1: Eng. Amb., MSc., Universidade Estadual Paulista, Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, 19-35269446, [email protected]
2, 6: Geol., Dr., Universidade Estadual Paulista, Departamento de Geologia Aplicada, 19-35269313, [email protected], [email protected]
3: Eng. Amb., Universidade Estadual Paulista, Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, 19-35269446, [email protected] 4: Geogr., MSc., Universidade Estadual Paulista, Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, 19-35269446, [email protected]
5: Eng. Amb., Dr., Universidade Estadual Paulista, Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, 19-35269446, [email protected]
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental
ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA E CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES
DE TERRENO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DO ROQUE
(SP)
Flávio Henrique Rodrigues1; José Eduardo Zaine2; Tales de Diniz3, Juliano Oliveira Martins Coelho4; Lucilia do Carmo Giordano5; Fábio Augusto Gomes Vieira Reis 6
Resumo – A área do presente estudo corresponde à bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque, afluente do Rio Mogi Guaçu, na região centro-leste de São Paulo, onde está localizado um trecho do Oleoduto São Paulo-Brasília (OSBRA), o qual corta diferentes terrenos, sujeitos à ocorrência de processos geológicos exógenos. Foram mapeadas dez unidades de terreno, podendo-se distinguir planícies e terraços fluviais, colinas e morros sobre rochas areníticas, diques e soleiras de diabásio sustentando morros alongados em relevo assimétrico com depósitos de talus associados, rochas pelíticas em relevo aplainado e plateaus sustentados por derrames basálticos. O método adotado baseou-se na análise integrada do meio físico, onde foram associadas informações sobre o relevo, litologia, tipos de solos e processos geológicos superficiais. Em seguida procedeu-se a análise geomorfológica relacionando os compartimentos mapeados às características morfológicas, litológicas e os processos morfogenéticos. Conclui-se que que a grande diversidade de formas de relevo da bacia do Ribeirão do Roque se deve a variedade de litotipos, os quais estão associados a superfícies em níveis altimétricos distintos, revelando o caráter espacial e cronológico dos processos de desnudação, em diferentes formas de relevo e de tipos de rochas e em uma variedade de estruturas geológicas.
Abstract – The area of this study corresponds to the watershed of Roque Stream, a tributary of the Mogi Guaçu River, in the central-eastern region of the State of São Paulo, where is located a section of Pipeline São Paulo-Brasília (OSBRA), which cuts different terrains, subjects to the occurrence of exogenous geological processes. Have been mapped ten terrain units, identifying plains and river terraces, mound and hills on sandstone rocks, diabase dikes and sills sustaining elongated hills in asymmetrical relief with deposits of talus associated, pelitic rocks in flattened relief and plateaus supported by basaltic flows. The method adopted was based on the integrated analysis of the physical environment, where were associated information about the relief, lithology, soils and exogenous.geological processes. Then a geomorphology analysis was performed, relating compartments mapped to morphological characteristics, lithologic and morphogenetic processes. It was concluded that the great diversity of landforms of watershed of Roque Stream is due to the variety of rock types, which are associated with surfaces at different altimetric levels, revealing the chronological nature of denudation processes in different forms of relief and of rock types and in a variety of geological structures.
Palavras-Chave – Análise Geomorfológica, Depressão Periférica Paulista, Zona do Mogi Guaçu, Ribeirão do Roque, Oleoduto São Paulo-Brasília
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 2
1. INTRODUÇÃO
Os resultados aqui apresentados fazem parte da etapa de compartimentação fisiográfica e
caracterização geológico-geotécnica preliminar, do projeto intitulado “Metodologia para Avaliação
de Áreas Sujeitas à Ocorrência de Ondas de Cheia e Corridas de Massa/Detritos: Estudo Piloto
no Duto OSBRA no Estado de São Paulo” (REIS; CERRI, 2014). Trata-se da parceria entre a
Petrobras e a Universidade Estadual Paulista, com a finalidade de avaliar as áreas potenciais a
ocorrência dos processos de ondas de cheia e corridas de massa/detritos em dutovias, tendo
como área de estudo o trecho paulista do Oleoduto São Paulo-Brasília (OSBRA).
