diante dos sentimentos quanto

das ideias a partir de uma analogia entre a substância espiritual e a substância extensa.

Esta questão é central para a sua filosofia na medida em que, segundo ele, todo o

conhecimento que podemos ter de nossa própria alma é dado pelo que o oratoriano

chama de “sentimento interior” ou “consciência”, ou seja, por um conhecimento

obscuro que não permite a elaboração de uma ciência ou de um discurso positivo sobre

a alma e suas propriedades. Assim, diferentemente de Descartes, Malebranche considera

que os corpos, na medida em que são modificações da extensão, ou seja, que são

constituídos por relações de distância e por movimentos, podem ser mais facilmente e

mais claramente conhecidos do que a alma. Por não possuir uma ideia clara de nossa

alma, nós apenas sentimos suas modificações e suas propriedades, enquanto que

conhecemos por ideias claras as modificações da extensão. Entretanto, Malebranche

indica ser possível falar sobre a alma e suas modificações por meio de uma analogia

entre o conhecimento claro da extensão e os sentimentos confusos da alma.

Analisaremos assim como esse procedimento leva Malebranche a defender uma

completa passividade do entendimento, análoga à passividade dos corpos extensos da

física cartesiana, assim como as suas consequências para a concepção malebranchiana

de conhecimento.

Palavras-Chave: Nicolas Malebranche; analogia; passividade.

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153 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Sarah Maria Barreto

A POESIA COMO HORIZONTE DE EMANCIPAÇÃO

Programa de pós-graduação em filosofia da UFF – PFI - Mestrado

Orientador: Patrick Pessoa

No mesmo mundo em que a poesia de Shakespeare foi escrita, em que a Capela Sistina

foi pintada e que Davi foi esculpido, uma bomba atômica foi lançada em Hiroshima

matando milhares de pessoas. O ser humano foi responsável por todas essas coisas. O

que teria mudado nesse tempo para que a τέχνη (techne) fosse usada para fins tao

violentos? Foi a humanidade que mudou? Foi a tecnologia que mudou? Afinal, a

história tem registros de muitas guerras mas nenhuma tão brutal quanto essa, pelos dois

aspectos tanto do ponto de vista humano, do holocausto, quanto do ponto de vista

tecnológico, das bombas atômicas. A τέχνη em sentido grego era produçao. Era fazer

aparecer no mundo de objetos, construções e também de arte e poesia. Na

contemporaneidade a produção de tecnologia está a todo vapor, mas será que ainda

somos capazes de produzir arte? Qual é o lugar da arte e da poesia em um mundo que

promoveu o holocausto? Elas ainda são possíveis? Como elas podem existir nesse

mundo cheio de horrores? O nosso principal objetivo será interpretar a frase adorniana

que diz: “Escrever um poema pos Auschwitz e um ato bárbaro.” Analisando o lugar da

poesia na contemporaneidade e de como ela é capaz de emancipar a subjetividade

humana, que ao longo da história foi se tornando objeto da sua própria racionalidade.

Para tal usaremos alguns textos do Adorno, Hegel e poesias de Paul Celan.

Palavras-chave: poesia; Adorno; holocausto.

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154 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Matheus Maia Schmaelter

SER LIVRE PARA TORNAR-SE: A CONDIÇÃO DIALÉTICA DA LIBERDADE HUMANA EM A DOENÇA PARA A MORTE, DE SØREN

KIERKEGAARD

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Programa de pós-graduação em filosofia

Orientador: Alexandre Marques Cabral

Bolsista CAPES

Em A doença para a morte, obra de 1849, Søren Kierkegaard afirma que o ser humano é

uma síntese, que um ser humano é espírito e que espírito é o si-mesmo. Entretanto, o

simesmo não é meramente uma síntese, tal qual o autor descreve o ser humano, mas é a

relação da sítntese relacionando-se consigo mesma. Então, enquanto um ser humano é

uma síntese, quer dizer, uma relação entre elementos opostos, um si-mesmo é o

indivíduo humano consciente de si como relação relacionando-se consigo mesmo. Para

que o indivíduo humano possa verdadeiramente tornar-se si-mesmo faz-se necessário

que a relação componente do simesmo esteja em equilíbrio, caso contrário o que há é

desespero. Desespero é, portanto, perda, ausência de si mesmo. O si-mesmo, no entanto,

é liberdade10,1 afirma o autor, de modo que um indivíduo que não é verdadeiramente si-

mesmo não é verdadeiramente livre. Analisando as formas de desespero expostas por

Kierkegaard na obra em questão pretendemos demonstrar como, no interior do

pensamento do autor dinamarquês, a liberdade é uma categoria existencial dialética e

que só pode ser alcançada mediante o equilíbrio na relação que compõe todo e qualquer

ser humano.

