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Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 1
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
ARGUMENTAÇÃO NA PALESTRA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DA ESCOLA PÚBLICA
Paloma Sabata Lopes da Silva (Doutoranda - UFPE)
RESUMO
O objetivo do artigo é refletir sobre o fenômeno retórico da argumentação no gênero palestra, quando produzido em situação escolar. Para tanto, abordaremos uma visão panorâmica dos conceitos da Retórica (ARISTÓTELES, 2005; PERELMAN E OLBRECHTS-TYTECA, 2014), das teorias de gêneros com enfoque na argumentação e da Sociolinguística Interacional (GOFFMAN, 1998; GUMPERZ, 1991; LIBERALI, 2013), a fim de analisar trechos de palestras produzidas por alunos de 3º ano do ensino médio, de uma escola pública da cidade de Campina Grande, PB. A metodologia utilizada para a análise é do tipo descritivo-interpretativista, contemplando-se os aspectos relacionados aos mecanismos de composição discursivos mobilizados pelos alunos no momento de suas exposições. Para a produção da palestra pelos alunos, estes foram divididos em cinco grupos de pesquisa: quatro deles com cinco integrantes e um grupo com seis. Em cada grupo os próprios alunos elegeram dois dos quais profeririam a palestra. A constatação identificada permitiu a reflexão do quanto é importante preparar os alunos para se tornarem sujeitos críticos e criativos, principalmente por meio do planejamento e pesquisa para a formulação do texto oral formal, como é o caso do gênero palestra. A resposta a esse tipo de ensino é o fato de que mobilizar o ensino de técnicas argumentativas possibilita o aprimoramento de capacidades linguísticas, pelo planejamento e monitoramento da fala (em situação formal), caracterizadas enquanto composição do discurso argumentativo, quais sejam: as categorias enunciativas, as categorias discursivas e as categorias linguísticas.
Palavras-chave: Composição do discurso. Argumentação. Palestra. Ensino.
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INTRODUÇÃO
Ao partirmos do princípio de que saber argumentar amplia a capacidade de
refletir e de se posicionar, ampliando também o potencial de participação
democrática, este estudo tem como proposta responder ao seguinte questionamento:
De que modo a produção da palestra em contexto escolar possibilita o exercício da
capacidade argumentativa dos alunos do 3º ano do Ensino Médio de uma escola
pública do interior da Paraíba?
Iniciado na Filosofia e tomado, posteriormente, como objeto de estudo
linguístico, o estudo da retórica (ARISTÓTELES, 2005) é um ramo que possibilita a
identificação e análise de técnicas comunicativas com fins persuasivos. Em contexto de
ensino é possível tomarmos o estudo da argumentação (LIBERALLI, 2013), descendente
dessa teoria, para possibilitar ao aluno a oportunidade de planejar e executar textos
formais embasados pelo treino da competência crítica, criativa e persuasiva.
A discussão teórica que apoia nosso estudo apresenta uma base filosófico-
linguística: são os fundamentos da Retórica de Aristóteles (2011) e da Nova Retórica
proposta por Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014). Além destas, para analisar as
competências desempenhadas pelos alunos na execução da palestra, tomamos a
perspectiva Sóciointeracionistica de estudos da linguagem, embasada por Goofman
(1998), Gumperz (1991) e Hymes (1972).
Com base nessa reflexão, nosso objetivo geral é refletir sobre o fenômeno
retórico da argumentação no gênero palestra em situação escolar. De maneira
específica, nossos objetivos são identificar os mecanismos argumentativos (categorias
enunciativas, discursivas e linguísticas) de composição dos discursos em trechos de
palestras produzidas pelos alunos mencionados e analisar traços das competências
que possuem para planejar, pesquisar e produzir textos argumentativos na
modalidade oral formal.
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METODOLOGIA
Sob uma abordagem qualitativa (CHIZZOTTI, 2001), compreendendo o
paradigma interpretativista (LIBERALI e LIBERALI, 2011) e de natureza descritiva, por
haver a descrição das características do fenômeno em estudo (GRENIER e JOSSERAND,
2001 apud LIBERALI e LIBERALI, 2011), este estudo tem como corpus de análise trechos
de transcrição da produção de palestras por alunos do 3º ano do Ensino Médio de uma
escola pública localizada na cidade de Campina Grande – PB (SILVA, 2011).