No presente artigo, a área de estudo restringiu-se à bacia hidrográfica do Ribeirão do
Roque, um afluente da margem esquerda do Rio Mogi Guaçu, localizada entre os municípios
Leme, Pirassununga e Analândia, na porção centro-leste de São Paulo (Figura 01). Essa sub-
bacia foi escolhida como uma das áreas-alvo por apresentar grande diversidade geológica e
geomorfológica, com setores de relevo de morros sustentados por diques de diabásio, escarpas
arenito-basálticas, terraços aluviais e vales encaixados além de outras características favoráveis
ao desenvolvimento de processos de movimentos de massa e ondas de cheia, sendo a mesma
interceptada a jusante pelo OSBRA.
Juntamente com as informações depreendidas do projeto supracitado, objetiva-se
apresentar uma análise geomorfológica da bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque, relacionando
os compartimentos mapeados às características morfológicas regionais e locais, bem como aos
diferentes processos geológicos superficiais que podem afetar o OSBRA.
2. MÉTODO E ETAPAS DE TRABALHO
Em termos teórico-metodológicos, a presente pesquisa baseou-se no conceito de
Sistemas de Terrenos (LOLLO, 1995), a fim de avaliar sistemicamente o meio físico, com vistas à
análise morfogenética.
Para o mapeamento das unidades de terreno da bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque,
foram reunidas informações dos mapas de declividade e altimetria, fotografias aéreas e
levantamentos de campo, integrando-as aos dados do mapa fisiográfico preliminar, quadro de
análise fotogeológica, contendo inferências geológicas, geomorfológicas, perfis típicos de solo e
comportamentos geotécnicos fotointerpretados, conforme metodologia proposta por Zaine (2011).
Em seguida, as unidades de terrenos foram caracterizadas considerando os fatores
morfogenético, associados ao contexto da província geomorfológica da Depressão Periférica
Paulista e Cuestas Basálticas. Para tanto, foram levantados trabalhos clássicos em geomorfologia
sobre o compartimento geomorfológico citado, destacando Almeida (1964), Ab’Saber (1969),
Penteado (1976), Fúlfaro (1979); Ponçano (1981) e Vieira (1982), além de Silva (2009), a qual
apresenta um revisão teórico-conceitual sobre as superfícies geomorfológicas do planalto sudeste
brasileiro.
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 3
3. CONTEXTO GEOMORFOLÓGICO REGIONAL
A bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque possui um relevo típico de setores da Província
Geomorfológica da Depressão Periférica Paulista, com a Zona do Mogi Guaçu, e a Província das
Cuestas Basálticas, com feições tanto da cuesta interna como externa.
A Depressão Periférica Paulista consiste em um compartimento morfo-escultural em forma
de um corredor arqueado, com aproximadamente 450 km de extensão, e uma largura média de
100 km, nitidamente embutido entre as escarpas e festões mais avançados da zona de cuestas
que delimitam a borda oriental dos derrames basálticos, e o Planalto Atlântico, formado por
rochas pré-Cambrianas em áreas serranas e acidentadas. Além do predomínio de relevo pouco
acidentado, ocorrem também áreas superficiais descontínuas de corpos intrusivos magmáticos
geralmente em soleiras e diques de diabásio que desempenham papel importante na topografia.
Os principais sistemas de relevo da província são as colinas médias e amplas e os morrotes
alongados e espigões (AB’SABER, 1969; PENTEADO, 1976, PONÇANO, 1981).
