Anais do VI Seminário de Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos 20 a 24 de agosto de 2018
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Sumário Influencia da estrutura da paisagem sobre a distribuição de borboletas frugívoras no
médio Teles Pires .............................................................................................................................. 6
Variações sazonais na riqueza, abundância e composição de espécies da assembleia de
borboletas frugívoras no médio Teles Pires. ........................................................................... 12
Conectividade da paisagem em matriz de pecuária no Norte do Estado de MATO
GROSSO. ............................................................................................................................................ 18
Controle “in vitro”, utilizando extratos vegetais e tetraciclina no controle de Xanthomonas
campestris pv. Passiflorae. ................................................................................................................. 24
Extrato de Neem no controle Xanthomonas campestris pv. Passiflorae ......................................... 29
Análise comparativa de métodos de determinação de área foliar em Carica papaya L. e Manihot
esculenta Crantz . ............................................................................................................................... 34
ANATOMIA FOLIAR DE Protium tenuifolium var. herbertii Cuatrec. ................................................ 40
DIVERSIDADE DE INSETOS NA HORTA-JARDIM DA ESCOLA MUNICIPAL JARDIM DAS FLORES,
EDUCAÇÃO AMBIENTAL X APRENDIZAGEM. ..................................................................................... 45
METAMORFOSE – UMA INCRÍVEL TRANSFORMAÇÃO ......................................................... 50
LEITURA E REESCRITA DE FÁBULAS – UMA PRODUÇÃO SURPREENDENTE ...................................... 56
Sobrevivência de operárias de Atta sexdens Forel alimentadas com dietas artificiais ................ 62
Comportamento meiótico e viabilidade polínica em Passiflora Edulis Sims. e Passiflora morifolia
Mast. (PASSIFLORACEAE) ................................................................................................................... 67
Índice meiótico e viabilidade polínica em Passiflora miniata Vanderplank e Passiflora foetida
Linn. (PASSIFLORACEAE) ..................................................................................................................... 73
Anatomia foliar de Guarea kunthiana A. Juss. (Meliaceae) ............................................................. 78
Teste de condutividade elétrica em sementes de Cojoba arborea .................................................. 84
Hypothenemus spp. em Plantio de Teca em Alta Floresta-MT ......................................................... 88
Contos e Fábulas: Contribuindo no Processo de Ensino e Aprendizagem dos Alunos do 1º Ano “B”
e “C” da Escola Municipal Jardim das Flores ..................................................................................... 92
Diversidade e Estrutura Filogenéticas de Comunidades Herbáceas em Floresta Estacional Decidual
sobre Afloramento Rochoso na Amazônia Meridional ..................................................................... 95
RESPOSTA ESPECTRAL DE MUDAS DE EUCALYPTUS UROPHYLLA X EUCALYPTUS CAMALDULENSIS
(VM-01) EM CONDIÇÃO DE DEFICIÊNCIA E TOXICIDADE DE BORO. ............................................... 100
Distribuição espacial de Sumaúma (Ceiba pentandra L. Gaertn) na fazenda Chaparral, município
de Nova Monte Verde-MT ............................................................................................................... 105
Potencial Alelopático de Capim Cidreira sobre o Desenvolvimento Inicial de Sementes de Alface
........................................................................................................................................................... 109
Comparação de Métodos de Mensuração de Características Morfológicas em Mudas de Genipa
americana L. ..................................................................................................................................... 116
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Uso de Imagens digitais para caracterização morfológica de sementes de Abóbora (Curcubita
moschata Duch) ............................................................................................................................... 122
Estimativa da viabilidade polínica de Arundina bambusifolia Lindl. alba, através do uso de
diferentes corantes. ......................................................................................................................... 127
Desperdício e reaproveitamento dos alimentos na Escola Municipal Jardim das Flores. ............. 132
Somos Iguais Nas Diferenças Com Os Alunos Do 4º Ano Da Escola Municipal Jardim Das Flores 139
A família Polypodiaceae na coleção do Herbário da Amazônia Meridional- HERBAM ................. 144
Produtividade de soja inoculada com Bacillus subtillis ................................................................... 149
Propriedades organolépticas de etnovariedades de mandioca cultivadas em Alta Floresta, Mato
Grosso ............................................................................................................................................... 154
Estoque de Carbono no solo sob pastagem na Amazônia Matogrossense: correção pelo método
de massa equivalente ....................................................................................................................... 159
Distribuição da porosidade em solo de pastagens sob diferentes usos: comparação
com Floresta Nativa ..................................................................................................................... 165
Fontes e doses de nitrogênio na produtividade do milho .............................................................. 171
CONCENTRAÇÕES DE SOLUÇÕES NUTRITIVAS NA PRODUÇÃO DE ALFACE.................................... 176
CRESCIMENTO DA ALFACE CULTIVADA EM SOLUÇÕES NUTRITIVAS .............................................. 180
Biomassa de plântulas de algodoeiro e sorgo submetidas à concentrações de Alumínio ............ 184
Uso de extrato de canela no controle de Sclerotium rolfsii ............................................................ 191
Efeito de concentrações de alumínio na germinação de sementes ............................................... 196
ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS VEGETAIS DE COPAÍBA (Copaifera
langsdorffii) E COCO (Cocos nucifera) SOBRE O CRESCIMENTO IN VITRO DE Xanthomonas
axonopodis pv. Malvacearum. ......................................................................................................... 201
EFEITO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE CRAVO DE E COCO SOBRE O CRESCIMENTO DE Xanthomonas
axonopodis pv. Malvacearum. ......................................................................................................... 208
ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE CRAVO-DA-ÍNDIA (Syzygium aromaticum),
COPAÍBA (Copaifera langsdorffii), COCO (Cocos nucifera) E GENGIBRE (Zingiber officinale) SOBRE
O CRESCIMENTO DE Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum. ............................................... 215
AVALIAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE CRAVO-DA-ÍNDIA (Syzygium aromaticum) E COPAÍBA
(Copaifera langsdorffii), SOBRE O CRESCIMENTO DE Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
........................................................................................................................................................... 222
Divergência genética entre etnovariedades de mandioca utilizando caracteres morfológicos
qualitativos ....................................................................................................................................... 230
Florística e Correlação de dados físicos e vegetacionais de ilhas fluviais do Médio Rio Teles Pires,
na Região Amazônica. ...................................................................................................................... 234
Germinação de sementes armazenadas de Delonix regia (Raf.) após hidratação ......................... 240
Anatomia foliar comparativa de Ferdinandusa ellipitica Pohl. ocorrente na transição Amazônia-
Cerrado ............................................................................................................................................. 246
CONTROLE QUÍMICO DE Pratylenchus brachiurus NA CULTURA DA SOJA ............. 251
Isolamento e identificação de agente patogênico de etiologia fúngica em plantas de orquídea . 256
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Ocorrência de fungos fitopatogênico em área de produção orgânica ........................................... 260
Avaliação da Atividade Alelopática de Ruta graveolens L. (Rutaceae) na Germinação e
Crescimento de Sementes de Lactuca Sativa L. .............................................................................. 266
Estimativa de Características Morfológicas em Frutos de Mamão (Carica papaya L.) via Análise de
Imagem Digital .................................................................................................................................. 271
EFICÁCIA DE TESTES COLORIMÉTRICOS NA AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE GRÃOS DE PÓLEN DE
Zingiber officinale ROSCOE .............................................................................................................. 277
Hidrocondicionamento de sementes armazenadas de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit .... 282
CONTRIBUIÇÃO DAS AULAS DE CAMPO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS
ACADÊMICOS DE AGRONOMIA EM ALTA FLORESTA-MT .................................................. 288
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Influencia da estrutura da paisagem sobre a distribuição de borboletas
frugívoras no médio Teles Pires
Maicon Diego Pinto Rossi1
Kleber do Espírito Santo Filho2
Renata Gomes Sobrinho1
Reginaldo Carvalho dos Santos1
Mendelson Guerreiro de Lima1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT
Laboratório de Zoologia e Morfologia Animal
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
2 HEXAPODA serviços ambientais
Unidade de Ecologia de Insetos, Goiânia – GO
Abstract. There is a great need to understand the processes and factors that influence the distribution
of species, especially for invertebrates, whose data are extremely limited. In this context the present
study investigated the distribution of fruit-feeding butterflies in the middle Teles Tires river, as well as
the influence that the landscape structure exerts on these organisms. The data collections were carried
out in 10 quarterly campaigns from November 2013 to August 2016 along in six Modules characterized
by a main trail of 5 km, subdivided into five transversal plots of 250 m. In order to evaluate the effect
that landscape structure exerted on the diversity and composition of species, landscape metrics were
extracted through satellite images. There were 5,960 butterflies distributed in four subfamilies 11 tribes
48 genera and 119 species. There are differences between richness, abundance and species
composition in scale along the spatial gradient. The structure of the landscape was responsible for the
variation observed. In this way, it is recommended the maintenance of forest remnants in this region.
Keywords: Nymphalidae, biodiversity conservation, Brazilian Amazon.
1. Introdução
As alterações no uso e cobertura do solo destaca-se como um dos principais
impulsionadores de alterações nos padrões de distribuição da biodiversidade
(HOEKSTRA et al., 2005). Até o fim desse século 34% da cobertura florestal da
Amazônia deve ser alterada, cuja situação mais grave deverá ser observada na região
sul da floresta amazônica, onde a área total desmatada pode chegar a 50% da
cobertura original (GUIMBERTEAU, et al, 2017), em grande parte por consequência da
rápida expansão das fronteiras agrícolas (DAVIDSON et al. 2012; LAURANCE; SAYER;
CASSMAN, 2014), associada a outras atividades antrópicas como a mineração,
expansão da malha viária (CASTELLO; MACEDO 2015) e construção de hidrelétricas
(LESS et. al., 2016).
Esse cenário reforça a necessidade de compreender os processos e fatores que
influenciam a distribuição das espécies (BOMMARCO et al., 2014), considerando os
efeitos da fragmentação e perda de habitat em escala espaço-temporal (DIDHAM et
al., 1996), principalmente para os invertebrados, cujos dados são extremamente
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limitados. Alguns estudos acerca do comportamento das comunidades Lepidoptera
frente às alterações ambientais têm sido realizados (BONEBRAKE et al., 2010),
recebendo maior destaque os Nymphalidae, grupo em que pode-se observar com
clareza a variação das métricas das comunidades, tais como riqueza de espécie,
abundância e composição, frente às alterações ambientais (BOSSART et al. 2006;
BARLOW et al., 2007; UEHARA-PRADO et al., 2009; BRITO et al., 2014).
Nesse contexto o presente estudo investigou a distribuição assembleia de
borboletas frugívoras, no médio Teles Pires, bem como a influência que a estrutura
da paisagem exerce sobe esses organismos. Foi testada a seguinte hipótese: A
composição de espécies da assembleia de borboletas frugívoras se difere ao longo
do gradiente espacial sendo influenciada pela estrutura e composição da paisagem.
2. Material e Métodos
O estudo foi conduzido de novembro de 2013 a agosto de 2016 no médio
Teles Pires na divisa dos estados de Mato Grosso e Pará, nas imediações da Usina
Hidrelétrica Teles Pires. Com as coletas de dados realizadas em campanhas
trimestrais. Em cada campanha foram amostrados seis módulos (M), caracterizados
por uma trilha principal de 5 km, incluindo cinco parcelas transversais de 250 m,
distante uma da outra cerca de 1 km. Em cada parcela foram instalados dois pares de
armadilhas, a uma altura de 1,50 m do chão, com espaçamento de 25 m entre cada
par, totalizando 20 armadilhas por parcela. Cada armadilha recebeu um preparado
atrativo de banana amassada com caldo de cana, fermentada por 48 horas.
Permaneceram ativas por cinco dias consecutivos em cada campanha sendo revisadas
a cada 24 horas.
Para avaliar o efeito que a estrutura da paisagem exerceu sobre a diversidade e
composição de espécies, métricas da paisagem foram extraídas por meio de imagens
Landsat-8. Foi utilizada uma imagem para cada ano da série temporal (2013 a 2016),
onde a partir dos módulos foram estabelecidos buffers de 3.000 metros. Em cada
buffer ao longo da série temporal foi realizada uma classificação supervisionada da
imagem, classificando-as em cinco categorias: Água (AG.P), Floresta (FLR.P), Floresta
Degradada (FLRD.P), Solo Exposto/Rochas (SLXP.P) e Cultura (CLT.P) (Figura 3).
Também foram extraídas métricas quanto à localidade das unidades amostrais:
proporção de unidades na margem direita (P.MD), proporção de unidades na
margem esquerda (P.ME), proporção de unidades amostrais em ilhas (P.IH). Também
foram consideradas as médias dos tamanhos dos fragmentos (T.F.MD) e a média da
distância da borda das unidades amostrais (D.B.MD).
Para verificar a similaridade da composição de espécies observada nos
diferentes módulos, foi calculada uma matriz de dissimilaridade de Bray-Curtis
associada a uma análise de cluster pelo método de UPGMA. Para determinação do
número de grupos formados, foi utilizada a estatística de Mantel. O mesmo
procedimento citado acima foi realizado com os dados de estrutura da paisagem.
Após a realização do agrupamento de cluster, foi realizada um Escalonamento
Multidimensional não Métrico (NMDS) a partir de uma matriz de distância de Bray-
curtis. Posteriormente foi realizada uma análise de variância multivariada de medidas
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repetidas (MANOVA) com os scores dos eixos do NMDS, para verificar se havia
diferença significativa entre a composição de espécies ao longo do gradiente
espacial. Todas as análises foram realizadas no software R versão 3.3.2 (R CORE TEAM,
2016).
3. Resultados e Discussão
Foram registrados 5.968 indivíduos distribuídos em 119 espécies, 48 gêneros,
11 tribos, e quatro subfamílias. O que demonstra a alta diversidade de borboletas
frugívoras para a região, uma vez que a riqueza aqui observada é superior a relatada
em estudos realizados em outras regiões amazônicas (DEVRIES; WALLA, 1999;
BARLOW et al., 2008; MIELKE; CARNEIRO; CASAGRANDE, 2010; ANDRADE et al., 2017;
GRAÇA et al., 2017).
A análise de variância (MANOVA) realizada com os scores dos eixos do NMDS
confirma a existência de diferença na composição de espécies entre os módulos
(pillai= 0,85; gl= 5; f= 6,62; p<0,001). A análise de cluster (Figura 1 A) aponta que a
composição de espécies entre os módulos forma dois grupos: o primeiro composto
pelo M4 e o segundo pelos demais módulos, o segundo grupo aparece dividido em
dois sub-grupos, o que também é observando no NMDS (Figura 1 C) (Figura 4A). A
heterogeneidade entre a assembleia de borboletas no gradiente espacial pode estar
relacionada a disponibilidade de recursos, e por sua vez, estrutura da paisagem de
cada módulo (CURTIS et al., 2015).
Componentes da estrutura da paisagem, exercem influência sobre distribuição,
abundância e extinção de vários organismos (BOMMARCO et al., 2014; ZIMBRES;
PERES; MACHADO, 2016; MICHALSKI; PERES, 2017; BOESING; NICHOLS; METZGER,
2018). Esta relação ficou bastante evidente neste estudo, pois os módulos foram
agrupados da mesma forma tanto para a assembleia de borboletas quanto para as
métricas da paisagem (Figura 1B). sendo esse um forte indicativo da relação entre a
composição de espécies de borboletas e a estrutura da floresta, já relatada em outros
estudos (ZELLWEGER et al., 2016).
Figura 1: Agrupamento de cluster e NMDS da assembleia de borboletas dos módulos
amostrados na área de influência do empreendimento hidrelétrico Teles Pires. A=
agrupamento de cluster formado a partir da matriz de abundância (coeficiente
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cofenético=0,89); B= agrupamento formado a partir da matriz de dados ambientais
com (coeficiente cofenético = 0,81); C= Escalonamento Multidimensional não
Métrico - NMDS (Stress = 0,20).
O histórico de uso e ocupação do solo, tamanho do fragmento e conectividade
entre fragmentos como elementos que exerceram forte influência sobre a riqueza de
espécies de borboletas (BOMMARCO et al., 2014). É relevante salientar que a região
de estudo ainda apresenta grandes fragmentos florestais e em alguns casos como no
M4 e M2, que são áreas de floresta contínua pouco fragmentada. Do ponto de vista
da conservação de espécies, esse tipo de paisagem tem se mostrado de elevada
importância para vários grupos de organismos. As particularidades da paisagem de
cada módulo têm contribuído de modo significativo para manutenção da diversidade
regional de espécies. Muito embora a fragmentação favoreça espécies tolerantes a
matriz nas bordas das florestas, a manutenção de grandes fragmentos florestais, bem
como corredores ecológicos, oferece a oportunidade da persistência de espécies
dependentes de floresta em seu interior (ZIMBRES; PERES; MACHADO, 2016;
MICHALSKI; PERES, 2017; BRITO et al., 2017).
4. Conclusões
Existem diferenças entre a riqueza, abundância e composição de espécies de
borboletas frugívoras ao longo do gradiente espacial. Elementos da estrutura da
paisagem são determinantes das diferenças observadas. Deste modo, a manutenção
de remanescentes florestais nesta região é de fundamental importância para a
conservação de borboletas frugívoras.
5. Agradecimentos
Agradecemos a Companhia Hidrelétrica Teles Pires (CHTP) pela
disponibilização dos dados utilizados neste trabalho, e coordenação de
aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa concedida ao
primeiro e ao quarto autor.
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Variações sazonais na riqueza, abundância e composição de espécies da
assembleia de borboletas frugívoras no médio Teles Pires.
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Mendelson Guerreiro de Lima1
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Abstract. Seasonal variation between seasons is a factor that influences the distribution of wealth
and abundance of fruit-feeding butterflies on a temporal scale, however, this relationship is still
not fully understood. In this context, the present study evaluated the seasonal distribution of
richness and abundance of fruit-feeding butterflies in the region of the middle Teles Pires. The
collections were carried out in six modules in the extreme north of the state of Mato Grosso, in
the middle Teles Pires. In each module were allocated five plots of 250m, distant from each other
in one kilometer. In each plot 20 bait traps were installed. The results pointed to the existence of
variation in the richness, abundance and composition patterns of butterflies due to seasonal
seasons (dry, rainy, early dry season and early rainy season).
Key words: Nymphalidae, Brazilian Amazon, Climate.
1. Introdução
Temperatura e precipitação são fatores determinantes da abundância de
insetos em florestas tropicais (WOLDA, 1988). Esta relação fica bastante evidente
em grupos de organismos que apresentam ciclos sazonais em seus padrões de
abundância associados, principalmente, a estações secas e chuvosas (DINGLE et
al., 2000). As borboletas frugívoras (Lepidoptera: Nymphalidae) constituem um
grupo de organismos típicos dos trópicos que se alimentam basicamente de
frutos apodrecidos ou fermentados (BROWN, 2005). A variação sazonal entre
estações é um fator que conhecidamente influencia a distribuição da riqueza e
abundância de borboletas frugívoras em escala temporal (DEVRIES; MURRAY;
LANDE, 1997; DEVRIES; WALLA, 2001).
Por se tratar de um grupo extremamente sensível a variações ambientais
(UEHARA-PRADO et al., 2009), estas borboletas não apresentam um padrão de
distribuição sazonal homogêneo, com particularidades nos períodos de maior
riqueza e abundância relacionados a aspectos específicos do clima de cada
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localidade (DEVRIES; MURRAY; LANDE, 1997; DEVRIES; WALLA, 2001). Vários
estudos foram propostos para explicar o efeito da sazonalidade sobre os ciclos
populacionais de insetos tropicais. Contudo, esta relação ainda não é totalmente
compreendida (KISHIMOTO-YAMADA; ITIOKA 2015; WOLDA 1988), o que se faz
urgente dado o atual cenário de mudanças climáticas (SALA et al., 2000).
Deste modo o presente estudo avaliou a distribuição sazonal da riqueza e
abundância de borboletas frugívoras na região do médio Teles Pires. Para
alcançar esse objetivo foi testada a hipótese de que a riqueza, abundância e
composição de espécies da assembleia de borboletas frugívoras se diferem em
escala temporal em função da sazonalidade.
2. Material e Métodos
Este trabalho foi realizado no extremo norte do estado de Mato Grosso,
na região do médio Teles Pires, sul da Amazônia brasileira, nas imediações da
usina hidrelétrica Teles Pires (Figura 1). As coletas foram realizadas em 10
campanhas trimestrais de novembro de 2013 a agosto de 2016, em seis módulo
seguindo a metodologia RAPELD (MAGNUSSON et al., 2005). Ao todo foram
realizadas 10 campanhas trimestrais, abrangendo as estações seca, chuvosa e os
períodos de transição – início da estação seca e início da estação chuvosa. Em
cada módulo foram instaladas 5 parcelas de 250m distantes entre si em um
quilômetro. Em cada parcela foram instaladas 20 armadilhas distribuídas em
pares a cada 25m. Cada armadilha permaneceu aberta por cinco dias
consecutivos por campanha e recebeu um preparo atrativo de caldo de cana com
banana fermentados para atrair as borboletas. As revisões das armadilhas
ocorriam a cada 24 horas com a reposição da isca a cada 48 horas.
Foi realizada análise de variância de medidas repetidas (ANOVA), onde os
módulos foram assumidos como réplicas de cada estação sazonal (seca, chuva,
início da estação seca e início da estação chuvosa), para verificar a existência de
variação na riqueza, e abundância de borboletas ao longo da série temporal. Após
a realização da análise de variância, a normalidade de resíduos foi testada pelo
teste de Shapiro-Wilk, e também a homogeneidade de variância pelo teste de
Levene. Em seguida foi realizado um Escalonamento Multidimensional não
Métrico (NMDS) a partir de uma matriz de distância de Bray-curtis, para verificar
se a composição de espécies das campanhas se agrupariam em função das
estações sazonais. Para essa análise espécies que ocorreram uma única vez foram
excluídas. Posteriormente foi realizada uma análise de variância multivariada de
medidas repetidas (MANOVA) com os scores dos eixos do NMDS, para verificar
se havia diferença significativa entre os agrupamentos formados. Todas as
análises foram realizadas no software R versão 3.3.2 (R CORE TEAM, 2016).
3. Resultados e Discussão
Foram registrados 5.968 indivíduos distribuídos em 119 espécies, 48
gêneros e 11 tribos. A maior riqueza e abundância de espécies foi registrada
durante a estação seca. Já a menor abundância foi observada na estação chuvosa,
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enquanto a menor riqueza de espécies no início da estação chuvosa (Tabela 1).
A análise de variância confirma a existência de diferença para a riqueza de
espécies (gl= 3; f= 15,68; p<0,001), e abundância (gl= 3; f= 5,17; p= 0,012), entre
as estações sazonais. Esse resultado contrasta com realizados na Mata Atlântica,
onde os picos de diversidade coincidem com as transições entre seca e chuva
(SANTOS et al., 2017). No Cerrado há o aumento da diversidade de borboletas
durante a estação chuvosa e transição entre chuva e seca (FREIRE-JR; DINIZ,
2015). Já na Amazônia equatoriana, o aumento da diversidade é registrado no
início da estação seca (DEVRIES; MURRAY; LANDE, 1997; DEVRIES; WALLA, 2001;
CHECA et al., 2009). Esse contraste pode estar relacionado às diferenças climáticas
entre as regiões estudadas, uma vez que o extremo norte do estado de Mato
Grosso (sul da Amazônia brasileira) tem o clima classificado como tropical úmido
(Am), que é uma transição entre os tipos Af, presente em outras regiões
amazônicas, e Aw, presente nas savanas brasileiras, o que demonstra que as
particularidades do clima na região de estudo tem influenciado os padrões de
distribuição sazonal da assembleia de borboletas frugívoras (ALVARES et al.,
2014).
Tabela 1: Riqueza e abundância de espécies registradas nas estações anuais
amostradas no médio Teles Pires. N= abundância de Espécies; S = riqueza de
espécies.
Estação N S
Inic. Est. Chuvosa 1442 60
Est. Chuvosa 947 66
Inic. Est. Seca 1190 80
Est. Seca 1840 87
Total 5419 115
O escalonamento multidimensional não métrico NMDS (Figura 1)
demonstra a formação de grupos em função da sazonalidade. Com a maior
distinção entre grupos observada entre as estações seca e o início da estação
chuvosa. A análise de variância (MANOVA) com os scores dos eixos do NMDS
demonstra que há diferenças entre a composição de espécies entre os períodos
sazonais (pillai= 0,95; gl= 3; f= 5,98; p<0,001). Essa variação é semelhante ao
observado em estudo realizado no Equador, onde se detectou correlação
negativa entre a flutuação de populações de borboletas e o aumento da
precipitação (CHECA et al., 2013). A baixa diversidade durante a estação chuvosa
também pode estar relacionada com o aumento da taxa de mortalidade de
borboletas durante períodos de maior precipitação (KAJIN; PENZ; DEVRIES, 2017).
Outra observação importante é que em períodos chuvosos há uma diminuição
da temperatura, que somada à elevada umidade relativa do ar dificulta o voo das
borboletas, o que também contribui para o aumento da taxa de mortalidade em
função da predação (CHAI; SRYGLEY, 1990; SANTOS et al., 2017)
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Figura 1: Escalonamento multidimensional não métrico evidenciando o
agrupamento da assembleia de borboletas frugívoras do médio Teles Pires, em
função da sazonalidade. SAZ= Sazonalidade; CHUVA= Estação chuvosa;
I_CHUVA= Início da estação chuvosa; I_SECA= Início da estação seca; SECA=
Estação seca. (Stress = 0.18)
A dinâmica temporal de borboletas também está relacionada à fenologia
das plantas, que por sua vez também se relaciona ao clima (BARLOW et al., 2008).
Outros aspectos relacionados aos hábitos de forrageio e estratégias reprodutivas
das espécies também influenciam a distribuição temporal de borboletas. A
disponibilidade de biomassa para as larvas, disponibilidade de recurso (frutos
apodrecidos) para forrageio dos adultos e estratégias evasivas aos predadores
geralmente estão relacionadas com as estações (HEMER et al., 2005; MURAKAMI;
ICHIE; HIRAO, 2008).
4. Conclusões
Este trabalho evidencia a existência de variação nos padrões de riqueza,
abundância e composição de espécies de borboletas frugívoras no médio Teles
Pires em função da sazonalidade. Contudo, os padrões de flutuação nos
parâmetros da assembleia analisados nesta região contrastam com os
observados em outras zonas tropicais da América do Sul, dada as particularidades
climáticas locais.
5. Agradecimentos
Agradecemos a Companhia Hidrelétrica Teles Pires (CHTP) pela
disponibilização dos dados utilizados neste trabalho, e coordenação de
aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa concedida ao
primeiro e ao quarto autor.
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Conectividade da paisagem em matriz de pecuária no Norte do Estado de
MATO GROSSO.
Reginaldo Carvalho dos Santos1
Vanuza Aparecida Martins de Oliveira1
Maicon Diego Pinto Rossi1
Carlos Antonio da Silva Junior1
Mendelson Guerreiro de Lima1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. The objective of this work was to quantify the connectivity of forest fragments
in areas of cattle raising activity in the northern state of Mato Grosso. Connectivity allows the
exchange of gene flow between species and, thus, habitat reduction through fragmentation can
influence ecosystem functions. The study area was in the municipality of Alta Floresta. Images of
the satellite Landst-8 Sensor Oli 2017 were classified and transformed into shapefile to evaluate
the connectivity metrics, using Conefor 2.6 software. The fragments were classified according to
their size (<5.5 to 10, 10 to 20, 20 to 50,> 50 hectares). Six hypothetical values of average
dispersion of the species were established: 100, 500, 1000, 2000, 5000 and 10,000 meters, applied
in 6,149 forest fragments. The results showed that fragments larger than 50 ha had greater
connectivity metrics and the longer the distance, the greater the possibility of connection
between the fragments.
Palavras-chave: Fragmentação, habitats, dispersão, métrica de conectividade
Introdução
A conectividade da paisagem é um atributo ecológico que permite a interação
dos organismos com a matriz de paisagem (MERRIAM, 1984; WITH, 1997), e exerce
um papel importante na regulação dos ecossistemas (BAUER & HOYE., 2014),
melhorando a resiliência da metapopulação e ligando as subpopulações em
ambientes distintos (MCCLANAHAN et al, 2012; SAURA et al.,2014). As conexões
entre os fragmentos promovem a dispersão dos organismos e do fluxo gênico entre
as espécies (CROOKS & SANJAYAN, 2006; QI et al.,2017).
A perda da conectividade devido à redução dos habitats causada pela
fragmentação muda a heterogeneidade da paisagem afetando suas funções no
ecossistema (HADDAD et al., 2015; THOMPSON et al., 2017). Ela reduz a
biodiversidade, impede a dispersão dos organismos e compromete a riqueza de
espécies das metacomunidades (LINDENMAYER & FISCHER, 2007; THOMPSON et al.,
2017).
A conectividade depende da habilidade do organismo de se mover na matriz
da paisagem (TISCHENDORF & FAHRIG, 2000), e os esforços para conservação tem
focado grandes fragmentos que estejam conectados (FISCHER et al., 2009). Para
quantificar a importância da conectividade, uma abordagem considerada adequada
é baseada na teoria dos grafos (PASCUAL-HORTAL & SAURA, 2006; URBAN et al.,
2009).
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Através das métricas de conectividade baseado na teoria dos grafos este
trabalho teve como objetivo quantificar a conectividade dos fragmentos florestais
em uma área de fronteira agrícola ocupada pela pecuária do norte do estado de
Mato Grosso sul da Amazônia.
Material e Métodos
Área de estudo
O trabalho foi desenvolvido no município de Alta Floresta, que apresenta uma
área de 8.976,309 km2 (IBGE, 2016), está situado na porção norte do estado de Mato
Grosso, com um efetivo de rebanho bovino de 719,438 cabeças de gado e com uma
área plantada de soja de 9.920 hectares (IBGE, 2016).
Bases de dados utilizadas
Para o município de Alta Floresta foram utilizadas as cenas 227 e 228 do
satélite Landsat-8, Sensor OLI, do ano de 2017. As imagens foram adquiridas da base
de dados da United States Geological Survey (USGS, 2017) e feitas as correções
atmosféricas e radiométricas através do software ENVI 5.1. Foram realizadas a
classificação de uso e ocupação do solo com o software Arcgis 10.5 e convertidas de
raster para shapefile para a seleção dos fragmentos florestais para cálculo dos índices
de conectividade da paisagem. Os indicadores de conectividade da paisagem foram
calculados pelo software Conefor Sensinode 2.6
Quantificando a conectividade geral
Foram utilizados os índices de Probability Connectivity (PC), dPCflux,
dPCconnector, dPCintra, Índice integral de conectividade (IIC), dIICflux, dIICconn,
Diicintra, NL - Número de links, NC - Número de componentes,dA, Harary index, LCP
- Probabilidade de coincidência de paisagem, AWF - Fluxo ponderado da área,
Centralidade de intermediação (BC), BC (IIC), BC (PC). Foram estabelecidos seis
valores hipotéticos de dispersão média das espécies: 100, 500, 1000, 2000, 5000 e
10.000 metros. Estas distâncias viabilizam uma grande amplitude de respostas de
diferentes espécies de plantas e animais no padrão de paisagem que estão inseridas
(BOWMAN et al., 2002 ; SMITH & GREEN, 2005 ; THOMSON et al., 2011; STEVENS
et al., 2013)
Análise estatística
Foi utilizada a análise multivariada PCA com pacote Factorminer (LÊ.,2008) e
a seleção dos modelos de distâncias mais explicativa através da regressão linear
múltipla baseada no índice de AIC para a seleção do modelo mais explicativo. Os
testes estatísticos foram realizados no software R 3.4.3 (R Development Core Team,
2017).
Resultados e Discussão
Foram identificados 6.149 fragmentos florestais no município de Alta Floresta-
MT, atribuídos a cinco classes de tamanho, < 5 hectares, 5 a 10 hectares,10 a 20
hectares ,20 a 50 hectares e 50 hectares. Respectivamente o número de fragmentos
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florestais para estas classes foram 4.608, 658, 374, 283 e 226.Os fragmentos florestais
maiores que 50 hectares representam 94,3% do total de área de floresta.
As métricas de conectividade selecionadas foram dIIC, dIICintra, dIICflux,
dIICconnector, dA, dH e dLCP. Os índices de conectividade que apresentaram
maiores valores na conectividade geral foram dH com 26.80% e dIIC com 19.55%.Os
maiores valores da métrica de conectividade dIIC e suas frações dIICintra, dIICflux,
dIICconnector foram encontrados nos grandes fragmentos(figura1).Havendo uma
forte relação entre a conectividade com o tamanho dos fragmentos analisados, onde
os fragmentos florestais maiores ocorreram melhores índice de conectividade. Os
maiores valores de dH (índice de Haravy) foram para os fragmentos maiores que 20
hectares nas distâncias de 5.000m a 10.000m, pois, estas grandes distâncias
favorecem a mobilidade dos grandes mamíferos (NICULAE et al., 2016).
Figura 2: Valores do índice integral de conectividade (dIIC) e suas frações Fluxo entre fragmentos
(dIICflux), intra fragmento (dIICintra) e conexão entre fragmentos (dIICconnector) para os
diferentes tamanhos de fragmentos florestais.
No entanto, fragmentos menores desempenham um papel importante na
conectividade, aumentam as ligações entre as coberturas vegetais que possibilitam
mobilidade das espécies, colaborando para manutenção da biodiversidade (HANSKI,
1999; FISCHER & LINDENMAYER, 2007; HERRERA et al., 2017).
A conectividade apresentou maior valor no limiar de distância de 10.000 m
(AIC=68208, F=8.03E+04, R2=09892, p < 0.05). Estas mudanças antrópicas na
paisagem afetam as espécies de pequenos mamíferos que possuem uma mobilidade
limitada (SAURA et al, 2011; AYRAM et al, 2017; NICULAE et al., 2016) e pode afetar
a mobilidade das guildas de morcegos causando uma competição pelos recursos
alimentares (FREY-EHRENBOLD et al.,2013).
Portanto os fragmentos florestais analisados possuem papéis diferentes na
paisagem determinados pelos maiores valores da fração dIIC, onde destaca-se a
variação dIIC_intra (figura 02). Altos valores da variação dIIC intra significam que os
grandes fragmentos atuam como locais de alimentação e reprodução (SAURA &
RUBIO, 2010). Desta forma, os fragmentos podem desempenhar papéis diferentes
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dependendo de sua característica e posição topológica para a mesma espécie
(SAURA & RUBIO, 2010; HERRERA et al., 2017).
Figura 3: Contribuição dos fragmentos florestais na atividade de pastagem para conectividade
global na distância de 10.000 metros para manutenção da conectividade geral e suas frações
(dIICintra, dIICflux e dIICconnector).
A identificação de habitats que podem manter a conectividade da paisagem
global é importante devido os recursos para conservação serem limitados (ESTRADA
& BODIN, 2008). Com a integração de padrões espaciais e percepção da mobilidade
de diferentes dispersores pode haver uma melhor decisão sobre a conservação e uso
da terra, aumentando a conectividade e a disponibilidade de habitats (GERBER &
RISSMAN, 2012; HERRERA et al., 2017).
Conclusões
Identificamos quais fragmentos devem ser mantido na paisagem devido sua
importância para manutenção da biodiversidade. Os maiores valores da
conectividade de paisagem estão nos grandes fragmentos, entretanto, os
fragmentos menores desempenham um papel importante porque promovem um
aumento da conectividade funcional da paisagem, proporcionado a conexão de
habitat para diferentes espécies.
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Controle “in vitro”, utilizando extratos vegetais e tetraciclina no controle de Xanthomonas
campestris pv. Passiflorae.
Lucas de Paula Mera 1, 2
Vinicius Teixeira Arantes 3 Samiele Camargo de Oliveira Domingues1
Oscar Mitsuo Yamashita1
Luiz Fernando Caldeira Ribeiro1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
[email protected] / [email protected] / [email protected]
2 Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Mato Grosso Linha Páscoa, Km 04, Zona Rural – 78520-000 - Guarantã do Norte - MT, Brasil
3 Instituto Ouro Verde Rua Ipê Lilás, 101, Residencial dos Ipês – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. Nowadays, there is growing demand for more nutritious foods without toxic substances, it is important to find alternatives for control of plants diseases that are efficient, cheaper and more natural as possible. In this context evaluate the efficiency of the extracts of malagueta pepper (Capsicum frutecens) on the growth colonies of Xanthomonas campestris pv. passiflora, causal agent of leaf blotch (Passiflora edulis), and on the growth of the colony forming units (c.f.u.), in vitro tests were conducted in the plant pathology laboratory in UNEMAT, used for both, the method of incorporation extracts of Capsicum frutecens in PDA and PD culture means, plant extracts were obtained from one variety of pepper, in concentrations of 10%, 1% and 0.1%, to evaluate the efficiency of controlling growth of colony and colony forming units compared to the chemical control, using Tetracycline. The results show the aqueous extract of malagueta pepper has the best bacteriostatic effect to the growth of bacterial colony studied, with concentrations of 10% and 1% control more efficiently than concentrations of 0.1%, which have lower values that the witness. To control of a colony forming units, the concentrations were more efficient in the control of 0.1% and 1% when compared to high concentrations. Thus the aqueous extract of malagueta pepper is recommended for controlling the disease, as initial inoculum serves on the pathogen and the growth rate of the same. Palavras-chave: pimenta malagueta; doenças de plantas; maracujá; fruticultura.
1. Introdução O maracujá possui mais de 150 espécies nativas no Brasil e, devido suas
propriedades terapêuticas, tem valor medicinal. Seu uso principal, no entanto, está na alimentação humana, na forma de sucos, doces, geleias, sorvetes e licores. É rico em vitamina C, cálcio e fósforo (CENTEC, 2004).
No Brasil, a Xanthomonas campestris pv. passiflorae é a única bacteriose de relativa importância econômica no cultivo do maracujá. Esse patógeno é especifico do gênero Passiflora. Seu primeiro relato foi em 1967, na região Araraquarense, infectando plantas de cultivos comerciais. Essa bactéria apresenta ampla disseminação no território nacional, já tem sido observada nos principais estados onde o maracujá é plantado comercialmente (MALAVOLTA Jr., 1998 apud RUGGIERO, 1998).
A mancha-angular causada por Xanthomonas campestris pv. passiflorae, ocorre de forma severa na região tropical, sendo fator limitante à expansão da cultura. Causa
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manchas nas folhas e nos frutos, e morte descendente dos ramos. Dois tipos de infecção podem ser observados nas plantas infectadas: a infecção localizada e a sistêmica (RIZZI et al, 1998 apud Duarte, 2003).
Nos dias atuais, é crescente a procura por alimentos mais nutritivos e sem substâncias tóxicas, assim, é importante que se descubra alternativas de controle de doenças de plantas que sejam eficientes, de baixo custo e o mais natural possível. Neste contexto, com o objetivo de avaliar a eficiência dos extratos de pimenta malagueta (Capsicum frutecens L.) sobre o crescimento de colônias de Xanthomonas campestris pv. passiflora, agente causal da mancha foliar em maracujá (Passiflora edulis), e sobre o crescimento de Unidades Formadoras de Colônias (u.f.c), testes in vitro foram conduzidos no laboratório de fitopatologia/UNEMAT.
2. Material e Métodos
O presente experimento foi realizado no Laboratório de Microbiologia e Fitopatologia da UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso, localizada na MT 280, Km 143, no município de Alta Floresta/MT.
Para o preparo do meio de cultura Batata-Dextrose-Agar (BDA) foram utilizados 200g de batata sem casca, cortada em discos finos, fervidos por 30 minutos em 500 ml e água destilada. O caldo foi filtrado em gazes, adicionado 20g de dextrose em seguida homogeneizado. Fundiu-se 17g de ágar em 500ml de água destilada, e em seguida misturou-se a solução preparada anteriormente a esta. Ajustou-se o volume para 1000mL e em seguida autoclavado. Para o preparo do meio de cultura Batata-Dextrose (BD) o procedimento foi igual ao preparo do BDA com a diferença da não adição do ágar.
Foram separadas 32 placas de Petri e 27 tubos de ensaio de 18 cm x 1,8 cm esterilizadas em autoclave. O BDA foi vertido utilizando-se câmara de fluxo laminar (CFL) devidamente desinfetado previamente, o bocal do Erlenmeyer foi flambado e o BDA vertido nas placas de Petri, depois de fechadas as placas, elas foram flambadas e vedadas com plástico filme. O meio líquido foi vertido nos tubos de ensaio e adicionou-se em cada tubo os seguintes volumes: 10,0 ml; 9,9 ml e 9,0 ml para as respectivas concentrações: 0,1%, 1% e 10% de extratos aquosos.
A bactéria Xanthomonas campestris pv. passiflorae foi isolada a partir de folhas de maracujá amarelo apresentando sintomas típicos de mancha. Discos de tecido de 0,5 mm de diâmetro foram retirados de lesões, na região limítrofe entre a área lesionada e a área sadia. Esses fragmentos foram superficialmente desinfestados com o uso de álcool 70% (1 minuto) e hipoclorito de sódio 1,5% (1 minuto). Em seguida, foram transferidos para ágar-água, contido em placas de Petri. Após um período de incubação
de 48 horas, a 21 C e sob luz NUV constante, discos de 0,5 mm de diâmetro, retirados dos bordos das colônias, foram transferidos para um meio de BDA contido em tubos. A manutenção dos isolados foi realizada pelo armazenamento dos tubos a 5°C.
Colônias puras, amarelas brilhantes, circulares convexas e mucóides, com células gram e oxidase negativas, foram obtidas em meio de cultura. Foi detectada a presença de xantomonadina (SHAAD et al, 2001) e os testes de utilização de fonte de carbono indicaram que a bactéria utiliza glicose, manose, galactose, trealose, celobiose e frutose, características do gênero Xanthomonas (KRIEG & HOLT, 1984). Finalmente, o teste de patogenicidade em plantas de maracujá mostrou-se positivo, concluindo tratar-se de X. axonopodis pv. passiflorae, agente causal da mancha bacteriana do maracujá.
Os extratos vegetais foram obtidos a partir de frutos de pimenta malagueta. Para extração, foram pesados 5g de material vegetal, o qual foi triturado em 50ml de água
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destilada esterilizada, durante 10 minutos, em um processador. A seguir o material foi filtrado em papel de filtro (Whatman n°1) e, posteriormente, em membrana filtrante de porosidade de 0,45mm. Os extratos aquosos foram utilizados imediatamente após sua obtenção.
Os diferentes extratos, individualmente, foram adicionados aos meios de BDA e de BD, de modo a se obter concentrações de 0,1%, 1% e 10%, onde cada uma representou um tratamento. Placas contendo somente BDA serviram como padrão negativo e placas contendo cloridrato de tetraciclina padrão positivo. A partir de colônias com 7 dias de idade, crescidas em placas com BDA, sob luz NUV contínua e a
21 C, foram obtidos discos de 0,5mm de diâmetro. Estes discos, individualmente, foram transferidos para o centro de cada uma das placas componentes de cada tratamento. Tubos de ensaio contendo somente BD serviram como testemunhas. A partir de colônias
com 7 dias de idade, crescidas em placas com BDA, sob luz NUV contínua e a 21 C, foi obtida a suspensão bacteriana que foi distribuída uniformemente sobre o meio de BD liquido para obtenção das concentrações estudadas. A incubação das bactérias foi realizada sob fotoperíodo de 12 horas de luz, a uma temperatura de 21°C, por um período de 3 dias.
A avaliação do efeito dos extratos sobre o crescimento bacteriano foi realizada através de medições do crescimento da colônia. Cobriu-se o meio de cultura com a colônia bacteriana com um papel filtro de tamanho determinado. Retirado o papel filtro da colônia, a mesma ficou aderida ao papel, procedendo-se o contorno da colônia. Com o auxílio do medidor de área foliar LI 3100C, foram realizadas medições da área do disco de filtro. Primeiramente o papel de filtro inteiro e posteriormente sem as áreas atribuídas às colônias. A avaliação do efeito dos extratos sobre o crescimento do número de bactérias foi realizada através do método indireto de determinação denominado de turbidimetria. O método consiste em avaliar a turbidez da cultura devido à alta densidade de célula. Foi utilizado para a determinação o espectrofotômetro 432C – FEMTO com um comprimento de onda de 600 nm. O meio líquido sem adição de bactéria e o meio líquido com bactérias mas sem a adição de extratos naturais foram considerados padrões positivos e negativos, respectivamente. As avaliações foram realizada no 3° dia pós a repicagem.
O delineamento experimental, dos dois testes, foi inteiramente casualizado, com quatro e três repetições respectivamente para cada tratamento. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey (p<0,01 e p<0,05) para comparação das médias, com o auxílio do software SISVAR.
3. Resultados e Discussão
Quanto maior a concentração do extrato de pimenta malagueta, maior foi o controle no crescimento da colônia bacteriana, assim sendo para utilização “in vitro”, quanto maior a concentração da calda utilizada, mais eficiente foi o controle do crescimento da colônia (Tabela 1), desta maneira concentrações de 10% e 1% controlam mais eficientemente do que concentrações de 0,1%, que apresentam valores menores que a testemunha. No entanto, a concentração de 10% foi mais eficiente no controle do que concentração de 1%. O tratamento químico com tetraciclina obteve os melhores resultados no controle do crescimento da colônia da bactéria. Não houve diferença significativa dos testes a 1% e a 5%.
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Tabela 1. Efeito do extrato aquoso da pimenta malagueta em diferentes concentrações incorporados em BDA no crescimento de colônia bacteriana (Xanthomonas campestris pv. passiflora).
Tratamento Médias Teste a 1% Teste a 5%
Tetraciclina 98,175000 a A 10% 66,897500 b B 1% 63,057500 c C Testemunha 38,154000 d D 0,1% 30,563750 e E
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey. Coeficiente de Variação do Teste (%) 0,51.
Ao analisar o efeito bacteriostático do extrato aquoso de pimenta malagueta, a
concentração com melhor eficiência no controle foi a de 0,1%, a concentração 1% não apresentou diferença significativa para a concentração 0,1%. A concentração 0,1% apresentou uma maior eficiência na inibição do crescimento das unidades formadoras de colônia. Para as demais concentrações não houve diferença estatística (Tabela 5).
Tabela 6. Efeito de diferentes concentrações de extrato aquoso de pimenta malagueta, incorporados em meio liquido, no crescimento de Unidades Formadoras de Colônias
(Xanthomonas campestris pv. passiflora) submetidos ao teste Tukey a 1 % e 5%.
Tratamento Eficiência Teste a 1% Teste a 5%
Sem bactéria 100,00 a A 0,1% 94,13 b B 1% 91,43 bc BC 10% 90,35 c C Com bactéria 0,00 d D
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey. Coeficiente de Variação do Teste (%) 1,35 e DMS de 3,50
Para o controle de formação de unidades de formação de culturas bacterianas e
para o controle de crescimento de colônias da bactéria estudada, pode-se recomendar o uso de extratos de pimenta malagueta. Tanto para os testes de crescimento colônia quanto para os testes de crescimento celular, o controle químico foi o mais eficiente. No entanto, devido ao seu alto custo para o controle da doença no campo, muitas vezes não é recomendado.
Dados semelhantes aos obtidos no trabalho foram obtidos por Diniz et al. (2006). Os autores concluíram que nas parcelas onde foram aplicados os extratos de pimenta, as epidemias de requeima do tomateiro foram de intensidade intermediária entre as observadas nas parcelas testemunhas e as tratadas com fungicida, sendo que a severidade foi maior nas parcelas testemunhas.
Raber (2007) teve como resultados de seus trabalhos que a o extrato aquoso de pimenta apresentou um melhor efeito fungitóxico para o fungo Colletotrichum gloeosporioides quando comparado aos extratos de nim e babosa. No mesmo trabalho, o autor concluiu que os extratos aquosos de nim e pimenta, nas baixas concentrações (100 ppm), apresentaram uma melhor eficiência de controle “in vitro” no crescimento do fungo, quando comparados a altas concentrações testadas. Segundo Ribeiro & Bedendo (1999) o gênero Capsicum, o mesmo da pimenta, apresentam propriedades antimicrobianas. No trabalho conduzido por Wilson et al. (1997) com o fungo Botrytis cinerea foi demonstrado que os extratos obtidos de plantas do gênero Capsicum foram aqueles que apresentaram os maiores índices de atividade antifúngica. 4. Conclusões
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O extrato aquoso de pimenta malagueta obteve efeito bacteriostático para o crescimento da colônia bacteriana estudada.
O extrato aquoso de pimenta malagueta pode ser recomendado para o controle da doença, pois atua no inóculo inicial do patógeno e na taxa de crescimento da mesma.
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Extrato de Neem no controle Xanthomonas campestris pv. Passiflorae
Lucas de Paula Mera 1, 2
Vinicius Teixeira Arantes 3 Lara Caroline Alves de Oliveira1
Oscar Mitsuo Yamashita1
Luiz Fernando Caldeira Ribeiro1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
[email protected] / [email protected] / [email protected]
2 Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Mato Grosso Linha Páscoa, Km 04, Zona Rural – 78520-000 - Guarantã do Norte - MT, Brasil
[email protected] 3 Instituto Ouro Verde
Rua Ipê Lilás, 101, Residencial dos Ipês – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. The Demand for non-chemical methods in the process of agricultural production has increased because the need to reduce impacts caused by man to the environment, and healthy products socially fair in its production process. In this context, this study aimed to evaluate the efficience of aqueous extract of Neem on growth of the bacterium Xanthomonas campestris pv passiflora colonies causative agent of bacterial speck of passion fruit. The in vitro tests were conducted in the laboratory of Plant / UNEMAT where it was used the method of incorporation of plant extracts to the way of culture BDA and the liquid way of culture BD. The aqueous extract of Neem significantly inhibited the growth of colonies at concentrations of 0.1 and 10% compared to the witness in the way of culture BDA, and in the way of culture BD, there was better control for concentrations 0.1 and 1%. It was been proved the antibacterial properties of aqueous extracts of Neem on the causal agent of bacterial speck of passion.
Palavras-chave: isolados; bactérias; fitopatologia; fruticultura; BDA.
1. Introdução
A agricultura orgânica modo de produção onde se busca uma produção vegetal e animal mais equilibrada e sadia, nos levando a pensar e agir diferentemente da agricultura convencional, e o fator que emprega mais dificuldade é o controle de pragas e doenças, além do manejo da fertilidade dos solos. Na busca por alternativas menos impactantes ao meio ambiente e que diminuam os riscos de contaminação do consumidor por efeitos residuais de agrotóxicos, através do uso de produtos naturais que sejam eficientes no controle de doenças de plantas é que há a preocupação em se desenvolver novas tecnologias. A procura por novos agentes antimicrobianos, a partir de plantas, é uma outra forma de controle alternativo de doenças em plantas que vem sendo trabalhada de maneira intensa devido à crescente resistência dos microorganismos patogênicos frente aos produtos sintéticos. Além disso, o uso destes pesticidas à longo prazo, causa impactos negativos para a sociedade e para o meio ambiente devido à poluição causada pelos resíduos químicos. Trabalhos desenvolvidos com extratos brutos ou óleos essenciais, obtidos a partir de plantas medicinais têm indicado o potencial das mesmas no controle de fitopatógenos (AMARAL & BARRA, 2005). Tendo em vista a propriedade inibitória de extratos vegetais de Neem sobre o desenvolvimento várias espécies de insetos, fungos e bactérias e à importância da
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bactéria Xanthomonas campestris pv. passiflorae como agente causal de mancha bacteriana do maracujá, o presente trabalho teve por objetivo avaliar "in vitro" o efeito de extratos aquosos da planta, em Alta Floresta, sobre o crescimento de colônias de bactérias, como uma possível alternativa para o controle da doença, tendo o intuito de minimizar o efeito residual dos fungicidas sintéticos.
2. Material e Métodos
O presente experimento foi realizado no Laboratório de Microbiologia e Fitopatologia da UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso, localizada na MT 280, Km 143, no município de Alta Floresta/MT.
Para o preparo do meio de cultura Batata-Dextrose-Agar (BDA) foram utilizados 200g de batata sem casca, cortada em discos finos, fervidos por 30 minutos em 500 ml e água destilada. O caldo foi filtrado em gazes, adicionado 20g de dextrose em seguida homogeneizado. Fundiu-se 17g de ágar em 500ml de água destilada, e em seguida misturou-se a solução preparada anteriormente a esta. Ajustou-se o volume para 1000mL e em seguida autoclavado. Para o preparo do meio de cultura Batata-Dextrose (BD) o procedimento foi igual ao preparo do BDA com a diferença da não adição do ágar.
Foram separadas 32 placas de Petri e 27 tubos de ensaio de 18 cm x 1,8 cm esterilizadas em autoclave. O BDA foi vertido utilizando-se câmara de fluxo laminar (CFL) devidamente desinfetado previamente, o bocal do Erlenmeyer foi flambado e o BDA vertido nas placas de Petri, depois de fechadas as placas, elas foram flambadas e vedadas com plástico filme. O meio líquido foi vertido nos tubos de ensaio e adicionou-se em cada tubo os seguintes volumes: 10,0 ml; 9,9 ml e 9,0 ml para as respectivas concentrações: 0,1%, 1% e 10% de extratos aquosos.
A bactéria Xanthomonas campestris pv. passiflorae foi isolada a partir de folhas de maracujá amarelo apresentando sintomas típicos de mancha. Discos de tecido de 0,5 mm de diâmetro foram retirados de lesões, na região limítrofe entre a área lesionada e a área sadia. Esses fragmentos foram superficialmente desinfestados com o uso de álcool 70% (1 minuto) e hipoclorito de sódio 1,5% (1 minuto). Em seguida, foram transferidos para ágar-água, contido em placas de Petri. Após um período de incubação
de 48 horas, a 21 C e sob luz NUV constante, discos de 0,5 mm de diâmetro, retirados dos bordos das colônias, foram transferidos para um meio de BDA contido em tubos. A manutenção dos isolados foi realizada pelo armazenamento dos tubos a 5°C.
Colônias puras, amarelas brilhantes, circulares convexas e mucoides, com células gram e oxidase negativas, foram obtidas em meio de cultura. Foi detectada a presença de xantomonadina (SHAAD et al, 2001) e os testes de utilização de fonte de carbono indicaram que a bactéria utiliza glicose, manose, galactose, trealose, celobiose e frutose, características do gênero Xanthomonas (KRIEG & HOLT, 1984). Finalmente, o teste de patogenicidade em plantas de maracujá mostrou-se positivo, concluindo tratar-se de X. axonopodis pv. passiflorae, agente causal da mancha bacteriana do maracujá.
Os extratos vegetais foram obtidos a partir de folhas de Neem. Para extração, foram pesados 5g de material vegetal, o qual foi triturado em 50ml de água destilada esterilizada, durante 10 minutos, em um processador. A seguir o material foi filtrado em papel de filtro (Whatman n°1) e, posteriormente, em membrana filtrante de porosidade de 0,45mm. Os extratos aquosos foram utilizados imediatamente após sua obtenção.
Os diferentes extratos, individualmente, foram adicionados aos meios de BDA e de BD, de modo a se obter concentrações de 0,1%, 1% e 10%, onde cada uma representou um tratamento. Placas contendo somente BDA serviram como padrão
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negativo e placas contendo cloridrato de tetraciclina padrão positivo. A partir de colônias com 7 dias de idade, crescidas em placas com BDA, sob luz NUV contínua e a
21 C, foram obtidos discos de 0,5mm de diâmetro. Estes discos, individualmente, foram transferidos para o centro de cada uma das placas componentes de cada tratamento. Tubos de ensaio contendo somente BD serviram como testemunhas. A partir de colônias
com 7 dias de idade, crescidas em placas com BDA, sob luz NUV contínua e a 21 C, foi obtida a suspensão bacteriana que foi distribuída uniformemente sobre o meio de BD liquido para obtenção das concentrações estudadas. A incubação das bactérias foi realizada sob fotoperíodo de 12 horas de luz, a uma temperatura de 21°C, por um período de 3 dias.
A avaliação do efeito dos extratos sobre o crescimento bacteriano foi realizada através de medições do crescimento da colônia. Cobriu-se o meio de cultura com a colônia bacteriana com um papel filtro de tamanho determinado. Retirado o papel filtro da colônia, a mesma ficou aderida ao papel, procedendo-se o contorno da colônia. Com o auxílio do medidor de área foliar LI 3100C, foram realizadas medições da área do disco de filtro. Primeiramente o papel de filtro inteiro e posteriormente sem as áreas atribuídas às colônias. A avaliação do efeito dos extratos sobre o crescimento do número de bactérias foi realizada através do método indireto de determinação denominado de turbidimetria. O método consiste em avaliar a turbidez da cultura devido à alta densidade de célula. Foi utilizado para a determinação o espectrofotômetro 432C – FEMTO com um comprimento de onda de 600 nm. O meio líquido sem adição de bactéria e o meio líquido com bactérias mas sem a adição de extratos naturais foram considerados padrões positivos e negativos, respectivamente. As avaliações foram realizada no 3° dia pós a repicagem.
O delineamento experimental, dos dois testes, foi inteiramente casualizado, com quatro e três repetições respectivamente para cada tratamento. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey (p<0,01 e p<0,05) para comparação das médias, com o auxílio do software SISVAR.
3. Resultados e Discussão
No primeiro teste, feito através da aferição da área das colônias de Xanthomonas campestris pv .passiflorae inseridas em meio de cultura BDA (Tabela 1), as concentrações de extrato aquoso de Neem testadas que apresentaram propriedades toxicológicas sobre as colônias de bactérias, foram as de concentração de 0,1 e 10%. A solução a 0,1% só diferiu estatisticamente da testemunha ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, já a solução na concentração de 10% diferiu da testemunha ao nível de 1 e 5%, sendo que a sua eficiência foi estatisticamente idêntica ao efeito do tratamento químico (tetraciclina) com médias de eficiência de 91,87 e 91,17% respectivamente. A utilização da solução na concentração 1,0% apresentou resultado inferior a testemunha, tanto ao nível de 5 e 1% de probabilidade, isto pode ser resultado de influência externa ao meio, como temperatura e iluminação.
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Tabela 1. Médias de eficiência de controle para diferentes concentrações (0,1, 1,0 e 10%) aquosas de macerada de Neem e Tetraciclina sobre colônias de Xanthomonas campestris pv. Passiflorae em meio de cultura
BDA.
Tratamentos Médias de eficiência de controle (5) Teste a 1% Teste a 5%
0,1% 78,94 b B
1,0% 66,46 C D
10% 91,87 A A
Tetraciclina 91,17 A A
Testemunha 75,36 b C
C.V. (%) 1,71 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey.
Estes resultados comprovam a eficácia do tratamento in vitro com calda aquosa
de Neem para o controle do agente causal de mancha bacteriana de maracujá, sendo necessária a realização de testes “in vivo’ para comprovar a eficácia do tratamento a campo. O teste de calda de Neem para controlar o desenvolvimento de colônias de bactérias in vitro no meio BDA mostrou ter efeito positivo nas concentrações de 0,1 e 10%. Os resultados obtidos neste teste se remetem à epidemiologia da doença, onde se pode verificar que, a utilização de extrato de Neem a 0,1 e 10% controlaram em 78,94 e 91, 87%, respectivamente, a severidade da doença.
Desta maneira verifica-se que o tratamento em sua maior concentração apresentou efeito sobre a fase r (taxa de crescimento da doença no campo) do patógeno, superior as demais, podendo-se deduzir que, o tratamento poderá ser eficaz quando aplicado a campo e seria indicado como medida de controle curativo para casos onde já se observa à presença do patógeno. Os dados obtidos corroboram com apresentados de Diniz et al (2006), que determinaram que a taxa de progresso da requeima foi menor nas parcelas tratadas com o óleo de Neem que nas testemunhas e semelhante à do tratamento calda bordalesa.
O teste em meio de cultura líquido (Tabela 2) mostrou que o tratamento com a calda em sua maior concentração surtiu efeito inferior, sobre as unidades formadoras de colônia (U.F.C), do que nas menores concentrações, sendo que a concentração a 0,1% foi a que proporcionou melhor resultado, porém não diferiu estatisticamente da calda a 1,0% (92,93 e 92,08% respectivamente), ou seja, houve maior inibição da taxa de reprodução na fonte de patógenos com o uso da calda aquosa com extrato de Neem.
Tabela 2. Médias de eficiência de controle para diferentes concentrações (0,1, 1,0 e 10%) aquosas de
macerada de Neem sobre colônias de Xanthomonas campestris pv. Passiflorae em meio de cultura líquido.
Tratamento Médias de Eficiência de Controle Teste a 1% Teste a 5%
Sem Bactéria 100 A A
0,1% 92,93 b B
1,0% 92,08 b B
10% 90,08 c C
Com Bactéria 0 d D
C.V. (%) 0,56 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey.
Este teste demonstra que o tratamento em suas menores concentrações surte
melhor efeito sobre a taxa de inoculo inicial da doença, ou seja, ela inibe o desenvolvimento da doença na sua fase inicial.
O trabalho de Raber (2007) apresentou uma melhor eficiência de controle “in vitro” no crescimento do fungo causador de antracnose no mamoeiro, quando
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comparados a altas concentrações testadas para os extratos aquosos de Neem e pimenta. Para os extratos de pimenta e Neem estudados, a redução no desenvolvimento micelial foi o inverso do aumento das concentrações utilizadas. Para o Neem os valores variam de 23,25% na concentração de 1000 ppm e 56,17% na concentração de 100 ppm. Segundo Stangarlin et al. (1999) trabalhos têm sido realizados visando potencializar o uso de extratos vegetais no controle de fitopatógenos, tanto por sua ação fungitóxica direta, inibindo o crescimento micelial e a germinação de esporos, quanto pela ação antibacteriana. Segundo o mesmo autor, várias propriedades são atribuídas aos compostos obtidos de plantas, porém, a avaliação desses compostos com finalidade de controle de microorganismos patogênicos de plantas cultivadas é recente, tendo em vista a escassez de trabalhos nessa área. Analisando-se os dados apresentados por Raber (2007) com os dados coletados nesta pesquisa, pode-se recomendar o uso de Neem para o controle de agentes de etiologia fúngica e bacteriana. No entanto, estudos aprofundados devem ser realizados com agentes etiológicos da região da Amazônia Meridional para a confirmação da atividade antifúngica e antibacteriana dos extratos aquosos do Neem. 4. Conclusões
O tratamento proposto com o uso de calda aquosa de extrato de Neem foi eficaz no controle do agente causal da Mancha Bacteriana do Maracujazeiro, Xanthomonas campestris pv. Passiflorae, in vitro.
O tratamento, nas menores concentrações, 0,1% e 1%, foi eficiente no controle de unidades formadoras de colônia do patógeno Xanthomonas campestris pv. Passiflorae, em meio de cultura líquido BD, já as concentrações 0,1% e 10% tiveram maior eficácia no controle da taxa de desenvolvimento de colônias da bactéria em estudo, em meio de cultura BDA.
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Análise comparativa de métodos de determinação de área foliar em Carica papaya L. e
Manihot esculenta Crantz .
Cleudiane Lopes Leite 1
Adrielen Laiza Valiguzski 1 Talita Neres Queiroz 1
Fabiana do Nascimento Damião 1 Kellen Coutinho Martins 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. The study of the foliar area of plants is an important activity that subsidizes to obtain an indicative of response of several treatments, for the determination of the leaf area there are different methods that can be direct or indirect, destructive and non destructive. The development of tools that optimize the phenotype can help the breeding programs, with the purpose of the present work was to evaluate the leaf area estimation by the digital image analysis obtained through a direct non-destructive method, via scanner and image editor (ImageJ®), and compare them with the data obtained with the leaf area optical integrator (LI-COR), and thus verify the accuracy of the proposed methodology. The study was carried out at the State University of Mato Grosso (UNEMAT), Alta Floresta Campus. Sixty leaves of each species were sampled, which were selected because they presented leaves with different limbo formats. In the estimations made in leaflets, both by the method of estimation of leaf area and in the digital image, it was observed an excellent agreement with the measurements obtained by the foliar integrator method, obtaining coefficient of determination (R²) of 0.99 and correlation coefficient (r) of 0.99 for both species under analysis. Palavras-chave: Accuracy, precision, leaf area index, digital image.
1. Introdução O estudo da área foliar de plantas é uma importante atividade que propicia a
obtenção de um indicativo de resposta de tratamentos relacionados à resposta fotossintética e interceptação da luz interferir na cobertura do solo, na competição com outras plantas e em diversas outras características. Há várias maneiras de se mensurar ou medir a área foliar das plantas, porém, muitos métodos são inadequados por destruírem a integridade da planta e por dependerem de aparelhos que só estão disponíveis em laboratórios, ou ainda por demandarem excessiva mão-de-obra para execução e um alto valor comercial quando relacionado ao equipamento (SEVERINO et al., 2004).
A determinação da área foliar pode ser realizada por meio de métodos diretos e indiretos, destrutivos ou não destrutivos. Os métodos indiretos são fundamentados na correlação conhecida em meio à variável medida e a área foliar, já os métodos diretos utilizam medidas realizadas diretamente nas folhas. Os métodos destrutivos consistem na retirada da folha ou de outras estruturas, o que muitas vezes não é possível devido à limitação da quantidade de plantas disponível em uma parcela experimental. Nos métodos que são considerados não destrutivos, as medidas são capturadas na planta, sem necessidade de extração de nenhuma estrutura, preservando assim sua integridade e permitindo a continuidade das medidas na mesma planta. como exemplo o uso de imagens digitais para obtenção de medidas com o uso de programas computacionais específicos que estimam a área foliar (ADAMI et al.,2007).
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Fenômica ou fenotipagem de próxima geração (Nex-Geration Phenotyping) é uma nova área da biologia que, apesar de pouco referenciada, é mais comumente entendida como fenotipagem em larga escala. De maneira acurada, esta técnica é capaz de medir efetivamente as características que apresentam variações muito pequenas, que em outras metodologias seriam consideradas iguais, com pequenas variações entre medições repetidas, de forma relevante e dentro de custos aceitáveis, usando uma série de técnicas hight-thoughput (alto rendimento) para automatizar e aumentar a capacidade de avaliação de grande número de fenótipos. Com o uso dos benefícios da fenômica, os dados de fenotipagem serão obtidos de forma mais fácil e eficiente (FRITSHE-NETO; BORÉM, 2015).
Diante desse contexto, o presente estudo teve por objetivo comparar os métodos, integrador de área foliar (método destrutivo direto) com a plataforma de fenotipagem, via imagens digitais (método não destrutivo direto), por meio da estimação da área foliar de mamão (Carica papaya L.) e mandioca (Manihot esculenta Crantz).
2. Material e Métodos
O estudo foi realizado na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus universitário de Alta Floresta. Foram utilizadas folhas íntegras, homogêneas e íntegra de mamão (C. papaya) e de mandioca (M. esculenta)
Foram amostradas 60 folhas de cada uma das espécies supracitadas, sendo a escolha das espécies devido ao fato de apresentarem folhas de diferentes formatos de limbo, permitindo dessa forma verificar com maior rigor a precisão da metodologia proposta, em relação ao método padrão (integrador óptico de área foliar)(Figura 1B).
As folhas de ambas as espécies, de forma independente, sem serem destacadas das plantas, foram digitalizadas utilizando a plataforma de fenotipagem (Figura 1A). A plataforma consistiu de uma base em polietileno (20,10 cm x 29,70 cm), anexado a um suporte de vidro antirreflexo associado a um scanner portátil (IRIScan Book 3). Para a análise das imagens digitais, via plataforma de fenotipagem, as folhas foram digitalizadas em uma resolução de 300 dpi (dots per inch - pontos por polegadas) e no formato. JPEG. As imagens digitalizadas foram armazenadas na memória interna do Scanner, para posteriormente serem descarregadas em um microcomputador e analisadas com o auxílio do programa de análise de imagens digitais (ImageJ®).
Após as folhas serem digitalizadas, as mesmas foram numeradas, destacadas das plantas e armazenadas em embalagem hermética de poliestireno expandido, para posterior análise no integrador de área foliar (LI-COR 3000). O período de armazenamento não ultrapassou 15 minutos, para evitar uma desidratação acentuada nas folhas e, consequentemente, equívocos na coleta de dados. Os valores obtidos pelo integrador foram adotados como padrão, por ser a metodologia mais empregada na estimativa da área foliar.
As imagens digitalizadas foram descarregadas em um microcomputador e posteriormente processadas pelo software ImageJ®, para a obtenção dos dados de área foliar.
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(a) (b)
Figura 01 - Metodologias utilizadas, (a) Plataforma de fenotipagem, (b) Integrador de área folia (Li-Cor)
Os dados foram submetidos à análise de regressão e de correlação simples de Pearson, com o propósito de verificar a relação ao método proposto (imagem digital) com o método padrão (integrador de área foliar), e assim inferir sobre o grau de associação entre esses métodos e determinar se a metodologia proposta permite estimar a área foliar das espécies estudas com precisão. Antes das análises supracitadas, os dados foram submetidos a testes de normalidade e homogeneidade da variância. Todas as análises estatísticas foram realizadas com o auxilio do Programa SigmaPlot (SYSTAT SOFTWARE, 2017). Para verificar se as metodologias de fenotipagem baseadas em imagens digitais diferem estatisticamente da metodologia padrão, foi empregado o teste t de Student para avaliar as diferenças entre médias populacionais, para dados pareados.
