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A técnica do spiral taping e suas aplicações
Raimundo Nonato da Silva Menezes1
e-mail: [email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Acupuntura – Faculdade Ávila
Resumo
Aprimorada pelo acupunturista Nabutaka Tanaka em 1980, a técnica do Spiral Taping vem
ganhando espaço no que se diz sobre tratamento para alívio da dor, na reabilitação
neuromuscular e até em harmonização energética do organismo.Trata-se de aplicação de
tiras de esparadrapo com larguras específicas, de forma estratégica e sem medicamentos, nas
áreas afetadas, tendo efeito antiinflamatório, analgésico, de sinergismo muscular e
proporcionando equilíbrio energético. Essa técnica tem como vantagem não ser invasiva,
apresentar baixo custo, facilidade na aplicação, rápido resultado e acessibilidade do
material usado. O trabalho a seguir dá informação sobre a técnica da terapia do
esparadrapo, mostrando sua utilidade, eficiência e a possibilidade de associar aos
conhecimentos da Medicina Tradicional Chinesa.
Palavras chave: Spiral Taping; terapia do esparadrapo; esparadrapoterapia.
1. Introdução
Usando linhas adesivas distintas entre si, a esparadrapoterapia é uma técnica japonesa
aprimorada através de várias pesquisas realizadas pelo acupunturista e osteopata Nabutaka
Tanaka associou os conhecimentos da acupuntura, cinesiologia, neurologia, ortopedia,
biofísica e desenvolveu o Spiral Taping.
Com colagem de fitas adesivas em lugares determinados e com formatos específicos,
provoca-se um estímulo no sistema nervoso havendo a liberação de substâncias relaxantes
musculares, analgésicos e antiinflamatórios, fazendo com que essa terapia seja indicada para
doenças osteomusculares.
Devido a essa resposta eficaz, a técnica tem sido difundida no meio esportivo no Japão,
Coréia, EUA, Tailândia e, no Brasil, pelo médico Tamadassa Yamada desde 1996.
Segundo Spiralle (2010) por apresentar versatilidade, essa técnica pode ser associada a outras
tais como acupuntura, massagem e fisioterapia, proporcionando bem estar para aqueles que
convivem com a dor.
Há uma teoria de que o material adesivo, quando tensionado, age mecanicamente,
minimizando o quadro traumático e restabelecendo a atividade muscular normal. Neste
sentido, alguns exemplos da aplicação de tiras adesivas, visando o aspecto funcional, são
comumente endereçados à patela e ao vasto medial oblíquo, além das escápulas e dos
trapézios. Outros autores, no entanto, sugerem que a ação do taping se dá por efeitos
neuromusculares, frutos de uma maior retro-alimentação proprioceptiva, que é proporcionada
pelo material, quando em contato com a pele demonstraram que o taping promove uma maior
1 Pós-graduando em Acupuntura.
2 Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito
em Saúde.
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capacidade de percepção de posicionamento no espaço em tornozelos hígidos. Quanto ao
material adesivo aplicado, não há informações sobre a presença ou não de qualquer tipo de
substância medicamentosa.
No que se refere aos protocolos de aplicação do taping, é possível encontrar diferenças quanto
à terminologia empregada e na forma como as tiras são colocadas sobre a pele.
Para Olausson et al. (2000), no entanto, os resultados parecem variar muito quanto à
disposição das mesmas que, segundo a teoria tradicional japonesa, deve seguir o sentido de
uma “espiral de energia predominante” do indivíduo. Levando-se em conta o ponto de vista
do examinador, 95% das pessoas parecem apresentar a espiral predominante ascendendo da
direita para a esquerda, ou dominante, enquanto os 5% restantes apresentam a mesma espiral
ascendendo da esquerda para a direita, ou recessiva.
Os mesmos autores salientam ainda que a avaliação do sentido da espiral predominante
costuma ser realizada por meio de uma técnica, também oriental, denominada O’RING test.
Contudo, as espirais também parecem estar sujeitas à troca de sentido em determinadas
situações ainda desconhecidas, mas que poderiam estar relacionadas a processos patológicos
e/ou emocionais, inclusive na modulação da produção de força pelo corpo humano.