Esta província geomorfológica resulta da grande escavação erosiva em rochas dos
Períodos Carbonífero, Permiano e Triássico, induzida pelo contínuo processo de peneplanização
e resposta isostática de alívio de pressão pela remoção dos sedimentos citados. O levantamento
vertical Meso-Cenozóico ocorrido na zona costeira do sudeste e sul do Brasil, cuja dinâmica não
se deu de maneira contínua, com um forte impulso no Oligoceno (39 Ma), propiciou no nas áreas
continentais adjacentes um arcabouço estrutural da Depressão Periférica. A partir do Mioceno (23
Ma), com a região novamente soerguida, uma nova fase de entalhe erosivo foi reativada,
atribuindo tal idade à atual esculturação do relevo da província, o qual reflete complexos
fenômenos denudacionais intertropicais e pediplanação extensiva (AB’SABER, 1969; FÚLFARO,
1979; VIEIRA, 1982; SILVA, 2009).
Almeida (1964) estabelece a divisão tríplice da Província da Depressão Periférica Paulista
nos seguintes compartimentos: Zona do Paranapanema ao sul, Zona do Médio Tiete na porção
central e Zona do Mogi Guaçu ao norte, cujos níveis topográficos variam de 530 a 720 m,
delimitados por regiões adjacentes em que as altitudes excedem 900 m, o que a caracteriza como
uma depressão topográfica típica. A Zona do Mogi Guaçu representa 16% da província e difere-se
relação às demais, e difere-se das demais pelo fato da Fm. Corumbataí só se mostrar em áreas
restritas de sua borda ocidental (como observado na área de estudo). As expressivas intrusões de
diabásio são características marcantes desta zona, existentes às bordas meridional e ocidental,
com dezenas de metros de espessura, formando degraus topográficos suavizados, que separa a
área sedimentar, de relevo baixo e uniforme, das altas escarpas do elevo residual da cuesta
basáltica externa (ALMEIDA, 1964).
O Rio Mogi Guaçu, ao se aproximar das estruturas basálticas, intrusivas ou efusivas, são
por elas claramente desviados, atravessando saltos e pequenas quedas em soleiras (leito
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 4
rochoso) e sobre falhas, manifestando o condicionante estrutural na organização da rede hídrica.
Já seus afluentes, como o Ribeirão do Roque, que em seu conjunto mostra traçado dendrítico,
possuem maior adaptação às estruturas, seja por se dirigirem no sentido aproximadamente NNE
das camadas, ou por se adaptarem às direções NE e NW dos sistemas predominantes de fratura.
(ALMEIDA, 1964; AB’SABER, 1969).
Em termos de composição litológica, a Província das Cuestas Basálticas é formada por
derrames superpostos de rochas eruptivas, com mais de 100 km de extensão e com espessuras
de várias dezenas de metros. Geralmente, estes derrames recobrem arenitos das formações
Pirambóia e Botucatu, com lentes arenosas entre-cortantes e, nas partes mais elevadas, sobre os
basaltos, ocorrem arenitos do Grupo Bauru e mais jovens, como as coberturas cenozoicas
(PONÇANO, 1981).
Quanto a morfologia deste compartimento, observam-se frontes escarpados com perfis
escalonados cortados por plataformas estruturais. Os sistemas de relevo típicos são morros
amplos e arredondados e relevos residuais de mesas basálticas, além de colinas médias no
reverso da cuesta. Ocorrem também em algumas áreas pequenos platôs basálticos delimitados
por relevos do tipo encostas sulcadas por vales subparalelos, ou com cânions locais (PONÇANO,
1981, PENTEADO, 1976).
Apesar de não ser estabelecida sua subdivisão em zonas geomorfológicas, este
compartimento pode ser caracterizado em duas linhas de cuestas, denominadas cuestas externas
e internas. Enquanto que esta é contínua em todo território paulista, desenvolvendo-se desde o
Rio Grande até o Rio Paranapanema, a cuesta externa ocorre desde Minas Gerais de forma
menos contínua, perdendo sua altura junto ao vale do Rio Pardo, até descaracterizar-se por
completo a SW do Rio Mogi Guaçu, configurando-se apenas como um degrau topográfico.
