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Zenaide Peixoto dos Anjos A tipologia textual do dissertativo: tipos de texto da classe opinativa e suas condições de produção discursiva. Mestrado em Língua Portuguesa Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 2005

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Zenaide Peixoto dos Anjos

A tipologia textual do dissertativo: tipos de texto da classe opinativa e suas condições

de produção discursiva.

Mestrado em Língua Portuguesa

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

2005

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Zenaide Peixoto dos Anjos

A tipologia textual do dissertativo: tipo de texto da classe opinativa e suas condições

de produção discursiva.

Mestrado em Língua Portuguesa

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência

parcial para obtenção o título de Mestre em Língua Portuguesa, sob orientação

da Professora Doutora Regina Célia Pagliuchi da Silveira.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

2005

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Banca Examinadora _______________________ _______________________ _______________________ _______________________

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Ao meu Deus,

Cada dia te bendirei,,

e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos.

Grande é o Senhor, digno de louvor, sua grandeza inescrutável.

Louvarei ao Senhor, porque Ele é bom; a sua benignidade é para sempre!

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Aos meus pais,

agradeço por tê-los,

pelo dedicado acompanhamento,

carinho e oportunidades oferecidos a mim .

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Ao meu marido,Valdir,

meu amor, amigo, companheiro, paciente,

que me ajudou a percorrer os momentos difíceis com coragem.

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Aos meus amigos,

desculpas pelas minhas ausências,

e agradecida pela compreensão.

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Sobremaneira, à Doutora Regina Célia Pagliuchi da Silveira,

Mulher de grande sabedoria, que me orientou para

um novo olhar para o mundo científico, fazendo-me crescer.

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Às Professoras, DOUTORA JENI Silva Turazza Doutora Doroti Maroldi Guimarães, Obrigada pela presença.

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Á Celeste,

um ser humano especial ,

Mestra humilde na profissão,

dedicada e incansável como revisora.

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Resumo

Esta dissertação situa-se na área de tipologia de textos e está

fundamentada na linha de pesquisa Variedades do Discurso. Tem-se por tema o

texto dissertativo , seus esquemas textuais e respectivas mudanças, decorrentes

da avaliação de condições de produção discursiva. O Objetivo geral deste trabalho

é contribuir para o desenvolvimento de tipologias textuais. Tem-se por objetivos

específicos: 1. descrever os esquemas textuais do dissertativo de 1 Tese e de 2

Teses; 2. examinar as condições de produção discursiva dos tipos de texto;3.

verificar a organização da opinião nos textos analisados; 4. examinar os usos de

argumentos de necessidade, de possibilidade, de probabilidade, de legitimidade e

de reforço.A hipótese orientadora da investigação foi: o texto dissertativo é um

tipo de texto que pertence à classe opinativa. Este tipo se modifica, dependendo

das condições de produção discursiva.A fundamentação teórica situa-se na

Lingüística de Texto e na Análise Crítica do Discurso com vertente sócio-

cognitiva.O material de análise foi selecionado do manual Dissertação, de Agnelo

Pacheco (1988). O procedimento de análise foi teórico-analítico. Os resultados

obtidos indicaram que: 1. há dois esquemas textuais: o dissertativo de 1 Tese e de

2 Teses; 2. esses esquemas textuais são modificações relativas às condições de

produção discursiva; 3. a organização textual da opinião decorre da projeção de

uma escala avaliativa, projetada no referente textual. Dessa forma, a mudança de

foco, dado no referente, é importante para criar um estado novo de coisas a

serem avaliadas; 4. o uso dos argumentos é relativo à avaliação modal que

percorre da necessidade à possibilidade passando pela probabilidade, e se

constroem argumentos de legitimidade e de reforço.Conclui-se que os tipos de

textos estão agrupados em uma classe de texto, que se define por propriedades

comuns aos textos agrupados por tal classe. Faz-se necessário buscar a classe

de texto para se poder verificar quais tipos de textos a definem, a partir das

variedades discursivas.

Palavras-chave: classe opinativa; tipo de texto; esquemas textuais; uso de

argumentos.

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Abstract

This dissertation is situated in the area of text typology and is grounded

upon the Varieties of Discourse line of research. It has, for its theme, the

dissertational text, its textual schemes and respective changes, which arise from

the evaluation of discursive conditions of production. The general purpose of this

work is to contribute to the development of textual typologies. As specific

objectives, it: 1. describes the textual schemes of the dissertational text of 1 Thesis

and 2 Theses; 2. examines the conditions of discursive production of text types;

3. verifies the organization of opinion on the analyzed texts; 4. examines the uses

of arguments of necessity, possibility, probability, legitimacy, and

reinforcement.This work’s guiding hypothesis was: the dissertational text is a type

of text that belongs to the opinioned class. This type changes, depending on the

conditions of discursive production. The theoretical grounding is situated in Text

Linguistics and the Critical Analysis of Discourse with a socio-cognitive slant.The

material analyzed was selected from the manual Dissertação [“Dissertation”], by

Agnelo Pacheco (1988). The procedure of analysis was theoretical-analytical. The

results indicated that: 1. there are two textual schemes: the dissertational text of 1

Thesis and of 2 Theses; 2. these textual schemes are changes connected to the

conditions of discursive production; 3. the textual organization of opinion arises

from the projection of an evaluative scale, projected into the textual referent. Thus,

the change of focus, given on the referent, is important for creating a new state of

things to be evaluated; 4. the use of the arguments is relative to the modal

evaluation that runs from necessity to possibility passing through probability, with

arguments of legitimacy and reinforcement being constructed.It can be concluded

that text types are grouped into a class of text, which is defined by properties

common to the texts grouped by such a class. It becomes necessary to seek the

class of text in order to be able to verify which types of texts define it, based on the

discursive varieties.

Keywords: opinioned class; text type; textual schemes; use of arguments.

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Resumen

Esta disertación se encuentra en el área de tipología de textos y se basa

en la línea de investigación Variedades del Discurso. Se tiene por tema el texto de

disertación, sus esquemas textuales y respectivos cambios, consecuentes de la

evaluación de las condiciones de la producción discursiva. El Objetivo general de

este trabajo es contribuir para el desarrollo de tipologías textuales. Los objetivos

específicos son: 1. describir los esquemas textuales de la disertación de 1 Tesis y

de 2 Tesis; 2. examinar las condiciones de producción discursiva de los tipos de

texto; 3. verificar la organización de la opinión en los textos analizados;

4. examinar el uso de argumentos de necesidad, de posibilidad, de probabilidad,

de legitimidad y de refuerzo.La hipótesis orientadora de la investigación fue: el

texto de disertación es un tipo de texto que pertenece a la clase opinante. Este

tipo se modifica, dependiendo de las condiciones de producción discursiva.El

fundamento teórico se encuentra en la Lingüística de Texto y en el Análisis Crítico

del Discurso con vertiente sociocognitiva.El material de análisis fue seleccionado

del manual Dissertação [“Disertación”], de Agnelo Pacheco (1988). El

procedimiento de análisis fue teórico-analítico. Los resultados obtenidos indicaron

que: 1. existen dos esquemas textuales: el discursivo de 1 Tesis y de 2 Tesis; 2.

estos esquemas textuales son modificaciones relativas a las condiciones de

producción discursiva; 3. la organización textual de la opinión es consecuencia de

la proyección de una escala evaluadora, proyectada en el referente textual. De

esta forma, el cambio de foco, dado en el referente, es importante para crear un

estado nuevo de cosas que serán evaluadas; 4. el uso de los argumentos es

relativo a la evaluación modal que recorre desde la necesidad hasta la posibilidad

pasando por la probabilidad, y se construyen argumentos de legitimidad y de

refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de

texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal clase.

Es necesario buscar la clase de texto para poder verificar cuáles tipos de textos la

definen, a partir de las variedades discursivas.

Palabras clave: clase opinante; tipo de texto; esquemas textuales; uso de

argumentos.

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Sumário INTRODUÇÃO............. ..........................................................................................01 CAPÍTULO I – Fundamentação Teórica : A Lingüística Textual e tipos de textos 1.1 Considerações iniciais ........................................................................................ 1.2 As memórias e o processamento da informação................................................. 1.3 Cognição, discurso e sociedade ......................................................................... 1.4 O discurso científico ........................................................................................... 1. 4.1 O esquema textual do dissertativo de 1 Tese ............................................. 1.4.2 O esquema textual do dissertativo de 2 Teses ............................................ 1.5 A classe textual opinativa .................................................................................. 1.6 A focalização ...................................................................................................... 1.7 Modelos de situação .......................................................................................... 1.8 A estrutura argumentativa proposta por Van Dijk .............................................. 1.9 A superestrutura argumentativa de Sprenger-Charroles .................................. 1.10 A argumentação segundo outros autores ........................................................ 1.10.1 Aspectos da argumentação discursiva...................................................... 1.10.2 aspectos da modalidade.......................................................................... 1.10.2.1 A modalidade da necessidade ................................................................. 1.10.2.2 A modalidade da possibilidade ............................................................... 1.10.2.3 A modalidade da probabilidade .............................................................. CAPÍTULO II – Uma releitura do material didático: um exame do material didático para modificações do dissertativo 2.1 Considerações iniciais ........................................................................................

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2.2 O manual Comunicação e Prosa Moderna ......................................................... 2.3 O manual A Dissertação ..................................................................................... CAPÍTULO III – Estudos de textos dissertativos de uma Tese. 3.1 Considerações iniciais........................................................................................ 3.2 Texto 1 ................................................................................................................. 3.2.1.1 Esquema textual.......................................................................................... 3.2.1.2 Categoria texto-reduzido.............................................................................. 3.2.1.3 Categoria texto-expandido .......................................................................... 3.2.1.4 Categoria conclusão .................................................................................. 3.2.1.5 Condições de produção discursiva............................................................. 3.2.1.6 A organização textual.................................................................................. 3.2.1.7 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 3.2 Texto 2.............................................................................................................. 3.2.2.1 Esquema textual....................................................................................... 3.2.2.2 Categoria texto-reduzido.......................................................................... 3.2.2.3 Categoria texto-expandido..................................................................... 3.2.2.4 Categoria conclusão .................................................................................. 3.2.2.5 Condições de produção discursiva............................................................. 3.2.2.6 A organização textual.................................................................................. 3.2.2.7 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 3.2 Texto 3.............................................................................................................. 3.2.3.1 Esquema textual....................................................................................... 3.2.3.2 Categoria texto-reduzido..........................................................................

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3.2.3.3 Categoria texto-expandido..................................................................... 3.2.3.4 Categoria conclusão .................................................................................. 3.2.3.5 Condições de produção discursiva............................................................. 3.2.3.6 A organização textual.................................................................................. 3.2.3.7 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 3.2 Texto 4.............................................................................................................. 3.2.4.1 Esquema textual....................................................................................... 3.2.4.2 Categoria texto-reduzido.......................................................................... 3.2.4.3 Categoria texto-expandido..................................................................... 3.2.4.4 Categoria conclusão .................................................................................. 3.2.4.5 Condições de produção discursiva............................................................. 3.2.4.6 A organização textual.................................................................................. 3.2.4.7 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 3.2 Texto 5.............................................................................................................. 3.2.5.1 Esquema textual....................................................................................... 3.2.5.2 Categoria texto-reduzido.......................................................................... 3.2.5.3 Categoria texto-expandido..................................................................... 3.2.5.4 Categoria conclusão .................................................................................. 3.2.5.5 Condições de produção discursiva............................................................. 3.2.5.6 A organização textual.................................................................................. 3.2.5.7 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 3.2 Texto 6............................................................................................................. 3.2.6.1 Esquema textual....................................................................................... 3.2.6.2 Categoria texto-reduzido..........................................................................

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3.2.6.3 Categoria texto-expandido..................................................................... 3.2.6.4 Categoria conclusão .................................................................................. 3.2.6.5 Condições de produção discursiva............................................................. 3.2.6.6 A organização textual.................................................................................. 3.2.6.7 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 3.3 Resultados obtidos das análises dos textos dissertativos de uma Tese e discussões............................................................. 3.3.1 esquema textual dissertativo de uma Tese ............................................. 3.3.2 A condição de produção discursiva ............................................................ 3.3.3 A organização textual da opinião ................................................................ 3.3.4 O uso de argumentos.................................................................................. CAPÍTULO IV – Análises de textos dissertativos de duas Teses .................... 4.1 Considerações iniciais ....................................................................................... 4.2 Texto 1............................................................................................................... 4.2.1.1 Esquema textual.......................................................................................... 4.2.1.2 A condição de produção textual.................................................................. 4.2.1.3 A organização textual............................................................................... 4.2.1.4 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 4.2 Texto 2............................................................................................................... 4.2.2.1 Esquema textual.......................................................................................... 4.2.2.2 A condição de produção textual.................................................................. 4.2.2.3 A organização textual............................................................................... 4.2.2.4 O uso de tipos de argumentos....................................................................

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4.2 Texto 3............................................................................................................ 4.2.3.1 Esquema textual.......................................................................................... 4.2.3.2 A condição de produção textual.................................................................. 4.2.3.3 A organização textual............................................................................... 4.2.3.4 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 4.2 Texto 4............................................................................................................ 4.2.4.1 Esquema textual.......................................................................................... 4.2.4.2 A condição de produção textual.................................................................. 4.2.4.3 A organização textual............................................................................... 4.2.4.4 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 4.2 Texto 5............................................................................................................ 4.2.5.1 Esquema textual.......................................................................................... 4.2.5.2 A condição de produção textual.................................................................. 4.2.5.3 A organização textual............................................................................... 4.2.5.4 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 4.2 Texto 6........................................................................................................... 4.2.6.1 Esquema textual.......................................................................................... 4.2.6.2 A condição de produção textual.................................................................. 4.2.6.3 A organização textual............................................................................... 4.2.6.4 O uso de tipos de argumentos.................................................................... 4.3 Resultados obtidos das análises dos textos dissertativos de duas teses e discussões............................................................................................................. 4.3.1 O esquema textual do dissertativo de duas Teses ..................................

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4.3.2 A condição de produção discursiva............................................................. 4.3.3 A organização textual da opinião................................................................. 4.3.4 O uso de argumentos................................................................................. Considerações Finais................................................................................................ Referências Bibliográficas........................................................................................

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O que serve é útil,

o que é útil é bom e o que é bom conduz à felicidade.

(Aristóteles, Retórica Livro I,1967)

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Introdução

Esta dissertação compreende uma investigação que, situada na linha de

pesquisa Variedades do Discurso do Programa de Estudos Pós-graduados em

Língua Portuguesa, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, tem por

tema, a organização textual do dissertativo.

A pesquisa realizada está fundamentada em pressupostos teóricos na

Lingüística de Texto e complementada pela Análise Crítica do Discurso, com

vertente sócio-cognitiva. Dessa forma, trata tanto de esquemas textuais, quanto de

condições de produção discursiva.

A Lingüística de Texto desenvolve-se, a partir da segunda metade do

século XX, e tem por objeto a boa formação do texto. Suas tarefas são: definir e

explicar o que faz uma expressão verbal ser um texto, ou seja, a noção de

completude de texto; investigar a organização textual das informações, a fim de se

dar conta da coesão e da coerência; e construir tipologias de textos.

Durante o desenvolvimento da Lingüística de Texto, há o aparecimento de

diferentes tipologias textuais. Isemberg (1987) discute as diversificadas tipologias

já existentes e propõe que uma tipologia de texto satisfatória deva ser

fundamentada em uma perspectiva teórica que diferencie, teoricamente, classes

de tipos de textos. Segundo o autor, a classe de texto define-se por um conjunto

específico de características, a saber, tal classe descreve determinadas

propriedades gerais, relativas a certos tipos de textos. O tipo de texto é uma

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designação teórica de uma forma específica de texto que pode ser agrupada em

classe de texto, por seguir as propriedades gerais desta.

Entende-se que os textos acadêmicos são do tipo dissertativo e este se

agrupa na classe textual opinativa. Tal tipo apresenta modificações, dependendo

das condições de produção discursiva, selecionadas para a interação

comunicativa do produtor com o seu auditório. Convém ressaltar que o dissertativo

é um tipo de texto convencionado pelo grupo social de cientistas e está presente

tanto no discurso científico, quanto no acadêmico.

Como a questão das tipologias textuais exige inter e multidisciplinaridade,

faz-se necessário recorrer à Análise do Discurso, para poder dar conta das

condições de produção discursiva que modificam os tipos textuais, assim como

dar conta da seleção de categorias para a análise textual-discursiva. Há diferentes

vertentes para se analisar o discurso. Esta dissertação está fundamentada na

Análise Crítica do Discurso, com vertente sócio-cognitiva que tem van Dijk como

seu maior representante.

Tem-se por objetivo geral, contribuir para o desenvolvimento de tipologias

textuais; e, por objetivo específico, conferir os resultados apresentados por Silveira

(1994/2004), pela análise de textos bem formados, exemplificados em manual

didático. Assim sendo, o objetivo específico torna-se plural:

1) descrever os esquemas textuais do dissertativo de 1 Tese e de 2 Teses;.

2) examinar as condições de produção discursiva dos tipos de texto;

3) verificar a organização da opinião nos textos analisados;

4) examinar os usos de argumentos de necessidade, de possibilidade, de

probabilidade, de legitimidade e de reforço.

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Justifica-se esta investigação, na medida em que a descrição e a

classificação de tipos textuais não têm motivado os lingüistas brasileiros, mais

voltados em analisar o discurso. São poucas as investigações, situadas na área

de tipologia textual e, entende-se que a tipologização textual se faz necessária

como contribuição para uma melhor formação dos textos. O dissertativo vem

sendo tratado apenas na escola, no ensino de redação, e proposto, simplesmente,

como a ação de emitir opiniões, sem haver detalhamentos.

Van Dijk (1997), do ponto de vista sócio-cognitivo, apresenta uma

discussão a respeito de conhecimentos avaliativos e factuais e propõe tratar

qualquer forma de conhecimento como avaliativa, ou seja, como opinião. Esta é

considerada como parte da vida cotidiana e, por essa razão, o autor entende que

ela está presente em muitos tipos de texto.

Tem-se por hipótese orientadora desta dissertação que o texto dissertativo

é um tipo de texto que pertence à classe opinativa. Este tipo se modifica,

dependendo das condições de produção discursiva, tratadas, por Van Dijk (2000),

como modelos mentais de contexto discursivo. O texto, tradicionalmente,

apresentado nas escolas está situado no discurso acadêmico, que seleciona para

a formação de seu texto privilegiado, o dissertativo científico. (cf. Silveira, 2004)

O procedimento metodológico utilizado foi o teórico-analítico e foram

dados os seguintes passos:

1. seleção de manuais que tratam do texto dissertativo, no ensino

acadêmico da dissertação, a saber, Comunicação e prosa moderna,

de Othon Garcia e A dissertação, de Agnelo Carvalho Pacheco.

2. seleção de textos dissertativos, retirados do manual A dissertação,

de Agnelo de Carvalho Pacheco, tendo por critério a boa formação

do texto. A seleção dos textos, neste manual didático, decorreu da

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boa formação dos textos exemplificados, o que propiciaria verificar a

adequação dos tipos textuais do dissertativo, modificados devido às

condições de produção discursiva, propostos por Silveira

(1994/2004).

3. análise dos textos, seguindo os objetivos específicos, indicados

acima, para delimitar as categorias analíticas;

4. caracterização dos tipos textuais, a partir dos resultados obtidos;

5. seleção de seis textos dissertativos de 1 Tese, para serem inseridos,

no capítulo 3, a título de exemplificação;

6. seleção de seis textos dissertativos de 2 Teses, para serem

inseridos, no capítulo 4, à guisa de exemplificação.

A análise dos textos seguiu os seguintes critérios:

• a leitura linear do texto do início ao fim, com o propósito de se

reconhecer o esquema textual e classificá-lo por ter uma ou duas Teses;

• a segmentação dos textos-produto de uma e duas Teses, a partir

das unidades de sentido que se agrupam nas categorias de cada

esquema textual do dissertativo;

• o reconhecimento da condição de produção discursiva.

Esta dissertação constitui-se por quatro capítulos:

O capítulo I, Fundamentação Teórica: A Lingüística de Texto e tipos de

texto, explicita os fundamentos básicos que orientaram a investigação, de forma a

tratar da boa formação do texto e do esquema textual do dissertativo de 1 Tese e

de 2 Teses, nas dimensões da Lingüística de Texto e com recursos da Análise

Crítica do Discurso, com vertente sócio-cognitiva.

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O Capítulo II, Uma releitura dos manuais didáticos: um exame para

modificações textuais do dissertativo, faz uma revisão dos dois manuais didáticos

selecionados, para o ensino acadêmico da dissertação.

O Capítulo III, Análises de textos dissertativos de uma Tese: o interlocutor

desconhece a dimensão da área tratada ou a especificidade do tema, apresenta

os resultados obtidos das análises de seis textos dissertativos de uma Tese,

considerados representativos desse tipo de esquema textual. Os resultados são

acompanhados de suas discussões.

O Capítulo IV, Análises de textos dissertativos de duas Teses: o interlocutor

possui o saber interiorizado tanto da área quanto da especificidade do tema,

apresenta os resultados obtidos das análises de seis textos dissertativos de duas

Teses, considerados representativos desse tipo de esquema textual. Os

resultados são seguidos de suas discussões.

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Se alguém podia e queria ter feito Então ele o fez.

( Aristóteles, idem.),

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CAPÍTULO I – Fundamentação teórica: A lingüística Textual e Tipos de Textos ________________________________________________________ Este capítulo apresenta as bases teóricas que orientaram a pesquisa

realizada, situada na Lingüística de Texto e complementada pela Análise Crítica

do Discurso, com vertente sócio-cognitiva.

1.1 Considerações iniciais A década de 60 século XX marca, para a Lingüística, a apresentação de

uma nova perspectiva para seus estudos, seja quanto ao objeto, seja quanto a

métodos de trabalho: da frase ao texto e da unidisciplinaridade à

multidisciplinaridade, de forma a privilegiar a língua em seu uso efetivo, com uma

visão pragmática. Dessa forma, o texto e o discurso tornam-se unidades de

análise.

A Lingüística de Texto é um ramo da Lingüística, com visão pragmática,

que trata da boa formação do texto, tendo-o por ponto de partida dos seus

estudos, de forma a focalizá-lo no uso efetivo da língua e a entendê-lo como a

unidade mais original da linguagem humana.

As origens da Lingüística de Texto estão no momento de construção das

Gramáticas de Texto, na fase da passagem da gramática da frase à do texto, na

década de 60. Essas gramáticas tratavam a formação do texto, a partir de um

conjunto de regras gramaticais fixas, atribuídas à competência textual de um

falante ideal. Tais regras dariam conta da coesão, da coerência e da tipologia

textual.

Na década de setenta, um conjunto de insatisfações resultantes do

tratamento do texto, por regras gramaticais abstratas, leva a uma mudança de

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atitude que propicia o aparecimento da Lingüística de Texto, na medida em que

este passa a ser estudado no uso efetivo da língua.

De acordo com a Lingüística de Texto, a linguagem humana não pode ser

explicada pela frase, pois o texto não se reduz à simples soma de palavras e

frases que o compõem, linearmente. Assim, o texto é considerado a unidade

básica de manifestação da linguagem, pois o homem se comunica por textos e os

fenômenos lingüísticos só podem ser descritos e explicados no interior do texto.

Assim, postula-se que um texto bem formado é aquele que estabelece

relações entre os enunciados lingüísticos, as representações cognitivas, bem

como entre as práticas de produção do texto; por esta razão, os estudos

realizados passam a diferenciar o texto-produto, de natureza lingüística, do texto-

processo, de natureza cognitiva.

A Lingüística de Texto tem por tarefas:

• definir e explicar o que faz de uma expressão verbal, um texto;

• investigar o processamento cognitivo das informações, diferenciando a

coesão da coerência textuais; e

• construir tipologias de textos.

Durante o desenvolver da Lingüística de Texto, os estudos realizados

propiciam o aparecimento de diferentes tipologias textuais. Isemberg (1987)

discute as diferentes tipologias já existentes e assegura que uma tipologia

lingüística de texto satisfatória deva partir de uma perspectiva teórica que

diferencie classe de textos e tipos de textos. Uma classe de textos agrupa um

conjunto de tipos de textos que têm uma mesma natureza.

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Segundo o autor, faz-se necessário haver critério para a classificação de

textos, mas para que se construa uma tipologia mais precisa, ele propõe como

princípio de classificação a noção de classe de texto, a fim de reunir os tipos

específicos de texto.

Assim visto, a classe de texto define-se por um conjunto de características

comuns a vários tipos de texto, ou seja, determina propriedades gerais relativas a

certos textos. Já, o tipo de texto é uma designação teórica de uma forma

específica que pode ser agrupada em uma classe de texto, a partir de suas

propriedades gerais, mas que apresenta modificações próprias, dependendo das

condições de produção discursiva.

Entende-se, então, que na perspectiva de Isemberg, os estudos tipológicos

textuais já realizados ocuparam-se apenas das propriedades gerais dos textos ou

trataram apenas de tipos concretos, selecionados entre textos. Por essa razão, os

resultados apresentados não são generalizáveis para uma tipologia textual

abrangente; conseqüentemente, muitos estudos apresentam tipos de textos como

se fossem classes de textos e vice-versa.

Para esse autor (1987: 95), faz-se necessária a construção de uma

tipologia textual com critério e afirma:

Una tipologia lingüística del texto, satisfactoria desde una perspectiva

teórica, sigue siendo todavia un desideratum. La tarea de desarrolar una

tipologia semejante se hace tanto más urgente cuanto mayor es el conjunto

de conocimientos lingüísticos textuales y pragmáticos que necesitan de

una ordenación y precisión tipológica textual. En esta situación, llama de

manera especial la atención el que, hasta ahora, no se hayan discutido los

principios básicos referentes a los problemas de tipologia textual se ocupan

de la cuestión sobre cómo describir tipos de textos; faltan, sin embargo,

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estudios básicos sobre qué es lo que tiene que aportar una tipologia textual

para poder satisfacer las pretensiones teóricas.