2. Definição
Mancuso (2011), Haddad (2007), Caraciki (2006), Harikyu( 2012), Connepi (2010) e Dutra
(2012) dividem a sobre a mesma opinião sobre a definição da técnica do esparadrapo.
Relatam que é uma técnica japonesa, mioarticular que usa bandagens terapêuticas feitas por
fita adesiva – esparadrapo em forma de espiral (spiral taping), de retículo (cross taping) ou em
células no formato circular, quadrado, estrela ou em xis, sem medicamento associado e em
local adequado, fazendo efeito no sistema músculo esquelético nos casos de entorse, edemas e
outras patologias. O resultado obtido com essa técnica, de aproximadamente 20 anos, segundo
os autores acima é de melhora imediata do problema.
Mancuso (2012) conceitua a Esparadrapoterapia como uma técnica japonesa que se utiliza de
bandagens terapêuticas por fitas adesivas em forma de espiral . Tem efeito potente e eficaz
nas algias do sistema muscular.
Já Dutra (2012) diz que a taping terapia ou spiral taping é uma técnica de tratamento que
consiste na colagem de fitas adesivas sobre a pele e que a aplicação correta das fitas adesivas
(esparadrapo) sobre o ponto específico da dor proporciona uma melhora imediata do
problema.
Serrão (2007) narra que a Técnica do Esparadrapo consiste em aplicar tirinhas de
esparadrapo, sem medicamentos sobre a pele com fins terapêuticos.
O spiral taping tem ação em vísceras, órgãos e em quadros emocionais e isso é devido a um
nervo que abrange a pele, músculos e vísceras. Caso um desses órgãos apresente uma
disfunção, pode haver a contratura ou dor no músculo associado. Se houver fator irritante do
tecido pode afetar a função visceral.
3. Histórico
Este trabalho apresenta uma técnica recente, de mais ou menos vinte anos, onde o ortopedista
e acupunturista Nabutaka Tanaka observou que a direção em que se aplicava as bandagens
influenciava na resposta de melhora do paciente.
Mancuso (2012) e Gomes (2012) descrevem que a direção da bandagem que se apresenta
mais eficiente é da extremidade para o centro, direcionado para esquerda, proporcionando
assim alívio das dores, relaxamento dos músculos e aumento da força muscular.
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Devido a esse efeito surpreendente, Nabutaka Tanaka concentrou suas pesquisas durante
cinco anos, nos grupamentos musculares ao redor de cada articulação, observando um
formato espiralado nas linhas traçadas nessas áreas.
Em 1985, associando a conhecimentos da área de acupuntura cinesiologia, neurologia,
ortopedia e biofísica, a denominação da técnica foi mudada de Spiral Balance para Spiral
taping.
Durante a maratona de Hákone Ekiden, em 1994, a técnica de Spiral taping foi demonstrada
na equipe da universidade de Yamanashi, que apresentou melhora significativa no
desempenho dos atletas.
Desde então, essa terapia passou a ser difundida em todo Japão.
Spiralle (2012) informa que a técnica vem sendo difundida no Brasil, desde 1996 pelo médico
japonês Tamadassa Yamada com bastante sucesso.
4. Mecanismo de ação
A técnica do esparadrapo tem como princípio a colagem de fitas adesivas em locais pré
determinados do corpo, com formato específico, isenta de medicação, dando estímulo cutâneo
que ativará o sistema nervoso.
Mancuso (2012) e Dutra (2012) explicam que tais informações são levadas ao cérebro pelas
vias motoras e pelo sistema nervoso autônomo acarretando em melhora na circulação,
regularização do metabolismo e do tônus muscular, além de liberação de substâncias
analgésicas e antiinflamatórias, fazendo com que esse tratamento seja indicado para
reumatismo, artrite, lesões ocasionadas por prática de esporte ou decorrente de esforço
repetitivo.