A ocorrência da Província das Cuestas Basálticas na bacia do Ribeirão do Roque é
observada à margem esquerda do rio Mogi Guaçu, onde a continuidade da cuesta externa é
comprometida pelo crescimento da espessura dos arenitos infrabasálticos e interrupções do
conjunto inferior (ALMEIDA, 1964). Os basaltos prosseguem de forma descontínua e sustentam
um nítido degrau entalhado pelo Rio Descaroçador, seguindo para SW, derrames baixos,
intercalados no pacote de arenito Botucatu, apresentando-se na superfície de maneira isolada.
A partir da travessia do Rio Mogi Guaçu pela cuesta interna, e seguindo em direção ao sul,
observa-se um relevo basáltico muito festonado, devido às intercalações de arenitos entre os
derrames basálticos. Esta forma de relevo residual encontra-se restrita a dois setores na porção
oriental da bacia do Ribeirão do Roque, representados pela Serra do Cuscuzeiro (NW) e Morro
Grande (WNW), sendo este, um alto testemunho isolado da cuesta interna, avançado no espigão
divisor de águas do Rio Mogi Guaçu e o Rio Tietê (ALMEIDA, 1964; PENTEADO, 1976).
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 5
4. UNIDADES DE TERRENO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DO ROQUE
A bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque possui uma área de aproximadamente 500 km2,
localizada na porção central da Depressão Periférica Paulista, na Zona do Mogi-Guaçu
(ALMEIDA, 1964). O meio físico analisado caracteriza-se pela grande diversidade de formas de
relevo e litotipos, correlatos às rochas paleozoicas e mesozoicas da Bacia Sedimentar do Paraná,
distribuídos em dez unidades de terreno, conforme observado na Figura 01.
Figura 01: Mapa de Unidades de Terreno da Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Roque (SP)
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 6
A travessia do OSBRA (Figura 02) é feita em uma planície aluvionar do Ribeirão do
Roque, na Unidade I, com presença de um pequeno meandro abandonado, sobre uma soleira de
diabásio da Unidade VI. O local apresenta certa estabilidade geotécnica com presença de rachão
de rocha para controle do processo erosivo nas margens e a travessia é feita em cavalete
diretamente na rocha (diabásio), o que propicia uma proteção adicional.
Figura 02: Perfil topográfico e material de subsuperfície na travessia do OSBRA no Ribeirão do Roque
O Quadro 01 traz a síntese das características geológicas, geomorfológicas e de materiais
inconsolidados, além da classificação das unidades segundo os critérios de fotoanálise e
fotointerpretação (propriedades e atributos geotécnicos interpretados), e informações de campo.
Quadro 1 – Análise integrada do meio físico da Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Roque
(Parte 1) Unidades de Terreno
I II III IV Va
Subsuperfície (geologia)
Planície Aluvial Terraços Fluviais Coberturas cenozóicas
Arenitos da Fm. Itaqueri
Arenitos da Fm. Botucatu e Basaltos da Fm. Serra Geral
Denominação (litologia/materiais e relevo)
Areias, cascalhos e argilas em
planícies fluviais
Materiais dominantemente
arenosos em terraço fluvial
Colúvios e coberturas com
solos lateríticos em relevos colinosos
Arenitos em topos de Cuestas
Arenitos e Basaltos em relevos de
escarpas
Fo
toanális
e
Drenagem e relevo
Densidade textural
Baixa Baixa Baixa Baixa Média a alta
Formas de relevo
Amplitude local
Baixa Baixa Baixa Baixa a média Alta
Declividade Baixa (plana)
Baixa Baixa Baixa Alta
Formas de topo e vale
Vales Abertos e superfícies plainas
Vales Abertos e superfícies planas
Vales Abertos e superfícies planas
Vales abertos e topos arredondados
Vales fechados
Formas de encosta
Superfícies planas Superfícies planas Convexas Côncavas Retilíneas