A partir dessas considerações, Isemberg discute vários trabalhos

tipológicos realizados no marco da Lingüística de Texto, afirmando que não é

apenas a superestrutura, enquanto esquema textual que tipifica os textos

lingüísticos. Neste caso, para o autor (idem: 96), a diferença entre classe de texto

e tipo de texto como critério tipológico compreende:

Utilizamos la expresión clase de texto como designación,

conscientemente vaga, para toda forma de texto, cuyas características

pueden fijarse mediante la descripción de determinadas propriedades, no

válidas para todos los textos, independientemente de si estas propriedades

pueden concebirse teóricamente y de que manera, dentro del marco de

una tipología textual. Utilizamos, en cambio, el término tipo de texto como

designación teórica de una forma específica de texto, descrita y definida

dentro del marco de una tipologia textual. (p……)

Segundo Isemberg, todo tipo de texto, de acordo com esta diferenciação,

é, também, ao mesmo tempo pertencente a uma certa classe de texto, contudo,

não pode ser o inverso. Isto quer dizer que nem toda forma de texto, de acordo

com determinados pontos de vista diferenciados, pode ser caracterizada,

necessariamente, também, dentro do marco de uma tipologia textual como um tipo

de texto.

Isto posto, nesta dissertação, busca-se tratar da tipologia textual do

dissertativo, tendo por classe o texto opinativo que se modifica em tipos de texto,

dependendo das condições de produção discursiva.

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1.2 As memórias e o processamento da informação

A Lingüística de texto trata tanto do texto-processo quanto do texto-

produto, com o objetivo de dar conta da boa formação do texto. Para tanto, suas

investigações com base cognitiva são inter e multidisciplinares.

Assim, os psicólogos da memória contribuíram para que os

conhecimentos humanos fossem entendidos em sua natureza memorial, sendo

que os mesmos se definem como representações mentais das coisas que

acontecem no mundo. Já os psicólogos sociais, com o interacionismo simbólico,

contribuíram para explicar como a identidade de um indivíduo é construída por ele,

em sociedade, a partir do Outro.

Kintsch, psicólogo da memória, e van Dijk, lingüista de texto, em 1975,

tratam de protocolos de leitura para explicarem como as pessoas resumem e se

lembram de histórias. Desde essa época, van Dijk vem tomando por base de suas

investigações o modelo de memória por armazéns, para explicar como as

diferentes memórias atuam na construção da representação mental.

A Memória de Longo Prazo (MLP) funciona como um arquivo dos

conhecimentos já adquiridos pelo indivíduo, sejam estes individuais ou sociais. Por

se tratar de um modelo de memória por armazéns, diferencia-se, na MLP, a

memória social da memória individual.

A memória social compreende o conjunto de conhecimentos sociais,

decorrentes da interação do indivíduo com a sociedade, definido como o Marco de Cognições Sociais. Cada indivíduo conhece vários marcos de cognições sociais,

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embora tenha apenas um, o do seu grupo social específico, como guia de suas

representações mentais.

Nesse contexto, seu Marco de Cognições Sociais é relativo ao grupo social

em que se situa, historicamente, como membro. Os conhecimentos da MLP estão

organizados por três grandes sistemas: o lingüístico – conhecimento da língua e

de seus usos; o enciclopédico – conhecimento de mundo; e o interacional –

conhecimento relativo a atos de linguagem e às normas de interação

comunicativa, no sentido de propiciar as representações de contextos

interacionais.

Os conhecimentos individuais estão alocados em um outro armazém da

MLP e resultam de experiências pessoais que os indivíduos têm com o mundo.

Esses, por sua vez, também estão estruturados por três grandes sistemas: o

lingüístico, o de conhecimento de mundo e o interacional – conhecimento

individual relativo a interações sociais, de forma a propiciar os modelos de

situações.

A Memória de Curto Prazo (MCP) é sensorial, de natureza quantitativa,

controlada por uma unidade de memorização, o chunk. Dependendo de esta

unidade memorial estar lotada, a informação se perde. Assim, o que entra na MCP

é processado, recursivamente, e levado para a Memória de Médio Prazo ou

Memória de Trabalho (MT), para nela serem construídas as representações

mentais-ocorrentes, como forma de conhecimentos novos e interacionais.

Enquanto forma de conhecimento interacional, a representação mental ocorrente é

construída, na MT, acionando conhecimentos remanescentes, já armazenados na

MLP, ao mesmo tempo em que os reformula, devido às informações novas

processadas.

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Logo, há diferentes tipos de conhecimentos: os sociais – armazenados na

memória social são persistentes e remanescentes, na medida em que as ações

experienciadas, em sociedade, decorrem de papéis que caracterizam os atores,

os lugares, o tempo e o tipo de ação; e os individuais – armazenam modelos de

conhecimentos pessoais flexíveis, bem como dependem do momento histórico

em que são construídos, a partir das experiências pessoais.

Durante o processamento da informação, na MT, os conhecimentos

persistentes são ativados para funcionar como o Marco de Cognições Sociais, de

forma a guiar a construção de novos conhecimentos; os conhecimentos flexíveis

projetam modelos de situação, enquanto contextos cognitivos que podem ser

modificados, o que explicita as razões de um mesmo indivíduo processar a

mesma informação, não só de forma diferenciada, como também, em momentos

históricos diferenciados.

O modelo de situação é flexível, pois decorre de como se situa o referente

no mundo. Tal referente é focalizado a partir de um ponto de vista, e apresenta-se

em um determinado estado de coisas. O ato de situar é variável e, portanto, a

representação mental-ocorrente é flexível, mutável, apesar de os conhecimentos

persistentes serem os guias.

Para Van Dijk (1992), a Psicologia Cognitiva desempenha importante papel

na semântica do discurso. A necessidade de uma teoria explícita da organização e

da aplicação do conhecimento, na compreensão do discurso, leva a entender

como ocorre o processamento cognitivo do discurso, assumido pelos usuários da

língua, construtores de uma representação mental do texto na memória. (Kintsh &

Van Dijk, 1975, apud Van Dijk 1992, p. 160)

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Segundo esses autores, a construção da representação mental é realizada

pela articulação do novo com o velho. O novo é a informação que entra expressa

em língua, o velho é o que já está armazenado na MLP.

As informações são processadas recursivamente pela Memória de Trabalho

que é qualitativa, na elaboração dos sentidos, por meio de estratégias

interpretativas, a fim de se atingir a compreensão.

As estratégias interpretativas são aplicadas, quando se recorre aos

conhecimentos remanescentes, tanto individuais quanto sociais, ativando-os para

a MT. Esta, ao receber a informação, processa o que está representado em

língua, expandindo as informações, por inferências e, recursivamente, reduzindo-

as, de forma a construir novos sentidos.

Há diferentes vertentes para tratar do processamento de informação, no

entanto, de modo geral, os estudiosos da memória entendem que os

conhecimentos não são construídos de forma desorganizada.

Sabe-se que os conhecimentos sociais por serem persistentes, mas

recursivamente modificáveis por eventos discursivos individuais, têm raízes

históricas e contemporaneidade. As raízes históricas são construídas com o

decorrer do tempo, a partir do que é vivido socialmente, em um determinado lugar.

A contemporaneidade é construída na dependência dos objetivos e interesses

comuns ao grupo no aqui e agora. As raízes históricas fixam e cristalizam os

conhecimentos sociais transmitidos, a partir de discursos institucionais; todavia por

serem guias dos conhecimentos individuais, quaisquer eventos discursivos

particular não institucionalizados, também pode ser caracterizado pela interação

entre o social e o indivíduo.

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Segundo Van Dijk (1992), no caso dos conhecimentos conceituais, a

construção hierárquica dos sentidos decorre de um frame. Este é definido como

uma unidade global de conhecimento, organizada como um certo conceito, ou

seja, esta unidade de sentido global contém informações essenciais, típicas e

possíveis, associadas a um determinado conceito; assim sendo, o frame,

hierarquicamente, ocupa no esquema mental, o sentido mais global, atribuído a

algo ou a alguém. Este sentido mais global organiza os sentidos secundários com

o auxílio de um script no qual as ações, com seus participantes, são ordenadas de

forma cronológica. Por script, o autor entende a seqüência de ações

estereotipadas, verbais ou não-verbais, relativas a um domínio de atividades,

sendo que este é apreendido por certo ponto de vista. A noção de script foi

concebida, no domínio da Inteligência Artificial, por Schank e Abelson (1977, apud

Kintch e Van Dijk, 1983) e introduzida para o exame da compreensão discursiva.

(cf.Kintch e Van Dijk, 1975/ 1983)

De acordo com Van Dijk (1997 a), na dimensão sócio-cognitiva, as

representações mentais são dinâmicas e explicam-se, na medida em que os

conhecimentos já armazenados interagem com as informações novas,

construindo, assim, novos conhecimentos.

Diante do exposto, esta dissertação situa os atos de opinar e de argumentar

na inter-relação das categorias Discurso, Sociedade e Cognição, considerando as

representações mentais, tanto ocorrentes quanto persistentes, como construções

avaliativas que se articulam, na interação social com as argumentativas, a partir

do Marco de Cognições Sociais. Assim, na construção textual-discursiva, faz-se

necessário considerar como o produtor textualiza a articulação dos três sistemas

memoriais de cognições: o lingüístico, o enciclopédico e o interacional.

Com referência ao lingüístico, este exige o/um exame do uso de

argumentos, nas práticas sociais discursivas, é o que se pode e o que se deve

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dizer, dependendo das condições não só de produção discursiva, mas também da

formação discursiva.

Com referência ao enciclopédico, trata-se de uma nova focalização dada ao

referente textual, de modo a torná-lo discutível, naquilo que, anteriormente, era

indiscutível por participar do Marco das Cognições Sociais.

Com referência ao interacional, as formas de conhecimento são

sistematizadas em situações de fala típicas interacionais. Estas são diversificadas

e vão desde uma superestrutura textual até a macro e microatos de fala, que são

realizados em práticas sociais discursivas distintas.

1.3 Cognição, Discurso e Sociedade

Ao se entender que estudar a língua em seu uso efetivo implica tratar do

texto e do discurso, ambos passam a constituir áreas diferentes para a

investigação: Lingüística de Texto e Lingüística do Discurso.

Cabe à Lingüística de Texto, como já foi dito, as tarefas: definir e explicar o

que faz uma expressão verbal ser um texto, qual seja, a noção de completude de

texto; investigar a organização textual das informações, a fim de se dar conta da

coesão e da coerência; e construir tipologias de textos. Cabe à Lingüística do

Discurso, as tarefas: analisar, definir e tipologizar discursos. Há diferentes

vertentes para se tratar do discurso. Tais vertentes privilegiam as Ciências Sociais

ou as Ciências Cognitivas, logo esta dissertação está fundamentada na Análise

Crítica do Discurso com vertente sócio-cognitiva.

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Segundo Van Dijk (1997b), a vertente sócio-cognitiva circunscreve-se na

inter-relação das categorias de análises: Cognição, Discurso e Sociedade, pois

cada uma destas categorias se define pelas demais. Na perspectiva do autor, os

conhecimentos humanos são construídos no e pelo Discurso em Sociedade,

construindo, assim, as Cognições sociais que guiam as individuais, numa

interação contínua do já-sabido e o construído. Entende-se, então, que os

conhecimentos humanos são ao mesmo tempo individuais e sociais, embora os

conhecimentos sociais sejam os guias dos conhecimentos individuais e estes

modificam aqueles, numa dialética contínua entre discursos institucionalizados e

eventos discursivos particulares. Ainda na visão de Van Dijk, é a integração do

estudo das dimensões cognitivas com as sociais que permite melhor compreensão

das relações, entre Discurso e Sociedade.

Van Dijk (1997 a) assegura que o discurso, além de estrutura, é, também,

ação e interação social; o texto e a enunciação, além de lingüísticos, são sociais e

culturais, da mesma forma que são relativos à Cognição; o discurso é contextual

e, ainda, mantém relações de produção e de reprodução ideológicas.

O Discurso está inter-relacionado com as noções de Sociedade, Cognição e

de grupos sociais, podendo ser manifestado por eventos discursivos particulares

ou institucionais. Cada locutor é único em seu discurso, como evento discursivo

particular. Contudo, apesar das semelhanças sociais que o definem como membro

de um grupo social, por haver intertextualidade e refuta, ele se apresenta como

uma avaliação individual, ou seja, uma disparidade e até dissidência em relação

ao grupo social. O locutor dos discursos institucionais torna-se único, na medida

em que representa a informação, considerando-se a visão de mundo de um

determinado grupo sócio-ideológico que está em conflito com outros grupos

sociais.

As representações mentais individuais são as que explicam as razões de

diferentes reações dos indivíduos diante de um acontecimento, embora eles

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pertençam a um mesmo grupo de cognições sociais. Nesse sentido, a categoria

Cognição agrupa as formas sociais de representação mental do mundo, vistas

como formas de crença, por serem conhecimentos avaliativos.

Van Dijk, tendo por base a teoria dos papéis da Psicologia Social, postula

que cada sujeito discursivo pode mudar de grupo sócio-cognitivo, dependendo do

papel que representa em Sociedade, razão que o leva a atuar nas práticas

discursivas, buscando, assim, verificar como os conhecimentos, atitudes e outras

representações mentais têm um papel na produção e no entendimento de

determinado discurso, bem como este pode influenciar as opiniões dos outros,

alterando suas crenças.

O Discurso, inter-relacionado com Sociedade e Cognição, é visto como um

fenômeno resultante de uma prática social e cultural. Os locutores não só praticam

atos sociais, como também participam de interações sociais. Estas interações

situam-se em vários contextos sociais e culturais, tais como reuniões informais

com amigos, encontros profissionais, institucionais, debates parlamentares e/ou

acadêmicos.

No entender do autor, a noção de ação abrange a de intenção, pelo fato de

implicar uma deliberação para agir, envolvendo o ato praticado e a interação

estabelecida sócio-cognitivamente.

No que se refere à Cognição, o homem é dotado de uma habilidade

cognitiva que se define pela capacidade de focalizar o que acontece no mundo, a

partir de um ponto de vista. Este é orientado por objetivos, interesses e propósitos,

de forma a criar um determinado estado de coisas para o que é focalizado, no

mundo. Dessa forma, constrói-se uma representação mental valorativa, enquanto

forma de conhecimento do que acontece nesse no mundo, ou seja, uma crença.

Quando os objetivos, interesses e propósitos são comuns a um grupo de pessoas,

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estas se reúnem em um grupo social, na medida em que têm conhecimentos

sociais comuns que constroem o Marco das Cognições Sociais do grupo. Como

cada grupo social tem seu ponto de vista específico, cada grupo social tem um

Marco de Cognições Sociais que está em constante conflito com o de outros

grupos.

No que se refere à Sociedade, esta é formada por diferentes grupos sócio-

cognitivos, conflitantes, intergrupos e, por vezes, intragrupos. No caso de o

conhecimento das pessoas ser institucionalizado, há um conhecimento comum

extra-grupo social que constrói a Memória Social. Assim visto, no que se refere ao

Discurso, as formas de conhecimento são construídas no e pelo discurso, com a

finalidade de interagir com os grupos sociais.

As formas de conhecimentos são tanto sociais como individuais, sendo que

estas decorrem de experiências individuais com o mundo. Todas as formas de

conhecimento são armazenadas na Memória de Longo Prazo das pessoas, em

dois grandes arquivos: memória semântica ou social e memória episódica ou

individual. Nestas memórias, os conhecimentos são organizados em sistemas

específicos: o lingüístico, que armazena os conhecimentos de língua; o

enciclopédico, que arquiva os conhecimentos de mundo; o interacional, que

guarda os conhecimentos relativos às relações enunciativas, discursivas e

conversacionais entre pessoas. Os conhecimentos de tipos de textos e classes de

textos são armazenados na memória de longo prazo social, a fim de facilitar a

interação comunicativa humana. Por essa razão, os esquemas textuais estão

situados no Marco das Cognições Sociais. Convém ressaltar que o dissertativo,

trata de um tipo de texto convencionado pelo grupo social acadêmico e presente

no discurso científico.

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1.4 O discurso científico

O discurso científico é uma prática social modalizada pelo saber, que pode

ser situado em duas grandes dimensões: o discurso da descoberta, de natureza

narrativa, e o discurso da transmissão, de natureza dissertativa.

Segundo Silveira (1994), o discurso da descoberta define-se pelas

categorias textuais: Problema e Solução. Trata-se de um discurso solitário, pois a

descoberta científica é realizada pelo cientista que investiga para resolver um

problema. Todavia, o cientista não se contenta em obter resultados com sua

investigação, numa progressão do <<não-saber>> para <<o saber>>. Por essa

razão, é necessário que ele apresente e discuta sua descoberta com a

comunidade científica e, para tanto, formalize o <<saber construído>> pelo

dissertativo.

A autora trata com especificidade, em suas investigações, do dissertativo

científico, buscando considerá-lo um tipo de texto, caracterizado pela formalização

de julgamentos, decisões e declarações da descoberta realizada. Assim sendo, há

uma inter-relação das dimensões cognitiva e comunicativa, qual seja, o

dissertativo envolve a narrativa da descoberta. Como o discurso científico é

modalizado pelo <<saber>> e <<fazer-saber>>, o dissertativo científico exige que

a conclusão do cientista seja justificada explicitamente.

Já na dimensão comunicativa, o dissertativo científico poderá ser

diferenciado, se forem considerados dois tipos de interlocutores: um interlocutor

que desconhece a dimensão da área tratada ou a especificidade do tema; e um

outro interlocutor que possui o saber interiorizado, tanto da área quanto da

especificidade do tema. No primeiro caso, o dissertativo é modificado para que a

interação seja pelo convencer; já, no segundo caso, há a necessidade de

persuadi-lo, para que ele abandone uma Tese anterior, já conhecida, e dê adesão

à nova Tese que está sendo defendida pelo cientista.

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Para a autora, essa diferença decorre de condições diversificadas de

produção discursiva, convencionando para o dissertativo científico dois esquemas

textuais: o expositivo e o argumentativo, propriamente dito. Estes esquemas são

modificações da estrutura argumentativa proposta por van Dijk (1978), (cf. item 1.8

desta dissertação). Ainda para Silveira (1994), as duas condições de produção

discursiva poderiam ser designadas por: dissertativo de 1 Tese ou expositivo e

dissertativo de 2 Teses ou argumentativo propriamente dito.

1.4.1 O esquema textual do dissertativo de 1 Tese

Silveira propõe o seguinte esquema textual que é constituído pelas

categorias: Apresentação, Justificativa-exposição e Finalização. Ao tratar do

discurso científico, assegura que este se define por um texto reduzido e por um

texto expandido. A categoria Justificativa está modificada argumentativamente e,

por isso, a categoria Apresentação agrupa o texto reduzido, ou sumário, e a

categoria Justificativa, a exposição, enquanto texto expandido.

A categoria Apresentação pode ser definida como Sumário, ou seja,

durante o processamento das informações, agrupa os sentidos mais globais do

texto, construídos pelo próprio expositor, a partir de palavras e frases do texto que

expressam o resumo. Assim visto, esta categoria funciona como orientadora do

leitor, a fim de que ele processe as informações transmitidas, pelo mesmo

princípio de interpretabilidade do cientista-expositor.

A categoria Justificativa-Exposição agrupa, por reunir o texto-expandido,

os sentidos secundários relativos às informações que o cientista expressa para

expor, argumentativamente, a sua descoberta. Esta categoria funciona como

explicitadora das palavras e frases do texto condensado, pois o locutor entende

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que o seu leitor, por desconhecer a dimensão da área e o tema específico, não

seja capaz de construir inferências por não ter o saber necessário. Trata-se,

portanto, de um texto expandido por explicitação de informações secundárias.

A categoria Finalização agrupa o julgamento do cientista que avalia o que

foi anteriormente expresso. Trata-se, portanto, de uma opinião, apresentada a

título de conclusão.

1.4.2 O esquema textual do dissertativo de 2 Teses

O esquema textual do dissertativo de 2 Teses, ou argumentativo

propriamente dito, devido ao uso de argumentos explícitos, apresenta

modificações em relação do esquema textual do dissertativo de 1 Tese.

Segundo Silveira ( 1994: 56-57),

Argumentar, em sentido estrito, implica levar o outro a dar a sua

adesão ao julgamento do autor e quando já se tem uma posição tomada,

abandonar o que sabia e acatar o ‘saber novo’ transmitido; para tanto, há a

explicitação da justificativa por argumentos que visam estabelecer a

relação (que percorre da necessidade, passando pela probabilidade, até a

possibilidade) entre a premissa-hipótese e a conclusão do autor.

No postulado de Silveira, o dissertativo de 2 Teses tem seu esquema

textual constituído pelas seguintes categorias: Tese Anterior (Tese 1), Justificativa-

argumentos/Contra-argumentos e Tese Posterior (Tese 2).

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Há modificação desta estrutura, em relação à do dissertativo de Tese 1.

Assim, durante o processamento das informações, o leitor agrupa, na categoria

Premissa, as informações referentes à Tese Anterior; e a categoria Justificativa

agrupa Contra-Argumentos à Tese Anterior e Argumentos para a defesa da Tese

Posterior.

A Tese Posterior é definida pela conclusão que o cientista declara,

apontando-a como verdade. Logo, o discurso envolvente com relação ao discurso

da narrativa da descoberta, do cientista, é caracterizado pelo uso de argumentos

de probabilidade, na medida em que o cientista apresenta seus resultados como

prova. No entanto, tais resultados, ainda que provados, não são suficientes, para

construir generalizações teóricas e/ou metodológicas que o cientista realiza com a

sua Conclusão; por esta razão é uma forma de opinião.

Nessa perspectiva, o ponto de partida desta dissertação é o texto

dissertativo pertencente à classe textual opinativa, sendo que no discurso

científico se modifica em dois tipos de texto : dissertativo de 1 Tese e dissertativo

de 2 Teses.

1.5 A classe textual opinativa

Van Dijk (1997) dá atenção ao conceito de opinião, pois a considera como

parte da vida cotidiana e, por essa razão, entende que ela está presente em

muitos tipos de texto, desde as conversações descontraídas até o poético, o

dramático, o noticioso e o ficcional.

Segundo o autor, o conceito de opinião é complexo e já foi tratado por

diferentes prismas. Ainda que a opinião esteja presente na vida cotidiana e

institucional, ela tem merecido pouca atenção dos especialistas de texto e do

discurso. Em razão desta complexidade, Van Dijk (1997 b) focaliza a questão da

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opinião, como lingüista, a partir da vertente sócio-cognitiva da Análise Crítica do

Discurso, sendo que esta se preocupa com as formas de conhecimento sociais.

Diante dos resultados, já obtidos a respeito da opinião, o autor afirma que,

de modo geral, os estudiosos diferenciaram episteme de doxa, bem como

conhecimentos epistêmicos de conhecimentos avaliativos. Os epistêmicos são

factuais e decorrem do que se constata ao observar o mundo; por essa razão,

pode-se aplicar a este tipo de conhecimento o critério da verdade/falsidade.

Entende-se que os conhecimentos avaliativos são opiniões e, quando

públicos, são designados doxa (opinião pública). Um conhecimento avaliativo é

uma crença, pois decorre de se concluir o quão bom/ o quão mau algo é. Por conseguinte, a opinião não pode ser analisada pelo critério de verdade/falsidade.

Segundo Silveira (1994), qualquer tipo de conhecimento é uma crença, pois

decorre não do real, mas de como se focaliza o que acontece no mundo, criando

para tal conhecimento, um estado de coisas. Em outros termos, a opinião é

construída, a partir do Marco de Cognições Sociais de seu produtor.

Para a autora, quando alguém avalia o referente, é porque alguém conhece

o referente que está representado no Marco das Cognições Sociais (Memória de

Longo Prazo Social) dos membros de seu grupo e este é um conjunto de crenças,

na medida em que decorre de um determinado ponto de vista, aceito pelos

membros de grupo social, no qual se situa tal Marco. A avaliação, nesse sentido,

apresenta-se como solução de um problema e requer habilidade,

conseqüentemente, ela é um componente fundamental da inteligência e está

ligada ao conhecimento.

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Conforme se avaliou, nesta Dissertação, os pontos de vista variam

dependendo de propósitos, intenções, interesses e objetivos comuns que reúnem

as pessoas em um determinado grupo social. Conseqüentemente, os grupos

sociais estão em conflito, por terem Marcos de Cognição diferentes.

Em decorrência do que foi exposto, Van Dijk considera que a opinião, sua

aquisição, seu uso e funções são sociais e sua expressão, de forma geral, é

discursiva – há muitas opiniões que são pensadas e não são transmitidas –. Assim

sendo, para o autor, uma teoria satisfatória sobre opinião deveria situá-la na inter-

relação, das categorias: Cognição, Sociedade e Discurso.

1.6 A focalização

Os estudiosos Reis & Lopes (1988) afirmam que o termo focalização,

designação eficaz para a Análise do Discurso, também é conhecido por outras

designações. Os teóricos e os críticos anglo-americanos o nomearam ponto de

vista ; J. Pouillon e T. Todorov o denominam visão ; G.Blin, restrição de campo.

Para Reis & Lopes, o termo focalização pode, ainda, ultrapassar o sentido de

ponto de vista e visão e não se limita, portanto, ao que uma personagem ou

narrador podem ver, mas concretiza-se como a representação global da

informação, em um determinado campo da consciência.

A focalização permite que se condicione a quantidade de informação

veiculada, por exemplo, a respeito de eventos, personagens, espaços, entre

outros, para que esta atinja qualidade, pela avaliação realizada, já que passa a

abranger uma posição afetiva e ideológica ou moral e ética, em relação ao

informado. Dessa maneira, a focalização deve ser considerada como um

procedimento crucial para as estratégias de representação que regem a

configuração sociocognitivo do discurso.

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Para Van Dijk (1997 b), a focalização de uma representação mental

individual está, sempre, guiada pelos conhecimentos sociais. Nesse sentido, o

social implica uma imposição de normas e valores que determinam as crenças dos

membros de um grupo e orientam as atitudes das pessoas. Esse conjunto de

crenças, o Marco de Cognições Sociais, é construído por focalizações sociais

específicas do mundo, de modo a diferirem de grupo para grupo, ocasionando um

constante embate intergrupal.