Palavras-chave: si mesmo; desespero; liberdade.

10 KIERKEGAARD, The Sickness Unto Death, p. 29.

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155 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Serguey Monin

FOUCAULT E A PARRESÍA NO CINEMA DE TARKOVSKI: O PROBLEMA DA CORAGEM DA VERDADE

UERJ - Filosofia - PPGFIL (mestrado)

Orientador: Ivair Coelho Lisboa

Bolsista CAPES

O presente trabalho busca fazer uma investigação sobre o estudo que o filósofo francês

Michel Foucault faz das práticas de liberdade na Antiguidade e, em particular, do

conceito de parresía, estabelecendo ressonâncias que esta prática discursiva tem com o

pensamento e a obra cinematográfica do cineasta russo Andrei Tarkovski. Ao fazer uso

da contribuição filosófica de Gilles Deleuze, buscarei estabelecer uma relação de

composição mútua entre o pensamento de Foucault e a arte de Tarkovski.Veremos que

quando Foucault fala de uma ética dos gregos, está presente também uma estética - uma

estética da existência. E esse princípio criativo, que aspira sempre uma reinvenção da

vida como obra de arte, será ancorado em nossa análise pelos problemas mais

fundamentais da obra de Tarkovski, expostos tanto nos temas de seus filmes como no

seu livro “Esculpir o Tempo”.Depois de analisar os pontos centrais das práticas de

liberdade em Foucault, com foco na noção de parresía, e estabelecer ressonâncias com o

cinema de Tarkovski, otrabalho se debruçará sobre o seguinte problema: como estas

práticas de liberdade, que são fundamentalmente práticas de subjetivação do sujeito

consigo mesmo, de conhecimento de si e de processos de veridicção do indivíduo,

podem se expressar na coletividade e possibilitar uma emergência de uma ética e uma

política para um mundo por vir?

Palavras-chave: Foucault; parresía; Tarkovski.

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156 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Tarsila Costa Conrado dos Santos

AS IMAGENS CRISTALINAS EM GILLES DELEUZE

Pós-Graduação em Filosofia (PPGFIL-Uerj)- Mestrado

Orientador: Prof. Dr. James Bastos Arêas

Bolsista CAPES

O presente trabalho investiga os problemas imanentes ao conceito de imagem-cristal

apresentados na obra de Gilles Deleuze, “Cinema 2: a imagem-tempo” (2005), mais

especificamente, no quarto capitulo “Os cristais de tempo”. Deste modo, em minha

pesquisa tenho trabalhado em uma cartografia das imagens cristalinas apresentando

possíveis relações entre cinema, pintura e sistemas de minerais cristalinos já

classificados pela ciência. Portanto, a partir de possíveis ressonâncias entre tendências e

“texturas” observadas nas manifestações das imagens cristalinas vistas nos meios

supracitados, busco demonstrar as intrínsecas relações existentes entre arte, ciência e

filosofia já constatadas na obra “O que é a filosofia? ” (1992) de Gilles Deleuze.

Também, apresento uma possível progressão evolutiva/involutiva no sentido

bergsoniano entre a taxonomia dos cristais de tempo feita por Deleuze. A classificação

deles segue a ordem à frente: cristal perfeito, cristal rachado, cristal germinativo e

cristal em decomposição. Consequentemente, essas manifestações cristalinas poderiam

nos indicar a existência de outros tipos de imagem-cristal. Os artistas que compõem este

estudo são:Giuseppe Pelizza da Volpedo (1868-1907) e Max Ophüls (1902-1957),

Edgar Degas (1834-1917) e Jean Renoir (1894-1979), Paul Cézanne (1839-1906) 3 e

Federico Fellini (1920- 1993), William Hogarth (1697-1764) e Luchino Visconti (1906-

1976), Andrei Tarkovski (1932-1986) e BélaTarr (1955).

Palavras-chave: filosofia; arte; ciência.

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157 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Thales Coimbra Paranhos Cavalcanti de Paiva

SOBRE O PROBLEMA DA ORIGEM ÚLTIMA DOS POVOS NO SISTEMA FILOSÓFICO TARDIO DE SCHELLING

Mestrado em Filosofia no PPGF Universidade Federal do Rio de Janeiro

Orientador: Rafael Haddock-Lobo

Bolsista CAPES

Um dos problemas capitais abordados por Schelling em sua última etapa especulativa

(Filosofia da Mitologia) consiste na elucidação do problema da origem e constituição

dos povos. Retomando as concepções e teorias vigentes em sua época para em seguida

contestá-las em seus fundamentos, Schelling propõe sua própria interpretação da

natureza das representações mitológicas, indissoluvelmente ligadas ao nascimento dos

povos. Em função disto, Schelling pensa o conjunto da história e da essência humana.