Os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem do gênero palestra
foram os vinte e seis alunos que compunham a turma do 3º ano do Ensino Médio
(entre dezesseis (16) e vinte e um (21) anos de idade, sendo quinze do sexo feminino e
onze do sexo masculino), uma colaboradora (graduada em Licenciatura em Letras),
que participou dessa fase como acompanhante, para registrar (em diário de campo) as
impressões que teve durante a execução das aulas e eu, no papel de professora-
pesquisadora, que estava com a turma desde o início do ano letivo.Os dados foram
elaborados e coletados no início do segundo semestre no ano de 2010.
Para a produção da palestra pelos alunos, estes foram divididos em cinco
grupos de pesquisa: quatro deles com cinco integrantes e um grupo com seis. Em cada
grupo os próprios alunos elegeram dois dos quais profeririam a palestra.
Os temas das palestras foram eleitos a partir de discussões temáticas em aulas
anteriores, nas quais os alunos tiveram oportunidade de discutir em grupos e com os
colegas da turma e pesquisar previamente em livros e na internet, além de planejarem
o texto por intermédio da elaboração de textos dissertativos na modalidade escrita.
Dos cinco temas apresentados pelos alunos na culminância do projeto, para este
estudo elegemos analisar dois deles, cujos temas foram: 1) Preconceito e 2)
Desenvolvimento tecnológico. Os códigos utilizados nas transcrições das exposições
dos alunos são: para os expositores, a letra “E” seguida da numeração correspondente
ao aluno; “A” para a fala dos alunos da turma, também seguida de numeração – que se
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portam como audiência no momento das exposições; e “P” para a fala da professora
que conduz o evento.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Origem e avanços dos estudos sobre argumentação
O papel desempenhado pela argumentação, quando desenvolvida em contexto
de ensino, proporciona a criação de possibilidades para que mais pessoas sejam
capazes de pensar criticamente, de refletir e de se posicionar. Nesse sentido, Liberali
(2013, p. 9) afirma que “saber argumentar amplia o potencial de participação
democrática”. Esse princípio adotado parte da concepção Retórica de utilização da
linguagem, que remonta à sua origem em Aristóteles e, posteriormente, sob um
enfoque mais moderno, à perspectiva de Perelman e Obrechts-Tyteca (2014).
A retórica é um ramo de estudos que se iniciou na Filosofia com o objetivo de
conceituar as técnicas de persuasão utilizadas por um orador em público.
Posteriormente, foi tomada por Aristóteles (2011, p. 39) como a “a arte de bem falar”,
situada “no horizonte geral de todos os indivíduos, sem ter domínio de nenhuma
ciência determinada”.
Essa teoria teve o objetivo de que se tornasse a sustentação de argumentos de
princípios e valores que se nutrem em um raciocínio crítico válido e eficaz,
caracterizando-a pela relação entre ciência e arte, heurística e hermenêutica, por meio
de um saber interdisciplinar. De acordo com o filósofo da linguagem, a “Retórica é,
pois, uma forma de comunicação, uma ciência que se ocupa dos princípios e das
técnicas de comunicação. Não de toda a comunicação, obviamente, mas daquela que
tem fins persuasivos.” (ARISTÓTELES, 2005, p. 24)
Aristóteles propôs a existência de dois ramos da Retórica: uma Retórica da
elocução, centrada na produção literária e; a Retórica da argumentação, responsável
pelo estudo da palavra eficaz ou da elocução persuasiva. Dentre esses dois ramos da
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Retórica, nosso estudo adota a perspectiva do segundo, ou seja, nos embasaremos no
princípio da retórica da argumentação. Desta feita, Aristóteles (2005) mostra como os
elementos de argumentação psicológica também podem ser usados como parte
integrante da argumentação entimemática, ao passo que o orador controla as paixões
pelo raciocínio que desenvolve com os ouvintes.
No que se refere às técnicas de comunicação, utilizadas com o fim persuasivo
em uma palestra, por exemplo, devem ser mobilizados tópicos como estratégias
lógicas de argumentação, como o argumento pelo exemplo (argumentação
paradigmática e referência a exemplos históricos ou simplesmente criados) e o uso de
máximas na argumentação (uma das premissas ou conclusão) (ARISTÓTELES, 2005). A
pronunciação do discurso deve atender a alguns cuidados com o movimento, a
expressão e a modulação da voz em função da qualidade, do volume, da altura e do
ritmo, a correção gramatical e a adequação da expressão ao conteúdo.