Isto posto, a flexibilidade das representações mentais sociais decorre das

diversas focalizações sociais do referente; todavia é necessário considerar que o

sujeito, enquanto indivíduo, também faz focalizações diversificadas do referente,

e dependendo de suas intenções, cria para si um estado mutável de coisas.

1.7 Modelos de situação

Kintsch e van Dijk (1983) tratam, pela primeira vez, do modelo de situação,

quando apresentam os seus resultados obtidos de uma investigação realizada

com a compreensão discursiva de leitores. Esses autores verificaram que o leitor,

além de reproduzir parte do que foi dito, deve imaginar sobre o que trata o texto,

por exemplo, pessoas, atos, eventos ou estados de coisas. Assim sendo, um

modelo de situação é a noção cognitiva que busca dar conta do tipo de contexto

cognitivo ativado para a Memória de Trabalho. Para tanto, é necessário considerar

o empenho de cada interlocutor, ao imaginar de que trata o texto, a fim de se

compreender o discurso.

Por essa razão, segundo, van Dijk (1997 a), a noção de modelo de

situação faz-se necessária para explicitar, também, os conhecimentos flexíveis

das pessoas, uma vez que tal noção está relacionada à maneira pela qual o

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indivíduo focaliza o referente em uma determinada situação. Logo, os modelos

são esquemas mentais, armazenados na Memória individual de Longo Prazo das

pessoas, e resultam de experiências individuais que elas têm com o mundo. Neste

caso, enquanto as focalizações criam estado de coisas para o referente no

mundo, os modelos de situação propiciam uma relação, entre o focalizado e o

situado, em um determinado contexto cognitivo.

Em outros termos, os modelos de situação são ativados do arquivo

individual de longo prazo, resultado das experiências pessoais com o mundo.

Estes são diretos ou imediatos, quando se observa ou se participa de eventos ou

ações; ou indiretos, quando se interpreta um discurso, na medida em que as

pessoas resgatam conhecimentos anteriores sobre uma determinada situação.

Toda vez que se atualiza um modelo de situação, amplia-se o

conhecimento pessoal de mundo. Os frames e os scripts que participam do

contexto cognitivo, durante a construção das formas de conhecimento, na

Memória de Trabalho, desempenham papel importante para se construir novos

modelos pessoais e na atualização de modelos velhos. A atualização dos modelos

individuais, pela lembrança, é uma operação cognitiva que permite aos indivíduos

a construção de grande número de novos modelos, a cada situação nova.

Dentro desse quadro, o locutor ao produzir seu texto-produto é guiado pelo

seu texto-processo. Assim, o texto-produto traz representado em língua, a maneira

pela qual se situa o referente focalizado.

Essas noções são importantes para o tratamento de textos dissertativos

que são opinativos e, conseqüentemente, argumentativos, pois os conhecimentos

sociais do mundo não são discutíveis. Contudo, tais conhecimentos tornam-se discutíveis, na medida em que o referente é focalizado e situado de maneiras

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diversas. Desde que essas variáveis ocorram, a argumentação é instaurada, para

se defender uma conclusão.

Logo, para a construção da representação mental na Memória de Trabalho,

ativa-se um modelo de situação, da Memória de Longo Prazo individual e uma

representação mental institucionalizada do referente, da Memória de Longo Prazo

social. A dialética existente, entre o social e o individual, leva o processador da

informação a saber a respeito do que o discurso versa, propiciando que se

construa para o mesmo, a coerência, enquanto sentido mais global.

Quando se trata da construção da representação mental na Memória de

Trabalho, a noção de contexto é, portanto, sócio-cognitiva. Um contexto cognitivo

é o conjunto de conhecimentos que são ativados da Memória de Longo Prazo,

sendo estes relativos tanto ao Marco de Cognição Social quanto às experiências

individuais. Tal contexto tem formação complexa, pois decorre de focalizações e

de modelos de situação variados. Claro está que os papéis representados pelos

indivíduos em sociedade participam, também, da construção de contextos

cognitivos diversificados; assim, por exemplo, durante uma pesquisa realizada

com a compreensão discursiva, foi oferecido aos informantes o texto descritivo de

um castelo medieval francês. Para cada informante-leitor, foi indicado um papel:

vendedor, comprador, avaliador e assaltante. Os resultados obtidos indicam que o

papel representado é, altamente, importante para a seleção do foco e da situação.

1.8 A estrutura argumentativa proposta por Van Dijk

Van Dijk e Kintsch, desde 1975, preocuparam-se, de certa forma, com a

tipologia de textos. Em 1978, van Dijk dedica um capítulo de sua obra La ciencia

del texto às superestruturas, nele inserindo as estruturas argumentativas. O autor

considera que todos os textos são formados por um macroato, por exemplo,

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ameaçar, intimidar, seduzir, entre outros, guiado pela intenção do produtor; razão

pela qual, não há textos ingênuos, todos são argumentativos.

Para esse autor, as superestruturas são esquemas textuais

convencionados socialmente para formalizar tipos de textos. Estes estão

armazenados na Memória de Longo Prazo Social, no sistema interacional.

Van Dijk considera, ainda, que, embora haja superestruturas típicas,

convencionadas socialmente, para formalização textual de discursos típicos,

dificilmente um texto é formado apenas por uma única superestrutura. Assim, por

exemplo, um texto de história é formado, também, com a superestrutura do

descritivo que se encontra modificada pelas categorias da história. Em 1978

(p.160), o autor propõe uma estrutura argumentativa, presente nos mais diferentes

tipos de discurso, visualizada da seguinte forma:

Estrutura Argumentativa

Justificativa Conclusão Marco de Circunstância Cognições Sociais Pontos de Partida Fatos Legitimidade Reforço

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Para o autor, as categorias canônicas da argumentação são premissa-

hipótese e conclusão. Não obstante, na argumentação, estão presentes outras

categorias, como se visualiza no esquema acima. Pode-se verificar que a

estrutura proposta é, também, hierárquica, sendo que as categorias primárias são:

Justificativa e Conclusão. Assim sendo, Van Dijk ao apresentar o seu esquema

argumentativo, não inclui a categoria premissa-hipótese, em vista de esta poder, na maioria das vezes, vir implícita, em relação à explicitação da Conclusão. No

que se refere à categoria Justificativa, o autor considera que, em certos discursos,

a explicitação é uma exigência dessa categoria e, em outros, não.

O discurso científico é um discurso institucional que exige justificativas

explícitas. Nesse caso, a categoria Justificativa da estrutura argumentativa agrupa

outras duas categorias textuais: Marco de Cognições Sociais e Circunstâncias.

Estas são relativas à mudança de focalização e de situação dadas para a

representação do referente, ou por isso, decorrem das intenções individuais. Os

conhecimentos sociais persistentes constituem o Marco de Cognições Sociais.

Van Dijk (idem, p.162) para poder exemplificar sua estrutura argumentativa,

analisa o seguinte anúncio publicitário, lançado, na Europa, para a venda de

gasolina da Shell:

Compre gasolina Shell

A gasolina Shell contém ASD

ASD limpa o motor

Menos gasolina é mais barato

Você quer conduzir, gastando pouco dinheiro?

Compre gasolina Shell.

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Conclusão – Compre gasolina Shell.

Fato - A gasolina Shell contém ASD.

Justificativa – ASD limpa o motor.

Reforço – Um motor limpo consome menos gasolina.

Legitimidade – Consumindo menos gasolina, você gasta menos.

Reforço – Quem consome menos gasolina conduz seu carro, por

mais quilômetros, por ter menos gasto.

Pelo que se pode verificar, o Marco de Cognições Sociais não foi

explicitado, embora seja representativo de um auditório mais amplo que

compreende tanto a classe média quanto a alta. Tal Marco pode compreender, por

exemplo, de forma implícita, entre outras, as seguintes proposições: todo gasto

inútil é prejudicial; quem poupa sempre tem, a economia é a base da ascensão

socioeconômica.

Pode-se verificar, também, que a Legitimidade e o Reforço agrupam os

sentidos que apresentam uma relação associativa com o Marco das Cognições

Sociais; a Circunstância categoriza a informação nova, relacionando-se ao Marco,

de forma dissociativa.

No tocante à argumentação, pode-se dizer que os modelos de situação,

juntamente com a focalização, constroem uma circunstância para os

conhecimentos sociais. No entanto, para o uso de argumentos é necessário

recorrer, associativamente, ao Marco das Cognições Sociais, tanto para a

legitimação quanto para o reforço desta, a fim de propiciar a aceitabilidade do

Outro e não criar com o mesmo um intenso conflito.

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1.9 A superestrutura argumentativa de Sprenger-Charroles

Sprenger-Charolles (1980) dá continuidade às pesquisas realizadas por

Kintsch e Van Dijk (1975) e trata da produção de resumos de textos com

superestrutura de histórias e com a superestrutura argumentativa.

A autora trata o argumentativo, diferenciando a argumentação da

demonstração que é utilizada em Matemática. Na demonstração formal, toma-se

como ponto de partida uma hipótese provável – premissa de demonstração – e

insere-se nesta hipótese, necessariamente, uma conclusão. A relação entre

premissa e conclusão, na demonstração, é uma relação de verdade; já a estrutura

do discurso argumentativo difere da demonstração pela natureza das premissas,

pois estas são constituídas de opiniões, geralmente aceitas ou aceitáveis. Nesse

sentido, a relação premissa/conclusão está no domínio do verossímel e não do

verdadeiro, consistindo na apresentação de argumentos, mais ou menos fortes,

mas nunca puramente formais.

Por outro lado, o discurso argumentativo também se diferencia da

demonstração, porque tem a categoria do sujeito fortemente marcada, considerando-se que o mesmo é o sujeito da premissa que se utiliza de

argumentos para persuadir o Outro a aceitar a sua conclusão. Na demonstração, o

sujeito apresenta um discurso opaco e não aquele de quem intervém para

argumentar a respeito de um valor de verdade que ele próprio atribui à premissa.

Para a autora (idem, p. 76), em nível de modalidade de enunciação,

distinguem-se três tipos de relações que podem existir entre o argumentador A, o

argumentado B e o objeto da argumentação R, marcando, assim, a posição do

orador perante os conteúdos aos quais ele se refere e perante o Outro, seu

interlocutor.

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A........ ...............B A ......................B A .......................B

R R R

Eu lhe peço Eu considero Seja um objeto

considerar R um objeto

No caso da 3ª coluna (seja um objeto), trata-se de responder às exigências

da demonstração formal, ou seja, do discurso impessoal e transparente. Já os

casos anteriores tratam da argumentação, mesmo que o sujeito da enunciação

esteja oculto na superfície do texto.

A autora (idem, p.77) propõe para a superestrutura do discurso

argumentativo o seguinte esquema:

argumentos

Premissa............................................................ conclusão (Tese)

Pelo fato de o esquema argumentativo – Tese posterior – ajustar-se em um

outro esquema argumentativo (Tese anterior) com o qual mantém uma relação

dissociativa, objetiva-se mudar as convicções, isto é, contrariar a Tese anterior ou

reforçá-la, a fim de obter a adesão do auditório.

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Nesse sentido, tem-se a seguinte visualização:

Premissa

Argumentos

Conclusão (Tese 1)

Contra-argumentos

Argumentos

Conclusão (Tese 2)

1.10 A argumentação, segundo outros autores

Um raciocínio argumentativo pode proceder de propriedades ligadas à

existência de fatos ou, inversamente, desenvolve-se, a partir da argumentação

feita sobre os fatos existentes.

Vignaux (1976), em seu postulado, afirma que o discurso tanto fala de

objetos físicos referentes ao real concreto, com relação aos acontecimentos que

foram produzidos quanto fala do que vai ser produzido e das relações possíveis,

entre objetos. A seleção destes objetos e os tipos de relação, que o locutor

estabelece entre eles, fazem com que todos os objetos eleitos sejam

apresentados ao auditório, a partir de determinadas situações. Tais situações são

as do discurso e não as do real, ainda que elas sejam apresentadas, no discurso,

como reais.

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Essas variáveis fazem com que a argumentação seja abordada, a partir de

aspectos complexos e diversificados.

1.10.1 Aspectos da argumentação discursiva

Para se estudar a argumentação, no discurso, faz-se necessário diferenciar

três dimensões: a do mundo real, a das representações mentais e a da

enunciação. A dimensão do mundo real é relativa ao que acontece no mundo; a

das representações mentais é cognitiva; e a enunciativa é a representação em

língua do que se quer comunicar. Estas três dimensões estão relacionadas uma

às outras por modalidades, dependendo da existência/não existência, no mundo

real, do objeto do discurso.

Para Vignaux (1976), o ato de argumentar deve ser situado, inicialmente,

na dimensão cognitiva, por ser o lugar em que se constrói o conhecimento,

enquanto representação mental. O uso dos argumentos está relacionado à

dimensão enunciativa e depende da atitude de quem argumenta ao representar,

em língua, o seu conhecimento para o Outro, de forma a convencê-lo e/ou

persuadi-lo à aceitação.

Ao considerar o nível enunciativo, o autor propõe que este seja o nível das

palavras; por essa razão, tal nível é o primeiro a ser analisado, no uso dos

argumentos. A dificuldade para esse autor, é que, até o momento, os lingüistas

não dispõem de uma teoria semântica adequada capaz de descrever as

significações de unidades lexicais.

Vignaux (idem, p.73) afirma, ainda:

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as propriedades semânticas de um elemento são inferidas a

partir de suas características formais. O sentido das palavras

empregadas pelo falante pode ajudar a compreender “de quê” fala

o discurso, assim como, a precisar o campo de atividades, no qual

se situa; mas, o importante não são as palavras em si mesmas e

sim as categorias semânticas às quais se podem remeter suas

propriedades formais e suas localizações na ordem estrutural da

oração.

Segundo o autor, as representações do mundo são construídas por

meio da linguagem, tal como um verdadeiro processo argumentativo. Com efeito,

no que se refere à argumentação, a noção de objeto só tem sentido, na medida

em que ela é tomada em seu emprego discursivo. Assim visto, a noção de objeto

está, pois, relacionada às estruturas mentais e às suas produções representativas

e conceituais. Neste caso, o objeto do discurso não é um objeto real, uma vez que

o mesmo se constrói em função das estruturas mentais e dos procedimentos

argumentativos.

As propriedades do objeto geral, conceitualizadas, mentalmente, servem

como meios de comparação, para avaliar as coisas, em sua identidade relativa e

avaliativa. Por conseguinte, o conceito, por ser objeto do discurso, tem natureza

simbólica, já que substitui outra coisa e o que ela significa no mundo real: tudo

depende de como as pessoas estão capacitadas para representar um referente

em vista de certas finalidades.

Em síntese, para Vignaux, tratar da argumentação exige que se entenda a

linguagem enquanto uma representação que constrói a realidade, de forma a

refletir todos os modos de ser, de experimentar, e de atuar.

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1.10.2 Aspectos das modalidades

De forma geral, as modalidades vêm sendo tratadas por vários

autores, como as relações estabelecidas, pelo locutor, entre a premissa e a

conclusão. Esses autores apresentam-nas como percorrendo a existência, a

necessidade, a probabilidade, a possibilidade, a impossibilidade, a

improbabilidade e a não existência.

1.10.2.1 A modalidade da necessidade

A modalidade da necessidade tem o caráter normativo da proposição

universal. A proposição que afirma: todo A é B implica o seguinte: qualquer A é

necessariamente B. A necessidade funda a universalidade, por isso a necessidade

não concerne à quantidade, mas à essencialidade. Todo A é B significa que

qualquer que seja o indivíduo X, se X possui o atributo A, então possui, também, o

atributo B. Esta é uma simples implicação material, conjunção de fato.

Segundo Van Dijk (1978), as modalidades diferenciam na estrutura

argumentativa a relação entre premissa-hipótese e conclusão. Assim sendo, a

premissa decorre de uma derivabilidade, resultante de um cálculo formal – A

implica B – . A Conclusão é pragmática, na medida em que decorre de uma

construção opinativa, de um conhecimento avaliativo.

Para o autor, a modalidade da necessidade é lógica, quando A implica B

– O homem é mortal, Pedro é homem, logo é mortal –; todavia pode ser, também,

física, biológica, psicológica, entre outras. A título de exemplificação, apresentam-

se:

● Necessidade física: a água ferve a 100º;

● Necessidade biológica: a fome mata os indivíduos;

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● Necessidade psicológica: o amor traz felicidade.

1.10. 2. 2 A modalidade da possibilidade

Toulmin (1958) afirma que o termo possível deve ser bem mais compreendido, quando usado como argumento. Entende-se, então, que o termo

pode ser admitido como uma hipótese. Assim, por exemplo, Pode ou Poderia ser o

caso de...; o termo possibilidade é mais apropriado, devido à associação do verbo

possibilitar com o adjetivo possível e com o advérbio possivelmente, para dar uma

sugestão de possibilidade e para conceder o que deve ser considerado como

possível.

Para o autor, a modalidade da possibilidade depende da conexão entre

possível, possibilidade e pode ou podia, devendo tal modalidade estar relacionada

ao início do argumento. Assim, esta modalidade é uma possível solução para o

problema, quer dizer, desde que esta modalidade seja admitida como hipótese;

por essa razão, ainda que haja outras soluções para o problema - Pode ou

Poderia ser o caso de..., possibilitar, possível, possivelmente, possibilidade e pode

ou podia - estas devem ser consideradas.

Segundo Martin (1984), no que se refere ao discurso, o que é

necessariamente verdade é a verdade por definição que está contida como formas

de predicação no conteúdo de um vocábulo. Trata-se, necessariamente da

verdade, na medida em que as definições são institucionalizadas e, portanto,

indiscutíveis. Assim, quando se predica algo a algo-alguém em discursos não

institucionalizados têm-se predicações fluidas (+ ou – verdade) e estas são

relativas aos mundos possíveis.

Nesse sentido, a modalidade da possibilidade ao relacionar uma premissa-

hipótese com uma conclusão aponta em dois mundos distintos o seguinte: no

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mundo A – é possível a existência de X e no mundo B é possível a não-existência

de X. Os dois mundos possíveis podem conviver entre si, pois neles o objeto

representado não é presente e sim resulta da incerteza do futuro. Trata-se,

portanto, do que é possível de existir-acontecer no mundo ou do que é possível ter

existido-acontecido e não aconteceu ainda.

1.10.2.3 A modalidade da probabilidade

Na perspectiva de Toulmin (1958), o termo probabilidade pode ter

significados diversificados, quando usado em contextos, também, diversificados.

Assim, por exemplo, em um boletim meteorológico, pode ser usado como uma

predicação ou como uma previsão falível – é provável que aconteça, embora não

seja necessário acontecer.

Ao ser usado no cotidiano, o termo probabilidade tem como seus cognatos

provavelmente, provável, probabilidade, comumente, oportunidade, entre outros. A

significação varia, conforme o contexto. Quando se diz: Provavelmente está

chovendo, não se está afirmando, pois pode ser que não esteja chovendo, o que

não significa uma refuta à idéia inicial, de forma a considerar dois mundos

possíveis.

Por conseguinte, os termos que designam a probabilidade suscitam muitas

controvérsias e apresentam dificuldades para o seu uso, pois levam a confundir a

possibilidade com a probabilidade. A dificuldade do uso destes termos decorre de,

antes da década de 60 do século XX, as noções de verdade e de falsidade

orientarem o uso de argumentos lógicos. Acreditava-se, naquele momento, que o

dito tinha uma relação lógica com mundo; hoje, entende-se que a relação do dito

com o mundo é analógica e, por isso, afirma-se, de acordo com os filósofos de

Oxford, que é a partir do dito que as coisas aparecem no mundo. Por essa razão,

fez-se necessário redefinir a modalidade designada probabilidade, sem a

preocupação anterior com os termos que lhe são relativos ou com os seus

cognatos.

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Para o autor, a probabilidade é o motivo ou indício que deixa presumir a

verdade ou a prova de um fato. Assim sendo, a probabilidade ao modalizar a

relação entre a premissa-hipótese e conclusão representa, de forma

argumentativa, o que aconteceu no mundo e que é tomado como prova, para

legitimar a conclusão construída, a partir de um julgamento. No entanto, as provas

apresentadas não são suficientes para as generalizações feitas e expressas pela

conclusão.

Em síntese, dependendo das intenções do locutor, na dimensão do

discurso, é possível afetar um conjunto de fatos ou de propriedades, relativas ao

universo de situações, de forma a transformar, pela argumentação, a necessidade,

a possibilidade, a probabilidade e a existência em não-necessidade,

impossibilidade, improbabilidade e não-existência, ou vice-versa. Assim, o uso de

argumentos pode funcionar não só de maneira implicativa, no sentido lógico do

termo, para convencer, mas também, conforme o raciocínio, no sentido

pragmático, analógico, para persuadir.

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Se é possível Que algo seja ou tenha sido,

seu contrário também parecerá possível Aristóteles,

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CAPÍTULO II – Uma releitura do material didático: um exame para modificações do dissertativo

Este capítulo faz uma releitura de dois manuais didáticos, geralmente

utilizados para o ensino acadêmico da dissertação, a saber, Comunicação e prosa

moderna, de Othon Garcia (1977) e A dissertação, de Agnelo Carvalho Pacheco.

(1988)

2.1 Considerações iniciais

Selecionaram-se esses dois autores, pelo fato de, os manuais de redação,

em geral, tratarem a dissertação como o ato de emitir opiniões; no entanto, os

mesmos não oferecem um subsídio para efetivá-las. Já os dois manuais

selecionados oferecem perspectivas para esta investigação.

O autor, Othon Garcia (1967) diferencia, para o dissertativo, dois tipos de

textos: o expositivo e o argumentativo. Essa diferença, ainda que não esteja

fundamentada na Lingüística de Texto, foi o ponto de partida para se examinar as

modificações do dissertativo, conforme condições de produção discursiva

diversificadas.

O outro autor, Agnelo Carvalho Pacheco (1988) oferece uma

exemplificação de textos dissertativos diversificada e muito rica que foi tomada

como amostra para as análises das modificações textuais do dissertativo.

Ambos os manuais são utilizados na Universidade Brasileira: o autor

Othon Garcia é o mais indicado em São Paulo; já Agnelo Pacheco, no Rio Grande

do Sul. Justifica-se a seleção de manuais didáticos acadêmicos, pois se

pressupõe que os textos dissertativos, instituídos no Programa do Ensino

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Fundamental e do Ensino Médio, em vestibulares bem como em concursos; são

típicos do discurso acadêmico, ou seja, esquemas textuais presentes na produção

textual científica.

No que se refere a outros manuais didáticos, pode-se dizer que a maioria

deles focaliza o texto-produto, pelo bom uso de regras gramaticais, no nível da

frase, como por exemplo, coordenadas, subordinadas, entre outros. Com relação

à caracterização dos tipos de texto, muitos desses manuais propõem: descrição é

fazer uma fotografia em palavras; narração é seqüenciar ações no tempo; e a

dissertação é emitir uma opinião.

Acredita-se, então, que todos os manuais de redação não diferenciam o

texto-produto – de natureza lingüística, produto da enunciação do texto-processo –

de natureza memorial, produto do conhecimento e, também, não apresentam

esquemas textuais típicos. Entende-se que um texto bem formado é construído

com estratégias específicas, relativas à forma e ao conteúdo, estabelecendo,

assim, relações entre os enunciados lingüísticos e as representações cognitivas,

dentre as quais estão os esquemas textuais-tipo, que propiciam não só selecionar

adequadamente léxico e gramática, segundo as intenções do produtor, mas

também organizar os enunciados lingüísticos em seqüências bem formadas.

Nesse sentido, as representações cognitivas que são mentais, quais sejam,

formas de conhecimento do que acontece no mundo passam a ser representadas

em língua, no texto-produto, a partir da interação do social com o individual.

2.2 O manual Comunicação e Prosa Moderna

Neste manual, Othon Garcia tece considerações que, por vezes,

diferenciam texto-produto de texto-processo. A obra é publicada pela primeira vez

em 1967, quando a Lingüística de Texto estava apenas começando na Europa, e

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o autor já entende que a lingüística da frase e o purismo gramatical não poderiam

dar conta da boa formação de um texto.

O autor (1967, p. 275) afirma: Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, a

aprender a pensar, aprender a encontrar idéias e a concatená-las, pois,

assim como não é possível dar o que se não tem, não se pode se transmitir

o que a mente não criou ou não aprovisionou. Quando professores nos

limitamos a dar aos alunos temas para a redação sem lhes sugerirmos

roteiros ou rumos para fontes de idéias, sem, por assim dizer, lhes

“fertilizarmos” a mente, o resultado é quase sempre desanimador: um

aglomerado de frases desconexas, mal redigidas, mal estruturadas, um

acúmulo de palavras que se atropelam sem sentido e sem propósito;

frases em que procuram fundir idéias que não tinham ou que foram mal

pensadas ou mal digeridas. Não podiam dar o que não tinham, mesmo que

se dispusessem de palavras-palavras, quer dizer, palavras de dicionário, e

de noções razoáveis sobre a estrutura da frase. É que palavras não criam

idéias; estas, se existem, é que, forçosamente, acabam purificando-se

naquelas, desde que se aprenda como associá-las e concatená-las,

fundindo-as em moldes frasais adequados. Quando o estudante tem algo a

dizer, porque pensou, e pensou com clareza, sua expressão é geralmente

satisfatória.

O autor enfatiza, ainda, que seu manual didático tem como principal

objetivo ensinar o leitor a pensar e a desenvolver sua capacidade de raciocínio, a

servir-se do seu espírito de observação para colher impressões, a formar juízos e

a descobrir idéias para ser tanto quanto possível claro e exato na expressão do

seu pensamento. Por essa razão, o professor não deve se preocupar apenas com

a língua, com a gramática, com a colocação dos pronomes átonos, com o

emprego da crase, com a regência do verbo, isto é, com o polimento da frase;

todavia, o professor deve preocupar-se com a sua carga semântica, buscando

oferecer, ao leitor do seu manual, uma orientação capaz de levá-lo a pensar para

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ter o que dizer e poder expressar-se com eficácia. Se o sujeito não souber pensar,

dificilmente, saberá redigir, embora conheça muitas regras gramaticais.