Estrutura Tropia Não orientada Não orientada Não orientada Não orientada Não orientada
Feições particulares Meandros e depósitos de
assoreamento - - Voçorocas
Escorregamento blocos
Fo
toin
terp
reta
ção
Drenagem e relevo Alta Alta Alta Média Baixa a média
Espessura do manto de alteração
Média Alta Alta a Média Média Baixa
Resistência à erosão natural (dureza)
Baixa Baixa Baixa Baixa Alta a Média
Potencialidade a movimentos
gravitacionais Baixa Baixa Baixa Baixa a média Alta a Média
Composição e estrutura Homogênea Homogênea Homogênea Homogênea Homogênea
Afloramentos e blocos rochosos
Ausentes Ausentes Ausentes Ausentes Presentes
Observa-ções de campo
Processos geológicos
Erosão fluvial e assoreamento
Erosão Erosão Erosão Rastejo,
Escorregamento e queda de blocos
Uso da terra Mata ciliar Pasto e Cana Pasto e Cana Agricultura Vegetação Nativa
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 7
Quadro 1 (continuação) – Análise integrada do meio físico da Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Roque
(Parte 2) Unidades de Terreno
Vb VI VII VIII IX X
Subsuperfície (geologia)
Depósito de Talus
Diabásio – diques e soleiras
correlatas a Fm. Serra Geral
Arenitos das Fm. Pirambóia e
Botucatu
Arenitos da Fm. Pirambóia
Siltitos e argilitos da Fm.
Corumbataí
Folhelhos, calcários e sílex
da Fm. Irati e siltitos e
arenitos da Fm Tatui
Denominação (litologia/materiais e relevo)
Material inconsolidado proveniente de intemperismo e
ação da gravidade no
sopé de Cuestas
Diabásio em relevo de morrotes
alinhados e encostas
íngremes Talus e colúvios
associados
Arenitos e solos arenosos em
relevo de encostas suaves
Arenitos e solos arenosos em
relevo de meia encosta
Siltitos e argilitos em relevo de meia encosta
Folhelhos, calcários e sílex
da Fm Irati e siltitos e
arenitos da Fm Tatui em relevo de meia encosta
Fo
toanális
e
Drenagem e relevo
Densidade textural
Média Média Baixa Média Média a alta Média a alta
Formas de relevo
Amplitude local
Média Alta Baixa Média Baixa Baixa
Declividade Baixa Alta Baixa Baixa a Média Baixa a Média Baixa a Média
Formas de topo e vale
Vales abertos e topos
arredondados
Vales Abertos e topos angulosos a arredondados
Vales abertos e topos
arredondados
Vales Fechados e topos
arredondados
Vales abertos e topos
arredondados
Vales abertos e topos
arredondados
Formas de encosta
Convexas Côncavas e
retilíneas Convexas
Côncavas e retilíneas
Convexas e Côncavas
Convexas e Côncavas
Estrutura Tropia Não orientado Orientada (diques)
Não orientada Não orientada Não orientada Não orientada
Feições particulares Ravinas Cristas
orientadas Escorregamento
Ravinas e Voçorocas
Ravinas - -
Fo
toin
terp
reta
ção
Drenagem e relevo Média Média Alta Alta a média Baixa Baixa
Espessura do manto de alteração
Média a Baixa Baixa a alta Alta Média a Baixa Baixa Baixa a média
Resistência à erosão natural (dureza)
Baixa Alta Baixa Média a Baixa Média Média
Potencialidade a movimentos
gravitacionais Alta a Média Alta a Média Baixa Baixa Baixa Baixa
Composição e estrutura Homogênea Homogênea a Heterogênea
Homogênea Heterogênea Heterogênea Heterogênea
Afloramentos e blocos rochosos
Raros Presentes Ausentes
(raros) Ausentes Ausentes Ausentes
Observa-ções de campo
Processos geológicos
Erosão
Rastejo e Escorregamento
e queda de blocos
Erosão Erosão Empastilha-
mento Empastilha-
mento
Uso da terra Pasto e Cana Pasto Pasto e Cana Pasto e Cana Pasto e Cana Pasto e Cana
As unidades representadas pelas planícies fluviais (I), terraços (II) e coberturas
coluvionares (III) compõem as formas de relevo mais suaves a leste da área. Na porção central, o
relevo colinoso está associado às rochas paleozoicas (unidades IX e X), enquanto que as formas
mais dissecadas são compostas por rochas mesozoicas e paleozoicas (unidades de VI a VIII).