O erro médio relativo entre as metodologias foi calculado usando o indice proposto por Zhang (2000).
3. Resultados e Discussão Os dados das espécies avaliadas evidenciaram o coeficiente de correlação de
Pearson (r) entre o método do integrador de área foliar e o uso de imagens digitais de 0,99, para ambas as espécies avaliadas. Zeist et al. (2014), comparando métodos de estimativa de área foliar de morangueiro, por meio de imagens digitais via scanner de mesa, encontraram resultados significativos quando comparado com o integrador de área foliar (LI-COR 3100), obtendo valores de correlação de 0,99 (Tabela 1).
Os coeficientes de determinação (R²) foram altos para a equação de regressão, tanto para C. papaya quanto para M. esculenta (R2 = 0,99), evidenciando que a projeção da reta apresentou um bom ajuste entre os dados obtidos pelo integrador de área foliar e os de imagem digital, demonstrando uma distribuição uniforme ao longo da reta (Figura 2).
Similaridades entre metodologias para a estimativa da área foliar, utilizando imagens digitais e métodos tradicionais, foram observadas por outros pesquisadores (DOMBROSKI et al., 2010; SANTOS et al., 2014), ao compararem os dados estimados pelo integrador de área foliar (LI-COR 3100) com programas de análise de imagens, entre eles o software ImageJ®. Esses resultados corroboram com a aplicabilidade do programa na estimativa da área foliar.
Diferenças não significativas foram encontradas entre as metodologias (Tabela 1), o que na concepção de alguns autores (EINHARDT; FERREIRA, 2008), essas divergências podem ocorrer devido à presença de ruídos (falhas) da imagem
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digitalizada, sujidades no leitor óptico, ou pequenas variações, superestimando minimamente a área foliar, mas não afetando o resultado final.
(a) (b)
Figura 02 - Regressão linear simples entre a área foliar média de C. papaya (a) e M. esculenta (b), determinadas pelo método de medição via integrador de área foliar e o método de imagem digital.
A obtenção de imagens em condições de campo, no período diurno, deve ser
realizada sem iluminação complementar à luz solar, pois quando a coleta é realizada no período diurno tem como limitação a intensidade de luz que pode interferir e afetar na qualidade da imagem, sendo assim necessários, ajustes como o posicionamento do equipamento durante a coleta (BARBOSA et al., 2016). A plataforma de fenotipagem avaliada também possui o mesmo obstáculo em relação ao reflexo da luz, mas esse problema pode ser contornado com melhorias na plataforma e com ajuste no momento da coleta em relação ao posicionamento.
Tabela 1. Estatísticas referentes a área foliar de C. papaya e M. esculenta
Espécie Mensuração Média Erro Correlaçã
o
C. papaya
Integrador 112,79 a
2,48 0,99** Imagem
digital 115,60 a
M. esculenta
Integrador 29,65 a
6,93 0,99** Imagem
digital 31,71 a
**Significativo pelo teste t ao nível de 1% de significância.
O erro médio relativo, entre as duas metodologias, para C. papaya foi de 2,48, valor considerado muito baixo (Tabela 1). Esse resultado evidencia que a estimativa da área foliar em mamoeiro, baseada na análise de imagens digitais, possibilita estimativas precisas. Para a estimativa da área foliar de M. esculenta o erro médio relativo foi 6,93 (Tabela 1), o erro para a estimativa da área foliar dessa espécie, pode ser explicado pela arquitetura e pela desidratação mais acentuada das folhas dessa espécie, mesmo em um curto intervalo de tempo.
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A análise de imagens digitais foi empregada na estimativa da área foliar em vários estudos (GODOY et al., 2007; SOUZA et al., 2012; SANTOS et al., 2014), sendo que, essas imagens foram obtidas a partir de câmeras digitais e/ou scanners, porém, nenhum dos autores encontraram valores de correlação tão expressivos quanto aos do presente estudo ou propuseram uma metodologia não destrutiva direta para a obtenção dos valores de área foliar nas espécies estudas.
A plataforma de fenotipagem, proposta no presente estudo, demonstrou ser um equipamento diferenciado, tendo como vantagens a praticidade na coleta de dados no campo, baixo custo e fácil manuseio, quando comparado com o integrador de área foliar (LI-COR 3100) que, geralmente, é utilizado como referência na estimativa da área foliar, porém, LI-COR possui custo elevado, estima a área foliar apenas de forma indireta e destrutiva, uma vez que, as folhas devem ser retiradas das plantas para a análise (ADAMI et al., 2007).
4. Conclusões
O uso de imagens digitais apresentou resultados tão precisos quanto o integrador de área foliar, evidenciando acurácia e precisão quando relacionado ao método tradicional, podendo ser uma ferramenta de baixo custo, não destrutiva e eficiente na determinação do índice de área foliar das espécies estudadas, e futuramente, pode empregada em outras espécies.
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ANATOMIA FOLIAR DE Protium tenuifolium var. herbertii Cuatrec.
Virgilia Aparecida Pegorini Rocha1
Vera Lúcia Pegorini Rocha1 Karla Bianca de Deus Bento1
Norberto Gomes Ribeiro Júnior 1
Ivone Vieira da Silva 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208–78580-000–Alta Floresta - MT, Brasil
[email protected] Resumo: Com o objetivo de caracterizar anatomicamente a folha de Protium tenuifolium amostras foliares da região mediana da copa de três indivíduos foram coletadas no município de Nova Xavantina-MT. Para obtenção dos dados, realizamos técnicas usuais de anatomia para obtenção da epiderme dissociada e secções anatômicas. Observamos que em vista paradérmica as folhas são hipoestomáticas e apresentam células com paredes sinuosas. Em vista transversal, observamos epiderme uniestratificada, mesofilo dorsiventral com presença de feixes vasculares colaterais e, entre as células do parênquima paliçádico, canais de secreção. A região da nervura central possui feixes vasculares do tipo colateral composto, com um feixe principal, circundado por ínumeros feixes menores ocupando quase toda a nervura central. Ao compararmos a descrição anatômica com outras espécies do gênero e família verificamos que comumente são similares, destacando somente a ausência de tricomas na espécie estudada. Palavras-chave: Feixe vascular, canais secretores, resina. Abstract: Aiming to anatomically characterize the leaf of Protium tenuifolium leaf samples from the median canopy region of three individuals were collected in the municipality of Nova Xavantina-MT. To obtain the data, we performed usual anatomy techniques to obtain the dissociated epidermis and anatomical sections. We observed that in the parasideric view the leaves are hypoestomatic and have cells with sinuous walls. In cross-sectional view, we observed unstratified epidermis, dorsiventral mesophyll with presence of collateral vascular bundles and, among the cells of the palisade parenchyma, secretion channels. The central rib region has composite collateral vascular bundles, with a main beam, surrounded by innumerable smaller bundles occupying almost the entire central vein. When comparing the anatomical description with other species of the genus and family we found that they are commonly similar, highlighting only the absence of trichomes in the studied species. Key words: Vascular bundle, secretory channels, resin.
1. Introdução A Amazônia é reconhecida por abrigar a maior floresta tropical existente, além disso,
é formada por uma grande diversidade de ecossistemas, principalmente, florestas de terra
firme, campos abertos, cerrados e florestas alagáveis (CASTRO, 2014). Dentre as diversas
famílias que formam tal diversidade vegetacional, temos a família Burseraceae, que é
composta por 144 gêneros e 1.900 espécies (STEVENS, 2001), as quais são conhecidas pela
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presença de estruturas secretoras, responsáveis pela produção de resina oleosa aromática,
rica em óleos essenciais e triterpenos, que se encontram armazenada em diferentes partes
da planta (PALERMO et al., 2017).
Dos diversos gêneros da família, o gênero Protium contempla aproximadamente 160
espécies, (SANTAMARÍA-AGUILAR & LAGOMARSINO, 2017), onde cerca de 60 espécies
ocorrem no Brasil, na sua maioria nativas da região amazônica (Flora do Brasil 2020 em
construção, 2020).
A anatomia é uma ferramenta importante na caracterização de famílias e auxilia na
compreensão de vários fenômenos relacionados às plantas (APPEZZATO-DA-GLÓRIA &
CARMELLO-GUERREIRO, 2006). O estudo anatômico das plantas também contribui para o
conhecimento das relações entre famílias botânicas e para o estabelecimento de afinidades
entre espécies ou grupos (METCALFE & CHALK, 1979). A partir disso, objetivamos
caracterizar anatomicamente a folha de Protium tenuifolium a fim de identificar caracteres
diagnósticos, que possam contribuir com a identificação da espécie apenas com caracteres
vegetativos.
2. Material e Métodos Coleta do Material
Amostras foliares da região mediana da copa de três indivíduos foram coletadas no
município de Nova Xavantina–MT. Após a coleta, as folhas foram armazenadas conforme
métodos usuais de herborização (FIDALGO & BONONI, 1984).
Caracterização anatômica
A análise da epiderme foi realizada seguindo o método de dissociação de Franklin (1945)
modificado, onde porções foliares foram imersas em peróxido de hidrogênio (30 volumes) e
ácido acético glacial na proporção de 1:1 e mantidas em estufa à 60°C (KRAUS e ARDUIN,
1997) por cerca de 26 horas.
Para a obtenção de secções transversais foram utilizadas três folhas de cada indivíduo,
totalizando nove folhas que foram reidratadas conforme Smith & Smith (1942), nas quais
foram realizados cortes a mão livre na região mediana da lâmina foliar com auxílio de lâmina
de aço. Os cortes foram clarificados em hipoclorito e submetidos a dupla coloração com Azul
de Astra e Fucsina Básica (ROESER, 1962). As lâminas histológicas e foram documentadas em
fotomicroscópio Leica® ICC50com auxílio do software LAZ EZ versão 1.7.0 nas objetivas de
10X, 20X e 40X.
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3. Resultados e Discussão
As folhas de Protium tenuifolium em vista paradérmica apresentam células com
paredes sinuosas e de formato irregulare em ambas as faces. São caracterizadas como
hipoestomáticas, com estômatos do tipo paracítico e presença de sílicas (Fig. 1A-B).
Em vista transversal observamos epiderme uniestratificada com células de
formato retangular recobertas por cutícula delgada. É nítida a diferença de espessura
entre as epidermes, sendo menos espessas na face abaxial.
O mesofilo dorsiventral, é formado por uma camada de parênquima paliçádico e
quatro camadas de parênquima lacunoso (Fig. 1C-D). A presença de apenas uma camada
de parênquima paliçadico pode ser uma estratégia adaptativa, a fim de otimizar a
passagem de luz pelas células (TAIZ e ZEIGER, 2004). Ainda no mesofilo notamos a
presença de feixe vascular secundário colateral com extensão de bainha
esclerenquimática voltada para face adaxial (Fig. 1C), e canais de secreção entre as
células do parênquima paliçádico (Fig. 1D). Tostes (2015), também encontrou para uma
espécie de Protium pequenos meatos ocorrendo nas células do parênquima paliçádico.
Em ambas as faces da região da nervura central, notamos abaixo das células
epidérmicas, cerca de seis camadas de fibras, seguidas de várias camadas de colênquima
lacunar (Figs. 1F e I). Nessa região os feixes vasculares do tipo colateral são compostos,
com um feixe principal, circundado por inúmeros feixes menores ocupando quase toda
a nervura central (Fig. E). Cada feixe vascular possui normalmente um canal de secreção
no floema (Fig. 1E). Tostes (2015) encontrou para uma espécie de Protium feixe vascular
contínuo, onde o xilema e floema estão intercalados por canais secretores de óleo
localizados entre os floemas. Há uma grande quantidade de canais distribuídos por todo
o floema, onde é visível a presença de conteúdo metabólito, sendo provavelmente
resina (Figs. 1G e H), uma vez que espécies de Burseraceae são caracterizadas pela
presença constitutiva de canais secretores de resina associados ao floema (METCALFE
& CHALK, 1950).
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Figura 1. Secções de Protium tenuifolium. A, B- Vista paradérmica da epiderme. C, D-Vista transversal da asa foliar. E a I- Nervura central.
4. Conclusões
A presença de estruturas secretoras e feixes vasculares com canais secretores na espécie Protium tenuifolium, reforça a característica das espécies de Buseraceae. Apesar de tricomas também ser uma forte característica da família e do gênero, não foi encontrado nos cortes da espécie em questão. Os resultados obtidos torna possível a identificação da espécie uma vez que são comumente encontrados na família e também no gênero Protium.
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Adulta. 2015. 161f. Tese (Doutorado em Ciências de Florestas Tropicias) – INPA,
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Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível
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DIVERSIDADE DE INSETOS NA HORTA-JARDIM DA ESCOLA MUNICIPAL JARDIM DAS FLORES,
EDUCAÇÃO AMBIENTAL X APRENDIZAGEM.
Jonis Franklin Leite dos Santos1
Denise Borkenhagen dos Santos1 Irene Costa Aguiar1
Irene Rodrigues de Almeida1 Valdirene Rodrigues de Almeida1
1Escola Municipal Jardim das Flores, Rua Jasmin, s/nº - 78580-000 - Alta Floresta – MT, Brasil {jonisfranklin, borkenhagensantos, escolajardimdasflores}@hotmail.com
Abstract. The garden integrates several opportunities and resources for active learning and environmental education, establishing a
closer connection between the human being and nature, generating a social transformation. The study aimed to stimulate the observation, analysis and identification of insects that visit the garden of the School unit. The research was developed at the Jardim das Flores Municipal School, located in the Jardim das Flores neighborhood, in the municipality of Alta Floresta, State of Mato Grosso. The study was carried out with the 24 students of the 5th year - A, of the morning, comprising the months of April and May of 2018, with periodic visits in the garden. A schedule was organized with 12 groups of 02 students, each group went through the garden in the morning, with a spreadsheet, noting the time of departure, date, name and number of insects found. Data analysis was performed with the students themselves, where they formulated a scale of schedules, counting the number of insects found and constructing informative graphs. The green space of the school unit has become a living laboratory of observation and analysis, contributing in a magnificent way in the development of several pedagogical activities in environmental education, uniting theory and practice in a contextualized and meaningful way. Among the visiting insects in the garden the most frequent were: ants, beetles, dragonflies, weevil, spiders and bees. The highest numbers of visitors occurred in the first observation time, where the temperature range is low with a high humidity level.
Palavras-chave: Estudo; Laboratório-verde; Análise; Conhecimento.
1. Introdução Os insetos são animais bem sucedidos que interferem em muitos aspectos de nossas
vidas, apesar de seu pequeno tamanho. Todos os conjuntos de ecossistemas naturais ou
modificados, terrestres ou aquáticos, sustentam comunidades de insetos que apresentam
uma imensa variedade de estilos de vida, formas e funções (GULLAN & CRANSTON, 2007).
Os insetos são organismos extremamente importantes para o funcionamento
de ecossistemas tropicais, por possuir uma participação ativa em diversos processos
ecológicos, como: polinização, dispersão de sementes, ciclagem de nutrientes e
fertilidade dos solos (BROWN, 1997). A horta-jardim integra diversas oportunidades
e recursos de aprendizagem ativa e de educação ambiental. Essa ferramenta
estabelece uma ligação mais estreita entre o ser humano e a natureza gerando uma
transformação social para superação das injustiças ambientais e sociais na
humanidade (SORRENTINO et al., 2005).
O trabalho com pesquisas possibilita a interação da temática principal com as
diversas áreas do conhecimento, fazendo com que a aprendizagem ocorra de forma
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contextualizada à criança, em suas relações com o ambiente que a cerca, concebe a
natureza a seu modo. Porém na medida em que ela cresce e se depara com
fenômenos, fatos e objetos novos, ocorrem mudanças fundamentais na sua maneira
de ver o mundo. Este processo de descontruir antigos conceitos e construir novos,
reorganizando as ideias, modificando o pensamento, são, portanto o conhecimento
e o ato de aprender significativamente.
A presente pesquisa teve como objetivo estimular a observação, análise e
identificação de insetos que visitam a horta-jardim da unidade Escolar e outros
espaços da mesma.
2. Material e Métodos A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Jardim das Flores, situada no bairro
Jardim das Flores, Município de Alta Floresta, Estado de Mato Grosso (Figura 1). O Município
e a região possuem clima tipo AWI, com nítida estação seca e temperaturas oscilando entre
35 a 29ºC, com uma média de 32ºC, altitude de 292 metros e precipitações variando entre
93 mm (INMET, 2009).
Figura 1. Localização da Escola Municipal Jardim das Flores.
O estudo foi realizado com os 24 alunos do 5º ano – A, do período matutino, entre os
meses de abril e maio de 2018, com visitas periódicas na horta-jardim da unidade escolar.
Os estudantes organizaram um cronograma com 12 grupos de 02 alunos, onde cada grupo
percorria a horta- jardim da escola no período matutino, com uma planilha, anotando
horário de saída, data, nome e quantidade de insetos encontrados.
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A análise dos dados foi realizada em sala de aula com os próprios estudantes, onde
os mesmos formularam uma escala de horários, realizando a contagem do número de
insetos encontrados.
3. Resultados e Discussões
Durante o período de vigência da pesquisa foram observados 849 insetos visitantes
entre o horário 7:30h – 8:30h, 314 no horário das 8:30h – 9:30h e 510 no horário das 9:30h
– 10:30h, apresentando uma somatória de 1.673 insetos. O horário que mostrou a maior
diversidade de insetos foi das 7:30h – 8:30h, já o horário das 8:30h – 9:30h indicou um menor
índice (Figura 2). O maior número de insetos visitantes a horta-jardim da escola, ocorreram
no primeiro horário de observação, onde a faixa de temperatura é baixa com alta no nível
de umidade, variando a média entre 18 ºC à 22 ºC. Solera et al. (2007) observaram em
estudos semelhantes que esta faixa de temperatura é considerada ideal para a visita de
insetos.
Figura 2. Representação do número de insetos visitantes em três horários de avaliação.
Entre todos os insetos visitantes na horta-jardim da escola, os mais frequentes foram:
formigas, besouros, libélulas, marimbondo, aranhas e abelhas (Figura 3). Esse estudo
corrobora com Gallo et al. (2002), onde pesquisas mostram que a temperatura média do
ambiente favorece o desenvolvimento do ciclo de vida dos insetos, isso torna possível
determinar a presença frequente de insetos adultos.
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Figura 3. Insetos mais frequentes na horta-jardim.
Para entendermos melhor as questões que envolvem pesquisas e estudos de
campos, tornando as aulas e a aprendizagem significativa, percebem-se quatro condições
básicas que devem ser estimuladas: motivação, interesse, habilidade de compartilhar
experiências e interagir com os diferentes contextos. O desafio propostos aos educadores
no mundo da tecnologia é despertar motivos para uma aprendizagem (SANTOS, 2008).
Para trabalhar uma educação ambiental permanente e dinâmica, é preciso criar e
estimular na unidade escolar um ambiente que envolva professores, funcionários e a
comunidade em geral. As ações devem estar ligadas a construção de uma sociedade
preservacionista e comprometida, não apenas de questões ligadas à natureza e sim com a
vida em geral (SORRENTINO et al., 2005).
Com o desenvolvimento do estudo, o espaço verde da unidade escolar tornou-se um
laboratório vivo de observação e análise, contribuindo de forma magnífica no
desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em educação ambiental, unindo teoria
e prática de forma contextualizada.
4. Conclusão
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
7:30 - 8:30 8:30 - 9:30 9:30 - 10:30
N. d
e I
nse
tos
mais
Fre
qu
en
tes
Horários de Observação
Formigas Besouros Libélulas Marimbondo Aranhas Abelhas
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Concluímos que, entre todos os insetos visitantes na horta-jardim da unidade escolar,
os mais frequentes foram: formigas, besouros, libélulas, marimbondo, aranhas e abelhas. E
os maiores números de insetos visitantes ocorreram no primeiro horário de observação,
onde a faixa de temperatura é baixa com alta no nível de umidade. Desse modo, o espaço
verde da unidade escolar tornou-se um laboratório vivo de observação e análise,
contribuindo nas ações pedagógicas, unindo teoria e prática no dia a dia escolar.
5. Referências Bibliográficas
Brown, K. S. Jr. Borboletas da Serra do Japi: Diversidade, habitat, recursos alimentares
e variação temporal. História Natural da Serra do Japi. Ecologia e Preservação de uma
área florestal no Sudeste do Brasil. Campinas, São Paulo, 1997.
Gallo, D.; Nakano.; Silvera Neto, S.; Carvalho, R.P.L.; Batista, G.C.; Berti Filho, E.; Parra, J.R.P.; Zucchi, R.A.; Alves, S.B.; Vendramim, J.D. Entomologia agrícola, Piracicaba: Fealq, 2002. 920p
Gullan, P. J.; Cranston, P. S. Os insetos: um resumo de entomologia. Ed. Roca, São
Paulo, 2007.
Inmet. Instituto Nacional de Meteorologia. 2009. Disponível em:
http://www.inmet.gov.br/portal. Acesso em: 08 jun. 2018.
Solera, M.; Hefler, S.M.; Paula, M. C. Z. Estudo das interações entre insetos e Senecio
brasiliensis Less. (Asteraceae) no Campus da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, Toledo, Brasil. 2007.
Sorrentino, M.; Traiber, K.; Mendonça, P.; Júnior, L. A. F. Educação ambiental como
política pública. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 285-299, 2005.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n2/a10v31n2. Acesso em: 25 jun. 2018.
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METAMORFOSE – UMA INCRÍVEL TRANSFORMAÇÃO
Jonis Franklin Leite dos Santos1 Denise Borkenhagen dos Santos1,
Irene Costa Aguiar1, Claudinéia Oliveira da Silva1
Ísis Caroline Borkenhagen dos Santos1
1Escola Municipal Jardim das Flores, Rua Jasmin, s/nº - 78580-000 - Alta Floresta – MT, Brasil {jonisfranklin, borkenhagensantos, escolajardimdasflores}@hotmail.com
Abstract. Daily observations of the process of transformation of the caterpillar into
the cocoon until its birth. The present research had as objective the development of
activities, giving to the students the knowledge of the stages of the process of
metamorphosis of the butterflies. It was developed at the Ludovico State School of
Riva Neto, located in the Vila Nova neighborhood, in the municipality of Alta Floresta,
in the state of Mato Grosso. Held with the 18 students of the 2nd year - A, of the
morning, between the months of April, May and June of 2018. The activities
developed were planned in line with the school curriculum, using oral and written
language of textual genres; preservation of the Environment; life cycle of butterflies;
research in the computer lab on butterflies and their varieties; feeding butterflies; use
of the microscope in the observation of the members of the same and their eggs. The
experience provided significant learning, since the students recorded what was
observed in the different stages of the caterpillar transformation process, explained
in a simple way according to their level of construction of scientific knowledge,
comprising the whole process that involves the cycle of their life and their
contribution to the ecosystem, clearly showed this increase of knowledge, as well as
in their daily oral reports in the classroom. He perceived a creative interaction
between the students and the study object, providing exchange and construction of
new knowledge.
Palavras-chave: Educando; Aprendizagens-Significativas; Experiência; Observação.
1. Introdução
A metamorfose da borboleta traz sensações de mudança, tempo, troca e
espaço. As novas fases que vai se propondo ao passar do tempo e as trocas pela
adequação cria um novo ambiente. A borboleta cresce junto com o desenvolvimento
das plantas, do sol e do ar que lhe proporcionam energia, Maturana & Varela (2005).
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A maneira como a vida é conhecida é tão adornado quanto quem a vive. Por
isso, o ato de conhecer é a ação de surgir elementos e relações sensíveis. A borboleta
deposita sua confiança nas interpretações e construções orgânicas e vive as fases
nesse desenvolvimento perceptivo. À medida que aceita sua vibração, ela dinamiza
suas inter-relações energéticas com o meio Porto (2012).
O trabalho pedagógico por meio de projetos constitui um ato interativo,
eficiente e dinâmico, com forças motivadoras para uma aprendizagem significativa
em situações reais e interdisciplinares.
A presente pesquisa teve como objetivo o desenvolvimento de atividades,
proporcionando aos alunos o conhecimento das etapas do processo de metamorfose
das borboletas.
2. Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida na Escola Estadual Ludovico da Riva Neto, situada
no bairro Vila Nova, Município de Alta Floresta, Estado de Mato Grosso. O Município
possui um clima com nítida estação de seca e temperaturas variando entre 35º a 29ºC,
com uma média de 32ºC e precipitações variando entre 93mm de chuvas Inmet
(2009).
O presente estudo foi realizado com os 18 alunos do 2º ano – A, do período
matutino, compreendendo os meses de abril, maio e junho de 2018. Essa experiência
proporcionou uma prática docente, na qual se efetivou com elaboração de projeto e
questões de modo a orientar os registros e observações, com leitura de textos
informativos, vídeos, músicas, poemas, integração da literatura com perspectiva
interdisciplinar, no intuito de despertar e valorizar o censo investigativo de cada aluno
no seu cotidiano. As diferentes atividades desenvolvidas foram planejadas em
consonância com o currículo escolar, com uso da linguagem oral e escrita de gêneros
textuais; preservação do Meio Ambiente; ciclo de vida das borboletas; pesquisa
científica virtual (laboratório de informática) sobre as borboletas e suas variedades;
alimentação das borboletas; uso do microscópio na observação dos membros da
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mesma e seus ovos. Observações diárias do processo de transformação da lagarta
para o casulo até o seu nascimento.
3. Resultados e Discussões
A experiência proporcionou uma aprendizagem significativa, pois os alunos
registraram o que foi observado nas diferentes etapas do processo de transformação
das lagartas, explicaram de forma simples de acordo com o seu nível de construção
do conhecimento científico, compreendendo todo o processo que envolve o ciclo de
vida das borboletas e sua contribuição no ecossistema.
A metamorfose da borboleta ocorre em quatro estágios ou fases: ovo, lagarta,
casulo e estágio adulto. Na figura 1, encontra-se as fases do desenvolvimento da
metamorfose, dois tipos de ovos (1A), um tipo de lagarta (1B), outro tipo de lagarta
(1C), casulo de outro tipo de lagarta (1D) e finalmente o nascimento e o primeiro vôo
da borboleta (1E). Estudos realizados por Amorim (2006) mostra que na primeira fase
da metamorfose vai depender do clima e do tempo, pois há um mecanismo natural
no corpo do embrião que determina sua incubação, amadurecimento, que segue em
função do crescimento da planta em que foi depositado e futuramente servirá de
alimento. Após esse período ocorre a transformação em lagarta, momento em que o
animal come ferozmente para crescer e guardar energias. Depois de várias mudanças
de pele, o mesmo irá construir seu casulo, ficando em total repouso por um período
que vai de uma semana a meses, dependendo da espécie, e finalmente a borboleta
pronta, rompe o casulo e se prepara ao primeiro vôo de acasalamento.
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Figura 1. Representação do ciclo de vida das borboletas.
O novo Corpo com asas é a grande mutação, na qual lhe confere a maturação
sexual. As borboletas fêmeas, após deixarem o casulo, são procuradas pelo macho e
são fecundadas, em seguidas as mesmas começam a busca pela planta onde irão pôr
os seus ovos. Os ovos eclodem depois de alguns dias e deles saem lagartas, que após
se alimentarem da casca do ovo, começam a comer as folhas da planta onde se
encontram. Na fase de crisálida, a lagarta é transformada em borboleta. Quando tudo
se completa, a crisálida se abre e do interior saem uma linda borboleta, seu vôo só
ficará pronto quanto as suas asas estiverem esticadas e secas, Amorim (2006).
A observação e a vivência cotidiana é o ponto principal de uma aprendizagem
significativa, pois o entendimento interiorizado por cada aprendiz estimula a uma
nova ação e criação de uma aprendizagem Schuch & Zen (2006).
A Figura 2 mostra os estudantes observando atentamente o processo de
mudança da lagarta para o casulo (2A), observação de dois tipos de ovos de
borboletas (2B), visualizando em microscópio os tipos de ovos (2C), pesquisa no
A B C
D E
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laboratório de informática sobre as espécies de borboletas (2D), produções textuais
sobre o processo da metamorfose (2E a 2H).
Figura 2. Ações desenvolvidas pelos estudantes.
A aprendizagem se tornou muito mais eficaz, pois diariamente as crianças
foram construindo e reconstruindo seus conhecimentos a respeito do inseto em
estudo, na qual permitiu uma participação efetiva dos alunos em busca de respostas
durante o período de investigação. Os momentos de pesquisa no laboratório de
informática e laboratório de ciências, o contato com o microscópio, a observação
diária do desenvolvimento de uma lagarta até o casulo, a alimentação oferecida no
decorrer do período e os textos produzidos mostraram claramente essa ampliação
de conhecimento, como também em seus relatos orais no dia a dia em sala de aula.
Assim, sendo os registros dos alunos nas mais variáveis linguagens propiciaram uma
aprendizagem prazerosa e significativa. Estudos realizados por Santos (2008) mostra
que a aprendizagem significativa, ocorre quando quatro condições básicas são
estimuladas: a motivação, o interesse, a habilidade de compartilhar experiências e a
habilidade de interagir com os diferentes contextos.
A B C D
E F G H
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4. Conclusão
Houve uma interação criativa entre os alunos e o objeto de estudo durante a
pesquisa, proporcionando troca de conhecimento, construção de novos
conhecimentos, registro e explanação das conclusões obtidas durante os estudos e
observações, com elaboração de textos individuais e coletivos.
5. Referências Bibliográficas
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LEITURA E REESCRITA DE FÁBULAS – UMA PRODUÇÃO SURPREENDENTE
Denise Borkenhagen dos Santos1 Irene Costa Aguiar1
Jonis Franklin Leite dos Santos1 Aghata Dias Zwick1
Ísis Caroline Borkenhagen dos Santos1
1Escola Municipal Jardim das Flores, Rua Jasmin, s/nº - 78580-000 - Alta Floresta – MT, Brasil {jonisfranklin, borkenhagensantos, escolajardimdasflores}@hotmail.com Abstract. Fables have been rewritten over time according to the society in which it is produced or reproduced. The reading of fable is not only for stimulation or incentive but a motivating way for the development of reading abilities. The study aimed at reading and rewriting fables, establishing intertextual relations for reflections in texts. The research was developed in the Municipal School Garden of Flowers, with the group of the 7º year U, of the morning period, in the months of May and June of 2018. They began by presenting textual genre and initial diagnosis of knowledge about the genre, reading of different fables, tale and retelling, discussion and interaction dynamically, writing and rewriting new texts. In the initial production, the students presented difficulties, even with the teacher's guidance, they perceived a certain inhibition to produce, not knowing how to position themselves in relation to writing, having difficulties to find a title consistent with the plot and characters, as well as to develop the production. For the final text the attitude was different, they were confident, confident, acting spontaneously, wanting to do, produce and interact with colleagues. Even those with greater difficulty did not have inhibition to write, they produced their texts in an autonomous way, safe in their knowledge. The fable genre promoted significant insertion of students in teaching learning, encouraged reading, enriched knowledge and changed attitudes.
Palavras-chave: Gênero textual; Produção; Aprendizagem; Incentivo.
1. Introdução
O Gênero textual Fábula se deve ao fato de que são pequenas histórias que
transmitem uma lição de moral, sendo uma narrativa, em que os personagens principais são
animais que representam tipos, características e comportamentos humanos. Além disso,
oferece uma leitura crítica, como ferramenta para o desenvolvimento da criatividade e do
senso crítico, possibilitando assim a observação de fatos e situações conflituosas,
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oportunizando para a reflexão e análise de soluções. Esse gênero textual instiga o processo
de construção de estratégias necessárias, para que o aluno possa ir além da mera
decodificação, buscando a construção do próprio discurso (DOLZ & SCHNEUWLY, 2011).
A Fábula se divide em duas partes: a primeira parte, a história, conta o que
aconteceu. Já a segunda parte, a moral, o significado da história. É um gênero literário
muito antigo que se encontra em praticamente todas as culturas humanas e em todos
os períodos (BAGNO, 2006).
A aprendizagem da leitura requer estratégias que faça o estudante ser um bom
leitor, que sinta prazer em praticar o ato de ler, que promova a escrita no seu dia a
dia como também envolvendo a pratica da oralidade (leitura) (KLEIMAN, 1995).
As fábulas vêm sendo reescritas ao longo dos tempos, o que mostra a variação
da moral de acordo com a sociedade em que ela é produzida ou reproduzida. A
leitura da fábula não é somente para estimulo ou incentivo, mas como uma forma
motivadora para o desenvolvimento de capacidades leitoras, ampliação dos
conhecimentos de mundo, compreensão, interpretação, desenvolvimento de
habilidades, estratégias de leituras e estabelecimento de relações intertextuais (DOLZ
& SCHNEUWLY, 2004).
. A prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor cidadão, pelas
diferentes práticas de leitura, pode ater a suas obrigações, defender seus direitos,
tornando-o aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade
justa, democrática e igualitária.
A presente pesquisa teve como objetivo a leitura e reescrita de fábulas,
estabelecendo relações intertextuais para reflexões relativas às temáticas estudadas
nos textos.
2. Metodologia
A presente pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Jardim das Flores,
situada à Rua Jasmim s/nº, bairro Jardim das Flores, Município de Alta Floresta, Estado
de Mato Grosso. O estudo foi realizado com os 27 alunos do 7º ano U, do período
matutino, compreendendo os meses de maio e junho de 2018. As atividades iniciaram
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com a apresentação inicial, expondo aos alunos de maneira detalhada das atividades
que seriam realizadas, o gênero textual a ser trabalhado, o diagnóstico inicial do
conhecimento dos alunos sobre o gênero fábula e veículos onde os textos circulam.
Roda de leitura, leituras de diferentes fábulas, conto e reconto das fábulas, discussão
e interação de forma dinâmica entre as mesmas com escrita e reescrita de novos
textos.
3. Resultados e Discussões
As atividades foram trabalhadas de forma direcionadas que possibilitou o
desenvolvimento das capacidades de leitura, onde provocou mudanças significativas,
despertando o espírito criativo, reflexivo, desenvolvendo o conhecimento, tanto na
leitura, literatura quanto na escrita de forma reflexiva, crítica e autônoma.
Para mensurar os efeitos da leitura em relação ao conhecimento e os efeitos provocados
nos estudantes, propomos a produção do gênero ao final da pesquisa.
Figura 1. 1ª - Produção escrita pela
aluna imagem (A) e transcrição da imagem A para (B).
O CORVO E O PAVÃO
Em uma fazenda vivia vários animais entre eles um pavão muito vaidoso, ele gostava de zombar de todos os animais, pois se achava o mais belo. Um certo dia um corvo que estava cheio das criticas do pavão, resolveu tomar uma atitude. Ele reuniu todos os animais e eles decidiram achar um defeito no pavão, então eles começaram a observar o pavão. Quando o pavão veio zombar deles, todos começaram rir dele, todos estavam rindo de seus pés então o pavão envergonhado foi embora e depois daquele dia o pavão não zombou de mais ninguém. Moral da história: não há beleza sem defeitos.
A B
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Figura 2. 2ª – Produção escrita pela aluna, imagem (A) e transcrição da imagem A para B.
Na figura 3, apresentamos a maneira como os alunos em geral desenvolveram
as atividades iniciais e finais do gênero. Observou-se um grande avanço entre a
primeira e a última produção. Na produção inicial, os alunos apresentaram muitas
dificuldades em produzir o texto, mesmo com orientação do professor, percebeu-se
certa inibição para produzir, não sabendo posicionar-se em relação à produção,
tendo dificuldades de encontrar um título condizente com o enredo e personagens
como também desenvolver o próprio enredo. Mesmo os mais criativos, ficavam
inseguros em apresentar suas ideias, demonstrando insegurança em escrever. Com
isso, para obterem os resultados da primeira produção, houve incentivo do professor,
para que o trabalho fosse concluído.
Para a produção final, a atitude dos alunos foi bem diferente, estavam mais
soltos, confiantes e seguros, agiam espontaneamente com a atividade proposta,
querendo fazer, produzir e interagir com os colegas. Mesmo os alunos com maior
dificuldade não tiveram inibição para escrever, produziram seus textos de forma
autônoma e seguros de seu conhecimento. O gênero escolhido, as fábulas
selecionadas, as sugestões de leituras, a estratégia de ação, o modo de avaliação, foi
uma maneira eficiente para aguçar a leitura, pois o trabalho foi tomando forma e os
alunos diante das atividades diversificadas, tanto orais como escritas, foram
A Borboleta e a Cigarra
Uma borboleta estava passeando quando encontrou
uma cigarra muito feliz e cantando. A borboleta vendo
sua alegria perguntou:
- Como você pode ser feliz se é tão feia! Você não tem
motivos para tanta felicidade.
- Claro que tenho!
- Claro que não! Eu é que tenho razão, sou bela, minhas
cores são lindas, consigo voar levemente e com
delicadeza.
- Mas você nem sempre foi tão linda assim...
- Mentira, eu sempre fui linda, você está com inveja!
- Eu com inveja? Engano seu sou feliz assim.
- Você cara amiga borboleta, para ser tão feliz assim
precisou passar por tantas transformações, mas eu não.
Você já foi um bicho tão feio quanto eu.
A borboleta ouviu... E saiu de mansinho, foi embora...
Moral da história: A beleza não traz felicidade, nem
perfeição, o que importa é o que sentimos no coração.
A
B
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desenvolvendo suas capacidades. Houve muita participação, relato e discussão no
decorrer das leituras. As experiências, os resultados obtidos no decorrer da
implementação, as ações realizadas e as várias sugestões discutidas contribuíram
muito para o enriquecimento do trabalho (Figura 3).
PRODUÇÃO DO GÊNERO FÁBULA 1ª Produção
27 alunos
2ª
Produção
27 alunos
ELEMENTOS DO GÊNERO PRESENTES NA
PRODUÇÃO
Número
de alunos
Número de
alunos
Soube posicionar-se relação à produção? 08 22
O título condiz com o enredo e personagens? 10 22
Os elementos de tempos e modos verbais são
coerentes?
11 23
Usou poucos personagens? 14 20
Os personagens são animais? 27 27
Há uma moral? 10 24
Tratou de valores morais e sociais? 11 23
Há uma sequência lógica de acontecimentos? 13 23
O texto está bem estruturado? 10 21
Há intertextualidade no texto? 10 21
O texto apresenta coerência? 10 21
Apresenta dificuldades linguísticas 20 09
Usa adequadamente as palavras e expressões 10 24
Figura 3. Produção inicial e final dos alunos. Textos produzidos pelos alunos.
Durante a compreensão da moral presente em cada fábula, era feito um
paralelo com a realidade, fazendo os alunos a refletirem sobre os problemas dos
personagens com as dificuldades do cotidiano e os problemas sociais existentes.
Assim, o critério de organização dos conteúdos de língua portuguesa em
termos de uso/reflexão/uso, de certa forma, define também o eixo didático, a linha
geral de tratamento dos conteúdos. Caracteriza um movimento metodológico de
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ação/reflexão/ação, em que se pretende que, progressivamente, a reflexão se
incorpore às atividades linguísticas do aluno de tal forma que ele tenha capacidade
de monitorá-las com eficácia (BRASIL, 2001).
4. Conclusão
O trabalho com o gênero fábula promoveu a inserção do estudante no processo de
ensino aprendizagem, possibilitando maior incentivo à leitura, ao enriquecimento do saber
e mudanças de atitudes significativas em relação às atividades desenvolvidas.
5. Referências Bibliográficas
Bagno, Marcos. Fábulas fabulosas. In: Carvalho, F. A. M.; Mendonça, H. R. (Org.). Salto para o futuro: práticas de leitura. Brasília: Ministério da Educação, 2006. p. 51-53. Dolz, J.,M Noverraz, M., e Schneuwly, B. 'Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento'. In: Dolz, J. e Chneuwly, B. Gêneros orais e escritos na escola, p.95-128. 2011.
Kleiman, A. Oficina de leitura: teoria e prática. Pontes, 1993.Parâmetros
curriculares nacionais: língua portuguesa/Ministério da educação. Secretaria da
Educação Fundamental. – 3ª edição. Brasília, A Secretaria, 2001.
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Sobrevivência de operárias de Atta sexdens Forel alimentadas com dietas artificiais
Laura Araujo Sanches1
Simone de Bitencourt Oliveira1 Juliana Garlet1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208–78580-000–Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]; [email protected];
Abstract. the objective of this study was to evaluate the survival of Atta sexdens operators during a period of 72 hours with the supply of two artificial diets. The experiment was carried out with 10 ants/glass bottle, with three treatments: T1 (ants without diet), T2 (ants + Diet1) and T3 (ants + Diet2) in an air conditioned room of type B.O.D. at 26 ± 2 ° C, U.R. of 60 ± 10% and photo phase of 12 hours. When comparing the solid artificial diets, it can be verified that there was no difference in the survival of the field workers treated with the different diets. Diet 1 represents a more practical and economical alternative to work with A. sexdens workers isolated from the anthill for a period of 72 hours in laboratory bioassays. Palavras-chave: alimentação, bioensaio, formiga cortadeira.
1. Introdução
As formigas cortadeiras são conhecidas como saúvas e quenquéns
pertencendo respectivamente ao gênero Atta e Acromyrmexda ordem Hymenoptera,
família Formicidae e subfamília Myrmicinae. São exclusividade encontradas desde o
sul dos Estados Unidos até o centro da Argentina, com ampla distribuição em todos
os países do Continente Americano, exceto no Chile, mas no Brasil ocorrem em todo
o território (COSTA et al., 2011).
As formigas cortadeiras possuem o hábito de cortar diversas espécies vegetais,
utilizadas como substrato para o cultivo do fungo simbionte, principal fonte alimentar
das formigas cortadeiras (BUENO et al., 2008), são dieta exclusiva das larvas, e
também são importante na alimentação de operárias adultas, que durante o corte, a
coleta e o processamento folhas ingerem os líquidos extraídos delas (ANDRADE et
al., 2002; PAUL & ROCES, 2003). Por esse motivo, exigem grande quantidade de
material vegetal, atacando as plantas em qualquer fase de desenvolvimento e sob
vasta ocorrência.
De acordo com Nickele et al. (2013) as espécies de Atta são as mais estudadas,
pois apresentam as maiores colônias e são responsáveis por grandes danos aos
plantios agrícolas e florestais.A fim de amenizar os efeitos negativos causados pelas
formigas, é realizado o uso de métodos de controle químico, porém sabe-se que
apresentam toxicidade a mamíferos, ao homem, além da existência da capacidade
dos insetos em desenvolverem resistência (VIEGAS JUNIOR, 2003).
Em virtude disso, observa-se o constante aumento de pesquisas em busca de alternativas de controle desses insetos, dentre eles, a utilização de extratos vegetais tem se destacado, pois apresenta rápida degradação, maior especificidade além de causar menos danos ao meio ambiente (BUENO & BUENO, 2011). Evidenciando a importância de estudos
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realizados com formiga cortadeira que podem ser coletadas a campo e mantidas em laboratório, através do fornecimento de dieta artificial.
As dietas artificiaisconstituem-se em uma ferramentapara manipular os insetos e, estão sendo desenvolvidas visando estudos nas mais diversas áreas do conhecimento da Entomologia (COHEN, 2015). De acordo com Vanderzant (1966) os insetos, de maneira geral, não apresentam grandes diferenças nas necessidades nutricionais qualitativas, mas sim nas concentrações de determinados nutrientes-chave para o completo desenvolvimento e a manutenção de suas necessidades energéticas quando adulto, tornando-aessencial para o desenvolvimento ou para manter a longevidade após adulto.
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a sobrevivência de operarias de Atta sexdens durante um período de 72 horas com o fornecimento de duas dietas artificiais.
2. Material e Métodos
Operárias de Atta sexdensforam coletadas forrageando em trilhas de um sauveiro adulto (campo),durante o período noturno, localizado no município de Alta Floresta.Para a realização do experimento, as formigasforam levadas ao laboratório eagrupadas em 10 indivíduos em frascos de vidro de aproximadamente 13,5 cm de altura por 8 cm de diâmetro, fechados com tecido tipo voil.Os frascos de vidro facilitam o manuseio das formigas sem o uso de fluon (Resina de fluoroeileno), talco ou teflon-30 que normalmente são utilizados quando o experimento utiliza placa de petri.
Durante o período de avaliação foi fornecida dieta solidificada, cortada em cubos e acomodada nos vidros sobre papel alumínio, sendo reposta quando necessário, além disso, utilizou-se algodão hidrófilo umedecido com água destilada. Para cada tratamento, foram utilizados quatrofrascos de vidro, que equivalem a 40 formigas (quatro repetições). Os frascosforam mantidos em câmara climatizada do tipo B.O.D. a 26 ± 2 °C, U.R. de 60 ± 10% e fotofase de 12 horas. A avaliação foi realizada num período de 72 horas, quantificando-se o número de formigas vivas, nos períodos de 24, 48 e 72 horas.
Dieta 1: para o preparo desta dieta é utilizado 1,5g de dextrose, 0,5g de ágar alimentício e 100ml de água destilada, de acordo com Jung et al. (2013). Estes componentes são misturados e levados ao micro-ondas por três minutos, posteriormente acondicionada em placas de petri e armazenadas em refrigerador até o momento da implantação do experimento.
Dieta 2:composta de 5% (p/v) de glicose, 1 % de peptona bacteriológica e 0,1 % de extrato de levedura, 1,5% de ágar bacteriológico dissolvidos em 100 ml de água destilada, de acordo com Bueno et al. (1997). Após a mistura dos componentes foram levados ao forno de micro-ondas por seis minutos para a solubilização e posteriormente autoclavada, acondicionada em placas de petri e armazenadas em refrigerador.
O Delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com os tratamentos compostos por: T1 (formigas sem dieta), T2 (Formiga+Dieta1) e T3 (Formiga+Dieta2). Utilizou-se quatro repetições, sendo cada parcela experimental representada por 10 insetos, totalizando 40 formigas cortadeiras por tratamento. Os dados de sobrevivência foram transformados e ajustados por meio da fórmula 𝑥0.5, para atender aos parâmetros da normalidade. Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05) pelo programa SISVAR.
3. Resultados e Discussão
As percentagens de sobrevivência acumulada para operárias de A. sexdense intervalos de avaliação estão presentes na Tabela 1.
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Tabela 1. Porcentagem média acumulada de sobrevivência de operárias de Atta sexdens rubropilosa,
submetidas a diferentes dietas.
Tratamentos Sobrevivência (%)
24h 48h 72h
Formiga sem dieta 4,06 b 0 b 0 b
Forrmiga + Dieta 1 10 a 9,73 a 9,02 a
Forrmiga + Dieta 2 10 a 9,47 a 8,56 a
C.V.(%) 8,09 6,14 18,71
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey
(p<0.05). Dados foram transformados em𝑥0.5.
De acordo com os dados da Tabela 1, verificou-se que no intervalo de 72 horas a sobrevivência das formigas para a dieta1 foi de 9,02% e dieta2 8,56%, assim não houve diferença significativa entre as médias de sobrevivência das formigas alimentadas com as duas dietas, havendo diferença estatística somente quando não ocorreu nenhum fornecimento de dieta.
O comportamento da sobrevivência acumulada de A. sexdens nos períodos avaliados para ambas as dietas foram semelhantes, apresentando pouca redução de sobrevivência após 24 horas aumentando a mortalidade após esse período (Figura 1).
Figura 1. Sobrevivência de operárias de Atta sexdens provenientes de formigueiros de campo, submetidas a diferentes dietas, dados sem transformação.
Após 48 horas, nenhuma formiga sobreviveu sem o fornecimento de dieta artificial.
Para as demais nota-se que as formigas com a dieta 1 apresentaram 82,5% de sobrevivência após 72 horas, enquanto que, as formigas com a dieta 2 representam 75%. Os resultados da comparação entre as dietas mostraram que ambas são eficientes para experimentos com duração de 72 horas.
A dieta2 é constituída de mais componentes, é muito utilizada na maioria dos experimentos, principalmente, quando são necessários longos períodos de avaliação. Bueno
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 24 48 72
So
bre
viv
ên
cia
(%
)
Horas
Formiga Sem Dieta
Formiga + Dieta1
Formiga + Dieta2
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et al. (1997) indica a dieta para bioensaios de até 25 dias, evidenciando que a partir desse período apenas 5% das formigas se mantém vivas nas placas de Petri.
Vale a pena ressaltar que essa dieta tem sido utilizada com sucesso em bioensaios sobre toxicidade de extratos orgânicos, como por exemplo, Rezende et al. (2007) avaliando extratos de plantas no controle de formigas cortadeiras Atta sexdens rubropilosa em condições de laboratório, observaram que as formigas apresentaram mortalidades de 16,66, 10 e 3,33%, quando mantidas com dieta artificial descrita por Bueno et al. (1997). Gomes et al. (2016) também utilizando a mesma dieta no estudo de toxicidade de extratos vegetais em operarias de Atta sexdens sexdens e verificaram mortalidade de 8% após 3 dias e 87% ao termino do experimento (25 dias).
Os resultados obtidos nesta pesquisa e as observações realizadas indicam que a manipulação fácil, o uso de poucos componentes para a confecção, bem como uma menor contaminação por fungos contribuem para que, a dieta1, represente a melhor opção para experimentos de laboratório com operárias de A. sexdens coletadas em sauveiro em campo e realizados por curto período de tempo (72 horas).
Além disso, estudo realizado por Dáttilo et al. (2006) em que avaliaram a sobrevivência de operárias de formiga cortadeira Acromyrmex subterraneus subterraneus mostraram que a dieta sólida, contendo 10% de dextrose, foi a mais eficiente, onde se observou apenas 8% de mortalidade, em experimento com período de 10 dias. Evidenciando a importância da dextrose na dieta das formigas cortadeiras. 4. Conclusões
As dietas avaliadas são eficientes na sobrevivência de Atta sexdens, porém a dieta 1 representa uma alternativa mais prática e econômica para se trabalhar com operárias de A. sexdens isoladas do formigueiro por período de 72 horas, em bioensaios de laboratório.
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Comportamento meiótico e viabilidade polínica em Passiflora Edulis Sims. e Passiflora
morifolia Mast. (PASSIFLORACEAE)
Danielle Vieira Rodrigues 1 Catiane dos Santos Braga 2 Rosimara Barboza Bispo 3
Kellen Coutinho Martins 4 Sérgio Alessandro Machado Souza 5
1 Universidade do Estado do Mato Grosso-UNEMAT- Rodovia MT 208 –
78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
2 Universidade do Estado do Mato Grosso-UNEMAT- Rodovia MT 208 –
78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
3 Universidade Estadual do Norte Fluminense-UENF- Avenida Alberto Lamego 2000 – 28013602– Campos dos Goytacazes-RJ, Brasil.
4 Universidade Estadual do Norte Fluminense-UENF- Avenida Alberto Lamego 2000 –
28013602– Campos dos Goytacazes-RJ, Brasil.
5 Universidade do Estado do Mato Grosso-UNEMAT- Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. The genus Passiflora is composed of cultivated and wild species, these species being
representative of genes. Therefore, it is important to carry out pre-improvement activities, such as
estimation of pollen viability and evaluation of meiotic behavior. Based on this, the present work had
as objective to evaluate the meiotic behavior, via meiotic index and pollen viability estimated by the
reactive dyes of Alexander, Carmin Acetic at 1% and Lugol at 1%, of the species Passiflora edulis Sims.
and Passiflora morifolia Mast. For pollen viability, 250 pollen / lamina grains were analyzed in a total
of eight slides / treatment, totaling 2000 pollen per treatment. The pollen viability data were tabulated
in spreadsheet and the averages obtained with the help of the Microsoft Excel 2007® program. For
the statistical analyzes, the assumptions of normality and homogeneity of variance were tested by the
Lillifors test and Bartlett's test, respectively, followed by analysis of variance (ANOVA). Statistical
analyzes were performed using the GENES program. For the IM, four slides were prepared, where the
drops of 1% Carmim Acetic were removed after removal of the debris from covered cover sheet
material. 500 cells were counted per slide, making a total of 2000 post-meiotic products. Tetrads were
classified as normal post-meiotic products, while monads, dyads, triads or poles were considered
abnormal post-meiotic products. All species presented a high meiotic index above 90%, as well as
pollen viability, thus observing a positive relation between the percentage of normal tetrads and the
viability of the pollen grains. Palavras-chave: grão de pólen; pré- melhoramento; germoplasma.
1. Introdução A família Passifloraceae possui aproximadamente 18 gêneros (Paull & Duarte,
2012), com o número de espécies que variam entre 530 (Feuillet & Macdougal, 2007), a 537 (VANDERPLANK, 2007). No Brasil ocorre a existência de quatro gêneros: Ancitrothysus Harms, Dilkea Mast., Mitostemma Mast., e o gênero Passiflora L. O gênero
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Passiflora é o mais diversificado da família, sendo o Brasil apontado como o centro de diversidade genética do gênero com cerca de 140 espécies nativas, nas quais 83 são endêmicas (BERNACCI et al., 2013).
Apesar de o Brasil possuir um terço das espécies do gênero Passiflora, somente duas delas são exploradas comercialmente, a Passiflora edulis (maracujá-azedo) e P. alata (maracujá-doce) (BERNACCI et al., 2003). Outras espécies também possuem potencial econômico, no entanto, são comercializadas apenas em regiões restritas. Na América do Sul está concentrado os principais países produtores de maracujá, sendo o Brasil o maior produtor mundial dessa cultura (MELETTI, 2011).
O gênero Passiflora é constituído por espécies silvestres e cultivadas, sendo as silvestres consideradas repositoras de genes, porém devido à falta de informações básicas úteis ao melhoramento, as mesmas são utilizadas como último recurso (NASS et al., 2001). Sendo assim, é de suma importância a ampliação de trabalhos que possibilitam melhor conhecimento do germoplasma do maracujazeiro silvestre (OLIVEIRA & RUGGIERO, 2005).
Nas mais diferentes áreas de conhecimento, estudos básicos de uma espécie, como nível de ploidia, tamanho do genoma, número de cromossomos, normalidade da meiose, entre outros, são de suma importância (SINGH, 2002). O conhecimento do comportamento meiótico de uma espécie, por exemplo, irá informar se ela produzira gametas viáveis, capazes de gerar uma progênie (GERONIMO, 2014).
Na meiose ocorre a redução à metade do número cromossômico de um indivíduo ou organismo (GERONIMO, 2014). Os cromossomos são responsáveis por carregarem os genes além de determinar o mecanismo de herança dos indivíduos, sendo então de suma importância (SUMNER, 2003). A divisão meiótica normal garante a viabilidade do gameta, no entanto, ela é controlada por vários genes, podendo ocorrer mutações, assim como irregularidades, com a ocorrência destes fatores o resultado será produtos pós- meióticos anormais, e consequentemente a infertilidade da planta (PAGLIARINI, 2000).
Estudos sobre a divisão meiótica são de grande importância, uma vez que aumentam a eficiência de conservação e auxiliam no melhoramento da espécie, além de explicar fenômenos reprodutivos, pois a mesma é uma das fontes de variabilidade genética, mecanismos de hereditariedade e de variabilidade genética, visto que, a meiose é uma das fontes de variabilidade que garante a perpetuação das espécies através da descendência (CAETANO et al., 2003).
Com base nisto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento meiótico, via índice meiótico e a viabilidade polínica estimada pelos corantes Reativo de Alexander, Carmin Acético à 1% e Lugol à 1%, das espécies Passiflora edulis Sims. e Passiflora morifolia Mast.
2. Material e Métodos
Os botões florais das espécies, em diferentes estádios de desenvolvimento, foram coletados em casa de vegetação, localizada na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) campus de Alta Floresta (09º 52' 32" S e 56º 05' 10" W). As análises citológicas foram realizadas no Laboratório de Genética Vegetal e Biologia Molecular, situado na UNEMAT.
Para o índice meiótico (IM) foram preparadas quatro lâminas, onde anteras foram maceradas em gotas de Carmim Acético à 1%, e após a retiradas dos debris o material foi coberto com lamínula e aquecido com lamparina. As lâminas foram
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observadas via microscopia óptica no aumento de 40X. Foram contabilizadas 500 células por lâmina, perfazendo um total de 2000 produtos pós-meióticos por espécie. As tétrades foram classificadas como produtos pós meióticos normais, enquanto que mônades, díades, tríades ou políades foram consideradas produtos pós-meióticos anormais. O cálculo do índice meiótico foi realizado conforme Love (1951).
Para a estimativa da viabilidade polínica foram preparadas oito lâminas com botões florais próximo a antese. As anteras (uma por lâmina) foram seccionadas transversalmente com o auxílio de um bisturi e em seguida foram maceradas em 10µL de cada um dos corantes avaliados (Reativo de Alexander, Carmin acético à 1% e Lugol à 1%). Após a retiradas dos debris o material foi coberto por lamínula e observado via microscopia óptica no aumento de 40X.
Foram analisados 250 grãos de pólen/lâmina em um total de oito lâminas/tratamento, totalizando 2000 pólens por tratamento. Os dados foram tabelados em planilha e as médias obtidas com auxílio do programa Excel 2007® Microsoft. Para as análises estatísticas os pressupostos de normalidade e homogeneidade de variância foram testados pelo teste de Lillifors e teste de Bartlett, respectivamente, em seguida procedeu-se a análise de variância (ANOVA). As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do programa GENES (CRUZ, 2013).
3. Resultados e Discussão
Os dados apresentaram distribuição normal de acordo com o teste de Lilliefors, e de homogeneidade de variância pelo teste de Bartlett. Não houve diferença significativa das fontes de variação na ANOVA, pelo teste F para as duas espécies em estudo (Tabela 1 e Tabela 2).
A espécie P. edulis apresentou média geral de viabilidade polínica de 97,85% (Tabela 1), sendo para o corante Reativo de Alexander média de 98,70%, para o corante Carmin Acético à 1% foi de 97,45% e para o Lugol à 1% foi de 97,25%.
Em estudo, Moreno et al. (2015), analisando a viabilidade por horário encontraram a maior média de 98,07% as 16:30 para o corante Reativo de Alexander similares a encontrada neste trabalho, já para o corante Carmin Acético à 1% a média foi de 93,47% as 20:30, também semelhante do presente estudo.
Tabela 1. Resumo da análise de variância (ANOVA) para os dados da viabilidade polínica da espécie
P. edulis.
ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
A espécie P. morifolia apresentou média geral mais baixa (Tabela 2), quando
analisado cada corante foi obtido as seguintes médias, 96,15% para o Reativo de
Alexander, 94,45% para o Carmin Acético à 1% e 97,15 para o Lugol à 1%. Em estudo
realizado por Vida et al., (2011) a média de viabilidade polínica para P. morifolia com
o uso do corante Lugol à 1% foi de 92,63%, valor similar ao encontrado no presente
trabalho.
Fonte de Variação GL QM F
Tratamento 2 2,47 1,47ns
Resíduo 9 1,67
CV (%) 1,32
Média geral 97,85
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Tabela 2. Resumo da análise de variância (ANOVA) para os dados da viabilidade polínica da espécie
P. morifolia.
ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
Inúmeros fatores podem afetar a viabilidade do pólen, tais como umidade relativa do ar, temperatura, pressão osmótica do conteúdo celular do pólen e resistência da parede do mesmo (PRASAD et al., 1999). De acordo com Pacini & Franchi (1993), o maracujazeiro possui o grão de pólen pegajoso, recoberto por uma substancia chamada pollenkit, a mesma minimiza a ocorrência de desidratação do grão de pólen evitando assim a perda da viabilidade. Sendo que esta é essencial para o melhoramento genético de plantas, uma vez que quanto mais alta for a viabilidade do grão de pólen, maior será a probabilidade de fertilização (SOUZA et al., 2002).
A viabilidade polínica para as duas espécies, com os respectivos corantes, foram consideras altas, pois de acordo com Ruggiero et al. (1996), valores acima de 70% são considerados satisfatórios. O corante Reativo de Alexander foi o que possibilitou uma melhor distinção de polens viáveis e inviáveis nas duas espécies (Figura 1).
Na análise do índice meiótico, foram encontrados apenas tétrades e
tríades para duas espécies. As médias do índice meiótico de P. edulis e P. morifolia
foram 99,35% e 99,4% respectivamente. As duas médias são consideradas altas, pois
de acordo com Love (1951), índices acima de 90% indicam espécies com alta
estabilidade meiótica, enquanto genótipos que apresentam índices meióticos abaixo
de 90% podem implicar na ocorrência de anormalidades durante o processo de
gametogênese.
Figura 1. Índice meiótico: célula em tétrade (seta inteira) e célula em tríade (seta
pontilhada); Viabilidade polínica: Reativo de Alexander, Carmin Acético à 1% e
Fonte de Variação GL QM F
Tratamento 2 7,45 2,38ns
Resíduo 9 3,13
CV (%) 1,8
Média geral 95,91
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Lugol à 1% respectivamente (pólen viável seta inteira, pólen inviável seta
pontilhada); A) P. edulis, B) P. morifolia. respectivamente. Barra= 50µm.
4. Conclusões As espécies apresentaram um alto índice meiótico, indicando um
comportamento normal durante a divisão celular meiótica, sendo um fator importante uma vez que a origem do grão de pólen ocorre através da meiose.
A viabilidade polínica das espécies também foi alta, independente do corante utilizado, indicando potencial das mesmas a germinar no estigma da flor, sendo este um estágio decisivo à fertilização, garantindo assim características desejáveis, como o tamanho do fruto às espécies.
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Índice meiótico e viabilidade polínica em Passiflora miniata Vanderplank e Passiflora foetida
Linn. (PASSIFLORACEAE)
Danielle Vieira Rodrigues 1 Rosimara Barboza Bispo 2 Catiane dos Santos Braga 3
Kellen Coutinho Martins 4 Sérgio Alessandro Machado Souza 5
1 Universidade do Estado do Mato Grosso-UNEMAT- Rodovia MT 208 –
78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
2 Universidade Estadual do Norte Fluminense-UENF- Avenida Alberto Lamego 2000 –
28013602– Campos dos Goytacazes-RJ, Brasil.
3 Universidade do Estado do Mato Grosso-UNEMAT- Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
4 Universidade Estadual do Norte Fluminense-UENF- Avenida Alberto Lamego 2000 –
28013602– Campos dos Goytacazes-RJ, Brasil.
5 Universidade do Estado do Mato Grosso-UNEMAT- Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. Several species of Passiflora found in Brazil have characteristics of interest that can be
introduced in the commercial species through breeding. To this end it is necessary that the basic
knowledge, such as the number of chromosomes, ploidy and the course of meiosis, on the species in
question. In this way the present work had as objective meiotic behavior, through meiotic index and a
pollen viability detailed by the reactive dyes of Alexander, Carmin Acético at 1% and Lugol at 1%, of
the species Passiflora miniata Vanderplank and Passiflora foetida Linn. For the estimation of the Meiotic
Index (IM), four slides were prepared, where the anthers were removed from the flower buds, deposited
on the slide, macerated and stained in 1% Carmin Acetic. After removal of the debris the material was
covered with coverslip and observed by light microscopy at 40X magnification. 500 cells were counted
per slide, making a total of 2000 post-meiotic products. For the estimation of pollen viability eight
blades with floral buds were prepared close to anthesis, the anthers were sectioned transversely with
the aid of a scalpel and then macerated in 10μL of each of the dyes. 250 pollen / lamina grains were
analyzed in a total of eight slides / treatment, totaling 2000 pollen per treatment. Statistical analyzes
were performed using the GENES program. The species had a high meiotic index above 90%, in the
same way as the pollen viability.
Palavras-chave: silvestre; melhoramento; grão de pólen; meiose.
1. Introdução O Brasil é considerado um centro de diversidade das Passifloras, com entorno de
150 espécies, das quais 87 são endêmicas (CERVI et al., 2010). Apenas algumas espécies possuem importância econômica em função da qualidade dos frutos ou ainda por apresentarem propriedades ornamentais e medicinais (TOCCHINI et al., 1994; CROCHEMORE et al., 2003; MELETTI, 2011). Algumas espécies silvestres encontradas no país possuem características de interesse que podem ser introduzidas nas espécies comerciais, via melhoramento (JUNQUEIRA et al. 2007).
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O melhoramento do maracujazeiro amarelo pode ser realizado através da obtenção de híbridos interespecíficos, utilizando como um dos genitores, uma espécie silvestre. Este processo proporciona ganhos agronômicos, possibilitando também a obtenção de novos materiais genéticos com potencial para o uso, como porta-enxertos, além do potencial para o mercado ornamental (JUNQUEIRA et al., 2007).
Para isto, é necessário que se tenha conhecimentos básicos, como o número de cromossomos, ploidia e curso da meiose, sobre as espécies em questão (JUNQUEIRA et al., 2007).
Segundo Techio et al. (2005) o processo meiótico regular gera gametas viáveis e, normalmente, uma alta porcentagem de grãos de pólen viáveis é esperada, tendo como resultado um alto percentual de tétrades normais. Anormalidades que ocorrerem durante a meiose levam à formação de gametas com um número de cromossomos não balanceado e, geralmente, inviáveis (NASCIMENTO et al., 2014), tendo como consequência, a infertilidade da planta (PAGLIARINI, 2000).
Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento meiótico, via índice meiótico, e a viabilidade polínica estimada pelos corantes Reativo de Alexander, Carmin Acético à 1% e Lugol à 1%, das espécies Passiflora miniata Vanderplank e Passiflora foetida Linn. 2. Material e Métodos
Os botões florais das espécies, em diferentes estádios de desenvolvimento, foram coletados em casa de vegetação, localizada na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus de Alta Floresta (09º 52' 32" S e 56º 05' 10" W). As análises citológicas foram realizadas no Laboratório de Genética Vegetal e Biologia Molecular, situado na UNEMAT.
Para a estimativa do Índice Meiótico (IM), foram preparadas quatro lâminas, onde as anteras foram retiradas dos botões florais, depositadas sobre a lâmina, maceradas e coradas em Carmin Acético à 1%. Após a retirada dos debris o material foi coberto com lamínula e observados via microscopia óptica no aumento de 40X. Foram contabilizadas 500 células por lâmina, perfazendo um total de 2000 produtos pós-meióticos. As tétrades foram classificadas como produtos pós meióticos normais, enquanto que mônades, díades, tríades ou políades foram consideradas produtos pós-meióticos anormais. O cálculo do índice meiótico foi realizado conforme Love (1951).
Para a estimativa da viabilidade polínica foram preparadas oito lâminas com botões florais próximos a antese, as anteras foram seccionadas transversalmente com o auxílio de um bisturi e em seguida foram maceradas em 10µL de cada um dos corantes: Reativo de Alexander, Carmin acético à 1% e Lugol à 1%. Após a retirada dos debris o material foi coberto por uma lamínula e em seguida observado em microscópio óptico. Foram analisados 250 grãos de pólen/lâmina em um total de oito lâminas/tratamento, totalizando 2000 pólens por tratamento.
Os dados foram tabelados em planilha e as médias obtidas com auxílio do programa Excel 2007® Microsoft. Para as análises estatísticas os pressupostos de normalidade e homogeneidade de variância foram testados pelo teste de Lilliefors e teste de Bartlett, respectivamente, em seguida procedeu-se a análise de variância (ANOVA). As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do programa GENES (CRUZ, 2013).
3. Resultados e Discussão
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De acordo com o teste de Lilliefors e de homogeneidade de variância pelo teste de Bartlett os dados apresentaram distribuição normal. Não houve diferença significativa das fontes de variação na ANOVA, pelo teste F para as duas espécies analisadas.
A espécie P. foetida apresentou média geral de viabilidade polínica de 97,83% (Tabela 1). As médias de cada corante foram, 98,10%, 97,70% e 97,70% para os corantes Reativo de Alexander, Carmin Acético à 1% e Lugol à 1%, respectivamente. Göttert (2017), observou a viabilidade polínica por horário em quatro espécies de Passiflora (P. suberosa, P. edulis, P. morifolia e P. foetida), com o uso do Reativo de Alexander, a média da P. foetida foi semelhante à do presente estudo, sendo 98,85% as 10:00.
Tabela 1. Resumo da análise de variância (ANOVA) para os dados da viabilidade polínica da espécie
P. foetida.
ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
A espécie P. minata apresentou média geral de viabilidade polínica de 97,05 (Tabela 2). As médias de cada corante foram 97,45%, 97,45% e 96,25% para o Reativo de Alexander, Carmin Acético à 1% e Lugol à 1%, respectivamente. Geronimo (2014), analisou a viabilidade polínica de P. miniata com o uso do Reativo de Alexander, a mesma apresentou média 82,2%, um pouco abaixo do presente estudo, no entanto ainda considerada alta.
Tabela 2. Resumo da análise de variância (ANOVA) para os dados da viabilidade polínica da espécie
P. miniata.
ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
Algumas espécies silvestres do gênero Passiflora possuem características de
interesse que podem ser introduzidas nas espécies comerciais via melhoramento (Junqueira et al., 2007), a P. miniata é silvestre, no entanto, ainda está no processo de domesticação, podendo futuramente ser incorporada em programas de melhoramento genético (GERONIMO, 2014).