Embora o autor (idem, p.354) não trate da construção textual da opinião,

diferencia dissertar de argumentar:

Nossos compêndios e manuais de língua portuguesa não costumam

distinguir a dissertação da argumentação, considerando esta apenas

“momentos” daquela. No entanto, uma e outra têm características próprias.

Se a primeira tem como propósito principal expor ou explanar, explicar ou

interpretar idéias, a segunda visa sobretudo a convencer a persuadir ou

influenciar o leitor ou ouvinte. Na dissertação, expressamos o que sabemos

ou acreditamos saber a respeito de determinado assunto; externamos a

nossa opinião sobre o que é ou parece ser. Na argumentação, além disso,

procuramos principalmente formar a opinião do leitor ou ouvinte, tentando

convencê-lo de que a razão está conosco, de que nós é que estamos de

posse da verdade.

Como se pode verificar, o autor diferencia duas condições de produção

discursiva e não dois tipos de texto como o faz Silveira (1994). Segundo a autora,

o dissertativo está agrupado na classe textual opinativa e, dependendo das

condições de produção discursiva, modifica-se no texto dissertativo expositivo e

no texto dissertativo argumentativo propriamente dito. O primeiro define-se por ter

uma Tese e o segundo pelo conflito de duas Teses. O expositivo é selecionado

para formalizar uma condição de <<fazer o outro saber o que não sabia>> e o

argumentativo propriamente dito, para formalizar uma condição de <<fazer o outro

abandonar o que sabia (Tese 1) e dar sua adesão a uma outra Tese (Tese 2)>>.

Othon Garcia (idem, p.354), ao tratar do ato de argumentar, afirma:

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Argumentar é, em última análise, convencer ou tentar convencer

mediante apresentação de razões, em face da evidência das provas e à luz

de um raciocínio coerente e consistente.

Para o autor, a argumentação deve basear-se nos princípios da lógica,

considerados, por ele, condições da argumentação. Assim, nos debates, nas

polêmicas, nas discussões que se travam a todo instante, na simples

conversação, na imprensa, nas assembléias ou em agrupamentos de qualquer

ordem, nos Parlamentos, a argumentação, não raro, se desvirtua, degenerando

em bate-boca estéril, falacioso ou sofismático. Em vez de lidar com idéias,

princípios ou fatos, o orador descamba para o insulto, o xingamento, a ironia, o

sarcasmo que jamais constituem argumentos.

A legítima argumentação não deve ser confundida com o bate-boca; a

argumentação é construtiva na sua finalidade, ou seja, cooperativa em espírito e

socialmente útil.

Nota-se que o autor intui as diferenças esquemáticas, modificadas pelas

condições de produção discursiva, de forma avançada para sua época, quando no

Brasil os modelos lingüísticos teóricos são frasais: estruturalismo e gerativismo; no

entanto, o seu tratamento não expressa tipologia textual tampouco considera que

a argumentatividade é uma das características da linguagem humana. Além disso,

entende-se que não basta o leitor conhecer essas condições de produção, pois se

dissertar é emitir opiniões, faz-se necessário saber, tanto no texto-processo

quanto no texto-produto, construir textualmente opiniões. Entende-se, portanto,

que para se construir uma opinião no texto-processo faz-se necessário ter-se

uma representação mental do referente que passa a ser avaliada, a fim de se

construir um conhecimento avaliativo. O fato de no texto-processo interagir o

social com o individual, construir uma opinião implica construir uma avaliação nova

do que já foi representado, avaliativamente, por um ponto de vista do social.

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Convém ressaltar que, com referência à formatação do texto, o autor

propõe ao aluno desenvolver seu texto dissertativo, a partir do conhecimento que

o mesmo tem dos temas. O texto deve ser organizado, segundo as partes

tradicionais, propostas por Aristóteles: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Dessa forma, não oferece subsídios para construir a opinião como um

conhecimento avaliativo e o que propõe é relativo à ordenação semântica, a fim de

progredi-la no texto-produto.

Em síntese, ressalta-se, também, que o autor acredita em textos

ingênuos, expositivos, diferentes de textos argumentativos. Mas se a

argumentatividade é uma das características da linguagem humana, todos os

textos são argumentativos, ainda que não sejam opinativos. Por essa razão,

Silveira (2004) propõe diferenciar as modificações do dissertativo em tipos textuais

por: dissertativo de 1 Tese e dissertativo de 2 Teses.

2.3 O manual A Dissertação

Neste manual, Agnelo Carvalho Pacheco (1988, p.1) tece considerações,

no capítulo 1, com o título Conversa Inicial, a respeito de dissertar:

Dissertar é um ato que desenvolve todos os dias: é procurar uma

justificativa para uma questão, defender os pontos de vista em relação,

também, a uma determinada questão. Em suma: dissertação implica

discussão de idéias, argumentação, raciocínio, organização do

pensamento, defesa de pontos de vista, descoberta de soluções. Significa

refletir sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos cerca. Mais do que

isso o ato de dissertar pode representar o ponto de partida para o próprio

mundo.

No que se refere aos tipos de texto, não há abordagem alguma. De forma

geral, o tratamento dado é relativo ao texto-produto: parte da estrutura do

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parágrafo para chegar ao plano da dissertação ou, segundo o autor (idem:16), por

onde começar:

Escrever não significa apenas preencher o papel com frases.

Escrever pressupõe uma série de operações anteriores, entre as quais

está o planejamento.

Para o autor (idem, p.16) o primeiro passo é levantar idéias, pois

inicialmente, perante um tema:

Você deve registrar uma série de idéias sobre o assunto que vem a

sua cabeça. Você deve registrar todos os seus pensamentos no papel.

Fatos, informações, opiniões, um caso que aconteceu na sua rua, tudo

deve ser anotado em forma de esquema. Não se preocupe se a lista

parecer desordenada.

Pacheco, em seus estudos, (1988, p.18), o segundo passo é organizar

as idéias:

Temos um conjunto de idéias, porém percebemos que podemos

agrupá-las segundo certas semelhanças.

Para o autor (1988, p. 21 - 23), o terceiro passo é prontos para escrever:

Depois de levantar as idéias e organizá-las, estamos prontos para

escrever. Mas precisamos destacar ainda dois pontos: a necessidade de

delimitação do tema e as diferentes formas de organização do parágrafo e

do texto. (...)

Muitas vezes você receberá, como proposta de redação, temas muito

amplos que precisam ser delimitados.

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No que se refere à ativação das idéias, pode-se verificar que Agnelo

Carvalho Pacheco tem a sua atenção voltada para a construção do texto-processo

na Memória de Trabalho do sujeito-redator, na medida em que aborda a ativação

de conhecimentos na Memória de Longo Prazo. Todavia, o autor não trata da

questão da projeção do ponto de vista, ou seja, da focalização do referente.

Remete-se, desta forma, ao Marco das Cognições Sociais e aos

conhecimentos individuais armazenados na Memória de Longo Prazo do sujeito-

redator, sem indicar estratégias para a focalização e para a projeção de um

modelo de situação, a fim de se construir um estado novo de coisas para o

referente do texto. De forma simplista, o autor trata o referente e a focalização

pelo que designa tema, atribuindo este ao professor e não ao sujeito-redator;

assim, não propõe a construção semântica para ser agrupada na categoria

Circunstância, da estrutura argumentativa, proposta por Van Dijk . (1978)

No que se refere à ordenação das idéias, Pacheco apresenta a estratégia

da semelhança de idéia, sem se referir à seletividade temática que decorre das

intenções do autor e seus macroatos de fala.

Pacheco (idem, p.8 -24), ao tratar do parágrafo, propõe:

A noção de parágrafo está ligada à noção de idéia central. Cada

parágrafo deve desenvolver-se em torno de uma idéia, deve ter uma certa

unidade. (...) De acordo com o tipo de tema que é proposto, podemos

organizar o parágrafo (e o texto) de diversas maneiras como:

• causa e conseqüência

• tempo e espaço

• comparação e contraste

• enumeração

• exemplificação

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Como se pode verificar, o autor, ao tratar do parágrafo, considera-o como

uma unidade semântica, expandida pelo uso de argumentos, no texto-produto, de

forma a considerar conceitos gramaticais e não, especificamente, o uso de

argumentos na relação de causa e conseqüência, na temporalidade e

espacialidade, na comparação e contraste, tampouco na enumeração e na

exemplificação.

Entende-se que Pacheco trata da organização do texto-produto pelas

partes tradicionais: introdução, desenvolvimento e a conclusão. O autor deixa uma

lacuna no que se refere aos esquemas textuais do dissertativo, embora os textos

selecionados por ele e apresentados a título de exemplificação, sejam de tipos

diferentes. Logo, o autor não trata da argumentação, considerando o

institucionalizado e o discutível, como propõe Vignaux .( 1976)

Pacheco, no capítulo 5, A Redação quase Pronta, propõe uma a revisão

final do texto-produto, em menor número de páginas, em relação aos outros

capítulos. Para tanto, busca orientar seus leitores para ser conciso, podendo

eliminar, assim, as frases feitas, repetidas ou clichês; evitar períodos longos e

também frases entrecortadas; evitar a falta de paralelismo, construir uma tese

clara, construir cada parágrafo com uma idéia, utilizar sempre exemplo, dar

atenção ao título, a fim de que o texto tenha uma estrutura organizada.

No capítulo 6, Propostas Globalizantes, o autor (idem, p. 75) apresenta

um roteiro para o aluno:

Faça um levantamento de idéias; organize as idéias de acordo com

uma das diferentes formas de organização que vimos; delimite o tema, se

for necessário; escreva o desenvolvimento de acordo com a forma de

organização escolhida; escreva a introdução; escreva a conclusão; faça a

revisão final, dando um título; passe a limpo.

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Agnelo Pacheco (idem, p.84) apresenta, também, um outro caminho para

solucionar o problema da produção do texto dissertativo, ou seja, tenta estimular

seu leitor a construir um texto dissertativo pela expansão de um texto opinativo

reduzido, produzido por um outro autor; por exemplo, em Propostas de redação a

partir de textos não-literários:

Leia e releia atentamente o texto dado, até

apreender-lhe o tema. Aproveite as idéias do texto e elabore uma

dissertação: “Não há instituição humana que não tenha os seus perigos.

Quanto maior a instituição, maiores as chances de abusos. A democracia é

uma grande instituição e por isso mesmo está sujeita a ser

consideravelmente abusada. Mas o remédio não é evitar a democracia e

sim reduzir ao mínimo a possibilidade de abuso”.

Logo, não se preocupa em tratar da construção textual opinativa do

aluno, como sujeito agente, seja na dimensão do texto-processo, seja na do texto-

produto, pois a opinião já está presente no texto-reduzido exemplificado.

No tocante às partes da dissertação, o autor diferencia introdução-

roteiro, introdução-tese, o desenvolvimento e as diferentes formas de organização

e conclusão-resumo, conclusão-proposta e conclusão-suspense.

Pacheco (idem, p. 6 e 57) apresenta, em relação à introdução:

A introdução normalmente apresenta a idéia central, que vai ser

discutida, de modo que o leitor já sabia do que o texto irá tratar.

Corresponde geralmente a um parágrafo. (...) A introdução deve ser escrita

após o desenvolvimento, pois é importante que ela seja coerente com as

idéias desenvolvidas. Não adianta nada o aluno escrever a introdução de

um texto antes de pensar no seu desenvolvimento, uma vez que ele pode

propor na introdução uma abordagem que acaba não sendo cumprida.

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Cabe à introdução situar o leitor dentro do que vai ser discutido.

Funciona como uma apresentação, como a “cara da redação”. Ao ler a

introdução, o leitor deve estar ciente do que será discutido, deve ter idéia

da dimensão do problema e principalmente, deve ser atraído a ler o texto.

Assim visto, verifica-se que o autor não cita o esquema textual do

dissertativo de uma Tese, porém atina com as categorias textuais desse esquema

textual dissertativo, na medida em que propõe que a introdução do texto seja

produzida com um resumo do texto expandido que será a parte desenvolvimento.

Desse modo, orienta que a introdução apresente uma síntese das informações

hierarquizadas pelo sujeito-produtor, qual seja, o sujeito-produtor inicia o texto

com um conjunto de palavras e frases que situam a focalização do referente

avaliado no texto. Nesse sentido, o autor intui uma condição de produção

discursiva em que o interlocutor não é considerado pelo autor como dotado de

conhecimentos a respeito do referente avaliado, por se tratar de um iniciante na

área; por essa razão, o interlocutor não tem condições de ser persuadido e,

necessariamente, deve ser convencido.

Pacheco, também, aponta o quanto é importante que a introdução seja

cativante, para seduzir o interlocutor a continuar a leitura integral do texto.

Apresenta, também, os tipos de introdução: a introdução-roteiro, a introdução-

tese, a introdução com exemplos e a introdução-interrogação. Consoante o autor,

A introdução-roteiro refere-se ao tema a ser discutido e à forma como

o texto será organizado.

A seguir, exemplifica:

‘Discutem-se muito, hoje em dia, as causas e conseqüências da

poluição nos rios’.

Ou

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‘A poluição nos rios é um problema muito sério que afeta todos nós.

Analisemos suas causas e conseqüências’.

A introdução-tese já menciona o que se pretende provar. Obviamente

a tese será retomada na conclusão, que funcionará como confirmação do

que foi exposto no começo, apoiada no desenvolvimento.

A título de exemplificação, registra:

‘A poluição nos rios é uma questão que envolve toda a comunidade:

população, indústrias, governo’.

A introdução com exemplos

é talvez, a que mais atrai a atenção e o interesse do leitor. Nela,

colocam-se exemplos de como a situação exposta ocorre, dando ao leitor toda a

dimensão do problema. É importante observar que o exemplo pode ser fictício,

funcionando como uma pequena narração que introduz o problema.

‘Milhares de peixes mortos boiando nos rios. Espumas alvas decolando da

superfície da água. Um cheiro insuportável de enxofre na avenida Marginal do rio

Tietê. Este é um quadro que revela toda a dimensão do problema’.

A introdução-interrogação

apresenta questões relacionadas ao tema. Tais questões

obviamente devem ser respondidas ao longo do texto.

‘Com a crescente poluição dos rios, como chegaremos ao terceiro

milênio?’

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No que se refere ao desenvolvimento, Pacheco (idem, p. 6 e 24)

propõe:

O desenvolvimento corresponde ao desdobramento da idéia central

contida tanto no texto como no parágrafo. Corresponde à exposição dos

argumentos que vão provar a idéia contida na introdução. Pode haver um

ou mais parágrafo.

O autor, ainda, mostra as possíveis formas de organização do parágrafo e

do texto por meio de expressões indicadoras de:

Causa e conseqüência -

Substantivos: causa, motivo, razão, explicação, fonte, mãe, raízes,

base, fundamento, alicerces, o porquê, etc.

Verbos: causar, gerar, originar, produzir, acarretar, motivar, etc.

Advérbios e locuções –

conseqüentemente, em (como) decorrência, em conclusão etc.

Tempo e espaço -

Advérbios e locuções de tempo: agora, já, neste instante, ainda, ao

mesmo tempo, antes, ontem, depois, em seguida, breve, amanhã, cedo,

logo, em breve, afinal, recentemente etc.

Preposições e locuções prepositivas: após, até, desde, depois

de, antes de, etc.

Conjunções e locuções conjuntivas: à medida que, ao passo

que, à proporção que, enquanto, quando, até que, desde que,

logo que, sempre que, assim que etc.

Adjuntos adverbiais de tempo (exemplos): de 1870 a 1920, a

partir da década de 20, em 1970, no século passado, em menos

de 70 anos, etc.

Advérbios e locuções adverbiais de lugar: longe, perto, em frente,

diante, defronte, atrás, detrás, abaixo, acima, debaixo, dentro, fora, aí, ali,

cá, além, lá à direita, à esquerda, à distância, ao lado, etc.

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Certas locuções prepositivas: longe de, perto de, junto a, junto de, em

frente de, diante de, defronte de, adiante de, atrás de, detrás de, por detrás

de, abaixo de, debaixo de, embaixo de, por baixo de, acima de, em cima

de, por cima de, dentro de, fora de, ao lado, ao redor de, em redor de etc.

Adjuntos adverbiais de lugar (exemplos: no Brasil, na região

Nordeste, em São Paulo, no Ceará, no centro-sul do estado, etc.

Comparação e contraste-

Comparação: como, assim como, bem como, quanto (tanto...quanto),

que ou do que (depois demais, menos, maior, menor, melhor, pior)

Contraste: de um lado...de outro lado, por outro lado, em

oposição, em contraste, ao contrário, mas, porém, contudo,

todavia, entretanto, embora, ao passo que, enquanto.

Enumeração e exemplificação-

Enumeração: em primeiro lugar, em segundo lugar, depois,

finalmente, por último, outro fator, também, ainda, em seguida, a

seguir, a primeira função, a segunda função, etc.

Exemplificação: por exemplo, como exemplo disso, assim, dessa

forma, dessa maneira, etc.

Esse autor apresenta para o dissertativo apenas alguns aspectos do

esquema textual de uma tese, pois considera a introdução um texto-síntese e trata

da progressão do texto dissertativo pelo desenvolvimento, ao afirmar que é

necessário expor o que está na introdução. Todavia, este não considera as

condições de produção discursiva, embora estas sejam muito importantes para o

sujeito-produtor saber para qual tipo de público que ele vai redigir sua opinião.

Em relação à conclusão, Pacheco (idem, p.62 -64) orienta:

Um texto não pode terminar quando todas as idéias forma

expostas.Faz-se necessário um último parágrafo que “amarre” as idéias

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desenvolvidas, isto é, que sintetize e reforce a tese provada – é a

conclusão.

A conclusão pode tomar a forma de: Conclusão-resumo, Conclusão-

proposta e Conclusão-surpresa.

A conclusão-resumo é a forma mais comum de concluir o texto.

Resumem-se os aspectos abordados no desenvolvimento e apresenta-se

(ou reforça-se) a tese.

A conclusão-proposta aponta soluções para o problema tratado, ou

seja, procura saídas, medidas que possam ser tomadas. Em suma, é uma

conclusão que aponta para o futuro.

A conclusão-surpresa, bem como a introdução com exemplos, a

conclusão-surpresa possibilita uma maior liberdade de criação por parte de

quem escreve. Citações, pequenas histórias, um fato curioso, uma piada,

um final poético, são conclusões inesperadas que surpreendem o leitor,

introduzem um elemento novo e revelam alto grau de elaboração.

Algumas expressões indicadoras de conclusão: portanto, logo, assim,

dessa forma, assim, dessa forma, dessa maneira.

O autor, ao falar da conclusão do texto dissertativo, não leva em conta que

o dissertativo científico é um tipo de texto da classe opinativa que sofre

modificações, dependendo de como o auditório é representado pelo sujeito-

produtor, ou seja, o texto dissertativo pode ser de 1 Tese ou o texto dissertativo

pode ser de 2 Teses. Assim, a conclusão do texto dissertativo de 1 Tese é a

passagem do texto-reduzido para o texto-expandido, justificando a Conclusão. Já

o texto dissertativo de 2 Teses apresenta os argumentos e contra-argumentos

como uma passagem argumentativa da Tese 1 para a Tese 2, justificando a

opinião do sujeito-produtor, a fim de que ele induza o seu auditório a abandonar o

que sabia e faça-o a aceitar a nova tese, como resultado de/do julgamento de um

referente.

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Por conseguinte, ambos os manuais, revistos para o estudo do

dissertativo, enquanto discursos institucionalizados na Universidade Brasileira,

não trazem explicitadas as estratégias cognitivo-textuais para a construção da

opinião, cerne do texto dissertativo, sequer os tipos de textos, convencionados na

e pela Academia, formalizadores do discurso científico acadêmico, presentes no

manual de Othon Garcia.

Entende-se, também, a importância de tratar o dissertativo pelo ato de

avaliar um referente já conhecido. Entretanto, é preciso que haja uma focalização

nova, de forma construir para ele um novo estado de coisas, a fim de tornar o seu

conhecimento social discutível, circunstanciado por um novo ponto de vista.

Dessa forma, é possível atribuir novos valores negativos ou positivos ao referente

refocalizado, qual seja, de se construir uma opinião nova.

Diante do exposto, faz-se necessário considerar o auditório para o qual o

texto dissertativo está sendo produzido. São as condições de produção discursiva

que orientarão a seleção dos esquemas textuais do dissertativo: uma Tese e duas

Teses.

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Se algo pode ter um fim, o começo será também possível.

(Aristóteles, idem.)

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Capítulo III – Estudos de textos dissertativos de uma Tese O capítulo precedente foi organizado com o propósito de se considerar as

leituras dos teóricos, que trataram não só do texto do tipo dissertativo, como

também dos esquemas textuais, incluindo-se autores que se aproximaram dos

teóricos, sem contudo, apresentarem um embasamento teórico científico.

3.1 Considerações iniciais

Este capítulo busca, então, apresentar um estudo de textos dissertativos de

uma Tese e, a título de exemplificação, considerados representativos desse tipo

de esquema textual. Para tanto, foram selecionados seis textos do manual

Dissertação, de Agnelo Pacheco de Carvalho (1988), privilegiados como textos

bem formados e com uma perspectiva textual, embora não haja um tratamento

teórico, fundamentado na Lingüística de Texto.

Retomando-se Silveira (1994), faz-se necessário observar que a autora

propõe o esquema textual, constituído pelas categorias: Apresentação,

Justificativa-exposição e Finalização. Em se tratando do discurso científico, a

autora aponta a sua definição por um texto reduzido e por um texto expandido.

Quanto à categoria Justificativa, esta se modifica de forma argumentativa e, por

isso, a categoria Apresentação agrupa o texto reduzido, ou sumário, e a categoria

Justificativa, a exposição, enquanto texto expandido.

A categoria Apresentação define-se como Sumário, pois, durante o

processamento das informações, agrupa os sentidos mais globais do texto,

construídos pelo próprio expositor, a partir de palavras e frases do texto que

expressam o resumo. Assim visto, esta categoria orienta o leitor, com a finalidade

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de processar as informações transmitidas, pelo mesmo princípio de

interpretabilidade do cientista-expositor.

A categoria Justificativa-Exposição reúne o texto-expandido, quer dizer, os

sentidos secundários relativos às informações, que o cientista expressa para

expor os argumentos da sua descoberta. Esta categoria explicita as palavras e

frases do texto condensado, pelo fato de o locutor entender que o seu leitor, não

seja capaz de construir inferências por não ter o saber necessário, por

desconhecer a dimensão da área e o tema específico. Neste caso, tem-se o/um

texto expandido por explicitação de informações secundárias.

A categoria Finalização apresenta a conclusão, qual seja, uma opinião

perante o julgamento do cientista ao avaliar o que foi anteriormente expresso.

Como foi dito, segundo Silveira, existem duas condições de produção

discursiva que se designam: dissertativo de 1 Tese e dissertativo de 2 Teses.

Assim sendo, serão estudados neste item apenas os seis textos selecionados de

uma Tese, extraídos do manual Dissertação, de Agnelo Pacheco de Carvalho.

(1988)

3.2 TEXTO 1

Os antibióticos têm os defeitos de suas virtudes. Podem destruir,

juntos com as bactérias indesejáveis, a flora intestinal do paciente.

Também podem provocar alergias, atacar os rins, perturbar o fígado,

o aparelho digestivo e a composição do sangue. Quando

administrados a crianças, os antibióticos da família das tetraciclinas

costumam enfraquecer os ossos e manchar o esmalte dentário.

Consumidos por gestantes, tendem a provocar má-formação dos

embriões.

(Revista Superinteressante,nº.2. In Pacheco,1988:50)

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3.2.1.1 Esquema textual

O esquema textual é o dissertativo de uma Tese, cujas categorias textuais

agrupam os sentidos em:

3.2.1.2 Categoria Texto-reduzido

O autor inicia o seu texto com oito palavras que sintetizam o referente, sua

focalização e avaliações, atribuídas como forma de opinião:

• o referente do texto: antibióticos;

• a focalização: efeitos do uso dos

antibióticos;

• as avaliações: positiva (virtudes) e negativa

(defeitos).

3.2.1.3 Categoria texto-expandido

O autor expande o seu texto pela explicitação do que estava implícito nos

vocábulos antibiótico, defeitos e virtudes do texto-reduzido:

• virtudes: destruir as bactérias indesejáveis;

• defeitos: destruir a flora intestinal do paciente,

provocar alergias, atacar os rins, perturbar o fígado, o aparelho

digestivo e a composição do sangue.

Quando administrados a crianças:

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os antibióticos da família das tetraciclinas costumam

enfraquecer os ossos e manchar o esmalte dentário;

Consumidos por gestantes: tendem a provocar má-formação dos

embriões.

3.2.1.4 Categoria Conclusão

A categoria conclusão está expressa pelo maior número de valores

negativos, em relação a apenas um positivo, de forma a levar os leitores a

atribuírem aos antibióticos um valor negativo, para seu uso, que só deve ser

efetivado, quando em situação extrema. Nesse caso, o valor positivo é atribuído

ao que é expresso como circunstância, em relação ao Marco das cognições

sociais.

3.2.1.5 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que não é especialista no uso de

antibióticos. Dessa forma, atribui a seus interlocutores um não-saber que se deve

transformar em saber, a fim de que a opinião expressa seja aceita. Assim sendo, o

autor explicita o que estava implícito nas expressões defeitos do uso de

antibióticos e virtudes do uso de antibióticos, pois representa seu auditório como

pessoas que não têm conhecimentos específicos, armazenados em suas

Memórias de Longo Prazo.

3.2.1.6 A organização textual da opinião

O texto está organizado pela oposição de opiniões: Marco das Cognições

Sociais – grupo social de não especialistas em uso de antibióticos – e a opinião do

autor – especialista em uso de antibióticos.

Essa oposição está organizada pela regra da causalidade.

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• Causa: o uso indiscriminado de antibióticos pela

população brasileira por acreditar, segundo o Marco das Cognições

Sociais, que os antibióticos destroem as bactérias do organismo humano

e, por essa causa, recebem avaliação positiva para o seu consumo.

• Opinião dos especialistas: o uso de antibióticos

elimina as bactérias indesejáveis.

• Tese 1: A população só deve usar antibióticos,

quando estes forem necessários e a população estiver bem orientada por

um especialista.