No sentido de que a retórica oferece poderosos recursos de estruturação para
a manutenção da ordem social, da continuidade e da significância, uma palestra
apresenta essas características quando, por exemplo, o orador apresenta um início
marcante, produzindo uma frase de efeito para atrair a plateia a acompanhar a
palestra, no decorrer do discurso convida a audiência, em alguns casos, a participar do
texto, ao fazer perguntas fáceis e de respostas simples ou perguntas retóricas,
provocando o riso e/ou pedindo para que a plateia repita frases impactantes. Tudo
isso a fim de ganhar o favor do público, cativá-lo pela simpatia e demonstrar domínio e
confiança no conteúdo, para movimentar a apresentação e manter o interlocutor
atento. Essas características são adotadas com base na perspectiva de que falar bem não é
propriamente um dom, mas uma habilidade que se aprende a desenvolver com o conhecimento e
a prática de técnicas de comunicação oral (BLINKSTEIN, 2006).
Depois de Aristóteles, durante muito tempo, a retórica foi relegada a segundo
plano e acabou por ser esquecida, foi somente no século XX, paralelamente aos
estudos da filosofia da linguagem e da filosófica dos valores, rompendo com a tradição
cartesiano-positivista, que Perelman nos propôs uma Nova Retórica para tratar do
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aspecto lógico da persuasão e do convencimento, fazendo-a ressurgir. O que se
estudava agora era a argumentação enquanto processo social, ou seja, o estudo dos
meios de prova e a preocupação com a força, a intensidade e a solidez de um
argumento.
Perelman (2014) dirige seus estudos na busca do que ele denomina de uma
racionalidade ética, isto é, de uma lógica específica para os valores, pois estava
interessado em descobrir que tipo de argumento as pessoas efetivamente aderem e
como esse processo ocorre, por isso elegeu como projeto teórico a pesquisa de uma
“lógica dos julgamentos de valor”, chamada Nova Retórica. Com esse estudo chega à
conclusão de que não há uma lógica dos juízos de valor e que em todos os campos do
conhecimento onde ocorre controvérsia de opiniões recorre-se às técnicas
argumentativas.
A proposta da Nova Retórica estava calcada na teoria da argumentação de
alcance filosófico, haja vista os teóricos que a fundou. Nas Palavras de Perelman, o que
distingue a Retórica Clássica da Nova Retórica é que esta última amplia a noção de
auditório, levando em consideração a qualidade dos espíritos:
o objeto da retórica antiga era, acima e tudo, a arte de falar em público de modo persuasivo, referia-se, pois, ao uso da linguagem falada, do discurso perante uma multidão reunida na praça pública, com o intuito de obter a adesão desta a uma tese que se lhe apresentava. (PERELMAN e OLBRECHTS-TYTECA, 2014, p. 6)
Perelman vai além dos estudos de Aristóteles, que considera limitado, e
trabalha com a estrutura da argumentação, não apenas com argumentação oral para
uma multidão reunida numa praça. Conserva-se da retórica tradicional apenas a ideia
de auditório: “Mudando o auditório, a argumentação muda de aspecto e, se a meta a
que ela visa é sempre a de agir eficazmente sobre os espíritos, para julgar-lhe o valor
temos de levar em conta a qualidade dos espíritos que ela consegue convencer”.
(PERELMAN e OLBRECHTS-TYTECA, 2014, p. 8)
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Os espíritos a que Perelman se refere são a própria audiência. Assim, o
“Tratado da argumentação”, livro de autoria de Perelman e Olbrechts-Tyteca, versa
sobre os recursos discursivos para se obter a adesão dos espíritos, cujo foco situa-se
sobre o condicionamento do auditório mediante o discurso, do que resultam
considerações sobre a ordem em que os argumentos devem ser apresentados para
exercer maior efeito, pressupondo-se a existência de um contato intelectual. O
auditório é, assim, definido como o “conjunto daqueles que o orador quer influenciar
com sua argumentação” (PERELMAN e OLBRECHTS-TYTECA , Op. Cit., p. 22)
Em síntese, diz-se que persuadir é a argumentação direcionada para um
auditório particular e convencer é obter a adesão de todo ser racional. No entanto, a
persuasão conduz a uma ação, pois o objetivo de toda argumentação é provocar ou
aumentar a adesão dos espíritos às teses que se apresentam a seu assentimento. O
esquema estrutural da persuasão engloba o argumento, passa pela adesão e chega à
(disposição para a) ação. Segundo os autores mencionados, todo argumento é mais
convincente quando condicionado pela verdade, haja vista que ao lado dos fatos,
verdades e presunções acordadas pelo auditório universal, há também os valores, as
hierarquias e os lugares do preferível.