Segundo Ruggiero et al. (1996), valores acima de 70% de viabilidade polínica são considerados altos, desta maneira, as duas espécies analisadas possuem percentuais considerados altos.
Na análise do índice meiótico, foram encontrados apenas tétrades e tríades para duas espécies (Figura 1). As médias do índice meiótico de P. foetida e P. miniata foram
Fonte de Variação GL QM F
Tratamento 2 0,21 0,09ns
Resíduo 9 2,17
CV (%) 1,50
Média geral 97,83
Fonte de Variação GL QM F
Tratamento 2 1,92 0,97ns
Resíduo 9 1,96
CV (%) 1,44
Média geral 97,83
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99,3% e 99,6%, respectivamente. Todas as médias são consideradas altas, pois de acordo com Love (1951), índices acima de 90% indicam espécies com alta estabilidade meiótica. O curso normal da meiose gera gametas viáveis e, normalmente, um alto percentual de tétrades normais resulta em alta porcentagem de grãos de pólen viáveis (TECHIO et al., 2005). Desta forma, as espécies em estudo apresentaram alto índice meiótico, e consequentemente alta viabilidade polínica.
Figura 1. Índice meiótico: célula em tétrade (seta inteira) e célula em tríade (seta pontilhada); A) P. miniata; P. foetida. Barra = 50µm.
4. Conclusões
Os resultados obtidos indicam que as espécies P. miniata e P. foetida apresentaram um alto índice meiótico, evidenciando um comportamento normal dos produtos pós-meióticos, o que resulta em uma alta viabilidade polínica, confirmando assim uma relação positiva entre o percentual de tétrades normais e a viabilidade dos grãos de pólen.
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Anatomia foliar de Guarea kunthiana A. Juss. (Meliaceae)
Karla Bianca Deus Bento1
Andréia Anjo Pereira1 Odair de Souza Fagundes 1
Norberto Gomes Ribeiro Junior2 Ivone Vieira da Silva3
1Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas
Amazônicos – UNEMAT de Alta Floresta [email protected]
2 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação - UNEMAT de Nova Xavantina
[email protected] 3Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. Anatomical studies of plant species that seek to answer questions related to biotic and abiotic factors are still scarce, and in this sense, we try to describe the foliar anatomy of the species G. kunthiana and to point out characters that respond to environmental factors that are exposed. For this, leaves of individuals of G. kunthiana were collected in one of the plots that integrate the PELD (Cerrado-Amazonia) studies, located in the RPPN Cristalino. In the laboratory, parathermic and transverse sections were performed to characterize the epidermis and foliar tissues, where they were submitted to double staining with astra blue and basic fuchsin. Semi-permanent laminates were assembled to obtain photomicrographs that were used to characterize the species. Our results showed that some characteristics differ from those described in the literature and this difference was mainly due to the type and distribution of the stomata in the leaf limbus. In paradermic sections we show ciclocytic stomata and presence of silica. The transverse sections revealed a dorsiventral mesophyll with thick cuticle, secondary collateral vascular bundle with absence of fibers, a central vein with idioblasts, secretory channels, tectorial and glandular trichomes, and a collateral vascular bundle with fiber-surrounded phloem. The anatomy of the species revealed the existence of adaptive characteristics to environments with water stress and protection against herbivores, due to the presence of a thick cuticle on both leaf faces, trichomes and crystals, besides the arrangement of the stomata and the organization of the palisade parenchyma. Palavras-chave: Caracterização anatômica; Amazônia; Adaptação; Abiótico. 1. Introdução
A família Meliaceae possui cerca de 550 espécies distribuídas em aproximadamente 50 gêneros, e apresenta distribuição cosmopolita, ocorrendo em diversos habitats (PENNINGTON, 1981; MABBERLEY et al., 1995). No Brasil são encontradas um total de 84 espécies que se distribuem em sete gêneros: Cabralea A.Juss., Carapa Aubl., Cedrela P.Browne, Guarea F.Allam. ex L., Melia L. (subespontâneo), Swietenia Jacq. e Trichilia P.Browne. Espécies da família Meliaceae podem ser encontradas em todos os estados do
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Brasil, porém, o maior número de espécies está concentrado nos domínios fitogeográficos da Amazônia e da Mata Atlântica (BFG 2015). Guarea é o segundo maior gênero da família contando com 69 espécie (PENNINGTON & CLARKSON, 2013).
No que tange a anatomia ecológica, os estudos que caracterizam as espécies vegetais de maneira a responder às questões relacionadas a fatores bióticos e abióticos são escassos (Ariano & Silva, 2016). O presente trabalho objetivou descrever a anatomia foliar da espécie Guarea kunthiana para apontar caracteres que auxiliem na delimitação de características funcionais e estruturais dos indivíduos em resposta a fatores ambientais a que estão expostos.
2. Material e Métodos Coletamos folhas da região mediana da copa de indivíduos arbóreos de Guarea
kunthiana A.Juss (Meliaceae), em uma parcela de estudos permanente de 1 hectare monitorada pelo PELD* Cerrado-Amazônia (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração), localizada na RPPN Cristalino, sob as coordenadas de entrada 9°35'56,5"S e 55°56'27,0"O.
Para a caracterização epidérmica realizamos cortes paradérmicos, na região mediana de folhas e as armazenamos conforme métodos usuais de herborização (FIDALGO E BONONI, 1984), reidratadas conforme Smith e Smith (1942), processamos pelo método de dissociação de Jeffrey (JOHANSEN, 1940), coramos com fucsina básica (KRAUS E ARDUIN, 1997) e montadas lâminas histológicas para a caracterização dos tecidos foliares. Realizamos os cortes transversais de regiões medianas das folhas, incluindo a nervura central a mão livre com uso de lâmina de aço, clarificamos em hipoclorito de sódio e coramos com azul de astra e fucsina básica (KRAUS et al., 1998). Para dar destaque na cutícula realizamos teste com Sudan IV em etanol para lipídeos totais (PEARSE, 1972). A partir das lâminas histológicas obtivemos fotomicrografias por meio de um capturador de imagens digital (LAS E.Z. 1.7.0 Leica®), acoplado a um microscópio Leica® ICC50. A partir das imagens realizamos a caracterização anatômica da espécie. 3. Resultados e Discussão
Evidenciamos através dos aspectos anatômicos da lâmina foliar de Guarea Kunthiana em secções paradérmicas face adaxial, paredes celulares com contornos retos e na face abaxial paredes celulares com contorno sinuoso (Figs. 1A, 1B). Os estômatos são ciclocíticos, sendo a parede das células subsidiárias com contorno reto (Fig. 1B). Observamos sílica em ambas as faces. Em secção transversal, a epiderme adaxial e adaxial revela-se uniestratificada, as células são retangulares com crescimento periclinal maior que o anticlinal (Figs. 1C, 1D, 1F).
O mesofilo é dorsiventral, formado por parênquima paliçádico, composto por duas camadas evidentes, sendo as células da primeira camada mais alongadas (Figs. 1C, 1D). O parênquima lacunoso apresenta espaços conspícuos, apresentando de 12 a 15 camadas de células com formato irregular e tamanho variado (Figs. 1C, 1D). Nessa região observamos feixes vasculares secundários com organização colateral com ausência de calotas de fibras (Fig. 1D). A nervura central na face adaxial apresenta células epidêmicas papilosas com paredes periclinais externas e anticlinais espessadas, uma cutícula espessa e, estômatos obliterados (Figs. 1E, 1F, 1G, 1H, 1I). Observamos idioblastos com presença de monocristais com oxalato de cálcio e canais secretores (Fig. 1G). A epiderme da face abaxial na região da nervura central tem células com as paredes recobertas por uma camada de cutícula espessa e presença de tricomas tectores e glandulares (Figs 1H, 1I). Nessa face as células epidérmicas
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são papilosas, apresentando paredes periclinais externas espessadas e anticlinais espessadas e com presença de monocristais de oxalato de cálcio (Figs. 2I). O formato da nervura central é côncavo e o feixe vascular colateral tem formato de arco fechado com maior proeminência na face abaxial, apresentando fibras que rodeiam o floema (Fig. 1E).
Figura 1- Aspectos anatômicos da lâmina foliar de Guarea Kuntiana em secções paradérmicas e transversais. A- Face adaxial, evidenciando paredes retas e presença de sílica; B- face abaxial, mostrando estômatos ciclocíticos e presença de sílica; C- Parênquima paliçádico e parêquima lacunoso; D- Aspecto do mesofilo dorsiventral; E- Visão geral da nervura central; F- Cutícula da face adaxial e abaxial da nervura central; G- Face adaxial da nervura central, mostrando canal secretor, monocristais, epiderme papilosa e estômato obliterado; H- Face abaxial da nervura central mostrando, monocristais, epiderme papilosa, tricomas, colênquima lacunar; H- cutícula na face abaxial, tricoma glandular e colênquima lacunar. (CE) Células Epidérmicas, (Est) estômatos, (Sin) sinuosidades, (PP) Parênquima Paliçádico, (PL) Parênquima Lacunoso, (FV) Feixe Vascular, (Cut) cutícula, (CS) Canal Secretor, (EO) Estômato Obliterado, (EP) Epiderme Papilosa, (Mon) Monocristais, (Fi) Fibras, (Flo) Floema, (Xi) Xilema, (CP) Células Parenquimáticas, (CL) Colênquima Lacunar (TT) Tricoma Tector e (TG) Tricoma Glandular.
Quanto à anatomia foliar, G. kunthiana possui características que diferem das
observadas por Metcalfe e Chalk, (1983), Mourão et al., (2002) e Amede et al., (2015) para as Meliaceae. Esses autores encontraram folhas hipoestomáticas, presença de estômatos anomocíticos exclusivamente na face abaxial da epiderme, sendo que aqui observamos para a mesma espécie folhas anfiestomáticas, com estômatos ciclocíticos na face abaxial e estômatos obliterados na face adaxial da região da nervura central. As semelhanças com dados da literatura ficam por conta de presença de tricomas tectores e glandulares, presença de monocristais de oxalato de cálcio e mesofilo dorsivental. Pinheiro (1991), em seu trabalho com tecidos de regeneração encontrou estômatos anomocíticos, colênquima angular, parênquima paliçádico formado por uma única camada de célula. Em trabalhos com outros gêneros de Meliaceae, Sanogo et al. (2001) mencionam a ocorrência de estômatos em ambas as superfícies foliares indicando que ocorrência de folha hipoestomática para a família deve ser considerada como frequente, porém não invariável. Os estômatos observados na epiderme da região da nervura central, podem constituir um caráter relevante para a taxonomia do grupo. Metcalfe & Chalk (1988), afirma que usualmente os
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estômatos não ocorrem na epiderme da nervura principal e quando isto acontece, estes não são funcionais.
O aumento na espessura da epiderme na face adaxial da parede celular e da cutícula, sob condições de alta luminosidade, pode desempenhar importante papel na manutenção dos níveis ótimos de temperatura foliar, para efetivação dos processos fisiológicos (DICKISON, 2000). A presença dos cristais de oxalato de cálcio tem sido investigados devido sua importância ecológica, uma vez que sua presença nas plantas está relacionado como uma forma de defesa contra a herbivoria (LUCAS et al., 2000; XIANG e CHEN, 2004). A presença dos cristais pode estar associada à regulação do nível de cálcio nos tecidos (VOLK et al., 2002). A espécie G. kunthiana apresenta monocristais de oxalato de cálcio, principalmente na nervura central e cistólitos no mesofilo por toda a extensão do parênquima paliçádico, sendo que as informações sobre as funções dos cistólitos e dos cristais, bem como o seu processo de formação são escassas (METCALFE e CHALK, 1983).
A espécie apresenta tricomas tectores e glandulares, a presença de tricomas na epiderme associa-se a mecanismos contra a perda de vapor de água dos estômatos para a atmosfera (FAHN e CUTLER, 1992) e podem estar relacionados à proteção contra herbivoria. Detectamos a presença de colênquima na nervura, componente estrutural que auxilia na resistência à tração no órgão, a alta luminosidade, ventos e mais resistentes a perda de água pela planta (SIMIONI et al., 2017).
4. Conclusões
A anatomia da lâmina foliar de Guarea kunthiana indica a existência de
características adaptativa a ambientes com estresse hídrico, como a presença de uma
cutícula espessa na face adaxial e abaxial, a disposição dos estômatos na face abaxial e a
presença de cristais na região das nervuras. Muitos destes caracteres apresentados na
espécie exercem mais de uma função adaptativa, como tricomas e cristais, que, associados
a compostos fenólicos, oferecem uma proteção adicional contra a herbivoria ou ao ataque
de patógenos. Outras características como presença de estômatos nivelados à epiderme,
parênquima paliçádico ocupando 1/3 do mesofilo demonstram deficiência no controle da
transpiração, ou na filtragem a luz solar.
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Teste de condutividade elétrica em sementes de Cojoba arborea
Jullyanna Mendes da Silva Oliveira 1
Mariane Kaori Sasaya 1 Juliana Garlet 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected] , [email protected] ,[email protected]
Abstract. Cojoba arborea (L.) Britton & Rose is a arboreal species popularly known as Boliviana used in the urban arborization and for the manufacture of tool cables, musical instruments, joinery and general construction. The objective of this study was to evaluate the electrical conductivity test to analyze the physiological quality of seed lots of C. arborea. Three seed lots collected in different months were tested for different combinations of seeds (20 and 40 seeds) as well as two volumes of deionized water (40 and 80 mL). the seed imbibition were subsequently incubated in the BOD chamber at 35 ° C and photoperiod of 24 hours. The experiment was carried out in a completely randomized design, with four replications for all the tests performed. The data were analyzed using Sisvar soft- ware 5.6, with analysis of variance, and Tukey test (p <0.05). Lot 1 presented the lowest values of conductivity, differing statistically from the other lotss evaluated and lot 3 presented the highest values in relation to lot 1 and 2. The highest values of conductivity were observed in lower volumes of distilled water. According to the results, any amount of seed as well as amount of water can be used to perform the test. Palavras-chave: Boliviana; teste de vigor; Leguminosae; lote.
1. Introdução A espécie Cojoba arborea (L.) Britton & Rose (Leguminosae:Mimosoideae)
conhecida popularmente como brinco de índio ou boliviana, é encontrada no México, América Central, Colômbia, Equador, Bolívia e Peru, além de Cuba, Jamaica e Porto Rico no Caribe (CÁCERES, 2017). É uma árvore de crescimento rápido que atinge mais de 40 m de altura. O tronco geralmente é curto, grosso, cilíndrico e reto (quando a espécie está na floresta) ou torcida (quando está em lugares abertos), em locais abertos a altura desta árvore pode atingir 20 m de altura. Ao sofrer uma injúria, a casca exsuda uma seiva laranja aquosa e pegajosa (SANDÍ, FLORES 2004).
Segundo Cáceres (2017), a espécie exige uma exposição pouco ensolarada ou meia sombra. A madeira pode ser utilizada na fabricação de cabos de ferramentas, instrumentos musicais, marcenaria e construção em geral. No Brasil, principalmente na região norte do Mato Grosso tem sido muito utilizada na arborização urbana.
As sementes de Cojoba arborea devem ser semeadas pouco depois de serem colhidas porque, aparentemente, mantém a sua viabilidade durante um curto período de tempo. A Dispersão das sementes é ornitocórica, sendo realizada por papagaios e periquitos, no entanto, a gravidade faz com que a maioria das sementes caia (SANDÍ, FLORES, 2004).
Para as plantas desempenharem uma ótima performance em campo é necessário que as sementes possuem um bom vigor e para uma análise completa da qualidade de sementes, há necessidade de se complementar as informações fornecidas pelo teste de germinação com testes de vigor, os quais fornecem informações sobre os melhores lotes. Sendo assim, o uso de métodos rápidos e práticos é importante para efetuar a avaliação dos lotes de sementes, e um dos métodos utilizados é o teste de condutividade, que apresenta rapidez e praticidade (DIAS, 2006).
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O teste de condutividade elétrica (CE) está baseado no princípio de que, devido ao processo de deterioração, ocorre a lixiviação dos constituintes celulares das sementes embebidas em água devido à perda da integridade dos sistemas de membranas celulares, sendo assim, quando ocorre alta condutividade significa que a semente possui vigor baixo contudo, baixa condutividade reflete a alta qualidade da semente (GONZALES et al., 2009).
Considerando a carência de estudos de testes de vigor para espécies florestais com metodologias padronizadas, principalmente para C. arborea, este trabalho teve como objetivo avaliar o teste de condutividade elétrica para análise da qualidade fisiológica de lotes de sementes de C. arborea.
2. Material e Métodos
O estudo foi conduzido no Laboratório de Citogenética e Propagação de Plantas da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. Este ensaio, buscou avaliar a melhor combinação entre diferentes quantidades de sementes e volumes de água para embebição, para análise de lotes com diferentes períodos de armazenamento.
Para a condução do teste, foram coletadas as sementes com maturidade fisiológica diretamente das árvores matrizes de Cojoba arborea distribuídas no perímetro urbano de Alta Floresta. E posteriormente estas sementes foram acondicionadas no laboratório, dentro de sacola de papel sob a temperatura de 18 Co.
Neste teste foram avaliados três lotes de sementes de C. arborea coletados em diferentes meses. O lote I foi coletado no início do mês de junho de 2018 (duas semanas de armazenamento); o lote II foi coletado no início do mês de março do mesmo ano (três meses de armazenamento), e o lote três foi coletado no mês de junho no ano de 2017 (um ano de armazenamento).
Para a análise foram testadas diversas combinações, resultantes do uso de diferentes quantidades de semente (20 e 40 sementes) previamente pesadas em balança eletrônica com precisão de 0,01 g, bem como dois volumes de água deionizada (40 e 80 mL) para a embebição das sementes sendo posteriormente, incubadas na câmara do tipo BOD, à temperatura de 35 Co e fotoperíodo de 24 horas.
A leitura da solução de embebição foi efetuada utilizando-se o condutivímetro Hanna (HI 99301). O resultado da leitura no condutivímetro eletrônico é expresso em mss, sendo necessária uma transformação na unidade de medida para que os métodos pudessem ser comparados, isso se deu pela multiplicação do resultado obtido por 1000 (mil), obtendo assim o resultado final da leitura, este foi dividido pelo peso da subamostra correspondente, para que o resultado seja expresso em µcm g-1 de semente. Para validar as quantidades de sementes utilizadas bem como a quantidade de água efetuou-se o teste de germinação para comparar o valor de condutividade e a porcentagem de germinação. O teste de germinação foi realizado utilizando-se caixas gerbox com vermiculita umedecida com água destilada e posteriormente foram levadas ao herbário da UNEMAT para germinarem em temperatura ambiente. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado fatorial, constituídos de: três lotes (1,2 e 3) duas quantidades de sementes (20 e 40) e dois volumes de água deionizada (40 e 80 mL) com quatro repetições para todas as combinações analisadas. Os dados foram analisados utilizando o software Sisvar 5.6, por meio de análise de variância para o teste de germinação, e a análise de variância fatorial para os valores de condutividade elétrica para analisar a interação entre os lotes, número de sementes e a quantidade de água. Sendo ainda utilizando também o teste de Tukey (p<0,05) para a
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análise estatística para os fatores analisados. Após a analise fatorial, como não houve interação entre os fatores, os dados são apresentados separadamente nos resultados.
3. Resultados e Discussão
Houve diferença significativa no teste de germinação para os três lotes avaliados, bem como para os parâmetros analisados no teste de condutividade como pode ser visualizado na Tabela 1.
Tabela 1. Média de condutividade elétrica (µcm/g) e germinação para
diferentes parâmetros avaliados para três lotes de sementes de C. arborea
Lote 20 sementes 40 sementes Teste de
germinação
(%) 40 mL 80mL 40mL 80mL
1 6.96 a 3.89 a 10.29 a 2.92 a 86,00 b
2 166.02 b 67.45 b 93.42 b 56.37 b 0,00 a
3 390.02 c 175.70 c 249.74 c 159.66 c 0,00 a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p<0,05).
De acordo com os dados da Tabela 1, nota-se que o percentual de germinação
foi superior para o Lote 1, sendo que para todas as combinações efetuadas no teste de condutividade o lote 1 apresentou os menores valores de condutividade, diferindo estatisticamente dos demais lotes avaliados.
Segundo Torres et al. (2015) o teste visa avaliar a intensidade dos danos causados às membranas celulares resultantes do processo de deterioração da semente sendo assim, partindo dessa premissa, observa-se que as sementes do lote 1 apresentaram baixos teores de deterioração e este fato é refletido no valor de germinação. Os demais lotes diferenciaram entre si sendo que o lote 3 é o que apresentou maiores valores em relação ao lote 1 e 2. Este fato pode ser explicado devido este lote ter sementes com mais tempo de armazenamento sendo portanto o lote mais velho. Carvalho et al. (2009) destacam que sementes cujo o potencial fisiológico é menor, liberam maior quantidade de lixiviados, como consequência da menor estruturação e seletividade das membranas.
Ataide et al. (2012), realizando um estudo de condutividade elétrica em sementes de Amendoin do campo (Pterogyne nitens Tull.) (Leguminosae), avaliaram três quantidades de sementes (25, 50 e 75 sementes), três volumes de água destilada (25, 50 e 75 mL) e três tempos de embebição (24, 48 e 72 horas) e como resultado os autores verificaram que os maiores valores de condutividade foram observados nas sementes envelhecidas. E concluíram que a recomendação é a utilização de 50 sementes embebidas em 50 mL de água destilada durante o período de 24 horas.
Marques et al. (2002) também verificaram em sementes de Dalbergia nigra (VELL.) Fr.All. ex Benth (Fabaceae) conhecida como jacarandá-da-bahia, que o lote mais velho (lote III) mostrou qualidade fisiológica inferior a dos lotes I e II.
4. Conclusões
De acordo com os resultados, qualquer quantidade de sementes bem como quantidade de água avaliados neste estudo podem ser utilizados para realizar o teste de condutividade elétrica em sementes de Cajoba arborea. Recomenda-se assim, a
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utilização da menor quantidade de sementes (20) sementes com 40 mls de água deionisada. Referências Bibliográficas
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condutividade elétrica para sementes de Pterogyne nitens Tull. Revista Brasileira de Ciências
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31222009000100027&script=sci_abstract&tlng=pt> acesso em; 04 de julho de 2018.
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66902015000300622&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> acesso em: 03 de julho de 2018.
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Hypothenemus spp. em Plantio de Teca em Alta Floresta-MT
Mariane Kaori Sasaya 1
Marcelo Monteiro1 Jullyanna Mendes da Silva Oliveira1
Juliana Garlet2
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
[email protected] [email protected]
2 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. Coleoborers are coleoptera that have a boring habit and cause negative effects within a forest plantation, and it is difficult to carry out the control after its infestation. Among the coleoborers, the species belonging to the subfamily Scolytinae (Curculionidae), such as the genus Hypothenemus, can be distinguished, which can cause damages in several commercial vegetable species. This makes it important to carry out a constant monitoring that can be carried out of ethanolic traps, however, the studies related to the population survey of the subfamily Scolytinae are scarce, especially when it comes to research related to the escolitineos in planting of Tectona grandis in Brazil. In this way, a population survey of the genus Hypothenemus (Curculionidae: Scolytinae) was carried out in a teak plantation area located in the municipality of Alta Floresta-MT. The monitoring was carried out during eight months by means of the capture of coleoborers using traps of the model Carvalho 47 and Pet Santa Maria, where were installed 16 traps with distribution of 50 in 50m in a field of 15 hectares. Thus, after the collection, quantitative studies were performed, analyzing the seasonality of coleoborers populations of the genus Hypothenemus during the evaluation period. It was observed that Hypothenemus eruditus was the species that had the highest occurrence within the genus Hypothenemus, regardless of the period of drought and rain. And for the species Hypothenemus eruditus, Hypothenemus seriatus, and Hypothenemus bolivianus, there was decrease in numbers of individuals collected rainy period. Palavras-chave: Curculionidae; monitoramento; Scolytinae; Tectona grandis.
1. Introdução Dentro da ordem Coleoptera existem indivíduos considerados como pragas
importantes conhecidos como coleobrocas devido ao seu hábito broqueador que causa efeitos negativos dentro de um plantio florestal, sendo que é difícil realizar o controle após sua infestação.
No Brasil, a presença dessas espécies de coleobrocas está se tornando cada vez mais comum em plantios florestais. E dentre as coleobrocas há ocorrência de diversas espécies, onde se destaca especialmente as espécies pertencentes à subfamília Scolytinae (Curculionidae), como o gênero Hypothenemus, que podem provocar danos em diversas espécies vegetais comerciais (SOUZA et al., 2016).
Assim, os danos causados pelos coleobrocas em um povoamento florestal, evidenciam a importância de efetuar um monitoramento constante que pode ser realizado por meio de armadilhas etanólicas, sendo que, o aumento da população de
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coleobrocas, detectado pela armadilha pode indicar uma condição de estresse da árvore, pois arvores estressadas são mais susceptíveis ao ataque desses coleópteros (CARVALHO & TREVISAN, 2015).
No entanto, os estudos referentes ao levantamento populacionais da subfamília Scolytinae são escassos, principalmente quando se trata de pesquisas relacionadas aos escolitídeos em plantio de Tectona grandis no Brasil (SOUSA et al., 2016)
Desse modo, objetivou-se realizar um levantamento populacional das espécies pertencentes do gênero Hypothenemus (Curculionidae:Scolytinae) em plantio de Tectona grandis localizado no município de Alta Floresta-MT. 2. Material e Métodos O estudo foi realizado em um talhão no plantio florestal de teca (Tectona grandes) na fazenda IDC situada no município de Alta Floresta- MT. O talhão tem 15 hectares, e foi implantado em 2002. O plantio possui um espaçamento de 2,2 x 3m, e foram efetuados dois desbastes na área com intensidade de 25 % no sexto e no décimo primeiro ano de plantio. O monitoramento foi realizado durante oito meses (de junho de 2016 a janeiro de 2017) por meio da captura de coleobrocas utilizando armadilhas do modelo Carvalho 47 e Pet Santa Maria (CARVALHO, 1998; MURARI et al., 2012), sendo que foram instaladas 16 armadilhas (oito de cada modelo) com distribuição de 50 em 50m dentro do talhão. Após a coleta e triagem os insetos foram enviados para identificação, ao prof. Dr. Eli Nunes Marques, da Universidade Federal do Paraná, especialista na área.
Posteriormente realizou-se estudos quantitativos, analisando a sazonalidade populacional das espécies coletadas do gênero Hypothenemus. 3. Resultados e Discussão A seguir na Tabela 1 apresenta-se o número de indivíduos coletados no período seco, e chuvoso em talhão de Tectona grandis. E na Figura 1, pode ser visualizadaa sazonalidade populacional das espécies coletadas.
Tabela 1. Números e porcentagem de indivíduos coletados do gênero Hypothenemus nos períodos de seca e
chuva em talhão de Tectona grandis em Alta Floresta, MT. 1I=Indivíduos Coletados.
Espécies
Períodos
Seca Chuva Total
I1 % I % I %
Hypothenemus eruditus Westwood 1836
519 70.52 7 53.85 525 70.23
Hypothenemus seriatus (Eichhoff, 1972)
186 25.27 6 46.15 192 25.63
Hypothenemus bolivianus (Eggers 1931)
31 4.21 0 0.00 20 4.14
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Figura 1. Sazonalidade populacional de H. eruditus, H. bolivianus, e H.
seriatus.
Foram coletados no total 749 indivíduos do gênero Hypothenemus onde foram
encontradas as seguintes espécies: H. eruditus, H. seriatus, e H. bolivianus. Na Tabela 1, observa-se que a espécie H. eruditus, e a espécie H. seriatus, apresentaram a primeira e segunda maior porcentagem de ocorrência durante todo o período de coleta respectivamente. E quanto a sazonalidade dos números de indivíduos observados em diferentes períodos estacionais, na Tabela 1, nota-se que houve uma diminuição de números de indivíduos no período chuvoso para todas as espécies coletadas, sendo que este fato também pode ser observado na Figura 1.
Na Figura 1, para todas as espécies do gênero Hypothenemus, o comportamento da sazonalidade populacional durante todo período observado demostrou-se semelhante, onde ocorreu uma queda notória nos números de indivíduos coletados a partir do mês de outubro, a qual é o mês que iniciam as primeiras precipitações no município de Alta Floresta-MT.
Segundo Dorval et al. (2004) que realizou um levantamento populacional de espécies da subfamília Scolytinae em plantios de Eucalyptus camaldulensis Dehnh, Eucalyptus citriodora, e Eucalyptus pellita no município de Cuiabá-MT, também verificaram a presença das espécies H. bolivianus, e H. eruditus. E ainda os autores observaram que no período de chuva, ocorreu uma diminuição no total de indivíduos coletados da família Scolytidae.
Sousa et al. (2016) efetuando coleta de coleobrocas em plantio de Tectona grandis no município de Nossa Senhora do Livramento-MT, observaram também que a espécie H. eruditus foi uma das espécies mais presentes no local, mas, as espécies de coleobrocas tiveram ocorrência de forma representativa no período chuvoso. No entanto, vale ressaltar que estes mesmos autores afirmam que a perda das folhas da espécie Tectona grandis no período de estiagem supostamente pode ter afetado no microclima local que consequentemente influenciou no comportamento das coleobrocas.
0
50
100
150
200
250
Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novenbro Dezembro Janeiro
Nú
mer
o d
e in
div
ídu
os
Mêses
Criptocarenus hevea (Hagedorni) 1912
Hypothenemus bolivianus (Eggers 1931)
Hypothenemus eruditus Westwood 1836
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4. Conclusões
O H. eruditus foi a espécie que teve a maior ocorrência dentro do gênero Hypothenemus, independente do período de seca e chuva.
E para a espécies H. eruditus, H. seriatus, e H. bolivianus, notou-se que ocorreu uma diminuição nos números de indivíduos coletados no período chuvoso.
Referências Bibliográficas Carvalho, A. G. Armadilha modelo Carvalho-47. Revista Floram.; v. 5, n. 1, 1998. P. 225-227. Carvalho, A. G.; Trevisan, H. Novo Modelo de Armadilha para Captura de Scolytinae e Platypodinae (Insecta, Coleoptera). Revista Floresta e Ambiente.; v.22, n.4, 2015. p. 575-578; DOI: doi.org/10.1590/2179-8087.105114. Dorval, A.; Filho, O. P.; Marques, E. N. Levantamento de scolytidae (coleoptera) em plantações de eucalyptus spp. em Cuiabá, estado de Mato Grosso. Ciência Florestal, Santa Maria, v.14, n.1, 2004. p. 47-58, DOI:http://dx.doi.org/10.5902/198050981780. Murari, A.B., Costa, C.E.; Boscardin, J.; GARLET, J. Modelo de armadilha etanólica de interceptação de voo para captura de escolitíneos (Curculionidae: Scolytinae). Revista Pesquisa florestal brasileira. V. 32, n.69, p. 115-117, 2012. DOI: 10.4336/2012.pfb.32.69.115. Souza, M. D. de.; Sousa, N. J.; Filho, O. P.; Dorval, A.; Marques, E. N.; Jorge, V. C. Ocorrência de Scolytinae com armadilhas etanólica contendo diferentes concentrações de etanol. Espacios. V. 37, n.16, 2016. P. 27
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Contos e Fábulas: Contribuindo no Processo de Ensino e Aprendizagem dos Alunos do 1º Ano
“B” e “C” da Escola Municipal Jardim das Flores
Irene Rodrigues de Almeida1
Jonis Franklin Leite dos Santos1
Rosana Rodrigues de Almeida1
Claudineia Oliveira da Silva1
Nilson Pereira da Silva1
Escola Municipal Jardim das Flores
Rua Jasmim, s/n°, bairro Jardim das Flores Cep; 78580000-Alta Floresta - MT, Brasil,
Abstract. The importance of reading in life and in society makes the teacher use several strategies, because the greater the contact with language, in textual diversity, there is more possibilities to learn to write easily, in a relatively short time. The main objective of this study was to develop children's oral and written language, using narrative as a textual typology with a focus on short stories and fables. The research was carried out in the Jardim das Flores Municipal School, located in Jardim das Flores neighborhood, with the students of the first year B and C of the afternoon period, occurring between the months of April, May and June of 2018. Storytelling, characterization of characters, use of sound objects, concrete objects and booklets were developed with the characters being studied. Gradual advances have been made through the drawings, denoting growth for these beginner readers, in which they have the ability to interpret and produce speech through verbal and non-verbal language. It also made it possible to develop activities with interactive moments among children, stimulating orality, increasing the capacity to produce texts, as well as creativity in illustrations. Gradual advances in the verbal and non-verbal language of the students were noted with the work. Palavras-chave: Leitura; Escrita; Criatividade; Linguagem verbal e não verbal.
1. Introdução A importância da leitura na vida e na sociedade faz com que o professor se utilize de
várias estratégias para que a mesma se torne mais prazerosa e interessante, e lembrar sempre que, cada criança aprende de maneira diferente. (OLIVEIRA; ROCHA, 2014:13).
Rojo (2006) mostra que quanto maior o contato com a linguagem, na diversidade textual, mais possibilidades se tem de entender o texto como material verbal carregado de intenções e de visões de mundo.
Ao entrar na escola, a criança traz um conjunto de habilidades e destrezas que lhe possibilitarão aprender a escrever com facilidade, em um tempo relativamente curto. O contato e a presença da escrita na vida da criança antecedem a entrada na vida escolar. A escrita pode ser definida como uma função que se realiza culturalmente, através da mediação. (SOARES, 2013).
Ouvir e ler histórias são entrar em um mundo encantador, cheio ou não de mistérios e surpresas, mas sempre muito interessante, curioso, que diverte e ensina. É na relação lúdica e prazerosa da criança com a obra literária que formamos o leitor e o escritor. A criança aprende brincando em um mundo de imaginação, sonhos e fantasias. Desta forma, através de experiências felizes com as histórias, os contos clássicos infantis em sala de aula que a criança tem a possibilidade de interagir com diversos textos trabalhados,
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possibilitando o entendimento do mundo em que vivem e possibilitando a construção de seu próprio conhecimento. O estudo teve como objetivo principal desenvolver a linguagem oral e escrita das crianças, utilizando a narrativa como tipologia textual com enfoque nos contos e fábulas.
2. Material e Métodos
A presente pesquisa desenvolveu-se na Escola Municipal Jardim das Flores, situada na Rua Jasmim, s/nº, bairro Jardim das Flores, Alta Floresta, Mato Grosso, com os alunos do 1º ano B e C do período vespertino, ocorrendo entre os meses de abril, maio e junho de 2018. As atividades foram desencadeadas com: diversas contações de histórias, caracterização de personagens, uso de objetos sonoros e concretos na representação do cenário da história e montagem de livrinhos com personagens expondo a toda comunidade escolar.
3. Resultados e Discussão
Quando se pretende forma escritores competentes, é preciso também oferecer condições de os estudantes criarem seus próprios textos. Por isso formar bons escritores e leitores, depende não só de uma prática continuada de produções de textos, mas de uma prática constante de leituras (BRASIL, 2001).
É ouvindo e lendo contos e fábulas desde cedo que as crianças vão se apropriando da estrutura da narrativa e das regras que organizam o discurso, da segmentação da fala com a escrita. A ilustração abaixo denota os passos evolutivos no desenvolvimento das habilidades de escrita (Figura 1).
Figura 1. Imagem (A) produção inicial e imagem (B) produção final.
Na figura 2, nota-se avanços gradativos através dos desenhos, denotando crescimento para esses leitores iniciantes, que apresenta capacidade de interpretar e produzir o discurso através da linguagem não verbal, aproximando-os do hábito de ler e escrever.
A B
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Figura 2. Produção não verbal, imagem (A) inicial e imagem (B) final. Para forma bons leitores/escritores são necessários oferecer-lhes materiais de leituras ricos em informações prazerosas, pois é justamente neste momento em que as crianças são iniciadas no mundo da leitura e escrita. Por isso busca-se no cotidiano escolar, inserir atividades recreativas e lúdicas, em todas as ações desenvolvidas com educandos, dessa forma é necessário que haja interação dos conhecimentos, ou seja, que ocorra a interdisciplinaridade no dia-a-dia escolar (MILLER & AMARAL, 2008).
4. Conclusões
O trabalho possibilitou avanços gradativos através de linguagem verbal e não verbal dos leitores
iniciantes.
Referências Bibliográficas Miller, S.; Amaral, S. O desenvolvimento da linguagem oral e escrita nas crianças. Curitiba, 2008.
Oliveira, R. L. R.; Rocha, T. S. A importância da leitura para o 1º ano do Ensino Fundamental. 2014.
Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa/Ministério da educação. Secretaria da Educação
Fundamental. – 3ª edição. Brasília, A Secretaria, 2001.
Rojo, R. Letramento e diversidade textual. Práticas de leitura e escrita, p. 24, 2006.
Soares, J. M. A importância do lúdico na alfabetização infantil. São José dos Campos, 2013.
A B
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Diversidade e Estrutura Filogenéticas de Comunidades Herbáceas em Floresta Estacional
Decidual sobre Afloramento Rochoso na Amazônia Meridional
Islandia Silva Pereira¹ Sandra Cristina Gallo¹
Pedro Vasconcellos Eisenlohr¹
¹Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos, Universidade do Estado de Mato Grosso, Alta Floresta, Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. The integration between biological evolution and community studies has allowed, through measures of diversity and phylogenetic structure, the understanding of the processes that govern biological communities. They are more comprehensive measures of diversity, since they incorporate the evolutionary relations between species. The seasonal deciduous forest due to the deciduous leaves, allows a greater incidence of light in the lower strata, providing to the herbaceous stratum to present high richness and diversity of species. Considering that the herbaceous species have great ecological importance in the composition of the woody strata, as it acts as a biological filter, we aim in this work to verify the phylogenetic diversity and structure of the herbaceous component in a Deciduous Forest area on rocky outcrop in Southern Amazonia and elucidate the main process responsible for structuring these communities. We found different phylogenetic patterns, among them the grouping pattern that suggested that the herbaceous communities' structuring process is the environmental filters. Palavras-chave: filogenia; componente herbáceo; padrões; processos.
1. Introdução A Amazônia Meridional engloba parte da região norte matogrossense, conhecida
por pertencer ao “arco do desmatamento”; com amplos limites geográficos, sofre com a pressão antrópica, decorrente do desmatamento e do uso de terras para fins agropecuários, garimpeiros e madeireiros (Barbosa et al., 2015). Coincide amplamente com a região nortematogrossense, que constitui área prioritária para a conservação segundo o Ministério do Meio Ambiente (MAURY, 2004).
Definir padrões e entender processos ecológicos são passos importantes para o entendimento da organização e manutenção da diversidade de um local Kfraft et al. (2007), e a abordagem filogenética tem contribuído para revelar a predominância de fatores abióticos ou bióticos que influenciaram ou influenciam as comunidades vegetais, Cavender-Bares et al. (2009), detectando a presença de agrupamento ou a dispersão filogenética, Gastauer & Meira-neto (2014), auxiliando na compreensão da formação das assembleias vegetais (SILVA JUNIOR et al., 2018).
A teoria de montagem de comunidades tem sido constantemente discutida na ecologia evidenciando que existem vários processos agindo na estruturação das comunidades naturais (Webb, 2000; Webb et al., 2002; Cavender-bares et al., 2004; Ackerly, 2003). Contudo, a maioria das inferências teóricas estão baseadas em duas teorias conflitantes: a teoria de nicho com processos de competição e filtros abióticos, e a teoria neutra, Cavender-bares et al. (2009), entretanto, vários estudos também ressaltam que é mais interessante saber quando, onde e por que alguns processos prevalecem frente a outros do que simplesmente apontar um único processo como solução definitiva para montagem das comunidades (PICKETT et al., 2007).
A floresta estacional decidual, devido à caducifolia, permite maior incidência de luz nos estratos inferiores, propiciando ao estrato herbáceo apresentar elevada riqueza e diversidade de espécies (INÁCIO & JARENKOW, 2008). A participação de espécies herbáceas e subarbustivas na diversidade vegetal se mostra significativa, Muller &
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waechter (2001), assim como a sua importância ecológica na composição dos estratos lenhosos, pois atua como filtro biológico, George & Bazzaz (1999). Diante das rápidas mudanças ambientais e de outras diversas ameaças antrópicas às comunidades biológicas em todo o mundo, se faz necessário compreender como os processos evolutivos e ecológicos interagem para gerar e manter padrões de biodiversidade (GASTAUER & MEIRA-NETO, 2015).
Neste contexto, objetivamos neste trabalho verificar a diversidade e estrutura filogenética do componente herbáceo em uma área de Floresta Decidual sobre afloramento rochoso na Amazônia Meridional e responder a seguinte pergunta: Qual processo tem maior influência para a estruturação da comunidade herbácea dessa região? Nossa hipótese é que as comunidades estejam predominantemente agrupadas e, portanto, os filtros ambientais seria o principal processo atuante na estruturação dessas comunidades. 2. Material e Métodos
Realizamos este estudo na região do Cristalino, localizado no município de Novo Mundo, próximo à divisa com o município de Alta Floresta, no extremo norte do Estado de Mato Grosso, essa área é formada por vegetação (em geral, Floresta Estacional Decidual) sobre afloramento rochoso, situada entre as coordenadas 9° 35’ 12” S e 55° 54’ 59” W, com altitude entre 280 a 350 m a.n.m, na RPPN Mirante da Serra. A região apresenta clima quente e úmido, com um período de seca de aproximadamente três meses (Nimer, 1989; Köppen, 1948). O relevo apresenta topos levemente convexos, com altitudes entre 100 e 400 m e complexidade estrutural (BRASIL & ALVARENGA, 1989).
Seguimos as recomendações da Rede RAINFOR (Rede Amazônica de Inventários Florestais; Phillips et al., (2016). Como o protocolo RAINFOR é para o componente arbóreo efetuamos adaptações para o componente herbáceo. Deste modo, delineamos uma parcela de 100X100m (= 1 ha), dividida em 25 subparcelas (S), cada uma com dimensões de 20X20m contíguas, utilizamos o método de intersecção de linhas, Canfield (1941; 1950) para a realização da amostragem. O material botânico foi coletado, preservado e herborizado segundo a metodologia de Fidalgo & Bononi (1989). As espécies foram identificadas mediante consultas à literatura específica, a botânicos conhecedores da flora regional, por meio de chaves dicotômicas, bases de dados on-line através de comparações com o acervo do HERBAM. Submetemos a lista taxonômica das herbáceas ao módulo Phylomatic, utilizando o software Phylocom 4.2, Webb et al. (2008), usando como referência a mega-árvore das angiospermas R20160415.new de Gastauer & Meira-Neto (2017), seguindo APG IV (2016). Geramos uma filogenia ultramétrica utilizando o algoritmo “bladj”, que ajusta o comprimento dos ramos evolutivos segundo as idades dos clados, em milhões de anos, com base nas idades informadas no arquivo “ages” revisado por Gastauer & Meira-Neto (2017). Posteriormente, calculamos diversas métricas de estrutura e diversidade filogenética, como: i) NRI (Net relatedness index = índice de parentesco líquido), ii) NTI (Nearest taxon index = índice do táxon mais próximo) e iii) PD (Phylogenetic Diversity) em ambiente R 3.4.0 (R Development Core Team 2017). 3. Resultados e Discussão
A árvore filogenética representada pelas espécies amostradas (84) apresentou 53 nós internos e uma distância média dos ramos de 40.88 milhões de anos (Figura 1).
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Figura 1. Árvore filogenética construída a partir das espécies amostradas em Floresta Estacional Decidual sobre Afloramento Rochoso na Amazônia Meridional. Escala em milhões de anos.
Amostramos neste estudo 84 espécies herbáceas, distribuídas em 62 gêneros e 24 famílias. As famílias com maior número de espécies foram Orchidaceae (17), Poaceae (13), Marantaceae (nove), Cyperaceae (sete), Bromeliaceae (cinco), Commelinaceae (quatro espécies); as demais famílias variaram de uma a três espécies. Obtivemos a estimativa de diversidade filogenética (PD) de 884.66 milhões de anos, essa métrica mede a diversidade total de uma comunidade considerando um determinado clado através da soma dos comprimentos de todos os ramos dentro desse clado (Faith, 1992). Em síntese, essa medida mostra a diversidade com base no comprimento desses ramos, de modo que quanto maior for a distância evolutiva maior é a diversidade filogenética. As espécies mais basais, ou seja, com maior distância evolutiva foram a Ananas ananassoides e a Peperomia pellucida. O clado de maior riqueza foi o Asparagales, sendo Orchidaceae a família mais representativa.
Em geral, não houve estrutura filogenética nas comunidades analisadas, ou seja, o padrão aleatório foi predominante. Por outro lado, encontramos alguns valores de NRI e NTI estatisticamente significativos evidenciando estrutura filogenética agrupada, ou seja, não diferem do acaso (Tabela 1). Métricas de estrutura NRI e NTI, com valores positivos indicam agrupamento e valores negativos sobredispersão (Webb, 2008). O padrão de agrupamento filogenético frequentemente tem sido relacionado aos fatores abióticos (Ricklefs, 1987; Webb, 2000), entretanto, em estudos de florestas tropicais, este padrão agregado, tem sido associado a teoria de Conservadorismo de Nicho em que as espécies tendem a se manter na proximidade de sua origem, Webb et al. (2002). Conhecer a estrutura filogenética de uma comunidade ajuda a resolver controvérsias antigas sobre os papéis relativos dos processos neutros versus os relacionados com o nicho em assembleia comunitária, além de facilitar a identificação dos tipos de processos que estão na base de montagem comunidade (CAVENDER-BARES et al., 2009).
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Nossos resultados sugerem que processos neutros, ou seja, estocásticos e que são processos relacionados com a limitação de dispersão e a fatores evolutivos, como extinção e especiação, são os que predominantemente atuam na estrutura das comunidades herbáceas, seguidos por filtros ambientais, ou seja, as espécies que co-ocorrem naquele local resultam de pressões de filtros ambientais causados pelas condições abióticas que selecionam espécies mais similares e adaptadas a esses filtros (Webb et al., 2002; Kraft et al., 2010). Assim, variações filogenéticas podem ocorrer em resposta a variáveis ambientais como, por exemplo, o clima, Wiens & Donoghue (2004), o solo e a topografia (SLIK et al., 2009).
Os principais processos de montagem de comunidades têm influência na possibilidade de resposta das plantas ao ambiente e com as interações com outros organismos vivos; esses processos são conhecidos como filtros ecológicos, que podem ser de caráter biótico ou abiótico (GÖTZENBERGER et al., 2012). Existem diversos estudos que categorizam as herbáceas como um grupo que possuem características reguladoras das condições microclimáticas, retendo a umidade do solo, apresentando rápida mudança às condições do ambiente e servindo como indicadores biológicos das alterações climáticas (DE SOUZA, 2016). Por outro lado, há os padrões de coexistência de espécies que podem estar relacionados com diversos fatores de interação biótica, como, por exemplo, facilitação, Brooker et al. (2008), mutualismo e simbiose, processos de interação abiótica e, também, processos aleatórios (KRAFT et al., 2007).
De modo geral, o padrão observado através das métricas filogenética NRI e NTI para o as comunidades analisadas corresponde ao padrão encontrado para os grupos florísticos de florestas tropicais, ou seja, houve um certo destaque para o agrupamento filogenético, podendo estar relacionado com filtragem ambiental e/ou com a teoria de Conservadorismo de Nicho. Contudo, em escala local, como foi desenvolvido nosso estudo, vários outros processos também estão atuando na estruturação das comunidades. 4. Conclusões
Encontramos diferentes padrões filogenéticos evidenciando processos diferentes atuando nas comunidades herbáceas em sub-bosque da Amazônia Meridional. Possivelmente há relação entre o ambiente e a filogenia, pois encontramos padrão significativos de agrupamento, e o padrão aleatório predominante encontrado pode ser observado devido a limitação de dispersão, ou fatores evolutivos como extinção e especiação.
Tabela 1. Padrão filogenético encontrado nas comunidades herbáceas. Valores de NRI e
NTI positivos indicam agrupamento e negativos sobredispersão. Amostras Nº de espécie NRI NTI
L_01 10 0.7575* 0.6845*
L_14 9 0.6898 0.4563
L_30 9 0.6551* 0.3456*
L_37 6 0.5397 -0.2346
L_44 6 0.2875 -04567
L_55 10 0.1805 0.6534
L_76 10 -0.0144 -05674
L_85 10 -0.1329 0.3476
L_96 6 -0.2518 0.9878*
L_99 8 -0.2650 -0.2461
*Valores em negrito são significativamente diferente de zero.
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RESPOSTA ESPECTRAL DE MUDAS DE EUCALYPTUS UROPHYLLA X EUCALYPTUS
CAMALDULENSIS (VM-01) EM CONDIÇÃO DE DEFICIÊNCIA E TOXICIDADE DE BORO.
Caetano Affonso Couto Podlasinski Silva 1 Carlos Antônio da Silva Junior 2
Luciano Shozo Shiratsuchi³ Mendelson Lima²
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
2 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Av. Tancredo Neves, 1095 – 78200000 - Cavalhada II- Cáceres – MT, Brasil [email protected]
³ AgCenter, Louisiana State University (LSU)
Baton Rouge, LA, USA [email protected]
Abstract. With the advancement of technology and techniques of remote sensing that are being applied to forest monitoring, detection and evaluation of time series in function of conditions and diverse environmental socio-economic scenarios. The objective of this study will be to analyze by means of remote sensing techniques the application of contents above and below the appropriate level of boron micronutrients in eucalyptus hybrid seedlings. Eucalyptus seedlings will be cultivated in a greenhouse where they will be irrigated and micronutrient boron applied. For measurement, evaluation and discrimination of this nutrient in the plant, a remote sensor will be used for this purpose. Using the sensor type: multispectral imager (Canon T3i digital camera) and through the results will be applied discriminant statistics and analysis by means of vegetation indices, with and without orbital spectral bands. Keywords: Plant nutrition; Micronutrient; multispectral sensor.
1. Introdução No Brasil o setor florestal é constituído principalmente por indústrias de celulose e
papel, produção de carvão vegetal, madeira serrada, chapas e aglomerados, que vem ocupando um lugar de destaque na economia nacional atualmente. No setor de celulose e papel houve um grande avanço desde a época dos anos 50, onde a produção de celulose passou de 95 mil toneladas no ano de 1950, para 6,3 milhões de toneladas no ano de 1997, com isso a produção anual de papel passou de 253 mil para 6,5 milhões de toneladas respectivamente.
Desta forma o setor florestal apresenta atualmente cerca de 10 milhões de hectares de florestas plantadas no ano de 2016, sendo um pouco mais de 7,5 milhões de hectares ocupados pelas espécies de eucalipto. A cultura do eucalipto vem ocupando cerca de 75% das áreas, sendo que a grande parte dela fica no Estado de Minas Gerais com uma área de 1,9 milhões de hectares de eucalipto respectivamente, (IBGE,2017).
Desta forma, se tornando necessário o estudo sobre a influência do manejo de nutrientes no solo sobre os componentes produtivos na cultura de eucalipto, e assim avaliar a possibilidade do déficit e toxidade nutricional mediante uso de câmera fotográfica digital.
Assim, o uso de instrumentos fotográficos de baixo custo e fácil acesso vêm sendo estudado para auxiliar na obtenção de índices de vegetação para ajudar na descriminação
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de culturas de interesse, podendo ajudar na compreensão do comportamento desta cultura, assim podendo substituir futuramente sensores sofisticados de alta tecnologia como o espectroradiometro.
Perante isso, o objetivo é analisar por meio de técnicas de sensoriamento remoto, a aplicação de teores acima do nível adequado do micronutriente boro em mudas do híbrido de eucalipto VM-01 para se observar a sensibilidade da espécie quando exposta a estes níveis, como também analisar a deficiência deste micronutriente na planta com o auxílio de sensor multiespectral utilizando máquina fotográfica digital.
2. Material e Métodos
O experimento foi realizado em casa de vegetação no município de Alta Floresta-MT situada na Universidade do Estado de Mato Grosso Campus I, onde foram adquiridas mudas do híbrido Eucalipto VM-01 e transplantadas em sacos plásticos de 2 litros para a confecção do experimento. Assim, o solo a ser utilizado foi do tipo latossolo vermelho-amarelo, onde teve a utilização de uma quantidade de 100 litros de solo, sendo o mesmo coletado no próprio Campus I, com isso separados em baldes de 20 litros e peneirados, para ocorrer a homogeneização com seus diferentes teores do micronutriente boro.
O experimento teve uma composição de 5 tratamentos com 10 repetições cada uma, desta forma utilizando balde de 20 litros para realizar a separação da quantidade de solo de cada tratamento onde terá uma quantidade de 20dm³ de solo por tratamento. Que em seguida levado para casa de vegetação colocados em sequência por tratamento um ao lado do outro (figura 1), e irrigados já com as mudas em cada saco plástico, e após isso realizado o acompanhamento e irrigação diária, com uma quantidade de 150 ml por muda para que não ocorra a lixiviação do boro e saturação do solo por excesso de água.
Figura 1 – Organização das mudas em sacos plásticos.
Para a aquisição dos dados com a câmera fotográfica houve a utilização da
câmera Canon EOS REBEL T3I (12.1 megapixels) que onde ela não apresentava filtro
interno que bloqueia o comprimento de onda do infravermelho-próximo.
Apresentando um sensor Super CCD SR PRO (16 bits) conforme figura 2 com
sensibilidade para captar a luz da radiação ultravioleta (UV) ao infravermelho (IV) do
espectro (380nm – 1000nm) uma gama muito maior de comprimentos de onda que
normalmente são capturadas por câmeras convencionais. Assim as imagens em
infravermelho se teve a utilização de um filtro de interferência que bloqueia a luz
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visível e transmite NIR, sendo instalado na frente da objetiva da câmera digital. Sendo
que houve a utilização de dois filtros de 750nm e 850nm que permitem o registro
das imagens da reflectância dos alvos numa faixa espectral acima de 720nm.
As imagens eram armazenadas em CR2 (RAW) e no tamanho L (5184 x 2916),
sendo posteriormente transformadas para o formato Tagged Image File Format (TIFF)
e em seguida transformadas para a escala de cinza de 8 bits pelo software
FinepixViewer (GASPAROTTO, 2014). E após este procedimentos e transformação
para reflectância foi realizado o cálculo de índice de vegetação NDVI junto a o
software ENVI.
3. Resultados e Discussão 3.1 Avaliação visual da relação dos diferentes teores de boro aplicado as mudas.
Como era realizado o acompanhamento diário das mudas em casa de vegetação e realizado semanalmente a aquisição das imagens digitais com a câmera digital, era nítido a diferença física que as mudas apresentavam entre os diferentes tratamentos devido a diferentes teores de boro aplicado, conforme demonstrado a seguir:
Figura 2 – Diferenças fisicas visíveis nas mudas conforme teores de boro.
Para MALAVOLTA et al., (1997) o boro de modo geral é transportado somente no xilema, sendo praticamente imóvel no floema, e essa mobilidade que é restrita do elemento quando é redistribuído, faz com que os sintomas de deficiência apareçam nos órgãos mais novos e nas regiões de crescimento como é apresentado nas imagens acima que demonstram o tratamento 1.
3.2 Atribuição do NDVI as imagens obtidas.
T1
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Após a semana feito o acompanhamento diário e adquirido as imagens semanalmente, se teve o encerramento do experimento, levando em consideração o estágio em que as mudas se encontravam, pois, as mesmas não apresentavam mais nenhum avanço significativo visualmente visível, assim adquirindo uma serie temporal de cinco semanas e realizado a comparação com as imagens do termino do experimento, como é demonstrado a seguir (figura 3).
Figura 6 - Imagens obtidas pela câmera fotográfica digital processada para o índice de
vegetação NDVI no termino do experimento.
T1 T2
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As imagens acima demonstradas, confirmam a diferença que existe no termino do experimento, sendo considerado não apenas a questão visual, mas também quando atribuído o índice de vegetação das imagens obtidas ao decorrer do experimento, assim observando uma grande relação do índice de vegetação com a questão visual e também quando feito o manejo de boro no solo com diferentes teores atribuídos a cada tratamento deste experimento. 4. Conclusões
Assim o uso de câmeras fotográficas digitais com sensor infravermelho apresentam um grande futuro, devido a suas altas correlações e semelhanças das análises estatísticas realizadas, porém, necessitando de melhores estudos em relação a luminosidade, tempo de exposição e variáveis que não são controladas pelo homem como é o caso do vento, pois este fato vem a causar um alto coeficiente de variação nos resultados obtidos, diminuindo a precisão dos resultados obtidos por esta técnica. Referências Bibliográficas
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Distribuição espacial de Sumaúma (Ceiba pentandra L. Gaertn) na fazenda Chaparral,
município de Nova Monte Verde-MT
Celço Givanni dos Santos1 Fernando Saragosa Rossi1
Ana Aparecida Bandini Rossi1 Juliana de Freitas Encinas Dardengo1*
Guilherme Ferreira Pena1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208–78580-000–Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. This study aimed to establish the spatial distribution pattern and diameter distribution of C. pentandra in Chaparral farm in the municipality of Nova Monte Verde - MT. To survey data, a grid of 100 hectares was established. Height and diameter were measured in all living individual trees of the species that showed DBH (diameter at breast height measured at 1.30 m ground)> 10 cm. Analysis of the diameter distribution was prepared by histogram. The spatial distribution pattern was estimated by Morisita index (Id). We sampled 61 individuals, the minimum, average and maximum height found respectively 13; 16.10 and 23 m. The diameter distribution of the individuals did not follow the typical pattern of species of native forests. Regarding the spatial distribution of individuals, C. pentandra individuals showed a clustering distribution pattern. Palavras-chave: distribuição diamétrica; Ceiba pentandra; estrutura populacional.
1. Introdução A sumaúma (Ceiba pentandra L. Gaertn) é uma espécie que ocorre desde o
México até o norte da América do Sul, incluindo a bacia amazônica, principalmente nas matas de várzea e de terra firme com solo argiloso (RIZZINI, 1990). Em razão de suas características, a espécie é muito utilizada na indústria de chapas aglomeradas e de papel. Por isso, tem sido objeto de significativo extrativismo, o que pode levar a uma rápida redução do número de indivíduos em populações naturais.
Os estudos de padrões de estrutura populacional de uma determinada espécie facilitam o entendimento de sua ecologia, provendo informações básicas para o seu manejo ou conservação, no entanto, trabalhos desta natureza são ainda escassos no Brasil (NASCIMENTO et al., 2002).
Análises dos padrões de distribuição espacial são ferramentas muito úteis para entender o comportamento ecológico de uma espécie, uma vez que apresenta informações que dão suporte às estratégias de manejo e influenciam na estrutura populacional (ANJOS et al., 2004). A distribuição espacial é resultante de muitos fatores correlacionados, como o tipo de solo, altitude, intensidade luminosa, presença de dispersores e polinizadores (BUDKE et al., 2004).
A distribuição do número de indivíduos em classes de tamanho também auxilia na compreensão do comportamento ecológico de uma espécie, sendo que para Oliveira e Amaral (2004) a distribuição em “J” invertido seria uma característica típica de florestas nativas com pouca ou nenhuma alteração antrópica.
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Assim, o presente estudo objetivou estabelecer o padrão de distribuição espacial e de distribuição diamétrica de Ceiba pentandra na fazenda Chaparral, no município de Nova Monte Verde – MT.
2. Material e Métodos
A área em estudo localiza-se no município de Nova Monte Verde -MT, que segundo a classificação de Köppen apresenta clima tipo Awi. A temperatura média anual varia entre 20°C e 38°C, com média de 26°C e a precipitação pluviométrica varia entre 2.500 e 2.750 mm (FERREIRA, 2001).
Para a obtenção dos dados estruturais da população foi implementada uma grade 100 ha, nessa grade de estudo foram distribuídas 50 parcelas de 2 ha cada.
Dentro das parcelas, foram mensurados altura e diâmetro de todos os indivíduos arbóreos vivos da espécie que apresentaram DAP (diâmetro a altura do peito medido a 1,30m do solo) > 10 cm, sendo todos georreferenciados.
A identificação taxonômica da espécie foi realizada com auxílio de parataxonomistas, em seguida, todo material identificado foi descrito conforme o sistema de classificação Angiosperm Phylogeny Group versão II (SOUZA e LORENZI, 2005).
A estrutura horizontal da espécie foi caracterizada por meio das análises dos seguintes parâmetros: Número de Indivíduos, Densidade (SOUZA et al., 2011) e Distribuição Diamétrica.
Para o estudo da distribuição diamétrica no ambiente, o número de classes a serem utilizadas foi calculado de acordo com a metodologia descrita por Higuchi et al. (2008), que considera: n classes= 1+3,33logN (N= número de dados), sendo que o intervalo entre as classes foi ajustado segundo o número de classes. A análise da distribuição diamétrica foi elaborada por meio de histograma, com número de indivíduos por centro de classes de diâmetro.
O padrão de distribuição espacial foi estimado através do índice de Morisita (Id), conforme recomendações de Brower e Zar (1977):
(1)
Em que: Id: índice de Morisita; n: número total de parcelas amostradas; N:
número total de indivíduos por espécies, contidos em n parcelas; X²: quadrado do número dos indivíduos por parcela; s: número de espécies amostradas.
A significância dos valores calculados para o índice de Morisita (Id) foi obtida mediante o teste do qui-quadrado e um nível de significância de 0,05 de probabilidade de erro.
(2) A interpretação do valor do qui-quadrado foi baseada nos seguintes parâmetros:
se o valor calculado for menor que o valor tabelado, o (Id) não difere significativamente de 1, e a espécie apresentará um padrão de distribuição aleatório. Porém, se o valor do qui-quadrado for maior que o valor tabelado, a espécie tenderá a um padrão de distribuição agregada, se (Id=1), ou uniforme, (Id>1) (BROWER e ZAR, 1977).
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3. Resultados e Discussão Foram amostrados 61 indivíduos de C. pentandra, sendo a altura mínima, média
e máxima encontradas respectivamente 13; 16,10 e 23 m e a densidade encontrada foi de 0.61 ind.ha-1.
A espécie em estudo apresentou 7 classes diamétricas. A maior parte dos indivíduos amostrados apresentou DAP nas classes entre 32,0 e 64,0 cm (44 indivíduos – 72,1%) (Figura 1). Observou-se também que a espécie estudada apresentou indivíduos em todas as classes diamétricas, este tipo de comportamento segundo Boufleuer (2004), é característico de espécies tolerantes à sombra, as quais mantém uma taxa de estabelecimento de plântulas aproximadamente constante.
A distribuição diamétrica dos indivíduos (Figura 1) não seguiu o padrão característico das espécies de florestas nativas, pois apresentou poucos indivíduos na faixa de DAP de 64,0 a 80,0 cm. Esse comportamento pode ser justificado pelo fato da taxa de mortalidade possivelmente estar superando a taxa de crescimento, contudo, estudos indicam que várias outras espécies podem demonstrar esse mesmo padrão de estrutura diamétrica, como relatado por Rabelo (1999), trabalhando com populações de Callycophyllum spruceanum, Spondias mombin, Trichilia surinamensis e Carapa guianensis, Dardengo et al. (2017) com Theobroma subincanum e Silva et al. (2013) com Theobroma speciosum.
Figura 1. Distribuição diamétrica de C. pentandra na Fazenda Chaparral,
município de Nova Monte Verde, Mato Grosso. Em relação à distribuição espacial dos indivíduos, a espécie C. pentandra
apresentou valor de qui-quadrado maior (159,49) que o tabelado (79,08), logo os indivíduos amostrados apresentaram padrão de distribuição agregado. Espécies arbóreas geralmente apresentam distribuição espacial agregada, isto é, formam grupos de indivíduos em decorrência das formas de reprodução, presença de distúrbios ou fatores ambientais que limitam sua distribuição (PERRY e DIXON, 2002).
Os diferentes padrões de distribuição espacial das árvores, da composição de espécies, densidade, distribuição diamétrica e estrutura da floresta estabelecem condições favoráveis para o desenvolvimento dos processos naturais, tais como mortalidade, regeneração, formação de clareiras, dentre outras responsáveis pela manutenção da biodiversidade e dos estágios de sucessão na floresta (MALTAMO et al.,
0
5
10
15
20
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Classes diamétricas (cm)
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2000). Assim, dados como os levantados neste estudo são importantes para o esclarecimento desses eventos ecológicos.
4. Conclusões
A espécie demonstrou estar bem estabelecida na área, distribuída com número de indivíduos em todas as classes diamétricas. A distribuição diamétrica dos indivíduos de C. pentandra não seguiu o padrão característico das espécies de florestas nativas e em relação à distribuição espacial dos indivíduos, os indivíduos de C. pentandra apresentaram padrão de distribuição agregado.
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Potencial Alelopático de Capim Cidreira sobre o Desenvolvimento Inicial de Sementes de
Alface
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Talita Neres Queiroz 1
Adrielen Laiza Valiguzski 1
Regina de Matos Hresko 1 Aline Sara Rocha dos Santos 1
Sérgio Alessandro Machado Souza 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. Aromatic plants have secondary metabolites that can produce processes similar to a synthetic
chemical process, which can thus replace or reduce the use of chemicals. Based on the need to create
alternative forms in the management of agricultural crops, it is relevant the study the allelopathic effects
of medicinal and aromatic plants. The objective of this study was to analyze the possible allelopathic
effects of the infusion of Cymbopogon citratus (DC.) Staf in inhibiting germination or interfering with the
development of lettuce seedlings. The extracts were obtained by infusion of 2%, 4%, 6% and 8% (w/v) of
lemongrass for 250 ml of distilled water. The lettuce seeds were placed in a gerbox, containing two
germitest papers moistened with the infusion with 2.5 times the weight of the paper, kept in a
germination chamber B.O.D at 25ºC, with photoperiod of 12h of light. The experimental design was
completely randomized with 4 replicates and 5 treatments. We performed the analysis of variance
through the F test and for the significant variables, the Tuckey test at 5% probability using the GENES
statistical program. Based on the data found, it was observed that the higher concentrations of the
lemongrass extract decreased the germination of the lettuce, reducing the rate of germination.
Concentrations of 2% and 4% stimulated root and shoot growth of the seedlings, compared to control
growth. Therefore, allelopathic effect of the lemongrass on lettuce seeds was observed.
Palavras-chave: plantas medicinais; alelopatia; Cymbopogon citratus; plântulas.
1. Introdução
Originário da Índia, o capim cidreira, Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. (Poaceae), planta perene conhecida popularmente como capim- santo, erva cidreira é encontrado em hortas caseiras nos trópicos de todo o mundo, sendo uma planta de grande resistência. Possui folhas longas, estreitas e aromáticas com cheiro forte de limão (ALMASSY JUNIOR et al., 2005). Esta gramínea é largamente utilizada no país na forma de chá, possui aroma e sabor agradável de ação calmante, espasmolítica suave, possui atividade antimicrobiana, inseticida, repelente, antibactericida e em doses elevadas pode ser abortiva (LORENZI & MATOS, 2002).
Plantas aromáticas e medicinais possuem princípios ativos, pertencentes a diferentes categorias de compostos como fenóis, terpenos, alcaloides, entre outros (ROSADO et al., 2009). Através dos metabolitos secundários as plantas podem produzir processos que interferem no desenvolvimento dos sistemas biológicos naturais ou implantados, sendo de forma positiva ou negativa (MAIRESSE, 2007). A atividade desses aleloquímicos podem ser uma alternativa no lugar de herbicidas e inseticidas (RICKLI et al., 2011).
Uma planta pode liberar compostos que afetam tanto no crescimento como no desenvolvimento ou na inibição da germinação de sementes de outras espécies vegetais (MELHORANÇA FILHO et al., 2011). Essa inibição pode ser uma ferramenta para ajudar no manejo de plantas espontâneas em sistemas de bases ecológicas. Por isso o estudo desses efeitos é importante na interação entre planta cultivada e espontânea.
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Desse modo, objetivou-se com esse estudo analisar os possíveis efeitos
alelopáticos da extratos aquosos de capim cidreira (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf) na
germinação e no desenvolvimento de plântulas de alface.
2. Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de Sementes e Matologia, da Universidade do Estado de Mato Grosso, localizado no município de Alta Floresta – MT (09º 52’ 32” latitude Sul e 56º 05’ 10” longitude Oeste), foram utilizadas sementes de alface variedade Rainha de Maio. A parte do capim cidreira utilizada foram folhas frescas coletadas no canteiro de plantas aromáticas e medicinais da UNEMAT. Foram obtidos cinco concentrações (tratamentos) dos extratos aquosos: 5g, 10g, 15g e 20g (p/v) de (C. citratus) e o controle (água destilada).
Os bioensaios foram realizados em câmara de germinação, tipo B.O.D., com fotoperíodo de 12 horas por um período de 10 dias com temperatura controlada de 25 ± 2°C. As sementes de alface foram acondicionadas em caixas gerbox (11 x 11 cm), forradas com duas folhas de papel germitest umedecido com 10 mL de cada extrato ou água destilada (controle). O delineamento foi o inteiramente casualizados com 4 repetições, utilizando-se 100 sementes por parcela. Os extratos aquosos foram obtidos por infusão. Primeiramente, realizou-se a pesagem do material em balança semi-analitica e após as folhas foram acondicionadas em erlenmeyer de 250 mL, após, foi adicionado água fervente (100ºC±2) aos erlenmeyers. Em seguida, os mesmos foram fechados hermeticamente durante 15 minutos.