De acordo com a solução apresentada pelo filósofo alemão, o campo de ação histórica

que coube a cada povo é determinado pela sua respectiva figura religiosa, e cujo

movimento evolutivo culmina no advento do cristianismo. Nossa comunicação visa

reconstruir o exame crítico pelo qual Schelling nos guia nesta obra tardia, assinalando o

erro de doutrinas tais como a Evemerista ou Naturalista, para então apontarmos a

perspectiva original da interpretação que Schelling fornece sobre o papel do fenômeno

mítico na origem última dos povos, cuja contribuição para a renovação do interesse que

surgiu no século XX pelo estudo da mitologia em diversas áreas de conhecimento, tais

como a antropologia de Eliade, van der Leeuw e Johannes Jensen ou a Psicologia

Profunda de Carl G. Jung, foi fundamental.

Palavras-chave: mitologia; origem dos povos; meta-história.

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158 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Thiago Ferrare

PENSAR A POLÍTICA PARA ALÉM DO IGUALITARISMO NIVELADOR:

A FALÊNCIA DA CRÍTICA NOS MARCOS DO LIBERALISMO POLÍTICO

Universidade de Brasília – UnB

Mestrado em Ética e Filosofia Política – Departamento de Filosofia

Orientador: ProfºDrº Erick Calheiros de Lima

Bolsista CNPQ

Havia um sentido para que Policarpo11 abandonasse a profissão de relojoeiro: “os relógios

deste mundo nao marcam a mesma hora” (ASSIS, 1997, p. 6). O caráter abstrato da marcação

do tempo é visto pelo narrador como promessa de objetividade – “a única explicação dos

relógios era serem iguaizinhos” (ASSIS, 1997, p. 6) A surpresa lhe vem da percepção de que

a concretude das vivências determina a experiência temporal. Não há tempo abstrato, a

história não existe enquanto pura forma. A concretude das vivências subjetivas determina a

compreensão do mundo social, daí a necessidade de se pensar a distância que separa a

imparcialidade do tempo de relogio e a verdade das experiências concretas: “tao certo pode

ser o meu relogio, como o do meu barbeiro” (ASSIS, 1997, p. 6); nao sao iguaizinhos. Pode

ser não é relativismo. Uma estratégia de elucidação deste ponto nos vem da análise e crítica

da noção de fato do pluralismo razoável. A externalidade entre diferentes concepções de bem

impele a teoria política liberal à aproximação entre razoabilidade e verdade. O espaço público

é delimitado por critérios constitucionais de razoabilidade para além dos quais não se

caminha: juízos enfáticos de validade se perdem na indiferenciação das vivências diante da

história. Se a razoabilidade é o critério suficiente para as demandas por justiça, a verdade se

dilui na relatividade das concepções de bem. O ponto é: a retórica relativista do liberalismo

esvazia a política. O motivo? O não conhecimento da razão pela qual Policarpo mudou de

profissão: os relógios do mundo não marcam a mesma hora. Compreendida nos marcos do

pluralismo razoável, a sociedade civil é um vazio de narrativas concretas. As diferentes

11 Policarpo é o narrador de uma série de crônicas de Machado de Assis. Sobre a mudança de profissão do personagem, veja-se Sidney Chalhoub: “Policarpo era um antigo relojoeiro que havia descrido do ofício. O motivo da decepção fora a constatação de que os relógios deste mundo não marcam a mesma hora. Segundo o ex-relojoeiro, a única explicação dos relógios era serem iguaizinhos, sem discrepância; desde que discrepam, fica-se sem saber nada. Decepcionado com a impossibilidade de precisão e objetividade num ofício onde tais requisitos pareciam indispensáveis, Policarpo tornou-se cronista, uma atividade cuja parcialidade e caráter subjetivo podiam ser explicitados ate de forma desabusada”. In: CHALHOUB (1996, P. 180).

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159 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

concepções de bem se isolam em posições sociais que não se situam no tempo historico. “Em

todas as lutas, estou sempre do lado do vencedor” (ASSIS, 1997, p. 11): a histórias tem lados

e o liberalismo político não leva isso a sério.

Palavras-chave: liberalismo político; pluralismo razoável; crítica social.