3.2.1.7 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos, a seguir, na medida em que

relaciona a justificativa com a sua Tese:

a) Argumento de necessidade

É necessariamente verdade que os antibióticos destroem as bactérias

indesejáveis ao organismo.

b) Argumento de possibilidade

É possível que:

• certos antibióticos não destruam a flora intestinal;

mas é possível, também, que outros destruam;

• certos antibióticos possam provocar alergias,

atacar os rins, perturbar o fígado, o aparelho digestivo e a composição do

sangue, mas é possível que outros não;

• os antibióticos da família das tetraciclinas possam,

quando usados em certas crianças, enfraquecer os ossos e manchar o

esmalte dentário, mas é possível que, em outras crianças, isso não

aconteça;

Page 84: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• os antibióticos consumidos por certas gestantes

possam provocar má-formação dos embriões, mas é possível que para

outras gestantes não haja tal prejuízo.

c) Argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua tese, todavia estas não são

suficientes para uma generalização que oriente a população ao não-uso de

antibióticos:

• provas: o uso de antibióticos causa a destruição da flora

intestinal, provoca alergias, ataca os rins, perturba o fígado, o aparelho

digestivo e a composição do sangue; os antibióticos da família das

tetraciclinas enfraquecem os ossos e mancham o esmalte dentário; os

antibióticos usados por gestantes provocam a má-formação dos embriões;

• provas não suficientes: o uso dos antibióticos não prejudicam

todas as pessoas que os consomem.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e probabilidade, utilizados

pelo autor, são argumentos de legitimidade, pois as informações expressas, no

texto, fazem parte de Marco de Cognições Sociais dos leitores, pelo fato de

conhecerem pessoas que já sofreram os prejuízos acima citados. Por esta razão,

os leitores do texto acatam a Tese do autor.

e) Argumento de reforço

O autor se preocupa em reforçar os argumentos que contêm a avaliação

negativa do uso de antibióticos, minimizando, assim, o valor positivo desse uso.

Page 85: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

3.2 TEXTO 2

Existe uma nova tendência ecológica que está crescendo nos Estados Unidos: o

restauracionismo. Essa corrente diz que não basta brecar a devastação da natureza

causada pelo ser humano; é preciso restaurar o que já foi destruído, e aí o homem entra

como um aliado da natureza, e não como seu adversário “natural”.

(Adapt. De Dagomir Marquezi, O Estado de S.Paulo, 16/02/88. In

Pacheco, 1988:15)

3.2.2.1 Esquema textual

O esquema textual é o dissertativo de uma Tese, cujas categorias

textuais agrupam os sentidos em:

3.2.2.2 Categoria texto-reduzido

O autor inicia o seu texto com treze palavras que sintetizam o

referente, sua focalização e avaliações atribuídas como forma de opinião:

• o referente do texto: restauracionismo;

• a focalização: o efeito (brecar e restaurar)

do restauracionismo;

• as avaliações: positiva (restauração) e

negativa (a devastação).

3.2.2.3 Categoria texto-expandido

O autor expande o seu texto pela explicitação do que estava

implícito na palavra restauracionismo , retomada como nova tendência, no texto-

reduzido, ainda que a explicitação seja pequena, em número de palavras

Page 86: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

o restauracionismo: não basta brecar a devastação da natureza

causada pelo ser humano; é preciso restaurar o que já foi destruído.

3.2.2.4 Categoria conclusão

A categoria conclusão está expressa por valor positivo, atribuído ao

restauracionismo e por um valor negativo, ao movimento ecológico, segundo qual, basta brecar a devastação da natureza causada pelo ser humano. Nesse

sentido, o valor positivo é atribuído ao que é expresso como circunstância, em

relação ao Marco das Cognições Sociais, possibilitando concluir-se que o homem

passa a ser aliado da natureza e deixa de ser o seu adversário natural.

3.2.2.5 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório desconhecedor do que seja

restauracionismo. Nesse momento, atribui a seus interlocutores um não-saber que

deve ser transformado em saber, com a finalidade da opinião expressa ser aceita.

Assim sendo, o autor explicita o que estava implícito nas expressões: o

restauracionismo e uma nova tendência ecológica, pois representa seu auditório

como pessoas que não têm conhecimentos armazenados sobre o referente do

texto, em suas Memórias de Longo Prazo.

3.2.2.6 A organização textual da opinião

O texto está organizado pela oposição de opiniões: Marco das

Cognições Sociais (grupo social que desconhece o restauracionismo e a opinião

dos que conhecem o restauracionismo).

Essa oposição está organizada pela regra da causalidade.

Page 87: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• Causa: o conhecimento social de que o homem

precisa brecar a devastação da natureza, segundo o Marco das

cognições sociais, é avaliado como negativo, pois não é o suficiente

para o término da devastação.

• Opinião dos especialistas: o meio ambiente, que

foi devastado, precisa ser restaurado.

• Tese 1: ao restaurar, o homem se torna aliado

da natureza e deixa de ser seu adversário natural.

3.2.2.7 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos, a seguir, na medida em que

relaciona a justificativa com a sua Tese :

a) Argumento de necessidade

É necessariamente verdade que o problema da devastação seja

resolvido pelo brecar e restaurar a devastação da natureza.

b) Argumento de possibilidade

É possível que:

• Restauracionismo, como nova tendência ecológica,

resolverá o desequilíbrio ecológico, causado pela destruição da

natureza; mas é possível, também, que não resolva.

c) Argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua tese, todavia estas

não são suficientes para uma generalização, quer dizer, apenas brecar a

devastação não é suficiente, faz-se necessário restaurar a natureza.

Page 88: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• provas: o que é devastado, sendo reconstruído, recupera o

seu estado inicial.

• provas não suficientes: o restauracionismo pode não

resolver todas as destruições como, por exemplo, a inundação de

grandes áreas produtivas, para se fazer uma hidroelétrica.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e probabilidade,

utilizados pelo autor, são argumentos de legitimidade, pois as informações

expressas, no texto, fazem parte do Marco de Cognições Sociais dos leitores, que

conhecem a devastação da natureza causada pelo homem. Dessa forma, os

leitores do texto acatam a Tese do autor.

e) Argumentos de reforço

O autor não se preocupa em reforçar os argumentos, na medida em

que o texto é expresso com um número reduzido de palavras por se tratar de uma

adaptação textual.

3.2 TEXTO 3

De certa maneira, instintivamente, se conhece a ação das cores. Ninguém

associa emoções fortes, que fazem disparar o coração, com tonalidades suaves e, muito

menos escuras. A paixão, por exemplo, é eternamente simbolizada por corações

vermelhos. Já quando se está desanimado, a tendência é usar roupas de cores frias. Nas

pesquisas sobre preferências de cores, invariavelmente a maioria das pessoas que vivem

em grandes cidades escolhe o azul – talvez numa busca nostálgica de tranqüilidade.

Se as cores estimulam as pessoas, há quem acredite que podem até curar

doenças, cada matiz fornecendo energia para uma parte específica do organismo. Por

exemplo, os indianos praticam até hoje a terapia cromática na sua forma tradicional e

Page 89: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

milenar, expondo a água que será servida ao doente à luz do sol, sob filtros coloridos. A

água ficaria, assim energizada com uma certa cor, da qual o organismo estaria carente.

Os cientistas sabem que determinadas cores precisam ser evitadas

em certas situações. Por exemplo, objetos de cor laranja ou vermelha tendem

a deixar os doentes mentais mais confusos. Nos quartos dos hospitais

modernos, as paredes estão sendo pintadas de cores suaves em substituição

ao clássico branco. Isso porque o branco traz tamanha sensação de paz que,

em pessoas deprimidas por causa de doenças, podem acabar resultando numa

impressão de solidão. Parece claro que, se há cores que devem ser abolidas

em alguns casos, também devem existir cores com excelentes efeitos

terapêuticos.

(Revista Superinteressante, nº 2, 1988. In Pacheco, 1988:53)

3.2.3.1 Esquema textual

O esquema textual é o dissertativo de uma Tese, cujas categorias

textuais agrupam os sentidos em:

3.2.3.2 categoria Texto-reduzido

O autor inicia o seu texto com dez palavras que sintetizam o

referente, sua focalização e avaliações atribuídas como forma de opinião:

• o referente do texto: as cores.

• a focalização: a ação das cores sobre os

homens.

• as avaliações: positiva (bons efeitos) e

negativa (maus efeitos).

3.2.3.3 Categoria texto-expandido

Page 90: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

O autor expande o seu texto pela explicitação do que estava implícito

nas palavras cores: bons efeitos e maus efeitos do texto-reduzido.

• Cores: tonalidades suaves, escuras, vermelhas, frias, azul,

laranja, branca.

• Bons efeitos: invariavelmente, a maioria das pessoas que

vivem em grandes cidades escolhe o azul, talvez numa busca

nostálgica de tranqüilidade,

• A paixão, por exemplo, é eternamente simbolizada por

corações vermelhos.

• Há quem acredite que as cores podem até curar

doenças: os indianos praticam, até hoje, a terapia cromática, na sua

forma tradicional e milenar, expondo a água, que será servida ao

doente à luz do sol, sob filtros coloridos. A água ficaria, assim

energizada, com uma certa cor, da qual o organismo estaria carente.

• Maus efeitos: quando se está desanimado, a tendência é

usar roupas de cores frias;

• objetos de cor laranja ou vermelha tendem a deixar os

doentes mentais mais confusos;

nos quartos dos hospitais modernos, as paredes estão sendo

pintadas de cores suaves, em substituição ao clássico branco. Este

fato, ou seja, o clássico branco traz tamanha sensação de paz que,

em pessoas deprimidas por causa de doenças, pode acabar

resultando numa impressão de solidão.

3.2.3.4 Categoria conclusão

Page 91: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

A categoria conclusão está expressa por valores positivos, com relação ao

uso discriminado de cores, de forma a levar os leitores a atribuírem um valor

negativo ao uso indiscriminado das cores, por não saberem quais cores devem ser

usadas, embora o seu uso seja intuitivo.

3.2.3.5 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que não é especialista na

ação discriminada dos efeitos das cores sobre os homens, mas que as usam de

forma intuitiva, indiscriminadamente. Desse modo, atribui a seus interlocutores um

não-saber que deve ser transformado em saber, com a finalidade de a opinião

expressa seja aceita. Assim sendo, o autor explicita o que estava implícito nas

expressões bons efeitos das cores e os maus efeitos das cores, pois representa

seu auditório como pessoas que não têm conhecimentos armazenados em suas

Memórias de Longo Prazo, a respeito do uso discriminado das cores.

3.2.3.6 A organização textual da opinião

O texto está organizado pela oposição de opiniões: Marco das

Cognições Sociais - grupo social de não especialistas em efeitos das cores que,

intuitivamente, atribuem valor positivo à ação de todas as cores - e a opinião do

autor - especialista em efeito das cores que atribui valor positivo à ação de umas e

valor negativo à ação de outras.

Essa oposição está organizada pela regra da causalidade.

• Causa: o uso intuitivo, indiscriminado, das cores

pela população brasileira, segundo o Marco das cognições sociais,

aponta que as cores têm influência sempre benéfica sobre a vida

humana e, por causa disso, elas recebem avaliação positiva para o

seu uso indiscriminado.

Page 92: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• Opinião de especialista: o uso indiscriminado das cores apresenta

maus efeitos de forma mais significativa do que

bons efeitos para o homem.

• Tese 1: A população humana precisa saber

quais cores podem/devem ser usadas para se conseguir a ação

objetivada.

3.2.3.7 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza tipos de argumentos, a seguir, na medida em que

relaciona a justificativa com a sua Tese:

a) argumento de necessidade

É necessariamente verdade que as cores influenciam a vida das

pessoas.

b) argumento de possibilidade

É possível que:

• alguns indivíduos, desanimados, demonstrem a tendência de usar

roupas de cores frias, mas é possível, também,

que outros, não;

• invariavelmente, a maioria das pessoas que vivem em grandes

cidades, podem escolher o azul, talvez numa busca nostálgica de

tranqüilidade, mas é possível, também que para outros não haja

essa mesma escolha;

• alguns acreditem que as cores possam até curar

doenças, cada matiz fornecendo energia para uma parte

específica do organismo (...), mas é possível, também, que haja

quem não acredite nisso.

Page 93: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• os objetos de cor laranja ou vermelha

apresentem uma tendência a deixar certos doentes mentais mais

confusos, mas é possível que isso não aconteça com todos.

• o branco traga tamanha sensação de paz que, em

certas pessoas deprimidas por causa de doenças, possa acabar

resultando em uma impressão de solidão, mas é possível, que

isso não aconteça com todas as pessoas deprimidas.

c) argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua Tese, todavia

estas não são suficientes para uma generalização a respeito da

cromoterapia:

• provas: quando se está desanimado, a tendência é

usar roupas de cores frias; invariavelmente, a maioria das

pessoas que vivem em grandes cidades escolhe o azul – há

quem acredite que as cores possam até curar doenças, cada

matiz fornecendo energia para uma parte específica do

organismo. Por exemplo, os indianos praticam, até hoje, a

terapia cromática na sua forma tradicional e milenar, expondo a

água, que será servida ao doente, à luz do sol, sob filtros

coloridos.(...); objetos de cor laranja ou vermelha tendem a

deixar os doentes mentais mais confusos; nos quartos dos

hospitais modernos, as paredes estão sendo pintadas de cores

suaves, em substituição ao clássico branco. Este fato, ou seja,

o clássico branco pode causar tamanha sensação de paz , em

pessoas deprimidas por causa de doenças, que pode acabar

resultando em uma impressão de solidão.

Page 94: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• provas não suficientes: a ação das cores sobre os

homens, expostas no texto, não influenciam todas as

pessoas da mesma forma.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e

probabilidade, utilizados pelo autor são argumentos de legitimidade, pois as

informações expressas, no texto, fazem parte do Marco de Cognições Sociais, de

forma que os leitores podem ter acesso a elas, pois conhecem pessoas que

receberam a ação das cores com o seu uso, em determinadas situações. Dessa

forma, os leitores do texto acatam a Tese do autor.

e) Argumentos de reforço

O autor se preocupa em reforçar os argumentos que

atribuem tanto valor positivo ao uso discriminado quanto negativo ao

indiscriminado, embora o reforço dos argumentos de valor positivo seja em maior

número.

3.4 TEXTO 4

Pós-modernismo é o nome aplicado às mudanças ocorridas nas

ciências, nas artes e nas sociedades avançadas desde 1950, quando, por

convenção, se encerra o modernismo (1900-1950). Ele nasce com a

arquitetura e a computação nos anos 50. Toma corpo com a arte Pop nos anos

60. Cresce ao entrar pela filosofia, durante os anos 70 como crítica da cultura

ocidental. E amadurece hoje, alastrando-se na moda, no cinema, na música e

no cotidiano programado pela tecnociência (ciência + tecnologia invadindo o

cotidiano com desde alimentos processados até microcomputadores), sem que

ninguém saiba se é decadência ou renascimento cultural.

Page 95: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

(Jair Ferreira dos Santos, O que é pós-moderno. In Pacheco, 1988: 61)

3.2.4.1 Esquema textual

O esquema textual é o dissertativo de uma Tese, cujas

categorias textuais agrupam os sentidos em:

3.2.4.2 Categoria texto-reduzido

O autor inicia o seu texto com vinte e oito palavras que

sintetizam o referente, sua focalização e avaliações atribuídas como forma de

opinião:

• o referente do texto: o pós-modernismo;

• a focalização: as mudanças ocorridas no

percurso do pós-modernismo, desde suas

origens;

• as avaliações: positiva (renascimento

cultural) e negativa ( decadência).

3.2.4.3 Categoria texto-expandido

O autor expande o seu texto pela explicitação do que estava

implícito nas palavras do texto-reduzido: mudanças nas ciências, nas artes e nas

sociedades avançadas, de forma a situá-las no tempo. Assim:

• ele nasce com a arquitetura e computação

nos anos 50;

• toma corpo com a arte Pop nos anos 60;

• cresce ao entrar pela filosofia, durante os

anos 70 como crítica da cultura ocidental;

Page 96: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• Amadurece hoje, alastrando-se na moda, no

cinema, na música e no cotidiano

programado pela tecnociência (ciência +

tecnologia, invadindo o cotidiano com

alimentos processados até

microcomputadores).

3.2.4.4 Categoria conclusão

A categoria conclusão está expressa por valores positivo e

negativo, pois há certas pessoas que atribuem às mudanças causadas pelo pós-

modernismo um valor negativo, e há outras pessoas que atribuem a elas um valor

positivo. O autor conclui que essas opiniões são imaturas, pois não há ainda

condições de se ter uma opinião concludente e definitiva.

3.2.4.5 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que não sabe o que é

o pós-modernismo. Dessa forma, atribui a seus interlocutores um não-saber que

deve ser transformado em saber, com a finalidade de a opinião expressa ser

aceita. Assim sendo, o autor explicita o que estava implícito nas expressões pós-

modernismo e mudanças, no percurso do tempo.

3.2.4.6 A organização textual da opinião

O texto está organizado pela oposição de opiniões: opinião do grupo

social 1, especialista em pós-modernismo X a opinião do grupo social 2,

especialista em pós-modernismo e X a opinião do autor, especialista em pós-

modernismo.

Essa oposição está organizada pela regra da causalidade.

Page 97: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• causa: são as divergências existentes entre os

especialistas em pós-modernismo, de forma a atribuir a ele tanto valor

positivo quanto negativo, ao definirem o que é esse movimento.

• Opiniões dos especialistas: o pós-modernismo é

decadência cultural por ser valor negativo X o pós-modernismo, um

renascimento cultural por ser valor positivo.

• Tese 1: não se sabe, ainda, se as mudanças que definem o pós-

modernismo são decadência ou renascimento cultural; por isso, seus

críticos são representados com valor negativo. Ver o ponto

3.2.4.7 o uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos, a seguir, na medida em que

relaciona a justificativa com a sua Tese :

a) argumento de necessidade

É necessariamente verdade que o pós-modernismo é a

tendência cultural que aparece, a partir de 1950.

b) Argumento de possibilidade

É possível que, no futuro:

• as mudanças do pós-modernismo sejam uma

decadência cultural;

• as mudanças do pós-modernismo sejam um

renascimento cultural.

Page 98: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

c) Argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua tese, todavia estas não

são suficientes para uma generalização, em que o pós-modernismo,

ainda, esteja em uma situação de imaturidade para receber avaliação

positiva ou negativa.

• Provas: o pós-modernismo nasce com a arquitetura e a

computação, nos anos 50; toma corpo com a arte Pop, nos anos 60;

cresce ao entrar pela filosofia, durante os anos 70 como crítica da cultura

ocidental; amadurece hoje, alastrando-se na moda, no cinema, na música

e no cotidiano programado pela tecnociência (ciência + tecnologia

invadindo o cotidiano com desde alimentos processados até

microcomputadores).

• provas não suficientes: o percurso de mudanças expressas não

abarca todas as mudanças efetivas, conseqüenciadas pelo pós-

modernismo.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e probabilidade, utilizados

pelo autor, são argumentos de legitimidade, pois as informações expressas, no

texto, fazem parte do Marco de Cognições Sociais dos especialistas em pós-

modernidade. Dessa forma, a seleção utilizada pelo autor busca argumentar, com

os seus leitores a respeito da validade da sua opinião.

e) Argumentos de reforço

O autor se preocupa em reforçar os argumentos que sustentam o pós-

modernismo, quer dizer, é uma mudança que está, ainda, acontecendo nas artes,

ciências e sociedade, de forma a traçar um breve percurso histórico.

Page 99: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

3.2 TEXTO 5

Aos poucos, os cabos de cobre usados nos entroncamentos de telefonias das

capitais brasileiras vão cedendo lugar às fibras óticas.

Entre Rio de Janeiro e São Paulo, já são mais de 90 quilômetros de cabos de

fibra ótica em funcionamento; em Porto Alegre, a substituição estará terminada em

poucos meses. Um cabo com 36 fibras óticas permite 16280 ligações e só tem 1,9

centímetro de diâmetro. Um cabo de cobre com capacidade para 1 800 chamadas tem 8

centímetros de diâmetro”.

(Revista Superinteressante, nº. 2,1988.

In Pacheco, 1988:65)

3.2.5.1 Esquema textual

O esquema textual é o dissertativo de uma Tese, cujas categorias textuais

agrupam os sentidos em:

3.2.5.2 Categoria Texto-reduzido

O autor inicia o seu texto com vinte palavras que sintetizam o referente,

sua focalização e as avaliações atribuídas como forma de opinião.

• o referente do texto: cabos de fibra ótica;

• a focalização: a troca de cabos de cobre

por cabos de fibra ótica;

• as avaliações: positiva (mais eficaz) e

negativa (menos eficaz).

3.2.5.3 Categoria texto-expandido

Page 100: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

O autor expande o seu texto pela explicitação do que estava implícito nas

palavras do texto-reduzido: cabos de cobre e cabos de fibra ótica .

• Ceder lugar: entre Rio de Janeiro e São Paulo, já

são mais de 90 quilômetros de cabos de fibra ótica em funcionamento; em

Porto Alegre, a substituição estará terminada em poucos meses.

• Cabo de fibra ótica: um cabo com 36 fibras óticas

permite 16280 ligações e só tem 1,9 centímetro de diâmetro;

• Cabo de cobre: um cabo de cobre com

capacidade para 1 800 chamadas tem 8 centímetros de diâmetro.

3.2.5.4 Categoria conclusão

A categoria conclusão não está expressa por palavras no texto, mas pode

ser construída pelos leitores como: a substituição de cabos de cobre por cabos de

fibra ótica torna a telefonia mais eficaz.

3.2.5.5 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que não é especialista em cabos

de telefonia. Dessa forma, atribui a seus interlocutores um não-saber que deve ser

transformado em saber, com a finalidade de a opinião expressa ser aceita. Assim

sendo, o autor explicita o que estava implícito nas expressões: cabo de cobre e

cabo de fibra ótica, pois representa seu auditório como pessoas que não têm

conhecimentos armazenados em suas Memórias de Longo Prazo, a respeito de

cabos telefônicos.

Page 101: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

3.2.5.6 A organização textual da opinião

O texto está organizado pela diferença numérica da capacidade dos cabos

de cobre, com relação aos cabos de fibra ótica: menor capacidade para os cabos

de cobre e maior capacidade para os cabos de fibra ótica. Tal conhecimento faz

parte apenas da cognição social de especialistas em cabos telefônicos. Diante

desse quadro, a opinião do autor é positiva, com relação à atual mudança de

cabos telefônicos, no Brasil.

Essa oposição está organizada pela regra da causalidade.

• Causa: avanços tecnológicos que produzem

cabos de fibra ótica mais capaz à telefonia.

• Opinião dos especialistas: a fibra ótica torna a

telefonia mais capaz e mais moderna.

Tese 1: a mudança de cabos de cobre por cabos de fibra ótica torna a

telefonia brasileira mais eficaz.

3.2.5.7 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos, a seguir, na medida em que

relaciona a justificativa com a sua Tese:

a) Argumento de necessidade

É necessariamente verdade que os cabos de fibra ótica estejam mais

capacitados que os cabos de cobre e que a mudança para os de fibra ótica esteja

ocorrendo no Brasil:

Page 102: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

Entre Rio de Janeiro e São Paulo, já são mais de 90 quilômetros de cabos de

fibra ótica em funcionamento; em Porto Alegre, a substituição estará terminada em

poucos meses. Um cabo com 36 fibras óticas permite 16280 ligações e só tem 1,9

centímetro de diâmetro. Um cabo de cobre com capacidade para 1 800 chamadas tem 8

centímetros de diâmetro. Fonte

b) Argumento de possibilidade

É possível que:

• os cabos de cobre ainda sejam eficazes,

embora os de fibra ótica sejam mais eficazes;

• os cabos de fibra ótica venham substituir

todos os cabos de cobre, tornando a telefonia brasileira mais eficaz.

c) Argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua Tese, todavia tais provas

não são suficientes para uma generalização, ao afirmar que a mudança para

cabos de fibra ótica ocorrerá em todo o Brasil.

• provas: entre Rio de Janeiro e São Paulo, já são mais

de 90 quilômetros de cabos de fibra ótica em funcionamento; em Porto

Alegre, a substituição estará terminada em poucos meses.

• provas não suficientes: os trechos indicados com a mudança de

cabos de cobre por cabos de fibra ótica não são suficientes para uma

generalização.

d) Argumento de legitimidade

Page 103: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

Os argumentos de necessidade, possibilidade e probabilidade, utilizados

pelo autor são argumentos de legitimidade, pois as informações expressas, no

texto, fazem parte dos conhecimentos do grupo social de especialistas em

telefonia e podem ser confirmados pelos leitores. Assim, os leitores podem acatar

a Tese do autor.

e) Argumentos de reforço

O autor reforça os argumentos que contêm a avaliação positiva da troca de

cabos de cobre pelos de fibra ótica, embora esse reforço seja de poucos

argumentos além dos que já foram apontados nos itens sobre o uso de tipos de

argumentos, neste capítulo.

3.2 TEXTO 6

Os fatores da desaceleração inflacionária, neste começo de 1988, são três.

Primeiro, houve uma acumulação indesejada de estoques no comércio e na indústria,

devido à grande frustração de vendas em fins de ano passado. Para reduzir tais estoques

excessivos, têm sido promovidas grandes liquidações que, enquanto perdurarem,

provocarão reduções de preços, desacelerando a taxa média da inflação. O segundo

fator, o agravamento da recessão, atuará ao longo de um período de tempo um pouco

maior. O nível de atividade da indústria está ainda acima do fluxo de vendas aos

consumidores finais, requerendo uma queda ponderável, talvez entre 3% e 5% dos

volumes de produção e emprego, ao longo deste primeiro semestre de 1988. Enquanto o

processo de ajuste estiver ocorrendo, haverá algum excesso de oferta, ajudando a reduzir

a aceleração inflacionária. Finalmente, houve uma redução, infelizmente temporária, das

expectativas sobre um novo congelamento. Como muitas empresas aumentaram

excessivamente seus preços, no passado, temendo a volta dos controles escritos, há

Page 104: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

agora folga em suas margens de lucro, para absorver aumentos de custos, sem repasse

aos preços.