Foram realizadas as seguintes analises: percentual de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento de parte aérea e radicular e contagem de plantas normais e anormais.
Na análise de germinação, as contagens ocorreram no quarto e no sétimo dia, seguindo os critérios estabelecidos nas Regras para Analise de Sementes (BRASIL, 2009), sendo os resultados expressos em porcentagem. Já o teste de índice de velocidade de germinação (IVG) foi realizado em conjunto com o teste de germinação. Realizou-se a contagem de plântulas germinadas em todos os dias após a instalação do experimento. A partir dos dados encontrados, calculou-se o índice de velocidade de germinação (IVG) empregando-se a fórmula de Maguire (1962):
IVG = ∑ Gn/Nn; onde: IVG = Índice de velocidade de germinação; Gn = número de plântulas normais computadas da primeira até a última contagem; Nn = número de dias de semeadura da primeira até a última contagem.
O comprimento de raiz e da parte aérea, foi estimado com auxílio de um paquímetro digital onde foram mensuradas 40 plântulas por tratamento. Para a análise de plantas normais e anormais foram utilizadas todas as plantas germinadas.
Os dados foram submetidos ao teste de normalidade e homogeneidade de Bartllet e Lilliefors, respectivamente, após realizou a análise de variância, e para as variáveis significativas, Com auxílio do programa estatístico GENES (CRUZ, 2016). A análise de regressão polinomial, os critérios utilizados para a adoção do modelo foram a significância a 5% e o coeficiente de determinação (R²) do mesmo, utilizando o software Sigmaplot 14.0. (SYSTAT SOFTWARE, 2017).
3. Resultados e Discussão
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Com a análise de variância verificou-se que a germinação, o IVG, comprimento radicular e parte aérea das plântulas e a contagem de plântulas normais, foram significativas pelo teste F a 5% de probabilidade (Tabela 1).
Tabela 1: Resultados da anova para avaliação das características germinação, IVG, comprimento da parte radicular
(CPR) e aérea (CPA), plântulas normais e anormais sobre efeito do extratos de capim cidreira sobre sementes de alface.
FV
Germinação IVG CPR CPA Plântulas Normais
Plântulas Anormais
Tratamentos 1312,75 ** 104,83** 18,03* 40,32** 1066,9** 34,7 ns
Média 74,70 13,5 11,7 21,6 54,10 20,6
Desvio Padrão
17,21 4,77 2,62 3,57 15,75 4,99
**Significativo a 1% de probabilidade; *Significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo pelo teste F.
Quanto a germinação, os valores verifica-se gradativamente menores à medida que as concentrações de C. citratus aumentaram, o mesmo ocorreu para a velocidade de germinação (Figura 1A e 1B). Já a concentração de 20g, as variáveis analisadas de germinação e IVG aumentaram-se novamente, valores esses que estavam em decréscimo.
Há relatos de extratos de C. citratus atuar como inibidor de germinação em algumas espécies, porém em outras acarreta efeito estimulante. Em Ipomea acuminata, sua germinação não foi inibida, porém sua velocidade de germinação foi mais lenta na presença de extratos de C. citratus (LIMA et al., 2009). Em outros casos, no alface, guanxuma e picão preto (PICCOLO et al., 2007), o extrato inibiu a germinação e o desenvolvimento das plântulas. Souza et al. (2005) observaram o potencial alelopático inibitório de extratos aquosos obtidos de folhas secas de C. citratus, sobre sementes de alface e de rúcula, que variaram em funções das concentrações testadas. Alves et al. (2004) observaram efeito alelopático inibitório de óleos essências de C. citratus na germinação de plântulas de alface; esses dados corroboram com os do presente estudo. Essas pesquisas mostram algumas espécies em que C. citratus apresenta efeito sobre a germinação e/ou desenvolvimento inicial (DALMOLIN et al., 2012).
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Figura 1. Análise de regressão das variáveis analisadas sobre efeito da infusão de capim cidreira sobre sementes de alface. (A) germinação; (B) IVG; (C) comprimento de parte radicular; (D) comprimento da parte aérea; (E) plântulas normais sobre plântulas
de alface.
Em relação as plântulas normais, as concentrações mais elevadas dos extratos aquosos acarretaram em uma queda no processo germinativo, assim como, no número de plantas normais (Figura 1E).
As concentrações de 5g e 10g, promoveram um aumento na parte aérea e
radicular das plântulas de alface, quando comparadas ao tratamento controle (Figura
1C e 1D). Melhorança Filho et al. (2012) verificaram a existência de efeito alelopático de
C. citratus, em maiores concentrações sobre o desenvolvimento da radícula de alface.
Na análise do comprimento de corda-de-viola com uso de extratos aquosos de C.
citratus, perceberam que o comprimento de raiz diminuía conforme o aumento das
concentrações do extratos, porém, em relação a parte aérea, o efeito alelopático foi
positivo em altas concentrações (LIMA et al., 2009). Alves et al. (2004) observaram efeito
inibitório de diferentes concentrações de óleos essenciais de C. citratus no comprimento
e no desenvolvimento inicial, em alface, utilizado como bioensaio.
Os efeitos ocasionados por aleloquímicos sobre uma planta são diversos, e dependem de circunstâncias como condições ambientais, sendo difícil separar os efeitos
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secundários de causas primárias (REIGOSA et al., 1999). Os efeitos visíveis são portanto sinais secundários de mudanças que ocorrem a nível molecular (BAIS et al., 2003). Em relação a concentração, os diferentes processos fisiológicos de uma planta dependem do efeito dos aleloquímicos (REIGOSA et al., 1999), porem é comum o efeito “serra-dente”, visto que estimar os efeitos secundários pode refletir na soma não linear na causa dos níveis primários. Devido à complexidade, autores afirmam que não há como separar esses fatores.
A ação das concentrações utilizadas no estudo ocasionou um efeito “serra-dente” para as características analisadas. Ocorrendo um aumento dos resultados encontrados que estavam em decréscimo.
4. Conclusões O extrato aquoso de C. citratus afeta a germinação das sementes e estimula o desenvolvimento das plântulas de alface, indicando seu potencial alelopático sobre a espécie. Referências Bibliográficas
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Piccolo, G.; Medina, R. D.; Sommer, M., D; Mauli, M. M; Teixeira, F., A. M. Efeito alelopático de capim limão e sabugueiro sobre a germinação de guanxuma. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 28, n. 3, p. 381-386, 2007. Reigosa, M. J.; Sánchez-Moreiras, A.; González, L. Ecophysiological approach in allelopathy. Critical Reviews in Plant Sciences, Boca Raton, v.18, n.5, p.577-608, 1999. Rosado, L.D.S.; Rodrigues, H.C.A.; Pinto, J.E.B.P.; Custódio, T.N.; Pinto, L.B.B.; Bertolucci, S.K.V. Alelopatia do extrato aquoso e do óleo essencial de folhas do manjericão “Maria Bonita” na germinação de alface, tomate e melissa. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.11, n.4, p.422-428, 2009. Systat Software Inc SSI. Sigmaplot for Windows, version 14, 2017. Disponível em: <https://systatsoftware.com/downloads/download-sigmaplot/>. Acesso em: 20 de julho 2018.
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Comparação de Métodos de Mensuração de Características Morfológicas em Mudas de
Genipa americana L.
Talita Neres Queiroz1
Nayara Tayane da Silva1
Adrielen Laiza Valiguzski 1
Rosieli Barboza Bispo1
Sérgio Alessandro Machado Souza1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract: The jenipapeiro of Central America, is a plant with arboreal size, occurring in open forests, its fruit can be consumed in natura or in the form of juices. Its first use was in the extraction of a dark blue paint. Later, there was occurrence of other utilities, like its wood in the civil and naval construction. Due to its ease in supporting long periods of flooding, it is being used extensively for the recovery of degraded areas. In this way, the objective was to measure jenipapo seedlings, through digital analysis assuming as a reference the results obtained through manual measurement. Measurements of stem diameter (DC), maximum height of the plant (H) and height of insertion of the last pair of leaves (h) of 30 seedlings were performed. They were measured manually with the help of a digital caliper, and then, the digital images were obtained through a photographic camera, with the aid of a phenotype platform, the correlations were estimated between the characteristics measured by image analysis and manually, through SigmaPlot software. The data were submitted to descriptive statistics using the Genes program. The use of digital images to measure genotypes of jenipapo or other species is a methodology that can be used to obtain good results in this work and facilitating the process, being non destructive method, with low cost and practical. Palavras-chave: fenômica; imagens digitais; plântulas; biometria
1. Introdução
O jenipapeiro (Genipa americana L.) árvore frutífera nativa da América Central, distribuída pelas diversas regiões tropicais úmidas das Américas, Ásia e África (PINTO, 2009). O fruto da planta, o jenipapo nome popular, sendo uma espécie pertencente à família Rubiaceae (RENHE, 2009). Espécie de grande importância econômica, tanto para a produção de frutos maduros consumidos "in natura" ou para diversos fins na alimentação, quanto para frutos imaturos para a extração de corantes (NASCIMENTO et al. 2000).
Devido a importância dessa espécie na formação da floresta, ou para fins comerciais, mensura-las se faz necessário para maior conhecimento da sua morfologia, normalmente esse tipo de análise é realizado de forma manual, porem o uso de câmeras digitais é uma alternativa, uma vez que são portáteis, obtendo imagens com boa resolução, de modo rápido e simples (GODOY et al., 2007). A utilização dessas câmeras digitais com a análise da imagem permite uma avaliação diretamente no campo, a qual pode otimizar a tomada de decisões e agilizar o processo de obtenção de dados (BACKES et al., 2010).
O processamento de análise de imagens é crescente, devido à grande aplicabilidade no aprimoramento de dados obtidos e análise automática por computador. Esse tipo de técnica para fins de validação do método é necessário que o software utilizado realize as mensurações de maneira precisa, e que os critérios estatísticos sejam respeitados (DIAS, 2008).
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Objetivou-se, com o presente estudo, estimar o diâmetro do caule e altura de mudas de Genipa americana através análise da imagem digital, assumindo como referência os resultados obtidos via mensuração manual.
2. Material e Métodos
Foram utilizadas mudas de Genipa americana L. em diferentes estágios de desenvolvimento mantidas em casa-de-vegetação pertencente a empresa Flora Ação Mudas e Reflorestamento LTDA, localizado no município de Alta Floresta- MT, (56º01’88’’ W e 09º54’70’’ S), realizado em setembro de 2017. O clima da região é definido como tropical Am, conforme Köppen-Geiger (1928), com uma temperatura média de 26ºC e em torno de 3000mm de precipitação anual.
Foram amostradas 30 mudas, e em seguida, as mesmas foram mensuradas com o auxílio de um paquímetro digital Digemess (modelo: BL100174BL), o diâmetro do caule (DC), estimativa obtida a uma altura de 1cm da borda do tubete; altura da muda (H), obtida entre a borda do tubete e a margem da última folha e altura da inserção do último par de folhas (h), obtida entre a borda do tubete e a inserção da última folha (Figura 1).
Com a finalidade de propor uma nova metodologia para a estimativa das características supracitadas, as mensurações manuais foram comparadas com a metodologia proposta com o uso de imagens digitais, as mudas, de forma independente, foram distribuídas sobre uma plataforma de fenotipagem contendo uma base de cor preta e uma referência expressa em centímetros. Para a obtenção das imagens digitais, uma câmera fotográfica digital Sony 20.1 megapixels (modelo: DSC-H300), foi alocada a um distância de 40cm da base, após, a imagem, de cada uma das plântulas, foram capturas, contendo tanto a muda quanto a referência de escala.
As imagens capturadas foram exportadas para um microcomputador e analisadas com o auxílio do programa ImageJ v.1.51q (Wayne Rasband-National Institute of Health, USA) para obter os valores das variáveis diâmetro do caule (DC), altura da muda (H), e altura da inserção do último par de folhas (h).
Com as imagens obtidas, procedeu-se a seguinte metodologia para a obtenção dos dados. No menu File/Open as imagens foram carregadas, de forma independente. A seguir, foi definida a escala de medida, selecionando na ferramenta Straight atribuindo a escala de 1cm para cada imagem digital. Após, Analyze/Set Scale, e no campo Known distance digitou-se a distância correspondente ao objeto de referencia (1cm). Em seguida, foi realizada a escolha padrão da medida (cm)na opção Unit of length, sendo realizado o processo de calibração para cada imagem.
Por último, foi realizada a análise da imagem da seguinte forma, a ferramenta Straight foi empregada para mensurar as características, selecionando a distância corresponde a cada característica da planta, conforme esquematizado na Figura 1, por exemplo, para a altura máxima da planta selecionou a distância entre a base do solo e a máxima altura observada na imagem. Após selecionou a distância, clicando na tecla “M” do teclado do microcomputador; para mensurar a altura da inserção do último par de folhas, empregou o mesmo procedimento anterior. Na estimativa do diâmetro do caule, foi necessário considerar a altura da base do solo até a distância determinada.
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Figura1: Esquema de mensuração do diâmetro do caule (DC), altura máxima da planta (H) e altura de inserção do último par de folhas (h) de Jenipapo.
O erro médio relativo das metodologias baseado em imagens foi calculado
usando a seguinte expressão (Zhang, 2000):
𝐸𝑟𝑟𝑜 = [��𝑚 − ��𝑖
��𝑚] 𝑥 100
Em que: ��𝑚 = média da característica utilizando a metodologia padrão ��𝑖 = média da característica utilizando análise de imagem
Foram estimadas as correlações entre as características mensuradas manualmente e empregando imagens digitais e os dados foram submetidos à estatística descritiva, para a obtenção das medidas de tendência central e de variabilidade de dados, através do software SigmaPlot 14.0 (SYSTAT SOFTWARE, 2017).
3. Resultados e Discussão
Na avaliação das mudas, pode-se observar que os valores das médias não variaram de acordo com os equipamentos utilizados e nem com as características avaliadas, desse modo, ambos os métodos apresentaram vantagem na avaliação das características. Porem a análise de imagem apresenta maiores benefícios por ser um método não-destrutivo, além de ser facilmente realizada em condições de campo (Tabela1).
Tabela 1: Média, desvio padrão e coeficiente de variação (CV) do diâmetro do caule (DC), altura da inserção do
último par de folhas (H) e altura máxima da muda (h). Características
DC (mm) h (mm) H (mm)
Média Manual 3,02 41,62 71,22
Média Imagem 3,07 43,45 70,04
Desvio Padrão
Manual
0,46 8,85 12,15
Desvio Padrão
Imagem
0,42 8,66 11,94
Erro 1,65 4,62 1,65
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O uso da análise de imagens por programas computacionais é muito abrangente. Noronha et al. (2018) analisaram a qualidade fisiologia de sementes, utilizando software ImageJ; Vilhanueva et al. (2015) avaliaram o comprimento de plântulas de milho, com software ImageJ; Silva & Cícero (2014) para avaliaram potencial fisiológico de berinjela e Rudek et al. (2013) a qualidade de mudas de eucalipto pelo software QUAND, mostrando a eficiência desta metodologia, pois torna o processo de aferição mais rápido, preciso e com menor custo, quando comparado ao método manual.
Os coeficientes de determinação (R2), foram satisfatórios para mensuração das mudas. Nota-se que a projeção da reta apresenta um bom ajuste entre dados da metodologia manual e imagem digital, evidenciando uma pequena dispersão dos dados (Figura 3). A variável diâmetro do caule, apresentou os dados um pouco mais dispersos, e um valor menor de coeficiente de determinação (Figura 3C).
A variável altura de inserção do último par de folhas e altura máxima da muda apresentaram 0,88 e 0,83 de coeficiente de correlação, respectivamente (Figura 3A e 3B), correlação alta e positiva, visto que segundo Bisquerra et al. (2004), valores de correlação entre 0,80 e 0,99 são considerados muito alto, e indicam uma boa correlação entre os dados.
As mesmas características apresentaram um coeficiente de relação de 0,93 e 0,91, mostrando a relação existente entre as métodos utilizados, sendo assim a imagem digital pode ser utilizado para realização da mensuração de mudas.
Figura 3: Análise de correlação de características morfológicas em mudas de jenipapo obtidas com paquímetro digital e por meio de captura de imagem com câmera digital. A) Altura de inserção do último par de folhas. B) Altura máxima da muda. C) Diâmetro
do caule.
A qualidade das mudas é um fator que ajuda a melhorar as características das espécies vegetais, contudo há carência de métodos não destrutivos com simples execução, avaliação de forma rápida e precisa (Rudek et al. 2013). O modo manual já se mostrou eficiente, no entanto, é um procedimento que gasta um maior período de
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tempo, a solução vem na utilização da análise computadorizada, método prático, rápido e preciso (Marcos-Filho et al., 2009). A utilização da plataforma de fenotipagem além de ajudar pois não é um método destrutivo consiste em um método direto, que não causa danos a planta, econômico e prático.
4. Conclusão
Conclui-se que o método utilizando imagens digitais viabiliza o dimensionamento de mudas de Genipa americana possuindo um menor custo, maior praticidade e fácil realização no campo, não diferindo correlativamente quando relacionado com o método manual.
Referências Bibliográficas
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Uso de Imagens digitais para caracterização morfológica de sementes de Abóbora (Curcubita
moschata Duch)
Rosieli Barboza Bispo1 Talita Neres Queiroz1
Nayara Tayane da Silva1
Lorena Cristina Batista dos Santos1 Sérgio Alessandro Machado Souza1
1Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. The selection of seeds by size has been used in the propagation of different plant species with the
objective of characterizing their physiological quality. Seeds with larger dimensions indicate the presence of
metabolic compounds that are satisfactory for their development, with a well-formed embryo and a greater
quantity of reserve substances, consequently more vigorous. The present work aims to estimate the length and
width of seeds of Curcubita moschata via image analysis and to validate the methodology by means of statistical
data. Fifty seeds of Cucurbita moschata were measured by the conventional method of measurement
(pachymeter) and by the method of analysis by images obtained through digital camera and tabletop scanner.
The data provided by the caliper was entered directly into Excel software. The images were measured by the
ImageJ program and entered in the Excel software to obtain means, standard deviation and coefficient of
variation of the characteristics evaluated. Later, the data of the two methodologies were analyzed by the
SigmaPlot program, generating a regression graph for each comparative methodology. The mean, standard
deviation and coefficient of variation for the characteristics evaluated were obtained by Excel software. The
method of image analysis by the ImageJ software was efficient for measuring the length and width
characteristics of Cucurbita moschata seeds. The methodology of imaging by means of a scanner is more
suitable for the analysis of Cucurbita moschata seeds, since it represents the cheapest and fastest form among
the three methodologies evaluated.
Palavras-chave: fenômica; scanner; ImageJ; validação.
1. Introdução A escolha de sementes por tamanho tem sido empregada na propagação das
diferentes espécies vegetais com objetivo de caracterizar a qualidade fisiológica das mesmas (ALVES et al., 2005). Sementes com maiores dimensões indicam a presença de compostos metabólicos satisfatórios para o seu desenvolvimento, com embrião bem formado e com maior quantidade de substâncias de reserva, consequentemente, mais vigorosas (CARVALHO & NAKAGAWA, 2012). Atualmente métodos digitais com emprego de softwares têm sido propostos para a avaliação de diversos componentes de plantas e vem apresentando bons resultados. Dentre essas metodologias destaca-se as analises de imagens digitais obtidas por scanner (TAVARES-JÚNIOR et al., 2002) e análise de imagens obtidas por câmera digital (RICHARDSON et al., 2001). A utilização de imagens digitais é uma ferramenta de fácil aplicação, sendo possível a obtenção de várias imagens em um curto período de tempo, para posterior analise com o auxílio de programas específicos para a leitura das imagens (VOOREN & HEIJDEN, 1993), dentre esses programas destaca-se o editor de imagem Corel Photo Paint TM (GODOY, 2005), Sigma Scan Pro, Jandel Scientific (ZABOT et al., 2008), ImageJ entre outros. Para fins de validação dos resultados da análise de imagens é necessário que o software realize as
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operações da maneira mais precisa o possível (DIAS, 2008), portanto se faz necessário a validação desse tipo de analise.
Sendo assim o presente trabalho tem como objetivo estimar o comprimento e largura de sementes de Curcubita moschata via analise de imagens e validar a metodologia por meio de dados estatísticos.
2. Material e Métodos
O trabalho foi realizado no Laboratório Didático II, da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta – MT, (09º 52’ 32” latitude Sul e 56º 05’ 10” longitude Oeste) em setembro de 2017.
Foram amostradas 50 sementes Curcubita moschata,e em seguida, as mesmas foram mensuradas com o auxílio de um paquímetro digital Digemess (modelo: BL100174BL) o comprimento e a largura. Os dados foram digitalizados em uma planilha do software Excel, onde obtivemos a média o desvio padrão e o coeficiente de variação para cada característica avaliada, os gráficos de correlação foram obtidos pelo programa SigmaPlot. As imagens digitais foram obtidas por meio de scanner de mesa e por meio de câmera digital acoplada em plataforma de fenotipagem (Figura 1).
Figura 1. Obtenção de dado para analise de sementes de abobora. A) utilização de
paquímetro digital; B) utilização de câmera digital; C) utilização de scanner de mesa.
Os dados obtidos pelas mensurações manuais com o auxilio do paquímetro foram
comparadas com os dados da metodologia proposta com o uso de imagens fornecidas pala câmera digital e com o scanner de mesa e mensuradas com o auxilio de programa ImageJ, para tanto as sementes, de forma independente, foram distribuídas sobre uma plataforma de fenotipagem contendo uma base de cor preta e uma referência expressa em centímetros. Para a obtenção das imagens digitais, uma câmera fotográfica digital Sony 20.1 megapixels (modelo: DSC-H300), foi alocada de 40cm da base da plataforma de fernotipagem, após, as imagens foram capturas, contendo tanto as sementes quanto a referência de escala. As sementes também foram sacaneadas em scanner de mesa (HP Deskjet 2050). As imagens capturadas foram exportadas para um microcomputador e analisadas com o auxílio do programa ImageJ para obter os valores das variáveis comprimento e largura.
Com as imagens obtidas, procedeu-se a seguinte metodologia no software ImageJ: No menu ‘file>Importes>Image sequence’ as imagens foram carregadas. A seguir, foi definida a escala de medida, selecionando na ferramenta Straight atribuindo a escala de 1cm para cada imagem. Após, Analyze/Set Scale, e no campo Known distance
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digitou-se a distância correspondente ao objeto de referencia (1 cm). Em seguida, foi realizada a escolha padrão da medida (cm) na opção Unit of length, foi realizado o processo de calibração para cada imagem. Após, foi realizada a análise da imagem, no menu ‘Analyze’ – set measurements selecionou a opção display label. Com o auxilio a ferramenta ‘Straight’ mensurou-se as características selecionando a distância correspondente ao comprimento e a largura de cada semente respectivamente. Após selecionar a distância clicou-se na tecla ‘M’ para visualização dos valores.
Foram estimadas as correlações entre as características mensuradas manualmente e empregando imagens digitais, os dados foram submetidos à estatística descritiva, para a obtenção das medidas de tendência central e de variabilidade de dados, através do software SigmaPlot 14.0 (SYSTAT SOFTWARE, 2017).
3. Resultados e Discussão
A análise do comprimento das sementes Curcubita moschata demonstrou alta correlação para os três métodos utilizados com valor de R² superior a 0.97 (Figura 2A a 2C).
O uso da análise de imagens por programas computacionais é muito abrangente, podendo ser utilizada para diversas analises. Noronha et al. (2018) analisaram a qualidade fisiológica de sementes de Moringa; Silva & Cícero (2014) avaliaram potencial fisiológico de plântulas de berinjela; Silva & Dotto (2017) o crescimento de plântulas de arroz; todos através do programa ImageJ®, sendo hábil para diferenciar o potencial fisiológico das sementes das Plantulas. O mesmo foi observado neste estudo, mostrando a eficiência desta metodologia, pois torna o processo de aferição mais rápido, preciso e com menor custo, quando comparado ao método manual.
O processamento de imagens por meio de programas computacionais específicos é bem mais rápido que uma avaliação feita manualmente, além de evitar a perda de dados, já que o lote pode ser analisado novamente, com o padrão de avaliação caso ocorra um erro ou duvidas em sua análise (TEXEIRA et al., 2003).
Figura 2. Correlação entre o método de mensuração manual e o método de imagens
digitais relativo ao comprimento. A) paquímetro x câmera; B) paquímetro x scanner; C) câmera x scanner.
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Os resultados relativos às médias, desvio padrão e coeficiente de variação das características avaliadas para cada método de mensuração das sementes estão descritos na Tabela 1. Na avaliação das sementes, pode-se observar que os valores das médias não variaram de acordo com os equipamentos utilizados e nem com as características avaliadas, desse modo, ambos os métodos de analise por imagens apresentaram vantagem na avaliação das características.
Tabela 1. Resultado da média, desvio padrão e coeficiente de variação (CV), para a estimativa de
comprimento e largura de sementes de C. moschata, pelo método convencional de mensuração com
paquímetro digital (P) e pelo método de processamento de imagens digitais obtidas a partir de
scanner (S) e câmera digital (C).
Média Desvio padrão CV (%)
P S C P S C P S C
Comprimento 14,42 13,96 13,1 0,79 0,87 0,80 5,5 6,24 6,08
Largura 8,32 7,85 7,43 0,49 0,56 0,50 5,86 7,12 6,78
As três metodologias foram eficientes em estimar a largura das sementes, apresentando alta correlação com valor de R2 superior a 0.96 (Figura 3A a 3C). O que demonstra que o método de análise de imagens utilizando o software ImageJ é eficiente em avaliar características de comprimento e largura em sementes de Cucurbita moschata. Guedes et al. (2011) determinaram comprimento e largura em grãos de soja, utilizando scanner de mesa, obtendo resultados satisfatórios.
Figura 3. Correlação entre o método de mensuração manual e o método de imagens
digitais, relativo à largura. A) paquímetro x câmera; B) Paquímetro x Scanner; C) câmera x scanner.
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Os coeficientes de determinação (R2), foram satisfatórios para mensuração das sementes Cucurbita moschata. Nota-se que a projeção da reta apresenta um bom ajuste entre dados da metodologia manual e imagem digital, evidenciando uma pequena dispersão dos dados (Figura 2 e 3).
4. Conclusões
O método de analise de imagens digitais pelo software imageJ foi eficiente para mensuração das características de comprimento e largura de sementes de Cucurbita moschata. Referências Bibliográficas Alves, E.U.; Bruno, R.L.A.; Oliveira, A.P.; Alves, A.U.; Alves, A.U.; Paula, R.C. Influência do tamanho e da procedência de sementes de Mimosa caesalpiniifolia Benth. sobre a germinação e vigor. Revista Árvore, Viçosa, v.29, n.6, p.877-885, 2005. Carvalho, N.M.; Nakagawa, J. Sementes: Ciência, tecnologia e produção. 5 ed. FUNEPE: Jaboticabal, 2012. 590p. Dias, Felipe da Cruz. Uso do software ImageJ para análise quantitativa de imagens de microestruturas de materiais. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Tecnologia Espaciais/Ciência e Tecnologia de Materiais e Sensores) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 2008. Guedes, M.A.; M.E.R.M.C.; Mata, M.E.R.M.C.; Duarte, M.E.M.; Farias, P.A. Caracterização física de grãos de soja utilizando-se processamento digital de imagens. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.3, p.279-294, 2011. GODOY, L.J.G. Adubação nitrogenada para produção de tapetes de grama Santo Agostinho e Esmeralda. 2005. 106f. Tese (Doutorado em Agronomia/Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2005. Noronha, B.G.; Medeiros, A.D.; Pereira, M.D. P. Avaliação da qualidade fisiológica de sementes de moringa oleifera lam. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 28, n. 1, p. 393-402, 2018. Richardson, M.D.; Karcher, D.E.; Purcell, L.C. Quantifying turfgrass cover using digital image analysis. Crop Science, Madison, v.41, p.1.884-1.888, 2001. Silva, V.N.; Dotto, L. análise de imagens para avaliação do crescimento de plântulas de arroz. Agrarian Academy, v.4, n.7; p.37-48. 2017. Doi:10.18677/agrarian_academy_2017a4. Silva, Vanessa N.; Cicero, Silvio M. Analise de imagens de plântulas para avaliação do potencial fisiológico de sementes de berinjela. Horticultura Brasileira, n.32, p.145-151, 2014. Systat Software Inc SSI. Sigmaplot for Windows, version 14, 2017. Disponível em: <https://systatsoftware.com/downloads/download-sigmaplot/>. Acesso em: 20 de julho 2018. Tavares-Junior, J.E.; Favarin, J.L.; Dourado-Neto, D.; Maia, A.H.N.; FazuolI, L.C.; Bernardes, M.S. Análise comparativa de métodos de estimativa de área foliar em cafeeiro. Bragantia, Campinas, v.61, n.2, 199-203, 2002. Teixeira, E.F.; Cicero, S.M.; Dourado-Neto, D. Noções básicas sobre imagens digitais: captura, processamento e reconhecimento voltados para a pesquisa em tecnologia de sementes. Informativo ABRATES, Londrina, v. 13, n. 1, p.59-65, 2003.Vooren, J.G.; Heijden, G.W.A.M. Measuring the size of french beans with image analysis. Plant Varieties and Seed, Defra, v.36, n.6, p.1937-1940, 1993. Zabot, L.; Dutra, L.M.C.; Menezes, N. L; Garcia, D.C.; Ludwing, M.P.; Santos, V.J. Uso de imagens digitais para avaliação de plântulas de feijão. Revista Brasileira de Sementes. v. 30, n. 2, p.184-192, 2008.
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Estimativa da viabilidade polínica de Arundina bambusifolia Lindl. alba, através do uso de
diferentes corantes.
Fabiana Wink1
Adrielen Laiza Valiguzski1
Douglas Machado Leite1
Zélia Marques Radons1
Isane Vera Karsburg1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil {fabianawink, douglasmachado_95, zeliamarques20}@hotmail.com
{adrielenagro20, isane9}@gmail.com
Abstract. The species Arundina bambusifolia Lindl. alba, popularly known as bamboo orchid, belongs to the Orchidaceae family, is widely used in tropical and contemporary gardens. The objective of this work was to evaluate the pollen viability of Arundina bambusifolia through the use of different dyes. A pollen mass was collected from each flower of Arundina alba, using three types of dyes, 2% orcein, 1% Lugol and Alexander Reactive. The estimation of pollen viability was submitted to analysis of variance by the Tukey test at 5% of probability. It was observed that for this species the viability results were significant using the dyes, with a viability higher than 70%, using 2% orcein dye showed a high viability of 98.26%, with lugol 1% 84.79% and using the Alexander Reactive with 78.33%. It was possible to verify that the orcein overestimated the viability values, whereas the Alexander reactive proved to be more efficient in the differentiation of the viable pollen grains of the viable ones.
Palavras-chave: viabilidade, corantes, orquídea bambu, pólen.
1. Introdução As orquídeas pertencentes a família Orchidaceae, são consideradas uma das famílias
mais numerosas e reconhecidas no mundo científico, devido a sua variedade de cores e formas, o que potencializa seu valor comercial de plantas ornamentais (FARIA et al., 2012). No Brasil são encontradas uma diversidade de espécies de orquídeas, com cerca de 239 gêneros e 2553 espécies sendo 1636 endêmicas (BARROS et al., 2015).
De origem asiática, a espécie Arundina bambusifolia popularmente conhecida como orquídea bambu, por apresentar caules bastante extensos, floresce da primavera ao início de outono, a Arundina alba é terrestre, bastante rústica, se encaixa perfeitamente no estilo dos jardins tropicais. Apresenta caule juncoso, formando grandes massas que crescem até uma altura de 1,5 m. Suas folhas são estreitas, finas e lanceoladas com até 10 cm de comprimento e largura de 0,5 a 1,0 cm e tem a ponta aguçada. As flores da Arundina Alba se formam o ano todo e possuem cor branca (PATRO, 2012).
Adaptadas ao clima tropical brasileiro essas orquídeas vêm sendo empregadas por paisagistas na ornamentação de jardins, importante para o mercado econômico pelo fato de
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produzir flores praticamente o ano inteiro, sendo esta característica uma exceção na família Orchidaceae (BRITO 2012; ROCHA, 2008; RUSSOMANO et al., 2011; WATANABE, 2002).
Existem diferentes tipos de corantes utilizados para testar a viabilidade polínica das flores, entre eles o lugol, orceína e reativo de Alexander. Os métodos colorimétricos são muito utilizados para testar a viabilidade dos polens, são corantes químicos específicos que reagem com componentes celulares presentes no grão de pólen maduro (PAGLIARINI; POZZOBON,2004). A determinação da viabilidade polínica é fundamental na investigação das causas da infertilidade das plantas, assim como para o conhecimento do potencial de reprodução de uma população e dos problemas de fertilidade que possam ocorrer (PEÑALOZA, 1995).
Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade polínica de Arundina bambusifolia Lindl. alba, por meio do uso de diferentes corantes.
2. Material e Métodos
O trabalho foi realizado no Laboratório de Citogenetica e Cultura de Tecidos Vegetais na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Universitário de Alta Floresta, MT. Foram coletadas as massas polínicas de cada flor da Arundina alba do Orquidário Alta Florestense localizado no Campus da UNEMAT.
O material coletado foi levado para o Laboratório de Citogenetica, onde foram feitas as lâminas para visualização dos polens no microscópio. Para determinação da viabilidade polínica foram utilizados três corantes: orceína 2%, lugol 1% e reativo de Alexander, segundo Munhoz et al., (2008) o lugol indica a presença de amido, o reativo de Alexander que indica a viabilidade dos grãos de pólen pela coloração do protoplasma inteiro de púrpura e a parede celular corada de verde (ALEXANDER, 1980) e a orceína usada para fixar e colorir os cromossomos (TROCONÍS, 2000), esses corantes reagem com o protoplasma e a celulose da parede do pólen. De acordo com Gomes et al., (2013), quando os grãos de pólen ficam corados, com exina intacta, protoplasma bem corado com distribuição homogênea estes recebem a classificação como normais/viáveis, já aqueles anormais/inviáveis que não se apresentam corados, tem tamanho visualmente anormal, coloração fraca e protoplasma reduzido e/ou ausente.
Através de uma pinça foram retirados da antera uma massa onde estavam localizados os pólens, depositadas em uma lâmina de vidro, e macerados com o auxílio de um bastão de vidro para a liberação dos grãos de pólen e em seguida adicionado uma gota do corante correspondente retirado o excesso de massa da lâmina o material foi coberto com uso de uma lamínula. Foram confeccionadas cinco lâminas de cada corante utilizado, totalizando assim 15 lâminas.
A visualização do material foi feita em microscópio óptico Primo Star Zeiss em dimensão de 40x pelo método de varredura, sendo contabilizados 300 grãos de pólen por lâmina..
Para a comparação entre os teste, os resultados da estimativa da viabilidade polínica foram submetidos ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. As analises estatística foram realizadas com o auxílio do Programa Estatístico R e o pacote expdes.
3. Resultados e Discussão
A percentagem da viabilidade dos grãos de pólen da espécie A. bambusifolia é apresentada na Tabela 1. Os corantes utilizados no trabalho foram capazes de diferenciar os polens viáveis e inviáveis pela reação de coloração, como demonstrado na Figura 1.
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Figura 1. Grãos de pólen de A. alba corados com diferentes corantes. A, B viável e inviável respectivamente corado com lugol 1%, C pólen viável corado com Reativo de Alexander e D
pólen inviável corado com Orceína 2%. Fonte: o autor.
Com o corante orceína 2% foi possível observar uma alta viabilidade (98,26%), no entanto a coloração obtida dificultou a visualização entre os grãos de pólen viáveis de inviáveis, o que pode ter causado uma superestimativa dos valores. Resultados semelhantes foram encontrados por Frescura et al. (2012), onde estudando a viabilidade de Polygala paniculata L. observou uma superestimação da orceína 2%, devido à dificuldade de distinção entre os grãos de pólen viáveis e não viáveis, para a espécie estudada, a orceína não se mostrou um bom corante para a avaliação da viabilidade polínica. Entretanto, para outras espécies a orceína foi satisfatório na estimativa da viabilidade, como em estudos realizados por Techio et al (2006) comparando diferentes corantes orceína acética, carmim propiônico e reativo de Alexander, obtiveram viabilidade do grão de pólen superior a 90% em capim-elefante e milheto.
Observou-se que para esta espécie os resultados de viabilidade foram significativos utilizando os corantes, com a orceína 2% evidenciou uma viabilidade alta de (98,26%), o lugol 1% apresentou uma viabilidade de (84,79%) e o Reativo de Alexander com uma viabilidade de (78,33%). Dessa forma os resultados obtidos com os três testes colorimétricos realizados para esta espécie mostraram-se eficientes, revelando uma alta viabilidade (>70%).
Segundo Souza (2002) nas análises de viabilidade polínica de maracujá amarelo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa degener), os valores acima de 70% para a viabilidade polínica são considerados uma alta viabilidade, entre 31 a 69% como média, e baixa uma porcentagem de até 30%. Sendo assim de acordo com os resultados obtidos na Tabela 1, podemos afirmar que nenhum dos corantes utilizados teve uma porcentagem baixa ou média em relação à viabilidade polínica.
A
B
C
D
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Tabela 1. Média percentual da viabilidade polínica de Arundina bambusifolia Lindl. alba, com uso dos corantes Orceína 2%, Lugol 1% e Reativo de Alexander, Alta Floresta – MT.
Testes Viabilidade (%)
Orceína 2% 98,26 a
Lugol 1% 84,79 b
Reativo de Alexander 78,33 c
CV (%) 3%
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância.
O uso de distintos corantes, além de mostrar a superestimação da viabilidade ocasionada pelo uso da orceína 2%, também revelou que o reativo de Alexander é o corante mais eficiente e fidedigno no que diz respeito à estimativa da viabilidade dos grãos de pólen através da capacidade de coloração. Resultados semelhantes foram obtidos por Coelho et al. (2012) que avaliaram os grãos de pólen de Crotalaria juncea L., concluíram que a orceína acética superestimou a viabilidade, ao passo que o reativo de Alexander minimizou os problemas relacionados à obtenção de dados sobre a viabilidade polínica da espécie.
De acordo com Alexander (1980), as análises utilizando o reativo de Alexander fornece dados mais acurados sobre a viabilidade do pólen, pois se obtém uma coloração diferencial dos polens viáveis e não viáveis, devido a utilização simultânea de verde malaquita e fucsina ácida, os quais apresenta dupla coloração. O primeiro tem afinidade pela celulose presente na parede celular, corando-a de verde, enquanto que o protoplasma é corado pela fucsina ácida. Dessa forma, por não apresentarem protoplasma, os grãos de pólen abortados coram-se de verde.
4. Conclusões
Através deste estudo utilizando os corantes para determinação da viabilidade polínica da Arundina bambusifolia Lindl. alba, conclui-se que para esta espécie em questão a viabilidade polínica é alta e o reativo de Alexander mostrou-se mais eficaz para a diferenciação de grãos de pólen viável de inviável.
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Desperdício e reaproveitamento dos alimentos na Escola Municipal Jardim das
Flores.
Claudineia Oliveira da Silva1
Jonis Franklin Leite dos Santos1
Denise Borkenhagen dos Santos1
Valdirene Rodrigues de Almeida1
Irene Rodrigues de Almeida1
1Escola Municipal Jardim das Flores
Rua Jasmim. s/nº, bairro Jardim das Flores Cep: 78580000 – Alta Floresta – MT, Brasil,
[email protected] Abstract. Millions of people live in a high level of poverty and hunger. For a long time, hunger has been linked only to food shortages, but studies and observations show that this is only one of the factors that lead to this condition, as well as maldistribution , to waste, to social inequalities, among others. The present study had as objective to take to the students the importance of the awareness of the reutilization of the food wastage in the school lunch of the Municipal School Garden of Flowers. The study was carried out with the students of the 3rd year A and 4th year B of the morning and afternoon, which took place in two weeks of June 2018. Several teaching strategies were used, such as: readings, debates on food waste, construction of posters, weighing leftover food in the school cafeteria, recipes based on the reuse of banana peel, classes in cake making and banana peel brigadeiro. In the observation of all types of food offered in school meals, regardless of class periods, students were rejected in food: sweet bread with milk (21%), pasta with ground meat (20%) and rice with sausage and salad (14%). However the most accepted meals were: bread with ground beef (5%), rice with chicken and vegetables (4%) and polenta with lettuce (3%). The research showed that among the meals that had the highest rejection in school meals were: sweet bread with milk, pasta with ground beef and rice with sausage and salad.
Palavras chave: Fome; Distribuição; Armazenamento; Sobras.
1. Introdução
O elevado índice de desperdício que tem sido observado na atualidade está presente
em todo o processo, desde a produção, passando pelo transporte, pela armazenagem, pela
distribuição, finalizando pelo consumo dos alimentos. Muitos tipos de desperdício são
retratados na literatura, a exemplo de VASCONCELOS (2008).
Em todo o mundo milhões de pessoas vivem em um nível elevado de pobreza e fome.
Durante muito tempo, a fome esteve ligada apenas à escassez de alimentos, porém estudos
e observações comprovam que esta representa apenas um dos fatores que levam a essa
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condição, assim como à má distribuição, ao desperdício, às desigualdades sociais, entre
outros PRIM (2003).
Durante o processo de produção, o desperdício pode ocorrer pela falta de estudo e
planejamento quanto à época e quantidade, condições de mercado e escolha de variedade
compatível com o solo e o clima local. Na fase de colheita, por sua vez, máquinas sem a
devida manutenção, espaçamento irregular entre os sulcos de terra, ferramentas
inadequadas e trabalhadores despreparados são os aspectos que contribuem para o
aumento do problema VASCONCELOS (2008).
Prim (2003) estuda o desperdício nas fases de transporte e de comercialização dos
produtos. No transporte, devem ser consideradas a rapidez e a temperatura em que vão
ocorrer, pois alguns vegetais quando mantidos a temperaturas altas estragam em um
período de tempo muito curto, que pode ser incompatível com o tempo de transporte. Para
se evitar esse tipo de desperdício, cada produto deve se estudado, individualmente, de
acordo com as suas características.
A produção de refeições nessas unidades caracteriza-se por utilizar grandes
quantidades de alimentos em estado bruto para fazer, em intervalos relativamente curtos
de tempo, uma grande quantidade de preparações bem definidas, considerando as
limitações em relação à perecibilidade da matéria-prima, os custos e planejamento coerente
das atividades dos colaboradores (SILVA et al., 2015).
A idéia de trabalhar o desperdício de alimentos na merenda escolar surgiu da
necessidade de conscientização, para que os estudantes coloquem em prática a reutilização
de alimentos, tornando esse ensino uma realidade em suas casas.
O presente estudo teve como objetivo levar os educandos a importância da
conscientização do reaproveitamento do desperdício de alimentos na merenda escolar da
Escola Municipal Jardim das Flores.
2. Material e Métodos
A presente pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Jardim das Flores, situada na
Rua Jasmim, s/nº, bairro Jardim das Flores, Alta Floresta, Mato Grosso, com os alunos do 3º
ano A e 4º ano B do período Matutino e vespertino, ocorrido durante duas semanas do mês
de junho de 2018. Utilizou-se de várias estratégias de ensino, como: Leitura de documentos
sobre a fome no Brasil, debates sobre o desperdício de alimentos em suas casas, divisão da
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sala em grupos para a construção de cartazes, uso da balança para pesagem das sobras de
alimentos no refeitório escolar, mostra de receitas com base no reaproveitamento da casca
de banana jogada fora nas refeições da escola, aula pratica na confecção de bolo e brigadeiro
de casca de banana, uso do laboratório de informática assistindo vídeos sobre compostagem
e confecção de livrinhos sobre o desperdício.
3. Resultados e Discussões
As sobras limpas são alimentos produzidos e não distribuídos, isso mostra a relação das
refeições servidas e a margem de segurança definida pela unidade no período do
planejamento. Podem ser influenciadas pela oscilação da frequência diária e preferências
alimentares. Registrar essa quantidade é fundamental para subsidiar medidas de controle,
redução do desperdício e excelência na produtividade. Com base nestes valores, a própria
unidade de produção trabalha em função da redução de sobras (AUGUSTINI ET AL., 2008).
O trabalho proporcionou o despertar dos alunos para o ouvir, ler e escrever sobre o
desperdício de alimentos bem como a importância do uso e reutilização destes, para a não
agressão do meio ambiente. Como também a construção de um novo olhar para o lixo,
agindo com emoção e sentimentos em perceber que com o lixo podem criar um mundo
melhor.
Na primeira semana do período matutino, os dias que mostrou o maior desperdício de
alimentos, foi na quarta-feira com a merenda (arroz com carne moída e salada), obtendo
uma pesagem de (3,80kg) e na terça-feira com a merenda (arroz com linguiça e salada),
apontando um valor de (2,90kg), em contrapartida o dia da semana que apontou a menor
pesagem foi sexta-feira, apresentando um equivalente a (1,70kg) (Figura 1).
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Figura 1. Desperdício de alimentos na merenda escolar, durante a primeira semana, do período matutino.
Na segunda semana do período matutino, os dias que mostraram as maiores
pesagens foram: Terça-feira com a merenda: sopa de macarrão com legumes (2,30kg) e na
segunda-feria com a merenda: pão com carne moída (1,90kg) (Figura 2). Já a menor pesagem
foi verificada na quarta-feira com a merenda: polenta com alface, equivalente ao valor de
(0,96kg) (Figura 2).
Figura 2. Desperdício de alimentos na merenda escolar, durante a 2ª semana, no período
matutino.
1,90kg
2,30kg
0,96kg
1,20kg
0,97kg
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
Segunda-feiraPão com carne
moida
Terça-feiraSopa de
macarrão comlegumes
Quarta-feiraPolenta com
Alface
Quinta-feiraMacarão comcarne moida
Sexta-feira Pãodoce com suco
com leite
kg
Acompanhamento 2ª Semana - Matutino
2,30kg
2,90kg
3,80kg
2,10kg1,70kg
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
Segunda-feira Pãodoce com leite
Terça-feiraArroz com linguiça
e salada
Quarta-feira Arrozcom carne cozida
e salada
Quinta-feira Bolocom suco
Sexta-feiraPão pizza com
suco
kg
Título do Eixo
Acompanhamento 1ª Semana - Matutino
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A Figura 3 mostrou na 1ª semana do período vespertino o desperdício de alimentos
na merenda escolar, apontando para a quinta-feira com a merenda: bolo com suco (3,10kg)
e na quarta-feira com: macarrão com carne moída (3,00kg). Já a menor pesagem se verificou
na segunda-feira com a merenda: pão doce com leite (1,90kg).
Figura 3. Desperdício de alimentos na merenda escolar, durante a 1ª semana, no período
vespertino.
A figura 4 mostra um valor elevado na segunda-feira com o lanche: pão doce com
leite (3,00kg). Já os demais dias da semana teve um declínio nos valores respectivamente.
Figura 4. Desperdício de alimentos na merenda escolar, durante a 2ª semana no período
vespertino.
1,90kg
2,50kg
3,00kg 3,10kg
2,10kg
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
Segunda-feiraPão doce com
leite
Terça-feiraArroz com
linguiça e salada
Quarta-feiraMacarão comcarne moida
Quinta-feira Bolocom suco
Sexta-feiraPão pizza com
suco
kg
Acompanhamento 1ª Semana - Vespertino
3,00kg
1,70kg
0,95kg1,20kg
0,96kg
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
Segunda-feiraPão doce com
leite
Terça-feiraArroz comFrango elegumes
Quarta-feiraPolenta com
carne moida equeijo
Quinta-feiraMacarão comcarne moida
Sexta-feira Pãodoce com suco
kg
Acompanhamento 2ª Semana - Vespertino
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Na observação a todos os tipos de alimentos ofertados na merenda escolar,
independente dos períodos de aulas notou-se, três tipos de refeições mais rejeitados pelos
estudantes: pão doce com leite (21%), macarrão com carne moída (20%) e arroz com linguiça
e salada (14%). Porém as refeições mais aceitas foram: pão com carne moída (5%), arroz com
frango e legumes (4%) e polenta com alface (3%) (Figura 5). Esse estudo corrobora com
resultados realizados por (CASTRO ET AL., 2003).
Figura 5. Porcentagens de desperdícios entre os tipos de refeições oferecidas na merenda
escolar.
4. Conclusão
A pesquisa mostrou que no desperdício de alimentos encontrados na merenda escolar,
as refeições que tiveram maior rejeição pelos estudantes foram pão doce com leite,
macarrão com carne moída e arroz com linguiça e salada.
5. Referências Bibliográficas
Augustini, V. C. M., Kishimoto, P., Tescaro, T. C. & Almeida, F. Q. A. (2008). Avaliação do índice de resto-ingesta e sobras em unidade de alimentação e nutrição (UAN) de uma empresa metalúrgica na Cidade de Piracicaba-SP. Simbio-Logias, 1(1), 99-110. Castro, M. D. A. S., Oliveira, L. F. & Passamani, L. (2003). Resto-Ingesta e aceitação de refeições em uma Unidade de Alimentação e Nutrição. Higiene Alimentar, 17(114/115), 24-28.
Prim, M. B. S. Análise do Desperdício de partes vegetais consumíveis. p 117. Tese (Engenharia de Produção)- Universidade de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
21%
20%
14%
13%
10%
10%
5%4% 3%
% De despedício por tipo de Refeição
Pão doce com leite
Macarão com carne moida
Arroz com linguiça e salada
Bolo com suco
Arroz carne cozida e salada
Pão Pizza com suco
Pão com carne moida
Arroz com Frango e legumes
Polenta com Alface
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Silva, F. M., Bertini, L. M., Alves, L. A., Barbosa, P. T., Moura, L. F. & Macêdo, C. S. (2015). Implicações e possibilidades para o ensino a partir da construção de biodigestor no IFRN – Campus Apodi. HOLOS, 6(31), 315-327. Vasconcelos, E. G. M. Redução de desperdício de alimentos com a produção de refeições para pessoas carentes – Estudo de caso. p 68. Tese (Especialização em gastronomia e saúde)- Universidade de Brasília, Brasília, 2008.
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Somos Iguais Nas Diferenças Com Os Alunos Do 4º Ano Da Escola Municipal
Jardim Das Flores
Valdirene Rodrigues de Almeida1
Irene Rodrigues de Almeida1
Claudineia Oliveira da Silva1
Rosana Rodrigues de Almeida1
Nilson Pereira da Silva1
Escola Municipal Jardim das Flores Rua Jasmim, s/n°, bairro Jardim das Flores Cep; 78580000-Alta Floresta - MT, Brasil,
Abstract. Through the theme "we are equal in differences", we intend to question not only
the teaching destined to children with special needs, but also to the other existing diversities,
showing to children that we should have respect for all citizens, regardless of their specialties
or conditions, color, race, religious creed, sexual choice or physical characteristic. This work
was relevant because it led the children to rethink their attitudes towards their neighbors.
The work was developed at Jardim das Flores Municipal School, in Jardim das Flores
neighborhood, in the municipality of Alta Floresta, state of Mato Grosso, with the 4th grade
class "A". There is a need to address the issue with all students, regardless of their social
class, color, sexuality, religion or any disability, equality is the right of all, it is not up to society
to classify people. Research has shown that most students have seen some kind of
discrimination, the highest index is in relation to weight and height, evidencing that the issue
is not resolved among the people since the children who are studying suffer or practice some
type of prejudice. Activities were developed through verbal and non-verbal language,
manipulable activities such as: clipping, collage, making of story books, music, poetry,
informational dialogue that emphasizes the differences between human beings.
Palavras-chave: desigualdade, violência, exclusão, classe
1. Introdução A inclusão de crianças com necessidades especiais de aprendizagem é um tema que
tem sido bastante debatido no interior das instituições educacionais, garantido por lei o livre
acesso e a inclusão de todas as pessoas com deficiência, o assunto tem impulsionado os
educadores a se debruçar em estudos que permitam aprofundar essa temática. Porém, é
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possível perceber que o cumprimento daquilo que já é lei no interior das escolas públicas,
tem gerado certo desconforto, para os estudantes a serem incluídos e para os professores
ao incluí-los no processo educacional. A impressão que tem é que, esses últimos, ainda não
estão devidamente preparados para enfrentar o desafio da inclusão social, principalmente
no que diz respeito ao trabalho pedagógico com os alunos inclusos, em seus relacionamentos
com os demais estudantes em sala de aula.
Diante do exposto, ao abordar o tema “somos iguais nas diferenças”, pretende-se
questionar não apenas o ensino destinado às crianças com necessidades especiais, mas
também para as demais diversidades existentes na sociedade, mostrando para as crianças
que devemos ter respeito por todos os cidadãos, independentemente de suas especialidades
ou condições, cor, raça, credo religioso, opção sexual ou característica física.
Assim sendo, sobre a educação especial, Silva e Carvalho (2017) cometam que:
A educação especial sofreu diversas alterações na busca de educação de qualidade para todos indivíduos, com isso, a política educacional na perspectiva de melhorias na inclusão das pessoas com deficiências nas escolas comuns criam possibilidade de quebra no paradigma da educação brasileira com leis, decretos e discussões voltadas para a democratização do âmbito escolar. (SILVA; CARVALHO, 2017, s. p.).
Dessa forma, permite a socialização dessas crianças com as outras, crescendo num
ambiente que os ajudem a se adaptarem na sociedade. Quebrando as barreiras de
preconceitos que ainda existem e que, querendo ou não, vamos sobrevivendo dia após dia.
Conforme Sousa (2014:23):
[...] entende-se que são os mais variados preconceitos que estão inseridos na sociedade e não estão longe do espaço escolar. É necessário que se estabeleça dentro da escola o reconhecimento do outro desfazendo as hierarquias e as classificações. Precisamos pensar a diferença como parte ativa da identidade das pessoas que por ela ou através dela não se tornem superiores e nem inferiores. Elas tornem-se apenas o que são. (SOUSA, 2014:23)
Reforçando que devemos tratar as pessoas sem julgamento e sim com respeito. Por
isso, deve-se começar esse trabalho em sala de aula, ensinando-os que ninguém é perfeito,
que todos possuem as suas diferenças, mas que se complementam.
2. Material e Métodos
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• Interação dos alunos com dinâmicas que retrate a inclusão e respeito um com o
outro;
• Leitura de obras literárias voltada para o tema;
• Interpretação oral;
• Interpretação escrita;
• Produção textual;
• Socialização das dinâmicas e leitura.
3. Resultados e Discussão
Vivemos em uma sociedade que promove a competição a todo momento, seja por
padrões de estética ou por status, o que acaba prejudicando na educação das crianças,
adolescentes e jovens.
A Figura 1 mostra que a maioria das crianças não presenciaram atitudes racistas,
porem ainda há um índice elevado de preconceito racial, pois (26,32%) responderam sim a
esta questão.
De acordo com a figura 2, (84,22%) afirmaram que existe preconceito em sua escola.
Contudo fica visível a importância de se trabalhar o tema abordado. Muitas crianças fazem
73.68
26.32
1- Já presenciou alguma atitude racista?
Não Sim
15.78
84.22
2- Existe preconceito na sua escola?
Não Sim
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aquilo que presenciam os adultos fazer, embora estejam tendo atitudes erradas não
podemos culpá-los por isso, quem está errando são aqueles que deveriam dar o exemplo.
Observando a figura de número 3, é possível verificar que mais de 60% dos
preconceitos nesta escola está entre o peso e altura, sendo assim, é interessante que essa
abordagem seja iniciada na escola e tenha a continuidade em seus lares, é trabalhando em
equipe que conseguimos vencer os obstáculos, ficando claro que a escola exerce um papel
grandioso na vida do aluno.
O projeto será avaliado durante todo o processo de desenvolvimento do mesmo,
observando a participação dos alunos nas atividades propostas, como está sendo o
relacionamento com os demais colegas na sala de aula e no espaço escolar, pautando os
erros, chamando a atenção quando necessário além de abordar a importância desse estudo
na comunidade escolar.
4. Conclusões
Podemos observar que as crianças apresentaram significativas colaborações para
quebrar esse paradigma, mostrando que o respeito é base de tudo e que cada um pode fazer
sua parte na sociedade para que todos tenham uma boa convivência.
Observamos que nossos alunos souberam aproveitar o estudo, o quanto esse tema
colaborou na construção da identidade de cada um, uma vez que é nessa fase que
começamos a moldar a personalidade que teremos no futuro, os adultos são como espelho,
é por meio do reflexo dos mais velhos que as crianças vão trilhando seus caminhos.
Desta forma pode-se concluir com o seguinte pensamento, que somos diferentes por
fora, porém existem certas semelhanças aos quais somos iguais. Portanto, respeito é uma
10.52 0 5.26
0
63.16
0
10.52
10.52
3- O preconceito mais frequente na sua escola é:
Raça Idade Classe social Opção Sexual
Peso ou Altura Religião Deficiência física Outros
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palavra de ordem, pois cabe a cada um respeitar as diferenças e limitações do outro sem
fazer julgamento.
Mas a escola deve ainda dar continuidade nessa atividade, pois é na base da
educação que devemos dar bons exemplos para no futuro termos resultados gratificantes.
Referências Bibliográficas
SILVA, Alberto Jose da; CARVALHO, Francisco Gilton Borges. A inclusão da pessoa com deficiência na escola regular. 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/60496/a-inclusao-da-pessoa-com-deficiencia-na-escola-regular. Acesso 12 de junho de 2018.
SOUZA, Ana Lúcia Alves de. A inclusão da pessoa com deficiência na escola regular. 2014. 37 f. monografia (pós-graduação) – Universidade Estadual da Paraíba. Curso de pós-graduação em Fundamentos da Educação: práticas pedagógicas interdisciplinares. 2014.
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A família Polypodiaceae na coleção do Herbário da Amazônia Meridional- HERBAM
Maria Carolina Ramos de Lara¹ Graciele dos Santos¹ Karen Ribeiro Cruz¹
Ana Kelly Koch¹ Célia Regina Araújo Soares-Lopes¹
1 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Herbário da Amazônia
Meridional, Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. This work presents a research done in the Herbarium of the Southern
Amazon - HERBAM, with the purpose of verifying the wealth of genera
representative of the family Polypodiaceae. Currently, the family has a
representation of seven genera, nine of them with distribution to Mato Grosso, and
twenty-one species. Therefore, it can be concluded that the Polypodiaceae family is
being well represented in the collection of the Herbarium of the Southern Amazon -
HERBAM.
Palavras-chave: Flora; Mato Grosso; Samambaias.
1. Introdução Polypodiaceae é uma das maiores famílias das samambaias, contando com ca.
de 56 gêneros e 1.200 espécies (COELHO, 2011) e segundo Gentry & Doddon (1987), está entre as famílias com maior número de espécies de epífitas vasculares. No Brasil, está representada por 20 gêneros e 171 espécies com distribuição ampla, ocorrendo em todas as regiões (ASSIS & LABIAK, 2009; FLORA DO BRASIL 2020 em construção). No Centro-oeste, ocorrem nove gêneros e 40 espécies, das quais 31 são registradas para o Mato Grosso (FLORA DO BRASIL 2020 em construção).
Estudos focados em famílias de samambaias em Mato Grosso são poucos, como os que trataram Hymenophyllaceae (WINDISCH, 1996) e Vittariaceae (WINDISCH et al., 1999), porém nenhum específico para Polypodiaceae. Contudo, muitas espécies de samambaias, incluindo as de Polypodiaceae foram citadas em levantamentos florísticos realizados na região da Amazônia Meridional como no de Zappi et al. (2011). Com intuito de conhecer os representantes de samambaias ocorrentes na região da Amazônia Meridional, este trabalho teve como objetivo inventariar as espécies de Polypodiaceae depositadas no acervo do Herbário da Amazônia Meridional-HERBAM. 2. Material e Métodos
Foram examinadas 123 coletas de Polypodiaceae depositadas no HERBAM. Para cada amostra foram anotados a identificação e o seu município de procedência. A identificação das espécies foi recentemente revisada pelo especialista Paulo Labiak.
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3. Resultados e Discussão Polypodiaceae na coleção do HERBAM está representada por 123 amostras. Destas,
21 encontram-se determinadas em nível específico, 25 apenas em gênero e quatro ainda
indeterminadas (Tabela 1). As amostras estão distribuídas em sete gêneros: Campyloneurum
C.Presl, Microgramma C.Presl, Niphidium J.Sm., Pecluma M.G. Price, Phlebodium (R.Br.)
J.Sm., Pleopeltis Humb. e Serpocaulon A.R.Sm. Em relação a representatividade de amostras,
Microgramma e Campyloneuron foram os gêneros mais numerosos, com 37 e 22,
respectivamente, seguidos por Serpocaulon com 19 e Pecluma com 17, os demais estão
representados por menos de dez amostras cada (Figura 1). Estes resultados são bastante
significativos, pois quando comparamos os dados do presente estudo com a lista de táxons
de Polypodiaceae para o Mato Grosso, observamos que 21 das 31 espécies e, sete dos nove
gêneros citados para o Estado (Flora do Brasil 2020 em construção), estão representados na
coleção do HERBAM.
Tabela 1. Espécies de Polypodiaceae depositadas no HERBAM e municípios de ocorrências
das mesmas.
Espécies Município de Ocorrência
Campyloneurum abruptum (Lindm.) B. León Nova Canaã do Norte
Campyloneurum centrobrasilianum (Lellinger) Colíder, Itaúba
Campyloneurum nitidum (Kaulf) C.Presl. Colíder
Campyloneurum phyllitidis (L.) C.Presl. Novo Mundo
Campyloneurum repens (Aubl.) C.Presl. Colíder, Itaúba, Novo Mundo
Campyloneurum sp. Itaúba, Nova Canaã do Norte, Paranaíta.
Microgramma fuscopunctata (Hook) Vareschi. Novo Mundo
Microgramma megalophylla (Desv.) de La Sota. Apiacás, Colíder, Itaúba
Microgramma percussa (Cav.) de La Sota Colíder
Microgramma persicariifolia (Schrad.) C.Presl. Itaúba
Microgramma tecta (Kaulf.) Alston Colíder, Itaúba, Nova Canaã do Norte
Microgramma turnii (Baker) R.M.Tryon & Stolze Colíder, Itaúba, Nova Canaã do Norte,
Paranaíta
Microgramma sp. Colíder, Itaúba, Nova Canaã do Norte,
Paranaíta
Niphidium crassifolium (L.) Lellinger Colíder , Itaúba, Nova Canaã do Norte,
Novo Mundo
Pecluma macedoi (Brade) M.Kessles & A.R.Sm. Colíder, Itaúba, Nova Canaã do Norte
Pecluma ptilota (Kunze) M.G. Price Novo Mundo
Pecluma sp. Colíder, Nova Canaã do Norte
Pleopeltis bambycina (Maxon) A.R. Sm. Novo Mundo
Pleopeltis minima (Bory) J.Prado & R. Y. Hirai Colíder, Itaúba
Pleopeltis sp. Paranaíta
Phlebodium decumanum (Willd.) J.Sm. Claudia, Colíder, Itaúba, Nova Canaã do
Norte, Paranaíta
Phlebodium sp. Nova Canaã do Norte
Serpocaulon adnatum (Kunze ex. Klotzsch) A .R.
Sm.
Itaúba
Serpocaulon caceresii (Sodiro) A. R. Sm. Novo Mundo
Serpocaulon richardii (Klotzch) A. R. Sm. Novo Mundo
Serpocaulon triseliale (Sw.) A. R. Sm. Itaúba, Nova Canaã do Norte, Novo Mundo,
Serpocaulon sp. Itaúba, Novo Mundo
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Entre as espécies, as mais comuns na coleção, estão Pecluma macedoi (Brade)
M.Kessles & A.R.Sm. (Figura 3 A-B) e Microgramma megalophylla (Desv.) de La Sota (Figura
3 C-D), representadas por 12 e 11 amostras cada, respectivamente e as menos comuns, são:
Campyloneurum nitidum (Kaulf) C.Presl., C. phyllitidis (L.) C.Presl., Microgramma percussa
(Cav.) de La Sota, M. persicariifolia (Schrad.) C.Presl e Serpocaulon caceresii (Sodiro) A. R.
Sm., com uma amostra cada. Segundo Assis & Labiak (2009) e Prado et al. (2017), Pecluma
macedoi e Microgramma megalophylla não são endêmicas do Brasil. No Brasil, P. macedoi
tem distribuição restrita ao MT, MS e MG, enquanto M. megalophylla ocorre em toda a
região Norte e no MT, ambas habitando áreas de Floresta Estacional Semidecidual e/ou
Floresta Ombrófila (Flora do Brasil 2020 em construção), tipologias de vegetação comuns em
Mato Grosso (BORGES et al., 2014).
As espécies Microgramma percursa (Figura 3 E-F) e M. persicariifolia (Figura 3 G-H)
distribuem-se entre o Sul do México até o Sul da América do Sul (PRADO et al., 2017) e
encontram-se amplamente distribuídas no Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção).
Apesar disso, estão pouco representadas na coleção do HERBAM, o mesmo ocorreu com
Campyloneurum phyllitidis (Figura 3 I-J). As outras duas espécies Campyloneurum nitidum
(Figura 3 K-L) e Serpocaulon caceresii (Figura 3 M-N), apesar de já estarem depositadas há
um tempo na coleção, essas espécies ainda não possuem ocorrência registrada para o Mato
Grosso, segundo a Flora do Brasil 2020 (em construção). Logo são consideradas como novos
registros, aumentado de 21 para 23 espécies de Polypodicaeae para a flora de Mato Grosso.
Em relação a distribuição geográfica dos espécimes depositados na coleção, foi
possível registrar a presença de Polypodiaceae em oito municípios da região norte de Mato
Grosso, onde 45 amostras são provenientes de Itaúba, 26 de Colíder, 20 de Nova Canaã do
Norte e 20 de Novo Mundo, nos demais municípios foram coletadas entre uma e oito
amostras (Figura 2). Esses resultados se dão possivelmente, devido ao esforço de coletas
empregado nos projetos de resgate de flora das UHEs construídas no rio Teles Pires, que
contemplaram os municípios de Colíder, Itaúba e Nova Canaã do Norte. Já a
representatividade no município de Novo Mundo, se deu principalmente com a realização
do Programa Flora Cristalino (PFC), criado em 2006 com intuito de levantar dados de
vegetação das unidades de conservação da região do Cristalino (ZAPPI et al., 2011).
22
37
8
17
9 7
19
4
amostras
2 1
26
45
20 20
81
amostras
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Figura 1. Representatividade dos
gêneros de Polypodiaceae na coleção
do HERBAM.
Figura 2. Distribuição das amostras de
Polypodiaceae da coleção HERBAM por
município.
Figura 3. A-B) Pecluma macedoi; C-D) Microgramma megalophylla; E-F) M.
percursa; G-H) M. persicariifolia; I-J) Campyloneurum nitidum; K-L) C.
phyllitidis; M-N) Serpocaulon caceresii.
4. Conclusões
Com este trabalho podemos demonstrar a importância da coleção do HERBAM quanto a representatividade de Polypodiaceae para o Mato Grosso, visto que foram registradas duas novas ocorrências. Portanto, na coleção do HERBAM, 23 das 31 espécies da família registradas para o Estado estão representadas. Além disso, observamos que os programas de resgate de flora de UHEs e grandes projetos de flora realizados na região da Amazônia Meridional contribuem significativamente para o incremento das coleções botânicas.
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Referências Bibliográficas Assis, E.L.M.; Labiak, P.H. Polypodiaceae da borda oeste do Pantanal sul-matogrossense, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v.32, n.2, p.233-247, 2009. Borges, H.B.N.; Silveira, E.A.; Vendramim, L.N. Flora arbórea de Mato Grosso: tipologias vegetais e suas espécies. Cuiabá: Entrelinhas, 2014. 255p. Coelho, C.B. Análise palinológica dos esporos de Serpocaulon A. R. Sm. (Polypodiaceae J. Presl) ocorrentes no Brasil. São Paulo-SP: Instituto de Botânica de São Paulo, 2011. 351p. Tese (doutorado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente), Instituto de Botânica de São Paulo, 2011. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB91537. Acesso em: 25 Jun. 2018. Gentry, A.H.; Dodson, C.H. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden, v.74, n.2, p.205-233. 1987. Prado, J.; Hirai, R.Y.; Moran, R.C. Fern and lycophyte flora of Acre state, Brazil. Biota Neotropica, v.17, n.4, p.1-59. 2017. DOI: dx.doi.org/0.1590/1676-0611-BN-2017-0369. Windisch, P.G. Pteridófitas do Estado de Mato Grosso: Hymenophyllaceae. Bradea, v.4, n.47, p.400-423. 1996. Windisch, P.G.; NONATO, F.R. Pteridófitas do Estado de Mato Grosso, Brasil: Vittariaceae. Acta Botanica Brasílica, v.13, n.3, p.290-297. 1999. Zappi, D.C.; Sasaki, D.; Milliken, W.; Piva, J.; Henicka, G.S.; Biggs, N.; Frisby, S. Plantas vasculares da região do Parque Estadual do Cristalino, norte de Mato Grosso, Brasil. Acta Amazônica, v.41, n.1, p.29-38. 2011.