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160 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Uriel Nascimento

LACAN: TEÓRICO DA ANGÚSTIA, TEÓRICO DA INDETERMINAÇÃO Programa de pós graduação em filosofia da PUCRIO

Orientador: Pedro Duarte

Bolsista: CNPq

Usualmente pensada de maneiras distintas como uma saída para o capitalismo ou para o

“identitarismo” por ele gerado, a indeterminaçao parece ser a única soluçao possivel que

nos resta nos tempos atuais. Pensadores tão distintos quanto os românticos de Jena em

seus fragmentos e Foucault em sua leitura de Kant sugerem que não há outro caminho

que não alguma figuração daquilo é irredutível a apenas uma identidade e que, por isso,

se configura como um híbrido ou como algo que nunca se atualiza completamente. Para

além de meramente afirmar, alguns autores levam tal compreensão à consumação

máxima quando a performatizam quer na forma da escrita, quer nas disciplinas com as

quais escolhem dialogar. Propoem, assim, a indeterminação como um caminho, pois

que errar, no duplo sentido do termo, parece ser a solução mais frutífera. Posto isso,

buscamos pensar em que medida há verdade nessas proposições, tomando por base

crítica-expositiva o conceito lacaniano de angústia, por ser ele o momento no qual o

autor se debruça sobre o indeterminado. Para Lacan, se a angústia é o indeterminado e é,

ao mesmo tempo, o único afeto que não engana, é também aquele que não pode ser

sustentado, sendo antes passagem e motor, não meta. Nesse sentido, se a angústia é o

leitmotiv da clínica e da teoria lacanianas, é também o momento no qual fica claro que

algo falha e, portanto, é uma etapa a ser ultrapassada. Por ser o afeto índice da inscrição

do sujeito entre o já não mais ser e o ainda não ser, sua emergência é também o

momento revelador do encontro do sujeito com um nada que já se soube algo e que

consegue, ainda, vislumbrar um projeto. Trata-se, aí, de algo que desestabiliza na

medida em que deve sua existência à ausência de estabilidade. Porque pensa um sujeito

(ainda que do inconsciente), Lacan não pode nunca abandonar de vista a manutenção de

sua constituição, ou seja, não pode nunca pensar uma atitude de recusa completa e

permanente da identidade e dos fundamentos (como certa leitura do romantismo ou o

Foucault parecem sugerir). A exposição buscará tornar claro como esse é o motivo pelo

qual o psicanalista elege a angústia como momento e motor, mas nunca como telos em

sua teoria psicanalítica e buscará, também, apontar como um equilíbrio tenso entre

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161 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

identidade e não-identidade (à la Hegel) é também uma possibilidade de solução ao

identitarismo.

Palavras-chave: angústia; Lacan; filosofia & psicanálise.

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162 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Verena Seelaender da Costa

O EMUDECIMENTO PERANTE A MORTE ENQUANTO FORMA SÓCIO-

TEOLÓGICO-JURÍDICA NA REFLEXÃO SOBRE A TRAGÉDIA NA OBRA “

ORIGEM DO DRAMA TRÁGICO ALEMÃO” DE WALTER BENJAMIN

Programa de Pós-Graduação em Filosofia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Orientadora: Profa. Dra. Izabela Aquino Bocayúva

Bolsista CAPES

Em sua tese de livre-docência “Origem do Drama Trágico Alemao” (192x), Walter

Benjamin faz uma rigorosa e original interpretação do teatro barroco alemão dos séculos

XVII e XVIII. Ao buscar diferenciar as características específicas que tornariam

diversos o drama trágico (Trauerspiel) e a tragédia propriamente dita, Benjamin refletiu

sobre a relação entre tragicidade e sociedade na Grécia trágica, guiado por autores tão

diversos quanto Nietzsche, Franz Rosenzweig e Carl Schmitt. Este trabalho busca expor

as relações lançadas pelo autor entre direito, linguagem e religião engendradas pelo

herói trágico na hora de sua morte tanto do ponto de vista do conteúdo dramático-

textual da tragédia quanto do da representação agônica experimentada socialmente pelos

seus espectadores. A tragédia representa para Benjamin - a partir de uma teoria estética

influenciada metodologicamente pela teoria política de Schmitt - um ponto de inflexão

dentro das formas sócio-culturais vividas pela sociedade grega de então através da

atualização dos mitos e lendas de origem dessa própria sociedade. O emudecimento do

herói no momento em que este toma consciência do seu destino tem, assim, um sentido

mais profundo do que simplesmente uma obstinação diante do inevitável, sendo

também e além disso uma marca das mudanças histórico-sociais pelas quais a Grécia

passava enquanto comunidade durante a curta existência do gênero trágico.