(Joaquim Elói Cirne de Toledo, em Folha de S. Paulo. In

Pacheco, 1988:51)

3.2.6.1 Esquema textual

O esquema textual é o dissertativo de uma Tese, cujas categorias textuais

agrupam os sentidos em:

3.2.6.2 Categoria texto-reduzido

O autor inicia o seu texto com onze palavras que sintetizam o referente,

sua focalização e avaliação atribuída como forma de opinião:

• o referente do texto: a inflação.

• a focalização: a desaceleração.

• a avaliação: positiva (desaceleração da

inflação) e negativa (a aceleração da inflação).

3.2.6.3 Categoria texto-expandido

O autor expande o seu texto pela explicitação do que estava implícito no

texto-reduzido: nas palavras três fatores de desaceleração inflacionária.

• Primeiro fator - houve uma acumulação indesejada de estoques no

comércio e na indústria, devido à grande frustração de vendas em fins do

ano passado. Para reduzir tais estoques excessivos, têm sido promovidas

Page 105: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

grandes liquidações que, enquanto perdurarem, provocarão reduções de

preços, desacelerando a taxa média da inflação.

• Segundo fator - o agravamento da recessão, atuará ao longo de

um período de tempo um pouco maior. O nível de atividade da indústria

está ainda acima do fluxo de vendas aos consumidores finais, requerendo

uma queda ponderável, talvez entre 3% e 5% dos volumes de produção e

emprego, ao longo deste primeiro semestre de 1988. Enquanto o

processo de ajuste estiver ocorrendo, haverá algum excesso de oferta,

ajudando a reduzir a aceleração inflacionária.

• Terceiro fator - houve uma redução, infelizmente temporária, das

expectativas sobre um novo congelamento. Como muitas empresas

aumentaram excessivamente seus preços, no passado, temendo a volta

dos controles escritos, há agora folga em suas margens de lucro, para

absorver aumentos de custos, sem repasse aos preços.

3.2.6.4 Categoria conclusão

A categoria conclusão está expressa por valor positivo, de modo a levar

os leitores a acreditarem que a desaceleração inflacionária oferecerá a eles a

oportunidade de comprar produtos com um custo reduzido.

3.2.6.5 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que não é especialista em

desaceleração inflacionária. Atribui, assim, a seus interlocutores um não-saber

que deve ser transformado em saber, com a finalidade de a opinião expressa ser

aceita. Nesse sentido, o autor explicita o que estava implícito nas expressões três

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fatores da desaceleração inflacionária, pois representa seu auditório como

pessoas que não têm conhecimentos armazenados em suas Memórias de Longo

Prazo a respeito da situação econômica brasileira.

3.2.6.6 A organização textual da opinião

O texto está organizado pela apresentação da opinião do autor -

especialista em desaceleração inflacionária - pois, no Marco das Cognições

Sociais dos seus leitores, há uma lacuna a respeito de conhecimentos sobre esse

assunto - desaceleração da inflação - o que os impede de formular uma opinião.

A opinião do autor está organizada pela regra da causalidade, aplicada a

cada fator de desaceleração:

• Causas: 1) houve uma acumulação indesejada de estoques no

comércio e na indústria, devido à grande frustração de vendas em

fins do ano passado. 2) O nível de atividade da indústria está ainda

acima do fluxo de vendas aos consumidores finais, requerendo

uma queda ponderável, talvez entre 3% e 5% dos volumes de

produção e emprego, ao longo deste primeiro semestre de 1988.

Enquanto o processo de ajuste estiver ocorrendo, haverá algum

excesso de oferta, ajudando a reduzir a aceleração inflacionária. 3)

Como muitas empresas aumentaram excessivamente seus preços,

no passado, temendo a volta dos controles escritos, há agora folga

em suas margens de lucro, para absorver aumentos de custos,

sem repasse aos preços.

Isto posto, a desaceleração inflacionária atual é positiva para a queima de

estoque. A opinião do autor apresentada como Tese 1: a desaceleração

inflacionária pela queima de estoque é positiva para que a população tenha

acesso ao produto com menor preço.

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• Opinião dos especialistas: a desaceleração

inflacionária decorre do excesso de produtos em estoque que propicia

liquidações.

• Tese 1: A desaceleração inflacionária é positiva

para o povo, comércio e a indústria pelo aumento do consumo de

produtos em oferta com preços baixos.

3.2.6.7 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos, a seguir, na medida em que

relaciona a justificativa com a sua Tese :

a) Argumento de necessidade

È necessariamente verdade que a desaceleração inflacionária fez com

que os comerciantes abaixassem os preços dos produtos. Essa afirmação é

generalizável.

b) Argumento de possibilidade

É possível que:

• a aceleração do comércio seja positiva para a desaceleração da

inflação;

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• a atual aceleração do comércio seja muito rápida e temporária,

tornando-se negativa para a desaceleração da inflação.

c) Argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua tese, todavia estas não são

suficientes para uma generalização sobre o valor positivo da atual

desaceleração inflacionária.

Provas: houve uma acumulação indesejada de estoques no comércio e

na indústria, devido à grande frustração de vendas em fins de ano passado, ou

seja, em 1987.

• para reduzir tais estoques excessivos, têm sido promovidas grandes

liqüidações que, enquanto perdurarem, provocarão reduções de preços,

desacelerando a taxa média da inflação.

• o agravamento da recessão atuará ao longo de um período de tempo

um pouco maior. O nível de atividade da indústria está ainda acima

do fluxo de vendas aos consumidores finais, requerendo uma queda

ponderável, talvez entre 3% e 5% dos volumes de produção e

emprego, ao longo deste primeiro semestre de 1988.

• enquanto o processo de ajuste estiver ocorrendo, haverá algum

excesso de oferta, ajudando a reduzir a aceleração inflacionária.

• finalmente, houve uma redução, infelizmente temporária, das

expectativas sobre um novo congelamento. Como muitas empresas

aumentaram excessivamente seus preços, no passado, temendo a volta

dos controles escritos, há agora folga em suas margens de lucro, para

absorver aumentos de custos, sem repasse aos preços.

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Provas não suficientes: a atual desaceleração inflacionária pode ser

negativa, na medida em que a grande procura e o grande consumo podem

contribuir para o retorno da inflação.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e probabilidade, utilizados

pelo autor, são argumentos de legitimidade, pois as informações expressas, no

texto, têm relação com o que é experienciado socialmente, naquele momento,

pelos leitores. Nesse caso, os leitores acatam a Tese do autor.

e) Argumentos de reforço

O autor se preocupa em reforçar os argumentos que contêm a avaliação

positiva da desaceleração inflacionária, minimizando, assim o seu valor negativo.

3.3 Resultados obtidos das análises dos textos dissertativos de uma tese e discussões

Os resultados obtidos das análises dos textos dissertativos de uma Tese

indicam que:

3.3.1 O esquema textual do dissertativo de uma Tese

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Há um esquema textual para o dissertativo expositivo que defende uma

Tese. Esse resultado obtido das análises dos textos, apresentados na Manual de

Agnelo Pacheco (1988), confere com o resultado obtido por Silveira (1994), em

relação ao esquema textual de uma Tese, que organiza o discurso científico.

Como esse esquema é produzido na instituição universitária, também é designado

dissertativo acadêmico.

Conforme Othon Garcia (1967), o dissertativo de uma Tese é designado

dissertativo expositivo; já o de duas Teses, para o autor é designado dissertativo

argumentativo.

Segundo Aurélio (1975),

• expor – [Do lat. Exponere.] V.t.d. 1. Colocar em

perigo; arriscar:expor a vida. 2. Contar, narrar, referir: expor um fato. 3.

Explicar, desenvolver, explanar, interpretar. 4. Fazer conhecer; revelar;

descobrir. 5. Deixar ver; revelar, mostrar, patentear. 6. Pôr à vista;

apresentar em exposição; mostrar. 7. Deixar a descoberto; tornar

evidente. 8. Abandonar (uma criança). T. d. e i. 9. Pôr à vista; apresentar

em exposição; mostrar, apresentar, exibir. 10. Sujeitar à ação de: expor a

pele ao sol; expor aos olhos. 11. Tornar conhecido ou evidente. 12.

Colocar em perigo; arriscar. 13. Narrar, contar, referir. 14. Revelar,

descobrir. 15. Exibir-se, mostrar-se. 16. Arriscar-se, sujeitar-se, aventurar-

se. 17.Oferecer-se, desguarnecer-se, desproteger-se. 18. Colocar-se em

circunstância de sofrer algum dano: expor-se ao sereno.[Irreg. Conjuga-se

como pôr (q.v. )]

• Expositivo. [do lat.expositu, ‘exposat’] 1.

respeitante à exposição. 2. que expõe, descreve, apresenta.

Sendo assim, a ação de expor uma Tese (opinião) pode ser predicada

por: Explicar, desenvolver, explanar, interpretar; Fazer conhecer; Deixar ver;

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revelar, mostrar; Pôr à vista, apresentar em exposição, descrever; Mostrar, Deixar

a descoberto, tornar evidente; Pôr à vista; apresentar em exposição.

As predicações apresentadas são adequadas à designação proposta por

Othon Garcia (idem); todavia essa designação não dá conta do esquema textual

de uma tese nem das condições discursivas da organização textual.

O esquema textual do dissertativo de uma Tese tem três categorias: o

texto-reduzido, o texto-expandido e a conclusão:

1. No que se refere à categoria texto-reduzido, os autores dos textos-

produto podem ou não iniciar seus textos com palavras que sintetizam o referente,

sua focalização e avaliações (positiva) e (negativa), atribuídas como forma de

opinião-tese a ser defendida. Muitos textos dissertativos podem trazer o texto-

reduzido na progressão ou finalização do texto-produto que é linear e está situado

na produção enunciativa. Dessa forma, há liberdade para se selecionar aquilo que

é iniciado, que progride e termina linearmente o texto-produto, a saber, aquilo que

está representado em língua.

2. No que se refere à categoria texto-expandido, os autores expandem por

explicitações o que estava implícito na redução proposta a respeito do referente,

da focalização e da avaliação atribuída pelo produtor textual. A seqüência das

exposições obedece à ordem das palavras enunciadas como texto-reduzido e

decorrem de um processo analítico que explicita as partes do todo que está

agrupado no texto-reduzido. Esse resultado obtido confere com Silveira (1994,

2004), ao afirmar que a categoria texto-reduzido agrupa as palavras que

expressam em língua uma macro-poposição. Essa estratégia é argumentativa,

pois o autor constrói para seu leitor um sentido mais geral, impedindo-o de fazê-lo

por si só. Tal estratégia é produtiva, pois como o leitor não tem saber a respeito do

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referente e da focalização dada, acata com maior facilidade aquilo que o autor

deseja alcançar, isto é fazer com que o outro aceite a sua opinião.

3. No que se refere à categoria conclusão, os valores positivos ou

negativos, aí se encontram agrupados de forma a levar os leitores a atribuírem ao

referente um valor positivo ou negativo, conforme a opinião do autor. Sendo

assim, o valor positivo ou negativo é atribuído ao que é expresso como

circunstância, focalização nova dada ao referente, em relação ao Marco das

Cognições Sociais, qual seja, a focalização velha, já sabida.

Logo, um esquema textual define-se por categorias e regras de

ordenação; tal esquema é um modelo mental que participa do texto-processo e

das Cognições Sociais, de modo a ser utilizado para a organização tipológica de

textos. Assim sendo, a construção da linearidade do texto-produto, em expressões

lingüísticas, é orientada pelo esquema, mas não o reproduz sempre linearmente.

(cf. Kintsch & van Dijk, 1983)

3.3.2 A condição de produção discursiva

No que se refere à condição de produção discursiva, os autores dos textos

dirigem-se a um auditório, constituído por eles, com pessoas que não têm

conhecimentos, armazenados na Memória Social de Longo Prazo, a respeito do

tema e/ou da área tratada. Assim visto, atribuem a seus interlocutores um não-

saber que deve se transformar em saber, a fim de que a opinião expressa pelo

autor seja aceita pelos seus leitores. Assim sendo, os autores explicitam o que

estava implícito nas palavras do texto-reduzido.

A estratégia utilizada pelo autor é construir para o leitor os conhecimentos

selecionados pelo próprio autor para justificar a sua opinião. Por esta razão, o

texto-reduzido é definido por uma macro-proposição, sentido mais global e o texto-

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expandido, como sentidos secundários, que, em seu conjunto, progridem a

redução proposta.

Esse resultado confere com os resultados obtidos por Silveira (1994, 2004).

3.3.3 A organização textual da opinião

No que se refere à organização textual da opinião, os textos estão

organizados por elementos que apresentam predicações com pontos de

intersecção e de diferença entre si.

A relação entre esses termos está organizada pela regra da causalidade,

como forma de justificativa da Tese defendida pelo autor, ou seja, como forma de

avaliação dos termos apresentados. O texto está, assim, tecido com a opinião de

especialistas ou não especialistas a serem avaliadas na Tese 1 do autor.

• Causa

• Opinião de (não) especialistas

• Tese 1 do autor.

3.3.4 O uso de argumentos

No que se refere ao uso de tipos de argumentos, os resultados obtidos

indicam que, conforme a justificativa, se relaciona com a conclusão, pois há uma

modalidade que percorre da necessidade, passa pela possibilidade até atingir a

probabilidade.

Assim visto, os autores usam argumentos de necessidade, quando as

provas apresentadas são generalizáveis. O uso de argumentos de probabilidade

implica que a prova apresentada não é suficiente para haver a generalização

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proposta pelo autor. O uso de argumentos de possibilidade constrói dois mundos

possíveis, na incerteza do futuro: é possível que este fato ocorra no mundo 1 e é

possível que isto não ocorra no mundo 2. Esses usos de argumentos conferem

resultados apresentados por Van Dijk (1978), ao tratar da estrutura da

argumentação.

O uso dos argumentos, no texto, indica que o texto-expositivo é tão

argumentativo quanto o dissertativo argumentativo, proposto por Othon Garcia

(1967). Por isso, os resultados contrariam as designações, propostas por esse

autor.

Os argumentos de necessidade, probabilidade e possibilidade dão

legitimidade argumentativa ao autor. Este recorre aos argumentos para usá-los

junto às formas de conhecimentos sociais que constroem o Marco das Cognições

Sociais de especialistas na questão tratada. Convém observar que a presença de

especialistas está diretamente ligada ao discurso científico que se modifica no

acadêmico.

Os argumentos de reforço reiteram formas de conhecimento que são

justificativas da tese do autor. De forma geral, os argumentos de reforço priorizam

o ponto de vista do seu autor, cujo objetivo é levar seus leitores a aderirem à

opinião que é Tese 1.

Em síntese, os resultados obtidos indicam que o dissertativo de uma Tese

é um tipo de texto da classe opinativa, que sofre modificações, dependendo da

maneira como o auditório é representado pelo produtor de texto. Em relação ao

uso dos argumentos do dissertativo de uma Tese, os resultados obtidos indicam

que texto-expandido é a justificativa da tese do autor, quando possibilita ao

auditório o/um fazer-saber. Nesse sentido, o autor prova a validade de sua

conclusão pelo princípio da cooperatividade com seus leitores.

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Algo que pode ter um começo

pode ter também um fim; pois nenhuma coisa impossível é ou começa a ser.

(Aristóteles, idem)

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CAPÍTULO IV- Análise do texto dissertativo de duas Teses: o interlocutor possui o saber interiorizado, tanto da área quanto da especificidade do tema

Neste capítulo, são apresentados os resultados obtidos das análises

de textos dissertativos de duas Teses que direcionam os leitores a abandonar a

Tese 1 e a acatar a Tese 2. A título de exemplificação, são apresentados seis

textos, também, selecionados dos exemplos oferecidos por Agnelo Pacheco

(1988) e considerados, após análise, representativos desse tipo de esquema

textual.

4.1 Considerações iniciais

Retomando-se Silveira (1994), faz-se necessário observar que a autora

propõe o esquema textual, constituído pelas categorias: Tese Anterior (Tese 1),

Justificativa-argumentos/Contra-argumentos e Tese Posterior (Tese 2).

Há modificação desta estrutura em relação à do dissertativo de Tese 1.

Sendo assim, durante o processamento das informações, o leitor agrupa na

categoria Premissa as informações referentes à Tese Anterior; a categoria

Justificativa agrupa Contra-Argumentos à Tese Anterior e Argumentos para a

defesa da Tese Posterior.

A Tese Posterior é definida pela conclusão que o cientista declara,

assegurando-a como verdade. Logo, o discurso envolvente com relação ao discurso da narrativa da descoberta, pelo cientista, é caracterizado pelo uso de

argumentos de probabilidade, na medida em que o cientista apresenta seus

resultados como prova. No entanto, tais resultados, ainda que provados, não são

suficientes para construir generalizações teóricas e/ou metodológicas que o

cientista realiza com a sua Conclusão; por esta razão é uma forma de opinião.

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Como foi dito, segundo Silveira, existem duas condições de produção

discursiva que se designam: dissertativo de 1 Tese e dissertativo de 2 Teses. Dos

textos estudados, serão analisados, neste item . Dos textos estudados, serão

analisados, neste item, apenas seis textos de duas Teses, extraídos do manual

Dissertação, de Agnelo Pacheco de Carvalho. (1988)

4.2 Texto 1

Não há comicidade fora do que é propriamente humano. Uma paisagem poderá

ser bela, graciosa, sublime, insignificante ou feia, porém jamais risível. Riremos de um

animal, mas porque teremos surpreendido nele uma atitude de homem ou certa

expressão humana. Riremos de um chapéu, mas no caso o cômico não será um pedaço

de feltro ou palha, senão a forma que alguém lhe deu, o molde da fantasia humana que

ele assumiu. Como é possível que fato tão importante, em sua simplicidade, não tenha

merecido atenção mais acurada dos filósofos? Já se definiu o homem como “um animal

que ri”. Poderia também ter sido definido como um animal que faz rir, pois se outro animal

conseguisse, ou algum objeto inanimado, seria por semelhança com o homem, pela

característica impressa pelo homem ou pelo uso que o homem dele fez.

(Henri Bérgson, O riso. In Pacheco 1988: 2)

4.2.1.1 Esquema textual:

O esquema textual é o dissertativo de duas teses, cujas categorias textuais

agrupam os sentidos em :

a) Categoria Tese anterior (Tese 1)

o referente textual = o animal humano

a focalização: riso

Tese 1 : O homem é um animal que ri.

Page 118: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

A opinião é organizada por dois termos :

causa da Tese 1: o riso faz parte da genética humana.

opinião da Tese 1: O homem é o animal que ri.

avaliação positiva: o homem é o único animal que ri

b) Categoria contra-argumentos :

• (riremos de uma paisagem)

• riremos de um animal

• riremos de um chapéu

c) Categoria argumentos da Tese2:

• Uma paisagem poderá ser bela, graciosa, sublime, insignificante ou

feia, porém jamais risível.

• Riremos de um animal, mas porque teremos surpreendido nele

uma atitude de homem ou certa expressão humana.

• Riremos de um chapéu, mas no caso o cômico não será um

pedaço de feltro ou palha, senão a forma que alguém lhe deu, o

molde da fantasia humana que ele assumiu.

d) Categoria tese posterior (Tese 2) :

o referente textual: o animal humano

a focalização: ações humanas que provam o riso

Tese 2 : O homem é um animal que faz rir.

Page 119: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

A opinião é organizada por dois termos :

causa da Tese 2: as fantasias humanas (molde humano)

opinião da Tese 2: As ações humanas, guiadas por fantasias e projetadas

no acontecimento no mundo, fazem rir: pois se outro animal conseguisse, ou

algum objeto inanimado, seria por semelhança com o homem, pela característica

impressa pelo homem ou pelo uso que o homem dele fez.

Avaliação positiva: o homem é o único animal que faz rir outro homem ou

por si só, devido às suas fantasias.

e) Categoria conclusão da Tese 2 :

A categoria conclusão está expressa por um valor positivo, de modo a

fazer os leitores a aceitarem a nova Tese: qualquer coisa no mundo pode ser

motivo de riso, desde que seja atingida por ações, guiadas pela fantasia do

homem.

4.2.1.2 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que possui o saber interiorizado

da Tese 1 sobre o riso; assim, há necessidade de persuadir o auditório, para que

este abandone a Tese anterior já conhecida, e dê adesão à nova Tese que está

sendo defendida pelo cientista: Como é possível que fato tão importante, em sua

simplicidade, não tenha merecido atenção mais acurada dos filósofos? Já se

definiu o homem como um animal que ri. Poderia também ter sido definido como

um animal que faz rir...

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4.2.1.3 A organização textual da opinião

A opinião está organizada, textualmente, por uma diferença entre Tese 1

e a Tese 2, ambas do conhecimento do autor, porém apenas a primeira é do

conhecimento dos leitores. Essa diferença é organizada pela complementaridade:

não só, mas também. Assim, tem-se o homem não é apenas como o animal que

ri, mas o animal que faz rir os homens. A regra da causalidade é aplicada como

termo da categoria Justificativa. A opinião do autor é a avaliação positiva, atribuída

à Tese2.

4.2.1.4 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos a seguir, na medida em que

relaciona a justificativa com a sua Tese:

a) Argumentos de necessidade

• é necessariamente verdade que uma paisagem, um

chapéu, um animal não sejam risíveis (contra-argumento): o homem não é

um animal que ri de qualquer coisa);

• é necessariamente verdade que o homem é um animal

que ri;

• é necessariamente verdade que o homem é o animal que

faz outros homens rirem (argumento: o homem é o único animal que faz

os homens rirem de qualquer coisa).

b) Argumentos de possibilidade

É possível que:

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• o homem não seja o único animal que ri (outros

animais riem);

• homem seja o único animal que ri e faz rir.

c) Argumentos de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua tese, todavia estas não são

suficientes para uma generalização que a fantasia humana seja a causa do riso.

• provas: Não há comicidade fora do que é propriamente

humano: Uma paisagem poderá ser bela, graciosa, sublime, insignificante

ou feia, porém jamais risível. Riremos de um animal, mas porque teremos

surpreendido nele uma atitude de homem ou certa expressão humana.

Riremos de um chapéu, mas no caso o cômico não será um pedaço de

feltro ou palha, senão a forma que alguém lhe deu, o molde da fantasia

humana que ele assumiu. Já se definiu o homem como um animal que ri,

mas o homem é o animal que faz rir.

• provas não suficientes: Não são todas as ações humanas,

guiadas pela fantasia, molde humano aplicado às coisas do mundo, que

causam o riso

d) Argumentos de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e probabilidade utilizados

pelo autor são argumentos de legitimidade, pois as informações expressas, no

texto, fazem parte do Marco das Cognições Sociais dos leitores do texto que

conhecem a origem do riso. Dessa forma, os leitores do texto abandonam a Tese

anterior e acatam a Tese nova do autor

e) Argumentos de reforço

O autor se preocupa em reforçar os contra-argumentos da Tese 1, ao

mesmo tempo que reforça os argumentos da Tese 2, pois esta complementa

aquela:

Page 122: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

Uma paisagem poderá ser bela, graciosa, sublime, insignificante ou feia,

porém jamais risível.

• Riremos de um animal, mas porque teremos surpreendido nele

uma atitude de homem ou certa expressão humana.

• Riremos de um chapéu, mas no caso o cômico não será um

pedaço de feltro ou palha, senão a forma que alguém lhe deu o molde

da fantasia humana que ele assumiu.

4.2 Texto 2 - Os microcomputadores: uma ameaça?

A expansão tecnológica prossegue acelerada nestes últimos anos, modificando

dia a dia a feição e os hábitos de nossa sociedade. Talvez a maior novidade, que começa

a preocupar os observadores, seja a revolução informática e suas conquistas mais

recentes : videogames, vídeo cassetes e, principalmente, os microcomputadores, que

começam a fazer parte do nosso cotidiano e cuja manipulação já é acessível não só aos

adultos leigos, mas até às crianças. Isso indica que entramos na era do computador e que

uma revolução da mente acompanhará a revolução informática.

Essa revolução iminente vem alertando os responsáveis pela educação das

crianças e jovens para a ameaça de robotização que o uso regular dos computadores,

introduzidos nas escolas e fora delas, poderá provocar nas mentes em formação.

Para neutralizar tal ameaça, faz-se urgente a descoberta (ou a adoção) de

métodos ativos que estimulem a energia criativa dos novos. E principalmente se faz

urgente que as novas gerações descubram a leitura estimuladora ou criadora e através

dela alcancem a formação humanística (Literatura, História, Filosofia, Ciências Humanas

e Artes em geral) que lhes dará base cultural indispensável para serem no futuro os

criadores de programas que a nova era vai exigir. E não os programadores obsessivos

em que forçosamente se transformarão em pouco tempo, “robotizados” pela automação

exigida para uso dos computadores.

Em lugar de lutarmos contra esse novo instrumento da civilização e do

progresso, urge que nos preparemos para dominá- lo.

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( Nelly Novaes Coelho, Panorama histórico da literatura infantil/ juvenil. In

Pacheco, 1988: 7 )

4.2.2.1 Esquema textual do dissertativo de duas Teses

O esquema textual é o dissertativo de duas Teses, cujas categorias

textuais agrupam os sentidos em :

a) Categoria Tese anterior (Tese 1)

o referente textual: o uso regular do computador.

a focalização: educação de crianças e jovens para viverem no futuro

Tese 1: o uso regular dos computadores, introduzidos nas escolas e fora

delas, poderá provocar nas mentes em formação a robotização.

A opinião é organizada por dois termos :

causa da Tese 1: Talvez a maior novidade, que começa a preocupar os

observadores, seja a revolução informática e suas conquistas mais recentes :

videogames, vídeo cassetes e, principalmente, os microcomputadores, que

começam a fazer parte do nosso cotidiano e cuja manipulação já é acessível não

só aos adultos leigos, mas até às crianças. Isso indica que entramos na era do

computador e que uma revolução da mente acompanhará a revolução informática.

opinião do autor a respeito da Tese 1: A revolução da mente

acompanhará a revolução informática.

avaliação: negativa para a Tese 1: o uso inadequado do computador

robotiza a mente dos jovens.

b) Categoria contra argumentos:

Page 124: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• o uso regular de computadores, introduzidos nas escolas

e fora delas, robotiza quando não há uma formação humanística do aluno;

• E não os programadores obsessivos em que

forçosamente se transformarão em pouco tempo, robotizados pela

automação exigida para uso dos computadores.

c) Categoria argumentos da Tese 2:

• Para neutralizar tal ameaça, faz-se urgente a descoberta

(ou a adoção) de métodos ativos que estimulem a energia criativa dos

novos.