São observadas a oeste rochas areníticas sobre os relevos cuestiformes das unidades IV e V.
A unidade I, formada por sedimentos quaternários, caracteriza-se por superfícies planas
junto às drenagens principais da bacia, com desenvolvimento de planícies aluviais, entreposta em
colinas e morros amplos, principalmente ao longo dos Ribeirões do Moquém, do Descaroçador,
do Arouca e do Roque. Nesta unidade é encontrada a travessia do OSBRA (Fig. 02), estrutura
esta sujeita aos processos erosivos fluviais bem como ondas de cheias. A unidade II ocorre
próximo à foz da bacia, identificada pelo terraço fluvial entre o Ribeirão do Roque e o Rio Mogi
Guaçu, em uma superfície plana e irregular, onde é observada a surgência da água subterrânea
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 8
formando lagoas de topo que alimenta pequenos cursos d’água. Esta unidade caracteriza-se pela
erosão hídrica linear, mobilizando sedimentos flúvio-lacustres cenozoicos inconsolidados. As
coberturas cenozoicas da unidade III caracteriza-se por sedimentos indiferenciados retrabalhados
de outras rochas (colúvios), associadas à superfície erosivas e estendem-se sobre os topos
aplainados em colinas amplas e suaves.
A centro-leste da área ocorrem as rochas paleozoicas, dominantemente pelíticas, das
formações Corumbataí, Irati e Tatuí, definidas respectivamente como unidades IX e X, em setores
de meia e baixa encosta, em um terreno sujeito aos processos de empastilhamento. A unidade IX
diferencia-se da unidade X por apresentar maior densidade textural, o que está relacionada ao
maior aporte hídrico e erosão linear mais intensa.
Os diques e soleiras de diabásio formam os morrotes alongados e espigões da unidade
VI, com encostas íngremes e topos anguloso, susceptíveis aos processos de rastejo,
escorregamento e queda de blocos. Os arenitos das formações Pirambóia e Botucatu
caracterizam-se pelos degraus estruturais a oeste da área e rebordos erosivos típicos do relevo
de morros amplos de encostas suaves da unidade VII. Já unidade VIII, formada por rochas da
Fm. Pirambóia, é definida por um relevo formado por colinas amplas com interflúvios
arredondados, vales fechados e encostas dissecadas, resultantes pela menor resistência ao
entalhe erosivo da drenagem.
Caracterizada pelo relevo do tipo platô, a sub-unidade Va é formada por encostas verticais
com feições de instabilidade como ravinamento e fraturas com quedas de blocos rochosos. Os
materiais inconsolidados da sub-unidade Vb, caracterizam-se por sedimentos quaternários
provenientes do intemperismo das cuestas e movimentos gravitacionais de queda de blocos e
escorregamentos de solo e rocha, com a deposição deste material no sopé do relevo escarpado.
Sobre este relevo, a unidade IV ocorre de forma localizada formando um relevo suave com topos
arredondados e vales abertos. A seguir, as Figuras 03 e 04 apresentam os perfis topográficos e
seções geológicas indicados no mapa da Figura 01, ilustrando as rochas/materiais de
subsuperfície e formas de relevos das dez unidades de terrenos da bacia do Ribeirão do Roque.