Além de agir em todo sistema mioarticular, a técnica do Spiral taping, segundo Serrão (2007)
proporcionam estímulos de ação reflexa no hipotálamo surtindo efeito nas vísceras (reflexo
cutâneo visceral), glândulas, músculos e proporcionando o aumento de mediador químico
serotonina, que tem ação direta em quadro de angústia e depressão.
Na área da fonoaudiologia, essa técnica tem sido usada, com sucesso, no tratamento de
distúrbio de fala.
5. O tratamento
O início do tratamento com a Técnica do esparadrapo dá-se com o uso do O`Ring Test ou
teste bi-digital ou teste neuromuscular do anel, que consiste em uma investigação clínica não
invasiva, segundo http://www.ambbdort.org.br/. http://xa.yimg.com/ explica que essa técnica
consiste em realizar um anel com o primeiro e terceiro dedos da mão esquerda e puxar esse
elo com o segundo dedo da mão direita.
O uso desse procedimento proporciona um tratamento mais preciso, pois pergunta ao próprio
corpo o que deve e como se deve fazer o tratamento.
Dessa forma pode-se definir a direção da fita (direita e esquerda), identificando se a lesão é de
ordem traumática ou orgânica, se a dor é por causa orgânica, qual taping é o mais adequado e
qual a dose de estímulo deve ser usada.
Além dessas orientações Serrão (2007) ainda acrescenta que o O`Ring Teste, conforme
ilustram as figuras 1 e 2, ajuda a definir a largura da fita adesiva (de 3 a 5 mm) e o tipo de tira
a ser usada (articular ou muscular).
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Fonte: http://xa.yimg.com
Figura 1 e 2- O-ring test direto
Quando houver mais de uma lesão e tiver a necessidade de determinar qual lesão terá
prioridade no tratamento, usa-se o teste de rotação cervical ou o uso do O`Ring test no ponto
P10 (ponto GYOSAI).
Para a linha de pesquisa e tratamento que não optar em usar o teste neuromuscular do anel, a
técnica do esparadrapo disponibiliza uma grande listagem de protocolos pré determinados.
Após esse procedimento, realiza-se uma anamnese direcionada, determinando qual tipo de
malha será usada no tratamento, de acordo com a figura 3.
Fonte: http://www.terapiadecaminhos.com.br
Figura 3 – Tipos de Malhas
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1 - SOS – Como o nome indica, é uma malha de socorro que deve ser usada para acalmar a
dor.
2 – ARTICULAR - Quando a dor é articular.
3 – MUSCULAR – Quando a dor é muscular.
4– JOGO DA VELHA – Geralmente colocada na parte posterior do corpo.
5 – CÍRCULO OU CÉLULA – Funciona quase igual ao SOS.
6– LOSANGO – Também quase igual ao SOS (é um quadrado na posição de losango).
7 – PONTOS CARDEAIS - Usados nos casos de necessidade de drenar o local em que há
inchaço ou edema
Mancuso (2012) e Spiralle (2012) indicam a aplicação da técnica duas vezes por semana,
devendo as fitas permanecer por três dias. Após esse prazo, o paciente deverá retornar para
uma consulta e ser reavaliado pelo terapeuta. Se a s fitas de esparadrapo permanecerem por
mais tempo que o indicado, poderá causar efeito contrário.
Caraciki (2004) alerta que é importante a avaliação do paciente no ponto Yote (TA4), com o
O`Ring Test, caso este seja escolhido como auxílio o diagnóstico, antes e depois da aplicação
das tiras.
IMES (2012) alerta que o resultado de uma boa colagem tem o resultado forte no O`Ring test
no ponto Yoti e sobre as fitas, o resultado é fraco.
6. Indicação e contra indicação
O spiral taping é uma técnica recente e vem ganhando adeptos na prática devido a sua eficácia
e fácil tratamento. Porém, de acordo com profissionais da área, a mesma apresenta indicações
e contra indicações.
Mancuso (2012) indica a técnica para tratamento de reumatismo, atrite, lesões oriundas de
prática de esporte ou decorrente de esforço repetitivo, já que há a promoção de estímulo que
ativa o sistema nervoso, liberando substâncias que relaxam a musculatura, antiinflamatórias e
analgésicas.