Sob uma perspectiva do ensino e estímulo à argumentação em contexto
escolar, Liberali (2013) menciona e sintetiza as abordagens teóricas de Aristóteles e de
Perelman e Tyteca, para evidenciar a importância da argumentação na vida dos alunos,
a fim de contribuir para uma prática mais crítica e criativa de utilização de mecanismos
linguísticos de composição do discurso.
É nesse sentido que concordamos com a perspectiva de que a linguagem, além
de forma de ação social, é interação e é dialógica, como defende Bakhtin (1997, p.
113). De acordo com ele, “na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é
determinada tanto pelo fato que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige
para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte.”
Nessa ótica, a interação é tida como encontro em que os participantes, por estarem na
presença imediata uns dos outros, sofrem influência recíproca, daí negociarem e
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construírem significados dia a dia, momento a momento. Nas palavras do autor, “a
interação verbal constitui, assim, a realidade fundamental da língua” (p. 123).
Nesse mesmo sentido, Gumperz (1991) harmonizam-se com Bakhtin ao afirmar
que o próprio processo interativo é constitutivo da realidade social e, portanto, as
ações não estão predeterminadas, pois os participantes organizam o discurso de modo
que permitem atribuição de significado.
Palestra: uma breve definição
Na perspectiva proposta em estudo (SILVA, 2011), a palestra é entendida
enquanto gênero essencialmente oral formal mediado pela produção de um texto
escrito e proferido para pessoas que consideram o tema importante ou pertinente.
Além disso, deve ser proferida por alguém que domina um assunto específico e que
tem propriedade para falar sobre ele, utilizando-se de teorias e exemplificações com a
finalidade de conduzir os destinatários a uma atitude, seja de ação no mundo ou para
reflexão pessoal.
Contudo, destacamos como característica geral da palestra o fato de ser um
texto previamente planejado, geralmente na modalidade escrita, cuja profundidade
com que se explora o tema depende do público alvo e do tempo de que se dispõe. De
modo geral, o palestrante precisa estimular o público e envolvê-lo do início ao final de
sua exposição, apontando direções para as quais as pessoas podem ou devem seguir a
fim de conseguir um determinado objetivo, para isso um bom recurso é conhecer o
público ao qual está se dirigindo e fornecer razões para que se faça o que está sendo
dito.
Embora seja realizável na escola (por uma autoridade) a palestra é um gênero
típico de outras agências que não a escolar, pois além de o palestrante precisar
delimitar seu objeto e seus objetivos mediante a constatação de um problema
socialmente identificável, apresentando uma problematização associada a um
enunciado de contradição, que tenderá a ser respondida na fase de resolução das
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questões colocadas por meio de argumentos e contra-argumentos; no final dessa fase
apresenta-se a conclusão-avaliação dos dados e a retomada dos dados ou
constatações iniciais e os efeitos dos argumentos e contra-argumentos instaurados no
texto.
As estratégias linguísticas na linguagem oral: uma abordagem sóciointeracionista
Em evento de palestra a fala se adéqua ao contexto comunicativo, que, na
interação, funciona como estratégia persuasiva para aqueles locutores que
apresentam informações internalizadas a as exteriorizam por meio da voz. Nesse
sentido, Gumperz (1991) afirma que o processo interativo é constitutivo da realidade
social e, portanto, as ações não estão predeterminadas, pois os participantes
organizam o discurso de modo que permitem atribuição de significado. É por isto que,
na interação, há que se considerar a criação conjunta (comunicação cooperativa) de
todos os presentes no encontro, quais sejam: os participantes – quem fala para quem;
os tópicos – sobre o quê; o espaço – em que lugar; o tempo – em que momento; a
forma como os participantes sinalizam – os enquadres, conceituados enquanto
esquemas ou estruturas que formamos para compreender as elocuções.