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Produtividade de soja inoculada com Bacillus subtillis
Lucas Barbosa Miranda 1
Marco Antônio Camillo de Carvalho 1 Samiele Camargo de Oliveira 1
Hudson de Oliveira Rabelo1
Jean Correia de Oliveira 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil { [email protected]}
Abstract. Soybean (Glycine max L.) demands high rates of fertilizers, which increases the yield, but currently all nitrogen needs are supplied by inoculation of Bradyrhizobium, a nitrogen-fixing bacteria (NFA) which interacts with soybean plants in symbiosis. There are other microorganisms that help to improve the soybean-NFA interactions, such as Bacillus subtilis. This work aimed to estimate the productivity of soybean cultivars by the co-inoculation of B. subtilis. Doses of 0, 100, 200, 300 and 400 ml and the commercial product Serenade 100 ml were evaluated in two cultivars. The bacteria did not affect the number of pods per plant and nor the weight of 100 grains, but interacts with the cultivars regarding productivity. The cultivar CG 7665RR had higher number of pods, weight of 100 grains and yield more than CG 8166RR. B. subtilis is as efficient as the commercial product evaluated. Doses lower than 100 mL are not effective. We conclude that the use of B. subtilis as coinoculant in soybean is suitable, since it increases yield. Palavras-chave: Glycine max L.; Bactéria promotora de crescimento; biotecnologia; cultura anual.
1. Introdução A cultura da soja (Glycine max L.) é a de maior expressividade em termos de
produção, em relação à área cultivada e a produtividade mundial. O Brasil é o segundo maior produtor do mundo e segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB, 2017), produziu em torno de 113,93 milhões de toneladas de grãos em 33.888 milhões de hectares, na safra 2016/17, estando atrás apenas dos Estados Unidos. No cenário nacional, o estado de Mato Grosso é o maior produtor do país, produzindo cerca de 27% do total e apresentando uma produtividade de 3.176 kg ha-1. A maior parte da movimentação do mercado agrícola daquela região gira em torno desta commodity.
Segundo Moreira e Siqueira (2006), o nitrogênio é o nutriente mais importante para a produção das culturas agrícolas, onde o solo é o local de armazenamento para posterior disponibilização a planta. No entanto, no cultivo da soja, não é necessário realizar adubação nitrogenada. É através da capacidade das leguminosas em realizar o processo simbiótico com bactérias capazes de fixar nitrogênio do ar que não ocorre a necessidade da realização da adubação nitrogenada. De acordo com Zilli et al. (2006), neste processo, as bactérias do gênero Bradyrhizobium, realizam a fixação biológica de nitrogênio (FBN) caracterizada pela formação de nódulos, nos quais o nitrogênio fica disponível à planta, assim obtendo todo o N que é necessário pela cultura.
O resultado benéfico da aplicação de B. subtilis junto às sementes ou ao solo, não é único beneficio pelo fato de apresentar antagonismo aos patógenos, demonstrado efeitos positivos, influenciando a germinação, solubilização de nutrientes, crescimento e produtividade das plantas (ARAÚJO & HUNGRIA, 1999; ARAÚJO, 2008; ARAÚJO et al., 2010, LIMA, 2010).
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Assim, o trabalho teve como objetivo estudar o efeito de diferentes doses de Bacillus subtilis sobre as características produtivas e vegetativas da cultura da soja no município de Alta Floresta – MT.
2. Material e Métodos
O ensaio foi conduzido na safra 2016/17, em área experimental pertencente à Universidade Estadual de Mato Grosso – UNEMAT, no campus II, localizado no município de Alta Floresta, região Norte do estado de Mato Grosso.
Para a instalação do experimento, foi realizada coleta de amostras de solo na camada de 0,0-0,20 m, posterior envio ao laboratório para análise das características químicas e granulométricas. O preparo do solo foi realizado de modo convencional, e a adubação e a correção da fertilidade do solo utilizado seguiram as recomendações de Malavolta et al. (1981).
O delineamento experimental empregado foi o de blocos casualizados, com 12 tratamentos dotados de 4 repetições cada. A divisão das parcelas foi realizada após a abertura manual dos sulcos de semeadura na área, onde cada parcela possuiu 6 linhas com 8 metros de comprimento, espaçadas em 0,5 m entre si, dimensão da parcela 3,0 x 8,0 metros. O ensaio contou com um total de 48 parcelas, ocupando uma área total de 1.200 m2, com dimensões de 15x80 m, e com o desconto das áreas de bordadura, foram cultivados 1.152 m2 com soja. Cada parcela apresentou área de 24,0 m2. A área útil compreende duas linhas de seis metros de comprimento por parcela.
O tratamento de sementes foi à base da diferenciação dos tratamentos utilizados no experimento. A aplicação dos produtos na inoculação das sementes consistiu no fornecimento de fungicida + inoculante + coinoculante, na devida ordem, onde se teve como objetivo obter maior eficiência e melhor desenvolvimento dos organismos simbióticos presentes. O fungicida utilizado foi o Vitavax® -Thiram 200 SC – Arysta, produto do grupo químico das Carboxanilida e Dimetilditiocarbamato, que possui os ingredientes Carboxina + Tiram, na concentração de 200 gramas/litro para cada um deles. Este fungicida possui os mecanismos de ação sistêmico e de contato. A dose aplicada foi de 200 ml de produto comercial, para cada 100 kg de sementes. Após a aplicação do fungicida, as sementes foram inoculadas com Nitro Geo Soja Turfa, da empresa Geoclean, que é um inoculante sólido turfoso para soja, que contém bactérias da espécie B. japonicum. A dose utilizada foi de 80 gramas para 50 kg de semente, onde foi o inoculante foi dissolvido em mistura de solução com 10% de açúcar em 300 ml de água. O coinoculante utilizado foi à bactéria B. subtilis, considerado um microrganismo promotor de crescimento. O produto utilizado está em fase de teste comercial e é denominado Panta1, e foi cedido pela empresa Geoclean. Foram utilizadas as doses de 100 ml, 200 ml, 300 ml e 400 ml do produto para cada 50 kg de semente.
As sementes utilizadas foram às variedades CG 7665 RR e a CG 8166 RR, passaram por um teste de padrão de germinação (TPG), onde atingiram uma germinação de 80%. Foram distribuídas 15 sementes por metro linear de sulco.
As variáveis analisadas foram os Componentes de produção, sendo número de vagem por planta (NV), onde os dados foram obtidos através da contagem de vagens por planta, em dez plantas da área útil de cada parcela, e descartando as vagens com os grãos chochas ou sem grãos, após a colheita; Massa de 100 grãos (MG), obtida através da coleta ao acaso de 3 amostras de 100 grãos por repetição, sendo posteriormente pesadas em balança de precisão, sendo os resultados obtidos expressos em gramas (g) a 13% de teor de água; e a Produtividade de grãos (PROD): Foi realizado através da
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debulha das vagens, sendo obtida através da pesagem dos grãos da área útil de cada parcela dada em g/ parcela e convertida em kg ha-1 a 13% de teor de água.
Os dados estimados foram analisados estatisticamente através de análise de variância simples, pelo teste F. As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade com o auxílio do software Sisvar (Ferreira, 2011).
3. Resultados e Discussão A análise de variância identificou diferenças significativas para as cultivares de
soja avaliadas, de acordo com o teste F (Tabela 1). Onde a quantidade de vagens (NV) produzida pela cultivar, a CG 7665RR apresentou ser significativamente maior no numero de vagens, em relação à outra cultivar testada. Já a massa de 100 grãos (MG) tendeu ao mesmo sentido da característica anterior, onde se verificou diferença significativa, sendo que a cultivar de melhor desempenho foi a CG 7665RR No entanto, para os tratamentos não houve efeito significativo para as cultivares de soja.
Tabela 1. Análise de variância e valores médios de número de vagens (NV), massa de 100 grãos (MG), e produtividade em kg ha-1 (PROD), das variedades de soja CG 7665RR e CG 8166RR sob diferentes doses e
produtos aplicados de Bacillus subtilis no tratamento de sementes
NV MG PROD
(un./planta) (g) (kg/ha-
1)
Cultivar (C)
CG 7665RR 58,63 a 19,49 a 2270,78
a
CG 8166RR 52,70 b 17,15 b 1954,61
b
Tratamento (T)
100 Panta1 56,08 18,38 2130,58
200 Panta1 59,31 18,99 2079,91
300 Panta1 54,26 17,59 2074,79
400 Panta1 55,55 18,12 1995,81 100
Serenade 58,6 18,4 2208,4
Testemunha 50,22 18,44 2186,67
Valor F Cultivar (C) 6,04** 62,54** 6,06* Tratamento
(T) 1,23ns 1,58ns 0,25ns Interação C
x T 1,84ns 1,11ns 2,72*
CV (%) 15 5,62 21,05 DMS
Cultivar 4,9 0,6 261,14 DMS
Tratamento 12,62 1,55 672,36
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**, * e ns – Corresponde respectivamente significativo a 1%, a 5% e não significativo de acordo com o Teste de F. Médias seguidas de mesma letra diferem entre si de acordo com o Teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Houve, ainda, interação significativa entre cultivar e tratamento (Tabela 02).
Sendo observada diferença entre as cultivares nos tratamentos 100 Panta1 e na testemunha. Não foi verificada diferença entre os tratamentos nas duas cultivares.
Em termos gerais, o inoculante Serenade apresentou desempenho equiparado à Panta1. A maior produtividade foi alcançada pela coinoculação de Bradyrhizobium com formulados de B. subtilis, desenvolvendo ganhos significativos, em relação ao tratamento sem a presença de inoculação. Neste sentido, seria interessante a realização de futuros experimentos com subdoses de Serenade®. A produtividade é a característica de maior importância. Sendo assim, as recomendações para as regiões edafoclimáticas para a região do norte de Mato Grosso seriam para o cultivo de CG 7665 RR, sem a necessidade de bioestimulante.
Tabela 2. Desdobramento da interação significativa entre cultivares e aplicação de Bacillus subtilis para produtividade de soja. Alta Floresta - MT, 2017.
Tratamentos CG 7665RR CG 8166RR
kg/ha-1
100 Panta1 2506,03 a A 1755,12 b A
200 Panta1 2127,63 a A 2032,20 a A
300 Panta1 1880,00 a A 2296,58 a A
400 Panta1 2111,73 a A 1879,89 a A
100 Serenade 2276,59 a A 2140,21 a A
Testemunha 2722,69 a A 1650,66 b A
DMS Tukey (5%) C (T) 639,67
DMS Tukey (5%) T (C) 950,86
+Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo deste
de Tukey a 5% de probabilidade.
4. Conclusões A utilização de Bacillus subtilis promove incrementos em produtividade na
cultura da soja. No entanto, sua maior resposta está relacionada com as cultivares utilizadas. A cultivar CG 7665RR é mais produtiva que CG 8166RR nas condições locais da pesquisa.
Referências Bibliográficas ARAÚJO, A. S. F. DE; CARNEIRO, R. F. V.; BEZERRA, A. A. C.; ARAÚJO, F. F. DE. Coinoculação rizóbio e Bacillus subtilis em feijão-caupi e leucena: efeito sobre a nodulação, a fixação de N2 e o crescimento das plantas. Ciência Rural, v. 40, n. 1, p. 182-185, 2010. ARAÚJO, F. F. Inoculação de sementes com Bacillus subtilis formulado com farinha de ostras e desenvolvimento de milho, soja e algodão. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.32, p.456-462, 2008.
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ARAÚJO, F. F. DE; HUNGRIA, M. Nodulação e rendimento de soja co-infectada com Bacillus subtilis e Bradyrhizobium japonicum / Bradyrhizobium elkanii. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.34, p.1633-1643, 1999. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, Acompanhamento da safra brasileira de grãos, v. 4 Safra 2016/17 - Décimo levantamento, Brasília, p. 1-171, 2017. FERREIRA, D. F. Sisvar: um sistema computacional de análise estatística. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011. LIMA, F. F.. Bacillus subtilis e níveis de nitrogênio sobre o desenvolvimento e a produtividade do milho / Francisco Ferreira de Lima – Teresina. 54 f.: il. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal). Orientador: Prof. Dr. Ademir Sérgio Ferreira de Araújo. Rizobactéria – Zea mays. 2. Produção de grãos. 3. Nutrição. I. Título, 2010 MALAVOLTA, E. Manual de química agrícola: adubos e adubação. 3.ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1981. 594p MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e bioquímica do solo. 2ª Edição Atual. e Ampl. Lavras, Editora UFLA, 2006.
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Propriedades organolépticas de etnovariedades de mandioca cultivadas em Alta Floresta,
Mato Grosso
Eliane Cristina Moreno de Pedri 1
Elisa dos Santos Cardoso 1 Auana Vicente Tiago 1
Larissa Lemes dos Santos 1
Ana Aparecida Bandini Rossi 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]
Abstract. Cassava, belonging to the family Euphorbiaceae, is widely cultivated because it has roots rich in carbohydrates and easy to adapt to adverse weather and soil conditions. Sensory analysis assesses the organoleptic properties and acceptability of food products through the sense organs of the participants. Considering the importance of the organoleptic properties in the choice of a product or food, the objective of this study was to evaluate the organoleptic properties of four table cassava landraces grown in Alta Floresta-MT. The experiment was conducted in the municipality of Alta Floresta, MT. After harvesting, which took place in September 2017, four landraces of table cassava (Cacau branca, Cacau roxa, Cacau amarela and Mandioca pão) were evaluated for organoleptic properties. In the sensory analysis, the evaluators were mostly males (26%) and aged between 18 and 25 years (64%). The evaluators indicated the Cacau branca cassava as the 'best' (52%) and Mandioca pão (56%) as the worst sample. As for the hardness test, the Cacau branca cassava differed statistically from the others, proving to be the softest. The Cacau branca cassava presented the highest satisfaction indexes when submitted to the evaluation of the sensorial attributes, being that, according to the penetrometer test, this was the cassava that presented greater softness of cooked pulp. Cacau branca was also the one that presented the highest acceptance rate among the evaluators, evidencing their potential for new plantations aiming to increase productivity, marketing and income. Palavras-chave: Manihot esculenta Crantz; tuberous roots; flavor; texture.
1. Introdução A mandioca (Manihot esculenta Crantz) também conhecida por mandioca de mesa, macaxeira ou aipim é cultivada em todo o território brasileiro pela fácil adaptação a diferentes condições de clima e solo (AGUIAR, 2003), sendo muito utilizada na alimentação humana, seja por meio de produtos industrializados, seja in natura, como mandioca de mesa.
No Brasil, as etnovariedades de mandioca são cultivadas, principalmente, por agricultores familiares, condição que vem garantindo à espécie uma ampla variabilidade genética. Essas etnovariedades diferem entre si em diversos aspectos, que vão desde características morfológicas, agronômicas e fatores genéticos às propriedades organolépticas, sendo que estas podem ser avaliadas por meio de análise sensorial (GALERA & VALLE, 2007).
A análise sensorial é uma ciência multidisciplinar que seleciona avaliadores para medir as propriedades organolépticas e a aceitabilidade de produtos alimentícios por meio dos órgãos dos sentidos. A avaliação sensorial mensura estímulos (métodos químicos e físicos) e sensações (processos psicológicos). Essa análise vem sendo utilizada no desenvolvimento e melhoramento de produtos, controle de qualidade e estudos
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sobre armazenamento e desenvolvimento de processos (LANZZILOTTI & LANZILLOTTI, 1999). Considerando a importância das propriedades organolépticas na escolha de um produto ou alimento, objetivou-se neste estudo avaliar propriedades organolépticas de quatro etnovariedades de mandioca de mesa cultivadas em Alta Floresta-MT.
2. Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Chácara Nossa Senhora Aparecida, na Comunidade Central, município de Alta Floresta, MT. O plantio foi realizado em setembro de 2016 e a colheita ocorreu em setembro de 2017 quando foram avaliadas quatro etnovariedades de mandioca de mesa (Cacau branca, Cacau roxa, Cacau amarela e Mandioca pão) quanto às propriedades organolépticas.
Após a colheita, foi selecionado, para cada etnovariedade, 1 quilograma (Kg) de raízes frescas e uniformizadas quanto ao tamanho, diâmetro e comprimento. Para a cocção, as raízes foram lavadas, descascadas e cortadas em pedaços com aproximadamente 7 cm de comprimento. Foi adicionado 1 litro de água às amostras e estas foram cozidas por 20 minutos, sempre na mesma panela de pressão, em fogo alto e na mesma boca do fogão. Após este período, as amostras foram esfriadas em temperatura ambiente, acondicionadas em vasilhames plásticos, identificadas e encaminhadas para o laboratório Didático da UNEMAT, Campus de Alta Floresta, para avaliação.
A análise sensorial foi realizada por meio de avaliação cega e, para tanto, as amostras cozidas foram cortadas em cubos de aproximadamente 2 cm de comprimento, dispostas em pratos descartáveis, enumeradas e servidas para 50 avaliadores (aproximadamente 13 g de amostra/pessoa). O grupo de avaliadores constitui-se de alunos, servidores e professores do Campus que não haviam consumido, anteriormente, bebidas e alimentos que pudessem influenciar na avaliação. Após a degustação, para atribuição das notas, utilizou-se uma escala hedônica que variou de 1 a 5, onde 1 significa gostei muito e 5, desgostei muito (Figura 1). As propriedades avaliadas foram: cor, sabor, aroma, textura, doçura e aceitação global.
Para cada etnovariedade, o teste de dureza das amostras após o cozimento, foi realizado com auxílio do testador de dureza de frutas modelo PTR 300 Instrutherm (Penetrômetro), com ponta de 11 mm.
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Figura 1. Modelo da ficha de aplicação da avaliação sensorial.
Os resultados obtidos na análise sensorial foram apresentados em formato de
gráfico de radar, utilizando o programa computacional EXCEL. Os dados de dureza
foram submetidos ao teste de Liliefors para avaliar a adesão das variáveis à distribuição
normal. A significância dos dados foi determinada por meio do teste F e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, utilizando o programa
Genes, versão 2018.23 (CRUZ, 2013).
3. Resultados e Discussão Na análise sensorial, os avaliadores foram, na sua maioria, do sexo masculino (26%) e com idade entre 18 e 25 anos (64%) (Figura 2).
Figura 2. Distribuição dos avaliadores, segundo o sexo e a idade. F = Feminino; M = Masculino.
Quando questionados quanto à ‘melhor’ e ‘pior’ amostra, os avaliadores indicaram a etnovariedade Cacau branca como a ‘melhor’ (52%) e a Mandioca pão (56%) como a pior (Figura 3).
Figura 3. Distribuição da ‘melhor’ e ‘pior’ amostra de mandioca de acordo com os 50 avaliadores. CB = Cacau branca; CR = Cacau roxa; CA = Cacau amarela e MP = Mandioca
pão.
Quanto aos atributos relacionados à cor, sabor, aroma, textura, doçura e aceitação global, verificou-se que, as notas variaram entre as etnovariedades, sendo 1 (gostei muito) e 2 (gostei regularmente) as mais frequentes entre os avaliadores. Os resultados da avaliação sensorial estão representados e ordenados na figura 4. Os atributos avaliados estão representados em cada um dos eixos do gráfico, enquanto a teia formada apresenta, em escala, o número de avaliadores, e os polígonos coloridos, a nota atribuída para cada um dos atributos.
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Figura 4. Análise sensorial das variáveis organolépticas de quatro etnovariedades de mandioca. 1 = gostei muito; 2 = gostei regularmente; 3 = indiferente; 4 = desgostei
regularmente; 5 = desgostei muito.
Quanto ao teste de dureza, a etnovariedade Cacau branca diferiu-se estatisticamente das demais, demonstrando ser a mais macia (Tabela 1).
O teste do penetrômetro foi concordante com a análise sensorial, visto que, para Cacau branca, no atributo textura predominou a nota 1 (gostei muito) e no teste de dureza ela foi a etnovariedade considerada mais macia.
Com relação à aceitação global a Cacau branca também foi a etnovariedade que apresentou melhor aceitação entre os avaliadores, e como destaca Oliveira (2010), a aceitação global é a avaliação da amostra como um todo, ou seja, é a junção de todas as propriedades organolépticas avaliadas, caracterizando, portanto, a sua receptividade junto ao consumidor. Estes resultados sugerem que a Cacau branca apresenta potencial para novas pesquisas, como por exemplo, técnica de cultivo visando adaptação em outras condições edafoclimáticas, viabilizando assim maior produtividade. Bilieri et al. (2014) destacam ainda que, a intensificação do cultivo, por agricultores familiares, de etnovariedades de mandioca que apresentam melhor aceitação pelo consumidor, atua no aumento da renda familiar proporcionando assim, incremento da economia regional.
Tabela 1. Média de dureza das etnovariedades de mandioca. Alta Floresta-MT, 2018.
Etnovariedade Médias
Cacau branca 0,20 a
Cacau roxa 0,85 c
Cacau amarela 0,88 c
Mandioca pão 0,60 b
CV (%) = 14,95
DMS = 0,21 Médias seguidas da mesma letra na coluna, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. CV =
Coeficiente de variação; DMS= Diferença mínima significativa.
4. Conclusões
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A etnovariedade Cacau branca apresentou os maiores índices de satisfação quando submetida à avaliação dos atributos sensoriais, sendo que, de acordo com o teste do penetrômetro esta foi a etnovariedade que apresentou maior maciez de polpa cozida. A Cacau branca também foi a que apresentou o maior índice de aceitação entre os avaliadores, evidenciando o seu potencial para novos plantios visando aumento da produtividade, comercialização e renda. Referências Bibliográficas AGUIAR, E.B. Produção e qualidade de raízes de mandioca de mesa (Manihot esculenta Crantz) em diferentes densidades populacionais e épocas de colheita. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) – Instituto Agronômico de Campinas, Campinas, 90p. 2003. BILIERI, C. E.; SILVA, R. H.; GOMES, C.; CARDOZO, C. J.; YAMASHITA, O. M.; CARVALHO, M. A. C.; ROBOREDO, D.; GERVAZIO, W. 16823 - Qualidade organoléptica em diferentes cultivares de mandioca, implantadas em consorcio com a cultura do abacaxi no município de Alta Floresta – MT. Cadernos de Agroecologia, v. 9, n. 4, 2014. CRUZ, C.D. GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics. Acta Scientiarum, v.35, n.3, p.271-276, 2013. DOI: 10.4025/actasciagron.v35i3.21251. GALERA, J. M. S. V.; VALLE, T. L. Estruturação genética do germoplasma de mandioca através de informação comparativas entre estudos biológicos e antropológicos – resultados preliminares. Raízes e Amidos Tropicais, v. 3, n. 1, 2007. LANZILLOTTI, R. S.; LANZILLOTTI, H. S. Análise sensorial sob o enfoque da decisão fuzzi. Revista Nutrição, v. 12, n. 2, p. 145-157, 1999. OLIVEIRA, A. F. Apostila Análise sensorial dos alimentos. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 65p. 2010.
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Estoque de Carbono no solo sob pastagem na Amazônia Matogrossense: correção pelo
método de massa equivalente
Eduardo de Azevedo Sodré Florence1 Getulio de Freitas Seben Junior²
1 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT Mestrando Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas
Amazônicos Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
2 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Agrárias
Campus de Nova Mutum - MT [email protected]
Abstract. Soil carbon stocks are directly related with the management practices imposed on the production system. Currently, has great interest in the sector, due to the impacts of climate change. The imapcts of soil management on organic matter and Carbon drive are well documented, however, methods of calculation of these stocks, not yet. Here, we assess the carbon stocks in three distinct environments: Pasture under Conventional Management (PMC); Pasture under Intensified Management (PMI); and native forest (FN). Were considered too 5 layers of soil: 0-5 cm; 5-10 cm; 10-30 cm; 30-60 cm; and 60-100 cm. The calculations were carried out considering the mass of the soil instead of volume, where in addition to the density and layer thickness, used the equivalent layer density in the area of native forest (FN). Carbon stocks in PMI were significantly lower in the 10-30 and 60-100 cm from PMC and FN, no different from each other. The corrected form of calculating kept the same pattern, however, the difference between the carbon stocks and the correction, showed significant difference in all layers. The sum total of the layers of MCP revealed a difference of-12.70%, while for PMI, the difference was-12.51%. In these two areas there was an overestimation of stock in relation to the corrected calculation. Anthropogenic actions and land use influence on soil density, so the correction application for the equivalent mass is important, avoiding overvaluation or depreciation of one system over another.
Palavras-chave: Estoque de Carbono no solo; pastagem; Amazônia; massa equivalente; mudanças climáticas.
1. Introdução
Os estoques de carbono no solo estão diretamente relacionados com as características
da área e as práticas agrícolas adotadas. Mudanças no uso da terra alteram processos
biogeoquímicos do solo, alterando além dos estoques de Carbono, as emissões de Dióxido
de Carbono (CO₂) e Metano (CH₄) para atmosfera. As emissões líquidas desses gases estão
correlacionadas com as mudanças nas quantidades de Carbono estocado (FERNANDES &
FERNANDES, 2008; URQUIAGA et. al., 2010; LAL, 2016; FUJISAKIA et. al., 2018).
Há abundância de informações na revisão de literatura sobre os impactos do manejo
do solo sobre a matéria orgânica, porém, igualmente importantes, os métodos de calcular
esses estoques ainda não estão tão bem documentados. Até a década de 1970, apenas a
concentração de matéria orgânica do solo expressava o resultado de estoque em g kg-1.
Posteriormente, passaram a ser considerados a densidade aparente e a espessura da
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camada de solo estudado, expressando os resultados por unidade de área (Mg ha-1 de
Carbono) (VELDKAMP, 1994; FERNANDES & FERNANDES, 2013).
Recentemente, esse cálculo é considerado insuficiente, uma vez que as práticas de uso
do solo podem alterar diretamente a densidade e consequentemente a massa do solo.
Considerar e comparar uma mesma profundidade de uma área cultivada e uma área sob
vegetação nativa pode levar a interpretações equivocadas (FERNANDES & FERNANDES,
2008; OLIVEIRA et. al., 2014; ZANATTA, 2015).
Sisti et. al. (2004) baseados nos trabalhos de Ellert & Bettany (1995) propõe uma
metodologia de correção dos estoques pela massa equivalente. Esta, considera uma área de
referência, preferencialmente de mata nativa, afim de referenciar essa correção ao mais
próximo da condição anterior à antropização. Carvalho et. al. (2009) propõe uma fórmula de
mais simples aplicação, conforme utilizado nesse trabalho e descrita na metodologia.
Diante deste exposto, é importante evidenciar uma situação real em solos de pastagem
sob dois manejos comparados e discutidos com uma área de mata nativa próxima. Objetiva-
se com este trabalho, avaliar o efeito da forma de cálculo e a consideração da massa
equivalente, no estoque de Carbono do solo.
2. Material e Métodos
O estudo foi conduzido na Fazenda São Matheus, que está localizada no município de
Alta Floresta, MT (56°17’W e 09°45’S). A propriedade foi aberta em 1986 com plantio de
cacau, tornando-se pastagem a partir de 1998. O solo das áreas foi classificado, segundo os
critérios estabelecidos pela Embrapa (2013), como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico,
textura argilosa. A precipitação pluviométrica média é de 2200 mm ao ano e o clima é do
tipo Tropical de Savana.
Na figura 1, abaixo, destacam-se as três áreas avaliadas: o perímetro destacado em
rosa representa a área de pastagem sob Manejo Convencional (PMC) em amarelo, a área de
pastagem sob Manejo Intensificado (PMI) e em azul, a área de Floresta Nativa (FN). Os
retângulos brancos em cada área destacada são os grids alocados para o delineamento
experimental dos pontos de coleta.
Figura 1 – disposição dos grids em cada tratamento
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A área de pastagem sob manejo convencional tem mais de 20 anos de uso, sem
correções registradas. Inicialmente formada com Brachiaria brizantha (Syn Uruchloa
brizantha. – vr Marandú) atualmente substituída naturalmente por Brachiária humidícula
(Syn. Urochloa humidicula) em 60% da área. Cerca de 20% da área está sob solo descoberto,
devido a Síndrome da Morte Súbita, ou coberta por outras plantas oportunistas. No
tratamento sob manejo intensificado, houve uma reforma em 2013, substituindo a
Brachiaria pelo Panicum maximun, cultivar Mombaça (Syn. Megathyrsus Maximun). Houve
revolvimento do solo, calagem (4.000 kg ha-1), adubação basal (200 Kg/ha de superfosfato
triplo) e cobertura (50 Kg/ha de cloreto de potássio e 200 Kg/ha de Ureia). A adubação de
cobertura é repetida anualmente no período das chuvas, em três parcelas em média/ano,
ainda, houve uma nova calagem e adubação fosfatada em 2015 (2.000 Kg calcário/ha e 100
Kg Super triplo/ha). Na área de Floresta Nativa, são observados sinais de retirada de madeira,
devido sulcos de pneu impressos, porém, os sinais de árvores cortadas demonstram longo
tempo da antropização. Na figura 2, abaixo, está a representação do grid estabelecido em
cada área de estudo (pseudo tratamentos) com os respectivos pontos de coleta de amostras.
Figura 2 – grid de delineamento experimental.
Para a determinação da densidade aparente, foram utilizados anéis volumétricos de
Kopecky para a coleta de amostras indeformadas nas camadas: 0-5, 5-10, 10-30, 30-60 e 60-
100 cm com o auxílio de um trado do tipo Uhland (Embrapa, 1997). Nas mesmas camadas,
os teores de Carbono, foram determinados pelo método de Walkley-Black modificado
(EMBRAPA, 2017).
O estoque de carbono foi calculado pela fórmula de Veldkamp (1994).
𝐸𝐶 = (𝐶𝑂 𝑥 𝐷𝑠 𝑥 𝑒)/10) (1)
EC = estoque de C orgânico em determinada profundidade (Mg ha-1);
CO = teor de C orgânico total na profundidade amostrada (g kg-1);
Ds = densidade aparente do solo da profundidade (Kg dm³ -1); e
e = espessura da camada considerada (cm).
Os cálculos de correção do estoque por camadas foram feitos pelo método da massa
equivalente preconizado por Carvalho et. Al. (2009) e adaptado por Fernandes & Fernandes
(2013).
ECC =Cs x Ds x (
Dref
Ds x e)
10 (2)
ECC = estoque de Carbono orgânico corrigido em determinada profundidade (Mg ha-1);
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Cs = teor de Carbono Orgânico total na profundidade amostrada (g kg-1);
Ds = densidade aparente do solo na profundidade amostrada (Kg dm³ -1);
Dref = densidade aparente do solo na profundidade amostrada na área de referência (Kg
dm³ -1); e
e = espessura da camada considerada (cm).
A significância entre médias para cada camada de solo entre os ambientes, foi
calculada utilizando o software Sisvar®. Através de uma anova, foi aplicado o test e f a 5%. A
diferença entre EC e ECC, foram expressas em porcentual entre as médias na tabela 1,
abaixo.
3. Resultados e Discussão As densidades mais altas, nos ambientes PMC e PMI, em comparação com FN (área
de referência) são diferentes significativamente. Os teores de Carbono orgânico total
variaram nas camadas entre 0 – 5 e 10 – 30 cm, nos ambientes PMC e PMI, em relação à FN.
No entanto, somente na camada 10 – 30 cm de PMI, a diferença significativa se manteve
quando o estoque foi calculado considerando densidade e espessura da camada e expresso
em Mg ha-1 (EC). A camada 60 – 100 cm em PMI, também demonstrou diferença significativa
em relação a FN e PMC.
Tabela 1: Densidade Aparente (Ds); Carbono Orgânico Total (COT); Estoque de Carbono (EC);
e Estoque de Carbono Corrigido (ECC) em 5 camada de 3 usos de solo: PMC: Pasto Manejo
Convencional (PMC); Pasto Manejo Intensificado (PMI); e Floresta Nativa (FN).
Ambiente
CAMADA
(cm)
Ds
(g/cm³)
COT
(g/cm³)
EC
(Mg/ha)
ECC
(Mg/ha)
Diferença
(%)
PMC
0-5
1,44a 23,68c 16,88a 12,52a - 25,83
5-10 1,48a 20,35a 15,01a 11,77a - 21,58
10-30 1,48a 18,00b 53,27a 42,91a - 19,44
30-60 1,27a 15,75a 59,73a 55,11a - 7,74
60-100 1,26a 15,17a 76,28ab 70,77ab - 7,22
TOTAL 92,94 221,17 193,08 - 12,70
PMI
0-5
1,37a 28,71b 19,57a 15,23a - 22,16
5-10 1,41a 19,97a 14,05a 11,64a - 17,20
10-30 1,41a 12,55c 35,30b 30,05b - 14,89
30-60 1,30a 15,96a 62,04a 55,89a - 9,91
60-100 1,30a 13,43a 69,51b 62,59b - 9,95
TOTAL 90,62 200,47 175,40 - 12,51
FN
0-5
1,05b 33,31a 17,30a 17,30a
0
5-10 1,16b 19,96a 11,44a 11,44a 0
10-30 1,20b 21,80a 52,14a 52,14a 0
30-60 1,16b 18,29a 63,74a 63,74a 0
60-100 1,17b 16,95a 79,68a 79,68a 0
TOTAL 110,32 224,30 224,30 0
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CV% 6,81 21,56 26,93 27,30
Médias seguidas de letras minúsculas iguais na mesma coluna e camada de solo, não diferem entre si pelo teste
F a 5%. A diferença entre EC e ECC, está expressa em percentual.
Na correção do estoque de acordo com Carvalho (2009) o padrão de significância
entre os ambientes, em cada camada, permaneceu o mesmo, entretanto, a diferença
percentual entre EC e ECC, demonstra grande variação nas camadas superficiais até 30 cm,
tanto em PMC quanto em PMI, relacionados com FN. Embora as duas camadas mais
profundas tenham demonstrado menores diferenças, porém significativas, a diferença entre
os somatórios de EC e ECC, para cada ambiente, expressa uma variação considerável, 12,70%
em PMC e 12,51% em PMI.
Esses resultados encontrados correspondem a uma superestimação dos estoques de
carbono em PMC e PMI, quando desconsiderada a massa equivalente em relação uma área
de referência (FN). Embora Fernandes & Fernandes (2008 e 2013) tenham relatado
diferenças encontradas em outros casos, aqui encontramos diferença ainda mais
significativa. Interpretações equivocadas com relação a estoques de carbono em solo,
podem supervalorizar formas de uso e manejo do solo.
4. Conclusões
O estoque de Carbono corrigido por massa equivalente deve ser preconizado quando
o objetivo é comparação de sistemas de produção. Deve-se considerar uma massa
equivalente de uma área de referência, mata nativa ou o menos antropizada possível.
As práticas de uso do solo alteraram significativamente as densidades e
consequentemente os estoques de Carbono. A consideração de massa de solo ao invés de
volume de solo, alteraram significativamente os resultados encontrados.
Referências Bibliográficas CARVALHO, J.L.N.; CERRI, C.E.P.; FEIGEL, B.J.; PICCOLO, M.C.; GODINHO, V.P.; CERRI, C.C. Carbon sequestration
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Fernandes. F. A.; Fernandes, A. H. B. M. Atualização dos métodos de cálculo de estoques de carbono do solo
sob diferentes condições de manejo. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2013. 5 p. (Embrapa Pantanal. Comunicado
Técnico, 95).
Fujisakia, K.; Chapuis-Lardya, L.; Albrechta, A.; Razafimbelob, T.; Chottea J. L.; Chevallier T. Data synthesis of
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SISTI, C.P.J.; Santos, H. P. dos; Kohhann, R.; Alves, B. J.R.; Urquiaga, S.; Boddey, R. M. Change in carbon and
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Distribuição da porosidade em solo de pastagens sob diferentes usos:
comparação com Floresta Nativa
Eduardo de Azevedo Sodré Florence1
Getulio de Freitas Seben Junior²
1 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT
Mestrando Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas
Amazônicos
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
2 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT
Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Agrárias
Campus de Nova Mutum - MT
Abstract. The physical attributes of the soil are important indicators of quality and reflection of the
practices imposed on the production system. Although your account been neglected for evaluation
purposes of production systems, it is increasingly necessary for integrated assessment with chemical
and biological attributes to a greater systemic understanding. Here, we assess density and porosity in
three distinct environments: Pasture under Conventional Management (PMC); Pasture under
Intensified Management (PMI); and native forest (FN). Were considered still 5 layers of soil: 0-5 cm; 5-
10 cm; 10-30 cm; 30-60 cm; and 60-100 cm. FN presents a distribution of pores close to the ideal,
serving as a reference for the comparison with the two areas occupied by man under livestock
production systems. The results revealed the expected, an increase in density and decreased
macroporosity in PMC and PMI compared the FN, but do not differ. PMI presents total porosity similar
to FN, however, the microporosity increased and macroporosity diminished. PMC offers a reduction of
microporosity in all layers, reduced total porosity and macroporosity to 30 cm, while the relationship
between macro and micro between 0 and 30 cm is larger than 1:2. The results allow to verify
consistency with the occupation of the areas history, and PMI's about impact of trampling and
mechanization, while PMC has been suffering a compression process over time.
Palavras-chave: Atributos físicos; solo; Amazônia; pastagem
1. Introdução
É crescente a competição pelo uso da terra no Brasil. As projeções de aumento
de produção das principais comódites são expressivas, mesmo com acordos
internacionais de não desmatamento e reflorestamento. Existe grande expectativa de
que a intensificação da atividade pecuária e a elevação de seus índices de
produtividade, contribuam para acomodação da expansão de outras culturas. O Brasil
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poderia em teoria, atender as demandas de carne e outros produtos, sem aumentar
a conversão de ambientes naturais (ERMGASSEN et. al., 2018).
Embora a intensificação pecuária, através de práticas de promoção do aumento
de produtividade, seja uma possibilidade para recuperação de áreas de pastagem
degradada, além de contribuir com a economia, é preciso conhecimento mais
profundo do impacto desses novos modelos de produção. Há de se considerar a
degradação causada pelos próprios sistemas intensificados, afim alcançar a
sustentabilidade dos mesmos.
Torres et. al. (2014) descrevem que a degradação geralmente está associada na
literatura com a lotação animal, perda de vigor da planta e aos atributos químicos do
solo, porém, estão negligenciados os aspectos da degradação física do solo. Carneiro
et. al. (2009) reforçam que a manutenção e melhoria dos atributos físicos, químicos e
biológicos, através de práticas conservacionistas, possibilita melhores condições de
crescimento das plantas e favorece a vida no solo.
Os atributos físicos estão diretamente ligados a absorção e dinâmica da água
no solo. Klein & Klein (2014) em revisão bibliográfica, discutem a respeito dos efeitos
do manejo de solo e a absorção de água, evidenciando que as práticas humanas
influenciam nas taxas de absorção e quanto mais próximo de um ambiente natural,
maiores são estas. Carneiro et. al. (2009) e Soracco et. al. (2015) evidenciam que a
compactação, altamente relacionada à absorção de água, é reconhecida como grave
problema em sistemas de produção com grande atividade mecanizada, exercendo
influência sobre várias propriedades do solo e processos, incluindo os biológicos.
Lanzanova (2007), Torres et al. (2014) e Soracco et. al. (2015) incluem o pisoteio
animal como importante fonte de compactação.
Esse resumo expressa os resultados prévios de dissertação de mestrado e
evidencia as condições reais encontradas na área de estudo. Futuramente serão
contrastados com outros dados como estoque de Carbono e Nitrogênio, estabilidade
de agregados, respiração basal, carbono da biomassa microbiana, atividade
enzimática entre outros.
2. Material e Métodos
O estudo foi conduzido na Fazenda São Matheus, que está localizada no município
de Alta Floresta, MT (56°17’W e 09°45’S). A propriedade foi instalada em 1986 com
plantio de cacau, tornando-se pastagem a partir de 1998. O solo foi classificado,
segundo os critérios estabelecidos pela Embrapa (2013), como Latossolo Vermelho
Amarelo distrófico, textura argilosa, com variação insignificante entre as áreas. A
precipitação pluviométrica média é de 2200 mm ao ano e o clima é do tipo Tropical
de Savana.
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Na figura 1, abaixo, destacam-se as três áreas avaliadas: o perímetro destacado
em rosa representa a área de pastagem sob Manejo Convencional (PMC) em amarelo,
a área de pastagem sob Manejo Intensificado (PMI) e em azul, a área de Floresta
Nativa (FN). Os retângulos brancos em cada área destacada são os grids alocados
para o delineamento experimental dos pontos de coleta.
Figura 1 – disposição dos grids em cada tratamento
A área de pastagem sob manejo convencional tem mais de 20 anos de
uso, sem correções registradas. Inicialmente formada com Brachiaria brizantha (Syn
Uruchloa brizantha. – vr Marandú) atualmente substituída naturalmente por
Brachiaria humidícula (Syn. Urochloa humidicula) em 60% da área. Cerca de 20 % da
área está sob solo descoberto, devido a Síndrome da Morte Súbita, ou coberta por
outras plantas oportunistas. No tratamento sob manejo intensificado, houve uma
reforma em 2013, substituindo a Brachiaria pelo Panicum maximun, cultivar
Mombaça (Syn. Megathyrsus Maximun). Houve revolvimento do solo, calagem (4.000
Kg/ha), adubação basal (200 Kg/ha de Super Fosfato triplo) e cobertura (50Kg/ha de
cloreto de potássio e 200 Kg/ha de Ureia). A adubação de cobertura é repetida
anualmente no período das chuvas, em três parcelas em média/ano, ainda, houve
uma nova calagem e adubação fosfatada em 2015 (2.000 Kg calcário/ha e 100 Kg
Super triplo/ha). Na área de Floresta Nativa, são observados sinais de retirada de
madeira, devido sulcos de pneu impressos, porém, os sinais de árvores cortadas
demonstram longo tempo da antropização. Na figura 2, abaixo, está a representação
do grid estabelecido em cada área de estudo (pseudo tratamentos) com os
respectivos pontos de coleta de amostras.
Figura 2 – grid de delineamento experimental.
A densidade do solo, macro, micro e porosidade total foram determinados com
uso de mesa de tensão e estufa (Embrapa, 1997). Para tal, foram utilizados anéis
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volumétricos de Kopecky para a coleta de amostras indeformadas, com o auxílio de
um trado do tipo Uhland, nas camadas: 0-5, 5-10, 10-30, 30-60 e 60-100 cm.
A significância entre médias para cada camada de solo entre os ambientes, foi
calculada pelo Sisvar®, utilizando Tukey a 5%.
3. Resultados e Discussão
TABELA 1: Densidade Aparente (g/cm³) e Porosidade (%) em 5 profundidades de 3 sistemas
de uso do solo: Pasto Manejo Convencional (PMC); Pasto Manejo Intensificado (PMI); e
Floresta Nativa (FN).
CAMADA
DE SOLO
(cm)
Ds
(g/cm³)
MICRO
(%)
MACRO
(%)
TOTAL
(%)
PMC
0-5
1,44a
27,99b
10,79b
38,78b
5-10 1,48a 28,16b 9,64b 37,80b
10-30 1,48a 24,85b 10,27b 35,12c
30-60 1,27a 29,48b 16,38a 45,86a
60-100 1,26a 31,37b 15,55a 46,92a
PMI
0-5
1,37a
35,13a
6,77c
42,23b
5-10 1,41a 32,10a 9,14b 41,24b
10-30 1,41a 34,46a 8,82b 43,28b
30-60 1,30a 36,05a 11,33b 47,39a
60-100 1,30a 37,32a 8,84b 46,16a
FN
0-5
1,05b
33,71a
19,66a
54,36a
5-10 1,16b 33,75a 16,50a 50,25a
10-30 1,20b 34,44a 15,28a 49,73a
30-60 1,16b 34,91a 14,65ab 49,57a
60-100 1,17b 35,29a 14,06a 49,35a
CV % 6,81 10,11 31,06 11,27
Médias seguidas de letras minúsculas iguais na mesma coluna e camada de solo, não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5%.
A área FN apresenta uma distribuição dos poros próxima do considerado ideal,
uma relação 1:2 entre macro e micro poros, conforme a revisão bibliográfica de
Ferreira R. R. M., 2010. PMC mantém essa relação nas duas últimas camadas, entre 30
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e 100 cm, mas PMI não mantém essa relação em nenhuma camada. O aumento da
densidade e diminuição da macroporosidade encontrada em PMC e PMI, são
esperadas e bem documentadas na literatura em áreas sob ação antrópica
(LANZANOVA, 2007; CARNEIRO et. al., 2009; FERREIRA et. al., 2010; TORRES et al.,
2014; SORACCO et. al., 2015).
PMI expressa significativamente outra relação também descrita por Ferreira R.
R. M., 2010, uma diminuição de macroporosidade concomitante com aumento de
microporosidade, comum em casos de intensa mecanização e pisoteio de gado. Isso
de fato acontece nessa área, com carga animal acima de 4 UA/ha e tráfico de
máquinas para adubação e calagem frequentes. Mesmo passando por revolvimento
do solo em 2013, claramente há um novo processo de compactação. Mesmo
reduzindo a macroporosidade, não há diferença significativa da microporosidade e
da porosidade total em relação a FN. Em PMC, a microporosidade está reduzida com
diferença significativa em relação a PMI e FN. PMC está sob manejo convencional,
com baixa carga animal e sem manejos de adubação ou calagem. A compactação em
PMC parece ter sido ajustada ao longo do tempo, refletindo em porosidade total mais
baixa.
Esses dados fazem parte de dados preliminares da dissertação em preparação,
que serão contrastados com diversas outras variáveis, buscando melhor
entendimento desse estudo.
4. Conclusões
Pelas análises realizadas, densidade aparente e porosidade, é possível verificar
diferenças significativas entre os ambientes estudados. Os resultados são coerentes
com os históricos de cada área.
A área que recebe maior pressão de pastejo e carga animal, além de
mecanização intensa, apresenta compactação considerável e rápida, considerando o
revolvimento recente durante reforma da área.
Referências Bibliográficas
Anais do VI Seminário de Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos 20 a 24 de agosto de 2018
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Fontes e doses de nitrogênio na produtividade do milho
Mateus Eduardo Escola 1
Lara Caroline Alves de Oliveira 1 Antonio Hérbete Sousa Leonel Junior 1
Marco Antônio Camillo de Carvalho 1 Samiele Rodrigues de Oliveira 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. Nitrogen fertilization is of importance in the maize crop, and may raise productivity
significantly. This makes it important to search for efficient doses and sources, which will enable
product savings. The objective of this work was to evaluate the volatilization of nitrogen and the
vegetative and reproductive characteristics of maize as a function of the application of different sources
and doses of nitrogen. The experimental design was in a randomized block with 2x5 factorial scheme,
and the treatments were composed by the combination of two nitrogen sources (common urea and
urea with urea inhibitor) and five nitrogen doses (0, 65, 130, 195, 260 kg ha-1), with four replicates each.
The following evaluations were performed: ear length, number of rows, number of grains per row, mass
values of 100 grains and productivity. The doses influenced significantly the productive characteristics,
being the best obtained for the doses between 180 to 200 kg ha-1.
Palavras-chave: Inibidor de Uréase; Eficiência; Zea Mays; Adubação; Macronutriente.
1. Introdução O milho tem papel fundamental no setor agrícola e pecuário, por ser o grão mais
utilizado na fabricação de ração animal, e destaca-se como sendo uma das matérias primas para a produção de etanol, e devido a esta crescente demanda, o Brasil se torna um dos grandes e importantes produtores (KANEKO et al., 2010).
Diante disto, em busca de maior eficiência na produtividade, tornou-se necessário melhorias no manejo, além do desenvolvimento de tecnologias que proporcionem alto rendimento e capacidade de manter a qualidade do solo. E entre os métodos de manejo para a cultura, a adubação nitrogenada é considerada como fundamental, onde contribui para o aumento da produtividade, já que quando se trata do milho, é um dos nutrientes absorvidos em maiores quantidades, e os solos não tem a capacidade de suprir a necessidade exigida pela cultura ao longo de seu ciclo de vida (CARMO et al., 2012).
O nitrogênio (N) é um elemento de grande importância na nutrição de plantas devido a suas funções, sendo as principais, estrutural como componente de aminoácidos e proteínas, na respiração e fotossíntese (MALAVOLTA, 2006). Isto faz com que este nutriente seja um dos elementos de maior demanda e resposta pelos vegetais.
O milho possui maior exigência pelo nitrogênio, por ser o elemento que apresenta maior influência sobre a produtividade (SILVA et al., 2013) e o que mais onera o custo de produção. A eficiência de absorção do nitrogênio pelas plantas normalmente é igual ou menor que 60% (BROCH &RANNO, 2008).
Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a produtividade do milho em função de fontes e doses de nitrogênio.
2. Material e Métodos
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O presente estudo foi conduzido entre os meses de fevereiro a junho de 2018, na propriedade Estância Veridiana localizada no município de Alta Floresta – MT, cujas coordenadas geográficas compreende 10°02´33.7” S e 56°06´26,5” W, situando-se em uma altitude de 283 metros.
O solo do local foi classificado como LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico (SANTOS et al., 2013), o qual foi amostrado na camada de (0 – 0,20 m de profundidade), para determinação das análise química e granulométrica, de acordo com o procedimento recomendado pela Embrapa (2009), obtendo-se os seguintes dados: argila: 379 g kg-1; areia: 521g kg-1 e silte: 100 g kg-1; pH em água: 5,5; P (mehlich-1): 2,96 mg dm-3; K: 2,93 cmolc dm-
3; Ca: 2,0 cmolc dm-3; Mg: 0,93 cmolc dm-3; H+Al: 4,0 cmolc dm-3; SB: 3,06 cmolc dm-3; V: 43,34% e CTC: 3,06 cmolc dm-3.
Realizou-se a correção do solo 30 dias antes da semeadura do milho, com calcário dolomítico com PRNT de 95%, objetivando-se elevar a saturação por bases do solo à 60% com aplicação de 1,47 ton ha-1.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial 2x5, sendo os tratamentos compostos pela combinação de duas fontes nitrogenadas (ureia e ureia com inibidor de urease) e cinco doses de nitrogênio (0, 65, 130, 195, 260 kg ha-1), totalizando 10 tratamentos, com quatro repetições cada.
Para a implantação do experimento, foram demarcadas 40 parcelas de 10 x 2m, constituídas por 6 linhas de 10 metros, espaçadas a 0,45m entre si.
A semeadura foi realizada sob o sistema de plantio direto, sendo utilizada a cultivar de milho NIDERA NS 50 PRO, depositando 3 sementes por metro linear, visando obter uma população de 65.000 plantas ha-1 com profundidade de 0,03 a 0,05 m e espaçamento entre linhas de 0,45 m.
Para a semeadura o nutriente utilizado foi o nitrogênio na forma de produto comercial FH Nitro Mais (Nitrogênio 44,6%, Cobre 0,15% e Boro 0,4%) e Ureia Comum (46% de Nitrogênio), sendo que, para a ureia comum foi adicionado ácido bórico e sulfato de cobre para obter o equilíbrio e não interferência nos tratamentos.
Ao atingir a maturação fisiológica, procedeu-se a colheita do milho coletando-se as espigas contidas em 6 metros lineares em cada bloco, sendo posteriormente levadas a laboratório para as seguintes avaliações: comprimento de espiga, diâmetro de espiga, número de fileiras, número de grãos por fileira e massa de 100 grãos.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste F. As médias do fator qualitativo (fonte) foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e para o fator quantitativo (doses de N) foi realizado o estudo de regressão polinomial.
Todas as análises do presente estudo foram realizadas com auxílio do programa estatístico R, de domínio público (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2017).
3. Resultados e Discussão Com os resultados obtidos nas avaliações das características produtivas, observa-se que não houve diferença significativa para o fator fontes (Tabela 1), resposta semelhante foi verificadas por Valderrama et al. (2014), que constataram que a ureia revestida não se destacou quando comparada a ureia comum, e que assim não foi atingindo sua a eficiência esperada.
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Tabela 1. Resultados do teste F, coeficiente de variação e valores de comprimento de espiga (CE) Número de
Fileiras (NF) Número de grãos por fileiras (NGF), Massa de 100 grãos (MG) Produtividade (P) do hibrido NS50
PRO. Estância Veridiana, Alta Floresta, MT, 2018.
CE NF NGF
MG P
Dose de N (cm) ------Unidade------ (g) (kg ha-1)
0 17,19 14,50 35,32 34,72 8.062
65 18,09 14,70 37,42 34,80 9.023
130 18,23 14,67 36,65 34,28 9.037
195 19,22 15,22 37,71 36,56 9.811
260 18,64 15,00 37,92 36,14 9.537
Valor de F 4,18** 0,87ns 2,46 ns 2,08 ns 2,77*
Regressão Linear 12,14** --- --- ---- 8,69**
Regressão quadrática 2,38 ns --- --- ---- 1,30 ns
Fontes de N
Ureia C. 18,42 14,88 37,06 35,20 9.070
Ureia P. 18,13 14,76 36,95 35,40 9.118
Valor de F 0,82 ns 0,18 ns 0,03 ns 0,11 ns 0,02 ns
Interação F*D
Valor de F 0,58 ns 0,14 ns 0,46 ns 1,23 ns 0,01 ns
CV (%) 5,65 5,95 5,15 5,49 12,48 ns Valores não diferem segundo o teste F. *Medias significativas a 5% de probabilidade segundo o teste de F. **Medias significativas a 1% de probabilidade segundo o teste de F.
Os fatores que podem influenciar na falta de resposta as fontes e doses de nitrogênio, pode ter como hipótese a ociosidade do nitrogênio na matéria orgânica do solo. Pode se destacar que o suprimento de nitrogênio à planta é essencial para manutenção desse nutriente, já que são exportados 75% pelos grãos (SOUZA et al., 2010).
Com relação a doses, foi verificado comportamento linear crescente, indicando que ocorreu diferença significativa para a comprimento da espiga com o aumento das doses de N.
As análises de comprimento médio de espiga são de grande importância, devido a sua relação direta e essencial para determinação do número de grãos por fileiras e produtividade do milho (KAPPES et al., 2009). Assim como no presente trabalho, Kappes et al. (2009) também observaram para comprimento de espiga, valores não significativos para fontes, entretanto, conforme o aumento das doses, maior o comprimento de espiga. No entanto, Portugal et al. (2017), utilizando as mesmas fontes de nitrogênio porem com 5 doses (0, 40, 80, 120,160 kg ha-1), obtiveram como resultado valores não significativo tanto para fonte como para doses. Não ocorreu interação significativa com relação fontes e doses de nitrogênio para número de grãos por fileira, massa de 100 grãos e produtividade. Assim como não foi observada diferença para fontes. Já para doses, com relação a número de grãos por fileira e massa de 100 grãos não foi observada diferenças entre as doses aplicadas, mas para produtividade se obteve diferença significativa.
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Figura 1. Comprimento de espiga (a) e produtividade (b) do hibrido do milho NS 50 PRO em função de doses aplicadas de nitrogênio a lanço. Estância Veridiana, Alta Floresta - MT, 2018.
Para Ferreira et al. (2013) onde este avaliaram apenas dose de nitrogênio, e variando de 0 até 250 kg ha-1, verificaram resposta no comprimento de espiga, atingindo o ponto máximo da curva na dose de 198,5 kg ha-1.
Com o intuito de avaliar as confiabilidade dos dados, foi analisado o coeficiente de variação de acordo com Garcia (1989), em que possibilitou classificar os dados de número de grãos por fileira e a massa de 100 grãos como baixo, e no caso de produtividade, médio.
Para produtividade, foi verificado um comportamento linear. Os resultados corroboram com os verificados por Portugal et al. (2017), que trabalharam com as mesmas fontes de nitrogênio, porem com doses variando de 0 a 160 kg ha-1, onde estes obtiveram valores não significativos para fontes de nitrogênio. Conforme os resultados obtidos por Frazão et al. (2014), com o uso de ureia a partir de 65 kg ha-1, foi possível alcançar maiores produtividade.
Os resultados estão de acordo também com Leão (2008), que aplicando diferentes concentrações de nitrogênio em milho, verificou que ocorreram apenas diferenças entre os níveis de nitrogênio, em quanto para fontes, estas não se diferiram entre si.
4. Conclusões As doses de nitrogênio influenciaram significativamente as características produtivas, sendo as melhores obtidas para as doses entre 180 a 200 kg ha-1. Observou-se que independentemente da fonte N, se torna necessário sua aplicação para atingir altas produtividades.
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CONCENTRAÇÕES DE SOLUÇÕES NUTRITIVAS NA PRODUÇÃO DE ALFACE
Felipe Fernandes de Freitas 1
Rafaela Pereira Miranda 1 Juliano Cassio Burgrever 1
Felipe Adolfo Litter1 Gustavo Caione 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. Lettuce stands out as the most marketed hardwood vegetable in Brazil. The production of lettuce in
hydroponics cultivation represents an alternative to the conventional production, however, the study on the
type of nutrient solution to be used and the concentration of nutrients is of great importance in regions where
this system of cultivation is not traditional, as in the north of Mato Grosso. The objective of this study was
evaluate the effect of the concentration of nutrients in different nutritional solutions, on production of lettuce
grown in hydroponic system. The experiment was conducted in protected environment located at the State
University of Mato Grosso, Campus Alta Floresta-MT, from January to February 2018. The experimental design
used was the completely randomized in 3 x 2 factorial scheme with four repetitions. In which the factors studied
were three different nutritious solutions, in the proportion of 50 and 100% of the recommended concentration.
The solutions remained with constantly using air compressors. Conducted, daily, the measurement of the pH
of each nutritious solution with the use of portable peagâmetro, adjusted to pH 6.0 ± 0.2. Under the conditions
under which the work was conducted, any of the nutritious solutions tested can be used in a concentration of
50% of the recommended one, since there was no decrease in the production.
Palavras-chave: Alface hidropônica; Nutrição de plantas; Hortaliça.
Introdução A alface se destaca como a hortaliça folhosa mais comercializada no Brasil, é
considerada uma excelente fonte de vitaminas e sais minerais. Quando cultiva em sistema hidropônico sob ambiente protegido, não fica exposta a fatores ambientais adversos como geadas, chuvas intensas, granizo e ventos fortes, o que vai refletir em ganho de produtividade e maior qualidade no produto final (LOPES et al., 2003). Os produtores estão preferindo cada vez mais cultivar alface por sistema hidropônico devido apresentar inúmeras vantagens e facilidade de produção em relação ao sistema de cultivo convencional via solo (COMETTI, 2003).
A população tem mudado seu habito alimentar e vem aumentando significativamente o consumo de alface, exigindo produtos de qualidade e que os mesmos estejam disponíveis o ano todo no mercado e em grandes quantidades (OHSE et al., 2001). Esta folhosa se desenvolve muito bem através do cultivo hidropônico, apresenta bom desenvolvimento vegetativo e consegue atingir autos níveis de produção, além de ser uma alternativa ao sistema de cultivo convencional, contribuindo para diminuição de impactos negativos no solo.
O manejo correto da solução nutritiva a ser usada no cultivo hidropônico, vai determinar a qualidade final do produto, o desenvolvimento correto da planta e padronização dos produtos, atingindo as expectativas e exigências dos consumidores. No
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entanto, a solução nutritiva utilizada em algumas regiões pode não ser adequada a outras, devido, principalmente, as condições climáticas de cada região que influenciam na taxa de absorção de nutrientes e transpiração das plantas.
Em vista dessas necessidades, objetivou-se com o presente trabalho avaliar o efeito da concentração de nutrientes de diferentes soluções nutritivas sobre a produção de alface cultivada em sistema hidropônico.
Material e Métodos
Conduziu-se o experimento em ambiente protegido da Universidade do Estado de Mato Grosso, Câmpus de Alta Floresta – MT, no período de janeiro a fevereiro de 2018.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 3x2 com quatro repetições. No qual os fatores estudados foram diferentes soluções nutritivas: Hoagland e Arnon (1950), Castellane e Araújo (1995) e Solução Comercial, à 50 e 100% da concentração recomendada.
Utilizou-se espuma fenólica para a produção de mudas (Lactuca sativa cv. Solaris), contendo uma semente por célula, irrigadas somente com água até a germinação. Posteriormente, encaminhadas para berçário, contendo solução nutritiva comercial, permanecendo por 15 dias. Após este período, realizou-se o transplante das mudas para vasos com capacidade para 7,0 L. Na primeira semana (período de adaptação) utilizou-se as soluções nutritivas a 50% da concentração, e ao 7° dia utilizou-se a solução na concentração de 100%, respectiva para cada tratamento. Efetuou-se, diariamente, a mensuração do pH de cada solução nutritiva com o uso de peagâmetro portátil, ajustado a pH 6,0 ± 0,2, fazendo o uso de HCl e NaOH, ambos a 0,1M. Para a oxigenação da solução nutritiva utilizou-se compressores de ar (bombas de aquário) e a água evapotranspirada foi reposta com água destilada, completando-se 7L.
Aos 27 dias após o transplante das mudas realizou-se a colheita e avaliações. Inicialmente as plantas foram separadas em raiz e parte aérea. Para avaliar o volume de raízes utilizou-se proveta com capacidade para 1 L, contendo 0,5 L de água destilada, onde as raízes foram submersas e anotando o volume alcançado na proveta. Em continuidade, as amostras foram pesadas para a obtenção da massa da matéria fresca da parte aérea e raiz e, em seguida, acondicionadas em embalagens de papel Kraft, levadas à estufa de circulação forçada à 65°C até atingir massa constante. Após este período, as amostras foram novamente pesadas para a obtenção da massa da matéria seca.
Os dados obtidos foram analisados através do teste F e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, com o auxílio do programa estatístico Sisvar® (FERREIRA, 2011).
Resultados e Discussão
Houve efeito das soluções nutritivas testadas apenas em relação a produção de
massa fresca de raiz (MFR) (Tabela 1). A solução proposta por Hoagland e Arnon (1950)
apresentou melhor resultado de MFR em relação as demais soluções, com uma produção
33% maior. Isto pode ter ocorrido em função da cultivar de alface utilizada poder ter
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apresentado maior adaptabilidade a está solução; fato também observado em cultivo
hidropônico de tomate (GENÚNCIO et al., 2006). Quanto a produção MFPA, MSP, MSR e VR
não houve efeito da solução nutritiva utilizada.
Em relação as concentrações houve diferença apenas na produção de MSR, onde a
concentração de 100% apresentou aumento de 13,5% comparado a concentração de 50%.
O que pode ser explicado devido a maior absorção de nutrientes por estarem disponíveis em
maiores quantidades, porém não influenciou na produção de parte aérea, a qual é destinada
a comercialização.
Quando observados os resultados do uso das soluções nutritivas a 50% da
concentração recomendada em relação a solução a 100% nota-se que não houve diferença
na MFPA, MFR, MSPA e VR. Este resultado pode ser atribuído à proporção de
aproximadamente um litro de solução nutritiva por planta, o qual permitiu uma
concentração de nutrientes sem que houvesse competição entre as plantas, não
ocasionando prejuízos na produtividade ou a concentração de 50% da usual não foi
suficiente para promoverem queda na produção; foto semelhante foi observado por
Filgueiras et al. (2002). Isso mostra que o uso das soluções estudadas, em concentrações
menores não demonstraram decréscimo significativo à produção final, permitindo aos
produtores uma relação custo benefício excelente. Observado também no cultivo
hidropônico de hortelã e erva-cidreira, batata, alface (HABER et al., 2005; MULLER et al.,
2007; COMETTI et al., 2008).
Tabela 1. Massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca de raiz (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA) massa seca de raiz (MSR) e volume de raiz (VR) de alface crespa Solaris em função do uso de diferentes soluções nutritivas e concentração.
Solução nutritiva (S)
MFPA MFR MSP MSR VR
---------------- g planta-1 ---------------- cm3 planta-1
Hoagland e Arnon (1950) 76,43 10,56 a 3,42 0,60 3,0
Castelane e Araújo (1995) 58,58 7,06 b 2,67 0,54 2,37
Comercial 62,63 7,07 b 2,93 0,53 2,12
Concentração (C)
50% 64,11 7,67 2,85 0,51 b 2,41
100% 67,66 8,79 3,16 0,59 a 2,58
----------------------- Valores de F -----------------------
Solução nutritiva (S) 3,35ns 9,37** 1,7ns 1,4ns 3,40ns
Concentração (C) 0,36ns 2,15ns 0,9ns 4,5* 0,34ns
S x C 0,04ns 0,01ns 0,9ns 1,4ns 1,13ns
CV (%) 21,93 22,59 26,89 16,05 27,65 ns * e **: não significativo, significativo a 5 e 1% de probabilidade de erro pelo teste F. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Conclusão
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Nas condições em que foi conduzido o trabalho, qualquer uma das soluções nutritivas testadas, podem ser utilizadas em concentração de 50% da recomendada, pois não houve queda na produção.
Os resultados demonstraram que o uso das soluções nutritivas usadas na pesquisa em concentração reduzida a 50%, reflete em uma economia de 50% do custo da solução, acarretando em melhor custo benefício ao produtor.
Referências Bibliográficas
CASTELLANE, P.D.; ARAÚJO, J.A.C. de. Cultivo sem solo: hidroponia. 4.ed. Jaboticabal: FUNEP, 1995, 43p.
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CRESCIMENTO DA ALFACE CULTIVADA EM SOLUÇÕES NUTRITIVAS
Rafaela Pereira Miranda 1
Felipe Fernandes de Freitas 1 Juliano Cassio Burgrever 1
Márcia de Almeida Carneiro1 Gustavo Caione 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. The production of lettuce in hydroponics cultivation stands out as an alternative form of production
in relation to the conventional, however, studies on the type of nutrient solution to be used and the
concentration of nutrients is critical in regions where this system of cultivation is not traditional, as in the north
of Mato Grosso. This work aimed to evaluate the effect of nutritious solution in different concentrations for
growing curly lettuce cultivate Solaris. The objective of this study was evaluate the effect of the concentration
of nutrients in different nutritional solutions, on production of lettuce grown in hydroponic system. The
experiment was conducted in protected environment located at the State University of Mato Grosso, Campus
Alta Floresta-MT, from January to February 2018. The experimental design used was the completely
randomized in 3 x 2 factorial scheme with four repetitions. In which the factors studied were three different
nutritious solutions, in the proportion of 50 and 100% of the recommended concentration. The solutions
remained with constantly using air compressors. Conducted, daily, the measurement of the pH of each
nutritious solution with the use of portable peagâmetro, adjusted to pH 6.0 ± 0.2. The nutritious solutions
tested in the research can be used in a lower concentration of 50% under the conditions in which the work was
carried out, because they showed no difference in lettuce growth in relation to the 100% concentration.
Palavras-chave: Cultivo hidropônico; Alface hidropônico; Nutrição de plantas.
Introdução
O consumo de hortaliças no Brasil vem aumentando cada vez mais, isso se dá pelo crescente aumento populacional nos grandes centros, e também devido as mudanças no hábito alimentar da população. Os consumidores de hortaliças estão cada vez mais exigentes, o que contribui para produções em larga escala, mas que mantenha um padrão de qualidade, e que tenha disponibilidade do produto o ano todo (OHSE et al., 2001). O sistema hidropônico NFT (Nutrient Film Technique), desenvolvida por Allen Cooper em 1995, vem sendo a técnica mais utilizada a nível comercial por apresentar várias vantagens, eficácia e praticidade na produção, em relação a outros sistemas (COMETTI, 2003).
A condutividade elétrica, está diretamente ligada a absorção de nutrientes pela planta, quando cultivadas em baixa condutividade elétrica apresentam deficiência nutricional. Essas deficiências podem ser corrigidas com o aumento da condutividade elétrica da solução nutritiva (FILGUEIRAS et al., 2002).
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A produção de alface em cultivo hidropônico representa uma forma alternativa de produção à convencional, e vem aumentado consideravelmente por poder ser utilizada durante o ano todo, e apresentar produtos com melhor aspecto visual, uniformidade e qualidade superior, maior produtividade, menor custo de mão-de-obra, menor gasto de água e de insumos agrícolas, o que reflete em uma maior preservação do meio ambiente (LOPES et al., 2003). Com isso, é importante desenvolver pesquisas sobre a escolha da melhor solução nutritiva e a concentração mais adequada das mesmas na utilização de cultivos hidropônicos. Visando economia, níveis ótimo de produção, padrões de qualidade exigidos pelo mercado consumidor e legislativo.
Com base nessas necessidades, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da solução nutritiva em diferentes concentrações para o cultivo de alface tipo crespa cultivar Solaris em sistema hidropônico. Material e Métodos
Conduziu-se o experimento em ambiente protegido da Universidade do Estado de Mato Grosso, Câmpus de Alta Floresta – MT, no período de janeiro a fevereiro de 2018.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 3x2 com quatro repetições. No qual os fatores estudados foram diferentes soluções nutritivas: Hoagland e Arnon (1950), Castellane e Araújo (1995) e Solução Comercial, à 50 e 100% da concentração recomendada.