Dutra (2012) complementa que qualquer pessoa pode se submeter ao tratamento, desde
crianças até idosos, com ressalva para bebês que tem a pele muito sensível. A mesma autora
ainda explica que é uma opção de tratamento para pessoas com medo de agulha, dificultando
assim o uso da acupuntura.
Além disso, Dutra (2012) acrescenta que problemas ortopédicos como lombalgia, ciatalgia,
hérnia de disco, cervicobraquialgia, bursite, torção, artrose, dores articulares e musculares se
encaixam no tratamento com spiral taping.
Em relação a contra indicação há uma certa divergência de opiniões.
Mancuso (2012) e Spiralle (2012) afirmam que a técnica do esparadrapo não possui contra
indicação. Porém a mesma sugere cautela com o uso nos primeiros meses de gestação, sobre
lesões cutâneas, em pessoas que apresentam câncer, pacientes que esteja em tratamento com
correntes elétricas, bandagens ou outros tipos de adesivos.
Por outro lado, Caraciki (2006) compartilha com a mesma opinião de Azevedo (2012) que o
spiral taping não deverá ser usado em situações que apresente fraturas, luxação , ruptura de
ligamentar ou tendinosa.
Serrão (2007) alerta a importância de realizar uma boa anamnese e verificar a
hipersensibilidade ao material usado na esparadrapoterapia. Caso o paciente não saiba, a
técnica seja aplicada e o mesmo apresentar ardência ou coceira, o esparadrapo deverá ser
removido imediatamente.
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Facenf (2012) ressalta que essa técnica não deve ser usada em tratamentos de patologias
originada por desordens metabólicas e/ou funcionais por ainda não apresentar estudos que
comprovem sua eficácia.
7. Relação do spiral taping com a medicina tradicional chinesa
A técnica do spiral taping permite a associação com outras terapias inclusive a acupuntura.
Isso é observado quando Pascoeto (2005) e Mancuso ( 2011) relatam que nessa técnica há a
possibilidade de mesclar os conhecimentos da medicina ocidental e oriental, já que essa
terapia permite o tratamento tanto da parte física quanto da parte energética, usando pontos de
acupuntura e a teoria da Medicina Tradicional Chinesa, promovendo o reequilíbrio do fluxo
energético através das fitas de esparadrapo que funcionam como ponte restabelecendo a
circulação energética do corpo.
Caraciki (2006) enfatiza que os meridianos são estimulados nessa técnica, só que usando as
fitas de esparadrapo de forma estratégica no lugar das agulhas sendo uma ótima alternativa
para quem tem medo de agulha.
Serrão (2007) sugere alguns protocolos complementares que utilizam apenas células ou
pequenas tiras em xis nos pontos de acupuntura:
- Para cólica menstrual o autor acima sugere a aplicação de uma célula no ponto BP6;
- Para insônia, duas células, uma acima de cada sobrancelha;
- Para reduzir o sono, coloca-se uma célula no ponto VG26;
- Para angústia e tosse, a sugestão é colocar uma célula no topo do osso esterno, no ponto
VC22;
-Para cãibras, colocar uma célula no ponto VB 31.
Algumas células, quando colocadas em pontos de acupuntura, podem causar reação reflexa
em alguns órgãos como exemplo:
VC12 – reação reflexa no estômago e nos músculo reto abdominal;
VB 25 - Reflexo nos rins e no músculo quadrado lombar;
VC 15 - Reflexo no coração e músculos do diafragma;
F 14 - Reflexo no fígado e músculo oblíquo do abdômen;
VC 3 - Reflexo na bexiga;
VC 4 - Reflexo no duodeno;
P 1 - Reflexo nos pulmões e músculos peitorais.
8. Metodologia
Adotou-se neste artigo o método dedutivo, que parte de uma observação geral para uma
particular.
De acordo com Lakatos e Marconi (2001, p. 56) “o método dedutivo, de acordo com a
acepção clássica, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. Parte de
princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de
maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica”.
O protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo, que consiste numa construção lógica que, a
partir de duas preposições chamadas premissas, retira uma terceira, nelas logicamente
implicadas, denominada conclusão.
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Foi utilizado um procedimento exploratório, na qualidade de parte integrante da pesquisa
principal, como o estudo preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o
instrumento de medida à realidade que se pretende conhecer.
Segundo Nascimento (2008, p. 39) em outras palavras, “a pesquisa exploratória, ou estudo
exploratório, tem por objetivo conhecer a variável de estudo tal como se apresenta, seu
significado e o contexto onde ela se insere. Pressupõe-se que o comportamento humano é
melhor compreendido no contexto social onde ocorre”.
Nessa concepção, esse estudo tem um sentido geral diverso do aplicado à maioria dos
estudos: é realizado durante a fase de planejamento da pesquisa, como se uma subpesquisa
fosse e se destina a obter informação do Universo de Respostas de modo a refletir
verdadeiramente as características da realidade. Assim, tem por finalidade evitar que as
predisposições não fundadas no repertório que se pretende conhecer influam nas percepções
do pesquisador e, conseqüentemente, no instrumento de medida.
Adotou-se neste trabalho as técnicas que envolvem pesquisa bibliográfica, consultas à web e
pesquisa documental.
Para Nascimento (2008, p. 37) “a principal forma de coleta de dados é a leitura (livros,
revistas, jornais, sites, CDs etc.), que certamente é utilizada para todos os tipos de pesquisa.
Esta técnica também é chamada de pesquisa bibliográfica”.
O ponto de partida foi a realização de uma pesquisa bibliográfica, efetivada por meio de
levantamento e leitura do material bibliográfico acerca do objeto da pesquisa,
complementando o estudo e análise dos assuntos pertinentes ao tema.
Após serem catalogados e devidamente separados os materiais que embasem a pesquisa,
foram feitos fichamentos acerca dos temas e após isso, uma extração do que realmente
enriqueceria a pesquisa ora proposta.
9. Resultado e Discussão
De acordo com Schwelzer (2000), a técnica oriental conhecida como Taping, consiste na
aplicação de tiras adesivas sobre a pele de pacientes em busca de uma melhora no quadro
funcional, sendo considerada uma forma alternativa de tratamento, acreditando-se ser útil na
prevenção de lesões ósteomioarticulares e no processo de reabilitação das mesmas.
É amplamente utilizada por fisioterapeutas que atuam em clubes e academias, com o objetivo
de permitir que atletas e praticantes de atividade física regular possam desempenhar suas
tarefas com o mínimo de conforto possível, quando estes apresentam algum tipo de
acometimento desta natureza. Entretanto, apesar da popularidade do método, poucos são os
estudos encontrados na literatura que discutem os possíveis mecanismos fisiológicos ou
mecânicos envolvidos no mesmo, apesar dos relatos de que, na sua grande maioria,
proporciona uma melhora quase que total após a aplicação da técnica.
Parte da medicina oriental discute a relação entre o equilíbrio e o desequilíbrio de forças
internas e externas que atuam sobre o corpo e que estas, quanto alteradas, poderiam ser
restabelecidas por meio de técnicas tais como o Spiral Taping. Esta técnica preconiza que o
corpo possuiria duas espirais de energia, e que quando a espiral predominante é dita
“enfraquecida”, esta poderia ser corrigida com a aplicação de esparadrapo no sentido correto,
o que corrigiria os vetores de força atuantes sobre o corpo, alinhando-os e normalizando as
forças atuantes sobre o mesmo.
Visando relacionar a teoria oriental da técnica a partir de uma fundamentação
neurofisiológica, parte-se do princípio de que qualquer material em contato com a pele poderá
estimular grupos específicos de receptores cutâneos. Mais precisamente, podem-se destacar os
receptores cutâneos da pele pilosa, que são os do tipo Pacinni e Ruffi ni, que como
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mecanoreceptores, são sensíveis às tensões e vibrações que são aplicadas na pele. Além disso,
sabe-se que estes receptores cutâneos possuem respostas diferenciadas quanto à direção do
estímulo gerado.