O jogo de pressuposições linguísticas contextuais e sociais que interagem na
criação das condições de produção do discurso se materializa nas convenções de
contextualização conceituadas por Gumperz (1998, p. 98) como “pistas de natureza
sociolinguística que utilizamos para sinalizar as nossas intenções comunicativas ou
para inferir as intenções conversacionais do interlocutor”, que podem se apresentar
através de pistas linguísticas (alternância de código, dialeto ou estilo), pistas
paralinguísticas (o valor das pausas, o tempo da fala, as hesitações) e/ ou pistas
prosódicas (a entonação, o acento, o tem); além das pistas não-vocais, como postura,
gestos, direcionamento do olhar, distanciamento entre os interlocutores etc.
Sendo assim, a língua não é apenas um fato social, mas, principalmente,
constitutiva de interação verbal e produtora de significados, principalmente em
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situações de fala planejada e direcionada a um fim persuasivo, como é o caso da
palestra (SILVA, 2011).
Em situação de fala por um único expositor (palestrante ou conferencista) a
uma plateia, como é o caso da palestra, as respostas desta última aparecem, segundo
Goffman (1998), por meio de “sinais de retroalimentação”, ou seja, com o papel de
apreciar as observações feitas e não o de responder de forma direta. No entanto,
considera-se que essas “testemunhas ao vivo são co-participantes numa mesma
ocasião, suscetíveis a toda estimulação mútua que a ocasião oferece”, assim, “caso um
membro da plateia tente reagir verbalmente a alguma coisa que o orador diz no meio
de um discurso, este pode decidir responder e, caso saiba o que está fazendo,
sustentar a realidade com a qual está comprometido” (GOFFMAN, 1998, p. 83).
As estratégias comunicativas utilizadas por um comunicador podem ser
analisadas no âmbito da teoria da competência comunicativa instaurada por Hymes
(1974). Para ele, o processo de interação propriamente dito passa a ter um lugar
central na emergência e na manutenção de comunidades de fala, ou seja, tanto as
situações de interação como as identidades que se põem em jogo durante a interação
são cruciais para a definição do construto.
Essas decisões tomadas em momentos de produção da oralidade formal levam-
nos a considerar o posicionamento de Dell Hymes acerca da dimensão social do
conceito de competência, denominando-a competência comunicativa, para tratar da
necessidade do falante de entender e usar as variedades de acordo com um contexto
linguístico e social específicos (cf. HYMES, 1972).
Em síntese, a competência comunicativa envolve tudo que diz respeito ao uso
da linguagem e outras dimensões comunicativas em contextos sociais particulares.
Uma vez adquirida pelo falante, a competência comunicativa está presente em toda
interação. No caso da exposição de um falante para uma audiência, a competência
comunicativa apresentada deve se manifestar no tratamento formal dado tanto à
linguagem verbal quanto não-verbal, como os gestos e a postura.
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MECANISMOS DE COMPOSIÇÃO DO DISCURSO ARGUMENTATIVO EM PALESTRA
PRODUZIDA POR ALUNOS
Ao tomar por foco o domínio competente da argumentação, consideraremos
três partes principais que compõem o gênero palestra, quais sejam: apresentação do
palestrante e do objetivo da exposição; o tratamento do foco da palestra e; a
conclusão da fala dos palestrantes apresentando sugestões, relacionadas ao tema,
para o público ouvinte.
Os exemplos de exposições estão enumerados pela ordem de apresentação dos
grupos: grupo 1 e grupo 2, em análise. Cabe ressaltar que, para dinamizar a leitura
desses dados, a gradação de análise se estabelece pela comparação entre o grupo que
mobilizou a argumentação típica da condição de alunos e cumprem apenas o solicitado
nas tarefas propostas (grupo 1) em oposição àquele que apresentou maior domínio de
conteúdo, de fala e de condução da exposição (grupo 2), considerando-se as limitações
da situação de produção, por se tratar de um contexto escolar.
Com a leitura das exposições, fica evidente que um dos expositores sempre se
comporta como coordenador, abrindo e fechando as “falas”, além de apresentar mais
argumentos em favor da proposta temática defendida, possibilitando a tomada do
princípio de ação criativa, de análise pautada em categorias enunciativas, discursivas e
linguísticas, conforme observamos adiante.
Durante a apresentação pessoal dos expositores, na tentativa de palestrantes,
bem como dos temas que abordaram nas exposições, podem ser observadas
diferentes marcas de mecanismos de composição do discurso que estruturam o texto
argumentativo, pois os alunos demonstraram diferenças significativas quando aos
modos de produção, vejamos:
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Trecho 1 (GRUPO 1):
7E14 Bom dia meu nome é K. e meu grupo é composto por R. J.