• E principalmente se faz urgente que as novas gerações

descubram era vai exigir. a leitura estimuladora ou criadora e através dela

alcancem a formação humanística (Literatura, História, Filosofia, Ciências

Humanas e Artes em geral) que lhes dará base cultural indispensável

para serem no futuro os criadores de programas que a nova

d) Categoria Tese posterior (Tese 2):

o referente textual: uso regular do computador por crianças e jovens a

focalização: educação criativa de crianças e jovens para o uso regular do

computador

Tese 2: o uso regular dos computadores, introduzidos nas escolas e fora

delas, não provocará a robotização nas mentes em formação se houver o

suporte da formação humanística que estimula a criatividade delas.

A opinião é organizada por dois termos:

causa da Tese 2: Essa revolução iminente vem alertando os responsáveis

pela educação das crianças e jovens para a ameaça de robotização que o

uso regular dos computadores, introduzidos nas escolas e fora delas,

poderá provocar nas mentes em formação.

Page 125: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

opinião da Tese 2: A formação humanística torna adequado o uso regular

do computador.

avaliação positiva: as crianças criativas com mentes criativas não são

robotizadas.

e) Categoria conclusão da Tese 2 :

A categoria conclusão está expressa por um valor positivo, de modo a

fazer os leitores a aceitarem a nova tese: Em lugar de lutarmos contra esse novo

instrumento da civilização e do progresso, urge que nos preparemos para dominá-

lo.

4.2. 2. 2 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que possui o saber interiorizado

sobre a robotização da mente de crianças e jovens, no futuro, pelo uso regular

atual do computador, na escola e fora dela. Sendo assim, ele tem a intenção de

persuadir o auditório a abandonar a tese anterior, já conhecida, e dar adesão à

nova Tese que está sendo defendida pelo autor.

4.2.2.3 A organização textual da opinião

A opinião está organizada, textualmente, por uma diferença entre Tese 1 e

a Tese 2, ambas do conhecimento do autor, porém apenas a primeira é do

conhecimento dos leitores. Essa diferença é organizada pela oposição:

• lutar contra esse novo instrumento da civilização e do progresso

para evitar que seu uso regular provoque a robotização das mentes de

seus usuários.

Page 126: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• não lutar contra esse novo instrumento da civilização e do

progresso e nos prepararmos para dominá-lo com a formação

humanística dos usuários

A regra da causalidade é aplicada como termo da categoria Justificativa da opinião

do autor que contém a avaliação positiva, atribuída à Tese 2.

4.2.2.4 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos a seguir, na medida em que

relaciona a justificativa com a sua Tese:

a) Argumento de necessidade

É necessariamente verdade que:

• exista o uso regular de computadores por crianças e

jovens, na escola e fora dela;

• a escola atual não privilegie a formação humanística;

• estejamos assistindo a uma intensa e rápida expansão

tecnológica, particularmente, na área da computação.

a) Argumento de possibilidade

É possível que:

• no futuro, o uso regular de computadores robotize seus

atuais usuários (crianças e jovens);

• no futuro, o uso regular de computadores não robotize

seus atuais usuários (crianças e jovens) que tiverem formação

humanística na escola, sem a descoberta (ou a adoção) de métodos

ativos que estimulem a energia criativa dos novos.

Page 127: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

c) Argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua Tese, todavia estas não são

suficientes para uma generalização de que o uso regular do computador,

acompanhado de formação humanística, propiciará mentes criativas e produtivas.

Provas:

• a expansão tecnológica prossegue acelerada nestes

últimos anos, modificando dia a dia a feição e os hábitos de nossa

sociedade;

• talvez a maior novidade, que começa a preocupar os

observadores, seja a revolução informática e suas conquistas mais

recentes: videogames, vídeo cassetes e, principalmente, os

microcomputadores, que começam a fazer parte do nosso cotidiano;

• a manipulação das conquistas recentes já é acessível

não só aos adultos leigos, mas também até às crianças e jovens;

• estamos na era do computador;

• essa revolução iminente vem alertando os

responsáveis pela educação das crianças e jovens para a ameaça de

robotização;

• há métodos ativos que estimulam a energia criativa

dos novos; a leitura estimuladora ou criadora e através dela, busca-se

alcançar a formação humanística (Literatura, História, Filosofia, Ciências

Humanas e Artes em geral) que faz parte do currículo escolar.

Provas não suficientes:

Page 128: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• não são métodos novos ou os já

existentes na escola que propiciarão o domínio do computador pela

mente criativa;

• apenas uma formação humanística tal qual

nossa atual escola propõe que propiciará mentes criativas.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e probabilidade utilizados

pelo autor são argumentos de legitimidade, pois as informações expressas, no

texto, fazem parte do Marco das Cognições Sociais dos leitores do texto que

conhecem a expansão tecnológica, a era dos computadores e o uso regular que

tem sido feito por crianças e jovens, dentro e fora da escola; conhecem, também,

as disciplinas curriculares e seus programas. Dessa forma, os leitores do texto

abandonam a Tese anterior e acatam a Tese nova do autor.

e) Argumentos de reforço

O autor se preocupa em reforçar menos os contra-argumentos da Tese 1

e mais os argumentos da Tese 2, na medida em que tais argumentos estejam

situados na incerteza do futuro, a saber, o que acontecerá com as mentes dos

atuais usuários regulares de computadores.

4.2 TEXTO 3 O aumento da natalidade parece resultar, em certas sociedades, de

transformações psicossociológicas.

Havia antigamente, no esquema tradicional, certo número de costumes cujo

efeito, voluntário ou não, era limitar a natalidade: interdição do casamento das viúvas,

importância do celibato religioso, poliandria, interdição das relações sexuais em certos

períodos, interdição da exogamia. Esses fatores que de algum modo limitavam a

Page 129: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

natalidade estão hoje sensivelmente esfumados. Há, por vezes, a vontade mais ou menos

consciente de expansão demográfica nas populações minoritárias ou nos povos que

vêem no crescimento dos seus efetivos um aumento das forças que podem opor a seus

adversários (é, por exemplo, o caso do Paquistão diante da Índia). Porém, no essencial, o

aumento da natalidade resulta das melhorias sanitárias que foram realizadas nos países

subdesenvolvidos, os antibióticos fazem recuar as causas de esterilidade devidas a

moléstias infecciosas.

(Yves Lacoste, Os países subdesenvolvidos.In Pacheco, 1988:26)

4.2.3.1 Esquema textual:

O esquema textual é o dissertativo de duas Teses, cujas categorias

textuais agrupam os sentidos em:

a) Categoria Tese anterior (Tese 1)

o referente textual: a natalidade.

a focalização: o aumento controlado.

Tese 1: Existe, hoje, o controle da natalidade para melhorar a qualidade

de vida dos grupos sociais : O aumento da natalidade, em certas

sociedade, são transformações psicossociológicas.

A opinião é organizada por dois termos :

causa da Tese 1: Havia antigamente, no esquema tradicional, certo

número de costumes cujo efeito, voluntário ou não, era limitar a

natalidade: interdição do casamento das viúvas, importância do celibato

religioso, poliandria, interdição das relações sexuais em certos períodos,

interdição da exogamia.

opinião do autor a respeito da Tese 1: Esses fatores que de algum modo

limitavam a natalidade estão hoje sensivelmente esfumados.

Page 130: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

a avaliação: negativa para a Tese 1: o controle da natalidade, com o

esquema tradicional para limitar a natalidade deixou de ser eficaz.

b) Categoria contra argumentos da Tese 1: Com a mudança social,

devido a embates entre povos, aparecem outras causas para a defesa do

aumento da natalidade: Há, por vezes, a vontade mais ou menos consciente

menos consciente de expansão demográfica nas populações minoritárias ou nos

povos que vêem no crescimento dos seus efetivos um aumento das forças que

podem opor a seus adversários (é, por exemplo, o caso do Paquistão diante da

Índia).

c) Categoria argumentos da Tese 2: As melhorias sanitárias realizadas

nos países subdesenvolvidos causaram um aumento da natalidade, combatendo

as doenças que esterilizavam as pessoas, por meio de antibióticos.

d) Categoria Tese posterior (Tese 2):

o referente textual: a natalidade.

a focalização : aumento.

Tese 2: O aumento da natalidade, nos grupos sociais, não está controlada

hoje.

A opinião é organizada por dois termos:

causa da tese 2: As melhorias sanitárias, os antibióticos fazem recuar as

causas de esterilidade devidas a moléstias infecciosas.

opinião da Tese 2: avalia como positivo - a diminuição da mortandade e

da esterilidade propiciam o aumento da natalidade nos países

subdesenvolvidos.

Page 131: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

e) Categoria conclusão da Tese 2 :

A categoria conclusão está implícita: com o aumento da natalidade, a

qualidade de vida das pessoas está comprometida.

4.2.3.2 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que possui o saber interiorizado

sobre o aumento controlado da natalidade, devido a transformações

psicossociológicas. Sendo assim, ele tem a intenção de persuadir o auditório a

abandonar a tese anterior, já conhecida, e dar adesão à nova Tese que está

sendo defendida pelo autor.

4.2.3.3 A organização textual da opinião

A opinião está organizada, textualmente, pela oposição entre Tese

1(aumento controlado) e a Tese 2 (aumento sem controle), ambas do

conhecimento do autor, porém apenas a primeira é do conhecimento dos leitores.

Essa diferença é organizada pela oposição:

• há controle da natalidade: o aumento controlado da

natalidade é o resultado das transformações psicossociológicas.

• o aumento sem controle da natalidade é o resultado das

melhorias sanitárias e do uso de antibióticos.

A regra da causalidade é aplicada como termo da categoria Justificativa

da opinião do autor. Este contém a avaliação positiva, atribuída à Tese 2.

4.2.3.4 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos a seguir, na medida em que

relaciona a justificativa com a sua Tese:

Page 132: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

a) Argumento de necessidade

É necessariamente verdade que:

• o aumento controlado da natalidade decorreu de

transformações psicossociológicas;

b) Argumento de possibilidade

É possível que: o aumento descontrolado da natalidade piore a qualidade

de vida das pessoas. Há grupos sociais que não controlam a natalidade para

aumentar o número de pessoas que ocuparão novos territórios, bem como para

serem mortos em guerras.

c) Argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua Tese, todavia estas não

são suficientes para uma generalização de que o aumento descontrolado da

natalidade seja devido às melhorias sanitárias e o uso de antibióticos, nos países

em desenvolvimento.

Provas:

• Havia antigamente, no esquema tradicional, certo

número de costumes cujo efeito, voluntário ou não, era limitar a

natalidade: interdição do casamento das viúvas, importância do celibato

religioso, poliandria, interdição das relações sexuais em certos períodos,

interdição da exogamia. Esses fatores que de algum modo limitavam a

natalidade estão hoje sensivelmente esfumados.

• Há, por vezes, a vontade mais ou menos consciente

de expansão demográfica nas populações minoritárias ou nos povos que

Page 133: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

vêem no crescimento dos seus efetivos um aumento das forças que

podem opor a seus adversários (é, por exemplo, o caso do Paquistão

diante da Índia).

• Porém, no essencial, o aumento da natalidade resulta

das melhorias sanitárias que foram realizadas nos países em

desenvolvimento, os antibióticos fazem recuar as causas de esterilidade

devidas a moléstias infecciosas.

Provas não suficientes:

• o aumento da natalidade não decorre

apenas da consciência da expansão demográfica nas populações

minoritárias ou nos povos que acreditam no aumento de forças.

• o aumento da natalidade não é só devido

às melhorias sanitárias e do uso de antibióticos.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e probabilidade utilizados

pelo autor são argumentos de legitimidade, pois as informações expressas, no

texto, fazem parte do Marco das Cognições Sociais dos leitores do texto. Assim,

embora tais leitores saibam que o aumento da natalidade está controlado devido a

transformações psicossociológicas, abandonam a Tese anterior e acatam a tese

nova do autor.

e) Argumentos de reforço

O autor se preocupa em reforçar mais os contra-argumentos da Tese 1 e

menos os argumentos da Tese 2. Tal reforço decorre dos argumentos de

legitimidade que fazem parte do Marco das Cognições Sociais dos leitores.

Page 134: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

4.2 TEXTO 4

No mês passado aconteceu um congresso chamado Restaurando a Terra, em

Berkeley, Califórnia. Participaram dele 800 cientistas, representantes das indústrias e do

governo, todos devidamente preocupados com as catástrofes previstas por causa do

catástrofes previstas por causa do desrespeito ao meio ambiente. Nesse congresso foram

analisados projetos como o de restauração da vida selvagem no litoral do Estado de New

Jersey. Uma empresa especializada aterrou pântanos, abriu canais para rejuvenescer o

fluxo das marés, criou colinas artificiais para que os patos selvagens colocassem os seus

ninhos. Os resultados já são visíveis – os pássaros estão voltando à região. O projeto

custou até agora 4 milhões de dólares. Muito dinheiro?É nada. É o preço que se paga a

um astro de cinema americano para realizar um único filme. É o dinheiro que circula em

algumas poucas horas em Brasília em comissões, presentes e outras formas de

corrupção branda.

( Adapt. de Dagomir Marquesi, O Estado de S.Paulo. In Pacheco, 1988:14)

4.2.4.1 Esquema textual:

O esquema textual é o dissertativo de duas Teses, cujas categorias

textuais agrupam os sentidos em:

a) Categoria Tese anterior (Tese 1)

o referente textual: a restauração do meio ambiente

a focalização: o gasto excessivo e inútil

Tese 1 atribuída ao governo brasileiro: (Brasília) restaurar o meio

ambiente para evitar catástrofes é excessivamente caro e inútil.

A opinião é organizada por dois termos :

causa da Tese 1: o valor excessivo em gastos para executar projetos de

restauração do meio ambiente

Page 135: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

Tese 1: a restauração do meio ambiente exige um valor excessivo para

pouco sucesso.

a avaliação negativa do autor: a restauração do meio ambiente não é

cara: Muito dinheiro? É nada.

b) Categoria contra-argumentos :

• É o preço que se paga a um astro de cinema

americano para realizar um único filme

b) Categoria argumentos da tese 2:

• É o dinheiro que circula em algumas poucas

horas em Brasília em comissões, presentes e

outras formas de corrupção branda.

d) Categoria Tese posterior (Tese 2) :

referente textual = a restauração do meio ambiente.

a focalização: gasto necessário para a

restauração.

Tese 2 : A restauração da natureza é útil e a

verba gasta é nunca excessiva: Muito

dinheiro?É nada.

A opinião é organizada por dois termos :

causa da Tese 2: O governo brasileiro,

embora diga que não tenha verba, o gasto para a restauração é

excessivo.No entanto, se o gasto é excessivo e inútil com a

corrupção branda, é porque existe verba.

Argumentos: o governo brasileiro tem muita verba;

Page 136: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

O governo brasileiro gasta inutilmente a

sua verba;

O governo brasileiro gasta uma verba

excessiva para manter a corrupção branda.

a avaliação positiva da opinião do autor:

Gastar dinheiro com a restauração do meio

ambiente é necessário e útil à Nação.

e) Categoria conclusão da Tese 2 :

A categoria conclusão compreende os sentidos agrupados

em: a grande verba recolhida pelo governo brasileiro é mal gasta e mal distribuída.

4.2.4.2 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que possui o saber

interiorizado da Tese 1 sobre o gasto excessivo para se restaurar a natureza;

assim, há necessidade de persuadir os leitores, com o propósito de o auditório

abandonar a Tese anterior, já conhecida, e dê adesão à nova Tese que está

sendo defendida pelo cientista. As duas Teses apresentadas mantêm entre si uma

relação de oposição.

4.2.4.3 A organização textual da opinião

Page 137: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

A opinião está organizada, textualmente, por uma oposição

entre Tese 1 e a Tese 2, ambas do conhecimento do autor, porém apenas a

primeira é do conhecimento dos leitores. Essa diferença é organizada pela

oposição: políticos que gastam muito dinheiro com a corrupção branda e não têm

verba para a restauração da natureza e aqueles que não gastam a verba

governamental e desconhecem o quanto se gasta com a corrupção branda. A

regra da causalidade é aplicada como termo da categoria Justificativa. A opinião

do autor é a avaliação negativa, atribuída à Tese 1 e positiva à Tese 2.

4.2.4.4 o uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos a seguir, na medida em

que relaciona a justificativa com a sua Tese:

a) Argumento de necessidade

• é necessariamente verdade que pessoas precisam gastar

grandes verbas para a restauração da natureza;

• é necessariamente verdade que os políticos brasileiros

não gastam dinheiro com a restauração da natureza;

• é necessariamente verdade que aconteceu um congresso

chamado Restaurando a Terra, em Berkeley, Califórnia.

Participaram dele 800 cientistas, representantes das

indústrias e do governo, todos devidamente preocupados

com as catástrofes previstas por causa do desrespeito ao

meio ambiente.

• É necessariamente verdade que nesse congresso foram

analisados projetos como o de restauração da vida

selvagem no litoral do Estado de New Jersey. Uma

empresa especializada aterrou pântanos, abriu canais

Page 138: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

para rejuvenescer o fluxo das marés, criou colinas

artificiais para que os patos selvagens colocassem os

seus ninhos

b) Argumento de possibilidade

É possível que:

• a execução de projetos dos cientistas americanos

restaurem totalmente a natureza;

• a execução de projetos dos cientistas americanos não

restaurem totalmente a natureza destruída;

• os políticos brasileiros queiram restaurar a nossa

natureza e deixem de ter gastos excessivos com a

corrupção branda;

• os políticos brasileiros continuem a não gastar com a

restauração da natureza para continuarem a ter

gastos excessivos com a corrupção branda.

c) Argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua Tese, todavia

estas não são suficientes para uma generalização de que a verba necessária para

a restauração de nossa natureza não seja excessiva.

• provas: 800 cientistas, representantes das indústrias e do

governo, todos devidamente preocupados com as

catástrofes previstas por causa do desrespeito ao meio

ambiente.

• Nesse congresso foram analisados projetos como o de

restauração da vida selvagem no litoral do Estado de New

Jersey.

Page 139: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• Uma empresa especializada aterrou pântanos, abriu canais

para rejuvenescer o fluxo das marés, criou colinas artificiais

para que os patos selvagens colocassem os seus ninhos.

Os resultados já são visíveis – os pássaros estão voltando

à região.

• O projeto custou até agora 4 milhões de dólares.

provas não suficientes: os gastos com a execução de projetos

dos cientistas americanos não são suficientes para generalizar

que a verba a ser investida na restauração da natureza

brasileira não seja excessiva.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e

probabilidade, utilizados pelo autor, são argumentos de legitimidade, uma vez que

muitas das informações expressas, no texto, fazem parte do Marco das

Cognições Sociais dos seus leitores, que conhecem as catástrofes existentes,

quais sejam, chuvas excessivas e secas intensas, a utilidade de saná-las, bem

como a necessidade de restauração da natureza destruída. Dessa forma, os

leitores do texto podem abandonar a Tese anterior e acatar a Tese nova do autor

do texto.

e) Argumentos de reforço

O autor se preocupa em reforçar os contra-argumentos da

Tese 1, ao mesmo tempo em que reforça os argumentos da Tese 2, pois esta se

opõe àquela.

4.5 TEXTO 5

Page 140: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

[...] Nesta sociedade a criança passou a ser uma ameaça ao lucro, ao

bem-estar dos adultos, ao poder. A criança só ocupa um lugar enquanto

assusta, enquanto é um problema. Daí surge a necessidade de controlá-la, de

manipulá-la para que possamos ficar tranqüilos. O Código de Menores, que não

é um Código dos Direitos do Menor, pois trata especificamente da assistência e

vigilância dos filhos de famílias pobres, é o meio eficaz para resolver todo este

problema apresentado pela criança. A divulgação constante de infrações

cometidas pelos menores suaviza de uma maneira sutil a violência silenciosa

do alto índice de mortalidade infantil, a violência econômica e política, como

também aquela violência cruel emanada das instituições fechadas. A opressão

permanente contra as famílias desses menores, identificados como integrantes

de uma população perigosa, não pode ser ignorada, frente à destituição do

pátrio poder que hoje faz parte da rotina de qualquer vara de menores na

exportação de nossas crianças.

Raras vezes encontramos o menor na situação de vítima, porém neste

caso, a atenção não vai além do discurso do amor e compreensão. Quase

sempre o encontramos na situação do réu, porém não temos sequer

oportunidade nestas ocasiões de tecer alguma crítica à sociedade.

(Lia Junqueira, em O Estado de S.Paulo. In Pacheco, 1988:61)

4.2.5.1 Esquema textual:

O esquema textual é o dissertativo de duas Teses, cujas categorias

textuais agrupam os sentidos em : parei aqui a formatação

a) Categoria Tese anterior (Tese 1)

o referente textual: O Código de Menores

a focalização: a violência infantil - criança réu.

Tese 1: O Código de Menores se define por um

Código dos Direitos do Menor, por tratar

Page 141: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

especificamente da assistência e vigilância dos

filhos de famílias pobres, por isso é o meio eficaz

para resolver todo este problema apresentado pela

violência infantil.

A opinião é organizada por dois termos :

causa da tese 1: a divulgação freqüente da

violência infantil.

opinião do autor a respeito da tese 1: A criança só

ocupa um lugar enquanto assusta, enquanto é um

problema;

a avaliação: negativa para a Tese 1: O Código de

Menores não respeita os direitos da criança.

b) Categoria contra argumentos:

A divulgação constante de infrações cometidas pelos

menores é suavizada de uma maneira sutil :

• a violência silenciosa do alto índice de mortalidade

infantil;

• a violência econômica e política;

• como também aquela violência cruel emanada das

instituições fechadas;

c) Categoria argumentos da Tese 2:

Há, em nossa sociedade atual, embora não divulgada:

• a violência silenciosa do alto índice de mortalidade

infantil;

• a violência econômica e política;

Page 142: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

• a violência cruel emanada das instituições fechadas;

d) Categoria Tese posterior (Tese 2):

o referente textual: O Código de Direitos do Menor

a focalização : criança vítima .

Tese 2: O Código de Menores não é um Código dos

Direitos do Menor, pelo fato de tratar especificamente

da assistência e vigilância dos filhos de famílias pobres;

logo, não é o meio eficaz para resolver todo este

problema apresentado pela criança.

A opinião é organizada por dois termos:

causa da Tese 2: a publicação do Código de Menores.

opinião da Tese 2: : Quase sempre encontramos o

menor na situação de réu, porém não temos sequer oportunidade nestas ocasiões

de tecer alguma crítica à sociedade.

avaliação positiva: As crianças que cometem as

infrações são vítimas do poder de uma sociedade

desestruturada, não tratada pelo Código de Menores.

e) Categoria conclusão da Tese 2 :

A categoria conclusão está expressa por um valor negativo,

atribuído ao Código de Menores, de forma a levar os leitores a aceitar a nova

Tese: A opressão permanente contra as famílias desses menores, identificados

como integrantes de uma população perigosa, não pode ser ignorada frente à

destituição do pátrio poder que hoje faz parte da rotina de qualquer vara de

menores na exportação de nossas crianças.

Page 143: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

4.2.5.2 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que possui o saber

interiorizado, sobre a divulgação constante da violência infantil, fato este que

propiciou a publicação de O Código de Menores. Assim visto, o autor tem a

intenção de persuadir o auditório a abandonar a Tese de que tal Código sana o

problema; conseqüentemente, o autor espera a adesão à nova Tese que está

sendo defendida pelo autor do texto.

4.2.5.3 A organização textual da opinião

A opinião está organizada, textualmente, pela oposição entre

Tese 1 e Tese 2, ambas do conhecimento do autor, no entanto, apenas a primeira

é do conhecimento dos leitores. Essa oposição é organizada por:

• O Código de Menores dá assistência e vigilância aos filhos de

famílias pobres, de forma a evitar a violência infantil;

• O Código de Menores não é um Código dos Direitos do Menor: A

opressão permanente contra as famílias desses menores,

identificados como integrantes de uma população perigosa, não

pode ser ignorada, frente à destituição do pátrio poder que hoje faz

parte da rotina de qualquer vara de menores na exportação de

nossas crianças..

A regra da causalidade é aplicada como termo da categoria Justificativa

da opinião do autor, que contém a avaliação negativa, atribuída ao Código de

Menores e sua relação com os direitos do menor.

4.2.5.4 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos, a seguir, na medida em

que relaciona a justificativa com a sua Tese:

Page 144: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

a) Argumento de necessidade

É necessariamente verdade que:

• O Código de Menores foi publicado.

• O Código de Menores foi elaborado, objetivando resolver o

problema social do menor.

b) Argumento de possibilidade

É possível que:

• o Código de Menores tenha sido elaborado

intencionalmente para controlar e manipular o menor; o

Código de Menores tenha sido elaborado sem a

intenção de controle e manipulação do menor e de sua

família;

• as infrações cometidas pelos menores sejam

divulgadas para suavizar de uma maneira sutil a

violência silenciosa do alto índice de mortalidade

infantil, a violência econômica e política, como também

aquela violência cruel emanada das instituições

fechadas; assim também, é possível que não tivessem

essa finalidade;

• a criança só ocupa um lugar enquanto assusta,

enquanto é um problema. Daí surge a necessidade de

controlá-la, de manipulá-la para que possamos ficar

tranqüilos; mas é possível que a criança ocupe um

lugar sem ser problema.

c) Argumento de probabilidade

Page 145: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

O autor apresenta provas para justificar a sua Tese, todavia

estas não são suficientes para uma generalização de que o Código de Menores

não seja um Código dos Direitos do Menor.

provas:

• O Código de Menores, que não é um Código dos Direitos do

Menor, pois trata especificamente da assistência e vigilância dos

filhos de famílias pobres, é o meio eficaz para resolver todo este

problema apresentado pela criança.

• A divulgação constante de infrações cometidas pelos menores.