Palavras-chave: Walter Benjamin; tragédia; direito.

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163 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Victor C. F. Rodrigues

O PROBLEMA DA DECADÊNCIA IDEOLÓGICA DA FILOSOFIA

BURGUESA PÓS-1848. A CONTRIBUIÇÃO DE GYÖRGY LUKÁCS PARA A

HISTÓRIA DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

Mestrando em Serviço Social pela UFJF

Orientador: Ronaldo Vielmi Fortes

O presente projeto tem a pretensão de situar a categoria de decadência ideológica de

Lukács, no intuito de demonstrar que na história da filosofia burguesa há uma etapa

progressista, que vai dos pensadores renascentistas a Hegel. 2) De correlacioná-la, ao

momento de radical ruptura, a partir de 1830-1848, no qual se assinala a referida

decadência, pelo abandono das conquistas do periodo anterior. “A historia da filosofia,

o mesmo que a da arte e a da literatura não é – como acreditam os historiadores

burgueses – simplesmente a história das ideias filosóficas ou das personalidades que as

sustentam. É o desenvolvimento das forças produtivas, o desenvolvimento social, o

desenvolvimento das lutas de classes, ao que apresenta problemas à filosofia e assinala a

esta os caminhos para sua solução. E os contornos fundamentais e decisivos de uma

filosofia, qualquer que seja não pode colocar-se de relevo senão a base do conhecimento

destas forças motrizes de ordem primária.”12

Palavras chave: decadência; Ideologia; filosofia burguesa.

12 LUKÁCS. G. “El Asalto a la Razon.” Trad. Castelhana, Mexico, 1959. p. 3 (Traduçao minha)

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164 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Victor Galdino Alves de Souza

OUTRAS FILOSOFIAS, OUTRAS UNIVERSIDADES: PARTILHA DO IMAGINÁRIO E ORGANIZAÇÃO DA VIDA.

Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF) UFRJ

Orientadora: Carla Rodrigues (PPGF/UFRJ)

Agência de fomento: FAPERJ

O objetivo da comunicação será apresentar o conceito de partilha do imaginário,

elaborado a partir do conceito de partilha do sensível do filósofo francês Jacques

Rancière, apontando para questões envolvendo noções de possibilidade/impossibilidade,

utopia/realidade, plausibilidade/implausibilidade e outras que se associam a uma série

de coisas em nosso imaginário político, determinando ou influindo no modo como

pensamos nas possibilidades de organização da vida em sociedade, por exemplo. Assim

como a divisão entre o que é visível/invisível e audível/inaudível, essa partilha no

âmbito da imaginação humana se colocaria de forma anterior às hierarquias de nossa

sociedade, sendo complementar ao conceito de Rancière. A partir disso, a ideia é

apresentar perspectivas sobre a produção de conhecimento em filosofia e sobre a

constituição das universidades dentro de um contexto mais amplo de reflexão sobre

como organizamos a vida em sociedade, colocando a própria filosofia como conjunto de

ferramentas teóricas capazes de romper com as partilhas e consensos de nosso mundo e

abrir as janelas de nossa sensibilidade e imaginação, permitindo que compartilhamemos

algo com outros mundos que estão próximos em certo sentido, mas isolados pelo

adestramento de nossa imaginação política e pelas cegueira e surdez embutidas nos

processos de socialização que temos.

Palavras-chave: Rancière; imaginação; política.

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165 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Wagner de Moraes Pinheiro

A KRISIS E O DEPURAR DO JULGAR Orientadora: Taís Silva Pereira

PPFEN CEFET/RJ

O presente trabalho tem como objetivo defender a compreensão do julgar crítico no

pensamento de Hannah Arendt a partir do exercício de krisis. Para tal, se apresenta a

noção de krisis no seu uso da prática da administração da pólis grega. Posteriormente,

se desenvolve brevemente um intercurso a respeito da noção de crise em Hannah

Arendt. A crise para Hannah Arendt é apresentada no presente trabalho através dos

aspectos advindos da crise da modernidade, sendo esta abordada por meio da crise da

tradição e da crise na autoridade. Após esses pontos, se defende a ideia de que o

julgamento na crise se põe constantemente em questão. Faz-se isso, apontando que o

julgar possui o caráter de um momento de decisão. Além disso, nota-se que na crise, o

sujeito perde os parâmetros que dão base para seu julgamento, e que, por isso, é

necessário um exercício crítico para construir a oportunidade para o que Arendt chama

de “novo inicio”. O julgar na crise, um julgar critico, nao seria um momento único de

decisão, mas um processo de depurar de suas decisões por meio da reflexão e do debate

com outros – que seria a expressão pura do exercício da krisis. Conclui-se então, que a

relação entre o krisis e o julgar crítico se estabelece na capacidade de depurar o julgar

diante do que Arendt chama de Exercício compreensivo – que esta define com o

interminável diálogo com outras vozes, que começa no nascimento e termina na morte.