T. E. e A. ... estamos aqui para proferir uma palestra/para
proferir uma palestra cujo tema é o preconceito que é um
fator frequentemente visto em lugares variados... portanto
iremos dar seguimento a esse tema/ portanto iremos dar
seguimento a esse tema que é bastante falado e raramente
abordado... nessa palestra nós iremos falar principalmente
sobre o homossexualismo e o racismo (...)
Ao se apresentar enquanto “grupo”, E14 apesar de apresentar uma limitação
quanto à realização do gênero, pois sua fala parece mais voltada para as características
presentes em exposição de seminário, realiza a abertura do evento e instaura o início
da exposição. Além disso, percebe-se marcas de composição do discurso que
demonstram o pouco domínio da fala formal.
Nesses casos, em que os alunos precisam de um domínio do jogo de cena para
agirem criticamente e discutir o tema com profundidade, percebemos que os
interlocutores (enunciadores) são intercambiáveis no processo: atuam ora como
produtores-oradores (sujeitos argumentativos) ora como ouvintes-leitores. Assim, o
objetivo da interação é alcançar um determinado fim (propor uma mudança) e o
objeto da interação é o conteúdo temático.
A seguir, comparamos os trechos de fala do grupo 2 , em que E12 inicia sua
exposição de um modo diferente de E14 (grupo 1): saúda o público e antecipa o
agradecimento pelo convite de participar do evento, apresenta o tema e abre a
exposição da temática a partir de tópicos, simulando o evento de forma esperada
segundo às instruções de aulas:
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Trecho 2 (GRUPO 2):
124E12 bom dia... somos alunos da escola ( ) e estamos
no terceiro ano e já agradecemos pela oportunidade de
estarmos aqui com vocês vamos proferir a palestra
sobre/sobre: desenvolvimento tecnológico... primeiramente
como todos sabem o avanço tecnológico em nosso país está
crescendo cada vez mais as tecnologias estão cada vez ó:: é::
em nossos caminhos... o homem está sendo substituído
pelas máquinas como a gente vê nas empresas e em todos
os locais da nossa sociedade...
O expositor E12 demonstra mais segurança sobre o que diz, evidenciando uma
competência comunicativa que não se limita à resolução da tarefa e prepara uma
exposição cuja performance é diferente do que foi visto na palestra do grupo 1, pois
E12 demonstra um melhor domínio da abertura da exposição, ao que se aproxima do
expectativa para o gênero, assumindo uma voz de autoridade para falar sobre o tema
proposto.
O segundo momento chave de exposição é o momento em que os fatos são
trazidos por meio da narração de acontecimentos, de descrição de situações ou de
argumentos acerca de um ponto de vista, identificadas pelas características discursivas
da argumentação, dentre as quais destacamos quatro aspectos: o plano organizacional
(compreensão das formas de como o enunciado se inicia, desenvolve e encerra),
organização temática (desenvolvimento do tema/turno ou tópico oferecido), foco
sequencial (escolha temática em pauta e seu entrecruzamento discursivo) e a
articulação entre as ideias apresentadas (forma como ideias, posições, pontos de vista
são apresentados, constratados, sustentados, acordados, LIBERALI, 2013).
O trecho 3 de fala, dos expositores do grupo 1, ilustra a pouca habilidade em
mobilizar estratégias de estilo e qualidade da voz, conforme sistematiza Aristóteles. A
afirmação é reforçada nos dois trechos que seguem, visto que eles não conseguem
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mascarar o nervosismo característico de iniciantes na exposição de texto oral formal
público. Observemos:
Trecho 3 (GRUPO 1):
13E10 e muitas pessoas/ não... desculpa... primeiro é
outra coisa aqui ((muito nervosa, em tom baixo diz:)) não
liguem pro papel não tá? ((consulta a “cola”: um papel que
segura no momento da exposição)) primeiro eu vou ler um
trecho onde tá/um peDAÇO da música de Bob Marley
17E26 tem que cantar
((risos))
19E10 tem não só vou ler... bom “que país é esse onde o
preconceito está guardado em cada ser... Que país é esse onde
as pessoas não podem ser iguais dentro das suas classes
sociais”... é:: existem pessoas que pensam que por outros
terem uma cor diferente de pele são diferente delas isso não é
verdade... somos todos exatamente iguais... é:: não importa
assim... a quantidade de dinheiro ou a classe a que pertence é::
ou seja... desculpa gente eu tô nervosa... é:: não importa se é
alto: baixo: gordo magro rico pobre...