Utilizou-se espuma fenólica para a produção de mudas (Lactuca sativa cv. Solaris), contendo uma semente por célula, irrigadas somente com água até a germinação. Posteriormente, encaminhadas para berçário, contendo solução nutritiva comercial, permanecendo por 15 dias. Após este período, realizou-se o transplante das mudas para vasos com capacidade para 7,0 L. Na primeira semana (período de adaptação) utilizou-se as soluções nutritivas a 50% da concentração, e ao 7° dia utilizou-se a solução na concentração de 100%, respectiva para cada tratamento. Efetuou-se, diariamente, a mensuração do pH de cada solução nutritiva com o uso de peagâmetro portátil, ajustado a pH 6,0 ± 0,2, fazendo o uso de HCl e NaOH, ambos a 0,1M. Para a oxigenação da solução nutritiva utilizou-se compressores de ar (bombas de aquário) e a água evapotranspirada foi reposta com água destilada, completando-se 7L.
Aos 27 dias após o transplante das mudas realizou-se a colheita e avaliações. Primeiramente contou-se o número de folhas, em sequência, com ajuda de régua graduada, avaliou-se a altura da planta (até a folha mais alta), comprimento de caule e raiz.
Os dados obtidos foram analisados através do teste F e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, com o auxílio do programa estatístico Sisvar® (FERREIRA, 2011).
Resultados e Discussão
Observou-se que houve interação entre os fatores sobre ao comprimento de raiz (Tabela 1). A solução comercial apresentou maior valor de CR, na concentração de 50%, a qual representa um aumento de 38% em relação à solução proposta por Castelane e Araújo (1995), porém não diferiu da solução de Hoagland e Arnon (1950) (Tabela 2). Na concentração de 100% não houve diferença entre as soluções avaliadas.
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O menor valor obtido com a solução de Castelane e Araújo na concentração de 50%, o qual foi 33,36% menor em relação a solução a 100%, pode ter ocorrido devido à sua menor força iônica desta solução. Concentrações extremas, tanto para maior como para menor concentração, influenciam negativamente no desenvolvimento da planta, provavelmente pela variação da pressão osmótica da solução, que vai influenciar na absorção de nutrientes (HABER et al., 2005). Resultados semelhantes foi encontrado no cultivo hidropônico de hortelã e erva-cidreira com o uso da solução proposta por Furlani et al. (1999), na concentração de 100% (HABER et al., 2005), e também no cultivo de pimenta ornamental com a solução proposta por SCHWARZ (1995), na concentração de 100% (XAVIER et al. 2006).
Porem a diferença de CR observada na solução proposta por Castelane e Araújo (1995) em concentração reduzida não vai influenciar na comercialização do produto, sendo que o mesmo não apresentou diferença quanto as qualidades desejadas em relação a parte aérea, a qual é destinada a comercialização permitindo assim o uso da solução em concentração reduzida.
Houve efeito da solução nutritiva apenas sobre o CC (Tabela 1), em que a solução comercial apresentou maiores valores em relação a de Hoagland e Arnon (1950).
Não houve efeito das soluções nutritivas e das concentrações de nutrientes usadas no presente trabalho sobre o NF e o CC (Tabela 1). Resultados semelhantes foram demonstrados em trabalhos de produção hidropônica de tomate, batata e alface respectivamente (GENÚNCIO et al., 2006; MULLER et al., 2007; COMETTI et al., 2008).
Tabela 1. Número de folhas (NF), altura da parte aérea (AP), comprimento do caule (CC) e comprimento de raiz (CR) de alface crespa Solaris em função do uso de diferentes soluções nutritivas e concentração.
Solução nutritiva (S) NF AP CC CR
---------------------- cm ---------------------
Hoagland e Arnon (1950) 14,75 19,55 14,25b 32,96
Castelane e Araújo (1995) 13,0 19,43 15,03ab 28,97
Comercial 14,25 21,75 17,55a 33,58
Concentração (C)
50% 14,16 20,14 15,53 30,71
100% 13,83 20,35 15,69 32,97
----------------------- Valores de F -----------------------
Solução nutritiva (S) 2,98ns 1,56ns 4,37* 1,68ns
Concentração (C) 0,30ns 0,02ns 0,02ns 1,03ns
S x C 1,22ns 2,51ns 2,94ns 6,26*
CV (%) 10,54 14,54 14,90 17,13
Ns e *: não significativo, significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
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Tabela 2. Efeito da solução nutritiva e da concentração sobre o comprimento de raiz de alface.
Solução nutritiva Concentração
50% 100%
Hoagland e Arnon (1950) 31,53Aab 34,40Aa
Castelane e Araújo (1995) 23,17Bb 34,77Aa
Comercial 37,42Aa 29,75Aa Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Conclusão
As soluções nutritivas testadas na pesquisa podem ser utilizadas em menor concentração 50%, nas condições em que foi conduzido o trabalho, pois não apresentaram diferença no crescimento de alface em relação a concentração de 100%.
O uso das soluções em concentração reduzida a 50%, resulta em uma economia de 50% do custo da solução, melhorando significativamente a relação custo benefício da produção.
Referências Bibliográficas
CASTELLANE, P.D.; ARAÚJO, J.A.C. de. Cultivo sem solo: hidroponia. 4.ed. Jaboticabal: FUNEP, 1995, 43p.
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LOPES, M.C.; FREIER, M.; MATTE, J.C.; GÄRTNER, M.; FRANZENER, G.; NOGAROLLI, E.L.; SEVIGNANI, A. Acúmulo de nutrientes por cultivares de alface em cultivo hidropônico no inverno. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 21, n. 2, p. 211-215, 2003. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-05362003000200018. MULLER, D.R.; BISOGNIN, D.A.; ANDRIOLO, J.L.; DELLAI, J.; COPETTI, F. Produção hidropônica de batata em diferentes concentrações de solução nutritiva e épocas de cultivo. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v.42, n.5, p.647-653, 2007. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0100-204X2007000500006. OHSE, S.; DOURADO-NETO, D.; MANFRON, P.A.; SANTOS, O.S. Qualidade de cultivares de alface produzidos em hidroponia. Scientia agricola, Piracicaba, v.58, n.1, p.181-185, 2001. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-90162001000100027. XAVIER, V.C.; FERREIRA, O.G.L.; MORAES, R.M.D.; MORSELLI, T.B.G.A. Concentração da solução nutritiva no cultivo hidropônico de pimenta ornamental. Revista da faculdade de zootecnia, veterinária e agronomia, Uruguaiana, v.13, n.1, p. 24-32. 2006. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fzva/article/view/2337>. Acesso em: 29 jun. 2018.
Biomassa de plântulas de algodoeiro e sorgo submetidas à concentrações de Alumínio
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Márcia de Almeida Carneiro 1 Felipe Adolfo Litter 1
Rafaela Pereira Miranda1
Luciano de Souza Maria1
Gustavo Caione1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. The aluminum is largely found in cultivated soils, so there is a great possibility of to cause plant phytotoxicity, specially decreasing root growth. The objective of this work was to evaluate the effect of aluminum concentrations on the development of sorghum and cotton seedlings and to determine the tolerable concentration of both. The experiment was conducted in a greenhouse of Unemat-Alta Floresta, assembled in a 2x5 factorial scheme, composed of two species and five contents of Al (0, 1, 5, 10, 15 mmol dm-3) with 4 replications of 50 seeds, after the period determined by the RAS for the duration of germination test of each crop, the aerial part and root of the seedlings were separated to determine the green and dry mass of the aerial part and the root. The high concentrations (5, 10 and 15 mmol dm-3) negatively affected the green and dry mass production of cotton and sorghum seedlings, as well as morphocomic changes in both. Palavras-chave: toxicidade; tolerância, Sorghum bicolor; Gossypium spp.
1. Introdução O alumínio (Al) é o elemento metálico mais abundante na crosta terrestre e ocorre principalmente em minerais aluminossilicatos. No entanto, os minerais metálicos de alumínio e aluminossilicato são não-tóxicos, porém, quando os valores de pH do solo são iguais ou inferiores a 5, os íons tóxicos de alumínio (Al3+) são solubilizados para a solução do solo (XU et al., 2017), e dependendo da concentração destes íons no solo, pode levar a fitotoxidade. A fitotoxidade causada pelo Al3+ causa inibição do crescimento das raízes, redução da absorção de água e minerais, os quais começam a aparecer em minutos após a exposição ao elemento (AWASTHI et al., 2017). Os sintomas de toxidez causados pela presença do alumínio são considerados secundários na parte aérea, pois esses sintomas secundários podem aparecer devido à influência do alumínio na absorção e transporte de nutrientes essenciais e água para as plantas, gerando sintomas de déficit nutricional na parte aérea, e redução do seu comprimento e massa seca (MEZZAVILLA; JACOB NETO, 2017). Contudo, quando os sintomas de toxidade se manifestam na parte aérea resultam em ápices curvos, inchados, rachados, acastanhados, curtos e rígidos (VARDAR et al., 2006; SCHEFFER-BASSO; PRIOR, 2015). Algumas espécies cultivadas em solos ácidos apresentam mais tolerância ao Al3+, oque se deve à variabilidade genética relacionada a adaptabilidade das plantas ao meio externo. Diante do que foi exposto, objetivou-se com a realização do presente trabalho avaliar o efeito de concentrações de alumínio no desenvolvimento de plântulas e a tolerância ao alumínio por sorgo (Sorghum bicolor) e de algodoeiro (Gossypium spp.). 2. Material e Métodos O experimento foi realizado em casa de vegetação da Universidade do Estado de Mato Grosso - Campus Universitário de Alta Floresta.
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Foi utilizado o esquema fatorial 2x5, com delineamento inteiramente casualizado (DIC), para tal foram utilizadas o sorgo (IAC Santa Elisa) e o algodoeiro (TMG 43 WS) e as concentrações de alumínio foram de: 0, 1, 5, 10 e 15 mmol dm-3, utilizando como fonte o sulfato de alumínio. Foram usadas 4 repetições por tratamento e em cada repetição foram adicionadas 50 sementes divididas em 2 bandejas. As bandejas plásticas foram preenchidas com areia lavada, previamente umedecida, as sementes foram distribuídas e cobertas por uma camada de aproximadamente 1 cm de areia. Foram adicionados 250 ml das respectivas soluções em cada bandeja diariamente, até o dia da avaliação que foi realizada após 10 dias para o sorgo e 12 dias para o algodoeiro, período determinado pela RAS (2009). As plântulas foram retiradas cuidadosamente das bandejas, separou-se o sistema radicular e a parte aérea e foram pesadas para determinar a massa verde (MV), em seguidas levadas à estufa para secar, e após 3 dias foram pesadas (até manter o peso constante) para determinar a massa seca (MS). Os dados foram submetidos à análise estatística pelo teste F, e quando significativos submetidos à análise de regressão, utilizando o SISVAR (FERREIRA, 2011). 3. Resultados e Discussão A presença do alumínio afetou significativamente a produção de massa verde e consequentemente a massa seca de ambas as culturas. Além disso, houve interação entre os fatores para todas as variáveis estudadas (Tabela 1). O algodão apresentou maior produção de biomassa quando comparada ao sorgo (Tabela 2) em todas as concentrações de Al. Tabela 3. Valores médios de massa verde e massa seca da parte aérea e da raiz de plântulas de algodoeiro e sorgo em
função da concentração de Al da solução.
Concentração Massa verde (mg planta-1) Massa Seca (mg planta-1)
(mmol dm-3) Parte aérea Raiz Parte aérea Raiz
0 219,86 126,70 35,55 31,71
1 214,08 112,04 34,63 44,87
5 116,93 41,76 30,95 11,68
10 108,94 31,36 26,36 5,50
15 111,25 31,15 21,76 3,77
Culturas
Algodoeiro 289,69 a 107,97 a 55,65 a 33,09 a
Sorgo 18,73 b 29,25 b 4,05 b 5,92 b
Teste F
Concentração 7413,75** 1213,59** 78,54** 65,23**
Cultura 206508,31** 4285,078** 6169,24** 185,56**
Conc. x Cult. 4518,15** 258,59** 45,13** 27,77**
CV (%) 1,22 5,54 6,96 32,33
** significativo a 1% de probabilidade de erro pelo teste F. Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
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Tabela 4. Valores médios de massa verde e massa seca da parte aérea e da raiz de plântulas de algodoeiro e sorgo em função da concentração de alumínio da solução.
Dose Massa verde Massa seca
Parte aérea Raiz Parte aérea Raiz
Algodoeiro Sorgo Algodoeiro Sorgo Algodoeiro Sorgo Algodoeiro Sorgo
0 407,17 a 32,55 b 187,00 a 66,42 b 66,17 a 6,75 b 56,09 a 7,33 b
1 395,63 a 32,54 b 177,39 a 46,69 b 69,59 a 4,94 b 72,62 a 17,13 b
5 222,52 a 11,34 b 69,04 a 14,48 b 50,73 a 3,29 b 21,11 a 2,25 b
10 207,31 a 10,57 b 52,26 a 10,47 b 45,35 a 2,88 b 9,63 a 1,38 b
15 215,85 a 6,63 b 54,11 a 8,18 b 46,41 a 2,38 b 6,01 a 1,53 b
Médias seguidas de letras distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A massa de raiz foi afetada negativamente pelas concentrações de alumínio (Tabela 1). O mesmo efeito foi observado por Mezzavilla e Jacob Neto (2017) ao estudar o efeito do alumínio no desenvolvimento de plântulas de aroeira (Schinus terebinthifolius R.), onde as maiores concentrações diminuíram a massa das raízes. O efeito negativo na produção de massa de raízes pode ser explicado devido as raízes apresentarem os sintomas típicos de toxidez, como o encurtamento da raiz principal, o engrossamento e até o escurecimento do ápice. Resultados semelhantes foram verificados em estudos com cafeeiro (BRACCINI et al., 2000), com leguminosas forrageiras (SCHEFFER-BASSO; PRIOR, 2015) e com alface (SILVA; MATOS, 2016). Avaliando o efeito das concentrações de Al sobre o acúmulo de massa verde e seca de raiz e parte aérea, nota-se que houve redução da produção de biomassa, com ajuste ao modelo quadrático para todas as variáveis em ambas as culturas (Figura 1).
Concentrações de Al (mmol dm-3)
0 1 5 10 15
Massa v
erd
e d
a p
art
e a
ére
a (
mg)
Gossypiu
m s
pp.
0
100
200
300
400
500
y=415,73-43,25x+2,02x²F=11883, 67; R²=0,95
Concentrações de Al (mmol dm-3)
0 1 5 10 15
Massa v
erd
e d
a p
art
e a
ére
a (
mg)
Sorg
hum
bic
olo
r
0
5
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15
20
25
30
35
40
y=33,73-4,53x+0,19x2
F= 100,86**; R²=0,93
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Concentrações de Al (mmol dm-3)
0 1 5 10 15
Massa v
erd
e d
a r
aiz
(m
g)
Gossypiu
m s
pp.
0
50
100
150
200
250
y=191,86-27,69x+1,25x²F= 1115, 07** R²=0,96
Concentrações de Al (mmol dm-3)
0 1 5 10 15
Ma
ssa
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mg
)S
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hu
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0
10
20
30
40
50
60
70
y=60,94-10,52x+0,48x²F= 162,79**; R²=0,95
Concentrações de Al (mmol dm-3)
0 1 5 10 15
Massa s
eca d
a p
art
e a
ére
a (
mg)
Gossypiu
m s
pp.
0
20
40
60
80
y=69,29-4,29x+0,18x²F= 81,16**; R²=0,93
Concentrações de Al (mmol dm-3)
0 1 5 10 15
Massa s
eca d
a p
art
e a
ére
a (
mg)
Sorg
hum
bic
olo
r
0
2
4
6
8
y=6,15-0,64x+0,03x²F= 10,14**; R²=0,95
Concentrações de Al (mmol dm-3)
0 1 5 10 15
Massa s
eca d
a r
aiz
(m
g)
Gossypiu
m s
pp.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
y=66,74-9,74x+0,38x²F= 37, 54**; R²=0,88
Concentrações de Al (mmol dm-3)
0 1 5 10 15
Massa s
eca d
a r
aiz
(m
g)
Sorg
hum
bic
olo
r
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
y=12,23-1,95x+0,08x²F=1,41*; R²=0,76
Figura 4. Massa verde e massa seca da parte aérea e da raiz de plântula de algodão e de
sorgo (em miligrama) em resposta às concentrações de alumínio.
Os efeitos das concentrações de alumínio afetaram o desenvolvimento aéreo e radicular (Figura 2). A máxima concentração tolerável pelo algodão encontra-se entre 1 e 5 mmol dm-3 e o sorgo abaixo de 1 mmol dm-3.
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Figura 5. Efeito das concentrações de alumínio no desenvolvimento das culturas.
4. Conclusões As altas concentrações (5, 10 e 15 mmol dm-³) afetaram negativamente a produção de massa verde e massa seca das plântulas de algodão e sorgo, além de terem causado alterações morfoanatômicas em ambas. O algodoeiro apresentou-se mais tolerante ao alumínio quando comparado ao sorgo. Referências Bibliográficas AWASTHI, J. P.; SAHA, B.; REGON, P.; SAHOO, S.; CHOWRA, U.; PRADHAN, A.; ROY, A.; PANDA, S. K. Morpho-physiological analysis of tolerance to aluminum toxicity in rice varieties of North East India. PloS one, v. 12, n. 4, p. 1-23, 2017. BRACCINI, M. C. L.; MARTINEZ, H. E. P.; SILVA, E. A. M.; BRACCINI, A. L.; SCAPIM, C. A. Crescimento da planta e coloração das raízes com hematoxilina como critérios de avaliação de genótipos de café quanto a tolerância a toxidez de alumínio. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 24, n. 1, p. 59-68, 2000. SILVA, COLOMBO, G. A.; MELO, A. V.; MACHADO FILHO, G. C.; SOUSA, A. S. SEMI-HYDROPONIC CULTIVATION AS A SELECTION TOOL FOR ALUMINUM TOLERANCE IN FORAGE GRASSES. Revista Engenharia na Agricultura, Viçosa, v. 24, n. 4, p. 350-356, 2016. FERREIRA, D. F. Sisvar: um sistema computacional de análise estatística. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011. MARIN, A.; SANTOS, D. M. M. D.; BANZATTO, D. A.; FERRAUDO, A. S. Germinação de sementes de guandu sob efeito da disponibilidade hídrica e de doses subletais de alumínio. Bragantia, Campinas, v. 63, n. 1, p. 13-24, 2004. MEZZAVILLA, N. V.; Jacob NETO, J. Avaliação do desenvolvimento de plântulas de aroeira (Schinus terebinthifolius r.) em diferentes concentrações de alumínio. Semioses, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 9-18, 2017. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Regras para análise de sementes (RAS). Brasília: Mapa/ Assessoria de Comunicação Social, 2009. 399 p. PEIXOTO, P. H. P.; PIMENTA, D. S.; CAMBRAIA, J. Alterações morfológicas e acúmulo de compostos fenólicos em plantas de sorgo sob estresse de alumínio. Bragantia, Campinas, v. 66, n. 1, p. 17-25, 2007. SCHEFFER-BASSO, S. M.; PRIOR, B. C. Aluminum toxicity in roots of legume seedlings assessed by topological analysis. Acta Scientiarum, Maringá, v. 37, n. 1, p. 61-68, 2015.
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Uso de extrato de canela no controle de Sclerotium rolfsii
Márcia de Almeida Carneiro1 Felipe Adolfo Litter1
Verônyca Maykele Siqueira Brandão 1 Dilânia Lopes de Matos1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil. [email protected]
Abstract. The use of agrochemicals has caused many problems for the environment and for the man, because of that, we have been looking for alternative products for the control of phytopathogens, in this scenario there is the use of vegetal extracts. The objective of this work was to evaluate the fungistatic and / or fungistatic potential of cinnamon extract doses in the in vitro control of the S. rolfsii fungus. The assay was conducted at the Laboratory of Microbiology and Phytopathology of the State University of Mato Grosso, University Campus of Alta Floresta, using S. rolfsii isolates obtained from sclerotia collected in rural area in the municipality and isolated in potato-dextrose culture medium (BDA). The experiment was carried out in a completely randomized design with 5 treatments (0, 1.25, 2.5, 5 and 10% of cinnamon extract) and 20 replicates. The experimental units were incubated in controlled environment (growth room) with photoperiod of 12 hours and temperature of 27 ° C. The measurements consisted of measurements of the diameter of the colonies daily (averages of two diametrically opposed measurements) initiated 24 hours after incubation, using a millimeter ruler, on the reverse of the Petri dish, and were performed for the time period in which the control (0% ) took to colonize the entire surface of the medium, so as to reach the edge of the petri dish. The values obtained for mycelial growth, mycelial growth rate index and percentage of growth inhibition were submitted to analysis of variance by the F test, and the regression analysis was performed. There was an inhibitory effect of the cinnamon extract on the mycelial growth of S. rolfsii. Palavras-chave: controle alternativo; crescimento micelial; antagonismo.
1. Introdução A medida mais utilizada no controle de doenças atualmente é baseada em
aplicação de defensivos químicos, a curto prazo este método pode trazer benefícios, no entanto, a longo prazo, seus resíduos podem contaminar os lençóis freáticos e o solo, e ainda provocar a resistência dos patógenos ao seu ingrediente ativo (MORANDI; BETTIOL, 2009).
Devido aos vários problemas causados pelo uso de fungicidas sintéticos na agricultura, houve um aumento elevado na busca por métodos alternativos, seguros, viáveis e eficientes no controle de fungos fitopatogênicos, dentre eles a utilização de extrato de plantas no controle de doenças vegetais é uma prática que tem sido utilizado com maior frequência por agricultores que praticam a agricultura orgânica (REGES et al, 2014).
O fungo Sclerotium rolfsii é causador de importantes doenças, conhecidas como tombamento, murcha de esclerócio ou podridão da haste. São patógenos que sobrevivem longos períodos no solo através estruturas de resistência conhecidas como esclerócio ou escleródio, e afetam principalmente as raízes e as hastes das plantas (BLUM et al., 2016).
A canela (Cinnamomum zeylanicum) encontra se entre as plantas que apresentaram potencial fungicida ou antimicrobiano natural, pertencente à família
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Lauraceae, é uma planta aromática muito utilizada por seu potencial medicinal (GOMES; PENA; ALMEIDA, 2016).
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o potencial fungicida e/ou fungistático de doses de extrato de canela no controle in vitro do fungo S. rolfsii.
2. Material e Métodos
O ensaio foi conduzido no Laboratório de Microbiologia e Fitopatologia da Universidade do Estado de Mato Grosso, Câmpus Universitário de Alta Floresta. Utilizando isolados de Sclerotium rolfsii obtidos a partir de escleródios coletados em área rural no município, causando podridão em raízes de hortaliças, onde o isolamento foi realizado adotando-se procedimentos padrões para isolamento em meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA), conforme método descrito por Alfenas & Mafia (2007).
O ensaio foi instalado em delineamento inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 20 repetições, onde foram testados 5 concentrações do extrato de canela (0; 1,25; 2,5; 5; e 10%), com cada parcela sendo composta por vinte placas de Petri. Para testar a ação antifúngica do extrato sobre o desenvolvimento micelial de S. rolfssi foi utilizado 20 g de canela submetidos à trituração por 3 minutos em 100 mL de água destilada estéril, em seguida adicionou-se separadamente, às concentrações testadas, em meio fundente de batata-dextrose-ágar, e posteriormente, verteu-se 15 mL em placas de Petri (Ø 90 mm). Em seguida foram inoculadas ao centro da placa um disco (Ø 9 mm) contendo o isolado de S. rolfsii. As unidades experimentais foram incubadas em ambiente controlado (sala de crescimento) com fotoperíodo de 12 horas e temperatura de 27 °C.
As avaliações consistiram de medições do diâmetro das colônias diariamente (médias de duas medidas diametralmente opostas) iniciada 24 horas após incubação, com auxílio de uma régua milímetrada, no reverso da placa de Petri, sendo realizadas pelo período de tempo em que testemunha (0%) levou para colonizar toda a superfície do meio, de modo a atingir a borda da placa de Petri.
A partir de valores diários de crescimento médio micelial, obteve-se o crescimento médio micelial (CMM), o índice de velocidade do crescimento micelial (IVCM) e o percentual de inibição de crescimento (PIC). A variável Índice de Velocidade de Crescimento Micelial (IVCM) foi obtida conforme fórmula 1, proposta por Oliveira (1991).
𝐼𝑉𝐶𝑀 =∑𝐷−𝐷𝑎
𝑁 (1)
Sendo: IVCM= Índice de velocidade de crescimento micelial; D= Diâmetro médio atual da colônia; Da= Diâmetro médio da colônia do dia anterior; N= Número de dias após a inoculação A Porcentagem de Inibição do Crescimento (PIC) dos tratamentos em relação à
testemunha foi obtida por meio da fórmula 2, de Abbott, (1925):
𝑃𝐼𝐶 = {𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑚𝑢𝑛ℎ𝑎−𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝑑𝑖𝑎𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑚𝑢𝑛ℎ𝑎} ∗ 100 (2)
Os valores obtidos para crescimento micelial, índice de velocidade de crescimento micelial e porcentagem de inibição do crescimento foram submetidos à análise de variância pelo teste de F, procedendo-se a análise de regressão para as concentrações testadas a um nível de significância de 5%, por meio do programa estatístico SISVAR® (FERREIRA, 2011).
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3. Resultados e Discussão
Os resultados evidenciaram efeito potencial de doses de extrato de canela sobre o desenvolvimento micelial de S. rolfsii.
O comportamento observado ao 5º dia (Figura 1) para a variável CMM, indica redução do crescimento do patógeno, proporcional ao aumento da concentração, exceto para a concentração de 5% do extrato.
Figura 6. Crescimento médio micelial (CMM) de S. rolfsii tratado com doses de extrato de
canela em meio de cultura BDA, após o 5º dia de incubação. Alta Floresta/MT, 2017.
Pesquisas mostram que quanto maior a concentração do extrato de canela (Cinnamomum zeylanicum) utilizado, maior é seu efeito sobre a inibição do crescimento micelial dos isolados fúngicos de Quambalaria eucalypti (GOMES; PENA; ALMEIDA, 2016).
De acordo com o observado para a PIC (Figura 2), confirmou-se o observado anteriormente para os valores médios crescimento médio micelial. A maior porcentagem de inibição (27%) foi verificada para a maior concentração testada (10%).
Figura 7. Porcentagem de Inibição do Crescimento (PIC) de S. rolfsii tratado com doses de
extrato de canela em meio de cultura BDA. Alta Floresta/MT, 2017.
Corroborando com o verificado para o crescimento médio micelial, houve redução na velocidade de desenvolvimento do fitopatógeno, proporcional ao aumento da concentração (Figura 3). Pletsch (1998) esclarece que no metabolismo primário e secundário das plantas, vários compostos são biologicamente ativos, isto é, têm ação fungicida, inseticida, citotóxica, antiviral, tranquilizante, analgésica, dentre outras.
y = -0.9416x + 39.485R² = 0.8843
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 1.25 2.5 3.75 5 6.25 7.5 8.75 10
Cre
scim
ento
Mé
dio
Mic
elia
l
Doses (%)
y = 2.3608x + 1.251R² = 0.8845
0
5
10
15
20
25
30
0 1.25 2.5 3.75 5 6.25 7.5 8.75 10
Po
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ibiç
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rescim
ento
Doses (%)
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Estudos sobre o efeito de extratos vegetais no controle de S. rolfsii mostram que o extrato de alecrim pimenta foi o mais efetivo, com inibição de 100% do crescimento micelial nas concentrações de 15 e 20% e os extratos de gengibre e alfavaca cravo, obtiveram resultados satisfatórios nas concentrações de 20%, com inibição de 57,08 e 66,88 %, respectivamente (ARAÚJO; OLIVEIRA; TEIXEIRA, 2013).
Figura 8. Índice de Velocidade de Crescimento Micelial (IVCM) de S. rolfsii tratado com
doses de extrato de canela em meio de cultura BDA. Alta Floresta/MT, 2017.
Os resultados demonstraram efeito promissor do extrato de canela sobre o desenvolvimento micelial de S. rolfsii, podendo-se inferir que houve ação fungistática e/ou fungitóxica sobre o fitopatógeno, em condições controladas.
4. Conclusões Verificou-se efeito inibidor do extrato de canela proporcional ao aumento da concentração sobre crescimento micelial de S. rolfsii. Portanto, o uso do extrato pode ser eficaz do no controle alternativo do patógeno. Referências Bibliográficas ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of insecticide. Journal of Economic Entomology, v. 18, p.265-267, 1925. ALFENAS, C.A. & MAFIA, R.G. Métodos em fitopatologia. Viçosa: UFV, 2007. 382p. ARAUJO, J. L.; OLIVEIRA, E. S.; TEIXEIRA, F. N. Controle alternativo “in vitro” de Sclerotium rolfsii em girassol (Helianthus annuus l.) pelo uso de extratos vegetais e Trichoderma spp. Essentia, Sobral, v. 15, n. 2, p. 25-35, 2013. BLUM, L. E.; PRADA, A.; MEDEIROS, É. A.; AMARANTE, C. Temperatura, luminosidade e meio de cultura afetando a produçâo de esclerocios de Sclerotium rolfsii e Sclerotinia sclerotiorum. Revista de Ciências Agroveterinárias, v. 1, n. 1, p. 1-7, 2016. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência & Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n.6, p.1039-1042, 2011. GOMES, E. M. C.; PENA, R. D. C. M.; SILVA, S. S. S. M. Composição fitoquímica e ação fungicida de extratos brutos de Cinnamomum zeylanicum sobre Quambalaria eucalypti. Biota Amazônia, v. 6, n. 4, p. 54-58, 2016. MORANDI, M.A.B.; BETTIOL, W. Controle Biológico de doenças de plantas no Brasil. In:
y = -0.466x + 17.058R² = 0.6166
0
5
10
15
20
0 1.25 2.5 3.75 5 6.25 7.5 8.75 10
Índic
e d
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Mic
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Doses (%)
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Efeito de concentrações de alumínio na germinação de sementes
Felipe Adolfo Litter 1
Márcia de Almeida Carneiro 1 Rafaela Pereira Miranda 1
Luciano de Souza Maria1
Gustavo Caione1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. The aluminum is present at toxic levels in different agricultural areas, to circumvent its citations, soil correction techniques, and the use of more species tolerant plants may be feasible for these areas. The objective of this work was to evaluate the germination of seeds of cotton and sorghum seeds when submitted to aluminum concentrations, in order to determine the crop less susceptible to the negative effects of this element. The experiment was set up in a greenhouse of Unemat-Alta Floresta, in a 2x5 factorial scheme (2 cultures and 5 Al concentrations (0, 1, 5, 10 and 15 mmol dm-3)), with a completely randomized design. The germination test was developed as a Regulation for seed analysis. Both crops have their vigor decreased at higher concentrations, and sorghum was a crop more susceptible to the negative effects of the element. Palavras-chave: Gossypium spp.; Sorghum bicolor; toxicidade.
1. Introdução O alumínio (Al) é o terceiro metal mais abundante na crosta terrestre, e a forma mais tóxica do elemento em relação às plantas é o Al3+, que existe em maiores valores no pH do solo <5. A acidez do solo e a toxidade pelo alumínio limitam significativamente a produção agrícola, afetando aproximadamente 50% das terras aráveis do mundo (AWASTHI et al., 2017). No Brasil, os níveis de tóxicos de Al estão presentes em 60% das áreas com potencial agrícola (MACHADO et al., 2015). Sabe-se que alumínio pode causar inúmeros efeitos fisiológicos e alterações metabólicas em espécies de plantas sensíveis (EEKHOUT et al., 2017), porém o efeito deste elemento na germinação de sementes ainda é pouco investigado. Alguns pesquisadores trazem ideias divergentes sobre o assunto. Para Tamás et al. (2004) a germinação das sementes e a subsequente emergência das plântulas são menos sensível ao Al do que o estabelecimento da planta, e Ranal et al. (2016) sugerem que Al pode causar toxicidade no eixo embrionário, comprometendo a divisão celular e/ou alongamento celular, resultando em diminuição do alongamento da raiz. Há pesquisadores que afirmam que o alumínio trocável dos solos pode reduzir a germinação, exercendo influências decisivas sobre o metabolismo das sementes (MARIN et al., 2004). Portanto, o conhecimento e a seleção de espécies menos suscetíveis aos efeitos deletérios do Al é uma alternativa para a implantação dessas culturas em áreas agrícolas com essas condições de fertilidade (MACHADO et al., 2015). Diante do que foi exposto, objetivou-se com esse trabalho avaliar a germinação das sementes de algodoeiro (Gossypium spp.) e sorgo (Sorghum bicolor) quando submetidas à concentrações de alumínio, a fim de determinar a cultura menos suscetível aos efeitos negativos desse elemento.
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2. Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação e avaliado no Laboratório de
Análises de Solo, Adubo e Foliar (LASAF) da Universidade do Estado de Mato Grosso, Câmpus Universitário de Alta Floresta.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com 4 repetições compostos 50 sementes (subdivididas em parcelas de 25 sementes para que houvesse uma melhor distribuição das mesmas), em um esquema fatorial 2x5, onde foram testadas duas culturas (sorgo (IAC Santa Elisa) e algodoeiro (Variedade TMG 43 WS)) e cinco concentrações de alumínio (0, 1, 5, 10 e 15 mmol dm-3), utilizando o sulfato de alumínio como fonte do elemento.
O substrato utilizado foi a areia lavada, previamente umidificada, que foram distribuída em bandejas plásticas. As sementes foram colocadas sobre uma camada uniforme e cobertas por uma camada de aproximadamente 1 cm.
Diariamente foram adicionados 250 mL das respectivas soluções em cada bandeja. As avaliações de geminação foram realizadas seguindo as seguindo as Regras para análise de sementes do MAPA (2009), onde a primeira contagem foi realizada aos 4 dias para ambas as cultura e a última contagem foi realizada aos 10 dias para o sorgo e 12 dias para o algodoeiro. Os dados foram submetidos a análise variância pelo teste F, utilizando como programa estatístico o SISVAR (FERREIRA, 2011).
3. Resultados e Discussão
O vigor das sementes verifica-se que houve efeito da concentração de Al e da cultura (Tabela 1). É possível observar que o vigor foi afetado negativamente, decrescendo linearmente com o aumento das concentrações de alumínio (Figura 1). Quanto as culturas nota-se que as sementes de sorgo apresentaram menor vigor em relação às sementes de algodão (Tabela 1).
A redução da germinação e do vigor também foram observados por Yamashita e Guimarães (2011) em sementes de plantas daninhas (Conyza canadensis e C. bonariensis), decrescendo linearmente.
Tabela 5. Valores médios de vigor e de germinação de sementes de algodoeiro e sorgo em função da
concentração de Al da solução.
Concentração Vigor Germinação
0 34,75 37,87
1 35,87 40,37
5 30,00 36,35
10 22,50 30,37
15 18,13 25,37
Culturas
Algodoeiro 39,50 a 46,50 a
Sorgo 17,00 b 21,80 b
Teste F
Concentração 43,46** 37,04**
Cultura 460,23** 750,11**
Conc. x Cult. 2,2 NS 24,81**
CV (%) 11,74 8,35
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NS e **: não significativo e significativo a 1% de probabilidade de erro pelo teste F. Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Concentração de Al (mmol dm-3
)
0 1 5 10 15
Se
men
tes g
erm
ina
das (
1ª
con
tage
m)
15
20
25
30
35
40
y=35,78-1,21xF= 170**; R²=0,98
Figura 9. Número de sementes germinadas (vigor) na primeira contagem em função da
concentração de alumínio.
Houve interação entre os fatores concentração e cultura na germinação (Tabela
1). Avaliando a taxa de germinação das culturas em cada concentração de Al nota-se
que o algodão apresentou maior taxa de germinação que o sorgo em todas as
concentrações de Al (Tabela 2). As concentrações de alumínio não exerceram efeito
sobre a germinação do algodoeiro (F=0,81 ns); já para o sorgo foi verificado redução na
germinação das sementes em função das concentrações de Al (F=61,03**) com redução
linear na germinação (Figura 2).
Tabela 6. Valores médios de germinação de sementes de algodoeiro e sorgo em função da concentração de Al da solução.
Concentração Algodoeiro Sorgo
0 47,00 a 28,75 b
1 47,50 a 33,25 b
5 47,00 a 26,50 b
10 46,75 a 14,00 b
15 44,25 a 6,50 b
Médias seguidas de letras distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
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Concentração de Al (mmol dm-3
)
0 1 5 10 15
Se
me
nte
s g
erm
ina
da
s (
Co
nta
ge
m f
ina
l)
0
10
20
30
40
50
Algodoeiro
Sorgo
y=32,44-1,72x
F= 230**; R²=0,94
Figura 10. Germinação do algodoeiro e do sorgo em resposta às concentrações
de Al.
O efeito do alumínio na germinação das culturas pode ser observado claramente na Figura 3.
Ao estudar o efeito das concentrações de alumínio (0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0 mmol dm-3) na germinação de guandu, Marin et al. (2004) observou que houve uma redução proporcional na germinação da cultivar IAC Fava Larga. Custódio et al. (2002) mostrou que baixas concentrações de alumínio (0; 0,25; 0,5; 1 e 1,5 mmol dm-3) não prejudicam a germinação de soja. A diminuição da germinação e vigor das sementes pode ser explicada pela toxicidade no eixo embrionário, o que acaba comprometendo a divisão e/ou alongamento celular, resultando em diminuição do alongamento da raiz (RANAL et al., 2016).
Figura 11. Germinação das culturas em resposta às concentrações de alumínio.
4. Conclusões
A presença de alumínio em concentrações altas afeta negativamente a germinação do sorgo;
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O algodoeiro se mostrou mais tolerante à presença de alumínio na fase germinativa.
O desenvolvimento das plântulas do algodoeiro foi afetado para concentrações acima de 5 mmol dm-³ de alumínio.
Referências Bibliográficas AWASTHI, J. P.; SAHA, B.; REGON, P.; SAHOO, S.; CHOWRA, U.; PRADHAN, A.; ROY, A.; PANDA, S. K. Morpho-physiological analysis of tolerance to aluminum toxicity in rice varieties of North East India. PloS one, v. 12, n. 4, p. 1-23, 2017. CUSTÓDIO, C. C.; BOMFIM, D. C.; SATURNINO, S. M.; MACHADO NETO, N. B. Estresse por alumínio e por acidez em cultivares de soja. Scientia Agricola, Piracicaba v. 59, n. 1, p. 145-153, 2002. EEKHOUT, T.; LARSEN, P.; VEYLDER, L. Modification of DNA checkpoints to confer aluminum tolerance. Trends in Plant Science, v. 22, n. 2, p. 102-105, 2017. FERREIRA, D. F. Sisvar: um sistema computacional de análise estatística. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011. MACHADO, J. S.; STEINER, F.; ZOZ, F.; HONDA, G. B.; OLIVEIRA, B. L. N. Effects of aluminum on seed germination and initial growth of physic nut seedlings. Revista de Agricultura Neotropical, Cassilândia, v. 2, n. 1, p. 24-31, 2015. MARIN, A.; SANTOS, D. M. M. D.; BANZATTO, D. A.; FERRAUDO, A. S. Germinação de sementes de guandu sob efeito da disponibilidade hídrica e de doses subletais de alumínio. Bragantia, Campinas, v. 63, n. 1, p. 13-24, 2004. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Regras para análise de sementes (RAS). Brasília: Mapa/ Assessoria de Comunicação Social, 2009. 399 p. RANAL, M. A.; RODRIGUES, C. M.; TEIXEIRA, W. F.; OLIVEIRA, A. P.; ROMERO, R. Seed germination of Microlicia fasciculata, an apomictic and aluminium accumulator species: Unexpected intraspecific variability in a restricted Neotropical savanna area. Flora-Morphology, Distribution, Functional Ecology of Plants, v. 220, p. 8-16, 2016. TAMÁS, L.; ŠIMONOVIČOVÁ, M.; HUTTOVÁ, J.; MISTRIK, I. Aluminium stimulated hydrogen peroxide production of germinating barley seeds. Environmental and Experimental Botany, v. 51, n. 3, p. 281-288, 2004. YAMASHITA, O. M.; GUIMARÃES, S. C. Germinação de sementes de Conyza canadensis e C. bonariensis em função da presença de alumínio no substrato. Ciência Rural, Santa Maria, v. 41, n. 4, p. 599-601, 2011.
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Daniele da S. Teixeira 1
José Vitor S. Mernitzki 1
Luiz Fernando Caldeira Ribeiro 2
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
{daniele.agro1, josevitor.agr16}@outlook.br
2 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS VEGETAIS DE COPAÍBA
(Copaifera langsdorffii) E COCO (Cocos nucifera) SOBRE O CRESCIMENTO IN VITRO
DE Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
Abstract
Spices are known to exert a stability against the action of microorganisms.
This preservative property of spices is related to the presence of antibacterial
compounds in its composition. These compounds, which can be used in the fight
against a multitude of bacteria, for this reason, this work aims to investigate the
antimicrobial properties of the essential oils of copaiba and coconut, and determine
the activity of these in different concentrations on the growth of Xanthomonas
axonopodis pv. Malvacearum, in order to reduce the use of chemicals in agriculture
against pathogens that cause so much damage to producers. Different
concentrations of the copaíba and coconut essential oils, corresponding to 0%, 1%,
5%, 10%, 15%, 20%, 25%, 30%, 35% and 40% of each oil were evaluated. halo of
bacterial colony inhibition after 48 hours. Coconut oil obtained a reasonable
efficiency in colony growth, whereas copaiba oil had a lower control index on the
bacteria, with insignificant effect and, in some concentrations, no satisfactory control
was obtained.
Palavras-Chave: Xanthomonas axonopodis, Óleos-essenciais, Controle, Algodão.
1. Introdução
A cotonicultura se constitui em uma atividade agrícola de grande importância
socioeconômica, sendo fonte de geração de emprego e de renda no campo (SILVA
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et al., 2009). O algodão ocupa o lugar de cultura com maior e mais completo
aproveitamento, além de oferecer a mais variada gama de produtos de utilização
universal (BALLAMINUT, 2009). Um dos desafios que o produtor de algodão encontra,
é o alto custo de manutenção da cultura, que se dá principalmente devido ao intenso
controle fitossanitário que a cultura exige para garantir boa produtividade e
consequente uma boa rentabilidade ao produtor. Apesar do sucesso obtido com
cultivares resistentes, a mancha-angular, causada por Xanthomonas axonopodis pv.
Malvacearum está entre as doenças mais destrutivas do algodoeiro e sua severidade
está relacionada a fatores climáticos e a cultivar utilizada, pincipalmente se o cultivo
for realizado em condições com alta umidade relativa do ar, alta precipitação
pluviométrica e ocorrência de ventos (FERRO, 2009) (BRAGA, 2012).
A mancha-angular é a fitobacteriose de maior importância na cultura do
algodoeiro, devido a sua grande variabilidade e estar presente em praticamente todas
as regiões de cultivo, principalmente nas que apresentam condições favoráveis para
o desenvolvimento da doença como alta umidade relativa (85%) e temperatura entre
30 e 36ºC (PEREIRA, 2017). Sabe-se que o patógeno é transmitido a longas distancias
principalmente por sementes infectadas, interna ou externamente, mas até agora não
se conhece métodos apropriados para erradicar a bactéria da semente. A doença não
é satisfatoriamente controlada por produtos químicos, sendo que, seu controle
depende de sementes sadias e resistência varietal (OLIVEIRA, 2010). O controle da
doença através de produtos químicos na maior parte das vezes não se justifica, pois
aumenta drasticamente os custos de produção da cultura, e, portanto, o uso de
cultivares resistente ainda é uma das poucas alternativas de controle efetivo (BRAGA,
2012).
Algumas plantas apresentam diversas substâncias em sua composição
química, muitas delas com potencial contra fungos e bactérias, as quais devem ser
estudadas para utilização direta do produtor rural, bem como para servir de matéria
prima para formulação de novos produtos (GARCIA et al, 2012). Óleos essenciais são
substâncias aromáticas oriundas do metabolismo secundário de plantas, encontradas
em estruturas específicas tais como, pêlos glandulares, canais oleíferos, bolsas
lisígenas ou células parenquimáticas diferenciadas. Geralmente são armazenadas em
diferentes partes das plantas, como flores (rosas), folhas (eucalipto), cascas (canela),
rizomas (gengibre) e frutos (laranja) (SIMÕES et al, 2007).
Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o controle alternativo de
Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum, em laboratório no município de Alta
Floresta, utilizando os óleos essenciais de Copaíba e de Coco, almejando obter uma
boa produção com qualidade fitossanitária tanto para o produtor, evitando uma
possível intoxicação durante a aplicação dos agroquímicos, quanto para o
consumidor que irá obter parte da produção para alimentação.
2. Material e Métodos
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Os experimentos foram conduzidos nas dependências do Laboratório de
Fitopatologia (LabFit) da Universidade do Estado de Mato Grosso, Câmpus de Alta
Floresta. O objetivo foi analisar o efeito dos óleos essenciais das plantas medicinais
de Cravo e de Coco sobre o crescimento de Xanthomonas axonopodis pv.
Malvacearum.
Os óleos foram obtidos em estabelecimentos comercias no município de Alta
Floresta/MT. Foram inseridos 2ml de cada óleo com o auxílio de uma micropipeta,
em 200ml de agua destilada e posteriormente os mesmos foram autoclavados à uma
temperatura de 121°C durante 15 minutos. Para o experimento foram utilizadas
diferentes concentrações dos óleos, sendo utilizados nas concentrações de 0%, 1%,
5%, 10%, 15%, 20%, 25%,30%, 35% e 40%, distribuídas em três placas de petri,
caracterizando um esquema fatorial 10x2x3, sendo 9 concentrações, 2 óleos
essenciais e 3 repetições.
Para o teste da bactéria, foram utilizadas colônias com 48 horas de cultivo. As
colônias foram diluídas em 10ml de água destilada, e foram inoculadas 200μL
igualmente em cada placa com o óleo e o meio de cultura correspondente e por fim,
utilizando a alça de Drigalsky, foram espalhadas por toda a placa. Após a inoculação,
as placas foram levadas para a estufa de cultura bacteriológica à uma temperatura de
30°C durante 48 horas.
Após as 48 horas, as placas foram retiradas e analisadas separadamente a cada
parcela, sendo cada colônia diluída em 10 ml de água destilada. Após a diluição estar
completa, foi realizada a avalição dos resultados com o auxilio de um
espectrofotômetro, ajustado em um comprimento de onda de 540 nm Os
resultados de cada óleo foram submetidos ao teste de Scott Knott a um nível de
significância de 1% com o intuito de comparar a eficiência dos óleos. As análises
foram realizadas pelo software estatístico SISVAR.
3. Resultado e Discussão
Observa-se que os tratamentos com os óleos essenciais de coco e copaíba não
apresentaram controle algum quando comparados com a testemunha sendo
submetido ao teste de Scott Knott a 1% de probabilidade. (Tabela 1)
Tabela 1. Índice médio de crescimento bacteriano na presença dos tratamentos
TRATAMENTOS MÉDIAS
COCO 8,591 a
COPAIBA 9,609 a
TESTEMUNHA 9,999 a *Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Scott Knott, a 1% de probabilidade.
No atual trabalho, observou-se a ineficiência antibacteriana do óleo de
Copaíba, porém segundo Solino et al. (2012) o óleo essencial de copaíba apresentou
eficiência no controle de espécies fúngicas, como Aspergillus niger, Aspergillus flavus,
Candida tropicallis, Candida parapsilosis, , C. gloeosporioides e Bipolares sorokiniana.
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Trabalho realizado por Mendonça et. al, (2009) foi constatado a inibição de
bactérias como Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli
quando utilizado o óleo essencial de copaíba.
Leandro et al., (2012) ainda relata que o óleo de copaíba apresenta além de seu uso
popular, principalmente cicatrizante local, anti-inflamatório e internamente, como
diurético, ainda apresenta propriedades antimicrobianas, leishmanicida, antitumoral,
e larvicida.
Gomes et al. (2011) testando a eficiência do óleo essencial de copaíba na
redução da incidência de patógenos associados às sementes de feijão-fava, o mesmo
obteve resultados onde o óleo essencial de copaíba reduziu consideravelmente o
percentual de incidência de fungos. Ocorrendo ainda um efeito significativo (p<0,05)
nas concentrações de copaíba com redução e controle de Fusarium spp.
Dados da Tabela 2 mostram que avaliando o efeito dos tratamentos em relação
à concentração utilizada, os dois extratos não apresentaram diferença no controle de
Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum, quando submetidos ao teste de Scott
Knott à 1% de probabilidade.
TABELA 2. Efeito dos óleos essenciais incorporados em diversas concentrações em meio de cultura
inoculado com Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum, e avaliado através das unidades
formadoras de colônia (x108) com 72 horas de incubação dia de idade.
Concentrações (%) Tratamentos 0,01 0,5 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 Testemunha C.V
Coco 9,67aA 9,45aA 9,30aB 9,07aB 8,85aB 8,40aC 8,03aC 7,38aE 7,13aE 9,99aA 2,08
Copaíba 10,64aA 10,36aB 10,21aB 10,01aC 9,88aC 9,50aD 8,97aE 8,65aF 8,22aG 0,86aA 1,15
C.V. 0,82 0,02 0,19 0,06 0,21 0,78 1,7 3,63 2,91 1,17 -
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem significativamente entre si pelo teste
Scott Knott com 1% de probabilidade.
FIGURA 1. Efeito da concentração de Copaíba em porcentagem sobre a unidade formadora de colônia (U.F.C.) da fitobactéria
Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
O óleo essencial de copaíba, observando a análise de regressão dos resultados
Figura 1, as médias se ajustaram a linha de tendência, porém sua porcentagem de
inibição não ultrapassou 25%, sendo correlacionado significativamente (R^2=0,9644).
y = 55,368x + 0,4045R² = 0,9644
0
5
10
15
20
25
30
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
Po
rcen
tage
m d
e in
ibiç
ão
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Analisando os dados do efeito do óleo essencial de coco (Figura 2), foram
obtidas médias que se ajustaram alinha de tendência, onde a porcentagem de
inibição é elevada à medida que se aumenta a concentração, consequentemente
obtendo os melhores resultados nas concentrações de 35% e 40%, mas não
ultrapassando uma porcentagem de inibição de 30%. Não apresentando uma
alternativa viável para o controle de tal bactéria.
FIGURA 2. Efeito da concentração do óleo essencial de Coco em porcentagem sobre a unidade formadora de colônia (U.F.C.)
da fitobactéria Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
Trabalho realizado por Sivakumar et al., (2011), constataram que o extrato da
raiz de coco inibiu o crescimento do S. aureus e P. aeruginosa. Figueira (2012), ainda
demonstrou também que extratos de caule, raiz e folha de coco, apresentavam
atividade antimicrobiana com relação a S. aureus e P. aeruginosa.
4. Conclusão
Os óleos de coco e copaíba, não apresentaram controle algum para a bactéria,
não se mostrando como alternativas para o controle do patógeno.
y = 66,267x + 0,751R² = 0,9646
0
5
10
15
20
25
30
35
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
Po
rcen
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2 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
EFEITO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE CRAVO DE E COCO SOBRE O CRESCIMENTO DE
Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
1. Abstract
Essential oils of various species have been the subject of research for their already known antibacterial properties and the importance of achieving less aggressive controls on the environment and humanity. Since there is indeed great importance in obtaining greater knowledge about them, the present work had as objective to determine the activity of different concentrations of the essential oils of clove and coconut on the growth of colonies of Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum. The different concentrations of essential oils of Clove (Syzygium aromaticum) and Coconut (Cocos nucifera) were evaluated in the concentrations of 0%, 1%, 5%, 10%, 15%, 20%, 25%, 30% 35% and 40% by measuring the inhibition halo of the bacteria after 48 hours. Cravo oil showed higher control efficiency, showing an efficiency of 69.91% compared to the control, but there was no differentiation between the Coco essential oil and the control. Palavras-Chave: Xanthomonas axonopodis, Óleos-essenciais, Controle, Algodão. 2. INTRODUÇÃO
Uma das principais culturas exploradas no Brasil é a do algodão, ocupando a quinta
colocação dentre os países produtores desta fibra. A cotonicultura destaca-se no cenário nacional como uma cultura de expressiva importância para o agronegócio brasileiro (OLIVEIRA et al., 2012). Além da geração de empregos no campo, é a planta com o aproveitamento mais completo, e que oferece a mais ampla gama de produtos, que são utilizadas pelo mundo todo (BALLAMINUT, 2009).
Dentre os fatores que limitam a produção do algodoeiro, estão as doenças, que causam pelo menos 20% de danos, destas, 90% são ocasionadas por fungos, 16 por vírus, duas por fitoplasmas, 10 por nematoides e apenas uma por bactéria. Bactéria esta, responsável pela bacteriose denominada mancha-angular ou crestamento-bacteriano, causada pela Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum é ocorrente de maneira generalizada em todas
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as regiões produtoras do mundo, sua severidade depende principalmente de fatores climáticos e da cultivar utilizada. O único principio ativo registrado para o controle químico de X. axonopodis pv. Malvacearum é o oxicloreto de cobre, porém não é eficiente e apenas retarda o desenvolvimento da mancha-angular e devido a essa ausência de controles químicos eficientes para o controle e também a preocupação com a contaminação das águas e solos, estudos estão sendo direcionados para o desenvolvimento de cultivares resistentes e formas alternativas de controle que não ofereçam riscos a saúde humana e animal (OLIVEIRA, 2010).
Óleos essenciais são produtos voláteis presentes em vários órgãos vegetais (partes aéreas, cascas, troncos, raízes, frutos, flores, sementes e resinas) e estão relacionados ao metabolismo secundário das plantas exercendo diversas funções importantes à sobrevivência vegetal, como por exemplo, na defesa contra microrganismos (SILVA et al., 2009). Deste modo, vem sendo alvo de estudos para que possa ser reduzido o uso de agroquímicos, mantendo a produtividade, mas de forma menos prejudicial ao ambiente e ao homem.
Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o controle alternativo de Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum, utilizando os óleos essenciais de Cravo e de Coco, almejando obter uma boa produção e também qualidade fitossanitária nos alimentos produzidos.
3. Material e Métodos
Os experimentos foram conduzidos nas dependências do Laboratório de Fitopatologia (LabFit) da Universidade do Estado de Mato Grosso, Câmpus de Alta Floresta. O objetivo foi analisar o efeito dos óleos essenciais das plantas medicinais de Cravo e de Coco sobre o crescimento de Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum. Os óleos foram obtidos em estabelecimentos comercias no município de Alta Floresta/MT. Foram inseridos 2ml de cada óleo com o auxílio de uma micropipeta, em 200ml de agua destilada e posteriormente os mesmos foram autoclavados à uma temperatura de 121°C durante 15 minutos. Para o experimento foram utilizadas diferentes concentrações dos óleos, sendo utilizados nas concentrações de 0%, 1%, 5%, 10%, 15%, 20%, 25%,30%, 35% e 40%, distribuídas em três placas de petri, caracterizando um esquema fatorial 10x2x3, sendo 9 concentrações, 2 óleos essenciais e 3 repetições. Para o teste da bactéria, foram utilizadas colônias com 48 horas de cultivo. As colônias foram diluídas em 10ml de água destilada, e foram inoculadas 200μL igualmente em cada placa com o óleo e o meio de cultura correspondente e por fim, utilizando a alça de Drigalsky, foram espalhadas por toda a placa. Após a inoculação, as placas foram levadas para a estufa de cultura bacteriológica à uma temperatura de 30°C durante 48 horas. Após as 48 horas, as placas foram retiradas e analisadas separadamente a cada parcela, sendo cada colônia diluída em 10 ml de agua destilada. Após a diluição estar completa, foi realizada a avalição dos resultados com o auxilio de um espectrofotômetro, ajustado em um comprimento de onda de 540 nm Os resultados de cada óleo foram submetidos ao teste de Tukey a um nível de significância de 5% com o intuito de comparar a eficiência dos óleos. Tais análises foram realizadas pelo software estatístico SISVAR. 4. Resultado e Discussão
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Com base na Tabela 1, pode-se observar que o óleo essencial de Cravo-da-índia se sobressaiu ao que se refere em controle sobre X. axonopodis pv. Malvacearum, e mostrou uma eficiência de 69,91%, comparada a testemunha, porém, não houve diferenciação entre o óleo essencial de Coco e a testemunha quando submetido ao teste de Scott Knott a 1% de probabilidade. Tabela 1. Índice médio de crescimento bacteriano na presença dos tratamentos
TRATAMENTOS MÉDIAS
CRAVO-DA-INDIA 3,223 a
COCO 8,591 b
TESTEMUNHA 10,713 b *Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Scott Knott, a 1% de probabilidade.
A composição química dos óleos essenciais também interferem com o seu potencial antimicrobiano, sendo esta atividade associada com o conteúdo de terpenóides presente no óleo, principalmente compostos fenólicos (Probst, 2018). A ação antibacteriana dos componentes dos óleos essenciais pode ocorrer de três formas: pela interferência na dupla camada fosfolipídica da parede celular; pelo aumento da permeabilidade e perda dos constituintes celulares; e por alteração de uma variedade de sistemas enzimáticos, incluindo aqueles envolvidos na produção de energia celular e síntese de componentes estruturais ou por inativação e destruição do material genético (SILVESTRE, 2010).
TABELA 1. Efeito dos óleos essenciais incorporados em diversas concentrações em meio de cultura inoculado com Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum, e avaliado através das unidades formadoras de colônia (x108) com 72 horas de incubação dia de idade.
Concentrações (%) Tratamentos 0,01 0,5 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 Testemunha C.V
Cravo-da-índia 9,08aB 6,47aB 3,10aC 2,70aD 1,91aD 1,62aD 1,41aD 1,41aD 1,27aD 1,71Ad 1,6 Coco 9,67aA 9,45aA 9,30bA 9,07bB 8,85bB 8,40bB 8,03bC 7,38bC 7,13bD 7,13Bd 2,08
C.V. 2,66 2,24 2,37 0,46 0,64 2,5 4,64 7,38 7,74 3,41 -
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Scott Knott, a 1% de probabilidade.
Foram observados na Tabela 2, resultados semelhantes apenas nas concentrações de
1% e 5%, para as demais concentrações o óleo essencial de cravo obteve melhores médias, diferenciando do extrato de coco a partir da concentração de 10%.
Mendes (2011) utilizando o óleo essencial de cravo-da-índia sobre Candida tropicalis, observou halos médios de inibição de 39mm. Utilizando o método de difusão em disco, Kouidhi et al., (2010), relataram a excelente atividade antibacteriana e antifúngica do óleo do cravo contra 114 cepas de bactérias cariogenicas e 46 cepas de leveduras.
Resultados observados por Santana et al., (2010) utilizando o óleo essencial de cravo-da-índia, mostrou um inibição de apenas 15,1% do crescimento micelial de C. gloeosporiodes, utilizando diferentes concentrações.
Venturoso et. al (2011) constataram uma redução de 100% no crescimento micelial de F. solani utilizando o óleo essencial de cravo-da-india em uma concentração de 20%.
Tal eficiência do óleo essencial de cravo-da-india no controle de patógenos, é devido ao seu principal constituinte, o eugenol, que ainda exibe comprovadas atividades antibacteriana, antimicotico, antimicrobiana, anti-inflamatório, antisséptico, anestésico, antioxidande, repelente e alelopático. (GOBBO-NETO & LOPES, 2008).
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FIGURA 1. Efeito da concentração de cravo-da-índia em porcentagem sobre a unidade formadora de
colônia (U.F.C.) da fitobactéria Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
A análise de regressão dos resultados do óleo de cravo-da-índia para as
diferentes concentrações do óleo se ajustaram a linha de tendência polinomial,
aumentando sua porcentagem de inibição à medida que a concentração é elevada,
apresentando uma porcentagem de inibição máxima de 89,34% na concentração de
35%.
FIGURA 2. Efeito da concentração de Coco em porcentagem sobre a unidade formadora de colônia (U.F.C.) da
fitobactéria Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
SOUSA et al. (2012) utilizando o óleo essencial de coco, demonstraram
atividade antimicrobiana sobre C. gloeosporioides isolados de frutos de pimenta,
y = 21,447ln(x) + 113
R² = 0,9639
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
Po
rcen
tage
m d
e in
ibiç
ão
Concentração
y = 66,267x + 0,751R² = 0,9646
0
5
10
15
20
25
30
35
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
Po
rcen
tage
m d
e in
ibiç
ão
Concentração
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inibindo o crescimento micelial do patógeno de acordo com o aumento da
concentração das doses utilizadas.
ABREU et al. (2014) ao avaliar o efeito das doses do óleo de coco sobre o ICM
(índice de crescimento micelial) sobre C. gloeosporioides, relatou-se um potencial
fungitoxico a partir da dose de 100 µL/mL, tendo uma redução no crescimento de
acordo com o aumento das doses. O óleo de coco apresentou maior expressividade
na dose de 500 µL/mL, juntamente com as doses de 200, 300 e 400 µL/mL, onde
obtiveram valores de inibição expressivos.
A eficiência dos controles avaliados está correlacionada significativamente
(R2= 0,9639 e 0,9646), respectivamente para os controles de cravo-da-índia e coco.
Tendo assim como uma alternativa viável, a utilização do extrato de cravo-da-índia, a
partir da concentração de 10%, substituindo o controle químico, garantindo uma
maior conservação do meio ambiente nos sistemas agrícolas. O óleo de coco não
apresentou eficiência alguma, não ultrapassando a porcentagem de 30% de inibição
de X. axonopodis pv. Malvacearum.
Neste trabalho, pôde-se observar que o óleo essencial de coco não obteve
eficiência no controle de X. axonopodis pv. Malvacearum
5. Conclusão Dentre os dois óleos-essenciais testados para o controle de Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum, verificou-se que apenas o óleo Cravo-da-Índia alcançou resultados de eficiência no halo de inibição da mesma. O óleo essencial de Coco não obteve sucesso quanto ao objetivo do presente trabalho, sendo inviável para o controle da fitobactéria.
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6. Referências Bibliográficas ABREU, M.G.P.; TAVELLA, L.B.; FERREIRA, J.B.; ARAUJO, M.L.; ARAUJO, J.M. POTENCIAL FUNGITOXICO DOS ÓLEOS DE MURMURU (Astrocaryum ulei Mart.) E COCO (Cocos nucifera L.) SOBRE Colletotrichum gloeosporioides NO MARACUJÁ. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p.1515, 2014. BALLAMINUT, C. E. C. (2009). Seletividade da cultura do algodoeiro aos herbicidas Diuron, Clomazone, Trifloxysulfuron-sodium e Pirythiobacsodium (86f). Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP, Brasil. DELAMARE AP, Pistorello ITM, Artico L, Serafini LA & Echeverrigaray S (2007) Antibacterial activity of essential oils of Salvia officinalis L. and Salvia triloba L. cultivated in South Brazil. Food Chemistry, 100:603-608.
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ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE CRAVO-DA-ÍNDIA (Syzygium
aromaticum), COPAÍBA (Copaifera langsdorffii), COCO (Cocos nucifera) E GENGIBRE (Zingiber
officinale) SOBRE O CRESCIMENTO DE Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
José Vitor S. Mernitzki 1
Daniele da S. Teixeira 1
Luiz Fernando Caldeira Ribeiro 2
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
{josevitor.agr16, daniele.agro1}@outlook.br
2 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
1. Abstract
The search for antibacterial substances and natural antioxidants has been the target
of several scientific studies. Essential oils are a type of secondary metabolite of great
economic importance, since many can be used as medicines, insecticides and
antimicrobials. The objective of the present work was to compare the antibacterial
activity of Copaíba (Copaifera langsdorffii), Clove (Syzygium aromaticum), coconut
(Cocos nucifera) and ginger (Zingiber officinale) at 0%, 1% 5%, 10%, 15%, 20%, 25%,
30%, 35% and 40%. The tests were carried out "in vitro" after 48 hours incubated in a
bacteriological culture oven using the BDA (Potato-Dextrose-Agar) culture medium,
measuring the inhibition halo of the bacteria. It was observed that clove oil (Syzygium
aromaticum) had a better efficiency from the 15% concentration, having the best
control mean of the bacterium, followed by the coconut, copaiba and ginger oils that
did not differentiate by the Scott Knott test at 1% probability. The essential oils
presented a correlated efficiency (R2 = 0.9646, 0.9152, 0.9639 and 0.9644) respectively
for coconut, ginger, clove and copaiba oils.
Palavras-Chave: Plantas medicinais, eficiência, controle alternativo.
2. Introdução
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Empregada em mais de 60 países, a cultura do algodoeiro tem como principais
produtores a China, Índia, EUA, Paquistão e Brasil segundo a Associação Brasileira
dos Produtores de Algodão (ABRAPA, 2016).
O Brasil se destaca em 5º lugar na produção mundial de algodão,
apresentando uma área de cultivo de aproximadamente 0,93 milhões de ha, gerando
uma produção em torno de 3,6 milhões de toneladas de algodão com caroço. Na
safra 2016/17, a produção de algodão ficou em 3,900kg ha-1, sendo cerca de 88%
produzido nos estados do Mato Grosso e Bahia. (COMPANHIA NACIONAL DE
ABASTECIMENTO, 2017)
Assim como em todas as culturas, há a ocorrência de surtos epidêmicos de
doenças, com o algodão não é diferente, em todas as áreas que cultivam o algodão
se é observada uma redução na produtividade em decorrência de doenças. Com a
intensificação de cultivo no cerrado, vários patógenos se favorecem pelas condições
climáticas oferecidas, encontrando condições ideais para o seu desenvolvimento,
consequentemente causando enfermidades diminuindo a produção do algodão no
cerrado, além disso aumentando os custos de produção (SILVA, 2010).
Dentre algumas pragas, podemos destacar a mancha angular, causada pela
bactéria Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum, tendo como sintoma
característico, lesões angulares. Quando se apresenta uma condição favorável, a
doença pode se estender ao tecido vascular, afetando caule e pecíolos, originando
um aspecto enegrecido à lesão. Em casos mais extremos, ainda se pode ocorrer a
infecção das maçãs. (SUASSUNA et al., 2008).
A bactéria é disseminada pincipalmente pelo vento, agua, insetos, homens,
sementes e animais. Sendo assim, o controle deve ser feito predominantemente
através do uso de cultivares resistentes, além do uso de sementes livres de patógenos,
para assim evitar a ocorrência da doença (CHITARRA, 2014).
Existem apenas medidas preventivas para se controlar X. axonopodis pv.
Malvacearum, devido a isso, constantes pesquisas buscam encontrar um meio de se
combater a bactéria. Surgem então os óleos essenciais, sendo sugeridos como um
método de controle alternativo para o controle de pragas agrícolas, devido a
presença em sua constituição, uma rica fonte de substancias bioativas (THORMAR,
2012).
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar a eficiência antibacteriana dos óleos
essenciais de Cravo-da-índia (Syzygium aromaticum), Copaiba (Copaifera langsdorffii),
coco (Cocos nucifera) e gengibre (Zingiber officinale) sobre o desenvolvimento de
X.axonopodis pv. Malvacearum, apresentando um indicativo de seu potencial para o
controle alternativo de fitopatógenos.
3. Materiais e Métodos
Os experimentos foram conduzidos nas dependências do Laboratório de
Fitopatologia (LabFit) da Universidade do Estado de Mato Grosso, Câmpus de Alta
Floresta.
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Os óleos Copaíba e Cravo-da-índia foram obtidos em estabelecimentos
comercias no município de Alta Floresta/MT. Foram inseridos 2ml de cada óleo com
o auxílio de uma micropipeta em 200ml de agua destilada e posteriormente os
mesmos foram autoclavados à uma temperatura de 121°C durante 15 minutos. As
concentrações utilizadas foram de 0%, 1%, 5%, 10%, 15%, 20%, 25%, 30%, 35% e 40%,
distribuídas em três placas de pétri, caracterizando um esquema fatorial 10x2x3,
sendo 9 concentrações, 2 óleos essenciais e 3 repetições.
Para o teste, foram utilizadas colônias com 48 horas de cultivo. Após o período,
as colônias foram diluídas em 10ml de água destilada, e foram inseridos 200μL da
solução diluída igualmente em cada placa, já contendo o óleo e o meio de cultura
correspondente. Em seguida as placas foram levadas para a estufa de cultura
bacteriológica à uma temperatura de 30°C durante 48 horas.
Após um período de 48 horas, cada colônia foram diluída novamente em 10ml
de água destilada, retirando-se 1ml de cada placa e inserido em tubos de ensaio com
agua destilada.
Após a diluição, utilizou-se 3ml da solução para realizar a avaliação, utilizando
um espectrofotômetro ajustado em um comprimento de onda de 540nm.
Os resultados foram submetidos ao teste de Tukey a um nível de significância
de 1% com o intuito de comparar a eficiência dos óleos. Tais análises foram realizadas
pelo software estatístico o SISVAR.