Palavras chave: Hannah Arendt; julgar; krisis.

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Wallace Lopes Silva

O PENSAMENTO NO JARDIM DE CARTOLA: POR UMA AVENTURA POÉTICA NO ESPAÇO DO PENSAR

Estética Filosofia e História (IFCH/UERJ)

Doutorando IPPUR/UFRJ

O pensamento é música, condição estética para que as rosas falem. Para entrar nesta

condição cenográfica da poeticidade deste jardim, é preciso ouvir a música da terra e

dos ventos. Isto é o ato primeiro. Desde tempos idos o universo, a vida e o mundo,

foram cantados pelos poetas. Entretanto, há um espanto extraordinário entre Cartola e as

rosas, uma abertura do pensamento, um chamamento, e ali que se faz o estado de

poeticidade do mundo. Tudo neste Jardim está na véspera de um acontecimento, num

lugar, numa morada do vira- ser. O tema aqui é o disfarce do pensamento enquanto rosa.

É ali que se faz o estágio emergencial do mundo. Nada está fora do lugar. Somente

Cartola, que mergulha numa atmosfera de embriaguez do perfume metafisico das rosas.

O poeta interrompe o silencio do mundo, age nas palavras para fazer o real se mostrar.

O real, não se mostra para os homens surdos e cegos pela técnica no espaço. Homens

que foram apartados do conjunto do real. O divino da beleza, não se faz mais presente.

Tivemos uma cisão antropológica entre homem-natureza e homem-técnica. De algum

modo no curso da história da metafisica ocidental, a filosofia criou imagens, disfarces e

forjou estratégias para que o pensamento pudesse sobreviver e cantar, e encantar a vida.

Vida, sendo uma questão vital, poética e necessária para as potencialidades do que faz o

pensar, pensar. A imagem do pensamento se disfarçou de rosa para suportarmos a

beleza. Poesiapensamento são matérias quânticas, celulares e orgânicas do átomo do

pensamento do filósofo negro Cartola.

Palavras-chave: Cartola; Rosas; Coreografia.

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Wands Salvador Pessin

A PARTICULARIZAÇÃO DA IDEIA DE BEM COMUM FRENTE A

COMPLEXIFICAÇÃO DO FATO DO PLURALISMO MORAL

Mestre em filosofia pela Universidade

Federal do Espírito Santo - UFES/PPGFil

Orientador Prof. Dr. Ricardo Corrêa de

Araújo

Bolsista parcial CAPES

A comunicação abordará, a partir de pressupostos da teoria da justiça rawlsiana, como a

noção moral tradicional de bem comum sofre um processo de corrosão e

descentramento, considerados os âmbitos do domínio do político e da razão pública.

Sem ignorar sua relevância genética para a cultura democrática moderna, assim como

sua função motora e estabilizadora dessa mesma cultura política, indicamos que sua

aceitação pública abrangente não se verifica do mesmo modo, dados os efeitos do fato

do pluralismo moral e sua complexificação contemporânea. Destacaremos como se dá a

perda de organicidade política fundada na ideia do Bem tida de modo unitivo e

uniformizante, chegando-se ao modelo social cunhado pela ideia de indivíduos que

apenas se realizam a partir de uma auto-normatização aberta aos desejos tidos como

próprios. Essa tendência à restritividade das concepções do bem expressaria a prioridade

do justo sobre a diversidade das ideias do bem presentes nas sociedades democráticas.

Em Rawls, a construção moral é própria aos agentes não no sentido de uma autonomia

da racionalidade, simplesmente, mas como construção politicamente autônoma, ou seja,

não exterior à própria cultura e interna ao processo político. Assim, sem se afastar a

autoridade epistemológica em relação à sociedade, se limita a exteriorização ou

abrangência das doutrinas morais particulares internas aos cidadãos, inibindo a

dependência de qualquer concepção moral específica, externa ou mesmo interna à

própria sociedade. A base para isso é, na prática, a elevação da equidade (moral) à

condição de questão política estrutural para as sociedades democráticas. O que se

sustenta é que a unidade das noções de bem e comum tenha sido dessubstancializada,

gerando-se, por consequência, a necessidade de uma justificada conjunção dos termos, a