Como a pele está sofrendo diferentes forças constantemente, os receptores cutâneos, por sua
vez, estarão sendo estimulados continuamente. Com a aplicação do material adesivo
(esparadrapo), alguns destes receptores podem sofrer resistências em direções relativas à sua
distribuição sobre a pele. Portanto, é pouco provável que haja alguma acomodação no envio
de informações ao sistema nervoso central por parte destes receptores com o tempo.
Desta forma, a cada novo movimento, novos potenciais de ação serão gerados, provendo
informação a partir da área estimulada. A única forma desse processo não acontecer é se o
segmento for imobilizado com esparadrapo, o que nãopermite uma boa realimentação
sensorial, e tende a diminuir a propriocepção do indivíduo.
Segundo Grandori e Pedotti (2006), os corpúsculos de Pacini tendem à hiperpolarização
quando são estimulados em uma determinada direção e tendem à despolarização quando são
estimulados em uma nova direção, sendo esta perpendicular à anterior. Olausson et al. (2000)
observaram que estes receptores diminuíram signifi cativamente sua atividade basal quando
seguiram a direção da espiral esquerda (de 14 impulsos/segundo para 4 impulsos/segundo) e
aumentaram quando seguiram o estímulo da espiral direita (de 14 impulsos/segundo para
valores de aproximadamente 16 impulsos/segundo).
Heit et al. (2006) mostraram que a aplicação de esparadrapo aumenta a entrada proprioceptiva
e permite um posicionamento mais adequado das articulações (figuras 4 e 5) e, assim como
Karlsson e Andreasson (2002), sugerem que um aumento no estímulo proprioceptivo cutâneo
pode aumentar o número de unidades motoras recrutadas e com isso a efi ciência na força da
contração. Do ponto de vista anatômico, algo que justifica a presença deste mecanismo é o
fato de que o corno dorsal da medula manda expansões diretas e indiretas para os cornos
anterior e lateral do mesmo segmento medular através das fibras proprioespinhais
(interneurônios medulares), e indiretas para níveis acima e abaixo do nível de entrada através
das fibras interespinhais.
Fonte: http://www.terapiadecaminhos.com.br
Figura 4 - Esparadrapoterapia para dor lombar (lombalgia)
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Fonte: http://xa.yimg.com
Figura 5 - Esparadrapoterapia para dor lombar
No que se refere aos efeitos do material adesivo sobre os receptores cutâneos, interessam-nos
as vias indiretas proprioespinhais relacionadas ao toque. Kandell (2003) mostra que os
receptores cutâneos enviam expansões excitatórias para os interneurônios inibitórios do tipo
Ib. Estes neurônios são conhecidos pela sua atuação inibitória no corno anterior da medula
ipsilateralmente à raiz de entrada do estímulo.
A partir destas vias, apóia-se a teoria de que a colocação do esparadrapo no sentido da espiral
esquerda produza uma redução na freqüência de estímulos destas terminações para a medula.
Portanto, a somação temporal que existia sobre o interneurônio inibitório do tipo Ib diminui.
Sendo assim, o corno anterior ipsilateral da medula passa a receber menos aferências
inibitórias e o segmento fi cará facilitado pela diminuição da inibição. Portanto, sugere-se que,
quando são colocados esparadrapos no sentido da espiral direita há um aumento na freqüência
de estímulos dessa terminação cutânea para a medula e, assim, a somação temporal e
espacialque existia sobre o interneurônio inibitório do tipo Ib aumenta. Logo, o corno anterior
ipsilateral da medula passa a receber mais aferências inibitórias e o segmento tenderá a uma
hiperpolarização, e exigirá mais potenciais de ação para que ocorra uma contração
(OLAUSSON et al., 2000).
A utilização da técnica aqui investigada preconiza que o tratamento deve ser feito apenas
fortalecendo o que estiver fraco, e não o contrário, ou seja, “enfraquecer o que estiver
exacerbado”, conforme ilustra figura 6.
Fonte: Haddad, 2007.
