L A R I S S A T O R R E S
ANEMIA NO PACIENTE IDOSO
INTRODUÇÃO
Critérios WHO:
♂ : Hb <13g/dl
♀ : Hb < 12g/dl
Comum no paciente idoso
Prevalência*: 10% (♀) e 11% (♂) >65a
20% (♀) e 26% (♂) >80ª
Institucionalizados: 50 – 60%
Níveis de Hb “fisiologicamente” mais baixos?
Embora geralmente não muito grave, está associada a elevada morbidade e mortalidade
Anemia
↑Fragilidade
↓Força Muscular
↑Risco de Quedas
↓Função Cognitiva
↑Taxas de Mortalidade
↑Sintomas Depressivos
↓Qualidade de Vida
O aumento da morbidade
está relacionado
diretamente à anemia ou à
sua etiologia e/ou
comorbidades presentes?
↑Débito cardíaco
Hipóxia tecidual
Ataxa de
mortalidade em
pacientes idosos
com anemia sem
evidências de
doenças clínicas
é DUAS vezes maior do que em
idosos não
anêmicos
SÍNDROME CLÍNICA
Sintomas relacionados à hipóxia tecidual
Dispneia aos esforços
Diminuição da tolerância aos esforços
Astenia
Tontura
Palidez cutaneomucosa
Sintomas relacionados aos mecanismos compensatórios
Palpitações, taquicardia
Descompensação de doenças cardiovasculares (ICC, angina)
Descompensação de doenças cerebrovasculares
Descompensação de doenças respiratórias
ETIOLOGIA
Deficiência de nutrientes
Doenças crônicas
Inexplicada/Mielodisplasia
ETIOLOGIA
• Anemia inexplicada : 35%
• Neoplasias hematológicas (ou suspeita): 22%
• Deficiência de ferro: 12%
• Tratamento de neoplasias não-hematológicas: 11%
• Anemia de doença inflamatória: 6%
• Insuficiência renal: 4%
• Outra/dados incompletos: 10%
PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DA SÉRIE VERMELHA
• Hematimetria
• Dosagem de Hb
• Hematócrito
• VCM 80-100fL
• HCM 28-32pg
• CHCM 32-35g/dl
• RDW 10-14%
• Contagem de reticulócitos 0,5-2%
IPR: Ht/40 x %retic + 2 IPR: Ht/15 x %retic + 2
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
• História clínica e exame físico
• Avaliação do estado nutricional do paciente
• Taxa de queda dos níveis de Hb e alterações
concomitantes em índices hematimétricos e/ou
contagem de outras célulcas
• Leucopenia, leucocitose, trombocitopenia,
macrocitose sem causa atribuível, displasia
• Contagem de reticulócitos
• Possibilidade de múltiplas causas
ANEMIA FERROPRIVA
• Absorção na mucosa intestinal - Incorporação pela ferritina das céls da mucosa
- Transportado através da membrana (ferroportina) e ligação à transferrina plasmásica
• Não existe uma “via fisiológica” de eliminação do ferro do
organismo
FERRO
70-75%: Hemácias
25%: “Compartimentos
armazenadores de ferro”
2%: Plasma
Ferritina
Hemossiderina
Transferrina sérica
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
• Microcítica e hipocrômica
• Ferritina: principal estrutura responsável especificamente
pelo armazenamento do ferro no organismo
• Valores de referência: 20 – 200ng/ml
♂ : 125ng/ml
♀ : 55ng/ml
• Ferritina sérica alta – reserva total de ferro aumentada
• Ferritina sérica baixa – reserva total de ferro diminuída
Anemia ferropriva
Ferritina sérica <12ng/ml
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
• Ferro sérico
Normal: 60-150mcg/dl
• Transferrina sérica
Normal: 200-400mg/dl
• TIBC: capacidade total de ligação do ferro
TIBC = ferro sérico + capacidade latente de fixação do ferro =
Normal: 250-360mcg/dl
• Saturação da transferrina
Ferro sérico/TIBC
Normal: 30-40%
Quando aumenta: deficiência de
ferro, gestação, ACOs
Quando reduz: anemia
ferropriva, anemia da doença
crônica, sd urêmica
Quando diminui: anemia ferropriva,
anemia da doença crônica
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
• Geralmente cursa com trombocitose (500.000 –
600.000/mm³)
• RDW geralmente elevado (16%)
• Hipoproliferativa
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Perversão do apetite
• Síndrome de Plummer-
Vinson
ETIOLOGIA
• “Anemia ferropriva” não é um diagnóstico definitivo
• Ingestão insuficiente
• Defeitos na absorção de ferro
• Gestação
• Hipermenorreia
• Parasitoses
• Perda sanguínea crônica pelo TGI*
TODO paciente com mais de 50a e diagnóstico firmado de
anemia ferropriva deve ser submetido a uma colonoscopia,
mesmo se a EDA mostrar doença péptica ou se houver
hemorroidas.
SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS
• Desordens hematológicas adquiridas
- Transformação mutagênica de progenitor
hematopoiético
- Medula normo ou hipercelular + redução da
produção de diversas linhagens hematopoiéticas
• Anemia, bicitopenia ou pancitopenia
• Importantes causas de anemia crônica na
população idosa
SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS
• Quando suspeitar?
Paciente >50a com anemia normocítica ou macrocítica, bicitopenia ou pancitopenia, uma vez descartada a anemia megaloblástica por carência de vitamina B12 ou folato.
CLASSIFICAÇÃO
Idiopática
(primária)
Secundária
(induzida)
Geralmente
idosos (>60a)
Após
quimioterapia ou
radioterapia
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Paciente assintomático
• Manifestações da anemia
• Infecções bacterianas ou fúngicas
• Petéquias e púrpuras (25%)
• Manifestações auto-imunes (15%)
Principal causa
de morte!
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
• Anemia SEM reticulose
• Índices hematimétricos normais ou, mais comumente, presença de macrocitose (geralmente <115fL)
• Leucopenia com neutropenia (50%)
• Plaquetopenia (25%)
• Alterações no esfregaço de sangue periférico (macroovalócitos, neutrófilos hipossegmentares e hipogranulares, neutrófilo com núcleo em forma de halteres)
• Confirmação: biópsia de medula óssea
TRATAMENTO
• Idade do paciente
• Performance status
• Escore IPSS blastos na medula óssea, cariótipo, citopenias
• Cuidados de suporte
- Transfusão de hemocomponentes
- Uso de quelantes de ferro quando houver sobrecarga (desferoxamina)
- Fatores de crescimento hematopoiéticos
TRATAMENTO
• Terapia de baixa intensidade
- 5-Azacitidina
- Mecanismo de ação: interfere na metilação do DNA e aumenta o tempo de progressão das SMDs para LMA
• Terapia de alta intensidade
- Citarabina + etoposídeo + idarrubicina aplasiar a medula
- Transplante alogênico de MO
- Terapia de manutenção: citarabina + mitoxantrona
ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA
• Estado anêmico moderado frequente em pacientes que apresentam condições inflamatórias ou neoplásicas, quando estas se fazem presentes por um período superior a 20-60 dias
• Apenas doenças sistêmicas crônicas que cursam com aumento de citocinas causam ADC
• Principal causa de anemia em pacientes internados
• Geralmente normocítica-normocrômica
PATOGÊNESE
CITOCINAS
Redução da vida média das hemácias
(80 dias)
Redução da produção renal de EPO
Menor resposta dos precursores
eritróides à EPO
“Aprisionamento” do ferro em seus
locais de depósito
Ferro sérico baixo
Ferritina sérica normal ou alta
TRATAMENTO
• Geralmente voltado somente para a doença de
base
• Quando anemia for grave (Ht<25%) EPO
recombinante + reposição de ferro parenteral
ANEMIA DE CAUSA DESCONHECIDA
• Necessidade de tratamento: estado funcional,
comorbidades, sintomatologia
• Transfusão
• Uso de agentes estimuladores de eritropoiese
INDICAÇÕES DE TRANSFUSÃO
• Ht>45% aumenta viscosidade sanguínea dificulta perfusão tecidual
• Ht>30% e Hb>10g/dl
• Hemorragias agudas
- Tto inicial: reposição volêmica com soros cristalóides
- Perda sanguínea de até 30% não costuma requerer transfusão
- Excessão: hemorragia persistente, anemia prévia ou baixa reserva cardiopulmonar (transfusões com perdas de 15%)
- Não se orientar pelo Ht nos primeiros dias
INDICAÇÕES DE TRANSFUSÃO
• Perioperatório
- Indicação obrigatória de hemotransfusão se Ht<21% ou
Hb<7g/dl
- Excessão: pacientes com baixa reserva cardiopulmonar,
doença cerebrovascular, doença vascular periférica ou
distúrbio da hemostasia, cirurgia com CEC
• Anemia sem hemorragia aguda
- Analisar, independente do valor do Ht:
Intensidade dos sinais e sintomas
Reserva cardiopulmonar/Fatores agravantes
Tratamento específico para a causa da anemia
INDICAÇÕES DE HEMOTRANSFUSÃO
De uma forma geral, pacientes com Ht<21% ou
Hb<7g/dl necessitam de hemotransfusão
Em idosos (>65a), indivíduos com baixa reserva
cardiopulmonar, coronarianos ou portadores de doença
cerebrovascular ou vascular periférica, a transfusão é
recomendada quando Ht<24% ou Hb<8g-dl
Obrigada!
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