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168 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

reboque de sua cisão moral. Em outros termos, a univocidade tradicional entre os ideais

de Bem e comunidade política restou cindida. Daí nosso postulado no sentido de uma

redescrição do conceito, apontando-se o surgimento de outra ideia moral fundamental,

que definimos como “bem do comum”, em distinçao à concepçao tradicional de bem

comum. Com essa distinção espera-se melhor convergência parcial (substancial ou

procedimental) à noção de algo comum, sobretudo em seu aspecto político, dadas as

concepções diversas e até conflitantes de vida boa. Conjuga-se, assim, a independência

da sociedade política em relação a quaisquer moralidades abrangentes, inclusive a

doutrina do bem comum, e a influência que essas moralidades exercem sobre essa

mesma sociedade. A partir desse distanciamento das particularidades, ingressa-se num

jogo de atrações à abertura ao diálogo a partir mesmo do confronto entre moralidades.

Essa proximidade pública entre moralidades independe de uma moralidade particular

singular. Isso não significa que não dependa de certo arranjo entre moralidades

particulares que nutram ideias como cooperação, respeito e tolerância. Mas esse arranjo

também é relativamente aberto a redescrições.

Palavras-chaves: bem comum; democracia; pluralismo.

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Wescley Fernandes Araujo Freire

APRENDIZAGEM SOCIAL E SOLIDARIEDADE CIVIL NAS SOCIEDADES

PÓSSECULARES: CRÍTICAS À RECONSTRUÇÃO DA TEORIA CRÍTICA DA

RELIGIÃO DE HABERMAS

(Doutorando) Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ Programa de Pós-

Graduação em Filosofia – PPGFIL da UERJ

Orientador: Prof. Dr. Luiz Bernardo Leite Araújo

Este trabalho analisa, problematiza e critica a reconstrução empreendida por Habermas

em sua Teoria Crítica da religião. Em Theorie des Kommunikativen Handelns (TKH,

1981) Habermas expressou preocupação com o esgotamento da solidariedade social,

discussão retomada em Ein Bewusstesein vom dem, was fehlt (2008) sob a perspectiva

da recordação da consciência das violações à solidariedade no mundo, discussão que

prosseguiu anteriormente em textos como Glauben und Wissen (2001), Dialektik der

Säkularisierung (2005), Zwischen Naturalismus und Religion, Nachmetaphysisches

Denken II e, mais recentemente, em Im Sog Der Technokratie (2013), onde a

solidariedade civil (staatsbürgerliche Solidarität) permanece devedora da herança das

grandes religiões universais, bem como pressuposto para a tradução cooperativa dos

potenciais semântico-normativos dos conteúdos religiosos enquanto resultado de

processos de aprendizagem social (soziale Lernprozess) que ocorrem na esfera pública

(Öffentlichkeit) das sociedades pósseculares (postsäkularen Gesellschaft). Do ponto de

vista metodológico, procedo analítica e críticoreconstrutivamente ao considerar os

textos de Habermas que tratam da religião, desde a elaboração de TKH, confrontando a

incipiente leitura funcional da religião com as formulações teóricas intermediárias que

se seguiram a TKH, presentes em obras e textos como Nachmetaphysisches Denken I

(1988), To Seek to Salvage an Unconditional Meaning Without God is a Futile

Undertaking (1991), Transcendence from Within, Transcendence in this World (1991),

Israel or Athens: Where does Anamnestic Reason Belong?, Vom sinnilichen Eindruck

zum symbolischen Ausdruck (1997), A Conversation About God and the World (1999),

com as obras recentes do filósofo alemão acerca da religião, onde a perspectiva

observada é a do resgate da herança cultural e dos potenciais semântico-normativos dos

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conteúdos religiosos para a compreensão da modernidade e do papel da religião na

esfera pública das sociedades pós-seculares, tema de obras e textos como Dialektik der

Säkularisierung (2005), Zwischen Naturalismus und Religion (2005) e

Nachmetaphysisches Denken II (2012). A meu ver, o revisionismo da Teoria Crítica da

religião habermasiana é posto à prova em função tanto da possibilidade quanto da

institucionalização da tradução dos potenciais semântico-normativos dos conteúdos

religiosos, dado o “fraco teor” institucional-normativo do conceito de esfera pública,

obstáculo ao processo de aprendizagem social da solidariedade civil.

Palavras-chave: Teoria Crítica da religião; aprendizagem social; solidariedade civil.