Na palestra é possível que haja interação com os destinatários – seja ela efetiva
ou de ordem retórica – e é permitido envolver os participantes no jogo enunciativo.
Nos seguintes trechos em destaque na fala de E10 (L 13, L 23, L 25-26) percebemos
que ele sempre que esquece a fala pede desculpas aos destinatários e tenta retomar o
turno (L13 e L16), em seguida inicia sua apreciação temática com a leitura de um
trecho de uma música seguido de um raciocínio explicativo – ... é:: existem pessoas que
pensam que por outros terem uma cor diferente de pele são diferente delas isso não é
verdade... somos todos exatamente iguais... –, essa explicação se reveste de marcas
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linguísticas que apontam para a dificuldade em organizar a linguagem formalmente em
situações públicas de fala. Fica evidente, ainda, que o nervosismo conduziu à falta de
concordância entre dois termos.
Em situações públicas formais de fala, com as quais os alunos quase nunca se
deparam, encontram dificuldades em organizar o texto e se expressarem
adequadamente, pois a presença do outro, neste caso, enquanto colegas de turma, ao
invés de diminuir o estresse comunicativo, o faz aumentar.
No trecho 4 de fala do grupo 2, E12 desenvolve o tema da exposição de modo
coerente com o que propõe Aristóteles, acerca das técnicas de comunicação, além de
ilustrar a presença das quatro categorias apresentadas por Hymes (1972). Vejamos:
Trecho 4 (GRUPO 2):
127E12 (...) primeiramente como todos sabem o avanço
tecnológico em nosso país está crescendo cada vez mais as
tecnologias estão cada vez ó:: é:: em nossos caminhos... o
homem está sendo substituído pelas máquinas como a gente
vê nas empresas e em todos os locais da nossa sociedade...
tendo como exemplo uma empresa de ônibus que:: hoje como
a gente: quem anda de ônibus aqui sabe que os cobradores
estão sendo trocados pelas máquinas e pelo cartãozinho e o
motorista está exercendo praticamente duas funções num é?
E:: em vários ônibus a gente pode observar isso... também em
nossas salas temos o avanço dessas tecnologias o QADRO que
antigamente era um quadro negro né? Que era usado o giz...
hoje nós temos aqui o piloto né? O lápis ((apontando para a
lousa e para o lápis piloto)) e é escrito já não tem problema
de...
139A16 [daqui a pouco é a máquina
no lugar do professor
((risos))
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141E12 [já não
tem mais problema de o professor que tenha alergia ou não e::
futuramente como será? Será que nas salas
144A16 [vai ter um datashow
pendurado na laje ali...
((risos))
146E12 [[sim... será
que vamos ter datashow (...)
E12 parte do conhecimento cultural ou partilhado pelos participantes da
interação, e se utiliza de habilidades e conhecimentos linguísticos adequados ao
contexto de produção da palestra; permite a voz do destinatário (L139 e L144), mas
não o permite “dominar” o turno retomando logo sua enunciação: futuramente como
será? Será que nas salas/ será que vamos ter datashow? (L 142). Os questionamentos
realizados pelo expositor evidenciam a organização argumentativa para conduzir os
destinatários à reflexão.
Por fim, vejamos o quadro comparativo com trechos da conclusão das duas
palestras:
Trecho 5 (GRUPO 1):
105E26 pronto... isso aí é
porque são... vinte e oito min/ meia
hora de vídeo aí a gente cortou é:: e
faltava agora ainda o poema que a
gente tinha colocado só que não
coube no DVD... nem sei porque num
pegou... que J ia ler... mas... assim
quando eu li que noventa e cinco por
cento dos gays se sentem
discriminados mas ele fala isso mas...
que se sente discriminado porque eles
escondem o rosto quando vão falar
como vocês viram aqui no vídeo?... se
Trecho 6 (GRUPO 2):
126E12 é:: e máquina produz bem
mais que um homem né? Mesmo hoje nas...
tipo assim nas fazendas onde tem o cultivo
da cana de açúcar alguma coisa ou/
antigamente era o que braço mesmo o
homem ia lá trabalhava e fazia e mandava
ver hoje em dia tem máquinas né? Que
fazem todo trabalho cortam tira as partes
verdes deixa só a cana de açúcar botam já
dentro do caminhão e vai para a empresa
fica muito fácil desse jeito e as pessoas tão
sendo sempre excluídas e no futuro como
será? A gente deve parar pra analisar como
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eles num quisessem é: que:: dicrimi/
discrimine/ como é?