4. Resultados E Discussão
Analisando a tabela 1, observamos a eficiência do controle da bactéria na
presença do óleo de cravo-da-índia, que dentre os tratamentos utilizados, apresentou
a menor media de crescimento. Seguido dos óleos de coco e gengibre que não se
diferenciaram pelo teste de Tukey a 1% de significância, ainda assim se igualando à
media da testemunha, mostrando-se ineficientes no controle. E por fim o óleo de
copaíba, se mostrando menos efetivo dentre os óleos testados, tendo ainda uma
média superior à da testemunha. Tabela 1. Índice médio de crescimento bacteriano na presença dos tratamentos
TRATAMENTOS MÉDIAS
CRAVO-DA-INDIA 3,223 a
COCO 8,591 b
GENGIBRE 8,826 b
COPAIBA 9,609 b
TESTEMUNHA 10,713 b
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade.
O cravo-da-índia obteve uma eficiência no controle de 69,91% se comparado
com a testemunha. Rozwalka et al. (2008), não constatou crescimento algum de C.
gloeosporioides isolados de frutos de goiaba, utilizando o extrato de cravo-da-índia
em uma concentração de 10%.
Isso se deve a presença do eugenol em sua constituição, o mesmo ainda exibe
comprovadas atividades antibacterianas, anti-inflamatório, anestésico, alopático e
repelente. (GOBBO-NETO & LOPES, 2008).
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Os óleos de coco, gengibre e copaíba apresentaram uma eficiência de 0% no
controle de X. axonopodis pv. Malvacearum, porém em estudos realizados por
Mendonça et al. (2009), o óleo de copaíba apresenta um controle eficaz para espécies
fúngicas como Aspergillus niger, Candida tropicallis, C. gloeosporioides e Bipolares
sorokiniana, inibindo ainda o crescimento de bactérias como Pseudomonas
aeruginosa, Escherichia coli e Staphylococcus.
Trabalhos avaliando a ação do óleo essencial de gengibre mostraram uma ação
antibacteriana mais efetiva frente à bactérias Gram-positivas (SHANOON, 2012).
Podendo ser a resposta da ineficiência do óleo de gengibre frente a X. axonopodis pv.
Malvacearum, caracterizada como Gram-negativa.
TABELA 1. Efeitos dos óleos essenciais incorporados em diversas concentrações em meio de cultura
inoculado com Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum e avaliado através das unidades formadoras
de colônia (x108) com 72 horas de incubação dia de idade.
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem significativamente entre si pelo teste
de Tukey com 1% de probabilidade.
Foram observados (tabela 1), resultados semelhantes entre todos os óleos
essenciais apenas nas concentrações de 1% e 5%. O cravo-da-índia se mostrou
eficiente a partir da concentração de 10%, já os demais óleos apresentaram uma
melhor eficiência à medida que se elevou a concentração.
(a) (b) FIGURA 1. Efeito da concentração de cravo-da-índia (a) e Copaíba (b) em porcentagem sobre a
unidade formadora de colônia (U.F.C.) da fitobactéria Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
A análise de regressão dos resultados do óleo de cravo-da-índia Figura 1 (a),
para as diferentes concentrações do óleo se ajustaram a linha de tendência
y = 21,447ln(x) + 113R² = 0,9639P
orc
enta
gem
de
inib
ição
Concentração
y = 55,368x + 0,4045
R² = 0,9644
Po
rcen
tage
m d
e in
ibiç
ão
Concentração
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polinomial, tendo a porcentagem de inibição elevada à medida que se aumenta a
concentração do extrato. Tendo sua eficiência correlacionada significativamente
(R^2= 0,9639), se mostrando uma alternativa no controle de fitopatógenos, além de
não prejudicar o meio ambiente.
Xu et al., (2016), confirmaram a ação inibitória do óleo de cravo-da-índia sobre
S. aureus, utilizando a metodologia de Oxford Cup para a condução de seu estudo.
Obtendo halos de inibição de 16,5 mm e 20,4 mm utilizando respectivamente as
concentrações de 25% e 50%.
Em relação ao óleo essencial de copaíba, a analise de regressão dos resultados
Figura 1.(b), as médias se ajustaram a linha de tendência, porém sua porcentagem de
inibição não ultrapassou 25%, sendo correlacionado significativamente (R^2=0,9644).
(c) (d) FIGURA 2. Efeito das concentrações de Coco (c); e do gengibre (d) em porcentagem sobre a unidade
formadora de colônia (U.F.C.) da fitobactéria Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum
Analisando os dados do efeito do óleo essencial de coco Figura 2. (c), foram
obtidas médias que se ajustaram alinha de tendência, onde a porcentagem de
inibição é elevada à medida que se aumenta a concentração, consequentemente
obtendo os melhores resultados nas concentrações de 35% e 40%, mas não
ultrapassando uma porcentagem de inibição de 30%.
Estudos realizados por Sivakumar et al., (2011), mostraram que o extrato da
raiz de coco inibiu o crescimento de P. aeruginosa e S. aureus. Figueira(2012),
demonstrou também que extratos brutos de raiz, caule e folha de coco, apresentavam
atividade antimicrobiana com relação a S. aureus e P. aeruginosa.
Efeitos semelhantes foram obtidos a partir do uso do óleo de gengibre Figura
2. (d), onde as médias se ajustaram a linha de tendência polinomial. A porcentagem
de inibição é elevada ao mesmo tempo que se aumenta a concetração. O uso dos
óleos essenciais de coco e gengibre apresentam uma eficiencia correlacionada
(R^2=0,9646 e 0,9152) respectivamente.
5. Conclusão
y = 66,267x + 0,751
R² = 0,9646
Po
rcen
tage
m d
e in
ibiç
ão
Concentração
y = 97,56x - 0,4267
R² = 0,9152
Po
rcen
tage
m d
e in
ibiç
ão
Concentração
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O óleo essencial de cravo-da-índia se mostrou uma excelente alternativa no
controle de X. axonopodis pv. Malvacearum a partir da concentração de 15%.
Os óleos de gengibre, coco e copaíba, não apresentaram controle algum para
a bactéria, não se mostrando como alternativas para o controle do patógeno.
6. Referências Bibliográficas
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AVALIAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE CRAVO-DA-ÍNDIA (Syzygium
aromaticum) E COPAÍBA (Copaifera langsdorffii), SOBRE O CRESCIMENTO DE
Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
José Vitor S. Mernitzki 1
Daniele da S. Teixeira 1
Luiz Fernando Caldeira Ribeiro 2
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
{josevitor.agr16, daniele.agro1}@outlook.br
2 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
1. Abstract
Plants are a kind of organic compounds. Numerous examples are metabolites and
there is an interaction with the plant and the environment, such as a defense against
insects, bacteria and fungi. Antioxidants are a type of secondary metabolite of great
economic importance, since many can be used as medicines, insecticides and
antimicrobials. The present competitor is an antibacterial comparison of the Copaíba
essential oils (Copaifera langsdorffii), and Clove (Syzygium aromaticum) in their
combinations of 0%, 1%, 5%, 10%, 15%, 20%, 25 %, 30%, 35% and 40% on colonies
of Xhantomonas axonopodis pv. Malvacearum. The oils were concentrated through
commercial pharmacies. The testes were completed "in vitro" after incubation in a
bacterial culture oven using the BDA (Potato-Dextrose-Agar) culture medium, by
measuring the inhibition halo of the bacteria. The consumption of clove oil (Syzygium
aromaticum) had an improvement in the concentration of 15% and the oil of copaíba
in the results obtained only in concentrations of 25% and 35%. With a correlated
efficiency (R2 = 0.9639 and 0.9644) respectively for clove and copaiba oils.
Palavras-Chave: Plantas medicinais, eficiência, controle alternativo.
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223
2. Introdução
A cultura do algodoeiro constitui-se na maior atividade que fornece fibra para
os mais diversos fins, funcionando no Nordeste brasileiro como um instrumento de
inclusão social. (FAO, 2009).
No Brasil, a região Centro-Oeste é a principal região produtora de algodão,
sendo que o estado do Mato-Grosso é a principal região produtora de algodão, e
ainda o que possui maior área plantada, consequentemente alcançando as maiores
produtividades do pais (CONAB, 2009).
Segundo Almeida et al. (2008) a região Nordeste destaca-se por apresentar
condições climáticas favoráveis a redução da incidência de pragas na cultura do
algodão. Entretanto mesmo em áreas favoráveis, a principal ameaça ao cultivo é o
ataque de pragas-insetos, considerando que o algodoeiro possui cerca de 18 espécies
com um potencial de se tornarem pragas da cultura.
Dentre estas pragas pode-se destacar a mancha angular, causada por
Xantomonas axonopodis pv. Malvacearum, tendo sintomas como lesões angulares.
Casos severos ainda podem ocorrer a rasgadura do limbo foliar e coalescência das
lesões. Quando se tem uma condição favorável, a doença pode se estender ao tecido
vascular, afetando caule e pecíolos, mostrando um aspecto enegrecido à lesão, oque
resulta no termo blackarm. Em casos mais extremos, além do aparecimento dos
sintomas descritos, é comum ocorrer a infecção de maçãs (SUASSUNA et al., 2008).
A bactéria é disseminada principalmente pelo vento, insetos, agua, homens,
animais e sementes. O controle deve ser feito predominantemente, por meio do uso
de cultivares resistentes e o uso de sementes livres de patógenos, para assim evitar a
sua disseminação e ocorrência da doença (CHITARRA, 2014).
Para Poonpaiboonpipat et al. (2013) a busca por novos métodos de controle é
constante, portanto eis que surgem os óleos essenciais, onde estudos já revelam suas
propriedades antifúngicas, antibacterianas e bioherbicidas.
Em sua constituição, os óleos essenciais apresentam principalmente
fenilpropanóides e terpenóides. Estas classes de substâncias vem sendo
frequentemente alvo dos pesquisadores, que vêem neles princípios ativos
promissores na síntese de outros compostos de maior importância e valor agregado,
como por exemplo, o eugenol, safrol, citral, citronelal, dentre outros (DE LA ROSA et.
al., 2010)
Óleos essenciais tem sido sugeridos como um método de controle alternativo
para o controle de pragas agrícolas, devido a constituição de uma rica fonte de
substâncias bioativas e são constantemente utilizadas como fragrâncias e agentes
aromáticos para alimentos e bebidas (THORMAR, 2012).
Embora a literatura relate vários casos de controle de doenças pelo uso de
óleos essenciais e extratos aquosos de diversas plantas, são escassos os estudos de
métodos alternativos, sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi o de avaliar o
efeito antibacteriano dos óleos essenciais de Copaíba (Copaifera langsdorffii), e cravo-
da-índia (Syzygium aromaticum) sobre Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum,
bem como indicativo de seu potencial para o controle alternativo de doenças de
plantas.
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3. Materiais e Métodos
Os experimentos foram conduzidos nas dependências do Laboratório de
Fitopatologia (LabFit) da Universidade do Estado de Mato Grosso, Câmpus de Alta
Floresta.
Os óleos Copaíba e Cravo-da-índia foram obtidos em estabelecimentos
comercias no município de Alta Floresta/MT. Foram inseridos 2ml de cada óleo com
o auxílio de uma micropipeta em 200ml de agua destilada e posteriormente os
mesmos foram autoclavados à uma temperatura de 121°C durante 15 minutos. As
concentrações utilizadas foram de 0%, 1%, 5%, 10%, 15%, 20%, 25%, 30%, 35% e 40%,
distribuídas em três placas de pétri, caracterizando um esquema fatorial 10x2x3,
sendo 9 concentrações, 2 óleos essenciais e 3 repetições.
Para o teste, foram utilizadas colônias com 48 horas de cultivo. Após o período,
as colônias foram diluídas em 10ml de água destilada, e foram inseridos 200μL da
solução diluída igualmente em cada placa, já contendo o óleo e o meio de cultura
correspondente. Em seguida as placas foram levadas para a estufa de cultura
bacteriológica à uma temperatura de 30°C durante 48 horas.
Após um período de 48 horas, cada colônia foram diluída novamente em 10ml
de água destilada, retirando-se 1ml de cada placa e inserido em tubos de ensaio com
agua destilada.
Após a diluição, utilizou-se 3ml da solução para realizar a avaliação, utilizando
um espectrofotômetro ajustado em um comprimento de onda de 540nm.
Os resultados foram submetidos ao teste de Tukey a um nível de significância
de 1% com o intuito de comparar a eficiência dos óleos. Tais análises foram realizadas
pelo software estatístico o SISVAR.
4. Resultados e discussão
Com base nos dados da Tabela 1, observa-se que o óleo de cravo se mostrou
mais eficiente no controle de X. axonopodis pv. Malvacearum, tendo uma eficiência
de controle de 69,91% quando comparado com a testemunha, no entanto o óleo de
copaíba não se diferenciou da testemunha quando submetido ao teste de Scott Knott
a 1% de probabilidade. Tabela 1. Índice médio de crescimento bacteriano na presença dos tratamentos
TRATAMENTOS MÉDIAS
CRAVO-DA-INDIA 3,223 a
COPAIBA 9,609 b
TESTEMUNHA 10,713 b *Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade.
Os resultados obtidos na avaliação corroboram os dados apresentados em um
experimento realizado por Rozwalka et al. (2008), utilizando a 10% o extrato de cravo-
da-índia, os autores não constataram crescimento algum de C. gloeosporioides
isolados de frutos de goiaba.
Estudos realizados por Venturoso et al., (2011) também não observaram
crescimento algum de C. gloeosporioides utilizando uma concentração de extrato de
cravo-da-índia a 20%.
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Resultados distintos foram observados por Santana et al., (2010) onde
constataram uma inibição de apenas 15,1% do crescimento micelial de C.
gloeosporiodes, utilizando diferentes concentrações do extrato. Venturoso et. al (2011)
constataram a redução de 100% no crescimento micelial de F. solani utilizando o
extrato de cravo-da-índia a 20%.
Mendes (2011) observou halos médios de inibição de 39mm utilizando o óleo
essência de cravo-da-índia sobre Candida tropicalis. Kouidhi et al., (2010) utilizou o
método de difusão em disco, e relataram a potente atividade antifúngica e
antibacteriana do óleo de cravo contra 114 cepas de bactérias cariogênicas e 46 cepas
de leveduras, entre elas Candida guilliermondii, Candida albicans, Candida tropicalis
e Candida glabrata.
Rozwalka et al. (2008) avaliaram o crescimento de Colletorichum
gloeosporioides e Glomerella cingulata utilizando o óleo essencial de cravo-da-índia,
e observaram uma inibição completa do crescimento.
O eugenol é o principal constituindo do óleo essencial de cravo-da-índia,
exibindo ainda comprovadas atividades como antibacteriana, antimicrobiana
atimicótico, anti-inflamatório, anti-séptico, anestésico, antioxidante, alelopático e
repelente. (GOBBO-NETO & LOPES, 2008).
A maior ou menor sensibilidade dos micro-organismos aos óleos essenciais,
pode ser devido ao tipo e concentração majoritária e da atividade fungitóxica,
presente em cada um deles (GUIMARÃES et al., 2010)
TABELA 2. Efeito dos óleos essenciais incorporados em diversas concentrações em meio de cultura inoculado com Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum, e avaliado através das unidades formadoras de colônia (x108) com 72 horas de incubação dia de idade.
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem significativamente entre si pelo teste
de Tukey com 1% de probabilidade.
Foram observados na Tabela 2, resultados semelhantes apenas nas concentrações de
1% e 5%, para as demais concentrações o óleo essencial de cravo obteve melhores médias, diferenciando do extrato de copaíba a partir da concentração de 10%.
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FIGURA 1. Efeito da concentração de cravo-da-índia em porcentagem sobre a unidade formadora de colônia (U.F.C.) da fitobactéria Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
A análise de regressão dos resultados do óleo de cravo-da-índia para as
diferentes concentrações do óleo se ajustaram a linha de tendência polinomial,
aumentando sua porcentagem de inibição à medida que a concentração é elevada.
FIGURA 2. Efeito da concentração de Copaíba em porcentagem sobre a unidade formadora de colônia (U.F.C.) da fitobactéria Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum.
A eficiência dos controles avaliados está correlacionada significativamente
(R2= 0,9639 e 0,9644), respectivamente para os controles de cravo-da-índia e
copaíba. Tendo assim como uma alternativa viável, a utilização do extrato de cravo-
da-índia, a partir da concentração de 10%, substituindo o controle químico,
garantindo uma maior conservação do meio ambiente nos sistemas agrícolas. O óleo
de copaíba não apresentou eficiência alguma, não ultrapassando a porcentagem de
25% de inibição de X. axonopodis pv. Malvacearum.
No presente trabalho, o óleo essencial de copaíba não se mostrou eficiente no
controle de X. axonopodis pv. Malvacearum, porém, segundo Solino et al., (2012); o
y = 21,447ln(x) + 113
R² = 0,9639
Po
rcen
tage
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ibiç
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y = 55.368x + 0.4045R² = 0.9644
Po
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óleo de copaíba se apresenta eficaz no controle de várias espécies fúngicas, como
Aspergillus niger, Aspergillus flavus, Aspergillus terreus, Aspergillus tamarii, Candida
tropicallis, Candida parapsilosis, C. gloeosporioides e Bipolares sorokiniana. E ainda
inibe o crescimento de bactérias como Staphylococcus aureus, Pseudomonas
aeruginosa e Escherichia coli (MENDONÇA; ONOFRE, 2009).
O óleo de copaíba ainda apresenta um uso popular, principalmente como
cicatrizante local, anti-inflamatório e internamente, como diurético, antimicrobiano,
leishmanicida, antitumoral, larvicida e no tratamento da dor (LEANDRO et al., 2012).
Além de sua utilização medicinal, estudo realizado por Gomes et al. (2011),
testou-se a eficiência dos óleos essenciais de copaíba e cravo-da-índia na redução da
incidência de patógenos associados às sementes de feijão-fava, o mesmo constatou
que o óleo essencial de copaíba reduziu consideravelmente o percentual de
incidência de fungos. Ainda ocorreu efeito significativo (p<0,05) nas concentrações
dos óleos de cravo-da-índia e copaíba com redução e controle de Fusarium spp.
5. Conclusão
Para o óleo essencial de cravo-da-índia, o mesmo apresentou excelente
resultado para o controle de X. axonopodis pv. Malvacearum, se mostrando uma
alternativa no controle desta fitobactéria.
Para o óleo essencial de copaíba, não houve controle algum para X. axonopodis
pv. Malvacearum, não se mostrando uma boa alternativa para o controle.
6. Referências Bibliográficas
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Divergência genética entre etnovariedades de mandioca utilizando caracteres morfológicos
qualitativos
Larissa Lemes dos Santos1
Auana Vicente Tiago1 Eliane Cristina Moreno De Pedri1
Vinícius Delgado da Rocha2
Ana Aparecida Bandini Rossi1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 - 78580-000 - Alta Floresta - MT, Brasil
[email protected]; [email protected]; [email protected];[email protected]
2Universidade Federal de Viçosa - UFV
Avenida Peter Henry Rolfs, s/n - 36570-900 - Viçosa-MG [email protected]
Abstract. Cassava is one of the main sources of energy and has a wide genetic variability, presenting favorable characteristics for the study of genetic diversity. The objective of this study was to evaluate the genetic divergence of 20 cassava landraces cultivated in the municipality of Alta Floresta, MT using qualitative morphological characters. For the 20 landraces, six morphological characters were used, being: External color of the root; Color of the root cortex; Color of the root pulp; Root film highlight; Highlighting the root cortex and the root shape. The binary multicategore data were evaluated based on the Euclidean distance using the Tocher Optimization and UPGMA clustering methods, with the help of the GENES program. The results verified morphological differences in the roots of the 20 landraces for all evaluated characters. The dendrogram generated by the UPGMA grouping method at the 99.52% cutoff point allowed the separation of the cassava landraces into two distinct genetic groups. Group I represented 75% of the evaluated ones and group II composed of five landraces (25%). In the Tocher group there were eight genetic groups among the 20 landraces evaluated, with the first three groups allocating the largest number of individuals and the other groups composed of only one individuals (AP27, AF17, AF22, AF13, AF40 respectively). The collection of cassava landraces kept and cultivated by the farmers of the municipality of Alta Floresta, MT are divergent among them, they present genetic variability, mainly due to the interchange of maniots carried out between them. Palavras-chave: Agricultor familiar; Manihot esculenta Crantz; método de agrupamento; variabilidade genética.
1. Introdução A mandioca (Manihot esculenta Crantz), planta pertencente à família das
Euforbiáceas, é uma espécie originária do Sul da América (EMBRAPA, 2018). Conhecida popularmente como mandioca de mesa, macaxeira ou aipim, a mandiocaé encontrada em todo o território brasileiropelo fácil cultivo e adaptação a condições adversas de clima e solo (AGUIAR, 2003).
A cultura da mandioca é uma das maiores em volume de produção no mundo e constituí uma das principais fontes energéticas para milhares de pessoas, desempenhando papel importante também na alimentação animal e na indústria de processamento de farinha e fécula (ALBUQUERQUE et al.,2009). A mandioca é comumente comercializada na forma in natura, em supermercados, feiras livres e no comércio local, sendo caracterizada por apresentar boas qualidades culinárias (COUTO, 2013).
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A mandioca possui ampla variabilidade genética e por isso, apresenta características favoráveis para estudo da diversidade genética (FARALDO et al., 2000). Dentre as ferramentas utilizadas na caracterização de espécies vegetais estão os descritores morfológicos que são utilizados para estimar a proximidade e divergência genética entre as etnovariedades de mandioca, visando à diferenciação fenotípica e auxilio na escolha do genótipo com características desejáveis para o melhoramento da cultura (AFONSO, 2013). Diante disso, objetivou-se neste estudo, avaliar a divergência genética de 20 etnovariedades de mandioca cultivadas no município de Alta Floresta, MT por meio de caracteres morfológicos qualitativos. 2. Material e Métodos Neste estudo, foram avaliadas 20 etnovariedades de mandioca (AF01=Cacau roxa; AF02=Cacau arara; AF04=Cacau branca; AF06=Mandioca pão; AF07=Vassourinha; AF08=Branca comum; AF12=Cacau amarela; AF13=Mandioca amarela I; AF16=Mandioca de fritar; AF17=Amarela III; AF19=Mandioca da folha roxa; AF20=Mandioca 3 meses; AF22=Mandioca de fritar II; AF23=Mandioca amarela folha fina; AF25=Mandioca batatinha; AP27=Mandioca de São Paulo; AP30=Mandioca peixe; AP34=Boliviana; AF39=Antena e AF40=Paraguaia) cultivadas no município de Alta Floresta, MT. Na avaliação em campo, que ocorreu em Outubro de 2017, foi utilizado seis caracteres morfológicos descritos por Fukuda e Guevara (1998), sendo eles: Cor externa da raiz (CER); Cor do córtex da raiz (CCRAIZ); Cor da polpa da raiz (CPRAIZ); Destaque da película da raiz (DPRAIZ); Destaque do córtex da raiz (DCRAIZ) e a Forma da raiz (FR). Para análise da divergência genética entre as etnovariedades de mandioca por meio dos seis descritores, os dados qualitativos multicategóricos foram convertidos em binário quantitativo, baseado na distância Euclidiana, posteriormente aplicado os métodos de agrupamento de Otimização de Tocher (RAO, 1952) e o método hierárquico ou UPGMA, com ponto de corte de acordo com o proposto por Mojena (1977). As análises foram realizadas com auxilio do programa GENES v.2018.23 (CRUZ, 2013). 3. Resultados e Discussão
Constataram-se diferenças morfológicas nas raízes das vinte etnovariedades de mandioca para todos os caracteres avaliados (Tabela 1).
As etnovariedades, Mandioca antena (AF39) e Mandioca batatinha (AF25), apresentaram raízes com cor externa e cor do córtex branco ou creme e, portanto, podem ser indicadas para utilização em agroindústrias para produção de farinha e fécula, pois como destaca Vieira et al. (2008), raízes de mandioca com coloração externa branca e cor do córtex branco ou creme são ideais para a indústria e as com coloração externa marrom clara ou escura são preferidas para a produção de mandioca de mesa.
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Tabela 1. Caracterização morfológica das raízes de 20 etnovariedades de mandioca seguindo os descritores
propostos por Fukuda e Guevara (1998). ETNOS = Etnovariedade; CER =Cor externa da raiz; CCRAIZ = Cor do córtex
da raiz; CPRAIZ = Cor da polpa da raiz; DPRAIZ = Destaque da película da raiz; DCRAIZ = Destaque do córtex da raiz,
FR = Forma da raiz.
ETNOS CER CCRAIZ CPRAIZ DPRAIZ DCRAIZ FR
AF01 Marrom escuro Roxo Branca Fácil Fácil Cilíndrica AF02 Marrom escuro Roxo Branca Fácil Fácil Cilíndrica AF04 Marrom escuro Roxo Branca Fácil Fácil Cilíndrica AF06 Marrom claro Branco/creme Branca Fácil Fácil Cilíndrica AF07 Marrom escuro Rosado Branca Fácil Fácil Cilíndrica AF08 Marrom escuro Branco/creme Branca Fácil Fácil Cilíndrica AF12 Marrom escuro Roxo Creme Difícil Fácil Cilíndrica AF13 Marrom escuro Branco/creme Amarela Fácil Fácil Irregular AF16 Marrom escuro Amarelo Amarela Fácil Fácil Cilíndrica AF17 Marrom escuro Branco/creme Creme Fácil Difícil Cilíndrica AF19 Marrom escuro Roxo Amarela Fácil Fácil Cilíndrica AF20 Marrom escuro Rosado Branca Difícil Fácil Cilíndrica AF22 Marrom escuro Rosado Branca Fácil Fácil Cônica/cilíndrica AF23 Marrom escuro Branco/creme Creme Difícil Fácil Cilíndrica AF25 Branco ou creme Branco/creme Branca Difícil Fácil Cilíndrica AP27 Marrom escuro Amarelo Branca Difícil Difícil Cilíndrica AP30 Marrom escuro Branco/creme Branca Fácil Fácil Cônica/cilíndrica AP34 Marrom claro Branco/creme Branca Fácil Fácil Cilíndrica AF39 Branco ou creme Branco/creme Branca Fácil Fácil Cônica/cilíndrica AF40 Marrom claro Branco/creme Branca Fácil Difícil Irregular
O dendrograma gerado pelo método de agrupamento UPGMA e o ponto de corte (99,52%) estabelecido pelo procedimento de Mojena (1977) possibilitou a separação das etnovariedades de mandioca em dois grupos genéticos distintos (Figura 1). O grupo I é composto pelas etnovariedades AF06, AF34, AF40, AF30, AF39, AF07, AF22, AF20, AF16, AF19, AF02, AF04, AF01, AF08, AF13, representando 75% das 20 avaliadas. O grupo II é composto por cinco etnovariedades (25%). A presença de subgrupos em GI e GII indica que há variabilidade genética dentro dos mesmos.
Figura 1. Dendrograma de dissimilaridade genética entre 20 etnovariedades de
mandioca obtido pelo método UPGMA, com base em seis descritores morfológicos da
raiz.
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No agrupamento de Tocher foi possível verificar a formação de oito grupos
genéticos distintos entre as vinte etnovariedades de mandioca, sendo que os três
primeiros grupos alocaram o maior número de etnovariedades e os demais grupos
alocaram apenas uma (AP27, AF17, AF22, AF13 e AF40, respectivamente). De acordo
com Elias et al. (2007), no agrupamento de Tocher, o último grupo formado é o mais
divergente em relação aos demais, portanto, neste estudo, a etnovariedade AF40 foi a
mais divergente entre todas as avaliadas.
Tabela 2. Representação do agrupamento gerado pelo método de Otimização de Tocher com base na
distância Euclidiana, estimada a partir de seis caracteres morfológicos qualitativos, envolvendo 20 etnovariedades de
mandioca.
Grupos Etnovariedades
I AF01, AF02, AF04, AF07, AF08, AF19, AF16 II AF06, AP34, AF25, AF39, AP30 III AF12, AF23, AF20 IV AP27 V AF17 VI AF22 VII AF13 VIII AF40
Os dois métodos de agrupamento utilizados, apesar de não concordantes no número de grupos formados, enfatizaram a divergência genética existente entre as etnovariedades avaliadas com base nas características morfológicas das raízes, pois, conforme destaca Kvitschal (2008) a combinação de diferentes métodos em análises de divergência permite melhor orientação na condução das etnovariedades. 4. Conclusões
As vinte etnovariedades de mandioca, sob as condições edafoclimáticas do município de Alta Floresta, MT, apresentaram variabilidade genética quanto às características morfológicas de suas raízes.
As etnovariedades Mandioca antena e Mandioca batatinha são promissoras para agroindústria de processamento (farinha e fécula), considerando as características cor externa e cor do córtex da raiz.
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Florística e Correlação de dados físicos e vegetacionais de ilhas fluviais do Médio Rio Teles
Pires, na Região Amazônica.
Jesulino Alves Rocha Filho1,2
Jose Hypolito Piva2
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Fabiana Ferreira Cabral Gomes1,2 Marco Antônio Camillo de Carvalho3
Jean Correia de Oliveira 3
1Elo ambiental Consultoria e Projetos. Boa nova II – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
[email protected] / [email protected]
2Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
[email protected] / [email protected]
3Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. The objective was to evaluate Floristic and the correlation of physical data and vegetacion
in fluvial islands of Medium Rio Teles Pires, Amazonian area. Installed 7 portions samples (50 x 40
meters), which accomplished analysis phytosociology, florístic and with vegetation data, altimetry and
the physical and physiochemical attributes of the soils of the modules they were ordered through the
analysis of main (PCA) components. All were sampled 682 individuals in 7 portions, distributed in 41
families and 127 species, not including the category died. The number of individuals (N) went to the
equivalent 485 individuals.hectare-1 of average for individuals > 31,4 CAP. Already for the index of
wealth of species (S) it varied from 23 to 45 and an average of 37 species for portion. The species that
presented larger values of Importance (VI%) in decreasing order in the different accomplished
campaigns were: Brosimum lactescens, Dialium guianense, Bertholletia excelsa, Euterpe precatória, and
Category Died. The Analysis of Main Components demonstrated that the first axis of PCA (PCA1)
explains 44,35% of the total variance of the data and the second (PCA2), 23,36%, explaining 67,71% of
the variance of the data. In that way, this study contributes to the knowledge of areas with native forest
which aids in the conservation mechanisms, and to reduce the existent gaps about the knowledge of
the local flora and his/her relationship with you factor him/it abiotic, and to subsidize answers that can
soften the environmental problems mainly in recovery of degraded areas.
Palavras-chave: Área ciliar; Amazônia; fitossociologia; Espécies florestais.
1. Introdução A bacia do rio Teles Pires, tem o médio e baixo Teles Pires localizado no norte mato-grossense. O processo contínuo de geração de ilhas por sua vez permite o estudo da sucessão florística na ocupação da ilha. Ainda, devido à forte ocupação antrópica ocorrida nas ilhas e sua preservação coloca as ilhas como um interessante laboratório para os estudos de recuperação e sucessão florística.
Atualmente, a conservação da biodiversidade é um desafio crescente, em virtude do alto nível de ações antrópicas nos ecossistemas naturais. Nessa perspectiva, o estudo das formações vegetais fornece subsídios imprescindíveis para o manejo, mitigação e manutenção de diferentes comunidades vegetais, auxiliando na elaboração de
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estratégias para a conservação e manutenção da biodiversidade (CHAVES et al.,2013); JOLY et al., 2011), e ferramentas para conservação e recuperação de áreas ciliares similares. As ilhas do rio teles pires são ambientes bastante variados, na forma, litologia e processo, e exercem um forte controle na distribuição da tipologia da flora ripária.
Este estudo avaliou a estrutura e diversidade da vegetação arbórea em ilhas do médio rio Teles Pires: buscando avaliar Qual a composição florística e estrutura da vegetação arbórea? E se existe correlação entre os dados vegetacionais e os dados físicos?
2. Material e Métodos Posicionada no médio curso do rio Teles Pires, a área de estudo está situada entre o município de Paranaíta (MT), no limite territorial do estado de Mato Grosso. Nas ilhas (local de estudos) e margens do rio Teles Pires, ocorrem formações de Floresta Ombrófila Densa Aluvial. Ao todo foram instaladas sete parcelas amostrais de 50 x 40 metros em ilhas fluviais no médio Rio Teles Pires. Para a identificação e/ou confirmação do material botânico adota-se o sistema de classificação APG III e IV - Angiosperm Phylogeny Group (2012), e foi realizada com o auxílio de literaturas especializadas e por meio de comparação com as exsicatas disponíveis no Herbários e pelos sites de vários herbários virtuais. A revisão da nomenclatura taxonômica é realizada pelo site da Lista da Flora do Brasil (FORZZA et al., 2016). Através da análise fitossociológica foram determinadas as estimativas dos seguintes parâmetros: densidade, frequência e dominância relativas e absolutas, e valores compostos, como valor de importância e o valor de cobertura, de acordo com Mueller-Dombois & Ellenberg, (1974). Para as comunidades amostradas foi estimado o índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’), o índice de diversidade de Simpson (C), o índice de equabilidade de Pielou (J’), o índice de Jackknife e o coeficiente de similaridade de Sorensen. Para análise dos dados fitossociológicos para famílias, espécies e demais índices para a comunidade realizou-se cálculos utilizando-se a planilha eletrônica MS Excel e programa Mata Nativa 4.03 Cientec (2017). Coletou-se porções de solo sem a serapilheira em dois intervalos de profundidade: 0-20 cm (retirada a serrapilheira), 30-60 cm, no ponto central de cada parcela. As amostras foram enviadas a Laboratório Especializado de Análises de Solo o qual de acordo com protocolo de análise (EMBRAPA 1997), determinará as análises físico-químicas do solo).
Os dados de vegetação, altimetria e dos atributos físicos e físico-químicos dos solos dos módulos foram ordenados por meio da análise de componentes principais (PCA). Para tal, utilizou-se da PCA de Correlação (Spearman) devido às diferentes unidades das variáveis e também pela elevada diferença das variâncias entre as variáveis. Os dados foram padronizados (n-1, média 0 e desvio 1) para a equivalência das variâncias e as análises foram efetuadas. As variáveis originais altamente correlacionáveis foram suprimidas, uma vez que, devido às suas condições quase lineares, apresentam mesma contribuição para os componentes. As variáveis envolvidas foram: A: Componentes químicos do solo, B: Componentes físicos do solo, C: Altimetria: I. Cota (altimetria das parcelas em metros). D: Componentes vegetacionais.
3. Resultados e Discussão
Foram amostrados 682 indivíduos em sete parcelas, distribuídos em 41 famílias e 127 espécies, não incluindo a categoria morta. As famílias levantadas nesse estudo em
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geral são características de florestas tropicais (PEREIRA et al., 2011; COELHO et al., 2013).
O índice de Shannon (H') de 4,25 bits.ind-1. O valor de dominância de Simpson (C) de 0,98 é considerado alto (próximo de 1). O índice de equabilidade de Pielou (J’) geral foi de 0,88. O número de indivíduos (N) variou de 42 à 147 e uma média de e 97 de indivíduos por parcela (40 X 50 metros), equivalente 485 indivíduos.hectare-1 de média para indivíduos > 31,4 CAP. Já para o índice de riqueza de espécies (S) variou de 23 a 45 e uma média de 37 espécie por parcela.
As espécies que apresentaram maiores valores de Importância (VI%) em ordem decrescente foram: Brosimum lactescens (S.Moore) C.C.Berg, Dialium guianense (Aubl.) Sandwith, Bertholletia excelsa Bonpl., Euterpe precatoria Mart. e Categoria Morta, seguida de Toulicia subsquamulata Radlk., Hevea guianensis Aubl., Theobroma speciosum Willd. ex Spreng., Eschweilera carinata S.A.Mori, Vismia cayennensis (Jacq.) Pers., Licania lata J.F.Macbr., Rinorea falcata (Mart. ex Eichler) Kuntze, Protium amazonicum (Cuatrec.) Daly, Protium unifoliolatum Engl., Abarema jupunba (Willd.) Britton & Killip, Trichilia quadrijuga Kunth.
Estudos demostram que a taxa de mortalidade faz parte do processo da dinâmica da floresta e neste grupo são encontradas várias espécies e famílias botânicas. Carvalho & Felfili (2011), registraram mortalidade total de 15,3% e taxa de mortalidade média de 2,8% ano-1, sendo registrado 98 indivíduos mortos durante o período de 2000 a 2006, em floresta tropical estacional. A mortalidade do componente arbóreo é apontada em diversos estudos da vegetação, como sendo um processo natural da dinâmica da floresta através do recrutamento e mortalidade. Variações existentes nesse balanço entre as populações, modificam a abundância das espécies e permite a ocupação do espaço por outras espécies, podendo modificar a estrutura das comunidades florestais CORRÊA & SANTOS (2015). Um dos fatores para o alto números de indivíduos mortos é que as áreas de estudo sofrem alagamento, no período da cheia.
Os padrões de frequência, abundância e dominância definem processos básicos de equilíbrio da flora e manutenção da fauna com fornecimento de abrigo e alimentação conforme apresentam Oliveira & Amaral (2004). Dentro desse contexto, a área de estudo das ilhas fluviais, bem como as demais áreas de mata nativa do entorno, desempenham importante papel ecológico, uma vez que essas áreas são limitadas, e apresentam características únicas.
A Análise de Componentes Principais demonstrou que o primeiro eixo da PCA (PCA1) explica 44,35% da variância total dos dados e o segundo (PCA2), 23,36%, explica 67,71% da variância dos dados (Figura 01). A parcela MIL04P02 apresentou maior número de indivíduos por hectare e foi ordenada pelas principais variáveis de fertilidade de solo (CTC, K, M.O, Ca e Mg) apesar de estar ordenada inversamente a concentração de fósforo, elemento muito importante para a fertilidade, e a parcela também foi ordenada pelas variáveis Cota e pH.
As parcelas MIL02P02 e MIL02P02 foram ordenadas pelos maiores valores de saturação por alumínio. As parcelas MIL03P01 e MIL03P02 foram ordenadas próximas ao ponto de origem dos eixos da PCA1 e PCA2 evidenciando pouca correlação com as variáveis. A parcela MIL01P02 apresentou ordenamento promovido pelos maiores valores de areia (Figura 01). As características dos dados físicos tendem a ter efeitos diferentes sobre a estrutura e diversidade da vegetação das ilhas. Mudanças na disponibilidade de água e o teor nutricional do solo são fatores que podem determinar
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a riqueza de espécies florestais conforme destacam Balvanera et al. (2002), Guerra et al. (2013) e Rodrigues et al. (2013).
As florestas exibem diferentes níveis de estruturação da comunidade vegetal. Tal condição depende de uma série de fatores sejam esses bióticos, abiótico ou por ação humana. Prance (1990), afirma que florestas de característica amazônica apresenta notável variação na vegetação em virtude de diversos fatores como: clima, precipitação, topografia e diversidade nas formações geológicas. Tal diversidade ainda pode estar possivelmente relacionada ao desenvolvimento de um grande número de famílias lenhosas do componente arbóreo, e também dos componentes físicos que influenciam na diversidade de espécies.
A relação solo-topografia-vegetação em paisagens tão diversas é também importante no ponto de vista da biologia da conservação, no qual o conhecimento adquirido poderá ajudar na execução de planos de apoio para manutenção e mitigação da biodiversidade (ASSIS et al., 2011; GUERRA et al., 2013).
Figura 01. Biplot de correlação das variáveis físicas e da vegetação.
4. Conclusões O estudo verificou que a vegetação tem comportamento florístico e estrutural
com característica de floresta amazônica com tipologia de floresta ombrófila aluvial e se correlaciona com alguns dados físicos.
Dessa forma, este estudo contribui para o conhecimento de áreas com floresta nativa o qual é de suma importância a fim de fornecer banco de dados que venha auxiliar nos mecanismos de conservação, e também com a finalidade de diminuir as lacunas existentes sobre o conhecimento da flora local e sua relação com o fatores abióticos, e subsidiar respostas que possam amenizar as problemáticas ambientais para essa região principalmente em recuperação de áreas degradadas.
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Germinação de sementes armazenadas de Delonix regia (Raf.) após hidratação
Arielen Barreto de Carvalho1
Aline Bueno Ramalho1 Lúcia Filgueiras Braga1 Anderson Ortiz Alves2
1 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. Laboratório de Ecofisiologia e Propagação de Plantas.
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil. {Arielen} [email protected]
2 Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia – SECITEC/MT – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. In addition to the breakdown of dormancy, osmotic conditioning has been widely used to accelerate and standardize germination, favoring it under adverse conditions, and contributing to the maintenance of seed viability. Therefore, the objective of this work was to investigate methods to improve the germination and seed vigor of Flamboyant Delonix regia (Bojer ex Hook) Raf. Two treatments were applied to the seeds: hydration by immersion in distilled water under constant aeration for 24 hours and control (without hydration), evaluated daily for 10 days the percentage of germination, percentage of normal and abnormal seedlings, the rate of germination (IVG), the mean germination time (TMG), the length and dry mass of the seedlings formed. The osmotic conditioning with aeration for 24 hours of hydration did not have a significant influence on germination, but promoted benefits in seed vigor, reducing the mean time and the germination speed. Palavras-chave: Flamboyant; condicionamento; vigor de sementes.
1. Introdução O Flamboyant (Delonix regia (Bojer ex Hook) Raf.), originário da Ilha de Madagascar
na África, foi introduzido no Brasil, se adaptando muito bem as condições edafoclimáticas.
Apresenta floração atraente e vistosa com tonalidades que variam desde alarajando-claro
até vermelho-sanguíneo, o que proporciona uma ampla utilização na arborização urbana e
ornamentação (SILVA, 2009). As sementes possuem dormência ocasionada pela
impermeabilidade do tegumento à água e ao oxigênio (dormência física), característica que
proporciona ampla distribuição da germinação ao longo do tempo, o que beneficia a
sobrevivência no ambiente, contudo para produção de mudas, a dormência age dificultando
a germinação e a uniformidade do plantio (COSSA, 2009).
Durante o armazenamento das sementes pode ocorrer redução do vigor afetando a germinação. A deterioração é evidenciada por danos nas sementes, também podem ser observadas alterações fisiológicas, tais como: atraso na germinação, redução no crescimento e/ou vigor das plântulas, aumento do número de plântulas anormais, maior emergência desuniforme, modificações na coloração das sementes, completa perda da capacidade germinativa e a morte das sementes (WILSON & MCDONALD, 1986; BASAVARAJAPPA et al., 1991).
A hidratação das sementes pode ser utilizada como método de pré-condicionamento
objetivando melhorar o desempenho. Essa técnica consiste em pré-embeber as sementes
em água ou em uma solução osmótica por período de tempo e temperatura definidos. Assim,
as sementes absorvem água até um nível que permite a ativação de eventos metabólicos
essenciais à germinação. Tratamentos de hidratação e desidratação, conhecidos como
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condicionamento osmótico (“priming”) das sementes propensas à termodormência podem
evitar problemas com a germinação (NASCIMENTO, 2003).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da pré hidratação sobre a germinação
de sementes de flamboyant armazenadas por 14 anos.
2. Material e Métodos
As sementes de Flamboyant (Delonix regia (Bojer ex Hook) Raf). foram coletadas no
ano de 2004, no canteiro central e pátio da prefeitura de Alta Floresta – MT, acondicionadas
em vidro lacrado na geladeira (± 5oC). O trabalho foi conduzido no Laboratório de
Ecofisiologia e Propagação de Plantas da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT),
em Alta Floresta – MT.
Foram adotados dois tratamentos nas sementes: hidratação por imersão em água
destilada sob aeração constante por 24 horas e o controle (sem hidratação), seguido de
assepsia em solução de hipoclorito de sódio comercial diluído em água na proporção de 1:1
(v:v) durante 5 minutos e lavadas em água deionizada. Em seguida foram tratadas com o
fungicida Captan® (Orthocide 500) na forma de pó molhável a 0,5% do peso das sementes.
As quatro subamostras com 25 sementes de cada tratamento foram colocadas em
caixas plásticas transparentes com dimensões de 11x11x3 cm sobre papel mata-borrão
autoclavado e umedecido com 12 mL de água deionizada, sendo mantidas no interior de
câmaras BOD reguladas para temperaturas de 30ºC e fotoperíodo de 12 horas.
Foram avaliados diariamente durante 10 dias a porcentagem de germinação,
porcentagem de plântulas normais e anormais, o índice de velocidade de germinação (IVG),
o tempo médio de germinação (TMG), o comprimento e a massa seca das plântulas
formadas.
Porcentagem de germinação: considerada germinada a semente com protrusão da
raiz com ≥ 2mm (REHMAN et al., 1996).
Porcentagem de plântulas normais e anormais: foram consideradas normais as
plântulas com todas as estruturas (raiz, hipocótilo e folhas) emitidas e anormais aquelas que
apresentaram algum tipo de má formação nas estruturas aérea ou radicular.
Índice de velocidade de germinação: Calculado em conjunto com a avaliação da
germinação, utilizando a fórmula (1) sugerida por Maguire (1962):
𝐼𝑉𝐺 = 𝛴 (𝐺𝑖
𝑛𝑖) (1)
Onde: Gi = número de sementes germinadas e ni = dia da contagem.
Tempo médio de germinação: Calculado em conjunto com a avaliação da
germinação, utilizando equação (2) proposta por Labouriau & Valadares (1976):
𝑇𝑀𝐺 =𝛴(𝑁𝑖.𝑇𝑖)
𝛴𝑁𝑖 (2)
Onde: Ni= número de sementes germinadas no i-ésimo dia; Ti – tempo (dias).
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Comprimento de plântulas: Obtidos com auxílio de régua graduada em mm,
medindo-se a distância entre o meristema apical caulinar até o ápice da raiz principal, e
calculados dividindo-se o total das medidas pelo número de plântulas normais avaliadas por
repetição, obtendo-se valores médios.
Massa seca de plântulas: Definida como a massa média, correspondente à massa de
10 plântulas por repetição, utilizando para secagem estufa com circulação de ar, regulada
para 65 ± 3 ºC até atingir peso constante, com pesagem em balança de precisão 0,001 g, de
acordo com metodologia de Nakagawa (1999). Os resultados médios obtidos foram
expressos em miligrama por plântula.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade.
3. Resultados e Discussão Os resultados demonstram que as sementes de Flamboyant armazenadas por 14
anos apresentaram elevada porcentagem de germinação e plântulas normais (87 e 85%, respectivamente) com e sem hidratação por 24 horas (Figura 1(a)), não havendo diferença significativa entre os tratamentos.
A velocidade de germinação e o tempo médio de germinação (Figura 1(b)) revelam que a hidratação teve efeito significativo, antecipando o processo de germinação em comparação às sementes não hidratadas, o que se deve ao avanço nas etapas de embebição durante a hidratação, assim como descrito por Balbinot & Lopez (2006), em que o sistema de embebição com suprimento de aeração, mostrou-se promissor para o condicionamento fisiológico das sementes, proporcionando aumento da porcentagem de germinação das sementes de cenoura.
Powell (1998), relata que o condicionamento por meio da hidratação controlada das sementes, sob aeração, durante 36 horas a 20°C pode atenuar o envelhecimento de sementes de couve-flor. A germinação de sementes de alto vigor não tratadas e condicionadas permaneceu alta durante todo o período de armazenamento, houve aumentos na taxa de germinação (diminuição do tempo médio de germinação).
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Figura 1. Porcentagem de germinação e de plântulas normais (a), Índice de Velocidade
de Germinação e Tempo Médio de Germinação (b), Comprimento e massa seca de
plântulas (c) de Flamboyant a partir de sementes armazenadas por 14 anos.
Médias seguidas de letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste Tukey à 5% de
probabilidade.
As diferentes técnicas de hidratação das sementes podem influenciar a resposta ao condicionamento. Em algumas espécies, como feijão, a imersão completa das sementes por 8 horas, reduziu 55 pontos percentuais na germinação e diminuiu o vigor, causando prejuízos irreversíveis às sementes (CUSTÓDIO et al., 2002).
Os valores de comprimento e massa seca de plântulas (Figura 1(c)) demonstram que não houve diferença significativa entre os tratamentos, porém com tendência de aumento nos valores de comprimento após a hidratação, o que está relacionado a maior expansão celular promovida pela pré-hidratação, conforme descreveu OLIVEIRA (2018). Para o autor, a primeira fase do crescimento consiste principalmente da expansão celular (aumento em volume), podendo-se, portanto, antecipar que estas reações envolvem o aumento na plasticidade da parede celular. Num segundo estádio do crescimento ocorre a expansão celular junto a retomada do processo de divisão celular,
(a) (b)
(c)
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marcando o aumento em massa seca do eixo embrionário. Deste modo, o período de pré-embebição das sementes de flamboyant permitiu aumento no volume celular, expresso pelo maior comprimento das plântulas, mas não parece contribuir com a divisão celular que levaria ao aumento de massa e do crescimento.
4. Conclusões
De acordo com as condições em que foi realizado o trabalho, conclui-se que:
A pré-hidratação por 24 horas, de sementes de flamboyant armazenadas por 14 anos, não deve ser utilizada, por não contribuir com o aumento da porcentagem de germinação, comprimento e massa seca de plântulas, apesar de reduzir o tempo médio e aumentar a velocidade de germinação.
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Anatomia foliar comparativa de Ferdinandusa ellipitica Pohl. ocorrente na transição
Amazônia-Cerrado
Jaqueline Amorim de Oliveira1 Maísa Barbosa Lauton1
Leandro Fagner da Silva1
Norberto Gomes Ribeiro Júnior 1
Ivone Vieira da Silva1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208–78580-000–Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. Rubiaceae is one of the largest angiosperm families in the world, belonging to this group Ferdinandusa elliptica Pohl, occurs in a closed-Amazon transition zone. In this study, we characterize and compare the leaf anatomy of the species in different individuals in southern Amazonia. Leaf samples were collected from individuals in a portion of Cerrado-Amazônia PELD studies in the municipality of Nova Xavantina-MT and anatomical procedures were performed. We detected the presence of variations between individuals of the same area, as for stomatal density, with 100 cm-2 stomata close to 200 cm-2 stomata. There is a variable time interval between domains of the same area showing the type of plasticity for adaptations that may be related to the variations of the microclimate in the area.
Palavras-chave: Vegetação neotropical, botânica, Rubiaceae.
1. Introdução A Floresta Amazônica abriga a maior diversidade botânica do mundo, porém ainda existem poucas informações sobre as espécies e suas relações filogenéticas (Ribeiro et al., 1999). Rubiaceae é uma das quatro maiores famílias de Angiospermas no mundo, com aproximadamente 611 gêneros e 13.150 espécies (Stevens, 2016). A família é conhecida por sua importância medicinal, ornamental e econômica, além de possuir espécies com potencial tóxico (Souza et al., 2015). Um dos gêneros pertencente da família é Ferdinandusa Pohl. que possui cerca de 19 espécies aceitas no Brasil com ocorrência nas regiões norte, nordeste, centro-oeste e sudeste, não sendo endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2018).
A espécie Ferdinandusa elliptica Pohl. ocorre em diferentes fitofisionomias da Amazônia e Cerrado sul-americanos, onde verifica-se uma condição ambiental diferenciada. Estudos sobre anatomia ecológica são importantes para entender os processos de colonização e sobrevivência das espécies, destacando as adaptações relacionadas às pressões ambientais, que são mais expressivas na morfologia e anatomia foliar (Fahn & Cutler, 1992; Dickison, 2000). A folha é um dos órgãos indicadores das condições ambientais, de acordo com Castro et al. (2009) podem ocorrer modificações na densidade estomática, índice estomático, tamanho dos estômatos, além de apresentar diferenças na espessura da epiderme, cutícula, parênquima paliçádico e esponjoso e alterações nos tecidos vasculares.
Nesse sentido, o nosso objetivo neste trabalho foi caracterizar e avaliar a plasticidade anatômica foliar em indivíduos de uma mesma espécie, Ferdinandusa ellipitica, na transição Amazônia-Cerrado.
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2. Material e Métodos Amostras foliares coletadas em um sítio de vegetação natural classificado como
Cerrado Típico, localizado sob as coordenadas 13°8’40,90" Sul e 52°15'6,70" Oeste), no município de Nova Xavantina, leste do Mato Grosso, foram encaminhadas herborizadas para o Laboratório de Biologia Vegetal da Universidade do Estado de Mato Grosso, Alta Floresta. As espécies arbóreas desta e de outras comunidades que integram sítios de estudos do PELD (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração) Cerrado-Amazônica são acompanhadas bienalmente para avaliar-se a dinâmica dessas comunidades, para tanto, identifica-se todos os indivíduos dessas comunidades com DAP (Diâmetro a Altura do Peito) ≥ 10 cm.
Para os estudos anatômicos selecionamos três folhas de três indivíduos de Ferdinandusa ellipitica, realizamos o processo de reversão de herborização (Smith & Smith, 1942) e preparamos lâminas histológicas semipermanentes a partir de cortes transversais da região mediana do limbo foliar a mão livre, com auxílio de lâminas de aço, os quais pigmentamos com dupla coloração de azul de Astra e fucsina básica (Roeser, 1962). Realizamos ainda a dissociação epidérmica das amostras através do método de Jeffrey (Johansen, 1940), as epidermes resultantes foram lavadas em água corrente e pigmentadas com fucsina. Analisamos e registramos as secções produzidas pelos dois métodos com microscópio fotônico trilocular (Leica ICC50) acoplado a um computador e analisadas no software LAZ EZ V1.7.0.
Após tais procedimentos realizaram-se comparações das características anatômicas entre os indivíduos com o auxílio do software Anati Quant 2® UFV (Aguiar et al., 2007). Foram tomadas 2 medidas de secções/lâminas (contagem e medição)
diferentes por indivíduo para cada variável analisada.
3. Resultados e Discussão As folhas da espécie são hipoestomáticas, onde os estômatos são do tipo
paracítico (Figuras 1D, 1E e 1F). As células epidérmicas apresentam parede com contorno reto tanto na face adaxial (Figuras 1A, 1B, 1C) quanto na abaxial (Figuras. 1D, 1E e F). Há uma considerável variação entre os indivíduos da mesma área. Enquanto um tem densidade estomática próxima de 100 estômatos cm-2 outro indivíduo passa de 200 estômatos cm-2 (Tabela 1). Quanto ao tamanho dos estômatos não identificamos diferença aparente entre os indivíduos.
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Figura 1. Vista frontal da face adaxial e abaxial de indivíduos de Ferdinandusa elliptica. A, D- Indivíduo 1; B e E- Indivíduo 2; C e F- Indivíduo 3; A, B e C- Parede epidérmica com contorno reto. D, E e F- Estômatos paracíticos. Barras =50 µm
Figura 2. Aspectos anatômicos da lâmina foliar de três indivíduos de Ferdinandusa elliptica em secções transversais.
Indivíduo. 1 A- Nervura central com presença de feixes acessórios, em evidência na esquerda o colênquima angular
e D- Mesofilo com 3 camadas de parênquima paliçádico. Indivíduo.2 FB- Nervura central com presença de feixes
acessórios, em evidência na esquerda o colênquima angular e E- Mesofilo com 5 camadas de parênquima paliçádico.
Indivíduo. 3 C- Nervura central com presença de feixes acessórios, em evidência na esquerda o colênquima angular
e F- Mesofilo com 4 camadas de parênquima paliçádico. CA: Colênquima angular; Xi: Xilema; Flo: Floema; Fib: Fibras;
Fx ac: Feixe acessório; PL: Parênquima lacunoso; PP: Parênquima Paliçádico. Barras: 50 μm.
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Tabela 1. Mensurações na epiderme de indivíduos de Ferdinandusa elliptica em Cerrado Típico.
Espécie Indivíduo Densidade
Estomática(mm2)
F. elliptica 1 112,55
F. ellíptica 1 107,96
F. elliptica 2 211,33
F. elliptica 2 220,52
F. elliptica 3 140,12
F. elliptica 3 149,31
A nervura central dos três indivíduos não apresenta tricomas. Logo abaixo das células epidérmicas na nervura central, há presença de colênquima angular (Figuras 2A, 2B e 2C) e ocorrência de parênquima de preenchimento. O feixe vascular principal é do tipo colateral, sendo circundados por fibras. Feixes vasculares colaterais são comuns para a família Rubiaceae (Metacalfe & Chalk, 1979). Os três indivíduos apresentam feixes acessórios, no qual se forma uma calota de fibras voltadas para o xilema (Figuras 2A, 2B e 2C). No indivíduo 2 os feixes acessórios são menores quando comparados aos indivíduos 1 e 3. O mesofilo é dorsiventral, apresentando de 3 a 5 camadas de parênquima paliçádico e de 12 a 15 parênquima lacunoso, variando o número nos três indivíduos (Figuras 2D, 2E e 2F). Anatomicamente, as folhas de Rubiaceae são caracterizadas pela presença de epiderme adaxial com papilas, estômatos do tipo paracíticos e mesofilo frequentemente dorsiventral (Metacalfe & Chalk, 1979).
Os indivíduos coletados de F. elliptica estão em uma área de Cerrado Típico e ocorrem a pleno sol. Martins et al. (2009), em um estudo com a espécie Ocimum gratissimum L. (Lamiaceae), verificaram que em plantas crescidas a pleno sol, tanto o parênquima paliçádico quanto o lacunoso apresentaram maior espessura que os parênquimas das plantas cultivadas sob malhas coloridas, resultando em maior espessura do limbo foliar, densidade relevante de parênquima lacunoso também observada por nós no presente estudo. Segundo Pereira (2003), normalmente, as plantas de sol e de ambientes xéricos possuem células epidérmicas, com contorno reto na face adaxial, já em plantas de ocorrência na sombra as células possuem contorno sinuoso, em ambas as faces. Com relação aos caracteres anatômicos, folhas com ocorrência em ambientes de sol, possuem a cutícula e as paredes celulares, que se espessam e ficam rígidas mais rapidamente, diferentemente de folhas de ambiente com sombra, onde as paredes celulares permanecem delicadas e plásticas por mais tempo, favorecendo o desenvolvimento de ondulações. 4. Conclusões
Constamos que para indivíduos de F. elliptica ocorrendo em um mesmo local, há uma considerável variação anatômica entre os indivíduos, sobretudo na quantidade de camadas de parênquima paliçádico e lacunoso, evidenciando que a espécie apresenta plasticidade para adaptações que podem estar relacionadas com variações de microclima na área.
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CONTROLE QUÍMICO DE Pratylenchus brachiurus NA CULTURA DA SOJA
Jean Correia de Oliveira 1
Hudson de Oliveira Rabelo1
Marco Antônio Camillo de Carvalho 1 Raquel Pereira Piva1
Samiele Camargo de Oliveira 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. The parasitic nematode of Pratylenchus brachyurus plants is recognized worldwide as one of the biggest problems in crops of great economic importance such as soybeans. In the management of nematodes some chemical nematicides are used in the treatment of seeds, furrow or V1 stage. The present study had as objective to evaluate the efficiency of two chemical products in the control of nematodes of the Pratylenchus brachyurus species in soybean cultivation. A completely randomized block design (DIC) in a 2x3 + 1 factorial arrangement was used, comprising two commercial nematicides for the cultivation of Avicta® 500 FS (abamectin) and Cropstar® (imidacloprid + thiodicarb) soybean, 3 ways of applying them seed mix, in the groove or vegetative stage V1, with an additional control without any nematicide applied. The number of nematodes in the soil, number of root nematodes and area dry mass were evaluated. Significant differences were found between the two nematicides, where treatment with the product Abamectin showed good results in the control of the root and soil nematode populations. However, the nematodes in the root were better controlled by the nematicide Crosptar. No significant effect was observed between the application systems and chemical treatments, since the products abamectin and imidacloprid + thiodicarb applied in treatment of seed, furrow and V1 stage did not differ from the control. Among the products used, Cropstar promotes better nematode control of root lesions, as well as a greater development of soybean. Palavras-chave: Nematoide; controle; nematicidas.
1. Introdução A soja (Glycine max L. Merr.) é a cultura mais importante do agronegócio
brasileiro, sendo cultivada na maioria dos estados brasileiros. Atualmente o Brasil é o segundo maior produtor mundial com um total de 35,1 milhões de hectares plantados, e uma produção de 118.962,0 milhões de toneladas. O estado de Mato Grosso destaca-se como o maior produtor brasileiro com uma área plantada de 9,46 milhões hectares e produção de 31,79 milhões toneladas (CONAB, 2018).
Porém, mesmo com níveis crescentes de produtividade existem vários fatores que limitam a elevação da produção, como problemas fitossanitários, destacando-se os fitonematoides responsáveis por grandes perdas de produção Almeida et al. (1997) Com elevada importância o nematoide das lesões radiculares Pratulenchus brachyurus (SILVA, 2001).
Essa espécie de nematoide é parasita obrigatório, vive no solo e penetra a raiz da planta hospedeira. Devido a capacidade de mobilidade no solo e nas raízes das plantas, conseguem invadir as raízes a partir da fase juvenil de segundo estádio (J2) e alimenta-se do citoplasma das células do córtex radicular, movimentando-se
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ativamente arruinando células e liberando enzimas e toxinas (KIMATI ,1997, AGRIOS, 2005).
Em várias regiões do Brasil já houve relatos de perdas elevadas causadas por essa espécie, em especial a região Centro Oeste Alves et al. (2011). Alguns produtores afirmaram que tiveram reduções entre 30 a 50% na produção de soja de lavouras comercias com alta infestação de P. brachyurus (GOULARTI, 2008)
Uma das formas para o manejo do nematoide é a utilização de nematicidas que atuam de forma sistêmica, pertencentes aos grupos químicos carbamatos e organofosforados que são amplamente utilizados no tratamento de sementes e são disponíveis no mercado, auxiliando no controle de nematoides juntamente com outras formas de manejo (RIBEIRO et al., 2011). No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento há registrado dois nematicida indicados para o manejo de P. brachyurus Avicta 500 FS® e Cropstar® esses produtos podem ser utilizados no tratamento de sementes e aplicado via sulco, podendo apresentar efeito supressor sobre a população de nematoide e em muitos casos diminuindo as perdas de produção (GRIGOLLI & ASMUS, 2014). O presente estudo teve como objetivo avaliar a eficiência de dois produtos químicos no controle de nematoides da espécie Pratylenchus brachyurus em cultivo de soja.
2. Material e Métodos O experimento foi conduzido no Campus I da Universidade do Estado do Mato
Grosso (UNEMAT), no município de Alta Floresta, em casa de vegetação. Foi utilizado o delineamento de blocos inteiramente casualizados (DIC) em arranjo fatorial 2x3+1, compreendendo dois nematicidas comerciais para a cultura da soja, 3 modos de aplicação dos mesmos na mistura de sementes, no sulco e no estádio vegetativo V1, com uma testemunha adicional sem nenhum nematicida aplicado.
O produto Avicta (abamectina) foi aplicado de acordo com a recomendação comercial de 60 mL para 50 kg de sementes ou na dose equivalente a 60 mL ha-1, com a utilização do produto comercial Avicta 500 FS. A dosagem de Cropstar (imidacloprido + tiodicarbe) também seguiu recomendações do fabricante de uma proporção de 300 mL para 50 kg de sementes ou na dose equivalente a 300 mL ha-1, com a utilização do produto comercial Cropstar. Visando à distribuição mais homogênea dos nematicidas, estes foram diluídos em solução a 1% de concentração e aplicados com o auxílio de micropipeta para aplicações via semente e via sulco, e de pulverizador costal para aplicação em V1.
Visando ao fornecimento de nitrogênio, todas as sementes foram inoculadas com Bradyrhizobium japonicum na dosagem de 100 ml para cada 50 kg de sementes.
Cada parcela foi inoculada com 1000 ovos e juvenis de segundo estágio de P. brachyurus em 10 ml de suspensão que foi distribuída em 4 pontos equidistantes com auxílio de micropipeta. Logo após, os orifícios foram tapados para evitar a dessecação dos nematoides (NUNES et al. 2010). Em seguida foi feita a semeadura das sementes com os tratamentos.
As parcelas foram constituídas de recipientes plásticos de 8L de capacidade preenchidos com uma mistura 3:1 de terra de barranco e areia, respectivamente, esta previamente autoclavada por 90 minutos, a 120 ºC e pressão de 1 atm. Em cada
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recipiente, foram semeadas 4 sementes da cultivar suscetível Brasmax Desafio®, sendo que, após a emergência das plântulas, foi realizado o desbaste resultando em uma planta por recipiente, caracterizando-se como a unidade amostral.
Decorridos 60 dias da inoculação, procedeu-se a extração dos nematoides do solo e da raiz. A extração dos nematoides das raízes foi realizada em alíquotas de 10 g de cada amostra pela técnica de Coolen & D'herd, (1972), efetuada imediatamente após as coletas. Os nematoides do solo foram extraídos de alíquota de 100 cm3 pela técnica de Jenkins (1964). Em seguida, contabilizou-se o número de ovos, juvenis e adultos de P. brachyurus por amostra com auxílio da câmara de Peter, no microscópio óptico. Concomitantemente, foi estimada a massa seca de parte aérea (MSPA) de cada planta.
Os dados obtidos para nematicidas e modos de aplicação foram comparados entre si e em contraste com a testemunha pelo teste F, sendo as médias avaliadas pelo teste de Tukey. Todas as análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa GENES em integração com o programa R (CRUZ, 2016).
3. Resultados e Discussão A análise de variância mostrou diferenças significativas entre os dois nematicidadas avaliados de acordo com o teste F. No que se refere a população de P. brachyurus no solo e na raiz os tratamentos com o produto Avcta (Abamectina) se destacou com melhores resultados para o controle do nematoide (Tabela 1), resultados eficientes foram obtidos por Bortoloni et al. (2013) tendo a abamectina desempenho satisfatório na redução da população de P. brachyurus. Em contrapartida a aplicação do tratamento com o produto Cropstar mostrou aumento no ganho de crescimento na parte aérea (MSPA). Tabela 1: Resumo da Análise de variância e valores médios para as variáveis Nematoides no solo, Nematoides na raiz e Massa seca da parte aérea de soja submetidas a dois tratamentos químicos.
Nematoides no solo1 Nematoides na raiz1 MSPA
Produtos
Avicta 10.5003 13.7002 A 18.4689 B
Cropstar 9.0413 5.9998 B 21.2317 A
Contrastes
Tratamentos 9.7708 B 9.8500 19.8502
Testemunha 20.0906 A 8.9630 22.4666
Valor de F
Produtos 0.9071 ns 9.9055** 7.4839**
Aplicação 0835 ns 0.9846 ns 0.5985 ns
Produtos*Aplicação 0.3279 ns 0.1220 ns 1.3239 ns
Contrastes 25.9321** 0.0751 ns 3.8353 ns
CV(%) 12.58 20.57 11.06
1 Dados transformados [(√(𝑥 + 1)]; **Valores significativos a 1% de
probabilidade pelo teste F, ns não significativo pelo teste F; médias seguidas
pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
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Ainda na (Tabela 1) para as três variáveis não foi observado efeito significativo entre os fatores sistemas de aplicação e tratamentos químicos, uma vez que os produtos abamectina e imidacloprido+thiodicarbe aplicados em tratamento de semente, sulco e no estágio V1 não se diferenciaram da testemunha. Resultados semelhantes foram observados por Santana et al. (2015), onde os produtos à base de abamectina e imidacloprido+thiodicarbe aplicados em tratamento de sementes, no solo (pré-emergência) e nas folhas não foram efetivos para redução dos índices de galhas e massas de ovos nas raízes de soja. Para o número de nematoides no solo, houve efeito significativo para o contraste entre os tratamentos avaliados com a testemunha. Estes resultados indicam que ambos são eficientes no controle de nematoides no solo. Avaliando o efeito desses nematicidas no controle de ovos e J2 de Meloidogyne javanica na raiz de soja e no solo Santana et al. (2010) encontraram valores menores em suas amostras quando comparadas com a testemunha tendo uma redução média de 66,21%. Contudo, os nematoides na raiz são melhor controlados por Cropstar, corroborando com as pesquisas de Kubo et al. (2009), Bortolini et al. (2013) que observaram resultados eficientes no controle de Rotylenchulus reniformis e P. brachyurus utilizando imidacloprido + tiodicarbe. Além disso, neste estudo o mesmo produto promoveu um maior desenvolvimento da parte aérea, observado em MSPA, o que não ocorreu em um estudo realizado por que não houve aumento de parte área em experimento utilizando esses produtos. Diante de tais resultados, é possível afirmar que Cropstar promove controle efetivo de nematoides tanto em solo quanto nas raízes, além de maior desenvolvimento de parte aérea, embora este último possa ter sido devido ao controle dos nematoides no sistema radicular. 4. Conclusões Os modos de aplicação dos nematicidas não influenciaram na população de nematoides presente no solo e na raiz. Dentre os produtos utilizados, Cropstar promove o melhor controle de nematoides das lesões radiculares, bem como maior desenvolvimento da soja. 5. Referências Bibliográficas Agrios, G.N. Plant Pathology. 5. ed. San Diego: Academia Press, 922 p. 2005. Almeida, A.M.R.; Ferreira, L.P.; Yorinori, J.T.; Silva, J.F.V.; Henning, A.A. Doenças Da Soja (Glycine Max L.). In: Kimati, H.; Amorim, L.; Bergamin Filho, A.; Camargo, L.E.A.; Rezende, L. (Eds.) Manual de Fitopatologia. Vol. 2. Doenças das Plantas Cultivadas. São Paulo: Ceres. Pp. 376-399. 1997. Alves, T.C.U.; da Silva, R.A; Borges, D.C.; Motta, L. C. C.; Kobayasti, L. Reação de cultivares de soja ao nematoide das lesões radiculares Pratylenchus brachyurus. Biodiversidade, v. 10, n. 1, 2011. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO- CONAB. Acompanhamento de safra brasileiro – grãos: Nono levantamento, Junho 2018 – safra 2017/2018.: Brasília: Companhia Nacional de Abastecimento. 2018. Disponível em:< http://www.conab.gov.br>. Acesso em: 30 Jun. 2018.