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171 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

Wilker de Carvalho Marques

UTOPIA E DISTOPIA: UMA VISITA A RORTY E SCRUTON

Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Doutorado UFRJ/IFCS

Orientador: Prof. Dra. Susana de Castro Amaral Vieira

As utopias nascem do profundo desejo humano de que o mundo – a realidade, a vida –

seja diferente, seja melhor. As distopias, por sua vez, nascem do reconhecimento de que

o mundo poderia ser bem pior do que é, bastando que algumas das suas características

fossem potencializadas, o que seria suficiente para transformar a vida humana em um

suplício. De todo modo, utopia e distopia, partem do que se tem, das "coisas como elas

são", em direção a uma possibilidade. A Literatura e a Filosofia, especialmente a

Filosofia Política, estão juntas onde há utopias e distopias, descrevendo-redescrevendo a

condição humana, construindo-desconstruindo a ideia de homem e de boa vida. Grandes

nomes da história do pensamento, como Platão, Thomas Morus, Tomaso de

Campanella, Francis Bancon, Aldous Huxley, George Orwell, e muitos outros,

dedicaram-se à tarefa imaginativa de pensar o mundo que temos e aquele que

poderíamos ter (para o bem ou para o mal). Mas ainda há espaço para utopias e

distopias no pensamento político contemporâneo? Ainda faz sentido a utilização dessas

palavras no vocabulário político? O filósofo norteamericano Richard Rorty (1931-2007)

desenvolveu, no século XX e início do XXI, uma concepção de utopia cosmopolita

social democrática e liberal, vislumbrando a construção de uma sociedade democrática a

partir da reforma das instituições consolidadas nas sociedades liberais, assumindo como

uma espécie de telos a extinção da crueldade e da humilhação dos homens por outros

homens e a contínua substituição da força pelo diálogo. Em defesa do pessimismo, e

denunciando os perigos da falsa esperança, o filósofo e literato inglês Roger Scruton

(1944), por sua vez, apresenta-se como uma voz crítica face à utopia, incluindo aquilo

que denomina "falácia utópica" em seu rol de sofismas correntes na contemporaneidade,

que, para ele, contribuem para obscurecer realidade política. Neste trabalho,

apresentamos uma visita aos conceitos de utopia e distopia, percorrendo os escritos

fundamentais de Rorty e Scruton, traçando um paralelo entre esses discursos e

destacando a controvérsia que entre eles é valioso verificar.

Palavras-chave: política; utopia; distopia.

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172 Caderno de Resumos da XIII Semana PPGFIL UERJ, Abril 2017

William Mattioli

“SEU PENSAMENTO NÃO É TANTO DESCOBERTA QUANTO REMEMORAÇÃO”: INATISMO E INCONSCIENTE NA TEORIA DO

CONHECIMENTO DE NIETZSCHE

Bolsista de Pós-Doutorado (PNPD - CAPES)

Universidade Federal Fluminense Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Supervisor de Pós-Doutorado: Tereza Calomeni

No aforismo 20 de Além do bem e do mal, Nietzsche apresenta sua tese do

condicionamento do pensamento, especialmente do pensamento filosófico, atraves de

funçoes gramaticais inconscientes. Segundo ele, os filósofos descrevem, “a merce de

um encanto invisivel” e “graças ao dominio e direçao inconsciente das mesmas funçoes

gramaticais”, sempre a mesma orbita. Dessa forma, eles preenchem sempre um certo

esquema basico de filosofias possiveis, o que significa que seu pensamento e sempre

condicionado inconscientemente pelas estruturas da linguagem. Na medida em que as

estruturas de base da linguagem são algo como uma herança de um passado remoto da

humanidade, a qual esta ligada nossa crença mais antiga, pensar (sobretudo o pensar

filosofico) representa entao um “atavismo de primeirissima ordem”. Dai a tese de que o

pensamento filosofico, “na realidade, nao e tanto descoberta quanto reconhecimento,

rememoração; retorno a uma primeva, longinqua morada perfeita da alma, de onde os

conceitos um dia brotaram.” Aqui, alem de considerar o filosofar como uma forma de

atavismo, Nietzsche faz ainda uma referencia enviesada a teoria platônica da

reminiscencia. Nietzsche encerra entao o aforismo com a seguinte frase: “Isso como

resposta a superficialidade de Locke no tocante a origem das ideias.” O objeto do

presente trabalho e apresentar uma interpretação desse aforismo tendo como base a

critica de Nietzsche ao sensualismo de Locke e sua releitura do apriorismo como

momentos importantes de sua teoria do inconsciente, que, por sua vez, desempenha um

papel central em sua compreensão do que e o conhecimento.

Palavras-chave: linguagem; atavismo; inconsciente.