Legenda
Figura 03: Perfil topográfico DE e material de subsuperfície da bacia hidrográfica Ribeirão do Roque
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 9
Legenda
Figura 04: Perfil topográfico ABC e material de subsuperfície da bacia hidrográfica Ribeirão do Roque
15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1
0
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento da paisagem a partir de uma sequencia evolutiva de processos de
desnudação com a progressiva mudança da forma do relevo encontra-se impressa nas unidades
de terreno mapeadas. Na bacia do Ribeirão do Roque, como em toda a Depressão Periférica
Paulista e Cuestas Basálticas, estes eventos resultaram no gradual rebaixamento de topos e
interflúvios com a suavização da inclinação das vertentes e escalonamento topográfico.
A grande diversidade de formas de relevo da área estudada se deve a variedade de
litotipos, os quais estão associados a superfícies em níveis altimétricos distintos (Figuras 03 e 04),
revelando o caráter espacial e cronológico dos processos de desnudação (intemperismo, erosão
e movimentos de massa) sobre tipos de rochas e em uma variedade de estruturas geológicas.
A definição da bacia hidrográfica como unidade de análise dos elementos do meio físico
corrobora para compreensão integrada dos condicionantes de estabilidade de obras de
infraestrutura, como no caso do OSBRA. Conclui-se, portanto, que o mapeamento das unidades
de terreno numa escala de semi-detalhe, acompanhado pela contextualização geomorfológica
regional e análise morfogenética, permitirá a avaliação sistêmica do comportamento geotécnico e
dos processos geológicos exógenos que podem afetar direta e indiretamente o referido duto.
REFERÊNCIAS
AB’SABER, A.N. A Depressão Periférica Paulista: um setor das áreas de cincundesnudação pós-cretácea
da Bacia do Paraná. Boletim do Instituto de Geografia – USP, Geomorfologia 15. 15p. 1969.
ALMEIDA, F.F.M. Fundamento geológicos do Relevo Paulista. Boletim Instituto Geográfico e Geológico, 41. p. 169-263. 1964.
FÚLFARO, V.J. O Cenozoico da Bacia do Paraná. In. Atas do 2º Simpósio Regional de Geologia,
SBG/NSP. v. 1. p. 231-241, Rio Claro São Paulo. 1979.
LOLLO, J. A. O uso da técnica de avaliação do terreno no processo de elaboração do mapeamento
geotécnico: sistematização e aplicação na quadrícula Campinas. 1995. 2 v. Tese (Doutorado em Geotecnia) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1995.
PENTEADO, M.M. Geomorfologia do Setor Centro-Ocidental da Depressão Periférica Paulista. Universidade de São Paulo, Instituto de Geografia Física, 86p. (Série Teses e Monografias, 22) 1976.
PONÇANO, W.L., CARNEIRO, C.D.R., BISTRICH, C.A., ALMEIDA, F.F.M. de. PRANDINI, F.L. Mapa
Geomorfológico do Estado de São Paulo. Instituto de Pesquisa Tecnológicas do Estado de São Paulo, São Paulo. 2 V. Escala 1:500.000. (Publicação IPT1183 – Monografia5) 1981.
F.A.G.V.REIS & L.E.S.CERRI (COORD.) Metodologia para Avaliação de Áreas Sujeitas à Ocorrência de
Ondas de Cheia e Corridas de Massa/Detritos: Estudo piloto no Duto OSBRA no Estado de São
Paulo. Relatório Final de Pesquisa – Departamento de Geologia Aplicada, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2014
SILVA, T.M. Superfícies Geomorfológicas do Planalto Sudoeste Brasileiro: uma revisão teórico-conceitual.
GeoUERJ. Ano 11, v. 3, n.2. p 1 – 22. 2009.
VIEIRA, P.C. Hipótese sobre a Origem da Depressão Periférica Paulista. In. Revista do Instituto
Geológico do Estado de São Paulo. São Paulo. v. 3(2). p. 61-67. 1982.
ZAINE, J.E. Método de Fotogeologia Aplicado a Estudos Geológico-Geotécnicos: Ensaio em Poços
de Caldas, MG. Tese (Livre-docência) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2011.
Top Related