• A opressão permanente contra as famílias desses menores,

identificados como integrantes de uma população perigosa, não

pode ser ignorada frente à destituição do pátrio poder que hoje

faz parte da rotina de qualquer vara de menores na exportação de

nossas crianças;

• O menor é apresentado como réu;

• Raramente, o menor é apresentado como vítima.

provas não suficientes: as provas apresentadas não são

suficientes para a generalização de que o Código de Menores não trata dos

direitos da criança e de suas famílias.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e

probabilidade, utilizados pelo autor, são argumentos de legitimidade, pois as

informações expressas, no texto, relativas à violência infantil fazem parte do

Marco das Cognições Sociais dos leitores. Todavia, estes não conhecem o Código

de Menores. Dessa forma, os leitores do texto abandonam a Tese anterior (o

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Código de Menores trata dos direitos infantis) e acatam a Tese nova do autor ( o

Código de Menores não trata dos direitos infantis).

e) Argumentos de reforço

O autor se preocupa em reforçar tanto os contra-

argumentos da Tese 1 quanto os argumentos da Tese 2.

4.6 TEXTO 6

Vemos que o ser humano não criou a vida no planeta e

não tem direito de destruí-la, como está fazendo. Não se trata apenas de uma

questão moral, mas de sobrevivência. E se o homem destruiu tanto, não lhe

resta outra saída hoje senão usar a sua capacidade técnica para restaurar o

que foi destruído pela sua própria capacidade técnica. Não criamos a vida, mas

podemos ajudar a recriá-la.

Adapt. de Dagomir Marquesi, O Estado de S.Paulo. In Pacheco,

1988:14)

4.2.6.1 Esquema textual:

O esquema textual é o dissertativo de duas Teses, cujas categorias

textuais agrupam os sentidos em :

a) Categoria Tese anterior (Tese 1)

o referente textual: destruição da vida no

planeta.

a focalização: interesses e necessidades do

homem.

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Tese 1 : O homem tem o direito de destruir a vida no planeta para satisfazer

suas necessidades e interesses.

A opinião é organizada por dois termos : O

ser humano tem o direito de destruir a

natureza para sua própria satisfação.

causa da Tese 1: as necessidades e interesses do

homem.

opinião da Tese 1: O homem não criou a vida no planeta,

mas julga ter o direito de destruí-la para satisfação própria.

a avaliação negativa do autor: o homem não é o

criador da vida no planeta, não tem o direito de

destruí-la.

b) Categoria contra-argumentos :

• Vemos que o ser humano não criou a vida no

planeta e não tem direito de destruí-la, como está

fazendo.

c) Categoria argumentos da Tese 2:

• Não se trata apenas de uma questão moral, mas

de sobrevivência.

• Se o homem destruiu a vida no planeta terá de restaurá-la.

• O homem terá de restaurar a vida no planeta por meio de sua

própria capacidade técnica que vem usando para destruí-la.

d) Categoria Tese posterior (Tese 2) :

o referente textual = a vida no planeta.

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a focalização: restauração.

Tese 2 : O homem que vem destruindo a vida

no planeta, deve restaurá-la com sua

capacidade técnica.

A opinião é organizada por dois termos :

causa da Tese 2: a atual destruição humana

da vida no planeta devido á sua capacidade

técnica de modificar a natureza.

opinião da Tese 2: Como o homem usou a

sua capacidade técnica para destruir a vida

no planeta, este deverá, também, usar a sua

capacidade técnica para restaurá-la; é uma

questão de sobrevivência.

avaliação positiva: o homem tem técnicas

para restaurar a vida no planeta.

e) Categoria conclusão da Tese 2 :

A categoria conclusão está expressa por um valor positivo, de forma

a influenciar os leitores a aceitarem a nova Tese: Não criamos a vida, mas

podemos ajudar a recriá-la.

4.2.6.2 A condição de produção discursiva

O autor do texto dirige-se a um auditório que possui o saber

interiorizado da Tese 1 - o direito de destruição da natureza para satisfazer as

necessidades e interesses humanos -; assim, há necessidade de persuadir os

interlocutores, para que o auditório abandone a Tese anterior já conhecida e dê

adesão à nova Tese que está sendo defendida pelo cientista: E se o homem

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destruiu tanto, não lhe resta outra saída hoje senão usar a sua capacidade técnica

para restaurar o que foi destruído pela sua própria capacidade técnica.

4.2.6.3 A organização textual da opinião

A opinião está organizada, textualmente, por uma oposição entre

Tese 1 e a Tese 2, ambas do conhecimento do autor, porém apenas a primeira é

do conhecimento dos leitores. Essa diferença é organizada pela oposição: o

homem destruidor da vida no planeta X o homem restaurador da vida no planeta.

A regra da causalidade (a sobrevivência humana no planeta) é aplicada como

termo da categoria Justificativa. A opinião do autor é a avaliação positiva, atribuída

à Tese 2.

4.2.6.4 O uso de tipos de argumentos

O autor utiliza os tipos de argumentos, a seguir, na medida em

que relaciona a justificativa com a sua Tese:

a) Argumentos de necessidade

• é necessariamente verdade que o ser humano não criou

a vida no planeta;

• é necessariamente verdade que o homem tem destruído

a vida no planeta;

• é necessariamente verdade que as técnicas têm sido

usadas para destruir a vida no planeta..

b) Argumento de possibilidade

É possível que:

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• o homem consiga restaurar a vida no planeta com as

suas técnicas atuais;

• o homem não seja capaz de restaurar a vida no

planeta com suas técnicas atuais.

c) Argumento de probabilidade

O autor apresenta provas para justificar a sua Tese; todavia

estas não são suficientes para uma generalização de que o homem recriará a vida

que destruiu.

provas:

• o ser humano não criou a vida no planeta;

• o ser humano vem destruindo a vida no planeta;

• as técnicas atuais são avançadas

• as técnicas atuais são usadas para modificar e destruir a vida no

planeta.

• E se o homem destruiu tanto, não lhe resta outra

saída hoje senão usar a sua capacidade técnica

para restaurar o que foi destruído pela sua própria

capacidade técnica.

• Não criamos a vida, mas podemos ajudar a recriá-la.

Page 151: Zenaide Peixoto dos Anjos · refuerzo.Se concluye que los tipos de textos están agrupados en una clase de texto, que se define por propiedades comunes a los textos agrupados en tal

provas não suficientes: Não são todas as técnicas atuais que

podem causar a destruição ou a restauração da vida no

planeta.

d) Argumento de legitimidade

Os argumentos de necessidade, possibilidade e

probabilidade, utilizados pelo autor, são argumentos de legitimidade, pois as

informações expressas, no texto, a respeito da destruição da vida no planeta,

fazem parte do Marco das Cognições Sociais dos leitores do texto que conhecem

os danos já causados pelo uso da tecnologia. Dessa forma, os leitores do texto

leitoress do texto são persuadidos a abandonar a Tese anterior e a acatar a Tese

nova do autor.

e) Argumentos de reforço

O autor se preocupa em reforçar os contra-argumentos da

Tese 1, ao mesmo tempo que reforça os argumentos da Tese 2, pois esta se opõe

àquela:

• Não se trata apenas de uma questão moral, mas de sobrevivência.

• E se o homem destruiu tanto, não lhe resta outra saída hoje senão

usar a sua capacidade técnica para restaurar o que foi destruído

pela sua própria capacidade técnica.

• Não criamos a vida, mas podemos ajudar a recriá-la.

4.3 Resultados obtidos das análises dos textos dissertativos de duas Teses e discussões

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Os resultados obtidos das análises dos textos dissertativos de

duas Teses indicam que:

4.3.1 O esquema textual do dissertativo de duas Teses

Há um esquema textual para o dissertativo

argumentativo que defende duas Teses. Esse resultado obtido das análises dos

textos, selecionados do manual de Agnelo Pacheco (1988), confere com o

resultado obtido por Silveira (1994), em relação ao esquema textual de duas

Teses que organiza o discurso científico. O fato de este esquema ser produzido

na instituição universitária, também é designado dissertativo acadêmico.

Conforme Othon Garcia (1967), o dissertativo de duas Teses, proposto

por Silveira (1994/2004), é nomeado dissertativo argumentativo;

Segundo Aurélio (1975),

• Argumentar.v.int. 1.Servir-se de argumento; 2.

Discutir. 3.Raciocinar; rel. Deduzir, concluir. 4.

Tirar ilações; t.-rel. pregar, ensinar.

• Argumentativo, adj. Que envolve argumento.

Isto posto, a ação de argumentar, segundo Othon Garcia (1967) pode

ser predicada por: servir-se de argumento, discutir, raciocinar, deduzir, concluir,

tirar ilações, pregar, ensinar.

A argumentação vem sendo tratada, desde a velha retórica. Em 1970,

Perelman e Tyteca apresentam a nova retórica, de modo a propor a diferença

entre convencer e persuadir o auditório. O persuadir implica levar o outro a

abandonar o que sabia para acatar um conhecimento novo.

Segundo os autores, o ato de convencer se dirige unicamente à razão,

por meio de um raciocínio estritamente lógico, bem como de provas objetivas.

Assim, tal ato é capaz de atingir um auditório universal, não só pelo raciocínio

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lógico e provas objetivas, mas também pelo fato de possuir caráter puramente

demonstrativo e atemporal – as conclusões decorrem naturalmente das

premissas, como ocorre no raciocínio matemático. O ato de persuadir, por sua

vez, procura atingir a vontade, o sentimento dos interlocutores, por meio de

argumentos plausíveis ou verossímeis e tem caráter ideológico, subjetivo,

temporal; dirige-se, portanto, a um auditório particular. Nesse sentido, para quem

se preocupa com o resultado, persuadir é mais do que convencer, pois a

convicção não passa da primeira fase que leva à ação; por outro lado, para quem

está preocupado com o caráter racional da adesão, convencer é mais do que

persuadir, ou seja, ora essa característica racional da convicção depende dos

meios utilizados, ora das faculdades às quais o orador se dirige.

Na persuasão, o indivíduo se contenta com razões afetivas e pessoais, assim se

designa persuasiva uma argumentação que pretende valer só para um auditório

particular e designa-se convincente aquela que deve obter a adesão de todo ser

racional.

Com o desenvolvimento dos estudos relativos à argumentação, entende-se que

a argumentatividade é uma das características da linguagem humana e uma dos

fatores de textualidade. Logo, todos os textos são argumentativos.

É interessante observar que há textos-produtos que não explicitam argumentos

e, outros, sim. Nesse sentido, Vignaux (1976) prefere tratar a argumentação pelo

uso dos argumentos, na construção textual.

Os resultados obtidos das análises indicam que todos os textos dissertativos

selecionados são organizados pelo uso de argumentos de possibilidade,

probabilidade, necessidade; dessa forma, constroem-se os argumentos de

legitimidade e reforço.

No que se refere ao esquema textual do dissertativo de duas Teses, os

resultados obtidos indicam que:

O esquema textual do dissertativo de duas Teses tem as seguintes categorias:

Tese anterior (Tese 1), contra-argumentos, argumentos da Tese 2, Tese posterior (Tese

2) e conclusão da Tese 2. (cf. Silveira, 1944).

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Os textos analisados apresentam uma intersecção do esquema textual do

dissertativo de duas Teses com o esquema textual de estrutura argumentativa,

tendo sido este segundo proposto por van Dijk (1978). Os resultados obtidos das

análises indicam que a categoria Circunstância, proposta pelo autor, define-se por

uma focalização nova (Tese 2) do referente, diversificada da focalização projetada

pela Tese 1, de modo a contrastar Tese 1 com Tese 2.

No que se refere à categoria Tese anterior (Tese 1), os textos

analisados apresentam essa categoria, em seu esquema textual. Trata-se de

projetar um foco no referente textual, para se criar uma circunstância em relação

ao Marco das Cognições Sociais, de cuja circunstância decorre a sua avaliação. O

autor do texto representa a Tese 1 de forma negativa, a partir da causalidade

atualizada por ele. No que se refere ao texto-produto, as informações, agrupadas

pelas diferentes categorias do esquema textual dissertativo de duas Teses, não

são expressas, obrigatoriamente, por uma ordenação no texto-linear enunciado.

No que se refere à categoria contra-argumentos, os autores situam a Tese

anterior (Tese 1) para o auditório e a contra-argumentam, recorrendo ao saber

pré-construído do seu auditório. Assim, por meio de uma nova avaliação, o autor

atribui valor negativo à Tese 1, para induzir seus leitores a abandonarem o que

sabiam. Nesse sentido, a Tese 1 torna-se contrastante, em relação à Tese

posterior (Tese 2). Os contra-argumentos podem ser utilizados para opor opiniões

ou para complementar a Tese 1. Segundo Silveira (1994), é possível seguir a

seguinte formalização: “não X, só Y” (oposição) e “não só X, também Y”

(complementaridade).

Logo, os textos dissertativos de duas Teses são direcionados a um

tipo de auditório que tem um conhecimento avaliativo (Tese 1), a respeito de um

determinado assunto. O autor tem por intenção induzir o seu auditório a

abandonar o que sabia e a aceitar o saber avaliativo novo, defendido pelo autor do

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texto. Desse modo, todos os textos dissertativos de 2 Teses apresentam-se com a

categoria Contra-argumentos para desvalorizar a Tese 1.

No que se refere à categoria argumentos da Tese 2, os autores utilizam

a explicitação dos argumentos da Tese 2, como a justificativa do saber avaliativo

novo declarado como Tese 2. Assim, os leitores recebem novas informações, em

forma de argumentos, que objetivam que esses leitores dêem sua aceitação à

Tese 2.

Os argumentos implicam conhecimentos, selecionados no Marco das

Cognições Sociais; por isso, os autores argumentam para justificar a sua Tese 2,

em relação à nova focalização, projetada no referente textual. De forma geral, os

textos analisados apresentam um maior número de argumentos, em relação a

seus contra-argumentos. O uso argumentativo é realizado por argumentos de

necessidade, de possibilidade e de probabilidade.

No que se refere à categoria tese posterior (Tese 2), os autores dos

textos-produtos iniciam seus textos com palavras que apresentam o referente, sua

focalização e avaliações positivas e negativas atribuídas, e a causa da Tese 2

apresentada como forma de opinião-tese a ser acatada. Então, os autores

persuadem os leitores a abandonarem o que sabiam, pela relação opositiva entre

a Tese anterior (Tese 1) e a Tese posterior (Tese 2), estabelecida pelos autores.

Esse esquema textual é selecionado, quando a condição de

produção discursiva é caracterizada pela intenção de persuadir os leitores.

No que se refere à conclusão da Tese posterior (Tese 2) – os

autores avaliam o confronto entre as duas Teses, de modo a privilegiar a segunda

como avaliação positiva. Sendo assim, a conclusão é construída, a partir de uma

situação conflitante, o embate de duas Teses.

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Por conseguinte, um esquema textual defini-se por categorias e

regras de ordenação; tal esquema é um modelo mental, selecionado para

organizar, esquematicamente, um determinado tipo de texto.

4.3.2 A condição de produção discursiva

No que se refere à condição de produção discursiva, os autores

dos textos dirigem-se a um auditório, caracterizado por eles como pessoas que

têm conhecimentos, armazenados na Memória Social de Longo Prazo, a respeito

do tema e/ou da área tratada. Dessa forma, atribuem a seus interlocutores um

saber anterior que deve ser abandonado para que haja a aceitação da opinião

expressa pelo autor. Logo, há um EU que tem por intenção persuadir o OUTRO,

para acatar o saber novo representado em língua, no texto-produto.

Esse resultado confere com os resultados obtidos por Silveira

(1994), ao tratar das duas condições de produção discursiva do dissertativo,

inserido na classe textual opinativa.

4.3.3 A organização textual da opinião

No que se refere à organização textual da opinião, os

textos estão organizados por elementos que apresentam predicações com pontos

de intersecção e diversificados entre si.

A relação entre esses termos está organizada pela

regra da causalidade, como forma de justificativa da Tese defendida pelo autor, a

conseqüência, ou seja, como forma de avaliação dos termos apresentados. Assim

sendo, o texto está tecido com a opinião de leitores que conhecem a Tese 1 e de

escritores que apresentarão contra-argumentos e argumentos para provarem a

validade da Tese 2. Assim, ocorre a organização textual:

• causa

• opinião de conhecedores

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• Tese 1 do autor.

• causa

• opinião de especialistas

• Tese 2 do autor

Em relação às análises realizadas, observa-se, também, que, enquanto a

regra de causalidade é relativa ao uso dos argumentos, a focalização do referente

é importante para a construção da circunstância. Neste contexto, a opinião, vista

como Tese, só pode ser construída, em cada texto, na medida em que se criou um

ponto de vista novo para representar o referente textual; nestas condições, tal

referente se torna discutível, e não, algo constatável, como necessariamente

verdade.

4.3.4 O uso de argumentos

No que se refere ao uso de tipos de argumentos, os

resultados obtidos indicam que, conforme a justificativa se relaciona com a

conclusão, há uma modalização que percorre da necessidade, passa pela

possibilidade até atingir a probabilidade.

Dessa forma, os autores usam argumentos de

necessidade, quando as provas apresentadas são generalizáveis, enquanto

crenças, pois as informações selecionadas participam do Marco das Cognições

Sociais.

O uso de argumentos de probabilidade é atualizado,

quando a prova apresentada - o acontecido, os fatos - não é suficiente para

realizar a generalização proposta pelo autor. O uso de argumentos de

possibilidade remete-se ao acontecível que se situa na incerteza do futuro; assim

se constroem dois mundos possíveis do futuro: é possível que isso ocorra no

mundo 1 e, ao mesmo tempo, é possível que isso não ocorra no mundo 2. Esses

usos de argumentos conferem resultados apresentados por Vignaux (1976) e por

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Toulmin (1958); quanto ao esquema textual dos argumentos, os resultados obtidos

conferem a superestrutura argumentativa de van Dijk (1978) que a propõe como a

estrutura argumentativa. Nela, estão categorizados os argumentos de legitimidade

e de reforço, encontrados nos resultados obtidos da análise realizada.

Verificou-se, também, que os argumentos de

necessidade, probabilidade e possibilidade dão legitimidade argumentativa ao

autor, ao mesmo tempo, em que são utilizados como reforço argumentativo. Tais

argumentos são definidos pelo recorrer às formas de conhecimentos sociais que

constroem o Marco das Cognições Sociais. Dependendo de como se estabelece a

relação EU-TU, o Marco das Cognições Sociais é relativo ao grupo social de

pessoas comuns ou de especialistas na questão tratada. Observa-se que a

presença de especialistas está diretamente ligada ao discurso científico que se

projeta no discurso acadêmico.

Os argumentos de reforço são usados para reiterar

formas de conhecimento que são justificativas da Tese do autor. De certo modo,

os argumentos de reforço priorizam o ponto de vista do seu autor, de forma que,

pela repetição de sentidos em casos diferentes, persuada os leitores a darem suas

adesões à opinião do autor que é a Tese 2.

Em síntese, os resultados obtidos indicam que o

dissertativo de duas Teses é um tipo de texto da classe opinativa que, por sua

vez, pode sofrer modificações, dependendo de como o auditório é representado

pelo produtor. Em relação ao uso dos argumentos do dissertativo de duas Teses,

os resultados obtidos indicam que são explícitos e compreendem contra-

argumentos e argumentos para justificar a conclusão final, com legitimidade sócio-

cognitiva.

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CONSIDERAÇÕE FINAIS

Ao término desta dissertação, são tecidas algumas considerações que

compreendem a revisão dos objetivos, a verificação da hipótese e a apresentação

de novas perspectivas.

No que se refere aos objetivos, acredita-se que os resultados obtidos,

apresentados e discutidos nesta dissertação, possam trazer alguma contribuição

para o desenvolvimento de tipologias textuais, a partir da hierarquia entre classe

de texto e tipos textuais. A classe apresentada é a opinativa e o tipo é o

dissertativo acadêmico, modificado em dissertativo de uma Tese e dissertativo de

duas Teses.

Esta pesquisa realizada objetivou conferir os resultados apresentados por

Silveira (1994/2004), ao tratar da tipologia dos discursos científicos, o

dissertativo de uma Tese e de duas Teses. Com efeito, os resultados conferem

com a descrição textual, proposta pela autora.

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No que se refere aos objetivos específicos, tem-se: 1) descrever os esquemas textuais do dissertativo de uma Tese e de duas

Teses.

Este objetivo foi cumprido, pois, há dois esquemas textuais típicos para a

formalização da opinião acadêmica: dissertativo de uma Tese e dissertativo de

duas Teses.

O dissertativo de uma Tese tem seu esquema textual, definido pelas

seguintes categorias textuais de tal forma ordenadas: Texto-reduzido, Texto-

expandido e Conclusão.

O dissertativo de duas Teses apresenta-se com o seguinte esquema

textual : Tese 1, Contra-argumentos, Argumentos e Tese 2.

2) examinar as condições de produção discursiva dos tipos de texto

O cumprimento deste objetivo permitiu diferenciar duas condições de

produção discursiva distintas, dependendo de como se caracteriza o auditório:

• a condição de exposição

• a condição de confronto de teses

O auditório, na condição de exposição, é caracterizado como não

especialista no tema tratado, não tendo, portanto, conhecimentos relativos a ele,

armazenados na Memória de Longo Prazo dos interlocutores. Sendo assim, o

autor apresenta uma Tese e, a fim de obter a adesão do auditório, constrói para

este auditório os sentidos mais globais, no Texto-reduzido. A seguir, explicita

conhecimentos que o autor imagina não serem conhecidos pelos interlocutores, de

forma a obter deles a adesão.

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Ao confrontar Tese 1 com Tese 2, o auditório é caracterizado como

especialista no tema tratado, tendo, portanto, conhecimento de uma Tese, a

respeito da questão tratada. Dessa forma, o autor confronta a Tese anterior com

uma Tese posterior e, a fim de obter a adesão de seu auditório para a Tese

defendida pelo autor, contra-argumenta a Tese 1, de forma a minimizá-la, e

argumenta a Tese 2, de forma a maximizá-la.

3) a organização textual da opinião

Este objetivo foi cumprido, na medida em que os textos dissertativos de

uma Tese estão organizados pela apresentação de uma opinião, vista como uma

forma de avaliação negativa ou positiva do que acontece no mundo. Nesse

sentido, é articulado um grupo social não conhecedor do tema ou da área

específica, com o conhecimento avaliativo do autor a respeito deste tema, pois

este tanto conhece o tema quanto a sua área específica. Assim sendo, a

organização textual da opinião decorre de um conjunto de explicitações de

conhecimentos, julgados necessários, pelo autor, para que o auditório acate sua

opinião: conjunto de conhecimentos a respeito do que está sendo avaliado. A

opinião é construída com a projeção de uma escala de valores, a partir do que foi

focalizado no referente textual.

No que diz respeito aos textos dissertativos de 2 Teses, os textos são

tecidos com a oposição de duas Teses, apresentadas como formas avaliativas a

respeito de algo ou alguém. Tanto auditório quanto autor têm conhecimentos

relativos ao referente textual, sendo, portanto, capazes de opinar a respeito deste

referente. A organização textual compreende a mudança no foco projetado no

referente, criando um outro estado de coisas para o mesmo. Dessa forma,

confrontar Teses implica opor focalizações, a partir das quais se opõem

avaliações distintas. Para contra-argumentar, o autor, estrategicamente, minimiza

a avaliação da Tese 1 e atribui a ela uma avaliação negativa; já os argumentos

maximizam a Tese 2, de forma a atribuir a ela valor positivo. Estes contra-

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argumentos e argumentos são construídos com a variação de modalidades que

liga premissa-hipótese e conclusão.

4) o uso de tipos de argumentos

Este objetivo foi cumprido e verificou-se que tanto os textos de uma Tese

quanto os de duas Teses usam os mesmos tipos de argumentos. Os resultados

obtidos indicam que, conforme a premissa-hipótese se relaciona com a conclusão,

há uma variação modal que percorre da necessidade, passa pela possibilidade até

atingir a probabilidade.

Constatou-se que os autores usam argumentos de necessidade, quando

as provas apresentadas são generalizáveis, na medida em que são conhecidas

como representação de resultados obtidos a respeito de referentes do mundo. O

uso de argumentos de probabilidade implica ser a prova apresentada não

suficiente para justificar a generalização proposta pelo autor, embora relativa ao

mundo real. O uso de argumentos de possibilidade constrói dois mundos

possíveis, relativos à incerteza do futuro, pois no momento são comprováveis: é

possível que isso ocorra no mundo 1; é possível que isso não ocorra no mundo 2.

Os argumentos de necessidade, probabilidade e possibilidade dão

legitimidade argumentativa ao autor que, para usá-los, recorre às formas de

conhecimentos sociais que constroem o Marco das Cognições Sociais de

especialistas na questão tratada. Observou-se que a presença de especialistas,

bem como o uso dos argumentos indicados caracteriza o discurso científico; este,

nos textos analisados, está modificado no acadêmico e no discurso de divulgação

científica.

Os argumentos de reforço são usados para reiterar formas de

conhecimento que são justificativas da Tese do autor. De forma geral, os

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argumentos de reforço priorizam o ponto de vista do autor que objetiva a adesão

dos leitores para a sua opinião.

No que se refere à hipótese:

A hipótese que orientou a investigação realizada mostrou-se adequada,

pois o texto dissertativo é um tipo de texto que pertence à classe opinativa. Este

tipo se modifica, dependendo das condições de produção discursiva, e se

apresenta formalizado por dois esquemas textuais dissertativos, no discurso

acadêmico, que são selecionados como modelo para a produção de redação do

dissertativo.

Esta dissertação não se quer conclusiva e propicia, com seus resultados

obtidos, a abertura de novas perspectivas para o estudo e elaboração de

tipologias textuais. Neste contexto, faz-se necessário detectar quantas são as

classes textuais e de que forma estas podem ser caracterizadas, com a finalidade de os tipos de texto poderem ser agrupados por tais classes. Entende-se que essa

tarefa será cumprida, na medida em que se descreverem outros esquemas

textuais e situá-los na dimensão do discurso. No que se refere ao dissertativo no

discurso científico, faz-se necessário, ainda, examiná-lo em outras condições de

produção discursiva, como por exemplo, o discurso científico da pesquisa, da

revisão e do ensaio.

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