Figura 6 - Bursite
Talvez se possa explicar tal fato quando se observa a freqüência dos potenciais de ação
gerados. Olausson et al. (2000), ao manterem os disparos numa faixa basal de 14
impulsos/segundo, observaram que o aumento de estimulação no interneurônio do tipo Ib que
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se consegue ao se estimular o sentido da espiral não dominante é mínimo (15 a 16
impulsos/segundo), ao passo que a inibição observada no sentido da espiral não dominante é
muito maior (4 impulsos/segundo), ou seja, há menor somação temporal no interneurônio.
Garnett e Stephens (20011) discutem que a estimulação de receptores cutâneos produz uma
alteração no limiar de excitação da musculatura e que pode, de fato, facilitar ou inibir a
mesma, ou até alterar a ordem de recrutamento das unidades motoras.
Entretanto, em relação ao protocolo proposto, ao circundar o antebraço poderiam estar sendo
estimuladas tanto a musculatura flexora quanto a extensora, de modo que o efeito do
esparadrapo poderia ser anulado. Além disso, por ter sido um estudo controlado e com a
participação de sujeitos sem a presença de qualquer patologia, suspeita-se da minimização de
qualquer efeito emocional, como é comumente discutido por aqueles que também se utilizam
da técnica.
Outro achado importante deste estudo é que os resultados percentuais encontrados em termos
de predominância do sentido da espiral diferem daqueles apresentados pela literatura que
mostra que aproximadamente 95% das pessoas possuem espiral dominante à esquerda (OE),
enquanto neste trabalho apenas 34,6% dos participantes foram classifi cados como OE.
De acordo com Haddad (2007), as fitas são estrategicamente colocadas na região a ser tratada,
no sentido ou perpendicular às fibras musculares, com o propósito de corrigir fluxo
energético, de acordo com figuras 7 e 8 . Assim, as fitas, de natureza não elástica, são coladas
sobre a pele na forma de SPIRAL (fitas estreitas) ou CROSS TAPE (fitas em formas de
retículos). Não é utilizado qualquer tipo de medicamento, apenas utiliza-se o esparadrapo
comum, aplicado criteriosamente no sentido e locais adequados, após uma análise individual .
Fonte: http://www.terapiadecaminhos.com.br
Figura 7 - Dedos dos pés dormentes
Fonte: Haddad, 2007.
Figura 8 - Enxaqueca hemicraniana
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A spiral taping é aplicada duas vezes por semana, em sessões rápidas. O paciente fica com os
movimentos livres e, depois de duas horas, pode lavar o local sem problemas. O tempo ideal
de permanência das fitas é de três dias e após esse período, a pessoa deverá retornar à clínica
para ser reavaliada pelo terapeuta.
Qualquer pessoa pode se beneficiar desta técnica, desde crianças até idosos, exceto bebês,
pois sua pele é muito sensível. Em atletas, o Spiral Taping mostrou-se um excelente método
de tratamento, tendo sua eficácia comprovada por diversos esportistas tratados nas várias
academias.
9. Conclusão
A esparadrapoterapia é uma técnica recente que vem surpreendendo profissionais da área da
saúde e da Medicina tradicional Chinesa com resultados positivos e imediatos.
Podendo ser aplicada de forma multiprofissional, esta técnica pode ser usada para tratamento
da parte artromuscular, melhorando desempenho esportivo e para regularizar o fluxo
energético do corpo colocando pedaços de esparadrapo em linhas de meridiano.
Mesmo apresentando tal eficácia e ter boa aceitação dentre os profissionais da área da saúde,
o spiral taping é uma terapia que, por ser nova, necessita de estudos mais aprofundados,
desvendando assim outras técnicas de aplicação,aumentando seu espectro de ação tanto na
medicina ocidental como na Tradicional Chinesa.
Por isso, tendo em vista a grande popularização desta técnica como meio alternativo de
otimização da performancede atletas e de tratamento de patologias ósteomioarticulares,
sugere-se que novos estudos sejam realizados com vistas ao aumento da quantidade de
material adesivo colocado e na avaliação de outras regiões do corpo.
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