112A5 o discrimina-ssem
113E26 que o dis-cri-mi-
nassem... é:: eles poderiam mostrar o
rosto como esse aqui não teve
vergonha como o outro teve vergonha
e se sente discriminado... então::
galera foi isso obrigado pela sua
atenção.
será o nosso futuro como eu disse bem no
início da palestra será que nas salas de aulas
vão ter professores?
Quadro 1: comparativo palestras 1 e 2
Ao final da apresentação, conforme características da palestra, o palestrante
tende a deixar sugestões para o público ou a fazer um apelo no tocante ao que foi
exposto, representante da tradição dos textos argumentativos que finalizam com
conselhos.
No trecho 5, E26 finaliza seu evento de fala apresentando uma justificativa para
o que não fez em sua produção e a apreciação de um raciocínio crítico a respeito das
entrevistas realizadas com homossexuais (Linhas 105 – 107) e, ao se despedir dos
destinatários, utiliza a variante informal da linguagem (Linha 114) – então:: galera foi
isso obrigado pela sua atenção. – o que caracteriza a ausência de distanciamento entre
o expositor e os expectadores, justificado não apenas por se tratar de um evento
realizado em sala de aula, com a presença dos colegas de turma, mas também pela
pouca consciência do alinhamento dado à linguagem, ao simularem a voz de um
especialista.
E12, do grupo 2 (trecho 6), deixa bem marcado o seu recado no tocante ao que
foi exposto. A competência para composição do discurso na produção do gênero foi
mobilizada também nesse momento da exposição, pois o palestrante realiza
questionamentos que conduzem à reflexão e à possível ação dos destinatários acerca
do problema levantado; além de uma ratificação consistente: (L 133) A gente deve
parar pra pensar como será o nosso futuro como eu falei bem no início da palestra.
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Verificamos, apenas, o uso da variante (gíria) tipo assim típico da faixa-etária a que
pertence e ausência de saudação final.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da análise dos trechos de fala de três grupos de “palestrantes”, alunos
do 3º ano do Ensino Médio, pudemos perceber que argumentação é um excelente
campo de estudos dentro dos estudos linguístico-filosóficos, que possibilitam um
ensino de habilidades críticas e criativas ao abordar temas do cotidiano social.
A resposta a esse tipo de ensino é o fato de que mobilizar o ensino de técnicas
argumentativas possibilita o aprimoramento de capacidades linguísticas, pelo
planejamento e monitoramento da fala (em situação formal), caracterizadas enquanto
composição do discurso argumentativo, quais sejam: as categorias enunciativas, as
categorias discursivas e as categorias linguísticas.
Dentre a mobilização de categorias enunciativas, os alunos mostraram que é
possível, com a prática do ensaio e do monitoramento da fala, desenvolver o tema
dentro de um plano organizacional tematicamente desenvolvido, com foco na
sequência da exposição e uma boa articulação das ideias. No nível discursivo,
identificamos o entrelaçamento das vozes dos participantes no discurso, em que
apresentaram o desenvolvimento de um ponto de vista/tese, encadeado pelos
recursos da apresentação de esclarecimento; apresentação de maiores detalhes sobre
argumento de sustentação apresentação de contra-argumentos, questões para
entrelaçamento de falas, modos de questionar que contribuem para que os
interlocutores percebam ou criem relações entre suas falas e de outros participantes
do evento.
Por fim, percebemos que, dentre as características linguísticas da
argumentação, os mecanismos de composição do discurso mobilizados foram:
mecanismos conversacionais (que incluíram uso de interrogação, pausa, elipse,
repetição, complementação, permeabilidade, exclamação), mecanismos lexicais
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(assunto foco do enunciado), de coesão verbal (verbos e seus determinantes), de
coesão nominal (formas de iniciar uma nova unidade de significação e de renovar a
unidade nova), de valoração (posição dos locutores frente aos temas, ao momento de
enunciação, etc.), de conexão (encadeamento das ideias no texto – intra e intertexto),
de distribuição das vozes (implicação do sujeito no enunciado). Tudo isto em função de
um objetivo comum: tornar os alunos sujeito ativos, críticos e capazes de formular um
texto oral embasado por argumentos fortes e bem organizados discursivamente.
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