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Isolamento e identificação de agente patogênico de etiologia fúngica em plantas de
orquídea
Samiele Camargo de Oliveira Domingues 1
Dilânia Lopes de Matos 1
Kamila Rocha 1 Larissa Antonia Colpo1
Isane Vera Karsburg 1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. The trade in ornamental plants is a promising area for agribusiness. Among the plants
commercialized with high commercial value are the orchids. One of the main limitations for the
production of these plants is the incidence of diseases, mainly caused by fungi. In this context, the
objective of the study was to isolate and identify fungi of orchids with symptoms of fungal
etiology. The result of the analysis indicated the presence of the phytopathogenic fungus Bipolaris
sp., Isolated from the orchid genus Vanilla sp.
Palavras-chave: Doença; Fungo; Orchidaceae; Bipolaris sp.; Vanilla sp.,
1. Introdução
A família Orquidaceae é de uma riqueza singular para o mundo da
botânica com aproximadamente 800 gêneros, 35.000 espécies, 120.000 híbridos,
pertence a uma das três maiores famílias de plantas com flores (ENGLERT, 2000;
SOUZA; LORENZI, 2005).
O Brasil dispõe de grande diversidade dessas espécies, principalmente das
epífitas, apresentando uma grande variedade de formas e cores. No entanto,
características podem ser comprometidas pela incidência de doenças, trazendo
prejuízo aos produtores (SOUSA, 2010).
As principais doenças encontradas em orquídeas são causadas por
fungos, bactérias, oomicetos e vírus. Apesar da importância ambiental e
econômica das orquídeas, poucos são os estudos científicos visando à
identificação e o controle de microrganismos causadores de doenças nessas
plantas. (SANTOS, 2012).
Apesar de serem consideradas, relativamente rústicas com relação ao cultivo e manejo, as orquídeas são suscetíveis a um número considerável de doenças (KLEIN, 2008), fatores limitantes para a produção de orquídeas no mundo. Há um elevado número de doenças registrado em orquídeas, sendo as de etiologia fúngicas as principais (SOUSA, 2010).
Na fitopatologia, ao encontrar-se uma planta infectada, cujos sintomas são desconhecidos ou não característicos, o primeiro passo é proceder com o isolamento do organismo causador da enfermidade, tanto para fins de identificação como para determinação das características de desenvolvimento ou para estudos adicionais (CAROLLO, 2016).
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A diagnose correta de doenças pode auxiliar produtores e profissionais da área agrícola a evitar o erro de diagnose e, a consequente recomendação inadequada de medidas de controle (TAVANTI et al., 2016).
O presente trabalho teve por objetivo isolar e identificar agente patogênico a partir de orquídeas com quadro sintomatológico de doença de etiologia fúngica.
2. Material e Métodos O isolamento e identificação de fitopatógeno de etiologia fúngica em orquídeas
foi realizado a parti de amostras obtidas no orquidário Alta-florestense, pertencente ao Laboratório de Citogenética e Cultura de Tecido Vegetais da UNEMAT, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus II, localizado na Av. Perimetral Deputado Rogério Silva - Norte 2, município de Alta Floresta.
A coleta foi realizada em julho de 2017, sendo as amostras obtidas de orquídeas com quadro sintomatológico de doença fúngica, o material doente foi identificado e armazenado individualmente em sacos de papel e encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia da UNEMAT, Campus I.
Para a caracterização do patógeno, o material doente foi examinado e analisado, através do preparo de lâminas com amostra retirada a partir do tecido lesionado e analisado em microscópio de luz e, posteriormente, procedeu-se ao plaqueamento, para obtenção de colônia pura.
O plaqueamento consistiu na retirada de fragmentos da região limítrofe a área lesionada e a área sadia da folha. Após a retirada dos fragmentos foi realizado uma desinfestação superficial, para a eliminação ou redução de saprófitos presentes, seguindo a metodologia descrita por Alfenas e Mafia (2016). Para o isolamento de fungos fitopatogênico foi utilizado o método de isolamento indireto, que consiste na transferência, para o meio de cultura, de porções infectadas de tecido do hospedeiro. O procedimento foi feito em bancada de laboratório, previamente limpa com solução desinfestante de álcool 70% mais hipoclorito 2,5%. Após o procedimento de desinfestação, o material foi plaqueado em placas de Petri de 90 mm Ø contendo meio de cultura B.D.A (batata-dextrose-ágar) em câmara de fluxo laminar, e incubadas em sala de crescimento, com temperatura de 27ºC, com variação de ± 2°C, e fotoperíodo de 12 horas claro/escuro.
Após 48 horas de incubação, observou-se o desenvolvimento micelial característico de fungos, com isso, procedeu-se a transferência de porções de colônias fúngicas de um meio de cultura para outro através de repicagens, visando a obtenção de colônia pura.
Para a identificação do fungo foram analisadas características macroscópicas, como cor da colônia, micélio, cor do reverso e diâmetro da colônia. Após o preparo de lâminas utilizando corante de azul de algodão com lactofenol, foram observadas as características microscópicas. Foi possível a identificação, devido a presença de estruturas reprodutivas, e com base na consulta na literatura da descrição das características morfológicas das estruturas vegetativas e reprodutivas (MENEZES & OLIVEIRA, 1993; BARNETT & HUNTER, 1972).
3. Resultados e Discussão
Foi identificado o fungo fitopatogênico Bipolaris sp., isolado do gênero de orquídea Vanilla sp., ocorrência também relatada por Ordóñez et al. (2012). A colônia
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do fitopatógeno apresentou bordas do tipo regular, textura cotonosa, coloração salmão, com zonas de coloração e textura diferenciadas do micélio, que normalmente iniciam com a mesma textura do micélio e posteriormente, sofre modificação em relação ao restante quanto à forma, coloração e número (POLONI et al., 2008) (Figura 1).
Figura 12. (A) Característica morfológica do isolado de Bipolaris sp.; (B) Reverso da colônia de Bipolaris sp.; (C) conídios (400x); (D) conídios, (1000x). Laboratório de Microbiologia, Unemat-Alta Floresta, 2017.
Foram verificados conidióforos simples ou em grupos pequenos, sinuosos, pálidos ao castanho médio, simples, suave e septado (OLIVEIRA, 2012), e conídios espessos na base e afilados nos ápices, e alguns conídios levemente curvados, pálidos a marrom dourado.
O gênero Bipolaris sp., contém aproximadamente 45 espécies, a maioria são parasitas de plantas (NASCIMENTO, 2004). Em plantas ornamentais, foi relatado em helicônias, causando mancha foliar (COSTA, 2007).
3. Conclusões
Foi identificado a incidência de Bipolaris sp., isolado do gênero de orquídea Vanilla sp.
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Ocorrência de fungos fitopatogênico em área de produção orgânica
Samiele Camargo de Oliveira Domingues 1
Crislei Alves 1 Kamila Santana Matos Rocha 1
Dilânia Lopes de Matos 1
Lara Caroline Alves de Oliveira1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. Diseases today in agriculture is one of the limiting factors for food production, can
affect the production of small to large losses. The objective of this study was to evaluate the
etiology of phytopathogenic agents causing diseases in the municipality of Alta Floresta, located
in the northern region of Mato Grosso state. The result of the analysis indicated the presence of
phytopathogenic fungi of the genus Alternaria sp., Colletotrichum sp, Asperisporium caricae and
Curvularia sp. in the plant species Brassica oleracea L., Vigna unguiculata, Carica sp and Zea mays.
Palavras-chave: Couve; feijão de corda; mamão; Alternaria sp.; Colletotrichum.
1. Introdução A produção das culturas agrícolas apresentam alguns fatores limitantes,
dentre eles destaca-se a incidência de doenças. A cultura da couve, do feijão de corda e do mamoeiro são acometidos por doenças causadas pelos fungos Alternaria sp., Colletotrichum sp., Asperisporium caricae e a Curvularia sp., respectivamente (HALFELD-VIEIRA et al.,2010; CARVALHO, 2009; OLIVEIRA et al., 2011) .
Na produção de brássicas a mancha de alternaria provoca perdas consideráveis na produção e qualidade do produto (PERUCH et al., 2006). Esta doença é favorecida por temperaturas em torno de 23ºC a 30ºC e alta umidade.
A antracnose, causada por Colletotrichum sp., é uma das doenças de maior importância da cultura do feijoeiro, podendo causar perdas de até 100%. É uma doença cosmopolita que causa danos principalmente em regiões de clima temperado e subtropical (BIANCHINI et al., 1997). A condição favorável para a ocorrência da doença situa-se entre 13ºC a 27ºC e umidade relativa em torno de 90%.
De acordo com Michereff (2001), a maioria dos fungos fitopatogênicos passa parte de seu ciclo de vida nas plantas que lhe servem de hospedeiro, e outra parte no solo ou em restos vegetais depositados sobre este substrato. Desta forma, o estudo da incidência de fungos fitopatogênicos pode auxiliar no manejo preventivo da sanidade dos sistemas de produção.
O trabalho teve por objetivo identificar a presença de fungos fitopatogênicos causadores de doenças nas culturas da couve, feijão-de-corda, mamoeiro e milho no município de Alta Floresta, localizado na região norte do estado de Mato Grosso.
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2. Material e Métodos
Foram coletados materiais vegetais das seguintes culturas: couve, feijão-
de-corda, mamoeiro e milho,em dezembro de 2017, na zona rural do município
de Alta Floresta-MT, em áreas de sistema de produção orgânica. As amostras
foram levadas ao laboratório de microbiologia da Unemat, campus de Alta
Floresta, logo após a coleta para a identificação dos sintomas.
Para um correto diagnóstico de doenças, Carollo (2016) indica que
informações observadas do material doente com ajuda de um microscópio
estereoscópico, podem orientar a busca da estrutura do patógeno (sinais) para
um diagnóstico afirmativo e preciso.
Foi utilizada a metodologia de lâmina direta para realizar a identificação
do material doente. O procedimento consistiu na retirada de estruturas dos
fungos através da fita colante, onde encostou se a parte colante da fita sobre a
lesão do material afetado e posteriormente realizou-se a pescagem dessa lesão.
Colocou se uma gota do corante azul de algodão sobre a lâmina que
posteriormente foi coberta pela fita contendo o patógeno. As lâminas prontas
foram observadas em microscópico estereoscópico.
Para a identificação morfológica dos fungos foram analisadas
características das lesões causadas pelos patógenos no material doente coletado,
em conjunto com as características microscópicas observadas a partir da lâmina
direta. A caracterização das estruturas de fungos encontradas foi realizada de
acordo com o proposto por Menezes & Oliveira, (1993) e Barnett & Hunter,
(1972).
3. Resultados e Discussão Nas folhas de couve (Brassica oleracea L.) foram encontradas lesões causadas
pelo fungo fitopatogênico Alternaria sp., demonstradas em detalhes na Figura 1. Esta lesão é indicativa da incidência de uma doença conhecida como pinta preta ou mancha de alternaria.
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Figura 13. (A e B) Lesões causados por Alternaria brassicae. na parte adaxial e abaxial na folha de Couve (Brassica oleracea L); (C, e D) Conídio de Alternaria brassicae, 400x de aumento.
De acordo com Halfeld-Vieira et al., (2010), o agente etiológico Alternaria sp. no inicio da infecção apresenta sintomas caracterizados por pequenas manchas circulares de coloração marrom-escura, circundados por um halo amarelado, que aumentam rapidamente de tamanho, pode causar grandes danos às folhas. Normalmente são observadas zonas concêntricas nas manchas, e podem vir, quanto no limbo foliar como nos pecíolos
Segundo Halfeld-Vieira et al. (2010), a mancha da alternaria pode ser causada por mais de uma espécie de fungo do gênero Alternaria., segundo o mesmo autor avaliando cultivos agroecológicos localizados no entorno da cidade de Boa Vista, constatou apenas a ocorrência de Alternaria brassicicola. Ainda, sua gama de hospedeiros abrange diversas brassicáceas como a couve-flor e brócolis, podendo ser transmitido por sementes, causando danos desde a fase de plântula.
Nas vagens coletas de feijão-de-corda (Vigna unguiculata) foram identificados fungos fitopatogênico do gênero Colletotrichum sp (Figura 2). O Feijão-de-corda é um importante legume presente na região Nordeste do Brasil e sua produção é bastante afetada por fungos do gênero Colletotrichum sp. Estes fungos são conhecidos por causar antracnose em uma grande variedade de plantas (ELOY, 2007). Segundo Carvalho, 2009 apesar de ser um fungo frequentemente encontrado em feijão na região nordeste do Brasil, é pouco estudado (CARVALHO, 2009).
Este fungo sobrevive em ramos infectados na planta ou em restos vegetais contaminados deixados sobre o solo (PICCINIM et al., 2005). Segundo Paula Júnior et al. (1995), a antracnose é caracterizada por manchas avermelhadas, pode ser observada ao longo da nervura, na face inferior das folhas e sobre hastes e pecíolos jovens. Também pode causar lesões nas vagens, que são caracterizadas por lesões deprimidas, que se torna grandes e avermelhadas, onde forma-se uma massa esbranquiçadas, com os acérvulos do patógeno, com aspecto de massa esbranquiçada.
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Figura 14. (A e B) Sintoma de Antracnose em Feijão-de-corda (Vigna unguiculata) causada pelo fungo Colletotrichum gloesporioides em vagens; (D,C e E) Conídios típicos de Colletotrichum gloesporioides,
400x de aumento
O fungo Asperisporium caricae causador da doença conhecida como Pinta preta ou varíola do mamoeiro, foi identificado em folhas e frutos de mamão (Carica sp.) (Figura 3). Segundo OLIVEIRA et al., (2011) os sintomas na parte inferior da folha, surgem com esporos escuros do fungo; e, cercadas por halo amarelo. Nos frutos, as lesões são circulares, salientes e esbranquiçados no estádio final, e a queda prematura das folhas, o definhamento da planta.
Figura 15. (A e B) Lesões causados por Asperisporium caricae na parte abaxial e adaxial na folha de
Mamão (Carica sp.); (C, e D) Conídio de Asperisporium caricae, 400x de aumento.
Nas folhas de milhos foram identificados fungos fitopatogênicos do gênero Curvularia sp. (Figura 4). Segundo Ferreira (2010) esse fungo tem caudado sérios danos a agricultura brasileira, e na cultura do milho, aumentando significativamente a ocorrência e a severidade, esse fato é atribuído devido uma soma de fatores, entre elas a infestação da planta por microrganismos, como dematiáceos, com características de hifas e conídios de coloração escura.
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Figura 16. (A) Mancha foliar de milho causada por Curvularia sp.; (B) Conídio de Curvularia sp., 400x de aumento.
4. Conclusões Foram identificados fungos fitopatogênicos do gênero Alternaria sp.,
Colletotrichum sp, Asperisporium caricae e Curvularia sp. nas espécies vegetais Brassica oleracea L., Vigna unguiculata, Carica sp e, Zea mays.
5. Referências Bibliográficas BIANCHINI, A; MARINGONI, A.C; CARNEIRO, B.S.M.T.P.G. Doenças do feijoeiro. In: KIMATI, H; AMORIM, L;
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Avaliação da Atividade Alelopática de Ruta graveolens L. (Rutaceae) na Germinação e
Crescimento de Sementes de Lactuca Sativa L.
Adrielen Laiza Valiguzski 1
Talita Neres Queiroz1 Aline Sara Rocha dos Santos 1
Regina de Matos Hresko1 Sergio Alessandro Machado Souza1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]
Abstract. There are numerous plants with allelopathic activities, among them medicinal plants have large amounts of allelochemicals in their tissues, so the objective of this work was to analyze the rheumatic activity of infusion Ruta graveolens L. on germination and initial growth of lettuce seeds. The extracts were obtained by infusing 2.5g, 3.5g, 5.5g and 7.5g (w/v) of rue to 250 ml of distilled water. The lettuce seeds were placed in gerbox, containing two germitest leaves moistened with infusion with 2.5 times the weight of the paper, kept in a germination chamber B.O.D at 25 ºC, with photoperiod of 12h of light for 9 days. After this period the following analyzes were performed: germination, IVG, aerial and root length, count of normal and abnormal plants. The experimental design was completely randomized with 4 replicates and 5 treatments. We performed the analysis of variance through the F test and for the significant variables, the Tuckey mean test at 5% probability using the GENES statistical program. Based on the data, it was found that the rue does not have an allelopathic inhibitory effect on germination and IVG, but as the concentration increased, it stimulated the aerial and root development of the lettuce seedlings. Therefore, the rust-stimulating allelopathic effect was observed on the development of lettuce seeds. Palavras-chave: plantas bioativas; plantas medicinais; alface; plântulas.
1. Introdução As plantas têm capacidade de produzir substâncias químicas que podem
contribuir para sua sobrevivência e para desenvolvimento de mecanismos de defesa. Essas substâncias são metabólitos aleloquímicos oriundos de seu metabolismo secundário (ALVES et al., 2004). Estas substâncias podem ser encontradas em todos os órgãos da planta como as folhas, flores, frutos, raízes, caules e sementes, interferindo na conservação, dormência e germinação de sementes, crescimento de plântulas e no vigor vegetativo de plantas adultas. Existem inúmeras plantas com atividades alelopáticas, dentre elas as plantas medicinais têm apresentando grandes quantidades de aleloquímicos em seus tecidos (SANTORE, 2013).
A arruda (Ruta graveolens L.) possui ação terapêutica e medicinal, é utilizada tradicionalmente na medicina popular na forma de infusão, xaropes, compressas e cataplasmas no tratamento de desordem menstruais, inflamação na pele, dor de ouvido, dor de dente, febre, doenças do fígado (LORENZI & MATOS, 2002), porem a ingestão de doses elevadas provoca irritação gastrintestinal, sonolência e aborto (ALMASSY JUNIOR et al., 2003).
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Devido à importância do estudo de plantas com possíveis efeitos alelopáticos o objetivo desse trabalho foi analisar a atividade alelopática de extratos aquosos de Ruta graveolens na germinação e crescimento inicial de sementes de alface. 2. Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de Sementes e Matologia, da Universidade do Estado de Mato Grosso, localizado no município de Alta Floresta – MT (09º 52’ 32” latitude Sul e 56º 05’ 10” longitude Oeste), foram utilizadas sementes de alface variedade Rainha de Maio e folhas frescas de R. graveolens obtidas de exemplares espontâneos no município supracitado. Os extratos aquosos foram obtidos por infusão. Primeiramente, realizou-se a pesagem do material em balança semi-analítica (TECNAL precisão de 0.01g) e posteriormente as folhas foram acondicionadas em erlenmeyer de 250 ml, adicionou-se água fervente, em seguida, os mesmos foram fechados hermeticamente durante 15 minutos. Foram obtidos cinco concentrações (tratamentos) dos extratos aquosos: 2,5g, 3,5g, 5,5g e 7,5g (p/v) de (Ruta graveolens L.) e o controle (água destilada)
Os bioensaios foram realizados em câmara de germinação, tipo B.O.D., com fotoperíodo de 12 horas por um período de 10 dias com temperatura controlada de 25 ± 2°C. As sementes de alface foram acondicionadas em caixas gerbox (11 x 11 cm), forradas com duas folhas de papel germitest umedecido com 10 mL de cada extrato ou água destilada (controle). Foram utilizadas quatro repetições de 100 sementes, para cada concentração dos extratos e do controle, em delineamento estatístico inteiramente casualizado. Foram realizadas as seguintes análises: percentual de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento de parte aérea e radicular e contagem de plantas normais e anormais.
Na análise de germinação, as contagens ocorreram no quarto e no sétimo dia, seguindo os critérios estabelecidos nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009), sendo os resultados expressos em porcentagem. Já o teste de índice de velocidade de germinação (IVG) foi realizado em conjunto com o teste de germinação. Realizou-se a contagem de plântulas germinadas em todos os dias após a instalação do experimento. A partir dos dados obtidos, calculou-se o índice de velocidade de germinação (IVG) empregando-se a fórmula (Equação 1.) de Maguire (1962):
(1)
𝐼𝑉𝐺 = ∑𝐺𝑛
𝑁𝑛
Onde: IVG = Índice de velocidade de germinação; Gn = número de plântulas normais computadas da primeira até a última contagem; Nn = número de dias de semeadura da primeira até a última contagem.
O comprimento de raiz e da parte aérea, foi obtido com auxílio de um paquímetro Digemess (modelo: BL100174BL) onde foram mensuradas 40 plântulas por tratamento. Para a análise de plantas normais e anormais foram utilizadas todas as plantas germinadas.
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Os dados foram submetidos ao teste de normalidade e homogeneidade de Bartllet e Lilliefors, respectivamente, após realizou a análise de variância, e para as variáveis significativas, pelo teste F, o teste de média Tukey a 5% de probabilidade com auxílio do programa estatístico GENES (CRUZ, 2016).
3. Resultados e Discussão Para as características plântulas normais, comprimento da parte aérea e comprimento radicular pode-se observar na análise de variância que as mesmas foram significativas pelo teste F ao nível de 5% de probabilidade (Tabela 1). As diferentes concentrações dos extratos aquosos de R. graveolens não influenciaram na porcentagem de germinação e no IVG, demonstrando que não há efeito alelopático inibitório sobre as sementes de alface. Mas em outros trabalhos, a arruda possui potencial para inibir a germinação de alface, Santos et al. (2009) encontraram resultados satisfatórios para inibição da germinação de alface com uso de fração diclorometano de R. graveolens.
Tabela 1: Resultados da anova para avaliação das características germinação, IVG, comprimento da parte radicular (CPR) e aérea (CPA), plântulas normais e anormais sobre efeito do extrato aquoso de arruda em
sementes de alface.
FV
Germinação IVG CPR CPA Plântulas
Normais
Plântulas
Anormais
Tratamento 102,325 ns 15,95 ns 15,51* 16,25* 158,17* 34,17 ns
Média 84,6 17,15 13,54 20,30 72,05 12,55
Desvio
Padrão
8,07 2,77 2,50 2,75 7,99 4,58
*Significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo pelo teste F.
Reigosa et al. (1999) descrevem que o efeito dos aleloquímicos nos
diferentes processos fisiológicos de uma planta geralmente são dependentes da
concentração. A influência alelopática em relação ao crescimento de plântulas de
alface fez com que ocorresse anormalidade, principalmente no crescimento do
sistema radicular onde as raízes primárias eram desproporcionais em relação à
parte aérea ou totalmente ausentes. Algumas plântulas apresentaram hipocótilo
não desenvolvido totalmente ou inexistente. Porém as concentrações de extrato
não influenciaram o aumento das anormalidades.
Tabela 2: Valores médios de germinação, índice de velocidade de germinação, comprimento da parte aérea
(CPA) e radicular (CPR) e plantas normais de sementes de alface sob efeito de diferentes infusões de capim
cidreira.
CPR (mm) CPA (mm) Plantas Normais
Controle 10,96 b 17,41 c 80,50 a
2,5g 12,81 b 19,58 bc 74,50 b
3,5g 12,90 b 20,29 b 67,75 c
5,5g 15,80 a 21,51 ab 64,25 d
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7,5g 15,22 a 22,73 a 73,25 b
Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Nas maiores concentrações (5,5 e 7,5g) de extrato de R.
graveolens houve aumento tanto no crescimento da parte aérea quanto na
porção radicular das plântulas de alface em relação ao controle (Tabela 2). As
explicações sobre os estímulos na germinação e desenvolvimento das
sementes de alface ainda são muito escassas, entre elas pode-se sugerir uma
interferência dos aleloquímicos nos fitohormônios, além de que os extratos
possuem nutrientes, como açúcares, aminoácidos e sais (SAUSEN et al., 2009).
Outras pesquisas foram realizadas utilizando espécies da família
Rutaceae, como por exemplo, Zanthoxylum rhoifolium Lam. que, segundo
Turnes et al. (2014), estimula o crescimento da radícula de plântulas de alface,
através da fração clorofórmica, não influenciando a germinação, outro
extrato, o hidroalcoólico ajudou o desenvolvimento radicular de alface da
variedade Babá. Dados semelhantes ao deste estudo com extrato aquoso de
arruda.
Outros trabalhos encontraram resultados do efeito inibitório do
extrato de arruda, como Santos et al. (2009), em que utilizaram fração hexano
e diclorometano de R. graveolens, inibindo o desenvolvimento das plântulas
de alface, assim como Feo et al. (2002) relataram efeito inibitório do óleo
essencial de arruda na germinação e no crescimento radicular de rabanete.
4. Conclusões
O extrato aquoso de arruda não possui efeito alelopático inibitório na germinação e no IVG, porém estimula o desenvolvimento da parte aérea e radicular de plântulas de alface.
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Estimativa de Características Morfológicas em Frutos de Mamão (Carica papaya L.) via
Análise de Imagem Digital
Adrielen Laiza Valiguzski1
Cleudiane Lopes Leite1 Fabio Romario Guerra1
Talita Neres Queiroz1 Kellen Coutinho Martins1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
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Abstract. The fruticulture has major part in the national income distribution, providing new
jobs and better quality of life, in this context, this study had the objective to validate a
methodology of digital image analysis comparing to the manual method to estimate fruit’s
morphoagronomic characteristics. 30 papaya’s (Carica papaya L.) fruits from local stores were
analyzed. The fruits was longitudinally sectioned and the characteristics measured with a
digital pachometer. The characteristcs analyzed were: length of the fruit, width of the fruit,
thickness of the peel, length and width of the endocarp. The same fruits used atthe previous
analysis were digitalized using a desktop scanner at 300dpi resolution. After scanning, 30
images digitalized weresent to ImageJ software. Both data’s from the digital and the manual
measuring was subjected to homogeneity of variance and data’s normality, the total set of
data was subjected to Pearson’s correlation and linear regression. High correlation was
obtained to, almost, all variables studied, varying from 0,90 width of the pulp to 0,99 to the
length of the fruit, with high determination coefficient and low mistakes. The results shows
that the measuring of the papaya fruit can be done with digital images with accuracy,
precision and quickness.
Palavras-chave: caracterização de frutos; fenotipagem; fruticultura; biometria.
1. Introdução Dentre os mais importantes frutos tropicais cultivados atualmente no
mundo e no Brasil, o mamão (Carica papaya L.) ocupa lugar de destaque, pois o Brasil é um dos maiores produtores mundiais dessa fruta, (CORDEIRO et al., 2012). Isso mostra a importância da fruticultura na distribuição da renda nacional, pois contribui na geração de renda e na qualidade de vida dos produtores rurais (DANTAS et al., 2009).
Espécies frutíferas e arbóreas tropicais possuem uma grande variabilidade no tamanho dos frutos, no numero de sementes por fruto e na estrutura das sementes. A caracterização biométrica de frutos e sementes pode proporcionar a distinção de espécies com o mesmo gênero (SOUZA et al, 2007). Essa técnica vem sendo utilizada na avaliação de frutos para fins comerciais e nos programas de melhoramento onde é realizada manualmente em laboratórios, uma atividade que demanda tempo, recursos financeiros e mão de obra intensiva, limita a avaliação de grandes números de indivíduos, podendo diminuir a precisão experimental e
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reduzir as chances de selecionar genótipos superiores bem como de obter ganhos genéticos (ROSHER et al., 2014).
Além de não conseguir distinguir características fenotípicas complexas, originadas de modificações genéticas sutis (MATSUDA et al., 2012). Nos programas de melhoramento genético, a análise e processamento de imagens é uma ótima opção para mensuração de características em frutos, permitindo avaliar um grande número de genótipos com rapidez e precisão (SANTA CATARINA, 2016).
Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo validar uma metodologia de análise de imagem digital para estimar características morfológicas de frutos de C. papaya.
2. Material e Métodos
O trabalho foi conduzido no laboratório de Fitotecnia da Universidade do Estado de Mato Grosso, localizado no município de Alta Floresta – MT sob as coordenadas geográficas 09º 52’ 32” latitude Sul e 56º 05’ 10” longitude Oeste.
Foram analisados 30 frutos de mamão (Carica papaya L.), provenientes do comércio local e aparentemente apresentando o mesmo estágio de maturação. Os frutos foram seccionados longitudinalmente e as características foram mensuradas com o auxílio de um paquímetro digital (Digimess). As características analisadas foram: comprimento do fruto (CF), largura do fruto (LF), espessura da casca (EC), comprimento da polpa (CP) e largura da polpa (LP), o método empregando o paquímetro foi denominado como metodologia manual.
Os mesmos frutos utilizados na análise anterior foram digitalizados em um scanner de mesa (HP Deskjet 2050) em uma resolução de 300 dpi (pontos por polegadas). Sobre o scanner foi colocado uma câmara escura com fundo fosco para a digitalização dos 30 frutos, de forma independente. Após a obtenção das 30 imagens digitalizadas, as mesmas foram exportadas para o software ImageJ v.1.51 (Wayne Rasband-National Institute of Health, USA). Em seguida, as 30 imagens foram importadas na tela do programa através da opção File/Import/Image Sequence. A seguir, no menu Analyse/Set Scale, foi definida a escala e a unidade de medida, nesse momento foi atribuído o valor de 25,4 na opção know distancee na opção unit of length foi atribuída a unidade mm (milímetros). Após, foi utilizada a ferramenta Straigth, essa opção permite que seja feita uma seleção de linha reta em qualquer porção das imagens, e assim permitiu as estimativas das variáveis CF, LF, EC, CE e LE, o método utilizando imagens digitais, foi denominado de metodologia por imagem.
Os dados foram submetidos á análise de regressão e de correlação simples de Pearson, com o propósito de verificar a relação ao método proposto (imagem digital) com o método padrão (mensuração manual), para verificar o grau de associação entre esses métodos e para determinar se a metodologia proposta permite estimar as características estudas com precisão. Antes das análises supracitadas, os dados foram submetidos a testes de normalidade dos dados e homogeneidade da variância. Todas as análises estatísticas foram realizadas com o auxilio do Programa SigmaPlot (SYSTAT SOFTWARE, 2017). O conjunto total de dados foi submetido á análise de correlação de Pearson e regressão linear.
O erro médio relativo das metodologias baseado em imagens foi calculado usando a seguinte expressão (Zhang, 2000):
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𝐸𝑟𝑟𝑜 = [��𝑚 − ��𝑖
��𝑚] 𝑥 100
Em que: = média da característica utilizando a metodologia padrão ��𝑖 = média da característica utilizando análise de imagem
3. Resultados e Discussão Na avaliação dos frutos de C. papaya, pode-se observar que os valores das
médias não variaram de acordo com os equipamentos utilizados e nem com as características avaliadas, desse modo, ambos os métodos apresentaram vantagem na avaliação das características. Sendo assim, a análise de imagem por scanner apresenta maiores benefícios por ser um método prático com baixa necessidade de mão de obra (Tabela 1). Tabela 1. Características analisadas em 30 frutos de mamão associadas aos parâmetros de tendência central e
de dispersão.
Características
Análises
CF
(mm)
LF
(mm)
CP
(mm)
LP
(mm)
EC
(mm)
Média manual 140,5 79,9 136,7 77,5 1,22
Média imagem 140,5 79,6 139,5 78,4 1,23
Desvio padrão manual
8,3 4,5 7,9 4,2 0,18
Desvio padrão imagem
8,4 4,6 8,5 4,5 0,17
Erro 0,01 0,32 2,06 1,20 0,81
Correlação 0,99** 0,98** 0,97** 0,90** 0,00ns
** significativo a 1% de probabilidade pelo teste t e ns não significativo
Na análise das características dos frutos de mamão, foram encontrados valores altos de coeficiente de correlação para as variáveis estudadas, variando de 0,90 para largura da polpa a 0,99 para comprimento do fruto (Tabela 1), exceto para espessura da casca que não houve correlação. Segundo Bisquerra et al. (2004), valores de correlação entre 0,80 e 0,99 são consideradas muito alta.
A alta correlação pode ser justificada devido à facilidade de mensuração dos dados em frutos maiores e com coloração mais evidentes, e também ao fato da coloração da polpa ser bem distinta da casca, isso facilita a mensuração das características comprimento e largura da polpa. O erro foi baixo para todas as variáveis, variando de 0,01 para comprimento do fruto a 2,06 comprimento da polpa.
As análises de regressão apresentaram coeficientes de determinação elevados, que variaram de 0,82 para largura da polpa a 0,98 para comprimento do fruto (Figura 1).
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Figura 1. Análise de regressão das variáveis estimadas pelo paquímetro e pelo uso de imagem digital em frutos de mamão. (A) Comprimento do fruto, (B) Largura do
fruto (C) Comprimento da polpa e (D)Largura da polpa.
Santa Catarina (2016), também caracterizou frutos de mamão por imagem digital e obteve coeficientes de determinação satisfatórios, variando de 0,90 para espessura da polpa e diâmetro da cavidade ovariana, de 0,92 para diâmetro do fruto e 0,97 para comprimento do fruto e o erro também foi baixo variando de 0,16 para comprimento do fruto a 0,06 para espessura da polpa, resultados semelhantes ao presente estudo.
Outros trabalhos utilizando programa computacional, como Calixto et al. (2016) realizaram a classificação de fruto de melão através de seu formato, sendo as técnicas de imagens digitais suficiente para determinar o formato do fruto, assim como Gomes Filho et al. (2006) que utilizaram imagens digitais para comparar as mensurações da incidência da mancha fisiológica do mamão estabelecendo uma escala de nota do grau de severidade da doença por meio do software ImageJ. O emprego de imagens digitais também foi empregado na estimativa do volume em frutos, conforme relatado por Rashidi et al. (2007) e Rashidi et al. (2009) em frutos de melão e kiwi, respectivamente, Fellegari & Navid (2011) analisado frutos de laranja e Kachariya et al. (2015) ao estudarem frutos de limão, laranja e manga. Esses estudos evidenciam que o emprego de análise de imagens digitais na fenotipagem de características de frutos, é uma metodologia eficiente, pois torna o processo de aferição mais rápido, preciso e com baixo custo, quando comparado a metodologias manuais.
4. Conclusões
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O uso de imagens digitais, na fenotipagem de frutos de C. papaya mostrou ser uma metodologia eficiente, acurada e precisa além de possuir uma ótima precisão, rapidez e necessitar de pouca mão-de-obra.
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EFICÁCIA DE TESTES COLORIMÉTRICOS NA AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE GRÃOS DE
PÓLEN DE Zingiber officinale ROSCOE
Uéliton Alves de Oliveira1 Elisa dos Santos Cardoso1
Alex Souza Rodrigues1
Patrícia Ana Souza Fagundes1 Ana Aparecida Bandini Rossi1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT
Rodovia MT 208 – 78580-000 – Alta Floresta - MT, Brasil [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected]
Abstract. Zingiber officinale Roscoe (ginger) is an herbaceous plant, originally from Asia, used both as a condiment and as a popular medicine in the fight against nausea, influenza and rheumatism. In view of the import of the species and research on pollen viability, this study aimed to evaluate the pollen viability of Zingiber officinale Roscoe comparing the efficiency of colorimetric tests. For that, pre-anthesis floral buds were collected from 15 individual grown in a greenhouse in the municipality of Alta Forest-MT. The collected material was fixed in Carnoy for 24 hours and, after this period, transferred to 70% alcohol and kept at 4 º C for later use. The anthers crush technique was used to prepare the slides and the estimation of pollen viability was performed using 2% acetic carmine, lugol and sudan IV. The method of observation was the scanning method. The normality of the data was verified and their significance was determined by the F test, and the means were compared by the Tukey test at a 5% probability level. The buttons used in this study show an average of 23.81 mm. The dyes used were efficient to determine the pollen viability of the species, with an average of 87.75% for acetic carmine, 79.90% for lugol and 76.80% for sudan IV. All evaluated dyes were effective for distinguishing viable/unviable pollen and show viability above 75%, indicating that the species possessed a large amount of viable pollen. Palavras-chave: Citoquímicos; Gengibre; Melhoramento Genético.
1. Introdução
Zingiber officinale Roscoe, conhecido popularmente como gengibre, é
uma planta herbácea, perene, que pertence à família Zingiberaceae e ao
gênero Zingiber. É uma espécie cultivada, originária da Ásia (MOBOT, 2018) e
utilizada tanto na culinária quanto na medicina popular, onde atua no
combate à náuseas, rouquidão, gripe e reumatismo, sendo utilizada também
para amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia, reduzindo náuseas e
vômitos (MARTINS et al., 2003; BARRETO et al., 2011).
O Z. officinale possui pequenas flores zigomorfas, hermafroditas e
monoclinas, dispostas em inflorescências que se formam no ápice de
pedúnculos saídos do rizoma, contudo, apresenta autoincompatibilidade e
alta esterilidade, reproduzindo-se por meio de propagação vegetativa a partir
do rizoma (FERRI et al., 1981; CORREA JUNIOR, 1994; ELPO & NEGRELLE,
2004; MATOS, 2004).
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De acordo com Martins et al. (2012), por meio de estudos sobre a viabilidade polínica é possível estimar o potencial reprodutivo das espécies. Muitas espécies possuem uma elevada produção de grãos de pólen viável, embora nem todos sejam utilizados na fertilização efetivamente, desta forma quanto mais alta for a viabilidade polínica, maior será o sucesso da fertilização. A inviabilidade polínica não é ocasionada exclusivamente por fatores genéticos, podendo estar relacionada à idade do pólen e a fatores físicos como umidade e temperatura (KELLY et al., 2002). A estimativa dos grãos de polens viáveis é uma importante ferramenta para a análise do fluxo gênico em plantas, uma vez que evidencia a potencialidade de reprodução masculina da espécie, o que pode ser útil em estudos taxonômicos, ecológicos, genéticos e palinológicos (FRESCURA et al., 2012). A viabilidade do pólen pode ser determinada através de diferentes técnicas como os contadores de partículas (DAFNI, 1992; KEARNS & INOUYE, 1993) e a coloração citoquímica, um método eficiente e de baixo custo (BIONDO & BATTISTIN, 2001). Considerando a importância da estimativa da viabilidade polínica em diferentes estudos e a importância da espécie como condimento e fitoterápico, este estudo objetivou avaliar a viabilidade polínica de Zingiber officinale Roscoe utilizando diferentes testes colorimétricos.
2. Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Genética Vegetal e
Biologia Molecular do CETAM (Centro de Tecnologia da Amazônia
Meridional), Universidade do Estado de Mato Grosso, Câmpus Universitário
de Alta Floresta, situado no norte do estado de Mato Grosso. Em abril de
2018 foram coletados botões florais em pré-antese de 15 indivíduos oriundos
da coleção de trabalho de gengibre da Universidade do Estado de Mato
Grosso (UNEMAT), Câmpus de Alta Floresta, iniciada por Cardoso (2018), e
cultivados em casa de vegetação no município de Alta Floresta – MT. O
material foi fixado em Carnoy: (3:1 – álcool absoluto: ácido acético) por 24
horas e logo após transferidos para álcool 70% e mantidos a 4ºC até uso
posterior.
Os botões coletados foram utilizados para composição de um mix, de
onde botões foram selecionados aleatoriamente para preparação de oito
lâminas por corante. Para cada lâmina foi utilizado um botão floral, cujo
comprimento foi mensurado em milímetros (mm), com auxílio de paquímetro
digital de precisão Mitutoyo. A técnica de esmagamento das anteras, descrita
por Guerra & Souza (2002), foi utilizada no preparo das lâminas e a estimativa
da viabilidade polínica foi comparada utilizando os corantes carmim acético
2%, lugol e sudan IV. A observação foi realizada por meio de microscópio
óptico, com ampliação de 100X, utilizando o método de varredura e em cada
lâmina foram contabilizados 250 grãos de pólen, perfazendo um total de
2.000 grãos de pólen por corante. A viabilidade polínica foi estimada por
meio da percentagem de grãos de pólen viáveis obtidos pela equação (1):
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Viabilidade do pólen (%) = (nº de grãos corados
nº de grãos contados) × 100
(1)
Para as análises estatísticas, os dados percentuais da viabilidade foram
transformados em arc sen √(x/100) e a normalidade foi verificada pelo teste de
Lilliefors. Os resultados da estimativa da viabilidade polínica obtidos tiveram sua
significância determinada por meio do teste F e as médias foram comparadas pelo
teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade, para comparação entre os
corantes. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa Genes,
versão 2018.23 (CRUZ, 2013).
3. Resultados e Discussão Para confecção das lâminas foram utilizados botões que mediam entre 22,01 e 27,77 mm, com uma média de 23,81 mm. Os três corantes utilizados na avaliação da viabilidade dos grãos de pólen de Z. officinale foram eficazes para distinção dos polens viáveis e inviáveis (Figura 1).
Figura 17. Grãos de pólen viáveis e inviáveis de Zingiber officinale (seta contínua: polens viáveis; seta pontilhada: polens inviáveis). A: lugol; B: sudan IV e C: carmim
acético 2%. Barra: 150,78 µm
A associação do tamanho do botão em pré-antese com viabilidade polínica é importante para se caracterizar o início da maturação do pólen e seu posterior desenvolvimento.
Os resultados da análise de variância obtidos para a viabilidade polínica do gengibre estão resumidos na Tabela 1 e apontam efeito significativo dos corantes na determinação da viabilidade polínica de Z. officinale.
Tabela 1. Resultado da análise de variância (Anova) para os testes colorimétricos de Zingiber
officinale.
Fonte de Variação GL QM
Corantes 2 0.051987**
Resíduo 21 0.00656
CV (%) 7,14
Média Geral 1,13 **Significativo a nível de 1% pelo teste F. GL (Grau de liberdade); QM (Quadrado Médio) e CV (Coeficiente de
variação).
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O resultado da análise comparativa entre os corantes apresentou
diferença estatística entre as médias de viabilidade polínica, onde o corante
carmim acético 2% revelou-se superior quando comparado ao lugol e ao
sudan IV (Tabela 2).
Tabela 2. Média de polens viáveis de Zingiber officinale com os corantes carmim acético, lugol e
Sudan IV
Corantes Médias1
Carmim Acético 2% 87,75 a Lugol 79,90 b
Sudan IV 76,8 b
DMS: 7,08 1Dados transformados em arc sem √(x/100); DMS: diferença mínima significativa
Os três corantes utilizados neste estudo apresentaram um percentual de viabilidade polínica acima de 75%, sendo que Souza et al. (2002) destacam que valores de viabilidade polínica acima de 70% são considerados altos, indicando que os indivíduos utilizados para esse estudo contêm uma alta taxa de polens viáveis, mesmo a espécie apresentando autoincompatibilidade. Não foram encontrados registros na literatura científica de um teste universal para viabilidade polínica com utilização de apenas um corante específico, por isso a uma importância de se testar mais de um tipo de corante e assim, encontrar o mais adequado para cada espécie (HISTER & TEDESCO, 2016). Testes colorimétricos com lugol e sudan IV estão associados à detecção de substâncias reservas, amido e lipídeos respectivamente, dos grãos de pólen, (RODRIGUEZ-RIANO & DAFNI, 2000). Segundo Pline et al. (2002) testes colorimétricos com carmim acético 2% são mais utilizados, pois os mesmos refletem a integridade de estruturas celulares, como núcleo e protoplasma.
4. Conclusões
Os corantes utilizados foram eficientes para determinar a viabilidade polínica da espécie, apresentando uma maior taxa de viabilidade polínica quando utilizado o carmim acético 2%, que diferiu estatisticamente dos demais corantes utilizados.
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Hidrocondicionamento de sementes armazenadas de Leucaena leucocephala (Lam.) de
Wit
Aline Bueno Ramalho1
Arielen Barreto de Carvalho1 Lúcia Filgueiras Braga1
1 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT Laboratório de Ecofisiologia e Propagação de Plantas Rodovia MT 208–78580-000–Alta Floresta - MT, Brasil
Abstract. The species popularly known as Leucena is a legume with deep roots and has rapid development. The objective of this study was to evaluate the germination and vigor of L. leucocephala seeds stored for 15 years with and without hydroconditioning. The experiment was carried out with three treatments: no conditioning (control), hydrocondicionamento for 24 and 48 hours. Four replicates of 25 seeds totaling 100 seeds were used. To perform the tests, dormancy was overcome with hot water at 80ºC constant for 5 minutes. The following variables were evaluated: percentage of germination, rate of germination, mean germination time, seedling length, dry mass, percentage of normal and abnormal seedlings. Means and analysis of variance were compared by the Tukey test at 5% significance. Leucena seeds showed 85% germination when stored for 15 years. The seeds in conditioning decreased the mean germination time from four days to three in the periods of 24 to 48 hours and increased the rate index from six to eleven respectively. The control treatment did not obtain percentage of abnormal seedlings, but this number doubled in the treatment with 24 hours of imbibition. The length and dry mass did not differ statistically between the treatments. The effect of conditioning favored germination, but when imbibed for long periods causes damage such as root atrophy in seedlings. Palavras-chave: hidrocondicionamento, germinação, L. Leucocephala.
1. Introdução Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, pertencente à família Fabaceae, é
conhecida no Brasil popularmente como Leucena encontrada em toda região tropical e originária da América Central. A espécie possui porte arbóreo e mantem as folhas verdes durante períodos de seca, com perda dos folíolos somente em geadas fortes ou em secas prolongadas. Apresentam vagens secas e achatadas com 2 a 13 sementes, sistema radicular profundo com número reduzido de raízes laterais, proporcionando a planta absorção de água em maiores profundidades no solo (OLIVEIRA, 2008). É considerada uma planta exótica, forrageira com características de espécies invasoras (MELO-SILVA et al., 2014). Devido ao seu rápido crescimento, pode ser utilizada na composição de sistemas agroflorestais (PEREYRA et al., 2015) em regiões de clima semiárido, além disso, possui altos teores de proteínas e minerais (CRAWFORD et al., 2015).
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A propagação de L. leucocephala é realizada principalmente por via sexuada (DALMOLIN et al., 2011), sendo necessária a superação da dormência das sementes, causada pela impermeabilidade do tegumento a água
A resistência a entrada de água promovida pela testa da semente confere dureza do tegumento, com camadas recobertas por ligninas (CARDOSO, 2004), bloqueando fisicamente as trocas gasosas e impossibilitando a embebição e oxigenação do embrião que permanece latente (BECHARA et al., 2007). Para a superação de dormência de leguminosas são utilizados tratamentos térmicos, químicos (ácido sulfúrico ou álcool), elétricos ou de pressão, abrasão e armazenamento (NASCIMENTO, 1982). Os métodos já descritos para superação da dormência de sementes de para Leucena são a imersão em H2SO4 concentrado por 10, 15 e 20 min e com em água a 80ºC por 5 e 10 min (TELES et al, 2000; OLIVEIRA 2008).
Durante o armazenamento das sementes pode ocorrer redução do vigor afetando a variação da qualidade da semente, a época da semeadura, durante a emergência das plântulas resultando na desuniformização (KRZYZANOSVISKI, 1991). O hidrocondicionamento é uma das técnicas que vem sendo utilizada, promove atividades pré-metabólicas (NASCIMENTO & ARAGÃO, 2002), reduz o período de germinação, sincroniza e melhora a emergência das plântulas, submetendo as sementes a um controle da hidratação suficiente para permitir os processos respiratórios essenciais à germinação, porém insuficiente para propiciar a emissão da radícula.
O objetivo deste estudo foi avaliar a germinação e vigor de sementes de L. leucocephala armazenadas por 15 anos com e sem hidrocondicionamento.
2. Material e Métodos O trabalho foi conduzido no Laboratório de Ecofisiologia e Propagação de Plantas da Universidade do Estado de Mato Grosso. As sementes foram coletadas em Botucatu – SP próximo ao Instituto de Botânica da UNESP, em outubro de 2003 e armazenadas em vidro lacrado, mantido em geladeira (temperatura ±5°C) até a condução do experimento realizado em junho de 2018.
As sementes tiveram a dormência superada com a imersão em água a 80ºC por 5 minutos, conforme determinado em testes preliminares conduzidos com vários métodos (TELES 2000; OLIVEIRA 2008) para avaliação do melhor procedimento, considerando que as sementes ficaram armazenadas por quase 15 anos.
Após a superação da dormência foi conduzido um delineamento inteiramente casualizado, com dois tratamentos de hidrocondicionamento (24 e 48 horas) e a testemunha (sem condicionamento), com quatro repetições de 25 sementes cada. O hidrocondicionamento foi realizado em Becker contendo água deionizada e aeração constante.
Em seguida as sementes passaram por assepsia superficial em solução de hipoclorito de sódio comercial (2,5%) por 5 minutos, lavadas em água corrente e água destilada e tratadas com fungicida Captan (captana) a 0,5% da massa de cada amostra. Para a condução de germinação, as sementes foram dispostas em caixas plásticas de 11x11x4 cm, sobre folhas de papel mata-borrão autoclavado,
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umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes o peso do papel, levadas para câmara BOD mantida à temperatura constante de 25°C e fotoperíodo de 12 horas, durante 10 dias.
O grau de umidade das sementes foi determinado pelo método de estufa a 105ºC ±3oC por 24horas (BRASIL, 2009) antes e após cada período de hidrocondicionamento. Foram avaliadas as variáveis porcentagem de germinação, tempo médio de germinação (TMG), índice de velocidade de germinação (IVG), porcentagem de plântulas normais e anormais, comprimento e massa seca de plântulas.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade utilizando o programa SISVAR (FERREIRA, 2011), sendo os valores de TMG, IVG, plântulas normais e anormais transformados em (X+0.5)^0.5. 3. Resultados e Discussão Sementes de L leucocephala armazenadas por quase 15 anos (exatos 14 anos e 8 meses) apresentaram elevada germinação (85%), sem alteração significativa da germinação após 24 horas de condicionamento (83%) (Tabela 1). TELES, 2000 utilizando a mesma metodologia para a superação de dormência de L. Leucocephala para sementes recém coletadas também encontrou valores semelhantes (83% de germinação).
No período de 24 horas as sementes passaram de 8,5% de teor de água (antes do condicionamento) para 26,3% e as que permaneceram no condicionamento por 48 horas aumentaram 12% da sua massa inicial, indicando que entre 24 e 48 horas houve aumento considerável no volume de água embebida. A porcentagem de germinação após 48 horas de embebição reduziu para 42% (Tabela 1), o que pode ser atribuído ao rápido aumento no teor de água alcançado entre 24 e 48 horas da embebição, que possivelmente promoveu danos nos processos de organização celular que antecedem a germinação. As sementes se preparam para germinar nas fases I e II, e somente na fase III desenvolvem o processo de alongamento celular e emissão da radícula (SANTOS et al., 2008). Isso acontece devido as sementes requererem maior quantidade de água nas primeiras horas para iniciar os processos metabólicos e tende a se estabilizarem ao atingir seu potencial máximo de absorção. Os valores de IVG e TMG demonstram que o hidrocondicionamento foi favorável a rápida germinação das sementes comparado ao tratamento sem condicionamento (Tabela 1), demonstrando que a hidratação prévia das sementes contribui para o avanço nas etapas da embebição, antecipando a protrusão da raiz.
Oliveira 2008 realizando testes de germinação com essa espécie encontrou valores próximos para testemunha com IVG (4,9), TMG de 3,5 dias. Nos demais tratamentos foi observado que os dados para imersão em 24 horas IVG (6,1) e TMG 3,7 dias, para 48 horas IVG (4,2) e TMG de 3,4 dias não corroboram com este estudo, neste caso, essa diferença pode decorrer do tipo de semente utilizada e do armazenamento.
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Tabela 1. Porcentagem de germinação, tempo médio de germinação (TMG) e índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes armazenadas de Leucaena leucocephala.
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Na figura 1, o gráfico mostra que não houve diferenças entre os tratamentos para as variáveis de comprimento e massa seca de plântulas. Apesar de ocorrer diferenciação nos processos de germinação entre os tratamentos os ganhos na formação de plântulas não são influenciados. O tratamento 1 proporcionou uma porcentagem maior de plântulas normais extinguindo as anormais. Isso ocorre pois não há indução na velocidade do metabolismo, nesse caso, a semente desenvolve-se espontaneamente aproveitando melhor todas as fases de desenvolvimento. Já o tratamento 2 e 3 apresentaram menores porcentagens de plântulas normais e maiores de anormais, nas 24 horas foi verificado maior número de plântulas anormais, o que pode ter ocorrido é aumento de embebição rápida nas primeiras horas levando a ter lesões na região do sistema radicular.
Figura 1. Porcentagem de Plântulas normais e anormais de L. leucocephala a partir de sementes armazenadas. No período de hidratação por 48 horas (Figura 2) foi observado maiores valores para comprimento e massa seca, porem não foi suficiente para diferir dos outros tratamentos. Esse acúmulo de massa e ganho em crescimento
Tratamentos Germinação
(%)
TMG
(dias) IVG
Sem hidrocondicionamento 85 A 5,9 B 3,6 B
24 horas Hidrocondicionamento 83 A 4,1 AB 6,5 AB
48 horas Hidrocondicionamento 42 B 3,2 A 11,0 A
C.V. (%) 7,6 10,5 18,4
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acontece devido a semente estar exposta a um período maior de embebição, tendo um aproveitamento mais eficiente da água para passar por todas as fases até a formação de plântulas.
. Figura 2. Comprimento (cm) e massa seca (mg) de plântulas de L. leucocephala a partir de sementes armazenadas. Médias seguidas pela mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. 4. Conclusões
As sementes de L. Leucocephala podem ser armazenadas por longos períodos sem perder o vigor desde que seja feito o armazenamento adequado.
O hidrocondicionamento para a germinação não se mostra totalmente eficiente, porem aumenta a velocidade e reduz o tempo a ser gasto para germinar. Esse processo implicou na formação normal de plântulas, desenvolvendo efeitos negativos sob maiores períodos de condicionamento. Referências Bibliográficas BECHARA, F. C.; FERNANDES, G. D.; SILVEIRA, R.L. Quebra de dormência de sementes de Chamaecrista flexuosa (L.) Greene visando a restauração ecológica do Cerrado. Revista de Biologia Neotropical, v.4, n.1, p.58-63, 2007. DOI: https://doi.org/10.5216/rbn.v4i1.4657 BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília, DF: MAPA/ACS, 2009. 399 p. CARDOSO, V. J. M. Dormência: estabelecimento do processo. In: FERREIRA, A. G.; BORGHETTI,F. (Org.). Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 2004. CRAWFORD, G.; PUSCHNER, B.; AFFOLTER, V.; STALIS, I.; DAVIDSON, A.; BAKER, T.; TAHARA, J.; JOLLY, A.;
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CONTRIBUIÇÃO DAS AULAS DE CAMPO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
DOS ACADÊMICOS DE AGRONOMIA EM ALTA FLORESTA-MT
ARAÚJO1, Fabio Bezerra de; ZIMMERMANN1, André Marlon N.1; MATHIAS1,
Cristiano; ARGUELHO², Juliana Sobreira; GOMES¹, Pedro Henrique Marin
Ferreira; ROBOREDO³, Delmonte.
1 Graduandos de Agronomia, Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias,
Universidade do Estado de Mato Grosso, Alta Floresta - Mato Grosso.
² Graduanda de Bacharelado e Licenciatura Plena em Ciências Biológicas,
Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias, Universidade do Estado de Mato
Grosso, Alta Floresta - MT 3 Professor Doutor em Engenharia Agrícola, na área de Planejamento e
Desenvolvimento Rural Sustentável, Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias,
Universidade do Estado de Mato Grosso, Alta Floresta - Mato Grosso.
Abstract. This article analyzes the contribution of the field classes held in the
discipline of Sociology and Sustainable Rural Development in the process of
training the academics of the Agronomy Course of the State University of Mato
Grosso, Alta Floresta campus. The classes took place in two properties and had as
objective to know the reality of the field in loco, to arouse interest to the subjects
treated by the discipline and, at the same time, to contribute to the development
of a holistic and systemic perception of the multiple socioenvironmental
dimensions, from the exercise interdisciplinary dialogue and the possibility of a
coevolutionary practice. The work provided the scholars with a knowledge of the
rural reality of the municipality and found that it is possible to harmonize
agriculture and livestock with sustainable activity.
Palavras-chave: Desenvolvimento Rural; Extensão Universitária; Agricultura
Familiar.
Keywords: Rural development; University Extension; Family farming.
1. Introdução A diversificação de atividades e de recursos didáticos em aulas de campo
contribuem para motivar os estudantes e atender as distintas necessidades de
interesse destes, pois constitui condição fundamental para que o acadêmico
tenha uma aprendizagem significativa. Além disso, não há um único caminho que
conduza com segurança à aprendizagem, pois são inúmeras as variáveis que se
interpõem nesse processo, que está inteiramente ligado à prática. Sendo assim,
um pluralismo em nível de estratégias pode garantir maiores oportunidades para
a construção do conhecimento, além de fornecer subsídios para que mais alunos
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encontrem as atividades que melhor os ajudem a compreender o tema estudado,
como por exemplo a Sociologia e o Desenvolvimento Rural Sustentável
(SANMARTÍ, 2002; BUENO, 2003).
Na literatura, encontramos diferentes terminologias para “classificar” as
atividades de campo. Harlen (1989, p. 120), por exemplo, ao tratar do ensino e
aprendizagem de Ciências, discute sobre como a utilização de diferentes recursos
pode estimular a participação dos alunos nos conteúdos trabalhados e, em
consequência melhorar o aproveitamento, mencionando as excursões como de
grande utilidade para complementar assuntos já discutidos ou incentivar estudos
posteriores. Fernandes (2007, p. 22) define como “toda aquela que envolve o
deslocamento dos alunos para um ambiente alheio aos espaços de estudo
contidos na escola”.
Aulas de campo podem e devem acontecer de forma constante nos cursos
de Agronomia. Para Labegalini et al. (2017, p. 89) as aulas de campo são
“indispensáveis para a formação profissional, pois elas representam uma
oportunidade de colocar em prática o que se aprende dentro das salas de aula”.
Nesse contexto, o Fórum Nacional de Extensão Universitária destaca que o
processo de aprendizado implica na indissociabilidade do tripé ensino, pesquisa
e extensão, por entender que educação consiste “um processo interdisciplinar,
educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora
entre Universidade e outros setores da sociedade (FORPROEX, 2012, p. 15), que
contribui na formação dos futuros graduados. Sendo assim, as aulas de campo
são de suma importância para agregar mais conhecimento ao que é estudado
em sala de aula, associando o conhecimento teórico à realidade do espaço rural.
Dessa forma, as aulas de campo contribuem diretamente no censo crítico dos
discentes.
O presente trabalho teve por objetivo relatar a experiência vivenciada
pelos acadêmicos do curso de Agronomia nas aulas de campo em visitas
realizadas em propriedades familiares do meio rural de Alta Floresta - MT, como
uma proposta metodológica de ensino da disciplina eletiva de Sociologia e
Desenvolvimento Rural Sustentável.
2. Material e Métodos As aulas de campo foram realizadas no município de Alta Floresta – MT,
com de área de 8.947 km2 aproximadamente e população de 49.164 habitantes,
onde, 42.718 (86,9%) residem na zona urbana e 6.446 pessoas (13,1%) na área
rural (IBGE, 2010). Ainda de acordo com o IBGE (2006), no município há 2.317
estabelecimentos agropecuários, dos quais 78% são explorados por agricultores
familiares (BRASIL, 2006).
As aulas de campo foram realizadas em duas propriedades no município
de Alta Floresta. A primeira aula ocorreu no dia 01/06/2017 na unidade produtiva
do Sr. Paulo Benetti localizada na Comunidade Terra Santa, Alta Floresta – MT.
Enquanto que a segunda, realizada em 13/07/2017, foi na propriedade da Família
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do Sr. Florentino Cione, situada na comunidade Nova Esperança (1ª vicinal sul).
Essas aulas transcorreram com a participação de 23 acadêmicos da disciplina
eletiva “Sociologia e Desenvolvimento Rural Sustentável” ofertada no curso de
agronomia do campus universitário de Alta Floresta da Universidade do Estado
de Mato Grosso (Unemat).
Do ponto de vista metodológico, conforme descreve Melo et al. (2017),
esse trabalho se trata de um relato de experiência construído a partir do ponto
de vista dos acadêmicos da disciplina de “Sociologia e Desenvolvimento Rural
Sustentável” ofertada à turma 2017/1. Semelhantemente ao relato de Melo et al.
(2017) essas atividades objetivaram proporcionar aos acadêmicos um olhar
crítico dos sistemas de manejos conduzidos pelos produtores rurais visitados e
seus olhares para a relação harmoniosa entre exploração agropecuária versus
recursos naturais.
A coleta de informações foi realizada com emprego de perguntas
guiadoras para captar a percepção dos agricultores sobre os sistemas de manejos
adotados pelos produtores. Aos acadêmicos também foi formulado perguntas
para expressarem sua opinião sobre as aulas de campo realizadas.
Figura 1. Localização das propriedades do Sr. Florentino Cione (A) retângulo
vermelho, e Paulo Benetti (B) retângulo azul, visitadas no Município de Alta
Floresta-MT.
As atividades de campo envolveram dois métodos grupais (excursão e
travessia) considerados imprescindíveis no processo de aprendizagem seja para
A
B
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agricultores e/ou acadêmicos. Para Ramos et al. (2013, p. 41) a excursão deve ser
utilizada
“Sempre que houver a necessidade de complementação do
processo de aprendizagem do grupo, tendo como base
uma experiência vivenciada por outras pessoas, em
condições semelhantes. Recomenda-se não utilizar
isoladamente, mas em combinação com outros métodos
complexos, a exemplo de cursos.”
O método “travessia” (VERDEJO, 2007, p. 30) que consiste em uma
caminhada na propriedade para conhecê-la e obter informações “sobre os
diversos componentes dos recursos naturais, a vida econômica, as moradias, as
características de solos, etc.”
3. Resultados e Discussão A primeira visita foi na unidade produtiva do Sr. Paulo Benetti, ocorreu no
dia 01/06/2017. Antes de percorrermos sua propriedade, o senhor Paulo nos
falou que se sua família mudou para em 1977 para Mato Grosso, cujo objetivo
na época era o plantio do café, sendo uma atividade agrícola popular na época.
Segundo ele foi comprado uma propriedade de 29 ha de terra para o plantio, e
com o tempo foi moldando a propriedade de modo a atender suas necessidades.
Atualmente o proprietário é detentor de uma área de 363 ha, dos quais 242 ha
são destinados a pastagens, uma área de APP, onde reflorestou ao longo do
tempo.
O produtor é um empreendedor que se preocupa com o retorno
econômico da atividade praticada, mas entende que para isso precisa cuidar dos
recursos naturais. Nessa ótica ele foi um dos pioneiros no município a iniciar a
revegetação das áreas de preservação permanente e concomitantemente
adotando práticas de conservação de solos nas pastagens para evitar o processo
erosivo, tais como: construção de terraços e bacias de captação (Foto 1).
O produtor deixa evidente sua preocupação com a preservação da fauna
e flora em sua propriedade. Assim, o produtor iniciou a revegetação de suas áreas
de preservação permanente (APP) há aproximadamente, 10 anos, tornando-a
também um ambiente para lazer e descanso onde construiu pequenas represas
para criação de peixes para o autoconsumo (Foto 2).
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Foto 1. Terraços e bacia de captação na
propriedade do Sr. Paulo Benetti, em Alta
Floresta-MT e ao fundo a APP recuperada.
Fonte: Os autores.
Foto 2. Área de APP revegetada e
protegida pelo Sr. Paulo Benetti, em
Alta Floresta – MT.
Fonte: Os autores.
A renda da propriedade é proveniente do processo de engorda de animais
bovinos, necessitando somente de um funcionário na fazenda que o auxilia nas
atividades, e quando necessário, paga um diarista para ajudar no que for preciso.
O produtor mostrou para os acadêmicos como ele conduz sua propriedade,
permitindo-nos relacionarmos o que vimos em sala de aula na prática na prática
sobre adubação, fisiologia de plantas, ecologia, etc., dessa forma nossa visita à
propriedade foi extremamente proveitosa para os acadêmicos.
A segunda visita foi no dia 13/07/2017 (Foto 3) na propriedade do Sr.
Florentino Cione que não pode nos acompanhar porque não está bem de saúde.
Em seu lugar fomos acompanhados por sua filha, Dona Aparecida e seu Sr. José
(genro) que relataram sobre as atividades praticadas na propriedade. Ela nos
contou sobre como foi a vinda deles para Alta Floresta-MT, somente com uma
mala e um ‘’saco de panela’’, com seu esposo (Sr. José). Eles, inicialmente,
trabalharam como diarista para vários proprietários de terras, como por exemplo
para o senhor Zé Maringá, capinando café de segunda a quarta-feira, e em outras
propriedades nos demais dias da semana roçando pasto entre outros serviços.
Um dia um senhor chamado Arlindo os convidou para irem à feira da
cidade. Ao aceitarem, vislumbraram a oportunidade de se tornarem feirantes
locais. Com a ideia encheram seu fusca com várias frutas que tinham na
propriedade.
Contaram que os compradores, predominantemente garimpeiros,
compravam o que queriam e não perguntavam pelo preço, “se era de agrado
deles, pagavam com dinheiro na hora sem pechinchar”. Então ali Sr. José viu a
possibilidade de investimento para gerar sua renda. Em 1989 compraram uma
área de 60ha, onde hoje se encontra 4,8 ha plantado cana, 31,2 ha de pastagens
e uma pequena área plantada de cacau e APP em volta da nascente de água.
Durante a travessia na propriedade, Dona Cida e seu Zé, nos mostraram as
nascentes, área cultivada de cana (sua principal cultura destinada a produção de
rapadura, melado, entre outros), cacau (plantio na cabruca), mostraram também
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um pequeno córrego (onde tem uma pequena represa) onde afirmaram que “há
um ano atrás esse córrego estava seco, sem nenhuma água”. Eles informaram que
foi uma “luta’’, já que o gado dependia dessa água.
Ali mesmo, ao lado da represa (Figura 1. A; Foto 4) o grupo se acomodou
para ouvir as informações e as percepção do casal que responderam às perguntas
norteadoras sugeridas pelo professor da disciplina.
Foto 3. Acadêmicos que participaram da
visita na propriedade do Sr. Florentino
Cione. Alta Floresta-MT. Fonte: Os
autores.
Foto 4. Conversa dos acadêmicos com
Dona Aparecida e Sr. José na represa
(vizinho do cacau plantado na mata
(cabruca). Alta Floresta-MT. Fonte: Os
autores.
Perguntamos ao casal sobre o uso de agrotóxicos na propriedade. Eles
responderam que não utilizam, pois não há necessidade do uso. Outra pergunta
formulada foi sobre a adubação utilizada na propriedade. Eles responderam que
utilizam o próprio esterco do gado para adubar a plantação. E quanto a reserva
florestal, o casal explanou sobre a necessidade de preservar a natureza e que
ficaram impressionados com o aumento no nível de água, trazendo benefícios à
propriedade e aos animais que ali habitam, quando iniciaram o processo de
revegetação das APP.
Perguntamos ao casal sobre o processo de comercialização que na venda
de sua produção (gado, cacau, cana, entre outros produtos). Seu Zé respondeu
que o canal de venda principal é através da feira livre municipal.
Indagados sobre a visão deles em relação à feira livre, eles expuseram que
a feira é ótima, que eles sobrevivem do que eles vendem lá (rapaduras, chocolates
caseiros, melado de cana, cachaça, entre outros), é uma das melhores formas de
comércio segundo eles. Eles recomendam para todos, pois conseguem vender os
produtos que produzem.
A importância da aula de campo no processo de aprendizado dos
acadêmicos, via prática do tripé (ensino-pesquisa-extensão é defendida por
Gonçalves (2017) e Labegalini et al. (2017,)
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4. Considerações Finais As aulas práticas são muito importantes para termos uma visão ampla de
como é o cenário rural que nós - futuros agrônomos – encontraremos, ou seja,
produtores com visões diferentes quanto a lógica capitalista, mas que defendem
e praticam a preservação ambiental, como visto nas propriedades do Senhor
Paulo e do Sr Florentino. Portanto, a visita nos proporcionou uma melhor forma
de vermos como é a vida dos produtores rurais visitados e contribuíram na nossa
formação, pois nos oportunizou termos um olhar mais profundo da agricultura
familiar e de sua relação como o meio ambiente, relacionando a teoria versus
prática.
As aulas realizadas, segundo os acadêmicos, foram muito importantes para
eles, pois puderam visualizar o papel deles na construção de uma sociedade mais
justa, igualitária e com um olhar diferenciado no apoio aos agricultores familiares.
Os acadêmicos também destacaram que agregaram valores e conhecimento aos
assuntos debatidos em sala.
Essas aulas nos mostram a nossa responsabilidade para com sociedade e,
sobretudo, com os agricultores, na busca do equilíbrio do tripé da
sustentabilidade (social, ambiental e econômica).
5. Referências Bibliográficas
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